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II Congresso Internacional de Estudos em

Linguagem
UEPG – Ponta Grossa – PR
24 a 26 de Outubro de 2017

O EXPRESSIONISMO ALEMÃO NO CINEMA DE TIM BURTON

Anna Claudia Soares (Mestranda) - UTP

Resumo: O expressionismo alemão surgiu na Alemanha no período Pós-Primeira


Guerra. O estilo cinematográfico continha filmes de suspense, terror, ficção científica e
fantasiosos, o cinema foi influenciado pelo expressionismo alemão na pintura, no teatro
e na literatura. Uma década depois, o expressionismo influenciou o cinema noir e as
obras de terror. Apaixonado pelos filmes expressionistas e pelo trabalho de Edgar Allan
Poe, o cineasta Tim Burton se adaptou de diversas características dos filmes
expressionistas para suas produções. Burton foi influenciado pelo expressionismo na
criação de personagens, como por exemplo, o Pinguim (Batman: o retorno - 1992),
Edward (Edward Mãos de Tesoura – 1990) e Emily (A Noiva Cadáver – 2005), dentre
outros. Ao assistir seu curta-metragem Vincent (1982), pode-se perceber a forte
influência que veio a partir do filme O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene
(1920), tanto na parte de iluminação, cenários distorcidos e estilizados, quanto na parte
do exagero teatral dos atores. Portanto, o objetivo deste trabalho é abordar características
do expressionismo alemão na filmografia de Tim Burton, destacando o curta-metragem
Vincent (1982), utilizando como método de pesquisa o dialético.

Palavras-chave: expressionismo alemão, cinema, Tim Burton.

Abstract: The german expressionismo emerged in Germany in the First World War
period. The cinematographic style contained thriller, horror, Science fiction and fantasy
movies. The cinema was influenced by the german expressionismo per painting, theater
and literatura. A decade later, the cinema noir and the horror Works where inspired by
this style. In love with the expressionist’s movies and Edgar Alla Poe work, the
filmmaker Tim Burton has appropriated several characteristics of these movies for his
Productions. We can see this influence in his characters, like Penguin (Batman Returns
– 1992), Edward (Edward Scissorhands – 1990), Emily (Corpse Bride – 2005), among
others. Watching his short-film Vincent (1982), we can perceive the Strong similarity
with the movie Das Cabinet des Dr. Caligari from Robert Wiene (1920) in the lighting,
distorted and stylized scenarios, and the actor’s theatrical exaggeration. Therefore, the
objective of this pape ris to approach the german expresisonism characteristics in Tim
Burton’s filmography, having as main corpus the short-film Vincent (1982), usisng the
dialectical research method.

Key-words: german expressionism, cinema, Tim Burton.


II Congresso Internacional de Estudos em
Linguagem
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24 a 26 de Outubro de 2017

Introdução

Em 1982, Tim Burton fez o seu primeiro curta-metragem de animação utilizando


a técnica stopmotion, Vincent. Além de ser o primeiro curta, também é considerado o
primeiro filme do cineasta.
Vincent é baseado em um poema escrito por Burton, nele além de referências de
Vincent Price1 e Edgar Allan Poe2, fica evidente a semelhança com o universo do filme
O Gabinete do Dr. Caligari (1920) de Robert Wiene.

O filme mostra as situações engraçadas de um garoto que imita seu ídolo das telas,
Vincent Price. Em vez de passar o tempo vendo TV, fazendo a lição de casa ou
jogando bola, o menino, que tem o apropriado nome de Vincent, prefere ler os contos
de Edgar Allan Poe, colocar eletrodos em seu cão para experiências diabólicas ou
imaginar que joga sua tia obesa em um balde de cera fervente. Vincent
definitivamente não é o Bambi (WOODS, 2011, p. 23).

No curta pode ser observado atmosferas e características do expressionismo


alemão, Tim Burton consegue fazer o espectador mergulhar dentro da cabeça do
personagem Vincent Malloy. Sobre o cineasta o autor Paul A. Woods (2011) diz que:

A diferença de Tim Burton em relação à maioria dos outros diretores é que ele sempre
faz filmes com os quais sente uma ligação e, por essa razão, faz questão de dar seu
toque pessoal, sua visão, algo que já vinha sendo fermentado em sua mente fértil. Ele
não está interessado no que o estúdio acha melhor, pois entende que o espectador não
é burro, e deve ser desafiado. Em seus filmes, Burton consegue fazer os sonhos se
assemelharem à realidade (WOODS, 2011, p. 330).

