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Novembro de 2016
Grupo Moçambicano da Dívida
Ficha Técnica
Título: Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Coordenação e Supervisão Técnica:
Eufrigina dos Reis Manoela
Humberto Tobias Zaqueu
Equipa Técnica:
Egas Daniel
Arranjo Gráfico: Grupo Moçambicano da Dívida
Impressão: MEGAMIND
Propriedade: Grupo Moçambicano da Dívida
Tiragem: 500 Exemplares
Sob No de Registo: 4466/RLIND/2005
Ano: 2016
LISTA DE ACRÓNIMOS
AR – Assembleia da República
BAD- Banco Africano para o Desenvolvimento
BADEA- Banco Árabe para o Desenvolvimento Africano
BC- Banco Central
BLUE – Best Linear Unbiased Estimator (Melhor Estimador Linear não-Enviesado)
BT´s-Bilhetes do Tesouro
BM- Banco de Moçambique
CGE – Conta Geral do Estado
CP- Contabilidade Pública
CPIA – Country Policy and Institutional Assessment (Índice de Avaliação das Políticas e
Instituições Nacionais)
DNT-Direcção Nacional do Tesouro
DRI-Alívio da Dívida Internacional
EIB-Banco Europeu de Investimento
EMATUM – Empresa Moçambicana de Atum
FMI- Fundo Monetário Internacional
FMO – Fórum de Monitoria do Orçamento
GMD- Grupo Moçambicano da Dívida
HIPC – Heavily Indebted Poor Countries (Países Pobres Altamente Endividados)
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IESE – Instituto de Estudos Sociais e Económicos
INE – Instituto Nacional de Estatística
IPH- Índice de Pobreza Humana
IDA-Associação para o Desenvolvimento Internacional
IIFC-Cooperação Financeira Internacional
ICSID-Centro Internacional para Resolução de Disputas de Investimento
IBRD-Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
MAM – Mozambique Assets Management (Gestão de Activos de Moçambique)
MDRI – Multilateral Debt Relief Initiative (Iniciativa de Alívio da Dívida Multilateral)
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Grupo Moçambicano da Dívida
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ÍNDICE
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Grupo Moçambicano da Dívida
Índice de Tabelas
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Grupo Moçambicano da Dívida
Índice de Gráficos
GRÁFICO 2.1: CURVA DA RELAÇÃO ENTRE DÍVIDA PÚBLICA E CRESCIMENTO DO PIB .......................................................................... 25
GRÁFICO 3.1: EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA (INTERNA, EXTERNA E TOTAL) DE MOÇAMBIQUE (1998-2015) ....................................... 31
GRÁFICO 3.2: EVOLUÇÃO DA PERCENTAGEM DO STOCK DA DÍVIDA/PIB DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE SUSTENTABILIDADE
(1998-2015)............................................................................................................................................................. 33
GRÁFICO 3.3: EVOLUÇÃO DA RECEITA CORRENTE/PIB DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE SUSTENTABILIDADE (1998-2015)...... 34
GRÁFICO 3.4: EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA/RECEITA CORRENTE DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE SUSTENTABILIDADE
(1998-2015)............................................................................................................................................................. 35
GRÁFICO 3.5: EVOLUÇÃO DAS RECEITAS/PIB E SERVIÇO DA DÍVIDA/PIB DE MOÇAMBIQUE (1998-2015) ............................................ 36
GRÁFICO 3.6: EVOLUÇÃO DO STOCK DA DÍVIDA INTERNA/PIB DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE SUSTENTABILIDADE (1998-2015)
................................................................................................................................................................................ 38
GRÁFICO 3.7: EVOLUÇÃO DO STOCK DA DÍVIDA INTERNA/ RECEITAS CORRENTES DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE
SUSTENTABILIDADE (1988-2015) .................................................................................................................................. 39
GRÁFICO 3.8: EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA INTERNA/ RECEITAS CORRENTES DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE
SUSTENTABILIDADE (1998-2015) .................................................................................................................................. 40
GRÁFICO 3.9: EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA EXTERNA/EXPORTAÇÕES DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE SUSTENTABILIDADE
(1998-2015)............................................................................................................................................................. 40
GRÁFICO 3.10: EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DA DÍVIDA EXTERNA/ RECEITAS CORRENTES DE MOÇAMBIQUE EM RELAÇÃO AO LIMITE DE
SUSTENTABILIDADE (1998-2015) .................................................................................................................................. 41
GRÁFICO 3.11: EVOLUÇÃO DO PERÍODO MÉDIO DE MATURIDADE DA DÍVIDA PÚBLICA EXTERNA DE MOÇAMBIQUE (1998-2014) ............... 45
GRÁFICO 3.12: EVOLUÇÃO PERCENTAGEM MÉDIA DO ELEMENTO DONATIVO DA DÍVIDA PÚBLICA EXTERNA DE MOÇAMBIQUE (1998-2014) 46
GRÁFICO 3.13: EVOLUÇÃO DA DEPENDÊNCIA EXTERNA EM MOÇAMBIQUE (DONATIVOS E CRÉDITOS EXTERNOS) DE 2012 A 2015 .............. 46
GRÁFICO 3.14: TENDÊNCIA DO ENDIVIDAMENTO PÚBLICO NÃO-CONCESSIONAL EM MOÇAMBIQUE (2010-2014) .................................. 47
GRÁFICO 3.15: TENDÊNCIA DA TAXA DE JURO MÉDIA DA DÍVIDA PÚBLICA EXTERNA EM MOÇAMBIQUE(1998-2012) ............................... 47
GRÁFICO 3.16: TENDÊNCIA DA TAXA DE CÂMBIO EM MOÇAMBIQUE (MT/USD) DE 1998 A 2015 ...................................................... 48
GRÁFICO 3.17: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DOS SECTORES ECONÓMICOS E SOCIAIS NO PIB DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) ........................... 52
GRÁFICO 3.18: TENDÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS SECTORES DA AGRICULTURA, MANUFACTURA E COMÉRCIO NO PIB DE MOÇAMBIQUE
(2000-2014)............................................................................................................................................................. 53
GRÁFICO 3.19: TENDÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS SECTORES SOCIAIS (EDUCAÇÃO, SAÚDE E ÁGUA) NO PIB DE MOÇAMBIQUE (2000-2014)
................................................................................................................................................................................ 54
GRÁFICO 3.20: CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL DOS SECTORES DA AGRICULTURA, MANUFACTURA E COMÉRCIO EM MOÇAMBIQUE (2000-2014)
................................................................................................................................................................................ 55
GRÁFICO 3.21: CRESCIMENTO MÉDIO DOS SECTORES SOCIAIS (EDUCAÇÃO, SAÚDE E ÁGUA) EM MOÇAMBIQUE (2000-2015) ................... 56
GRÁFICO 3.22: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DOS SECTORES NO PIB DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) ........................................................... 57
GRÁFICO 3.23: PERCENTAGEM DO INVESTIMENTO PÚBLICO COM RECURSO AO ENDIVIDAMENTO PÚBLICO ALOCADO AOS DIFERENTES SECTORES
ECONÓMICOS E SOCIAIS EM MOÇAMBIQUE (2014) ............................................................................................................ 59
GRÁFICO 3.24: CUSTO DE OPORTUNIDADE MEDIDO EM TERMOS DE NÚMERO DE CENTROS DE SAÚDE NÃO CONSTRUÍDOS COM AS DÍVIDAS
OCULTAS .................................................................................................................................................................... 62
GRÁFICO 3.25: CUSTO DE OPORTUNIDADE MEDIDO EM TERMOS DE NÚMERO DE SALAS DE AULAS NÃO CONSTRUÍDOS COM O VALOR DAS
DÍVIDAS OCULTAS ......................................................................................................................................................... 63
GRÁFICO 3.26: CUSTO DE OPORTUNIDADE MEDIDO EM TERMOS DE NÚMERO DE ALUNOS QUE PODIAM BENEFICIAR-SE DAS SALAS DE AULAS . 64
GRÁFICO 3.27: CUSTO DE OPORTUNIDADE MEDIDO EM TERMOS DE NÚMERO DE FUROS DE ÁGUA QUE PODERIAM TER SIDO CONSTRUÍDAS COM
O VALOR DAS DÍVIDAS OCULTAS ....................................................................................................................................... 65
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Grupo Moçambicano da Dívida
GRÁFICO 3.28: CUSTO DE OPORTUNIDADE MEDIDO EM TERMOS DE NÚMERO DE PESSOAS QUE PODERIAM BENEFICIAR-SE DOS FUROS ......... 65
GRÁFICO 3.29: PARTICIPAÇÃO MÉDIA NO PIB POR REGIÃO EM MOÇAMBIQUE (2000-2014) ............................................................. 66
GRÁFICO 3.30: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DAS PROVÍNCIAS NO PIB DA REGIÃO NORTE DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) ............................... 67
GRÁFICO 3.31: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DAS PROVÍNCIAS NO PIB DA REGIÃO CENTRO DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) ............................. 67
GRÁFICO 3.32: PARTICIPAÇÃO MÉDIA DAS PROVÍNCIAS NO PIB DA REGIÃO SUL DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) .................................... 67
GRÁFICO 3.33: COMPARAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO PIB ENTRE MAPUTO CIDADE, MAPUTO PROVÍNCIA E NAMPULA COM AS RESTANTES
PROVÍNCIAS (2000-2014) ............................................................................................................................................ 68
GRÁFICO 3.34: COMPARAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO PIB ENTRE MAPUTO CIDADE E MAPUTO PROVÍNCIA COM AS RESTANTES PROVÍNCIAS
(2000-2014)............................................................................................................................................................. 68
GRÁFICO 3.35: EVOLUÇÃO DA PARTICIPAÇÃO REGIONAL NO PIB DE MOÇAMBIQUE (2000-2014) ....................................................... 68
GRÁFICO 3.36: PERCENTAGEM DO VALOR DE INVESTIMENTOS PÚBLICOS FINANCIADOS PARA CADA REGIÃO DE MOÇAMBIQUE COM RECURSO A
CRÉDITO EXTERNO ........................................................................................................................................................ 69
GRÁFICO 3.37: DISTRIBUIÇÃO DOS PROJECTOS DE INVESTIMENTO DO PII PELO PAÍS (REGIÕES E PROVÍNCIAS DE MOÇAMBIQUE) ................. 70
GRÁFICO 3.38: RELAÇÃO ENTRE PARTICIPAÇÃO NO PIB E O VOLUME DE PROJECTOS FINANCIADOS PARA PROVÍNCIA DE MOÇAMBIQUE ........ 71
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Grupo Moçambicano da Dívida
SUMÁRIO EXECUTIVO
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique
Grupo Moçambicano da Dívida
1 INTRODUÇÃO
A partir daquele ano (2006), era de se esperar que o endividamento público do país nos anos
subsequentes fosse mais moderado (longe do limiar da insustentabilidade), e que servisse
para atender as prioridades de redução da pobreza e maior estímulo ao desenvolvimento
sócio-económico com base nos sectores chaves de educação e saúde e construção de infra-
estruturas económicas e sociais produtivas.
Porém, a realidade mostra que o endividamento público tem vindo a crescer de forma
galopante, sendo que, entre 2006 a 2016, o stock de dívida mais do que quadruplicou,
expandindo a uma taxa média anual de 15%, duas vezes maior que a do crescimento do PIB,
tendo atingido um cerca de 130% do PIB, em finais de 2016, Para além disso, o
endividamento público em Moçambique tem suscitado debate sobre o seu impacto sócio-
económico. Discute-se o facto de este não gerar recursos financeiros suficientes para honrar
com os compromissos assumidos e não convergir para aquilo que são as prioridades da
redução da pobreza no país. Dados indicam para uma estagnação dos níveis de pobreza no
país (que aumentou ligeiramente segundo o PARPA II de 54,1% para 54,7% de 2003 para
2009), e a consequente permanência dos grandes problemas de qualidade na educação,
escassez de medicamentos e exiguidade de pessoal, equipamentos e infra-estruturas na saúde,
limitada cobertura do abastecimento de água, entre outros direitos básicos de afirmação
humana no país.
É neste contexto que nasce o presente estudo, para abordar sobre o perfil e a sustentabilidade
da dívida pública, procurando entender as motivações que estão por detrás deste
endividamento crónico e analisar o seu impacto económico e social no país a médio e longo
prazos.
1
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 1
Grupo Moçambicano da Dívida
Nesta assunção, o presente estudo analisa a problemática da dívida pública do País, seu
impacto e apresenta algumas sugestões, julgadas de grande utilidade, se forem partilhadas
com a sociedade.
1.1.1 Geral
1.1.2 Específicos
1.3 Metodologia
As abordagens foram: qualitativa, para informações não quantificáveis e também por ser mais
adequada a situações em que se deseja construir teorias; e quantitativa para dados numéricos.
O método de análise e interpretação dos mesmos dados foi de estatística descritiva com
recurso a Excel para a construção de gráficos e tabelas estatísticas para diferentes indicadores
que foram usados na análise.
Em relação as variáveis que foram usadas, a divida pública, juntamente com variáveis
auxiliares de medição da sustentabilidade (Exportações, PIB, receitas, Serviço da Dívida),
estas foram obtidas para o período em análise (1999-2015) com base na Conta Geral do
Estado dos diferentes anos (1998 a 2015). A outra variável de análise, desenvolvimento sócio-
económico,foi adquirida na base de dados do PNUD e medida pelo Índice de
Desenvolvimento Humano. Os dados sobre pobreza foram obtidos no INE nos 4 relatórios do
IOF (1996, 2002, 2008 e 2014) e foi usado especificamente o coeficiente de gini para a
análise da evolução da pobreza com base na distribuição do rendimento ou desigualdade
social.
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 3
Grupo Moçambicano da Dívida
No que diz respeito aos factores que contribuíram para a rápida evolução da dívida pública,
foi analisada a tendência, ao longo do tempo, das condições do endividamento público (taxas
de juro, períodos de maturidade e de graça, elemento donativo e taxa de câmbio), assim como
foram analisados alguns factores de ordem política e institucional do país.
Por fim, para medir o impacto económico e social da dívida pública no país, foi feita uma
análise da relação entre o endividamento e financiamento aos sectores sociais e económicos,
a avaliação da aplicação do endividamento público no contexto de assimetrias regionais no
País e o custo de oportunidade social associado a alguns projectos da dívida pública.
Adicionalmente, fez-se uma análise empírica para medir a direcção e a magnitude do efeito
do crescimento da dívida pública sobre variáveis como o Índice de Desenvolvimento
Humano e Coeficiente de Gini, por forma a avaliar o seu papel no desenvolvimento sócio-
económico e na redução da pobreza.
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 4
Grupo Moçambicano da Dívida
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo desenvolve os diferentes conceitos em torno da dívida pública e das variáveis
sócio-económicas por ela afectadas (crescimento económico, desenvolvimento económico e
redução da pobreza), bem como teorias que abordam sobre o impacto económico e social
desta variável, incluindo estudos passados, seus resultados e implicações destes na
abordagem do tema.
