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Diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Carolina Riviera Duarte Maluche Baretta
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização
escrita do Editor.
CDD 21 -- 657
Catalogação elaborada por Daniele L. C. Lopes CRB14/989
Biblioteca Central da Unochapecó
Av. Atílio Fontana, 591-E – Bairro Efapi – Chapecó (SC) – 89809-000 – Caixa Postal 1141
(49) 3321 8218 – argos@unochapeco.edu.br – www.unochapeco.edu.br/argos
Coordenadora: Rosane Natalina Meneghetti Silveira
Suplentes: Arlene Renk, Fátima Ferretti, Fernando Tosini, Hilário Junior dos Santos, Irme Salete Bonamigo, Maria Assunta Busato
ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO USO DE INDICADORES DE CUSTOS PARA
TOMADA DE DECISÃO EM ATIVIDADES SUÍNICOLA DE TERMINAÇÃO:
ESTUDO MULTICASO
Rodney Wernke
Doutor em Eng. Produção
rodney.wernke@unisul.br
Antônio Zanin
Doutor em Eng. Produção
zanin@unochapeco.edu.br
RESUMO
A pesquisa teve por objetivo, comparar a estrutura de custos em duas unidades de terminação
de suínos, que atuam na modalidade de Integração e verificar a eficácia do uso de indicadores
de MC, PEC (q) e MS (%) na orientação para agilizar a tomada de decisões para otimização
da estrutura de custos e maximização dos resultados. As propriedades estão localizadas no
Oeste de Santa Catarina, o período pesquisado foi o ano de 2015. Foram apurados os custos
de produção de responsabilidade do produtor e elaborado a Demonstração de Resultado do
Exercicio, a partir do qual foi evidenciado os indicadores de custos de Margem de
contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de segurança. Foi possível identificar as
diferenças entre a composição e o controle da estrutura de custos refletindo na lucratividade
de cada granja. A granja A não utilizava os recursos da contabilidade rural ou dos controles
de custos para gerir sua atividade, apresentando prejuízos financeiros e mostrando-se menos
eficiente no desempenho dos custos produção. Enquanto que a granja B que faz uso destes
recursos, consequentemente apresentou maior eficiência no controle dos custos de produção e
auferiu resultados positivos em comparação com a granja A. Portanto conclui-se que o
emprego da contabilidade rural e análise de indicadores de custos permitem auxiliar os
gestores a tomar decisões ágeis e especificas dentro da estrutura de custos, servindo estes
indicadores de orientação para realizar o planejamento e orçamentos futuros da atividade,
podendo ser utilizados como referência para o auxilio na tomada de decisão.
ABSTRACT
The study aimed to compare the cost structure in two pig finishing units, working in the mode
of integration and verify the effectiveness of the use of MC indicators PEC (q) and MS (%) in
guidance to speed decision-making to optimize the cost structure and maximize results. The
properties are located in the West of Santa Catarina, the period surveyed was the year 2015.
We calculated the producer responsibility production costs and drafted the Act of Income
Statement, from which evidenced the margin cost indicators contribution, Breakeven and
safety margin. In the results it was possible to identify the differences between the
composition and control of the cost structure reflecting the profitability of each farm. The The
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farm did not use the resources of rural accounting and cost controls to manage their activity,
with financial losses and proving to be less efficient in the performance of production costs.
While the farm B that makes use of these resources, thus was more efficient in controlling
production costs and earned positive results compared to farm A. Therefore it is concluded
that the use of rural accounting and cost analysis of indicators allow aid managers to make
agile and specific decisions within the cost structure, serving these policy indicators or
reference to carry out the planning and future budgets of the activity, and these should be used
as a reference for decision making.
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio é um setor que tem se demonstrado como promissor no Brasil, pois nas
últimas décadas houve uma importante evolução, saindo da condição de importador de grãos
para assumir posição entre os maiores e melhores exportadores do setor em nível
internacional. (GUANZIROLI, 2006; GOLLO et al. 2015).
Para Callado (2006) o Brasil apresenta uma tendência de crescimento nas quantidades
e na qualidade de produção, buscando atender às expectativas mundiais quanto ao potencial
do país ser reconhecido como exportador mundial em alimentos.
Ainda, ocorreu uma evolução das técnicas produtivas, principalmente a mudança do
sistema de produção de independente para produção integrada, ou seja, da execução de todo o
ciclo no mesmo produtor para a divisão por fases em locais e em produtores diferentes. É o
caso das UPL´s (Unidades de Produção de Leitões) e das UT´s (Unidades de Terminação),
que acarretaram aumento da escala e resultaram em maior eficiência/eficácia de produção
(TALAMINI et al. 2006; ZANIN et al. 2015).
Suptitz, Woberto e Hofer (2009) argumentam que para obter sucesso, todo o
empreendimento (rural ou não) necessita de um gerenciamento eficiente e defendem que seria
interessante apresentar aos produtores rurais uma visão sobre como utilizar ferramentas que
avaliem a performance do negócio a partir de dados reais obtidos dos controles internos de
suas próprias atividades.
Nesse contexto emerge a questão de pesquisa que este estudo se propõe a investigar:
Como os agentes da atividade suinícola primária podem utilizar os resultados dos indicadores
de Margem de Contribuição (MC), Ponto de Equilíbrio (PE) e Margem de Segurança (MS) no
suporte a tomada de decisões para melhorar a gestão das Unidades de Terminação (UT)? Para
tanto, o objetivo geral deste foi comparar as estruturas de custos fixos e variáveis em unidades
de terminação de suínos que atuam na modalidade de integração. Com isso, se pretende
verificar a eficiência do uso dos referidos indicadores para orientar a tomada de decisão na
gestão de custos e maximizar os resultados desse tipo de empreendimento rural.
O artigo justifica-se por abordar a suinocultura, uma atividade que possui forte
participação na pecuária nacional, bem como pelas contribuições deste setor no
desenvolvimento regional catarinense. Acerca disso, o estado de Santa Catarina tem
aproximadamente 8 mil propriedades que atuam no segmento da suinocultura (FETAESC,
2014) e aprimorar a gestão dessas entidades seria uma contribuição relevante, tanto social
quanto economicamente.
Quanto à sua estruturação, esta pesquisa está dividida em outras quatro seções, além
desta parte introdutória. A segunda seção contempla a revisão da literatura, abordando os
conceitos necessários à compreensão do estudo. Na terceira seção abordam-se os
procedimentos metodológicos utilizados para a realização do estudo, enquanto que na quarta
seção são evidenciados os resultados do trabalho realizado. Por último, na quinta seção são
3
2 - REVISÃO DA LITERATURA
Nas próximas seções são apresentados os conceitos mais estreitamente relacionados ao
tema do estudo e que são necessários à adequada compreensão da abordagem pretendida nesta
pesquisa.
Por sua vez, Iudícibus (2004) conceitua a contabilidade como a ciência do patrimônio,
onde o objetivo é construir um conjunto de informações capazes de atender as mais diversas
necessidades de seus usuários.
A contabilidade financeira, contudo, se preocupa mais em atender os princípios
contábeis e está mais voltada aos usuários externos; seu foco de informações é evidenciar os
fatos administrativos orientados para o passado. Enquanto que a contabilidade gerencial não
se restringe apenas aos princípios fundamentais e se preocupa quanto à influência que seus
relatórios irão exercer no comportamento dos gestores (GOLLO et al. 2015).
A contabilidade rural, segundo Süptitz; Woberto e Hofer (2009), surgiu da
necessidade de controlar o patrimônio. Devido à complexidade do inter-relacionamento entre
os agentes da cadeia produtiva emergiu a necessidade de se obter melhores controles e tomar
decisões com base em informações e perspectivas mais reais possíveis do negócio e não mais
no “achismo”.
Sampaio, Machado e Machado (2006) aduzem que a análise dos resultados de uma
atividade caracteriza-se como um fator de sobrevivência para as empresas, principalmente
quanto à capacidade de produzir resultados positivos e maximizar os lucros da atividade. Sob
essa perspectiva, destaca-se a importância da contabilidade de custos como ferramenta de
controle, sendo um excelente suporte de apoio aos tomadores de decisões (inclusive no caso
dos empresários rurais) que possuem investimentos, riscos e auferem receitas provenientes da
exploração da agropecuária ou de arrendamento de suas propriedades.
custos e as receitas. Nesse caso, comumente se faz uso da Análise Custo/volume/lucro, que
proporciona informações relevantes ao gestor, como a margem de contribuição e o ponto de
equilíbrio.
Sobre a margem de contribuição, Martins (2009) afirma que uma forma alternativa de
demonstrar o resultado é aquela onde não se analisa o “Lucro” por produto, mas sim a
Margem de Contribuição de cada produto. Nesse caso, os Custos Fixos são deduzidos da
soma de todas as Margens de Contribuição obtidas, já que de fato não pertencem a este ou
àquele produto e sim ao resultado global da empresa. Ao analisar a Margem de contribuição o
empresário entenderá o porquê de optar por determinado produto de seu mix ao invés de
outros.
Em termos de conceito, Maher (2001, p. 82) define a margem de contribuição como
sendo “o preço de venda menos os custos variáveis. A margem de contribuição unitária
corresponde à diferença entre o preço unitário de venda e os custos variáveis unitários”. Por
seu turno.
Partindo da Margem de Contribuição pode-se gerar outras informações gerenciais
importantes, como o ponto de equilíbrio. Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 41) registram
que este “é o nível de vendas no qual a receita se iguala às despesas e o lucro é zero”. O ponto
de equilíbrio classifica-se em: ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico, podendo
ser expresso em quantidades a serem produzidas ou em valor total do faturamento (em R$).
O Ponto de Equilíbrio será obtido quando a soma das margens de contribuição
totalizar o montante suficiente para cobrir todos os custos e despesas fixas, sendo que esse é o
ponto em que contabilmente não haveria nem lucro nem prejuízo (MARTINS, 2009). Um
resultado contábil nulo significa que, economicamente, a empresa está perdendo pelo menos o
juro do capital próprio investido. Nessa perspectiva o Ponto de Equilíbrio Econômico será
obtido quando a soma das Margens de Contribuição totalizar os Custos e Despesas Fixos e
ainda sobrar o valor de lucro mínimo desejado pelo investidor.
Já o ponto de equilíbrio financeiro, representa a receita que a empresa deveria obter
para cobrir os desembolsos financeiros (BRUNI; FAMÁ, 2004).
Horngren, Sundem e Stratton (2004) menciona que para uma eficiente análise dos
indicadores de custos para tomada de decisão é necessário que sejam geradas informações
acerca dos índices entre os custos fixos e variáveis da atividade e também da análise vertical
destes. A variedade dos efeitos na composição dos custos remete às variações na capacidade
de produção e, consequentemente, possibilita analisar a alavancagem operacional.
A análise econômica da empresa rural, por intermédio do cálculo dos custos de
produção e das medidas de resultado econômico, é um forte subsídio para o produtor
fundamentar as decisões que devem ser tomadas, estabelecer quais são as prioridades, a
possibilidade de novos investimentos e a visão de viabilidade do negócio (CREPALDI,2012).
De acordo com Suptitz, Woberto e Hofer (2009), a contabilidade de custos pode
evidenciar benefícios para as atividades econômicas como ferramenta de controle gerencial e
suporte aos tomadores de decisões, permitindo através de suas técnicas obter informações que
permitam o planejamento, a realização de orçamentos anuais e seu acompanhamento entre o
real e realizado, evidenciando através de indicadores quais as ações e decisões que devem ser
tomadas para maximizar os resultados da atividade e do investimento.
Acerca disso, Crepaldi (2012, p.98) afirma que “[...] um dos meios de se conhecer um
problema que esteja prejudicando a rentabilidade econômica da exploração agrícola é a
análise do custo de produção”.
3 METODOLOGIA
Nesta seção são evidenciados os principais aspectos relacionados à metodologia de
pesquisa adotada. Nesse rumo, quanto aos objetivos a pesquisa se caracteriza como descritiva,
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que de acordo com Gil (1999) qualifica os estudos onde se pretende descrever as
características de determinada população ou estabelecer relações entre as variáveis.
Sobre a forma de abordagem do problema pode ser classificada como quantitativa
pois, segundo Raupp e Beuren (2008), caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dos dados.
Já com relação aos procedimentos trata-se de uma pesquisa multicasos. Para Gil
(1999) esse adjetivo descreve os estudos concentrados e profundos em poucos objetos, de
maneira a permitir que se apurem conhecimentos amplos e detalhados dos casos, objetos ou
fenômenos enfocados.
Para Raupp e Beuren (2008), os estudos de casos, quando relacionados à
contabilidade, concentram mais a pesquisa em organizações, em análises ou em aplicações de
instrumentos, ferramentas ou teorias contábeis. Os estudos multicasos enriquecem as
informações pelo fato de proporcionarem a possibilidade de estudar dois ou mais sujeitos ou
organizações, sem a necessidade de perseguir objetivos comparativos, permitindo que se
realize um número maior de levantamento de conclusões.
No que tange à coleta de dados, Raupp e Beuren (2008) afirmam que estudos nas
ciências sociais abrangem um universo de elementos onde se torna necessário extrair uma
amostra da população com as mesmas características. Após definida essa amostra é necessário
optar pelo instrumento de coleta de dados a ser utilizado.
De acordo com Gil (2008), o processo de coleta de dados no estudo de caso é sempre
mais complexo do que em outras modalidades de pesquisa. No âmbito deste estudo, a coleta
de dados foi realizada por meio de visita às propriedades, cuja escolha deveu-se ao critério de
acessibilidade, onde foram feitas entrevistas semiestruturadas referentes aos resultados e
investimentos de cada granja, com base no ano de 2015, para que as fontes de dados sejam
amplas para fundamentar as evidências.
As granjas estão localizadas na região Oeste de Santa Catarina e foram denominadas
“A” e “B” para fins deste estudo. As atividades desenvolvidas nas propriedades referem-se às
unidades de terminação (UT) de leitões, onde os animais são recebidos com aproximadamente
28 dias de idade, peso médio entre 23 e 24 kg/cabeça e permanecendo por um prazo de 90 a
115 dias para finalizar o ciclo de produção e estarem prontos para o abate. Então, neste estudo
foram realizadas análises documentais dos dados do controle interno das propriedades, assim
como procedimentos de observações e de entrevistas com os proprietários das unidades a fim
de esclarecer ou complementar informações para concretizar a pesquisa.
Convém destacar que as duas granjas atuam na modalidade de “integração” entre a
agroindústria e o produtor, sendo que as receitas auferidas pelo produtor são de acordo com o
desempenho dos índices técnicos de cada lote produzido e não puramente pela situação do
preço do produto vigente no mercado interno ou externo.
Quanto aos procedimentos realizados, a partir dos dados obtidos nos relatórios
técnicos, notas fiscais, faturas, contratos, e na entrevista com os proprietários das granjas,
foram elaborados os Demonstrativos de Resultado (DR) dessas granjas, evidenciando e
comparando a estrutura de custos e analisando verticalmente suas proporções em cada
propriedade e o desempenho de ambas. Em seguida, foram calculados os valores de Margem
de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança de cada uma das propriedades.
com as instalações e a mão de obra, enquanto que a empresa parceira fornece animais,
alimentação e assistência técnica. Neste contexto, com objetivo de ganhar escala, a produção
ocorre em três etapas, ou seja: (i) a produção de leitões ocorre em uma propriedade; em
seguida o animal vai para (ii) a creche, que pode situar-se na mesma unidade de produção de
leitões ou em uma segunda propriedade e a última etapa é denominada (iii) de unidade de
terminação (UT), que atua até que o suíno está pronto para o abate.
Tabela 1 - Estrutura de investimentos necessários para instalar unidade de terminação leitões (UT)
Bens Valor Mercado Vida útil Valor Residual Depreciação Custo Depreciação
R$ meses R$ método linear % Mês R$
Terrenos 60.000,00 60.000,00 0 0,00
Pocilga (504 und) 114.999,99 300 23.000,00 80 306,67
Galpão depósito 300 80
20.000,01
Escritório 4.000,00 53,33
Composteira 1.499,99 120 0,00 100 12,50
GRANJA A
Por meio da Tabela 1 é possível visualizar o inventário dos bens das propriedades A e
B, observando que estes possuem a mesma nomenclatura porque o layout das instalações para
o desempenho da atividade de terminação de suínos é padronizado para atender normas
ambientais e fitossanitárias.
No entanto, há diferenciação entre as duas propriedades com relação aos investimentos
iniciais necessários. Isso ocorre principalmente em função da capacidade de produção
instalada, pois esta depende de liberações ambientais condicionadas à quantidade de terra que
o agricultor possui para realizar o descarte ambientalmente correto dos dejetos produzidos,
que possui relação direta na capacidade de alojamento de animais na unidade de terminação.
Por se tratar de atividades semelhantes, assume-se que o risco do investimento e do
negócio podem ser equiparados, e se alteram apenas pelo tamanho da capacidade de produção
instalada. Na granja “A” os investimentos totais em 2013 (ano de início das atividades) foram
de R$ 256.500,99. Deste montante, cerca de 23,4% correspondem a terrenos que não sofrem
depreciações. Já quanto as instalações estas precisam ser segredas, pois há algumas que
possuem vida útil de 25 anos como a pocilga, o escritório e o galpão para depósito, as quais
representam 52,6% do investimento total. Além disso, há outras instalações temporárias que
possuem vida útil de 10 anos é o caso das composteiras e esterqueiras de lonas, que
representam 6,4% dos investimentos. Os demais equipamentos necessários para início das
atividades referem-se aos silos para armazenagem dos diferentes tipos de rações que os suínos
necessitam nas diferentes etapas de suas vidas, o tanque e a bomba para captação e
distribuição dos dejetos resultantes da produção e equipamentos diversos, que são depreciados
com 10 anos e representam 17,5% dos recursos investidos. Acerca disso, apurou-se que custos
fixos relacionados com as depreciações foram estimados em R$ 804,17 ao mês.
Contudo, é relevante evidenciar que a granja “A” é de pequeno porte, pois possui
capacidade e liberação ambiental para alojar até 504 animais que produzem aproximadamente
60 m³ de dejetos por lote durante o tempo de permanência na propriedade. Além disso, a
granja não possui trator e a retirada dos dejetos das esterqueiras é efetuada por equipamentos
próprios e sua distribuição com equipamento de terceiros, utilizando os dejetos em lavouras
ou pastagens na propriedade ou de vizinhos.
Quanto ao sistema de alimentação, na granja “A” é do tipo manual, ou seja, existe a
dependência de maior demanda por mão de obra para essa atividade, considerando que
inicialmente o consumo de ração é menor do que a fase final, aumentando gradualmente de
acordo com o crescimento dos animais. Como esse processo é realizado manualmente com
auxílio de um carro de mão e um dosador, apresenta ao final do lote uma margem de erro nas
porções prescritas pelos técnicos, sendo perceptível pelo produtor ao comparar o consumo
real com os dados técnicos dos relatórios quando da entrega dos animais para o abate,
interferindo diretamente na composição da receita bruta da granja.
Na granja B, por se tratar de uma unidade de médio porte, existe capacidade de
alojamento para 1.212 animais e os investimentos totais em 2014 foram de R$ 520.000,99.
Deste valor, a parcela não depreciável totalizou R$ 100.000,00 e refere-se ao terreno. Já com
relação aos investimentos permanentes, estes representaram 50% do investimento total e
possuíam 25 anos de vida útil estimada. As esterqueiras e composteiras possuem vida útil de
10 anos e representam 6,3% dos investimentos. Os equipamentos serão depreciados em 10
anos e representam 24,4% do total dos investimentos, destacando-se o equipamento para
automação alimentar, que se propõe a diminuir a dependência de mão de obra na atividade e
melhorar a margem de erro da conversão alimentar, resultando em maiores receitas para o
produtor. Quanto à captação e distribuição dos dejetos, de maneira semelhante à outra
propriedade, contrata-se o equipamento da associação de moradores para realizar essa
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Valores R$ % da RB Valores R$ % da RB
Fun Rural /Senar/ Cota -R$ 1.767,84 -5,30 -R$ 3.988,30 -2,37
- -R$ 4.801,98
Energia Elétrica -R$ 2.398,99 -7,19 -2,85
- Água consumo/ animais
R$ 0,00 0,00 R$ 0,00
- Material Limpeza
Conservação -R$ 1.802,01 -5,39 -R$ 3.599,02 -2,14
- Destino Ambiental
Dejetos -R$ 10.000,00 -29,96 -R$ 20.500,00 -12,17
Quanto às fontes dos dados da Tabela 3, no caso das receitas foram utilizados os
relatórios de prestação de contas, fornecidos pela integradora. Estes servem como documento
de suporte no acerto da prestação de serviços da integração referente à remuneração do
produtor pelos serviços executados e remuneração do capital relativo à estrutura e
equipamentos disponibilizados.
Por usa vez, os valores referentes ao consumo de energia elétrica foram obtidos nas
faturas da companhia de energia. No caso da granja “A” os valores evidenciados referem-se a
cerca de 70% da proporção de energia consumida na propriedade. Para chegar a esta
estimativa foi comparada a energia que era consumida “antes” do início das atividades e o
valor gasto “após”, já que nesta propriedade existe apenas um medidor de consumo de
energia. Na granja “B”, contudo, por exigir equipamentos mais atualizados tecnologicamente
para a operacionalização da atividade foi instalada uma unidade consumidora própria para
atender as unidades produtoras, não sendo necessário utilizar-se de estimativa dos valores a
considerar.
O material de limpeza e, assim como o de conservação, são adquiridos e utilizados
durante o período de alojamento dos animais e, principalmente, no período de “vazio”
sanitário, onde é necessária a higienização completa da estrutura interna e externa para o
recebimento do novo lote, sendo este liberado somente a partir da vistoria do técnico
responsável da integradora. Este é um quesito que é fundamental ao produtor atender, pois
também interfere nos índices técnicos que compõem a receita. Ou seja, caso extrapole os
limites de mortalidade no lote ou se torne necessário um maior atendimento veterinário e
consumo de medicamentos por conta de doenças provocadas pela má higienização, o produtor
acaba sendo penalizado e tem suas receitas comprometidas na entrega do lote.
Para o serviço de transporte e distribuição dos dejetos da granja “A”, o valor médio
pago ao tratorista pelo aluguel do trator de R$ 66,65 por hora, sendo que demanda em média
25 horas trabalhadas para cada esgotamento das esterqueiras. Nesse sentido, conforme o
produtor informou é necessário esgotar estas 2 vezes a cada lote. No caso da granja “B” o
valor da hora/máquina é mais facilmente obtido, visto que a mão de obra empregada é do
próprio produtor e a taxa de aluguel do trator por hora é de R$ 52,56. Além disso, considere-
se que cada etapa de esgotamento demanda, em média, 65 horas de trabalho e a cada lote
ocorrem dois procedimentos destes.
Na granja “A” atipicamente os custos fixos representam 209% das receitas totais,
caracterizando prejuízo da atividade no período. Observa-se que as principais contas que
oneram sua composição são atribuídas a fatores como “Mão de obra/encargos sociais”
(135,26%) e “Juros sobre os financiamentos” (42,79%), além de custos fixos não
desembolsáveis, que representaram 28,91% da receita bruta. É pertinente ressalvar que a mão
de obra é familiar e o valor monetário respectivo foi calculado com base no custo de
oportunidade, visto que na entrevista com o proprietário da granja este afirmou que, caso não
estivesse comprometido com esta atividade, estaria recebendo valores semelhantes como
funcionário de empresas do município.
Na granja “B” o cenário é positivo, pois o total de custos fixos representou 65% da
receita bruta, sendo que os gastos mais relevantes também foram Mão de obra, depreciações e
juros.
Destarte, a receita é um fator que não pode ser diretamente controlado pelo produtor,
na modalidade de integração pois depende de fatores externos. Mas, o desempenho técnico do
lote pode ser controlado internamente. Para tanto, cabe buscar conhecimento técnico, fazer o
controle adequado da produção e executar uma gestão correta da estrutura de custos e
despesas referentes a sua parcela de responsabilidade no processo produtivo da cadeia de
suínos, o que poderá contribuir diretamente na melhoria dos resultados da propriedade.
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Desta forma, pelo registrado na Tabela 3 a granja “A” apresenta-se menos eficiente em
todos os quesitos em relação à granja “B”. Apesar de sua receita total ser menor, em função
da capacidade de produção instalada, os índices técnicos também se apresentaram bem
inferiores, resultando em menor valor (R$) de receita por unidade produzida e
consequentemente menor receita bruta. No âmbito dos custos variáveis a granja “A”
despendeu R$ 10,73 por animal entregue, enquanto que a granja “B” conseguiu ter custo de
R$ 9,59, apresentando-se 10,5% mais eficiente se comparado à granja “A”. Com relação aos
custos fixos, a granja “A” apresentou custo fixo médio de R$ 46,94 por suíno entregue,
enquanto que a granja “B” teve o custo fixo médio de R$ 31,88 por unidade, demostrando que
a melhoria na eficiência neste quesito chegou a superar em 47,2% a outra granja.
O resultado do período de 2015 evidenciou um prejuízo (da ordem de R$ 52.437,00)
para a granja “A”. Destaca-se a relevância da utilização da contabilidade rural na gestão e
controle dos investimentos e das atividades executadas em um empreendimento desse
segmento, servindo como balizador para iniciativas de melhoria contínua e otimização de
resultados. Todavia, o resultado negativo evidenciado não era de conhecimento do
proprietário da granja, que afirmava estar obtendo lucro na atividade e considerava a mesma
como investimento viável, apesar da baixa lucratividade.
O fato é que, empiricamente, se pode constatar que muitos produtores ainda não
utilizam a contabilidade para análise dos demonstrativos de resultado das atividades, muito
menos fazem uso de orçamentos anuais como ferramenta de auxílio à tomada de decisão.
Ocorre que ao desprezar os gastos não desembolsáveis (mão de obra familiar e depreciação),
mesmo em um cenário bem pessimista, esta atividade apresenta um lucro anual de R$
2.357,00 que pode ser considerado “fictício”. Ou seja, ao longo do tempo torna-se necessária
a reposição de equipamentos, bem como a remuneração da mão de obra, pois caso essa
atividade não existisse a família do proprietário deveria ser remunerada em outra atividade.
Em um cenário inverso, a granja “B” apresenta DRE com lucro. O proprietário
informou que utiliza técnicas de contabilidade rural para o controle dos orçamentos e dos
resultados (ideal e real) buscando otimizar os resultados e a rentabilidade do investimento. A
receita bruta auferida por unidade foi de R$ 49,11 e os custos unitários foram de R$ 41,47 por
animal, gerando lucro unitário de R$ 7,63. Pela capacidade de produção instalada e pelos altos
índices técnicos alcançados a lucratividade do ano de 2015 atingiu R$ 26.209,00. Isso
equivale a uma margem de lucro de 15,56% ao ano.
Na Tabela 4 são apresentados os indicadores obtidos a partir da Demonstração do
Resultado (DR) no contexto das duas entidades pesquisadas.
Tabela 4 – Indicadores gerenciais
GRANJA A GRANJA B
Preço Venda médio unit. – PV R$ 22,43 R$ 49,11
Custo Variável médio unit. – CV R$ 10,73 R$ 9,59
Margem de Contribuição MC Unit. R$ 11,70 R$ 39,52
Margem de Contribuição (%) 52,16% 80,48%
Custo Fixo Total R$ 69.845,00 R$ 109.350,00
Ponto Equilíbrio Contábil (q) 5970 2767
Ponto Equilíbrio Contábil (R$) R$ 133.911,74 R$ 135.879,67
Margem de Segurança (%) -395% 24%
Fonte: Elaborada pelos autores com dados da pesquisa.
Analisando os dados da Tabela 4 percebe-se que as Granja “A” e “B” recebem valores
muito distantes para a mesma atividade. A diferença ocorre pela composição dos índices
técnicos que resultam na receita da granja. Os produtores integrados têm sua receita
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influenciada por fatores externos ao controle do granjeiro, como é o caso dos preços dos
produtos nos mercados interno e externo e dos índices técnicos. Porém, há fatores que podem
ser controlados (total ou parcialmente) pelo produtor, como é o caso dos custos evidenciados
na Demonstração de Resultado (DR) de cada granja. Além disso, a receita unitária ou o preço
de venda influencia no resultado da margem de contribuição (MC).
Por isso, ao se cogitar sobre continuar ou não uma atividade é importante o uso de
indicadores para auxílio na tomada de decisão, sendo que de Margem de Contribuição unitária
(MC) pode ser um indicador útil, fácil de ser calculado e que expressa o quanto cada unidade
de produto ou serviço vendido contribui para absorver os custos fixos ao final do período.
Ainda, na Tabela 4 também é possível identificar que a granja “B” apresenta um custo
fixo total de R$ 109.350,00 ao ano, com uma Margem de Contribuição unitária de R$ 39,52
por unidade entregue, sendo R$ 27,82 maior que a granja “A”, que apresenta um custo fixo de
R$ 69.845,00 ao ano.
Isso se explica principalmente por dois fatores: a receita unitária auferida e o melhor
gerenciamento dos custos variáveis. Então, esse indicador remete a mais informações para o
planejamento da atividade, como é o caso do Ponto de Equilíbrio Contábil em quantidades
PEC (q), o qual evidencia que até aquela quantidade produzida não haverá nem lucro, nem
prejuízo (resultado nulo). Esse indicador é relevante para o produtor analisar sua capacidade
produtiva, ociosidade e pleno emprego dos recursos, auxiliando dessa maneira em possíveis
decisões de ampliar ou diminuir a estrutura, instalações, novos investimentos, viabilidade de
contratar ou necessidade de reduzir mão de obra, entre outras decisões.
Os resultados da granja “B” indicam que mantendo sua margem de contribuição esta
propriedade atingirá seu PEC (q) quando produzir 2.767 suínos ao ano. Outro fator relevante
que este indicador permite conhecer é que a granja “B” atinge pleno emprego dos recursos
quando produzir 3.636 suínos por ano, o que indica que está operando com 24% de Margem
de segurança (MS). Ou seja, a granja “B” apresenta essa folga de produção, onde mesmo que
ocorra redução na quantidade produzida até o limite evidenciado na Margem de Segurança
(MS), a mesma não entraria na faixa de prejuízo.
A relevância das análises dos indicadores de custos para a tomada de decisão é mais
notória na situação da granja “A”, que apresenta receita bruta R$ 26,68 menor que a outra
granja, por unidade vendida, e possui os custos variáveis R$ 1,14 maiores por animal
produzido. Isso acarreta uma Margem de Contribuição de apenas 29,6% em comparação com
o que a granja “B” conseguiu. Esses resultados inferiores conduzem ao PEC (q) de 5.970
unidades produzidas/vendidas, se mantiver a mesma receita unitária e Margem de
Contribuição. Destarte, evidencia-se a inviabilidade de continuar a produzir sob essas
condições, já que a capacidade produtiva instalada é de 1.512 unidades ao ano e a Margem de
Segurança indica que é necessário aumentar a capacidade produtiva em 395% para atingir
apenas o PEC (q).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo procurou, através do problema de pesquisa levantado, evidenciar os
benefícios que a contabilidade de custos pode proporcionar para as atividades de duas granjas
de suínos. Ou seja, demostrando como podem ser utilizados os indicadores de custos para
auxílio na tomada de decisões de investir, reinvestir, de continuar ou não com a atividade ou a
produção de determinado produto.
Neste sentido, pode-se afirmar que o objetivo proposto foi plenamente alcançado, pois
foi possível comparar os resultados das duas entidades por meio de ferramentas contábeis e
perceber a diferença de gestão e otimização da estrutura de custos e dos resultados gerados.
Restou evidente, ainda, que a gerência de uma granja que utiliza os indicadores de custos
como Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança tem melhores
14
REFERÊNCIAS
ATKINSON, A.A.; BANKER, R.D.; KAPLAN, R.S.; YOUNG, S.M. Contabilidade
Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000.
BRUNI, A. L.; FAMA, R. Gestão de custos: com aplicações na calculado 12c e excel. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
CALLADO, A. A.C. Agronegócio. São Paulo: Atlas, 2006.
CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
______. Contabilidade rural. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESTADO DE SANTA
CATARINA - FETAESC. Disponível em: http://www.fetaesc.org.br/noticias/protesto-mais-
de-600-produtores-integrados-foram-para-a-porta-do-brf-em-concordia/. Acesso em: 28 de
Fev. de 2016.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
______. ______. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
15
Resumo:
Aborda a avaliação do desempenho de segmentos de mercado em frigorífico que produz
alimentos como salsichas, presuntos, mortadelas e afins. Pretende obter resposta para questão
relacionada a como evidenciar aos gestores desse tipo de empresa os benefícios da análise de
lucratividade de produtos, linhas e canais de distribuição. Objetivou formatar relatórios que
permitissem conhecer quais os segmentos mais rentáveis com o intuito de identificar aqueles
que devem ser priorizados pelos administradores. Quanto à metodologia, caracteriza-se como
descritiva, com abordagem qualitativa, utilizando o procedimento conhecido como estudo de
caso. No que tange aos resultados, concluiu-se que a margem de contribuição é aplicável para
sanar a carência de informações gerenciais quanto à lucratividade dos díspares segmentos,
quer sejam produtos, linhas de comercialização, canais de distribuição ou até da própria
empresa. Em razão disso, considera-se que a pergunta de pesquisa foi adequadamente
respondida e que o objetivo do estudo foi alcançado com a elaboração dos relatórios de
performance dos segmentos visados, conforme exposto no texto.
Evaluation Profitability in the Market Segment: Case Study in Cold Storage Company
Abstract:
Report the evaluation the performance of market segments in cold storage company that
produce foods like: sausage, ham, bologna and alike. It intends to get answer the question
related to how highlight to the managers of this kind of enterprise the benefits of the
profitably analysis of products, lines and distribution channels. It aimed to format reports
that allowed tom know which segments are more profitable in order to identify those that
should be prioritized by the administrators. As to the methodology, it features as descriptive,
with qualitative approach, using the process known as case study. With respect to the results,
it was concluded the contribution margin is applicable to solve the shortage of manager
information about of the profitability disparate segments, either products or
commercialization lines or distribution channels or even from the own company. Because of
this, it is considered that the question of the research was accordingly answered and that the
objective of the study was reached with the preparation of reports of performance of targeted
segments, according to the exposed in the text.
Keywords: Profitability in the market segment. Case study. Cold storage company.
1 - INTRODUÇÃO
O acirramento da concorrência mercadológica, combinada com a maior formalização
das operações ocasionada pelo aumento dos procedimentos que inibem a sonegação (como
nota fiscal eletrônica, substituição tributária etc.), são fatores que tendem a forçar a redução
das margens de lucro. Por isso, seria interessante que os administradores fundamentassem
2
2 – REVISÃO DA LITERATURA
Na contabilidade gerencial há muito se defende que uma das medidas iniciais para
otimizar a lucratividade consiste em averiguar o desempenho dos segmentos de mercado
abrangidos por determinada empresa. Isto é, os gerentes necessitam conhecer quais segmentos
de mercado proporcionam o melhor resultado e, em razão disso, definir quais estratégias
mercadológicas devem utilizar para cada segmento abrangido, conforme citado por Binghan
Jr. e Raffield (1990).
A partir da definição de quais segmentos devem ser mensurados, conforme a
necessidade de informações que os administradores têm, resta utilizar ferramentas gerenciais
que possibilitem essa análise, como é o caso da margem de contribuição. Nesse sentido, há
muitos anos esse conceito é sugerido pela contabilidade gerencial para essa finalidade, como
anotado por Guerreiro (2011). Referido autor registra que os principais pesquisadores e
estudiosos do campo da contabilidade de custos e contabilidade gerencial demonstram que o
processo de análise e decisão envolvendo rentabilidade de produtos e de negócios deve estar
fundamentado em informações baseadas no método de custeio variável e na utilização do
conceito de margem de contribuição, levando-se em consideração a existência de fatores
restritivos de produção.
A margem de contribuição, no entender de Soares Neto et al (2014), representa o que
sobra do preço de venda líquido (preço de venda menos os impostos sobre as vendas) após a
dedução dos custos variáveis, ou seja, é a margem de lucro obtida em cada unidade, ou o que
3
sobra para a recuperação dos custos fixos. Citam, ainda, que é uma importante ferramenta
para análise da lucratividade de cada produto fabricado e vendido pela empresa, sendo este
um conceito de extrema importância para a tomada de decisões gerenciais. No mesmo
sentido, Biasio (2009, p. 159) aduz que a “determinação da margem é importante, pois é ela
que estabelece o valor que cada produto contribui para pagar os custos e as despesas fixas e,
ainda, gerar o lucro da empresa”.
Souza e Rocha (2010, p. 9) registram que a margem de contribuição pode ser definida
como o “excesso do preço de venda líquido em relação aos custos e despesas variáveis,
destinando-se a amortizar os custos e despesas fixas e a formar o lucro da empresa”. Esse
conceito, segundo os referidos autores, é aplicável na avaliação do desempenho de produtos,
de grupos de produtos, de unidades de negócio e até da empresa toda.
Bartz et al (2009, p.3) citam que a análise da margem de contribuição é relativamente
simples, pois visa identificar o que sobrou da receita de vendas depois de deduzidos os custos
e as despesas variáveis. O valor que resultar desse cálculo contribuirá para a cobertura dos
custos fixos e para a formação do lucro. Assim, teoricamente os produtos que gerarem as
maiores margens de contribuição são os que proporcionarão lucro maior.
Acerca do cálculo da margem de contribuição, Martins e Rocha (2010) preconizam
que da receita bruta de cada produto devem ser deduzidos os impostos, obtendo-se a receita
líquida. Deste valor, devem ser descontados os custos e as despesas variáveis para determinar
a margem de contribuição total dos itens a avaliar. Por sua vez, Padoveze (2013) comenta que
a margem de contribuição representa o lucro obtido pela diferença entre o preço de venda
unitário e os custos e as despesas variáveis por unidade de produto. Esse cálculo revela que, a
cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor que multiplicado pelo volume
total vendido resultará na margem de contribuição total da empresa.
Souza (2011, p.83) defende que a margem de contribuição é calculada pela diferença
entre o preço de venda de um produto e seus custos e despesas variáveis, devendo ser
entendida como “a contribuição dada por esse produto para cobrir o montante de custos e
despesas fixos da empresa e, uma vez superado esse valor, o saldo é a contribuição para a
geração de lucro.”
A margem de contribuição corresponde ao valor resultante da equação “receitas de
vendas” menos as “despesas variáveis de venda” e menos os “custos variáveis” dos produtos
vendidos. O total de margem de contribuição gerada pelos produtos deve ser suficiente para
cobrir os custos fixos industriais e as despesas fixas (administrativas, comerciais e
financeiras), além de proporcionar o lucro esperado pela administração da empresa
(GUERREIRO, 2011).
Lunkes e Rosa (2012) asseveram que a margem de contribuição é o valor da receita
que permanece depois de deduzir os custos variáveis. É frequentemente determinada
deduzindo-se do valor do preço de venda os valores relativos aos custos variáveis. Isto
significa que, para calcular a margem de contribuição total de um tipo de apartamento de
hotel (por exemplo), basta multiplicar a margem encontrada pelo número de diárias vendidas.
Mendes et al (2010, p.2) mencionam que se deve assimilar a “margem de contribuição
como a quantidade gerada pelas vendas capaz de cobrir os custos e despesas fixas e ter como
resultado o lucro. Em princípio, trazem maior lucro para a empresa aqueles produtos que
alcançarem margem de contribuição maior do que os demais”.
3 – METODOLOGIA UTILIZADA
É possível caracterizar este estudo, de forma resumida, pelos ângulos quanto:
a) À natureza da pesquisa: aplicada ou empírica, de vez que objetiva gerar
conhecimentos para a aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos
(SILVA e MENEZES, 2005).
b) Aos objetivos: descritiva, visto que envolve descrição, registro, análise e interpretação
do fenômeno, sendo que, em sua maioria, se utiliza da comparação e contraste
(SALOMON, 1999).
c) Aos procedimentos adotados: estudo de caso, pois concentra-se em única empresa e
suas conclusões limitam-se ao contexto desse objeto de estudo (YIN, 2005).
d) À forma de abordagem do problema: qualitativa, pois concebem-se análises mais
profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado, visando destacar
características que não são passíveis de observar através de um estudo quantitativo,
conforme Raupp e Beuren (2010).
Quanto aos dados coligidos, esta pesquisa abrangeu todos os produtos vendidos pelo
frigorífico pesquisado no mês de outubro de 2015, que serviu de base ao estudo. Então, para
obter os dados foi empregada técnica de entrevistas informais (não estruturadas) com os
profissionais encarregados de gerenciar a entidade. A finalidade dessas entrevistas era
conhecer a situação geral das áreas abrangidas no que tange aos controles internos adotados e
6
com R$ 6,279 por peça vendida. Por outro lado, o produto de menor margem de contribuição
unitária foi o “58”, com apenas R$ 0,951 por mercadoria vendida. Contudo, vale esclarecer
que nos demais produtos do mix (não mencionados na tabela acima) foram identificados
alguns com margem de contribuição unitária superiores aos 14 citados, além de itens com
resultado negativo.
Quanto ao critério da “margem de contribuição fabril unitária (%)”, no rol apresentado
o produto de melhor performance foi o “762” (que era o segundo colocado no parâmetro do
parágrafo anterior), com 49,89% de margem sobre o preço de venda unitário. No extremo
oposto, o produto com menor margem de contribuição fabril unitária percentual foi o “310”,
com 12,45%. À semelhança do ocorrido pelo critério anterior, também foram encontrados
desempenhos superiores e até margens percentualmente negativas nos demais integrantes do
mix de itens vendidos.
Contudo, a seleção dos melhores produtos deve priorizar a margem de contribuição
total alcançada ao final do período avaliado. Nesse sentido, foi elaborado o demonstrativo
sintetizado na Tabela 4 que evidencia a participação dos produtos no faturamento total mensal
e na margem de contribuição fabril total (MCF total) auferida no mês do estudo, de forma
comparativa.
critério da contribuição total, com R$ 54.887,81, o que representou apenas 4,98% da margem
de contribuição fabril total obtida no mês da pesquisa (R$ 1.102.929,37). Por sua vez, os
produtos que mais se destacaram foram:
i) Produto “297”, com R$ 99.809,62 de margem de contribuição fabril total, com
participação de 9,05% no montante do mês.
ii) Produto “91”, que propiciou R$ 73.819,04 de “MCF” (6,69% do total do
período).
iii) Produto “752”, com margem de contribuição total no valor de R$ 71.111,50
(participação de 6,45%).
parte dos itens abrange embalagens de tamanho menor, embora também sejam
adquiridos (em menor escala) produtos para fracionamento no próprio
estabelecimento.
“Terceirizados”: esse canal de distribuição engloba produtos que a empresa fabrica
para terceiros, ou seja, atua como uma linha de produção de marcas que não são de
propriedade da companhia pesquisada.
Quanto à lucratividade propiciada por esses segmentos, o contexto apurado está
delineado na Tabela 6.
contribuição total do mês (54,00%), com diferença entre os dois parâmetros citados de 16,17
pontos percentuais. O canal que envolvia a terceirização representou apenas 12,12% do
faturamento mensal e somente 2,80% da contribuição total do período (diferença de 9,32
pontos percentuais entre os dois critérios).
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento da rentabilidade dos segmentos de mercados nos quais um frigorífico
atua é crucial, principalmente para empresas de menor porte que competem em mercados
altamente concorridos, no sentido de melhorar os resultados das mesmas ante à concorrência
de gigantes mundiais que atuam nesse ramo comercial. Isso pode ocorrer por meio do
direcionamento de mais recursos àqueles segmentos de maior capacidade de “geração de
caixa” e da correção de eventuais situações indesejadas que sejam detectadas nos segmentos
que ostentem desempenho pífio ou deficitário.
Conforme restou evidenciado no estudo ora relatado, a margem de contribuição é
perfeitamente aplicável para sanar a carência de informações gerenciais quanto à lucratividade
dos díspares segmentos, quer sejam produtos, linhas de comercialização, canais de
distribuição ou até da própria empresa. Destarte, adaptando-se referido conceito gerencial ao
contexto do empreendimento, foi possível obter valiosas informações que proporcionaram
decisões comerciais mais sensatas, bem como a correção de rumos em determinadas
14
situações. Dessa forma, entende-se que o objetivo da pesquisa foi plenamente atingido e a
pergunta de pesquisa foi respondida adequadamente.
Contudo, algumas limitações devem ser consideradas em relação aos resultados
apontados. A primeira diz respeito ao fato de que não foram considerados nos cálculos da
margem de contribuição os prazos envolvidos no ciclo operacional. Assim, seria interessante
aprimorar esse cálculo computando-se os efeitos dos prazos concedidos aos clientes, do
período de estocagem dos produtos e dos prazos obtidos junto aos fornecedores de matérias-
primas, conforme pugnado por Assaf Neto (2003).
