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A História do JOÃO PORCALHÃO

Texto Teatral Infantil de ANDRÉ FAXAS 2000

registrado no EDA da Biblioteca nacional- RJ e na SBAT

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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PERSONAGENS:

JOÃO PORCALHÃO – O menino que não gosta de tomar banho.

CHIQUINHO- O melhor amigo de João. Bom caráter.

CHICÃO- Irmão de Chiquinho. Mal-caráter, incentiva João aos maus hábitos.

CAPITÃO PORCÃO- Ser imundo, que deseja levar João para o mundo da sujeira.

CAPITÃO SABONETE- O super-herói que tentará salvar João das garras do Capitão
Porcão.

Ps. CHIQUINHO / CAPITÃO SABONETE – mesmo ator

CHICÃO / CAPITÃO PORCÃO – mesmo ator


CENÁRIO INICIAL: RUA RESIDENCIAL

(MÚSICA) (EFEITO DE ÁUDIO: VOZ DA MÃE DE JOÃO, E DE JOÃO)

VOZ DA MÃE- João ! João ! Onde você vai garoto ?

VOZ DE JOÃO – Vou pro futebol, mãe. É a hora da pelada. O Chiquinho e o Chicão estão
me esperando.

(NESSE MOMENTO, CHIQUINHO E CHICÃO ENTRAM EM CENA) (EM


SILÊNCIO, COMEÇAM A JOGAR BOLA)

VOZ DA MÃE- E o banho, João ? Há muito tempo que você não toma banho, garoto. Todo
dia é a mesma coisa. Chega sujo da escola, vai para o futebol, se suja mais ainda, depois se
esconde e vai dormir sem tomar banho. Não estou te agüentando, menino ! Ninguém
agüenta mais esse cheiro ruim !

VOZ DE JOÃO- Ah, mãe ! Não liga não. Mais tarde eu tomo banho. Tchau.

VOZ DA MÃE- João ! Venha cá ! Não me desobedeça ! João ! João !

(MÚSICA DA ENTRADA DE JOÃO PORCALHÃO) (OS TRÊS JOGAM FUTEBOL


DURANTE A MÚSICA) (CHICÃO VENCE O JOGO) (FIM DO EFEITO DE ÁUDIO)
CHICÃO- Pra variar, eu ganhei de novo. Vocês dois são muito otários.

CHIQUINHO- Claro, Chicão ! Você só sabe roubar e fazer faltas.

JOÃO- E além do mais, é maior e mais velho do que eu e o Chiquinho.

CHICÃO- Eu sou é craque. Sou melhor que o Ronaldinho, Zidane e o Figo.

CHIQUINHO- É ruim. Você só ganha porque é o dono da bola. Eu e o João vamos treinar
para te vencer.

JOÃO- Você vai ver só, Chicão. Nós vamos arrebentar.

CHICÃO- Ah, calem a boca, seus pirralhos. É hora de pagarem a aposta. Façam fila. Um
cascudo em cada um.

JOÃO- Eu não quero ganhar cascudo não.

CHIQUINHO- Minha cabeça já está inchada de ganhar cascudo todo dia.

CHICÃO- Chega de choradeira. Primeiro é do meu maninho Chiquinho.

(CHICÃO DÁ UM CASCUDO EM CHIQUINHO)


CHIQUINHO (GRITANDO)- Ai!!!!!!!

CHICÃO- Agora, o fedorento do João Porcalhão.

(CHICÃO DÁ UM CASCUDO EM JOÃO)

JOÃO- Uiii!!!!!!

CHICÃO (GARGALHANDO)- Ah, ah, ah! Dar cascudo é muito bom ! (SENTINDO MAL
CHEIRO) Unnnnn, que cheiro ruim. De onde será que está vindo esse cheiro ?

CHIQUINHO- É verdade. Que inhaca ! Acho que está vindo do lado do João.

JOÃO- É ruim, hein ? Sou um menino muito cheiroso.

CHICÃO- Que nada ! Você não deve tomar banho há um tempão. Deve estar cheio de
caraca. Mas você está certo, João. Se quiser ser um homem de verdade, não pode ser
cheirosinho. Homem que é homem tem que ser fedorento, como eu. Agora eu vou lá para a
pracinha. Vai ter um torneio de cuspe à distância e serei campeão de novo. Ninguém cospe
mais longe do que eu. Querem ver ?