O termo ―dívida pública‖ é utilizado frequentemente para designar ―conjunto das situações
passivas que resultam para o Estado do recurso ao crédito público (Franco, 1996: 247). De
acordo com este autor, a dívida pública pode ser vista no sentido restrito como aquela que
corresponde apenas às situações passivas de que o Estado é titular em virtude do recurso a
empréstimos públicos e no sentido amplo, a que abrange o conjunto de situações derivadas,
não só do recurso ao empréstimo público, mas também da prática de outras operações de
crédito, como sejam os avales, os débitos resultantes do crédito administrativo, vitalício,
empresarial ou monetário, e da assunção de onerações em contrapartida de atribuições
patrimoniais.
Já o Perreira (2012: 541-546) relaciona a dívida pública com o conceito de défice orçamental.
Segundo este autor, quando se regista um défice orçamental (o Estado não tem receitas
suficientes para cobrir as suas despesas), ele é forçado a recorrer ao crédito através da
emissão de títulos de dívida, pelo que, a dívida pública vai englobar o conjunto de títulos
emitidos e não amortizados pelos subsectores das administrações públicas no mercado de
capitais.
Fernando (1987) considera a dívida pública como resultado das operações de crédito
realizadas pelos órgãos do sector público com o objectivo de antecipar as receitas
orçamentais ou atender desequilíbrios orçamentais e financiamento de obras e serviços
públicos. Este autor traz alguns elementos adicionais a ter em conta no endividamento
público, como o facto de que este pode surgir como antecipação das receitas orçamentais do
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 5
Grupo Moçambicano da Dívida
Para efeitos do presente estudo, será considerado conceito da dívida pública constante da
CGE (2012, 12), segundo o qual ―a dívida pública compreende as obrigações financeiras
assumidas com entidades públicas e privadas, dentro ou fora do território nacional, em
virtude de leis, contractos, acordos e realização de operações de crédito, pelo Estado.‖
Divida pública Interna, aquela que é contraída pelo Estado com entidades de direito público
ou privado, com residência ou domiciliadas no País, e cujo pagamento é exigível dentro do
território nacional;
Grande parte dos países em via de desenvolvimento, o termo divida interna está associado a
uma expressão abreviada para instrumentos da divida emitidos pelo governo central.
Normalmente a dívida pública interna é emitida em moeda nacional ou local, havendo casos
em que possam ser emitidos títulos em moeda local mas adquiridos por não residentes. Além
disso, os governos podem converter uma dívida doméstica cujos portadores são residentes,
numa divida em moeda estrangeira (por exemplo, obrigações expressas em USD). Nestes
casos, os governos deverão ter em conta os riscos cambiais que poderão decorrer das
variações de cotações de diferentes moedas, pois os encargos destas passam a depender da
taxa de juro e da taxa de câmbio (Johnson, A 2001:2)
Dívida pública Externa, aquela que é contraída pelo Estado com outros Estados,
organismos internacionais ou outras entidades de direito público ou privado, com
residência ou domicilio fora do país, cujo pagamento é exigível fora do território
nacional.
Considerando este tipo de dívida na óptica do credor, a mesma pode ser Bilateral,
Multilateral e ou Comercial dependendo da instituição que concedeu o financiamento.
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 6
Grupo Moçambicano da Dívida
Divida Externa Pública implica uma subtracção aos recursos disponíveis para o
consumo no país devedor (Samuelson 2005: 714)
Estas definições oferecem a ideia de que uma Dívida representa um uso de capitais alheios
mediante algumas condições previamente acordadas entre as partes e sempre inclui o
reembolso do valor em causa adicionado ao juro.
No entanto, importa referir que a Dívida Pública Externa traz consigo algumas vantagens e
desvantagens a saber:
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 7
Grupo Moçambicano da Dívida
Vantagens
Serviço da dívida (capital e juros) externa implica sempre uma saída de divisas;
País endividado fica sujeito a pressões de outros Estados credores ou Instituições
externas;
A acumulação de dívida externa é uma saída crescente de divisas do país devedor
com reflexos negativos na balança de transacções correntes (pagamento de juros)
e na balança de capitais (amortização do capital).
Agravamento da dívida devido à inflação e depreciação da moeda nacional tendo
em conta que serão necessárias mais unidades de moeda nacional para pagar juros
e o capital em moeda externa;
A soberania e autonomia do país devedor ficam em risco.
4. Os Governos fazem empréstimos, por vezes como ajuda, a taxas de juro baixas. Durante
muito tempo, os países credores concediam tais financiamentos, muitas vezes, ligados à
compra de produtos específicos no país de origem do financiamento (conhecidos como
fundos tied).
a) Projectos de desenvolvimento.
Para Khan (1993: 40), o desenvolvimento pode ser entendido como um processo colectivo no
qual as preocupações e interesses de toda a população são levados em conta. O fruto do
desenvolvimento é equivalente partilhado por todos. Em termos fundamentais,
9
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 9
Grupo Moçambicano da Dívida
É importante notar que a literatura sobre desenvolvimento usa diversas vezes os conceitos de
―desenvolvimento económico‖ e ―desenvolvimento social‖ como sinónimos, convergindo
para a definição acima proposta por Khan. Contudo, foi possível perceber que os autores
empregam cada um destes conceitos dependendo do enfoque no qual cada um deles pretende
que desenvolvimento assente.
O desenvolvimento social seria, assim, aquele que foca mais nos processos não económicos
de desenvolvimento como: a redução da vulnerabilidade, inclusão, participação política,
liberdade, segurança. Está fundamentalmente associado a realização dos direitos humanos
básicos, relações formais e informais de poder, igualdade entre indivíduos e grupos ao seio da
sociedade Browne et al. (2015).
2
http://www.pnud.org.br/idh/DesenvolvimentoHumano.aspx?indiceAccordion=0&li=li_DH
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 10
Grupo Moçambicano da Dívida
Para a medição da pobreza é geralmente usado o indicador de linha de pobreza, que se refere
a cesta média de consumo das famílias pobres num certo espaço geográfico. Se a linha de
pobreza é 10 e a família consome bens e serviços com um valor total superior a 10 per capita,
então essa família não é considerada pobre. Da linha de pobreza resulta o índice de incidência
da pobreza, Po, é a proporção de pessoas cujo consumo (per capita) está abaixo da linha de
pobreza. Este índice também pode ser expresso matematicamente como Po = q / n, onde q é o
número de pessoas pobres e n é a população total de interesse. Neste caso, a medida oferece a
proporção de famílias ou indivíduos na população classificados como pobres MPD (2010: 5-
6).
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 11
Grupo Moçambicano da Dívida
Para efeitos deste estudo, a redução de pobreza, por estar associada ao crescimento pro-pobre
(redução da desigualdade social ou maior distribuição da renda), será medida pelo coeficiente
de Gini4.
Ao longo da história, vários foram os autores que se destacam na sua abordagem em relação a
dívida pública. No século XVIII e XIV tem-se o Adam Smith (economista clássico) e Karl
Marx, respectivamente, que no geral, posicionavam-se de forma contrária ao endividamento.
A concepção de Smith (1988c: 175-179) é de que a dívida pública não beneficia a sociedade,
pois desvia o fundo produtivo dos privados para o sustento da capacidade improdutiva do
Estado. Por isso defende o equilíbrio das contas governamentais e a necessidade da formação
de um fundo de amortização da divida pública, ainda que considerasse que os Estados não
podem evitar a utilização dos empréstimos públicos como mecanismo auxiliar de
financiamento das suas despesas extraordinárias.
Marx (1985: 288), em sua obra ―O capital‖, considera a dívida pública como um mecanismo
de antecipação da acumulação de capital, pelo Estado, por meio de um artifício financeiro, a
criação de quase-dinheiro5
Por sua vez, Ricardo (1982: 114), na sua teoria sobre equivalência ricardiana, refere que a
diferença do financiamento público por impostos ou pelo endividamento é irrelevante. Esta
3
Ribeiro, Eduardo Pontual & Junior, Sabino da Silva Porto (2004). Crescimento pró-pobre no Brasil – uma
análise exploratória in http://www.anpec.org.br/encontro2004/artigos/A04A047.pdf
4
É um parâmetro que varia entre 0 a 1 usado para medir a desigualdade da distribuição de uma determinada
variável entre a população. Neste estudo será usado para medir a distribuição do PIB per capita entre a
população das diferentes províncias
5
(…) o capital, do qual o pagamento feito pelo Estado considera-se um fruto (juro), permanece capital ilusório,
fictício. A soma que foi emprestada ao Estado já não existe ao todo. A dívida pública torna-se uma das mais
enérgicas alavancas da acumulação primitiva. Tal como o toque de uma varinha mágica, ela dota o dinheiro
improdutivo de força criadora e o transforma, desse modo, em capital, sem que tenha necessidade para tanto de
se expor ao esforço e perigo inseparáveis da aplicação industrial e mesmo usurária. Os credores do Estado, na
realidade, não dão nada, pois a soma emprestada é convertida em títulos da dívida, facilmente transferíveis, que
continuam a funcionar em suas mãos como se fossem a mesma quantidade de dinheiro sonante.
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 12
Grupo Moçambicano da Dívida
teoria considera que a dívida actual contraída para financiar a despesa equivale aos impostos
futuros a serem cobrados para o pagamento da mesma.
Depois seguiram-se os neoclássicos, onde de acordo com Caracas (2006: 4), tal como os
keynesianos, não possuem uma fundamentação teórica sobre a dívida pública. Essas duas
correntes de pensamento concentram o debate em relação aos efeitos do déficit público,
consequentemente, da dívida sobre o equilíbrio económico.
Os neoclássicos, que assentam os seus posicionamentos na crença auto-regulação de mercado
que conduz a equilíbrios automáticos e de pleno emprego, argumentam não ser necessário o
endividamento, pois, é necessário buscar um equilíbrio nas contas públicas e eliminar-se os
déficits orçamentários por causarem inflação por serem financiados por emissão monetária
(Caracas, 2006: 4).
Já Keynes (1985: 198), na sua obra ―A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda‖
citado por CARVALHO (1995), critica a concepção neoclássica de equilíbrio com pleno
emprego dos factores de produção. Para Keynes, a economia pode estar em equilíbrio, mas
em geral, abaixo do pleno emprego pelo que, há necessidade de o estado intervir para
conduzir a economia ao pleno emprego. Nisso, a teoria keynesiana atribui ao Estado um
papel anti-cíclico, de carácter permanente, onde através da dívida pública para aumentar os
gastos, é possível reverter situações de desemprego, melhorar as expectativas sobre
actividade económica, motivando, assim, a recuperação dos investimentos privados.
A tabela 2.1 mostra diferentes concepções, teorias ou abordagens da dívida pública ao longo
da história pelos diferes autores (Garselaz, 2000):
Tabela 2.1: Teorias de Abordagem sobre Dívida Pública
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 13
Grupo Moçambicano da Dívida
( ) (1),
( ) (2)
∑ ( )
∏ ( )
do tempo arrecade o suficiente não somente para pagar seus gastos correntes, mas também
para honrar com os seus compromissos acrescidos dos devidos juros, ou seja, a crença de que
uma dívida é sustentável é satisfeita se se puder demonstrar que o seu valor não é maior que o
valor presente dos superavits primários esperados no futuro.
As receitas, que dependem, por sua vez, do nível de actividade económica (R=tY), onde Y é
o produto, vão justificar o porquê de os indicadores de sustentabilidade girarem em torno do
Valor Presente ou Serviço da Dívida em Relação ao PIB ou em relação as Receitas. Fica
evidente, na equação 3, que a sustentabilidade da dívida, dependerá da capacidade de o
estado arrecadar, ao longo do tempo, receitas para fazer face ao serviço da dívida que, por sua
vez, essas receitas dependem do nível de actividade económica (PIB).
Quando se tratar de um modelo em economia aberta, uma nova variável ganha importância
(exportações) na análise da sustentabilidade da dívida, pois esta espelha a capacidade do país
devedor de gerar moeda externa para fazer face às obrigações decorrentes do seu nível de
endividamento.
Hermann (2002: 12), citando Minsky (1982: 67) e o seu modelo de fragilidade financeira6,
refere que a solvência financeira de qualquer devedor depende de duas condições básicas:
A visão de Minsky (1982), segundo Hermann (2002), é de que ―em economias com sistemas
de crédito bem organizados e desenvolvidos, o equilíbrio financeiro de um devedor não se
define por sua capacidade de liquidar totalmente as suas dívidas, mas sim de honrar,
sistematicamente, com os compromissos financeiros assumidos, dentro dos prazos previstos.
Isto pode ser alcançado com recursos próprios ou de terceiros‖.
6
A Teoria da Instabilidade Financeira de Minsky relaciona o investimento e o endividamento. Segundo esta
teoria, a fragilidade financeira das unidades depende da relação entre os fluxos de caixa esperado de seus activos
e dos compromissos de pagamentos referentes ao endividamento (juros, dividendos, serviços da dívida, etc).
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Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 15
Grupo Moçambicano da Dívida
A iniciativa HIPC estabeleceu alguns parâmetros, entre os quais, a não superação do nível de
200% na relação Stock da Dívida/PIB, a obtenção de uma proporção de 17% ou 18% das
receitas relativamente ao PIB e o tecto máximo de 25% do montante do serviço da dívida
relativamente à receita orçamental (Franco, 2002).
7
Country Policy and Institutional Assessment (CPIA) e uma classificação de países realizada anualmente pelo
Banco Mundial, contra um conjunto de 16 critérios agrupados em quatro grupos: gestão económica, políticas
estruturais, políticas para inclusão social e equidade e gestão do sector público e das instituições.
16
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 16
Grupo Moçambicano da Dívida
Valor actual líquido / receitas orçamentais: mede o custo actual do serviço da dívida
em relação a capacidade do Governo em efectuar o reembolso.
Juro / receitas orçamentais: mede o peso dos juros de dívida interna nas receitas
mobilizadas internamente.
Stock de dívida / PIB: mede o nível de endividamento em relação à actividade
económica do País. Demonstra a proporção da produção global do País que seria
necessária para reembolsar todo o stock de dívida.
Stock da dívida / receitas orçamentais: mede o nível de endividamento interno
relativamente à capacidade do Governo de efectuar o reembolso. Demonstra o número
de anos necessários para efectuar o reembolso de todo o Stock de dívida.
Contudo, estes indicadores são considerados estáticos porque referem-se à situação da dívida
num determinado período de tempo. Para análise da dinâmica da dívida ou como os rácios de
dívida se movem com o tempo, avalia-se a relação entre as taxas de juros (custo efectivo de
pedido de empréstimo) e a taxa de crescimento das receitas internas. Por exemplo se a taxa de
juros for superior a taxa de crescimento das receitas públicas, há evidências de uma carga
crescente do serviço da dívida, caso contrário pode se esperar uma redução da carga do
serviço da dívida nas receitas internas (Johnson 2001:2).
