01.

No dia 20/02/2010, quando chegava de viagem, Helena e sua mãe, Dona Carmen,
uma senhora paraplégica, não conseguiam entrar em casa porque um carro de propriedade
alheia estava estacionado na frente do portão, impedindo a entrada do carro de Helena na
garagem e o ingresso das moradoras. Depois de buscar por quem fosse dono do veículo
na vizinhança e não localizar, Helena pediu auxílio de amigos da vizinhança para tentar
arrastar o carro e retirá-lo do local. Como o veículo estava com o freio de mão acionado,
não se movia. Estressada com a situação provocada por conduta indevida de quem ali
deixou o carro, com auxílio de pessoas não descobertas e empregando muita força, Helena
consegue a retirada do veículo, todavia, amassa bastante a lataria do automóvel. Ao
chegar no local e vê-lo danificado, Joana se indigna com o ocorrido e busca a tomada de
providências criminais contra Helena. Vai a uma delegacia no dia seguinte e presta
notícia-crime da prática de crime de dano informando ter sido Helena a autora do fato.
Depois de realizada a breve apuração, a investigação é remetida ao Ministério Público,
que propõe ao juízo do juizado especial criminal realização de audiência para composição
civil, o que, 8 meses depois, não ocorre por ausência de Helena no ato processual.
Considerando tratar-se na hipótese de delito de ação penal privada, nesse caso: (3,0)
a) Joana terá o direito de apresentar queixa-crime após a não ocorrência da audiência.
b) Helena não poderá ser punida porque estará prescrito o delito imputado.
c) terá ocorrido perempção.
d) terá ocorrido decadência do direito de oferecer a queixa-crime.
e) estarão suspensas as possibilidades de tomada de providência pela vítima e a incidência
de causas extintivas da punibilidade no período em que segue sendo tentada a
composição.

02. Tício, servidor público, no exercício de suas funções, cometeu por cinco vezes o delito
de peculato. Tendo sido acusado pela prática desses crimes, contatou seu advogado para
saber sobre os efeitos secundários de sua condenação penal. Como advogado de Tício,
assinale a resposta que seria mais adequada: (3,0)
a) a sentença condenatória não é capaz de tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime, o que impede o requerimento de indenização no âmbito cível.
b) há efeitos genéricos, como o confisco dos bens ou valores que constituam proveito
auferido pelo agente com a prática do crime, que são considerados automáticos, pois sua
incidência não depende da indicação expressa do magistrado na sentença.
c) não poderá haver restrições no direito de dirigir do condenado por sentença penal
transitada em julgado, ainda que o magistrado fundamente a necessidade dessa medida
de forma coerente com o sistema jurídico e vinculada com o caso concreto.
d) com base no princípio constitucional da propriedade privada, os instrumentos do crime,
ainda que ilícitos, não podem sofrer confisco pelo poder público de forma automática.
e) A perda do cargo público é efeito automático da condenação, incidindo
independentemente da vinculação com o caso concreto nas penas inferiores a um ano.

03. Entre as assertivas seguintes, considerada a doutrina da matéria, quanto às

possibilidades de concessão, natureza jurídica e os efeitos do indulto no Brasil, se pode
afirmar que: (3,0)
a) Trata-se de causa extintiva da punibilidade que acarretará uma espécie de fictícia
exclusão do crime, razão pela qual o indultado será compreendido juridicamente como se
nunca tivesse realizado o injusto penal.
b) O indulto poderá ocorrer antes de sentença penal condenatória.
c) O indulto poderá incidir exclusivamente para extinguir ou abrandar (no caso de
comutação) penas privativas de liberdade em regimes carcerários (fechado e semiaberto).
d) seus requisitos serão estabelecidos em decreto presidencial, que servirá para homologar
os parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
e) poderá o decreto de indulto condicionar sua concessão a lapso de cumprimento
ininterrupto de pena, o qual poderá gerar in concreto limite material de pena menor do
que o previsto no art. 75, do CP.

