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DNA Educação
DNA Educação
Ivanio Dickmann
(organizador)
1
DNA Educação
CONSELHO EDITORIAL
FICHA CATALOGRÁFICA
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ISBN 978-85-93711-39-8
1. Educação. I. Título.
CDD 370.1
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DNA Educação
Ivanio Dickmann
[organizador]
DNA EDUCAÇÃO
Volume II
Diálogo Freiriano
São Paulo – SP
2018
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ÍNDICE
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4 Os marcos curriculares e legais que orientam a vida educacional no país firmam-se nas formu-
lações, normas e princípios ostentados na Carta Maior da República, na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Lei n° 9394/96), nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que
datam de 1998 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais, originadas da própria LDB. Como marcos
regulatórios, tais plataformas se inscrevem em um conjunto de temporalidades e espacialidades
que são, por definição, históricas e, por isso mesmo, mutáveis em suas dinâmicas e possibi-
lidades. A própria LDB sofreu e sofre alterações as mais diversas que refletem a própria
movimentação e evolução histórica da sociedade, com suas mudanças e permanências.
Todavia, ao contrário do que sustentam os articuladores do ESP, as reformulações propostas
na agenda sustentada por essas intenções legislativas estão longe de se confundirem com
meras alterações pontuais. Não se trata, por exemplo, de alteração na duração do Ensino
Fundamental ou da carga horária anual do Ensino Médio, mas de uma profunda reestruturação
na própria concepção de educação sustentada nos dispositivos constitucionais da Carta de 1988
e no que há de mais avançado na seara dos saberes pedagógicos, resultados de décadas e até
mesmo séculos de aspirações democráticas já consolidadas ou em processo de consolidação
no cerne do fazer pedagógico brasileiro e mundial. Ou seja, o ESP aparenta propor a introdução
de simples mudanças nestes marcos regulatórios, ao tempo em que articula um inegável
abandono do sentido axiológico e epistemológico que lhes dá significado e concretude. As
noções de pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; consideração com a diversidade
étnico-racial e respeito à liberdade e apreço à tolerância, explícitas no ordenamento educacional
do país restariam seriamente prejudicadas ou mesmo esvaziadas da educação como prática
social efetiva caso tais proposições legislativas se confirmassem. Deste modo, o ESP não
investe apenas contra determinados elementos da identidade normativa da educação brasileira,
mas antes revela-se portador de um ideal de educação que confronta algumas das mais
profundas aspirações de igualdade e liberdade que constituem a própria caminhada histórica do
Ocidente em seu projeto de emancipação humana ainda hoje inconcluso.
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5 Deputado federal a partir de fevereiro de 2011, Erivelton Santana foi vereador na capital baiana
por dois mandatos consecutivos, sendo também proeminente liderança religiosa da Igreja
Assembleia de Deus. Atualmente compõe a bancada do Partido Patriotas no Congresso
Nacional, para a qual migrou em 2016 e no qual sustenta um conjunto de plataformas
relacionadas à defesa de alterações legislativas nas diretrizes e bases da educação nacional,
sustentando para tal, um pretenso amparo na Convenção Americana de Direitos Humanos
(Pacto de San José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969, do qual o Brasil é signatário).
São constantes suas declarações no sentido de que a base principiológica que sustenta os 13
incisos do artigo 3° da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9394/96) precisa
situar os valores morais e religiosos das famílias brasileiras como elementos orientadores das
relações de ensino no país, de modo que os valores familiares não sejam deslegitimados ou
desautorizados nas práticas escolares. Seus críticos veem nesta interpretação um abandono da
própria função educativa da escola como espaço de formação crítica e cidadã. Afinal, a guiar-se
por tal lógica, seria papel da escola confirmar e mesmo legitimar narrativas escoradas no
sexismo, no racismo ou na intolerância religiosa caso sejam estes os valores transmitidos no
interior do ambiente familiar. O que se encontraria em notório confronto com o ordenamento
jurídico nacional e as premissas elementares não só da Carta Magna, como também dos
fundamentos teóricos e epistemológicos que presidem a educação nacional.
6 De acordo com informações da página De Olho nos Planos, havia, no segundo semestre de
2017, pelo menos 62 projetos de lei matriciados na ideia fundadora do ESP, em curso em
diferentes instâncias legislativas do país, sendo 10 PL’s tramitando na Câmara dos Deputados
e 01 no Senado Federal, todos eles propostos entre 2014 e 2017. São pelo menos 32 Câmaras
de Vereadores com projetos norteados a partir dessa política educacional, além de 19
assembleias legislativas estaduais.
7 Uma análise desenvolvida pelo editor executivo da Revista Nova Escola, Rodrigo Ratier em
outubro de 2016 dava conta de pelo menos 09 siglas partidárias com projetos legislativos
inspirados no ESP, sendo elas PDT, PMDB, PEN, PP, PRB, PSB, PSC, PSDB e PIN, com
liderança do PSC, que possui 05 projetos, seguido pelo PMDB que empata com o PSDB com
04 projetos em diferentes espaços legislativos. Disponível em <https://novaescola.org.br/c
onteudo/383/14-perguntas-e-respostas-sobre-o-escola-sem-partido.> Acesso em 05/07/17.
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8 Do Rio Grande do Norte, vem o PL 1411/2015 do deputado Rogério Marinho (PSDB) que con-
torna outra versão do ESP com tipificação do crime de assédio ideológico e previsão de até um
ano e meio de detenção e multa para os professores.
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10O conceito diz respeito às formulações teóricas que partiam da linguagem enquanto agente
estruturador do mundo, promovendo um conjunto de rupturas conceituais no campo das
humanidades, das teorias comunicacionais e dos estudos culturais, em especial por conta das
contribuições pós-estruturalistas que questionavam fortemente o legado logocêntrico da tradição
racionalista herdada do Iluminismo e do Cartesianismo e apontavam para a compreensão do
sujeito descentrado, a multipolaridade de centros de referência na produção de saberes, a
descolonização dos imaginários e a crise dos paradigmas hegemônicos na produção discursiva
da ciência e dos critérios de verdade do Ocidente. Incluem-se nesta definição os trabalhos de
pensadoras e pensadores como Judith Butler, Julia Kristeva, Michel Foucault, Jacques Derrida,
Roger Chartier e Stuart Hall, por exemplo.
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11Refletindo sobre a atuação do chamado "professor militante" e os danos causados por ele em
seu trabalho de doutrinação ideológica, Miguel Nagib, ideólogo inicial do ESP afirma em
entrevista publicada em agosto de 2016 no sítio do projeto homônimo “E o que faz o professor
militante? Abusa dessa situação especialíssima para “fazer a cabeça” dos alunos. E ele faz isso
de boa consciência, porque pensa estar colaborando para “produzir uma realidade mais justa”.
Na verdade, o que ele está produzindo é apenas mais um ignorante cheio de certezas, pronto
para entregar os destinos da nação a políticos que pensam (ou fingem que pensam) como ele."
Reaparece aqui o imaginário das chamadas vítimas algozes, numa referência ao clássico de
Joaquim Manoel de Macedo, publicado em 1869. Ou seja, o professor militante atuaria como
manipulador bem-intencionado dos seus alunos, mas também manipulado por um complexo
teórico-discursivo mais amplo, de que ele próprio seria vítima.
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MESTRADO PROFISSIONAL:
PROMOVENDO A TRANSFORMAÇÃO DA
PRÁXIS EM ENFERMAGEM
Carine Vendruscolo1
Edlamar Kátia Adamy 2
Mônica Ludwig Weber3
Letícia de Lima Trindade4
Carise Fernanda Schneider5
Elisangela Argenta Zanatta6
Denise Antunes de Azambuja Zocche 7
Fernanda Fabiana Ledra8
Lenita de Cássia Moura Stefani9
RESUMO:
Relato dos movimentos que acompanharam o primeiro ano de desenvol-
vimento de um Mestrado Profissional em Enfermagem que busca
contribuir com a transformação da práxis da categoria, no contexto da
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Atenção Primária à Saúde. As atividades tiveram início em agosto de
2017, mediante aprovação na Universidade e na Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Esta modalidade de pós-
graduação apresenta-se como uma estratégia com vistas a qualificar as
práticas assistências, gerenciais, de ensino de pesquisa na enfermagem,
ampliando o diálogo entre universidade e serviços.
Palavras-chave: Enfermagem; Mestrado profissional; Formação em
saúde.
ABSTRACT:
Report about the motion that accompanied the first year of the
Professional Master’s Degree for Nursing development which aim to
contribute with the remaking of the category`s praxis, in the context of
Primary Attention to the Health. The activities have started in August,
2017 through approving at the University and the Superior Level People
Improvement Coordination. This after-graduation modality presents as
a strategy with the goal of improve the assistance practices, managerials,
of teaching and researching, in nursing, enlarging the dialog between
university and service.
Keywords: Nursing; Professional master’s degree; Health training
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produzidos e implementados para dar conta das demandas emergentes
no cotidiano das práticas e no processo de construção e reformulação de
políticas e programas de saúde.
Como instrumentos de inovação, a Enfermagem Baseada em
Evidências (EBE) e a Enfermagem de Prática Avançada (EPA) emergem
como possibilidades para a qualificação da atenção à saúde. A partir de
um movimento, iniciado no Canadá e nos Estados Unidos da América,
e, mais recentemente, implantado em países como Alemanha, Austrália
e Nova Zelândia, a EPA vem causando impacto na legislação e na
regulação profissional, além de transformar os cenários de prática e de
formação em enfermagem. A EPA está associada ao aumento e melhoria
da cobertura e acesso dos usuários aos serviços de saúde e relacionada a
altos índices de satisfação em relação aos cuidados prestados por esses
enfermeiros (ONU, 2015; BRYANT-LUKOSIUS; MARTIN-
MISENER, 2016).
O enfermeiro de prática avançada, segundo o Conselho Inter-
nacional de Enfermagem (ICN), é aquele profissional especializado, com
habilidade para tomar decisões complexas, que possui competências
clínicas que se moldam de acordo com a realidade em que está inserido.
Para facilitar o desenvolvimento dessas habilidades, o ICN recomenda a
capacitação desse profissional em nível de mestrado, que integre
pesquisa, educação, prática e gestão (NATIONAL NURSING
CENTERS CONSORTIUM, 2014).
Quando o mestrado possui interface com os propósitos da
prática avançada propicia o desenvolvimento da autonomia profissional
do enfermeiro, instrumentalizando-o para o gerenciamento de casos,
avaliação em saúde, tomada de decisão com base em evidências,
raciocínio clínico e diagnóstico e, ainda, para a incorporação e produção
de tecnologias inovadoras que possam contribuir para resolução de
problemas do cotidiano dos serviços de saúde e da população,
transformando a realidade da prática (SCOCHI, 2009). Nessa perspec-
tiva, destaca-se que a articulação das pesquisas ao trabalho em saúde, em
grande medida fomentada pela integração ensino-serviço, contribui para
desenvolver o raciocínio clínico, bem como o julgamento crítico frente
às demandas operacionais, podendo congregar inovações e tomadas de
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decisões mais seguras aos problemas vivenciados no cotidiano do
processo laboral, com foco na aplicação do conhecimento teórico
adquirido com base em evidências científicas.
Com tais delineamentos, no Brasil, são criados e regula-
mentados os Mestrados Profissionais (MP) que emergem no cenário da
integração ensino-serviço na área da saúde como estratégias inovadoras
para a transformação dos cotidianos da assistência, da gestão em saúde e
do gerenciamento dos serviços de enfermagem, visto que os profis-
sionais são mobilizados para a ação-reflexão-ação sobre o trabalho. O
MP é uma modalidade de formação stricto sensu que tem como objetivo
suprir as demandas sociais, políticas e econômicas, associadas à
qualificação de trabalhadores em serviço, a “capacitação de pessoal para
a prática profissional avançada e transformadora de procedimentos e
processos aplicados, por meio da incorporação do método científico,
habilitando o profissional para atuar em atividades técnico-científicas e
de inovação” (NATIONAL NURSING CENTERS CONSORTIUM,
2014, p. 20). O MP pode constituir-se em uma estratégia útil no fomento
da profissão da enfermagem, haja vista a importância do enfermeiro nos
serviços de saúde, quer seja na gestão, na assistência ao usuário e,
sobretudo, nos processos educativos, incluindo as atividades de
educação em saúde e educação continuada e permanente, bem como a
investigação em saúde.
Por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), cresce o interesse em discutir e adotar essa
importante estratégia para o fortalecimento da força de trabalho da
enfermagem, especialmente a do enfermeiro. O Relatório de Avaliação
da Área destaca a expansão dos MP aprovados no período de 2011-2016,
justificando essa estratégia voltada à qualificação das categorias inseridas
no mundo do trabalho. Com isso, cresce, também, o movimento de
implantação da EPA, em conjunto e com apoio da Associação Brasileira
de Enfermagem (ABEn), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),
Organização Pan-Americana de Saúde e Organização Mundial da Saúde
(OPAS/OMS) (BRASIL, 2017b; SCOCHI et al., 2009).
Diante do exposto, o presente capítulo objetiva relatar os
movimentos que acompanharam o primeiro ano de desenvolvimento de
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um Mestrado Profissional em Enfermagem, iniciado em 2017, na
Universidade do Estado de Santa Catarina, que busca contribuir com a
transformação da práxis da categoria, no contexto da Atenção Primária
à Saúde (APS).
