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Paulo Roberto

Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:


Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Gramática, discurso e representação

Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:


perspectiva sociocognitiva corporeada

Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa


FLC6313-1: Categorias de análise para o estudo do texto e do discurso
Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (FFLCH-USP)
24.04.2018-08.05.2018
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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Processos/Sistemas cognitivos e operações de construal/perspectivação conceptual

Estratégia Sistema Gestalt Comparação Atenção Perspectiva


Configuração Estrutural Esquematização
Categorização
Enquadramento
Metáfora
Foco
Granularidade
Identificação
Quadro de
visualização
Ponto de vista
Posicionamento
Dêixis

Hart (2014: 111)


Paulo Roberto
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Sobre a problemática da metáfora


Metáforas – e, em segundo plano, também metonímias – consistem em objetos de estudo
relevantes no campo da linguagem desde os Clássicos. Nos estudos retóricos mais tradicionais,
metáforas eram concebidas como importantes figuras de estilo, integrantes da etapa da elocução
(elocutio). Segundo Reboul (2004[1998], p. 66), “a figura eficaz pode ser definida como algo que
se desvia da expressão banal, mas precisamente por ser mais rica, mais expressiva, mais
eloquente, mais adaptada, numa palavra mais justa do que tudo que a poderia substituir”.
Tal concepção de metáfora começa a ser questionada a partir da segunda metade do século XX e
é com Lakoff & Johnson (1980), na obra Metaphors we live by, que ocorre uma virada significativa
na concepção desse fenômeno: as metáforas deixam de ser compreendidas como uma figura de
estilo, como um desvio com efeitos expressivos ou persuasivos, típicos da literatura e da retórica,
e passam a ser entendidas como processos estruturantes do pensamento, passíveis de expressão
nas múltiplas semioses e, em especial, na linguagem. Trata-se da virada cognitiva na concepção
de metáfora. Surge, então, a Teoria da Metáfora Conceptual. Em concorrência a ela, aparecem
também teorizações alternativas, como a Teoria do Mapeamento Estrutural (Gentner, 1983).
A Metaforologia passa, então, a constituir-se em um fértil campo de estudos.
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Sobre a problemática da metáfora


Posteriormente, a partir dos anos 2000, começa a haver um deslocamento do estudo da metáfora no
pensamento para o estudo da metáfora no discurso. Alguns pressupostos da metáfora no pensamento
começam a ser questionados; surgem tipologias variadas e hipóteses diferenciadas para explicar o seu
processamento mental bem como sua estrutura semiótica. Elas passam a se constituir em categorias
de interesse não só para a Psicologia e para a Linguística Cognitiva, mas também para a Neurociência,
para a Antropologia e para os Estudos Discursivos de diversas vertentes. Nesse arcabouço, surgem
novas teorizações, como a Teoria dos Espaços Mentais e da Mesclagem Conceptual (Fauconnier &
Turner, 2002) – que aborda uma diversidade de processos cognitivos ligados à linguagem, dentre eles,
a metaforização, mas também referenciação, tempos verbais e aspectualidade, contrafactualidade,
etc. – e a Teoria da Metáfora Deliberada (Steen, 2015, 2017), que focaliza em tipos específicos de
metáfora – as “metáforas novas”.
Neste curso, daremos atenção à Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), dado seu caráter inovador e
sua palpável influência em relação às outras teorizações; tocaremos na Teoria do Mapeamento
Estrutural (TME), por levantar questões relevantes acerca das bases da TMC e refletir detidamente
sobre a analogia; por fim, discutiremos algumas propostas da Teoria da Metáfora Deliberada (TMD).
Também trabalharemos com a proposta de Forceville (2007) para as metáforas pictóricas.
Considerações sobre as metonímias serão realizadas ao longo da exposição.
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Reflexões iniciais sobre a natureza da metáfora e da metonímia


A. “O segundo é que, a partir da observação das respostas dele, você saberá se vale continuar investindo
no romance.” [Atrevida, 07/14, p. 73]
B. “Depois, investir suas emoções em um cara comprometido, em geral, é uma canseira danada.” [Atrevida,
03/15, p.29]
C. "Vale a pena investir...nesse boy?" [Título - Atrevida, 03/2015, pg. 26-27]
D. "Se chegar à conclusão de que é muito esforço, é melhor investir nos meninos da sua turma." [Atrevida,
03/2015, pg.29]
E. "O geminiano pode querer ficar com várias garotas ao mesmo tempo. Pense bem se vale a pena investir,
hein?" [Capricho, 07/2014, p. 111]

Domínio-Fonte: Domínio-Alvo: Domínio-Fonte: Domínio-Alvo:


Investimento Relacionamento Investimento Relacionamento
Investidor → Garota → Compromisso com
outra garota
Capital aplicado → Emoções
Riscos → Diferença de idade
Tipo de investimento → Romance/Boy
→ “Libertinagem” do
Rendimento → Relacionamento garoto
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Reflexões iniciais sobre a natureza da metáfora e da metonímia

AEDES AEGYPTI É CRIMINOSO FICHADO (E PROCURADO)


Domínio-Fonte: Estrutura Domínio-Alvo:
Crime comum Dengue
Criminoso Aedes aegypti
Agente
(humano) (inseto)
Arma Instrumento Probóscide/Vírus
Vítima Hospedeiro
Paciente
(humano) definitivo (humano)
Resultado Morte do
Morte da vítima
possível hospedeiro
Agente usa Aedes aegypti usa
Instrumento para probóscide para
Cadeia causal
afetar Paciente e injetar vírus no
causar resultado hospedeiro
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Reflexões iniciais sobre a natureza da metáfora e da metonímia

DENGUE POR AEDES AEGYPTI


Metonímia

Domínio: Aedes aegypti


Vetor de doenças, como dengue
(dentre outras)
Local de reprodução: recipientes com
água parada
Modo de nutrição: hematofagia
etc.

