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Carta do Presidente

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem a missão de representar o setor indus-


trial e contribuir para a construção de um ambiente favorável aos negócios, à competi-
tividade das empresas e ao desenvolvimento sustentável do Brasil. Em parceria com o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a entidade promove a educação
profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias.

Os Espaços Makers SENAI são ambientes estruturados para a prática da Metodologia


SENAI de Educação, que possibilitam que a educação profissional ofertada ao público
em geral dialogue com as tendências e os movimentos contemporâneos, priorizando
a aprendizagem, a exploração de ideias, e o desenvolvimento de projetos e protótipos
inovadores que vão desde as ideias mais simples até aquelas com alta complexidade
tecnológica, atendendo, assim, tanto aos alunos quanto às demandas oriundas da in-
dústria em âmbito nacional.

Além de serem soluções aos desafios industriais, esses projetos também são os trabalhos
realizados como parte das unidades curriculares ou trabalhos de conclusão de curso
desses alunos. Dessa forma, o SENAI incentiva os seus alunos no desenvolvimento do
comportamento empreendedor e inovador, aproximando-os da prática industrial por
meio da atividade pedagógica. Ressalta-se que o ambiente maker é pedagogicamente
planejado para desenvolver outras competências, além das técnicas, como as habilida-
des socioemocionais para trabalhar em equipe, solucionar problemas e ser resiliente.

Com isso, apresentamos este Guia de Gestão SENAI Lab, cujo objetivo é orientar tecnica-
mente os docentes e os gestores de escolas com estratégias de gestão, funcionamento
e estruturação de um Espaço SENAI Lab. Ele aborda os principais elementos que devem
ser trabalhados nos espaços criativos para facilitar o alcance de um modelo próspero e
sustentável, de tal forma que o SENAI Lab seja uma poderosa ferramenta de inovação em
larga escala, favorecendo a promoção de muitas mudanças nos âmbitos da educação,
do empreendedorismo e do bem-estar social.

Robson Braga de Andrade


Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
1
DO QUE
SE TRATA
O GUIA?
GUIA DE GESTÃO

1. DO QUE SE TRATA O GUIA?


Este documento nasceu da necessidade de se definir as estratégias de gestão e fun-
cionamento do projeto SENAI Lab. Ele aborda os principais elementos que devem ser
trabalhados nos espaços criativos do SENAI Lab para facilitar o alcance de um modelo
próspero e sustentável. A implantação deste projeto pode ser vista como um desafio,
por se tratar de uma abordagem nacional, em país continental, com grandes diferenças
culturais, ambientais e sociais. Por consequência, o SENAI Lab é potencialmente uma
poderosa ferramenta de inovação em larga escala, podendo promover muitas mudanças
nos âmbitos da educação, do empreendedorismo e do bem estar social.

Serão tratadas a seguir desde questões de entendimento inicial, como conceituação


de cada espaço e categorização em níveis de maturidade, até exemplos de modelos de
negócio e atividades inspiradoras. A intenção, então, é tentar fazer com que todos que
decidirem por aderir a esta iniciativa tenham um material de apoio que torne essa mu-
dança mais efetiva e fácil de ser realizada.

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2
O QUE É UM
SENAI LAB?
GUIA DE GESTÃO

2. O QUE É UM SENAI LAB?


O SENAI Lab, de maneira geral, é um espaço aberto aos alunos, aos docentes, aos em-
preendedores e à sociedade, onde se constroem novas ideias, fazendo uso da colabo-
ração, do compartilhamento do conhecimento e do apoio de ferramentas tecnológicas.
O SENAI Lab carrega como principal valor o fato de que o aluno e o docente são seres
criativos e capazes de construir soluções inovadoras para diversos tipos de situações,
perpassando desde os seus próprios problemas até as demandas oriundas, quer sejam
de indústrias, quer sejam de toda uma cadeia produtiva ou de um determinado setor.
O SENAI Lab deve educar, construir e compartilhar conhecimento com a comunidade
interna e externa. Ser um espaço de experimentação de novas ideias, co-criação, des-
contração, motivação, inspiração e capaz de testar abordagens inovadoras.

Para que isso aconteça, este espaço é fundamentado em práticas da cultura Maker, a
qual traz, no seu cerne, o conceito de trabalhar em rede, gerando conhecimento por
pares e por compartilhamento, motivada pela diversão e pela autorrealização. É uma
cultura que encoraja novas aplicações da tecnologia e a exploração das intersecções
entre o pensar e o fazer, o material e o imaterial, o real e o virtual. Um ponto também
característico deste espaço é fazer a mediação da interação com a comunidade e a troca
de conhecimento por meio de tecnologias como blogs, fóruns virtuais, mídias sociais
e repositórios de documentos e projetos on-line. Pelo ambiente ser de colaboração,
os makers apropriam-se do espaço como algo divertido e significativo e não porque
precisam aprender para realizar uma competição, uma prova ou um exame. O objetivo
final, neste caso, não é ser o melhor, mas ser criativo, inovador e colaborar para que os
outros usuários1 também o sejam.

Uma das habilidades mais valorizadas atualmente, a criatividade, está fortemente ligada
à capacidade de fabricar coisas, sejam físicas, sejam virtuais. Engendrar a criatividade
requer a superação dos limites entre os conteúdos formativos e os ambientes formais
e informais de aprendizagem, bem como entre a própria barreira entre quem ensina e
quem aprende. No SENAI Lab, todos (estudantes, docentes e demais usuários) passam
a ser makers e são convidados a criar e produzir juntos. Importante ainda ressaltar o
papel do docente para que este processo aconteça. Seguindo o que prega a própria
metodologia SENAI de educação:

A prática pedagógica no SENAI baseia-se em uma concepção


educacional e metodológica que destaca o importante papel do
docente. Espera-se que este, apoiado pela coordenação pedagógica,
não se restrinja apenas a ser um “repassador” de conhecimentos ou

1 Por usuário entendemos todas as pessoas que utilizarem o SENAI Lab, seja aluno, docente, empreendedores externos ou
qualquer visitante.

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2. O QUE É UM SENAI LAB?

um repetidor de práticas profissionais rotineiras, mas


que atue como um líder de grupos, capaz de mediar
os processos de aprendizagem e gerar atitudes
transformadoras. (SENAI, 2013).2

Neste contexto, a relação A mediação é, portanto, um aspecto-chave no SENAI Lab e deve ser realizada
tradicional entre o docente de maneira horizontal entre os próprios usuários, os mentores, os docentes,
(que possui o conhecimento) os facilitadores e toda a comunidade escolar. Neste contexto, a relação
e o aluno (que irá recebê-lo) tradicional entre o docente (que possui o conhecimento) e o aluno (que
também deverá ser revista irá recebê-lo) também deverá ser revista e, portanto, reconstruída onde
e, portanto, reconstruída a complementaridade ganha espaço na estrutura. O Mentor (docente) é
onde a complementaridade um interlocutor dos objetivos da aprendizagem e um mediador do pro-
ganha espaço na estrutura. cesso de construção do conhecimento que se dá por meio das interações.
O usuário é parte de um contexto social e deve ter iniciativa para questio-
nar, descobrir e compreender o mundo a partir das trocas e das interações
com os demais. Os usuários do Lab devem ser instigados a buscar e unir
conhecimentos, sendo capazes de interagir com os objetos e modificá-los,
construindo, assim, seu próprio conhecimento.

O SENAI Lab possui uma visão holística do aprendizado, a qual está ali-
nhada à própria metodologia SENAI:

Assim, a Prática Docente eficaz objetiva a formação


de pessoas autônomas, capazes de mobilizar conhe-
cimentos (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes
(saber ser) diante de situações de vida pessoal e pro-
fissional. (SENAI, 2013).

O SENAI Lab está diretamente conectado à formação profissional com


base em competências, que, segundo Perrenoud (1999), a Prática Docente,
base da Metodologia SENAI de Educação, requer que:

• Desloque o foco do ensinar para o aprender, do que vai ser ensinado


para o que é preciso aprender no mundo contemporâneo e futuro;
• Privilegie Situações de Aprendizagem ativas centradas no sujeito que
aprende, desencadeadas por estratégias desafiadoras planejadas para
o desenvolvimento das competências definidas no Perfil Profissional
e valorize o papel do docente como mediador da aprendizagem;

2 SENAI – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Metodologia SENAI de Educação


Profissional. Brasília: SENAI, 2013.