Além disso, os dados utilizados para determinar a margem de contribuição dos
produtos e posteriormente das linhas e canais de distribuição não foram auditados ou
conferidos pelos pesquisadores. Ou seja, os valores computados foram importados do
software de gestão utilizado ou obtidos nos demais controles internos da empresa pesquisada.
Portanto, assumiu-se que os mesmos eram representativos do contexto relacionado ao mix de
itens vendidos pela companhia em estudo. Como era a base de dados disponível no período de
pesquisa e a mesma, segundo afirmação do gerente da empresa, era “confiável”, entendeu-se
que seria adequada utilizá-la neste artigo.
Convém destacar, ainda, que adotou-se o conceito de “margem de contribuição fabril”
em consonância ao defendido por Anthony e Govindarajan (2002), conforme já comentado
em seção precedente. Com isso, em que pese o aspecto de divergir do conceito mais
tradicional da margem de contribuição (que envolveria somente preço de venda e custos
variáveis), os autores desta pesquisa consideraram que essa metodologia de cálculo espelharia
mais realisticamente o contexto da indústria em estudo.
A título de sugestão para trabalhos futuros, propõe-se que sejam elaborados relatórios
de desempenho adicionais com foco em outros segmentos de mercados que eventualmente
esse tipo de empresa atue. Ou seja, apurar a rentabilidade de vendedores, territórios de venda,
clientes específicos etc.
REFERÊNCIAS
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Atlas, 2002.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
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estratégia. Curitiba: Juruá, 2008.
BARTZ, D.; FANFA, I. P.; KAPPEL, R. da S.; ZONATTO, V. C. da S. Aplicação gerencial
da margem de contribuição em uma indústria de extração e beneficiamento de minérios. In:
Congresso Brasileiro de Custos, 16, 2009, Fortaleza. Anais... Fortaleza: ABC/UFC, 2009.
BEULKE, R.; BERTÓ, D. J. Precificação: sinergia do marketing e das finanças. São Paulo:
Saraiva, 2009.
BIASIO, R. Sistema de apoio à decisão para definição de mix de produtos em empresas
comerciais varejistas. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Escola de Administração, Programa de Pós-graduação em Administração. Porto Alegre:
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BINGHAN Jr., F. RAFFIELD, B. T. Business to business marketing management. Bost:
Richard D. Irwin Inc., 1990.
DUCATI, E.; SILVA, A. F. Aplicação da margem de contribuição: estudo de caso em uma
empresa de fabricação de doces de frutas. In: Congresso Brasileiro de Custos, 21, 2014,
Natal. Anais... Natal: ABC/UFRN, 2014.
GUERREIRO, R. Estruturação de sistemas de custos para a gestão da rentabilidade. São
Paulo: Atlas, 2011.
15
JocimarVazochaWescinski
joci@unochapeco.edu.br
Mestrando em Ciências Contábeis e Administração da Unochapecó
Antonio Zanin
zanin@unochapeco.edu.br
Doutor em Engenharia da Produção
Resumo
A pesquisa tem como objetivo comparar os custos da produção leiteira entre duas entidades
rurais do sul do país. Metodologicamente, a pesquisa é exploratória, caracterizada como
estudos de casos, e de cunho qualitativo e quantitativo, por meio da análise dos custos da
produção leiteira de duas propriedade rurais, no período temporal de 2014 e 2015. A partir da
análise comparativa entre as duas propriedades, pode-se identificar que mesmo sendo
utilizado o sistema de pastoreio nas duas propriedades citadas, o maior custo é com
alimentação no coxo, o qual representa quase 40% dos custos totais nas propriedades. Outro
ponto relevante aconteceu na propriedade “B” onde ao final de 2014 o produtor comprou uma
ração com preço menor, porém de baixa qualidade, ocasionando redução na produtividade.
Após ter retornado para o uso da ração recomendada pelo nutricionista em meados de 2015, a
produção aumentou consideravelmente, no entanto, os custos também aumentaram. Mesmo
com a compra da ração com preço menor, os custos totais de produção não diminuíram em
razão de um gasto maior com medicamentos, devido o plantel ter sofrido com doenças.
Constatou-se que possivelmente pelos gestores rurais não considerarem as depreciações das
máquinas, equipamentos e instalações, e também das matrizes leiteiras, no custo total de
produção, os mesmos não identificaram o real desempenho da atividade leiteira no período
analisado. De forma geral os resultados do estudo apontam a importância da utilização da
contabilidade e dos controles contábeis, para análise dos resultados das atividades
desenvolvidas no meio rural.
Abstract
The research aims to compare the costs of milk production between two entities of rural
South. Methodologically, the research is exploratory, characterized as case studies, and
qualitative nature and quantity, through the analysis of the costs of milk production in two
rural property in the time period 2014 to 2015. From the comparative analysis between the
two properties can be identified even in use grazing system in the two cited Algarve property,
the biggest cost is to power the lame, it represents almost 40% of total costs in the properties.
Another relevant point occurred on the property "B" where the end of 2014 the producer
bought a ration with lower price but low quality, resulting in reduced productivity. After
returning to the use of the recommended diet by nutritionist in mid-2015, the production
increased considerably, however, costs have also increased. Even with the purchase of feed
with lower price, the total cost of production did not decline because of increased spending on
drugs, because the squad have suffered from diseases. It was found that possibly by rural
managers do not consider the depreciation of machinery, equipment and facilities, and also
the dairy matrices, the total cost of production, they have not identified the actual
performance of dairy farming in the period analyzed. Overall the study results show the
importance of using the accounts and accounting controls for analysis of the results of
activities in rural areas.
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio é um dos principais setores de renda e da geração de emprego da
economia brasileira. Dentre os diversos produtos, a produção leiteira vem se destacando nos
últimos anos, contribuindo na melhoria da renda para os produtores rurais. A cadeia produtiva
do leite foi responsável por cerca de 1,3% do PIB brasileiro de 2011, ocupando a quarta
colocação na relação das cadeias produtivas do agronegócio. Em 2012 esteve em quinto lugar
no ranking do cenário mundial, sendo responsável por 5,3% da produção mundial de leite
bovino, perdendo em volume produzido em ordem decrescente para os países: Estados
Unidos, Índia, China e Rússia, segundo análises de dados da FAO (EMBRAPA, 2012). Além
do mais, a atividade leiteira tem a característica de descentralizar o desenvolvimento nacional
e interiorizá-lo, mantendo o produtor no meio rural.
No meio rural, os produtores necessitam gerenciar os aspectos técnicos, econômicos e
financeiros, de forma a conseguir dados consistentes para a correta tomada de decisão e ter,
assim, possibilidades mínimas de errar em suas escolhas.
O custo de produção constitui instrumento de importância na gestão profissional de
qualquer atividade econômica. No caso específico da pecuária leiteira bovina, diante da
grande divergência dos sistemas de produção praticados, torna-se difícil apurar e divulgar
estruturas de custos com características de representatividade universal, quando se pretende
auxiliar na tomada de decisão e prover gestão eficaz de empresas de produção de leite
(ZANIN et al, 2015).
O cálculo de custos é uma ferramenta muito utilizada e objetiva para servir de base
para ajudar na tomada de uma decisão gerencial de curto prazo, mensurar a sustentabilidade
de um empreendimento em longo prazo, mensurar a capacidade de pagamento, definir a
viabilidade econômica de uma tecnologia alternativa, apresentar propostas ou implementar
políticas agrícolas, entre outras possibilidades (CANZIANI, 1999).
No caso do leite, esta constatação é ainda mais relevante, graças à complexidade das
atividades que envolvem a sua produção primária e às profundas mudanças que o Sistema
Agroindustrial do produto vem tendo nos últimos anos. O interesse pelo cálculo do chamado
"custo do leite" extrapolou o âmbito universitário e acadêmico e chegou aos agentes privados,
indústrias e produtores que buscam principalmente a racionalização de suas atividades e a
economia em custos, ganhando competitividade nos mercados finais (EMBRAPA, 2012).
É nesse contexto que emerge a pergunta que esta pesquisa almeja responder: Quais os
custos de produção leiteira em propriedades rurais? Nessa direção, o objetivo principal do
trabalho foi comparar os custos da produção leiteira entre duas entidades rurais do sul do país
nos anos de 2014 e 2015.
Estudos com esta abordagem se justificam devido aos custos de produção leiteira
estarem envolvidos em todo o processo da propriedade rural, com elevados investimentos em
equipamentos, além de outros custos, como suprimentos animais e medicamentos que a
propriedade necessita para produzir com qualidade e quantidade.
Quanto à estrutura do texto, após esta breve introdução, foi efetuada uma revisão da
literatura a respeito dos aspectos mais relacionados ao assunto. Em seguida, apresentou-se as
principais características das propriedades rurais em tela, descreveu-se o contexto encontrado
por ocasião da pesquisa e foram evidenciados os custos de produção. Por último, foram
apresentadas as conclusões oriundas da pesquisa, ressaltadas algumas limitações ligadas à
metodologia utilizada e sugeridas abordagens para trabalhos futuros.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nesta seção é apresentada uma revisão da literatura sobre os principais conceitos
ligados ao tema pesquisado como: gestão de custos na atividade rural, atividade leiteira e
estudos assemelhados.
3 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos, a pesquisa classifica-se como exploratória pois, conforme Raup
e Beuren (2004, p. 80) “por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior
profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para
a conclusão da pesquisa.”
Quanto à abordagem do problema, este estudo pode ser classificado como qualitativo,
que segundo Richardson (2008) denomina os estudos que podem descrever a complexidade
de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Pelo aspecto dos procedimentos adotados, a
pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso comparado, pois se concentra em duas
propriedades rurais, e suas conclusões limitam-se ao contexto do objeto de estudo. Para Lopes
(2006) o estudo de caso é uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se
debruça deliberadamente sobre uma situação específica, contribuindo para a compreensão
global de um certo fenômeno de interesse. Os dados obtidos para a análise da pesquisa
correspondem aos anos de 2014 e 2015, os dois produtores possuíam planilhas em excel dos
custos, despesas e receitas da produção leiteira.
O estudo se compõe por duas propriedades rurais, sendo que as duas utilizam o
sistema de pastoreio, que consiste no manejo do gado leiteiro empastagens, fazendo a
complementação da alimentação com suprimentos alimentares em local fechado. Os
procedimentos utilizados nesta pesquisa para a estimativa dos custos de produção apurados
pela metodologia do “custo da atividade leiteira” estão fundamentados na operacionalização
dos recursos econômicos que compõem os custos fixos e variáveis, conforme
operacionalização proposta pelo Centro Nacional de Pesquisa em Gado de Leite da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (CNPGL/EMBRAPA). Os recursos analisados no
processo produtivo da atividade leiteira foram: terra, benfeitorias, máquinas, equipamentos,
rebanho produtivo (vacas, novilhas e bezerras), formação de pastagens, animais de tração e
impostos fixos. Além do custo alternativo, estimou-se, com exceção do item terra, a
depreciação de cada item. Quanto aos custos variáveis, consideraram-se as despesas com
alimentação (silagem, farelo, ração, sal, milho, ureia etc.), produtos veterinários (antibiótico,
bernicida, carrapaticida, vacina, vermífugo, material para inseminação etc.), mão de obra
(permanente e temporária), serviços de terceiros, manutenção, combustível, energia elétrica,
impostos variáveis e demais despesas gerais.
O estudo dos casos analisados na pesquisa foi desenvolvido em duas propriedades
rurais. Uma está localizada no Estado de Santa Catarina, no município de Herval d’Oeste,
nesse estudo denominada como propriedade “A”, possui uma área de 23,7 hectares, dos quais
16,7 hectares são utilizados para a produção leiteira, ainda, conta com o auxílio de 3
funcionários. A propriedade possui 75 matrizes leiteiras, que produzem em média 39 mil
litros de leite ao mês. Por sua vez, a propriedade denominada “B”, está localizada no Estado
do Rio Grande do Sul, no município de Erval Grande, possui uma área de 28 hectares, dos
quais 19 hectares são utilizados para a produção leiteira, ainda, conta com o auxílio de 3
funcionários. A propriedade possui 51 matrizes leiteiras, que produzem em média 28 mil
litros de leite ao mês.
A seleção dos casos foi realizada de maneira intencional, alcançados por
acessibilidade e conveniência. Os dados necessários à realização das inferências sobre os
objetivos investigados nesta pesquisa foram coletados nos meses de dezembro de 2015 e
janeiro de 2016, e referem-se à atividade leiteira. A coleta de dados foi realizada a partir de
visitas in loco nas propriedades pesquisadas, com observação direta, a análise de documentos
e registros de controles disponibilizados pelos produtores, e a realização de entrevistas
semiestruturadas com seus proprietários.
Para a coleta dos dados, em ambas as propriedades foram utilizadas planilhas de
controles disponibilizadas. Quando questionados, os próprios produtores auxiliavam no
preenchimento das informações solicitadas, relacionadas ao período objeto de estudo. Os
dados coletados foram tabulados em planilhas eletrônicas elaboradas a partir do software
Excel, sendo posteriormente analisados para que fosse possível responder à questão de
pesquisa.
4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Nesta seção serão apresentados os resultados do estudo proposto referente a: apuração
de custos e demonstração do resultado e a discussão dos resultados.
Segundo os gestores rurais das duas propriedades o descarte das matrizes varia
conforme a sua produção, por isso a análise é individual. No entanto, em média as matrizes
são descartadas após 8 crias. O plantel de animais da propriedade “A” se compõe de 65
matrizes no final de 2014, tendo um aumento de 14% em 2015, atingindo 75 matrizes,
predominando a raça holandesa. Os valores demonstrados referem-se ao custo de aquisição ou
valor de mercado atual, valorado pelo CPC 29, tendo em vista que a maior parte das matrizes
foram formadas na propriedade. Para determinar a sua vida útil foi considerada para as
matrizes a média de crias antes do seu descarte. Vale destacar que o descarte depende de uma
série de fatores, tais como número de bezerros nascidos, sanidade, entre outros, portanto a
média de descarte ficou em 8 crias, ou seja, 8 anos. Quando as matrizes são descartadas,
ocorre a sua venda. Assim sendo, foi considerada sua receita como valor residual, a partir da
venda do animal para o açougue, onde é pago o valor pela carne.
No caso da propriedade “A” o valor da depreciação no ano de 2015 foi de R$
37.500,00. Para chegar a esse valor monetário, multiplica-se a quantidade de matrizes (75)
pelo valor unitário de aquisição ou valor de mercado de cada matriz (R$ 5.000,00), após isso,
diminui-se o valor residual de cada matriz (estimando-se o valor residual de R$ 1.000,00 por
animal). O resultado divide-se pela média de 8 anos, chegando-se ao valor de depreciação
anual.
Na propriedade “B” foi utilizado a mesma metodologia de cálculo para a definição da
depreciação das matrizes. O número de matrizes ao final de 2014 era de 43 animais, no final
de 2015 foi de 51, portanto, um aumento de 16%, nessa propriedade também praticamente
todas as matrizes são da raça holandesa. A depreciação na propriedade “B” no ano de 2014 foi
de R$ 21.000,00, já no ano de 2015 foi de R$ 25.500,00.
Com a definição dos valores de depreciação, foi elaborado um demonstrativo dos
custos totais de produção, conforme exposto na Tabela 3.
Descrição Análise média dos custos de produção
Período 2014 (%) 2015 (%)
Produção/vendas (litros) 348.196 - 462.254 -
Valor p/litro vendido(R$) 1,01 - R$ 1,09 -
Receita total(R$) 353.340,00 - 504.136,80 -
(-) FUNRURAL 8.126,82 2,3 11.595,15 2,3
(-) Custos de Produção total(R$) 200.207,00 100 247.658,40 100
Alimentação 82.323,00 41,12 115.785,60 46,75
Alimentação no coxo 60.913,00 30,43 100.185,60 40,45
Alimentação no pasto 21.410,00 10,69 15.600,00 6,30
MOD/cuidados e manutenções 66.682,00 33,31 77.670,80 31,36
Mão-de-obra 21.720,00 10,85 23.640,00 9,55
Manutenção do plantel 12.534,00 6,26 18.438,00 7,44
Manutenção máq/equip. 15.901,00 7,94 10.876,80 4,39
Outros (Produtos Higiene, taxas,
etc.) 7.660,00 3,33 7.534,00 3,04
Reprodução 3.607,00 1,80 5.790,00 2,34
Energia elétrica 7.260,00 3,13 11.392,00 4,60
Depreciações 49.202,00 24,58 54.202,00 21,89
Depreciação matrizes 32.500,00 16,23 37.500,00 15,14
Depreciação máq/equip/inst 16.702,00 8,34 16.702,00 6,74
Lucro do Período (R$) 145.006,18 - 244.883,25 -
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 3: Análise média dos custos de produção e receitas da propriedade “A”
Percebe-se na Tabela 5 que a produção média por matriz em 2014 foi maior na
propriedade “B” comparando-se com a propriedade “A”, no entanto o custo médio por litro de
leite também foi superior em R$ 0,09. Isso acaba refletindo no lucro por litro, sendo superior
em R$ 0,16 na propriedade “A”. O resultado da propriedade “A” ocorreu em função do
controle dos custos de produção, além de um melhor preço na venda do leite. Em 2015 a
propriedade “A” também teve melhor resultado do que na propriedade “B”, tanto na produção
média por matriz, quanto no custo médio do litro do leite.
- A produção de leite foi maior nos dois anos. - A produção foi menor nos dois anos.
- O custo por litro foi menor nos dois anos. - O custo por litro foi maior nos dois anos.
- A remuneração por litro foi maior nos dois anos. - A remuneração foi menor nos dois anos.
- Os investimentos foram maiores em relação a - Os investimentos foram menores em relação a
propriedade “B”. propriedade “A”.
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 1: Comparativos das duas propriedades
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O artigo visou responder questão de estudo relacionada a verificar os custos de
produção leiteira em propriedades rurais, comparando os custos da produção leiteira entre
duas entidades rurais do sul do país nos anos de 2014 e 2015.
Nessa direção, os autores entendem que a pergunta de pesquisa foi convenientemente
respondida de vez que, por intermédio das tabelas e quadro apresentado nas seções
precedentes, foi possível evidenciar os custos de produção leiteiras nas duas propriedades
rurais. Em razão disso, o objetivo priorizado neste artigo também foi atingido, ou seja, a partir
dos cálculos que foram explicitados anteriormente pode-se comparar os custos das duas
entidades rurais e analisar o seu desempenho.
Quanto aos resultados do estudo, concluiu-se que a propriedade “A” teve um melhor
desempenho nos dois anos analisados no comparativo com a propriedade “B”. Nesse sentido,
os procedimentos de cálculos utilizados permitiram identificar os custos que tem maior
representatividade na produção de leite, bem como mostrar o desempenho geral de cada
propriedade.
A partir da análise comparativa entre as duas propriedades, pode-se identificar que
mesmo sendo utilizado o sistema de pastoreio nas duas propriedades citadas, o maior custo é
com alimentação no coxo, e representa quase 40% dos custos totais nas propriedades. Outro
ponto relevante aconteceu na propriedade “B” em que ao final de 2014 o produtor comprou
uma ração com preço menor, porém de baixa qualidade, ocasionando redução na
produtividade. Após ter retornado para o uso da ração recomendada pelo nutricionista em
meados de 2015, a produção aumentou consideravelmente, no entanto, os custos também
aumentaram. Mesmo com a compra da ração com preço menor, os custos totais de produção
não diminuíram em razão de um gasto maior com medicamentos, devido o plantel ter sofrido
com doenças.
No que tange às limitações desta pesquisa, é pertinente destacar que as propriedades
não levam em consideração a depreciação para fins de apuração do custo total anual e nem
para apurar o resultado anual da atividade leiteira, o que caracteriza um resultado maior,
embora não seja o resultado real.
Como recomendação para trabalhos futuros cabe sugerir a expansão da abrangência do
estudo, utilizando propriedades do Paraná e de outros Estados do Brasil, ou ainda,
cooperativas que poderiam trazer informações com valores monetários com maior impacto.
6 REFÊRENCIAS
BÁNKUTI, F. I.; SOUZA FILHO, H. M.; BÁNKUTI, S. M. S. Mensuração e análise de
custos de transação arcados por produtores de leite nos mercados formal e informal da região
de São Carlos, SP. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v.10, n.3, p. 343-358,
2008.
DI DOMENICO, D.; DAL MAGRO, C. B.; ZANIN, A.; MARTINI, R. Controle de custos na
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Extensão Rural, v. 22, n. 3. 2015.
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Agronegócio 2014/2015 a 2024/2025. 2014. Disponível em:
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RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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ZANIN, A.; FAVRETTO, J.; POSSA, A.; MAZZIONI, S.; ZONATTO, V. C. S. Apuração de
custos no manejo da produção leiteira: uma análise comparativa entre o sistema tradicional e
o sistema freestall. In: XXI Congresso Brasileiro de Custos – Natal, RN, Brasil, 17 a 19 de
novembro de 2014.
ZANIN, A.; LANSSARINI, J. R.; OENNING, V.; KRUGER, S. D.; GUBIANI, C. A. Análise
econômica e financeira da produção leiteira em uma pequena propriedade rural. In: 51°
Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural.
Anais...Belém: SOBER, 2013.
Estratégia de Formação de Preço de Venda/Serviço dos Empreendedores Incubados na
RECEPETI
Antonio Zanin
Doutor em Engenharia de Produção - UFRGS
zanin@unochapeco.edu.br
Resumo:
O artigo pretendeu responder a questão de estudo relacionada aos principais fatores
associados para a formação do preço de venda/serviço dos empreendedores incubados na
RECEPETI (Rede Catarinense de Inovação). Nessa direção, o objetivo principal do trabalho
foi identificar os fatores associados para a formação do preço de venda/serviço dos
empreendedores incubados vinculados a RECEPETI. Os procedimentos metodológicos
utilizados para a realização desta pesquisa foram, quando aos objetivo descritiva e, quanto a
abordagem do problema é qualitativa. Quanto aos resultados do estudo, conclui-se que os
principais fatores que a maioria das empresas alocam no preço final de seus produtos são:
margem de lucro, mão-de-obra, aluguel/taxa de incubação, custo dos produtos/ matéria-prima,
relação do preço do concorrente, tributação, gastos com suporte, servidor. Em casos de
atualização do preço de venda, os principais fatores associados na atualização dos preços de
venda estão lidados ao cenário econômico e o aumento do custos e despesas das atividades
ligadas ao produto final, entre outros achados mencionados no decorrer desta pesquisa.
Abstract
The article aims to answer the question of study related to the main factors related to the
formation of sales / service of entrepreneurs incubated in RECEPETI (Santa Catarina
Network Innovation). In this direction, the main objective was to identify factors associated
with the formation of the sales / service of the incubated entrepreneurs linked to RECEPETI.
The methodological procedures used for this research were when the descriptive purpose, as
the case study of research procedures and, as the problem of the approach is qualitative. As
for the results of the study, it is concluded that the main factors that most allocate companies
in the final price of their products are: profit margin, hand lab or, rent / hatching rate, cost of
goods / raw material , price ratio competitor, taxation, spending on support, server. In case of
update of the sales price, the main factors associated to update the sales prices are handled the
economic scenario and increasing the costs and expenses of the activities related to the final
product, among other findings mentioned during this study.
2 REFERENCIAL TEÓRIO
A revisão da literatura apresenta os conceitos que sustentam o assunto pesquisado e
servem de base para análise dos dados coletados, como destacado nas próximas seções.
- Os custos indiretos não são levados à análise de resultados dos produtos, estes passam a ser
avaliados por suas margens de contribuição;
- A margem de contribuição é calculada pela diferença entre o preço de venda e os custos variáveis;
- Indica a lucratividade dos produtos e serviços;
- O método é excelente para averiguar o efeito de políticas de vendas especiais.
- Proporciona estimativas mais realistas sobre como os custos de suporte mudam com incrementos
Custeio Baseado em Atividades
no volume de vendas;
- Permite às empresas estimar não apenas os custos de fabricação, mas também os custos para servir
diferentes consumidores;
- A lógica deste método é voltado para o custeio das atividades que geraram os custos e despesas e
para os motivos principais de suas gerações;
- Estabelecem relações entre as atividades e o consumo de recursos, independentemente de fronteiras
departamentais;
- Originária do segmento industrial, porém é aplicável a organizações de serviços quanto a indústria;
- Leva o custo incremental a categorias de custos que não são nem fixos e nem variáveis, mas são
semifixos, de acordo com o direcionadores de atividades.
- Modelo de cálculo da produção do período por meio da determinação de uma unidade de medida
Método das unidades de esforço
- Para ter sucesso na implementação a empresa tem que ter um bom custo real;
- Este método não é um meio simplificado, custo padrão implica sempre na adoção de mais trabalho
por parte da empresa;
- O sucesso deste método depende da seriedade aplicada na localização e saneamento das diferenças
entre o padrão e o real;
- Divide-se me:
* Custo padrão corrente: excluí as ineficiências que a empresa julgar que podem ser de fato sanadas;
* Custo padrão ideal: só exclui o que não podem ser cientificamente eliminado.
Quadro 1 – Métodos de custeio
Fonte: Adaptado de ASSEF (2005); NAGLE, HOGAN (2007); PADOVEZE, VASCONCELOS (2012);
WERNKE, LEMBECK, (2012).
O Quadro 1 apresenta os principais métodos de custeio, sendo os mais recomendados o
custeio baseado em atividade e o custo padrão, porém por ser uma ferramenta de gestão é
cargo do administrador designar qual método será utilizado.
Sob a óptica da entidade, quanto maior o preço, maiores os lucros e melhores os
resultados. Os limites superiores dos preços, porém, são definidos pelo mercado consumidor e
pelo valor percebido e atribuído ao produto ou serviço comercializado. Assim, a análise de
custos, preços e valores consiste em algumas das mais nobres e importante tarefa da
administração financeira (BRUNI; FAMÁ, 2012).
No Quadro 2 contextualiza-se os métodos de formação de preços de venda dos
produtos/serviços:
- Se for com base no custo total, a margem adicional deve ser suficiente para cobrir os lucros
desejados;
- Se for com base no custo marginal, a margem adicional deve cobrir, além dos lucros, os custos
custo
fixos;
- Este método é bastante utilizado em comércio atacadista e varejista;
- Este método é simples, mas pode levar a administração a tomar decisões equivocadas.
- Todos os métodos deve ser comparados com os preços das empresas concorrentes;
Método baseado nas decisões
das empresas concorrentes
do mercado
- Engloba a combinação:
* Custos envolvidos;
* Decisões de concorrência;
* Características do mercado.
3 METODOLOGIA
Este estudo, quanto aos objetivos, pode ser classificado como descritivo, pois de
acordo com Gil (2008) as pesquisas descritivas almejam efetuar a descrição das características
de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Lopes (2006) destaca, ainda, que a
pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los,
interpretá-los e o pesquisador não interfere neles.
Quanto à abordagem, este estudo é classificado como sendo qualitativo, pois o seu
objetivo está relacionado ao “levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em
compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos
indivíduos de uma população” (TURATO, 2005, p. 509).
A coleta de dados aconteceu através da aplicação de questionário nos meses de janeiro
a março de 2016, sendo utilizadas as ferramentas do Googledocs. A população da pesquisa
envolveu 291, sendo que 26 responderam e compuseram, assim, a amostra abrangida pelo
estudo.
O questionário foi composto por 19 (dezenove) questões, sendo divididas em 15
(quinze) de múltiplas escolhas, 3 (três) em forma de escala e 1 (uma) questão aberta
No que tange às etapas de processamento e análise dos dados, estes foram tabulados
em planilha Excel, utilizando-se apenas a estatística descritiva (média e desvio-padrão) pelo
reduzido número de entidades abrangidas e de tabulações gráficas.
4%
38%
58%
90% 79%
80%
67% 67%
70% 58% 58%
60% 54%
50% 50%
46% 46% 46%
50% 42% 42% 42% 42%
38%
40%
30% 25% 25%
20% 13%
8%
10%
0%
Outros 4%
Preço de oportunidade 58%
Preço do concorrente 33%
Alteração da margem de lucro 46%
Aumento das despesas operacionais 63%
Aumento do custos/matéria-prima 67%
Posição do produto/serviço no mercado 58%
Cenário econômico (dólar, inflação do período, etc.) 79%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
O preço estabelecido condiz Está satisfeito com o preço O preço estabelecido tem
Dados com as necessidades do estabelecido do(s) seu(s) boa aceitação pelos seus
produto/serviço? produto(s)/serviço(s)? clientes?
Peso 1 0% 0% 4,2%
Frequência
5 CONCLUSÕES
ASSEF, R. Gerência de preços: como ferramenta de marketing. 2. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SANTOS, J. J. dos. Fundamentos de custos para formação do preço e do lucro. 5. ed. rev.
ampl. e mod. São Paulo: Atlas, 2005.
ZORNIG, F. Acerte o preço e aumente seus lucros. São Paulo: Nobel, 2007.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
Resumo:
Este estudo teve por objetivo apresentar uma ferramenta de auxílio na gestão de uma
organização hospitalar. Aborda-se a gerência de custos e despesas fixas, por meio da
proposição de adoção da metodologia Orçamento Base Zero (OBZ). Esta metodologia busca a
composição de um plano orçamentário enxuto, sem qualquer excesso ou gasto desnecessário
que ao final possa comprometer a meta de lucro desejada pela empresa. Trata-se de um estudo
de caso aplicado em uma entidade do ramo hospitalar, para o qual se utilizou evidências
coletadas em demonstrativos contábeis, além de observações in loco. A análise dos dados
consistiu na estruturação de uma proposta orçamentária para um exercício social seguinte,
considerando as características e peculiaridades da entidade em estudo, principalmente no seu
conjunto de custos e despesas. Em termos de resultados, além da proposta inicial de aplicação
do OBZ, pode-se apresentar uma nova forma de planejamento das receitas dessa organização,
o que possibilitou uma readequação das estruturas dos demais orçamentos, pois ao invés de
considerar o lucro como meta de resultado, entendeu-se conveniente considerar o índice
EBTIDA como métrica efetiva do desempenho orçamentário.
Abstract:
This study aimed to present a tool to aid in the management of a hospital organization. Deals
with the management of fixed costs and expenses, through the methodology adopted
proposition Zero Based Budget (ZBB). This methodology seeks the composition of a lean
budget plan, without any excess or unnecessary expense that the end might compromise the
desired profit target for the company. This is a case study applied in a hospital branch entity,
for which was used evidence collected in financial statements, and on-site observations. Data
analysis consisted of structuring a budget proposal for the next fiscal year, considering the
entity's characteristics and peculiarities in study, mainly as a whole costs and expenses. In
terms of results, in addition to the initial proposal of application of ZBB, can present a new
way of planning the revenue of this organization, which allowed an overhaul of the structures
of other budgets, because instead of considering the profit as a result target, it was considered
appropriate to consider the EBITDA index as an effective metric budget performance.
1 INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento dos custos fixos tem sido grande objeto de pesquisas no
âmbito das ciências sociais aplicadas ao longo das últimas décadas, especialmente por trazem
preocupação a quem tem a condição de decidir (COSTA, 2010). Executivos sabem que a
competitividade em que as organizações estão expostas, exigem uma dose maior de controle.
Ao analisar cenários, possibilidades, compor planos e estratégias, todos buscam
incondicionalmente ter a melhor lucratividade possível, com foco no aumento dos indicadores
de desempenho econômico de qualquer empresa.
Porém, essas possibilidades modificam-se conforme a variação de diversos fatores,
inclusive com alta influência de condições externas à organização. Mas é possível planejar e
aumentar o faturamento de uma organização e por meio de estratégias de negociação, obter
uma redução nos custos de aquisição dos insumos necessários para produzir. Contudo, o
tempo que isso refletirá em lucratividade nos relatórios financeiros nem sempre será
suportado em algumas circunstâncias.
Diante disso, uma gestão eficiente, eficaz e efetiva dos custos fixos, importante grupo
de fatores produtivos, é de suma necessidade. Em ambientes competitivos, as empresas devem
se tornar especialistas em disponibilizar produtos e serviços de alta qualidade a um baixo
custo, sempre observando a funcionalidade que os clientes exigem. Os sistemas de custeio
dessas empresas devem estar estruturados de tal forma que este custeio não esteja limitado
apenas às quatro paredes da fábrica, visto que os custos são na verdade, um balanço da
eficiência e ineficiência de seus fornecedores, da mesma forma que espelha a sua reputação
com os clientes (SOUZA; BRAGA; KRONBAUER, 2014).
Diante desta contextualização, este estudo tem por objetivo apresentar uma ferramenta
que auxilie a gestão de uma organização hospitalar, na gerência dos seus custos e despesas
fixas. Para este formato que se propõe, adota-se como metodologia o Orçamento Base Zero
(OBZ), que é um conceito que busca a composição de um plano orçamentário enxuto, sem
qualquer excesso ou gasto desnecessário que ao final possa comprometer a meta de lucro
desejada pela empresa.
Em referência ao OBZ, este revela em sua essência o desapego ao passado, ou seja,
não leva em consideração o histórico das despesas para conceber o novo orçamento. Da
mesma forma, orienta que é preciso analisar e planejar o próximo exercício considerando os
objetivos e metas definidos para cada departamento da empresa, fazendo com que o gestor
reflita sobre quais serão as circunstâncias necessárias para alcançar as metas e quais os gastos
necessários para isso. É uma forma de planejar não só questões financeiras, mas também
obriga a rever determinados processos, concluindo se estes são realmente necessários
(TEJEIRO; ÁLVAREZ, 2012).
O artigo está estruturado em seções, sendo que se inicia com esta introdução, tendo a
revisão de literatura como seguimento, envolvendo temáticas da gestão de custos, orçamento
empresarial e OBZ. Após, são apresentados os aspectos metodológicos que envolvem o
estudo. Em seguida, são evidenciados os resultados e análises da pesquisa, e por fim, são
apresentadas as considerações finais do estudo e as referências bibliográficas utilizadas para o
seu desenvolvimento.
2 GESTÃO DE CUSTOS
No senso comum, custo traz em seu significado a aquisição de algum objeto que seja
durável ou de consumo, tangível ou intangível. Já para a contabilidade, custo vai além: são
bens ou serviços empregados como insumos para a obtenção de outros bens e serviços. Além
disso, o custeio tem por finalidade avaliar o resultado de uma atividade pela incorporação dos
custos fixos e variáveis (ERTHAL; MARETH; TRETER, 2013).
Diante desse contexto, as organizações têm na contabilidade subsídio para embasar as
decisões, por esta possuir um processo ordenado que registra os custos de operações, com os
elementos quantitativos e qualitativos da produção e das vendas. Neste sentido, uma gestão
eficiente de custos passa pelo uso, não menos eficiente, da informação. Com ela é possível
extrair elementos internos, pois coleta, classifica e registra os dados operacionais das diversas
atividades (LEONE, 2000).
Com o surgimento de novos mercados e novas formas de trabalho inseridos em um
contexto dinâmico de grande competitividade, as ações organizacionais passam a ser
direcionadas para auxiliar o controle e a tomada de decisão. O controle preocupa-se em
apresentar e estabelecer padrões, orçamentos e formatação de diversos cenários, a fim de
antever futuras condições de mercado, mas também deve acompanhar o que foi realizado e
compara com o pré-estabelecido. Sob o aspecto da tomada de decisões, a contabilidade de
custos traduz as informações relevantes num horizonte de curto e longo prazo, a definição de
cortes de produtos, fixação de preços de venda e a opção de compra ou fabricação própria
(MARTINS, 2001).
Com efeito, a gestão de custos de forma eficiente passa por um sistema adequado do
seu controle, isso porque, o uso racional dos recursos afeta significativamente a eficiência dos
negócios. Ou seja, em um contexto de crise econômica ou não, a gestão de custos é
fundamental para que qualquer organização possa atingir a margem de lucro desejada
(LUKIC, 2014).
A gestão de custos é a ponte para o sucesso nos negócios pois o que determina os
preços não são fatores produtivos, mas sim condições de mercado. Assim, para manter sua
lucratividade, as corporações necessariamente se obrigam a voltar suas atenções também para
os processos internos de produção, os quais se constituem em um constante sistema de
avaliação. A partir desse cenário, a gestão passa a ter um viés analítico, com a aplicabilidade
em qualquer atividade produtiva (MARTINS, 2001).
Uma ferramenta de utilidade prática que subsidia a gestão de custos é a elaboração de
um consistente orçamento empresarial. Este, se bem estruturado, torna-se um grande
mecanismo de controle e avaliação dos custos de uma organização, conforme aborda-se na
seção seguinte.
3 ORÇAMENTO EMPRESARIAL
O orçamento, para leigos, pode significar o valor para adquirir algo que se deseja.
Pode ser um serviço ou algo tangível como um carro. Porém, no meio empresarial o termo
orçamento vai além. De maneira simples pode-se dizer que orçamento é um documento que
determina limites para a execução das atividades empresariais.
O aprofundamento do assunto em pauta permite demonstrar que ele é amplo, pois se
revela como uma ferramenta de controle de todos os processos operacionais da empresa, com
foco no planejamento e controle dos resultados financeiros. Caracteriza-se por ser uma
ferramenta que estabelece e coordena os objetivos de todas as áreas da empresa, provocando o
alinhamento dos esforços para a obtenção da meta de lucro (HOJI, 2010).
O orçamento empresarial, como ferramenta de controle, tornou-se um instrumento
fundamental para as organizações pela necessidade de se manter um equilíbrio entre as
previsões financeiras e os resultados efetivamente alcançados pelos seus gestores. O
desenvolvimento dessa ferramenta despertou o interesse das empresas e pesquisadores, por
seu papel de mediador entre o desempenho esperado pela organização e aquele efetivamente
desempenhado (SANTOS; LAVARDA; MARCELLO, 2014).
Uma das funções do plano orçamentário é de fazer com que os administradores ao
elaborarem o mesmo, olhem para o futuro, possibilitando decisões mais assertivas quando
ocorrer o surgimento de oportunidades e minimizando a gravidade de crises. Em suma, o
orçamento apresenta em números um plano de ação futuro da administração para um
determinado período, contendo dados financeiros e não-financeiros projetados para a
organização para o período seguinte. Especificamente pelo aspecto financeiro, demonstra as
expectativas com relação a receitas futuras, fluxos de caixa e posição financeira (HORGREN,
2000).
O conceito apresentado por Sá (2013, p. 8) traduz de forma clara e objetiva a essência
dessa ferramenta quando diz que “o orçamento é uma técnica de alocação eficiente de
recursos e que tem como principal objetivo permitir realizar o plano estratégico da empresa
com um mínimo de esforço”. Outra importante contribuição quando tratar-se de orçamento, é
que este tem importantes objetivos dentro do contexto organizacional, conforme expõe
Sardinha et al. (2008, p. 12):
a) comunica a estratégia em todos os níveis gerenciais, pormenorizando os planos de
cada centro de responsabilidade;
b) coordena as várias atividades da organização, evitando duplicidade de trabalhos;
c) define responsabilidade, autoriza limites de gastos e informa o desempenho que
se espera;
d) é um instrumento de avaliação, isto é, um “contrato” ou acordo com os gestores
visando que os planos sirvam como base para avaliação da performance desses e da
empresa.
Em termos práticos, o orçamento empresarial tem quatro bases que alicerçam a sua
formatação. São quatro segmentações orçamentárias que facilitam a formação de um
orçamento geral: a) orçamento das receitas; b) orçamento das despesas; c) orçamento de
caixa; e d) orçamento de capital. O orçamento das receitas irá projetar o faturamento e assim a
disponibilidade de recursos para manutenção da atividade e investimento. Já o orçamento das
despesas, gastos e custos será definido a partir do resultado obtido pela subtração da
lucratividade desejada dos valores projetados no orçamento das receitas. A partir desse valor
apropria-se as rubricas de despesas desejadas. Com os dois primeiros orçamentos definidos,
projeta-se o orçamento de caixa por meio da elaboração de um fluxo de caixa com estimativas
para o período. Por fim, estrutura-se o orçamento de capital que serve para alocar os recursos,
quando dois ou mais projetos de investimentos estão sob análise (SÁ, 2013).
O foco deste estudo é apresentar uma abordagem ao orçamento das despesas,
especificamente daquelas fixas através da ferramenta Orçamento Base Zero. Na próxima
seção tem-se o aprofundamento desta temática.
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Os gastos representam dois grupos principais: gastos variáveis e fixos. A ênfase deste
estudo está nos gastos fixos, visto que os gastos variáveis têm menor possibilidade de redução
enquanto os gastos fixos oferecem condições de diminuição ou até mesmo exclusão. A seguir
essa análise será apresentada na prática.
6.2.1 Gastos Variáveis
No Hospital os gastos variáveis estão concentrados nos custos dos medicamentos que
são aplicados nos pacientes. A medicação que se aplica depende diretamente do tipo de
tratamento prescrito ao paciente. Como não existe possibilidade de prever qual tipo de
atendimento, ou ainda, qual tipo de necessidade os pacientes irão apresentar, a previsão dos
custos variáveis se torna um tanto quanto complexa. Contudo, o histórico de comportamento
desses gastos ao longo dos exercícios, apresenta uma relação direta com o faturamento de
cada mês. Por meio dessa relação, pode-se projetar o valor que será gasto com os insumos.
Em regra geral, em torno de 21% do faturamento bruto é gasto com materiais e
medicamentos, usados como insumos no tratamento das enfermidades dos pacientes que
procuram atendimento junto ao Hospital XYZ. Essa relação entre faturamento e custo, pode
ser explicada levando-se em consideração a complexidade do atendimento. Ou seja, quanto
maior a complexidade, maior é o custo do insumo (material ou medicamento) usado no
tratamento e consequentemente maior é o valor faturado por este atendimento.
Outros gastos que variam em relação ao número de atendimentos são os impostos sob
o faturamento, como por exemplo, PIS, COFINS e ISS. Estes são os tributos aos quais o
hospital está sujeito por ser uma entidade tributada pelo lucro real.
Aqueles que obtiveram o “não” deverão passar por análise conforme propõe o pacote
de decisões, e a partir dessa análise verificar se irão compor o orçamento. Essa condição
chama-se de restrição orçamentária, que é o recurso disponível para cobrir aos pacotes de
decisão que não entraram no limiar. O pacote de decisões nada mais é que um relatório
descritivo de cada atividade. Como os recursos são limitados é necessário comparar as
mesmas, com o objetivo de decidir pela aprovação ou não de cada uma. A Tabela 2 demonstra
as projeções de valores que a empresa terá a seu dispor para o pagamento dos gastos fixos.
Receita Valor do
EBITDA – Custos Despesas Margem de
Mês Projetada – Limiar da
2016 Variáveis Variáveis Contribuição
2016 Empresa
Observa-se que após todos os levantamentos e cálculos, o valor para distribuição entre
os pacotes de decisão é de R$ 3.873.028,00, que é a restrição orçamentária, resultado da
diferença entre as receitas e despesas projetadas. Cabe agora a definição, por parte da
diretoria, de quais pacotes de decisão serão prioritários dentre aqueles que não foram
considerados no valor do limiar, e que irão formar o orçamento do próximo período.
7 CONCLUSÃO
Esta pesquisa teve por objetivo a apresentação de uma ferramenta alternativa de gestão
de custos e despesas fixas para uma empresa do segmento hospitalar. Tratou-se da aplicação
dos conceitos e metodologia do OBZ, apresentando assim, um novo modelo de gestão e
planejamento financeiro. O presente estudo demonstrou uma nova forma de gerenciar os
gastos fixos do Hospital XYZ revelando potenciais subsídios, que se adotados, poderão
viabilizar uma imediata melhora no tratamento destes, resultando em uma considerável
evolução no resultado operacional do próximo exercício.
Para subsidiar a aplicação prática do tema, foi realizado uma revisão conceitual de
teorias apropriadas ao estudo. Importantes conceitos de gestão de custos emprestaram
considerações relevantes para o alcance dos objetivos propostos. As terminologias utilizadas,
as classificações e os métodos de custeio são algumas das teorias apreciadas. Na área do
orçamento empresarial, as principais contribuições estão relacionadas na formação de
orçamentos de receitas, de custos e de despesas, o orçamento dos custos variáveis e o
orçamento dos gastos fixos.
Em relação aos resultados alcançados, estes superaram os objetivos iniciais pelo fato
de apresentar uma nova forma de planejar as receitas para a organização. A análise das
características que definem uma empresa ser consolidada financeiramente ou não, trouxeram
outra maneira de construir o orçamento das receitas. Este fato ocasionou uma readequação das
estruturas dos demais orçamentos, pois ao invés de considerar o lucro como meta de
resultado, entendeu-se conveniente considerar o índice EBTIDA como métrica efetiva do
desempenho orçamentário.
