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ORIENTAÇÕES DE LEITURA
Olá, estudante!
Bom Estudo!
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Autor: Dante Henrique Moura
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TEXTO III
CAPÍTULO III
- Especificidades das instituições e da formação docente no campo
da educação profissional.
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Nesse contexto, para fazer frente à escassez e à dispersão dos recursos
destinados à educação profissional pública, está em trâmite no Congresso
Nacional um projeto de emenda constitucional que visa à criação do Fundo de
Desenvolvimento da Educação Profissional - Fundep (PEC 24/05). Essa pode
ser uma solução que ajude no financiamento da educação profissional em geral
e, em particular, do ensino médio integrado, tanto na modalidade EJA como na
oferta regular. Não obstante, o trâmite do Fundep no Congresso Nacional vem
enfrentando barreiras face à diversidade de interesses e dos projetos societários
em disputa, de maneira que não há perspectiva de curto ou médio prazo para a
sua aprovação58.
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De acordo com a proposta, o Fundep receberia 2% da arrecadação dos impostos sobre a renda e do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI), além de 3% da arrecadação do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público (PASEP). A proposta previa ainda, para compor o fundo, a designação de 30% da arrecadação das
contribuições compulsórias dos empregadores, destinadas às entidades do chamado Sistema S, como o Serviço Social do Comércio
(Sesc), da Indústria (Sesi), entre outros. Esse dispositivo foi retirado pelo relator da proposta na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ), o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO), cujo mandato foi cassado em 2001 eplo Congresso Nacional. No lugar,
Demóstenes propôs aumentar de 3% para 7% o percentual do PIS e do PASEP destinado ao fundo. (disponível em
http://www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=2951&I temid=30. Acesso em 19. Ago. 2010.
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Mas, conforme antes mencionado, o financiamento não é o único grande
desafio das instituições públicas de EP e, em consequência de seus professores.
Há vários outros. Um deles está relacionado com as discrepâncias de
oportunidades, nível de escolarização e conhecimentos, experiências
profissionais, origem socioeconômica, faixa etária etc. dos distintos grupos
sociais que buscam ou poderão buscar essas escolas. Nas instituições públicas
de EP, os Cursos técnicos que podem ser oferecidos nas formas integrada,
concomitante e subsequente, para adolescentes e para o público da EJA. No
caso da rede federal, essa diversificação é ainda maior, pois há os cursos de
formação inicial e continuada de trabalhadores, que podem receber como
estudantes desde neoleitores até profissionais graduados ou pós-graduados,
além dos cursos superiores de tecnologia. Além disso, fora do âmbito da EP,
essas instituições veem atuando em cursos de licenciatura para a educação
básica.
Essa diversificação implica em exigências complexas de gestão
institucional, de quadro docente e de sua formação, os quais, muitas vezes,
atuam em duas ou mais dentre essas ofertas educacionais.
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Essa ampliação do investimento em educação para 10% do PIB é, provavelmente, uma das disputas mais
importantes que se está travando no processo de elaboração no novo Plano Nacional de Educação, conforme já
evidenciado no capítulo 2.
indivíduos que possam atuar em um ambiente de produção do conhecimento e,
também, de transferência a outros contextos em constante transformação.
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Aqui a referência é, principalmente, ao ensino médio integrado aos cursos técnicos, considerada a oferta
prioritária da educação profissional, exatamente por estreita vinculação com a educação básica e base para a “travessia”
em direção ao ensino médio unitário e politécnico
(MOURA, 2004), já que a atuação isolada dessa esfera não tem o poder de
resolver os grandes problemas socioeconômicos do planeta e do Brasil,
conforme esclarece Dieterich (1999, p. 87):
Nessa perspectiva, esse tipo de diálogo pode contribuir para que cada
instituição e, em consequência, os docentes e toda a comunidade educacional,
incluindo os estudantes, possam mover-se fora do centro da cultura dominante,
aproximar-se dela para analisá-la criticamente visando desvelar e compreender
os processos de construção social presentes na sociedade em que vivemos
(GIROUX e ARONOWITZ, 1990, apud CORONEL LLAMAS, 1998). Dessa
forma, é possível interferir na realidade de forma qualificada e tendo como
referência um projeto contra-hegemônico.
