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Desta maneira, os dados da existência estão para nos lembrar do cuidado de si, a
busca da auto-compreensão, o autoconhecimento e o livre arbítrio para decidir quais
escolhas faremos, o que dirá respeito à nossa existência, em termos de sujeitos livres ou
alienados.
Considerando o aforismo sartreano “não somos aquilo que fizeram de nós, mas o
que fazemos com o que fizeram de nós”, de um modo geral, poderíamos afirmar que o
grau de liberdade de um indivíduo, em termos de escolhas individuais conscientes, está
relacionado com a formação das patologias no relacionamento desse indivíduo com os
dados da existência.
Quanto maior a liberdade de nos livrarmos do que fizeram de nós e passar a agir
no terreno de o que que eu faço para modelar aquilo que fizeram de mim, menor será a
possibilidade de formação de patologias. Dos dados da existência, a consciência da
liberdade provavelmente seja o que mais se relaciona com a angústia do sujeito. A partir
de uma livre escolha, em que se coloca em jogo conscientemente o temor da incerteza do
resultado e a responsabilidade pela ação que se produz, passa-se a operar uma
descompressão do sentimento angustiante a instâncias de uma vitalidade existencial. Se,
de maneira contrária, são outras instâncias as que tomam as decisões por nós (pais,
família, amigos, sociedade, religiões etc.), o sentimento de impotência diante da falta
dessa vitalidade existencial irá (ou poderá) consumir o sujeito em um círculo vicioso
patológico.
Quanto aos dados da existência, podemos ter medo da morte, mas assumirmos que
somos seres finitos. Embora a morte física seja uma constatação (e veja-se que
constatamos isso em outros e não em nós), não é possível falar da morte em si, da qual
nada sabemos, e sim da finitude da vida, de que somos cientes. Falar da morte é possível
sob uma perspectiva exterior, pois ela não é apreensível à experiência humana: nada
sabemos dela, sabemos do deixar de existir, sabemos da finitude da vida, da saudade do
que não mais está, mas o conceito per se escapa a toda ordenação humana. Ao assumirmos
nossa finitude podemos evitar cair em uma hipocondria crônica, por exemplo.
No que tange ao sentido da vida, podemos mencionar o psiquiatra austríaco Viktor
Emil Frankl, fundador da logoterapia, um dos primeiros cientistas a se preocupar e
investigar o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência. Na
teoria acima mencionada, Frankl procura constatar o grau de importância da questão do
sentido da vida como o principal fator de sobrevivência do ser humano. Conforme o autor,
as pessoas que têm definido um “sentido” para a existência, um “por que” ou “para que”
viver a vida têm mais possibilidades de suportar os fatos adversos e os problemas
decorrentes do existir. Diz ele:
REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, L. C. M. Matrizes do pensamento psicológico. Petrópolis: Vozes,
2017.
TANIS, Bernardo. Solidão: clínica e cultura. In: BARONE, Leda Maria Codeço. A
Psicanálise e a Clínica Extensa: II Encontro Psicanalítico da Teoria dos Campos por
Escrito. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.