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Analistas moçambicanos dizem que a reivindicação do Estado Islâmico de que deteve um ataque

do exército, na província de Cabo Delgado, pode ser uma indicação de que este grupo radical
sabe que tem irmãos a lutar no país que, eventualmente, possa ajudar, mas que o suposto ataque
da passada segunda-feira, não passa de uma propaganda no dia do Eid.

Foi a primeira vez que o grupo radical se pronunciou sobre os ataques armados que têm
ocorrido em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.

Tais ataques foram inicialmente atribuídos a fundamentalistas islâmicos, e mais recentemente,


a antigos garimpeiros ilegais que operavam no distrito de Montepuez, igualmente naquela
província.

Refira-se que na altura, a liderança da Comunidade Islâmica em Moçambique negou qualquer


ligação com os atacantes, e nas celebrações do Eid, esta quarta-feira, reiterou que nada tem a ver
com os insurgentes.

O político moçambicano, Raúl Domingos, diz que não se deve desprezar esta alegação, tanto
mais que até aqui ninguém tinha reivindicado os ataques a aldeias e cidadãos em Cabo Delgado.

De acordo com aquele político, "o que se dizia é que se tratava de forças não identificadas que
estão a desenvolver acções de terrorismo em Moçambique, pelo que, para mim, o assunto é mais
sério do que se imaginava.

Entretanto, o analista Dércio Francisco considera que a reivindicação do Estado Islâmico "é uma
propaganda, mas isso mostra que o grupo pode ter interesse em Moçambique".

Francisco realça que o Estado Islâmico está agora a viver o seu pior momento, porque perdeu o
território e o exército que tinha na Síria, e o que está a fazer agora é aquilo que se chama
guerrilha de mídia, tentando fazer passar a ideia de que é tão forte que até ataca Moçambique".

A informação sobre a reivindicação do Estado Islâmico foi bastante mediatizada em


Moçambique, e chegou também ao conhecimento da polícia moçambicana, mas esta declinou-se
a fazer qualquer comentário.

O comandante geral da polícia de Moçambique, Bernardino Rafael, garante que as


Forças de Defesa e Segurança estão a combater os grupos de extremistas islâmicos
que aterrorizam a província de Cabo Delgado, no norte do país, afirmando que estes
têm os dias contados.

As Forças de Defesa e Seguranca estão mobilizadas nos distritos de Mocimboa da Praia, Nangade,
Palma e Macomia na província de Cabo Delgado, no norte de Mocambique, para combater o
extremismo e restabelecer a ordem e segurança pública.

Esta garantia foi dada pelo Comandante Geral da Polícia moçambicana, Bernardino Rafael.

A eliminação em Olumbi no distrito de Palma, nas últimas vinte e quatro horas de nove elementos
supostamente pertencentes a um grupo radical de inspiração islâmica, que no passado Domingo
decapitou 10 pessoas, é o resultado mais visível da presença das Forças de Defesa e Segurança na
região, assegurou o Comandante Geral da Polícia, Bernardino Rafael.

Durante o confronto com o grupo de islamistas também conhecido pelo nome de Al-shabab, as
forças de segurança moçambicanas recuperaram catanas, bem como uma arma do tipo AK47.
Rafael efectuou declarações a sua chegada à Maputo depois de ter participado na semana finda em
Angola na reunião de polícias da África austral, onde foi informado sobre a existência de
mocambicanos em grupos radicais que actuam na República Democrática do Congo e na Tanzânia.

Estado Islâmico na província


moçambicana de Cabo Delgado:
Estratégia de pressão?
Com a reivindicação feita pelo Estado Islâmico do último ato de insurgência em Cabo
Delgado, analista opina que autoridades moçambicanas já podem procurar saber as reais
motivações dos jihadistas em relação a Moçambique.