Em Vincent, conseguimos ver esse toque especial de Burton, ele consegue manter
seu estilo no filme. “Muitos cineastas têm estilos característicos e podemos nos
familiarizar com esses estilos analisando a maneira como eles utilizam as técnicas em
sistemas fílmicos inteiros” (BORDWELL; THOMPSON, 2013, p. 473). O estilo “é o
uso de um padrão de técnicas ao longo do filme” (BORDWELL; THOMPSON, 2013,

1
Autor norte-americano.
2
Autor, poeta, editor e crítico literário.
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p. 476). Além disso, o cineasta também pode trabalhar com um determinado grupo
estilístico.
Tim Burton, trabalha muito em seus filmes com o estilo expressionista alemão,
que é observado nos cenários e na criação de personagens. Sendo assim, nesta análise
busca-se identificar como ocorre a presença do estilo expressionista nos filmes do
cineasta supracitado, em específico no curta-metragem Vincent (1982). Utilizando como
método de pesquisa o dialético, que pensa a realidade não como algo dado e
estabilizado, mas procura identificar o processo, os conflitos existentes e as
contradições envolvidas na análise de um problema de pesquisa.

1 O expressionismo alemão no cinema

Entre o final do século XIX e início do século XX, surgia no cinema um novo
estilo cinematográfico, o expressionismo alemão.

A palavra expressionismo, hoje aplicada um pouco indiscriminadamente a todo o


cinema alemão produzido entre 1919 e 1930 – entre o fim da Primeira Guerra Mundial
e a crise internacional do capitalismo que coincide com a passagem do filme mudo ao
sonoro – surge como um conceito estético aplicável a movimentos artísticos diversos
(GEADA, 1985, p. 11, grifo do autor).

De acordo com o autor Eduardo Geada (1985), o expressionismo surgiu para


classificar aquilo que se opunha ao impressionismo. “O expressionismo forma-se como
uma explosão de revolta contra as aparências do mundo e contra o mundo das
aparências” (GEADA, 1985, p. 13).
Com filmes de suspense, terror, ficção científica e fantasiosos, visualmente a
inspiração do expressionismo no cinema vinha do movimento na pintura, no teatro e na
literatura. “O termo expressionismo fez fortuna e passou a ser igualmente aplicado a
outras práticas artísticas, como a literatura e o teatro, antes de chegar ao cinema”
(GEADA, 1985, p. 11).
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Segundo o autor Ronald Bergan (2011), o expressionismo alemão no cinema tinha


como principais características os cenários pintados como quadros, o uso exagerado da
luz e da sombra, de modo a definir os ambientes sem recorrer a cenários elaborados,
personagens com expressões faciais extremamente marcadas, resultando em um exagero
teatral e linhas de perspectiva sempre em diagonais, causando uma sensação de
desproporcionalidade e perda do equilíbrio. Ainda sobre as características do
expressionismo no cinema o autor Geada (1985), diz que:

O expressionismo cinematográfico circula entre dois extremos claramente opostos que


a produção artística da época procura, porém, conciliar: por um lado, a necessidade de
evasão de uma realidade social demasiado inquietante; por outro lado, a projecção no
exterior de uma ideologia do desespero, tão subjectiva como colectiva, tão intensa
quanto possível. Não penso, portanto, que se possa dizer que o expressionismo alemão
constituiu uma escola definida e circunscrita, visto que a mesma designação cobre um
número extenso de diversas tendências, atitudes, objetivos e práticas (GEADA, 1985,
p. 14).

Desta forma, o primeiro filme expressionista foi do diretor Robert Wiene em


1920, O Gabinete do Dr. Caligari. O Caligarismo como é conhecido, foi um sucesso na
época e tornou-se símbolo do cinema alemão. Sobre o filme, a autora Laura Loguercio
Cánepa (2006), diz que:

O filme trazia uma história de loucura e morte vivida por personagens desligados da
realidade e cujos sentimentos apareciam traduzidos em um drama plástico repleto de
simbologias macabras – com isso, ligava-se às experiências da vanguarda no teatro e
na pintura (CÁNEPA, 2006, p. 66).

