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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO -


FAVENI

CÍNTHIA CRISTINA GONÇALVES DA SILVA

ALIENAÇÃO PARENTAL

SAMAMBAIA-DF
2019
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RESUMO

O objetivo deste trabalho é demonstrar que a Alienação Parental consiste em uma forma
grave de abuso cometi do contra o menor, que precisa ser prevenida e combatida
com rigor. Pretende também demonstrar as consequências nefastas desta prática, que
atinge todos os envolvidos, mas principalmente os menores que tem seu
desenvolvimento psicológico totalmente prejudicado. Discute algumas questões
referentes à lei nº 12.318/2010, que veio com a importante missão de facilitar a
compreensão e a identificação da Alienação Parental e impor medidas de prevenção
e combate a esta prática. Como fonte utiliza basicamente a pesquisa bibliográfica.
Este estudo mostra -se relevante à medida que esclarece a necessidade de se
reconhecer a Alienação Parental, a fim de possibilitar a adoção de medi das
adequadas quando diante de um caso dessa natureza.

Palavras chave: Alienação Parental, falsas memórias, vínculo afetivo, convivência


familiar
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
1 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL ............................ 5
1.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA ..................................... 06
1.2 GUARDA ................................................................................................................. 07
1.3 COMPARAÇÃO ENTRE A GUARDA UNILATERAL E A COMPARTILHADA
.........................................................................................................................................08
2 ALIENAÇÃO PARENTAL ....................................................................................... 10
2.1 DEFINIÇÃO ............................................................................................................ 10
2.2 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL ................................... 11
2.3 EFEITOS COMUNS ................................................................................................ 12
3 IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL .............................................. 13
3.1 FALSA ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL ....................................................... 14
3.2 IMPLANTAÇÃO DE FALSAS MEMÓRIAS ....................................................... 14
3.3 DIFERENÇAS ENTRE O REAL E O FALSO ABUSO ....................................... 14
4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO E EFETIVIDADE ....................................................15
4.1 MEDIDAS PREVI STAS NA LEI N° 12.318/2010............................................... 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ . ........ 18
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INTRODUÇÃO

A Alienação Parental geralmente tem início com a separação do casal, quando


um dos cônjuges, por não conseguir superar o sentimento de abandono, rejeição,
traição, passa a sentir uma imensa necessidade de vingança contra o outro, utilizando
para isso, os filhos. O cônjuge ressentido passa a plantar nas crianças um senti mento
de ódio pelo outro, afim de destruir o vínculo afetivo existente entre ambos. Para
atingir seu objetivo o alienador utiliza -se de diversos artifícios que vão desde a
colocação de obstáculos às visitas até a implantação de falsas memórias e a falsa
acusação de abuso sexual.
A Alienação Parental não é um fenômeno recente, na verdade, essa prática
sempre ocorreu , mas devido ao aumento do número de separações e divórcios, tem
se tornado cada vez mais evidente. Mas apesar desta prática estar cada vez mais
presente no nosso cotidiano, muito pouco ainda se sabe sobre ela. E foi por isso
que, recentemente, foi publicada a lei n° 12.318/2010, par a facilitar a compreensão
desse assunto e garantir que o menor tenha preservada sua integridade física e
psicológica e seu direito de convivência familiar.
Veremos que a maior dificuldade está em se apurar se o caso é realmente
de Alienação Parental , principal mente quando este envolve denúncia de abuso
sexual, e de se fazer essa averiguação em tempo hábil , a fim de evitar que o
alienador alcance o seu intento de destruir os l aços afetivos entre o filho e o
genitor alienado.
Neste breve estudo pretendemos demonstrar a gravidade das consequências
dessa prática e a necessidade de inibi-la, para impedir que pais e filhos sejam
injustamente privados do seu direito à continuidade de convivência.
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1 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL

