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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS PRINCIPAIS

EM CÃES

1. INTRODUÇÃO são deste importante sin-


Prurido é a sensação toma. O motivo que leva
desagradável, que mani- diferentes indivíduos a
festa no paciente o de- manifestarem diferentes
sejo de se coçar. Segu- formas clínicas de pruri-
ramente é o sintoma do ainda é desconheci-
mais importante da der- do(1,3,5,6,7,11,12).
matologia veterinária,
não somente por ser 1.2. Etiologia do
aquele que mais incomo- prurido
da ao paciente e conse- O clínico veterinário

FOTO: RONALDO LUCAS


qüentemente seu propri- deve ter pleno conheci-
etário, mas principal- mento dos quadros pru-
mente pelo fato de ser riginosos e não prurigino-
um grande divisor, pois sos na clínica dermato-
existem as dermatopatias onde o prurido córtex cerebral(1) que “interpreta” esta lógica. Este sintoma está presente em vá-
está presente e as outras onde não há a sensação e incita a resposta orgânica do rios grupos de dermatopatias:
presença do sintoma. prurido que pode ser manifestado de di- Dermatites alérgicas - São, seguramen-
O diagnóstico da etiologia do prurido ferentes maneiras como supracitado. te os quadros mais freqüentes relaciona-
em cães, não é tarefa fácil para o clínico Como outras sensações são formadas no dos a prurido em cães, sendo a dermatite
veterinário, particularmente pela variação córtex, fica facilmente explicável o fato alérgica à picada de ectoparasitas
da apresentação clínica dos casos (3,4,6,8,9). de que os animais apresentem prurido (DAPE), a hipersensibilidade ou alergia
Dentre as doenças pruriginosas, desta- quando estão mais isolados e sem “ou- alimentar (HA) e atopia (alergia à subs-
cam-se na rotina cotidiana da clínica de tras atividades” (1,5,7). tancias ambientais) as mais importantes
pequenos animais os casos de dermatites Fatores físicos podem agravar ou ali- e freqüentes em nosso meio.(5,6,9)
alérgicas. Antes de definir um diagnósti- viar o prurido, como exemplo daqueles
co de alergopatia, outras enfermidades Dermatites parasitárias - Dentre as der-
que agravam o prurido pode-se destacar
pruriginosas devem ser descartadas, matites parasitárias assume fundamental
o calor e o ressecamento da pele, enquan-
como: escabiose, foliculite superficial importância no Brasil a Escabiose, porém
to que o frio e hidratação adequada po-
pruriginosa, doenças autoimunes, malas- há outras dermatopatias parasitárias rela-
dem aliviar o sintoma. A estimulação me-
seziose, dentre outras. Para que se obte- cionadas às infestações por ectoparasi-
cânica incita o sintoma, este fato é co-
nha sucesso em se firmar o diagnóstico tas, como na puliciose, ixodidiose, pedi-
nhecido e utilizado pelo clínico quando
preciso, o exame clínico deve ser com- culose e cheyletiellose.(5,6,7,9,10)
se quer determinar se a lesão é prurigino-
pleto, destacando-se os pontos chave re- sa, friccionando com os dedos uma re- Dermatites imunomediadas - O Lupus
lacionados à um animal alérgico.(5,6) gião do animal que se quer investigar. Se eritematoso discóide e sistêmico, o Com-
o quadro for pruriginoso o animal res- plexo Pênfigo e o Penfigóide bolhoso,
1.1. Manifestações ponderá com os membros ou com movi- além das farmacodermias podem ser re-
O prurido é induzido por mediadores mentos de lambedura repetitivos, como presentados por quadros pruriginosos. O
químicos endógenos e exógenos, além de uma mímica de prurido. clínico deve manter atenção especial aos
substâncias pró-inflamatóiras, esta indu- Muitas podem ser as manifestações quadros de Pênfigo foliáceo, que por
ção é conduzida ao sistema nervoso, por clínicas do prurido, havendo um consenso vezes manifesta-se com muito prurido,
terminações nervosas livres, que conflu- entre os autores e aceitando que o trau- sendo freqüentemente confundido com
em como fibras lentas não mielinizadas, matismo com os membros, a lambedura piodermites(5,6,7,9,10).
axônios ganglionares, medula, axônios de repetitiva, o roçar em móveis ou paredes Neoplasias cutâneas - Alguns quadros
segunda ordem e finalmente atingem o e o mordiscamento são formas de expres- neoplásicos podem ser pruriginosos, des-
tacando-se o linfoma (micoses fungói- auto-imunes acometem animais idosos, te, e, só então complementar as informa-
des)(5,6,7,9,10). na sua maioria(5). ções acerca da queixa principal com per-
Nestes termos, quando se aborda um guntas como: Tempo de evolução? Iní-
Dermatite psicogênica - Quadro muito
cão com quadro pruriginoso com menos cio do quadro? Tratamentos efetuados?
confundido com quadros alérgicos, não
de 6 meses de idade deve-se incluir no Conseqüência do tratamento efetuado?(5,9)
se trata verdadeiramente de um prurido
plano diagnóstico como as possibilidades Início do quadro e tempo de evolução –
provocado por inflamação, porém o ato
mais freqüentes escabiose e otoacaríase, Objetiva avaliar o decurso evolutivo do
de lambedura constante, não permite a
pediculose, puliciose e cheyletiellose, ou quadro. Os quadros de surgimento abrup-
diferenciação no primeiro momento, a
ainda uma demodicidose com infecção to, são classificados de agudos. Já aque-
atenção especial deve ser dada aos casos
bacteriana secundária. Entre os três e cin- las dermatopatias instaladas há muito tem-
de lambedura constante das regiões in-
co anos as dermatopatias alérgicas como po, são denominadas de crônicas, como
terdigitais que na sua maioria estão liga-
DAPE, HA e atopia devem ser considera- os quadros alérgicos, que podem acome-
dos a quadros pruriginosos.
