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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ


CONSULTA DE PROCESSOS DO 1º GRAU
DADOS DO PROCESSO
Nº Processo: 0002795-53.2006.8.14.0015
Comarca: CASTANHAL
Instância: 1º GRAU
Vara: VARA AGRARIA DE CASTANHAL
Gabinete: GABINETE DA VARA AGRARIA DE CASTANHAL
Data da Distribuição: 25/09/2006

DADOS DO DOCUMENTO
Nº do Documento: 2018.00560093-14

CONTEÚDO
Processo nº: 0002795-53.2006.8.14.0015;
0004630-59.2009.8.14.0015

SENTENÇA

RELATÓRIO PROCESSO Nº 0002795-53.2006.8.14.0015;

Trata-se de Ação Civil Pública proposta pelo Instituto de Terras do Pará - ITERPA visando a declaração de nulidade e cancelamento
das matrículas nº 936, livro 2-D, fls. 45 (Fazenda São João); nº 937, livro 2-D, fls. 46 (Fazenda Nossa Senhora Aparecida) e nº 935,
livro 2-D, fl. 44 (Fazenda Santo Antônio), todas registradas no CRI da Comarca de Baião/PA, com área total de 7.501ha10a00ca,
originadas do Título Definitivo nº 71, expedido pelo Estado do Pará em favor de Maria Rosa Fernandes Maciel.

Alega o autor que em 03/01/2005, a empresa Serraria Nova Conceição Ltda requereu junto ao ITERPA a aviventação da Gleba
denominada Janaryzinho, subdividida em 03 (três) áreas, conforme a seguir discriminado: a) Fazenda São João, com dois mil
trezentos e vinte e oito hectares e noventa centiares, registrada sob o nº 936, livro 2-D, fls. 45 do Cartório de registro de imóveis da
comarca de Baião; b) Fazenda Nossa Senhora Aparecida, com dois mil oitocentos e quarenta e dois hectares, registrada sob o nº
937, livro 2-D, fls. 46 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião; c) Fazenda Santo Antônio, com dois mil trezentos e
trinta hectares e vinte centiares, registrada sob o nº 935, livro 2-D, fl. 44 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião.

Afirma que consultada a Coordenadoria de Documentação e Informação do ITERPA, esta confirmou ter ocorrido a expedição regular
do Título Definitivo nº 71, que originou as matrículas em questão, constando, todavia, no referido documento localizar-se o imóvel à
margem direita do Rio Tocantins, no Município de Baião/PA.

Ocorre que, após realização de vistoria por técnicos do ITERPA na área indicada pela requerida, constatou-se que o imóvel apontado
pela mesma ocupa uma área localizada à margem esquerda do Rio Tocantins, distando aproximadamente 25 km do lote titulado,
com incidência nos lotes 03, 04, 07, 08, 11, 12, 13, 18 da Gleba denominada Joana Peres, lotes esses já titulados pelo Estado do
Pará, incidindo ainda em áreas quilombolas das Comunidades Bailique e Umarizal.

Assim, diante desse fato, afirma que as áreas levadas a registro pela requerida tiveram a finalidade de possibilitar lucro fácil aos
fraudadores da coisa pública mediante venda a terceiros, prejudicando, assim, posseiros tradicionais e proprietários estabelecidos
em seus imóveis regularmente formados, além de lesar o patrimônio público.

Aduz que os contratos de compra e venda padecem de vício insanável por não remontarem à área do título original expedido pelo
Estado do Pará em favor de Maria Rosa Fernandes Maciel, motivo pelo qual ajuizou a presente demanda.

Com a inicial juntou os documentos de fls. 15/46, dentre os quais se destacam:


a) Procuração (fls. 12/13);

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b) Requerimento da Serraria Nova Conceição dirigido ao ITERPA com a finalidade de Aviventação da gleba de terras
denominada Janary-Zinho e posterior retificação do memorial descritivo de propriedade (fls. 19/20);
c) Cópia do título definitivo nº 71 (fl. 21);
d) Nota técnica do ITERPA acerca da exata localização do imóvel objeto dos autos (fl. 24/27);
e) Relatório de atividades de campo (fls. 29/33);
f) Certidões de inteiro teor das 03 (três) áreas que compõem o imóvel (fls. 34/39);
g) Despachos e parecer jurídico do ITERPA (fls. 41/46).

