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Domínio: Dengue
Vetor: Aedes aegypti
Sintomas: febre alta, mal-estar, dores no
corpo, etc.
Afetado: ser humano
etc.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Kövecses (2010) compreende domínio conceptual como qualquer organização coerente de experiência.
Lakoff (1987) propõe a noção de modelo cognitivo idealizado (MCI) para explicar a organização
conceptual.
1. MCI são representações mentais relativamente estáveis que abarcam teorias sobre o mundo (Evans &
Green, 2006). São idealizados, na medida em que:
a. consistem em abstrações relativas a uma gama de experiências que reiteradamente vivenciamos,
permitindo-nos não só categorizar e raciocinar, como também interpretar situações e reagir de
forma mais ou menos adequada;
b. não abarcam a representação de cada instância de uma dada experiência. Por conseguinte, não se
encaixam perfeitamente a todas as situações e não abrangem toda a complexidade da realidade;
c. domínios ou MCI são esquemas, na acepção com que temos trabalhado neste curso. A noção de
MCI, contudo, engloba também procedimentos, o que domínio não faz. Logo, poderíamos até dizer
que todo domínio é um MCI, mas nem todo MCI é um domínio. Não entrarei nessa discussão,
todavia.
d. Frame é um outro termo utilizado para o conceito aqui debatido.
TEMPO É ESPAÇO
PASSAGEM DO TEMPO É MOVIMENTAÇÃO NO ESPAÇO
Vai chegar a hora de a gente resolver essa situação.
Já passou a hora de resolvermos essa situação.
O tempo voa, né?
Exemplos:
Eu tenho medo de baratas. EMOÇÃO É OBJETO POSSUÍDO.
Ele me levou à loucura. EMOÇÃO É DESTINO ESPACIAL.
Ele fez muito exercício ontem. ATIVIDADE É SUBSTÂNCIA/MASSA.
A mente dele estava repleta de bobagens. ENTIDADE E CONTEÚDO NÃO FÍSICOS SÃO CONTÊINER E
CONTEÚDO FÍSICO.
Exemplos:
Eu estou em cima dele / A situação está sob controle. CONTROLAR É RELAÇÃO CIMA-BAIXO; SER
CONTROLADO É BAIXO-CIMA.
Ele tinha caído em depressão, mas já conseguiu se reerguer. DOENTE É BAIXO; SAUDÁVEL É CIMA.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Exemplos: SIMILARIDADE É PROXIMIDADE; IMPORTÂNCIA É TAMANHO; QUANTIDADE É ELEVAÇÃO VERTICAL; CAUSAS SÃO
FORÇAS; MUDANÇA É MOVIMENTO; DESEJO É FOME; ESTADO É CONTÊINER.
Exemplos: TEORIAS/ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES emerge das metáforas primárias PERSISTIR É PERMANECER ERETO
e ORGANIZAÇÃO LÓGICA É ESTRUTURA FÍSICA.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Exemplos:
8) TEORIAS E ARGUMENTOS SÃO CONSTRUÇÕES → Aquela teoria não tem fundamento; seu argumento não se
sustenta; ele construiu um argumento sólido; toda aquele aparato teórico ruiu.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Contudo, é possível depreender, em análise horizontais e verticais de dados extensos, um foco principal de
significado (main meaning focus).
Kövecses (2010: 138) assim define essa noção:
Cada fonte está associada a um foco (ou focos) de significado particulares que é (ou são) projetados para o
alvo. O foco de significado é convencionalmente fixo e compartilhado por uma comunidade de fala; é típico de vários
casos daquela fonte; e é característico daquela fonte apenas. O alvo herda o foco (ou focos) de significado principal da
fonte.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Projeções centrais são aquelas que levam à emergência de outras projeções, refletindo preocupações
humanas mais prementes e/ou salientes da fonte em questão. Em geral, possuem maior motivação experiencial e são
mais expressas linguisticamente.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Metonímias Conceptuais
Kövecses (2010, p. 173)
De forma análoga às metáforas, metonímias também possuem natureza conceptual e são reveladas por
expressões linguísticas. Diferente delas, no entanto, sua principal função parece ser a de prover acesso a uma entidade
conceptual, o alvo, por meio de outra, o veículo, em um mesmo domínio.
