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A INSERÇÃO DO CINEMA NA ESCOLA COMO FERRAMENTA PARA

DISCUSSÃO DA LEI 10.639/2003: PROBLEMATIZANDO A HISTÓRIA DA


ÁFRICA E DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Teresa Letícia Souza Rodrigues


Licenciada em Pedagogia (Uninter/2012)
Graduanda em História – UNEB/Campus VI
letacte@gmail.com

Orientação: Prof. Dr. Jairo Carvalho do Nascimento (UNEB/Campus VI)

INTRODUÇÃO

O objetivo desta comunicação é o de apresentar e discutir o meu projeto de pesquisa


de conclusão de curso em História (UNEB/Campus VI). A minha pesquisa visa analisar a
inserção do cinema na escola como ferramenta para a discussão da Lei 10.639/2003, tendo
como público alvo as populações negras presentes nas escolas públicas deste país para servir
de campo de pesquisa. Delimitamos o raio de análise, como um estudo de caso, o Colégio
Municipal de Primeiro Grau Zelinda Carvalho, escola situada no distrito de Maniaçu, no
munícipio de Caetité (BA). Esta escola tem um número significativo de alunos remanescente
de quilombos, de comunidades em processo de reconhecimento.
As principais obras que fundamentam este projeto são: Edileuza Penha de Souza,
com a obra, Negritude, cinema e educação: caminhos para a implementação da Lei
10.639/2003/; Rosália Duarte com o livro, Cinema & educação; Roseli Pereira Silva com,
Cinema e educação; José D’ Assunção Barros, com O projeto de pesquisa: aspectos
introdutórios; Vitória Azevedo da Fonseca, Cinema, educação e Estado: a inserção da Lei
13.006/14 e a obrigatoriedade da exibição de filmes nas escolas; Stuart Hall, Da diáspora:
identidades e mediações culturais; Renato Mocellin, História e cinema: educação para as
mídias; Júlio César dos Santos, A quem interessa um “cinema negro”1. No decorrer das
leituras, há uma grande necessidade de utilizar outras abordagens e complementações que
serão feitas posteriormente.

CINEMA E EDUCAÇÃO
Na maioria das vezes, o cinema não é bem utilizado na escola; com o cinema é
possível trabalhar com ludicidade, conhecimento, imagem, crítica, versões diferenciadas dos
textos abordados, produção e releitura das obras, criação, entre outras possibilidades, tudo
voltado para o cinema. Portanto, resolvi estudar a questão étnica relacionada ao cinema.
O projeto já estava sendo discutido no Grupo de Pesquisa “Núcleo de História Social
e Práticas de Ensino”, cujo tema vinha sendo abordado e leituras feitas para uma maior
ampliação dos conhecimentos de conceitos que envolvem as temáticas do trabalho de
pesquisa.
Por que a Lei 10.639/2003 ainda não vem sendo aplicada de forma coerente e
significativa nas escolas? A lei objetiva a diminuição do preconceito e do racismo no Brasil,
bem como conhecer as culturas africanas e as afrodescendentes na atualidade,
desmistificando estereótipos arraigados na sociedade brasileira. O uso do cinema pode ser
um meio eficaz de educabilidade, de combater preconceitos e estereótipos. As formas de
como utilizá-lo devem ser repensadas e ressignificadas nas ações escolares. É preciso
reconhecer que através do cinema a história da ancestralidade africana e afro-brasileira pode
ser vivenciada, de forma a reconhecer que as comunidades quilombolas trazem consigo uma
memória ancestral rica de costumes e valores culturais imensuráveis para nosso
conhecimento.
Um dos motivos que impulsionam esta pesquisa é a existência de uma realidade negra
gritante, de uma vida regada de sofrimento e preconceito durante toda infância, momento da
vida em que não se tem maturidade para entender o que se passa no contexto social. Com
intenção de que o trabalho seja voltado para a valorização indenitária e a quebra de
estereótipos que, de forma histórica e midiática foram firmados na sociedade, será possível
reverter através do mesmo meio midiático o racismo e todas as formas de preconceitos,
criando um novo público para o cinema.
Sabe-se que toda pesquisa traz consigo um resultado, uma resposta. Os trabalhos de
campo nos possibilitam uma amostragem da nossa realidade educacional com relação aos
assuntos aqui discutidos, nos possibilitando confirmar situações e conhecer outras jamais
imaginadas. São situações que nos permitiram entender que tipo de cinematografia é
conhecida por este público, e se de fato a escola vem cumprindo seu papel de implementação
da Lei 10.639/2003, em particular nas escolas públicas do município de Caetité.
O trabalho de catalogação das fontes caminha a passos largos, na busca para que a
efetivação desta pesquisa seja concretizada. Os estudos vêm sendo realizados já há algum
tempo no intuito de conhecer sua historiografia. A escola escolhida é um núcleo de um
distrito da cidade que abarca muitas comunidades quilombolas em processo de
reconhecimento e poucas já reconhecidas.
Como o objetivo geral de analisar a inserção do cinema na escola como ferramenta
para discussão da Lei 10.639/2003, tendo como campo de trabalho o Colégio Municipal de
Primeiro Grau Zelinda Carvalho, pretendemos atingir os seguintes objetivos: a) Analisar a
relação do cinema com as práticas educativas no Brasil, revisitando sua história e
historiografia; b) Estudar a trajetória da Lei 10.639/2003, suas raízes históricas, suas
orientações curriculares e o debate na sociedade em torno de sua aplicabilidade; c) Discutir
a Lei 10.639/2003 na perspectiva do cinema no Colégio Municipal de Primeiro Grau Zelinda
Carvalho Teixeira, investigando e problematizando a sua aplicabilidade nas atividades
curriculares da escola.
As escolas brasileiras, aparentemente, não efetivaram de fato, seja como conteúdo
programático obrigatório ou componente curricular complementar, a Lei n. 10.639/2003, em
suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Cenário este que poderá ser encontrado, com
menor ou maior graus, no Colégio Municipal de Primeiro Grau Zelinda Carvalho Teixeira.
O cinema, para fins dessa pesquisa, é a ferramenta que será utilizada para verificarmos a
aplicabilidade da lei.
Após a escolha e a delimitação do tema de pesquisa, iniciei uma busca por material
que versasse sobre os temas que compõem o trabalho. Nesta etapa, solicitei a ajuda
colaborativa e imprescindível do professor Jairo Carvalho do Nascimento (que convidei para
ser meu orientador), que atendeu prontamente e tem dado todo suporte teórico, indicando
problemas a serem pensados e referências bibliográficas necessárias para o desenvolvimento
da pesquisa.
Usarei o cinema como fonte para discutir e problematizar a aplicabilidade da Lei
10.639/2003 como parâmetro de trabalho, ao estudo da história da África e da cultura afro-
brasileira, observando a imagem dos alunos negros na mídia e especificamente no cinema.
Sobre a relação cinema e educação, o Senador Cristovam Buarque, em entrevista ao jornal
Gazeta do Povo, afirmou:

O cinema ajuda a tornar a escola mais agradável para as crianças, que hoje
têm o pensamento basicamente audiovisual. Além disso, ao passar filmes
nacionais em todas as escolas vamos ajudar a promover uma área da cultura
nacional, que é o cinema, formando frequentadores2.

DISCUSSÃO BIBLIOGRÁFICA

O discurso do estereótipo racial traz resquícios das estratégias do período colonial


ainda presente na sociedade brasileira, em que o sujeito negro é sempre visto em condições
subalternas. Com a cultura de massa, o discurso do estereótipo racial difunde mitos, valores
e modos de vida da classe dominante, a manutenção de seu modelo social de permanências
de forma excludente com base numa hierarquia de raça/cor e cultura. Em que pese toda a
sua importância social e o fato de serem os canais de rádio e televisão, concessões públicas,
a mídia brasileira, comandada por grupos privados, é um dos setores mais resistentes e
mantém uma forte oposição as políticas de cotas raciais e as ações afirmativas, bem como
na difusão dos estereótipos e outras manifestações racistas.
A perspectiva aqui adotada diz respeito a importância deste trabalho para o distrito
de Maniaçú em Caetité, e os professores e alunos que serão atingidos diretamente durante
todo o processo de pesquisa, contribuindo assim para a formação docente, particularmente
ao professor de História, e ao fortalecimento da identidade negra dos discentes.
Teoricamente, esta pesquisa se baseia na área dos estudos de Cinema e Educação.
Nessa perspectiva, o livro de Rosália Duarte, Cinema & Educação faz uma abordagem de
como ir ao cinema tem sua importância para construir e desenvolver as competências para
analisar, compreender e apreciar qualquer história contada em linguagem cinematográfica3.
Acredito como Rosália Duarte que o cinema nos possibilita vivenciar culturas,
conhecimentos de arte, de mundo e culturas das mais diversas através do cinema, e nos
desperta um interesse em aprofundar estudos para explorar o cinema na escola, de forma
mais eficiente possível para que possamos aprender em todos os aspetos, tais como na arte,
na imagem, no figurino, no espaço, na trilha sonora, no enredo, na época e suas relações
diretas com a realidade atual. Em sua obra, Rosália Duarte fala do cinema no mundo e no
Brasil. Mostra que nos países de primeiro mundo frequentar o cinema é um hábito
incentivado desde muito cedo e a escola é a principal propagadora. No decorrer do livro, a
autora conta um pouco da história do cinema Brasil e mundo. Pontua a linguagem fílmica,
os elementos e significação onde cita os filmes e nos leva a pensar alguns pontos relevantes
de forma reflexiva e analítica. O espectador como sujeito e como o cinema é tratado pela
escola na prática e o que seria o ideal de sua utilização como meio de aprendizagem direta
na sala de aula. E para fecha esta etapa ela coloca as imagens que são estereotipadas pelo
cinema trazida em cada obra e muitas sugestões de filmes e o que a seu ver tem de
significativo para ser explorado.
Outra fonte consultada é Negritude, cinema e educação – Caminhos para a
implementação da Lei 10.639/2003, de Edileuza Penha de Souza. A Lei citada tem a
preocupação em criar mecanismos de propagação da cultura afro-brasileira e africana em
território nacional e na produção de material didático para utilização na escola básica.
Edileuza Souza trata em sua obra de como pensar a escola voltada para a diversidade. A
autora faz uma seleção de várias obras nacionais e internacionais, no total de dezessetes
filmes, quem podem ser trabalhados em sala de aula; sua escolha prioriza os mais utilizados
na rede comercial, cujo objetivo é instituir o cinema na escola como uma prática social
prazerosa, de reflexão e alegria, de forma a superar o racismo e a discriminação racial.
Já na obra História e Cinema: educação para as mídias, Renato Mocellin traz
orientações de análise fílmica dos filmes, colocando o apelo didático do cinema e o seu
grande potencial educativo4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como resultado final da investigação, espero levar a experiência desta pesquisa


