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Aula 04
12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04
AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE
CRIMES
SUMçRIO
1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................. 3
1.1. Conceito, natureza e caracter’sticas ......................................................... 3
1.2. Requisitos ................................................................................................ 4
1.3. Modalidades ............................................................................................. 8
1.3.1. Coautoria ................................................................................................ 8
1.3.2. Participa•‹o ........................................................................................... 12
1.4. Comunicabilidade das circunst‰ncias ..................................................... 15
1.4.1. EspŽcies de elementares e de circunst‰ncias .............................................. 16
1.4.2. Coopera•‹o dolosamente distinta ............................................................. 22
2. CONCURSO DE CRIMES .............................................................................. 24
2.1. Conceito e natureza ............................................................................... 24
2.2. EspŽcies ................................................................................................. 24
2.2.1. Concurso material (ou real) de crimes ....................................................... 24
2.2.2. Concurso formal de crimes ...................................................................... 26
2.2.3. Aplica•‹o da pena no concurso formal ....................................................... 27
2.2.4. Crime continuado ................................................................................... 28
2.2.5. Requisitos para a configura•‹o do crime continuado .................................... 28
2.2.6. Aplica•‹o da pena no crime continuado ..................................................... 30
2.2.7. Crime continuado e conflito de leis penais no tempo .................................... 31
2.2.8. Crime continuado e prescri•‹o ................................................................. 31
2.2.9. Aplica•‹o da pena de multa no concurso de crimes ..................................... 32
3. RESUMO .................................................................................................... 35
4. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 42
5. GABARITO ................................................................................................. 48
Ol‡, meus amigos!
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Portanto, muita aten•‹o, pois h‡ v‡rias teorias doutrin‡rias que
podem cair na prova. Temos muitas quest›es interessantes!
Bons estudos!
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1.!CONCURSO DE PESSOAS
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condutas (cada um responde Òna medida de sua
culpabilidade). Em raz‹o desta diferencia•‹o na pena de cada
um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma espŽcie de
teoria monista temperada (ou mitigada).
1.2.! Requisitos
Mas quais s‹o os requisitos para que se possa falar em
concurso de pessoas? Cinco s‹o os requisitos para que seja
caracterizado o concurso de pessoas:
¥! Pluralidade de agentes Ð Para que possamos falar em
concurso de pessoas, Ž necess‡rio que tenhamos mais de
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. ƒ necess‡rio
que sejam agentes culp‡veis? A doutrina se divide, mas
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem
ter discernimento, de maneira que a aus•ncia de culpabilidade
por doen•a mental, por exemplo, afastaria o concurso de
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim,
se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos
(penalmente imput‡vel) determina a um doente mental (sem
qualquer discernimento) que realize um homic’dio, n‹o h‡
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime.
N‹o h‡ concurso, pois um dos agentes n‹o era culp‡vel. Essa
regra s— se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em
2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956,
p. 106
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que basta um agente para sua caracteriza•‹o). Nos crimes
plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve
haver mais de um agente, como no crime de associa•‹o
criminosa, por exemplo Ð art. 288 do CP), se um dos
colaboradores n‹o Ž culp‡vel por qualquer raz‹o,
mesmo assim permanece o crime. Nos crimes
eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo,
que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo
concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo)
tambŽm n‹o Ž necess‡rio que todos os agentes sejam
culp‡veis, bastando que apenas um o seja para que
reste configurado o delito em sua forma qualificada.
Nessas duas œltimas hip—teses, no entanto, n‹o h‡
propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina
chama de concurso impr—prio, ou concurso aparente de
pessoas. Contudo, essa ressalva s— se aplica ao caso de
concurso entre culp‡vel e Òn‹o culp‡vel que possui
discernimentoÓ. Assim, se o agente culp‡vel se vale de
alguŽm sem culpabilidade como mero instrumento, sem que
ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria
mediata. No caso do concurso entre um agente culp‡vel e um
menor de 17 anos, por exemplo (n‹o culp‡vel por
inimputabilidade), pode ser reconhecido o concurso de
pessoas (concurso aparente), j‡ que o menor possu’a
vontade e esta vontade convergia com a do imput‡vel, n‹o
tendo sido utilizado como mero instrumento.
¥! Relev‰ncia causal da colabora•‹o Ð A participa•‹o do
agente deve ser relevante para a produ•‹o do resultado, de
forma que a colabora•‹o que em nada contribui para o
resultado Ž um indiferente penal. AlŽm disso, a colabora•‹o
deve ser prŽvia ou concomitante ˆ execu•‹o, ou seja,
anterior ˆ consuma•‹o do delito. Se a colabora•‹o for
posterior ˆ consuma•‹o do delito, como o fato j‡ ocorreu, n‹o
h‡ concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro
crime (favorecimento real, recepta•‹o, etc.). PorŽm, se a
colabora•‹o for posterior ˆ consuma•‹o, mas
combinada previamente, h‡ concurso de pessoas. Ex:
Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com
seu namorado para que ele esteja ˆs 20h em ponto na porta
de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do
namorado (auxiliar na fuga) Ž posterior ˆ consuma•‹o, mas
fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso
de pessoas. Diversa seria a hip—tese, no entanto, se o
namorado tivesse ido ˆ casa da namorada sem saber que
deveria lhe ajudar na fuga. L‡ chegando, a namorada conta o
ocorrido e ele, a partir da’, concorda em auxili‡-la na fuga.
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Nessa hip—tese, o namorado comete o crime de favorecimento
pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso!