A Alienação Parental geralmente tem início com a ruptura da relação


conjugal, quando os pais passam a disputar na justiça a guarda dos filhos e p ara
consegui-la fazem uma campanha de desmoralização do outro cônjuge.
Antes de iniciarmos o assunto vejamos a diferença entre sociedade e vínculo
conjugal. Para Paulo Nader o vínculo conjugal “é a relação jurídica que se instaura
entre os cônjuges, enquanto a sociedade é o compro misso de comunhão de vida.”
Portanto, a dissolução do vínculo conjugal extingue a sociedade conjugal, mas a
extinção da sociedade conjugal não extingue o vínculo, que só é extinto pela morte
ou divórcio.
Inicialmente a legislação brasileira não previa nenhuma hipótese de
dissolução do casamento, essa situação permaneceu até que o Código Civil de 1916
trouxe a possibilidade d o desquite e posteriormente, e m 1977, a Lei nº 6.51 5 passou
a admiti r o divórcio.
A separação pode se dar de forma consensual ou litigiosa, mas independente
de como a separação ocorra é certo que todos os membros da família terão suas vidas
transformada s, conforme observa Mônica Guazelli:

Quando o vínculo conjugal se desfaz, necessariamente, todos


os membros da família precisarão se adaptar a uma situação
nova e inédita em suas vidas, e terão de viver dentro de
um novo formato e esquema familiar. Essas transformações e
mudanças na v ida de cada um implicam perdas e, mesmo
que em médio prazo venham se mostrar benéficas, quase
sempre são rejeitadas num primeiro momento.

Quando a separação ocorre de forma consensual , há menos trauma ao s


filho s, pois h á maior probabilidade de se chega r a um acordo principalmente nas
questões referentes à guarda dos filhos menores. Por outro lado, quando se dá
por litígio , por existir muita mágoa e ressentimento entre os ex-cônjuges, o
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sofrimento causado aos filhos é muito maior, pois estes são obrigados a assistir a
guerra travada pelos pais, e mu itas vezes são utilizados por eles para ferir o outro.

Muitas vezes, porém, além dos normais “problemas”


decorrentes de uma separação, os adultos não conseguem
diferenciar seu papel de companheiros/cônjuges do papel
parental. Nesse caso as dificuldades são ainda m ais graves,
porque os litigantes fazem o rompimento ser ainda mais
destrutivo, a si e a o grupo, e usam de todas a s armas
possíveis para ir contra o “ex”. Não é raro que nessas
situações os filhos sejam as vítimas das manipulações de um
dos separando com o fito de atingir o outro
cônjuge/companheiro.

A prática da alienação parental pode ocorrer ainda durante o período de vida em


comum, porém ela se intensifica a partir da separação do casal, quando o fim do
sonho de amo r eterno dá lugar à raiva e ao desejo de vingança contra o outro.

1.1 PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA

A relação entre pais e filhos não pode ser abalada pela separação do casal.
A convivência entre p ai s e filhos tem que permanecer mesmo que estes passe m
a não viver mais sob o mesmo teto.
Para assegurar este e outros direito s dos menores foi adotado pelo ordenamento
jurídico brasileiro o princípio do melhor interesse da criança , que fundamenta-se
essencialmente no artigo 227 da Constituição Brasileira e na Convenção
Internacional dos Direitos da Criança, em seu artigo 3.1. Esse princípio também
está previsto nos artigos 4º e 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente .
O princípio do melhor interesse d a criança veio para garantir que prevaleçam
os interesses dos filhos sobre os dos pai s, ou seja, deixa - se de lado a disputa
dos pais, para adotar as medidas que mais beneficiarem a criança. Os filhos deixam
de ser considerados como meros objetos de uma disputa e passam a ser tratado s
como sujeitos de direitos que merecem ter respeitada a sua dignidade e o direito
a convivência familiar.
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O Estado, no seu próprio interesse (num primeiro momento) e no


interesse da família, propriamente dita, interfere, v ia Judiciário, na
expectativa de contornar ou tornar menos dolorosas as situações de
crise. E esta intervenção é necessária, sempre que o interesse maior
dos filhos está em jogo.

Mais do que discutir a guarda dos filhos, discute-se o seu direito à


continuidade de convivência ou de contato com os pais, ou, como afirma
Paulo Lobo “Os pais preservam os respectivos poderes familiar es em relação
aos filhos, com a separação, e os filhos preservam o direito de acesso a eles e ao
compartilhamento recíproco de sua formação.” Paulo Lobo salienta que este princípio
“não é uma recomendação ética, mas diretriz determinante na s relações da criança
e do adolescente com seus pais, com suas famílias, com a sociedade e com o Estado.

