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LISBOA, Carolina; BRAGA, Luiza de Lima; EBERT, Guilherme.

O fenômeno bullying ou
vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades
de intervenção. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 2, n. 1, p. 59-71, jun. 2009 .

A agressividade entre jovens, no contexto das escolas, se constituiu num problema


central de discussão e mobilização da mídia, das autoridades e dos pesquisadores de diversas
culturas. A sensação e percepção de que há um aumento significativo e uma elevação da
gravidade dos atos fez com que se criassem iniciativas para o combate e prevenção ao bullying
e violência na escola. Existem controvérsias em cima do conceito de violência, agressividade e
violência escolar, de acordo com pesquisas feitas em vários países o termo que mais se
enquadrou para explicar o fenômeno no Brasil foi o bullying, que apesar de ser um termo
estrangeiro conseguiu abarcar melhor a complexidade deste fenômeno.

Bullying é, portanto, o fenômeno pelo qual uma criança ou um adolescente é


sistematicamente exposto (a) a um conjunto de atos agressivos (diretos ou indiretos), que
ocorrem sem motivação aparente, mas de forma intencional, protagonizados por um (a) ou
mais agressor (es) de forma repetitiva e sistemática. Essa interação grupal é caracterizada por
desequilíbrio de poder e ausência de reciprocidade. Nela, a vítima possui pouco ou quase
nenhum recurso para evitar a e/ou defender-se da agressão.

Pouco se falava sobre esse fenômeno da escola, sendo identificado por psicólogos
clínicos e pesquisadores que passaram a se preocupar com as possíveis consequências e
vulnerabilidades dos envolvidos, e mesmo que o tema venha sendo estudado há mais de trinta
anos, apenas nas ultimas décadas passou a ter visibilidade. Pesquisar apontam que 1/3 das
crinas sofrem agressões por mês, e 11% de forma severa, ou seja, muitas vezes por mês. Em 82
na Noruega três crianças cometeram suicídio, possivelmente como resultado de bullying, e
graças a isso criou-se uma campanha nacional nas escolas e tendo maior importância o tema
nas grandes mídias e autoridades. O bullying provavelmente sempre existiu, mas até então
eram ignoradas e/ou negligenciadas. No Brasil o tema começou a ser investigado em 2000,
entretanto existem poucas pesquisas sobre o tema.

O bullying é um fator de risco para a violência institucional e social, bem como para
comportamentos. Não pode ser considerado como uma brincadeira de crianças, por uma das
partes está em sofrimento e por isso é importante que professores e demais profissionais
vinculados à educação busquem a interrupção deste processo. O bullying pode ser
compreendido como um processo decorrente das interações entre pessoas e seu ambiente
físico, social e cultural, e não quer dizer que a criança que o pratica seja agressiva, mas que
está agressiva.

No artigo o bullying é compreendido como socioecológico, ou seja, sempre ocorre em


determinado contexto e está relacionado a características das pessoas envolvidas. O processo
de bullying, se não identificado e evitado, pode produzir sérios danos psicológicos para as
crianças envolvidas, tanto para as vítimas como para os agressores e embora seja mais comum
em escolas, pode ser encontrado em outros contextos também.
Formas de manifestação, diferenças de gênero e papéis sociais n o bullying

O bullying pode se manifestar com agressões verbais ou físicas. Quando se manifesta a


partir de ameaças, acusações injustas e indiretas, roubo de dinheiro e pertences, difamações
sutis, degradação de imagem social que podem resultar na discriminação ou exclusão de um
ou mais jovens do grupo. Essas manifestações são vista por um processo direto, já o indireto
engloba atitudes como indiferença, isolamento, exclusão, difamação, provocações
relacionadas a uma deficiência, também de uma forma racista e sexual. Estudos revelam que o
blullying direto é mais praticado por meninos e o indireto por meninas. Na passagem da
infância para adolescência o direto tem uma queda e um aumento da indireta, sendo que a
partir dos 15 anos o numero de agressão verbal se torna maior entre as meninas.