CHIQUINHO- Não precisa, Chicão. Acho isso uma porcaria.

JOÃO- Depois você me ensina ? Eu também gosto muito de cuspir no chão.

CHICÃO- Outra hora te mostro, João. Estou atrasado. Até mais, seus Zés Manés !
(CHICÃO SAI DE CENA)

CHIQUINHO- Não entra na do Chicão, cara. Ele é meu irmão, mas é um péssimo
exemplo. Não gosta de estudar, faz bagunça na sala de aula, briga na rua, tira meleca do
nariz e não toma banho.

JOÃO- Você que é um bobo, Chiquinho. Chicão é o meu ídolo. Meu sonho é ser como ele.
Um dia eu chego lá.

CHIQUINHO- Você está errado, cara. Assim você não chegará a lugar algum. Por quê
você não vai pra casa e toma um banho ?

JOÃO – Tá maluco ? E desde quando João Porcalhão toma banho ? Você é um mané
mesmo, Chiquinho.

CHIQUINHO- Eu sou seu amigo, João. As meninas não gostam de garotos fedorentos.

JOÃO- Eu pouco me importo com que as meninas pensam. Elas são chatas e metidas. E
não quero mais ser seu amigo, Chiquinho. Você é muito chato, não fale mais comigo. A
partir de hoje, minha turma será outra. Vou fazer tudo que o Chicão faz. Não vou mais
estudar, vou fazer bagunça na sala, vou ser respondão, vou fazer isso... (PEGA UMA BALA
NO BOLSO E JOGA O PAPEL NO CHÃO)

CHIQUINHO- Não faça isso. Assim você suja a cidade..

JOÃO- Vou fazer isso também. (DÁ UMA CUSPARADA NO CHÃO) E isso (TIRA A
MELECA DO NARIZ) e pra finalizar, vou brigar na rua. Vem, Chiquinho, vem... (CHAMA
CHIQUINHO PARA A BRIGA)
CHIQUINHO- Você quer brigar com seu melhor amigo, João ?

JOÃO- Você não é meu amigo. Se fosse mesmo, me apoiaria.

CHIQUINHO- É muito ruim ouvir isso de você, João. Como eu não quero te machucar, eu
vou embora.

(CHIQUINHO SAI DE CENA)

JOÃO- Esta fugindo, seu medroso ? Vem brigar, vem ? Esse Chiquinho é um bobo mesmo.
Está com medo de me encarar, porque eu sou um grande lutador. E também eu sou muito
esperto e inteligente. Vocês não acham ? (PROVAVELMENTE, AS CRIANÇAS
RESPONDERÃO NEGATIVAMENTE) O quê ? Vocês não concordam comigo ? Deve ser
porque vocês são uns bobos também. E não gosto de amigos bobos !

(SURGE O EFEITO DE ÁUDIO COM A VOZ DA MÃE DO JOÃO)

VOZ DA MÃE – João Porcalhão ! Venha para a casa, garoto ! É hora do banho ! Se você
não vier em dois minutos, vou atrás de você com o chinelo na mão !

JOÃO (AO PÚBLICO) – Nossa ! Tenho que me mandar daqui ! Senão, hoje eu ganho uma
coça. Se ela descobrir que eu não tomo banho há um mês, vou apanhar muito. Preciso fugir.
Mas, para onde eu vou ?

(MÚSICA SOMBRIA) (JUNTO COM A MÚSICA, SURGE O EFEITO DE ÁUDIO COM A


VOZ DO CAPITÃO PORCÃO CHAMANDO POR JOÃO PORCALHÃO)
JOÃO PORCALHÃO (MUITO ASSUSTADO) – Que voz é essa ? O quê está acontecendo
aqui ?

(ENTRA EM CENA O CAPITÃO PORCÃO) (MUDA-SE O CENÁRIO PARA O


“MUNDO DA SUJEIRA”)

CAPITÃO PORCÃO- João Porcalhão, o menino sujão !

JOÃO- Quem é você ?

CAPITÃO PORCÃO- Sou Capitão Porcão, o amigo da sujeira, da porcaria e do cascão.


Sou o mago da bagunça, da caraca e do lixão. Sou amigo das crianças sem higiene nem
educação. E estou pronto para ajudá-lo, meu amigo Porcalhão.

JOÃO- Nossa ! Que confusão !