1.2 GUARDA

Segundo Paulo Lobo “a guarda consiste na atribuição a um dos p ai s separados


ou a ambos dos encargos de cuidado, proteção, zelo e custódia do filho. Quando
é exercida por um dos pais, diz -se unilateral ou exclusiva; quando por ambos,
compartilhada .”
Após a separação do casal inicia -se a disputa pela guarda dos filhos menores
que, como já vimos pode ser atribuída a apenas um dos pais ou aos dois. A guarda é
regulada pelo Código Civil Brasileiro nos artigos 1583 e 1584.
O ideal é que a guarda seja definida por um acordo dos pais, mas se isso
não for possível, a decisão se dá por determinação judicial. Mas mesmo que o s
pais entrem e m acordo, há necessidade de se submeter essa decisão ao crivo do
Judiciário para ter a certeza de que a decisão acordada é realmente a que melhor
atende a os interesses da criança. C aso o juiz entenda que o interesse do menor não foi r
espeitado, ele pode se negar a homologar o acordo.
Os Tribunais sempre tenderam a atribuir a guarda exclusivamente a um dos
genitores, que na grande maioria dos casos é a mãe, porém essa tendência vem
diminuindo, até mesmo por imposição dos pais que hoje são mais participativos
e mais próximos dos filhos, e por isso, não se contentam mais em a penas visitá-los em
dias pré determinados.
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Maria Berenice Dias ao comentar essa tendência diz que:

A evolução dos costumes, que levou a mulher para fora do lar,


convocou o homem a participar das tarefas domésticas e a assumir
o cuidado com a prole. Assim, quando da separação o pai passou
a reivindicar a guarda da prole, o estabelecimento da guarda
conjunta, a flexibilização de horários e a intensificação das visitas.

Além da guarda unilateral ou exclusiva e da guarda compartilhada ou


conjunta, existe ainda a guarda alternada e a guarda dividida, porém estas últimas
não são muito utilizadas devido a uma série de crítica s atribuídas a elas.

2.3 COMPARAÇÃO ENTRE A GUARDA UNILATERAL E A


COMPARTILHADA

Como já comentamos anteriormente , com a mudança de comportamentos


e o maior envolvimento dos pais com a família e com os filhos, surge a necessidade
de uma repartição mais equitativa da autoridade parental após a ruptura conjugal,
como solução para esse problema foi instituída a guarda compartilhada
A guarda compartilhada é um instituto muito recente e por isso ainda é
encarada com u m pouco de receio . Mas apesar das críticas a ela atribuídas, suas
vantagens em relação a guarda unilateral são i negáveis e ela vem ganhando cada
vez mais espaço.
Levando-se em conta que hoje os dois cônjuges têm atuado de forma
igualitária dentro do casamento com relação aos filhos, não é certo, que após a
ruptura do mesmo, somente um conserve o poder de decisão sobre os filhos,
excluindo- se o outro genitor, como se este não mais fosse importante na vida do
menor. É imprescindível que tenhamos em mente que o fim do vínculo conjugal
não significa o fim do vínculo parental.
Na guarda unilateral, na grande maioria dos casos, a mãe é beneficiada com a
guarda dos menores, privando -se os filhos de ter u m pai de verdade, pois este
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transforma-se em mero expectador, não tendo direito a participar efetivamente da


vida dos filhos, cabendo a ele apenas visitas de fim de sema na pré agendadas.
Resumindo, o guardião (geralmente a mãe) adquiri direito soberano de decisão sobre
a vida dos filhos.
Já a guarda compartilhada traz a possibilidade de os pais exercerem
conjuntamente a autoridade parental, possibilitando que ambo s possam continuar a
atuar com pais, o u seja, ambos dividem o poder de decisão sobre questões
relevantes referente aos filho s. Além disso, há o estreitamento dos laços entre pais e
filho s, pois apesar do s menores residir em com apenas u m dos pai s, o outro passa
a ser uma figura presente (ativa) na vida dos mesmos.
A guarda unilateral também acaba facilitando a ocorrência de conflitos entre
os pais, pois o guardião, detentor d e poder ilimitado sobre o menor, acaba sentindo
-se dono da criança ou adolescente, o que pode resultar na tentativa de afastamento
do não-guardião. Na guarda compartilhada, o poder é dividido igualmente entre
os genitores, o que facilita a permanência do contato com ambos. Isso representa uma
tentativa de minorar o sofrimento causado pelo rompi mento conjugal , pois a
criança terá os dois pais participando juntos de sua vida.
A principal dúvida sobre a atribuição da guarda compartilhada diz respeito
à possibilidade ou não de sua aplicação n os casos de conflito entre os ex - cônjuge
es, sobre isso o professor Eduardo Leite, explica que ela pode sim ser aplicada,
pois o risco de conflitos existe igualmente em relação à guarda exclusiva e,
inclusive, em relação a pais não divorciados. Para ele, a guarda compartilhada é
“conciliadora.”
Isso nos faz entender porque muitos acreditam que a guarda compartilhada
é a solução para o problema d a Alie nação Parental.
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2. ALIENAÇÃO PARENTAL