(Re) construindo a práxis em Enfermagem: os movimentos do
Oeste Catarinense
Entre as décadas de 1980 e os anos 2000, mais de vinte cursos
de Enfermagem, de cunho privado ou comunitário, foram criados no
Estado de Santa Catarina (SC). Na região Oeste do Estado, o município
de Chapecó, vem se destacando como polo industrial e de formação,
sendo conhecido como capital do Oeste, embora situe-se a 550 km de
distância da Capital, Florianópolis. Em 2002, a Universidade Comumi-
tária da Região de Chapecó (Unochapecó) criou o curso de enfermagem
no município e, no ano de 2004, inaugurou-se o segundo curso de
enfermagem público de SC, na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC), localizado em Palmitos, também região Oeste do
Estado e que, mais tarde, seria transferido para Chapecó, município polo
da região. Em 2012, foi criada a Universidade Federal da Fronteira Sul
(UFFS), congregando os três Estados da região sul (Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul). Assim, é ofertado à população do Oeste
mais um curso superior em enfermagem, também em Chapecó
(ADAMY et al., 2016). Todavia, até recentemente, as oportunidades de
formação na modalidade stricto sensu, voltadas para a enfermagem,
somente estavam acessíveis na capital do Estado. Nessa direção, o
Mestrado Profissional em Enfermagem na Atenção Primária à Saúde
(MPEAPS) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) foi
o segundo curso desta modalidade, no Estado de SC.
Os Mestrados Profissionais surgiram no Brasil no final dos
anos 1990 e, especificamente, na área da enfermagem, suas expansões
ocorreram a partir de 2010, tendo como principal diferença dos
mestrados acadêmicos o produto final, ou seja, o resultado pretendido
com aportes em referenciais teóricos atualizados (ONU, 2015) e,
consequentemente, mudanças no cenário das práticas profissionais.
Esperava-se, com essa modalidade de stricto sensu, um novo modelo,
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capaz de atender a demanda do país de profissionais com conhecimentos
gerados mediante pesquisa e com aplicabilidade no cenário da prática.
Este texto buscou relatar os movimentos do MPEAPS da
UDESC e sua inserção e interlocução com a prática profissional das
mestrandas, bem como com os serviços de saúde em que elas atuaram
durante o segundo semestre de 2017 e primeiro semestre de 2018.
A concepção do MPEAPS iniciou em fevereiro de 2014 e as
atividades, em agosto de 2017, após recomendação pela CAPES,
ocorrida em 2016. Trata-se do primeiro Mestrado específico para a área
da Enfermagem, proposto na região Oeste do Estado de SC. O
MPEAPS da UDESC visa a qualificar enfermeiros para o exercício da
prática profissional avançada e transformadora; atender demandas
sociais, organizacionais, profissionais e do mercado de trabalho;
promover a articulação entre a formação profissional com entidades
demandantes de naturezas diversas; e melhorar a eficácia e a eficiência
das organizações públicas e privadas por meio da solução de problemas,
geração e aplicação de processos de inovação e de gestão.
O MPEAPS foi delineado com a finalidade de contribuir com
a qualificação profissional do enfermeiro, com vistas a ampliar suas
habilidades e competências no desenvolvimento de ações de cuidado em
saúde e enfermagem para a Rede de Atenção à Saúde (RAS), sobretudo,
na realização de cuidados complexos, na tomada de decisões e na
implementação de tecnologias em saúde.
A escolha pela especificidade de atuação no âmbito da APS tem
relação direta com a trajetória das docentes da UDESC, fortemente
marcada por ações de extensão, deixando pistas de sua integração com
os mais variados serviços de saúde da região Oeste. Após quase 30 anos
de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, tem-se o
reconhecimento que a APS, também denominada Atenção Básica à
Saúde (ABS), é a principal via de acesso ao sistema e tem o papel de
ordenar a RAS. Para isso, deve desempenhar algumas funções específicas
que impõem desafios, dentre elas: ser resolutiva e orientar a organização
dos diversos pontos das redes de cuidado (BRASIL, 2017a). Nessa
direção, enfermeiras qualificadas para atuar nesse nível de atenção à
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saúde são essenciais para resolver os problemas básicos de saúde dos
indivíduos e coletividades.
Com foco nessa especificidade, as atividades do MPEAPS
iniciaram com dez enfermeiras que atuam em serviços de saúde, sendo
duas vinculadas a hospitais (um filantrópico e outro privado), sete às
Unidades de Saúde da Família da região oeste de SC e noroeste do Rio
Grande do Sul (RS) e uma à Secretaria de Justiça e Cidadania de SC.
Para obtenção do título de Mestre em Enfermagem na Atenção
Primária à Saúde, o discente deverá cumprir com 24 créditos em
disciplinas e seis créditos com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Os componentes curriculares possuem como foco instrumentalizar os
estudantes para a pesquisa, intervenção, atuação profissional e formação
para a docência, considerando, principalmente, os referenciais da
Promoção da Saúde, APS, Políticas Públicas de Saúde e Enfermagem de
Prática Avançada no contexto das RAS.
O MPEAPS está na sua fase inicial de implementação e, como
tal, ainda passando por adaptações e mudanças, características de
qualquer processo de ensino-aprendizagem recente. Apesar de não
haver, até o presente, nenhum produto efetivamente finalizado, já são
perceptíveis as mudanças nesse curto espaço de tempo, como, por
exemplo, o despertar de um novo olhar do profissional para sua prática
diária. Além disso, já fazem parte do arcabouço de projetos oriundos do
processo e iniciativas de intervenções nos cenários de prática profissional
a partir de demandas das disciplinas. As discussões propostas e as
reflexões provocadas durante as aulas presenciais são, visivelmente,
propulsoras da atitude crítica das mestrandas sobre a gestão e os
processos de trabalho em saúde e na enfermagem. Observa-se, ainda, o
desenvolvimento da habilidade das enfermeiras para a realização de
pesquisas e para a busca por evidências científicas que ampliem seu
escopo de conhecimento.
Desafios e mudanças provocadas pelo MPEAPS nos serviços e nos
sujeitos
O ingresso no MP em Enfermagem é uma etapa importante
para o aperfeiçoamento profissional do enfermeiro. Em uma turma de
dez profissionais, atuantes em diferentes cenários da saúde, a
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problematização sobre as práticas e os desafios enfrentados em cada
realidade surgiram desde o primeiro encontro. As mestrandas foram
desafiadas pelos docentes (mediadores do processo de aprendizagem) a
desenvolver reflexão crítica do contexto vivenciado na prática e a
identificar situações-limite, para as quais se propôs o desenvolvimento
de intervenções, pautadas em evidências científicas e, sempre que
possível, com a utilização de metodologias ativas de ensino-
aprendizagem.
Durante os dois semestres letivos do curso, foram
desenvolvidas atividades de integração com os serviços de origem das
mestrandas e de avaliação das suas práticas, fomentando processos
permanentes de mudança, inovação e transformação, nas distintas
realidades de saúde vivenciadas pelo grupo. Uma dessas oportunidades
foi vivenciada na Disciplina Promoção da Saúde ao Indivíduo e
Coletividades. Cada mestranda foi convidada a olhar para seu local de
trabalho e eleger um problema ou necessidade de saúde e, a partir dos
campos de ação para a Promoção da Saúde (estilos de vida saudáveis,
empoderamento da ação comunitária, ambientes favoráveis à saúde,
políticas públicas saudáveis, reorientação dos serviços de saúde) (BUSS,
2003), eleger uma prioridade e elaborar uma proposta prática para
resolução do problema. Como resultado dessa intervenção, emergiram
diversos projetos que abordaram, principalmente, estratégias de
Educação Permanente em Saúde (EPS) e novas formas de organização
do trabalho, nos diversos níveis de atenção à saúde. A EPS favorece o
aprendizado pela valorização da troca de saberes e fazeres com a
intersecção entre o princípio teórico e a reflexão da prática diária,
realimentando-se continuamente, idealizando novos conhecimentos,
pautados nas necessidades pessoais e institucionais, considerando a
produção de saberes no coletivo (VENDRUSCOLO et al., 2016a).
Nessa direção, as proposições das mestrandas provocaram movimentos
que foram ao encontro da necessidade de mudança qualitativa dos
processos de trabalho, nos diferentes cenários de prática de enfermagem
em que atuam.
As metodologias utilizadas para o desenvolvimento dos
trabalhos ficaram a critério de cada mestrando e docente orientador da
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atividade e deveriam ser descritas no percurso metodológico da prática
de intervenção. Como parte do processo avaliativo, as experiências das
inserções dos mestrandos no campo de trabalho deveriam compor um
relatório final, que consistiu na descrição de como a atividade impactou
a prática profissional do enfermeiro no ambiente de trabalho. Essa
prática culminou em exitosas experiências que, posteriormente, foram
apresentadas em eventos científicos e serviram como incentivo à
percepção sobre as possibilidades dos MP para redesenhar e qualificar as
práticas e os serviços de saúde.
Os MP abarcam uma vasta possibilidade de produção de
conhecimento e transformação de contextos devido ao seu potencial de
interlocução entre academia e prática. Essas possibilidades foram
instigadas pelo conjunto de disciplinas do componente curricular do
MPEAPS que, além de propor o desenvolvimento do projeto de
intervenção, problematizaram os processos de trabalho da Enfermagem
e das equipes de saúde da RAS. Ainda, incitaram a reflexão sobre o uso
de tecnologias leves, leve-duras, e duras, proposta por Merhy (2003), nos
serviços de saúde e sobre a necessidade de instituir a EPS como
ferramenta para a qualificação do cuidado. Finalmente, serviram como
um componente específico que permitiu a prática da escrita científica,
visto que todo conhecimento produzido precisa ser publicizado para
que, assim, possa ser difundido e reproduzido em outras realidades.
Para o educador Paulo Freire (2016), a ação de problematizar
enfatiza a práxis, na qual o sujeito busca soluções para a realidade
vivenciada e se torna capaz de transformá-la pela sua própria ação, ao
mesmo tempo em que se transforma. É com essa perspectiva que os
mestrandos têm desenvolvido ações nos cenários de prática, ou seja, a
partir da problematização dos conteúdos em sala de aula, buscam refletir
e criar estratégias de intervenção no seu cotidiano laboral. Ao propor
essas estratégias à equipe de saúde e/ou enfermagem, eles estimulam a
participação e a criticidade dos seus pares e os convidam a provocar
mudanças na prática assistencial.
Na mesma ótica, a disciplina de Formação e Educação em
Saúde e Enfermagem teve sua trajetória desenvolvida a partir da
problematização dos conteúdos com o objetivo de instrumentalizar os
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mestrandos para a prática pedagógica, como ferramentas e diferentes
metodologias de ensino-aprendizagem a serem aplicadas em ações de
educação permanente e continuada, bem como na prática da docência
em enfermagem. Essas vivências propiciaram aos mestrandos a possibi-
lidade de atuação na docência no Curso de Graduação em Enfermagem.
A possibilidade de experimentar a integração entre a teoria e a prática
profissional docente vai ao encontro de aspectos importantes de um MP
voltado para a aprendizagem: a natureza do conhecimento, as novas
abordagens e tecnologias de ensino, apoiando estratégias e recursos
metodológicos inovadores a serem implementados em sala de aula.
O percurso metodológico, vivenciado pelos mestrandos, até o
momento, foi intenso e produtivo. Percebeu-se como fragilidade a
necessidade de conciliar questões pessoais, profissionais e acadêmicas.
No entanto, a inquietude e o interesse em ampliar saberes é o que os
motiva na busca por uma referência mais abrangente e profunda, que vai
muito além do conhecimento adquirido durante a graduação e em cursos
de qualificação, nos quais, muitas vezes, não se propicia a contex-
tualização da práxis.
É por meio da práxis que o enfermeiro promove o desenvol-
vimento de sua maturidade profissional, buscando substituir sua visão
ingênua da realidade por uma visão mais crítica. Isso decorre do fato de
que o enfermeiro não constrói conhecimentos somente por meios de
estudos acadêmicos, mas a partir dos desafios do seu cotidiano laboral.
Ao incorporar o conhecimento teórico e transformar a prática
assistencial, modifica concepções antigas, e, por vezes, ultrapassadas, em
novas aprendizagens que acarretam a melhora da qualidade da assistência
de enfermagem (VENDRUSCOLO et al., 2016b).
Após um ano de início do Curso, todos os projetos de
intervenção, destinados aos mais diferentes serviços de saúde da rede que
integra o oeste catarinense e alguns municípios do RS, pensados com o
intuito de buscar soluções para os problemas vivenciados no cotidiano
do trabalho em saúde, passaram por uma banca de qualificação e estão
em fase de execução.
Cumpre destacar, ainda, a integração do ensino com os serviços
de saúde regionais, mediante a realização de pesquisas e práticas de
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intervenção. Para isso, a CAPES incentiva a construção de espaços para
valorizar e qualificar a formação em nível de pós-graduação, bem como
o desenvolvimento da pesquisa, concomitante ao ensino na saúde; aposta
ainda, em um novo perfil do profissional da saúde e, principalmente, do
docente, que abarque a geração de mudanças na formação dos
profissionais da área da saúde (BRASIL, 2017b). O aprendizado para o
trabalho, nessa perspectiva, ultrapassa o limite do aprendizado individual
e implica a participação significativa de outrem. Essa forma de fazer
requer, também, uma mudança institucional típica dos movimentos de
educação permanente. Trata-se de uma mudança conceitual e prática,
mediante comportamentos de sujeitos implicados em outros sujeitos
(VENDRUSCOLO et al., 2016a).
Sinaliza-se, portanto, a configuração dos MP como
disparadores de movimentos de educação permanente. A transformação
das práticas assistenciais requer o aprimoramento do processo de
trabalho, com vistas à melhoria da qualidade dos serviços. Com tais
delineamentos, o essencial à EPS é sua flexibilidade diante da realidade
dos serviços de saúde, além da aproximação com a formação de perfis
profissionais adequados às necessidades da população e dos
trabalhadores da área (BRASIL, 2007; KLEBA et al., 2012).
