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Verdade é descobrir (levantar o véu) daquilo que está encoberto, pois estando

encoberto (possibilidade da falsidade) não há o aconchego, a proximidade, o


companheirismo da própria verdade.
Aristóteles na primeira frase da Metafísica diz: “Todo homem, por natureza,
deseja saber” (Met. A, 980a, 21).
Esta frase de Aristóteles mostra, evidentemente, que todo homem tem uma
necessidade prática frente à natureza de dominá-la através do conhecimento
de que ela seja. Neste ato de conhecer o homem exerce seu desejo de domínio
e de achego à verdade da coisa. Por isso mesmo afirma Aristóteles que a
filosofia é chamada a ciência da verdade e que seu fim, como ciência
especulativa, é a verdade. Chegar, pois à verdade é o pressuposto filosófico
para o saber.
Verdade, em grego, se diz Alétheia que significa não oculto, não escondido,
não dissimulado, des-velado (aquilo do qual retiramos o véu que o encobria).
O verdadeiro é o que se apresenta aos nossos olhos, olhos do corpo e do
espírito.
A verdade (Alétheia) está nas próprias coisas, ou seja, na realidade, e o
conhecimento verdadeiro é percepção intelectual e racional dessa realidade.
O conhecimento do verdadeiro, portanto, é a evidência, entendendo-se esta
evidência como a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si
mesma e alcançada pelas operações de nossa razão ou de nosso intelecto.
A verdade confere às coisas, aos seres, ao mundo um sentido verdadeiro
expresso através da pureza e castidade do ver (necessidade da continência,
temperança para chegar a verdade), do olhar como expressão do ideal do
saber pelo saber, isto é, da ‘desinteressada’ contemplação (teoria).
A ciência universal do ser nos ensina sobre a essência das coisas, o princípio
último da realidade, que é a verdade do ser.
Aristóteles afirma que a verdade é a conformidade, a concordância entre a
ideia e a coisa e entre a coisa e a ideia. A verdade está na própria coisa, quer
dizer, na realidade. A verdade é a concordância da coisa com o conhecimento
ou do conhecimento com a coisa. Ela, a verdade, é um constitutivo das
coisas, da realidade, do ser. Coisa é uma palavra que vem da palavra latina
causa, isto é, força constitutiva da realidade que está sempre no vigor de se
apresentar, de seu aparecer. Quando algo se apresenta a nós, ele se coloca a
nossa frente, na presença. Quando algo se mostra, saindo de dentro de si, do
seu esconderijo, entende-se esse movimento, segundo os gregos, e
Aristóteles, como verdade. Dessa forma uma ideia é verdadeira quando
corresponde à coisa que é seu conteúdo e que existe fora de nosso
pensamento (isto é, a verdade existe por si, não é um produto do nosso
intelecto, essa linha de pensamento é contrária ao relativismo, pois não existe
, nesse caso, a minha verdade).

A alma, princípio primeiro da vida, não é corpo, mas o ato dele (ato é certa
noção de realização e de perfeição de algo. Potência seria a capacidade de
uma coisa transformar-se em outra, devido a sua necessidade, ou até mesmo,
devido sua impossibilidade de permanecer sempre constante, ou seja,
continuar a ser o que é sem possibilidade de transformação). o que torna
esse corpo atualmente tal é algum princípio, chamado o seu ato. A alma é o
motor movido, não por si, mas por acidente e que, por isso, não move o
movido sempre uniformemente.
A alma do homem é o princípio da operação intelectual, isto é, um certo
princípio incorpóreo e subsistente. Se, pois, o princípio intelectual tivesse
em si a natureza de algum corpo, não poderia conhecer todos os corpos,
porque cada corpo tem a sua natureza determinada. Isso porque, o que pode
conhecer certas causas, necessariamente não deve ter nada delas, na sua
natureza, porque a causa que a esta fosse naturalmente inerente
impedir-lhe-ia o conhecimento das outras. Assim, vemos que a língua do
doente, afetada de humor colérico e amargo, nada pode sentir de doce, mas
tudo lhe parece amargo. Logo, é impossível que o princípio intelectual seja
corpo.
A alma, princípio intelectual ou intelecto, tem a sua operação própria, não
comum com o corpo. Ora, só pode operar por si o que por si subsiste, pois
operar só é próprio do ser atual.
a alma sensitiva (alma dos animais) não tem, por si mesma, nenhuma
operação própria, mas toda operação da alma sensitiva pertence ao conjunto.