Domínio: Dengue
Vetor: Aedes aegypti
Sintomas: febre alta, mal-estar, dores no
corpo, etc.
Afetado: ser humano
etc.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC)


1. O pontapé inicial da TMC foi o livro Metaphors we live by, de Lakoff & Johnson, em 1980. Outra obra
essencial para a abordagem é a Women, Fire and Dangerous Things: What Categories reveal about the
mind, escrita por Lakoff (1987).
2. Os autores propuseram-se a enfrentar a corrente majoritária daquele momento, que via a metáfora
como um recurso figurativo de caráter estilístico, típico de textos literários ou retóricos.
3. Lakoff & Johnson, a partir de uma análise volumosa de dados linguísticos de diversas campos, buscam
mostrar que a metáfora não é apenas um fenômeno de linguagem, mas um fenômeno de cognição
que envolve a projeção de correspondências entre diferentes domínios cognitivos – um domínio-
fonte, mais concreto e usualmente mais corporeado; e um domínio-alvo, mais abstrato.
4. A partir dos estudos sobre metáfora, também abarcou-se o fenômeno da metonímia.
5. Hoje, a TMC, apesar de influente, tem perdido espaço para outras abordagens e/ou tem sido
remodelada a partir das críticas de outras vertentes. Os autores abaixo têm trabalhado no sentido de
refiná-la: Ruíz de Mendoza Ibañez, Grady, Kövecses, Diéz, Vereza, dentre outros.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáfora x Metonímia


a. Croft & Cruse (2004: 193)
“Metáfora envolve a interação entre dois domínios construídos a partir de duas regiões de
significado, e o conteúdo do domínio-fonte consiste em um ingrediente do alvo, construído por meio de
processos de correspondência e mesclagem [...] Na metonímia, a função do veículo é meramente
identificar a construção do alvo”.
b. Ferrari (2011: 92; 102)
“[...] a metáfora é, essencialmente, um mecanismo que envolve a conceptualização de um
domínio da experiência em termos de outros [...] a projeção metonímica envolve só um domínio, ao
contrário da metáfora, que se dá entre dois domínios”.
c. Ruiz de Mendoza (2006)
A metáfora prototípica é predicativa e envolve a projeção entre domínios, permitindo-nos
compreender e raciocinar sobre o alvo a partir dos conhecimentos e das experiências acerca da fonte, ao
passo que a metonímia prototípica é referencial, viabilizando que façamos referência a uma entidade em
um domínio ao sinalizarmos outra no mesmo domínio.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Sobre domínios e frames

Kövecses (2010) compreende domínio conceptual como qualquer organização coerente de experiência.
Lakoff (1987) propõe a noção de modelo cognitivo idealizado (MCI) para explicar a organização
conceptual.
1. MCI são representações mentais relativamente estáveis que abarcam teorias sobre o mundo (Evans &
Green, 2006). São idealizados, na medida em que:
a. consistem em abstrações relativas a uma gama de experiências que reiteradamente vivenciamos,
permitindo-nos não só categorizar e raciocinar, como também interpretar situações e reagir de
forma mais ou menos adequada;
b. não abarcam a representação de cada instância de uma dada experiência. Por conseguinte, não se
encaixam perfeitamente a todas as situações e não abrangem toda a complexidade da realidade;
c. domínios ou MCI são esquemas, na acepção com que temos trabalhado neste curso. A noção de
MCI, contudo, engloba também procedimentos, o que domínio não faz. Logo, poderíamos até dizer
que todo domínio é um MCI, mas nem todo MCI é um domínio. Não entrarei nessa discussão,
todavia.
d. Frame é um outro termo utilizado para o conceito aqui debatido.

Neste curso, utilizaremos os termos frame e domínio.


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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Corporeamento e Esquemas Imagéticos


1. A hipótese do Corporeamento estabelece que a estrutura conceptual é determinada e delimitada, por refração,
pela gama e pela natureza das experiências que vivenciamos, a partir das potencialidades dos nossos corpos (não
dicotomização entre corpo e mente). A representação conceptual, por sua vez, é codificada e externalizada pela
linguagem por meio da estrutura semântica, organizada em termos específicos e esquemáticos.
2. Esquemas Imagéticos (EI) são, para Grady (2005), um conjuntos de representações mentais, de caráter multimodal,
que atuam como âncoras da cognição, na medida em que emergem de padrões recorrentes de interação e
experiência corpórea, o que inclui percepção visual, auditiva, gustativa, olfativa, tátil; sensações internas, como
fome ou dor; e movimentação.
3. Dado seu caráter emergente,
a. o conteúdo dos esquemas imagéticos não é inato; o que é inata é a capacidade de gerá-los;
b. eles possuem origem pré-conceptual.
4. Entretanto, EI são conceptuais, consistindo nos elementos fundamentais da estrutura conceptual, uma vez que são
os primeiros a emergirem na mente humana. Por estarem tão profundos no sistema cognitivo, EI não podem ser
acessados via introspecção consciente.
5. Como EI são derivados de nossas interações com o mundo, eles são inerentemente significativos e ativam
consequências previsíveis.
6. EI podem possuir estrutura interna e ocorrer em clusters. Exemplo: EI de FORÇA, que inclui EQUILÍBRIO, FORÇA
CONTRÁRIA, COMPULSÃO, RESTRIÇÃO, HABILIDADE, BLOQUEIO e ATRAÇÃO (Ferrari, 2011; Croft & Cruse, 2004).
7. Grady associa os EI aos domínios-fonte de projeções metafóricas e denomina esquemas de resposta os domínios-
alvo dessas projeções. Exemplo: DIFICULDADE É PESO; DIFICULDADE É DUREZA; EXCITAÇÃO É CALOR.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Explorando a Metáfora Conceptual


IV. Explorando a Metáfora Conceptual
a. A TMC assume como foco a abordagem das metáforas convencionalizadas, atribuindo o caráter
convencional à importância cognitiva das projeções, uma vez que são ancoradas na experiência
humana corporeada.
b. Hipótese da Invariância: as projeções metafóricas preservam a estrutura imagética do domínio-fonte;
em outros termos, nós raciocinamos sobre o domínio-alvo a partir da imagética da fonte.
→ Consequência 1: assimetria entre Domínio-fonte e Domínio-Alvo.
→Consequência 2: O Domínio-Fonte não é reconceptualizado por suas correspondências em
relação ao domínio-alvo.
c. Lakoff & Johnson (1980) propõem dois tipos de correspondências: i. as ontológicas, que dizem respeito
às projeções de um domínio a outro; ii. as epistêmicas, que abarcam as relações possíveis e inferíveis
entre os elementos dos domínios, tendo como base o conhecimento enciclopédico.
d. Os autores propõem, originalmente, três grandes tipos de metáfora:
i. as estruturais;
ii. as ontológicas;
iii. as orientacionais.
e. Deve-se tomar cuidado em diferenciar o domínio conceptual da metáfora de sua expressão
linguística.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáforas Conceptuais Estruturais


Neste tipo de metáfora, o domínio-fonte possui uma rica estrutura conceptual que permite compreender e
estruturar o domínio-alvo.