CAPITÃO PORCÃO- É fácil de entender, meu filho. Você agora está no meu mundo. Um
mundo maravilhoso, repleto de beleza e alegria. O mundo da sujeira !

JOÃO- Mundo da sujeira ? Como eu vim parar aqui ?

CAPITÃO PORCÃO- É muito simples, meu chapa. Você atingiu o estágio superior da
sujeira. Quando alguém fica mais de um mês sem tomar banho, lavar as mãos, escovar os
dentes, viaja para o Mundo da sujeira e é condenado a viver para sempre nesse lugar
sensacional. E eu sou o chefe desse mundo ! Capitão Porcão, o rei da podridão !

JOÃO- Eu não sabia disso. Quero voltar para casa, não quero ficar aqui. Esse lugar é muito
feio e você também. Estou com saudades da minha mãe, dos meus amigos.
CAPITÃO PORCÃO- Estou te estranhando, João. Virou maricas agora, rapaz ? Está
querendo ganhar chineladas da mamãe ?

JOÃO- Não ! Chineladas não !

CAPITÃO PORCÃO- Está querendo também conviver com aquele amigo chato, chamado
Chiquinho, que só fala coisas bobas ?

JOÃO- É, isso também não.

CAPITÃO PORCÃO- Então relaxe e aproveite as melhores coisas que o Mundo da


sujeira podem te proporcionar.

JOÃO- E o que tem de bom aqui ?

CAPITÃO PORCÃO- Muitas coisas, meu amigo. Veja só: nós aqui não temos florestas,
árvores, essas coisas sem graça. Eu destruí tudo. No céu, temos lindos urubus. Muito lixo,
muito lixo. Lixo à vontade, lama, poeira, esgoto, tudo de fedorento que existe. É o paraíso !
Não existe essa coisa horrorosa chamada água ! Aliás, repita comigo João : eu odeio água.

JOÃO- Eu odeio água. Eu odeio água. Êpa ! E se eu tiver sede ?

CAPITÃO PORCÃO- Aqui não tem sede, garoto. Não precisamos de água pra nada. Nem
de água, nem de sabonete, nem de shampoo e nem de nada que lembre limpeza. Aqui não
se pode falar a palavra limpeza. Arghhhh !!!! Compreendeu ?
JOÃO- Esse mundo é maravilhoso, seu Porcão. Aqui eu posso brincar à vontade ?

CAPITÃO PORCÃO- Poderá fazer o que sempre quis. Poderá rolar à vontade na terra e
na lama. Poderá tirar quantas melecas quiser e colá-las sob as mesas. Poderá cuspir no
chão, ir ao banheiro sem lavar as mãos depois. Não é demais ?

JOÃO- E aqui tem muitas crianças para brincar ?

CAPITÃO PORCÃO- É o que não falta aqui. Temos muitos porcalhoezinhos no Mundo
da sujeira. Meninos e meninas que odeiam banho.

JOÃO- Meninas também ?

CAPITÃO PORCÃO- Claro. Existem muitas meninas porquinhas também.

JOÃO- Posso ir então, Capitão ?

CAPITÃO PORCÃO- Claro. Mas antes, preciso te dar uma recomendação: existe um
bandido muito mau, que anda por aqui. Ele quer seqüestrar os porcalhões do Mundo da
sujeira.

JOÃO- Nossa ! Um seqüestrador ?

CAPITÃO PORCÃO- Um cara mau e cruel. O nome dele é Capitão Sabonete. Seu
objetivo é levar os porcalhões para o Mundo da Limpeza. Um lugar horroroso, cheio de
regras. Lá tem que tomar banho duas vezes por dia, tem que lavar as mãos, tem que escovar
os dentes, é horrível. Cuidado com ele, João Porcalhão. E cuidado também com essas
crianças chatas. Elas estão do lado do Capitão Sabonete. Eles não são meus amigos !
Vamos para o Mundo da Sujeira, vamos !

