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24/07/2019 Cyrela: O bilionário “socialista” que apoia Bolsonaro | Brasil | EL PAÍS Brasil

BRASIL

O bilionário “socialista” que apoia Bolsonaro


Elie Horn, fundador da Cyrela, está doando 60% de sua fortuna para não
ser "pobre na eternidade". Ele acredita que virão em breve cinco anos de
prosperidade para o Brasil

Elie Horn, fundador da Cyrela, na sexta-feira passada, durante entrevista ao EL PAÍS. LELA BELTRÃO

REGIANE OLIVEIRA

São Paulo - 23 JUL 2019 - 23:55 BRT

Um bilionário religioso que se diz “socialista”, apoiador de Jair Bolsonaro e que está
doando 60% de toda sua fortuna porque “o dinheiro corrompe a alma, os usos e os
costumes”. À primeira vista, as ideias de Elie Horn —um judeu ortodoxo, nascido na
Síria, que chegou com os pais ao Brasil quando era criança—, soam algo contraditórias.
Aos 74 anos, o fundador da Cyrela, uma das maiores construtoras de imóveis de alto
padrão do país, defende o capitalismo e a livre iniciativa. “Não acredito no comunismo
ou em cercear a liberdade das pessoas”, diz. Mas se identifica com um tipo ainda a ser
definido na literatura especializada: o cidadão de centro-direita-socialista. “Porque
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dinheiro tem que ter fins nobres e sociais, ou é melhor não ter dinheiro. Sou centro-
direita para produzir, e socialista para doar”, explica.

Seu Elie, como é conhecido entre os funcionários (ou Elizinho, para os super íntimos),
recebeu o EL PAÍS no 17º andar de um edifício construído por sua empresa na avenida
Brigadeiro Faria Lima, um dos quarteirões mais caros da capital paulista. A conversa de
uma hora aconteceu antes do pôr do sol de uma sexta-feira, quando começa o Shabbat,
período de descanso semanal judaico no qual religiosos ortodoxos são proibidos de
trabalhar. O encontro contou com uma pequena plateia: Aron Zylberman, do Instituto
Cyrela; Priscila Rodrigues, da Crescera Investimentos, novo nome da gestora de
recursos Bozano Investimentos, empresa da qual Elie é um dos acionistas e que tinha
como sócio o ministro da economia, Paulo Guedes; além de dois assessores da
Edelman, empresa contratada para fazer a comunicação da Cyrela. Completou o grupo
a fotógrafa Lela Beltrão, por este jornal.

Ouvir Elie conceder entrevista é um evento. Ele admite ter


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descoberto recentemente essa nova habilidade: “Eu era tímido, não
falava muito. Agora estou compensando o passado. Sou um
showman”. É exatamente este lado showman que se reflete em seu
perfil mais “socialista”. O empresário fala sobre a desigualdade no
Brasil – “se tem pobreza, nós, como sociedade, somos culpados” – e
cobra providências do Governo. Defende educação de qualidade,
Bolsonaro nega
especialmente na primeira infância, para “que haja civilização no
nepotismo para
indicar Eduardo à país”. Também critica os subsídios dados às empresas, mas não
embaixada dos EUA quando são direcionados às camadas de baixa renda. “Uma pessoa
pobre tem que ser ajudada [na compra de imóveis, por exemplo]. O
que não pode é subsidiar a classe média. Sou socialista. Dinheiro
tem que ter fim nobre, não fim pobre.”

Já seu lado centro-direitista se reflete em suas escolhas políticas e


econômicas. Elie apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) para presidente
Cristiano Zanin: “A
Lava Jato ouviu em com uma doação modesta de 50.000 reais – bem menos que os
tempo real as nossas
195.000 reais doados para a eleição de João Doria, também do
conversas. É uma
violência ao direito PSDB, ao Governo do Estado de São Paulo. Mas nada que se
de defesa” compare ao valor de ter se somado ao coro de empresários judeus
Novas mensagens que ajudaram a legitimar publicamente a candidatura de Jair

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Bolsonaro. “Votei [em Bolsonaro] para presidente e gosto dele”,


afirma.

Nestes sete meses de Governo, garante que sua opinião não mudou.
“Sou otimista. Muito otimista. Primeiro confio em Deus, depois
vazadas levam confio nos homens e confio no Governo atual”, diz. Define a gestão
escândalo com Moro
atual como de “boa vontade”, “honesta” e com “bons propósitos”.
e Lava Jato à
Venezuela Também distribui elogios ao ex-parceiro de negócios Paulo Guedes.
“Gosto muito dele, é um gentleman. Tem planos palpáveis, factíveis.
Isso se o deixarem trabalhar”, diz.