¥! V’nculo subjetivo (ou liame subjetivo) Ð TambŽm Ž
conhecido como concurso de vontades. Assim, para que
haja concurso de pessoas, Ž necess‡rio que a colabora•‹o dos
agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a
colabora•‹o meramente causal, sem que tenha havido
combina•‹o entre os agentes, n‹o caracteriza o concurso de
pessoas. Trata-se do princ’pio da converg•ncia. Caso haja
colabora•‹o dos agentes para a conduta criminosa, mas sem
v’nculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria
colateral, e n‹o da coautoria.
¥! Unidade de crime (ou contraven•‹o) para todos os
agentes (identidade de infra•‹o penal) Ð Nos termos do
art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). Da’
podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a
pr‡tica de um delito (homic’dio, por exemplo), todas elas
respondem pelo homic’dio, independentemente da conduta
que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro
dirigiu o ve’culo da fuga, outro atraiu a v’tima, etc.). As
condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo
juridicamente unit‡rio3.
¥! Exist•ncia de fato pun’vel Ð Trata-se do princ’pio da
exterioridade. Assim, Ž necess‡rio que o fato praticado pelos
agentes seja pun’vel, o que de um modo geral exige pelo
menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou
crime tentado. Para a caracteriza•‹o do crime tentado, Ž
necess‡rio que seja dado in’cio ˆ execu•‹o do crime. Se o fato
ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogita•‹o,
n‹o h‡ fato pun’vel, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31
do CP determina, ainda, de modo espec’fico para a hip—tese
de concurso de pessoas, que a colabora•‹o s— Ž pun’vel se
o crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a
determina•‹o ou instiga•‹o e o aux’lio, salvo disposi•‹o expressa em
contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos, a ser
tentado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984).
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inimput‡vel, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do
mandante, ou seja, ele n‹o deve ter qualquer discernimento no caso
concreto.
Ex.: JosŽ e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de
matar Maria. JosŽ arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a
executa. Neste caso, Pedro Ž inimput‡vel por ser menor de 18 anos, mas
possui discernimento, n‹o se pode dizer que foi um mero ÒinstrumentoÓ
de JosŽ. Assim, aqui n‹o teremos autoria mediata, mas concurso
aparente de pessoas.
Ex.2: JosŽ, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem
nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que
vem a —bito. Neste caso h‡ autoria mediata, pois Mauro (o
inimput‡vel) foi mero instrumento nas m‹os de JosŽ.
Mas esta Ž a œnica hip—tese de autoria mediata? A resposta Ž
negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em tr•s hip—teses,
basicamente4:
1 Ð Autoria mediata por erro do executor Ð Neste caso, aquele que
pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro
de proibi•‹o). Ex.: MŽdico que entrega ˆ enfermeira uma inje•‹o
contendo determinada subst‰ncia t—xica, e determina que esta aplique
no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor5. A
enfermeira, aqui, n‹o atua dolosamente (do ponto de vista Òfinal’sticoÓ),
pois apesar de dar causa ˆ morte do paciente (causalidade f’sica, pois foi
ela quem injetou a subst‰ncia), n‹o dirigiu sua conduta a este resultado.
O dom’nio do fato pertencia ao mŽdico, o real infrator.
2 Ð Autoria mediata por coa•‹o do executor Ð Aqui o infrator coage
uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coa•‹o
MORAL irresist’vel, teremos um agente n‹o culp‡vel (a coa•‹o moral
irresist’vel afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz
em situa•‹o de n‹o culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o
coator, n‹o sobre o coagido. Ex.: MŽdico que determina ˆ enfermeira
que aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O mŽdico,
porŽm, n‹o esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contr‡rio
deixa isso bem claro. PorŽm, diz ˆ enfermeira que se ela n‹o fizer o que
foi determinado, ir‡ matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira
sabe que est‡ injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas
ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
3 Ð Autoria mediata por inimputabilidade do agente Ð Nesta
hip—tese o infrator se vale de uma pessoa inimput‡vel para a pr‡tica do
delito. A inimputabilidade, aqui, pressup›e que o executor (inimput‡vel)
n‹o tenha discernimento necess‡rio6. Caso o executor, mesmo
inimput‡vel, possua discernimento, n‹o haver‡ autoria mediata. Ex.:
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
5
O exemplo Ž de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)
6
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108
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JosŽ, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletr™nicos, e
combina com Marcelo, de 17, a execu•‹o do plano. Neste caso, n‹o h‡
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal,
tem discernimento para n‹o ser considerado como ÒobjetoÓ. Por outro
lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas
seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental
completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o
reconhecimento do concurso de pessoas com JosŽ, que responder‡ como
autor mediato do crime.
1.3.! Modalidades
1.3.1.! Coautoria
Para entendermos o fen™meno da coautoria, devemos,
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito.
V‡rias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito
de AUTOR.
O conceito extensivo de autor n‹o diferencia autor e part’cipe,
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime s‹o autores
do delito. Esse conceito Ž baseado numa premissa Òcausal-naturalistaÓ de
que todo aquele que d‡ causa ao delito (por qualquer forma), deve ser
considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor n‹o era poss’vel
definir quem era autor e quem era part’cipe, surgiu a teoria subjetiva
da participa•‹o, que considerava como autor aquele que pratica o fato
como pr—prio, que quer o crime Òcomo pr—prioÓ, como seu, e part’cipe
aquele que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acess—ria ao
Òcrime de outra pessoaÓ.7 Isso era fundamental para a fixa•‹o da pena de
cada um, j‡ que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais
severas.
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que
solu•›es, surgiu o conceito restritivo de autor8. Para esta teoria
restritiva9, autor e part’cipe n‹o se confundem. Autor ser‡ aquele que
praticar a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (subtrair, matar,
roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma forma prestarem
colabora•‹o (material ou moral), ser‹o considerados part’cipes. Esta foi
a teoria adotada pelo CP.