2.1 DEFINIÇÃO

A Ali enação Parental é um problema muito antigo, mas que só recentemente


passou a receber a devida atenção. Ela manifesta -se geralmente a pós a separação
do casal, mais especificamente no momento da disputa pela guarda, quando um dos
cônjuges passa a manipular os filhos como forma d e atingir o outro. Inicia - se
então um processo de programação da criança para que esta passe a odiar o outro
sem motivo aparente . Maria Berenice Dias explica como isso acontece :

Com a dissolução da união, os filhos ficam fragilizados, com


sentimento de orfandade psicológica. Este é um terreno fértil
para plantar a ideia de abandonada pelo genitor. Acaba o
guardião convencendo o filho de que o outro genitor não
lhe ama. Faz com que acredite em f atos que não ocorreram
com o só intuito de levá-lo a afastar-se do pai.

Trata-se de uma forma de vingança a dotada por um dos ex -cônjuges, que


por sentir -se traído e abandonado pelo outro e por sabe r que este deseja manter
contato com o s filho s, começa a manipulá-los p ara separá-lo s do outro pai ou mãe.
Nas palavras de Andréia Calçada : “é um genitor fazer alterar a percepção da
criança sobre o outro genitor, e, em al ter ando essa percepção ele faz odiar.”
O alienador utiliza- se de uma série de artifícios para fazer com que o s
filhos acreditem que o outro pai não presta, que ele os traiu, que não os ama
mais e não deseja mais ter contato com eles. Com o tempo os filhos passam a
acreditar nessas histórias e a repeti-las insistentemente, como se realmente tivesse
m ocorrido, até que nem o próprio genitor alienador consiga mais discernir o que
é real do que é falso p assando a acreditar na própria mentira.
Maria Berenice Dias corrobora esse entendimento no trecho a seguir:

Mas a finalidade é uma só: levar o filho a afastar-se de quem o


ama. Tal gera contradição de sentimentos e, muitas vezes, a
destruição do vínculo afetivo. A criança acaba aceitando com o
verdadeiro tudo que lhe é informado. Identifica-se com o genitor
patológico e torna-se órfã do genitor alienado, que passa a ser
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considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço.


O alienador, ao destruir a relação do filho com o outro, assume o
controle total. Tornam -se os dois unos, inseparáveis. Este conjunto
de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de
promover a destruição do antigo parceiro.

Sua existência foi constatada pelo psicanalista e psiquiatra infantil Richard


Gardner, por volta de 1985 nos Estado s Unidos, que a denominou de Síndrome
da Alienação Parental, definindo -a como “um processo que consiste em programar
uma criança para que odeie um de seus genitores sem justificativa.”
Outra importante contribuição para o conheci mento desta prática partiu de
François Podevyn que utilizou suas próprias experiências para descrevê -la: “depois
que me separei da mãe de meus 3 filhos, vejo - os afastarem-se de mim cada vez
mais, apesar de todos os meus esforços.”

2.2 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL

Como vimos o primeiro a tratar do assunto foi o Doutor Richard Gardner que
a denominou de Síndrome d e Alienação Parental. Essa expressão , porém, tem si
do alvo de muitas críticas quanto a sua utilização.
Em primeiro lugar esclareceremos o significado da palavra Síndrome que é um “
conjunto de sinto mas que se a presentam numa doença e que a caracterizam.” Enquanto
alienar significa “t ornar alheio, alucinar, perturbar, indispor, malquistar, afastar, desviar,
endoidecer, enlouquecer, desvirtuar.”
Portanto , podemos concluir que a expressão Síndrome da Ali enação Parental
corresponde ao conjunto d e sintomas (sequelas) apresentados pelos filhos submetidos
à prática da Alienação Parental. Enquanto que Alienação Parental são os ato s
praticados pelo alienador, com a finalidade de promover o afastamento dos filho s
com o outro genitor.
Ressaltamos que essa síndrome não consta nem no CID -10 (Classificação
Internacional de Doenças) nem no DS M-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Doenças Mentais).
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2 IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENT AL

