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RESUMO: Quando ocorrem solicitações dinâmicas nos solos, como as produzidas por fundações
de máquinas vibratórias e plataformas off-shore, torna-se indispensável a determinação do módulo
de cisalhamento máximo (Go). A velocidade de propagação das ondas cisalhantes (Vs) possibilita o
cálculo de Go pela Teoria da Elasticidade, que pode ser feita tanto no campo como no laboratório.
A geração e interpretação dos registros sísmicos em ensaios down-hole não são simples e diretas e
depende dos equipamentos e do método de interpretação empregado. Neste artigo serão descritos os
equipamentos e os procedimentos para realização do ensaio sísmico down-hole para garantir a
qualidade dos valores de Go determinados em campanhas de ensaios realizadas nos campos
experimentais da USP-São Carlos e Unesp-Bauru. Donde se conclui que tanto o método Cross Over
como o Cross Correlation são aplicáveis, sendo que o método preferível dependerá da frequência
de aquisição utilizada no ensaio. Também serão comparadas as ondas geradas a partir de diferentes
fontes sísmicas.
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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
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sendo elas: uma barra de aço pequena e duas entre os resultados obtidos através do intervalo
barras confeccionadas seguindo as verdadeiro com os obtidos a partir do pseudo
recomendações de Butcher et al. (2005), ambas intervalo.
de madeira revestivas com 2,5cm de aço sendo Sistema de aquisição de dados (Hardware):
uma com 60 x 20 cm e a outra 115 x 20 cm de utilizou-se um módulo conversor analógico-
base. Elas dispõem de cunhas na base com 1cm digital de 16 canais, modelo ADS2000, com
de comprimento a fim de melhorar o contato condicionador de sinais modelo AI-2161,
com o solo. Também foi elaborado um sistema fabricados pela Lynx Tecnologia Eletrônica,
de pêndulo para aplicação dos golpes, Este sistema permite utilizar uma frequência de
garantindo repetitividade na geração das ondas. aquisição de 15 kHz.
As Figuras 7 a 9 ilustram as fontes testadas
Software para aquisição e interpretação dos
dados: empregou-se o software desenvolvido na
UNESP – campus Bauru descrito em Pedrini et
al. (2010). Além de aquisitar os dados, este
software calcula Vs pelo método Cross
Correlation no domínio dos tempos, possuindo
recurso de seleção de sinal e de filtro.
Penetrômetro: empregou-se um equipamento
fabricado pela Pagani para execução dos
ensaios. Esta máquina tem capacidade de
cravação de 150 kN, é fixada ao solo através de
duas ancoragens de 4 metros de comprimento,
permitindo uma execução rápida e econômica
do ensaio, eliminando a necessidade de
executar um furo revestido e garantindo um
contato perfeito entre o sensor e o solo, aspecto
fundamental para garantir a qualidade dos sinais
registrados.
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Amplitude (V)
4
Amplitude (V)
2
-4
0 20 40
Tempo (ms)
60 80 100 com intensidade que não provoque vibração
Figura 10 Comparação entre as ondas registradas com o excessiva da viga de cisalhamento, registrando
geofone paralelo e não paralelo a direção do golpe. ondas com melhor qualidade e de mais fácil
interpretação.
4.2 Intensidade de aplicação dos golpes
transferência ao solo. 0
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barra de aço são insuficientes para gerar ondas Esta comparação tem por objetivo avaliar o
S com nível adequado de energia. dispositivo de trigger utilizado, uma vez que é
Ressalta-se que as ondas apresentadas foram sabido que as técnicas fornecem o mesmo
registradas pelo mesmo geofone e a intensidade resultado desde que se utilize um sistema de
dos golpes foi a mesma, aplicando golpes trigger preciso e repetitivo e uma fonte sísmica
fracos, a fim de obter registros com boa que gere ondas idênticas (Campanella &
qualidade. Howie, 2008). A Figura 14 apresenta a
comparação dos resultados obtidos com ambos
os intervalos de tempo empregando
6 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS espaçamento de 1,0 e 0,5m entre os geofones.