04. Fagner foi sentenciado a cumprir medida de segurança de internação, pois se

constatou sua inimputabilidade por doença mental, sendo que ele havia realizado injusto
penal consistente em tentativa de homicídio. No curso do processo havia sido submetido
a internação provisória e tinha desenvolvido tratamentos para melhora do seu quadro
psíquico. Entre as provas dos autos, havia único laudo oficial no qual psiquiatras
indicavam tratamentos terapêuticos mais leves como medidas mais adequadas para sua
situação. Diante desse caso: (3,0)
a) foi correta a aplicação da medida de internação, pois o CP não abre exceções para
injustos penais cujas penas cominadas sejam de reclusão, como homicídio.
b) a internação só se justificará porque sempre se mostra como mais adequada quando se
tem em questão violações do bem jurídico vida.
c) deveria ter sido aplicada exclusivamente medida de segurança terapêutica, por ser
conclusão mais adequada diante das previsões normativas trazidas pela Lei
Antimanicomial (Lei 10.216/01).
d) se deveria aplicar excepcionalmente o chamado sistema do duplo-binário,
remanescendo a aplicação de pena, ainda que curta, pelo injusto cometido e uma medida
de segurança terapêutica por ser mais adequada à situação pessoal do inimputável.
e) correto seria que ao inimputável fosse imposto período de desinternação condicional.

05. Nívea é acusada da prática de estelionato, por suposta disposição de coisa alheia como
própria (art. 171, I, do CP – Pena de 1 a 5 anos) ocorrida em 01/01/2013. Ela permutou
bens que não lhe pertenciam para dar uma superfesta comemorativa dos seus 18 anos. O
inquérito policial que investigou o fato demorou 3 anos e 10 dias, até que em 11/01/2016,
o Ministério Público ofereceu denúncia imputando a Nívea o delito em questão. O
recebimento da denúncia ocorreu em 11/03/2016. Em 01/03/2017, foi publicada sentença
condenatória na qual se impunha a pena de 1 ano e 4 meses a Nívea, em regime aberto, a
qual foi convertida em penas restritivas de direito de prestação de serviços à comunidade
e prestação pecuniária. O MP não recorreu da decisão, que para acusação transitou em
julgado em 10/03/2017, diferentemente da Defesa, que interpôs apelação. A apelação foi
julgada em acórdão publicado em 20/03/2020, o qual manteve os termos da condenação.
Dessa decisão a defesa interpôs recurso especial no STJ, o qual foi julgado
definitivamente em 30/03/2024, decisão na qual o STJ determinou a desclassificação
(mudança da condenação) para o delito de apropriação indébita (art. 168, do CP – Pena
de 1 a 4 anos), pois os termos da própria condenação anterior não fundamentavam o ardil
característico do estelionato. A pena fixada foi de 1 ano em regime aberto e convertida
em prestação de serviços à comunidade. No caso em questão, é possível observar que:
(4,0)
a) houve prescrição com base na pena abstrata do delito de apropriação indébita entre a
data do fato e o recebimento da denúncia.
b) houve prescrição com base na pena abstrata entre o trânsito em julgado para a acusação
e a publicação do recurso especial.
c) houve prescrição com base na pena concreta entre a data do fato e o recebimento da
denúncia.
d) houve prescrição com base na pena concreta entre o trânsito em julgado para a acusação
e a publicação do recurso especial.
e) não houve prescrição.

6. Analise as proposições e marque a alternativa correta: (3,0)

I – A anistia é causa extintiva da punibilidade que, segundo a doutrina, enseja a exclusão
do crime cometido;
II – O perdão judicial ocorre quando o ofendido, depois de apresentada a queixa-crime,
expressamente perdoa o querelado ou, tacitamente, pratica ato incompatível com o
prosseguimento da ação penal;
III – A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
a) I e III estão corretas.
b) I e II estão corretas.
c) II e III estão corretas.
d) Todas estão corretas.
e) Somente II está correta.

7. Responda fundamentada e objetivamente as questões e casos seguintes:

a) A imputação recíproca dos comportamentos praticados pelos agentes é, segundo
Roxin, consequência derivada de que espécie de domínio do fato? Quais elementos o
caracterizam? (4,0)
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b) Em apelação apresentada ao TJ-MG, o advogado de Adam argumenta que seu cliente
“jamais poderia ter sido apenado com pena maior que a do autor do fato, pois estava na
condição de partícipe, instigador, condição que sempre revela menor desvalor no crime
praticado”. Sob o atual panorama doutrinário e legal de concurso de agentes, procede a
argumentação desenvolvida? (4,0)
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c) Jimenez foi condenado a 1 anos de reclusão em regime aberto, por receptação. Teve
negada a conversão da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito
fundamentada exclusivamente no fato de ser reincidente, já que havia tido anterior
condenação transitada em julgado pelo crime de maus-tratos. A fundamentação da
sentença foi adequada para a conclusão que chegou? (3,0)
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