Reconhecer uma situação de Ali enação Parental não é uma tarefa fácil , e
pode ser necessário o auxílio de uma equipe de profissionais como psicólogo,
psiquiatra, assistente social. Esses analisarão todos os envolvidos no caso para
verificar a veracidade das informações.
Como já citamos anteriormente a nova lei trouxe algumas diretrizes para
facilitar essa identificação quando, além de defini -la , citou alguns exemplos de
hipóteses de ocorrência da Alienação Parental, que, no geral, dizem respeito ao
comportamento do alienador. Portanto, podemos conclui r que o melhor modo de
identificar a presença deste fenômeno é através da análise do padrão de
comportamento do alienador.
Não é possível relacionar todas as condutas que o alienador pode adotar , mas
algumas delas são bem conheci das: apresentar o novo cônjuge como novo pai ou
nova mãe; interceptar cartas, e -mails, telefonemas, recados, pacotes destinados aos
filho s; desvalorizar o outro cônjuge per ante terceiros; desqualifica r o outro cônjuge
para os filhos; recusar informações em relação aos filhos (escola , passeios,
aniversários, festas etc.); falar d e modo descortês sobre o novo cônjuge do outro
genitor; impedir a visitação; “esquecer” de transmitir avisos importantes /
compromissos ( médicos, escolares etc.); envolver pessoas na lavagem emocional
dos filhos; tomar decisões importantes sobre os filhos sem consultar o outro;
trocar nomes (atos falhos) ou sobrenomes; impedir o outro cônjuge de receber
informações sobre os filhos; sair de férias e deixar os filhos com outras pessoas;
alegar que o outro cônjuge não tem disponibilidade para os filhos; falar da s
roupas que o outro cônjuge comprou para os filhos ou proibi-los de usá-las; ameaçar
punir os filhos caso eles tentem se aproximar do outro cônjuge; culpar o outro
cônjuge pelo comportamento dos filhos; ocupar os filhos no horário destinado a
ficarem com o outro. Além disso, o alienador também pode utilizar -se de falsas
denúncias de abuso físico , emocional ou sexual.
Também é possível identificar a ocorrência de Ali enação Parental através do
comportamento dos filhos que tornam-se mais agressivos e passam a evitar o
contato com o genitor alienado, utilizando par a isso desculpas bobas. É comum
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também essas crianças, em caso de conflitos, tomarem o partido do alienador,


defendendo- o, e contando histórias que não vivenciaram, como fossem suas.

3.1 FALSA ACUSAÇÃO D E ABUSO SEXUAL

Na tentativa de excluir o outro genitor da sua vida e dos seus filhos, o


alienador utiliza todas as ar mas possíveis, inclusive a Falsa Acusação de Abuso
Sexual . Esta é , sem dúvida, a forma mais grave de Alienação Parental e a que
causa mais danos aos filhos.
Em primeiro lugar, vale lembrar que o abuso sexual infantil existe sim,
inclusive podendo ser praticado dentro de casa por familiares ou pessoas ligadas ao
menor, mas não é esta a abordagem que pretendemos fazer aqui. Nosso objetivo
é tratar das falsas acusações de abuso sexual, utilizadas por um dos genitores
como forma de atingir o outro genitor. Quando o corre uma acusação de abuso sexual,
mesmo que esta venha a ser desmentida posteriormente, certamente estarão várias
sequelas. Pois até que se demonstre que a acusação era falsa, e que o menor foi
manipulado de forma a acreditar ter sido mesmo abusado, este terá sido submeti
do a um a série de situ ações que prejudicarão seu desenvolvimento psíquico , como
por exemplo, os infinito s depoimentos que terá que prestar a profissionais, mu itas
vezes, despreparados e em l ocai s inadequados.
Além do fato de que, quando há uma acusação de abuso sexual contra um
menor, as autoridades envolvidas tem uma maior tendência a solicita r que as
visitas sejam imediatamente suspensas até que se apure a veracidade das alegações.
Enquanto a pesquisa psicossocial é realizada, o menor permanece afastado do
genitor acusado, rompendo -se o vínculo existente entre eles. Apesar de que o
juiz pode determinar visita s monitoradas, mas ainda assim, o vínculo é enfraquecido.
Nesses casos o menor é induzi do a acreditar que foi realmente abusa do pelo
genitor alienado, e essa lembrança passa a integrar suas lembranças, como se ele
realmente tivesse vivido aquele fato. Por isso os especialistas afirmam que os
danos para esta criança serão praticamente os mesmos de uma criança realmente
abusada sexualmente.
Muitas vezes a suspensão do contato com o genitor acusado é sugerido por
profissionais não devidamente habilitados, que baseiam seus laudos nas alegações
de apenas uma das partes, não proporcionando a outra parte o direito de defesa.
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3.2 DIFERENÇAS ENTRE O REAL E O FAL SO ABUSO