A abordagem dos gastos foi o centro do estudo principalmente os fixos. Porém,
inicialmente foram analisados os gastos variáveis. A definição dos recursos a serem
comprometidos com estes, foi por meio da busca do comportamento histórico dos mesmos. Já
para os gastos fixos, foram utilizadas as técnicas do Orçamento Base-Zero: limiar e pacote de
decisões. Para a definição do limiar orçamentário do Hospital XYZ, foi produzido uma tabela
com duas colunas. Uma com todas as contas contábeis de despesas consideradas fixas. Na
segunda coluna, respectivamente, constou ou a afirmação SIM ou a negação NÃO em
resposta à pergunta que foi usada como critério de classificação das contas que iriam compor
o limiar orçamentário. As contas contábeis que obtiveram o sim, eram contas que registram
gastos que, sem estes, as atividades realizadas pelo hospital não poderiam acontecer.
As outras contas que receberam o não como respostas, compuseram um segundo
grupo que para figurar no planejamento orçamentário do exercício vindouro, terão que passar
pela avaliação do pacote de decisões. Essa avaliação não faz parte do objeto de estudo do
trabalho cabendo aos diretores e coordenadores do Hospital XYZ realizá-la.
Concluindo, ressalta-se a utilização dos pressupostos do OBZ em um caso de entidade
do ramo hospitalar. Porém, o estudo não esgota todas as maneiras de se alcançar o propósito
de melhorar a gestão da empresa. É amplo o campo de trabalho que poderá vir a ser
desbravado sobre as temáticas desenvolvidas neste estudo.
REFERÊNCIAS
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herramienta para la mejora de las finanzas públicas. Instituto de Estudios Fiscales, 2013.
COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de
graduação e pós-graduação. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HOJI, Masakazu, SILVA, Hélio Alves da. Planejamento e controle financeiro: fundamentos
e casos práticos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2010.
LI, Chunhua; JI, Haifeng. Financial budget optimization of collegs and universities based
on “zero base budget”. International Conference on Advances in Social Science,
Humanities, and Management, 2013.
LUKIC, Radojko. The analysis of the efficiency of trade cost management. Economia Seria
Management, v. 17, n. 2, p. 195-209, 2014.
SÁ, Carlos Alexandre Barbosa da Silva. Orçamento empresarial e fluxo de caixa. Apostila
MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria. Fundação Getúlio Vargas. 2013.
SANTOS, Alexandre Corrêa; LAVARDA, Carlos Eduardo Facin; MARCELLO, Idair Edson.
Relação do conhecimento de gestão de custos e participação orçamentária com o desempenho
dos gestores. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 16, p. 125-142, 2014.
SARDINHA, José Carlos, ALMEIDA, José Mauro Bacellar, DINOÁ, Luis Limeira,
FERREIRA, Washington Luiz. Orçamento e controle. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV.
2008.
TEJEIRO, José Barea; ÁLVAREZ, José Antonio Martínez. Fortalezas y debilidades del
presupuesto base cero. Presupuesto y Gasto Público, n. 69, p. 9-21, 2012.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman,
2015.
Sistemática Proposta Para Implantação De Gestão De Custos
No Setor De Emergência Em Um Hospital Público
Resumo:
Os prestadores de serviços de saúde que possuem além de relevância econômica, fort e
papel estratégico, social e político dentro do Brasil. No entanto, para uma melhor
qualidade nos serviços prestados é preciso que os hospitais públicos introduzam políticas
de gestão de custos, a fim de otimizar os recursos públicos. O objetivo deste trabalho é
propor uma sistemática de apuração de custos no setor de emergência de um hospital
público, situado na Grande Porto Alegre – RS. Como metodologia utilizou-se a pesquisa-
ação como forma de investigar o problema de pesquisa e utilizou-se o método do custeio
por absorção para analisar os custos do setor de emergência do hospital estudado. Como
principais achados tem-se o custo de mão de obra representa 66,15% do custo total direto do
setor e o custo total de atendimento na emergência é de R$ 271,02 por unidade. Com a
elaboração da sistemática de implantação de gestão de custos no setor de Emergência de um
hospital público, foi possível a obtenção do custo unitário do atendimento emergencial na
instituição e permitiu que o gestor estabeleça os indicadores gerenciais para a tomada de
decisão estratégica, além de se mostrar eficaz no controle, em nível gerencial, da instituição,
podendo fornecer tanto indicadores financeiros ou não financeiros.
Palavras chave: Gestão de Custos, Custeio por absorção, Hospital Público, Setor de
Emergência.
Abstract
Providers health care who have besides economic relevance, strong strategic, social and
political role within Brazil. However, for better quality services it is necessary that public
hospitals introduce cost management policies in order to optimize public resources. The
objective of this work is to propose a system of cost calculation in the emergency department
of a public hospital, located in Porto Alegre - RS. The methodology used was action research
as a way to investigate the research problem and used the cost method absorption to analyze
the emergency department of the hospital costs. The main findings has been the labor cost
represents 66.15% of the total direct cost of the sector and the total cost of emergency care is
R$ 271.02 per unit. With the development of systematic cost management deployment in the
emergency department of a public hospital, it was possible to obtain the unit cost of
2
emergency care in the institution and allowed the manager to establish the management
indicators for strategic decision making, and prove effective in the control, management level,
the institution and can provide both financial and non-financial indicators.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a economia globalizada, na qual a informação transita praticamente de
forma instantânea, leva aos participantes desse mercado a uma incessante busca por novos
métodos e formas de administração de seus negócios. A busca por atualizações na sua
forma de administrar tornou-se uma necessidade contemporânea de sobrevivência. “No
século XXI, o conhecimento – informação, inteligência e competência para aprender –
será o recurso mais valorizado da organização… que promoverá a capacidade competitiva
da organização” (CHIAVENATO, 2003, p.20).
Nessa nova de tendência de mercado surgem com destaque cada vez maior, os
negócios baseados em serviços, que apresentam crescimento de importância dentro do
mercado. Esse crescimento, consequentemente, traz uma necessidade de trazer conceitos e
metodologias já consagradas dentro da economia baseada em produtos para as empresas
prestadoras de serviços. Esse processo de migração e adaptação conceitual dentro do
processo administrativo das organizações é um desafio que seus administradores precisam
incorporar a fim de aperfeiçoar os serviços prestados e atender o cliente com satisfação.
A competitividade impõe às empresas a necessidade de ser cada vez mais eficiente
no seu processo de prestação de serviço, isso envolve a otimização na utilização de
recursos para efetuar um serviço de qualidade. Sendo que através do controle dos custos
de processos obtêm-se as informações importantes para subsidiar os administradores na
tomada de decisão. Cada vez mais é necessária a busca por redução de custos devido à
necessidade de aumento nos gastos na produção, então se reduz custos com o objetivo de
diminuir o preço do serviço prestado sem que, isso, interfira na satisfação do cliente.
Percebe-se que para manter-se competitivo no mercado atual é preciso que as empresas
adotem medidas constantes no desenvolvimento de procedimentos de controle de
processos. Segundo Nakagawa (2001) e Schroder (2011), o desenvolvimento e a
sustentação de vantagens competitivas são prerrogativas para a empresa enfrentar a
concorrência.
Através da contabilidade de custos, surge dentro das organizações como uma
alternativa viável na obtenção de resultados positivos, assumindo um papel gerencial
dentro do processo de gestão administrativa. Nesse novo patamar estratégico que surge a
Gestão de Custos que através de dados da contabilidade produz informações para uso
interno, para auxiliar os gestores no planejamento, controle e tomada de decisão
(HANSEN; MOWEN; 2003 p.28).
Nesse contexto, estão os prestadores de serviços de saúde que possuem além de
relevância econômica, forte papel estratégico, social e político dentro do Brasil. Assim
como nos demais setores da sociedade brasileira verifica-se uma desigualdade competitiva
entre os hospitais privados e públicos. Sabe-se que grande parte dos hospitais públicos não
acompanhou a evolução administrativa dos hospitais privados, criando uma defasagem
nos serviços prestados. Para uma melhor qualidade nos serviços prestados é preciso que os
hospitais públicos introduzam políticas de gestão de custos para a melhor utilização dos
recursos públicos. De encontro a esse fato, Ray (2001, p. 42) relata que todo serviço
hospitalar, de modo geral, apresenta entre 20% e 30% de custos desnecessários.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
No presente estudo será abordada a obtenção e mensurarão da informação de
custos e como tal informação impactará no processo de administração de um hospital.
Para que seja possível a obtenção desse resultado é necessária fazer a conciliação entre a
organização hospitalar e contabilidade custos.
2.1 Organizações Hospitalares
As organizações hospitalares desempenham papel de grande importância social,
econômica e política, pois tratam da saúde pública. A abrangência de serviços prestados
por uma instituição hospitalar pode ser evidenciada segundo a definição de hospital de
Almeida (1983) citado por Lemos e Rocha (2011, p.2):
4
3 METODOLOGIA
A metodologia aplicada quanto à abordagem do problema foi através de pesquisa
quantitativa. Quanto aos seus objetivos o tipo de abordagem adotado foi a pesquisa descritiva
(GIL, 1999). Já o procedimento utilizado na condução do estudo, bem como para coleta de
dados foi através de uma pesquisa participante.
O estudo foi realizado em um Hospital Público localizado na região da Grande Porto
Alegre/RS. Hospital esse composto por 685 funcionários e com 152 leitos, sendo classificado
como hospital portas abertas pelo SUS. O tipo de atendimento é de urgência e emergência, para
as especialidades clínica, pediátrica, obstétrica e cirúrgica, incluindo leitos de internação em
UTI, UTI Neo e Saúde Mental.
Através da utilização da metodologia citada realizou-se a implantação de um de
plano de gestão de custos hospitalar em um setor piloto.
7
mudar conforme a necessidade do paciente, pois existem casos extremos onde o caso do
paciente é crítico e ele é rapidamente encaminhado para o bloco cirúrgico ou UTI.
e Equipamentos
Serviços de Apoio Administrativo, Técnico e Serviço prestado por estagiários
Operacional
Serviços de Cópias e Reprodução de Documentos Copiadoras são alugadas pela instituição
Serviços de Tecnologia da Informação Serviços referentes aos sistemas de informação
gerencial presentes na instituição
Serviços de Vigilância e/ou Segurança Serviço de vigilância terceirizada que da suporte a
vigilância da instituição
Serviço de Traumatologia Serviço médico contratado para realizar consultas
ambulatoriais e cirurgias
Serviço de Urologia Serviço para realizar consultas ambulatoriais de
urologia
Serviço de Pediatria Empresa de médicos pediatras que atende apenas
pacientes internados
Serviço de Anestesiologia Empresa de médicos anestesiologistas de sobreaviso
Serviço de Radiologia Empresa que utiliza as dependências do hospital para
realização de exames laboratoriais com equipamentos
próprios
Despesas Gerais
Serviço de Água e Esgoto Serviço de Fornecimento de água
Serviços de Comunicação de Dados (internet e Serviço de Internet
outros)
Serviços de Energia Elétrica Serviço de fornecimento de energia elétrica
Serviços de Telecomunicações - (Telefonia Fixa - Serviço de telefonia
Ramais)
Quadro 3: Descritivo dos itens de custos
Uma vez identificados os itens custos envolvidos, o próximo passo foi estabelecer
uma relação entre eles e os centros de custos, isto é, foi necessário fazer a análise dos dados
para estabelecer como os fazer a sua apropriação nos respectivos centros de custos. Os custos
uma vez mensurados foram apropriados nos centros de custos de forma direta, ou através de
critérios de rateio de forma indireta.
Com os valores mensurados no mês de referência, além dos respectivos critérios de
rateio, para que se realizasse a distribuição dos valores dos itens de custos indiretos foi
desenvolvida uma tabela de critérios de rateio. Tal tabela foi elaborada durante as visitas aos
setores da instituição, onde fez-se um planejamento, para obter-se concomitantemente os
critérios de rateio necessários.
Para Martins (2003, p.70) tal planilha é conhecida por “Base de aplicação de Custos
Indiretos”, já o PNGC (2013) a reconhece como “Planilha Mãe”. Tal planilha é crucial para
obtenção do custo total direto de cada setor, que é a soma dos custos diretos e indiretos
provenientes dos itens de custo.
Em benefício da concisão, esta planilha está à disposição para consulta com os
autores.
12
4.4 Identificação Dos Centros De Custos Que Prestam Serviço Ao Setor De Emergência
Durante período de observação, pode-se constatar que alguns centros de custos
administrativos e de apoio prestam serviço de suporte e auxílio ao centro de custo
“Emergência”. Após fazer apropriação dos custos referentes a cada centro de custo da
instituição é preciso transferir os custos dos centros de custos auxiliares aos centros de custos
produtivos. Conforme Tabela 1, os custos dos centros de custos que se relacionam com a
Emergência, foram transferidos por departamentalização, de acordo com produto de cada
centro de custo administrativo e de apoio. Para os centros de custos que não possuem produto
definido sua transferência se deu de maneira indireta através de critérios de rateio.
Critério de
Qtde. que o
Transferência
Centro de Qtde. referente ao Valor
Centros de de Valores Qtde.
Custo Centro de Custo Transferido à
Custos Para os Total
Trabalhou Para Emergência Emergência
Centros de
Ele Mesmo
Custos
Produtos
Almoxarifado 215.246 150 43.178 R$ 2.380,24
Distribuídos
Ordem de
Manutenção 262 1 27 R$ 5.507,73
Serviço
m² por Centro
Condomínio 10.057 2.294 699 R$ 1.335,86
de Custos
Centro
Indefinido 560 67 95 R$ 70.912,47
Administrativo
Ramal Por
Telefonista Centro de 94 1 5 R$ 981,38
Custos
Computadores
CPD por Centro de 144 5 8 R$ 1.125,44
Custos
m² por Centro
Vigilância 10.057 6 699 R$ 5.886,95
de Custos
Funcionários da
Gerência de Assistência por
350 9 95 R$ 17.964,65
Enfermagem Centro de
Custos
Medicamentos
Farmácia 82.131 - 19.868 R$ 14.388,79
Distribuídos
m² ponderado
Higienização por Centro de 25.485 113 2.796 R$ 26.986,55
Custos
Kg de Roupa
Lavanderia 12.394 - 1.997 R$ 8.516,39
Lavada
Número de
SND Refeições 50.614 248 4.805 R$ 19.985,48
Ponderada
Litros de
SND Enteral Alimento 578 - 84 R$ 3.280,95
Enteral
Exame por
Laboratório Centro de 14.465 - 5.717 R$ 35.394,06
Custos
Exame por
Raio X centro de 4.734 - 2.655 R$ 75.828,37
Custos
ECG Exame por 481 - 357 R$ 7.464,72
13
centro de
Custos
Exame por
Endoscopia centro de 224 - 9 R$ 614,84
Custos
Atendimento
Fisioterapia por Centro de 3.326 - 110 R$ 1.896,70
Custos
Bolsa de
Sangue
Agência
Distribuída por 80 - 4 R$ 1.341,48
Transfusional
Centro de
Custos
Bloco
Cirurgia 159 - - R$ -
Cirúrgico
Centro
Parto 85 - - R$ -
Obstétrico
Tabela 1: Transferência de custos para Emergência
Além disso, permite que haja um controle gerencial no setor do montante relativo ao
consumo de insumos por mês, estabelecendo uma relação com o número de pacientes,
também cabe salientar que os dados obtidos, também oferecem indicadores não financeiros,
como a quantidade de setores que prestam serviço no mês para o setor de Emergência.
Por fim o valor de atendimento na emergência é de R$ 271,02, tal valor vem a ratificar
justifica a situação dos hospitais, de modo geral no país, pois ao fazer a coleta dos dados,
verificou-se que os pacientes que precisam de internação clínica permanecem no setor de
emergência, aguardando disponibilidade de leito em setor de unidade de internação clínica.
Tal falta de leitos acaba encarecendo o custo do setor, já que um paciente internado necessita
de maiores cuidados e insumos. Conforme sistema gerencial informatizado verificou-se que
ao final do mês aferido houveram 201 pacientes-dia no mês que permaneceram na emergência
aguardando leito.
5. CONCLUSÕES
Com a elaboração da sistemática de implantação de gestão de custos no setor de
Emergência de um hospital público, foi possível a obtenção do custo unitário do atendimento
emergencial na instituição e permitiu que o gestor estabeleça os indicadores gerenciais para a
tomada de decisão estratégica, além de se mostrar eficaz no controle, em nível gerencial, da
instituição, podendo fornecer tanto indicadores financeiros ou não financeiros.
Por estes fatos, entende-se que este estudo serve como parâmetro para obtenção de
novos estudos, seja agregando novas unidades, ou para o hospital como um todo, ou ainda
para futura análise de um item de custo específico na instituição.
Este estudo conseguiu responder ao problema de pesquisa formulado, no qual
questionava como implantar uma sistemática de gestão de custos em determinada unidade
hospitalar. Com a obtenção dos dados pode-se obter um passo a passo do que é necessário
para que a instituição estudada possa começar a gerir seus custos, a partir de um setor
específico do Hospital
A pesquisa foi relevante para os acadêmicos, pois mostrou como a Contabilidade de
Custos pode atuar dentro de uma organização, auxiliando na gestão e na tomada de decisão
estratégica, cabendo ao contador, exercer a função de gestor de custos, agregando um papel de
relevância no processo administrativo de um hospital. Para a instituição o estudo apresenta
uma análise geral do setor e a sua relevância dentro da instituição, permitindo ao gestor
hospitalar estabelecer metas de desempenho, reduzir custos com maior propriedade e além de
poder estabelecer um plano financeiro dentro do setor.
6. REFERÊNCIAS
CATELLI, A.; PARISI, C.; SANTOS, E.S. & ALMEIDA, L.B. Um sistema para a gestão
econômica de organizações governamentais empreendedoras. Revista do serviço público da
ENAP, Escola Nacional de Administração Pública, n. 3, p. 83-100, jul./set. 2001.
15
GIL, A.C. Como Elaborar Projetos De Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
HANSEN, D. R. - MOWEN, M. M. Gestão de Custos: Contabilidade e Controle. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008.
NAKAGAWA, M. ABC - custeio baseado em atividades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
Resumo:
Em virtude das exigências mercadológicas crescentes, as instituições financeiras têm buscado
melhorias nos seus processos de Tecnologia da Informação (TI) e controles internos, através
da Governança de TI, especialmente aos voltados à minimização dos riscos de mercado, de
liquidez e operacional. Neste cenário, questiona-se qual o nível de conformidade da segurança
da informação e dos controles internos para a prevenção de tais riscos em uma instituição
financeira. Assim sendo, o presente estudo tem por objetivo comparar as práticas da
segurança da informação e dos controles internos preceituados pela literatura especializada,
com a realidade de uma instituição financeira, visando à prevenção de riscos, através da
análise das políticas internas da instituição. Para atingir esse objetivo, efetua-se um estudo de
caso, com procedimentos de natureza documental, qualitativa e descritiva. Os principais
resultados revelam que a instituição estudada tem uma organização adequada e em fase de
crescimento, proporcional às suas finalidades comerciais. Entretanto, a mesma não se
encontra inteiramente de acordo com o modelo COBIT, visto que este não é um instrumento
obrigatório, apenas aconselhável às instituições financeiras pelo BACEN. Ainda, a empresa se
preocupa em manter um bom nível de eficácia e eficiência das operações, confiabilidade dos
relatórios financeiros e cumprimento de leis e regulamentos aplicáveis. O gerenciamento dos
riscos é efetuado segundo as definições do COSO, analisando então, cada tipo de risco
inerente ao ramo. Sob esse enfoque, a empresa determina diretrizes para os três tipos de riscos
analisados, cada um com sua complexidade e peculiaridade.
Palavras-chave: Controle interno. Segurança de TI. Gestão de Riscos.
The importance of the security in information and internal controls to prevent any risks
to the financial stability at a bank institution
2
Abstract:
As market demands are growing, so financial institutions seek to improve upon the process of
Information Technology (IT) and internal control via the governance of IT, especially those
that aim to reduce the risks in liquid and operational markets. In this scenario it is asked: what
is the level of security necessary to keep the financial institution safe from all those risks?
This study's purpose is to compare the vulnerability of information and internal controls
within the reality of a financial institution, with the goal to prevent risks by analysis of the
internal policies of said institution. To achieve this goal a case study is performed using three
kinds of proceedings: documentary, qualitative and descriptive. The main results show that
the studied institution has adequate organization and it's in a growth phase, proportional to its
commercial purposes. It is worth noting that the institution is not entirely in accordance with
the COBIT model; however, that is not a required directive, only advice given to financial
institutions by the Central Bank. In spite of this, the company cares about maintaining a good
level of effectiveness and efficiency of operations, and maintaining the reliability of financial
reporting and compliance within the applicable laws and regulations. The risk management is
carried out according to the COSO settings, analyzing each type of risk in the business. Under
this approach the company establishes guidelines for the three types of risk analyzed, each
with its complexity and uniqueness.
Keywords: Internal control. Governance of IT. Risk Management.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
0) Inexistente Completa falta de um processo reconhecido. A empresa nem mesmo reconheceu que existe
uma questão a ser trabalhada.
Existem evidências que a empresa reconheceu que existem questões e que precisam ser
trabalhadas. No entanto, não existe processo padronizado; ao contrário, existem enfoques
1) Inicial/Ad hoc
Ad Hoc que tendem a ser aplicados individualmente. O enfoque geral de gerenciamento é
desorganizado.
Os processos evoluíram um estágio onde procedimentos similares são seguidos por
diferentes pessoas fazendo a mesma tarefa. Não existe um treinamento formal ou uma
2) Repetível,
comunicação dos procedimentos padronizados e a responsabilidade é deixada com o
porém intuitivo
indivíduo. Há um alto grau de confiança no conhecimento dos indivíduos e,
consequentemente, erros podem ocorrer.
Procedimentos foram padronizados, documentados e comunicados através de treinamento.
3) Processo É mandatório que esses processos sejam seguidos; no entanto, possivelmente desvios não
definido serão detectados. Os procedimentos não são sofisticados mas existe a formalização das
práticas existentes.
A gerência monitora e mede a aderência aos procedimentos e adota ações onde os
4) Gerenciado e processos parecem não estar funcionando muito bem. Os processos estão debaixo de um
mensurável constante aprimoramento e fornecem boas práticas. Automação e ferramentas são utilizadas
de uma maneira limitada ou fragmentada.
Os processos foram refinados a um nível de boas práticas, baseado no resultado de um
contínuo aprimoramento e modelagem da maturidade como outras organizações. TI é
5) Otimizado utilizada como um caminho integrado para automatizar o fluxo de trabalho, provendo
ferramentas para aprimorar a qualidade e efetividade, tornando a organização rápida em
adaptar-se.
Quadro 1: Modelo de Maturidade Genérico nos processos de TI
Fonte: Adaptado pelos autores, a partir de ITGI (2007).
Grazziotin (2002) ainda afirma que “os negócios bancários são arriscados pela sua
própria natureza. Entretanto, conhecer os riscos tempestivamente e com a maior precisão
possível é um dos pilares de um sistema de controles internos eficiente”, permitindo uma
pronta ação no sentido de evitá-los ou minimizá-los.
No mesmo sentido, Antunes (2004, p. 4) complementa que
“o resultado da avaliação dos riscos dos sistemas de controles internos de uma
entidade é componente significativo no processo de determinação da natureza, época
e extensão dos testes de auditoria por serem aplicados pelo autor independente de
demonstrações contábeis”.
Assim, os riscos são classificados de acordo com a atividade da empresa, sendo que no
presente trabalho, serão abordados os riscos de liquidez, de mercado, de crédito e operacional.
A classificação da natureza do risco permite sua agregação de uma forma organizada e de
acordo com a sua natureza em função das áreas da organização que são afetadas pelos eventos
(IBGC, 2007, p. 18). Em outras palavras, é necessário conhecer a empresa em que será
desenvolvida atividade de identificação de riscos, pois nem sempre o risco de uma empresa
será para outra, em virtude do segmento, atuação, dentre outras peculiaridades. De maneira
geral avalia-se o risco de liquidez, de mercado e operacional, como segue.
a) Risco de liquidez
Fortuna (2008) define os riscos de liquidez como
a ocorrência de desequilíbrios entre ativos negociados e passivos exigíveis e,
portanto descasamentos entre pagamentos e recebimentos, que possam afetar a
capacidade de pagamento da instituição, levando-se em conta as diferentes moedas e
prazos de liquidação de seus direitos e obrigações.
O Banco Central do Brasil (BACEN) na resolução 2.682/99, afirma que os riscos é
que determinarão quanto as instituições financeiras terão que provisionar de suas operações
de crédito.
b)Risco de mercado
No que se refere ao risco de mercado, este pode ser considerado como o evento que,
possivelmente, acarretará perdas à empresa decorrente de movimentos inesperados no
mercado atuante. Para evidenciar, Nascimento e Alves (2007, p. 3) propõem que riscos de
mercado estão ligados a variações nos preços de mercado de ativos, passivos e demais
instrumentos financeiros. Ainda, Caouett, Altman e Naryanan (2009, p. 3) acrescentam que é
a chance de que o valor de um investimento se altere como resultado de forças de mercado,
tais como taxas de juros, preços de commodities e níveis de moeda corrente. Do ponto de
vista de Filgueiras (2010, p. 402), o risco de mercado:
representa o que podemos ganhar ou perder quando compramos ou vendemos um
determinado ativo, contrato ou derivativo, pela simples mudança em seu preço. O
risco de mercado está intimamente ligado aos derivativos, uma vez que esses nada
mais são que um instrumento de transferência de risco e proteção contra a
volatilidade do mercado.
Em outras palavras, está associado à conjuntura onde a empresa está inserida, sempre
sujeita a mudanças, podendo servir como exemplo a inflação, mudanças cambiais, entre
outras. Este risco é de difícil, ou mesmo impossível eliminação, sendo apenas possível à
6
empresa controlá-lo através de uma atenta análise da sua situação conjuntural (PIRES, 2010,
p.20).
c) Risco operacional
No âmbito empresarial, o risco operacional compreende as deficiências na
identificação dos riscos internos e ineficiente planejamento para suportar os eventos externos.
É considerado o evento mais reconhecido e predominante nas atividades humanas e
empresariais.
Como descrito pelo IBGC (2007, p. 19),
os riscos operacionais estão associados à possibilidade de ocorrência de perdas (de
produção, ativos, clientes, receitas) resultante de falhas, deficiências ou inadequação
de processos internos, pessoas e sistemas, assim como de eventos externos como
catástrofes naturais, fraudes, greves e atos terroristas. Os riscos operacionais
geralmente acarretam redução, degradação ou interrupção, total ou parcial, das
atividades, com impacto negativo, na reputação da sociedade, além da potencial
geração de passivos contratuais, regulatórios e ambientais.
Tais perdas são derivadas de processos internos, pessoas, sistemas ou de eventos
externos. Ainda, referem-se ao risco decorrente de falha de sistema, adoção de sistema
inadequado para a complexidade das operações, controles ineficientes, erro humano ou da
falha de gerenciamento, que poderá implicar em não executar operações ou atrasá-las,
causando prejuízos às partes envolvidas (FILGUEIRAS, 2007).
É fato que o risco operacional representa uma ameaça significativa ao valor de
mercado das instituições financeiras (sendo esse risco utilizado no cálculo de valores futuros
da empresa por parte dos potenciais investidores), principalmente, no que se refere a certos
tipos de riscos operacionais, como a fraude (KPMG, 2005). Ressalta-se que a atenção no risco
operacional pode ser atribuída à mudança no perfil desse risco no setor de serviços
financeiros, resultante de fatores como o crescimento do comércio eletrônico, a crescente
dependência tecnológica deste setor, o desenvolvimento de novos produtos e serviços de
elevada complexidade e o emergente caráter global dos mercados.
para os estudos de controles interno. Este framework é composto por elementos básicos
necessários para configurar um sistema de controle interno eficaz e que permite as empresas
atingirem seus objetivos. Já, na ilustração do framework publicado por COSO em seu segundo
trabalho, denominado de ERM. Evidencia-se, a adição de 3 (três) elementos: fixação de
objetivos, identificação de eventos e resposta a risco, bem como a presença dos objetivos da
empresa (estratégico, operacional, comunicação e conformidade), sugerindo a reflexão de que
os objetivos da empresa relacionam-se diretamente com os elementos de controle interno.
Machado e Medeiros (2013, p.345) também complementam que “o sistema de
controle interno pode ser definido como conjunto de órgãos articulados a partir de um órgão
central para o desempenho das atribuições de controle interno”. Em síntese, os elementos
apresentados fazem parte de uma rotina de controles internos com a finalidade de garantir que
os objetivos da organização sejam alcançados. Estes elementos são estruturados a partir da
cultura da empresa, e de acordo com os riscos identificados e avaliados, para definir
estratégias de tratamento e monitoramento de riscos potenciais.
3 METODOLOGIA
A pesquisa realizada neste estudo é classificada quanto aos seguintes aspectos: (a) pela
forma de abordagem do problema, (b) de acordo com seus objetivos e (c) com base nos
procedimentos técnicos utilizados.
No que tange a forma de abordagem do problema, esta pesquisa se classifica como
qualitativa em função da análise dos dados não envolver instrumentos estatísticos como base
do processo de análise do problema. Beuren (2013, p. 92) destaca que “na pesquisa qualitativa
concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”.
Assim, este estudo avaliou sob o foco qualitativo, os controles internos relativos à segurança
da informação de uma instituição financeira, comparando-os as normas do modelo COBIT e à
literatura especializada.
De acordo com os objetivos, este trabalho se caracteriza como descritivo porque
descreve os aspectos principais para a segurança informacional utilizados na instituição de
estudo. Segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa visa descoberta da existência de
associações entre variáveis.
O estudo em pauta classifica-se, quanto aos procedimentos técnicos, como
documental, tendo em vista que se utilizou de documentos e processos internos da instituição
financeira estudada que ainda não sofreram tratamento analítico sob o foco desta pesquisa
utilizando o método comparativo.
Assim, por meio de um estudo de caso de uma instituição financeira, localizada no
Estado do Rio Grande do Sul, foram analisadas as políticas internas relacionadas à segurança
da informação, aos controles internos e aos riscos de liquidez, de mercado, de crédito e
operacional que foram comparadas aos modelos e literaturas especializadas.
Foi realizada uma coleta de documentos, tanto na rede colaborativa da empresa como
no sítio da mesma, este último aberto a qualquer usuário interessado e que permitiu o efetivo
desenvolvimento do estudo de caso. A coleta foi realizada nos meses de setembro e outubro
de 2014.
8
4.1 Diretrizes
A PSI da Instituição Financeira em estudo trata de algumas diretrizes para estabelecer
o direcionamento estratégico e para a proteção efetiva das informações, conforme
demonstrado no quadro 2, a seguir:
Diretriz Propósito
Garantir a confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação através de
Avaliação de
metodologia ou processo de avaliação de riscos para identificação de ameaças e
Riscos
vulnerabilidades.
Promover treinamentos e ações de conscientização de Segurança da Informação aos usuários
Treinamento e
para que haja ciência e concordância com as responsabilidades no cumprimento da PSI, suas
Conscientização
Normas, Instruções e Procedimentos.
Classificar e proteger as informações e os ativos de informação contra acesso, divulgação,
Classificação das
alteração ou destruição não autorizados, conforme critérios de tratamento, armazenamento,
Informações
rotulação e descarte, definidos de acordo com os níveis de classificação.
Estar em conformidade com leis e normas vigentes e aplicáveis, especialmente aquelas que
Conformidade
estejam relacionadas ao sigilo bancário.
Comunicar à área de Segurança da Informação o descumprimento de controles estabelecidos
Reporte de
pela PSI e todos os demais documentos que a compõem, assim como qualquer incidente ou
Incidentes
atividade suspeita, relacionados ao uso de informações de propriedade da empresa
Quadro 2: Diretrizes da Instituição
Fonte: Adaptado pelos autores, a partir da PSI da Instituição financeira estudada.
Princípios
4 Validar o planejamento anual de auditoria interna.
12 e 17
Quadro 4: Responsabilidade da Superintendência de Controles Internos x Princípios do Comitê da Basiléia.
Fonte: Adaptado pelos autores, a partir da Política Interna de Controles Internos e Compliance da Instituição
estudada e ASSI (2010, p.50 - 62).
a) Gerenciamento de Riscos
11
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS
CAOUETT, John. B. et al. Gestão do risco de crédito: O grande desafio dos mercados
financeiros globais.2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
KPMG. Managing Operational Risk Beyond Basell II. KPMG Financial Services. 2005.
Resumo:
Objetivo geral desta pesquisa foi identificar no currículo mundial proposto pela
(ONU/UNCTAD/ISAR) quais as disciplinas de contabilidade são harmonizadas para o
contexto dos cursos de Ciências Contábeis brasileiro, a partir da análise entre os três
currículos mencionados. A pesquisa realizada foi de cunho descritivo, documental e
qualitativo. Como resultado apresentado a identificação de 56 disciplinas de contabilidade
recomendadas para compor o currículo harmonizado dos cursos de Ciências Contábeis. O rol
de disciplinas contempla as áreas de contabilidade básica, avançada e gerencial, além de
outras disciplinas de áreas correlatas. Como sugestão de pesquisa futura recomenda-se
analisar comparativamente a grade curricular das IES nacionais com os quatro módulos do
Currículo Mundial proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR verificando se há adequação entre
ambos.
Abstract:
Objective of this research was to identify the world curriculum proposed by the (UN /
UNCTAD / ISAR ) which accounting disciplines are harmonized to the context of the
Brazilian Accounting courses from the union between the three mentioned curricula. The
research was descriptive , documentary and qualitative nature . As a result presented the
identification of 56 accounting courses recommended to compose the harmonized curriculum
of Accounting courses . The list includes the disciplines of basic accounting, advanced and
management , and other disciplines related areas . As future research suggestion is
recommended to comparatively analyze the curriculum of national University with four
World Curriculum modules proposed by the UN / UNCTAD / ISAR checking for suitability
between them.
1 INTRODUÇÃO
O sistema de ensino no Brasil é regulado e definido pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB, instituída em 20 de dezembro de 1996. De acordo com o art. 8º da
LDB “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de
colaboração, os respectivos sistemas de ensino”. Caberá à União a coordenação da política
nacional de educação, articulando os diversos níveis e sistemas, exercendo função normativa,
redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais (BRASIL, 1996).
A educação escolar é composta pela educação básica, que engloba a educação infantil,
o ensino fundamental e médio, e pela educação superior (BRASIL, 1996). Cabe ao Conselho
Nacional de Educação verificar se está ocorrendo o cumprimento dessa lei, de forma que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ofereçam educação indistintamente à
população. As Instituições de Ensino Superior (IES) têm como finalidade “formar diplomados
nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar na sua formação
contínua” (BRASIL, 1996).
Guimarães, Slomski e Gomes (2010, p.37) explicam que “as formas tradicionais de
conceber o conhecimento vêm revigorando a discussão sobre currículo e métodos de
ensino/aprendizagem, trazendo novas exigências ao debate pedagógico na Universidade”.
Assim, Mulatinho (2007, p. 67) assevera que ao avaliar a evolução dos currículos em Ciências
Contábeis, “pode-se verificar que estes estiveram em constante mutação, com legislações
sempre preocupadas em formar recursos hábeis, multidisciplinares, criativos, críticos,
flexíveis às mudanças de ambiente, e com um profundo embasamento técnico-científico”.
Magalhães e Andrade (2006) descrevem o processo de globalização como um
estímulo ao setor contábil, na preparação de seus agentes para um mercado de trabalho cada
vez mais competitivo, e destacam que é importante conhecer como as instituições de ensino
superior estão reagindo às demandas da economia globalizada em relação à formação de
profissionais de contabilidade.
Andrere e Araújo (2008, p. 93) destacam que é ampla a formação desejada, “a
finalidade do ensino superior vai além da formação do cidadão, cabe a ele a transmissão da
cultura, a disseminação do conhecimento, a investigação científica”.
No Brasil, três currículos de graduação em Ciências Contábeis possuem destaque na
literatura teórica e empírica. São eles: o Currículo Mundial de Contabilidade proposto pela
ONU/UNCTACT/ISAR, a Proposta Nacional de Conteúdo para o Curso de Graduação em
Ciências Contábeis do Conselho Federal de Contabilidade e a Resolução CNE/CES n.º
10/2004 do Conselho Nacional de Educação – CNE.
Segundo a UNCTAD (2011) foi desenvolvida pela ONU/UNCTAD/ISAR um modelo
de currículo mundial que objetiva criar um ponto de referência para a preparação dos
contadores a nível mundial, permitindo, assim, a adequação e a uniformização das habilidades
destes profissionais.
A Proposta Nacional de Conteúdo para o curso de graduação em Ciências Contábeis
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) propõe mitigar os problemas existentes nos
cursos superiores de Ciências Contábeis ofertados pelas instituições de ensino superior no
país. O CFC, conforme Carneiro (2009), vem se empenhando para atender as demandas de
formação dos profissionais da área contábil e o aprimoramento do ensino superior de Ciências
Contábeis.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
Este seção traz sustentação teórica à pesquisa e descreve estudos anteriores realizados
sobre: o Currículo Mundial de Contabilidade proposto pela ONU/UNCTACT/ISAR, a
Proposta Nacional de Conteúdo para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis do
Conselho Federal de Contabilidade e a Resolução CNE/CES n.º 10/2004 do Conselho
Nacional de Educação – CNE.
2.1 Currículo Mundial da ONU/UNCTAD/ISAR
Campos e Lemes (2011) descrevem que, em 1982, foi criado um grupo de trabalho
vinculado à UNCTAD, denominado Intergovernmental Working Group of Experts on
International Standards of Accounting and Reporting (ISAR). Este, conforme os autores,
elaborou, em conjunto com a United Nations Conference on Trade and Development
(UNCTAD), um modelo curricular de formação e qualificação do profissional contábil com o
propósito de apresentar um guia de referência na formação e qualificação deste. A intenção, a
nível mundial, é a uniformização de suas qualificações e formação.
A versão do currículo modelo, elaborada em 1999, foi atualizada em 2011, esta última
foi elaborada a partir da revisão de sete currículos nacionais. De acordo com UNCTAD
(2011) este currículo modelo foi desenvolvido para fornecer a comunidade internacional, uma
descrição das áreas técnicas que um indivíduo deve dominar para se tornar um profissional
contabilista. O grupo de trabalho ressalta que o currículo é parte de um esforço maior,
representa apenas um ponto de partida, e que, se as sugestões forem seguidas, o profissional
formado poderá obter um melhor desempenho no mercado de economia global atual. Sobre o
tempo do curso, a UNCTAD (2011) destaca que cada país deve prever o tempo necessário
para cada módulo e, deve adaptar o conteúdo às necessidades nacionais. Sobre a origem do
currículo mundial ver Campos e Lemes (2011).
Os componentes essenciais do currículo incluem, conforme a UNCTAD (2011),
conhecimentos e habilidades gerais, educação técnica profissional, exames profissionais,
experiência prática, educação profissional continuada e um programa de certificação, pois,
conforme o grupo de Trabalho, não é suficiente possuir apenas conhecimentos teóricos.
A UNCTAD (2011) acrescenta que os profissionais da contabilidade devem ser
capazes de aplicar o conhecimento teórico na prática, em situações de aquisição, de análises,
de interpretação, de síntese, de avaliação e comunicação de informações. Também deve ser
reconhecido que os conhecimentos e habilidades podem ser adquiridos por meio de
experiência prática através de: a) um programa de educação com estágio; b) um período
necessário de experiência prática após a graduação; e c) um programa de educação continuada
durante suas carreiras profissionais (UNCTAD, 2011).
A UNCTAD (2011) ressalta que é relevante a formação deste profissional com a
abordagem baseada em competências, em que a competência é definida como a capacidade de
realizar atividades dentro de uma ocupação ou função para os padrões esperados no emprego.
É reconhecido, pelo grupo de trabalho, que o ensino profissional de contabilidade está
progredindo em muitos países, mas os resultados ainda estão em estágio iniciais e muitos
países em desenvolvimento optam pela abordagem tradicional, por ser mais fácil de
implantar, pois a primeira pressupõe constante atualização.
Cabe destacar que o currículo mundial não deve ser estático e engessado, ele deve ser
adaptado aos contextos econômicos, sociais e culturais de cada país, também atualizado
quando necessário para refletir novos desenvolvimentos técnicos, tecnológicos, profissionais e
5
Conteúdos Optativos
Prática em Laboratório de Informática utilizando softwares atualizados para
Contabilidade
Fonte: BRASIL (2004)
Quadro 2 - Currículo estabelecido pela Resolução CNE/CES 10/2004.
Os cursos de graduação em Ciências Contábeis devem estar adequados às normas
internacionais exigidas pela Organização Mundial do Comércio atendendo aos campos
básicos de formação (BRASIL,2004).
3 METODOLOGIA
controle;
Custeio padrão.
5 Módulo de Contabilidade Fiscal Contabilidade Tributária
Visão geral do sistema fiscal nacional; Tributação de
empresas incorporadas;
Impostos diretos locais, incluindo imóveis e outros impostos
sobre a propriedade; Planejamento tributário e a aplicação
de medidas de planejamento fiscal adequado;
O uso de computadores para planejamento tributário e para
a preparação de declarações fiscais;
Considerações éticas - a evasão fiscal e a minimização dos
passivos fiscais contra a evasão fiscal;
Outros impostos, tais como impostos especiais de consumo
e impostos de circulação.
entre o currículo adotado por um determinado país e o currículo internacional, maior será a
evidência de harmonização na educação contábil desse país.
5 CONSIDERAÇÕES
Relembrando objetivo geral desta pesquisa, foi identificar a partir dos módulos de
conhecimentos quais as disciplinas de contabilidade do currículo Mundial são harmonizadas,
para contexto dos cursos de Ciências Contábeis brasileiro, conforme expresso no quadro 8, o
objetivo foi totalmente alcançado pois inicialmente foi analisado as características entre as
propostas curriculares do CFC e do CNE, buscando identificar semelhanças e diferenças entre
os currículos e a partir de então foi possível evidenciar dentre as características de cada
proposta curricular quais as disciplinas apresentavam homogeneidade entre si.
Identificando os módulos de conhecimentos internacionais e traduzindo-os seus
respectivos conteúdos foi possível relacionar quais eram as características desejadas e
sugeridas em cada módulo pela ONU/UNCTAD/ISAR que se espera obter das instituições de
ensino superior para serem harmonizadas em nível internacional.
Com as características consolidadas entre as propostas de currículos nacionais e
internacionais, foi possível analisar quais disciplinas nacionais atendem as características
internacionais propostas, buscando assim sua harmonização.
Desta maneira o objetivo especifico também foi realizado, pois com as semelhanças
identificadas entre as disciplinas nacionais e internacionais, foi possível propor uma relação
de disciplinas harmonizadas, como contribuição deste estudo para a grande área de
conhecimento, e sugestão para utilização nos cursos de ciências contábeis no Brasil.
As limitações desta pesquisa estão referem se a análise apenas do modulo de
conhecimento três, do currículo internacional. Para pesquisas futuras sugere-se analisar
comparativamente a grade curricular das IES nacionais com os demais módulos do Currículo
Mundial proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR verificando se há harmonização entre ambos.
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1
Resumo
O objetivo deste estudo é aplicar um sistema de custeio variável em uma pequena empresa
prestadora de serviço de internet via rádio, situada no município de Antônio Carlos (SC), com
a finalidade de obter informações para orientar a tomada de decisão. A metodologia utilizada
para a realização deste estudo é descritiva, com abordagem quali-quantitativa, desenvolvida a
partir de um estudo de caso. A partir da aplicação do custeio variável, pode-se concluir que
cada cliente contribui em média com R$ 37,29 para cobrir os gastos fixos. Por meio da
margem de contribuição unitária revelou-se que os planos que têm mais contribuição são os
de maior velocidade e, quando apurada a margem de contribuição por fator limitante, os
planos de menor velocidade são os que apresentam melhor margem para a empresa. Como
resultado tem-se a margem de contribuição total de R$ 40.244,67 e o ponto de equilíbrio de
1.030 clientes na média dos meses analisados. Tais valores obtidos a partir da análise
custo/volume/lucro auxiliam no processo de tomada de decisão para empresas que prestam
esse tipo de serviço.
