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Unidade II
A Observação Orientada FEITA NA Prática
Nesta Unidade, buscaremos instrumentalizar você no desempenho das atividades propostas por esta
disciplina: observar e caracterizar uma instituição; observar e caracterizar uma comunidade; e elaborar
um projeto de integração instituição-comunidade.
Com esse objetivo, discorreremos sobre a observação nesses espaços e indicaremos modelos que
você poderá utilizar ao realizá-la, bem como modelos de registro das observações feitas. Essa mesma
sistemática deverá ser utilizada para o projeto de integração proposto.
Observação
Neste tópico, apontaremos a legislação que orienta a prática de estágio em Serviço Social e, na
sequência, discorreremos acerca desse momento da formação profissional.
Saiba mais
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Unidade II
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.
htm>. Acesso em: 26 jun. 2006.
Lembrete
No entanto, para que você desenvolva uma prática coerente com os princípios ético-políticos
assumidos por nossa categoria e para que não fira nenhuma das dimensões éticas estabelecidas,
ofereceremos neste item algumas orientações sobre o estágio, já que as atividades propostas por esta
disciplina são, como dissemos, a primeira possibilidade de estágio oferecida a você.
O estágio assume uma relevância tão sublime na formação dos assistentes sociais que em 9 de abril
de 2010 a Abepss lançou o documento Política Nacional de Estágio, como uma referência à constituição
dos campos de estágio em Serviço Social em todo o país. Esse documento veio ancorado nas dimensões
necessárias à formação do assistente social; na Lei nº 11.788/2008 (BRASIL, 2008), que regulamenta o
estágio em nível nacional; e em toda a legislação que orienta a atividade profissional da área, composta
pela Lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993 (BRASIL, 1993), que regulamenta a profissão, pelo Código
de Ética do Assistente Social e pela Resolução Cfess nº 533/2008 (CFESS, 2008), que dispõe sobre a
supervisão de estágio.
Partindo dessas bases, o documento não é apenas uma normatização, mas vem perpassado por uma
série de reflexões teóricas e críticas sobre a formação e sobre a qualidade do ensino em Serviço Social,
bem como expressa reflexões resultantes de debates e de outros momentos para pensar a prática e a
formação dos assistentes sociais, representando, assim, as sistematizações de toda a categoria. Esse
processo foi iniciado no ano de 2009, e o documento representa todas as reflexões realizadas durante
sua ocorrência.
Dentre os diversos aspectos que podemos observar na Política Nacional de Estágio, destacam-se a
necessidade de acompanhamento do estágio obrigatório e do não obrigatório, por meio da supervisão
acadêmica e de campo, necessidade já trabalhada na Resolução CFESS nº 533/2008 (CFESS, 2008); e a
necessidade de o estágio não se constituir enquanto mão de obra barata e contemplar as dimensões a
serem trabalhadas para a formação profissional.
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Observação Orientada
Assim, a supervisão acadêmica e de campo passa ser exaustivamente discutida sendo essa
necessidade apontada pela constatação das modalidades de estágio existentes: o estágio obrigatório e
o não obrigatório. A supervisão acadêmica deve ser realizada por um docente da instituição de ensino
a que o aluno estiver vinculado, e a supervisão de campo, pelo assistente social do espaço em que o
estágio será feito.
Em relação ao estágio, o documento também faz uma apreciação, definindo o estágio obrigatório
e o não obrigatório. Nesse sentido, o estágio obrigatório ou curricular refere-se à modalidade que
o aluno cumpre com vistas à necessidade de atingir determinada carga horária e com o objetivo de
realizar determinadas intervenções. Já o estágio não obrigatório ou extracurricular refere-se àquele
que o aluno desempenha com o objetivo de aprimorar sua formação, mas sem obrigatoriedade, ou
seja, é opcional.
Observação
Essa atenção especial não é dada ao acaso, mas busca colocar em prática a necessidade de união
entre teoria e prática que, como sabemos, é fundamental para todos os futuros assistentes sociais, bem
como para profissionais atuantes. Busca fazer o aluno aprender a relacionar os conceitos que recebe
no âmbito institucional, da formação universitária, com a realidade na qual será inserido, em que irá
observar a prática dos profissionais. O documento faz menção a essa possibilidade descrevendo-a como
uma “articulação entre formação e exercício profissional” (ABEPSS, 2010, p. 13).
Lembrete
Segundo a Política Nacional de Estágio (ABEPSS, 2010), essa prática pode favorecer a união entre as
dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa; por meio da observação da prática
e do desempenho de algumas atividades, o aluno poderá associar a teoria apreendida à metodologia
utilizada e, ainda, contemplar situações que irão estimulá-lo à reflexão sobre questões éticas e
operacionais que perpassam o Serviço Social.
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Unidade II
O documento da Abepss (2010) ainda enfatiza que o estágio torna possível o tripé que sustenta as
universidades (ensino, pesquisa e extensão), visto que, por meio da alocação dos alunos em campos
de estágio, essas dimensões são fortalecidas. Com esse intento, destaca ainda que o estágio pode ser
constituído de forma que privilegie o desenvolvimento da pesquisa, já que a própria inserção do aluno
na realidade pode favorecer o afloramento dessa modalidade de reconhecer, aprofundar e desvelar o
real, fortalecendo a capacidade investigativa do aluno.
