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1. INTRODUÇÃO
2. DIAGNOSE VISUAL
Para se fazer uma diagnose visual precisa, é útil recorrer-se a informações adicionais, como
análise de solo (química e física), umidade do solo, condições climáticas, aplicação de fertilizantes,
fungicidas, inseticidas, pesticidas. Em alguns casos, o tipo e quantidade de ferilizantes a ser
utilizado pode ser recomendado com base na diagnose visual. Isto é válido para aplicação foliar de
fertilizantes contendo micronutrientes (Fe, Mn e Zn) ou magnésio. Na maioria dos casos, entretanto,
a diagnose visual não oferece base suficiente para a recomendação de fertilizantes. Para certos
nutrientes, a diagnose visual auxilia a interpretação dos resultados analíticos de folhas e de outras
partes da planta; isto é particularmente importante para culturas anuais, quando tem-se necessidade
dos resultados rapidamente, pois a variação sazonal dos teores dos nutrientes nas plantas e a demora
na obtenção dos resultados analíticos muitas vezes inviabilizam a sua utilização.
Malavolta et al. (1989) destacaram que o motivo pelo qual o sintoma é tipico da deficiência
de um elemento deve-se ao fato que um dado elemento exercer sempre as mesmas funções,
qualquer que seja a espécie da planta. Os autores destacaram também que o sintoma visível é o fim
de uma série de eventos, exemplificando com um esquema representativo de uma deficiência de
zinco e de uma toxidez de alumínio, conforme se vê na figura 1. A deficiência de zinco conduz a
um denominador comum que é o encurtamento dos internódios (para qualquer cultura, seja milho
ou cafeeiro). No caso da toxidez de alumínio, é típico o mau desenvolvimento das raízes, que ficam
curtas e grossas.
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ÁREA DE CIÊNCIA DO SOLO
Figura 1: Seqüência de eventos que conduzem aos sintomas de deficiência ou excesso de nutrientes
nos vegetais. (Malavolta et al., 1989)
Evento Deficiiência de Zinco Excesso de Alumínio
Nitrogênio: as folhas velhas são as primeiras a perder a cor verde, tornando-se amareladas, às vezes
quase brancas; as plantas apresentam desenvolvimento reduzido, a produção e a
qualidade dos produtos são significativamente reduzidos.
Fósforo: em planta anuais, poder germinativo reduzido e crescimento lento; folhas velhas com
coloração azulada; menor perfilhamento, gemas laterais dormentes, atraso no
florescimento, redução da produção e da qualidade do produto.
Potássio: devido à alta mobilidade do potássio, os sintomas ocorrem nas folhas velhas
caracterizando-se por uma clorose seguida de necrose das margens e pontas das folhas.
Cálcio: os meristemas das raízes e da parte aérea são afetados pela deficiência de cálcio, pois é um
elemento estrutural, integrante da parede celular; ocorre murchamento e morte das gemas
terminais; gemas laterais dormentes; deformação de tubérculos acompanhada de necrose
interna; pequena frutificação ou produção de frutos anormais; produção pequena ou nula
de sementes, redução e morte de sistema radicular, menor nodulação nas leguminosas.
Magnésio: plantas deficientes em magnésio apresentam nas folhas velhas uma clorose internerval,
podendo evoluir para necrose quando a deficiência é muito severa.
Enxofre: como o enxofre é um elemento pouco móvel quanto à sua redistribuição nas plantas, a
deficiência se manifesta inicialmente nas folhas novas, caracterizando-se por uma
clorose, redução no florescimento, menor nodulação nas leguminosas,
Boro: plantas deficientes em boro apresentam crescimento anormal, e as regiões apicais são as
afetadas; as folhas novas ficam pequenas, deformadas, espessas e quebradiças sendo
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Cobre: as folhas novas podem ser cloróticas ou verde-azuladas com as margens enroladas para
cima; deformação da folhas; exudação de goma; florescimento e frutificação reduzidos.
Ferro: clorose internerval nas folhas novas é o sintoma típico de deficiência de ferro,
permanecendo verde apenas as nervuras (reticulado fino das nervuras).
Manganês: as folhas novas geralmente apresentam clorose internerval, as nervuras formam uma
rede verde sobre um fundo amarelo (reticulado grosso).
Molibdênio: clorose internerval nas folhas velhas, as folhas tendem a enrolar-se ou curvar-se para
cima ou para baixo, as leguminosas podem mostrar sintomas de deficiência de nitrogênio.