TEMPO É ESPAÇO
PASSAGEM DO TEMPO É MOVIMENTAÇÃO NO ESPAÇO
Vai chegar a hora de a gente resolver essa situação.
Já passou a hora de resolvermos essa situação.
O tempo voa, né?

EXTENSÃO TEMPORAL É DISTÂNCIA ESPACIAL.


O Natal ainda está longe.
O aniversário dele está próximo.

Exemplos: PESSOAS SÃO ANIMAIS; RAIVA É CALOR.


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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáforas Ontológicas


Metáforas Ontológicas não possuem domínios-fonte com rica estrutura conceptual para a formação e a
compreensão de um conceito-alvo. Seu trabalho cognitivo é oferecer estatuto ontológico para alvos
abstratos.

Exemplos:
Eu tenho medo de baratas. EMOÇÃO É OBJETO POSSUÍDO.
Ele me levou à loucura. EMOÇÃO É DESTINO ESPACIAL.
Ele fez muito exercício ontem. ATIVIDADE É SUBSTÂNCIA/MASSA.
A mente dele estava repleta de bobagens. ENTIDADE E CONTEÚDO NÃO FÍSICOS SÃO CONTÊINER E
CONTEÚDO FÍSICO.

Personificações são também casos típicos de Metáfora Ontológica.


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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáforas Orientacionais


As metáforas orientacionais provêm ainda menos estrutura conceptual da fonte para o alvo. Sua função é
dar coerência para um conjunto de conceitos-alvo no nosso sistema conceptual. O nome orientacional
deriva de sua ligação comum com orientações espaciais humanas, como cima-baixo, centro-periferia,
esquerda-direita, etc.

Exemplos:
Eu estou em cima dele / A situação está sob controle. CONTROLAR É RELAÇÃO CIMA-BAIXO; SER
CONTROLADO É BAIXO-CIMA.
Ele tinha caído em depressão, mas já conseguiu se reerguer. DOENTE É BAIXO; SAUDÁVEL É CIMA.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáfora Primária


a. Grady denomina primárias as metáforas que estruturam domínios-alvo com base em imagens
sensoriais com objetivo de destacar operações cognitivas de fundo. Os domínios-fonte estão sempre
relacionados a experiências sensório-motoras, derivadas da experiência, ao passo que os domínios-
alvo referem-se a respostas e avaliações que emergem da experiência corpórea.

Exemplos: SIMILARIDADE É PROXIMIDADE; IMPORTÂNCIA É TAMANHO; QUANTIDADE É ELEVAÇÃO VERTICAL; CAUSAS SÃO
FORÇAS; MUDANÇA É MOVIMENTO; DESEJO É FOME; ESTADO É CONTÊINER.

b. Grady denomina compostas as metáforas que emergem da unificação de metáforas primárias.

Exemplos: TEORIAS/ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES emerge das metáforas primárias PERSISTIR É PERMANECER ERETO
e ORGANIZAÇÃO LÓGICA É ESTRUTURA FÍSICA.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): Metáfora Primária


Exemplos:
1) SIMILARIDADE É PROXIMIDADE → Essas abordagens sobre a linguagem são bem próximas.
2) IMPORTÂNCIA É TAMANHO → Amanhã será um grande dia.
3) QUANTIDADE É ELEVAÇÃO VERTICAL → Ele tem uma alta capacidade de atenção.
4) CAUSAS SÃO FORÇAS; ESTADOS SÃO LUGARES → Aquela pessoa me levou à loucura.
5) MUDANÇA É MOVIMENTO → Ele saiu da adolescência agora.
6) DESEJO É FOME → Ele está com fome de bola.
7) ESTADOS SÃO CONTÊINERES → Eles entraram em coma ontem; não conseguimos sair dessa enrascada.

Exemplos:
8) TEORIAS E ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES → Aquela teoria não tem fundamento; seu argumento não se
sustenta; ele construiu um argumento sólido; toda aquele aparato teórico ruiu.
Paulo Roberto
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): a ancoragem da metáfora


A visão cognitivista propõe que as metáforas conceptuais se baseiem em uma variedade de experiências
humanas, a destacar:
i. correlações experienciais;
ii. similaridades estruturais percebidas.

i. Correlações experienciais dizem respeito à seguinte noção: se um evento X é acompanhado de um


evento Y com frequência, eles estão correlacionados (mas não são similares).
→ QUANTIDADE É VERTICALIDADE: um monte de; alta capacidade de atenção;
→ OBJETIVO É DESTINO: usos da preposição para.
→ RAIVA É CALOR: ele está de cabeça quente; vá esfriar a cabeça; ele está soltando fumacinha
pela cabeça.
Paulo Roberto
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): a ancoragem da metáfora


ii. Similaridades estruturais percebidas são outra fonte comum de metáforas. Os falantes, em dada cultura,
depreendem aproximações entre o conteúdo de um domínio-fonte e um domínio-alvo e estruturam esse último a
partir daquele.
Um exemplo – complexo, mas interessante – envolve a metáfora IDEIAS SÃO ALIMENTOS.
Exemplos: Eu não consigo engolir esse conceito; Ainda estou digerindo essa nova abordagem; Ele ainda está
ruminando aquela ideia.
O que, entretanto, ligaria IDEIAS e ALIMENTOS? Inicialmente, o fato de concebermos, metaforicamente, a mente como
um contêiner, ideias como conteúdos a serem inseridos nesse contêiner.
Exemplos [com metonímias internas]: Essa matéria não entra na minha cabeça; Essa dúvida não sai da minha mente;
Não consigo tirar ele/a do meu pensamento.
O estômago, visto como órgão prototípico do sistema digestório, também é concebido como um contêiner. Do mesmo
modo como a digestão é um processo lento que leva à absorção de nutrientes pelo organismo, a compreensão ou a
reflexão podem também ser processos lentos anteriores à absorção de ideias.
Domínio-Fonte (ALIMENTO) Domínio-Alvo (IDEIA)
Engolir Aceitar
Mastigar/Ruminar Considerar
Digerir Compreender
Paulo Roberto
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): sobre as projeções metafóricas


