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UMA QUESTÃO DE HONRA

O Valor do Dinheiro na Adoração


© 2004 por Luciano Subirá
5ª edição – 2015
É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste
livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos,
fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por
escrito, da editora.
Coordenação: Luciano Subirá Revisão: Marcos Taveira
Capa: Quartel Design Diagramação: Waldemar Suguihara
Todos os textos citados, salvo menção em contrário, são da
Versão Atualizada de Almeida (Sociedade Bíblica do Brasil).
Abreviações das outras versões bíblicas usadas: ARC – Almeida,
Revista e Corrigida (SBB) TB – Tradução Brasileira (SBB)
NVI – Nova Versão Internacional (SBI) Categoria: Vida Cristã –
Finanças Publicado no Brasil com todos os direitos reservados
por: Editora Orvalho
Rua Maranhão, 1039
Curitiba, PR, Brasil, CEP 80610-000
(41) 3016-6588
www.orvalho.com
RECOMENDAÇÕES
“Recomendo fortemente este livro para todo
cristão. O pastor Luciano Subirá fala com
autoridade sobre o assunto pela base sólida na
Palavra de Deus e pela prática na sua vida pessoal
de honrar a Deus com sua vida e suas finanças.
Creio, de todo meu coração, que depois da leitura
deste livro sua vida financeira e principalmente seu
relacionamento com Deus não serão mais os
mesmos.”
— Abe Huber,
pastor da Igreja da Paz de Fortaleza/CE e presidente da Associação
do MDA

“Foi meu prazer pastorear o autor deste livro na


sua adolescência e mocidade. O Luciano sempre
demonstrou o seu chamado ao ministério. Esse
livro é uma demonstração do seu caráter e
dedicação ao Senhor.”
— L. Aguiar Valvassoura,
pastor da Igreja do Nazareno Central em Campinas/SP e diretor da
Igreja do Nazareno no Brasil
“Tenho conhecido, ao longo de minha vida,
milhares de pessoas. E, para mim, existe pessoas e
pessoas. Porém o que está registrado neste livro foi
escrito por um homem raro. Sua vida, modo de ser,
estilo, me influenciou significativamente nestes
últimos anos de convivência e amizade. Quando li
o livro Uma Questão de Honra, tive a nítida
impressão que tinha encontrado a chave que abriria
a porta e me levaria ao depósito da verdadeira
riqueza e prosperidade. Com certeza este livro será
um divisor de águas em sua vida”.
— Arão Henrique Xavier,
pastor da Comunidade Cristã de Sertãozinho/SP e presidente do
Instituto Prospere

“Reconheço que esse livro traz uma revelação


gloriosa que pode abrir os olhos daqueles que ainda
não alcançaram o entendimento do que realmente
significa honrar ao Senhor com nossos bens.”
— Marcio Valadão,
pastor da Igreja Batista da Lagoinha em Belo Horizonte/MG

“O pastor Luciano Subirá é um homem que Deus


tem levantado para ensinar a Palavra de Deus de
maneira profunda e prática. Em seu livro Uma
Questão de Honra ele não fala apenas sobre
dinheiro, mas sobre motivação, semeadura,
integridade, alegria em dar, mordomia, dentre
outros assuntos. Com certeza sua visão sobre como
lidar com o dinheiro do ponto de vista de Deus será
tremendamente enriquecida. Leitura obrigatória
para quem quer aprender mais profundamente a
honrar a Deus.”
— Edson Rebustini,
pastor da Igreja Bíblica da Paz em São Paulo/SP e presidente do
Conselho de Pastores do Estado de São Paulo
DEDICATÓRIA
À Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, e
Maria Thereza Camargo Ferter, exemplos de
adoradoras e ofertantes que quero seguir por toda a
minha vida.
ÍNDICE
RECOMENDAÇÕES

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO
Capítulo 1
O PRINCÍPIO DA HONRA
Capítulo 2
A LEI DAS PRIMÍCIAS
Capítulo 3
O SACO FURADO
Capítulo 4
A QUESTÃO DO DINHEIRO
Capítulo 5
APRENDENDO O CONTENTAMENTO
Capítulo 6
INTEGRIDADE NAS FINANÇAS
Capítulo 7
DIFERENTES NÍVEIS DE CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 8
CELEBRANDO A REDENÇÃO
Capítulo 9
ENTENDENDO A MORDOMIA
Capítulo 10
ALGUMAS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 11
SEMEADURA E CEIFA
Capítulo 12
DAR E RECEBER
Capítulo 13
DISCERNINDO O CORPO DE CRISTO
AGRADECIMENTOS

A lgumas pessoas têm me ajudado de um modo


especial até agora, para que o nosso ministério
com a literatura pudesse se expandir e sobreviver às
dificuldades. Quero tornar pública a minha
gratidão a elas e honrá-las pelo seu apoio especial.
Aos meus pais, Juarez (in memoriam) e Zeni,
pelo investimento que fizeram em minha vida
desde a minha infância, pelo apoio desde o início
das minhas viagens (quando me abençoaram com o
meu primeiro carro – uma “Brasilinha” 1974), por
suas orações, e até mesmo pelas revisões dos meus
textos.
À Kelly, a minha amada esposa e incentivadora,
que mais do que ninguém me abençoou desde o
início. As palavras não são suficientes, nem os meus
sentimentos; só o Senhor poderá recompensá-la.
Mais que uma ajudadora, você é uma inspiração
para mim! Mais que uma companheira, você tem
parte nisto tudo, e o galardão celestial refletirá isto.
Aos meus filhos, Israel e Lissa, por
demonstrarem compreensão (e até intercessão)
enquanto o papai está escrevendo ou viajando.
Vocês participarão da mesma recompensa! Eu amo
vocês e sou grato a Deus, a cada novo dia, por ter
me presenteado com vocês.
Aos queridos Robert e Maria Thereza (in
memoriam), pelo apoio aos sonhos e investimentos
feitos desde o início deste ministério. Só a
eternidade poderá descortinar o quanto o seu apoio
significou para mim.
Ao irmão Jorge Nishimura, por permitir que eu
imprimisse os primeiros livros em sua gráfica com
prazos tão generosos. Você teve um papel
importantíssimo para alavancar este nosso
ministério com literatura. Obrigado pela sua
paciência comigo!
Ao amigo Marcelo Mendes, pelos anos que você
trabalhou dedicadamente ao meu lado; estes
momentos nunca serão esquecidos, parceiro!
Aos queridos Adhemar e Marlene, pelo
investimento e suporte num momento tão
importante e decisivo para mim. Sempre me
lembrarei disto!
Ao meu irmão Adriano e à minha cunhada
Daniela. Vocês foram ombro e suporte muitas
vezes. A sua ajuda está gravada em meu coração e
nos registros celestiais.
Ao meu irmão Paulo e à minha cunhada Juliana,
que abriram mão de tanta coisa para ajudarem a
edificar o sonho que Deus me deu. Ter vocês ao
meu lado é um constante lembrete da parte do
Senhor do que significa ser apoiado. E, sem vocês,
não teríamos alcançado nada do que temos hoje!
Aos amigos Ney, Sérgio, Marcelo, Cristian, e
Sandro que, juntamente com as suas esposas e
filhos, pagaram um alto preço de entrega e
serviram tão fielmente a Deus e à estrutura de
retaguarda do nosso ministério. Vocês são demais!
Aos amigos Marciano e Adriana, que nos
apoiaram e acreditaram neste sonho e, além de
investirem nele, ofereceram soluções práticas para
os novos desafios.
Aos amigos Guto e Priscila, por enxergarem
(com olhos de fé) a dimensão do que Deus nos
confiou e expressarem o seu carinho e fazerem
grandes investimentos nesta visão. Vocês terão
parte no galardão de tudo o que alcançarmos!
Ao Rebanho da Comunidade Alcance, por
entenderem e também apoiarem a necessidade de
me compartilharem com o Corpo de Cristo.
Aos muitos pastores e líderes que abriram as
portas para que servíssemos suas congregações,
ensinando estas verdades em nossos seminários de
finanças, dando-nos assim, um grande voto de
confiança.
A todos vocês, muito obrigado!
PREFÁCIO
O Deus Altíssimo declara em sua Palavra: “Eu
honro aqueles que me honram” (1 Sm 2.30). Não
há nada mais precioso sobre a face da terra do que
sermos honrados por Aquele que merece toda
honra e toda glória. Reconheço que esse livro traz
essa revelação tão tremenda e pode abrir os olhos
daqueles que ainda não alcançaram o entendimento
do que realmente significa honrar ao Senhor com
nossos bens.
Sabemos que tudo vem das mãos do Senhor e
não existe nada que possamos dar a Deus que não
tenhamos primeiramente recebido d’Ele. Essa
compreensão traz ao nosso coração uma disposição
tão grande, profunda e gloriosa de sempre
vivermos para honrar o Senhor. Às vezes parece ser
tão simples honrarmos a Deus com nossos lábios, e
até mesmo de outras maneiras, mas a Bíblia fala de
um modo especial sobre honrarmos ao Senhor com
nossos bens.
E o que é honrar? Honrar é colocar outro como
primeiro, é aquela atitude de fazer esse principal
sorrir, se alegrar e se regozijar. A Escritura Sagrada
diz que o Senhor veria o fruto do seu penoso
trabalho e se alegraria (Is 53.11). Nós alegramos ao
Senhor no nível da nossa obediência quando, com
alegria, também O honramos usando nossos bens
(que eu gosto de chamar de “bençãos materiais”)
para tocar o coração do Senhor.
Em 2 Coríntios 9.10 está escrito: “Aquele que
supre a semente ao que semeia e o pão ao que come,
também lhes suprirá e multiplicará a semente e fará
crescer os frutos da sua justiça”. Deus prometeu que
nos daria, durante a nossa caminhada aqui na terra,
duas coisas: semente e pão. Há uma diferença entre
as duas coisas; o pão é a parte do dinheiro que Deus
põe na nossa mão, é aquilo que Ele permite que seja
usado para as nossas necessidades. Mas a Bíblia fala
também de sementes, que são os dízimos e ofertas.
Se você usa a semente para comer, para a sua
necessidade pessoal, você quebra esse princípio do
plantio e da colheita e o resultado disso é que deixa
de colher. Nesse livro encontramos a combinação
equilibrada da visão de honrarmos ao Senhor com
os consequentes resultados de sermos honrados por
Ele.
O pastor Luciano Subirá tem abençoado nossa
igreja com esses ensinos (que também tem sido
publicados em nosso jornal Atos Hoje). Certamente
você também será instruído e edificado com essa
leitura!
— Pastor Marcio Valadão,
Igreja Batista da Lagoinha, Belo Horizonte/MG
INTRODUÇÃO
“Ganhe o máximo que puder, economize o máximo que puder,
porém, dê o máximo que puder.”
(John Wesley)

E ste livro trata não apenas do assunto do


dinheiro ou da contribuição ao Reino de Deus,
mas também de honra – honra ao Senhor por meio
de atitudes e princípios corretos que envolvem os
nossos bens materiais. A postura de honra é
essencial; a contribuição é mera consequência!
Para poder honrarmos ao Senhor, primeiramente
precisamos de um entendimento bíblico correto e,
depois, de uma decisão de andarmos à luz destes
princípios. Espero que este ensino o ajude tanto
num aspecto como no outro. Que a sua mente
possa entender com clareza o que a Bíblia ensina e
porque o ensina. Além disso, a minha oração é que
o seu coração seja provocado e despertado pelo
Espírito Santo, para que você avance além do mero
conhecimento teórico e adentre no terreno da
prática da Palavra, onde Deus opera de fato.
Além de falar da honra que devemos ao Senhor
em nossa contribuição, procurei também trazer
clareza sobre o modo correto do cristão agir nas
mais diversas áreas que envolvem o dinheiro, direta
ou indiretamente.
Muitos livros preciosos têm sido escritos para
ajudarem na restauração da visão da Igreja na área
financeira. E cada um deles tem o seu papel em
acrescentar algo mais ao que Deus tem nos
mostrado. A minha intenção ao compartilhar estas
verdades é somar ao que vem sendo transmitido,
sem remover o valor do que já foi ensinado.
A minha sincera oração e desejo é que este
ensino possa contribuir para a sua edificação e
abençoá-lo em seu andar em Deus.
Esta é a quinta edição do livro e houve alteração
da capa inicial e também do título do livro, que
antes era “Honrando ao Senhor Com Nossos Bens”. O
conteúdo do livro vem sendo melhorado e
aprimorado a cada nova edição. Se você tem
alguma contribuição a oferecer para melhorar o
conteúdo, ou deseja testemunhar algo que Deus fez
em sua vida mediante este livro, entre em contato
conosco!
Escreva para: contato@orvalho.com
Nos laços do Calvário,
Luciano P. Subirá
Janeiro de 2015
Capítulo 1

O PRINCÍPIO DA HONRA
“Se uma pessoa adquire a atitude correta em relação ao
dinheiro, isso ajudará a endireitar quase todas as outras
áreas de sua vida.”
(Billy Graham)

N uma certa ocasião eu ganhei um presente de


aniversário diferente dos demais – e que me
marcou! O irmão em Cristo que me presenteou era
alguém que ganhava muito pouco por mês. Ele
havia trabalhado como servente de pedreiro numa
casa que eu reformei. Ele veio a mim num culto
anterior ao meu aniversário, todo constrangido,
dizendo que eu conhecia a sua condição financeira
e sabia que ele não podia me dar o presente que ele
achava que eu merecia. Tentei tranquilizá-lo,
dizendo-lhe que eu mesmo não tinha como me
lembrar do aniversário de tanta gente e que eu não
costumava esperar isto de ninguém, mas não
adiantou. Ele me disse que estávamos em posições
diferentes, que ele havia aprendido sobre a
importância de honrar os seus líderes, e que ele
queria fazer algo especial para mim. Então, devido
à sua dificuldade financeira, ele decidiu fazer ele
mesmo o meu presente, ao invés de comprar um. E
ele me deu uma miniatura de um navio, todo feito
com palitos de sorvete e barbante!
Pensei sobre quanto tempo ele gastou para fazer
aquilo e sobre o fato de que, mesmo sem dinheiro
para comprar um presente, ele conseguiu tornar
aquele momento especial! Emocionei-me! Percebi
que eu tinha em mãos algo que valia muito mais do
que os demais presentes comprados numa loja.
Monetariamente falando, a avaliação daquele
presente não seria alta. Mas, emocionalmente
falando, valia uma fortuna, pois mais do que
expressar um hábito ou rotina em circunstâncias
semelhantes, aquele irmão expressou honra! Foi
assim que me senti: honrado.
O verbo “honrar” significa “distinguir, fazer
diferença”. E é isto o que Deus espera de nós! Muito
mais do que dízimos e ofertas, Ele espera que O
honremos!
“Honra ao Senhor com os teus bens e com as
primícias de toda a tua renda; e se encherão
fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho
os teus lagares.”
Provérbios 3.9,10
Temos aqui uma promessa de Deus... que tem o
Seu “Sim” e o Seu “Amém” (2 Co 1.20). O texto de
Provérbios fala de Deus suprindo abundantemente
o Seu povo com a Sua provisão. Isto não se aplica
somente a celeiros e lagares hoje, de forma literal,
como no caso dos judeus daquela época, mas
também devemos entender que Deus está Se
referindo a uma provisão abundante.
A vontade de Deus é suprir as necessidades
materiais dos Seus filhos. Há diversas promessas na
Bíblia que se referem a isto (Sl 23.1; Fl 4.19).
Contudo, isto não acontece de forma automática.
Esta promessa é condicional, ou seja, não se
cumpre por si só, mas depende de cada um de nós
para que possa ser concretizada. O texto bíblico
acima pode ser dividido em duas partes: o que nós
temos que fazer, e o que Deus fará depois que
fizermos a nossa parte.
Esta promessa divina é sobre provisão e
prosperidade (não entenda como “riqueza”), e
revela a vontade do Próprio Deus para Seus filhos.
Contudo, muitos crentes sinceros não a
experimentam. Acredito que isto tem ocorrido
justamente porque há uma dimensão de
entendimento por trás desta promessa que ainda
não foi alcançada pela maioria dos crentes.
Temos ouvido muito sobre as bênçãos do dar e
acredito nesta doutrina porque é bíblica. Mas, a
Palavra de Deus não nos ensina somente a darmos,
mas ensina também a forma certa de fazê-lo! Creio
que este texto nos revela mais sobre a atitude
correta que devemos ter ao darmos do que sobre a
dádiva em si.
Observe que quando afirmamos que Deus
responde as orações, estamos afirmando algo
bíblico e verdadeiro. Mas, a Escritura Sagrada não
nos ensina apenas que devemos orar, mas revela
também que há uma forma correta de se fazer isto.
Percebemos este princípio na Epístola de Tiago,
onde lemos: “Pedis e não recebeis, porque pedis
mal”(Tg 4.3). Logo, precisamos aprender a pedir,
mas também precisamos aprender a forma certa de
fazê-lo!
Acredito que o mesmo se dá com o ato de
ofertarmos ao Senhor. Foi por isso que Paulo deu a
seguinte instrução aos irmãos de Corinto:
“Faça cada um conforme resolveu em seu coração,
não com tristeza, nem por necessidade; porque Deus
ama ao que dá alegremente.”
2 Coríntios 9.7 (TB)
As Escrituras Sagradas também nos mostram
pessoas como Caim, que ofertou ao Senhor, sem,
contudo, ser aceito, uma vez que havia algo errado
em sua atitude.

O QUE CONTA É A HONRA


O conselho que Deus nos dá por meio de
Salomão é o de honrarmos ao Senhor com os
nossos bens. O que está em questão aqui é a
manifestação da honra, e não os bens em si. O uso
dos bens é só um meio de expressarmos esta honra.
Deus não está interessado em nossas ofertas, e
sim na atitude que nos leva a entregarmos a Ele as
nossas ofertas. Um dos maiores exemplos disto está
no que Deus pediu a Abraão: o sacrifício de Isaque
(Gn 22.1-10). Na hora de imolar o filho, o patriarca
foi impedido de fazê-lo, e o Senhor deixou claro
que Ele só queria a expressão da honra, e não privá-
lo de seu filho. Ao pedir justamente o que Abraão
mais amava, o Senhor estava lhe dando uma
oportunidade de honrá-Lo tremendamente.
Vemos o mesmo princípio revelado de forma
inversa, quando Ananias e Safira trouxeram uma
oferta de alto valor, mas com a motivação errada e
recheada de mentira.
O que aconteceu?
Deus Se agradou?
De forma alguma!
Lemos em Atos 5.1-11 que o Senhor os julgou
pelo que fizeram. O Pai Celestial não queria o
dinheiro deles, e sim uma atitude de honra.
“Honrar” significa “distinguir, fazer diferença”.
Portanto, Deus deseja ser distinguido de todas as
demais coisas em nossas vidas, mesmo as que
temos como mais preciosas.
Mas por que Deus anseia ser honrado?
Sabemos que Ele é infinitamente perfeito. Logo,
ele não tem nenhum problema de rejeição ou auto-
aceitação. Então, por que Ele busca tanto ser
honrado?
Deus o faz pelo simples fato de que Ele deseja
que nós sejamos abençoados! O Reino de Deus
funciona por princípios. E um dos princípios que o
Senhor estabeleceu é o seguinte:
“Honrarei aqueles que me honram, mas aqueles
que me desprezam serão tratados com desprezo.”
1 Samuel 2.30b (NVI)
Deus não está atrás de nossas ofertas, e sim da
honra que deve ser expressa por meio delas.
Quando a oferta não demonstra a honra que Ele
espera, então ela passa a estar numa condição de
não mais ser aceita pelo Senhor:
“O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu
sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor,
onde está o respeito para comigo? – diz o Senhor dos
Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o
meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu
nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e
ainda perguntais: Em que te havemos profanado?
Nisto que pensais: A mesa do Senhor é desprezível.
Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não
é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo,
não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador;
acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? – diz o
Senhor dos Exércitos. Agora, pois, suplicai o favor de
Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais
ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? –
diz o Senhor dos Exércitos. Tomara houvesse entre
vós quem feche as portas, para que não acendêsseis,
debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em
vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da
vossa mão a oferta.”
Malaquias 1.6-10
Ao instituir as ofertas, Deus esperava ser honrado
por meio delas. Ele jamais buscou a oferta em si.
Por intermédio do profeta Malaquias, o Senhor está
nos dizendo que Ele preferia o Templo fechado a
receber uma oferta que não expressasse honra. Nos
dois níveis de relacionamento com Deus em que
nos enquadramos (o de filho e o de servo), espera-
se que haja honra. A honra não se atém à oferta em
si, mas ao anseio de se expressar amor e valor ao
Senhor.
Encontramos o melhor exemplo deste princípio
nas páginas do Novo Testamento:
“Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa
de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um
vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de
grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe
sobre a cabeça o bálsamo. Mas alguns houve que em si
mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez
este desperdício do bálsamo? Pois podia ser vendido
por mais de trezentos denários que se dariam aos
pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse:
Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa
ação para comigo. Porquanto os pobres sempre os
tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes
bem; a mim, porém, nem sempre me tendes. Ela fez o
que pôde; antecipou-se a ungir meu corpo para a
sepultura. Em verdade vos digo que, em todo o
mundo, onde quer que for pregado o evangelho,
também o que ela fez será contado para memória
sua.”
Marcos 14.3-9
Observe o que esta mulher fez. Certamente ela
honrou ao Senhor com a sua atitude e permitiu
que, por meio do seu ato, o Senhor também
pudesse honrá-la. Estamos estudando acerca desta
mulher por causa de um mandamento de Jesus de
sempre contarmos o que ela fez. E isto não foi
ordenado por Ele só para que tivéssemos o que
aprender, mas para que esta mulher jamais fosse
esquecida por aquilo que fez.
Se a honra que o Senhor nos concede está ligada
à honra que a Ele concedemos, então podemos
dizer que esta mulher, Maria de Betânia, conseguiu
ir fundo em sua atitude. Em geral, este texto é
usado para ilustrarmos a adoração – e eu concordo
com isso – mas, o que a maioria dos crentes não
percebe é que o seu contexto envolve valores
materiais, e não uma expressão musical. Este é um
tipo de adoração silenciosa, mas que certamente
satisfaz plenamente o coração de Deus!
O que podemos aprender com esta mulher e com
as pessoas que estavam naquele banquete?
A primeira coisa que Deus falou ao meu coração,
com relação a este texto, é que normalmente
vinculamos as nossas ofertas a uma necessidade
específica. Como pastor, percebo muito bem isto.
Sempre que desafiamos as pessoas a ofertarem com
vistas a um propósito específico, elas correspondem
mais. E quero declarar que temos errado nesta
matéria. Vemos exemplos bíblicos de ofertas que
foram levantadas visando-se suprir uma
necessidade, como foi no caso do Tabernáculo de
Moisés, por exemplo. Isso em si não é errado, mas
há uma mentalidade errada que entrou juntamente
com a prática deste princípio: a de que sempre
temos que achar um destino de utilidade
justificável para a oferta!
Quando aquela mulher quebrou o vaso e
derramou o perfume, ela estava praticando um
desperdício. Não havia razão – diante do raciocínio
humano – para se fazer aquilo. E estamos falando
de uma oferta altíssima, especialmente se
considerarmos a escassez que se vê naquele lar
(quando Marta reclama que sua irmã Maria não a
estava ajudando é porque elas não tinham servas
para fazer aquele trabalho).
Trezentos denários era muito dinheiro. Um
denário era a paga de um dia de trabalho. Os judeus
trabalhavam seis dias por semana. Portanto, num
mês de 30 dias, ganhavam cerca de vinte e seis
denários (descontando-se os quatro sábados de
descanso). O perfume “desperdiçado” poderia ser
vendido (de segunda mão) por trezentos denários,
mas talvez ele tenha custado até mais do que isso
para a mulher. Isto dava mais de um ano de salário
de um trabalhador normal!
Note que ninguém se importou com a oferta em
si, mas com o fato de ela não poder ser utilizada da
maneira esperada pelas pessoas. Da mesma forma,
acredito que temos perdido a essência da oferta,
que é darmos honra ao Senhor. Só pensamos na
maneira em que o dinheiro pode ser aproveitado.
Se a oferta for para melhorias no templo, todo
mundo dá, pois isto redundará em mais conforto
para quem está dando. Mas, quando se trata de
ofertarmos para quem está no campo missionário,
nem sempre nos sentimos tão dispostos!
Não temos nos preocupado de verdade em
agradarmos ao Senhor. Muitas mensagens sobre
contribuição quase parecem sugerir que “dizimar” e
“investir num título de capitalização” sejam a mesma
coisa. Não nego que Deus fez promessas que Ele
nos abençoaria. Malaquias 3.10-12 é muito claro
sobre isto. Mas o que faz com que Deus nos
abençoe?
Não é apenas o dar em si, mas é também a
atitude de honra que demonstramos ao darmos.
Creio no princípio de dar e receber, e dedicamos
um capítulo inteiro deste livro para ensinarmos
sobre isto, mas tudo deve ser entendido sob a ótica
da honra ao Senhor.
Há crentes que dizimam com fidelidade, mas
faltam com a honra quando sonegam os impostos,
pisam nas pessoas com quem negociam para
ganhar dinheiro e exploram os necessitados. E
ainda acham que, pelo fato de dizimarem, Deus os
recompensará. O dízimo traz bênçãos enquanto
está sendo uma expressão de honra ao Senhor. Mas,
quando o isolamos do princípio da honra, estamos
literalmente anulando a promessa do Senhor. E, o
que fazemos de errado em outros aspectos da nossa
vida material e financeira acaba nos roubando, ao
invés de fazer com que recebamos uma bênção
divina!
Honrar ao Senhor com os nossos bens diz
respeito a muito mais do que apenas dizimar e
ofertar. Os dízimos e ofertas são apenas uma parte
disto (se forem entregues da forma correta!). Tenho
visto pessoas dando o dízimo sem provarem as
bênçãos que advêm deste gesto. A bênção não está
ligada somente ao dízimo, à oferta, ou ao ato de
dar. Ela tem tudo a ver com a maneira com que
fazemos isto. E, por falar em oferta, é preciso
entender como Deus recebe honra quando
praticamos este nível de contribuição.

COMO DEUS VÊ AS NOSSAS OFERTAS?


O Senhor vê as nossas ofertas de modo diferente
do que costumamos ver. Observe:
“E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas,
observava como a multidão lançava dinheiro no cofre;
e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma
pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um
quadrante. E chamando ele os seus discípulos,
disselhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva
deu mais do que todos os que deitavam ofertas no
cofre; porque todos deram daquilo que lhes sobrava;
mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para
seu sustento.”
Marcos 12.41-44
Assim como no dízimo Deus estabeleceu uma
proporção dos rendimentos a ser devolvida a Ele,
levando-nos a darmos de acordo com o que
ganhamos, assim também, no que diz respeito às
ofertas, Ele considera as posses (ou o ganho) de
cada um.
Este texto bíblico nos revela que uma viúva pobre
deu mais do que os ricos que lançavam muito
dinheiro. Para eles, aquelas grandes quantias eram
trocado apenas, mas, para a viúva, significava tudo
o que ela possuía para continuar a viver.
Quem honrou mais a Deus com sua oferta?
Certamente foi a viúva, que deu tudo, e não os
ricos. Ela demonstrou um amor genuíno. Os outros
só cumpriram a sua obrigação! Infelizmente,
porém, temos a mania de acharmos que a oferta só
é realmente válida se fizer uma boa diferença no
caixa da igreja.
Semelhantemente à mulher que quebrou o vaso
de alabastro, esta viúva também não fez diferença
para o caixa da igreja (figurada no Templo). No
entanto, ela demonstrou honra, e é isto que
importa!
Recebi certa vez uma oferta, que veio num
momento de grande necessidade, no início do
nosso ministério. Eu havia dito à minha esposa, na
noite anterior, que se eu não visse a provisão de
Deus, trazendo uma certa quantia em dinheiro para
que pudéssemos prosseguir com os nossos projetos,
eu pararia tudo. Na manhã seguinte, um irmão da
igreja me ligou, pedindo para eu passar em seu
escritório. Fui lá esperando qualquer outra coisa,
menos o que recebi: a maior oferta que, até então,
alguém já havia dado ao nosso ministério. Agradeci
a ele e a sua família pela generosidade e comentei
que nunca alguém havia contribuído com tanto ao
nosso ministério. Mas, quando Deus começou a
falar comigo sobre “honra”, Ele me mostrou que a
minha afirmação estava errada. Ele me fez calcular
a proporção do que aquela família me dera em
relação a seus ganhos, em contraste com as ofertas
que as pessoas que vivem com apenas um salário
mínimo haviam me dado diversas outras vezes. Por
este prisma, não havia dúvida: outros haviam dado
mais!
Não estou subestimando a preciosa oferta que
recebi naquela ocasião. Até hoje ela é um marco
para a minha fé. Ela se tornou um lembrete de que
nunca devo pensar em desistir do projeto que Deus
me confiou, e carrego uma grande gratidão em meu
coração pelo que aqueles irmãos fizeram pelo nosso
ministério. Mas, assim como Jesus disse que aquela
viúva pobre havia dado mais que os ricos (que
deram grandes quantias), também há pessoas hoje
que, embora contabilmente falando tenham dado
menos, aos olhos de Deus deram bem mais!

HONRA COM BENS QUE NÃO CHEGAM AO


REINO
A Bíblia fala de outras formas de se ofertar
(abençoando pessoas) e que não produzem
diferença no caixa e na contabilidade da igreja, mas
que são vistas pelo Senhor como uma forma de
honrá-Lo:
“Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre,
e ele lhe pagará o seu benefício.”
Provérbios 19.17 (ARC)
Há ocasiões em que seremos levados a agir com
misericórdia e dar esmolas aos necessitados (o
conceito da palavra “esmola” em nossa cultura
reflete uma “ninharia”, mas o conceito bíblico não é
este). Este dinheiro doado não entrará no caixa ou
na contabilidade da igreja, mas Deus o recebe como
se houvesse sido dado a Ele e recompensa os que se
preocupam com quem é importante para Ele.
No chamado Sermão da Montanha, Jesus nos
ensinou que devemos ter uma atitude de não
brigarmos por causa dos bens materiais. Há
momentos em que a melhor atitude é abrirmos
mão do que temos:
“E ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica,
larga-lhe também a capa.”
Mateus 5.40
Deus me ensinou isto, de forma muito prática,
numa situação em que eu não gostaria de ter que
praticar isto. Um carro que eu tive teve um
problema no motor, e procurei uma oficina
mecânica que, além de retificar o motor do carro,
me desse também uma garantia do seu bom
funcionamento depois. Acabei até pagando mais
caro do que pagaria em outras oficinas, por ter
usado o critério da garantia. E com suados dois mil
reais, deixei o motor “novinho”.
Três meses depois, o motor do carro fundiu na
estrada e me deixou na mão. Como o guincho era
muito caro, liguei para a oficina mecânica para
saber se eles poderiam vir buscar o meu carro
numa carretinha de transportes que eles mesmos
possuíam. Para meu espanto, o dono da oficina
queria cobrar mais do que o serviço do guincho!
Falei para ele que eu estava naquela situação por
um problema no serviço por ele prestado, e que, ao
invés de querer consertar o seu erro, ele ainda
estava tentando se aproveitar de mim. O homem
retrucou do outro lado do telefone (separado por
cerca de quinhentos quilômetros) que ele não me
daria garantia alguma, que eu não tinha provas
contra ele, e bateu o telefone na minha cara.
Um pouco nervoso, liguei para um irmão que é
advogado e falei a respeito da situação. Ele me
garantiu que eu tinha provas suficientes, o que
incluía testemunhas, para cobrá-lo na justiça. Falei
também com um outro irmão que trabalha no
PROCON numa outra cidade. Ele me pediu
detalhes, e afirmou que eu tinha a causa ganha.
Entrei em contato também com um outro irmão
que é fiscal da Receita Federal. Disse-lhe que o
homem havia me negado a nota fiscal, mas que eu
havia guardado uma cópia da ordem de serviço, e
que eu tinha testemunhas do serviço prestado. Ele
me garantiu que, se eu fizesse uma denúncia, eles
iriam com tudo para cima do homem com um
processo de sonegação fiscal.
Eu tinha tudo para me defender do que eu
considerava uma grande injustiça, mas, ao orar
sobre o assunto, Deus me pediu para deixar aquilo
por isso mesmo. Ele me disse que haveria
diferentes versões da história, que não somente eu,
mas também outros pastores seriam difamados
durante o processo, e que Ele não queria que eu
agisse assim. Estou falando de dois mil reais
perdidos. Para mim isto não é uma quantia para se
ficar jogando fora! Foi muito difícil aceitar esta
ordem que o Senhor me deu. Falei para Ele que se
fosse para ofertar o dinheiro na igreja, usá-lo com a
minha família, ou até mesmo repartí-lo com os
necessitados, eu o faria com alegria. Mas fazer isto
por causa de um “incircunciso filisteu” me parecia
tão injusto!
No entanto, obedeci ao Senhor e coloquei a
questão no altar como se fosse uma oferta a Ele. Foi
então que Ele me falou fortemente ao coração que,
uma vez que eu havia me disposto a honrá-Lo, Ele
recebia aquele dinheiro como se eu estivesse dando
a Ele! E não estou dizendo que seja errado
acionarmos uma causa na justiça numa outra
situação semelhante na vida de outros. Aquilo era
algo pessoal entre mim e Deus. Paulo ensinou este
princípio aos coríntios:
“Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes
a esta vida, constituís como juízes deles os que são de
menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo.
Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa
julgar entre seus irmãos? Mas vai um irmão a juízo
contra outro irmão, e isto perante incrédulos? Na
verdade já é uma completa derrota para vós o terdes
demandas uns contra os outros. Por que não sofreis
antes a injustiça? Por que não sofreis antes a fraude?”
1 Coríntios 6.4-6
Quando deixamos de lado uma causa que é um
direito nosso, simplesmente para evitarmos um
escândalo ou um mau testemunho, e o fazemos de
coração, para que o Senhor seja honrado, mesmo
que o dinheiro não vá para o caixa do Reino de
Deus, o Senhor o recebe como se tivesse sido
ofertado a Ele. Isto também é honrar ao Senhor
com os nossos bens!
A Bíblia também nos fala de Jó, de quem o Diabo
roubou todos os bens (Jó 1.12), mas que manteve
uma atitude correta diante das perdas. A sua
mulher lhe disse para amaldiçoar o seu Deus e
morrer, mas ele demonstrou crer que o seu
Redentor haveria de mudar a sua condição. E, por
fim, não vemos o Diabo devolvendo o que havia
roubado, e sim Deus dando-lhe em dobro tudo o
que possuía! (Jó 42.10).
Acredito que, se mantivermos uma atitude
correta diante das perdas e se agirmos
corretamente, mesmo sem ofertarmos, só por
agirmos corretamente, Deus receberá isto como
honra, a ponto de restituir as perdas causadas.
Também já passei por isto num acidente de carro
que me trouxe uma profunda crise interior (falo
mais sobre isto em meu livro “O Agir Invisível de
Deus”). Mas, assim que passei a ter a atitude correta
diante da perda – o que incluía não culpar a Deus,
mas glorificá-Lo – pude ver a restituição do Senhor
chegando em minha vida.
Precisamos aprender a honrar ao Senhor com os
nossos bens e atitudes com relação a eles, porque
isto é algo que, além de agradar a Deus, nos leva a
usufruirmos das Suas abundantes bênçãos!
Capítulo 2

A LEI DAS PRIMÍCIAS


“Poucas coisas testam mais profundamente aespiritualidade
de uma pessoa do quea maneira como ela usa o dinheiro.”
(John Blanchard)

D esde que comecei a publicar os meus livros,


sempre repito o mesmo “ritual”. Pego o
primeiro exemplar de cada novo livro impresso que
me chega às mãos e faço nele uma dedicatória à
minha esposa.
A Kelly sabe que o primeiro exemplar de cada
novo livro ou reimpressão sempre pertence a ela.
Para a leitura do livro ou para se guardar de
recordação, não faz a menor diferença se ela pega o
primeiro ou o último exemplar. Então por que
sempre separo o primeiro livro para ela?
Porque, através deste ato, quero demonstrar que
a minha esposa é a pessoa mais importante para
mim e que eu quero sempre distinguí-la das demais
pessoas. A importância de se separar para ela o
primeiro exemplar de cada livro é pelo fato de eu
cultivar dentro de mim um valor, e não porque o
primeiro exemplar seja diferente dos demais no
aspecto prático.
Penso que seja este o princípio que Deus aplica
na Lei das Primícias. Ao ordenar que o Seu povo
Lhe entregasse os primeiros frutos, Deus queria ser
distinguido no coração de Seus filhos. A entrega das
primícias é uma forma de se dar honra ao Senhor.
Observe a ênfase bíblica:
“Honra ao Senhor com os teus bens e com as
primícias de toda a tua renda; e se encherão
fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho
os teus lagares.”
Provérbios 3.9,10
Ao mencionar a necessidade de darmos honra ao
Senhor em nossas finanças, a Palavra do Senhor fala
sobre os nossos bens e também sobre as primícias
da nossa renda. Não se trata apenas de honrá-Lo
com os nossos bens, nem tampouco de honrá-Lo
apenas com a nossa renda, e sim com as primícias
desta renda.
A definição que o Dicionário Aurélio dá acerca
de primícias é: “Primeiros frutos; primeiras
produções; primeiros efeitos; primeiros lucros;
primeiros sentimentos; primeiros gozos; começos,
prelúdios”. A definição bíblica não é diferente. Por
trás de toda uma doutrina fundamentada em
ensinos explícitos e figuras implícitas, as Escrituras
nos mostram a importância que Deus dá ao nosso
ato de entregarmos a Ele as nossas primícias, cuja
definição é: “a primeira parte de algo”.
Deus não instituiu as ofertas pelo fato de precisar
delas, mas para provar o nosso coração numa das
áreas em que demonstramos um grande apego.
Com a Lei das Primícias não é diferente. Deus não
precisa dos primeiros frutos. Nós é que precisamos
d’Ele em primeiro lugar em nossas vidas, e este é
um excelente exercício para mantermos o nosso
coração consciente disto.
Lemos em Êxodo 13.13 que, se o primogênito
(considerado o primeiro fruto do ventre) da
jumenta não fosse resgatado, o seu pescoço deveria
ser quebrado. A importância da Lei das Primícias
não estava no que seria feito com a oferta, mas no
princípio de ela não ser utilizada em benefício
próprio.
Entregar ao Senhor as primícias da nossa renda é
dar-Lhe honra. É distingui-Lo. É demonstrar o
lugar especial que Ele ocupa em nossas vidas. Deus
quer ser o Primeiro em nossas vidas. A rebelião de
Satanás foi a tentativa de usurpação desta posição
divina. E ainda hoje ele tenta tomar o trono de
Deus em nossos corações. Mas devemos manter o
Senhor em Seu devido lugar.
A Bíblia está repleta de histórias de pessoas que
mantiveram Deus em primeiro lugar em suas vidas
a despeito do preço a ser pago. Abraão se dispôs a
sacrificar o seu próprio filho, mas não se atreveu a
deixar de dar a Deus o primeiro lugar. José foi para
a cadeia para não pecar contra Deus numa relação
adúltera. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram
lançados numa fornalha por recusarem-se a dar a
uma estátua o lugar que pertence só a Deus. Daniel
foi lançado numa cova de leões pela decisão de
manter a Deus em primeiro lugar. Os apóstolos
foram presos e açoitados porque importava antes
obedecer a Deus do que aos homens. Estes são
exemplos positivos que nos inspiram a seguirmos
as mesmas pegadas dos que agiram do modo
correto, mas também há os exemplos negativos de
pessoas que não fizeram de Deus o Primeiro em
suas vidas, e tornaram-se um exemplo a não ser
seguido.
Além destas figuras e exemplos, temos também o
ensino explícito de Jesus, que não deixa dúvidas
sobre a importância do assunto:
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua
justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”
Mateus 6.33
A Concordância de Strong mostra que a palavra
grega traduzida como “primeiro” neste versículo é
“proton” que significa: “Primeiro em tempo ou lugar,
em qualquer sucessão de coisas ou pessoas. Primeiro
em posição, influência, honra; chefe, principal”.
Quando fui batizado no Espírito Santo, a minha
vida mudou da água para o vinho. Cresci num lar
cristão e tive o meu encontro com Cristo muito
cedo. Mas foi somente aos quinze anos de idade
que eu conheci a pessoa do Espírito Santo, e a
minha vida em Deus aparentemente começou a
desenvolver-se de fato.
No fim de semana em que eu tive esta
experiência e disse a Deus que agora eu O queria
em primeiro lugar em minha vida, Ele me pediu
que eu fizesse a minha primeira renúncia: que eu
me desfizesse do que eu mais amava, a minha bike!
Nessa época eu passava a maior parte do meu
tempo livre treinando manobras de “freestyle” nesta
bicicleta e não havia nada que eu amasse tanto
quanto aquela bike especialmente montada. As
condições financeiras da nossa família não
permitiam que eu tivesse uma bicicleta. A única
bicicleta que eu e os meus irmãos tivemos antes
disto foi a que ganhamos de nossa tia Domingas, a
qual, por sua vez, a ganhou numa espécie de
concurso. No entanto, juntei o meu próprio
dinheiro, fazendo os meus “bicos” aqui e acolá, e
consegui montar uma das melhores bicicletas do
gênero em meu bairro! Quando o Senhor me pediu
para entregá-la, foi como entregar um Isaque no
altar, mas eu o fiz! Esta foi a forma (que o meu
coração entendeu naquela época) de colocar Deus
em primeiro lugar em minha vida.
Quando damos a Deus o primeiro lugar, não nos
frustramos. Pelo contrário, há um sentimento de
realização em nosso interior que testifica que de
fato fomos criados justamente para isto. Sem Deus
em primeiro lugar, há um desequilíbrio em nossas
vidas. Perdemos o propósito da nossa existência.

