Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
FUNDAÇÃO
1
Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Salvador – UNIFACS; E-mail:
batistajoanna@outlook.com;
2Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade Salvador – UNIFACS; E-mail:
mariana.menezesfm@gmail.com;
3Graduado em Engenharia Civil e Especialista em Gerenciamento da Construção Civil pela
ESTUDOS GEOTÉCNICOS
4
Em tradução livre, localizadas em terra firme.
De acordo com a NBR 6502 (ABNT, 1995), o solo é um material proveniente
da decomposição das rochas pela ação de agentes físicos ou químicos, possuindo
uma grande variabilidade de resistência e consistência. A análise de parâmetros e
propriedades através de ensaios de investigação do subsolo é imprescindível, tendo
em vista a sua função de suporte para as fundações. Os ensaios podem ser
classificados como de laboratório e de campo.
Os ensaios laboratoriais de caracterização do solo têm como finalidade a
definição de suas características físicas e mecânicas, além de fornecer parâmetros e
índices que identificam a natureza da amostra. Em razão do baixo custo e da facilidade
para realização, os ensaios frequentemente utilizados no estudo geotécnico são: a
análise granulométrica, os limites de consistência, os ensaios para determinação do
teor de umidade, de compactação e o de cisalhamento.
O ensaio de análise granulométrica é regulamentado pela NBR 7181 (ABNT,
2016) e consiste na colocação de uma amostra de solo em uma série de peneiras.
Com os resultados obtidos, é possível determinar os diâmetros de todas as partículas
que compõem a amostra e elaborar a curva de distribuição granulométrica, importante
para a classificação dos solos (Quadro 1).
5
Abreviatura de Standard Penetration Test.
observar o nível do lençol freático, bem como determinar o tipo de solo e o índice de
resistência à penetração (N). Este índice é utilizado para classificação da
compacidade e consistência do solo (Figura 2). O SPT também pode ser utilizado para
obtenção de parâmetros como: densidade relativa dos solos granulares; ângulo de
atrito; peso específico de solos arenosos e argilosos; coesão de argilas; módulo de
elasticidade do solo; entre outros.
Segundo a NBR 8036 da ABNT (1983, p. 1), não apenas “o número mínimo de
sondagens deve ser dois para área de projeção em planta [...] até 200 m² e três para
6
Abreviatura de Cone Penetration Test.
área entre 200 m² e 400 m² “ como também “o número de sondagens deve ser fixado
de forma que a distância máxima entre elas seja de 100 metros”. Tendo em vista que
a fundação dos aerogeradores é normalmente constituída por um bloco circular com
diâmetro superior a 20 metros, é recomendada a realização de três sondagens
formando um ângulo de 120º entre cada sondagem. A realização das sondagens em
planos diferentes, que não sejam em linha reta, fornecem uma análise tridimensional
do solo e, consequentemente, com melhores informações (BERTUZZI, 2013). Além
disto, as torres eólicas possuem um afastamento relativamente grande umas das
outras, sendo necessário a realização de investigações geotécnicas para a locação
de cada torre (FARIA; NORONHA, 2013).
Em grande parte dos projetos de fundações, somente o SPT costuma ser
realizado, no entanto a informação obtida apenas com a sondagem nem sempre é
suficiente e conclusiva (SCHNAID; ODEBRECHT, 2012).
De acordo com a NBR 6122 (2010), essas podem ser realizadas através de
sondagens à percussão adicionais, instalação de indicadores de nível d’água,
piezômetros, ensaio de palheta, assim como outros ensaios de campo e de
laboratório. Por sua vez, deve-se avaliar econômica e tecnicamente a
relevância e viabilidade desses ensaios adicionais. Ensaios de solo mais
usuais realizados em laboratório são: ensaio triaxial [...], de adensamento e
de permeabilidade. O ensaio triaxial determina parâmetros de resistência e
deformabilidade do solo [...]; o ensaio de adensamento determina
características de compressibilidade; e por fim, o ensaio de permeabilidade
verifica os coeficientes de permeabilidade vertical e horizontal através do
material (BERTUZZI, 2013, p. 31-32).
CARGAS ATUANTES
Tendo em vista o perfil esbelta das torres de energia eólica, o cálculo dos
ventos tem importância fundamental para o dimensionamento estrutural da fundação.
Normalmente, faz-se a análise da ação dos ventos a partir da NBR 6123:1988 e
medição no local, para melhor obtenção de dados.
