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ÍNDICE

TÓPICOS PÁGINA
_________________________________________________________________

Exposição geral do Tema.........................................2

Período Patriarcal..............................................3

Êxodo...........................................................7

Levítico.......................................................14

Daniel.........................................................25

Zacarias.......................................................59

Evangelho de João..............................................68

Hebreus........................................................80

Apocalipse.....................................................92
DOUTRINA DO SANTUÁRIO

Programa de Mestrado - IAE

William Shea – PhD

Pergunta: Por que a IASD tem uma doutrina como a do


santuário celestial?

Se lermos os credos e crenças de outras igrejas notaremos


que nenhuma delas tem uma doutrina específica sobre o santuário.
Nem os Batistas, Metodistas, Presbiterianos ou qualquer outra
igreja. Os Asd são os únicos a manterem tal doutrina. A pergunta
é: Por que temos esta doutrina? Ao fim do curso faremos uma breve
recapitulação sobre a teologia da doutrina, que vai tratar de
alguma forma sobre a importância da doutrina. Inicialmente,
entretanto, mencionamos três pontos desta importância:

1. Porque nós cremos que um trabalho especial iniciou-se


neste local - o santuário - em 1844, um trabalho de julgamento, a
fase final do trabalho no santuário celestial e, quando esta fase
final terminar, Jesus virá e a história da humanidade, como nós a
conhecemos, terá o seu fim. Além disso nós cremos que a IASD foi
estabelecida para anunciar que este julgamento está acontecendo.
Nós cremos neste anúncio especialmente contido no livro de
Apocalipse - a tríplice mensagem angélica de Apoc. 14. Portanto, é
uma doutrina especial que cremos pertencer a uma obra especial que
esta igreja está fazendo. Mas há ainda um ponto mais importante:
2. Por que é que o santuário é tão importante em toda a
Bíblia? Não aparece só no final da Bíblia. A razão é a seguinte: o
santuário é o centro, o quartel-general do plano da salvação. O
plano de Deus para salvar o homem está centralizado no santuário
celestial. E isto é verdade em toda a história bíblica. Isto foi
verdade no tempo do A.T., também verdade no tempo do N.T., e é
verdade nos dias de hoje. O plano da salvação está centralizado ou
tem o seu foco, seu ministério, é realizado no santuário
celestial. Portanto, não tem que ver com o julgamento no tempo do
fim, mas está relacionado com a salvação do homem em todo tempo.

3. A doutrina do santuário nos diz o seguinte: o que Deus


está fazendo no momento presente? É uma descrição de uma ação
contemporânea, daquilo que Deus está fazendo no santuário
celestial. E isto tem que ver com a salvação eterna do homem.

4. Este ponto vai servir de introdução ao que vamos estudar.

Há uma grande quantidade de material na Bíblia dedicado a


este assunto. Consideraremos 5 livros do VT e 3 do NT ao estudar
este material. Qualquer estudo que se faça da Bíblia, qualquer
estudo na Bíblia que tenha tão ampla referência, deve ser
importante também para Deus, portanto, deveria ser um tema
importante para nós também. Em outras palavras, estamos chamando a
atenção do mundo cristão a um ensinamento, a uma doutrina bíblica,
que a própria Bíblia diz ser importante, se consideramos a
quantidade de material que se refere a este assunto. Portanto,
estas são algumas das razões pelas quais esta doutrina do
santuário é importante e nós a estudamos.
Doutrina do Santuário 3
Exposição Geral do Tema

Iniciando com os patriarcas temos, em primeiro lugar, os


altares e os sacrifícios que foram iniciados logo após a queda,
até que chegamos a Moisés, quando então o tabernáculo é
construído. E, para o nosso propósito, os livros que consideramos
são Gênesis, para os patriarcas, Êxodo, para Moisés, que nos fala
sobre a construção do santuário, e Levítico, que revela a função
do santuário e tudo o que acontecia no santuário. A próxima fase
vem com o templo já construído, no tempo de Salomão (I Reis 6-8 -
construção do templo). Como se sabe, este templo durou 4 séculos,
quando foi destruído por Nabucodonozor. Um dos aspectos desta
destruição é a profecia de Ezequiel, que já olhava para o tempo de
sua reconstrução e, no outro lado deste evento histórico da
destruição, temos a profecia de Zacarias, que foi chamado ao
ministério profético para estimular o povo a reconstruir o templo.
O primeiro templo é conhecido como o templo de Salomão e o próximo
templo, reconstruído, chamado também de templo herodiano. A razão
de ser assim chamado é que, após 5 séculos de sua reconstrução, o
mesmo encontrava-se em grande necessidade de manutenção, o que foi
feito por Herodes, mas foi simplesmente uma remodelação. Foi a
este templo que Jesus veio (isto será considerado no Evangelho de
João), quando então morreu como um sacrifício, cumprindo todos os
sacrifícios anteriores. Em essência, portanto, a razão de ser do
templo terrestre terminou na morte de Cristo; teologicamente, já
não exercia qualquer função. Fisicamente o templo veio ao fim
quando destruído pelos romanos em 70 AD.

No tempo intermediário, depois de Sua ressurreição, Cristo


subiu ao Céu e iniciou Seu trabalho no santuário celestial. Isto é
Doutrina do Santuário 4
o que nos relata o livro de Hebreus - Jesus, nosso grande Sumo-
sacerdote, que sempre viveu para interceder por nós. Este trabalho
de intercessão é a primeira fase de Seu trabalho no Santuário
celestial. Em 1844 atingimos a segunda fase, especialmente do
julgamento de que falam os livros de Daniel e Apocalipse. Isto é
um esboço geral do trabalho no santuário terrestre, que foi então
sucedido pelo trabalho no santuário celestial. Esta é uma grande
transição, a qual foi profetizada em Daniel 9, onde fala sobre a
reconstrução do templo terrestre, em primeiro lugar, a seguir da
destruição deste templo terrestre e então da unção do santuário
celestial. Hoje, se queremos obter salvação, vamos, pela fé,
diretamente ao Sumo-sacerdote que está neste santuário celestial.
No sistema do VT, se alguém queria salvação, ia ao templo e
oferecia sacrifício. Consideremos um exemplo: um indivíduo que
vivia do outro lado do Jordão, que foi impressionado com o
conhecimento do verdadeiro Deus, pelo seu contato com os
Israelitas, como poderia ser salvo? Que programa teria Deus, neste
mundo, para salvá-lo? A resposta é: ele deveria ir ao templo em
Jerusalém, oferecer seu sacrifício nesse templo e, assim fazendo,
ele entrava em concerto com o verdadeiro Deus. Este é o plano
vétero-testamentário da salvação. Isto não significa que, ao mesmo
tempo, houvesse um santuário celestial. Temos um número importante
de passagens no VT que indica que as pessoas entendiam que existia
um santuário celestial, que o que acontecia no santuário terrestre
e celestial era o mesmo, ou seja, era um só ministério. Este é o
esboço geral sobre a obra no santuário e, agora, preencheremos
este esboço. Consideraremos os livros de Gênesis, Levítico,
Sacarias, João (na vida e morte de Cristo), e, finalmente, os
livros de Hebreus e Apocalipse.

Período Patriarcal
Doutrina do Santuário 5

Pode-se dizer que, no período dos patriarcas, não havia


nenhum templo. Sem dúvida não havia templo, mas haviam altares e
sacrifícios, e os altares e sacrifícios são uma prefiguração deste
santuário.

Conforme sabemos, o plano da salvação não foi elaborado após


a queda; Deus tinha o Seu plano já pronto. Ellen White diz em
Patriarcas e Profetas que Adão e Eva ofereceram sacrifícios no
portão do jardim do Éden - na Bíblia isto não é especificamente
mencionado. Deus deu a nossos primeiros pais vestes feitas de pele
de cordeiro, mas não foi um sacrifício oferecido por eles. O
primeiro sacrifício especificamente mencionado encontra-se em
Gênesis 4, na história de Caim e Abel. Ambos trouxeram
sacrifícios, cada um trouxe parte daquilo que produziram, seus
produtos, mas Deus só aceitou o sacrifício de Abel, rejeitando o
de Caim. É interessante ver como o sacrifício de Abel é descrito
em Gênesis 4:4 - nesta referência sobre o sacrifício de Abel é
dito que ele trouxe a gordura do sacrifício. Como oferecer a
gordura do sacrifício? Se oferecemos isto, é importante que se
mate o animal; portanto, é a primeira menção do sacrifício de um
animal na Bíblia. Não é mencionado aqui especificamente que ele
tenha oferecido este animal sobre UM ALTAR, mas temos aqui o
primeiro caso de um ser humano oferecendo sacrifício.

O ALTAR é mencionado em outro texto próximo - Gên. 8:20 -


onde diz que Noé "levantou um altar". Aqui temos uma referência
específica a um altar e a primeira referência bíblica sobre um
altar onde um sacrifício é oferecido. Assim, Abel é o primeiro a
oferecer um sacrifício e, na história de Noé, o primeiro altar de
sacrifício é mencionado e as ofertas queimadas são expostas por
Doutrina do Santuário 6
Noé. É dito o que ele fez com esses sacrifícios e também é dito
como ele selecionou os animais. A história real sobre o uso desses
altares é aumentada ao se explicar a história de Abraão, o qual
foi chamado pela fé, para vir para a terra de Canaã. O primeiro
lugar onde ele pára ao vir para Canaã é a cidade de Siquém.
Gênesis 12:6 diz que ele chega a Siquém e, no verso seguinte, é
dito sobre o altar que Abraão edificou. Não é dito que ele tenha
oferecido um sacrifício sobre este altar, mas a implicação lógica
é que ele ofereceu. Observemos o contexto: a primeira parte deste
verso fala sobre o concerto que Deus estabeleceu com Abraão e a
segunda parte da edificação do altar por Abraão. A construção,
portanto, deste altar, é colocada no contexto do concerto. Como
sabemos, o concerto é ratificado com sacrifício. Portanto, o
símbolo neste verso é o seguinte: Abraão ratifica o concerto feito
com Deus com sacrifício, mas, indubitavelmente ele continua a usar
este altar para o culto. E é isto o que encontramos no altar
seguinte, como relatado no verso 8 - Abraão vai para um local
mais distante (Betel) onde constrói um outro altar ao Senhor e,
neste altar, é dito que ele invocou o nome do Senhor, uma
afirmação que significa mais especificamente uma oração. Uma outra
função, portanto, do altar patriarcal, é o oferecimento de
orações, mas novamente diríamos que isto inclui o sacrifício de
animais. Temos implicitamente o sacrifício de animais nos dois
casos, mas no primeiro caso vemos o altar no contexto do concerto
e, no segundo, falando de oração e culto.

No capítulo 13, verso 4, Abraão já havia estado no Egito e


volta agora para Canaã. Ele vem ao mesmo local de Betel, onde
estivera antes, onde reconstrói - ou constrói outro - o altar.
Novamente o invocar o nome do Senhor é oração, mas oração num
contexto de culto. Seu destino final em Canaã era mais para o sul,
Doutrina do Santuário 7
em Hebrom. Assim, em 13:18 fala de sua chegada a Hebrom e do que
ele fez ali - levantou um altar ao Senhor. É claro qual era o
costume de Abraão nestas referências: onde quer que ele fosse, ou
parasse, ele construía um altar e sobre este altar ele invocava o
nome do Senhor, que significa oração, e estes altares tinham como
propósito sacrifício.

Quando chegamos ao capítulo 15 voltamos a ver


especificamente o sacrifício de animais, mas não em relação a um
altar. Novamente temos o sacrifício mencionado que ratifica ou
reafirma um concerto. É a história de Abraão, que toma vários
animais, imola-os e reparte-os ao meio e os coloca sobre o chão.
Ele espera e ora a Deus. A aprovação divina é demonstrada quando
Deus passa como se fosse fogo entre esses sacrifícios. E isto
demonstra duas coisas:
1. Deus aceitou o sacrifício de Abraão; e
2. o relacionamento do concerto é reafirmado também.
Temos neste caso um sacrifício de animais sem uma referência
específica a um altar, pois parece que ele está oferecendo estes
sacrifícios sobre o chão.

Mas o caso mais importante na vida de Abraão sobre a


oferenda de um sacrifício aparece próximo ao fim de sua vida,
quando finalmente ele tem o seu filho da promessa (que era tudo o
que tinha) e Deus lhe pede para sacrificar este filho. A história
encontra-se em Gênesis 22. No verso 9 temos a referência a um
altar, conforme os outros casos de sua vida. Ele constrói um altar
(e Isaque sabe muito bem o propósito dos altares construídos por
seu pai: para sacrifícios) e aqui então vem o assunto principal:
onde está o sacrifício? Isaque então se dá conta de ele próprio
será o sacrifício. Ellen White descreve a cena dizendo que Isaque,
Doutrina do Santuário 8
sendo jovem, poderia facilmente suplantar a seu pai e escapar, mas
não o faz; ele tem a mesma fé que seu pai, crê que seu pai de fato
falou com Deus e então, voluntariamente, oferece-se para o
sacrifício, aceita partilhar a mesma fé de seu pai.

Sabemos que Deus estava fazendo com Abraão o teste supremo -


e ele é aprovado. Ele tinha tanta fé que creu numa coisa que era
tão difícil crer. Deus respondeu a esta fé providenciando um
substituto para o sacrifício. Novamente Ellen White descreve que
os anjos do céu,ao contemplarem a cena, tiveram uma nova
compreensão do plano da salvação, da relação entre o Pai e o
Filho, de como o Filho viria a esta Terra e, de modo voluntário,
ofereceria a Sua vida. Temos aqui, portanto, um tipo do
oferecimento do Filho numa data posterior.

Para nosso propósito presente tenhamos em mente o uso do


altar: o cordeiro que era providenciado deveria ser sacrificado
sobre o altar - este é o local onde o sacrifício é feito, conforme
todas as passagens do tempo patriarcal. Neste tempo, portanto, o
altar é o local onde a salvação é operada, mediante os sacrifícios
oferecidos sobre ele.

A prática de construir altares continua na vida e


experiência de Jacó. Quando volta para Siquém, onde seu pai
primeiramente tinha vindo, constrói um altar e lhe dá um nome, que
pode ser traduzido El "o Deus de Israel". Este altar, portanto, é
dedicado a um Deus pessoal. Lembremos que, nesse tempo, não havia
uma nação de Israel; Israel é o nome pessoal de Jacó. (Cf. Gên.
33:18-20).
Doutrina do Santuário 9
A última referência que encontramos está em Gênesis 35:7,
quando Jacó volta a Betel. Foi nesse lugar, onde, anteriormente,
ele tivera uma revelação de Deus. Ali ele constrói um altar e,
novamente, lhe dá um nome. O nome do altar deriva do local onde
foi construído, e pode ser traduzido como "Casa de Deus". Em
adição, portanto, no tempo de Jacó temos algo a mais em relação
aos altares e este algo mais é o costume de se dar nome aos
altares.

SUMÁRIO

Por que os patriarcas usavam o altar?

1. Sacrifícios - e pode implicitamente indicar que é por


causa do pecado.
2. Concerto - em algumas ocasiões o sacrifício oferecido
sobre o altar podia ratificar o concerto. É dito que o
nome do Senhor era invocado.
3. Oração.
4. Adoração.
5. Memorial (no caso de Jacó).
6. Gratidão (no caso de Noé).

Tudo isto aponta para o sistema do santuário. Podemos dizer


que era o sistema do santuário em embrião.
Doutrina do Santuário 10

ÊXODO

Capítulos 1 - 6: descrição do fim da permanência do povo de


Deus no Egito. As coisas estavam piorando, o povo orava por
livramento, por isto Deus envia um libertador: Moisés.

Histórias de nascimento na Bíblia: Estas histórias têm uma


função especial, não é simplesmente o relato do nascimento de um
lindo bebê; as histórias são relacionadas com o nascimento de um
libertador. Temos a história do nascimento de Moisés, e ele livra
o povo do Egito. Em Juízes temos a história do nascimento de
Sansão, e ele deveria ser o libertador contra os filisteus, mas
não cumpriu sua missão. Temos, portanto, uma nova história de
nascimento - Samuel - e ele deve cumprir aquilo que Sansão não
fez. Quando chegamos à história do nascimento de Jesus, a história
mais relatada na Bíblia, a maior de todas, ela indica que o maior
de todos os libertadores chegou. Não é Aquele que vai livrar do
Egito, mas de um inimigo maior. Este é o que nasceu para nos
livrar do pecado. As histórias de nascimento na Bíblia, portanto,
têm uma função teológica - anunciam a vinda de um libertador.

Capítulos 7 - 12: fala sobre o diálogo com Faraó e as


pragas.

Capítulos 12 - 15: como resultado da última praga ocorre a


libertação de Israel, o Êxodo. Moisés lidera agora o povo para
fora do Egito. Eles são libertados através do mar, dos egípcios,
que se afogam, e não mais se verá esses egípcios. Então continuam
a viagem, a caminho do Sinai.
Doutrina do Santuário 11

Capítulos 16 - 19: a primeira coisa acerca da experiência do


povo no Sinai é que há uma aparência, ou semelhança, geral entre o
Sinai e o santuário. Consideremos alguns versos em Êxodo 19: vemos
como o povo é preparado ao pé da montanha. O povo deve se
consagrar, se santificar, mas notem onde ele deve star localizado:
"marcarás em redor da montanha limites o povo, guardai de subir ao
monte, nem toqueis nos seus termos" (v. 12). Portanto, o povo de
Israel que está no acampamento e se consagrou deve colocar limites
ao pé da montanha e não deve subir, e nem mesmo tocar, a montanha.
Em seguida vemos o aparecimento do Senhor. Notem a Sua aparição:
"ao amanhecer do terceiro dia - trovões e relâmpagos e uma espessa
nuvem sobre o monte, e clangor de trombetas, de maneira que todo o
povo que estava no arraial se estremeceu" (v. 16). E no verso 18 é
dito que Deus desce em fogo e fumaça, vemos a majestade e glória
de Deus sobre o monte, uma nuvem sobre a montanha e a glória do
Senhor se manifesta sobre esta nuvem. Então instruções são dadas a
Moisés (v. 20) e Deus chama Moisés para o cimo do monte (verso
22); alguns sacerdotes devem ir com ele e, no v. 24, Arão também
deve ir. Portanto, há dois grupos de pessoas aí: um grupo vai até
uma parte da montanha - os sacerdotes e Arão; mas Moisés se
aproxima da Pessoa de Deus, e deixa essas pessoas para
trás.

A sugestão é que um quadro aproximado do santuário está


sendo descrito. Vemos na planície o que poderíamos chamar de
pátio; os sacerdotes vão até parte do caminho, o que chamaríamos
de lugar santo; mas a presença de Deus, que mais tarde será
chamada Shekinah (este termo não é bíblico, foi colocado
posteriormente ao tempo bíblico, é uma palavra hebraica, mas o
hebraico falado após o tempo bíblico. Na Bíblia o termo
Doutrina do Santuário 12
equivalente é KABOD, que significa a glória, o resplendor que
circunda a pessoa). Portanto, Moisés foi até o lugar que
chamaríamos de santíssimo, manifestado pela presença de Deus. E é
nesta ocasião que os Dez Mandamentos são dados, e é isto o que
temos em Êxodo 20.

Capítulo 20: é importante o conteúdo deste capítulo. Sabemos


que parte contém os Dez Mandamentos (vv. 1-17). E o povo novamente
olha para o topo do monte, e a manifestação de Deus lá é
estarrecedora. O povo pede a Moisés que fale com Deus. Então, no
verso 21, temos a segunda instrução deste capítulo: Moisés se
chega próximo a Deus e Ele lhe dá novas instruções, desta vez
sobre os altares. Duas instruções diferentes são dadas sobre como
construir o altar: (a) eles deveriam fazer o altar de tijolos ou
então de pedras - e vejam a conexão: Ele dá as leis e então o
tratamento quando a lei é quebrada (o que deveria ser feito no
caso de ser quebrado o mandamento). Temos aqui, portanto, um par
muito importante, que em teologia posterior poderíamos chamar do
seguinte: com as leis Deus nos diz como viver (sem dúvida vivemos
estas leis pelo poder que Jesus Cristo, o Filho de Deus, nos dá, e
há um nome específico em teologia que chamamos de Santificação, ou
vida santificada. Mas o que acontece quando se cai deste estado de
vida santificada? Se se quebra estas leis? É necessário um
sacrifício. No sistema vétero-testamentário era necessário um
sacrifício sobre o altar; no sistema no neo-testamentário temos
este sacrifício, o sacrifício de Cristo, de uma vez por todas. O
que é cumprido neste caso é aquilo que nos dá a Justificação. Em
Êxodo 20, portanto, temos a justificação no altar e a
santificação, que é viver as leis. A razão para a indicação deste
ponto é porque temos um bom número de Adventistas que parece ter
Doutrina do Santuário 13
problemas no relacionamento entre a justificação e a santificação.
Alguns vão a extremos na justificação e outros na santificação.

Este é o primeiro exemplo que temos do equilíbrio entre


justificação e santificação, e o que é instruído aqui é realizado
no capítulo 24. Entre os capítulos 20 e 24, ou seja, 21 e 23, há
uma coleção de leis que tem alguns nomes e são chamados os códigos
do concerto, ou de pacto. E o que estas leis significam? É uma
maior elaboração dos princípios que encontramos nos Dez
Mandamentos e há um relacionamento entre os Dez Mandamentos e
estes códigos do concerto. Aqui temos princípios elaborados e os
casos em que os princípios são aplicados. Portanto, se quisermos
ver como os Dez Mandamentos funcionam de fato, no antigo Israel,
temos a elaboração dos casos. Por exemplo, "não furtarás" - este é
o princípio - e se um homem roubasse um cordeiro em campo aberto
deve pagar X moedas de prata.

Concerto do Sinai - há um acordo entre Deus e Israel - Lev.


26:12: "Andarei entre vós e serei o vosso Deus e sereis o Meu
povo". Se quisermos saber qual o núcleo deste concerto antigo,
encontramos o seguinte: o acordo de Deus é "Eu serei o vosso Deus"
e Israel é parte deste acordo, "Vós sereis o Meu povo". Aí é onde
os dois se encontram, as duas partes do concerto. Num verso, numa
sentença, temos o centro, o coração do concerto.

Tem sido dito algumas vezes que este é o concerto das obras,
porque eles deviam guardar todas estas leis, mas deveria ser visto
que guardar estas leis é algo que nasce de um acordo, um concerto.
O guardar das leis é algo que nasce do relacionamento entre as
duas partes. Quando Deus diz: "vós sereis o Meu povo", Ele está
dizendo "sereis a Minha nação eleita, de todas as nações do mundo
Doutrina do Santuário 14
Eu escolhi a vós" - isto é eleição, escolha, e é através da graça
de Deus que Israel foi escolhido. Portanto, este velho concerto
está fundamentado na graça e misericórdia de Deus. Agora,
portanto, Deus escolhe e estabelece esta nação como a Sua nação
eleita, e então dá a esta nação todas estas leis. Ele dá leis
religiosas e políticas, que chamamos de leis civis. Como parte
destas leis religiosas estão as leis cerimoniais do santuário e
agora, ao considerarmos estas leis, veremos o sacrifício, a
expiação. Não é possível dizer, portanto, que este concerto é um
concerto de obras, quando as próprias leis estão providenciando
agora o sacrifício para a expiação.

A questão é da relação das obras. O povo que estava ao pé do


Sinai guardou as leis porque as leis constituíam o concerto feito
com Deus, ou seria o contrário, eles entraram em um relacionamento
de concerto com este Deus e, como conseqüência deste concerto,
eles guardaram as leis? Realmente a segunda opção: o velho
concerto, bem como o novo concerto, ambos são concertos de graça.
Ao compararmos os dois, o velho e o novo, em ambos os casos, em
primeiro lugar entram num relacionamento de concerto. Em ambos os
casos, como conseqüência, vão viver de um determinada maneira, as
obras como fruto, ou produto, deste relacionamento. O velho e o
novo concertos são estabelecidos na graça. Vemos esta graça mais
claramente na cruz. Mas aqui vemos a graça nos sistema de
sacrifícios e vemos também na eleição de Israel, portanto, ambos
são baseados na graça.

Será que eles tiveram uma experiência de justificação pelas


obras neste concerto? Sim. Este foi um uso inadequado do antigo
concerto. Será que temos alguma experiência de justificação pelas
obras no novo concerto? Sim. Também é um uso inadequado deste
Doutrina do Santuário 15
concerto. Portanto, uma tentativa de justificação pelas obras
existe tanto no velho como no novo concerto. É sobre isto que os
profetas estão reclamando com o povo ao dizerem a palavra do
Senhor que não tolera mais os sacrifícios que o povo está
oferecendo, porque eles estão usando inadequadamente estes
sacrifícios; eles estão oferecendo sacrifícios sem pensar no que
estão fazendo. Não é o sistema sacrifical o problema, mas o uso
inadequado do sistema.