das em primeiro plano, já nos animais ido- ter os animais, por períodos que muitas
Já aqueles de causa comportamental
sos as doenças auto-imunes e neoplasias vezes ultrapassam anos.
geralmente estão ligados a lambedura de
devem ser consideradas. Porém deve ser
região do carpo ou tarso e em um ou dois Tratamentos já efetuados e suas conse-
destacado que as dermatopatias alérgicas
membros. qüências – É imprescindível que o clíni-
podem ser observadas em animais entre
Deve-se, após o término do exame, co tome conhecimento acerca dos fár-
4 meses e 7 anos, o termo desenvolver
relacionar uma lista de diagnósticos pro- macos já empregados na terapia do paci-
alergopatia deve ser utilizado, um cão que
váveis, e se a abordagem for precisa na ente e como este evoluiu frente ao trata-
nunca apresentou sintomas, pode após
determinação da ocorrência deste impor- mento. Como exemplo, pode-se citar os
muitos anos de vida apresentar(5,6).
tante sintoma, a possibilidade de êxito no corticóides, que proporcionam a melho-
diagnóstico será maior(5,6,7,9,10). Identificação racial – No Brasil não exis- ra de pacientes com quadros alérgi-
tem levantamentos consistentes no que cos(11,12,13,14). Todos animais com derma-
2. EXAME DERMATOLÓGICO se refere à identificação racial em derma- tites alérgicas irão apresentar melhora dos
A pele não irá diferir dos outros siste- topatias alérgicas, alguns autores desta- sintomas quando estiverem recebendo
mas em termos de exame, é entre todos cam não haver predisposição racial para corticóides, porém quando houver forte
os sistemas, aquele que mais sofre erros animais com DAPE, hipersensibilidade indício de doença alérgica, mas pouca ou
de abordagem pelo clínico, que guiado alimentar ou atopia, mas em alguns paí- nenhuma resposta aos corticosteróides,
pela ansiedade do proprietário, muitas ses principalmente quando se considera duas possibilidades podem estar ocorren-
vezes ignora ou subtrai passos importan- a atopia trabalhos destacam a predisposi- do: trata-se de um quadro alérgico com
tes no exame do paciente. Deve conter ção de certas raças como: Yorkshire, Shar infecção secundária (por S.intermedius ou
todos os pontos chaves de um exame clí- Pei, West Highland White Terrier, Lhasa M. pachydermatis); ou trata-se de uma
nico: identificação, anamnese, exame fí- Apso, Shi Tzu, Pug, Dálmata, Golden hipersensibilidade alimentar, que pode não
sico, além dos exames complementares Retriever, Labrador, Cocker e Akita, Set- responder ao fármaco.
ou subsidiários(5). ter Gordon e Inglês, Chihuahua, Boxer, Periodicidade – Quando são considera-
Pug, Boston Terrier, Cocker Inglês e Sch- dos os pacientes, mormente os que apre-
nauzer(2,9,10).
2.1. Identificação sentam-se com dermatopatias de etiolo-
gia alérgica, a determinação da sazonali-
Quando abordamos um animal da es-
2.2. Anamnese dade dos casos pode ajudar a determinar
pécie canina deve-se considerar princi-
A anamnese pode ser responsável, se- a causa da hipersensibilidade. Casos de
palmente a identificação etária e racial, nos
gundo alguns semiologistas, por até 50% dermatites alérgicas a ectoparasitas, fre-
quadros alérgicos a identificação sexual
do diagnóstico final(5). Nas dermatopati- qüentemente pioram no verão, os qua-
parece não ser importante na diferencia-
as pruriginosas ocorre o mesmo, embo- dros de hipersensibilidade alimentar são
ção do diagnóstico(6,8,9,11).
ra este talvez seja o item mais esquecido perenes (mantém o mesmo grau de in-
Identificação etária – Existem determi- tensidade todo o ano), e finalmente os
ou erroneamente mais resumido pelos clí-
nadas doenças que ocorrem exclusiva- animais atópicos, alternam períodos de
nicos veterinários. Deve-se destacar que
mente ou muito mais freqüentemente em melhora e piora no decorrer de um ano(5).
não existe anamnese dermatológica, esta
determinadas idades, como exemplos
abordagem deve ser sempre completa e Ambiente, manejo e hábitos - a deter-
podem ser citadas: a demodicidose e as
detalhada, porém serão destacadas as minação destes três elementos pode pro-
dermatites parasitárias em animais jovens,
perguntas mais relacionadas com as en- porcionar a obtenção de informações va-
refletindo provavelmente o frágil estado
fermidades alérgicas do tegumento: liosas(6,7):
imunológico dos filhotes; os quadros alér-
gicos, assim como as doenças de que- Queixa principal – Na opinião do autor, 1) Ambiente e higienização das instala-
ratinização atingem animais adultos jovens deve ser a primeira etapa no questiona- ções – existem quadros intimamente li-
e animais maduros; os quadros hormo- mento do proprietário do animal, pois é gados aos produtos utilizados na limpeza
nais acomentem principalmente animais justamente aquilo que a pessoa busca ao das instalações, como as dermatites de
entre 6 e 10 anos de idade; e, finalmente procurar o Médico Veterinário. O clínico contato. Canis com pouca ou inadequa-
as neoplasias assim como as doenças deve colher as informações passivamen- da higienização apresentarão animais fre-
qüentemente acometidos por, escabiose falha nesta investigação pode comprome-
e otoacaríase ou ainda infestados por ter todo o diagnóstico da dermatose em
pulgas e carrapatos (importantes na elu- questão. O exemplo mais típico da fun-
cidação de DAPE). ção de tal informação talvez seja o da
2) Manejo – inclui informações sobre a DAPE (dermatite alérgica à picada de
higienização do animal, como o produto ectoparasitas). Cerca de 30% dos animais
utilizado, a freqüência de banhos, o tem- com esta dermatite alérgica, apresentam-
po de ensaboamento e ainda o modo de se para o atendimento sem que o propri-