Por outro lado, a partir de 2005, as instituições Breeton Woods definiram um quadro de
indicadores de sustentabilidade da dívida externa com limiares baseados no desempenho, que
tomam em consideração o resultado empírico de que os níveis de dívida que um país de
rendimento baixo pode sustentar, aumentam com a qualidade das suas políticas e instituições
(GMD, 2010:16).
A qualidade das políticas e instituições de um país é calculada com base na média trienal do
Índice de Avaliação das Políticas e Instituições Nacionais (CPIA) do Banco Mundial, o qual
classifica Moçambique como um ―país de desempenho médio‖.
Sendo assim, os limiares de endividamento externo indicativos para países nesta categoria
são os seguintes:
17
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 17
Grupo Moçambicano da Dívida
Para a dívida externa, a análise dinâmica (médio e longo prazo) da sua sustentabilidade será
verificada sempre que a taxa de endividamento (novos empréstimos) for menor que a taxa de
crescimento das exportações e do próprio PIB. Países com altas taxas de crescimento no seu
PIB poderão rapidamente responder a um elevado volume de dívida externa e de serviço da
mesma, enquanto os menos desenvolvidos enfrentam elevados problemas para cumprir com
as suas responsabilidades tornando-se o seu nível de endividamento insustentável (GMD
2004). A análise dinâmica da sustentabilidade da dívida pública em Moçambique será feita
comparando as taxas de crescimento médio anual do serviço da dívida pública com as das
receitas, exportações e PIB. Será considerada evolução insustentável do endividamento
público se o crescimento do serviço da dívida for superior ao das receitas, exportações ou do
PIB. Por outro lado, a análise estática da sustentabilidade do endividamento público (em
determinados pontos no tempo dentro do período em análise) será feita a luz dos seguintes
indicadores e limites (Tabela 2.2):
18
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 18
Grupo Moçambicano da Dívida
Este indicador foi adoptado como um proxy da capacidade do país devedor de gerar moeda
externa para fazer face às obrigações decorrentes do seu nível de endividamento. O primeiro
problema com este indicador deve-se ao facto deste negligenciar outras fontes de mobilização
de moeda externa para além das exportações, como por exemplo, os donativos e o
Investimento Directo Estrangeiro (IDE) que, no caso de Moçambique, representam fontes
importantes das divisas que são usadas para o país.
8
Sigla da língua inglesa para Low Income Countries Debt Sustainability Framework
19
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 19
Grupo Moçambicano da Dívida
Desta forma, fica evidente que no rácio serviço da dívida/exportações falta a referência às
outras despesas para além da dívida. Implícito na adopção deste rácio e dos valores limiares
de sustentabilidade para o mesmo, está o pressuposto de que existe um valor da dívida
proporcional ao volume de exportações que não gera efeitos negativos sobre o crescimento
do país devedor. Olhando concretamente para o caso do rácio serviço da dívida/exportações e
para o seu valor limiar de sustentabilidade de 20% aplicado ao caso de Moçambique, este
equivale a dizer que uma fracção de 20% das exportações pode ir para o serviço da divida
sem constranger o crescimento económico. Em outras palavras, isto significa que 80% do
valor das exportações (considerado como a única fonte de divisas) é suficiente para realizar
as restantes despesas em divisas necessárias ao crescimento do país.
Um outro argumento para o uso deste rácio seria a ideia de que as exportações representam
uma aproximação razoável da capacidade do país de gerar recursos em divisas para servir a
sua dívida e para sustentar o seu crescimento. Ou seja, as exportações não estariam a ser
consideradas a única fonte de divisas nem que elas apenas financiam o serviço da dívida, mas
sim que a sua tendência é similar ao fluxo líquido de divisas (as entradas de divisas menos as
despesas efectuadas pelo país excluindo o serviço da dívida para sustentar o seu desempenho
económico). Desta forma, apesar do valor limiar de sustentabilidade continuar a ser
inadequado, a evolução do rácio daria uma ideia de como evolui a capacidade do país de
sustentar a sua dívida
20
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 20
Grupo Moçambicano da Dívida
O ponto passado mostra que o valor do PIB per pouco diz sobre quanto da riqueza gerada é
retida no país e pode ser usada para servir a dívida e sustentar as despesas para o crescimento
futuro. Sobre o uso do Valor Actual Liquido, para além das divergências em relação ao valor
da taxa que é usada para actualizar a dívida nominal e do facto de não ser claro que o VAL da
dívida, ao invés do valor nominal, seja o valor que os agentes económicos consideram e que
despoleta o problema do debt overhang, existe um problema mais óbvio. O VAL mede o
valor que o devedor teria de pagar se quisesse saldar totalmente a sua dívida no presente ou,
conforme colocado pelo IDA-IMF (2004:15), o valor que o devedor teria de reservar hoje
para cobrir os seus serviços de dívida futuros. Obviamente que a primeira questão não é
relevante para países de baixo rendimento com necessidades persistentes de contrair novas
dívidas. Para a segunda questão ser relevante, teríamos de aceitar que o Governo acredita que
é mais fácil gerar capacidade futura de fazer face à sua dívida acumulando reservas do que
investindo na economia, e isto contraria toda a lógica da contracção da dívida.
21
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 21
Grupo Moçambicano da Dívida
Assim, o crédito público constitui uma importante fonte de recursos para o desenvolvimento
dos países, mas desde que a sua utilização seja adequada ao alcance deste objectivo, pois,
conforme salienta Garselaz (2000: 19), a utilização indiscriminada e sem qualquer critério
lógico dessa modalidade de financiamento tem levado as economias em desenvolvimento a
uma inegável e concreta situação de dependência em relação aos países financiadores, ao
ponto de se constituir em verdadeira tutela económica e financeira e, em alguns casos, em
tutela política. Nesses casos, a busca do desenvolvimento e redução da pobreza por meio de
endividamento pode resultar numa situação completamente inversa daquela inicialmente
almejada, ou seja, a dependência económica, financeira e política em relação aos organismos
financeiros internacionais que representam os países financiadores.
O impacto da dívida pública na economia, tem sido desagregado por muitos autores
desagregado o impacto entre curto e longo prazo, onde no curto prazo o impacto mostra-se
positivo e no longo prazo negativo.
Elmendorf e Mankiw (1999) citado por Boas (2014:3) faz uma análise de curto prazo
assumindo que as despesas públicas em bens e serviços são constantes, mas as receitas via
impostos sofrem uma redução. A redução dos impostos aumenta o rendimento disponível das
famílias e a sua própria riqueza. Dado este facto, há uma tendência para as famílias
22
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 22
Grupo Moçambicano da Dívida
De acordo com (Boas, 2014:3), os autores acima adoptaram a visão convencional de que o
aumento da poupança privada não compensa a queda da poupança pública, pelo que, com
base nos 3 cenários acima, a redução dos impostos levaria a uma diminuição do investimento
total (doméstico e no estrangeiro). A redução do investimento doméstico resultará num
menor stock de capital doméstico e, consequentemente, terá um efeito negativo no PIB no
longo prazo. O menor nível de capital doméstico também levará ao aumento das taxas de
juro, e à diminuição da produtividade do trabalho e dos salários. A nível externo, a
diminuição do investimento no estrangeiro levará à retracção das exportações líquidas,
provocando um aumento do défice da Balança Comercial.
Outra vertente da análise do impacto económico e social da dívida pública é olhar no volume
ou limite do endividamento, uma vez que a dívida por si não constitui problema. Muitas
teorias atestam que a partir de um certo limite, o endividamento pode ter um efeito nocivo
sobre a economia. Segundo (Clements et al.,2003), os argumentos são de que, depois de um
certo ponto, o excesso de endividamento desincentiva os investidores, por acreditarem que os
seus lucros serão fortemente tributados para fazer face ao alto endividamento. Por outro lado,
23
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 23
Grupo Moçambicano da Dívida
com o alto serviço da dívida limita a quantidade de recursos à disposição do governo que
poderiam ser usados para influenciar positivamente a actividade económica. o aumento dos
níveis de endividamento gera incerteza aos investidores sobre políticas e acções do governo o
que, portanto, desencoraja o investimento (Greenidge, 2012:9).
Loko, Mlachila, Nallari e Kalonji (2003) citados por Akram (2016: 749) concluíram que a
pobreza não é só afectada pelos impactos negativos da dívida pública sobre o crescimento,
mas também pelo efeito crowding –out da dívida sobre as despesas sociais. A alocação dos
gastos do governo em sectores sociais como educação, saúde, protecção social, água e
saneamento ficam comprometidas com o alto serviço da dívida, pois, a história já provou
diversas vezes que para o governo, é mais fácil cortar despesas sobre os sectores socias em
relação as despesas.
Em geral, não existem modelos que apresentem resultados consistentes entre estas duas
variáveis dívida, crescimento económico, desenvolvimento e redução da pobreza, pelo que, a
escolha desse tema tem a pretensão de reduzir o défice existente na análise entre dívida,
desenvolvimento e redução da pobreza.
Schclarek (2004) citado por Boas (2014:4), inspirado no impacto que a insustentabilidade
financeira provocou na Argentina (1999-2002), efectuou um estudo onde pretendia aferir o
24
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 24
Grupo Moçambicano da Dívida
impacto da dívida externa total no desenvolvimento económico, utilizando para tal uma
amostra de 83 países (59 em desenvolvimento e 24 industrializados) e dados do período de
1970 a 2002. Os resultados sugerem um impacto negativo da dívida externa pública apenas
nos países em desenvolvimento. Já para a amostra de países desenvolvidos os resultados
foram estatisticamente não significativos, demonstrando que o nível de dívida não está
associado ao desenvolvimento dos países.
Usando um histograma composto por dados de 2 séculos para 44 países, Reinhart e Rogoff
(2010) citado por Greenidge et al., (2012:9), encontraram uma fraca relação entre a dívida
pública e o crescimento a partir 90% do rácio Dívida/PIB. Um limite mais baixo de 60% foi
encontrado para a dívida externa (pública e privada) para o PIB das economias de mercado
emergentes.
Um estudo desenvolvido por Greenidge (2012) trouxe resultados que validaram a noção de
que as economias emergentes enfrentam limites mais baixos de dívida em relação ao PIB
(Reinhart e Rogoff, 2010) e que os elevados níveis de endividamento, especialmente para
países em desenvolvimento, podem ter efeitos negativos sobre o crescimento e
desenvolvimento económico. Os resultados obtidos por este autor indicam que a dívida
contribui positivamente para o crescimento quando está abaixo de 30% do PIB, mas torna-se
uma preocupante quando está além dos 55% do PIB. No intervalo dos 30% a 55% do PIB, o
impacto marginal da dívida para o desenvolvimento diminui e a partir de 55%, torna-se
negativo (Gráfico abaixo)
Fonte: Adaptado pelo autor com base em: Greenidge et al. (2012:19)
25
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 25
Grupo Moçambicano da Dívida
De acordo com Greenidge (2012), a conclusão lógica é que os países com rácios da dívida
acima de 55% do PIB devem procurar alcançar níveis de dívida que não impedem o seu
crescimento e desenvolvimento, através da adopção de políticas de redução do endividamento
rumo a ao limite dos 55%. Os governos devem procurar estar abaixo dos limites máximos de
endividamento estimados para fazer face a períodos de recessão, onde o estado pode precisar
de crédito para estimular a economia.
Segundo Boas (2014:5), outro canal através do qual a dívida pública elevada poderá provocar
efeitos adversos no crescimento de médio e longo prazo é o aumento das taxas de juro de
longo prazo. Baldacci e Kumar (2010), citado por Boas (2014:5), analisam o impacto dos
défices e da dívida pública nas taxas de juro de longo-prazo e concluíram que quanto maior o
nível de dívida pública, maiores serão as taxas de juro de longo prazo, sendo que a magnitude
desse aumento dependerá de condições específicas de cada economia (exemplo: taxa de
poupança privada, demografia e qualidade das instituições). Os resultados empíricos
demonstraram que um aumento do rácio dívida/PIB em um ponto percentual está associado a
um aumento das taxas de juro entre 2 a 7 pontos-base.
Em geral, a literatura empírica concentra-se mais, tal como a literatura teórica, no efeito da
dívida pública sobre o crescimento económico e muito pouco sobre o desenvolvimento e
redução da pobreza. Contudo, o presente estudo analisa, explícita e implicitamente, o papel
da dívida pública sobre o desenvolvimento sócio-económico e redução da pobreza para o
caso de Moçambique, visto que, como se percebeu, os resultados obtidos são diversos e nem
sempre aplicáveis a todo o conjunto de países constituintes da amostra, por ser, como refere
Presbitero (2012), impossível estimar um coeficiente de dívida que seja replicável para todos
os países.
26
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 26
Grupo Moçambicano da Dívida
3.1 Antecedentes
Com a introdução da economia centralmente planificada ou dirigida adoptado pelo Governo
de Moçambique logo após independência, coincidiu com várias mudanças conjunturais e
políticas que eram agravadas pela falta de bases sustentáveis para aplicação daquele tipo de
economia que provocaram algumas mudanças com destaque para:
Em geral, a dívida pública de Moçambique tem a sua origem em créditos externos contraídos
principalmente nas décadas 70 e 80 e outros contraídos posteriormente. A redução das
27
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 27
Grupo Moçambicano da Dívida
No ano de 1982 o Governo moçambicano decidiu tirar 100% das reservas do País para
amortizar dívida e como consequência, após a utilização de todas as reservas o país, perdeu a
capacidade de importar pelo menos bens de consumo. Na sequência desta crise em finais de
1982, o Governo declarou pública e internacionalmente a sua incapacidade em sustentar a
dívida.
Para evitar um prolongado declínio, o governo moçambicano iniciou uma mudança na sua
política, no sentido de uma liberalização da economia como forma de evitar quedas mais
acentuadas.
O país foi qualificado, em 1998 para iniciativa HIPC e alcançou o ponto de conclusão em
2001 dentro do HIPC reforçado. Antes da iniciativa HIPC, o stock nominal da dívida publica
moçambicana aumentava a um ritmo acelerado, tendo atingido, em 1998, a cifra mais alta de
mais de seis biliões de dólares, montante que representava 153% do Produto Interno Bruto
(PIB) daquele ano, cerca de 13 vezes as receitas do Estado e 25 vezes as exportações de
1998.
Isto significa que, se o país tivesse que fazer face ao serviço da divida, era necessário
mobilizar 43% das exportações, 23.5% das receitas do Estado e 2.7% do Produto Interno
Bruto de 1998.
A dívida pública de Moçambique em 1999, essencialmente externa, era avaliada USD 5,65
mil milhões, menor do que os USD 6,12 mil milhões de 1998, devido ao início da
implementação do HIPC (1999-2001) que visava o perdão da dívida para os países pobres
que apresentavam níveis insustentáveis de endividamento.