A última metade do Livro de Êxodo fala como o santuário


deveria ser construído. E eles de fato construíram o santuário
desta forma. O código do concerto é finalizado no capítulo 23 e
notem o que Moisés faz no capítulo 24: ele recebe as leis de Deus,
desce da montanha e, quando desce (v. 4) ele se levanta bem cedo e
erige um altar. A segunda parte do capítulo 20 de Êxodo diz
"constrói um altar" e agora, no capítulo 24, vemos a realidade, um
altar que é construído por Moisés. Notem que este altar não é o
mesmo altar que será utilizado no santuário mais tarde. Poderíamos
chamar este de um altar "temporário", um altar que é usado até que
o santuário seja construído. A construção levou um ano e, durante
este ano em que a construção estava em andamento, este era o altar
que era usado. Deus não esperou um ano para que o sistema de
sacrifícios se iniciasse. No primeiro momento em que Moisés desce
da montanha ele construiu o altar e ofereceu sacrifícios sobre
este altar. Notem o que ele fez com o sangue deste sacrifício:
parte do sangue é derramado ao pé do altar e o resto é espargido
sobre o povo; isto significa que este concerto está sendo
ratificado, estabelecido.

No restante do Livro de Êxodo, considerando os capítulos 25


a 30, há algumas instruções sobre como construir o santuário. Há,
Doutrina do Santuário 16
então, um interlúdio, e o assunto é retomado nos capítulos 36 a
39. E o mesmo ciclo é retomado no capítulo 40. Esta é, portanto, a
estrutura:

. instrução (caps. 25-30);


. construção (36-39);
. Deus diz como o santuário deve ser construído (cap. 40) e
ele é de fato construído.

Basicamente há quatro episódios falando desta construção do


santuário. Todos os elementos do santuário, seja qual for a
brevidade deste relato, o princípio sobre o qual todas estas
instruções são estabelecidas, começa do Santíssimo e vai para
fora. O princípio é iniciar do lugar mais santo, indo para o menos
santo. Portanto, quando Deus dá a instrução, Ele diz como
construir este mais santo, então o menos santo, o pátio e,
finalmente, tudo o que está ao redor. E quando eles fazem aquilo,
eles trabalham na mesma ordem: do mais santo em direção ao menos
santo.

Quando Deus diz como montar, eles também montam nesta mesma
ordem (há uma exceção interessante: o altar de incenso).
. 25:10 - instrução sobre a construção da arca;
. v. 23 - instrução sobre a construção da mesa dos pães da
proposição;
. v. 31 - instrução sobre o candelabro.

O que deveria seguir-se nesta ordem de dentro para fora


seria o altar de incenso, mas não é esta a ordem de instrução. É
falado sobre as cortinas, a tenda em geral, o pátio e no capítulo
30 encontramos a instrução sobre o altar de incenso: "porás o
Doutrina do Santuário 17
altar defronte do véu... onde Me avistarei contigo" (v. 6). A
instrução sobre a construção do altar de incenso foi a última.
Somente depois de serem dadas as instruções de construção de todas
as partes do santuário é que vem a instrução de como construir o
altar de incenso. Notem o propósito especial deste altar de
incenso: encontrar Deus neste lugar, diante da arca, diante do
propiciatório. A razão para esta alusão é porque devemos
considerar o livro de Hebreus 9:1-4: parece indicar que o altar
pertence ao lugar santíssimo. Geograficamente o altar se
encontrava no lugar santo, mas em relação ao ministério ele
pertencia, segundo o livro de Hebreus, ao lugar santíssimo. Há
comentaristas que dizem que o autor do livro de Hebreus não
conhecia a geografia do santuário, que os detalhes não estavam
claros, por isso ele colocou o altar no compartimento que não era
próprio. Em realidade, ele não usa a preposição "em", ele usa um
verbo que tem uma preposição. O que o autor está fazendo aqui é
uma consideração ao capítulo 30 de Êxodo, em que o propósito do
altar de incenso é de ministério no lugar santíssimo; o incenso
que está sendo queimado sobre este altar ultrapassa a cortina
diante da presença de Deus cada dia, não somente uma vez por ano.
Esta era a função do altar de incenso. E a instrução dada a Moisés
no livro de Êxodo reconhece isto ao colocar neste local o altar e
o autor de Hebreus está mencionando este fato. Isto tem que ver
com o princípio geral de construção - do mais santo para o menos
santo.

Consideremos novamente o livro de Êxodo (25:8) - o propósito


final, supremo, deste santuário, é que Deus pudesse habitar no
meio deles. O verso seguinte fala de como Moisés deveria construir
este santuário - segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte. O
vocábulo Hebraico usado aqui é TABNIT e, quando o autor de Hebreus
Doutrina do Santuário 18
menciona este verso usa o termo TUPÓS, que podemos reconhecer como
a palavra "tipo". A pergunta é a seguinte: O que Moisés viu? Há
estudos bastante sobre este termo, mas basicamente ele viu um tipo
de modelo ou objeto. O que ele não viu, segundo o uso que se faz
deste termo, foi uma planificação arquitetônica; viu um modelo, um
objeto, mas não um detalhe de planos. Há três idéias sobre o que
Moisés viu:

1. Santuário celestial;
2. Modelo do santuário celestial;
3. Modelo do santuário terrestre.

Primeiro Deus mostrou a Moisés, depois deu-lhe uma ordem


para construir.

v. 40 - os objetos dentro do santuário também têm um modelo


(arca, candelabro, mesa dos pães).

FORMA - encontrada no livro de Êxodo.


FUNÇÃO - encontrada no livro de Levítico.

Êxodo 40 - a pergunta é: como eles colocaram para funcionar


este tabernáculo?

Os primeiros oito versos dizem respeito à construção ou


montagem do santuário. O verso 8 diz o que eles devem fazer após
esta montagem, como inaugurar o ministério do santuário.

Versos 9 e 10 - UNÇÃO de cada objeto do santuário, depois a


tenda também é ungida.
Doutrina do Santuário 19
Verso 12 - as pessoas são ungidas (Arão e seus filhos).

Esta unção é um sinal de que agora o santuário entra em


serviço. Ele é ungido, portanto, para um serviço específico.

Será que as pessoas do VT, ao estarem diante do templo,


compreendiam que este templo ou santuário, tinha alguma relação
com o templo celestial?

I Reis 8 - Esta passagem trata do discurso de Salomão,


quando o templo foi inaugurado, o início do ministério deste
templo de Salomão. O que Salomão diz neste discurso ajuda a
compreender o relacionamento entre este templo e o templo
celestial.

Verso 27 - será que este templo é suficiente para conter a


presença divina? Não, ele sabe que Deus é muito maior que aquele
templo, mesmo o próprio céu não é suficiente para conter a
presença de Deus. Início de uma oração com uma série de pedidos:
quando algumas coisas negativas ou más acontecerem com o povo e
eles orarem ao templo:

v. 30 ú.p. - "ouve a súplica...quando orarem neste lugar,


ouve do céu"
v. 34 - "ouve do céu e perdoa o pecado de Teu povo"
vv. 35-36 - pedido do povo e a resposta vem do céu.
v. 39 - novamente a resposta vem do céu.
vv. 42-43 - o mesmo.
vv. 44-45 - o tema se repete.
Doutrina do Santuário 20
O panorama é o seguinte: aqui está a pessoa que vem orar
para este templo e, quando a pessoa orar para este templo, Deus,
do céu, vai ouvir e responder à oração. Há uma conexão, portanto,
bastante íntima entre o santuário terrestre e o celestial. E isto
foi reconhecido claramente nos tempos do VT, e Salomão confirma
isto nesta oração.

LEVÍTICO

Esboço do livro - duas partes:

a. Sacrifícios b. Leis

JUSTIFICAÇÃO SANTIFICAÇÃO

v. 16: dia da expiação


(centro)
11-15: Purificação 17-19,22: diversas leis
8-10: evento histórico: 20-21: requisitos para
instalação sacerdócio sacerdotes - como
devem ser.
7: procedimento do 23: festas
sacerdote ao oferecer 25: sábados e jubileus
sacrifícios
5b-6: ofertas p/ culpa 26: bênçãos e maldições
4-5a: ofertas p/ pecado
1-3: sacrifícios 27: resposta do povo:
Doutrina do Santuário 21
especiais voto

Lev. 16:16 - tudo o que foi exposto anteriormente é tratado


no dia da expiação.

Cap. 15:31 - Sumário do capítulo - impureza que contamina,


profana, o lugar da presença de Deus.
Os eruditos, examinando a segunda parte do livro de
Levítico, que é constituída basicamente por leis, deram-lhe um
nome especial: CÓDIGO DE SANTIDADE, porque a motivação para a
guarda destas leis é dada dentro das próprias leis. Por exemplo:
Levítico 19:2 - nós servimos a um Deus santo, portanto nós devemos
viver uma vida santa para Ele. E esta é a razão pela qual chamamos
esta parte do livro de CÓDIGO DE SANTIDADE, porque a motivação
para a guarda destas leis é dada nas próprias leis. "Sereis santo,
porque Eu sou santo", portanto, se servimos a um Deus santo,
devemos viver uma vida santa. E este ainda é um bom motivo hoje.
Não é dito para obedecer a estas leis para obter a vida eterna; a
santidade de Deus, diante de Quem estamos, é a motivação para
viver uma vida santa. Em Teologia isto é chamado de SANTIFICAÇÃO,
daí o nome CÓDIGO DE SANTIDADE.

Reconsiderando a primeira seção do livro: temos os


sacrifícios que são apresentados, e os sacrifícios que devem
trazer esta expiação dos pecados.

Levítico 4:20 - dois pontos a serem considerados:

a. a expiação terá sido feita;


Doutrina do Santuário 22
b. por causa desta expiação o indivíduo recebeu o perdão.

Quando falamos sobre a expiação e o perdão que esta expiação


traz, chamamos a esta experiência de JUSTIFICAÇÃO. A primeira
metade do livro de Levítico trata da justificação e a segunda
metade trata da SANTIFICAÇÃO. Novamente vemos este equilíbrio na
vida espiritual. Não é só justificação nem só santificação; existe
um equilíbrio perfeito entre os dois. Podemos chamar a este
equilíbrio de EVANGELHO NO LIVRO DE LEVÍTICO. O livro de Levítico
está ensinando o Evangelho através destas duas seções.

O clímax deste esboço, o centro do livro, é o DIA DA


EXPIAÇÃO. Por que o dia da expiação se encontra neste ponto? O
clímax de todo o sistema de sacrifícios aponta para este dia da
expiação. O tratamento preliminar para o pecado e o tratamento
preliminar para a impureza, agora encontra o seu tratamento final
e amplo neste dia, portanto, toda a primeira parte do livro aponta
para este clímax do dia da expiação. Mas o que acontece no
dia da expiação? Quando o dia chega, e o serviço tem lugar, há um
resultado em relação ao povo: eles foram totalmente purificados de
sua impureza de qualquer registro de pecado - é o povo totalmente
puro, e este povo, foi preparado desta forma para viver para Deus
desta forma. Portanto, aí está o ponto de transição do livro. O
povo doi purificado daquilo que se menciona na primeira parte para
viver segundo as orientações de Deus que se encontram na segunda
parte. Isto traz à tona o devido relacionamento entre a
justificação e a santificação. A pessoa está tão agradecida por
haver sido justificada (purificada) que agora está disposta a
viver o tipo de vida que se apresenta na
outra metade do livro.
Doutrina do Santuário 23

Capítulo 4

Excetuando-se o capítulo 16, este é o capítulo mais


importante do livro de Levítico.

I. O tema aqui é sobre as ofertas pelo pecado. Neste


capítulo é importante que se aprenda o termo Hebraico Hatat. Esta
é a palavra "pecado" e também a palavra para "ofertas pelo
pecado". Portanto, a palavra representa os dois sentidos. Há seis
ou sete palavras para pecado, e cada uma destas palavras tem a sua
conotação especial. Hatta't tem o significado de "errar o alvo",
"sair dos trilhos" (em Grego temos Hamartia, que também tem o
mesmo significado).

Em Levítico 4 temos quatro diferentes grupos de pessoas (o


tema da oferta pelo pecado está relacionado com estas quatro
categorias):

1. Sacerdotes - v. 1
2. Congregação e todo o povo - v. 13
3. Dirigentes - v. 22
4. Indivíduos - v. 27

Considerando o conteúdo das passagens:


Doutrina do Santuário 24

v. 2 - fala sobre determinado tipo de pecado (por


ignorância) e o pecado destas quatro categorias é deste tipo.

Exemplo do sacerdote: traz um novilho (v. 4), põe sua mão


sobre a cabeça do novilho, o que significa basicamente a
transferência do pecado do sacerdote para o animal. Notar que quem
mata o animal é o próprio sacerdote. O outro sacerdote que
ministra toma o sangue do animal imolado numa bacia, vai para
dentro do santuário, esparge parte deste sangue sobre o véu por
sete vezes, coloca parte do sangue sobre o altar e, finalmente,
toma o sangue, sai para o pátio e coloca este sangue na base do
altar de oferta.

Portanto, ele coloca o sangue em três lugares distintos:

a. O sangue que é colocado sobre o véu é destinado em


realidade ao lugar Santíssimo, mas neste dia o sacerdote não tem
permissão de ir até o santíssimo. Portanto, ao ele espargir o
sangue diante do véu, ele está de fato espargindo junto ao SENHOR,
cuja presença está no lugar santíssimo.

b. Quando ele coloca o sangue sobre o altar de incenso, está


fazendo pelo lugar santo.

c. Ao colocar na base do altar de holocausto, está fazendo


em relação ao pátio.

Então pega uma parte deste animal que foi sacrificado e o


queima sobre o altar de sacrifícios, o resto do animal é levado
fora, onde será queimado.
Doutrina do Santuário 25

O que se faz nos três casos que se sucedem é essencialmente


o mesmo, com uma exceção: no caso dos príncipes e dos indivíduos,
o sangue não é levado para o santuário. No caso do sacerdote (e
também da congregação) o sangue vai até dentro do santuário, mas
nos dois últimos casos o sangue não é usado no santuário, mas
somente no pátio externo do santuário.

PERGUNTA: Nos dois primeiros casos o sangue vai para dentro


do santuário, um registro de pecado, mas se o sangue não é
colocado dentro nos dois últimos casos, significaria que não há
registro do pecado destas ofertas que foram feitas pelos príncipes
e indivíduos? A resposta é: NÃO! Porque há uma outra maneira em
que o pecado será registrado no santuário (cf. Lev. 6:24 ss -
instruções sobre como tratar com o pecado).

v. 26 - o sacerdote oficiante deve comer a oferta no lugar


santo.

Há uma aparente contradição, pois no capítulo 4 não há


registro para se comer a carne do animal; mas a explanação é dada
no capítulo 6:29-30 - notar a diferença: se o sangue do animal
fosse usado, o sacerdote não deveria comer deste sacrifício cujo
sangue foi usado no santuário; mas se o sangue do animal não fosse
usado no santuário, o sacerdote deveria comer deste sacrifício.
Então, o comer da carne do animal sacrificado pelo pecado do
pecador, significa que o próprio sacerdote está tomando sobre si o
registro do pecado, assim, quando o sacerdote entra no santuário
Doutrina do Santuário 26
está carregando o registro do pecado sobre si mesmo. Portanto,
consideramos esta entrada do pecado através do comer do
sacrifício. Em todos os quatro casos há um registro do pecado
dentro do santuário. A única diferença é que este registro penetra
no santuário de forma diferente.

II. Oferta pela culpa - ASHAM

Esta é uma espécie de oferta pelo pecado que é cometido


voluntariamente, e não por ignorância. É dada uma lista de pecados
que são representados por este pecado de culpa. Novamente
encontramos quatro grupos, mas não grupos de pessoas e, sim,
grupos de pecados:

a. 5:1-4 - dois tipos de pecados:


. testemunhar falsamente e juramento não cumprido;
. pecado de impureza.
b. v. 14 - voto a Deus de fazer alguma coisa e não faz.
c. v. 17 - pecado mais abrangente - se há um mandamento
vindo do Senhor e este não é cumprido, a pessoa
se torna culpada.
d. 6:1-4 - longa lista de pecados.

O que fazer por esses pecados considerados voluntários?


Vejamos como o sacrifício do animal era oferecido:

Cap. 5:6 - a oferta é trazida ao sacerdote e este faz


expiação pelo pecador (vv. 10, 12-13), mas em nenhum desses casos
há sangue que entre no santuário, não há registro de pecado dentro
do santuário.
Doutrina do Santuário 27

Há uma exceção: de alguma forma há um registro, mesmo que o


sangue não seja levado até dentro do santuário. Encontramos isto
no capítulo 7:1, onde trata da oferta pelo pecado de culpa. Em
cada caso há duas partes: uma parte diz como o pecado deve ser
tratado e na outra diz como o sacerdote deve manusear este
sacrifício (vv. 6-7 diz que a oferta pela culpa deve ser comida
pelo sacerdote no lugar santo). Seja qual a forma em que este
registro é feito, através do sangue ou da carne do animal, tudo
representa um registro do pecado.

III. Oferta Queimada

Esta oferta, mesmo tendo sido trazida de forma


diferente, é parte de todo o sistema, mesmo que nem o sangue ou a
carne entrassem no lugar santo.

Capítulo 1 - subdivisão das ofertas queimadas:


a. Regulares;
b. Especiais ou individuais.

Em Levítico 1 trata da oferta queimada especial ou


individual:
v. 4 - o indivíduo que traz a oferta coloca a mão sobre a
cabeça do holocausto e depois imola o animal (v. 5).

Três coisas a serem notadas:


a. o pecador coloca a sua mão sobre a cabeça do animal;
b. o próprio pecador imola o animal;
c. este fato faz expiação pelo pecador.
Doutrina do Santuário 28
Após esses três passos, o sacerdote é quem vai lidar com o
sacrifício. Ele usa parte do sangue junto ao altar e o resto será
queimado sobre o altar. Neste caso, nem carne nem sangue vão para
dentro do santuário. Mas, em realidade, é tratado e compreendido
da mesma forma, porque também neste caso existe a expiação.

5:10 - o homem pobre traz pombas ou rolas - um é queimado e


o sangue é usado e, no outro caso, o sacrifício é queimado.

v. 13 - a oferta que é queimada também exerce a função


expiatória.

Podemos dizer que em I e II, pecados especiais estavam sendo


tratados, mas há também uma oferta pelo pecado de um modo amplo e
o tempo mais apropriado para esta oferta era orar por perdão no
momento do sacrifício da manhã e da tarde. Ellen G. White diz a
mesma coisa, que não deveríamos nos deitar sem antes ter
confessado os pecados a Deus. Há um tempo apropriado para isto e,
no tempo do Israel antigo, também havia um tempo especial para
isto, através das ofertas queimadas regulares. Portanto, devemos
considerar com cuidado estas ofertas queimadas regulares como uma
oferta geral que cuida de todos os tipos de pecados em geral.
Poderíamos dizer que estes pecados não são registrados no
santuário, mas estes pecados são considerados como parte de todo o
sistema.

16:16 - o que o sangue do bode cumpre no dia da expiação?


Este sangue trata de toda impureza, de todo pecado, de todo tipo
de problema. Isto inclui as confissões deste sacrifício queimado e
também o sacrifício pela culpa e a oferta pelo pecado. Isto é a
purificação final de tudo isto. Em muitos casos existe o registro
Doutrina do Santuário 29
específico destes pecados sendo levados ao santuário, mas em
alguns casos não há a explicação do registro específico, mas ainda
é considerado como tendo sido registrado no santuário.

Lev. 4:20 - Quando o Israelita era de fato perdoado?

a. quando se tira a gordura da oferta e queima - v. 26;


b. Idem - v. 31;
c. Idem - v. 35 - posteriormente será tratado com este
pecado, no dia da expiação.

O Israelita, portanto, era perdoado quando a oferta era


oferecida.

O que significa o colocar das mãos sobre a cabeça do animal?

Lev. 1:4 - caso da oferta queimada - pecador coloca a mão.


Lev. 4:4 - oferta pelo pecado - o pecador coloca a mão.
O mesmo é dito sobre a oferta pela culpa.

Exemplos de transferência de pecado:

Lev. 10:16 - caso de quando Moisés estava irado com os


filhos de Arão, porque eles não haviam oferecido a oferta de modo
apropriado. Por que estava Moisés tão irado com eles? Seria isto
simplesmente um caso de eles não terem seguido as instruções? É
mais do que isto. Ao eles não terem seguido as instruções não
cumpriram o que a oferta deveria ter cumprido.
Doutrina do Santuário 30
Lev. 10:17 - não comeram a oferta no lugar santo - o pecado
não foi transferido porque não comeram a carne, assim o pecado não
foi levado para o santuário.

Lev. 16:21 - caso do bode emissário - as mãos de Arão são


colocadas sobre a cabeça do bode - ele leva as iniqüidades do
povo. Ao Arão confessar os pecados sobre a cabeça do animal os
pecados são transferidos.

Lev. 24:14 - caso de um homem no acampamento que blasfemou o


nome de Deus - deveria ser apedrejado - todas as testemunhas que
ouviram a blasfêmia colocam a mão sobre a cabeça daquele homem,
identificando o pecado com o pecador.

Números 8:10 - quando os Israelitas deixaram o Egito, o


primogênito de cada família era aceito por Deus de maneira
especial, pois foram salvos da última praga e foram consagrados
para o sacerdócio. Mas houve uma mudança de planos: os levitas
foram colocados no lugar dos primogênitos. A transferência foi
feita convocando-se todos os filhos de Israel, que colocam suas
mãos sobre a tribo dos levitas, assim expressando esta
transferência de autoridade ou de posição. O direito dos
primogênitos foi assim transferido para os levitas.

Números 18:1 - expressa a mesma coisa de Levítico 10 - o


sacerdote leva a iniqüidade.

Número 27 - outro caso de transferência - ritual de


imposição de mãos - poder e posição são transferidos de Moisés
para Josué.
Doutrina do Santuário 31
Levítico 16 - DIA DA EXPIAÇÃO

Três ofertas, além das ofertas da manhã e da tarde:

a. Oferta do novilho pelo pecado do sacerdote - vv. 11 e 14


apresentam como se lidava com o sangue: era levado ao lugar
santíssimo. O sacerdote deveria ser aceito por Deus para poder
ministrar em favor do povo.

b. Dois bodes (lançava-se sorte)


O sangue do bode para o SENHOR é levado para dentro do
santuário, é espargido sobre o propiciatório e perante a face do
propiciatório, também sobre as pontas do altar por sete vezes
(altar de sacrifício no pátio); a expiação também é feita pelo
altar de incenso (v. 18). Assim o santuário é expiado em relação
ao santíssimo, ao lugar santo e ao pátio. Duas coisas importantes
são cumpridas:

b.1. ele tratou de todas as transgressões de Israel; e


b.2. de todas as impurezas.

O sangue é espargido sobre o propiciatório, que é como uma


tampa que significa o trono de Deus sobre a terra. Portanto, este
sangue é espargido diretamente a Deus, distinto de qualquer outro
momento durante o ano. Mas se o propiciatório fosse levado para
outro lugar, onde o sangue cairia? O que era colocado dentro da
arca? Os Dez Mandamentos. Portanto, o significado real do sangue
espargido sobre o propiciatório é que o sangue é espargido sobre a
lei que é quebrada. Deus aceita este sangue assim como aceitou o
sangue de Cristo na cruz.
Doutrina do Santuário 32

Duas funções do sangue no antigo Israel:


1. contaminar;
2. purificar.

Durante o ano o sangue é manejado de fora para dentro,


contaminado o santuário, mas no dia da expiação é manejado de
dentro para fora, purificando o santuário.

No dia da expiação, os pecados recebem o seu tratamento


final, até mesmo os registros do pecado são removidos.

BODE PARA AZAZEL (EMISSÁRIO)

Aparentemente representa um ser oposto a Deus - um bode é


escolhido para o Senhor e o outro é escolhido para Azazel,
portanto, há um contraste entre ambos e aquilo que representam. Um
é o verdadeiro Deus e o outro é oposto a Deus, um tipo de poder
demoníaco. A idéia de que Azazel representa Satanás não é uma
idéia original dos ASD. No livro de I Enoque (2º séc. AC) há uma
lista de anjos, que recebem muitos nomes, que são dados aos anjos
bons e aos maus; entre os anjos maus está o nome de Azazel.
Portanto, em tempos pré-cristãos, Azazel foi identificado com um
poder demoníaco.

Notar que este bode não é imolado, não há sangue usado no


ritual.
Doutrina do Santuário 33
Lev. 4, 5 - quando o indivíduo confessa e imola o animal, há
expiação, mas se não há derramamento de sangue não há expiação.

Lev. 17:11 - a vida da carne está no sangue - o propósito do


sangue é dar perdão.

O fato de Azazel não ter sido imolado significa que não há


perdão neste caso.

c. Lev. 16:24 - oferta queimada pelo sacerdote e pelo povo.


Serve para reiniciar todo o ritual diário - tratar do
pecado de todo indivíduo cometido naquele dia (expiação) e que não
tenha sido confessado antes.

Um tipo de pecado que não encontrava perdão no sistema


típico de Levítico:

Núm. 15:30-31 - pecado de mão levantada - este é o tipo de


pecado que não encontra o perdão, pecado de rebelião. É uma pessoa
que não tem nem mesmo o desejo de perdão. Este é o último grupo de
pessoas em que o pecado era tratado diferentemente.

