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No texto, Paulo Roberto Cimó Queiroz irá explicar a história do Banco Rio e Mato
Grosso (BRMT), criticando, inclusive, a negligencia historiográfica pois são poucas as
obras que tratam esse tema especificamente, e quando fazem é sempre de forma muito
breve e sintética, o autor ainda explana a importância do banco na formação da
Companhia Matte Laranjeira (CML) , tecendo comentários relevantes quanto ao
momento histórico vivido na época pela empresa, entendendo as dificuldades, desafios
e conquistas, prestando atenção nas forças econômico-políticas e como influenciam no
resultado.
Foi concedido ao BRMT 500 mil hectares de terras para fins de colonização no
Mato Grosso, dividido em 10 glebas de 50 mil hectares, através do decreto 1.149
“preferência na obtenção de favores”, concessão de terras gratuitas. A sede do banco
era situada no Rio de Janeiro e onde atuava também, porém o intuito desde o início era
no MT, uma filial localizada na cidade de Corumbá.
A influência de Joaquim não é questionada pelo autor, como revela no texto que
por conta da sua profissão de medico o próprio Deodoro da Fonseca era um de seus
pacientes, ou seja, era visto com bastante “simpatia” nos bastidores do Governo
provisório. Os Murtinhos tiveram a ideia, iniciativa e se ocuparam na alta administração
da instituição, daí a impressão de serem “donos”. Mas eles agiam com outras pessoas
bem influentes como Francisco Mayrink que foi o fundador do Banco Construtor do
Brasil, pioneiro do mercado do Rio de Janeiro e exercia grande influência sobre o
ministro Rui Barbosa, pode se questionar inclusive que talvez a própria fundação do
banco foi só mais um dos vários negócios conduzidos pelo Mayrink. Se compararmos as
ações em números, ele sozinho possuía 7.050 enquanto os Murtinhos 600 cada um.
O banco não podia ser considerado algo bastante lucrativo, era sólido, mesmo
durante a crise da virada do século ele se manteve consideravelmente bem, relatórios
afirmavam que operações industriais definiam a maior parte dos investimentos. Na
verdade, documentos da época mostram que o BRMT passou maior parte do tempo em
processo de retração por conta das crises políticas e econômicas de âmbito nacional.
Por outro lado, operações industriais cresciam cada vez mais.
No Mato Grosso o BRMT se interessou pelo ramo das extrações, primeiro pela
borracha que resultou em uma série de fracassos, aonde obteve grande sucesso foi na
extração de ervas no antigo sul de Mato Grosso, área que teve início após a abertura da
navegação brasileira pelo Rio Paraguai, facilitando o intercâmbio com a Argentina, que
era o principal comercio de erva mate da época.
Por se tratar de terras devolutas, desde o começo obteve-se uma estreita relação
entre o público e o privado, pois era necessária autorização governamental para
explorar as terras desejadas, Tomás Laranjeira, um empresário que já se destacava
décadas anteriormente nessa área, obteve em 1890 direitos exclusivos sobre uma vasta
área envolvendo quase toda região ervateira do estado. No ano seguinte foi criado a
Companhia Matte Laranjeira, das 15.000 ações que distribuía seu capital, 14.540 foram
subscritas pelo BRMT, daí em diante, fica registrado nos relatórios que a cada ano os
bons resultados da empresa levava a grandes benefícios aos acionistas do banco.
A relação do BRMT com a CML foi de grande sucesso, foi de fato uma ideia
interessante, a criação do banco possibilitou a acumulação de capital, que pode ser
investido na empresa obtendo bastante lucro para ambos, e ocasionando crescimento
regional, por meio das atividades exportadoras. O contexto histórico mostra que o
mundo nesse período estava em processo de aceleração na capitalização dos países,
consequentemente no estímulo de industrias de caráter extrativo em países pobres para
suprir a demanda dos países industrializados.
A situação fica muito complicada em 1901 quando ocorre uma revolta armada
por desavenças políticas, que acabou repercutiu de forma negativa para o BRMT, perdeu
vínculo com os irmãos Corrêa da Costa dois grandes colaboradores em Mato Grosso,
acredite-se em conspiração, baixa rentabilidade ou mesmo entenda como jogos
políticos, em 1902 o banco entra em processo de liquidação amigável.