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Manual de Farmácia Clínica do


Hospital Erasto Gaertner
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L723m ___ LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER


Manual de farmácia clínica do Hospital Erasto Gaertner/ Marcela
Bechara Carneiro (org.). – Curitiba: LPCC, 2015.
192p.

ISBN 978-85-64442-01-6

1. Hospital Erasto Gaertner - Farmácia clínica - Manual 2. Farmácia


clínica I. Título.

CDD 615
NLM QV4

Catalogação na fonte: Paulo Cesar de Lima Gonçalves Junior CRB 9/1814


5

Liga Paranaense de Combate ao Câncer

Manual de Farmácia Clínica do


Hospital Erasto Gaertner

Curitiba
2015
www.erastogaertner.com.br
6

LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CANCER

Presidente do Conselho Deliberativo


Janice Gastaldon

REDE FEMININA DE COMBATE AO CANCER

Presidente
Cleide Anastacio Rando

INSTITUTO DE BIOENGENHARIA

Coordenador
Emerson Czachorowski

CENTRO DE PROJETOS DE ENSINO E PESQUISA


Coordenador
Dr. José Clemente Linhares
7

HOSPITAL ERASTO GAERTNER

Superintendente
Adriano Rocha Lago

Coordenador Geral
Drª Carla Regina Worliczeck Martins

Coordenador da Divisão Técnica


Drª Mara Albonei Dudeque Pianovski

Diretor Clínico
Dr. Alceu Correia

Coordenador de Apoio
Adriana Kraft

Coordenador Assistencial
Heleno de Sousa Faria

Coordenador de Operações
Janaína de Souza Ibrahim
8

Equipe Técnica de Trabalho

COORDENADOR
Marcela Bechara Carneiro
Monica Cristina Cambrussi

AUTORES
Anabel de Oliveira
Amanda Martinez Slomp
Deisy Filipak
Gilian Graziele Tomporoski
Jeanine Marie Nardin
Jamile Machado dos Santos
Morgana Crasnhak Jasko
Priscila Silva Ceccon
Renne Rodrigues
Solane Picolotto

COLABORADORES
Farmacêuticos Residentes do Programa de Residência
Multiprofissional em Cancerologia

REVISÃO E DIAGRAMAÇÃO
Adriana Vieira
Adriele Scariot
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10 SUMÁRIO

PREFÁCIO
ABREVIATURAS
1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO HOSPITAL ERASTO GAERTNER
2. RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM CANCEROLOGIA
3. FARMÁCIA CLÍNICA NO HOSPITAL ERASTO GAERTNER
3.1 Trabalho em Equipe
3.2 Qualificação Profissional
3.3 Profissionalismo e Ética
3.4 Desenvolvimento do Plano de Cuidados Farmacêutico
3.4.1 Análise do Histórico de Saúde
3.4.2 Reconciliação Medicamentosa
3.4.3 Avaliação da Prescrição Médica com Foco na Otimização da
Terapia Medicamentosa Proposta
3.4.4 Controle do Uso de Antimicrobianos
3.4.5 Orientações à Equipe Multiprofissional
3.4.6 Atividades de Cunho Logístico
4. CUIDADOS COM A TERAPIA ANTINEOPLÁSICA
4.1 Seguimento dos Protocolos de Terapia Antineoplásica pelo
Farmacêutico Clínico
4.2 Ordem de Infusão de Antineoplásicos
4.3 Extravasamento e Acidentes com Derramamento de Anti-
neoplásicos
SUMÁRIO 11

4.4 Cuidados Específicos com Medicamentos Antineoplásicos


5. ATENÇÃO FARMACÊUTICA DESENVOLVIDA NA FARMÁCIA
AMBULATORIAL DO HOSPITAL ERASTO GAERTNER
5.1 Hormonioterapia
5.2 Quimioterapia Antineoplásica e Corticosteróides
5.3 Programa Paraná Sem Dor
6. GERENCIAMENTO DE RISCO E FARMACOVIGILÂNCIA
6.1 Gerenciamento de Risco
6.2 Farmacovigilância
7. FARMACOECONOMIA - CONCEITOS E APLICAÇÕES EM
FARMÁCIA CLÍNICA
8. DOCUMENTAÇÃO E REGISTRO DAS ATIVIDADES
8.1 Evolução Farmacêutica em Prontuário do Paciente
8.2 Registro do Acompanhamento Farmacoterapêutico
8.3 Registro da Análise Farmacêutica da Prescrição Médica
8.4 Indicadores de Qualidade
9. PROTOCOLOS DESENVOLVIDOS NO HEG COM PARTICI-
PAÇÃO DO SERVIÇO DE FARMÁCIA
9.1 Protocolo de Profilaxia de Tromboembolismo Venoso
9.2 Protocolo Multidisciplinar de Tratamento Farmacológico da Dor
9.3 Protocolo de Prevenção da Êmese
10. REFERÊNCIAS
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ABREVIATURAS 13

AINES Anti-inflamatórios Não Esteroidais

AMP Ampola

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BCG Bacilo Calmette-Guérin

CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica

CMIV Central de Misturas Intravenosas

DNA Ácido Desoxirribonucléico

EGFR Receptor Epidermal do Fator de Crescimento

FR Frasco

G Grama

EPI Equipamento de Proteção Individual

EVB Endovenoso em bolus

EVC Endovenoso Contínuo

EVI Endovenoso Intermitente

HEG Hospital Erasto Gaertner

HER-2 Receptor de Estrógeno Humano tipo II


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IM Intramuscular

IT Intratecal

IV Intravenoso

LMA Leucemia Mielóide Aguda

MCG Micrograma

Mg Miligrama

Min Minuto

mL Mililitro
National Coordination Council for
NCCMERP Medication Error Reportingand Prevention
OMS Organização Mundial da Saúde

PVC Cloreto de Polivinila

RAM Reação Adversa a Medicamento

RNA Ácido Ribonucléico

SNC Sistema Nervoso Central

TA Terapia Antineoplásica

VO Via Oral
PREFÁCIO 15

Quando penso nas possibilida- olhos de tantos colegas recém


des de atuação de um farmacêu- formados, é maior do que qual-
tico hospitalar associo quase que quer descritivo técnico ou roteiro
imediatamente aos corredores que possa ser disponibilizado.
do Hospital Erasto Gaertner.
O resultado de anos de traba-
Esta instituição foi uma das pri- lho e de conquistas, mostra que
meiras a investir, incentivar e dis- o farmacêutico clínico permeia
seminar a profissão, que embora pela multidisciplinaridade com
fundamental na cadeia assisten- muita leveza, domínio e acima
cial, nem sempre foi vista desta de tudo, integração.
forma.
O clínico deve pensar no trata-
Durante anos de muito em- mento como um todo, buscando
penho, trabalho e conquistas, o a rápida recuperação do pacien-
cenário atual foi construído, de- te e minimizando os riscos que
grau a degrau, por muitos profis- o tratamento pode causar. Mas é
sionais. Mestres e alunos que ao possível um farmacêutico esqui-
longo do tempo vão se tornando var-se ou ignorar as questões fi-
referência e quando nos damos nanceiras e éticas que envolvem
conta, não temos mais certeza de cada decisão? Sinceramente não
quem é o mestre e quem é o alu- fomos formados para isto. Não
no. Isso só é possível pela gran- está no DNA do farmacêuti-
deza e entrega de todos que de- co. Então como lidar com estas
cidem seguir por este caminho. questões, se nem sempre todos
Entrega e dedicação em prol da os recursos estão disponíveis?
profissão, da instituição, mas aci-
ma de tudo, pelos pacientes. Este manual foi elaborado por
profissionais que vivem a rotina
A farmácia clínica, menina dos diária da profissão, tanto nos que-
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sitos mais nobres quanto nas difi- rotina e programa de residência


culdades comuns à atuação dos farmacêutica são apresentados.
diversos profissionais da área de Passa pelas questões técnicas e
saúde de instituições filantrópi- fundamentais na rotina diária em
cas neste país. São farmacêuticos oncologia, e descreve sobre a im-
que diariamente têm a oportu- portância da profissão na pesqui-
nidade de colocar em prática o sa clínica.
conhecimento teórico que pos-
suem, e mais do que isso, têm Espero que o conteúdo e os
a missão de ensinar, expandir e ensinamentos descritos neste
melhorar a realidade de todos manual possam contribuir para
que dependem do seu trabalho. o fortalecimento do profissional
farmacêutico em atuação nas
Cada capítulo deste manual foi instituições de assistência à saú-
pensado e escrito para auxiliar os de, servindo de incentivo e su-
colegas que desejam permear porte nesta caminhada.
pelo caminho da clínica, ou que
têm interesse em conhecer ou Gratidão e alegria são os senti-
comparar as práticas que são de- mentos que me dominam neste
senvolvidas nesta instituição. momento. Obrigada!

Os capítulos foram escritos


por profissionais com vários anos Janaina Ibrahim
de experiência, ex-residentes, Coordenadora de Apoio do
residentes ou colegas que hoje Hospital Erasto Gaertner
semeiam os conhecimentos de
“nossa escola” por este Brasil afora.

Já de início deixa aquele gos-


tinho de “conta mais”, quando a
Assistência Farmacêutica no Hospital Erasto Gaertner 17

1. Assistência Farmacêutica As atividades farmacêuticas


no Hospital Erasto Gaertner em âmbito hospitalar ganharam
reconhecimento no ano de 2010
No Brasil, as primeiras farmá- com a publicação da Portaria Nº
cias hospitalares foram instala- 4.283, que estabelece as diretri-
das nas Santas Casas de Mise- zes e estratégias para organização,
ricórdia e Hospitais Militares, fortalecimento e aprimoramento
surgindo por volta dos anos 50. das ações e serviços de farmácia
Nos anos 70, surge a primeira hospitalar e a define como: “uni-
publicação voltada à área, de dade clínico-assistencial, técnica
autoria do professor Dr. José Syl- e administrativa, dirigida exclusi-
vio Cimino, intitulada “Iniciação vamente por profissional farma-
à Farmácia Hospitalar”, que traz cêutico, ligada, hierarquicamente,
a visão da época sobre as ativi- à direção do hospital e integrada
dades do farmacêutico no âm- funcionalmente com as demais
bito hospitalar. Segundo Cimino unidades administrativa e de
(1973), a farmácia hospitalar foi assistência ao paciente”, desta
definida como “unidade tecni- forma a farmácia hospitalar tor-
camente aparelhada para prover nou-se uma unidade que verda-
as clínicas e demais serviços os deiramente foca suas atividades
medicamentos e produtos afins nas necessidades dos pacientes e
que necessitam para normal profissionais de saúde envolvidos
funcionamento”, tendo como no atendimento.
principais responsabilidades pro-
duzir e distribuir medicamentos A prática farmacêutica que
e produtos para saúde servindo no passado priorizava ativida-
como órgão controlador da qua- des administrativas favorecia o
lidade dos produtos. distanciamento dos esforços na-
cionais em prol do uso racional
18 1.

dos medicamentos, expressos saúde) a farmácia hospitalar tem


principalmente por novas políti- o dever de desenvolver estraté-
cas de saúde e de medicamen- gias assistenciais técnico-científi-
tos. Atualmente, observa-se uma cas com a finalidade de ofertar ao
mudança dessa atitude uma vez paciente um serviço de qualidade
que o farmacêutico hospitalar e humanizado. Estas estratégias
busca inserção na equipe de de caráter humanístico devem ser
saúde e anseia pela redefinição desenvolvidas preferencialmente
de seu papel na sociedade. no contexto multidisciplinar, pri-
vilegiando o contato direto com
Notáveis mudanças têm ocorri- os usuários do sistema de saúde.
do nas farmácias hospitalares, prin- A característica dos serviços ofer-
cipalmente impulsionadas pelos tados pela farmácia hospitalar
processos de acreditação e certi- dependerá intrinsecamente da
ficação de qualidade, os quais in- complexidade do hospital e do
cluem requisitos mínimos a serem contexto onde está inserida, bem
atendidos, voltados à segurança e como da disponibilidade de tec-
gestão de processos. Neste cená- nologia e recursos humanos.
rio, o profissional farmacêutico sur-
ge como um dos principais multi- A Sociedade Americana de
plicadores da cultura de segurança Farmacêuticos do Sistema de
e de inovações nas instituições Saúde (American Society of
hospitalares. Health-System Pharmacists) sus-
tenta que, entre os requisitos
Além das funções básicas pri- básicos para que um serviço
márias (qualificação de fornece- de farmácia seja seguro, eficaz e
dores, armazenamento, distribui- promova uso racional de medi-
ção, dispensação e controle de camentos, há a necessidade de
medicamentos e materiais para implantar medidas de monito-
Assistência Farmacêutica no Hospital Erasto Gaertner 19

ramento do uso de fármacos e das seções de distribuição além


avaliação da efetividade do uso das atividades que competem
dos medicamentos além das ao gerenciamento do elenco de
condições mínimas para funcio- serviços prestados.
namento do setor.
Segundo Silva (2010) não
No Hospital Erasto Gaertner, a existe uma correlação entre o
solução encontrada para acom- número de farmacêuticos e
panhar a evolução dos tempos as atividades desenvolvidas, e
foi mesclar atividades tradicio- embora o número de farma-
nais e clínicas onde os farma- cêuticos não seja expressivo, as
cêuticos assistentes assumem atividades primárias foram con-
responsabilidades por atividades solidadas e novas rotinas foram
distintas e encontram-se integra- desenvolvidas e agregadas sem
dos tanto na clínica quando na detrimento das funções básicas
farmácia hospitalar ,uma vez que, de uma farmácia hospitalar.
além de envolvidos com as ati-
vidades clínicas nos setores (UTI A participação do profissional
e TMO), também prestam auxí- farmacêutico na área de farma-
lio às demais seções do setor de covigilância também ganhou es-
forma descentralizada conforme paço à nova reconfiguração, atu-
demanda e ainda atuam nos ando ativamente na detecção
campos de farmacovigilância, de reações adversas a medica-
reconciliação medicamentosa e mentos e de possíveis eventos
controle do uso de antimicrobia- adversos através da notificação
nos. O farmacêutico responsável de queixas técnicas de medi-
pela gestão do setor (responsável camentos e materiais médico-
técnico) também assume um -hospitalares.
importante papel na supervisão O papel do farmacêutico na
20 1.

terapia antimicrobiana já está es- cas são criteriosamente avalia-


tabelecido, com foco nas ações das pelo farmacêutico, através
de promoção do uso correto da análise da TA e dos medi-
destes medicamentos e o tempo camentos adjuvantes ao trata-
dispensado para acompanha- mento, onde todos os aspectos
mento e revisão de antimicrobia- galênicos da prescrição são con-
nos padronizados, elaboração de siderados. Na ocorrência de não
protocolos entre outras ativida- conformidade com o protocolo
des de monitoramento aperfei- de tratamento ou com os crité-
çoam a terapêutica e traduz-se rios técnicos de uso dos medica-
em benefícios para o paciente e mentos, o farmacêutico contata
instituição. a equipe médica para resolução
do problema. O preparo atende
O farmacêutico exclusivo para aos requisitos de técnica assép-
a farmácia ambulatorial possibili- tica e os farmacêuticos são vali-
ta o amplo desenvolvimento de dados anualmente para esta ati-
ações centradas na dispensação vidade, ocorrendo treinamento e
de antineoplásicos de uso do- capacitação, para toda a equipe,
miciliar, hormonioterapia e adju- sempre que necessário. A identi-
vantes ao tratamento oncológico. ficação das doses unitárias ocorre
Nesta seção, é posto em prática através da coleta dos dados des-
os conceitos descritos em estu- critos na prescrição médica e da
dos sobre atenção farmacêutica, conferência farmacêutica, direta-
adequando-os à realidade. mente do sistema informatizado
evitando, desta forma, erros de
A Central de Misturas Intrave-
transcrição e legibilidade.
nosas realiza a unitarização das
doses de terapia antineoplásica A participação dos farmacêu-
(TA). Todas as prescrições médi- ticos residentes do Programa de
Assistência Farmacêutica no Hospital Erasto Gaertner 21

Residência Multidisciplinar em ção, um reflexo da evolução da


Oncologia é fundamental para a própria profissão, onde a carac-
realização das atividades clínicas. terística tecnicista dá aos poucos
No segundo ano de estágio, os lugar a um profissional com co-
farmacêuticos residentes acom- nhecimentos técnico-científico
panham pacientes oncológicos permeado de um caráter huma-
pediátricos e adultos, internados nístico e com habilidades geren-
e ambulatoriais e participam ciais, esta última característica
ativamente da equipe multi- sendo fundamental para a es-
disciplinar assistencial, sempre truturação de um serviço capaz
com o suporte dos farmacêu- de superar as dificuldades com
ticos do Serviço e preceptores. inovação e criatividade.
No primeiro ano do estágio, os
residentes auxiliam na vigilância
pós-comercialização, reconcilia-
ção medicamentosa, pesquisas
bibliográficas, desenvolvimento
de tabelas, dentre outras, além
de participarem de todas as ati-
vidades desenvolvidas pelas di-
versas seções que compõem o
Serviço de Farmácia Hospitalar,
vivenciando na prática todas as
etapas do ciclo de assistência
farmacêutica.

Observa-se, através da mu-


dança ocorrida no escopo das
ações farmacêuticas na institui-
22
Residência Multiprofissional em Cancerologia 23

2. Residência Multiprofis- gosto não é dos mais agradá-


sional em Cancerologia veis), ou apenas ouvir atenta-
mente o paciente que descreve
Residência Farmacêutica: uma o novo itinerário de sua vida
realidade que faz o Erasto* viver a atropelada pela descoberta de
Farmácia Clínica há mais de 10 anos uma doença que apavora os
mais céticos dos homens (com
O dia amanhece preguiçoso
todas as suas particularidades da
com aquele friozinho típico da
mudança de rotina provocada
nossa capital paranaense. Não
por um tratamento intenso e
importa se segunda, terça, feria-
desgastante), são partes de al-
do ou um dia qualquer do final
gumas das atividades realizadas
de semana, ainda não são 7 ho-
por esses residentes de farmácia
ras da manhã e mais um dia de
ao longo dos dois anos em que
intensas atividades dos residen-
vivem, intensamente, o dia a dia
tes de farmácia do Hospital Eras-
de uma das principais institui-
to Gaertner (HEG) está prestes a
ções oncológicas do país.
iniciar. Verificar a listagem de pa-
cientes internados no dia, passar E foi com este intuito, de pro-
visita, verificar se as medicações porcionar o contato amplo com
previstas para o período estão o paciente oncológico e aper-
à disposição da equipe clinica, feiçoar as atividades técnicas do
orientar familiares de pacientes, profissional do medicamento,
esclarecer dúvidas da equipe de que a Residência em Farmácia
enfermagem, manipular medi- Oncológica do Hospital Erasto
camentos, descobrir formas de Gaertner foi idealizada, pensada,
melhorar a administração de um trabalhada aos detalhes e criada
medicamento necessário (mas pela Farmacêutica Vania Mari
que a criança recusa porque o Salvi Andrzejevski em meados
24 2.

dos anos noventa. Segundo suas cia no Estado e em todo o país


próprias palavras “os grandes no cuidado em oncologia.
benefícios da Residência Far-
macêutica são a integração do A Liga Paranaense de Com-
farmacêutico aos demais mem- bate ao Câncer (LPCC) mante-
bros da equipe multiprofissional nedora do Hospital Erasto Gaer-
e a melhora na qualidade da as- tner, é uma instituição sem fins
sistência prestada ao paciente”. lucrativos, que visa contribuir
junto à área da saúde e ao meio
Desde a sua inauguração, em científico, através de cursos de
08 de dezembro de 1972, o Hos- especializações multiprofissio-
pital Erasto Gaertner mantém nais. Há mais de 20 anos vem
características que o diferenciam inserindo no mercado de tra-
de muitas outras instituições de balho profissionais altamente
saúde por agregar, de forma hu- qualificados e preparados para
mana e efetiva, o ensino, a pes- identificar por meio de diagnós-
quisa e assistência como fatores tico preventivo e tratar, vários
indissociáveis em suas ações. O tipos de neoplasias. O primeiro
cuidado e a atenção, dedicados residente do HEG iniciou suas
aos seres humanos – pacientes, atividades em 1984 no curso de
acompanhantes, cuidadores e Especialização em Cirurgia On-
alunos, das mais diversas áreas e cológica, que foi reconhecida
instituições, com que as equipes pela Comissão Nacional de Re-
de saúde e os demais colabora- sidência Medica em 1996. Con-
dores empregam na execução tudo, desde de 1992, além das
de suas atividades é sentida por residências na área médica (can-
todos aqueles que usufruem cerologia cirúrgica, cancerologia
dos produtos e serviços ofereci- clínica, patologia, cancerologia
dos por essa instituição, referen- pediátrica e radioterapia), o HEG
Residência Multiprofissional em Cancerologia 25

oferta também cursos de resi- dência em Farmácia passou por


dência na área multiprofissional inúmeras reformulações, criado
em saúde, tendo formado até o inicialmente em 2002, quando
presente momento mais de 100 o HEG oferecia o curso de Espe-
profissionais, dentre estes, 26 far- cialização em Farmácia Hospi-
macêuticos. talar com Ênfase em Oncologia
Clínica com o caráter de resi-
O Programa de Residência dência, o programa foi formali-
Multiprofissional em Cancero- zado como residência junto ao
logia, cujo um dos cursos ofer- MEC, em 2010. Antes da forma-
tados é a Residência em Farmá- lização como residência, o curso
cia Oncológica, foi cadastrado caracterizava-se como proces-
junto à Comissão Nacional de so de ensino profissionalizante
Residência Multiprofissional em em nível de pós-graduação lato
Saúde em 2008 e, atendendo sensu obedecendo critérios de-
as normativas da Portaria Inter- terminados pelo Governo Fede-
ministerial MS/MEC 1.077 de ral, tendo a Residência Médica
12 de novembro de 2009 e de- como modelo, devido a inexis-
mais resoluções emanadas pela tência de regulamentação espe-
Comissão Nacional de Residên- cífica para a área farmacêutica
cia Multiprofissional em Saúde na época.
(CNRMS), desde 2010, oferece
vagas de residência para profis- O curso de Residência em Far-
sionais da área de enfermagem, mácia Oncológica é um progra-
farmácia, física médica, fisiotera- ma de ensino de pós-graduação,
pia, nutrição, odontologia, psico- caracterizado por treinamento
logia e serviço social. em serviço na área de oncologia
e visa aperfeiçoar e especializar
O programa atual da Resi- os profissionais farmacêuticos.
26 2.

Tem como estratégia a integração dois anos, permite ao farmacêu-


ensino-pesquisa-extensão-assis- tico consolidar conhecimentos
tência, visando a troca de experi- em farmácia hospitalar, oncolo-
ências teórico-práticas, envolven- gia e farmácia clínica.
do coordenadores, preceptores,
assistentes (staff) e residentes, na No primeiro ano o farmacêu-
busca de ações que propiciem tico residente realiza atividades
um melhor atendimento à po- internas nos diversos setores da
pulação portadora de neoplasias farmácia hospitalar e em seto-
benignas ou malignas. A residên- res com atividades afins, como
cia tem como um dos principais compras e serviço de controle
aspectos o desenvolvimento do de infecção hospitalar, sempre
reconhecimento dos profissionais sob a supervisão de um farma-
farmacêuticos dentro da equipe, cêutico. Durante este período o
principalmente por parte dos mé- residente trabalha conceitos bá-
dicos e, ao preparar profissionais sicos e avançados em farmácia
na área de Farmácia Hospitalar e hospitalar, com intuito de domi-
Oncológica, contribui na melho- nar as atividades relacionadas
ria dos padrões e fundamentação ao ciclo da Assistência Farma-
do profissional farmacêutico que cêutica, o sistema de distribui-
atua na área. ção de medicamentos da insti-
tuição, desenvolver habilidades
Atualmente o curso é estru- de análise e interpretação da
turado conforme as normativas prescrição médica, reconhecer
de residência em saúde esta- as características técnicas dos
belecidas pelo CNRMS-MEC medicamentos padronizados na
e, com 60 horas de atividades instituição, a forma de controle
semanais, totalizando mais 5700 de liberação e uso de antimicro-
horas de atividades ao longo de bianos, dominar a sistemática de
Residência Multiprofissional em Cancerologia 27

dispensação de medicamentos No segundo ano o foco da ati-


na farmácia ambulatorial e de- vidade é a farmácia clínica. O far-
senvolver habilidades para rela- macêutico residente desenvolve
cionamento com equipe multi- suas atividades junto às unidades
profissional. de internação e ambulatorial rea-
lizando o acompanhamento das
Ainda durante o primeiro ano atividades clínicas, de pesquisa
de atividades, o residente tam- e ensino desenvolvidas pelas
bém desenvolve habilidades equipes da oncologia pediátrica
relacionadas à manipulação de e de adultos. Nesta etapa os re-
medicamentos antineoplásicos, sidentes estão sob a supervisão
gerenciamento de uma unidade direta do médico oncologista e
de misturas intravenosas e no- do farmacêutico coordenador
ções de protocolos clínicos em da área (oncologia, farmácia e
oncologia e áreas relacionadas. controle de infecção). O segun-
As atividades junto à unidade de do ano de residência visa capa-
misturas intravenosas objetiva ca- citar o residente de farmácia para
pacitar o profissional para a ma- o acompanhamento clínico dos
nipulação de medicamentos an- pacientes dos serviços em ques-
tineoplásicos, oferecer subsídios tão. Habilita o residente para a
teóricos e práticos para o acom- elaboração e realização de ativi-
panhamento de protocolos clí- dades de farmácia clínica e o ca-
nicos farmacológicos de terapia pacita para atuação em equipe
antineoplásica, e desenvolver multiprofissional.
habilidades de análise e inter-
pretação da prescrição médica, Dentre as atividades de farmá-
preparando o residente para as cia clínica previstas para o farma-
atividades clínicas previstas para cêutico residente do segundo
o segundo ano de curso. ano destacam-se o acompa-
28 2.

nhamento da visita multiprofis- drão ao prescritor, ao represen-


sional diária junto ao paciente tante da Comissão de Farmácia
internado, na qual o residente e Terapêutica, à direção da ins-
avalia intercorrências na terapia tituição e à central de logística.
farmacológica, análise de sinais
vitais, a adesão à terapia farma- Uma das atividades realizadas
cológica, realiza a verificação com especial atenção é a aná-
dos medicamentos checados lise farmacêutica da prescrição
na prescrição médica vigente (e médica. O foco dos residentes
demais observações). O residen- durante a interação junto às equi-
te também acompanha e auxilia pes médicas e de enfermagem
a prescrição médica de protoco- representa-se pelos itens: posolo-
los de antineoplásicos e demais gia, interações e incompatibilida-
medicamentos, enfatizando cui- des medicamentosas, liberação
dados quanto à diluição, tempo de medicamentos não-padrão,
de infusão, ordem de infusão e acompanhamento de antibioti-
pré-medicações relacionadas coterapia, acompanhamento de
aos antineoplásicos prescritos. terapia antineoplásica, diluição
Cuidados de hidratação, alcalini- dos produtos farmacêuticos, aná-
zação e demais situações clíni- lise de custo de diferentes apre-
cas são outras características do sentações farmacêuticas, análise
paciente que o residente deve de custo de indicação terapêu-
estar atento. Ainda faz parte das tica como de antimicrobianos e
atividades do residente a verifi- análise dos protocolos de neu-
cação de liberação para realiza- tropenia febril, trombose venosa
ção/início do protocolo antine- profunda, êmese e dor.
oplásico, o encaminhamento da Não menos importante, e
ficha de medicamentos não-pa- também uma atividade desen-
Residência Multiprofissional em Cancerologia 29

volvida durante o segundo ano, pêutica farmacológica e partici-


o residente deve avaliar a evolu- pação das reuniões clínicas dos
ção clínica e laboratorial do pa- serviços também são parte das
ciente e realizar preenchimento atividades previstas.
da ficha de acompanhamento
farmacêutico, evoluir as inter- Integrado às atividades clíni-
venções farmacêuticas junto ao cas realizadas durante o segun-
prontuário do paciente, realizar do ano, o residente também
orientação durante a alta hos- realiza estágio no setor de Pes-
pitalar, sobre tudo quanto às re- quisa Clínica da instituição, setor
ceitas médicas e medicamentos este que há 15 anos desenvol-
de uso contínuo, manter registro ve pesquisas de novos medi-
em prontuário quanto o histó- camentos utilizados contra o
rico medicamentoso, realizar a câncer em parcerias com labo-
reconciliação de medicamentos ratórios farmacêuticos nacionais
de uso contínuo e cadastro de e internacionais. Durante este
alergias. Realizar e registrar as período o residente é apresen-
orientações ao paciente e cui- tado aos princípios da Pesquisa
dador quanto aos protocolos Clínica em Seres Humanos, perí-
antineoplásicos, acompanhar o odo este que o habilita à elabo-
preparo e a administração dos ração e manutenção de dossiês
medicamentos, realizar notifica- regulatórios de protocolos de
ções de reações adversas (far- pesquisa clínica, à coordenação
macovigilância) e de eventos de estudos clínicos e acompa-
adversos, treinamento da equi- nhamento de pacientes sujeitos
pe multiprofissional (de acordo de protocolos de pesquisa clíni-
com a demanda de cada servi- ca, capacitando-o para a elabo-
ço), elaboração de ferramentas ração dos procedimentos espe-
para auxílio na adesão à tera- cíficos de cada protocolo.
30 2.