RONALDO LUCAS
secagem. Os proprietários de animais fre- etário ou o clínico consigam evidenciar a
qüentemente utilizam-se de produtos ina- presença de pulgas ou carrapatos. O ve-
dequados para os banhos dos animais, terinário não deve se limitar somente à
Foto1: cadela, SRD, de 5 anos de idade,
podendo afetar fatores como hidratação pergunta direta se o proprietário obser-
apresentando rarefação pilosa e discro-
da pele, e alterar o pH, com conseqüên- vou ou não o parasita, a busca deve in- mia de pelame em quadro de DAPE.
cias perigosas, principalmente perda da vestigar todos os ambientes freqüentados
barreira de proteção da pele, importante pelo animal e verificar se os contactantes
no cão atópico. apresentam ou não o parasita. O veteri-
nário deve avaliar se está sendo realizado
3) Hábitos – são importates na determi- um controle para pulgas, além de avaliar
nação de várias enfermidades, como se este controle está sendo feito correta-
exemplos podem-se citar o acesso à rua, mente e com produtos adulticidas de con-
mesmo aquele animal sem contactantes tato, onde o parasita não precisa se ali-
em casa, pode ter contato com outros ao mentar “picar” para que seja eliminado(6,9).
sair à rua, podem também, ter acesso a
ambientes infestados por ectoparasitas, 2.3. Exame físico