Agora que j‡ sabemos que o CP diferencia autor e part’cipe,
precisamos saber qual Ž o critŽrio para se diferenciar um do outro.
Tr•s teorias surgiram.
7
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
8
ZAFFARONI, Eugenio Raul. PIERANGELI, JosŽ Henrique. Manual de Direito Penal
Brasileiro Ð Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais, 7¼ Ed. 2002, p. 572.
9
TambŽm chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.
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A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor
Ž quem realiza a conduta prevista no nœcleo do tipo, sendo part’cipes
todos os outros que colaboraram para isso, mas n‹o realizaram a conduta
descrita no nœcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de
homic’dio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a
conduta de ÒmatarÓ alguŽm. Todos os outros colaboradores seriam
part’cipes. O grande problema desta teoria Ž considerar o autor
intelectual (mandante) como part’cipe, e n‹o como autor. Mais que isso:
Essa teoria n‹o explica o fen™meno da autoria mediata (quando alguŽm
se vale de um inimput‡vel para cometer um crime).
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor Ž
quem colabora com participa•‹o de maior import‰ncia para o crime, e
part’cipe Ž quem colabora com participa•‹o reduzida, independentemente
de quem pratica o nœcleo do tipo (verbo que descreve a conduta
criminosa Ð matar, subtrair, etc.).
A terceira e œltima teoria, a teoria do dom’nio do fato, criada pelo
pai do finalismo, Hans Welzel10, e posteriormente desenvolvida por Claus
Roxin, defende que autor Ž todo aquele que possui o dom’nio da
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta
prevista no nœcleo do tipo) ou n‹o11. Para esta teoria, o autor seria aquele
que decide o tr‰mite do crime, sua pr‡tica ou n‹o, etc. Essa teoria
explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo
sem praticar o nœcleo do tipo (Òmatar alguŽmÓ), possui o dom’nio do fato,
pois tem o poder de decidir sobre o rumo da pr‡tica delituosa.
Para esta teoria, o part’cipe existe, e Ž aquele que contribui para a
pr‡tica do delito12, embora n‹o tenha poder de dire•‹o sobre a conduta
delituosa. O part’cipe s— controla a pr—pria vontade, mas a n‹o a conduta
criminosa em si, pois esta n‹o lhe pertence.
10
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
11
MU„OZ CONDE, Francisco. Teor’a general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogot‡,
1999, p. 155-156
12
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
13
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558
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1 - Dom’nio da a•‹o - O agente realiza diretamente a conduta
prevista no tipo penal
2 - Dom’nio da vontade - O agente n‹o realiza a conduta
diretamente, mas Ž o "senhor do crime", controlando a vontade do
executor, que Ž um mero instrumento do delito (hip—tese de autoria
mediata).
3 - Dom’nio funcional do fato - O agente desempenha uma
fun•‹o essencial e indispens‡vel ao sucesso da empreitada criminosa,
que Ž dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela
significativa, essencial e imprescind’vel.
Em todos estes casos, o agente ser‡ considerado autor do delito.
14
Idem, p. 558
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A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que Ž aquela na qual
a conduta dos agentes s‹o diversas e se somam, de forma a produzir o
resultado. Assim, se Ricardo segura a v’tima para que Poliana a
espanque, ambos s‹o coautores do crime de les‹o corporal, mediante
coautoria funcional.
PorŽm, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que Ž a
hip—tese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim,
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a v’tima, ambos
seriam coautores mediante coautoria material.
No quadro abaixo vou mostrar para voc•s algumas hip—teses
pol•micas de aplica•‹o do instituto da coautoria:
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conduta, j‡ que n‹o h‡ vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
coa•‹o f’sica irresist’vel Ž autor direto, n‹o mediato;
Ø! Admite-se a autoria mediata nos crimes pr—prios, mas n‹o nos
crimes de m‹o pr—pria (h‡ alguns doutrinadores que entendem ser
poss’vel).
1.3.2.! Participa•‹o
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restritivo
de autor, distinguindo-se autor e part’cipe. Adotou-se, ainda, a
teoria objetivo-formal, de forma que podemos definir a participa•‹o
como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora
para a pr‡tica delituosa, mas n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo do
tipo penal.
A participa•‹o pode ser:
¥! Moral Ð ƒ aquela na qual o agente n‹o ajuda materialmente
na pr‡tica do crime, mas instiga ou induz alguŽm a praticar
o crime. A instiga•‹o ocorre quando o part’cipe age no
psicol—gico do autor do crime, refor•ando a ideia criminosa,
que j‡ existe na mente deste. O induzimento, por sua vez,
ocorre quando o part’cipe faz surgir a vontade criminosa na
mente do autor, que n‹o tinha pensado no delito;
¥! Material Ð A participa•‹o material Ž aquela na qual o
part’cipe presta aux’lio ao autor, seja fornecendo objeto para
a pr‡tica do crime, seja fornecendo aux’lio para a fuga, etc. ƒ
tambŽm chamada de cumplicidade. Este aux’lio n‹o pode
ser prestado ap—s a consuma•‹o, salvo se o aux’lio foi
previamente ajustado.