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GUIA DE GESTÃO

• Vise formar alunos com autonomia, iniciativa, proatividade, capazes de solucionar


problemas, recorrer à metacognição, realizar autoavaliação e, consequentemente,
conduzir sua auto-formação e seu aperfeiçoamento.
Por meio destas conexões e da prática maker aqui especificada, o objetivo do SENAI
Lab é poder ser uma ferramenta para a aplicação dos princípios norteadores da Prática
Docente SENAI:

Figura 1 – Metodologia SENAI de Educação Profissional

INTEGRAÇÃO
ENTRE
TEORIA
CONTEXTU- E PRÁTICA
INTERDISCI-
-ALIZAÇÃO -PLINARIDADE

AVALIAÇÃO
DIAGNÓSTICA, APRENDIZAGEM
FORMATIVA SIGNIFICATIVA
E SOMATIVA
PRÁTICA
DOCENTE
DO SENAI INSENTIVO AO
MEDIAÇÃO DA PENSAMENTO
APRENDIZAGEM CRIATIVO E
À INOVAÇÃO

APROXIMAÇÃO ÊNFASE NO
AO MUNDO APRENDER
DO TRABALHO A APRENDER
DESENVOLVI-
-MENTO
DE CAPACIDADES

Fonte: SENAI (2013).

Além da cultura de aprendizado, que permeia todas as áreas de atuação do SENAI Lab, este
espaço também funciona como um ponto de conexão com a indústria e a comunidade
externa, prestando serviços desde prototipagem de produtos até a facilitação de sessões
criativas, utilizando as ferramentas e as metodologias baseadas na cultura maker, podendo
provocar a indústria e os demais interessados a trazerem seus próprios problemas para se-
rem resolvidos por meio de abordagens inovadoras.

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2. O QUE É UM SENAI LAB?

A seguir serão listados os princípios de trabalho e interação, que regem as práticas


dentro do SENAI Lab:

• Enxergar possibilidades em todas as coisas, especialmente nos recursos já existentes/


presentes no Lab;
• Enxergar sua comunidade de usuários como sendo o seu mais importante recurso
e ativo;
• Dar voz à comunidade de usuários, principalmente no que tange aos alunos e do-
centes, para auxiliarem no processo de desenvolvimento e crescimento do espaço,
assim como na programação das ações e atividades;
• Reconhecer, acolher e atender aos interesses dos usuários;
• Encorajar e facilitar o caminho para que os usuários ajudem uns aos outros;
• Buscar oferecer materiais e ferramentas flexíveis para diversas aplicações e encorajar
o reaproveitamento e a livre exploração de possibilidades de uso deles;
• Adotar uma cultura de compartilhamento e ajuda;
• Ser um ambiente acolhedor, inclusivo e sensitivo às necessidades dos usuários;
• Encorajar a experimentação, (tentativa e erro) aceitando o erro como uma forma de
aprender e não como um fracasso;
• Prover um espaço e uma cultura que sejam socialmente, fisicamente e emocional-
mente saudáveis;
• Incentivar os usuários/alunos a praticarem o desenvolvimento de projetos que sejam
soluções práticas para os problemas oriundos da indústria.
Dentro destes parâmetros, é possível elencar os objetivos específicos do projeto SENAI
Lab, com o intuito de tornar visível, de forma clara e direta, o propósito deste espaço,
fazendo com que mesmo aqueles que não saibam do que se trata, construam uma visão
do universo de possibilidades ali disponíveis e eventualmente passem de espectadores
para usuários ativos.

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GUIA DE GESTÃO

Objetivos específicos do SENAI Lab:

 Um lugar para desenvolver o pensamento (mindset) maker, o


qual encoraja as pessoas a acreditarem que são capazes de aprender a fazer qual-
quer coisa;
 Um lugar para participar darede de colaboração e troca de co-
nhecimento e experiências, promovida pelo SENAI Lab;
 Um lugar para adquirir uma nova habilidade, aprender a usar
uma nova máquina, ferramenta ou plataforma digital;
 Um lugar de inspiração, onde se pode ir ver o que outros estão construindo, para
talvez ajudá-los com seus projetos ou começar a fazer algo parecido em paralelo;
 Um lugar para realizar
atividades conectadas com os cursos
ou as atividades educacionais da instituição;
 Um lugar para sediar cursos, especialmente desenhados para este novo espaço,
com temas como: criatividade, inovação, empreendedorismo;
 Um lugar para empreender;
 Um lugar para desenvolver uma ideia e começar uma startup;
 Um lugar onde se pode idealizar e fabricar os projetos para a
Saga SENAI de Inovação;
 Um lugar para poder desenvolver projetos pessoais, além de
construir projetos curriculares;
 Um lugar para fomentar projetos de inovação social, servindo como
ambiente de troca entre alunos e comunidade próxima engajados na solução de
problemas sociais;
 Um lugar interdisciplinar, para uso por docentes de todas as especialidades;
 Um espaço de preparação de aulas para docentes e instrutores,
onde eles possam ter acesso aos recursos físicos e também trocar ideias e experiências
com o corpo docente da escola, bem como outras fontes de conhecimento.

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3
NÍVEIS DE
MATURIDADE
3. NÍVEIS DE MATURIDADE

3.1 SENAI Lab Espaço Maker – Nível 1

Conceito:

O intuito principal deste nível é proporcionar aos alunos e docentes do


SENAI a oportunidade de construir rapidamente as suas ideias, com baixo
custo e de maneira colaborativa. Neste primeiro nível os recursos dispo-
níveis são ferramentas de uso manual, as quais não requerem muito
tempo de aprendizado para se familiarizar. Com elas é possível construir
quase qualquer coisa, basta aplicar um pouco de imaginação e criativida-
de. O papel mais importante deste nível é despertar a curiosidade e
interesse para que novos usuários aproximem-se e sintam-se capazes
e pertencentes ao Lab.

Uma frase para resumir o conceito desse espaço seria: “Pensar com as
mãos”. Sabe-se que por meio da experiência do fazer, as pessoas apren-
dem com mais facilidade e expressam suas ideias com maior clareza, e o
SENAI Lab tem a missão de mudar a forma de pensar e criar dos alunos e
docentes para começarem a prototipar suas ideias com maior frequência.
Testar, falhar, criticar, melhorar e acertar, aprendendo com o erro.
Acredita-se que quando se tem um objeto ou algo tangível em mãos, é
muito mais fácil identificar os pontos fracos e fortes do projeto em ques-
tão, para então endereçar as respostas certas aos desafios encontrados.

O SENAI Lab Nível 1 deve ser um espaço inspirador, criativo e acolhedor.


Entende-se esse espaço como um ambiente de trocas de experiências
e aproximação entres os alunos e docentes. O espaço deve permanecer
aberto sempre que possível, independentemente de existir alguma ativi-
dade programada acontecendo ou não. Ele deve ser utilizado livremente
pelos alunos e docentes para desenvolverem qualquer ideia, mesmo
que não seja relacionada a um conteúdo curricular ou projeto do SENAI.
A intenção neste momento é deixá-los experienciar o espaço e as novas
ferramentas ali apresentadas. Desta forma, acredita-se que o processo de
adaptação e aproximação torna-se mais rápido e natural. Outra prática
recomendada, para este nível, é a adoção da gestão compartilhada,
podendo ela ser feita por um grupo de alunos com suporte de docentes
ou coordenadores, ou ainda, pelos próprios docentes colaborativamente.
Este ambiente é muito propício para o desenvolvimento inicial dos projetos
do INOVA, Grand Prix de Inovação, Projetos Integradores e principalmente
os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs).

20
3. NÍVEIS DE MATURIDADE

Espaço Maker – Nível 1

O que eu posso fazer aqui?