Decisão de fls. 48/50 deferiu o pedido de antecipação de tutela para determinar o bloqueio das matrículas dos imóveis objeto da lide,
vedando quaisquer atos que importem na transferência ou alienação a qualquer título, ocasião em que foi ordenada a citação da
parte requerida.

O Estado do Pará, em petição de fls. 107/109 requereu o ingresso na lide na qualidade de litisconsorte ativo, tendo o pleito
sido deferido à fl. 131.

Petição de fls. 116/118 requereu o aditamento da inicial a fim de incluir o pedido de condenação da requerida em custas processuais
e honorários advocatícios em favor dos Procuradores do ITERPA.

Despacho de fl. 131 deferiu o ingresso do Estado do Pará na lide como litisconsorte ativo, dentre outras providências.

Às fls. 142/154 constam certidões imobiliárias dos imóveis objeto da lide.

Contestação às fls. 182/301, acompanhada dos documentos de fls. 302/378.

Despacho de fl. 385 determinou a intimação dos autores para apresentarem réplica à contestação, sendo esta juntada aos autos às
fls. 396/459, juntamente com os documentos de fls. 460/512. Nova petição do Estado do Pará consta às fls. 517/520 requerendo o
imediato cancelamento das matrículas dos imóveis objeto da lide.

À fl. 522 consta despacho determinando a intimação da requerida para se manifestar acerca do pedido formulado pelo Estado do
Pará, tendo a referida manifestação sido juntada aos autos às fls. 523/526.

Despacho de fl. 544 concedeu vista dos autos às partes para apresentação de alegações finais e ao Ministério Público para
manifestação conclusiva.

Alegações finais da requerida às fls. 548/550.

Em suas alegações finais às fls. 567/568 os autores informaram que o objetivo buscado na ação fora alcançado pela via
administrativa, tendo as matrículas sido canceladas em decorrência da decisão do Conselho Nacional de Justiça, ocasião em que
juntaram aos autos as certidões de fls. 569/574.

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Parecer do Ministério Público às fls. 579/581, ocasião em que pugnou pela extinção do feito sem resolução de mérito ante a ausência
de interesse de agir decorrente do cancelamento administrativo das matrículas objeto da lide por decisão do Conselho Nacional de
Justiça.

Despacho de fl. 587 ordenou o apensamento dos presentes autos à reconvenção de nº 0004630-59.2009.8.14.0015.

Às fls. 594, o juízo reconheceu que o presente feito encontrava-se pronto para sentença, porém, em face da reconvenção nº
0004630-59.2009.8.14.0015, tornar-se-ia necessário sobrestá-lo a fim de que a ação principal e a reconvenção fossem julgadas na
mesma sentença.

Às fls. 595 designei audiência de tentativa de conciliação, a qual não se realizou ante a informação da parte requerente dando conta
da impossibilidade de realizar acordo.

Às fls. 606/608, a parte requerida apresentou memoriais pugnando pelo reconhecimento da extinção do feito sem resolução de
mérito.

Parecer do Ministério Público às fls. 622/629, pugnando pela procedência do pedido formulado na exordial.

RELATÓRIO PROCESSO Nº 0004630-59.2009.8.14.0015 (RECONVENÇÃO)

Trata-se de reconvenção oposta por Novacon Reflorestadora Indústria e Comércio de Madeiras LTDA (reconvinte) nos autos da Ação
de Nulidade e Cancelamento de Matrícula acima referida, em face do Estado do Pará e o Instituto de Terras do Pará – ITERPA
(reconvindos).