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teoria da acessoriedade15. PorŽm, existem quatro teorias da
acessoriedade:
¥! Teoria da acessoriedade m’nima Ð Entende que a conduta
principal deva ser um fato t’pico, n‹o importando se Ž ou n‹o
um fato il’cito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e Jo‹o
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a
execu•‹o, Marcio guia o carro atŽ o local e fica esperando do
lado de fora. Jo‹o se dirige atŽ Paulo e, ap—s uma discuss‹o,
Paulo come•a a agredir Jo‹o, que na verdade mata Paulo
em leg’tima defesa. Jo‹o matou Paulo em leg’tima defesa e
n‹o em raz‹o do ajuste com Marcio (n‹o tendo praticado fato
il’cito, mas apenas t’pico), mas por esta teoria, mesmo assim
Marcio responderia como part’cipe do crime. Veja que Jo‹o,
de fato, matou Paulo. Contudo, o fato n‹o Ž il’cito, pois Jo‹o
agiu em leg’tima defesa. PorŽm, para esta teoria, ainda que a
conduta de Jo‹o seja considerada apenas t’pica, mas n‹o
il’cita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo Ž que, neste
caso, M‡rcio, que n‹o praticou a conduta seria punido, mas
Jo‹o seria absolvido pela leg’tima defesa.
¥! Teoria da acessoriedade limitada Ð Exige que o fato
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta
t’pica e il’cita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do
part’cipe Marcio n‹o Ž pun’vel, pois a conduta principal,
apesar de t’pica, n‹o Ž il’cita. Veja que, para esta corrente
Doutrin‡ria, se o fato praticado pelo autor NÌO FOR
ILêCITO (Ainda que seja um fato t’pico), em raz‹o de
leg’tima defesa, etc., o part’cipe n‹o deve ser punido;
¥! Teoria da acessoriedade m‡xima Ð Para esta teoria, o
part’cipe s— ser‡ punido se o fato for t’pico, il’cito e praticado
por agente culp‡vel. Essa teoria faz exig•ncia irrazo‡vel, pois
a culpabilidade Ž uma quest‹o pessoal do agente, n‹o
guardando rela•‹o com o fato. Assim, imagine que Carlos,
maior de idade, seja part’cipe de um roubo praticado por
Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos n‹o
poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade
de part’cipe), pois Lucas (o autor principal) Ž
inimput‡vel (n‹o tem culpabilidade), sendo o fato
apenas t’pico e il’cito, sem o complemento da
culpabilidade.
15
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da
punibilidade do part’cipe, que Ž a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSA‚ÌO), que
diz que o part’cipe deve ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado.
Em contraposi•‹o a esta, havia a teoria da participa•‹o na culpabilidade, que defendia
que o part’cipe deveria ser punido apenas por exercer Òinflu•ncia negativaÓ sobre o
autor. Esta œltima foi abandonada pela Doutrina h‡ algumas dŽcadas.
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¥! Teoria da hiperacessoriedade Ð Exige que, alŽm de o fato
ser t’pico e il’cito e o agente culp‡vel, o autor tenha sido
efetivamente punido para que o part’cipe responda pelo
crime. ƒ ainda mais irrazo‡vel que a œltima. Imagine que JosŽ
seja part’cipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer
do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extin•‹o da
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta
corrente, como houve extin•‹o da punibilidade em
rela•‹o a Marcelo (o autor do delito), o part’cipe (JosŽ)
n‹o poder‡ mais ser punido.
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para a pr‡tica do delito. Assim, o funcion‡rio pœblico que n‹o
tranca a porta da reparti•‹o ao final do expediente, e esta vem a
ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato
culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP), enquanto o particular responde por
furto. N‹o h‡ concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo
entre ambos (coer•ncia de vontades).
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meio utilizado), se comunica, pois embora A n‹o tenha usado
de emboscada, concordou com esta pr‡tica por B.
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunst‰ncia n‹o
se comunicaria, por n‹o ter entrado na esfera de
conhecimento de A;
ü! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas
ou subjetivas Ð No entanto, mais uma vez se exige que
estas elementares tenham entrado no ‰mbito de
conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Jœlio,
servidor pœblico, convida Marcelo a entrar na reparti•‹o onde
trabalham, valendo-se da condi•‹o de Jœlio, para subtrair
alguns computadores. Caso Marcelo conhe•a a condi•‹o de
funcion‡rio pœblico de Jœlio, ambos respondem pelo crime de
peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Caso Marcelo
desconhe•a essa circunst‰ncia elementar, responde ele
apenas pelo crime de furto, pois a aus•ncia dessa
circunst‰ncia faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas
a conduta ainda Ž pun’vel como furto comum.
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de sua bancada particular, vai a outra sala buscar o jornal e
retorna ˆ sua bancada para l•-lo, enquanto degusta a bebida.
Aproveitando-se de tais dados, Zen‹o e G—rgias resolvem que
executar‹o o crime de homic’dio atravŽs de envenenamento.
Para tanto, Zen‹o, certificando-se que n‹o havia ninguŽm
perto da bancada de Tales, coloca na bebida 0,1 ml de
poderoso veneno. Logo em seguida chega G—rgias, que tambŽm
verifica a aus•ncia de qualquer pessoa e adiciona ao cafŽ mais
0,1 ml do mesmo veneno poderoso. Posteriormente, Tales
retorna ˆ sua mesa e senta-se confortavelmente na cadeira
para degustar o cafŽ lendo o jornal, como fazia todos os
dias. Cerca de duas horas ap—s a ingest‹o da bebida, Tales vem
a falecer. Ocorre que toda a conduta de Zen‹o e G—rgias foi
filmada pelas c‰meras internas presentes na sala da v’tima, as
quais eram desconhecidas de dambos, raz‹o pela qual a autoria
restou comprovada. TambŽm restou comprovado que Tales
somente morreu em decorr•ncia da a•‹o conjunta das duas
doses de veneno, ou seja, somente 0,1 ml da subst‰ncia n‹o
seria capaz de provocar o resultado morte. Com base na
situa•‹o descrita, Ž correto afirmar que
a) caso Zen‹o e G—rgias tivessem agido em concurso de
pessoas, deveriam responder por homic’dio qualificado doloso
consumado.
b) mesmo sem qualquer combina•‹o prŽvia, Zen‹o e G—rgias
deveriam responder por homic’dio qualificado doloso
consumado.
c) Zen‹o e G—rgias, agindo em autoria colateral, deveriam
responder por homic’dio culposo.
d) Zen‹o e G—rgias, agindo em concurso de pessoas,
deveriam responder por homic’dio culposo.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Zen‹o e G—rgias agiram em autoria
colateral, e NÌO em concurso de pessoas, pois n‹o havia qualquer v’nculo
subjetivo entre eles (um n‹o conhecia a conduta do outro).