Zinco: folhas novas pequenas, estreitas e alongadas, diminuição no comprimento dos internódios
com a formação de leque, as folhas podem tornar-se tortas e necróticas; o florescimento e
a frutificação podem ser muito reduzidos em condições de deficiência severa de zinco e a
planta inteira pode tornar-se anã e deformada.
3. DIAGNOSE FOLIAR
O uso correto da diagnose foliar como método de avaliação do estado nutricional da planta
depende do conhecimento das limitações da técnica. Até hoje, de acordo com as ponderações de
Jones et al. (1991) é preciso questionar considerações como: a confiabilidade dos dados, a utilização
de conceitos de relações e balanços de nutrientes, o efeito de híbridos e o efeito de concentrações
variáveis de nutrientes alterando processos fisiológicos.
A interpretação correta dos resultados de uma análise depende de muita experimentação
visando o estabelecimento de índices de calibração que reflitam o estado nutricional das plantas.
Entre os critérios mais usados para o diagnóstico são citados o nível crítico, faixas de concentração,
e o sistema integrado de diagnose e recomendação (DRIS). Este último vem sendo bastante
difundido recentemente e será discutido com maior detalhe por se tratar de um sistema ainda pouco
conhecido no Brasil.
As folhas são consideradas como o foco das atividades fisiológicas dentro das plantas.
Alterações na nutrição mineral são de certa forma refletidas nas concentrações dos nutrientes nas
folhas. A utilização da análise foliar como critério diagnóstico se baseia na premissa de existir uma
relação significativa entre o suprimento de nutrientes e os níveis dos elementos, e que aumentos ou
decréscimos nas concentrações se relacionam com produções mais altas ou mais baixas,
respectivamente (Evenhuis & Waard, 1980).
O nível de nutriente dentro da planta é um valor integral de todos os fatores que interagiram
para afetá-lo. Considerando-se a multiplicidade de fatores que influenciam o crescimento e a
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resultante produtividade de uma planta, é até surpreendente que as relações entre a análise de
plantas, suprimento de nutrientes e produção sejam tão válidas como são (Munson & Nelson, 1973).
Grande parte dos erros cometidos na interpretação de análises químicas de plantas se deve
aos procedimentos de amostragem. Por causa dos diversos fatores que atuam sobre a planta, esses
procedimentos precisam ser padronizados da forma mais completa possível, a fim de que as
variações de concentração que ocorrem dentro da própria planta, e mesmo por alguns efeitos
exógenos como a sazonalidade e outros, tenham sua influencia minimizada.
É um método de avaliação do estado nutricional das culturas, onde se analisam determinadas
folhas em períodos definidos da planta. O motivo pelo qual analisam-se as folhas é conhecido por
que:
AS FOLHAS - São os orgãos que melhor refletem o estado nutricional, isto é, respondem mais às
variações no suprimento de nutrientes, seja pelo adubo. Em resumo, a análise foliar consiste em
analisar o solo, usando a planta como solução extratora.
4.1. Equação dos fatores que influenciam a composição mineral das folhas
A composição mineral das folhas é o resultado da ação e da interação de fatores que atuam
até o momento em que, as mesmas foram colhidas para análise, e pode ser descrita pela equação
modificada de Ulrich (1948) citado por Ulrich & Hills (1967):
Para melhor entender o processo da diagnose e sua complexidade, podemos simplificar esta
equação e considerarmos somente o fator SOLO, resultando em:
Y= f(S)
4.2. Fatores que influenciam a composição mineral das plantas
Há muitos fatores que afetam direta ou indiretamente a concentração dos nutrientes nas
plantas, que é em última análise, a resultante da atuação desses parâmetros.
afeta a liberação de nutrientes do solo e também o crescimento e desenvolvimento radicular que são
bastantes importantes na absorção de nutrientes.
Tabela 3: Levantamento nutricional de cafeeiros no sul de Minas Gerais pela análise de folha
(1982/83)
Elemento Valores médios observados nas folhas
analisado LE LV PV Cambissol LR TE
N - g/kg 32,5 33,3 31,6 31,8 30,0 32,5
P - g/kg 1,1 1,1 1,2 1,1 0,9 1,1
K - g/kg 20,6 19,5 20,5 19,9 22,1 22,1
Ca - g/kg 7,8 8,1 7,8 8,8 7,2 8,6
Mg - g/kg 2,6 2,9 2,7 3,1 2,2 2,8
B - mg/kg 30,9 33,0 28,0 31,1 35,9 34,1
Zn - mg/kg 9,9 8,4 9,2 8,0 9,5 11,6
Cu - mg/kg 21,2 22,4 50,5 23,3 35,7 73,8
Fe - mg/kg 112,9 116,8 99,9 112,3 93,0 111,5
Mn - mg/kg 187,4 174,1 210,6 222,9 144,5 269,0
LE = Latossolo Vermelho Escuro; LV = Latossolo Vermelho Amarelo; PV = Podzóloco Vermelho Amarelo; LR
= Latossolo Roxo; TE = Terra Roxa Estruturada;
4.2.3. Clima
O clima influência o crescimento e a produção através dos seus vários componentes:
temperatura, quantidade e distribuição das chuvas, duração do dia e da noite. Tubelis & Salibe
(1987) verificaram ser possível estimar a safra de laranja Hamlin mediante o uso de uma regressão
em que as variáveis foram a idade do pomar (em anos) e a queda dos meses de janeiro, fevereiro e
setembro do ano anterior.