Como é possível observar, as


mais de 5700 horas de ativida-
des previstas pelo programa de
Residência em Farmácia Onco-
lógica do HEG são vividas inten-
samente, e oferecem ao farma-
cêutico residente um período e
oportunidade de aprendizagem
que muitos profissionais forma-
dos há muitos anos e atuantes
na área hospitalar não têm o
privilegio de vivenciar durante o
seu dia-a-dia.

Atualmente os profissionais
formados pelo programa atuam
em várias regiões do estado e
do país. Esses profissionais são
parte integrante das equipes
que atendem a demanda de
pacientes oncológicos nas mais
variadas instituições oncológicas
do Brasil e oferecem seus servi-
ços com bases nos ensinamen-
tos adquiridos durante os anos
de residência no HEG.
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 31

3. Farmácia Clínica no Hos- observamos a oferta de disci-


pital Erasto Gaertner plinas, de optativas às obrigató-
rias, nos cursos de graduação.
Nas últimas décadas intensi- Acompanhamos a inclusão da
ficaram-se as discussões sobre Farmácia Clínica nos Programas
atividades assistenciais desenvol- de Residência Multiprofissional
vidas pelos farmacêuticos hospi- em hospitais de ensino e nos
talares. As atividades relaciona- programas de pós-graduação
das à prática da Farmácia Clínica lato sensu e stricto sensu e o au-
e Atenção Farmacêutica foram mento da publicação de litera-
incorporadas nas rotinas dos turas especializadas. A atividade
hospitais, ao ponto de ser um foi incentivada pelas entidades
demonstrativo de qualidade dos e organizações de classe e o
serviços farmacêuticos prestados. tema se tornou recorrente em
congressos, fóruns e seminários
As atividades assistenciais de-
e hoje os serviços de saúde con-
senvolvidas pelos farmacêuticos
tratam este serviço.
são hoje uma realidade incon-
testável, e o farmacêutico ocupa Para consolidação desta nova
um papel de destaque na equipe atividade, cabe aos profissionais
multidisciplinar, reduzindo índices farmacêuticos se especializarem
de erros de medicamentos, inte- e buscarem o conhecimento
rações medicamentosas além de para atender adequadamente
promover o aumento da aderên- a esta demanda. Nem sempre
cia dos pacientes aos tratamentos é possível encontrar o amparo
medicamentosos propostos. adequado em literatura, e as ex-
periências de outros países tam-
O movimento da Farmá-
bém muitas vezes não cabem
cia Clínica no Brasil começou
em nossa realidade. Portanto,
com iniciativas isoladas, depois
32 3.

mais uma vez o farmacêutico pauta mundial, seja na concilia-


precisa de empreendedorismo ção medicamentosa nos diferen-
para essa etapa de construção de tes níveis de atenção, validação
uma nova atividade profissional. da prescrição médica, farmacovi-
gilância, monitorização terapêuti-
Com um olhar diferenciado ca e educação sanitária.
devido as características ineren-
tes à profissão - sistemático, ana- A Farmácia Clínica deve ser
lítico, detalhista, persistente e cui- compreendida como uma prá-
dadoso, o farmacêutico clínico é tica realizada por profissional
uma ferramenta valiosa na pro- farmacêutico direcionada ao pa-
moção da segurança do pacien- ciente, com a finalidade de aper-
te nos diversos serviços de saú- feiçoar a terapia medicamentosa,
de. Segundo a Organização Pan promovendo a saúde, o bem-
Americana de Saúde, a atenção -estar e a prevenção de doenças.
de saúde eficiente só é possível Exige que o profissional possua
se houver uma gestão adequada conhecimentos específicos,
dos medicamentos.A atuação do experiência e habilidade, para
farmacêutico é ampla e o enfo- assim atingir metas nem sem-
que clínico pode trazer grandes pre tangíveis, porém facilmente
benefícios para desenvolvimento observáveis em resultados tera-
de políticas de gerenciamento e pêuticos positivos e geração de
avaliação do uso de medicamen- novos conhecimentos.
tos, além da análise dos custos.
As ações internacionais voltadas A implantação de serviços far-
à segurança do pacienteincluem macêuticos clínicos em hospitais
os cuidados com medicamentos além de aumentar a segurança
na lista de prioridades e inserem e a qualidade da atenção ao pa-
as atividades do farmacêutico na ciente promove redução de cus-
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 33

tos quando aliada aos serviços profissional farmacêutico na


farmacêuticos tradicionais. equipe de saúde, baseados prin-
cipalmente em documentos pu-
A implementação de um pro- blicados pelo American College
grama de Farmácia Clínica Hospi- of Clinical Pharmacy. A habili-
talar deve atender pré-requisitos dade de trabalhar em equipe, a
essenciais tais como: Respaldo qualificação profissional, a ética
da direção e do serviço de far- e o desenvolvimento de um
mácia e da instituição; sistema plano de cuidados farmacêutico
de distribuição de medicamen- são os pilares que sustentam a
tos por dose unitária ou individu- força e o desenvolvimento des-
alizada; profissional farmacêutico sa atividade na instituição.
contratado especificamente para
esta atividade. Outros requisitos
podem ser considerados facilita-
dores desta prática, porém não 3.1 Trabalho em equipe
imprescindíveis, tais como um
Os sistemas de saúde, no
centro de informação de me-
mundo todo, migram de um
dicamentos e monitoramento
modelo de assistência em que
plasmático de fármacos.
cada profissional envolvido nos
Este guia tem o objetivo docu- cuidados ao paciente age indivi-
mentar a experiência adquirida dualmente para um modelo em
ao longo dos anos no Hospital que médicos de diversas espe-
Erasto Gaertner (HEG) e auxiliar cialidades, enfermeiros, farma-
profissionais que ingressam nas cêuticos, fisioterapeutas, nutri-
atividades de farmácia clínica. cionistas, psicólogos, assistentes
Serão apresentados preceitos sociais dentre outros profissio-
que facilitam a introdução do nais procuram agir em conjunto
para que, através de colabora-
34 3.

ção e melhor comunicação en- são primordiais para o sucesso


tre as áreas, as necessidades dos das atividades executadas.
pacientes sejam contempladas.

O farmacêutico clínico deve


integrar uma equipe de profis- 3.2 Qualificação profissional
sionais da área da saúde cujo
Para a prática da farmácia clí-
objetivo é fornecer cuidados de
nica, o farmacêutico se depara
alta qualidade a um paciente
com diversos desafios. Como
hospitalizado. A eficiência dos
membro integrante e ativo da
cuidados propostos por esta
equipe de saúde, é necessário
equipe será diretamente pro-
conhecimento qualificado e a
porcional ao nível de organiza-
garantia de que os processos do
ção aplicado, sendo requisitos
ciclo da assistência farmacêutica
básicos: visitas ao leito em equi-
estejam dentro das especifica-
pe e encontros periódicos entre
ções técnicas requeridas, como
seus membros para definição de
forma de facilitar e assegurar a
condutas e responsabilidades
assistência ao paciente.
de cada profissional.
A qualificação deste profissio-
Para o bom desempenho do
nal é determinante e vai além
farmacêutico em uma equipe
do curso de nível universitário,
multidisciplinar, além do co-
devendo especializar-se através
nhecimento técnico, podemos
de cursos de pós-graduação. O
afirmar que o seu perfil é deter-
profissional deve estar em cons-
minante e atitudes como: com-
tante aprendizado, buscando
prometimento, organização e o
complementar a formação além
bom relacionamento com os
dos conhecimentos adquiridos
demais membros da equipe,
na graduação. Cursos de idio-
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 35

mas também enriquecem e 3.4 Desenvolvimento do pla-


capacitam o profissional para a no de cuidados farmacêuticos
excelência do serviço prestado.

Com todos esses atributos, o


profissional farmacêutico será 3.4.1 Análise do histórico
capaz de atender integralmente de saúde
as necessidades institucionais,
O conhecimento de todas as
contribuindo com a qualidade
informações referentes à saúde
da assistência farmacêutica ofe-
do paciente é de fundamental
recida aos pacientes, alçando os
importância na admissão hos-
objetivos propostos.
pitalar, pois a partir do histórico
de saúde é que são tomadas
decisões acerca da terapia a ser
3.3 Profissionalismo e ética instituída. Essas informações são
importantes para todos da equi-
O farmacêutico clínico deve pe multiprofissional e, principal-
estabelecer uma relação de con- mente, para que o profissional
fiança com o paciente e mem- farmacêutico garanta o uso segu-
bros da equipe multidisciplinar, ro e racional de medicamentos.
marcada por: respeito, respon-
sabilidade, honestidade, integri- Na nossa instituição, em geral,
dade e comprometimento com tais informações são obtidas no
a obtenção dos melhores resul- momento da anamnese médica
tados para o paciente. Deve se e constam nas evoluções destes
submeter ao código de ética da profissionais em prontuário do
profissão farmacêutica e manter- paciente. A anamnese é defini-
-se atualizado em relação ao Sis- da como: “Entrevista realizada
tema de Legislação da Saúde. pelo profissional de saúde ao
36 3.

seu paciente, que tem a inten- com as prescrições médicas re-


ção de ser um ponto inicial no alizadas nos diversos pontos de
diagnóstico de uma doença ou transição do cuidado: na admis-
patologia”. Em outras palavras, são, transferência, consultas am-
é uma entrevista que busca re- bulatoriais com outros médicos
lembrar todos os fatos que se e alta hospitalar. Essa lista é usada
relacionam com a doença e à para aperfeiçoar a utilização dos
pessoa doente. medicamentos, pelos pacientes,
em todos os pontos e tem como
As evoluções médicas em principal objetivo, diminuir a
prontuário, relacionadas ao histó- ocorrência de erros de medica-
rico de saúde, englobam princi- ção quando o paciente muda de
palmente condições e doenças nível de assistência à saúde.
crônicas, tratamentos propostos
em curso ou realizados e motivos O Institute for Healthcare Im-
de internamentos prévios. provent (IHI), recomenda que a
reconciliação medicamentosa
seja realizada em três etapas:
3.4.2 Reconciliação medi- 1. Verificação: consiste na
camentosa coleta e elaboração da lista de
medicamentos que o paciente
A reconciliação medicamento-
utilizava antes da sua admissão,
sa é descrita como um processo
transferência ou alta hospitalar;
para obtenção de uma lista com-
pleta, precisa e atualizada dos 2. Confirmação: é a etapa que
medicamentos que cada pacien- visa assegurar que os medica-
te utiliza em domicílio (incluindo mentos e as dosagens prescritas
nome, dosagem, frequência e via são apropriados para o paciente;
de administração), e comparada
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 37

3. Reconciliação: consiste na tado, com a finalidade de bus-


identificação das discrepâncias car informações sobre terapias
entre os medicamentos pres- medicamentosas ambulatoriais
critos em cada nível de atenção e possíveis reações adversas a
à saúde ou em cada ponto de medicamentos que possam ter
transição, na documentação das sido identificadas em interna-
comunicações feitas ao prescri- mentos anteriores.
tor e na correção das prescri-
ções junto com o médico. Após pesquisa em prontuário
e entrevista farmacêutica, é rea-
No Hospital Erasto Gaertner, lizada uma evolução no prontu-
os farmacêuticos clínicos, far- ário eletrônico de cada paciente
macêuticos do programa de relatando os dados informados
residência multiprofissional e pelos pacientes e/ou cuidado-
estagiários supervisionados pelo res. Nos casos em que os pa-
serviço de farmácia são os res- cientes negam o uso contínuo
ponsáveis pela realização da re- de medicamentos e alergias,
conciliação medicamentosa. estes elementos também são
registrados, como forma de evi-
Os pacientes são entrevista- denciar a realização da entrevista
dos conforme formulário inter- de reconciliação medicamento-
no (Anexo I) nas primeiras 24 sa e prover a equipe todas as in-
horas de admissão, identificados formações coletadas a cerca do
a partir de um relatório obtido histórico medicamentoso.
através do software hospitalar.
Quando detectado o uso
Antes da entrevista farma- contínuo de medicamentos,
cêutica faz-se uma análise do verificam-se as seguintes infor-
prontuário físico e eletrônico mações:
de cada paciente a ser entrevis-
38 3.

a) Se o paciente trouxe os #Hidroclorotiazida 25 mg/cp: 1cp


medicamentos para o interna- 12/12h **
mento; #Ácido acetilsalicílico 100 mg/cp:
1cp após o almoço *
b) Se o medicamento ou
equivalente terapêutico é pa- #Dipirona 500 mg/mL Sol. Oral: 30
dronizado na instituição; a 35 gotas SN (dor ou febre) *

c) Se os medicamentos de # Omeprazol 20 mg/caps: 1 cápsu-


la após o almoço SN ***
uso contínuo constam em pres-
crição hospitalar; Nega alergia medicamentosa.
Após essa análise, quando ne- *Medicamentos em prescrição hos-
cessário, é realizado contato com pitalar.
o médico assistente e orientado **Medicamentos não serão utiliza-
o paciente ou cuidador sobre a dos durante internamento. Segue
conduta a ser adotada. Em segui- acompanhamento.
da, estas informações também
são registradas em prontuário, ***Orientado paciente quanto ao ho-
conforme exemplo abaixo: rário de administração (jejum).

Figura 1 – Evolução farmacêu- Farm. José Silva


tica em prontuário médico (Re- CRF-PR 00000
conciliação Medicamentosa):
Quando o paciente relata re-
Paciente relata fazer uso contí- ação adversa a medicamento
nuo dos seguintes medicamentos: (RAM), alergia e/ou intolerância,
além da descrição em prontuário
#Furosemida 40 mg/cp: 1cp pela eletrônico, é realizado um cadastro
manhã **
específico no software hospitalar
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 39

para emissão de um alerta toda vez


em que o prontuário eletrônico do
paciente é acessado. A partir deste
cadastro, as alergias medicamento-
sas saem impressas no cabeçalho
da prescrição diária do paciente
durante seu internamento. Logo,
todos os colaboradores têm aces-
so a essa informação.
40 3.

Figura 2 – Fluxograma da Reconciliação Medicamentosa no Hospi-


tal Erasto Gaertner (Medicamentos Não Padronizados):

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015


Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 41

Figura 3 – Fluxograma da Reconciliação Medicamentosa no Hospital Eras-


to Gaertner (Medicamentos Padronizados):

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015


42 3.

Nota: No caso de hormônioterapia e antineoplásicos orais orientar o pacien-


te a utilizar medicamento próprio e comunicar ao médico. Caso o paciente
não tenha trazido o medicamento, pedir ao médico para que prescreva.

Medicamentos de uso próprio deverão estar prescritos na aba “RECOMEN-


DAÇÕES”

Tabela 1 – Medicamentos que são acompanhados diariamente pelo


Grupo de uso racional de anti-infecciosos:

MEDICAMENTO MOTIVO DO ACOMPANHAMENTO

Cefepima Amplo espectro


Piperacilina/ Amplo espectro e alto custo
Tazobactam
Meropenem Indução de resistência bacteriana

Vancomicina Indução de resistência bacteriana

Polimixina B Indução de resistência bacteriana

Cefazolina Profilaxia cirúrgica

Anfotericina B Alto custo


complexo lipídico

Voriconazol Alto custo

Micafungina Alto custo

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015


Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 43

A farmácia hospitalar em con- 3.4.5 Orientações à equipe


junto com a residência multipro- multiprofissional
fissional elabora o relatório anual
da Dose Diária Definida (DDD) A disponibilidade, acessibili-
dos anti-infecciosos. Também é dade e uso de informação in-
realizada a análise dos dados ob- dependente sobre medicamen-
tidos pela CCIH como parte de tos, em formato apropriado e
um programa institucional de oti- relevante para a prática clínica
mização do uso de antimicrobia- atual são fundamentais para o
nos. O programa tem como ob- uso racional e efetivo de me-
jetivo principal conhecer o perfil dicamentos. Tradicionalmente,
de utilização dos anti-infecciosos os farmacêuticos são dissemi-
na instituição. Com os dados ob- nadores de informação sobre
tidos desde 2004, foi possível medicamentos, estejam em
prever tendências do perfil de farmácias comunitárias ou hos-
utilização nos anos atuais. pitalares, de modo informal. A
equipe de saúde e os pacientes
São, periodicamente, desen- de um hospital devem contar
volvidos estudos de utilização com informação objetiva e in-
de medicamentos relacionando dependente sobre medicamen-
consumo x custos. Como exem- tos, o que pode ser feito por um
plo, foi sugerida a troca da pipe- Centro de Informação sobre
raciclina/ tazobactam por cefe- Medicamentos. O Centro de In-
pima em indicações específicas formação sobre Medicamentos
em que foi demonstrada a mes- (CIM) é o local que reúne, ana-
ma resposta clínica porem com lisa, avalia e fornece informação
impacto importante na redução sobre medicamentos, visando o
de custos. seu uso racional.
44 3.

A principal atividade do CIM especial para pacientes pediátri-


é responder perguntas sobre o cos, idosos, diabéticos, cardio-
uso de medicamentos visando patas, nefropatas, entre outros;
apoio a prática clínica de profis- possíveis interações dos medi-
sionais da saúde na terapêutica camentos com outros medica-
medicamentosa de um pacien- mentos e alimentos; preparo e
te específico. Para isso, deve pro- compatibilidade para diluição/
ver informações claras, precisas, reconstituição; via de adminis-
imparciais, em tempo hábil e, tração; tempo de infusão; estabi-
aplicáveis sobre medicamentos, lidade em solução e condições
de modo a promover seu uso de armazenamento. Estas são
racional. Para alcançar este ob- devidamente registradas em for-
jetivo, utiliza informação técnico mulário próprio (Anexo II).
científica objetiva, atualizada e
pertinente, devidamente pro-
cessada e avaliada criticamente.
3.4.6 Atividades de Cunho
Na nossa instituição o CIM Logístico
está localizado junto à farmácia
Pela proximidade com pa-
central, que conta com a dispo-
cientes e prescritores, o farma-
nibilidade de três farmacêuticas.
cêutico clínico tem papel im-
As principais orientações forne-
portantíssimo nas atividades de
cidas sobre medicamentos são:
cunho logístico, tais como aqui-
disponibilidade e/ou equivalên-
sição de medicamentos de alto
cia na padronização hospitalar;
custo e/ou não padronizados
mecanismo de ação; usos clíni-
na instituição, e na previsão de
cos; eficácia; reações adversas e
uso de medicamentos que fa-
toxicidade; posologia; duração
zem parte de programas gover-
de tratamento e uso correto, em
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 45

namentais municipais, estaduais pela Secretaria de Vigilância em


ou federais. Saúde, que fornece a anfoteri-
cina B complexo lipídico para
A atuação do farmacêutico pacientes portadores de mico-
na aquisição de medicamentos ses sistêmicas endêmicas espe-
que não pertencem à lista de cíficas, não portadores de HIV/
medicamentos padronizados é AIDS. O farmacêutico faz interfa-
requerida com frequência, mui- ce com esta Secretaria providen-
tas vezes em situações indicadas ciando o envio de uma série de
pelo próprio à equipe assisten- dados em formulário próprio do
cial. Nestes casos é seguido o Ministério da Saúde para poste-
fluxo definido pela Comissão de rior análise e liberação pelo ór-
Farmácia e Terapêutica, onde se gão competente.
faz necessário o preenchimento
de formulário específico com Tratamentos para tuberculose
justificativa de uso pelo prescri- pulmonar, HIV/AIDS e toxoplas-
tor. O farmacêutico faz a ponte mose em sistema nervoso cen-
entre solicitação de compra X tral, dentre outros que compõem
aprovação de compra pela co- os componentes especializados,
ordenação X encaminhamento de acordo com a Relação Na-
ao setor de compras, agilizando cional de Medicamentos (RE-
o processo e permitindo o início NAME), também são solicitados
do tratamento no menor tempo para pacientes internados tanto
possível. para início quanto para manu-
tenção de tratamento. Usual-
Para pacientes atendidos pelo mente, o farmaceutico clínico,
Sistema Único de Saúde, o HEG, reúne a documentação necessá-
conta com o auxílio do progra- ria a ser encaminhada ao órgão
ma de liberação de antifúngicos responsável pela dispensação
46 3. ANEXO I

do esquema de medicamentos minhamentos necessários junto


solicitados e providencia sua re- ao Setor de Compras.
tirada no local indicado, atuando
como um facilitador de acesso.

Quanto à programação dos


medicamentos de alto custo, os
farmacêuticos clínicos do HEG
atuam principalmente no plane-
jamento de compra de antine-
oplásicos não padronizados ou
utilizados em altas doses, como
em esquemas para transplante
autólogo de medula óssea.

A programação de compra
de medicamentos para o setor
de transplantes ocorre na última
semana de cada mês, durante a
reunião clínica multidisciplinar
semanal. Definem-se quais pa-
cientes irão realizar o procedi-
mento e quais protocolos serão
utilizados. A partir disso, o farma-
cêutico clínico verifica a dispo-
nibilidade dos medicamentos
antineoplásicos que serão uti-
lizados durante os regimes de
condicionamento e faz os enca-
Farmácia Clínica no Hospital Erasto Gaertner 47
48 3. ANEXO II

Elaborado por: Tatiane Akemi Jó Aprovado por: Marcela Bechara


Data de Elaboração: 24/08/2010
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 49

4. Cuidados com a Terapia associada à radioterapia ou cirurgia.


Antineoplásica
Os protocolos para tratamento
Este capítulo reúne a experi- de neoplasias baseiam-se em en-
ência dos farmacêuticos do HEG saios clínicos aplicados em diferen-
em relação aos antineoplásicos. tes centros no mundo, e permitem
Será abordado o seguimento dos estimar tanto a eficácia terapêutica
protocolos de terapia antineo- quanto os prováveis efeitos colate-
plásica e também informações rais do tratamento proposto.
relevantes sobre ordem de infu-
são e cuidados essenciais com os O farmacêutico clínico que atue
medicamentos mais utilizados na na oncologia deve conhecer efeti-
instituição. vamente os protocolos de terapia
e suporte, assumindo a função de
avaliar a bibliografia, provendo à
equipe informações confiáveis que
4.1 Seguimento dos Proto- contribuam para o aprimoramento
colos de Terapia Antineoplási- das condutas terapêuticas.
ca pelo Farmacêutico Clínico
O farmacêutico clínico pode ain-
Os protocolos terapêuticos de da responsabilizar-se pelo registro
terapia antineoplásica são propos- detalhado do tratamento proposto
tas de tratamento para uma de- ao paciente em prontuário. Quan-
terminada neoplasia, e na maioria do o tratamento é baseado em ar-
dos casos combinam diferentes tigos científicos, o desenvolvimento
medicamentos, com doses e datas de planilhas contendo a programa-
de administrações programadas. ção das aplicações dos medica-
Também podem contemplar mais mentos facilitará o seguimento do
de uma modalidade de tratamento, tratamento por todos os membros
como por exemplo, quimioterapia da equipe multidisciplinar.
50 4.

Figura 4: Exemplo de registro dos dias de quimioterapia (Protocolo VAD):

Protocolo VAD (Mieloma Múltiplo)

PACIENTE: ________José da Silva______________________________


PRONTUÁRIO_____000000_____
SUPERFÍCIE CORPÓREA: _1,8____
Vincristina 0,4 mg D1 – D4 (dose total: 1,6 mg)
Dose: __0,4__
Doxorrubicina 9 mg/m2/dia D1 – D4 (total dose/ciclo: 36 mg/m2)
Dose: __16,2 mg__
Dexametasona VO 40 mg/dia D1 – D4, D9 – D12, D17 – D20
Dose: __40 mg__
Intervalo entre ciclos: 28 a 35 dias.
CICLO:_____

DIAS DE TRATAMENTO DATA MEDICAMENTOS

Vincristina
D1 05/09/2015 Doxorrubicina
Dexametasona

Vincristina
D2 06/09/2015 Doxorrubicina
Dexametasona

Vincristina
D3 07/09/2015 Doxorrubicina
Dexametasona

Vincristina
D4 Não realizado por Doxorrubicina
intercorrência clínica
Dexametasona

Fonte: Residência Multiprofissional em Cancerologia - Farmácia


Cuidados com a Terapia Antineoplástica 51

A monitorização do paciente dicamentos para prevenção de


oncológico pelo farmacêutico reações anafiláticas no momento
deve ter o propósito de alcan- da infusão dos quimioterápicos.
çar resultados concretos que
melhorem a qualidade de vida - Análise de protocolos institu-
e os resultados da terapia, princi- cionais: O Hospital Erasto Gaert-
palmente no que diz respeito ao ner possui protocolos institucio-
manuseio das reações adversas nais para prevenção de náusea e
advindas do tratamento farma- êmese, dor e profilaxia de trom-
cológico. boembolismo venoso. O farma-
cêutico clínico avalia diariamente
Citamos abaixo itens espe- a necessidade de ajustes, inclusão
cíficos da área oncológica ro- ou exclusão dos medicamentos
tineiramente avaliados pelo pertencentes a estes protocolos.
farmacêutico que acompanha
a equipe de oncologia clínica - Avaliação de medicamentos
do HEG: de suporte à terapia e sintomá-
ticos: Consiste na análise da ne-
- Conferência diária da prescri- cessidade de inclusão ou exclu-
ção de antineoplásicos: Por meio são de medicamentos para alívio
da comparação da prescrição de sintomas decorrentes da tera-
médica com o tratamento pro- pia antineoplásica, principalmen-
posto, é verificado se os itens te náusea, mucosite e diarreia.
prescritos estão de acordo com
os dias programados, e se as A mucosite é a alteração pro-
dosagens, diluentes e tempo de vocada pela quimioterapia e ra-
infusão estão de acordo com o dioterapia antineoplásicas sobre
proposto em literatura. Também a mucosa oral ou gastrointesti-
avalia-se a necessidade de me- nal. A depender da gravidade,
caracteriza-se por eritema e ul-
52 4.

ceração, podendo resultar em cientes submetidos a transplan-


dor e disfagia, comprometendo te de células tronco hemato-
a nutrição e a higiene oral. A poiéticas); terapia com laser de
ocorrência e seu grau de intensi- baixa intensidade; administração
dade podem retardar ou impe- oral de módulo de glutamina;
dir a continuação do tratamento antibacterianos (metronidazol)
antineoplásico. Além disso, em e/ou antifúngicos (nistatina oral).
pacientes neutropênicos, repre-
senta um aumento de quatro A diarreia consiste num au-
vezes no risco de sepse. O far- mento da frequência e diminui-
macêutico clínico deve possuir ção da consistência das fezes
conhecimento para atuar junto eliminadas comparadas com o
à equipe multiprofissional na padrão intestinal normal do indi-
prevenção deste sintoma (hi- viduo, podendo acompanhar-se
giene oral adequada com uso de sangue, muco ou dores. A diar-
de clorexidina e/ou nistatina), reia induzida pela quimioterapia
assim como, detecção precoce ocorre em cerca de 50% a 80%
do aparecimento do sintoma dos doentes, dependendo do re-
e auxílio no planejamento do gime instituído. Essa pode causar
início do tratamento. No HEG depleção de fluidos e eletrólitos,
para tratamento de mucosites subnutrição e desidratação que
de grau moderado a grave po- podem conduzir a um compro-
dem ser instituídas as seguintes misso cardiovascular e morte.
condutas: controle da analgesia Nos doentes oncológicos, a diar-
com anestésicos tópicos com reia pode ocorrer por diferentes
formulações em spray e/ou etiologias, como a radioterapia,
morfina (tratamento de escolha quimioterapia, performance físi-
para dor principalmente em pa- ca diminuída, reação autoimu-
ne, infecções ou ser mesmo um
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 53

sintoma da própria neoplasia (p. mida, a octreotida e a tintura de


ex. obstrução intestinal). Os fár- ópio estão recomendadas pela
macos que comumente causam sociedade americana de onco-
diarreia são o 5-Fluorouracila, logia clínica para o tratamento
capecitabina, irinotecano, meto- da diarreia. Cabe ao profissional
trexato, taxanos, anticorpos mo- médico instituir medidas tera-
noclonais e agentes hormonais. pêuticas de acordo com parti-
Usualmente a reação ocorre de cularidades de cada doente e
forma dose-dependente e asso- a necessidade de reposição de
ciada a outras manifestações de fluidos e administração de anti-
toxicidade. biótico deve ser também avalia-
da. Quando a diarreia é induzida
É importante que o farmacêu- pela quimioterapia, é recomen-
tico oriente pacientes e cuidado- dado descontinuar os tratamen-
res , cujos tratamentos incluam tos até à resolução completa
administração dos medicamen- dos sintomas, e quando retoma-
tos citados acima , que este sin- do, a dose deverá ser reduzida.
toma pode ocorrer e que, caso
apresente, é importante relatar à - Ordem de infusão: Após
equipe e/ou comparecer ime- impressão e validação da pres-
diatamente ao pronto atendi- crição médica pela equipe de
mento da instituição. Instruir os enfermagem, o farmacêutico
doentes sobre a importância de anexa a esse documento infor-
manter uma ingestão adequada mações relevantes sobre a ad-
de líquidos (3-4L/dia) também é ministração dos antineoplásicos
fundamental para evitar desidra- prescritos.
tação e desequilíbrio eletrolítico.