Assim, as almas dos brutos, não operando por si mesmas, não são
subsistentes, pois, cada ser tem, de maneira semelhante, o ser e a operação.
Isso porque, o sentir, bem como as operações resultantes das operações da
alma sensitiva, manifestamente se realizam com alguma imutação (ato de
imutar; mudança, conversão de uma coisa noutra) do corpo; assim, na visão,
imuta-se a pupila, pela contemplação da cor, o mesmo se dando com as
outras operações semelhantes.
Se a operação intelectual é um atributo específico da alma, por que
quando estudamos sentimos um cansaço físico? E se, no inteligir, o corpo
se fatiga, isso o é só por acidente; porque o intelecto precisa da operação das
forças sensitivas, pelas quais lhe são preparados os fantasmas.
Por que o homem não é só alma? pertence à natureza da espécie aquilo que
significa a definição. Ora, a definição, nas coisas naturais, não significa só a
forma, mas a forma e a matéria. Por onde, a matéria é parte da espécie, nas
sobreditas coisas; não por certo a matéria signada, que é o princípio de
individuação, mas a matéria comum. Assim, pois, como da natureza de um
determinado homem é que seja composto de tal alma e tais carnes e tais
ossos, assim da natureza do homem é que o seja da alma e das carnes e dos
ossos; pois, é necessário que a substância da espécie tenha tudo o que
comumente pertence à substância de todos os indivíduos contidos na espécie.
Segundo o Filósofo, um ser é principalmente aquilo que nele é o
principal; assim, o que faz o chefe de uma cidade se considera como feito
pela cidade. E, desse modo, às vezes se chama homem ao que neste é o
principal; umas vezes, à parte intelectiva, segundo a verdade das coisas,
chamada o homem interior; outras vezes, porém, à parte sensitiva com o
corpo, segundo a opinião de alguns que só se detêm nas coisas sensíveis; e
este se chama o homem exterior.
A alma é composta de matéria e forma?
a matéria é o princípio da individuação das formas. A forma é, para a matéria,
a causa do existir e do agir; por onde, o agente, como redutor da matéria ao
ato da forma, transmutando-a, é-lhe a causa da existência.
 Segundo Aristóteles – e depois na tradição escolástica – , quididade é
a essência enquanto esta se exprime numa definição e constitui a
inteligibilidade de um ser.
 Segundo S. Tomás de Aquino, quididade é sinónimo de forma, ou
seja, aquilo pelo qual uma coisa é.
Se a alma humana é corruptível?
É necessário admitir-se que a alma humana, a que chamamos princípio
intelectivo, é incorruptível. Ora, já se demonstrou antes (a. 3), que as almas
dos brutos não são por si subsistentes, senão só a alma humana. Por isso,
aquelas se corrompem, uma vez corruptos os seus corpos; porém esta só por
si poderia corromper-se. Ora, isto é absolutamente impossível, não só a esta,
mas a qualquer ser subsistente que seja só forma. Pois, é manifesto, o que
convém, em si, a um ser, é inseparável deste. Ora, o ser em si, convém à
forma, que é um ato. Por onde, a matéria adquire o ser atual na medida
em que adquire a forma e corrompe-se na medida em que lhe sucede
separar-se dela. Ao passo que, sendo impossível à forma separar-se de si
mesma, impossível é também que a forma subsistente perca o ser. (a forma,
que também é sinônimo de alma, contém o ser)
Pois, só se encontra corrupção onde se encontra a contrariedade; porque as
gerações e as corrupções são passagens de uns para outros contrários.
Por isso os corpos celestes, sem matéria sujeita à contrariedade, são
incorruptíveis. Ora, na alma intelectiva nenhuma contrariedade pode
haver. Pois, ela é receptiva ao modo do seu ser e as coisas por ela recebidas
o são sem contrariedade; pois que as noções dos contrários não são contrárias
no intelecto, mas há uma só ciência dos contrários. Logo, é impossível que a
alma intelectiva seja corruptível.

Definição de substância: De modo objetivo, parece sensato afirmar que a


substância em si é o suporte pelo qual a matéria se constitui em algo seguindo
uma forma. Enquanto matéria é aquilo de que é feito algo, e forma é aquilo
que faz com que a coisa seja o que é, e o que lhe confere unidade e sentido.
Primeiramente, não confunda forma com formato. Forma seria mais como
uma essência do ser, e que sem ela, o ser deixaria de ser o que é. A forma é
o que faz possível a diferenciação entre uma árvore e uma mesa (podem ser
feitos da mesma matéria, porém, são coisas diferentes). Portanto, a forma é
o ser em ato. A matéria é o que tem a potência de se tornar em ato.
