Sei sulla pagina 1di 40

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

CONGETA BRUNIERE XAVIER FADEL

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE AFINAÇÃO VOCAL E


PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL

CURITIBA
2014
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
CONGETA BRUNIERE XAVIER FADEL

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE AFINAÇÃO VOCAL E


PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito parcial à obtenção do título de
Fonoaudióloga, ao curso de Fonoaudiologia da
Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientadora: Profa. Dra. Angela Ribas

CURITIBA
2014
RESUMO

INTRODUÇÃO: Afinação vocal é descrita pela literatura como a habilidade de se


reproduzir vocalmente um modelo sonoro na correta tonalidade apresentada, e
envolve mecanismos responsáveis pela capacidade de ouvir com precisão, de
diferenciar o som ouvido, de armazená-lo e reproduzí-lo de acordo com o modelo
exposto. Tais habilidades, no seu conjunto, são definidas como processamento
auditivo central. Uma das etapas do processamento auditivo é o processamento
auditivo temporal (PAT), ou seja, a habilidade de detecção de pequenas mudanças
de tempo, ritmo, velocidade e pitch de um som. OBJETIVO: Verificar a existência da
relação entre afinação vocal e processamento auditivo temporal em indivíduos sem
educação musical. MÉTODOS: Trata-se de um estudo clínico analítico transversal
de caráter quantitativo. Participaram deste estudo 62 indivíduos (30 homens e 32
mulheres) com audição normal e idades entre 18 e 35 anos. A amostra foi dividida
em dois grupos estabelecidos a partir de uma triagem de afinação vocal, onde o
Grupo A (GA) foi composto por 28 indivíduos considerados afinados, e o Grupo D
(GD) foi integrado por 34 indivíduos considerados desafinados. Os participantes
foram submetidos à realização de dois testes do PAT, o TPF (Teste de Padrão de
Frequência) e o RGDT (Teste de Detecção de Gap). RESULTADOS: No teste TPF o
GA obteve resultados significativamente maiores que o GD (87% contra 64,1% de
acertos). No entanto, no teste RGDT não houve diferença estatística entre grupos.
CONCLUSÃO: A partir das análises dos resultados dos testes de PAT obtidos pelos
voluntários da amostra, pode-se concluir a existência de uma relação significativa
entre processamento auditivo temporal e afinação vocal. O teste TPF revelou-se
sensível para a detecção de possível disfunção e/ou alteração na habilidade de
discriminação auditiva de frequências sonoras em indivíduos desafinados.

Palavras-chave: Voz. Música. Percepção Auditiva. Testes Auditivos. Fonoaudiologia.


LISTA DE QUADROS E TABELAS

QUADRO 1 - SEQUÊNCIA DE ESTÍMULOS PARA A TRIAGEM DA AFINAÇÃO


VOCAL – VOZ FEMININA ................................................................ 18
QUADRO 2 - SEQUÊNCIA DE ESTÍMULOS PARA A TRIAGEM DA AFINAÇÃO
VOCAL – VOZ MASCULINA ............................................................ 18
TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ............................................... 21
TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE ACERTOS ENTRE
TRIAGEM DE SOM SINTETIZADO E TRIAGEM DE SOM VOCAL . 22
TABELA 3 - COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE TPF ENTRE OS
GRUPOS A E D ................................................................................ 22
TABELA 4 - COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE RGDT ENTRE OS
GRUPOS A E D ................................................................................ 23
TABELA 5 - CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TESTES TPF E RGDT
OBTIDOS PELA AMOSTRA (N = 62) COM O DESEMPENHO NA
TRIAGEM DE AFINAÇÃO VOCAL .................................................. 23
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................... ................5
2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................... ..............7
2.1 AFINAÇÃO VOCAL....................................... .................................................7
2.2 PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL.............................................10
2.2.1 Teste Padrão de Frequência (TPF) .............................……………....……...13
2.2.2 Teste Random Gap Detection Test (RGDT) ............................... ……….....14
3 METODOLOGIA. ........................................................................................16
3.1 CASUÍSTICA....................................................................................... .........16
3.2 MÉTODO................................................................................. .....................17
3.2.1 Seleção da Amostra...................................................................... ...............17
3.2.2 Triagem, de Afinação Vocal........................................................... ..............17
3.2.3 Avaliação do Processamento Auditivo Temporal.........................................19
3.3 LOCAL DA COLETA DE DADOS................................................................19
3.4 ANÁLISES DOS DADOS.......................................... ...................................20
4 RESULTADOS............................................................................................21
5 DISCUSSÃO ..............................................................................................25
6 CONCLUSÃO.............................................................................................30
REFERÊNCIAS........................................................................................................31
APÊNDICES.............................................................................................................36
ANEXOS...................................................................................... .............................37
5

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço das pesquisas em neurociência, neuropsicologia e


fonoaudiologia, a possibilidade de se observar pontos em comum entre áreas de
conhecimento autônomas – porém abertas – aumenta a cada dia. O diálogo entre
campos diferentes do conhecimento torna-se particularmente mais fascinante
quando ciências biológicas e da comunicação se aproximam das artes. A
subjetividade do saber artístico pode afastar uma tentativa de abordar
cientificamente suas peculiaridades.
Um tema de especial relevância nas artes é o da afinação, que pode
determinar definitivamente o sucesso ou o fracasso de um artista em começo de
carreira. Um cantor desafinado teria alguma chance no coral da Filarmônica de
Londres? Um maestro que não percebe que seu grupo está afinado terá algum
futuro? Mas o que seria afinação?
Afinação vocal é descrita pela literatura como a reprodução vocal de um
modelo sonoro, podendo ser uma sequência de notas musicais, na correta
tonalidade correspondente. De acordo com Sobreira (2003), tal capacidade pode
estar relacionada a fatores como percepção musical e domínio vocal, além de ser
influenciada por fatores acústicos e culturais.
Watts, Murphy e Barnes-Burroughs (2003) consideram a afinação vocal uma
habilidade que envolve a capacidade de ouvir com precisão, diferenciar o som
ouvido, armazená-lo e, finalmente, reproduzi-lo de acordo com o modelo ouvido.
Para tal, faz-se necessário um processamento sensorial eficiente dos estímulos
auditivos pelo sistema auditivo central, além da integridade auditiva.
De acordo com a ASHA (1996), o processamento auditivo central (PAC) está
relacionado com a eficiência e a efetividade com que o sistema nervoso central
(SNC) utiliza a informação auditiva, envolvendo mecanismos e processos do sistema
auditivo responsáveis pela “lateralização e localização do som, discriminação
auditiva e o reconhecimento de padrões e aspectos temporais da audição”.
Quanto ao processamento auditivo temporal (PAT), este consiste na base do
processamento auditivo referente à percepção da fala e da música, pois envolve a
competência para processar grande parte das informações transmitidas por meio de
sons, como por exemplo, a discriminação de frequências (SAMELLI e SCHOCHAT,
2008).
6

Ishii, Arashiro e Pereira (2006) realizaram um estudo com o objetivo de


comparar o desempenho de cantores profissionais afinados e amadores desafinados
quanto à ordenação e resolução temporal. Os resultados apontaram um
desempenho melhor dos cantores profissionais no teste de diferenciação de
frequências sonoras.
O conhecimento sobre o funcionamento do PAT em indivíduos desafinados
pode permitir ao fonoaudiólogo o entendimento sobre a desafinação vocal tanto em
âmbito auditivo, no caso da desafinação ser consequência de uma audição atípica,
quanto na sua relação com a produção vocal, por falta de domínio fonoarticulatório.
Já ao professor de canto, o estudo poderá contribuir com um conhecimento mais
fundamentado sobre o tema e possibilitar a abordagem e o desenvolvimento de
estratégias pedagógicas específicas quando o profissional estiver deparado com
determinadas restrições de percepção auditiva.
O tema desafinação vocal, conhecido internacionalmente como "tone
deafness" e/ou "poor singer", desperta o interesse de diferentes áreas do
conhecimento que vão além de um cunho essencialmente artístico (ISHII,
ARASHIRO e PEREIRA 2006; LÉVÊQUE, GRIOVANNI e SCHON, 2012; SANTOS e
BOUZADA, 2013; PFORDRESHER e MANTELL, 2014). No entanto, já foi possível
observar em um breve levantamento dos estudos realizados sobre o tema que ainda
há possibilidades de investigação. À medida que surgem novas formas de se
mensurar e analisar as propriedades da voz, de se mapear as reações cerebrais
decorrentes da recepção e da emissão dos sons vocais, bem como com a adoção
de uma postura crítica sobre os testes já existentes, as questões sobre desafinação
vocal tendem a ganhar uma nova dimensão.
Deste modo, o objetivo deste estudo foi verificar a existência da relação
entre afinação vocal e processamento auditivo temporal em indivíduos sem
educação musical.
7

2 REVISÃO DE LITERATURA

Para melhor compreender a possível relação entre afinação vocal e


processamento auditivo temporal e evitar eventuais ambiguidades na interpretação
de algumas terminologias, considera-se necessário um detalhamento dos principais
conceitos utilizados nesta pesquisa.