(SAEM DE CENA) (MÚSICA DO CAPITÃO SABONETE) (ENTRA EM CENA CAPITÃO


SABONETE)

CAPITÃO SABONETE (AO PÚBLICO) – Capitão Sabonete invade o Mundo da Sujeira,


em nome da sujeira e da higiene ! Capitão Sabonete ! O guardião dos banhos e do cheiro
bom. Estou aqui para uma missão muito difícil. Tenho que salvar um menino chamado João
Porcalhão, das garras do terrível Capitão Porcão. Ele quer tornar o menino um servo da
sujeira para sempre. Preciso ajudá-lo a livrar-se da influência maléfica daquele sujeito. João
Porcalhão precisa tornar-se um menino limpinho, saudável e estudioso. Por isso, preciso
contar com a ajuda de vocês, amiguinhos. Vocês podem me ajudar ? (PROVAVELMENTE,
AS CRIANÇAS RESPONDERÃO POSITIVAMENTE) Vocês, por acaso, viram o João
Porcalhão por aqui ? (AS CRIANÇAS DEVERÃO INFORMAR A CAPITÃO SABONETE
QUE JOÃO JÁ ESTÁ COM CAPITÃO PORCÃO) O quê ? Ele está com o Capitão Porcão ?
Pelo visto, o caraquento já influenciou o menino com seu papo sujo. Preciso bolar um
plano... (PENSATIVO) Já sei ! Vou esperar o João ficar sozinho e tentarei convencê-lo a
ficar comigo. Se o Capitão Porcão perguntar por mim, digam que não me viram. Tenho que
me esconder. Lá vem eles.

(CAPITÃO SABONETE ESCONDE-SE EM ALGUMA PARTE DO CENÁRIO)

(VOLTAM JOÃO E CAPITÃO PORCÃO)

CAPITÃO PORCÃO- E então, João ? Gostou do nosso passeio ?

JOÃO- Sim senhor, Capitão ! Eu adorei. Principalmente, a floresta de papel de balas.

CAPITÃO PORCÃO- Aquilo foi invenção minha. Derrubei todas as árvores da floresta e
em seus lugares, coloquei um bilhão de papel de balas que os porcalhõezinhos jogam pelo
chão. Mas, espere um pouco, João. Preciso perguntar uma coisa às crianças... (AO
PÚBLICO) Crianças, por acaso, o chato do Capitão Sabonete apareceu por aqui ?
Respondam, seus bobos ! (PROVAVELMENTE ELAS RESPONDERÃO
NEGATIVAMENTE) Assim é melhor ! Ele morre de medo de mim. Mas, se ele aparecer por
aqui (DÁ UM APITO A JOÃO), toque este apito bem alto, João. Eu darei uma boa lição
naquele sabonete folgado.

(CAPITÃO PORCÃO SAI DE CENA) (JOÃO FICA COM O APITO EM SENTINELA)

(CAPITÃO SABONETE REAPARECE)

CAPITÃO SABONETE- João Porcalhão ! Sou o Capitão Saboneteeeeee!!!!!!! O defensor


dos limpinhos e cheirosos ! (JOÃO TENTA APITAR) (CAPITÃO SABONETE PEGA O
APITO) Não faça isso, João. Não apite. Não chame o Capitão Porcão aqui. Vamos
conversar.

JOÃO- Não quero conversar com você, Capitão Sabonete. Você é muito mau e quer me
seqüestrar.

CAPITÃO SABONETE- Mentira, João. Eu sou seu amigo e amigo de todas as crianças.
Não é, pessoal ? (AO PÚBLICO, QUE DEVERÁ RESPONDER POSITIVAMENTE)

JOÃO- Essas crianças não sabem nada. São bobos e chatos !

CAPITÃO SABONETE- Não diga isso, rapaz. Todos nós somos seus amigos e só
queremos o seu bem. Queremos que tome banho, que fique cheiroso. Não é horrível ser
chamado de João Porcalhão ?

JOÃO- Eu adoro o meu nome. Além do mais, não quero tomar banho e ficar cheiroso. Sou
feliz do jeito que sou. Odeio ser bonzinho. Água faz muito mal pra mim, sabia ?
CAPITÃO SABONETE- Não diga besteira, João. Água é a essência da vida. Antes de
nascer, dentro da barriga da sua mãe, você vivia dentro d’água. Se você não beber água,
morrerá seco. A água está presente nos alimentos, nos passeios à praia, à piscina, à
cachoeiras. Água é tudo e você precisa usá-la para poder viver.

JOÃO- Isso é bobagem. Se tomar banho, gasta a pele. E além disso, tomar banho dá muito
trabalho. Acho melhor você se mandar.

CAPITÃO SABONETE- Não, sem antes de levar você e os outros porcalhões para o
caminho do bem. Para o lado da sua família e dos seus verdadeiros amigos.