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como praças e parques freqüentados por
Somente após toda a identificação e
outros animais. Nestes casos; a escabio-
anamnese, a despeito da insistência do pro-
se, cheyletiellose, pediculose, puliciose e
prietário, o clínico irá proceder ao exame Foto 2: cão, SRD, de 6 anos de idade, apre-
ixodidiose (e conseqüentemente a DAPE) sentando eritema periocular (blefarite) e
mais detalhado das lesões de pele e ca-
devem ser consideradas. perilabial (queilite), em quadro de hiper-
racterizá-las, para que se consiga unir
4) Alimentação – outro elemento impor- sensibilidade alimentar.
todas as informações e propor um ou
tante na anamnese, é a determinação da mais diagnósticos.
dieta do animal uma vez, que a nutrição A inspeção direta é a principal orien-
influencia muito na qualidade da pele e tação do dermatologista veterinário para
pelame, e existem doenças intimamente a elaboração do diagnóstico. As diferen-
ligadas à alimentação, como no caso da tes características e particularidades das
hipersensibilidade alimentar. lesões cutâneas são importantes e indis-
pensáveis para a caracterização de um
Contactantes – Verificar que espécies de quadro dermatológico, e uma pequena nu-

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contactantes o animal examinado pode ance de uma lesão para outra pode mu-
apresentar, pois estes podem ser vistos dar o rumo de um diagnóstico(5).
como sentinelas do processo desenvol- Quando um cão apresenta quadro pru- Foto 3: cão, poodle, de 4 anos de idade,
vido pelo paciente em questão. O animal riginoso, pode-se evidenciar diferentes apresentando eritema e hiperpigmenta-
pode apresentar um quadro que vem sen- graus de perdas de pêlos, desde rarefa- ção periocular (blefarite) em quadro de
do desenvolvido por outros animais de ção pilosa (foto1) até mesmo alopecia atopia.
uma mesma propriedade, esta informa- (foto 6) de grandes áreas corpóreas, de-
ção encaminha o diagnóstico para as do- correntes do auto-traumatismo. Além dis-
enças infecto-contagiosas, porém se o so, o clínico pode evidenciar diferentes
processo for crônico e afetar exclusiva- tipos morfológicos lesionais, como(5):
mente um animal, mesmo que este tenha Alterações de coloração: eritema (fo-
contato com outros, os quadros passí- tos 2 e 5), em quadros agudos e hiper-
veis de disseminação são praticamente pigmentação (fotos 7, 8 e 9) em quadros
eliminados da estratégia de diagnóstico, crônicos.
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ficando as alergopatias novamente em Formações sólidas: pápulas, nódulos


destaque. (5,6,8,9,10) e placas, que freqüentemente estão asso-
Ectoparasitas – o questionamento feito ciados à quadros alergo-inflamatórios, Foto 4: cadela, Golden, de 2 anos de ida-
aos proprietários para a verificação da Perdas teciduais: exulcerações, úlce- de, com otite eczematosa (com contami-
presença e espécie de ectoparasitas, deve ras, escamas e crostas, nos quadros as- nação bacteriana secundária) em quadro
ser o mais detalhado possível, pois uma sociados a traumatismo repetido e/ou com de DAPE.
2.4. Exames Complementares
Basicamente três testes podem ser re-
alizados quando se aborda um paciente
com quadro alérgico, os testes in vitro
de detecção de IgE, o teste intradérmico
ou testes de puntura e a citologia(3,5,6).

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2.4.1. Testes de detecção
quantitativa de IgE
Foto 5: Cão Labrador, de 4 anos de idade, Estes testes são indicados para con-
com eritema interdigital em quadro de
atopia.
firmação de diagnóstico de DAPE, hiper-
sensibilidade alimentar e atopia, são con-
troversos e algumas considerações devem
ser feitas:

RONALDO LUCAS
DAPP – os antígenos envolvidos nesta
dermatopatia, estão presentes como an-
tígenos completos e como haptenos, na
Foto 9: cadela, Poodle, de 8 anos de ida- saliva de pulgas. As dúvidas pairam na
de com hiperqueratose e hiperpigmenta-
natureza e obtenção dos antígenos pelo
ção em região perianal e perivulvar em
caso de atopia. laboratório, quantidade e proporção, uma
............................................................................. vez que já foram identificados mais de
RONALDO LUCAS