Essa idéia pode também ser aplicada em coisas não físicas, como linguagem;
por exemplo: o meio que eu uso para te passar uma idéia, é um tipo de
matéria (verbal, escrita etc). O que dá forma a essa matéria (palavra), é o que
conhecemos como semântica. Mesmo que seja a mesma matéria (mesma
palavra), a forma pode ser diferente (pode significar coisas diferentes).
Por "matéria", entende-se um substrato (matéria-prima) que só existe
potencialmente; sua existência em ato pressupõe também uma forma. A
mudança das coisas é explicada por quatro tipos de causas: o fator material,
a forma, a causa eficiente e a causa final (ou propósito). Por exemplo, uma
mesa: sua forma é sua figura geométrica, sua matéria é a madeira, sua causa
eficiente foi a ação de um carpinteiro, e sua causa final é servir para
refeições. Outro exemplo, tirado da biologia aristotélica: a reprodução de
uma espécie animal. A matéria seria fornecida pela mãe, a forma seria a
característica definidora da espécie (no caso do homem, um bípede racional),
a causa eficiente seria fornecida pelo pai, e a causa final seria o adulto
perfeito para o qual cresce a criança.

Um modo de considerar essa aplicação é imaginando um sapato de couro.


Tal substância é composta pela matéria couro e pela forma sapato.
No conjunto de obras denominado Metafísica, Aristóteles buscou investigar
o “ser enquanto ser”. Significa que buscou compreender o que tornava as
coisas o que elas são. Nesse sentido, as características das coisas apenas nos
mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o que elas
são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem, aquilo
que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Em sua metafísica, Aristóteles fala acerca dos primeiros princípios. Os
primeiros princípios dizem respeito aos princípios lógicos, a saber: o
princípio de identidade, da não contradição e do terceiro excluído. O
princípio de identidade é autoevidente e determina que uma proposição é
sempre igual a ela. Disto pode-se afirmar que A=A. O princípio da não
contradição afirma que uma proposição não pode, ao mesmo tempo, ser falsa
e verdadeira. Não se pode propor que um triângulo possui e não possui três
lados, por exemplo. O princípio do terceiro excluído afirma que ou uma
proposição é verdadeira ou é falsa, e não há uma terceira opção viável. Tais
princípios, deste modo, garantem as condições que asseguram a realidade
das coisas.
Além dos princípios, de acordo com Aristóteles, existem quatro causas
fundamentais que também são condições necessárias para que as coisas
existam. As causas são: material, formal, eficiente e final. A causa material
é a matéria da qual é feita a essência das coisas. A causa formal diz respeito
à forma da essência. A causa eficiente é aquela que explica como a matéria
recebeu determinada forma. A causa final é aquela que determina a
finalidade das coisas existirem e serem como são.
Para compreender a conceituação das causas, pode-se pensar numa pedra que
rola a montanha. A causa material é o minério da pedra, a causa formal é a
inclinação da montanha, a causa eficiente é o empurrão feito na pedra e a
causa final é a vontade da pedra de atingir o nível mais baixo. Assim, os
primeiros princípios e as quatro causas são as condições básicas para que as
coisas existam e possam ser conhecidas.

Tratado dos atos humanos – Suma Teológica – São Tomás de Aquino


Beatitude - Pois nada sacia o apetite natural do homem, senão o bem
perfeito, que é a beatitude.
Se todos desejam a beatitude?
Pois, sendo o bem apreendido o objeto do apetite, como diz Aristóteles,
ninguém pode desejar o que ignora.
A beatitude pode ser considerada a dupla luz. — Quanto à sua essência
comum, e então necessariamente todo homem a quer. Pois, a essência
comum da beatitude está em ser ela o bem perfeito, como já se disse. Ora,
sendo o bem o objeto da vontade, o bem perfeito de alguém é o que lhe
satisfaz totalmente à vontade. Por onde, desejar a beatitude não é senão
desejar que a vontade seja saciada, o que todos querem. Quanto à
compreensão da beatitude, como diz Santo Agostinho, o terem uns posto a
beatitude no prazer do corpo, outros, na virtude da alma, outros, em outras
coisas. Mas na verdadeira beatitude não existe qualquer sombra de mal, logo,
como diz Santo Agostinho feliz é quem tem tudo o que quer e nada quer mal,
ou seja, a essência da beatitude é a visão da essência divina, que é o Bem
perfeito, único capaz de saciar o homem.