PRIMÍCIAS NO NOVO TESTAMENTO


Alguns crentes têm dificuldades com qualquer
menção de princípios ligados ao Antigo
Testamento, e, antes de aceitarem qualquer
doutrina, já começam indagando:
“Qual é a base disto no Novo Testamento?”
Pois bem! Na Igreja Neo-Testamentária não se
guardava mais a Lei de Moisés com o peso das
ordenanças que ela tinha no Antigo Testamento. O
Concílio de Jerusalém deixou claro que não havia
encargo algum a ser imposto aos gentios, além
daquelas quatro áreas mencionadas: abstinência da
carne sufocada, do sangue, do sacrifício aos ídolos,
e da prostituição.
Isto não quer dizer que, depois do Concílio, a
Igreja Gentílica não precisasse de mais nenhuma
instrução ou doutrina. Caso contrário, o Novo
Testamento não teria sido escrito. Aquilo limitava,
naquele momento, a herança mosaica a ser passada
aos gentios. Contudo, posteriormente, ao
ensinarem os princípios divinos à Igreja Neo-
Testamentária, os apóstolos ainda apresentavam
figuras poderosas para fortalecerem doutrinas da
Nova Aliança prefiguradas no que se fazia
anteriormente nos dias do Antigo Testamento. Isto
não significava que eles estavam tentando
retroceder, e sim que queriam esclarecer as figuras
que Deus havia projetado por intermédio dos
princípios praticados na Antiga Aliança.
“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens
vindouros, não a imagem real das coisas, nunca
jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os
mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente,
eles oferecem.”
Hebreus 10.1(TB)
A sombra é diferente do objeto real que a projeta.
Assim também, o que se via nas ordenanças da
Antiga Aliança eram características similares às dos
princípios que Deus revelaria nos dias da Nova
Aliança. As observâncias materiais eram figuras das
práticas espirituais.
O cordeiro sacrificado na Lei Mosaica foi
apontado como uma figura (ou sombra) de Jesus,
que veio para morrer em nosso lugar (Jo 1.29). A
oferta de incenso do Tabernáculo passou a ser
reconhecida como uma figura da oração dos santos
(Ap 5.8). A Ceia da Páscoa deixou de ser praticada,
e esta festa passou a ser uma aplicação espiritual
dos princípios que ela figurava (1 Co 5.7,8). Assim
também, outros detalhes da Lei que envolviam
comida, bebida, e dias de festa, começaram a ser
vistos, não como ordenanças materiais pelas quais
quem não as praticasse poderia ser julgado, mas
como uma revelação de princípios espirituais,
cabíveis na Nova Aliança:
“Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem
pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de
lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras
das vindouras, mas o corpo é de Cristo.”
Colossenses 2.16,17
Foi com esta mentalidade (de se aplicar as
sombras e figuras), e não tentando retroceder a
uma prática material da Lei Mosaica, que o
apóstolo Paulo nos revelou a aplicação espiritual da
Lei das Primícias no Novo Testamento:
“Mas se as primícias são santas, também a massa o
é; e se a raiz é santa, também os ramos o são.”
Romanos 11.16 (TB)
Os israelitas receberam do próprio Deus a ordem
de consagrarem a Ele os primeiros frutos do ventre
de suas mulheres, do ventre de seus animais, e
também dos frutos da terra. Na hora da colheita, o
primeiro feixe pertencia a Deus e deveria ser
apresentado pelo sacerdote perante o Senhor, numa
oferta de movimento. Destes primeiros frutos,
também era feita uma oferta de cereais.
Portanto, Paulo estava ensinando que, ao
santificar a primeira parte (a mais importante),
você santifica também o restante, que vem depois
dela. Quando alguém santificava as primícias
(primeiros frutos), santificava também tudo o que
depois seria feito com a colheita, incluindo a massa
da oferta de cereais e dos pães que eles comeriam
depois.
Uma outra ilustração também é apresentada para
fortalecer o entendimento deste princípio: se a raiz
(que é a parte mais importante, que surgiu
primeiramente na formação da planta) for
santificada, então os ramos e tudo o que surgir dela
também serão santificados. Este era o
entendimento que os judeus receberam da Lei de
Moisés. Se santificassem ao Senhor as primícias de
sua renda, estariam santificando o restante da renda
que ficava em suas mãos. Por isso Deus poderia
fazer com que se enchessem fartamente os seus
celeiros e transbordassem de vinho os seus lagares!
Isto não apenas explica o que são as primícias,
mas também nos mostra o poder que elas têm de
santificar o restante daquilo de onde foram tiradas.

AS PRIMÍCIAS NO ANTIGO TESTAMENTO


Deus ordenou ao povo de Israel, de forma clara e
explícita, a entrega das primícias (primeiros frutos)
por meio de Moisés:
“As primícias dos primeiros frutos da tua terra
trarás à Casa do Senhor, teu Deus; não cozerás o
cabrito no leite de sua mãe.”
Êxodo 34.26
A Tradução Brasileira (SBB), ao invés de traduzir
“primícias dos primeiros frutos” neste versículo,
optou por “as primeiras das primícias da tua terra”,
pois duas palavras foram usadas juntamente, com a
ideia de “primícias” e “primeiros frutos”.
De acordo com a Concordância de Strong, a
primeira palavra usada no original hebraico é
“re’shiyth”, que significa “primeiro, começo, melhor,
principal; princípio; parte principal; parte
selecionada”.
A segunda palavra usada no original hebraico é
“bikkuwr”, que significa “primeiros frutos, as
primícias da colheita e das frutas maduras que eram
colhidas e oferecidas a Deus de acordo com o ritual do
Pentecostes; o pão feito dos grãos novos de trigo
oferecidos no Pentecostes; o dia das primícias
(Pentecostes)”.
Vemos, portanto, que as primícias eram uma
ordenança da Lei de Moisés. Porém, mesmo antes
da instituição desta Lei, já percebemos o Senhor
Deus trabalhando nos homens a compreensão da
importância da entrega da oferta de primícias;
vejamos a seguir alguns exemplos.

AS OFERTAS DE CAIM E ABEL


O diferencial encontrado nas ofertas de Caim e
Abel está diretamente ligado à entrega das
primícias. Muitas pessoas acreditam que o erro de
Caim foi trazer uma oferta dos frutos da terra, ao
invés de ofertar um cordeiro (uma tipologia do
sacrifício de Cristo), mas eu não penso que este seja
o verdadeiro problema.
A Lei das Primícias fazia com que cada um
trouxesse os primeiros frutos do seu trabalho, e a
Bíblia nos revela qual era o trabalho de cada um
deles: Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador
(Gn 4.2). Logo, as primícias de Caim teriam que ser
do fruto da terra!
A Bíblia diz que Deus atentou na oferta de Abel,
a oferta correta. E a primeira menção das primícias
nas Escrituras é encontrada justamente nesta oferta:
“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim
do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua
vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura
deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao
passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.”
Gênesis 4.3-5a
Por outro lado, note quando foi que Caim trouxe
a sua oferta ao Senhor: “no fim de uns tempos”.
Independentemente do que sejam estes tempos a
que a Bíblia se refere (tempo de colheita, de ofertas,
etc.), o fato é que Caim não honrou a Deus com os
seus primeiros frutos. A entrega das primícias é
uma forma de se reconhecer a Deus em primeiro
lugar. Por outro lado, deixá-Lo para o fim significa
não dar a Ele o primeiro lugar. E o Senhor não
aceitou isto de Caim, assim como Ele não aceita
isto de nós hoje.
Se Caim não soubesse a forma correta de se
oferecer algo ao Senhor, ele não poderia ser
culpado, mas ele sabia a forma correta de se ofertar.
Vemos isto na conversa que Deus teve com ele,
depois de rejeitar a sua oferta:
“Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o
semblante. Então, lhe disse o Senhor: Por que andas
irado, e por que descaiu o teu semblante? Se
procederes bem, não é certo que serás aceito? Se,
todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta;
o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-
lo.”
Gênesis 4.5b-7
O Senhor falou que Caim sabia que, se ele
procedesse bem, seria aceito, e que se ele
procedesse mal, o pecado estaria à sua porta. Abel
procedeu bem, ao fazer de Deus o Primeiro e ao
trazer as suas primícias, enquanto que Caim
procedeu mal, ao deixar Deus por último, para o
fim. Mas isto não foi algo que cada um deles
houvesse feito acidentalmente, e sim por
conhecerem o que Deus esperava deles.

SEMENTE DE BÊNÇÃOS
Na verdade, a entrega das primícias é uma
semente que dá acesso às bênçãos de Deus. O
Senhor fez uma promessa a Abraão e à sua
descendência. Mas, como Paulo escreveu aos
romanos, a forma de santificarmos o restante de
alguma coisa é santificando ao Senhor as suas
primícias. Portanto, Deus, que Se move por Seus
princípios, pediu a Abraão as primícias de sua
descendência: Isaque. Depois, Ele passou a
defender toda a descendência de Abraão como se
todos fossem aquele primogênito entregue. Veja a
mensagem que Deus deu para Moisés entregar ao
Faraó egípcio:
“Dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu
filho, meu primogênito. Digo-te, pois: deixa ir meu
filho, para que me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir,
eis que eu matarei teu filho, teu primogênito.”
Êxodo 4.22,23
Deus mandou Moisés dizer que Israel era Seu
primogênito (fruto da consagração das primícias de
Abraão), e que, se Faraó não o libertasse, então os
primogênitos do Egito é que sofreriam. E foi o que
aconteceu. Mas, num registro posterior, no Livro de
Salmos, observe como é descrito o juízo divino
sobre os primogênitos egípcios:
“Feriu todos os primogênitos no Egito, primícias da
força deles nas tendas de Cão.”
Salmos 78.51 (TB)
“Também feriu de morte a todos os primogênitos
da sua terra, as primícias do seu vigor.”
Salmos 105.36
Em ambos os casos eles são chamados de “as
primícias” dos egípcios. Isto faz com que
entendamos a mensagem de Moisés a Faraó em
Êxodo 4.22,23 da seguinte maneira: “Assim diz o
Senhor: Israel é o Meu primogênito, as primícias
consagradas de Meu servo Abraão. Liberta-o para que
Me sirva, senão Eu julgarei os teus primogênitos,
primícias da tua força”.
A prática da Lei das Primícias (ou a falta dela)
sempre traz consequências espirituais. Honrar ao
Senhor com a entrega das primícias traz bênçãos,
mas brincar com Deus no tocante a isto gera juízo!

A COMPRA DOS PRIMOGÊNITOS DOS


ISRAELITAS
Deus ordenou aos israelitas a consagração de
todos os primogênitos:
“E disse o Senhor a Moisés: Consagre a mim todos
os primogênitos. O primeiro filho israelita me
pertence, não somente entre os homens, mas também
entre os animais.”
Êxodo 13.1,2 (NVI)
E Ele explicou a razão disto:
“Depois que o Senhor os fizer entrar na terra dos
cananeus e entregá-la a vocês, como jurou a vocês e
aos seus antepassados, separem para o Senhor o
primeiro nascido de todo ventre. Todos os primeiros
machos dos seus rebanhos pertencem ao Senhor.
Resgatem com um cordeiro toda primeira cria dos
jumentos, mas se não quiserem resgatá-la, quebrem-
lhe o pescoço. Resgatem também todo primogênito
entre os seus filhos. No futuro, quando os seus filhos
lhes perguntarem: Que significa isto?, digam-lhes:
Com mão poderosa o Senhor nos tirou do Egito, da
terra da escravidão. Quando o faraó resistiu e recusou
deixar-nos sair, o Senhor matou todos os
primogênitos do Egito, tanto os de homens como os de
animais. Por isso sacrificamos ao Senhor os primeiros
machos de todo ventre e resgatamos os nossos
primogênitos.”
Êxodo 13.11-15 (NVI)
Além de ensinar-lhes um princípio, o Senhor
também estava Se movendo de acordo com um
direito legal. Na verdade, quando Deus protegeu e
guardou os primogênitos dos filhos de Israel, Ele os
comprou. Usando a linguagem bíblica, podemos
dizer que o Senhor os resgatou e Se fez Dono deles.
Daí em diante, todo primogênito era d’Ele, e a
consagração ao Senhor era o meio de se reconhecer
isto.
Para poder ficar com os seus filhos, os pais
deveriam resgatá-los por meio de ofertas. Mas, ao
consagrarem o primogênito, estavam santificando a
Deus o restante de sua descendência.

CONSEQUÊNCIAS ESPIRITUAIS
O melhor ensino que já encontrei sobre a questão
das primícias foi no livro “Quando Deus é Primeiro”
(editado em português pela Willën Books) do
pastor Mike Hayes. A sua leitura ampliou o meu
horizonte acerca das primícias, e eu o recomendo
de coração. Ele me abriu os olhos para o que foi de
fato o pecado cometido por Acã em Jericó.
Jericó era a primeira cidade a ser conquistada em
Canaã. Portanto, de acordo com a Lei das
Primícias, o despojo de guerra não era deles, e sim
do Senhor:
“Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas,
para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e
assim torneis maldito o arraial de Israel e o
confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de
bronze e de ferro são consagrados ao Senhor; irão
para o seu tesouro.”
Josué 6.18,19
Os israelitas estavam proibidos de se
apropriarem de qualquer coisa em Jericó. Os
tesouros deveriam ir para o Templo, e as demais
coisas (chamadas de coisas condenadas) deveriam
ser destruídas.
A Concordância de Strong mostra que a palavra
hebraica traduzida aqui como “condenadas” é
“cherem”, que significa: “uma coisa devotada, uma
coisa dedicada, proibição, devoção, algo que foi
completamente destruído ou designado para
destruição total”. Ela tem como raiz a palavra
hebraica “charam”, que por sua vez quer dizer:
“consagrar, devotar, dedicar para destruição”.
Algumas traduções bíblicas, como a Versão
Corrigida de Almeida, traduzem esta palavra como
“anátema”, podendo sugerir que a razão pela qual
os bens de Jericó não poderiam ser possuídos era o
fato de serem amaldiçoados. A definição bíblica, no
entanto, era a de algo consagrado à destruição.
Isto poderia trazer maldição, pela quebra de um
princípio, mas não era uma coisa maldita em si
mesma. Assim como o primogênito da jumenta,
que não podia ser sacrificado e tinha que ser
resgatado ou desnucado, assim também Deus
especificou o que Ele queria que fosse dedicado a
Ele e o que Ele queria que fosse destruído. O
importante não era a descoberta de um uso para
aquelas coisas, e sim não tocar no que era sagrado:
as primícias do Senhor. E o exército de Israel
obedeceu a ordem que lhes foi dada:
“Porém a cidade e tudo quanto havia nela,
queimaram-no; tão-somente a prata, o ouro e os
utensílios de bronze e de ferro deram para o tesouro
da Casa do Senhor.”
Josué 6.24
Um soldado, no entanto, desobedeceu a ordem
que o Senhor havia dado:
“Prevaricaram os filhos de Israel nas coisas
condenadas; porque Acã, filho de Carmi, filho de
Zabdi, filho de Zera, da tribo de Judá, tomou das
coisas condenadas. A ira do Senhor se acendeu contra
os filhos de Israel.”
Josué 7.1
A consequência da quebra deste princípio foi que
a bênção para as demais conquistas foi retirada de
sobre Israel. Eles foram derrotados na próxima
batalha, que exigia muito pouco deles, pois a Lei
das Primícias não havia sido obedecida.
Quando santificamos as primícias de alguma
coisa ao Senhor, também santificamos o restante
daquilo de que foi tirada. Portanto, inversamente,
quando roubamos a Deus nos primeiros frutos,
também perdemos a Sua bênção no restante!
Este princípio funciona em todas as áreas. Ao
separarmos um tempo pela manhã para buscarmos
a Deus e oferecermos em nosso tempo devocional
as primícias do nosso dia, também estamos
santificando o restante do dia ao Senhor.
Semelhantemente, quando separamos as primícias
da nossa renda, também estamos santificando o
restante da nossa renda a Deus!

O PRIMEIRO DIA
“Disse mais Jeová a Moisés: Fala aos filhos de
Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra que eu
vos hei de dar, e comerdes as suas searas, trareis ao
sacerdote um molho das primícias da vossa seara. Ele
moverá o molho diante de Jeová, para que seja aceito
a vosso favor; no dia depois do sábado o moverá.”
Levítico 23.9-11 (TB)
A entrega do molho das primícias ao sacerdote
tinha um dia certo para ser feita. A Tradução
Brasileira diz: “no dia depois do sábado”. A Versão
Atualizada de Almeida usa o termo “no dia
imediato ao sábado”, e a Versão Corrigida de
Almeida diz: “ao seguinte dia do sábado”.
Todas estas frases são claras e apontam para um
dia certo: o domingo. Não creio que este princípio
santifique o domingo, como o fazia com o sábado
no Antigo Testamento, mas ele revela que a entrega
dos primeiros frutos deve ser feita no primeiro dia
da semana.
Por que é importante observarmos isto?
Porque temos que dimensionar qual é a aplicação
prática da simbologia deste princípio hoje. E,
referindo-se à simbologia da Lei das Primícias, o
apóstolo Paulo declara aos coríntios um fato
importante acerca da ressurreição de Jesus:
“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos,
sendo ele as primícias dos que dormem.”
1 Coríntios 15.20
A ressurreição de Jesus Cristo é vista como um
cumprimento da tipologia das primícias, e
aconteceu no dia depois do sábado (Mt 28.1).
Porém, cinquenta dias depois desta oferta de
primícias, era necessário que uma nova celebração
fosse feita ao Senhor, a qual também caía num
domingo, depois de sete sábados da entrega da
primeira oferta de primícias.
“Depois, para vós contareis desde o dia seguinte ao
sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da
oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia
seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias;
então, oferecereis nova oferta de manjares ao
Senhor.”
Levítico 23.15,16 (ARC)
Este era o significado da Festa de “Pentecostes”
(que significa “cinquenta”), a qual era celebrada
cinquenta dias depois da entrega dos primeiros
frutos. Esta festa, mesmo sendo celebrada depois de
sete semanas, ainda era uma extensão da Festa das
Primícias (Lv 23.17). E isto também aparece no
cumprimento da tipologia do Antigo Testamento
no Novo Testamento:
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos
reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um
som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a
casa onde estavam assentados. E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e
pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras
línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem.”
Atos 2.1-4
A Igreja recebeu o selo da aprovação divina
numa festa que era uma extensão da celebração das
primícias. Esta é a razão pela qual também
passamos a ser chamados de primícias para o
Senhor.
“Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como que
primícias das suas criaturas.”
Tiago 1.18
Portanto, a aplicação da Lei das Primícias não é
somente financeira, ou literal, mas também
simbólica, pois somos chamados de “primícias”.
E qual é a relação que o Novo Testamento faz
entre as nossas contribuições e esta figura?
Paulo escreveu aos coríntios, fazendo uma destas
aplicações simbólicas quanto às ofertas:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também
como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que
se não façam coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.1,2
A orientação apostólica do dia específico para
esta contribuição continua sendo o dia seguinte ao
sábado: o domingo. Parece-me que a ideia das
primícias abordada no Novo Testamento não se
prende tanto ao fato de ser o ganho do primeiro dia
ou o primeiro décimo da renda que está sendo
entregue. O que precisa ser destacado é que eles
separavam a parte de Deus no primeiro dia da
semana. Ou seja, eles a entregavam em caráter de
primazia.
O que aprendemos com isto é que não importa
tanto se é o ganho do primeiro dia dado à parte, ou
se são os dízimos e ofertas entregues em caráter de
primazia. O mais importante é darmos primeiro a
parte de Deus, antes de gastarmos com as outras
coisas. Ao falar sobre a entrega das primícias, o
Senhor instruiu claramente aos israelitas:
“Não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas
verdes, até ao dia em que trouxerdes a oferta ao vosso
Deus; é estatuto perpétuo por vossas gerações, em
todas as vossas moradas.”
Levítico 23.14
Ninguém comia do fruto do seu trabalho antes
de entregar os primeiros frutos ao Senhor. Creio
que os dízimos e as ofertas devem ser o item
“número um” no plano de contas do nosso
orçamento. Além de ser dados primeiro, eles
devem refletir o fato de que Deus vem em primeiro
lugar. Este é o ponto mais importante. Por outro
lado, ofertar o ganho do primeiro dia do mês
também pode ser uma forma de se observar esta lei
bíblica. Quando honramos ao Senhor com as
primícias da nossa renda, Ele também nos honra
em nossas finanças. Por outro lado, quando
pensamos somente em nós mesmos, e não nos
preocupamos com as coisas do Senhor, também
ferimos a Sua primazia e perdemos as Suas
bênçãos.
É o que ocorreu nos dias de Ageu, quando ele
profetizou que o povo israelita só se preocupava
com as suas casas, enquanto a Casa do Senhor
estava em ruínas. E justamente por colocarem-se a
si mesmos em primeiro lugar e deixarem a Deus
por último é que eles perderam as bênçãos divinas.

COMO PRATICARMOS AS PRIMÍCIAS


HOJE
O assunto das primícias tem sido resgatado e
restaurado recentemente (apesar de ser encontrado
na “Didaquê” – um dos documentos mais antigos
da História da Igreja, uma espécie de catecismo da
Igreja do Primeiro Século). Eu mesmo nunca havia
sido exposto a nenhum ensino sobre o assunto até
alguns anos atrás, apesar de eu haver sido criado
num lar cristão. Portanto, creio que ainda
precisamos amadurecer na compreensão e
aplicação prática deste princípio. Em função disto,
eu gostaria de apresentar alguns conselhos (e não
dogmas) sobre como podemos proceder para
honrarmos ao Senhor com as primícias da nossa
renda.
Alguns pregadores fazem uma distinção entre as
primícias e os dízimos (e de fato era assim no
Antigo Testamento) e ensinam o cristão a, além de
entregar os seus dízimos, a também doar o
equivalente ao ganho do seu primeiro dia de
trabalho do mês. Uma vez que vivemos numa
cultura de trabalho diferente, onde a maioria das
pessoas não extrai os frutos da terra ou do gado
para separar as primícias, como era feito na Antiga
Aliança, estes pregadores nos aconselham a
dividirmos o salário (que é um ganho mensal) em
1/30 avos, e entregarmos o ganho equivalente ao
primeiro dia de trabalho do mês. Esta, acreditam
eles, seria a forma contemporânea de se praticar
este princípio.
Outros pregadores ensinam a prática das
primícias na própria entrega dos dízimos e ofertas.
Eles acreditam que os dízimos (e ofertas) devem ser
entregues em caráter de primazia, ou seja, como
sendo os primeiros frutos. A primazia, segundo
estes pregadores, é determinada pelo fato de não
gastarmos nada antes de dizimarmos.
Embora eu tenha sido ensinado desde criança
que a oferta das primícias significa darmos a
primazia a Deus na entrega dos dízimos e ofertas
(como sendo os primeiros frutos porque os
entregamos antes de gastarmos com outras coisas),
e embora eu ainda veja muitas pessoas sendo
abençoadas ao caminharem de acordo com este
nível de entendimento, penso que podemos ir além
e fazer algo mais na prática desta poderosa lei
bíblica.
À luz do ensino do Novo Testamento, não
consigo (nem ouso) afirmar que a entrega das
primícias tenha que ser, necessariamente, uma
contribuição a mais, além dos dízimos e demais
ofertas. E eu não quero afirmar, em hipótese
alguma, que a visão de contribuirmos, dando a
Deus a primazia, não cumpra a Lei das Primícias.
Por outro lado, não vejo nada nas Escrituras que
nos impeça de agirmos assim. Não há nenhum
princípio bíblico que venha a ser quebrado se assim
procedermos! Portanto, com a devida consciência
do ensino bíblico que diz: “A fé que tens, tem-na
para ti mesmo perante Deus” (Rm 14.22), e sem
impor isto como um mandamento ou obrigação
sobre outros, pergunto:
Por que não entregarmos as nossas primícias
como mais uma forma distinta de contribuição?
No Antigo Testamento, os dízimos e as primícias
eram duas contribuições bem distintas e
complementares. Os cristãos do Primeiro Século,
segundo a Didaquê, entregavam as suas ofertas de
primícias (normalmente aos profetas ou líderes
cristãos), embora estivessem vivendo sob a Nova
Aliança. Os sacerdotes da Antiga Aliança eram
sustentados pelos dízimos, porém eram honrados
com as primícias. O Novo Testamento fala deste
sustento dos ministros por meio de salários (2 Co
11.8; 1 Tm 5.17), mas nos instrui a procedermos
com outras formas de honra aos que nos ministram
a Palavra de Deus (Gl 6.6).
O fato de não podermos impor a oferta de
primícias não significa que não podemos praticar
este princípio! Em nossa igreja local, não
ensinamos isto como uma imposição a ninguém,
mas eu mesmo pratico este princípio e dou total
liberdade (e incentivo) a quem quiser praticá-lo
também. Contudo, uma vez que não vivemos nos
dias da Antiga Aliança e não temos que seguir
literalmente a Lei Mosaica, como aplicamos hoje a
entrega das primícias?
No Antigo Testamento, as primícias envolviam a
entrega dos primeiros frutos da colheita (que
ocorria num intervalo de alguns meses), dos
primogênitos dos animais (que ocorria uma vez na
vida de cada animal), e dos primogênitos dos
homens (que deveriam ser resgatados). Isto não
significava uma contribuição substancial, a ponto
de se garantir a sobrevivência dos sacerdotes, mas
era apenas mais uma expressão de honra que Deus
permitiu que Lhe oferecêssemos. E é com este
entendimento que praticamos a entrega das
primícias.

O PRIMEIRO DIA DE SALÁRIO


A nossa cultura atual, como já afirmamos, já não
tem muito a ver com o cultivo da terra e com
animais, como nos dias antigos. Porém, uma vez
que fazemos parte de uma geração de cultura
mensalista em seus recebimentos salariais, vários
pregadores nos aconselham a ofertarmos como
primícias o equivalente ao primeiro dia de trabalho
do mês (dividindo-se o nosso salário por trinta e
entregando-o como primícias). No entanto, é aqui
que surge uma divergência entre alguns
doutrinadores. Esta divergência advém
principalmente do fato de que, excetuando-se o
trabalhador assalariado (que sabe antecipadamente
o quanto ganhará), a maioria dos profissionais
liberais, autônomos, comerciantes, vendedores e
muitos outros trabalhadores sem salário fixo,
precisa primeiramente fechar um balanço (semanal
ou mensal) para saber o quanto ganhou, e somente
então apurar o valor das primícias e dos dízimos a
ser entregue. Isto significaria uma oferta feita na
parte final do processo, e não mais com o caráter de
primazia!
Como, antigamente, ninguém poderia comer dos
grãos da colheita antes da entrega da oferta de
primícias (Lv 23.14), aconselhamos, no caso dos
trabalhadores que não têm renda fixa, a entrega do
primeiro ganho do mês (o lucro da primeira
comissão, por exemplo). Neste caso, a entrega do
valor referente ao ganho real do primeiro dia de
trabalho poderia ser feita antes de se apurar o
balanço final de ganhos (e de se comer dos frutos
do trabalho). Quanto aos dízimos, eles poderiam
ser entregues depois desta apuração de lucros.

ONDE DEVEMOS ENTREGAR AS NOSSAS


PRIMÍCIAS?
Muitos me perguntam onde eles deveriam
entregar as suas ofertas de primícias. Sugiro que o
façam no mesmo local onde entregam os seus
dízimos: na igreja local onde se congregam. Alguns
dizem que as primícias devem ser entregues ao
sacerdote. Isto era um fato na Antiga Aliança, mas,
naquela época, os sacerdotes também recebiam
diretamente para si os dízimos, porém isto não
ocorre no Novo Testamento! Portanto, prefiro ser
honesto e não “enlatar” a doutrina sem uma clareza
bíblica. Não vejo uma base bíblica para dizermos
que as primícias só podem ser entregues aos
sacerdotes (os ministros). Por outro lado, também
não vejo problema algum se isto for feito desta
forma, uma vez que a Bíblia ensina este tipo de
honra (embora sem necessariamente relacioná-lo
com as primícias). Eu só não quero criar regras que
não são claras no Novo Testamento.
Em nossa igreja local, as ofertas de primícias (que
são assim identificadas no envelope de
contribuição) são direcionadas a um fundo
sacerdotal e visam tão-somente o apoio de
ministérios em suas necessidades (tanto os de
dentro como os de fora da igreja). No entanto, o
ideal é que cada igreja, através da sua liderança e
governo, decida qual é a melhor forma de se
receber esta contribuição, como também a sua
melhor aplicação!
Capítulo 3

O SACO FURADO
“Não darei nenhum valor a qualquer coisa que eu tenha ou
venha a possuir, a não ser que tenham valor para o Reino de
Cristo.”
(David Livingstone)

Q uando eu ainda era menino, em certa ocasião,


saí com uma quantia em dinheiro para
comprar algo no supermercado para a minha mãe.
Coloquei o dinheiro no bolso e, obviamente,
contava com ele na hora de pagar aquela compra,
mas não o encontrei. Revirei o bolso várias vezes à
sua procura, e não o achei, até que me dei conta de
que havia um furo num dos cantos daquele bolso!
Como é triste contar com as suas reservas e
descobrir que elas já não existem! Este é um
exemplo do que acontece com quem não deixa
Deus ser o Primeiro em sua vida (e em suas
finanças).
Uma das principais razões da falta de
prosperidade financeira é abordada na Bíblia como
tendo a sua raiz no egoísmo e na falta de
sensibilidade para com o que deve ser feito em prol
da Casa e do Reino do nosso Deus. Se, por um lado,
a Lei das Primícias nos conduz à bênção por
colocarmos Deus em primeiro lugar, por outro
lado, deixá-Lo por último, como a parte menos
importante de nossas vidas, traz maldição.
E isto é algo que tem acontecido a muitos cristãos
em nossos dias. O verdadeiro problema deles não é
uma falta de oração por prosperidade, mas uma
verdadeira inversão de valores.