Segundo Kövecses (2010: 96), como conceitos (tanto alvos quanto fontes) possuem diversos
aspectos, falantes precisam de diversos domínios-fonte para entender os diferentes aspectos dos conceitos-
alvo.
Assim, denomina-se destaque metafórico (metaphorical highlighting) os traços do domínio-alvo
que são perfilados pela metáfora, ao passo que se denomina utilização metafórica (metaphorical
utilization) os aspectos do domínio-fonte que são recrutados para a interpretação metafórica. Deve-se
destacar que esse processo sempre implica um ocultamento. Se algum aspecto de um dos domínios é
destacado ou utilizado, outros são ocultados. Isso pode ser explorado em termos de análise discursiva.
A metáfora PESSOAS SÃO ALIMENTOS é largamente utilizada no país no que tange a um domínio
sexual. Exemplo: Aquele cara é delicioso; Que menina gostosa!; Fulano dá uma bela refeição. Contudo, no
que tange à relação sexual em si, em geral, é a mulher que ocupa a função de alimento: Fulano comeu
ciclana.
Nesse sentido, podemos dizer que a metáfora é responsável por criar correspondências entre
objetos e relações de distintos domínios. Não é apenas uma questão de “decalque”, não é algo dado
previamente.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): o escopo da metáfora


Do mesmo modo que um mesmo domínio-alvo pode ser construído por inúmeros domínios-fonte,
PESSOAS SÃO ANIMAIS: Nunca mais jogo com aquele cavalo
PESSOAS SÃO ALIMENTOS: Aquele ator é um pão-de-ló
PESSOAS SÃO MÁQUINAS: Aquele aluno sempre está desligado
um mesmo domínio-fonte pode estruturas vários domínios-alvo
TEORIAS SÃO CONSTRUÇÕES: O paradigma gerativista foi construído por Chomsky
RELACIONAMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES: Quando passamos a enxergar o outro como é - e principalmente nos
enxergamos tal qual somos - passamos a construir a base sólida de um amor real [...]
SISTEMAS ECONÔMICOS SÃO CONSTRUÇÕES: O Neoliberalismo está em ruínas, se desfazendo

Contudo, é possível depreender, em análise horizontais e verticais de dados extensos, um foco principal de
significado (main meaning focus).
Kövecses (2010: 138) assim define essa noção:
Cada fonte está associada a um foco (ou focos) de significado particulares que é (ou são) projetados para o
alvo. O foco de significado é convencionalmente fixo e compartilhado por uma comunidade de fala; é típico de vários
casos daquela fonte; e é característico daquela fonte apenas. O alvo herda o foco (ou focos) de significado principal da
fonte.
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Teoria da Metáfora Conceptual (TMC): o escopo da metáfora


SISTEMAS COMPLEXOS SÃO CONSTRUÇÕES

Domínio-fonte (CONSTRUÇÃO) Domínio-alvo (SISTEMA COMPLEXO)


Fundação Base que fundamenta o sistema inteiro
Armação/estrutura Estrutura geral dos elementos que compõem o sistema
Elementos estruturais adicionais Elementos adicionais que auxiliam na estrutura do sistema
Design Estrutura lógica do sistema
Arquiteto/Engenheiro Construtor/Desenvolvedor do sistema
Processo de construção Processo de elaborar o sistema
Força Duração/Estabilidade do sistema
Colapso/Desmoronamento Falha do sistema

Projeções centrais são aquelas que levam à emergência de outras projeções, refletindo preocupações
humanas mais prementes e/ou salientes da fonte em questão. Em geral, possuem maior motivação experiencial e são
mais expressas linguisticamente.
Paulo Roberto
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Metonímias Conceptuais
Kövecses (2010, p. 173)
De forma análoga às metáforas, metonímias também possuem natureza conceptual e são reveladas por
expressões linguísticas. Diferente delas, no entanto, sua principal função parece ser a de prover acesso a uma entidade
conceptual, o alvo, por meio de outra, o veículo, em um mesmo domínio.
Há várias polêmicas acerca da natureza da metonímia e, embora haja ressalvas aqui ou ali, em geral, ela se
encontra associada às seguintes características:
a. A metonímia tem uma função precipuamente referencial, embora não unicamente. Em geral, ela não é usada,
como a metáfora, para compreender um domínio com base em outro.
b. A metonímia atua como ponto de referência que permite dirigir a atenção para outra entidade relacionada. Ela
está na base da noção langackeriana de zona ativa.
c. Metonímias constituem a base de várias metáforas conceptuais, especialmente, das primárias – MAIS É PRA
CIMA; RAIVA É CALOR; CAUSAS SÃO FORÇAS.
Ruiz de Mendoza (2014: 147) a define como uma projeção conceptual interna a um domínio por meio da qual
o domínio-alvo é resultado ou de uma expansão ou de uma redução do material conceptual do domínio-fonte.
Tal definição aponta para duas grandes categorias de metonímia:
1. Metonímias fonte-no-alvo (parte de um domínio pelo domínio todo) → Expansão. Acessa-se a parte como ponto
de referência para se conceber o todo.
2. Metonímias alvo-na-fonte (o domínio todo por parte dele) → Redução conceptual. Acessa-se o todo como ponto
de referência para se conceber a parte.
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Metonímias Conceptuais
Metonímias Alvo-na-Fonte
Domínio
O conceito a que se quer chegar (alvo) é parte de um domínio maior, a/o
fonte/veículo, que é explicitado linguisticamente.
Parte Eu estou estacionado aqui na frente [POSSUIDOR PELO POSSÚIDO; CONTROLADOR PELO CONTROLADO]
Ela está tomando pílula [GRUPO PELO MEMBRO]
Você não quer me ver bravo [CAUSA PELA CONSEQUÊNCIA]