2.1 AFINAÇÃO VOCAL

Considera-se afinação vocal como a habilidade de se reproduzir com a voz


um modelo sonoro (tons isolados ou sequência melódica) previamente apresentado
na correta tonalidade do som correspondente (SOBREIRA, 2003). Esta habilidade,
segundo Watts, Murphy e Barnes-Burroughs (2003), envolve a capacidade de poder
ouvir com precisão, diferenciar o som ouvido, armazená-lo e, finalmente, reproduzi-lo
de acordo com o modelo exposto.
Esta habilidade, que envolve também a capacidade de percepção de um tom
ou nota musical, pode variar entre os indivíduos, sendo que alguns demonstram não
serem aptos para cantar afinado ou discriminar diferenças entre tonalidades. Isto
decorre de questões estruturais, funcionais ou até mesmo da falta de experiência
musical (BRASHEARS et al., 2003). Para Sobreira (2003), o fato de pessoas não
conseguirem reproduzir vocalmente uma linha melódica – referidas como
desafinadas – pode também ser resultado da falta de exposição à música ou a
algum tipo de treinamento musical, o que acarretaria dificuldade de percepção
musical e/ou falta de domínio vocal.
Entretanto, para se emitir as notas com exatidão é necessário ter integridade
funcional do sistema auditivo tanto dos componentes periféricos como dos centrais,
além do adequado funcionamento do sistema fonatório (HERESNIAK, 2004). O
autor refere que a ausência desta habilidade pode ser oriunda de alterações
orgânicas, cognitivas ou funcionais.
Os autores Siegle e Pick (1974) indicaram que um dos processos com o qual
a afinação vocal pode estar envolvida é o feedback auditivo, tal como ocorre na fala.
Durante a fala, este recurso é utilizado como um monitoramento para se obter
inteligibilidade e concordância com os aspectos linguísticos, elementos necessários
na comunicação oral. Na emissão vocal do canto, esta habilidade atuaria no controle
8

da tonalidade e do timbre (ou qualidade vocal) da voz, pelo qual o indivíduo ajustaria
a dimensão/forma do trato vocal1 conforme a necessidade oriunda da percepção do
feedback auditivo. Desta forma, o indivíduo seria capaz de comparar sua emissão
vocal como o modelo sonoro original a ser reproduzido.
Moore et al. (2008) referem que, possivelmente, indivíduos que possuam
uma boa afinação vocal utilizem de seu feedback auditivo com mais eficiência
quando comparados a indivíduos desafinados ou, ainda, tenham desenvolvido
diferentes estratégias para o monitoramento de sua produção vocal.
Para os autores supracitados, a correspondência exata da tonalidade
envolve a concepção de uma representação interna do estímulo ouvido na chamada
memória de pitch2, além de uma coordenação do mecanismo vocal para a produção
do estímulo-modelo.
Desde o final da década de 1960, a literatura vem estabelecendo propostas
quanto à possibilidade de classificação da desafinação vocal em níveis e/ou
tipologias, tendo por objetivo a sistematização da prática docente e a busca de um
maior entendimento sobre os aspectos fisiológicos envolvidos na técnica do canto
(SOBREIRA, 2003).
Uma proposta encontrada na literatura é a de Samuel L. Forcucci de 1975,
que apresenta um modelo de classificação do desempenho vocal do cantor em
quatro níveis: 1) “Cantores Monotônicos” – indivíduos que não conseguem
reproduzir o som sugerido e com pouca flexibilidade na produção de contornos
melódicos; 2) “Cantores Desafinados” – indivíduos que também não conseguem
reproduzir o som sugerido, porém apresentam maior flexibilidade na produção vocal
de tonalidades quando comparado ao tipo anterior; 3) “Cantores Dependentes” –
indivíduos que necessitam de apoio instrumental ou vocal para reproduzirem de
forma correta um modelo sugerido; e 4) “Cantores Independentes” – cantores que
conseguem reproduzir o modelo proposto de forma precisa e sem apoio instrumental
ou vocal (SOBREIRA, 2003).
Price (2000) realizou um estudo tendo por objetivo a comparação do
desempenho da reprodução vocal entre indivíduos não músicos. Tal pesquisa
permitiu ao autor a caracterização de três diferentes níveis de performance de

1
O termo trato vocal, de acordo com Pinho e Pontes, 2008, refere-se às cavidades supraglóticas –
região anatômica delimitada, inferiormente, pelas pregas vocais e, superiormente, pelos lábios e
nariz.
2
Pitch, segundo Pinho, 1998, é uma sensação psicoacústica de altura (grave/agudo) de um tom.
9

reprodução vocal: “Certain Singer” – indivíduo capaz de produzir uma afinação


precisa, mantendo o mesmo centro tonal 3; “Modulating Singer” – igual capacidade de
afinação como o tipo anterior, porém com instabilidade no centro tonal; e “Uncertain
Singer” – abrangeria os indivíduos desafinados, os quais cantariam de forma
aleatória sem qualquer referência ou centro tonal.
Em 2012 um teste específico foi desenvolvido por fonoaudiólogos
denominado “Triagem de Afinação vocal”, contendo tarefas de imitação de sons
musicais de diferentes tons (isolados e em sequência de três estímulos) compatíveis
com a tessitura vocal4 de homens e mulheres, tendo por objetivo o rastreamento da
afinação vocal (MORETI, PEREIRA e GIELOW, 2012). Os autores concluíram que o
instrumento desenvolvido foi sensível para a identificação do desempenho vocal dos
indivíduos submetidos à triagem e que ele possibilitaria o direcionamento para um
treinamento auditivo específico.
Além das propostas de classificação da desafinação vocal e do
desenvolvimento de métodos para se mensurar tal habilidade, estudos vêm sendo
desenvolvidos com o intuito de verificar a relação entre discriminação auditiva e
afinação vocal e investigar a função do processamento auditivo temporal junto a
estas habilidades.
Bradshaw e Mchenry (2005) realizaram um estudo para analisar a relação
entre a habilidade de discriminação de frequências sonoras e a capacidade de
reprodução vocal em sujeitos desafinados. Para tal, participaram do estudo 15
indivíduos com idades entre 18 e 40 anos com afinação imprecisa. Os resultados da
relação referida não foram significativos, porém permitiram identificar dois tipos de
categorias de cantores desafinados: os que discriminam as frequências com
precisão, mas reproduzem de forma imprecisa; e os que não são aptos tanto na
discriminação quanto na reprodução.
A mesma relação também foi estuda por Moore, Keaton e Watts (2007), que
investigaram o papel da memória de pitch na correspondência entre discriminação
tonal e afinação vocal. A amostra foi composta por 30 mulheres com idades entre 20
e 30 anos sem formação prévia em música. Elas foram submetidas a três testes que
envolveram a reprodução vocal de alguns tons isolados e a comparação entre

3
O termo “centro tonal”, de acordo com Price, 2000, foi utilizado para indicar a possibilidade de
manutenção da tonalidade durante a entoação de uma música ou trecho musical.
4
Tessitura vocal, segundo Pinho, 1998, refere-se à extensão de notas, da mais grave até a mais
aguda, que o indivíduo consegue produzir com maior qualidade vocal e facilidade de emissão.
10

sequências de tons apresentados. Os resultados permitiram aos autores concluir


que a relação entre discriminação e afinação vocal é significativa, sugerindo um
possível papel da memória de pitch em ambas as tarefas.
Quanto à função desempenhada pelo processamento auditivo temporal na
capacidade de afinação vocal, os pesquisadores Ishii, Arashiro e Pereira (2006)
desenvolveram um estudo com a finalidade de comparar o desempenho de três
categorias de cantores (profissionais, amadores afinados e amadores desafinados)
nos testes TPF e RGDT5. Os resultados apontaram um melhor desempenho dos
cantores afinados.
Santos e Bouzada (2013) também desenvolveram uma pesquisa para
comparar o desempenho de sujeitos afinados e desafinados nos testes de
processamento auditivo, incluindo os testes de processamento temporal.
Participaram do estudo 17 indivíduos de ambos os gêneros, com idades entre 17 a
71 anos, e com desempenho vocal classificado conforme o modelo de Samuel L.
Forcucci de 1975 (elucidado anteriormente). Os resultados demonstram que existe
relação significativa entre o processamento auditivo temporal e a desafinação vocal
do indivíduo no caso dos testes TPF e TPD6.