NOS DIAS DE AGEU


Vemos nos dias do profeta Ageu que o povo que
voltara do cativeiro babilônico se encontrava sem
disposição alguma de reedificar o Templo do
Senhor. Eles davam desculpas a respeito de sua
responsabilidade, mas, ao mesmo tempo,
edificavam as suas próprias casas para o seu
próprio conforto. E Deus protestou contra isto:
“Assim fala o Senhor dos Exércitos: Este povo diz:
Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do
Senhor deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do
Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
Acaso, é tempo de habitardes vós em casas
apaineladas, enquanto esta casa permanece em
ruínas?”
Ageu 1.2-4
Muitas pessoas passam toda a sua vida pensando
unicamente em si mesmas, sem se disporem a fazer
nada para Deus. Trabalham somente pelo seu
conforto e fazem tudo para estarem em
tranquilidade, mas não conseguem se dispor para
servirem a Deus.
Muitas vezes não entendemos que, enquanto
estamos correndo atrás de nossas próprias coisas, o
Senhor está esperando algo diferente de nós. Foi o
que Deus disse ao Seu povo por meio do profeta
Ageu:
“Subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa;
dela me agradarei e serei glorificado, diz o Senhor.”
Ageu 1.8
Deus protestou contra a atitude do povo e
demonstrou esperar que eles se envolvessem em
Sua obra. Ele revelou também que a razão de não
estarem prosperando (pelo contrário, viam os seus
bens e provisão desaparecendo misteriosamente)
era o fato de não se importarem com a edificação
da Sua Casa.
“Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis,
porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais;
vestí-vos, mas ninguém fica quente; e quem recebe
salário, recebe-o para o meter num saco furado.”
Ageu 1.6 (TB)
Muito esforço e pouco resultado! Falta de
realização na dimensão de conquistas alcançadas!
Insuficiência! Tudo isto era visto na vida do povo
hebreu dos dias do pós-exílio babilônico. Houve
também a mais contundente afirmação sobre
inexplicáveis perdas materiais e financeiras: o saco
furado (outras versões usam o termo “saquitel”).
Mesmo o que tentavam guardar ou economizar
sumia como se houvesse sido depositado num saco
furado. Vazava como areia seca por entre os dedos.
Como acontece com muitas pessoas hoje!
Estes não eram apenas sintomas de um momento
de crise econômica, e sim de uma ausência da
bênção do Senhor. Precisamos aprender a edificar
com a bênção de Deus. Fazer algo sozinhos ou
debaixo da graça do Pai Celestial são coisas
completamente diferentes:
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham
os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em
vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de
madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores,
pois aos seus amados ele o dá enquanto dormem.”
Salmos 127.1,2
Embora o trabalho seja um meio de provisão, o
qual Deus usa para suprir os Seus filhos, fica clara a
diferença entre quem alcança algo sozinho e quem
o faz com a bênção do alto.
Deus nunca quis que o homem tivesse a
presunção de alcançar a prosperidade sozinho.
Esforço e trabalho produzem resultados, mas isto
somente não nos leva ao melhor de Deus. A bênção
do Senhor faz isto. E, quando quebramos princípios
(como o povo fez nos dias de Ageu), além de não
entrarmos na bênção divina, ainda produzimos o
efeito inverso: atraímos sobre nós a maldição. O
profeta Malaquias, contemporâneo de Ageu,
também anunciou o mesmo tipo de juízo:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me
roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque
a mim me roubais, vós, a nação toda.”
Malaquias 3.8,9
A maldição vem por não darmos a Deus a
primazia, assim como a bênção vem pelo fato de O
colocarmos em primeiro lugar.

A PROSPERIDADE NÃO É FRUTO SÓ DO


ESFORÇO
O desejo de Deus, no entanto, não é julgar o Seu
povo com maldição. É abençoá-lo com as Suas
provisões.
“Trazei o dízimo todo à casa do tesouro, para que
haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto,
diz Jeová dos Exércitos, se não vos abrir eu as janelas
do céu, e não derramar sobre vós uma bênção até que
não haja mais lugar para a recolherdes.”
Malaquias 3.10 (TB)
Precisamos entender que a prosperidade não é
um mero resultado do esforço humano, mas uma
consequência da bênção de Deus. Desde a Lei
Mosaica o Senhor admoestava o Seu povo a não ter
a presunção de achar que alcançaria a prosperidade
por si só:
“Guarda-te para que te não esqueças do Senhor, teu
Deus, não guardando os seus mandamentos, e os seus
juízos, e os seus estatutos, que hoje te ordeno; para
que, porventura, havendo tu comido, e estando farto,
e havendo edificado boas casas, e habitando-as, e se
tiverem aumentado as tuas vacas e as tuas ovelhas, e
se acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo
quanto tens, se não eleve o teu coração, e te esqueças
do Senhor, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da
casa da servidão.”
Deuteronômio 8.11-14 (ARC)
“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o
poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.
Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele
o que te dá força para adquirires riquezas; para
confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê.”
Deuteronômio 8.17,18
Ninguém deveria achar que prosperou sozinho a
ponto de se esquecer de Deus. Cada indivíduo
deveria reconhecer a bênção do Céu sobre si e ser
grato por isto. No caso de se esquecerem do
Senhor, Ele usaria uma forma especial para chamar
a atenção do Seu povo: eles perderiam esta Sua
bênção.
O Senhor sempre corrige o Seu povo, não porque
Ele queira nos prejudicar, mas justamente porque
Ele nos ama e deseja o nosso melhor. Foi o que Ele
fez nos dias do profeta Ageu. Isto fica bem claro em
Suas palavras ao povo:
“Agora, pois, considerai tudo o que está
acontecendo desde aquele dia. Antes de pordes pedra
sobre pedra no templo do Senhor, antes daquele
tempo, alguém vinha a um monte de vinte medidas, e
havia somente dez; vinha ao lagar para tirar
cinquenta, e havia somente vinte. Eu vos feri com
queimaduras, e com ferrugem, e com saraiva, em toda
a obra das vossas mãos; e não houve, entre vós, quem
voltasse para mim, diz o Senhor. Considerai, eu vos
rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo
quarto dia do mês nono, desde o dia em que se
fundou o templo do Senhor, considerai nestas coisas.
Já não há semente no celeiro. Além disso, a videira, a
figueira, a romeira e a oliveira não têm dado os seus
frutos; mas, desde este dia, vos abençoarei.”
Ageu 2.15-19
A insuficiência se estabeleceu como uma
maldição na vida dos israelitas. O estoque de grãos
se dissipava antes de ser consumido. Toda sorte de
empecilhos à prosperidade instalou-se, impedindo
assim a bênção financeira.
Todo o esforço no trabalho era recompensado
com perdas, mas assim que o povo decidiu retomar
a edificação da Casa de Deus, a frutificação
começou a acontecer de fato! O Senhor disse que os
abençoaria a partir do dia em que voltassem a
investir o seu tempo, trabalho e recursos no Reino
de Deus.
O problema de Israel era um só: o egoísmo e
indiferença para com Deus. E este não é apenas um
problema do passado. Há muitos cristãos
atualmente que estão presos em seu egoísmo e não
conseguem pensar em outra coisa além de si
mesmos. Quando nos recusamos a investir na Casa
de Deus é porque queremos usar em prol de nós
mesmos os recursos que economizaremos nestas
ofertas. Foi o que aconteceu com Ananias e Safira,
os quais, mesmo ofertando, continuavam pensando
em si mesmos. E Deus não pode abençoar este tipo
de atitude!

O REINO DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR


Este princípio da bênção ligada à atitude que
temos para com as coisas de Deus não é uma
injustiça cometida contra nós. Alguns acham que
Deus e os Seus pregadores nos ameaçam com
problemas financeiros para nos coagirem a darmos.
Mas, ao instituir este princípio, o Senhor o fez para
o nosso próprio bem. Quando ofertamos a Deus,
quebramos a cadeia do egoísmo e Deus pode nos
abençoar.
Jesus nos ensinou a não nos preocuparmos com o
que havemos de comer, beber ou vestir (Mt 6.25).
Não porque estas coisas não sejam importantes,
mas porque a forma de obtê-las não é mediante o
esforço ou a ansiedade, e sim colocando os devidos
princípios espirituais para operarem em nosso
favor. E isto inclui uma mudança de prioridades e
valores em nossas vidas:
“Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua
justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”
Mateus 6.33
Quando colocamos o Reino de Deus em
primeiro lugar e nos importamos com as Suas
coisas, nós O vemos Se importando com o que diz
respeito a nós.

OS ABALOS DE DEUS
Você já ouviu falar dos abalos de Deus?
Eles são o modo como Deus faz com que as
nossas vidas sejam sacudidas, para que as coisas
abaláveis sejam removidas e as inabaláveis
permaneçam. O escritor de Hebreus foi
divinamente inspirado para falar deste assunto:
“Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se
não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem
divinamente os advertia sobre a terra, muito menos
nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos
adverte, aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora,
porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por
todas farei abalar não só a terra, mas também o céu.
Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas, significa
a remoção dessas cousas abaladas, como tinham sido
feitas, para que as cousas que não são abaladas
permaneçam. Por isso, recebendo nós um reino
inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a
Deus de modo agradável, com reverência e santo
temor; porque nosso Deus é um fogo consumidor.”
Hebreus 12.25-29
Vemos que a rebeldia dos que não dão ouvidos à
voz divina será repreendida com abalos. Note que
não estamos falando sobre Deus recompensar aos
fiéis com os Seus abalos, e sim dos que rejeitam a
voz de Deus, ou seja, a Sua Palavra. O salmista
escreveu acerca disto:
“Deus... tira os cativos para a prosperidade; só os
rebeldes habitam em terra estéril.”
Salmos 68.6b
O tratamento e a correção de Deus em nossas
vidas vêm justamente às áreas onde ainda não
estamos correspondendo com o que Ele diz em Sua
Palavra.
A Bíblia fala claramente sobre Deus trazendo os
Seus abalos. O texto fala de tremores de terra
produzidos por terremotos. E, simbolicamente,
mostra que as perdas não são oriundas apenas de
um saquitel furado, mas de abalos que Deus traz
sobre o Seu povo.
Ageu foi a primeira voz profética que se levantou
entre os israelitas depois do Exílio na Babilônia. A
reconstrução do Templo fora interrompida e estava
parada por cerca de quinze anos; o povo não se
envolvia na retomada da restauração, dizendo que o
tempo de reconstruir a Casa de Deus ainda não
havia chegado. Então o Senhor o enviou com uma
mensagem de repreensão ao Seu povo, mostrando
que, enquanto eles não se importassem com o
estado da Sua Casa, Ele prosseguiria abalando a
vida financeira deles:
“Esperastes o muito, e eis que o muito veio a ser
pouco, e este pouco, quando o trouxeste para casa, eu
com um assopro o dissipei. Por quê?, diz o Senhor dos
Exércitos; por causa da minha casa, que permanece
em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por
causa da sua própria casa. Por isso os céus sobre vós
retém o seu orvalho, e a terra os seus frutos. Fiz vir a
seca sobre a terra e sobre os montes; sobre o cereal,
sobre o vinho, sobre o azeite e sobre o que a terra
produz; como também sobre os homens, sobre os
animais e sobre todo o trabalho das mãos.”
Ageu 1.9-11
É muito estranho vermos Deus dizendo que Ele
fez com que o muito esperado se tornasse pouco na
colheita do Seu povo e, ainda depois, que Ele
assoprou sobre o pouco, fazendo-o dissipar-se.
Não combina com a atual mensagem de
prosperidade o fato de Deus mandar os céus
reterem o orvalho e a terra reter o seu fruto, nem
tampouco Ele fazer vir a seca!
Mas Deus fez tudo isto.
Por quê?
Porque é somente com Deus abalando as coisas
naturais na vida do Seu povo que as coisas
espirituais teriam o seu lugar. Eles só estavam
pensando em si mesmos e haviam abandonado a
restauração da Casa do Senhor, mas Deus
conseguiu recuperar a atenção e o serviço deles de
uma forma muito especial.
Quando o escritor de Hebreus escreveu sobre as
coisas abaláveis que seriam removidas, ele também
falou sobre as inabaláveis que permaneceriam, e
então ele acrescentou que recebemos um reino
inabalável! Ou seja, quando estamos sufocando as
coisas espirituais por uma dedicação voltada
somente ao que é natural, Deus pode fazer tremer o
que é abalável, o natural, para que, caindo estas
coisas, permaneça em nossas vidas somente o que é
espiritual, e então a nossa reconstrução poderá
começar a partir deste ponto.
De nada adianta edificarmos somente para nós
mesmos. Devemos edificar para o Senhor em
nossas vidas, pois, quando os abalos de Deus
vierem, só ficará de pé o que construímos para o
Senhor, e o que é nosso, o que é humano, cairá. Em
Lucas 14.28-30, Jesus assemelhou a vida cristã à
edificação de uma torre, mostrando que também
edificamos no plano espiritual.
Tenho percebido isto, não somente em minha
própria vida e igreja, mas também em contato com
muitas outras igrejas e pastores. É um fato! Tal qual
nos dias de Ageu, quando nos esquecemos das
coisas de Deus e queremos buscar somente as
nossas próprias coisas, Deus não apenas deixa de
ter um compromisso de nos abençoar, como
também Ele pode nos julgar e disciplinar, uma vez
que a responsabilidade de edificar o Reino de Deus
é nossa.
Porém, quando agimos de forma correta e
colocamos o Senhor em primeiro lugar, tudo muda.
A bênção e a provisão divina fluem milagrosa e
abundantemente.
Por que Deus estava sacudindo as finanças do
Seu povo naqueles dias depois do Exílio?
Porque os israelitas haviam se tornado egoístas e
descomprometidos com o Reino de Deus, e o
propósito destes abalos era mudar a atitude do
povo.
Quando eles compreenderam que os abalos eram
uma forma de Deus fazê-los voltar a investir em
Sua Casa, eles se animaram a obedecê-Lo, fiados na
promessa de que desta forma a prosperidade viria
sobre eles.
Numa de suas profecias, Ageu deixa claro que os
abalos visavam trazer a Deus os recursos
financeiros necessários para a restauração de Sua
Casa:
“Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma
vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o
mar, e a terra seca; farei abalar todas as nações e as
cousas preciosas de todas as nações virão, e encherei
de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos. Minha
é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos. A
glória desta última casa será maior do que a primeira,
diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz,
diz o Senhor dos Exércitos.”
Ageu 2.6-9
Deus nunca está contra o Seu povo. Estes abalos
visavam corrigí-los e tratá-los, e não destruí-los.
Tão logo voltaram a cumprir a vontade de Deus,
eles foram abençoados. Quando o Livro de Hebreus
fala sobre os abalos de Deus, ele também fala sobre
“retermos a graça” (Hb 12.28), pela qual servimos a
Deus de forma agradável. “Reter” significa “não
perder, não desperdiçar”. Isto nos mostra que,
mesmo em meio aos abalos divinos, podemos estar
sob a graça de Deus, desde que não nos rebelemos,
insistindo em deixar os nossos valores invertidos,
de forma contrária aos valores da Palavra.
Quando somos abalados pelo tratamento divino,
devemos corresponder em obediência e mudança
de mente, de atitude. Ao obedecermos, a disciplina
dará lugar à bênção do Senhor. Embora Deus
houvesse abalado a vida financeira deles, Ele o fez
somente até que eles voltassem a priorizar o Reino
de Deus. Ele abalou as coisas abaláveis, para que as
inabaláveis permanecessem.
Talvez a sua vida esteja sendo abalada pelo
Senhor, e você não sabe o que fazer; aliás, não há
realmente nada a fazer quando os abalos divinos
chegam, a não ser permanecermos firmes e
reconstruirmos a partir do que sobrou. Deus quer
mudar os nossos valores, levando-nos a colocarmos
o Reino d’Ele em primeiro lugar. E, quando o
fazemos, o processo é invertido, e então Ele nos
abençoa e nos leva à reconstrução de tudo o que
ruiu, porém com novos alicerces.
Para muitos de nós é difícil vermos Deus agindo
em meio a um desmoronamento geral em nossas
vidas. É lógico que não estamos falando do melhor
de Deus para nós, e sim de correção. O plano do
Senhor é abençoar-nos, fazer o melhor para nós.
Creio que o Pai prefere não ter que abalar as nossas
vidas. Contudo, é devido à dureza dos nossos
corações que Ele nos trata desta maneira. Não
haveria abalos corretivos se não nos desviássemos
da Sua vontade; eles sempre ocorrem quando algo
está errado em nossa forma de agirmos. E a
intensidade dos abalos sempre virá em proporção
direta à nossa distorção de valores ou à nossa
resistência ao Senhor e ao Seu plano. Não será
maior e nem menor do que necessitamos.
O “saco furado” em nossa vida financeira é
resultado da quebra da Lei das Primícias; é agirmos
sem darmos a Deus a primazia. Se Deus estiver em
primeiro lugar, seremos abençoados, mas, se não
dermos a Ele a primazia, seremos julgados com
maldição. Portanto, já é hora de mudarmos a nossa
postura quanto à questão de investirmos na obra do
Senhor. Ele honra os que O honram, mas os que O
desprezam, Ele também desprezará!
Capítulo 4

A QUESTÃO DO DINHEIRO
“O uso dos bens materiais é um teste de caráter. Aqueles que
não podem usá-los com sabedoria não merecem ter
responsabilidades espirituais.”
(D. L. Moody)

M uitos crentes não percebem a importância do


ensino nesta área. Na verdade, falar sobre
dinheiro nas igrejas em geral causa desconforto.
Porém, como é possível não falarmos acerca deste
assunto? Quase a metade das parábolas de Jesus o
mencionam. Além do Senhor Jesus, vemos que os
apóstolos falavam, ensinavam, e corrigiam os
crentes no tocante ao nosso relacionamento com o
dinheiro. Este não é um assunto sem importância.
As Escrituras falam mais dele do que de muitos
outros temas que julgamos vitais para uma vida
cristã sadia. Howard Dayton, em seu livro “O Seu
Dinheiro” (Bless Editora) declara que, na Bíblia, há
mais de dois mil e trezentos versículos sobre
dinheiro, bens e posses.
É preciso entendermos que o dinheiro em si não
é errado, e sim as possíveis atitudes e inclinações do
nosso coração. Paulo emprega palavras como
“tentação” e “laço” para mostrar como podemos ser
enredados nesta área. Ao falar da intensidade desta
inclinação do ser humano ao erro, ele emprega o
termo “concupiscências loucas e nocivas”.
A Bíblia fala muito sobre a nossa relação com o
dinheiro. Não que o dinheiro em si seja o
problema, pois as Escrituras declaram que é o amor
ao dinheiro que é a raiz de todos os males. Alguém
disse que uma pessoa pode ser milionária e não ter
amor ao dinheiro, e outra pode ser pobre, porém
gananciosa. Esta última terá então dois problemas,
pois, além da falta de dinheiro, ela ainda terá
dentro de si uma raiz maligna.
Quero insistir nesta afirmação: o problema não
está no fato de termos ou não termos dinheiro, e
sim em como nos comportamos em relação a ele. A
advertência bíblica é de não colocarmos o coração
nas riquezas:
“...se as vossas riquezas aumentam, não ponhais
nelas o coração.”
Salmos 62.10 (ARC)
O que as Escrituras nos ensinam é que não
devemos ter o coração no dinheiro, que não
devemos ter amor a ele. Não há nada errado no fato
de uma pessoa ter dinheiro; errado é quando o
dinheiro tem esta pessoa! Vivemos dias em que o
consumismo manipula as pessoas. O desejo de ser e
ter influencia toda a sociedade. Não estamos fora
do alcance desta influência. É por isso que a Palavra
de Deus nos adverte:
“Mas os que querem tornar-se ricos caem em
tentação e em laço, e em muitas concupiscências
loucas e nocivas, as quais submergem os homens na
ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é a
raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se
desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dores.”
1 Timóteo 6.9,10
Além de todas as outras consequências, a pior
coisa que estas pessoas experimentam é o fato de se
desviarem da fé. Não há prejuízo maior do que este.
Reconheço que a maioria das pessoas não
contabiliza os valores espirituais. Quando tomam as
suas decisões e fazem os seus planos, geralmente o
aspecto espiritual é o último a ser considerado. E
isto quando chega a ser lembrado! Em nossa
sociedade, a ganância e a cobiça têm falado muito
fortemente, e não é preciso muito para sermos
afetados. Basta permitirmos ser levados pelo
padrão da maioria!
A ganância é algo terrível, pois é insaciável. Ela
não se realiza, nunca alcança os seus alvos, pois
estão sempre se renovando. Tenho visto esta
neurose em muitas pessoas. Quando tinham a
televisão de quatorze polegadas, queriam a de vinte;
quando compraram a de vinte polegadas, passaram
a querer a de vinte e nove. E depois a de trinta e três
polegadas com tela plana... e a coisa nunca pára! E
assim é com os carros, eletrodomésticos, casas,
roupas, e tudo o mais! Isto é algo que não tem a ver
apenas com a nossa cultura e economia; está ligado
à natureza humana. Portanto, sempre foi e será
assim em qualquer lugar! O rei Salomão falou
acerca disto:
“Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro;
nem o que ama a riqueza se fartará do ganho;
também isto é vaidade.”
Eclesiastes 5.10
As pessoas acham que precisam andar na última
moda, que precisam sempre ter mais e mais, mas a
ganância é perigosa, pois pode encobrir a voz do
Senhor em nossas vidas e fazer com que percamos a
fé. A Palavra de Deus declara que muitos chegam à
ruína por causa da ganância e da cobiça;
traspassam-se a si mesmos com muitas dores. Por
causa da ganância, muitos acabam tão endividados
que além de perderem completamente a paz, a
saúde, e a honra, perdem também a família e a
própria alma!
O problema não está no dinheiro, e sim no
domínio que ele pode vir a exercer sobre a vida de
alguém. As Escrituras nos advertem sobre a
possibilidade de tropeço no que diz respeito a isto.

O DINHEIRO PODE SE TORNAR UM


ÍDOLO
Paulo mostrou que os cristãos também têm os
seus ídolos. Não, eles não são estátuas de gesso ou
de madeira; não costumam ser vistos, porque ficam
escondidos no coração dos crentes. As atitudes de
avareza, ganância, e apego material são ídolos. O
apóstolo Paulo denunciou isto, ao chamar a avareza
de idolatria:
“Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:
prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno
e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem
a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.”
Colossenses 3.5,6
Jesus disse que o que é elevado entre os homens é
abominação perante Deus (Lc 16.13-15); e Ele
falava acerca da ganância dos fariseus ao fazer esta
afirmação.
Há pessoas que são tão apegadas ao dinheiro que
fazem dele um “deus” em suas vidas. Dão tanto
valor às coisas materiais que, perante o Senhor, é
como se cultuassem um ídolo em suas vidas.
Ao escrever aos filipenses, o apóstolo Paulo falou
de algumas pessoas cujo deus era o ventre (Fl 3.19).
Não seria errado dizermos que, atualmente, na vida
de muitas pessoas, o seu deus é a carteira!

QUEBRANDO O SENHORIO
DO DINHEIRO
A Bíblia é clara ao revelar-nos que o dinheiro
pode ser um concorrente ao senhorio de Cristo em
nossas vidas:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se
a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e
às riquezas.”
Mateus 6.24
A única coisa que Jesus mostrou que disputa com
o senhorio de Deus em nós foi justamente o
dinheiro (ou as riquezas). Dar a Deus não é apenas
uma das formas de honrá-Lo, mas também de
mantermos esta área sob disciplina.
Já vimos que Deus não está interessado em nosso
dinheiro, e sim na honra que Lhe conferimos. Mas
por que Deus deseja ser honrado justamente com
os nossos bens? Qual a importância deste tipo
específico de honra?
Quando conseguimos honrar ao Senhor
justamente nesta área, que é a que mais domina e
prende o nosso coração, estamos cumprindo o
verdadeiro sentido da palavra “honrar”: “fazer
distinção e colocá-Lo acima dos nossos maiores
valores”.
Temos que aprender a dar, porque amamos mais
a Deus do que aos nossos bens, e não por causa da
utilidade da oferta em si.
Fico pensando qual seria a minha reação se eu
visse algum irmão na igreja queimando alguns
maços de notas de cem reais num culto de
adoração (Por favor não faça isto!). Contudo, o que
Maria de Betânia fez foi algo parecido! Ela não
deixou que fosse aproveitado nem o vaso! Não
acredito que devemos cultivar uma atitude de
desperdício, mas que devemos aprender a dar,
independentemente de haver ou não proveito para
o dinheiro dado.
Dar somente para dizermos a Deus que Ele está
acima do dinheiro em nossas vidas já seria uma
motivação suficiente para ofertarmos. Contudo,
além de honrá-Lo, o Senhor ainda permite que o
dinheiro seja utilizado no avanço do Seu Reino e
que redunde em bênçãos para o que dá. Mas,
certamente, precisamos mudar a nossa mentalidade
acerca deste assunto e assumir a ótica de Deus para
as nossas ofertas. Essa postura do coração será
profundamente abençoadora.
Eu gosto da figura encontrada numa das formas
de entrega das ofertas na Igreja do Livro de Atos.
Vemos as Escrituras Sagradas afirmando que os
irmãos não mais deixavam as suas ofertas num
gazofilácio, como antes se costumava fazer no
Templo, mas agora as deixavam aos pés dos
apóstolos:
“Não havia, pois, entre eles necessitado algum;
porque todos os que possuíam herdades ou casas,
vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o
depositavam aos pés dos apóstolos. Então, José,
cognominado, pelos apóstolos, Barnabé (que,
traduzido, é Filho da Consolação), levita, natural de
Chipre, possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o
preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Atos 4.34,36,37
“Mas um certo varão chamado Ananias, com
Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade e reteve
parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e,
levando uma parte, a depositou aos pés dos
apóstolos.”
Atos 5.1,2
Ao fazer esta observação, não estou sugerindo
que tenhamos que mudar a forma de entregarmos
as contribuições em nossas igrejas, e sim chamar a
sua atenção para um detalhe importante.
Justamente nesta área financeira, que é tão delicada,
eles pareciam dizer que o dinheiro não era senhor, e
sim um servo, que ele estava sujeito aos seus pés. É
desta visão que precisamos ser imbuídos!
Desta forma, o dinheiro não governará as nossas
vidas. Pelo contrário, nós é que o governaremos,
como também aos atrativos que ele tenta trazer aos
nossos corações. Ele pode ser senhor ou servo na
vida do homem. Só depende do coração de cada
um de nós!
A PALAVRA DE DEUS PODE SER
SUFOCADA
Uma outra particularidade sobre o dinheiro e os
danos que ele pode produzir na vida do cristão é
vista na Parábola do Semeador. Jesus fala sobre a
semente da Palavra de Deus caindo em quatro tipos
de solos, e um deles é o terreno espinhoso:
“E outra caiu entre espinhos, e os espinhos
cresceram e sufocaram-na.”
Mateus 13.7
Os espinhos não parecem tão perigosos à
semente no início. O problema é o que acontece
com o passar do tempo e o fato de os espinhos não
terem sido removidos: eles crescem a ponto de
sufocarem a Palavra de Deus. Esta foi a
interpretação que o Senhor deu a seguir:
“E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a
palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução
das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”
Mateus 13.22
Do mesmo modo que o Diabo apelou para esta
área ao oferecer a Jesus (na tentação do deserto) a
glória e os reinos deste mundo, assim também ele
fará conosco. Porém, da mesma forma gloriosa
com que Cristo venceu o Maligno, rejeitando as
suas propostas, assim também devemos fugir dos
seus atrativos. O Diabo não oferece riquezas porque
ele queira o melhor para ninguém, mas justamente
por saber quão nocivos podem ser o dinheiro e as
riquezas na vida de alguém que se deixa prender
por eles.

O DINHEIRO TAMBÉM PODE SERVIR AO


REINO DE DEUS
Diferentemente de tudo o que vimos até agora e
que representa perigo à nossa fé, o dinheiro
também pode servir para abençoar. Basta
relacionarmo-nos com ele de uma forma correta e
usá-lo como “servo”, ao invés de tê-lo como
“senhor”. O modelo de como os nossos bens devem
servir aos propósitos do Reino pode ser visto no
próprio ministério do Senhor Jesus:
“Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de
cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e
anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze
iam com ele, e também algumas mulheres que haviam
sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades:
Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete
demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de
Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe
prestavam assistência com os seus bens.”
Lucas 8.1-3
Os apóstolos também seguiram o exemplo de
Jesus, ensinando a respeito do assunto e recebendo
as contribuições que davam manutenção e
condições de avanço ao ministério.
As contribuições, em sua maioria, eram
espontâneas, mas houve momentos em que os
apelos, aparentemente, ficaram mais contundentes
em face das necessidades. O autor da Epístola aos
Hebreus elogia os crentes a quem escreveu, pela
alegria em aceitarem o espólio de seus bens:
“Porque não somente vos compadecestes dos
encarcerados, como também aceitastes com alegria o
espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes
vós mesmos patrimônio superior e durável.”
Hebreus 10.34
O Dicionário Aurélio define o verbo “espoliar” da
seguinte maneira: “Privar de alguma coisa
ilegitimamente, por fraude ou violência; roubar,
despojar, esbulhar”.
É lógico que os líderes da Igreja não roubaram o
povo, nem tampouco o forçaram pelo uso de armas
a praticar este nível de contribuição. Mas o verbo
usado indica que, no mínimo, houve um apelo
contundente para a entrega de bens e posses, uma
espécie de “santo confisco”, que não era só aquele
que ocorria em face da perseguição da Igreja
naqueles dias.
Não estou tentando doutrinar a favor de muitos
abusos que se cometem por aí (onde muitos líderes
impõem o quanto as pessoas devem ofertar). Estes
irmãos hebreus aceitaram com alegria o espólio de
seus bens! Eles não foram enganados nem
tampouco forçados! Mas o fato é que a Igreja, de
modo geral, tornou-se em nossos dias covarde e
avarenta – “covarde” por não transmitir a
mensagem de que o Reino de Deus é digno do
nosso melhor nas contribuições financeiras, pois ela
se preocupa demais em agradar as pessoas,
esquecendo-se do que o apóstolo Paulo declarou
com contundência: “Ou procuro agradar a homens?
Se agradasse ainda a homens, não seria servo de
Cristo” (Gl 1.10). Muitos líderes falham por não
ensinarem e não conduzirem o povo de forma
correta nas questões da contribuição e do uso do
dinheiro, porque temem tornar-se um alvo de
críticas, de zombarias e acusações; “avarenta”,
porque nem mesmo a liderança cristã, de modo
geral, pode ser considerada como um exemplo de
contribuição.
Alguns nem têm a coragem de ensinarem muito
acerca do assunto para não ficar feio para eles
mesmos. Uma vez que muitos dos próprios líderes
não agem com desprendimento, acabam
estabelecendo um modelo (oferecido por suas
próprias vidas) para o rebanho, o qual, por sua vez,
também caminha no mesmo padrão de falta de
liberalidade. No entanto, creio que virão dias de
uma mudança gerada por uma nova visão e
compreensão das antigas verdades bíblicas!
Capítulo 5

APRENDENDO O
CONTENTAMENTO
“Não há melhor antídoto contra cobiçar aquilo que é dos
outros do que satisfazer-se com o que é seu.”
(Thomas Watson)

R osméri, uma querida irmã de Guarapuava,


Paraná, contou-me que, quando se converteu,
ela começou a orar fervorosamente para que o
Senhor fizesse com que ela ganhasse na Loteria.
Mesmo sem ter conseguido nada a princípio, ela foi
insistindo, não só no jogo, mas nas orações “para
poder ganhar”. Numa certa ocasião, estando já
desanimada e cansada de tanto orar, porém sem ver
nada acontecer, ela desabafou com Deus, dizendo
que Ele não ouvia as suas orações. Então, ela teve
uma visão que a marcou muito.
Ela se viu diante de uma grande cachoeira, bem
linda. Também viu o Senhor Jesus na parte de
baixo, onde as águas caíam; então ela viu que Ele
começou a escalar as pedras daquela cachoeira.
Quando Ele chegou lá em cima, ela, sem entender,
perguntou: “Jesus, por que o Senhor escalou as
pedras? Num piscar de olhos o Senhor poderia
estar aí em cima! O Senhor é Deus! Por que subir?”
Aí então, Ele olhou para ela, de uma forma muito
amorosa e paciente, e respondeu-lhe: “Subir com o
seu próprio esforço é mais gratificante.
Experimente!”
Depois que Jesus lhe disse isto, a visão cessou, e
ela sabia em seu espírito que Deus lhe falara acerca
da questão de jogar na Loteria.
Eu gostaria de trazer uma palavra de advertência
sobre os jogos de azar. Não há bênção neste tipo de
dinheiro! A grande maioria dos ganhadores da
Loteria perdem o dinheiro ganho em questão de
meses, ou de poucos anos, e não creio que isto seja
apenas em função de não estarem prontos para
administrá-lo, mas porque não há bênção sobre este
tipo de ganho.
Hoje em dia as pessoas se lançam
desesperadamente ao jogo para “tentarem a sorte”,
mas o cristão reconhece que é melhor andar
devagar e construir a sua vida com o “suor do seu
rosto” e com o que Deus lhe dá. Muitos sacrificam o
que não têm para jogarem. Milhões de pessoas
fazem a sua “fezinha” na Loteria, que enriquecerá
uma única pessoa (no máximo algumas) e
continuará decepcionando muitas.
Não há nenhuma clara e direta proibição bíblica
com relação aos jogos, mas a ética, os valores que a
Palavra de Deus nos comunica em seu todo, e a
consciência do que é uma boa mordomia devem
nos afastar desta prática.
O problema de muitos de nós é que nos
permitimos ser dominados pela compulsão de
termos as coisas. Precisamos de “contentamento”
em nossas vidas. Esta é uma virtude na vida do
cristão genuíno.

O CONTENTAMENTO SE
APRENDE
Ao escrever a sua Epístola aos Filipenses, o
Apóstolo Paulo falou sobre a importância do
contentamento e revelou que isto é uma virtude
que devemos desenvolver. O contentamento não
aparece imediatamente ao novo nascimento. É algo
que aprendemos:
“Alegro-me grandemente no Senhor, porque
finalmente vocês renovaram o seu interesse por mim.
De fato, vocês já se interessavam, mas não tinham
oportunidade para demonstrá-lo. Não estou dizendo
isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-
me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar
necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o
segredo de viver contente em toda e qualquer
situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo
muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele
que me fortalece. Apesar disso, vocês fizeram bem em
participar de minhas tribulações.”
Filipenses 4.10-14 (NVI)
Quando examinamos o contexto desta afirmação
feita por Paulo, percebemos que ele estava em
tribulação, ou seja, com necessidades materiais. Os
irmãos intervieram com uma ajuda, uma oferta
amorosa para o seu sustento, e ele lhes disse que ela
veio ao encontro de suas necessidades do
momento, ou, como ele mesmo denomina, da sua
pobreza. Contudo, o apóstolo não reclama da sua
privação, mas diz que ele aprendeu a viver contente
em toda e qualquer situação.
Observe isto: ele aprendeu o contentamento, o
que significa que, no início da sua carreira cristã,
ele ainda não o possuía. E onde foi que ele
aprendeu a praticar esta virtude? Em meio à
abundância ou em meio à falta?
É claro que foi durante a necessidade, pois são
em circunstâncias como essas que Deus trata
conosco. Quando chegou a provisão enviada pelos
filipenses, Paulo teve a vitória sobre a privação e a
necessidade. Ele venceu (as circunstâncias) e
aprendeu o contentamento (com aquilo que
passou).
Ele aprendeu que a sua alegria em Deus
independe do que acontece do lado de fora (nas
circunstâncias) e que ela deve estar presente em
toda e qualquer situação.
O apóstolo aprendeu também que não são as
circunstâncias que devem reger os nossos
sentimentos, mas sim a confiança no Deus da nossa
vitória. Ele foi tratado pelo Senhor a ponto de se
desapegar completamente das coisas materiais e
viver contente pelo fato de que Deus é maior do
que os nossos problemas e intervém neles. Paulo
diz ainda que ele tinha experiência em todas as
coisas, tanto na fartura e abundância, como na falta
e escassez, mas que não importava qual o tipo de
situação ele teria que enfrentar, pois ele podia todas
as coisas n’Aquele que o fortalecia: Deus!
Vemos claramente que o “poder todas as coisas”
não significa “não precisar passar por tribulações”,
nem tampouco vencê-las tão imediatamente elas
cheguem, mas suportá-las paciente e
confiantemente, sabendo que a vitória do Senhor é
certa e que ela chegará a tempo.
A única forma de não nos deixarmos envolver
pela ganância é permitirmos que a Palavra de Deus
prevaleça em nossos corações.
O que as Escrituras Sagradas mais ensinam no
que tange as coisas materiais é que devemos viver
com contentamento. O nosso coração não deve ser
aprisionado pela ganância, mas sustentado pelo
contentamento!
“Conservem-se livres do amor ao dinheiro e
contentem-se com o que vocês têm, porque Deus
mesmo disse: Nunca o deixarei, nunca o
abandonarei.”
Hebreus 13.5 (NVI)
O contentamento é o oposto do “amor ao
dinheiro” (que outras versões bíblicas traduziram
como “avareza”), o qual, por sua vez, é insaciável. O
contentamento não é apenas um conselho, e sim o
padrão que Deus ordena aos Seus filhos.
“Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos
às humildes”.
Romanos 12.16 (ARC)
Entre os poucos registros que temos nos
Evangelhos sobre o teor da pregação de
arrependimento de João Batista, vemos que ele
aborda o assunto do contentamento:
“E uns soldados o interrogaram também, dizendo:
E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis
mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso
soldo.”
Lucas 3.14 (ARC)
Contentar-se com o seu salário era a base do
caráter que aqueles soldados romanos necessitavam
para não errarem em outras áreas. Muitos dos
nossos desvios de conduta originam-se na falta de
contentamento. Precisamos permitir que Deus
reformule os nossos valores. Temos que ter limites
em nossos anseios. Quando queremos muito
alcançar o que não podemos é porque já entramos
no território da ganância.
O contentamento não inunda o nosso coração só
porque fizemos uma oração nesse sentido. Ele vem
de acordo com um processo de mudança de
valores. Este processo é desencadeado quando
começamos a dar ouvidos ao que as Sagradas
Escrituras dizem sobre o assunto. A única forma
pela qual a ganância é tratada é mediante a
renovação da nossa mente pela Palavra de Deus. É
necessário meditarmos nos trechos bíblicos que
tratam do assunto, decorá-los, proferí-los sempre.
É preciso orar sobre eles, pois o contentamento é
algo que aprendemos, ouvindo a Palavra de Deus e
remodelando valores.
O contentamento não está ligado à falta de
condições para uma vida digna; não é uma carência
contínua, e sim saber esperar até que as
circunstâncias mudem. O contentamento não
significa falta de sonhos ou comodismo, e sim
paciência para darmos um passo de cada vez,
sempre do tamanho das nossas pernas; significa não
ambicionarmos coisas altivas, mas acomodarmo-
nos às humildes.
Paulo disse que ele sabia como passar por
escassez e também como ter em abundância. Tanto
numa circunstância como na outra, precisamos
aprender a nos contentarmos. Na falta, ele se
contentava. Na abundância, ele também se
contentava. O apóstolo dá a entender nestes
versículos que ele não era um esbanjador na hora
em que ele tinha de sobra, nem um murmurador
na hora em que as coisas estavam faltando.
Precisamos aprender estes princípios para também
aprendermos como lidar com cada circunstância.
Ao dizer que ele podia todas as coisas n’Aquele
que o fortalecia, Paulo mostra que ele havia
aprendido de Deus o contentamento, e que, na hora
do aperto, era o Senhor que o fortalecia, de modo
que ele pudesse suportar o que ele estava passando.
Na vida deste homem de Deus, a Palavra do Senhor
falava mais alto do que a ganância e a abafava
completamente. É este exemplo que nós devemos
seguir!
A dificuldade que temos de não nos
contentarmos não é proveniente do fato de ser
impossível vivermos com menos, mas sim porque
não queremos viver com menos, especialmente
quando vemos outros vivendo com mais.
Juntamente com a ganância, sempre
encontraremos, caminhando de mãos dadas com
ela, a inveja!
Queremos tanto os produtos de última geração
pelo mero fato de que todo mundo os está
comprando, e não queremos ficar para trás. Há em
nossa carne um senso de competitividade e disputa,
e estamos sempre procurando estar por cima. A
Bíblia fala que o que nos move de maneira
gananciosa, em busca da maioria dos nossos alvos,
é a inveja:
“Também vi eu que todo trabalho e toda destreza
em obras provém da inveja que o homem tem de seu
próximo. Também isso é vaidade e desejo vão.”
Eclesiastes 4.4
O contentamento provém do quebrantamento
interior. É necessário despir-se da ganância e
avareza e caminhar em desprendimento. Podemos
relacionar o contentamento ao domínio próprio,
que é fruto do Espírito. Por outro lado, a inveja é
uma obra da carne.

