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São Tomás e o hilemorfismo

Posted on 19 de abril de 2011

Ms. Antônio Chaves Sobrinho (IFAT)


São Tomás aceita e desenvolve a doutrina aristotélica da matéria e da forma, do ato e da
potência. Aperfeiçoa e aprofunda esses conceitos, tirando deles ensinamentos que se
perpetuaram na Escolástica até nossos dias. Mais ainda, ele sublima a doutrina hilemórfica e
chega a alturas não sonhadas por Aristóteles. Através da multiplicidade das formas chega
àquelas que são puras e se identificam com as substancias angélicas. Fala de formas
independentes da matéria que são inteligências, substâncias espirituais puras, quididades
simples e perfeitas. Ele afirma:

[…] o relacionamento da matéria e da forma é tal que a forma dá ser à matéria e, deste
modo, é impossível que haja matéria sem alguma forma; no entanto, não é impossível haver
alguma forma sem matéria. Mas se se encontram algumas formas, que não podem ser senão
na matéria, isto lhes advém na medida em que estão distanciadas do primeiro princípio que
é o ato primeiro e puro. Donde, aquelas formas, que estão próximas ao máximo do primeiro
princípio, serem formas substanciais por si, sem matéria. De fato, a forma, de acordo com a
totalidade de seu gênero, não necessita da matéria, como foi dito. Tais formas são
inteligência e, por isso, não é preciso que as essências ou quididades destas substâncias
sejam algo de outro que a própria forma (AQUINO, n. 48).

A partir desses conceitos São Tomás explicita um ponto fundamental da filosofia


escolástica que é o da essência e da existência. São princípios ontológicos distintos, mas
inseparáveis, cuja composição explica a estrutura metafísica profunda do ser.
No plano da criatura, antes do ser, não há nem essência, nem existência, entidades que, por
outro lado, são absolutamente incapazes de existir independentemente uma da outra. Nem a
essência nem a existência existem isoladamente; somente o ser que elas compõem: são dois
princípios correlativos que só têm realidade enquanto se completam (GARDEIL, 1967, p.
121).

A essência é aquilo que faz com que um ser seja ele mesmo e não outro. É o que define
cada ente, diz o que é uma realidade, está no íntimo de cada ser e o caracteriza. Ela
responde à pergunta: o que é isto ou aquilo (quid sit)?

A existência é a última atualização da essência, é o ato ou a perfeição essencial de cada


ente. Ela responde à pergunta: isto ou aquilo é (an sit)? De fato, “a existência é sempre
dada, como atualidade de uma essência determinada tanto que essência e existência, se são
realmente distinguíveis, são necessariamente inseparáveis em um ser dado” (JOLIVET,
1972, p. 229). O esse ou existência desempenha a função de ato e a essência a de potência.
Nessa análise que São Tomás faz do ser ele opera uma profunda transformação e elevação
da ontologia de Aristóteles. A partir da existência como última perfeição dos entes ele
chega ao “Ipsum esse subsistens.” O ser é, para ele, tanto em Deus quanto nas criaturas,
existência por excelência. Estes dois princípios, que nas criaturas são distintos mas
inseparáveis, no Criador se identificam em sua pura simplicidade. Nele, essência e
existência são, pois, uma só coisa. Como se vê, o Doutor comum chega à mais alta
concepção do ser, à sua noção e constituição essencial. O ser é ato que engloba todas as
perfeições, pois o ato de ser é o fundamento da realidade de tudo quanto existe. O ser é ato
em sentido pleno porque não inclui nenhuma limitação. Indo além dos universais, ele
considera o ser sobretudo como transcendental. O Doutor Angélico voa do visível para o
invisível, do finito para o infinito a fim de chegar à mais alta concepção do “esse” que tem
sua fonte em Deus. Portanto, o ato de ser é o núcleo de sua metafísica, enquanto a
composição essência-existência constitui, em sua filosofia, a estrutura fundamental dos
entes criados (cf. SOBRINHO, 2007, p. 49-52).
A essência ou quididade é o objeto da primeira operação de nossos espíritos, é uma aptidão
para existir, para o ser, em função do qual é medida e definida como uma autêntica
essência. “Ens e essência se divisam como ‘aquilo’ que, primeiro, o intelecto concebe”
(AQUINO, 2005, p. 7).

É, portanto, penetrando em sua essência que a inteligência se adequa aos seres e os conhece.
Ela como que se torna um com eles e os ilumina como um farol. Etiene Gilson afirma que a
corporeidade ou a matéria limita o ser, mas o que ele contém de espiritual tem por efeito
amplificá-lo (cf. p. 293). E Maritan, discorrendo sobre o mistério do ser, afirma que ele é
rico demais em inteligibilidade, puro demais para nossa inteligência, em se tratando das
coisas espirituais. Ao mesmo tempo ele comporta certa resistência inteligível quando se
trata do não ser ou da potência (cf. p. 15).