Aduz a reconvinte ser proprietária de 03 (três) imóveis rurais contíguos no Município de Baião, sendo eles denominados de Fazenda
Santo Antônio, Fazenda São João e Fazenda Nossa Senhora de Aparecida, originada de porção de terra maior denominada Fazenda
Janaryzinho, à margem direita do Rio Tocantins, cuja origem remonta ao Título Definitivo nº 71 concedido pelo Estado do Pará a
Maria Rosa Fernandes Maciel em 05/06/1924.

Sustenta que a fim de verificar a autenticidade e legitimidade do título definitivo de venda de terras, peticionou junto ao ITERPA
requerendo Certidão de Inteiro Teor do referido Título, tendo sido tombado o processo nº 2002/522215.

Afirma que o referido processo administrativo teve desfecho com a expedição da Certidão Administrativa de inteiro teor do Título
Definitivo de venda de Terras nº 71, expedida originalmente em favor de Maria Rosa Fernandes Maciel.

Alega que ao tomar posse das mencionadas Certidões, percebeu que as mesmas continham um erro de localização na margem do
rio, erro, segundo a exordial da reconvenção, muito comum à época em função da própria forma de referência quanto à margem do
rio, eis que, na realidade, o título descreve a margem direita do rio Tocantins, enquanto que o reconvinte verificou que a área
referente ao título localiza-se na margem esquerda do mencionado rio.

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Assevera que muitos títulos foram concedidos assim, com o referencial de Belém rio acima, pelo que sempre informava-se a margem
do rio de forma meramente indicativa e nunca com precisão cartográfica, e, como se desconhecia a topografia da região na década
de trinta, o referencial era outro e continha erros naturais diante da ausência de técnica empregada na demarcação e medição do
imóvel.

Aduz que diante do erro em questão, protocolizou junto ao ITERPA pedido de aviventação e retificação do título definitivo de vendas
de terras nº 71, que dá origem às 03 (três) propriedades quais sejam: a) Fazenda São João, com dois mil trezentos e vinte e oito
hectares e noventa centiares, registrada sob o nº 936, livro 2-D, fls. 45 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião; b)
Fazenda Nossa Senhora Aparecida, com dois mil oitocentos e quarenta e dois hectares, registrada sob o nº 937, livro 2-D, fls. 46 do
Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião; c) Fazenda Santo Antônio, com dois mil trezentos e trinta hectares e vinte
centiares, registrada sob o nº 935, livro 2-D, fl. 44 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião.

Refere que, à revelia da Lei e do Direito, o ITERPA indeferiu o pedido do reconvinte, sob a alegação de que a área a ser retificada
seria na margem direita do rio Tocantins, o que, segundo o reconvinte, trata-se de absurdo jurídico, razão pela qual ingressou com a
presente demanda a fim de que seja julgada procedente para condenar o ITERPA e o Estado do Pará a:

a) Retificar a localização da margem do rio referente ao Título Definitivo de Venda de Terras nº 71, expedido em favor de Maria Rosa
Fernandes Maciel;
Alternativamente:

a) Proceder a exata localização e adjudicação ao reconvinte da área que as reconvindas consideram que seja referente ao Título
Definitivo de Venda de terras nº 71, expedido em favor de Maria Rosa Fernandes Maciel;

b) Proceder a efetiva permuta referente ao Título Definitivo de Venda de Terras nº 71, expedido em favor de Maria Rosa Fernandes
Maciel, da área de posse e propriedade do reconvinte por outra disponível a ser indicada em cumprimento de sentença;

c) Proceder a integral e plena indenização ao reconvinte no valor total do dano patrimonial ocasionado pela perda das propriedades
em questão, acrescidos de juros compensatórios, moratórios e demais acréscimos legais;

d) Proceder a integral e plena indenização ao reconvinte do valor total e atualizado da propriedade dos mesmos em decorrência da
desapropriação indireta dos imóveis rurais de sua propriedade;

e) Estipulação de multa diária, na hipótese de deferimento de qualquer obrigação de fazer, pleiteada na exordial, assim como a
condenação dos reconvindos a custas e despesas processuais, assim como honorários advocatícios.

Despacho de fl. 42 determinou emenda à inicial.

Petição de emenda às fls. 48/52, bem como juntada de documentos às fls. 53/146.