NO QUE CONSISTE A VIDA


Numa certa ocasião, Jesus foi abordado por
alguém que Lhe pediu ajuda quanto aos seus bens.
Embora a resposta de Jesus possa parecer grosseira,
ela revela o aborrecimento que Lhe causamos com
a nossa ganância:
“Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a
meu irmão que reparta comigo a herança. Mas ele
respondeu: Homem, quem me constituiu a mim por
juiz ou repartidor entre vós? E disse ao povo:
Acautelai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida
do homem não consiste na abundância de bens que
ele possui.”
Lucas 12.13-15
Este homem teve uma chance de falar com Jesus
e a desperdiçou! A partir de então, o Mestre
começou a ensinar que a busca do que é material
jamais levará o homem à realização. Viver para
enriquecer é insensatez, pois a vida do homem
consiste em ser rico para com Deus.
“Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O
campo de um homem rico produzira com
abundância; e ele arrazoava consigo, dizendo: Que
farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e
edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os
meus cereais e os meus bens; e direi à minha alma:
Alma, tens em depósito muitos bens para muitos
anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe
disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o
que tens preparado, para quem será?”
Lucas 12.16-20
Depois de declarar aquilo em que não consiste a
vida do homem, o Senhor Jesus falou sobre aquilo
em que ela realmente consiste:
“Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é
rico para com Deus.”
Lucas 12.21
Ser rico para com Deus! Este deve ser o alvo de
cada um de nós. Não podemos permitir que a
cobiça e o materialismo roubem isto de nós.
Observe outras coisas que as Escrituras dizem a este
respeito:
“Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda
palavra e em todo conhecimento... de maneira que
nenhum dom vos falta, enquanto aguardais a
manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.”
1 Coríntios 1.5,7
Os coríntios foram enriquecidos nas coisas de
Deus! Note que não estamos falando contra o fato
de sermos materialmente ricos, e sim contra a
ganância. Enriquecer materialmente não é errado,
desde que o coração não se prenda a isto (Sl 62.10).
Contudo, deve haver em nós um anseio de
enriquecermos espiritualmente, em Deus. E o
anseio por tal riqueza espiritual deve ser maior do
que o anseio pelas riquezas terrenas.
Quando o Senhor Jesus falou com as Igrejas da
Ásia por meio do Apóstolo João, Ele chamou uma
igreja “pobre” de “rica” (Ap 2.9), pois ela era
espiritualmente rica, mas Ele chamou uma igreja
“rica” de “pobre” (Ap 3.17), pois, nas coisas de Deus,
eles eram miseráveis!
A riqueza espiritual tem que vir antes. Se o
Senhor permitir que você tenha a riqueza espiritual
e ainda a riqueza material, amém. Mas, se você
tiver que escolher entre uma e outra, não vacile!
Prefira ser rico para com Deus, pois esta é a única e
verdadeira riqueza! O Diabo nos impulsiona à
ganância, não porque ele queira nos enriquecer
materialmente, mas para tentar nos empobrecer
espiritualmente, e assim afastar-nos de Deus pela
corrupção material. O contentamento é a nossa
proteção!

VALORES
Há valores maiores do que os bens e o dinheiro:
“Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que
um grande tesouro, e com ele a inquietação. Melhor é
um prato de hortaliça onde há amor, do que o boi
gordo, e com ele o ódio.”
Provérbios 15.16,17
Aqui a Bíblia está falando de valores espirituais
(como o temor do Senhor) e também de valores
emocionais (como o amor, ao invés de ódio). Tudo
isto deve vir antes do dinheiro!
Já afirmamos que a Bíblia não é contra a riqueza.
Pelo contrário, creio que Deus pode e quer fazer
com que prosperemos; contudo, é importante
entendermos que há uma ordem a ser seguida. O
Apóstolo João declarou a Gaio que ele queria que o
seu irmão e amigo fosse próspero e tivesse saúde,
assim como a sua alma – com valores interiores –
era próspera (3 Jo 2)!
O problema da ganância é que ela tenta apressar
as coisas e ainda consome o nosso tempo, energia,
alvos, e outras coisas em nossas vidas que deveriam
ser do Senhor. A Palavra do Senhor nos mostra que
o caminho da espera e paciência é melhor. Viver
com contentamento não significa acomodarmo-nos
de modo a nunca chegarmos a lugar algum. Não! É
esperarmos com paciência no Senhor até
alcançarmos os nossos alvos! Tem mais a ver com
sabermos esperar do que com não esperarmos
nada, como erroneamente ensinam alguns.
Veja o que Deus diz sobre o tempo necessário
para a prosperidade como fruto do trabalho:
“A riqueza adquirida às pressas diminuirá; mas
quem a ajunta pouco a pouco terá aumento.”
Provérbios 13.11
A ganância lhe diz para você jogar em tudo o que
puder dar-lhe dinheiro sem esforço e depressa, mas
o conselho de Deus diz que “quem ajunta pouco a
pouco enriquecerá”.
A ganância também lhe dirá para você não
entregar os seus dízimos e também não ofertar; ela
tentará mostrar-lhe o “quanto” você poderia fazer
com este dinheiro. Mas a Palavra de Deus diz que
devemos dar e fazer prova de Deus, pois Ele é a
nossa provisão e sustento.
Quem confia no Senhor vê a diferença:
“Aquele que confia nas suas riquezas cairá; mas os
justos reverdecerão como a folhagem.”
Provérbios 11.28
Já declarei que a ganância sempre caminha de
mãos dadas com a inveja, e agora eu gostaria de
mostrar-lhe as consequências da sua decisão de
esperar a hora de Deus para você alcançar o que
você deseja, ou entregar-se à inveja, porque você vê
outros que têm as coisas antes de você:
“O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja,
porém, é a podridão dos ossos.”
Provérbios 14.30
Diga “não” à ganância, e você viverá em paz e
com uma realização interior. Mas, se você decidir
erroneamente e ceder à ganância, saiba desde já
quais são as consequências. Paulo disse a Timóteo
que essa cobiça levou muitos a se desviarem da fé e
a se traspassarem a si mesmos com muitas dores (1
Tm 6.10). Deus não é contra o fato de você ter
dinheiro, e sim contra a ganância. À medida que
você prosperar, mantenha os valores certos em seu
íntimo. Foi esta a instrução que o Apóstolo Paulo
pediu que o seu discípulo Timóteo transmitisse à
igreja:
“Manda aos ricos deste mundo que não sejam
altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das
riquezas, mas em Deus, que nos concede
abundantemente todas as coisas para delas gozarmos;
que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas
obras, que sejam liberais e generosos, entesourando
para si mesmos um bom fundamento para o futuro,
para que possam alcançar a verdadeira vida.”
1 Timóteo 6.17-19
Os problemas ligados ao dinheiro são claramente
abordados: o perigo da altivez e o risco de fazermos
das riquezas a nossa esperança.
O contentamento, por sua vez, é a forma de não
permitirmos que estes erros nos enlacem. E,
justamente por ser o oposto da ganância, o
contentamento nos leva a semearmos na vida de
outras pessoas através da prática da bondade e da
generosidade.
Capítulo 6

INTEGRIDADE NAS
FINANÇAS
“Cuide bem da sua integridade, e Deus cuidará da sua
prosperidade.”
(Charles Spurgeon)

E u trabalhei num banco durante dois anos


aproximadamente, antes de estar envolvido no
ministério em tempo integral. Era de praxe
ouvirmos alguns gerentes nos mandando mentir,
dizendo que eles não se encontravam na agência no
momento em que transferíamos as ligações de
alguns clientes, mas eu nunca aceitei fazer isto. Eu
dizia que a opção era uma das duas: ou eles
atenderiam o telefone ou eu falaria a verdade!
Numa das primeiras vezes em que eu fiz isto, o
gerente principal da agência disse que me
despediria. Educadamente pedi-lhe perdão por
dar-lhe a impressão que eu queria prejudicá-lo e
expliquei as minhas razões para agir assim. Disse-
lhe também que se ele me mandasse embora por
isto, eu faria questão que ele explicasse por escrito o
motivo da minha demissão.
Não fui mandado embora, e, com o tempo, todos
os gerentes naquela agência bancária me
confidenciaram que, devido a todo o meu
comportamento, eles sabiam que eu também nunca
mentiria para eles. Foi difícil no começo, mas eles
aceitaram minha resolução em manter a
integridade. E, se não aceitassem, eu sairia do
emprego para honrar ao Senhor!
Deus deseja ser honrado e distinguido, não
apenas através da entrega dos nossos dízimos e
ofertas, mas também em tudo o que fazemos com
os nossos bens e recursos materiais. Mencionamos
no primeiro capítulo que há certas expressões de
honra que não produzem nenhuma diferença no
caixa e na contabilidade da igreja local. De modo
semelhante, entender e praticar valores como a
integridade e uma boa mordomia também são uma
forma de expressarmos honra ao Senhor.
O nosso testemunho e a nossa conduta pesam
bastante no conceito que as pessoas têm de nós,
especialmente os não-crentes. Portanto, para
honrarmos ao Senhor, precisamos saber como viver
a integridade, a boa mordomia, e também como
lidar com as dívidas. Falaremos neste capítulo
sobre a integridade.
Muitos de nós não conseguimos descobrir o
quanto gastamos, e apenas vamos gastando!
Entramos no cheque especial, no limite do cartão
de crédito, tomamos emprestado, e vivemos
pagando juros e ficamos endividados. É comum
nos aventurarmos em empreitadas com as quais
não poderemos arcar. São tantas as histórias de
pessoas que perderam os seus carros ou os seus
apartamentos porque não conseguiram continuar
pagando as prestações assumidas!
Mas, quando falamos de honrar ao Senhor com
os nossos bens, percebemos que as verdadeiras
perdas não são as dos nossos bens e dinheiro, e sim
as do mau testemunho gerado pela falta de
pagamento. Portanto, o fato de termos um
orçamento pessoal e familiar nos ajuda muito a
evitarmos uma má administração financeira, que
certamente terá um consequente mau testemunho.
O PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO
“Orçamento” é a sua programação (e consequente
administração) financeira. Seja no planejamento
mensal das contas domésticas, ou no planejamento
da aquisição de um bem específico, nós sempre
devemos fazer um orçamento.
O Senhor Jesus, falando de um princípio
espiritual, de pessoas que queriam seguí-Lo sem
saberem o quanto isto lhes custaria em termos de
renúncia, proferiu uma parábola acerca da
necessidade de um orçamento, de um
planejamento financeiro:
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não
se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se
tem com que a acabar? Para não acontecer que,
depois de haver posto os alicerces, e não a podendo
acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde
acabar.”
Lucas 14.28-30
A fim de ilustrar uma verdade espiritual, Jesus
mencionou o orçamento de um empreendimento
como sendo a coisa mais natural e lógica que
qualquer um faria. Este é um princípio de vida que
até os incrédulos utilizam (e que nós também
deveríamos utilizar!). Se quisermos honrar ao
Senhor em nossa vida financeira, teremos que
gastar de forma regrada e programada.
Fazer o orçamento é algo simples: você calcula as
suas entradas (os salários da família e qualquer
outro rendimento) e começa a deduzir delas as suas
despesas fixas: os dízimos, as ofertas, o aluguel (ou
prestação da casa), as contas, como água, luz,
telefone, condomínio, etc., despesas de transporte
(ônibus ou a gasolina do carro, além da sua
manutenção), convênio médico, supermercado,
roupas, estudos, etc. Você ainda deveria ter uma
margem de “sobra” (um fundo de reserva) para
eventuais despesas não-programadas, como
farmácia, consertos do carro ou de algum
eletrodoméstico.
Se as suas despesas forem maiores que o seu
ganho, você terá que cortar algumas delas. Talvez
você tenha que mudar o seu padrão de vida, seja
em relação à casa onde você mora, ao carro que
você possui, aos gastos supérfluos nas áreas menos
necessárias (como gastos em restaurantes), às coisas
que você consome, etc. Senão, sempre haverá um
saldo negativo e você terá que tomar emprestado
para cobrir o rombo. Com o acúmulo dos
empréstimos, além dos juros, a sua dívida se
tornará uma “bola de neve”, algo sempre crescente.
Quando vivemos de forma desordenada em
nossas finanças, escandalizamos outras pessoas e
damos oportunidade para que elas falem mal do
Evangelho. Por isso somos instruídos pelo Senhor a
agirmos de forma oposta a esta:
“Tendo o vosso viver honesto entre os gentios, para
que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação,
pelas boas obras que em vós observem. Porque assim é
a vontade de Deus, que, fazendo o bem, tapeis a boca
à ignorância dos homens loucos; como livres e não
tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como
servos de Deus.”
1 Pedro 2.12,15,16
Em vez de permitirmos que falem mal de nós,
devemos tapar a boca dos que querem nos difamar.
E a melhor forma de fazermos isto é com a nossa
integridade.
Infelizmente, porém, muitos crentes têm sido
uma oportunidade para os que querem falar mal da
fé, especialmente pela sua falta de testemunho em
sua vida financeira.
Por que isto acontece tanto?
Como pastor, tenho percebido, em muitas e
muitas horas de aconselhamento com pessoas com
a vida financeira arrebentada, que, na maioria das
vezes, a intenção não é lesar ninguém através de
uma inadimplência ou calote, mas o que acontece é
por pura falta de controle. Este tipo de mau
testemunho acontece não só por dolo e maldade,
mas também porque não temos o hábito de
trabalharmos com orçamentos, o que gera um
descontrole, o qual, por sua vez, gera dívidas
maiores que os ganhos, e, com os juros
aumentando o rombo, leva à bancarrota. E isto não
remove a culpa nem o mau testemunho; só
desgasta o que pensamos sobre as intenções da
pessoa!
Muitas pessoas, no entanto, se dizem cristãs e
não têm escrúpulo algum. São maldosas, ganham
dinheiro com lucros desonestos, mentiras, roubos,
sonegações de impostos, etc. E, vivendo desta
forma, não serão os dízimos e as ofertas entregues
na igreja que as colocarão na posição de estarem
honrando ao Senhor com os seus bens. O que estas
pessoas fazem em suas vidas financeiras contradiz e
anula qualquer prática de honra financeira que
queiram dar ao Senhor nos cultos! É hora de
mudarmos a nossa atitude se desejamos que o
Senhor nos honre em nossas finanças.

PRESERVANDO O
TESTEMUNHO
Tudo o que fazemos deve promover glória a
Deus, até mesmo o que comemos (1 Co 10.31).
Somos chamados para glorificarmos a Deus por
meio da nossa conduta e das nossas obras:
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e
glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
Mateus 5.16
Mas, infelizmente, muitos de nós fazemos o
oposto em nossa vida financeira. As pessoas
querem olhar para nós e ver uma conduta
diferente. Aprendi a enxergar isto de modo mais
profundo, através de uma experiência que,
emocionalmente, foi muito dolorosa para mim.
Em 2002, tomei a decisão de romper com tudo o
que significasse algum comodismo no ministério, e,
ao seguir uma direção de Deus para esta nova fase,
decidi começar tudo de novo. Mudamo-nos para
uma nova cidade a fim de iniciarmos uma nova
igreja (e, a partir dela, várias outras). Ao fazê-lo, fui
aconselhado a levar comigo uma equipe, pois isto
me permitiria estabelecer o novo trabalho sem
impedir as minhas viagens para ministrar em
outras igrejas. Fomos em seis famílias em tempo
integral, e nos lançamos numa série de projetos,
para que pudéssemos nos manter. Com muita fé, e
também sem pouparmos esforços no trabalho,
vimos Deus nos abençoando e nos levando a muitas
conquistas. Os nossos registros acusaram um
investimento de muitos milhares de reais, só no
período inicial de um ano e meio, no ministério de
literatura, como também para suprirmos as
necessidades da igreja e mantermos as famílias que
nos acompanharam. Para isto nos desfizemos de
bens pessoais, trabalhamos como doidos, baixamos
o nosso padrão de vida, e passamos por um bom
aperto. Na hora de pagarmos as contas, tínhamos
uma filosofia: os aluguéis e as contas pessoais na
cidade eram prioridade e jamais poderiam ser
atrasados. A nossa preocupação era mantermos um
bom testemunho. Por outro lado, as contas de
telefone e de instituições financeiras eram as
últimas a serem pagas, pois dizíamos entre nós
mesmos:
“Estas companhias não sabem quem você é, mas
as pessoas da cidade sabem!”
Nunca agimos de má fé, e quitamos todas as
nossas contas. Houve ocasiões em que
aproveitamos a tolerância de pagarmos os telefones
com atraso, mas com os devidos juros. No fim
deste período, mesmo sem ter tudo em perfeita
ordem, sentia-me um herói! Eu havia edificado e
construído algo belo para o Reino de Deus! Eu
também havia me doado de forma singular ao
Senhor e ao Seu trabalho. Eu achava que eu era um
exemplo, até que um pastor amigo de outra cidade
me chamou para uma conversa... Ele me explicou
que ele havia se deparado com uma situação
constrangedora, e que ele gostaria de abrir aquilo
para mim, para me ajudar. Ele me contou que a sua
esposa havia adotado a primeira edição deste nosso
livro como leitura obrigatória para as pessoas sob a
sua liderança e discipulado, e que muitos foram
abençoados. Porém, uma pessoa a havia procurado
para uma conversa pastoral. Ela disse que o que eu
ensinava sobre honra nas finanças era
racionalmente certo, mas que o coração dela estava
fechado para me ouvir ensinar nesta área, pois ela
trabalhava na operadora do meu telefone celular e
tinha acesso a algumas informações, como por
exemplo, o fato de que as minhas faturas telefônicas
estavam atrasadas naquele momento. E ela
questionava:
“Como ele pode pregar sobre honra nas finanças
se ele está com as contas telefônicas atrasadas?”
Naquele momento senti o chão sumindo debaixo
dos meus pés! Primeiro, por achar que informações
como estas deveriam ser confidenciais; em segundo
lugar, por não entender qual era o crime de eu
atrasar uma conta que não chegou a ser
encaminhada para o Serasa, pois foi quitada dentro
de pouco tempo após o seu vencimento. Retruquei
imediatamente ao meu amigo pastor que a pessoa
errada não era eu, e sim ela, e que ela teria
problemas se eu denunciasse o ocorrido à
companhia telefônica! Disse-lhe que ela é que havia
quebrado as regras ao expor a minha situação, mas
que eu não havia feito nada de errado. Lembrei-lhe
do quanto em termos de recursos financeiros
estávamos injetando nos projetos do Reino de
Deus, que aquela funcionária da companhia
telefônica não sabia porque uma pequena conta
como aquela às vezes ficava atrasada, e argumentei
bastante com ele. Mas não adiantou! Ele estava lá
para abrir os meus olhos! Ele me disse que no nível
de ministério que eu já tinha chegado, não me era
mais permitido não pagar a conta do celular em
dia. Lembrou-me que as pessoas nos olham no
ministério, esperando modelos de integridade, e que
elas nunca ficarão sabendo que atrasamos uma
pequena conta por termos investido muito mais
que isto no Reino de Deus. E ele me deu uma boa
ilustração. Falou-me como são os jogos de
“videogame” da garotada. Cada vez que você passa
de nível, há um novo desafio. Os inimigos são mais
sutis e difíceis. Ele fez uma analogia ao ministério.
A cada novo nível, maior é a cobrança. E por fim
ele me advertiu:
“Você é um homem de fé. Mude o que você
pensa sobre o assunto. Esqueça esta história de que
a grande companhia não sabe quem você é. Ore por
cada continha e dê o exemplo ao pagá-la em dia.
Lembre-se sempre das pessoas que o ouvirão
ensinando e pregando, que lerão os seus livros, e
que não sabem que quase tudo o que você ganha vai
para o Reino de Deus. Já que elas não podem saber
o quanto você investe, deixe pelo menos que elas
saibam que as suas contas estão todas em dia!”
Confesso que poucas conversas tiveram um
impacto tão grande sobre as minhas ações como
esta. Entendi o dilema daquela irmã, que não quis
me expor, mas que só abriu o coração numa
confidência pastoral. Acredito que Deus usou isto
para chamar a minha atenção a detalhes que eu
nunca havia dado a devida atenção antes. Assim
sendo, decidi manter qualquer conta em dia, a não
me arriscar mais em empreendimento algum, nem
abusar da tolerância de crédito dos cartões e
bancos, ou de qualquer outra coisa do gênero.
Reconheço que me senti muito mal a princípio e
que eu chorei envergonhado em meu momento a
sós com Deus. Não achei justo estar me doando ao
Senhor como eu estava e ainda ouvir alguém
dizendo que eu não tinha um bom testemunho
nesta área. Mas o fato é que, aos olhos daquela
pessoa, naquele momento, e com as informações
que ela possuía, eu realmente não tinha um bom
testemunho!
Creio que eu nunca saberei quem é esta moça.
Mas agradeço a Deus por tê-la usado (mediante o
seu desabafo numa confissão pastoral) para que eu
mudasse os meus conceitos, decisões, e filosofia de
vida nesta área. Redobrei o cuidado e decidi
firmemente em meu coração que eu nunca mais
serviria de tropeço a ninguém!
Os nossos olhos normalmente não enxergam,
como os dos outros, o que pode ser um mau
testemunho nesta área financeira. Reveja o seu
coração, os seus princípios, as suas práticas e
filosofia de vida em suas finanças. E permita que
esta esfera de sua vida também promova a glória de
Deus!

PRINCÍPIOS DE INTEGRIDADE
Vivemos numa sociedade em que “prosperar” é
sinônimo de “brigar bem nos negócios”. A ideia de
competitividade foi substituída pela ideia de uma
guerra onde vale tudo. Em nome da sobrevivência,
e com uma profunda manifestação de egoísmo, os
homens alegam que eles aprendem a viver a prática
de seus negócios alicerçados na mentira, na
desonestidade, passando a perna uns nos outros, e,
sem nenhum escrúpulo, tornam o jogo cada vez
mais severo.
Diante disto, questionamos como deve ser a
conduta do cristão na área financeira, uma vez que
é tão fácil nos deixarmos levar pelo atual sistema
mundano! Deus, no entanto, deseja que não nos
conformemos com este mundo, mas que nos
transformemos pela renovação da nossa mente (Rm
12.2). Precisamos deixar que os valores da Palavra
de Deus encham o nosso coração, a ponto de
mudarmos completamente de atitude e
pensamento. A Bíblia tem princípios de integridade
que precisamos absorver e praticar:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? O que vive
com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala
a verdade; o que não difama com sua língua, não faz
mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu
vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao
réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que
jura com dano próprio e não se retrata; o que não
empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita
suborno contra o inocente. Quem deste modo procede
não será jamais abalado.”
Salmos 15.1-5
“Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de
falsidade cada um com o seu próximo... Não
oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do
jornaleiro não ficará contigo até pela manhã. Não
farás injustiça no juízo, nem favorecendo o pobre,
nem comprazendo ao grande; com justiça julgarás o
teu próximo.”
Levítico 19.11,13,15
Não deve haver lugar para a prática de roubos,
furtos, desonestidade, mentira, e qualquer outro
desvio da verdade em nossas vidas.
A base de todo tratamento que dispensamos ao
próximo deve ser a justiça e a integridade. Quem
faz vista grossa para isto, querendo lucrar depressa,
não conhece o que a Palavra de Deus diz sobre o
futuro dos que são desonestos nos negócios:
“Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim
é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no
meio de seus dias as deixará, e no seu fim será
insensato.”
Jeremias 17.11
Queremos agora examinar um pouco mais o que
as Sagradas Escrituras têm a dizer acerca destas
áreas em que tanto necessitamos de mudança e
compreensão.

BALANÇA JUSTA
Crescemos convivendo com a ideia de que o
mundo é dos espertos, e que a melhor forma de se
ganhar dinheiro é enganando aos outros. Mas, ao
edificarmos o nosso negócio nestas bases, estamos
trazendo sobre nós um princípio de maldição, e
não de bênção!
A Palavra do Senhor revela que devemos ser
justos em nossos negócios. Uma conhecida e antiga
prática de “esperteza” nos negócios era o uso de
pesos falsos nas balanças para se vender menos por
mais aos compradores. Eles usavam um outro peso,
diferente do padrão, para lesar os compradores.
Observe o que as Escrituras ensinam sobre isto:
“Dois pesos são coisa abominável ao Senhor, e
balança enganosa não é boa.”
Provérbios 20.23
Alguém que deseje honrar ao Senhor com os seus
bens não pode praticar, em seus negócios, o que o
próprio Deus chama de abominação. Todo tipo de
defraudação e engano é algo abominável ao Senhor.
Isto não somente deixa de dar-Lhe honra, mas
também O desonra!

FALANDO A VERDADE
Um outro princípio errado, e que portanto não
permite a bênção decorrente da integridade na vida
de alguém, é a mentira. A bênção divina está ligada
à presença do próprio Deus, e a Sua presença em
nossas vidas está condicionada à prática de
determinados princípios, como por exemplo, o
falarmos a verdade:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? O que vive
com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala
a verdade.”
Salmos 15.1,2
Muitas pessoas já associaram a ideia de que, para
se vender, é necessário mentir ou exagerar um
pouco nos detalhes do produto. Inúmeros negócios
estão fundamentados neste falso alicerce. Mas, na
vida daquele que quer honrar ao Senhor, não há
espaço para este tipo de prática, pois ela ofende a
Deus.
“Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor,
mas os que agem fielmente são o seu prazer.”
Provérbios 12.22
A mentira é chamada de algo “abominável” ao
Senhor, e nada do que alguém diga para
argumentar diminui a intensidade deste merecido
adjetivo dado pela Palavra de Deus.
Conheço crentes que não mentem para
efetuarem as suas vendas em seus negócios. E
mesmo assim prosperam; não pelo engano, mas
com a bênção de Deus! Além disso, um dos
motivos pelos quais eles possuem uma carteira de
clientes fiéis se deve ao fato de que eles são dignos
de confiança.
A bênção começa nestas coisas pequenas aos
nossos olhos, mas que são relevantes aos olhos de
Deus. Falar a verdade é um princípio de
integridade que traz bênçãos sobre as nossas vidas.
Precisamos crer nisto de coração e passar a
vivermos segundo esta convicção.

CUMPRINDO A NOSSA
PALAVRA
Além da questão da mentira em si, há também o
princípio de cumprirmos a nossa palavra, ou de
não quebrarmos as nossas promessas.
Quando o Diabo consegue fazer com que
assimilemos estas práticas mundanas, além de nos
roubar a bênção financeira, ele também consegue
criar em nós uma imagem errada, que nos
prejudica em nosso relacionamento com Deus.
Como podemos crer nas promessas de Deus e
tratá-las como imutáveis e irrevogáveis, se criamos
para nós mesmos uma espécie de relatividade em
nossos conceitos de verdade e cumprimento de
promessas?
Entre os princípios de integridade abordados,
está o de jurarmos e não mudarmos, ainda que com
dano próprio:
“Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo?
Quem há de morar no teu santo monte? ...o que jura
com dano próprio e não se retrata.”
Salmos 15.1,4b
Eu já fiz muitas promessas das quais me
arrependi depois, mas aprendi a cumprir a minha
palavra. Nos negócios devemos fazer o mesmo.
Um cristão que quer honrar ao Senhor não pode
combinar uma coisa e depois fazer outra. Ele não
pode simplesmente voltar atrás em sua palavra,
como se ele não tivesse prometido nada.
Estas atitudes podem até parecer que ajudam a
gerar lucros, mas, no fim, sempre percebemos que
lucrar com a falta da bênção divina não compensa.
Há muitos crentes que são roubados pelo Diabo
em seus negócios porque abrem a porta da
maldição pela sua falta de palavra, que é uma
mentira! Para honrar ao Senhor (e sermos honrados
por Ele) precisamos aprender a falar somente o que
cumpriremos. E, se por acaso prometermos algo do
qual venhamos a nos arrepender depois, então
devemos honrar esta palavra mesmo que ela nos
traga prejuízos. Foi disto que o salmista falou: “...o
que jura com dano próprio e não se retrata” (Sl
15.4b).

NÃO ROUBANDO
Roubar nos negócios é uma prática antiga. E a
advertência divina contra isto também é milenar. A
desonestidade de se vender menos por mais
(roubar tanto na quantidade como na qualidade) é
abominável ao Senhor. E há tantos cristãos agindo
assim!
Já falamos sobre o princípio da balança justa,
mas quero afirmar que lesar alguém pelo engano
também é roubar, pois envolve uma perda imposta
a alguém.

Deus diz que Ele odeia o roubo. Portanto,


devemos fugir disto, se queremos dar-Lhe a honra:
“Porque eu, o Senhor, amo o juízo e odeio a
iniquidade do roubo; dar-lhes-ei fielmente a sua
recompensa e com eles farei aliança eterna.”
Isaías 61.8
Não podemos roubar. A justiça tem que ser a
base dos nossos negócios. Os lucros injustos podem
parecer bons, por serem mais fáceis, mas, no
futuro, o que nos livrará da maldição e do juízo
divino é a integridade:
“Os tesouros da impiedade de nada aproveitam,
mas a justiça livra da morte.”
Provérbios 10.2
“O justo tem o bastante para satisfazer o seu
apetite, mas o estômago dos perversos passa fome.”
Provérbios 13.25
A integridade pode parecer mais cara hoje, mas o
futuro demonstrará que ela é o caminho mais
lucrativo. Há crentes que roubam o seu patrão,
usando os materiais da empresa em benefício
próprio, fazendo ligações telefônicas, recebendo as
horas em que não há produtividade, etc. Isto não é
honrar ao Senhor em nossas finanças. E muitas
vezes eles se justificam, tentando negar que isto seja
um roubo, mas toda apropriação indevida do que
não nos pertence é roubo, e ponto final!
O apóstolo Paulo precisou dar a seguinte
instrução aos crentes da Igreja de Éfeso: “aquele que
furtava, não furte mais...” (Ef 4.28).
Será que aqueles irmãos já não sabiam disto?
A verdade, no entanto, é que muitas vezes
roubamos sem admitirmos que se trata de roubo,
mas, mesmo assim, isto é pecado, e, na qualidade
de uma quebra de integridade, terá o seu preço de
ausência de bênção. O meu primeiro emprego foi
como office-boy numa repartição estadual. Certa
vez comentei com um outro irmão mais maduro na
fé que, embora o salário não fosse lá estas coisas, as
regalias compensavam. Ao ser indagado sobre estas
regalias, mencionei que tirávamos fotocópias de
graça ali. E, sem nenhuma preocupação em me
agradar, esse irmão me chamou de ladrão e me deu
o maior sermão!
É lógico que ninguém gosta de levar bronca, mas
não posso negar que o Senhor me convenceu de
que o errado era eu! E parei de tirar as fotocópias
desde então!
Examine a sua vida, e mesmo que você não seja
um homem de negócios, pergunte a você mesmo se
você não tem roubado nada.
Só para dar uma dica, reter o dízimo é roubar!
Sonegar impostos também! Os patrões que lesam os
funcionários em seus salários também estão
roubando e terão perdas, ao invés de bênçãos, por
causa disso:
“Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por
causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As
vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens,
comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram
gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por
testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como
fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos
últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que
ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido
com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros
penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos.”
Tiago 5.1-4
Insisto em afirmar que só dizimar e ofertar na
igreja não quer dizer que estamos honrando ao
Senhor! A forma como nos comportamos em
relação ao uso do dinheiro e dos nossos bens
(mordomia) revela se estamos honrando ao Senhor
ou não!