20 antígenos na saliva destes insetos. Ou-


infecções secundárias. tros aspectos importantes estão ligados à
Alterações de espessura: hiperquera- patogenia da DAPE onde há o envolvi-
Foto 6: cadela Chow-Chow, de 3 anos de tose (foto 7) e liquenificação (foto 8), mento de imunoglobulinas IgE e IgG, e
idade, com alopecia em região lombo- em regiões de trauma repetido e crônico. reações imunológicas do tipo IV e reação
sacra , em caso de Hipersensibilidade ali- O padrão de distribuição anatômica das basofílica cutânea, onde não há o envol-
mentar.
lesões, também assume grande importân- vimento de imunoglobulinas. Estes aspec-
cia no raciocínio clinico, para o encami- tos inviabilizam a utilização deste teste na
nhamento do diagnóstico. Porém este opinião de vários autores e do próprio
importante parâmetro não pode ser utili- autor, na determinação do diagnóstico de-
zado quando se abordam os casos de finitivo(6,8,9).
DAPE, HA e atopia. Autores apresentam
H.A – o mesmo raciocínio deve ser utili-
diferentes maneiras de diferenciar estas
zado no caso desta dermatopatia alérgi-
três importantes dermatopatias alérgicas,
ca, é sabido que os antígenos são prote-
indicando as regiões anatômicas mais
ínas encontradas no alimento, porém um
acometidas em cada um dos quadros, des-
alimento pode ter as estruturas protéicas
tacando que a região lombo-sacro-coc-
alteradas após cocção e após o proces-
RONALDO LUCAS