A formação do enfermeiro se inicia na graduação e permanece
presente na vida desses profissionais, seja por meio da pós-graduação ou
de processos de educação permanente. Esta última, conforme discutido
acima, como estratégia da formação em serviço que proporciona o
desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes capazes de
qualificar o cuidado de Enfermagem (ESLAMINAN; MOEINI;
SOLEIMANI, 2015), além de possibilitar mudanças e melhorias na
gestão e no cuidado ao usuário, família e comunidade. Nesse contexto,
o MP fomenta a formação constante acerca dos mais variados conteúdos
que acompanham a práxis de enfermagem, nos diversos cenários em que
se encontram os mestrandos enfermeiros. A educação permanente ganha
sentido na medida que os sujeitos, com consciência do seu
inacabamento, buscam educar-se nos seus espaços de prática, em diálogo
com outros profissionais, tendo como consequência mudanças na sua
práxis (FREIRE, 2016).
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Ao buscar por um MP, o enfermeiro precisa admitir o
desenvolvimento de um perfil diferenciado, pois será, constantemente,
afetado pela necessidade de se aperfeiçoar, participar de eventos
científicos, produzir e consumir pesquisas na área e, sobretudo, refletir
sobre como elas podem ser úteis, a partir da sua experiência prática.
Observa-se que os problemas do cotidiano inquietam os
enfermeiros mestrandos da UDESC, os quais não adotam o
conformismo diante das mais diferentes situações e buscam excelência
em suas ações. Entretanto, é preciso revelar que existem alguns desafios
que permeiam esse processo de ensino e aprendizagem. Dentre eles, a
dificuldade para liberação do trabalho para frequentar as aulas, ainda que
se problematize com os gestores o possível impacto positivo dessa
formação no serviço e que se negociem momentos de aprendizagem de
forma presencial e à distância (dispersão), evitando o afastamento dos
profissionais do seu trabalho. Por conta dessas resistências, é preciso
promover e ampliar a discussão acerca da formação em nível de
mestrado, com vistas ao aumento dos programas de pós-graduação em
Enfermagem no Brasil e sua reverberação na produção intelectual e
científica da categoria profissional. Isso implica grande fonte de
evidências para a prática clínica, além do incentivo ao desenvolvimento
do raciocínio crítico e geração de tecnologia e de métodos de pesquisa,
sobretudo, por meio dos programas de pós-graduação stricto sensu
profissionais (MUNARI et al., 2014).
Os debates e reflexões proporcionados durante as aulas teóricas
direcionam cada mestrando ao desenvolvimento da prática de
intervenção. Neste processo, na qual se buscam estratégias e ações para
melhorar o trabalho e as relações interpessoais, envolvem a equipe e o
gestor, por meio de metodologias ativas que possibilitam a participação
coletiva na busca pela transformação da realidade, sempre dinâmica e
desafiadora, especialmente, no âmbito da APS, foco do Programa de
Pós-graduação.
Ao final de cada semestre, as experiências, individuais ou
coletivas são compartilhadas durante seminários, momento importante
de troca de vivências, debates e reflexões, sendo que a partir das
intervenções, emergem novas possibilidades de ações transformadoras
34
da realidade, além de produções acadêmicas, como resumos
apresentados em congressos, relatos de experiência e artigos científicos.
As avaliações periódicas MPEAPS têm revelado a satisfação dos
mestrandos com o processo de ensino, com destaque para a promoção
da sua maior autonomia como enfermeiro, em todas as suas dimensões,
com destaque para ações gerenciais e investigativas. Além disso, por
meio dos relatos em sala de aula, já é possível observar mudanças nos
serviços de saúde nos quais eles atuam, uma vez que as disciplinas
ofertadas no decorrer do semestre resultaram em provocações para a
realização de ações e intervenções em seus locais de trabalho. Essas
iniciativas, certamente, implicaram sua reflexão crítica sobre as
necessidades dos serviços, resultando em benefícios para as práticas de
enfermagem e, consequentemente, na promoção da saúde de grupos
populacionais.
Dessa forma, eles não só provocam a mudança nos locais da
prática, como se transformam como seres humanos e profissionais. Esse
movimento vai ao encontro da necessidade de que a educação
(libertadora) permita ao ser sujeito, construir-se como pessoa, transfor-
mar o mundo, tendo consciência do seu poder transformador e do seu
compromisso com a mudança (FREIRE, 2001).
O MP instiga e aprimora o saber fazer, fomentando a práxis do
enfermeiro, estimulando o trabalho multiprofissional nos diferentes
níveis de atenção à saúde, com maior resolutividade. Isso implica a busca
da produção científica, estímulo à pesquisa e “consumo” do que está
sendo produzido em nível de informação e conhecimento na área da
saúde, instrumentalizando e consolidando a prática profissional
(FERREIRA; PÉRICO; DIAS, 2017). Nessa direção, Freire (2016,
p.168) afirma que “não há revolução com verbalismos, nem tão pouco
com ativismo, mas práxis, portanto, com reflexão e ação incidindo sobre
as estruturas a serem transformadas”.
Considerações finais
O MP é um novo modelo de formação constituído por atores
e instituições necessariamente compromissados com as experiências
provenientes dos cenários de prática, propondo a reflexão e a construção
de novos conhecimentos, buscando a melhoria, a qualidade e
35
resolutividade da assistência à saúde de determinadas instituições, e ainda
o fortalecimento das categorias profissionais nas equipes de saúde.
Os resultados obtidos nas vivências no MPEAPS da UDESC
evidenciam os aspectos positivos desse modelo de formação stricto sensu
e os seus reflexos no cotidiano dos profissionais como uma perspectiva
de maior reconhecimento profissional e financeiro, o despertar da visão
crítica sobre os processos e produtos de trabalho e, principalmente,
reflexos na qualidade da assistência ao usuário, em qualquer nível de
atenção.
No fomento da EPA no processo formativo dos enfermeiros,
observa-se uma tomada de decisão mais reflexiva no cotidiano da prática
discente e um caminho melhor respaldado para suas atividades na
assistência, gerenciamento e educação em saúde, bem como potencializa
a prática da investigação, ainda tímida nos cenários da assistência,
especialmente na APS.
Faz-se necessário preencher as lacunas existentes entre a
academia e o serviço, instigar o trabalho multiprofissional e a troca de
saberes na busca pela inovação na Enfermagem e, nesse sentido, o MP é
uma estratégia promissora. Ainda são visualizados desafios, possível-
mente, pelo fato de ser uma proposta recente na região. Dentre eles, o
principal tem a ver com a sensibilização de gestores, a qual passa pela
conscientização sobre a importância dessa formação para a qualificação
das práticas e, por conseguinte, do impacto positivo que poderá gerar no
serviço. Ainda, há de se considerar a importância de ampliar o acesso ao
Programa de um maior quantitativo de discentes e docentes, ampliando
possibilidades e proximidades, à medida que esse acesso potencializará,
também, a transformação da realidade em um território cada vez maior
e na consolidação de uma rede de integração ensino-serviço-
comunidade.
Apesar de recente, a proposta já demonstra uma maior
aproximação entre profissionais, docentes e discentes de graduação e
pós-graduação em Enfermagem da UDESC, especialmente nas ativi-
dades de ensino, pesquisa e extensão, bem como nos encontros para
estudo; manifestação de interesse e apoio das instituições, que facilitam
36
a participação de seus atores nestes espaços, fomentando de iniciativas
intersetoriais e parcerias com a comunidade.
Finalmente, salienta-se a importância do diálogo entre univer-
sidade e serviço, e destes com a comunidade; da utilização de
metodologias ativas no processo de formação, tornando-a significativa;
promovendo a discussão sobre a realidade dos profissionais de saúde; e
ressaltando a magnitude de unir diferentes saberes na perspectiva da
atuação da Enfermagem.
37
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40
UM OLHAR DAS E NAS PRÁTICAS DO PACTO
NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE
CERTA
41
Introdução
Na história de nosso país, infelizmente, verificamos que um
número elevado de estudantes conclui sua escolarização sem estar
alfabetizado e, outros tantos, mesmo sabendo ler e escrever todas as
palavras, não dominam a leitura e a escrita de modo que esta prática lhes
possibilite integrar-se e participar de forma ativa de um mundo letrado,
ou seja, pronto para enfrentar desafios e demandas sociais. Este fato faz
com que o Brasil apareça entre os países com os piores indicadores
educacionais. Assim, foi proposta uma política pública de formação
continuada direcionada aos professores alfabetizadores, para garantir o
direito de alfabetização plena das crianças ao concluir o bloco de três
anos iniciais. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa,
constituiu-se por um compromisso entre o governo federal, dos estados,
municípios e Distrito Federal. Para alcançar seu objetivo investiu-se no
aperfeiçoamento profissional docente, foram conveniadas diversas
instituições de Ensino Superior, que elaboraram material a ser utilizado
nas formações, inicialmente de Linguagens, Alfabetização Matemática e
posteriormente, as demais áreas de conhecimento
Este texto tem a finalidade de demonstrar o histórico do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, contextualizando sua
organização e implementação, bem como o número de docentes
capacitados e as ações características que constituíram marcas nas
práticas docentes, possibilitando garantir os direitos de aprendizagem de
cada aluna e aluno em diferentes campos de saber: como a leitura deleite,
o livro da vida, as sequências didáticas, a ludicidade, a interdis-
ciplinaridade e a educação inclusiva. A partir desta perspectiva o
professor planejava e executava atividades voltadas ao protagonismo dos
estudantes, realizando também o monitoramento e as avaliações,
refletindo sobre suas p e reorganizando suas intervenções.
A fundamentação teórica deste texto está apoiada em
documentos norteadores, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Plano Nacional de Educação, Cadernos de Formação ela-
borados pelas universidades e, nos autores: Aléssio (2015); Araújo
(2015); Libâneo (2004); Martiniak (2015); Nörnberg (2011), Nóvoa
(1995).
42
Contexto de criação e implementação do Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa- PNAIC
Como já mencionado anteriormente, o PNAIC foi um
compromisso formal assumido entre o Governo Federal, Distrito
Federal, Estados e Municípios, para assegurar que todas as crianças
fossem alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do terceiro ano
do Ensino Fundamental. Por isso buscou-se colaborar com a capacitação
dos docentes que atuavam nesta etapa de ensino. Sendo então, o Pacto,
constituído por um conjunto de ações apoiadas nos seguintes eixos:
formação continuada presencial para professores alfabetizadores e
orientadores de estudo (posteriormente chamados de formadores locais);
materiais didáticos, obras literárias e de apoio pedagógico, jogos e
tecnologias educacionais; avaliações sistemáticas e, gestão, controle
social e mobilização. Para subsidiar as discussões e reflexões entre
professores e orientadores, foram distribuídos os cadernos de formação.
Para compreendermos melhor estas ações, faz-se necessário
referir que a proposta de formação continuada se delineava desde 2008,
pela renovação curricular e a ampliação do Ensino Fundamental para
nove anos. Assim também se fazia necessário institucionalizar o Ciclo de
Alfabetização e, mais tarde, conforme a Meta 5 do Plano Nacional de
Educação, Lei nº 13.005/2014, “Alfabetizar todas as crianças, no
máximo, até o final do terceiro ano do ensino fundamental” (BRASIL,
2014).
Vale lembrar que o Censo (IBGE 2010) constatou que de 2000
a 2010 a taxa de analfabetismo, até os oito anos de idade, caíra 28,2%,
respeitando-se as variações entre estados das diferentes regiões
brasileiras. No entanto, sabe-se que a pergunta feita à pessoa que
respondia pela residência recenseada era bastante simples: “A criança
sabe ler e escrever? ”. A resposta poderia não demonstrar o que se
entende por estar alfabetizada, ou ainda, saber utilizar socialmente a
leitura e a escrita. Junto a este fator, a divulgação dos resultados de
desempenho dos alunos da Educação Básica (apontados pela Provinha
Brasil, Prova Brasil e pelo PISA), identificou-se a necessidade de
formação continuada aos profissionais dos sistemas de ensino estaduais
43
e municipais e a criação e desenvolvimento de um programa de âmbito
nacional.
A coordenadora PNAIC - MEC, Mirna Araújo nos diz que:
O Ministério da Educação – MEC concebe que estar
alfabetizado significa ser capaz de interagir por meio de
texto escritos em diferentes situações, significa ler e produzir
textos para atender a diferentes propósitos. Por tal motivo,
estabelecemos o período de três anos do ciclo de
alfabetização para que a criança compreenda o Sistema
Alfabético de Escrita e que seja capaz de ler e escrever com
autonomia textos de circulação social. Sem dúvidas, com
uma boa intervenção didática esses objetivos poderão ser
alcançados. (ARAÚJO, 2015, p. 19)
Nos diz o Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, no inciso
II do art. 2º, que é reponsabilidade dos entes governamentais “alfabetizar
as crianças até no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados
por exames periódicos específicos.”. Neste contexto, teve o Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, pela Portaria nº 867, de 4 de
julho de 2012, a base legal para sua implementação, bem como as ações
e diretrizes gerais do programa.
Os objetivos das ações do Pacto estão descritos no seu art. 5º:
I - Garantir que todos os estudantes dos sistemas públicos
de ensino estejam alfabetizados, em Língua Portuguesa e em
Matemática, até o final do 3º ano do ensino fundamental;
II - Reduzir a distorção idade-série na Educação Básica;
III - melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb);
IV - Contribuir para o aperfeiçoamento da formação dos
professores alfabetizadores;
V – Construir propostas para a definição dos direitos de
aprendizagem e desenvolvimento das crianças nos três
primeiros anos do ensino fundamental.