Atualmente, apenas a lopera-


54 4.

4.2 Ordem de infusão de me- a ordem de infusão de medica-


dicamentos antineoplásicos mentos antineoplásicos pode in-
fluenciar os efeitos terapêuticos e
Inúmeras variáveis devem ser a toxicidade do tratamento.
consideradas quando se preten-
de realizar a otimização terapêu- Diversas são as maneiras de
tica, tanto variáveis intrínsecas avaliar as interações de protoco-
aos pacientes (idade, hidratação los de tratamento antineoplásico,
do paciente, disfunções orgâ- sendo que as principais teorias
nicas, dentre outras), como ex- levam em consideração as inte-
trínsecas (tempo de infusão dos rações farmacocinéticas e farma-
medicamentos, interações com codinâmicas, o mecanismo de
alimentos, contraindicações, in- atuação celular e reações adver-
terações medicamentosas, den- sas graves em caso de extravasa-
tre outras). mento.

Pacientes em tratamento on- Vários antineoplásicos são


cológico usualmente utilizam constituídos por moléculas com
um extenso arsenal terapêutico, elevada lipossolubilidade, neces-
o que invariavelmente acarreta sitando de extenso metabolismo
na presença de numerosas inte- hepático para que possam ser
rações medicamentosas. Diante excretados. Outros fármacos por
disso, surge o desafio de verificar sua vez, possuem importante ex-
as interações com significância creção renal, alterando o modo
clínica que necessitam de moni- com que outros medicamentos
toramento ou intervenção. A res- são excretados. Por conta disso,
peito desse tópico, uma discus- pode haver alteração no tempo
são recorrente entre profissionais de ação de alguns antineoplási-
da área oncológica é de como cos, com maior toxicidade. Fato
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 55

esse que ganha ainda mais rele- de forquilhas de divisão, bem


vância quando consideramos os como, estará menos enovelado.
riscos inerentes ao tratamento. Fato esse que tende a aumentar
Como maneira de contornar a ação de fármacos sem especi-
tais riscos em potencial, pode- ficidade por uma etapa do ciclo
-se avaliar os protocolos objeti- celular, uma vez que é mais fácil
vando evitar que fármacos que que reações químicas ocorram
possam alterar o metabolismo quanto mais acessível estiver o
ou excreção sejam infundidos sítio de ligação. Por conseguinte,
inicialmente. se a infusão ocorrer em ordem
inversa, ou seja, iniciar por um
Outra possibilidade é avaliar medicamento que não possui
os mecanismos de ação celu- especificidade de fase do ciclo
lar de cada medicamento do celular para que o mesmo de-
protocolo, priorizando para que sempenhe uma ação terapêu-
medicamentos que atuam em tica, as células atingidas irão
fases específicas do ciclo celular diminuir, mesmo que momen-
antecedam medicamentos que taneamente, seu metabolismo,
atuam sem especificidade. Uma com diminuição do número de
vez que a célula neoplásica so- células que entram em divisão,
fre a interferência de um agente e consequentemente, menor
letal, a mesma tende a interrom- possibilidade de atuação de fár-
per o processo de divisão celu- macos ciclo específicos que ve-
lar. Caso essa interrupção ocorra nham a ser administrados pos-
em uma fase específica da divi- teriormente. Diante disso, uma
são, como durante a duplicação outra possibilidade é priorizar
do DNA ou extensa produção para que medicamentos que
de proteínas, o DNA da célula atuam em uma fase específica
estará com um número maior sejam administrados antes do
56 4.

que os antineoplásicos que atu- oplásicos que o sucederam, e


am de forma não específica no que pode se romper com maior
ciclo celular. facilidade. Pensando nisso, existe
a proposta de que medicamen-
E por fim, outro importante fa- tos com potencial vesicante
tor a se considerar é o risco de sejam administrados ao início,
lesão tecidual grave se houver com vista a diminuir o risco de
extravasamento do fármaco, co- um episódio de extravasamento
nhecido como ação vesicante. seguido de dano tecidual grave.
A terapia antineoplásica agride
todas as células do organismo, e Não existe consenso na litera-
o leito vascular em que se realiza tura ou entre os profissionais e
a infusão desses medicamentos, serviços oncológicos sobre uma
que os recebe de modo mais melhor teoria a ser utilizada para
concentrado, sofre um proces- fundamentar a ordem de infusão,
so de enrijecimento e perda da e nem manuais ou matérias que
resiliência com o seguimento consigam abranger um grande
do tratamento. Ou seja, a cada número de protocolos de trata-
novo ciclo de tratamento, maior mento antineoplásico. Cabe a
é o risco de que uma veia se cada serviço discutir as teorias
rompa durante a infusão, e libe- que se colocam e sistematizar as
re grande quantidade do fárma- evidências científicas para a com-
co no tecido adjacente. Além de posição de rotinas próprias. Tra-
se avaliar esse processo ao lon- tam-se de análises complicadas,
go dos ciclos, durante a infusão especialmente em protocolos
de diversos antineoplásicos, o constituídos por muitos fárma-
medicamento que é infundido cos, além de que, particularida-
ao final passa por leito vascular des de cada serviço oncológico,
recém-fragilizado pelos antine- com relação ao fluxo de pacien-
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 57

tes e preparo dos medicamen- 4.3 Extravasamento e aci-


tos, também devem ser levados dentes com derramamento
em consideração para que se antineoplásicos
realize um planejamento factível.

Essa é uma discussão atual e


complexa, pois independente 4.3.1 Extravasamento
das ferramentas utilizadas para
Dentre os principais eventos
definir a melhor ordem de infu-
adversos relacionados à admi-
são, faz-se necessário maior sis-
nistração de medicamentos, o
tematizações das informações e
extravasamento de agentes an-
avanços teórico-práticos. A litera-
tineoplásicos (escape de fárma-
tura está longe de um consenso
cos vesicantes ou irritantes do
sobre o tema, mas é preciso ter
vaso sanguíneo para tecidos em
clareza de que a revolução de
torno do acesso venoso) desta-
um campo do conhecimento se
ca-se pelas potenciais complica-
inicia pela revolução da prática
ções graves e desconforto cau-
profissional. Cabendo ao farma-
sado aos pacientes.
cêutico consolidar seu papel de
profissional do cuidado, auxilian- São fatores determinantes para
do a equipe de multiprofissional a severidade do dano: classifica-
e fornecendo o embasamento ção da droga de acordo com o
necessário para essa discussão. potencial de causar danos locais
(irritantes ou vesicantes); local do
extravasamento; volume e con-
centração do fármaco extravasa-
do; tempo de exposição tecidual
e as medidas adotadas no mo-
mento da ocorrência.
58 4.

A intervenção consistente
e rápida reduz os riscos de le-
sões permanentes, portanto é
extremamente necessário que
os profissionais de enfermagem
estejam habilitados e treinados
para a administração de antine-
oplásicos. O desenvolvimento e
aplicação de um protocolo insti-
tucional bem definido garantirá
condutas eficazes em casos de
extravasamento.
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 59

Figura 5: Protocolo de Extravasamento de Antineoplásicos:

 
Fonte: Manual de Procedimentos, 2015.
60 4.

4.3.2 Acidentes com derra- onde são realizadas atividades


mamento antineoplásicos de manipulação, armazenamen-
to, administração e transporte
A resolução nº 220/2004 que de antineoplásicos.
aprova o Regulamento Técnico
de funcionamento dos Serviços O treinamento constante dos
de Terapia Antineoplásica define colaboradores e a divulgação de
o acidente em terapia antineo- condutas em caso de acidentes
plásica como a contaminação são medidas efetivas para a dimi-
do ambiente gerada pelo derra- nuição dos riscos ocupacionais.
mamento dos medicamentos da
terapia antineoplásica.

Estes medicamentos podem


causar danos à saúde dos pro-
fissionais atuantes na área hospi-
talar. Desse modo, todos os fun-
cionários dos setores onde há
antineoplásicos e principalmen-
te os envolvidos no transporte
de frascos/ampolas ou doses
prontas devem receber treina-
mento específico de biossegu-
rança em caso de acidentes.

O Serviço de Terapia Antine-


oplásica deve manter um kit
de derramamento identificado
e disponível em todas as áreas
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 61

Figura 6: Fluxograma para Acidentes com Antineoplásicos:

 
Fonte: Manual de Procedimentos, 2015.
62 4.

4.4 Cuidados Específicos II. A dose inicial deve ser in-


com Medicamentos Antineo- fundida ao longo de 90 minu-
plásicos tos. Geralmente após os outros
agentes antineoplásicos. A infu-
são pode ser encurtada para 60
minutos quando a infusão inicial
BEVACIZUMABE
for bem tolerada. A terceira infu-
O bevacizumabe é um são e as subsequentes podem
anticorpo humanizado dirigido ser encurtadas para 30 minutos
contra os fatores de crescimen- quando a infusão de 60 minutos
to vascular endotelial (VEGF-A). for bem tolerada.
Dessa forma há uma redução
na pressão intersticial dentro dos
tumores e revertida as alterações BORTEZOMIBE
na oxigenação e no fluxo sanguí-
neo, aumentando a capacidade O Bortezomibe atua inibindo o
dos agentes quimioterápicos al- complexo enzimático proteasso-
cançarem o tumor. ma interrompendo a divisão das
células neoplásicas.
Considerações especiais:
Considerações especiais:
I. O bevacizumabe possui po-
tencial emetogênico mínimo. Se I. Potencial emetogênico de ris-
necessário, pré medicar com de- co mínimo. Não é recomendada
xametasona em cada dia do ciclo profilaxia antiemética.
ou metoclopramida a cada 4 ou 6
horas. Monitorizar reações distô- II. Utilizar com precaução em
nicas e se necessário administrar pacientes com insuficiência he-
difenidramina a cada 4 - 6 horas. pática, porque o metabolismo e/
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 63

ou clearance do fármaco pode gênio sete da guanosina e inter-


ser reduzido. Não há recomenda- fere com a replicação do DNA e
ções de dose formais neste cená- transcrição do RNA.
rio, embora os pacientes devam
ser cuidadosamente monitoriza- Considerações especiais:
dos quanto à toxicidade. I. Possui potencial emetogêni-
III. Utilizar com precaução em co moderado. Pré-medicar com
pacientes com insuficiência renal, ondansetrona e dexametasona
especialmente se o clearance da pela via endovenosa ou oral,
creatinina for de <30 mL/min. A conforme descrito em Protocolo
redução da dose deve ser consi- Antiemético.
derada nestes casos. II. Monitorar pacientes quanto
IV. O uso do bortezomibe deve a sintomas pulmonares, já que
ser interrompido frente ao início o bussulfano pode causar pneu-
de qualquer toxicidade não he- monite intersticial.
matológica grau 3, incluindo a II. Ingestão do bussulfano oral
neuropatia, ou qualquer toxicidade com estômago vazio pode dimi-
hematológica grau 4. Após o desa- nuir o risco de náusea e vômito.
parecimento dos sintomas, o tra-
tamento pode ser reiniciado com
uma redução da dose de 25%.
CARBOPLATINA

A carboplatina é um agente
BUSSULFANO alquilante que se liga ao DNA
de forma covalente, preferencial-
O bussulfano é um agente al- mente ao nitrogênio da posição
quilante que reage com o nitro- sete da guanina e adenina. O
64 4.

efeito citotóxico é causado pela o impacto de tratamentos pré-


inibição da transcrição e replica- vios na função renal, que pode
ção, induzindo a apoptose celu- requerer doses mais baixas para
lar. A síntese de proteínas e RNA pacientes com função renal de-
também é afetada, mas em me- bilitada.
nor grau.
III. Em contraste com a cispla-
Considerações especiais: tina, a hidratação endovenosa
vigorosa do não é necessária,
I. Possui potencial emetogêni- porém os pacientes devem ser
co moderado. Pré-medicar com instruídos a manter a hidratação
ondansetrona e dexametasona oral adequada.
pela via endovenosa ou oral, con-
forme descrito em Protocolo An-
tiemético. Até o terceiro dia sub-
sequente pode ser administrado CETUXIMABE
a dexametasona pela via oral.
O cetuximabe é um anticorpo
II. A maneira mais segura e imunoglobulina G1 (IgG1) huma-
aceitável de determinar a dose no/quimérico recombinante di-
de carboplatina é através da fun- rigido contra o domínio extrace-
ção renal utilizando a fórmula de lular dos fatores de crescimento
Calvert: Dose total (mg) = (Área epidérmico (EGF). Liga-se especi-
sob a curva desejada) x (taxa de ficamente ao domínio extracelu-
filtração glomerular + 25). Desta lar EGF e impede sinalização e a
forma obtém-se a dose em mi- dimerização do receptor depen-
ligramas (mg) e não em miligra- dente de ligante, bloqueando,
mas por metro quadrado (mg/ assim, os sinais de crescimento
m2). Este método leva em conta celular e sobrevida.
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 65

Considerações especiais: I. A ciclofosfamida possui alto


potencial emetogênico quando
I. Possui potencial emetogê- associada a antraciclinas, ou em
nico mínimo. Pré-medicar com doses superiores a 1500 mg/m2.
difenidramina. Pré-medicar com granisetrona e
dexametasona pela via endove-
II. Monitorizar os sinais vitais du-
nosa ou oral, conforme descrito
rante a infusão e observar por, no
em Protocolo Antiemético.
mínimo, uma hora após a infusão.
II. Utilizar com cautela em pa-
III. Importante monitorar níveis
cientes com disfunção renal, que
séricos de magnésio e cálcio, por
deve ser monitorada para redu-
risco de hipomagnesemia e hi-
ção de dose quando necessário.
pocalcemia.
Os pacientes devem receber
hidratação intravenosa vigorosa
durante o tratamento com altas
CICLOFOSFAMIDA doses, além de ser indicada a
ingestão de dois litros de líquido
A ciclofosfamida é um agente
por dia e esvaziar a bexiga a cada
alquilante ativado pelas enzimas
duas horas. Tem se notado secre-
hepáticas do sistema microsso-
ção inapropriada de hormônio
mal citocromo p450 em dois
antidiurético em pacientes trata-
metabólitos citotóxicos: mostar-
dos com ciclofosfamida. É impor-
da de fosforamida e acroleína. A
tante estar atento para a possibili-
ação citotóxica da ciclofosfamida
dade de intoxicação hídrica, visto
deve-se principalmente ao entre-
que esses pacientes costumam
cruzamento de metabólitos cito-
ser vigorosamente hidratados
tóxicos nas cadeias de DNA.
para evitar a toxicidade vesical.
Considerações especiais: Para doses utilizadas no trans-
66 4.

plante de células tronco-hemato- mesmo filamento de DNA, pro-


poiéticas necessitam de controle duzindo ligação cruzada intrafila-
de horário de diurese mantendo mentar e ruptura.
o débito urinário maior ou igual
a 200 mL/h, com a administra- Considerações especiais:
ção de furosemida. Monitorar a I. Possui potencial emetogênico
ocorrência de hematúria antes alto. Pré-medicar com granisetro-
de cada ciclo. na e dexametasona pela via en-
III. Pode causar cisitite hemor- dovenosa ou oral, conforme des-
rágica, disúria e o aumento da crito em Protocolo Antiemético,
frequencia urinária ocorre em prévio a administração da cisplati-
5-10% dos pacientes. Os sinto- na e com dexametasona oral nos
mas podem ter início dentro de quatro dias subsequentes.
24 horas ou após várias semanas. II. Utilizar com cautela em pa-
É reversível após a descontinua- ciente com disfunção renal. A
ção do medicamento e a uropre- toxicidade é cumulativa e se dá
tação com mesna e hidratação nos glomérulos e túbulos. Para
previnem a toxicidade vesical da minimizar o risco de nefrotoxici-
ciclofosfamida. dade hidratar o paciente antes,
durante e após a administração
da cisplatina. A diurese pode ser
CISPLATINA estimulada com o uso de furose-
mida e manitol e deve ser man-
A cisplatina é um agente al- tida uma diurese mínima de 100
quilante que inibe a síntese de ml/hora por até 24 horas após a
DNA pela formação de ligações administração do antineoplásico.
cruzadas. Também pode se ligar
a duas guaninas adjacentes no III. Distúrbios eletrolíticos são
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 67

comuns, incluindo hipomagne- sob certas condições, bloquean-


semia, hipocalcemia, hipopo- do a progressão das células da
tassemia e a hipofosfatemia. É fase G1 para a fase S. Age através
recomendada a determinação da inibição da DNA polimerase
rotineira das concentrações plas- e produz danos cromossômicos
máticas de íons e do clearence extensos.
de creatinina.
Considerações especiais:
IV. A cisplatina deve ser admi-
nistrada em solução intravenosa I. Possui potencial emetogêni-
contendo pelo menos 0,3% de co moderado em doses superio-
cloreto de sódio. Essa quantidade res a 2 g/m2. Pré medicar com
de íons cloreto é essencial para a ondansetrona e dexametasona
manutenção da estabilidade da pela via endovenosa ou oral,
cisplatina na solução intravenosa. conforme descrito em Protocolo
O medicamento deve ser diluí- Antiemético.
do em solução fisiológica a 0,9%
II. Utilizar com cautela em pa-
ou em 1/2 ou 1/3 de solução
cientes com disfunção hepática
fisiológica com solução glicosada
ou renal, pode ser necessário o
a 5%. A cisplatina também sofre
ajuste da dose.
inativação em soluções alcalinas
contendo bicarbonato de sódio. III. Em pacientes portadores
de leucemia mielóide aguda
recomenda-se a alcalinização da
CITARABINA urina com alopurinol e hidrata-
ção endovenosa vigorosa para
A citarabina atua destruindo prevenção da síndrome de lise
inicialmente as células que rea- tumoral.
lizam síntese de DNA (fase S) e,
68 4.

IV: Recomenda-se o tempo de te potente, que deve ser admi-


infusão de 1 – 2 horas em terapia nistrado cuidadosamente para
de alta dose (1,5 g/m2 – 3g/m2 evitar o risco de extravasamento.
a cada 12 horas).

V. Em terapia de alta dose


pode ocorrer conjuntivite. Reco- DAUNORRUBICINA
menda-se o uso profilático de A daunorrubicina atua forman-
colírio contendo corticosteroides, do ligações com os grupos fos-
iniciando preferencialmente na folipídeos da membrana celular,
noite anterior à primeira dose. alterando sua fluidez, assim como
o transporte de íons. Também
promovem a formação do radi-
DACARBAZINA cal livre do oxigênio, através de
um processo redutor enzimático.
A dacarbazina é um agente Além da formação de ligações
que atua através da alquilação interfilamentares com o DNA, o
dos ácidos nucléicos, inibindo a que leva ao bloqueio da síntese
síntese DNA, RNA e proteínas. do DNA e RNA e diminuição da
atividade da topoisomerase II.
Considerações especiais:
Considerações especiais:
I. Potencial emetogênico alto.
Pré-medicar com granisetrona e I. Potencial emetogênico: mo-
dexametasona pela via endove- derado. Pré-medicar com ondan-
nosa ou oral, conforme descrito setrona e dexametasona pela via
em Protocolo Antiemético. endovenosa ou oral, conforme
descrito em Protocolo Antiemé-
II. A dacarbazina é um vesican-
tico.
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 69

II. Em pacientes com insufici- aconselhados a evitar a exposi-


ência hepática, é recomendado ção ao sol e usar filtro solar quan-
o ajuste da dose, conforme valo- do forem sair.
res bioquímicos séricos: Bilirrubi-
na 1,2 a 3 mg/dL: 50% da dose V. Os pacientes devem ser
inicial recomendada; Bilirrubina advertidos sobre a possibilida-
> 3 mg/dL: 25% da dose inicial de mudança na cor da urina
recomendada. para vermelho-laranja, que pode
ocorrer por 1-2 dias após a admi-
III. A função cardíaca do pa- nistração do medicamento.
ciente deve ser monitorada antes
e durante o tratamento, para re-
duzir o risco de desenvolvimento DOCETAXEL
de insuficiência cardíaca grave. O
risco de cardiotoxicidade é maior O docetaxel promove a forma-
em pacientes com mais de 70 ção de microtúbulos a partir de
anos de idade, em pacientes dímeros de tubulina e inibe a des-
com história prévia de hiperten- polimerização da tubulina que es-
são ou doença cardiaca pré-exis- tabiliza os microtúbulos na célula
tente, e em doentes previamente causando a inibição da síntese de
tratados com antraciclinas ou DNA, RNA e de proteínas.
radioterapia anterior ou conco-
mitante na área mediastínica/ Considerações especiais:
pericardíaca. Doses acumulativas
I. Potencial emetogênico bai-
>550 mg/m2 estão associados
xo. Pré-medicar com dexameta-
com risco aumentado de cardio-
sona ou metoclopramida. Utilizar
toxicidade.
corticosteroides ou anti-histamí-
IV. Os pacientes devem ser nicos como pré-medicação para
70 4.

evitar o risco de reações anafiláti- da dupla hélice do DNA, interfe-


cas no momento da infusão. rindo diretamente a transcrição
e a replicação. Ocorre a inibição
II. Utilizar com cautela em pa- das enzimas topoisomerases I e II,
cientes com alteração da função formação de radicais livres e alte-
hepática que possuem maior ris- rações nas membranas celulares.
co de apresentar toxicidade ao
medicamento. Considerações especiais:

III. Monitorar pacientes com I. Potencial emetogênico mode-


alergia e/ou reações de hipersen- rado (20-60 mg) a alto (>60 mg).
sibilidade, frequentes no primeiro Pré-medicar com ondansetrona
e segundo ciclos tratamento. e dexametasona pela via endo-
venosa ou oral, conforme descrito
IV. Contraindicado em pacien- em Protocolo Antiemético.
tes com conhecida hipersensibi-
lidade a polisorbato 80. II. Utilizar com precaução em
pacientes com insuficiência he-
V. Para infusão do medicamen- pática, a dose deve ser reduzida
to utilizar somente frascos e equi- nestes pacientes.
pos de polipropileno ou de polio-
lefinas. III. Assim como com a daunor-
rubicina, deve-se monitorar a fun-
ção cardíaca antes e durante o
tratamento. Doses acumulativas
DOXORRUBICINA
> 450 mg/m2 estão associados
A doxorrubicina é um agente com risco aumentado de cardio-
celular não específico, que inter- toxicidade.
cala-se entre os pares de bases
IV. Risco de cardiotoxicidade é
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 71

diminuído com horários sema- III. Administrar o fármaco du-


nais ou infusão contínua. rante um período de pelo menos
30-60 minutos, a fim de evitar o
VI. Os pacientes devem ser ad- risco de hipotensão. Caso haja
vertidos sobre a possibilidade de queda da pressão arterial, inter-
descoloração da urina para ver- romper imediatamente o me-
melho-laranja que pode ocorrer dicamento e administrar fluidos
por 1-2 dias após a administração endovenosos.
do medicamento.
IV. Acompanhar atentamente
para reações anafiláticas. Esta re-
ação é mais comumente obser-
ETOPOSÍDEO
vada durante a infusão inicial da
O etoposídeo inibe a topoiso- terapia e, provavelmente, relacio-
merase II estabilizando o comple- nada com o veículo de polisor-
xo topoisomerase-DNA e assim bato 80.
bloqueando a atividade da célula
V. Para infusão do medica-
e a progressão para a fase G2.
mento utilizar somente frascos e
Considerações especiais: equipos de polipropileno ou de
poliolefinas.
I. Potencial emetogênico baixo.
Pré-medicar com dexametasona
ou metoclopramida.
FILGRASTIM
II. Utilizar com cautela em pa-
O fator de estimulação da co-
cientes com disfunção renal e
lônia de granulócitos (G-CSF) hu-
hepática, a redução da dose é
mano recombinante, filgrastim, é
recomendada nestes pacientes.
uma glicoproteína de 175 ami-
72 4.

noácidos, produzida pela Esche- humana a 20% (concentração de


richia coli. Sua ação consiste em 2 mg/mL) para prevenir a adsor-
estimular as unidades formado- ção em plásticos. Não diluir em
ras de colônias de granulócitos solução salina.
(CFU-G) a aumentar a produção
de neutrófilos, e potencializar as V. O hemograma deve ser
funções fagocíticas e citotóxicas monitorizado pelo menos duas
dos neutrófilos. vezes por semana durante o
tratamento, para evitar a neutro-
Considerações especiais: penia persistente e leucocitose
excessiva, sendo recomendada a
I. Contraindicado em pacientes interrupção a partir de contagem
com hipersensibilidade conheci- acima de 10.000 células/mL.
da a produtos derivadas de E. coli.
VI. A pré-medicação com ace-
II. A Filgrastim deve ser adminis- tominofeno ajuda a aliviar a dor
trada pelo menos 24 horas após a óssea que surge devido à expan-
última dose de quimioterapia e 12 são da medula óssea em respos-
horas após a terapia de radiação. ta ao tratamento.
III. Quando via de administra-
ção subcutânea, recomendar aos
pacientes que alternem os locais FLUDARABINA
de aplicação.
O metabólito da fludarabina ini-
IV. Quando via de administra- be a síntese de DNA pela inibição
ção intravenosa, em concentra- da DNA polimerase, da ribonucle-
ções entre 5 - 15 mcg/mL, de- otídeo redutase e da DNA primase.
vem ser administradas com 0,2
mL de uma solução de albumina Considerações especiais:
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 73

I. Risco potencial emetogênico FLUORURACILA


mínimo. Não é recomendada
profilaxia antiemética. O Fluorouracila, antimetabólito
pirimidina, é um inibidor da timi-
II. Em pacientes com insufici- dilato sintetase, interferindo na
ência renal, a dose deve ser redu- síntese do DNA e no seu repa-
zida em proporção ao clearance ro. A redução do co-fator folato
de creatinina. é necessária para haver ligação
forte entre o monofosfato de flu-
III. Utilizar com precaução em orodesoxiuridina (5-FdUMP) e a
pacientes idosos e em pacientes timidilato sintetase.
com insuficiência da medula ós-
sea, já que estão em maior risco Considerações especiais:
de toxicidade.
I. O Fluorouracila possui po-
IV. Monitorar os sinais de in- tencial emetogênico baixo. Pré-
fecção, pois a depleção das -medicar com dexametasona ou
células T CD4+ com a terapia, metoclopramida.
predispõe a infecções oportu-
nistas, incluindo herpes, fungos II. O ajuste de dose em pacien-
e Pneumocystis carinii. tes com suave ou moderada dis-
função renal ou hepática não é
V. Monitorar os sinais de síndro- necessário. Entretanto, estes pa-
me de lise tumoral, especialmen- cientes devem ser monitorados
te em pacientes com uma carga de perto, já que podem estar em
alta de células de tumorais. O alo- risco aumentado de toxicidade
purinol pode ser indicado antes de acolhimento.
do início da terapia com fludara-
bina para evitar hiperuricemia. III. Os pacientes devem ser
cuidadosamente monitorizados
74 4.

para mucosite e/ou diarreia, por -medicar com dexametasona ou


aumentar o risco de infecção e metoclopramida.
desidratação.
II. Importante monitorar he-
IV. A utilização de lascas de mogramas completos regular-
gelo na boca por 30 minutos, a mente durante a terapia. A re-
partir da infusão da droga pode dução da dose é recomendada
reduzir a incidência e a gravidade com base no grau de toxicidade
da mucosite. hematológica.

III. Deve-se considerar a redu-


ção de dose em pacientes com
GENCITABINA insuficiência renal e hepática,
já que estão em maior risco de
O antimetabólito pirimidina
toxicidade.
inibe a síntese de DNA pela ini-
bição do DNA polimerase e da IV. Infusão prolongada de tem-
ribonucleotídeo redutase. O di- po > 60 minutos, está associada
fosfato de gencitabina, metabó- à maior incidência de toxicidade.
lito ativo da gencitabina, inibe
a síntese de DNA pela inibição
da ribonucleotídeo redutase e
o trifosfato de gencitabina, outro IDARRUBICINA
metabólito ativo, incorpora-se ao A idarrubicina intercala-se se en-
DNA e inibe a DNA polimerase. tre pares de bases do DNA, inibin-
Considerações especiais: do a síntese de DNA e de RNA.