2.2 PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL

Processamento auditivo temporal (PAT) é um dos fenômenos


comportamentais possibilitados pelo processamento auditivo central (PAC) cujo
mecanismo está relacionado à eficiência e à efetividade com que o sistema nervoso
central utiliza a informação auditiva (ASHA, 1996).
O PAT pode ser entendido como a capacidade em se perceber um som ou
uma modificação sonora dentro de um período de tempo (SHINN, 2003). Seria, de
acordo com Santos e Russo (2007), a competência de processamento do sinal
acústico em função do tempo de recepção a que se relaciona.
A maior parte das informações que são transmitidas sonoramente, como
ocorre com a fala e a música, é produzida por variações nas características do som

5
Siglas referentes aos testes do processamento auditivo temporal denominados Teste Padrão de
Frequência (TPF) e Teste de Detecção de Gap ou Random Gap Detection Test (RGDT), ambos serão
abordados posteriormente.
6
Sigla referente a um teste do processamento auditivo temporal denominado Teste Padrão de
Duração (TPD).
11

com o decorrer do tempo (MOORE, 1997). Esta relação temporal ou “informação


temporal”, assim denominada por Schochat et al. (2009), influenciaria todas as
funções do sistema nervoso auditivo central, atuando como um mediador do padrão
de atividade neural, com precisão de milissegundos. Isto ocorreria em função de a
estrutura temporal ser a base da fonte primária de informação de todos os sinais
auditivos (ALLEN, 2000).
De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (1996), o
processamento auditivo temporal pode ser dividido em quatro categorias de
habilidades auditivas: ordenação ou sequencialização temporal, integração ou
somação temporal, mascaramento temporal e resolução ou discriminação temporal.
A habilidade de ordenação temporal está relacionada ao processamento dos
diversos estímulos auditivos na sua ordem de ocorrência, ou seja, é a função
responsável pela discriminação da sequência sonora segundo a ordem em que os
sons se apresentam (SHINN, 2003). Tal função, segundo Musiek (1994), envolve os
seguintes processos: reconhecimento do estímulo sonoro isolado, a discriminação
do mesmo em relação a outros sons, o seu armazenamento por curto período de
tempo e sua reprodução ou verbalização.
Balen (1997) aponta várias pesquisas a respeito do processo de ordenação
temporal. Segundo a autora, a percepção sequencial do estímulo ocorre no lobo
temporal, no Giro de Heschl. Para Baraldi et al. (2004), este processo também
ocorre em outras áreas corticais, intra e inter-hemisféricas. Neste caso, o hemisfério
esquerdo seria responsável pela comparação entre os vários estímulos de dentro de
uma sequência, e o hemisfério direito atuaria na percepção do padrão total da
sequência e os seus contornos.
Quanto à integração, também conhecida como somação temporal, trata-se
da habilidade pela qual o sistema auditivo acumula por algum tempo informações
dos estímulos percebidos, usando-as posteriormente para melhorar a detecção ou
discriminação dos sons, integrando assim as características acústicas no decorrer
do tempo (PLACK, 2007).
Recanzone et al. (2007) apontam a importância deste fenômeno do sistema
auditivo na detecção sonora em ambientes ruidosos. Segundo os autores, esta
habilidade permite uma melhoria na qualidade do sinal para que, assim, se adquira
uma grande quantidade de informações em curto espaço de tempo e facilite a
12

detecção do estímulo mascarado devido ao processamento da razão sinal/ruído


quando integrada ao longo de um determinado período de tempo.
Em relação ao mascaramento temporal, este é responsável pelo efeito de
máscara, definido por Gelfand (2001) como o processo no qual o limiar auditivo de
um som piora devido à presença de outro estímulo sonoro, denominado máscara.
Neste caso, os estímulos sonoros não ocorreriam de forma simultânea: o som
interferente (máscara) seria apresentado anteriormente ou posteriormente ao som
principal, e segundo Shinn (2003), este fenômeno depende da relação entre a gama
de frequências em que pertence cada estímulo, ocorrendo uma perda da
sensibilidade quando os estímulos encontram-se dentro de uma mesma região de
frequência.
Já a última categoria, chamada de resolução ou discriminação temporal,
refere-se à habilidade de detectar mudanças nos estímulos ao longo do tempo
(MOORE, 1997). Para Shinn (2007), resolução temporal é a capacidade de
percepção do menor intervalo (gap) de tempo em que um indivíduo consegue
discriminar entre dois estímulos auditivos. Esta habilidade é importantíssima para o
correto desempenho de outras funções do processamento auditivo central, incluindo
o processamento das informações rápidas relacionadas à fala (BANAI e KRAUS,
2007; SAMELLI e SCHOCHAT, 2008).
Quanto à neurofisiologia da resolução temporal, os autores Robin e Royer
(1987) explicam o seu processo por meio do funcionamento de dois tipos de células,
que são as responsáveis pela percepção de intervalos de silêncio: as células “on”
(responsáveis pela percepção do estímulo) e as células “off” (responsáveis pela
percepção do silêncio). Deste modo, a apresentação do estímulo acarretaria o
disparo do impulso nervoso pelas células “on”, enquanto que a interrupção deste
estímulo ocasionaria o disparo do impulso nervoso pelas células “off”. De acordo
com os autores, se o disparo da célula “off” não ocorre, o intervalo de silêncio não é
identificado pelo sujeito, caracterizando uma alteração desta habilidade.
Segundo Shinn (2007), alterações do processamento temporal podem
acarretar em desordens funcionais como habilidades musicais pobres e dificuldades
nos aspectos prosódicos da fala. Sua avaliação ocorre por meio de testes
específicos que analisam, principalmente, as habilidades de ordenação e resolução
temporal. Para o autor, a restrição na prática clínica quanto à avaliação destas duas
13

habilidades é fruto da escassez de testes de processamento auditivo temporal e da


falta de informação no que diz respeito às suas aplicações clínicas.
Os principais testes disponíveis, de com acordo Bazilio (2010), são: Teste de
Padrão de Duração e de Padrão de Frequência – ambos avaliam a habilidade de
ordenação temporal; e Teste de Detecção de Gap e Teste do GIN (Gaps in Noise) –
desenvolvidos com a finalidade de estudar a resolução temporal.
A seguir, serão abordados os dois testes que integraram a metodologia da
presente pesquisa, o Teste de Padrão de Frequência ou Pitch Pattern Sequence
Test e o Teste de Detecção de Gap ou Random Gap Detection Test.