As atitudes protagonizadas pelos agressores no bullying envolvem abuso de poder e


ocorrem sem motivação aparente e também não são motivadas pela vitima, sendo que esse
desequilíbrio de poder pode ser explicado por diferenças físicas, emocionais e sociais entre
agressor e vitima, bem como características de personalidade e temperamento. A
possibilidade de rejeição do grupo faz com que seus membros se submetam às normas do
grupo e não denunciar comportamentos agressivos de algumas crianças para com outras pode
aumentar a popularidade individual. Ainda, observa-se uma valorização de amigos agressivos
ou agressores, atribuindo-se a esses o papel, inclusive, de protetores contra uma possível
experiência de vitimização. Verificou-se também a existência dos bully-victims, que são os
agressores que também são vitimas.

Estudos mostram que os professores pouco fazem para combater ou prevenir os


episódios e que existe uma falta de proximidade entre professores e alunos. Existem vitimas
que respondem agressivamente, que podem ter sofrido abuso em casa ou terem pais
punitivos, e em sua maioria de classe socioeconômica mais baixa.

Os protagonistas do bullying possuem um perfil de liderança no grupo e depois de


terem estabelecido seu status dentro do grupo tendem a diminuir o comportamento agressivo
e utilizam outras estratégias para fazer amigos, como as habilidades sociais. Existem também
as testemunhas do fenômeno, os defensores (que ajudam as vitimas) e os seguidores do
agressor. As testemunham muitas vezes não concordam com o agressor, mais com medo de se
tornar outra vitima não intervêm. É importante que as testemunhas relatem sobre os abusos,
pois se os agressores perdem o apoio pode impedir que volte a acontecer.

Outra manifestação do bullying é o cyberbullying, que são as manifestações do bullying


praticadas a internet e isso pode facilitar ainda mais o fenômeno devido ao anonimato poder
encorajar os agressores.

Bullying e fatores de risco: ciclo dinâmico de causas e consequências

O bullying pode dificultar o desenvolvimento social e acadêmico, pois os


relacionamentos interpessoais positivos, na infância e adolescência, geram melhores níveis de
aprendizagem, elevam a autoestima e incrementam o repertório de habilidades sociais.
Atualmente, os estudos sobre vitimização retomam o papel da cultura desse contexto que,
com suas normas e regras, legitima a existência desse problema nos grupos de iguais, e atua
como um fator de risco. A vitimização entre pares pode estar correlacionada a problemas de
rendimento acadêmico e a uma visão negativa acerca da escola. Marcas psicológicas deixadas
pelas vivências em experiências de bullying podem ser determinantes para o estabelecimento
de uma baixa autoeficácia e constituição, em geral, da personalidade dessas crianças, uma vez
que influenciam negativa e seriamente o seu desenvolvimento.

Grupos se formam a partir de um conjunto de normas e regras e à medida que vão se


formando a violência é reforçada e legitimada intragrupo, a aprendizagem de
comportamentos agressivos pode ocorrer porque as crianças significam e internalizam crenças
acerca das relações sociais e modelos por meio da aprendizagem dos comportamentos
observados. Uma hipótese levantada é de que algumas crianças possuem como característica
maior dificuldade para se adequar as normas e regras dos grupos e isso pode facilitar que as
agressões ocorram.

A escola é fundamental para a educação das crianças e adolescentes, não apenas no


sentido de conhecimento, mas para a educação emocional. Espera-se que a escola ensine a
lidar com as emoções e dificuldades, a respeitar as diferenças, aprender a conviver, socializar,
a dividir, compartilhar, a canalizar sua raiva, enfim se relacionar de forma saudável. É
necessário também maior aproximação dos pais na escola para se conscientizarem da
problemática da violência e do bullying, atuando como aliados na orientação dos seus filhos.

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