NÃO DANDO NEM ACEITANDO


SUBORNOS
O suborno é uma quebra da lei, ou das regras
estabelecidas, mediante o pagamento (ou
recebimento) de propinas. Alguém que deveria
executar o que é justo e estabelecido se vende por
dinheiro, e quem deveria ser punido pelo seu erro
compra a sua impunidade ou facilitação.
A prática do suborno envolve a mentira e a
quebra de integridade, tanto de quem paga o
suborno como de quem o recebe. Ao falar sobre
quem habitaria ou não perante o Senhor, o salmista
não deixou de fora da lista este deslize; antes o
descreveu como algo que nos exclui da presença do
Pai:
“O que não empresta o seu dinheiro com usura,
nem aceita suborno contra o inocente. Quem deste
modo procede não será jamais abalado.”
Salmos 15.5
A Palavra de Deus, na pregação de João Batista,
ainda nos traz um pouco mais de luz sobre este
assunto:
“Perguntaram-lhe também uns soldados: E nós, que
havemos de fazer? Respondeu-lhes: A ninguém façais
violência, nem deis denúncia falsa, e contentai-vos
com o vosso soldo.”
Lucas 3.14 (TB)
Ao dizer aos soldados que se contentassem com
o salário recebido, João Batista estava lhes dizendo
claramente que eles deveriam viver do seu salário e
não se vender à ganância por meio de subornos. Os
nossos policiais, fiscais, e outras autoridades erram
quando oferecem o caminho das propinas. E quem
se propuser a pagá-las (por já estar errando em
alguma outra coisa) estará tão errado quanto os
primeiros. Eu conheço policiais militares e fiscais
cristãos que não se vendem por dinheiro algum, e,
ao agirem assim, estão honrando ao Senhor.
Aparentemente eles jogam fora dinheiro e o
enriquecimento rápido, mas eles sabem que este é
um princípio de Deus: o dinheiro que vem fácil vai
fácil, pois não tem a bênção divina!
“Os bens que facilmente se ganham, esses
diminuem, mas o que ajunta à força do trabalho terá
aumento.”
Provérbios 13.11
O que parece ser tranquilo no começo trará o seu
preço posteriormente:
“Suave é ao homem o pão ganho por fraude, mas,
depois, a sua boca se encherá de pedrinhas de areia.”
Provérbios 20.17
Infelizmente, há muitos crentes que aceitam o
pagamento de subornos. Se você for pego, com o
seu carro, acima do limite de velocidade, não erre
uma outra vez, aceitando pagar um trocado em
favor da sua liberação! Eu já fui tentado neste
sentido. O policial me disse que dez reais eram
suficientes para ele fazer vista grossa ao meu erro.
Eu disse que eu não pagaria a propina, que ele
podia me multar, uma vez que eu reconhecia o
meu erro. Ele me falou que a multa custaria muito
mais, que não valia a pena querer ser moralista, e
que ele estava querendo me ajudar a não gastar. No
entanto, fiquei firme em minha posição. E como foi
custoso convencer aquele guarda a multar-me logo!
E como foi custoso também pagar a multa depois!
As pessoas pensam no valor da multa e
imaginam que é um desperdício pagá-la. E de fato
é! Porém, este desperdício se dá na hora em que
infringimos a lei, e não quando o guarda nos pega.
Depois de sermos flagrados pela polícia, a propina
se torna muito mais cara, espiritualmente falando,
pela perda da bênção!
Além de ser um caminho de bênção, a
manutenção da integridade também é uma forma
de honrarmos ao Senhor; não é uma opção, e sim
uma condição exigida por Deus!
Capítulo 7

DIFERENTES NÍVEIS DE
CONTRIBUIÇÃO
“A graça não torna a contribuição algo opcional.”
(Charles C. Ryrie)

Anossa contribuição é algo tão espiritual quanto as


nossas orações; não há como separarmos estes
dois assuntos em “natural” e “espiritual”. Quando
um anjo do Senhor apareceu ao centurião Cornélio,
ele fez a seguinte afirmação:
“As tuas orações e as tuas esmolas subiram para
memória diante de Deus.”
Atos 10.4
Note que o anjo enviado por Deus disse que
tanto as orações como as esmolas praticadas por
Cornélio subiram igualmente perante Deus. Isto
nos leva a entender e afirmar que, assim como a
oração, a contribuição também é um ato espiritual!
Além disso, percebemos no texto acima o uso da
expressão “para memória”, o que indica que as
ofertas são um “memorial”. Quando estamos
contribuindo em algum nível, isto não fica
esquecido diante de Deus. É como um lembrete de
que Ele tem um compromisso conosco. As
Escrituras Sagradas usam com frequência esta
aplicação para manter acesa a expectativa do nosso
coração de que a recompensa é certa. Observe esta
afirmação na Epístola aos Hebreus:
“Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do
vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com
o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos.”
Hebreus 6.10
As esmolas mencionadas pelo anjo que falou
com Cornélio fazem parte de apenas um dos níveis
de contribuição, pois a Bíblia menciona outros dois
níveis: o dos dízimos e o das ofertas:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me
roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas.”
Malaquias 3.8
Assim como no caso das esmolas, os dízimos e as
ofertas são apresentados a nós como coisas que
também produzem um memorial perante o
Senhor. O contexto de Malaquias 3 nos mostra isto:
“Então, os que temiam ao Senhor falavam uns aos
outros; o Senhor atentava e ouvia; havia um
memorial escrito diante dele para os que temem ao
Senhor e para os que se lembram do seu nome. Eles
serão para mim particular tesouro, naquele dia que
prepararei, diz o Senhor dos Exércitos; poupá-los-ei
como um homem poupa a seu filho que o serve.”
Malaquias 3.16,17
Quando contribuímos em qualquer um destes
três níveis, estamos levantando um memorial
diante de Deus. Com esta linguagem figurada, a
Bíblia está declarando que o Senhor Se “lembrará”
de nós para nos abençoar. A contribuição é um ato
espiritual seguido de bênçãos!
Cada um destes níveis de contribuição reflete não
somente a nossa consciência de “mordomia”, mas
também a nossa gratidão a Deus pelo que Ele tem
feito em nossas vidas.
Contribuir no Reino de Deus não é uma opção
para o cristão, e sim uma responsabilidade, um
dever a ser cumprido. É óbvio, no entanto, que
devemos fazê-lo com amor e alegria. Embora esta
deva ser a nossa atitude, isto não muda o fato de
que é um dever. É como no caso do marido e sua
mulher; a Bíblia ordena que o homem ame a sua
esposa, e isto é um sentimento que acompanha
uma atitude. Contudo, não deixa de ser um
mandamento bíblico, e consequentemente, um
dever a ser cumprido.
Cada um destes três níveis de contribuição (os
dízimos, as ofertas e as esmolas) tem tanto um
“destinatário” como um “propósito” bem distinto. É
preciso saber separá-los e tratar cada um deles
segundo os seus princípios.
O quadro a seguir é um resumo dessas
diferenças:
ENTENDENDO OS DÍZIMOS
O primeiro nível de contribuição encontrado na
Bíblia é o dos dízimos, a décima parte da nossa
renda, consagrada ao Senhor. Este nível aparece na
Bíblia como uma prática dos patriarcas, até mesmo
antes de ser instituído como lei em Israel. Abraão
deu os dízimos a Melquisedeque (Gn 14.20) e Jacó
também fez votos de dar a Deus os dízimos de tudo
o que o Senhor lhe concedesse (Gn 28.22).
Portanto, os dízimos não “nasceram” como uma
ordenança, e sim como um ato espontâneo, que
depois foi instituído como lei.
A Lei de Moisés ordenava a entrega dos dízimos
dos frutos da terra e também do gado:
“Também todas as dízimas da terra, tanto dos
cereais do campo como dos frutos das árvores, são do
Senhor; santas são ao Senhor. Se alguém, das suas
dízimas, quiser resgatar alguma coisa, acrescentará a
sua quinta parte sobre ela. No tocante às dízimas do
gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do
bordão do pastor, o dízimo será santo ao Senhor.”
Levítico 27.30-32
O propósito dos dízimos era o sustento dos
levitas que trabalhavam em tempo integral no
serviço ao Senhor:
“Eu, eis que tomei vossos irmãos, os levitas, do
meio dos filhos de Israel; são dados a vós outros para
o Senhor, para servir na tenda da congregação.
Porque os dízimos dos filhos de Israel, que
apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança
aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos
filhos de Israel, nenhuma herança tereis.”
Números 18.6,24
Havia doze Tribos, e a Tribo de Levi foi separada
para o serviço ao Senhor. Como não tinham
herança na terra e nem podiam dedicar-se ao
trabalho secular devido ao seu ministério, os levitas
viviam dos dízimos das outras onze Tribos. É
interessante notar que os levitas também
dizimavam (Nm 18.26,27), o que nos ensina que até
mesmo os ministros que servem em tempo integral
também devem fazê-lo.
Hoje, a maioria das igrejas investe a grande parte
da entrada dos dízimos em construções, aquisições,
e em outras formas de investimentos igualmente
importantes. Contudo, a necessidade de obreiros é
enorme, e as igrejas acabam ficando com uma falta
de recursos para equipes de trabalho maiores.
Todavia, a prioridade nos investimentos de uma
igreja local deve ser a de suprir (e bem) os seus
ministérios.
Um dos textos que melhor esclarecem o
propósito dos dízimos é este:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me
roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque
a mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os
dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento
na minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós bênção sem medida. Por vossa
causa repreenderei o devorador, para que não vos
consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não
será estéril, diz o Senhor dos Exércitos. Todas as
nações vos chamarão felizes, porque sereis uma terra
deleitosa, diz o Senhor dos Exércitos.”
Malaquias 3.8-12
Encontramos alguns princípios importantes
neste texto, os quais devem nos orientar quanto ao
entendimento correto dos dízimos.
Primeiramente, vemos que os dízimos
pertencem a Deus. Esta parte da nossa renda é do
Senhor, e não entregá-la é roubo! Não fazemos
nada mais que o nosso dever quando a entregamos.
Em segundo lugar, vemos que a entrega ou não
dos dízimos determina a bênção ou a maldição. A
entrega dos dízimos é um ato espiritual, de
repercussão espiritual. Ao entregá-los, somos
abençoados (Dt 14.28,29), mas se os retivermos (o
que a Bíblia claramente chama de “roubo”) seremos
amaldiçoados. O profeta Ageu foi contemporâneo
de Malaquias e também condenou a retenção do
que pertencia a Deus. A sua geração não mais
contribuía com os dízimos e as ofertas, e foi
amaldiçoada por causa disso (Ag 1.6,9-11). No
entanto, quando descobriram que não havia lucro
algum em roubarem a Deus, eles se arrependeram e
voltaram a contribuir, o que permitiu que o
Templo fosse reconstruído. No dia em que eles
lançaram os fundamentos do Templo, Deus mudou
a maldição em bênção, porque eles obedeceram (Ag
2.18,19).
Em terceiro lugar, encontramos o destinatário
deste nível de contribuição. Ele deve ser entregue
na Casa do Tesouro. Os dízimos têm um destino
certo. No Antigo Testamento, eles eram levados ao
Templo, para que houvesse mantimento (para os
levitas).
E por que ao Templo?
Porque este é um princípio espiritual válido em
todas as Escrituras, tanto no Antigo como no Novo
Testamento:
“Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será
muito recolhermos de vós bens materiais? Não sabeis
vós que os que prestam serviços sagrados do próprio
templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar
tira o seu sustento? Assim ordenou também o Senhor
aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.”
1 Coríntios 9.11,13,14
As Escrituras ensinam que os que semeiam o
espiritual devem colher o material. As pessoas
devem entregar os seus dízimos nas igrejas em que
recebem ministrações espirituais e participam da
Ceia do Senhor (como vemos no ocorrido entre o
patriarca Abraão e o sacerdote Melquisedeque – Gn
14.18-20). Paulo também ensinou este princípio aos
gálatas:
“Mas aquele que é ensinado na palavra faça
participante em todas as coisas boas aquele que o
ensina.”
Gálatas 6.6 (TB)
Os ministérios para-eclesiásticos (que existem
para auxiliar as igrejas, mas não são igrejas) não
devem aceitar dízimos – somente ofertas! Bato
muito nesta tecla porque eu também tenho um
ministério de apoio às igrejas (e que depende de
contribuições), mas sempre orientamos os irmãos a
não dizimarem em nosso próprio ministério. Nós
os instruímos a fazê-lo em suas próprias igrejas. Já
tive que rejeitar altas quantias em dinheiro que
queriam oferecer ao nosso ministério de ensino da
Palavra porque não eram ofertas, e sim dízimos!

OS DÍZIMOS NO NOVO TESTAMENTO


Algumas pessoas afirmam que os dízimos
pertencem única e exclusivamente ao Antigo
Testamento e que as contribuições do Novo
Testamento não têm uma quantia determinada, ou
seja, não estão limitadas a apenas dez por cento da
renda.
Concordamos que o Novo Testamento ensina
acerca das contribuições sem quantia determinada
e não limitada aos dez por cento dos dízimos, mas
o Antigo Testamento também já ensinava isto!
Trata-se de uma outra forma de contribuição,
chamada em Malaquias 3.8 de “oferta”. Toda a
argumentação que as pessoas contrárias aos
dízimos usam é praticada nas ofertas que damos
além dos dízimos.
Para quem quer contribuir com mais que os
dízimos, é só ofertar e ir além deles! Parece-me, no
entanto, que as pessoas contrárias, em sua maioria,
não querem reconhecer que estão aquém do que
deviam fazer pelo Reino de Deus. Elas precisam
extrair os dízimos da sua doutrina para aplacarem
as suas próprias consciências!
Vivemos na Nova Aliança, que é uma melhor
aliança, baseada em melhores promessas, e que tem
a Jesus como Fiador (Hb 8.6). Se passamos da
Antiga para a Nova Aliança (que é superior à
Antiga), não consigo imaginar como podemos
regredir nas contribuições. Se a Antiga Aliança
exigia um mínimo de dez por cento da nossa renda
como contribuição, será que a Nova Aliança
merece menos do que isto?
De fato, todos os textos que esclarecem os
dízimos são do Antigo Testamento, mas o Novo os
confirmou, e não viu uma necessidade de novas
instruções. O ensino neo-testamentário deu muita
ênfase às ofertas, que faziam parte de um outro
nível de contribuição e que necessitavam de mais
instruções. A verdade, no entanto, é que o Novo
Testamento também fala dos dízimos. E os
confirmam! Praticamente tudo o que pertencia à
Antiga Aliança foi ensinado por Jesus de forma
diferente, mas os dízimos não! Jesus confrontou as
práticas dos fariseus de Seus dias em quase tudo,
menos nos dízimos, os quais não foram suprimidos,
e a sua prática foi encorajada pelo Senhor:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e
tendes negligenciado os preceitos mais importantes da
Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém,
fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”
Mateus 23.23
A frase “devíeis fazer estas coisas” significa:
“Vocês devem entregar os dízimos, mas isto não
remove a responsabilidade da prática de outros
princípios igualmente importantes.”
O Senhor Jesus também disse que devemos “dar
a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”
(Mt 22.21), o que significa que, assim como há uma
fatia do nosso orçamento (proporcional aos nossos
ganhos) que pertence a César – que é uma figura de
quem recolhe os nossos impostos – assim também
temos uma fatia orçamentária (proporcional aos
nossos ganhos) que pertence a Deus – os nossos
dízimos.
Na Epístola aos Hebreus, falando de Abraão, que
deu o seu dízimo a Melquisedeque, o escritor
afirma:
“Aqui certamente recebem dízimos homens que
morrem; ali, porém, recebe aquele de quem se testifica
que vive.”
Hebreus 7.8
Ele está deixando claro que em seus dias (no
Novo Testamento), os dízimos ainda eram
recebidos.
Eu quero, no entanto, acrescentar mais um
pensamento. Se, hipoteticamente, os dízimos não
fossem de fato um mandamento neo-testamentário,
será que existiria algum ensino que os proíba de
serem entregues?
Isto seria – aos olhos de quem diz que o dízimo
não é uma prática para hoje – uma quebra de
algum princípio novo?
De forma alguma!
Tudo o que o Novo Testamento ensina acerca
das ofertas – e nós também praticamos este outro
nível de contribuição – permanece intocável
quando alguém entrega os seus dízimos. Portanto,
mesmo se eu tivesse dúvidas sobre a entrega dos
dízimos hoje – e eu não tenho um pingo de dúvida
acerca disto – ainda assim eu não conseguiria
entender onde isto poderia ser um problema!
No próximo capítulo, queremos trazer mais luz
sobre como a entrega dos dízimos está entrelaçada
a outras doutrinas imutáveis, que não ficaram
presas aos dias do Antigo Testamento. Por ora, no
entanto, sustentamos que os dízimos fazem parte
da Nova Aliança em que estamos vivendo hoje!
Estabelecido este princípio, podemos prosseguir,
afirmando que muitos questionam se a entrega dos
dízimos deve ser sobre a renda líquida ou a bruta.
Nos dias de hoje, com benefícios que são deduzidos
do salário, temos uma distinção muito grande entre
a renda bruta (valor do holerite) e a líquida (o que o
trabalhador recebe em suas mãos). E muitos se
perguntam sobre qual valor eles devem calcular os
seus dízimos.
Números 18.27 diz que os dízimos dos grãos se
contavam depois que estavam limpos na eira, e o
dízimo da vinha depois que as uvas haviam sido
espremidas no lagar. Isto fala do ganho líquido, e
digo que isto deve se aplicar a quem tem o seu
negócio próprio. Ninguém deve dizimar sobre o
faturamento, e sim sobre os lucros, sobre os ganhos.
Quanto ao trabalhador assalariado,
recomendamos que ele dizime sobre a renda bruta
do seu holerite, uma vez que a maior parte das
deduções são benefícios (ganhos indiretos), e os
impostos são despesas pessoais, como qualquer
outro gasto da casa que não deduzimos ao fazermos
esta conta.
No que tange à venda de imóveis, automóveis, e
outros bens, ensinamos que os dízimos devem ser
entregues sobre o lucro da negociação, e não sobre
o valor da venda do patrimônio.
Como dizia o meu pai, “venda não é renda”!
Aos empresários, lembramos que os dízimos são
entregues sobre o ganho real, e não sobre o
faturamento da empresa. E fazemos uma distinção
entre os dois tipos de ganhos: o pró-labore (a sua
retirada mensal) e a distribuição anual de lucros.
Quanto à sua renda pessoal, aconselhamos que os
empresários dizimem mensalmente na ocasião da
retirada do pró-labore. Quanto à distribuição anual
de lucros, a minha posição e conselho pessoal é que
eles deveriam dizimar os lucros antes que eles
sejam reinvestidos ou repartidos. Não acho bom
que eles esperem o dia em que a empresa seja
vendida (porque talvez isto nunca aconteça), para
então apurarem os lucros do capital reinvestido e
entregarem os seus dízimos.

AS OFERTAS
Quando Malaquias repreendeu o povo de Israel,
ele não o fez pela retenção dos dízimos apenas, mas
também pela retenção das ofertas! Este é um outro
nível de contribuição que precisa ser entendido e
praticado de acordo com os seus princípios.
Mesmo dizimando fielmente, o crente não pode
parar aí! Ele deve ofertar também!
Mesmo antes de os dízimos aparecerem na
revelação bíblica, as ofertas já eram entregues ao
Senhor. O Livro de Gênesis mostra Caim e Abel
trazendo, individualmente, uma oferta ao Senhor.
Os patriarcas também sacrificavam ao Senhor. Com
o tempo e o desenvolvimento de um sistema
financeiro, as ofertas começaram a ser expressas
principalmente por meio do dinheiro e de outros
bens valiosos. Quando Jesus visitou o Templo, Ele
Se assentou diante do gazofilácio e observou como
as pessoas ofertavam. O texto enfatiza as ofertas
dadas em dinheiro. Hoje não vivemos mais no
contexto de um sistema religioso que exige
sacrifícios de animais, e quase todo o nosso
conceito de ofertas relaciona-se ao investimento
financeiro que devemos fazer.
Os dízimos têm o seu percentual determinado; as
ofertas não! Elas são algo que fazemos além dos
dízimos. Os dízimos não são um ato voluntário,
mas uma obrigação! As ofertas, por sua vez, são
uma expressão voluntária do coração de alguém
que ama ao Senhor e a Sua obra.
As ofertas têm como destinatário o Reino de
Deus. Não são somente destinadas à igreja local,
mas ao Reino de Deus em toda parte. Elas vão para
missões, para ministérios para-eclesiásticos, para
construções, para a aquisição de qualquer coisa útil
à propagação do Evangelho. Sempre que um
templo foi construído no Antigo Testamento, os
recursos vieram de ofertas voluntárias. Uma vez
que os dízimos deveriam suprir às necessidades dos
levitas, não eram usados em outras coisas. As
demais necessidades materiais eram supridas
mediante doações voluntárias. Vemos este modelo
desde que Deus ordenou a construção do
Tabernáculo de Moisés:
“Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de
todo homem cujo coração o mover para isso, dele
recebereis a minha oferta. Esta é a oferta que dele
recebereis: ouro, e prata, e bronze, e estofo azul, e
púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e
peles de carneiro tintas de vermelho, e peles finas, e
madeira de acácia, azeite para a luz, especiarias para
o óleo de unção e para o incenso aromático, pedras de
ônix e pedras de engaste, para a estola sacerdotal e
para o peitoral. E me farão um santuário, para que eu
possa habitar no meio deles.”
Êxodo 25.2-8
A oferta é fruto de um coração generoso, que
move a pessoa a entregar voluntariamente o que ela
não é obrigada a entregar. É uma expressão de
amor! E tem um propósito diferente dos dízimos.
Enquanto os dízimos visam suprir a necessidade de
sustento dos obreiros de tempo integral, as ofertas
não têm um propósito específico. Elas geralmente
são usadas para se suprir necessidades diversas que
os dízimos não suprem. Estão sempre relacionadas
com aquisições e realizações, como vimos nas
ofertas para a construção do Tabernáculo de
Moisés.
Na preparação para a construção do Templo de
Salomão, o mesmo princípio foi aplicado. Davi foi
o primeiro, dando o exemplo de se ofertar por
amor:
“E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e
a prata particulares que tenho dou para a casa de
meu Deus, afora tudo quanto preparei para o
santuário: três mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e
sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as
paredes das casas; ouro para os objetos de ouro e
prata para os de prata, e para toda obra de mão dos
artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer
ofertas liberalmente ao Senhor?”
1 Crônicas 29.3-5
Depois de dizer o que fazia por amor, o Rei Davi
desafiou o povo a seguir o seu exemplo. E os líderes
o seguiram, dando ofertas pessoais:
“Então, os chefes das famílias, os príncipes das
tribos de Israel, os capitães de mil e os de cem e até os
intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente
contribuíram e deram para o serviço da Casa de Deus
cinco mil talentos de ouro, dez mil daricos, dez mil
talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem
mil talentos de ferro. Os que possuíam pedras
preciosas as trouxeram para o tesouro da Casa do
Senhor, a cargo de Jeiel, o gersonita. O povo se
alegrou com tudo o que se fez voluntariamente;
porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao
Senhor; também o rei Davi se alegrou com grande
júbilo.”
1 Crônicas 29.6-9
Em relação às ofertas, não há regras que
determinem “quanto” devemos dar e “quando”
devem ser dadas, somente “como” devem ser dadas.
No entanto, as ofertas devem fazer parte da vida do
crente!
No capítulo acerca da Lei das Primícias, falamos
que há pessoas que distinguem a entrega das
primícias como sendo uma forma a mais de
contribuição, ao invés de entregá-las apenas em
caráter de primazia. Neste caso, entendemos que a
entrega das primícias se enquadra na condição de
oferta. Ela foi chamada assim desde a primeira vez
em que foi mencionada na Bíblia (Gn 4.4). Esta é a
razão de não darmos às primícias um destaque
especial no Quadro de Contribuições (pg. 116).
Nos próximos capítulos falaremos mais sobre
outros princípios envolvidos nas ofertas.

AS ESMOLAS
Enquanto o destinatário dos dízimos é a igreja
local e o das ofertas é o Reino de Deus, as esmolas
destinam-se aos necessitados, sejam eles cristãos ou
não. É uma expressão de compaixão e misericórdia
para com os que estão passando por necessidades.
São uma forma de suprimento. O Antigo
Testamento já nos instruía a cuidarmos dos pobres:
“Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem
colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao
pobre e ao estrangeiro. Eu sou o Senhor, vosso Deus.”
Levítico 19.10
“Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece
para sempre, e o seu poder se exaltará em glória.”
Salmos 112.9
“Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta,
e este lhe paga o seu benefício.”
Provérbios 19.17
Uma parte dos dízimos do Antigo Testamento
era destinada ao sustento dos pobres:
“Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos
do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade.
Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança
contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão
dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para
que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras
que as tuas mãos fizerem.”
Deuteronômio 14.28,29
A cada três anos, os dízimos se tornavam não
somente o sustento dos levitas, mas também dos
pobres. Portanto, cerca de um terço dos dízimos
tinha este destinatário no Antigo Testamento.
Morris Cerullo, em seu livro “Dando e Recebendo”,
faz o seguinte comentário:
“Creio que dizimar significa, especialmente,
suprir um rendimento aos nossos modernos levitas
e sacerdotes – e aos pobres ao nosso redor. Creio
que Deus quer que usemos cerca de dois terços dos
nossos dízimos para capacitarem alguns líderes da
igreja a desempenharem seu ministério sacerdotal
(pastorear e ensinar), e outros que trabalham no
ministério, semelhantemente aos levitas
(administração e zeladoria). E ainda creio que Deus
quer que nos asseguremos de que a outra terça
parte dos nossos dízimos seja usada para a provisão
dos pobres da nossa comunidade.”
Isto não significa que as pessoas devam decidir o
que fazer com os seus dízimos. Eles são entregues
na igreja local, mas esta, por sua vez, deveria ter um
programa ou fundo de ajuda aos necessitados. A
Bíblia não está dizendo que os dízimos devem ser
repartidos sempre, senão não haveria o terceiro
nível de contribuição, que é a esmola. Mas esta
aplicação dos dízimos na Antiga Aliança revela um
princípio importante para nós hoje: o dinheiro
arrecadado na igreja não deveria servir somente à
construção de prédios e aquisições de bens
materiais, mas também para ajudarmos os
necessitados.
Vemos que a Igreja da primeira era cristã
sustentava as suas viúvas (At 6.1; 1 Tm 5.3-16) e
que os irmãos supriam às necessidades uns dos
outros, repartindo os seus bens entre os que tinham
necessidades:
“Todos os que creram estavam juntos e tinham
tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e
bens, distribuindo o produto entre todos, à medida
que alguém tinha necessidade.”
Atos 2.44,45
Temos a responsabilidade de exercermos
misericórdia e assistência social aos necessitados. E
os recursos que proporcionam isto são as “esmolas”,
ou, como outros preferem denominar,
“beneficência”.
O Capítulo 58 de Isaías trata disso, enfatizando
que a falta de solidariedade social pode prejudicar
toda a batalha do jejum e da oração.
Temos um conceito errado e achamos que
“esmola” é a moedinha esquecida no bolso que
jogamos ao necessitado da rua, mas toda e qualquer
forma de ajuda ao pobre e necessitado é
enquadrada nesta categoria de contribuição.
O Novo Testamento também sustentou o quanto
isto é necessário, começando-se pelos cristãos que
precisam de ajuda e estendendo-se aos ímpios.
Paulo disse que devemos fazer o bem a todos, e
Jesus incluiu nesta categoria até mesmo os nossos
inimigos. Mas a prioridade é ajudarmos os da
família da fé:
“Não nos desanimemos de fazer o bem; pois a seu
tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Portanto, à
medida que tivermos oportunidade, façamos o que é
bom a todos os homens, mas especialmente aos que
pertencem à família da fé.”
Gálatas 6.9,10 (TB)
Uma das principais recomendações ministeriais
que o apóstolo Paulo recebeu de Tiago, Pedro, e
João (a quem ele chamou de “as colunas da Igreja
em Jerusalém”) envolvia este assunto da ajuda que
deve ser ministrada aos necessitados:
“Recomendando-nos somente que nos
lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei
por fazer.”
Gálatas 2.10
Que tipo de lembrete é este a que Paulo se refere?
Certamente ele não está falando apenas de nos
lembrarmos ou recordarmos a existência destes
pobres, mas de nos importarmos com eles, de
procurarmos suprir às suas necessidades.
O Evangelho não toca somente o espírito e a
alma das pessoas; toca também o corpo com cura, e
o estômago com comida!
Cada um destes três níveis de contribuição tem a
sua importância, e, juntos, nos ajudam a
edificarmos o nosso memorial de contribuição
diante do Senhor. Certamente a nossa obediência a
estes princípios não será esquecida e tampouco
passará despercebidamente diante de Deus!
Relembrando, os diferentes tipos de contribuição
e os seus propósitos são:

Que o Senhor nos ajude a crescermos em cada


um destes níveis de contribuição!
Capítulo 8

CELEBRANDO A REDENÇÃO
“O que gastamos em piedade e caridade não é tributo pago a
um tirano, mas resposta de gratidão a nosso Redentor.”
(James Denney)

É impossível discutirmos a fundo as questões da


nossa vida financeira e da nossa contribuição ao
Senhor sem entendermos o que é a Redenção.
No Livro do profeta Malaquias, no clássico texto
a respeito dos dízimos, encontramos este nível de
abordagem. Ao falar sobre a da retenção dos
dízimos e ofertas, Deus chama isto de roubo:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me
roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque
a mim me roubais, vós, a nação toda.”
Malaquias 3.8,9
Uma abordagem do ponto de vista jurídico diria
que o assunto abordado por Deus é uma questão de
propriedade. Legalmente falando, envolve posse. E
não há como falarmos de coisas que dizem respeito
à propriedade de Deus, sem antes estudarmos a Lei
da Redenção.

ENTENDENDO A REDENÇÃO
Para muitos cristãos, a palavra “redenção” não
significa nada mais do que “perdão dos pecados” ou
“salvação”. Mas o seu significado vai muito além
disto!
A palavra “redenção” significa “resgate” ou
“remissão”. Ela retrata o ato de se readquirir uma
propriedade perdida. Antes de Deus estabelecer
algumas verdades no Novo Testamento, Ele
determinou que elas fossem primeiramente
ilustradas no Antigo Testamento:
“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens
vindouros, não a imagem real das coisas, nunca
jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os
mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente,
eles oferecem.”
Hebreus 10.1(TB)
A sombra é diferente do objeto que a projeta.
Assim também, o que se via nas ordenanças da
Antiga Aliança eram características similares (em
ordenanças “literais”) às dos princípios que Deus
revelaria nos dias da Nova Aliança (práticas
espirituais).
Por exemplo, o ato da circuncisão deixou de ser
“literal” e passou a ser uma experiência no coração
(Rm 2.28,29). Outro exemplo é a serpente que
Moisés levantou no deserto e se tornou uma figura
da obra redentora de Cristo na Cruz (Jo 3.14).
Assim também, outros detalhes da Lei que
envolviam comida, bebida e dias de festa,
começaram a ser vistos, não como ordenanças
“literais” pelas quais quem não as praticasse poderia
ser julgado, mas como uma revelação de princípios
espirituais, cabíveis na Nova Aliança:
“Ninguém, portanto, vos julgue pelo comer, nem
pelo beber, nem a respeito de um dia de festa, ou de
lua nova ou de sábado, as quais coisas são sombras
das vindouras, mas o corpo é de Cristo.”
Colossenses 2.16,17
É desta forma que precisamos olhar para a Lei da
Redenção no Antigo Testamento. Durante anos
Deus fez o povo praticar pela fé uma tipologia do
que Ele Mesmo um dia faria conosco. Foi assim
com o sacrifício do cordeiro que os israelitas
repetiam anualmente em várias cerimônias; por
fim, vemos João Batista apontando para Jesus e
dizendo:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!”
João 1.29
Paulo se referiu a Jesus como sendo o Cordeiro
Pascal (1 Co 5.7). Vemos nestas passagens que as
práticas repetidas por centenas e centenas de anos
visavam levá-los a entenderem uma figura que só
seria revelada posteriormente. Com a Redenção
não foi diferente.
O Livro de Rute nos mostra Boaz resgatando (ou
redimindo) as propriedades de Noemi. Ele estava
readquirindo uma posse perdida.
Toda dívida tinha que ser paga. Se uma pessoa
não tivesse recursos para honrar os seus
compromissos, ela deveria dar os seus bens em
pagamento, e, se também não fossem suficientes,
ela deveria dar as suas terras. E, se isto ainda não
bastasse para a quitação da sua dívida, o próprio
indivíduo (e às vezes até a própria família) deveria
ser dado como pagamento. Isto faria dele um
escravo!
Lemos em 2 Reis 4.1-7 que uma mulher viúva
teria seus filhos transformados em escravos se ela
não pagasse a sua dívida. E, quando isto acontecia
com alguém, só havia duas formas de esta pessoa
sair da condição de escravidão: ou alguém teria que
pagar a sua dívida (um redentor), ou ela teria que
esperar nesta condição até que o Ano do Jubileu
(que se repetia a cada cinquenta anos; a exceção
ocorria quando o escravo também era um judeu –
Êx 21.2) chegasse. Veja o que a Lei dizia acerca
disto:
“Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte
das suas possessões, então, virá o seu resgatador, seu
parente, e resgatará o que seu irmão vendeu. Se
alguém não tiver resgatador, porém vier a tornar-se
próspero e achar o bastante com que a remir, então,
contará os anos desde a sua venda, e o que ficar
restituirá ao homem a quem vendeu, e tornará à sua
possessão. Mas, se as suas posses não lhe permitirem
reavê-la, então, a que for vendida ficará na mão do
comprador até ao Ano do Jubileu; porém, no Ano do
Jubileu, sairá do poder deste, e aquele tornará à sua
possessão.”
Levítico 25.25-28
Neste texto, que fala somente da perda da terra, e
não da escravidão, vemos que havia três formas de
alguém recuperar as suas posses:

a redenção (o pagamento feito por um parente);


o perdão da sua dívida, proclamado no Ano do
Jubileu;
a sua própria possibilidade de pagar caso viesse
a prosperar (o que não ocorria no caso dos
escravos).

Para o escravo, porém, só havia duas formas de


ficar livre: o Jubileu (já vimos que a exceção a este
prazo ocorria no caso de um hebreu ter sido
comprado como escravo por um outro hebreu.
Neste caso ele teria que libertá-lo depois de seis
anos de servidão – Êx 21.2) ou a Redenção!
A redenção era o pagamento da dívida, feito por
um parente próximo. Por meio do pagamento, ele
comprava de volta tudo aquilo que se perdera.
Assim a pessoa que fora escravizada não mais
pertenceria a quem antes ela devia, mas ao que
pagava sua dívida. Por exemplo: se eu me
endividasse a ponto de perder todas as minhas
posses e fosse transformado num escravo, e o meu
irmão me resgatasse, eu não deixaria de ser escravo!
Eu somente mudaria de amo! Eu passaria a ser
escravo do meu irmão, porque ele me comprou!
E qual seria o proveito disto?
De que adiantaria ficar livre de um, para se
tornar escravo de outro?
A diferença era que o novo dono era um parente
e ele pagou aquela dívida por amor (uma vez que
um escravo normalmente não custava tanto), e,
justamente por causa do seu amor, ele trataria o
escravo com brandura, com misericórdia.

O QUE CRISTO FEZ POR NÓS


Foi exatamente isto que Jesus fez por nós!
Jesus Cristo nos comprou para Deus através da
Sua morte na Cruz:
“... porque foste morto e com teu sangue compraste
para Deus os que procedem de toda tribo, língua,
povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste
reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.”
Apocalipse 5.9b,10
O homem se transformou num escravo de
Satanás ao render-se ao pecado no Jardim do Éden.
A Bíblia declara que “aquele que é vencido fica
escravo do vencedor” (2 Pe 2.19), e foi isto que
ocorreu ao primeiro casal. Eles foram separados da
glória de Deus e perderam a filiação divina. Adão
foi chamado filho de Deus (Lc 3.38), mas esta
condição não foi mantida. Quando Jesus veio ao
mundo, Ele foi chamado de Filho Único de Deus
(Jo 3.16), mas Ele veio mudar esta condição e
passou a ser o Primogênito de muitos irmãos (Rm
8.29).
O Diabo se assenhoreou do homem e da Terra,
que fora dada ao homem (Sl 115.16), e afirmou isto
para Jesus na tentação do deserto (Lc 4.6). Mas
Jesus veio pagar a nossa dívida do pecado, e, ao
fazê-lo, garantiu a nossa libertação das mãos de
Satanás:
“Ele nos resgatou do poder das trevas e nos
trasladou para o reino do seu Filho muito amado, no
qual temos a nossa redenção, a remissão dos nossos
pecados.”
Colossenses 1.13,14 (TB)
Observe o termo “resgatou”, que aparece quando
o apóstolo Paulo está falando que fomos
transportados do Reino das Trevas e levados ao
Reino do Filho de Deus. Depois, ele afirma: “no
qual temos a nossa redenção”. Esta redenção foi um
ato de compra, efetuado pelo pagamento da dívida
do pecado:
“Tendo cancelado o escrito de dívida que era contra
nós e que constava de ordenanças, o qual nos era
contrário, removeu-o inteiramente, cravando-o na
cruz; e tendo despojado os principados e potestades,
os exibiu abertamente, triunfando deles na mesma
cruz.”
Colossenses 2.14,15 (TB)

O Texto Sagrado revela que Jesus despojou os


príncipes malignos. Segundo o Dicionário Aurélio,
“despojar” significa: “privar da posse; espoliar,
desapossar”.
Isto nos faz questionar o que, exatamente, Jesus
tirou destes principados malignos.
O que eles possuíam que pudesse interessá-Lo?
Nada, a não ser o senhorio sobre as nossas vidas!
O despojo somos nós, que fomos comprados por
Ele para Deus, e, a partir de então, passamos a ser
propriedade de Deus.
É exatamente assim que as Escrituras se referem
a nós. Somos agora chamados de propriedade de
Deus:
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim
de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz.”
1 Pedro 2.9
Repetidas vezes encontramos a ênfase de que o
Senhor Jesus Cristo nos comprou para Si. E o preço
pago foi o Seu próprio sangue!
“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso
fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e
sem mácula, o sangue de Cristo.”
1 Pedro 1.18,19
Portanto, quando Jesus nos comprou, Ele nos
livrou da escravidão do Diabo, mas nos fez escravos
de Deus!
Coisa alguma do que “possuímos” é de fato uma
propriedade exclusivamente nossa. Nem as nossas
próprias vidas pertencem a nós mesmos!
Somos propriedade de Deus! Ele é o nosso Dono!
Consequentemente, tudo o que nos pertence, é
d’Ele também!
Referindo-se ao Espírito Santo em nós, Paulo O
chamou de “o penhor da nossa herança, para
redenção da possessão de Deus” (Ef 1.14 – ARC).
Observe que o termo “herança” aparece associado
aos termos “redenção” e “possessão”, pois é disto que
o princípio da redenção sempre trata: o resgate da
propriedade!

