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FILOSOFIAS DE VIDA E A BUSCA DA FELICIDADE HUMANA

Luciano Gomes dos Santos1

Nós seres humanos, buscamos ao longo de nossas existências valores e


princípios para guiarem a nossa vida prática. O povo grego tinha a comunidade política
como espaço de sua realização humana, ou seja, da construção da felicidade e do agir
ético. O homem grego acreditava que somente vivendo em comunidade seria feliz e
encontraria sentido para sua vida.
Alexandre, o Grande, quando dominou a Grécia, o homem grego perdeu a
cidade como referência para a realização da ética e da felicidade e aí irão surgir novas
propostas para o homem construir a sua felicidade e seu comportamento ético. Neste
contexto nascem as chamadas Filosofias de vida.
As Filosofias de vida são definidas filosoficamente como o conjunto de
princípios para guiar a vida prática. Destacam-se dois conceitos que imprimiram
atitudes de vida no período helenístico da filosofia. O primeiro é a autarquia que
corresponde ao indivíduo que percebe dispor de tudo aquilo de que necessita para viver,
sem depender dos bens materiais ou do reconhecimento social. Condição do sábio que
entende a felicidade como consequência da virtude e não de riquezas, honras ou
prazeres. O segundo é a ataraxia ou apatia que corresponde ao estado do homem
constantemente imperturbável frente às emoções. Uma condição de tranquilidade, na
qual, independentemente dos fatos, o indivíduo permanece inabalável, sem se deixar
arrastar por alegrias e prazeres, nem por dores e tristezas. Era considerada uma
conquista possível e equivalente à própria felicidade humana.
Dentre as Filosofias de vida se destacaram o cinismo, o estoicismo, o epicurismo
e o ceticismo. O cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”; cínico, do grego
kynicos, significa “como um cão” (COTRIM, 2006, p.96). O termo cinismo designa a
corrente dos filósofos que se propuseram a viver como os cães da cidade, sem qualquer