Duas maneiras pelas quais o pecado podia entrar no


santuário:

1. os pecados que poderiam contaminar o santuário, o


registro destes pecados no santuário;
Doutrina do Santuário 34
2. através das impurezas, em várias formas - contaminação
pelas impurezas - Lev. 15:31; 21:12,23; 20:3; Salmo 79:1; 74:7;
Jer. 2:7; 7:30; 32:34; Ezq. 9:7; 23:39; Mal. 2:11; Sof. 3:4. Estes
textos apresentam sete condições em que o santuário pode ser
contaminado:

a. por um homem impuro (leproso, etc);


b. o sacerdote que não está em condições de oficiar, mas
que entra no santuário para servir;
c. cadáveres na área do templo (ex.: guerra);
d. conquistador inimigo que entra na área do templo;
e. colocação de um ídolo na área do templo;
f. adoração de um ídolo pagão na área do templo;

g. sacrifício humano, especialmente de crianças, ao deus


Moloque (vale de Hinon), mesmo sendo feito fora da área
do templo, contaminá-lo-ia.

Isto estabelece um pano de fundo para Daniel 8 - o que


contamina o santuário? Os pecados dos justos ou a obra da ponta
pequena? Ambos contaminam.

Lev. 16:16 - no dia da expiação se tratava dos pecados e


impurezas. Não era possível tratar de um sem tratar do outro.

Dois aspectos da obra realizada no santuário: Salvação e


julgamento.

O julgamento de 1844 não é o único julgamento realizado no


templo. Há um bom número de julgamentos mencionados no VT, que
Doutrina do Santuário 35
advinham do tabernáculo no deserto, do templo em Jerusalém e do
templo no céu.

Juízos no Antigo Testamento - numa escala menor:

Há vinte e seis destes mini-juízos:

I. Juízos do tabernáculo no deserto:

A. Desfavoráveis (negativos)

1. Imediatamente fatais

a. Nadabe e Abiú (Lev. 10 - o verso 4 dá a idéia


de que o juízo saiu do santuário).

b. Coré, Datã e Abirão (Números 16) - tomaram o incensário,


colocaram-se à porta do tabernáculo; a glória de Deus apareceu -
houve juízo contra os rebeldes. As situações de Nadabe e Abiú,
Coré, Datã e Abirão, são os únicos casos (imediatamente fatais) em
que os juízos foram identificados especificamente como emitindo-se
diretamente do santuário.

2. Sentenças retardadas:

a. Números 14 - casos dos espias - incredulidade -


por este fato tiveram que vaguear por 40 anos
no deserto, até surgir uma nova geração.
Doutrina do Santuário 36
b. Números 20 - caso de Moisés, que deveria falar
à rocha - por isto não entrou na terra
prometida - o texto não declara especificamente
que a sentença sobre Moisés veio do tabernáculo, mas é uma
possibilidade.

3. Uma sentença menor:

a. Números 12 - rebelião de Miriã e Aarão contra


Moisés - Miriã expulsa do acampamento 7 dias.

B. Favoráveis (positivos)

1. Com respeito à função:

a. Números 11 - distribuição de responsabilidades com


os setenta anciãos.

b. Números 17 - florescimento da vara de Aarão -


confirmação como Sumo-sacerdote.

2. Juízo com respeito à terra:

a. Números 27 - filhas de Zelofehad


Doutrina do Santuário 37
II. Juízos do templo celestial:

A. Nos Salmos:
1. Salmo 11
2. Salmo 14
3. Salmo 29
4. Salmo 53
5. Salmo 76 - conexão entre o templo terrestre e
celestial
6. Salmo 102 - Teodicéia
7. Salmo 103 - Salmo de gratidão

B. Nos profetas:

1. Miquéias 1

2. I Reis 22 - caso de Acabe - profeta Micaías

III. Juízos desde o templo terrestre:

A. Nos Salmos:

1. Salmo 9 - julgamento contra o inimigo


2. Salmo 50 - Teofania - Deus vem de Sião para julgar
Seu povo
3. Salmo 60 - contra Edom - juízo contra o inimigo
4. Salmo 73 - Salmo de Sabedoria - exame da justiça
de Deus e problema da prosperidade do
ímpio.
Doutrina do Santuário 38
5. Salmo 99 - salmo de entronização - do trono Deus
executa juízo.

B. Nos profetas:

1. Isaías 6
2. Isaías 18
3. Amós 1
4. Joel 2 e 3
5. Malaquias 3
6. Ezequiel 1-10

DANIEL

Templo histórico:
1:1-2 - tributo pago a Nabucodonozor - vasos do templo.

Nabucodonozor vem três vezes a Jerusalém:


a. 605 AC - Daniel é levado cativo;
b. 597 AC - Ezequiel é levado cativo;
c. 588 AC - o resto do povo levado cativo.

Os vasos do templo são levados na primeira vez, e se tornam


uma conexão entre o templo de Salomão e o templo de Zorobabel
(Herodiano). Estes vasos aparecem novamente no livro de Daniel:
cap. 5 - festim de Belsazar - manda trazer os vasos - são usados
para beber - isto é uma blasfêmia - aparece escrita na parede - os
sábios não conseguem interpretar - Daniel é chamado - o reino será
dividido e dado aos medos e aos persas - Belsazar morre naquela
noite - há um texto babilônico que informa sobre a queda de
Doutrina do Santuário 39
Babilônia, onde se diz que a cidade caiu sem que houvesse uma
batalha - os persas entraram pelo leito do rio - este texto dá a
data de 12/10/539 (na contagem babilônica, 16º dia do 7º mês) para
a queda da cidade, por isto pode-se dar uma data precisa para
Daniel 5.

Ordem dos metais:

Daniel 2 - visão da estátua: ouro, prata, bronze e ferro.


Daniel 5:4 - deuses que foram honrados nesta noite: deuses
de ouro, prata, cobre, ferro, madeira e pedra.
v. 23 - a lista dos deuses é dada novamente, com uma
mudança: a prata está precedendo o ouro. Seria um acidente? Na
noite em que Daniel profetizou, a profecia se cumpriu; Babilônia
passou e um novo reino ocupou o seu lugar.

Esdras - cap. 1 - decreto de Ciro - tem como foco o templo


- permissão para os judeus reconstruírem o templo.
v. 7 - diz que os vasos do templo são retirados do tesouro
de Nabucodonozor e dados aos judeus para serem recolocados no
templo que será reconstruído.
vv. 8-11 - há um inventário do que está sendo devolvido.

Daniel 9 - longa oração de Daniel. A primeira metade da


oração é uma confissão de pecados, Daniel serve como intercessor,
confessando os pecados do povo, os pecados que causaram o
cativeiro. Admite que o povo estava errado e quebrantou a lei, mas
pede misericórdia e perdão. No final da oração, a partir do verso
17, os resultados daquilo que será cumprido, se Deus perdoa o Seu
povo, então aquelas coisas poderão acontecer. Notar a referência
Doutrina do Santuário 40
ao santuário - v. 17 - pede que o favor do Senhor seja manifestado
sobre o santuário e este poderá ser reconstruído.

v. 18 - menciona a cidade, que também está desolada, para


que seja reconstruída.

Temos, portanto, uma referência à reconstrução do templo e


da cidade.

Isto tem relação com a profecia que vem a seguir, porque


nesta profecia a reconstrução da cidade será mencionada - versos
25 e 26 mencionam que tanto o santuário como a cidade serão
destruídos, portanto o segundo templo terá um destino igual ao que
teve o primeiro.

A primeira parte do capítulo (oração) e a segunda parte do


capítulo (profecia) estão ligadas uma à outra. A profecia é uma
resposta à oração.

O templo é descrito em mais de um lugar no livro de Daniel.


Uma rápida descrição do contexto geral de Daniel 10: é o terceiro
ano de Ciro (536 AC), os judeus já estão de volta ao território.
Daniel jejua três semanas (v. 3) e tem uma visão de Deus, o anjo
Gabriel aparece, seus amigos fogem, o anjo o levanta e lhe dá
forças. Daniel está preocupado com Cambises (Dan. 10:20) que,
sendo governante de Babilônia, tinha jurisdição sobre a Judéia,
podendo assim impedir a reconstrução do Templo.

A profecia de Daniel 11 é dada por Gabriel, não é uma visão


simbólica.
Doutrina do Santuário 41

Dan. 10:13 - príncipe do reino da Pérsia: Cambises, fanático


religioso, intolerante em relação a outras religiões, era co-
regente com seu pai; mais tarde tornou-se rei da Pérsia e, durante
seu reinado, nada foi feito em relação à reconstrução do templo.

10:20 - novamente mencionado o "príncipe dos persas".

Esdras - após os judeus voltarem do exílio para Jerusalém


reconstruíram o altar (cap. 3) e começaram a oferecer as ofertas
queimadas. No ano seguinte, novamente voltam ao lugar do templo e
colocam seus alicerces. Há o incidente dos samaritanos que querem
ajudar na reconstrução do templo, mas eles não eram um povo que
seguiam um judaísmo ortodoxo, eram uma mistura, portanto os judeus
não aceitaram a ajuda oferecida. Assim a luta começa e a
reconstrução do templo é interrompida.

Cap. 4:5 - os samaritanos alugaram conselheiros contra os


judeus, a fim de conseguir a interrupção dos trabalhos de
reconstrução do templo. Esses conselheiros foram alugados nos
tribunais, onde decisões desse tipo eram tomadas. Parece que os
samaritanos enviaram alguém até Cambises, o governador de
Babilônia, que autorizou a parada da reconstrução do templo. Este
é o problema pelo qual Daniel está orando, e este é o tempo
apropriado para orar. As pessoas não são o centro do problema,
pois já voltaram, nem a cidade é o centro do problema - levou
ainda um século para que fosse reconstruída. O que está envolvido
aqui é a reconstrução do templo, que foi iniciada e interrompida.

Em Daniel este problema não é explicitado, mas se colocamos


Daniel junto com Esdras, vemos as peças se encaixando.
Doutrina do Santuário 42

Vimos, portanto, em Daniel, referências ao templo histórico:

1:2-4 - utensílios do templo levados por Nabucodonozor


5:4-24 - oração pela reconstrução do templo
9:17ss - oração pela reconstrução do templo
10 - problema da reconstrução do templo

Templo profético em Daniel:

Daniel 9 - inicia com uma oração (vv. 1-17).


Quando Daniel está orando, Gabriel vem a ele e lhe dá a
profecia. Esta profecia é dividida em duas seções:

a. v. 24 - sumário da profecia das setenta semanas que são


dadas para o povo judeu. Ao final das setenta semanas seis coisas
acontecerão. Nenhuma data é dada acerca de cada evento. A única
coisa é que, ao final das setenta semanas, estas coisas serão
cumpridas.

b. vv. 25-27 - aqui são dados os detalhes da profecia, que


preenchem alguns eventos que ocorrem durante as setenta semanas:

v. 25 - cobre o período da reconstrução da cidade;


v. 26 - leva até o final das sessenta e duas semanas;
v. 27 - fala sobre a semana que resta e alguns eventos que
ocorrem.

Nossa maneira hoje de descrever seria começando com os


detalhes e, após, daríamos um sumário em conclusão - raciocínio da
Doutrina do Santuário 43
causa para o efeito. A outra maneira seria começar com o resultado
ou o efeito e então dizer como este resultado foi alcançado; esta
é a maneira semítica de apresentar os fatos.

Considerando os detalhes:

v. 25 - "...ordem para restaurar e edificar Jerusalém...


sete semanas e sessenta e duas semanas..." O evento particular que
está sendo considerado aqui é a ordem para a reedificação da
CIDADE de Jerusalém. Portanto, não é o TEMPO, pois esta cidade só
será reconstruída um século depois.

Esdras - ao procurar por um decreto para a reconstrução da


cidade, o problema se torna complexo, porque não há apenas um
decreto, mas quatro, se incluirmos o decreto encontrado no livro
de Neemias.

Considerando os decretos:

1. Esdras 1 - 538 AC - Ciro - objetivo: o povo pode voltar


e reconstruir o templo (vv. 2-4).
No capítulo 3 somos informados de que quando o povo
voltou, de fato recomeçaram a reconstrução, mas foram impedidos
pelos samaritanos, e este lugar do templo permanece desolado por
vinte anos. Então Deus envia dois profetas - Ageu e Zacarias - que
incentivam o povo a reconstruir o templo. Há alguns governadores
persas na área que procuram se informar do que está acontecendo
(cap. 5:3-4). Os judeus respondem que estão fazendo o que foram
autorizados a fazer. Os governadores escrevem a Dario, rei da
Pérsia, e este ordena uma pesquisa nos arquivos, e o decreto de
Doutrina do Santuário 44
Ciro é encontrado (cap. 6:1-2). Assim, Dario escreve aos
governadores para que não impeçam a reconstrução - aqui temos,
então, a reedição do decreto por Dario, em 520 AC, e novamente
trata-se do templo. Como conseqüência deste segundo decreto o
templo foi reconstruído. Quatro anos se passam e, finalmente, no
verso 15, fala do término do trabalho. Os versos 16-18 falam da
dedicação do templo.

Revisão:

1. Esdras 1 - Ciro - 538 AC - refere-se ao templo;


2. Esdras 6 - Dario - 520 AC - reedição do primeiro
decreto: refere-se ao templo;
3. Esdras 7 - Artaxerxes - 457 AC - cidade/muros;
4. Neemias 1-3 - Artaxerxes - 444 AC - cidade.

No terceiro decreto Esdras recebe autoridade para:

a. legislar acerca de assuntos religiosos sobre a população


da Judéia e Síria, e não apenas sobre os judeus;
b. autoridade para ler e ensinar a lei de Deus para a
população destas duas regiões;
c. autoridade para instaurar a pena de morte, se
necessário, em casos religiosos;
d. autoridade para realizar os serviços próprios do templo
em Jerusalém.

Problema: quando Esdras volta para Jerusalém, inicia a


reconstrução da cidade (sabemos isto através do cap. 4).
Doutrina do Santuário 45

Esboço do cap. 4:

vv. 1-5 - oposição contra os judeus no tempo de Ciro


v. 6 - oposição contra os judeus no tempo de Assuero
vv. 7-23 - oposição contra os judeus no tempo de Artaxerxes
v. 24 - volta ao tempo de Dario.

Portanto, há uma espécie de parêntesis: Assuero e


Artaxerxes. A maneira lógica de se ler o capítulo seria vv. 1-5 e
24, que se referem à paralisação dos trabalhos no tempo de Dario.
A ligação é o nome de Dario, que aparece no v. 5 e é repetido no
v. 24.

No capítulo 4 é descrita a perseguição. Veremos a


perseguição que ocorre no tempo de Artaxerxes. Há governadores
envolvidos, o verso 9 diz a região de onde procedem e, no verso
11, uma carta é endereçada a Artaxerxes.

O que está realmente acontecendo? O problema está no v. 12.


vv. 12-13 - relato feito pelos governadores ao rei - a carta
diz que algumas pessoas vieram a Jerusalém e estão reconstruindo a
cidade. Que grupo de judeus é este? É dito que eles vieram da
parte de Artaxerxes.

Cap. 7 - decreto autorizando a volta.


Cap. 8 - retorno
Doutrina do Santuário 46
O cap. 4 é uma referência histórica àquilo que aconteceu
após o retorno. A carta do cap. 4 descreve algo que só será
descrito no cap. 7. O cap. 4 trata de modo geral das perseguições
sofridas pelos judeus. O livro de Esdras não está em ordem
cronológica. A ordem histórica é: caps. 7, 8 e depois o 4.

Após o retorno de Esdras a Jerusalém recomeça-se a


reconstrução da cidade, como resultado do decreto do cap. 7.

Cap. 4 - a cidade está sendo reconstruída - os governadores


escrevem a Artaxerxes - a reconstrução é interrompida, até que se
receba nova autorização. Foi a mesma coisa que aconteceu com o
templo: houve um primeiro decreto, a reconstrução começou, pessoas
interferiram, parou o trabalho, até que houve um segundo decreto e
o trabalho foi concluído. Em relação à cidade, houve um decreto
autorizando a reconstrução, os inimigos interferiram, a obra foi
interrompida, até que veio outro decreto e o trabalho foi
concluído.

Neemias - 444 AC - é o vigésimo ano de Artaxerxes - Neemias


é o copeiro do rei - cap. 2 - diz ao rei como está a cidade -
recebe autorização para voltar.

v. 9 - Neemias recebe autoridade como governador da Judéia.


vv. 11ss - anima o povo a reconstruir a cidade.

O que Esdras começou, Neemias terminou.


Os decretos de Esdras e Neemias são em dois pares:

a. um par diz respeito à reconstrução do templo;


b. outro par diz respeito à reconstrução da cidade.
Doutrina do Santuário 47

Daniel 9 - quando fala da reconstrução da cidade, devemos


considerar estes dois pares de decretos. Os evangélicos têm um
problema, pois iniciam a contagem das setenta semanas em 444 AC e
assim chegam até o ano 44 AD, além do tempo de Jesus. Para
resolverem este problema, dizem que os anos são lunares. Se
usassem o ano correto para o início não precisariam fazer esta
adaptação com os anos lunares.

A maioria dos comentários dá o ano de 458 AC para o sétimo


ano de Artaxerxes, quando o decreto foi dado a Esdras. Nós, porém,
dizemos que é o ano de 457 AC. Por quê? Tem que ver com a natureza
do calendário. Os judeus tinham dois tipos de calendário: (1) um
que ia de primavera a primavera; e (2) outro que ia de outono a
outono. A data de 458 está relacionada com o calendário de
primavera a primavera (religioso) e a data de 457 está relacionada
com o calendário que se inicia no outono (civil), que é o
calendário típico judeu usado para datar os anos dos reis. É por
isto que usamos o calendário civil, pois se trata de datar o ano
de um rei (o sétimo ano de Artaxerxes). Portanto, o início da
profecia de Daniel 9:25 é o ano de 457 AC.

Sete semanas para a cidade - começando em 457 alcançamos o


ano de 408 AC. Problema: não temos confirmação para esta data.
Argumento baseado no silêncio. Não há qualquer documento, mesmo
extra-bíblico, que confirme esta data. Contudo, temos bastante
informação acerca de outros pontos da profecia (457 AC, 31 AD),
mas sobre 408 AC nada sabemos.

9:25 ú.p. - "...as praças e circunvalações... tempos


angustiosos." Este foi o período de Esdras (que interrompeu os
Doutrina do Santuário 48
trabalhos) e Neemias, que conseguiu concluir, mas em situação
difícil.

9:26 - considerando o período após as 62 semanas, alcançando


o tempo do Messias. Sobre que evento a profecia está falando? Isto
tem que ver com o significado da palavra "Messias", que se origina
de MASHAH - "ungir". Portanto, devemos olhar o evento na vida de
Cristo quando Ele foi ungido, o tempo quando o Messias realmente
se tornou o Messias. Isto ocorreu por ocasião do batismo de Jesus.

Para datar o batismo de Jesus, começamos com Lucas 3:21-22,


e também o verso 1, que diz que isto ocorreu no 15º ano do reinado
de Tibério. Augusto era o César, que adotou a Tibério e, num dado
momento, colocou a Tibério como co-regente com ele. Augusto morreu
em 14 AD e, se somássemos estes 15 anos de Tibério, chegaríamos a
29 AD para o batismo de Jesus. Mas deve ser lembrado que Tibério
era co-regente com Augusto antes que este morresse. Assim, Tibério
começou a reinar no ano 12 AD, de maneira que seu 15º ano é o ano
27 AD, a data do batismo de Jesus. Portanto, as 62 semanas
terminam no ano 27 AD.

Dan. 9:26 - "DEPOIS" - portanto, após as 62 semanas, após 27


AD, o Messias será morto (cortado).

Dois significados para cortar:

a. ser expulso do acampamento (no dia da expiação);


b. ser morto.

Notar a descrição da morte do Messias: é dito que o Messias


não deveria ter uma vida normal e nem uma morte normal - Ele
Doutrina do Santuário 49
deveria ser cortado, morto. O verbo está na voz passiva,
significando que o agente da morte do Messias seria outro, e não
Ele próprio. Portanto, consideramos 27 AD como a data da unção e,
em algum ponto depois desta data Ele deveria ser morto - isto se
cumpriu na pessoa de Jesus de Nazaré, quando foi morto pelos
soldados romanos.

9:26 - "e já não estará" - frase que oferece muita


dificuldade. Hebraico EN (forma negativa do verbo "ser") e LÔ
(preposição que significa "para", "em direção a" ou "por", "em
favor de", mais o sufixo pronominal "ELE", portanto, "PARA ELE".

Literalmente: "NÃO SERÁ PARA ELE".

Percebe-se que falta uma palavra nesta expressão: "não


haverá" ou "não será" ALGO para Ele. O que é este "ALGO"? Que
palavra ou idéia pode ser usada para preencher este vazio?

1. "COISAS" - Assim a tradução seria: "ELE NÃO TERÁ COISAS"


- e isto descreveria a pobreza do Messias, que é verdade em
relação a Jesus de Nazaré, que não tinha onde reclinar a cabeça.

2. Deus está mais interessado em "PESSOAS" do que em


"COISAS". Desta forma a tradução seria: "NINGUÉM (ou nem uma
pessoa) SERÁ POR (favorável) ELE". Esta possivelmente seja a idéia
correta. Assim, ninguém seria a favor dEle, seria rejeitado.
Quando seria Ele rejeitado? A frase precedente diz que Ele será
morto, portanto, rejeitado no momento em que for morto, e é isto o
que aconteceu com Jesus. Ele foi crucificado, os líderes
religiosos O rejeitaram, a multidão que ali estava O rejeitou e
Doutrina do Santuário 50
mesmo os discípulos não conseguiram compreender - "nós esperávamos
que Ele fosse o libertador de Israel".

Dan. 9:26 - "povo de um príncipe" - dois pontos de vista


sobre o "príncipe":

a.príncipe romano (maioria dos comentaristas);


b. príncipe judeu, um Messias.

Pergunta: não foram os romanos que destruíram a cidade? Sem


dúvida isto é verdade. Mas por que eles fizeram isto? A resposta é
porque os judeus se rebelavam contra Roma. Portanto, os soldados
romanos foram os agentes físicos da destruição, mas a causa real
foi a rebelião dos judeus contra os romanos. O importante aqui é
causa: o povo do Messias causou a destruição da cidade.

JOSEFO - relata algo interessante sobre isto. Ao escrever


sobre a história dos judeus dá uma interpretação sobre as
profecias de Daniel. Ao falar de Daniel 9 diz que entre os judeus
do primeiro século havia dois pontos de vista sobre o príncipe:
(1) para Josefo era um príncipe romano (Tito); (2) outros judeus
achavam que o príncipe era o Messias, e esta profecia estimulou o
povo a prosseguir em sua luta contra os romanos, porque o ponto de
vista era o seguinte: a profecia diz que em primeiro lugar o
Messias deverá vir e, para eles, nesse tempo, o Messias não havia
chegado, portanto eles continuariam a lutar esperando pelo
Messias. Portanto, para os judeus, Daniel 9 era um tipo de
Doutrina do Santuário 51
motivação baseada nas Escrituras que os motivava em sua luta
contra Roma.

O resto do verso diz como a cidade será conquistada e


destruída: "como um dilúvio" - as tropas que inundam a cidade.

A mesma linguagem é encontrada em Isaías, em relação com o


exército assírio.

No fim do verso 26 é dito que a desolação da cidade está


determinada. Portanto, existe aqui uma determinação, ou decreto,
divino. Jesus profetizou a respeito disto (Mateus 24) - nenhuma
pedra do templo ficaria sobre a outra, e é exatamente isto o que
ocorreu. O templo foi tão completamente destruído pelos romanos
que hoje não se encontra nem mesmo os traços de onde ele se
localizava. É por isto que os arqueólogos discutem se o templo
estava mais ao sul ou mais ao norte.

Daniel 9:27 - três pontos a destacar (os dois primeiros tem


que ver com o Messias):

1. O trabalho do Messias - "FARÁ UMA FIRME ALIANÇA" (ou


concerto). A que concerto se refere aqui? Do VT ou do NT? Deve-se
notar que o concerto abrange toda esta semana profética. Sabemos
que o concerto do NT começa na cruz. Mas aqui é a última semana
deste período de graça concedido ao povo. Quando dizemos que é
um FIRME CONCERTO, significa que o concerto já existia e que agora
está sendo amplificado ou clarificado. Portanto, trata-se do
concerto vétero-testamentário, a última proposta feita por Deus ao
Seu povo.
Doutrina do Santuário 52
Jesus tornou muito clara esta proposta, ou oferta, no Sermão
do Monte. Ele retirou vários mandamentos deste concerto antigo,
mas não diz que eles foram abolidos, mas simplesmente os amplia, e
afirma que os mandamentos do velho concerto tem que ver com os
motivos do coração. Jesus era, portanto, o mensageiro deste
concerto, e esta era a última oferta que Deus fazia ao Seu povo.
Interessante como Deus fez esta proposta - Ele foi além da cruz,
além do terrível ato da morte de Seu próprio Filho, demonstrando
Sua misericórdia, na tentativa de estabelecer esta firme aliança
com o Seu povo.

Pergunta histórica: o que marca o fim desta semana?

Já foi falada das datas anteriores e, matematicamente,


chegou-se ao ano 34 AD, e o evento aqui considerado é o
apedrejamento de Estêvão. Dois pontos a serem salientados deste
apedrejamento:

1. O que há de tão importante neste apedrejamento de


Estêvão? Qual é a sua importância teológica? Existiram
outros mártires no mesmo período, e mesmo antes. Por que não
foram tão importantes com Estêvão?

a. Atos 7 - perceber a natureza do discurso de Estêvão -


é um sermão com base histórica, em que recapitula a
histórica de Israel, desde o tempo de Abraão e Davi.
Se considerarmos o AT, esta é a maneira como faríamos
um concerto: demonstrando o relacionamento histórico,
passado, entre as duas partes que vão estabelecer o
concerto. Os profetas usavam este mesmo estilo de
recapitulação. Nos profetas encontramos um tipo de
Doutrina do Santuário 53
introdução ao concerto LAWSUIT, isto é, PROCESSO DE
CONCERTO. Neste tipo de sermão, os profetas diriam ao
povo que ele (o povo) era culpado de quebrar o
concerto, mas para introduzir este tipo de condenação
recapitularia tudo aquilo que o Senhor fizera em
favor de Seu povo no passado. Portanto, Estêvão está
proferindo um sermão da mesma forma que um profeta do
VT faria aos líderes da nação.