I. A gencitabina possui po- Considerações especiais:


tencial emetogênico baixo. Pré- I. A idarrubicina possui poten-
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 75

cial emetogênico moderado. Pré-


-medicar com ondansetrona e
dexametasona pela via endove- IFOSFAMIDA
nosa ou oral, conforme descrito A ifosfamida é um agente al-
em Protocolo Antiemético. quilante cuja ação citotóxica
II. Considerar a redução de deve-se principalmente ao en-
dose em pacientes com altera- trecruzamento de metabólitos
ção da função hepática. A redu- citotóxicos nas cadeias de DNA
ção da dose de 50% é recomen- e RNA, como também à inibição
dada para bilirrubina sérica de da síntese protéica.
2,6 - 5,0 mg/dL. Considerações especiais:
III. A alcalinização da urina, alo- I. A Ifosfamida possui potencial
purinol, e hidratação vigorosa por emetogênico alto quando admi-
via endovenosa são recomenda- nistrada em doses superiores a 2
das para prevenir a síndrome de g/m2. Nestes casos, pré-medicar
lise tumoral em pacientes com
com granisetrona e dexametaso-
leucemia mielóide aguda.
na pela via endovenosa ou oral,
IV. Os pacientes devem ser conforme descrito em Protocolo
aconselhados a usarem filtro so- Antiemético.
lar e evitarem a exposição ao sol.
II. Uroproteção com mesna e
V. Os pacientes devem ser hidratação devem ser utilizadas
advertidos sobre a possibilidade na prevenção da toxicidade vesi-
de descoloração da urina para cal. Hidratação pré e pós (1,500-
vermelho que pode ocorrer por 2,000 mL/dia) ou irrigação vesi-
1-2 dias após a administração do cal contínua são recomendadas
medicamento. para prevenção de cistite hemor-
76 4.

rágica. Importante monitorar a Considerações especiais:


urina para presença de hematú-
ria macroscópica e/ou micros- I. A irinotecana possui poten-
cópica, antes de cada ciclo de cial emetogênico moderado.
tratamento. Pré-medicar com ondansetrona
e dexametasona pela via endo-
II. Monitorar parâmetros de co- venosa ou oral, conforme descri-
agulação quando a ifosfamida for to em Protocolo Antiemético.
administrada concomitantemen-
te à varfarina, já que a ifosfamida II. A “diarreia precoce” consiste
pode aumentar o seu efeito anti- em uma importante toxicidade,
coagulante. que pode ocorrer durante ou 24
horas após a administração do
medicamento. É recomendado
o uso de anticolinérgicos como
IRINOTECANA atropina para controlar esse sin-
toma.
A irinotecana e seu metabólito
ativo (SN-38) ligam-se de modo III. A “diarreia tardia” pode ini-
reversível à topoisomerase I-com- ciar após 24 horas da administra-
plexo DNA, prevenindo a religa- ção do medicamento, pode levar
ção do filamento de DNA frag- a desidratação grave e/ou dese-
mentado. Isso acarreta o acúmulo quilíbrio eletrolítico. A adoção
de complexos fragmentáveis e de um esquema intensivo com
rupturas do DNA de filamento loperamida deve ser iniciado
duplo. Ocorre morte celular com- imediatamente após o primeiro
patível com a especificidade da movimento do intestino solto.
fase S do ciclo celular, acarretando Os pacientes devem ser adverti-
o fim da replicação celular. dos a não fazer uso de laxantes
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 77

durante a terapêutica. de anafliaxia durante a infusão.

IV. Utilizar com precaução em II. Utilizar com cautela em pa-


pacientes > 65 anos de idade e cientes com disfunção renal, que
naqueles pacientes previamente deve ser monitorada para redu-
tratados com irradiação abdomi- ção de dose quando necessário.
nal e / ou pélvica, já que estão
em maior risco de mielossupres- III. Quando administrado oral-
são e diarreia. mente, o medicamento deve ser
tomado com o estômago vazio
para maximizar a absorção.

MELFALANO IV. Monitorar o local da aplica-


ção para o aparecimento de eri-
O melafalano é um agente tema, dor e/ou queimadura.
alquilante cuja ação citotóxica
deve-se principalmente ao en-
trecruzamento de metabólitos
citotóxicos nas cadeias de DNA, METOTREXATO
inibe a síntese do DNA. O metotrexato atua por ini-
Considerações especiais: bição da diidrofolato redutase,
ligando-se a essa enzima 3.000
I. O Melfalano possui potencial a 100.000 vezes mais fortemente
emetogênico moderado. Pré- que o seu substrato. Desta forma
-medicar com ondansetrona e impede a redução do diidrofola-
dexametasona pela via endove- to ao ativo tetraidrofolato resul-
nosa ou oral, conforme descrito tando na inibição das sínteses de
em Protocolo Antiemético.. Pro- DNA, RNA e proteínas.
curar associar corticosteroide ou
anti-histamínicos devido ao risco Considerações especiais:
78 4.

I. O metotrexato possui poten- paciente com 2,5-3,5 litros/m2/


cial emetogênico moderado em dia de cloreto de sódio 0,9% en-
doses superiores a 250 mg/m2. dovenoso, iniciando 12 horas an-
Pré-medicar com ondansetrona tes por 24-48 horas após a infu-
e dexametasona pela via endove- são de metotrexato. Bicarbonato
nosa ou oral, conforme descrito de sódio (1-2 amps/L) deve ser
em Protocolo Antiemético. incluído no fluido endovenoso
para assegurar que o pH da urina
II. Utilizar com cautela em pa- seja superior a 7,0 no tempo da
cientes com disfunção renal, que infusão do fármaco. O ideal que
deve ser monitorada para redu- permaneça 48-72 horas após a
ção de dose quando necessário. droga ser administrada.
III. Utilizar com precaução em VI. Os níveis de metotrexato no
pacientes edemaciados, com sangue deve ser monitorado em
derrame pleural ou ascite. Nestes pacientes recebendo altas doses,
casos a meia vida do metotrexa- pacientes com disfunção renal (cle-
to será prolongada levando a um arance de creatinina < 60 mL/0min)
aumento da toxicidade. independentemente da dose, e
em pacientes que experimentaram
IV. Utilizar com cautela em pa-
uma toxicidade excessiva em trata-
cientes com câncer de bexiga,
mento anterior com o metotrexato.
que podem apresentar maior
risco de toxicidades decorrentes VI. Os pacientes submetidos à
de atrasos na eliminação do me- terapia com altas doses devem
totrexato. ter os níveis de metotrexato san-
guíneo monitorados a cada 24h
V. Em terapia de altas doses de
iniciando 24h após a infusão. O
metotrexato (>1gm/m2), é impor-
resgate com leucovorina ou L-
tante a hidratação vigorosa do
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 79

-leucovorina, o isômero ativo do a dexametasona por via oral.


leucovorin, deve ser iniciado 24
horas após a infusão do medica- II. Utilizar com cautela em
mento e deve continuar até que o paciente com disfunção renal,
nível do metotrexato seja < 50nM. principalmente com clearece de
creatinina abaixo de 20 mL/min.
VII. A administração intratecal do Monitorara diariamente função
metotrexato também pode levar renal do paciente durante o tra-
mielosupressão e/ou mucosite. tamento.

III. Pode causar toxicidade


neurológica dose limitante. Mo-
OXALIPLATINA nitorar e evitar exposição ao frio
(principalmente durante a admi-
A oxaliplatina é um agente
nistração do medicamento) que
alquilante que após a hidrólise
pode desencadear neuropatia
intracelular liga-se ao DNA, for-
periférica.
mando ligações cruzadas que
inibem a replicação e transcrição IV. A oxaliplatina não deve ser
do DNA, acarretando a morte administrada com soluções bási-
celular. cas (p. ex.: contendo fluoruracil)
ou soluções salinas, que podem
Considerações especiais:
causar degradação do medica-
I. Possui potencial emetogêni- mento.
co moderado. Pré-medicar com
ondansetrona e dexametasona
pela via endovenosa ou oral, con- PACLITAXEL
forme descrito em Protocolo An-
tiemético. Até o terceiro dia sub- O paclitaxel é um agente que
sequente pode ser administrado promove a agregação dos mi-
80 4.

crotúbulos a partir dos dímeros suem um risco alto de toxicidade,


de tubulina. Liga-se especifica- é contraindicado em pacientes
mente a unidade beta-tubulina, com disfunção hepática severa.
estabiliza os microtúbulos pre-
venindo a despolimerização e IV. Utilizar com cautela em pa-
inibição da dinâmica normal cientes com histórias prévias de
de reorganização da rede de diabetes mellitus e alcoolismo crô-
microtúbulos essencial para as nico ou terapia anterior com agen-
funções celulares. tes nefrotóxicos como a cisplatina.

Considerações especiais: V. Para infusão do medica-


mento utilizar somente frascos
I. Potencial emetogênico baixo. e equipos de polipropileno ou
Pré-medicar com dexametasona de poliolefinas.
ou metoclopramida. Utilizar cor-
ticosteroides ou anti-histamínicos
como pré-medicação para evitar RITUXIMABE
o risco de reações anafiláticas no
momento da infusão. O rituximabe é um anticorpo
monoclonal quimérico, cujo alvo
II. Contraindicado em pacientes é o antígeno CD20, encontrado
com história de reações de hiper- na membrana de linfócitos B
sensibilidade severa ao paclitaxel normais e malignos.
ou a outras drogas formuladas em
Cremophor EL, incluindo ciclos- Considerações especiais:
porina ou etoposídeo.
I. O rituximabe possui baixo
III. Utilizar com cautela em pa- potencial emetogênio, mas alto
cientes com alteração da função potencial anafilático. Pré-medicar
hepática. Estes pacientes pos- o paciente com difenidramina,
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 81

hidrocortisona ou dexametasona xo topotecano-DNA-topoisomera-


e paracetamol. Antes da primeira se I e rompimento de filamentos
exposição, recomenda-se uso de de DNA. O topotecano atua na
dexametasona. fase S do ciclo celular.

II. A primeira infusão deve ser Considerações especiais:


de 50 mg/hora, posteriormente a
velocidade poderá ser aumentada I. O topotecano possui po-
em 50 mg/hora a cada 30 minutos tencial emetogênico baixo. Pré-
até o máximo de 400 mg/hora. -medicar com dexametasona ou
metoclopramida.
III. Para as infusões subsequen-
tes, iniciar com velocidade de 100 II. É necessário reduzir a dose
mg/hora e aumentar em 100 mg/ do fármaco em pacientes com
hora, a intervalos de 30 minutos disfunção renal moderada. Não
até um máximo de 400 mg/hora. é recomendada a administração
em pacientes com grave com-
IV. Se ocorrer reação, reduzir a prometimento renal.
taxa ou suspender a infusão. Se
a reação diminuir, reiniciá-la com III. A neutropenia consiste na
metade da taxa anterior. toxicidade que limita a dose ad-
ministrada. Se a contagem de
granulócitos estiver baixa, iniciar
o G-CSF ou GM-CSF 24 horas
TOPOTECANO após a conclusão da terapia com
topotecano.
Liga-se ao complexo DNA-topoi-
somerase I e impede a religação
do filamento do DNA rompido.
Isso acarreta acúmulo do comple-
82 4.

TRASTUZUMABE temporariamente diminuída ou


interrompida e o paciente trata-
Anticorpo monoclonal recom- do com paracetamol VO e dife-
binante humanizado que se liga nidramina EV. Após melhora dos
seletivamente ao domínio extra- sintomas, a infusão poderá ser
celular do c-erbB2 (HER-2), um lentamente reiniciada.
proto-oncogene membro da
família do fator epitelial de cres- V. O trastuzumabe é potencial-
cimento epidérmico (EGFR) em mente cardiotóxico, e os pacien-
células de câncer de mama. tes devem ter avaliação de fun-
ção miocárdica antes e durante o
Considerações especiais: tratamento.
I. Possui potencial emetogêni-
co mínimo. Não é recomendada
profilaxia antiemética. Vacina BCG

II. Importante monitorizar rea- A vacina BCG é uma prepa-


ções distônicas. Se necessário usar ração liofilizada proveniente do
difenidramina a cada 4 - 6 horas. cultivo da cepa Connaught do
Bacilo de Calmette-Guérin (BCG),
III. Para reduzir risco de reações derivada de uma cepa atenuada
anafiláticas, as doses de ataque do bacilo da tuberculose bovina,
são infundidas durante 90 minu- Mycobacterium bovis. A vacina
tos; a dose de manutenção pode promove uma reação granulo-
ser infundida ao longo de 30 mi- matosa aguda e subaguda com
nutos, conforme a tolerância. infiltração histiocítica e leucocíti-
ca no urotélio e na lâmina pró-
IV. Se hipersensibilidade ou
pria da bexiga urinária. Os efeitos
eventos à infusão, esta deverá ser
inflamatórios locais são associa-
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 83

dos com a eliminação ou redu- VIMBLASTINA


ção das lesões cancerosas super-
ficiais da bexiga urinária. A vimblastina liga-se a tubulina
e inibe a formação de microtú-
Considerações especiais: bulos, interrompendo o desen-
volvimento celular na metáfase
I. A vacina BCG não deve ser por meio da ruptura da formação
administrada em pacientes com do fuso mitótico. Também pode
deficiência imunológica. interferir na síntese protéica e de
ácido nucléico ao bloquear a uti-
II. Não deve ser administrada e/
lização de ácido glutâmico.
ou manipulada por pessoas com
imunodeficiência congênita ou ad- Considerações especiais:
quirida, ou pessoas em tratamento
com drogas imunossupressoras. I. Potencial emetogênico de ris-
co mínimo. Não é recomendada
III. Para o preparo, devem ser profilaxia antiemética.
utilizadas técnicas assépticas em
fluxo laminar, e o medicamento II. Utilizar com cautela em pa-
deve ser administrado logo após cientes com alteração da função
o seu preparo, para evitar o risco hepática, a redução da dose é
de contaminação. recomendada nestes pacientes.

IV. O paciente deve restringir III. A contaminação dos olhos


ingestão de líquidos 3-6 horas pode conduzir a uma severa irrita-
antes da instilação recomenda- ção e até ulceração da córnea. Se
da, principalmente paciente com a contaminação acidental ocorrer,
capacidade limitada da bexiga. os olhos devem ser imediatamen-
te e completamente lavados.
84 4.

VINCRISTINA dental ocorrer, os olhos devem


ser imediatamente e completa-
A vincristina liga-se à tubulina e mente lavados.
inibe a formação de microtúbu-
los, interrompendo o desenvol- IV. Uma avaliação neurológica
vimento celular na metáfase por basal cuidadosa deve ser reali-
meio da ruptura da formação do zada antes de iniciar a terapia
fuso mitótico; é específica para as e no início de cada ciclo. No
fases M e S. A vincristina também aparecimento de sinais e/ou
pode interferir na síntese protéica sintomas de neurotoxicidade
e de ácido nucléico ao bloquear grave deve ocorrer a interrup-
a utilização de ácido glutâmico. ção imediata do tratamento.
Evitar a utilização simultânea de
Considerações especiais: medicamentos associados a to-
xicidade neurológica.
I. Potencial emetogênico de ris-
co mínimo. Não é recomendada V. Recomendado a dose máxi-
profilaxia antiemética. ma semanal de 2 mg para evitar
toxicidade neurológica.
II. Utilizar com cautela em pa-
cientes com alteração da função
hepática. Estes pacientes pos-
suem um risco alto de toxicidade VINORELBINA
e redução da dose é recomenda-
da nestes pacientes. A vinorelbina é um alcalóide
da vinca semissintético que se
III. A contaminação dos olhos liga à tubulina e inibe a formação
pode conduzir a uma seve- de microtúbulos, interrompendo
ra irritação e até ulceração da o desenvolvimento celular na
córnea. Se a contaminação aci- metáfase pela ruptura da forma-
Cuidados com a Terapia Antineoplástica 85

ção do fuso mitótico. A vinorel-


bina também pode interferir na
síntese protéica e de ácido nuc-
léico ao bloquear a utilização de
ácido glutâmico.

Considerações especiais:

I. Potencial emetogênico de
risco mínimo. Não é recomen-
dada profilaxia antiemética.

II. Utilizar com cautela em pa-


cientes com alteração da função
hepática, a redução da dose é
recomendada nestes pacientes.
86
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial 87

5. Atenção Farmacêutica de- medicamentos. Este processo


senvolvida na Farmácia Am- pode compreender escuta ativa,
bulatorial do Hospital Erasto identificação de necessidades,
Gaertner análise da situação, tomada de
decisões, definição de condutas,
A Atenção Farmacêutica, se- documentação e avaliação, entre
gundo a “Declaração de Tóquio”, outros.
pode ser definida como uma
prática profissional em que o O Atendimento Farmacêu-
paciente é o principal benefici- tico pode detectar problemas
ário das ações do farmacêutico, relacionados a medicamentos
compreendendo atitudes, valo- (PRM) e pode ou não gerar uma
res éticos, comportamentos, ha- intervenção farmacêutica. A In-
bilidades, compromisso e co-res- tervenção Farmacêutica é um
ponsabilidade na prestação da ato planejado, documentado e
farmacoterapia, com o objetivo realizado junto ao paciente e aos
de alcançar resultados terapêuti- profissionais de saúde, que tem
cos definidos na saúde e qualida- por finalidade resolver ou preve-
de de vida do paciente. nir problemas que interferem ou
podem interferir na farmacote-
A Atenção Farmacêutica se dá rapia, sendo parte integrante do
através do Atendimento Farma- processo de acompanhamento/
cêutico, que é o ato em que o seguimento farmacoterapêutico.
farmacêutico, fundamentado no Esta intervenção enquadra-se
exercício de sua profissão, inte- dentro de um plano de atuação
rage e responde às demandas acordado previamente com o
dos pacientes, buscando a reso- paciente. É importante sensibi-
lução de problemas de saúde, lizar o doente sobre a ideia de
que envolvam ou não o uso de corresponsabilidade e colabora-
88 5.

ção, pois o paciente participará 5.1 Hormonioterapia


na tomada de decisões relativas
à sua medicação. Os pacientes de Hormonio-
terapia são atendidos por far-
O cuidado e o seguimento do macêutico na primeira vez em
paciente através da Atenção Far- que retiram o medicamento da
macêutica foram sistematizados Farmácia Ambulatorial através
pelo Grupo de Investigação em de um cartão-senha com horário
Atenção Farmacêutica da Uni- aproximado para atendimento
versidade de Granada, através da farmacêutico, sendo que o tem-
Metodologia Dáder. Esse é um po médio de atendimento é de
exemplo de método de segui- 20-30 minutos por paciente. An-
mento farmacoterapêutico que tes de chamar o paciente para a
permite identificar, prevenir e so- consulta, o farmacêutico realiza
lucionar PRM, de forma sistemá- uma avaliação prévia em pron-
tica e documentada. tuário eletrônico para verificar
histórica clínica, receitas médicas,
Na Farmácia Ambulatorial do medicamentos em uso, indica-
Hospital Erasto Gaertner, o Aten- ção e dose do medicamento
dimento Farmacêutico é pres- para tratamento hormonal.
tado a três grupos de pacientes:
pacientes em tratamento com Ao iniciar o atendimento, o
Hormonioterapia, pacientes em farmacêutico pede ao pacien-
tratamento com Quimiotera- te para que confirme seu nome
pia Antineoplásicos e/ou Corti- completo e, se necessário, outros
costeróides de uso domiciliar e dados cadastrais. Durante a con-
pacientes em tratamento com sulta, o farmacêutico pergunta ao
medicamentos pertencentes ao paciente sobre alergias medica-
Programa Paraná Sem Dor. mentosas, medicamentos de uso
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial 89

contínuo, sinais e sintomas atuais médico assistente é contatado


(dor, funções fisiológicas, hábitos para confirmação de informa-
alimentares e de sono). O farma- ções ou orientações pertinentes
cêutico verifica e avalia interações à terapia medicamentosa e/ou
medicamentosas através de pro- o farmacêutico realiza busca de
gramas como Medscape, Epo- informações na literatura. O far-
crates, Micromedex. Em caso de macêutico faz a dispensação do
interações medicamentosas gra- medicamento, da ficha de orien-
ves, o farmacêutico solicita ava- tação sobre o medicamento e da
liação de médico assistente da carteirinha de identificação ao
Instituição ou orienta o paciente paciente, verifica se restaram dú-
a conversar com o médico exter- vidas, disponibiliza o serviço e o
no. O farmacêutico presta orien- atendimento é finalizado. O pro-
tações quanto ao medicamento fissional faz a evolução de todas
prescrito: indicação; dose; poso- as informações em prontuário
logia (incluindo data de início e eletrônico (através de anotações
término de tratamento); forma Subjetivas, de Impressão e de
de administração (tomada com Conduta, como será abordado
ou sem alimentos); intervalo de no capítulo 7 deste Guia). Sem-
outros medicamentos; conduta pre que possível, o profissional
em caso de esquecimento; con- faz avaliação da adesão do pa-
dições de armazenamento, des- ciente ao tratamento através da
carte e manipulação; possíveis escala de Morisky, que classifica
reações adversas e seu manejo. a adesão em baixa, média e alta,
Para confirmar o entendimento sendo que essa classificação se
das informações repassadas, é dá através das respostas para as
solicitado ao paciente que repita seguintes perguntas: "o senhor
a forma de uso do medicamen- já esqueceu de tomar o medi-
to. Sempre que necessário, o camento?"; "O senhor deixa de
90 5.

prestar atenção nos horários de volvimento de planilha em Ex-


tomar o medicamento?"; "Quan- cel que contém o histórico do
do se sente melhor, o senhor às paciente no que diz respeito à
vezes deixa de tomar o medica- terapia Antineoplásica e/ou Cor-
mento?"; "Às vezes, quando se ticosteróides. A ferramenta para
sente pior ao tomar o medica- acompanhamento possui uma
mento, o senhor deixa de tomar aba para cada medicamento e
o medicamento?." em cada aba constam dados de
identificação dos pacientes, pato-
Em caso de identificação de logias e datas de dispensação do
suspeita de Reações Adversas medicamento (em casos perti-
a Medicamentos em qualquer nentes, há ainda registro de peso,
atendimento, o farmacêutico faz altura e SC). Um sistema de con-
evolução em sistema eletrônico trole das informações através de
e notificação em formulário pró- legenda de cores permite a iden-
prio da Instituição para encami- tificação visual de situações im-
nhamento ao setor de Farmaco- portantes: atendimento prestado
vigilância. pelo farmacêutico foi orientação
caso novo ou acompanhamen-
to, informações que precisam
5.2 Quimioterapia antineo- ser confirmadas com prescritor
plásica e corticosteroides de ou paciente, alteração de doses
uso domiciliar prescritas, paciente apresentou
RAM, etc.
Pacientes adultos em trata-
mento com Quimioterapia An- Diariamente, o farmacêutico
tineoplásica e/ou Corticoste- imprime relatórios do software
róides são acompanhados pelo hospitalar utilizado na instituição
farmacêutico através do desen- que compilam todas as prescri-
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial 91

ções médicas de Antineoplási- cada medicamento. Os medica-


cos e/ou Corticosteróides de mentos são separados e rotula-
uso domiciliar. De posse destes, dos por um técnico de farmácia
faz-se a avaliação da prescri- e conferidos por um segundo
ção médica para cada paciente profissional (lotes e validades são
através de: consulta à tabela de registrados manualmente nos re-
Excel (se o paciente for adulto, latórios de prescrição médica).
mantendo o acompanhamento
farmacoterapêutico) – para verifi- Os pacientes em tratamento
car intervalo entre os ciclos, dose com Quimioterapia Antineoplá-
prescrita anteriormente, necessi- sica e/ou Corticosteróides são
dade de consulta farmacêutica atendidos por farmacêutico na
(em casos de média ou baixa primeira vez em que retiram o
adesão ao tratamento farmaco- medicamento da Farmácia Am-
lógico, dificuldade de compreen- bulatorial e também na segunda
são, RAM); leitura do prontuário vez, se a terapia incluir medica-
eletrônico do paciente – para mento Antineoplásico. O primei-
verificar história clínica, continui- ro atendimento farmacêutico é
dade de tratamento, episódios realizado conforme descrito no
que indiquem a necessidade item 5.1.
de atendimento farmacêutico
No segundo atendimento ao
(como descrição de problemas
paciente em tratamento com
relacionados a medicamentos,
Antineoplásicos e sempre que
aparecimento de RAM) e pres-
possível, o profissional faz ava-
crições médicas atuais e passa-
liação da adesão do paciente à
das. A cada prescrição conferida,
terapia através da escala de Mo-
o profissional realiza a confecção
risky5. Este atendimento objetiva,
de rótulos com orientações de
principalmente, a verificação da
administração e posologia para
92 5.

adesão à terapia farmacológica ao setor de Farmacovigilância.


proposta, bem como o registro
da experiência do paciente em
utilizar o medicamento (maneira
5.3 - Programa Paraná sem Dor
como administrou – posologia,
intervalos entre medicações e O Programa Paraná Sem Dor
alimentos, horários, aplicações; é um programa específico para
apresentação de RAM). Além tratamento da dor da Secretaria
disso, durante esta consulta os de Estado da Saúde do Para-
dados sobre medicamentos de ná ativo desde o ano 2000. Por
uso contínuo são atualizados e meio deste programa é disponi-
pendências da primeira consulta bilizado ao paciente um elenco
são verificadas (por exemplo se o de medicamentos estabelecido
paciente entrou em contato com com base na escada analgésica
médico para avaliação de intera- da Organização Mundial de Saú-
ções medicamentosas graves ou de. O elenco de medicamentos
de sinais e sintomas relatados, inclui Morfina 10 mg e 30 mg
se está utilizando determinados comprimido, Morfina 10 mg/mL
medicamentos corretamente, se solução injetável, Gabapentina
alguns problemas relacionados a 300 mg cápsula, Codeína 30 mg
medicamentos foram resolvidos comprimido, Metadona 10 mg
após primeiro atendimento). comprimido, Metadona 10 mg/
mL solução injetável. O acesso
Em caso de identificação de
aos medicamentos se dá através
suspeita RAM em qualquer aten-
das Farmácias das Unidades Bási-
dimento, o farmacêutico faz evo-
cas de Saúde do município onde
lução em sistema eletrônico e no-
reside o paciente, das Farmácias
tificação em formulário próprio da
das Regionais de Saúde ou de
Instituição para encaminhamento
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial 93

Unidades Dispensadoras, e para devida orientação ao paciente.


tanto, o paciente deve ser cadas-
trado no Programa. Em caso de não conformida-
des legais para dispensação de
A Farmácia Ambulatorial do medicamentos opióides (por
Hospital Erasto Gaertner é uma exemplo, paciente que deseja
Unidade Dispensadora do Pro- retirar um mesmo medicamen-
grama Paraná Sem Dor. O atendi- to duas vezes no mesmo mês
mento farmacêutico a pacientes – visto que a dispensação é feita
que estão cadastrados ou farão para 30 dias, receita médica fora
cadastro no Programa é feito de validade, suspeita de adição a
sempre que solicitado pelo pa- opióides), o farmacêutico entra
ciente, o que geralmente ocorre em contato com prescritor e/
quando este apresenta alguma ou faz atendimento ao paciente
dúvida em relação à terapia me- para esclarecer a situação e ga-
dicamentosa (posologia, efeitos rantir o cumprimento da legisla-
adversos, ações esperadas, indi- ção sanitária vigente e das regras
cação, interações medicamento- de dispensação do Programa.
sas). Além disso, quando alguma
informação da receita médica
gera dúvidas ao atendente - Téc-
nico de Farmácia/Assistente Ad-
ministrativo/Estagiário/ Residen-
te de Farmácia/Farmacêutico
– o farmacêutico analisa história
clínica do paciente em prontu-
ário eletrônico e/ou entra em
contato com médico prescritor
para confirmação da receita e
94 5.

Figura 7: Ficha de orientação ao paciente (Capecitabina):

CAPECITABINA
Comprimidos de 500 mg Dose: _______ mg/dia.
Tomar ___ comprimidos de manhã e ___ comprimidos de noite por 14 dias.

RECOMENDAÇÕES
• Tomar o comprimido inteiro com um copo d’água, após
uma refeição.
• Não ingerir este medicamento junto com outros medicamentos.
• Se esquecer de tomar os comprimidos, NÃO dobre a próxima dose. Marque
o dia da dose esquecida e continue tomando o medicamento no horário
 
recomendado.
• Guardar o medicamento em temperatura ambiente, em local
fresco e seco, longe de alimentos, crianças e animais domésticos.
Observar a data de validade.
• Os blísters (cartelinhas) vazios devem ser guardados e levados ao
Hospital Erasto Gaertner para que tenham o descarte correto.