LELA BELTRÃO

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Elie avalia que, depois de seis anos de crise, o Brasil terá cinco anos de prosperidade. “A
bonança vai existir quando avançar os problemas de pagamentos. Uma vez aprovadas
as reformas, o resto só pode dar certo. O brasileiro balança, mas não cai”, afirma. A
Cyrela também se encaixa no perfil desta última frase. A empresa, que desde 2014 está
sob o comando de Efraim e Raphael Horn, filhos do empresário, conseguiu reverter o
prejuízo de 51 milhões de reais do primeiro trimestre do ano passado, e atingir lucro
líquido de 48,4 milhões de reais de janeiro a março deste ano. “O mercado está indo
bem melhor do que antes, é o começo da pujança. As margens estão mais decentes este
ano que no ano passado”, comemora.

A nova era de prosperidade tem rendido frutos também para seus projetos sociais. O
empresário recebeu Bolsonaro para um jantar em março em sua casa, no Morumbi,
zona sul de São Paulo, juntamente a outros empresários. A presença do presidente
ajudou na arrecadação de 5 milhões de reais para estas ações. Bolsonaro, no entanto,
não doou. “Ninguém pediu para ele doar. Não tem sentido. Ele ganha 20.000 reais por
mês. O que você quer que ele faça?”, pergunta o empresário, sem citar que a renda
média do trabalhador brasileiro é de pouco mais de 2.000 reais. O amigo Aron
Zylberman, do Instituto Cyrela, é quem interrompe a entrevista para deixar claro que
eles sabem que, no Brasil, proporcionalmente, são os pobres que doam mais —ele faz
um pouco o papel de consciência de  Elie na plateia, como se para lembrá-lo das mazelas
reais das quais sua posição privilegiada o afastou. “No conceito judaico, todos devem
doar na proporção do que têm. Se doar um real, já está contribuindo”, afirma
Zylberman.

O segredo para não ser pobre na eternidade

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LELA BELTRÃO

Elie não se interessa em discorrer sobre política. Até aceita comentar o tema (um
pouco), para conseguir espalhar sua verdadeira missão. “Falo [de política] para poder
falar do bem. Mas não entendo de política e não quero entender”, afirma. O “bem” a que
se refere não é algo subjetivo, mas um conjunto de boas ações. Faz parte de seu
processo de evolução pessoal. No judaísmo, a ascensão espiritual depende da vontade
de fazer o bem, como explicam os ensinamentos do Rabi Naschman de Breslav – um
rabino e teólogo da Ucrânia –, no livro que leva o nome do autor. A repórter foi
presenteada com um exemplar pelo empresário. “A transição entre o estado latente da
alma e a ação só pode efetuar-se graças à palavra (...) Daí a necessidade de expressar as
boas aspirações, o querer e a vontade de fazer o bem”, explica Rabi Naschman. E como
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se faz isso? “Sob a forma de conversas”, acrescenta ele. Por isso, não é à toa que Elie
Horn tem falado tanto.

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Doar sua fortuna também faz parte de um plano maior. Elie afirma que decidiu isso há
20 anos, assim como fez seu pai, que doou 100% de tudo o que tinha. Mas foi apenas
em 2005, quando abriu capital da Cyrela, que colocou o plano em ação. Na época, as
ações da empresa deram um salto, chegando a valer 30 vezes mais do que o valor
inicial. “Alguns pensaram que eu estava louco em querer doar”, conta. “Mas me senti
sábio. Tinha convicção daquilo que estava fazendo.”

A fortuna parece ter um peso diferente para o empresário, que há anos convive com o
Mal de Parkinson, e está ciente de sua finitude. Ele afirma que a riqueza é um teste.
“[Sou rico] porque Deus quis, para me testar, se eu ia ter caridade ou não. Já no nível
material, eu trabalhava como um louco. Acho que Deus quis me facilitar a vida pelo
trabalho. Eu ganhei dinheiro muito cedo. E rápido. Mas eu entendo que ele está me
testando”. Se vai passar no teste, seu Elie só saberá depois desta vida. Por isso, não
quer “embarcar no trem errado”. “A doação dá significado ao dinheiro, ao trabalho, a
não escravidão do ser humano ao dinheiro”, afirma o empresário, quase em tom de
pregação.