No sentido exposto, o estágio tende a constituir-se, ainda, em uma possibilidade para que o aluno
possa iniciar o exercício de empreender uma análise crítica acerca da realidade e da prática profissional
com a qual estabelecerá contato, desenvolvendo ainda sua habilidade de intervenção, ou, como
destacado no documento, favorecendo a capacidade interventiva e a propositiva, visto que proporciona
o perfil de um profissional que compreende a importância da pesquisa, da união de teoria e prática e do
conhecimento da realidade sobre a qual irá intervir.
Para a Abepss (2010), o estágio em Serviço Social deve ser organizado de forma sistemática e, para
isso, deve observar todos os documentos legais que orientam a profissão e partir da instrumentalidade
como um aspecto imprescindível para a formação profissional.
O documento da Abepss (2010) mostra-se precursor no sentido de postular, ainda, que momentos
que privilegiam o contato com a prática por parte dos alunos devem ser constituídos pelas unidades de
ensino em Serviço Social, devendo essas modalidades ser desenvolvidas por meio da inserção dos alunos
em atividades complementares e por meio de disciplinas como esta, de Observação Orientada.
Por isso, partindo da relevância que assume, para a Abepss (2010), o contato com a realidade por
meio da junção de teoria e prática, o estágio não obrigatório também ganha destaque. Essa modalidade
de estágio passa a ser compreendida como uma possibilidade que precisa ser igualmente acompanhada
pelos Centros de Formação, com a mesma atenção oferecida ao estágio obrigatório, demandando, para
isso, a constituição de supervisão acadêmica e de campo, bem como uma intervenção que precisa ser
sistematizada, orientada e que não deve ser feita ao acaso.
Compreendendo, sobretudo, que essa modalidade de estágio deve ser constituída, o documento,
no entanto, sinaliza que tanto no estágio obrigatório ou curricular quanto no estágio não obrigatório
ou extracurricular, é necessário que o caráter da formação seja adotado como orientação basal. Isso
porque, segundo a Abepss (2010), é comum que o estagiário seja percebido apenas como mão de obra
barata para determinados órgãos, sendo obrigado a desempenhar papel de funcionários já capacitados,
já graduados. Isso tende, nos termos do documento, a fortalecer a precarização do ensino em Serviço
Social.
Muitos estagiários, durante o processo de estágio, acabam sendo tratados como mais um funcionário,
que tem de submeter-se aos desmandos dos superiores e desempenhar atividades semelhantes às de
profissionais formados, muitas vezes sem estarem preparados para elas. Tudo isso com o pagamento
de baixos salários, colaborando assim para o desgaste ainda maior do aluno. Trata-se de uma realidade
vivenciada por muitos estudantes, durante um processo que deveria ser utilizado especificamente para
a sua formação e qualificação, realidade que a Abepss busca combater.
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Observação Orientada
No entanto, há iniciativas como a retratada na notícia a seguir e que demonstram uma forma
diferenciada de tratamento dos estagiários em geral. Vejamos a matéria:
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Unidade II
No texto, podemos identificar que o estágio elenca diversas vagas, em diferentes áreas de atuação,
dentre elas o Serviço Social. Podemos também observar que são bem-descritos os critérios de seleção e
inscrição, bem como os benefícios oferecidos e o valor da bolsa-auxílio, muito acima do que é usualmente
pago aos estagiários em outros locais do Brasil.
Observação
Partindo do que está posto no referido documento da Abepss (2010), o estágio curricular não
obrigatório deveria proporcionar:
Ciente da importância e da relevância que as colocações trazidas pela Abepss têm para a
formação acadêmica e profissional, a UNIP, ao elaborar o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação
em Serviço Social, observou os princípios e as normativas da referida associação. O estágio, nosso
objeto de discussão nesta unidade, é trazido no Projeto Pedagógico como um importante momento
da formação profissional dos alunos, aos quais deve ser propiciada a oportunidade de realizar a
junção entre a teoria que recebem da instituição de ensino e a prática com a qual irão estabelecer
uma relação direta. O Projeto Pedagógico reforça, assim, que o estágio deve estar assentado sobre
a formação oferecida no decurso da graduação, englobando aspectos trazidos pelos núcleos de
fundamentos teórico-metodológicos, de compreensão da formação sócio-histórica da sociedade
brasileira e de fundamentos do trabalho social, compreendendo a influência da totalidade histórica e
do desenvolvimento do, sistema capitalista nesse processo, ou seja, a formação em estágio não pode
estar restrita apenas à prática profissional.
O estágio do curso de Serviço Social da UNIP recorre, ainda, à legislação federal que regulamenta o
estágio (BRASIL, 2008), às normativas da lei que regulamenta a profissão (BRASIL, 1993) e ao Código de
Ética dos Assistentes Sociais, conforme disposto pela Abepss.
O Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Serviço Social define, ainda, que a disciplina de
Observação Orientada, a ser iniciada a partir do quarto semestre do curso, constitui-se em orientações
iniciais para desenvolver o estágio. No caso, para empreender essa modalidade de estágio ou as demais
que vão se apresentando durante o curso, o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Serviço
Social aponta que é necessário que o campo de estágio possua um assistente social devidamente
registrado no Conselho Regional de Serviço Social (Cress), que seja constituído um Plano de Ação e que
seja estabelecido um contato entre os supervisores.
O referido documento destaca ainda que por meio do estágio deverão ser desenvolvidas competências
e habilidades, fortalecendo a dimensão ética e conceitual dos alunos. Portanto, demanda que todo esse
processo siga as determinações institucionais, não podendo delas se desprender, para que os objetivos
da formação sejam contemplados.
