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Glossário de Psicopedagogia

Organização: GP-Tekoa (Grupo de Pesquisas do Tekoa)


Direção: Maria Luiza Oliveira Castro de Leão
Coordenação: Juliana Borges e Gisele Holanda Noel

O presente glossário é uma iniciativa do GP-Tekoa, grupo de pesquisa que em seus encontros de
estudos sistemáticos, ocorridos a partir de 2014, sentiu a necessidade de reunir as definições de
conceitos utilizados no campo da psicopedagogia, uma área de estudos relativamente nova,
sobretudo no que diz respeito a uma investigação teórica própria desse campo.

De acordo com o dicionário Larousse, o termo glossário significa: “compilação de palavras de


sentido obscuro; comentário; conjunto do significado de termos de uma área do conhecimento;
vocabulário; pequeno léxico colocado ao fim de uma obra para esclarecer termos pouco
conhecidos; vocabulário”.

Os glossários especializados passaram a fazer parte da rotina dos alunos da Formação em


Psicopedagogia da instituição, quando Maria Luiza Leão, diretora do Centro, sugeria que se
reunisse os termos centrais relacionados à psicopedagogia à partir das elaborações teóricas dos
cursos. O GP-Tekoa tomou a resolução de organizar, numa totalidade coerente, os fragmentos
de glossários produzidos desde 2006. Assim, estamos disponibilizando ao público um glossário
especializado, através da nossa plataforma on-line Akadémia, encarregada da difusão do
pensamento teórico-prático da instituição.

Além do glossário especializado da área da psicopedagogia. Oferecemos também, glossários


anexos onde poderão ser encontrados conceitos de outras disciplinas (psicologia cognitiva,
psicanálise, psicologia social) que contribuem para o corpo de conhecimentos relativos à
psicopedagogia.

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O GP-Tekoa, estruturado enquanto tal, surgiu em 2014, para investigar, de maneira sistemática,
estudos e projetos nas linhas de pesquisa da instituição: 1. A Noologia Estruturalista: um
postulado teórico para o campo da psicopedagogia; 2. Roda de Conversa Operativa: uma técnica
de intervenção psicopedagógica comunitária.

Formado por especialistas em psicopedagogia, o GP-Tekoa conta com a colaboração científica


de Sara Pain, Gérard Vergnaud e Sandra Bruno (França), Maria Apparecida Mamede Neves (PUC-
Rio) e Maria Cecília Almeida e Silva (Pró-Saber- RJ).

São os pesquisadores efetivos do grupo: Alba Weiss (em 2014), Maria Luiza oliveira Castro de
Leão (desde 2014), Juliana Borges (desde 2014), Marlene Dias (desde 2015) e Gisele Noel (desde
2015).

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Índice

1. Conceitos da Psicopedagogia (p. 5)


- CONTAMINAÇÃO DRAMÁTICA
- ENQUADRAMENTO
- EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE
- EU COGNOSCENTE
- HERMENÊUTICA / HERMENÊUTICA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO e HERMENÊUTICA
PSICOPEDAGÓGICA
- MEMBRANA ISOLANTE (Sara) – IGNORÂNCIA como MEMBRANA ISOLANTE
- NOOLOGIA ESTRUTURALISTA
- OBSTÁCULO
- PROCESSO
- PSICOPEDAGOGIA
- REGRESSÃO INSTRUMENTAL
- RODA DE CONVERSA OPERATIVA
- SER COGNOSCENTE

Anexo I - Conceitos da Psicanálise (p. 16)


- CONTRA-TRANSFERÊNCIA
- INTROJEÇÃO
- PROJEÇÃO:
- REGRESSÃO
- SIGNIFICANTE
- TRANSFERÊNCIA

Anexo II - Conceitos da Psicologia Cognitiva (p. 18)


- AÇÃO
- ACOMODAÇÃO
- ADAPTAÇÃO
- ANIMISMO INFANTIL
- ASSIMILAÇÃO
- ASSIMILAÇÃO RECÍPROCA
- CIRCULARIDADE
- COMPENSAÇÃO
- CONHECIMENTO
- DESENVOLVIMENTO
- EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
- EGOCENTRISMO
- EQUILÍBRIO
- EQUILIBRAÇÃO
- EQUILIBRAÇÃO PROGRESSIVA

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- EQUILIBRAÇÃO MAJORANTE
- ESQUEMA
- ESTRUTURA
- ESTRUTURAS VARIÁVEIS
- GÊNESE
- INIBIÇÃO
- INTELIGÊNCIA
- JOGO SIMBÓLICO
- MÉTODO CLÍNICO
- NECESSIDADE
- OPERAÇÃO
- PERMANÊNCIA DO OBJETO
- PERTURBAÇÃO
- PROJEÇÃO
- REAÇÃO CIRCULAR SECUNDÁRIA
- REFLEXO
- REGULAÇÃO
- REVERSIBILIDADE
- SISTEMAS COGNITIVOS
- SUJEITO EPISTÊMICO
- TOMADA DE CONSCIÊNCIA

Anexo III - Conceitos da Psicologia Social de Pichon-Rivière (p. 31)


- CONE INVERTIDO
- ECRO – Esquema Conceitual Referencial Operativo:
- GRUPO OPERATIVO

Referência bibliográfica (p. 33)

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1. Conceitos da Psicopedagogia

CONTAMINAÇÃO DRAMÁTICA: para a psicopedagogia, na vertente da noologia estruturalista, o


conceito de contaminação dramática refere-se normalmente ao sintoma de aprendizagem, no
sentido da perversão de função do registro lógico-conceitual. Isto é, a operação lógica-
conceitual do pensamento no ato de conhecer é utilizada para falar do registro simbólico-
desiderativo, revestindo-se então de uma qualidade de operação dramática, cuja função é
comunicar algo do sujeito do desejo e não do sujeito da lógica. A contaminação dramática não
precisa necessariamente se constituir de um sintoma, pode também ocorrer num momento de
engano, erro e /ou num momento de desestabilização cognitiva que exige uma transformação
do sistema cognitivo. Esse momento, que pode ser passageiro ou mais demorado dependendo
do grau de transformação requerido pelo sistema cognitivo e do investimento nela empenhado.
(Maria Luiza Leão, 2016)

ENQUADRAMENTO: 1é o “esquema”, “conceitual” e “referencial” com que vou “operar”. Estes


quatro termos integrados configuram uma ideia cunhada por Pichon Rivière, que a sintetiza em
suas íntimas relações pela sigla “E.C.R.O”. Quanto a esta ideia, poder-se-ia dizer que é o
esqueleto de conceitos formados a partir de todas as experiências vitais profissionais e não-
profissionais que servirão de referências ou ponto de compreensão e apoio para operar sobre a
realidade. (VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. Tradução de
Ana Lucia E. dos Santos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987, p.19). / 2Na abordagem clínica;
recorte conceitual com a finalidade de conhecer a realidade dentro de situações controladas. O
ENQUADRAMENTO é um conceito utilizado por Pichon Rivière, criador da técnica de Grupos
Operativos. ENQUADRAR significa a possibilidade de pensar / sentir / agir um contrato, de
organizar um combinado, para podermos ter claro quando é possível cumpri-lo ou não. Também
é importante para podermos avaliar o porquê das possibilidades e das impossibilidades. Algumas
CONSTANTES DO ENQUADRAMENTO psicopedagógico clínico propostas pelo professor Jorge
Visca são: Tempo / lugar/ frequência / duração / caixa de trabalho / duração / interrupções
combinada / honorários. Segundo Visca, o enquadramento faz permanecerem constantes alguns
elementos para que outros possam movimentar--se e serem percebidos a partir de uma
referência. Assim podemos ter um controle dos processos de aprendizagem na clínica. O
professor sugere trabalhar nas constantes do enquadramento de modo que o movimento do
aprendiz, em relação a estas constantes, possa ser observado para que o terapeuta possa ter
parâmetros de ação. (LEÃO, Maria Luiza de Oliveira Castro de. O pensamento teórico do Tekoa
- a turbulência no campo da psicologia; a noologia estruturalista; as ciências
experimentais: uma pedagogia da turbulência. Rio de Janeiro: Publit, 2013).

