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PIAGET E VYGOTSKY:
Caminho rumo à descoberta de um fenômeno
chamado linguagem, nos primeiros anos de
vida da criança
4
Danilo Souto Maior
PIAGET E VYGOTSKY:
Caminho rumo à descoberta de um fenômeno
chamado linguagem, nos primeiros anos de
vida da criança
Editor autor
2014
Copyright © 2014, Danilo Souto Maior
Copyright desta edição © 2014
Editor autor
82f.
1. Psicolinguística. 2. Desenvolvimento
cognitivo e da fala. 3. Linguagem. I. Título.
CDD – 153
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Sumário
Prefácio ............................................................................................. 9
INTRODUÇÃO ............................................................................ 11
7. VYGOTSKY E OS ESTÁDIOS DE
DESENVOLVIMENTO DA FALA NA CRIANÇA. .......... 51
BIBLIOGRAFIA ............................................................................ 75
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Prefácio
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INTRODUÇÃO
1
Dados da pesquisa apresentados em: THE LIFE secret of the brain. Wider
than the sky. Baby’s brain. Produção: TV ESCOLA. Apresentação de
Valmir Cardoso. Programa Acervo: Documentário. Meio televisivo.
Brasília: Canal 14. 18 jun. 2009: 17:00h. 55’35”.
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estrutura pré-programada para a criação
de circuitos e mecanismos de conexão que
vão servir para compor todo o organismo
do feto e fazer com que o mesmo
desenvolva todas as suas faculdades
normais, ou seja, atestando aquilo que
Chomsky (1977) afirma, em outras
palavras, que somos seres biologicamente
pré-programados para o desenvolvimento
da capacidade de articular a fala e unir a
linguagem ao fenômeno ainda
desconhecido para a ciência, que é a
faculdade intelectiva do ser humano ou
seus pensamentos.
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1. O DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL (SNC) E AS ETAPAS
DE DESENVOLVIMENTO FETAL (DF).
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Com a intensa proliferação celular
que modifica a estrutura do cérebro de lisa
para enervada, com depressões e elevações
(sulcos e giros) que se parecem com dobras
do tecido cortical, e que permite um
considerável crescimento da massa
encefálica sem, contudo, requerer um
grande aumento do crânio, é a partir deste
momento, da quinta semana gestacional
em diante, que se dá a formação dos dois
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hemisférios cerebrais, sendo o esquerdo
responsável pela linguagem e pensamento
lógico e o direito responsável pelas funções
visuoespaciais.
Essa distinção funcional e mais
específica de partes do cérebro só foi
possível estabelecer a partir de 1861,
quando o pesquisador Pierre Paul Broca
identificou em um paciente o
comprometimento da fala sem, contudo,
apresentar quaisquer distúrbios de
compreensão ou articulação vocal. Outro
pesquisador, Carl Von Wernicke, em 1876,
detectou em um paciente certa alteração na
compreensão das palavras, mas não na
escrita. Wernicke também constatou que
esta área (que foi nomeada em sua honra)
era conectada por sistemas de fibras
nervosas à área de Broca, formando assim
um sistema complexo, responsável pela
compreensão e expressão deste fenômeno
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chamado linguagem (ver figura 2).
2
Disponível em: http://www.freewebs.com/. Nov. 2013
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lábios e que, na décima segunda semana, o
feto já reage a sons do meio intrauterino,
tais como os batimentos cardíacos, a
respiração, funcionamento dos intestinos e
circulação do sangue nas veias, além do
som da voz de sua mãe. É importante
salientar aqui que o feto não ouve a
palavra, condição que só é possível se
houver ar entre o emissor e receptor;
portanto, o feto ouve apenas o som da voz,
que se propaga no líquido amniótico, ou
do meio externo, como ruídos e músicas.
Na décima sexta semana surgem os
movimentos de sucção, um primeiro
estímulo para a produção sonora do bebê
ao nascer. Neste período o feto é capaz de
discriminar sensações gustativas.