Saiba mais
O estágio é tido como um momento extremamente relevante para a formação profissional dos
futuros assistentes sociais.
Oliveira (2004), realizando uma discussão acerca da importância do estágio para a formação
profissional, chama a refletir inicialmente sobre a concepção de educação que trazemos em nós implícita.
Para a autora, a vivência do estágio deve ser concebida como um processo meramente educativo.
Assim, Oliveira (2004) recorre à compreensão de educação atrelada à Filosofia. Essa concepção
postula que somente a partir da articulação entre a educação e a Filosofia torna-se possível que o
processo educativo seja também um processo reflexivo. Isso, nos termos da autora, conduziria à prática
educacional de forma coerente, justa e humana, colaborando assim para a constituição de uma sociedade
mais justa e focada na minimização das desigualdades sociais.
Partindo desse vínculo entre educação e Filosofia, é possível que seja assumido um processo
educacional voltado para a transformação da sociedade, e essa transformação deve ser vinculada à
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Observação Orientada
concretização de um projeto social, o que, para nós, assistentes sociais, faz referência à concretização
do projeto ético-político assumido por toda a nossa categoria profissional (OLIVEIRA, 2004).
Observação
Partindo dessas colocações, Oliveira (2004) coloca que o estágio em Serviço Social, como
modalidade constituída com propósito educativo, deve ser balizado pela importância de compreender
a influência do processo filosófico, ou seja, deve ser compreendido como um momento em que
o aluno é capacitado, mas em que também possui capacidade de viabilizar a reflexão sobre a
realidade.
Oliveira (2004, p. 65) coloca que o estágio deve ser, ainda, compreendido como um “processo
permanente de conhecimento ativo e contínuo da profissão”, ou seja, é um processo que parte da
realidade ativa e dialética e está diretamente relacionado a ela, não podendo ser compreendido
como um processo passivo e desvinculado da realidade. Deve ser um processo contínuo,
considerando-se que a formação não deve esgotar-se no campo de estágio, mas que a inserção
do aluno nesse campo deve colaborar tanto para sua formação quanto para a formação do
supervisor que o acolhe.
Prosseguindo nessa discussão sobre a relevância do estágio, Oliveira (2004) ainda coloca que essa
experiência sempre deve vir ancorada em um projeto profissional, com uma direção social e com
possibilidades de estabelecer articulação entre teoria e prática, corroborando assim as colocações da
Abepss (2010) acerca da importância de ser estabelecida essa relação entre diversas dimensões, que, de
forma agregada, auxiliam na formação profissional.
Oliveira (2004) diz que esse entrelaçamento entre teoria e prática possibilita que o aluno tanto se
aproprie da realidade quanto a compreenda sob o prisma da orientação teórica recebida nos espaços
destinados à sua formação acadêmica,
Oliveira (2004) afirma também que essa apropriação da realidade e sua articulação com a teoria
não é tarefa fácil. Trata-se de um exercício que deve ser inserido já durante o processo formativo dos
alunos para que se torne um hábito. A autora coloca que esse “hábito” pode ser transmutado em uma
habilidade, por parte do profissional, em realizar uma análise conjuntural que compreenda a realidade
sob o prisma da totalidade, entendendo, sobretudo, a questão social que se coloca e sobre a qual irá se
centrar sua intervenção.
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Unidade II
Observação
Lewgoy (2010), partilhando das compreensões de Oliveira (2004) no que concerne à importância
do estágio e do contato com a realidade viabilizado por essa possibilidade educacional, ainda o
compreende com um espaço privilegiado para que seja realizada a mediação entre a formação e o
exercício profissional. No caso, podemos compreender que o estágio viabiliza que o aluno estabeleça
uma relação com a prática desenvolvida pelos assistentes sociais, ou seja, medeia o conhecimento da
prática para o aluno que ainda não se graduou e, consequentemente, ainda não teve a possibilidade e
de atuar e de experienciar determinadas situações.
Essa mediação vem, nos termos de Lewgoy (2010), balizada por uma visão de mundo baseada na
totalidade, e não podemos compreender a realidade como isolada de um contexto amplo. Esta deve ser
compreendida como algo concreto, mas em constante movimento dialético. Nesse contexto, o homem é
compreendido como ser histórico-social, resultado de processos que influenciam todo o gênero humano.
É relevante notar que, tanto para Lewgoy (2010) quanto para Oliveira (2004), os supervisores, de
campo e acadêmico, são de grande relevância, posto que, em um primeiro momento, orientarão todo
o processo de estágio. Por isso, é necessário que seja estabelecida uma relação de cooperação entre
ambos, bem como as instituições de estágio e de ensino, sendo necessário evitar qualquer possibilidade
de distanciamento nesse processo.
Lewgoy (2010) coloca ainda que a inserção no campo de estágio, mediada pelas supervisões de
campo e acadêmica, torna possível fortalecer as dimensões ético-política, teórico-metodológica e
técnico-operativa, definidas pela Abepss como necessárias à formação e ao exercício profissional.
A dimensão ético-política pode ser fortalecida ao passo que no campo de estágio sejam fortalecidos
e reafirmados os compromissos políticos assumidos pela categoria. Nesse sentido, é fundamental a
atuação dos supervisores, sua postura profissional e sua recorrência às bases teóricas da profissão.
