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34
Oftalmologia
PUBLICAÇÃO
TRIMESTRAL
VOL. 34
OUTUBRO - DEZEMBRO
2010
REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE OFTALMOLOGIA
Editor
António de Jesus Roque Loureiro
roqueloureirospo@gmail.com
Conselho Redactorial
David da Fonseca Martins
Ilídio Fernandes de Faria
Joaquim Carlos Neto Murta
Jorge Artur Pinho Palmares
José Fernando de Barros Castro Correia
José Rui Faria de Abreu
Luís Manuel de Vasconcelos Nogueira Dias Cabral
Maria Alcina Ferreira Vaz Saleiro da Silva Granate
Maria Manuela Varanda Cidade da Costa Martins
Mário Jorge Figueiredo da Silva
Gráficos Reunidos, Lda. - Rua Álvares Cabral, 22-32 – Tlf. 222 000 608 – 4050-040 PORTO – Depósito Legal 93 889/95 – ISSN 1646-6950
Oftalmologia
PUBLICAÇÃO
TRIMESTRAL
VOL. 34
OUTUBRO - DEZEMBRO
2010
REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE OFTALMOLOGIA
ÍNDICE
Editorial V
Editorial
O Futuro
N ão quero adivinhar o futuro mas também não o quero ignorar. Por isso
permitam-me que especule sobre o que aí vem e deixe uma mensagem de
esperança.
Nasci no Alto Alentejo onde vi a miséria que já lá não vejo. Onde vi o respeito
encapotado por uma revolta sentida e vivida, mas que pressenti muitas vezes ser
forjada, pelo não querer. O mesmo que ainda vejo!
Só que hoje, não a vejo só aqui ou ali, vejo-a no mundo. No mundo mediatizado,
servido por falsos jornalistas, economistas, comentadores, filósofos, romancistas e
outros anarquistas que modelam pensamentos disformes e os entalam em precon-
ceitos e visões alucinogénias. Como Andrew Oitke – em Mental Obesity – não
entendo porque «tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças
seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Qualquer pai,
responsável, sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e
chocolates». É, na prática, o que nós comemos no «fast food do Big Brother» em
que vegetamos. Nos trabalhos «científicos» que produzimos e repetimos, para os
outros, sem valor acrescentado. O que leva Oitke a afirmar que «O conhecimento
das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi
assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos acham que Saddam foi mau
e Mandela bom, mas nem desconfiam porquê. Todos aprenderam que foi atribuído a
Pitágoras um teorema, mas ignoram o que é um cateto». Todos jurámos Hipócrates,
mas não raras vezes fazemos da Medicina uma actividade marginal, quando não
temos cuidado ou não reflectimos sobre a forma como a praticamos, ignorando
os direitos que jurámos proteger. A sociedade em que vivemos é devoradora, gera
turbilhões de atitudes e preconceitos, fabulosos e marginais, e faz-nos perder a
identidade. Perdemo-la na anarquia da condição humana, perdemo-la na ânsia do
poder, perdemo-la porque muitos não têm princípios, nem valor para os ter.
Por isso usam a contrafação, usam os títulos como nobres decadentes e
revêem-se nas blasfémias, no cabotinismo, na imitação, na sensaboria e no egoísmo
dos seus cérebros doentios e pré-putrefactos de ideias. Foi quase sempre assim…
diriam muitos dos que me lêem… reconheço que é verdade. Por isso, entendo que
cada um de nós, só pelo exemplo, só pela atitude e pelo querer, que deve manifestar
tranquilamente, poderá revoltar-se em «maioria não silênciosa, contra a idade das
trevas». Se queremos uma sociedade melhor vamos trabalhar e entendermo-nos
para que possamos elaborar um «orçamento» de liderança, com a diferença que
seja capaz de alavancar a economia da nossa inteligência, com a fraternidade, com
a lucidez e com a tolerância necessárias, para que as opiniões diferentes, quando
fundamentadas, sejam respeitadas.
da porosidade da camada elástica facilita a pas- luz solar pode contribuir de modo significativo
sagem de vasos coroideus para o espaço subre- para o aparecimento das alterações da matriz
tiniano, como acontece na forma exsudativa da extra celular que levam à formação de drusas.
degenerescência macular da idade. Esta hipótese levou-nos a realizar um estudo
epidemiológico sobre a possível relação entre a
formação de drusas e a exposição a diferentes
Circulação coroideia intensidades de luz solar durante a vida dos indi-
víduos estudados.
A nutrição das camadas externas da retina
depende da circulação coroideia. Com o envelhe-
cimento o lume dos capilares coroideus diminui, Drusas e luz solar
os espaços intercapilares alargam-se e os pilares
conjuntivos intercapilares engrossam 9. Estes Escolhemos duas localidades com a mesma
factores contribuem para o empobrecimento da latitude (41º Norte) e da mesma região climática
nutrição da retina e sua consequente degradação, (área climática portuguesa Atlântico Norte), uma
com o aumento da destruição dos foto-receptores, delas situada ao nível do mar (Póvoa de Varzim)
a redução da capacidade fagocítica do epitélio e a outra situada a 80 km da costa marítima e a
pigmentado e a consequente alteração da compo- 100 metros de altitude (Amarante). Um total de
sição bioquímica da Bruch. Por outro lado, como 797 indivíduos de ambos os sexos foi examinado,
as células endoteliais intervêm activamente na 328 pescadores (115 com mais de 60 anos e
remoção de detritos da camada colagénia externa, 213 com menos de 60 anos) e 469 agricultores
a diminuição da córiocapilar também contribui (98 com mais de 60 anos e 371 com menos de
para o aumento da espessura e a diminuição 60 anos) 26,27,28,29,30. A análise estatística dos
da condutância da membrana de Bruch que, resultados permitiu retirar as seguintes con-
deste modo, também altera a passagem para clusões:
a coroideia das substâncias produzidas pelo
epitélio pigmentado e que regulam a anatomia e 1) Nos pescadores com mais de 60 anos a
a função da córiocapilar, estabelecendo-se deste prevalência das drusas foi de 51,86% e as drusas
modo um circuito reciprocamente prejudicial. foram mais frequentes no sexo masculino; nos
pescadores com menos de 60 anos a preva-
lência das drusas foi de 63,84% e também signi-
Envelhecimento e lesões oxidantes ficativamente mais alta nos homens do que nas
da retina mulheres. Nesta população também se verificou
que a prevalência das drusas é maior nos mais
A retina é particularmente sensível ao stress jovens e nos indivíduos à roda dos 50 anos, o
oxidante por causa da sua constante exposição à que sugere a existência de coortes com maior
luz solar, do seu alto consumo de oxigénio e do susceptibilidade à luz solar.
seu elevado conteúdo em ácidos gordos polin-
saturados. 2) Nos agricultores de Amarante com mais
de 60 anos a prevalência das drusas foi 58,35%
mas, contrariamente ao observado nos pesca-
Drusas dores, as drusas foram mais frequentes nas
mulheres (64,9%) do que nos homens. Nos indi-
As drusas são um sinal de envelhecimento da víduos com menos de 60 anos a prevalência
retina e, além disso, são o sinal patognomónico das drusas foi muito baixa, apenas de 11,32%.
da degenerescência macular da idade. Todavia a frequência das drusas nos agricultores
Esta associação fez-nos admitir que a prolon- também foi mais elevada nas mulheres do que
gada exposição dos indivíduos de raça branca à nos homens. De modo semelhante ao que acon-
502 OFTALMOLOGIA
Degenerescência Macular da Idade. Algumas considerações sobre a Etiopatogenia
teceu nos pescadores, não só o método da 10) Entre os agricultores são as mulheres que
regressão linear mas também a curva logística exibem uma frequência maior de drusas, o que
da população total de Amarante sugerem a se explica pelo facto de que são as mulheres que
existência de diferentes susceptibilidades à luz trabalham a terra e por isso estão mais expostas
solar em coortes sucessivas e, ainda, que 35% à radiação solar.
de todos os indivíduos provavelmente nunca
adquire drusas. 11) A prevalência das drusas nos grupos mais
idosos das duas populações estudadas é muito
3) Com o objectivo de analisar o paralelismo semelhante, o que prova que o envelhecimento
da distribuição das drusas nas duas populações tem um papel importante na exposição da retina
estudadas aplicou-se o “logits” , isto é, o logaritmo à luz solar.
da frequência dividido pelo seu complemento e
este método provou que o paralelismo é evidente.
Características clínicas, histológicas e quí-
4) Nas duas populações registou-se um micas das drusas típicas
aumento gradual da frequência das drusas com a
idade. Características clínicas
e que contém um grande número de vesí- conjugados contendo manose, ácido siálico,
culas, pelo que as designamos por drusas N-acetilglucosamina e beta-galactose; lipídeos
nodulares vesiculares. peroxidados derivados dos ácidos linoleico e
docosahexanoico usualmente encontrados nos
segmentos externos dos foto-receptores; ésteres
Drusas moles ou serosas
de colesterol; fosfolipídeos e lipídeos neutros;
Maiores do que as drusas nodulares, histo- apolipoproteínas B e E; produtos terminais de
logicamente não podem distinguir-se dos desco- glicação avançada; factores do complemento
lamentos serosos do eiptélio pigmentado. São (C1q,C3c,C4,C5,C5b-9 complexo); inibidores
formadas por um material finamente granular, das metaloproteinases-3 da matriz extracelular;
pouco denso em microscopia electrónica e que e ainda muitos outros.
cora fracamente pelo corante de Shiff.
lume dos capilares da córicapilar pode estar meabilidade desta membrana. Estas alterações
relacionado com a remoção das drusas. Por estruturais da Bruch não só dificultam a remo-
outro lado, algumas imagens ultra-estruturais ção dos produtos do catabolismo, mas também
mostram restos celulares das drusas engolfados dificultam a passagem de hormonas e de substân-
por vilosidades das células endoteliais da cório- cias nutritivas, incluindo o oxigénio e a vitamina
capilar, sugerindo claramente a existência de um A, para o epitélio pigmentado. Em resposta o
mecanismo de fagocitose efectuado por estas epitélio pigmentado produz substâncias como
células 30. De facto, também no lume dos capilares o VEGF (factor de crescimento do endotélio
da córiocapilar podem ser observados restos vascular) e o factor básico de crescimento dos
celulares, o que reforça a ideia da participação fibroblastos que estimulam a formação de neo-
activa da córiocapilar na remoção das drusas. vasos. Células gigantes de corpos estranhos e
macrófagos oriundos da coroideia tentam digerir
a Bruch e dão origem à formação de citocinas
Patogenia da DMI que também estimulam o desenvolvimento de
neovasos coroideus.
Tendo em mente as considerações anteriores O aumento da expressão do VEGF derivado
podemos afirmar que a degenerescência macular do epitélio pigmentado pode ser suficiente para
da idade resulta do somatório das modificações a formação de neovasos coroideus 33. Entretanto
biológicas próprias do envelhecimento com o as células do epitélio pigmentado também pro-
código genético de cada indivíduo. Como aca- duzem PEDF (factor derivado do epitélio
bamos de referir, o stress oxidante acumulado pigmentado), uma proteína que é inibidora da
durante o envelhecimento produz profundas angiogénese. O stress oxidante, porém, pode
alterações nas células do epitélio pigmentado e alterar o equilíbrio entre o VEGF e o PEDF
na córiocapilar. produzidos pelo epitélio pigmentado e assim
As alterações do epitélio pigmentado e da intervir na formação de neovasos 34. Do mesmo
córiocapilar provocam o aparecimento de uma modo, as injecções intravítreas de substâncias
reacção inflamatória que agrava as alterações da inibidoras do VEGF podem diminuir ou suprimir
matriz extracelular da Bruch (aumento do número a formação de neovasos coroideus. Todavia, como
das drusas, aumento da espessura e diminuição o VEGF promove a fenestração do endotélio
da permeabilidade) e, por último, conduz à da córiocapilar, a sua supressão química leva à
apoptose das células do epitélio pigmentado 31. supressão desta fenestração e ao agravamento
As alterações patológicas da matriz extra- da impermeabilidade da Bruch o que aumenta a
celular da Bruch e a morte das células do epité- hipoxia que, por um lado, conduz à apoptose das
lio pigmentado conduzem ao aparecimento das células do epitélio pigmentado e, por outro lado,
lesões tardias da degenerescência macular da estimula a neovascularização. A necessidade da
idade, ou seja, quer à atrofia geográfica, quer à administração repetida dos inibidores do VEGF
forma exsudativa desta degenerescência, quando pode encontrar aqui explicação.
se criam condições que estabelecem o desequi-
líbrio entre a produção das substâncias anti-
angiogénicas e pró-angiogénicas de forma a A atrofia geográfica
conduzir à formação de neovasos coroideus.
A densidade da córiocapilar diminui com o
envelhecimento e na degenerescência macular
A forma exsudativa da degenerescência da idade 35,36. Este facto pode ser devido quer à
macular da idade lesão do endotélio dos capilares coroideus secun-
dária a lesões oxidantes crónicas; quer à perda de
Acabamos de ver que a acumulação de restos células do epitélio pigmentado; ou à combinação
celulares na Bruch altera a composição e a per- destes dois factores.
VOL. 34, OUTUBRO - DEZEMBRO, 2010 505
J. Castro-Correia
células do epitélio pigmentado, o que originaria phometric analysis of Bruch’s membrane, the chorio-
a formação descontrolada das drusas. capillaris and the choroids in ageing. Invest. Ophthalmol.