2.2.1 Teste de Padrão de Frequência (TPF)

O TPF, Teste de Padrão de Frequência, proposto pelo pesquisador Frank


Musiek na década de 1970, foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a habilidade
de ordenação temporal, por meio da identificação dos contornos acústicos dos
estímulos sonoros (PINHEIRO, 1976; MUSIEK, BARAN e PINHEIRO, 1994). De
acordo com Shinn (2007), este teste analisa a percepção de padrões, a
discriminação de frequência e a nomeação linguística (no uso de resposta verbal).
Para os autores Schochat, Rabelo e Sanfins (2000), o mecanismo fisiológico
do teste baseia-se no envolvimento de ambos os hemisférios cerebrais. O hemisfério
direito seria o responsável pelo reconhecimento da frequência (tom) e contorno
acústico, enquanto o esquerdo ordena e nomeia os estímulos.
O teste consiste na identificação de uma sequência de três estímulos
sonoros, que podem ser graves (G), com frequência de 880 Hz, ou agudos (A), com
frequência de 1122 Hz. Para cada uma das sequências de três estímulos, há
sempre duas frequências iguais, sendo que cada estímulo dura 200 milissegundos
(ms) com intervalo de execução entre eles de 150 ms e de 6 segundos entre as
sequências. Tais sequências variam em seis combinações: GGA, GAA, GAG, AAG,
AGG e AGA (SHINN, 2007).
De acordo com Bellis (2002), para a realização do teste são apresentadas
60 sequências (ou padrões) de forma monaural ou binaural, sendo possível também,
a utilização/aplicação de apenas metade da lista por ouvido. Recentemente, foi
publicada uma revisão de literatura que apontou a possibilidade da aplicação deste
teste também em campo livre (DELECRODE et al., 2014). Segundo os autores, as
14

últimas pesquisas têm apontado que o fator “orelha” não influenciaria no


comportamento dos sujeitos com alterações no processamento temporal.
Quanto à resposta do sujeito ao teste de padrão de frequência, existem duas
possibilidades de realização: resposta verbal – quando o indivíduo nomeia por
intermédio da fala os sons ouvidos, como grave/agudo (ou fino/grosso); e resposta
não verbal – quando a resposta exige apenas a imitação do padrão tonal por
humming (murmúrio) (SCHOCHAT, RABELO e SANFINS, 2000).
De acordo com a pesquisa desenvolvida por Delecrode et al. (2014), é
recente o uso de testes que avaliam a habilidade de ordenação temporal no Brasil.
Os autores observaram um aumento significativo do número de publicações nos
últimos cinco anos. Isto ocorreu devido ao maior acesso aos testes no país.

2.2.2 Teste Random Gap Detection Test (RGDT)

O RGDT, Teste de Detecção de Gap, foi desenvolvido por Robert W. Keith


no ano 2000 a partir de uma revisão de um teste anterior também utilizado para
examinar a capacidade de detecção do intervalo de silêncio, o AFT-R (Auditory
Fusion Test Revised), datado de 1996. Esta nova adaptação proporcionou ao teste
maiores possibilidades de aplicação e também eliminou a probabilidade de predição
de resposta, já que, ao contrário do anterior, a apresentação dos intervalos de
silêncio tornou-se aleatória. De acordo com o autor do teste, o RGDT tem por
objetivo a avaliação da habilidade de resolução temporal. (KEITH, 2000).
Trata-se um teste dicótico, ou seja, aplicado na condição binaural, que
consiste na apresentação de pares de tons puros com pequenos intervalos de
silêncio (gaps) que variam de zero a 40 ms de duração. Estes estímulos são aferidos
nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz, sendo que em cada nível
de frequência são apresentados nove pares de intervalos de forma imprevisível
quanto à duração do gap. (KEITH, 2000).
Segundo o autor, o sujeito deverá apontar ou responder verbalmente se
ouviu um ou dois estímulos, e seu limiar de detecção para tal frequência será o
menor gap percebido a partir do qual ele passou a identificar a ocorrência de dois
estímulos de forma sistemática.
As autoras Zilioto e Pereira (2005) aplicaram o teste RGDT em um grupo de
236 pessoas com e sem alteração do processamento auditivo (PA), com idade
15

variando entre cinco e 53 anos. A média do limiar de identificação do gap para os


grupos foram os seguintes: indivíduos sem alteração do PA apresentaram média de
6,74 ms, já os indivíduos com alteração do PA conseguiram uma média de 32,13
ms. Como sugestão, as pesquisadoras referiram um valor a ser considerado como
normalidade para a média de limiar de detecção de gap de até 7,32 ms.
Os autores Zaidan et al. (2008) realizaram um estudo comparativo do
desempenho de 25 adultos jovens normais em dois testes de resolução temporal.
Os resultados permitiram aos autores concluir que os indivíduos do sexo masculino
obtiveram melhor desempenho no teste RGDT quando comparados ao grupo
feminino, com limiares de detecção de gap de 7,91 ms e 11,69 ms, respectivamente.
16

3 METODOLOGIA

3.1 CASUÍSTICA

Participaram deste estudo 62 indivíduos hígidos de ambos os gêneros, na


faixa etária de 18 a 35 anos, divididos em dois grupos conforme o direcionamento da
Triagem de Afinação Vocal: Grupo A (GA) – composto por 28 indivíduos
considerados afinados, com idade média de 24,4 anos e desvio padrão de 5,3 anos;
e Grupo D (GD) – integrado por 34 indivíduos considerados desafinados, com idade
média de 24,2 anos e desvio padrão de 4,5 anos.
A amostra foi composta por estudantes dos cursos de graduação da
Universidade Tuiuti do Paraná, que foram convidados pessoalmente pela
pesquisadora para se candidatar como voluntários. Todos estavam de acordo com
os objetivos e métodos da presente pesquisa, que foi aprovada pelo Comitê de Ética
do Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia, sob o número 725.256 de
15/07/2024 (ANEXO 1).
Foram estabelecidos como critérios de inclusão para o Grupo A: possuir
idade entre 18 e 35 anos, com audição normal comprovada pelo teste de
audiometria; não ter formação técnica-profissional em música e ser considerado
afinado pelo teste de triagem de afinação vocal. Os requisitos para a inclusão no
Grupo B foram os mesmos, exceto pelo fato de os indivíduos deste grupo serem
considerados desafinados pelo teste de triagem de afinação vocal.
Constituíram critérios de exclusão aos dois grupos os seguintes pontos:
apresentar disfunções vocais de qualquer natureza, identificáveis auditivamente pela
pesquisadora; não conseguir realizar os testes propostos pela pesquisa; e não estar
de acordo com Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A opção por esta população (indivíduos sem treinamento musical prévio)
deu-se pelo fato de ser comprovado em estudos do processamento auditivo que
músicos apresentam um desempenho superior nos testes de PAC, quando
comparados a indivíduos sem prática musical (CIOQUETA, 2006; NASCIMENTO,
2010). Deste modo, o treinamento musical poderia influenciar os resultados das
avaliações.
17

3.2 MÉTODO

Trata-se de um estudo analítico transversal de caráter quantitativo,


composto por três etapas: 1. Seleção da Amostra, 2. Triagem de Afinação Vocal e 3.
Avaliação do Processamento Temporal.

3.2.1 Seleção da Amostra

A amostra foi selecionada por meio de aplicação de um questionário com


questões relativas à identificação do sujeito e sua adequação aos critérios de
inclusão (APÊNDICE 1), e por uma avaliação audiométrica para identificar o limiar
auditivo dos candidatos.
Para a avaliação audiométrica, adotou-se como padrão de normalidade
auditiva limiares acústicos até 25 dBNA, de acordo com LLOYD e KAPLAN (1978).
Os voluntários foram submetidos à audiometria tonal por via aérea nas frequências
de 250 Hz a 8000 Hz, em cabine acusticamente tratada, por meio do Audiômetro de
2 canais MADSEN, modelo ITERA II, com fones TDH-39, calibrados de acordo com
o padrão ISO 8253.

3.2.2 Triagem de Afinação Vocal

Nesta etapa da pesquisa foram coletadas e analisadas as amostras de


emissões vocais dos voluntários envolvidos. A coleta foi realizada em ambiente
silencioso por meio da aplicação de um teste de afinação vocal desenvolvido pela
pesquisadora, a partir do estudo realizado por Moreti, Pereira e Gielow (2012).
Trata-se de um procedimento de avaliação realizado por meio de imitação vocal de
sons musicais de diferentes tonalidades percebidos auditivamente.
Os sons musicais utilizados foram sons de piano e de voz isolados e em
sequência (total de dez itens), atribuindo-se a cada um o valor de 10%, perfazendo
100%. Tais sons foram gravados (conforme os Quadros 1 e 2) e apresentados em
campo, com intensidade confortável aos participantes.
As tonalidades escolhidas para compor a sequência sonora da triagem
foram tons médios e confortáveis para a tessitura vocal feminina e masculina. Os
18

voluntários foram instruídos a reproduzirem as tonalidades apresentadas por meio


da emissão da vogal /u/ sustentada.