1 Doutor em Direito pela PUC Minas. Doutor em Teologia pela FAJE. Mestre em Teologia Moral pela
Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) – Belo Horizonte/MG. Pós-graduado em Parapsicologia.
Graduado e Licenciado em Ciências Sociais - Universidade Castelo Branco. Licenciado em Filosofia pela
Faculdade Fênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil (GO). Graduado em Teologia – Faculdade de
Teologia de Boa Vista. Professor da Faculdade de Direito Padre Arnaldo Janssen e Coordenador da
Comissão Própria de Avaliação (CPA) dos cursos de Administração/Direito e do Centro de Valores da
Faculdade Arnaldo. Professor do Colégio Cotemig. Endereço
eletrônico: lucianogomesdossantos21@gmail.com
propriedade ou conforto. Os cínicos assumiram ao extremo a filosofia socrática,
segundo a qual o homem deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens
materiais.
O fundador do cinismo foi Antístenes, mas o nome que se destacou foi de
Diógenes que deambulava pela cidade com uma lamparina acesa, mesmo de dia,
afirmando a quem o interrogava que procurava "um verdadeiro homem". Aquele que
vivia de acordo com a natureza. Para Diógenes o ser humano se afastou de sua natureza
ao criar as convenções sociais, econômicas e políticas. Os cínicos buscavam a vida
simples e serena, harmonia com a natureza e os instintos humanos, livre das convenções
e das instituições sociais. Eles desdenhavam os bens materiais e tudo o que fosse
supérfluo para a existência. O cinismo em sua prática desejava alcançar a vida moral,
identificada com a autarquia.
A verdadeira felicidade correspondia ao autodomínio e à liberdade. Ela não
poderia depender de fatores externos como luxo, poder ou boa saúde, mas consistia em
libertar-se do inquietante desejo de possuir coisas tão passageiras. Para chegar à
Felicidade, era necessário conquistar a apatia, deixando de atormentar-se com as
doenças, a morte, o próprio sofrimento ou o dos outros. Os cínicos questionavam a
validade das normas morais e religiosas, bem como a das leis civis. Assim, eles foram
considerados uma espécie de precursores do anarquismo moderno.
Para alcançarem a plena autossuficiência, os cínicos afirmavam que era
necessário renunciar às riquezas, honras, bem-estar e tudo o que aprisiona. O ideal do
homem livre e feliz, para eles, era o mendigo contemplativo que nada tinha, e por isso
mesmo, de nada dependia.
O cinismo produz seus ecos na sociedade do século XXI, despertando em nós o
que seria essencial para alcançarmos a nossa felicidade, como projeto de vida e sentido
existencial. Nos dias atuais, só existe para o mercado o indivíduo que consome, ou seja,
consumo, logo existo! O ato de consumir faz parte de nossa condição humana para a
própria sobrevivência, porém somos levados a consumir o supérfluo na ilusão de sanar
nossas tristezas e depressões no ato da compra. Viver no século XXI e estar bem
consigo é preciso des-coisificar nossa existência das coisas do mundo criadas pelo ser
humano. A simplicidade é encontrar a leveza do ser sem estar entupido de coisas e
tornado-se coisa.
O cotidiano desperta do dragão do estresse e nos deixa doentes e impotentes
diante das cobranças e do cronos que devora o nosso ócio. Na sociedade capitalista não
podemos viver a serenidade e a harmonia com a natureza, mas ao contrário somos
interpelados a trabalhar e consumir o fruto de nosso trabalho de forma incessante. O
grito do cinismo nos desperta de nossa hipnose consumista e nos alerta pelo cuidado de
nosso ser. A paz interior, a saúde mental e a harmonia com o universo.
O estoicismo foi uma das filosofias de vida de maior influência no período
helenístico. A origem da palavra estoica se refere à stoá (pórtico), local de Atenas em
que se reuniam seus adeptos. O estoicismo foi fundado na Ilha de Cipre por Zenão de
Cício (COTRIM, 2006, p.97). Em Roma, o estoicismo penetrou todas as camadas
sociais: Sêneca (0 - 65 d.C.) um filósofo, Epitecto, um escravo, (50 - 125 d.C.) e o
imperador Marco Aurélio (121-180).
As três máximas do estoicismo eram: o mundo é um ser vivo; o ser humano deve
viver segundo a natureza (Vivere secundum naturam) e a ideia de cidadão do mundo
versus cidadão do Império. Dentre as principais ideias destacam-se: a filosofia é vida
contemplativa, com base na ataraxia e na autarquia; a pessoa é um microcosmo; a
ordem do mundo é mantida por uma razão divina (logos); o homem deve aceitar o seu
destino (sua verdadeira sabedoria); a razão funda o direito natural, pois pode fornecer
normas infalíveis.
Os estoicos defendiam a ideia de direito natural, isto é, respeito a todos os seres
humanos, inclusive escravos e estrangeiros. O outro não deve ser reconhecido pela
cidade que pertence, mas por sua humanidade, pois ele é cidadão do mundo.
O pensamento estóico defende que somos o universo em miniatura. O que existe
no universo está presente em nosso ser particularizado. Neste contexto estóico, podemos
refletir que as leis que governam o universo, portanto governam nossas vidas. Como por
exemplo, as Leis da Ação e Reação, da Criação, da Harmonia, da Evolução e da
Vibração. Compreender o ser humano é compreender o universo e compreender o
universo é compreender o ser humano.
Os estóicos prezam pela virtude e pela serenidade de espírito. São elementos que
promovem a felicidade humana. A virtude é hábito adquirido, assim podemos habituar
ao que é bom ou mal na perspectiva de uma determinada cultura. Reflito que os estoicos
anteciparam a visão do mundo globalizado ao afirmar que o ser humano é cidadão do
mundo. Hoje, podemos afirmar que somos cidadãos do mundo, rompendo as barreiras
territoriais e tomando contato com as mais diversas culturas do planeta. O mundo é
nossa casa e podemos viajar e habitar qualquer país, pelo menos, em tese.
Por fim, os estoicos possibilitam reforçar a nossa igualdade do ponto de vista do
gênero humano. Devemos ser tratados pela nossa humanidade, independentemente de
cidade, etnia, cor, religião, país e orientação sexual. Esta tese estoica reforça a nossa
igualdade perante a lei. Vive-se hoje na sociedade do descartável. Somos rotulados e