Essa dimensão tende a fortalecer as demais, e, por meio dessa análise, torna-se possível compreender
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Observação Orientada
Buriolla (1995), por sua vez, também partilhando das concepções citadas, ainda destaca que o
estágio, além de viabilizar a articulação entre teoria e prática, também pode vir a constituir-se como
um espaço que possibilite o desenvolvimento de intervenções relacionadas à pesquisa e, assim, colabore
para o exercício profissional. A nosso ver, podemos observar que muitas intervenções em estágio e que
começam como estágio de observação podem vir a constituir-se em pesquisas futuras, tanto no nível
da graduação quanto no da pós-graduação. O conhecimento produzido a partir dessas aproximações
é uma base que certamente colaborará com a formação profissional do sujeito que empreendeu a
pesquisa, dos envolvidos e de toda a categoria profissional.
Lembrete
Assim, mesmo que você esteja iniciando seu estágio, ainda na modalidade de observação orientada,
precisa sempre ter como referência os princípios aqui descritos, ou seja, de que a prática observada deve
ser compreendida à luz de uma referência teórica. Isso colaborará em sua formação acadêmica e exercerá
influências na sua prática em estágios futuros e mesmo no seu exercício profissional, posteriormente.
No entanto, não constitui objeto deste livro-texto discorrer com maiores detalhes acerca da importância
do estágio e demais informações, o que será realizado em um momento específico pela disciplina
responsável.
O Projeto de Lei nº 326/2011, proposto pelo deputado Rubens Bueno (PPS-PR), visa
à obrigatoriedade do recém-graduado das instituições públicas de educação superior
mantidas pela União a prestar serviço social profissional pelo prazo de pelo menos seis
meses, sem remuneração salarial.
Além disso, será requisito prévio para obtenção do título ou grau acadêmico, sem que
haja substituição do estágio profissional obrigatório.
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Unidade II
Exemplo de aplicação
• É justo que os estudantes que são atendidos pelo ensino gratuito prestem os serviços nos termos
propostos pelo projeto de lei?
• Como você compreende esse sentimento de solidariedade a que se refere o deputado em questão?
Saiba mais
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Observação Orientada
Neste item, buscaremos oferecer a você a instrumentalização a respeito de como deverá observar
a instituição. Para isso é fundamental que você já tenha em mente aquela em que deseja fazê-lo. Após
serem prestadas essas informações, você já poderá desenvolver a atividade em questão.
Partindo de sua entrada na instituição, a qual pode ser pública ou privada, você deverá colher todas
as informações possíveis sobre ela e sobre a prática ali empreendida pelo assistente social. Para isso, é
necessário que todos os dados sejam sistematicamente registrados, por meio de uma redação clara e
coerente. Esse registro demanda atenção aos fenômenos observados, tanto os ditos como os não ditos.
A observação exige de você uma postura ética, não emitindo julgamentos de valor sobre os fatos que
observa e, sobretudo, atentando para o fato de que deve guardar sigilo do que constatou. Nesse processo,
é importante ainda que você mantenha uma postura discreta, evitando assim que sua atividade assuma
características de fiscalização.
Partindo das informações obtidas, você deverá buscar no referencial teórico até então recebido
da Universidade as conexões possíveis, posto que o objetivo desta disciplina é que você realize uma
interlocução de teoria e prática.
deve ser identificado em cada item. Esse modelo foi elaborado com recorrência ao Módulo 5 da
Pós‑Graduação em Serviço Social e Política Social da Universidade de Brasília (UNB, 2001). Partindo do
modelo destacado, seguem as informações que deve observar em cada item. Por meio do preenchimento
desses itens, será possível elaborar um diagnóstico da instituição observada.
Observação
• identificação da instituição;
• histórico da instituição;
• descrição do serviço executado;
• recursos utilizados pela instituição;
• sistema de monitoramento e avaliação das atividades;
• perspectiva dos usuários atendidos em relação ao serviço.
• nome;
• nome fantasia;
• endereço;
• telefone;
• fax;
• e-mail;
• home page (se houver);
• natureza da instituição;
• público-alvo atendido;
• responsável (destacando a formação dessa pessoa).
Além dos dados que identificam a instituição, como nome, endereço, dentre outros, também
precisamos observar qual é sua natureza, ou seja, se ela é pública ou privada. Precisamos observar que
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Observação Orientada
a instituição pública é aquela vinculada a alguma esfera de governo (federal, estadual ou municipal) e,
portanto, possui gestão e organização determinadas por essa esfera. A entidade privada faz referência
a instituições que possuem uma administração privada, composta por pessoas físicas ou jurídicas, e que
não tem a influência dos entes federados.
No que diz respeito aos serviços no âmbito da proteção social, é comum instituições privadas,
que possuem uma administração também privada, estabelecerem convênios com órgãos públicos.
Destacam‑se as organizações não governamentais, que estabelecem convênios com o Governo Federal,
Estados ou Municípios, mas tal parceira só é constituída para atender a determinado segmento social.
Isso não faz essas instituições perderem sua característica de administração privada. Por isso, você
encontrará durante suas observações, em seu contato com os serviços oferecidos, várias instituições
que possuem uma administração privada, apesar de possuírem também parcerias com órgãos públicos.
Na sequência, esse item será complementado com a informação sobre os responsáveis pela
instituição, ou seja, quem é a pessoa que responde pelo serviço de modo geral. É necessário notar que
em muitas instituições, públicas ou privadas, essa pessoa não é o assistente social, mas sim um outro
profissional, que é responsável pela organização, pela gestão dos serviços. No caso, torna-se relevante
destacar também a formação de quem está à frente da instituição.