N‹o h‡ que se falar em concurso de agentes, pois um desconhecia a
conduta do outro. Contudo, caso estivessem agindo em concurso, ambos
responderiam pelo resultado, ou seja, homic’dio doloso qualificado
consumado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETR A.
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emprestado a Lara um fac‹o. A amiga prontamente atende ao
pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo
correr conforme o planejado, executar‡ o homic’dio naquele
mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo Ž
descoberto pela pol’cia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da
autoria, assinale a afirmativa correta.
A) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara,
por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime e deve responder por
homic’dio, sem a presen•a da circunst‰ncia agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio, incidindo, para ambas, a circunst‰ncia agravante de ter
sido, o crime, praticado contra ascendente.
c
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado
contra ascendente somente incide em rela•‹o ˆ Sofia.
D) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com
a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
Lara, por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime, mas a agravante
tambŽm lhe ser‡ aplicada.
COMENTçRIOS: A teoria restritiva sustenta a tese de que autor do delito
Ž aquele que pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (no caso
em tela, o verbo ÒmatarÓ), sendo part’cipes todos aqueles que, n‹o
praticando a conduta descrita no nœcleo do tipo, prestam algum tipo de
aux’lio (moral ou material).
No caso em tela, apenas Sofia praticou a conduta descrita no nœcleo do
tipo penal (matar), de forma que apenas esta Ž considerada AUTORA do
delito.
Lara, por sua vez, n‹o Ž considerada autora do delito, mas PARTêCIPE,
por ter prestado aux’lio material (emprestando a faca) ˆ Sofia.
Com rela•‹o ˆ agravante (de ter sido praticado contra ascendente), esta
n‹o Ž extens’vel ˆ Lara, pois se trata de circunst‰ncia agravante de
car‡ter pessoal, aplic‡vel apenas ao infrator que possui la•o de
parentesco com a v’tima, nos termos do art. 65, II, e, C/C art. 30 do CP.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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Casu’stica 2: Lucas concorre para um infantic’dio auxiliando
Julieta, parturiente, a matar o nascituro Ð o que efetivamente
acontece. Lucas sabia, desde o in’cio, que Julieta estava sob a
influ•ncia do estado puerperal.
Levando em considera•‹o a legisla•‹o vigente e a doutrina sobre
o concurso de pessoas (concursus delinquentium), Ž correto
afirmar que
A) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado por motivo torpe.
No exemplo 2, Lucas e Julieta responder‹o pelo crime de
infantic’dio.
B) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
2
exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado
puerperal, responder‡ por homic’dio, e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de
homic’dio (ele na modalidade simples, ela na modalidade
privilegiada em raz‹o da influ•ncia do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil.
No exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado
puerperal, responder‡ por homic’dio e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
COMENTçRIOS:
Caso 01 Ð Tendo Amarildo agido mediante relevante valor moral, logo
ap—s injusta provoca•‹o da v’tima, Amarildo responde por homic’dio
privilegiado, mas essa circunst‰ncia, por ser de car‡ter pessoal, n‹o se
comunica a Ronaldo, que responde por homic’dio qualificado pelo motivo
torpe (mediante paga ou promessa de recompensa);
Caso 02 Ð Embora o delito de infantic’dio seja crime pr—prio, que s— pode
ser praticado pela m‹e contra o pr—prio filho, durante o estado puerperal,
Ž atualmente pac’fico o entendimento no sentido de que Ž poss’vel
concurso de agentes, desde que o comparsa saiba da condi•‹o de sua
comparsa, ou seja, saiba que ela est‡ matando o pr—prio filho sob a
influ•ncia do estado puerperal. Assim, ambos responder‹o por
infantic’dio;
Assim, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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1.4.2.! Coopera•‹o dolosamente distinta
A coopera•‹o dolosamente distinta, tambŽm chamada de
Òparticipa•‹o em crime menos graveÓ, ocorre quando ambos os agentes
decidem praticar determinado crime, mas durante a execu•‹o, um deles
decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, ¤
2¡ do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
(...)
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-‡ aplicada a pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na
hip—tese de ter sido previs’vel o resultado mais grave. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
9
EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um
furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro
enquanto Herval adentra ˆ resid•ncia. Entretanto, ao chegar ˆ resid•ncia,
Herval se depara com dois seguran•as, e troca tiros com ambos, levando-
os a —bito (sinistro esse cara). Ap—s, entra na casa e subtrai diversos
bens. Volta ao carro e ambos fogem.
Camila n‹o quis participar de um latroc’nio (que foi o que
efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a
primeira parte do ¤ 2¡ do art. 29 do CP, responder‡ somente pelo furto.
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o
latroc’nio era prov‡vel (se soubesse, por exemplo, que Herval estava
armado e que havia a possibilidade de ter seguran•as na casa), a pena do
crime de furto (n‹o a do latroc’nio!!) ser‡ aumentada atŽ a metade.
A lei diz ÒatŽ a metadeÓ, logo, o aumento pode n‹o chegar a
esse patamar. O aumento de pena ir‡ variar conforme o grau de
previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila n‹o se
predisp™s, mas era previs’vel.