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EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE: uma conceituação da aprendizagem e suas dificuldades em
função da integração – por assimilação recíproca – das contribuições das escolas psicanalítica,
piagetiana e da psicologia social de Enrique Pichon Rivière. (VISCA, Jorge. Clínica
psicopedagógica: epistemologia convergente. Tradução de Ana Lucia E. dos Santos. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1987, p.7).

EU COGNOSCENTE: "Esse eu é o intermediário entre o desejo e a razão. Constituído basicamente


por processos psíquicos secundários, funciona regido pelo princípio da realidade que permite
perceber a possibilidade ou não da satisfação do desejo. Por outro lado, sua função
organizadora implica capacidade de síntese e elaborações simbólicas" (p.49) "É o eu cognoscente
que permite ao sujeito cognoscente tomar-se a si próprio e assim construir e manter sua
autonomia. A construção do eu cognoscente tem como pano de fundo a gênese das
estruturações cognitivas do ser pluridimensional (implicando, pois, a articulação entre as suas
dimensões) e, como elementos necessários dessa construção, a linguagem e os movimentos
simultâneos que constroem a autonomia do eu cognoscente." (p.50) (...) "É na própria
articulação entre suas dimensões e pela sua ação sobre o objeto que esse sujeito constrói um
núcleo organizador autônomo, criativo e transformador - o eu cognoscente. A construção desse
núcleo organizador tem como elementos necessários a linguagem e os movimentos simultâneos
que caracterizam as vias de desenvolvimento deste eu. Assim, a psicopedagogia, tendo por
objetivo, em sua definição complementar, facilitar a construção do eu cognoscente, situa no
sujeito a indagação psicopedagógica, mudando o enfoque em relação à definição preliminar
que, tendo como objetivo facilitar o processo de construção do conhecimento, sita sua
indagação no processo." (p.68) (SILVA, Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia: a busca de
uma fundamentação teórica. 2a ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010).

HERMENÊUTICA / HERMENÊUTICA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO e HERMENÊUTICA


PSICOPEDAGÓGICA: Na análise de conteúdo: "A hermenêutica, arte de interpretar os textos
sagrados ou misteriosos, é uma prática muito antiga. O que é possível de interpretação?
Mensagens obscuras que exigem uma interpretação, mensagens com um duplo sentido cuja
significação profunda (...) só pode surgir depois de uma observação cuidadosa (...) por trás do
discurso aparente, geralmente simbólico e polissêmico esconde-se um sentido que convém
desvendar”Bardin (p.14).A hermenêutica na psicopedagogia compartilha de alguns princípios da
hermenêutica usada na análise de conteúdo de Laurence Bardin. Tal qual a análise
psicopedagógica: “A análise de conteúdo (...) é uma hermenêutica controlada, baseada na
dedução: a inferência. Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre

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dois pólos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade”. “Tarefa paciente
de “desocultação”, responde a esta atitude de voyeur (...), justifica sua preocupação (...) de rigor
científico. Analisar essa dupla leitura onde uma segunda leitura substitui a “normal” do
leigo”(p.9). (BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011).
Significado e origem da palavra hermenêutica: 1“Na filosofia, hermenêutica é a ciência que
estudaa arte e a teoria da interpretação e surgiu na Grécia antiga”.
https://www.significados.com.br/hermeneutica/ 2O termo "hermenêutica" remete ao deus grego
Hermes, o mensageiro dos deuses, aquele que traz notícias. O hermeneuta seria aquele que
tanto transmite quanto interpreta uma mensagem, (...). Por conseguinte, hermenêutica seria a
arte de interpretar o sentido da palavra (...). http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/
hermeneutica-a-arte-de-interpretar-o-sentido-da-palavra-do-autor.htm/ 3“Os gregos atribuíam ao
deus-mensageiro-alado Hermes a descoberta da linguagem e da escrita, sendo estas as
ferramentas para a compreensão humana, que as utiliza para chegar ao significado das coisas e
para transmiti-lo aos outros. Logo, “hermenêutica”, a partir da sua raiz mais antiga, sugere o
processo de ser tornado compreensível, ser interpretado (...) “A tarefa da interpretação deverá
ser tornar algo que é pouco familiar, distante e obscuro,em algo real, próximo e inteligível” (Das
Verstehen, in HEIDEGGER, 2012). http://www.infoescola.com/filosofia/origens-da-hermeneutica/
Uma hermenêutica psicopedagógica: “Há seis definições modernas de hermenêutica, nós
buscamos a psicológica, para entender o psiquismo no ato de aprender, nesse sentido, podemos
dizer que a noologia estruturalista é uma ferramenta teórica para uma hermenêutica
psicopedagógica, isto é, oferece fundamentos para se decifrar o pensamento no ato de aprender
e não aprender. Hermenêutica que se serve de uma dupla leitura para interpretar as articulações
entre as operações lógicas com as operações dramáticas (nas condutas, nas temáticas, no
produtos-desenhos, cálculos, escritas do aprendiz), especialmente quando esta articulação do
registro simbólico com o lógico está na raiz da produção de sintomas de aprendizagem.” (Maria
Luiza Leão, 2016).

MEMBRANA ISOLANTE (Sara) - IGNORÂNCIA como MEMBRANA ISOLANTE: em seu livro a


Função da ignorância (1999), Sara Pain diz: “Incluindo a estrutura lógica no domínio do
inconsciente, o problema diz respeito às suas relações com a estrutura simbólica. Perguntamo-
nos se há, entre os dois domínios, uma ligação de complementaridade funcional, ou ao
contrário, uma cisão radical referente tanto a sua estrutura quanto as suas respectivas funções”
(p.21) “A ignorância, cuja função principal é de servir de membrana isolante entre a objetividade
e a subjetividade, é um órgão fundamental do inconsciente. (...) mantendo cada estrutura no
desconhecimento da outra, a ignorância assegura a pertinência concomitante dos discursos
sobre o universo da determinação e o universo do arbitrário. Toda a patologia do pensamento

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pode, então, ser redefinida a partir do funcionamento da ignorância.” (LEÃO, Maria Luiza de
Oliveira Castro de. O pensamento teórico do Tekoa - a turbulência no campo da psicologia;
a noologia estruturalista; as ciências experimentais: uma pedagogia da turbulência. Rio de
Janeiro: Publit, 2013, p.21-22).

NOOLOGIA ESTRUTURALISTA: proposta teórica para o campo da psicopedagogia, área de


estudo dos fenômenos da aprendizagem humana, focada no estudo do pensamento no ato de
aprender, conhecer e conceituar, desenvolvido por Maria Luiza Leão, uma vez que a
aprendizagem humana, sendo uma instância complexa que não pode explicar, configura-se
numa instância que precisa e pode ser explicada pelo pensamento subjacente ao ato de
conhecer. O pensamento no ato de conhecer e ignorar é considerado aqui um sistema, levando-
se em consideração a sua totalidade, suas leis de composição, de transformação e de auto-
regulação, composto pela confederação de dois subsistemas: o sistema lógico-conceitual (a
estrutura cognitiva de Piaget) e o sistema desiderativo (proposto pela psicanálise), cada qual
possuindo seus procedimentos e objetos próprios. O cerne da investigação dessa Noologia
consiste no estudo da articulação inter-estrutural possível entre esses dois sistemas, considerados
pela autora, as “psicologias” mais ricas propostas no século XX, no que diz respeito ao estudo
do sujeito e do seu pensamento. (Maria Luiza Leão, 2016)

OBSTÁCULO: é uma forma de reação que pode apresentar-se como formas permanentes ou
transitórias, e também como momentos frente a cada nova aprendizagem. (p.51/52) (VISCA,
Jorge. Psicopedagogia: novas contribuições. Organização e tradução. Andrea Morais e Maria
Isabel Guimarães. RJ: Nova Fronteira, 1991).