Da mesma maneira que um genitor acusa o outro de ter cometido abuso sexual
contra o filho, o outro genitor defende -se acusando aquele de estar utilizando uma
falsa acusação de abuso com a intenção de separá-lo do filho, constituindo ato de
Alienação Parental.
Diferenciar um caso de abuso sexual de um caso de Alienação Parental é
uma tarefa muito difícil. Em primeiro lugar é preciso muito cuidado para colher
o depoimento do menor, o que somente deve ser feito por u m profissional
habilitado e com experiência nesse tipo de caso e com o emprego de técnicas
adequadas, tomando o máximo de cuidado para não induzi-lo a respostas que não são
suas.
Ao longo do tempo, e com o aumento do número desses casos, alguma s
pessoas ligadas à área, conseguiram identificar algumas características que
distinguem u m caso do outro, passaremos então a apresentá-las.
Segundo Richard Gardner, quando se trata de um caso de abuso o menor
lembra-se facilmente do ocorrido , transmitindo informações detalhadas, no caso
de alienação “a criança necessita d e ajuda para “recordar -se ” dos acontecimentos.”
Além disso, na falsa acusação as informações presta da s “carecem de detalhes
e são contraditórios entre os ir mãos.” Quanto ao in ter rogatório, quando é feito
sem a presença do alienador “os filhos dão versões diferentes. Quando interrogados
juntos, se constatam mais olhares entre ele s do que em víti ma s de abuso.”
Outras características diferenciadoras foram publicadas por Manoel Jose Aguilar
, que ressalta que crianças abusadas costumam apresentar conhecimentos sexuais
impróprios para sua idade, como ereção, ejaculação, sabor do sêmen , além disso ,
elas passam a desenvolver condutas voltadas ao sexo como , por exemplo, sedução
e masturbação excessiva, no caso das falsas acusações as crianças não possuem
tal conhecimento nem atitudes. Crianças abusadas sexualmente também costuma m
apresentar indicadores físicos como lesões ou infecções, transtornos funcionais, como
alterações n o sono ou alimentação, atrasos educativos e ainda alterações no padrão
d e interação, como, por exemplo , isolamento social e agressividade.
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Outros fatores de terminantes do abuso sexual são sentimento de culpa,


depressão, choro sem motivo, baixa autoestima e até tentativa de suicídio. 32 É
importante também observar se a criança utiliza palavras compatíveis com a sua
idade, pois nos casos de Alienação Parental é comum a criança utilizar-se de
palavras ditadas por adultos, outro detalhe importante é que a criança também
deve apresentar uma visão infantil dos fatos. Aguilar diz também que no caso de
abuso o genitor percebe e importa -se com o sofri mento do filho, podendo ele
também ter si do vítima de abusos, além disso , as denúncias não estão ligadas à
separação do casal , estas geralmente antecedem a separação. No caso de Alienação
Parental ocorre o contrário.