Inicialmente, como já foi mencionado, o foco da formação era
a alfabetização com base no letramento e também a alfabetização
matemática. Todo o processo foi organizado com o intuito de subsidiar
o professor a desenvolver estratégias de trabalho de forma a atender as
demandas de sua turma e cada aluno em particular, proporcionando o
44
domínio da língua escrita, no decorrer do ano letivo, a partir de uma boa
utilização dos materiais didáticos distribuídos pelo Ministério da
Educação.
Ainda, para alcançar tais objetivos, as ações apoiavam-se em
quatro eixos, referidos em seu art. 6º “I – formação continuada de
professores alfabetizadores; II - materiais didáticos, literatura e tecno-
logias educacionais; III - avaliação e; IV - gestão, controle e mobilização
social”.
O eixo formação continuada presencial dos professores
alfabetizadores e dos seus orientadores de estudo teve como objetivo
central ampliar as discussões acerca da alfabetização sob a perspectiva do
letramento, elencando questões pedagógicas em diversas áreas do
conhecimento de forma interdisciplinar. Apresentando, assim, encami-
nhamentos metodológicos para possibilitar o desenvolvimento dos
direitos de aprendizagem nesta etapa da escolarização.
As ações do Pacto neste eixo foram orientadas pelos seguintes
princípios: I. A prática da reflexividade – relacionava-se à atitude de
prática/teoria/prática, análise de práticas de sala de aula e reelaboração
das práticas; II. A constituição da identidade profissional – sendo o
professor, sujeito de um grande processo, refletia sobre suas memórias e
percebia-se em processo constante de formação; III. A socialização – a
partir de grupos de estudo nos encontros presenciais, partilhando suas
dúvidas, inquietações e boas práticas, para reduzir o isolamento
profissional; IV. O engajamento – garantir o entusiasmo, pois em qual-
quer profissão é importante continuar aprendendo para melhorar sua
atuação; V. A colaboração – buscava-se formar uma rede de apren-
dizado coletivo onde a participação, o respeito, a solidariedade, a
apropriação e o pertencimento de cada alfabetizador fazia-se
fundamental neste processo.
A formação continuada em questão, deu-se por meio de um
curso no qual as universidades, secretarias de educação e escolas públicas
articularam-se para sua realização. A estrutura era assim composta: o
Professor Formador, selecionado pela universidade pública, realizava a
formação dos Orientadores de Estudo, selecionados pelos municípios,
que organizavam a formação dos Professores Alfabetizadores, que
45
atuavam nos três primeiros anos, diretamente com as crianças, cuja
aprendizagem era o objetivo maior do programa.
O eixo materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio
pedagógico, jogos e tecnologias educacionais era formado por livros
didáticos; obras pedagógicas complementares; dicionários de Língua
Portuguesa; jogos pedagógicos de apoio à alfabetização; obras de
referência, de literatura, de pesquisa e de apoio ao professor. A distri-
buição destes acervos às escolas deu-se a partir do número de turmas
pertencentes ao ciclo, o que possibilitou melhor exploração dos conte-
údos por parte dos docentes e alunos.
O destaque dentre os materiais distribuídos foi a chamada
“caixa amarela” dos jogos didáticos para alfabetização, composta por dez
jogos que contemplavam diferentes tipos de conhecimento, relativos ao
funcionamento do sistema alfabético de escrita. Segundo relatos de
professores alfabetizadores, a sua utilização em sala de aula era um
momento de muita alegria e prazer para os alunos, pois proporcionava
aprendizagem de forma lúdica.
Evidencia-se também a importância do acervo de obras
literárias complementares, cujo propósito era garantir a alfabetização das
crianças, na perspectiva do letramento e da ampliação cultural, contem-
plando temáticas relativas as diferentes áreas do conhecimento: Ciências
da Natureza e Matemática; Ciências Humanas; Linguagens e Códigos.
Cada ano do ciclo recebeu dois conjuntos, com trinta livros,
especificamente escolhidos para esta etapa. Aqui tinha-se como principal
objetivo proporcionar o acesso a materiais escritos de boa qualidade,
contribuindo para melhores condições de ensino e aprendizagem.
No que se refere ao eixo avaliações sistemáticas, este
contemplava as avaliações processuais, que eram debatidas e refletidas
durante os encontros de formação e, realizadas continuamente pelos
docentes junto aos alunos e também, a aplicação de uma avaliação
externa universal pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), buscando verificar o nível de
alfabetização alcançado ao final do ciclo, no terceiro ano, possibilitando
às redes efetuar medidas e políticas corretivas.
46
Todos os professores formadores, orientadores e alfabetiza-
dores possuíam acesso ao Sistema Integrado de Monitoramento
Execução e Controle (SIMEC), onde havia os dados de todas as turmas
do ciclo de alfabetização e, cada perfil tinha suas atividades, cabendo aos
últimos realizar o diagnóstico e atualizar o desempenho de seus alunos.
Uma verificação externa em larga escala, sob responsabilidade
do INEP, integrou as ações do PNAIC, de forma censitária, tendo como
público alvo os alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental das
escolas públicas urbanas e rurais. Trata-se da Avaliação Nacional da
Alfabetização (ANA), que utilizava teste de desempenho respondidos
pelos estudantes, indicadores contextuais originados através de
questionários e dados do Censo Escolar.
Seus objetivos principais, conforme materiais oficiais, eram:
“[...] realizar um diagnóstico de alfabetização e letramento em Língua
Portuguesa e alfabetização em Matemática, ao final do Ciclo de
Alfabetização [...]” (BRASIL, 2013a, p.9) e “[...] gerar informações sobre
os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e
alfabetização matemática dos estudantes, além de informações
contextuais acerca das condições de oferta de ensino em cada unidade
escolar” (BRASIL, 2015a, p. 5).
Neste mesmo documento encontra-se explícito que as
avaliações em larga escala originam “[...] dados em nível nacional/
regional/ local, subsidiando as políticas públicas para o desenvolvimento
de estratégias de intervenção em possíveis dificuldades encontradas nos
diferentes contextos educacionais” (BRASIL, 2013a, p. 13). Desta forma,
a avaliação externa contribuiria como uma “[...] forma de apoiar os
sistemas públicos de ensino na concretização do compromisso firmado”
(BRASIL, 2015a, p. 5).
Então a relação da ANA com o PNAIC aprofunda-se quando
passa a integrar as orientações para a formação continuada de
professores alfabetizadores:
A definição do conteúdo formação em 2016 deverá partir
da análise de aspectos decisivos como: (i) os resultados
apontados pelas avaliações internas e externas; (ii) as
matrizes da ANA; e (iii) os direitos de aprendizagem
47
apresentados nos materiais do PNAIC dos anos anteriores
(BRASIL, 2016, p.6).
Assim sendo, os resultados desta avaliação e suas matrizes de
referência deveriam passar a ser o cerne dos gestores e professores do
Ciclo de Alfabetização.
Por fim, o eixo de gestão, controle social e mobilização
proposto para o gerenciamento do PNAIC era constituído por quatro
instâncias: o Comitê Gestor Nacional, a Coordenação Institucional em
cada estado e Distrito Federal, a Coordenação Estadual e a Coordenação
Municipal; mobilizando os objetivos de formação, responsabilizando-se
pela implementação e monitoramento em cada rede. Tal ideia de coope-
ração está prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDB (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), em seu Artigo 62 – que
trata da formação dos docentes para atuarem na Educação Básica – o §
1º (incluído pela Lei nº 12.056, de 2009) afirma que “a União, o Distrito
Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão
promover a formação inicial, a continuidade e a capacitação dos
profissionais de magistério.”.
Neste sentido,
[...] quando se estabelece um programa de investimentos
elevados e metas ambiciosas, como a de alfabetizar todas as
crianças até os 8 anos de idade, cumpre-se o preceito
constitucional e torna-se necessário o estabelecimento de
um sistema de gestão que contribua para a concretização de
um verdadeiro regime de colaboração. Isso só é possível
com a construção de instrumentos que garantam a transpa-
rência, por meio de monitoramento das ações, e clareza nas
responsabilidades de cada um dos participantes (ALÉSSIO,
2015, p. 10).
Ao valorizar a gestão como um eixo de ações, verificava-se que
o programa não responsabilizava apenas o professor alfabetizador por
sua formação e sucesso em sala de aula, mas considerava o ambiente, os
materiais adequados e a administração em cada rede de ensino, para o
enfrentamento das situações limitadoras do desempenho docente.
48
O Protagonismo do professor e as boas práticas a partir da for-
mação continuada
O PNAIC enquanto programa de formação continuada pode
ser visto como um movimento singular para promover a capacitação de
professores alfabetizadores em todo o país ao mesmo tempo e de forma
reflexiva sobre suas práticas. As redes de ensino, com suas particular-
dades, evidenciaram este processo com diferenças, porém buscando a
autonomia e protagonismo docente.
O cotidiano escolar é complexo e exercer a docência exige certa
mobilização de conhecimentos. Esta pode ser atingida através da
formação continuada, que segundo Libâneo (2004) “é a condição para a
aprendizagem permanente dos professores”. Fatores econômicos, polí-
ticos, sociais e culturais interferem no processo de ensino e aprendiza-
gem, pois a escola faz parte da sociedade. Daí a complexidade do
trabalho do professor, que constrói e reconstrói seu conhecimento
repensando sua atitude pedagógica cotidiana e articulando a teoria e a
prática: a práxis. São diversos os fatores que devem ser considerados ao
refletir o dia a dia da sala de aula, como a heterogeneidade e os níveis de
compreensão dos alunos. É sabido que os resultados não são os mesmos
para todos, o que se espera, no entanto, é que todos tenham igual
oportunidade, mesmo com estratégias, metodologia e atividades
diferencidas.
Para Martiniak,
Para que o professor se torne agente de uma práxis
transformadora, é necessário compreender o contexto
escolar como espaço de possibilidades de investigação que
o desafiarão a encontrar soluções, estratégias e metodologia
diversificadas para a melhoria do processo de ensino e de
aprendizagem (MARTINIAK, 2015, p. 55).
Desta forma, a reflexão sobre a prática contribui para a
formação docente e neste movimento de reflexão e articulação entre
teoria e prática, o professor considera-se protagonista do seu desenvolvi-
mento profissional. Para Nóvoa
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de
conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um
49
trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)
construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso
é tão importante investir a pessoa e dar estatuto ao saber da
experiência (NÒVOA, 1995, p. 25).
Então é possível compreender que os estudos do programa
auxiliaram no processo de ressignificação de teorias discutidas na
formação inicial, no planejamento de aulas e, principalmente, na reflexão
sobre a prática, através das discussões conceituais.
Neste curso de formação continuada reafirmou-se o papel do
professor e a valorização da sua identidade profissional. O que não
poderia acontecer de forma isolada, individual, mas na discussão com
seus pares, mobilizando saberes, compartilhando experiências, conheci-
mentos didáticos e pedagógicos adquiridos inicialmente e em seu dia a
dia. Através do estudo coletivo, buscava-se soluções para problemas de
aprendizagem em suas salas de aula.
Aqui uma estratégia utilizada como registro das aprendizagens
vivenciadas no encontro e das dificuldades encontradas, era a caderneta
de metacognição, em que os participantes do curso eram convidados a
escrever o que aprenderam, como aprenderam e o que não aprenderam
e, posteriormente partilhar com os colegas, também como forma de
resgatar o conteúdo do encontro anterior.
Utilizando a concepção de que a leitura e a escrita fazem parte
do processo formativo, registrar a reflexão sobre a ação docente,
caracteriza um processo de autoformação, através do encontro com sua
própria prática. Nörnberg afirma:
Exercitando a reflexão e a escrita, o professor passa a
realizar com maior autonomia a análise de seu contexto, o
registro e a articulação reflexiva, o que lhes permite avaliar,
revisar, ampliar o que faz enquanto docente.
(NÖRNBERG, 2011, p. 04)
Ao nos referirmos às boas práticas para alfabetizar podemos
considerar que a partir do PNAIC passou-se a pensar na criança em fase
de alfabetização como um indivíduo que tem garantidos os seus Direitos
de Aprendizagem, prerrogativas que definiam ações pedagógicas
consistentes, as quais tinham três intenções: I (introduzir), A
50
(aprofundar), C (consolidar), os conteúdos em cada ano do ciclo e na
Educação do Campo.
A criança tem, no ciclo de alfabetização, o direito de
“aprender a ler e escrever”, em situações com a mediação
do professor e em situações mais autônomas, para que
possa, no final do Ciclo, chegar ao “ler para aprender” e
“escrever para seguir a escolarização” (BRASIL, 2012a)
Ao orientar-se o planejamento pelos Direitos de Aprendizagem
e considerando os recursos existentes e estratégias necessárias, poderia-
se alcançar a dimensão esperada: alfabetizar letrando.
O curso então, iniciou-se com Língua Portuguesa, contem-
plando os eixos de Leitura, Produção de textos escritos, Oralidade e
Análise Linguística. Seu objetivo geral era garantir o direito de ler e
escrever com autonomia, com domínio do Sistema de Escrita Alfabética
(SEA), promovendo o letramento. No ano seguinte, Matemática e
Numeramento, cujos eixos estruturantes e eram: Números e Operações,
Pensamento Algébrico, Geometria, Grandezas e Medidas e Educação
Estatística.
As atividades realizadas pelos professores envolviam diferentes
gêneros textuais para alavancar situações didáticas que demandassem
ações de falar, ouvir, registrar, tudo de forma contextualizada, rela-
cionando a oralidade e a escrita.
Como as atividades de leitura e escrita são práticas sociais
importantes para entender o mundo e são essenciais para o desenvol-
vimento da cidadania, era e, ainda é, necessário despertar nos alunos o
gosto pela leitura e fundar as bases para a formação de leitores críticos.