Abstract
The objective of this study is to apply a variable costing system in a small via radio internet
service provider company in the municipal district of Antônio Carlos (SC), in order to obtain
information to guide decision making. The methodology used to conduct this study is
descriptive, with qualitative and quantitative approach, developed from a case study. From the
application of variable costing, can be concluded that each customer contributes an average of
R$ 37.29 to cover the fixed costs. Through the unit contribution margin has proved that the
plans that have more contribution are those of higher speed, and when determined the
contribution margin by limiting factor, the plans with lower speed are those with better
margin for the company. As a result there is a total contribution margin of R$ 40,244.67 and
the breakeven point is 1,030 customers, on average, for the analyzed months Those values
obtained from the cost/volume/profit analysis help in the decision making process for
companies that provide this type of service.
2
1 INTRODUÇÃO
No âmbito dos negócios cada vez mais competitivos, as empresas que têm seus custos
bem definidos podem apresentar vantagem em relação a seus concorrentes (FERREIRA,
2007; MARTINS, 2009). Contudo, a maioria das micro e pequenas empresas negligenciam
esta informação por considerá-la complexa, ou por não possuírem conhecimento para tal
acompanhamento. Entretanto, o controle e o gerenciamento de custos pode ser menos oneroso
do que aparenta e um mecanismo que multiplica as chances de se manter no mercado.
Diversos fatores, além dos já citados, podem ser considerados causadores da inutilização de
instrumentos gerenciais, entre eles o custo de implantação e o desconhecimento sobre as
possíveis vantagens ao negócio.
Historicamente, a aplicação da contabilidade de custos se dá principalmente em
empresas industriais, o que não impede sua utilização em outros tipos de negócio (SENA,
2013). Cada negócio tem características próprias que devem ser observadas para implantação
do gerenciamento de custos, seja indústria, comércio ou prestação de serviços. Neste
contexto, as empresas prestadoras de serviços exercem um papel importante na economia do
Brasil. Conforme pesquisa realizada pelo SEBRAE (2013) há cerca de 6,3 milhões de micro e
pequenas empresas em atividade e, desse total, 34,6% são prestadoras de serviços, ficando
atrás apenas do comércio (49,4%). O setor industrial, representa apenas 10,8% das micro e
pequenas empresas brasileiras.
Assim, a contabilidade de custos pode fornecer subsídio para as tomadas de decisões,
bem como auxiliar no planejamento e controle das empresas. Dentre as ferramentas
disponíveis tem-se a análise custo/volume/lucro (CVL), que pode ser aplicada em diversos
tipos de empresas. A análise CVL fornece informações importantes para a gestão, como por
exemplo a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio. Esta análise é utilizada para ajudar
os gestores em questões quanto às expectativas de resultados futuros decorrentes de alterações
nos preços, nos custos e no volume (MORAES; WERNKE, 2005). A viabilidade da utilização
de análise CVL apoia-se no fato de que a maioria das empresas de pequeno e médio porte não
possuem recursos (financeiros e humanos) para manterem sistemas elaborados de custos, ou
não têm esta necessidade em função da pouca complexidade e por serem de controle familiar.
Destacada a importância da análise CVL e levando-se em consideração a não
utilização de sistemas de gestão por empresas de menor porte, o estudo pretende responder a
seguinte questão: como aplicar o custeio variável em uma empresa prestadora de serviços de
internet com tecnologia via rádio?
A fim de responder a pergunta de pesquisa anunciada, tem-se como objetivo aplicar o
custeio variável em uma empresa prestadora de serviços de internet com tecnologia via rádio
(wireless) para orientá-la e fundamentá-la na tomada de decisões.
A Internet Via Rádio é uma das tecnologias de banda larga que mais cresce
atualmente, transportando sinais de internet de um provedor de acesso até o cliente final a
partir de sinais de rádio, antenas transmissoras e receptoras, e cabeamento de rede. Este
serviço atende todos os tipos de clientes, desde empresas, residências e condomínios, com
alcance inclusive a regiões que não dispunham de outras formas de acesso à internet, por
estarem localizadas distantes das grandes metrópoles ou por serem locais considerados menos
atrativos (com poucos clientes) pelas empresas tradicionais (RIBEIRO, 2012).
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O custeio variável é um método de custeio que aloca aos produtos ou serviços somente
os custos e despesas variáveis, sendo os fixos tratados como despesa do período e levados
diretamente para o resultado do exercício (MARTINS, 2009). Souza e Diehl (2009, p. 128)
afirmam que “esse método é caracterizado, basicamente, pela consideração como custo do
produto somente os custos e as despesas variáveis, sejam eles diretos ou indiretos”.
Segundo Leone (2000), o principal objetivo do custeio variável é a determinação da
Contribuição Marginal, que é a diferença entre a receita gerada e os seus custos e despesas
variáveis. O conhecimento da margem de contribuição de cada produto ou serviço, auxilia na
tomada de decisão ao fornecer informações sobre o mix mais rentável para a empresa.
Diversos autores defendem que a grande utilidade do custeio variável para fins
gerenciais, está ligada em não apropriar gastos fixos aos produtos, devido a três fatores: (i) os
custos fixos existem independentemente da produção ou não de determinado produto,
respeitando certos limites no volume produzido; (ii) na maioria das vezes, os gastos fixos são
alocados aos produtos por critérios de rateio, que contêm arbitrariedades; e (iii) o valor dos
gastos fixos a serem alocado a cada produto, depende do volume de produção (CREPALDI,
4
2009; MARTINS, 2009). Salienta-se que o custeio variável é um método que fornece
informações para os gestores para que possam tomar decisões no curto prazo (LEONE, 2000).
Phillips (1994) afirma que o custeio variável possui grande aplicabilidade para fins
gerenciais, visto que possibilita as análises do tipo custo/volume/lucro - CVL. A análise CVL
é um instrumento utilizado para fazer projeções do lucro que seria obtido em diferentes níveis
de produção e vendas, e para verificar o impacto de modificações no preço de venda, nos
custos ou sobre o lucro (CREPALDI, 2004). A partir desta análise consegue-se estabelecer a
quantia mínima que a empresa terá que produzir e vender para não incorrer em prejuízo.
Assim, a CVL pode ser utilizada para subsidiar a tomada de decisões e auxiliar os
processos de planejamento e controle empresariais. Entre as decisões que podem ser
abordadas por esta técnica, cabe mencionar, por exemplo, decisões de fabricar ou comprar,
substituição de equipamentos, decisão de fechamento de empresas, introdução de novas linhas
de produtos ou eliminação de outras, e determinação de preços de venda (CREPALDI, 2009).
Dois conceitos que são aplicados à análise CVL são o da margem de contribuição e o
ponto de equilíbrio, que se apresenta na sequência.
Margem de contribuição é definida por Martins (2009) como a diferença entre o preço
de venda e o custo variável de um produto ou serviço. Ou seja, é o valor que sobra de cada
produto para ajudar a subsidiar os custos e despesas fixas e posteriormente formar o lucro.
A margem de contribuição, quando relacionada com o custeio variável, é uma
importante ferramenta para tomada de decisão. Neste sentido Hong (2010) afirma que esta
pode ser utilizada para a escolha de um mix de produtos, para a decisão de eliminar ou não um
produto, reduzir seu preço ou aumentar seu volume, e para o estabelecimento de relações
entre custo, volume e lucro (conceito de ponto de equilíbrio).
Portanto, a margem de contribuição é importante para fins gerenciais, pois revela quais
os produtos ou serviços que mais contribuem para a empresa. Porém, deve-se ficar atento à
existência de fatores limitantes na capacidade produtiva. De acordo com Martins (2009, p.
191), “se não houver limitação na capacidade produtiva, interessa o produto que produz maior
Margem de Contribuição por unidade, mas, se existir, interessa o que produz maior Margem
de Contribuição pelo fator limitante da capacidade”.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Quanto ao objetivo esta pesquisa se enquadra como descritiva. Triviños (2013) define
que o estudo descritivo busca retratar com exatidão os fatos e fenômenos de determinada
realidade. Com relação aos procedimentos utilizados, a pesquisa classifica-se como um estudo
6
4 DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
Neste capítulo discorre-se sobre a empresa objeto de estudo e o serviço de internet via
rádio, e expõem-se os dados coletados conforme explanado no capítulo anterior. A partir dos
dados e informações coletadas, são feitas as análises para construção do custeio variável para
esse serviço e as interpretações a partir dos resultados encontrados.
regras para esse serviço. Entre as mudanças, está a necessidade de uma autorização junto a
ANATEL do Serviço de Comunicação Multimídia. Em 2014 a PETRYNET conseguiu a
autorização da ANATEL para atuar na prestação de serviço de internet via rádio, em todo
território catarinense.
Desde o início a gestão da empresa depende muito do seu sócio proprietário, porém,
com o crescimento em relação à quantidade de clientes, a empresa passou a contar com mais
dois funcionários para prestação de serviço, que compreende a habilitação, manutenção e
suporte local e telefônico, para o fornecimento de internet dentro das condições acordadas
com o cliente. Também há uma secretária que atua na sede da empresa.
Quanto a descrição de seu funcionamento, a empresa compra links de internet com
direito para revender, que chegam até um ponto de transmissão central. Deste ponto o sinal é
transmitido para outros pontos de repetição que estão estrategicamente espalhados pela região
atendida. Para que o cliente receba o sinal de internet, ainda é necessário instalar um rádio
receptor na parte exterior da residência, que receberá o sinal de uma das torres de transmissão.
Com o aumento da demanda de clientes em regiões vizinhas, surgem preocupações e
dúvidas se é ou não vantajoso atendê-los, visto que em muitos casos será necessário investir
em novas torres para transmissão do sinal de internet, contratar novos links para revenda e
aumentar o quadro de funcionários. Assim, o desenvolvimento de um sistema de custos se
torna importante, pois fornece maior clareza ao gestor sobre qual decisão deve ser tomada.
Por meio dos dados coletados na empresa e análises dos balancetes fornecidos pela
contabilidade, obtiveram-se os dados para o estudo referentes aos três primeiros meses de
2015. A Tabela 1 apresenta os planos de acesso à internet que a empresa oferece, suas
respectivas quantidades médias de clientes e faturamento médio. Destaca-se também a
quantidade de novos clientes e a receita obtida com a taxa de habilitação, cobrada pela
empresa para habilitar o novo cliente ao serviço por ele contratado.
Tabela 1 - Quantidade média de clientes e faturamento por plano nos 3 meses
Planos Quantidade de clientes Clientes/Plano Faturamento AV
Plano 512 Kbps Prime 5 0,43% 93,33 0,17%
Plano 512 Kbps 6 0,56% 180,00 0,33%
Plano 600 Kbps Prime 63 5,84% 1.890,00 3,47%
Plano 600 Kbps 186 17,23% 7.440,00 13,67%
Plano 1 Mega Prime 125 11,61% 5.013,33 9,21%
Plano 1 Mega 133 12,35% 6.666,67 12,25%
Plano 2 Megas Prime 253 23,44% 12.650,00 23,24%
Plano 2 Megas 179 16,58% 10.740,00 19,73%
Plano 3 Megas Prime 7 0,65% 420,00 0,77%
Plano 3 Megas 3 0,28% 210,00 0,39%
Plano 4 Megas Prime 90 8,34% 6.300,00 11,57%
Plano 4 Megas 27 2,50% 2.160,00 3,97%
Plano 2 Megas Empresarial 1 0,09% 133,00 0,24%
Plano 8 Megas Empresarial 1 0,09% 532,00 0,98%
SUBTOTAL 1.079 100,00% 54.428,33 100,00%
Taxa de Habilitação 38 3,52% 6.840,00 12,57%
TOTAL 1.079 100,00% 61.268,33 100,00%
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
A quantidade média de clientes da empresa neste período foi de 1.079 clientes. Pode-
se verificar que os planos que dispõem da maior quantidade de clientes são os planos 2 Megas
Prime, 600 Kbps e 2 Megas, que juntos totalizam 57,2% dos clientes da empresa. Com
relação aos novos clientes, a empresa teve uma taxa de crescimento médio de 3,5% ao mês,
A receita que a empresa obtém por mês deste serviço corresponde às mensalidades dos
clientes, com valores diferentes, como destacado no Quadro 1, e a receita com a taxa cobrada
dos novos clientes referente a habilitação do serviço. Somados esses itens formam a receita
bruta da empresa referente ao serviço de internet via rádio. A receita média da empresa no
período em análise foi de R$ 61.268,33.
teria melhores resultados se a participação dos planos com velocidades mais rápidas fossem
com maior quantidade de clientes, visto que são as que têm o maior valor das mensalidades.
Porém, a empresa possui um fator que limita a sua capacidade na prestação desse
serviço, que é a internet contratada para revenda, considerada no estudo como um gasto fixo
para a empresa, conforme apresentado em seção anterior. A Tabela 6 apresenta a margem de
contribuição por fator limitante (MCFL), que na empresa estudada é a velocidade do plano
contratado pelo cliente, representado por kbps.
Tabela 6 - Margem de contribuição por fator limitante
PLANOS MCU KBPS MCFL
8 Megas Empresarial 470,00 8192 0,0574
2 Megas Empresarial 116,13 2048 0,0567
600 Kbps 33,65 600 0,0561
512 Kbps 24,78 512 0,0484
1 Mega 42,52 1024 0,0415
600 Kbps Prime 24,78 600 0,0413
1 Mega Prime 33,65 1024 0,0329
512 Kbps Prime 15,91 512 0,0311
2 Megas 51,39 2048 0,0251
2 Megas Prime 42,52 2048 0,0208
3 Megas 60,26 3072 0,0196
4 Megas 69,12 4096 0,0169
3 Megas Prime 51,39 3072 0,0167
4 Megas Prime 60,26 4096 0,0147
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Quando se realiza o cálculo da margem de contribuição por fator limitante, os planos
que aparecem com maior margem são os empresariais, seguidos pelos planos de 600 kbps,
512 kbps e 1 mega.
Na Tabela 7 pode-se verificar os planos com maior MCU e com maior MCFL. Os
planos empresariais vêm em primeiro na colocação nas duas margens, porém são planos
isolados e que apresentam custos fixos diferenciados para empresa.
Tabela 7 - Planos com maior margem de contribuição
PLANOS MCU PLANOS MCFL
8 Megas Empresarial 470,00 8 Megas Empresarial 0,0574
2 Megas Empresarial 116,13 2 Megas Empresarial 0,0567
4 Megas 69,12 600 Kbps 0,0561
4 Megas Prime 60,26 512 Kbps 0,0484
3 Megas 60,26 1 Mega 0,0415
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Já com relação aos demais planos oferecidos, as colocações se invertem se
comparadas às MCU e MCFL. Na primeira, os planos com maior velocidade são os que
apresentam maior contribuição e no segundo são os planos de menor velocidade possuem
maior margem de contribuição para empresa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, percebe-se que o lucro da empresa é de R$ 1.836,60 e que para aumentar esse
valor a mesma precisa reduzir seus custos ou aumentar o número de clientes, uma vez que os
preços são semelhantes aos da concorrência.
Destaca-se que as conclusões apresentadas limitam-se ao caso em estudo. Contudo,
percebe-se uma utilização satisfatória da lógica CVL para empresas que prestam esse tipo de
serviço.
Como futuras pesquisas, sugere-se aplicação da análise CVL com o apoio de técnicas
de regressão para a separação de custos fixos e variáveis, conforme abordados em estudos de
outros setores. Outra sugestão é a utilização de outro método de custeio para avaliação dos
custos e despesas da empresa, como o custeio por atividades (ABC), que aloca também os
gastos fixos aos produtos.
REFERÊNCIAS
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
362p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 184p.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Resumo
O estudo objetivou analisar a relação entre competitividade de mercado e nível de
intangibilidade em companhias abertas listadas na BM&FBovespa, sob a ótica da Teoria da
Contingência. Realizou-se pesquisa descritiva, documental e quantitativa em uma amostra
composta por 262 companhias. Os dados foram obtidos por meio do banco de dados
Economática e referem-se ao período de 2008 a 2009. Este período foi selecionado porque
trata-se de um período de crise. A crise na economia brasileira eclodiu no início de 2008, a
partir da crise do mercado imobiliário norte americano. No Brasil, diversos pesquisadores, tais
como Macêdo, Dal Vesco e Toledo Filho (2012), Macohon, Vicenti e Hein (2014) e Ribeiro
et al. (2014) também definiram em suas pesquisas o período de 2008 a 2009 como um
período de crise. Em períodos de crise, os intangíveis podem contribuir para que as empresas
superem as consequências negativas e continuem com suas operações. Os resultados
revelaram a existência de monopólio no setor econômico de petróleo, gás e biocombustíveis.
Oligopólio nos setores de consumo cíclico, consumo não cíclico e materiais básicos. Nos
demais setores os índices indicaram uma estrutura de concorrência perfeita. Quanto a
proporção dos intangíveis no ativo total e no ativo fixo, o setor de tecnologia da informação
destacou-se com os maiores índices médios. Por fim, os coeficientes da correlação
demonstraram que as empresas em ambientes mais competitivos possuíam maiores índices de
intangibilidade. Consequentemente, os resultados sinalizaram que a competitividade pode ser
vista como um fator contingencial que influencia na representação dos intangíveis.
Abstract
The study aimed to analyze the relationship between market competitiveness and inviolability
level of public companies listed on the BM & FBovespa, from the perspective of Contingency
Theory. A descriptive, documental and quantitative research on a sample of 262 companies.
Data were obtained through Economática database and refer to the period 2008 to 2009. This
period was selected because it is a period of crisis. The crisis in the Brazilian economy broke
out in early 2008, from the North American housing market crisis. In Brazil, several
researchers such as Macêdo, Dal Vesco and Toledo Filho (2012), Macohon, Vicenti and Hein
2
(2014) and Ribeiro et al. (2014) also defined in their research the period 2008 to 2009 as a
period of crisis. In times of crisis, the intangibles can help companies overcome the negative
consequences and continue with their operations. The results revealed the existence of
monopoly in the economic development of oil, gas and biofuels. Oligopoly in the sector of
consumer discretionary, consumer staples and basic materials. In other sectors the figures
indicated a perfect competition structure. As the proportion of intangible assets in total assets
and fixed assets, the information technology sector stood out with the highest average rates.
Finally, the correlation coefficients showed that companies in more competitive environments
had higher rates of intangibility. Consequently, the results signaled that competitiveness can
be seen as a contingency factor that influences the representation of intangibles.
1 INTRODUÇÃO
Em um cenário econômico de crescente sofisticação e alto desenvolvimento, as
empresas precisam de diferenciais para se manterem competitivas e responderem mais
rapidamente as mudanças (MILONE, 2004; TAVARES, 2010). Nesse cenário, os recursos
intangíveis podem ser fundamentais para as organizações e para a sociedade de maneira geral
que, cada vez mais, tornam-se dependentes desses recursos que juntamente com os demais
ativos tangíveis, geram benefícios econômicos e aumento de competitividade para aqueles
que os possuem (KAYO, 2002; RITTA; ENSSLIN; RONCHI; 2010; MOURA, 2011).
Kayo et al. (2006) destacam que o valor de uma empresa é o resultado da soma dos
seus tangíveis e intangíveis, e os ativos intangíveis, em particular, têm crescido em
importância na formação desse valor. Nesse sentido, os ativos intangíveis são uma chave
essencial para o desenvolvimento e sucesso das organizações. Além disso, tornam-se
fundamentais para a criação de valor nas entidades. Eles estão recebendo uma importância tão
significativa que sua identificação e medição tornaram-se altamente relevantes
(MANTOVANI; SANTOS, 2014).
A relevância dos ativos intangíveis tem crescido nas últimas décadas devido à
materialidade desses recursos na composição do patrimônio das organizações. Ressalta-se
que, com o desenvolvimento das telecomunicações, da informática e a internacionalização dos
negócios, os ativos intangíveis configuram-se como os novos propulsores da competitividade
no atual ambiente econômico (RITTA; EISSLIN, 2010).
A competitividade pode ser um fator contingencial que influenciará na utilização e
contabilização dos ativos intangíveis, pois, empresas situadas em ambientes com maior nível
de competitividade precisam implementar seus ativos, visando a sua continuidade e um maior
desenvolvimento (MOURA; MECKING; SCARPIN, 2013).
Assim, surge a pergunta de pesquisa que orienta este estudo: qual a relação existente
entre competitividade de mercado (fator contingencial) e o nível de intangibilidade em
companhias abertas brasileiras? Nessa perspectiva, o estudo objetivou analisar a relação
existente entre competitividade de mercado e o nível de intangibilidade em companhias
abertas listadas na BM&FBovespa, sob a ótica da Teoria da Contingência.
Essa pesquisa se justifica pela importância que os ativos intangíveis representam para
as empresas em cenários de grande competividade. Também em razão do estudo relacionar
intangíveis com a competitividade de mercado, um fator pouco explorado por pesquisadores
brasileiros. Além disso, de acordo com Antunes, Leite e Guerra (2009), ativos intangíveis é
um tema de grande discussão, não só no Brasil, mas em todos os países do mundo em virtude
da importância e aumento da sua representatividade no decorrer dos anos.
3
O estudo está estruturado em seis seções, iniciando com essa introdução. Em seguida,
apresenta o referencial teórico que aborda conteúdos sobre competitividade como fator
contingencial, ativos intangíveis e pesquisas anteriores que também consideraram a
competitividade como fator contingencial. Após, apresenta os aspectos metodológicos
utilizados para o desenvolvimento da pesquisa. Em seguida, a descrição e a análise dos dados
e, por último, apresenta as considerações finais do estudo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, apresenta-se o referencial teórico do estudo, que serve de sustentação
para o desenvolvimento do estudo empírico. Inicia-se abordando a competitividade como
fator contingencial. Na sequência, apresentam-se conceitos sobre ativos intangíveis. Por fim,
apresentam-se estudos anteriores que consideraram a competitividade como fator
contingencial.
Assim, constata-se que os ativos intangíveis são bens sem substância física, que dão
perspectivas, ao dono, de ganho econômico futuro. Eles representam vantagem competitiva,
diferenciação no mercado, acumulação de valor ao produto ou serviços (RITTA; EISSLIN,
2010).
De acordo com Perez e Famá (2006, p. 4), diferentemente dos ativos tangíveis, uma
das principais características estratégicas dos Ativos intangíveis é a singularidade, a qual ―
[...]
os torna ativos únicos, difíceis de adquirir, de desenvolver e até mesmo de copiar; além disto,
alguns podem ser até protegidos legalmente‖.
5
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O objetivo do estudo consiste em analisar a relação existente entre competitividade de
mercado e nível de intangibilidade em companhias abertas listadas na BM&FBovespa, sob a
7
ótica da Teoria da Contingência. Deste modo, a pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois
de acordo com Gil (2008, p. 42), ― as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição
das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Esse tipo de pesquisa
estabelece relação entre as variáveis e fatos‖.
Quanto aos procedimentos, classifica-se como documental. A pesquisa documental,
segundo Gil (2008) valem-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar
os documentos de ― primeira mão‖ (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições
etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras
interpretações, como relatórios de empresas, atas de reunião, ofícios, boletins, tabelas etc.
Em relação à abordagem do problema, a pesquisa é quantitativa, pois segundo
Richardson, (2008), o método quantitativo baseia-se no emprego da quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas. Além disso, é frequentemente aplicado nos estudos descritivos, naqueles que
procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis, bem como nos que investigam a
relação entre fenômenos.
A população compõe-se do conjunto de companhias abertas listadas na
BM&FBovespa, aquelas que não tinham informações necessárias foram excluídas da amostra.
Após os procedimentos metodológicos adotados, a amostra desta pesquisa foi composta por
262 empresas-ano listadas em diferentes setores econômicos, conforme Quadro 2.
Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos por meio do banco de dados
Economática e referem-se ao período de 2008 a 2009. Este período foi selecionado porque
trata-se de um período de crise. A crise na economia brasileira eclodiu no início de 2008, a
partir da crise do mercado imobiliário norte americano. No Brasil, diversos pesquisadores, tais
como Silva, Cardoso e Toledo Filho (2010); Macêdo, Dal Vesco e Toledo Filho (2012);
Macohon, Vicenti e Hein (2014); e, Ribeiro et al. (2014) também definiram em suas
pesquisas o período de 2008 a 2009 como um período de crise. Em períodos de crise, os
ativos intangíveis podem contribuir para que as empresas superem as consequências negativas
da crise e continuem com suas operações.
Inicialmente, foi calculado para cada empresa o índice de competitividade, utilizando-
se do índice de Herfindahl-Hirschman (HHI) assim como nos estudos de Giroud e Mueller
(2010), Almeida (2010), Moura e Klann (2013) e Moura, Mecking e Scarpin (2013), por
exemplo. O índice é calculado pela seguinte equação:
8
2008
Intangibilidade Intangibilidade
ÍNDICES HHI (Ativo fixo) (Ativo total)
HHI 1
Intangibilidade (Ativo fixo) -0,184** 1
Intangibilidade (Ativo total) -0,218** -0,205** 1
2009
Intangibilidade Intangibilidade
ÍNDICES HHI (Ativo fixo) (Ativo total)
12
HHI 1
Intangibilidade (Fixo) -0,163** 1
Intangibilidade (Total) -0,247** -0,217** 1
Observa-se na Tabela 4 que a variável HHI tem uma correlação negativa de 18,40%
em 2008 e 16,30% em 2009 com a variável proporção de ativos intangíveis em relação ao
ativo fixo, estatisticamente significativa a um nível de 0,01.
Estes resultados indicam que aumentos nos percentuais de ativos intangíveis estão
associados com uma diminuição nos índices de HHI. Destaca-se que, quanto menores são os
índices de HHI, maior é a competitividade do setor.
Portanto, os resultados negativos da correlação demonstram que as empresas em
ambientes mais competitivos possuem maiores proporções de ativos intangíveis nos seus
ativos fixos. Confirmando as hipóteses expressas por diversos autores (HENDRIKSEN; VAN
BREDA, 1999; LEV, 2001; KAYO; TEH; BASSO, 2006; SRIRAM, 2008) de que os
intangíveis podem representar um diferencial competitivo e agregar maior valor às empresas.
Nota-se, ainda na Tabela 4, que a variável HHI também apresentou correlação
negativa, de 21,80% em 2008 e 24,70% em 2009, com a variável proporção de ativos
intangíveis em relação ao ativo total e, estatisticamente significativa a um nível de 0,01. Deste
modo, mais uma vez, os resultados indicaram que as empresas em ambientes mais
competitivos possuem maiores proporções de ativos intangíveis.
Então, os resultados oriundos do período de 2008 a 2009, ambiente caracterizado por
uma desaceleração súbita provocada por uma crise financeira, demonstraram que entre as 262
companhias abertas listadas na BM&FBovespa que compõem a amostra, aquelas em
ambientes mais competitivos (fator contingencial) possuíam maiores proporções de ativos
intangíveis em seus ativos fixos e totais. Consequentemente, os resultados sinalizam que a
competitividade pode ser vista como um fator contingencial que influencia na representação
dos intangíveis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo objetivou analisar a relação existente entre competitividade de mercado e
nível de intangibilidade em companhias abertas listadas na BM&FBovespa, sob a ótica da
Teoria da Contingência. Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, documental e de abordagem
quantitativa dos dados. A amostra foi composta por 262 companhias abertas listadas na
BM&FBovespa e os dados, que referiam-se ao período de 2008 a 2009, foram obtidos por
meio do banco de dados Economática.
Os resultados revelaram a existência de monopólio no setor econômico de petróleo,
gás e biocombustíveis. Oligopólio nos setores de consumo cíclico, consumo não cíclico e
materiais básicos. Nos demais setores (construção e transporte, financeiro, tecnologia da
informação, telecomunicações e utilidade pública) os índices indicaram uma estrutura de
concorrência perfeita.
Quanto a proporção dos ativos intangíveis no ativo total, os setores de consumo
cíclico, financeiro e materiais básicos, possuíam as empresas com menores proporções de
intangíveis. Por outro lado, o setor de tecnologia da informação, destacou-se com o maior
índice médio de intangibilidade.
13
REFERÊNCIAS
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Faculdade de Economia, Administração, e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2010.
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CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 9., 2009, São Paulo. Anais... São Paulo: USP,
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14
Sady Mazzioni
Doutor em Ciências Contábeis e Administração
sady@unochapeco.edu.br
RESUMO
Considerando o importante papel dos periódicos na difusão do conhecimento científico, o
artigo tem como objetivo principal identificar as características da pesquisa em controladoria
nos artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais, no período de 1995 a 2015.
A metodologia de pesquisa adotada constitui-se de um estudo descritivo, com análise
bibliométrica e abordagem quantitativa, utilizando como critério de busca na investigação os
termos “Controladoria” e “Management Accounting”, constantes no título, resumo ou
palavras-chave. Como resultado da pesquisa realizada tem-se a constatação da evolução
quantitativa da produção científica, a produção científica por país, as redes de coautoria entre
as instituições de ensino superior, a composição de autorias por artigo e ano, a colaboração
entre os autores, a frequência das palavras-chave e os periódicos em que foram publicados os
artigos. Destacando-se a existência de densas redes de cooperação entre autores e entre
instituições nacionais, a baixa cooperação entre instituições internacionais, a ascensão do
número de artigos sobre o tema e o número médio de dez citações por artigo, fatos que
sugerem que o tema enfocado esteja em processo de consolidação.
Palavras-chave: Controladoria, Estudo bibliométrico, Artigos.
ABSTRACT
Considering the important role of journals in the dissemination of scientific knowledge the
article aims to identify the characteristics of research in Accounting in articles published in
national and international journals, from 1995 to 2015. The adopted research methodology
constitutes a descriptive study using bibliometric analysis and quantitative approach. Using as
research criteria items with the word “Controllership” or “Management Accounting” in the
title, abstract or keywords. As a result of the survey has been the quantitative evolution of
production, scientific production by country, co-authoring network between higher education
institutions, authorship composition per item and year, collaboration between authors,
frequency of keywords and periodicals the articles were published. Highlighting the existence
of dense networks of cooperation between authors and between national institutions, poor
cooperation between international institutions, the rise in the number of articles on the subject
and the average number ten citations per article, facts that suggest that the topic focused is in
consolidation process.
Keywords: Controllership, bibliometric study Articles
1 INTRODUÇÃO
O artificio mais empregado para comunicação científica, no âmbito nacional ou
internacional, é a divulgação dos trabalhos em periódicos, tendo como finalidade idealizar
parâmetros em diferentes áreas do conhecimento. O conhecimento estabelecido pelas
produções científicas acrescenta singular valor às diferentes áreas, e oferecem suporte cada
vez maior para a criação e disseminação de avanços, provocando o desenvolvimento
científico-social (OLIVEIRA, 2002).
Ressalta-se, assim, a importância da avaliação das produções científicas neste estudo
sobre a controladoria, que no decorrer do tempo tornou-se uma importante área de
investigação empírica e acadêmica, configurando-se como um tema que deixou de ser
prioridade apenas para a área contábil e passou a envolver conhecimentos de outras áreas
interligadas à contabilidade, como a Administração e a Economia.
A controladoria surgiu nos Estados Unidos no século XX, resultante, principalmente
da verticalização, da diversificação e da expansão geográfica das organizações, criando uma
maior complexidade em suas atividades (BEUREN, 2002).
No Brasil, a evolução das atividades econômicas, o aumento da concorrência e por
consequência da competitividade, motivaram a contabilidade a criar mecanismos mais
eficientes à gestão das empresas, cabendo à controladoria fornecer informações precisas e
oportunas para as decisões dos gestores (BEUREN, PASQUAL e SCHLINDWEIN, 2007).
No entanto, ainda não há consenso entre os autores quanto ao conceito e às funções
básicas da controladoria. Catelli (2001) delimita a controladoria em dois vértices, o primeiro
como ramo do conhecimento e o segundo como órgão administrativo da empresa, afirmando
que o desenvolvimento de novas pesquisas é imprescindível para a solidificação teórica da
controladoria. Padoveze (2009) e Frezatti (2009) argumentam que, em dados momentos, a
contabilidade gerencial por apresentar todos os aspectos da contabilidade dentro de um
sistema de informação e desempenhando ações administrativas é denominada como
controladoria, não existindo unanimidade dos termos em uma perspectiva internacional. Neste
contexto, admite-se nesse estudo a utilização do termo “management accounting” como
critério de investigação em artigos internacionais a respeito de controladoria.
Com a finalidade de agrupar e consolidar os conhecimentos a respeito de tema
específico realiza-se o estudo bibliométrico. Cardoso et al. (2005) afirma que o estudo
bibliométrico permite avaliar a produção do conhecimento, analisando as referências
bibliográficas e as publicações, constituindo-se uma importante ferramenta que permite a
verificação dos fenômenos da comunicação científica, mostrando-se como um método útil
para avaliação dos impactos da teoria e dos autores, demonstrando as variações e suas
tendências.
Considerada a importância de pesquisas na área de controladoria, elaborou-se a
seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as características das publicações sobre
controladoria em artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais? Assim, o artigo
tem como objetivo analisar as características dos artigos sobre controladoria publicados em
periódicos nacionais e internacionais.
O estudo está estruturado em cinco seções, iniciando com esta introdução. Em
seguida, apresenta a fundamentação teórica, com destaque para a caracterização e às funções
da controladoria. Na sequência, aborda o método e os procedimentos da pesquisa.
Posteriormente, apresenta os resultados da pesquisa e, por último, as considerações finais do
estudo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção, apresenta-se o arcabouço teórico da pesquisa, que serve de sustentação
para a investigação.
2.1 CONTROLADORIA
Cinco séculos após o desenvolvimento da primeira escola de contabilidade, surgem no
século XX os primeiros indícios da controladoria, quando as organizações passam a buscar a
excelência nas suas operações e para isso procuram ter o controle mais amplo do que ocorre
na empresa (SCHIMIDT, 2002). O aumento da estrutura das organizações, sua complexidade
e o posterior processo de globalização, estimulou o surgimento de um sistema de informações
que possibilitasse compreender as necessidades da empresa e o controle efetivo de gestão.
Lunkes, Schnorrenberger e Rosa (2013) relatam que a controladoria evoluiu de uma função de
controle para uma área de atuação diversificada, somando atividades de suporte ao processo
decisório, gestão estratégica e gestão de pessoas.
Oliveira (2009, p. 16) afirma que “a área da controladoria surgiu da necessidade de
otimizar os resultados das decisões que são tomadas com referência à empresa”. Nesse
contexto, a controladoria constitui-se como uma evolução da contabilidade quando refere-se
ao acesso e demanda por informações úteis ao processo decisório e a avaliação dos resultados
das empresas. Os primeiros controladores foram recrutados entre os funcionários responsáveis
pelo departamento de contabilidade ou pelo departamento financeiro da empresa,
consequência do fato que contadores e administradores financeiros detém informações globais
sobre a empresa e pela capacidade de exercer atividades que lhes possibilite saber as possíveis
dificuldades da organização e sugerir soluções que otimizem o auxílio no processo de gestão
(SCHIMIDT; SANTOS, 2006).
Destarte, não há consenso entre os autores quanto ao conceito e as funções básicas da
controladoria. No entanto, Catelli (2001) define controladoria em dois vértices, o primeiro
como ramo do conhecimento e o segundo como órgão administrativo da empresa. E no que
tange a responsabilidade da controladoria como unidade administrativa, consiste em defini-la
como responsável pelo acompanhamento e disseminação dos conhecimentos inerentes à
tecnologia de gestão e condução de resultados que atendam as demandas dos gestores.
São poucos os autores que definem a controladoria de maneira mais categórica, seja
como um ramo do conhecimento, seja como uma área administrativa, ou o conjunto de
ambos, por razões de complexidade em tal abordagem. Para Kupper et al. (1990), no percurso
do tempo a função controlar, deixou de ser uma tarefa essencialmente contábil passando a
uma atividade multidisciplinar. Borinelli (2006) corrobora este posicionamento ao definir
controladoria, denotando que a questão torna-se ainda mais difícil porque a controladoria tem
se utilizado dos preceitos discutidos na Teoria da Contabilidade e nos conceitos oriundos de
outras áreas do conhecimento como a Economia, Administração e Sistema de Informações.
A contabilidade gerencial é vista como a disciplina que apresenta todos os aspectos da
contabilidade dentro de um sistema de informação contábil. Como ação administrativa, é
denominada muitas vezes pelo nome de controladoria (PADOVEZE, 2009). Frezatti et al.
(2009) argumentam que, em determinadas situações, os termos contabilidade gerencial e
controladoria configuram-se como sinônimos. Mesmo não existindo unanimidade na
abordagem dos termos a respeito de controladoria e contabilidade gerencial, em uma
perspectiva internacional, entende-se que os termos sejam próximos, se não sinônimos,
conforme também argumenta Padoveze (2009). Por esse motivo, admite-se a equivalência
entre os termos „contabilidade gerencial‟ e „controladoria‟, assim como, „contador gerencial‟ e
„controller‟.
Para apoiar o gestor no desempenho de suas atividades, a contabilidade gerencial,
entendida como “o produto do processo de produzir informação operacional e financeira para
gestores dentro de uma organização” (SOUTES, 2006, p. 9), tem como objetivos: facilitar o
planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisão interna. Com tais
finalidades, pode empregar métodos, filosofias e modelos de gestão, ferramentas, sistemas e
instrumentos, denominados artefatos, tais como: orçamentos, relatórios de desempenho,
relatórios de custos e relatórios não rotineiros, que facilitam a tomada de decisão
(BORINELLI, 2006; SOUTES, 2006). Para Angelkort e Weißenberger (2011) se as
informações de contabilidade gerencial que são fornecidas pelos controllers estiverem em
consonância com os relatórios financeiros, existirá um processo de decisão mais consistente,
operando positivamente na qualidade da controladoria.
A contabilidade gerencial é definida, por Atkinson et al. (2000), como “o processo de
identificar, mensurar, reportar e analisar informações sobre os eventos econômicos das
empresas”. Nessa conjuntura, a contabilidade gerencial exerce a função de produzir
informações que favoreçam o processo de tomada de decisões, aperfeiçoando processos e
alcançando melhores resultados por meio do sistema de controle gerencial (DAVILA;
FOSTER, 2007).
Soutes (2006, p. 23) menciona a definição de contabilidade gerencial do Institute of
Management Accountants, que em 1998 emitiu um relatório denominado International
Accounting Management Practice. Nesse relatório, a contabilidade gerencial foi caracterizada
em quatro estágios evolutivos e, à medida que evoluiu, evidenciou-se a alteração de seu
posicionamento na estrutura das organizações, deixando de ser uma atividade meramente
técnica para tornar-se atividade criadora de valor, ou seja, parte integrante da gestão. Desta
forma, a contabilidade gerencial refere-se ao “produto do processo de evolução através dos
quatro estágios: determinação de custo e controle financeiro; informação para controle e
planejamento gerencial; redução de perdas de recursos no processo operacional; e criação de
valor através do uso efetivo dos recursos”
Com a finalidade de atender aos objetivos e necessidades das empresas, a prática da
controladoria deve ser constante, com a utilização das informações contábeis no processo de
gestão, tendo como finalidade certificar o controle e os resultados da empresa.
Roehl-Anderson e Bragg (1996) observam que por meio da controladoria a direção da
empresa tem a possibilidade de conduzir processos para que seus esforços sejam produtivos.
A controladoria, como estrutura administrativa, subsidia a alta direção e os gestores da
organização com informações consistentes, a fim de possibilitar a definição dos rumos a
serem seguidos pela organização.
Catelli (2001, p. 351) define que “a controladoria, na execução de suas atividades,
deve utilizar-se de dois instrumentos fundamentais: Processo de Gestão e Sistemas de
Informações”. O primeiro é composto por três etapas: a) planejamento estratégico,
operacional e programação; b) execução; e, c) controle. Já o segundo é formado pelos
seguintes subsistemas: a) simulações; b) orçamentos; c) padrões; e, d) realizado.
Para a execução de suas funções na organização, a controladoria requer a aplicação de
princípios adequados, que englobem todas as atividades da empresa, desde o planejamento
inicial até a obtenção do resultado final. Isso corresponde à integração dos esforços das
diversas áreas de acordo com os sistemas e subsistemas utilizados. É prática da controladoria,
segundo Roehl-Anderson e Bragg (1996).
Assim se estabelecem as práticas de controladoria, iniciando-se com a missão, os
objetivos, as funções, e finalizando-se com a definição dos instrumentos a serem utilizados
pela controladoria, pretendendo melhorar a tomada de decisões, bem como, propor o
aperfeiçoamento dos instrumentos de planejamento e de controle gerencial.
As funções de controladoria nem sempre têm a mesma denominação teórica, mas seu
objetivo e suas atribuições são específicos nos processos da organização. A controladoria para
desempenhar suas atividades e funções, especialmente no que se refere a mensurar e a
reportar os eventos econômicos, precisam empregar métodos e utilizar instrumentos. Estes
métodos, filosofias de gestão e instrumentos vêm sendo denominados, por vários autores, de
“artefatos”.
Frezatti et al. (2009, p. 36) corroboram este indicativo, ao observar que “o termo
artefato tem sido utilizado para compreender uma série de elementos utilizados nas
organizações, tais como relatórios gerenciais, sistemas de informação, que possam
proporcionar entendimentos variados”.
Borinelli (2006, p. 198) reportou os artefatos de contabilidade gerencial e
controladoria, explicou que estes artefatos foram definidos nas pesquisas realizadas por
Frezatti (2006) e Soutes (2006), que levantaram, na prática, aos artefatos mais utilizados pelas
organizações. Apresenta-se no Quadro 1 os artefatos de contabilidade gerencial e
controladoria listados por Borinelli.
Para Anderson (1944), as funções da controladoria podem, ainda, ser divididas em três
subcategorias: (i) preservar os recursos da empresa; (ii) manter em conformidade os registros
legais e contábeis e (iii) auxiliar a administração na implementação de controles operacionais.
2.2 BIBLIOMETRIA
A bibliometria é uma ferramenta da área da biblioteconomia. Para Vanti (2002) o uso
das técnicas bibliométricas auxiliam a tomada de decisões de pesquisa, em épocas de poucos
recursos, uma vez que congregam títulos e publicações periódicas, que podem ou não ser
extintas de uma biblioteca.
Os estudos bibliométricos da ciência são utilizados de forma quantitativa, pois
constituem estudos métricos da informação, objetivando mapear áreas do conhecimento, nos
diversos formatos de divulgação. A técnica bibliométrica pode ser utilizada para identificar as
revistas do núcleo de uma disciplina, estudar a dispersão e a obsolescência da literatura
científica, prever a produtividade de autores, organização e países, quantificar o grau e os
tipos de cooperação entre autores, analisar os processos de citação e cocitação, apreciar a
linguagem, as palavras e as frases em seus aspectos estatísticos ou medir o crescimento de
determinadas áreas (VANTI, 2002).
Para Leite Filho, Paulo Jr. e Siqueira (2007), a utilização da bibliometria como
ferramenta estatística é justificada pela contribuição em investigar o produzido em termos de
conhecimento na área de controladoria. Nesse sentido, a realização de estudos bibliométricos
agrega valor às pesquisas em virtude da utilização de ferramentas que possibilitam
quantificar, mediante a descrição dos autores, citações, produtividade de periódicos e
frequência de palavras.
Teóricos da bibliometria desenvolveram as leis que determinam e orientam a análise
da produção cientifica. Segundos os estudos de Chen, Chong e Tong (1994) as principais leis
bibliométricas e suas características são descritas no Quadro 3.
