Com seus olhares e toques, suas mesmas manias. Altivos, poderosos, cheios de sabedoria, para destruir e construir. Perguntas-me de quem falo? Ora, dos deuses é claro. Eles eram muitos, cada um com suas manias e singularidades, aos mais diversos propósitos eles poderiam servir. Regidos por um que era considerado o deus dos deuses, Ilahin, soberano dos soberanos. Sua figura era imponente, alto, com músculos tomando todo seu torso, cabelos longos e brancos como a mais fina neve, sobrancelhas grosas, cingido de uma armadura dourada e reluzente como o sol, e em sua cinta havia uma espada cravejada de pedras coloridas, como rubis, topázios e diamantes. Sua voz grave ecoava nas regiões divinas, nada fugia de seus olhos. Os outros tinham funções, ou melhor dizendo aptidões específicas. Uns mais apegados a construção de objetos, outros dominavam todo tipo de filosofia que existisse no universo, outros entendiam dos sentimentos. Mas sem exceção nenhuma, sem sombra de dúvidas todos tinham o poder que chamamos de magia, uns a dominavam mais que os outros, mas nenhum deles não conhecia o ofício, por assim dizer. Apesar de toda glória e resplendor, todo poder e sabedoria atribuída a eles, percebiam que poderiam criar algo magnífico, inenarrável, simplesmente digno de deuses. Então em um concílio dos deuses, foi votado e decidido que poderiam construir tal obra divina, e assim foi feito. Kadariel, foi o responsável por organizar a construção, e assim todos os deuses foram dando seu toque a tal obra. Criaram os continentes e ilhas, os mares, as terras geladas. Inseriam todo o tipo de criatura que possa imaginar. Em poucos dias estava pronto, a grande obra divina. Porém, Coratiel, observou que faltava algo em toda essa criação. Apesar de toda sua beleza, ainda parecia vazia, faltava algo. Pois a grande verdade, velada por todos os deuses é que eles eram sozinhos. Decidiram então criar um ser que pudesse ter semelhanças com os deuses e pudessem ensinar a eles todos os dias, assim não seriam mais sozinhos, e poderiam em sua infinita existência ter um novo propósito. Criaram a raça humana. Seres exuberantes que tinha uma semelhança incrível com seus criadores. Cada um dos deuses lhes deu uma característica diferente, segundo eles o que cada um poderia ter de melhor, receberam sua essência e assim o homem foi colocado na terra de Kadar para começar seu aprendizado. Porém, em todo bem de alguma forma esconde-se algum mal. E os deuses não estavam sozinhos nesse universo. Também existiam os demônios. Seres que viviam de enganar seus semelhantes, ou em alguns casos até matavam. Não eram organizados, a cada era eles travavam uma batalha muito longa entre eles pelo controle das legiões. Viviam no chamado pelos deuses, mundo inferior, um lugar escuro, mau cheiroso, como uma profunda caverna. Também tinham poderes, menores que os dos deuses, porém capazes de fazer estragos enormes. Com o passar das eras, os demônios, corromperam alguns humanos, e começam a se alimentar de sua essência divina. Foram eles que ensinaram ao homem a ganância, a destruição, o engano, e muitos outros males que começaram a dominar a criação divina. Ao observar que os homens haviam perdido seu propósito, e haviam sido seduzidos pelas facilidades a que foram apresentados, os deuses se entristeceram e deliberadamente abandonaram os homens a sua própria sorte, intervindo poucas vezes em assuntos humanos. Kadariel e Coratiel, não deixaram de olhar por sua criação, sempre que podiam interferiam direta ou indiretamente nos assuntos humanos, mas, mesmo assim, apenas alguns poucos acreditavam e ainda clamavam por deuses. O tempo passou, os humanos ficaram fortes, se adaptaram as terras, construíram grandes palácios, aprenderam a arar a terra, domesticar e criar animais. Fundaram cidades, ergueram murros. Já não precisavam de deuses ou demônios, porém os próprios humanos se tornaram ameaça a si próprios. As primeiras eras forjaram o que a criação se tornou. Os homens dominaram. Os deuses foram abandonados, mas alguns homens de bom coração, fundaram a Ordem de Coratiel, monges guerreiros, que hoje chamamos de clérigos, que não nos deixaram esquecer de onde viemos. -Mestre Jakel, foi uma honra estudar a primum com vossa excelência. -Não há problemas, estamos nessa ilha a algum tempo, e acredito que ficaremos aqui por mais alguns invernos, antes que possamos voltar ao continente, meu caro irmão Raul.