Metonímias Fonte-no-Alvo

Domínio
O conceito a que se quer chegar (alvo) é o domínio maior, cuja parte (fonte/veículo) é
explicitada linguisticamente.
Parte Eu preciso de uma mão aqui [PARTE PELO TODO; CONSTITUINTE PELO CONJUNTO]
Eu consigo ver o mar pela minha janela [CAPACIDADE PELA REALIZAÇÃO FACTUAL]
O Bradesquinho está precisando de mais uma aula [PROPRIEDADE PELO INDIVÍDUO]
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O caso coxinha
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Metáfora, Analogia e Discurso: reflexões iniciais


"Acho que os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vai quebrar. Para não
quebrar o País precisa fazer - país, estado, município -, você precisa fazer isso que nós estamos
fazendo. Por exemplo, reitero, o teto de gastos públicos. Você não pode gastar mais do que arrecada.
É fazer como se faz na sua casa", afirmou o presidente.
Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/governos-precisam-ter-marido-dai-nao-quebram-diz-temer-sobre-crise-fiscal-21277333#ixzz4g6fMQlP0

Mapeamento entre objetos Mapeamento entre relações (alinhamento e inferências)


Domínio-Fonte: Domínio-Alvo: As esposas gastam mais do que permite a renda familiar,
Família (Lar) Estado assim como o governo gasta mais do que arrecada
Esposas → Governo [permite a receita do Estado].
Marido → Gestão Temer O marido necessita controlar o impulso de gastos da
Casa → País esposa, assim como a gestão Temer precisa controlar os
Renda familiar → Receita do país gastos do Estado.
GESTÃO DO ESTADO É GESTÃO DO LAR/DA FAMÍLIA
A economia do país (macro) funciona como a economia
ou talvez até familiar (micro) funciona.
ESTADO É FAMÍLIA
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Metáfora, Analogia e Discurso


A Teoria da Metáfora Cultural (TMC) é essencialmente focada na depreensão das projeções entre domínios
que estruturam o dizer de tal forma que é praticamente impossível tratar do alvo sem recorrer a
informações da fonte. Metáforas Conceptuais são de tal modo “invasivas” em uma dada cultura, que são
raramente percebidas como metáforas. Em outros termos, possuem baixa metaforicidade.
Metaforicidade diz respeito a uma escala gradual concernente à capacidade de uma metáfora ser
concebida como tal.
Decorrem desse ponto dois questionamentos:
1. O que fazer com as metáforas que não possuem essas características? Em outros termos, o que fazer
com as metáforas que são construídas em um dado texto, com efeitos argumentativos ou estilísticos
particulares, ou mesmo com metáforas que configuram determinados discursos e que são contestadas
por outros, metáforas essas com alta metaforicidade, mas sem reflexos gramaticais claros e sem
esquematicidade suficiente para gerar novas metáforas gerais fora do âmbito daquele texto?
2. Até que ponto as metáforas conceptuais, tão invasivas e praticamente “inevitáveis”, com baixa
metaforicidade, são ainda, de fato, metáforas? Será que, ao longo do tempo, as expressões linguísticas
que sinaliza(va)m projeção da fonte para o alvo não passam a carregar consigo um novo sentido,
tornando-se “polissêmicas”? Nesse caso, a tarefa do sistema conceptual seria apenas dissolver a
ambiguidade.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáfora, Analogia e Discurso


Algumas abordagens, como a Teoria do Mapeamento Estrutural e a Teoria da Metáfora Deliberada
buscarão responder a essas questões. No âmbito do primeiro questionamento, a Teoria da Metáfora
Deliberada parece fornecer algumas respostas e encaminhar algumas direções de pesquisa futura. No
âmbito do segundo questionamento, será desenvolvida, no seio da Teoria do Mapeamento Estrutural, a
Teoria da Carreira Metafórica (curiosamente, tem-se uma metáfora no nome da teoria). Vereza buscará respostas para
essas questões sem abandonar a base de projeções e mapeamentos proposta pela TMC.

Nós observaremos um pouco das três propostas.


Paulo Roberto
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Teoria do Mapeamento Estrutural e Analogia


Cognitivamente, o raciocínio analógico vem sendo explicado por diversas abordagens, dentre as quais se destaca a
Teoria do Mapeamento Estrutural (Gentner & Smith, 2012). Embora não seja o foco das pesquisas, a teoria já prevê
uma ligação entre analogia e argumentação, alegando que analogias “permitem ao falante guiar a sua audiência a um
enquadramento ou conjunto de inferências particular” (Gentner & Smith, 2012: 131). Nessa perspectiva, toda
analogia envolve um alinhamento de estrutura relacional entre a base e o alvo, processo que é completado por
inferências e avaliado em termos de adaptabilidade, relevância em termos de objetivos e potencial para a geração de
conhecimentos novos. Nessa perspectiva, metáforas são um tipo de analogia.
Analogia como um mapeamento estrutural (extraído de Gentner & Smith, 2012)

Alinhamento inicial de Processo de geração de Abstração da estrutura


estrutura relacional inferências relacional comum
Paulo Roberto
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Metáfora, Analogia e Discurso


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Metáfora e Discurso
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Teoria da Carreira Metafórica (Gentner, Bowdle, Wolff & Boronat, 2001)


Esta teoria, ligada à TME, propõe que “metáforas novas são processadas como alinhamentos estruturais
entre representações concretas e literais da base [fonte] e do alvo, mas à medida que comparações
reiteradas são realizadas, o significado metafórico é gradualmente abstraído e passa a se associar ao
termo da base [fonte]” (Gentner, Bowdle, Wolff & Boronat, 2001, p. 228).
Logo, a teoria prevê que “à medida que as metáforas se tornam convencionais, há uma mudança de
comparação a categorização [...] Isso é consistente com as propostas recentes de que a interpretação de
metáforas novas envolve criação de sentido, enquanto a interpretação de metáforas convencionais
envolve recuperação de sentido” (Gentner, Bowdle, Wolff & Boronat, 2001, p. 230).
Aparentemente, o formato de símile aumenta a metaforicidade e pode atuar como um índice para a
busca de novos alinhamentos (X é como/parece/lembra Y), enquanto o formato de processo relacional
puro [categorização] parece favorecer leituras de extração de sentidos já constituídos (X é Y). Trata-se de
ponto controverso. Não creio tratar-se de algo determinista, mas, de fato, o formato de símile parece
constituir-se, de fato, em em fator de metaforicidade.
Paulo Roberto
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Teoria da Carreira Metafórica (Gentner, Bowdle, Wolff & Boronat, 2001)