Leis Medida Critério Objetivo principal
Lei de Bradfort Grau de atração do Reputação do Identificar os periódicos mais relevantes e
periódico periódico que dão maior vazão a um tema específico
Lei de Zipf Frequência de Lista ordenada de Estimar os temas mais recorrentes
palavra-chave temas relacionados a um campo de conhecimento
Lei de Lotka Produtividade do Tamanho- Levantar o impacto da produção de um autor
autor frequência numa área de conhecimento
Fonte: Adaptado de Chueke e Amatucci, 2015, p.3
Quadro 3: Leis Bibliométricas
Ano n % Ano n % 50
1995 3 0,88 2006 10 2,95 45
1996 8 2,36 2007 17 5,01 40
1997 6 1,77 2008 24 7,08 35
1998 8 2,36 2009 24 7,08 30
1999 7 2,06 2010 33 9,73 25
2000 3 0,88 2011 24 7,08 20
2001 6 1,77 2012 44 12,98 15
2002 6 1,77 2013 45 13,27 10
2003 7 2,06 2014 28 8,26 5
2004 7 2,06 2015 19 5,60 0
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2005 10 2,95
TOTAL 339 100%
Fonte: Dados da pesquisa Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 1: Distribuição dos artigos por ano Gráfico 1: Distribuição da produção por período
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
por %
artigo
Um 1 6 2 6 3 2 2 3 3 3 2 3 1 4 4 5 3 6 1 10 4 74 21,8
11
Dois 2 2 4 2 3 1 3 2 4 1 5 4 8 5 6 12 10 13 16 7 7 7 34,5
Três 1 1 3 2 1 6 9 7 14 5 16 11 6 6 88 26,0
Quatro 1 1 2 1 6 6 2 6 9 14 3 1 52 15,3
Cinco 1 3 2 1 7 2,1
Seis 1 1 0,3
Total de 33
artigos 3 8 6 8 7 3 6 6 7 7 10 10 17 24 24 33 24 44 45 28 19 9
Autor 11 13 82
/ano 5 10 10 10 13 6 11 10 11 14 22 22 44 65 67 79 62 6 7 64 45 3
24
R. J. Lunkes 11
8
P. R. da Cunha 6
5
F. C. de Souza 5
4
S. Tappura 4
4
I. M. Oro 4
4
E. V. do Prado 4
4
B. C. C. Lima 4
0 5 10 15 20 25
Coautorias
Média /
artigo 1,7 1,3 1,7 1,3 1,9 2,0 1,8 1,7 1,6 2,0 2,2 2,2 2,6 2,7 2,8 2,4 2,6 2,6 3,0 2,3 2,4 2,4
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 3: Composição das autorias
O total de autores indicado na Tabela 3 (823), não coincide com o número de autores
envolvidos (615), em decorrência das produções repetidas dos autores. Conforme
demonstrado no Gráfico 2, destaca-se os autores Ilse Maria Beuren com 24 coautorias,
Rogério João Lunkes com 11 coautorias e Paulo Roberto da Cunha com 8 artigos.
Palavras Quantidade %
Controladoria 80 7,94%
Management accounting 34 3,38%
Controller 13 1,29%
Produção científica 7 0,70%
Ciências contábeis 5 0,50%
Contabilidade 5 0,50%
Empresas familiares 5 0,50%
Environmental management accounting 5 0,50%
Institutional theory 5 0,50%
Management control 5 0,50%
Planejamento 5 0,50%
*Proporção calculada com base na totalidade dos termos utilizados (1007)
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 5: Frequência de termos contidos nas palavras chave dos artigos
Periódicos Quantidade %*
Accounting, Organizations and Society 40 11,80%
Management Accounting Research 35 10,32%
Critical Perspectives on Accounting 21 6,19% Lei de
Bradford -
Revista Contabilidade e Finanças 15 4,42% core com
Revista Universo Contábil 14 4,13% 113 artigos
Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade 13 3,83%
Revista Contabilidade Vista e Revista 12 3,54%
Revista Catarinense da Ciência Contábil 11 3,24%
Journal of Accounting Education 10 2,95%
Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis
da UERJ 10 2,95%
The British Accounting Review 9 2,65%
Procedia - Social and Behavioral Sciences 7 2,06%
*Proporção calculada com base na totalidade de artigos pesquisados (339)
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 6: Produção científica por periódico
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente investigação teve como objetivo principal determinar as características das
publicações nacionais e internacionais sobre controladoria. Com essa finalidade, procedeu-se
um estudo bibliográfico, com a utilização de técnicas de análise bibliométrica na produção
indexada nas bases de dados brasileiras Spell e Sciello e nas bases internacionais Scopus e
Science Direct.
Para desenvolvimento do artigo, identificou-se a evolução quantitativa da produção
científica, a produção cientifica por país, a rede de coautorias entre as instituições, a
composição de autorias por artigo e ano com média de autores por artigo, a colaboração entre
os autores, a frequência das palavras-chave e os periódicos que publicaram os artigos.
Na seleção dos trabalhos e posterior análise, optou-se por considerar os artigos que
continham os termos “Controladoria” ou “Management Accounting”, no título, no resumo ou
nas palavras-chave do trabalho. Assim, os dados da pesquisa revelam que no recorte
longitudinal de 1995 a 2015, nos periódicos nacionais e internacionais, foram identificados
339 artigos publicados que atenderam a esse critério.
Observou-se um aumento gradativo cronologicamente das pesquisas sobre Controlaria
publicados, chegando ao ápice nos anos de 2012 e 2013, com 44 e 45 publicações
respectivamente. O Brasil foi o país que mais contribuiu para a consolidação do tema, com
61,46% das publicações, seguida pelos Estados Unidos (8,94%) e Reino Unido (6,99%). A
maior proporção de autores brasileiros justifica-se pela presença de um maior número de
autores por artigo em periódicos nacionais em comparação aos artigos internacionais.
Em relação à produtividade das instituições de ensino superior, a densidade de
coautorias é baixa, considerando-se que 192 instituições publicaram apenas um artigo.
Destaca-se a Universidade Regional de Blumenau com 39 publicações.
A composição das autorias demonstra que 78,2% dos artigos foram escritos em
conjunto, com predominância para os artigos escritos por dois autores (34,5%), contribuindo
para que a média de autores por artigo seja de 2,4. A quantidade de coautorias é de 823 e os
autores mais produtivos são: Ilse Maria Beuren com 24 publicações e Rogério João Lunkes
com 11 publicações.
Os artigos com maior impacto considerando-se a idade e número de citações são: “The
role of budgets in organizations facing strategic change: an exploratory study” de M. A.
Abernethy e P. Brownell, publicado há 17 anos e com 173 citações; “The impact of
manufacturing flexibility on management control system design” de M. A. Abernethy e A. M.
Lillis, publicado há 21 anos, com 166 citações.
Foi possível, ainda, confirmar a Lei de Bradford, em que dos 89 periódicos que
publicaram artigos sobre o tema pesquisado, 5 são responsáveis por 1/3 das publicações, com
destaque para os periódicos Accounting, Organizacions and Society com 40 artigos
publicados, Management Accouting Research com 35 artigos, Critical Perspectives on
Accounting com 21 artigos, Revista Contabilidade e Finanças com 15 artigos, e a Revista
Universo Contábil com 14 artigos. Os resultados encontrados corroboram os achados nos
estudos de Melo et al. (2013) e Peleias et al. (2010) que apontaram o periódico Revista
Contabilidade e Finanças como maior publicador sobre o tema entre os periódicos nacionais.
O campo de produção científica em controladoria, conforme observado neste estudo,
caracteriza-se pela existência de densas redes de cooperação entre autores e entre instituições
nacionais. Contudo, um aspecto que pode ser apontado consiste na baixa ocorrência de
cooperação com instituições internacionais. Destaca-se, também, ascensão quanto ao número
de artigos, a relação entre os artigos de maior impacto, e o número médio de citações por
artigo (dez citações), fato que sugere que o tema enfocado nesta pesquisa esteja em processo
de consolidação e que uma análise mais aprofundada sobre o processo poderia fornecer
indícios relevantes sobre o desenvolvimento deste campo de investigação.
Para pesquisas futuras, sugere-se a análise dos ambientes econômicos que serviram de
campo de estudo, a identificação das teorias de base que sustentaram as produções e o
aprofundamento das tipologias de pesquisa que foram utilizadas.
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CONTROLE GERENCIAL NO SETOR PÚBLICO: IMPACTOS NO DESEMPENHO
ORÇAMENTÁRIO DAS IFES APÓS A IMPLANTAÇÃO DO REUNI
Rita de Cássia do Nascimento (ritanascto@gmail.com)
Mestranda em Ciências Contábeis do PPGCC/UERJ
Resumo:
Este estudo objetiva analisar o impacto no desempenho orçamentário das Instituições Federais
de Ensino (IFES) após a implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI). Para tanto tomou-se como base, o orçamento
de 59 IFES que aderiram ao programa. Fez-se um breve histórico sobre as fases I, II e III de
implementação do programa. A metodologia utilizada foi a análise descritiva que demonstrou
a evolução das despesas e custeio das IFES antes e após a implantação do programa. O estudo
demonstrou a evolução das despesas com pessoal, despesas correntes e dos investimentos no
período de 2003-2015, de acordo com as metas fixadas para o REUNI no artigo 3º do Decreto
nº 6.096/2007 comparadas com a evolução do PIB, Impostos e FPF (Fundo Público Federal).
Como resultado conclui-se que é provável que as IFES tenham dificuldades em manter as
metas propostas pelo REUNI já que o aumento das despesas correntes alcançou percentuais
maiores que o PIB, Impostos e o FPF.
Abstract:
This study aims to analyze the impact on Education Federal Institutions’ budget performance
after the implementation of the Program of Support for the Restructuring and Expansion of
Federal Universities (REUNI). Therefore, it became based on the budget of 59 IFES that
joined the program. It was researched a brief history on phases I, II and III of implementation
program. The methodology used was descriptive analysis and showed IFES’ costs and
funding evolution before and after program implementation. This study showed the evolution
of personnel costs, running costs and investments in the 2003-2015 period according to the
targets set for REUNI in Article 3 of Decree No. 6,096 / 2007 compared to the evolution of
PIB, taxes and FPF (Federal Public Fund). As a result, it is concluded that it is likely that
IFES have difficulties in keeping the goals proposed by REUNI since the increase in current
expenditure reached higher percentages than PIB, taxes and the FPF.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
O cenário mundial, nos anos 1980, foi marcado por mudanças econômicas conhecidas
como globalização. O processo econômico já não se encontrava mais definido nem controlado
por qualquer país em particular, mas por uma rede de grupos econômicos e/ou por agências
reguladoras internacionais (BRUNO, 1999), em que agentes internacionais e nacionais do
campo econômico buscaram eliminar fronteiras comerciais para integrar mundialmente a
economia.
Segundo Borges (2003),
Em linhas gerais, a agenda de políticas do Banco Mundial deslocou-se das reformas
macroeconômicas strictu sensu para as reformas do Estado e da administração
pública objetivando promover a "boa governança" e a fortalecer a sociedade civil.
Por outro lado, o BM também enfatizou a necessidade de dar conta dos custos
sociais do ajuste estrutural e de reduzir a pobreza, conferindo grande prioridade à
reestruturação dos serviços sociais, com o objetivo de incrementar a equidade e a
eficiência.
No Brasil, essas transformações afetaram significativamente o campo da educação,
modificando finalidades, valores e práticas educativas.
No contexto nacional, para atendimento às exigências dos investidores e no intuito de
se adequar a movimentação acelerada e integração global, o Brasil começou a desenvolver
políticas públicas em um quadro de definição e implementação de suas políticas econômicas.
Assim, observa-se que a educação superior, no Brasil, passou por uma significativa
reestruturação e na gestão do financiamento da educação com o início da reforma gerencial da
administração pública, em 1995.
No período de 2003-2007, observa-se a evolução das políticas públicas voltadas para a
educação, privilegiando a iniciativa privada mediante o financiamento, por isenção de
impostos através da concessão de bolsas como no Programa Universidade para Todos (Pro
Uni) e por meio do financiamento estudantil (FIES). Iniciava-se a expansão universitária fase
I que teve como principal meta “interiorizar o ensino superior público federal”, o qual contava
até o ano de 2002 com 45 universidades federais e 148 campus/unidades. (MEC, 2012, p.9).
No período de 2008-2012, implantou-se a fase II, que ficou caracterizada pela
consolidação de universidades federais, criação de novas instituições federais de ensino
superior (IFES) e criação e consolidação de campi universitários nas diversas regiões do país;
expansão com Reestruturação (2007/2012) - adesão das IFES ao Programa REUNI e
ampliação do número de vagas, especialmente no período noturno; e, expansão com ênfase na
Integração Regional e Internacional (2008).
Finalmente, no período de 2012-2015, a Fase III, a expansão da educação superior
caracteriza-se pela continuidade das propostas anteriores e a sua complementação com
iniciativas de implementação de políticas específicas de integração, fixação e
desenvolvimento regional, tais como o Programa de Expansão do Ensino Médico, o Programa
Viver Sem Limite, da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com
Deficiência, e o Procampo, em conjunto com Sistema de Educação Continuada a Distância
(Secadi) e Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec).
2.3. REUNI
2007, cujo objetivo era “dotar as universidades federais das condições necessárias para
ampliação do acesso e permanência na educação superior”.
O REUNI, na dimensão administrativa, foi concretizado por meio de adesão das IFEs,
utilizando um mecanismo de gestão - contrato de gestão - instrumento apropriado para
promover o controle gerencial. Define-se contrato de gestão ou contrato de plano, de
programa ou de serviço como “um compromisso institucional firmado entre o Estado, por
intermédio de seus ministérios e uma entidade pública estatal a ser qualificada como Agência
Executiva, ou uma entidade não-estatal, qualificada como Organização Social” (BRASIL,
1997, p. 36). Os Contratos de Gestão também estabelecem as metas que as organizações
devem atingir, assim como as contrapartidas do Governo para que elas possam ser alcançadas
no prazo estipulado.
Para fundamentar o presente estudo utilizou-se artigo 3º, do Decreto nº 6.096, que trata
dos recursos financeiros para as universidades federais custearem as despesas correntes das
iniciativas propostas pelos planos de reestruturação. Os recursos serão despendidos ao longo
dos cinco anos de duração do plano, e são limitados a vinte por cento das despesas de custeio
e pessoal da universidade conforme § 1º, especialmente no que respeita a:
I – construção e readequação de infraestrutura e equipamentos necessários à
realização dos objetivos do programa;
II – compra de bens e serviços necessários ao funcionamento dos novos regimes
acadêmicos; e
III – despesas de custeio e pessoal associadas à expansão das atividades decorrentes
do plano de reestruturação (BRASIL, 2007a).
Ainda de acordo como o §3o O atendimento dos planos é condicionado à capacidade
orçamentária e operacional do Ministério da Educação.
Dentro desse contexto, os países começaram a buscar soluções mais eficazes para os
seus sistemas de gestão. O Brasil, embora com um pouco de atraso, iniciou sua reforma
administrativa nos anos 1990 (BRESSER-PEREIRA, 1998).
Nesse ambiente de medidas de desempenho e controle dos gastos públicos, ainda se
busca por soluções confiáveis para o controle das ações governamentais.
6
De acordo com Atkinson (2000), desde o início do século XX, os gerentes de diversas
empresas ao redor do mundo, requerem a informação gerencial contábil para ajudá-los na
alocação de recursos humanos, financeiros e físicos entre suas divisões operacionais e no
monitoramento e controle de suas diversas operações. Contabilidade Gerencial é o “processo
de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação
de informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e controlar dentro
da empresa e assegurar uso apropriado e responsável de seus recursos” (ATKINSON, 2000,
p.67).
Para Giacomani (2012), o orçamento público pode ser classificado em duas fases: o
orçamento tradicional e o orçamento moderno. O orçamento tradicional resumia-se a uma
“projeção de receitas e despesas, a serem executadas no exercício, com a aquisição de bens e
serviços públicos”. Nesse documento, não havia um planejamento das ações, voltadas para
resolver ou minimizar os problemas do Estado.
A nova realidade da atuação do Estado moderno trouxe outras abordagens sobre
avaliação dos resultados econômicos e do desempenho da ação governamental. Logo, o
orçamento tradicional, que funcionava como instrumento de controle político e se preocupava
com o cumprimento dos aspectos legais do gasto público foi renovado por novos dispositivos
legais, como o inciso II, do artigo 74, da CF/88 que define como uma das finalidades
“comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado”.
O atual modelo adotado, no Brasil, é o Orçamento-Programa, que segundo o
Dicionário de Termos Técnicos da Assistência Social (2007) define “os gastos segundo
programas de trabalho detalhados por órgão, função, até o nível de projeto ou atividade a ser
executado”.
Em 7 de março de 1964, foi assinada a Lei n. 4.320/64, que veio efetivar a adoção
legal do orçamento-programa no Brasil. Esta Lei preceitua no seu art. 2º:“A Lei de orçamento
conterá a discriminação da receita e da despesa de forma a evidenciar a política econômico-
financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de unidade,
universalidade e anualidade”.
Essas funções são cumpridas, pela interação entre três instrumentos estabelecidos pela
Constituição de 1988, o PPA (Plano Plurianual), a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a
LOA (Lei Orçamentária Anual). O PPA se constitui em uma síntese do planejamento da
administração pública e identifica as diretrizes, os objetivos e as metas de governo a serem
cumpridas em todo o período do plano. A LDO, por sua vez, consiste nas metas e prioridades
da administração pública para o exercício subseqüente, dentre o rol de ações e metas
constantes do PPA, bem como instrui a elaboração da LOA, que se compõe de 3 orçamentos,
o fiscal, o da seguridade social e o de investimento das empresas.
De acordo com Silva (1973),
O orçamento-programa é o equivalente financeiro do plano de ação governamental.
Nunca pode ser independente do plano. Mostra de onde vem os recursos para
financiar o plano e quanto deve ser gasto para atingir os objetivos traçados. Distribui
os recursos às diferentes atividades e projetos. Indica: a) que projetos e que
atividades devem ser empreendidos; b) qual a magnitude desses projetos e
atividades; c) onde e quando deverão ser empreendidos.
3. METODOLOGIA
Numa abordagem sobre controle gerencial, este estudo pretende realizar uma análise
descritiva, demonstrando a evolução das despesas com pessoal, despesas correntes e dos
investimentos no período de 2003-2015 de acordo com as metas fixadas para o REUNI,
constantes no artigo 3º do decreto 6096/2007, com a finalidade de demonstrar o impacto do
programa REUNI, na gestão administrativa.
Conforme Raupp e Beuren (2006, p. 83) “os procedimentos na pesquisa científica
referem-se à maneira pela qual se conduz o estudo e, portanto, se obtêm os dados”. Existem
vários tipos de procedimentos para realização de pesquisas. Raupp e Beuren (2006, p. 83)
afirmam ainda que “Nessas tipologias enquadram-se o estudo de caso, a pesquisa de
levantamento, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa participante e a
pesquisa experimental”.
O meio de investigação desta pesquisa caracteriza-se como pesquisa documental por
utilizar as informações da execução orçamentária, extraídas do Sistema Integrado de
Administração Financeira do Ministério da Fazenda (SIAFI/MF), Secretaria da Receita
Federal (SRF), Portal de Transparência Pública da Controladoria Geral da União,
SIGABRASIL, INEP-MEC e produções científicas que venham subsidiar o desenvolvimento
dessa pesquisa.
Foi selecionado o período de 2003-2015, com base na evolução do orçamento das 59
IFES que aderiram ao programa REUNI, como mecanismo de planejamento e controle
gerencial.
Os dados foram obtidos dos demonstrativos das receitas e despesas com manutenção e
desenvolvimento do ensino, apresentados no Orçamento Fiscal e Seguridade Social da União
e comparados a um percentual do PIB. Foi realizada também uma pesquisa documental,
utilizando como referência o Relatório da Comissão constituída pela Portaria nº 126/2012
instituída pelo Ministério da Educação, incumbida de acompanhar as ações do ministério,
com vistas à consolidação dos programas de expansão das universidades federais.
Tal investigação justifica-se pelo fato das Universidades Federais, após a
implementação do REUNI, terem adquirido maior infraestrutura instalada, maior quantidade
de docentes e técnicos administrativos, refletindo assim diretamente na capacidade de oferta
de vagas, e na sua capacidade de enfrentar novos desafios, como o provimento de recursos
para a manutenção e desenvolvimento do ensino superior.
pagas pela população brasileira. O financiamento da educação brasileira é previsto em lei para
todas as esferas do governo, correspondendo a um percentual mínimo obrigatório.
A CF/88, artigo 212, determina que “A União aplicará, anualmente, nunca menos de
dezoito à educação superior pública, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e
cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”. A tabela 2 apresenta as receitas
do FPF e as receitas dos impostos, em relação ao PIB.
R$ milhões
FONTE: PIB: Banco Central do Brasil e IPEA; Despesas Correntes do FPF: SIAFI - STN/CCONT/GEINC e
Impostos: Arrecadação da Receita Administrativa pela SRF. Recursos (Custeio/Investimento): OFSS-
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União.
Tabela 2- Recursos para custeio: percentual PIB; despesas correntes do FPF e arrecadação de impostos da União
Observa-se que grande parte dos recursos do Tesouro destina-se a custeio, que nessa
tabela está representado pelas despesas de pessoal, encargos e outras despesas correntes.
A tabela 2 mostra que o custeio atinge um crescimento muito maior em relação ao PIB
e o Fundo Público Federal (FPF). Pode-se ferir que embora a meta do REUNI tenha sido
atingida, as IFES terão dificuldade em financiar seu custeio uma vez que o PIB, o FPF e os
impostos não acompanham o mesmo crescimento. De 2013 a 2015, o PIB alcançou um
aumento de 42,64 % e o FPF no mesmo período teve um aumento de 91%, enquanto o custeio
teve um aumento de 331%. Mesmo com o aumento de 338% no mesmo período da
arrecadação com impostos, não será possível cobrir o custeio, pois somente parte desta
arrecadação será destinado ao FPF.
A tabela 3 apresenta os recursos de investimentos, as receitas do FPF e as receitas dos
impostos, em relação ao PIB.
10
R$ milhões
FONTE: PIB: Banco Central do Brasil e IPEA; Despesas Correntes do FPF: SIAFI - STN/CCONT/GEINC e
Impostos: Arrecadação da Receita Administrativa pela SRF.
Tabela 3- Recursos para investimento, como percentual do PIB, das despesas correntes do FPF e da arrecadação
de impostos da União
Fonte: (Custeio/Investimento): OFSS- Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União. Período 2003-2015
Gráfico 1 – Evolução de Custeio e Investimento das IFES participantes do REUNI no período de 2003-2015
No ano de 2005, observa-se uma queda das despesas, devido ao tratamento contábil
diferenciado, referente à contribuição da União, de suas autarquias e fundações para o custeio
do regime de previdência dos servidores públicos. Em 2006, verifica-se um aumento das
despesas, devido aos reajustes salariais e aumento das receitas em virtude do aumento do
imposto de renda. No período de 2009-2011, destacou-se os investimentos em obras e
aquisição de equipamentos. Em 2014, houve redução nesse montante, em virtude da
finalização das obras e de aquisição desses equipamentos.
Os Gráficos 2,3 e 4 refletem as participações do custeio e investimentos em relação ao
PIB, FPF e Impostos demonstrados pelas Tabelas 2 e 3.
Fonte: PIB: Banco Central do Brasil e IPEA; Despesas Correntes do FPF: SIAFI - STN/CCONT/GEINC e
Impostos: Arrecadação da Receita Administrativa pela SRF.
Gráfico 2 – Evolução de Custeio e Investimento das IFES participantes do REUNI no período de 2003-2015- %
PIB
Fonte: PIB: Banco Central do Brasil e IPEA; Despesas Correntes do FPF: SIAFI - STN/CCONT/GEINC e
Impostos: Arrecadação da Receita Administrativa pela SRF.
Gráfico 3 – Evolução de Custeio e Investimento das IFES participantes do REUNI no período de 2003-2015- %
FPF
12
Fonte: PIB: Banco Central do Brasil e IPEA; Despesas Correntes do FPF: SIAFI - STN/CCONT/GEINC e
Impostos: Arrecadação da Receita Administrativa pela SRF.
Gráfico 4 – Evolução de Custeio e Investimento das IFES participantes do REUNI no período de 2003-2015- %
IMPOSTOS
5. CONCLUSÕES
vista a obtenção dos objetivos e os custos econômicos atuais e futuros relativos à execução
dos diferentes programas. Muito embora, não sejam visíveis as ações de controle gerencial, a
partir dos dados orçamentários apresentados. Sabe-se que houve controle gerencial, no nível
do planejamento, haja vista a composição do orçamento-programa. Verificou-se que os
relatórios de gestão, elaborados pelas IFES participantes do REUNI, são instrumentos
utilizados pelo governo para acompanhamento, controle e alterações.
Depreendeu-se também que aspectos políticos, econômicos e sociais, ora em crise no
Brasil, são determinantes nas decisões tomadas pelo governo, inclusive os cortes
orçamentários, contratação de empréstimos, comprometimentos orçamentários, aumentos de
programas e ações a serem executadas.
Por outro lado, enquanto as técnicas de controle gerencial garantem as decisões
governamentais, não apontam alternativas para as IFES como atenderem as necessidades e
compromissos assumidos diante desse cenário. Ou seja, o governo consegue reduzir/aumentar
o orçamento, fazendo revisões das metas, mas as IFES não conseguem reduzir suas despesas
nem alterar suas receitas, por questões jurídicas, políticas, pedagógicas e/ou institucionais.
Observa-se que, por meio de divulgações na mídia, relatos da ANDIFES, no ano de
2015, as dificuldades do MEC em manter o orçamento, com o corte de 31 milhões anunciado
pela equipe econômica, destinado as IFES com algumas implicações: “As IFES, após a
implementação do REUNI, começaram o semestre de forma muito precária, com cortes de
bolsas, sem pagamentos para os trabalhadores terceirizados, os restaurantes universitários têm
tido dificuldade de abrir” (ANDES, 2015).
As IFES, se efetuarem controle gerencial, deverão fazê-lo por meio de controle das
atividades exercidas. Aqui também se verifica que houve acréscimo de alunos, de professores
e de técnicos administrativos. As despesas com pessoal são despesas que não tem como ser
reduzidas, aliás, no período considerado, percebe-se um aumento do custeio, conforme
demonstrado na tabela e gráfico 2. Em muitas IFES, as obras não foram concluídas tais como
moradia de estudantes, hospitais-escola e salas de aulas. E mesmo, quando concluídas, sabe-
se que deverá haver critérios para utilização desses espaços, pois não tem como atender a
todos os alunos inscritos nos programas.
Assim, os problemas de escassez orçamentária do governo, quer sejam por baixa
arrecadação, ou por fatores políticos e/ou sociais estão afetando a manutenção e
desenvolvimento das ações no setor educacional. Trata-se de uma temática complexa, pois
alternativas de financiamento da educação esbarram no direito a educação gratuita e de
qualidade como garantias na CF/88 e podem também comprometer a indissociabilidade do
ensino, pesquisa e extensão.
Pesquisas futuras podem ser realizadas no sentido de utilização de recurso próprios das
IFES para cobrir este déficit.
6 REFERÊNCIAS
ANDES-SN, Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior. Corte no
orçamento do MEC evidencia crise nas universidades públicas. Disponível
em:<http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=7355>.Acessoem: 25
out. 2015.
14
Resumo:
As empresas incubadas podem ter focos diferentes em termos de controles internos se
comparadas com as demais. Nesse sentido, o artigo visa responder a questão de pesquisa
relativa aos controles internos financeiros utilizados por esse tipo de empreendimento no
âmbito da incubadora INCTECh, vinculada à UNOCHAPECÓ. Para tanto, objetivou-se
identificar o nível de utilização e o grau de importância imputado a determinados controles
internos. Quanto à metodologia empregada, caracteriza-se por um estudo descritivo, com
abordagem qualitativa, com utilização de coleta de dados por meio de questionário aplicado a
dez empresas incubadas. Quanto aos resultados, concluiu-se que a prioridade de uso maior
dos respondentes em controles internos era a gestão de contas a pagar e de contas a receber.
Entretanto, as informações consideradas como as mais relevantes estavam vinculadas à
planilha de custos, mesmo que a quase totalidade das incubadas não a utilize no dia-a-dia.
Com isso, emerge uma lacuna a ser explorada por pesquisas futuras e/ou pela direção da
própria incubadora, eis que parece ser uma carência informativa das entidades abrangidas no
estudo. Ainda foram destacadas algumas limitações associáveis à pesquisa e foram
apresentadas sugestões para estudos futuros.
Palavras chave: Controles internos financeiros, Empresas Incubadas, Gestão.
Abstract
The incubated companies may have different focuses in terms of internal controls, compared
with the others. In this way, the article aims to answer question concerning research on
financial internal controls used for this type of project within the INCTECh incubator linked
to Unochapecó. Therefore, we aimed to identify the level of use and the degree of importance
attached to certain internal controls. As for the methodology used, it is characterized by
descriptive study with qualitative approach and data collection through a questionnaire
applied to ten incubator companies. As for the results, it was concluded that the priority of
higher use of the respondents was the management of accounts payable and accounts
receivable. However, the information considered most relevant were linked to the cost
worksheet, even though almost all of the incubated did not use day-to-day. With that, emerges
a gap to be exploited by future researches and/or by the management of their own incubator,
as it what appears to be an informative lack of entities covered in the study. Also some were
highlighted assignable limitations to the research were presented and suggestions for future
studies.
Key-words: Internal Financial Controls, Incubated Companies, Management
1 INTRODUÇÃO
Para ter um bom desempenho e otimizar todos os recursos disponíveis em prol dos
objetivos da empresa, o gestor deve dispor de controles que possibilitem a visão e o manuseio
das informações de todos os departamentos. Conforme exposto por Sherwin (1956), o
controle é a ação que ajusta as atividades empresariais aos padrões predeterminados, sendo
que o mesmo deve estar organizado de modo a fornecer as informações que o administrador
necessita para tomar as decisões necessárias.
O controle interno possibilita o alcance das diretrizes internas da empresa, onde os
controles atuam como reguladores do comportamento dos diversos atores dentro das
organizações. Teixeira e Teixeira (1998) entendem que o esse mecanismo se faz oportuno e
indispensável em todas as divisões das organizações (como vendas, tesouraria, compras,
produção etc.) para otimizar a eficácia operacional com os menores níveis possíveis de
desperdícios de recursos.
Essa é uma realidade aplicável também às firmas sediadas em incubadoras
empresariais. Segundo Dornelas (2002), a atual estrutura das incubadoras vem sendo
aprimorada desde a década de 1970, quando nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, as
universidades, governos locais e instituições financeiras se reuniram para promover o
processo de industrialização das regiões em declínio ou pouco desenvolvidas. Nesse sentido,
esse tipo de organização tende a contribuir positivamente no processo de maturação de
negócios iniciantes, inclusive com a possibilidade de ofertar orientações acerca de controles
internos cabíveis para aprimorar a gestão dos novos empreendimentos. Contudo, a adoção
desses controles internos depende das políticas adotadas pelos empreendedores e vincula-se a
diversos aspectos, inclusive de ordem subjetiva (como a facilidade de compreensão e utilidade
dos mesmos no atual ciclo de vida da entidade).
Destarte, neste estudo se pretendeu indagar a respeito de quais controles internos
financeiros são utilizados pelos gestores das empresas (incubadas) vinculadas à INCTECh
(incubadora) sediada na UNOCHAPECÓ.
A referida questão de pesquisa está relacionada às seguintes hipóteses:
1) Os gestores desse tipo/porte de empreendimento priorizam exclusivamente o controle
dos aspectos operacionais.
2) Tende a ser baixo o nível de importância atribuído para os controles relacionados ao
desempenho econômico-financeiro nessas empresas.
Assim, para dirimir as dúvidas suscitadas, a pesquisa teve como objetivo identificar os
controles internos financeiros mais utilizados, bem como o grau de importância atribuído
pelos gestores dos empreendimentos sediados na incubadora da UNOCHAPECÓ.
É pertinente destacar que estudos com esse tipo de abordagem se justificam porque no
Brasil estão em funcionamento mais de 380 incubadoras (ANPROTEC, 2011), as quais
contribuem para a criação e fortalecimento dessas empresas, tanto do ponto de vista
operacional como gerencial. Nesse sentido, a partir do diagnóstico realizado, pode ser
possível identificar eventuais necessidades de aprimoramento das políticas adotadas pela
direção da incubadora, a fim de que se melhorem as condições e objetivando o fortalecimento
e desenvolvimento adequado das empresas incubadas mesmo após o período de vínculo com a
instituição.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura apresenta os conceitos que fundamentam o assunto pesquisado
e servem de base para análise dos dados coletados, como destacado nas próximas seções.
3 METODOLOGIA
Este estudo, quanto aos objetivos, pode ser classificado como descritivo, pois de
acordo com Gil (2008) as pesquisas descritivas almejam efetuar a descrição das características
de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Quanto ao procedimento de pesquisa,
optou-se pelo estudo de caso, sendo que Gil (2008) afirma que o estudo de caso consiste em
estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e
detalhado conhecimento.
Quanto à abordagem, este estudo é classificado como sendo qualitativo, pois o seu
objetivo está relacionado ao “levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em
compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos
indivíduos de uma população” (TURATO, 2005, p. 509).
A coleta de dados aconteceu através da aplicação de questionário nos meses de janeiro
e fevereiro de 2016, sendo utilizadas as ferramentas do Googledocs, entrevistas pessoais e, em
alguns casos, ligações telefônicas, as quais tiveram como base o mesmo questionário. A
população da pesquisa envolveu 16 empresas incubadas, sendo que 10 responderam e
compuseram, assim, a amostra abrangida pelo estudo. Convém esclarecer que para análise e
interpretação dos dados, estas empresas foram nomeadas de “A” a “J”, mantendo suas
identidades em sigilo por opção dos pesquisadores.
O questionário estava dividido em duas partes, sendo que a primeira parte visava
conhecer algumas características da empresa participante e do respondente, enquanto que a
segunda parte investigou acerca dos controles de gestão utilizados pelos administradores das
empresas vinculadas à Incubadora. Referido instrumento de pesquisa continha questões
abertas, questões de múltiplas escolhas e algumas perguntas envolviam uma escala de
importância que variava de “0” a “5”, sendo considerado o nível “5” como muito importante e
“0” como irrelevante.
O ambiente de estudo se passa na Incubadora Tecnológica da UNOCHAPECÓ
(INCTECh), que iniciou seus trabalhos no ano de 2003, a qual é um programa de fomento às
empresas nascentes para apoio e criação de novos negócios de base tecnológica com
responsabilidade ambiental e desenvolvimento econômico local, além de constituir um
mecanismo de transferência de tecnologia para inovação dos projetos de pesquisa. Possui,
ainda, a visão de ser referência no desenvolvimento e consolidação de empresas desse
segmento até 2022 (UNOCHAPECÓ, 2016).
No que tange às etapas de processamento e análise dos dados coligidos, estes foram
tabulados em planilha Excel, utilizando-se apenas a estatística descritiva (média e desvio-
padrão) pelo reduzido número de entidades abrangidas.
Peso 5 4 4 4
B
Uso Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 3 5 1
C
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 5 3 3
D
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 5 5 5
E
Uso Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 4 3 1
F
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 4 3 5
G
Uso Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 4 5 3
H
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 4 5 5
I
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 4 5 5
J
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Utiliza
No. de usuários 6 4 4 1
Média 5 3,9 4,2 3,3
Desvio-padrão 0,00 0,83 0,87 1,68
Fonte: dados da pesquisa.
Na Tabela 2 (e nas demais com essa configuração), o item “Peso” se refere ao grau de
importância que o respondente atribuiu para determinada informação proporcionada pelo
controle interno citado, sendo “5” equivalente a muito importante e “0” para irrelevante.
Quanto ao item “Uso”, este quesito pretendia conhecer acerca da utilização (ou não) total ou
parcial do controle interno citado.
Com base na Tabela 2, ao examinar o conjunto das dez empresas pesquisadas
verificou-se que, em relação a conhecer o lucro ou prejuízo (em R$) do período, 60% das
entidades abrangidas utilizavam a Demonstração do Resultado em sua gestão com essa
finalidade. Adicionalmente, essa informação era considerada por 100% destas como sendo
muito importante, visto que todas atribuíram grau 5 (muito importante) para esta alternativa.
No que tange a conhecer o percentual das despesas e dos custos em relação ao
faturamento, 40% das 10 empresas mencionaram utilizar esta informação. Quanto ao nível de
importância atribuído pelos respondentes, constatou-se média de 3,9 com desvio-padrão de
0,83.
Acerca da evidenciação da evolução do faturamento, dos custos e das despesas,
novamente 40% dos pesquisados afirmaram utilizar esta informação, enquanto que 50%
assinalaram peso 5 para este item. Por último, verificou-se que a informação com o menor
grau de utilização é o conhecimento das margens de lucro da empresa, visto que era utilizado
por somente 10% do total de incubadas participantes do estudo.
Além disso, vale destacar que a média geral do peso atribuído às quatro informações
fornecidas pela Demonstração do Resultado foi de 4,10, o que indica que os gestores das
incubadas consideram esses aspectos como importantes, a partir da escala utilizada no estudo
(que vai de “0” a “5”).
Peso 5 3 4 3 5
B
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 5
C
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 1 5 5 3
D
Uso Não utiliza Utiliza Utiliza Utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 5
E
Uso Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 5 1 1 4
F
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza Utiliza
Peso 4 3 4 4 3
G
Uso Não utiliza Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 4 5 5 4
H
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 3 3 2 5
I
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 3
J
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Utiliza Utiliza
No. de usuários 7 6 8 7 5
Média 4,9 3,9 4,1 3,9 4,2
Desvio-padrão 0,30 1,30 1,22 1,37 0,87
Fonte: dados da pesquisa.
Também foi questionado aos gestores acerca da frequência com que elaboram a
projeção do DFC e quem seriam os responsáveis por essa atividade. A maioria das empresas
(70%) respondeu que efetua tal levantamento, em média, uma vez por mês, sendo de
responsabilidade do gestor da empresa a elaboração desse demonstrativo.
Peso 5 4 4 4 4
B
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 5
C
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 5
D
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza Utiliza
Peso 5 5 5 5 5
E
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Utiliza Utiliza
Peso 4 1 5 3 4
F
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 3 5 3 3
G
Uso Utiliza Utiliza Utiliza Utiliza Não utiliza
Peso 5 3 5 4 4
H
Uso Utiliza Não utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza
Peso 5 4 2 2 4
I
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza Utiliza
Peso 5 3 4 3 4
J
Uso Utiliza Utiliza Não utiliza Não utiliza Utiliza
No. de usuários 10 7 7 3 6
Média 4,9 3,7 4,5 3,8 4,3
Desvio-padrão 0,30 1,19 0,92 0,98 0,64
Fonte: dados da pesquisa.
A possibilidade de visualizar os valores e vencimentos das contas a receber/pagar,
segundo consta da Tabela 6, foi considerada pelas dez empresas como relevante (peso médio
de 4,9), sendo essa informação utilizada por todos os usuários pesquisados. No entanto, a
possibilidade de obter informação referente a “definir oportunidade de negociação” foi
mencionada somente por três dos dez respondentes (com grau de importância médio de 3,8).
No conjunto das cinco informações ligadas à gestão de contas a receber e a pagar, o
peso médio da importância atribuída pelos respondentes atingiu 4,24. Esse valor colocou a
gestão de contas a receber/pagar na segunda posição em termos de relevância das informações
listadas na pesquisa, perdendo apenas para o conjunto de informes relacionados com a
planilha de custos e superando em importância as informações oriundas do demonstrativo de
resultado, do balanço patrimonial e da projeção do fluxo de caixa.
Por último, foi inquirido sobre o formato e a responsabilidade pela elaboração do
instrumento utilizado para gerenciar contas a receber e a pagar, bem como quanto à
frequência de uso no cotidiano administrativo. As respostas evidenciaram que este controle é
realizado por algumas empresas por meio de software específico (30%), sendo que as outras
utilizam as planilhas Excel para ter controle das contas a pagar e a receber. Das 10 empresas
participantes do estudo, nove fazem essa conferência mensalmente e uma faz diariamente;
cabendo a responsabilidade da execução aos gestores ou proprietários.
5 CONCLUSÕES
O artigo visou responder questão de estudo relacionada aos controles internos
financeiros utilizados pelos gestores das empresas vinculadas à INCTECh. Com esse
propósito objetivava identificar quais eram os controles mais utilizados pelos
empreendimentos sediados na incubadora da UNOCHAPECÓ.
Nessa direção, os autores entendem que a pergunta de pesquisa foi convenientemente
respondida eis que foram identificados, através das respostas obtidas por intermédio da
aplicação de questionários aos gestores das incubadas, os níveis de utilização e a relevância
imputada à Demonstração do Resultado, ao Balanço Patrimonial, ao Demonstrativo do Fluxo
de Caixa, à planilha de custos e à gestão de contas a receber/pagar. Em razão disso, o objetivo
priorizado também foi atingido, ou seja, foram levantados os controles internos financeiros
mais utilizados pelas empresas pesquisadas.
Além disso, com base no levantamento de dados efetuado, foram reputadas as duas
hipóteses anteriormente levantadas. A primeira aventava a possibilidade de os gestores deste
tipo/porte de companhia centrassem suas atenções exclusivamente em controles operacionais,
em detrimento dos controles internos financeiros. A segunda cogitava acerca de ser reduzido
o nível de importância imputado pelos respondentes aos controles voltados para o aspecto
econômico-financeiro. Como visto, a maioria dos administradores utilizava, mesmo que
parcialmente (ou com baixa frequência), os cinco tipos de controles financeiros enfocados no
estudo, além de atribuírem elevado grau de relevância para as informações vinculadas aos
mesmos.
Quanto aos resultados mais importantes, restou evidente que a maior preocupação dos
respondentes residia na gestão de contas a pagar/receber, posto que era o mais utilizado no
cotidiano administrativo. Contudo, as informações consideradas como as mais relevantes
estavam vinculadas à planilha de custos, mesmo que a quase totalidade das incubadas não
utilizasse no dia-a-dia. Com isso, emerge uma lacuna a ser explorada por pesquisas futuras
e/ou pela direção da própria incubadora.
No que concerne às limitações associáveis ao estudo, convém destacar especialmente
os aspectos relacionados ao pequeno número de participantes (apenas dez incubadas) e ter se
restringido aos cinco controles internos mais conhecidos. Em virtude do exposto, não cabe
generalizar os achados para outras incubadoras ou para as demais formas de controles
internos, visto que a abrangência limitou-se à incubadora da UNOCHAPECÓ.
Com recomendação para trabalhos futuros, cabe sugerir a expansão da abrangência
para as demais incubadoras sediadas no estado de Santa Catarina. Ainda, seria interessante
investigar a utilização de outros tipos de controles internos financeiros, bem como os de
caráter “não-financeiro” que eventualmente sejam utilizados por esse tipo/porte de
empreendimento.
REFERÊNCIAS
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LOPES de SÁ, A. L. Curso de auditoria. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Resumo
O objetivo desse artigo é investigar o nível de divulgação de informações sobre preço de
transferência das companhias listadas na BM&FBovespa, como requerido pelos itens 23B e
27A do CPC 22. A pesquisa é descritiva, de natureza documental e abordagem qualitativa. A
população é composta por 506 empresas listadas na BM&FBovespa e que apresentaram as
notas explicativas no ano de 2014. Destas, 335 empresas divulgaram informações por
segmento em suas notas explicativas, sendo que 125 afirmaram ter somente um segmento
operacional e por isso, trouxeram suas informações de forma consolidada. Das 210 empresas
que evidenciaram ter mais de um segmento operacional, 49 (23%) divulgaram transações
entre segmentos, e destas, 31 (63%) atenderam o item 23B do CPC 22, que exige que as
empresas informem as receitas das transações intersegmentos e 18 (37%) atenderam ao item
27A, informando o método usado para precificar essa transferência, ou seja, o método do
preço de transferência. Todas as empresas que evidenciaram a informação sobre o preço de
transferência, declararam usar o método baseado no mercado.
Palavra-chave: CPC 22; Informação por segmento; Preço de transferência.
Abstract
The objective of this paper is to investigate the disclosure level of information about transfer
pricing of the companies listed on BM&FBovespa, as required by the items 23B and 27A of
CPC 22. The research is descriptive, of documentary nature and of qualitative approach. The
population is composed of 506 companies listed on BM&FBovespa which have presented the
explanatory notes in the year 2014. Among these companies, 335 disclosed information by
segment in their explanatory notes, being that 125 claim they have only one operational
segment, 49 (23%) disclosed transactions between segments, and among those, 31 (63%)
complied with the item 23B of CPC 22, which requires that companies inform the revenue of
intersegment transactions, and 18 (37%) complied with item 27A, informing the method used
to price this transfer, that is, the transfer pricing method. All the companies that disclosed the
information about transfer pricing, stated that they used the market-based method.
Key-words: CPC 22; Information by segment; Transfer pricing.
2
1 Introdução
Empresas centralizadas têm como característica o processo de tomada de decisão
concentrado na alta administração, o que gera, em muitos casos, maior dificuldade para
responder de forma rápida às dificuldades do ambiente em que estão inseridas (ATKINSON,
et al., 2000). Na prática, à medida que a empresa cresce ocorre, normalmente, a
descentralização na tomada de decisões, com a delegação de autoridade e responsabilidade
aos gestores de nível inferior, o que permite reduzir o tempo da tomada de decisões e voltar os
esforços da alta administração para questões estratégicas (MAHER, 2001).
Contudo, a descentralização também apresenta desvantagens, como a falta de controle
sobre a tomada de decisão dos gestores (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 1997). Sendo
assim, em muitos casos as empresas descentralizadas optam também pela divisionalização, ou
seja, atribuem aos gestores a responsabilidade pelas decisões tomadas, levando à necessidade
de avaliar o desempenho desses gestores e de suas respectivas divisões, identificando as
operações que são produtivas e eliminando as que não satisfazem as expectativas
(JIAMBALVO, 2009).