Os perfis de velocidade obtidos são muito
Neste item, avalia-se (6.1) necessidade de próximos, nota-se que para espaçamento de
utilização do filtro (6.2) comparação entre o 0,5m entre os geofones, o intervalo verdadeiro
intervalo verdadeiro e o pseudo intervalo de forneceu velocidades ligeiramente superiores do
tempo, (6.3) método mais adequado para que o pseudo intervalo, o que não foi observado
determinação de Vs, quando se utiliza espaçamento de 1m de
distância entre os geofones.
6.1 Filtro Também são notáveis os baixos valores do
coeficiente de variação obtidos com os dois
O software desenvolvido na UNESP campus intervalos de tempo, entretanto, utilizando o
Bauru, descrito em Pedrini et al. (2010), possui intervalo verdadeiro houve menor dispersão nas
recurso de filtro de sinais. Sua utilização tem velocidades.
por objetivo eliminar os ruídos indesejáveis. Na Vale destacar que, em alguns ensaios,
literatura, encontram-se recomendações para obtiveram-se bons resultados com o intervalo
filtrar o sinal entre 40Hz e 120Hz e para o verdadeiro e maus com o pseudo intervalo,
utilizar somente quando o sinal registrado dessa forma, os autores consideram o intervalo
apresentar nível de interferência que justifique verdadeiro mais confiável.
o seu emprego (Campanella & Stewart, 1991).
A Figura 13 apresenta um registro sem Geofones com 0,5m de distância
Vs (m/s) Coeficiente de
Geofones com 1m de distância
Vs (m/s) Coeficiente de
aplicação de filtro (onda vermelha) e com Variação (%) Variação (%)
200 300 400 500 0
aplicação de filtro passa baixo de 120Hz (onda
200 300 400 500 0 5 10 5 10
3 0
azul). 4
2
4
5
6
6
7
10
Profundidade (m)
Profundidade (m)
8
12
Figura 13 Comparação entre o sinal original o com filtro
9
de 120Hz. 14
10 16
22
considerada inadequada. A aplicação de filtros 13
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Butcher et al. (2005) e Campanella & Howie
8 (2008), que sugerem 20kHz.
8
10
Profundidade (m)
Profundidade (m)
12 10
14
REFERENCIAS
12
16
14 Bucher, A. P., Campanella, R.G., Kaynia, A. M.,
18 Massarch, K. R. (2005), Seismic cone downhole
16 procedure to measure shear wave velocity – a
20
guideline. The International Society for Soil
18
22 Mechanics and Geotechnical Engineering, Technical
24 20 Committee No 10.
Campanella, R. G. & Howie, J.A. (2008), Guidelines for
the use, interpretation and application of seismic
Figura 15 Comparação entre os métodos Cross Over e
piezocone test data, Geotechnical Research Group
Cross Correlation
Department of Civil Engineering The University of
7 CONCLUSÃO
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British Columbia
Campanella, R. G. & Stewart, W. P. (1991), Downhole
seismic cone analysis using digital signal processing.
Second international conference on recent advances
in geotechnical earthquake engeneering and soil
dynamics. Paper nº1.32.
Pedrini, R. A. A., Vitali, O. P. M., Giacheti, H. L. (2010),
Software para análise de registros sísmicos em
ensaios down-hole com o piezocone COBRAMSEG
2010, Gramado, RS, Brasil
Sully, J. P. & Campanella R. G. (1995), Evaluation of in
situ anisotropy from Cross Hole and Down Hole
shear wave velocity measurements, Géotechnique 45,
nº 2, 267 – 282.
Rodrigues, C.; Bonito, F., Almeida, F., Moura, R.,
Cardoso, C., Constantino, F. Ondas de superfície na
avaliação de parâmetros elásticos de solos: estudo
comparativo com outros métodos sísmicos.
Vitali, O. P. M.; Pedrini, R. A.; Giacheti, H. L (2010),
Primeiros resultados do desenvolvimento de um
sistema para realização de ensaios sísmicos down-
hole, 12º Congresso Nacional de Geotecnia,
Guimarães, Portugal.