Vis. Sci, 1994; 35:2857-2864
Estes últimos dados apontam para a possi- 17. HOGAN MJ, ALVARADO J.: Studies on the human
bilidade de intervenção da terapêutica genética macula, IV: aging changes in Bruch’s membrane.
na degenerescência macular da idade. De facto Arch. Ophthalmol., 1967; 77:410-420
o globo ocular, quer pelo seu tamanho, quer pela 18. MOORE DJ, CLOVER GM.: The effect of age on the
macromolecular permeability of human Bruch’s
sua anatomia, permite a utilização de peque- membrane. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., 2001; 42:
níssimas quantidades de vectores com efeitos 2970-2975
sistémicos colaterais mínimos e significativos 19. PAULEIKHOFF D, HARPER CA, MARSHALL J, BIRD AC.:
êxitos em casos de doenças retinianas heredo- Aging changes in Bruch’s membrane: a histochemical
and morphologic study. Ophthalmology, 1990; 97:
degenerativas 40. Actualmente o resultado mais
171-178
impressivo é o da amaurose congénita de Leber 10. FRIEDMAN DS, KATZ J, BRESSLER NM, RAHOMANI B,
causada por anomalias do gene que codifica a TIELSCH JM.: Racial differences in the prevalence of
enzima RPE65 que é uma isomerase fundamental age-related macular degeneration. Ophthalmology,
para o ciclo retinoide no epitélio pigmentado 1999; 106:1049-1055
11. Age-related eye disease study Research Group. Risk
da retina. As experiências em curso no Reino factors associated with age-related macular degenera-
Unido e nos Estados Unidos abrem excelentes tion: a case-control study in the age-related eye disease
perspectivas para os doentes com doenças reti- study: age-related eye disease study report number 3.
nianas heredodegenerativas. Ophthalmology, 2000; 107:2224-2232
12. VINGERLING JR, KLAVER CC, HOFMAN A, DE JONG PT.:
Entretanto poderemos afirmar que, apesar das
Epidemiology of age-related maculopathy. Epidemiol.
numerosas publicações feitas sobre a degene- Rev., 1995; 17:347-360
rescência macular da idade, a sua etiopatoge- 13. DOWLING JE, SIDMEN RI.: Inherited retinal dystrophy
nia continua ainda cheia de incógnitas. Assim, in the rat. J. Cell Biol., 1962; 14:73-107
julgo que para aumentar o nosso conhecimento 14. LANUM F.: The damaging effects of light on the retina.
Empirical findings, theoretical and practical appli-
e melhorar a nossa atitude terapêutica, além dos cations. Surv. Ophthalmol., 1992;22:221
estudos moleculares em patologia humana, o 15. LAUBER R, SCHUTZE J, MCBINNIS J.: Effects of exposure
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508 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 509 - 512
RESUMO
ABSTRACT
Introduction: Racemose Haemangioma (RH) is a congenital anomaly, characterized
by retinal arteriovenous(AV) malformation. About 30% of patients have signs of central
nervous system (CNS) involvement, which has been called the Wyburn-Mason syndrome.
Case report: The authors present a 39-year-old male patient, who was admitted at
the emergency room with decreased visual acuity of his left eye, for the last 6 days.
Ophthalmic examination was performed and showed a visual acuity of 4/10 in his right
eye and of 2/10 in the left eye. Fundoscopy examination revealed pallor of both optic
discs, with blurred limits and a characteristic dilation and AV connections. Conclusion:
RH of retina is a rare entity which can be diagnosed by ophthalmic examination. Once
this diagnosis is established, involvement of CNS has to be rulled out performing an
angioMRI. Currently, no specific treatment has been defined, except a periodic follow-up
to prevent complications.
A s malformações arteriovenosas (AV) são limites indefinidos, edema ligeiro das fibras
alterações vasculares congénitas e raras, peripapilares, palidez ligeira (mais evidente
descritas pela primeira vez no século XIX 4. no OE), dilatação e tortuosidade vascular
Vários foram os termos usados para descrever associadas a malformações AV (Figs. 1 e 2).
estas malformações, desde angioma AV,
aneurisma AV e hemangioma racemoso 6. As
malformações AV são um diagnóstico clínico
caracterizado por comunicações AV podendo ser
classificadas segundo Archer et al em 3 grupos 1.
trou um padrão laminar venoso e um nervo óptico orbitária e crânio-encefálica não demonstrou
com trama vascular intensa (Fig. 3). A ecografia nenhuma alteração relevante. A realização
ocular evidenciou elevação da cabeça do nervo de ecodoppler carotídeo bilateral também
óptico de aproximadamente 2mm bilateralmente não demonstrou alterações. O doente foi
(Fig. 4), ao passo que a tomografia de coerência observado pela Neurologia que descartou a
óptica (OCT) evidenciou diminuição da camada presença de alterações neurológicas tendo
de fibras nervosas peripapilares bilateralmente,
embora mais marcado no OE (Fig. 5). Os
campos visuais 24-2 demonstraram uma ilha
visão central e temporal superior no OD (Fig. 6)
e uma ilha visão temporal superior no OE.
Analiticamente não apresentava alterações
no hemograma, PCR, bioquímica, microbiologia
e imunoquímica. A realização de Tomografia
computorizada (TC) orbitária e posteriormente
ângio-ressonância magnética nuclear (RMN)
Fig. 4 – Ecografia ocular modo A e B OE. Fig. 6 – Campos visuais 24-2 OD.
posteriormente sido observado pela Hemato- hemangioma capilar, doença de Von Hippel
logia que descartou a presença de distúrbios da Lindau e macrovasos retinianos congénitos 5.
coagulação. Normalmente, o alto fluxo e a elevada
Após follow up de seis meses, o doente pressão hidrostática são responsáveis pela
mantém exame oftalmológico sobreponível dilatação e tortuosidade venosas, situação que
continuando a ser observado periodicamente em pode predispor a complicações oculares como
consultas de retina médica. sejam a hemorragia intra-retiniana, exsudação,
formação de aneurisma, oclusão vascular,
glaucoma neovascular e hemorragia do vítreo 3.
Os achados no exame oftalmológico, aliados
Discussão aos resultados dos restantes exames auxiliares
de diagnóstico, apontam como diagnóstico
A etiologia das malformações AV permanece mais provável o Hemangioma racemoso; a
desconhecida, mas especula-se que estas situação atípica observada neste caso clínico é
apareçam devido a lesões ocorridas durante a o seu aparecimento bilateral, que é pouco fre-
embriogénese com consequente diferenciação quente. Normalmente as lesões permanecem
anómala das células mesenquimatosas em estáveis, não sendo necessário cumprir qualquer
células endoteliais 2. tratamento oftalmológico, preconizando-se
As malformações AV, além de atingirem o uma observação oftalmológica periódica para
olho, podem também atingir o SNC e mesmo despiste de eventuais complicações.
outros órgãos 5, sendo mandatório o despiste O prognóstico deste quadro clínico está
de envolvimento do SNC através de avaliação dependente da localização e extensão das
pelo Neurologista e realização de AngioRMN. lesões, sendo sempre mandatório descartar o
Trata-se de um quadro clínico que se diagnos- envolvimento do SNC através da solicitação
tica durante a terceira década de vida, normal- de colaboração à Neurologia e realização de
mente através de uma observação oftalmológica AngioRMN.
ocasional ou, mais raramente, através de dimi-
nuição da acuidade visual 5. O diagnóstico é
efectuado através do exame oftalmológico,
podendo ser auxiliado pela AF, OCT, entre
outros. Na AF observámos em fase arterial Bibliografia
precoce a comunicação directa entre artéria 1. ARCHER DB, DEUTMAN A, ERNEST JT and KRILL AE.:
e veia, sem derrame tardio. Normalmente no Arteriovenous communications of the retina. Am J
OCT observa-se a diminuição da espessura da Ophthalmol.1973; 75: 224-241
camada de fibras nervosas peripapilares. 2. BROWN GC, DONOSO LA, MAGARGAL LE, GOLDBERG
No presente caso clínico existem malfor- RE and SARIN LK.: Congenital retinal macrovessels.
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Virchows Arch Pathol AnatPhysiol. 1874;60: 38-45
O envolvimento do SNC foi descartado através
5. MANSOUR AM, WALSH JB, HENKIND P.: Arteriovenous
da observação pela Neurologia e da realização anastamoses of the retina. Ophthalmology 1987; 94:
de AngioRMN. A observação oftalmológica, 35-40
assim como a AF estão de acordo com o padrão 6. P I TAU LT G, H A D DA D WM and S O U B R A N E G.:
típico da doença. Perante esta possibilidade Decompensation of a cirsoid aneurysm: a case report. J
Fr Ophtalmol. 2003; 26: 503-506
diagnóstica é importante ter em atenção alguns 7. THERON J, NEWTON TH, HOYT WF.: Unilateral retino-
diagnósticos diferenciais importantes, dos cephalic vascular malformations. Neuroradiology.
quais se destacam: telangiectasia peripapilar, 1974; 7(4): 185-196
512 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 513 - 519
RESUMO
Introdução
Histologicamente corresponde a um defeito
A sua etiopatogenia está actualmente ainda têm sido propostos. A maior parte dos estudos
mal esclarecida, podendo estar relacionada com parece favorecer a hipótese de se tratar de uma
um mau encerramento da fenda fetal ou má forma de vítreo liquefeito 3.
involução da papila primitiva 3. Em 1988, baseando-se na análise de imagens
Apesar de poderem surgir bilateralmente estereoscópicas e campos visuais, Lincoff pro-
e em qualquer localização do disco, as pôs que o descolamento se processaria em duas
FCDO são normalmente únicas e unilaterais principais etapas 5:
(85%), ocorrendo com maior frequência na
1. Inicialmente surgiria uma cavidade de
região ínfero-temporal de papilas de dimensão
esquisis intra-retiniana, formada pelo movi-
aumentada e contorno irregular 3.
mento de fluido, através de uma solução de
Fundoscopicamente a FCDO apresenta-se
continuidade entre a fosseta e as camadas reti-
como uma depressão redonda ou ovalada, de
nianas internas.
cor cinza, branca ou amarelada, conforme o
2. Secundariamente, o fluido chegaria ao
tecido glial que a constitui. A dimensão da fos-
espaço sub-retiniano através de uma fístula
seta pode variar entre 0,1 e 0,7 diâmetros de
intra-retiniana, dando origem ao descolamento
disco (DD) e a sua profundidade pode atingir
macular seroso.
0,5 dioptrias (D), sendo em média de 0,3 D 3.
Outros achados fundoscópicos raros têm sido Estudos posteriores com tomografia de coe-
descritos em associação a fossetas do disco rência óptica (TCO) têm confirmado esta teoria 6-8.
óptico, como a presença de artérias cílio-reti- Em 1991, Bonnet, baseada em estudos de
nianas (60%) e trifurcação arterial (18%) 4. difusão angiográfica tardia, completou esta teoria,
As FCDO podem estar associadas a défices sugerindo a existência de um componente trac-
campimétricos, mais frequentemente escotomas cional do vítreo a nível máculo-papilar favo-
centrais e paracentrais. As alterações de campo recendo o descolamento bilaminar 9. Observou
visual (CV), quando presentes, podem reflectir também a remissão espontânea de descolamentos
a localização da fosseta ou não ter qualquer maculares após descolamento posterior do vítreo.
correlação retinotópica 3. Vários tipos de tratamento têm sido pro-
As FCDO são compatíveis com uma boa postos ao longo dos anos para o DR macular
acuidade visual (AV), excepto quando associa- seroso: Descompressão da bainha do nervo
das a descolamento de retina (DR) macular óptico, Corticóides, LASER isolado, Pneumo-
secundário. Geralmente o diagnóstico surge pexia isolada ou associada a LASER, Indentação
entre a 3.ª e a 4.ª décadas de vida, precipitado com explante macular, Vitrectomia + pneumopexia,
pelo início da maculopatia. Vitrectomia + LASER + pneumopexia, Vitrecto-
O DR associado às FCDO é um descolamento mia + retinotomia de drenagem + pneumopexia.
seroso que surge em 25 a 75% dos casos, com O tratamento de eleição é ainda controverso.
maior incidência nos pacientes com fossetas A retinopexia isolada com LASER é frequen-
temporais de grandes dimensões. A sua ocorrên- temente ineficaz e os re-tratamentos não são
cia agrava o prognóstico visual uma vez que raros 10-12.
propicia alterações do epitélio pigmentado da A pneumopexia com gás demonstrou ser
retina (EPR), degenerescência do neuro-epitélio capaz de reaplicar a retina isoladamente. No
e a não rara ocorrência de buracos maculares entanto o seu efeito poderá ser apenas temporá-
lamelares ou completos. rio até que ocorra novo movimento fluídico 8.
A fisiopatologia deste descolamento per- Theodossiadis descreveu resultados anató-
manece controversa. Perda de líquido a partir micos e funcionais favoráveis efectuando inden-
de vasos na base da fosseta, movimento de tação escleral macular 13.
vítreo liquefeito para o espaço sub-retiniano e Vários estudos sugerem que a vitrectomia
fluxo de líquido céfalo-raquidiano do espaço associada a LASER e pneumopexia poderá ser
sub-aracnoideu para o espaço sub-retiniano terapeuticamente eficaz 14-17.