 Testar novas ideias;

 Protótipos de baixa fidelidade;

 Protótipos de produtos e serviços;

 Aprender novas habilidades e técnicas de prototipagem;

 Colaborar com as ideias, os projetos e as soluções dos


demais usuários;

 Aprender sobre como desenvolver uma nova ideia;

 Desenvolver projetos de mini GPs Escolares;

 Organizar oficinas para compartilhar conhecimentos e


técnicas relacionadas à prototipagem e à inovação.

Público-alvo:

 Alunos SENAI;

 Corpo docente SENAI.

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GUIA DE GESTÃO

Protótipo Nível 1 (baixa fidelidade):

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4
PESSOAS
PARA O
SENAI LAB
GUIA DE GESTÃO

4 PESSOAS PARA O SENAI LAB


O SENAI Lab incentiva a criatividade, a paixão pelo projeto, por mais complexo que
ele seja, a livre expressão e o protagonismo dos usuários por meio das suas criações.
Tudo isso conectado a um mundo em constante mudança, o qual exige novos modelos
de oficinas, laboratórios e salas de aula, como o SENAI Lab. Neste capítulo serão des-
critos os novos atores responsáveis por coordenar esse novo modelo, o que esperar
deles e quais são as suas principais funções no Lab. Ainda serão especificadas algumas
características pessoais principais, na tentativa de definir um modelo de perfil para cada
função, facilitando, assim, o processo de recrutamento e seleção de novos colaboradores.
As posições principais, que serão descritas a seguir, são de Gestor, Facilitador, Mentor e
Aluno. Vale ressaltar que nenhum deles precisa ser um expert em tudo que o Lab oferece.
Mais importante do que isso é cultivar os sentimentos de interesse e curiosidade, e estar
pronto para descobrir as respostas para os desafios encontrados. Uma vez estabelecendo
um ambiente seguro e preparado com os recursos básicos, os usuários podem aprender
por conta própria e ensinar uns aos outros o que eles precisam saber. Uma prática que
pode ser trabalhada é a realização de intercâmbios entre os SENAI Labs, de tal forma que a
equipe tenha oportunidade de trocar dicas, tirar dúvidas e aprender com as experiências
já vividas. Utilizar a própria rede de Labs para formar novos integrantes e criar um canal
de comunicação interno. Um espaço de nível 3, por exemplo, pode servir como centro
de treinamento para equipes de outros Labs de níveis anteriores.

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4 PESSOAS PARA O SENAI LAB

4.1 Gestor

Quem é?

Ele é o gestor e conector do espaço com o mundo externo, uma peça-chave em um SENAI
Lab. Além de administrar o espaço, é ele quem irá estabelecer conexão entre usuários,
facilitador, mentores, visitantes, outras instituições, equipes externas e outros Espaços
Makers e Fab Labs. Ele deve trabalhar em parceria com o Facilitador para garantir o bom
funcionamento do espaço.

Conhecimento, experiência e habilidades:

Necessário Desejável Fortemente desejável

Experiência com Nível superior em uma


Capacidade de coordenar
fabricação digital destas áreas ou próximas:
equipes, conduzir e
(maquinários e processos) Design, Engenharias,
avaliar projetos. Trabalhar
e tecnologia (software e Arquitetura, Marketing,
colaborativamente.
hardware). Administração.

Gestão de startups ou
Curso de Especialização
empresas de pequeno
Facilidade para escutar em áreas como Gestão,
porte, especialmente
e dar feedback, quando Inovação, Criatividade,
se forem das áreas de
necessário. Arte, Tecnologia ou
Tecnologia, Design e
similares.
Engenharia.

Ter iniciativa, ser um Facilidade para escutar Inglês intermediário


profissional ativo e pronto e dar feedback, quando (compreensão, leitura e
para aprender sempre. necessário. fala).

Capacidade de planejar Habilidade para vender


atividades como uma ideia/projeto e
treinamento, workshops e expressar-se em público
cursos em geral. com clareza.

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GUIA DE GESTÃO

4.2 Facilitador

Quem é?

O Facilitador é a pessoa que irá auxiliar e ensinar os usuários a utilizarem o laboratório,


desenvolver seus projetos e preparar o espaço para que todas as atividades corram bem.
Ele deve ser bastante curioso, sempre aberto a aprender e trabalhar em parceria com o
Gestor, garantindo que o espírito de colaboração realmente aconteça.

Conhecimento, experiência e habilidades:

Necessário Desejável Fortemente desejável

Capacidade de ser Curso de Especialização


Nível superior em uma
facilitador de cursos, em áreas como Eletrônica,
destas áreas ou próximas:
treinamentos e workshops, Programação, Fabricação
Design, Engenharias,
assim como elaborá-los e Digital, Criatividade,
Arquitetura.
planejá-los. Design.

Ter experiência com


projetos de eletrônica e
Capacidade de auxiliar Inglês intermediário programação, Arduino
equipes ou indivíduos na (compreensão, leitura e e Scratch, assim como
execução de projetos. fala). fabricação digital
(manufatura aditiva e
subtrativa).

Ter iniciativa, ser um Habilidades manuais,


profissional ativo, criativo saber manipular
e pronto para aprender ferramentas manuais e
sempre. elétricas.

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4 PESSOAS PARA O SENAI LAB

4.3 Mentor

Quem é?

O mentor, na maioria dos casos, será o docente responsável; desta forma, imagina-se
que não existirá um único Mentor escolhido para cada SENAI Lab, e sim o próprio corpo
docente irá fazer esse papel. Sabe-se que os projetos tendem a aumentar as chances
de sucesso quando existe um acompanhamento com orientação por alguém com mais
experiência. Um Mentor também é um Maker, podendo auxiliar em questões como ge-
renciamento do cronograma do projeto, métodos de criação e escolha de ideias, além
de poder explorar momentos “ensináveis” e, por trás daquilo que está sendo vivenciado
e experienciado, explicar conceitos e teorias de matemática, física etc.

Conhecimento, experiência e habilidades:

Necessário Desejável Fortemente desejável


Capacidade de ser facilitador Conhecer sobre
Nível superior em uma
de cursos, treinamentos e ferramentas de design,
das áreas a seguir, ou
workshops e orientar pessoas como design thinking,
próximas: Pedagogia,
no processo de busca de novos assim como aprendizagem
Licenciaturas, Design,
conhecimentos, utilizando os por projeto (project based
Engenharias, Arquitetura.
recursos disponíveis. learning).
Habilidades com
Capacidade de auxiliar Inglês intermediário
ferramenta de gestão de
equipes ou indivíduos na (compreensão, leitura e
projeto; por exemplo:
execução de projetos. fala).
Trello ou Asana.
Ter experiência com
Capacidade de instigar
Ter iniciativa, ser um projetos de eletrônica e
as pessoas a alcançarem
profissional ativo, criativo programação, Arduino
seus objetivos, porém
e pronto para aprender e Scratch, assim como
sempre colocando o
sempre, mesmo com os fabricação digital
respeito em primeiro
alunos. (manufatura aditiva e
lugar.
subtrativa).

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GUIA DE GESTÃO

4.4 Aluno

Quem é?

Além de usuários, os alunos podem ser gestores. Por exemplo, seguindo o mesmo
modelo de gestão adotado pelo NEP (Núcleo de Educação Prevencionista DR/PR), a
ideia é que os próprios alunos SENAI possam desempenhar a função de gerir, de forma
compartilhada, um SENAI Lab. Essa situação será mais comum nos Níveis 1 e 2, uma vez
se sugere a gestão compartilhada. Já o Nível 3 requer que exista pelo menos um profis-
sional com dedicação exclusiva. É muito valiosa esta aproximação do aluno da gestão,
independentemente do nível de maturidade do espaço, tanto para tratar de questões
ligadas à segurança, como já é o caso do NEP, quanto para ouvir sugestões de melhorias
que eles podem trazer. Aplica-se também a necessidade de suporte aos alunos por um
Coordenador Pedagógico e de um treinamento prévio sobre a gestão do SENAI Lab e
as funções que o grupo deverá assumir durante o mandato. Em geral, os alunos irão
exercer um papel misto de Gestor e Facilitador.

Conhecimento, experiência e habilidades:

Necessário Desejável Fortemente desejável


Ter experiência com projetos
ser dedicado, curioso e de eletrônica e programação,
Ter participado de algum
interessado em aprender, Arduino e Scratch, assim
dos projetos da SAGA de
além de ser capaz de assumir como fabricação digital
Inovação SENAI.
responsabilidades. (manufatura aditiva e
subtrativa).