5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO E EFETIVIDADE

5.1 MEDIDAS PREVISTA S NA LEI N° 12.318/2 010

A lei n° 12.318, em seu artigo 4°, prevê que quando forem declarados
indícios da prática de Alienação Parental, surge imediatamente a necessidade de o
juiz adotar medidas de cautela a fim de proteger o menor e assegurar seu direito
de convivência familiar .
Determina também que o processo tenha tramitação prioritária, para evitar
que a demora na apuração das a legações acabe por piorar a situação de afastamento
entre filhos e pais.
Entre essas medidas de cautela podemos citar a visita monitorada, que é um
instrumento útil para garantir direito mínimo de visitação, principalmente e m casos
de denúncia de abuso físico ou sexual.
Quando caracterizada a Alienação Parental, a lei determina a adoção de
medidas de proteção direta, que estão elencadas no ar ti go 6° da lei. Cabe ressaltar
que trata-se de rol mera mente exemplificativo, cabendo a aplicação de outras
medidas além das que foram citadas .
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Art. 6o Caracterizados atos típicos de ali enação


parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de
criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem
prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e
da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir
ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:

I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o


alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor
alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial ;
V - determinar a alteração da guarda para guarda com
partilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou
adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.

Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de


endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar,
o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou
retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por
ocasião das alternâncias do s períodos de convivência familiar.

É importante também frisar que essas medi das não tem a intenção de punir
o alienador, mas sim de proteger a criança e o adolescente . Isso pode ser verificado no
inciso IV, deste mesmo artigo, que abre a possibilidade de acompanhamento
psicológico e /ou biopsicossocial par a qualquer um dos envolvidos e não somente
à criança. O que reforça a ideia de que a lei pretende possibilitar a reaproximação
da família e não seu afastamento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A separação do casal é um evento que marca a vida de todos os membros


da família , especialmente a dos filhos. Muitas vezes, os pais ficam tão preocupados
com seus problemas e suas necessidades durante a separação, que não conseguem
distinguir o que é melhor p ara os filhos, tratando-os como meros objetos de uma
disputa. Nestas situações cabe a o Estado intervir para assegurar que esses menores
tenham respeitada sua dignidade e seu direito à convivência familiar.
Uma das maneiras encontradas para se preservar o direito dos filhos de
contato com os pais é a instituição da guarda compartilhada, que por assegurar uma
distribuição mais equitativa da autoridade parenta l, permite que a criança e o
adolescente beneficiem-se da convivência com ambos. Essa característica
apaziguadora da guarda compartilhada acabou destacando -a também como uma
forma de solução para o problema da Alienação Parental.
Quando a separação ocorre em meio a conflitos, pode desencadear
sentimentos extremos de ódio e vingança entre os ex -cônjuges. Tais sentimentos
resultam e m condutas desequilibradas por par te dos genitores, e podem
comprometer seriamente o desenvolvimento psicológico dos filhos, que já estão
fragilizados pela separação dos pais. Essa fragilidade aliada a alta sugestionabilidade
( comum da criança) tornam-na presa fácil para o alienador, que consegue fazer
com ela acredite em todas as histórias inventadas por ele.
Portanto, podemos dizer que a Alienação Parental é uma forma de abuso
psicológico cometido contra o menor e que deixa uma série de sequelas neste,
poden0do transforma- lo em u m adulto problemático que pode inclusive, vir a
reproduzir o comporta mento alienador.
A lei traz o conceito legal de Alienação Parental e exemplifica as for mas
como ocorre tal prática, além de direcionar o poder discricionário do juiz p ara a
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adoção de medidas, que visam proteger a integridade física e psicológica do menor


e que garantam a manutenção do vínculo parental entre o menor e o s pais,
colocando inclusive, como direito funda mental da criança e do adolescente o
direito a convivência familiar saudável. Ressaltando que a convivência deve ser
mantida mesmo durante as investigações, nem que seja d e forma reduzida, por
meio de visitas monitoradas, a não ser que isto represente risco de dano ao menor.
É possível concluir que a medi da que a Alienação Parental se torna mais
conhecida, torna -se mais fácil a identificação e prevenção de sua ocorrência.
Nesse sentido a nova lei representa u m avanço , pois aborda questões
relevantes referentes à Alienação Parental, na tentativa de solucionar ou pelo me
nos minorar os problemas que vinham o correndo.
Esperamos que a lei, que veio em tão boa hora, consiga alcançar seu
propósito de garantir a efetividade do comando constitucional que assegura as
crianças e adolescentes total proteção com absoluta prioridade .
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45 REFERÊNCIAS BIBL IOGR ÁFICAS

A MORTE INVENTADA: Ali enação Parental . Direção de Alan Minas. Produção


de Daniela Vitorino. Brasil: Caraminhola Filmes, 2 009. AGUILAR, Jose Manoel.
Comparação dos sintoma s da alienação parental com o s sinto mas de abuso sexual.
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