Além dos dados relacionados à natureza da instituição, a identificação deve servir para que seja
conhecido o público-alvo. No caso, deve ser destacado qual segmento a instituição atende, e podemos
citar como exemplos: crianças e adolescentes, idosos, famílias, pessoas com necessidades especiais e
assim sucessivamente. Na especificação do segmento atendido, podem ser feitos outros detalhamentos,
ou seja, há instituições que atendem crianças e adolescentes em uma determinada faixa etária, ou seja,
essa informação já restringe ainda mais o público-alvo e oferece o detalhamento do serviço constituído.
Esses dados de identificação podem parecer desnecessários, mas são fundamentais e oferecerão as
bases necessárias para compor o diagnóstico que estabeleceremos acerca da instituição. Na sequência,
você precisa conhecer o desenvolvimento histórico da instituição na qual desenvolverá sua atividade.
Para tanto, deverá ater-se a alguns dados, como ano de fundação, natureza da instituição no início de
suas atividades, principais pessoas ou instituições responsáveis, fontes de financiamento, dentre outras
informações possíveis.
É importante notar que muitos desses dados não estão sistematizados na entidade, e, por isso, talvez
seja necessário recorrer às fontes vivas, ou pessoas que poderão contar essa história, para que você
componha esse quadro. No caso, seu trabalho pode se tornar precursor, pois você pode ser o primeiro
a “contar” e sistematizar a história da instituição que está observando. Essa construção torna‑se,
assim, extremamente necessária e conduzirá as informações acerca da instituição, permitindo que, na
sequência, você passe a discorrer sobre a prática institucional desenvolvida na contemporaneidade.
Partindo da descrição do desenvolvimento histórico, você deverá tratar do serviço que é executado
pela instituição atualmente. Nesse caso, precisa destacar os objetivos do trabalho, a metodologia
utilizada na instituição para que este seja colocado em prática e a quantidade de pessoas atendidas.
Nesse momento, é necessário também discorrer acerca das organizações administrativa e estrutural, as
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Unidade II
quais permitem que tais atividades sejam realizadas, destacando-se as funções desenvolvidas para que
o trabalho seja organizado e, assim, atinja os objetivos propostos.
Esse item é de suma importância e, por meio dele, deve ser possível compreender toda a dinâmica
institucional. Também nesse item você pode destacar normas, regras e outras orientações observadas
pela instituição para que o trabalho seja organizado. Aqui, você pode também destacar possíveis
normativas às quais a instituição está submetida e que provêm de outros órgãos ou instâncias que, na
hierarquia, possuem influência sobre a prática desenvolvida.
Para que todo o trabalho seja organizado, são necessários recursos – humanos, físicos, financeiros e
materiais –, com os quais a instituição pode contar para que sua intervenção seja desenvolvida, o que
nos leva a destacar outros dados.
Os recursos financeiros englobam os valores de que a instituição dispõe para a manutenção das
atividades, destacando-se as fontes de financiamento que os originam. No tocante a esses recursos,
você pode até questionar, junto à instituição, se eles se mostram suficientes ou se há necessidade de
identificar outras fontes. Também pode destacar a porcentagem destinada a pagamento de pessoal,
aquisição de bens de consumo, ou seja, indicar a distribuição dos recursos diante das necessidades
apresentadas pela instituição.
Os recursos físicos fazem referência ao espaço em que a instituição está constituída. Nesse
caso, você deve obter informações sobre o prédio no qual o serviço é oferecido, ou seja, se o espaço
é próprio, alugado ou cedido e, nesta última hipótese, quem foi o responsável pela cessão. Além
disso, deve observar a quantidade de salas e a que atividades se destinam, bem como o número
de banheiros e outras áreas que façam parte do espaço físico. Deve, por fim, observar se o espaço
da instituição comporta os usuários aos quais se destina o serviço, além da acessibilidade a esse
local. Assim, deve observar se a instituição permite a frequência dos usuários com dificuldade
de mobilidade e locomoção ou outros aspectos que tendam a dificultar o acesso de pessoas com
necessidades especiais.
Os recursos materiais, por sua vez, fazem referência a todos os equipamentos e materiais de
consumo que são utilizados para o desenvolvimento das atividades propostas pela instituição. No caso,
é necessário que você destaque quais são os equipamentos, os bens de consumo duráveis que permitem
o desenvolvimento das atividades, devendo também indicar os materiais de consumo ou bens não
duráveis que também são necessários para a manutenção do serviço. Podemos destacar como exemplos
de equipamentos e bens de consumo duráveis computadores e veículos, e como bens de consumo
não duráveis a alimentação. Todos esses recursos são extremamente necessários para desenvolver as
atividades propostas
Por fim, os recursos humanos referem-se ao pessoal, aos profissionais que estão envolvidos nas
atividades. Além disso, é preciso que se observem as funções de cada profissional, pois as atribuições
deles são de suma relevância. No caso, devemos observar também se a instituição possui voluntários, ou
seja, pessoas que doam seu tempo dedicando-o ao trabalho institucional, e de que forma essa “doação”
colabora para o trabalho desenvolvido e para as demais profissões constituídas.