O SITE Intelligence, plataforma que monitora as atividades dos jihadistas no mundo, informou que o
grupo extremista Estado Islâmico reivindicou pela primeira vez, nesta terça-feira (04.06.), um ato de
insurgência em Cabo Delgado, província do norte de Moçambique.
O comunicado da plataforma, citado pela agência AFP, indica que os combatentes do califado
conseguiram repelir um ataque do exército moçambicano na aldeia de Metubi, na região de
Mocimboa da Praia, fazendo mortos e feridos, mas não cita números.
Conhecer a o inimigo é entendido como uma vantagem para o Governo moçambicano. Em
declarações à DW África, o analista moçambicano Pedro Nhacete afirmou que "já há possibilidade de
se apurar ou procurar saber quais são as motivações do Estado Islâmico. Pelo menos já há pistas ou
aparece uma reivindicação do Estado Islâmico que o Governo pode procurar saber o que se
reivindica. Esse é um passo importante que se pode dar", disse Nhacete.
Cimeira EUA-África debate extremismo

Estado Islâmico na província moçambicana de Cabo Delgado:


Estratégia de pressão?
A confirmar-se, efetivamente o facto, a cara dos atacantes só surge cerca de um ano e meio depois do
início dos ataques armados. Isto acontece numa altura em que aparentemente os interesses
empresariais norte-americanos na área de segurança em Moçambique estão "empatados" e pouco
antes da cimeira de negócios EUA - África, que decorre de 18 a 22 de junho em Maputo e que poderá
ter como tema subjacente a questão do extremismo.
Em simultâneo, os dois países degladiam-se pela extradição de Manuel Chang, ex-ministro das
Finanças de Moçambique, no contexto das dívidas ocultas e numa altura decisiva no que se refere ao
investimento das petrolíferas norte-americanas em Cabo Delgado. Seria forçar uma ligação desses
factos?
O investigador do Departamento de Paz e Segurança do Centro de Estudos Estratégicos e
Internacionais, Emílio Jovando, explica que, "não podemos fazer generalizações, são muitos aspetos
adjacentes aos fenómenos que qualquer generalização pode nos levar a erro. Mais do que isso é uma
primeira reivindicação que ocorre basicamente depois de dois anos do início dos eventos, é muito
tempo para a análise do comportamento da estratégia dos grupos extremistas usam em situações
análogas."
Foto de arquivo: Ataque armado à aldeia de Naunde (Cabo Delgado) em 2017
Contudo, o especialista sublinha que uma análise nesse sentido é oportuna e relevante. E recorda que
ao nível de Estados, Moçambique coopera com os EUA na área da segurança marítima desde 2010.
"Pecado natural"
Já no caso de interesses privados, concretamente dos supostos interesses na área de segurança,
Jovando entende que o setor é caraterizado por um "pecado natural".
Segundo Emílio Jovando, "a empresa de Erik Prince dificilmente vai conseguir vender a imagem de
um provedor de segurança tendo em conta o contexto e os fenómenos que estão a acontecer.
Transmite de forma implícita a ideia de que eles são um dos motores ou elementos que criam
instabilidade para a partir daqui apresentar soluções de segurança", afirma o analista em questões de
segurança e sublinha também que consciente ou não, "ela acaba resvalando nessa perceção, seja ela
objetiva ou subjetiva. E isso dificilmente vai sair dos cálculos e análise securitárias das formas
relevantes de tomada de decisão na área de política de defesa e segurança em Moçambique."

Militares num dos postos de controlo criados na província de Cabo Delgado,


Moçambique, na sequência de ataques a povoações isoladas da região, 16 de junho
de 2018. Os dez homicídios em Nangamede e Monjane, a 27 de Maio, incluíram
decapitações numa acção atribuída a um grupo de alegada raiz islâmica, o mesmo
que, através de diferentes células, se suspeita estar por detrás dos outros ataques a
aldeias remotas da província de Cabo Delgado que têm acontecido desde Outubro de
2017 - após um cerco inicial de dois dias à vila de Mocímboa da Praia que resultou
na invasão de postos de polícia e no homicídio de dois agentes.

O grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) afirmou hoje ter causado esta segunda-feira
mortos e feridos entre militares moçambicanos, ao deter um ataque do Exército, na
região de Cabo Delgado, norte do país.

Este comunicado, no qual não é especificado o número de vítimas, representa a


primeira vez que o grupo terrorista reivindica um ataque no norte de Moçambique,
região afetada desde outubro de 2017 por ataques armados levados a cabo por
grupos criados em mesquitas da região e que eclodiram em Mocímboa da Praia.

"Com o sucesso de Alá Todo-Poderoso e no âmbito da 'Batalha do Atrito', ontem


[segunda-feira], os soldados do Califado conseguiram repelir um ataque" do
Exército moçambicano na localidade de Metubi, na área de Mocímboa, afirma o EI
no comunicado hoje divulgado.

Os rebeldes do EI "entraram em confronto com eles [militares moçambicanos] com


uma variedade de armas, matando e ferindo um número deles" e "Alá fê-los recuar
derrotados", acrescenta.