Logo, por essa abordagem, Metáforas Conceptuais estruturais, como TEMPO É ESPAÇO, que geram
enunciados como A festa está se aproximando ou Esta aula foi muito curta não seriam vistas como
necessariamente metafóricas. Com o tempo, a relação entre TEMPO e ESPAÇO seria abstraída, formando um
esquema (etapa iii). Expressões convencionais beberiam dessa abstração e esse outro significado passaria
a integrar uma das possibilidades de sentido do termo/da expressão. Ocorreria, então, o que Steen (2017)
denomina paradoxo da metáfora.
Alguns autores, como McGlone (2007), propõem, a partir desse pensamento, que as metáforas não
passariam, portanto, de efeitos derivados de simples categorização com eliminação de traços
incompatíveis. Estudos empíricos variados parecem contradizer essa hipótese.
O fato é que se trata ainda de um campo minado, com muita hipótese a ser testada e trabalho a ser feito,
tanto do ponto de vista linguístico, quanto neurocientífico e psicológico.
Uma das críticas a essas propostas de “esvaziamento” da metáfora conceptual deriva do fato de ser
possível “ressuscitar” o domínio-fonte; muitas vezes, até deslocar o domínio-fonte, por meio de uma
outra leitura, realizada, muitas vezes, por pressões discursivas de ordens diversas. Se é possível resgatar o
domínio-fonte e realizar uma expansão metafórica, será que o mapeamento ainda não existe (mesmo que
em segundo plano?). A TME e a TMD têm se esforçado para explicar esse fenômeno.
Paulo Roberto
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Teoria da Carreira Metafórica (Gentner, Bowdle, Wolff & Boronat, 2001)


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Metáfora no Discurso: Metáfora Situada (Vereza, 2013; dentre outros)


“Podemos caracterizar uma metáfora situada como uma metáfora que [...] conduz, cognitiva e
discursivamente, todo um desdobramento, ou mapeamento textual, online, episódico, construindo um
determinado objeto de discurso (MONDADA e DUBOIS, 2003), ou um ponto de vista, de uma maneira
deliberada. Ou seja, a metáfora situada não é apenas discursiva por estar presente, mesmo que somente
no nível cognitivo, na linguagem em uso; ela, de fato, encontra-se claramente na interface entre cognição e
pragmática, ajudando-nos a compreender, sob um dado ângulo, a complexidade desse entrelace” (VEREZA,
2013, p. 06, negrito meu).

Metáforas situadas podem apoiar-se em metáforas conceptuais subjacentes, emprestando sua pertinência
geral para elaborações específicas em um dado texto, o que gera efeitos retóricos/estilísticos diversos.

Em geral – mas não exclusivamente –, são as metáforas situadas que são alvo de conflito discursivo e de
resistência. Elas tendem a ser locais, mas podem passar a ser compartilhadas e até convencionalizar-se.
Nesses casos, contudo, elas já parecem deslocar-se conceitualmente, atingindo um caráter discursivo
diferenciado.
Paulo Roberto
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Metáfora no Discurso: Metáfora Situada (Vereza, 2013; dentre outros)


Do meu ponto de vista,
“Metáforas situadas, por sua vez, podem passar a ser compartilhadas, revelando aspectos ideológicos de dados grupos
sociais, sendo, assim, um dos processos linguístico-cognitivos utilizados para a manutenção ou para a confrontação de
hegemonias. Tais metáforas, denominadas distribuídas*, dão coesão às representações de dados grupos sociais,
legitimando dados estados de mundo e mobilizando determinadas atitudes, sendo, assim, importantes estratégias
discursivas [...]”(Gonçalves-Segundo & Zelic, 2016, p. 74-5).
*O termo é emprestado de Morais (2015), que, em um diálogo entre o Realismo Experiencial, o Empirismo Cognitivo e a Análise de Discurso Francesa, de
base pêcheuxtiana, propõe a noção de metáfora emergente distribuída.

Na Teoria da Metáfora Deliberada, as metáforas distribuídas seriam próximas ao que Steen (2011)
denomina modelos metafóricos contestados, um subtipo de metáfora deliberada de caráter
compartilhado.

Língua Metáfora Conceptual


Ordem do discurso Metáfora Distribuída
Texto Metáfora Situada
Possíveis paralelos entre a ordem sociossemiótica e a tipologia metafórica
Paulo Roberto
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Metáfora no Discurso: “Somos queijo gorgonzola”


Somos queijo gorgonzola
Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só
me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou
achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma
analogia.
O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta. Gosta na salada, no pão, com vinho
tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com
seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre. É um queijo
contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique. Para ficar gostoso tem que estar no
ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou
apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada.
Saibam: vou envelhecer até o ponto certo, como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G da deterioração da
matéria. Estou me tornando uma iguaria. Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para paladares
sofisticados. Não sou mais um queijo Minas Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um queijo amarelo qualquer para
um lanche sem compromisso. Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola, agora tenho status, sou um
queijo Gorgonzola.
Maitê Proença (?)
Fonte: http://www.casaeprosa.com.br/olhar-de-mulher/amamos-o-texto-da-maite-proenca-somos-queijo-gorgonzola
Paulo Roberto
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Metáfora no Discurso: “No no no no!”


A atriz Claudia Alencar, de 66 anos, discorda do texto divulgado por Maitê Proença, de 59 anos, que compara
o envelhecimento da mulher ao queijo gorgonzola.
“Somos muito melhores que queijo podre e fedido. Argh! Queijo é péssima metáfora porque só faz mal ao
organismo. Na Índia a mulher só é chamada de bela depois dos 80 anos. A Maitê não acertou, infelizmente.
As belas flutuam quando andam, são delicadas, sorridentes, pacientes, apaixonadas e belas. As outras
mulheres são simplesmente bonitas. Por que? Porque elas cultivaram-se, lapidaram-se e como os melhores
diamantes refletem a luz à sua volta. Maitê: No no no no! No soy gorgonzola! Será que vale a pena pensar
melhor sobre envelhecer? Tenho mais propriedade para dizer porque sou mais madura. Miam miam!”, afirma
Claudia Alencar, que fez o maior sucesso na novela “Rock Story” ao interpretar a personagem Tetê.