cígea (foto 1) está mais relacionada com


samento pela indústria de rações, e con-
DAPE, o acometimento facial está mais re-
seqüentemente alteração dos determinan-
lacionado com atopia (foto 2) e as axilas
tes antigênicos. Na patogenia da H.A há
Foto 7: cadela Cocker Spaniel, de 7 anos estão mais acometidas no paciente com hi-
de idade, comalopecia, hiperqueratose e o envolvimento de IgE e IgA, e as rea-
persensibilidade alimentar(2,5,6,8, 9,10,11).
hiperpigmentação em caso de atopia. ções imunológicas tipo III e IV, que clas-
Na opinião do autor e de muitos ou-
sicamente não têm envolvimento de imu-
tros, a localização anatômica das lesões
noglobulinas. Novamente, pelos fatos ex-
não pode orientar o diagnóstico, uma vez
postos este exame é de pouca valia no
que animais acometidos por qualquer uma
diagnóstico deste tipo de dermatite alér-
das três entidades apresentam lesões nas
gica (6,8,9).
mesmas regiões anatômicas. Áreas fre-
quentemente acometidas em qualquer um Atopia – neste caso os antígenos estão
dos quadros, são: face (podendo incluir presentes em suspensão no ar e existe
blefarite - foto 3 e/ou otite eczematosa apenas a reação de hipersensibilidade tipo
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bilateral - foto 4), patas (com orientação I com envolvimento de IgE, mesmo as-
interdigital - foto 5), régião lombo-sacro- sim os testes são quantitativos, e alguns
Foto 8: cão Shar pei, de 2 anos de idade, coccígea (fotos 1, 6 e 7), ventre (inclu- autores já determinaram que nem todos
com hiperpigmentação em caso de ato- indo axilas e virilha - foto 8) e períneo os animais atópicos apresentam maiores
pia com malasseziose secundária. (foto 9). quantidades de IgE no soro. Sendo as-
sim, mesmo nos casos onde o clínico que os quadros alérgicos são muito se- rer aos exames laboratoriais na tentativa
suspeita de atopia, o diagnóstico por es- melhantes, senão idênticos quando da de elucidar qual dermatopatia alérgica está
tes métodos torna-se contestável(6,8,9). abordagem clínica. A questão mais incô- sendo atendida. No nosso meio pode-se
Resumindo a utilização dos testes, vale moda para o dermatologista veterinário disponibilizar de testes alérgicos soroló-
ressaltar uma frase de Scott et al (2001): de qualquer nacionalidade é: “como fe- gicos de detecção de IgE no soro de pa-
“...deve ser enfatizado que os testes la- char o diagnóstico definitivo das derma- cientes. Estes testes são controversos e
boratoriais nunca devem substituir uma tites alérgicas”? a maioria dos autores concorda que têm
anamnese cautelosa, um meticuloso exa- Há um consenso entre diferentes au- valia apenas nos pacientes com atopia que
me físico e a completa eliminação dos tores de diferentes latitudes(5,6,7,8,9) que a o clínico quer tratar com imunoterapia
demais diagnósticos. Devido à pouca es- atopia é a mais freqüente entre os cani- (hipossensibilização). Todos os autores
pecificidade dos testes in vitro, eles não nos, sendo apontado como presente em consultados concordam em afirmar que
devem ser utilizados para o diagnóstico 10-15% da população canina, dependen- estes testes não são efetivos para o diag-
da atopia...”(9). do do autor consultado. Como a segunda nóstico definitivo de DAPP, HÁ ou ato-
O testes de detecção de IgE poderiam dermatopatia alérgica mais freqüente, pia. (veja as considerações no item 2.4.1)
ser utilizados para confecção e vacinas autores indicam a DAPE, estima-se que Agrupando as informações, constata-se
de imunoterapia, quando esta modalida- 50% dos animais com ectoparasitas po- que:
de terapêutica é escolhida pelo clínico, dem desenvolver a doença. A hipersensi- 1. as lesões dermatológicas são as mes-
ressalte-se que a efetividade desta moda- bilidade alimentar é a menos freqüente, mas.
lidade terapêutica é muito limitada (mais representando aproximadamente 10% dos 2. não há predisposição etária, racial ou
detalhes no próximo número). Finalmen- animais com dermatopatias alérgicas. sexual.
te a maioria dos autores acredita que o Estes números não levam em considera- 3. não há exame laboratorial que permita
teste intradérmico ou o teste de puntura ção o fato de muitas vezes estas derma- a diferenciação.
são superiores tanto na detecção dos aler- topatias apresentarem-se associadas umas
genos desencadeantes de atopia, como às outras, complicando em parte a análi- Portanto a dúvida continua: “como fe-
para orientação da imunoterapia, mas es- se de freqüência de ocorrência(1,5,6,7,8,9,10). char o diagnóstico definitivo das derma-
tes testes ainda não são rotineiros no Bra- Não há predisposição racial confirma- tites alérgicas”? Ainda o meio mais efeti-
sil(6). da, nem sexual ou etária. Sabe-se como vo e que é apontado por diferentes auto-
já foi citado que as três dermatopatias res de diferentes(1,5,6,7,8,9) países é a elimi-
2.4.2. Citologia alérgicas acometem animais adultos jo- nação racional de cada uma das possibili-
Este exame pode fornecer rápidos re- vens, sendo que a maioria dos casos dades, como será proposto:
sultados, que podem ser importantes na ocorre entre dois e cinco anos de idade. Quando um cão se apresenta com um
orientação do diagnóstico ou muitas ve- Animais que apresentam o quadro muito quadro pruriginoso, e frente a abordagem
zes podem determinar o diagnóstico de- jovens sugerem atopia, animais com mais diagnóstico o veterinário já descartou os
finitivo de diferentes enfermidades. Não de sete anos que nunca apresentaram outros grupos de dermatopatias, ficando
é utilizado para a diferenciação entre os quadro pruriginoso, dificilmente apresen- apenas com a possibilidade de um qua-
quadros alérgicos, mas pode revelar a tarão atopia(6,8,9). dro alérgico, os passo a serem seguidos
existência de infecções subjacentes, que Finalmente, o clinico poderia recor- são (quadro 1):
devem ser controladas antes de se defi-
nir qual tipo de alergopatia está ocorren-
do(5).
A coloração mais utilizada no exame
citológico é o método de coloração rápi-
da para hematologia, que proporciona que
o exame seja coletado, corado e analisa-
do em poucos minutos. É um método que
pode ser utilizado em diferentes derma-
topatias de etiologia inflamatória, neoplá-
sica ou infecciosa. Pode-se evidenciar,
tipos celulares, morfologia celular, bac-
térias, fungos além de seu número e dis-
tribuição (5).

3. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DAS DERMATITES ALÉRGICAS
Avaliando-se questões como identifi-
cação etária, racial e sexual, presença de Quadro 1: seqüência de diagnóstico na abordagem de cães com quadros de
prurido, resposta terapêutica e, ainda, dermatites alérgicas.
poucos testes específicos, constata-se
1. Avaliar a possibilidade de presença de ção”, que deve conter uma fonte de pro- sido utilizadas para este fim. Estas rações
pulgas, quer por constatação do parasita, teína que o animal nunca comeu (geral- não podem ser utilizadas para o fecha-
de suas fezes ou ainda por dados de ana- mente o autor utiliza a carne de coelho mento do diagnóstico de HA, podem tal-
mnese que sugiram sua presença, vale ou carneiro) e uma fonte de carboidratos vez ser utilizadas após a confirmação do
lembrar que cerca de 30% dos animais (geralmente arroz integral ou batata cozi- diagnóstico com dieta caseira ou com
com DAPE, nunca apresentaram pulgas da), na proporção de 60 e 40% respecti- proteínas hidrolizadas. Para que se esta-
ou carrapatos, na óptica do proprietário. vamente. Esta dieta deve ser realizada por beleça o diagnóstico de hipersensibilida-
Se os animais apresentarem parasitas, 8 a 13 semanas e o cão não pode ter aces- de alimentar o animal deve apresentar re-
estas devem ser eliminadas, com produ- so a nenhum outro tipo de alimentação, missão dos sintomas com a dieta de eli-
tos parasiticidas de contato, ou seja deve- vale lembrar que este procedimento, mais minação e posteriormente o clínico deve
se optar por produtos que eliminem as que uma dieta é um teste diagnóstico. “liberar” a antiga alimentação e observar
parasitas, antes mesmo que estes se ali- Outra possibilidade de dieta de elimina- o recrudescimento do quadro em 10-14
mentem, há algumas possibilidades no ção são as rações de proteína de soja hi- dias. Caso o cão não melhore após a die-
mercado e o autor utiliza, neste primeiro drolizada, que apresentam em sua for- ta(6,8,9,10),
momento (por 40-60 dias) estes produ- mulação proteínas hidrolizadas em labo- 3. Fica estabelecido o diagnóstico de ato-
tos a cada 15 dias (uma freqüência maior ratório que pesam menos que 16000 dal- pia.
do que aquela proposta pelos fabrican- tons, pois atualmete sabe-se que as pro-
tes). O veterinário deve lembrar do con- teínas que podem funcionar como antí- Deve-se observar atentamente que
trolole parasitário nos contactantes e no genos na HA pesam entre 18000 e 36000 para se estabelecer o diagnóstico diferen-
ambiente. Após este procedimento nos daltons. O clínico deve saber que mes- cial das dermatites alérgicas dos cães, o
retornos de avaliação, havendo melhora mo uma ração comercial de “carne de veterinário deve seguir “algumas regras”:
do quadro lesional e do prurido, confir- frango” contém diferentes fontes de pro- a. Eliminar as infecções presentes, tra-
ma-se o diagnóstico de DAPE, caso não teína, sendo a troca de um marca de ra- tando a piodermite ou Malasseziose se
haja melhora, o segundo passo deve ser: ção para outra na tentativa de elucidar um estiverem presentes.
2. Alterar a dieta do animal. Para tal, o caso de HA é definitivamente incorreta. b. Nunca tentar diagnosticar HA ou ato-
veterinário deve conhecer detalhadamente Há outras rações no mercado que têm pia na presença de parasitas.
os hábitos alimentares do paciente em como fonte de proteína o carneiro ou c. Não utilizar corticóides nos passos 1
questão e propor uma “dieta de elimina- proteínas de diferentes peixes e que têm e 2, quais sejam, durante a eliminação dos
parasitas e durante a dieta de eliminação, mentos serão abordados no próximo nú- 7. NESBITT, G.H.; ACKERMAN, L.J. Cani-
pois não será possível elucidar se a me- mero).  ne and feline dermatology. New jersey, Vete-
rinary learning systems, 1998, 517p.
lhora do quadro foi conseqüência da me-
8. SCOTT, D.W.; MILLER Jr.,W.H.; GRIFFIN,
dicação ou da eliminação do fator que se Prof. Dr. Ronaldo Lucas C.G. Small animal dermatology. Philadelphia:
está investigando. Professor de Clínica Médica da Saunders, 1995, 1213p.
d. Se o quadro for extremamente agres- Universidade Anhembi Morumbi.
9. SCOTT, D.W.; MILLER Jr.,W.H.; GRIFFIN,
sivo e o clínico tiver que recorrer aos Proprietário da Dermatoclínica
C.G. Small animal dermatology. Philadelphia:
corticóides (contrariando o ítem b), op- www.dermatoclínica.com.br
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