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Observação Orientada
Será nesse momento que você observará com maior atenção as informações sobre o trabalho do
assistente social na instituição. Apesar de ser relevante observar todas as informações referentes ao
trabalho desenvolvido, sabemos que para você o foco no momento é conhecer o trabalho do assistente
social. Felizmente, como grande parte das instituições dispõe de outros profissionais, você poderá
conseguir observar também como acontece o trabalho interdisciplinar, e, nesses casos, qual é o papel do
assistente social dentro da equipe na qual atua.
Ainda partindo da observação de todos os esforços em favor da instituição para que o serviço
seja executado, você também deverá considerar as redes disponibilizadas no espaço geográfico
em que a instituição esteja lotada, bem como seus parceiros. Assim, poderá acontecer que uma
instituição, além de desenvolver seu trabalho junto aos usuários, recorra às políticas sociais ou a
outros parceiros para qualificar a intervenção realizada. Todos esses parceiros que, muitas vezes,
não despendem recursos, mas colocam esforços em prol do trabalho, também devem ser destacados
nesse momento.
A avaliação, em algumas instituições, também perpassa pela apreciação dos funcionários, do pessoal.
Assim, há instituições que elencam indicadores para avaliar o trabalho dos seus funcionários, tais como
frequência, assiduidade, pontualidade, compromisso com a instituição, dentre outros aspectos.
Por fim, ainda dentro do aspecto da avaliação, você deve identificar a percepção dos usuários do
serviço a respeito deste. Para isso, é imprescindível que você estabeleça contato com quem é atendido
pela instituição. Para tal, é fundamental que você partilhe essa necessidade com os responsáveis pela
instituição, com o assistente social e com o próprio usuário com o qual será estabelecido o contato.
Nesse momento você precisará também registrar todas as informações com o maior rigor possível,
fazendo esforços para não perder detalhes importantes partilhados.
Provavelmente você poderá acreditar que essas informações, dispostas como estão neste livro‑texto,
situam-se no plano ideal, sendo difícil vislumbrar como podem ser postas em prática, quando você
realizar o processo de observação. Para que você consiga vislumbrar de forma mais acurada esse
processo, demonstraremos a seguir um exemplo de dados colhidos em um processo de observação,
adotando a sequência de itens descrita.
Esse exemplo foi organizado com finalidade didática, apenas para que você possa encontrar com
mais facilidade uma forma de estruturar sua observação na instituição escolhida. Para isso, é preciso que
você atente para o fato de que nomes e dados como endereço e e-mail são todos fictícios e foram assim
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Unidade II
construídos para que não seja identificada a instituição. Essa medida foi adotada porque o trabalho aqui
destacado e, consequentemente, a instituição aqui descrita de fato é constituída, e as informações têm
relação com a realidade. Foi feita uma observação nesse local para a composição deste livro-texto, com
a anuência da instituição, desde que preservados os dados de identificação, o que é, como sabemos, uma
questão ética de suma importância a ser considerada.
Assim, estamos nos referindo a uma instituição de natureza privada e que desenvolve uma
intervenção junto a crianças e adolescentes em situação de risco social ou pessoal. Portanto, trata-se
de uma executora privada de assistência social. Vamos voltar aos itens elencados no tópico 6.1 para
demonstrar a aplicabilidade do modelo aqui utilizado.
• Identificação
• Histórico
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Observação Orientada
outras necessidades apresentadas pelos fiéis da Igreja. Com o tempo, no entanto, a instituição passou
a atender vários outros segmentos empobrecidos que participavam da comunidade à qual estava
vinculada. Em virtude dessa constituição inicial, a instituição contava apenas com a ajuda de outros
fiéis, ou seja, tudo o que era doado às pessoas era previamente arrecadado junto aos fiéis de maior
poder aquisitivo.
Como não seguia uma sistemática específica, as atividades da instituição aconteciam em um pátio
vinculado à própria Igreja, e, muitas vezes, as intervenções aconteciam após os cultos religiosos. Em dias
de chuva, as intervenções aconteciam na parte interna da Igreja.
Essa estruturação inicial possibilitou que a “Amigos das Crianças e dos Adolescentes” mantivesse
a concessão dos bens, mas, partindo dela, os voluntários passaram a defender a organização de
um serviço de atendimento contínuo, e não apenas pontual, como vinha sendo feito. Partindo das
concepções da religião, os voluntários definiram que as mulheres que possuíssem tempo disponível
deveriam responsabilizar-se por essa intervenção. Assim, foi elaborada uma escala com as voluntárias
que fariam o atendimento, organizado no horário comercial. Definiu-se ainda que competiria aos
homens a arrecadação dos recursos com tal finalidade.
Basicamente, o serviço era mantido com trabalho voluntário e recursos previamente arrecadados dos
fiéis. Fazia apenas a concessão de bens eventuais para as famílias de toda a comunidade que precisassem
de auxílio nos termos em questão.
Como a demanda sempre aumentou,os recursos passaram a ser escassos, e a Associação Cidadão em
Construção precisou apelar para outras fontes. No caso, recorreu à Prefeitura, que passou a destinar um
valor para que a instituição pudesse manter os seus trabalhos.
Na década de 1970, a situação política começou a se alterar, e novas exigências surgiram para a
instituição. Os voluntários observaram que a demanda tendia a crescer, e que o trabalho contando
apenas com a dedicação de mulheres não estava surtindo o efeito esperado. Também nesse período, a
Prefeitura, até então o principal parceiro da instituição, solicitou que esta organizasse um estatuto e
definisse a composição de uma diretoria, providência que foi tomada.
