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Estruturação e Atribuições do
Poder Judiciário
Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de
Servidores do Poder Judiciário
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
2019
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
Módulo 1
Estruturação e Atribuições do
Poder Judiciário
Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de
Servidores do Poder Judiciári o
Módulo 1
Estruturação e Atribuições do Poder Judiciário
Conteúdo
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................................................................... 5
HISTÓRICO .......................................................................................................................................................................... 6
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Ao final desta unidade, espera-se que você seja capaz de:
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HISTÓRICO
Conforme já visto no módulo anterior, o Estado, e aqui pensemos em Estado do ponto de vista
amplo (o país, a Nação), como é visto hoje, não reflete o que se observava antigamente.
Nos tempos em que quem comandava eram os reis, não havia separação entre as funções do Esta-
do. Não era possível observar o Legislativo, o Executivo e o Judiciário como funções/Poderes do Estado.
O Estado existia personificado na figura do seu rei, seu imperador. Era ele quem administrava, criava
as leis e julgava as causas. Assim era o Estado déspota. Centralizado em uma única figura: o deus rei.
Com a evolução e o passar dos tempos, um pensador francês do período iluminista, chamado
Montesquieu, com base nos ensinamentos do filósofo grego Aristóteles, difundiu a visão da repar-
tição do Estado em Poderes, todos eles harmônicos e independentes.
A partir de então, o Estado deixou de ser personificado na figura do rei/imperador, passando a ser um
organismo vivo, composto por órgãos que funcionam em favor do bem-estar social e do Estado de Direito.
O Judiciário como órgão independente do Estado nasceu com a concepção do filósofo Aristó-
teles, mas adquiriu seu contorno e seu formato a partir do século XVIII, com o iluminista Montes-
quieu, já que este é considerado o idealizador da tripartição de poderes.
Com esse breve histórico, observamos de forma clara que o Estado caminhou por muitos anos
para chegar ao seu atual estágio de conformação estrutural, em que se observa de forma clara:
Dessa análise histórica, chegamos à visão do Judiciário autônomo e independente, como fun-
ção/poder do Estado. A partir de agora, estamos aptos a analisar de forma pormenorizada o Judi-
ciário do Brasil, em todas as suas divisões, atribuições e competências.
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Quem nunca ouviu falar que o Promotor de Justiça condenou o réu? Outra questão importante:
você já ouviu a expressão que o juiz deu o parecer?
Além dos questionamentos acima, você já observou nos telejornais a informação que a polícia
é da Justiça?
O Poder Judiciário, conforme já visto no Módulo I, tem a função típica de julgar. Para isso, ele é
composto pelos seus magistrados (juízes), os quais trabalham sendo auxiliados pelos funcionários
da Justiça.
Todavia, o Poder Judiciário, aqui pensando na própria Justiça, não existe isoladamente. Para
ele funcionar, são necessários, ainda, órgãos auxiliares, os quais não fazem parte diretamente do
Poder Judiciário, mas trabalham para que a Justiça seja realizada socialmente.
Assim, existe, como órgão auxiliar da Justiça, o Ministério Público, representado em nível esta-
dual pelos Promotores de Justiça e, em nível federal, pelos Procuradores da República, Procurado-
res do Trabalho e Procuradores Militares.
Os membros do Ministério Público não decidem processos judiciais; eles têm a função de opinar,
por meio de pareceres, sempre visando à legalidade, nos processos, bem como ajuizar as ações
penais e outras específicas de sua competência, como ações civis públicas e ações de improbidade
administrativa.
O Ministério Público não faz parte do Poder Judiciário: Ele é um órgão auxiliar da Justiça.
Da mesma forma são as polícias: elas pertencem ao Poder Executivo, não ao Judiciário.
O advogado é essencial para uma pessoa acionar o Poder Judiciário. Sem ele não é possível
buscar seus direitos junto a um juiz, exceto nas causas de Juizados Especiais (abaixo de 20 salários
mínimos) ou na Justiça do Trabalho.
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Ressalte-se, ainda, que, para aqueles de baixa renda, que precisem buscar seus direitos na
Justiça e não têm como pagar um advogado, é possível buscar auxílio junto a um defensor público.
Este profissional, também dos quadros do Poder Executivo, é o advogado pago pelo Estado para
defender os direitos dos cidadãos sem possibilidade de pagar um advogado particular.
Em nível estadual, eles são os defensores públicos estaduais. Já em nível federal, eles são de-
nominados defensores públicos federais.
• Advogados e Defensores Públicos: são os profissionais jurídicos, por meio do qual a po-
pulação pode vir junto ao Judiciário buscar seus direitos. Também são auxiliares da Jus-
tiça, não fazendo parte do Poder Judiciário.
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PODER JUDICIÁRIO
Tribunais, Membros, Atribuição e Competências)
O Judiciário é composto por seus juízes e servidores dos quadros da Justiça, conforme mencionado
linhas atrás, não se confundindo como membros do Poder, os auxiliares da Justiça.
Assim, o Poder Judiciário pode ser dividido nos seguintes ramos da Justiça:
• a) Poder Judiciário na área Federal, o qual se subdivide em Justiça Comum Federal e Es-
pecializada, esta última contendo ainda algumas subdivisões (Justiça Eleitoral, Justiça
do Trabalho e Justiça Militar Federal); e
• b) Poder Judiciário nos Estados, o qual comporta também a divisão em Justiça Comum
Estadual e Justiça Especializada, esta última sendo a Justiça Militar Estadual.
PODER JUDICIÁRIO
NA ÁREA FEDERAL
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Cada um desses ramos da Justiça comporta divisões em instâncias, sendo elas a primeira e a
segunda instância.
A primeira instância é composta por juízes, ao passo que a segunda instância é composta por
desembargadores.