"Os 'mujahideen' [combatentes islâmicos] apoderaram-se de armas, munições e


'rockets' que foram deixados para trás", refere ainda a nota.

A província de Cabo Delgado, onde avançam os mega-projectos de exploração de


gás natural do país, tem sido palco de ataques de grupos armados que já terão
matado, pelo menos, 150 pessoas.
A reivindicação em Moçambique acontece cerca de mês e meio depois de o EI ter
anunciado o seu primeiro ataque noutro país do sul de África, a República
Democrática do Congo (RDC).

No atentado, a 19 de abril, morreram pelo menos dois soldados de um posto do


exército em Kamango, nordeste do país, junto à fronteira com o Uganda, uma região
onde há anos se confrontam diferentes grupos armados rebeldes.

Um segundo ataque com mortes e feridos entre os militares da RDC seria


reivindicado a 24 de maio, em Somboko-Tchani Tchani, na mesma região, com
autoridades locais a atribuírem a autoria ao grupo Forças Democrática Aliadas
(ADF, sigla inglesa), do Uganda.

Estado Islâmico (EI)


O Estado Islâmico do Iraque e do Levante ou simplesmente Estado Islâmico é uma
organização jihadista islâmica que opera sobretudo no Médio Oriente, mas que já levou a
cabo atentados terroristas em vários pontos do mundo.

O ISIS, ISIL, Estado Islâmico (EI) ou Daesh - o grupo tem várias denominações - afirma autoridade
religiosa sobre todos os muçulmanos e aspira controlar as regiões de maioria islâmica, a começar
pelo território da região do Levante, que inclui a Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e
Turquia. No entanto, o objetivo deste grupo fundamentalista é expandir-se também pelo sul da
Europa e Norte de África. O grupo é composto e apoiado por várias organizações terroristas sunitas,
como a Al-Qaeda. É considerado uma organização terrorista estrangeira por organizações como a
União Europeia, Nações Unidas e países como os Estados Unidos, Israel e Austrália. O seu líder atual
é Abu Bakr al-Baghdadi, que pretende criar um califado global.

Bispo de Pemba: "O povo está a


sofrer com ataques armados"
Em entrevista à DW África, Dom Luiz Fernando Lisboa descreve como desolador o
ambiente vivido nas comunidades alvo de insurgência no norte de Moçambique e cobra
uma resposta do Governo e das forças de segurança.

Dom Luiz Fernando Lisboa é o bispo da Diocese de Pemba, em Cabo Delgado


Em entrevista à DW África, o Dom Luiz Fernando Lisboa, criticou o aparente silêncio das autoridades
e do mundo face ao clima de insegurança que se vive em alguns distritos da província moçambicana
de Cabo Delgado. Numa carta divulgada na sexta-feira passada (19.07), o padre brasileiro diz não
entender por que não há igual preocupação com as vítimas dos ataques armados, tal como acontece
com as dos ciclones Idai e Kenneth.
Na missiva intitulada "Carta Aberta ao Povo de Cabo Delgado", Dom Luiz Fernando Lisboa usou a
sua voz para expressar o sofrimento a que estão sujeitos os residentes dos distritos do norte e centro
de Cabo Delgado. Desde 2017, a população tem sido vítima de ataques protagonizados por indivíduos
cuja identidade ainda não é do domínio público.

Bispo de Pemba: "O povo está a sofrer com ataques armados"


O bispo da Diocese de Pemba assegura que a intenção da carta não é atacar a quem quer que seja,
mas alertar sobre uma triste realidade que muitos veem e ouvem, mas ignoram. "Eu tenho visto o
povo a sofrer, a andar sem rumo. Alguns perderem a esperança, estão desanimados. Então, muitas
vezes, nós precisamos ser a voz daqueles que não têm voz. É um momento forte de reflexão. Como eu
disse na carta, é um momento, se necessário, de mudarmos de estratégias, de repensarmos, todos, as
nossas ações – o Governo, as forças de segurança, as religiões e todos os grupos envolvidos", afirma.
Na carta, o bispo lançou um apelo para que as pessoas não se resignem à violência e não cansem de
procurar a justiça e a paz. "Isso seria como entregar os nossos irmãos do norte nas mãos dos
malfeitores", lê-se na missiva.
O bispo brasileiro descreve o ambiente vivido nas comunidades alvo da insurgência como desolador.
Pessoas estão a viver em casas de parentes nas vilas, devido à insegurança nas aldeias de origem, o
que resulta em problemas, como a fome e o abandono às aulas.
Dom Luiz Fernando Lisboa questiona por que diante de tanto sofrimento e do aparente descontrolo
da situação da segurança as autoridades criam um clima de secretismo e não se deixam ajudar nas
investigações.
"Se olharmos todas as notícias que nós temos no mundo, inclusive a cobertura das guerras, estão lá
os jornalistas. É claro que é uma profissão muito difícil, perigosa e que exige muita coragem e
preparação, mas essa é a tarefa do jornalista: trazer as notícias, descobrir algumas coisas que estão
escondidas. Então, penso que uma abertura poderia com certeza ajudar na identificação completa das
motivações e talvez até quem são os mandantes dos ataques", disse.
Visita papal
A carta aberta foi escrita às vésperas da visita do Papa Francisco a Moçambique, a decorrer entre os
dias 4 e 6 de setembro próximo. O cronograma da visita papal não inclui uma escala à província de
Cabo Delgado.