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e do CP, j‡ que se trata de situa•‹o em que h‡ maior vulnerabilidade
psicol—gica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta
criminosa. Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem
a conduta criminosa ter‹o suas penas agravadas (art. 62, I do CP).
2.!CONCURSO DE CRIMES
2.2.! EspŽcies
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cumulativa de penas de reclus‹o e de deten•‹o, executa-se primeiro aquela.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Na hip—tese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, n‹o suspensa, por um dos crimes, para os demais
ser‡ incab’vel a substitui•‹o de que trata o art. 44 deste C—digo. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprir‡ simultaneamente as que forem compat’veis entre si e
sucessivamente as demais. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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2.2.2.! Concurso formal de crimes
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma œnica
conduta, pratica dois ou mais crimes, id•nticos ou n‹o. Nos termos do
art. 70 do CP:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma s— a•‹o ou omiss‹o, pratica dois
ou mais crimes, id•nticos ou n‹o, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cab’veis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto atŽ metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a a•‹o ou omiss‹o Ž dolosa e os crimes concorrentes
resultam de des’gnios aut™nomos, consoante o disposto no artigo
anterior.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra
do art. 69 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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inten•›es (des’gnios) aut™nomas, nos termos do art. 70,
segunda parte, do CP.
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Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra
do art. 69 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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espŽcie; e c) condi•›es semelhantes de tempo, lugar, modo de
execu•‹o e outras semelhan•as.
H‡ diverg•ncia doutrin‡ria quanto ˆ necessidade de haver ou n‹o
unidade de des’gnio.
A pluralidade de conduta decorre da reda•‹o do art. 71, que fala
em Òmediante mais de uma a•‹o ou omiss‹oÓ.
A pluralidade de crimes causa pol•mica. O que seriam crimes
da mesma espŽcie? A Doutrina e a Jurisprud•ncia n‹o s‹o pac’ficas.
Parte minorit‡ria entende que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles que
tutelam o mesmo bem jur’dico. Assim, para essa corrente, furto,
estelionato, apropria•‹o indŽbita, etc., seriam todos crimes da mesma
espŽcie, pois seriam todos Òcrimes contra o patrim™nioÓ.
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, Ž a de
que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles tipificados pelo mesmo
dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada,
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espŽcie
roubo e roubo qualificado18.
Entretanto, essa corrente entende que, alŽm de serem tratados
no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jur’dico.
Assim, roubo simples (art. 157) e latroc’nio (art. 157, ¤ 3¡ do CP) n‹o
seriam crimes da mesma espŽcie, pois o latroc’nio tutela, ainda, o direito
ˆ vida, e n‹o somente o patrim™nio. O STJ j‡ solidificou este
entendimento19.
Por fim, a semelhan•a entre os delitos deve obedecer ˆ conex‹o
de quatro g•neros: temporal, espacial, modal e ocasional.
A conex‹o temporal exige que os crimes tenham sido cometidos
na mesma Žpoca. Mesma Žpoca n‹o implica mesmo momento. A
jurisprud•ncia tem entendido que os crimes n‹o podem ter sido
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que
se refere aos crimes contra a ordem tribut‡ria, o STF j‡ entendeu que
pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido
cometidos em lapso temporal n‹o superior a 03 anos.
A conex‹o espacial indica que, para que seja considerada
continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A
Jurisprud•ncia entende que a conex‹o espacial s— estar‡ presente se os
crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no m‡ximo, na mesma
regi‹o metropolitana.
A conex‹o modal se verifica quando o agente pratica o crime
sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execu•‹o, pela utiliza•‹o
de comparsas, etc.
18
AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
27/05/2014, DJe 03/06/2014
19
HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013,
DJe 04/09/2013
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A conex‹o ocasional n‹o possui previs‹o expressa na Lei, mas
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros
crimes tenham proporcionado uma ocasi‹o que gerou a pr‡tica dos
crimes subsequentes.
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estabelece a quantidade m’nima nesse caso, mas a
Jurisprud•ncia, inclusive o STF, entende que o m’nimo aqui
tambŽm Ž de 1/6.
Aqui tambŽm se aplica a regra do Òconcurso material benŽficoÓ, ou
seja, se o sistema da exaspera•‹o se mostrar mais gravoso, dever‡ ser
aplicado o sistema do cœmulo material.
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Esta previs‹o consta do verbete n¡ 497 da sœmula do STF:
SÚMULA Nº 497
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRI‚ÌO REGULA-SE
PELA PENA IMPOSTA NA SENTEN‚A, NÌO SE COMPUTANDO O ACRƒSCIMO
DECORRENTE DA CONTINUA‚ÌO.
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B) homic’dio culposo e les‹o corporal grave, em concurso
formal.
C) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso
material.
D) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso
formal.
COMENTçRIOS: Neste caso, Pedro praticou dois crimes em concurso
formal, pois provocou os dois resultados com uma œnica conduta. Os
crimes praticados foram os de homic’dio culposo e les‹o corporal culposa,
previstos nos arts. 121, ¤3¼ e 129, ¤6¼ do CP, respectivamente.
N‹o h‡ que se falar em crime de disparo de arma de fogo, pois tal
conduta s— Ž pun’vel na forma dolosa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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COMENTçRIOS: A afirmativa A est‡ errada, eis que no concurso de
crimes as penas de multa s‹o aplicadas distinta e integralmente, nos
termos do art. 72. A afirmativa B tambŽm est‡ errada, que n‹o h‡
depend•ncia jur’dica entre eles. H‡, apenas, depend•ncia f‡tica (devem
ser praticados num mesmo contexto f‡tico). A letra C caracteriza bem o
concurso formal, no entanto, peca quanto ˆs consequ•ncias, j‡ que as
penas n‹o s‹o somadas, aplicando-se o sistema da exaspera•‹o, nos
termos do art. 70 do CP.