QUADRO 1 – SEQUÊNCIA DE ESTÍMULOS PARA A TRIAGEM DA AFINAÇÃO


VOCAL – VOZ FEMININA
INTRUMENTO ORDEM DO ESTÍMULO TONALIDADE
Piano 1º estímulo Mi3
Piano 2º estímulo Sol3
Piano 3º estímulo Lá3
Piano 4º estímulo Ré 3 e Fá#3
Piano 5º estímulo Lá#3 e Fá # 3
Voz 6º estímulo Sol 3
Voz 7º estímulo Ré 3
Voz 8º estímulo Fá #3
Voz 9º estímulo Lá 3 e Fá3
Voz 10º estímulo Mi3 e Sol# 3
FONTE: a autora

QUADRO 2 – SEQUÊNCIA DE ESTÍMULOS PARA A TRIAGEM DA AFINAÇÃO


VOCAL – VOZ MASCULINA
INTRUMENTO ORDEM DO ESTÍMULO TONALIDADE
Piano 1º estímulo Mi2
Piano 2º estímulo Sol2
Piano 3º estímulo Lá2
Piano 4º estímulo Ré 2 e Fá#2
Piano 5º estímulo Lá#2 e Fá # 2
Voz 6º estímulo Sol 2
Voz 7º estímulo Ré 2
Voz 8º estímulo Fá #2
Voz 9º estímulo Lá 2 e Fá2
Voz 10º estímulo Mi2 e Sol# 2
FONTE: a autora

As reproduções vocais foram captadas por meio dos equipamentos:


microfone unidirecional SHURE®, modelo SM58 com cabo XLR balanceado;
interface de som M-AUDIO® Fast Track – Pro; software CAKEWALK® SONAR
Producer Edition (versão 8.0.2); computador Lenovo®, com placa Intel(R) ®
– Dual,
com 2.16 GHz. Estas amostras vocais foram submetidas à análise acústica através
do software VOCALGRAMA (versão 1.8i – CTS Informática), por meio do qual foram
comparadas ao tom apresentado originalmente.
19

Considerou-se como afinação correta a emissão vocal produzida na mesma


frequência do tom apresentado, e o direcionamento aos grupos deu-se pela
porcentagem de acertos: GA a partir de 70% de notas afinadas e GD abaixo de 70%
de acertos. Optou-se pelos 70% de forma empírica, pois não encontrou-se evidência
científica nas publicações da área.

3.2.3 Avaliação do Processamento Auditivo Temporal

Os indivíduos foram submetidos à avaliação do processamento auditivo


temporal por meio da aplicação dos testes TPF e RGDT. O teste TPF foi realizado
na condição monaural, e solicitou como resposta a nomeação dos estímulos
verbalmente: “fino” para o estímulo agudo e “grosso” para o estímulo grave. Foram
apresentadas dez sequências de estímulos para cada orelha, atribuindo-se a cada
uma o valor de 10%, totalizando 100% para cada lado.
Já o teste RGDT, foi apresentado na condição binaural e teve como resposta
a nomeação dos estímulos de forma não verbal, ou seja, por meio de gestos
apontando a percepção de “um” ou de “dois” estímulos. Foram apresentados nove
pares de intervalos em cada uma das quatro frequências determinadas por Keith
(2000) – 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz.
Para a aplicação dos testes foi utilizado o equipamento CD player Sony
acoplado ao audiômetro já referenciado e um disco digital compacto contendo os
testes do Processamento Auditivo, desenvolvido pela Auditec (1997).

3.3 LOCAL DA COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi realizada na Clínica de Fonoaudiologia da


Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Campus Prof. Sydnei Lima Santos, bairro
Santo Inácio, Curitiba – PR.
20

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise estatística, foram utilizados métodos descritivos – média,


desvio padrão e tabela – e inferenciais, como teste t de Student e Teste de
Correlação de Spearman. Os testes foram aplicados considerando-se o nível de
significância de 0,05%.
21

4 RESULTADOS

Nos meses de julho a setembro de 2014 foram selecionados 62 indivíduos,


estudantes da Universidade Tuiuti do Paraná, para comporem os grupos A e D do
presente estudo. A Tabela 1 apresenta os dados referentes à caracterização da
amostra. As médias de idade entre os dois grupos foram comparadas por meio do
teste t de Student, no qual obteve-se p = 0,4364, indicando não haver diferença
entre eles.

TABELA 1 – CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA


N IDADES
GRUPOS
Fem. Mas. T Média D.P.
GA 14 14 28 24,4 5,3
GD 18 16 34 24,2 4,5
Fonte: a autora
Nota: N = número de participantes; Fem. = gênero feminino; Mas. = gênero
masculino; T = total; D.P. = desvio padrão.

Na sequência, são apresentados os resultados obtidos com a triagem de


afinação vocal e a avaliação do processamento auditivo realizadas nos dois grupos,
bem como as correlações entre os dois procedimentos e as análises comparativas
entre eles, por meio de tabelas demonstrativas.
Na Tabela 2 estão representados os valores médios e os desvios padrões
dos acertos de notas afinadas obtidos pelos grupos A e D no teste de triagem de
afinação vocal. Para melhor entendimento do desempenho dos grupos, os
resultados desta triagem foram dispostos em três categorias:

a) Triagem de som sintetizado - resultados obtidos pelos grupos frente à


afinação dos sons gerados pelo piano digital;
b) Triagem de som vocal – desempenho alcançado pelos grupos frente aos
sons emitidos por voz humana;
c) Triagem Total – representa o desempenho total obtido pelos indivíduos
no teste completo (som sintetizado e o vocal).
22

Através do teste t de Student para dados pareados, verifica-se que existe


diferença entre o desempenho obtido pelos grupos na triagem de som sintetizado e
desempenho obtido na triagem de som vocal. Os dois grupos conseguiram melhores
resultados na reprodução de sons vocalizados.

TABELA 2 – COMPARAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE ACERTOS ENTRE TRIAGEM


DE SOM SINTETIZADO E TRIAGEM DE SOM VOCALIZADO
MÉDIAS (%) DESVIO PADRÃO (%)
GRUPOS P
Sint. Vocal T Sint. Vocal T
GA 62,9 96,4 79,3 20,9 9,5 11,2 0,0113*
GD 17,9 34,1 25,0 20,0 30,2 19,3 0,0000*
GA e GD 38,2 62,3 50,0 30,3 38,9 31,0 0,0000*
Fonte: a autora
Nota: Sint. = triagem de som sintetizado; Vocal = triagem de som vocalizado; T = triagem total; Teste t
de Student.

Quanto às avaliações do processamento auditivo temporal, os resultados


dos testes TPF e RGDT podem ser visualizados nas Tabelas 3 e 4, respectivamente.
A partir da aplicação do teste t de Student para a comparação do desempenho entre
os grupos nestas avaliações, foi possível verificar diferença somente para o teste
TPF, no qual o Grupo A conseguiu um desempenho significativamente maior,
embora os resultados do RGDT tenham sido piores também no Grupo D.

TABELA 3 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE TPF ENTRE OS


GRUPOS A E D

MÉDIA (%) DESVIO PADRÃO (%)


TPF P
GA GD GA GD
OD 87,5 60,3 15,1 30,2 0,0001*
OE 88,2 67,9 15,6 25,3 0,0005*
Média OD e OE 87,9 64,1 14,8 25,8 0,0001*
Fonte: a autora
Nota: OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; GA = grupo A; GD = grupo D Teste t de Student.
23

TABELA 4 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DO TESTE RGDT ENTRE OS


GRUPOS A E D

MÉDIA DESVIO PADRÃO


RGDT P
(ms) (ms)
GA 6,5 3,3
0,1772
GD 8,1 5,5
Fonte: a autora
Nota: ms = milissegundo; GA = grupo A; GD = grupo D; Teste t de Student.

Os resultados seguintes, evidenciados pela Tabela 5, dizem respeito à


correlação entre o desempenho obtido pelos indivíduos da amostra nos testes de
processamento auditivo temporal e o resultado alcançado por eles na triagem de
afinação vocal. Por meio do coeficiente de correlação de Spearman, foi possível
verificar a existência de correlação direta entre o teste TPF e a triagem de afinação
vocal.