Há várias polêmicas acerca da natureza da metonímia e, embora haja ressalvas aqui ou ali, em geral, ela se
encontra associada às seguintes características:
a. A metonímia tem uma função precipuamente referencial, embora não unicamente. Em geral, ela não é usada,
como a metáfora, para compreender um domínio com base em outro.
b. A metonímia atua como ponto de referência que permite dirigir a atenção para outra entidade relacionada. Ela
está na base da noção langackeriana de zona ativa.
c. Metonímias constituem a base de várias metáforas conceptuais, especialmente, das primárias – MAIS É PRA
CIMA; RAIVA É CALOR; CAUSAS SÃO FORÇAS.
Ruiz de Mendoza (2014: 147) a define como uma projeção conceptual interna a um domínio por meio da qual
o domínio-alvo é resultado ou de uma expansão ou de uma redução do material conceptual do domínio-fonte.
Tal definição aponta para duas grandes categorias de metonímia:
1. Metonímias fonte-no-alvo (parte de um domínio pelo domínio todo) → Expansão. Acessa-se a parte como ponto
de referência para se conceber o todo.
2. Metonímias alvo-na-fonte (o domínio todo por parte dele) → Redução conceptual. Acessa-se o todo como ponto
de referência para se conceber a parte.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Metonímias Conceptuais
Metonímias Alvo-na-Fonte
Domínio
O conceito a que se quer chegar (alvo) é parte de um domínio maior, a/o
fonte/veículo, que é explicitado linguisticamente.
Parte Eu estou estacionado aqui na frente [POSSUIDOR PELO POSSÚIDO; CONTROLADOR PELO CONTROLADO]
Ela está tomando pílula [GRUPO PELO MEMBRO]
Você não quer me ver bravo [CAUSA PELA CONSEQUÊNCIA]
Metonímias Fonte-no-Alvo
Domínio
O conceito a que se quer chegar (alvo) é o domínio maior, cuja parte (fonte/veículo) é
explicitada linguisticamente.
Parte Eu preciso de uma mão aqui [PARTE PELO TODO; CONSTITUINTE PELO CONJUNTO]
Eu consigo ver o mar pela minha janela [CAPACIDADE PELA REALIZAÇÃO FACTUAL]
O Bradesquinho está precisando de mais uma aula [PROPRIEDADE PELO INDIVÍDUO]
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
O caso coxinha
Paulo Roberto
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Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Metáfora e Discurso
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Metáforas situadas podem apoiar-se em metáforas conceptuais subjacentes, emprestando sua pertinência
geral para elaborações específicas em um dado texto, o que gera efeitos retóricos/estilísticos diversos.
Em geral – mas não exclusivamente –, são as metáforas situadas que são alvo de conflito discursivo e de
resistência. Elas tendem a ser locais, mas podem passar a ser compartilhadas e até convencionalizar-se.
Nesses casos, contudo, elas já parecem deslocar-se conceitualmente, atingindo um caráter discursivo
diferenciado.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Na Teoria da Metáfora Deliberada, as metáforas distribuídas seriam próximas ao que Steen (2011)
denomina modelos metafóricos contestados, um subtipo de metáfora deliberada de caráter
compartilhado.
Fonte: https://www.folhageral.com/famosos/2017/05/claudia-alencar-discorda-de-maite-proenca-sobre-analogia-queijo-gorgonzola-ao-envelhecimento-da-mulher/
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Metáfora e Discurso
Questões metodológicas
O estudo de processos metafóricos e metonímicos pode integrar pesquisas interessadas na depreensão
de discursos, gêneros discursivos e estilos/identidades.
1. A relação entre estilo e metáfora, especialmente, é antiga e era o locus central dos estudos retóricos
que tomavam a metáfora como figura de estilo e como ornamento. Atualmente, ela vem sendo
pensada como um possível índice de constituição identitária. Há muito o que ser feito aqui.
2. A relação entre gênero discursivo e metáfora também é nova. Contudo, já sabemos que diferentes
gêneros discursivos favorecem a emergência de distintos tipos metafóricos, bem como a utilização de
distintos domínio-fontes para a construção de alvos. Além disso, a metaforicidade parece ser um
fator relevante de distinção genérica.
3. A relação entre metáfora e discurso é o grande alvo dos estudos recentes e é especialmente neste
ponto que tem havido grande polêmica teórica, conforme pudemos observar. Particularmente, vejo a
Teoria da Metáfora Deliberada (Steen, 2017) como uma empreitada dotada de uma metodologia bem
elaborada; o mesmo pode ser dito do procedimento proposto por Kövecses (2010).