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Elie e sua esposa Susy Horn são os únicos empreendedores brasileiros a se unirem ao
The Giving Pledge, organização fundada por Bill Gates, Melinda Gates e Warren Buffet,
que hoje conta com 204 participantes e incentiva bilionários a se dedicar à filantropia.
“Lá são todos muitos mais fortes, poderosos e doam muito mais em porcentagem”,
afirma. “No Brasil, falta consciência de que doar faz bem. Não achar que está sendo
roubado, que está jogando dinheiro no lixo. É achar que o dinheiro que você doa é massa
para a eternidade”, explica. O argumento segue a lógica religiosa. “Se Deus existe e te
deu eternidade, não seja pobre na eternidade. É muito chato ser pobre na eternidade.
Pegue a poupança eterna para você estar melhor depois”, afirma. (Até 2018, Horn
figurava na lista da Forbes com uma fortuna de 1 bilhão de dólares. Neste ano, seu nome
não aparece mais).

Uma de suas missões hoje em dia é convencer outros a fazer o mesmo, uma tarefa
inglória já que falta um incentivo que existe em outros países nos quais muitas famílias
ricas escolhem doar para poder decidir para onde vai seu dinheiro, já que terão que
pagar altas taxas de transferência de herança. Segundo dados da OCDE, no Japão, essa
taxa pode chegar a 55%; na Coreia do Sul, 50%; na França, 45%; e nos EUA e Reino
Unido, 40%. No Brasil, essa taxa é de no máximo 8%. Para Elie, no entanto, o que
importa é a vontade de doar. “Se tem imposto é outro assunto.”

Impostos e vocação filantrópica


O empresário afirma que é inteligente a iniciativa de 19 bilionários, dentre eles George
Soros, de propor ao governo norte-americano a criação de um imposto federal de 1%
para os 1% mais ricos. No entanto, ele não gostaria de pagar mais. “Já pago muito. Doo
do dinheiro 60%, do tempo quase 70%. Daqui a pouco vou pedir subsídio para o EL
PAÍS”, brinca. “Se eles têm muito, e querem doar muito, que deem. Se doam para o
governo ou para obras sociais, dá na mesma. Eu prefiro obras sociais do que dar para
imposto. Prefiro sentir o problema do pobre, da miséria, da saúde. Porque o fim do
Governo é também fazer o social. Na Suécia, por exemplo, o dinheiro tem fim social. Mas
no Brasil tem gastos burocráticos, não é igual”.

Ele definiu como prioridade atuar no combate à exploração sexual infantil, por meio de
ações do Instituto Liberta, cuja diretora-presidente é Luciana Temer, filha do ex-
presidente Michel Temer. Além de apoiar financeiramente projetos na área de educação
em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A escolha foi pessoal. “No caso da

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prostituição infantil, me dói ver meninas abusadas, escravizadas. Choca. Já na educação


e primeira infância são coisas primordiais para que haja civilização num país”, diz.

O empresário não gostou quando perguntado por que não atuar na área de moradia
popular, um grande problema social no Brasil e sua área de expertise nos negócios –
afinal, a Cyrela também atua no segmento Minha Casa, Minha Vida: “Minha missão é
muito mais com educação do que com moradia. Fazer o que com casas, construir e dar
de presente?”, pergunta.

Só um assunto tira Elie do sério mais do que contestar sua vocação filantrópica:
perguntar sua reação ao ver outros empresários que atuavam em áreas correlatas na
construção sendo presos por corrupção, como na Operação Lava Jato. “Que
empresário? Tem mulheres A, B, C, é tudo igual? Os empresários não são iguais”,
afirma, lembrando que não atua na área de construção pesada – onde as empreiteiras
atuam e onde foi descoberta uma indústria de propinas —, e sim residencial, shoppings
e escritórios. “Não tem comparação”, indigna-se, levantando a plateia em sua defesa.

Em 2013, uma investigação mostrou que a Cyrela, juntamente a outras 35 empresas,


pagavam propina para o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, que fazia parte de
uma máfia que fraudava cobrança do imposto sobre serviço em São Paulo. O fiscal foi
preso e as empresas foram consideradas vítimas, apesar de confirmado o pagamento —
a Cyrela diz que a ficou comprovado que a empresa não solicitou benesses e que tudo
foi arquivado ou redirecionado aos verdadeiros responsáveis. Recentemente, o
Ministério Público de São Paulo denunciou diretores do Shopping D, empreendimento
quem tem a Cyrela como maior acionista, por pagar propinas anuais para que não
houvesse correção do IPTU. O caso segue na Justiça e a construtora não quis comentá-
lo.

Elie não quis comentar os casos como pessoa física. E quanto a seu negócio, garante:
“Nunca me sujeitei a ser desonesto. É um princípio de vida. E o princípio está acima do
valor do dinheiro e do negócio. Podemos ser inteligentes, burros, bonitos, feios, mas não
somos desonestos. São 55 anos de trabalho. Sem ter valores, você morre no tempo”,
afirma. Mas ele admite não ter se espantado com os casos das empreiteiras. "Todo
mundo sabia. A surpresa é que demorou tanto para acontecer."

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