PROCESSO: é o transcurso do que vai sucedendo e é uma característica de toda coisa de estar a
cada instante de uma forma distinta à anterior. Processo é sinônimo de devenir, que significa o
movimento pelo qual as coisas se transformam. (VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica:
epistemologia convergente. Tradução de Ana Lucia E. dos Santos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1987, p.87.).

PSICOPEDAGOGIA: “A psicopedagogia é um campo do conhecimento que tem por objeto o ser


cognoscente e por objetivo fundamental facilitar a construção da individuação e da autonomia
do eu cognoscente identificando e clarificando os obstáculos que impedem que esta construção
se faça”. (SILVA, Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação
teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998).

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REGRESSÃO INSTRUMENTAL: Jorge Visca aborda o conceito de regressão- instrumental em sua
[1]
obra Clínica Psicopedagógica-Epistemologia Convergente (1987) quando, ao falar do
prognóstico, descreve os materiais que deveriam compor a caixa de trabalho: “O prognóstico,
enquanto hipótese sobre o estado ou estados futuros (...) os prováveis estados futuros servem
para dispor antecipadamente dos materiais que se poderiam usar, pelo menos em um futuro
relativamente próximo. Mais ainda, na caixa de trabalho devem-se incluir não só materiais que
correspondam ao estado atual e o futuro, mas também a níveis superados, pois servirão de
ponto de apoio em uma “regressão-instrumental” para retomar o caminho que segue em
frente” (p.32).Quando se fala em instrumental, vem em nossa mente a ideia de apoio e de
técnica. No âmbito da psicopedagogia, tanto no sentido preventivo, quanto terapêutico, uma
regressão instrumental, ocorreria quando um aprendiz retorna a esquemas, relativos a uma
determinada estrutura cognitiva, de nível anterior à sua atual ou a conceitos mais primitivos,
para poder seguir avante em sua aprendizagem. No caso, seria um pensamento no ato de
aprender recuando cognitivamente para poder, posteriormente, avançar.Um bom aprendiz, do
ponto de vista da psicopedagogia em geral e da Noologia estruturalista, em particular, é aquele
sujeito aprendente que demonstra flexibilidade no funcionamento do seu pensamento para se
organizar, mais ou menos rapidamente - dependendo da urgência-, a fim de responder a um
estímulo, a uma perturbação ou a uma demanda (externa ou interna). Tal organização
responsiva, pode exigir tanto um nível mais complexo de competência e funcionamento das
estruturas cognitivas e de aprendizagem (incluindo conceitos), quanto pode demandar níveis
mais primitivos de pensamento e conduta. Nessas respostas de cognição, abordamos a dupla
vertente do pensamento (do ponto de vista da noologia estruturalista) e podemos observar
tanto o sistema cognitivo como o sistema desiderativo em funcionamento e em articulação (de
contato nulo, de contato de transformação ou de contato sintomático).Quando Freud aborda o
conceito de regressão ele fala em um retorno, num sentido libidinal, a posições mais primitivas e
mais infantis de organização.Mas podemos considerar isso também num âmbito cognitivo, no
que se refere às etapas propostas por Piaget, isto é, o sujeito cognoscente pode funcionar com
esquemas de estágios mais primitivos de “inteligência” diante de uma demanda em que um
esquema mais evoluído, já adquirido, poderia ser acionado para resolver uma demanda externa,
mesmo se a situação exija uma transformação dos esquemas conquistados, isto é, exija uma
acomodação, seguida de nova assimilação.Do nosso ponto de vista, a regressão instrumental se
dá, em geral, num momento em que é requisitado do aprendente um avanço, e por
consequência, uma transformação do pensamento, dos conhecimentos, isto é, do sistema
cognitivo tomado em sua dupla vertente, lógica e dramática. A regressão instrumental ocorre
comumente quando o sujeito no ato de conhecer, de aprender, necessita modificar,
complexificar algum aspecto estrutural de seu aparelho de pensar porque sua organização

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contemporânea à perturbação externa não dá conta para se equilibrar diante dela (a assimilação
repetitiva não resolve a demanda). Esse processo se refere tanto a adaptação (acomodação) de
esquemas cognitivos, adaptação de condutas, como ainda, poderíamos dizer, de organizações
de caráter mais ligados à esfera do desejo, se pudermos considerar aí a proposta de uma
psicanálise evolutiva, que aponta para etapas e evoluções libidinais.A regressão instrumental, no
âmbito da noologia estruturalista, é considerada como um conceito operacional, fruto de
constatações empíricas, advindas tanto da clínica psicopedagógica quanto dos processos ditos
“normais” de aprendizagem, isto é, a regressão cognitiva não se traduz quotidianamente por ser
um sintoma e sim integra os fenômenos dos processos de aprendizagem de um modo lato.
Notamos que é frequente que o aprendiz, diante de uma novidade que lhe é difícil de ser
assimilada, atue em regressão instrumental, dependendo de como esse indivíduo tenda a se
conduzir diante da desordem e da turbulência cognitiva.Podemos distinguir dois tipos de
regressão: ainstrumental e a patogênica. A regressão dita instrumental seria aquela que, mesmo
quando ocorre na clínica psicopedagógica, não é patogênica em si (não se traduz por um
sintoma), uma vez que ela pode ocorrer num momento de transformação clínica e se constituir
num recurso de tratamento. Em Freud, e na psicanálise em geral, a regressão é tomada no
sentido de uma patogenia, isto é, ela significa um retorno e uma parada. Para haver regressão o
sujeito necessariamente se desenvolveu, ele estava em processo de construção ou já usava
habitualmente um acervo de condutas desenvolvidas, mais ou menos complexas, instaladas que
podem ser acionadas diante de determinadas demandas. Para haver regressão necessariamente
tem que haver involução. Para se constituir numa regressão, de qualquer tipo, é condição então
que o indivíduo já tenha atingido um grau de desenvolvimento; e para se caracterizar como
regressão patogênica o sujeito, tem que ter seu pensamento, sua conduta, cristalizados em um
nível anterior ao patamar do desenvolvimento alcançado, ficando, o pensamento, de certo
modo, “refém” desse nível. Nesse caso, o funcionamento estrutural, isto é, os pensamentos no
ato e as condutas decorrentes se passam numa fase anterior da real capacidade do sujeito,
lentificando ou bloqueando, dessa maneira, sua evolução mental e comportamental. O sujeito
demonstra dificuldade de sair (desse tempo- espaço de retorno) e de se mover para frente (no
tempo e no espaço).Já a regressão instrumental faz parte integrante da evolução mental e
comportamental constituindo-se num dos fenômenos, que podem ocorrer, nos processos de
transformação do sistema cognitivo. Notamos, em nossas experiências de aprendizagem que o
desenvolvimento cognitivo não acontece num movimento linear, mas sim (como bem diz Pichon-
Rivière) num movimento de espiral ascendente, no qual os retornos, “visitas” a momentos,
conceitos, condutas, mais primitivos são pertinentes e podem ser prova de flexibilidade de
pensamento. Diante do desconhecido, do novo, o sujeito pode precisar, uns mais, outros menos,
retornar ao um patamar conhecido, seguro, para daí dar “um salto” rumo ao desconhecido,

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ameaçador. Diante da novidade o aprendiz passa frequentemente pelas angústias inerentes ao
aprender (a de confusão- cunhada por Jorge Visca e as de ataque e de perda-abordadas por
Rivière). “(...) o livre jogo de superação das ansiedades claustrofóbicas e agorafóbicas caracteriza
o progresso real do aprendizado”. “Por isso, dizemos que para dar um passo à frente é
necessário abandonar as relações objetais anteriores, romper um círculo interno de tipo arcaico
primitivo e ousar enfrentar o espaço aberto, agorafóbico, onde o perseguidor está localizado”
(Pichon Rivière. 1982).[2]Quanto à evolução cognitiva, devemos lembrar que a noologia
estruturalista postula o pensamento com uma estrutura estruturante, a moda de Piaget,
abordando-se inevitavelmente a questão do desenvolvimento, que implica em construções que
se dão através de desequilíbrios, autoregulações, reequilibrações, transformações internas....
Construções que engendram uma complexificação estrutural crescente, mas que pressupõe a
permanência de estruturas, esquemas e conceitos “menos evoluídos” no seio do sistema
cognitivo e, desse modo, mantendo a possibilidade de se atuar em todos os níveis, do mais
primitivo ao mais avançado. Um bom aprendiz seria aquele que possui flexibilidade vertical: usar
esquemas mais simples ou mais complexos de acordo com a demanda de adaptação e que
possui uma flexibilidade de qualidade horizontal: poder mudar de conteúdos e esquemas, em
termos qualitativos, também dependendo da demanda de adaptação. Lembrando que a função
da aprendizagem é permitir uma sobrevivência do indivíduo em seu grupo, comunidade,
sociedade, mundo.” Maria Luiza Leão
[1]
VISCA, Jorge. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. Tradução de Ana Lucia
E. dos Santos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
[2]
RIVIÈRE-PICHON, Enrique. Teoria do vínculo. 1ª edição. Seleção e organização: Fernando
Taragano. Tradução: Eliane Toscano Zamikhouwsky. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