Disponibilidade de tempo e Ser criativo e ter facilidade


Capacidade de trabalhar em
disposição para assumir as em expressar seus
equipe, colaborativamente.
tarefas. pensamentos.

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4 PESSOAS PARA O SENAI LAB

Na tabela a seguir serão mostradas as funções de cada perfil, os quais foram descritos
anteriormente, de acordo com cada Nível de maturidade do SENAI Lab. Com o intuito
de não deixar a tabela repetitiva, as funções listadas que um perfil executa no Nível 1
também devem ser executadas nos Níveis 2 e 3, assim como as do Nível 2 também de-
vem ser executadas pelo Nível 3. Além disso, muitas vezes os Níveis 1 e 2 não terão uma
equipe, ou alguma pessoa dedicada para realizar estas funções; sendo assim, a ideia é
que por meio de uma gestão compartilhada, os participantes realizem estas funções de
forma colaborativa, podendo até ser o grupo de alunos responsável pela gestão, conforme
citado anteriormente em alguns níveis. Ainda sobre a tabela, os perfis mentor e aluno

Gestor Facilitador

Nível • Buscar parcerias estratégicas para o fornecimento de • Gestão da limpeza e organização do


1 materiais de segunda mão e reaproveitamentos; SENAI Lab, concebendo um plano
• Assegurar a recepção e a informação aos usuários, que envolva apoio dos usuários;
sejam eles novatos, sejam recorrentes; • Garantir a segurança do usuários
• Estar atento ao feedback dos usuários para adotar durante o uso do espaço.
melhorias.

Nível • Administração da manutenção dos equipamentos; • Apoiar usuários externos, docentes


2 • Gestão técnica e administrativa, incluindo e funcionários da instituição,
mediar conflitos com regras e procedimentos, estudantes e demais usuários a
metrificação de perfil de usuários, controle de definir como podem ser executados
reserva de máquinas e horários, agenda de eventos e os seus projetos;
programação semanal; • Realizar sessões de formações, sejam
• Definir juntamente à coordenação/diretoria da estas em formato individual, sejam
instituição as modalidades de acesso ao Lab, os coletivo, explicando o conceito
perfis de usuários e a forma de documentação de SENAI Lab, o funcionamento das
projetos. máquinas disponíveis e as regras do
laboratório;
• Realizar a manutenção técnica do
espaço de maneira geral (máquinas,
ferramentas, outros itens); se
necessário, contatar os fabricantes
ou fornecedores;
• Preparar materiais e deixar o
espaço organizado para receber
as atividades descritas na
programação.

Nível • Administração do estoque de consumíveis; • Realizar inventário de maquinário,


3 • Dar feedback a respeito do trabalho desenvolvido consumíveis e demais itens que
pela equipe do SENAI Lab; compõem o espaço, conectando
• Buscar projetos e parcerias que possam ser as necessidades de compra com o
executados no Lab e estejam de acordo com o perfil setor de compras da instituição;
da instituição em geral; • Auxiliar o Gestor com o
• Estabelecer rede (networking) com outros Fab Labs agendamento do uso das máquinas
e Makerspaces nacionais e internacionais em busca e demais ferramentas do Lab;
de projetos inovadores, compartilhamento de boas • Facilitar formações de média e
práticas e métodos aplicáveis em outros SENAI Labs; longa durações, de acordo com o
• Criar e estabelecer estratégias para angariar fundos programa de atividades concebido
e investimentos, buscando a sustentabilidade em parceria com o Gestor e a
econômica do Lab; instituição;
• Divulgar os projetos e as atividades locais junto aos • Assegurar a qualidade e a
meios de comunicação da instituição, bem como fora complexidade gradual dos projetos.
dela;
• Organizar e promover eventos (palestras, cursos,
workshops, concursos) para a comunidade em geral.

38
GUIA DE GESTÃO

acabam desempenhando as mesmas funções para mais de um Nível; portanto, a coluna


destes perfis está incorporando mais de um Nível neste modelo de tabela proposto.

É importante realçar que todos os níveis necessitam de todos os perfis acima descritos.
A diferença é que, nos laboratórios Nível 1 e 2, os perfis podem acumular funções, visto
que são laboratórios com menor complexidade técnica.

Ademais, a tabela a seguir já incorpora o nível “Desejável” e “Fortemente Desejável”, além


do “Necessário”.

Mentor Aluno

• Estar sempre curioso e interessado em aprender, • Ser um canal direto entre os usuários e a
inclusive com os usuários; coordenação do Lab, com o intuito de mantê-
• Priorizar os interesses dos usuários, não os seus la atualizada sobre os acontecimentos, sejam
próprios; positivos, sejam negativos, assim como
• Tentar não se posicionar como o detentor do oportunidades de melhoria e feedback coletados
conhecimento; ao invés disso, fazer perguntas com os usuários;
e criar modelos mentais que possam ajudar • Ter noção das possibilidades de uso e exploração
os usuários a descobrir as respostas por conta de um SENAI Lab e transpor isso ao usuário;
própria (mesmo que isso leve mais tempo!); • Mostrar aos usuários métodos para o
• Ser flexível e saber procurar soluções e respostas desenvolvimento de uma ideia;
para novos desafios de maneira geral; • Compartilhar os principais erros e acertos já
• Aceitar e adotar o erro como uma etapa que faz cometidos ali pelos usuários;
parte do processo de aprender fazendo; • Ficar atento às questões de segurança durante o
• Encorajar o sentimento de comunidade e uso do espaço;
colaboração mútua; • Reportar aos responsáveis as necessidades de
• Orientar o desenvolvimento de cada projeto; compra ou coleta no caso de reaproveitamento
• Dar feedback durante o processo, visando de materiais consumíveis.
alcançar os melhores resultados possíveis, sempre
em uma dinâmica positiva, criativa e respeitando
as limitações de cada um;
• Identificar estudantes que precisam de mais
suporte;
• Motivar os usuários a serem resilientes e encorajá-
los a perseguir seus objetivos;
• Despertar a atenção individual dos usuários
baseando-se nos interesses de cada um e nos
modelos mentais que são únicos e determinam
como aquela pessoa pode ser melhor tocada;
• Engajar os usuários no processo de
documentação dos projetos, com fotos, vídeos e
tutoriais.

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5
COMO GERIR
UM SENAI
LAB?
GUIA DE GESTÃO

5 COMO GERIR UM SENAI LAB?


Neste capítulo serão tratadas as questões referentes à gestão de um
SENAI Lab. A maioria das práticas e sugestões que serão descritas a se-
guir aplica-se a todos os três níveis de maturidade. Pontos direcionados
a um ou outro nível especificamente, serão destacados e endereçados A maioria das práticas e
corretamente, quando necessário. Antes mesmo de abrir as portas de um sugestões que serão descritas
SENAI Lab, já é possível começar a agir de forma estratégica, e é por aí a seguir aplica-se a todos os
que se inicia este capítulo: quais são os primeiros passos a serem dados? três níveis de maturidade.

5.1 Primeiros passos

5.1.1 Espalhe a ideia e conheça o seu público

É possível começar, antes mesmo de estar com o espaço pronto, a angariar


membros e criar uma comunidade maker, interna e/ou externa. Encontrar
parceiros e pessoas interessadas na iniciativa, dentro e fora do SENAI, que
estejam dispostas a participar. Para isso, uma sugestão é preparar mate-
rial explicativo sobre o que é o conceito de trabalho maker, exemplos de
projetos inspiradores e o que é possível fazer em um espaço como o Lab.
Compartilhar isso dentro da unidade SENAI, nas escolas mais próximas,
nas empresas parceiras, nas livrarias, nos museus, nos eventos locais e
nas demais localidades onde se possa encontrar potenciais makers para
criar essa comunidade. Essas práticas podem ser aplicadas tanto antes
quanto depois da implementação do espaço. Uma última dica é tentar
conhecer melhor os futuros usuários makers por meio de perguntas
básicas, as quais podem auxiliar a construir uma visão mais clara do que
é um espaço ideal para o usuário em questão, e até mesmo influenciar
uma decisão de compra de uma ferramenta ou máquina específica, por
exemplo. Algumas perguntas norteadoras:

• O que você mais gosta de fazer no seu tempo livre?