O principal elemento influenciado pelas chuvas, é com relação ao potássio nas folhas, que
após uma chuva, há diminuição de seu teor nas folhas.
Tabela 4: Variações nos teores foliares de laranjeiras "Baianinha", "Pera" e "Valência", tangerineiras
"Ponkan" e "Murcote" e da limeira ácida "Tahiti" associadas ao porta-enxerto limoeiro
Cravo.(Hiroce, 1987).
Elemento Baianinha Pera Valência Ponkan Murcote Tahiti
N (%) 2,71 2,40 2,82 2,81 2,32 1,80
P (%) 0,12 0,12 0,13 0,13 0,12 0,17
K (%) 1,77 0,81 1,22 1,26 1,18 1,28
Ca (%) 3,26 3,26 3,46 3,06 3,27 3,31
Mg (%) 0,25 0,34 0,40 0,43 0,40 0,48
S (%) - o - - o - 0,30 0,27 0,25 0,34
B (ppm) -o- -o- 51 54 66 78
Cu (ppm) -o- -o- 16 17 5 5
Fe (ppm) - o - - o - 248 200 117 103
Mn (ppm) -o- -o- 53 43 49 26
Zn (ppm) -o- -o- 25 25 28 17
Mo (ppm) - o - - o - 0,06 0,07 - o - - o-
amostras de folhas para análise devem ter idade fisiológica semelhante ou originarem-se do mesmo
ponto de insersão no caule.
Tabela 5: Tendência na variação do teor foliar dos elementos com a idade das folhas
Elemento Mês
Jan Mar Mai Jul Set Nov
Macro %
N 2,40 - 2,60 2,40 - 2,60 2,40 - 2,60 2,20 - 2,40 2,00 - 2,50 2,30 - 2,60
P 0,12 - 0,16 0,12 - 0,17 0,11 - 0,15 0,11 - 0,15 0.12 - 0,15 0,13 - 0,16
K 1,10 - 1,50 1,00 - 1,40 1,00 - 1,40 1,00 - 1,40 1,00 - 1,20 1,30 - 1,60
Ca 3,00 - 4,00 3,50 - 4,00 4,50 - 5,00 3,00 - 4,00 3,00 - 4,50 4,00 - 4,50
Mg 0,30 - 0,40 0,25 - 0,30 0,20 - 0,25 0,20 - 0,30 0,25 - 0,30 0,30 - 0,35
S 0,20 - 0,25
Micro ppm
B 60 - 110 60 - 140 80 - 120 60 - 100 60 - 120 60 - 120
Cu 10 - 30
Fe 150 - 300 130 - 300 250 - 400 150 - 300 200 - 300 150 - 300
Mn 25 - 50
Zn 25 - 50
*
Produção entre 1.200 e 1.400 caixas/ha. Folhas de ramos frutíferos do fluxo de primavera, 3-7 meses de idade (segunda
folha depois do fruto).
Tabela 9: Variação no teor foliar de nutrientes no cafeeiro durante o ano (3° par de folhas).
Tabela 10-Resultados da análise foliar de tomateiros normais e afetados pelo amarelo da folha
baixeira.(Santos Costa, 1964).
Amostras de g/kg mg/kg
folhas N P K Ca Mg Cu Fe Mn
Sadias 30,3 3,2 38,3 37,2 5,8 401 181 357
Amarelo 26,9 2,4 37,0 30,1 4,6 449 228 283
Variação - 11 - 25 -3 - 19 - 20 + 12 + 21 - 20
Tabela 11- Composição mineral das folhas do amendoim sadio e infestado pela cigarrinha
Empoasca kraemeri.