excluídos, milhares de seres humanos são considerados escória da humanidade. A
espécie humana deve proteger a si mesma e não destruir os membros de sua espécie.
Enquanto os estoicos prezam pelo domínio da dor e do sofrimento, surgem os
epicuristas que irão defender a ausência de dor e a busca do prazer mental e físico. O
filósofo Epicuro (342 - 270 a.C) fundou sua escola de pensamento num jardim: o jardim
de Epicuro. Desde as origens, o epicurismo procurava dar à filosofia um caráter
terapêutico. Não se trata de procurar a verdade, e sim a cura e a libertação dos males do
ser humano. A filosofia epicurista seria uma espécie de terapia para curar a alma das
causas da infelicidade. O pensamento epicurista se destaca pelas seguintes ideias: um
caminho que evite a dor e o sofrimento; o maior bem para o homem é o prazer; o p razer
compreendido como ausência de dor física e de perturbação mental; escolher os
prazeres duradouros; pregavam uma autarquia radical, ou seja, o indivíduo se basta a si
mesmo; a amizade desinteressada era algo valioso para os seres humanos.
Epicuro defendia a ideia de que o corpo e a alma eram átomos. Nesta
perspectiva, não há vida pós-morte, pois a alma é substância material que se dissolve
com o processo da morte. O ser humano não deve ficar preocupado com a morte, mas
deve viver plenamente sua a vida. O princípio da vida é o prazer, em grego hedoné. O
prazer se constitui na ausência de perturbações mentais e de dor física. O importante é a
simplicidade da vida em comunidade e a retirada do centro urbano.
A filosofia de Epicuro defende o valor da amizade como sentido da vida em
comunidade na descoberta do mistério da alteridade. Os discípulos de Epicuro eram
conhecidos como filósofos do jardim, pois Epicuro desde as origens de sua escola
filosófica privilegiou o contato com a natureza, a ideia de paraíso, de paz e serenidade.
Em outras palavras o jardim de delícias. O encontro do o seu ser e com o outro. A vida
simples no contato com a natureza e contemplativa. Vejo que Epicuro antecipou a visão
das terapias na sociedade moderna no auxílio do ser humano para curar os males da
alma. Ele estabeleceu quatro remédios (phármacom) para eliminar as inquietações da
alma: não há razão para temer os deuses e o além; não há por que ter medo da morte; o
prazer, quando bem compreendido, está ao alcance de todos; o mal é suportável ou dura
pouco.
Vimos que o significado de prazer para Epicuro não se restringe ao prazer sexual
pelo prazer sexual. Ele defendia a existência de três prazeres: naturais e necessários
(ex.: água, comida, sexo, abrigo, etc); naturais e não necessários (ex.: carro de luxo,
bebida cara, uma bolsa de preço incomum no mercado, etc.); por fim, nem naturais e
nem necessários (ex.: fama e riqueza).
O pensamento de Epicuro nos possibilita pensar o contexto da sociedade
moderna e o conceito de prazer disseminado pela mídia em nome do mercado que exige
seus adoradores/consumidores insaciáveis pela simples ânsia de comprar sem
necessidade. Surgiram conceitos como depressão e estresse, duplicaram-se o número de
indústrias que produzem remédios para plastificar nossos afetos e emoções. O
transtorno mental aumenta nos indivíduos que se tornaram apenas peça do sistema
produtivo e consumista.
A sociedade necessita de novo phármacom epicurista na busca da harmonia
interior para superar os desafios externos como a exacerbação do prazer pelo prazer,
denominado de hedonismo. É urgente recuperarmos a interação de nossa humanidade
com a natureza. No frenesi de trabalhos, trânsito, pressões externas e relações da vida
social requerem de nós a vida contemplativa, voltar-se para o nosso ser interior e
aprender a lidar com os desafios exteriores evitando o desgaste de energia física e
psíquica. Aprender a viver e a lidar com os problemas cotidianos sejam eles pessoais ou
sociais, financeiros ou políticos.
Por fim, destaca-se a filosofia de vida que ficou conhecida como ceticismo. Ela
foi fundada por Pirro de Élida (360 - 270 a.C.). O ceticismo é corrente de pensamento
que nega a possibilidade de se obter a verdade. Os céticos afirmavam que a natureza
absoluta das coisas era incompreensível para os homens, os quais só poderiam afirmar
como as coisas lhes pareciam. Na impossibilidade de provarem ter atingido a verdade,
eles deveriam adotar a acatalepsia e praticar a epoché, ou seja, reconhecer que não lhes
era possível compreender e, portanto, suspender qualquer julgamento sobre a natureza
absoluta das coisas, não afirmando serem elas verdadeiras ou falsas, belas ou feias, boas
ou más. E, sem poder nada afirmar sobre elas, também não deveriam inquietar-se no
desejo de possuí-las, alcançando um estado de tranquilidade imperturbável, denominado
ataraxia. Quanto à vida cotidiana, poderiam agir de acordo com os princípios e as
crenças adotadas em seu meio, sem, no entanto, assentirem em considerá-los como
verdades absolutas.
Com o ceticismo aprendemos a evitar o julgamento, uma vez que, não podemos
conhecer a realidade. É melhor suspender os juízos do que afirmar aquilo que não se
pode conhecer. Aponto que há três verdades que a mente pode assumi-las como
verdades absolutas: a realidade de nossa morte; o todo é maior do que a parte; a
existência. São verdades absolutas para mente humana. Assim, o ceticismo antigo era
uma forma de filosofia de vida ao defender a ideia de tranquilidade diante do
desconhecido.
Portanto, as filosofias de vida eram caminhos para que os seres humanos
pudessem encontrar a razão de viver e elaborar o sentido de suas existências. Todos nós
temos nossas filosofias de vida, sendo que algumas proporcionam prazeres
momentâneos e outras duradouras. Nos centros urbanos existem as chamadas tribos
urbanas que são verdadeiras filosofias de vida como premissas do processo da
socialização secundária da juventude, dentre elas se destacam: nerds, hippies, punks,
emos, skatistas, funkeiro, surfistas e rappers. Nestas filosofias de vida seus integrantes
encontram as ideologias que preenchem suas inquietudes diante do mundo que vivem,
encontrando assim, o sentido de estarem no contexto em que nasceram.

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