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Questões metodológicas
Em termos práticos,
1. A primeira etapa consiste na detecção de possíveis instâncias metafóricas ou metonímicas. A segunda
etapa é verificar se realmente tais fenômenos ocorrem e diferenciá-los.
a. Nas metonímias, o conhecimento da fonte não altera a imagética do alvo – trata-se apenas de um
ponto de referência para acessá-lo. Discursivamente, é relevante observar: que fontes são
utilizadas para acessar quais alvos?; há alguma sistematicidade?; o cotexto e/ou o contexto
permitem explicar/hipotetizar tal distribuição?. Nunca esperem 100% - como vimos, há muitos
fatores que co-ocorrem e concorrem para a produção e para a interpretação textual;
b. Nas metáforas, o conhecimento da fonte altera a imagética do alvo. Nesse sentido, cabe ao
analista extrapolar o linguístico e buscar fazer um quadro de correspondências e projeções de um
domínio ao outro, interpretando acerca do impacto dessa relação. Essa interpretação calca-se na
descrição linguística fina e em possíveis explanações sócio-históricas. Logo, é relevante observar:
que domínios-fonte são usados para estruturar que alvos?; qual o possível impacto dessa
estruturação?; que efeitos de sentido podem ser ativados?; é possível depreender fatores
representacionais ou ideológicos estruturantes e estruturados por tais metáforas?.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
Questões metodológicas
Em termos práticos,
2. A determinação do caráter situado, distribuído ou conceptual da metáfora é relevante; contudo, ela
exige métodos distintos. As primeiras estão presas a um dado texto e, possivelmente, orientadas a
efeitos retóricos determinados. Requisitam análise muito detida e uma certa parcimônia na sua
ligação com o sócio-histórico. Muitas vezes, elas são licenciadas por metáforas distribuídas ou
conceptuais. Sempre pensar nessa articulação, quando válida. Para determinar o caráter distribuído
ou conceptual de uma metáfora, é necessário lidar com um corpus maior – de preferência,
multigenérico e multi-institucional. As distribuídas tenderão a ser rejeitadas, minimizadas ou
questionadas em determinadas ordens do discurso; as conceptuais tendem a atravessá-las, visto que
já tenderam a atingir um estatuto relevante amplo em uma dada cultura, com possíveis reflexos
gramaticais. Geralmente, o caráter ideológico de uma metáfora que se tornou conceptual é bem
opaco.
3. Contrastar processos de metaforização e metonimização acerca de um mesmo fato por meio de
textos produzidos por instituições/grupo/vozes autorais diferentes, ligados a representações
distintas, consiste em objeto de estudo interessantíssimo. Visto de outro ângulo, a determinação de
metáforas prevalentes em conjuntos de textos pode auxiliar no processo de delimitação de
discursos/representações.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
Gonçalves-Segundo
(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
“Clearly, to further validate the idea that metaphors are expressed by language, as opposed to the idea that
they are necessarily linguistic in nature, it is imperative to demonstrate that, and how, they can occur non-
verbally and multimodally as well as purely verbally. Secondly, an exclusive or predominant concentration
on verbal manifestations of metaphor runs the risk of blinding researchers to aspects of metaphor that may
typically occur in non-verbal and multimodal representations only”.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada
1. Metáfora Híbrida: ocorre quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é composto por duas
partes diferentes que pertencem a dois domínios distintos. A compreensão metafórica advém de uma
dessas partes ser entendida com base na imagética da outra (fonte → alvo).
2. Metáfora Integrada: acontece quando um fenômeno, interpretado como uma gestalt, é representado de
forma a aparentar ser outro objeto mesmo sem pistas contextuais. Esse outro objeto, aparente, é a fonte
que permite reconceptualizar o alvo com base no conhecimento que lhe está associado.
3. Metáfora Contextual: ocorre quando um fenômeno, experenciado como uma gestalt, é compreendido
como outro objeto, ligado a outra categoria, dado o contexto visual em que ele é representado. Em outros
termos, o Fundo altera a concepção da Figura.
4. Símile Pictórico: acontece quando dois fenômenos, experenciados como gestalts diferentes, são
justapostos de forma que um deles passa a ser entendido a partir de propriedades do outro.
Paulo Roberto
Metáforas e Metonímias no âmbito da língua e da imagem:
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(USP) perspectiva sociocognitiva corporeada