O QUE POSSO SENTIR AO TOMAR ESTE MEDICAMENTO


 
E DEVO RELATAR AO MÉDICO?

Inchaço, vermelhidão e/ou descamação nas mãos


e nos pés (síndrome mão-pé), fraqueza, dor abdomi-
nal, diarreia, náusea, vômito, irritação e manchas bran-
cas na boca e garganta, indigestão, irritação nos olhos.
Em caso de diarreia 4 ou mais vezes por dia, san-
gue nas fezes ou se vomitar mais de uma vez em
24 horas, entrar em contato imediatamente com o
médico.
 
Dúvidas? Telefone para a Farmácia Ambulatorial e peça para falar com o
farmacêutico: (41) 0000-0000 – Segunda à sexta-feira, das 9h às 16h.

Fonte: Farmácia Ambulatorial – Hospital Erasto Gaertner, 2015


Figura 8: Orientações ao paciente sobre Leucemia Mielóide Crônica
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial
95
96
Figura 8: Orientações ao paciente sobre Leucemia Mielóide Crônica
5.
Informações sobre seus medicamentos:
Atenção Farmacêutica desenvolvida na Farmácia Ambulatorial 97
98
Informações sobre seus medicamentos:
5.
Gerenciamento de Risco e Farmacovigilância 99

6. Gerenciamento de Risco e O serviço de gerenciamento


Farmacovigilância de risco no HEG foi criado em
2003, quando o Hospital passou
Os hospitais se apresentam a integrar o Projeto de Hospitais
como local privilegiado para o Sentinela da ANVISA. Em 2012
avanço do gerenciamento de risco o gerenciamento de risco incor-
e da farmacovigilância, principal- porou a política de segurança
mente por concentrar casos de do paciente, e eventos adversos
eventos adversos em que se pode relacionados aos processos assis-
facilmente rastrear os agentes ca- tenciais também passaram a ser
usadores. O farmacêutico clínico notificados em toda a instituição.
deve participar ativamente das
políticas de segurança dos hospi- O gerenciamento de risco en-
tais e incentivar a participação de globa a vigilância de medicamen-
todos os profissionais de saúde. tos (farmacovigilância), materiais e
equipamentos médicos (tecnovi-
gilância), saneantes (vigilância de
saneantes), sangue e seus compo-
6.1 Gerenciamento de Risco
nentes (hemovigilância).
Gerenciamento de Risco em
O uso racional de medica-
saúde é a aplicação sistêmica e
mentos, uma medida proposta
contínua de políticas, procedi-
pela Política Nacional de Medi-
mentos, condutas e recursos na
camentos e pela Organização
avaliação de risco e eventos ad-
Mundial da Saúde, estabelece
versos que afetam a segurança,
que o medicamento necessário
a saúde humana, a integridade
seja corretamente prescrito e que
profissional, o meio ambiente e a
possua eficácia e segurança com-
imagem institucional.
provadas. Porém, para que seja
100 6.

atingido o resultado terapêutico - Atualização contínua do cadas-


esperado, há também uma im- tro de medicamentos no sistema in-
portante atuação da unidade de formatizado utilizado na instituição,
dispensação de medicamentos. disponibilizando maior número de
Além de dispensar medicamen- informações aos prescritores e à
tos de forma correta e segura, esta equipe de enfermagem;
unidade deve monitorar falhas
e dificuldades no processo que - Cadastro dos medicamentos
o medicamento segue até sua Sound Alike conforme preconiza-
administração aos pacientes. do pelo ISMP.

No Hospital Erasto Gaertner foram O Setor de Farmacia Hospitalar


adotadas as seguintes medidas: trabalha com o acompanhamen-
to e análise crítica dos erros envol-
- Implantação de etiquetas colori- vendo medicamentos na busca
das de identificação e rotulagem di- pela qualidade e segurança dos
ferenciando medicamentos incom- serviços oferecidos, usando como
patíveis com PVC, medicamentos parâmetro principal o dano cau-
termolábeis, controlados pela por- sado ao paciente, de acordo com
taria 344/98 (ANVISA), medica- a proposta do NCC MERP (Natio-
mentos de alta vigilância segundo o nal Coordinating Council for Me-
Institute for Safe Medication Practi- dication Error Reporting and Pre-
ce (ISMP) e antimicrobianos; vention). A cada erro identificado,
o mesmo é registro em formulário
- Registro de erros de dispensação próprio, a equipe é comunicada e
e prescrição (Anexo III); orientada, paralelamente, são ado-
tadas medidas corretivas e pre-
- Registro de dúvidas recebidas
ventivas para o desenvolvimento
pelo sistema de informação do
de práticas seguras. Contamos
setor de farmácia hospitalar;
Gerenciamento de Risco e Farmacovigilância 101

com um instrumento interno que fatores predisponentes ao de-


monitora há quantos dias o setor senvolvimento de eventos ad-
não registra erros de dispensação versos em ambiente hospitalar.
de medicamentos e com isto, Neste contexto, o farmacêutico
estabelecemos recordes a serem não deve furtar-se à responsabi-
perseguidos pela equipe. lidade inerente às atividades de
dispensação de medicamentos,
Recentemente, foi aplicado aos bem como, da educação con-
colaboradores da Farmácia, o qu- tinuada da equipe multiprofissi-
estionário de Cultura de Segurança onal através da estruturação de
em Hospitais do Hospital Survey um sistema de assistência capaz
on Patient Safety Culture (HSO- de oferecer máxima segurança
PSC), versão adaptada e traduzida ao paciente, fornecendo toda
pela pesquisadora da Fundação informação necessária no que se
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Drª Cla- refere aos medicamentos.
udia Tartaglia Reis. O resultado geral
da pesquisa foi positivo, mas por se Na instituição são realizadas so-
tratar de um trabalho que requer mente prescrições médicas infor-
ações permanentes e contínuas, matizadas. A parceria do setor de
melhorias no desenvolvimento, farmácia hospitalar com o setor
envolvimento e disseminação na de gestão da informação possibi-
cultura de segurança dos profissio- litou a inserção de informações e
nais da área de saúde será sempre orientações no cadastro dos me-
um desafio. dicamentos padronizados, para
auxiliar o médico na elaboração
A prescrição médica e o pre- da prescrição e a equipe de en-
paro incorreto de doses de me- fermagem no seu cumprimento.
dicamentos são apontados por
diversos estudos como principais Após ampla pesquisa e
102 6.

busca em literatura cientifica que as medidas implantadas não


estão cadastradas as seguintes restringem a prescrição médica,
informações: todas as possíveis e sim norteiam as tomadas de
vias de administração; estabili- decisões. É papel do profissional
dade após reconstituição e/ou farmacêutico orientar, informar
diluição; diluentes compatíveis; e educar, provendo à equipe de
orientação para preparo de medi- saúde instrumentos que garan-
camentos para administração via tam um processo de uso dos me-
sonda nasogástrica e nasoente- dicamentos correto para que este
ral; interações classificadas como contribua de forma benéfica.
provadas, graves e moderadas;
incompatibilidades medicamen- Todas as inovações refletem posi-
tosas para administração em dis- tivamente na cultura de segurança
positivos múltipla via; dose máxi- que envolve as organizações hospi-
ma, tempo de infusão e intervalos talares atualmente. O farmacêutico
posológicos. Estas informações passa a colaborar nos esforços
são disponibilizadas ao médico multidisciplinares de prevenção,
em tempo real, no momento da detecção e resolução de proble-
prescrição. mas relacionados ao uso dos me-
dicamentos.
As informações implantadas no
sistema informatizado auxiliam di-
ariamente na elaboração de apro-
6.2 Farmacovigilância
ximadamente 130 prescrições/
dia, aumentando a eficácia e a De acordo com a Organização
segurança no tratamento medi- Mundial de Saúde - OMS, a Farma-
camentoso, contribuindo para covigilância compreende as ativi-
a qualidade da assistência pre- dades relativas à detecção, avaliação,
stada ao paciente. Vale ressaltar compreensão e prevenção de efe-
Gerenciamento de Risco e Farmacovigilância 103

itos adversos ou outros problemas filaxia, diagnóstico ou terapia de


relacionados a medicamentos. doenças ou para a modificação
de funções fisiológicas humanas”.
Queixas técnicas são suspeitas
de alteração ou irregularidade de Qualquer colaborador do HEG
um produto ou empresa, relaci- pode e deve enviar notificações
onadas a aspectos técnicos ou a respeito de queixas técnicas
legais, que não causaram dano à ou eventos adversos ocasiona-
saúde individual e coletiva até o dos por uso de medicamentos
momento da notificação. ou materiais médico hospitala-
res, contribuindo para a rede de
O evento adverso é conceitu- farmacovigilância existente na
ado como qualquer ocorrência instituição. Para isto, basta preen-
médica desfavorável que pode cher um formulário (Anexos IV
ocorrer durante o tratamento com e V) presente na rede interna de
um medicamento, mas que não computadores e se possível en-
possui, necessariamente, relação viar o material ou medicamento
causal com esse tratamento. Tal que motivou a notificação, que
conceito abrange uma série de será encaminhado conforme flu-
problemas relacionados ao uso xograma abaixo:
dos medicamentos, incluindo a
reação adversa ao medicamento
e a inefetividade terapêutica. Já a
reação adversa ao medicamento
é definida como “qualquer res-
posta prejudicial ou indesejável,
não intencional, a um medica-
mento, que ocorre nas doses usu-
almente empregadas para pro-
104 6.

Figura 9: Fluxograma das notificações recebidas pelo Setor de Farmácia:

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015

 
Gerenciamento de Risco e Farmacovigilância 105

Além da notificação voluntá- eventos adversos relacionados ao


ria e passiva, ocorre em nosso uso de medicamentos é aberta
serviço a busca ativa. A partir de notificação de risco, conforme
relatórios obtidos pelo software fluxo institucional, a ser investiga-
hospitalar busca-se a correlação da pelo Núcleo de Segurança do
do uso dos fármacos traçadores Paciente.
naloxona e vitamina K. Estes traça-
dores foram estabelecidos a partir A Comissão de Farmácia e Te-
de análise de lista proposta pela rapêutica em conjunto com o
metodologia Trigger Tools do Ins- Núcleo de Segurança, subsidia-
titute for Healthcare Improvement das pelos dados da farmacovigi-
e validação dos mesmos para uso lância, realiza análises periódicas
na nossa instituição, considerando da frequência e reincidência de
perfil de complexidade e aplicabi- notificações, com a finalidade de
lidade no serviço. determinar a manutenção ou não
do produto na padronização de
Todas as suspeitas de Reações medicamentos da instituição.
Adversas a Medicamentos noti-
ficadas são investigadas pelo far-
macêutico, que aplica o algoritmo
de Naranjo et al. para avaliação de
causalidade . As classes de cau-
salidade definida e provável são
notificadas ao fabricante e ao
Notivisa. As suspeitas classificadas
como possível ou duvidosa são
arquivadas.

Em caso de identificação de
106 6. ANEXO III
6. ANEXO IV 107
108 6. ANEXO V
Farmacoeconomia - Conceitos e aplicações 109

7. Farmacoeconomia – Con- gastos. Os produtos e serviços


ceitos e aplicações em Farmácia prestados pelos profissionais de-
Clínica vem demonstrar o valor farmaco-
econômico dos mesmos, ou seja,
Os recursos relativos aos serviços um equilíbrio entre os resultados
de saúde têm criado demandas clínicos, custos e de qualidade de
desafiadoras para os profissionais vida. Estudos em Farmacoeco-
da área. A necessidade de redu- nomia podem fornecer os meios
ção de custos exigiu que a avalia- para esta quantificação sistemática.
ção de bens e serviços de saúde
se estendesse além das questões A Farmacoeconomia pode ser
de segurança e eficácia e passasse definida como a descrição e aná-
também a considerar o impacto lise do custo do tratamento aos
econômico desses bens e servi- sistemas de saúde e à sociedade.
ços. O objetivo dos profissionais é Mais especificamente, a pesquisa
prestar assistência de qualidade ao farmacoeconômica é o processo
paciente, garantindo simultanea- de identificar, mensurar e compa-
mente a utilização eficiente dos re- rar os custos, riscos e benefícios de
cursos, no entanto, a maioria destas programas, serviços ou terapias e
estratégias se concentra exclusiva- determinar qual alternativa produz
mente em determinar as alternati- o melhor resultado para a saúde
vas mais baratas ao invés daquelas de acordo com o recurso investi-
que representem o melhor valor do. Estas informações podem auxi-
para pacientes, departamentos, liar os gestores na escolha das op-
instituições e sistemas de saúde. ções com melhor custo-benefício
ao tratamento proposto.
A qualidade do cuidado com o
paciente não deve ser comprome- De acordo com a Resolução
tida durante a tentativa de reduzir 338 de 06 de maio de 2004
110 7.

(Conselho Nacional de Saúde), jam produzidos.


a Assistência Farmacêutica é o
conjunto de ações voltadas à pro- A avaliação farmacoeconômi-
moção, proteção e recuperação ca pode ser realizada a partir de
da saúde, tanto individual como simples ou múltiplas perspectivas,
coletiva, tendo o medicamento que podem incluir o paciente, for-
como insumo essencial e visando necedor, fonte pagadora ou socie-
ao acesso e ao seu uso racional. dade. A definição da perspectiva
Este conjunto envolve a pesquisa, é essencial para desenvolvimento
o desenvolvimento e a produção dos estudos visto que os resulta-
de medicamentos e insumos, dos podem diferir quando, por
bem como sua seleção, progra- exemplo, comparam-se dois pro-
mação, aquisição, distribuição, dis- dutos em que o primeiro tenha
pensacão, garantia da qualidade um custo direto maior, porém
dos produtos e serviços, acompa- leve à melhoria da qualidade de
nhamento e avaliação de sua uti- vida em relação ao segundo, com
lização, na perspectiva da obten- resultados clínicos semelhantes.
ção de resultados concretos e da Do ponto de vista do paciente o
melhoria da qualidade de vida da primeiro produto seria mais van-
populacão. Considerando-se que tajoso, porém, do ponto de vista
a Farmacoeconomia é a análise da fonte pagadora o segundo
econômica no campo da Assis- produto pode ser o de escolha. A
tência Farmacêutica, considera-se perspectiva é uma fase crítica na
inerente aos profissionais da área condução do estudo farmacoe-
a responsabilidade de estabele- conômico, pois o resultado do
cer estratégias para o uso racional mesmo dependerá fortemente
de medicamentos e insumos, de da visão definida como ponto de
forma que resultados positivos se- partida.
Farmacoeconomia - Conceitos e aplicações 111

Tendo sido escolhida a perspec- físicas e sociais).


tiva de análise, os custos e resul-
tados de produtos e serviços po- Os métodos utilizados em ge-
dem ser identificados e medidos ral podem ser classificados em:
por métodos farmacoeconômi- análise de minimização de cus-
cos. A comparação entre dois ou tos, em que se considera apenas
mais tratamentos deve se estender a comparação de valores entre
além da simples avaliação dos va- duas opções terapêuticas de re-
lores de aquisição. Consideram-se, sultados idênticos; análise de
para tal, custos médicos diretos custo-efetividade, em que se com-
(medicamentos, insumos, exames param os custos de duas opções
laboratoriais, infraestrutura, recur- terapêuticas com resultados clíni-
sos humanos, etc); custos não mé- cos diferentes, como, por exem-
dicos diretos (transporte e hospe- plo, aumento da sobrevida global;
dagem do paciente, gastos extras análise de custo-utilidade, em que
de cuidadores e acompanhantes, deve ser considerado o ganho em
dietas especiais, etc); custos não qualidade de vida do paciente na
médicos indiretos (morbidade e comparação entre as opções de
mortalidade) e custos intangíveis tratamento disponíveis; e análise
(dor, sofrimento, inconveniência, de custo-benefício, usada em es-
aflição). Os resultados também po- tudos macroeconômicos, como,
dem ser categorizados em resul- por exemplo, benefícios de um
tados econômicos (custos diretos, programa de vacinação em uma
indiretos e intangíveis comparados população.
às consequências do tratamento); Profissionais de saúde, indepen-
resultados clínicos (desfechos de dentemente da área de atuação,
segurança e eficácia) e resultados podem se beneficiar ao aplicarem
humanísticos (qualidade de vida os princípios e métodos de Farma-
do paciente, bem-estar, condições
112 7.

coeconomia às suas rotinas para corporação de outros parâmetros


quantificar o valor dos produtos e que considerem perspectivas di-
serviços, visto a necessidade em se ferentes para análise do desfecho
justificar tais custos. A Farmacoeco- clínico, econômico e de qualidade
nomia Aplicada, ou seja, o estudo de vida do paciente.
farmacoeconômico de questões
pontuais do dia-a-dia pode forne-
cer os meios ou ferramentas para
embasamento de decisões clíni-
cas de acordo com os resultados.

Os farmacêuticos que atuam


na área de Farmácia Clínica po-
dem identificar as demandas
relativas à padronização de me-
dicamentos, insumos ou intro-
dução de novas tecnologias e
promover a discussão multidis-
ciplinar baseada em referências
científicas e em estudos farma-
coeconômicos, a fim de gerar re-
sultados positivos para a equipe
clínica, pacientes e instituição.

No Hospital Erasto Gaertner as


atividades referentes a estudos
farmacoeconômicos se iniciaram
com avaliações de minimização
de custos e caminham para in-
Documentação e Registro das Atividades 113

8. Documentação e Registro devem ser documentadas para


das Atividades otimizar a qualidade dos serviços
prestados, identificar deficiências
As atividades de Farmácia Clí- para que possam ser corrigidas, di-
nica geram diversas informações recionar tomada de decisões ge-
a respeito de medicamentos em renciais, dar suporte à assistência
uso pelos pacientes, acompa- ao paciente e à equipe de Saúde:
nhamento farmacoterapêutico,
evolução clínica e laboratorial do
paciente, orientações a respeito da
terapia medicamentosa, identifica- 8.1 Evolução farmacêutica
ção de RAM ou erros relacionados em prontuário do paciente
a medicamentos, dados numéri- Com a atuação direta do farma-
cos que refletem a produção dos cêutico na equipe interdisciplinar
setores farmacêuticos, dentre mui- e no cuidado ao paciente, muito
tas outras. Se organizadas e bem ainda se discute sobre o registro
registradas, tais informações geram dessas atividades em prontuário
dados relevantes à equipe de Saú- do paciente como forma de evo-
de, ao funcionamento da Farmácia lução farmacêutica. É necessário?
Hospitalar (incluindo melhorias O que registrar?
nos processos de trabalho através
de indicadores) e à Direção da Ins- O prontuário do paciente, se-
tituição, além de contribuírem para gundo o Conselho Federal de
o uso racional de medicamentos Medicina (Artigo 1o da Resolução
por parte dos pacientes. de nº 1.638/2002), é um docu-
mento único constituído por um
A seguir estão alguns exemplos conjunto de informações geradas
de informações geradas através a partir de fatos, acontecimentos
das atividades farmacêuticas que e situações sobre a saúde do pa-
114 8.

ciente e a assistência a ele pres- padronização de registro, aliada a


tada. A característica básica desse questões éticas, ainda impedem
documento é a sua construção e que grande parte dos farmacêuti-
uso coletivo pela equipe de saú- cos clínicos incorpore essa prática
de, possibilitando a comunicação em suas rotinas.
entre membros da equipe multi-
profissional e a continuidade da Dentre os pré-requisitos para
assistência prestada ao indivíduo. instaurar essa prática nos serviços
está a necessidade de padroni-
Considerando o exposto, toda zação da evolução conforme a
a equipe pode contribuir com o especialidade, a frequência e as
prontuário e cabe a cada profis- particularidades do atendimento.
sional de saúde avaliar e acompa- A evolução médica ou de en-
nhar o paciente no que concerne fermagem diária de paciente in-
à sua especialidade. A evolução ternados, por exemplo, costuma
farmacêutica é bem definida seguir o modelo “orientado por
pela Resolução nº 585 de 29 de problemas” com aplicação do
agosto de 2013 do Conselho Fe- padrão SOAP (subjetivo, objetivo,
deral de Farmácia, como “registros avaliação, plano). Seus registros
efetuados pelo farmacêutico no geralmente concernem às avalia-
prontuário do paciente, com a ções próprias de cada profissão.
finalidade de documentar o cui- O farmacêutico encontra aí seu
dado em saúde (...)”. Essa premis- primeiro obstáculo: usualmente,
sa regulamentada é clara para os as avaliações do farmacêutico
farmacêuticos e alguns membros têm alguma relação com erros
da equipe e, portanto, não faltam de medicação nas mais variadas
justificativas para documentar em etapas do processo (prescrição,
prontuário os cuidados de saúde preparo, administração), o que
prestados. No entanto, a falta de esbarra em uma questão ética
Documentação e Registro das Atividades 115

tanto em relação aos demais pro- os membros da equipe de saúde


fissionais envolvidos quanto ao bem como a utilização desses da-
paciente. dos pela gestão das organizações
hospitalares.
Nesse sentido, desde 1990, as
Nações Unidas, por intermédio do Para evitar a banalização dessa
seu Alto Comissariado, manifestou atividade, é importante estabele-
exigir respeito aos princípios de cer um padrão de evolução far-
confidencialidade e assuntos rela- macêutica que direcione quais
cionados a noções dos benefícios informações são relevantes para
ou de serviços. Ou seja, questões este documento e que condutas
éticas não devem constar nos inerentes a elas podem propiciar
prontuários, salvo se realmente ne- uma assistência continuada e
cessárias, uteis e que não causem uma memória escrita da história
constrangimento aos indivíduos. do paciente com foco na qualida-
de de seu tratamento.
Como no Brasil há pouca expe-
riência e estudos sobre a realiza- Como forma de orientar um
ção de evoluções farmacêuticas, a padrão de evolução, considera-se
insegurança no registro de alguns importante documentar a atua-
dados pode levar o farmacêutico ção clínica dentro de 3 grandes
a optar por se esquivar de relatar categorias: 1) descritivas, 2) ope-
erros e, nessa opção, omitir a sua racionais e 3) de advertência. As
atuação em prontuário ou regis- informações descritivas referem-
trar questões muitas vezes con- -se ao estado atual da realidade
sideradas irrelevantes ou pouco do paciente, as operacionais obje-
úteis para acompanhamento do tivam oferecer as condições para
paciente, podendo diminuir a gerir as situações dadas (o que
eficácia da comunicação entre está sendo feito, pelo paciente
116 8.

ou pela equipe, quanto ao apre- não se enquadre nesses critérios,


sentado na categoria descritiva?), deve ser registrado em outro do-
enquanto que as de advertência cumento, que não o prontuário,
chamam a atenção para um fato para controle interno do setor e
que pode comprometer a respos- da Instituição.
ta do paciente ao tratamento, di-
reta ou indiretamente. A vantagem deste modelo é a
diminuição de inserção de infor-
Utilizando tais orientações mações que não estejam relacio-
como base, a Farmácia Ambula- nadas diretamente ao paciente
torial do Hospital Erasto Gaertner ou à impressões e definições do
adequou, para evoluções farma- profissional, o que evita também
cêuticas, o modelo SIC (subjetivo, outro problema enfrentado pelos
impressão, conduta). Nesse mo- farmacêuticos clínicos: a reprodu-
delo, o farmacêutico registra em ção de informações já contidas
“S” o que é relatado pelo paciente no prontuário do paciente e/
com relação ao seu tratamento, ou o registro de dados excessi-
sem filtros técnicos/profissionais, vamente técnicos e impessoais.
os quais só são registrados em “I” A existência de uma interação
e, baseado nestes, define-se uma medicamentosa, por exemplo,
conduta e registra-se em “C”. Um será escrita e adequada conforme
erro, por exemplo, pode ser iden- a situação pontual do paciente
tificado e registrado em “S” ou “I”, atendido, e não reproduzida con-
desde que tenha algum impacto forme descrita em livros de apoio.
na evolução do paciente, respeite
os preceitos éticos e permita uma
definição de conduta que vise a
interrupção e/ou não repetição
do erro. Caso o erro identificado
Documentação e Registro das Atividades 117

Figura 10: Modelo SIC aplicado numa evolução farmacêutica de atendi-


mento ambulatorial:

ATENDIMENTO FARMACÊUTICO AO PACIENTE


AMBULATORIAL
Diagnóstico:
Alergia a medicamentos:
Medicamentos de uso contínuo:
Tratamento atual:
Interações medicamentosas: não evidenciadas / sem rele-
vância clínica / monitorar XXXX
# S:
# I: Adesão ao tratamento (escala de Morisky): alta / média /
baixa / em avaliação
# C: Dispensados X cp de X mg e orientada a administração
conforme prescrição médica ( ).
Orientações: Recomendações de administração e cuidados
com os medicamentos.
Mantenho acompanhamento.

Farmacêutico José Silva

CRF-PR 00000

Fonte: Farmácia Ambulatorial – Hospital Erasto Gaertner, 2015


118 8.

Figura 11: Evolução farmacêutica em prontuário de paciente internado em


terapia antineoplásica:

Pela Farmácia Clínica


Inicia hoje protocolo antineoplásico (DHAP)
SC em 23/06/2015 = 1,61 m2 (Mosteller)
Hoje D1/4 em 23/06/2015
- Cisplatina 161 mg EVC (24 horas) em 1000 mL de cloreto de
sódio 0,9% no D1
- Dexametasona 40 mg EVI do D1 ao D4
Recomendações:
- Pré-medicações prescritas: granisetrona
- Antes da cisplatina, administrar uma bolsa de 1000 mL de cloreto
de sódio 0,9%, seguida de 250 mL de manitol 20%
- Após o término da infusão da cisplatina, administrar 1000 mL de
cloreto de sódio 0,9%
- Controle de diurese a cada 2 horas: manter em 100 mL/hora
- Antiemético prescrito: metoclopramida SN
Em caso de extravasamento, proceder conforme recomendações
de protocolo institucional e seguir recomendações específicas
para cada medicamento:
- Cisplatina: compressas quentes e secas, 4 vezes ao dia, por 1-2
dias
- Manitol 20%: compressas frias e secas, 4 vezes ao dia, por 1-2 dias
Farm. Jose Silva
CRF-PR 00000
Fonte: Farmácia Ambulatorial – Hospital Erasto Gaertner, 2015.
Documentação e Registro das Atividades 119

Ainda que não haja atendimen- auxílio aos demais membros da


to direto ao paciente, se houver equipe, à recuperação desses da-
atuação do farmacêutico focada dos para pesquisa e indicadores
em um determinado paciente de desempenho e produção e,
e seu tratamento, é importante principalmente, à integração do
que exista um padrão de evo- paciente ao seu tratamento.
lução que respeite esses dados.
Em nossa Instituição, procuramos
utilizar um padrão de evolução
para cada tipo de atendimento 8.2 Registro do Acompanha-
(paciente ambulatorial – atendi- mento Farmacoterapêutico
mento ao paciente caso novo e Seja qual for o método de regis-
acompanhamento; paciente in- tro do Acompanhamento Farma-
ternado – reconciliação medica- coterapêutico (sistema informatiza-
mentosa, orientação sobre proto- do, planilhas de Excel, formulários
colo antineoplásico ao paciente, impressos) é importante que as
seguimento farmacoterapêutico informações sejam preservadas,
de paciente em terapia antine- completas, seguras e organizadas, a
oplásica, registro de suspeita de fim de que seja possível a identifi-
RAM, orientação de alta hospi- cação de problemas relacionados
talar, liberação de medicamento a medicamentos e suas causas,
não padronizado; dentre outros). bem como de conclusões ade-
Tais definições nos ajudam a quadas e de um plano de inter-
lembrar que, embora seja preci- venção. Dessa maneira, permite-
so registrar as atividades do far- -se a continuidade, a avaliação e a
macêutico para contribuir com qualidade do acompanhamento.
o cuidado ao paciente, é impor- Na Instituição, são utilizados os
tante fazer bom uso coletivo do métodos citados, dependendo do
prontuário e adequar a evolução setor que presta o atendimento e
farmacêutica de forma a permitir dos recursos disponibilizados pelo
o uso dessas informações como sistema informatizado.
120 8.

Figura 12: Formulário para acompanhamento farmacoterapêutico


no TMO:
Documentação e Registro das Atividades 121

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015.


 
Figura 13: Formulário para acompanhamento farmacoterapêutico na UTI:
122 8.

Fonte: Manual de Procedimentos, 2015.