JOÃO- Minha mãe quer me bater e o meu amigo Chiquinho não gosta de mim. Para que
voltar ?

CAPITÃO SABONETE- A sua mãe te ama, João. Ela só está aborrecida, pois você é
desobediente. E o Chiquinho é seu amigo de verdade. Já o Chicão, é um péssimo exemplo
para você. Pense nisso.

JOÃO- Vou pensar. Por isso, vou ficar aqui até tomar uma decisão.

CAPITÃO SABONETE- Mas seja rápido, João. O Capitão Porcão tem muitos poderes e
quer te transformar em um servo da sujeira. Seu destino será horrível, ele irá transformá-lo
em lixo. Eu tenho um plano para neutralizá-lo. Mas, por favor, não diga a ele que estive por
aqui. Ficarei escondido até a hora certa de agir.

(CAPITÃO SABONETE SAI DE CENA)

JOÃO (AO PÚBLICO) – Estou com uma dúvida danada, pessoal. Não sei o que faço. Cada
um fala uma coisa diferente... Se eu ficar com o Capitão Porcão, não precisarei mais tomar
banho. Se ficar com o Sabonete, voltarei para a minha mãe e meus amigos. Não quero
tomar banho, mas também não quero virar lixo.

(VOLTA CAPITÃO PORCÃO)

CAPITÃO PORCÃO- Estou de volta, João Porcalhão. Está tudo bem ? Aquele cheiroso
mauricinho apareceu por aqui ?

JOÃO (INSEGURO) – Não apareceu ninguém por aqui, Capitão. Eu gostaria de fazer uma
pergunta. Até agora não vi ninguém aqui. Onde estão as outras pessoas ?

CAPITÃO PORCÃO- Que pergunta estranha... Tem certeza que ele não apareceu por aqui
? Hunnnn, bem... (DISFARÇA) As outras pessoas estão... estão... dormindo. Isso, dormindo.

JOÃO- Mas ainda está de dia, Capitão.

CAPITÃO PORCÃO- Garoto esperto. Mas aqui não tem horário para dormir. É tudo
liberado. Se quiser tirar um cochilo...

JOÃO- Mas, o quê acontecerá comigo ? Não quero virar lixo.

CAPITÃO PORCÃO (IRRITADO) – Não me irrite, garoto ! Está fazendo perguntas


demais ! Acho que aconteceu alguma coisa estranha por aqui, enquanto estive fora. Até
agora você estava do meu lado, não haviam desconfianças. Diga pra mim: o Capitão
Sabonete esteve por aqui ?

JOÃO- Não senhor.


CAPITÃO PORCÃO- E o apito ? Onde está ?

JOÃO (DESCONCERTADO) – O apito ? O apito ?

CAPITÃO PORCÃO- Sim, o apito. Está surdo ?

JOÃO- O apito... o apito... Acho que eu perdi o apito, Capitão...

CAPITÃO PORCÃO- Perdeu o apito ? Acho melhor você ir dormir, João ! Depois
conversamos. Saia ! Saia ! (JOÃO SAI DE CENA) (SE ESCONDE NO CENÁRIO)
(CAPITÃO PORCÃO FALA ÀS CRIANÇAS) Esse menino acha que pode me enganar. E
vocês ? Estão sabendo de alguma coisa ? O Capitão Sabonete esteve por aqui ? (A
RESPOSTA DEVERÁ SER NEGATIVA) Não preciso da ajuda de vocês, descobri tudo.
Quando cheguei, senti o cheiro daquele perfume horrível do Sabonete. Ele esteve aqui e
está preparando uma cilada para mim. Mas antes eu pego ele ! Vou transformar João
Porcalhão em lixo ! E esse Capitão Sabonete sentirá o sabor da minha vingança !
(GARGALHA) (SAI DE CENA)

(JOÃO REAPARECE)

JOÃO– Eu ouvi tudo. Preciso fugir daqui. Agora vejo que o Capitão Porcão não é meu
amigo. Preciso da ajuda do Capitão Sabonete. Vou chamá-lo. (GRITA) Capitão Sabonete !
Capitão Sabonete !