Às fls. 148, o juízo ordenou a citação da parte requerida.

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Contestação à reconvenção às fls. 159/212, ocasião em que o Estado do Pará e o ITERPA arguiram preliminares de ilegitimidade de
parte, impossibilidade de responsabilização do Estado do Pará por suposto ato praticado por pessoa jurídica de direito privado
prestador de serviço público. Ainda na contestação, os reconvindos apresentaram denunciação à lide ao Cartório de Registro de
Imóveis de Baião. No mérito, pugnaram pela improcedência do pedido.

Com a contestação, vieram os documentos às fls. 213/309.

Réplica às fls. 326/337.

Despacho de fl. 342 determinou remessa dos autos ao Ministério Público para manifestação.

Parecer ministerial às fls. 343/346.

Despacho de fl. 348 designou audiência de conciliação.

À fl. 354 este juízo determinou o cancelamento da audiência anteriormente designada e ordenou a apresentação de memoriais pelas
partes.

Razões finais do Estado do Pará às fls. 359/362, bem como do ITERPA às fls. 365.

O Ministério Público às fls. 367 ratificou o parecer de fls. 343/346.

É o relatório. Decido.

JULGAMENTO PROCESSO Nº 0002795-53.2006.8.14.0015

Analisando os presentes autos, observo que, de fato, o presente feito deve ser extinto sem resolução de mérito ante a ausência de
interesse de agir.

Assim refiro porque a pretensão deduzida na exordial busca o cancelamento das matrículas nº 936, livro 2-D, fls. 45 do Cartório de
registro de imóveis da comarca de Baião, nº 937, livro 2-D, fls. 46 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião e nº 935,
livro 2-D, fl. 44 do Cartório de registro de imóveis da comarca de Baião.

Ocorre que, conforme documentos de fls. 569/570, 571/572, 573/574, observa-se que as matrículas em questão foram devidamente
canceladas em cumprimento à decisão do Corregedor Nacional de Justiça, Min. Gilson Dipp, nos autos de pedido de providência nº
0001943-67.2009.2.00.000, fato que gera por conseguinte, a perda de interesse de agir na presente lide, que, por esse motivo, deve
ser extinta sem resolução de mérito.

Isto porque, com o cancelamento administrativo da matrícula, o particular fica impedido de vender a propriedade ou utilizá-la como

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garantia em transações bancárias ou outras atividades, pelo que referida determinação acarreta na falta de interesse para o
prosseguimento do feito

Nesse sentido é o posicionamento do Egrégio TJE/PA:

APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE NULIDADE E CANCELAMENTO DE MATRÍCULA E AVERBAÇÕES DO CARTÓRIO DE


REGISTRO DE IMÓVEIS – REGISTROS CANCELADOS POR ATO ADMINISTRATIVO – PROVIMENTO Nº 002/2010–CJCI –
AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR – CARÊNCIA DA AÇÃO – EXTINÇÃO DO PROCESSO NOS TERMOS DO ARTIGO 267,
INCISO VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
- Entende-se por interesse processual a pretensão jurídica marcada pela utilidade e necessidade de se obter do Poder Judiciário o
resultado pretendido. Tal condição da ação consiste, portanto, na vinculação jurídica entre a pretensão concreta e a tutela
jurisdicional.
- A carência da ação importa na extinção do feito, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil.
- APELAÇÃO DESPROVIDA. DECISÃO UNÂNIME (Apelação Cível nº 2011.3.016790-6 – Rel. Des. Leonardo de Noronha Tavares –
Julg. em 24/11/2001).

Registre-se que, muito embora às fls. 622/629 tenha o Ministério Público se posicionado no sentido de não reconhecer a ausência de
interesse de agir na presente lide, por afirmar ser possível aplicar-se o procedimento de requalificação e desbloqueio de matrícula
previstos no Provimento Conjunto nº 10/2012 – CJCI-CJRMB, observo que não merece subsistir a argumentação ministerial. Isto
porque, a pretensão objetivada na demanda é de cancelamento das matrículas, o que já ocorreu com base na decisão proferida pelo
Conselho Nacional de Justiça nos autos do Pedido de Providência nº 0001943-67.2009.2.00.000, não se justificando, assim, o
interesse na lide.