Assim, a leitura deleite, fazia-se fundamental. Era o momento de ler
por prazer, sem o compromisso de inferir ou realizar exercícios, porém
com intenções e resultados bem positivos.
Ao planejar atividades sobre oralidade, leitura e escrita, o
professor deveria voltar-se para os conhecimentos prévios de seus
alunos, seus interesses e o modo como lidavam com o que aprendiam na
escola. Sempre respeitando os diferentes tempos de aprendizagem. Sem
esquecer também, que o mundo infantil é lúdico, que tem muita
criatividade e fantasia. Assim, o trabalho de forma interdisciplinar
51
apoiado na oralidade, na leitura e na escrita, constituía uma sucessão de
atividades didáticas chamada de sequência didática.
Tanto em Linguagem, como em Matemática era possível
elaborar sequências didáticas integrando também, a outras áreas do
conhecimento. O planejamento desta situação passava por uma situação
inicial, questões gerais, leitura, produção de texto, módulos de atividades
e uma produção final. Desta forma o estudante vai construindo a
aprendizagem de forma progressiva, do mais simples para o mais
complexo.
Outra questão a ser lembrada é que alunos no ciclo de
alfabetização tem de seis a oito anos, por conseguinte, pensam e agem
como crianças desta faixa etária. São curiosos, criativos, questionadores
e tem sua própria forma de pensar e construir conhecimento. Um modo
de oferecer conteúdo programático respeitando estas características é
através da ludicidade, como uma aproximação do universo infantil, pois
nesta fase ainda é muito importante o brincar. Os professores foram
desafiados a criar cartazes, quadros, gráficos, cantinhos, calendários,
livros, ilustrações e murais, com a participação de seus alunos. E, de igual
relevância, o uso dos jogos (oferecidos pelo programa ou construídos
com a turma), brincadeiras e práticas sociais que tornavam o processo de
Alfabetização e Letramento mais significativo para as crianças.
Haviam ainda duas demandas recorrentes nos encontros de
formação e muito discutidas pelos professores alfabetizadores: o
acompanhamento das aprendizagens, principalmente de alunos com
dificuldades ou deficiências e a construção de instrumentos de avaliação.
Sobre a primeira, em diversos textos estudados foi defendida a ideia de
um currículo inclusivo e a necessidade de desenvolver um trabalho que
considerasse a heterogeneidade em sala de aula, uma vez que todos
somos diferentes em relação a aspectos biológico-físicos, sociais, econô-
micos, políticos, cognitivos, culturais, religiosos, entre outros. A preocu-
pação era que
a escola é parte de uma sociedade complexa, regulada por
leis, e tem sido a legislação “externa à escola” que vem
fornecendo garantias dos direitos dos alunos, em particular
daqueles com deficiências, transtornos globais altas habili-
52
dades/superdotação. Nós, professores devemos entender
como estas coisas acontecem: a escola já se encontra
organizada de modo não-incluso (BRASIL, 2014, p.11).
Nesta perspectiva a reflexão acerca do currículo inclusivo
considerava que não bastava garantir acesso à escola, mas também
condições de aprendizagem e boa formação aos professores,
capacitando-os a lidarem com alunos tão diferentes.
A respeito do modo de avaliar a orientação dos documentos era
partir do que as crianças precisavam aprender, para criar estratégias de
avaliação, que deveria ser considerada como um momento de aprendi-
zagem e criação de instrumentos de registro. Considerando o aprender
como processo, em que nada é desconectado, defendia-se a avaliação
formativa, com a finalidade de compreender o que os alunos já sabem e
o que precisam aprender.
Considerações finais
Ao final deste artigo, cujo objetivo era lançar um olhar sobre as
práticas do PNAIC, uma política pública de formação continuada de
professores, de abrangência nacional, faz-se necessário reforçar sua
importância para a capacitação docente através do estudo coletivo, da
reflexividade e do compartilhamento de experiências. Tal programa
ocorreu através da articulação do Governo Federal e dos governos
estaduais e municipais, mobilizando esforços e recursos para valorização
docente e das escolas, com materiais didáticos diversificados e de
qualidade e também implementando sistemas de avaliação, gestão e
monitoramento.
Muito se discutiu sobre os conceitos pertinentes ao objetivo da
formação, a qual pretendia alfabetizar todas as crianças até os oito anos
de idade, proporcionando aos docentes que atuavam com o Ciclo de
Alfabetização conteúdos aprofundados, estudo e planejamento coletivo
e revisão de suas ações pedagógicas, nos encontros presenciais em que
puderam socializar alegrias, frustrações, angústias e muitas experiências.
Os Direitos de Aprendizagem, as sequências didáticas, a leitura deleite e
a metacognição foram estratégias estudadas e aplicadas que podem e
devem permanecer mesmo após o final do programa.
53
A propósito, a formação profissional continuada, através de
estudo coletivos e socialização de experiências, deveria ter seguimento,
pela relevância dos conteúdos e necessidades dos professores de criar
um espaço de problematização, ressignificação de teorias e construção
de saberes. Muitos pesquisadores reafirmam tal demanda de seus
professores pesquisados. É um aspecto sempre mencionado o de que a
participação no PNAIC foi algo positivo, pois a diversidade de temas
tratados foi importante, no entanto, o espaço dado para estudar, discutir,
planejar coletivamente nos encontros de formação foi o fator principal.
Em vista de todos os aspectos apresentados neste texto, pode-
se considerar que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa,
foi uma política de formação continuada que valorizou os saberes
docentes, através da relação teoria-prática, que não ocorria apenas nos
estudos teóricos, mas também pelos desafios colocados quando o
professor planejava sua prática, escolhia materiais, definia estratégias e
refletia sobre o que realizou; e mais ainda, ao sistematizar e compartilhar
suas experiências.
Desta forma o programa trouxe outra perspectiva aos
educadores que dele participaram, independentemente de seu perfil de
atuação, em razão de proporcionar a continuidade, a relação teoria e
prática, a reflexividade e a socialização de experiências. Sendo a escola
um lugar privilegiado para a formação e pesquisa, urge uma nova
organização que também converta-se em uma rede de compartilhamento
de estudos coletivos, estratégias e reflexões.
54
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Introdução
Tenho a satisfação em poder estar aqui mostrando um pouco
da minha história de vida, ainda que tenha muito a aprender, mas busco
a cada dia me atualizar das novas mudanças que ocorrem na área de
educação, já me sinto uma educadora com uma pequena trajetória, mas
muito feliz em escolher esse caminho tão grandioso e ao mesmo tempo
tão desvalorizado, passando por diversas dificuldades que somadas vão
desde questões que estão ligadas à formação continuada, até questões
envolvendo a política salarial.
A desvalorização está refletida na remuneração, onde outros
profissionais com o mesmo nível de conhecimento e qualificação equiva-
lentes são mais valorizados, mas num contexto geral, está embutido no
imaginário da população, que qualquer outra profissão tem seu
reconhecimento visível, e permanecer nessa área, somente pelo amor à
profissão e se contentando com as conquistas que nossos alunos com
certeza irão adquirir durante a sua caminhada escolar, mudando, assim,
a sua trajetória de vida.
Nasci no dia 02 de setembro de 1981, em Porto Alegre, no
hospital Beneficência Portuguesa. Minha mãe foi uma guerreira, cheguei
ao mundo com quase 5 kg e de parto normal, vivemos sozinhas e assim
permanecemos por alguns anos, embora eu já tivesse outros irmãos
minha mãe só se casou novamente quando completei 5 anos.
Conheci meu pai com 11 anos, foi uma visita breve, mas muito
prazerosa. Algum ano depois nos reencontramos e passamos a conviver.
Sempre tive a curiosidade e uma vontade enorme de me colocar diante
da turma do ensino fundamental, ficava emocionada, mesmo que fosse
por alguns minutos para passar a lição no quadro ou ainda fazer a
chamada, imaginava como seria quando chegasse a minha vez de passar
por essa experiência, na verdade nem sei explicar qual sentimento sentia
naquele momento, só sei que era um turbilhão de emoções, quando a
minha professora, a regente da turma, pedia para passar o conteúdo no
quadro, com esse ato me realizava, mesmo sem saber que ali estaria
minha realização de adulto.
O tempo passou, terminei o ensino médio com a certeza de que
era o que eu queria e não mediria esforços para alcançar o meu tão
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bons olhos que a integrante das classes menos privilegiadas tenha acesso
à educação e dessa forma, consigam acender socialmente. A exclusão se
dá pela diferença, portanto, para a classe aquinhoada não é interessante
ver os filhos dessa parcela da população que até então, esteve numa
situação desprivilegiada, galgando espaços que até então, eram ocupados
pelos primeiros. Nesse processo, as verdades devem ser cuidadosamente
ocultadas e a prática educacional deve primar pelo imobilismo.
Para Paulo Freire “É que a ideologia tem que ver diretamente
com a ocultação da verdade dos fatos, com o uso da linguagem para
penumbrar ou opacizar a realidade ao mesmo tempo em que nos torna
“míopes” (FREIRE, 1996, p. 125). A educação com cunho democrática,
plural e cidadã é um movimento relativamente jovem e propugna uma
escola que tem que ser capaz de promover a aprendizagem, a
permanência e a inclusão do educando. Devemos lembrar que a
universalização do atendimento na escola pública só ocorreu após a
promulgação da Constituição Federal de 1988. Se a escola e seus atores
assim não procederem, ou seja, orientando para uma prática pedagógica
democrática, com o objetivo de subverter a ordem instalada, a estrutura
educacional continuará a reproduzir os “privilégios” daqueles que
verdadeiramente não necessitam, pois estão no cume da pirâmide,
enquanto isto, a classe social que compreende a base da pirâmide social,
continuará enfrentando todos os problemas aqui relacionados.
A Sociologia da Educação procura refletir sobre o seu papel na
compreensão das desigualdades escolares. Por meio de suas ferramentas
de análise a Sociologia da Educação nos ajuda a compreender como os
processos escolares podem atenuar ou maximizar as diferenças e, por
consequência, as suas desigualdades sociais. A redução dos processos de
desigualdades é amenizada pela ação pedagógica. É importante lembrar
que essas desigualdades são geradas pela sociedade e deve ser objeto de
resolução, por essa mesma sociedade, embora a escola seja o local em
que o debate irá se iniciar.
A desigualdade se espraia das mais diversas formas, afetando e
causando impactos na renda, e por consequência, provocando também
desigualdades sociais, que desembocará na desigualdade da educação.
Esta desigualdade, por sua vez, repercute na desigualdade de renda, pois
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faz com que os grupos que estão em melhor posição possam ter
melhores oportunidades que os grupos desfavorecidos, gerando um
círculo vicioso que tende a aumentar as desigualdades (CASASSUS,
2007, p. 25-26).
É importante lembrar que a desigualdade de renda está
concentrada na América Latina e essa desigualdade expressada na renda,
teve como um dos fatores que a fizeram chegar aqui: a desigualdade da
educação. Portanto, a desigualdade de renda traz reflexos e impacto
direto nas desigualdades educacionais. Conforme nos lembra Casassus a
América Latina constitui a região do mundo que tem a maior
desigualdade de renda. CASASSUS (2007, p. 37).
Diante dessa constatação desoladora, poderíamos lembrar
Durkeim, visto que a escola estaria vivendo um estado de “anomia”2.
Deve haver um olhar atento de todos os atores envolvidos na educação
e de um modo geral, da sociedade civil organizada e dos órgãos
governamentais, para que possamos fazer frete e procurar entender as
razões pelas quais a sociedade está vivenciando essa falta de regras que
irão disciplinar o espaço escolar, mas não somente o espaço escolar, mas
sim, a importância de seguirmos um regramento com o cumprimento de
normas, visto que é condição “sine qua non” para uma convivência
saudável numa sociedade democrática e plural.
Ao visitarmos rapidamente as correntes teóricas que de certa
forma explicam ou nos ajudam a entender essa desigualdade de
oportunidades.
A primeira corrente teórica é a Estrutural-Funcionalista (1945-
1965) que acredita no fato da escola ser fator de mobilidade social; já
para a Teoria da Reprodução (1965-1975) a escola perpetua as
desigualdades de classe e a terceira corrente teórica é a da
Etnometodologia e Interacionismo Simbólico, que estuda os procedi-
mentos escolares que, dentro uma rotina escolar, analisará as relações
que envolvem a Sociologia, considerando as ações e relações sociais que
envolvem a administração da escola, o corpo discente, corpo docente,
2Ausência ou desintegração das normas sociais. Conceito surgido com o objetivo de descrever
as patologias sociais da sociedade ocidental moderna, racionalista e individualista.
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plural que deve ser não pode ser o lugar em que apenas os mais abastados
tenham a condição e o privilégio de frequentar e se escolarizar, mas é
necessário que ela, promova a equivalência entre as classes sociais.
A “educação é, antes do mais, o meio pelo qual a sociedade
renova perpetuamente as condições de sua própria existência”
(DURKHEIM, 1984, p. 69).
As correntes teóricas citadas acima tinham a intenção de
analisar a questão da desigualdade. Em verdade, o dito “fracasso
escolar”, aliás, termo do qual não tenho nenhuma simpatia, visto que
toda vez que se fala em fracasso escolar, acaba-se referindo a reprovação
do aluno no ano letivo, sem levar em consideração toda uma conjuntura
que levou o educando a essa condição, além disso, questões como
desigualdades, exclusão entre outros, não são citados, como se o único
culpado fosse quem está na ponta do processo; acaba se tornando no
sucesso social da classe dominante. Infelizmente, na atual conjuntura,
embora alguns avanços, a estrutura educacional favorece os mais
aquinhoados e desfavorece os desvalidos, uma vez que, propugnando
uma neutralidade, acaba reforçando as desigualdades que se verificam na
sociedade, e por consequência, na estrutura escolar.