28
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 28
Grupo Moçambicano da Dívida
De acordo com a tabela 3.1 e o gráfico 3.1 (página 31), a dívida pública durante e depois do
HIPC mostra uma tendência decrescente. No total, segundo GMD (2006: 17), Moçambique
beneficiou do compromisso de alívio da dívida no âmbito do HIPC I (1999) de USD 3.7 mil
milhões do stock nominal da dívida, correspondentes a USD 1.716milhões em termos de
valor presente líquido e, em 2001, o país atingiu o ponto de conclusão no âmbito do HIPC
reforçado ou HIPC II com perdão de USD 600 milhões do stock nominal da dívida,
equivalente a USD 306 milhões em termos de valor presente líquido.
De 2006 a 2010, a dívida pública comportou-se de forma estável, com um aumento ligeiro de
8,37%, que reflectiu basicamente o aumento da dívida interna. A dívida pública interna, antes
de 2010 e no período de 1999 a 2002, tendeu a crescer linearmente, até que, no intervalo de
2003 a 2004, registou um decréscimo de USD 217.10 milhões de USD 107.10 milhões.
9
A iniciativa MDRI (Multilateral Debt Relief Initiative) surge no contexto em que, apesar dos vários programas
de alívio da dívida e quase uma década de implementação da iniciativa HIPC, países pobres como Moçambique
continuaram a despender parte dos recursos que poderiam ser alocados para elevar a qualidade de vida dos seus
povos no pagamento do serviço da dívida. Assim, em Junho de 2005, o grupo dos oito países mais
industrializados propôs à instituições multilaterais - Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e o Fundo
Africano de Desenvolvimento - o cancelamento de 100% dos passivos dos países que atingiram ou irão
eventualmente atingir o ponto de conclusão no âmbito do HIPC reforçado. Pela primeira vez, as instituições
financeiras internacionais aceitaram avançar para uma abordagem de cancelamento total da dívida. O MDRI
pode ser compreendido como uma extensão do HIPC dado que o país se torna elegível após alcançar o ponto de
conclusão no âmbito do HIPC (GMD, 2006:19).
29
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 29
Grupo Moçambicano da Dívida
Tendo-se verificado novamente uma descida, de 2007 a 2008, de USD 337.60 milhões para
USD 292.00 milhões. De 2009 em diante, verificou-se um crescimento linear mais acentuado.
A partir de 2010, o país tornou-se elegível a contrair créditos não concessionais10, dado o
desempenho positivo das políticas económicas e o aumento das oportunidades de
investimentos nos demais sectores da economia, como forma de colmatar o défice de
financiamento ao desenvolvimento (MEF, 2015).
De 2010 a 2015, a Dívida Pública moçambicana cresceu a uma taxa anual superior a 23%,
tendo atingido um valor nominal de, pelo menos, USD 8,2 mil milhões em 2014 e USD
10,81 mil milhões em 201512. O montante contabilizado em 2015 inclui as dívidas não
declaradas no momento da sua contracção em 2013 e 2014, resultantes da avalização, pelo
Estado, da dívida contraída pelas empresas EMATUM (USD 850 milhões), Proindicus (USD
622 milhões) e Mozambique Asset Management-MAM (USD 535 milhões), e pouco mais de
USD 221 milhões para ordem e segurança, totalizando cerca de USD 2,2 mil milhões. Este
montante é equivalente a 15% do PIB, 19% do stock de dívida pública total e cerca de 45%
do stock de dívida pública externa comercial.
10
Em termos simples, os créditos concessionais são ―não comerciais‖, ou seja, aqueles acedidos em condições
mais favoráveis: ou sem taxas de juro ou com taxas de juro abaixo das praticadas no mercado de capitais e com
prazos de pagamento bastante largos. Estes créditos são mais favoráveis aos Estados para o cumprimento de
objectivos de desenvolvimento social.
11
Relatório do Fórum Internacional sobre a Dívida Pública in www.divida.org.mz
12
Dados da CGE (2010-2015).
30
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 30
Grupo Moçambicano da Dívida
Tabela 3.1: Evolução da Dívida Pública (interna, externa e total) de Moçambique (1998-2015)
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Pública Total 3,644.80 3,928.60 4,992.00 3,890.50 5,156.80 5,636.40 6,794.50 8,170.70 10,810.56
Dívida Pública Interna 337.60 292.00 467.80 571.70 768.20 807.20 996.20 1,105.50 1,731.58
Dívida Externa Pública 3,307.20 3,636.60 4,524.20 3,318.80 4,388.60 4,829.20 5,798.30 7,065.20 9,079
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
Gráfico 3.1: Evolução da Dívida Pública (interna, externa e total) de Moçambique (1998-2015)
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
.000
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
31
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 31
Grupo Moçambicano da Dívida
A análise de sustentabilidade dos diferentes indicadores ao longo do tempo foi feita com base
nos indicadores estabelecidos pelo HIPC e SADC para a dívida pública total, Johnson (2001)
para dívida pública interna e FMI/Banco Mundial para a dívida pública externa.
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Pública Total 3,644.8 3,928.6 4,992.0 3,890.5 5,156.8 5,636.4 6,794.5 8,170.7 10,810.7
PIB 8,456.6 9,382.3 10,332.7 9,857.5 12,784.5 13,952.4 15,452.4 17,857.0 14738.8
Stock da Dívida/PIB 43.1 41.9 48.3 39.5 40.3 40.4 44 45.8 73.35
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
32
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 32
Grupo Moçambicano da Dívida
200
150
100
50
00
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte:CGE (1998-2015)
Outro indicador, referenciado pelo HIPC, é o rácio Receitas Correntes/PIB, que devia ser
superior a 18%. Este indicador, por sua vez, mostra uma evolução favorável de 11,5% em
1998 e, em 2010, consegue atingir essa meta do HIPC registando 19,2%. No ano seguinte,
registou uma redução para 16,7% (abaixo da meta), mas voltou a recuperar rapidamente
atingido um pico de 27,3% em 2014. Em 2015, último ano da série, ele apresentou uma
redução de 1,4pp, mas sem estar abaixo da meta estabelecida pelo HIPC (vide a tabela 3.3 e o
gráfico 3.3).
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Receita Corrente Total 1,369.60 1,468.60 1,800.10 1,895.90 2,138.60 3,287.90 4,111.70 4,871.40 3,822
PIB 8,456.60 9,382.30 10,332.70 9,857.50 12,784.50 13,952.40 15,452.40 17,857.0 14738.8
Receita Corrente/PIB 16.2 15.7 17.4 19.2 16.7 23.6 26.6 27.3 25.93
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
33
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 33
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.3: Evolução da Receita Corrente/PIB de Moçambique em relação ao limite de sustentabilidade (1998-2015)
25
20
15
10
05
00
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte:CGE (1998-2015)
A análise dinâmica deste indicador permite aferir que do período HIPC e MDRI até 2009, o
indicador evoluiu de forma sustentável com taxa de crescimento média anual das receitas
superior a taxa de crescimento do serviço da dívida (14,4% conta 10,4%). Todavia, nos
últimos 5 anos em análise, o mesmo indicador evoluiu de forma insustentável, pois a
crescimento médio anual do serviço da dívida foi 4 vezes superior ao das receitas correntes
(69,1% contra 15,5%) (vide a tabela 3.4 e o gráfico 3.4).
34
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 34
Grupo Moçambicano da Dívida
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Receita Corrente Total 1,369.60 1,468.60 1,800.10 1,895.90 2,138.60 3,287.90 4,111.70 4,871.40 3,822
Serviço da Dívida Total 101.00 115.90 102.00 275.80 311.10 1,054.20 1,201.10 1,029.30 1,324
Serviço da
Dívida/Receita Corrente 7.4 7.9 5.7 14.5 14.5 32.1 29.2 21.1 34.65
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
Fonte:CGE (1998-2015)
35
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 35
Grupo Moçambicano da Dívida
Dívida/PIB mostra um aumento significativo a partir de 2010, saindo dos 2,4% em 2011 para
9% em 2015 (vide a tabela 3.5 e o gráfico 3.5).
50
Receitas/Dívida
07
40 06
05
30 04
20 03
02
10
01
00 00
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte:CGE (1998-2015)
é que está dentro dos parâmetros definidos pelo HIPC (acima dos 18%). A análise dinâmica
mostra que, nos primeiros 10 anos (1999-2009), a Dívida Pública total evoluiu de forma
sustentável (o crescimento do serviço da dívida foi inferior ao das receitas), enquanto nos
últimos 5 anos (2010-2015), a dívida pública total evoluiu de forma insustentável (com
crescimento do serviço da dívida superior ao crescimento das receitas).
A dívida pública interna, que em 2015 é de apenas 13,5% da dívida pública total e 7,1% do
PIB, cresceu 46 vezes de 2001 a 2015, expandindo a uma média anual de 35%, ou 2 vezes
mais depressa que as Receitas Correntes. O serviço da dívida pública interna, em 2015, foi de
83% em relação ao serviço da dívida total, tendo apresentado uma participação média na
dívida pública total de 2001 a 2015 de 62%.
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Pública Interna 337.60 292.00 467.80 571.70 768.20 807.20 996.20 1,105.50 1,731.58
PIB 8,456.6 9,382.3 10,332.7 9,857.5 12,784.5 13,952.4 15,452.4 17,857.0 14738.8
Stock da Dívida
Interna/PIB 3.99 3.11 4.53 5.80 6.01 5.79 6.45 6.19 11.75
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
37
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 37
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.6: Evolução do Stock da Dívida Interna/PIB de Moçambique em relação ao limite de sustentabilidade
(1998-2015)
25
20
15
10
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte:CGE (1998-2015)
Tabela 3.7: Evolução do Stock da Dívida Interna/ Receitas correntes de Moçambique (1988-2015)
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Pública Interna 337.60 292.00 467.80 571.70 768.20 807.20 996.20 1,105.50 1,731.58
Receita Corrente Total 1,369.60 1,468.60 1,800.10 1,895.90 2,138.60 3,287.90 4,111.70 4,871.40 3,822
Stock de Dívida/Receitas 24.65 19.88 25.99 30.15 35.92 24.55 24.23 22.69 45.31
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
38
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 38
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.7: Evolução do Stock da Dívida Interna/ Receitas correntes de Moçambique em relação ao limite de
sustentabilidade (1988-2015)
200
150
100
50
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Stock de Dívida Interna/Receitas Públicas Lmite de sustentabilidade
Fonte:CGE(1998-2015)
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Serviço da Dívida Interna 52.20 67.00 50.80 220.10 248.20 958.60 1,057.50 854.80 1,039.27
Receita Corrente Total 1,369.60 1,468.60 1,800.10 1,895.90 2,138.60 3,287.90 4,111.70 4,871.40 3,822
Serviço da Dívida Interna/
Receitas 3.8 4.6 2.8 11.6 11.6 29.2 25.7 17.5 27.2
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
39
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 39
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.8: Evolução do Serviço da Dívida Interna/ Receitas Correntes de Moçambique em relação ao limite de
sustentabilidade (1998-2015)
60
40
20
40
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 40
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.10: Evolução do Serviço da Dívida Externa/ Receitas Correntes de Moçambique em relação ao limite de
sustentabilidade (1998-2015)
30
20
10
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Para alguns indicadores (os propostos pelo FMI), a análise de sustentabilidade da dívida
pública externa foi feita apenas de 2010 a 2015, pelo facto de, primeiro, terem sido
introduzidos recentemente em relação aos demais indicadores (foram propostos em 2005) e,
segundo, a base de dados usada para analisar a sustentabilidade da dívida pública (CGE e
pareceres desta pelo Tribunal Administrativo) só os reportam a partir de 2010. Outro factor é
o de que a separação da análise entre a dívida total e externa é mais relevante para os últimos
anos ( a partir de 2008/9), período em que a dívida interna ganhou peso significativo em
termos de stock e serviço da dívida. O estágio destes indicadores bem como os seus limiares
constam da tabela 3.9.
O VAL do rácio da dívida pública relativamente ao PIB regista uma tendência crescente ao
longo do intervalo patente na tabela acima. Dos 24,8% em 2010 passa 39,9% em 2015,
exactamente no limiar da sustentabilidade de 40%.
41
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 41
Grupo Moçambicano da Dívida
A análise dinâmica dos mesmos 2 primeiros indicadores é bastante crítica, pois a sua
tendência crescente e o facto de estarem quase no limite máximo de sustentabilidade, torná-
lo-ás, em poucos anos, insustentáveis, diferentemente do terceiro indicador, que mostra uma
evolução menos insustentável.
Os 2 últimos indicadores, ainda com recurso a análise dinâmica, mostram-se uma evolução
insustentável e médio e longo prazo, na medida em que o Serviço da Dívida (numerador nos
dois rácios) cresce mais do que os denominadores (exportações e receitas) conforme mostra a
tabela 3.10.
Sendo assim, há evidências de uma carga crescente do serviço da dívida que não é
compensada pelo aumento das receitas e nem com a entrada de divisas, tornando a dívida
pública externa insustentável no longo prazo.
Por outro lado, é discutível a sustentabilidade trazida pela tabela do Ministério de Economia e
Finanças 2015, pelo facto dela, embora já leve em conta a garantia emitida pelo Estado a
favor da EMATUM de USD350 milhões em 2013, não leva em conta as novas garantias
42
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 42
Grupo Moçambicano da Dívida
Para se fazer a análise tendo em conta estas 2 garantias, foi calculado o valor presente das 2
dívidas em função das condições de cada endividamento como se segue:
ProÍndicos
Dados
Empréstimo: USD 622 milhões; Período de pagamento: n=5 anos; Taxa de juro: r=3,75%;
Valor da Prestação: USD 119 milhões.
Resolução
( ) ( )
Valor Presente = = = 533,5
MAM
Empréstimo: USD 535 milhões; Período de pagamento: n=5 anos; Taxa de juro: r=7,795%;
Valor da Prestação: USD 178 milhões
( )
Valor Presente = =714,6
13
Veja o Mapa dos novos desembolsos da Dívida Pública para 2015
43
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 43
Grupo Moçambicano da Dívida
Em geral, a análise estática da sustentabilidade dívida pública externa, olhando para os dados
do MEF (2015), mostra que todos indicadores são sustentáveis com excepção do VAL da
Dívida/PIB que está exactamente no limite. Contudo, quando consideradas as garantias
emitidas para Pro-Índicos e MAM, os indicadores VAL da Dívida/PIB e VAL da
Dívida/Exportações tornam-se insustentáveis para o mesmo ano. A análise dinâmica, por sua
vez, revela que o crescimento anual do serviço da dívida de 2010 a 2015 é insustentável em
relação ao crescimento das receitas e exportações.