Os movimentos respiratórios só
acontecem depois do quarto mês, mas
somente após o sétimo mês é que eles se
mantêm de forma independente.
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2. A CONSTITUIÇÃO DO CÉREBRO E O
NASCIMENTO DA CRIANÇA.
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Dada a plasticidade do cérebro, o
bebê nasce com um grande objetivo: o de
aprender a desenvolver novas
capacidades, com um incrível senso de
adaptação. Do contrário, seria um grande
revés para a criança, no instante mesmo
em que vê a luz pela primeira vez. A
criança imerge num mundo repleto de
novas informações e que o cérebro precisa
captar e adequar a suas condições e
limitações. Nesse primeiro contato, o
cérebro do bebê explora e constrói uma
visão própria do mundo que o circunda e,
embora com uma estrutura ainda caótica
de formação da mente, consegue se
adequar ao meio em que vive.
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Figura 3: Sinapses cerebrais.
3
Disponível em: http://www.alz.org/brain_portuguese/06.asp. Nov. 2013
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3. A COGNIÇÃO HUMANA E UM
FENÔMENO CHAMADO LINGUAGEM.
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meses vive e começa a explorá-lo de diversas
formas, inclusive com atitudes reflexas de
experimento, como, por exemplo, pegar
um objeto e balançá-lo. Neste caso,
podemos dizer que ele tem ações
intencionais, mas não um objetivo preciso,
uma meta a atingir. No entanto, percebe
que suas ações produzem determinado
efeito.
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necessariamente acometer a ação.
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4. PIAGET E OS PRIMEIROS PASSOS NO
PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA FALA.
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seus primeiros dias de vida, é capaz de
enxergar coisas há apenas trinta
centímetros de distância –, com sua
capacidade auditiva já bem desenvolvida e
que se integra e se estabelece, ao longo de
seu natural desenvolvimento, através das
chamadas “duas coordenações essenciais:
coordenação com a fonação e coordenação
com a visão” (PIAGET, 1987, p.86). O
referido autor (1987, p.87), neste caso,
constata que a “criança se comporta a
respeito dos sons que ouve tal como em
relação à visão”, este primeiramente
àquela, para só então proceder com a fala.
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5. PIAGET E A MEDIAÇÃO SIMBÓLICA NO
DESENVOLVIMENTO DA FALA NA
CRIANÇA.
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forma em simbolismo inconsciente” (Id.,
Ibid., p. 275), que prepara para uma
construção representativa das coisas e que,
ao final, se reduz a uma fonte de
imaginação criadora.
Assim, Piaget (1978) conclui então
que a aquisição da linguagem é um
processo que envolve certo despertar
intelectivo e que se fundamenta no
desenvolvimento da função simbólica.
Essa mesma função simbólica é
condicionada e se estabelece através de
etapas do desenvolvimento cognitivo,
natural a todos os bebês, que ocorre
apenas quando a criança toma consciência
de suas ações, conseguindo, através de um
pensamento mediado, antecipar os
resultados que deseja alcançar.
É nesse estágio que se inicia para
Piaget (1975) a chamada fase da
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inteligência “pré-conceptual”. A criança
passa a representar em sua mente as ações
simbólicas em substituição às ações
verdadeiras e, embora passe a ter, a partir
de então, certo domínio do léxico em que
está inserida, suas intenções ainda não têm
nada a ver com o ato de comunicar, isso
porque as palavras, de início, funcionam
apenas como parte integrante da ação.
Para o despertar da linguagem de
caráter comunicativo e social, entendendo
o social como a “indiferenciação entre o eu
e os outros, em vez de troca fundada em
diferenciação nítida” (PIAGET, 1978,
p.287), é preciso que ocorra o declínio do
chamado período do egocentrismo, onde a
criança imita pelo simples prazer de imitar
e, embora articule certas palavras ou
determinados sons não articulados em
palavras, sua intenção é altamente
desvinculada de qualquer interação com
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outrem ou suas intenções de fala “se
dirigem a si mesma tanto quanto a
outrem” (Id., Ibid., p.287). É o que os
pesquisadores identificam como o
monólogo absoluto da criança, que fala
para si mesma e não tem nenhuma
intenção em comunicar.