Como chegar a beatitude?
Como é necessário, pois, chegar-se à beatitude por meio de certos atos, é
preciso, consequentemente, tratar dos atos humanos, para conhecermos os
que a ela conduzem ou dela desviam.
Quanto à consideração universal dos atos humanos, há-se, primeiro de tratar
deles, em si mesmos; segundo, dos seus princípios. Ora, desses atos, uns
são próprios ao homem; outros são-lhe comuns com os animais. E como a
beatitude é bem próprio do homem, conduzem a ela mais proximamente
os atos propriamente humanos, que os que lhe são comuns com os animais.
Portanto, há-se de tratar, primeiro, dos atos próprios ao homem. Segundo,
dos que lhe são comuns com os animais, chamados paixões. (os atos
humanos são compostos por duas espécies: os exclusivamente humanos e os
que são comuns com os animais).
Voluntário – é o ato que tem em si mesmo o seu princípio e também é
resultado de uma operação racional. Para que um ato seja considerado
voluntário é essencial que haja um princípio intrínseco, isto é, que a sua
causa não seja exterior. Em regra, o princípio dos atos humanos não está no
homem mesmo, mas lhe é exterior; pois, o apetite do homem é movido a agir
pelo apetível (impulso do ser para a satisfação de suas tendências naturais;
desejo), que lhe é exterior e é um como motor não-movido, conforme diz
Aristóteles. Ocorre que nem todo princípio é princípio primeiro. Embora,
pois, seja da essência do voluntário ter princípio intrínseco, não lhe vai
contudo contra a essência que esse princípio seja causado ou movido por um
princípio externo, pois essa essência não exige que tal princípio seja um
princípio primeiro. O princípio intrínseco do ato voluntário é a virtude
cognoscitiva e apetitiva (isto é, propriedade do conhecimento (razão) e do
desejo), é o primeiro princípio genérico do movimento apetitivo, embora seja
movido por um princípio externo, quanto a outras espécies de movimento
Ora, o princípio dos atos humanos não está no homem mesmo, mas lhe é
exterior; pois, o apetite do homem é movido a agir pelo apetível, que lhe é
exterior e é um como motor não-movido, conforme diz Aristóteles4. Logo,
nos atos humanos não há voluntário.
Assim, pois, o princípio intrínseco do ato voluntário, que é a virtude
cognoscitiva e apetitiva, é o primeiro princípio genérico do movimento
apetitivo, embora seja movido por um princípio externo, quanto a outras
espécies de movimento.
Art. 3 — Se a vontade é potência mais elevada que o intelecto.
SOLUÇÃO. ― A eminência de uma coisa em relação à outra pode
considerar-se sob duplo aspecto: absoluta e relativamente. Absolutamente,
quando se considera uma coisa tal qual ela é; relativamente, quando se diz
que ela é tal, por comparação com outra.
Assim, considerados o intelecto e a vontade em si mesmos, resulta que o
primeiro é mais eminente; o que bem se verá, comparando entre si os seus
objetos. Pois, o objeto do intelecto é mais simples e absoluto que o da
vontade, porque é a noção mesma do bem desejável (o objeto do intelecto é
a noção mesma do bem desejável); ao passo que o objeto da vontade é o bem
desejável, cuja noção está no intelecto. Ora, quanto mais um objeto é
simples e abstrato, tanto mais é, em si, nobre e elevado. Por onde, o objeto
do intelecto é mais elevado que o da vontade. Ora, como é a relação com o
objeto que determina a essência própria de uma potência, segue-se que o
intelecto, em si e absolutamente, é mais elevado e nobre que à vontade.

Relativamente, porém, e por comparação, com outra coisa, resulta que,


às vezes, a vontade é mais elevada que o intelecto, por consistir o seu
objeto em algo de mais elevado que o objeto do intelecto. Assim, se dissesse
que o ouvido é, relativamente, mais nobre que a vista, por ser o objeto, de
que provém um som, mais nobre que o que tem a cor; embora, em si mesma,
seja a cor mais nobre e simples que o som. Ora, como se disse antes (q. 16,
a. 9; q. 27, a. 4), a ação do intelecto consiste em a noção da coisa inteligida
nele residir; ao passo que a ação da vontade se completa pela sua inclinação
à coisa como em si mesma é. E por isso o Filósofo diz, que o bem e o mal,
objetos da vontade, estão nas coisas; enquanto que o verdadeiro e o falso,
objetos do intelecto, estão na mente. Por onde, comparando: quanto mais
a coisa, em que consiste o bem, for mais nobre que a alma mesma, na
qual reside à noção inteligida, tanto a vontade será mais elevada que o
intelecto. Porém, quanto mais a coisa, em que consiste o bem, for inferior
à alma, também, por comparação com tal coisa, o intelecto é mais elevado
que à vontade. Por isso, melhor é o amor, que o conhecimento de Deus; e,
ao contrário, melhor é o conhecimento, que o amor das coisas materiais.