• Existe alguma coisa que você realmente gostaria de construir e/ou
inventar?
• No que você se considera bom quando o assunto é ajudar outra pessoa?
• Como você mais gosta de ajudar uma pessoa?
• Sobre o que você é curioso?
• Cite algumas coisas que você se sente empolgado em aprender mais
e se tornar melhor?
41
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

• Se lhe dessem um desafio de resolver um problema de uma indústria, o que você


gostaria de ter disponível para projetar a solução?
• Você gosta de testar /construir coisas? Se sim, que tipos de coisas?
• Pense no seu lugar favorito. Por que ele é o seu favorito? O que tem lá que você gosta?
Uma sugestão é utilizar os resultados dessa pequena pesquisa com os usuários, para
adicionar detalhes na construção do espaço que esteja conectado com o que eles respon-
deram. Ainda melhor seria se alguns deles mostrarem interesse em ajudar a “construir”
alguma parte ou objeto do espaço, criando, desde o princípio, o sentimento de pertença
e protagonismo, fundamentais em um Lab. Exemplo: um grupo de alunos organiza-se
e une-se para construir uma poltrona feita de papelão:

42
GUIA DE GESTÃO

Ou ainda um grupo de alunos pode trabalhar no desenvolvimento de alguma máquina


para o Lab, como uma impressora 3D, por exemplo. Este caso já aconteceu em Curitiba.
Com a parceria entre o SENAI e a Bosch, os alunos desenvolveram uma Impressora 3D de
alta qualidade e hoje a máquina faz parte da estrutura do Fab Lab da Indústria, localizado
dentro da sede do SENAI. A seguir constam algumas imagens:

43
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

5.1.2 Crie um website – blog – perfil nas redes sociais

Um website é uma ótima porta de entrada para novos membros, e também de conexão
com os que já fazem parte da comunidade. Pode ser utilizado para documentar proje-
tos feitos no Lab, divulgar a programação e a agenda de eventos, assim como recrutar
novos usuários. A construção de um website está cada dia sendo mais facilitada, com
diversas ferramentas de rápida aprendizagem, sem a necessidade de um especialista no
assunto. Porém, caso exista alguma pessoa, aluno ou docente, que tenha experiência
no assunto e esteja disposta a ajudar, pode ser uma ótima oportunidade para ter um
site customizado. Caso contrário, são indicadas duas ferramentas poderosas e com uma
interface amigável:

• WordPress: <https://br.wordpress.com/>;
• Google Sites: <https://sites.google.com/>.
Uma sugestão de estrutura de páginas para o site seria a seguinte:

Conter as principais informações, os próximos eventos e as


Página Inicial
fotos do espaço.

Contar um pouco da história do espaço, a estrutura


Sobre nós organizacional e o conceito do que é um SENAI Lab, assim
como os seus principais valores.

Aqui serão mostrados os projetos em andamento e


já concluídos. Se possível, fazer com que os alunos
Projetos
documentem seus projetos nessa área, ou criar links para os
seus blogs externos.

Calendário com os eventos e toda a programação do Lab,


Agenda inclusive quais dias serão abertos à comunidade. Sugestão
de integrar com o Google Calendar.

Informações sobre como se tornar um membro, quem pode


Torne-se um membro
participar e principais regras de uso do espaço.

Informações de contato, localização e horário de


Contato
funcionamento.

Além do website, outra importante e poderosa ferramenta são as redes sociais. Elas
podem servir para se aproximar dos usuários e divulgar os projetos incríveis que estão
acontecendo, além de publicar os eventos seguintes e as novidades em geral.

5.1.3 Estabelecer diretrizes básicas

É de extrema importância que todos os usuários, antes de se tornarem usuários ativos,


tenham conhecimento e concordem com algumas diretrizes básicas de uso do espaço.
No primeiro capítulo deste guia (O que é um SENAI Lab?) são relacionados os princípios

44
GUIA DE GESTÃO

básicos deste espaço. A sugestão agora é que cada Regional acrescente


as diretrizes que refletem a sua realidade, tanto do ponto de vista de
oportunidades quanto de regras, segurança e afins. Quando as diretrizes
são estabelecidas, a operação tende a ficar mais fácil, além de valorizar o
espaço e possibilitar o uso delas como propostas de valor:

• Propósito: Por que esse espaço existe e qual é a sua função principal?
• Uso do espaço: Quem pode usar o espaço e para quais atividades?
• Emergências: Quais são os procedimentos caso aconteça algum aci-
dente e onde se encontram os extintores e kits de primeiros socorros?
• Ferramentas e Máquinas: Quais são os prerrequisitos para usar
as ferramentas disponíveis? Treinamentos necessários para novos
usuários e boas práticas de uso. Fornecer checklists com os principais
requisitos para utilizar as ferramentas que apresentam maiores riscos.

5.2 Fazendo uso do espaço

5.2.1 Abertura

Abrir um SENAI Lab pode parecer uma tarefa bastante desafiadora, visto O maior e mais importante
que se tratam de novas tecnologias, habilidades e metodologias para ativo de um Lab são os seus
serem digeridas e implementadas, porém esse processo torna-se mais membros e usuários.
fácil quando é feito em grupo ou comunidade; ele não deve ser uma
iniciativa individual. O maior e mais importante ativo de um Lab são os
O SENAI Lab é um lugar onde
seus membros e usuários. O SENAI Lab é um lugar onde poderosas capa-
poderosas capacidades
cidades em todas as pessoas, de todas as idades, podem ser descobertas,
em todas as pessoas, de
compartilhadas e nutridas, para o benefício de toda a comunidade. Ele
todas as idades, podem ser
pode tornar o que é importante para os jovens visível e valorizado, de
descobertas, compartilhadas
maneiras que também são transformadoras e fortalecedoras, despertando,
e nutridas, para o benefício
assim, novos interesses e alimentando o crescimento de um entusias-
de toda a comunidade.
mo guardado. Quando isso acontece, ou seja, os interesses pessoais de
cada membro são encorajados, o retorno direto é o nascimento de uma
comunidade conectada. Cria-se um senso comum de valorização dos Para que este caminho
interesses alheios. Consequentemente, o entusiasmo e a apreciação são aconteça, é necessário
compartilhados por todos, uma vez que todos estão se sentindo enco- colocar em prática um dos
rajados por buscar aquilo que acreditam. Desta forma, a inspiração e as princípios básicos de um
ideias criativas sempre estarão permeando o Lab. espaço maker: ser “aberto”
à comunidade interna e/ou
Para que este caminho aconteça, é necessário colocar em prática um dos
externa à instituição.
princípios básicos de um espaço maker: ser “aberto” à comunidade interna
e/ou externa à instituição. Estes mecanismos de troca, como peer-to-peer

45
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

(par a par), colaboração, cooperação, interdisciplinaridade, compartilhamento, aprendi-


zagem por meio da prática, “do it yourself”, bem como práticas inovadoras ascendentes e
comunitárias são favorecidos e encorajados. Sabe-se que a abertura, chave do sucesso e
da popularidade dos Espaços Makers, facilita os encontros, o acaso e o desenvolvimento
de métodos inovadores para o cruzamento de competências. Ainda, por ser aberto e
acessível, favorece a redução de barreiras à inovação e à constituição de um terreno
fértil para a inovação.

Além do posicionamento inclusivo, descrito nos parágrafos anteriores, recomenda-se


também, a prática dos chamados “Open Days”, dias nos quais o Lab estará aberto para
a comunidade, podendo ser para uso dos recursos, levando os próprios materiais, ou
apenas para vivenciar o ambiente e fazer uma visita guiada.

O primeiro contato muitas vezes vem da curiosidade em saber do que se trata esse novo
espaço, seguida de uma visita sem compromissos. Esse é um momento muito oportuno
para conquistar um novo membro, o qual já está dedicando o seu tempo e a sua energia
para estar ali presente, portanto, as chances de conectá-lo ao Lab são grandes.