Fonte: https://www.folhageral.com/famosos/2017/05/claudia-alencar-discorda-de-maite-proenca-sobre-analogia-queijo-gorgonzola-ao-envelhecimento-da-mulher/
Paulo Roberto
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Metáfora no Discurso: Interface entre Metáfora Situada e Metáfora Conceptual


Paulo Roberto
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Teoria da Metáfora Deliberada (Steen, 2017): pressupostos teóricos


“Metáforas deliberadas dizem respeito ao uso intencional de metáforas como metáforas entre remetente
e destinatário” (Steen, 2017, p. 01).
1. As metáforas são concebidas, de modo análogo às outras abordagens discutidas, como uma/um
projeção/mapeamento entre domínios no pensamento. Isso não significa, contudo, que toda metáfora
seria assim compreendida – lembrar daquela discussão sobre convencionalidade no campo das
metáforas conceptuais.
2. As metáforas devem analisadas por meio de uma articulação entre três níveis: a cognição, a linguagem
e a comunicação.
3. O funcionamento metafórico é parcialmente dirigido e constrangido (‘sofre coerção’) pelas
propriedades do evento discursivo. Não fica claro, contudo, o que, de fato, está implicado na noção de
evento discursivo: como o autor trata muito da questão dos gêneros discursivos, imaginamos que este
seja o foco aqui. Em nosso ponto de vista, a questão de discursos como representações (imaginárias)
da realidade está também envolvida.
4. A teoria assume que algumas metáforas – as deliberadas – requisitam algum grau de consciência para
a interpretação.
5. “A TMD assume que metáforas deliberadas são aquelas que destacam os seus domínios-fonte como
um detalhe separada para atenção na memória de trabalho, enquanto as outras não” (Steen, 2017, p.
07).
Paulo Roberto
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Teoria da Metáfora Deliberada (Steen, 2017): procedimentos metodológicos


Passo 1: identificação de palavras com potencial metafórico
Trata-se da análise do que Steen (2011, 2017) denomina superfície textual (surface text). A superfície textual se
refere à representação linguística do enunciado, que envolve a depreensão da estrutura sintática, significado das
palavras. Em geral, utiliza-se alguma forma de destaque (itálico ou sublinhado) para essa identificação.

Passo 2: identificação de conceitos metaforicamente relacionados


Trata-se da análise da base textual (text base). A base textual concerne a ligação entre as expressões linguísticas e os
conceitos. A teoria faz distinções entre conceitos mais centrais e periféricos e separa o segmento destacado em
proposições.

Passo 3: identificação da comparação aberta


Neste passo, abre-se a estrutura proposicional de cada segmento separado em 2.

Passo 4: identificação da estrutura analógica e dos referentes


Trata-se da análise do modelo de situação (situation model – parece ser similar ou idêntica à noção presente em van
Dijk (2014)). Neste nível, faz-se a transição entre os conceitos ativados e os referentes projetados no mundo textual,
bem como se estruturam as relações analógicas entre os domínios.

Passo 5: identificação de inferências e implicaturas e sistematização das projeções entre domínios


Trata-se de análise do modelo de contexto (context model – também parece advir de van Dijk (2014)). Neste nível,
trabalha-se com a “completação” das inferências, bem como a explicitação de possíveis implicaturas ligadas ao evento
discursivo.
Paulo Roberto
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Metáfora e Discurso

Sérgio Vale (29 ago. 2015) http://economia.estadao.com.br/ noticias/ geral,um-longo-


e-desnecessario-inverno--imp-,1752769

Exemplos extraídos de DAHLET, Patrick Alfred. (Re)produzir o inquestionável: nominalização,


generalização e naturalização no discurso neoliberal. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos
Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 8, p. 206-221, jun.2015.
Paulo Roberto
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Questões metodológicas
O estudo de processos metafóricos e metonímicos pode integrar pesquisas interessadas na depreensão
de discursos, gêneros discursivos e estilos/identidades.

1. A relação entre estilo e metáfora, especialmente, é antiga e era o locus central dos estudos retóricos
que tomavam a metáfora como figura de estilo e como ornamento. Atualmente, ela vem sendo
pensada como um possível índice de constituição identitária. Há muito o que ser feito aqui.
2. A relação entre gênero discursivo e metáfora também é nova. Contudo, já sabemos que diferentes
gêneros discursivos favorecem a emergência de distintos tipos metafóricos, bem como a utilização de
distintos domínio-fontes para a construção de alvos. Além disso, a metaforicidade parece ser um
fator relevante de distinção genérica.
3. A relação entre metáfora e discurso é o grande alvo dos estudos recentes e é especialmente neste
ponto que tem havido grande polêmica teórica, conforme pudemos observar. Particularmente, vejo a
Teoria da Metáfora Deliberada (Steen, 2017) como uma empreitada dotada de uma metodologia bem
elaborada; o mesmo pode ser dito do procedimento proposto por Kövecses (2010).
Paulo Roberto
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Questões metodológicas
Em termos práticos,
1. A primeira etapa consiste na detecção de possíveis instâncias metafóricas ou metonímicas. A segunda
etapa é verificar se realmente tais fenômenos ocorrem e diferenciá-los.
a. Nas metonímias, o conhecimento da fonte não altera a imagética do alvo – trata-se apenas de um
ponto de referência para acessá-lo. Discursivamente, é relevante observar: que fontes são
utilizadas para acessar quais alvos?; há alguma sistematicidade?; o cotexto e/ou o contexto
permitem explicar/hipotetizar tal distribuição?. Nunca esperem 100% - como vimos, há muitos
fatores que co-ocorrem e concorrem para a produção e para a interpretação textual;
b. Nas metáforas, o conhecimento da fonte altera a imagética do alvo. Nesse sentido, cabe ao
analista extrapolar o linguístico e buscar fazer um quadro de correspondências e projeções de um
domínio ao outro, interpretando acerca do impacto dessa relação. Essa interpretação calca-se na
descrição linguística fina e em possíveis explanações sócio-históricas. Logo, é relevante observar:
que domínios-fonte são usados para estruturar que alvos?; qual o possível impacto dessa
estruturação?; que efeitos de sentido podem ser ativados?; é possível depreender fatores
representacionais ou ideológicos estruturantes e estruturados por tais metáforas?.
Paulo Roberto
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Questões metodológicas
Em termos práticos,
2. A determinação do caráter situado, distribuído ou conceptual da metáfora é relevante; contudo, ela
exige métodos distintos. As primeiras estão presas a um dado texto e, possivelmente, orientadas a
efeitos retóricos determinados. Requisitam análise muito detida e uma certa parcimônia na sua
ligação com o sócio-histórico. Muitas vezes, elas são licenciadas por metáforas distribuídas ou
conceptuais. Sempre pensar nessa articulação, quando válida. Para determinar o caráter distribuído
ou conceptual de uma metáfora, é necessário lidar com um corpus maior – de preferência,
multigenérico e multi-institucional. As distribuídas tenderão a ser rejeitadas, minimizadas ou
questionadas em determinadas ordens do discurso; as conceptuais tendem a atravessá-las, visto que
já tenderam a atingir um estatuto relevante amplo em uma dada cultura, com possíveis reflexos
gramaticais. Geralmente, o caráter ideológico de uma metáfora que se tornou conceptual é bem
opaco.
3. Contrastar processos de metaforização e metonimização acerca de um mesmo fato por meio de
textos produzidos por instituições/grupo/vozes autorais diferentes, ligados a representações
distintas, consiste em objeto de estudo interessantíssimo. Visto de outro ângulo, a determinação de
metáforas prevalentes em conjuntos de textos pode auxiliar no processo de delimitação de
discursos/representações.
Paulo Roberto
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)