2. Ele foi arrastado para fora da cidade para ser


apedrejado. v. 55 - teve uma visão do céu e de Cristo.
Após isto ele é apedrejado.

Estêvão teve uma VISÃO e quem tem uma visão é um


PROFETA. Portanto, neste momento, por definição, Estêvão
é um profeta. E os judeus, naquele momento, rejeitaram o
profeta. Estão rejeitando não só as palavras de Estêvão, mas
de um homem inspirado que lhes traz a palavra de
Deus.

3. Quando estêvão morrer, será substituído por alguém. Seu


sucessor é Saulo/Paulo, que terá um ministério para os
gentios. Portanto, este ministério tem o seu início aqui
neste incidente, com a morte de Estêvão.

Aqui está, portanto, o significado teológico sobre a morte


de Estêvão como mártir.

Data da morte de Estêvão: em Atos não há qualquer data


atribuída a este evento. Então, como datar este fato? Paulo
assiste o martírio de Estêvão como um não-converso, portanto,s e
Doutrina do Santuário 54
pudermos datar a conversão de Paulo, poderemos ter uma idéia sobre
a data da morte de Estêvão.

Gálatas - Paulo menciona suas visitas a Jerusalém:

1:18 - diz que visitou Jerusalém 3 anos após a morte de


Estêvão.
2:1 - diz que 14 anos depois voltou a Jerusalém.

Salienta que o evangelho que está pregando não é de origem


humana, recebeu diretamente de Deus, e mostra quão pouco tempo
passou em Jerusalém.

Temos, portanto, um período de 17 anos entre suas visitas a


Jerusalém.

No capítulo 2 de Gálatas ele se refere à experiência de sua


segunda viagem missionária, e podemos datar precisamente sua
visita a CORINTO nesta viagem. Quando ele vai a Corinto apresenta-
se ao procônsul romano GÁLIO. Há uma inscrição do tempo de Gálio
que permite datá-lo no ano 51 (o trabalho do procônsul era feito
por um ano). Portanto, podemos estabelecer uma data para o ponto
médio desta segunda viagem missionária. Assim, 51 AD menos 17 anos
é igual a 34 AD (conversão de Saulo). Devemos lembrar que ele
ainda não era convertido por ocasião do apedrejamento de Estêvão.
Há, portanto, um curto período entre o martírio de Estêvão e sua
conversão. É um método indireto para se chegar a uma data bem
próximo ao que seria o cálculo da profecia.

Sumário:
Doutrina do Santuário 55
1. Não há datas específicas no livro de Atos.
2. A data é determinada indiretamente, através do
ministério de Paulo.
3. A melhor data é 34 AD para a conversão de Saulo (e o
martírio de Estêvão bem próximo disto).

Assim, temos a data final para a profecia, e todas as datas


estão juntas, como um colar, e elas se confirmam umas às outras.

O PONTO SUPREMO destas datas é que elas provam que Jesus de


nazaré era o MESSIAS predito.

Daniel 9:27b - "sacrifício no meio da semana" - cessar o


sacrifício. Trata-se do príncipe Messias, Jesus. No meio da
semana, sobre a cruz, cumpre tudo aquilo que os sacrifícios
prefiguravam.

Problema: o verso diz que fará cessar o sacrifício, mas o


templo durou até o ano 70 AD e, até esta data, ofertas e
sacrifícios foram oferecidos no templo. O que isto significa?

Quando Jesus morreu sobre a cruz, cumpriu todo o sistema


sacrifical do AT, o tipo encontrou o Antítipo, o véu se rasgou. O
que aconteceu no templo após este rasgar do véu foi simplesmente
uma coleção de cerimônias sem valor. Teologicamente, portanto,
Jesus colocou um fim a estes sistema de sacrifícios, embora
fisicamente o templo só tenha sido destruído em 70 AD.

Daniel 9:27c - fala sobre o ASSOLADOR, os romanos que vêm a


Jerusalém e a desolam. O assolador é Roma, mas há um decreto que
Doutrina do Santuário 56
será derramado sobre ele, significando que o assolador também
encontrará o seu julgamento. Assim, ao mesmo tempo em que Roma
teve a permissão de cumprir este julgamento contra Jerusalém, ela
própria receberá mais tarde seu justo juízo (queda de Roma e
conquista pelas tribos bárbaras).

Daniel 9:24 - Sumário: seis declarações (as duas primeiras


dizem respeito à responsabilidade dos judeus; as outras duas,
responsabilidade de Deus; as duas finais apresentam os
resultados):

1. fazer cessar a transgressão;


2. "dar fim aos pecados" - PESHA' - pecado de rebelião
contra Deus.

Estas duas são responsabilidade do povo, pois que são eles


que cometem o pecado.

Deus quer que um povo justo receba o Messias, e Ele quer que
este povo se prepare para receber o Messias a fim de produzir
frutos de justiça.

3. Expiar iniqüidade
4. Trazer a justiça eterna

Estas são coisas que as pessoas não podem fazer por si


mesmas. Deus deve fazer a expiação final, suprema. Notar o que
acontecia no sistema do VT (Levítico), cada vez que o sacerdote
oferecia o sacrifício, é dito que ele fazia expiação por si mesmo,
mas isto durava pouco tempo e ele tinha de fazê-la novamente.
Portanto, a expiação no sistema do VT era temporária, mas a
Doutrina do Santuário 57
expiação mencionada aqui é uma expiação final, bem maior, que é
cumprida por Jesus na cruz. Após esta expiação nenhum sacrifício
necessitaria mais ser oferecido. É por isto que o sistema
cerimonial não tinha mais razão de ser após esta morte na cruz. A
expiação feita por Jesus tem o seu efeito (resultado): TRAZ
JUSTIÇA. Não se trata de uma justificação temporária, mas uma
justificação eterna, que teve seu início na cruz e dura por estes
dois mil anos e continuará para sempre.

5. "Selar a visão e a profecia" (Hebr. NABI' - profeta -


esta é a pessoa que profere a profecia e recebe a
visão).

Significado de selar:

a. testemunhar de que algo é correto, verdadeiro;


b. selar no sentido de dar um fim a alguma coisa (parece
ser este o significado aqui).

Então, o que significa a expressão "selar a visão e a


profecia"? Vimos que Estêvão, ao receber a visão, era um profeta,
mas o povo judeu rejeitou a sua mensagem profética, mataram-no e,
como resultado, a voz profética parou de falar a Israel; não houve
mais qualquer profeta enviado a Israel. Poderia ser mencionado que
há mais profetas no NT, e isto é verdade, mas há uma diferença:
agora são profetas cristãos, que foram enviados à igreja cristã.
Portanto, Estêvão foi o último profeta a falar a Israel na
qualidade de um povo escolhido.

Portanto, ao final das setenta semanas, quando chegamos a 34


AD, como resultado daquilo que estaria acontecendo neste período,
Doutrina do Santuário 58
e o povo não se tornou a comunidade com as qualidades que Deus
esperava, não aceitaram a expiação provida por Deus, então a voz
profética cessou.

6. "Ungir o santo dos santos" - QODESH QODESHIM - a ação é


ungir. Duas interpretações:

a. a frase aponta para o Messias que é ungido para Seu


ministério terrestre;
b. a frase se relaciona com o santuário, que é ungido
para o serviço.

Pergunta: qual é a interpretação correta?

Estudo Semântico

A frase QODESH QODESHIM é usada 30 vezes no VT, sempre em


relação com o santuário, nunca usada em relação a uma pessoa. Não
é uma palavra específica para o lugar santíssimo; pode ser usada
em relação ao lugar santo, ao santíssimo, para todo o templo, ou
referindo-se aos móveis do santuário. Portanto, é uma palavra
Doutrina do Santuário 59
geral que pode se referir ao santuário como um todo ou
especificamente a uma parte do santuário.

Pergunta: Ao fim das setenta semanas, teremos, de alguma


forma, a unção de um santuário. Que santuário é esse?

a. Tabernáculo do deserto? Não existia mais.


b. O primeiro Templo (de Salomão)? Estava destruído.
c. O segundo Templo (de Herodes) existia, mas seria em
breve destruído. A profecia de sua destruição se
encontra no próprio texto. Portanto, o segundo templo
não é um bom candidato.

Portanto, se nem um destes templos é adequado, precisamos de


outro santuário.

d. Hebreus 8 e 9 fala do santuário celestial, dentro do


qual Jesus entrou para ser nosso Sumo-sacerdote, por
ocasião de Sua ascensão. Esta entrada, portanto, ocorreu
logo ao fim das setenta semanas, em 31 AD.

O que significa ungir?

Êxodo 40 - após a construção do tabernáculo, colocaram óleo


sobre a tenda, os utensílios, sobre os sacerdotes - o santuário,
portanto, foi ungido para dar início ao seu serviço.

Aqui se trata, portanto, da unção do santuário celestial que


dá início ao seu serviço, de uma maneira nova e especial.
Doutrina do Santuário 60
Sinal terrestre da unção do santuário celestial: o Dia de
Pentecostes (Atos 2).

MESSIAS - CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA PESSOA E OBRA - Dan. 9:

1. Ele fará uma EXPIAÇÃO final, suprema - v. 24c


2. Trará justiça eterna - v. 24d
3. A profecia dá o TEMPO (DATA) em que Ele viria - v. 25
4. Diz que o Messias será CORTADO, MORTO - v. 26a
5. Seria REJEITADO - v. 26b
6. Faria a OFERTA FINAL DE CONCERTO ao povo judeu - v. 27a
7. Porá FIM AO SISTEMA DE SACRIFÍCIO - v. 27b
8. UNÇÃO DO SANTUÁRIO CELESTIAL - v. 24f

Todas estas declarações se cumpriram na vida de Jesus de


Nazaré. Esta profecia nos diz que Jesus de Nazaré foi tudo aquilo
que Ele reclamou ser.

CONEXÃO ENTRE DANIEL 9 e 8

1. 9:24 - "CORTAR" - 70 semanas "cortadas" (determinadas).


HATAK - ocorre somente uma vez na Bíblia, portanto não
pode ser comparada dentro da própria Bíblia. Para
entender seu significado precisamos analisar outras
fontes, mesmo extra-bíblicas, especialmente o MISHNAH
(Hebraico Mishnaico ou hebraico pós-bíblico), onde ocorre 12
vezes. Em 11 casos significa "cortar". Exemplo: Se um animal
fosse trazido para o sacrifício e houvesse uma ferida em
uma de suas pernas, o sacerdote deveria tirar esta
ferida e o verbo usado para esta ação do sacerdote é
Doutrina do Santuário 61
HATAK, portanto, o significado básico deste verbo é
CORTAR. Assim, as 70 semanas (tempo) devem ser
"cortadas" de um período maior de tempo: as 2300
tardes/manhãs.

2. Se compararmos as profecias de Daniel 8 e 9, veremos que


ambas iniciam no período dos persas.

Daniel 8 - início com o CARNEIRO, que representa a


Pérsia. Não é dada nenhuma data específica, simplesmente um
período geral.

Daniel 9 - o tempo do período inicia especificamente com


um decreto de um rei persa.

Portanto, no capítulo 8 temos um período geral da Pérsia


e, no capítulo 9, temos um período específico. A
implicação é que deveríamos utilizar este ponto
específico de um decreto para compreender o tempo
geral do capítulo 8.

3. Daniel 9:22-23 - A que visão se refere Daniel?

VISÃO - duas palavras que destacam este conceito:

a. HAZON - visão simbólica (Dn. 8:1-2)


b. MAREH - aparecimento de um ser pessoal (Dn. 10:5,7)
Doutrina do Santuário 62
9:23 - "entende a visão" - MAREH - em outras Gabriel
diz: "compreende as palavras que estou lhe trazendo."

Ao Daniel compreender a palavra de Gabriel estaria


compreendendo a VISÃO/MAREH. Que visão/mareh é esta?
Para entender, vejamos:

Dn. 8:26 - "visão" aparece duas vezes. Como ocorre em


Hebraico?

"A visão (MAREH) da tarde e da manhã...


"tu, porém, preserva a visão (HAZON)

Por que ele usa as duas palavras aqui? Devemos


considerar o conteúdo do capítulo 8. Há duas seções:

vv. 1-12 - visão simbólica (HAZON)

Quando esta visão/hazon termina, dois anjos iniciam uma


conversação e Daniel ouve. Há uma pergunta e uma
resposta. Aí vem a segunda seção da visão:

vv. 13-14 - Aparecimento (MAREH). Sabemos que é MAREH


porque há referência à tarde/manhã.

Conexão:

8:14 «───────── 8:26 «───────── 9:23


tarde/manhã MAREH MAREH
tarde/manhã
Doutrina do Santuário 63

9:23 - "entende a visão" - algo que você viu


anteriormente - não diz que ele compreenderá tudo o que
viu no capítulo 8, mas algo específico no capítulo 8,
isto é, o aspecto cronológico, de tempo.

As profecias dos capítulos 8 e 9 são diferentes:

Daniel 9 - profecia específica para os judeus;


Daniel 8 - profecia simbólica em relação às nações em
geral.

A história dos judeus no capítulo 9 não explica a


história das nações em geral. O que será explicado é a
questão do tempo - a conexão em relação ao período de
tempo é dada justamente aqui em relação a Daniel 8:14.

DANIEL 8

v. 2 - Daniel é transportado em visão (HAZON) para Elão,


Susã, junto ao rio Ulai.

v. 3 - visão do carneiro. Três características:

a. chifres de tamanhos diferentes sobre a cabeça, que


vieram numa ordem reversa (v. 20 - explicação sobre
os chifres - reis da Média e da Pérsia);
Doutrina do Santuário 64
b. o carneiro ultrapassa seus limites e começa a
conquistar em três direções diferentes:
. Oeste: Babilônia - conquistada em 539 AC
. Norte: Turquia/Anatólia - Reino da Lídia - 547 AC
. Sul: Egito - conquistado em 525 AC
c. v. 4 úp - "se engrandeceu"

A próxima parte da visão diz respeito ao BODE, que vem do


OESTE e se lança contra o carneiro persa. Características:

a. v. 5 - não tocava o chão - representa a velocidade


das conquistas realizadas por Alexandre, que em três
anos conquistou todo o mundo conhecido de então,
desde a Grécia até a India.

v. 21 - menciona especificamente a Grécia e o grande


chifre, o primeiro rei: Alexandre.

b. vv. 6-7 - luta entre o BODE E O CARNEIRO. O bode


vence. 331 AC - Alexandre derrota Dario III,
terminando assim o império persa.

c. v. 8 - "engrandeceu sobremaneira" - mas no auge do


seu poder o chifre é quebrado e, em seu lugar,
aparecem quatro chifres (oriundos deste que se
quebra) e se dirigem para os quatro pontos cardeais.

1. Macedônia
2. Ásia Menor
3. Síria (que incluía Babilônia) - Norte
4. Egito - Sul
Doutrina do Santuário 65

MACEDÔNIA

ASIA MENOR

SIRIA

Palestina

EGITO

A Bíblia, em Daniel 11, dedica interesse especial à SIRIA E


EGITO, porque lutaram entre si pela posse da Palestina. Começou em
301 AC, quando foram estabelecidos. Nos primeiros cem anos a
Judéia pertencia ao Egito e depois passou à Síria.

Até este ponto todos os comentaristas estão de acordo, sejam


ASD ou não-ASD. A diferença começa no v. 9.

v. 9 - CHIFRE PEQUENO - Quem é ele e de onde vem?


Doutrina do Santuário 66

Este chifre pequeno é dito vir "de um deles" - significa a


partir de um dos ventos ou a partir de um dos chifres?

A posição do Prof. Shea é que se origina de um dos ventos


(direção).

Alguns comentaristas entendem que este é o verso mais


importante para se identificar o chifre pequeno. Na realidade, a
identificação deste chifre deve ser feita a partir do conjunto de
suas características, e não simplesmente a partir deste detalhe,
deste verso.

PONTO DE VISTA DE SHEA:

ROMA vem do VENTO OESTE e se introduz no leste, nas outras


partes do império. Imaginemos Roma se introduzindo no Oriente
Médio através de um dos chifres anteriores. Qual seria este
chifre? Possivelmente o da Ásia Menor. Por quê?

133 AC - o rei de Pérgamo não tinha herdeiro masculino,


assim deixou um testamento constituindo Roma como herdeira. Quando
ele morreu, realmente Roma tomou posse do reino. Pela primeira vez
Roma tinha um território no Oriente Médio. Assim, por este chifre,
Roma penetraria no Oriente Médio.

Conquistas de Roma:

1. 168 AC - Macedônia (Grécia)


2. 133 AC - herdou Pérgamo
3. 60 AC - conquistou a Síria
Doutrina do Santuário 67
4. 31 AC - conquistou o Egito

Há uma explicação para estas conquistas:

v. 23 - no fim do seu reinado - notar este aspecto


cronológico. Em outras palavras, à medida em que todos estes que
sucederam ao grande chifre, cujos reinos estão chegando ao fim, é
quando podemos esperar este poder vindo à cena.

INTERPRETAÇÃO ALTERNATIVA - ANTÍOCO EPIFÂNIO

Diz que é a partir deste chifre (SIRIA/BABILONIA) que


aparecerá um chifre menor: Antíoco IV, Epifânio. E pelo fato de
Antíoco ter sido muito duro em seu trato com os judeus,
perseguindo-os, alguns intérpretes o identificam com o chifre
pequeno. Não aceitamos esta interpretação, pois tudo aquilo que
caracteriza Roma não serve para caracterizar Antíoco.
Doutrina do Santuário 68
1. Três pontos a serem notados na progressão dos versos:

a. A Pérsia se engrandece;
b. A Grécia se engrandece sobremaneira;
c. A ponta pequena se engrandece a tal ponto que atinge o
príncipe do céu.

Notar a progressão: PERSIA - GRECIA - ROMA.

Mas se considerarmos Pérsia - Grécia - Antíoco, viríamos de


um grande rei para um maior rei e deste para um pequeno
rei. Não há modelo a ser seguido aqui.

Este é o primeiro argumento: este padrão de engrandecer


cada vez mais não se enquadra no caso de Antíoco Epifânio.

2. Aspecto cronológico: menção é feita ao fim do reinado


destes reinos (ou chifres). Se considerarmos 301 AC como
início do reinado (dos quatro chifres) e 60 AC como o
fim, encontraremos Antíoco no meio do período (175 AC 164
AC) e não no final. Na lista dos reis que governaram este
território (Síria) ele também é colocado no ponto
médio, cronologicamente falando.
3. Direção das conquistas

v. 9 - diz que as conquistas são para o LESTE, SUL e


TERRA GLORIOSA (ou Palestina).

Antíoco realizou conquistas nestas direções?


Doutrina do Santuário 69
SUL (EGITO) - Antíoco chegou a invadir o Egito em 168
AC, conquistou o leste do Delta, mas não conquistou
Alexandria, no Oeste do Delta. No ano seguinte (167 AC)
tentou esta conquista, mas o Egito pediu ajuda a Roma,
que enviou um embaixador/general, que se encontrou com
Antíoco e lhe disse que, se tentasse conquistar o Egito,
Roma imperial se voltaria contra ele. Assim, ele voltou
para a Síria e não mais tentou conquistar o Egito.

LESTE - Quando Roma derrotou o seu pai, este perdeu a


maior parte do império (que seria a Babilônia), portanto
Antíoco tentou reconquistar esta parte leste. No início
teve algum sucesso, mas morreu durante esta campanha.

TERRA GLORIOSA - Quando assumiu o trono em 175 AC, a


Judéia era parte do seu reino, não precisou ser
conquistada. Começou a perseguir os judeus, o que causou
uma revolta (Macabeus) e, como resultado, a Judéia
reconquistou a independência. Não somente não conquistou
esta terra como também é responsável por havê-la
perdido.

Portanto, comparando-se estas três características,


vemos que ROMA se enquadra perfeitamente e Antíoco não
as cumpre.

Daqui por diante, portanto, quando nos referirmos à


ponta pequena, estaremos pensando em Roma.

Cap. 8:9 - três direções de conquista - primeira fase de


Roma (Imperial).
Doutrina do Santuário 70

v. 10 - fato novo que aparece - outra direção de conquista:


para cima, em direção ao céu; lança por terra algumas das
estrelas. O que significa isto? Vejamos a interpretação:

v. 24 - o seu poder é grande, causa estupendas destruições.


"destrói os poderosos" - possivelmente guerreiros;
"e o povo santo" - são atacados no v. 10 -
perseguição contra os santos.

Dan. 12:3 - os justos são descritos como se tornando


estrelas; assim, em Daniel, os santos são comparados a
estrelas.

8:10-11 - os santos têm um príncipe sobre eles, assim, ao


atacar as estrelas, significa um ataque ao próprio príncipe. Como
ocorreu este ataque?

v. 11 - tirou do príncipe o "diário e o lugar do seu


santuário foi deitado abaixo" - CHALLA'T

TAMID - contínuo, diário - advérbio que se refere a uma ação


que acontece continuamente. No VT é usada cerca de 80 vezes, e
cerca de 30 vezes é usada em relação ao santuário, como neste
caso. O que significa esta palavra quando usada em relação ao
santuário?

Em Êxodo e Levítico é usada em vários lugares em relação ao


altar de holocausto - os sacerdotes queimariam os sacrifícios de
forma contínua; também acenderiam as lâmpadas e apagariam a cada
Doutrina do Santuário 71
noite e a cada manhã - isto era algo contínuo; os pães deveriam
estar continuamente diante do Senhor; toda vez que entrava no
lugar santo, queimava incenso no altar de incenso, cada manhã e
cada tarde, e isto era um TAMID; também carregava continuamente os
nomes das tribos de Israel diante do Senhor.

Dan. 8 - única vez em que TAMID é usada como substantivo. Em


todos os outros lugares é um adjetivo modificando alguma coisa.
Portanto, devemos colocar alguma outra palavra para complementar o
sentido. Que tipo de palavra colocaríamos aqui? MINISTÉRIO OU
MINISTRAÇÃO. Assim teríamos o trabalho contínuo. o ministério do
sacerdote que a ponta pequena tenta retirar do santuário. O
príncipe é Cristo, a Ele pertencem as estrelas, também o TAMID ou
ministração contínua, e a Ele pertence o santuário. Portanto, o
que a ponta pequena pretende fazer é retirar de Cristo o Seu
ministério.

No santuário TAMID é usada em relação ao altar de


holocaustos, ao castiçal, à mesa dos pães, altar de incenso e
vestes sacerdotais. MAS TAMID NUNCA É USADA EM RELAÇÃO AO
SANTÍSSIMO. Portanto, quando se fala da ministração contínua,
estamos falando do ministério que se restringe ao lugar santo,
nunca ao santíssimo. E isto é o que o poder tenta fazer - tenta
retirar do príncipe este ministério TAMID do príncipe e controlar
este ministério.

A ponta pequena tenta também derrubar a fundação sobre a


qual se assenta o santuário. Uma vez mais o santuário será pisado.

Três ações distintas descritas aqui, com natureza


específica, religiosa, portanto estamos tratando com um poder com
Doutrina do Santuário 72
natureza religiosa; é a segunda fase da ponta pequena: FASE
RELIGIOSA:

1. perseguição aos santos;


2. substituição do ministério de Cristo;
3. focalizar os olhos no santuário terrestre em vez de no
celeste.

Ao focalizar os olhos dos homens sobre um sacerdócio


substituto este poder está dizendo que existe um plano de salvação
rival, que a salvação está sob seu controle, que os seres humanos,
se quiserem obter a salvação, devem se dirigir a ele.

Há uma luta, portanto, em torno do plano da salvação: há um


verdadeiro e um falso. Temos o verdadeiro sacerdócio celestial de
Cristo e temos um substituto terreno; temos o verdadeiro santuário
celestial, onde o plano da salvação é uma realidade administrado e
temos um substituto terrestre que intenta focalizar os olhos dos
homens sobre uma igreja terrena. Estes dois sistemas estão lutando
um contra o outro, teologicamente. Notar a diferença em relação à
teologia - diferença entre dois sistemas teológicos: o verdadeiro
plano de Deus para a salvação da humanidade e um substituto
humano, terreno. Isto nos leva ao fim do verso 12.

v. 12 úp - "deitou por terra a verdade". Que verdade? Uma


verdade em geral ou uma verdade específica? Este verso é um
sumário, que está no fim da seção desta visão. E o que Daniel viu
anteriormente era em relação com este santuário. Agora é dito que
a verdade é deitada por terra. Portanto, é uma verdade específica
que foi derrubada, sobre o sacerdócio de Cristo no Seu santuário.
Doutrina do Santuário 73

Após isto é dito que tudo o que a ponta pequena "fez",


"prosperou". A visão é finalizada, mas os santos não são levados
para o reino celestial. Portanto, as cenas finais acerca desta
ponta pequena ainda estão se desenrolando, e isto levanta a
pergunta: quanto tempo isto aí vai durar? Para sempre? E é isto
que o anjo vem para responder - vv. 13-14.

v. 13 - natureza da pergunta: "Até quando durará a visão?"