Documentação e Registro das Atividades 123

8.3 Registro da análise farma- que um erro relacionado a medi-


cêutica da prescrição médica camento atinja o paciente e/ou
gere transtornos administrativos.
A análise farmacêutica da pres- Neste caso, é necessário padro-
crição médica é uma atividade nizar a sinalização de prescrição
fundamental para o desenvolvi- medicamentosa validada pelo far-
mento da Farmácia Clínica, pois macêutico.
através dela é possível a otimiza-
ção de resultados da terapia me-
dicamentosa, além da prevenção
de erros de medicação e eventos 8.4 Registro das intervenções
adversos. Esta análise complexa farmacêuticas
gera achados que devem ser regis- As intervenções podem ser ge-
trados, para que seja estabelecido radas em diversas atividades far-
um processo de intervenção e macêuticas, especialmente aquelas
ações corretivas. relacionadas à Farmácia Clínica. O
O registro desta atividade na Ins- acompanhamento farmacotera-
tituição é feito através do Sistema pêutico, a análise farmacêutica da
Informatizado e gera indicadores prescrição médica e o atendimen-
de qualidade mensais, cuja análise to farmacêutico ao paciente são
permite estratégias de melhorias no atividades que constantemente
processo de prescrição e da própria identificam potenciais problemas
análise dela pelo farmacêutico. relacionados a medicamentos que
demandam algum tipo de plano
Sempre que possível, é interes- de ação. Para manter a qualidade
sante que o farmacêutico valide a e a continuidade do cuidado, é
prescrição medicamentosa antes de extrema importância que as
que o processo de dispensação intervenções realizadas sejam re-
seja iniciado, prevenindo assim gistradas, uma vez que podem ser
124 8.

determinantes para o alcance dos 8.5 Indicadores de Qualidade


objetivos da terapia medicamento-
sa, para a prevenção de eventos ad- Com o intuito de acompanhar e
versos e para o processo de cuida- avaliar suas atividades, a Farmácia
do à saúde, servindo muitas vezes Hospitalar deve formular indica-
como orientações para a equipe dores, definidos pela Organização
assistencial. Mundial da Saúde como variáveis
que auxiliam na mensuração de
A intervenção farmacêutica mudanças. Eles podem ser utiliza-
pode ser registrada em formulá- dos como marcadores do alcance
rios específicos (que podem ser de metas, da direção e da veloci-
disponibilizados à equipe assis- dade de inovações, do desempe-
tencial em caso de orientações nho ou do impacto do processo.
em relação a incompatibilidades Os indicadores permitem a apli-
medicamentosas, por exemplo); cação de medidas preventivas
em prontuário do paciente (como e corretivas e a identificação de
um plano de ação tomado em oportunidades de melhorias. De-
conjunto com o paciente para vem ser elaborados por meio de
aumento da adesão ao tratamen- informações íntegras e atualizadas
to, por exemplo); em planilhas e e de acordo com as característi-
através de sistema informatizado, cas: simplicidade/baixo custo de
que tornam possível a classificação obtenção, especificidade, validade,
e agrupamento das intervenções comparabilidade, inteligibilidade,
realizadas para produção de indi- rastreabilidade, estabilidade, sensi-
cadores de qualidade e são muito bilidade e objetividade.
úteis para otimizar as atividades e
proporcionar melhorias. O registro do indicador tem
início com a ficha de construção
de indicador, que compila todas
Documentação e Registro das Atividades 125

as características pertinentes a ele ções geradas. Na análise crítica do


para padronização de sua obten- indicador, são discutidas também
ção e confiabilidade de seus resul- quantidade, tipo e aceitabilidade
tados. Para garantir a utilidade dos de intervenções farmacêuticas re-
indicadores, é fundamental que as alizadas; é interessante avaliar nes-
estratégias de seleção, coleta, re- ta ótica como determinar a meta
gistro e armazenamento das infor- pretendida para a quantidade de
mações sejam seguras, confiáveis e intervenções farmacêuticas. Muito
permitam fácil utilização. se discute até que ponto o nume-
ro de intervenções, alto ou baixo,
No que diz respeito à Farmácia é um indicador de qualidade, na
Clínica, pode-se estabelecer indica- literatura não há consenso e nem
dores relacionados ao seguimento padrão de referência; a depender
farmacoterapêutico, notificação de do ponto de vista: médico, pacien-
eventos adversos, problemas tera- te ou farmacêutico pode ter dife-
pêuticos detectados no perfil farma- rentes interpretações. Visto que em
coterapêutico, orientações prestadas nossa instituição, não temos cober-
a pacientes, evoluções farmacêuticas tura da farmácia clinica em 100%
em prontuário, intervenções farma- dos setores de internação e tam-
cêuticas e análise farmacêutica da bém não há um serviço exclusivo
prescrição médica. de validação de prescrição, defini-
mos como meta a análise de 20%
Na Instituição, padronizamos
das prescrições. Tendemos a evo-
como indicador mensal da Farmá-
luir para busca de um resultado de
cia Clínica o coeficiente de prescri-
análise de 20% das prescrições por
ções analisadas por farmacêutico,
unidades de internação e clínicas
sendo que o numerador é o nú-
onde há presença do farmacêuti-
mero de prescrições analisadas e
co clínico, de modo que os resul-
o denominador o total de prescri-
tados numéricos tenham maior
126 8.

relevância e confiança estatística.


Cabe a cada Instituição, baseada
em sua realidade e no objetivo a
que se quer alcançar, estabelecer
as metas de modo a cumpri-las ou
buscá-las.

Na Farmácia Ambulatorial, os
indicadores padronizados são: sa-
tisfação dos pacientes quanto ao
atendimento recebido, número de
atendimentos farmacêuticos presta-
dos a pacientes casos novos, núme-
ro de atendimentos farmacêuticos
prestados a pacientes em acompa-
nhamento e número de evoluções
farmacêuticas em prontuário.
Protocolos Clínicos 127

9. Protocolos Clínicos Desen- boembolismo Venoso; Protocolo


volvidos no HEG com Participa- Multidisciplinar de Tratamento Far-
ção do Serviço de Farmácia macológico da Dor e Protocolo de
Prevenção da Êmese.
O desenvolvimento de Protoco-
los Clínicos, baseado em eviden-
cias científicas, é fundamental no
norteamento de uma assistência
medica e farmacêutica efetiva e
de qualidade, possuem, também,
importante papel na organização
e qualificação da atenção a saúde
bem como na melhoria de sua
gestão. Os farmacêuticos clínicos,
além de auxiliarem no planeja-
mento e no controle dos recursos
destinados à seleção dos medica-
mentos indispensáveis à institui-
ção, se preocupam também com
o acesso e uso racional dos mes-
mos para que as necessidades
terapêuticas da população-alvo
sejam atendidas.

Com essa filosofia em mente,


três protocolos institucionais fo-
ram desenvolvidos com ampla
participação do Setor de Farmácia:
Protocolo de Profilaxia de Trom-
128 9.

9.1 Protocolo de Profilaxia DEFINIÇÃO


de Tromboembolismo Venoso
(TEV) Documento para orientar a pres-
crição de fármacos que visam a
profilaxia do Tromboembolismo.

OBJETIVOS

Orientar médicos, enfermeiros,


farmacêuticos e demais profissionais
de saúde que atuam no tratamento
farmacológico de pacientes em risco
de desenvolvimento de TEV.
Hospital Erasto Gaertner

INDICAÇÃO

Pacientes adultos que são


internados no hospital para os
mais variados procedimentos e
apresentam risco potencial de de-
senvolvimento de TEV.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Associação


2013
Protocolos Clínicos 129

Médica Brasileira e o Conselho muito frequente em pacientes clí-


Regional de Medicina, o Trombo- nicos, que são responsáveis por 50
embolismo Venoso (TEV) é um a 70% dos eventos fatais de TEV.
conjunto de doenças que inclui a Diferentes situações de risco
trombose venosa profunda (TVP), podem levar a um estado de
a trombose associada a cateteres hipercoagulabilidade que desen-
venosos centrais e o tromboem- cadeará episódios de TEV. Fatores
bolismo pulmonar (TEP), sendo a de risco são identificados em 50%
complicação mais comum a TVP a 75% dos pacientes hospitalizados
e a mais grave o TEP. Apesar de onde 40% destes apresentam três
ser considerado por muitos auto- ou mais fatores de risco. Dentre es-
res como uma patologia prevení- tes fatores de risco, a imobilização
vel, o TEV encontra-se associado do paciente e as neoplasias malig-
à fatalidade. Grande parte dos nas chamam a atenção por comu-
diagnósticos de TEP é realizada mente estarem associadas ao am-
post-mortem, o que, em conjunto biente hospitalar oncológico. As
com a maior incidência de TEV principais neoplasias associadas ao
em populações cirúrgicas, chama TEV são as de origem pancreática,
a atenção para a necessidade de hematológica, renal, ovariana, gas-
prevenção desta condição. trintestinal e pulmonar, sendo que
em muitas situações o diagnóstico
No Brasil são estimados 0,6 ca- de TEV precede o de câncer.
sos de TEV a cada 1000 habitantes,
dado que inclui tanto os pacientes No ano de 2008, um estudo
que são internados devido a TEV multinacional avaliou a proporção
quanto aqueles que desenvolvem de pacientes em risco de TEV, e
TEV durante a internação. Embora descobriu-se que uma grande
o TEV esteja constantemente asso- proporção dos pacientes hospita-
ciado a complicações cirúrgicas, é lizados encontrava-se em risco e
130 9.

que uma quantidade significativa como insuficiência venosa crôni-


destes pacientes não recebeu a ca (síndrome pós- flebítica) e TEP.
profilaxia adequada. A decisão so- A fisiopatologia da trombose foi
bre o uso de profilaxia de TEV deve descrita pela primeira vez por Ru-
ser realizada levando em conside- dolph Virchow, em 1856. Em seu
ração os fatores de risco para trom- modelo, Virchow postulou que a
bose e para sangramento, além do trombose se baseia na alteração
contexto clínico do paciente. Exis- de um de três fatores, mais tarde
tem diferentes ferramentas para chamados de Tríade de Virchow:
avaliação do risco de desenvolvi- endotélio, fluxo sanguíneo e siste-
mento de TEV, porém a indicação ma de coagulação (Figura 1).
de tratamento farmacológico é
praticamente certa em qualquer O endotélio vascular participa
desses desfechos. Dessa forma, na indução de diferentes proces-
será abordada neste protocolo a sos dentro dos vasos sanguíneos,
indicação de profilaxia farmacoló- um deles a coagulação. Lesões
gica antitrombótica em pacientes vasculares como cirurgias, trauma
internados no hospital. e punções de cateteres venosos
podem ativar a cascata de coagu-
lação e resultar em trombose. Da
mesma forma, estados de hiperco-
2. FISIOPATOLOGIA DO TEV agulabilidade como trombofilias,
neoplasias ou uso de contracepti-
O tromboembolismo venoso
vos são responsáveis por doenças
nada mais é do que a formação
trombóticas. A diminuição no flu-
de trombos dentro de vasos san-
xo sanguíneo ocorre em diferen-
guíneos, no caso da TVP ocorren-
tes quadros, como por exemplo
do normalmente nos membros
na redução da mobilidade dos
inferiores. A trombose pode levar
membros devido a repouso no
a duas complicações importantes,
Protocolos Clínicos 131

leito. Essa alteração leva a estase 3. AVALIAÇÃO DE RISCO DO


sanguínea e também pode ocor- PACIENTE
rer em pacientes com insuficiência
cardíaca, obesidade, varizes ou em Algumas doenças ou condições
grávidas. Dados mostram que pa- representam um risco adicional
cientes confinados ao leito por três para o desenvolvimento de com-
dias aumentam em até 10 vezes o plicações tromboembólicas, tanto
seu risco inicial de desenvolvimen- em pacientes clínicos quanto cirúr-
to de TEV. Todos estes fatores da gicos. O quadro abaixo apresenta
Tríade de Virchow, quando em de- estes fatores de risco:
sequilíbrio, são responsáveis pela Fatores de Risco
formação do trombo, seja em as- Câncer
Cateter Venoso
sociação ou isoladamente. D. Inflamatória intestina ativa
D. Respiratória grave
Figura 1: Tríade de Virchow D. Reumática ativa
Gravidez/Puerpério
ICC classe III ou IV
História prévia de TEV
Infecção
Insuficiência arterial periférica
  Obesidade (IMC 30kg/m2)
 
Paresia ou Paralisia de MMII
Quimio/Hormonioterapia
 

Reposição Hormonal/CCH
  Síndrome nefrótica ativa
 
Trombofilias
  Varizes/Insuficiência venosa

Quadro 1: Fatores de risco para


desenvolvimento de TEV.

Existem diferentes ferramentas


para a avaliação do risco de desen-
132 9.

volvimento de TEV. No HEG pa- Em pacientes cirúrgicos, a ocor-


dronizou-se a escala de avaliação rência de TEV depende da idade
de risco determinada pela Chest do paciente, do tipo de cirurgia e
(2008), em seu Guideline do Ame- da presença de outros fatores de
rican College of Chest Physicians risco associados. A avaliação de ris-
(ACCP) 8ª edição - Prevenção de co de TEV em pacientes cirúrgicos
Tromboembolismo Venoso. A ava- e a indicação de profilaxia de acor-
liação de risco é realizada de acor- do com os riscos são resumidas no
do com o paciente cirúrgico ou algoritmo ao lado (Figura 2):
clínico internado, como demons-
trado nos algoritmos nos itens que
seguem (Figuras 2 e 3).

4. PROFILAXIA NO PACIENTE
CIRÚRGICO

A profilaxia para TEV é realizada


baseada em estudos que monito-
raram sua ocorrência (sintomática
e assintomática). Não há, entretan-
to, consenso entre a real relação
custo-efetividade desta prática.
Apesar disso, trata-se de uma boa
forma de proteção aos pacientes,
uma vez que o TEV é reconhecida-
mente a principal causa evitável de
óbito hospitalar.
Protocolos Clínicos 133

Figura 2: Algoritmo de avaliação de risco de TEV em paciente cirúrgico e indicações de profilaxia


134 9.

Ainda segundo o 8º Consen- se o paciente possui ou não in-


so do ACCP, para pacientes com dicação (ou contraindicação) de
câncer submetidos a cirurgias profilaxia de TEV. Na figura 3, en-
recomenda-se a tromboprofilaxia contra-se o algoritmo de decisão
adequada de acordo com o tipo da tromboprofilaxia em pacientes
de cirurgia. Para pacientes com clínicos hospitalizados:
câncer, que utilizam cateteres ve-
nosos centrais, recomenda-se não
utilizar doses profiláticas de HBPM
(5000UI) para tentar prevenir a
trombose relacionada ao cateter
e para pacientes com câncer que
recebem quimioterapia ou terapia
hormonal, não se recomenda o
uso rotineiro de tromboprofilaxia
para a prevenção primária de TEV.

5. PROFILAXIA NO PACIENTE
CLÍNICO

De acordo com os estudos atu-


ais de profilaxia de TEV nos pacien-
tes clínicos, deve ser levado em
conta o número e a característica
dos fatores de risco apresentados
pelo paciente, evitando a classifi-
cação em níveis de risco. Deve-se
priorizar apenas a determinação
Protocolos Clínicos 135

 
 

Figura 3: Avaliação do risco de TEV em pacientes clínicos hospitalizados


136 9.

A profilaxia está indicada para laxia deve ser prioridade quando


pacientes com mais de 40 anos se pensa na segurança do paciente
e que permaneçam deitados ou nos hospitais.
sentados à beira do leito por mais
da metade do dia (com exceção
das horas de sono) e que tenham 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁ-
pelo menos um fator de risco para FICAS
TEV. Para pacientes com mais de
40 anos, o risco deve ser avaliado 1 Rocha AT, et al. Tromboem-
individualmente. bolismo Venoso: Profilaxia em
Pacientes Clínicos. Disponível em:
http://www.projetodiretrizes.org.
6. CONCLUSÃO br/4_volume/37-tramboem-
bolismo-parteI.pdf. Acesso em
Há vários fatores de risco asso- 26/07/2012.
ciados ao tromboembolismo ve-
noso, que predispõem o indivíduo 2 Bastos M, et al.Tromboporfilaxia:
à doença. Quase todo paciente recomendações médicas e progra-
hospitalizado possui ao menos um mas hospitalares. VerAssoc Med
fator de risco para TEV e a maioria Bras 2011; 57(1):88-99.
possui fatores múltiplos. Em parti- 3 Cohen AT, et al. Venous throm-
cular, pacientes submetidos a pro- boembolism risk and prophylaxis
cedimentos cirúrgicos possuem in the acute hospital care setting
maiores chances de desenvolver a (ENDORSE study): a ultinatio-
patologia. nal cross-sectional study. Lancet
Sendo TEV associada com mor- 2008;371(9610):387-94.
talidade e morbidade substancial, 4 Hirsh J, et al. Parenteral anticoa-
porém preveníveis, a tromboprofi- gulants. American College of Chest
Protocolos Clínicos 137

Physicians evidence- based clinical 2008; 189(9):504-6.


practice guidelines (8th edition).
Chest 2008; 133:141-59. 10 Tapson VF, et al. Venous
thromboembolism prophylaxis in
5 Geerts WH, et al. Prevention acutely Ill hospitalized medical pa-
of venous thromboembolism. tients. Findings from the internatio-
American College of Chest Physi- nal medical prevention registry on
cians evidence-based clinical prac- venous thromboembolism. Chest
tice guidelines (8th edition). Chest 2007; 132(3):936-45.
2008; 133: 381-453.
11 Maynard G, Stein J. Desig-
6 Heit JA. Venous thromboem- ning and implementing effecti-
bolism prophylaxis. Hematology ve venous thromboembolism
1999; (3):223-30. prevention protocols: lessons from
collaborative efforts. J Thromb
7 Blann AD, Lip GYH. Venous Thrombolysis. 2010; 29(2):159-66.
thromboembolism. BMJ 2006;
332(7535):215-99 12 Selby R, Geerts W. Prevention
of venous thromboembolism: con-
8 Scottish Intercollegiate Gui- sensus, controversies, and challen-
deline Network. Prophylaxis of ges. Hematology Am Soc Hematol
venous thromboembolism. A Educ Program; 2009 p.286-92
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ponível em: http://www.sign. 13 Guyatt GH, et al. Executive
ac.uk/pdf/sign62.pdf. Acesso em Summary: Antithrombotic Thera-
26/07/2012. py anda Prevention of Thrombosis,
9th ed: American College of
9 Millar JA. Rational thrombo- Chest Physicians Evidence-Based
prophylaxis in medical inpatients: Clinical Practice Guidelines. Dis-
not quite there yet. Med J Aust. ponível em: http://chestjour-
138 9.

nal.chestpubs.org. Acesso em
07/02/2012.

14 Caiafa JS, Bastos M. Progra-


ma de profilaxia do tromboem-
bolismo venoso do Hospital Na-
val Marcílio Dias: um modelo de
educação continuada. J Vasc Br
2002;1(2):103-112.

15 Randall R, et al. Variation in


thromboembolic complications
among patients undergoing com-
monly performed cancer ope-
rations. J Vasc Surg. 2012; 55(4):
1035–1040.

16 Engelhorn ALV, et al. Profi-


laxia da trombose venosa pro-
funda – estudo epidemiológico
em um hospital escola. J Vasc Br
2002;1(2):97-102.
Protocolos Clínicos 139

9.2 Protocolo Multidisciplinar DEFINIÇÃO


de Tratamento da Dor
Documento para orientar a
prescrição de fármacos que visam
a profilaxia do Tromboembolismo
Venoso em pacientes clínicos e
cirúrgicos.

Tratamento Farmacológico da OBJETIVOS


Dor
Orientar médicos, enfermeiros,
farmacêuticos e demais profissio-
nais de saúde que atuam no trata-
mento farmacológico de pacien-
tes com dores

INDICAÇÃO
Hospital Erasto Gaertner Pacientes adultos que apresen-
tam dores agudas decorrentes de
pós-operatório, traumatismos, quei-
maduras ou crises de agudização de
doenças crônicas. Pacientes adultos
que apresentam dores crônicas ou
persistentes associadas a doenças
crônicas de origem benigna (diabe-
tes melitus, hérnias discais, artroses,
artrites, fibromialgia, bursistes, etc) ou
2013 relacionadas ao câncer.
140 9.

1. INTRODUÇÃO A prevalência de dor aumenta


com a progressão da doença. A
De acordo com a IASP Inter- dor moderada ou intensa ocorre
national Association for the Study em 30% dos pacientes com cân-
of Pain, dor é uma sensação ou cer recebendo tratamento e em
experiência emocional desagradá- 60% a 90% dos pacientes com
vel, associada com dano tecidual câncer avançado.
real ou potencial. (1,2) A dor pode
ser aguda (duração de menos de
30 dias) ou crônica (duração de
mais de 30 dias), sendo classificada 1.3. Causas de dor
segundo seu mecanismo fisiopato- Muitos pacientes com câncer
lógico em três tipos: a) dor de pre- avançado sofrem de mais de um
domínio nociceptivo, b) dor de pre- tipo de dor e o tratamento adequa-
domínio neuropático ou c) mista. do vai depender da identificação
A severidade da dor não é dire- de sua origem ou causa, sendo a
tamente proporcional à quantidade mais comum a dor causada pelo
de tecido lesado e sim composta próprio câncer (tabela 1). A dor
de muitos fatores que influenciam pode ser completamente aliviada
a percepção deste sintoma como em 80% a 90% dos pacientes e um
fadiga, depressão, raiva, medo/an- nível aceitável de alívio pode ser al-
siedade pela doença e sentimentos cançado na maioria dos restantes.
de falta de esperança e amparo.

2. PADRÕES DE DOR
1.2. Incidência de dor em pa- A avaliação e intervenção na dor
cientes com câncer aguda devem ser diferentes da dor
     

Origem da dor Freqüência Causas


Causada pelo 46%- 92% Invasão óssea tumoral;
próprio câncer Invasão tumoral visceral;
Invasão tumoral do sistema nervoso periférico;
Extensão direta às partes moles;
Aumento da pressão intracraniana.
Relacionada ao 12%- 29% Espasmo muscular;
câncer Linfedema;
Úlceras de decúbito;
Constipação intestinal, entre outras.
Associada ao 5%-20% Pós-operatória: dor aguda, pós-toracotomia, pós
tratamento mastectomia, pós-esvaziamento cervical, pós-amputação
antitumoral (dor fantasma);
Protocolos Clínicos

Pós-quimioterapia: mucosite, neuropatia periférica, nevralgia


pós-herpética, espasmos vesicais, necrose da cabeça do
fêmur, pseudo-reumatismo (corticoterapia);
Pós-radioterapia: mucosite, esofagite, retite actínica,
radiodermite, mielopatia actínica, fibrose actínica de plexo
     

braquial e lombar.
Associada ao tratamento antitumoral - 5% a 20%:
Pós-operatória: dor aguda, pós-toracotomia, pós
mastectomia, pós-esvaziamento cervical, pós-amputação
(dor fantasma);
Pós-quimioterapia: mucosite, neuropatia periférica, nevralgia
pós-herpética, espasmos vesicais, necrose da cabeça do
fêmur, pseudo-reumatismo (corticoterapia);
Oriunda de 8%- 22% Osteoartrite
desordens
concomitantes Espondiloartrose, entre outras

Tabela 1: Causas de dor em pacientes oncológicos


141

 
142 9.

crônica. Embora existam aspectos na qualidade de vida. Observa-


comuns, os relatos de dor aguda -se vocalização, expressões faciais
têm ênfase nas características, re- e posturas de proteção.
percussões biológicas da e alívio
da dor, enquanto que os relatos de
dor crônica enfatizam, além destes, 2.2. Dor crônica
aspectos psicosocioculturais que
devem ser incluídos na avaliação. Composta de estimulações no-
ciceptivas repetidas leva a uma va-
riedade de modificações no SNC e
2.1. Dor aguda não pode ser considerada apenas
um prolongamento da dor aguda.
Início súbito relacionado a afec- Enquanto a dor aguda provoca
ções traumáticas, infecciosas ou uma resposta simpática, com ta-
inflamatórias. Espera-se que desa- quicardia, hipertensão e alterações
pareça após intervenção na causa em pupilas, a dor crônica permite
– cura da lesão, imobilização ou em uma adaptação a esta situação.
resposta a medicamentos. Respon-
de rapidamente às intervenções na A dor crônica encontra-se mal
causa e não costuma ser recorrente. delimitada no tempo e no espa-
Este tipo de dor encontra-se nor- ço, persistindo por processos pa-
malmente associada a respostas tológicos crônicos, de forma con-
neurovegetativas, como aumento tínua ou recorrente. Sem respostas
da PA, taquicardia, taquipnéia, agita- neurovegetativas associadas e
ção psicomotora e ansiedade. com respostas emocionais de an-
siedade e depressão frequentes.
O paciente geralmente apresen- As respostas físicas, emocionais
ta um relato de intensidade forte e comportamentais ao quadro
ou incapacitante de alto impacto álgico podem ser atenuadas ou
Protocolos Clínicos 143

acentuadas por variáveis biológi- A dor nociceptiva é composta


cas, psíquicas e socioculturais do pelas dores somática e visceral.
indivíduo e do meio. A dor somática aparece a partir
da lesão da pele ou tecidos mais
A dor crônica possui padrão profundos e é usualmente delimi-
evolutivo e intensidade individual- tada. A dor visceral, por outro lado,
mente variáveis. O paciente pode se origina em vísceras abdominais
não apresentar alteração compor- e/ou torácicas. Ambos os tipos
tamental ou postural, expressões de dor usualmente respondem a
faciais ou vocalizações. analgésicos opioides e não opioi-
des, com excelente resposta quan-
do a dor é somática e boa resposta
3. CLASSIFICAÇÃO DA DOR quando a dor é visceral.
POR SEU MECANISMO FISIO-
A dor nociceptiva é pouco loca-
PATOLÓGICO
lizada e descrita como sensação
3.1. Dor nociceptiva de ser profunda e pressionar. Al-
gumas vezes é “referida” e sentida
Ocorre diretamente por estimu- em uma parte do corpo distante
lação química ou física de termi- do local de estimulação nocicepti-
nações nervosas normais, através va. A dor visceral é freqüentemen-
de danos teciduais comuns e te associada com outros sintomas,
frequentes nas situações inflama- como náusea e vômitos.
tórias, traumáticas e invasivas, ou
isquêmicas. A mensagem de dor é
transmitida a partir dos receptores
3.2. Dor neuropática
de dor (nociceptores), nos tecidos
periféricos, através de neurônios Resulta de alguma injúria a um
intactos. nervo ou de função nervosa anor-
144 9.

mal em qualquer ponto ao longo • Dor central: ocorre por dano


das linhas de transmissão neuro- direto ao SNC.
nal, dos tecidos mais periféricos
ao SNC e SNP. Os danos podem • Deaferentação: ocorre na dor
ser causados por trauma, infecção, fantasma (injúria do plexo braquial
isquemia, doença degenerativa, in- ou lombo sacral).
vasão tumoral, injúria química ou • Dor simpática mantida: ocor-
radiação. Queixas de dor caracte- re quando existe associação com
rística com irradiação neurodér- disfunções autonômicas como
mica e em queimação. A identifi- edema local, alterações na sudo-
cação de injúria primária, algumas rese e temperatura e mudanças
vezes, pode ser de fundamental tróficas (perda de cabelo, cresci-
importância. mento anormal de unhas, afina-
mento dos tecidos).