Segundo mostra o gráfico 3.11, tanto a maturidade como o período de graça (em termos
médios globais), tendem a reduzir, com uma queda mais forte para a maturidade. Isto mostra
14
Relatório do Fórum Internacional sobre a Dívida Pública in www.divida.org.mz
44
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 44
Grupo Moçambicano da Dívida
que, apesar da dívida de longo prazo estar a incrementar em relação à dívida de curto prazo,
os prazos da dívida de longo prazo são cada vez mais curtos. Isto é importante ter em conta
quando se aborda a questão de sustentabilidade da dívida pública externa a longo prazo.
Gráfico 3.11: Evolução do período médio de maturidade da dívida pública externa de Moçambique (1998-2014)
40
30
20
10
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Por sua vez, em termos médios, o elemento donativo está a cair de forma significativa, como
mostra o gráfico 3.12. De 80% em 1998, caiu para 70% em 2009 e para 52% em 2012, ano
em que atingiu a sua máxima queda. A verdade é que o grau de consessionalidade é cada vez
mais reduzido, o que claramente causa algum desconforto ao se abordar o futuro do
endividamento público externo, e considerando o crescimento contínuo das dívidas, ano após
ano.
45
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 45
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.12: Evolução percentagem média do elemento donativo da dívida pública externa de Moçambique (1998-
2014)
O gráfico 3.13 mostra também uma tendência da redução dos donativos em relação aos
créditos externos de 18,1% em 2012, passaram para 9% em 2015.
Gráfico 3.13: Evolução da dependência externa em Moçambique (donativos e créditos externos) de 2012 a 2015
O gráfico 3.14 mostra que o crescimento galopante da dívida pública nos últimos cinco anos
foi acompanhado por uma mudança de estrutura, passando de uma composição
predominantemente concessional para outra não concessional. Isso significou maior peso da
dívida na estrutura económica e orçamental do país, que se traduz na redução da capacidade
de endividamento do país.
46
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 46
Grupo Moçambicano da Dívida
Também em termos médios, e numa perspectiva de longo prazo, as taxas de juro tendem a
aumentar (gráfico 3.15), o que em si deteriora as condições de contratação da dívida externa
e também contribui para o receio em relação ao futuro, no contexto de endividamento
crescente.
Gráfico 3.15: Tendência da taxa de juro média da dívida pública externa em Moçambique(1998-2012)
47
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 47
Grupo Moçambicano da Dívida
40
30
20
10
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Por exemplo, em 2015, com recurso a Análise de Sustentabilidade do MEF (2015), o efeito
cambial reflectiu-se no aumento de 8pp do Valor Presente da Dívida/PIB, deixando-o no
limiar da sustentabilidade de 40%, assim com o aumento de 31pp do Valor Presente da
Dívida/Exportações, deixando-o também bastante próximo do limite de sustentabilidade.
Outros indicadores de sustentabilidade também deterioraram com depreciação, conforme se
pode observar na tabela 3.12.
Tabela 3.12: Sustentabilidade da dívida pública externa de Moçambique considerando o efeito cambial (2015)
Governação frágil;
Facilidade de crédito de algumas agências financeiras internacionais que não levam
em conta as prioridades da população dos países devedores;
Fraca implementação das leis existentes ou Instituições do Estado fracas.
15
Relatório do Fórum Internacional sobre a Dívida Pública in www.divida.org.mz
48
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 48
Grupo Moçambicano da Dívida
Primeiro, a governação frágil é sustentada pela falta de planos claros e consistentes, objecto
do recurso indiscriminado à dívida pública. Alguns créditos foram contraídos sem constarem
de nenhum plano de investimento do governo e sem se acautelar o risco financeiro que os
mesmos podiam representar para as finanças do Estado. Por exemplo, a garantia emitida pelo
Estado a favor da dívida da EMATUM fez com que, por consequência da falta de pagamento
da primeira prestação pela própria empresa, o Estado desembolsasse USD 200 milhões em
2015, correspondentes a 15% do serviço total da dívida e 70% da dívida externa daquele ano.
A fraca governação está também aliada a falsa expectativa dos governantes de que a indústria
extractiva irá gerar ganhos suficientes para pagar as dívidas, sem se olharem para o contexto
de excessivos incentivos fiscais e vulnerabilidade a choques externos aliado aos grandes
projectos do sector extractivo.
Segundo, o alto endividamento foi precipitado pela facilidade no acesso ao crédito dos
parceiros emergentes (Brasil, China e Índia)16, mas também pelo surgimento da janela de
financiamento de alguns bancos europeus, que não olham para as prioridades de
desenvolvimento dos países credores como Moçambique. Foram essas janelas que levaram
Moçambique a contrair duma só vez, em 2013 e 2014, USD 850 milhões da EMATUM, USD
622milhões da ProÍndicos e USD 535 milhões da MAM, que deterioram a situação de
endividamento público do país.
Terceiro, o incumprimento das leis pelo executivo, e a falha do actual quadro jurídico-legal
em garantir a funcionalidade do princípio democrático basilar da separação de poderes. Nisto
enquadram-se os endividamentos como EMATUM, ProÍndicos e MAM, que foram feitos
pelo executivo à margem da Lei, ignorando as competências da Assembleia da República e
de quaisquer outras instituições e actores relevantes na matéria de endividamento público, e
não observou mesmo a Estratégia de Gestão da Dívida que o próprio Governo teria concebido
e aprovado.
16
Veja em anexo os projectos de financiamento garantido.
49
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 49
Grupo Moçambicano da Dívida
17
Excluindo os Encargos da Dívida
50
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 50
Grupo Moçambicano da Dívida
Por outro lado, analisando as despesas do Ministérios considerados na tabela abaixo, observa-
se que a maior proporção das mesmas é composta pela Presidência da República que passou
de 14,9% para 24,8% de 2010 para 2014, com uma média de 24,2%. A seguir, o outro
gigante da despesa pública é o Ministério de Obras Públicas e Habitação que, embora não
tenha aumentado de 2010 a 2014, consumiu em média 22,1%. Destaca-se ainda o facto de o
Ministério da Defesa nacional, de 2013 para 2014, ter passado de 6,3% para 17,7% a custa da
redução do orçamento de Ministérios chaves como o da Saúde que passou de 18,5% para
11,1%, o de Educação e Cultura que reduziu de 16,9% para 14,5% e o da Agricultura que
passou de 4% para 3,6%, no mesmo período (tabela 3.14).
Tabela 3.14: Tendência da alocação da despesa pública em Moçambique nos Ministérios considerados (2010-2014)
Percentagem no total da despesa (on-budget) dos sectores considerados
Anos 2010 2011 2012 2013 2014
Presidência da República 14,90% 26,20% 27,40% 27,80% 24,80%
Ministério da Defesa Nacional 5,10% 5,90% 5,90% 6,30% 17,70%
Ministério do Interior 6,20% 6,70% 6,60% 7,40% 7,30%
Ministério da Agricultura 5,50% 4,80% 3,70% 4,00% 3,60%
Minist. Obras Públicas e Hab. 24,30% 24,80% 21,40% 19,10% 21,00%
Mini. da Educação e Cultura 31,10% 19,80% 17,80% 16,90% 14,50%
Ministério da Saúde 12,90% 11,80% 17,20% 18,50% 11,10%
Total dos sectores considerados 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00%
Fonte: Cálculos do autor com base nos dados do MF (2014)
51
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 51
Grupo Moçambicano da Dívida
3.5.2 Relação entre a aplicação da Dívida Pública evolução dos sectores económicos e
sociais em Moçambique
Este subcapítulo analisa a tendência da evolução dos principais sectores económicos e sociais
no período de 2000 a 2014 em comparação com os demais, para depois aferir como é que a
aplicação da dívida pública, através de crédito contraído para financiar vários projectos
referenciados no Plano Integrado de Investimentos (2013-2017), pode explicar as diferentes
tendências de evolução desses sectores e a sua relação com o desenvolvimento sócio-
económico e redução da pobreza.
Começando com o peso de cada sector no PIB, o gráfico 3.17 mostra que os sectores com
maior participação na economia do país são a Agricultura, Manufactura e Comércio, com
21,38%, 12% e 9,3% respectivamente
Os sectores sociais, por sua vez, têm uma contribuição mais reduzida, sendo a Educação
(6,3%), Saúde (1,5%) e Água (0,17%). Comparando os sectores ainda no gráfico 3.18, resulta
que o sector da Agricultura tem uma contribuição quase 2 vezes maior que o segundo com
maior contribuição (o da Manufactura), o que revela a grande importância deste sector para
economia do país e justifica o facto de este empregar, pelo menos, 70% da população activa.
Gráfico 3.17: Participação média dos sectores económicos e sociais no PIB de Moçambique (2000-2014)
Manufactura, Agricultura,
11.98% 21.76%
Fonte: INE
Não obstante a alta participação dos sectores de Agricultura e Manufactura e consequente
relevância destes para o desenvolvimento da economia do país e do combate a pobreza, ao
longo do período em análise, estes dois sectores observaram redução da sua participação para
o PIB do país ao longo do tempo, contrariando a importância que estes representam para a
economia do país (gráfico 3.18).
52
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 52
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.18: Tendência da participação dos sectores da agricultura, manufactura e comércio no PIB de Moçambique
(2000-2014)
20%
15%
10%
5%
0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Fonte: INE
O sector da Agricultura caiu da média de 22,5%, nos primeiros dois quinquénios (2000-2010)
para 20,2% no último quinquénio (2010-2014), e o da Manufactura, nos mesmos intervalos,
caiu duma média de 13,5% para 9,7%. Por seu turno, o Sector de Comércio regista uma
ligeira subida de 8,3%, no primeiro quinquénio, para 10,6% , no último quinquénio (tabela
3.15). Se a Agricultura e a Manufactura, que são sectores que produzem e dão o valor
acrescentado aos produtos nacionais para abastecer o mercado através do comércio, estão a
reduzir em termos de participação, como é que a participação do comércio aumentou? A
explicação do aumento da participação do sector do comércio pode ser sustentada pelo
aumento das importações que, uma vez não compensadas pelas exportações, trazem um
benefício líquido negativo, através da deterioração da Balança Comercial18
Tabela 3.15: Tendência quinquenal da participação dos sectores a agricultura, manufactura e comércio no PIB de
Moçambique (2000-2014)
18
Em cada 1 dólar que o país exporta, em contrapartida importa 3 dólares (discurso do Governador do Banco de
Moçambique, aquando da realização da III Conferência sobre a Dívida Pública) in:
www.divida.org.mz/publicacoes_e_relatorios_rdp
53
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 53
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.19: Tendência da participação dos sectores sociais (Educação, Saúde e Água) no PIB de Moçambique
(2000-2014)
Evolução da participação dos sectores sociais no PIB
8%
6%
4%
2%
0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Quanto ao ritmo de crescimento dos sectores com maior contribuição média para o PIB ao
longo da série, o gráfico 3.20 mostra que os 2 primeiros (de maior contribuição: agricultura e
manufactura) mostram uma tendência decrescente. O sector da Agricultura, embora tenha
observado um aumento do seu crescimento do primeiro no segundo quinquénio (de 4,2% para
8,3%), voltou a observar uma queda para uma taxa média inferior a do primeiro quinquénio
(2,5%), anulando o anterior esforço de crescimento, sendo que, o crescimento médio deste
sector de 2000 a 2014 foi de 5%.
A manufactura foi a que observou a maior queda comparada a agricultura, sendo que, da
média do primeiro quinquénio de 17,8%, passou para 1,1% no segundo quinquénio, com uma
ligeira recuperação no último para 2,4%. Durante todo período em análise, o crescimento
médio anual deste sector foi de 7,1%, maioritariamente pela alta performance do primeiro
quinquénio.
54
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 54
Grupo Moçambicano da Dívida
segundo quinquénio, e uma ligeira redução para 10,7% no último quinquénio. Assim, no
grupo dos sectores com maior participação, este foi o que observou maiores taxas de
crescimento ao longo do período, resultado num crescimento médio anual de 2000 a 2014 de
9,8%.
Gráfico 3.20: Crescimento médio anual dos sectores da agricultura, manufactura e Comércio em Moçambique (2000-
2014)
15%
10%
5%
0%
2000-2004 2005-2009 20010-2014
Agricultura Manufactura Comércio, Reparação de Veículos Automóveis
Fonte: INE
Os sectores sociais, de acordo com o gráfico 2.21, também mostraram redução do seu
crescimento médio anual, com destaque para Educação e Saúde. O sector de Educação, por
sinal o que tem mais participação comparados aos outros sectores sociais, tendeu a cair em
todos os 3 quinquénios, apresentando taxas de 10,7%, 9,9% e 7,5%, respectivamente. O
sector da saúde, observou um crescimento do primeiro ao segundo quinquénio (de 7,9% para
9,9%), porém, tal crescimento foi diluído completamente pela queda observada no último
quinquénio para 4,8%. O sector de Água, cresceu significativamente do primeiro para o
segundo quinquénio, 2,3% para 11,8%, mas veio a cair no último quinquénio para 6,1%. Em
média, os 3 sectores observaram redução das suas taxas de crescimento no último
quinquénio, evidenciado graficamente pela mudança da tendência de todos os 3 sectores (vide
o gráfico 3.21).
55
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 55
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.21: Crescimento médio dos sectores sociais (educação, saúde e água) em Moçambique (2000-2015)
Fonte: INE
Sendo que, em termos de participação e crescimento, tanto os sectores sociais assim como os
de maior importância para a economia, tendem a deteriorar ao longo do tempo,
principalmente para o último quinquénio de 2010-2014, então que sectores sustentam o alto
crescimento do PIB real de Moçambique (com média anual de 7,5% no período em análise)?
A resposta pode ser encontrada olhando os 3 sectores que observaram maiores taxas de
crescimento económico entre 2000-2014. Neste caso, em primeiro lugar, está a indústria
extractiva, com uma média de crescimento anual de 27,1 %. Em segundo, está o sector das
actividades financeiras, com uma média anual de crescimento no período em análise de
24,2%. E em terceiro lugar, está o sector de construção com 10,3%. De notar que o
crescimento do sector extractivo é 3 vezes maior que o sector de construção (Vide a tabela
3.16).
Tabela 3.16: Crescimento médio dos sectores de indústria extractiva, actividades financeiras e construção em
Moçambique (2000-2014)
56
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 56
Grupo Moçambicano da Dívida
Conforme pode ser visto no gráfico 3.22, a agricultura e a manufactura, que tem uma
participação de 22% e 12 %, respectivamente, apresentaram taxas de crescimento médio
anual durante o período em análise de 5% e 7%, respectivamente, no entanto, os dois sectores
que observaram maior crescimento durante o período em análise (indústria extractiva e
actividades financeiras), tem uma participação média de apenas 1,5% e 3,1%,
respectivamente.
Em outras palavras, a agricultura, que tem uma participação 15 vezes maior que o da
indústria extractiva, teve apenas 1/5 do crescimento que a indústria extractiva observou.