Literalmente: "Quanto tempo é a visão?"

Quatro coisas que a ponta pequena faz:

a. tira o diário - TAMID;


b. inicia a abominação;
c. pisa os santos;
d. pisa o santuário.

A pergunta não é "por quanto tempo a ponta pequena fará


isto?", mas a pergunta se refere a toda a visão.

A razão porque esta pergunta é significativa é a seguinte:


temos a visão de Daniel 8, e há duas formas de considerar a visão:

a. vv. 1-8
b. vv. 9-12 (assim fazem alguns teólogos) e não consideram
os versos anteriores.

Assim, a pergunta é torcida e se transforma no seguinte: por


quanto tempo a ponta pequena vai fazer tal coisa? Mas a pergunta,
em verdade, é sobre a duração da visão. A palavra neste verso (v.
Doutrina do Santuário 74
13) é HAZON. A pergunta do anjo se refere a HAZON, e a razão é que
os próprios anjos são a MAREH dos versos 13 e 14. Mas eles se
referem à visão simbólica. A resposta à pergunta:

v. 14 - 2300 tardes/manhãs - duração da visão - visão total.

vv. 1 e 2 - o termo HAZON é usado.

v. 13 - pergunta em relação a esta visão HAZON, não somente


à parte da ponta pequena.

Se compreendermos esta pergunta cuidadosamente, teremos um


ponto de início para as 2300 tardes e manhãs no próprio capítulo 8
de Daniel. Se as 2300 tardes e manhãs cobrem a visão, e a visão
começa com o carneiro persa, então a profecia deve ter o seu
início no tempo deste carneiro. Não é dito o ponto exato, mas é
dito que o início da visão deve ser em algum ponto entre 539 AC e
331 AC, que é o período persa.

Análise do período de tempo: como sabemos que um dia é


formado por uma tarde e uma manhã?

Gênesis 1 - "tarde e manhã, o dia primeiro..."

Alguns pretendem dividir isto em dois: sacrifício da manhã e


sacrifício da tarde, mas isto não é correto, pois os sacrifícios
da manhã e da tarde são considerados como pertencendo ao mesmo
dia.

Por que a expressão tarde e manhã é usada aqui? Não é por


causa da criação, mas é um dia do santuário. Relembrar o
Doutrina do Santuário 75
tabernáculo no deserto: a nuvem que está sobre o tabernáculo a
cada entardecer se tornava em uma coluna de fogo e cada manhã se
tornava novamente numa nuvem. Portanto, os sacerdotes não
precisavam considerar o sol como a base do dia, para saber quando
o sacrifício deveria ser oferecido. O próprio Deus estava
indicando. Portanto, isto é um dia do santuário. Tarde/manhã não
significava um tempo normal para o judeu da antigüidade.

Esta descrição, portanto, fala de um tipo especial de


unidade de tempo, que foi escolhido porque há uma conexão especial
com o santuário. Tarde/manhã é um dia específico do santuário,
logo, uma profecia que está falando do santuário utiliza o tempo
do santuário.

Devemos agora interpretar este tempo do santuário, porque


este é um símbolo do tempo.

Daniel 8 - a explanação desta profecia é Daniel 11, que


explica as pessoas e nações que se encontram em Daniel 8.

Em Daniel 8 temos o uso de símbolos, como o carneiro; temos


nações simbólicas, ações simbólicas e tempo simbólico.

Em Daniel 11 temos reinos literais, ações literais e tempo


literal.

Característica de Daniel 11: unidade de tempo:

v. 6 - cabo de anos
v. 8 - por alguns anos
Doutrina do Santuário 76
v. 13 - ao cabo de anos

Vemos, portanto, por três vezes: reis literais, ações


literais e tempo literal.

Tempo simbólico: 2300 tardes/manhãs

┌─────────────────────────────────────────────────┐
│ Daniel 8 │
│ Nações Ações │
│ simbólicas simbólicas │

├─────────────────────────────────────────────────┤
│ Daniel 11 │
│ Reis Ações │
│ literais literais │
└─────────────────────────────────────────────────┘
vv. 6, 8 Tempo literal v. 13

O que temos relacionado com a data em Daniel:

1. Tarde/manhã = dia ( Gênesis 1 e dia do santuário ).


Doutrina do Santuário 77
2. Dia = ano (comparando Daniel 8 e 11).
3. Visão, no sentido temporal, começa com a Pérsia,
portanto, em Daniel 8 temos um tempo aproximado e
ligamos isto com...
4. Daniel 9 - que dá um início preciso, tempo específico
(457 AC), que leva à conclusão final
5. 2300 anos (457 AC - 1844 AD).

Daniel 8:14 - chegamos a 1844 AD - O QUE ACONTECEU NESTA


DATA?

É dito que o santuário será purificado, vindicado,


restaurado, corrigido. O termo hebraico é SEDEK, que basicamente
significa ESTAR CERTO, CORRETO. Exemplo: se estamos andando em um
caminho, sem sair do trilho, estamos "certos".

Se estivermos num correto relacionamento com Deus podemos


usar esta mesma palavra - SEDEK - que então se torna um
substantivo abstrato, que chamamos de JUSTIÇA. Portanto, a palavra
"justiça" vem do conceito de "estar certo", "estar correto", "ser
justo".

Assim, qualquer coisa que estivesse errada com o santuário


anteriormente, deve ser agora corrigido; e sabemos que estamos
falando do santuário celestial, pois os versos 10-12 dizem que
esta ponta pequena se dirige PARA O CÉU. É uma profecia simbólica,
e não se trata de um ser humano literal que subiu ao céu para
fazer tal coisa, mas a sua obra sobre a terra afeta o santuário
celestial. Portanto, a partir destes símbolos, a ponta pequena
Doutrina do Santuário 78
realizou algumas coisas negativas em relação ao santuário
celestial:

a. LUGAR - derrubou por terra (aspecto geográfico)


b. PESSOA - tentou retirar o ministério do príncipe, a quem
pertence este ministério; assim, quando a ponta pequena
tem controle sobre seu santuário terrestre, introduz
certas coisas no serviço que não deveriam lá estar.
c. CONTAMINAÇÃO - provocada pela ponta pequena - a
introdução de alguma coisa diferente no serviço, e isto
tem que ver com o estado do santuário.

Lembrar que em Daniel 8, o problema tem que ver com dois


planos rivais de salvação. Os versos 10-12 tratam da substituição,
que é parte da falsidade. Mas há o outro lado, isto é, o plano
correto da salvação e o lugar correto da salvação. Os verdadeiros
crentes colocam a sua fé no verdadeiro santuário celestial, e
quando esta fé se dirige ao santuário celestial, há confissão,
arrependimento e intercessão - portanto, os pecados dos justos
foram registrados no santuário e são também registrados como tendo
sido perdoados pelo sangue de Cristo.

COMO DEUS VAI RESOLVER ESTE PROBLEMA? Há dois planos de


salvação e dois grupos de pessoas participando de cada um deste
planos. Em algum momento no tempo, é importante que o indivíduo
tome uma decisão: participar do verdadeiro plano, tomando
conhecimento de que fora enganado anteriormente.
Doutrina do Santuário 79
COMO DISTINGUIR ENTRE OS DOIS PLANOS? É necessário que haja
um processo de julgamento. Portanto, é de se esperar que ao fim do
período que está sendo considerado, quando o verdadeiro e o falso,
e os problemas envolvidos, forem distinguidos e reconhecidos, haja
um julgamento para cumprir esta distinção entre o falso e o
verdadeiro. Este julgamento deve cumprir diversas coisas:

a. demonstrar a todos os seres do universo que o plano da


ponta pequena é errôneo:
b. tomar uma decisão final em relação ao problema do
pecado, o que enfatiza ainda mais a necessidade de um
julgamento.

JUSTIÇA - palavra usada:

Lev. 11-15 - apresentam os estados de impureza/contaminação


- a palavra usada para tratar esta impureza/contaminação é TAHER,
que significa a purificação deste estado de impureza.

Num paralelo espiritual, o que a ponta pequena fez


contaminou o santuário celestial.

Historicamente, Nabucodonozor contaminou o templo quando


nele entrou.

Neste paralelo espiritual, a obra da ponta pequena e seus


exércitos contaminou o santuário celestial. Se quisermos tratar
somente deste problema de contaminação pela ponta pequena, deveria
ser usada a palavra TAHER para descontaminar, purificar. Contudo,
o texto bíblico usa uma palavra muito mais ampla: SEDEK, que
significa:
Doutrina do Santuário 80

a. purificar
b. right (colocar em estado correto)
c. vindicar, justificar (numa situação de tribunal)

Se tratarmos simplesmente da contaminação feita pela ponta


pequena, usaremos a palavra TAHER, que só englobaria o sentido de
"purificar". Mas o santuário deve ser devolvido ao seu local
apropriado e também à pessoa correta (notar que aqui se trata de
símbolos) e os pecados que foram tratados também devem ser
colocados em seu lugar apropriado, ser tratados apropriadamente.

Portanto, a maneira correta aqui é utilizar a palavra mais


ampla, para cobrir todas estas atividades de descontaminação,
voltar à pessoa correta, local correto e tratar apropriadamente
dos pecados.

Neste julgamento, portanto, acontecem duas coisas


principais:

a. tratamento do pecado dos justos de modo final; e


b. problemas que foram introduzidos no santuário celestial
pela ponta pequena, ou a atividade da ponta pequena em
relação ao santuário celestial.

LEVÍTICO 16 - DIA DA EXPIAÇÃO (dia de julgamento para


Israel). O que acontecia nesse dia, quando a expiação final era
realizada?

v. 16 - duas coisas eram tratadas:


Doutrina do Santuário 81
a. impurezas
b. pecados

Assim, as impurezas indicam o que a ponta pequena fez em


relação ao santuário celestial e os pecados têm que ver com os
justos.

No dia da expiação, quando o sacerdote levava o sangue para


o santíssimo, fazia expiação por estes dois aspectos. Não é
possível tratar do problema da impureza sem tratar do pecado e
vice-versa: os dois são inseparáveis.

NATUREZA DA PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO - Alguns dizem que


Daniel se refere à purificação relacionada com a contaminação
feita pela ponta pequena; outros dizem que não há nada relacionado
com a contaminação feita pela ponta pequena, mas simplesmente com
os pecados dos justos. Os dois lados estão corretos, pois, pelo
modelo bíblico (Levítico 16) sabemos que ambos são tratados,
inseparavelmente.

Em Daniel 8 não temos uma descrição, um quadro detalhado, do


julgamento; Daniel não viu o julgamento tendo lugar, ele apenas
ouve o diálogo entre os dois anjos, que afirmam que haverá um
julgamento para esta purificação e, quando este julgamento
ocorrer, vai realizar tudo aquilo que é significado pela palavra
SEDEK: purificar, vindicar, corrigir, restaurar. Tudo aquilo que
estava errado, por assim dizer, no santuário, seja pelos pecados
perdoados dos justos ou da obra da ponta pequena, tudo será
corrigido.
Doutrina do Santuário 82
Daniel 7 - descrição do julgamento, é quando ele realmente
vê o julgamento.

Seria correto, razoável, analisar Levítico para compreender


a profecia em Daniel? Os evangélicos não concordam com isto, não
crêem que Daniel tenha qualquer relacionamento com Levítico.
Vejamos, porém, alguns aspectos em Daniel 8 que apontam
diretamente para Levítico, e o ponto central é que Daniel 8 é uma
profecia sobre o santuário e, se queremos considerar alguma parte
da Bíblia que fala direta e extensamente sobre o santuário, só
encontramos em Levítico. Estudar Daniel 8 sem estudar Levítico é
deixar de lado a mais importante fonte de informação.

Relação entre Daniel 8 e Levítico:

1. Carneiro │ Os animais de Dan. 8 contrastam com Dan. 7 -


« neste os animais são bestas/feras, enquanto
2. Bode │ naquele são animais domésticos, que se
│ USAVAM NOS SACRIFÍCIOS.
3. Chifres - após se quebrar o grande chifre na cabeça do
bode, quatro outros crescem em seu lugar. Num
jogo de palavras com um israelita daquele tempo,
se falássemos "quatro chifres", a idéia associada
seria "altar" (os chifres do altar)
4. Santuário - a palavra é utilizada três vezes na profecia
5. Tamid - palavra que é usada para ministração - ocorre 30
vezes no VT em relação ao santuário.
6. Tarde/manhã - tempo do santuário (Deus indicava o tempo
através da nuvem).
7. Santo (Dan. 8:13) - a palavra usada no VT para ANJO é
MALA'K, mas não é este o termo empregado aqui.
Doutrina do Santuário 83
SANTO é um título raro no VT. Por que a palavra santo em
relação aos anjos? Porque são santos e estão servindo num
santo lugar. O que é este lugar santo? O SANTUÁRIO.
Isto foi demonstrado no próprio santuário: querubins
sobre o propiciatório e figuras de anjos nas cortinas.

Portanto, estes itens estabelecem a ligação entre Daniel e


Levítico e é perfeitamente lógico buscar informações sobre o
santuário no livro de Levítico.

Daniel 8 - visão em 548 AC


Daniel 7 - visão em 550 AC - visão inaugural de Daniel,
quando se torna verdadeiramente um profeta, de direito. Embora
encontremos profecias no livro antes desta data, neste caso ele
servirá de forma diferente. Em Daniel 2 e 4, foram sonhos do rei e
Daniel serve como intérprete, um sábio. Mas no capítulo 7 ele
próprio recebe a visão, em forma de sonho (v. 1).

v. 2 - GRANDE MAR - duas teorias:


a. é simplesmente uma grande porção de água;
b. referência específica de um local do Grande Mar,
neste caso o Mar Mediterrâneo (posição do Prof.Shea).

As águas deste mar representam povos (Ap. 17:15), mas, em


particular, o povo ao redor do Mediterrâneo, pois é deste lugar
que estes quatro poderes advirão. Dois dos países mencionados são
tipicamente mediterrâneos e dois deles conquistaram até às praias
do Mediterrâneo, portanto, de alguma maneira, todos têm alguma
relação com o Mar Mediterrâneo.
Doutrina do Santuário 84
VENTOS QUE SOPRAM SOBRE ESTE MAR - distúrbios políticos.
Após esta perturbação política surgem estes quatro poderes.

Diferença entre Daniel 7 e Daniel 8:

Daniel 8 - a direção dos símbolos (carneiro/bode) são bem


específicas.
Daniel 7 - não há referência a qualquer direção que os
animais tenham seguido; simplesmente aparecem
um após o outro.

Primeiro animal - LEÃO (v. 4) - dois aspectos:

a. tem asas como águia e, quando estas são arrancadas, ele


se levanta sobre seus pés como homem e
b. é-lhe dado uma mente (coração) de homem. Num texto
babilônico, Nabucodonozor fala de um rei que coloca sobre
Jerusalém, e diz que colocou um rei segundo o seu coração,
que traduzimos como um rei segundo a sua própria escolha.

Perceber que em primeiro lugar foi falado sobre o BODE do


capítulo 8 que voou sobre a terra, representando a velocidade de
suas conquistas. As ASAS DO LEÃO também deveriam representar esta
velocidade das conquistas de Nabucodonozor, que construiu seu
império em pouco mais de 15 anos. Mas quando este império foi
construído, o leão perdeu as características do leão; não é mais
uma besta de conquista, mas foi domada, é suave, como se fosse um
ser humano. O rei verdadeiramente experimentou uma transformação
no fim do seu reinado.

Duas interpretações acerca desta transformação do rei:


Doutrina do Santuário 85

1. o próprio Nabucodonozor passou por esta transformação,


quando viveu o episódio descrito no capítulo 4; depois
que se curou de sua doença, não era mais um general
conquistador do mundo;
2. tratam-se dos reis mais fracos que se seguiram a
Nabucodonozor (esta é a posição do Prof. Shea).

O símbolo de um leão é perfeito para Babilônia. A cidade era


cortada pelo Eufrates, havia uma praça no centro, muros em redor
e, na parte norte do muro, havia o PORTÃO DE ISHTAR, um portão bem
elaborado, cerca de 12 metros. Nas paredes junto a este portão
utilizaram cerâmica vitrificada para fazer figuras, desenhos de
animais, sendo que os principais eram touro e LEÃO - há cerca de
300 destes animais, com aproximadamente 1,80 m. - de maneira que
quem entrasse por este portão forçosamente veria estes animais
ali.

Há uma teologia por trás disto: os babilônios criam que os


deuses cavalgavam (montavam) estes leões, sendo, portanto,
utilizados para representar Babilônia.

Segundo animal - URSO - é um animal das montanhas - não


vivia nas planícies de Babilônia, mas nas planícies do leste. O
principal país do leste era a PÉRSIA, portanto, uma representação
muito apropriada para a nação persa.

Duas características:

1. levantou-se de um dos seus lados (como os chifres no


capítulo 8) - indica a dupla natureza deste reino: os
Doutrina do Santuário 86
Medos subiram antes e os Persas, depois e mais alto, mas
os dois povos estavam relacionados, constituíam um só
reino.

2. tem três costelas na boca: referência às conquistas do


urso:

a. Lídia - 547 AC
b. Babilônia - 539 AC
c. Egito - 525 AC

Terceiro animal - LEOPARDO (é o BODE do capítulo 8, onde


temos a indicação específica, pelo nome: GRÉCIA). Duas
características:

1. tem asas nas costas (velocidade de conquista)


2. quatro cabeças (quatro chifres do capítulo 8) - indicam
as divisões que o império sofreria.

Quarto animal - NÃO TEM QUALQUER NOME - não é nomeado no


capítulo 7 nem no capítulo 8. Devemos, portanto, fazer uma
pergunta histórica: qual o poder ou nação que se seguiu à Grécia?
A resposta histórica é: ROMA. Este animal é mais forte e poderoso
que os precedentes.

v. 7 - comparação com o capítulo 2: aqui o ferro descreve o


quarto império e em Dan. 7:7 é dito possuir "dentes de ferro", o
que demonstra que estamos tratando do mesmo reino.
Doutrina do Santuário 87

"Dez chifres" - explicação no verso 24. São as divisões


deste quarto reino em dez reinos menores (em Dan. 2 e 7, as
palavras para reis e reinos são utilizadas de forma
intercambiável).

O ponto importante aqui é que há um décimo-primeiro chifre,


e este pequeno chifre se levanta após estes dez chifres ocuparem o
seu lugar. Isto dá um início de descrição das características da
ponta pequena.

CARACTERÍSTICAS DA PONTA PEQUENA EM DANIEL 7:

1. provém do animal representando ROMA,logo, tem o seu


caráter.
2. TEMPO quando se levanta - depois dos dez chifres
ocuparem o seu lugar - portanto, se quisermos uma data
aproximada, devemos considerar a queda de Roma em 476
AD.
3. a ponta pequena DESARRAIGOU três outras - acontecimento
no sexto século, três nações da Europa foram derrotadas em guerra,
por outras tribos ou pelo imperador, mas nestes três casos
particulares o Bispo de Roma esteve especialmente envolvido,
porque a teologia cristã estava em jogo: eram tribos cristãs,
ARIANAS:

508 AD - VISIGODOS - francos (França)


533/4 AD - VÂNDALOS - Justiniano
538 AD - OSTROGODOS
Doutrina do Santuário 88
Portanto, estas não foram guerras simplesmente para
conquista de território, mas havia questões teológicas envolvidas,
e a vitória significou uma vitória do bispo de Roma. As forças
ortodoxas cristãs lutaram contra as forças heréticas do
cristianismo, e a vitória da ortodoxia representa uma vitória do
bispo de Roma.

Pela primeira vez na história cristã, a igreja utiliza o


braço militar do estado para forçar (to enforce) suas crenças.
Portanto, temos um tipo de união entre igreja e Estado, que
aparece com esta ponta pequena.

4. Daniel 7:8, 25 - "uma boca que falava com insolência"


"proferirá palavras contra o Altíssimo"

Blasfêmia - pretensão de ser o vigário de Cristo sobre a


Terra. Isto é bastante amplo. Missa: quando o sacerdote diz: "Este
é o meu corpo", é como se Deus fosse OBRIGADO a descer, obedecer,
em função do ofício do sacerdote, independentemente do seu estado
espiritual. Nas religiões pagãs o propósito é usar a Deus para
usufruir benefícios, mas o ponto de vista bíblico é de que Deus
usa o homem para seu próprio benefício.

5. Perseguição:
a. inquisição
b. massacre na noite de S. Bartolomeu
c. Holanda (Duque de Alba) - cinqüenta mil mortos.
Doutrina do Santuário 89
6. v. 25 - "cuidará em mudar os tempos e a lei" - quatro
vezes é utilizada a palavra "tempo" mas, no original,
temos duas palavras diferentes:

a. "Mudar os tempos" - aramaico ZEMAN, que significa um


ponto específico no tempo; mas neste caso aparece no plural -
ZeMNIM - que significa uma série de pontos no tempo, e aqui está
relacionado com a lei.

EM QUE CASO TEMOS UM PONTO REPETIDO NO TEMPO


RELACIONADO COM A LEI?

O SÁBADO (quarto mandamento) - ponto no tempo repetido a


cada sete dias.

b. A outra palavra para tempo é 'IDDAN, cujo significado


não é um ponto no tempo, mas um período de tempo contínuo, neste
caso três tempos e meio. Esta palavra não é usada para "ano" (ano=
SHAMAH). Quando dizemos que é um ano profético, trata-se de uma
interpretação sobre o tipo de tempo que está representado aqui por
esta palavra.

7. Como saber que um tempo se refere a 1 ano? Há 3 textos:

a. Daniel 4 - é dito que sete tempos passariam sobre


Nabucodonozor. Neste capítulo, a palavra para "dias" e a palavra
para "meses" já foram utilizadas anteriormente, mas uma unidade de
tempo que não é utilizada no capítulo 4 é a palavra "ano",
Doutrina do Santuário 90
portanto, é lógico que se pense que o termo "tempo" em Daniel 4 se
relacione com o período de tempo "ano". Assim, Nabucodonozor
esteve mentalmente enfermo por um período de sete anos. Quando a
Septuaginta traduz esta expressão, já o faz empregando "sete
anos". Portanto, é claro que este termo "tempo" é compreendido
como "anos" no caso de Nabucodonozor.

b. Daniel 12 - série de datas em PROGRESSÃO:

v. 7 - três tempos e meio


v. 11 - 1290 dias
v. 12 - 1335 dias

Se matematicamente considerarmos estas três menções de


tempo, chegaremos a uma unidade para os três tempos e meio do
verso 7 (que equivalem a 1260 dias).

c. Apocalipse 12:6, 14 - Esta passagem estabelece


equivalência entre 1260 dias e três tempos e meio.

Portanto, para identificar a ponta pequena, devemos


considerar todas as características, e não simplesmente um detalhe
isolado.

Daniel 8 - a ponta pequena está prosperando, crescendo.

Daniel 7 - demonstra o que está acontecendo: cena do


tribunal celestial. Duas cenas descritas, mas que estão separadas
no texto:

a. vv. 9-10 - INICIO DO JULGAMENTO


Doutrina do Santuário 91
b. VV. 13-14 - FIM DO JULGAMENTO

É dito claramente que se trata do início de alguma coisa; é


a descrição de DEUS que Se desloca e vai para um novo lugar no
céu, e o Seu trono está nesse lugar, onde não estivera até então.
As figuras aqui empregadas são do mundo antigo - os tronos eram
guardados no palácio e, quando havia um julgamento, o trono era
retirado do palácio e levado até a corte/tribunal. Temos algo
semelhante aqui, porém maior e sobrenatural. Temos a carruagem de
fogo de Deus, o que poderíamos dizer se tratar de um TRONO em
carruagem, que toma o seu lugar, os anjos se acercam, os livros
são abertos, e o julgamento se inicia. DEUS vai a um novo lugar
para fazer um outro tipo de trabalho.

ANCIÃO DE DIAS - único lugar da Bíblia onde este título é


atribuído a DEUS - indica a grande idade de Deus, Sua existência
eterna, e isto tem que ver com o julgamento, pois quando Ele vem
para julgar ninguém poderá dizer que Ele não estava no momento em
que a pessoa estava. Portanto, Deus era contemporâneo de todos os
eventos da história antiga, presenciou e interagiu com todos os
seres humanos que também conheceu - ninguém fica fora do escopo
deste julgamento.

ANJOS - v. 10 - número poético, simbólico - indica que todos


os anjos estão presenciando o julgamento. Função: servir de
testemunhas. Todo ser humano tem o seu anjo da guarda; quando os
livros são abertos, o anjo que viveu ao lado de cada santo estará
lá para dar o seu testemunho.

LIVROS - v. 10 úp. - original "rolo" - os céus guardam um


registro que será examinado no julgamento.
Doutrina do Santuário 92

Nesta primeira cena temos uma PESSOA - ANCIÃO DE DIAS - DEUS


PAI.

Segunda cena - outra PESSOA - FILHO DO HOMEM.

Filho do homem - há uma preposição comparativa: "um como" e


não há qualquer artigo antes, portanto, a tradução mais exata
seria "um como um filho do homem".

O QUE SIGNIFICA? Nos Evangelhos JESUS usou claramente o


título "Filho do homem" em relação a Si mesmo e está relacionado
com este texto de Daniel.