514 OFTALMOLOGIA
Resultados Cirúrgicos no Tratamento de Descolamento Macular Associado a Fossetas Congénitas do Disco Óptico
BM = buraco macular; DPV = descolamento posterior do vítreo; AV = acuidade visual; + sim; - não
operatório. O paciente 4, por sua vez, apre- retinopexia com LASER e pneumopexia. Consi-
sentou um exame pós operatório quase normal, deramos esta técnica terapeuticamente
apenas com um ou outro ponto de menor sen- válida com bons índices de sucesso anatómico e
sibilidade central. funcional comparativamente com as restantes
técnicas utilizadas no tratamento deste tipo de
DR 3.
Complicações Não foi possível com este estudo determinar
relação de causalidade entre retinopexia com
Houve agravamento do défice campimétrico LASER e defeito campimétrico. Foram efectua-
na paciente 1. das campimetrias nos casos 1 e 4. No primeiro
caso houve agravamento campimétrico entre
a perimetria pré e pós operatória. No quarto
Discussão caso apenas foi efectuada perimetria pós ope-
ratória que não revelou défices de sensibilidade
As fossetas congénitas do disco óptico são relevantes. De acordo com estes resultados e
uma patologia rara, sem consenso etiopato- dimensão da amostra não pudemos determinar
génico ou terapêutico. causalidade.
Os casos por nós observados demonstram os À semelhança de outros relatos 18, 20, na
diversos estádios de evolução do descolamento nossa série, a recuperação visual foi gradual
retiniano macular secundário a esta patologia. e o prognóstico funcional esteve intimamente
A utilização da tomografia de coerência relacionado com o tempo de duração do desco-
óptica permitiu-nos esclarecer melhor estes está- lamento e dependente das alterações da retina
dios. Os nossos achados estão de acordo com neuro-sensorial e epitélio pigmentado da retina
a teoria bilaminar proposta por Lincoff 5 que secundárias, particularmente degenerescência
sugere a existência de uma comunicação entre do neuro-epitélio, atrofia do EPR (Pacientes 3,
a cavidade da fosseta e as camadas retinianas 5) e buraco macular (Paciente 2).
internas, responsável pela passagem de fluído Estudos multicêntricos em realização
e formação de uma esquisis intra-retiniana (EVRS), com uma amostra maior e suportados
inicial (Fig. 1, B). Secundariamente surge o pela análise ultra-estrutural por aparelhos de
descolamento de toda a retina neuro-sensorial TCO de resolução crescente, poderão fornecer-
após fistulização intra-retiniana do líquido para -nos um entendimento mais completo do meca-
as camadas externas (Fig. 1, E). Este des- nismo subjacente ao descolamento de retina que
colamento tenderá a obliterar a cavidade de reti- acompanha esta patologia e eventualmente abrir
nosquisis que poderá persistir como um plano caminho para novas orientações terapêuticas.
quístico intra-retiniano (Fig. 1, F). Também nestes estudos, a comparação entre
Tal como Bonnet 9 e Hirakata 18 , entre retinopexia com LASER de diferentes compri-
outros autores, acreditamos que a tracção vítreo- mentos de onda, poderá elucidar eventuais dife-
-retiniana tem um importante papel na patogé- renças entre capacidade de pexia e/ou indução
nese do DR associado às FCDO. de defeitos campimétricos.
Por este motivo e sabendo que a evolução Fármacos interfactantes recentemente estu-
natural destes DR raramente é favorável, com dados para a vitreólise química 21, 22 (Plasmina
taxas de reaplicação retiniana de apenas 25% 19, e Microplasmina) poderão também vir a ter
efectuámos em todos os pacientes vitrectomia aplicação futura nesta patologia, induzindo de
com DPV e extracção da MLI seguidos por modo menos invasivo o DPV.
Figura 1
A, Retinografia da paciente 1. Fosseta do disco temporal associada a descolamento macular seroso delimitado pelas setas
B, (Paciente 1). TCO demonstrando comunicação entre a fosseta do disco e cavidade de esquísis intra-retiniana
C, (Paciente 1). TCO 1 mês após cirurgia demonstrando ainda algum líquido intra-retiniano
D, (Paciente 1). TCO ao 10.º mês de pós-operatório demonstrando aplicação retiniana. A AV era de 0,9 sem metamorfopsias
E, (Paciente 3). TCO pré-operatória. Descolamento seroso com evidente cavidade de retinosquisis
F, (Paciente 2). TCO pré-operatória. Adivinha-se no plano da região quística uma comunicação entre a fosseta e uma provável cavidade
prévia de esquísis intra-retiniana, agora obliterada pelo descolamento neuro-sensorial completo
G, (Paciente 3). Retinografia pós operatória. Extensa área de atrofia do EPR subjacente à retina previamente descolada
H, (Paciente 5). Retinografia pós operatória. Alterações do EPR subjacente à retina previamente descolada.
I, (Paciente 5). TCO 1 mês após cirurgia. Aplicação retiniana com persistência de escasso filme de fluido sub-retiniano. A AV era de 0,4
518 OFTALMOLOGIA
Resultados Cirúrgicos no Tratamento de Descolamento Macular Associado a Fossetas Congénitas do Disco Óptico
17. KRIVOY D, GENTILE R, LIEBMANN JM, et al.: Imaging 16. M ITAMURA Y, T AKEUCHI S, T SUKAHARA I, et al.:
congenital optic disc pits and associated maculopathy Vitreous surgery in two cases of pit-macular syn-
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18. LINCOFF H, KREISSIG I.: Optical coherence tomography laser, and gas tamponade for serous retinal detachment
of pneumatic displacement of optic disc pit maculo- associated with optic disc pit: a case report. Br J Oph-
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10. GASS JDM: Serous detachment of the macula: secon- thalmology, 2005;112:1430-1435
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12. TOBE T, NISHIMURA T, UYAMA M.: Laser photocoa- FLEURY J, DENIS P.: Décollementséreuxmaculairecom
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MW.: The etiology and treatment of macular deta- 2009: 29; 7: 871-874
chment associated with optic nerve pits and related
anomalies. Trans Am Ophthalmol Soc 1998;96:73-88
RESUMO
ABSTRACT
pars plana vitrectomy with ILM peeling. Visual acuity measurement, standard automated
perimetry, multifocal electroretinography (mfERG) and optical coherence tomography
(OCT) were performed before and 3 months after surgery. Four surgical samples obtained
from similar patients were analyzed with electron microscopy. Results: Three months
after surgery, mean visual acuity ± SD improved from 0.56 ± 0.16 logMAR to 0.31 ±
0.23 logMAR (p ≤ 0.05), and mean central fovea thickness was significantly decreased
424.20 ± 102.48 µm to 335.90 ± 60.86 µm (p ≤ 0.002). Multifocal electroretinography
response amplitudes were slightly decreased in seven patients, and three of these also
had asymptomatic decreases in visual field sensitivity. Electron microscopy documented
segments of podocytes Muller cells in retinal surface of the MLI in all samples.
Conclusion: In this study the use of ERGmf, Stratus OCT-PEC and electron microscopy
analysis revealed functional and structural macular changes after surgery. These qualitative
and quantitative measures of visual function allow for better understanding of changes that
may occur after ILM peeling.
Key words: Internal limiting membrane peeling; Macular pucker; Multifocal electroretinography; Optical
coherence tomography; Standard automated perimetry
522 OFTALMOLOGIA
Avaliação Funcional e Estrutural da Mácula após Pelagem de Membrana Limitante Interna em Puckers Maculares Idiopáticos
Doente 1 Doente 2
Fig. 1 – Análise da espessura foveal através do mapa “OCT Macular Thickness”, antes (pré) e após (pós) o procedimento
cirúrgico, documentando uma diminuição da espesura retiniana após a cirurgia. D1, Doente 1; D3, Doente 3; D7, Doente 7.
visual gera uma matriz de 16-217 zonas que são avaliado pelo cálculo do nível de ruído e mostra
estimuladas com seqüências independentes de a evolução do sinal desde o início da gravação
flashes. A resposta do ERG global é gravada a (linha de base). O programa permite a visua-
partir de um eléctrodo único. As respostas locais lização em 2D e 3D, mapas de interpolação
são obtidas calculando a correlação inversa entre da amplitude e tempo de latência dos picos
esta resposta e a sequência de estimulação. N1, P1 e N2 das respostas locais. As respostas
O estímulo, constituído por 61 hexágonos podem ser agrupadas em função da excentrici-
que abrangem um campo visual de 26 graus dade (anel), por quadrantes ou dentro das zonas
na horizontal e 20 graus na vertical, foi definidas pelo operador.
apresentado através de um monitor de 20 O programa executa uma comparação de
polegadas preto e branco com uma taxa de análises de resultados corrigida para a idade do
quadros de 120 Hz e uma resolução de 1024 × doente, em função de uma base de dados nor-
× 768 pixels, a uma distância de 40 cm dos mativa.
olhos do doente. As amplitudes e as latências Todas as cirurgias foram realizadas pelo
foram avaliadas em cinco regiões circulares mesmo cirurgião e consistiram numa vitrecto-
da retina perifoveal, de acordo com as mia pars plana central com 23 Gauge. Em todos
excentricidades. Em relação ao protocolo clínico os doentes procedeu-se à extracção conjunta da
e preparação do paciente seguiram-se as normas MER e MLI através do uso do corante vital de
orientadoras do ISCEV (Internacional Society azul tripano (Membrane Blue). Realizou-se a
for Clinical Electrophisiology of Vision). troca líquido-ar no final da cirugia.
As pupilas estavam em dilatação máxima, o Quatro amostras cirúrgicas foram submeti-
paciente bem posicionado e centrado e a sua das a estudo de microscopia electrónica.
fixação monitorizada. A análise estatística foi realizada através
Durante o exame, o programa mostra em do programa SPSS (versão 15.0). Os diferen-
tempo real as respostas locais com uma iden- tes parâmetros estruturais e funcionais foram
tificação automática dos picos N1, P1 e N2 de comparados através da utilização de técnicas
cada resposta. A qualidade do sinal gravado é de análise comparativa que incluiu o teste de
524 OFTALMOLOGIA
Avaliação Funcional e Estrutural da Mácula após Pelagem de Membrana Limitante Interna em Puckers Maculares Idiopáticos
t-student para comparação de médias de amos- Três meses após a cirurgia, a acuidade visual
tras independentes. Foram calculados os inter- corrigida média melhorou significativamente de
valos de confiança a 95% e a 98%. Valores de p 0,56 ± 0,16 logMAR para 0,31± 0,23 logMAR
inferiores a 0,05 e a 0,002 foram considerados (p≤0,05).
estatisticamente significativos (intervalos de Após o procedimento cirúrgico documentou-
confiança a 95%/ 98%, respectivamente). -se uma redução estatisticamente significativa da
espessura central da fóvea de 424,20±102,48µm
para 335,90±60,86µm (p≤0,002).
A sensibilidade foveal média avaliada pelo
Octopus® 900 aumentou de 24,44±2,68 dB para
24,96±3,01 dB, apesar de não ter significado
estatístico. Em três doentes documentou-se uma
diminuição assintomática na sensibilidade do
campo visual.
Relativamente à electrorretinografia multi-
Fig. 4 – Amplitudes de resposta P1 nas áreas sujeitas a focal, constatou-se diminuição das amplitudes
pelagem de membrana, em todos os doentes. P1 em seis doentes, após o procedimento cirúr-
gico, tendo como referência os 5º centrais
perifoveolares (Fig. 2). Dois doentes tiveram um
aumento da amplitude P1 após a cirurgia, e em
Resultados outros dois este valor manteve-se inalterável.
A análise ultraestrutural documentou em
Neste estudo, a aferição da acuidade visual todas as amostras cirúrgicas membrana limitante
pré e pós operatória, o uso do ERGmf, OCT- interna com células de Muller remanescentes na
-Stratus e PEC revelou alterações funcionais face retiniana do Pucker.
e estruturais da mácula após o procedimento
cirúrgico (Tabela 1).