CELEBRANDO A REDENÇÃO
A consciência da Redenção deve provocar em
nós uma atitude de gratidão e de culto a Deus.
Paulo falou sobre vivermos uma vida de santidade,
que é fruto desta consciência:
“Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem
comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca
contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós
mesmos? Porque fostes comprados por bom preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso
espírito, os quais pertencem a Deus.”
1 Coríntios 6.18-20 (ARC)
O apóstolo deixa claro, em três frases distintas, a
ênfase de que somos propriedade de Deus.
Primeiro ele afirma que não somos de nós mesmos.
Depois ele declara que fomos comprados – e por
um bom preço! E finalmente ele diz que o nosso
corpo e o nosso espírito “pertencem” (verbo que
indica posse) a Deus.
Portanto, separar-se do pecado e santificar-se
para Deus é glorificá-Lo por meio do corpo. Não é
um culto de palavras, mas não deixa de ser uma
exaltação. É um culto de santidade e boa
mordomia! Celebramos a Redenção não só por
meio de cânticos, mas também de atitudes. Quando
reconhecemos que Deus comprou o nosso corpo e
cuidamos dele com a consciência de que ele é de
Deus, estamos cultuando ao Senhor.
Da mesma forma, há um culto que é expresso
não só por meio de palavras, mas também por
nossas atitudes em relação às nossas finanças.
Assim como Deus redimiu o nosso corpo, Ele
também redimiu os nossos bens. Logo, da mesma
forma como o bom uso do corpo (em santidade)
glorifica a Deus, assim também o bom uso dos
nossos recursos financeiros, que são de Deus, O
glorifica!

A SIMBOLOGIA DO QUE JOSÉ FEZ


José comprou para Faraó todo o povo egípcio:
“Findo aquele ano, vieram a José no ano seguinte e
disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o
nosso dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já
pertencem a meu senhor; e nada resta diante de meu
senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra; por que
morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a
nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra em
troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de
Faraó; dá-nos também semente, para que vivamos e
não morramos, e para que a terra não fique desolada.
Então disse José ao povo: Hoje vos tenho comprado a
vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente
para vós, para que semeeis a terra.”
Gênesis 47.18,19,23
O que aconteceu com este povo?
Deixaram de pertencer a si mesmos e passaram a
pertencer a Faraó! O seu gado, as suas casas, as suas
terras – tudo pertencia ao rei do Egito! Eles se
tornaram servos de Faraó, para cuidarem do que
era dele!
O que Cristo fez conosco por meio do Seu
sacrifício na Cruz foi algo semelhante. Isto é o que
significa “redenção”.
Originalmente éramos propriedade de Deus, mas
a nossa queda e o nosso pecado nos roubaram isto.
Quando Cristo pagou o preço da nossa dívida, Ele
nos remiu da mão daquele que havia se tornado o
nosso dono, o Diabo. Quando declaramos que
somos servos de Deus, estamos reconhecendo que
não pertencemos a nós mesmos, e que tudo o que
temos na verdade pertence ao Senhor. Somos
apenas mordomos de algo que não é nosso! Não
nos atolaríamos em dívidas geradas em caprichos e
excessos, se andássemos com esta mentalidade. Se
sempre tomássemos decisões na área financeira,
com a consciência de que os recursos empregados
pertencem ao Senhor, cometeríamos menos erros.
Quando José comprou aqueles egípcios para
Faraó, tudo o que era deles passou a ser de Faraó;
logo, toda a renda deles deveria ir para Faraó.
Mas o que fez o rei egípcio com o povo? Ele
tomou tudo o que era deles? Não! Ele permitiu que
eles usassem a terra e os demais recursos para que
vivessem; mas, para que se lembrassem sempre que
tudo o que eles tinham não era deles, um quinto da
colheita (ou 20% da renda) ia para Faraó:
“Há de ser, porém, que no tempo das colheitas
dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão
vossas, para semente do campo, e para o vosso
mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o
mantimento de vossos filhinhos.”
Gênesis 47.24
E o que os egípcios fizeram? Ficaram reclamando
e dizendo que era injusto? Claro que não! A reação
deles foi justamente o contrário:
“Responderam eles: Tu nos tens conservado a vida!
Achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos
servos de Faraó.”
Gênesis 47.25
Viver como servos de Faraó era para eles um
privilégio, pois nem vivos estariam, se não fosse a
intervenção do rei!
Eu vejo nisto um perfeito paralelo do que Deus
fez conosco. As nossas vidas e tudo o que tínhamos
passaram a pertencer ao Senhor, mas Ele não queria
tomar tudo de nós! Ele queria que continuássemos
vivendo! Ele queria que vivêssemos melhor do que
viveríamos se não fôssemos mordomos Seus.
É como se Ele estivesse nos dizendo:
“Vão em frente! Usem o que é Meu para que
vocês possam viver as suas vidas e continuar
produzindo, mas não quero que vocês se esqueçam
que vocês são apenas mordomos do que não
pertence a vocês. Então, de toda a sua renda Eu
quero um décimo (dízimo) para Mim, além do que
vocês me darão espontaneamente!”
E sabe o que muitos crentes ainda dizem?
“Isto não é justo!”
Como isto pode ser algo injusto?
Ao invés de nos regozijarmos por pertencermos a
Ele e podermos servir Aquele que redimiu as
nossas vidas, reclamamos muitas vezes por termos
que devolver um pouco do que é d’Ele. Isto é
ingratidão! É falta de compreensão do que é a
Redenção!
Há pessoas que consideram os dízimos como se
Deus quisesse tirar dez por cento do que é nosso.
Mas esta não é a perspectiva correta. É Deus que
permite que fiquemos com noventa por cento do
que é d’Ele!
A maioria de nós ainda não conseguiu
compreender que a entrega dos dízimos é uma
forma de celebrarmos a Redenção. Ao dizimarmos,
não só expressamos gratidão pelo que Ele fez por
nós e nos mantemos conscientes do nosso lugar em
nosso relacionamento com Deus, mas também
realizamos um ato profético.

UM ATO PROFÉTICO
A entrega dos dízimos é um ato profético.
Semelhantemente aos israelitas que, ao celebrarem
a primeira Páscoa praticaram um ato profético,
assim também fazemos algo semelhante ao
dizimarmos.
Deus advertiu que naquela noite o Anjo da Morte
haveria de matar todos os primogênitos dos
homens e dos animais no Egito ( Êx 12.12). Em
todas as pragas anteriores, os hebreus haviam sido
poupados, mas, naquela noite, a proteção não seria
automática, mas dependeria de um ato profético,
com um simbolismo espiritual. Cada um deles
deveria aplicar o sangue do cordeiro da Páscoa aos
umbrais de suas portas:
“O sangue vos será por sinal nas casas em que
estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e
não haverá entre vós praga destruidora, quando eu
ferir a terra do Egito.”
Êxodo 12.13
O sangue de um animal não tinha o poder de
promover em si uma proteção espiritual. Ele era só
um sinal, uma mensagem simbólica! Era um ato
profético, por meio do qual eles reconheciam a
redenção de Deus em suas vidas naquela noite e
apontavam para o futuro, quando Cristo viria nos
resgatar e nos proteger por meio do Seu sangue
vertido na Cruz.
O interessante é que os hebreus não precisavam
se proteger. Eles somente precisavam cumprir o
sinal que foi estabelecido por Deus. Então, o
próprio Deus cuidaria da proteção deles. Mas, se
não O obedecessem, não fazendo o sinal de
proteção, então a morte dos seus primogênitos seria
inevitável:
“Tomai um molho de hissopo, molhai-o no sangue
que estiver na bacia e marcai a verga da porta e suas
ombreiras com o sangue que estiver na bacia; nenhum
de vós saia da porta da sua casa até pela manhã.
Porque o Senhor passará para ferir os egípcios;
quando vir, porém, o sangue na verga da porta e em
ambas as ombreiras, passará o Senhor aquela porta e
não permitirá ao Destruidor que entre em vossas
casas, para vos ferir.”
Êxodo 12.22,23
Há algo que precisa ser entendido aqui. Deus diz:
“Eu passarei pelas portas... Eu ferirei os
primogênitos...” Em primeira instância, parece que é
Ele fazendo tudo pessoalmente, mas não é isto o
que vemos aqui. Vemos Deus determinando a
execução do juízo, mas não exercendo-o sozinho e
diretamente. O versículo 23 termina dizendo que
Deus não permitiria que o Destruidor entrasse.
Logo, quem executava as mortes não era Ele
pessoalmente, mas um anjo. Vários textos do
Antigo Testamento mostram enfaticamente Deus
exercendo este juízo (Nm 33.4; Sl 135.8), mas a
forma como Ele executou isto é o que estamos
discutindo aqui.
E que anjo era este?
Ele foi chamado de “Destruidor”.
Curiosamente, este mesmo nome é dado ao Anjo
do Abismo, cujo nome em hebraico é “Abadom”, e
o nome em grego é “Apoliom” (ambos significam
“destruidor”); e a Palavra de Deus declara que ele
era o rei sobre os outros anjos que saíram do
abismo (Ap 9.11)! No juízo que Deus determinou
sobre a cidade de Jerusalém, o Anjo Destruidor
também foi enviado (1 Cr 21.15).
Satanás executa atos de juízo divino quando ele é
liberado para ferir e destruir os que desobedecem.
E não tenho medo de dizer que quem de fato
exerceu o juízo de Deus naquela noite foi o Diabo,
o Anjo da Morte.
As Escrituras dizem que um espírito maligno da
parte do Senhor atormentava a Saul (1 Sm 16.14-
16). Isto não quer dizer que o espírito maligno era
do Céu, mas que ele foi autorizado por Deus para
exercer juízo sobre quem se afastou
deliberadamente do Senhor!
O sangue naquela noite era um sinal de
propriedade. E o Diabo não pode ir além do
sangue. Lemos em Apocalipse 12.11 sobre um
grupo de fiéis que venceram a Satanás, e o texto
revela que eles o venceram pelo sangue do
Cordeiro!
Satanás não pode tocar no que é de Deus.
Conheci pessoas que foram alcançadas por Jesus
e que antes serviam aos demônios. Eu ouvi
pessoalmente de algumas delas que, antes da sua
conversão, elas tiveram experiências que as fizeram
refletir sobre o cuidado de Deus com os Seus. Uma
destas pessoas, a irmã Vilma Laudelino de Souza
(hoje missionária), quando pertencia à magia negra,
tentou matar uma crente com os seus trabalhos,
mas o demônio disse que não poderia fazer nada
contra tal pessoa, a qual, nas palavras dele mesmo,
tinha um “espírito terrível”. Uma outra pessoa, o
irmão Carlos (hoje pastor), quando ainda era um
bruxo, tentou violar o túmulo de uma cristã, mas a
entidade que lhe apareceu materializada no
momento do trabalho disse-lhe que ele não poderia
tocar naquele corpo, uma vez que ele pertencia a
quem o próprio demônio chamou de “O Homem Lá
de Cima”!
Aleluia! Se até os restos mortais do crente, que
sofreram decomposição, estão sob proteção divina,
o que não dizer de nós hoje, de nossas famílias e
bens?
Quando um hebreu estava colocando o sinal do
sangue na porta, ele estava dizendo com aquele
gesto que aquilo era propriedade de Deus e não
podia ser tocado. E sempre que a Redenção está em
questão, Deus decide defender pessoalmente o que
é Seu. Foi assim na Páscoa, e é assim com os nossos
dízimos hoje. Quando dizimamos, Ele mesmo
repreende o Devorador!
No momento em que o crente entrega os seus
dízimos diante de Deus e de todo o reino espiritual,
ele está reconhecendo a Redenção e a consequência
de ter a Deus como seu Dono, bem como de tudo o
que lhe pertence. Diante deste reconhecimento, o
Senhor mesmo afasta o Devorador e protege o que
é d’Ele. E o Diabo não se atreve a tentar tocar no
que pertence a Deus!
Mas, quando desobedecemos o mandamento
referente aos dízimos, estamos declarando que
Deus não é o Dono destas quantias. E não só
estamos roubando os dízimos (o que é uma
apropriação indébita do que é de Deus), como
também estamos nos apropriando dos noventa por
cento que ficam. E, ao fazermos isto, o Diabo está
de longe, assistindo tudo. Aí então ele diz: “Ah, este
dinheiro não é de Deus? O que é de Deus eu não
posso tocar, mas o que é seu...”
E é aí que as perdas ocorrem! Devemos fazer dos
dízimos um ato de celebração da Redenção. O
número dez está ligado à simbologia da Redenção.
Mesmo quando ele fala de prova (nos Dez
Mandamentos) ou juízo (nas dez pragas), é porque
a Redenção está por trás da história. O cordeiro da
Páscoa deveria ser escolhido no dia dez do mês de
Abib (Êx 12.3). Ao entregarmos os nossos dízimos,
devemos ser gratos pela Redenção e compreender
que, através deste gesto, redimimos os noventa por
cento da renda restantes para administrá-los para o
Senhor.
PERDAS E GANHOS
Muitos não entendem a bênção e a maldição
mencionadas por Malaquias em sua profecia.
Acham que Deus ameaça os Seus filhos, para que O
obedeçam por medo, mas não se trata disto!
Vimos que o Diabo não pode tocar no que é de
Deus, mas ele pode tocar em nosso dinheiro
quando deixamos de reconhecer a Deus como
Dono de tudo o que temos. Devido ao nosso
pecado de roubarmos o que é de Deus, o Maligno
encontra uma brecha para nos tocar. Esta é a razão
pela qual a maldição fere os que negligenciam a
entrega dos dízimos. As perdas se manifestam em
decorrência de uma maldição, a qual, por sua vez,
entra em nossas vidas pela desobediência.
Por outro lado, a bênção proveniente da
fidelidade nos dízimos também precisa ser
entendida. Ela não se trata de uma recompensa por
um bom comportamento, mas dos princípios que
estão sendo devidamente aplicados pelo cristão.
Será que há ganhos para os que dizimam? Claro
que sim! Mas eles não devem ser vistos como se
Deus estivesse aumentando o nosso patrimônio, e
sim como uma forma de Deus aumentar o
patrimônio d’Ele, sob nossa mordomia. Jesus nos
ensinou um princípio que rege vários aspectos da
vida cristã:
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e
quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Lucas 16.10
Se não dizimarmos o pouco que Deus nos
confiou, mas O roubarmos, com uma atitude de
infidelidade em nossa mordomia, Ele não nos
confiará mais, pois continuaríamos sendo injustos
no muito. Esta infidelidade impede a bênção
financeira sobre quem retém os dízimos!
Por outro lado, quem é fiel no pouco também o
será no muito. Se demonstrarmos obediência,
dizimando o que já temos, Deus nos confiará mais
dos Seus bens. Esta é a prova que determina quem
receberá mais do Senhor e quem não receberá!

MANTENDO-NOS
CONSCIENTES
Jesus instituiu uma Ceia Memorial para que
sempre recordássemos o que Ele fez por nós na
Cruz (1 Co 11.24,25). O Senhor conhece a nós,
como também a nossa inclinação ao esquecimento
do que Ele fez por nós. Portanto, Ele estabeleceu
uma forma de nos manter conscientes do que Ele
fez. Os dízimos também servem para este mesmo
propósito. A sua relação com a Redenção deve nos
manter conscientes de que Deus é o nosso Dono e
que somos propriedade Sua.
Assim como a Ceia faz parte de um culto de
gratidão e anuncia uma mensagem (a morte do
Senhor até que Ele venha – 1 Co 11.26), assim
também a entrega dos dízimos celebra a Redenção
e testemunha à nossa consciência que pertencemos
ao Senhor.
É interessante observarmos que a primeira
menção dos dízimos na Bíblia aparece justamente
num contexto de redenção (Abraão resgatando o
seu sobrinho Ló), juntamente com a tipologia da
Ceia: Melquisedeque (que recebe os dízimos) veio
ao encontro de Abraão, trazendo pão e vinho.
Quando temos o Culto de Ceia na igreja que eu
pastoreio, deixamos para entregar os nossos
dízimos no momento em que participamos da Ceia.
Assim como celebramos a Ceia, lembrando o que o
Senhor fez por nós na Cruz, assim também
celebramos a Redenção ao entregarmos os nossos
dízimos.
Quando você entregar os seus dízimos em sua
igreja local, faça-o com esta consciência. Uma
atitude correta com relação ao que você oferece ao
Senhor é um passo vital para você desfrutar das
Suas bênçãos!
Capítulo 9

ENTENDENDO A
MORDOMIA
“Os cristãos são mordomos do dinheiro do Senhor. Nós somos
apenas agentes d’Ele para distribuí-lo de acordo com a Sua
direção. Portanto, não temos condições de fazer algo
contrário à Sua vontade.”
(John Wesley)

S e tudo o que somos e temos pertence a Deus,


então devemos viver como bons mordomos,
administrando bem o que é do Senhor. O
Dicionário Aurélio define “mordomo” como sendo
“o serviçal encarregado da administração duma casa”.
É alguém que cuida do que não é seu. Jesus usou o
conceito de mordomia, aplicando-o a nós:
“Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e
prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos
para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-
aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando
vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente vos digo
que lhe confiará todos os seus bens. Mas se aquele
servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir,
e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a
beber, e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo
em dia que não o espera, e em hora que não sabe, e
castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis.”
Lucas 12.42-46

PRATICANDO A BOA
MORDOMIA
Embora nesta parábola Jesus estivesse Se
referindo principalmente a coisas espirituais, Ele
não deixou de incluir o aspecto natural e financeiro,
uma vez que os nossos bens também são d’Ele.
Prestaremos contas do que fizermos com o que
Ele nos deu. A nossa vida, família, casa, e bens são
do Senhor, e devemos administrar tudo isto como
algo que Ele nos confiou.
Uma parte do nosso dinheiro volta a Deus na
forma de contribuições, mas o restante não deixa de
pertencer d’Ele e deve ser usado da maneira
correta, bem administrado. Este é um princípio que
deve ser entendido e vivido, antes mesmo da
contribuição, que é só um pequeno aspecto da
mordomia. Ao lermos a Parábola dos Talentos (Mt
25.14-30), encontramos este conceito de mordomia,
que se aplica a todas as áreas das nossas vidas,
inclusive a financeira.
Honrar ao Senhor com os nossos bens inclui a
boa mordomia. Deus nos confia o que é d’Ele e
ainda nos dá a liberdade de usufruirmos o que nos
foi confiado:
“E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e
disselhes: Negociai até que eu venha.”
Lucas 19.13
No entanto, o fato de Ele nos deixar a escolha e a
decisão do que faremos com o que Ele nos concede
não significa que não haja uma forma correta de
administrarmos o que é d’Ele.

O QUE DEUS ESPERA DE SEUS


MORDOMOS?
O ensino de Jesus reflete princípios claros. Ele
mostrou que Ele esperava a fidelidade da parte dos
Seus mordomos:
“Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito;
quem é injusto no mínimo também é injusto no
muito.”
Lucas 16.10
Observe que Jesus não Se refere apenas à
honestidade, mas também à fidelidade. Isto
significa que o bom mordomo não é só o que não
rouba ou lesa o seu senhor, mas também o que se
mantém no propósito que lhe foi confiado. É mais
do que lealdade e confiança! É dedicação ao que foi
combinado! Deus espera mais de nós do que
simplesmente boa vontade e sinceridade! Ele espera
que sigamos as instruções que Ele nos deu e o
propósito revelado em Sua Palavra!
“Que os homens nos considerem como ministros de
Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Além
disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache
fiel.”
1 Coríntios 4.1,2
A única forma de sermos fiéis ao Senhor como
mordomos é entendendo o que Ele espera de nós, e
isto está registrado em Sua Palavra. A mordomia
não envolve somente a administração correta dos
nossos bens, mas também dos dons e ministérios
que o Senhor confiou a cada um de nós:
“Cada um administre aos outros o dom como o
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça
de Deus.”
1 Pedro 4.10
Porém, a nossa relação com o nosso dinheiro e
bens materiais é um excelente termômetro da
atitude do nosso coração com relação à mordomia
de forma geral.

A PRESTAÇÃO DE CONTAS
Cristo também nos ensinou que a mordomia é
um cuidado temporário do que pertence a uma
outra pessoa e que o verdadeiro dono exigirá uma
prestação de contas da administração depois.
“E dizia também aos seus discípulos: Havia um
certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este
foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele,
chamando-o, disse-lhe: Que é isso que ouço de ti?
Presta contas da tua mordomia, porque já não
poderás ser mais meu mordomo.”
Lucas 16.1,2
Temos exemplos bíblicos de uma boa mordomia
sendo louvada e também de uma má mordomia
sendo punida. Ninguém pode fugir da prestação de
contas. Vemos isto nos exemplos que Jesus deu na
Parábola das Dez Minas e na Parábola dos Talentos:
“E aconteceu que, voltando ele, depois de ter
tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles
servos a quem tinha dado o dinheiro, para saber o
que cada um tinha ganhado, negociando.”
Lucas 19.15
“E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles
servos e ajustou contas com eles.”
Mateus 25.19
Esta é uma ênfase encontrada em toda a Bíblia.
Em Hebreus, fica evidente que a prestação de
contas é para todos, e que nada passará
despercebido aos olhos de Deus:
“E não há criatura que não seja manifesta na sua
presença; pelo contrário, todas as coisas estão
descobertas e patentes aos olhos daquele a quem
temos de prestar contas.”
Hebreus 4.13

SEGUNDO A CAPACIDADE DE CADA UM


Alguns ficam com medo da prestação de contas,
como se não fossem capazes de lidar com o que
Deus lhes confiou, mas há um princípio
inquestionável na mordomia instituída por Deus:
Ele, em Sua sabedoria e justiça, nunca pedirá a
ninguém para fazer alguma coisa que não consiga
fazer.
Ele nunca trata conosco da mesma maneira com
que Ele trata com outros, como que lidando por
atacado. Ele conhece as nossas limitações e também
a nossa capacidade. Ele sabe que não somos iguais
uns aos outros e que uma soma de fatores coloca a
cada um de nós em posições bem diferentes diante
d’Ele.
“Porque isto é também como um homem que,
partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e
entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos,
e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a
sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.”
Mateus 25.14,15
O conselho divino dado a Faraó, por uma palavra
de sabedoria pela boca de José, foi que era
necessário alguém capaz, para assumir a mordomia
da colheita dos sete anos de prosperidade que
estavam por vir:
“Portanto, Faraó se proveja agora de um varão
inteligente e sábio e o ponha sobre a terra do Egito.”
Gênesis 41.33
De modo semelhante, Deus, que inspirou esta
palavra dada por José, escolhe pessoas de
capacidade para darem conta do que Ele lhes
confiará.
Primeiramente, Deus nos dá a capacidade, e
depois Ele nos confia algo. Mesmo assim, Ele
jamais nos deixa entregues à nossa própria
capacidade, mas Ele mesmo Se incumbe de nos
capacitar ainda mais para podermos fazer a Sua
obra. Paulo falou disto, escrevendo aos irmãos da
Igreja de Corinto:
“E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma
coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade
vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser
ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas
do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.”
2 Coríntios 3.4-6
Estas palavras não retratam alguém com uma
consciência de capacidade própria, mas justamente
o contrário!
Precisamos entender que, no que diz respeito a
nossos bens e recursos materiais, Deus também nos
dará a capacitação para correspondermos ao Seu
propósito. Mas isto não cairá do Céu, como uma
fruta madura cai de uma árvore. É preciso
buscarmos isto de Deus. Este é o conselho que
recebemos de Tiago:
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em
rosto; e ser-lhe-á dada.”
Tiago 1.5
Assim como devemos buscar a sabedoria do alto
mediante a oração e a fé, assim também devemos
buscar o entendimento bíblico mediante o estudo e
a meditação. Desta forma, alcançaremos uma boa
mordomia!
Capítulo 10

ALGUMAS LEIS DA
CONTRIBUIÇÃO
“Estou convencido de que não há assunto sobre o qual a
consciência cristã esteja mais mal informada do que o da
contribuição.”
(Samuel Chadwick)

A o falarmos sobre a contribuição, não tornamos


o assunto completo, apenas reconhecendo o
memorial de contribuição que há perante o Senhor
– nem mesmo ao explicarmos os três níveis de
contribuição: dízimos, ofertas, e esmolas. Para
crescermos nesta prática e nos benefícios que dela
colhemos em nossas vidas, precisamos entender
algumas das leis da contribuição estabelecidas nas
Escrituras Sagradas.
Longe de abrangermos tudo o que a Bíblia ensina
sobre o assunto, limitamo-nos a compartilhar, neste
capítulo, algumas das leis que temos descoberto e
praticado.
EXPRESSÃO DE GRATIDÃO
Expressamos um sentimento de gratidão ao
Senhor ao contribuirmos. Mas, por detrás do
sentimento, encontra-se também a obediência a um
princípio ou mandamento. Quando as Escrituras
declaram que “Deus ama ao que dá com alegria” (2
Co 9.7), não quer dizer que a alegria coloca a
contribuição numa condição opcional, e sim que
Ele Se agrada de um coração que obedece
alegremente um mandamento. Não contribuir, de
acordo com o preceito bíblico, é andar
desordenadamente, o que nos privará da plenitude
de Deus.
“Mordomia” é a consciência de que nada do que
temos nos pertence, e sim ao Senhor, e que
devemos administrar os nossos bens para Ele da
melhor maneira possível. A contribuição, por outro
lado, é um contínuo lembrete de que somos
mordomos e que não deveríamos nos apegar ao que
não é nosso.

FIDELIDADE NO MÍNIMO
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e
quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Lucas 16:10
Não adianta dizermos que, quando Deus nos der
mais dinheiro, então passaremos a contribuir. Se
não o fizermos com o pouco que temos, não o
faremos depois. Quem não dá dez por cento de
cem reais de renda não dará dez por cento de uma
renda de mil reais. Se você não conseguir fazer isto
enquanto tiver pouco, não conseguirá fazê-lo
depois. A corrupção está dentro do ser humano. O
dinheiro somente traz à tona o que já existe por lá!
Por isso precisamos de disciplina no contribuir,
independentemente de acharmos que fará diferença
ou não!
Através das nossas contribuições, temos a
oportunidade de nos exercitarmos na fidelidade.
Pela disciplina da contribuição contínua, o nosso
coração é treinado e o nosso caráter é aperfeiçoado.
Precisamos ser fiéis ao Senhor e não aceitar
nenhum tipo de desculpas para não contribuirmos.
SEGUNDO AS NOSSAS
POSSES
Um outro princípio bíblico acerca da
contribuição é que ela deve ser feita conforme a
nossa prosperidade:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também
como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia
da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa,
conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que
se não façam coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.1,2
Ou seja, o Senhor não pede de alguém o que não
esteja ao seu alcance. Algumas vezes vemos na
Bíblia Deus pedindo algo precioso, como Ele fez
com Abraão. Outras vezes vemos pessoas ofertando
tudo o que possuíam, de modo sacrificial, e não
podemos negar que o Espírito Santo possa tê-las
movido em seu íntimo a agirem assim. O
importante, no entanto, é não perdermos de vista o
propósito de Deus:
“Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o
que o homem tem e não segundo o que ele não tem.”
2 Coríntios 8.12
A contribuição é aceita segundo o que você tem,
ou, em outras palavras, de acordo com as suas
posses.
Ninguém precisa ter um peso em seu coração
por não poder ofertar mais. Algumas vezes tenho
enfrentado momentos de tristeza em meu coração
por não poder ofertar mais. Eu amo a causa do
Evangelho, e, muitas vezes, eu gostaria de poder ter
feito bem mais, de ter ido além do que eu já fiz na
área das contribuições. Mas me conforta saber que
Deus não espera de nós mais do que aquilo que
podemos fazer. Ele espera que façamos a nossa
parte – e que sejamos fiéis na parte que nos toca!
Há um exemplo bíblico indiscutível acerca disto:
“Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem
suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva
pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse:
Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu
mais do que todos. Porque todos estes deram como
oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua
pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.”
Lucas 21.1-4
Deus não vê e nem tampouco compara números.
Ele vê a disposição do coração (e também a
limitação da renda, das posses). Quem possui mais
não é melhor do que aquele que tem menos
condições, ainda que tenha a capacidade de ofertar
mais. Quando Jesus foi dedicado no Templo, os
Seus pais deram uma oferta de pessoas de menor
poder aquisitivo, e, no entanto, esta oferta não
perdeu o seu valor.

EXPRESSÃO DE GENEROSIDADE
“Portanto, julguei conveniente recomendar aos
irmãos que me precedessem entre vós e preparassem
de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que
esteja pronta como expressão de generosidade e não
de avareza. E isto afirmo: aquele que semeia pouco,
pouco também ceifará; e o que semeia com fartura
com abundância também ceifará. Cada um contribua
segundo tiver proposto no coração, não com tristeza
ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria.”
2 Coríntios 9.5-7
Deus não aceita o que é uma expressão de
avareza. Em Atos 5, vemos que Ananias não foi
generoso; pelo contrário, ele foi avarento e
orgulhoso, e somente quis ficar em evidência com a
sua oferta.
Deus não está atrás do nosso dinheiro, mas da
nossa expressão de generosidade! Sem isto, a nossa
oferta não vale nada! Deve haver em nós alegria ao
contribuirmos. O apóstolo Paulo se referiu a isto
como sendo uma “graça” (2 Co 8.4). É um privilégio
servirmos a Deus com os nossos bens, e o Senhor
não quer que o façamos por constrangimento, mas
de coração! Não basta fazermos a coisa certa; temos
que fazer do jeito certo. Dar é a coisa certa, mas dar
generosamente é fazer do jeito certo. No Antigo
Testamento Deus ordenou que o povo de Israel
ajudasse aos pobres; mas advertiu a que fizessem da
forma correta:
“Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu
coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará
o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o
que empreenderes.”
Deuteronômio 15.10
O Senhor não queria apenas que os pobres
fossem socorridos, mas que aqueles que os
ajudassem o fizessem com um coração correto.
Deveriam ser movidos não só pela obrigação de
ajudar, mas por um coração que se regozija ao
ajudar alguém.
Escrevendo a Timóteo, Paulo pediu que ele
exortasse “os ricos deste mundo a serem generosos ao
dar”. Não bastava que eles fossem indivíduos que
doassem dos seus bens e renda; as suas dádivas
deveriam refletir generosidade.
“Exorta aos ricos do presente século... que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem
para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o
futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.”
1 Timóteo 6.17-19
Uma boa forma de se medir se você é generoso
na hora de ofertar é comparando-se quanto
dinheiro você investe na Casa do Senhor com
quanto você investe em seus entretenimentos e
hobbies. Não consigo entender, por exemplo, um
cristão que oferta menos do que aquilo que ele
gasta na vídeo-locadora!
As Escrituras Sagradas nos revelam que, quando
Jesus esteve no Templo de Jerusalém, Ele Se
assentou diante do cofre das ofertas para ver como
as pessoas contribuíam (Mc 12.41-44). Não está
escrito que Jesus observava quanto ofertavam e sim
como o faziam!
O texto mostra que muitos ricos lançavam ali
muito dinheiro, mas, apesar de darem mais em
comparação com os outros, eles não estavam dando
nada além da sua sobra. Se as suas ofertas fossem
comparadas com o seu poder aquisitivo, não se
podia dizer que estavam dando muito.
Muitos crentes ofertam tão somente por
obrigação; outros o fazem apenas por medo do
Devorador. Outros, ainda, ofertam com a
motivação de querer multiplicar o seu dinheiro. No
entanto, a alegria do coração do verdadeiro doador
é poder expressar diante de Deus a sua
generosidade. É dar substancialmente!

PERIODICIDADE E CONSTÂNCIA
Este aspecto é muito importante. Há pessoas que
testemunham que fizeram ofertas de sacrifício, e
que houve ocasiões em que o Senhor tocou os seus
corações para fazerem algo especial, mas, apesar
destas experiências, elas não vivem uma prática
regular e constante de contribuições.
Paulo ensinou aos coríntios que devemos fazer
isto de forma planejada e periódica:
“No primeiro dia da semana, cada um de vós
ponha de parte, em casa, conforme a sua
prosperidade, e vá juntando, para que se não façam
coletas quando eu for.”
1 Coríntios 16.2
O apóstolo ensinou que a contribuição deveria
ser pessoal, constante, e programada. A Igreja
também deveria perceber aqui um princípio
administrativo interessante: a necessidade de
trabalharmos com fundos que servirão a propósitos
específicos e previamente programados.
Também vale ressaltar que a expressão “conforme
a sua prosperidade” sugere o cuidado da família
antes do resto do mundo, sempre obedecendo-se à
clássica ordem de prioridades: Deus, família, igreja,
e depois os outros.
No próximo capítulo falaremos sobre a
importância de semearmos com regularidade e
perseverança. A Bíblia nos ensina que depois de
termos começado a fazer o bem, não podemos
desanimar no sentido de continuarmos a fazê-lo. A
bênção do Senhor virá sobre os que não desfalecem,
sobre os que não se cansam, nem se desanimam.
Esta é a instrução bíblica:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
Gálatas 6.9
As suas emoções, e até mesmo o próprio Diabo,
com as suas sugestões malignas, tentarão desanimá-
lo. Contudo, persevere e continue contribuindo
periódica e constantemente.
PROVA DE OBEDIÊNCIA
Um outro aspecto interessante, usado na Bíblia
em associação com a idéia de contribuição, é a
questão da obediência. Paulo falou disto em sua
Epístola aos Coríntios:
“Porque o serviço desta assistência não só supre a
necessidade dos santos, mas também redunda em
muitas graças a Deus, visto como, na prova desta
ministração, glorificam a Deus pela obediência da
vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela
liberalidade com que contribuís para eles e para
todos.”
2 Coríntios 9.12,13
As minhas contribuições em todos os seus níveis
(dízimos, ofertas e esmolas) são uma prova da
minha obediência a Deus. Era assim que os líderes
entendiam esta questão no início da Igreja. Quando
viam as pessoas ofertando, eles entendiam que
havia uma relação entre a sua liberalidade e a sua
obediência ao Senhor e à Sua Palavra. Portanto, se
nós somos falhos nesta área, estamos
demonstrando quem realmente somos nas demais
áreas! Além disso, Deus não precisa tanto da nossa
contribuição quanto nós precisamos da Sua bênção
por praticá-la!
Eu tenho um critério pessoal na escolha das
pessoas que eu levanto para trabalharem comigo no
ministério. Eu não me disponho a investir “pesado”
em suas vidas e ministérios, se eu não perceber
nelas uma grande disposição de semearem no
Reino de Deus. Acredito que isto seja uma espécie
de “termômetro de obediência”. Quem não
obedece a Deus no dar também não O obedecerá
em outros níveis de entrega e renúncia que o
Senhor espera de nós.
Quando aquele jovem rico foi ao encontro de
Jesus, ele recebeu d’Ele um convite para seguí-Lo,
para ser Seu discípulo. Contudo, a condição que o
Senhor lhe impôs foi vender tudo o que tinha e
doá-lo aos pobres, para somente então seguí-Lo.
Creio que esta condição estabelecida por Jesus foi
uma espécie de peneira. Eu não acho que os ricos
não possam exercer um ministério, mas creio que
se não conseguirem demonstrar obediência no ato
de dar, então tampouco conseguirão demonstrá-la
em outras áreas.
Barnabé foi um dos ministérios de excelência do
Novo Testamento, um homem com um coração
pronto a investir em vidas. Entre as suas muitas
virtudes, no entanto, a Palavra do Senhor destaca a
sua liberalidade e prontidão de obediência nesta
área específica:
“José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de
Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita,
natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-
o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Atos 4.36,37
Através das nossas dádivas, não só mantemos os
nossos corações submissos a Deus, mas também
transformamos o nosso dinheiro num servo dos
propósitos do Seu Reino!
Capítulo 11

SEMEADURA E CEIFA
“Dá o que tens, para que mereças receber o que te falta.”
(Agostinho de Hipona)

E u nasci em Santo André, morei por pouco


tempo em São Bernardo do Campo, e cresci
em Campinas – todas grandes cidades do Estado de
São Paulo. Portanto, eu não conhecia de perto a
agricultura, até que em 1993 eu me mudei para o
Paraná, um dos Estados de maior produção
agrícola do Brasil. Morando em cidades do interior
como Guarapuava e Irati, foi inevitável conhecer de
perto os agricultores e as suas lavouras. Aprendi
com eles muitos dos princípios que regem a
semeadura e a ceifa, não somente do mundo
natural, mas também do mundo espiritual. O
princípio da semeadura e colheita foi instituído por
Deus, e, enquanto a terra durar, este princípio
jamais deixará de funcionar. Foi isto que o Senhor
declarou depois do julgamento através do dilúvio:
“E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo
mesmo... enquanto durar a terra, não deixará de
haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno,
dia e noite.”
Gênesis 8.21a,22
Podemos ver a seguir o mandamento de Deus
para o homem plantar e colher desde o início, lá no
Jardim do Éden:
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o
colocou no jardim do Éden para o cultivar e o
guardar.”
Gênesis 2.15
O homem foi colocado no Jardim do Éden para
cultivá-lo. A palavra hebraica “abad” também é
traduzida como “lavrar” e, basicamente, significa
“trabalhar”. No natural, “semeadura e ceifa” significa
“trabalho”, e devemos entender a importância deste
aspecto no plano da providência divina. Há pessoas
ensinando que o sustento do homem não depende
da aplicação da lei da semeadura e ceifa, e usam
como base do seu argumento a seguinte afirmação
do Senhor Jesus:
“Observai as aves do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai
celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito
mais do que as aves?”
Mateus 6.26
Jesus disse de fato que a base de provisão das
aves é o Senhor, e que elas não precisam semear ou
colher, e nem ajuntar em celeiros. Mas, ao declarar
isto, Ele não anulou o princípio, encontrado em
toda a Bíblia, de que o homem deve semear e
colher. Ele disse apenas que, se a ave, que não
semeia, já tem o seu sustento, quanto mais o
homem, que semeia (e também colhe), e que vale
muito mais que as aves, terá o seu sustento!
O Senhor Jesus também falou sobre os lírios do
campo, que não trabalham nem fiam, mas são
belamente vestidos por Deus, e disse que, se o Pai
Celestial os veste, então muito mais Ele vestirá a
nós! Porém, Ele não estava dizendo que não
precisamos trabalhar ou que temos que deixar de
nos vestir para que Deus faça isto literalmente em
nosso lugar! Foi apenas uma maneira de mostrar
que, se eles têm tudo isto sem trabalho e sem
possuírem o mesmo valor que nós, então temos
uma grande vantagem sobre eles!
Assim como não podemos desvincular o sustento
da semeadura natural, assim também não podemos
desvinculá-lo da semeadura espiritual!