Apesar do estatuto cognitivo do processo de metaforização, que extrapola, portanto, a dimensão de sua
expressão verbal, poucos estudos ainda se detiveram sobre a dimensão não verbal (pictórica, musical, etc.)
e multimodal do fenômeno. Trata-se de uma lacuna danosa, na medida em que a configuração metafórica
em outras modalidades pode apresentar nuances diferenciadas em relação à sua manifestação linguística,
o que pode gerar generalizações enviesadas acerca do processo como um todo. Essa é a crítica que
Forceville (2009: 21) realiza de forma bem pertinente:

“Clearly, to further validate the idea that metaphors are expressed by language, as opposed to the idea that
they are necessarily linguistic in nature, it is imperative to demonstrate that, and how, they can occur non-
verbally and multimodally as well as purely verbally. Secondly, an exclusive or predominant concentration
on verbal manifestations of metaphor runs the risk of blinding researchers to aspects of metaphor that may
typically occur in non-verbal and multimodal representations only”.
Paulo Roberto
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Gonçalves-Segundo
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Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)


O autor, ratificando a hipótese da invariância (Lakoff, 1990), segundo a qual é a imagética da fonte que
estrutura o alvo, mas não o oposto, propõe uma tipologia de quatro metáforas pictóricas (Forceville, 2007):

1. Metáfora Híbrida: ocorre quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é composto por duas
partes diferentes que pertencem a dois domínios distintos. A compreensão metafórica advém de uma
dessas partes ser entendida com base na imagética da outra (fonte → alvo).

2. Metáfora Integrada: acontece quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é representado de
forma a aparentar ser outro objeto mesmo sem pistas contextuais. Esse outro objeto, aparente, é a fonte
que permite reconceptualizar o alvo com base no conhecimento que lhe está associado.

3. Metáfora Contextual: ocorre quando um fenômeno, experenciado como uma gestalt, é compreendido
como outro objeto, ligado a outra categoria, dado o contexto visual em que ele é representado. Em outros
termos, o Fundo altera a concepção da Figura.

4. Símile Pictórico: acontece quando dois fenômenos, experenciados como gestalts diferentes, são
justapostos de forma que um deles passa a ser entendido a partir de propriedades do outro.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)


Considerações:
1. Tais categorias representam, a meu ver, protótipos. Em instâncias reais de uso, uma imagem pode
possuir traços de dois ou mais tipos metafóricos.
2. Sua distribuição está ligada a gêneros discursivos, a discursos e a efeitos retóricos pretendidos.
3. Não há uma sistematização – pelo menos, de meu conhecimento – referente a tipos de interação entre
o visual e o verbal no que concerne a metáforas. Nesse sentido, é relevante refletir acerca do grau de
(in)dependência de cada modalidade na configuração de uma metáfora.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)

Metáfora Híbrida: amalgamam-se duas entidades


diferentes — tem-se cabeça, patas e asas de
mosquito, mas postura bípede e mãos humanas.
Metáfora Contextual: o fundo e a própria placa
geram um espaço que inserem a entidade primária
em um contexto de fichamento criminal, o que
condiz com a categoria de metáfora contextual.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)

Metáfora Integrada: acontece quando um


fenômeno, interpretado como uma gestalt, é
representado de forma a aparentar ser outro
objeto mesmo sem pistas contextuais. Esse
outro objeto, aparente, é a fonte que permite
reconceptualizar o alvo com base no
conhecimento que lhe está associado.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)


4. Símile Pictórico: acontece quando dois fenômenos, experenciados como gestalts diferentes, são justapostos de
forma que um deles passa a ser entendido a partir de propriedades do outro.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)

Capa extraída de: DIENSTBACH, Dalby. Metaforicidade nos


gêneros discursivos: a natureza das metáforas e a sua relação
com os tipos de discurso. Tese de doutoramento – UFF. 2017.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada

Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)

Capa extraída de: DIENSTBACH, Dalby. Metaforicidade nos


gêneros discursivos: a natureza das metáforas e a sua relação
com os tipos de discurso. Tese de doutoramento – UFF. 2017.
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Metáforas Pictóricas e Multimodais (Forceville, 2007; 2009)

Capa extraída de: DIENSTBACH, Dalby. Metaforicidade nos


gêneros discursivos: a natureza das metáforas e a sua relação
com os tipos de discurso. Tese de doutoramento – UFF. 2017.

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