Entretanto, as desigualdades ou o estudo das desigualdades não
podem ser atribuídos única e exclusivamente ao sucesso dos alunos. A
aprendizagem é um processo que sintetiza fenômenos que ocorrem em
nível cognitivo e emocional em um indivíduo como também social
(CASASSUS, 2007, p. 30). Portanto, a socialização pela qual um
indivíduo passa, sofrendo influências do meio social, em virtude das
relações sociais que mantêm, também são elementos que o auxiliam a
moldar sua identidade e sua personalidade. Nessas circunstâncias, o
processo de escolarização está embutido.
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2007.
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1 Textos à Deriva: um continente de multissemioses é uma produção acadêmica (artigo) que traz
uma reflexão teórica e analítica da multimodalidade e de textos multimodais.
2 Graduado em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa com Habilitação em Língua Inglesa
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Considerações iniciais
Hoje se vive um momento de diferentes e múltiplas manifes-
tações das linguagens, o que requer um posicionamento crítico e,
consequentemente discursivo para a construção de sentido daquilo que
se apresenta e se materializa no processo comunicativo. O respectivo
texto tem como temática a abordagem da multimodalidade, situando os
gêneros multimodais para uma leitura crítico-discursiva e produção de
sentidos em sala de aula, tendo como título Textos à Deriva: um
continente de multissemioses.
A escolha de tal título é resultado de uma reflexão a respeito de
como os textos circulam com tamanha facilidade por entre os leitores
(seus consumidores), como se estivessem à deriva, onde cada texto tem
sua finalidade e seu destinatário em especifico, reproduzindo um
continente de muitos significados, ou melhor, a produção de sentido que
é gerado a partir da leitura de distintos gêneros textuais.
Nas últimas décadas se teve uma acentuada transformação
como a sociedade letrada e não-letrada se comunica e obtém informa-
ções através de diversos meios de circulação social e isso colaborou para
o surgimento de novas práticas discursivas.
Ao realizar uma breve observação do retrato atual da sociedade,
ver-se, claramente, que há uma forte influência na vida das pessoas de
textos que as direcionam para diferentes interpretações, devido à
demanda de informações que esses passam para seus leitores, ocasionado
naquele que ler diversas interpretações e compreensões, ressignificando
contextos.
Com a criação de diferentes meios tecnológicos, houve também
a alteração de como a sociedade comunica e se informa, dando abertura
para diversas fontes de transmissão e produção do conhecimento, graças
a proliferação de diversos gêneros e principalmente os de cunho
multimodais.
Os parágrafos que seguem no artigo trazem temáticas inerentes
ao assunto aqui abordado, em parecer introdutório sobre a
multimodalidade, se tem uma visão geral acerca da mesma numa
perspectiva histórica, realizando reflexões sociais a respeito da linguagem
enquanto produto humano e interacionista. Em seguida, tem-se o tópico
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4Discussão levantada pelo Grupo de Nova Londres _ GNL em 1996, em uma semana de debate
em Nova Londres, onde ao final, houve a publicação de um manifesto intitulado A pedagogy of
Multiliteracies – Designing Social Futures, tal pedagogia afirma a carência de uma escola que
atenda as demandas sociais diante dos letramentos que surgem nos dias que correm.
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Figura: 1
Fonte: http://desigualdadeinbrasil.blogspot.com.br/
A charge apresenta um retrato de um país onde o que predo-
mina é a distribuição desigual de renda, gerando um abismo social entre
as classes sociais favorecidas e desfavorecidas pelo modelo de sociedade
dominante.
Com uma análise detalhada com esse gênero multimodal que é
a charge, pode fazer a interpretação de diversas linguagens, como
exemplo a diferença da fala que o homem e mulher utilizam para se
comunicarem com seus filhos, enquanto uma é parte de uma língua culta,
a outra é detentora de uma linguagem coloquial, onde se lê claramente
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Fonte: https://www.portalodia.com/blogs/jotaa/charge-dilma-permanece-resistente-aos-
ataques-contra-o-seu-governo-244763.html
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PERSPECTIVAS DA ACESSIBILIDADE E
INCLUSÃO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA NAS
UNIVERSIDADES FEDERAIS BRASILEIRAS DA
ÓTICA DE SEUS SÍTIOS E BIBLIOTECAS
Cládice Nóbile Diniz 1
Josiane Braz de Assis2
Leon Diniz Alves3
RESUMO:
Apresenta alguns ditames legais básicos vigentes da acessibilidade
informacional e tecnológica à pessoa com deficiência ou com mobilidade
reduzida. Objetiva levantar o panorama das universidades federais brasileiras
a partir das informações em seus sítios na internet sobre os recursos para a
promoção desses direitos. A metodologia exploratória foi quantitativa, com
fim descritivo e meios bibliográfico, documental e participante. Verifica que
a grande maioria dessas instituições buscou se adequar, porém oferece
poucos recursos. Conclui sugerindo que a dinâmica de melhoria que se nota
pode trazer inovações sociais.
Palavras-chave: Acessibilidade Informacional; Pessoa com Deficiência;
Universidade Federal; Inovação Social.
ABSTRACT:
It presents some basic legal precepts of information and technology
accessibility to the person with disability or with reduced mobility. It aims to
raise the panorama of the Brazilian federal universities from the information
on its websites on the resources for the promotion of these rights. The
exploratory methodology was quantitative, with a descriptive purpose and
bibliographical, documentary and participant researches. It verifies that the
vast majority of these institutions have sought to adjust, but it offers few
resources. It concludes by suggesting that the dynamics of improvement
noted can bring social innovations.
Keywords: Informational Accessibility; Person with Disability; Federal
University; Social Innovation.
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Introdução
O espaço em que se vive no dia a dia está em contínua
transformação pelo ser humano, com surgimento de muitos recursos
vantajosos, seja novo artefato ou obra, seja uma mudança nos arranjos e
serviços. Observando os de uso coletivo ou público, percebe-se que são
pautados por dimensões que atendem uma parcela da população, porém
sem plena consideração de que devam atender às características de todos
os indivíduos. Com isso, algumas pessoas, devido a suas condições
específicas, não podem usufruí-las. Ou até mesmo, sequer terem a seus
alcances essas vantagens. Em cada uma dessas situações se pode dizer
que lhes está ocorrendo uma oferta de recursos inadequados e que essa
inadequação torna suas atuações não tão eficientes como essas pessoas
podem conseguir, caso suas condições fossem levadas em conta.
É com esse raciocínio que o modelo social de abordagem da
questão das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida opera,
de que a deficiência não está na pessoa, em sua condição em si, mas no
meio sem adequações necessárias, o que lhe cria barreiras, por não estar
com as condições adequadas, tal que lhe permita atuar de forma
autônoma e segura. A ótica atual supera as precedentes: a médica, de a
deficiência estar na pessoa, e a do estigma, da deficiência ser característica
da pessoa. Esse olhar emergiu das pressões de agendas políticas globais,
intensificadas nas três últimas décadas, e levou à promulgação da Lei no
13.146, em 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Pelo seu
art. 2o, para fins de direitos que estabelece, denominam-se pessoas com
deficiências àquelas com impedimento de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, que não lhes permite participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
estendendo os direitos também às pessoas com mobilidade reduzida,
ainda que estas sejam pessoas sem deficiência (BRASIL, 2015).
A Lei n. 13.146/15 acima citada, em seu art.3º item IV, explica
que os direitos de que trata são relativos à participação social da pessoa,
à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreensão e à circulação com
segurança (BRASIL, 2015).
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4 Neste estudo, tem o mesmo sentido os termos sítio na internet (site), sítio eletrônico e sítio.
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5Por esse raciocínio, os recursos das universidades federais de uso comum de seu coletivo
devem ser acessíveis a todos que dela participem ou que dela venham a participar, sejam
pessoas com ou sem deficiência. Nesse sentido, o número de pessoas que trafegam por um
espaço pode ser tomado como indicador da importância da adequação de um espaço em relação
aos de outros locais.
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Alerta-se que esse indicador não pode ser utilizado como elemento único nas tomadas de
decisão sobre espaço a ser priorizado em adaptações quando está em jogo a aplicação de um
montante limitado de recursos. Nessas situações, que são as mais comuns, recomenda-se
adotar um conjunto de indicadores e regras para auxílio decisório. Outros indicadores podem
ser o prazo de consecução da adaptação, ordem da emergência da solução e custo da
adaptação etc.
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6VLibras é uma ferramenta computacional livre e gratuita que faz a versão do português escrito
para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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Quadro 3 - Quantitativos nos sítios das universidades federais (dez. 2017 e jun. 2018)
Continua
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Continuação
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Referências
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1A primeira versão deste texto foi publicada em 2017, no volume 3, número 1, da Revista Crítica
Educativa, da Universidade Federal de São Carlos- UFSCar, campus de Sorocaba/SP.
2Mestre em Educação pela Universidade do Oeste Paulista, SP (UNOESTE). Graduado em
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Introdução
É consenso que a leitura é ato que nos (in) forma e nos constitui
como sujeitos nas constantes interações histórico-culturais. Assim, não
se trata de uma atividade mecânica, isolada, pois o leitor (sujeito ativo),
no ato de ler, (re) constrói os sentidos do texto. Em outras palavras, a
leitura vai além da decodificação dos signos linguísticos e se revela como
atividade complexa de reconhecimento dos sentidos linguísticos
(internos ao texto) e pragmáticos (contextuais) que emergem no ato de
ler.
Nesse sentido, atribuir significados a um texto é um ato
intelectual que exige do leitor uma postura responsiva, isto é, ativa,
dialógica, de sintonização histórico-cultural com a situação social de
origem do material lido.
Reconhecendo o valor cultural da leitura na formação humana,
muito se discute sobre o processo de formação do leitor do texto
literário, pois apesar de diversos estudos sobre a temática objetivarem
uma maior qualidade dos modos de ensino, ainda há equívocos teóricos
e metodológicos em relação à formação do leitor, no Ensino Médio.
Dessa forma, convivemos com a hipótese (que nasce no
passado e permanece no presente) de que parte dos alunos sai da escola
sem desenvolver a competência de interpretação de textos. Logo, nos
questionamos: Como desenvolver a competência leitora nos alunos?
Como formar leitores críticos, capazes de apreender os sentidos que
emergem do texto artístico? Qual a abordagem do texto literário
proposta pelo material didático de Língua Portuguesa, produzido e
veiculado pelo Programa São Paulo Faz Escola, para a formação do
jovem leitor, no Ensino Médio?
O presente texto constitui, portanto, um recorte do conteúdo
de uma pesquisa de Mestrado intitulada A mediação docente e a formação do
leitor no Programa São Paulo Faz Escola (2016), desenvolvida junto ao
Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Oeste
Paulista (UNOESTE), Presidente Prudente, São Paulo, cujo objetivo foi
identificar e analisar o papel mediador do professor de Ensino Médio,
implícito nas propostas metodológicas de ensino e nas atividades de
aprendizagem da leitura, do Programa São Paulo Faz Escola. Para o alcance
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(E.M), acoplado ao Programa São Paulo Faz Escola, para verificar como
esse material didático aborda o texto literário, nas aulas de LP, no E.M.
A (não) possibilidade de desenvolver o letramento literário no
Programa São Paulo Faz Escola: da teoria à prática.
O Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias (2010) foi criado e implementado a fim de uniformizar
o ensino na rede pública paulista. Nesse sentido, em 2009, foram
distribuídos materiais didáticos oriundos do referido Documento: os
Cadernos do Professor (contendo orientações metodológicas) e o
Caderno do Aluno (nos quais constam atividades para serem
desenvolvidas nas aulas).
As coleções didáticas supracitadas são entregues no início do
ano letivo; todas as disciplinas possuem esses materiais. Os Cadernos
possuem conteúdo para cada dois (2) bimestres. Desse modo, em todas
as escolas que ofertam Ensino Fundamental II e Ensino Médio, na rede
pública paulista, os professores utilizam o mesmo material,
oportunizando os mesmos conteúdos aos alunos, numa sequência
preestabelecida pelo Currículo:
Assim, propõe-se uma mudança na maneira como as
disciplinas devem ser ensinadas, ou seja, o desenvolvimento
do conhecimento do aluno sobre as linguagens por meio do
estudo dos conteúdos, historicamente construído,
associados a atividades que lhe possibilitem a interação com
a sociedade e também o aumento do seu poder como
cidadão, implicando mais acesso às informações e melhor
possibilidade de interpretação dessas informações nos
contextos sociais em que são apresentadas (SÃO PAULO,
2010, p. 25).
O ensino de LP, a partir das concepções do Currículo Paulista,
considera o Homem como agente na (re) construção da cultura na qual
está inserido, pois,
nossa proposta para a disciplina de Língua Portuguesa não
separa o estudo da linguagem e da literatura do estudo do
homem em sociedade. Sabemos que o ser humano é um
sujeito sociável, que pode participar social e culturalmente
no mundo em que vive (SÃO PAULO, 2010, p. 29).
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Introdução
A escolha do tema proposto ocorreu pelo seguinte motivo:
observamos que, a crise educacional não é algo que depende
exclusivamente de políticas públicas ou de ordens governamentais, pois,
a “crise maior” está inserida nos próprios lares. E, ao falarmos em “crise
maior” nos referimos a insuficiência de estrutura psicológica, emocional
e espiritual que uma família precisa para saber lidar com todos os
problemas que permeiam a vida do ser humano. Desta forma, acredita-
se que é imprescindível identificar este momento de desequilíbrio vivido
pela família nos dias atuais, e, a partir daí levá-la a retomar o seu papel
como base da sociedade.