TABELA 5 – CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS DOS TESTES TPF E RGDT


OBTIDOS PELA AMOSTRA (N = 62) COM O DESEMPENHO NA
TRIAGEM DE AFINAÇÃO VOCAL
continua
COEFICIENTE DE
CORRELAÇÃO P
CORRELAÇÃO - R

Som sintetizado e TPF


TPF (OD) 0,4109 0,0009*
TPF (OE) 0,3053 0,0158*
TPF (Média OD e OE) 0,4073 0,0010*

Som vocalizado e TPF


TPF (OD) 0,4870 0,0001*
TPF (OE) 0,4041 0,0011*
TPF (Média OD e OE) 0,4881 0,0001*

Triagem total e TPF

TPF (OD) 0,4924 0,0000*

TPF (OE) 0,3838 0,0021*

TPF (Média OD e OE) 0,4506 0,0001*


24

conclusão
COEFICIENTE DE
CORRELAÇÃO P
CORRELAÇÃO - R

RGDT

Som sintetizado e RGDT -0,1804 0,1606

Som vocalizado RGDT -0,1258 0,3299

Triagem total e RGDT -0,1957 0,1273

Fonte: a autora
Nota: N = número de participantes; OD = orelha direita; OE = orelha esquerda; Teste de
Correlação de Spearman.
25

5 DISCUSSÃO

Existem estudos com o intuito de se conhecer os mecanismos biológicos


envolvidos na percepção de uma melodia musical. Muitos deles evidenciaram que
tal habilidade decorre de mecanismos comuns ao processamento auditivo básico, os
quais permitem a categorização perceptual das variações espectrais (tonais) e de
aspectos métrico-temporais dos eventos sonoros (ANDRADE, 2004; PERETZ,
2006).
Outras pesquisas vão além dos aspectos puramente auditivos e confirmam a
atuação de diferentes formas de memória de trabalho durante esta escuta musical,
além da ativação da imaginação motora, concomitantemente (JANATA, TILLMANN e
BHARUCHA, 2002; WATANABE, YAGISHITA e KIKYO, 2008).
Na literatura científica também se encontram estudos sobre os déficits
seletivos neste processamento musical, oriundos de questões genéticas, congênitas,
lesões, e/ou fatores ambientais, como também casos de total ausência desta
habilidade, como o que acontece com o quadro de agnosia musical (ou amusia), que
leva à inabilidade de reconhecimento de melodias familiares (PIETRO, et al., 2004;
BAIRD, 2014).
Este quadro de déficit perceptivo também é associado aos casos de
desafinação vocal (HYDE e PERETZ, 2004). Porém, até que ponto cantar fora do
tom pode ser associado, apenas, a uma desordem dos mecanismos de
discriminação do som, já que o ato de cantar também envolve controle motor e
monitoramento auditivo?
Buscando possíveis respostas para tal questionamento, a presente pesquisa
se propôs a verificar a existência da relação entre afinação vocal e processamento
auditivo temporal em indivíduos sem educação musical.
Optou-se por tal amostra pelo fato de músicos apresentarem melhor
desempenho nos testes de PAC, devido à experiência musical se caracterizar como
um treinamento auditivo (CIOQUETA, 2006; NASCIMENTO, 2010). Neste caso,
considera-se que o treinamento musical poderia influenciar os resultados das
avaliações.
Nos entanto, os três estudos encontrados que abordam este tema, afinação
vocal e processamento auditivo, cujas metodologias empregaram os testes do PAC,
utilizaram em sua casuística populações de músicos e/ou indivíduos com prática
26

musical em algum instrumento ou canto (ISHII, ARASHIRO e PEREIRA, 2006;


MOURA, 2008; SANTOS e BOUZADA, 2013). Com exceção de Moura (2008), cuja
população foi exclusivamente composta por cantores, os demais não consideraram
o treinamento musical como um fator relevante à avaliação do PAC.
Outro fator que esta pesquisa vem a acrescentar enquanto método
diferencial para o estudo do tema é a aplicação da triagem de afinação vocal para a
avaliação da reprodução vocal dos participantes. Por meio deste procedimento, foi
possível mensurar de forma objetiva (software de análise acústica) a falta de
aleatoriedade dos erros e/ou acertos dos participantes.
A viabilização da triagem de afinação vocal, como um instrumento de
rastreamento de afinação vocal, foi verificada pelos autores Moreti, Pereira e Gielow
(2012) em um estudo realizado com o objetivo de comparar o desempenho de
afinação vocal em musicistas e não musicistas. Os pesquisadores concluíram que
musicistas apresentaram melhor desempenho na triagem e o procedimento mostrou-
se sensível para a avaliação e comparação do desempenho entre grupos.
Quanto aos resultados da triagem, as análises apontaram um melhor
desempenho geral dos grupos na reprodução de sons vocalizados (etapa do
procedimento pela qual os indivíduos deveriam reproduzir/ imitar os tons gerados
por voz humana), em comparação aos sons sintetizados.
Observou-se uma maior facilidade em reproduzir sons (vocalizados)
humanos nos estudos de Watts e Hall (2008). Os autores evidenciaram que as
mulheres participantes da pesquisa foram mais precisas quando convidadas a
reproduzirem tons de timbre feminino, em comparação aos timbres de instrumentos
musicais (violino e clarinete). Os resultados deste estudo confirmaram a hipótese
dos autores de uma integralidade perceptual entre timbre e afinação, ou seja, uma
hipótese puramente acústica de que o timbre (centroide espectral) do estímulo
sonoro pode influenciar a precisão da afinação.
Outras duas pesquisas semelhantes também corroboram com tal achado,
mas seus autores associam esta maior precisão de reprodução vocal a fatores
sensório-motores (LÉVÊQUE, GRIOVANNI e SCHON, 2012; GRANOT, R. Y. et al.,
2013). De acordo com os autores, o som gerado pela voz humana permite ao
ouvinte um acesso direto a um gesto vocal, ou seja, promove um reconhecimento do
gesto biomecânico da fonoarticulação, o que facilitaria a ação imitativa.
27

Os próximos resultados dizem respeito à avaliação do PAT. As análises


apontaram como significativa a diferença entre o desempenho dos dois grupos para
o teste TPF, pelo qual o GA conseguiu uma porcentagem maior de acertos.
Tais achados também foram obtidos pelas pesquisas anteriormente citadas
de Ishii, Arashiro e Pereira (2006); Moura (2008); e Santos e Bouzada (2013). Os
autores aplicaram o teste TPF em grupos de sujeitos afinados e desafinados com o
objetivo de comparar o desempenho entre eles e possibilitar, a partir deste
resultado, uma associação entre afinação vocal e processamento auditivo. Os
resultados apontaram um melhor desempenho por parte dos sujeitos afinados e
permitiram aos autores concluir que o TPF é um teste sensível para a detecção de
possíveis disfunções nas habilidades do processamento temporal em indivíduos
desafinados.
O teste TPF avalia o mecanismo de discriminação de frequência sonora –
habilidade essencial para o reconhecimento e entendimento de melodias musicais.
Segundo Pereira (1993), a discriminação de frequências depende de vários
processos auditivos centrais, dentre eles o reconhecimento do todo, da transferência
inter-hemisférica, de nomeação linguística, de sequencialização dos elementos
linguísticos e da memória.
Musiek e Pinheiro (1987) descrevem o processo de discriminação de
frequências como tendo início na membrana basilar da cóclea, por meio de
representação tonotópica. De acordo com os autores, o reconhecimento consciente
desta frequência só ocorre no córtex auditivo primário do lobo temporal, em ambos
os hemisférios cerebrais, chegando primeiramente no lobo temporal contralateral à
orelha estimulada.
Quanto aos resultados do teste RGDT aplicado aos voluntários, a diferença
do desempenho entre os grupos não foi significativa. Este resultado está de acordo
com as pesquisas de Ishii, Arashiro e Pereira (2006) e Moura (2008), que não
apontaram diferenças entre o desempenho de sujeitos afinados e desafinados para
este teste.
O teste RGDT permite avaliar o limiar de acuidade auditiva temporal quanto
à detecção do menor intervalo de silêncio entre dois estímulos. Alterações nesta
habilidade (resolução temporal) podem levar a prejuízos na identificação da fala
contínua e de seus aspectos segmentais e suprassegmentais (BALEN, 1997).
28