ENTENDENDO O
TRABALHO
O trabalho é um mandamento bíblico e foi
estabelecido por Deus desde o início da história da
humanidade como a maneira pela qual o homem
promoveria o seu sustento:
“No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes
à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao
pó tornarás.”
Gênesis 3.19
Depois da queda do homem, o trabalho tornou-
se mais árduo por causa da maldição que sobreveio
à terra (Gn 3.17-19). No entanto, o trabalho em si
não é maldição nem consequência do pecado, pois,
antes da Queda, Adão já havia sido colocado no
jardim para cultivá-lo. É o meio de o homem
sustentar a sua casa e viver dignamente; além disso,
por meio do seu ganho, ele também pode servir ao
Reino de Deus e aos necessitados:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe,
fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que
tenha com que acudir ao necessitado.”
Efésios 4.28
Ninguém que diz que serve a Cristo deve
negligenciar o cuidado de sua casa, pois a Escritura
também declara:
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos de sua própria casa, tem negado a
fé, e é pior do que o descrente.”
1 Timóteo 5.8
Há princípios que Deus instituiu e que não
podem ser quebrados. As Escrituras declaram que
há uma ligação entre o trabalho da pessoa e o seu
sustento. Adão teria que suar para comer o seu pão,
e quem não quer trabalhar não tem direito a comer:
“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos
isto: Se alguém não quer trabalhar, também não
coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre
vós há pessoas que andam desordenadamente, não
trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A
elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor
Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente,
comam o seu próprio pão.”
2 Tessalonicenses 3.10-12
Paulo se “orgulhava” de nunca ter sido um peso a
ninguém e do fato de que muitas vezes as suas
próprias mãos – o seu trabalho – proporcionaram o
seu sustento (At 20.34).
A igreja deve socorrer as viúvas que não têm
condições de se sustentarem, mas, quando há
alguém em casa que pode trabalhar para trazer o
seu sustento, então a igreja é instruída a não
sustentar estes lares em caráter sistemático,
mostrando assim a importância e o dever do nosso
trabalho:
“Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se
alguma viúva tem filhos, ou netos, aprendam
primeiro a exercer piedade para com a sua própria
casa, e a recompensar os seus progenitores; pois isto é
aceitável diante de Deus.”
1 Timóteo 5.3,4
Porém, além de mostrarem a importância do
nosso trabalho, pois é um meio de produzirmos o
nosso sustento e o aumento dos nossos bens, as
Sagradas Escrituras também ensinam os filhos de
Deus a irem além destes resultados:
“Inútil vos será levantar de madrugada, repousar
tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos
seus amados ele o dá enquanto dormem.”
Salmos 127.2
Mais do que “trabalharmos”, somos ensinados a
“edificarmos” com a bênção de Deus! A graça do
Senhor pode nos levar mais longe que o nosso
esforço, mas isto não significa que não precisamos
trabalhar. Desde o Antigo Testamento, Deus já
admoestou o Seu povo a não achar que
prosperariam sozinhos.
O trabalho tem o seu lugar, mas a bênção divina
nos leva além dos nossos próprios resultados.
Então, não podemos dizer que a liberação da
provisão de Deus sobre as nossas vidas depende
somente de nós, nem que não temos parte nela:
“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o
poder do meu braço me adquiriram estas riquezas.
Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele
o que te dá força para adquirires riquezas; para
confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê.”
Deuteronômio 8.17,18
É lógico que há exemplos bíblicos em que a
provisão também flui onde não há condições de
gerá-la com o nosso próprio trabalho, como no
caso do povo de Israel em sua jornada no deserto,
ou de Elias junto ao Ribeiro de Querite.
A falta de trabalho impede o fluir da provisão
quando ela está ligada à negligência, mas não no
caso de impossibilidade. Mesmo assim, não
podemos desassociar o padrão divino da semeadura
e ceifa da Sua provisão em nossas vidas. Primeiro o
homem faz a sua parte e depois Deus faz a parte
d’Ele.

O ASPECTO ESPIRITUAL
Assim como o homem deve plantar e colher para
ter o seu sustento na dimensão natural, assim
também ele deve gerar recursos e conquistas por
meio da semeadura na dimensão espiritual!
As Escrituras Sagradas nos revelam que a Lei da
Semeadura e Ceifa não é só uma lei natural. Ela
também é aplicada pela Palavra de Deus como uma
lei espiritual:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará.
Porque o que semeia para a sua própria carne da
carne colherá corrupção; mas o que semeia para o
Espírito do Espírito colherá vida eterna.”
Gálatas 6.7,8
Além de revelar que este princípio opera em
nossa vida cristã, a Palavra de Deus ainda nos
mostra de forma bem específica a operação desta
lei na esfera da contribuição:
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia com fartura com
abundância também ceifará.”
2 Coríntios 9.6
O apóstolo Paulo comparou as ofertas com uma
semeadura. Portanto, se há um paralelo entre as
nossas ofertas e a Lei da Semeadura e Ceifa, há
também uma série de lições que podemos extrair
dos princípios de semeadura e ceifa encontrados na
Bíblia e aplicá-las ao funcionamento das ofertas e
dos demais níveis de contribuição.
Na verdade, há vários aspectos interessantes a ser
destacados neste assunto do paralelismo entre a
“semeadura e ceifa” e as nossas contribuições.
Gostaríamos de abordar em seguida alguns destes
aspectos.

VOCÊ COLHE O QUE VOCÊ PLANTA


Vemos que o apóstolo Paulo declarou que quem
semeia na carne colhe de acordo com o tipo de
semente que plantou, e quem semeia no Espírito
colhe do Espírito. Esta é uma lei imutável. Deus
determinou, desde a Criação, que cada semente
gere segundo a sua própria espécie.
Portanto, se você quer uma colheita financeira,
você precisa fazer uma semeadura financeira. Se
você ajudar alguém com o seu tempo e talento,
você colherá de volta este mesmo tipo de semente
que você plantou. Mas, se você ofertar os seus bens
no Reino de Deus, você terá uma colheita
financeira!
Muitos de nós não temos conquistado mais em
Deus justamente pela nossa falta de entendimento
das leis por Ele estabelecidas. Oséias profetizou: “O
meu povo perece porque lhe falta o conhecimento”
(Os 4.6).
O entendimento destes princípios nos ajuda a
plantarmos intencionalmente, com a expectativa
de colhermos.
Sei que o Senhor não quer ofertas interesseiras,
pois Ele ama ao que dá com alegria. Mas isto não
anula o fato de que Ele estabeleceu a Lei da
Semeadura e Ceifa e nos instruiu a respeito dela em
Sua Palavra. Tenho a certeza de que, ao agir assim,
Deus esperava que nós usássemos esta Sua lei para
o nosso próprio bem!

ENTENDENDO O PROPÓSITO
Por que precisamos semear e colher?
Por duas razões distintas. O apóstolo Paulo falou
sobre elas aos coríntios:
“Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão
para alimento também suprirá e aumentará a vossa
sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça.”
2 Coríntios 9.10
Ele afirmou que Deus dá semente ao que semeia
e pão para alimento, o que revela um duplo
propósito na semeadura:

1. Deus quer que semeemos mais.


2. Deus quer suprir as nossas necessidades.

Portanto, podemos afirmar que o propósito da


semeadura é a ceifa, e que esta, por sua vez, se
divide em duas partes distintas: a de Deus e a nossa.
Vemos este princípio em vários textos bíblicos.
Escrevendo aos efésios, Paulo declarou: “Aquele que
furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com
as próprias mãos o que é bom, para que tenha com
que acudir ao necessitado” (Ef 4.28). Ou seja, o
propósito do trabalho não é a obtenção dos meios
de subsistência somente para mim. É necessário
que haja sobras para que eu possa repartir com
outros!
O propósito divino não é apenas suprir as minhas
necessidades, mas é também liberar mais
transbordantemente para que eu derrame a Sua
bênção e provisão nas vidas de outros!
Há muitos crentes egoístas que só querem o que
é necessário para eles viverem. Mas não podemos
ter somente o necessário para vivermos! Temos que
ter bem mais do que isto! Precisamos ter a nossa
parte e a parte de Deus! Numa certa ocasião, Pedro
teve a oportunidade de ser ensinado por Jesus de
um modo bem prático acerca deste princípio:
“Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a
Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas e
perguntaram: Não paga o vosso Mestre as duas
dracmas? Sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em
casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Simão, que te
parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou
tributo: dos seus filhos ou dos estranhos?
Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse:
Logo, estão isentos os filhos. Mas, para que não os
escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o
primeiro peixe que fisgar, tira-o; e, abrindo-lhe a
boca, acharás um estáter. Toma-o e entrega-lhes por
mim e por ti.”
Mateus 17.24-27
Este é, aos meus olhos, um dos mais belos
milagres de provisão na Bíblia! O Senhor não
somente supriu a necessidade de Pedro, para que
ele pagasse a sua dívida de impostos, mas Ele
também forneceu mais do que o necessário.
Para quê? Para que ele também pudesse pagar a
parte do Senhor Jesus! A instrução foi bem clara:
“Toma-o e entrega-lhes por Mim e por ti”. Sempre
que uma colheita chega em nossas vidas, é para
cumprir este duplo propósito: suprir a parte de
Deus (para uma nova semeadura) e também a
nossa parte (para o nosso sustento).
Observe a instrução dada pelo apóstolo ao seu
discípulo Timóteo. Ele falava sobre finanças:
“Exorta aos ricos do presente século que não sejam
orgulhosos, nem depositem a sua esperança na
instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos
proporciona ricamente para nosso aprazimento; que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem
para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o
futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.”
1 Timóteo 6.17-19
Ao falar sobre os ricos, ele tanto diz que Deus
nos proporciona tudo, para o nosso aprazimento,
como também ele nos exorta a praticarmos o bem,
a sermos ricos de boas obras, prontos a repartirmos.
Assim sendo, ele nos mostra que o propósito das
nossas riquezas é duplo:

1. Para o nosso aprazimento, para desfrutarmos de


uma parte do que nos foi confiado.
2. Para repartirmos e assim abençoarmos as vidas
de outras pessoas.

Tenho encontrado muitos cristãos “humildes”,


que não ousam orar para pedirem nada a Deus que
seja de ordem financeira. Eles não querem ser
abençoados em suas finanças, porque acham que
isto é querer se aproveitar de Deus!
No entanto, se você não for abençoado, você não
poderá abençoar! Para podermos transbordar
recursos para o Reino de Deus e suprir aos
necessitados, precisamos da colheita financeira!
Se você não quiser a sua parte da colheita (o pão
para alimento), então semeie tudo de novo! Mas
não seja omisso em sua responsabilidade de semear
no Reino de Deus e em outras vidas! A sua colheita
não é importante apenas para você! Ela é
importante para Deus! A sua colheita também é
importante para outras vidas! Eu não quero colocar
uma ambição materialista em seu coração. Incluí
neste livro o Capítulo “Aprendendo o
Contentamento”, não só para não ser mal-
interpretado, mas também para plantar o tipo de
atitude correta em seu íntimo. O fato de não
podermos ficar presos ao dinheiro não significa que
não possamos tê-lo!
Numa certa ocasião, Deus abriu os meus olhos
para isto. A Kelly e eu já havíamos ofertado o nosso
carro para ajudarmos na conclusão da construção
do templo da igreja em que ajudávamos no
pastoreamento. Depois disto o Senhor nos pediu
mais. Como não tínhamos nenhuma reserva, nem
jóias, ou qualquer outro bem, pedi a Deus que me
orientasse, pois eu não sabia como ofertar mais.
Então me veio uma luz. Nós nos mudamos do
apartamento em que morávamos, no centro da
cidade, para uma casa de um bairro mais afastado,
e ofertamos a diferença do aluguel durante um ano.
Estávamos na nova casa há poucos meses, quando o
Senhor me pediu que eu ofertasse mais. Ele me
orientou a dar R$ 1.000,00 a cada um dos três
missionários que Ele me mostrou claramente.
Entrei em pânico! Eu não tinha de onde tirar os R$
3.000,00, e eu achava impossível obedecer tal
direção interior que eu recebera do Espírito. Foi aí
então que eu orei, dizendo ao Senhor que a única
forma de eu conseguir aquele dinheiro seria com
Ele, e eu passei a orar fervorosamente por aquela
quantia. Algum tempo depois, um irmão bateu à
porta de casa e disse que ele sentia em seu coração
o desejo de me dar R$ 3.000,00, e ele não sabia o
motivo. Dei glória a Deus e então contei-lhe a
história, para que ele soubesse que o Senhor
realmente o estava dirigindo a fazer aquilo.
Depois que tudo isto aconteceu, fiquei muito
intrigado com todo este processo. Achei que era
muita burocracia Deus me pedir um dinheiro que
eu não tinha, para então eu ter que pedir a Ele para
mandar alguém para me doar o dinheiro, para que
eu então pudesse doá-lo de novo a outras pessoas,
que o próprio Deus havia me mostrado que
estavam precisando.
Por que Deus não mandou este dinheiro
diretamente a estes missionários, sem ter que me
colocar na história?
Porque Ele queria ensinar-me algo!
Devemos ser canais do fluxo das finanças
enviadas por Deus. O Senhor não nos pede que
ofertemos porque Ele quer tirar de nós o que
temos, e sim porque Ele quer criar em nossas vidas
um ciclo progressivo de semeadura e ceifa.
Deus fez isto só para me mostrar que Ele quer
nos dar mais recursos financeiros. Precisamos de
mais do que o suficiente para as nossas
necessidades. Precisamos de mais recursos, para
sermos um canal de bênçãos no Reino de Deus e
nas vidas de outros!

COLHEITA NA PROPORÇÃO DO PLANTIO


Vemos de forma clara um princípio importante
no versículo citado anteriormente: “...aquele que
semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia
com fartura, com abundância também ceifará” (2 Co
9.6). Isto fala da colheita na exata proporção do
plantio! Deus não impõe o quanto devemos plantar.
Cada um semeia segundo propôs em seu coração.
A decisão é nossa! Usamos da nossa vontade e
poder de escolha para determinarmos o quanto
semearemos!
Não é Deus que decide o quanto eu semeio! Sou
eu mesmo que faço a minha escolha e tomo a
minha decisão! Contudo, ninguém colhe mais do
que aquilo que semeou! Ou seja, o tamanho da
colheita também não é determinado por Deus. Ao
permitir que nós tomemos a decisão sobre o quanto
plantaremos, Deus também deixou em nossas mãos
o poder de determinarmos o quanto colheremos!
Nós mesmos determinamos o quanto plantamos.
E, ao mesmo tempo, determinamos a colheita, pois
ela sempre é proporcional à quantia de sementes
que plantamos. Ninguém poderá dizer que Deus o
forçou a plantar, mas também não poderá reclamar
com Deus por não estar colhendo! Se quisermos
“romper” na área financeira e andar na bênção do
Senhor, teremos que plantar mais!

HÁ UM TEMPO ESPECÍFICO
Outro aspecto que deve ser enfatizado é que a
colheita não é automática, mas precisa de tempo.
Alguns plantam a semente num dia, e, no outro, já
estão cavando a terra para verem porque ela ainda
não brotou. Eu colho no presente a semente que eu
plantei no passado e colherei no futuro a semente
que eu estou plantando no presente. Há um
processo por trás desta lei, e as coisas não são
imediatas, mas a colheita é certa e não falhará!
Estou colhendo hoje algumas sementes
financeiras que eu plantei há muitos anos atrás e
que eu nem imaginava que ainda tivessem a
possibilidade de produzirem frutos.
No reino espiritual não ocorre a mesma
cronologia de desenvolvimento e amadurecimento
da semente que ocorre no reino natural. Mesmo
depois de germinar, a semente ainda tem diante de
si todo um processo de desenvolvimento e
amadurecimento, antes de chegar o momento da
colheita.
Jesus apresentou este processo na seguinte
ordem:
“Primeiro a erva, depois a espiga, e por último o
grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está
maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a
ceifa.”
Marcos 4.28,29
Muitas vezes podemos colher num tempo que
aos nossos olhos parecerá ser rápido, e, em outras
situações, talvez colhamos num tempo que nos
parecerá demorado. O fato é que a colheita
somente poderá ocorrer quando o fruto estiver
pronto.

A SEMENTE TEM QUE


MORRER
Outra verdade importante sobre a Lei da
Semeadura e Ceifa, e que também precisa ser
entendida, é que a semente só frutifica se vier a
morrer. O Senhor Jesus declarou isto:
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se
morrer, produz muito fruto.”
João 12.24
A lição que extraímos deste paralelo entre o reino
natural e o reino espiritual é que não ofertamos
para recebermos, e sim, pelo propósito da entrega
em si. Além de honrarmos ao Senhor, ainda
estaremos suprindo as necessidades do Reino de
Deus e de outras pessoas. Quando ofertamos,
estamos lançando uma semente que trará uma
colheita. E devemos semear com a consciência de
que isto produzirá frutos, mas não podemos lançar
a semente só pensando na colheita!
O desejo de abençoar nos faz abrir mão de algo
que liberamos em favor do Reino de Deus ou de
alguém. Esta atitude de abrirmos mão é o momento
em que a semente “morre” para nós e poderá
frutificar.
Uma atitude egoísta e interesseira pode impedir
que a semente germine. Fazer o bem pensando em
nós mesmos não é fazermos o bem de verdade, mas
é usarmos do benefício como um trampolim
apenas para alcançarmos a bênção! Esta é a mesma
filosofia apregoada pelos espíritas. Eles fazem o
bem para melhorarem o seu carma. Ou, como dizia
o meu pai, eles fazem caridade passando um recibo.
Mas, as Escrituras Sagradas nos ensinam a fazermos
o bem sem esperarmos nada em troca:
“Como quereis que os homens vos façam, assim
fazei-o vós também a eles. Se amais os que vos amam,
qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores
amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que
vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os
pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de
quem esperais receber, qual é a vossa recompensa?
Também os pecadores emprestam aos pecadores, para
receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos
inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar
nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis
filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os
ingratos e maus.”
Lucas 6.31-35
É logo depois desta afirmação, que devemos fazer
o bem sem esperarmos nenhum pagamento ou
retribuição, que Jesus diz que se dermos,
receberemos de volta.
“Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada,
sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a
medida que usarem também será usada para medir
vocês.”
Lucas 6.38 (NVI)
Logo, não podemos negar o ensino bíblico e as
promessas divinas de que todo aquele que dá
recebe de volta. Mas também não podemos dar
somente com a intenção de recebermos, pois aí
estaríamos anulando a Lei da Colheita, pois a
semente plantada, que não morre, não germina. É
uma semente desperdiçada!
Tudo o que não é movido por fé e amor, em
essência é pecado. Não é errado pregarmos e
dizermos ao povo que, quando dão a Deus, eles
recebem de volta, porque certamente este princípio
é verdadeiro. Mas precisamos motivá-los a dar por
amor e honra ao Senhor, bem como por
misericórdia e compaixão pelos seus irmãos. Se as
nossas ofertas não expressarem honra, o Senhor
também não nos honrará. Ao ofertarmos por amor,
e não por interesse, permitimos que a semente
morra para nós. É aí que o processo de germinação
ocorre e faz com que a colheita venha a seu tempo.
A oferta de Ananias e Safira não foi considerada
uma semeadura que trouxe uma boa colheita, nem
tampouco a oferta de Caim, lá no início da história
da humanidade, porque ofertar com a motivação
errada rouba de nós os benefícios prometidos por
Deus.
A Palavra de Deus diz que Ele ama ao que dá
com alegria, ao que se compraz no ato de dar.

PERSEVERANÇA
A semeadura deve ser uma prática regular e uma
expressão de perseverança. A Bíblia nunca nos
aconselha a lançarmos uma só semente! Em todos
os exemplos bíblicos, há sementes que frutificam, e
há sementes que não frutificam. Mas, a insistência e
a constância nos levarão aos frutos:
“Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não
repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se
esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.”
Eclesiastes 11.6
Já abordamos o princípio de que a semente tem
que morrer para nós no momento da semeadura. E
esta atitude, de não podermos contar com todas as
sementes lançadas, retrata uma parte do ensino.
Por outro lado, não podemos perder de vista que
Deus quer nos manter cientes de que a colheita
virá! Ele alimenta em nós uma expectativa genérica
de que, em algum momento, algumas destas
sementes produzirão o seu fruto.
Precisamos deste equilíbrio, de termos, por um
lado, a consciência de que há bênçãos prometidas
para quem aciona este princípio, e, por outro, de
mantermos a consciência de darmos com o espírito
e a motivação corretos.
Muitos perdem a sua colheita financeira por falta
de perseverança. É como se você plantasse a sua
semente na terra, e, alguns dias depois, você a
cavasse para ver se ela está germinando. Ou ainda, é
como se você esperasse pouco tempo após o
plantio, e, então, você virasse as costas para a terra
semeada, desistindo da colheita, porque ela não foi
instantânea.
Além de sabermos esperar, precisamos ter
perseverança. Refiro-me a insistência, a
continuidade, a longanimidade. Não podemos
desanimar! Não podemos desistir! A colheita
financeira virá somente aos que perseverarem em
sua semeadura. O apóstolo Paulo ensinou isto na
Epístola aos Gálatas:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu
tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”
Gálatas 6.9 (ARC)
O texto relaciona a colheita ao fato de não
desfalecermos. Portanto, não se canse nem
desanime! Seja perseverante!

NÃO FAZER ALARDES


Um outro impedimento à bênção da colheita é a
falta de ética na questão da discrição ao ajudarmos
os outros. Se fizermos alardes com relação ao que
foi feito por nós, perderemos a bênção de Deus
para as nossas vidas. Esta abordagem foi feita por
Jesus no assim-chamado “Sermão da Montanha”:
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos
homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra
sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste.
Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta
diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e
nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em
verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão
esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua
esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto,
te recompensará.”
Mateus 6.1-4
Como no caso de Paulo, ao falar aos filipenses
sobre a oferta recebida, a pessoa que foi ajudada
pode fazer alardes sobre a bênção recebida, mas
aquele que ajuda... jamais!

TODAS AS NOSSAS ATITUDES SÃO


SEMENTES
Alguns erroneamente pensam que a semeadura
(seguida de colheita) é um princípio que funciona
só na dimensão material e financeira, quando se dá
uma oferta em dinheiro. Mas, na verdade, assim
como o emprego correto do nosso dinheiro em
favor do Reino de Deus ou de pessoas nos leva a
uma boa colheita, assim também as nossas atitudes
erradas com relação ao uso do dinheiro são
igualmente uma semeadura.
E, quando a semente é ruim, a colheita também
será igualmente ruim!
Toda quebra de princípios na área das finanças é
uma semeadura negativa: a retenção dos dízimos, a
sonegação dos impostos, o roubo, a desonestidade
nos negócios, o alarde com relação às ofertas, etc.
Por isso tenho afirmado desde o primeiro capítulo
que a bênção não vem apenas pela entrega dos
dízimos ou das ofertas, e sim por uma soma de
princípios bíblicos que são praticados em conjunto.
A forma como vivemos influi muito. Não basta
fazer a coisa certa, temos que fazer do jeito certo. A
semeadura não é só aquilo que fazemos, mas a
forma como fazemos.

A PRÁTICA É MELHOR QUE O


CONHECIMENTO
O último aspecto que eu gostaria de destacar
sobre o plantar e o colher tem a ver com o aspecto
prático.
A importância de conhecermos de forma mais
ampla a Lei da Semeadura e Ceifa é porque este
entendimento certamente nos estimulará a praticá-
la. O conhecimento não fará absolutamente nada
além disto. A verdade é que não interessa o quanto
sabemos sobre esta lei, e sim o quanto a usamos!
Por exemplo, não interessa quem planta uma
semente: se é um engenheiro agrônomo que
conhece tudo sobre germinação, ou se é alguém
completamente ignorante acerca de plantio. A
semente brotará pelo ato do plantio, e não pelo
dimensão de conhecimento de quem a plantou.
Foi Jesus que nos ensinou este princípio, com um
paralelo do reino natural:
“Disse também: o reino de Deus é assim como se
um homem lançasse semente à terra, e dormisse e se
levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse, sem
ele saber como. A terra por si mesma produz fruto,
primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão
cheio na espiga.”
Marcos 4.26-28
Quando comecei a praticar regularmente a lei da
semeadura em minha vida, eu não conhecia tudo o
que hoje eu sei que está por trás dela, mas, mesmo
assim, passei a desfrutar da colheita, pois o que vale
não é o quanto você conhece sobre a Lei da
Semeadura e Ceifa, e sim o quanto você a pratica!
Se você se tornar um “doutor” em semeadura e
ceifa, mas não praticar o que você aprendeu, de
nada valerá o seu conhecimento! Mas, se você
perseverar em semear, você certamente colherá
conforme a promessa divina!
Capítulo 12

DAR E RECEBER
“Nós perguntamos quanto o homem dá; Cristo pergunta
quanto ele retém.”
(Andrew Murray)

N o mês de julho de 2003, o meu filho Israel, na


época com cinco anos de idade, nos deu a
alegria de demonstrar que ele havia entendido a lei
bíblica do dar e receber.
Havíamos começado naqueles dias a dar alguns
trocados a ele com a intenção de ensiná-lo a poupar
o seu dinheiro. Até então nunca havíamos lhe dado
dinheiro, só os presentes e as coisas que ele pedia
ou precisava, mas achamos que já era hora do
aprendizado.
Ele ficou tão empolgado com o seu estojinho
cheio de moedas que acabou decidindo levá-lo
consigo à igreja, ao invés de levar algum brinquedo.
Eu estava pregando fora neste domingo e não assisti
à cena. Foi a minha esposa que me contou o
ocorrido por telefone, mesmo antes de eu chegar
em casa.
Quando o culto estava para começar, o Israel se
aproximou da mãe e foi logo pedindo a costumeira
oferta que ele tanto gostava de entregar ao Senhor.
Contudo, reparando no estojinho de moedas que
ele trazia em sua mão, a Kelly achou que também
era hora de ensinar-lhe um outro princípio, e disse-
lhe que desta vez ela não lhe daria dinheiro para
ofertar. Ela lhe explicou que agora, diferentemente
de todas as outras vezes, ele tinha o seu próprio
dinheiro, e era tempo de ele aprender a dar a Deus
do seu próprio dinheiro.
O menino retrucou na hora: “Mas mãe, se eu der
do meu dinheiro, eu vou ficar com menos!”
Então, sabiamente, a minha esposa lhe explicou
como Deus é a Pessoa mais importante das nossas
vidas, a importância de agradá-Lo, a gratidão que
devemos manifestar de tantas formas (inclusive
com as nossas ofertas) e jogou a “batata-quente” nas
mãos dele. Ela também lhe disse que se ele quisesse
ofertar naquele dia, seria do dinheiro dele, mas que
ela não o forçaria a nada! Seria ele que decidiria se
ele daria ou não!
No momento das ofertas, ele foi sozinho à frente,
enquanto a sua mãe atuava na equipe do louvor, e,
de longe, ele lhe mostrou o dinheiro em sua mão,
como quem diz: “Resolvi dar, mamãe!” E estava
todo contente!
No final do culto, a Kelly o abraçou e
alegremente disse-lhe: “A mamãe está muito feliz
por você ter decidido ofertar do seu dinheiro a
Deus. Isto que você fez hoje é uma coisa muito
importante!”
Sem pestanejar, ele rebateu na hora: “Mas mãe,
veja bem, eu sou esperto! Eu sei que Deus vai me
abençoar!”
E emendou a pergunta: “Quando Deus me
abençoar, como vai acontecer? Vai cair dinheiro do
céu, vai para o banco, como é que é?”
A minha esposa lhe explicou que, normalmente,
o Senhor usa pessoas para nos abençoar, que o
dinheiro não cai do céu, e que a bênção não é só
recebermos dinheiro de volta.
Ele disse que havia entendido e afirmou que
tinha certeza que Deus o abençoaria. E afirmou: “Já
que Deus vai me abençoar, mãe, eu já pedi um tênis
novo para Ele. Eu já falei até a cor que eu quero.”
A Kelly me contou tudo pelo telefone, e oramos
que Deus usasse este momento para ensinar-lhe
este princípio bíblico. Dois dias depois, na terça-
feira, a Teresinha, uma irmã da nossa igreja,
telefonou à Kelly, perguntando o número que o
Israel calçava, e disse que estava com uma vontade
muito grande de comprar um par de tênis para ele.
A minha esposa lhe deu a informação e não disse
nada ao meu filho.
Na sexta-feira, a nossa amiga apareceu em casa
com o presente, e a Kelly, depois de dar-lhe as
boas-vindas, chamou o dono do presente para
recebê-lo. Com os olhinhos brilhando, o Israel logo
abriu o embrulho, e, ao pegar o tênis, foi logo
dizendo: “Eu sabia! Da minha cor predileta! Do
jeitinho que eu pedi para Deus me abençoar!”
E, virando-se para a nossa amiga, disparou:
“Teresinha, não foi você que me deu este presente!
Foi Deus que tocou em seu coração para me
abençoar, pois eu dei uma oferta do meu dinheiro
no domingo, lá na igreja, e como eu sabia que Deus
me abençoaria, orei para Ele me dar um tênis novo,
da cor que eu mais gosto!”
Quando a irmã Teresinha foi embora, ele
confessou à sua mãe: “Mãe, quando abri aquela
caixa e vi o meu tênis novo, eu quase chorei!”
Ele quase chorou, mas todos nós choramos!
Choramos pela fidelidade de Deus e pela lição que
ele aprendeu, e que também, ao mesmo tempo,
ensinou a todos nós!
Há um princípio poderoso na área financeira que
Paulo chama de “dar e receber”. Escrevendo à Igreja
em Filipos, o apóstolo agradece a ajuda financeira
por eles enviada, e usa um termo interessante para
falar do relacionamento entre aquela igreja e ele:
“associar”.
“Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha
tribulação.”
Filipenses 4.14
Depois de reconhecer a parceria estabelecida, ele
define o gênero desta associação estabelecida entre
eles, e é aí que ele nos apresenta este poderoso
princípio:
“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do
evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma
igreja se associou comigo no tocante a dar e receber,
senão unicamente vós outros; porque até para
Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas
duas, o bastante para as minhas necessidades.”
Filipenses 4.15,16
Dar e receber! Há uma lei instituída por Deus,
segundo a qual o princípio para se receber é dar.
Quando Paulo agradece pelo que recebeu
daqueles irmãos, ele explica que, através daquele
ato deles, eles estavam criando um espaço legal
para a intervenção divina em suas vidas, para que
eles pudessem receber de Deus. O receber não
existe sem o dar!
Ao estimulá-los na prática do dar, o apóstolo
Paulo explica que ele não os ensinava com a
intenção de ser beneficiado pelas dádivas que ele
estava recebendo deles, mas por causa do princípio
que faria com que eles recebessem mais:
“Não que eu procure o donativo, mas o que
realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso
crédito.”
Filipenses 4.17
O apóstolo é claro em dizer que ele não estava
atrás dos donativos destes irmãos, mas que o que
ele na verdade queria era que o crédito deles
aumentasse diante de Deus através das doações
deles. Ele não estava focando só o dar, mas a
inevitável consequência do receber.

O QUE JESUS ENSINOU


Jesus ensinou sobre “a Lei do Dar e Receber”. E
revelou que ela não funciona somente em relação
ao aspecto financeiro, mas também em todas as
áreas das nossas vidas:
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois,
com o critério com que julgardes, sereis julgados; e,
com a medida com que tiverdes medido, vos medirão
também.”
Mateus 7.1,2
Quem dá julgamento, recebe julgamento. Quem
mede as pessoas, é medido na proporção com que
mede os outros.
Não há mistérios na interpretação deste
princípio, pois ele é muito claro e objetivo!
Foi falando destas coisas que o Senhor Jesus nos
ensinou a Lei do Dar e Receber de uma forma tão
explícita assim:
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e
não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;
dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida,
transbordante, generosamente vos darão; porque com
a medida com que tiverdes medido vos medirão
também.”
Lucas 6.37,38
Quem condena, recebe condenação! Quem
perdoa, recebe perdão! Quem dá, recebe dádivas de
volta!
Ao resumir a Lei e os Profetas, Jesus falou não
somente acerca do amor, mas, em Sua expressão,
Ele também incluiu a Lei do Dar e Receber:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos
façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é
a Lei e os Profetas.”
Mateus 7.12
Tenho me dedicado a viver este princípio. O que
eu quero que façam a mim eu também o faço aos
outros.
Por que?
Porque tudo o que eu dou a alguém também
receberei de volta! Veja o que Provérbios diz sobre
isto:
“A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta
mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-
lhe-á em pura perda. A alma generosa prosperará, e
quem dá a beber será dessedentado.”
Provérbios 11.24,25
Ao que dá, o retorno é um acréscimo. Ao que
deixa de dar (retém), o retorno é uma perda. A
nossa generosidade faz com que prosperemos
(através das nossas dádivas), e o que semeamos
(como saciar a sede de alguém, por exemplo)
colhemos (a nossa sede será saciada depois). Já
falamos sobre a Lei da Semeadura e Ceifa no
capítulo anterior, e o Princípio do Dar e Receber
está ligado a esta lei.

SUPRINDO PARA SER


SUPRIDO
Um dos textos mais citados pelos crentes ao se
referirem à provisão divina é Filipenses 4:19, que
declara que Deus suprirá, em Cristo Jesus, cada
uma das nossas necessidades, segundo as Suas
riquezas em glória. Mas muitos não conseguem
enxergar o fato de que este texto não foi citado
isoladamente, mas dentro de um contexto bem
específico – a Lei do Dar e Receber!
Paulo disse àqueles irmãos filipenses que, por
terem suprido as suas necessidades através dos
donativos enviados, Deus certamente supriria as
necessidades deles:
“Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido,
desde que Epafrodito me passou às mãos o que me
veio de vossa parte como aroma suave, como
sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus,
segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em
Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.”
Filipenses 4.18,19
Se quisermos ter as nossas necessidades supridas,
devemos ser instrumentos de suprimento a outros.
Muitos de nós impedimos que Deus nos dê por não
praticarmos a lei que Ele mesmo estabeleceu para
que Ele pudesse dar a nós. Recusamo-nos a suprir a
Casa de Deus e as necessidades de outros, por meio
da contribuição, e depois não entendemos porque
não somos supridos pela intervenção divina!