Os juízes de primeira instância são investidos na função após aprovação em concurso público de
provas e títulos, devendo ser observada a ordem de classificação no concurso para nomeação no cargo.
Já 1/5 das vagas de desembargadores dos tribunais é destinado aos membros do Ministério
Público e Advogados, de forma alternada, sendo eles escolhidos em lista com nomeação feita pelo
governador (nos tribunais estaduais) e pelo presidente da República (nos tribunais federais).
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Por falar em segunda instância, é importante que tenhamos em mente sempre os tribunais. Ou
seja, para trazer a uma análise bem didática, na primeira instância, estão os juízes nos fóruns, já
na segunda instância, estão os desembargadores em cada tribunal.
• Primeira Região (TRF1): engloba os seguintes estados: Bahia, Distrito Federal, Maranhão,
Piauí, Roraima, Amazonas, Rondônia, Acre, Amapá, Pará, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
e Tocantins. O tribunal tem sede em Brasília;
• Segunda Região (TRF2): engloba os seguintes estados: Rio de Janeiro e Espírito Santo. O
tribunal tem sede no Rio de Janeiro;
• Terceira Região (TRF3): engloba os seguintes estados: São Paulo e Mato Grosso do Sul. O
tribunal tem sede em São Paulo;
• Quarta Região (TRF4): engloba os seguintes estados: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande
do Sul. O tribunal tem sede em Porto Alegre; e
• Quinta Região (TRF5): engloba os seguintes estados: Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraí-
ba, Rio Grande do Norte e Ceará. O tribunal tem sede em Recife.
Os magistrados federais têm competência para julgar os processos onde há interesse da União
e de suas autarquias, fundações e empresas públicas federais.
Nos estados do Norte do país, há um TRT para cada dois estados, assim como no Distrito Federal
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e Tocantins. Pará e Amapá – (TRT8); Amazonas e Roraima (TRT11); Acre e Rondônia (TRT14); e Distrito
Federal e Tocantins (TRT10).
Todavia, ao juiz de Direito é atribuída competência delegada federal. Os colegas podem pergun-
tar: como assim, um juiz de Direito, estadual, julgando processo de competência da Justiça Federal?
E isso pode?
Pode sim, queridos colegas. Hoje em dia há apenas duas possibilidades: 1) processos entre o
segurado e o INSS (é uma autarquia federal); e 2) as execuções fiscais (trocando em miúdos, as
cobranças de tributos da União). Nesses dois casos, o juiz de direito pode vir a julgar processos de
competência da Justiça Federal, não havendo juiz federal no local.
Perceberam que não tratei da Justiça Eleitoral? Pensaram que eu tinha esquecido! Isso não
ocorreu não. Deixei para falar dela ao final das justiças ordinárias, pois, em que pese seja ela um
braço especializado da Justiça Federal, os magistrados que compõem o seu quadro são os juízes
estaduais, ou seja, os juízes de direito.
Justiça Eleitoral
É composta na primeira instância pelos juízes eleitorais, todavia quem exerce a função de juiz
eleitoral é o juiz de direito.
Já nos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), sua composição é feita da seguinte forma: 2 desem-
bargadores da Justiça Estadual; 2 juízes de direito; 1 juiz federal; e 2 advogados.
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Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho se encontra prevista nos artigos 111 e seguintes da Constituição Federal de
1988, sendo hierarquizada em três instâncias: os Juízes Federais do Trabalho compõem a instância
julgadora, os Tribunais Regionais do Trabalho representam a instância revisora (via de regra), e o
Tribunal Superior do Trabalho que se situa como uma instância uniformizadora (via de regra), res-
ponsável pela aplicação unívoca do direito trabalhista.
A competência da Justiça do Trabalho está fixada no artigo 114 da Constituição Federal, de gran-
de importância para compreender o que julga a Justiça Laboral, cujo dispositivo sofreu grande im-
pacto com a Emenda Constitucional nº 45/2004, quando se passou a adotar a competência para as
relações de trabalho (e não mais de emprego) como linha mestra para julgamento das ações pela
Justiça do Trabalho (art. 114, inciso I, CRFB/88), não obstante os outros incisos também estabeleçam
a competência material da Justiça do Trabalho.
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São eles compostos por ministros, os quais são indicados e nomeados pelo presidente da Repú-
blica, após aprovação da indicação em sabatina no Senado Federal.
Ligado administrativamente ao Supremo, temos o Conselho Nacional de Justiça (que será estu-
dado no Módulo III).
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No STF podem chegar processos oriundos de todos os ramos da Justiça brasileira. Todavia, para
isso ocorrer, no recurso deve haver discussão de contrariedade à Constituição da República, e ser
reconhecida a causa como de repercussão geral. Mas, o que quer dizer repercussão geral?
Esse termo é utilizado, sendo bem objetivo, para os processos que reflitam interesse geral de
toda a nação.
Ou seja, o STJ recebe recursos oriundos tanto da Justiça Estadual quanto da Justiça Federal.
Este Tribunal também tem possibilidade de julgar processos de forma direta, sem necessidade
de terem eles passado pelas instâncias ordinárias, ou seja, originariamente.
Por exemplo, se um Governador comete um crime, ele será julgado pelo STJ.
Além disso, é ele que detém competência originária para julgar os pedidos de registro de can-
didatura dos candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, além dos crimes eleitorais
em relação a esses candidatos.
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Pois bem! Tivemos uma visão bem ampla em relação ao Poder Judiciário brasileiro. Espero que
não restem dúvidas em relação ao que foi lido, mas espero que haja dúvidas e interesse de vocês
em conhecer mais a fundo o Poder Judiciário, o último estágio do cidadão para ver seus direitos
resguardados.
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