Todavia, absolutamente, o intelecto é mais nobre que à vontade.
O desejo emana da vontade, enquanto o conhecimento das coisas emana do
intelecto. O fim e o objeto da vontade é o bem, enquanto o intelecto tem
como fim e objeto a verdade. A noção do bem é a principal causa existente,
ocorre que a verdade tem significação mais absoluta e exprime a noção do
próprio bem, isto é, o bem é uma espécie de verdade. Não olvidando que
também a verdade é uma espécie de bem. Por isso o intelecto é mais nobre
que à vontade.
O que é anterior, na geração e no tempo, é mais imperfeito; pois, num mesmo
ser, a potência precede ao ato, temporalmente, e a imperfeição, à perfeição.
Mas o que é, em si mesmo e na ordem da natureza, anterior, é mais
perfeito; assim, o ato é anterior à potência. E deste modo, o intelecto é
anterior à vontade, como o motor, ao móvel, e o ativo, ao passivo; pois, é o
bem inteligido que move a vontade. O intelecto move a vontade.
Tratado sobre o homem
Ora, considerar a natureza do homem, quanto à alma, pertence ao teólogo;
não porém, quanto ao corpo, senão para tratar da relação que tem este com
aquela. Por onde, a primeira consideração versará sobre a alma. E como,
segundo Dionísio, três coisas se encontram nas substâncias espirituais, a
saber, a essência, a virtude e a operação, consideraremos, primeiro, as
coisas pertencentes à essência da alma; segundo, as pertencentes à virtude
ou às potências dela; terceiro, as pertencentes à sua operação.
Sobre o primeiro ponto ocorre dupla consideração: a primeira é a da alma
mesmo, em si; a segunda é a da sua união como o corpo.
Sobre a primeira destas duas considerações sete artigos se discutem:
Para discutir a natureza da alma, é necessário pressupô-la como o primeiro
princípio da vida dos seres vivos (todo ser vivo tem alma, é um ser
animado, os animais têm alma); assim, dizemos que os seres animados são
vivos e as coisas inanimadas carecem de vida. Ora, esta (a alma) se
manifesta maximamente pela dupla operação do conhecimento e do
movimento, cujo princípio os antigos filósofos, não podendo transcender a
imaginação, consideravam como corpo; pois, diziam, só os corpos são coisas
e o que não é corpo nada é. E então, consideravam a alma como um certo
corpo. Ora, embora se possa mostrar, de múltiplos modos, a falsidade dessa
opinião, empreguemos só um argumento com o qual mais comum e
certamente se patenteará que a alma não é corpo. Assim, é manifesto, a alma
não é um princípio qualquer da operação vital; pois, se o fosse, então os
olhos, princípio da visão, seriam a alma; o mesmo devendo dizer-se dos
outros instrumentos desta. Mas, chamamos alma ao princípio primeiro da
vida. Pois, embora algum corpo possa ser um certo princípio da vida, como
o coração o é, no animal; contudo não pode ser o princípio primeiro da
vida de qualquer corpo. Ora, é manifesto, ser princípio da vida ou vivente
não cabe ao corpo como tal; do contrário todo corpo seria vivo ou
princípio da vida. Logo, só cabe a um certo corpo como tal ser vivo, ou
ainda, princípio da vida. Ora, o que torna esse corpo atualmente tal é
algum princípio, chamado o seu ato (ato é certa noção de realização e de
perfeição de algo. Potência seria a capacidade de uma coisa transformar-se
em outra, devido a sua necessidade, ou até mesmo, devido sua
impossibilidade de permanecer sempre constante, ou seja, continuar a ser o
que é sem possibilidade de transformação.
O ato é uma coisa que já está realizada, por exemplo - o carbono, decorrido
da estabilização da matéria diamante; a árvore surgida pela realização da
despontencialização da semente ao ser plantada no solo, já lançaram uma
parte da potência na realização de outro objeto, ou na satisfação de outro
objetivo, tanto autonomamente, quanto co-relacionado.