ENTENDENDO A BEM-AVENTURANÇA
Ao falar com os presbíteros de Éfeso, Paulo citou
uma afirmação do Senhor Jesus, aprendida
diretamente de Cristo, que nos revela um princípio
do reino espiritual:
“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando
assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as
palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-
aventurado é dar que receber.”
Atos 20.35
Em outras palavras, o Senhor Jesus disse que é
melhor dar do que receber. Acredito que este
versículo expressa uma profunda verdade, que
interessa não somente aos pugilistas, mas também a
cada um de nós. Normalmente pensamos que dar
significa perda, e receber significa lucro, pois,
através do dar, deixamos de ter algo, e, através do
receber, ganhamos algo.
Mas a bem-aventurança do dar não é só uma
virtude espiritual, que nos proporcionará um
galardão futuro lá na glória. Dar é melhor do que
receber já aqui, nesta terra! Se só recebemos algo de
alguém, a coisa termina por aí mesmo, para nós, e
não se torna progressiva. Somente a outra pessoa
fica com um crédito espiritual. Mas, se damos,
acionamos uma lei espiritual que nos levará a
recebermos mais do que o que demos (Lc 6.38).
Portanto, dar é melhor do que receber, pois, ao
recebermos, a nossa bênção está limitada somente
ao que recebemos, e nada mais! Porém, através do
dar, geramos um ciclo da liberação divina que
sempre nos leva a termos mais do que tínhamos
antes de darmos.

QUEBRANDO O EGOÍSMO
Somos extremamente egoístas – a ponto de
pensarmos em dar a alguém só para recebermos
mais em troca. Porém, o sistema segundo o qual
Deus trabalha conosco na Lei do Dar e Receber é
justamente uma forma de se quebrar o egoísmo. Ele
nos ensina a darmos porque Ele não quer que
estejamos presos a nada. E, quando nos
desprendemos, Ele sabe que estamos
demonstrando maturidade para recebermos mais.
Para muitos crentes hoje, o fato de serem
abençoados financeiramente não significaria uma
bênção tão grande assim, pois, devido ao seu
egoísmo e imaturidade, prejuízos poderiam ocorrer
até mesmo com a entrada de recursos financeiros.
O Filho Pródigo que o diga! Ele não tinha
maturidade alguma para receber o que recebeu.
Assim sendo, dissipou tudo! Através do nosso dar,
da nossa liberação sincera e despretensiosa,
acionamos um princípio pelo qual podemos
receber de Deus. Mas a dádiva egocêntrica não se
enquadra no todo das leis divinas quanto ao dar e
receber. É o caso da filantropia espírita que
mencionamos anteriormente.
Vemos pessoas na Bíblia que deram sem ser
abençoadas, como Ananias e Safira, por exemplo. O
ato de dar não pode ser visto isoladamente. Assim
como falamos da semente que precisa morrer para
germinar e frutificar, assim também, na Lei do Dar
e Receber, o dar tem que ser uma entrega que
quebre o egoísmo.
Não negamos que o próprio Deus instituiu a Lei
do Dar e Receber, mas isto não quer dizer que
barganhar com Ele seja a forma de se receber algo.
Dar é melhor do que receber porque é uma ajuda
no processo de se quebrar o egoísmo e nos prepara
para recebermos com uma atitude melhor.

EXEMPLOS BÍBLICOS
Há uma diversidade de exemplos bíblicos que
demonstram o funcionamento da Lei do Dar e
Receber.
Muitas vezes concluímos erroneamente que os
relatos bíblicos são uma mera descrição histórica.
Mas, por trás de cada episódio, há uma lição a ser
aprendida:
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso
ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela
consolação das Escrituras, tenhamos esperança.”
Romanos 15.4
Paulo citou este fato aos coríntios, mostrando a
razão pela qual os registros históricos de Israel
chegaram até nós: para nos servir de exemplo e
advertência.
“Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e
foram escritas para advertência nossa, de nós outros
sobre quem os fins dos séculos têm chegado.”
1 Coríntios 10.11
Portanto, gostaríamos de examinar vários destes
exemplos e aprender com eles. Creio que o Antigo
Testamento ilustra o Novo, enquanto que o Novo,
por sua vez, explica o Antigo Testamento.
O EXEMPLO DE ELIAS
Há uma lição a ser aprendida com um ocorrido
na vida do profeta Elias. Depois de ter profetizado
acerca da seca em Israel, Deus o escondeu da
perseguição de Acabe e o sustentou durante um
certo período de forma sobrenatural:
“Veio-lhe a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te
daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à
torrente de Querite, fronteira ao Jordão. Beberás da
torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te
sustentem. Foi, pois, e fez segundo a palavra do
Senhor; retirou-se e habitou junto à torrente de
Querite, fronteira ao Jordão. Os corvos lhe traziam
pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao
anoitecer; e bebia da torrente.”
1 Reis 17.2-6
Mas, num dado momento, a direção de Deus
para Elias tornou-se diferente. Ao invés de
continuar a sustentá-lo como vinha fazendo, o
Senhor lhe deu uma nova direção:
“Mas, passados dias, a torrente secou, porque não
chovia sobre a terra. Então, lhe veio a palavra do
Senhor, dizendo: Dispõe-te, e vai a Sarepta, que
pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a
uma mulher viúva que te dê comida.”
1 Reis 17.7-9
O profeta Elias se encontrava sendo sustentado
de forma sobrenatural por meio daqueles corvos.
Não seria um problema para o nosso Deus
Onipotente trazer o seu suprimento de água
também de forma sobrenatural, mas creio que o
Senhor não tinha só Elias em mente, pois Ele
mencionou uma viúva em cuja vida Ele decidira
intervir. Como o profeta já tinha um sustento
sobrenatural e poderia continuar a tê-lo, e a
mulher, por sua vez, estava diante da sua última
refeição, sou levado a crer que o verdadeiro
propósito do milagre era a mulher viúva. Este texto
não diz que Elias foi enviado até lá por causa dela,
mas é desta forma que entendo este acontecimento,
pois Jesus o apresentou nestes termos:
“Na verdade vos digo que muitas viúvas havia em
Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por
três anos e seis meses, reinando grande fome em toda
a terra; e a nenhuma delas foi Elias enviado, senão a
uma viúva de Sarepta de Sidom.”
Lucas 4.25,26
Cristo disse que Elias foi enviado a uma viúva
gentílica (para abençoá-la), e não a uma israelita.
Isto mostra que o profeta não foi enviado apenas
para receber algo, mas principalmente para liberar
uma bênção sobre aquela mulher! Elias era o meio
através do qual ela praticaria a Lei do Dar e
Receber. O texto a seguir nos mostra de forma
implícita esta lei:
“Então, ele se levantou e se foi a Sarepta; chegando
à porta da cidade, estava ali uma mulher viúva
apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me,
peço-te, uma vasilha de água para eu beber. Indo ela
a buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me
também um bocado de pão na tua mão. Porém ela
respondeu: Tão certo como vive o Senhor, teu Deus,
nada tenho cozido; há somente um punhado de
farinha numa panela e um pouco de azeite numa
botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou
preparar esse resto de comida para mim e para o meu
filho; comê-lo-emos e morreremos. Elias lhe disse:
Não temas; vai e faze o que disseste; mas primeiro
faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui
fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho.
Porque assim diz o Senhor, Deus de Israel: A farinha
da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija
não faltará, até ao dia em que o Senhor fizer chover
sobre a terra. Foi ela e fez segundo a palavra de Elias;
assim, comeram ele, ela e a sua casa muitos dias. Da
panela a farinha não se acabou, e da botija o azeite
não faltou, segundo a palavra do Senhor, por
intermédio de Elias.”
1 Reis 17.10-16
Se aquela mulher tivesse comido a sua última
refeição, ela não teria mais como acionar a Lei do
Dar e Receber.
Há muitos anos atrás, li num estudo bíblico do
irmão Dave Roberson uma aplicação deste
exemplo. Ele dizia que é nos momentos de maior
necessidade que devemos nos abrir para darmos.
Muitos crentes, na hora do aperto financeiro,
cortam do seu orçamento justamente o que jamais
deveria ser cortado: a Lei do Dar (e Receber). Eu
passei então a seguir o conselho do irmão Roberson
e eu tenho dado nas horas em que menos tenho
para dar. Tenho vivido isto, e sempre vejo a
provisão de Deus! Ainda que nem sempre ela seja
instantânea, todavia nunca falha!
Nas horas de dificuldades financeiras,
precisamos estar atentos porque Deus sempre cria
oportunidades para que possamos dar do pouco
que temos. Precisamos estar atentos às
oportunidades divinas que talvez não venham de
forma tão clara como achamos que viriam.
Por exemplo, a Bíblia diz que alguns hospedaram
anjos sem saberem (Hb 13.2). Por que será que
Deus mandaria anjos sem que eles revelassem que
eram anjos?
Certamente não é porque os anjos precisem de
coisa alguma, pois eles não necessitam de comida,
nem de roupa, nem de hospedagem. Talvez Deus
os envie só para nos testar se supriríamos as suas
necessidades ou não, pois, se soubéssemos que se
tratava de anjos, talvez o fizéssemos por motivos
diferentes.
E o envio de anjos para receber a hospitalidade
reforça o que estamos dizendo, pois, embora os
anjos não precisem da hospitalidade recebida,
certamente a hospitalidade praticada produzirá
bênçãos sobre a vida de quem a exerceu!
Há momentos em que precisamos discernir as
oportunidades. Pessoas com necessidades podem
estar diante de nós em momentos em que também
estamos precisando de provisão. Se o nosso coração
nos der um indício de que devemos ajudar, e se isto
estiver ao nosso alcance, então devemos ajudar!
Já ofertei na vida de pessoas simplesmente
porque na hora senti o desejo de fazê-lo (mesmo
sem poder), e só depois percebi que isto acabou
sendo algo que Deus usou, não apenas para suprir
estas pessoas, mas também para me impedir de
comer uma “semente” (como se fosse “pão”), e,
assim sendo, desperdiçá-la!

O EXEMPLO DE JESUS NO BARCO DE


PEDRO
Numa certa ocasião, Jesus precisou usar o barco
de Pedro, e ele o disponibilizou ao Senhor:
“Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir
a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de
Genesaré; e viu dois barcos junto à praia do lago; mas
os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as
redes. Entrando em um dos barcos, que era o de
Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia;
e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.”
Lucas 5.1-3
O pescador aceitou, e apesar da frustração de
nada ter pescado à noite (e da necessidade de voltar
ao trabalho), cedeu o barco a Jesus, e, por trás da
gentileza praticada, acionou (ainda que
inconscientemente) a Lei do Dar e Receber.
“Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao
largo, e lançai as vossas redes para pescar. Respondeu-
lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite,
nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as
redes. Isto fazendo, apanharam grande quantidade de
peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram
sinais aos companheiros do outro barco, para que
fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os
barcos, a ponto de quase irem a pique.”
Lucas 5.4-7
Ele recebeu de volta por seus préstimos uma
quantia de peixes que não poderia ter pescado por
si só. Quando damos alguma coisa a Deus, sempre
recebemos muito mais de volta!
Nunca ninguém, em ocasião alguma, jamais
conseguirá vencer a Deus no dar! Tudo o que
damos sempre nos voltará em boa medida,
recalcada, sacudida e transbordante. Foi o que
aconteceu com Pedro nesta ocasião e é também um
princípio válido para nós hoje!

O EXEMPLO DE ABRAÃO
Depois de pedir a Abraão o seu filho amado
(ainda que não foi necessário ele chegar às últimas
consequências deste ato), Deus renovou com o
patriarca a Sua aliança de abençoar as famílias da
terra por seu intermédio (Gn 22.15-18). O patriarca
foi inserido em promessas que envolviam o ato
redentor de Deus para com a humanidade.
Pelo fato de que Abraão deu o seu filho ao
Senhor, ele fortaleceu o direito de receber de Deus
a entrega do Seu Filho como um canal de redenção
a todas as famílias da Terra.
A Lei do Dar e Receber não é algo que Deus
impôs somente a nós, mas é também algo que Ele
próprio utiliza.

O EXEMPLO DE ANA
Um belo exemplo bíblico da Lei do Dar e
Receber pode ser visto na vida de Ana, a mãe do
profeta Samuel.
As Escrituras Sagradas afirmam que ela não
podia gerar filhos, pois ela era estéril (1 Sm 1.5,6),
mas, ainda assim, ela ofereceu ao Senhor Deus o
filho que ela teria, caso viesse a experimentar um
milagre:
“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se
benignamente atentares para a aflição da tua serva, e
de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres,
e lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por
todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não
passará navalha.”
1 Samuel 1.11
Depois que Samuel nasceu e ela o desmamou,
Ana cumpriu o voto dela, e, para dedicá-lo a Deus,
ela o levou ao Templo, onde o deixou aos cuidados
de Eli, o sacerdote que antes a teve por embriagada
(1 Sm 1.24-28).
E o que aconteceu com Ana?
A lei do receber funcionou para aquela que deu:
“Eli abençoava a Elcana e a sua mulher e dizia: O
Senhor te dê filhos desta mulher, em lugar do filho
que devolveu ao Senhor. E voltavam para a sua casa.
Abençoou, pois, o Senhor a Ana, e ela concebeu e teve
três filhos e duas filhas; e o jovem Samuel crescia
diante do Senhor.”
1 Samuel 2.20,21
Ninguém vence a Deus no dar! Ele sempre nos
devolve muito mais do que Lhe damos!
Ana ainda não tinha nenhum filho, mas, ao dá-lo
a Deus, recebeu outros cinco. E o interessante é que
ela deu antes de ter para dar. Podemos dizer que
foi uma dádiva de fé.
Já fiz isto algumas vezes. Já orei ao Senhor,
consagrando a Ele recursos que eu ainda não tinha!
Em minhas orações eu Lhe disse o que eu gostaria
de ofertar, mas que antes eu precisaria receber
d’Ele, para então poder devolver-Lhe. Fiz isto
mesmo não tendo nada para dar nestas ocasiões, e,
quando as respostas a estas orações vieram, cumpri
a promessa e entreguei imediatamente o que eu
havia me comprometido ofertar ao Senhor.
A Lei do Dar e Receber é tão forte que até o que
votamos ao Senhor, mesmo antes de termos, já gera
resultados.

O EXEMPLO DA SUNAMITA
Temos ainda uma outra lição bíblica do Antigo
Testamento a ser examinada. Uma mulher
sunamita, cujo nome não é mencionado, tratou
com muita hospitalidade o profeta:
“Certo dia, passou Eliseu por Suném, onde se
achava uma mulher rica, a qual o constrangeu a
comer pão. Daí, todas as vezes que passava por lá,
entrava para comer. Ela disse a seu marido: Vejo que
este que passa sempre por nós é santo homem de
Deus. Façamos-lhe, pois, em cima, um pequeno
quarto, obra de pedreiro, e ponhamos-lhe nele uma
cama, uma mesa, uma cadeira e um candeeiro;
quando ele vier à nossa casa, retirar-se-á para ali.”
2 Reis 4.8-10
Diante da hospitalidade praticada, Eliseu sentiu-
se movido a abençoar aquela família:
“Um dia, vindo ele para ali, retirou-se para o
quarto e se deitou. Então, disse ao seu moço Geazi:
Chama esta sunamita. Chamando-a ele, ela se pôs
diante do profeta. Este dissera ao seu moço: Dize-lhe:
Eis que tu nos tens tratado com muita abnegação; que
se há de fazer por ti? Haverá alguma coisa de que se
fale a teu favor ao rei ou ao comandante do exército?
Ela respondeu: Habito no meio do meu povo. Então,
disse o profeta: Que se há de fazer por ela? Geazi
respondeu: Ora, ela não tem filho, e seu marido é
velho. Disse Eliseu: Chama-a. Chamando-a ele, ela se
pôs à porta. Disse-lhe o profeta: Por este tempo, daqui
a um ano, abraçarás um filho. Ela disse: Não, meu
senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva.
Concebeu a mulher e deu à luz um filho, no tempo
determinado, quando fez um ano, segundo Eliseu lhe
dissera.”
2 Reis 4.11-17
Eliseu não operava milagres como e quando ele
bem entendia. Ele era um profeta guiado pelo
Espírito de Deus, e, em meu entendimento, se há
uma razão descrita para que ele se sentisse
incomodado a abençoá-la, é justamente porque ele
percebeu que ela tinha este direito; esta mulher
havia acionado a Lei do Dar e Receber!
Este texto não é apenas mais uma “coincidência
bíblica”, e sim mais uma parte de um quebra-
cabeças repleto de figuras e exemplos de que quem
dá recebe!

MUITAS VEZES MAIS


Certa vez o apóstolo Pedro lembrou a Jesus de
tudo o que eles, os discípulos, haviam deixado por
Ele, e perguntou-Lhe qual seria a recompensa deles:
“Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos
e te seguimos; que será, pois, de nós? Jesus lhes
respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me
seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem
se assentar no trono da sua glória, também vos
assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos
de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou
irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ou mulher, ou
filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá
muitas vezes mais e herdará a vida eterna.”
Mateus 19.27-29
A resposta do Senhor Jesus Cristo ao apóstolo
Pedro permite que entendamos alguns princípios
ligados à Lei do Dar e Receber.
Em primeiro lugar, vemos que a recompensa de
tudo o que fazemos (incluindo as nossas dádivas)
não é meramente terrena! Sempre há o aspecto
celestial, o aspecto do galardão! O Senhor fala de
uma dimensão de honra na eternidade, na glória
celestial. Além do que provamos no reino natural
ao darmos, a Lei do Dar e Receber também se
estende ao reino espiritual.
Em segundo lugar, Ele fala que receberemos
muitas vezes mais do que deixamos para trás por
causa d’Ele: as coisas terrenas! E é esta forma de
recebermos que precisa ser entendida mais
profundamente.
Jesus falou que receberíamos de volta algumas
coisas que deixamos por amor a Ele, mas nem
sempre recebemos coisas com as mesmas
características da nossa entrega. Por exemplo, ao
deixar casas e campos, não preciso recebê-los de
volta “de papel passado”, mas posso me enquadrar
na posição de receber, simplesmente por estarem à
minha disposição!
Há momentos em que, na forma de recebermos o
que damos, Deus nos poupa de nos centrarmos em
nós mesmos.
Já afirmamos que uma das razões pelas quais
Deus estabeleceu a Lei do Dar e Receber foi para
quebrar o nosso egoísmo, uma vez que somos
tremendamente centralizados em nós mesmos.
Logo, não podemos usar esta lei só por causa do
nosso egoísmo, com a intenção de darmos para
recebermos algo melhor em troca. Quando damos
visando só o nosso benefício próprio, quebramos
um outro princípio bíblico e somos impedidos de
recebermos. Observe o que diz a Palavra de Deus:
“Nada tendes, porque não pedis; pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em
vossos prazeres.”
Tiago 4.2b,3
Depois de mostrar que muitos não recebem por
não pedirem – o que indica que uma das formas de
recebermos de Deus é pela oração e súplica – Tiago
denuncia que alguns, mesmo usando a oração, não
alcançam nada de Deus! E a razão de não
receberem de Deus é porque estão voltados só a si
mesmos! Deus não pode alimentar o nosso
egoísmo!
Jesus Cristo nos incluiu em Sua morte na Cruz
exatamente para aniquilar este nosso egoísmo. Aí
então Ele estabeleceu uma lei espiritual onde o
nosso egoísmo cancela o funcionamento de outros
princípios do reino espiritual. Isto se aplica com
relação à oração e também com relação à Lei do
Dar e Receber.
No entanto, Deus não nos impede de sairmos do
enquadramento da Cruz! Precisamos aprender a
dar, pelo ato de dar em si, e não somente por causa
da reciprocidade do receber.
A contribuição não pode ser considerada como
uma espécie de título de capitalização, que eu
invisto hoje só para receber amanhã. Outros
princípios se somam a Lei de Dar e Receber e deve
haver um funcionamento em conjunto de todos
estes princípios para que vejamos os resultados.
No próximo (e último) capítulo deste livro,
ensinaremos acerca do princípio do discernimento
do Corpo de Cristo. Mostraremos que devemos
saber discernir a oportunidade de servirmos a Deus
através do nosso dar. Se não rechearmos as nossas
dádivas com os sentimentos corretos, não
usufruiremos de tudo o que o Senhor nos
disponibilizou na Lei do Dar e Receber.
Capítulo 13

DISCERNINDO O CORPO DE
CRISTO
“Como algo frequentemente necessário, o dinheiro também
pode ser transformado em tesouros eternos. Tudo o que
oferecemos a Cristo é imediatamente revestido de
imortalidade.”
(A. W. Tozer)

“Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice


do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do
sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si
mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois
quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe
juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos
fracos e doentes e não poucos que dormem. Porque, se
nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados.”
1 Coríntios 11.27-31
ste é um texto que fala não apenas sobre a Ceia do
Senhor, mas que também nos revela alguns fatos
importantes sobre a dimensão espiritual com a
E qual nos relacionamos.
As nossas atitudes nunca são neutras. Elas
produzem bênção ou maldição em nossas vidas! O
cálice da Ceia é chamado por Paulo de “cálice da
bênção” (1 Co 10.16). No entanto, no texto
transcrito acima, vemos que a mesma Ceia que traz
bênção também pode trazer juízo e maldição sobre
os crentes!
Podemos perceber que a Ceia do Senhor é um
ato com consequências espirituais. A Igreja de
Corinto tinha todos os dons do Espírito Santo em
operação (1 Co 1.7), o que incluía os dons de cura,
mas, mesmo assim, havia entre eles muitos fracos e
doentes, bem como mortes prematuras. O apóstolo
chamou isto de “sermos julgados”. O meu propósito
aqui não é enfocar a Ceia do Senhor em si, e sim
um princípio que tanto se enquadra em sua prática,
como em outras práticas espirituais, incluindo-se as
nossas contribuições financeiras. É o princípio de se
discernir o Corpo de Cristo.
A Igreja de Jesus Cristo, de um modo geral,
precisa reconhecer que tem tropeçado em
princípios vitais, que a impedem de andar no
melhor de Deus, e a falta de discernirmos o Corpo
de Cristo é um desses tropeços.
Comecei a receber luz acerca deste assunto,
ouvindo uma pregação ministrada por Turner
Nelson (de Trinidad e Tobago), quando ele esteve
na cidade de Londrina, Paraná, em 1993. E, nos
últimos anos, o Senhor tem me inquietado bastante
acerca deste princípio.
Se tomarmos a falta do discernimento do Corpo
de Cristo como um princípio de maldição, também
estaremos reconhecendo que a atitude inversa é um
princípio de bênção. Os crentes da Igreja de
Corinto foram julgados (em sua saúde) por não
discernirem o Corpo; se o tivessem discernido,
certamente teriam sido abençoados com saúde.
Vários outros textos bíblicos revelam este
princípio (de discernirmos Jesus por trás de pessoas
ou situações) como um meio de andarmos na
vontade (e bênção) de Deus. O Senhor Jesus Cristo
disse que as pessoas serão julgadas por terem feito o
bem a Ele ou não. E, ao perguntarem quando Lhe
fizeram (ou não) o bem, Ele lhes responderá que foi
quando fizeram o bem (ou não) às pessoas ao seu
redor:
“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede,
e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes;
estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes;
preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos:
Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos
de comer? Ou com sede e te demos de beber? E
quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e
te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te
fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em
verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”
Mateus 25.35-40
Precisamos servir as pessoas, vendo a Jesus por
trás delas. Discerní-Lo por trás de uma situação ou
de pessoas é uma premissa de bênção!
O apóstolo Paulo também ensinou sobre este
princípio divino. Ele disse aos servos para
trabalharem, não para agradarem a seus patrões,
mas ao Senhor Jesus, pois é a Ele que estavam
servindo ao trabalharem:
“Servos, obedecei em tudo ao vosso senhor segundo
a carne, não servindo apenas sob vigilância, visando
tão-somente agradar homens, mas em singeleza de
coração, temendo ao Senhor. Tudo quanto fizerdes,
fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não
para homens, cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que
estais servindo.”
Colossenses 3.22-24
Se discernirmos ao Senhor por trás do nosso
trabalho (ou de nossos patrões) e fizermos o nosso
serviço com esta consciência, então certamente
seremos recompensados!
No versículo 24, o apóstolo declara que eles
seriam abençoados por isso: “cientes de que
recebereis do Senhor a recompensa”. De modo
semelhante, precisamos ver o Senhor Jesus por trás
das nossas contribuições. Não podemos ofertar ao
homem, nem a uma organização! Temos que
ofertar ao Senhor Jesus!

DOIS ASPECTOS DISTINTOS


Quando mencionamos o Corpo do Senhor Jesus,
precisamos compreender que o ensino bíblico
abrange dois aspectos distintos sobre o assunto.
Um deles é o corpo físico do nosso Senhor, com
o qual Ele viveu aqui na terra, sentiu fome, sede,
cansaço. Mesmo depois que Ele morreu, este corpo
não deixou de existir, pois foi ressuscitado sem
conhecer a corrupção e passou pelo processo da
glorificação (Lc 24.36-43,50).
O outro aspecto é o Corpo Místico de Jesus
Cristo, a Sua Igreja, que chamamos
redundantemente de “Corpo Corporativo”:
“Ele lhe sujeitou todas as coisas debaixo dos pés e
para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, a
qual é o seu corpo, o complemento daquele que enche
tudo em todas as coisas.”
Efésios 1.22,23 (TB)
A Igreja do Senhor Jesus é chamada de Seu
Corpo, Seu “Complemento”. Isto é para nós um
fundamento bíblico inquestionável:
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos
membros, e todos os membros, sendo muitos, são um
só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós
fomos batizados em um Espírito, formando um corpo,
quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e
todos temos bebido de um Espírito. Porque também o
corpo não é um só membro, mas muitos.”
1 Coríntios 12.12-14

ENTENDENDO O PARALELO
É relevante o fato de destacarmos estes dois
diferentes aspectos do Corpo do Senhor, porque
isto nos ajudará a entendermos um paralelo
espiritual de grande importância. A nossa ênfase
aqui é no cuidado, ou na manutenção do Corpo de
Cristo.
Quando o Senhor Jesus Cristo caminhou nesta
terra com um corpo físico igual ao nosso, Ele foi
cercado de proteção e carinho que o Pai Celestial,
por meio de pessoas, Lhe ofereceu.
José e Maria merecem destaque em seu papel de
suprir e proteger a Jesus Cristo. Eles não só
alimentaram, aqueceram e cuidaram do Seu corpo,
mas também o protegeram. O registro dos
Evangelhos nos informa que José, ao tomar
conhecimento (por divina revelação) de que
Herodes procuraria matar a Jesus, fugiu com a sua
família para o Egito (Mt 2.13,14). Antes que isto
acontecesse, Deus supriu os recursos para este
tempo de viagem e para a sobrevivência deles,
através das ofertas que os reis magos trouxeram
(Mt 2.11).
Quando Jesus já não estava mais sob os cuidados
de Seus pais, quando Ele já Se encontrava em Sua
fase adulta, em que deu início ao Seu ministério,
Deus supriu outras pessoas para continuarem
estendendo a Ele o mesmo tipo de cuidados para a
Sua sobrevivência:
“Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e
povoados proclamando as boas novas do Reino de
Deus. Os Doze estavam com ele, e também algumas
mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de
quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de
Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e
muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-
los com os seus bens.”
Lucas 8.1-3 (NVI)
Por que Jesus precisava de dinheiro?
Porque, semelhantemente a mim e a você, Ele
comia, Se vestia, e em Suas viagens Ele precisava de
hospedagem (embora nem sempre gastasse com
isso) e outras coisas que exigiam pagamento.
E por que eram tão importantes os cuidados com
o corpo do Senhor Jesus e com as Suas
necessidades?
Porque era por meio do Seu corpo que Jesus agia!
Além disso, todas as bênçãos que Deus oferece à
humanidade são devidas à vitória que Cristo
consumou no mistério da Sua Encarnação – em
corpo e em carne!

CUIDADOS COM O CORPO


HOJE
Este é o ponto crucial sobre o qual eu gostaria
que você refletisse: há um paralelo entre os
cuidados que Deus providenciou ao corpo de Jesus,
quando Ele viveu aqui na terra, e os cuidados que
nós devemos ter hoje com o Seu Corpo, a Sua
Igreja.
E a razão pela qual devemos cuidar deste Corpo
(a Igreja) ainda é a mesma que a da época em que
Deus moveu pessoas a cuidarem do corpo físico de
Jesus: Ele age por meio do Seu Corpo.
É impossível à nossa geração servir o corpo físico
de Cristo como a geração de Seus dias o fez.
Contudo, atualmente podemos servir ao Seu Corpo
espiritual, a Igreja. Isso se estende à área dos
relacionamentos e da comunhão, que produzem a
harmonia no “Corpo Corporativo”. Contudo, eu
gostaria de enfatizar principalmente a importância
de vermos a Igreja (como Seu Corpo) por trás de
tudo o que nos dedicamos a fazer!
Para cumprir o seu papel aqui na terra, a Igreja
do Senhor precisa que cuidados (ou manutenção)
sejam dispensados a ela. Já é tempo de mudarmos a
nossa mentalidade ao contribuirmos. Quando
contribuímos, não estamos dando dinheiro a um
pastor, igreja local, ou ministério. Estamos fazendo
algo pelo Corpo de Cristo e pelo Reino de Deus!
As pessoas que ofertam sem este discernimento e
paixão não experimentam a dimensão de bênçãos
que está reservada aos que discernem o Corpo de
Cristo por trás das atividades ministeriais.
Eu inclusive ouso afirmar que, assim como a
nossa participação na Santa Ceia sem discernirmos
o Corpo do Senhor não permite que sejamos
abençoados (pelo contrário, podemos até mesmo
ser julgados), assim também a nossa contribuição
sem discernirmos o Corpo do Senhor Jesus não
muda absolutamente a nossa sorte!
Da mesma forma que os irmãos de Corinto não
podiam provar da bênção da saúde e da cura
proveniente do corpo ferido de Jesus (a ponto de
haver naquela igreja muitos fracos, doentes e
mortos prematuros), assim também hoje, na Igreja
de Cristo Jesus, há muitas pessoas que, mesmo
contribuindo, continuam sem experimentar uma
provisão financeira.
Não basta apenas darmos o nosso dinheiro!
Temos que fazê-lo da maneira certa, com o
discernimento espiritual de onde e porque estamos
investindo, e movidos pelo amor à obra de Deus (2
Co 9.7).
De todas as pessoas que demonstraram este
cuidado, há uma que se destaca, da qual já falamos
no primeiro capítulo deste livro: Maria de Betânia,
irmã de Marta e Lázaro. Lemos em Marcos 14.3-9
que ela teve uma das mais belas atitudes de
adoração e oferta já demonstradas ao Senhor Jesus.
Esta é a razão de falarmos dela no primeiro e no
último capítulo deste livro. E Jesus faz a importante
observação de que ela fez algo pelo Seu Corpo:
“Esta fez o que podia; antecipou-se a ungir o meu
corpo para a sepultura.”
Marcos 14.8
E o Senhor a honrou sobremaneira por ter agido
desta forma. Aliás, Deus sempre honra os que
fazem algo em prol do Seu Corpo.
Desde o Seu nascimento até a Sua morte, o
Senhor Jesus foi servido por pessoas que Lhe
dispensaram cuidados e investimentos financeiros
em prol do Seu corpo. Até mesmo depois da Sua
morte, vemos pessoas de posição e prestígio
fazendo isto. José de Arimatéia, por exemplo, usou
a influência que tinha diante de Pilatos para pedir o
corpo de Jesus Cristo (Lc 23.50-53) e sepultá-lo
com honra. Creio que isto também é um paralelo
do que acontece conosco hoje!
Você não chegou a ocupar nenhuma posição
social sem um propósito. Se Deus lhe deu dinheiro,
posição, ou prestígio, não foi para que você usasse
tudo isto somente para o seu benefício próprio, mas
para que você os usasse em prol do Corpo de Cristo
aqui na terra.
Quando Mardoqueu enviou um recado à Rainha
Ester, sua sobrinha, para que ela intercedesse junto
ao rei a favor do povo de Israel, ele acrescentou o
seguinte comentário:
“...e quem sabe se para tal tempo como este
chegaste a este reino?”
Ester 4.14b
Esta frase nos mostra uma antiga crença no meio
do povo de Deus. Em Sua soberania, o Senhor guia
estrategicamente as nossas vidas. Foi assim com
Ester! Mardoqueu estava lhe dizendo algo assim:
“Não é possível que Deus tenha lhe dado tudo isto
para algum outro propósito, a não ser para que você
faça algo pelo povo d’Ele!”
O Senhor deseja nos usar onde estivermos e com
o que possuirmos. Abra os seus olhos e esteja
atento para discernir as oportunidades de você
servir ao Corpo do Senhor. Os reis magos fizeram
uma longa viagem e deram presentes caros porque
eles viram alguma coisa que a maioria não viu!
“Discernir” significa: “ver distintamente, distinguir,
conhecer claramente”.
O fornecimento de cuidados materiais ao Corpo
do Senhor libera bênçãos. O contrário, no entanto,
traz maldições. Judas não só perdeu a chance de
servir ao corpo do Senhor, mas também tentou
lesá-lo, e a maldição que ele colheu é patente!
Quando investimos na obra de Deus com este
discernimento (de que estamos fazendo algo pelo
Corpo de Cristo) somos abençoados. E, se algum
“espertinho” tentar se aproveitar do amor que
expressamos e fizer um mal-uso ou uma
apropriação indébita, ele certamente pagará por
isso! Deus o julgará, mas quem contribuiu com
amor será abençoado!
A bênção não vem pela aplicação que é feita com
os recursos, e sim pelo discernimento espiritual que
temos em nosso coração sobre a verdadeira razão
para darmos.
Se discernirmos o Corpo de Cristo por trás das
oportunidades que temos de ofertarmos, então a
bênção já estará determinada, muito antes de se
decidir sobre o emprego do dinheiro.
É lógico que os cuidados para com o Corpo de
Cristo não se dão apenas por meio das nossas
contribuições financeiras. Há outras formas de
expressá-los e que devem acompanhar esta atitude.
Quando exercemos um ministério, estamos
servindo ao Corpo de Cristo. O crente que não se
dispõe a trabalhar pelo Reino demonstra que não
discerne o Corpo do Senhor. O crente que não
coopera com os que estão servindo a Igreja também
não discerne o Corpo do Senhor. Já é hora de
buscarmos do alto uma compreensão mais
profunda sobre o que estamos fazendo aqui na
terra.
Eu sonho com uma geração que haverá de
revolucionar o mundo com o Evangelho de Cristo.
A história nos ensina que toda revolução tem pelo
menos três ingredientes:

1. Uma nova mensagem;


2. Pessoas dispostas a trabalharem pela causa (e até
mesmo morrerem por ela);
3. Recursos que financiem a causa.

Enquanto não nos doarmos ao Senhor e não


disponibilizarmos os nossos recursos materiais, a
nossa mensagem não terá o efeito que deveria ter.
Deus está nos chamando a revermos isto!
É hora de discernirmos o Corpo de Cristo e de
fazermos mais, começando pela Sua Igreja. As
nossas atitudes devem refletir este entendimento. E
a nossa prática deste entendimento liberará muito
mais de Deus sobre as nossas vidas.
Que o Pai Celestial nos ajude a crescermos neste
discernimento!
Table of Contents
RECOMENDAÇÕES
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
O PRINCÍPIO DA HONRA
Capítulo 2
A LEI DAS PRIMÍCIAS
Capítulo 3
O SACO FURADO
Capítulo 4
A QUESTÃO DO DINHEIRO
Capítulo 5
APRENDENDO O CONTENTAMENTO
Capítulo 6
INTEGRIDADE NAS FINANÇAS
Capítulo 7
DIFERENTES NÍVEIS DE
CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 8
CELEBRANDO A REDENÇÃO
Capítulo 9
ENTENDENDO A MORDOMIA
Capítulo 10
ALGUMAS LEIS DA CONTRIBUIÇÃO
Capítulo 11
SEMEADURA E CEIFA
Capítulo 12
DAR E RECEBER
Capítulo 13
DISCERNINDO O CORPO DE CRISTO

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