Uma prática comum em Espaços Makers é separar um ou mais horários semanais para
realizar tours pelo espaço para visitantes externos e internos, podendo coincidir com
o Open Day. Por exemplo, agendar horários na semana para trazer uma classe de alu-
nos de algum dos cursos do SENAI e explicar rapidamente os princípios de trabalho ali
utilizados, assim como quais os recursos disponíveis e o que se pode fazer. O mesmo
aplica-se a demais instituições que queiram se tornar parceiras, tanto educacionais
quanto profissionais.

Em relação aos horários de abertura de maneira geral, é interessante sempre seguir a


demanda, ou seja, se o público maior é formado por empreendedores e alunos de cursos
de graduação, talvez seja mais interessante deslocar o horário para o final do dia, algu-
mas vezes por semana, ou se a maioria dos membros são jovens estudantes do ensino
médio, o melhor horário talvez seja a parte da tarde. Reforçando novamente a ideia de
que o espaço deve seguir as necessidades da comunidade participante.

5.2.2 Número certo de usuários/espaço

Provavelmente antes mesmo da abertura oficial do SENAI Lab já existirão vários inte-
ressados em participar. Se não, quer dizer que ainda não tem uma comunidade maker
formada. A questão a ser levantada neste tópico refere-se à pergunta de quão grande
pode ser o grupo de pessoas utilizando o espaço ao mesmo tempo. Poucos membros
podem levar a uma queda da energia e da inspiração, além de não chegar a formar
uma massa crítica. Por outro lado, muitos membros podem ser difíceis de gerir, sem
contar o potencial de risco em um espaço com máquinas e ferramentas que requerem
cuidados. Como os SENAI Labs estarão espalhados pelo Brasil, em realidades distintas de

46
GUIA DE GESTÃO

layout e área disponível, não é viável determinar aqui neste guia um número específico
de usuários por Lab. Sendo assim, a recomendação mais importante é sempre manter
uma quantidade de usuários simultâneos passível de ser gerenciada sem conflitos e
de maneira confortável. Pode-se começar pequeno nos primeiros meses, para testar
abordagens e dinâmicas do uso do espaço, e, conforme for a evolução do controle, ir
aumentando gradativamente. Recomenda-se, portanto, definir limites de lotação do
espaço, pensando principalmente na segurança de todos, mas também na preservação
da qualidade do trabalho de quem está ali desfrutando da estrutura. Por exemplo, o
docente propõe a realização de uma atividade para uma turma de 30 alunos, e o espaço
comporta no máximo 20. Deve-se então dividir em duas etapas de 15 alunos. Como dito
anteriormente, cada SENAI Lab deverá encontrar o número ideal e a partir deste número
estipular a lotação máxima e respeitá-la, para que não ocorram situações indesejáveis,
visto que a diversidade de realidades das regionais envolve desde espaços Nível 1, que
terão 35 m2 , até outros com 60 m2 ou mais.

5.2.3 Segurança

Não importa quais são os equipamentos e as ferramentas que compõem um SENAI Lab;
é muito provável que, se estiverem acontecendo projetos interessantes, existam alguns
riscos envolvidos. A segurança sempre deve ser enfatizada para todos os membros/
usuários do Lab. Não basta aprender a usar uma ferramenta sem também aprender
todos os riscos e as precauções que precisam ser tomados para executar o seu projeto
e preservar a integridade de todos.

Entretanto, sabe-se que existe uma linha tênue entre informar aos usuários sobre os
potenciais perigos e riscos e assustá-los a ponto de afastá-los e desencorajá-los de usar
qualquer ferramenta. O ideal é prepará-los para que saibam, antes de apertar o botão
de ligar, que fizeram todos os procedimentos necessários, e então possam se sentir con-
fortáveis naquela situação. Sugere-se que sejam inseridos, próximos a cada ferramenta/
máquina, manuais de uso, placas, avisos, frases etc para a utilização das máquinas/
equipamentos/ferramentas, como também sobre a segurança em geral. Abaixo serão
listadas algumas dicas de segurança aplicáveis em Espaços Makers como o SENAI Lab:

Use equipamento de proteção e cuidados com as roupas:

• Use proteção para os olhos: óculos de segurança de preferência com cobertura nas
laterais;
• Não use roupas folgadas, gravatas ou joias que sejam penduradas se estiver próximo
de máquinas que tenham movimentos de rotação;
• Amarre ou cubra o cabelo se for comprido, principalmente próximo de máquinas
que se movimentem;

47
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

• Use luvas adequadas para manusear objetos quentes ou afiados;


• Use sapatos fechados;
• Use máscaras protetoras, evitando inalar gases/fumaças etc. quando utilizar máqui-
nas que exijam.
Prepare-se para a atividade:

• Segurança é a prioridade: se não está seguro a realizar alguma ação, pergunte e peça
ajuda para quem sabe;
• Saiba onde estão os kits de primeiros socorros e os extintores de emergência;
• Nunca use sozinho uma máquina ou ferramenta sem antes ter aprendido a manuseá-la;
• Não use as máquinas e ferramentas se estiver cansado ou com pressa;
• Não faça brincadeiras ou distrações com outras pessoas enquanto elas ou você estão
utilizando alguma ferramenta;
• Revise o seu projeto antes de começar para evitar retrabalhos ou erros que possam
pôr em risco a sua segurança.
Use corretamente as ferramentas:

• As ferramentas foram projetadas para serem utilizadas de uma forma específica: uma
chave de boca não é um martelo;
• Não use uma ferramenta que está quebrada;
• Não remova as ferramentas do Lab sem permissão;
• Não se afaste de uma máquina ou ferramenta enquanto ela está ligada.
Mantenha a organização e a limpeza do espaço:

• Após finalizar um serviço, limpe a área, incluindo o chão;


• Coloque as ferramentas no seu lugar de origem após o uso;
• Antes de limpar ou realizar a manutenção de uma máquina ou ferramenta, certifi-
que-se de que ela está desligada;
• Mantenha os dedos longe dos pontos de movimentação das máquinas.

5.2.4 Alfabetização maker

Sabe-se que as habilidades técnicas para utilizar um espaço como o SENAI Lab não
são comumente de domínio de todos. Novas competências devem ser desenvolvidas,
como manipular softwares de CAD e CAM, entender o funcionamento das máquinas
de fabricação digital, e ainda ter conhecimento sobre os materiais que são utilizados e
suas propriedades. Também são requeridos temas como Design Thinking, criatividade,
colaboração, resolução de problemas e resiliência. Habilidades que cruzam muitas com-
petências e devem ser integradas em um só lugar.
48
GUIA DE GESTÃO

Os docentes devem ajudar os alunos a alcançar esta alfabetização por meio


de uma mediação estruturada. Segundo a própria Metodologia SENAI, o
docente deve “planejar, organizar e propor Situações de Aprendizagem,
atuando como mediador para favorecer a construção de conhecimentos
e o desenvolvimento de capacidades que sustentam as competências
buscadas” (SENAI, 2013).

Importante também que um docente auxilie o outro com as habilidades e


os conhecimentos da sua área, a fim de que o grupo como um todo possa
se alfabetizar de forma transdisciplinar. Sabe-se que todos os docentes
e alunos são capazes de adquiri-los, e esse processo pode ser chamado
de Alfabetização Maker. Fundamental para o desenvolvimento futuro
sustentável do projeto SENAI Lab.