A medição de vento no local é importante para calcular o rendimento da energia
eólica prevista, os dados da velocidade do vento que devem ser minuciosamente
avaliados para não haver discrepância na geração de energia eólica. Desta forma, é
relevante utilizar sistemas de medição que atendem aos mais altos padrões
internacionais de qualidade. A NBR IEC 61400-12-1 (ABNT, 2012) utiliza dos
seguintes sistemas: data loggers7, que registram e calculam os dados do vento;
anemômetros de copa, que medem a velocidade do vento; cata-vento, que mede a
direção do vento; e os sensores barométricos de pressão, de temperatura e de
umidade, para medir a densidade do ar. Além disso, podem ser utilizados os sistemas
de detecção remota que, segundo Walker e Swift (2015), realizam medições mais
sofisticadas das condições de velocidade e direção do vento, sendo eles o SoDAR8
(Figura 3) e LiDAR9 (Figura 4), por meio de som e de luz, respectivamente.
Além das medições de vento no local, faz-se a análise do vento pela NBR
6123:1988, a qual considera as forças devidas à ação estática e dinâmica do vento
7
Em tradução livre, registradores de dados.
8
Sonic Detection and Ranging em tradução livre, detecção e alcance sônico.
9
Light Detection and Ranging em tradução livre, detecção e alcance luminoso.
10
http://www.ammonit.com/pt/produkte/sodar-lidar. Acesso em: 12 out. 2017
11
http://www.ammonit.com/pt/produkte/sodar-lidar. Acesso em: 12 out. 2017
para efeito de cálculo das estruturas. É imprescindível que seja analisado a ação do
vento para o cálculo estrutural da fundação que suportará essa torre, além de outros
fatores como peso próprio e usabilidade dos aerogeradores. De maneira que, por ser
uma estrutura esbelta e por estar em região de vento constante – o que se faz
necessário para a instalação dos aerogeradores –, a fundação terá que ser projetada
de forma a não apresentar patologias futuras, como a fissuração decorrente do
recalque do solo.
Seguindo, portanto, as premissas da NBR 6123 (ABNT, 1988), a ação dos
ventos deve ser calculada de maneira que se tenha a sua velocidade característica, a
pressão dinâmica e o coeficiente de força que determinará os seus efeitos dinâmicos,
que se originam de fatores intervenientes como locais, tipos de terreno, altura da
estrutura, rugosidade do terreno e tipo de ocupação.
Isto posto, para verificar a velocidade característica do vento (Equação 1), são
necessários alguns dados específicos do local a ser estudado. São eles: a velocidade
básica do vento (Vo) e os fatores S1, S2 e S3 (ABNT, 1988).
𝑉𝑘 = 𝑉𝑜 × 𝑆1 × 𝑆2 × 𝑆3 (1)
FUNDAÇÕES
12
Normas europeias desenvolvidas pelo Comitê Europeu de Normalização que especificam a engenharia
estrutural na União Européia.
13
Abreviatura de Deutsches Institut für Normung e.V.. Em português, Instituto Alemão para Normatização.
As fundações podem ser classificadas como rasas e profundas. Como explicita
Shrestha (2015) e Faria e Noronha (2013), as fundações rasas são utilizadas quando
a camada superior do solo possuir alta capacidade de suporte ou for encontrada rocha
resistente a uma pequena profundidade. Caso o perfil do solo apresente baixa
capacidade ou for encontrado camadas de solo mole a profundidades dentro da zona
de influência do bloco de fundação, a fundação rasa se torna impraticável e onerosa,
sendo recomendada a utilização da profunda. As fundações profundas transferem a
carga da estrutura para uma camada de solo ou de rocha mais profunda e também
são utilizadas para reduzir o recalque diferencial. “Em ambos os tipos de fundação é
fundamental o conhecimento da posição do nível de água no subsolo” (FARIA;
NORONHA, 2013, p. 2). Na região Sul do Brasil as fundações geralmente são
profundas, enquanto no Nordeste fundações rasas são mais empregadas (BERTUZZI,
2013).
Um exemplo típico de fundação profunda é representado na Figura 6. Segundo
Bertuzzi (2013) e Milititsky (2014), o bloco de fundação é construído em concreto
armado, possui entre 16 e 24 metros de diâmetro e tem a função de transferir as ações
da superestrutura para um conjunto de estacas. São executadas entre 16 e 48 estacas
podendo ser verticais ou inclinadas, dependendo das cargas atuantes, da natureza
das camadas e requisitos de desempenho da base. O pedestal localizado no centro
do bloco envolve a coroa de ancoragem – estrutura à qual serão engastados os
segmentos do mastro. Ao final, o bloco de fundação deve ser reaterrado (BERTUZZI,
2013).