Foi estabelecido como limiar de normalidade para este teste valores médios
de detecção que variam de 4,77 milissegundos a 11, 69 milissegundos (ZAIDAN et
al., 2008; AZZOLINI e FERREIRA, 2010). Considerando-se tais valores como
referência, os dois grupos se encontram dentro do padrão de normalidade, tendo
como valores GA = 6,5 milissegundos e GD = 8,1 milissegundos.
Diante deste achado, confirmado pelas pesquisas de Ishii, Arashiro e Pereira
(2006) e Moura (2008), foi possível verificar que o teste RGDT não se mostra
sensível para a identificação de déficit de afinação vocal.
No entanto, quanto às análises que correlacionaram os resultados dos dois
testes do processamento auditivo ao desempenho obtido pelos participantes na
triagem de afinação vocal, o teste TPF mostrou uma correlação positiva com o
número de acertos da triagem. Isto indica uma relação direta entre o número de
acertos nos procedimentos, ou seja, conforme aumenta a porcentagem de acertos
no TPF, o resultado da triagem também melhora.
Este resultado demonstra a possibilidade de que, nesta população estudada
(jovens estudantes, sem treinamento musical), a desafinação vocal esteja
relacionada ao processo de discriminação dos tons/pitchs, e não à falta de controle
dos mecanismos fonoarticulatórios e/ou monitoramento auditivo.
Um detalhe que reforça tal afirmativa é que o tipo de resposta solicitada
pelos participantes durante a realização do teste TPF foi por nomeação verbalizada
dos estímulos (ex., fino, fino, grosso), e não por imitação. A reposta verbal exclui as
possibilidades de erro na nomeação da sequência do teste pela falta de controle na
reprodução do tom (já que não se trata de cantores), ou seja, caso a resposta fosse
pelo tipo “imitação” (humming), o resultado do teste poderia ter sido influenciado
negativamente em função da falta de treino dos participantes quanto ao processo de
reprodução vocal de estímulos sonoros. Deste modo, o grupo de desafinados
demonstrou uma discriminação tonal inferior ao grupo de afinados.
Os autores Watts, Moore e McCaghren (2005) investigaram a relação entre
habilidades de controle da frequência fundamental e habilidades de discriminação de
pitch em cantores precisos e imprecisos não treinados. A amostra foi submetida a
dois testes de reprodução vocal e um teste de discriminação de pitch. Os resultados
mostraram uma relação significativa entre as habilidades de discriminação de pitch e
reprodução precisa do pitch correspondente.
29

A relação discriminação vs. afinação vocal também foi estudada por Moore,
Keaton e Watts (2007). Os autores investigaram o papel da memória de pitch nesta
correspondência e concluíram que esta relação é significativa, além de sugerirem
um possível papel da memória de pitch em ambas as tarefas.
No entanto, os resultados do estudo de Bradshaw e Mchenry (2005) quanto
a esta correspondência não foram significativos. Os autores observaram em sua
amostra dois tipos de categorias de cantores desafinados: os que discriminam as
frequências com precisão, mas reproduzem de forma imprecisa; e os que não são
aptos tanto na discriminação quanto na reprodução.
A partir da exposição dos achados da presente pesquisa, conjuntamente ao
cenário científico aqui parcialmente colecionado, verifica-se que ainda existem
questões atinentes ao tema que devem ser investigadas, no sentido de se poder
evidenciar com mais fundamento o que se observa na prática entre os profissionais
da voz. Ressalta-se a importância do trabalho multidisciplinar que o professor de
canto deve exercer, principalmente quanto aos estudos de fonoaudiologia, pois não
é do conhecimento do professor de canto qualquer possibilidade de alteração do
processamento auditivo como uma possível causa de desafinação vocal. Como se
percebe, a questão da afinação vai muito além do discurso simplista do “ter talento
ou não”.
30

6 CONCLUSÃO

A partir das análises dos resultados dos testes de PAT obtidos pelos
voluntários da amostra, pode-se concluir a existência de uma relação significativa
entre processamento auditivo temporal e afinação vocal. O teste TPF revelou-se
sensível para a detecção de possível disfunção e/ou alteração na habilidade de
discriminação auditiva de frequências sonoras em indivíduos desafinados.
31

REFERÊNCIAS

ALLEN, P. Acoustics and Psychoacoustics. In ROESER, R. et al. Audiology


Diagnosis. Thieme Medcal Publishers, Inc. New York. P. 153-180, 2000.

ASHA (AMERICAN SPEECH LANGUAGE HEARING ASSOCIATION). Central


auditory processing: current status of research and implications for clinical pratice.
Am. J. Audiol., Rockville, v. 5, n. 2, p. 41-54, jul,1996.

ANDRADE, E. A. Uma abordagem evolucionária e neurocientífica da música.


Neurociências. V. 1, 1, jul/ago, 2004.

AUDITEC. Evaluation Manual Of Pitch Pattern Sequence And Duration Pattern


Sequence. Missouri, USA: Auditec, 1997.

AZZOLINI, A. C.; FERREIRA, M. N. D. C. Temporal Auditory Processing in Elders.


Intl. Arch. Otorhinolaryngol., São Paulo - Brasil, v.14, n.1, p. 95-102, Jan/Fev/Mar,
2010.

BAIRD, A. D. David G. Walker, Vivien Biggs, Gail A. Robinson, Selective


preservation of the beat in apperceptive music agnosia: A case study, Cortex, V.53,
p. 27-33, April, 2014.

BALEN, S. A.; MASSIGNANI, R.; SCHILLO, R. Aplicabilidade do software fast


forword na reabilitação dos distúrbios do processamento auditivo: resultados iniciais.
CEFAC, v. 10, n.4, p.572-587, 2008.

BELLIS, T. Assessment and Management of Central Auditory Processing Disorders


in the Educational Setting. From Science to Practice. Thomson Delmar Learning. 2.
Ed. 2002.

BANAI, K.; KRAUS, N. Neurobiology of (Central) Auditory Processing Disorder and


Language Based Learning Disability. In: MUSIEK, F.; CHEMAK, G. Handbook of
(Central) Auditory Processing Disorder. Auditory Neuroscience and Diagnosis. Vol. 1.
Plural Pubblishing, Inc. San Diego, 2007.

BARALDI, G. et al. Testes de Padrão de Frequência e de Duração em Idosos com


Sensibilidade Auditiva Normal. Arq. Int. de Otorrinolaringologia, v. 70, n. 4, p. 517 -
52, 2004.

BAZILIO, M. M. M. Avaliação do processamento auditivo temporal (ordenação e


resolução temporal) em trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos em Campos,
Estado do Rio de Janeiro. (Dissertação de Mestrado) Rio de Janeiro: UFRJ/IESC,
2010.

BALEN, S. A. Processamento auditivo Central: Aspectos Temporais da Audição e


Percepção Acústica da Fala. Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de
São Paulo, 1997.
32

BRADSHAW, E.; MCHENRY, M. A. Pitch Discrimination and Pitch Matching Abilities


of Adults who Sing Inaccurately. Journal of Voice, Vol. 19, No. 3, 2005.

BRASHEARS, S. et al. Olivocochlear Efferent Suppression In Classical Musicians. J


Am Acad Audiol.,14:314–324, 2003.

CIOQUETA, E. P. Verificar a existência da relação entre afinação vocal e


processamento auditivo temporal em indivíduos sem educação musical. Dissertação
de Mestrado. UFSM, 2006.

DELECRODE, C. R. et al. Testes Tonais de Padrão de Frequência e Duração no


Brasil: Revisão de Literatura. Rev. CEFAC, 16(1), 283-293, Jan/Fev, 2014.

GELFAND, S. Meaurement Principles And The Nature of Hearing. In: ______.


Essentials of Audiology. T. Medical Publishers, Inc. New York, 2.ed, 2001.

GRANOT, R. Y. et al. Accuracy of Pitch Matching Significantly Improved by Live


Voice Model. Journal of Voice, V. 27, 3, p. 390. May, 2013.

HERESNIAK, M. The Care and Training of Adult Bluebirds: Teaching the Singing
Impaired. J. Singing, v. 61, n. 1, p. 9-25, set/oct, 2004.

HYDE, K.; PERETZ, I. Brains that are out of tune but in time. Psychological Science,
v 15, p. 356-360, 2004.

ISHII, C.; ARASHIRO, P. M.; PEREIRA, L. D. Ordenação e resolução temporal em


cantores profissionais e amadores afinados e desafinados. Pró-Fono Revista de
Atualização Científica, Barueri (SP), v. 18, n. 3, p.285-292, set.-dez. 2006.

JANATA, P.; TILLMANN, B.; BHARUCHA, J. J. Listening to polyphonic music recruits


domain-general attention and working memory circuits. Cogn Affect Behav Neurosci,
2(2):121-40, 2002.