Deste modo, compreendemos que, a família precisa cumprir de
forma eficaz a sua parte no caminho da educação do indivíduo. E,
também ao falarmos em educação não nos referimos exclusivamente ao
processo de desenvolvimento intelectual de um ser humano, mas,
sobretudo, ao desenvolvimento moral, isto é, ao conjunto de valores e
princípios que formarão o caráter. Diante desta afirmativa a pergunta que
fica entreaberta é: A educação escolar é suficiente para cumprir a tarefa
de formar cidadão? Diante disto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nº 9.394 de vinte de dezembro de 1996, em seus art. 1º e 2º diz que:
Art. 1º: A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
Art. 2º: A educação, dever da família e do Estado inspirada
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, grifo nosso).
Observa-se deste modo que, a educação não é adquirida
somente nos colégios, mas, o desenvolvimento educacional do ser
humano depende também de outras experiências que envolvem a
existência humana, e, entre elas a vida familiar. Desta forma, entende-se
que, educação é obrigatoriedade em primeira instância da família, pois, é
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2Patriarcal: constituída por pai, mãe e filhos; monoparentais: constituída por um dos respon-
sáveis (pai ou a mãe) e filhos; recasadas: constituída por um dos responsáveis, mais padrasto
ou madrasta e filhos; ampliadas: constituída por responsáveis, filhos, avô (a), tio (a), primos e
outros que convivam no mesmo ambiente familiar
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mas sem ela essa transformação não se dá”. Isto posto, Tiba (1996, p.
178) conclui que, “é dentro de casa na socialização familiar, que um filho
adquire, aprende e absorve a disciplina para um futuro próximo, ter
saúde social [...]”.
Todavia, percebemos que, os pais negligenciam aos filhos
discutirem as consequências que poderão sofrer no amanhã. Esta
negligência se deve as inúmeras demandas modernas que os pais preci-
sam cumprir, pois para Carneiro (2003, p. 31), “outro aspecto complica-
dor que contribui para o aumento da complexidade da tarefa de educar
os filhos, na atualidade, é o lugar central que essa tarefa ocupa entre as
tantas que os pais devem cumprir”. Entretanto, para Freire a comuni-
cação social no lar é imprescindível; vejamos:
É indispensável que os pais tomem parte das discussões com
os filhos em torno desse amanhã. Não podem nem devem
omitir-se, mas, precisam saber e assumir que o futuro é de
seus filhos e seu (FREIRE, 1999, p. 106).
Desta forma, na atualidade os pais por estarem tão ocupadas
com outras obrigações, deixam a desejar quando o assunto é educar
filhos. Confiam que a instituição escolar é que tem toda a obrigação de
educar os alunos, e, se for o caso eles podem volta e meia contribuir para
esta eficácia. No entanto, segundo Cortella (2014, informação verbal),
não são os pais que ajudam a escola a educar os filhos, mas, a escola que
ajuda os pais na educação já iniciada em casa, uma vez que, o papel da
escola é escolarizar, e, escolarização é apenas um pedaço da educação.
Assim, ainda que, na atualidade a família sofra com as várias
transformações em sua estrutura, não deve abster da função que lhe é
designada, pois, a instituição escolar não substitui o papel da educação
familiar, apenas à complementa. Isto posto, Bock ainda conclui dizendo
que:
A família, do ponto de vista do indivíduo e da cultura, é um
grupo tão importante que, na sua ausência, dizemos que a
criança ou o adolescente precisa de uma família substituta
ou devem ser abrigados em uma instituição que cumpra suas
funções materna e paterna, isto é, as funções de cuidados
para a posterior participação na coletividade (BOCK, 1999,
p. 249).
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da sala de aula, por isso, é importante os pais buscarem fazer o seu papel
com o máximo de responsabilidade para a escola ajudar a família.
Desta maneira, para Tiba:
O interesse e participação familiar são fundamentais. A
escola necessita saber que é uma instituição que completa a
família e que ambas precisam ser um lugar agradável e
afetivo para os alunos/filhos. Os pais e a escola devem ter
princípios muitos próximos para o benefício do filho/aluno
(TIBA, 1996, p. 140).
Por conseguinte, nota-se que, para isto a família deve buscar
enxergar a escola de um ângulo mais positivo e reconhecer mais a
capacitação profissional dos seus docentes. Pois, Freire já defendia que:
[...] é urgente que o magistério brasileiro seja tratado com
dignidade para que possa a sociedade esperar dele que atue
com eficácia e exigir tal atuação. [...] O educador não é um
ser invulnerável. É tão gente, tão sentimento e emoção
quanto o educando (FREIRE, 1997, p. 35, 45).
Isto posto, observa-se ainda que, a instituição escolar para
exercer um papel eficaz não pode trabalhar de forma autônoma, mas,
precisa do apoio da família para auxiliá-la. Sendo assim, Szymanski
explica:
[...] que ambas as instituições têm em comum é o fato de
prepararem os membros jovens para a sua inserção futura
na sociedade e para o desempenho de funções que
possibilitem a continuidade da vida social. Ambas
desempenham um papel importante na formação do
indivíduo e do futuro cidadão (SZYMANSKI, 2009, p. 98).
Percebe-se então que, a escola e a família são instituições
imprescindíveis para formar o caráter do cidadão. A família não substitui
de forma alguma a responsabilidade da escola, tampouco, a escola
substitui a responsabilidade da família. Sendo assim, Parolin acrescenta
que:
[...] o papel da família na formação e nas aprendizagens das
crianças e jovens é ímpar. Nenhuma escola por melhor que
seja, consegue substituir a família. Por outro lado, destaco
também que a função da escola na vida da criança é
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Eliane Dominico2
RESUMO:
O objetivo deste texto é analisar o Dia do Índio no contexto das práticas
pedagógicas vivenciadas pelas autoras na Educação Infantil. Utilizamos o
viés decolonial que nos permite refletir sobre a hierarquização da população
mundial, iniciada com o processo de modernização/colonização, que imputa
aos povos indígenas e outros grupos sociais e culturais, a inferiorização dos
seus conhecimentos e cultura. As práticas realizadas na Educação Infantil
sobre a temática indígena (re) produzem esse modelo, por isso apontamos a
interculturalidade crítica como projeto de transformação radical da sociedade
e da educação, rumo à construção de alternativas de pensamento e de
mundo.
Palavras-chave: Datas comemorativas. Vivências significativas.
Interculturalidade.
ABSTRACT:
The purpose of this text is to analyze the Indian Day in the context of the
pedagogical practices experienced by the authors in Early Childhood
Education. We use the decolonial bies that allows us to reflect on the
hierarchy of the world population, initiated with the process of
modernization/colonization, which impute to indigenous peoples and other
social and cultural groups, the inferiorization of their knowledge and culture.
The practices carried out in Early Childhood Education on the indigenous
theme (re)produce this model, this is why we point to critical interculturality
as a project of radical transformation of society and education, towards the
construction of alternatives of thought and world.
Keywords: Commemorative dates. Significant experiences. Interculturality.
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Introdução
Esse texto foi motivado pelas experiências que nos constituem
enquanto professoras de crianças pequenas e pesquisadoras. Diante de
um contexto educacional no qual as datas comemorativas ocupam uma
posição relevante dentro do currículo escolar, inquietou-nos
compreender como os encaminhamentos dados refletem na formação
infantil e na (re) produção de uma imagem e identidade inferiores dos
povos indígenas. Para o desenvolvimento dessa reflexão tomamos como
base o Dia do Índio, dada a relevância e a frequência com que essa data
é trabalhada nas escolas e em vista da Lei nº 11.645 de 2008, que trata da
obrigatoriedade do ensino de História e Cultura dos povos indígenas.
Respaldamo-nos em autores como Barroso (2018), Garfield
(2000), Nora (1993), e autores do pensamento decolonial latino-
americano, como Maldonado-Torres (2007), Walsh (2009), Mignolo
(2000) dentre outros, como Boaventura de Sousa Santos (2007, 2010).
Focalizamos os preconceitos e estereótipos que permeiam essa questão
e possibilitam pensar como as instituições educativas podem atuar na
reiteração, crítica e/ou transformação epistêmica e social ao abordar essa
temática com as crianças.
Esse texto aborda duas situações vivenciadas no contexto da
instituição de Educação Infantil e servem-nos como pontapé para pensar
uma questão de extrema importância, traduzem um misto de angústia e
questionamentos ao refletirmos sobre como têm sido direcionadas as
atividades com as crianças.
A primeira vivência trata-se de uma formação de professores
cujo o objetivo era discutir sobre o processo de alfabetização e
letramento na Educação Infantil. Durante a formação realizou-se um
trabalho com um texto, do gênero conto, que narra a história onde um
índio não conseguia entender a importância e uso do sistema escrito de
linguagem, sendo o homem branco o responsável por tirá-lo da sua
ignorância. Refletir sobre esse momento é importante por considerarmos
que práticas como essa partem da hierarquização da população,
mantendo os indígenas como inferiores, e também desvalorizando sua
cultura e conhecimento.
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mente incapazes desde o Código Civil de 1916. Diante disso, tiveram que
lutar para expressar seus próprios interesses, somando a isso os séculos
de opressão do mundo moderno/colonial que remetem à colonização.
Organizaram-se e passaram a endossar os movimentos sociais, cuja
importância radica na transformação e reivindicação de uma sociedade
capaz de responder às necessidades e características dos diversos grupos
sociais e culturais.
Nos currículos escolares os movimentos sociais começam a
exercer considerável influência no Brasil a partir de 1940 com o
movimento negro se contrapondo ao mito da democracia racial. Nos
anos 1980 esse movimento se intensificou com a discussão por parte de
homossexuais, igrejas e povos indígenas, tendo esses últimos buscado a
retomada pelas suas terras, o direito à educação diferenciada e saúde.
Conquistaram na Constituição Federal de 1988, por meio dos artigos
210, 215 e 231, o direito de uso da língua indígena e processos próprios
de aprendizagem no ensino fundamental; a proteção de suas manifes-
tações culturais; o reconhecimento de sua “[...] organização social,
costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as
terras que tradicionalmente ocupam [...]” (p. 146).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de
1996 também incorpora essa discussão, especificamente no artigo 26,
onde o ensino de História do Brasil deve contemplar as contribuições
das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro,
especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. As questões
étnicas recebem mais destaque e força com a promulgação da Lei nº
10.639 em 2003, que implementa a obrigatoriedade do ensino de História
e Cultura Africana e Afro-brasileira. Em 2008 essa lei sofreu alterações
com a inclusão da obrigatoriedade do ensino de História e Cultura dos
povos indígenas, por meio da Lei nº 11.645. Mas como afirma Silva
(2010, p. 41), a inserção desses valores culturais não pode ser pensada
apenas como uma conquista dos movimentos sociais e grupos étnicos,
afinal, “a educação está sempre atrelada ao desenvolvimento político e
econômico”.
Apesar dessas conquistas importantes dos movimentos indí-
genas, a inserção da temática nos currículos escolares encontra diversos
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4Os PCNs foram lançados em 1997 pelo MEC e pela Secretaria de Educação Fundamental com
o intuito de servir como currículo nacional para a educação básica (apesar de não ser
obrigatório), nesse sentido, propõe objetivos, conteúdos essenciais, critérios de avaliação e
orientações didáticas. Como afirma Moreira (1996), a implantação dos PCNs seguiu o modelo
do que vinha ocorrendo em outros países, como Espanha, Estados Unidos, Inglaterra e
Argentina, sob o viés neoliberal. O autor afirma que as discussões que antecederam a
implantação dos parâmetros não foram amplas e que uma perspectiva neoliberal orientou sua
elaboração. Com relação ao multiculturalismo, Moreira prossegue dizendo que “a preocupação
dominante é a de colocar o currículo a serviço da homogeneização cultural” (p. 11).
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5 Sucintamente, pode-se dizer que Suma Kawsay (do quéchua, suma: bem; kawsay: viver), é
uma expressão indígena que representa outro modelo de pensar e fazer a vida em sociedade,
não como pauta o viver melhor capitalista (onde viver melhor significa possuir mais riquezas e
bens materiais, e que implica no “viver mal” da maioria). Como afirma Boff (2009), “O ‘bem viver’
supõe uma visão holística e integradora do ser humano inserido na grande comunidade terrenal
que inclui além do ser humano, o ar, a água, os solos, as montanhas, as árvores e os animais;
é estar em profunda comunhão com a Pacha Mama (Terra), com as energias do universo e com
Deus”. Implica que a preocupação não é acumular, mas produzir o suficiente para todos em
harmonia com a natureza, o convite é também pensar uma nova democracia, uma sociedade
plurinacional que respeita a natureza, a diversidade e os povos originários. Nesse sentido, a
Mãe Terra/Pacha Mama é pensada como algo muito diferente do que a noção cartesiana que
separa a humanidade da natureza, é pensada como algo intrinsicamente constituinte da vida e
que também é considerada como ser vivo a ser respeitado e não algo a ser incansavelmente
explorado.
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6 Como aconteceu com a Revolução Haitiana. Em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão na França reconhecia que todos os homens eram iguais e livres, no entanto, essa
igualdade não se estendia à população da então colônia francesa de Saint-Domingue. Por isso,
pode-se dizer que a Revolução Haitiana foi muito mais radical e de fato promoveu a igualdade
entre todos, pois levou à eliminação da escravidão e à independência do Haiti. A Revolução
Francesa é tão proclamada por seu universalismo, mas na verdade excluiu negros, mulheres e
pobres da condição de igualdade. Por sua vez, a Revolução Haitiana é esquecida pela história
oficial.