3.2.1. TIPOS DE DOR NEURO-


PÁTICA
3.2.2. SENSAÇÕES ANORMAIS
A dor neuropática tem sua in- EM DOR NEUROPÁTICA
tensidade diminuída com analgé-
Algumas sensações não associa-
sicos opioides e não opioides, mas
das literalmente à dor podem ser
frequentemente não é completa-
apresentadas pelos pacientes por-
mente aliviada com o uso desta
tadores de dor de origem neuro-
medicação. Drogas analgésicas
pática, como disestesia (sensação
adjuvantes são freqüentemente
anormal espontânea), hiperestesia
requeridas. Pensa-se que é susten-
(sensibilidade exagerada à estimu-
tada por atividade eferente, no SN
lação), hiperalgesia (resposta exage-
simpático. Possui diferentes subti-
rada a um estímulo normalmente
pos, sendo eles:
Protocolos Clínicos 145

doloroso), alodínea (dor causada descreva sua dor não apenas por
por estímulo que normalmente ser uma experiência diferente de
não é doloroso), hiperpatia (res- qualquer sensação prévia, como
posta explosiva e frequentemente também pela presença de seus
prolongada a um estímulo) e bre- componentes emocional, social e
akthrough pain (dor episódica, inci- espiritual.
dental ou transitória).
O controle da dor deve ser ba-
seado em avaliação cuidadosa
com elucidação das possíveis cau-
3.3. Dor simpatomimética sas e dos efeitos deste sintoma na
vida do paciente, investigando fa-
Diferenciada pelo relato de irra-
tores psicossociais que possam in-
diação arterial normalmente ne-
fluenciar no quadro e seu impacto
cessitando de diagnóstico diferen-
no paciente. Anamnese completa
cial por bloqueio anestésico.
e exame clínico são essenciais e
pode ser necessária investigação
laboratorial ou radiológica.
4. AVALIAÇÃO DO PACIENTE
COM DOR

A dor é uma experiência única e 4.1. DOR NA CRIANÇA


pessoal. A linguagem para a descri-
Até recentemente acreditava-
ção da dor não segue um e varia
-se que crianças, principalmente
para cada paciente, mesmo dentro
recém-natos e lactentes, não sen-
de uma família ou grupo cultural.
tiam dor tal como os adultos. A
Pode ser extremamente difícil para
identificação da dor nesta popula-
o paciente com doença avança-
ção era, portanto, ignorada ou su-
da encontrar uma linguagem que
bestimada. Porém, de acordo com
146 9.

os direitos da criança e do adoles-


cente hospitalizado, toda criança
tem o direito de não sentir dor, 5. PRINCÍPIOS GERAIS DE CON-
sempre que existam meios para TROLE DA DOR
evitá-la. Respeitando este direito e Os princípios do controle da dor
de acordo com os princípios éti- em pacientes oncológicos elenca-
cos de preservação da integrida- dos pela World Health Organiza-
de moral do indivíduo, o cuidado tion (WHO) tem sido considera-
oncológico pediátrico tem como dos um método eficaz, levando a
objetivos prevenir a dor, promover alívio da dor em 80% dos casos.
o conforto e preservar a qualidade Este método pode ser resumido
de vida do paciente. em seis princípios, listados a seguir
A dor em crianças com tumores na tabela 2 (ao lado).
malignos está relacionada à doença,
aos procedimentos diagnósticos ou
ao tratamento da neoplasia. Inde- 6. PROCESSO DECISÓRIO EM
pendentemente da causa, a criança ANALGESIA
deve ser adequadamente tratada
da sua dor. Para manejo adequado O processo decisório se inicia
da dor em pediatria, é importan- com a unificação dos conheci-
te seguir os seguintes princípios: mentos atualizados das equipes.
acreditar na queixa do paciente; As decisões são precedidas pela
conhecer a história e característica avaliação da dor, e preferencial-
da dor; levantar os aspectos psico- mente pela escolha de interven-
lógicos e sociais; realizar o exame fí- ções múltiplas para a garantia de
sico e exames de investigação para maior êxito. Intervenções medica-
estabelecer a causa da dor; tratar a mentosas e não farmacológicas
causa primária. podem ser associadas à medica-
Protocolos Clínicos 147

Princípio Esclarecimento
  A via oral é a via de escolha para a administração de qualquer medicação,
  inclusive a medicação com propósito analgésico. Ao utilizar esta via, o paciente
1. Pela boca
é poupado do incômodo de vias de administração mais invasivas, além de
garantir a ele maior controle sobre sua situação e autonomia para o autocuidado.
 
  A medicação analgésica para pacientes com dor moderada a intensa deve ser
  administrada em intervalos de tempo bem definidos. A formulação de uma
  escala de horário fixo assegura que a próxima dose seja fornecida antes que o
2. Pelo relógio efeito da anterior tenha passado, promovendo um alívio efetivo da dor. O
paciente que passa por episódios de dor antes da próxima dose de
medicamento analgésico experimenta sofrimento desnecessário e corre o risco
de desenvolvimento de tolerância e necessidade de maiores doses de
    analgésico. Dessa forma, é essencial a educação do paciente em consumir os
medicamentos na posologia prescrita e busca pelo médico quando a medicação
for insuficiente para alívio da dor.
 
3. Pela escada Prescrição de medicamentos de acordo com a escada analgésica, respeitando a
correlação de medicações com a intensidade da dor apresentada pelo paciente.
 
As necessidades individuais para analgesia variam enormemente, bem como a
  percepção da dor em cada paciente. É necessária a utilização de medicações
4. Para o
adequadas às características clínicas de cada paciente, de acordo com a
indivíduo
intensidade de dor relatada por cada paciente. A dose certa de analgésicos é
aquela que alivia a dor do paciente sem efeitos colaterais intoleráveis.
 
  O uso de medicações adjuvantes visa potencialização do efeito analgésico por
  mecanismos diferenciados e manejo de reações adversas. Podem ser utilizados,
 
por exemplo, corticosteróides e anticonvulsivantes para potencialização do efeito
5. Uso de
analgésico e antieméticos e laxativos no manejo de reações adversas à
adjuvantes
medicação analgésica opioide. Levando em consideração o conceito de dor
total, podem ser administrados medicamentos que contribuem para o equilíbrio
do paciente, como antidepressivos e ansiolíticos.
 
  A prescrição de analgésicos deve fornecer informações completas para
  possibilitar ao paciente e/ou cuidador a aderência ao tratamento proposto e
  subseqüente controle da dor. Dentre as orientações, é importante comunicar –
6. Prescrição
verbalmente e por escrito – informações sobre posologia, dose, nome do
detalhada
medicamento, possíveis efeitos colaterais e indicação. Explorar a “Dor Total” do
paciente, determinando o que o paciente sabe sobre sua situação, seus medos e
crenças
 
Tabela 2: Princípios para o controle da dor em pacientes oncológicos
148 9.

ção analgésica. de medicação controladas por


paciente (PCA) e procedimentos
Com o objetivo de nortear a neurocirúrgicos. Durante todos os
prescrição do tratamento analgé- estágios é aconselhada a adição
sico, a WHO instituiu um modelo de medicação adjuvante e associa-
de prescrição em escada, ba- ção a AINES para manejo da dor
seado no princípio de escalo- por diferentes mecanismos.
namento da medicação confor-
me a intensidade da dor do Após a decisão do tratamento
paciente (figura 1). No primeiro analgésico adequado para o pa-
estágio encontra-se o tratamento ciente, é necessário reavaliar a dor
para dores de intensidade fraca, e o paciente continuamente. O
basicamente com medicamen- planejamento destas reavaliações
tos não opioides através do uso deve ser sistematizado e calcula-
de antiinflamatórios não esteróides do considerando-se a alternância
como o paracetamol. No segundo previsível dos sintomas que, em
degrau, destinado para dores de Cuidados Paliativos, acontece fre-
intensidade moderada, encon- quentemente de maneira rápida
tram-se os analgésicos opioides de e intensa. A observação contínua e
menor potência, como tramadol atenta às respostas, novas queixas
e codeína. A seguir encontra-se a e aos detalhes é que garantem o
medicação destinada a dores de controle do processo analgésico.
intensidade forte, como morfina, As intervenções no tratamento
metadona e adesivos transdér- devem ser realizadas através da
micos de fentanila, por exemplo. correlação entre as doses e inter-
Por último, no quarto degrau, valos posológicos com os efeitos
encontra-se o tratamento in- analgésicos em resposta a essas
vasivo, composto por medidas doses, e vai desde ajuste de dose/
anestésicas, bombas de injeção intervalo posológico até associa-
Protocolos Clínicos 149

ção de agentes adjuvantes e doses 6.1. ESCALAS DE DOR


de resgate, visando obter o contro-
le analgésico total. Alguns instrumentos podem
auxiliam o clínico no diagnóstico
Este controle permite, por sua da dor do paciente, tanto do seu
vez, a decisão segura pelo reinício tipo quanto de sua intensidade. A
do processo sempre que neces- escala de dor Leeds Assessment
sário, através da troca de agentes, of Neuropathic Symptoms and
seguindo o rodízio de opiáceos. Signs – LANSS – é um questioná-
Sempre que identificada a neces- rio que deve ser respondido pelo
sidade de mudança na terapia paciente com o objetivo de espe-
analgésica, deve ser realizada nova cificar o tipo de dor do paciente:
prescrição e avaliada a necessida- se neuropática, se nociceptiva ou
de de instituição de procedimen- se mista. As perguntas geram um
tos invasivos ou de identificação de total de 0 a 24 pontos e exploram
refratariedade. O escalonamento os aspectos qualitativos e sensitivos
da medicação deve ser realizado da dor. O modelo de teste está
quando o tratamento em vigência disponível em Portaria publicada
for considerado ineficaz, ou seja, pelo Ministério da Saúde em 2012
utilização de analgésicos que não (PORTARIA Nº 1083, DE 02. DE
atenuem os sintomas de forma es- OUTUBRO DE 2012).
perada após uma semana com a
associação utilizada na dose máxi- A avaliação da intensidade de
ma preconizada. um sintoma subjetivo como a
dor, por outro lado, não é tão ob-
Na figura 2 sugere-se um fluxo- jetivo quanto especificar o tipo
grama de atendimento ao pacien- de dor, mas também pode ser
te oncológico com dor (pg. 151). realizada através de instrumentos.
Uma das formas de auxílio para o
150 9.

clínico nestes casos é a utilização

Figura 3: Escala de intensidade da dor referida pelo paciente


de escalas verbais ou visuais, para
medir a dor que o paciente sente,
utilizando a memória que ele tem
da intensidade de dores já viven-
ciadas ao longo da vida. Ao utilizar
escalas padronizadas de identifica-
ção da dor, é possível homogenei-
zar os diagnósticos, possibilitando
aos clínicos a interpretação correta
de dados de consultas prévias do
paciente. Neste guia, buscamos
a Escala Visual Analógica de Dor,
composta de desenhos que auxi-
liam o paciente na identificação da
dor e na expressão de sua intensi-
dade ao clínico.

De acordo com esta escala, a


dor é dividida em três intensi-
dades, de acordo com o score
apresentado no teste visual. As
intensidades são: dor leve (de
0-3), moderada (de 4-6) e intensa
(7-10) e constam na figura 3.
 
Protocolos Clínicos 151

Figura 2: Fluxograma de atendimento ao paciente oncológico com dor


152 9.

7. ESCOLHA DO MEDICAMEN- do para avaliação da resposta à


TO ANALGÉSICO terapêutica. Este tempo depende
do tempo de início do efeito dos
Princípios para escolha da medi- agentes escolhidos. Para esquemas
cação analgésica: com agentes de curta duração re-
alizados à distância ou em domicí-
7.1. Avaliação da dor
lio, o tempo médio razoável para
• Utilizar instrumentos para a ava- avaliação da resposta é de 24 a 48
liação da dor total. horas.

• Classificar padrões e termos. 7.4. Prescrição Adjuvante e Resgate

7.2. Escolha de recursos e agentes. • Estabelecer a prescrição do


esquema analgésico incluindo, se
• Escolha dos agentes farmacoló- necessário, medicações adjuvantes
gicos para o controle da dor. para controle das reações adversas
esperadas.
• Escolha de medidas não far-
macológicas de analgesia com- • Incluir doses de resgate para
plementar. suprir escapes do controle álgico
pretendido e para basear as reava-
7.3. Titulação
liações.
• Avaliar a mínima dose efetiva do
• Avaliar os benefícios da institui-
agente escolhido, utilizando tabelas
ção de agentes adjuvantes anal-
de equipotência e vias relativas às
gésicos em pequenas doses e de
medicações usadas anteriormente.
analgésicos com mecanismos de
•Após a titulação e indicação de ação diferentes para a ampliação
esquema medicamentoso regular dos resultados.
aguarda-se pelo período acorda-
Protocolos Clínicos 153

Instituição de agentes analgési- renal, saturação de receptores


cos ou co-analgésicos adjuvantes opioides, idade, estado nutricional,
com previsão de início de efeito tolerância induzida por períodos
em um maior período de tem- de uso prolongados e progressão
po (ex.: antidepressivos tricíclicos): da doença.
contatos de orientação/reavalia-
ção devem ser estimulados a qual- • Para uma análise mais com-
quer tempo, mas o prazo para a pleta, devem-se considerar, tam-
avaliação da resposta deve ser am- bém, as ocorrências psicossociais
pliado para no mínimo 7 dias. Isto do período, que podem modificar
evita falsas expectativas, ansiedade a análise do contexto geral da úl-
e avaliações pouco fidedignas da tima avaliação da dor total res-
efetividade do tratamento. pondida, relacionadas a estresse,
problemas sócio-familiares ou de
7.5. Reavaliação da dor e Ajuste trabalho.
de doses
7.6. Avaliação de dose e efeito
• Período de conhecimento de
toda a equipe para reavaliar a dor • Avaliar o alcance da máxima
leve, moderada e intensa através analgesia efetiva dentro dos li-
dos instrumentos convencionados mites toleráveis de toxicidade e
para ajuste das doses e registros. de efeitos colaterais contornáveis,
conhecidos por janela ou margem
• As avaliações das doses in- terapêutica.
dicadas devem ser individuais e
frequentes, uma vez que os pa- • Considerar o total de doses de
cientes apresentam variações nas resgate utilizado.
respostas terapêuticas por caracte- 7.7. Nova prescrição de Adjuvan-
rísticas de limiar de dor, absorção, tes e Resgate
metabolismo hepático, depuração
154 9.

• O somatório das doses utiliza- • A escolha de outro agente anal-


das (regulares e de resgate) em 24 gésico de base deve ser realizada
horas é o ponto de partida para em dose equipotente ou maior
a progressão do ajuste que pode que o esquema anterior.
ser acrescido de 25 a 50% da
dose anterior, associado ou não a • O rodízio de opoides é reco-
co-analgésicos não conflitantes e mendado em várias circunstâncias.
nova indicação de doses de resga- • O tempo de início do efeito
te. Marcar o próximo contato de de analgésicos e adjuvantes, nível
reavaliação e ajuste. sangUíneo e eliminação devem
• Caso necessário, estabelecer ser considerados nas titulações e
nova prescrição do esquema ajustes de doses. Assim como o
analgésico incorporando as doses tempo de eliminação das drogas
de resgate utilizadas no esquema deve ser considerado nas decisões
anterior à prescrição regular em pela substituição e suspensão de
24 horas. agentes farmacológicos.

• Avaliar a prescrição dos adju- 7.9. Avaliação de dor refratária


vantes e medicamentos de contro- • Dor refratária é aquela que não
le dos efeitos colaterais e prescre- é controlada adequadamente ape-
ver novamente doses de resgate. sar dos esforços ativos, escalona-
7.8. Troca de Agente mento a adaptação do esquema
analgésico.
• A decisão pela troca do agen-
te básico do esquema analgésico • Avaliar a indicação de procedi-
deve ser realizada conforme a ava- mentos de analgesia invasiva por
liação de dose e efeito e da adesão especialistas.
do paciente às posologias.
Protocolos Clínicos 155

• Esgotados todos os recursos co- precursores das prostaglandinas,


nhecidos, deve-se discutir com pa- que possuem ação pró-inflamató-
cientes e familiares a possibilidade ria. Dessa forma, ação dos AINEs
de sedação. ocorre diretamente no local da
lesão tecidual e é de grande efe-
De acordo com a escada analgé- tividade na dor resultante de lesão
sica da OMS, é possível prescrever lenta e prolongada em determina-
diferentes classes de medicamen- do tecido.
tos para alívio da dor do paciente.
Dentre os medicamentos da classe A analgesia dos AINEs, ao con-
farmacológica dos analgésicos, di- trário dos opioides, possui efeito
vide-se entre analgésicos opioides teto, isto é, não é possível alcan-
e não opioides. çar maior efeito analgésico com
o aumento de doses a partir de
um determinado limite. Por outro
lado, a adição de um fármaco não
8. CLASSES DE MEDICAMEN-
opioide à analgesia opioide pode
TOS ANALGÉSICOS
ter um efeito poupador de dose
8.1. ANALGÉSICOS NÃO OPIO- (dose-sparing effect) nos opioi-
IDES des, permitindo uso de menores
doses. AINEs podem ser usados
A classe dos analgésicos não isolados ou em conjunto com
opioides é composta pelos medi- analgésicos nos três degraus da
camentos da classe dos anti-infla- escada da OMS, não produzindo
matórios não esteroidais (AINEs), tolerância ou dependência física
que possuem ação inibitória nas ou psicossocial.
enzimas ciclo- oxigenase (Cox). As
enzimas Cox são responsáveis pela Os efeitos colaterais dos AINEs
síntese de endoperóxidos cíclicos, são em sua maior parte toleráveis
156

orientações de dosagem:
dos nas seguintes situações:

A tabela 3 traz os analgésicos


não-opioides padronizados no
agregação plaquetária. Sâo utiliza-
mento, por agirem na inibição da
água, podendo provocar edema,

fluxo sanguíneo renal em pacien-


hipertensão e até insuficiência car-
ação do tratamento incluem san-
e que podem levar à descontinu-
efeitos colaterais mais importantes

Hospital Erasto Gaertner com


cos como a tendência a sangra-
falência renal; efeitos hematológi-
díaca congestiva; diminuição do
aumento na retenção de sódio e
e comuns à classe terapêutica. Os

tes idosos e suscetíveis, levando à


nal; efeitos renais que levam ao
gramento e irritação gastroduode-

Analgésicos simples Orientações de dosagem


Paracetamol 500mg cp
Adulto: 500-1.000 mg VO a cada 4-6 horas. Dose máx/dia: 4 g
Paracetamol 750mg cp
Pediátrica: 10-15 mg/kg a cada 4-6 horas. Dose máx/dia: 100 mg/kg
Paracetamol 200mg/mL 15 mL
Dipirona sódica 500mg/mL 10 mL Adulto: 500 a 2000 mg VO a cada 6 horas. 1.000 a 2.000 mg IV (1
ml/min) 6/6h. Não é necessária diluição.
Dipirona 1000mg/2mL Pediátrica: 20-30 mg/kg a cada 6 horas.
Analgésicos anti-inflamatórios Cox-2/1 Orientações de dosagem
9.

Cetoprofeno 50 mg cap Adulto: 50-75 mg VO a cada 6-8h. 100 mg IV ou IM a cada 12 horas.


Cetoprofeno IM 100 mg/2 mL amp (50 mg/mL) Dose máxima diária: 300 mg. Pediátrica: recomendado não
administrar em crianças abaixo de 15 anos
Cetoprofeno IV 100 mg Fr amp
Adulto: 50-75 mg VO a cada 6-8h. 75 mg IM a cada 12 horas.
 

Diclofenaco sodico 50 mg drg Derivado do ácido fenilacético Dose máxima diária: 200 mg
 

Pediátrica: 1gt/kg VO a cada 6-8 horas


Nimesulida 100 mg comp Adulto: 50 a 100 mg a cada 12h
Tabela 3: Analgésicos não opioides padronizados no HEG.
Tabela 3: Analgésicos não opioides padronizados no HEG.
Protocolos Clínicos 157

8.2. ANALGÉSICOS OPIOIDES dores e hormônios.

O termo opióide inclui os fárma- O efeito analgésico dos me-


cos que tem ação nos receptores dicamentos opioides não possui
opioides endógenos, localizados “dose teto”, isto é, dose máxima
no sistema nervoso central e ca- permitida. As doses de medica-
pazes de gerar resposta analgésica. mentos opioides podem ser au-
Estes receptores existem em três mentadas, virtualmente, sem limi-
subtipos diferentes: mu (µ), delta (δ) te, desde que os efeitos colaterais
e kappa (κ). A ligação de moléculas apresentados pelo paciente – se-
aos receptores mu gera resposta dação, confusão mental, náuseas,
de analgesia, depressão respirató- vômitos e depressão respiratória
ria, miose, euforia e diminuição do – mantenham-se em níveis aceitá-
trânsito intestinal. Nos receptores veis. A potência dos medicamen-
kappa a resposta gerada é de anal- tos opioides é medida sempre em
gesia, disforia, efeitos psicomiméti- comparação com a morfina, extra-
cos, miose e depressão respirató- ída do ópio (opiáceo) e primeiro
ria e nos receptores delta apenas representante desta classe de me-
analgesia. A maioria dos fármacos dicamentos.
disponíveis atualmente liga-se aos
receptores mu. Não há fármacos
ligantes do receptor delta e pou-
8.2.1. Opioides fracos
cos fármacos ligantes de kappa,
estes com farmacologia clínica A) Codeína
ainda desconhecida. Os ligantes
endógenos opioides conhecidos Considerado o opioide de escolha
são as encefalinas, as dinorfinas para dores leves a moderadas que
e as endorfinas, que atuam como não respondem a AINEs, a codeína
neurotransmissores, neuromodula- liga-se fracamente ao receptor opio-
158 9.

ide. É considerada um pró-fármaco, mentam a mesma incidência de


sendo metabolizada no fígado para efeitos adversos.
sua forma ativa, a molécula de mor-
fina, em 10%. A ação analgésica da
codeína corresponde a 1/10 da B) Tramadol
potência analgésica da morfina. No
entanto, aproximadamente 10% da O tramadol é uma molécula
população não experimentará o com estrutura semelhante à da
efeito analgésico desejado a partir morfina e codeína, porém fre-
da codeína por deficiência na en- quentemente classificado fora da
zima hepática responsável por sua classe de medicamentos opioides
ativação. por agir através da liberação de se-
rotonina e inibição da recaptação
A dose oral recomendada de de noradrenalina. É usado nos ca-
codeína é de 30 a 120 mg, VO sos de dor leve a moderada, dispo-
de 4/4 horas. Porém a dose má- nível via oral e parenteral.
xima diária recomendada é de
360mg. A partir dessa dose é Em doses analgésicas de mesma
recomendado analisar a indica- potência que outros opioides cau-
ção da morfina, com o objetivo sa menos reações adversas, com
de minimizar os efeitos adversos menor incidência/intensidade de
relacionados a doses altas, embora depressão respiratória, constipação
aproximadamente 10% da popu- intestinal e dependência. Sua po-
lação não aceite a conversão de tência analgésica corresponde a
codeína para a morfina. 1/6 a 1/10 da potência da mor-
fina, sendo utilizado em casos de
Por outro lado, aqueles que ob- dores pós-operatórias, cólicas re-
têm mesmo um pequeno benefí- nais e biliares e dores crônicas
cio analgésico da codeína, experi- oncológicas ou não. Dose oral é
Protocolos Clínicos 159

200 a 400 mg/ dia e EV é de 600 da analgésica. As doses iniciais de


mg, divididos em 4-6h. morfina são de 5-10mg de 4/4h e
devem ser aumentadas conforme
a necessidade do paciente. Dois
terços dos pacientes oncológicos
8.2.2. Opioides fortes
necessitam de dosagens acima de
A) Morfina 180mg/dia. (*) Revised Method for
Relief of Cancer Pain (1994).
É um derivado natural da papou-
la (opiáceo) de rápida absorção na Apesar de possuir uso bem
porção superior do intestino delga- difundido e estabelecido em pa-
do após ingestão oral. A molécula cientes com dor crônica, a morfina
de morfina é metabolizada no fí- ainda possui alguns estigmas entre
gado em morfina 3-glucoronídeo os pacientes, dentre eles o de que
(M3G) e morfina 6-glucoronídeo acelera a morte ou de que pro-
(M6G) através de reação de conju- duz muita sedação no paciente,
gação (fase II). O M6G é um meta- deixando-o lento e irrresponsivo.
bólito ativo mais potente do que a Não há evidência de que a morfi-
morfina, responsável por parte do na, em dosagens apropriadas para
seu efeito analgésico. A excreção analgesia, prolongue ou diminua
ocorre por via renal e a administra- a expectativa de vida do paciente
ção de 4/4 h, por qualquer via, é ou cause lentidão que se prolon-
necessária para alcançar níveis te- gue além dos primeiros dias de
rapêuticos adequados. tratamento. A terapia farmacoló-
gica com este medicamento já é
A morfina é o fármaco de esco- respaldada por diversas referências
lha para pacientes que apresentam e, com a prescrição criteriosa pela
dor intensa e, portanto, se encon- equipe especializada de cuidado,
tram no terceiro degrau da esca- resulta em complicações mínimas.
160 9.

B) Metadona Os pacientes podem necessitar


até de 6 doses por dia, inicialmen-
A metadona é um fármaco de te, mas o intervalo das doses será
origem sintética, agonista forte dos mais prolongado, até que apenas
receptores mu e NMDA (N-metil- uma ou duas doses sejam neces-
-D-aspartato). Devido à sua ação sárias, por dia, para manutenção. A
anti-NMDA, é utilizada com suces- metadona pode ser útil em alguns
so no tratamento da dor com com- pacientes que não respondam
ponente neuropático. A metadona ou apresentem intolerância ou in-
causa menor dependência, euforia suficiência de efeitos analgésicos
e sedação quando comparado à com a morfina, podendo ser usada
maior parte dos fármacos opioides. como um opioide de segunda es-
É altamente lipossolúvel, alcançan- colha e também componente da
do biodisponibilidade oral de 80 rotação de opioides.
a 90% e meia vida média de 24h,
podendo variar de 10 a 75 horas
em diferentes pacientes. Devido a
essa variação na sua eliminação e C) Fentanil
distribuição dependente de carac-
É um analgésico sintético opio-
terísticas individuais do paciente
ide, disponível em diferentes for-
(ligação a músculos e proteínas),
mas farmacêuticas. Destacam-se
a prescrição de metadona requer
os adesivos (patches) para admi-
reavaliações frequentes para deter-
nistração transdérmica, que libe-
minação da dose eficaz e monito-
ram a dosagem de medicamento
ração de efeitos de superdosagem.
que consta na embalagem a cada
Por estes mesmos motivos tam-
hora. A troca de cada adesivo deve
bém requer cautela especial na
ocorrer no mesmo horário, a cada
população idosa.
72 horas, com troca do sítio de
aplicação a cada nova adminis-
Protocolos Clínicos 161

tração. O sítio ideal de colocação equivalente de fentanil transdérmi-


do adesivo é um local seco, plano, co. O fentanil não é o analgésico
limpo e sem pelos, para aderência de escolha em quadros de dor
e liberação ideais. Não devem ser aguda, quando a titulação da anal-
utilizados em pacientes com hiper- gesia deve ser realizada de forma
termia ou sudorese. rápida. Pacientes em uso de morfi-
na que passaram por conversão a
Em termos de efeito analgésico, fentanil devem permanecer com
o fentanil (oral e transdérmico) não morfina para resgate até que seja
demonstrou ser mais efetivo quan- alcançado o pico plasmático do
do comparado à morfina (oral) fentanil, entre 12 e 24 horas. Em
apresentando menor intensidade 10% dos paciente, pode ocorrer
de efeitos colaterais como cons- síndrome de abstinência física ou
tipação, sedação e náusea. Dessa depressiva do opioide na troca de
forma, é frequentemente indicado morfina para fentanil. Esta situação,
para pacientes com intolerância porém, possui poucos dias de
aos efeitos colaterais da morfina e ação e pode ser facilmente tratável
para aqueles com capacidade de com doses resgate de morfina na
ingestão oral reduzida ou até ine- ocasião dos sintomas.
xistente pela evolução da doença.

O uso de fentanil é indicado


para pacientes com dor constan- 8.2.3. Rotação e distribuição de
te em vigência da terapia opioide opioides nos tecidos
adequada e com pouca freqüên-
cia de dor episódica. Dados mos- A rotação de opioides é definida
tram que a dor não controlada como a mudança ou troca de um
com morfina oral não será resol- opioide por outro de potência equi-
vida pela conversão a uma dose valente mesmo sem a intenção de
162 9.

retornar ao seu uso, conhecida também como substituição. É recomenda-


da diante da identificação de analgesia insuficiente, reações adversas, ma-
nifestação de resistência e impossibilidade de manutenção da via de
administração de escolha. As tabela 4.1 mostra 4.2 encontram-se as doses
 
de equivalência entre uso de morfina oral e fentanil transdérmico.
 