Espessura central
Doente Acuidade visual (logMar) Sensibilidade foveal (dB)
da fóvea (µm)
Idade Sexo Pré Pós Pré Pós Pré Pós
1 77 M 0.50 0.20 21 24 514 367
2 76 F 0.70 0.20 25 26 387 370
3 65 F 0.30 0.10 27 25 332 298
4 77 M 0.50 0.10 24 24 450 319
5 78 F 0.70 0.30 24 28 522 414
6 77 M 0.70 0.50 19 21 346 315
7 64 M 0.40 0.70 26 24 595 411
8 67 F 0.40 0.0 27 30 267 243
9 76 M 0.70 0.50 27 21 470 372
10 71 F 0.70 0.50 24 27 359 250
Média ±DP 72,8± 5,5 0,56 ± 0,16 0,31± 0,23 24,4± 2,68 24,96± 3,0 424,2±102 335,9±60
Conclui-se assim que o uso de exames para 15. SMIDDY WE, MAGUIRE AM, GREEN WR, MICHELS
aferição estrutural e funcional da mácula per- RG, DE LA CRUZ Z, ENGER C, JAEGER M, RICE TA.:
Idiopathic epiretinal membranes: ultrastructural cha-
mitiram documentar uma melhoria efectiva na
racteristics and clinicopathologic correlation. 1989.
acuidade visual, sensibilidade foveal e espessura Retina. 2005 Jul-Aug; 25(5 Suppl):811-20
central da fóvea. No entanto, a ERGmf mostrou 16. KWOK AKH, LAI TY, YUEN KS.: Epiretinal membrane
ligeira diminuição das amplitudes de resposta surgery with or without internal limiting membrane
nas regiões perifoveais na maioria dos doentes: peeling. Clin Experiment Ophthalmol. 2005 Aug;
a disfunção das células de Muller poderá estar 33(4): 379-85
17. DA MATA AP, BURK SE, FOSTER RE, RIEMANN CD,
na génese desta situação. PETERSEN MR, NEHEMY MB, AUGSBURGER JJ.: Long-
A maioria dos trabalhos actualmente publi- -term follow-up of indocyanine green-assisted peeling
cados contemplam apenas a aferição da acui- of the retinal internal limiting membrane during vitre-
dade visual bem como a taxa de recidivas deste ctomy surgery for idiopathic macular hole repair. Oph-
procedimento cirúrgico. Devem ser realizados thalmology. 2004 Dec;111(12):2246-53
18. SIVALINGAM A, EAGLE RC JR, DUKER JS, BROWN
mais estudos que avaliem outros parâmetros,
GC, BENSON WE, ANNESLEY WH JR, FEDERMAN J.:
reflectindo de forma mais consistente as alte- Visual prognosis correlated with the presence of
rações estruturais e funcionais que ocorrem ao internal-limiting membrane in histopathologic spe-
nível da mácula após a pelagem de MLI. cimens obtained from epiretinal membrane surgery.
Ophthalmology. 1990 Nov;97(11):1549-52
19. REZENDE FA, KAPUSTA MA.: Internal limiting
Bibliografia membrane: ultrastructural relationships, with clinical
implications for macular hole healing. Can J Ophthal-
mol. 2004 Apr;39(3):251-9
1. T ARI SR, V IDNE -H AY O, G REENSTEIN VC, B ARILE 10. MESSMER EM, HEIDENKUMMER HP, KAMPIK A.:
GR, HOOD DC, CHANG S.: Functional and structural
Ultrastructure of epiretinal membranes associated with
measurements for the assessment of internal limiting
macular holes. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol.
membrane peeling in idiopathic macular pucker.
1998 Apr; 236(4):248-54
Retina. 2007 Jun;27(5):567-72
11. NEWMAN EA, ZAHS KR.: Modulation of neuronal
2. B OVEY EH, U FFER S, A CHACHE F.: Surgery for
activity by glial cells in the retina. J Neurosci. 1998
epimacular membrane: impact of retinal internal
limiting membrane removal on functional outcome. Jun 1;18(11):4022-8
Retina. 2004 Oct;24(5):728-35 12. NEWMAN EA.: Glial modulation of synaptic trans-
3. GAUDRIC A, FARDEAU C, GOBERVILLE M, COHEN D, mission in the retina. Glia. 2004 Aug 15;47(3):268-74.
PAQUES M, MIKOL J.: Ablation of the internal limiting Review
membrane, macular unfolding and visual outcome in 13. NEWMAN EA.: A dialogue between glia and neurons in
surgery of idiopathic epimacular membranes.J Fr Oph the retina: modulation of neuronal excitability. Neuron
talmol.1993;16(11):571-6 Glia Biol. 2004 Aug;1(3):245-252
4. PARK DW, DUGEL PU, GARDA J, SIPPERLEY JO, THACH 14. TERASAKI H, MIYAKE Y, NOMURA R, PIAO CH, HORI K,
A, SNEED SR, BLAISDELL J.: Macular pucker removal NIWA T, KONDO M.: Focal macular ERGs in eyes after
with and without internal limiting membrane peeling: removal of macular ILM during macular hole surgery.
pilot study. Ophthalmology. 2003 Jan;110(1):62-4 Invest Ophthalmol Vis Sci. 2001 Jan;42(1):229-34
RESUMO
ABSTRACT
Introduction: Hydroxicloroquine (HC) is used in the treatment of multiple auto-
immune diseases. This pharmacological agent may cause irreversible macular toxicity,
bringing about the need for close ophtalmologic surveillance. Cases have been described
wherein macular toxicity has occurred even at a low dosage and in the absence of
other risk factors. The determination of macular sensitivity through microperimetry
represents a new screening method for these patients. AIMS: To evaluate macular
sensitivity through microperimetry in patients undergoing therapy with HC. Materials
and Methods: 40 patients (80 eyes) undergoing therapy with HC were included, all of
whom had best corrected visual acuity of 10/10 in both eyes, normal Amsler Grid results,
normal chromatic vision and normal computerized static perimetry for the central 10º.
Microperimetry was performed on all patients (MP 1 – central 10º). Results: 28.3% of the
patients presented with a mean sensitivity value (MS) below 16 dB, 45% between 16 and
18 dB and 26.7% above 18 dB. A strong negative correlation was found between MS and
body weight (p – 0.01). Also, an asymmetry between the macular sensitivity values for the
upper and lower quadrants was noted. This difference was statistically smaller (p-0.05) in
individuals with MS greater than 18 dB, in comparison to the groups with MS between
16-18 dB and below 16 dB. Conclusion: Microperimetry proved to be a reliable method
in early detection of alterations related with HC toxicity.
Key words: Hydroxicloroquine; Microperimetry; Macular Toxicity; Macular Sensitivity; Computerized Static
Perimetry.
Resultados Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
532 OFTALMOLOGIA
Microperimetria no Diagnóstico Precoce da Toxicidade por Hidroxicloroquina
Verificou-se uma assimetria entre os valores da compreenda o exame uma vez que no caso de
sensibilidade do quadrante superior e o inferior, perdas de fixação a auto-correcção é quase que
sendo mais altos no último. Essa diferença foi imediata. Outra vantagem é a possibilidade de
maior (p-0,05) nos indivíduos com SM entre testar e definir a área a estudar, padrão cinético.
16-18 dB em comparação com o grupo com SM É portanto um exame conceptualmente ideal
superior a 18 dB. Não existiu diferença entre os para o estudo destes doentes.
grupos <16 dB e 16-18 dB. Nesta amostra consecutiva de doentes estuda-
dos, tratados com HC e sem nenhuma alteração
noutras avaliações clínicas e complementares de
Discussão rastreio, foram encontradas alterações micro-
perimétricas ligeiras mas significativas (a nível
É de extrema importância o diagnóstico clínico e estatístico) numa proporção importante
precoce da toxicidade retiniana por HC, uma de doentes. A sensibilidade média sub-normal e
vez que a hipótese de reversibilidade vai dimi- a assimetria altitudinal ocorreram em exames
nuindo com o avanço da doença. Apesar de com bons padrões de fiabilidade. De facto o pri-
existirem referências como as recomendações meiro relato sobre a assimetria da sensibilidade
da Academia Americana de Oftalmologia, não é de 1984, em que os autores descrevem que
é consensual qual o melhor método de rastreio os defeitos de campo nestes doentes eram mais
destes doentes, e especialmente naqueles que precoces e profundos no meridiano superior,
têm baixo perfil de risco quanto à dosagem, acima da fixação. Não se sabe qual é a causa.
duração do tratamento, peso ideal, perfil renal É importante destacar que estas alterações da
e hepática. Não está protocolada a frequência sensibilidade macular foram detectadas em
nem a escolha dos exames a realizar, nem doentes com baixo risco e que não se correla-
definidos os critérios de diagnóstico precoce ou cionaram com a dose diária e com o tempo de
sequer um exame complementar padrão gold toma. Este achado está de acordo com as suces-
standard 13,21,22. O debate que existe quanto sivas publicações de casos clínicos de retinopa-
à necessidade ou não de rastrear estes doentes tia tóxica em doentes sob baixas doses de HC
prende-se ainda com o facto de a toxicidade ou C e sem factores de risco 33,34.
ser rara 14-19 e ser necessário um grande inves- Estes resultados detectados na nossa popula-
timento económico, consultas e exames, para se ção podem representar formas muito precoces
detectarem poucos casos. As razões são portanto de perda funcional, ainda assintomática, suge-
também económicas. rindo uma maior sensibilidade da microperi-
A alteração mais precoce é a perda assin- metria em comparação com os outros exames
tomática de sensibilidade macular para-central. utilizados.
Nessas fases a lesão é habitualmente reversível, Devido à gravidade potencial da toxicidade
e devem ser elas o alvo do rastreio. Lesões que por HC, o fármaco deve ser suspenso aos pri-
evoluam podem ser bastante limitantes para o meiros sinais de suspeição. Todavia, como acre-
doente, não esquecendo que a maioria já sofre ditamos estar perante uma fase ainda muito
de patologias bastante incapacitantes. precoce, sem manifestações clínicas, e porque
A microperimetria é um exame estruturado a HC é um fármaco importante na terapêutica
para a avaliação da sensibilidade macular, com de múltiplas doenças reumatológicas, o nosso
rigorosa localização dos estímulos e compen- estudo não pode ser usado para determinar a
sação automática (na ordem dos milissegundos) suspensão do fármaco. Os resultados devem ser
para micro-perdas de fixação, através de sistema utilizados para estabelecer um plano de follow-
de eye-tracking e câmara de infra-vermelhos. -up que permita verificar se essas alterações
Este sistema de eye-tracking constitui uma são ou não progressivas. Esse plano basear-se-
enorme vantagem em relação à PEC 31,32. Não -á naturalmente nos dados da microperimetria
necessita de aprendizagem, basta que o doente bem como na presença de factores de risco, por
534 OFTALMOLOGIA
Microperimetria no Diagnóstico Precoce da Toxicidade por Hidroxicloroquina
forma a optimizar os recursos. É portanto pru- 12. SFIKAKIS PP, MAVRIKAKIS M.: Ophthalmologic moni-
dente recomendar uma monitorização cuidadosa toring for antimalarial toxicity. J Rheumatol. May
ponderando a modificação da terapêutica se 2004;31(5):1011-2; author reply 1012
13. MORSMAN CD, LIVESEY SJ, RICHARDS IM, JESSOP JD,
surgirem alterações evolutivas. Estas decisões
MILLS PV.: Screening for hydroxychloroquine retinal
implicam pesar riscos e benefícios de forma inte-
toxicity: is it necessary?. Eye. 1990;4 (Pt 4):572-6
grada com o reumatologista e o próprio doente. 14. M ILLS PV, B ECK M, P OWER BJ.: Assessment of
the retinal toxicity of hydroxychloroquine. Trans
26. T ZEKOV RT, S ERRATO A, M ARMOR MF.: ERG fin- 30. R OHTSCHNEIDER K, S PRINGER C, B ÜLTMANN S,
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536 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 537 - 545
silvahenriques@gmail.com
RESUMO
538 OFTALMOLOGIA
Manifestações Clínicas Sistémicas em Doentes com Uveíte Anterior relacionada com HLA-B27
excluídas. A classificação da uveíte foi efectuada conta o diagnóstico clínico principal: Uveíte
de acordo com o International Uveitis Study Anterior HLA-B27 isolada (UAI), Espondilite
Group e Jabs DA et al 19, 20. Somente foram Anquilosante (EA), Doença Inflamatória
recrutados doentes com apresentação inicial de Intestinal (DII), Artrite Psoriática (AP) e Artrite
UA e fenotipagem HLA-B27 positiva durante Reactiva (AR), usando os critérios padrão de
o período do estudo, e apenas foram incluídos diagnóstico 21,22,23,24,25, e determinadas as
doentes com seguimento continuado de 10 anos. frequências e incidências relativas em cada
Doentes com uveíte crónica, intermédia ou grupo.
posterior foram excluídos. A análise estatística foi efectuada usando o
Os doentes foram avaliados na consulta software StatView®.
de Imunopatologia Ocular do CRO dos HUC.
Trata-se de uma consulta de referência, para a
qual apenas alguns doentes com UA são refe- Resultados
renciados. Na consulta, procedeu-se à deter-
minação da melhor acuidade visual corrigida Cinquenta doentes consecutivos com o
(MAVC), biomicroscopia, tonometria de apla- diagnóstico de uveíte anterior HLA-B27 posi-
nação de Goldman e fundoscopia. Foram tivo (UA HLA-B27) foram incluídos no estudo.
realizados exames complementares (Optical Sessenta e oito por cento dos doentes (n=34)
Coherence Tomography – OCT -, e angiografia eram do sexo masculino e 32% (n=16) do sexo
fluoresceínica - AF) sempre que indicado pela feminino. A relação de incidência homem/
observação clínica. /mulher foi de 2,1:1. Todos os doentes eram de
Todos os doentes efectuaram a pesquisa do raça caucasiana e a idade média ao diagnóstico
antigénio HLA B27, tendo sido esta realizada foi de 40 (+ 13) anos (variação de 19 a 84 anos).
no Centro de Histocompatibilidade de Coimbra. Na Fig. 1 ilustra-se o número de doentes por
Foram registadas as idades de início dos faixa etária na idade de aparecimento da uveíte.
sintomas, incidência por sexo, MAVC, laterali- O número médio de episódios de UA por
dade (unilateral ou bilateral, considerando-se ano foi de 4 (+ 3) (variando de 1 a 10). A per-
bilateral os casos de inflamação simultânea centagem de episódios por doente por ano é
dos 2 olhos), número total de crises por ano e mostrada na Fig. 2.
duração, sintomas sistémicos, e complicações
oftalmológicas (hipópion, sinéquias, catarata,
hiper/hipotensão intra-ocular, edema macular N.º de doentes por faixa etária de aparecimento
cistóide - EMC). Todos os medicamentos usados de sintomas
no tratamento, quer tópicos quer sistémicos,
foram registados.