Uma das maneiras de avaliar o desempenho das divisões é por meio de indicadores,
como o resultado. Quando a divisão transaciona com clientes externos, há receita e apuração
direta do resultado, porém, em empresas com algum nível de verticalização ocorrem, também,
transações entre unidades da mesma organização. Nestas circunstâncias é necessário registrar
o preço pelo qual o bem ou serviço foi transferido internamente entre as divisões do mesmo
grupo. A este registro dá-se o nome de preço de transferência (GRUNOW; BEUREN; HEIN,
2010).
O preço de transferência é, portanto, o preço cobrado nas transações de bem ou serviço
entre segmentos da mesma organização, gerando assim receita para o segmento vendedor e
custo para o segmento comprador (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 1997). Por muito
tempo a informação do preço de transferência era praticamente exclusiva dos usuários
internos. Entretanto, em 2009 foi aprovado o CPC 22 que trata das informações por segmento,
e essa informação passou a ser exigida também para os usuários externos da companhia,
proporcionando a todos os stakeholders a possibilidade de conhecer de forma mais detalhada
os negócios operados pela companhia e a forma de avaliação de desempenho de cada área
(SCHVIRCK; LUNKES; GASPARETTO, 2013), conforme divulgada a seu principal
executivo de operações. Conforme estabelece o CPC 22, em seus itens 13, 23 e 27, a entidade
deve evidenciar as receitas apuradas entre os segmentos, quando ocorrerem, bem como a base
de contabilização dessas transações, ou seja, o preço de transferência praticado entre eles.
Estudos recentes, entretanto, mostram que há uma resistência das empresas na
evidenciação de informações detalhadas por segmentos de negócios. Schvirk (2014),
Mapurunga, Ponte e Holanda (2014) e Souza e Neto (2014) analisaram o CPC 22, e dentre
outros, os itens que tratam do preço de transferência praticado entre segmentos. Schvirk
(2014), ao analisar 168 empresas que possuem mais de um segmento divulgável, no período
de 2010 a 2012, encontrou que cerca de 20% das empresas afirmam que há operações
intersegmentos e divulgam valores no relatório por segmentos, e dessas, 40%, ou seja, cerca
de 8% das 168 empresas analisadas, apresentavam a base de contabilização; Souza e Neto
(2014) analisaram 272 companhias no período de 2010 e 2011 e encontraram que, em média,
10% das empresas evidenciaram a receita entre segmentos e 6% evidenciaram a base de
contabilização; Mapurunga, Ponte e Holanda (2014), ao analisarem 363 empresas, em 2010,
identificaram uma evidenciação média de 13% para as receitas intersegmentos e 2% para a
base de contabilização. Destes, porém, somente o estudo de Schvirk (2014) analisou qual o
3
2 Revisão da Literatura
possua muitos produtos ou serviços para estipular uma margem (JUNQUEIRA; MORAES,
2005). Com a base de mensuração sendo os custos também será transferida ineficiência, se
houver, de um segmento para o outro, exceto se usado o custo-padrão.
O preço de transferência negociado permite que os gestores cheguem por meio de
negociações, a um preço a ser praticado na transferência de bens e serviços entre os
segmentos (JUNQUEIRA; MORAES, 2005) e, caso não haja um acordo entre as partes, em
alguns casos a alta administração autoriza a comercialização com clientes externos. Este
método traz aos gestores maiores motivações e autonomia (JIAMBALVO, 2009), no entanto,
como a negociação carece de tempo para os dois lados chegarem a um acordo, deve-se
analisar o custo versus benefício dessa transação, ou seja, a companhia deve avaliar se vale à
pena gastar esse tempo na negociação para que os gestores sintam-se autônomos e sejam
responsáveis pelo valor estabelecido nas transferências (HORNGREN; SUNDEM;
STRATTON, 2004). Ademais, para Atkinson et al. (2000), o preço de transferência
negociado pode refletir a capacidade de barganha dos gerentes e não sua capacidade
econômica, podendo trazer uma avaliação de desempenho injusta para os segmentos.
Devido às particularidades, o preço de transferência possui diferentes métodos para a
determinação de seu valor (COSENZA; ALEGRÍA, 2004), e dentre os métodos expostos não
existe um universalmente aplicável, nem que satisfaça todos os objetivos estabelecidos pela
organização (HORNGREN; SUNDEM; STRATTON, 2004). Assim, ao escolher seu método
de preço de transferência a companhia deve observar as características de cada método,
ponderando suas vantagens e desvantagens frente às suas necessidades de informação.
O preço de transferência como ferramenta de avaliação de desempenho pode
direcionar, além de gratificações aos gestores e unidades que apresentam bons resultados,
também os investimentos que serão feitos em cada área (SCHAFER, 2016), assim a
evidenciação dessas informações é relevante aos usuários externos à organização,
proporcionando a eles uma visão mais discriminada dos segmentos de negócios em que a
companhia atua e a representatividade do resultado de cada um deles para a organização.
A evidenciação, para Lopes e Martins (2007), deve ser entendida como o ato de
demonstrar aos usuários da informação contábil a forma como foram reconhecidos e
mensurados os dados contábeis. Araújo (2005, p.45) acrescenta que “a evidenciação é o canal
utilizado no processo de comunicação entre a entidade e os tomadores de decisões nas
organizações como instrumento de informação”. Portanto, a evidenciação seria a apresentação
dos dados contábeis de maneira que fiquem acessíveis a todos os usuários da informação.
A evidenciação pode ocorrer de duas formas: obrigatória e não obrigatória
(IUDÍCIBUS, 2004). As informações obrigatórias são aquelas regulamentadas por lei, como
no caso desta pesquisa, os itens 23 B e 27 A do CPC 22, de Informações por Segmento,
enquanto as informações não obrigatórias (complementares) são aquelas que não estão
exigidas na lei, mas que as empresas podem optar por apresentar para melhorar a qualidade de
sua informação, fornecendo maiores subsídios para que os usuários dos relatórios contábeis
tomem decisões.
O CPC 22 tornou obrigatória, a partir da Deliberação 582/2009, as informações por
segmento. Por meio desse pronunciamento, a entidade passou a ter que divulgar informações
contábeis que permitam aos usuários avaliar a natureza e os efeitos financeiros das atividades
de negócio nas quais a entidade está envolvida e os ambientes econômicos em que opera.
6
3 Metodologia
Número de Número
%
Segmentos operacionais de empresas
Dois segmentos 79 37,6%
Três segmentos 59 28,1%
Quatro segmentos 32 15,3%
Cinco segmentos 24 11,4%
Seis segmentos 8 3,8%
Sete segmentos 3 1,4%
Mais de oito segmentos 3 1,4%
Não especificado 2 1,0%
Total 210 100,0%
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Tabela 1 - Número de segmentos divulgados
Tabela 3 - Dados das empresas de acordo com os itens 23B e 27A do CPC 22
Número
Descrição na nota explicativa referente à informação por segmento
de empresas
"(...) desempenho dos segmentos foi avaliado com base nas receitas operacionais líquidas,
no lucro líquido e no capital empregado (ativos totais menos passivo circulante e passivo
1 não circulante) em cada segmento. Essa base de mensuração inclui os efeitos financeiros,
imposto de renda e a contribuição social, a depreciação e a amortização e são consistentes
com os registros das informações contábeis consolidadas".
“(...) estão apresentadas as informações do resultado e dos ativos por segmento, que foram
2 mensuradas de acordo com as mesmas práticas contábeis utilizadas na preparação das
informações consolidadas(...)”.
"O desempenho dos segmentos da Companhia foi avaliado com base nas receitas
operacionais líquidas, no lucro líquido do exercício e no ativo não circulante. Essa base de
2
mensuração exclui os efeitos de juros, imposto de renda e contribuição social, depreciação e
amortização”.
"Os resultados dos segmentos são mensurados utilizando as práticas contábeis adotadas no
1
Brasil".
“As informações apresentadas são mensuradas de maneira consistente com a da
1
demonstração do resultado”.
"(...) avalia o desempenho dos segmentos operacionais com base na mensuração do
1 resultado operacional (Resultado antes das despesas financeiras líquidas e nos tributos sobre
o lucro – EBIT)".
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
Quadro 2 – Descrição da base de mensuração utilizada pelas empresas em transações entre segmentos
11
Nota-se que estas empresas tratam de mensuração, entretanto, não apresentam a base
adequada para as transações entre segmentos, conforme solicitado pelo item 27 A do CPC 22.
Quatro empresas afirmam realizar avaliação de desempenho com base nos resultados dos
segmentos, o que permite inferir que nestas empresas o método praticado nas transferências
deve ser baseado no mercado, negociado, ou baseado no custo com uma margem, pois os
demais métodos de custos, conforme afirmam Pereira e Oliveira (2010), não dão suporte para
o cálculo do lucro na unidade vendedora.
As outras quatro empresas informaram frases vagas sobre mensuração, com o intuito
de atender ao requisito 27 A do CPC 22, mas sem divulgar alguma informação útil para a
compreensão dos métodos empregados nas transações realizadas entre os segmentos.
5 Conclusões
O objetivo dessa pesquisa foi analisar, após cinco anos da implantação do CPC 22
(informações por segmento), se as empresas de capital aberto estão divulgando as
informações relacionadas a preço de transferência, conforme exigido nos itens 23B e 27A.
Das 508 empresas listadas na BMF&BOVESPA, 335 (66%) empresas apresentaram
informações por segmento em suas notas explicativas, sendo que 210 (41%) apresentam mais
que um segmento e foram base para a análise das informações referentes à evidenciação da
receita obtida em transações entre segmentos (item 23B do CPC 22) e a base utilizada para
mensurá-la (item 27A do CPC 22) e 49 (10%) informaram realizar transações entre as partes,
enquanto 12 (2%) disseram não realizar transferências entre os segmentos.
Em relação às empresas que apresentaram informações por segmento nas notas
explicativas, foi contatado que apenas 23% informaram a realização de transações entre
segmentos e 5,71% evidenciaram, ou demonstraram por meio de saldos intersegmentos
zerados, que não fizeram transações entre as partes. Nota-se, desta forma, que a maior parte
das empresas, 70,95%, não demonstra em suas notas explicativas se realiza, ou não,
transações entre seus segmentos operacionais, conforme exigido pelo CPC 22.
Com relação ao item 23 B, das 49 empresas (23%) que afirmaram realizar transações
entre segmentos, 31 (63%) trouxeram nas notas explicativas as receitas originárias dessas
transações. No caso do item 27 A, apenas 18 (37%) informaram o método utilizado na
transferência, e em todos os casos o método apontado foi o de mercado, ao contrário dos
achados de pesquisas anteriores, que encontraram equivalência entre a utilização do método
baseado no mercado e baseado nos custos.
Como resultado da pesquisa notou-se que, apesar da crescente demanda por
transparência contábil por parte das empresas e, no caso desse estudo, sendo elas exigidas de
forma compulsória pelo CPC 22, ainda há um baixo nível de evidenciação das informações
por segmento, especificamente no que diz respeito às transferências, suas receitas e base de
mensuração, corroborando com os achados de Souza e Neto (2014), Schvirk (2014) e Schvirk,
Lunkes e Gasparetto (2013).
Sugere-se que estudos futuros aprofundem essa temática e busquem investigar se o
baixo nível de evidenciação ocorre devido à resistência por parte das empresas na divulgação
das informações gerenciais relativas ao preço de transferência, que antes eram restritas à
empresa, e que a partir de 2009 passaram a ter sua divulgação obrigatória, passando a estarem
acessíveis a todos os usuários da informação contábil, ou pela falta de conhecimento do
assunto (preço de transferência). Outra questão a ser investigada é uma possível relação entre
os métodos de preço de transferência utilizados nas transações entre segmentos e o fato de
12
negociar ações em bolsa, uma vez que os resultados encontrados nesta pesquisa diferem
significativamente dos achados de Tang (1979), Burns (1980), Yunker (1982), Borkowski
(1992), Tang (1993), Borkowski (1997) em estudos internacionais, e Grunow, Beuren e Hein
(2010) e Schäfer (2016), em estudos no Brasil.
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Custos de produção no setor de bebidas: análise em uma micro cervejaria
Resumo:
O aumento da competitividade no setor cervejeiro, em virtude da concorrência e do crescente
mercado de produtos industrializados, juntamente com a renovação dos parques fabris das
micro cervejarias, intensifica a aplicação da contabilidade de custos para aprimoramento da
estratégia de preços. Neste sentido, a presente pesquisa consiste em um estudo de caso dos
custos envolvidos no processo de produção de uma micro cervejaria. O estudo tem como
objetivo definir o custo de produção de cerveja artesanal, para fins de tomada de decisão. Por
meio dos resultados, observa-se que os custos diretos somam R$ 1.114,03 para o volume de
um ciclo de produção (brassagem) de 950 litros. Já os custos indiretos totalizam R$ 7.639,00
para um mês, e foram rateados pela quantidade de produção (8 brassagens) no mês. Os custos
e despesas totais de fabricação resultam em R$ 2.527,65, ou seja, R$ 2,66 por litro produzido.
O valor de venda é de R$ 8,50 por litro, que engloba 35,50% de impostos. Assim, a empresa
mantém a margem de lucro em um percentual de 33,20% sobre o preço praticado.
Abstract
The increased competition in the beer industry, because of competition and the growing
market for industrial products, along with the renewal of manufacturing facilities of micro
breweries, intensifies the application of cost accounting to improve the pricing strategy. In
this regard, the present research consists of a case study of the costs involved in the
production process of a micro brewery. The study aims to define the cost of the craft beer
production for decision-making purposes. By the results, it is observed that the direct costs
add up to R $ 1,114.03 for the volume of a production cycle (mashing) of 950 liters. As for
the indirect costs totaled R $ 7,639.00 for a month, and were prorated by the amount of
production (8 brassagens) in the month. Total costs and manufacturing expenses result in R $
2,527.65, or R $ 2.66 per liter produced. The sale price is $ 8.50 per liter, which comprises
35.50% of taxes. Thus, the company keeps the profit margin on a percentage of 33.20% of the
price charged.
Com a abertura do mercado nacional no início dos anos de 1990, o Brasil se expôs a
um mercado externo muito eficiente e adaptado à competição. As empresas brasileiras
passaram a concorrer com produtos estrangeiros, o que levou o setor produtivo nacional a se
reciclar e aderir a novas técnicas de gestão, consequentemente, tais mudanças atingiram o
ramo das cervejarias.
Nos últimos cinco anos o mercado cervejeiro cresceu em ritmo acelerado. Em 2010,
havia no Brasil em torno de sessenta cervejarias de porte artesanal, hoje, em 2015, se
encontram mais de trezentas. Em 2014, o setor teve um crescimento sólido na casa dos 20%
(GLOBO, 2015). Outro processo interessante que vale ser ressaltado é o “boom de
homebrew”, os cervejeiros caseiros. Foram esses os pioneiros na produção de cerveja
artesanal no país, muitos dos quais vieram a produzir em escala industrial futuramente.
Nos mercados mais desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos, onde o consumo de
cervejas artesanais chega a ser 20% do total em um mercado de U$ 100 bilhões por ano,
encontram-se mais de 3.000 micro cervejarias. Em comparação, no Brasil, as cervejas
artesanais correspondem a 1,5% do mercado e existem em torno de 300 micro cervejarias,
quase todas localizadas no Sul e Sudeste do país. Para que se mantenham rentáveis e
competitivas, as micro cervejarias podem observar e aplicar uma adequada gestão de custos
para a tomada das decisões gerenciais (RIBAS, PARAIZO, 2015).
Segundo Martins (2006), a contabilidade de custos pode ter duas funções distintas:
auxílio no controle e ajuda na tomada de decisões. Em relação às decisões, fornece
informações sobre valores relevantes de curto e longo prazo. Tais informações são essenciais
para decisões como o corte de produtos, administração de preço de venda etc.
O crescimento acentuado do setor de cervejarias artesanais, o aumento da
competitividade nesse nicho de mercado por meio do aumento do número de cervejas
Premium importadas e a modernização dos processos de produção nas cervejarias do setor,
muitas vezes subsidiadas pelas grandes multinacionais do ramo, vem causando uma redução
significativa no preço praticado. No cenário apresentado, acredita-se que existe a
possibilidade da aplicação dos fundamentos da contabilidade de custos em uma cervejaria de
pequeno porte, localizada em Florianópolis (SC), cujo problema pode ser assim enunciado:
qual o custo de produção de cerveja artesanal?
Visto que a precificação dos produtos de empresas de pequeno porte dependem tanto
dos preços praticados pelo mercado, quanto dos custos incorridos durante a produção, a
proposta do trabalho é determinar os custos da produção de cerveja para assim fornecer dados
confiáveis para a tomada de decisão dos gestores. Assim, o objetivo traçado a fim de
responder à pergunta de pesquisa consiste em analisar os custos envolvidos na produção de
cerveja artesanal de uma micro cervejaria do município de Florianópolis, SC.
2 REVISÃO DA LITERATURA
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS
Os custos diretos são aqueles que têm relação direta com a produção, não há
necessidade de atribuir uma forma de rateio. Na produção de chope artesanal foram
identificados os seguintes custos diretos:
- Matérias primas como malte, lúpulo e fermento devem ter seus custos apropriados
durante o processo produtivo. Seu consumo é diretamente relacionado à quantidade
produzida.
- GLP, ou gás liquefeito de petróleo, usado para esquentar as caldeiras e o vapor
produzido que segue para as panelas de mosturagem e fervura.
- Para a produção de 950 litros de chope são usados diretamente no processo 1.000
litros de água (1m3).
- Grande parte da energia elétrica usada é diretamente relacionada à atividade fabril,
na geração de frio para a fermentação e maturação.
- No processo de embarrilhamento é adicionado CO2, a incidência final de custo direto
na produção.
A água também é usada na limpeza da fábrica, mas neste caso não se encaixa como
custo direto. O mesmo ocorre com a energia elétrica, que tem uma parte mínima consumida
nas áreas administrativas da empresa e pode ser considerada despesa, porém, não há
necessidade de fazer a distinção.
Os valores representam a quantidade de uma brassagem, ou seja, de um ciclo
produtivo. Tais valores correspondem ao tempo padrão de fabricação. Foram contabilizados,
no total, R$ 1.114,03 de custos diretos no processo de uma brassagem. Tais custos incidiram
na seguinte ordem no processo produtivo, conforme a Tabela 1:
Tabela 1 – Custo Direto
ITEM Valor (R$) Acumulado
Matérias Primas R$ 621,78 R$ 621,78
GLP R$ 180,00 R$ 801,78
Água R$ 16,00 R$ 817,78
Energia Elétrica R$ 156,25 R$ 974,03
CO2 R$ 140,00 R$ 1.114,03
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados coletados.
Os custos indiretos são aqueles que não podem ser alocados diretamente e precisam de
alguma forma de rateio, portanto, tendem a ter certo grau de arbitrariedade. Foram
identificados nos dados da empresa os seguintes custos indiretos:
O custo indireto, e também o fixo de maior importância são os salários mais vale
transporte. A empresa mantem dois funcionários para ajudar nas tarefas de fabricação e
distribuição. Dentro da conta salários pode se fazer um adendo ao responsável químico.
Apesar de não ser contratado pela empresa, presta serviços a fim de verificar o processo
produtivo e afirmar que a empresa segue as boas práticas e normas. Para tal trabalho também
paga-se o Conselho de Química.
Outros custos indiretos ao processo produtivo são a retirada de resíduos, a licença
ambiental anual foi fracionada em doze vezes. Outros alvarás, também anuais, também foram
fracionados.
Foram gastos, ao longo do ano de 2014, R$ 18.000,00 em manutenção preventiva das
máquinas e equipamentos da fábrica, o que resultou em R$ 1.500,00 por mês de operação. Já
para a depreciação, foi considerada a parcela mensal escriturada nos livros da empresa, no
valor de R$ 1.500,00, conforme a Tabela 2.
A empresa pratica um preço único para a venda de chope, no valor de R$ 8,50 o litro.
A partir deste valor pode-se deduzir os impostos e contribuições para se chegar ao valor real
do produto vendido, demonstrado na Tabela 6.
5 CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo determinar o custo unitário de produção de chope
Pilsen. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas e visitas à empresa. Foram
totalizados R$ 1.114,03 de custos diretos de produção, sendo que o malte é a principal matéria
prima e representa o maior valor dos custos diretos. Os custos indiretos, aqueles que precisam
de alguma forma de rateio para sua apuração, representaram no mês o valor de R$ 7.639,00,
visto que foram feitas 8 brassagens no mês em estudo. Tal valor, rateado pelo número de
brassagens, resulta em R$ 954,87.
Logo, o custo de fabricação de chope é de R$ 2.018,90, resultando no valor por litro
de R$ 2,18. Adicionando as despesas no valor mensal de R$ 3.670,00, ou R$ 458,75 por
brassagem, resulta no custo total de fabricação de R$ 2,66 por litros produzidos. Pode-se
constatar também a incidência de R$ 3,01 de tributos para cada litro vendido a R$ 8,50,
representando 35,50% do valor total do produto. Assim, após as deduções e os custos totais de
produção, a empresa consegue obter R$ 2,82 de lucro por litro produzido, uma margem em
torno de 33,20% do valor final do produto.
Por ser um produto sazonal, com pico de venda no verão, foi feita a análise
custo/volume/lucro, com destaque a dois principais índices: margem de contribuição e ponto
de equilíbrio. O valor unitário da margem de contribuição foi de R$ 4,31 por litro produzido,
já o ponto de equilíbrio foi de 2.623,89 litros ou o faturamento mensal de R$ 22.303,13.
Assim, conclui-se que é importante para a empresa estar em sintonia com os custos de
produção e o mercado consumidor, a fim de estabelecer uma precificação em consonância
com a concorrência, o que possibilita, deste modo, conseguir lucros maiores.
Recomenda-se, como pesquisa futura, a aplicação das análises aos demais tipos de
cerveja fabricados pela empresa, além da aplicação de outros métodos de custeio, como o
RKW e o Custo Pleno, bem como a produção de outros índices como mix de produtos
fabricados e a determinação dos fatores que restringem a produção.
6 REFERÊNCIAS
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Resumo
Este estudo objetiva avaliar o desempenho de empresas franqueadas estabelecidas em
shopping centers. Para tal, pesquisa descritiva foi realizada a partir de um levantamento por
meio de um questionário autoadministrado pelo gestor de cada empresa franqueada. A
população da pesquisa compõe-se das 187 lojas de cinco shopping centers estabelecidos em
uma cidade da região Sul do Brasil, e a amostra consistiu das 22 empresas respondentes do
questionário. Os resultados da pesquisa revelam um perfil dos gestores das empresas
franqueadas respondentes da pesquisa, sendo que a grande maioria não possuía nenhum
negócio antes deste e muitos gestores classificam a gerência da franquia em questão como sua
principal profissão. Apesar da mitigação do risco amplamente defendida para este modelo, o
que mais influenciou os empreendedores na escolha do sistema franchising em detrimento do
negócio próprio foi a facilidade de operação, indicado como principal elemento que os
encorajou a abrirem seu primeiro negócio. A maioria dos participantes da pesquisa reportou
que está satisfeita com sua franquia, caracterizando o desempenho do ano de 2015 como bom,
dentro do esperado. Conclui-se que os resultados da pesquisa estão alinhados com os
preceitos teóricos, mas instigam a investigação do retorno sobre o capital investido na
franquia.
Abstract
This research aims to assess the franchisees’ performance located in shopping centres. As
such, the descriptive study was based on a self-administered questionnaire answered by
franchisee’s managers. The survey frame included 187 franchisees of five shopping centers
settled in a Brazilian city, in the south of the country. The survey had 22 respondents. The
results showed the profile of those managers included in the survey, of which, a majority did
not have any business before this, and many managers classify the franchisee administration
as their main profession. Despite the well known risk mitigation, the main factor which led
these entrepreneurs choosing the franchise chain, despite an own independent business, is the
easiness of operation, appointed as the key element that encouraged them to open their first
business. Most participants of this research reported that are satisfied with their franchise,
characterizing their performance of 2015 as good as expected. It is concluded that the
outcomes of this study are aligned with theoretical precepts, but urges further investigation
over the return on investments’ of franchisees.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sistema franchising
Construtos Questões
Características do Qual sua experiência em negócios antes de investir nesta franquia?
perfil dos Qual é seu gênero?
franqueados Qual a faixa etária em que você se encaixa?
Qual foi o nível de educação mais alto que você completou?
Há quanto tempo você é franqueado de alguma franquia?
Atualmente quantas franquias você tem?
A gerência da franquia é seu trabalho principal? Aproximadamente quantas horas
semanais você dedica à gerência da franquia?
Quais os possíveis fatores o levou a escolher este modelo de negócios em detrimento
do negócio próprio?
Há quanto tempo a franquia está em operação?
Há quanto tempo a franquia está sob a gestão do atual proprietário?
Esta franquia sempre esteve em operação neste local?
Como é determinado seu relacionamento com seu franqueador?
Quais foram os itens de investimentos inclusos no investimento inicial desta franquia?
Características da
franquia e do Seu sistema de franquia exige a revitalização da loja? Qual o intervalo de tempo
sistema franchising exigido?
Como a taxa mensal de publicidade é definida e qual é a sua percepção sobre esta
despesa?
Como a taxa de royalties mensal é definida e qual é sua percepção sobre este custo?
Em qual Shopping Center que a franquia esta situada?
Em qual segmento determinado pela ABF a franquia se encontra?
Como você caracteriza o desempenho da sua franquia no ano de 2015 em comparação
com seus concorrentes diretos?
Como foi o desempenho da sua empresa em termos de vendas e de resultados no ano
de 2015 em comparação a 2014 e qual a previsão para 2016 em relação a 2015?
Avaliação do
Quão satisfeito você está por ter esta franquia?
desempenho das
Quanto a este investimento, você faria tudo novamente se tivesse esta opção?
empresas
Justifique.
franqueadas
O investimento já apresentou o retorno do capital investido? Quando ocorreu o
investimento? Depois de quanto tempo obteve o retorno do investimento?
Qual foi o valor do investimento inicial para o funcionamento do negócio e qual é o
ganho percentual obtido com o investimento?
Fonte: Elaboração própria.
Quadro 1 - Construto da pesquisa
Observa-se na Tabela 1 que, para a questão que indagava sobre “Qual a sua
experiência em negócios antes de investir nesta franquia?”, 40,9% dos franqueados afirmaram
não ter nenhum tipo de negócios antes de investir nesta franquia, seguido da assertiva “eu
tinha um negócio que não era uma franquia”, e a menos frequente, “eu tinha uma franquia em
outro sistema”. Os resultados do questionário americano apontaram maior disparidade, pois
63% dos respondentes não possuía nenhum tipo de negócio antes (franchisegrade.com, 2015).
Dentre os atributos desejados para franqueados, apresentados na amostra de Souza e
Lourenzani (2011), tem-se: habilidade para lidar com pessoas, habilidades comerciais e
administrativas para a gestão do negócio.
Souza e Lourenzani (2011, p. 125) afirmam que “a necessidade de se ter diploma de
curso superior e experiências comerciais anteriores revela que a franquia não é um segmento
que permite a entrada de pessoas dispostas a aprender e não 'testar' seus conhecimentos”.
Todos os franqueadores ressaltaram a importância de habilidades comerciais e administrativas
do gerente, três delas indicaram que o diploma de curso superior é um atributo indispensável.
O tempo de experiência no sistema franchising também foi abordado na pesquisa.
Obtiveram-se resultados variados, a faixa de 6 a 9 anos representou 36,4%, seguido da faixa
de 1a 2 anos, que obteve 31,8%. A survey americana também apresentou maior concentração
de respostas nesta faixa, pois a assertiva 6 a 9 anos de experiência contou com 24% da
amostra, seguido da faixa 3 a 5 anos com 23% (franchisegrade.com, 2015).
Quanto aos possíveis fatores determinantes na escolha do sistema franchising em
detrimento do negócio próprio, a questão de múltipla escolha apresentou que 65% dos
franqueados adotaram o modelo franchising pela facilidade na operação, seguido de fatores
como falta de experiência e mitigação do risco, que obteve 25%, e o fator considerado por
apenas um dos 20 respondentes foi a dependência do franqueado. Infere-se a aplicabilidade da
Teoria da Agência na escolha deste modelo de negócios, assim como no estudo de Olivo et al.
(2009, p. 109), que constataram “indícios de ganhos intrínsecos no modelo de franquias, o que
sugere a aplicabilidade da Teoria de Agência no Brasil”.
Quanto ao número de franquias que os franqueados possuem atualmente, as
alternativas “esta é a minha única franquia” e “três ou mais franquias” obtiveram 40,9% cada,
e 18,2% dos franqueados possuem duas franquias. Vance, Fávero e Luppe (2008) verificaram
que 44% dos franqueados de seu estudo possuíam mais de uma loja da mesma rede e 7%
possuíam unidades de outras redes.
Questionou-se também se a gerência da franquia era o seu trabalho principal e 77,3%
dos respondentes indicaram que sim. Este grupo apresentou a média de horas semanais
dedicadas à esta atividade, e os intervalos foram de 30 a 90 horas, com média de
aproximadamente 49 horas e meia semanais, mas dentre os doze respondentes, houve um
gestor que afirmou trabalhar o máximo possível. Por outro lado, três respondentes do grupo
que afirmaram que a gerência da franquia não é a principal ocupação, indicaram que o tempo
de dedicação semanal é de 4, 6 e 30 horas, respectivamente.
O estudo de Souza e Lourenzani (2011) concluiu que as principais características
exigidas a um candidato a franqueado são: empreendedorismo, liderança e atitude perante ao
risco. Este estudo também aferiu que a variável perfil do franqueado possui alto grau de
influência no desempenho do negócio. Talvez os resultados da pesquisa, ainda que limitados
ao escopo da pesquisa e à amostra investigada, possam denotar uma justificativa pra que a
maioria dos estudos nacionais sobre o franchising trabalha com a temática do
empreendedorismo e estratégia (MELO; ANDREASSI, 2010).
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IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL NO PROCESSO DE
GESTÃO NAS INDÚSTRIAS DE SARANDI-RS
Tagiane Graciel Fiorentin Tres (UPF) – ta_graci@hotmail.com
Paula Venilde Ascoli Tretto (UPF) - paula.tretto.20@gmail.com
Nadia Mar Bogoni (UPF) – nbogoni@upf.br
RESUMO
O presente trabalho buscou verificar se os empresários das indústrias moveleira e têxtil
de Sarandi-RS possuem contabilidade gerencial e se a utilizam no processo de gestão.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa-diagnóstico, descritiva, com abordagem
quantitativa e qualitativa, delineada para um estudo de levantamento. Os dados foram
coletados através de questionários no modelo Escala de Likert, bem como, aplicou-se o
teste estatístico Qui Quadrado para análise dos resultados. Como resultados tem-se que:
apenas 26% da amostra demonstram ter conhecimento em contabilidade gerencial, e dos
que tem conhecimento os homens se destacam como maiores conhecedores. Entre as
ferramentas mais utilizadas estão apuração dos custos e formação do preço de venda.
Também evidencia que 63% dos gestores utilizam as ferramentas gerenciais no
processo de gestão da empresa. As empresas que tem mais anos de atividade e maior
número de funcionários são as que mais utilizam o fluxo de caixa e o ponto de
equilíbrio. As principais justificativas para a utilização das ferramentas da contabilidade
gerencial são a possibilidade de reduzir custos, aumentar os lucros, melhorar o
planejamento geral das operações da empresa e contribuir para sobrevivência e
continuidade da empresa.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
Este estudo objetiva verificar se as empresas do setor Têxtil e Moveleiro de
Sarandi-RS adotam a contabilidade gerencial no processo de gestão, bem como
verificar as ferramentas geradas pela contabilidade gerencial para auxilia-los nesse
processo, quais benefícios alcançados, suas percepções acerca desse instrumento. Para
tanto, utilizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa,
delineada para uma pesquisa-diagnóstico, cujo procedimento técnico utilizado foi um
levantamento.
O universo de pesquisa compreendeu indústrias do setor Têxtil e Moveleiro com
sede em Sarandi/RS. A escolha por esses setores deu-se pelo fato do município ser
considerado polo industrial que tem crescido significativamente nos últimos tempos
assumindo grande importância na economia regional através da geração de empregos e
renda. Foram selecionadas 28 (vinte e oito) indústrias, utilizando o método não
probabilístico de seleção da amostra.
Os dados foram coletados em 2015 através de questionário moldado em três
blocos, com total de 34 (trinta e quatro) perguntas, entregue pessoalmente pelo
pesquisador aos responsáveis pela gestão da empresa. Para validação do instrumento foi
aplicado um pré-teste, visando eliminar distorções e dúvidas que pudessem
comprometer a realização da pesquisa, bem como ajustar o número ideal de questões.
As questões foram moldadas em escala de Likert. A escala Likert tem por objetivo
avaliar o grau de concordância dos respondentes com os conceitos e posicionamentos
dos autores pesquisados sobre as questões que norteiam a presente pesquisa.
A pesquisa também apresenta uma análise estatística utilizando o Modelo Qui
Quadrado. O Modelo Qui-quadrado, simbolizado por x2, é um teste de hipóteses que se
destina a encontrar um valor da dispersão para duas variáveis nominais avaliar a
associação existente entre variáveis qualitativas. O princípio básico deste método é
comparar proporções, isto é, as possíveis divergências entre as frequências observadas e
esperadas para um certo evento. Portanto, o teste é utilizado para: verificar: a) se a
frequência com que um determinado acontecimento observado em uma amostra se
desvia significativamente ou não da frequência com que ele é esperado; b) comparar a
distribuição de diversos acontecimentos em diferentes amostras, a fim de avaliar se as
proporções observadas destes eventos mostram ou não diferenças significativas (
STEVENSON, 2001).
A tabulação dos dados foi feita em planilha de Excel, gráficos e modelos
estatísticos Qui-quadrado e Escala Likert.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O questionário foi entrega para 28 (vinte e oito) empresas industriais, dos quais,
24 (vinte e quatro) dos empresários, administradores e contadores, aceitaram participar
da pesquisa. A análise das respostas obtidas está na mesma ordem da sequência do
questionário.
Tabela 01- Identificação e utilização das ferramentas Contábeis Gerencias no processo de gestão:
Identificação e Utilização das ferramentas Contábeis
Gerencias no processo de gestão
Ferramentas Gerenciais Utiliza na Gestão Não utiliza na gestão
Orçamento Empresarial 49% 51%
Fluxo de Caixa 58% 42%
Análise das Demonstrações contábeis 36% 64%
Análise através de Indicadores 31% 69%
Apuração dos Custos 96% 4%
Formação do preço de venda 92% 8%
Margem de contribuição 40% 60%
Ponto de Equilíbrio 53% 47%
Margem de Segurança 36% 64%
Planejamento estratégico 38% 62%
Indicadores de Qualidade 53% 47%
Fonte: Dados da pesquisa 2015
Conforme demonstrado na tabela 01, as empresas de modo geral utilizam de
alguma das ferramentas gerenciais apontadas na pesquisa para gestão da empresa.
Percebe-se que umas das ferramentas que têm mais destaque é apuração dos custos,
utilizada praticamente por todas, usada com a finalidade de formar o preço de venda dos
seus produtos. A segunda ferramenta mais utilizada pelas empresas em estudo é a
formação do preço de venda, exceto por duas empresas que representam os 8% da
amostra. Argumentam os entrevistados, que a sua utilização é necessária para manter
competitividade com outras empresas do ramo.
É comum a apuração dos custos e formação do preço de venda se destacar, esse
percentual pode estar relacionado ao ramo da empresa, por se tratar de Indústria, na qual
apurar custo é indispensável para formar preço.
As empresas também foram questionadas sobre o porquê da utilização dessas
ferramentas, conforme veremos tabela abaixo com as justificativas informadas pelos
respondentes:
A tabela apresenta que os gestores que utilizam das ferramentas gerenciais têm
conhecimento da importância para gestão da empresa.
RESPOSTAS
INDAGAÇÃO
Muito Pouco Médio Muito Muitíssimo
Pouco
Tem Conhecimento sobre contabilidade
gerencial: 29% 33% 12% 13% 13%
Considera o uso das ferramentas contábeis
gerenciais importantes para gestão da 8% 4% 17% 38% 33%
empresa:
As ferramentas gerenciais permitem o
acompanhamento dos resultados da 4% 12% 8% 63% 13%
empresa:
A utilização das ferramentas gerenciais
possibilita o aumento da lucratividade: 8% 4% 21% 54% 13%
O uso das ferramentas gerenciais
possibilita maior controle sobre a empresa: 4% 8% 13% 46% 29%
Os custos podem ser reduzidos a partir da
utilização de ferramentas da contabilidade 8% 13% 25% 25% 29%
gerencial;
As ferramentas gerenciais influenciam e
auxiliam no processo de planejamento 12% 8% 25% 42% 13%
geral das operações da empresa:
As ferramentas gerenciais são importantes
para continuidade e sobrevivência da 8% 4% 25% 42% 21%
empresa:
Tem o habito de solicitar ao contador
relatórios gerenciais para auxilio na tomada 25% 16% 21% 21% 17%
de decisão:
Utiliza os relatórios gerenciais no dia-dia,
no processo de gestão da empresa: 33% 4% 29% 17% 17%
Após a utilização das ferramentas
gerenciais, sua empresa apresentou 12% 0% 33% 42% 13%
melhores resultados:
Fonte: Dados pesquisa 2015.
Com a utilização da escala Likert aplicada no questionário da pesquisa e
apresentados na Tabela 3, tem-se que: 62% dizem ter pouco conhecimento em
contabilidade gerencial, chamando atenção para fato que 58 % dos gestores tem ensino
superior na área administrativa e contábil, em contra partida 71% dos respondentes diz
considerar o uso das ferramentas contábeis gerenciais importantes para gestão da
empresa, demonstra que apesar de ter pouco conhecimento sobre assunto, acredita ser
importante.
Indagados se as ferramentas gerenciais permitem o acompanhamento dos
resultados da empresa, as respostas são positivas em 76%, outra questão positiva é que
67% acreditam que a utilização das ferramentas gerenciais possibilita o aumento da
lucratividade dentro de uma gestão adequada e 75% dos respondentes acredita que o uso
adequado dessas ferramentas possibilita ao gestor maior controle sobre a empresa.
Os respondentes foram questionados se os custos podem ser reduzidos com
utilização das ferramentas gerencias, a pesquisa evidencia que 54% acredita que da pra
reduzir os custos, 25% respondeu que de alguma forma da pra reduzir com a utilização.
Foram questionados se as ferramentas gerenciais influenciam e auxiliam no
processo de planejamento geral das operações da empresa, 55% respondeu que muito e
muitíssimo e 25% respondeu que de forma média, nem sempre toma decisão com base
nos relatórios gerenciais.
Outro questionamento importante foi se as ferramentas gerencias são importantes
para continuidade e sobrevivência da empresa, 63% diz ser muito e muitíssimo
importante, 25% diz ser médio, e 12% acredita ter pouco e muito pouco importância.
Sobre os gestores terem hábito de solicitar ao contador relatórios gerencias para
lhe auxiliarem na tomada de decisão, 38 % diz solicitar muito e muitíssimo, 29% diz ser
médio e 41% diz solicitar pouco e muito pouco, pois seus contadores não lhe atendem
da forma espera.
Foram também questionados se utilizam os relatórios gerencias no dia-dia da
empresa, 34% diz usar diariamente ou com regularidade, 29% quando utilizam é mais
esporadicamente e 37% não utiliza.
Para empresas que passaram a utilizar as ferramentas gerencias a empresa
apresentou melhores resultados, grande parcela respondeu positivamente em 55%.
Essas empresas que utilizam e geram informações para controle gerencial, tem
um sistema que lhe possibilita geração desses dados, 71% responderam que sim, e 29%
respondeu que não, tendo informações geradas através de planilhas, questionadas se o
sistema é satisfatório e atende as necessidades da empresa, das empresas que possuem
sistema, 100% responderam que atende sim as necessidades, mas fizeram algumas
observações como: necessidade de melhorias e adaptações continua e enfatizou que o
atendimento técnico não é satisfatório.
A análise a seguir trata-se de uma estatística descritiva das variáveis, freqüência
e percentual. Para um melhor aproveitamento dos dados foi utilizado o teste estatístico
de Qui-quadrado, admitindo ser significativo quando o p-value< 0,05, os resultados
obtidos com aplicação do teste seguem descritos abaixo:
De acordo com pesquisa há uma grande semelhança entre os sexos na gestão das
empresas (50% são homens, e 50% são mulheres) com relação a ter o conhecimento de
contabilidade gerencial, porem pode-se observar que entre muito e muitíssimo
conhecimento os homens tem um maior número sendo que (quatro) deles (33,33%) em
comparação a elas com apenas (duas) (16,67%), a pesquisa também mostra que dos
respondentes de meia idade (36 á 55 anos) são os que mais têm conhecimento sobre
contabilidade gerencial.
Em relação aos anos de atividade da empresa, as empresas que tem mais que 10
anos de atuação, são as que mais utilizam as ferramentas como: ponto de equilíbrio,
significativo p=0.024, e fluxo de caixa, significativo p=0.045.
CONCLUSÕES
O presente trabalho foi desenvolvido com intuito de verificar se os empresários
do ramo Industrial, dos setores têxtil e moveleiro situados no município de Sarandi-RS,
possuem contabilidade gerencial e se utilizam dessa ferramenta no processo de gestão
da empresa. Buscou verificar se ferramentas geradas pela contabilidade gerencial é
utilizado na gestão da empresa, o conhecimento dos empresários em contabilidade
gerencial, a forma como aplicam na gestão do negócio e os motivos que levam os
empresários a adotar práticas gerenciais no processo de gestão do seu negócio.
Os principais resultados demonstram que das 28 empresas pesquisadas, apenas
15 empresas utilizam as ferramentas gerencias no processo de gestão. Os empresários,
na sua grande parcela, demonstraram ter pouco conhecimento sobre contabilidade
gerencial, chamando atenção para fato de que mais que a metade deles tem curso
superior na área administrativa e contábil. Os resultados inferem também que apesar da
igualdade dos sexos na gestão das empresas, os homens apresentam ter mais
conhecimento em contabilidade gerencial do que as mulheres.
Com relação às ferramentas gerenciais, 63% utilizam na gestão e 33% não
utilizam, dentre as mais utilizadas, predominam a apuração dos custos e formação do
preço de venda. Sobre os motivos que levam os empresários a utilizar as ferramentas
gerenciais, prevalecem de que a apuração dos custos é utilizada para formação do preço
de venda, assegurar que o produto não seja vendido abaixo do custo e para avaliação
(valorização) do estoque, reduzir a tributação, já a formação do preço de venda é
utilizada pelos gestores para manter preços compatíveis com mercado e auxiliar na
competitividade.
Infere-se, a partir do estudo, que as empresas que tem maior faturamento, mais
tempo de atuação no mercado, maior numero de funcionários, estão mais preocupadas
com a eficiência na gestão da empresa, utilizando ferramentas como margem de
contribuição, análise das demonstrações contábeis e análise através de indicadores,
planejamento estratégico e indicadores de qualidade.
Outro ponto fundamental é que os empresários na sua grande maioria têm a
percepção que as ferramentas gerenciais utilizadas por eles são importantes para gestão
da empresa, e que de alguma forma lhe possibilitam aumento da lucratividade, redução
dos custos, maior eficiência no planejamento geral das operações, e contribuem para
sobrevivência da empresa.
Em relação aos pontos negativos da pesquisa, é que as empresas de pequeno
porte com poucos funcionários, apesar de utilizarem sim de alguma ferramenta para
controle gerencial, não visualizam a necessidade de um maior controle das operações da
empresa, basicamente utilizando o necessário, não indo além do que contabilidade
gerencial pode oferecer.
Por fim verifica-se a necessidade de outras pesquisas sobre o tema incluindo
empresas de setores diversos, bem como ampliando os quesitos avaliados, para verificar
a percepção e utilização da contabilidade gerencial por eles.