RODA DE CONVERSA OPERATIVA: a Roda de Conversa Operativa constitui-se de uma técnica de


intervenção psicopedagógica comunitária que tem como objetivo fazer circular os
conhecimentos e saberes, intergeracionalmente e intercomunitariamente, de uma dada
coletividade. Essa técnica foi elaborada em um estudo de pós-doutorado de Maria Luiza Leão
(UFF- RJ), sob direção de Lygia Segalla e tem sido aplicada em projetos de aprendizagem e de
troca de saberes para diversos tipos de comunidades. Inspirada na técnica de grupos operativos
de Pichon Rivière, a roda de conversa operativa propõe algumas adaptações em relação a
algumas variáveis do grupo operativo, gerando um dinâmica grupal semelhante e diversa do
grupo operativo tradicional. As constantes de espaço e de tempo sofrem transformações e se
ajustam a cada projeto em que as rodas operativas são aplicadas, conduzindo a uma frequência
que pode variar por exemplo, de uma roda por mês, ou de uma por bimestre, ou por de uma por
semestre...O local da roda de conversa operativa pode ficar fixo por um tempo, mas pode variar

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de acordo com o tipo de roda em curso ou de acordo com a demanda da comunidade. O grupo
que representa a comunidade deixa de ser fixo, isto é, constitui-se num grupo aberto a uma
coletividade e, seus participantes podem variar, porém, em suas diferentes configurações, os
grupos permanecem representando sua comunidade.As rodas de conversa operativa podem ser
de diferentes tipos. Já foram criadas as roda de conversa de narrativa, a operacional, a de
espelho, a de performance e as de aprendizagem strictu sensu (ou rodas de transmissão).
Qualquer tipo de roda operativa, pretende propiciar um empoderamento das comunidades,
constituindo-se de um canal para que as pessoas se percebam como pertencentes a uma dada
coletividade, capazes de fazer circular conhecimentos, questões e tarefas de interesse daquele
grupo.A roda de conversa operativa conta necessariamente, em seu corpo técnico, com um
coordenador operativo da roda e com um coordenador auxiliar e, dependendo do projeto e do
tipo de roda de conversa, pode ainda serem incluídos: um coordenador geralda roda, um
condutor de conteúdo específico, agentes polinizadores (participantes da geração mais nova) e
relatores (anotadores). Assim como o grupo operativo, o coordenador operativo da roda de
conversa procura esclarecer as tarefas de aprendizagem que o grupo se atribui, no caso das
rodas operativas, em nome de uma comunidade, observando o conteúdo explícito e o conteúdo
implícito (latente) relacionados a tarefa em curso. As rodas de conversa operativa de
aprendizagem strictu sensu (de transmissão) propiciam registros escritos: o registro bruto (do
discurso e da dinâmica do grupo), o registro de análise psicopedagógica e o registro de retorno
(discurso produzido na roda, devolvido a membros representantes de uma comunidade). O
coordenador operativo da roda, bem como o coordenador auxiliar, realizam a atuação operativa
e a análise psicopedagógica do discurso veiculado (temáticas, dinâmicas, produtos...) apoiando-
se nos princípios da “noologia estruturalista”, isto é, procurando articular os aspectos lógico-
conceituais (relacionados a objetividade da tarefa) aos aspectos de caráter simbólico-dramático
(relacionados a subjetividade desiderativa da tarefa comunitária), de modo a promover uma
melhor circulação de conhecimentos nas rodas de conversa operativa. (Maria Luiza Leão, 2016).

SER COGNOSCENTE: "A dimensão relacional contextual é constituinte no processo de


construção do conhecimento, na medida em que o ser cognoscente é um ser social
contextualizado, ou seja, determinado pelas condições materiais de existência em que vive na
sociedade." (p.34). "A dimensão racional é constitutiva no processo de construção do
conhecimento, na medida em que o ser cognoscente, através de sua ação sobre o meio, constrói
suas próprias estruturas de prolongamento desta ação interiorizada." (p.36) "A dimensão
desiderativa é constituinte no processo de construção do conhecimento na medida em que o ser
cognoscente é determinado por um saber que ele não conhece, por um saber do que ele não
tem cosciência." (p.39) "As várias dimensões do ser cognoscente se articulam, regidas pelo

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princípio do desejo e pelo princípio da realidade, na dialética da autonomia e da determinação
(heteronomia). Essa articulação é, assim, um processo conflitivo e complementar, no qual as
diferentes dimensões, por terem especificidades próprias, não se fundem ou se excluem, mas se
completam no confronto e no conflito."(p.44) (SILVA, Maria Cecília Almeida e. Psicopedagogia:
a busca de uma fundamentação teórica. 2a ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010).

Anexo I - Conceitos da Psicanálise

CONTRA-TRANSFERÊNCIA: “conjunto das manifestações do inconsciente do analista relacionada


com as da transferência de seu paciente". (ROUDINESCO, Elisabeth;PLON, Michel. Dicionário de
Psicanálise. Zahar. p.133-135)

INTROJEÇÃO: 1“processo evidenciado pela investigação analítica: o indivíduo faz passar de um


modo fantasmático, de ‘fora’ para ‘dentro’, objetos e qualidades inerentes a esses objetos. A
introjeção aproxima-se da incorporação, que constitui o seu protótipo corporal, mas não implica
necessariamente uma referência ao limite corporal (introjeção no ego, no ideal do ego, etc.).
Está estreitamente relacionada com a identificação” (LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean Bertrand
(orgs); TAMEN, Pedro (trad.). Vocabulário da psicanálise. Martins editora. p.323) / 2“termo
introduzido por Sandor Ferenczi em 1909, para designar, em simetria com o mecanismo de
projeção e introversão (ensinamento auto erótico), a maneira como um sujeito introduz
fantasisticamente objetos de fora no interior de sua esfera de interesse”. (ROUDINESCO,
Elisabeth;PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Zahar. p.397)

PROJEÇÃO: 1termo utilizado num sentido muito geral em neurofisiologia e em psicologia para
designar a operação pelo qual um fato neurológico ou psicológico, é deslocado e localizado no
exterior, quer passando do centro para a periferia, quer do sujeito para o objeto. Esse sentido
compreende acepções bastantes diferentes. No sentido propriamente psicanalítico, operação
pela qual o indivíduo expulsa de si e localiza no outro, pessoa ou coisas, qualidades,
sentimentos, desejos, e mesmo objetos, que ele desdenha ou recusa em si. Trata-se aqui de uma
defesa de origem muito arcaica e que vamos encontrar em ação particularmente na paranóia,
mas também em modos de pensar ‘normais’, como a supertição.” (LAPLANCHE, Jean; PONTALIS,
Jean Bertrand (orgs); TAMEN, Pedro (trad.). Vocabulário da psicanálise. Martins editora. p.477-
486) / 2termo utilizado por Sigmund Freud a partir de 1895, essencialmente para definir o
mecanismo da paranóia, porém mais tarde retomado por todas as escolas psicanalíticas para
designar um modo de defesa primário, comum à psicose, á neurose e á perversão, pelo qual o
sujeito projeta num outro sujeito ou num objeto desejos que provêm dele, mas cuja origem ele