Além de O Gabinete do Dr. Caligari (1920), destacam-se dois grandes filmes


expressionistas: O Nosferatu (1922) de Friedrich Wilhelm Murnau e Metrópolis (1927)
de Fritz Lang. Sobre os filmes do cinema expressionista o autor supracitado (1985), diz
que:

Justificadas as distorções da cenografia por um cérebro doente («Dr. Caligari»), pelas


tradições da lenda («O Golem» e «Os Nibelungos»), pelo sonho («A Barraca das
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Figuras de Cera»), pela hipnose («Sombras») ou pela obsessão demente («Destroços»


e «Mistérios de Uma Alma»), os realizadores podiam experimentar à vontade qualquer
tipo de composição plástica onde os actores-personagens se sentiriam estranhos,
reflectidos por espelhos ou estilhaços, banhados por uma luz misteriosa que a custo, e
em raros momentos, os arrancava das trevas insondáveis. O claro-escuro torna-se a
inscrição visual do desdobramento de personalidade no écran: essa é a própria
natureza do cinema (GEADA, 1985, p. 15).

Sendo assim, com o passar dos anos é encontrado essas características do cinema
expressionista alemão nos filmes do cineasta Tim Burton.

2 Tim Burton e o expressionismo alemão

Em Burbank, EUA no dia 25 de agosto de 1958, nascia Timothy William Burton,


conhecido mundialmente como Tim Burton.

No subúrbio de Hollywood onde cresceu, cada uma das intermináveis casas e


bangalôs, iluminados à noite pelo tubo de raios catódicos do cinescópio, era um
santuário de segredos. A imaginação hiperativa do adolescente reinterpretava tudo o
que via, até o Lar, Doce Lar virar o castelo do Barba Azul. Essa criatividade
exuberante, arrancada da maioria de nós, pelo conformismo e as responsabilidades da
vida adulta, criou um mundo de sonhos sombrios e pesadelos coloridos, um mundo
que podemos experimentar ocasionalmente através dos filmes de Tim Burton
(WOODS, 2011, p. 7).

Neste mesmo segmento, assistindo os filmes do cineasta fica evidente as


semelhanças com o estilo expressionista alemão, que começou com o curta-metragem
Hansel and Gretel (João e Maria) – 1982, por exemplo, essas características são
observadas no estilo que é feito o forno do filme.
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Fonte: Curta-metragem Hansel and Gretel (1982).

No filme O Estranho Mundo de Jack (1993), os elementos expressionistas estão


presentes no estilo que é feito o mundo de Jack, como por exemplo nas grades da
cidade.

Fonte: Filme O Estranho Mundo de Jack (1993).

Mas é no filme A Noiva Cadáver (2005), que a semelhança com o Caligarismo


começa. Na personagem Emily, logo percebe-se características da personagem Jane (O
Gabinete do Dr. Caligari, 1920).

Fonte: Filmes O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e A Noiva Cadáver (2005).


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No cenário as semelhanças são inúmeras, as cenas que ocorrem no submundo


(cidade dos mortos), têm as casas no mesmo formato das do filme O Gabinete do Dr.
Caligari (1920), e também tem um beco com umas escadas que é idêntico ao beco que o
personagem Cesare usa para sequestrar a personagem Jane.

Fonte: Filmes O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e A Noiva Cadáver (2005).

Fonte: Filmes O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e A Noiva Cadáver (2005).

Em Alice no País das Maravilhas (2010), as características expressionistas estão


no chão do salão principal da toca do coelho, e também no formato dos galhos das
árvores.

Fonte: Filme Alice no País das Maravilhas (2010).


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Já em Sombras da Noite (2012), o personagem Barnabas, tem suas características


e modos de agir idênticos ao vampiro do filme Nosferatu (1922).

Fonte: Filmes Nosferatu (1922) e Sombras da Noite (2012).

Portanto, após essa análise inicial de elementos expressionistas em alguns filmes


de Burton, no tópico a seguir encontra-se a análise completa do corpus principal desta
pesquisa.