Mas aqui em Daniel o propósito é diferente - é uma


descrição. Há casos na Bíblia em que a expressão "homem" e "filho
do homem" são utilizadas paralelamente, portanto, nem toda
utilização da expressão "filho do homem" é messiânica; pode se
referir a um homem normal (exemplo em Ezequiel). E esta é a função
desta expressão aqui: Daniel está descrevendo alguma coisa que
está vendo, e o que ele vê é este ser, e isto é algo incomum.
Quando olhamos para o céu esperamos ver Deus e anjos, pois são os
habitantes normais do céu - e Daniel os vê na primeira cena. Mas
agora Daniel vê algo incomum - há um ser semelhante a um homem no
céu, e o que é mais impressionante é que este homem é aquele que é
digno de receber o reino, que está no verso 14 - "foi-lhe dado o
domínio... e o reino..."

DOMÍNIO - significado teológico: cada reino teve poder e


domínio por um tempo. Isto levanta um problema: por acaso os
homens devem sofrer sob o domínio destes reis? NÃO! Porque chegará
Doutrina do Santuário 93
um dia em que haverá um governante que receberá o domínio, e que
durará eternamente, e a pessoa que recebe este domínio é este como
"filho do homem" que está no céu.

Como se movimenta este filho do homem? Com as nuvens do céu.

NUVENS - referência a DEUS, Seu ser sempre rodeado de nuvens


(cf. Salmo 97:2). Portanto, quando vemos uma referência a alguém
rodeado de NUVENS, é uma indicação de que se trata de um SER
DIVINO.

Esta pessoa, portanto, que recebe o domínio, tem o aspecto


como o "filho do homem" e tem também o aspecto divino, indicado
pelas nuvens que O circundam. O que isto significa? Uma descrição
deste ser que é ao mesmo tempo divino e humano, tem DUPLA
NATUREZA, e só um Ser, em toda a história do Universo, tem esta
característica: JESUS CRISTO.

RESULTADOS DO JULGAMENTO:

1. O "Filho do homem" Se torna rei do mundo para sempre -


v. 14
2. Os santos do Altíssimo vão para o reino - v. 27
3. Destruição dos ímpios e especialmente da ponta pequena -
v. 26

É a resposta de Deus em relação ao problema do pecado, a


resposta final que vem do julgamento, que ocorre antes que o reino
de fato tenha sido estabelecido. Ocorre antes da segunda vinda, o
Filho recebe o reino antes de vir à Terra.
Doutrina do Santuário 94

COMPARAÇÃO ENTRE DANIEL 7 e 8

Daniel 7 Daniel 8
Leão - Babilônia ------------------
Urso - Pérsia Carneiro
Leopardo - Grécia Bode
Quarta besta - Roma I Ponta pequena - 1ª fase -
Imperial horizontal
Ponta pequena - Roma II Ponta pequena - 2ª fase -
Religiosa vertical
Cena do tribunal celestial: Purificação do santuário
juízo

Dois pontos importantes ( os primeiros três animais são


evidentes em si):

a. as duas fases da ponta pequena em Daniel 8 correspondem


ao quarto animal e seus chifres em Daniel 7
b. a purificação do santuário ocorre no mesmo lugar em que
se estabelece a cena de juízo em Daniel 7.
Doutrina do Santuário 95
A essência do capítulo é dada a seguir, em que se procura
apresentar a razão porque se consideraram as profecias em ordem
inversa:

1. Tem que ver com o período de tempo abrangido por estas


profecias:

ORDEM CRONOLÓGICA

│ 70 semanas │
a. Daniel 9 ├──────────────────│ CURTA
│ │
457 AC 1º séc. AD

│ 2300 anos - MÉDIA │


b. Daniel 8 ├───────────────────────┤
│ 457 AC - 1844 AD │

LONGA

│ Há um período de tempo - 1260 │ Santos no


Doutrina do Santuário 96
c. Daniel 7 ├─────────────────────────────────│ céu -
│ anos - mas o julgamento alcança │ reino
um tempo posterior eterno

2. Tem que ver com a descrição dada a Cristo nestas


profecias:

a. Daniel 9 - Cristo como SACRIFÍCIO

b. Daniel 8 - Cristo como príncipe no santuário celestial -


SACERDOTE

c. Daniel 7 - Cristo como REI

Ordem temática em relação à obra de Cristo: Ele é primeiro


SACRIFÍCIO e, como resultado de ter feito este sacrifício, pode Se
tornar nosso SACERDOTE e MEDIADOR e, como resultado de ministrar
em nosso favor, torna-nos cidadãos do reino sobre o qual Ele
reinará - REI.

ZACARIAS

História do Livro

586 AC - destruição do templo por Nabucodonozor, o qual


ficou em ruínas durante todo o exílio babilônico. Daniel 9 -
oração pelo templo - período persa. 538 AC: decreto de Ciro - os
judeus podem retornar e reconstruir o templo - devolve os
Doutrina do Santuário 97
utensílios (cf. Esdras 1). Os judeus voltam e constroem o altar.
No ano seguinte voltam para prosseguir, lançam os fundamentos, mas
são interrompidos pelos samaritanos. Assim, de 536 AC a 520 AC, a
área do templo permanece abandonada, não há qualquer trabalho em
andamento. Novo rei entronizado na Pérsia - Dario (522 AC). Os
judeus vêem neste novo rei uma oportunidade para retomar o
trabalho do templo, e é isto o que eles fazem (ver Esdras 5 e 6 -
considerar especialmente 4:24). Portanto, por 15 anos, nada
acontece, o povo negligenciou o projeto de reconstrução.

Agora DEUS quer animar o povo a retomar o projeto,


utilizando para isto os PROFETAS:

AGEU E ZACARIAS (Esdras 5:1) - profetizariam ao povo em nome


do SENHOR. Como resultado, o templo é finalizado no 6º ano de
Dario (516 AC), ou seja, em apenas 4 anos terminaram o trabalho.

Veremos a seguir a mensagem de ZACARIAS, proferida em 520


AC, que motivou o povo para a reconstrução. DEUS deu a ZACARIAS
uma série de 8 visões, como clips, breves, registradas nos
capítulos 1 a 6; e cada uma destas visões trata da reconstrução do
templo.

Veremos cada uma das visões, organizadas em forma de QUIASMO


(derivada da forma da letra Grega X), que se apresenta em forma de
paralelismo invertido. Esta é a maneira normal dos hebreus
escreverem, pensamentos paralelos, muito encontrado no livro dos
Salmos. Neste tipo de poesia, faz-se uma declaração e uma outra
declaração é feita, sendo que esta segunda é muito semelhantes à
primeira, com pequenas diferenças.
Doutrina do Santuário 98
Esta forma de quiasmo forma o que se chama PALÍNDROME, como
em 1991, que ao ser lido ao reverso, apresenta a mesma forma.

POR QUE DEUS USOU ESTA FORMA PARA FALAR AO POVO? 3 razões:
1. Era muito conhecida naquele tempo, como demonstrado pela
literatura bíblica e extra-bíblica (egípcios e
babilônios também conheciam);
2. facilita a memorização;
3. coloca ênfase no clímax da história.

Exemplo: dilúvio - há este tipo de relacionamento:


a. animais que entram e animais que saem da arca;
b. águas que sobrem e depois descem.

O que está no centro da história?

Gên. 8:1 - a arca assentada sobre o monte - a declaração


chave é: "DEUS lembrou-se de Noé." Este é o clímax da história.

Assim também encontramos em Zacarias; as profecias centrais


são as mais importantes.

1ª Visão - 1:7-11
v. 8 - é visto um homem montado num cavalo vermelho, parado entre
as murteiras; atrás há outros 3 cavalos.
v. 9 - o que são os cavalos?
v. 10 - são os enviados a percorrer a terra, esquadrinhar, como
uma patrulha.
Jó 1:7 - Satanás diz que veio de "percorrer" a terra.
v. 11 - relatório dos cavaleiros: a terra está TRANQÜILA. Este é o
ponto da mensagem. Há um modelo para este esquadrinhar: o CORREIO
Doutrina do Santuário 99
PERSA. Estes foram os primeiros a terem um correio rápido - havia
postos de correio na rota, com cavalos descansados - a cada 30 km
se trocava de cavalos - assim a correspondência do rei podia
seguir rapidamente. Este é o modelo: o correio traz as novas: a
terra está em paz, tranqüila.

Duas coisas:
1. Para os judeus o ponto mais importante é que, havendo paz, é
tempo de reconstruir o templo, o que não é possível em tempo de
guerra. Agora há paz - pode reconstruir - este é o ponto central
da 1ª visão.
2. Por que estes mensageiros traziam estas novas?
Deve ser o 2º ano de Dario.
8º Visão - 6:1-8
vv. 1-3 - novamente cavalos, mas cores diferentes. Diferença
maior: cavalos puxando carros, mencionados várias vezes.
v. 4 - o que é isto?
v. 5 - vão em direção aos quatro ventos - saem de Jerusalém:

O
. Jerusalém

L
(Babilônia/
Pérsia

S
Doutrina do Santuário 100
(Egito)

Os cavalos seguem nestas direções por causa da geografia do


Oriente Médio. O caminho para o Leste seguia primeiro para o
Norte, por causa do deserto.
Os carros são um tipo de tanque de guerra, usados por Dario, para
promover a paz no primeiro ano de reinado. Portanto, os cavalos
puxam carros para a guerra.
v. 7 - percorriam a terra (cf. 1:10)
v. 8 - dirigiram-se para o

Mas o que aconteceu no 1º ano? Uma guerra. Dario não era filho de
Cambises, o rei precedente, que morreu sem deixar herdeiro. Dario
era general do exército e proclamou-se rei; muitas partes do
império persa não o aceitaram - assim muitas batalhas ocorreram no
1º ano para apaziguar estas rebeliões.
Ilustração destas batalhas: gargantas na montanha - Dario gravou a
história em 3 línguas - há desenhos de Dario subjugando os
inimigos - sete batalhas maiores ocorreram no 1º ano e Dario
venceu todas.

Segundo ano de Dario - o império está sob controle, não há guerra,


há paz, o que permite aos judeus reiniciar a construção.

MURTEIRAS: 2 interpretações:
a. descrição geral - pode estar em qualquer lugar;

b. descreve um local específico, i.é, JERUSALÉM.


No tempo de Ezequias escavaram um túnel na rocha, mas antes havia
um aqueduto que contornava a colina, levando água até o jardim do
rei, para irrigar árvores que ali eram cultivadas.
Doutrina do Santuário 101

Portanto, pelo contexto da visão, pode-se crer que as murteiras


estavam em Jerusalém, onde o templo deveria ser reconstruído e foi
para onde os cavaleiros levaram as novas de que a terra estava em
PAZ.

Norte. Por quê? Porque ali estava o problema, onde a guerra


acontecia e a paz era mais necessária.

Vemos assim as diferenças e semelhanças entre a primeira e oitava


visões:

. os cavalos servem de modo diferente;


. na primeira visão os cavalos voltam para dizer que a paz está
estabelecida;
. na oitava visão os cavalos saem para estabelecer a paz;
. na primeira visão - vale profundo;
. oitava visão - cavalos saem de entre dois montes.

Cronologicamente, os acontecimentos da oitava visão ocorrem antes


do que é descrito na primeira.

2ª Visão - 1:18-21

v. 18 - visão de 4 chifres
Doutrina do Santuário 102
v. 19a - que é isto?
v. 19 b - são os poderes que quebraram Judá, Israel e Jerusalém
(paralelo com Daniel 7:8: chifres como reino/poder) Não há
necessidade de identificar 4 reinos específicos; considerados em
conjunto, significam Babilônia.
v. 20 - visão dos 4 ferreiros.
v. 21 - os ferreiros iriam quebrar os 4 chifres, ou o poder, que
causou a dispersão do povo de Deus, o que permitiria a volta do
povo.

EXPLICAÇÃO POLÍTICA PARA O EXÍLIO: os judeus foram dispersados por


estes poderes terrenos, mas agora a situação se inverte e o povo
pode voltar e reconstruir o templo.

7ª Visão - 5:5-11

vv. 5-6 - a mulher e o efa (cestos) - medida para grãos. O ponto


mais importante é que o efa é usado como um meio de transporte
para a mulher.
v. 8 - título da mulher: IMPIEDADE.
A "mulher" pode representar o povo de Deus (Ap. 12 - mulher que
foge para o deserto. VT - Jerusalém chamada "filha de Sião" -
descrita como mulher).
Esta é uma mulher representando o povo de Deus, mas este tem
cometido impiedade e por isto é levado para cativeiro.

EXPLICAÇÃO RELIGIOSA PARA O EXÍLIO: impiedade do povo. Mas o povo


foi levado em cativeiro pelos poderes políticos da época.
Portanto, as duas visões estão relacionadas. Por causa da
Doutrina do Santuário 103
impiedade do povo, os poderes políticos têm permissão para levar o
povo em cativeiro.

Cronologicamente, a sétima visão ocorre antes da segunda.

3ª Visão - 2:1-5

v. 1 - um homem (possivelmente um anjo) com um cordel de medir.


v. 2 - para onde vai? Medir Jerusalém.
vv. 3-4 - o anjo diz para correr atrás do homem e dizer-lhe que
não precisa medir Jerusalém. Por quê? Porque ela será tão grande,
tão abençoada por Deus, que não haverá maneira de medir estas
bênçãos. Teria tanta gente vivendo em paz e prosperidade que não
seria possível medir e nem mesmo teria muros.

Ilha de Creta - civilização Minóica (Minoana) - grandes cidades


com grandes muros - época de Moisés - cidades/estado - só
controlavam seu próprio território..

Ruínas da capital romana em Creta: grande cidade, sem muros -


natureza do império romano: controlava o mundo.

Jerusalém não teria muros. COMO PROTEGER A CIDADE?

v. 5 - duas coisas:
a. o próprio DEUS lhe seria um MURO DE FOGO AO REDOR;
b. colocaria no MEIO da cidade a Sua GLÓRIA (KABOD) - a glória
está no SHEKINAH.
Doutrina do Santuário 104
Dois tipos de fogo provenientes de Deus: a glória (SHEKINAH) no
centro e muro de fogo ao redor. É a cidade das bênçãos ilimitadas,
incomensuráveis,...

BÊNÇÃO SEM MEDIDA

6ª Visão - 5:1-4

v. 1 - rolo desenrolado: vê-se a escrita e seu tamanho.

v. 2 - 20 côvados de comprimento e 10 de largura: medida do lugar


santo no tabernáculo do deserto.

v. 3 - escrita uma MALDIÇÃO no rolo sobre quem furtar e jurar


falsamente (oitavo e nono mandamentos).

No tabernáculo havia um rolo de maldições, colocado num saco ao


lado da arca, que poderia ser o livro de Deuteronômio ou todo o
Pentateuco. Em Deuteronômio 26 a 33 temos as bênçãos e maldições
em relação àqueles que guardam ou quebram o concerto.

Portanto, Zacarias diz que o concerto ainda está em vigor e que é


obrigação do povo guardar os mandamentos. Se eles guardarem serão
abençoados, se quebrarem serão amaldiçoados.

A maldição é medida pela medida do rolo.

A MALDIÇÃO MEDIDA
Doutrina do Santuário 105

4ª Visão - 3:1-10

v. 1 - Sumo-sacerdote Josué

Dois seres: Satanás e o SENHOR. Etimologicamente, a função de


Satanás é acusar, i.é, achar alguma coisa errada em alguém.

v. 2 - o SENHOR está ao lado de Josué e toma sua defesa; reprova a


Satanás: "Não é este um tição tirado do fogo?" - "Este é Meu filho
e Eu o aceito."

FOGO - representa o exílio do qual Josué foi trazido, portanto é


um dos que retornaram.

v. 3 - Aparência de Josué: trajado de vestes sujas: significa sua


própria injustiça.

v. 4 - "tirar as vestes sujas", i.é, tirar as iniqüidades,


portanto, JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ.

Há uma aplicação local: Satanás diz a DEUS que Josué não pode ser
aceito como sumo-sacerdote, servir no templo, pois está sujo e não
tem condições para tal.

PERGUNTA: As acusações de Satanás eram corretas?

SIM, porque Josué era culpado, mas não de uma forma geral, como
todos os seres humanos; ele era o sumo-sacerdote - e o que ele
tinha feito? NADA! Por 15 anos o templo estivera em ruínas e ele
nada fez. Que tipo de sumo-sacerdote é este?
Doutrina do Santuário 106
Portanto, as acusações de Satanás eram corretas. Este
5ª Visão - 4:1-14

Zorobabel - governador

v. 2 - o que vês?

DUAS OLIVEIRAS - um cano que se dirige para um vaso, que tem 7


lâmpadas e 7 lábios.

O QUE ISTO REPRESENTA?

ÓLEO = ESPÍRITO SANTO

Portanto, o óleo escorre das oliveiras até o vaso, que supre as


lâmpadas.

RELAÇÃO COM O SANTUÁRIO: CANDELABRO. Portanto, há uma


representação simbólica, mediante o qual a luz vem ao mundo.

v. 6 - MENSAGEM CENTRAL:

O óleo que traz a luz ao santuário e também ao mundo, é o Espírito


Santo, que também dará a Zorobabel a força para construir o
templo.

A mensagem central a Zorobabel é que ele foi capacitado pelo


Espírito Santo a reconstruir o templo.

v. 9 - "as mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos, elas mesmas


a acabarão..."
Doutrina do Santuário 107

QUANDO ZOROBABEL LANÇOU OS FUNDAMENTOS?


Esdras 3 - isto ocorreu 17 anos antes, portanto ele tem um
problema semelhante a Josué: lançou os fundamentos, mas não pôde
concluir, e esta falha só pode ser suprida pelo Espírito Santo,
que o capacitará a reconstruir.

sumo-sacerdote parece ser sem qualquer valor e não pode se


apresentar diante de Deus para oficiar.

Deus reconhece este fato, mas em Sua graça e misericórdia, diz que
o aceita, vai capacitá-lo e usá-lo no serviço do templo.

Deus agiu em favor de Josué:


vv. 4-5 - tirou vestes sujas e turbantes sujos e colocou um
turbante limpo e trajes próprios (sacerdotais) para a função. Esta
é uma descrição dos trajes da justiça de Cristo. Deus coloca estes
trajes sobre Josué, que agora está capacitado a desempenhar suas
funções sumo-sacerdotais - isto é representado na visão pelo novo
traje e novo turbante.

Depois desta substituição de trajes, o que vais fazer? Esta é a


segunda metade da profecia e tem relação com o santuário.

v. 7 - Deus fala a Josué que se for obediente aos Seus preceitos,


terá direito a algumas coisas:

a. "julgarás a Minha casa"


b. "guardarás os Meus átrios"
c. "livre acesso entre estes"
Doutrina do Santuário 108
Quem são "estes"? Os anjos. Os mesmos que lhe deram novas
vestes. E onde estão os anjos? Na presença de Deus, no SANTÍSSIMO.

Quando isto é cumprido?


v. 8 - profecia messiânica - Josué tem alguns companheiros (não
anjos) - sinal favorável. O Messias recebe um título específico:
RENOVO (usado

v. 10 - quando os fundamentos foram lançados houve duas reações


entre o povo:

a. alegria (Esdras 3:11)


b. choro (Esdras 3:12 - os que viram o primeiro templo) - Zacarias
4:10 descreve este grupo.

Portanto, a mensagem é que os que desprezam os começos humildes


também se alegrarão, quando virem o prumo nas mãos de Zorobabel
(PRUMO - instrumento usado para verificar o nível vertical).

Quando Zorobabel estivesse no alto no templo, para medir as


paredes já construídas, toda a obra terminada, as pessoas se
alegrariam.

v. 7 - Há montanhas que são obstáculos para Zorobabel cumprir sua


missão, mas o Espírito Santo lhe dará o poder. Mas este verso
afirma que Zorobabel colocará a PEDRA DE REMATE e, quando isto
ocorrer, as pessoas aclamarão: GRAÇA E GRAÇA, ou... QUÃO LINDA
(Graça e beleza são representadas pela mesma palavra original).

RELAÇÃO ENTRE AS DUAS VISÕES:


Doutrina do Santuário 109
. A quinta visão ocorre primeiro, porque Zorobabel tem que
construir o templo;

. Quando o templo tiver sido reconstruído, então Josué poderá


ministrar.

Há uma progressão:

Na sexta visão (rolo) - medida do LUGAR SANTO do tabernáculo.

também em Jeremias e Isaías).


Neste ponto da profecia está-se falando do templo; por que esta
referência ao Messias aqui?

SUGESTÃO:

No santuário, no Santíssimo, dentro da arca, estava a VARA DE


ARÃO. Portanto, quando Josué, ao realizar seu trabalho como sumo-
sacerdote, ao penetrar no Santíssimo, veria esta profecia sobre o
Renovo.

CONEXÃO TEMÁTICA:

No antigo templo havia uma vara. No novo templo também há uma vara
(Renovo), só que maior e melhor: a Vara Messiânica. Assim, a vara
de Arão se torna um tipo do Messias que virá.

v. 9 - PEDRA - com sete faces (olhos) - inscrição em cada face.

No Santíssimo também tinha uma pedra: os Dez Mandamentos.


Doutrina do Santuário 110
O novo templo também teria uma nova pedra, mas perfeita.

Portanto, a lei de Deus é representada aqui de forma


simbólica.Assim, quando Josué tiver acesso ao Santíssimo, irá
ministrar diante dos anjos, da vara e da pedra gravada.

Portanto, o trabalho específico que ele vai realizar quando tiver


direito de acesso, é o ministério do dia da expiação, e toda esta
preparação em termos de novas vestes e novo turbante,
Quinta visão: CANDELABRO (utensílio do lugar santo).

Quarta Visão: ANJOS, VARA, PEDRA - referência ao Santíssimo.

Terceira visão: GLÓRIA DO SENHOR - muro de fogo, Shekinah.

No centro climático destas visões encontramos dois homens, com


dois tipos de trabalho: Zorobabel deveria construir o templo pelo
poder do Espírito Santo (o que podemos chamar SANTIFICAÇÃO)

Josué deveria oficiar neste templo com novas vestes (o que podemos
chamar JUSTIFICAÇÃO).

prepara-o para realizar este trabalho. E quando realizar este


ministério, beneficiará a toda a nação, trazendo uma bênção para
todos, a qual é descrita no verso seguinte:

v. 10 - "Naquele dia cada um de vós convidará o seu próximo para


debaixo da vide e para debaixo da figueira."
Doutrina do Santuário 111

EVANGELHO DE JOÃO

O Evangelho de João tem uma diferença básica em relação aos


outros Evangelhos, porque concentra a ação de Jesus em Jerusalém.
Os outros localizam o ministério de Jesus na Galiléia e dão a
impressão de que sua duração foi de apenas um ano e meio. O
Evangelho de João dá uma duração mais longa para o ministério de
Jesus e isto é calculado a partir das visitas feitas por Ele a
Jerusalém em relação com as festas que estavam ocorrendo.

Quando Jesus vai a Jerusalém por ocasião das festas, age de


maneira diferente de um judeu comum: Ele ensina, trabalha, opera
milagres e, em cada situação, há um ensinamento aplicado e os
ensinamentos dizem alguma coisa acerca de Jesus, basicamente que
ELE É O CUMPRIMENTO DE CADA UMA DAQUELAS FESTAS. Os Seus
ensinamentos estão relacionados com o tipo de festa que está
ocorrendo; não fala sobre algum assunto diferente, mas sobre o que
acontece no templo naquele momento. Ele diz: "Isto se aplica a
Mim; Eu sou o cumprimento disto que vedes." Portanto, Seus
ensinamentos no templo, no tempo das festas, está relacionado com
Sua presença.

SETE FESTAS NO EVANGELHO DE JOÃO - a última é a Páscoa, no


fim de Seu ministério, a época de Sua morte.

Capítulos 2 a 10: "JESUS EM SEU TEMPLO TERRESTRE" (título da


seção).

Cap. 2 - primeira visita de Jesus a Jerusalém no tempo da


festa, durante Seu ministério. Seu batismo ocorreu no outono (27
Doutrina do Santuário 112
AD). Após isto, retornou ao norte da Galiléia, onde é encontrado
nas bodas de Caná. Os seis primeiros meses passou nesta região.

PRIMEIRA FESTA

2:13 - PÁSCOA - primavera - Jerusalém - primeira festa do


Seu ministério.

vv. 14-17 - descrevem Sua ação: PURIFICAÇÃO DO TEMPLO.

Duas coisas aconteciam na área do templo:


1. venda de animais;
2. troca de dinheiro (câmbio) - moeda do templo.

A indignação de Jesus se acendeu, pois tal não deveria


ocorrer no templo de Deus. Pega um açoite - todos fogem. Por quê?
Ellen White diz que a divindade de Jesus irrompeu através da
humanidade, e o brilho de Sua glória como que os enfraquece, a
consciência se abala, o pecador não pode permanecer na presença
desta santidade, por isto fogem para fora da área do templo, com
os seus animais. E JESUS PURIFICOU O TEMPLO.

O Desejado de Todas as Nações - lição espiritual: Deus pode


purificar o templo de nossa alma. No início de Seu ministério
Doutrina do Santuário 113
Jesus anuncia a natureza do Seu trabalho - não apenas a
purificação física de um prédio, mas a espiritual purificação do
coração humano de todo erro que aí houver. Isto é enunciado pelo
primeiro ato de Seu ministério.