Características extermas g/kg mg/kg
dos folíolos N P K Ca Mg Mn
com manchas amarelas 28,3 1,74 8,1 8,8 2,4 66,7
normais 35,5 24,6 11,5 16,0 3,7 142
Variação percentual (%) - 20 - 40 - 30 - 45 - 35 -47
Tabela 12: Composição catiônica de folhas de algodoeiro colhidas de plantas sadias ou afetadas
pelo vírus do “vermelhão”
Nutrientes Plantas
g/kg Sadias Afetadas
K 18,3 15,9
Ca 37,0 31,1
Mg 6,3 4,9
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Tabela 14: Composição foliar de plantas sadias e afetadas pela clorose variegada ou amarelinho.
Elemento Sadias Afetadas
N g/kg 25 20
P g/kg 1,5 18
K g/kg 12 4,6
Ca g/kg 49 49
Mg g/kg 1,7 1,4
S g/kg 2,7 2,3
B mg/kg 69 76
Cu mg/kg 41 33
Fe mg/kg 221 274
Mn mg/kg 27 30
Zn mg/kg 16 21
Tabela 15: Efeito de práticas culturais na composição mineral das folhas de Hamlin/limão cravo
(Hiroce, 1984).
Elemento Tratamento
Irrigado Não irrigado
N g/kg 27,3 23,1
P g/kg 1,0 1,0
K g/kg 8,7 8,4
Ca g/kg 52,3 55,1
Mg g/kg 3,4 4,6
B mg/kg 88 61
Cu mg/kg 4 5
Fe mg/kg 477 250
Mn mg/kg 66 92
Mo mg/kg 0,02 0,02
Zn mg/kg 27 21
Colheita (t/ha) 21 16
Tabela 16: Efeito da irrigação em Natal/limão cravo na composição foliar e colheita(Hiroce, 1984)
Tratamento g/kg mg/kg Produção
P Fe Mn t/ha
Herbicida 1,2 243 30 8,6
Capina 1,24 235 24 10
Guandu 1,26 235 32 10,5
Mucuna Preta 1,36 226 28 12,8
Cobertura Morta 1,55 199 23 17,6
5-NÍVEL CRÍTICO
5.1.1. Amostragem: Verificar qual a parte do vegetal que melhor reflete o estado
nutricional da cultura a ser estudada. Define-se a época de amostragem, a idade da folha, sua
posição na planta (sol, sombra, pontos cardeais);
Através destes dados obtem-se a seguinte curva, que relaciona o crescimento relativo e
produções relativas com o teor ou faixa de teores de nutrientes na folha.
Figura 3. Relação entre o teor do elemento e produção relativa (Malavolta et al. 1989)
Pela "lei do mínimo de LIEBIG", o nutriente limitante passará a ser o fator limitante da
produção e, antes que isto ocorra, a planta já estará se ressentindo desta falta.
Tabela 18: Principais casos de interação entre elementos no processo de absorção e sua
conseqüência no teor foliar do segundo.(Malavolta & Malavolta, 1989).
Elemento Segundo Efeito na Conseqüência
adicionado elemento absorção no teor foliar
N P, S + +
Mg - -
B ? -
P Cu, Fe, Mn, Zn - -
Mo + +
K N + +
Ca, Mg - -
Ca [baixa] qualquer + +
Ca [alta] K, Mg, Mn - -
Mg P + +
S N, P + -
Cl, Mo - -
B Zn - -
Cl Zn + +
Cu Fe, Mn, Mo, Zn - -
Fe Cu + +
Mn - -
Mn Fe - -
Mo Cu - -
Zn Fe, Mn - -
Na figura 4, podemos observar estas relações e a produção máxima (Yc) está associadacom
o teor foliar (Fc) e com a dose(Xc) de adubo, chegando a que a dose de adubo a usar será dada por:
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Xc - Xa = X
onde X será a dose de adubo.
Figura 4: Emprego da diagnose foliar como meio para determinar a dose de adubo.
7. AMOSTRAGEM
Muitos fatores agem e interagem para determinar a concentração foliar dos elementos, daí a
necessidade de se obedecer rigorosamente as recomendações quanto à época de amostragem, o
número de folhas a serem colhidas, variáveis essas que podem ser controladas. Por outro lado,
fatores que fogem ao controle, como a quantidade de chuvas, podem às vezes ser medidas, o que
permitem correções nos valores encontrados na análise das folhas.
Caso as recomendações não forem seguidas ao pé-da-letra, a interpretação dos dados poderá
ser errada, conduzindo à medidas inadequadas ao programa de adubações.
A folha que melhor expressa o estado nutricional da cultura é aquela cujo crescimento já
terminou (recém madura) e não entrou em senescência, sendo portanto a “folha
fisiológicamente ativa, ou madura”, com alta taxa metabólica