57
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 57
Grupo Moçambicano da Dívida
O facto é de que, a partir de 2010, ano que o país fica eleito a contrair créditos não
concessionais, o alto endividamento começou. Houve a aceleração do investimento na
redução de custos e riscos para o grande capital do complexo mineral-energético, em especial
nas infra-estruturas gigantes e especializadas, segurança e serviços vários e avalização de
empréstimos privados que tornaram a economia cada vez mais afunilada e mais centrada na
produção de produtos primários e semi-primários para exportação e dependente de
importações, aumentando a sua vulnerabilidade à volatilidade dos mercados financeiros e de
mercadorias internacionais e à inflação importada, e mais incapaz de articular processos
produtivos domésticos e de gerar emprego decente (IESE, 2016).
Conforme ilustra o gráfico abaixo, o investimento público com recurso ao crédito externo
(endividamento) aplicado na Agricultura, considerada a base de produção nacional, foi
apenas de 3% to total dos créditos contraídos com financiamento garantido para o
Investimento Público, composta pela reabilitação dos regadios de Chokwe e Limpopo assim
como barragem de Chipembe.
58
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 58
Grupo Moçambicano da Dívida
Por outro lado, a aposta na Defesa e Segurança está consubstanciada no conflito político-
militar entre o Governo e Renamo que começou em 2013 que, embora tenha cessado com a
assinatura do acordo de sessação de hostilidades pouco antes das eleições, retomou no início
de 2015, com o abandono dos mediadores na mesa de negociações, depois de mais de 100
rondas sem consenso.
Outro sector que mereceu investimento duvidoso em termos de retorno, foi o da pesca,
através da EMATUM que desde a sua criação em 2013, ainda não conseguiu gerar recursos
financeiros para pagar aos credores. Uma vez tendo sido avalizado pelo Estado, o país viu-se
obrigado a pagar a primeira tranche de 200 milhões de dólares saído directamente dos cofres
do Estado. O pagamento dessa tranche representou perda da capacidade de o Estado financiar
outras despesas e pressionou a balança de pagamento pela saída de divisas que aliás, no final
de 2015, o Ministério de Economia e Finanças solicitou ao FMI um financiamento de 282
milhões de dólares para o ajustamento da BOP.
Gráfico 3.23: Percentagem do Investimento Público com recurso ao endividamento público alocado aos diferentes
sectores económicos e sociais em Moçambique (2014)
Investimento Público em diferentes sectores com recurso a crédito
externo (%)
Saúde
2.07% Agricultura Pesca Produção e
3.01% 6.15% Distribuição de
Admin Pública, Electricidade e Gás
Defesa e Segurança 3.94%
Social Obrigatória Captação,
32.85% Tratamento e
Distribuição de
Água
8.75%
Actividades Imob,
Alug e Serviços Transportes
Prestados às 42.40%
Empresas
0.83%
Fonte: PII (2014) e MF (2014)
59
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 59
Grupo Moçambicano da Dívida
O gráfico 3.23 mostra ainda que foi o sector de transportes que mereceu maior atenção no
âmbito dos investimentos públicos, com cerca de 42% do valor total financiado. Os projectos
de relacionados com este sector, por sinal um sector de maior importância para impulsionar
os demais sectores, com destaque para a agricultura, são, de certa forma, pouco estratégicos
para desempenhar este papel de impulsionador, ou para contribuírem para a redução da
pobreza e desigualdade e promoção de um desenvolvimento sócio-económico no país. Isto
deve-se ao facto de, a maior parte dos investimentos neste sector não estarem relacionados
com o impulsionamento da agricultura como sector base do desenvolvimento, com a
excepção, segundo a tabela 3.17 , da reabilitação das estradas Cuamba-Mandimba-Lichinga,
Machipanda e Beira, Tica-Buzi-Nova Sofala e Nampula Namitil, que juntos perfazem 45,6%
do Investimento com financiamento garantido no sector de transportes. Pelo menos estes
investimentos irão permitir a viabilização e escoamento da produção agrícola rural, reduzir os
custos de transacção, e permitir maior dinâmica no sector agrário para a criação de uma base
da economia mais alargada.
Contudo, mais que a metade dos investimentos (54,4%) do sector de transportes estão ligadas
a criação de facilidades para circulação nas zonas urbanas (Ponte Maputo Catembe e Estrada
para Ponta de Ouro que consome 30,1% do investimento no sector e Circular de Maputo que
consome 12,4%).
Tabela 3.17: Projectos com financiamento externo via crédito garantido para o Investimento Público em
Moçambique
60
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 60
Grupo Moçambicano da Dívida
As dívidas ocultas, que correspondem a cerca de USD 2,2 mil milhões20, poderiam ter maior
utilidade para o país se tivessem sido mobilizadas para financiar alguns sectores sociais, cuja
miserável quantidade e qualidade de infra-estruturas e serviços determinam, em grande
medida, o nível de pobreza em que ainda vive mais de metade da população moçambicana.
19
Dívidas ocultas, ilegais ou descobertas: designação geralmente usada para referir os créditos avalizados pelo
Estado a favor de empresas EMATUM, MAM, ProÍndicos assim como o crédito feito a favor do Ministério do
Interior, cuja informação não foi tornada pública no momento da contratação dessas dívidas
20
GMD (2016)
61
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 61
Grupo Moçambicano da Dívida
O custo de oportunidade social a seguir consiste na comparação sobre quanto teria sido
possível o governo moçambicano financiar na educação, saúde, água e saneamento, caso
usasse o valor das dívidas ocultas, em detrimento de financiar empresas privadas em
equipamento de defesa e segurança ligados a exploração dos recursos naturais.
Sector de Saúde
O gráfico 3.24 mostra que o Estado perdeu a oportunidade de construir mais de 3 000
Centros de Saúde do tipo 2 com o valor 2,2 milhões de dólares americanos das dívidas
ilegais. Destes, a EMATUM participa com 1100 Centros de Saúde, a MAM com 800, a
ProÍndicos com 700 Centros de Saúde. Com a dívida de 221 milhões do Ministério do
Interior, perdeu-se a oportunidade de se construir 300 Centros de Saúde do tipo 2.
Por outro lado, o somatório de todas dívidas ilegais poderia comprar cerca de 44 560
ambulâncias e cerca de 92800 técnicos superiores de saúde, num contexto em que o país tem
um défice de mais de 20 000 profissionais de saúde (GMD, 2016)
Gráfico 3.24: Custo de oportunidade medido em termos de número de centros de saúde não construídos com as
dívidas ocultas
1,100
800 700
300
Sector de Educação
O sector de educação conta com mais de 6 milhões de alunos desde a 1ª a 12ª classe, entre os
quais cerca de 500 mil alunos estudam ao ar livre ou por baixo das árvores (Jornal Notícias:
27/2/2014 citado por GMD, 2016). Sendo assim, o estado precisa de cerca de USD 58
milhões para acabar com turmas ao relento‖ (Jornal O Pais: 14 de Maio de 2015 citado por
GMD, 2016)
Contudo, só a divida da MAM, supera em 10 vezes o valor necessário para eliminar as turmas
62
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 62
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.25: Custo de oportunidade medido em termos de número de salas de aulas não construídos com o valor das
dívidas ocultas
186 000
71 000
52 000 45 000
18 000
Por outro lado, considerando que a construção de uma sala de aulas com capacidade para 25
alunos, custa 12 000 dólares, com o valor da dívida da EMATUM, o Estado poderia construir
71 000 salas de aulas beneficiando cerca de 1,8 milhões de alunos, 52000 salas com o valor
da MAM beneficiando 1,3 milhões de alunos, 45 000 salas com o da ProÍndicos beneficiando
1,1 milhões de alunos e 18000 salas com a dívida alocada no Ministério do Interior que
beneficiariam 500 mil alunos. No total, com as dívidas ocultas, poderiam ter sido construídas
cerca de 186000 salas de aulas que beneficiariam um total de 4,6 milhões de alunos (gráfico
3.26).
63
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 63
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.26: Custo de oportunidade medido em termos de número de alunos que podiam beneficiar-se das salas de
aulas
4,600,000
1,800,000
1,300,000
1,100,000
500,000
Sector de Água
O Estado precisa de um pouco mais de 50021 milhões de dólares para financiar programas de
expansão da rede de abastecimento de água e reduzir o actual défice de cobertura em todo o
país, que se situa em 49%, com uma grande disparidade entre a cobertura urbana (80%) e a
cobertura rural (35%)22.
Só a dívida da MAM, de 535 milhões, seria suficiente para lograr este intento do governo de
expandir a rede de abastecimento de água. Com a EMATUM, perdeu-se a oportunidade de
abertura de 2400 furos de água que beneficiariam 730 mil pessoas; Com a ProÍndicos,
poderiam ter sido abertos 1 500 furos para beneficiar 460 mil pessoas, assim como com a
dívida do Ministério do Interior, perdeu-se 600 furos para abastecer 190 mil pessoas
(Gráficos 3.27 e 3.28).
21
Segundo o ministro das Obras Públicas e Recursos Hídricos (04 Fevereiro 2016 08:42) In:
http://www.macauhub.com.mo/pt/2016/02/04/mocambique-precisa-de-500-milhoes-de-dolares-para-expandir-
rede-de-abastecimento-de-agua /
22
http://www.unicef.org.mz/nosso-trabalho/o-trabalho-do-unicef/water-sanitation-hygiene/
64
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 64
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.27: Custo de oportunidade medido em termos de número de furos de água que poderiam ter sido
construídas com o valor das dívidas ocultas
2400
1800
1500
600
Gráfico 3.28: Custo de oportunidade medido em termos de número de pessoas que poderiam beneficiar-se dos furos
730 000
530 000 460 000
190 000
23
IESE (2016). Introdução à problemática da dívida pública: contextualização e questões imediatas, Maputo ,
30 de Maio de 2016 Boletim Nº 85, IDEIAS
65
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 65
Grupo Moçambicano da Dívida
como a Standard & Poor’s, a Moody’s e a Fitch, que informam mercados financeiros sobre
risco financeiro, reduziram o rating de Moçambique de B+ para CCC, em pouco mais de dois
anos, resultando no aumento das taxas de juro24 da dívida e de futuros empréstimos, tornando
a economia mais cara e a dívida mais insustentável. O acesso ao sistema financeiro
internacional tornou-se mais difícil, mais caro e mais discriminatório a favor do grande
capital multinacional focado no investimento de alto retorno, como, por exemplo, a
especulação com recursos energéticos estratégicos.
Primeiro, é importante notar que para o período em análise neste tópico, 2000 a 2014, metade
da produção esteve concentrada no Sul do País (47%), a seguir Centro com 30% e, por fim,
Norte com 22%. O desequilíbrio regional é significativo tal que a região Sul participa no PIB
com um pouco mais do que o dobro da participação da região Norte. (Vide o gráfico 3.29)
Norte
Sul 22%
47%
Centro
31%
24
Por exemplo, quando o actual governo decidiu renegociar a dívida da EMATUM, avalizada pelo Estado,
informou o parlamento que pretendia alcançar a redução das taxas de juro e o alargamento do período de
reembolso, para reduzir o peso do seu serviço no orçamento do Estado. A redução do serviço da dívida foi
conseguida por via do adiamento do reembolso do capital para 2023, mas à custa do aumento das taxas de juro
em três pontos percentuais. Com o reescalonamento desta dívida, o governo terá de pagar: USUSD 78 milhões
por ano em juros, nos próximos sete anos, e o capital em dívida numa única prestação, em 2023, no valor de
USUSD 731 milhões. Antes do reescalonamento, haviam sido pagos USUSD 132 milhões. Logo, este
empréstimo. de USUSD 850 milhões custará, ao Estado, cerca de USUSD 1,4 mil milhões – excluindo os
prejuízos operacionais da empresa que, só em 2015, foram de USUSD 20 milhões, e os custos de mobilização e
remuneração de parcerias para viabilizar o projecto (IESE, 2016).
66
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 66
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67
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 67
Grupo Moçambicano da Dívida
Gráfico 3.34: Comparação da participação no PIB entre Gráfico 3.33: Comparação da participação no PIB entre
Maputo Cidade e Maputo Província com as restantes Maputo Cidade, Maputo Província e Nampula com as
províncias (2000-2014) restantes províncias (2000-2014)
Maputo Maputo
Cidade e Outras cidade,
Maputo Maputo
Províncias
Outras Província provincia e
51%
Províncias 34% Nampula
66% 49%
Por outro lado, olhando para o crescimento médio do PIB por região, a zona Sul, ora com
maior participação no PIB, apresenta igualmente a maior taxa de crescimento médio anual
(8,5%) em relação as outras regiões (Centro com 6,99% e Norte com 8,1%). Tal explica a
68
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 68
Grupo Moçambicano da Dívida
Ilustração 1: Mapa da alocação dos projectos do PII apresenta maior número de projectos
Fonte: PII (2014) e MEF (2016)
financiados (43%), seguido da Região Norte
(35%) e, por fim, a região Centro com 22%.
metade (56%) do valor total de investimentos financiados no PII, o dobro de cada uma das
regiões (Norte com 24% e Centro com 20%).
69
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 69
Grupo Moçambicano da Dívida Gráfico 3.37: Distribuição dos projectos de investimento do
PII pelo país (regiões e províncias de Moçambique)
províncias
O gráfico 3.38 permite visualizar que as regiões ou províncias com maior participação na
economia nacional são as mais estimuladas pelo investimento público em infra-estruturas
70
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 70
Grupo Moçambicano da Dívida
económicas e sociais, em detrimento daqueles que apresentam baixa produção e que precisam
de maior estímulo, facto que justifica a tendência observada nas análises anteriores de
agravamento do desequilíbrio regional em Moçambique.
Por exemplo, a Cidade e Província de Maputo, são o locais que, embora tendo maior
participação no PIB nacional (34%), tiveram maior financiamento a projectos (52% do valor
total). Tal facto observa-se para as províncias de Sofala e Nampula que, tendo a participação
de 11,2% e 14,5% no PIB do país, beneficiaram de 11,4% e 9,6% do valor total do
investimento, respectivamente.
Do mesmo modo, as províncias com baixa participação na economia têm menor volume de
investimento, como por exemplo: as províncias de Gaza e Cabo Delgado, com 4,95% e 4,7%
de participação, tiveram apenas 3,5% e 1,9% do valor total de investimento, respectivamente.
A boa excepção é a província de Niassa onde, com participação de apenas 3,1%, beneficiou
de 12,7% do total do valor de Financiamento a projectos, para reabilitação ou asfaltagem de
importantes infra-estruturas de galvanização da produção local (agricultura e comércio) como
a estrada Cuamba-Lichinga e Madimba-Lichinga (vide o gráfico 3.38).