Os mercadores e cambistas voltam - não podem entender o


porquê da fuga, estão irados, querem discutir a situação, Sua
autoridade para fazer tal coisa:

v. 18 - "Que sinal nos mostras para fazeres tal coisa?"

v. 19 - sinal dado por Jesus: "Destruí este templo e em três


dias o reconstruirei."

v. 20 - eles não compreendem a resposta de Jesus; dão a sua


interpretação, dizendo que o templo levou 46 anos para ser
edificado (refere-se à restauração por Herodes):

66 67 70
20 AC 18 AC 27 AD AD AD AD
│Restauração ║Restauração ║Construção na ║║ Guerra com │
├───────────── ╫──────────────╫──────────────╫╫──────────────┤
│do Templo ║do Pátio ║área externa ║║ Roma - │
Destruição do
Doutrina do Santuário 114
Templo

Por esta razão não entenderam o que Jesus dizia. Só que


Jesus falava acerca de outra coisa. O QUE JESUS DÁ AQUI É UMA
PROFECIA DA SUA RESSURREIÇÃO.

vv. 21-22 - João dá esta explicação: referia-se ao santuário


do Seu corpo.

Primeira Páscoa - profecia de Sua ressurreição.


Última Páscoa - cumprimento desta profecia. Elo de ligação
entre ambas.

Ainda nesta ocasião Jesus transmite muitos ensinos e, dentre


eles, destaca-se o capítulo 3, verso 16, que foi dado neste tempo
particular da Páscoa. Jesus fala acerca da necessidade de nascer
de novo e como isto ocorre sob a operação do Espírito Santo:
percebe-se a mudança do coração, da vida. Diz que algo será feito
que dará motivo para uma mudança. Tira uma lição do VT - Moisés e
a serpente:

v. 14 - o levantamento de Jesus aponta para a cruz,


portanto, esta é uma profecia de Sua crucifixão.

v. 15 - resultado da crucifixão: "para que todo o nEle crê


tenha a vida eterna."

v. 16 - motivo pelo qual Deus faz isto: porque ama o mundo


e, novamente, diz que todo o que nEle crer tem a vida eterna.

Primeira Páscoa: profecia de Sua crucifixão.


Doutrina do Santuário 115
Última Páscoa: cumprimento da profecia.

Após esta primeira páscoa Jesus voltou para o norte,


passando por Samaria.

SEGUNDA FESTA

Capítulo 5. Jesus volta a Jerusalém. A próxima festa não é


identificada. Há uma razão para esta não identificação: João não
estava interessado na festa em si, isto era secundário; o ponto
importante que ele queria salientar tinha relação com o SÁBADO, o
que aconteceu neste dia.

v. 9 úp - cura de um paralítico no DIA DE SÁBADO. Um


incidente específico, num local específico (tanque de Betesda).

v. 8 - MANEIRA COMO SE OPEROU A CURA - "levanta, toma teu


leito e anda." Jesus não desceu o homem até o tanque, não colocou
barro em suas pernas paralíticas, não usou qualquer remédio, não
há evidência de que Ele sequer tenha tocado o homem; simplesmente
fala ao homem e a Sua Palavra é criadora. Assim, naquele local,
foi criado um novo corpo.

ECO DE GÊNESIS 1 - HAJA... E HOUVE. HAJA... E HOUVE...


Há um paralelo, portanto, em João 5 com Gênesis 1.

Capítulo - segunda metade - diálogo entre o curado e os


rabis. Quem fez a cura e por quê?
Doutrina do Santuário 116

v. 14 - Jesus encontra-se mais tarde com o homem e diz-lhe


para viver uma vida justa.

v. 19 - diálogo de Jesus com os rabis. Ellen White diz que


Jesus foi trazido perante o Sinédrio, numa espécie de julgamento,
em que era examinado pelas autoridades.

vv. 19-24 - Sua defesa basicamente constituiu em apresentar


a proximidade de Seu relacionamento com o Pai: "o Pai tem
trabalhado e Eu também trabalho." Isto era algo perigoso de se
dizer. O termo "Pai", usado em relação a Deus, não era comum
naquele tempo. Naquele tempo uma pessoa podia se referir a Deus
como Pai numa oração formal e pública, mas nunca em uma discussão
pessoal. Portanto, a afirmação de Jesus se reveste de um
significado muito particular. Jesus afirma Sua íntima relação com
o Pai, que nenhum outro ser humano tem, e isto é uma blasfêmia
para os judeus.

Primeira parte da defesa de Jesus: intimidade de


relacionamento com o Seu Pai.
Segunda parte da defesa de Jesus: "Eu não somente posso
curar como também serei o agente da ressurreição" (vv. 25-29).
Duas vezes Ele diz que seria o motivo da ressurreição.

v. 25 - refere-se a Si mesmo como o FILHO DE DEUS.

v. 27 - refere-se a Si mesmo como o FILHO DO HOMEM.

O assunto é o julgamento e Ele traz os mortos à vida por ser


este um direito que possui como FILHO.
Doutrina do Santuário 117

v. 30ss - Jesus dá um testemunho acerca de Si mesmo:

1. está intimamente relacionado com o PAI;


2. tem o poder da ressurreição.

Dois ensinamentos e que são maiores que a cura operada no


dia de sábado.

Quando está diante do tribunal, Jesus apresenta Suas


testemunhas:

a. v. 33 - JOÃO BATISTA;
b. v. 36 - AS OBRAS que Ele faz;
c. v. 37 - O PAI, porque Ele enviou a Jesus;
d. vv. 39-41 - A PALAVRA DE DEUS;
e. vv. 45-47 - MOISÉS.

Estas testemunhas confirmam que Jesus de fato era quem


pretendia ser - O MESSIAS.

TERCEIRA FESTA

João 6 - PÁSCOA - a ação não ocorre em Jerusalém. Jesus


ficou no Norte, na Galiléia.

O dia da FESTA DA PÁSCOA durava somente um (01) dia, mas era


seguido por uma semana de festa - a FESTA DOS PÃES ASMOS.
Doutrina do Santuário 118
A. Primeira conexão: PÁSCOA = PÃO (idéia que o judeu
associaria à Páscoa).

B. Segunda conexão: ÊXODO - deserto - MANÁ.

Porém, quando Jesus fala de pão nesta festa, não se refere


somente a pão asmo, nem mesmo o pão miraculoso (maná); Ele chama a
atenção para um pão mais importante, que é Ele mesmo, o Pão do
Céu, o Pão da Vida.

C. Terceira conexão: vv. 16-21 - O MAR SOB CONTROLE - Jesus


anda por sobre o mar. Este é o tempo da Páscoa. Mostra o controle
que tem sobre os elementos da natureza: acalma e caminha sobre o
mar. Na Páscoa original, Jesus demonstrou este mesmo controle
sobre os elementos e os utiliza para proteger e salvar o Seu povo:
conduziu o Seu povo através de um caminho aberto no meio do mar e
usou o mar como uma arma contra os inimigos, afogando os soldados
de Faraó. Assim 1500 anos antes, Jesus demonstrou que o mar este
sob o Seu controle e agora, no tempo da Páscoa, Ele demonstra a
mesma coisa. Esta é, portanto, uma conexão: o mar sob controle.

vv. 22-24 - a multidão vai à procura de Jesus. Eles sabem


que Jesus não seguiu de barco com os discípulos. Quando O
encontram sabem que Jesus ali chegou por milagre e querem que
Jesus admita o milagre. Mais uma vez o entusiasmo popular começa a
crescer.

vv. 25-30 - Neste ponto as questões são favoráveis a Jesus,


Ele é ainda bastante popular. Porém, Ele pretende conduzir o povo
Doutrina do Santuário 119
em uma direção diferente, diferente do pão físico que comeram, em
direção ao pão espiritual que precisavam.

v. 31 - o povo fala do passado, quando os pais comeram o


maná do deserto.

v. 32 - Jesus diz que não foi Moisés quem lhes deu o maná,
mas o PAI, e Ele está dando um novo Pão, o Pão que desce do céu,
melhor que o pão dado no deserto.

v. 34 - resposta do povo: "Dá-nos sempre deste pão."

Até este ponto a situação era favorável a Jesus.

v. 35 - Jesus diz claramente: EU SOU O PÃO DA VIDA. Não o


pão que os pais comeram no deserto, não o pão que vocês comeram
ontem na beira do mar, mas EU SOU o pão. Este é um relacionamento
espiritual.

v. 38 - novamente Jesus diz que desceu do céu.

v. 42 - isto não faz sentido para eles, pois conheciam Sua


família, parecia ser uma pessoa comum, como poderia ter vindo do
céu?

v. 44 - novamente o assunto de que tem o poder sobre a


ressurreição.

vv. 48 e 51 - repete: EU SOU O PÃO DA VIDA. E o Pão veio a


este mundo para lhes dar vida. Assim Jesus lhes diz que vai
morrer, e com um propósito particular: salvar a homens e mulheres.
Doutrina do Santuário 120
Isto já não lhes parece muito bom (preferiam um Messias
conquistador). Entendem que Jesus está falando de um reino
espiritual e o entusiasmo deles vai se desvanecendo.

v. 53 - última lição: COMER A CARNE E BEBER O SANGUE.

CONEXÃO: época da Páscoa - várias lições:

a. sobre o pão
b. sobre o mar
c. carne e sangue - faz lembrar o CORDEIRO PASCAL. Jesus
está dizendo que Ele é o Cordeiro Pascal, que Seu sangue
será derramado e Sua carne será comida. Em outras
palavras, Ele é o cumprimento do tipo que Moisés deu
1500 anos antes.

O QUE SIGNIFICA COMER A CARNE E BEBER O SANGUE? Ellen White


diz que é aceitar a Jesus como Salvador, aceitá-LO na vida.

v. 56 - Explicação: relacionamento íntimo com Jesus. Assim


como o alimento que é comido torna-se parte de nós, assim Jesus
quer tornar-Se parte de nossa vida.

v. 66 - vários discípulos O deixaram, mas não os doze.

vv. 68-69 - Pedro confessa que Jesus é o Messias.

Este é um ponto divisório no Evangelho: até aqui o povo se


entusiasmou em relação a Jesus, mas quando entenderam que Ele era
um Messias espiritual, começaram a desanimar.
Doutrina do Santuário 121
Capítulo 5 - REJEITADO PELOS LÍDERES.

Capítulo 6 - REJEITADO PELO POVO.

QUARTA FESTA - TABERNÁCULOS - Capítulos 7 e 8

Dois grandes elementos: ÁGUA E LUZ. Jesus diz que é o


cumprimento de ambos.

Descrição da festa: era a última do ano - última colheita do


ano, dos frutos de verão, que eram apresentados ao Senhor -
propósito agrícola da festa.

Propósito histórico: comemorava o tempo em que viveram em


tendas durante os 40 anos de peregrinação no deserto; assim, no
tempo da festa, viviam em cabanas. Havia sacrifícios regulares e
especiais.

Primeiro elemento: LUZ. Durante a peregrinação no deserto,


Deus era a luz, presente na coluna de nuvem e na coluna de fogo; e
isto era comemorado na festa dos tabernáculos. Construíram quatro
colunas bem altas na área do templo, sendo que no topo havia um
tipo de pira, em que havia óleo, a qual, durante a festa, era
acesa e iluminava o templo.

────────────────────────────────────────┐
PÁTIO DOS GENTIOS P │
───────────────────────────────────┐ Á │
PÁTIO DAS MULHERES │ T │
Doutrina do Santuário 122
───────────────────────────────┐ │ I │
PÁTIO DOS HOMENS │ │ O │
──────────────────────────┐ │ │ │
PÁTIO DOS SACERDOTES │ │ │ D │
┌─────────────────────┐ │ │ │ O │
│ │ │ │ │ S │
│ │ │ │ │ │
│ TEMPLO │ │ │ │ G │
│ │ │ │ │ E │
└─────────────────────┘ │ │ │ N │
PÁTIO DOS SACERDOTES │ │ │ T │
──────────────────────────┘ │ │ I │
PÁTIO DOS HOMENS │ │ O │
───────────────────────────────┘ │ S │
PÁTIO DAS MULHERES │ │
───────────────────────────────────┘ │

────────────────────────────────────────┘

A pira usava como pavio as vestes velhas dos sacerdotes, que


eram santas, e não podiam ser inutilizadas de maneira comum.

Foi neste contexto que Jesus disse: EU SOU A LUZ DO MUNDO -


João 8:12.

A outra parte da festa:

ÁGUA: comemoração histórica: peregrinação no deserto, poucas


fontes de água, o povo com sede apela para Moisés duas vezes:
Doutrina do Santuário 123

a. Moisés fala com a Rocha


b. Moisés bate na Rocha.

Assim foi providenciada água para o povo. E isto era


comemorado na festa dos tabernáculos.

Cada manhã o sacerdote pegava uma bacia e ia até o tanque de


Siloé, onde era enchida. Havia uma procissão até o pátio do templo
e esta água era levada até o altar, onde era derramada. Quando
marchavam nesta procissão cantavam Salmos específicos e agitavam
folhas de palmeira, que era parte da celebração.

Jesus usa este simbolismo e fornece um correspondente


espiritual:

7:37 - último grande dia da festa, o oitavo dia, quando a


festa está-se aproximando do seu final, Jesus exclama: "Se alguém
tem sede, venha a Mim, e beba."

O que Ele pretendia salientar era que nem a água que o


sacerdote derramara no altar por oito dias, nem a água que Moisés
lhes dera no deserto era o de que eles realmente necessitavam, mas
Ele mesmo era a ÁGUA, para satisfazer a sede espiritual, uma ÁGUA
que assegura a vida eterna.

Não diz simplesmente que Ele supre a necessidade física, mas


que todo o que nEle crer, receberá esta água dEle e se tornará um
conduto para outros. Portanto, há uma responsabilidade: receber de
Jesus, a Fonte, e distribuiu para outros.
Doutrina do Santuário 124
v. 39 - explicação de João: Jesus fala do Espírito Santo.

QUINTA FESTA - SÁBADO - Capítulo 9

Enquanto está em Jerusalém, nesta ocasião, há um outro


incidente de cura: O CEGO DE NASCENÇA.

Discussão: o que causou a cegueira? Problema teológico: de


quem era o pecado?

Na verdade, não era este o caso. Havia aqui uma oportunidade


para mostrar como o Pai trabalha.

O tema da LUZ prossegue.

v. 5 - "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo." O que


Jesus ensinou no templo, agora ilustra: como prover luz a um cego
de nascença.

v. 14 - era um DIA DE SÁBADO quando Ele fez isto. Como fez?

vv. 7-8 - cuspiu no chão, fez um barro, colocou nos olhos do


cego e disse: "Vai, lava-te no tanque de Siloé."

Por que o barro?

Gên. 1 - Deus cria pela palavra;


Gên. 2 - Deus cria usando barro (formou - verbo que se
refere à atividade do oleiro).
Doutrina do Santuário 125
Barro no olho } Paralelo ao tipo de
Barro no chão } ato criativo em Gênesis 2

João 5 <-------- ATO CRIATIVO --------> Gênesis 1


João 9 <-------- ATO CRIATIVO --------> Gênesis 2

Portanto, nestas ações, Jesus como que dizia: EU SOU O


CRIADOR. O dia de SÁBADO, em que realizei os milagres, é o MEU
DIA, é um MEMORIAL DA MINHA CRIAÇÃO.

vv. 13-34 - o cego diante dos fariseus e toda a discussão


que se seguiu.

v. 35 - Jesus encontra o cego. Pergunta: "Crês tu no Filho


do homem?" Esta é uma mensagem messiânica: "Você crê que Eu sou o
Messias?"

v. 37 - "Você O Viu e agora fala com Ele."

v. 39 - lição espiritual: "Eu vim para juízo, a fim de que


os que não vêem, vejam, e os que vêem se tornem cegos."

v. 40 - pergunta dos fariseus: "Acaso somos cegos?"

v. 41 - SIM, responde Jesus, porque rejeitaram a evidência


da criação bem diante dos seus olhos. Aquele mesmo que criou o
sábado, vocês O estão acusando agora.

Portanto, a história termina com um paradoxo: que os cegos


passem a ver e os que vêem se tornem cegos. Fisicamente o cego vê
e espiritualmente reconhece Jesus como o Messias e O aceita como
Doutrina do Santuário 126
Salvador. Mas os fariseus, que podiam ver bem, viram o trabalho de
Jesus, mas rejeitaram o testemunho deste trabalho e cegueira
espiritual os alcançou.

SEXTA FESTA - DEDICAÇÃO - 10:22 ss

História: Antíoco Epifânio, em 168 AC, veio a Jerusalém,


perseguiu os judeus, profanou o templo, sacrificou porcos no
altar, colocou uma estátua a Zeus, interrompeu os serviços do
templo, etc. Esta perseguição prosseguiu até 165 AC. Durante este
tempo, a família dos MACABEUS liderou o povo de Judá, organizou um
exército para lutar contra Antíoco. Várias batalhas foram travadas
e, finalmente, Jerusalém foi libertada do controle de Antíoco em
165 AC. Após esta libertação, purificaram e dedicaram o templo.
Esta festa (HANNUKAH) durou dez dias e é celebrada ainda hoje
pelos judeus - envolve o acender a luz de uma vela cada noite.
Esta festa é em dezembro, quando o templo foi dedicado.

Jesus estava no pórtico de Salomão. Era dezembro. Faltavam


três meses para que morresse. Em março seria Sua última Páscoa.

v. 24 - Questão: ÉS TU O MESSIAS?

v. 25 - Respondeu-lhes Jesus: "Já vo-lo disse." As obras que


Ele fazia testificavam a Seu respeito. Mais uma vez volta ao tema
do trabalho com Seu Pai.
Doutrina do Santuário 127
v. 30 - EU E O PAI SOMOS UM - relacionamento íntimo com o
Pai, unidade, e isto explica o que Ele fez e porque o fez. Se Ele
e o Pai são um, e o Pai é divino, então o Filho é divino, portanto
é uma reivindicação de Messianidade e divindade.

v. 31 - pegaram em pedras para apedrejá-LO.

v. 36 - Aquele a quem SANTIFICOU - este verbo é o mesmo


usado para a festa, dedicado ao templo (purificação) na época da
festa.

PARALELO - Jesus dedicado para vir a este mundo, para dar a


luz ao mundo, para mostrar que é o FILHO DE DEUS, o Messias, e
veio para dar vida eterna.

Portanto, o verbo de ligação é este verbo. O que a festa era


para o templo, Jesus é para nós. Assim, mais uma vez, encontramos
um elo de ligação entre o significado da festa e o que Jesus disse
de Si mesmo.

HEBREUS

Introdução:

Hebreus é uma carta incomum no NT. A natureza da carta é


pastoral (posição do Prof. Shea), de um pastor interessado nos
membros de sua igreja envolvidos em algum tipo de problema. Os
membros são judeus-cristãos que correm o risco de voltar ao
judaísmo. Sem dúvida é uma carta própria para este grupo: um grupo
Doutrina do Santuário 128
desanimado que se pergunta se ainda vale a pena seguir a Jesus
Cristo, ou se não seria preferível voltar à fé de seus pais.

O livro tem cinco seções e o ensino é dado paralelamente a


uma exortação.

ESBOÇO:

I. Exposição - cap. 1 - CRISTO SUPERIOR AOS ANJOS.


Exortação - cap. 2a - não negligencieis a fé.

II. Exposição - cap. 2b-3a - CRISTO SUPERIOR A MOISÉS,


particularmente em relação à revelação. A
revelação dada a Moisés (Pentateuco) foi a
maior que os judeus receberam, mas Jesus era
ainda maior.
Exortação - 3b-4 - Verbos específicos - avisos severos:
. não desobedeçam
. não se rebelem
. não endureçam o coração
. não abandonem a fé

III. Exposição - cap. 5a - CRISTO, SUPERIOR SACERDÓCIO (é apenas


uma introdução ao assunto).
Exortação - cap. 5b-6 - não sejam de ouvidos duros, não
abandonem, continuem a dar frutos. Aqui é
introduzido um novo elemento: CRISTO. Se você O
abandonar, vai crucificá-LO novamente, lançará
desprezo sobre Ele.
Doutrina do Santuário 129
IV. Exposição - Cap. 7-10a - é uma longa seção; envolve uma
série de elementos relacionados com o
tabernáculo e o santuário:
a. Cristo é MELHOR SACERDOTE;
b. Cristo providenciou um MELHOR SACRIFÍCIO
(sangue). Sangue é usado 21 vezes em
Hebreus e 15 apenas nesta seção.
c. Cristo serve em um MELHOR SANTUÁRIO;
D. Cristo administra um MELHOR CONCERTO.
Exortação - Cap. 10b - breve e geral como a primeira.

V. Exposição - Cap. 11-12:4 - é o grande capítulo da fé; é uma


exposição doutrinária do tipo de fé que devemos
ter. As pessoas mencionadas no capítulo 11 são
também mencionadas nos outros capítulos do
livro, onde eram inferiores ao serem comparadas
a Cristo. Há um sentido de resposta aos
problemas da primeira parte do livro. No
capítulo 11 os homens são colocados como
exemplos humanos para nós.
Exortação final - Cap. 12:5-13 - na terceira seção Cristo é
o elemento novo introduzido; nesta seção o
Espírito Santo é introduzido. Temos também
exortações gerais.

Há uma progressão no livro: aviso geral -----> exortação


sobre Cristo -----> exortação sobre o Espírito Santo. A exposição
doutrinária torna-se cada vez maior através do livro e a exortação
também, e de forma mais séria e firme.
Doutrina do Santuário 130
O TEMA que permeia o livro é "MELHOR" - tudo o que Jesus
provê para os Seus seguidores é melhor:

CRISTO - MELHOR do que os ANJOS.


CRISTO - MELHOR DO QUE MOISÉS.
CRISTO - MELHOR REVELAÇÃO DE DEUS.
CRISTO - MELHOR SACERDOTE.
CRISTO - serve em um MELHOR SANTUÁRIO.
CRISTO - oferece um MELHOR SACRIFÍCIO.
CRISTO - provê um MELHOR SANGUE.

No final do livro aparece a MELHOR CIDADE, o MELHOR PAÍS,


onde os santos da fé estarão.

O autor diz aos cristãos hebreus que, se voltarem para o


judaísmo, não encontrarão lá nada melhor do que possuem
atualmente, pelo contrário, será inferior, pois o que ele recebe
de Cristo é melhor.

DATA DE AUTORIA - Na quarta seção, que templo ou santuário o


autor usa como ilustração? O TABERNÁCULO DO DESERTO. Em nenhuma
vez se menciona o templo de Jerusalém. Portanto, isto pode indicar
que o livro tenha sido escrito antes da destruição do templo no
ano 70 AD. Há duas possibilidades:

a. escrito antes da destruição em 70 AD;


b. escrito depois da destruição.

Se tivesse sido depois, provavelmente o autor da carta


usaria a destruição como ilustração. Contudo, não é dito uma
palavra acerca do templo ou sobre a cidade de Jerusalém.
Doutrina do Santuário 131

Ainda há serviços sendo realizados no templo, por isto os


membros da igreja estão em perigo de voltar para o judaísmo.
Quando entra na discussão do templo, volta ao santuário do deserto
- uma ilustração antiga para falar de algo que acontecia no
presente.

Quando menciona Sião não se refere à cidade de Jerusalém


terrestre, mas à Sião celestial, espiritual.

Não menciona Jerusalém porque o templo ainda está lá e em


atividade, e não quer chamar a atenção para ele, por isto busca
outra ilustração.

Capítulos 7 a 10

Aqui está o coração do livro. Centro da argumentação do


autor. Parte central de sua doutrina. Tem que ver com o santuário,
com o sacrifício, com o sacerdote, etc. Apresenta o sacerdócio
superior de Jesus. O Seu sacrifício feito uma vez por todas
comparado com os sacrifícios repetitivos e imperfeitos do VT. Fala
de um NOVO CONCERTO, onde as falhas do Velho podem ser
restauradas, trazendo assim completa salvação.

Quando se olha para o santuário nesta seção de Hebreus, há


dois elementos:

1. o véu do santuário; e
2. lugares do santuário: santo ou santíssimo.
Doutrina do Santuário 132
O Véu do Santuário

Esta questão foi levantada na IASD por Ballenger (1903-


1905). A partir da expressão encontrada em Hebreus 6:19-20 - "a
qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra ATÉ
O INTERIOR DO VÉU; aonde Jesus... entrou por nós, feito sumo-
sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque."
Ballenger inferiu que, por ocasião da ascensão, Cristo iniciou Seu
ministério "dentro do véu", isto é, no lugar santíssimo do
santuário celestial.

O argumento de Ballenger é baseado no véu que há entre o


santo e o santíssimo. Diz que a Septuaginta, em sua versão do VT,
usa a mesma palavra encontrada em Hebreus 6:19 - KATAPETASMA.

Duas perguntas:

1. A palavra katapetasma é usada para o véu do santuário?


SIM!
2. É usada somente para o véu do santíssimo? NÃO!

Ballenger não analisou esta questão com o cuidado que ela


requeria. No santuário do deserto havia três véus:
a. o véu do pátio;
b. o véu para se entrar no lugar santo; e
c. o véu entre o santo e o santíssimo.

Quando a Septuaginta fala do véu do pátio (o primeiro), das


seis referências, em cinco usa a palavra katapetasma.
Doutrina do Santuário 133

O véu da entrada (que é o segundo) é mencionado onze vezes;


em sete vezes é chamado de katapetasma e nas outras quatro de
kaluma.