KEITH, R. W. Manual Of The Random Gap Detection Test. St. Louis: Auditec, 2000.

LÉVÊQUE, Y.; GRIOVANNI, A.; SCHON, D. Pitch-Matching in Poor Singers: Human


Model Advantage,Journal of Voice, Vol. 26, No. 3, pp. 293-298. 2012.

LLOYD, L. L; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual o basic audiometry.


University Park Press: Baltimore, 1978.

MOORE, B. C. J. An introduction to the psychology of hearing. San Diego, CA:


Academic Press, 1997.

MOORE, R. E. et al. Pitch Discrimination and Pitch Matching Abilities with Vocal and
Nonvocal Stimuli. Journal of Voice, Vol. 22, N. 4, 2008.

MOORE, R. E.; KEATON, C.; WATTS, C. The Role of Pitch Memory in Pitch
Discrimination and Pitch Matching. Journal of Voice, Vol. 21, No. 5, 2007.
33

MOURA, J. F. Análise do processamento auditivo em cantores afinados e


desafinados. Monografia. Curso de Fonoaudiologia UNIFMU: São Paulo, 2008.

MORETI, F.; PEREIRA, L. D.; GIELOW, I. Triagem da Afinação Vocal: Comparação


do Desempenho de Musicistas e Não Musicistas. J Soc Bras Fonoaudiol., 24(4),
p.368-73, 2012.

MUSIEK, F. E. Frequency (Pitch) and Duration Pattern Tests. J A Acad Audiol. V.5,
p. 265-8, 1994.

MUSIEK, F. E.; BARAN, J. A.; PINHEIRO, M. L. Neuroaudiology: case studies. San


Diego; Singular; 1994.

MUSTEK, F. E.; PINHEIRO, M. L. Frequency Patterns in Cochlear, Brainstem, and


Cerebral Lesions: Reconnaissance mélodique dans les lésions cochléaires, bulbaires
et corticales. International Journal of Audiology. Vol. 26, No. 2 : Pages 79-88, 1987.

NASCIMENTO, F. M. et al. Habilidades de sequencialização temporal em músicos


violinistas e não-músicos. Arq. Int. Otorrinolaringol. / Intl. Arch. Otorhinolaryngol.,
São Paulo - Brasil, v.14, n.2, p. 217-224, Abr/Mai/Jun, 2010.

PEREIRA, L.D. Processamento auditivo. Temas sobre desenvolvimento, 2 (11):7-14,


1993.

PERETZ,I. The nature of music from a biological perspective, Cognition, V. 100, 1,


P. 1-32, May. 2006.

PIETRO, M. et al. Receptive amusia: Temporal auditory deficit in a professional


musician following a left temporo-parietal lesion. Neuropsychologia, v. 42, pp. 868–
877, 2004.

PINHEIRO, M.L. Auditory Pattern Reversal In Auditory Perception In Patients With


Left And Right Hemisphere Lesions. Ohio J Speech Hear;12:9-20, 1976.

PINHO, S. M. R. Avaliação e Tratamento da Voz. In:PINHO, S. M. R. Fundamentos


em Fonoaudiologia: Tratando os Distúrbios da Voz. Rio de Janeiro:Guanabara
Koogan, 1998. p. 3-37.

PINHO, S. M. R.; PONTES, P. Músculos Intrínsecos da Laringe e Dinâmica Vocal.


Rio de Janeiro: Revinter, 2008.

PLACK, C. Temporal Integration and Compression Near Absolute Threshold In


Normal And Impaired Ears. J. Acoust. Soc. Am. 122, n.4, 2007.

PRICE, H. E. Interval Matching by Undergraduate Nonmusic Majors. J. Res. Music,


48, p.360–372, 2000.

PFORDRESHER, P. Q; MANTELL, J. T. Singing with yourself: Evidence for an


inverse modeling account of poor-pitch singing, Cognitive Psychology, V. 70, P. 31-
57, May. 2014.
34

RECANZONE, G. et al. The Biological of Audition. Rev. Psychol, 59, n.9, p. 1-9,
2007.
ROBIN, D. A.; ROYER, F. L. Auditory Temporal Processing: Two-Tone Flutter Fusion
and a model of Temporal Integration. J. Acoust Soc. Am, 82 (4), p. 1207-17, Oct,
1987.

SAMELLI, A. G.; SCHOCHAT, E. Processamento Auditivo, Resolução Temporal e


Teste de Detecção de Gap: Revisão da Literatura, Rev CEFAC, São Paulo, v.10,
n.3, 369-377, jul/set, 2008.

SANTOS, D. G.; BOUZADA, M. A. C. O Processamento Auditivo Central e a


Desafinação Vocal. InterSciencePlace, 25, v. 1, nº 6, Abr/Jun, 2013.

SANTOS, T. M. M; RUSSO, I. P. Prática de Audiologia Clínica. São Paulo: 6. Ed.


Cortez, p.281, 2007.

SCHOCHAT, E. et al. Processamento auditivo: comparação entre potenciais


evocados auditivos de média latência e testes de padrões temporais. Rev. CEFAC.
11(2):314-22, 2009.

SCHOCHAT, E.; RABELO, C. M.; SANFINS, M. D. Processamento auditivo central:


testes tonais de freqüência e duração em indivíduos normais de 7 a 16 anos de
idade. Pró-fono. Set;12(2):1-7, 2000.

SHINN, J. Temporal Processing: The Basics. The Hearing Journal. Pthways. Vol. 56,
n. 7, 2003.

SHINN, J. Temporal Processing and Temporal Patterning Tests. In: MUSIEK, F.;
CHEMAK, G. Handbook of (Central) Auditory Processing Disorder. Auditory
Neuroscience and Diagnosis. Vol. 1. Plural Pubblishing, Inc. San Diego, 2007.

SOBREIRA, S. Desafinação vocal. 2a ed. Rio de Janeiro: Musimed, 2003.

SIEGLE, G.; PICK, H. Auditory Feedback in the Regulation of Voice. J Acoust Soc
Am., 56, p. 1618–1624, 1974.

ZAIDAN, E. et al. Desempenho de Adultos Jovens Normais em Dois Testes de


Resolução Temporal. Pró-Fono R. Atual. Cient., vol.20, n.1, p. 19-24, 2008.

ZILIOTTO, K.; PEREIRA, L. D. Random Gap Detection Test In Subjects With And
Without APD. Trabalho apresentado no 17th American Academy of Audiology -
Annual Convention and Exposition. Washington, DC – EUA, p. 30, 2005.

WATANABE, T; YAGISHITA, S; KIKYO, H. Memory of music: Roles of right


hippocampus and leftinferior frontal gyrus. NeuroImage, 39, P. 483–491, 2008.

WATTS, C.R.; HALL, M.D. Timbral influences on vocal pitch-matching accuracy


Logoped Phoniatr Vocol, v.33, p. 74–82, 2008.
35

WATTS, C.; MOORE, R.; MCCAGHREN, K. The Relationship Between Vocal Pitch-
Matching Skills and Pitch Discrimination Skills in Untrained Accurate and Inaccurate
Singers, Journal of Voice, V.19, 4, P. 534-543, Dec, 2005.

WATTS, C.; MURPHY, J.; BARNES-BURROUGHS, K. Pitch Matching Accuracy of


Trained Singers, Untrained Subjects With Talented Singing Voices, and Untrained
Subjects With Nontalented Singing Voices in Conditions of Varying Feedback. J
Voice, 17, p. 185–194, 2003.
36

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO

TÍTULO DO PROJETO: ESTUDO DA RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE AFINAÇÃO VOCAL


E PROCESSAMENTO AUDITIVO TEMPORAL

PESQUISADORA: CONGETA BRUNIERE XAVIER FADEL

QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO

1 - NOME:_______________________________________________________

2 - IDADE:________________________DATA DE NASC.:_____/_____/_____

3 - QUEIXA DE PERDA AUDITIVA:

 SIM  NÃO

4 - POSSUI FORMAÇÃO TÉCNICA-PROFISSIONAL EM MÚSICA:

 SIM  NÃO

5 - PARTICIPA OU JÁ PARTICIPOU DE GRUPO CORAL:

 SIM  NÃO
37

ANEXO 1 – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA


38
39

Potrebbero piacerti anche