A província de Cabo Delgado é alvo de constantes ataques armados


"Não foi possível encaixar uma visita aqui em Cabo Delgado ou outra província. Mas o Papa tem uma
mensagem muito geral. Ele sabe da situação de Cabo Delgado, da situação dos ataques e dos ciclones
e, com certeza, ele vai dizer uma palavra de esperança a todo o povo moçambicano", sublinhou Dom
Luiz Fernando Lisboa.
O bispo disse acreditar que, apesar das dificuldades que a província enfrenta, a quantidade de
recursos naturais de que Cabo Delgado é detentora e o espírito trabalhador que caracteriza o seu
povo são condimentos perfeitos para garantir o progresso da província e de Moçambique como um
todo. Mas para tal acontecer é imperioso investir-se na formação da juventude.
"Temos jovens deambulando sem rumos, sem saber o que fazer. Então, acredito que se investirmos
mais na educação da nossa juventude, com mais escolas que ofereçam ensino médio, com escolas
técnicas e profissionalizantes que preparem a mão-de-obra que essas empresas necessitam, isso tudo
pode nos trazer progressos", concluiu.
CABO DELGADO: DATAS MARCANTES DOS ATAQUES ARM ADOS

Outubro de 2017
Os primeiros ataques de grupos armados desconhecidos na província de Cabo Delgado aconteceram no dia 5 de
outubro de 2017 e tiveram como alvo três postos da polícia na vila de Mocímboa da Praia. Cinco pessoas
morreram. Cerca de um mês depois, a 17 de novembro, as autoridades dão ordem de encerramento a algumas
mesquitas por se suspeitar terem sido frequentadas por membros do grupo armado.

Moçambique: Ministério Público e o


trabalho difícil contra o terrorismo
em Cabo Delgado
O Ministério Público (MP) diz que os ataques ainda não tipificam uma situação de
"terrorismo", mas alerta que é preciso estar muito atento. E pede mais meios para fazer as
investigações no terreno.

Vila de Macomia depois de um ataque


Para o governador de Cabo Delgado, os ataques na província são "o maior desafio dos nossos dias".
Júlio Parruque considera que os ataques de homens armados desconhecidos são um sério atentado à
soberania do país.
"É uma investida contra a paz, contra a soberania e contra a independência, que custou o suor e
sangue dos melhores filhos desta pátria amadaˮ, considera Parruque que adianta "a incursão
criminosa em Cabo Delgado protagonizada por homens instrumentalizados por mandantes que
vivem do crime organizado, com requinte elevado de terror, deve acabar."
Mais de 200 pessoas morreram desde o início dos ataques, em Outubro de 2017.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta semana que os grupos armados em Cabo Delgado
têm sido financiados por homens que se fazem "passar por empresários" e "recrutam jovens para
estas ações". Alguns deles "já estão presos", de acordo com o chefe de Estado.
Ataque `aldeia de Naunde em Cabo Delgado
Mandantes dos ataques
Até agora, ainda não foram divulgados quem são os mandantes dos ataques. O grupo radical Estado
Islâmico disse, no mês passado, que matou vários militares em Cabo Delgado, mas as autoridades
não confirmam.
Amabélia Chuquela, Procuradora-Geral Adjunta da República de Moçambique, salienta que os
ataques em Cabo Delgado ainda não podem ser tipificados como "terrorismo".
"O pânico, o terror que estes indivíduos estão a criar no seio da população é uma indicação de que
algo está errado e que pode levar-nos sim ao extremismo violento ou terrorismo", analisa Chuquela
justificando que "dos casos que nós temos, nada ainda nos dá indicação de que estão preenchidos
elementos que nos possibilitam integrá-los como ato de terrorismo, conforme o nosso ordenamento
jurídico", disse.
Terrorismo ou não, um tema por discutir interinamente
Para o representante do escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crime em Moçambique, César
Guedes, a questão dos ataques em Cabo Delgado deve ser discutida internamente.