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1
RESUMO
Perante o dinamismo competitivo imposto pelo mercado econômico, novos desafios surgem
para as empresas e para os diversos profissionais que a compõem, principalmente para
aqueles que atuam como base de apoio informacional no suporte a tomada de decisões
gerenciais como os Controllers. A eles estão relacionados uma abrangência de tarefas e ações
que se correlacionam com a necessidade de dinamismo pessoal, conhecimentos gerais e
específicos da atividade e com as novas abordagens tecnológicas. Assim, se reconhece a
importância das competências do indivíduo para fortalecer e consubstanciar a eficiência dos
resultados das organizações empresariais. Neste trabalho, buscou-se levantar as competências
individuais do profissional de Controladoria, distinguindo-as sobre os aspectos técnicos,
sociais e de negócios seguindo a classificação de Fleury e Fleury (2004), nas empresas
atacadistas do município de Serra Talhada-PE. O presente estudo caracteriza-se como uma
pesquisa descritiva exploratória, envolvendo uma pesquisa de campo para realizar a coleta de
dados com apoio de um questionário estruturado. Na análise dos resultados obteve-se uma
pluralidade de respostas para a frequência no uso das competências técnicas, permitindo
observar que os profissionais, participantes da pesquisa, atuam de forma generalista e se
ocupam de uma diversidade de tarefas, as quais em conjunto, tendem a definir o perfil e
atuação deste profissional no mercado estudado.
1 INTRODUÇÃO
O dinamismo competitivo imposto pelo mercado econômico tem direcionado as
empresas a buscarem cada vez mais o seu diferencial no mercado. Com este compromisso
voltado ao desempenho corporativo, os profissionais de Controladoria se veem envoltos numa
abrangência de tarefas que necessita de ações correlacionadas com o conhecimento de forma
abrangente.
Quanto ao aspecto organizacional a atuação da área de Controladoria pode ser vista
sob duas perspectivas: a primeira, como um órgão facilitador, que fornece informações às
demais áreas da empresa para que possam implementar suas estratégias específicas; e a
segunda, como a área que procura integrar o processo de decisões estratégicas de cada área
com o objetivo geral da organização, ou seja, com a diretriz estratégica da empresa como um
todo (BIANCHI; BACKES; GIONGO, 2006).
O debate sobre competências envolve o contexto organizacional e o relacionamento
com os recursos humanos. Estes quando coordenados e interligados aos objetivos da
2
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica discorre sobre as diversas abordagens que permeiam o tema
competências, iniciando com uma abordagem no campo macro com direcionamento para as
competências individuais e a caracterização do perfil do profissional de Controladoria no
ambiente organizacional. Reflete-se, portanto, neste contexto teórico, demonstrar e identificar
a capacidade humana no desenvolvimento de uma atividade profissional, relacionando as
competências individuais e estas, por sua vez, tornando-se fatores diferenciais para a
realização de determinada profissão.
conclui que o mais adequado para as organizações é o controller forte, pois um único
profissional serviria como contraponto para a administração e, ainda, seria responsável pela
geração de relatórios, obtendo uma atuação mais eficiente.
Siqueira e Soletinho (2001, p.67) afirmam que “o controller assume diferentes
posturas em diferentes organizações”. Sob esta perspectiva, percebe-se que existe uma lacuna
na identificação das atribuições e das competências necessárias a serem desenvolvidas por
este profissional. Martin (2002, p. 25) salienta que este quadro evidencia que o controller
precisa ser por excelência um generalista, com uma capacidade de entender profundamente
sua empresa e seu ramo de negócio, além de “saber entender, manejar e criticar métodos,
instrumentos de pesquisa e análise e formas de atuação de um grande número de especialistas
funcionais.”
É possível perceber que a ascensão da Controladoria no Brasil, ocorreu
concomitantemente com o desenvolvimento da economia, fator preponderante para reforça a
importância e necessidade da informação relevante e tempestiva, condicionada para a tomada
de decisões, proporcionando o enfoque estratégico relacionado à controladoria. Assim,
Lunkes e Schnorrenbrger (2009) defendem que o conceito tradicional de controladoria
focaliza basicamene os controles financeiros, mas com o tempo a controladoria passou a ser
multidisciplinar. Já Nascimento e Reginato (2010) ressaltam que os profissionais que atuam
na função de controller não devem se restringir apenas aos aspectos técnicos da contabilidade,
mas devem entender também de gestão para sua efetiva atuação profissional.
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1 Métodos e Técnicas
O presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva exploratória que
conforme Gil (1999, p. 70) busca “descrever características de determinada população ou
fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis”. Uma de suas peculiaridades
está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática.
O estudo envolveu uma pesquisa de campo e o instrumento utilizado para a coleta dos
dados foi um questionário elaborado para a pesquisa, contendo questões de múltipla escolha,
dirigido ao controller ou ao responsável pelos controles gerais das empresas pesquisadas e
que foi aplicado em uma entrevista estruturada.
O questionário foi subdividido em três seções: (1) perfil organizacional; (2) perfil do
responsável pelos controles gerais ou controller; (3) levantamento das competências
utilizadas pelo responsável dos controles gerais (controller), e esta seção foi subdivida em
competências técnicas, competências sociais e competências de negócio. Os respondentes
podiam acrescentar outras competências que fizessem uso, não listadas na relação apresentada
a eles no questionário e que no intuito de identificar as competências utilizadas pelo
responsável dos controles gerais (controller) das empresas, foi utilizada uma Escala Likert,
definindo-se como indicador de análise, a seguinte frequência: “Não usa”, “Usa pouco”,
“Geralmente Usa” e “Usa muito” na qual os participantes deveriam responder sobre cada uma
das competências para eles apresentadas.
3.2 Amostra da Pesquisa
Foram identificadas as empresas atacadistas e distribuidoras no município de Serra
Talhada-PE e a escolha da amostra foi intencional, não probabilística e definida por
7
Área comercial/produção
Área fiscal/tributária
Área contábil
Área financeira
0 1 2 3 4 5
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destaca-se neste trabalho, a existência da conexão das competências individuais nas
três dimensões apresentadas por Fleury e Fleury (2004): competências técnica, competências
sociais e competências de negócios. Verifica-se que recai sobre os profissionais da área de
controladoria, controller ou controles internos, uma necessidade de abrangência de
conhecimentos, que se alinham entre conhecimentos específicos de contabilidade, gestão
organizacional até conhecimentos da área de produção e comercial.
Permite então, afirmar, neste estudo, em relação aos profissionais que atuam em Serra
Talhada-PE, que estes caminham por vários ambientes organizacionais e que recai sobre eles
13
forte evidência na execução de atividades da área contábil e financeira em grande parte, mas
também funções mais abrangentes na área de gestão organizacional.
A pluralidade de respostas observadas na frequência de uso para as competências
técnicas, neste estudo, permite observar como atuam os profissionais de controles internos nas
empresas alvo desta pesquisa. Tendo em vista que muitas das empresas não possuem o setor
de controladoria e que 40% dos entrevistados são sócios da empresa, fato comum nas
pequenas empresas. Diante disto não se reflete como um todo um comportamento uniforme
sobre as respostas às competências técnicas. Este fato pode ter relação direta com a formação
dos indivíduos pesquisados e com a forma como a organização percebe e ou organiza o setor
de controles internos.
Constatou-se que a maioria dos participantes utiliza bastante às competências voltadas
a dimensão social. Este fato destaca a importância de analisar o profissional não apenas pelo
conhecimento técnico, mas também pelas habilidades e prestezas que este tem em relação às
pessoas que compõem a organização, pela importância do trabalho em equipe e da interação
entre as pessoas.
Ao considerar que os profissionais da área de controladoria precisam ser generalistas
para se ajustar às necessidades do atual mercado, esta pesquisa colaborou para identificar
como são percebidas as competências destes profissionais condicionadas à frequência de uso
no desenvolvimento de suas tarefas diárias voltadas para o conhecimento técnico, social e de
negócios.
Quanto às limitações deste estudo, cabe observar o tamanho da amostra, o qual se
justifica pela quantidade limitada de empresas que atuam como atacadistas no município de
Serra Talhada-PE.
Recomenda-se que outros estudos possam ser desenvolvidos nesse sentido, com outras
empresas que tenham na sua estrutura organizacional o departamento de Controladoria
formalizado.
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RESUMO
O presente estudo objetiva analisar a percepção dos gestores empresariais, quanto a
importância das informações contábeis, como uma ferramenta, no processo de tomada de
decisões e controle. Estas informações, são elaboradas com a finalidade de satisfazerem as
necessidades dos gerentes e usuários afins, para alcance de seus objetivos devem ser
consideradas todas as características das informações contábeis. Na busca do objetivo,
realizou-se basicamente um estudo exploratório, sendo que a população abrangeu todas as
empresas cadastradas no município de Frederico Westphalen/RS e a amostragem por
acessibilidade ou conveniência, compôs de 25 dessas empresas. O instrumento da pesquisa foi
um questionário com perguntas sobre a utilização das informações contábeis, sendo que o
mesmo teve caráter qualitativo. Conforme o faturamento da empresa é constatado divergência
na opinião dos gestores, referente à visão da contabilidade, utilização das informações
fornecidas pela contabilidade no processo de tomadas de decisões e também no que tange
sobre às características destas informações fornecidas.
Palavras Chaves: Gestores, Importância, Características das informações contábeis.
ABSTRACT
This study aim to analyze the perception of business managers, as the importance of the
Accountancy information, as a tool, on the process of making decisions and taking control.
This information are elaborate with the purpose to satisfy the needs of the managers and
related users, to accomplish the goals, all the particulars of Accounting information must be
ponder. On the pursuit of the purpose, an exploratory study was made, all the registered
companies in the city of Frederico Westphalen/RS were considered, but the sampling for
accessibility and convenience composed 25 of these companies. The research instrument used
was a questionnaire with questions about the application of Accountancy information, and it
had a qualitative approach. As the company billing, is found divergence opinions of managers
about the visions of Accountancy, the use of Accountancy information on the process of
making decisions and also regarding the characteristics of the afforded information.
Key- words: Managers, Importance, Characteristics of accounting information.
1 INTRODUÇÃO
Pode-se definir contabilidade como uma fonte geradora de instrumentos que auxiliam os
gestores nas tomadas de decisões, ou seja, coletando todos os dados para interpretação e
apresentação dos fatos. Na contabilidade gerencial, o grande objetivo é apresentar relatórios
úteis à administração, possibilitando desenvolver suas funções, em busca de melhores
resultados econômicos.
Em relação ao surgimento da contabilidade gerencial, Perez Junior et al.(2009, p. 368),
destacam que:
As organizações buscam cada vez mais a contabilidade gerencial para ajudar na escolha
de qual caminho deve-se seguir. O sucesso ou fracasso destas organizações estão aliadas as
decisões tomadas pela gerência, que tem como base as informações recebidas. O contador
gerencial tem o papel de filtrar os dados recebidos, processar e apenas transmitir o que
realmente poderá influenciar nesta tomada.
Como defendido por Crepaldi (2008), o Contador gerencial deve identificar, medir,
acumular, analisar, interpretar e relatar todas as informações para o porte administrativo da
empresa, de modo que possa ser tomada decisões estratégicas a longo prazo e alcançar o
objetivo da contabilidade gerencial, que visa auxiliar a busca de melhores resultados
econômicos.
Para Ching (2006, p. 5), “[...] as informações da contabilidade gerencial são voltadas
exclusivamente ao público interno da organização, porque a contabilidade gerencial é
desenvolvida para atender às necessidades de planejamento, controle e avaliação de
desempenho.”.
Ainda, Ching (2006) faz uma comparação entre a contabilidade financeira e a
contabilidade gerencial, levando em consideração alguns aspectos.
Para que seja útil e importante estes relatórios com fins gerencias, deve seguir algumas
características das informações contábeis, tais como compreensibilidade, relevância e
tempestividade.
Para a utilização das informações contábeis, se faz necessário primeiramente estar ciente
da diferença entre dados e informações, uma vez que eles são apenas fontes, quando
considerados isoladamente, sendo preciso filtrar, analisar e trabalhar estas no grande objetivo
de produzir uma ferramenta útil no processo decisório.
Compreendido por Matarazzo (2010, p. 3):
Também definida pelo CPC conceitual básico “identificam os tipos de informação que
muito provavelmente são reputadas como mais úteis para investidores, credores por
empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da
entidade que reporta com base na informação contida no seus relatórios [...]”.
Estas características qualitativas têm como fundamentais a relevância e representação
fidedigna.
A relevância ela tem sua definição pelo CPC conceitual básico “[...] é aquela capaz de
fazer a diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários.”, ou seja, que tenha
importância nos fatos relatados nos relatórios, sendo capaz de auxiliar seus gestores e
investidores.
A representação fidedigna é citada pelo CPC conceitual básico “a informação contábil-
financeira não tem só que representar um fenômeno relevante, mas tem também que
representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar.”.
Com o propósito de facilitar ainda mais o entendimento e a confiança do usuário, as
informações apresentam algumas características de melhoria, que são: confiabilidade,
comparabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade.
A confiabilidade deve transpor confiança ao usuário da informação, podendo ele utilizar
em processos de tomada de decisões. “A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário
aceite a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando, pois, elemento
essencial na relação entre aquele e a própria informação.”. (NBC TG ESTRUTURA
CONCEITUAL)
Comparabilidade é definida pelo CPC conceitual básico “[...] é a característica
qualitativa que permite que os usuários identifiquem e compreendam similaridades dos itens e
diferenças entre eles.”.
No que tange sobre verificabilidade, o CPC conceitual básico apresenta “[...] ajuda a
assegurar aos usuários que a informação representa fidedignamente o fenômeno econômico
que se propõe representar. A verificabilidade significa que diferentes observadores, cônscios e
independentes, podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um
completo acordo[...]”.
A tempestividade é descrita pela NBC TG estrutura conceitual “[...] a informação
contábil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este possa
utilizá-la para seus fins.”.
“A informação contábil deve ser exposta na forma mais compreensível ao usuário a que
se destine.”(NBC TG Estrutura Conceitual), característica da compreensibilidade diz respeito
a elaboração das informações, que seja o mais compreensível possível, para entendimento dos
seus usuários.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Faturamento Anual
Mais de R$
3.600.000,01
De R$ 360.000,01
a R$ 3.600.000,00
Até R$
360.000,00
0 10 20 30 40 50 60
Faturamento Anual
Porcentagem
Frequência De R$ 360.000,01 Mais de R$
Até R$ 360.000,00 Geral
a R$ 3.600.000,00 3.600.000,01
Diariamente 0,00 0,00 20,00 4,00
Semanalmente 0,00 7,69 40,00 12,00
Mensalmente 14,29 53,85 40,00 40,00
Anualmente 57,14 15,38 0,00 24,00
Nunca 28,57 23,08 0,00 20,00
TABELA 1 – FREQUÊNCIA DE ENTREGA DOS RELATÓRIOS CONTÁBEIS (%)
Pela analise da tabela 4, pode-se observar que o maior número de microempresário tem
a visão que a contabilidade é apenas uma obrigação, o que se comprova pelos questionários
aplicados anteriormente, onde as empresas com faturamento de até R$ 360.000,00 não dão
importância para a contabilidade, não confiam nela e ainda afirmam não ter relevância,
considerando á uma obrigação.
Levando em consideração as empresas com maior faturamento, pode-se afirmar que os
gestores possuem outra visão dos serviços contábeis, pelo fato de as receberem em menor
tempo e tomá-las como base no processo de administração da empresa.
Na totalidade, 56% dos entrevistados afirmaram que a contabilidade é um investimento,
ou seja, quando necessitam tem aonde solicitar um suporte. Apenas 20% a consideram como
uma assessoria, um setor que sempre está avaliando as suas atividades e ajudando a encontrar
o melhor caminho a seguir.
Para encerar o questionário, foi descrito algumas informações contábeis onde o gestor
deveria selecionar aquelas que seriam importantes para a administração da empresa, segue
resultado na tabela 5.
Faturamento Anual
De R$ Todas
Relatórios Contábeis Até R$ 360.000,01 a Mais de R$ Empresas
360.000,00 R$ 3.600.000,01
3.600.000,00
Balancete 57,14 84,62 80,00 76,00
Balanço Patrimonial 28,57 53,85 60,00 48,00
Controle de Bens do Imobilizado 0,00 38,46 60,00 32,00
Demonstrativo de Custos 71,43 46,15 80,00 60,00
Demonstrativo de Receita e Despesas 85,71 61,54 80,00 72,00
DRE 71,43 46,15 60,00 56,00
Fluxo de Caixa Projetado 42,86 53,85 60,00 52,00
Margem de Contribuição 14,29 30,77 60,00 32,00
Planejamento Tributário 71,43 61,54 100,00 72,00
Ponto de Equilibrio 14,29 46,15 60,00 40,00
TABELA 5 – RELATÓRIOS NECESSÁRIOS PARA AUXILIAR A GESTÃO DA EMPRESA
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve por objetivo, identificar junto aos empresários qual a relevância
das informações contábeis no processo de tomada de decisão, analisando os resultados
separadamente conforme o faturamento da organização. Com base na análise dos dados e
resultados apresentados no capítulo anterior, são expostas as conclusões do presente estudo.
Em relação a periodicidade que os contadores entregam os relatórios contábeis,
verificou-se que a maior parte das empresas recebe mensalmente. Porém apenas para aqueles
que possuem o menor faturamento não são entregues, ou na grande maioria das vezes
anualmente, o que acabada acarretando a não utilização destes. Foi constatado que para
microempresas, o setor da contabilidade fornece relatórios padrões ou que atendem somente
aspectos legais e fiscais, sendo assim, geralmente não é de grande valia para o gestor.
Observou-se em relação às características das informações contábeis, referente a
compreensão a grande maioria dos empresários afirma compreender as recebidas, sendo que
gestores de micro empresas tem uma porcentagem menor. Quanto a confiabilidade, os
empresários afirmar ser confiável, mas novamente com restrições aos microempresários que o
maior número aponta não confiar, possivelmente, pela informalidade.
Em relação a característica da relevância, para a maioria dos entrevistados, a
contabilidade faz diferença no processo de tomada de decisões. No entanto, observou-se pelas
respostas obtidas, que novamente a maior porcentagem dos micros empresários não confia
nestes relatórios recebidos, possivelmente pelo fato destes serem de caráter legal ou fiscal, ou
seja, representadas para atender o fisco.
Diante do exposto, para a maior porcentagem dos empresários entrevistados, o setor da
contabilidade é visto como um investimento, ou seja, sempre que o empresário necessitar irá
ter quem recorrer.
Levando em conta o objetivo geral do estudo, a partir das opiniões coletadas dos micro,
pequenos e grandes empresários, e os resultado do estudo, acredita-se que as informações
contábeis para se tornar mais úteis aos gestores, devem ser confiáveis, compreensivas, ser
relevantes e o mais importante, chegar a tempo para o gestor empresarial tomar as decisões.
Por fim, as informações contábeis têm contribuído para a realização dos objetivos das
empresas, sendo incontestável a importância destas informações para a gestão de qualquer
negócio. Assim, cabe ao contador conhecer mais a vida empresarial de seus clientes, podendo
coletar todos os dados, filtrar e os apresentá-los conforme expectativa.
6 REFERÊNCIAS
BEUREN, Ilse Maria; RENGEL, Silene. Uso dos atributos da contabilidade gerencial
proposto por moores e yuen (2001) em empresas de um segmento industrial de santa Catarina.
Revista brasileira de gestão de negócios, São Paulo, v.14. n.45. p.453-479, out/dez. 2012.
CHING, Hong Yuh. Contabilidade gerencial: novas práticas contábeis para gestão de
negócios. São Paulo: Pearson, 2006.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 4. ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2008.
PEREZ JUNIOR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; COSTA, Rogério Guedes.
Gestão estratégica de custos. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
Abstract: discusses the use of the company TDABC context service provider that acts as
laundry clothes. Questions whether this method of funding can be applied without changes in
its basic design or require adaptations. The methodology can be characterized as descriptive,
with a qualitative approach, through a case study. In the literature review were addressed the
inherent concepts, stages of implementation, the advantages and limitations associated. The
presentation and discussion of the results are reported the steps taken to implement the
TDABC in the laundry room, with detailed description of these and the resulting information.
The last section highlighted the conclusions resulting from, where it was found that the
method is applicable in this entity in its initial configuration, without requiring significant
adjustments. Still, it was possible to calculate the unit cost of processing each product, know
the total cost attributed due to the volume processed in addition to the monthly idle
identification (in value and as a percentage of available time).
2 – REVISÃO DA LITERATURA
As limitações atribuídas ao ABC foram os principais motivadores do aparecimento do
TDABC, conforme citado por Tse e Gong (2009), Dalci, Tanis e Kosan (2010), Kont e
Jantson (2011), Ratnatunga, Tse e Balachandran (2012) e Siguenza-Guzman (2014).
Destarte, é possível entender que Kaplan e Anderson (2004) desenvolveram o TDABC
a partir da simplificação de determinados aspectos do ABC, bem como fizeram algumas
inovações. Na primeira versão divulgada sobre o TDABC, seus idealizadores defenderam que
essa forma de mensurar custos permitiria projetar a demanda de recursos gerada por
transação, produto ou cliente, em vez de alocar os custos de recursos primeiro para
atividades e, a seguir, para produtos ou clientes (como ocorre no ABC). Então, para cada
grupo de recursos seria necessário determinar o custo, por unidade de tempo (horas ou
minutos), para suprir a capacidade de recursos e os tempos unitários de consumo da
capacidade de recursos por produtos, serviços e clientes (os tempos de produção requeridos
para cada produto). Referidos autores, então, argumentavam que isso ocasionaria o benefício
de se obter taxas de direcionadores de custos mais confiáveis, visto que possibilitavam
estimar tempos unitários até para transações complexas rapidamente (por meio das equações
de tempo).
Mais adiante, Kaplan e Anderson (2007) mencionaram que o TDABC teria a
capacidade de simplificar o trabalho de custeio por eliminar a necessidade de pesquisas e
entrevistas com os funcionários para alocar os custos dos recursos às atividades, antes de
direcioná-los aos objetos de custeio priorizados. Nesse caso, defendem que no TDABC os
custos dos recursos são atribuídos de forma direta aos itens a custear utilizando somente
fatores de fácil estimativa: taxa do custo da capacidade e demanda de capacidade de recursos
pelos objetos de custeio. Para tanto, são apurados os custos totais (em R$) a serem
consumidos pelo departamento ou processo a ser custeado, que pode envolver folha de
pagamentos, ocupação, equipamentos etc. Na etapa seguinte o valor desse custo total (em R$)
é dividido pela capacidade prática dos departamentos ou processos (ou seja, ao tempo de
trabalho disponível dos funcionários que efetivamente executam as atividades que
consumiram esses recursos). Nesse caso, se calcula a taxa do custo de capacidade (em R$),
dividindo o custo da capacidade disponibilizada (em R$) pela capacidade prática fornecida
(em horas ou minutos). Numa fase seguinte a taxa do custo de capacidade (em R$) é utilizada
para distribuir os custos dos recursos departamentais entre os objetos a custear, estimando a
demanda da capacidade de recursos requerida pelos mesmos. Para essa finalidade é utilizado
o “tempo” de execução da atividade, motivo da denominação atribuída ao método. Dessa
forma, o TDABC requer a estimativa dos tempos gastos para execução das atividades em cada
processo e possibilita que o tempo estimado seja especificado levando em consideração as
características das atividades abrangidas (maior ou menor complexidade, por exemplo).
Everaert e Bruggeman (2007) aduzem que para implementar o TDABC se deve:
levantar os recursos fornecidos às atividades e separá-los em grupos (como folha de
pagamentos, energia, depreciações etc.); apurar o valor gasto com cada recurso; determinar a
capacidade prática das atividades; calcular o custo unitário de cada recurso ao dividir o valor
encontrado para cada grupo de recursos pela capacidade prática da atividade; medir o tempo
gasto para executar as atividades e multiplicar o custo unitário pelo tempo requerido para
elaborar cada objeto de custo, conforme as atividades requeridas.
Sarokolaei et al (2013) relatam que a inovação trazida pelo TDABC está calcada
basicamente em alocar os custos dos recursos diretamente aos objetos de custeio através de
estimativas de tempo. Para tanto, este exige a definição de apenas dois parâmetros: o custo
por unidade de tempo e o volume de tempo consumido pelas atividades relacionadas aos
objetos que se pretende custear.
A utilização das equações de tempo como base para atribuição de valor aos produtos
ou serviços é fundamento básico do TDABC, conforme o entendimento de Barret (2005),
Ratnatunga, Tse e Balachandran (2012), Sarokolaei et al (2013) e Siguenza-Guzman (2014).
Nesse rumo, tais autores comentam que o aspecto que melhor caracteriza o TDABC é o
emprego de equações de tempo, cujo propósito mais relevante é o de evidenciar as atividades
mais demoradas e onerosas, além de permitir o uso de vários direcionadores de tempo (as
variáveis consideradas nas equações) para determinar o custo de cada atividade.
Acerca dessas equações, Souza et al. (2009) afirmam que estas têm origem na
identificação das atividades do processo a ser custeado. Por isso, além de identificar as
atividades priorizadas, também é necessário fazer a estimativa do tempo de execução
respectivo, que atua como direcionador de custo das atividades. Ressalvam, entretanto, que
no TDABC a maior parte das atividades utilizará o consumo de tempo necessário como
direcionador, mas não se deve descartar o uso de outros direcionadores (se necessário). Ainda
sobre as equações de tempo, Fachini, Spessatto e Scarpin (2008) salientam que na execução
de um trabalho pode ser comum o uso de diversas atividades. Com o objetivo de simplificar
o modelo, estas diversas atividades podem ser substituídas por uma equação de tempo que
representará o tempo gasto nas várias atividades de um serviço ou produto, o que se constitui
uma evolução se comparado ao ABC. Outro benefício do TDABC é que é possível computar
somente o tempo consumido na execução do trabalho, segregando-o do tempo ocioso do
departamento. Dessa forma, se evita a atribuição do custo do período ocioso aos objetos de
custeio, o que implicaria custos maiores que aqueles exclusivamente vinculados às atividades
consumidas pelos produtos ou serviços. Os citados autores advogam também que as equações
de tempo facilitam a implementação do TDABC nos softwares de gerenciamento, as
atualizações posteriores e as projeções de aumento de demanda para as atividades priorizadas.
3 – METODOLOGIA DA PESQUISA
No que tange à metodologia empregada nesta pesquisa, em relação à tipologia quanto
aos objetivos esta pode ser classificada como descritiva, pois referida modalidade visa,
segundo Gil (1999) descrever características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relação entre as variáveis. Nessa direção, Andrade (2002) destaca que a
pesquisa descritiva se preocupa em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e
interpretá-los, sem a interferência do pesquisador. Pelo aspecto dos procedimentos adotados, a
pesquisa caracteriza-se como estudo de caso, de vez que se concentra especificamente numa
lavanderia e suas conclusões limitam-se ao contexto desse objeto de estudo. No âmbito da
forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser classificada como “qualitativa”, pois é
assim que Richardson (1999) denomina os estudos que visam descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos vividos por grupos sociais.
Quanto à escolha da empresa, esta ocorreu por dois motivos. A primeira razão está
ligada à possibilidade de acesso aos dados necessários por parte dos pesquisadores, facultada
pelo proprietário do empreendimento. Destarte, a amostra é de caráter intencional, não-
probabilística, limitando os resultados do estudo a esse contexto empresarial. A segunda razão
para priorizar essa entidade é que esta possui estrutura produtiva com apenas dez setores e
trabalhava com mix composto somente por cinco produtos. Essa configuração acarretou maior
facilidade na coleta de dados e na elaboração dos cálculos necessários, bem como
proporcionou melhores condições de redigir um texto detalhado abrangendo todos os setores e
produtos.
Nesta pesquisa os procedimentos de coleta de dados foram realizados em novembro de
2015, abrangendo o contexto de outubro do mesmo ano. Para essa finalidade, inicialmente, foi
empregada a técnica de conversas informais (entrevistas não estruturadas) com o gestor da
entidade e com o contador. Na sequência foi efetuada uma análise documental (nos controles
internos e na contabilidade terceirizada) com a intenção de conhecer a situação vigente no que
tange aos dados necessários para efetuar o estudo pretendido. Posteriormente, iniciou-se a
coleta dos dados requeridos para execução do trabalho nos controles internos existentes, além
de outros informes mais específicos que foram obtidos junto ao gerente e ao contador da
firma.
Então, a partir dessas fontes foi elaborada a Tabela 1, onde os valores mensais foram
divididos pelo expediente mensal de 198 horas para apurar o custo por hora (R$) de cada
setor.
Deprec. Aluguel Salários e Energia Manut. a) Custo do b) Exped. c=a/b) Custo
Itens Máq.R$ Pred.R$ encarg.R$ elétr.R$ Máq.R$ mês R$ do mês (h) por hora R$
Entr.Pç./Micro+Impress. 155,72 321,11 1.651,07 28,91 70,00 2.226,81 198 11,2465
Entr.Pç./Balança Dig. 27,08 11,06 505,41 0,41 - 543,96 198 2,7473
Manual/Sep. Peças - 594,02 270,00 - - 864,02 198 4,3637
Lavagem/Lavadora 475,00 290,15 405,00 142,48 301,00 1.613,63 198 8,1497
Secagem/Secadora 208,33 280,42 405,00 706,48 119,00 1.719,23 198 8,6830
Passadoria/Mesa de passar 180,21 453,81 1.080,00 497,58 105,00 2.316,59 198 11,7000
Embalag./Embal.Roupas 52,08 132,69 270,00 13,49 35,00 503,26 198 2,5417
Armaz./Cabideiro Eletr. 120,50 537,84 67,50 8,51 70,00 804,35 198 4,0624
Armaz./Manual-Prat.MDF 69,44 457,79 202,50 - - 729,73 198 3,6855
Saída Pç./Micro-comp. 66,11 321,11 1.148,52 4,52 - 1.540,27 198 7,7792
Totais 1.354,49 3.400,00 6.005,00 1.402,37 700,00 12.861,86 - -
Fonte: elaborada pelos autores.
Tabela 1 - Custo por hora dos setores
Com base nos valores da Tabela 1 é possível perceber que há duas atividades/setores
que se destacam em termos dos valores de custo por hora e de gasto total mensal:
“Passadoria/Mesa de passar” (R$ 2.316,59 por mês e R$ 11,70/hora) e “Entr.
Pç/Micro+Impress.” (R$ 2.226,81 por mês e R$ 11,2465/hora). Além destes dois, cabe
destacar o custo por hora dos setores/atividades “Secagem/Secadora” (R$ 8,683),
“Lavagem/Lavadora” (R$ 8,1497) e “Saída Pç/Micro-comp.” (R$ ,7792), enquanto que os
demais possuem custo/hora inferior a R$ 4,50.
Nos dados da Tabela 2 destacam-se às taxas de custo de capacidade prática dos setores
“Entr.Pç./Micro+Impress.”, com R$ 0,187442 por minuto e “Passadoria/Mesa de passar” com
R$ 0,194999 por minuto.
Como visto, na Tabela 3 estão expostos os valores listados somente em relação aos dois
primeiros setores, enquanto os demais estão “representados” na linha “Outros...” por restrição
de espaço no artigo. Contudo, para esclarecer acerca dos procedimentos mencionados na
Tabela 3 utiliza-se como exemplo a rotina de cálculo empregada no caso do produto “Edred-
pç”, onde foram percorridas as seguintes etapas:
a) Produção por hora (em unidades): estimou-se que seria possível manusear 30 unidades
por hora desse produto no setor “Entr.Pç./Micro+Impress.”;
b) Quantidade por minuto (item “a” / 60 minutos): para apurar esse volume por minuto,
as 30 peças por hora foram divididas por 60 minutos, o que equivale a 0,50 unidade
por minuto;
c) Minutos por unidade produzida (1/b): nessa fase divide-se “1” pela quantidade por
minuto apurada no item “b”, que neste caso do “Edred-pç” era 0,50. Com isso, chega-
se ao tempo estimado de 2 minutos por unidade;
d) Taxa do custo de capacidade do setor (R$/min.): o valor que cabe a cada setor foi
calculado anteriormente na Tabela 1. No contexto do exemplo, o setor
“Entr.Pç./Micro+Impress.” tem custo de R$ 0,1874 por minuto, o setor
“Entr.Pç./Balança Dig.” custa R$ 0,0458 e assim por diante com os demais setores.
e) Custo unitário (R$): nessa parte da Tabela 3 o cálculo requer a multiplicação do tempo
(em minutos) que o produto consome do setor (item “c”) pela taxa do custo de
capacidade respectivo (item “d”). Se uma unidade do produto “Edred-pç” consome 2
minutos do setor “Entr.Pç./Micro+Impress.” para ser processada e cada minuto neste
custa R$ 0,1874, é cabível considerar que o tempo total despendido custaria R$ 0,3749
(R$ 0,1874 X 2 minutos). Idem para os demais setores que esse item percorria para ser
concluído. Com isso, chegou-se ao valor de R$ 3,9249 como custo unitário para o
produto citado.
f) Quantidade produzida/mês: com base nos controles internos do mês pesquisado, foram
lavadas 295 unidades do “Edred-pç”, 413 unidades do “Camis-pç”, 166 unidades do
“Terno-pç”, 374 quilos do “Roup/Pas.-kg” e 292 quilos do “Roup/S/Pas.-kg”. Ou seja,
o total da produção do período foi 1.540 unidades ou quilos.
g) Custo total atribuído no período (R$): para chegar aos valores totais alocados aos
produtos ao término do período bastou multiplicar o custo unitário (apurado na etapa
“e”) pela quantidade produzida no mês (registrada na parte “f” da Tabela 3). No caso
do “Edred-pç”, as 295 unidades acarretaram custo total de R$ 110,59 somente no setor
“Entr.Pç./Micro+Impress.”. Ao somar os demais setores que esse produto utilizou,
atingiu-se o total de R$ 1.157,85 para as 295 unidades do período. Por outro ângulo,
também foi possível conhecer os valores despendidos com cada setor. Nessa direção,
somando-se todos os valores dos produtos que passaram pelo setor
“Entr.Pç./Micro+Impress.” chegou-se ao montante de R$ 951,83 (última coluna da
parte “g” da tabela citada). Adicionando-se os valores totais dos outros setores, a
metodologia utilizada permitiu alocar R$ 3.854,34 dos custos do mês, ou seja, 29,97%
do custo total mensal (conforme expresso na Tabela 1, anteriormente).
A alocação de apenas uma parcela dos custos do período está atrelada à existência de
capacidade ociosa, conforme comentado na próxima seção.
Como destacado na Tabela 2 (seção 4.2), o expediente mensal de minutos era de 11.880
em cada setor e na Tabela 4 foi apurado o consumo de minutos dos setores no mês da
pesquisa. Nesse caso, a subtração da (i) capacidade utilizada (em minutos) da (ii) capacidade
instalada ou expediente disponível (em minutos) fornece o (iii) nível de ociosidade (em
minutos) dos setores. Exegese: no âmbito do setor “Entr.Pç./Micro+Impress.”, dos 11.880
minutos disponíveis foram efetivamente consumidos pela produção cerca de 5.078; com isso,
aproximadamente 6.802 minutos ficaram ociosos naquele setor (coluna 4 da Tabela 5). No
que concerne ao total da empresa, dos 118.800 minutos de capacidade instalada foram
consumidos 28.039,84 minutos, acarretando 90.760,16 minutos de ociosidade.
Uma forma de aprimorar e facilitar a análise do gestor consiste em mensurar o
percentual de ociosidade, que está delineado na coluna 5 da Tabela 5. Ou seja, os 90.760,16
minutos ociosos equivalem a 76,40% da capacidade instalada total de produção da empresa
(90.760,16 / 118.800 X 100). Por esse prisma, os maiores níveis de ociosidade foram
identificados nos setores na seguinte ordem decrescente: “Entr.Pç./Balança Dig.” (98,13%),
“Armaz./Cabideiro Eletr.” (95,13%), “Armaz./Manual-Prat.MDF” (91,91%), “Saída
Pç./Micro-comp.” (87,04%), “Embalag./Embal.Roupas” (84,54%), “Manual/Sep. Peças”
(73,88%), “Secagem/Secadora” (72,85%), “Passadoria/Mesa de passar” (62,61%),
“Entr.Pç./Micro+Impress.” (57,26%) e “Lavagem/Lavadora” (40,63%).
Contudo, seria mais relevante a análise da ociosidade no que tange aos valores
monetários que lhe podem ser associados e que no mês em lume totalizou R$ 9.007,52 na
lavanderia em estudo. Para chegar a esse valor (vide última coluna da Tabela 5) foi necessário
multiplicar a quantidade de minutos ociosos em cada setor pela respectiva “taxa do custo de
capacidade prática (R$/min.)” que havia sido calculada na Tabela 2 (seção 4.2). Por exemplo:
como o setor “Entr.Pç./Micro+Impress.” ficou 6.802 minutos ociosos e o custo por minuto
neste foi de R$ 0,187442, o valor total da ociosidade chegou a R$ 1.274,98 (6.802 minutos X
R$ 0,187442).
Ao avaliar por esse parâmetro monetário se conhece um cenário bem distinto em termos
de ordem decrescente de ociosidade por setores na comparação com o percentual de tempo
ocioso de cada setor. Nesse rumo, o setor “Passadoria/Mesa de passar” ficaria na primeira
posição, com R$ 1.450,39 de ociosidade (mas foi o oitavo colocado no critério anterior) e o
setor “Saída Pç./Micro-comp.” ocuparia a segunda colocação com ociosidade mensal de R$
1.340,61 (situava-se na quarta posição em termos do percentual de ociosidade). No caso do
setor “Entr.Pç./Micro+Impress.”, sua ociosidade atingiu R$ 1.274,98 e foi o terceiro maior
valor no mês em tela (era o nono colocado no ranking anterior); enquanto que o setor
“Secagem/Secadora” acumulou ociosidade equivalente a R$ 1.252,51 (quarto maior valor do
período, mas ficou na sétima posição no percentual de ociosidade). Os demais setores
abrangidos no estudo tiveram níveis de ociosidade menos representativos: “Armaz./Cabideiro
Eletr.” R$ 765,15; “Armaz./Manual-Prat.MDF” R$ 670,70; “Lavagem/Lavadora” R$ 655,55;
“Manual/Sep. Peças” R$ 638,38; “Entr.Pç./Balança Dig.” R$ 533,79 e
“Embalag./Embal.Roupas” R$ 425,47.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa visou responder questão sobre a aderência da concepção básica do
TDABC ao contexto de lavanderia de pequeno porte. Nesse aspecto, os autores entendem que
atingiram o objetivo do estudo, visto que foi calculado o custo de prestação dos serviços da
empresa em lume, conforme descrito nas seções precedentes. A partir disso, a questão
levantada pôde ser convenientemente respondida, pois foi aplicado o TDABC na lavanderia
com base nos pressupostos da metodologia criada por Kaplan e Anderson (2004), sem a
necessidade de alterações substanciais em relação ao modelo original
Como resultados do estudo, merecem ser destacados alguns aspectos. O primeiro
refere-se à possibilidade de mensurar, com relativa facilidade, o custo de prestar o serviço de
lavação para os produtos abrangidos, conforme disposto na Tabela 3. Nesse sentido, foi
apurado o custo unitário e o total para cada um dos cinco tipos de produtos enfocados, o que
permitiu identificar os itens que mais consumiram custos no período. Por exemplo: em termos
unitários, a lavação de cada unidade (peça ou quilo, conforme o caso) custava valores bem
distintos: “Edred-pç” R$ 3,9249; “Camisa-pç” R$ 1,6070; “Terno-pç” R$ 2,2991;
“Roup/Pas.-kg” R$ 2,8640 e “Roup/S/Pas.-kg” R$ 1,9863.
Conhecido o custo unitário e o volume mensal processado, também foi possível
identificar o quanto cada item consumiu ao final do período. Nesse caso, do custo total mensal
de R$ 12.861,86 (Tabela 1), foi alocado aos produtos o montante de R$ 3.854,34 (conforme
última linha da Tabela 3).
Essa parcela não alocada representa a ociosidade da capacidade produtiva instalada,
cujos tempos e valores respectivos de cada setor envolvido do estudo estão descritos na
Tabela 5. Ou seja, do expediente disponível de 118.800 minutos foram consumidos na
produção 28.039,84 minutos, acarretando ociosidade de 90.760,16 minutos (76,40%). A esse
nível de capacidade não utilizada foi atribuído o valor total de custos da ordem de R$
9.007,52. Portanto, foi possível segregar a parcela dos custos efetivamente consumida (R$
3.854,34) daquela que ficou ociosa (R$ 9.007,52) no mês.
O terceiro aspecto a salientar como relevante é que permitiu conhecer o custo por
minuto em cada uma das etapas do processo produtivo da lavanderia. Então, a título de
exemplo, é pertinente citar que para o setor “Entr.Pç./Micro+Impress.” a taxa do custo de
capacidade por minuto foi calculada em R$ 0,1874, enquanto que no “Entr.Pç./Balança Dig.”
esse mesmo valor foi de apenas R$ 0,0458. Esses dois casos atestam a importância de
conhecer o custo efetivo de cada setor do negócio, de forma tecnicamente consistente como
permitido pelo TDABC.
Para finalizar, é pertinente ressalvar que um estudo de caso, por sua natureza,
circunscreve as conclusões oriundas ao âmbito da entidade pesquisada. Portanto, os achados
desta se limitam a esse contexto empresarial. Contudo, os procedimentos adotados e a
descrição efetuada ao longo do texto permitem que pesquisas assemelhadas posteriormente
sejam aplicadas a outros contextos empresariais. Por isso, recomenda-se que futuros estudos
abordem esse tema em empresas de outros segmentos e portes, a fim de corroborar ou negar
os achados relatados neste artigo.
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Artigo proposto:
USO DA INFORMAÇÃO DE CONTROLADORIA NO PROCESSO DE
DECISÃO: A PERCEPÇÃO DOS CONTADORES ASSOCIADOS AO
SINDICONT CONCÓRDIA
Sabrina Cordazzo
Acadêmica do curso de Ciências Contábeis da Universidade do Contestado – UnC
Concórdia, e-mail: cordazzo.sabrina@gmail.com
Jacir Favretto
Professor dos cursos de graduação em Administração e Ciências Contábeis da
Universidade do Contestado – UnC Concórdia e do Mestrado Profissional em
Administração da UNOESC Chapecó. Doutor em Engenharia da Produção pela
UFRGS. e-mail: jacirfa@gmail.com
UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE APOIO À
GESTÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO MUNICÍPIO DE JIJOCA DE
JERICOACOARA/CE
Resumo
O estudo objetivou analisar se a contabilidade era utilizada como ferramenta de apoio à gestão
das micro e pequenas empresas do município de Jijoca de Jericoacoara/CE. Realizou-se
pesquisa descritiva, do tipo levantamento, com abordagem quantitativa dos dados que foram
obtidos com aplicação de questionários aos administradores e proprietários de 75 empresas.
As questões foram elaboradas com base nos estudos de Faria, Azevedo, Oliveira (2012) e Hall
et al. (2012). Os resultados revelaram que as empresas da amostra eram, na maioria,
familiares e que um número considerável, principalmente as não familiares, não solicitavam
auxílio da contabilidade para ações importantes do processo de gestão. Além disso, constatou-
se que o recurso mais utilizado para a tomada de decisão era a experiência do proprietário e o
fator que mais dificultava ou impedia a utilização da contabilidade como ferramenta de apoio
à gestão era a falta de comunicação com o contador. Diante dos resultados, concluiu-se que a
contabilidade não era utilizada, em sua plenitude, como ferramenta de apoio à gestão das
micro e pequenas empresas do município de Jijoca de Jericoacoara/CE.
Abstract
The study aimed to analyze if the accounting was used as a support tool for the management
of micro and small companies of Jijoca de Jericoacoara/CE city. A descriptive research,
survey type, with a quantitative approach of the data were obtained from questionnaires to
managers and owners of 75 companies. The questions were developed based on studies of
Faria, Azevedo and Oliveira (2012) and Hall et al. (2012). The results showed that the sample
companies were mostly families and a considerable number, especially not families, not
requested aid accounting for important actions of the management process. In addition, it was
found that the most widely used resource for decision-making was the owner and the
experience factor that hindered or prevented the use of accounting as a management support
tool was the lack of communication with the counter. Given the results, it was concluded that
accounting was not used to its fullest, as a support tool for the management of micro and
small companies of Jijoca de Jericoacoara/CE city.
Keywords: Accounting, Management support, Companies of Jijoca de Jericoacoara/CE city.
1 INTRODUÇÃO
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa classifica-se, em relação aos objetivos, como descritiva, haja vista que
descreve as características da população a partir dos dados coletados por meio de
questionário. Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 66), “a pesquisa descritiva observa, analisa e
correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.
Quanto aos procedimentos é do tipo levantamento ou survey. Os dados primários
coletados a partir de indivíduos constituem um procedimento que recebe a denominação de
levantamento ou survey, sendo utilizada quando as informações a serem coletadas envolvem
grande quantidade de indivíduos, podendo ser respondida diretamente pelo respondente ou
por meio de entrevista (HAIR Jr et al., 2005).