A existência ou ato de ser (actus essendi), é, portanto, o termo do pensamento, o objeto para
o qual, primeiramente e por si, se orienta a inteligência. E é por isto que Santo Tomás
afirma que é na segunda operação do espírito (juízo) que propriamente se realiza a
apreensão do ser, porque é pelo juízo que a existência é apreendida, não mais, somente,
como significada ou indicada ao espírito (o que é o caso do conceito), mas, como exercida,
atual e “possivelmente por um sujeito. Assim, também, devemos dizer que é no juízo que se
completa o conhecimento, enquanto está orientada (sic) para a apreensão do ser (JOLIVET,
1972, p. 197-198).

Como se vê, o conceito transcendental do ser, a essência e a existência ou ato de ser, sendo
esta a última atualização daquela, são pontos fundamentais da ontologia tomista, que
estavam vagamente esboçados ou sugeridos no hilemorfismo aristotélico e em sua teoria do
ato e da potência. São Tomás via com os olhos da razão e entrevia com os da fé. Quem tem
visão sobrenatural vai ao coração das coisas.

Em sua hierarquia ontológica ou graus de perfeição dos seres visíveis e invisíveis ele
ultrapassa também Platão. As ideias deste, consideradas independentes e existentes por si
mesmas, são concebidas por São Tomás na Mente Divina, tendo uma realidade lógica que
passa a ser ontológica, se a vontade de Deus as concretiza. Esses possíveis são infinitos em
Sua mente, alguns dos quais, concretizados, constituem o universo criado. Também as
formas puras de São Tomás, correspondentes ao mundo angélico, vão além da pluralidade
de motores imóveis sugerida por Aristóteles. Mais ainda, se o estagirita considera esses
motores independentes do Ato Puro, que é o Motor Imóvel por excelência, o Doutor
Angélico subordina todos os anjos a Deus. Estes guardam os homens, regem os astros e
governam os demais seres criados por ordem de seu Criador. E cada ente, nessa hierarquia,
desempenha a função de mestre, regente, modelo e guia em relação a seu inferior. Deste
modo, toda a obra da criação realiza, na ordem do ser, uma “servitudo ex caritate”, atraída
pelo divino amor.

O grande mestre da escolástica trata também da natureza humana, bem como da angélica,
em sua substância. O homem é um composto hilemórfico de corpo e alma, matéria e
espírito, constituindo, assim, um elemento de ligação entre o mundo material — minerais,
vegetais e animais — e o mundo espiritual — os anjos. Estes dois elementos — matéria e
espírito — estão de tal modo unidos, no ser humano, que formam uma só substância
composta. A essência do homem abarca a forma e a matéria, ou seja, a alma e o corpo. Ele é
um animal racional. Os anjos, pelo contrário, são substâncias simples ou formas puras.

“Portanto, a essência da substância composta e da substância simples diferem nisto que a


essência da substância composta não é apenas a forma, mas abarca a forma e a matéria; no
entanto, a essência da substância simples é apenas forma”. (AQUINO, n. 49)

Entretanto “tais substâncias, embora sejam apenas formas sem matéria, não há nelas uma
simplicidade completa nem são ato puro, mas têm uma mistura de potência” (Idem, 52).
Mesmo não sendo ato puro, a substância simples é forma e ser, pois “tem o ser a partir do
ente primeiro que é apenas ser; e este é a causa primeira que é Deus.” (Idem, n. 55).

Tendo matéria em sua composição, cada homem não pode esgotar as perfeições de sua
espécie. Daí a necessidade da pluralidade de indivíduos. O anjo, contrariamente, esgota as
perfeições de sua espécie e, por isso, esta não comporta multiplicidade. Cada anjo é uma
espécie diferente. Conforme a Introdução à Suma Teológica de Marie-Joseph Nicolas:

“A natureza humana só se realiza numa pluralidade, em si ilimitada, de indivíduos. Cada


natureza angélica, ao contrário, é única. Toda multiplicidade no mundo dos puros espíritos é
uma multiplicidade entre essências diversas, e a singularidade se identifica com a
especificidade” (p. 49).

Estes são alguns reflexos do hilemorfismo aristotélico que, incidindo sobre a mente
cristalina de São Tomás de Aquino, como uma luz ultrapassando um belo vitral, saem do
outro lado purificados, sublimados e multicoloridos.

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