13
desconhece, atribuindo-os a uma alteridade que lhe é externa” (ROUDINESCO, Elisabeth;PLON,
Michel.Dicionário de Psicanálise. Zahar. p.603)

REGRESSÃO: num processo psíquico que contenha um sentido de percurso ou de


desenvolvimento, designa-se por regressão um retorno em sentido inverso desde um ponto já
atingido até um ponto situado antes desse. Tomada em sentido tópico, a regressão opera-se,
segundo Freud, ao longo de uma sucessão de sistemas psíquicos que a excitação percorre
normalmente segundo determinada direção. No seu sentido temporal, a regressão supõe uma
sucessão genética e designa o retorno do indivíduo a etapas ultrapassadas do seu
desenvolvimento (fases libidinais, relações de objeto, identificações, etc.). No sentido formal, a
regressão designa a passagem a modos de expressão e de comportamento de nível inferior do
ponto de vista da complexidade, da estruturação e da diferenciação. ((LAPLANCHE, Jean;
PONTALIS, Jean Bertrand (orgs); TAMEN, Pedro (trad.). Vocabulário da psicanálise. Martins
editora. p.567-568)

SIGNIFICANTE: termo introduzido por Ferdinand de Saussure (1857-1913), no quadro de sua


teoria estrutural da língua, para designar parte do signo linguístico que remete à representação
psíquica do som (ou imagem acústica), em oposição à outra parte, ou significado, que remete ao
conceito. Retomado por Jacques Lacan como um conceito central em seu sistema de
pensamento, o significante transformou-se, em psicanálise, no elemento significativo do discurso
(consciente ou inconsciente) que determina os atos, as palavras e o destino do sujeito, à sua
revelia e à maneira de uma nomeação simbólica.” (ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel.
Dicionário de Psicanálise. Zahar. p.708-712)

TRANSFERÊNCIA: "designa o processo pelo qual os desejos inconscientes se atualizam sobre


determinados objetos no quadro de um certo tipo de relação estabelecida com eles e,
eminentemente, no quadro da reação analítica. (...) A transferência é classicamente reconhecida
como o terreno em que se joga a problemática de um tratamento psicanalítico, pois são a sua
instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua resolução que caracterizam este".
(LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean Bertrand (orgs); TAMEN, Pedro (trad.). Vocabulário da
psicanálise. Martins editora. p.668-678)

14
Anexo II - Conceitos da Psicologia Cognitiva

AÇÃO: 1todo movimento, pensamento ou sentimento corresponde a uma necessidade. A criança


como o adulto, só executa alguma ação exterior ou mesmo inteiramente interior quando
impulsionado por um motivo e este se traduz sempre pela forma de uma necessidade (uma
necessidade elementar ou um interesse, uma pergunta etc). Movimento contínuo e perpétuo de
reajustamento ou de equilibração. (PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução da prof.
Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio de Janeiro: Forense universitária,
1989, p.14). / 2só tende para um alvo e ela está satisfeita quando o alvo é atingido. Ela é
dominada por aquilo que eu chamaria de êxito. Na própria ação, a compreensão está
centralizada sobre o objeto e não sobre os mecanismos que permitiram atingi-lo. (BRINGUIER,
Jean-Claude. Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro,
São Paulo: Difel, 1978, p.127)

ACOMODAÇÃO:1é o ajustamento do esquema à situação particular. Ele adapta o gesto à


necessidade... ao objeto. A acomodação é determinada pelo objeto, enquanto que a assimilação
é determinada pelo indivíduo.....o esquema de assimilação é geral e que é preciso sempre
acomodá-lo às situações particulares.(BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com Jean Piaget.
Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.62). /2é a necessidade
em que se acha a assimilação de levar em conta as particularidades próprias dos elementos a
assimilar. No caso das relações entre os A,B,C, … e os A’,B’,C’, …. as diferenciações devidas à
acomodação são evidentes: o esquema de pegar, por exemplo, não se aplica da mesma maneira
a objetos muito pequenos e a grandes objetos. (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas
cognitivas. Problema central do desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.14) / 3é o
inverso. Podemos mudar nossos esquemas, para nos acomodarmos a um novo estímulo que
nunca experimentamos. Há um processo de assimilação, mas há também a possibilidade de
integrar novas relações que não se verificavam antes. (p.26) (...) todas as demandas de
acomodação, exigem esquemas mínimos de assimilação. A acomodação vem da capacidade da
criança de integrar todas essas assimilações a um novo estímulo, que logo se converte em um
esquema mais completo (p.27) (PAÍN, Sara. Subjetividade e objetividade: relação entre desejo
e conhecimento. Petrópolis: RJ, 2009)

ADAPTAÇÃO:1o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Na adaptação você tem sempre


dois pólos: você tem o pólo indivíduo-assimilação e o pólo objeto- acomodação. É um todo
global com os dois polos indissociáveis: assimilação e acomodação. (BRINGUIER, Jean-Claude.
Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo:
Difel, 1978, p.63). / 2se chamamos de acomodação esse resultado das pressões exercidas pelo
15
meio exterior (...), podemos dizer que ADAPTAÇÃO é um equilíbrio entre a assimilação e a
acomodação. (DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean Piaget: uma iniciação à psicologia
genéticaPiagetiana. 4ª edição. Tradução de Maria José J.G. Almeida. RJ: Guanabara, 1987,
p.50)

ANIMISMO INFANTIL: é a tendência a conceber as coisas como vivas e dotadas de intenção.


(PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução da prof. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo
Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio de Janeiro: Forense universitária, 1989, p.31)

ASSIMILAÇÃO: 1seria a capacidade de o sujeito construir o mundo de acordo com seus próprios
esquemas. O mundo se converte naquilo que ele pode assimilar. (p.25) (...) assimilamos de
acordo com as possibilidades que temos (p.26) (...) só podemos transformar o mundo depois de
nos apropriarmos dele por meio de nossos esquemas. (p.26) (PAÍN, Sara. Subjetividade e
objetividade: relação entre desejo e conhecimento. Petrópolis: RJ, 2009) / 2incorporação de
um elemento exterior (objeto, acontecimento, etc.) em um esquema sensório-motor ou
conceitual do sujeito. Trata-se pois, por um lado, da relação entre os A’,B’, C’,... e os A, B, C, ...
(p.13) (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Problema central do
desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975) / 3vale dizer, incorporação de elementos do meio à
estrutura, de outra parte, modificação dessa estrutura em função das modificações do meio, ou,
em outros termos, ACOMODAÇÃO(p.50) (DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean Piaget:
uma iniciação à psicologia genética Piagetiana. 4ª edição. Tradução de Maria José J.G.
Almeida. RJ: Guanabara, 1987) / 4ASSIMILAÇÃO ou ação do sujeito sobre os objetos do meio,
ação dependente dos comportamentos anteriores, enquanto incidem sobre os mesmos objetos
ou sobre objetos análogos, e ACOMODAÇÃO ou ação do sujeito transformando seus esquemas,
estruturas ou capacidades. Portanto, a assimilação implica transformação dos objetos, reais ou
formais, e a acomodação implica transformação do sujeito, de seus esquemas, estruturas ou
capacidades. (p.63) (BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. 2ª edição.
Porto Alegre: Penso, 2012) / 5é justamente a prova de que a estrutura existe. É o fato de que um
estímulo do meio exterior, um excitante qualquer, não pode agir e modificar uma conduta a não
ser na proporção em que ela esteja integrada às estruturas anteriores. A assimilação é um
conceito biológico antes de tudo. Absorvendo o alimento, o organismo assimila o meio: isto
significa que o meio está subordinado à estrutura interna e não o inverso. (BRINGUIER, Jean-
Claude. Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São
Paulo: Difel, 1978, p.61-62).