No entanto, pesquisas realizadas no
Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa
Médica da França, demonstrou, em 2006,
que bebês de 3 meses já são capazes de
reconhecer e reagem a frases simples
articuladas pelos mais próximos a eles,
mesmo sem ter ainda habilidade para a
fala. O mesmo estudo constatou que certas
regiões cerebrais, semelhantes às dos
adultos para o processamento de
linguagem, foram ativadas durante tal
procedimento – um fator importante e
determinante de que, nessa idade, o
cérebro já estaria pronto para a futura
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aquisição da fala.
Mas é somente quando “a palavra
começa então a funcionar como signo, isto
é, não mais como simples parte integrante
do ato, mas como evocação deste”
(PIAGET, 1978, p. 286) que a criança
efetiva seu domínio pleno da linguagem
através de sua representação cognitiva e
simbolicamente mediada.
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6. VYGOTSKY E A LINGUAGEM COMO
INTERCURSO SOCIAL.
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Para Vygotsky (2008), o meio social é
fator determinante para que a criança
compreenda e assimile os mecanismos
inerentes ao despertar de suas ideias.
Assim, a forma como a criança irá
aprender a pensar e interagir com o meio
tem a ver com o componente histórico-
social em que a mesma está inserida.
Ao contrário do que pensa Piaget
(1987), onde afirma que as habilidades
cognitivas e as formas de estruturar o
pensamento do indivíduo são
determinadas por fatores congênitos, para
Vygotsky, tais habilidades são o
“resultado das atividades praticadas de
acordo com os hábitos sociais da
cultura em que o indivíduo se
desenvolve. Conseqüentemente, a
história da sociedade na qual a criança
se desenvolve e a história pessoal desta
criança são fatores cruciais que vão
determinar sua forma de pensar.”
(2008, p.10)
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Tal atitude é mediada pela
representação máxima da interação social
que se dá através da linguagem – “A
função primordial da linguagem é a
comunicação, intercâmbio social”
(VYGOTSKY, 2008, p.29) –, que tem um
papel importante na formação do homem,
uma vez que formas avançadas de
pensamento lhe são transmitidas através
das palavras.
No entanto, Vygotsky (2008)
estabelece, a partir de experimentos não
muito claros ou bem definidos, uma ideia
que parece ser fundamental para a
compreensão dos esquemas do
processamento mental, onde diz que, no
ser humano, tanto o pensamento quanto a
linguagem têm origens diferentes, em se
tratando do composto biológico, e que tais
funções, ditas sociais, desenvolvem-se
através de caminhos independentes, não
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existindo nenhuma relação nítida ou
constante entre ambas. Ou seja,
inicialmente o pensamento é não-verbal e a
linguagem não é intelectual. Assim, tais
trajetórias de desenvolvimento, que não
são paralelas, cruzam-se em determinado
momento, mais ou menos por volta dos
dois anos de idade, que é quando a criança
supera a fase inicial de seu
desenvolvimento, dando início a uma nova
forma de comportamento, e, após
estabelecer a relação simbólica entre o
signo e o seu referente, onde, a partir de
então, o pensamento ordenado passa a ser
verbal e a linguagem racional.
Vygotsky (2008) afirma, entretanto,
que seria errado encarar o pensamento e a
fala como coisas distintas ou apenas como
estruturas que se entrecruzam,
influenciando-se mutuamente, e vai mais
além, estabelecendo que
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“a relação entre o pensamento e a
palavra não é uma coisa mas um
processo, um movimento contínuo de
vaivém entre a palavra e o
pensamento; nesse processo a relação
entre o pensamento e a palavra sofre
alterações que, também elas, podem ser
consideradas como um
desenvolvimento no sentido funcional.