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Introdução
São nas décadas de 1970 e 1980 em que há uma grande
expansão do atendimento das crianças com faixa etária entre 0 e 6 anos
devido às lutas do Movimento pró-creche que reivindicava políticas pú-
blicas que atendessem as crianças, filhas das mães que exerciam ativida-
des remuneradas fora de seus lares. Em 1988, também, sob influência
das mobilizações do Movimento Pró-creche, a Educação Infantil foi
incluída no capítulo da educação na Constituição Federal, constituindo-
se como campo de trabalho docente.
Por conta de todo processo de feminização do magistério, esse
campo de trabalho já nasceu feminino, segundo Saparolli (1997), pois os
homens foram deixando a docência (das outras etapas educacionais) e
assumindo postos superiores na hierarquia burocrática devido ao des-
prestígio profissional que traduziu-se, principalmente, nos baixos sala-
rios, de acordo com Rosa; Sá (2015, p.1). Enquanto isso, as mulheres
foram assumindo esses lugares e para justificar a fixação das mesmas
nesses espaços foi sendo tecido ao longo do tempo o discurso de que
elas eram ideais para ocupá-los pois a
mulher-mãe-professora, aquela que ilumina na senda do
saber e da moralidade, qual mãe amorosa debruçada sobre
as frágeis crianças a serem orientadas e transformadas por
dedos que possuem a capacidade natural de desenhar
destinos e acalentar esperanças, coadjuvantes inspirada de
uma escola que se erige como transformadora de
consciências [e corpos]. (ALMEIDA, 2006, p. 61, grifos
nossos).
E ao mesmo tempo, foi sendo, também, tecidos argumentos
para o afastamento dos homens da educação das crianças. Um deles é o
que Louro (2010, p. 20) chamou de dessexualização do espaço escolar,
já que os homens são vistos como aqueles que exercem a sexualidade
enquanto as mulheres como seres assexuados. Os homens, assim, na
relação com as crianças, são vistos com certo “pânico moral” que os
tipifica como potenciais pedófilos e tal pensamento é corroborado com
as;
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Considerações finais
Na sociedade brasileira, desde os anos de 1970, muitas
novidades práticas e discursivas vêm sendo colocadas em pauta pelos
movimentos sociais. Contamos com o movimento pró-creche que lutou
pela ampliação da Educação Infantil, o movimento feminista que,
inicialmente, introduziu o estudo da situação das mulheres nas univer-
sidades e nas outras esferas sociais e, posteriormente, problematiza a
naturalização dos papéis sexuais, iniciando os estudos sobre gênero.
Apesar de um conceito recente, gênero se constituiu como
categoria de análise tão importante que foram criados vários grupos de
trabalho que se debruçam sobre ele, entre eles o GT 23 da ANPed
responsável por uma boa quantidade de produções.
No entanto, fica evidente que nas discussões e produções sobre
gênero ainda há uma predominância no foco sobre a condição das
mulheres. Quando a análise é na área educacional, então, estudo de
gênero é quase sinônimo de estudo sobre mulheres.
Há, também, pouca produção sobre gênero na Educação
Infantil. E tendo em vista que a quantidade de homens nesses espaços é
reduzida, as pesquisas sobre os mesmos também é.
Porém, mesmo em pequeno número, as pesquisas
demonstraram que professores homens atuam na educação infantil,
existem e resistem a uma série de dificuldades. Nesse sentido, pesquisas
sobre a atuação deles se fazem necessárias para que outros homens que
sintam desejosos em adentrar na profissão encontrem coragem para isso.
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RESUMO:
O psicopedagogo deve trabalhar com jogos e brincadeiras, para ajudar
na aprendizagem de todos os alunos em diversas áreas, pois toda criança
tem o direito de brincar. Este trabalho tem como objetivo verificar como
o psicopedagogo pode utilizar a brinquedoteca, como espaço de aprendi-
zagem para a criança e qual deve ser a sua formação para a prática desta
atividade. A brinquedoteca é a forma, mas lúdica para trabalhar com as
crianças, pois é através do brincar que ela vai desenvolver seu imaginário,
suas emoções, seus anseios e a partir daí a criança começa a relacionar a
brincadeira com o real.
Palavras-chave: Aprendizagem; Psicopedagogia; Brinquedoteca.
ABSTRACT:
The psychopedagogymust work with play and games to help students in
many areas, since every child has the right to play. This work aims to
verify as the psychopedagogy can use the toy library as a learning space
for children and what should be the formation for the practice of this
activity. The toy library is the most playful way to work with children, is
through playing that they will developed their imagination, feelings,
yearning, and from that children begin to build relations between playing
and real.
Keywords: Learning; psychopedagogy; toy library.
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Introdução
A psicopedagogia está vinculada à preparação de profissionais
para atuarem dentro das instituições de escolares ou clínica, com o
processo de ensino e aprendizagem, com crianças com alguma
dificuldade, sendo incorporado ao processo de formação do psicope-
dagogo trabalhar com jogos e brincadeiras, para ajudar na aprendizagem
de todos os alunos em diversas áreas.
O psicopedagogo deve trabalhar em etapas sabendo os
objetivos, as ações como agir, e quais resultados poderá atingir, para
assim melhorar o rendimento do aluno. Seu papel é muito importante
seja dentro das escolas, empresas e hospitais. Deve trabalhar com a
brinquedoteca, com o foco principal de amenizar o sofrimento da
criança, pois através da brinquedoteca pode-se garantir o equilíbrio
emocional intelectual o jogo é essencial, toda criança tem o direito de
brincar.
O objetivo deste trabalho é verificar como o psicopedagogo
pode utilizar a brinquedoteca como espaço de aprendizagem para a
criança e qual deve ser a sua formação para a prática desta atividade.
As crianças, adolescentes, os pais e a instituição escolar serão
muito beneficiados, pois através dos jogos e brincadeiras o desenvol-
vimento ocorrerá de forma prazerosa, alegre, cheio de vida, fazendo com
que as crianças com dificuldades evoluam muito mais rápido.
Acreditamos que o trabalho do psicopedagogo deve ser além
de desenvolver projetos, trabalhar a aprendizagem com as crianças com
dificuldades, devendo resgatar a autoestima de cada criança/adolescente
através da brinquedoteca, pois neste ambiente terá a oportunidade de
brincar e ao mesmo momento evoluir. O brincar tem grande importância
no desenvolvimento infantil, a brincadeira é essencial na vida de toda
criança, pois é através dela que a criança vai elaborando seus conceitos
de vida, além de proporcionar prazer e alegria.
Este trabalho foi do tipo bibliográfico, as fontes de pesquisas
foram livros, Rede Mundial de computadores, artigos científicos,
trabalhos de conclusão de curso e teses de mestrado. Foi dividido em
três capítulos. O primeiro aborda uma breve história da brinquedoteca,
O que é brinquedista. O segundo capítulo é uma breve explanação do
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4 SAKAMOTO, Cleusa K; BOMTEMPO, Edda. Brinquedista – reflexões sobre sua função medi-
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6 SAKAMOTO; BOMTEMPO, op. cit, 2010, p. 7.
7 PAULA, Ercília; SILVA, Monique. A formação dos brinquedistas que atuam em brinque-
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RESUMO:
Este trabalho apresenta uma abordagem teórica sobre a obra de vários
autores especialistas em educação, o foco desta análise se dá com base
na temática da indisciplina escolar e suas ocorrências eventuais na
contemporaneidade.
Palavras-chave: Indisciplina, indisciplina escolar, contexto social.
ABSTRACT:
This study presents a theoretical approach to the works of several
authors who specialize in education, the focus of this analysis is based
on the issue of student indiscipline and its occurrences in present time.
Keywords: Indiscipline, school indiscipline, social context.
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casa geralmente consegue o que quer insistindo com os pais, que não têm
muita firmeza do que devem fazer com as crianças. ”
Diante de todos esses fatores relacionados a indisciplina
escolar, os alunos estão sempre presentes como sujeitos ativos em uma
ou em várias situações, porém, não quer dizer que por participar deste
quadro sejam os principais causadores do problema da indisciplina, em
dados momentos estes são os indivíduos que mais sofrem com o reflexo
desta realidade tão marcante no contexto da escola.
Através da observação que cada um de nós professores, em
nossa prática diária fazemos é possível compreender quais são as causas
e modos em que o fenômeno da indisciplina acontece no ambiente
escolar. Apesar do conhecimento teórico adquirido e manifestado no
cotidiano, nenhuma teoria será tão eficaz quanto o olhar pedagógico que
é necessário a nossa profissão. É por intermédio da sensibilidade própria
do professor em sala de aula, no contato com seu aluno e no diálogo que
o diagnóstico das atitudes indisciplinadas pode se concretizar. No que
diz respeito ao relacionamento aluno e professor, é inevitável o fato de
que o educador influencia o educando, por este motivo é necessário
respeitar as fases, o tempo e o contexto em que os alunos vivem, afinal,
cada um traz consigo seus conhecimentos sociais, históricos e culturais.
Por ser a escola, o principal ambiente de socialização dos
alunos, a indisciplina se apresenta de várias maneiras, portanto, se a
indisciplina é um problema, a escola deve assumir seu papel educativo e
trabalhar os motivos que geram transtorno na convivência diária de seus
agentes. O aluno no contexto educativo é o elo mais fraco, não por sua
competência, mas por sua condição de aprendiz e mesmo participante
do cenário escolar ele é atingido de várias formas, seja pela insatisfação
do professor, seja pelos problemas familiares ou pela má qualidade do
ensino. Neste panorama de dificuldades é preciso sobreviver e se afirmar,
por causa disso ele buscará possibilidades para definir sua posição e criar
seus meios para alcançar seu lugar.
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GESTÃO PARTICIPATIVA:
A IMPORTANCIA DO GESTOR DEMOCRATICO
NA COMUNIDADE ESCOLAR.
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Introdução
Pesquisar este assunto é de suma importância, por que a forma
de gerir uma escola é essencial para a excelência de todos que a
compõem, buscamos assim a bibliografia de alguns autores para corro-
borar para nossa pesquisa, entre eles estão, Luck(2011), Parolin(2005)
entre outros, Além das teorias fundamentais para o nosso trabalho o
tema foi escolhido devido a algumas observações durante a realização
dos estágios curriculares e extracurriculares, na rede Municipal de Ensino
de Teresina-PI, percebendo além dos pontos negativos que essa gestão
traz para o ambiente escolar, bem como a dificuldade da convivência
entre as pessoas tornando um local áspero e com muitos problemas para
se efetivar uma educação eficiente, durante a passagem pelas escolas,
percebemos o número de docentes e funcionários insatisfeitos com a
gestão centralizada, ora existente nas escolas observadas, onde o clima
de indiferença , intrigas toma conta de todos ali presente. Assim
deixamos clara a importância de uma gestão democrática e participativa.
A má gestão ocorre quando se prioriza apenas o lado
administrativo e deixa de lado o pedagógico, causando desconforto para
todos que compõem o ambiente escolar, quando ao invés de buscar
soluções em conjunto, impõem que seja feito o que lhe é coerente, sem
ao menos dá importância para a opinião do outro. Para haver um
equilíbrio, os dois lados devem estar entrelaçados, para isso ocorrer, é
necessário que a gestão democrática se efetive a partir de tomadas de
decisões, e na elaboração de um projeto político-pedagógico coletivo, a
fim de se obter efeito positivo na comunidade escolar. Uma gestão
participativa é pautada principalmente em uma organização onde todos
possam argumentar e discutir as ideias propostas pelos gestores, estes
que passam a ser mediadores de uma organização, configurando o
exercício da participação, buscando manter sempre a harmonia entre
todos que formam a escola, buscando ouvir e construir coletivamente,
reunindo toda a comunidade escolar entre si, (a família dos alunos, os
pais, os professores e funcionários) para que juntos, com espírito de
coletividade e responsabilidade cooperem para a formação do cidadão.
A realização desse estudo, contribuirá para futuras pesquisas
cientificas, como auxilio a acadêmicos, gestores e administradores de
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UM BREVE DIÁLOGO SOBRE A IDENTIDADE
DO DOCENTE
Estevão Ribeiro Matiassi1
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Introdução
Iniciar uma carreira como docente, tem se tornado cada vez
mais uma tarefa difícil e desafiadora, dado a complexidade deste ofício.
Estamos diante de um tema de grande discussão, pois este profissional
em suma, tem como principal função ensinar. Contudo, neste aspecto é
válido ampliar a discussão, pois, a função docente não se deve resumir
somente em ensinar. Para tanto, a diretriz do curso de Pedagogia aponta:
Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto
a:
Utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para
construção de conhecimentos pedagógicos e científicos.
(Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de
Graduação em Pedagogia, licenciatura, 2016.)
Conforme a diretriz, o papel do professor vai além de ensinar,
para também assumir um papel de produtor de conhecimento, sendo
assim, responsabiliza-se também com ser professor pesquisador, isto é,
considerar o processo de ensinar e aprender como atividade integrada à
investigação.
Ainda tratando se da atuação, o fato de ter como pano de fundo
o domínio de um conteúdo e conhecimentos científicos, há de se
considerar os contextos desta profissão, sobretudo, à sua atuação em sala
de aula, o relacionamento com os alunos, a necessidade do entendimento
do que diz respeito a burocracia e o papel social da profissão.
Repensando a formação dos professores a partir da análise da
prática pedagógica, Pimenta (1999) identifica o aparecimento da questão
dos saberes como um dos aspectos considerados nos estudos sobre a
identidade da profissão do professor. Parte da premissa de que essa
identidade é construída a partir da
(...)significação social da profissão; da revisão constante dos
significados sociais da profissão; da revisão das tradições.
Mas também da reafirmação das práticas consagradas
culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que
resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às
necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e
as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das
teorias existentes, da construção de novas teorias. (p. 19).
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