Para tal, desde o âmbito educativo é necessário abandonar o enfoque que
atribui todos os insucessos, exclusivamente, às reformas e contrarreformas e
seus efeitos: rigidez da legislação, instabilidade nas políticas e crise econômica
nos investimentos na educação, pois aos educadores e educadoras ainda lhes
resta o controle de importantes condições internas do processo ensino-
aprendizagem. Condições sólidas, que repercutem diretamente sobre elementos
como método, avaliação, conteúdo, qualidade dos processos e dos resultados
(CABELLO, 1998). Desde logo, isso não significa desconsiderar todos esses
elementos que limitam a ação contra hegemônica na esfera educacional, mas
dialogar dialeticamente com eles na perspectiva de sua superação. Ou dito de
outra maneira, é fundamental ter uma utopia a alcançar, a sociedade igualitária
na qual a formação humana seja integral para todos. A formação omnilateral ao
invés da formação unilateral, cuja racionalidade é atender às demandas
imediatas do mercado de trabalho (MOURA, 2004).
Pode-se afirmar, então, que o diálogo social, orientado pela utopia a ser
alcançada, objetiva fortalecer a racionalidade ética frente à racionalidade
tecnológica submetida aos desígnios do mercado. No caso específico do âmbito
educacional, isso significa a busca incessante pela garantia do direito igualitário
de todos à formação humana integral ao invés da formação restrita à
instrumentalidade aos interesses meramente econômicos.
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Enfim, contribuir para o desenvolvimento e a consolidação de uma
concepção de EP que, em todas as ações educativas, contribua para a formação
técnica, científica, tecnológica, cultural e humanística dos diferentes grupos
sociais (LIMA FILHO, 2005; MOURA, 2008).
3.2 A formação de docentes para a educação profissional
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Para viabilizar a ação proposta, além dos professores é fundamental que os técnico-
administrativos e os dirigentes das instituições de EP também sejam formados na mesma perspectiva.
Apesar disso, nesta obra, tratar-se-á apenas da formação dos professores.
ocorra, faz-se necessário que o poder público crie e implemente um sistema de
regulação nessa esfera enquanto não se alcança um modelo de sociedade em
que a educação em todo os níveis, formas e modalidades seja efetivamente um
direito de todos e proporcionada à população de forma pública, gratuita, laica e
com qualidade social.
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Para maior aprofundamento quanto ao caráter emergencial da formação de professores para a educação
profissional, sugere-se ler o texto da professora Lucília Machado “Formação de
Essa Resolução veio à luz no contexto da reforma da educação
profissional dos anos 1990, estabelecida pelo Decreto n. 2.208/1997. Tal
dispositivo estabelecia que as disciplinas profissionalizantes do ensino técnico
poderiam ser ministradas não apenas por professores, mas por instrutores e
monitores, o que, segundo Machado (2008b) é “uma incúria com relação às
exigências de habilitação docente” (p. 13). Assim sendo, coerentemente com a
racionalidade que orientou essa reforma, a Resolução n. 02/97 sinalizava para a
simplificação e o aligeiramento da formação dos professores da EP, conforme
analisa Machado (2008a):
Além disso, essa Resolução previa a sua própria avaliação pelo CNE em
um prazo de cinco anos. Isso nunca ocorreu, nem foram criadas novas diretrizes
para a formação de professores para a educação profissional técnica de nível,
apesar de ter havido um movimento nessa direção no âmbito da SETEC.
Dessa forma, pensando também nos sujeitos dessa formação sem relegar
a um segundo plano as necessidades das redes de ensino e a qualidade de tal
formação, conclui-se que ela deva ocorrer, inicialmente, por meio de cursos de
pós-graduação lato sensu, os quais poderão ser a base para futuros cursos
stricto sensu, tendo em vista também (não apenas) que tais cursos poderão
combinar a necessária formação com algum tipo de melhoria salarial, já que as
carreiras docentes, em geral, estão estruturadas de modo a conceder
progressão funcional ou algum outro tipo de incentivo aos profissionais pós-
graduados.