Ouvir o áudio03:23
Moçambique: PM e o trabalho difícil contra o terrorismo em
Cabo Delgado
"As autoridades têm que decidir se isto é terrorismo… Mas o nível dos ataques que nós vemos é muito
parecido e pode-se relacionar com atos de terrorismo", classifica Guedes.
Terrorismo ou não, a verdade, é que em conexão com os ataques, a Justiça moçambicana já condenou
130 indivíduos a penas que variam entre dois e 40 anos de prisão por crimes de homicídio qualificado
ou posse de armas proibidas, por exemplo.
Prisões preventivas
Outras 250 pessoas estão em prisão preventiva. Os advogados de defesa não se têm pronunciado
publicamente sobre o assunto.
Questionada sobre se os processos até agora não teriam dado pistas às autoridades moçambicanas
sobre as causas dos ataques e os seus mandantes, a Procuradora-Geral Adjunta de Moçambique
limita-se a dizer que este é um fenómeno complexo. E salienta que é preciso dotar os agentes
criminais de capacidades técnicas e materiais.
Especialistas em matéria de combate ao terrorismo da Espanha, Holanda e das Nações Unidas estão,
desde terça-feira (16.07.), na cidade de Pemba a capacitar oficiais do Ministério da Defesa,
investigadores criminais do SERNIC, magistrados do Ministério Público e Judiciais.

Procuradoria-Geral da República de Moçambique


Mais meios para investigação
Desde o início dos julgamentos relacionados com os ataques, no ano passado, cerca de 200 pessoas
foram absolvidas pelo Tribunal Judicial de Cabo Delgado por insuficiência de provas, o que já
mereceu contestações até da parte do Presidente da República, Filipe Nyusi.
O estadista moçambicano alertou que é preciso "aprofundar as investigações". Mas a Procuradora-
Geral Adjunta, Amabélia Chuquela, pede mais meios.
"É importante angariar elementos de prova suficientes, que permitam ao procurador poder deduzir
uma acusação substancial, que também possibilitem ao tribunal, quando julgar estes casos, ter
matéria bastante para condenar as pessoas", constata Amabélia Chuquela, para quem "nós só
podemos resolver a questão de Cabo Delgado se começarmos também a investir nos órgãos que estão
aqui no terreno a fazer a investigação, a prossecução e o julgamento destes casos", conclui.

Ações contra suposto extremismo em


Moçambique: Terá sido Manuel
Chang a moeda de troca?
Moçambique, que terá resistido longamente às pressões dos EUA para agir contra um
eventual islamismo radical, pode ter finalmente cedido, entende analista. E o ex-ministro
das Finanças pode estar na base da resignação.

Moçambicanos pertencentes a
grupos armados são detidos na RDC
Doze moçambicanos estão detidos na República Democrática do Congo por supostamente
pertencerem a grupos armados responsáveis por ataques naquele país e em Moçambique. A
informação foi confirmada pela polícia moçambicana.

Ataque no distrito de Macomia, em Cabo Delgado (Foto de arquivo/2018)


A detenção dos doze moçambicanos na República Democrática do Congo (RDC) foi confirmada pelo
comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael.
Na terça-feira, num comício na província de Nampula, Bernardino Rafael disse que os 12 jovens
foram aliciados por membros de grupos armados para se deslocarem à RDC com a promessa de
continuarem os estudos, noticiou esta quarta-feira (12.06) a emissora pública Rádio Moçambique.
Segundo o comandante da PRM, os moçambicanos foram recrutados na província de Nampula, no
norte do país, vizinha da província de Cabo Delgado, que tem sido palco de ataques armados por
parte de grupos desconhecidos, desde outubro de 2017.
Extradição
O comandante-geral da PRM assinalou que as autoridades moçambicanas estão a enfrentar
dificuldades para assegurarem a extradição dos 12 jovens.
Estudos realizados sobre a origem dos grupos armados, que protagonizam ataques no norte de Cabo
Delgado, indicam que têm ligações com grupos armados de inspiração jihadista que atuam em
algumas partes da RDC.
Este mês, um sítio da internet associado ao Estado Islâmico difundiu um comunicado em que uma
filial do grupo na África Oriental reivindicava ter morto um número indeterminado de militares
moçambicanos em confrontos em Cabo Delgado.