Gráfico 3.38: Relação entre Participação no PIB e o volume de projectos financiados para província de Moçambique
Maputo Província
Maputo Cidade
Gaza
Inhambane
Manica
Sofala
Tete
Zambézia
Nampula
Niassa
Cabo Delgado
71
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 71
Grupo Moçambicano da Dívida
A relação entre a dívida pública com cada uma das variáveis (desenvolvimento e pobreza) foi
testada por meio de 3 modelos econométricos principais, sendo que, o primeiro estuda a
relação entre a dívida pública e o crescimento económico, como condição necessária para
alcançar o desenvolvimento sócio-económico e redução da pobreza. Assim, os restantes 2
modelos econométricos estudam de forma separada o efeito do endividamento público sobre
o desenvolvimento sócio-económico e sobre a redução da pobreza.
A estimação baseia-se nos modelos de Akram (2016: 750-755), que contém a seguinte forma
reduzida:
Primeiro modelo:
Segundo modelo :
72
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 72
Grupo Moçambicano da Dívida
Terceiro modelo:
Para testar a relação entre a dívida pública e desenvolvimento sócio-económico assim como
dívida pública e redução da pobreza foram usados dados de Moçambique referentes aos anos
1998 a 2015 (vide a Tabela 1 do Anexo 4)
Os métodos de estimação usados para regressão dos modelos foram: Método dos Mínimos
Quadrados Generalizados Viáveis para o primeiro modelo, que relaciona dívida e
crescimento económico e Método de Mínimos Quadrados Ordinários para os restantes 2
modelos, que relacionam dívida, desenvolvimento e pobreza. O nível de significância
considerado é de 5% e foi comparado com o P-value correspondente aos diferentes testes de
hipóteses.
73
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 73
Grupo Moçambicano da Dívida
Os modelos estimados obedeceram ao proposto por Akram (2016), tendo sido empregue as
mesmas variáveis de controlo propostas por esse autor. Depois de se estimar cada regressão,
fez-se a interpretação dos resultaos olhando para o R2; teste F; significância dos coeficientes;
sinais dos coeficientes; magnitude dos coeficientes e, por fim, olhou-se para os problemas
que surgem na aplicação do modelo de regressão linear.
74
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 74
Grupo Moçambicano da Dívida
O primeiro modelo serviu para testar a relação entre o endividamento público influencia e o
crescimento económico, tendo assumido as seguintes hipóteses:
Onde: kpib-participação do capital no PIB, xmp- taxa de abertura, inf –inflação, depib-divida
O dados da regressão acima, quando analisados tendo em conta a tabela dos resultados do
Anexo 7 (primeiro modelo), sugerem que o modelo é estatisticamente significativo, com base
no teste do teste F de significância global (o valor do P-value é inferior ao nível de
significância de 5%, pelo que, rejeita-se a hipótese nula da insignificância global). Por outro
lado, todos os coeficientes das variáveis explicativas são estatisticamente significativas para o
nível de significância de 5%, com seus valores de P-value inferiores a 0,05, com sinal
negativo para ―kipb‖, ―inf‖ e ―dipib‖.
75
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 75
Grupo Moçambicano da Dívida
Em geral, os resultados rejeitaram a hipotese nula de que a dívida pública não influencia o
crescimento económico. Contudo, a direcção dessa infuência depende do tipo de categoria da
dívida, será negativa, quando se tratar de dívida interna e positiva, quando for dívida externa.
Devido a alta correlação entre algumas variáveis explicativas, (vide mais detalhes no tóprico
de diagnóstico do modelo), modelo final estimado foi o seguinte:
76
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 76
Grupo Moçambicano da Dívida
Para tal, usou-se um modelo contendo as mesmas variáveis explicativas do modelo anterior
(kpib, xmpib, pibpc, depib, dipib), contudo, devido a alta correlação entre algumas delas e a
busca da melhor especificação do modelo (veja mais detalhes no tópico de diagnóstico deste
modelo), foi, no final, estimado o seguinte modelo:
Em geral, os resultados da estimação dos 3 modelos sugeridos mostram que a dívida pública,
embora influencie positivamente no crescimento económico na sua vertente externa (1o
modelo), tal não se converte no desenvolvimento sócio-económico e que o aumento da dívida
pode comprometer ligeiramente o desenvolvimento (2o modelo). A regressão do 3o modelo
77
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 77
Grupo Moçambicano da Dívida
mostra que, tal como para o desenvolvimento, a dívida pública não é favorável para redução
da pobreza (a dívida pública não influencia na redução da desigualdade social).
Com vista a analisar a confiabilidade das estimativas, foram realizados 5 testes para cada
modelo designadamente: multicolinearidade, forma funcional, heteroscedasticidade,
autocorrelação, normalidade dos erros.
O teste de correlação serial faz-se para aferir a correlação entre membros de séries de
observações ordenadas no tempo. Se esta correlação for estatisiticamente significativa,
embora os estimadores de MQO continuem lineares, não viesados, consistentes e
assintoticamente normais, estes não serão mais eficientes (BLUE), pelo que as variâncias
estimadas serão viesadas (em geral, subestimadas). Este teste será realizado com base no
proposto por Breuch-Godfrey.
O teste de multicolenearidade serve para ver a existência forte de correlação entre duas (ou
mais) variáveis independentes. A alta multicolinearidade torna os erros padrão muito grandes,
fazendo com que os coeficientes não sejam estimados com exactidão. O grau da
multicolinearidade neste estudo será medido pelo tamanho do VIF (factores de inflação da
variância), seguindo a seguinte classificação:
O teste da forma funcional é feito para se saber se não houve omissão de uma variável
relevante no modelo. A má especificação do modelo será testada com base no teste RESET
(regression specification error test - teste de erro de especificação regressão) proposto por
Ramsey (1969).
78
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 78
Grupo Moçambicano da Dívida
O teste da normalidade dos erros é importante pois, os resultados da regressão linear só são
válidos se seus resíduos forem normalmente distribuídos. A violação deste pressuposto afecta
os intervalos de confiança; testes t e F. Para os modelos estimados será usado o teste de
normalidade de Shapiro-Wilk
O modelo da dívida pública e crescimento foi primeiramente estimado pelo método dos
MQO, onde, embora não sofrendo de heterescedasticidade, foi detectado que sofria do
problema da correlação serial. Para corrigir o problema, mudou-se o método de estimação
para MQGV, que elimina o problema da auto-correlação. Outros teste de diagnóstico do
modelo são apresentados a seguir.
Teste de heteroscedasticidade
. hettest
chi2( 1) = 0.34
Prob > chi2 = 0.5578
Teste de multicolinearidade
79
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 79
Grupo Moçambicano da Dívida
. vif
Quanto ao teste da forma funcional do modelo, este não rejeitou a hipótese nula da não
omissão de variáveis relevantes no modelo ao nível de significância de 5%, pelo que, o
modelo foi bem especificado. (veja os resultados deste teste abaixo) Especificação do modelo
. estat ovtest
O teste da normalidade do erros resulta mostra que os erros são normalmente distribuidos (o
P-value é inferior a 0,05, pelo que, não se rejeita a hipótese nula da distribuição normal dos
resíduos ao nível de significância de 5%).
. swilk residuos
Como um dos modelos principais do estudo, buscou-se fazer uma avaliação mais rigorosa do
mesmo, de modo a conferir maior confiabilidade e precisão das estimativas dele resultantes.
Para tal, foram feitos os seguintes testes:
Teste de heteroscedasticidade
Este teste mostra que o modelo não sofre do problema da heteroscedasticidade. O P-value >
0,05, pelo que, não se rejeita a H0 da homoscedasticidade ao nível de significância de 5%.
80
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 80
Grupo Moçambicano da Dívida
. hettest
chi2( 1) = 0.05
Prob > chi2 = 0.8218
Teste de auto-correlação
O teste de auto-correlação mostra que tal não constitui um problema para o modelo dado que
não se rejeitou a H0 da não existência da correlação serial ao nível de significância de 5% (P-
value > 0,05).
. estat bgodfrey
1 0.094 1 0.7585
Teste de multicolinearidade
A escolha das variáveis explicativas (de controlo) do modelo final estimado foi feito tendo
em conta também o grau de correlação entre as mesmas, buscando eliminar aquelas que
estivessem altamente correlacionadas com as demais, desde que não fossem as relevantes
para análise que este trabaho propôs-se a realizar. Com base nas correlações abaixo, foram
eliminadas variáveis ―xmpib‖, ―urpop‖ e ―sdex‖.
kpib 1.0000
xmpib 0.6475 1.0000
sdex 0.1109 -0.3916 1.0000
dipib 0.3546 0.7852 -0.3164 1.0000
depib -0.0292 -0.7155 0.6637 -0.7002 1.0000
inf -0.4022 -0.2095 -0.4939 -0.1631 -0.0451 1.0000
urpop 0.4373 0.8788 -0.3853 0.8937 -0.8098 -0.3224 1.0000
Assim, a muticolinearidade passou a não constituir um problema para o modelo com vif’s
abaixo (inferiores a 5), conferindo a confiabilidade exigida para inferir a luz dos sinais e
magnitudes dos coeficientes estimados.
81
Dívida Pública, Perfil, Sustentabilidade e seu Impacto Económico e Social em Moçambique 81
Grupo Moçambicano da Dívida
. vif
Não obsatnte tenham sido eliminadas algumas variáveis no modelo para reduzir o grau da
multicolinearidade, o teste da forma funcional feito posteriormente demonstrou que o modelo
não omitiu nenhuma variável relevante, dado que não se rejeitou a hipótese nula da não
omissão de variáveis relevantes ao nível de significância de 5%, de acordo com o teste de
RESET proposto por Ramsey (veja a seguir).
. estat ovtest
Por fim, foi feito o teste da normalidade dos erros, onde ao nível de significância de 5%, o
teste de Shapiro-Wilk mostrou que os erros são normalmente distribuídos.
. swilk r
A especificação deste modelo, tal como o anterior, foi feita de conferir maior confiabilidade
as estimativas, pelo que, algumas variáveis que envidenciavam multicolinearidade foram
eliminadas, sem prejuízo da forma funcional correcta do modelo que não sofresse de
heteroscedasticidade nem de correlação serial. Assim,foram feitos os seguintes testes:
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. hettest
chi2( 1) = 0.73
Prob > chi2 = 0.3935
Do mesmo modo que não se observou o problema da correlação serial (com base no teste de
Breuch-Godfrey, não se rejiata a hipótese nula de ausência da correlação ao nível signicância
de 5% porque o P-value é maior que 0,05).
. estat bgodfrey
1 0.518 1 0.4718
Teste de multicolinearidade
. vif
O teste da forma funcional do modelo mostrou não ter havido omissão de variáveis relevantes
no modelo por não ter rejeitao, ao nível de significância de 5%, a hipótese do teste de ramsey
abaixo.
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Grupo Moçambicano da Dívida
. ovtest
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4 CONCLUSÕES
Depois de Moçambique ter observado a crise de endividamento público em 1998, a partir de
1999, com a implementação das iniciativas HIPC entre 1999 a 2001 e MDRI em 2006, a
dívida pública praticamente mostrou tendência decrescente em termos de volume e
sustentabilidade no intervalo de 1999 a 2006. Findos estes programas sucessivos de perdão da
dívida, observou-se uma relativa estabilidade no crescimento do endividamento público
assim como da sua sustentabilidade de 2006 até 2009. Contudo, a partir de 2010, tendo o país
se tornado elegível a contrair créditos não concessionais, assistiu-se então uma corrida a este
tipo de financiamento e uma aceleração do endividamento público de 37% do PIB em 2013
para 49% em 2014 e, em 2015, atingiu um pouco mais de 73% do PIB, incluindo as novas
dívidas descobertas. Dado o crescimento acelerado do endividamento público, a sua
sustentabilidade também começou a ficar comprometida. A análise estática de
sustentabilidade em 2015, quando incluídas as novas dívidas descobertas, revela que a dívida
pública moçambicana é insustentável. A análise dinâmica com base nos últimos 5 anos
(2010-2015), também mostra um crescimento insustentável do endividamento público, pois,
o aumento do valor presente da pública assim como do seu serviço não é compensada pelo
aumento das receitas, exportações e nem do PIB.
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5 RECOMENDAÇÕES
Em geral, é imperioso, para o Governo, estabelecer uma matriz de prioridades para o
endividamento dos próximos anos, por forma a, por um lado, retomar a situação de
sustentabilidade estática e dinâmica do endividamento público e, por outro lado, contrair
dívidas para projectos de viabilidade e prioridade consensuais entre a maioria dos actores de
desenvolvimento, olhando para sua ligação com o desenvolvimento sócio-económico e
redução da pobreza em Moçambique.
Especificamente recomenda-se:
Que seja melhorada/revista a actual estratégia de endividamento público, uma vez que
a actual está desactualizada, por não levar em conta as dívidas ocultas recentemente
descobertas;
Para o contexto da actuais dívidas ocultas, é preciso que o governo tome medidas como:
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Que haja revisão urgente dos tratados de dupla tributação com foco para questões de
aproveitamento e uso abusivo pelos investidores;
Sugere-se também que ao invés de contrair dividas para comprar armamentos que só
estimula mais violência, exorta se uma reconciliação mais pacifica por via de diálogo
e não por via de guerra para resolver os problemas da nação; para que o país tenha
uma divida sustentável e um desenvolvimento sustentável é necessário que o país
esteja em Paz, pelo que, deve haver a cessação imediata e definitiva do conflito
militar;
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Grupo Moçambicano da Dívida
O governo deve também auxiliar-se dos vários estudos e análises feitas pelos vários
actores de desenvolvimento para o incremento de subsídios na implementação das
suas políticas;
Embora existam normas e leis que permitem a auditoria das Contas Públicas, contudo,
os legítimos representantes (legisladores), devem exercer melhor o seu papel de
fiscalização para um maior controlo dos processos, tendo em conta que os
parlamentares têm mostrado fragilidades perante a matéria de gestão de finanças
públicas.