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termos do Artigo 17 da Resolução CNE/CEB 04/99 e parecer
CNE/CEB 16/99, até que sejam definidas diretrizes específicas
para a Docência na Educação Profissional, os licenciados em
cursos regulares de graduação; os licenciados segundo
programas de formação especial, que combinem formação
pedagógica, formação tecnológica e formação em serviço, nos
moldes da Resolução CNE/CP 02/97; e os pós- graduados em
cursos de especialização para a formação de docentes para a
educação profissional de nível técnico, estruturados por área ou
habilitação profissional. Este é o caso específico apresentado
pelo Ministério da Saúde, através da Fiocruz e sua Escola
Nacional de Saúde Pública, cujo curso de especialização
objetiva habilitar professores na área da Saúde, na habilitação
Enfermagem. (BRASIL, 2001, p.12)
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sobre a sua relação com o ensino médio.
64 A EP nos sistemas públicos atualmente está restrita praticamente à Rede Federal e a algumas (poucos) redes
estaduais e municipais.
Por outro lado, é apenas uma pequena minoria que, por meio da educação
escolar, conhece, tem contato, tem informação sobre o campo da educação
profissional e a profissão de docente nessa esfera. Em outras palavras a
docência na EP, não faz parte do universo da absoluta maioria dos jovens
brasileiros que estão na fase de optar por uma carreira de nível superior,
dificultando a opção por esse tipo de formação.
Entretanto, essa não pode ser a lógica da licença para o caso dos
bacharéis ou tecnólogos que atuam nas disciplinas específicas, denominadas de
formação profissional, pois o número de delas é muito amplo dentro de cada área
ou eixo tecnológico. Isso ocorre porque os cursos são organizados dentro das
áreas profissionais/eixos tecnológicos e em cada um deles podem existir
inúmeros cursos e, em cada curso, várias disciplinas, cujas denominações são
de livre escolha no âmbito dos respectivos planos de curso.
Parece que uma solução viável é adotar essa lógica da licença por área
profissional/eixo tecnológico, mas que sua efetiva habilitação para os diversos
cursos e disciplinas que o integram, ocorra mediante o estágio, para uma ou
mais subáreas e que futuras habilitações em outras subáreas possam ocorrer
mediante formação continuada, portanto, ao longo do exercício da profissão.
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A não ser que ele esteja sendo remanejado de sua disciplina de origem para outra de caráter
especificamente profissionalizante.
Outra importante questão a ser tratada é o lócus dessa formação.
Coerentemente com as discussões anteriores, considera-se as instituições
públicas de educação superior, constituem-se nesse lugar. Assim, cabe,
principalmente, às universidades públicas, aos CEFET e aos institutos federais
essa formação. Além disso, a construção de um Programa Nacional de
Formação Docente da Educação Básica e da Educação Profissional é urgente 66
deverá necessariamente envolver o MEC, por meio, no mínimo, da SETEC, da
SESU, da SEB e SECADI. Igualmente deverão ser envolvidas as associações
de pesquisa, sindicatos e outras entidades afins ao campo da educação superior
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em geral, da formação de professores e da EP.
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Na verdade, essa é uma necessidade muito antiga e já deveria ter sido resolvida.
Assim sendo, diante do exposto ao longo deste e dos anteriores capítulos,
discutir-se-á a formação de docentes que possam contribuir efetivamente, por
meio do trabalho, para a formação de sujeitos que tenham competência técnico-
científica, condição necessária para a produção material da vida, que
compreendam as relações sociais e de produção numa perspectiva sócio-
histórico-crítica e que tenham compromisso ético-político com os interesses da
classe que vive do próprio trabalho e, em consequência, de sua formação
enquanto cidadãos emancipados.
Não obstante, não se pode perder de vista que todas fazem parte de uma
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totalidade, pois no mundo real elas não estão isoladas. A separação é feita por
razões didáticas e, pelas mesmas razões, deve-se buscar a recomposição da
totalidade. Sobre isso é esclarecedora a contribuição de Machado (2006, p.3-4).
A autora afirma que
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humana sobre bases materiais e sociais concretas (RAMOS,
2005).
Quando, por exemplo, o ser humano deixou de ser nômade, o fez porque
desenvolveu ferramentas e técnicas que lhe permitiram cultivar a terra. Dessa
forma, não mais necessitou se deslocar de um local para outro em busca dos
alimentos que eram disponibilizados pela natureza, pois agora podia, por meio
do trabalho, intervir na natureza e produzir os alimentos necessários à existência
da espécie.
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