Os doentes foram seguidos mensalmente até
controlo dos episódios de UA, e depois, semes-
tralmente ou anualmente, com base no número
Idades
de recorrências.
De acordo com a sintomatologia extra-ocular,
os doentes foram referenciados para consulta de
reumatologia/medicina interna e estudados sob
o ponto de vista sistémico. A incidência e pre-
valência de sintomas e sinais ósteo-articulares
(artralgias), muco-cutâneos (aftas, eritema N.º doentes
nodoso, psoríase) e gastro-intestinais (diarreia,
dor abdominal) foram registadas. Fig. 1 – Distribuição do número de doentes por faixa etária
Os doentes foram classificados tendo em na data de aparecimento da uveíte.
N.º de olhos
O número de crises por doente, aos 10 anos Fig. 3 – Distribuição da MAVC aos 10 anos de segui-
de seguimento, foi consistentemente superior mento.
em mulheres, mas de modo não estatisticamente
significativo em relação aos homens.
A uveíte foi bilateral em 58% (N=29) dos hipertensão intra-ocular (HTIO) secundária aos
casos. Dezasseis por cento (N=8) desenvolveram corticosteróides. Em 26% dos doentes (N=13)
uveíte crónica (duração > a 3 meses), e apenas foram usados corticosteróides perioculares (sub-
4% (N=2) apresentaram episódios de duração -conjuntival ou sub-tenoniano). Para tratamento
superior a 6 meses. da doença sistémica, os corticosteróides per
Em 8 doentes (16%) registou-se formação os foram usados em 30% (N=15), AINEs em
de catarata secundária à uveíte com necessidade 76% (N=38), azatioprina em 20% (N=10),
de cirurgia. A idade média à data da cirurgia salazopirina em 20% (N=10), e metotrexato
foi de 52 anos. Em 28% (N=14) observou-se em 4% (N=2). Não se observaram diferenças
formação de sinéquias, apesar do tratamento estatisticamente significativas entre os sexos em
com midriáticos. Em 2% dos doentes (N=1) relação ao uso de nenhum dos fármacos.
registou-se hipertensão intra-ocular persistente Aos 10 anos de seguimento, 60% dos doentes
com desenvolvimento de glaucoma secundário desenvolveram uma forma de espondilartropatia
e necessidade de medicação com 2 colírios seronegativa: EA em 46% dos doentes (N=23),
anti-hipertensores (β-bloqueante e inibidor da DII em 6% (N=3), AR em 6% (N=3) e AP em
anídrase carbónica). Os episódios de uveíte 2% (N=1). O diagnóstico de UA HLA-B27
anterior com formação de hipópion apenas isolada foi estabelecido em 40% (N=20). O
foram descritos em 8% dos doentes (N=4) risco de desenvolvimento de doença sistémica
durante o período de seguimento. Em 4% dos foi idêntico entre homens e mulheres. Na Fig. 4
doentes (N=2) reportou-se EMC no OCT, ou é mostrada a percentagem de desenvolvimento
na AF, com rebate na acuidade visual, um dos de cada ES no grupo de estudo.
quais efectuou tratamento com injecção intra-
-vítrea de triamcinolona. Diagnóstico Principal (n.º de doentes; %)
No final do período de seguimento, 78% dos
olhos (N=78) apresentaram MAVC de 1,0, e
apenas 3% (N=3) MAVC < 0,5. A distribuição
da MAVC final por olho é mostrada na Fig. 3.
Todos os doentes foram tratados inicialmente
com colírios de corticosteróide e midriáticos.
Foi adicionado um fármaco hipotensor ocular
sempre que se verificou pressão intra-ocular Fig. 4 – Distribuição do diagnóstico principal no grupo de
> 21 mmHg ou nos doentes que desenvolveram doentes com uveíte anterior e HLA B27.
540 OFTALMOLOGIA
Manifestações Clínicas Sistémicas em Doentes com Uveíte Anterior relacionada com HLA-B27
Noventa e seis por cento (N=48) da popula- manifestações sistémicas em doentes com UA
ção do estudo manifestou sintomatologia sisté- HLA-B27 de 96% aos 10 anos. O risco de desen-
mica em algum período do seguimento. De volvimento de doença sistémica (espondilar-
acordo com o protocolo estabelecido entre tropatia seronegativa) foi de 60% aos 10 anos
os serviços de oftalmologia e reumatologia/ e não houve diferença estatisticamente significa-
/medicina interna dos HUC, esses doentes tiva entre o sexo feminino e o masculino.
foram referenciados e estudados nessa consulta. A incidência anual de uveíte anterior (UA)
As manifestações articulares foram as mais varia entre 8,2 a 20 por 100.000 habitantes2, 26, 27,
frequentes e ocorreram em 87% (N=44) dos ocorrendo preponderantemente na faixa etária
casos. Oitenta e quatro por cento (N=42) dos dos 20 aos 50 anos de idade. Estes dados estão
doentes referiram artralgias na região das de acordo com os do presente estudo, em que
sacro-ilíacas mas em apenas 44% (N=22) se a idade ao diagnóstico de 84% (N=42) dos
demonstrou uma evidência imagiológica de doentes variou entre 27 e 50 anos.
sacro-ileíte: em 15 doentes através de radio- Este estudo decorreu na consulta de Imuno-
grafias simples das articulações sacro-ilíacas; patologia do CRO dos HUC, tratando-se por
em 4 doentes por cintigrafia óssea; e em 2 doen- isso de um estudo em doentes referenciados,
tes por ressonância magnética nuclear. e não na população geral. Decorrem neste
Oitenta e oito por cento referiram poliartral- centro cerca de 2400 consultas anuais de uveíte.
gias periféricas e 12% monoartralgias. O tipo Destas, 40% correspondem a casos de UA,
mais frequente de artralgia foi o inflamatório sendo que 34% das UA são relacionadas com o
(N=37); seguido do tipo misto (N=5), e do tipo HLA-B27.
mecânico (N=1). A localização axial foi a mais A idade média de apresentação da UA HLA-
frequente (N=37), seguida pela mista (N=6) -B27 varia entre as várias séries descritas: de 31
e pela periférica (N=2). O envolvimento das anos, no estudo de Monnet et al 28, a 36 anos,
articulações das mãos foi significativamente no estudo de Braakenburg et al29. No presente
maior no sexo feminino. As articulações estudo, a idade média de apresentação foi de 39
metacarpo-falângicas (MCFs) foram envolvidas ± 12 anos.
em 43% (N=22), as interfalângicas proximais Como referido por Tay-Kearney e tal 28, 30,
(IFP) em 29% (N=15), as interfalângicas distais parece haver predilecção pelo sexo masculino
(IFD) em 14% (N=7), e o envolvimento de todas na UA. Num estudo recente numa população
estas articulações em 14% (N=7) dos casos. dos EUA (N=175) 28 , a percentagem de
As manifestações gastro-intestinais regista- incidência no sexo masculino foi de 56,6% e
ram-se em 46% (N=23). Diarreia crónica/ recor- de 43,4% no sexo feminino, com proporção de
rente ocorreu em 18% (N=9) dos indivíduos; dor 1,3:1. Braakenburg et al em 2008 29 publicou
na fossa ilíaca direita em 12% (N=6), dor abdomi- uma incidência de 54% no sexo masculino e
nal inespecífica em 8% (N=4), e uma apendicec- 46% no feminino num estudo com 177 doentes.
tomia foi efectuada em 8% dos doentes (N=4). A relação de incidência homem/mulher no
As manifestações muco-cutâneas ocorreram presente estudo foi de 2,1:1 (68% em homens e
em 16% dos doentes (N=8): 12% (N=6) apre- 32% em mulheres).
sentaram aftas orais com frequência superior a O envolvimento ocular bilateral ocorreu
3 crises por ano. A psoríase e o eritema nodoso em 56% do grupo de estudo o que contrasta
foram observados em 2% (N=1) cada. amplamente com o descrito na literatura. Gene-
ricamente, a UA é tida como predominante-
mente unilateral ou alternante 2, 30, 31, 32 .
Discussão Tay-Kearney et al 30, reportou uma incidên-
cia de 56% de UA unilateral e de 44% de envol-
Os resultados deste estudo prospectivo vimento alternado ou simultâneo numa popu-
observacional mostram uma incidência de lação dos EUA. Braakenburg et al 29 descreveu
VOL. 34, OUTUBRO - DEZEMBRO, 2010 541
Jorge Filipe Silva Henriques, João Cardoso, Jorge Crespo, Júlia Veríssimo, Rui Proença
542 OFTALMOLOGIA
Manifestações Clínicas Sistémicas em Doentes com Uveíte Anterior relacionada com HLA-B27
544 OFTALMOLOGIA
Manifestações Clínicas Sistémicas em Doentes com Uveíte Anterior relacionada com HLA-B27
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Immunol Inflamm 2001;9:177-183
Glaucoma: – Ambiguidades
Sara Vaz-Pereira 1, Leonor Duarte de Almeida 2, António Figueiredo 2, M. Monteiro-Grillo 3
1 – Interna do Internato Complementar de Oftalmologia do HSM
2 – Assistente Graduado de Oftalmologia do HSM
3 – Director do Serviço de Oftalmologia do HSM
Clínica Universitária de Oftalmologia - CHLN- Hospital de Santa Maria – Director: Prof. Dr. M. Monteiro-Grillo
saravazpereira@gmail.com
RESUMO
ABSTRACT
Trabalho apresentado na forma de Comunicação Oral no 50.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmo-
logia (Porto, 8 de Dezembro de 2007).
Trabalho vencedor do Prémio Pfizer para melhor comunicação oral na área do glaucoma no 50.º Congresso da
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (Porto, Dezembro de 2007).
with medication, in the single eye. Perimetric study (ASP) revealed a persistent nasal
scotoma which respected the vertical meridian. Radiologic study showed a lesion in the
right posterior cerebral artery. No significant changes were found in pachymetry, nerve
fiber layer (NFL) or corneal biomecanicity. Neurophthalmologic disease vs glaucoma.
Case 2: Ocular hypertension, intolerance to topic therapy. The pachymetry, corneal
hysteresis and resistance factor showed reduced values. Normal ASP and NFL study.
Institute therapy vs monitor. After informed consent, it was decided to monitor. Case 3:
Reduced right eye visual acuity and optic disk asymmetry. Serial ASP exams of the right
eye mimiked Bjerrum scotoma. Fluorescein angiography confirmed the diagnosis of right
eye tilt disk. Released from glaucoma clinic. Conclusions: It is important to recognise
particularities in the glaucoma differential diagnosis. Before initiating therapy in ocular
hypertension it is essential to balance risks and benefits. A solid bond between doctor and
patient facilitates decision making and informed consent.
Key words: Ambiguities; Glaucoma; Neurophthalmologic disease; Ocular hypertension; Tilt disk.
Fig. 3 – TAC-CE compatível com lesão artéria cerebral posterior direita (seta).
550 OFTALMOLOGIA
Glaucoma: – Ambiguidades
Caso 2:
552 OFTALMOLOGIA
Glaucoma: – Ambiguidades
Fig. 7 – Estudo CFN peri-papilar OD e OE, respectivamente, por OCT (Fast RFNL thickness 3.4).
554 OFTALMOLOGIA
Glaucoma: – Ambiguidades
Fig. 11 – Estudo DO e CFN peri-papilar por OCT (Fast optic disc e Fast RFNL thickness 3.4).
do campo visual OD seja resultado de uma ser compatíveis com glaucoma ou patologia
lesão neuroftalmológica, em doente com olho neuroftalmológica, em particular, com adenoma
único e não uma lesão glaucomatosa. Apesar da hipófise 2,10 . É mandatória a exclusão
de não ser possível realizar uma perimetria desta última patologia em casos de alterações
ao olho adelfo para confirmação, pensamos campimétricas bilaterais 2,13 . Neste caso,
estar perante uma lesão campimétrica retro- unilateral, o escotoma de Bjerrum existente
quiasmática “homónima” esquerda 2,13 . podia confundir-se com uma lesão perimétrica
Sugerimos a suspensão da terapêutica OD e glaucomatosa dado ultrapassar ligeiramente
avaliação semestral. a linha média, contrariamente às lesões do
quiasma óptico 3,13.
Decidimos não serem necessários mais
Caso 2 exames perimétricos, pois este tipo de lesão
mantém-se inalterado ao longo do tempo,
Estamos perante um caso de hipertensão visto estarmos em presença de uma anomalia
ocular (HTO) num doente jovem, sem história congénita do nervo óptico. A vigilância anual
familiar. A paquimetria apresenta valores baixos proposta relaciona-se com outras complicações
o que constitui factor de risco independente possíveis do tilt disk como alterações corior-
para desenvolver glaucoma 7,14 . Os valores retinianas 8.
de histerese e resistência da córnea estão
também diminuídos. Todavia, não há alteração
dos exames estruturais e o doente menciona Conclusões
intolerância à medicação. Em suma, há um
conjunto de factores de risco 7. Segundo as Avaliar um doente com suspeita de Glau-
guidelines europeias, o doente poderia even- coma é um desafio, devendo ser evitadas preci-
tualmente ser medicado, já que cerca de 5% pitações ao fazer o diagnóstico e ao iniciar tera-
vem a desenvolver glaucoma 6,14 . A opção pêutica.
tomada foi vigiar apertadamente um doente O acesso a exames que mais precocemente
muito colaborante, que assumiu esta decisão permitem fazer a biografia da doença ajuda ao
de parceria com a equipa médica após diagnóstico (GDx, OCT, ORA, paquimetria).
esclarecimento adequado, fornecendo o seu Não devem ser interpretados exames isolada-
consentimento informado. mente sendo indispensável uma observação
clínica criteriosa.