Não se tem aqui a pretensão de atestar que um objeto seja apenas em ato,
ou apenas em potência, pois, todas as coisas (gênero) no universo são
manifestadas em potência e em ato. É importante relembrar
que Aristóteles determina uma exceção a esta regra, através de uma lógica
precisa. A única coisa que é apenas em ato, sem que exista transformação e
sem que ao menos precise dela é o BEM.
Podemos dizer que algo é na medida em que este esteja em ato, e não em
potência. Uma estátua é ato quando está realmente esculpida, e não quando
está em um bloco de mármore. Assim, este bloco de mármore poderá se
tornar uma linda estátua, ou em piso para um templo ou lápides para a
memória de alguém que não mais está em nosso meio. Este é mais um dos
exemplos aristotélicos. Concluímos assim que ATO e POTÊNCIA não são
entes, mas são dois princípios (Causa (aitia / aition) em Aristóteles pode ser
entendida como sinônimo de princípio (arche), pois explica não somente as
mudanças que sobrevêm a um ente, mas também, é o que torna possível a
mudança ou movimento.) opostos do mesmo ente. Conclui-se, pois, que
todas as coisas são em potência e em ato. Ato é aquilo perfeito, que existe
em si mesmo, ou seja, que não mais está a se transformar.
Todavia, potência é uma coisa que tende a ser outra, que está sempre a se
apresentar como novas características, mesmo que permaneçam suas
substâncias.). Por onde, a alma, princípio primeiro da vida, não é corpo, mas
o ato dele, assim como o calor, princípio da calefação, não é corpo, mas um
ato do corpo.
Definição de princípio e causa: princípio é aquilo que torna possível algo
vir a ser, isto é, a mudança e movimento. Já causa é aquilo que explica a
mudança que sobrevêm a um ente.
Em um sentido mais especifico, o objetivo do texto O ente e a essência
proposto por Tomás de Aquino, consiste em definir o ente e a essência e
entender como eles se relacionam com as noções lógicas e sob que modo
eles são encontrados nos diversos entes. O ente abrange coisas ou palavras
que não têm necessariamente realidade; a essência designa elementos
que têm realidade, que existem, como por exemplo, as substâncias simples
que são formadas por uma única coisa (formaou matéria), e as substâncias
compostas, que aliam várias coisas (forma, matéria e acidente). As criaturas
angélicas pertencem ao primeiro grupo; as humanas, ao segundo. Por isso,
para Tomás de Aquino, as substâncias simples, superiores, são menos
acessíveis a nosso intelecto que as outras7 . Percebe-se, assim, o motivo pelo
qual Wippel (2000), “o melhor expositor em língua inglesa da metafísica
tomista como um todo”, segundo opinião de González (2008, p. 69),
sublinhou que O ente e a essência passou a ser um ponto de partida
imprescindível para o estudo da teoria do ente em Tomás de Aquino.
Ora, sabe-se que o sentido primeiro e fundamental em que ente (to on)
é dito é a substância (ousia) 3 , de modo que a ciência física deve investigar
a physis enquanto “a substância dos entes que têm em si mesmos
enquanto tais o princípio do movimento ”4 . Em outras palavras, a
substância sensível, composta de matéria e forma, é o objeto principal de
investigação da physike episteme porque é o princípio a partir do qual
ocorrem as modificações de um ente por natureza.
“Visto que natureza (physis) é um princípio de movimento e de
mudança, e nosso estudo versa sobre a natureza, não podemos deixar de
investigar o que é o movimento; pois, se ignorássemos o que é,
necessariamente ignoraríamos também o que é a natureza”
Aristóteles define o movimento como “o ato do que é em potência enquanto
tal”6 . Assim, ao assinalar a diferença entre os conceitos de ato (energeia) e
potência (dynamis), ele considera como possível o estudo acerca das
mudanças que sobrevêm a um ente. Dynamis e energeia são modos do ente:
a potência se refere à capacidade de um ente tornar-se algo que ainda
não é, e o ato corresponde a um estado já realizado do ente. Então,
quando se diz que um ente é ou que ele não é, fala-se da sua existência
em ato ou em potência.
todos os entes que procedem da physis (natureza) estão em movimento
ou em repouso, pois, continuamente vêm a ser, deixam de ser, ganham e
perdem qualidades, se transformam e se locomovem. Além disso,
segundo o pensamento aristotélico, não há existência ou vir-a-ser sem
causa (aition / aitia), e assim, a questão do movimento vincula-se
imediatamente à pergunta acerca das causas primeiras da natureza. Nesse
sentido, a investigação do movimento exige a pergunta pelas diferentes
espécies de causas, uma vez que essas são os princípios a partir dos quais é
possível explicar o surgimento dos fenômenos e de todos os processos de
movimento ou mudança. E se o conhecimento científico (episteme) refere-
se ao conhecimento da causa – pois a causa indica não somente o que (to
ti) a coisa é, mas, sobretudo, o porquê (to dia to) de essa coisa ser o que
é –, a tarefa do físico consiste em conhecer (epithastai) as causas e os
princípios primeiros da natureza.