para outras escolas. Do ponto de vista metodológico, de como vamos trabalhar com a
documentação coletada, pretendemos realizar leituras criteriosas das fontes coletadas,
problematizando-as e confrontando-as uma com as outras. O objetivo dessa prática é a de
construir o conhecimento a partir das diversas perspectivas que cada fonte pode trazer para
o resultado da pesquisa.
Em relação as fontes que serão analisadas, utilizaremos artigos, livros, dissertações
e teses que versam sobre o tema proposto, além de questionários e entrevistas com
professores e discentes, que serão aplicados ao longo do processo de pesquisa e durante a
realização de uma mostra de cinema na escola, em que debatermos temas relacionados a
história da África e da cultura afro-brasileira. Pesquisaremos também em documentos da
escola, como, por exemplo, nas cadernetas ou diários de classe dos professores da área de
História, para verificarmos os conteúdos trabalhados.
Elaboraremos três questionários, que serão distribuídos da seguinte forma: o
primeiro, para a administração escolar, professores de História (HAB) e Coordenação
Pedagógica; o segundo, será para os alunos; e por fim, outro para os pais e/ou responsáveis.
Nos respectivos questionários, teremos perguntas no que tange as questões sociais, políticas
e econômicas dos alunos até as ações mais efetivas da escola para trabalhar a temática
abordada na pesquisa.
Com uma forte intenção de fazer uma mostra de cinema neste espaço de pesquisa,
com indagações antes, durante e depois do processo, que será detalhado com mais clareza
no decorrer das ações. Faremos levantamento de dados com os arquivos da escola dos
últimos anos para observarmos o que mudou depois da Lei 10.639/2003 e como isso aparece
nos documentos oficiais da escola, tais como Regimento Unificado do Município de Caetité,
PPP- Projeto Político Pedagógico, Matriz Curricular, fichas de AC- Atividades
Complementares, Cadernetas, Proposta Pedagógica, Projetos Escolares ou em momentos
isolados como no dia da Consciência Negra.

1
SOUZA, Edileuza Penha de. Negritude, cinema e educação: caminhos para a implementação da Lei 10.639.
2. Ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011; DUARTE, Rosália. Cinema & Educação.3 ed.-Belo Horizonte:
Autêntica editora, 2009; SILVA, Roseli Pereira. Cinema e Educação. São Paulo: Cortez, 2007; BARROS, José
D’Assunção. O projeto de pesquisa: aspectos introdutórios. Travessias, Cascavel, PR, v. 2, n. 1, p. 1-13, 2008;
FONSECA, Vitória Azevedo da. Cinema, educação e Estado: a inserção da Lei 13.006/14 e a obrigatoriedade
da exibição de filmes nas escolas. Laplage em Revista (Sorocaba), v. 2, n. 4, p. 138-145, jan./abr. 2016; HALL,
Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, Brasília: Representação
da Unesco no Brasil, 2003; MOCELLI, Renato. História e cinema: educação para as mídias. São Paulo:
Editora do Brasil, 2009; SANTOS, Júlio César dos. A quem interessa um “cinema negro” ?. Revista da ABPN,
v. 5, n. 9, p. 98-106, 2013.
2
Fonte: www.gazetadopovo.com.br/educacao. Matéria: “Criamos a lei e a estrutura aparece”. Acesso em:
10/04/2016.
3
DUARTE, Rosália. Cinema & Educação, op.cit.
4
MOCELLI, Renato. História e cinema: educação para as mídias, op, cit.

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