O véu do santíssimo (o terceiro) aparece vinte e quatro


vezes como katapetasma e uma vez como kaluma.

A palavra dominante para todos os véus é katapetasma e


kaluma é usada numa menor escala.

Este é o argumento do VT contra a tese de Ballenger.

Ballenger deveria ter olhado para Hebreus. No capítulo 9,


verso 3, há uma seção que descreve o santuário do VT. Descreve o
santo e os equipamentos que nele estão; também o santíssimo e seus
equipamentos. Aqui o santo é chamado de primeira tenda e o
santíssimo de segunda tenda.

Percebamos claramente as palavras usadas no verso 3 - "mas


depois do segundo véu estava a tenda (ou tabernáculo) que se chama
o santo dos santos." O local se chama "santo dos santos". Onde se
localiza? Após o segundo véu. Portanto, se este é o segundo véu,
logicamente deve haver o primeiro. No livro de Hebreus a linguagem
usada é segundo katapetasma, portanto deve haver o primeiro
katapetasma que é, sem dúvida, o véu de entrada no santo.

Este é o segundo argumento contra Ballenger.

Lugares do Santuário
Doutrina do Santuário 134

O argumento de Desmond Ford concentra-se em Hebreus 9:8-9:

1. Ele diz que os locais no santuário de Hebreus, o do céu


e o da terra, são basicamente os seguintes:

a. a concentração no terrestre é no santo e a


concentração no santuário celestial é no santíssimo.
Há, portanto, uma divisão: o terrestre, um símbolo
para o VT; o celeste, um símbolo para o NT. O
problema é que o terrestre precisa permanecer para
que possa completar o celestial.
b. A interpretação geral entre os eruditos ASD é que,
quando se fala do terrestre, aparece a palavra
"santo"; quando fala do celeste, também usa a palavra
"santo". Portanto, não há contraste entre em relação
a locais. Hebreus fala do terrestre e seu ministério
e do celeste e seu ministério; o celeste é superior e
o terrestre é inferior.

c. Há dois santuários divididos em dois compartimentos;


o terrestre representa o celeste. Tem duas divisões.
O livro de Hebreus enfatiza os dois compartimentos
tanto no terrestre como no celeste.

PONTO DE VISTA DE UMA PEQUENA MINORIA:

Hebreus 9:8 - a palavra aqui é TÓN HAGIÓN, que é traduzida


de diferentes maneiras:
Doutrina do Santuário 135
a. santuário
b. santo
c. santíssimo.

FORD interpreta como SANTÍSSIMO. Enquanto o primeiro


tabernáculo ainda tem o seu lugar. Para alguns eruditos o primeiro
tabernáculo (primeira tenda) se refere ao completo santuário do
VT. Primeiro no que diz respeito a "tipo".

Ford diz que é primeiro em termos de "lugar", isto é, lugar


santo; o santo do terrestre que, finalmente, perde o lugar em
direção a Deus, sendo substituído pelo santíssimo do celestial.

v. 9 - "é uma PARÁBOLA...". Pergunta: qual a natureza da


parábola?

Para Ford o ministério do santo é uma parábola para o VT e o


santíssimo uma parábola a era do NT no céu.

A palavra relevante aqui é HÁGIOS, que aparece nove vezes


nestes três capítulos. Mas esta palavra pode ser usada de
diferentes maneiras: santuário, santo ou santíssimo. Daí a
dificuldade de entendê-la, mas muito importante fazê-lo.

ESQUEMA DA SEÇÃO (observar o QUIASMO)


Doutrina do Santuário 136

E TERRESTRE CELESTIAL E'


9:1-10 9:11-14
1º tabern. - HÁGIA (Santo) TA HÁGIA "DIÁ"
2º tabern. - HÁGIA HÁGION Tabernáculo (Santo)
(Santíssimo) 1. Maior
2. Perfeito
3. Sem mãos

D CONCERTO CONCERTO D'


8:6-13 9:15-22

C SANT. CELESTIAL SANT. TERRESTRE C'


8:1-5 9:23-28
TÓN HÁGION = SS Contraste c/ o celeste
SKENE = Tabern. = S TA HÁGIA = SS
1. Verdadeiro HÁGIA = S
2. Sem mãos 1. Verdadeiro
3. Cópia 2. Sem mãos
4. Tipo 3. Cópia
4. ANTÍTIPO
Doutrina do Santuário 137
B SACERDÓCIO SACRIFÍCIO B'
Cap. 7 10:1-18

A VÉU VÉU A'


6:19-20 10:19-20

Cap. 6:19-20 - Cristo, nossa esperança, está no céu,


atravessa o véu.

10:19-20 - também usa "véu" - podemos entrar no santíssimo,


pelo sangue de Jesus, pelo caminho que Ele nos inaugurou, através
do véu.

O próximo ponto é o sacerdócio. O capítulo 7 é o capítulo do


sacerdócio. Faz-se uma comparação do sacerdócio de Cristo com o
levítico. O de Cristo é chamado de sacerdócio de Melquisedeque, e
é superior, pois dura para sempre; os sacerdotes levitas morriam.

Cap. 10 - fala de sacrifícios. Os sacrifícios do VT não


servem realmente para aquilo que deviam servir; eram temporários.
Não purificavam nem aperfeiçoavam as pessoas. Mas o sacrifício de
Cristo foi feito uma vez por todas; é capaz de limpar e extirpar o
pecado.

Cap. 8:1-5 - o santuário particularmente descrito aqui é o


santuário celestial - modelo do terrestre.
Doutrina do Santuário 138

v. 2 - expressão "tabernáculo" e "santuário" - muitos acham


que se refere a uma coisa só. A posição de W. Shea é que o autor
de Hebreus fala de dois compartimentos: o santo e o santíssimo:

a. verdadeiro tabernáculo;
b. não feito por mãos humanas;
c. cópia.

Não são equivalentes, são partes diferentes.

v. 2 - "como ministro do santuário e do verdadeiro


tabernáculo..."

Em grego, a palavra "ministro" é colocada entre "santuário"


e "verdadeiro tabernáculo". Portanto, se são compartimentos
diferentes, por que usa esta linguagem?

Lev. 16:16,20 - expiação dos pecados e impurezas no dia da


expiação. A expiação começa pelo lugar santo (QODESH), pela
"tenda" e pelo "altar".

QODESH é a palavra usada para o santíssimo;


TENDA é a palavra usada para o santo;
ALTAR é a palavra usada para o pátio.

Portanto, em Levítico 16 aparece QODESH 7 vezes para o


santíssimo, e quando deseja falar do SANTO usa a palavra "tenda" e
para o PÁTIO usa a palavra "altar". Esta é a linguagem em
Levítico.
Doutrina do Santuário 139
Parece, portanto, que em Hebreus 8:2, o autor usa a mesma
linguagem. O modelo é Levítico 16.

POR QUE USA ESTA LINGUAGEM? Porque o centro do livro de


Levítico é o capítulo 16, que trata da expiação. Portanto, toma a
linguagem do dia mais importante do ano.

Logo, em Hebreus 8:2, HÁGION e o "tabernáculo" (SKENE) não


são a mesma coisa; referem-se a dois lugares no ministério do céu.
HÁGION é o santíssimo e SKENE, o santo.

9:23-28 - Nesta seção fala do santuário celestial em


contraste com o terrestre.

vv. 23-24 - "Cristo não entrou em santuário feito por mãos,


figura do verdadeiro, porém no mesmo céu (HÁGIA)..." Este lugar é
definido pela mesma palavra usada em 9:1-2 - HÁGIA (sem artigo
definido e se referia ao lugar santo do santuário celestial).
Portanto, faz uma comparação, onde contrasta o santo terrestre com
o santo celestial.

v. 24 - a palavra para FIGURA é "antítipo", enquanto que em


8:5 é "tipo". Há então um paralelismo: TIPO refere-se ao TERRESTRE
e ANTÍTIPO refere-se ao CELESTE. Assim, temos a relação entre os
dois santos.

9:25 - "... como o sumo-sacerdote cada ano entra no santo


dos santos..." Que tipo de serviço está falando no qual deveria
entrar uma vez por ano? NO DIA DA EXPIAÇÃO. Fala de uma nova parte
do santuário, descrita por uma palavra diferente: TA HÁGIA (com
artigo).
Doutrina do Santuário 140

Há um contraste entre os versos 24 e 25. No verso 24 usa


HÁGIA (sem artigo) para santuário (santo); no verso 25 usa a
palavra TA HÁGIA (com artigo) para santíssimo.

No capítulo 8 há o mesmo contraste. No verso 2 usa TÓN


HAGIÓN para santíssimo e SKENE (tabernáculo) para santo, onde há
quatro modificadores e todos se aplicam ao tabernáculo (SKENE):

a. verdadeiro
b. sem mãos
c. cópia
d. tipo.

Voltando a 9:24, HÁGIA (sem artigo) refere-se ao santo,


também com os mesmo quatro modificadores:

a. verdadeiro
b. sem mãos
c. cópia
d. ANTÍTIPO (note a diferença).

Próxima seção: 8:6-13 9:15-22

O assunto aqui é o concerto. O concerto do passado (8:6-13)


era o velho concerto que falhou e foi substituído por um melhor
(9:15-22), onde Cristo é o Mediador de um novo concerto.

É simples, direto, e ambas as seções dizem a mesma coisa.

Última seção
Doutrina do Santuário 141

9:1-10 9:11-14
Santuário terrestre Santuário celestial

Analisemos a linguagem usada pelo autor:

9:1-5 - há um primeiro tabernáculo, chamado HÁGIA (sem


artigo) - SANTO. E há um segundo tabernáculo, chamado HÁGIA HÁGION
- SANTÍSSIMO. Temos, então, o santo e o santíssimo. E aparece o
que há em cada compartimento (tabernáculo):

Primeiro tabernáculo (compartimento):

a. candelabro
b. mesa e os pães da proposição.

Segundo tabernáculo (compartimento):

a. incensário
b. arca (com tudo o que nela havia - vv. 4-5).

Refere-se, portanto, ao santuário terrestre.

9:11-14 - novamente aparece a linguagem do tabernáculo.


Cristo entra "através" (preposição grega DIÁ) do tabernáculo, indo
do santo para o santíssimo.

Alguns crêem que o "tabernáculo" do verso 11 se refira ao


tabernáculo terrestre, entretanto não pode ser o terrestre, porque
aparecem os modificadores (MAIOR, MAIS PERFEITO, NÃO FEITO POR
MÃOS).
Doutrina do Santuário 142

E no verso 12 o SANTO LUGAR é descrito como TA HÁGIA,


portanto, santíssimo. Note que TA HÁGIA não tem modificadores,
pois se refere ao santíssimo. Aqui se percebe claramente o
movimento de Jesus indo do santo para o santíssimo. Entretanto,
podemos notar um movimento inverso em Hebreus 8:1-5, onde Cristo
aparece sentado à direita do trono de Deus, de onde sai para
iniciar Seu ministério no santo - portanto, um movimento do
santíssimo para o santo.

SUMÁRIO

Existem, portanto, quatro seções sobre o santuário em


Hebreus:

Primeira seção: 8:1-5 - dois termos técnicos:


a. Tabernáculo (para santo)
b. Santuário (para o santíssimo).

Segunda seção: 9:1-10 - aparecem o primeiro e o segundo


tabernáculo:
a. HÁGIA (para o santo)
b. HÁGIA HÁGION (para o santíssimo)

Terceira seção: 9:11-14 - aparecem dois termos:


a. Tabernáculo (refere-se ao santo)
b. TA HÁGIA (o santo = santíssimo)

Quarta seção: 9:23-28 - aparece a palavra HÁGIA:


Doutrina do Santuário 143
a. HÁGIA (sem artigo) - santo
b. TA HÁGIA (com artigo) - o santo = santíssimo.

9:8-9 - estes versos falam do santuário terrestre e suas


funções.

v. 8 - sumariza o que esta lição ensina - "querendo com isto


dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar
não se manifestou , enquanto o PRIMEIRO TABERNÁCULO continua
erguido."

A palavra usada para "tabernáculo" é SKENE, entretanto, aqui


aparece PROTO SKENE (primeiro tabernáculo).

O verso diz que enquanto o primeiro tabernáculo (PROTO


SKENE) ainda tem sua função, o caminho está aberto para o santo no
céu.

Pergunta: É o primeiro em termos de tempo ou de localidade?

Resposta: Em termos de tempo.

9:1 - usa a mesma palavra para primeiro concerto e santuário


terrestre.

9:2 - diz que o tabernáculo está aberto por causa do


sacrifício de Jesus. Entretanto, enquanto o primeiro tabernáculo
tinha uma função especial em relação a Deus, este caminho ainda
não estava aberto.
Doutrina do Santuário 144

9:9 - QUAL É A PARÁBOLA?

Se estivesse relacionada com as funções dos dois santuários,


a palavra usada seria TUPOS, porém, a palavra empregada é
PARABOLÉ, que significa "ensino", com uma lição central, cujos
detalhes não são relevantes. O importante na parábola é sua lição
central.

A parábola usada em Hebreus tem que ver com a data e o


contexto em que o livro foi escrito. Nunca usa o templo de
Jerusalém em sua comparação, apesar de este templo ainda estar lá.
Este era o templo para o qual os judeus cristãos estavam correndo
o risco de retornar. Então o escritor usa o santuário que deixara
de ser usado há mil anos como uma parábola para o templo ainda em
uso. Sua argumentação é: o templo de Jerusalém não tem importância
perante Deus; não voltem às práticas antigas do judaísmo; elas não
têm valor perante Deus; um novo caminho está aberto perante nós.

HÁ TRÊS MINISTÉRIOS NO SANTUÁRIO CELESTE:

│ │ │
──┼── │ │
1º │ │ 2º DIÁRIO │ 3º JULGAMENTO ANUAL
───────┴──────────┴────────────────┴─────────────────────────────
Antes de iniciar Intercessão 1844
o "diário" -
apresentação do
Seu sacrifício
Doutrina do Santuário 145

LOCALIZAÇÃO OU COMPARTIMENTOS DO SANTUÁRIO:

Quando comparamos o ministério de Cristo em Hebreus com o de


Levítico, vemos Jesus como Sumo-sacerdote. Quando Jesus entra no
lugar santo, inicia a segunda fase de Seu ministério (após a
ascensão). A partir de 1844, quando entra no lugar santíssimo, dá
início à terceira fase de Seu ministério.

O PRIMEIRO MINISTÉRIO foi apresentar o sacrifício a Seu Pai.


Ellen White descreve a ascensão de Jesus na linguagem do Salmo 24.
Não recebe honra dos anjos e dos mundos não caídos que ali estão
para recebê-LO, enquanto não apresenta Seu sangue ao Pai. O
sacrifício foi suficiente, a raça humana foi redimida. O concerto
eterno foi selado. Esta é a primeira fase do ministério de Cristo.

A EXPIAÇÃO EM HEBREUS

Há várias passagens, em termos de santuário terrestre, em


Hebreus. Qual a função delas?

FORD aceita a idéia de que, por ocasião da ascensão, Jesus


iniciou o ministério equivalente ao dia da expiação do antigo
Israel.

MAS, É ESTE O USO EM HEBREUS? NÃO! A maneira como se usa a


expiação em Hebreus é a seguinte:
Doutrina do Santuário 146
a. Existe um sistema sacrifical usado no VT, mas todos os
sacrifícios juntos não podem se igualar ao sacrifício de
Cristo.

b. O dia da expiação era o principal dia do sistema de


sacrifícios. Era o melhor que podia oferecer; mas não era
suficiente.

c. A relação com o dia da expiação não tem que ver com TIPO
e ANTÍTIPO, mas SUPERIOR e INFERIOR. Portanto, não se pode, no
livro de Hebreus, usar TIPO e ANTÍTIPO.

APOCALIPSE

As cenas introdutórias focalizam o trabalho no santuário.

PRIMEIRA LINHA PROFÉTICA - 7 IGREJAS

Há uma cena introdutória: João, prisioneiro religioso (96


AD). Teve uma VISÃO - Jesus falava com ele. ONDE ESTAVA CRISTO?

vv. 12-13 - no meio dos 7 candeeiros, com vestes


sacerdotais. No santuário terrestre o candelabro se encontrava no
Lugar Santo. A palavra usada no VT para referir-se ao ministério
relacionado com o candelabro é TAMID.

Portanto, Jesus está ministrando à Sua Igreja, concedendo-


lhe luz, e isto é que está sendo representado pelo quadro de Seu
andar no meio dos candeeiros.
Doutrina do Santuário 147

SEGUNDA LINHA PROFÉTICA - 7 SELOS - Apoc. 4 e 5

Cena ao redor do trono no céu - o Pai assentado no trono, os


seres viventes ao lado.

Cap. 5 - visão do livro selado e do Cordeiro.

Há uma teologia nos dois capítulos, em particular nos


cânticos entoados.

4:11 - "Tu és digno, Senhor e Deus... PORQUE TODAS AS COUSAS


TU CRIASTE..."

5:9-10 - "Digno és... PORQUE FOSTE MORTO E COMPRASTE COM TEU


SANGUE.

Deus, o Pai, é o CRIADOR;} O trabalho de ambos se


Deus, o Filho, é o REDENTOR.} encontra nesta cena.

Cap. 5 - sete selos - precisam ser quebrados para se abrir o


rolo. O QUE É O ROLO? Três teorias:

a. Livro da vida do Cordeiro (registro dos santos de todas


as eras que herdarão o reino);
b. Profecias do resto do livro (esta interpretação não se
encaixa);
c. É um testamento, o mundo como propriedade de Cristo em
razão de Seu sacrifício.
Doutrina do Santuário 148
Comentário de Ellen White acerca do significado do rolo:

1. Em Parábolas de Jesus diz que os líderes da nação


judaica veriam a natureza terrível da decisão deles em
relação a Cristo, quando o rolo for aberto;

2. Em outro documento ela afirma que ser refere ao livro


contendo a história das nações, em todas as épocas.

TERCEIRA LINHA PROFÉTICA - 7 TROMBETAS - 8:2-5

Visão do altar - 7 anjos - 7 trombetas - Natureza das


trombetas: JULGAMENTO.

Duas funções no altar:

a. Em direção a Deus: INTERCESSÃO;


b. Em direção à Terra: JULGAMENTO.

Fogo atirado à Terra: julgamentos - 1ª, 2ª, 3ª trombetas. O


incenso/intercessão continua.

Três diferenças principais:

1. Uma pessoa joga o incensário - o anjo atira brasas;


2. Diferença de localidade: o anjo joga brasa para a Terra;
Cristo joga o incensário no chão do santuário.
3. Resultados:
a. em um caso temos o fogo/julgamento que se segue;
b. em outro temos o fechamento da porta da graça.
Doutrina do Santuário 149

QUARTA LINHA PROFÉTICA - PROFECIAS CENTRAIS - Caps. 12-14

Esta cena é introduzida em 11:19 - "Abriu-se o SANTUÁRIO DE


DEUS... no CÉU, e foi vista a ARCA DA ALIANÇA NO SANTUÁRIO..."

"ABRIU-SE O SANTUÁRIO" - quando esta parte é aberta vê-se a


ARCA que ficava no santíssimo. Em termos terrestres era aberto no
dia da expiação, que era um dia de julgamento no antigo Israel.
Aqui temos um evento similar ocorrendo no santuário celestial,
portanto vemos aqui um dia celeste de expiação, um início de
julgamento. Observe-se que uma parte do céu se abre para ver isto
e vê-se o início deste trabalho.

Estas profecias centrais do livro têm que ver com a guerra


entre o dragão, a besta e a mulher.

Transição do livro:

Profecias │ CARTAS - Igreja através das eras;


│> SELOS - através das eras;
Históricas │ TROMBETAS - através das eras.

Cap. 12 - Profecia histórica:

. Igreja primitiva
. perseguição na Idade Média
. cena central: guerra - Miguel X serpente
Doutrina do Santuário 150
. perseguição na Idade Média
. termina com o remanescente.

Cap. 13 - transição:

a. vv. 1-10 - besta que surge do mar (profecia


histórica)
b. vv. 11-18 - besta que surge da terra - luta
acerca da marca
da besta (este é um novo tipo de
profecia: ESCATOLÓGICA.

Cap. 14 - as três mensagens angélicas aparecem no fim e


vemos a volta de Cristo.

Portanto, nesta seção (capítulos 12 a 14) temos a transição


entre os dois tipos de profecia:

1ª parte: profecias históricas - 12-13:10;


2ª parte: escatologia - 13:11-14:20 (e até o final do
livro).

QUINTA LINHA PROFÉTICA - Caps. 15 a 18

Cena introdutória estabelecida no templo celestial:

15:5-8 - 7 anjos com as 7 taças.


Cap. 16 - pragas
Caps. 17 e 18 - após as pragas.
Doutrina do Santuário 151
Ninguém pode entrar no templo até que as pragas ocorram.

15:5 - "TABERNÁCULO DO TESTEMUNHO" - no antigo santuário a


testemunha do tabernáculo era os DEZ MANDAMENTOS, que estavam na
arca, no santíssimo, portanto, temos aqui uma referência ao
término do julgamento, o dia antitípico da expiação, e nos
referimos a isto como o fechamento da porta da graça: o julgamento
está terminado, ninguém mais pode ser salvo.

11:19 - ABERTURA DO JULGAMENTO

15:5-8 - ENCERRAMENTO DO JULGAMENTO

SEXTA LINHA PROFÉTICA - 19:1-10

Esta cena do santuário é um retorno aos capítulos 4 e 5,


pois se trata da mesma cena. Mas as canções cantadas aqui são
diferentes dos capítulos 4 e 5, pois dizem respeito ao fim do
plano da salvação, em particular sobre o casamento do Cordeiro, é
uma celebração do casamento, o tempo do casamento chegou, Cristo
Se unirá a Sua igreja. Portanto, a cena do santuário é uma cena de
celebração à medida que o plano da salvação se encerra.

Segue-se um quadro da segunda vinda de Cristo, quando Ele


sai do santuário. Seguem-se cenas proféticas após a segunda vinda,
através do milênio, até a Nova Terra.
Doutrina do Santuário 152

LINHA DIVISÓRIA:

Apoc. 21:1-8 - pertence à série de profecias precedentes,


assim, a cena da Nova Jerusalém começa no capítulo 21, verso 9.
Por quê? Ao se comparar os versos 1 e 10 vemos a Nova Jerusalém
vindo para a Terra. Se pensarmos que isto está em ordem
cronológica, concluiremos que a Nova Jerusalém vem à Terra duas
vezes. E isto não acontece.

21:1 - A Nova Jerusalém vem à Terra como final desta série


de profecias.

221:9 - Começa um quadro da Nova Terra e Nova Jerusalém -


uma profecia independente no livro, que é a de número VII.

SÉTIMA LINHA PROFÉTICA - Apoc. 21:9ss - A NOVA JERUSALÉM

v. 22 - na cidade não há templo - POR QUÊ? O plano da


salvação está terminado.

Analisando as profecias precedentes, vemos que cada uma das


seis começa com uma cena do santuário. Isto nos leva à introdução
do curso - a doutrina do santuário mostra uma atividade
contemporânea de Deus no céu, assim como mostra o santuário como o
centro da salvação, o céu em atividade para salvar o homem, onde o
Pai, Cristo e os anjos estão trabalhando em função da salvação do
homem, e a execução do plano da salvação.
Doutrina do Santuário 153
Cada uma das cenas do santuário em Apocalipse mostra onde a
atividade do plano da salvação está centralizada; por isto as
profecias se iniciam com cenas do santuário.

Ao chegarmos à última profecia, o plano da salvação já


terminado, todos os cidadãos do reino reunidos, não há mais
necessidade de um plano de salvação.

DESCRIÇÃO DA CIDADE: dimensões em todas as direções,


diferentes pedras na fundação. De onde vem esta linguagem?

Construção do santuário: Deus deu as medidas do santuário


(assim como dá as medidas da Nova Jerusalém); pedras com o nome
das tribos no peito dos sacerdotes levadas à presença do Senhor
(agora encontramos os nomes escritos nas portas [tribos] e nas
pedras da fundação [apóstolos] ).

O que o santuário tinha em uma menor escala, a Nova


Jerusalém tem numa escala muito mais ampla, portanto, há uma
comparação geral entre a Nova Jerusalém e o santuário do VT.

Assim, toda a cidade é um lugar santo, pois que é o lugar da


habitação de Deus (Êxo. 25:8-9 - "E Me farão um santuário... e
habitarei no meio deles".) Trocando uma palavra no verso,
teríamos: "E EU construirei uma cidade para habitar no meio
deles."

Portanto, ao chegar à SÉTIMA LINHA PROFÉTICA, temos um senso


de visão do santuário, mas envolvendo toda a cidade em si mesma.
Doutrina do Santuário 154

Zac. 14:16 - o propósito da velha Jerusalém será cumprido.

v. 20 - "Naquele dia será gravado nas campainhas dos


cavalos: Santo ao Senhor; e as panelas na casa do Senhor serão
como as bacias diante do altar."

Tudo na cidade será santo, porque a santidade do Senhor


permeará todas as coisas.

A última profecia, portanto, é que a cidade toda é um


santuário; não se trata de uma cena introdutória para a profecia,
mas é a profecia em si: a cidade é o santuário de Deus.

O Apocalipse é um livro de 7:

. 7 igrejas
. 7 selos
. 7 trombetas
. 7 pragas
. 7 linhas proféticas, dadas no 7º dia.

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