16
ASSIMILAÇÃO RECÍPROCA: quando dois esquemas ou dois subsistemas se aplicarem aos
mesmos objetos (por exemplo, olhar e pegar) ou se coordenarem sem mais necessidade de
conteúdo atual. Podemos considerar como uma assimilação recíproca as relações entre um
sistema total, caracterizado por suas leis próprias de composição, e os subsistemas que ele
engloba em sua diferenciação, porque sua integração num todo é uma assimilação a uma
estrutura comum e as diferenciações comportam assimilações segundo condições particulares
mais dedutíveis a partir de variações possíveis do todo. (PIAGET, Jean. A equilibração das
estruturas cognitivas. Problema central do desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.13-
14)

CIRCULARIDADE: consiste em exercer uma atividade sem levar em conta qual seria seu
antecedente e qual seria seu consequente, de modo que o consequente possa funcionar como
ativador do antecedente, por circularidade. Todas as atividades do bebê são desse tipo: a sucção,
o balbucio, o ato de movimentar um sininho, ou as mãozinhas diante dos olhos. (PAÍN, Sara.
Subjetividade e objetividade: relação entre desejo e conhecimento. Petrópolis: RJ, 2009,
p.27)

COMPENSAÇÃO: é uma ação de sentido contrário a determinado efeito e que tende, pois, a
anulá-lo ou a neutralizá-lo, é evidente que os feedbacks negativos desempenham este papel na
qualidade de instrumentos de correção (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas
cognitivas. Problema central do desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.31)

CONHECIMENTO: é uma interação entre o indivíduo e o objeto, mas eu penso que o indivíduo
não pode ser encerrado em uma estrutura dada, definitivamente, à maneira dos aprioristas,
como se tudo estivesse predeterminado no espírito humano. Eu penso que o indivíduo constrói
seus conhecimentos, constrói suas estruturas (...) (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com
Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.32)

DESENVOLVIMENTO: é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de


menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. (PIAGET, Jean. Seis estudos de
psicologia. Tradução da prof. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio
de Janeiro: Forense universitária, 1989, p.11)

EPISTEMOLOGIA GENÉTICA: o estudo das transformações do conhecimento, o ajustamento


progressivo do saber, é o que chamo de epistemologia genética... (BRINGUIER, Jean-Claude.

17
Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo:
Difel, 1978, p.15)

EGOCENTRISMO: indiferenciação entre o ponto de vista próprio e o dos outros, ou entre a


atividade própria e as transformações do objeto. (p.29) (...) é uma absorção do eu nas coisas e
nas pessoas, com indiferenciação entre o ponto de vista próprio e outros pontos de vista (p.29)
(...) infantil é a confusão inconsciente do ponto de vista próprio com os de outrem (p.29) (...)
fenômeno inconsciente, é a manifestação de um pensamento centrado no ponto de vista
próprio do sujeito, por conseguinte incapaz de relacioná-lo e de coordená-lo a pontos de vista
diferentes (p.29) (...) é a manifestação de um pensamento centrado em si próprio (p.32) (DOLLE,
Jean Marie.Para compreender Jean Piaget: uma iniciação à psicologia genética Piagetiana.
4ª edição. Tradução de Maria José J.G. Almeida. RJ: Guanabara, 1987)

EQUILÍBRIO:1se refere entre outras coisas a uma solidariedade da diferenciação e da integração.


(PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Problema central do
desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.12) /2é o retorno ao estado anterior. É a auto-
regulação da qual eu falava sempre. Um sistema equilibrado é um sistema onde todos os erros
são corrigidos, onde os excessos são compensados. (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com
Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.63)

EQUILIBRAÇÃO: é o processo que conduz ao equilíbrio. Em um ato de inteligência, há o


equilíbrio porque os dois (assimilação e acomodação) não se prejudicam um ao outro; ao
contrário, ajudam-se mutuamente. (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com Jean Piaget.
Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.63)

EQUILIBRAÇÃO PROGRESSIVA: é um processo indispensável do desenvolvimento e um processo


cujas manifestações se modificarão, de estágio em estágio, no sentido de um melhor equilíbrio
em sua estrutura qualitativa como em seu campo de aplicação como em seu campo de
aplicação, pelo fato de que com a construção e o aprimoramento das negações e as
quantificações que elas supõem, as diversas coordenadas destacadas no &2 se precisam e se
consolidam sem descontinuidade. (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas.
Problema central do desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.23)

EQUILIBRAÇÃO MAJORANTE: é a passagem contínua de um nível de inteligência ao seguinte


(...) é um equilíbrio móvel, dinâmico, com autocorreções por feedbacks e que se orienta para
uma reversibilidade operatória. Majorante, porque esse processo de equilibração caracteriza-se

18
por um melhoramento contínuo das estruturas que, como tratamos de mostrar, de rítmicas
tornam-se regulares, finalmente operatórias. (MACEDO, Lino de. Ensaios construtivistas. SP:
Casa do psicólogo, 1994, p.162)

ESQUEMA: 1chamaremos de esquemas de ações àquilo que, numa ação, é assim transponível,
generalizável ou diferenciável de uma situação à seguinte, ou, dito de outro modo, o que há de
comum às diversas repetições ou aplicações da mesma ação tem o caráter de um sistema de
relações na medida em que ele coordena entre si diversas ações tendo entre si propriedades
comuns. Em si mesmo, ele é a estrutura de uma ação. (DOLLE, Jean Marie. Para compreender
Jean Piaget: uma iniciação à psicologia genética Piagetiana. 4ª edição. Tradução de Maria
José J.G. Almeida. RJ: Guanabara, 1987, p.57) / 2estrutura de uma ação, que se conserva e se
consolida pelo exercício e se aplica a situações distintas. (SEBER, Maria da Glória. Construção da
inteligência pela criança. Atividades do período pré-operatório. SP: ed. Scipione, 1989, p.19)

1
ESTRUTURA: é um sistema de transformações que comporta leis enquanto sistema (por
oposição às propriedades dos elementos) e que se conserva ou se enriquece pelo próprio jogo de
suas transformações, sem que estas conduzam para fora de suas fronteiras ou façam apelo a
elementos exteriores. Em resumo, uma estrutura compreende os caracteres de totalidade, de
transformações e de auto-regulação. (PIAGET, Jean. O estruturalismo. Tradução de Moacyr
Renato de Amorim. Rio de Janeiro:Difel, 2003, p.8) / 2 as estruturas se constroem por interação
entre as atividades do indivíduo e as reações do objeto. (p.56). É sempre um sistema de
transformações – indo do mais simples ao mais complexo (...) (p.59). O funcionamento da
estrutura é um patamar de equilíbrio na gênese, o funcionamento que levará mais longe, que
levará a construir outras estruturas. A necessidade de estrutura é ligada a necessidade de
coerência interior e de organização, sem o que é a anarquia interior, é a desordem, a
incoerência. (p.61) (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria
José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978) / 3as estruturas são as organizações mentais
de ordem superior, um passo acima das operações. As estruturas, como as operações, têm certas
características. Uma estrutura é uma totalidade no sentido de que certas leis aplicam-se a todas
as partes da estrutura. O sistema de números inteiros é um exemplo de uma estrutura, pois há
leis que se aplicam à série como tal (...). As leis que governam uma estrutura também são leis de
transformação, de tal modo que, no caso da adição de números inteiros, um número pode ser
transformado em outro somando-se algo a ele. Além disso, as estruturas são auto-reguladoras
no sentido de que não é preciso sair da estrutura para encontrar elementos para as
transformações, e o resultado de uma transformação permanece dentro do sistema.