Não deve ser esquecido que múltiplas
Caso 3 condições podem ser erradamente diagnosti-
cadas como Glaucoma, nomeadamente as de
A análise do DO é um factor importante tipo neuroftalmológico ou as congénitas, como
para o diagnóstico de glaucoma, existindo as apresentadas.
variações do DO – tilt disk – que podem ser Nos casos de HTO, deve sempre ser ponde-
confundidas com discos glaucomatosos 4. O tilt rada a relação risco-benefício antes de iniciar
disk é uma situação de ocorrência relativamente uma terapêutica, especialmente em casos de
comum, não hereditária, comummente bila- doentes colaborantes, obtendo o consentimento
teral, na qual a porção superotemporal do DO informado. Para tal, é fundamental estabelecer
é elevada e a inferonasal é deslocada pos- uma boa relação de confiança médico-doente,
teriormente, originando um disco ovalado como acontece com todas as doenças crónicas,
orientado obliquamente. Esta condição cursa encarando a qualidade de vida como um padrão
com alterações dos campos visuais 3 que podem de aferição da excelência da prática médica 16.
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558 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 559 - 566
RESUMO
ABSTRACT
Surgical results in children with intermittent exotropia
Purpose: To determine the surgical results in individuals diagnosed with intermittent
exotropia, in the first month and at the time of the last evaluation. Methods: The medical
records of all children under 18 years who underwent the first surgical procedure for
correction of intermittent exotropia, in the period between January 2004 and December
2008, with a follow-up period, were retrospectively reviewed. Results: We analyzed 39
patients with intermittent exotropia who underwent the first surgery. The mean age at
which the surgery was performed was 8.8 years. The mean deviation for distance with
corrective lenses preoperatively was 29 PD (prism diopter) base in (BI) (range 10 to 45).
In most patients we applied the technique of muscle bilateral and asymmetric lateral rectus
recession. The mean amount of surgery applied to the eye with greater deviation was 9
mm (range 6 to 10 mm). On the 1st postoperative month 24 (61%) cases had a deviation of
≤ 10 PD BI. At the last follow-up visit 26 patients (67%) presented a deviation at distance
of ≤ 10 PD BI, 11 cases (28%) had a higher deviation (range 12 to 30 BI DP), and 2 cases
showed endotropia (5%). There were 6 cases (15%) that underwent a 2nd surgery. The
mean follow-up of these patients (not undergoing a second intervention) was 15.9 months
(range 1 to 60 months). Conclusion: Most patients with intermittent exotropia proposed
for the first surgery obtained an alignment of less than or equal to 10 PD IB in its last
evaluation.
Key words: Intermittent exotropia; Exotropia acquired; Divergent strabismus; Surgical results.
560 OFTALMOLOGIA
Resultados Cirúrgicos em Crianças com Exotropia Intermitente
O tratamento foi realizado por indicação do Tabela 2 – Características pré-operatórias das crianças
médico assistente e com consentimento parental. submetidas a 1.ª intervenção cirúrgica para XT inter-
mitente.
Os planos operatórios foram propostos pelos
especialistas do Departamento de Estrabismo média DP Intervalo
e realizados por médicos oftalmologistas espe-
Desvio para longe
cialistas. Definiu-se alinhamento motor como com correcção
29,08 9,343 10-45
inferior ou igual a 10 DP (dioptrias prismáticas)
Desvio para perto
BI (base interna). com correcção
15,49 11,934 0- 45
Os dados contínuos foram apresentados sob
Idade (anos) na altura
a forma de média e desvio padrão e os dados da cirurgia
8,87 3,814 3-17
categóricos como contagens e percentagens.
Foram descritos os testes estatísticos realizados.
O limiar de significância foi estabelecido para
p = 0.05. A média do desvio com correcção óptica na
avaliação pré-operatória para longe era de 29 ∆ DP
(intervalo, 10∆-45∆) e para perto 15 ∆ (intervalo,
0∆-45∆). A idade média em que se realizou a
Resultados cirurgia foi de 8,8 anos (intervalo, 3 -17).
Dos 39 casos estudados o estado sensorial (na
Foram admitidos para análise 39 doentes avaliação pré operatória mais próxima tempo-
com XT‘ submetidos a 1.ª intervenção cirúrgica. ralmente da cirurgia) foi documentado em
Características demográficas destes doentes são 14 casos. Em 3 casos verificou-se fusão (21,4%);
apresentadas na tabela 1. em outros 3 supressão unilateral (21,4%); em
5 casos supressão alternante (35,7%); e em
3 casos supressão intermitente 3 (21,4%).
Tabela 1 – Características clínicas das 39 crianças
Os procedimentos cirúrgicos realizados
submetidas a 1.ª intervenção cirúrgica para tratamento
de XT intermitente foram de 3 tipos: enfraquecimento dos mús-
culos rectos externos (RE) bilateralmente, enfra-
Número % quecimento do músculo recto externo unilateral
e reforço do músculo recto interno (RI) unilate-
Número de rapazes 19 48,7 ral. Os músculos rectos externos foram enfra-
Número de raparigas 20 51,3 quecidos pela técnica de ansa com sondas de
Weiss. O reforço dos músculos rectos internos
Número de indivíduos com
7 17,9 foi realizado pela técnica de encurtamento.
ambliopia
Na maioria dos doentes foi realizada a
Número de casos com
1 2,56
técnica de Ansa bilateral (82,1%). Dos 39 casos,
anisometropia em 1 caso a cirurgia de correcção do desvio
horizontal foi ainda associada a procedimentos
Média do equivalente esférico -1,19 D
para correcção de desvio vertical.
(intervalo) (-11,35 D
a +2,75D)
Nos casos de ansa bilateral, a quantidade
de cirurgia aplicada no olho com maior desvio
foi em média de 8,75 mm (intervalo, 6 mm-
-10 mm). No que diz respeito à quantidade
média total de cirurgia aplicada, na técnica
Houve 7 casos de ambliopia não associados de ansa bilateral, esta foi de 15,03 (intervalo,
a anisometropia. As características cirúrgicas 10-18mm). Nos casos de ansa unilateral, a
dos desvios submetidos a cirurgia estão apresen- quantidade de cirurgia aplicada no olho com
tadas na tabela 2. maior desvio foi em média de 8 mm.
VOL. 34, OUTUBRO - DEZEMBRO, 2010 561
Sara Silva, Filipe Brás, Rui Fialho, Gabriela Varandas, Maria Lourdes Vieira, Prof. Dr. Castanheira-Dinis
Tabela 3 – Características do tipo de cirurgia realizada. desvio para longe, nos casos em que este era
superior a 10 ∆ BI (hipocorrecções), foi de
Ansa bilateral 32 casos (82,1%)
19,09 (intervalo, 12∆ -30∆). Contabilizaram-
Quantidade (milímetros, mm) -se 2 casos de Endotropia (5.1%) na última
8,75 mm
de cirurgia aplicada no olho avaliação.
(intervalo, 6-10)
com maior desvio, média
Dos 39 casos estudados o estado sensorial
15,03 (na avaliação pós–operatória) foi documentado
Quantidade total, média
(intervalo, 10-18) em 29 casos. Verificou-se: fusão em 19 casos
Ansa unilateral 6 casos (15,4%) (65%); supressão unilateral em 2 casos (6,9%);
supressão alternante em 2 casos (6,9%); e
Quantidade (milímetros, mm)
8,0 mm supressão intermitente em 6 casos (20,7%). Não
de cirurgia aplicada no olho
(intervalo, 8-8) se obteve registos de estereopsia em número
com maior desvio
significativo para ser analisado.
Encurtamento de músculo
1 caso (2,6%) Dos 39 casos estudados, 6 foram sujeitos a
recto interno 2.ª cirurgia (15.4%). A média do desvio hori-
zontal para longe com correcção (DP) antes
da 2.ª intervenção, era de 23,50∆ BI (16-30).
Tabela 4 – Alinhamento motor no final do 1.º mês e na Em 5 dos 6 casos submetidos a reintervenção
última avaliação. cirúrgica, foi realizado o procedimento de
encurtamento do músculo RI, sendo a quan-
Sucesso motor Número %
tidade média de cirurgia aplicada de 7 mm
Desvio ≤ 10 ∆ no final 1.º mês 24 61,5 (intervalo, 6mm – 8mm). Em 1 dos casos
Desvio > 10 ∆ no final 1.º mês 14 35,8 reintervencionados, realizou-se ansa unilateral
de RE combinada com Encurtamento RI (sendo
Endotropia 1 2,5 que na 1.ª intervenção foi realizada ansa bila-
Desvio ≤ 10 ∆ última teral de RE).
26 66,7
avaliação
Tabela 5 – Características do tipo de procedimento reali-
Desvio > 10 ∆ última
11 28,2 zado na 2.ª intervenção cirúrgica.
avaliação
Quantidade
Valor médio hipocorrecção, 19,09∆ BI Tipo de procedimento
média n média de
(intervalo, 12-30) realizado na 2.ª
(%) cirurgia aplicada,
intervenção cirúrgica
Endotropia na última avaliação 2 5,1 milímetros
Encurtamento 5 7 mm (intervalo,
músculo R. Interno (83,(3)%) 6-8)
alinhamento pós operatório e funções sensoriais A selecção da técnica não dependeu do sub-
em doentes com exotropia primária que tipo de exotropia intermitente. Parks demons-
tinham sido submetidos a intervenção antes trou que enfraquecimentos bilaterais são efi-
dos 7 anos, eram melhores, do que aqueles cazes nos 3 tipos de exotropias intermitentes5.
em que a cirurgia era depois dos 7 anos 2. Por Wilson também registou que cirurgiões nos
sua vez, Pratt-Johnson concluíram que cirurgia EUA preferem enfraquecimentos bilaterais
realizada antes dos 4 anos de idade era o factor como procedimento inicial nos diferentes 3
preditivo mais importante para obter um bom tipos de exotropias6. No entanto, outros estudos
alinhamento (com menos riscos de ambliopia)3. apresentam taxas de sucesso motor diferentes
No entanto, este factor não se verificou em para diferentes técnicas, alguns dos quais apli-
outros estudos 4. A análise da variável idade, cavam diferentes técnicas consoante o subtipo
neste estudo, permite concluir que estamos a clínico de exotropia intermitente7. Uma vez que
intervir num espectro de idades alargado: desde os subtipos de exotropia intermitente não foram
3 aos 17 anos. Estes dados estão de acordo com definidos neste estudo, não podemos comparar
o contexto em que é tomada a decisão cirúrgica, estes resultados.
uma vez que a variável idade é enquadrada no Realizou-se análise estatística para testar se
conjunto das outras variáveis que determinam os valores da assimetria influenciavam o resul-
a altura da cirurgia, em especial, se aumenta a tado cirúrgico (teste não paramétrico Wilcoxon-
fase de tropia, se diminui o controlo fusional -Mann-Whitney para amostras independentes).
e/ou se aumenta o ângulo de desvio. A relação entre assimetria e resultados cirúrgi-
A escolha da técnica cirúrgica dependeu: da cos não são significativas (para o nível de con-
inconcomitância do ângulo do desvio na visão fiança de p=0,05).
para perto e na visão para longe. Na maioria Considerou-se no estudo o limite de até
dos doentes foi realizada a técnica de enfraque- 10 DP prismáticas de exotropia para sucesso
cimento dos músculos RE bilateralmente (82% motor cirúrgico (um valor consensualmente
dos casos), pela técnica de ansas. aceite pela maioria dos autores). As taxas de
A quantidade de cirurgia aplicada no olho sucesso na cirurgia horizontal para tratamento
com maior desvio foi em média de 8,75 mm da exotropia intermitente dependem da defini-
(intervalo de 6 a 10 mm). A quantidade média ção de sucesso cirúrgico e do tempo de segui-
total de cirurgia aplicada nas ansas bilaterais foi mento pós-operatório. O sucesso cirúrgico foi
de 15,0 mm (intervalo de 10-18 mm). Nos casos atingido em 61% dos casos ao fim do 1.º mês
em que foi realizada ansa unilateral a quanti- após cirurgia e em 67% dos casos na última
dade de cirurgia aplicada foi de 8 mm (inter- avaliação, no final de um período de segui-
valo de 8 a 8 mm). Estamos a realizar maiores mento médio de 15,9 meses. Verificou-se uma
quantidades de cirurgia do que o habitualmente taxa de reintervenção de 15%.
publicado na literatura. Muitos cirurgiões evi- De uma forma geral, estudos com períodos
tam realizar enfraquecimentos dos músculos de seguimento mais curtos apresentam melhores
rectos externos superiores a 7 mm pelo risco taxas de sucesso cirúrgico quando comparados
de défice de abdução ou de hipercorrecção, com outros que consideram períodos de
no entanto (de acordo com a nossa experiên- seguimento maiores. Embora as taxas de
cia) com a técnica de ansas de Weis, em que sucesso nos estudos publicados se encontrem
o músculo continua a transmitir a sua força à entre 50 e 79% 4, o intervalo de seguimento pós
inserção primitiva, a deficiente abdução, se bem operatório é muito variável (1 a 10 anos). Os
que observada no pós operatório imediato, em estudos com período de seguimento de 1 ano
nenhum caso permanece além de uma semana. apresentavam taxas de sucesso entre 56 e 79%.