J‡ a letra D est‡ correta, eis que o sistema do cœmulo material (soma das
penas) Ž aplicado ao concurso material e ao concurso formal imperfeito
(agente pratica uma s— conduta, atingindo mais de um bem jur’dico, s—
que com a inten•‹o de lesionar os dois), nos termos dos arts. 69 e 70,
segunda parte, do CP. J‡ o sistema da exaspera•‹o Ž previsto para o
concurso formal pr—prio ou perfeito (com uma s— conduta atinge dois
bens jur’dicos, sem a inten•‹o de lesionar ambos) e ao crime continuado,
conforme podemos extrair dos arts. 70 e 71 do CP.
PORTANTO, A AFIRMATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
3.! RESUMO
CONCURSO DE PESSOAS
Conceito - Colabora•‹o de dois ou mais agentes para a pr‡tica de uma
infra•‹o penal.
Teoria adotada pelo CP Ð Teoria monista temperada (ou
mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa
respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua
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culpabilidade. H‡ exce•›es ˆ teoria monista (Ex.: aborto praticado por
terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde pelo crime
do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124).
EspŽcies:
§! EVENTUAL Ð O tipo penal n‹o exige que o fato seja praticado por
mais de uma pessoa.
§! NECESSçRIO Ð O tipo penal exige que a conduta seja praticada
por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas
(crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas
dirigidas ˆ obten•‹o da mesma finalidade criminosa (associa•‹o
criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes
de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes
praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o
resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas:
Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex.
Crime de rixa)
Requisitos
§! Pluralidade de agentes - ƒ necess‡rio que tenhamos mais de
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso.
§! Relev‰ncia causal da colabora•‹o Ð A participa•‹o do agente
deve ser relevante para a produ•‹o do resultado, de forma que a
colabora•‹o que em nada contribui para o resultado Ž um
indiferente penal.
§! V’nculo subjetivo (ou liame subjetivo) Ð ƒ necess‡rio que a
colabora•‹o dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo
menos tenha havido ades‹o de um ˆ conduta do outro. Trata-
se do princ’pio da converg•ncia.
§! Unidade de crime (ou contraven•‹o) para todos os agentes
(identidade de infra•‹o penal) Ð As condutas dos agentes,
portanto, devem constituir algo juridicamente unit‡rio.
§! Exist•ncia de fato pun’vel Ð Trata-se do princ’pio da
exterioridade. Assim, Ž necess‡rio que o fato praticado pelos
agentes seja pun’vel, o que de um modo geral exige pelo menos
que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime
tentado.
Modalidades
Coautoria Ð Ado•‹o do conceito restritivo de autor (teoria
restritiva), por meio da teoria objetivo-formal: autor Ž aquele que
pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal. Todos os demais s‹o
part’cipes.
OBS.: Autoria mediata: situa•‹o na qual alguŽm (autor mediato) se
vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a pr‡tica de
um delito. Pode ocorrer quando:
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§! O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
§! O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coa•‹o moral
irresist’vel)
T—picos importantes:
§! Pode haver autoria mediata nos crimes pr—prios - Desde que o
autor MEDIATO reœna as condi•›es especiais exigidas pelo tipo
penal.
§! N‹o h‡ possibilidade de autoria mediata nos crimes de m‹o
pr—pria Ð Impossibilidade de se executar o delito por interposta
pessoa
§! AUTORIA POR DETERMINA‚ÌO Ð Pune-se aquele que, embora
n‹o sendo autor nem part’cipe, exerce sobre a conduta dom’nio
EQUIPARADO ˆ figura da autoria.
T—picos importantes
§! N‹o se admite coautoria nos crimes de m‹o pr—pria
§! Doutrina ligeiramente majorit‡ria entende n‹o ser cab’vel coautoria
em crimes culposos
§! N‹o existe coautoria entre autor mediato e autor imediato
§! H‡ possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos
PARTICIPA‚ÌO
EspŽcies
¥! Moral Ð O agente n‹o ajuda materialmente na pr‡tica do
crime, mas instiga ou induz alguŽm a praticar o crime.
¥! Material Ð A participa•‹o material Ž aquela na qual o
part’cipe presta aux’lio ao autor, seja fornecendo objeto para
a pr‡tica do crime, seja fornecendo aux’lio para a fuga, etc.
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CONCURSO DE CRIMES
O concurso de crimes pode ser de tr•s espŽcies: concurso formal,
concurso material e crime continuado.
H‡, tambŽm, tr•s sistemas de aplica•‹o da pena:
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¥! Sistema do cœmulo material Ð ƒ aplicada a pena
correspondente ao somat—rio das penas relativas a cada um
dos crimes cometidos isoladamente.
¥! Sistema da exaspera•‹o Ð Aplica-se ao agente somente a
pena da infra•‹o penal mais grave, acrescida de determinado
percentual.
¥! Sistema da absor•‹o Ð Aplica-se somente a pena da
infra•‹o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem
que haja qualquer aumento.
CONCURSO MATERIAL
Conceito Ð Aqui o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou
mais resultados.
EspŽcies:
§! Homog•neo - Quando todos os crimes praticados s‹o
id•nticos
§! Heterog•neo - Quando os crimes praticados s‹o diferentes
Sistema de aplica•‹o da pena
Aplica-se o sistema do CòMULO MATERIAL.
CONCURSO FORMAL
Conceito Ð Aqui o agente pratica uma s— conduta e produz dois ou mais
resultados.