(ENTRA EM CENA CAPITÃO SABONETE)

CAPITÃO SABONETE (GRITANDO) – Capitão Saboneteeeee!!!!!! O guardião da beleza


e da limpeza. E então, João ? Já se decidiu ?
JOÃO- Sim. Quero ficar do seu lado. O Capitão Porcão é malvado e quer me transformar
em lixo. Preciso da sua ajuda, Capitão Sabonete.

CAPITÃO SABONETE- Ainda bem que você descobriu isso, rapaz. O Porcão é muito
cruel. Já consegui salvar muitas pessoas que vieram para o Mundo da Sujeira e que seriam
transformadas em lixo. Mas, preciso que você mude os seus hábitos. Que tome banho, lave
as mãos, escove os dentes.... Você fará isso, João ?

JOÃO- Sim, Capitão. Farei isso, não quero ser mais o João Porcalhão. Quero virar o João
Limpão.

CAPITÃO SABONETE- Muito bem. Mas antes de irmos, preciso neutralizar o Capitão
Porcão. Ele pode continuar fazendo maldades por aí.

JOÃO- E o que o senhor fará ?

CAPITÃO SABONETE- Usarei contra ele, o meu raio Sabão-de-Côco com desinfetante.
Essa é a arma que ele mais teme. (MOSTRA UMA PISTOLA D”ÁGUA PARA JOÃO) Com
essa arma, ele ficará inativo por muito tempo.

(ENTRA CAPITÃO PORCÃO, COM OUTRA PISTOLA D’ÁGUA)

CAPITÃO PORCÃO- Isso é o que você pensa, Capitão Sabonete! (ATIRA EM CAPITÃO
SABONETE, QUE CAI) Garanto que o meu raio Pum ! é muito mais poderoso ! Ah, ah, ah !
(GARGALHANDO) Mas uma vez, fui o vencedor. Você é muito fraco, Sabonete. Com o
efeito desse raio, você derreterá e desaparecerá, como todo sabonete. Nunca mais
atrapalhará meus planos de transformar o planeta Terra em um grande lixão ! E quanto a
você, João Porcalhão, virará um montinho de lixo ! (GARGALHA)
JOÃO (DESESPERADO)- Não quero virar lixo ! Por favor, Capitão Porcão. Quero voltar
pra casa !

CAPITÃO PORCÃO- Cale a boca ! (AO PÚBLICO) E vocês também, seus bobalhões !
Nada podem fazer contra mim. Agora é tarde demais para se arrepender, João. Vou pegar o
meu Lixão Caldeirão e fazer o meu feitiço.. (PEGA O CALDEIRÃO) Vamos aos
ingredientes: uma cusparada, uma melequinha, uma guimba de cigarro, um pouquinho de
cecê de sovaco, uma caraquinha de criança gordinha, um pouquinho de caspa, uma remela
de olhos e um tantinho de cera de orelha. Vamos mexer bem, mexer, mexer... Falarei agora
as palavras mágicas: sujeirinha, sujeirão, vai sujando de montão. Caraquinha, caracão, vai
caracando o João. Ah, ah,ah ! (GARGALHANDO) (APROXIMA-SE DE JOÃO)

JOÃO– Não quero virar lixo ! O que eu faço????

CAPITÃO PORCÃO- Não reaja, Joãozinho Porcalhãozinho. Senão vou ficar muito
aborrecido !

CAPITÃO SABONETE (JOGANDO A PISTOLA PARA JOÃO) – Reaja, João ! Atire o


raio Sabão-de-Côco com Desinfetante nele !

CAPITÃO PORCÃO- Não pense nisso, rapaz ! Droga ! Por que o bandido sempre
esquece de alguma coisa importante ?

JOÃO- Não quero virar lixo, Capitão Porcão ! Serei limpo e cheiroso ! Adeus, bandido
fedorento !

(JOÃO ATIRA EM CAPITÃO PORCÃO, QUE CAI NO CHÃO) (JOÃO PEGA A PISTOLA
DE PORCÃO) (FICA COM AS DUAS PISTOLAS NAS MÃOS)
CAPITÃO SABONETE- Agora atire em mim, para que eu possa recuperar as minhas
forças !

(JOÃO SE CONFUNDE, E QUASE ATIRA COM A ARMA DO PORCÃO NO CAPITÃO


SABONETE)

CAPITÃO SABONETE- Não, João ! Com a outra, a outra !

(JOÃO ATIRA COM A ARMA NO SABONETE, QUE SE LEVANTA)

CAPITÃO SABONETE- Muito bem, João ! Você ainda está com aquele cheiro ruim, mas
logo passará. Não esqueça da promessa que me fez.