Uma forma de percorrer esse trajeto é começar com projetos de baixa


complexidade, de preferência que venham acompanhados de tutoriais,
seguindo os passos até alcançar o objetivo final. Para isso, dispõe-se de
Uma forma de percorrer
um capítulo deste guia chamado “Atividades Inspiradoras”; elas têm a
esse trajeto é começar
intenção de promover uma primeira aproximação e experimentação
com projetos de baixa
do espaço e da sua dinâmica, sem a necessidade de se preocupar com
complexidade, de
gestão de projetos e ideias. O foco então pode ser voltado inteiramente
preferência que venham
para a primeira conexão entre o membro e o Lab, sendo um bom ponto
acompanhados de tutoriais,
de partida para um dia este membro alcançar a liberdade de criação e
seguindo os passos até
sentir-se confortável nesta posição.
alcançar o objetivo final.
Existem diversas abordagens de projeto: por exemplo, alguns projetos
de estudantes são inteiramente visão dos alunos, alguns são híbridos de
projetos que eles viram na Internet junto a suas próprias ideias, e alguns
projetos são totalmente retirados de um site, seguindo as instruções que
eles leem on-line. Cada tipo de projeto ensina um conceito diferente:

Projetos liderados pelos mentores/docentes ensinam…

• A serem criadores e não consumidores;


• Novas habilidades, colocar a mão na massa, design, colaboração;
• A ter orgulho de seus trabalhos e de suas conquistas.
Projetos independentes e autorais ensinam…

• Passar de um conceito/ideia para um protótipo real, tangível;


• Buscar e tirar proveito dos recursos disponíveis para alcançar seus objetivos
(internet, mentores, facilitadores, revistas, livros, colegas de trabalho…);
• Aperfeiçoar habilidades de construção (marcenaria, eletrônica, pro-
gramação, costura etc..).

49
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

5.2.5 Criando ecossistemas maker

A abertura/acesso aos Labs e a alfabetização são duas etapas fundamentais


para o desenvolvimento de um espaço maker. Um terceiro ponto a ser
trabalhado é a formação de um ecossistema favorável ao acontecimento de
Formação de um
todas as práticas citadas neste guia. O professor Neil Gershenfeld, criador
ecossistema favorável ao
dos Fab Labs, e seus irmãos Alan e Joel, propõem alguns elementos que
acontecimento de todas as
podem vir a formar um ecossistema maker. Em resumo, um ecossistema
práticas citadas neste guia.
maker é um conjunto de ações e acontecimentos que geram um contexto
alinhado à cultura maker, e isso se torna uma base fértil de crescimento
Um ecossistema maker. para o movimento como um todo. São eles:

• Cultivar efetivamente a colaboração e o compartilhamento do


conhecimento - como visto anteriormente, uma ampla gama de
Torna uma base fértil
habilidades são necessárias para usufruir de um Espaço Maker; além
de crescimento para o
disso, as tecnologias continuam evoluindo cada vez mais rápido. Sen-
movimento como um todo.
do assim, o compartilhamento desse conhecimento é indispensável
para acompanhar o ritmo e garantir que todos evoluam juntos, de
maneira equilibrada;
• Garantir a mentoria e a liderança - um bom líder é fundamental
para manter o Lab ativo e com energia para buscar novos desafios e
escolhê-los estrategicamente, assim como mentores que dominam a
técnica para instruir a comunidade e distribuir o seu conhecimento;
• Plataformas de marketplace - podendo ser um primeiro passo
para aqueles que têm a intenção de empreender, além de ser mais
um veículo de compartilhamento e descoberta de novos produtos
e serviços, uma forma de oferecer ao mundo aquilo que está sendo
feito no Lab. Por exemplo, um usuário cria um novo Design de um
objeto e pode então vendê-lo ou apenas disponibilizar os arquivos e
os passos de fabricação para que outros possam comprar ou produzir
em seus Labs;

50
GUIA DE GESTÃO

Alguns exemplos dos principais Marketplaces hoje são:

• Elo7 (<https://www.elo7.com.br/>);
• Etsy (<https://www.etsy.com/>)
• Shapeways Marketplace (<https://www.shapeways.com/marketplace>);
• Sculpteo Makertplace (<https://www.sculpteo.com/en/gallery>)
• Pinshape (<https://pinshape.com/>);
• Amazon Handmade (<https://www.amazon.com/Handma-
de/b?ie=UTF8&node=11260432011>).

• Diversas formas de financiamento - cada Lab será inserido em uma


realidade específica, com diferentes stakeholders. Portanto, sugere-se
a ideia de buscar um mix de investimentos privados, públicos, fundos
de pesquisa, incentivos governamentais, financiamento coletivo e
qualquer outro tipo de parceria benéfica para ambas as partes e que
viabilize as atividades do SENAI Lab. Por exemplo, alguma indústria
ou empresa local que esteja buscando oportunidades de investir em
pesquisa e desenvolvimento em inovação tecnológica por meio do
uso de recursos da Lei do Bem, e então pode auxiliar na implemen-
tação de um SENAI Lab, ou em um projeto de pesquisa proposto por
algum aluno, ou ainda fornecer o espaço para empresas realizarem
workshops e cursos com o intuito de desenvolverem os seus próprios
projetos, baseados nos desafios internos da própria empresa. Outra
opção são as plataformas de crowdfunding ou financiamento coletivo,
as quais funcionam bem geralmente para arrecadar fundos para um
novo produto.

Alguns exemplos de crowdfunding são:

• Catarse (<https://www.catarse.me/>);
• Kickstarter (<https://www.kickstarter.com>);
Se algumas das práticas
• Indiegogo (<https://www.indiegogo.com>). mais importantes são
a colaboração e o
Combinando os tópicos levantados acima com a realidade do SENAI Lab,
compartilhamento, a ideia
surgem outras oportunidades valiosas. São elas:
de estruturar uma rede entre
• Criação de uma rede entre os SENAI Labs - se algumas das práticas os próprios SENAI Labs faz
mais importantes são a colaboração e o compartilhamento, a ideia todo sentido.
de estruturar uma rede entre os próprios SENAI Labs faz todo sen-
tido, tornando-se um ponto de conexão entre eles, com trocas de

51
5 COMO GERIR UM SENAI LAB?

experiências, boas práticas, ideias, oportunidades e desenvolvimento


de projetos colaborativos. Um modelo com uma gestão distribuída
e reuniões quinzenais por videoconferência pode ser uma boa op-
ção, assim como um grupo de e-mail (Google Groups) pode ajudar
a organizar a rede. Conforme a rede for crescendo ainda podem ser
adotados recursos como repositórios de informações, por exemplo,
plataformas Wiki, fóruns on-line, blogs e afins. A rede mundial de Fab
Labs é um bom exemplo a ser seguido. A Rede SENAI Lab também
deve participar e apoiar as demais redes já existentes, como no caso
do GP, DSPI e Inova. Ou seja, utilizar as mesmas plataformas, grupos
de discussão, integrando os interlocutores dos SENAI Labs no grupo
da SAGA Senai de Inovação;
• Criação de eventos para promover os projetos - organizar exposi-
ções internas ou externas em parcerias com outras escolas da região
ou instituições relacionadas à cultura, à arte e ao empreendedorismo,
com o intuito de valorizar e difundir o que está sendo feito no SENAI
Lab. Com isto, além de incentivar os autores dos projetos a continua-
rem a acreditar no seu potencial, essas ações também podem trazer
visibilidade, novos membros e oportunidades para o Lab.
De maneira geral, a ideia defendida neste tópico é que o SENAI Lab deve
agir para ser visto e fazer alguma diferença pelo mundo à sua volta. As boas
ideias, inovadoras e criativas, não valem nada se permanecerem presas
De maneira geral, a ideia
dentro do Lab. O que se trouxe acima foram algumas dicas já utilizadas
defendida neste tópico
por outros espaços makers no mundo, para alcançar esse impacto. Cada
é que o SENAI Lab deve
SENAI Lab tem como missão auxiliar na construção deste ecossistema,
agir para ser visto e fazer
em prol de seu próprio benefício, utilizando os recursos e as oportuni-
alguma diferença pelo
dades da sua realidade. Por fim, vale ressaltar que o movimento maker
mundo à sua volta. As
ainda está em desenvolvimento, e poucas pessoas têm o conhecimento
boas ideias, inovadoras e
do seu significado e seu potencial transformador; portanto, o seu papel
criativas, não valem nada
é espalhar essa mensagem e identificar oportunidades de parcerias e
se permanecerem presas
novos projetos para manter o Lab sempre ativo.
dentro do Lab.