Além disso, não temos taxas de hiper correcção Portanto os nossos resultados são semelhantes
fora do esperado e obtivemos taxas de sucesso aos de outros estudos, tendo em consideração o
comparáveis às de outros estudos publicados. período de seguimento.
564 OFTALMOLOGIA
Resultados Cirúrgicos em Crianças com Exotropia Intermitente
566 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 567 - 573
nadialopes80@gmail.com
RESUMO
Objectivo: Avaliação das diferentes técnicas cirúrgicas para corrigir a cavidade anoftál-
mica contracturada. Métodos e Material: Estudo retrospectivo incluindo 12 cavidades
anoftálmicas adquiridas que apresentavam insuficiência do fundo de saco conjuntival
inferior e/ou défice de volume orbitário. As diferentes técnicas cirúrgicas utilizadas foram:
sutura da conjuntiva ao periósteo (na retracção mínima do fundo de saco conjuntival),
enxerto de mucosa labial (na retracção moderada do fundo de saco conjuntival), enxerto
de cartilagem auricular (na retracção severa do fundo de saco conjuntival) e enxerto
dermo-adiposo (défice de volume orbitário). Resultados: A retracção do fundo de saco
conjuntival era mínima em 2 pacientes, moderada em 3 pacientes e severa em 2 pacientes.
Observaram-se 5 casos de défice de volume orbitário. Todos os casos de retracção do
fundo de saco foram corrigidos com sucesso, com boa adaptação da prótese. Nos pacientes
com défice de volume orbitário, verificou-se um caso de atrofia do enxerto após 8 meses.
Conclusão: Os auto-enxertos representam uma opção eficaz na reabilitação cirúrgica da
cavidade anoftálmica contracturada. A técnica utilizada depende da severidade do quadro
clínico e do componente que se encontra contracturado.
ABSTRACT
Purpose: Evaluate de diferent surgical techniques in the managment of the contracted
anophthalmic socket. Material and Methods: A retrospective study including 12 patients
with acquired anophthalmic socket witch presented inadequate fornices and/or orbital
volume loss. The surgeries performed were: conjunctival suture to the periosteum (mild
contraction of fornix), buccal mucosa graft (moderate fornix retraction), auricular cartilage
graft ( severe fornix retraction) and dermis fat graft (loss of orbital volume). Results: The
fornix retraction was mild in 2 patients, moderate in 3 patients and severe in 2 patients.
We observed 5 patients with loss of orbital volume. Successful correction was achieved
in all patients with fornix retraction who were able to wear an external prosthesis. One
patient with orbital volume loss developed a graft atrophy. Conclusion: The autologous
grafts are useful in the rehabilitation of the contracted socket. The surgical options
depends on the clinical presentation and on witch of the components is affected.
a b c
Fig. 1 – Foto operatório do enxerto dermo-adiposo: (a) recolha do enxerto na nádega; (b) enxerto após remoção da epi-
derme; (c) enxerto na cavidade.
Antecedentes
Paciente Idade Sexo Diagnóstico Exame Objectivo Cirurgia Resultados
cirúrgicos
a b c
Fig. 2 – Paciente com retracção moderada do fundo de saco. (b-c) aspecto pós-operatório.
570 OFTALMOLOGIA
Reabilitação da Cavidade Anoftálmica Contracturada
Antecedentes
Paciente Idade Sexo Diagnóstico Exame Objectivo Cirurgia Resultados
Cirúrgicos
572 OFTALMOLOGIA
Reabilitação da Cavidade Anoftálmica Contracturada
gabrielmorgado@iol.pt
RESUMO
ABSTRACT
A epífora afecta 20% dos recém-nascidos, forma os riscos e os custos de mais uma ida
ocorrendo resolução espontânea em 96% ao bloco; não faz uma ansa que facilmente se
dos casos 1. Para a epífora persistente, a sonda- extrusa; não provoca o “cheese wiring” dos
gem é um procedimento eficaz, com uma alta canalículos 9,10. Contudo, devido à necessidade
taxa de sucesso, contudo este sucesso diminui de um colarete rígido para ancoragem, apresenta
com o aumento da idade 2. uma taxa de erosão da córnea superior; necessita
Para a epífora persistente a seguir à son- de pontos lacrimais íntegros, e não pode ser
dagem ou em situações malformativas uma usado em caso de retroposição dos puncta
abordagem mais agressiva é necessária. As lacrimalis 9,10.
técnicas descritas são a dacrioplastia com O objectivo deste estudo foi avaliar as indi-
balão3, intubação lacrimonasal 4,5,6,7 e dacrio- cações, resultados e complicações dos doentes
cistorrinostomia 8, sendo a menos agressiva a submetidos a intubação monocanalicular para
intubação canalicular. Nesta última existem tratamento da epífora em idade pediátrica.
dois tipos: a intubação bicanalicular, em que um
tubo de silicone é passado pelos 2 canalículos,
constituindo uma ansa cujas extremidades são Material e Métodos
unidas através de um nó na fossa nasal; e a
intubação monocanalicular em que apenas Foi efectuada uma análise retrospectiva dos
um dos canalículos, habitualmente o inferior, casos em que foi realizada intubação mono-
é intubado, ficando assim o tubo ancorado, canalicular para o tratamento da epífora
através de um colarete, à ampola do canalículo. congénita em idade pediátrica, no período
A extremidade inferior do tubo é cortada à saída compreendido entre Janeiro de 2000 a
do nariz, ficando livre na cavidade nasal 9,10 Dezembro de 2007, no Hospital Maria Pia e
(Figs. 1 e 2). no Hospital Pedro Hispano. Foram incluidos
A intubação monocanalicular apresenta os casos em que a epífora teve início nos
algumas vantagens face à bicanalicular: é menos primeiros 3 meses de vida. Excluiram-se os
traumática para a via lacrimal e mucosa nasal casos de epífora de causa traumática. Todos os
576 OFTALMOLOGIA
Intubação com Monoka no Tratamento da Epífora em Idade Pediátrica
procedimentos foram efectuados com anestesia intubações foram realizadas aos 3,5 e 7 anos,
geral e em regime ambulatório. Após dilatação respectivamente.
do ponto lacrimal, efectuou-se sondagem da Foi necessário realizar a fractura / subluxação
via lacrimal com sonda de Bowman seguida da do corneto inferior em 33,3% (5) dos casos.
passagem do Monoka e ancoragem à ampola do Todas as intervenções foram realizadas com a
canalículo. Fez-se a secção do tubo de forma a presença ou com a disponibilidade imediata de
este permanecer endonasal. Nos casos em que um otorrinolaringologista.
não foi possível recuperar o tubo da fossa nasal A saída do tubo foi programada em 87% dos
devido ao corneto inferior, realizou-se a fractura/ casos, e realizada em consultório, à excepção de
/ subluxação deste. um caso em que a criança apresentava síndrome
de Down, e foi necessário a remoção no bloco
operatório. Em 2 casos (13%) a saída foi aci-
Resultados dental, ocorrendo 1 caso ao fim de 1 mês e
outro ao fim de 3 meses. O tempo de intubação
Foram seleccionadas 15 vias lacrimais de médio foi de 5,2 +-1,86 meses com um mínimo
14 doentes. Em todos os casos foi utilizado o de 1 mês (saída acidental) e um máximo de 8
dispositivo Monoka. 60% dos doentes eram do meses no caso de reconstrução do canto interno
sexo masculino. O parto foi distócico em 26,7% e disgenesia do canalículo.
das crianças e 20% dos casos apresentavam Após retirada do Monoka, 80% (12) das
malformações da via lacrimal (2 casos) ou vias lacrimais, não apresentavam epífora. 7%
síndrome polimalformativo (1 caso de síndrome (1) apresentavam epífora intermitente, e os
de Down). O tempo de seguimento foi superior restantes 2 casos (13%), (um caso de obstrução
a 12 meses em todos os casos. A idade média de do canal lacrimonasal isolado e outro com
introdução do Monoka foi de 2,6 anos, com um obstrução do canal lacrimonasal associado a
mínimo de 12 meses e um máximo de 7 anos. disgenesia do canalículo inferior) mantiveram
66,6% (10) das vias lacrimais foram sondadas epífora, acabando por ser propostos para
previamente à intubação. Destas 60% foram dacriocistorrinostomia (Gráfico 1).
sondadas uma vez e 40% duas vezes. Um destes Como complicações foi registado um caso de
casos apresentava ausência de formação do epistáxis no pós-operatório imediato em que foi
ponto e canalículo inferior, tendo-se intubado o necessário realizar tamponamento nasal. Esta
canalículo superior. A idade média da primeira hemorragia foi atribuída à fractura do corneto
sondagem foi de 16,6 meses e a da segunda inferior. Não se verificou a migração inferior do
sondagem de 18 meses. tubo ou lesões erosivas da córnea.
33,3% (5) das vias lacrimais foram intubadas
em primeira intenção. Duas vias lacrimais, Gráfico 1 – Resultados da intubação com Monoka.
correspondendo ao mesmo doente, foram
intubadas aos 12 meses após se ter verificado
dificil progressão da sonda. Uma via lacrimal
que apresentava mucocelo, aos 17 meses. Os
outros 2 casos apresentavam disgenesia do
canalículo inferior (presumível ausência do
1/3 distal) em que se forçou a entrada para o
saco lacrimal de forma a formar um trajecto e
se intubou para manter a patência da via. Um
destes casos apresentava também distopia do
canto interno, tendo sido feita a reconstrução
em conjunto com a cirurgia plástica. Estas
VOL. 34, OUTUBRO - DEZEMBRO, 2010 577
Gabriel Morgado, Salomé Gonçalves, Paulo Vale, Faria Pires
578 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 579 - 584
Pilomatrixoma Palpebral:
– A propósito de um caso clínico
Sara Vaz-Pereira 1, Joaquim Prates Canelas 2, Irina Alves 3, Maria da Conceição Crujo 4,
M. Monteiro-Grillo 5
1 – Interna do Internato Complementar de Oftalmologia do HSM
2 – Assistente Graduado de Oftalmologia do HSM
3 – Interna do Internato Complementar de Anatomia Patológica do HSM
4 – Assistente Graduada de Anatomia Patológica do HSM
5 – Director do Serviço de Oftalmologia do HSM
Clínica Universitária de Oftalmologia – CHLN - Hospital de Santa Maria, EPE. Director: Prof. Doutor M. Monteiro-Grillo
saravazpereira@gmail.com
RESUMO
ABSTRACT
Introduction and Purpose: Pilomatrixoma, also termed benign calcifying epithelioma
of Malherbe, is a rare benign neoplasm that arises from the matrix cells at the base of
the hair follicle. It usually affects young patients and presents as a subcutaneous red to
blue solitary nodule with a slow growth located in the upper eyelid and eyebrow. The
Trabalho enviado como Poster para o 53.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia.
authors report a case of eyelid pilomatrixoma in a patient in the fifth decade and review
the relevant literature. Material and Methods: Case report. Case report: A healthy
52 year-old woman presented with a rapidly growing painless lesion in the left upper
eyelid margin with one month evolution. Ophthalmic examination revealed a painless,
firm, well-circumscribed nodular reddish blue tumor, measuring 9 mm horizontal and 7
mm vertically with vascular engorgement, located in the middle of the left upper eyelid
margin. The rest of the ophthalmological exploration was normal. Clinically the lesion
was consistent with dermoid or epidermal cyst, chalazion and hemangioma. The neoplasm
was managed by complete excision and the histopathology established the diagnosis
of pilomatrixoma revealing the characteristic basaloid and shadow cells. Conclusions:
Eye pilomatrixoma is a neoplasm with a good prognosis commonly misdiagnosed
preoperatively. Treatment involves complete surgical excision and the definitive diagnosis
is based on the characteristic histological features. The diagnostic inaccuracy and
confusion with basal or squamous cell carcinoma may lead to an unnecessary aggressive
therapeutic procedure.
Key words: Eyelid; Hair follicle tumor; Benign calcifying epithelioma of Malherbe; Pilomatrixoma.
Fig. 3 – Em relação com as células “sombra” (seta a cheio) Fig. 4 – Fotografia da pálpebra superior esquerda uma
observam-se, no estroma, células gigantes multinucleadas semana depois da intervenção cirúrgica, imediatamente
(pontas de seta) do tipo “corpo estranho” (HE, 200x). após remoção dos pontos.
582 OFTALMOLOGIA
Pilomatrixoma Palpebral: – A propósito de um caso clínico
facto de ser erradamente diagnosticado como 15. DOXANAS MT, GREEN WT, ARENTSEN JJ, ELSAS FJ.:
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584 OFTALMOLOGIA
Oftalmologia - Vol. 34: pp. 585 - 588
Complejo Hospitalario Universitario de Vigo (CHUVI), Servicio de Oftalmología. Vigo, Pontevedra. España.
chus.gonbla@gmail.es
RESUMEN
ABSTRACT
Central serous chorioretinopathy and pregnancy
Case Report: Pregnant woman of 37 weeks with low vision and metamorphopsia presents
a central serous chorioretinopathy. It is resolved spontaneously within a few months after
delivery. Discussion: Pregnancy can have important effects on the normal physiology
and pathophysiology of the mother’s eye. The central serous chorioretinopathy is a
retinal pathology associated with pregnancy. Systemic steroid use and pregnancy are the
most important risk factors for central serous chorioretinopathy. The optical coherence
tomography limits the use of invasive techniques in the diagnosis. Its course is usually
self-limiting.