Ademais, conforme prevê o Provimento Conjunto nº 10/2012 – CJCI-CJRMB, o interessado no procedimento de requalificação e
desbloqueio de matrículas deverá, para fazer jus a esse direito, formular pedido instruindo o mesmo com diversos documentos,
dentre os quais se destaca o Título de terras original ou Certidão Original, fornecida nos últimos 90 dias pelos órgãos de terras do
Estado e da União, que atestem a regularidade do destacamento do imóvel do patrimônio público, seus limites e confrontações (Art.
3º, I, Provimento Conjunto nº 10/2012 – CJCI-CJRMB), pelo que, não comprovada a regularidade do título, não será possível sua
requalificação e desbloqueio.

Assim, deve ser reconhecida a ausência de interesse de agir na presente lide e, consequentemente, extinto o feito sem resolução de
mérito.

Diante do exposto, com fundamento no art. 485, VI do CPC, julgo extinto o presente feito sem resolução de mérito, nos termos da
fundamentação. Consequentemente, fica revogada a decisão interlocutória de fls. 48/50, mantendo-se o cancelamento das
matrículas em questão por força da decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça nos autos do Pedido de Providência nº
0001943-67.2009.2.00.000.

Sem a condenação em custas processuais, ante o que dispõe o art. 40, I da Lei Estadual nº 8.328/2015, devendo cada uma das
partes arcar com as despesas referentes aos honorários de seus patronos.

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JULGAMENTO PROCESSO Nº 0004630-59.2009.8.14.0015 (RECONVENÇÃO)

Trata-se de reconvenção oposta Novacon Reflorestadora Indústria e Comércio de Madeiras LTDA nos autos da Ação de Nulidade e
Cancelamento de Matrícula em face do Estado do Pará e o Instituto de Terras do Pará – ITERPA.

Tendo sido arguidas preliminares na contestação dos reconvindos, passo a enfrentá-las:

DA ILEGITIMIDADE DO ESTADO DO PARÁ

Sustentam os reconvindos que o Estado do Pará é parte ilegítima para figurar no polo passivo da relação processual, uma vez que a
suposta responsabilidade civil deveria ser imputada ao responsável pelo Cartório de Registro de Imóveis de Baião.

A preliminar deve ser repelida.

Isto porque a causa de pedir da presente reconvenção diz respeito a suposto equívoco imputado aos reconvindos no que diz respeito
ao teor do Título Definitivo de Venda de Terras nº 71, no qual consta que o imóvel se localiza na margem direita do rio Tocantins,
quando, no entendimento do reconvinte, localiza-se na margem esquerda do citado rio.

Ademais, não se vislumbra no caso em questão ter havido equívoco no registro dos imóveis, eis que, conforme documentos de fls.
116/127, estes constam como sendo localizados na margem direita do rio Tocantins, exatamente como consta no Título Definitivo de
Venda de Terras nº 71, fls. 136.

Assim, como a parte reconvinte imputa suposto ato ilícito passível de indenização aos reconvindos e não ao Cartorário, não há que
se falar em ilegitimidade de parte passiva, motivo pelo qual repilo a prefacial.

DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO RESPONSÁVEL PELO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS DE BAIÃO.

Sustenta que no caso presente, caso os reconvindos sejam mantidos no polo passivo da relação processual, deverá também compor
o polo passivo o responsável pelo Cartório de Registro de Imóveis de Baião.

O pedido não merece acolhimento.

Isto porque, da análise dos autos, não se vislumbra qualquer prática de ato que possa justificar a inclusão do cartorário do registro de
imóveis de Baião no polo passivo da relação processual. Isto porque, conforme documentos de fls. 116/127, os imóveis foram
registrados no cartório de registro de imóveis de Baião, ocasião em que constou como a localização dos mesmos a margem direita
do rio Tocantins, exatamente como consta no Título Definitivo de Venda de Terras nº 71, fls. 136, não havendo, portanto, qualquer
responsabilidade a imputar ao prestador do serviço público em questão.