Tabela 4.1: Doses equianalgésicas Tabela 4.2: Dose de fentanil transdérmico recomendada com base
Opioide Oral Parenteral na dose diária de morfina oral
Morfina 30 mg 10 mg Dose morfina 24h (mg/dia) Dose fentanil transdérmico (mcg/hora)
Codeína 200 mg – <135 (adulto) 25
Metadona 20 mg 10 mg 45 a 134 (crianças)* 12 a 25
135 a 224 50
225 a 314 75
315 a 404 100
405 a 494 125
495 a 584 150
585 a 674 175
675 a 764 200
765 a 854 225
855 a 944 250

Tabela 4: Equivalência de doses para os opioides (*A conversão para dose de fentanil
transdérmico maiores que 25 mcg/h é a mesma para pacientes adultos e pediátricos)

8.2.4. Ajuste de dose no comprometimento renal

No comprometimento renal é importante verificar os ajustes de dose


recomendados de acordo com o Clearance de creatinina. Os ajustes
propostos encontram-se na tabela 5.
Medicamento Ajuste de dose no comprometimento renal
ClCr 10-50 mL/min: administrar 75% da dose
Codeína
ClCr < 10 mL/min: administrar 50% da dose
ClCr < 30 mL/min: administrar 50-100 mg a cada 12 horas (máximo 200
Tramadol
mg/dia)
ClCr 10-50 mL/min: administrar 75% da dose
Morfina
ClCr < 10 mL/min: administrar 50% da dose
Metadona ClCr < 10 mL/min: administrar 50 a 75% da dose
Tabela 5: Ajustes de dose dos medicamentos opioides no comprometimento renal.
Protocolos Clínicos 163

9. MEDICAÇÃO ADJUVANTE agem no bloqueio da recaptação


de serotonina, noradrenalina e do-
9.1. MEDICAÇÃO ADJUVANTE pamina, aumentando a disponibi-
ANALGÉSICA lidade desses neurotransmissores
nas fendas sinápticas.
Os analgésicos adjuvantes são
drogas desenvolvidas primeira- Os principais efeitos colaterais
mente para outras indicações dos antidepressivos envolvem efei-
que não o alívio da dor, mas com tos anti-histamínicos (sonolência,
este efeito em certas situações. tontura, fadiga, náusea, aumento e
Também são chamados de co- perda de peso); efeitos antimus-
-analgésicos, podendo ser usados carínicos/ anticolinérgicos (boca
em combinação com outras dro- seca, constipação, sonolência, se-
gas, em todos os degraus da esca- dação, visão turva, retenção uriná-
da analgésica, com atuação espe- ria, tontura, alteração da memória);
cial nos casos de dor neuropática efeitos do bloqueio alfa (tontura,
que não respondem suficiente- hipotensão arterial, taquicardia
mente bem aos Opiáceos. compensatória, tremor, sonolência,
disfunção sexual).
9.1.1. Antidepressivos
A) Antidepressivos tricíclicos
Não produzem alívio da dor por
reversão de um quadro de depres- Os antidepressivos tricíclicos
são pré-existente, mas sim através (ADTs) são de grande utilidade nos
do uso de doses menores visando casos de dor contínua, com sensa-
analgesia, que ocorre com maior ção de queimadura ou parestesia,
rapidez do que seu efeito antide- embora também tenham papel
pressivo. Muitos neurotransmisso- importante nas dores neuropáti-
res envolvidos na nocicepção são cas lancinantes. São exemplos de
afetados pelos antidepressivos, que ADTs a amitriptilina, imipramina e
164 9.

nortriptilina. Estes medicamentos dros de dor neuropática lancinan-


podem levar a efeitos colaterais te, com efeitos colaterais como
anticolinérgicos, como boca seca náusea, vômitos, ataxia e letargia.
e visão embaçada, constipação, Assim como a fenitoína, ela atua
retenção urinária, hipotensão pos- por bloqueio dos canais de só-
tural e confusão mental. Para mini- dio e diminuição da liberação de
mizar os efeitos colaterais, deve-se glutamato nos terminais nervosos
iniciar com baixas doses e realizar pré-sinápticos. A gabapentina apre-
aumento gradativo. senta bons resultados em dor pós-
-herpética e em alguns casos de
No caso de sedação ser um efei- síndromes neuropáticas. Sua ação
to colateral desejado, como em ocorre nos canais de cálcio dos
casos de dificuldade para dormir, o neurônios pré-sinápticos, promo-
fármaco de escolha é a amitriptilina. vendo modulação de seu efeito. A
fenitoína é o fármaco anticonvul-
9.1.2. Anticonvulsivantes
sivante de menor toxicidade, mas
São fármacos usados em casos também menos efetivo para dor
de dor neuropática, particularmen- neuropática.
te lancinante, como neuralgia do
9.1.3. Anestésicos locais
trigêmeo, pós-herpética e dor as-
sociada com compressão medular São medicamentos estabiliza-
e esclerose múltipla. Sua ação no dores de membrana que atuam
alívio da dor se dá pela supressão por bloqueio dos canais de sódio.
de circuitos hiperativos da medula Geralmente aliviam a dor neuropá-
e do córtex cerebral e estabilização tica e são indicaods para infiltração
das descargas neuronais nas mem- de pontos-gatilho, bloqueio de
branas das vias aferentes primárias. nervos periféricos, bloqueio de
plexos nervosos, entre outros. A
A carbamazepina é útil nos qua-
Protocolos Clínicos 165

lidocaína administrada via endo- utilizados são o clonazepam e


venosa ou subcutânea pode ser diazepam.
utilizada, mas sempre com caute-
la. Deve- se estar atento a riscos 9.1.6. Agonistas adrenérgicos alfa-2
cardíacos e o paciente não deve O principal representante do
estar tomando antidepressivos grupo de agonistas alfa-2 é a clo-
tricíclicos. Usualmente, tais drogas nidina. O efeito ocorre através da
são iniciadas com orientação de inibição da produção de AMPc, e
especialistas. subseqüente aumento da saída de
9.1.4. Neurolépticos potássio e diminuição da entrada
de cálcio. Inibe a transdução do
Fármacos que possuem efeito sinal álgico.
serotoninérgico, anti-histamínico,
anticolinérgico, bloqueio alfa-adre- 9.1.7. Antagonistas NMDA
nérgico e dos receptores DOPA. Fármacos como a cetamina, que
São representantes desta classe a atuam no bloqueio dos recepto-
clorpromazina e o haloperidol. res NMDA, impedindo a saída de
9.1.5. Benzodiazepínicos magnésio divalente. A cetamina
é um agente anestésico indutor,
Sua ação principal é através dos com T ½ plasmática de mais ou
receptores de GABA: abertura de menos 3 h, e tem um metabólito
canais de cloro e diminuição do ativo norketamina- com T ½ de
potencial de membrana. Seus prin- 12h. Pode ser usada via subcutânea
cipais efeitos são sedativo, ansiolíti- para dor neuropática que respon-
co e miorrelaxante. São indicados de pouco aos opioides. Em uso
na dor associada a espasmo mus- crônico, norcetamina pode ser o
cular, além de melhorar o padrão principal agente responsável pelo
do sono. Os medicamentos mais efeito analgésico. A dose reco-
166 9.

mendada varia consideravelmen- na, reduzem dor óssea por me-


te. Com o uso de 10mg/ml ou tástase, além de produzir sensação
20 mg/ml o sucesso terapêutico de bem estar.
a longo prazo, isto é, alívio da dor
e efeitos adversos toleráveis, varia Como exemplo, temos a dexa-
de 20% a 50%, aproximadamen- metasona e prednisona, atuando
te. Alguns efeitos psicomiméticos como analgésicos diminuindo
são comuns podem ser tratados prostaglandinas locais envolvidas
com haloperidol, diazepam ou na inflamação e nocicepção. Al-
midazolam. guns efeitos colaterais estão rela-
cionados à retenção de sódio e
9.1.8. Corticosteróides água, perda de potássio e hiperten-
são (mineralocorticóides); diabetes
Os corticosteróides atuam atra- e osteoporose (glucocorticoides);
vés da inibição da fosfolipase A2 úlcera péptica, distúrbios mentais,
(FLA2), que diminui o edema e a fraqueza muscular.
inflamação no local do tumor. Po-
dem ser benéficos para pacientes 9.1.9. Antiespasmódicos
nos quais a dor é causada pela
pressão exercida pelo em estrutu- São medicamentos que levam
ras sensíveis à dor, como no caso ao relaxamento das fibras mus-
de metástase cerebral e metástase culares lisas, como a hioscina. São
hepática com distensão da cáp- úteis em pacientes que apresen-
sula. Também são úteis para dor tam dor do tipo cólica, aliviada por
neuropática devido à compressão estes emdicamentos por diminuí-
nervosa pela massa tumoral ou in- rem os espasmos intestinais.
filtração de plexos ou nervos perifé- 9.1.10. Relaxantes musculares
ricos. Melhoram cefaléia devido a
aumento de pressão intracrania- O baclofeno é um relaxante
Protocolos Clínicos 167

muscular que atua nos receptores 10. GRUPO MULTIDISCIPLINAR


GABA em nível medular. Seu efei- DE MANEJO DO PACIENTE
to baseia-se na diminuição central
de neurotransmissores glutamato e Em pacientes com câncer avan-
aspartato e resulta em alívio da dor çado, o sucesso no alívio da dor
muscular espástica por inibição da requer avaliação criteriosa da causa
ação reflexa dos neurônios. deste sintoma e de seu impacto
na vida social, familiar, emocional.
O conhecimento de um número
adequado de fármacos com in-
9.2. MEDICAÇÃO ADJUVANTE formações atualizadas e os passos
PARA CONTROLE DE REAÇÃO para utilizá-las, vão garantir resulta-
ADVERSA dos ótimos de controle de dor na
maior parte dos pacientes. A reava-
As medicações para controle
liação continuada permite modifi-
de reações adversas incluem prin-
cações no regime do tratamento,
cipalmente os medicamentos an-
de acordo com seus efeitos colate-
tieméticos e laxantes, uma vez que
rais ou mudanças clínicas.
náusea/vômitos e constipação são
as reações adversas mais comuns O foco principal do grupo multi-
relacionadas ao uso de analgésicos disciplinar deve ser o alívio gradual
opioides. Eventualmente podem da dor, para obtenção de melhores
ser adicionados outros medica- resultados e menor quantidade e
mentos, à medida que se tornarem intensidade de efeitos colaterais.
necessários. Na tabela 6 (pg 168) A meta inicial do tratamento do
encontram-se alguns efeitos cola- paciente com dor é a garantia
terais esperados de medicamen- de noites de sono livres de dor, o
tos opioides e o tipo de manejo que quebra o ciclo dor – insônia
sugerido. – exaustão – dor mais forte. Esta
168 9.

 
Efeito
Prevenção/ Tratamento Na criança Comentários
Colateral
 
   
  Alcançada a analgesia Avisar ao paciente que a sedação
  Descontinuar outras drogas que tentar a redução da dose pode durar os primeiros 3 a 5
Sedação tenham efeito sedativo (ex. de opiáceo associando dias, melhorando a partir de
Benzodiazepínico) analgésico não sedativo. então, embora a sonolência
Acetaminofeno ou AAS ® possa persistir durante inatividade

   

  Caso intensa e acompanhada de Usualmente não importante


Depressão depressão de consciência. Fazer clinicamente. Tolerância a este
Respiratória naloxona 0,4 mg diluída em 10 efeito colateral se desenvolve
mL de solução salina EV lento rapidamente
 
  Excluir obstrução intestinal,
Ocorre em 65% dos pacientes
  hipertensão intracraniana e
Náusea e considerar troca do iniciando tratamento com Morfina
Haloperidol 0,5 a 1 m g via oral (não fazer com a rotina profilática)
Vômito opiáceo. Usar
Desenvolve tolerância
metoclopramida ou
rapidamente (5 a 10 dias)
ondansetrona
   

Usar regularmente Praticamente universal nos


  Lactulose 15 a 30 mL/dia ( até 60 laxativos para estimulação pacientes tomando Opiáceo
Constipação mL ) 1 ou 2 vezes por dia da peristalse e manter (diminuição de secreção e
ingesta hídrica adequada diminuição de peristalse)
   

  Orientar aos pacientes, Associar neurolépticos com


Confusão principalmente aos idosos, que o haloperidol (0,01-0,1 m Avaliar possível hipotensão
Mental pode ocorrer nos primeiros dias g/kg VO/EV a cada 8h M postural
de tratamento DD=30m g)
 
 
  Excluir obstrução tumoral,
  hipovolemia e insuficiência
Retenção renal. Evitar drogas
Urinária Cateterismo
anticolinérgicas com
antidepressivos tricíclicos e
anti-histamínicos
 

Tabela 6: Manejo de RAM relacionada à administração de medicamentos opioides.


Protocolos Clínicos 169

analgesia deve ser alcançada em

Tabela 7: Escala de Zubrod-ECO para medida da capacidade funcional do paciente.


24- 48h. A próxima meta é aliviar a

Consegue ficar fora do leito mais de 50% do dia e realizar alguma atividade
Enfrenta sintomas da doença, mas deambula e mantém atividades diárias

Restrito ao leito mais de 50% do dia, dependente de cuidados relativos


dor no repouso e, finalmente, aliviar

Atividade normal em relação ao que realizava antes da doença


a dor durante os momentos em

Acamado, preso ao leito, dependente de cuidado contínuo


que o paciente sustenta seu pró-

Tabela 7: Escala de Zubrod-ECO para medida da capacidade funcional do paciente  


prio peso e em movimentos.

Para tanto, deve ser considera-

PERFORMANCE STATUS (PS)


da a evolução natural da doença
avançada, segundo scores de ava-
liação da performance esperada e
observada nos pacientes. A escala
de Karnofsky (*), posteriormente
adaptada e simplificada por Zu-
brod (*) é composta por 4 níveis
de performance status (PS) que são
base para avaliações e decisões
de condutas terapêuticas em cui-
dados paliativos. A tabela 7 traz os
níveis de PS que o paciente pode
apresentar.
PS 0

PS 1

PS 2

PS 3

PS 4
 
 

 
170 9.

Após a verificação do PS do 11. CONCLUSÃO


paciente, é importante também a
classificação do tipo de dor para No manejo do paciente onco-
decisão de qual tipo de analgesia lógico, é essencial o reconheci-
deve ser usada. A escada da dor mento das diferentes síndromes
pode e deve ser usada, nestes ca- dolorosas apresentadas pelo
sos e a tabela 8 (ao lado - pg. 171) paciente para definição do trata-
traz complementação para a ava- mento medicamentoso. Essas sín-
liação da dor de acordo com rela- dromes definem um conjunto de
tos do paciente. sinais e sintomas característicos da
dor e de cada tipo de dor. As mais
Tabela 8: Escolha da medicação comuns são facilmente reconheci-
de acordo com a característica da das e devem ser apropriadamente
dor do paciente. diferenciadas para alcance da me-
lhor terapêutica analgésica para o
Também de acordo com as paciente.
características e demandas dos
pacientes, deve-se escolher a me-
lhor via de administração da me-
dicação analgésica. Quando a via
oral não estiver disponível, é possí-
vel administrar medicamentos via
sonda nasogástrica ou nasoenteral
antes da administração por outras
vias, caso o paciente apresente al-
gum destes dispositivos. Observar
informações de preparo e admi-
nistração no Guia Farmacotera-
pêutico do HEG.
Característica/tipo de dor Tratamento (analgésicos e adjuvantes)
 

Leve: Dipirona ou Paracetamol


 
 

Visceral Moderada: Codeína + AINE


 

“dói o tempo todo" Intensa: (Morfina ou Metadona ou Fentanil ou Oxicodona)


+ Corticóide

Opiáceo + AINE
 
 

Óssea Considerar RXT Antiálgica


 

“dói quando eu movimento" Considerar Bifosfonato (pamidronato, zolendronato)


Radiofármaco – samário 153
Protocolos Clínicos

Característica/tipo de dor Tratamento (analgésicos e adjuvantes)


 

Leve: Dipirona ou Paracetamol


 
 

Visceral Moderada: Codeína + AINE


 

“dói o tempo todo" Intensa: (Morfina ou Metadona ou Fentanil ou Oxicodona)


+ Corticóide

Opiáceo + AINE
 
 

Óssea Considerar RXT Antiálgica


 

“dói quando eu movimento" Considerar Bifosfonato (pamidronato, zolendronato)


Radiofármaco – samário 153

Tabela 8: Escolha da medicação de acordo com a característica da dor do paciente.


171
172 9.
Protocolos Clínicos 173

9.3 Protocolo de Prevenção DEFINIÇÃO


da Êmese
Documento com a finalidade de
auxiliar na prevenção do risco de
náuseas/vômito em pacientes em
tratamento quimioterápico com
potencial emetogênico.

OBJETIVOS

Orientar médicos, enfermeiros,


farmacêuticos e demais profissio-
nais da saúde quanto a melhor op-
ção farmacológica para prevenção
Hospital Erasto Gaertner de náuseas/vômito em pacientes
que utilizam quimioterápicos com
potencial emetogênico baixo, mo-
derado ou alto.

INDICAÇÃO

Pacientes que recebem medi-


camentos antineoplásicos com
potencial emetogênico (baixo, mo-
derado ou alto).
2013
174 9.

1. INTRODUÇÃO • Dosagem do agente quimiote-


rápico
Os antineoplásicos podem oca-
sionar efeitos indesejáveis, como • Posologia e via de adminis-
náuseas e vômito. Esses eventos tração
colaterais, além de afetar a quali-
dade de vida, podem gerar dese- • Alvo da terapia de irradiação
quilíbrios metabólicos, falta de nu- • Variabilidade pessoal (sexo, ida-
trientes, anorexia, queda do estado de, quimioterapia prévia, históri-
geral, etc. e podem prejudicar o co de alcoolismo, etc.)
tratamento, pois geram desconfor-
to ao paciente, que pode recusar Há ainda outras causas poten-
sua continuidade. Por isso, a utiliza- ciais como obstrução intestinal
ção de antieméticos é um fator im- parcial ou completa, disfunção ves-
prescindível. O uso de antieméti- tibular, metástase cerebral, balanço
cos pode trazer melhora em cerca eletrolítico (hipercalcemia, hiper-
de 25% a 50% dos pacientes em glicemia, hiponatremia), uremia,
suas crises de náuseas e vômitos uso concomitante de opiáceos,
desencadeadas pelos tratamentos gastroparesia induzida por tumor
quimioterápicos. ou quimioterapia, além de causas
psicofisiológicas como ansiedade.
Segundo NCCN Clinical Practi-
ce Guidelines in Oncology (NCCN A êmese subdivide-se em qua-
Guideline, 2013), a incidência e a tro categorias: aguda, tardia, anteci-
severidade de náuseas e vômito patória e a refratária (Tabela 1).
em pacientes que recebem a qui-
mioterapia e/ou radioterapia são
afetadas por fatores como:

• Agente quimioterápico utilizado


Protocolos Clínicos 175

Classificação Sintomas
AGUDA Primeiras 24 horas após o início da administração da QT
TARDIA 24 horas a 120 horas após a administração da QT
Antes e durante a administração da QT (respostas a estímulos
ANTECIPATÓRIA visuais, olfatórios, gustativos e a fatores ambientais)
REFRATÁRIA Sintomas agudos e tardios aparecem a cada ciclo da QT

Tabela 1: Classificação da êmese

Hesketh e cols. (1997) publicaram uma classificação dos antineoplásicos


em relação às suas ações eméticas. Os medicamentos foram classificados
em cinco níveis, levando em consideração a dose de quimioterapia e via
de administração, definindo um algoritmo para prever a emetogenicidade
dos esquemas de quimioterapia, resumido na Tabela 2.

Nível Características
1 < 10% dos pacientes apresentam êmese - Risco mínimo (não emetogênico)
2 Causam êmese em 10-30% dos pacientes - Risco baixo
Causam êmese em 30-60% dos pacientes - Risco moderado
3 (emetogênico moderado)
Causam êmese em 60-90% dos pacientes - Risco moderado
4
(emetogênico moderado )
5 Causam êmese em > 90% dos pacientes – Alto risco (emetogênico)
Tabela 2: Classificação dos antineoplásicos quanto ao potencial emetogênico
Potencial emetogênico de antineoplásicos IV
176
Nível Agente (Uso INTRAVENOSO
Doxorrubicina ou epirrubicina Ciclofosfamida >
ALTO POTENCIAL com ciclofosfamida 1500mg/m2 Epirrubicina > 90mg/m2

Ifosfamida ≥2g/m2
(> 90%) Dacarbazina
por dose
Cisplatina Doxorrubicina>60mg/m2
RISCO Interferon alfa ≥
Dactinomicina
MODERADO 10.000.000UI/m2
(30-90%) Bussulfano Daunorrubicina Irinotecano
Doxorrubicina ≤60mg/
Carboplatina m2
Melfalana

Epirrubicina ≤90mg/m2 Metotrexato ≥250mg/


m2
Ciclofosfamida≤ 1500mg/m2 Idarrubicina Oxaliplatina

Citarabina >200mg/m2 Ifosfamida <2g/m2

RISCO BAIXO Fluorouracil Mitoxantrona

(10-30%) Gencitabina Paclitaxel


9.

Interferon alfa
Citarabina 100-200mg/m2 >5<10.000.000UI/m2 Pemetrexede

Interleucina ≤
Docetaxel Topotecano
12.000.000UI/m2
Metotrexato >50mg/
Doxorrubicina lipossomal m2 < 250mg/m2

Etoposídeo Mitomicina
neoplásicos encontram-se classificados, segundo NCCN Guideline, 2013:
Nas tabelas 3 e 4, podemos observar em qual nível os principais anti-

Tabela 3: Potencial emetogênico de antineoplásicos IV


RISCO MÍNIMO Fludarabina
Interferon alfa
<10% Asparaginase ≤5.000.000UI/m2
Bevacizumab Metotrexato≤50mg/m2
Bleomicina Rituximab
Bortezomibe Trastuzumab
Cetuximab Vimblastina
Cladribina Vincristina
Citarabina < 100mg/m2 Vinorelbina

Potencial emetogênico de antineoplásicos orais


nível Agente (Uso ORAL)
Protocolos Clínicos

RISCO Bussulfano ≥ 4mg/dia Lomustina


MODERADO
Ciclofosfamida ≥ 100mg/m2/dia Mitotano

Etoposídeo
RISCO MÍNIMO Bussulfano ≤ 4mg/dia Hidroxiuréia
Capecitabina Imatinibe Tioguanina
Clorambucil Topotecano
Ciclofosfamida < 100mg/m2/dia Melfalano Tretinoína
Dasatinibe Mercaptopurina
Erlotinibe Metotrexato
Fludarabina Nilotinibe
Tabela 4: Potencial emetogênico de antineoplásicos orais
177
178 9.

Em geral, a terapia antiemética ximo ao núcleo do trato solitário.


deve ser iniciada antes da quimio- Esta área específica é responsável
terapia e é indicada a prevenção pelo ato da êmese, sendo forma-
em todos os ciclos do tratamento, da por duas unidades: a zona de
podendo, dessa forma, também gatilho quimiorreceptora (CTZ) e o
diminuir a probabilidade de de- centro do vômito (CV). A CTZ res-
senvolver náuseas e vômitos ante- ponde a uma grande variedade de
cipatórios. neurotransmissores que são me-
diadores das náuseas e vômitos,
O esquema de escolha para entre os quais estão a dopamina,
controle da êmese deve ser feito a \\, a histamina, as prostaglandinas
levando-se em consideração o po- e o ácido gama-aminobutírico. Já
tencial emetogênico da combina- o centro do vômito recebe esti-
ção de fármacos antineoplásicos mulações que surgem das fibras
em uso. O guideline NCCN reco- sensoriais vagais existentes no trato
menda diferentes profilaxias antie- gastrintestinal, dos núcleos vestibu-
méticas, incluindo a dosagem de lares e de alguns lugares mais altos
cada medicamento, para pacien- do córtex e da CTZ. A náusea seria
tes que recebem quimioterapia de o reconhecimento da excitação
acordo com o potencial emetogê- na área do bulbo associada ao
nico, como mostrado na tabela 5. centro do vômito. Algumas vezes,
o vômito pode ocorrer sem a sen-
2. FISIOPATOLOGIA DA EMESE
sação de náusea, indicando que
A êmese pode ocorrer em res- não são todas as regiões do centro
posta a estímulos do sistema ner- do vômito que estão associadas à
voso central e periférico, quando sensação de náusea.
os impulsos são transmitidos até o
A êmese pode ser causada por
cérebro, em uma área específica,
diversas situações com fatores
localizada no bulbo, situado pró-
Protocolos Clínicos 179

psicológicos, odores incômodos, fatores visuais ou induzida por subs-


tâncias químicas.

3. ESCOLHA DO MEDICAMENTO PROFILÁTICO DA ÊMESE

A escolha dos medicamentos profiláticos da êmese deve ser feita


com base no potencial emetogênico dos agentes quimioterápicos intra-
venosos e orais, mostrados nas tabelas 3 e 4, respectivamente. Os medi-
camentos recomendados são mostrados na tabela abaixo:
Profilaxia para alto risco de êmese (aguda e tardia) em QT intravenosa
MEDICAMENTOS DOSES OBSERVAÇÃO
Antagonistas 5-HT3
(SEROTONINA)

Granisetrona OU 0,01mg/Kg (max 1mg) IV dia Máximo: 7 dias

Ondasentrona 8-16mg (max 32mg/dia) IV dia Dose única IV: máx 16mg

Esteróides

12mg VO ou IV D1 seguido de
Dexametasona OU
8mg VO D2-4

12mg VO ou IV D1 --> 8mg VO D2


Dexametasona
seguido --> 8mg VO 2x/dia D3-4

Benzodiazepínico
0,5-2mg VO a cada 4h ou a cada
±Lorazepam
6h D1-4
±Bloqueador H2 ou
Inibidor bomba de
prótons
Tabela 5: Profilaxia para alto risco de êmese (aguda e tardia) em QT intravenosa
180 9.

Profilaxia para risco moderado da êmese em QT intravenosa


Medicamentos D1 D2-D3
Antagonistas 5-HT3
(SEROTONINA)
Granisetrona OU 0,01mg/Kg (max 1mg) IV dia 0,01mg/Kg (máx 1mg) IV
8mg VO 2x/dia ou 16mg
16-24mg VO ou 8-16mg (max
Ondasentrona VO/dia ou 8-16mg (máx
32mg/dia) IV dia
32mg/dia) IV
E
Esteróides
Dexametasona 12mg VO ou IV Monoterapia: 8mg VO ou IV/dia
Benzodiazepínico
±Lorazepam 0,5-2mg VO a cada 4h ou a cada 6h 0,5-2mg VO a cada 4h ou a cada 6h
±Bloqueador H2 ou
Inibidor bomba de
prótons
Tabela 6: Profilaxia para risco moderado de êmese em QT intraveno-
satardia) em QT intravenosa

Profilaxia para risco baixo da êmese em QT intravenosa


Medicamentos Doses
Dexametasona OU 12mg VO ou IV/dia

Metoclopramida 10-40mg VO ou IV a cada 4 ou 6h


Lorazepam 0,5-2mg VO a cada 4 ou 6h

±Bloqueador H2 ou
Inibidor bomba de prótons

Tabela 6: Profilaxia para baixo risco de êmese em QT intravenosa


Protocolos Clínicos 181

Profilaxia para risco alto e moderado da êmese em QT oral


Medicamentos Doses
Antagonistas 5-HT3
(SEROTONINA)
Ondasentrona 16-24mg VO/dia
±Lorazepam 0,5-2mg VO ou sublingual a cada 4 a 6h
±Bloqueador H2 ou
Inibidor bomba de
prótons

Tabela 7: Profilaxia para risco alto e moderado de êmese em QT oral

Profilaxia para baixo risco de êmese em QT oral


MedicamentoS Doses
Metoclopramida 10-40mg VO a cada 4 ou 6h
Haloperidol 1-2mg VO a cada 4 ou 6h
Lorazepam 0,5-2mg VO a cada 4 a 6h
±Bloqueador H2 ou
Inibidor bomba de prótons
Tabela 8: Profilaxia para baixo risco de êmese em QT oral

Observações: O uso de esteróides é contraindicado com drogas


como a interleucina 2 e o interferon.
O FDA recomenda o máximo de 16mg para dose única de onda-
sentrona IV.
Nos regimes com múltiplas drogas, a seleção da pré- medicação
deverá ser baseada na droga com maior potencial emetogênico.
Para otimização do controle da êmese é indicado o acréscimo de
um agente de uma classe diferente do regime atual utilizado. Pode ser
necessário o uso de vários agentes concomitantes, como mostrado
no fluxograma abaixo:
182 9.
Protocolos Clínicos 183

A via oral não é recomendada 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFI-


devido à ocorrência de vômitos, CAS
consequentemente, a via intrave-
nosa é mais adequada. Cohen L, De Moor CA, Eisen-
berg P, et al. Chemotherapy-indu-
Medicamentos que não apre- ced nausea and vomiting: inciden-
sentam risco de êmese (Nível 1) ce and impact on patient quality
não possuem recomendações, of life at community oncology set-
pois são considerados como não tings. Support Care Cancer, 2007,
emetogênicos. 15(5): 497-503 .

4. CONCLUSÃO Gralla R, Osoba D, Kris M et al.


Recommendations for the Use of
A prevenção das êmese deve Antiemetics: Evidence-Based, Cli-
ser realizada quando se utiliza um nical Practice Guidelines. J of Clin
esquema de quimioterapia que Oncol 17, 2971; 1999 .
envolva antineoplásicos emeto-
gênicos . A falta de controle desse Hesketh PJ. Chemotherapy-indu-
efeito colateral pode levar o pa- ced nausea and vomiting. N. Engl. J.
ciente a não adesão ao tratamen- Med. 2008, 358: 2482-2494 .
to, além de trazer algumas com-
plicações para o estado de saúde. Jordan K, Sippel C, Schmoll H.
Por isso é importante a escolha do Guidelines for Antiemetic Treat-
melhor antiemético, levando em ment of Chemotherapy-Induced
consideração a eficácia e o custo Nausea and Vomiting: Past, Present
do medicamento, lembrando que and Future Recommendations.
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