JOÃO- Claro, Capitão Sabonete. A partir de hoje, tomarei vários banhos por dia, lavarei as
mãos, limparei as orelhas, cortarei as unhas, escovarei os dentes. Além disso, serei
estudioso e leal com as pessoas. Agora podemos voltar ?

CAPITÃO SABONETE- Claro. Mas antes, tirarei o Capitão Porcão daqui e o levarei
preso para a cachoeira de sabão.

(CAPITÃO SABONETE TIRA CAPITÃO PORCÃO DE CENA) (RETIRA-SE O CENÁRIO


DO MUNDO DA SUJEIRA) (MÚSICA) (EFEITO DE ÁUDIO: VOZ DA MÃE DO JOÃO
PORCALHÃO)

VOZ DA MÃE- João ! O tempo está acabando ! Vou contar até dez. Se você não aparecer
para tomar banho, vai ganhar muitas chineladas. Um, dois, três...

(JOÃO SAI DE CENA CORRENDO)


VOZ DO JOÃO- Pronto, mãe ! Cheguei para o banho !

VOZ DA MÃE- Tá doente, garoto ? Tá com febre ? Você, querendo tomar banho ?

VOZ DO JOÃO- Eu conheci um amigo chamado Capitão Sabonete. Ele me convenceu a


tomar banho. Mas, será que dá pra ser quentinho ?

VOZ DA MÃE- Acho que vai chover...

(MÚSICA DO BANHO)

(APÓS ALGUM TEMPO, ENTRA CHICÃO) (ESTÁ COM UMA BOLA DE FUTEBOL NAS
MÃOS)

CHICÃO (GRITANDO) – Hora da pelada, seus manés ! Hora de ganhar cascudo !

(ENTRA CHIQUINHO) (ESTÁ TRISTE E CABISBAIXO)

CHICÃO- E aí, maninho ? Vamos jogar ? Cadê o seu parceiro, o João Porcalhão ?

CHIQUINHO- Acho que ele não vem. Ele não quer mais ser meu amigo.

(ENTRA JOÃO) (ESTÁ LIMPO E ARRUMADO)


CHICÃO- Que milagre é esse ? João Porcalhão limpinho ?

JOÃO- Pois isso é a verdade, Chicão. A partir de hoje, não quero mais ser como você.
Descobri que é melhor ser limpo e cheiroso, do que fedorento como você. E além do mais,
tomar banho é muito gostoso.

CHIQUINHO- Que bom, João. Você fica melhor assim.

JOÃO- Gostaria também de te pedir desculpas, Chiquinho. Você é o meu melhor amigo e
sempre quis o meu bem. Me desculpe pelas coisas que te disse. Podemos ser amigos de
novo ?

(JOÃO ESTENDE A MÃO PARA CHIQUINHO)

CHIQUINHO (APERTANDO A MÃO DE JOÃO) – Claro, você é meu chapa.

CHICÃO- Que lindinho ! São dois maricas ! Vamos jogar logo. Fiquei irritadoe vou dar
cascudos mais fortes.

JOÃO- Hoje eu descobri que podemos coisas impossíveis com a nossa força de vontade.

CHIQUINHO- Então vamos dar uma lição nele, João ?

(COMEÇA O JOGO) (CHIQUINHO E JOÃO VENCEM) (CHICÃO FICA IRRITADO) (OS


DOIS COMEMORAM)
CHICÃO- Deram sorte desta vez. Amanhã a gente joga mais. Tchau.

CHIQUINHO- Você não pode ir embora agora, Chicão...

JOÃO- Falta pagar a aposta. Por que não abaixa a sua cabeça ?

CHICÃO- Tudo bem. Mas devagar, hein ? Devagar...

(JOÃO E CHIQUINHO DÃO CASCUDOS EM CHICÃO) (CHICÃO GRITA)

CHICÃO- Ai ! Ui ! Ai ! Ui!

(CHICÃO SAI DE CENA CHORANDO)

JOÃO- Bem, agora que acabou o jogo, preciso ir tomar outro banho. Hoje vou estudar na
casa da Joaninha. Preciso ficar cheirosinho. Tchau, amigos !

CHIQUINHO- Tchau, pessoal !

(MÚSICA FINAL)
FIM

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