3 O curta-metragem Vincent (1982)

Elementos expressionistas são encontrados além de nas cenas do curta Vincent


(1982), também nos versos do poema. O principal ponto de ruptura do curta é quando
Vincent Malloy quer ser Vincent Price, ou seja, Vincent Price é o estrangeiro que entra
na narrativa. Fazendo com que Vincent viva dividido entre dois mundos, o de Vincent
Malloy (cenário comum, trilha sonora calma, e o narrador conta a história de forma
tranquila) e o mundo de Vincent Price (cenário totalmente com elementos
expressionistas, trilha sonora de suspense, tragédia, terror e horror, e o narrador conta a
história com um ar melancólico).
É no mundo de Vincent Price que a ligação com o filme O Gabinete do Dr.
Caligari (1920) fica evidente. A estética do cenário se torna completamente distorcida,
com um jogo de luz e sombra que dão um aspecto melancólico na narrativa. E o exagero
teatral do personagem também é outra característica expressionista.
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Fonte: Curta-metragem Vincent (1982).

Fonte: Curta-metragem Vincent (1982).


Enfim, a principal semelhança do curta (1982) com o filme supracitado (1920), é
uma janela que aparece nas duas histórias.

Fonte: Filme O Gabinete do Dr. Caligari (1920) e o curta-metragem Vincent (1982).

4 Considerações finais

Com toda sua genialidade e criatividade, Tim Burton consegue prender o


espectador em suas narrativas, seja num curta-metragem ou num longa-metragem. Seja,
misturando animação com cenários reais, preto e branco com colorido ou stopmotion
com 3-D. O cineasta criou um estilo próprio em suas produções, segundos de uma
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determinada cena, nos fazem remeter ao trabalho dele na hora. E ao misturar


características do expressionismo alemão em seus filmes, o resultado ficou
extraordinário.
Enfim, após realizar a análise do curta-metragem Vincent (1982), fica evidente
que ele foi o trabalho de Tim Burton, com características expressionistas alemães do
início ao fim. Na trilha sonora, no cenário, no personagem e nos versos do poema.

5 Referências

A NOIVA cadáver. Produção de Tim Burton e Allison Abbate. Burbank (EUA):


Warner Bros Pictures, 2005. 1 DVD (77 min aprox.).
ALICE no País das Maravilhas. Produção de Richard D. Zanuck, Joe Roth,
Suzanne Todd e Jennifer Todd. Burbank (EUA): Walt Disney Pictures, 2010. 1
DVD (109 min aprox.).
BATMAN: o retorno. Produção de Tim Burton e Denise Di Novi. Burbank
(EUA): Warner Bros Pictures, 1992. 1 DVD (126 min aprox.).
BERGAN, Ronald. ...Ismos – Para entender o cinema. São Paulo: Globo, 2011.
BORDWELL, D.; THOMPSON, K. A arte do cinema: uma introdução. São
Paulo: EDUSP; Campinas: Ed. Unicamp, 2013.
CÁNEPA, Laura Loguercio. Expressionismo Alemão. In: MASCARELLO,
Fernando (org.). História do cinema mundial. São Paulo: Papirus, 2006.
EDWARD Mãos de Tesoura. Produção de Tim Burton e Denise Di Novi. Los
Angeles (EUA): 20th Century Fox, 1991. 1 DVD (104 min aprox.).
GEADA, Eduardo. O Poder do Cinema. Lisboa: Livros Horizonte, LDA, 1985.
HANSEL and Gretel. Tim Burton, 1982. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=4LNSo9f6toI>. Acesso em: 01 Ago. 2017.
METRÓPOLIS. Fritz Lang, 1927. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=QkHOwwPKZ78>. Acesso em: 01 Ago.
2017.
NOSFERATU. Friedrich Wilhelm Murnau, 1922. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=SWEuP1OGx6A&t=57s>. Acesso em: 01
Ago. 2017.
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O ESTRANHO Mundo de Jack. Produção de Tim Burton e Denise Di Novi.


Burbank (EUA): Walt Disney Pictures, 2008. 1 DVD (77 min aprox.).
O GABINETE do Dr. Caligari. Robert Wiene, 1920. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=fMuQpitplU8&t=4s>. Acesso em: 01 Ago.
2017.
SOMBRAS da Noite. Produção de Graham King, Johnny Deep e Tim
Headington. Burbank (EUA): Warner Bros Pictures, 2012. 1 DVD (113 min
aprox.).
VINCENT, 1982. Bônus especiais. In: O Estranho Mundo de Jack. Produção de
Tim Burton e Denise Di Novi. Burbank (EUA): Walt Disney Pictures, 2008. 1
DVD (77 min aprox.).
WOODS, Paul A. O estranho mundo de Tim Burton. Tradução: Cassius
Medauar. São Paulo: Leya, 2011.

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