Diante do exposto, indefiro o pedido formulado e passo a enfrentar o mérito da causa.

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MÉRITO.

Sustentam os reconvintes ter havido erro no tocante à localização dos imóveis de sua propriedade no Título Definitivo de Venda de
Terras nº 71, eis que no mesmo consta que a área se localiza à margem direita do rio Tocantins, enquanto que, segundo os
requerentes, a mesma localiza-se na margem esquerda do mencionado rio.

Não merecem acolhimento quaisquer dos pedidos formulados pela parte reconvinte. Senão vejamos:

O Título Definitivo de Venda de Terras, como documento público que é, expedido pelo Estado do Pará, goza de atributos como o da
presunção de legitimidade e veracidade, ou seja, até prova em contrário, deve ser tido como legítimo e verdadeiro, de modo que, a
afirmação nele constante, de que a área do litígio encontra-se localizada na margem direita do Rio Tocantins, até prova em contrário,
deve ser tida como verdadeira, pelo que, caberia ao reconvinte provar o contrário, o que não ocorreu.

Corroborando esse fato, observa-se que os reconvindos, na contestação de fls. 159/211 esclareceram quais os critérios observados
para proceder a localização de áreas rurais ou a indicação de sua possível localização, ocasião em que asseveraram que evidências
relativas à topografia são irrelevantes, eis que se referem às características de altimetria ou de relevo, raramente utilizadas em
conjunto com outras referências geográficas ou cartográficas, até mesmo porque os mapas antigos eram unicamente planimétricos,
sem qualquer informação do relevo do solo das áreas tituladas.

Ainda na contestação, os reconvindos esclareceram que, quando a referência da localização da área se dá levando em conta a
margem de rios, igarapés ou lagoas, deve ser observado o sentido do curso d´água para a perfeita identificação dos lados das
margens. Esse sentido, de acordo com convenção geográfica oficial, dá-se sempre na direção de cursos d´água maiores. Portanto,
primeiramente deve ser identificada a nascente do rio e o local onde este desemboca. Feita essa verificação, tem-se que o curso
padrão é o de descida do rio, ou seja, no sentido Nascente – Foz, determinando-se, assim, que a margem esquerda é o lado
esquerdo do rio no sentido Nascente – Foz.

Desse modo, no caso presente, o Rio Tocantins (rio menor) tem sua nascente localizada no Estado de Goiás e desemboca no Rio
Amazonas (rio maior). Assim, o rio Tocantins desce no sentido do rio Amazonas, ou seja, a direção do rio Tocantins tem como
nascente o Estado de Goiás e como Foz o rio Amazonas, pelo que não há dúvida de que a área adquirida pela parte reconvinte,
levando-se em conta o sentido do curso d´água, localiza-se na margem direita do Rio Tocantins, não havendo, pois o que ser
modificado no Título Definitivo nº 71, o qual expressamente consignou essa localização.

Registre-se que, conforme esclarecido pelos reconvindos, caso não tivesse sido observada a regra geral acima referida, que levava
em conta o sentido Nascente – Foz, constaria do Título expressões como: rio acima, margem esquerda subindo, ou margem direita
subindo, o que não ocorreu no caso em questão, pelo que não se sustenta a asserção dos reconvintes.

Assim, como os reconvintes não comprovaram o fato constitutivo de seu direito, qual seja, a existência de erro no Título Definitivo de
Venda de Terras nº 71 no tocante a localização da área do litígio, devem seus pedidos ser julgados improcedentes.

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Diante do exposto, julgo improcedentes os pedidos formulados na reconvenção, nos termos da fundamentação.

Condeno o reconvinte em custas processuais e honorários advocatícios, que fixo no quantum de R$ 3.000,00 (três mil reais), ex vi do
art. 84 § 2º do CPC.
Publique-se, registre-se, intimem-se e cumpra-se. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.
Castanhal, 15 de fevereiro de 2018.

André Luiz Filo-Creão G. da Fonseca


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