Caso clínico
Fig. 2 – Imagen tomográfica del ojo derecho. Espacio
Gestante de 37 años acude a nuestro servicio hiporreflectante a nivel subretiniano con región más
por presentar visión borrosa y metamorfopsia en reflectante y línea supraadyacente hiperreflectante
correspondiente con el área de exudado fibrinoso
el ojo derecho de una semana de evolución. La
paciente es miope y se encuentra en el octavo
mes de gestación. La exploración oftalmológica
pone de manifiesto una agudeza visual de 2/3 Se decide realizar, con consentimiento previo
en el ojo derecho y 1 en el ojo izquierdo. La de la paciente, una angiografía fluoresceínica
presión intraocular, biomicroscopía y reflejos que revela un punto hiperfluorescente desde la
oculares son normales. La rejilla de Amsler fase arteriovenosa que lentamente va tiñendo el
está alterada en el ojo derecho y a nivel fun- desprendimiento subretiniano (Fig. 3).
doscópico, en ese mismo ojo, se observa un En fases muy tardías se observa una gran
acúmulo de líquido subretiniano con compro- área hiperfluorescente secundaria al acúmulo de
miso de la mácula y con un tamaño superior a 3 colorante en el espacio subretiniano (Fig. 4).
diámetros papilares acompañado de exudación Se establece el diagnóstico de coroiditis cen-
blanquecina subretiniana (Fig. 1). tral serosa asociada a la gestación y se decide
La tomografía de coherencia óptica objetiva establecer una actitud expectante. Tras el parto
un desprendimiento de retina neurosensorial se produce la reabsorción progresiva del líquido
con afectación macular así como una región subretiniano y al cuarto mes del diagnóstico se
más reflectante en el espacio subretiniano resuelve por completo el cuadro retiniano (Figs.
con una línea supraadyacente hiperreflectante 5 y 6) con agudeza visual de la 1 y presentando
correspondiente con la zona del exudado fibri- como secuela residual una ligera metamorfopsia
noso (Fig. 2). y micropsia.
586 OFTALMOLOGIA
Coroidopatía Central Serosa como Complicación de La Gestación
Discusión
La coroidopatía central serosa constituye
una de las posibles alteraciones oftalmológicas
relacionada con la gestación. Suele presentarse
como una patología unilateral y debutar en
el tercer trimestre del embarazo 1. No asocia
enfermedades oculares previas salvo errores
refractivos ni se relaciona con otras patologías
frecuentes de la gestación como la pre-
-eclampsia o eclampsia. El 90% de los casos de
coroidopatía central serosa asociada al embarazo
Fig. 4 – Fase angiográfica tardía. Gran área hiperfluo-
rescente secundaria al ácumulo de colorante en el espacio presenta el exudado blanquecino subretiniano 4
subretiniano. que se comporta como material hiperreflectante
en la tomografía de coherencia óptica. Este
hecho contrasta con las coroidopatías centrales
serosas en el contexto de otras situaciones
diferentes a la gestación en las que el exudado
subretiniano de fibrina está presenta solo en el
10% de los pacientes siendo la causa de esta
diferencia desconocida.
La fluoresceína sódica es una molécula
hidrosoluble que atraviesa la barrera pla-
centaria y, por ello, la realización de la angio-
grafía fluoresceínica en mujeres gestantes es
controvertida. Desde la década de los 70 es
conocido la no teratogenicidad de la fluores-
ceína en animales de experimentación 5 pero
al tratarse de un estudio invasivo no exento
de complicaciones sistémicas está indicada
Fig. 5 – Aspecto del fondo de ojo 4 meses después del
parto. Reabsorción completa del desprendimiento neuro- exclusivamente cuando el beneficio potencial de
sensorial y desaparición del exudado subretiniano. la prueba es superior al riesgo de utilización y,
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588 OFTALMOLOGIA
Normas
4. Texto: Recomenda-se que o texto tenha 6.1. Regras específicas de citação biblio-
as seguintes secções separadas: Introdução, gráfica
Material e Métodos, Resultados e Discussão; Para livro – devem ser indicados sucessiva-
poderá ser necessário fazer adaptação a circuns- mente
tâncias particulares, como por exemplo no caso 1. Nome(s) do(s) autor(es) ou editor(es) ou
de se tratar de um caso clínico. Da Introdução organizador(es) ou instituição respon-
deverão fazer parte a natureza do trabalho, os sável. Se forem menos de 6 autores devem
conhecimentos existentes e a finalidade que se figurar os nomes de todos; se forem 7 ou
pretende atingir. Deve-se evitar extensa revisão mais, indicam-se os 6 primeiros, seguidos
da literatura. Quanto ao Material, será aquele por “et al.”. Para cada autor indica-se
sobre o qual as observações ou os estudos o seu último nome seguido por um espaço
foram realizados; nos Métodos de investigação e as iniciais dos restantes nomes (sem
serão mencionadas de forma sucinta todas as espaço ou pontuação entre elas); os nomes
informações relativas a técnicas usadas, métodos dos autores são separados por vírgula e
estatísticos ou outros necessários e suficientes espaço e após o último há um ponto final
para que as observações possam ser repetidas e espaço. No caso de ser/em editor(es),
e os resultados devidamente apreciados. Nos após o nome do último escrever “edi-
Resultados, quando se justificar, será necessária tor(es)”, em minúsculas e por extenso.
uma análise estatística. A Discussão será (Exemplo - Smith AK, Jones BC, editores.)
baseada directamente na contribuição do(s) 2. Título (e subtítulo se existente) do livro;
autor(es), enquadrando os resultados de acordo só é escrita com maiúscula a primeira
com os trabalhos e investigação anteriormente palavra; termina com ponto final e espaço.
existentes. Hipóteses não justificadas deverão 3. No caso de não se tratar da primeira
evitar-se. Quando for o caso, num último edição, indicar o seu número e abreviar
parágrafo da discussão serão apresentadas as a palavra “edição” para “ed.” seguida por
conclusões. O autor deverá indicar no texto, um espaço.
no local apropriado, em numeração árabe 4. Local de publicação – se a Editora se
e em superscript, as citações bibliográficas
localizar em vários locais indicar só o pri-
que fizer. Quando no mesmo local existirem
meiro; se o local for pouco conhecido
referências múltiplas elas devem ser separadas
acrescentar, após vírgula e espaço, o nome
por vírgulas se os números forem descontínuos,
do país. Termina com dois pontos e espaço.
ou por hífen se forem contínuos. É da exclusiva
5. Editora – deve ser indicado o nome
responsabilidade do(s) autor(es) a verificação da
completo, seguido por ponto e espaço
exactidão das referências bibliográficas e da sua
(exemplo: Williams & Wilkins. )
colocação no texto. Exemplos: «Conforme foi
já esclarecido 3-6,9,13» ou «como querem Pinto e 6. Ano de publicação; no caso de se segui-
Vaz, 1998 2» ou «Shikano et al., 2004 5», quando rem os números das páginas, é seguido
forem mais de dois autores. por um ponto e um espaço.
7. Números das páginas, são precedidos por
5. Agradecimentos: Tanto a pessoas, como “p. ”
a entidades, quando tal for justificado. 8. Se se tratar de uma série, indicar entre
parentesis o nome da série, seguido por
6. Bibliografia: De modo geral segue-se o ponto e vírgula, “vol” e o número do
sistema de Vancouver, com a diferença principal volume [Exemplo - (Annals of the New
de que a lista das referências bibliográficas deve York Academy of Sciences; vol 288) ]
ser alfabetada e subsequentemente numerada.
Se houver mais de uma referência do mesmo Exemplos:
autor serão indicadas em primeiro lugar aquelas
em que o autor aparece isolado e só depois Trelease SF. How to write scientific and
aquelas em que há mais de um autor; em ambos technical papers. Baltimore: Williams &
os casos a ordenação será cronológica. Wilkins. 1966. p. 92
590 OFTALMOLOGIA
Normas
Lodish H, Baltimore D, Berk A, Zipursky SL, Clinical Neurophysiology. 15-19 Out 1995,
Matsudaira P, Darnell J. Molecular cell biology. Kyoto, Japão. Amsterdam: Elsevier. 1996
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Fauci AS, Braunwald E, Isselbacher KJ, of data protection, privacy and security in
Wilson JD, Martin JB, Kasper DL, et al., medical informatics. In: Lun KC, Degoulet P,
editores. Harrison’s principles of internal Piemme TE, Reinhoff O, editors. MEDINFO
medicine. 14.ª ed. New York: McGraw Hill, 92. Proceedings of the 7.º World Congress on
Health Professions Division. 1998 Medical Informatics. 6-10 Set 1992, Genebra,
Stedman’s medical dictionary. 26.ª ed. Suissa. Amsterdam: North-Holland. 1992. p.
Baltimore: Williams & Wilkins. 1995. Apraxia; 1561-1565
p. 119-120
(No caso de dicionário ou obra de referência Para artigo – devem ser indicados sucessiva-
análoga incluir a referência procurada, neste mente
caso “Apraxia”, entre o ano e as páginas)
1. Nome(s) do(s) autor(es) – de acordo com
Para capítulo de livro – as regras gerais as mesmas regras que para livro. Se o
são as mesmas que para o livro. A ordem das autor for desconhecido, o título passa a
entradas é: nome(s) do(s) autor(s), título do ser o primeiro elemento da referência. No
capítulo, nome dos organizadores do livro caso dos editoriais, se ele for assinado são
precedido de “In:” e seguido de “editor(es)”, as regras usuais; se não estiver assinado,
título do livro, número da edição, cidade, acrescentar “(editorial)” a seguir ao título.
editora, ano e página. 2. Título (e subtítulo se existente) do artigo
na língua original – de acordo com as
Exemplos: mesmas regras que para livro. Quando
a língua original não for comum (por
Porter RJ, Meldrum BS. Antiepileptic exemplo: checo, russo, japonês), no fim
drugs. In: Katzung BG, editor. Basic and cli- da referência bibliográfica acrescentar a
nical pharmacology. 6.ª ed. Norwalk, U.S.A.: tradução do título, entre parentesis.
Appleton and Lange. 1995. p. 361-380 3. Título da revista – abreviado de acordo
Bennett GL, Horuk R. Iodination of com o estilo da Medline e sem “ponto”
chemokines for use in receptor binding analysis. nas abreviaturas. A lista de abreviaturas
In: Horuk R, editor. Chemokine receptors. pode ser consultada em http://www.nlm.
New York: Academic Press. 1997. p. 134-148. nih.gov.
(Methods in enzymology; vol 288) 4. Ano de publicação, seguido por ponto
Kaufman HE. Topical corticosteroids: dose- e vírgula, quando a numeração das
-response relationships. In: Leopold IH (editor). páginas for contínua ao longo do volume.
Symposium on Ocular Therapy, vol. 2. 2.ª ed. Se a numeração for descontínua (por
Saint Louis: C V Mosby Company. 1968. p. exemplo, iniciando-se a partir de 1 em
106-109 cada número da revista) a seguir ao ano
Conferências e congressos – os “Proceedings” pode ser necessário acrescentar o mês
de conferências ou análogos são tratados (abreviatura de 3 letras) e data para
como os livros, acrescentando a informação correcta identificação; deixar um espaço
relativa à conferência a seguir ao seu nome; as entre ano, mês e dia e terminar com ponto
apresentações individuais figuram como no caso e vírgula.
de capítulos de livro. 5. Volume (no caso de numeração descon-
tínua das páginas é seguido pelo número
Exemplos: da revista, entre parentesis); termina com
dois pontos e espaço.
Kimura J, Shibasaki H, editores. Recent 6. Número das páginas – número da primeira
advances in clinical neurophysiology. Proceedings e da última página, por inteiro, separadas
of the 10.ª International Congress of EMG and por hífen.
VOL. 31, OUTUBRO - DEZEMBRO, 2007 591
Normas
Exemplos: Exemplos:
Revista na Internet – análogo à revista The Oxford english dictionary (livro em CD-
impressa, com as adaptações necessárias à -ROM). 2.ª ed. New York: Oxford University
diferença de meio. Assim, acrescentar a seguir Press. 1992
ao nome da revista “(revista online)”; a seguir
Revista em CD-ROM – idêntico ao formato
ao ano pode ser ou não necessária a indicação
adoptado para a revista impressa, apenas
do mês; situação análoga para o número da
acrescentando “(revista em CD-ROM)” após o
revista, que deve figurar dentro de parentesis
nome da revista.
curvo; segue-se o número das páginas, que
pode ser substituído pelo número de ecrans, Exemplo:
figurando este número dentro de parentesis
recto; no final fica “Disponível em: ” seguido Gershon ES. Antisocial behavior. Arch Gen
pelo endereço electrónico e após ponto final Psychiatry (revista em CD-ROM). 1995; 52:
“Acedido em “ e a data completa do acesso. 900-901
592 OFTALMOLOGIA
Normas