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Deve-se criar um grupo de trabalho entre GMD, Parlamento e Governo para definir
uma estratégia de comunicação no âmbito da Dívida;
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ANEXOS
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Anexo 1: Dados sobre Dívida Pública (Milhões de USD)
Descrição 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Dívida Pública Total 6,120.70 5,652.42 4,808.40 4,989.11 3,645.18 3,842.90 4,572.69 4,726.00 3,590.00
Dívida Pública Interna 0.00 4.72 49.20 33.81 77.18 205.00 350.67 235.00 267.00
Dívida Externa Pública 6,120.70 5,647.70 4,759.20 4,955.30 3,568.00 3,637.90 4,222.02 4,491.00 3,323.00
Serviço da Dívida Total 105.37 84.44 26.08 44.63 98.20 92.00 126.00 117.00 107.00
Serviço da Dívida Interna 0.00 0.00 8.33 22.53 63.89 49.16 73.75 66.00 46.00
Serviço da Dívida Externa 105.37 84.44 17.75 22.11 34.31 42.84 52.25 51.00 61.00
Receita Corrente Total 449.23 488.58 494.68 440.98 479.48 611.11 856.99 866.00 1,023.00
PIB 3,898.40 4,086.58 3,890.43 3,568.93 3,597.19 4,307.09 7,387.25 6,328.00 7,444.00
Exportações (Bens e Serviços)* 528.20 654.90 816.60 703.10 679.30 1,043.90 1,503.90 1,745.00 2,381.00
Exportortações (Grandes Projectos) 34.30 75.90 127.20 440.50 468.00 680.90 1,048.50 1,263.00 1,689.00
Descrição 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Dívida Pública Total 3,644.80 3,928.60 4,992.00 3,890.50 5,156.80 5,636.40 6,794.50 8,170.70 10,810.56
Dívida Pública Interna 337.60 292.00 467.80 571.70 768.20 807.20 996.20 1,105.50 1,731.58
Dívida Externa Pública 3,307.20 3,636.60 4,524.20 3,318.80 4,388.60 4,829.20 5,798.30 7,065.20 9,079
Serviço da Dívida Total 101.00 115.90 102.00 275.80 311.10 1,054.20 1,201.10 1,029.30 1,324
Serviço da Dívida Interna 52.20 67.00 50.80 220.10 248.20 958.60 1,057.50 854.80 1,039.27
Serviço da Dívida Externa 48.80 48.90 51.20 55.70 62.90 95.60 143.60 174.50 285
Receita Corrente Total 1,369.60 1,468.60 1,800.10 1,895.90 2,138.60 3,287.90 4,111.70 4,871.40 3,822
PIB 8,456.60 9,382.30 10,332.70 9,857.50 12,784.50 13,952.40 15,452.40 17,857.00 14738.808
Exportações (Bens e
Serviços)* 2,412.10 2,653.30 1,852.60 2,243.10 2,776.30 1,275.30 4,112.60 3,916.40 3377.9876
Exportortações (Grandes
Projectos) 1,843.50 1,851.10 1,265.00 1,668.10 2,015.30 2,194.50 2,325.40 2,429.50 1914.0661
Fonte: (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
Indicador 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Stock da Dívida/PIB 43.1 41.9 48.3 39.5 40.3 40.4 44 45.8 73.35
Serviço da Dívida/PIB 1.2 1.2 1 2.8 2.4 7.6 7.8 5.8 8.98
Receita Corrente/PIB 16.2 15.7 17.4 19.2 16.7 23.6 26.6 27.3 25.93
Receitas Correntes/Dívida 37.6 37.4 36.1 48.7 41.5 58.3 60.5 59.6 35.35
Serviço da Dívida/Receita
Corrente 7.4 7.9 5.7 14.5 14.5 32.1 29.2 21.1 34.65
Fonte: Cálculos do autor com base (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014)
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Tabela 2: Indicadores de Sustentabilidade da Dívida Publica Externa (%)
Indicador 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Valor Actual da Dívida/PIB 24.8 22.2 29.5 29.6 37 39.9
Valor Actual da Dívida/Exportações 67 87.2 116.7 90.9 98 143.4
Valor Actual da Dívida/Receitas 111.9 103.7 116.4 113.4 129 158.1
Serviço da Dívida
Externa/Exportações 2.8 1.7 2.4 3.4 3.4 4 8.2
Serviço da Dívida Externa/Receitas 2.8 2.9 2.9 3.4 4.3 5 9.1
Exportações/Stock da Dívida
Externa 40.9 67.6 63.3 26.4 70.9 55.4 37.2
Divida Externa /PIB 43.78526 33.668 34.32751 34.61197 37.52362 39.56544 61.59912
Fonte: Cálculos do autor com base (CGE 1998-2015) e RPCGE (1998-2014) e MEF (2016)
Indicador 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Stock da Dívida Interna/PIB 3.99 3.11 4.53 5.80 6.01 5.79 6.45 6.19 11.75
Serviço da Dívida Interna/ Receitas
Públicas 3.8 4.6 2.8 11.6 11.6 29.2 25.7 17.5 27.2
Stock de Dívida/Receitas Públicas 24.65 19.88 25.99 30.15 35.92 24.55 24.23 22.69 45.31
Serviço da Dívida Interna/PIB 0.62 0.71 0.49 2.23 1.94 6.87 6.84 4.79 7.05
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Anexo 3 : Dados sobre o PIB
Tabela 1 : PIB por sector de actividade (em milhões de meticais)
Ramos de Actividade 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Agricultura 38,120 33,118 36,636 41,057 43,454 45,841 49,229 55,051
Pesca, Aquacultura e Actividades dos serviços relacionados 2,006 2,103 2,115 2,139 2,323 2,328 2,349 2,529
Indústrias Extractivas 537 857 949 1,221 1,418 2,433 2,450 3,132
Manufactura 14,109 16,246 21,883 23,796 27,852 31,529 32,204 33,155
Produção e Distribuição de Electricidade e Gás 3,091 2,833 3,113 3,437 3,810 4,470 5,271 5,978
Captação, Tratamento e Distribuição de Água 280 257 282 311 309 309 321 343
Construção 1,992 2,251 2,402 2,661 2,918 2,714 3,073 3,394
Comércio, Reparação de Veículos Automóveis 11,652 12,023 14,118 14,762 15,742 16,857 18,896 22,923
Transportes, Armazenagem e Comunicações 12,842 13,182 14,087 15,266 15,714 17,230 18,599 20,541
Alojamento, Restaurantes e Similares 3,520 3,760 3,910 4,111 4,356 4,489 5,100 5,614
Informação e Comunicação 4,849 4,978 5,320 5,764 5,722 7,344 8,388 8,908
Actividades Financeiras 1,084 1,960 2,378 2,753 3,043 3,810 5,690 5,898
Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às
Empresas 15,559 15,768 16,562 16,681 16,841 17,934 18,195 18,379
Administração Pública, Defesa e Segurança Social
Obrigatória 5,980 6,346 7,761 8,334 8,735 9,140 9,767 10,858
Educação 7,505 8,233 9,797 10,258 11,113 12,413 13,890 15,048
Saúde e Acção Social 2,052 2,292 2,498 2,641 2,793 3,001 3,214 3,681
Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e
Pessoais 1,630 1,929 2,060 2,128 2,179 2,232 2,285 2,340
Produto Interno Bruto 143,816 146,230 164,832 179,327 190,984 205,902 223,858 245,911
Continuação (em milhões de meticais)
Ramos de Actividade 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Agricultura 60,463 63,954 68,286 70,830 73,577 73,843 75,133 77,064
Pesca, Aquacultura e Actividades dos serviços relacionados 2,757 3,935 3,757 5,007 5,538 6,333 6,576 6,802
Indústrias Extractivas 3,735 4,002 4,346 4,478 5,665 9,511 11,002 15,805
Manufactura 34,173 33,231 33,231 34,270 34,989 35,006 36,458 37,299
Produção e Distribuição de Electricidade e Gás 6,483 8,168 9,360 9,642 10,097 9,933 10,480 11,223
Captação, Tratamento e Distribuição de Água 383 508 529 591 603 647 686 709
Construção 3,793 4,441 5,553 6,247 6,842 6,930 7,431 8,415
Comércio, Reparação de Veículos Automóveis 24,915 27,596 27,994 31,658 33,475 38,380 44,272 46,377
Transportes, Armazenagem e Comunicações 22,534 23,809 27,832 29,054 29,755 31,974 34,344 34,442
Alojamento, Restaurantes e Similares 6,465 7,059 7,301 8,170 8,980 9,264 9,810 10,436
Informação e Comunicação 9,714 10,765 11,330 12,632 13,638 14,450 16,019 17,600
Actividades Financeiras 6,420 9,478 9,152 11,657 16,613 18,445 21,114 22,758
Actividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços Prestados às
Empresas 18,411 20,419 21,667 23,358 24,609 26,355 27,949 30,089
Administração Pública, Defesa e Segurança Social
Obrigatória 11,413 12,330 13,579 15,681 18,087 20,509 21,272 23,026
Educação 16,974 17,355 20,041 21,214 23,399 26,639 27,432 28,712
Saúde e Acção Social 4,281 4,482 4,790 5,109 5,139 5,311 5,135 5,991
Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e
Pessoais 2,396 2,532 2,673 2,833 2,970 3,118 3,266 3,431
Fonte: INE
99
Tabela 2: PIB Regional e provincial (2000 – 2014) em milhões de meticais
Regiões/Provincias 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Cabo Delgado 12,082.73 13,164.12 14,000.87 14,885.31 15,866.65 16,914.51 18,795.24 20,379.47
Maputo provincial 45,822.26 47,663.33 50,131.38 53,155.49 57,502.12 61,476.56 66,063.19 68,366.08
Maputo cidade 49,130.42 52,833.92 56,280.66 61,155.18 64,224.86 69,373.56 73,877.73 76,934.04
100
Anexo 4: Dados sobre Projectos de financiamento garantido para Moçambique
Tabela 1: Dados que constam do documento do PII
Custo Sector
Inicio- Tipo de Sector de
Projecto USD Financiador Económico e
Fim financiamento Actividade
(10^6) Social
Construção da
AFD Província de
Barragem Moamba 320.00 2015 Concessional Água
(Franca) Maputo
Major
Reabilitação do 2013-
78.76 China Concessional Agricultura Gaza
Regadio de Chokwe 2016
Reabilitação da 2015-
49.32 China N/Concessional Agricultura Cabo Delgado
Barragem de Chipembe 2017
Reabilitação do
2013-
Regadio do Baixo 43.14 BAD Concessional Agricultura Gaza
2017
Limpopo
Expansão do Porto de 2013-
112.67 BAD, JICA Concessional Transportes Nampula
Nacala (Cidade) 2015
Central Térmica a Gás
172.00 JICA 2014 Concessional Eletrecidade Cidade de Maputo
de Maputo
Hospital Central de 2013-
57.00 Coreia Concessional Saúde Zambézia
Quelimane 2015
Abastecimento de Banco
2014-
Água ao Grande 178.00 Mundial, Concessional Água Cidade de Maputo
2019
Maputo Holanda
Construção de 1200
Habitação ou Cabo Delgado,
Casas(Cabo Delgado, 47.00 EXIM Bank 2014 Concessional
Imobiliária Zambézia e Tete
Zambézia e Tete)
Construção do Aterro
Cidade de Maputo
Sanitário para as EXIM Bank Saúde
60.83 2014 Concessional e Maputo
Cidades de Maputo e Coreia Pública
Província
Matola
Ponte Maputo-Katembe Cidade de Maputo
e Estrada para Ponta de 725.80 China 2014 N/Concessional Transportes e Maputo
Ouro Província
Reabilitação da Estrada
N6 entre Machipanda e 2014-
433.00 China Concessional Transportes Manica e Sofala
Beira nas Províncias de 2017
Manica e Sofala
Circular de Maputo Cidade de Maputo
(inclui a Ponte da 298.94 China 2014 N/Concessional Transportes e Maputo
Macaneta) Província
Estrada N13: Cuamba-
291.60 BAD, JICA 2014 Concessional Transportes Niassa
Mandimba-Lichinga
Estrada N104-Nampula
75.40 Coreia 2014 Concessional Transportes Nampula
Namitil
Estrada Corredor
2013-
Nacala III: Muita- 150.19 BAD, JICA Concessional Transportes Niassa
2016
Mandimba- Lichinga
Reabilitação da Estrada
2014-
do Tica-Buzi-Nova 149.72 Índia Concessional Transportes Sofala
2016
Sofala
Fonte : PII (2014)
101
Tabela 2: Dados sobre projectos de financiamento não concessional (não constam do PII)
Custo
Sector Económico Sector de
Projecto USD Financiador Tipo de financiamento
e Social Actividade
(10^6)
Aeroporto
Internacinal de
Nacala 144.00 Brasil Não Concessional Transportes Nampula
Central Térmica de Província de
Ressano Garcia 52.00 França Não Concessional Eletricidade Maputo
Terminal de carga
do Porto da Beira 31.00 Índia Não Concessional Transportes Sofala
Credit Suisse/VTB
EMATUM 850.00 Capital Bank Não Concessional Pesca/Segurança Nacional
Credit Suisse/VTB
ProÍndicos 622.00 Capital Bank Não Concessional Segurança Nacinal
Credit Suisse/VTB
MAM 535.00 Capital Bank Não Concessional Segurança Nacional
Ministério do
Interior 221.00 s/d Não Concessional Segurança Nacional
Fonte: MEF (2016), FMO (2016)
102
Anexo 6 : Dados usados nos modelos econométricos
Taxa de % Serviço da
% abertura- dívida % Divida % Divida %Crescimento Índice de Coeficiente
FBCF/PIB %(X+M)/PIB externa/exportações interna/PIB externa/PIB económico Desenvolvimento de Gini
Anos (Kpib) (xmpib) (sdex) (dipib) depib (cpibr) Humano(idh) (gin)
1998 21.6522 41.13165 19.9 0 157.01 11.85939 0.281 45.26991
1999 36.55869 49.68614 12.9 0.11545 138.20 7.822974 0.346 45.70609
2000 33.3677 52.39623 2.2 1.26474 122.33 1.678503 0.333 46.14647
2001 24.78747 55.41755 3.1 0.94734 138.85 12.72097 0.346 46.59109
2002 32.04128 80.41614 5.1 2.14545 99.19 8.794058 0.362 47.04
2003 24.88705 76.50955 4 4.75964 84.46 6.500607 0.371 46.79346
2004 20.543 77.20534 3.5 4.74692 57.15 7.811186 0.38 46.54821
2005 18.24199 76.36775 2.9 3.71365 70.97 8.720668 0.396 46.30425
2006 17.26021 71.20178 2.6 3.58678 44.64 9.851055 0.405 46.06156
2007 15.13072 70.74989 2 3.99215 39.11 7.426061 0.431 45.82015
2008 17.25147 68.51084 1.8 3.11224 38.76 6.876205 0.44 45.58
2009 14.68637 71.24709 2.8 4.52737 43.79 6.351462 0.443 45.34111
2010 18.29548 77.73145 1.7 5.79964 33.67 6.687732 0.45 45.10347
2011 25.66719 88.33447 2.4 6.00884 34.33 7.117607 0.456 44.86708
2012 47.38192 110.8296 3.4 5.78538 34.61 7.198186 0.408 44.63193
2013 54.46881 114.3758 3.4 6.44689 37.52 7.141683 0.413 44.39801
2014 55.36268 118.1226 4 6.19085 39.57 7.444069 0.416 44.16531
2015 42.25015 99.69029 8.2 11.7484 61.60 6.609492 0.427135 43.93384
Fonte: Cálculos do autor com base nos dados de :PNUD, INE & Banco Mundial
103
Anexo 7: Resultados da regressão dos 3 modelos
rho -.6678148
APOIO:
105