19
(WADSWORTH, Barry. J. Piaget para o professor da pré-escola e 1ºgrau. Tradução de Marília
Zanella Sanvincente. São Paulo: Pioneira, 1984)

ESTRUTURAS VARIÁVEIS: serão, então, as formas de organização da atividade mental , sob um


duplo aspecto: motor ou intelectual, de uma parte e afetivo, de outra, com suas duas dimensões
individual e social. (PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução da prof. Maria Alice M.
D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio de Janeiro: Forense universitária, 1989, p.13)

GÊNESE: é a formação de uma estrutura: mas é ela mesma um potencial da estrutura. Se não
percebemos que a estrutura é sempre um sistema de transformações – indo do mais simples ao
mais complexo -, impedimos que se compreenda a passagem de uma estrutura a outra(...). Mas
quem diz transformação diz construção, com possibilidade de estruturas novas, o alargamento
da estrutura inicial, que vem se inserir, como caso particular, nas estruturas mais amplas: uma
vez o número formado, por exemplo, haverá a descoberta dos números negativos do início,
depois dos números fracionários… a estrutura inicial vai se inserir nas estruturas ulteriores,
graças a uma gênese, porque ela é sistema de transformações. E a gênese supõe a estrutura
porque ela jamais constitui um começo absoluto, mas parte sempre de uma estrutura mais
simples. Por consequência são dois termos absolutamente solidários e indissociáveis. A gênese é
a formação das funções. E a estrutura é a sua organização. (BRINGUIER, Jean-Claude.
Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo:
Difel, 1978, p,59)

INIBIÇÃO: não é só a possibilidade de aprender, isto é, de saber qual é o movimento adequado


para conseguir um fim, mas também a de alcançar um domínio do próprio corpo capaz de agir
de maneira eficaz. No início, os movimentos são indiferenciados, não temos a possibilidade de
saber qual é o eficaz (...). No princípio da vida, a inibição é necessária para que sejam
discriminados os movimentos eficientes no esquema corporal. (PAÍN, Sara. Subjetividade e
objetividade: relação entre desejo e conhecimento. Petrópolis: RJ, 2009, p.29)

INTELIGÊNCIA: é, por definição, a adaptação às situações novas e é então uma construção


contínua das estruturas. (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com Jean Piaget. Tradução de
Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.61)

JOGO SIMBÓLICO:1é o pensamento egocêntrico no estado quase puro, superado no máximo


pelo sonho ou pelo devaneio. É a assimilação do mundo exterior e das pessoas às exigências do
eu e a seus pontos de vista. (DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean Piaget: uma iniciação

20
à psicologia genética Piagetiana. 4ª edição. Tradução de Maria José J.G. Almeida. RJ:
Guanabara, 1987, p.30) / 2não é um esforço de submissão do sujeito ao real, mas, ao contrário,
uma assimilação deformada da realidade ao eu. (...) constitui o polo egocêntrico do
pensamento. Pode-se dizer, mesmo, que ele é o pensamento egocêntrico em estado quase puro,
só ultrapassado pela fantasia e pelo sonho. (PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução
da prof. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio de Janeiro: Forense
universitária, 1989, p.29)

MÉTODO CLÍNICO: de Piaget é, portanto, um método de conversação livre com a criança sobre
um tema dirigido pelo interlocutor que segue as respostas da criança, que lhe pede que
justifique o que diz, explique, diga porquê, que lhe faz contra - sugestões (p.25) consiste em
conversar livremente com a criança sobre um tema dirigido, em seguir, por conseguinte, os
desvios tomados por seu pensamento para reconduzí-lo ao tema para obter justificações e testar
a constância, e em fazer contra-sugestões. (p.26) (DOLLE, Jean Marie. Para compreender Jean
Piaget: uma iniciação à psicologia genética Piagetiana. 4ª edição. Tradução de Maria José
J.G. Almeida. RJ: Guanabara, 1987)

NECESSIDADE: é sempre a manifestação de um desequilíbrio. Ela existe quando qualquer coisa,


fora de nós ou em nós (organismo físico ou mental) se modificou, tratando-se, então de um
reajustamento da conduta em função desta mudança. (PIAGET, Jean. Seis estudos de
psicologia. Tradução da prof. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio
de Janeiro: Forense universitária, 1989, p.14)

OPERAÇÃO: 1é uma ação interiorizada, que se torna reversível e que se coordena com outras, em
estruturas operatórias de conjunto. (PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Tradução da
prof. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio L. Silva, 16ª edição. Rio de Janeiro: Forense
2
universitária, 1989, p.74) / operações são atos mentais, assim como os vários tipos de
conservação. As operações têm quatro características principais. As operações são,
primeiramente, ações que são internalizadas; isto é, as operações podem ser efetuadas a nível de
pensamento bem como de ações (...). A segunda característica das operações é a reversibilidade.
Por exemplo, a adição e a subtração são as mesmas operações efetuadas em direções opostas: 2
pode ser somado a 1 para obter 3 ou 1 pode ser subtraído de 3 para se obter 2. A terceira
característica de uma operação é a de que sempre mantém algo invariante (sem mudança)
embora sempre ocorra uma transformação ou mudança. No processo de adição, por exemplo,
pares de números podem ser agrupados de modos diferentes (5 – 1, 4 – 2, 3 – 3), mas a soma
permanece invariante. De modo semelhante, em todas as operações de conservação as

21
quantidades são conservadas durante a mudança em dimensões irrelevantes. A quarta
característica de uma operação é a de que nenhuma operação existe sozinha.Uma operação está
sempre relacionada a uma estrutura ou rede de operações. Por exemplo, a operação adição-
subtração está relacionada às operações classificação, ordenação e conservação do número.
(p.67-68) são atividades mentais que são internalizadas, reversíveis, conservadas e integradas às
organizações superiores (estruturas) e a outras operações. (p.68) (WADSWORTH, Barry. J. Piaget
para o professor da pré-escola e 1ºgrau. Tradução de Marília Zanella Sanvincente. São Paulo:
Pioneira, 1984)

PERMANÊNCIA DO OBJETO: é o ato do objeto que desaparece do campo perceptivo e


concebido como continuando a existir. (BRINGUIER, Jean-Claude. Conversando com Jean
Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São Paulo: Difel, 1978, p.34)

PERTURBAÇÃO: a noção de assimilação reúne num só todo a utilização de um objeto ou de um


elemento qualquer e o que a psicologia clássica chamava de “associação”. Do ponto de vista do
sujeito, isto equivale a dizer que um esquema de assimilação confere uma certa significação aos
objetos assimilados e que determina assim objetivos definidos às ações que a eles se relacionam
(tais como pegar, balançar,etc, no plano do sucesso prático, ou compreender uma relação, etc,
no plano da representação). Se definimos uma perturbação como algo que serve de obstáculo a
uma assimilação, tal como atingir um objetivo, todas as regulações são, do ponto de vista do
sujeito, reações a perturbações. (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas:
problema central do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1976, p. 24).

PROJEÇÃO: o sujeito tende a projetar sobre o outro – e, às vezes, também sobre as coisas e
sobre o mundo – seus próprios sentimentos e, depois, vê-los no outro. Isto é , ele transforma o
outro, projetando nele diretamente seus sentimentos, mas de modo que o outro adquira a
qualidade que lhe convém. (PAÍN, Sara. Subjetividade e objetividade: relação entre desejo e
conhecimento. Petrópolis: RJ, 2009, p.29)

REAÇÃO CIRCULAR SECUNDÁRIA: os movimentos são centrados em torno de um resultado


produzido no meio externo e a ação tem por único objetivo manter esse resultado (DOLLE, Jean-
Marie. Para compreender Piaget: uma iniciação à psicologia genética piagetiana. RJ: ed
Guanabara, 1987, p.83)

REFLEXO: totalidade organizada cuja característica própria é conservar-se em funcionamento,


por consequência, funciona mais cedo ou mais tarde por si mesmo (repetição), incorporando os

22
objetos favoráveis a esse funcionamento (assimilação generalizadora) e discriminando as
situações necessárias a certos modos especiais de sua atividade (reconhecimento motor).
(PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4ªedição. RJ: LTC - livros técnicos e
científicos editora S.A, 1989, p.47)

REGULAÇÃO: fala-se de regulação, de modo geral, quando a retomada A’ de uma ação A é


modificada pelos resultados desta, logo quando de um efeito contrário dos resultados de A
sobre seu novo desenvolvimento A’. A regulação pode, então, manifestar-se por uma correção
de A (feedback negativo) ou por seu reforçamento (feedback positivo), mas neste caso com
possibilidade de um crescimento do erro (como ilustra o modelo material de um incêndio) ou de
sucesso (formação de hábitos, etc). Compreender a equilibração será o mesmo que apelar para
certas regulações, mas não todas, e ficará ainda por explicar esta escolha, assim como precisar a
formação dos reguladores que comandam a direção das regulações. (p. 24) (...) para que haja
regulação, é necessária a intervenção de um regulador e será conveniente indagar em que
consiste ele. (p. 25). (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema
central do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1976)