A diretoria, já constituída e tendo como foco a percepção de que o trabalho não estava sendo
desenvolvido conforme deveria, passou a contratar pessoas para fazê-lo, funcionários pagos com os
recursos recebidos. Nesse período, foi definido que a instituição apenas iria ceder cestas básicas, mas
essa concessão passou a ser vinculada à frequência em cursos de formação em corte e costura. Isso
resultou na contratação de funcionários para a execução das atividades e de monitores para a aplicação
dos cursos propostos. Dessa forma, ficou definido que a instituição seria dirigida pelos voluntários,
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Unidade II
vinculados à igreja, mas o trabalho estaria agora a cargo dos funcionários contratados com essa
finalidade.
A década de 1980 constituiu-se em uma fase de ampliação dos serviços da Associação Cidadão
em Construção. Foram organizados novos cursos, e ficou definido como prioridade o atendimento às
famílias empobrecidas do município. No final da década de 1980, especificamente em 1987, surgiu,
para a Prefeitura, a necessidade de uma instituição que atendesse crianças e adolescentes, com o
oferecimento de cursos nas áreas de bordado a mão, corte e costura, violão, datilografia e língua
inglesa. A Associação Cidadão em Construção concorreu à seleção para desenvolver o projeto e foi
escolhida, firmando-se assim um convênio entre a Prefeitura e a Secretaria Estadual de Assistência
Social.
O fato de ter sido firmado esse convênio impôs novas exigências à instituição. No caso, o
projeto propunha que fosse contratado um assistente social e um psicólogo, além de monitores
nas áreas em que eram propostos os cursos. Para isso, a Associação Cidadão em Construção, por
meio de sua diretoria, passou a realizar as contratações. Além destas, foi necessário ainda adquirir
material para as atividades e adaptar o espaço físico, antes um grande barracão, que passou a ser
dividido em salas.
Na década de 1990, o trabalho continuou. Entretanto, a diretoria, antes composta por membros
vinculados à Igreja, passou a ser composta por outros segmentos da sociedade e que apresentavam a
disponibilidade para doar seu tempo à instituição. Esse formato ainda influencia a prática desenvolvida
atualmente, conforme descreveremos a seguir.
Por meio dessas informações, você poderá compreender a história da instituição e, na sequência,
descrever as ações realizadas na atualidade. Vejamos o exemplo a seguir, de descrição das atividades.
Os usuários do projeto são encaminhados pelas escolas, pelo Conselho Tutelar e pelo Ministério
Público, assim como por outros serviços ou programas públicos, mas só podem participar das atividades
crianças e adolescentes na faixa etária de 7 a 14 anos de idade e que pertençam a famílias com renda
per capita igual ou inferior a meio salário mínimo. Essa triagem inicial dos casos a serem incluídos é feita
pelo assistente social, contratado para essa finalidade.
Além de fazer essas intervenções, o profissional de Serviço Social ainda coordena atividades de
caráter socioeducativo oferecidas como suplemento aos cursos. São exemplos dessas intervenções
atividades que discutam a importância da frequência escolar e questões como trabalho infantil, uso
de substâncias psicoativas, violência doméstica e outras. Para isso, são realizadas, pelo profissional,
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Observação Orientada
rodas de conversa, dinâmicas, palestras e entrevistas. Essas abordagens são feitas com as crianças e os
adolescentes atendidos e também com os familiares.
A prática desenvolvida pelo Serviço Social nessa instituição é realizada com a parceria de
um psicólogo, que, por sua vez, desenvolverá uma prática focada não no aspecto clínico, mas
no comportamental. O psicólogo atende a usuários e seus familiares; para a intervenção clínica,
encaminha os casos de maior necessidade para a Secretaria de Saúde, que dispõe de profissional com
tal especificidade.
Assim, além de incluir a criança e o adolescente nos cursos, estes receberão um acompanhamento
psicossocial, que também trabalhará aspectos relacionados à questão escolar e a temas que influenciam
a vivência dos usuários.
Por meio dessa descrição, podemos observar as informações sobre o trabalho desenvolvido, o que nos
leva ao item seguinte: os recursos. Estes fazem referência aos esforços empreendidos para desenvolver
a prática em questão.
• Recursos
No que diz respeito a esse item, a Associação Cidadão em Construção dispõe de recursos financeiros,
humanos, materiais e físicos.
Os recursos materiais são classificados em duráveis e não duráveis. Os recursos duráveis são
compostos por computadores, mobiliário de cozinha e um automóvel. Os recursos não duráveis são
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Unidade II
os bens de consumo, sendo destacados nesse sentido, itens necessários para os cursos, material de
escritório e itens necessários à limpeza, à alimentação e à manutenção do serviço oferecido.
Por fim, os recursos físicos correspondem a um prédio amplo de propriedade da própria instituição.
Esse prédio está localizado em uma região periférica do município e possui sete salas para curso, duas
salas de atendimento individual, uma sala para atividade grupal, uma cozinha e dois banheiros para
uso dos funcionários, além de banheiros para os usuários. A entidade possui salas bem-iluminadas
e arejadas. Porém, possui uma escada na entrada principal, o que dificulta o acesso de pessoas com
dificuldade de locomoção, demandando assim a adequação do espaço físico.
Assim, com base nas informações sobre os recursos, você poderá passar a identificar as formas de
monitoramento e avaliação das atividades.