Manuel Chang, ex-ministro das Finanças de Moçambique


Os Serviços de Informação e Segurança do Estado de Moçambique (SISE) pediram ao governo da
cidade de Maputo para mapear mesquitas. A intenção surge no contexto dos ataques armados
realizados por homens até agora não devidamente identificados na província nortenha de Cabo
Delgado. É que vários setores assumem que se trata de terrorismo associado ao Islão.
Andre Thomashausen, especialista em direito internacional, cola o manifesto interesse de controlo as
mesquitas ao processo de extradição do ex-ministro das Finanças, Manuel Chang: "É possível que
tenha havido um entendimento político agora durante a recente visita do sub-secretário assistente
para África, o sr. Nagi, que esteve em Maputo para a Cimeira de Negócios África-EUA.
"É possível que aí tenha havido algum entendimento de que possivelmente os EUA iriam abandonar
a resistência contra a extradição de Chang para Moçambique tendo como contrapartida um maior
desempenho de Moçambique no combate ao fundamentalismo islâmico", argumenta o especialista.

Ouvir o áudio04:20

Ações contra suposto extremismo em Moçambique: Terá sido


Manuel Chang a moeda de troca?
Movimentações com marcas norte-americanas em Maputo?
E neste âmbito, supõe-se que o controlo cerrado agora iniciado tenha tentáculos norte-americanos.
E Andre Thomashausen lembra "que de repente nesta última semana houve uma movimentação
contra as mesquitas em Maputo, houve atuação de empresas de segurança privadas americanas e
parece que existe um novo braço de ferro contra o que se suspeita ser um islamismo fundamentalista
em Moçambique."
Respeito à soberania tem sido um discurso, ou chavão, repetido não apenas por políticos, mas
também por intelectuais e outros setores. Caso para questionar onde cabe agora esse bem maior da
nação com a entrada de empresas de segurança estrangeiras em assuntos de segurança nacional.
Governo e a sua resistência de realce
E embora aparentemente Moçambique não tenha resistido a pressão do EUA, Thomashausen
sublinha positivamente o finca-pé que Maputo conseguiu fazer no frente a frente com a potência
mundial e compara mesmo com um país irmão.
"Moçambique por enquanto tem resistido as pressões nesse sentido, ao contrário de Angola. Angola
até chegou ao ponto de arrasar mesquistas com buldozers e caterpilars destruíndo os sítios da fé,
[mas] Moçambique tem resistido. Penso que agora chegou a um acordo de cooperação em matéria de
segurança justamente porque tem havido toda esta série de ataques trágicos e horríveis no norte de
Moçambique", exemplifica.
Mas o especialista em direito internacional lembra que as ações firmes poderão ser efetuadas sob a
esteira de grandes dúvidas: "Só que por enquanto faltam todas as provas de que se possa tratar
realmente de provas do fundamentalismo dito islâmico. As verdadeiras comunidades muçulmanas
negam que esse extremismo tenha legitimidade religiosa."
Comunidade muçulmana revoltada?
Mesquita da baixa da cidade de Maputo. Foto simbólica
Mas a aparente intenção de um maior escrutínio às mesquitas já está a causar algum
descontentamento no seio da comunidade muçulmana na capital moçambicana.
Diante da intenção de mapeamento das mesquitas, sheik Aminudin Mohamad, presidente do
Conselho Islâmico de Moçambique e do Conselho das religiões no país sublinha que "em
Moçambique não há nenhuma mesquita que pregue o radicalismo, nem no norte. Alias, o próprio
Governo já está a aprovar que os tais insurgentes nem são moçambicanos, são tanzanianos. Então
simplesmente o Governo tem de gerir a situação de segurança."
E o líder religioso garante que "as mesquitas não tem nada a ver com isso, se eles tiverem como alvo
as mesquitas, então vamos considerar uma posição discriminatória e de perseguição, porque o Islão
não é a única religião em Moçambique e além do mais está em Moçambique há mais de 1000 anos e
nunca pregou a violência e nem terrorismo então não motivo agora de nós sermos suspeitos de
promover esse tipo de atos."

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