Ente e essência são, para Tomás de Aquino, princípios básicos e
primitivos subjacentes a todo o conhecimento humano da realidade.
Para a sua estrutura ontológica da realidade, essa afirmação tem uma
importância crucial: ente é um indicativo da inteligibilidade apropriada da
realidade. Todo o conhecimento da realidade começa com ente, na
medida em que algo é compreendido ente ele é afirmado como inteligível
e como tal relacionado com o intelecto. Ente é, portanto, a razão subjacente
da cognoscibilidade de algo. Nas palavras de Verbeke (1990, p.601), ele é
“na ordem ontológica, o ato dos atos, a perfeição de todas as perfeições”.
Ente e essência são fundamentos e limites últimos de toda produção
intelectual, por isso, para Tomás de Aquino, deve ser analisada as diversas
condições nas quais eles são encontrados. Para isso, é preciso um ponto de
partida seguro, isto é, sem erros e sem desvios, pois “um pequeno erro no
princípio é grande no fim” (§1). O método mais eficiente, mais apropriado
para tal empreendimento é, nas palavras do Doutor Angélico, avançar do
mais fácil para o que é mais difícil:
Deve-se passar da significação de ente à significação de
essência, de tal modo que, começando pelo mais fácil, o
aprendizado se dê de maneira mais adequada, pois devemos
receber o conhecimento do simples a partir do composto e
chegar ao anterior a partir do posterior (§2)
Todo o cuidado demonstrado por Tomás de Aquino tem uma explicação. Ele
pretende fundar um saber que visa alcançar a ciência das coisas divinas. Para
ele, assim como para Aristóteles, “todos os homens, por natureza, desejam
conhecer”, almejam um conhecimento divino, mas possuem um certo limite,
“a natureza humana é servil sob muitos aspectos”.
De acordo com Tomás de Aquino, ente é dito de dois modos:
o ente por si se diz de dois modos: de um modo que é dividido
por dez gêneros; de outro modo, significando a verdade das
proposições. A diferença destes é que, do segundo modo,
pode ser dito ente tudo aquilo do qual pode ser formada uma
proposição afirmativa, ainda que aquilo nada ponha na coisa;
modo pelo qual as privações e negações são ditas entes, pois
dizemos que a afirmação é oposta à negação e que a cegueira
está no olho. Mas, do primeiro modo, não pode ser dito ente
senão aquilo que põe algo na coisa. Donde, a cegueira e
similares não serem entes do primeiro modo. Portanto, o nome
de essência não deriva de ente, dito do segundo modo, pois,
deste modo, algo, que não tem essência, é dito ente, como é
evidente nas privações; mas, essência deriva de ente dito do
primeiro modo. Daí o Comentador dizer, no mesmo lugar (In
Met. V, 14,55c 56), que “o ente dito do primeiro modo é o que
significa a essência da coisa”. E, visto que, como já se disse, o
ente dito deste modo é dividido por dez gêneros, é preciso que
a essência signifique algo comum a todas as naturezas, pelas
quais os diversos entes são colocados em diversos gêneros e
espécies, assim como a humanidade é a essência do homem e
igualmente a respeito dos demais (§3-4).
O estudo das categorias encontra-se na obra de Aristóteles Organon (1987),
do grego que significa utensílio, instrumento. Categoria do grego, significa
atribuir um predicado a um sujeito; são elementos intermediários entre os
conceitos e a realidade cognoscível. Aristóteles enumera dez categorias:
substância (οὐσία - substantia), qualidade (ποιόν - qualitas), quantidade
(ποσόν - quantitas), relação (πρός τι, relatio), lugar (ποῦ, ubi), tempo (ποτέ,
quando), estado (κεῖσθαι, situs), hábito (ἔχειν, habere), ação (ποιεῖν, actio) e
paixão (πάσχειν, passio). De Acordo com Pasnau e Shields (2003, p.50), é
preciso recordar que, para Aristóteles, o ponto de partida são as categorias,
mas Tomás de Aquino, no entanto, apesar de fazer uso frequente delas,
não parece ter considerá-las seriamente como uma análise do ente. Os
autores fazem menção ao fato de Categoria ser o único texto fundamental de
Aristóteles que o Doutor Angélico não escreveu nenhum comentário, para
justificar suas afirmações. Para os autores, o projeto aristotélico da
distinção do ente exatamente em dez categorias distintas parece
desesperadamente extravagante. Assim, o que Tomás de Aquino preserva
desse projeto é a distinção básica entre o ente da substância e o ente de todas
as outras nove categorias, ente acidental.