Figura 7 – Fundação rasa de base octogonal antes de ser coberta pelo solo
Pedestal
Borda
A sapata também pode ser pré-moldada (Figura 8), tendo como vantagem a
maior rapidez na construção e instalação, juntamente com a redução no volume de
14
Em tradução livre, no próprio local.
escavação do solo. Segundo Shrestha (2015), são necessários apenas dois dias para
concluir a instalação desta fundação, sendo um dia para instalar as peças e outro dia
para conectar a torre aos parafusos do pedestal. As nervuras de seção retangular ou
trapezoidal podem ser pré-fabricadas ou armadas e moldadas in loco e têm como
função tornar a laje inferior mais rígida (SILVA, 2014).
PATOLOGIAS
Fonte: Extraído de Milititsky, Consoli e Schnaid (2008, p. 15) e adaptado pelas autoras.
Outro tipo de patologia que gera fissuras com difíceis correções é decorrente
do recalque, sendo importante sua verificação durante a fase de cálculo e projeto dos
aerogeradores. As normas possuem parâmetros ideais para evitar disfunções
decorridas do adensamento do solo sob a fundação, que geram um deslocamento
vertical da base em relação à superfície. Quando ocorre com diferentes magnitudes e
em partes distintas da construção, o recalque causa distorções nas estruturas, desde
pequenas fissuras até grandes trincas. “Outro fator que também deve ser levado em
conta é o efeito de grupo, uma vez que o recalque de um conjunto de estacas unidas
por um bloco de coroamento apresenta maior valor que um elemento isolado”
(BERTUZZI, 2013, p. 40).
Vale ratificar que, além de um projeto bem feito e uma execução correta dos
procedimentos construtivos, é necessário que haja vistoria e manutenção periódica
que buscarão fissuras e movimentações de solo a fim de assegurar a vida útil da
estrutura, prevenindo-a de tombamento, deslizamento, ruptura, descompressão e
deslocamento diferencial do solo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson. Fundações por estacas: Projeto geotécnico.
1. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
FARIA, P. O.; NORONHA, M.. Fundações de Torres Eólicas - Estudo de Caso. In:
GEOSUL 2013, 2013, Criciúma. Florianópolis: 2013. p. 1 - 13. Disponível em:
<http://www.abms.com.br/links/bibliotecavirtual/geosul2013criciuma/2013-faria-
noronha.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017.
LANG, Paul J.. Sensitivity of shallow wind turbine foundation design and soil
response to geotechnical variance with construction cost implications. 2012.
246 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil e Ambiental, University Of
Wisconsin-Madison, Madison, Wisconsin, United States, 2012. Disponível em: <
http://www.academia.edu/7777588/SENSITIVITY_OF_SHALLOW_WIND_TURBINE
_FOUNDATION_DESIGN_AND_SOIL_RESPONSE_TO_GEOTECHNICAL_VARIA
NCE_WITH_CONSTRUCTION_COST_IMPLICATIONS>. Acesso em: 26 out. 2017
PINHO, Felipe Gonçalves, MORAES, Lucas Cuellar de. Vibrações induzidas pelo
vento em estruturas metálicas: uma abordagem via elementos finitos. 2014. 93 p.
Monografia (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás,
Goiânia. Disponível em:
<https://www.eec.ufg.br/up/140/o/VIBRA%C3%87%C3%95ES_INDUZIDAS_PELO_
VENTO_EM_ESTRUTURAS_MET%C3%81LICAS_UMA_ABORDAGEM_VIA_ELE
MENTOS_FINITOS.pdf>. Acesso em: 13 out. 2017.
RIERA, Jorge D.. Sobre a definição do vento para projeto estrutural na ABNT NBR
6123 (1988) e outras normas Sul Americanas. Revista Sul-americana de
Engenharia Estrutural, Passo Fundo, v. 13, n. 3, p.1-27, set.-dez./2016. Disponível
em: <http://seer.upf.br/index.php/rsaee/article/view/6532/3976>. Acesso em: 12 out.
2017.
SHRESTHA, Shweta. Design and analysis of foundation for onshore tall wind
turbines. 2015. 237 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Clemson
University, Clemson, South Carolina, United States, 2015. Disponível em:
<http://tigerprints.clemson.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=3296&context=all_theses>
. Acesso em: 26 out. 2017.
WALKER, Richard P., SWIFT, Andrew. Wind Energy Essentials: Societal, Economic,
and Environmental Impacts. Hoboken: Wiley, 2015. 512 p.