52
6
DOCUMEN-
TAÇÃO DE
PROJETOS
GUIA DE GESTÃO

6 DOCUMENTAÇÃO DE PROJETOS

6.1 A importância da documentação


Uma das ações mais úteis, poderosas e importantes a serem incentivadas em um SENAI
Lab, também muitas vezes a mais negligenciada, é a documentação. Sem isso, o que se
passa no Lab fica preso por lá, dificulta-se a atração de novas audiências, as lições aprendi-
das com as experiências não são captadas e a reflexão sobre o que se fez não é realizada.
Ao invés de intimidar os usuários a fazê-la, deve-se trabalhar a documentação como
a simples captura do que está sendo feito ali, e como benefício isto sempre estará
prontamente disponível para você e para todos os que quiserem colaborar. Atualmente
se pode utilizar a analogia das redes sociais, muito usadas pelos jovens principalmente,
que são nada mais do que uma documentação da vida real de cada um. Sendo assim,
fica o convite a documentar como se faz o que se faz no SENAI Lab.

Embora não seja tão óbvio, capturar o trabalho do seu espaço é incrivelmente vital para
sustentá-lo. Em médio/longo prazo, alguns dos benefícios dessa prática são:

• Aumenta a visibilidade do Lab e da instituição como um todo;


• Mostra reconhecimento de esforços e ideias ao longo do processo;
• Fornece novas perspectivas ou responsabilidades para os educadores;
• Contribui para o conhecimento institucional e a cultura em geral;
• Contribui com a comunidade, fornecendo o conhecimento e compartilhando ex-
periências e exemplos;
• Fornece dados concretos para fins de avaliação;
• Oferece um registro de habilidades (portfólio) para mostrar aos mentores/docentes,
administradores, universidades, futuros empregadores, investidores etc.;
• Fornece um contexto significativo para reflexão sobre aquilo que foi feito;
• Fornece parâmetros para identificar pontos falhos e fortes, assim como oportuni-
dades de melhorias.
Muitas vezes a documentação acaba sendo utilizada também como moeda de troca em
Espaços Makers, como, por exemplo, durante um Open Day de um Fab Lab a única forma
de pagamento solicitada para fazer uso do espaço é documentando o que foi feito ali.

55
6 DOCUMENTAÇÃO DE PROJETOS

6.2 Como documentar?


O objetivo específico da documentação é registrar como aquilo foi feito, levando
em consideração que outra pessoa possa um dia reproduzir fielmente esta criação.
Desta forma, é importante sempre incluir detalhes não tão óbvios para quem não fez
parte do projeto, mas que são importantes, e muitas vezes passam despercebidos, assim
como o que deu errado e requer maior atenção. A seguir serão apresentadas algumas
boas práticas e dicas de como documentar um projeto ou atividade realizado dentro
de um SENAI Lab:

• Existem plataformas prontas para criação de tutoriais e documentação de projetos,


como, por exemplo: Instructables (<https://www.instructables.com/>), Wikihow
(<https://www.wikihow.com>), Fablabs.io (<https://www.fablabs.io/projects>),
Make (<https://makezine.com/>), e-How (<https://www.ehow.com/>) e Hackday
(<https://hackaday.com/>);
• Outra opção é criar um Blog pessoal ou desenvolver um site com domínio próprio,
para aqueles que têm experiência com programação para web;
• Fotografar todas as etapas, cada passo dado durante a construção do projeto. Com
o aumento da qualidade das câmeras de celular ficou mais fácil registrar estes mo-
mentos a todo instante;
• Para registrar imagens com maior qualidade é possível construir uma cabine de luz
com fundo branco, utilizando papelão e papel branco.

56
8
ATIVIDADES
INSPIRADORAS
8 ATIVIDADES INSPIRADORAS

3 - EXEMPLO DE ATIVIDADE BASEADA


NOS DESAFIOS DA INDÚSTRIA

Descrição

Nesta atividade serão aplicados na prática os métodos descritos na atividade: “Aprendi-


zado Baseado em Projeto” deste guia, com o intuito de exemplificar como trabalhar com
os desafios reais da Indústria. Para isso, foi extraído um desafio da área “Demandas da
Indústria”, que está dentro da plataforma do Itinerário SENAI de Inovação, a qual pode
ser acessada pelo link a seguir: <http://plataforma.gpinovacao.senai.br/>.

O critério de seleção do desafio para este exemplo foi apenas a possibilidade de gerar
diferentes soluções, serviços ou produtos diversos como respostas para um mesmo
problema. Alguns desafios encontrados na plataforma acabam direcionando para uma
solução de produto ou serviço apenas, porém é válido sempre pensar em diferentes pos-
sibilidades, aumentando a chance de inovar e alcançar o sucesso. Portanto, neste exemplo
foi possível propor ideias que variam entre serviços e produtos, e todas são passíveis
de prototipagem em um SENAI Lab, independentemente do seu nível de maturidade.

76
GUIA DE GESTÃO

Dificuldade: Q Q Q Q Desafio
Tempo: 20 horas (mínimo)
Reduzir a poluição da água de poços
Níveis de maturidade: 1, 2 e 3
artesianos
Materiais:
Passo 1
• Marcadores/Canetas (de preferência
com ponta grossa); Levantar questões sobre o assunto da água com
os alunos. De onde vem a água que consumimos,
• Quadro ou parede escrevível para pra onde vai a água depois de utilizarmos? Fontes
auxiliar na busca por soluções; alternativas? O problema de falta de água no
• Papelão, fita adesiva, cola quente, pa- mundo, qual é a atual situação? Tentando trazer
pel, tinta, canetas coloridas e demais também para a realidade e o contexto deles.
materiais básicos de escritório;

• Materiais de reaproveitamento, restos Passo 2


de madeira e afins;
Após essa discussão, apresentar o desafio; nesse
• Materiais específicos para os diferen- caso, trata-se de “Reduzir a poluição da água dos
tes protótipos; poços artesianos”. Muitos colaboradores moram
em lugares onde se usa água de poços artesianos,
• Projetor para apresentação de pesqui-
mas sofrem com a má qualidade dessa água.
sa e resultado de entrevistas.
A contaminação do solo pode ocorrer em terrenos
próximos a postos de gasolina, lixões e cemitérios.
Outro fator preocupante é a poluição da água,
uma vez que resíduos de metais pesados podem atingir o lençol freático, impedindo a
sua utilização para diversos fins. Como resolver esse problema?

Passo 3

Abrir para pesquisas sobre o problema e possíveis causas influenciadoras. Se possível fazer
com que os alunos tenham contato com quem vive o problema, seja presencialmente,
seja por e-mail, ligação ou videoconferência. Coletar o máximo de dados possível sobre o
problema. Os alunos devem passar a se sentir especialistas no assunto.

Passo 4

Neste caso, as soluções podem ser diversas, variando de serviços a produtos. Alguns
exemplos são:

• Serviço - programa de conscientização para indústrias, postos de gasolina e poluidores


em geral; muitas vezes eles não têm o conhecimento do que estão causando;

77
8 ATIVIDADES INSPIRADORAS

• Aplicativo - localizador de áreas poluídas, mantendo a população informada de onde


se pode consumir dos poços ou não.
• Produto - filtro portátil de baixo custo, com membranas que retenham os poluentes
encontrados na água;
• Produto - medidor de qualidade da água de baixo custo, feito com materiais fáceis de
encontrar em qualquer lugar e com projeto executável em um Espaço Maker, e que
dizem se água é própria para o consumo ou não.

Passo 5

A partir das soluções propostas e já prototipadas, certamente o grupo já estará mais


crítico sobre o assunto, podendo trazer novas visões/abordagens de solução, assim
como saber avaliar o que funcionou e o que não deu certo. É muito válido, se possível,
conseguir uma avaliação/feedback dos usuários reais, aqueles que sofrem do problema.
O docente então pode realizar uma reflexão em grupo, na qual todos podem e devem
opinar sobre os projetos que foram criados, uma sessão de feedback colaborativo. E o
mais importante deste passo é responder às perguntas: as soluções desenvolvidas aten-
dem ao desafio proposto? O que faltou, o que poderia melhorar e o que funcionou bem?

Passo 6

O método de avaliação pode ser definido pelo docente. Uma sugestão é tentar realizar
uma avaliação holística, ou seja, não olhar apenas para o resultado final, mas sim para
o processo como um todo e sua evolução. Nem sempre uma solução que não obteve
sucesso em resolver o problema merece uma avaliação baixa, desde que o processo
tenha sido bem desenvolvido.

78

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