A substância, como disse Aristóteles, “é aquilo de que se predica
(predicado = Qualidade peculiar de alguém ou de algo; ATRIBUTO;
Qualidade especial de uma pessoa, como bondade, talento, beleza etc.;
DOTE; PRENDA; VIRTUDE; Termo que se atribui ao sujeito de uma
proposição, por meio de uma afirmação ou negação; característica inerente
a um ser; atributo, propriedade. Por exemplo, "o calor é um p. do Sol".
Predicar = Afirmar, negar ou atribuir algo ao sujeito [td. : Para Aristóteles,
a substância predica o modo verdadeiro de ser]) tudo mais, mas que não é
predicado de nenhuma outra coisa” (1028b). Como um bom leitor do
estagirita, Tomás de Aquino entende a substância como o que realmente
existe, na medida em que apenas ela possui ente intrinsecamente: existe em
si mesma, não no outro.
são vários os sentidos em que dizemos que uma coisa “é”, mas todos eles se
referem a um só ponto de partida; algumas coisas “são” pelo fato de serem
substâncias, outras por serem modificações da substância, outras por
representarem um trânsito para ela, a destruição, privação ou uma
qualidade dela, ou pelo fato de a produzirem ou gerarem, ou por serem
termos relativos à substância, ou negações de um desses termos ou da
própria substância.
Como comentou Kovas (2011, p.33), “cabe, sobretudo, à substância ser
por si, por isso o ente é dito dela; e dos acidentes é dito ente, porque eles
são sempre na substância e por ela têm o ser. Em resumo, o termo ente é
um termo analógico, uma vez que apresenta significado diferente em
cada uma de suas instâncias, porém em todas elas reserva uma referencia
à substância”.
O ente e a essência, ou em outras palavras, o ente e “o ente dito do primeiro
modo”, pois é este que Tomás de Aquino, a partir de Averróis, admite que
“significa a essência das coisas” (§4), são os primeiros a serem concebidos
pelo intelecto porque constituem princípios primeiro do conhecimento
humano. Qualquer coisa que é possível ao homem conhecer e explicar seu
significado encontra-se atrelado a esses conceitos. Assim, de acordo com
observação de Kovas (2011, p.34), apesar de Tomás de Aquino admitir
com Aristóteles que a origem do conhecimento humano está nos
sentidos, ele concebe o conhecimento intelectivo humano do universal para
o particular.
Kovas explica que deve-se acrescentar ao processo cognitivo humano a
“ordem inversa do progresso investigativo (ordo inventionis) do
conhecimento humano [...] a qual o conhecimento do anterior (a causa) é
alcançado pelo conhecimento do posterior (o efeito). O ente em suas
condições próprias de ser é sempre particular. Os sentidos são esse
conhecimento imediato dos aspectos individuantes de cada ente
material, porém nada é conhecido intelectualmente, senão sob a égide do
universal. Sem cair em um idealismo, que faz perder as possibilidades reais
do conhecimento, nem em um “ingênuo realismo”, que desconsidera a
maneira própria do intelecto humano conhecer. Todo o conhecimento
possível está sob a noção comum de ente (commune ratione entis): uma
perspectiva formal comum, sob a qual se dá todo o conhecimento
materialmente considerado” (KOVAS, 2011, p.34-35).

Sobre o primeiro ponto duas considerações se apresentam: primeira, da


condição dos atos humanos; segunda, da distinção deles. Mas como se
chamam atos humanos propriamente ditos, aos voluntários, por ser a vontade
o apetite racional próprio do homem, é preciso considerar os atos enquanto
voluntários. E portanto, há de se tratar, primeiro, do voluntário e do
involuntário em comum; segundo, dos atos voluntários elícitos da vontade
mesma, dela procedente imediatamente; terceiro, dos atos voluntários
imperados pela vontade, procedentes da vontade mediante outras potências.

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