Para que fosse possível compreender o sistema de monitoramento e avaliação das atividades,
foi preciso estabelecer contato com a diretora. Esta informou que a única possibilidade de avaliação
constituída fora a alocação de uma caixa de sugestões, reclamações e outros comentários na entrada
da instituição. A diretora referiu que a caixa não demanda identificação e permite que os usuários
coloquem suas impressões, sendo aberta mensalmente. Informou ainda que, dentro das possibilidades,
as colocações dos usuários são incorporadas à prática institucional.
Após a sinalização desse sistema, você poderá destacar as informações obtidas dos usuários sobre o
serviço a eles oferecido.
A perspectiva dos usuários foi apreendida por meio da realização de entrevistas com crianças e
adolescentes vinculados à instituição e que foram questionados com relação aos seguintes aspectos:
atividades de que mais gostam e atividades de que não gostam, há quanto tempo frequentam o projeto
e quais os pontos mais interessantes e os menos interessantes das atividades. Foram entrevistados vinte
crianças e adolescentes.
Após a resposta dos usuários, estas foram agrupadas, o que tornou possível concluir que a atividade
com mais aceitação é o curso de informática, e a menos interessante para eles é o curso de biscuit. Em
relação ao tempo de frequência, houve casos de usuários que participam do projeto há cerca de um
ano, sendo que 56% dos entrevistados e 44% dos sujeitos participantes frequentam a atividade há mais
de um ano. Com relação aos pontos interessantes, os usuários apontaram a formação recebida, e como
menos interessante, o acompanhamento escolar. Um adolescente chegou a verbalizar que o assistente
social “pega muito no pé” por causa da escola, o que, sob o nosso olhar, demonstra tratar-se de um
projeto sério. Essa intervenção ainda trouxe a importância da inserção familiar em cursos. Quanto a esse
fator, 20% dos entrevistados, no caso, adolescentes, indicaram essa necessidade, sobretudo no que diz
respeito à inserção dos pais visto que as mães eram atendidas em outros cursos.
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Observação Orientada
Partindo das informações coletadas, torna-se possível compor uma percepção geral, mas rica de
detalhes, sobre a instituição observada.
Resumo
Esperamos que você recorra aos tópicos a que nos referimos para
orientar sua visita institucional. Por isso, é fundamental que você se aproprie
de todas as informações aqui elencadas. Faça uma releitura dos conteúdos,
observando com atenção todos os tópicos que foram destacados, e utilize
suas anotações como referência para a realização da visita.
Será uma das muitas atividades que você deverá desempenhar durante
o seu processo formativo, mas, com certeza será a atividade inicial e que
colocará você em um contato particularmente próximo e específico com
a prática do assistente social e também com o trabalho desenvolvido em
uma instituição.
Exercícios
A - Alternativa incorreta.
Justificativa: o estágio não pode ser compreendido como o simples cumprimento das atividades
burocráticas e rotineiras afetas à profissão.
B - Alternativa incorreta.
Justificativa: também está incorreta ao passo que reduz o estágio apenas ao treinamento, para
atender apenas à necessidade ou à demanda do mercado de trabalho. Na verdade, é importante destacar
que o estágio precisa ter como finalidade a atenção à demanda educativa, e não à demanda do mercado.
C - Alternativa incorreta.
Justificativa: essa alternativa contraria as considerações acerca do estágio, visto que este não pode ser
compreendido como uma possibilidade de mão de obra barata para substituir profissionais já atuantes.
D - Alternativa correta.
Justificativa: está correta porque faz menção às compreensões da profissão acerca do estágio em
Serviço Social na contemporaneidade. Destaca que o estágio em Serviço Social deve ser constituído
como o espaço de articulação entre teoria e prática, possibilitando ainda a realização de pesquisas que
poderão instrumentalizar o exercício profissional.
E - Alternativa incorreta.
Justificativa: o estágio não se refere à aplicação das dimensões teórico-metodológicas, mas sim à
junção de tais dimensões para orientar a prática do estagiário nesse contexto. Somente por meio da
junção da teoria com a questão instrumental é que o estágio pode se efetivar de forma que alcance a
dimensão educativa a que se propõe.
Questão 2 (CESPE – DPU 2010 – Adaptada). Na supervisão a alunos ou equipes, duas dimensões da
profissão de assistente social se articulam, de modo a realizar uma síntese de múltiplas determinações que
envolvem o exercício profissional na sua totalidade. A respeito dessas dimensões, assinale a opção correta:
A - Alternativa incorreta.
Justificativa: as dimensões não fazem referência ao trabalho e ao cotidiano. O cotidiano faz parte
da realidade profissional com a qual o estagiário estabelecerá relação, incorporando assim a prática
profissional. No entanto, isso não faz referência às dimensões da profissão, segundo a referência teórica
adotada neste livro-texto. Essas dimensões não são as de referência no processo de supervisão.
B - Alternativa incorreta.
Justificativa: a formação viabilizada pelo estágio e pela supervisão a ele inerente não faz referência
à dimensão subjetiva ou à dimensão formativa das relações sociais.
C - Alternativa correta.
D - Alternativa incorreta.
Justificativa: está incorreta por motivo similar ao destacado na alternativa B, pois a formação, por
meio do estágio curricular e do processo de supervisão, não faz referência a uma dimensão subjetiva
das relações sociais.
E - Alternativa incorreta.
Justificativa: a supervisão, vivenciada pelos alunos durante o processo de estágio, não faz referência
à dimensão elaborativa e nem à dimensão objetiva das relações sociais.
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