As palavras não se limitam a exprimir
o pensamento: é por elas que este
acede à existência. A progressão da
linguagem em direção ao todo
diferenciado numa frase, ajuda o
pensamento da criança a progredir de
conjuntos homogêneos para partes
bem definidas.” (VYGOTSKY, 2008,
p.291)
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7. VYGOTSKY E OS ESTÁDIOS DE
DESENVOLVIMENTO DA FALA NA
CRIANÇA.
EM
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8. VYGOTSKY E A QUESTÃO DOS
DISCURSOS EGOCÊNTRICO E
COMUNICATIVO.
Discurso
comunicativo
VYGOTSKY PIAGET
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9. PIAGET E VYGOTSKY E O DESPERTAR
PARA A LINGUAGEM DE CARÁTER
INTELECTIVO.
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Grifo nosso.
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seja verdade, tais linhas, em um
determinado período do desenvolvimento
da criança, se intersectam e se imbricam,
provocando considerável mudança no
comportamento da mesma. Tal mudança
só ocorreria, conforme afirma Vygotsky
(2008), por volta dos dois anos de idade.
A partir deste momento, a criança
sente uma grande necessidade por
dominar os recursos comunicativos da
linguagem, a fim de promover a
estruturação de seu discurso, pois já
percebe a relação direta que existe entre os
signos e os objetos que representam,
embora que de forma ainda rudimentar,
pois o despertar para a inteligência
racional, que estabelece a relação simbólica
entre palavra e objeto, só ocorreria de
forma lenta e gradual, após ter adquirido
certas características do pensamento bem
desenvolvido. Assim, em um determinado
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momento, a linguagem atravessa seu
caráter, a princípio, eminentemente
afetivo-conativo e assume um papel
intelectivo no meio social em que a criança
está inserida.
Portanto, a relação estabelecida na
mente da criança “estrutura-palavra-
objeto” é assimilada mais cedo do que a
estrutura simbólica interna. Sendo assim,
uma criança dos 18 aos 24 meses não
concebe e não é capaz de descobrir a
função simbólica da linguagem, ao
contrário do que afirma Piaget (1978)7.
Primeiramente, a mesma domina a
estrutura externa ao signo, sendo que o
domínio pleno das faculdades do
pensamento é determinado pela
linguagem – meio social de pensamento –
7
Vê nota – subestágio: 18 a 24 meses – no quadro referido, na página 21.
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ou mais especificamente pelos
instrumentos linguísticos do pensamento,
através da experiência sociocultural
vivenciada por ela.
Podemos esquematizar a linha de
desenvolvimento da linguagem da
seguinte forma:
Fluxograma 3: Estágios de evolução da fala.
Processos
mentais mais
elaborados
Complexos de
ideias de base
mais abstratas
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Sendo simultaneamente o significado
da palavra pensamento e linguagem, uma
vez que é a partir desta que aquele se
manifesta, por meio de interações sociais.
Primeiramente, a linguagem primitiva,
após a criança ter vivenciado certos
experimentos baseados em suas
representações, por meio do jogo de
interações com o meio, se transforma
numa linguagem mais bem elaborada,
uma vez que os processos mentais já
atingiram níveis elevados de raciocínio
lógico, com o amadurecimento das
estruturas sinápticas, que fazem com que a
criança se desenvolva de forma mais
equilibrada. Para isso, é preciso que se
estabeleça também a relação direta que
existe entre a “palavra-som-significado”
(tal significado enquanto atos de pensar),
significante, enquanto fenômeno
linguístico. Assim, necessariamente, mas
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não exclusivamente, o despertar intelectual
da criança vai depender de como a mesma
faz uso deste meio social de pensamento,
que é a linguagem.
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CONCLUSÃO.
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BIBLIOGRAFIA
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Sobre o autor
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