REVERSIBILIDADE: 1é a possibilidade de as ações ocorrerem nos dois sentidos, isto é, se


tornarem reversíveis, como acontece com a adição e a subtração. (SEBER, Maria da Gloria.
Piaget: o diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio. SP: editora Scipione,
1997, p.109). / 2"capacidade de executar uma mesma ação nos dois sentidos de percurso, mas
tendo consciência de que se trata da mesma ação" (...) "A reversibilidade verdadeira é a completa
descoberta da operação inversa como operação. Reversibilidade completa é a que comporta a
operação de inversão e a operação de reciprocidade." (BATTRO, Antonio M. Dicionário
terminológico de Jean Piaget. São Paulo: Pioneira, 1978, p.215) / 3o dicionário terminológico
de Jean Piaget, páginas 215-216, ainda cita os termos: reversibilidade perceptiva, reversibilidade
operatória, reversibilidade e ação. REVERSIBILIDADE se refere à habilidade de realizar
mentalmente ações opostas simultaneamente, neste caso, cortar o todo em duas partes e reunir
as partes num todo. (KAMI, Constance. A criança e o número: implicações educacionais da
teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de quatro a seis anos. Campinas: Papirus,
1998, p.23)

SISTEMAS COGNITIVOS: são, na verdade, ao mesmo tempo abertos num sentido (o das trocas
com o meio) e fechados em outro, enquanto “ciclos”. Chamemos A,B,C, etc, as partes
constituintes de um determinado ciclo, e A’,B’,C’,etc, os elementos do meio necessários a sua
alimentação; estamos então em presença de uma estrutura, cuja forma esquemática é: (AxA’) B;

23
(BxB’) C; (ZxZ’) A; etc. (PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Problema
central do desenvolvimento. RJ: Zahar editores, 1975, p.12)

SUJEITO EPISTÊMICO: a epistemologia genética “não conhece um sujeito em si, mas unicamente
as etapas de formação do sujeito, nem um objeto em, mas unicamente os objetos sucessivos que
são reconhecidos pelo sujeito no curso destas etapas”. Mas o sujeito, cujas etapas de formação
estuda, não é o sujeito psicológico nem o sujeito coletivo mas um sujeito universal ou
epistêmico: “O sujeito epistêmico é o que tem de comum todos os sujeitos posto que as
coordenações gerais da ação ( origem da abstração II ou reflexiva) comportam um universal que
é o da própria organização biológica”. Dizendo de outra maneira: “ A irreversibilidade está
ligada à consciência do sujeito individual, ao contrário, a descoberta da reversibilidade
operatória indica a constituição do sujeito epistêmico. O sujeito epistêmico identifica-se, pois,
com o sujeito operatório. O essencial é que se pode analisar experimentalmente a construção
das estruturas operatórias e que se as pode por em correspondência com a formalização
logística, sem necessidade de empregar algum tipo de redução fenomenológica. Piaget, desta
forma, introduz-se em um campo que está ao alcance do método positivo e o universal - na ação
do sujeito epistêmico - pode ser, talvez, o equivalente moderno do transcendental kantiano ou
seus análogos. (BATTRO, Antonio M. O pensamento de Jean Piaget.Tradução de Lino de
Macedo. Rio de Janeiro: editora Forense Universitária Ltda, 1969, p.355).

TOMADA DE CONSCIÊNCIA: é uma reconstituição conceptual do que tem feito a ação. A


tomada de consciência comporta mais a compreensão: trata-se de saber como se tem êxito. A
tomada de consciência é a interpretação e a explicação da ação. (BRINGUIER, Jean-
Claude.Conversando com Jean Piaget. Tradução de Maria José Guedes. Rio de Janeiro, São
Paulo: Difel, 1978, p.126-127)

Anexo III - Conceitos da Psicologia Social de Pichon Rivière

CONE INVERTIDO: há alguns indicadores que nos ajudam a compreender como o grupo está
caminhando, e se de fato pode ser considerado operativo. É preciso que exista compromisso
com o grupo, cooperação entre todos, concentração na tarefa, uma comunicação clara,
aprendizagem e um bom clima no grupo. Para desenvolver este tópico um pouco mais, é válido
lembrar que Pichon idealizou um esquema intitulado de cone invertido para justamente avaliar o
movimento no interior de um grupo durante a realização de uma tarefa e seu resultado final,
quando se tornam manifestos os conteúdos que no início do processo estavam ainda latentes.
São seis os vetores de análise do cone invertido: Pertença (é preciso se sentir parte integrante do

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grupo e ser importante para a realização da tarefa); Cooperação (tudo aquilo que os membros
trazem de si para o grupo, numa troca de informações a partir dos diferentes papéis exercidos e
onde se manifesta o caráter interdisciplinar do grupo operativo e o interjogo da verticalidade –
história pessoal do sujeito, e da horizontalidade – “aqui e agora”; o que “atravessa” o grupo);
Comunicação (quando há intercâmbio de informações verbais e/ou gestuais entre os membros
do grupo de modo a evitar a formação de ruídos que podem vir a atrapalhar o funcionamento
do grupo e/ou cumprimento da tarefa); Pertinência (a eficácia ligada a realização da tarefa; o
centramento do grupo à tarefa vislumbrada e eu esclarecimento; o desejo do grupo para
elaborar suas ansiedades básicas que estão ancoradas aos aspectos objetivos da tarefa assumida
pelo grupo); Aprendizagem (se dá a partir de uma boa comunicação quando o grupo se
conscientiza da natureza real da tarefa e se torna capaz de gerar um projeto de execução e onde
o vínculo pode se fazer presente); e Tele (no que diz respeito a empatia entre os participantes do
grupo, podendo ser ou não positiva). (PICHON-RIVIÈRE, Enrique. & QUIROGA, Ana Pampliega de.
Psicologia da Vida Cotidiana. São Paulo: Martins Fontes, 1998).

ECRO – Esquema Conceitual Referencial Operativo: BARBOSA cita a epistemologia convergente,


como unidade operacional, e que constituiu um instrumento único de análise do funcionamento
grupal e individual, o qual foi denominado de ECRO (Esquema Conceitual Referencial Operativo),
estando voltado para a aprendizagem através da tarefa. Seu resultado pode ser mais ou menos
eficaz, dependendo da possibilidade do grupo construir seu ECRO grupal, sua história como
grupo, sua interação, sem desvalorizar os indivíduos e seus ECROs; porém, contribuindo para sua
transformação (horizontalidade: grupo com um todo, e verticalidade: compreender o indivíduo
que faz parte do grupo). O ECRO se constrói na medida que o trabalho do grupo se desenvolve.
Como o grupo tem uma tarefa a realizar, o cumprimento dessa tarefa está ligada ao ECRO
individual e grupal. É também um esquema de conhecimentos que a pessoa que aborda o grupo
vai utilizar como referência para sua atuação (esquema aqui não é estrutura, é modelo, forma
interna de operar). (BARBOSA, Laura Monte Serrat. A Psicopedagogia no âmbito da
instituição. Editora Expoente, 2001)

GRUPO OPERATIVO: Pichon (apud KAMKHAGI) apresenta o grupo operativo como sendo um
“conjunto de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e de espaço e articuladas por
sua mútua representação interna”, e que se coloca explícita ou implicitamente diante de uma
tarefa; constituindo assim a finalidade de um grupo. Quanto maior a heterogeneidade dos
membros e maior a homegenidade na tarefa, maior sua produtividade. (KAMKHAGI, Vida Rachel.
Horizontalidade, verticalidade e transversalidade em grupos. In: Grupos teorias e técnias. In:
BAREMBLITT, G. (Org.). Grupo: teoria e técnica. 2.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p.205-19).

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TEKOA Centro de Estudos da Aprendizagem


Atualizado em 11 / 11 /2016

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