EspŽcies:
§! Homog•neo - Quando todos os crimes praticados s‹o
id•nticos
§! Heterog•neo - Quando os crimes praticados s‹o diferentes
§! Perfeito (pr—prio) Ð Aqui o agente pratica uma œnica
conduta e acaba por produzir dois resultados, embora n‹o
pretendesse realizar ambos, ou seja, n‹o h‡ des’gnios
aut™nomos (inten•‹o de, com uma œnica conduta, praticar
dolosamente mais de um crime).
§! Imperfeito (impr—prio) Ð Aqui o agente se vale de uma
œnica conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime.
Sistema de aplica•‹o da pena
REGRA Ð Sistema da exaspera•‹o: pena do crime mais grave,
aumentada (exasperada) de 1/6 atŽ a metade
Como definir a quantidade de aumento? De acordo com a quantidade
de crimes praticados
EXCE‚ÍES
§! Concurso formal impr—prio (imperfeito) Ð Neste caso, aplica-se
o sistema do cœmulo material
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DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
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§! Cœmulo material benŽfico Ð Ocorre quando o sistema da
exaspera•‹o se mostra prejudicial ao rŽu
CRIME CONTINUADO
Conceito Ð Hip—tese na qual o agente pratica diversas condutas,
praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condi•›es s‹o
considerados pela Lei (por uma fic•‹o jur’dica) como crime œnico.
OBS.: Em rela•‹o ˆ prescri•‹o n‹o h‡ fic•‹o jur’dica, de maneira que as
condutas ser‹o consideradas autonomamente (a prescri•‹o incidir‡ sobre
cada crime individualmente).
Requisitos:
§! Pluralidade de condutas
§! Pluralidade de crimes da mesma espŽcie
§! Condi•›es semelhantes de tempo, lugar, modo de execu•‹o e
outras semelhan•as
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§! Crime continuado qualificado - As penas dos delitos praticados
s‹o diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles,
aumentada de 1/6 a 2/3
§! Crime continuado espec’fico Ð Ocorre nos crimes dolosos
cometidos com viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, sendo as
v’timas diferentes. O Juiz poder‡ aplicar a pena de um deles (ou a
mais grave, se diversas), aumentada atŽ o triplo.
OBS.: Aqui tambŽm se aplica a regra do Òconcurso material benŽficoÓ, ou
seja, se o sistema da exaspera•‹o se mostrar mais gravoso, dever‡ ser
aplicado o sistema do cœmulo material.
CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO Pluralidade de CòMULO
MATERIAL condutas e de MATERIAL
crimes (somat—rio das
penas)
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entre os delitos
§! Penas dos
delitos s‹o
diversas
Bons estudos!
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4.!EXERCêCIOS DA AULA
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01.! (FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)
Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma
resid•ncia onde ela exercia a fun•‹o de passadeira. Decidem, ent‹o,
subtrair bens do im—vel em data sobre a qual Francisca tinha
conhecimento de que os propriet‡rios estariam viajando, pois assim ela
tinha certeza de que os patr›es, de quem gostava, n‹o sofreriam
qualquer amea•a ou viol•ncia.
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael
entra no im—vel para subtrair bens. Ela, porŽm, percebe que o carro dos
patr›es est‡ na garagem e tenta avisar o fato ao comparsa para que este
sa’sse r‡pido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava
ocupada, decide empregar viol•ncia contra os propriet‡rios para continuar
subtraindo mais bens. Descobertos os fatos, Francisca e Rafael s‹o
denunciados pela pr‡tica do crime de roubo majorado.
Considerando as informa•›es narradas, o(a) advogado(a) de Francisca
dever‡ buscar
A) sua absolvi•‹o, tendo em vista que n‹o desejava participar do crime
efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participa•‹o de menor import‰ncia, com
aplica•‹o de causa de redu•‹o de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos
grave, aplicando-se a pena do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos
grave, aplicando-se causa de diminui•‹o de pena sobre a pena do crime
de roubo majorado.
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c) o concurso formal perfeito, tambŽm conhecido como pr—prio, ocorre
quando o agente, por meio de uma s— a•‹o ou omiss‹o, pratica dois ou
mais crimes id•nticos, caso em que as penas ser‹o somadas.
d) o C—digo Penal Brasileiro adotou o sistema de aplica•‹o de pena do
cœmulo material para os concursos material e formal imperfeito, e da
exaspera•‹o para o concurso formal perfeito e crime continuado.
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Diante desse quadro f‡tico, assinale a op•‹o que apresenta a correta
responsabilidade penal de Maria Joaquina.
a) Dever‡ responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade de
part’cipe, eis que contribuiu de alguma forma para o sucesso da
empreitada criminosa ao n‹o denunciar o plano.
b) Dever‡ responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso de
agentes, afastada a qualificadora do rompimento de obst‡culo, por esta
n‹o se encontrar na linha de seu conhecimento.
c) N‹o dever‡ responder por qualquer infra•‹o penal, sendo a sua
participa•‹o irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa.
d) Dever‡ responder pelo crime de omiss‹o de socorro.
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n‹o est‡ influenciado pelo estado puerperal, responder‡ por homic’dio, e
Julieta pelo crime de infantic’dio.
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio pelo fato
de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No exemplo 2, tanto
Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de homic’dio (ele na
modalidade simples, ela na modalidade privilegiada em raz‹o da
influ•ncia do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil. No exemplo
2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado puerperal, responder‡ por
homic’dio e Julieta pelo crime de infantic’dio.
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5.! GABARITO
1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA D
3.! ALTERNATIVA A
4.! ALTERNATIVA A
5.! ALTERNATIVA D
6.! ALTERNATIVA A
7.! ALTERNATIVA C
8.! ALTERNATIVA B
9.! ALTERNATIVA A
10.!ALTERNATIVA A (ANULçVEL)
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