Quanto à abordagem do problema, a pesquisa é quantitativa. Segundo Richardson
(1999), refere-se àquela que se caracteriza pelo emprego de quantificação, tanto nas
modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas. Seja por meio de técnicas mais simples como percentuais e médias, por exemplo,
ou mais complexas como coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outras.
A população do estudo é composta pelo conjunto de micro empreendedores
individuais, micro empresas e empresas de pequeno porte localizadas no Município de Jijoca
de Jericoacoara no Estado do Ceará. A amostra caracteriza-se por 75 empresas que se
dispuseram a responder ao instrumento de pesquisa.
Localizado na zona Norte do estado, o município de Jijoca de Jericoacoara é uma
região de importante cenário turístico nacional que recebe turistas de todas as regiões do
Brasil e do mundo, em todas as épocas do ano. A economia de Jijoca de Jericoacoara gira em
torno do turismo e do comércio, constituídos principalmente por micro e pequenas empresas.
O questionário é composto por 15 questões, fundamentadas nos estudos de Faria,
Azevedo e Oliveira (2012) e Hall et al. (2012). Os respondentes do questionário foram os
proprietários ou gerentes das empresas e a aplicação ocorreu durante o mês de março/2015.
Em alguns casos realizou-se a aplicação em forma de entrevista com o proprietário ou gerente
da empresa e em outros com a distribuição do questionário, quando ambos não se
encontravam disponíveis.
É possível verificar na Tabela 1 que 65% das empresas de Jijoca de Jericoacoara são
empresas familiares, ou seja, os resultados encontram-se alinhados com pesquisas do
SEBRAE, que demonstram que a maior parte das MPEs brasileiras são familiares. Os outros
35% são representados por empresas não familiares, as quais em sua maioria são empresas
hoteleiras com sócios de diversos países, comumente existentes na região.
Na Tabela 2, apresentam-se as informações sobre o ramo de atividade das empresas da
amostra.
Não
Ramo de atividade Familiar % % Total %
familiar
Indústria 1 2 1 4 2 3
Comércio 36 73 15 58 51 68
Serviço 12 24 10 38 22 29
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 2 – Ramo de atividade
Não
Natureza jurídica das empresas Familiar % % Total %
familiar
Microempreendedor individual (MEI) 14 29 7 27 21 28
Microempresa (ME) 32 65 18 69 50 67
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 3 6 1 4 4 5
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 3 – Natureza jurídica das empresas
Não
Tempo em funcionamento Familiar % % Total %
familiar
Menos de 2 anos 7 14 5 19 12 16
Entre 2 e 5 anos 11 22 9 35 20 27
Entre 6 e 10 anos 15 31 5 19 20 27
Entre 11 e 30 anos 16 33 7 27 23 31
Acima de 30 anos 0 0 0 0 0 0
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 4 – Tempo em funcionamento
Verifica-se na Tabela 4 que a maioria das empresas, ou seja, 31%, atuam no mercado
entre 11 e 30 anos. Verifica-se ainda que, com o mesmo percentual de 27%, aparecem as
empresas que têm entre 2 e 5 anos e 6 e 10 anos, e apenas 16% delas atuam a menos de 2 anos
no mercado. Destaca-se que a maior porcentagem de empresas com maior tempo de
funcionamento são empresas familiares, pois, foram fundadas por moradores da região que
atuaram como os primeiros empreendedores, onde puderam observar as necessidades e as
oportunidades de negócio.
Em relação ao tempo de funcionamento, os resultados foram semelhantes aos
encontrados por Faria, Azevedo e Oliveira (2012) e aos de Hall et al. (2012) que verificaram
que a maioria das empresas atuavam a mais de 6 anos no mercado. De acordo com estes
autores, uma atuação superior a 6 anos pode ser sinal de consolidação no mercado, representar
um certo nível de maturidade e resistência a adversidades destes pequenos negócios.
Na Tabela 5 apresenta-se informações sobre o número de colaboradores nas empresas.
Não
Número de colaboradores Familiar % % Total %
familiar
Apenas os proprietários 5 10 0 0 5 7
Até 2 11 22 9 35 23 31
3a5 16 33 6 23 22 29
6 a 10 8 16 5 19 13 17
10 a 15 4 8 1 4 5 7
16 a 20 3 6 0 0 3 4
Acima de 20 2 4 5 19 4 5
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 5 – Número de colaboradores
Nota-se na Tabela 5 que a maioria das empresas da amostra (31%) possuem apenas 2
colaboradores. Muito próximo a este percentual, totalizando 29% da amostra, aparecem as
empresas que possuem de 3 a 5 colabores. Percebe-se, ainda na Tabela 5, que 17% das
empresas têm de 6 a 10 colaboradores. De modo geral, verifica-se que a grande maioria das
empresas possuem entre 2 e 5 colaboradores. Ressalta-se ainda que as empresas familiares são
as que mais geram emprego e renda para a população local corroborando com os dados do
SEBRAE, onde a maioria das empresas nacionais são familiares e muitas vezes essas
empresas são as responsáveis por ajudar a desenvolver o país.
Novamente os resultados foram similares aos de Hall et al. (2012) onde a maioria das
empresas empregavam menos de 10 funcionários. Porém, foram diferentes aos de Faria,
Azevedo e Oliveira (2012), onde a maioria das empresas possuíam acima de 10
colaboradores. É importante destacar que, neste caso, a diferença de resultados pode ser
decorrente dos critérios de formação da amostra. Depreende-se então, após a análise do perfil,
que a amostra da pesquisa é composta, principalmente por empresas familiares, que exercem
atividades de comércio e serviço. Além disso, são microempresas, atuam a mais de 6 anos no
mercado e que possuem no máximo 5 colaboradores.
É possível perceber na Tabela 6 que na grande maioria das empresas, ou seja, em 91%
delas o responsável pela administração é o proprietário. Observa-se ainda que, tanto nas
empresas familiares, quanto nas não familiares o responsável pela administração, na maioria
dos casos era o proprietário.
Outra vez os resultados estão alinhados aos de Faria, Azevedo e Oliveira (2012) e aos
de Hall et al. (2012) que também constataram em suas amostras que, na maioria dos casos, a
administração ficava sob responsabilidade dos proprietários.
Na Tabela 7 apresenta-se o grau de escolaridade dos administradores das empresas.
Não
Escolaridade do Administrador Familiar % % Total %
familiar
Ensino Fundamental 9 18 2 8 11 15
Ensino Fundamental incompleto 4 8 0 0 4 5
Ensino médio 14 29 7 27 21 28
Ensino médio incompleto 1 2 1 4 2 3
Ensino superior 12 24 10 38 22 29
Ensino superior incompleto (cursando) 5 10 2 8 7 9
Especialização 2 4 3 12 5 7
Mestrado/Doutorado 2 4 1 4 3 4
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 7 – Escolaridade do administrador
Nota-se na Tabela 8, em relação as áreas de Formação dos Gestores, que 60% das
empresas possuem profissionais com nível superior voltados a área de gestão. Dentre as 37
empresas da amostra, em 40% delas, os profissionais são formados em outras áreas de
atividades. Ressalta-se que a falta de conhecimento, quanto as práticas de gestão, por parte
dos profissionais formados em outras áreas, pode favorecer à prejuízos quanto a boa
administração da empresa.
Destaca-se, ainda na Tabela 8, que em 19% das empresas familiares os
administradores eram formados em contabilidade, ao passo que, entre as não familiares,
apenas 6% dos administradores possuíam formação em contabilidade.
O percentual de gestores com formação na área de contabilidade (14%), nas empresas
da amostra, foi bastante inferior ao percentual (40%) encontrado entre as empresas baianas
analisadas por Faria, Azevedo e Oliveira (2012). O baixo percentual pode influenciar para a
não utilização da contabilidade de modo adequado, principalmente quando a contabilidade é
realizada fora da empresa, em um escritório de contabilidade, por exemplo.
Na Tabela 9 são expostas as informações sobre o tipo de contador responsável pelas
empresas.
Não
Contador responsável Familiar % % Total %
familiar
Particular 7 14 1 4 8 11
Escritório contábil 42 86 25 96 67 89
Total 49 100 26 100 75 100
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 9 – Contador responsável
Não
Solicita auxílio da contabilidade para: Familiar % % Total %
familiar
Assessoria no planejamento 12 24 3 12 15 20
Controle orçamentário 8 16 3 12 11 15
Controle de custos 5 10 3 12 8 11
Determinar o ponto de equilíbrio 5 10 2 8 7 9
Formação do preço de venda 2 4 0 0 2 3
Outro auxílio para tomada de decisão 7 14 7 27 14 19
Não solicita auxílio da contabilidade 19 39 13 50 32 43
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 11 – Auxílio da contabilidade
Na Tabela 11 é possível observar que 32, ou 43% das 75 empresas informaram que
não solicitam auxilio da contabilidade para assessoria no planejamento, controle orçamentário
ou de custos, determinação do ponto de equilíbrio, formação do preço de venda ou outro tipo
de auxílio para tomada de decisão. Esse cenário, evidencia descrédito da contabilidade ou,
então, desconhecimento da importância da contabilidade para estas finalidades.
É possível observar, ainda na Tabela 11, que dentre as 49 empresas familiares da
amostra, 19, ou 39% delas não solicitam auxílio da contabilidade e dentre as 26 empresas não
familiares, um número ainda maior, correspondente a 13, ou 50% delas não solicitam auxílio
da contabilidade.
As ferramentas contábeis mais solicitadas pelos administradores foram a assessoria no
planejamento e controle orçamentário. É importante ressaltar que a não utilização das
ferramentas contábeis para auxiliar na tomada de decisão enfraquecem as possibilidades de
desenvolvimento das empresas.
Estes resultados estão alinhados aos de Faria, Azevedo e Oliveira (2012) que
verificaram que os serviços de obrigatoriedade legal (fiscal e pessoal) eram os que se
destacavam, no comparativo com os serviços gerenciais, tais como controle de custos e
assessoria no planejamento, por exemplo. De acordo com os autores, tais resultados indicam
que o contador está diretamente ligado a aspectos eminentemente legais das empresas e pouco
voltado a características gerenciais da informação contábil.
Na Tabela 12 apresenta-se quais demonstrações contábeis são utilizadas como
ferramenta de apoio à gestão.
Demonstrações contábeis são
Não
utilizadas como ferramenta de apoio Familiar % % Total %
familiar
nas tomadas de decisões
Balanço patrimonial (BP) 14 29 13 50 27 36
Demonstração do Resultado do Exercício 9 18 9 35 18 24
Demonstração do fluxo de caixa 18 37 6 23 24 32
Outras 4 8 1 4 5 7
Nenhuma 17 35 9 35 26 35
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 12 – Demonstrações contábeis como ferramenta de apoio à gestão
Não
Análises realizadas pela empresa Familiar % % Total %
familiar
Análises da liquidez 6 12 3 12 9 12
Análises de rentabilidade 24 49 9 35 33 44
Análises de endividamento 3 6 0 0 3 4
Análise das demonstrações 8 16 8 31 16 21
Outras análises 3 6 1 4 4 5
Não realiza nenhum tipo de análise 14 29 9 35 23 31
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 13 – Análises realizadas pela empresa
A Tabela 13 evidencia baixos percentuais de empresas que fazem uso das análises de
indicadores econômicos e financeiros. Além disso, percebe-se que 31% das empresas
informaram que não realizam nenhum tipo de análise econômica e financeira.
Verifica-se, ainda na Tabela 13, que a análise de rentabilidade é a mais utilizada dentre
as análises questionadas, pois 44% das empresas afirmaram que realizam tais análises. Em
segundo lugar aparece a análise das demonstrações, de um modo geral (21%) e em terceiro
lugar a análise de liquidez, no entanto, apenas 12% das empresas realizam este tipo de análise.
Percebe-se que, tanto entre as empresas familiares, quanto entre as não familiares
destaca-se a análise de rentabilidade como a mais realizada e a análise de endividamento
como a menos utilizada.
Estes resultados, novamente similares ao de Faria, Azevedo e Oliveira (2012), revelam
que muitas análises importantes que podem ser geradas pela contabilidade para auxiliar na
tomada de decisão não são utilizadas no processo de gestão. Na Tabela 14 estão expostos os
recursos mais utilizados pelas empresas para auxiliar na tomada de decisão.
Nota-se na Tabela 14 que o recurso mais utilizado pelas empresas da amostra para a
tomada de decisão é a experiência do proprietário, pois 88% delas assinalaram essa opção.
Neste ponto é possível perceber que há uma equivalência entre as empresas familiares e não
familiares (88%).
Assim como no estudo de Faria, Azevedo, Oliveira (2012) a utilização de informações
fornecidas pela contabilidade são utilizadas com uma frequência muito inferior a utilização da
experiência do proprietário, principalmente nas empresas familiares (apenas 16%). Faria,
Azevedo, Oliveira (2012) salientam que a experiência do proprietário não pode ser
desconsiderada, no entanto, as informações contábeis poderiam agregar valor e também
deveriam ser utilizadas por um número maior de empresas.
Ainda na Tabela 14 é possível perceber que os relatórios elaborados por gestores são
utilizados por 17% das 75 empresas e que em 9% delas o recurso mais utilizado é a intuição,
ou seja, em algumas empresas a intuição é considerada mais importante que as informações
fornecidas pela contabilidade.
Na Tabela 15 são expostos os fatores que dificultam ou impedem a utilização da
contabilidade como ferramenta de apoio à gestão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve como objetivo analisar se a contabilidade era utilizada como ferramenta
de apoio à gestão das micro e pequenas empresas do município de Jijoca de Jericoacoara/CE.
Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, conduzida por meio de levantamento, com
abordagem quantitativa dos dados que foram obtidos com aplicação de questionários aos
administradores e proprietários das empresas. As questões do questionário foram elaboradas
com base nos estudos de Faria, Azevedo, Oliveira (2012) e Hall et al. (2012).
Os resultados revelaram que as empresas da amostra eram principalmente familiares e
que exerciam atividades de comércio e serviço. Além disso, constatou-se que eram
microempresas que atuavam a mais de 6 anos no mercado e que possuíam no máximo 5
colaboradores.
Quanto ao perfil dos administradores e da contabilidade das empresas, constatou-se
que o responsável pela administração, na maioria das empresas, era o proprietário e que mais
da metade deles não possuíam ensino superior completo. No entanto, a maioria dos
administradores que possuíam nível superior, eram de cursos voltados para a área de gestão
(contabilidade, administração e economia).
Verificou-se também que em 89% das empresas a contabilidade era terceirizada, ou
seja, realizada fora da empresa, fator que poderia estar dificultando a utilização das
informações geradas pela contabilidade para auxílio na gestão. Percebeu-se ainda que apenas
43% dos respondentes recebiam as demonstrações contábeis mensalmente e que um número
considerável não recebiam demonstrações contábeis da contabilidade.
Um número considerável de empresas, principalmente não familiares, não solicitavam
auxílio da contabilidade para ações importantes do processo gestão. Percebeu-se também que
o balanço patrimonial era a demonstração contábil mais utilizada como ferramenta de apoio à
gestão. Porém, um percentual bastante representativo de empresas não utilizavam nenhuma
demonstração contábil como apoio nas tomadas de decisões da gestão.
Além disso, viu-se que um número apenas reduzido de empresas faziam uso das
análises de indicadores econômicos e financeiros e tanto entre as empresas familiares, quanto
entre as não familiares destacou-se a análise de rentabilidade como a mais realizada e a
análise de endividamento como a menos utilizada. Também foi possível verificar que o
recurso mais utilizado para a tomada de decisão era a experiência do proprietário e que o fator
que mais dificultava ou impedia a utilização da contabilidade como ferramenta de apoio à
gestão era a falta de comunicação com o contador.
Diante dos resultados, conclui-se que a contabilidade não é utilizada, em sua
plenitude, como ferramenta de apoio à gestão das micro e pequenas empresas do município de
Jijoca de Jericoacoara/CE.
A pesquisa orientou-se no sentido de contribuir para os estudos teóricos e empíricos
sobre a relação entre micro e pequenas empresas e a contabilidade no Brasil. O tema é
importante e de crescente discussão no meio acadêmico, merece destaque, haja vista a
necessidade de se fortalecer o entendimento das análises e conclusões. Assim, recomenda-se
acompanhar a utilização da contabilidade pelas empresas de Jijoca de Jericoacoara, inclusive
realizar estudos comparativos entre ramos e setores de atividade.
REFERÊNCIAS
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obtenção de financiamento pelas micro e pequenas empresas: um estudo a partir da percepção dos
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SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Micro e pequenas empresas
geram 27% do PIB do Brasil. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/ufs/mt/noticias/Micro-e-pequenas-empresas-geram-27%25-do-PIB-do-Brasil>. Acesso
em: 14 de abril de 2015.
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Contemporânea de Contabilidade, v. 7, n. 13, p. 89-106, 2010.
1
Resumo:
O presente artigo realizou um estudo a respeito das normas contábeis que regulamentam o
ajuste com crédito de liquidação duvidosa no âmbito nacional e internacional. O objetivo do
estudo foi analisar os efeitos que a mudança da contabilização , ocasionada pela adoção da
IFRS nº: 9 nas instituições financeiras. Para atingir esse objetivo, foram comparados os
critérios adotados pela Resolução nº 2.682 do Conselho Monetário Nacional, norma adotada
pelas instituições financeiras para publicação das demonstrações financeiras no padrão
COSIF, a norma International Accounting Standard 39 (IAS 39) que trata sobre Instrumentos
Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, que é a norma internacional de contabilidade no
que se refere ao ajuste com crédito de liquidação duvidosa. A outra norma analisada e que
teve um foco maior foi a International Financial Reporting Standards 9 (IFRS 9), norma
emitida pelo International Accounting Standards Boards (IASB) que tem o objetivo a
substituição de forma gradativa da norma atual, o IAS 39. O IFRS 9 será adotado
completamente em 1º de janeiro de 2018, e o estudo analisou os efeitos de sua adoção.A
pesquisa se norteou pela evidenciação das diferenças dos valores ajustados pelas respectivas
normas, aplicadas em um estudo de caso. Concluiu-se que há uma diferença na maneira de
contabilizar e que seus impactos são relevantes dentro das instituições financeiras, sendo para
resguardar a instituição contra crises, da mesma forma que impacta no resultado apresentado.
Palavras-chave: Ajuste com crédito de liquidação duvidosa. IFRS 9. IAS 39. Resolução nº
2.682. Normas contábeis.
Set with loan losses after the International Accounting Standards: Applicability of the
Case Study in Financial Institutions - IFRS 9
Abstract
This paper conducted a study regarding the accounting rules governing the setting with
doubtful accounts in the national and international levels. The aim of the study was to analyze
the effects of the change of accounting, caused by the adoption of IFRS Nº: 9 in financial
institutions. To achieve this goal, the criteria were compared adopted by Resolution 2682 of
the National Monetary Council, standard adopted by financial institutions for publication of
financial statements in COSIF standard, the standard International Accounting Standard 39
(IAS 39) dealing on Financial Instruments: Recognition and Measurement, which is the
2
international accounting standard with respect to the adjustment to doubtful accounts. The
other standard analyzed and had a greater focus was the International Financial Reporting
Standards 9 (IFRS 9) standard issued by the International Accounting Standards Board
(IASB) which aims to gradually replace the current standard, IAS 39.The IFRS 9 will be
completely adopted on January 1, 2018, and the study examined the effects of its adoption.
The research is guided by the disclosure of the differences of values adjusted by their
standards, applied in a case study. It concluded that there is a difference in the way of
accounting and its impacts are relevant within the financial institutions, and to protect the
institution against crises, as it impacts on the result presented.
Keywords: Set with bad debt. IFRS 9. IAS 39. Resolution 2682. accounting standards.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
A provisão deve ser constituída mensalmente, não podendo ser inferior ao somatório
decorrente da aplicação dos percentuais descritos na norma.
De acordo com Niyama (2013) as regras atuais determinam a obrigatoriedade de
manter o mesmo nível de classificação de risco atribuído ao cliente que tenha sido
objeto de renegociação ou composição de dívida, permitindo a alteração para nível menor
de risco desde que tenha se caracterizada uma amortização significativa da dívida ou outro
fato relevante que justifique essa modificação.
No parágrafo 1º do artigo quatro, admite-se para operações com prazo a decorrer
superior a 36 meses, a contagem em dobro dos prazos previstos tabela 1.
Conforme o artigo 9º da resolução nº 2.682 é vedado o reconhecimento no resultado
do período de receitas e encargos de qualquer natureza relativos a operações de crédito que
apresentem atraso igual ou superior a sessenta dias. As operações que sejam provisionadas
no mínimo a 3,0% já não têm suas receitas reconhecidas pela instituição.
Segundo Niyama (2013), deve ser divulgada em notas explicativas a composição da
carteira de operações de crédito, distribuída nos correspondentes níveis de risco previstos na
resolução nº 2.682, segregando-se as operações, pelo menos, em créditos de curso normal
com atraso inferior a 15 dias, e vencidos com atraso igual ou superior a 15 dias.
Devem ser divulgadas em notas explicativas também a distribuição das operações,
por tipo de cliente e atividade econômica, distribuição por faixa de vencimento e montante
de operações renegociadas, lançados contra o prejuízo e de operações recuperadas, no
exercício.
O ato normativo assume uma política conservadora e prudente referente às
operações de crédito no Brasil. As perdas são provisionadas com a existência de
possibilidade do não pagamento, sendo os critérios para a avaliação dessa possibilidade
ficando sobre responsabilidade da instituição financeira. O artigo 10º da resolução
determina que as instituições devam manter documentadas as políticas e procedimentos
para concessão e classificação de operações de crédito, que ficará a disposição do Banco
Central do Brasil e de auditoria independente.
Dessa maneira o Banco Central do Brasil apesar de deixar que as instituições
determinem o método utilizado para provisionar as operações de crédito, mantém o
controle sobre as mesmas com o objetivo de que não haja distorções na contabilização.
Ainda segundo a Ernst & Young (2009), as normas norte americanas (FASB) e as
internacionais (IASB) são concebidas dentro de uma tradição jurídica consuetudinária, ou
seja, as normas devem oferecer princípios gerais de orientação e não regras detalhadas.
Essa tradição difere significativamente da brasileira, na qual o contador está acostumado a
estritamente cumprir normas.
Os ganhos com a adoção seriam entre outros, a redução de custos para
multinacionais controlar nos países em que atuam e melhor comunicação entre
empresas que buscam investir em países estrangeiros.
A adoção ocorre de forma gradativa para que permita as instituições financeiras
manter os padrões para funcionamento exigidos pelas normas estabelecidas pelo órgão
regulador. As alterações poderiam resultar em mudanças na estrutura patrimonial e
financeira, dificultando a regularização, além de exigir mudanças do Banco Central do
Brasil no monitoramento do sistema financeiro nacional.
Em setembro de 2009 o conselho monetário nacional emitiu a Resolução nº 3.786
que dispõe sobre a elaboração e a divulgação de demonstrações contábeis consolidadas com
base no padrão contábil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board
(IASB).
No artigo primeiro da Resolução nº 3.786 as instituições financeiras e demais
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, devem a partir da data-
base de 31 de dezembro de 2010, elaborar e divulgar anualmente demonstrações contábeis
consolidadas adotando o padrão internacional, de acordo com os pronunciamentos emitidos
pelo IASB e traduzidos para a língua portuguesa pelo IBRACON.
Assim, conforme mencionado pela Ernst & Young (2012) o Banco Central do
Brasil exige a divulgação de dois demonstrativos financeiros a partir do exercício de 2010: o
balanço consolidado em IFRS (para os grandes) e os balanços individual e consolidado
(para todos), conforme regra contábil do Banco Central do Brasil, devendo ser
publicados separadamente.
Em comunicado emitido no dia 22 de janeiro de 2010 pelo Banco Central do Brasil
em conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) reiteram o compromisso
assumido com a convergência brasileira às normas internacionais de contabilidade.
A CVM optou por adotar os normativos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC) para as demonstrações contábeis individuais e consolidadas, enquanto o
Banco Central optou por exigir, nesse primeiro momento, a adoção do padrão
internacional, conforme tradução preparada pelo Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (IBRACON), para as demonstrações contábeis consolidadas das instituições sob sua
jurisdição.
Segundo Ernst & Young (2012), o padrão IFRS tornou mais complexo o
reconhecimento, a mensuração e a evidenciação das informações financeiras, com maior
subjetividade nas escolhas contábeis, maior julgamento por parte das companhias e a
participação de várias áreas da empresa na elaboração das informações financeiras.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
O estudo de caso teve como objetivo analisar e comparar os efeitos das normas
contábeis, discutidas até o momento, que abordam os ajustes com crédito de liquidação
duvidosa. A partir da aplicação das normas em uma mesma operação de crédito é possível
identificar os efeitos das mudanças em relação ao modo de contabilização dos ajustes.
A operação de crédito analisada será uma que compõe a carteira de crédito
massificada de uma instituição financeira, considerada não relevante, pois operações de
crédito consideradas relevantes o ajuste com crédito de liquidação duvidosa possui
características bem especificas referente àquela operação.
Vamos supor que um cliente da instituição financeira deixou de quitar a décima
terceira parcela do financiamento, vencida no mês de novembro do ano de 2012. Em 30
de janeiro de 2013, data do vencimento da 15ª parcela, a parcela em atraso estava com 61
dias de vencido. Para fins comparativos o cálculo do ajuste segundo as normas descritas
utilizaram a mesma data como base.
Tabela 1 – Tabela de amortização do saldo devedor do financiamento
Saldo devedor inicial
Mês Parcela Valor Juros Amortização R$ 26.920,00 Dias de atraso
30/11/2012 13 R$ 775,66 R$ 307,10 R$ 468,56 R$ 21.311,90
30/12/2012 14 R$ 775,66 R$ 300,50 R$ 475,16 R$ 20.836,74
30/01/2013 15 R$ 775,66 R$ 293,80 R$ 481,86 R$ 20.354,88 61 dias
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
Caso a divida seja renegociada a nova operação de crédito iniciará com o rating
atribuído a operação de origem da renegociação. Assim caso no dia 1º de fevereiro o
tomador do empréstimo, queira renegociar a sua di vida com a instituição, a nova divida
formada já terá como ajuste com crédito de liquidação duvidosa 10,0% do seu saldo
devedor. Caso o devedor liquide a divida sem renegociá-la o ajuste poderia ser revertido.
Dessa maneira, operações de crédito que por ventura se encontram vencidas dentro
de um prazo inferior a 90 dias são alvo de uma política intensiva de ações para sua
regularização, sendo que a extrapolação do prazo caracteriza como um gatilho de perda.
Como descrito anteriormente no dia 30 de janeiro não haveria ajuste a ser realizado
sobre a operação de crédito que se encontra com atraso de 61 dias. O ajuste apenas seria
realizado quando o atraso excedesse 90 dias. A partir de 90 dias seriam ajustado os
valores não pagos pelo devedor até que fosse ajustado 100% da operação de crédito.
A tabela a seguir demonstra a evolução do ajuste a partir de 90 dias de atraso do
pagamento da parcela vencida em 30 de novembro de 2012.
Percebe-se que há uma variação em relação aos ajustes realizados entre diferentes
metodologias.
Segundo a metodologia adotada pelo IAS 39, foram ajustados valores pequenos se
comparado as demais metodologias, em períodos de crise, em que a economia esteja em
situação ruim, esta pratica não irá resguardar a Instituição para aumento do índice de
inadimplência.
A resolução nº 2.682 apresenta um valor intermediário se comparado os modelos,
porém conservador, pois seu objetivo é resguardar a instituição contra períodos de arrocho
econômico. Os modelos desenvolvidos para o cálculo do IFRS 9 são ainda mais
conservadores, pois trabalham com dados históricos das operações semelhantes e com a
real perda que ocorre nas operações de crédito.
A questão de metodologias mais conservadoras é que os altos valores dos ajustes
influenciam no resultado das instituições financeiras. É preciso buscar modelos de cálculo
que representem fielmente o cenário econômico para proteger a instituição em momentos
de crise e também que não influenciem de maneira negativa os resultados financeiros, não
comprometendo a remuneração dos acionistas, principais interessados no resultado da
instituição.
Referente ao grupo das operações relevantes é constituído pelos clientes cujo saldo
devedor seja igual ou superior a 1% do patrimônio de referência de acordo com analises
de publicação de demonstração financeira de algumas instituições.
A avaliação das operações de crédito que compõem esse grupo é analisada
trimestralmente e individualmente, sendo classificadas segundo o seu grau de risco de
crédito. Sendo analisadas características dos clientes, bem como os principais eventos que
alteram a perspectiva do futuro do cliente.
Características como administração e qualidade dos controles são analisadas,
onde é avaliada a capacidade dos administradores para gerenciar a empresa, a existência
de relatórios e controles que indiquem o domínio dos administradores sobre a
atividade empresarial.
Também observa-se o grau de endividamento da empresa, que são suas obrigações
com terceiros, o comprometimento do seu patrimônio líquido e do seu faturamento mensal,
13
5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2010.
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MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. (4a ed.). Porto Alegre:
Bookman, 2006.
RESUMO
Este estudo teve por objetivo analisar a composição dos ativos intangíveis das empresas
listadas no índice de sustentabilidade empresarial (ISE). Para tal, realizou-se uma pesquisa
descritiva, conduzida por meio de análise documental, com consulta ao balanço patrimonial e
notas explicativas disponíveis no sítio da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São
Paulo (BM&FBOVESPA). A abordagem utilizada foi quantitativa, com utilização de medidas
de estatísticas descritivas (média, mínimo, máximo e desvio padrão). O período de análise
correspondeu ao intervalo entre os anos de 2010 a 2014. A população correspondeu às 40
companhias que faziam parte do ISE, sendo retiradas àquelas que não apresentaram
informações suficientes para realizar a análise. A amostra resultou em um total de 37
empresas. Os resultados demonstraram uma boa média de participação dos intangíveis, apesar
de haver disparidades, com empresas chegando a investir mais de 80 % de seu ativo total e
algumas com menos de 1%. Os ativos intangíveis mais evidenciados nos relatórios contábeis
das companhias são: Software, Ágio sobre investimentos, seguidos por Marcas e Patentes e
Contratos de Concessões. Empresas como a Sabesp e a Telef Brasil, destacam-se com
investimentos significativos em intangíveis, enquanto BicBranco e Even não tratam os
intangíveis como prioridades.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the composition of intangible assets of listed companies in
corporate sustainability index (ISE). To this end, we carried out a descriptive study,
conducted through desk review, in consultation with the balance sheet and explanatory notes
are available on the website of the Stock Exchange, Commodities and Futures Exchange (BM
& FBOVESPA). The approach used was quantitative, using descriptive statistics
measurements (average, minimum, maximum and standard deviation). The analysis period
covered the time between the years 2010 to 2014. The population corresponded to 40
companies that were part of the ISE being taken to those who did not have enough
information to perform the analysis. The sample included a total of 37 companies. The results
showed a good average share of intangible, although there are disparities, with companies
coming to invest more than 80% of its total assets and some with less than 1%. Intangible
assets more evidenced in the accounting records of the companies are: Software Goodwill on
investments, followed by Patents and Trademarks Grants and Contracts. Companies such as
Sabesp and Tel Brazil stand out with significant investments in intangible as BicBranco Even
and do not address intangible as priorities.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção traz os posicionamentos teóricos e empíricos que serviram de base para o
desenvolvimento da linha de raciocínio da pesquisa. Inicialmente, apresentam-se ponderações
sobre os ativos intangíveis. Na sequência, trazem-se informações sobre a evidenciação de
ativos intangíveis. Por último, evidenciam-se estudos anteriores que abordaram a temática em
análise.
O interesse em estudar sobre os ativos intangíveis cresceu muito nos últimos anos
devido sua importância para a determinação do patrimônio das empresas. A seguir estão
descritos alguns estudos relacionados com a evidenciação dos intangíveis. Começando por
Junior ( 2010) traz a relevância dos intangíveis na criação de valor, mostrando que a
construção de índices capazes de medir o capital intangível dentro das empresas a partir das
informações financeiras e contábeis disponíveis, e o estudo associado desses índices com a
geração de valor das empresas, e retorno por meio da variação dos preços das ações , pode
fornecer uma perspectiva nova e fundamental para as organizações e seus investidores,
tornando-se um diferencial competitivo importante.
Com a necessidade de mensurar esses ativos para uma boa administração dos mesmos
o estudo buscou analisar uma das formas propostas para a mensuração e evidenciação dos
ativos intangíveis dentro das organizações e sua relação com a lucratividade proporcionada
aos sócios. Os dados das empresas foram dispostos em forma de painel de dados e analisados
por meio do método de painéis em “pool”.
Lima, Rigo e Pasqual (2012) mostraram a evidenciação dos ativos intangíveis nas
demonstrações contábeis analisando as dez maiores empresas listadas na BM&FBovespa, o
estudo mostrou que apesar de sua importância a contabilidade ainda enfrenta dificuldades em
mensurá-los e evidenciá-los nas demonstrações financeiras.
Os resultados da pesquisa mostram casos como o da Petrobrás, que evidencia ativos
intangíveis de “direitos e concessões”, da Eletrobrás que possui registrados “contratos de
concessões” e da JBS no caso dos “direitos de exploração do uso da água”, provenientes
direta ou indiretamente da atividade que desenvolvem.
Já Almeida (2013) enfatiza o impacto das externalidades geradas pelas multinacionais
na intangibilidade das empresas brasileiras, focando no setor de peças e veículos. Segundo o
autor imagina-se que o papel do Investimento Direto estrangeiro seja de grande relevância
para a capitação de intangíveis pelas empresas brasileiras. Como forma de direcionar o estudo
e permitir uma análise vertical definiu-se como amostra para a pesquisa o setor de peças e
veículos.
Em seus estudos Vaz ( 2014) focou na relação entre investimentos em intangíveis e
produtividade total de fatores no setor industrial brasileiro com o objetivo de estudar a
intangibilidade e a produtividade total de fatores ( PTF) e verificar a existência de relação de
casualidade entre essas duas variáveis. Os dados necessários para a consecução do trabalho,
foram coletados com o auxílio do banco de dados da Economática, envolvendo as companhias
brasileiras com ações negociadas na BM&FBovespa com dados disponíveis para o período
compreendido entre os anos de 1996 a 2011. De acordo com o autor pelos resultados da
pesquisa verificou-se que os doze setores da indústria analisados apresentavam PTF negativa
em todos os anos da série. Pelo grau de intangibilidade (GI) da indústria brasileira observou-
se um crescimento no início dos anos 2000 sendo mantido até o fim da década.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No que concerne aos objetivos, esta pesquisa classifica-se como descritiva. Nesse tipo
de estudo, busca-se descrever, registrar, analisar e interpretar os dados sem manipulá-los
(MARCONI; LAKATOS, 2012). Neste estudo, foram descritas as informações pertinentes
aos ativos intangíveis das empresas listadas no ISE.
Quanto aos procedimentos, a pesquisa classifica-se como documental. De acordo com
Gil (2008, p. 28), “a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da
pesquisa”. Para Minayo (2008, p. 22) “a pesquisa documental é um procedimento que se
utiliza de métodos e técnicas para a apreensão, compreensão e análise de documentos dos
mais variados tipos”. Nesta pesquisa, utilizaram-se documentos publicados na
BM&FBovespa, especificamente, o balanço patrimonial de onde se retirou os valores do ativo
total e do ativo intangível; e as notas explicativas de cada uma empresas do ISE, de onde se
extraíram os tipos de ativos intangíveis registrados por cada entidade da amostra.
Quanto à abordagem, este estudo enquadra-se como quantitativo. Consoante
Richardson (2008, p. 58) “o método quantitativo baseia-se no emprego da quantificação tanto
nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas”. Estudo utilizou em sua análise dos dados, estatísticas descritivas (média,
mínimo, máximo e desvio padrão). A população desta pesquisa centrou-se nas 40 empresas
listadas no ISE. No Quadro 1, pode-se conferir os nomes das referidas empresas objeto do
estudo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No referido trabalho, o objetivo foi analisar os ativos intangíveis das empresas listadas
no ISE, destacando sua evidenciação, seu percentual em relação ao ativo total e os tipos de
intangíveis utilizados nas referidas empresas afim de demonstrar sua importância e o quanto
as companhias se esforçam para tê-los em seus investimentos.
Para tanto, foi desenvolvido um estudo documental e quantitativo numa amostra das
demonstrações contábeis de 37 das 40 companhias listadas no ISE com o propósito de
identificar quais intangíveis as empresas usam, sendo que os dados foram obtidos diretamente
do sítio da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA).
Os resultados revelam que em relação aos valores investidos em ativos intangíveis as
empresas do ISE se destacaram, pois nos 5 anos de amostra tiveram uma média de R$
4.958.319,89 em intangíveis, evidenciando um bom valor médio no período de análise. Os
maiores valores referiam-se as empresas Sabesp, Vale, Telef Brasil e Gerdau.
Ainda em relação aos valores investidos em ativos intangíveis nos 3 primeiros anos da
amostra a companhia que menos investiu em intangíveis foi a Even com R$ 2.889,00 em
2010, R$ 3.498,00 em 2011 e R$ 6.754,00 em 2012. Nos dois últimos anos esse lugar foi
ocupado pelo Bicbanco com R$ 2.383,00 em 2013 e R$ 2.084,00 em 2014. As empresas que
mais investiram capital em ativos intangíveis foram nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014 a
Telef Brasil com R$ 30.053.684,00, R$ 30.009.289,00, R$ 29.503.059,00 e R$ 31.287.424,00
respectivamente e em 2010 a Sabesp com R$ 18.546.836,00.
Com relação ao percentual de participação dos ativos intangíveis em relação aos ativos
totais das companhias representadas na amostra a empresa que tem uma maior
representatividade é a Sabesp com uma média de participação de 82,32% anual durante os 5
anos, tendo em 2014 o maior percentual com 85,58 % e a que tem menor participação é o
Bicbanco com uma média de 0,378% tendo nos anos de 2013 e 2014 os piores resultados com
0,01% de participação nesses dois anos.
Os resultados demostram que os intangíveis mais comuns nas empresas são: software,
ágio sobre investimentos, marcas e patentes, contratos de concessão e pesquisa e
desenvolvimento. As empresas evidenciam o valor do ativo intangível no balanço patrimonial
e os tipos de intangíveis nas notas explicativas.
Finalmente os dados mostram que os ativos intangíveis mais evidenciados nos
relatórios contábeis foram os Softwares, evidenciados por 76% das empresas em 2013 e 2014,
73% em 2012, 68% em 2011 e 70% em 2010, seguido por Ágio sobre investimentos que foi
evidenciado por 62 % das empresas nos anos de 2010, 2012, 2013 e 2014 e por 59% em 2011.
Também aparecem com muita relevância nos relatórios contábeis das companhias Marcas e
Patentes e Contratos de concessão.
Esta pesquisa limita-se à análise dos balanços patrimoniais e das notas explicativas
durante os anos de 2010 à 2014. Sugere como trabalhos futuros: analisar as demonstrações
contábeis das empresas listadas no ISE nos anos seguintes e de outros segmentos tais como:
as empresas do nível 1, 2 e novo mercado e as que fazem parte do ICO2 ampliando os estudos
sobre o tema, verificando se as empresa atendem as normas internacionais em relação a
mensuração e evidenciação dos ativos intangíveis.
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Resumo
O presente artigo tem por objetivo verificar características associadas ao nível de
transparência e representatividade do ativo imobilizado nas companhias de capital aberto
brasileiras. Para isto, foram analisadas as variáveis: setor econômico, ações negociadas na
New York Stock Exchange (NYSE), rentabilidade do ativo e nível de governança corporativa.
A população escolhida foram as 50 empresas de Capital Aberto com ações mais negociadas
na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) no ano de
2014, utilizando-se para a tanto o IBrX 50. A pesquisa classifica-se como documental na
medida em que analisa as Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFPs) e Notas
Explicativas publicadas no site do BM&FBOVESPA. A mensuração da transparência foi
obtida por meio de um Índice de Divulgação (ID) calculado a partir de uma listagem de
verificação, composta por 14 itens, elaborada a partir do CPC 27. E a Representatividade do
Ativo Imobilizado foi obtida através do percentual de participação do Imobilizado Total sobre
o Ativo Total. Os resultados desta pesquisa apontam que a média de divulgação dos itens na
listagem de verificação foram de 77,95%, demonstrando que as companhias analisadas, em
média, realizam uma boa evidenciação do Ativo Imobilizado. No que compete a
Representatividade a média verificada foi de 26,42% do Imobilizado Total em relação ao
Ativo Total das companhias. Encontrou-se ainda uma possível relação entre o Índice de
Divulgação e o Nível de Governança Corporativa e ainda uma possível relação entre nível de
representatividade e o fato de possuir ações negociadas na NYSE.
Palavras chave: CPC 27, Ativo Imobilizado, Transparência, Representatividade.
Abstract
The present article aims at studying Associated Features At the level of transparency and
representativeness of the Fixed assets of the Brazilian public companies. Considering how
variables: Economic Sector, Shares traded New York Stock Exchange (NYSE), Asset
Profitability and level of governance corporate. The Population were chosen as 50 Public
Companies with shares traded in more markets and Stock Exchanges, Commodities and
Futures São Paulo (BM&FBOVESPA) in 2014, using both to will IBrX 50. Search it is
documentary on the extent to which analyzes how Standardized Financial Statements (DFPs)
and Notes Issued any site to BM&FBOVESPA. The measurement of transparency was
achieved through hum Disclosure Index (ID) calculated from the a check list, composed of
over 14 items, prepared the CPC From 27. And the Representativity of fixed assets was
obtained through the percentage of participation to the total Assets Fixed about total Assets.
These results point que a Disclosure of media items in the scan listing were of 77.95%,
showing que as companies in the media, perform a good disclosure to Fixed assets. No que
compete Representativity a verified media was 26.42% of total assets in the total assets of the
companies. It met still a possible relationship between the Disclosure Index and Governance
2
Level and still a possible relationship between level of representativeness and has shares
traded on the NYSE.
Key-words: CPC – 27, Fixed Assets, Transparency, Representativity.
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das empresas no Brasil levou também a evolução das normas que
legislam a contabilidade, fato que pode ser observado após a aprovação das Leis n.º
11.638/2007 e n.º 11.941/2009 que alteraram e revogaram dispositivos da Lei n.º 6.404/1976
e contribuíram, principalmente, para a convergência das normas internacionais de
contabilidade conhecidas como as International FinancialReporting Standards (IFRS) que
vêm sendo desenvolvidas pelo International Accouting Standards Board (IASB).
As mudanças decorrentes da convergência aos padrões internacionais de contabilidade
modificaram também a forma pela qual as companhias preparam e divulgam suas
Demonstrações Financeiras Padronizadas, nesta concepção espera-se um aumento do nível de
divulgação (disclosure). Martins et al. (2013) afirmam que tem-se agora uma regulação mais
acentuada com relação aos seus padrões de transparências e suas políticas de divulgação tanto
para as companhias abertas quanto para as demais empresas.
Dentro deste contexto, visando à convergência com as normas internacionais, a partir
de 2007, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) criou o Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), que a partir de então, passou a emitir pronunciamentos contábeis alinhados
as normas internacionais do IASB. A este respeito, Martins et al. (2013) reforçam que esses
pronunciamentos foram e são construídos com base nas normas internacionais, porém
ajustando-as para a realidade brasileira.
Nesta conjuntura, em 31 de julho de 2009 foi publicado o CPC 27 tratando do Ativo
Imobilizado, com o objetivo de “estabelecer o tratamento contábil para ativos imobilizados,
de forma que os usuários das demonstrações contábeis possam discernir a informação sobre o
investimento da entidade em seus ativos imobilizados, bem como suas mutações”. (CPC 27,
2009, p. 1).
Verificar a transparência do Ativo Imobilizado nas companhias, faz-se importante para
que os valores publicados reflitam a realidade patrimonial das mesmas. Iudícibus (2000)
aponta ainda que é tão importante o estudo do ativo que poderíamos dizer que é o capítulo
fundamental da Contabilidade, porque à sua definição e avaliação está ligada a multiplicidade
de relacionamentos contábeis que envolvem receitas e despesas. Nesta concepção, o estudo
sobre ativo imobilizado ganha relevância na medida em que verifica fatores que possam estar
associados ao nível de transparência deste grupo patrimonial do Ativo, destacando assim a
relevância do Ativo Imobilizado dentro das entidades.
Diante do exposto, a questão problema desta pesquisa é: Quais características estão
associadas ao nível de transparência e representatividade do ativo imobilizado nas
companhias de capital aberto brasileiras?
Neste sentido o objetivo deste trabalho é verificar características associadas ao nível
de transparência e representatividade do ativo imobilizado nas companhias de capital aberto
brasileiras.
A presente pesquisa justifica-se pelo fato de contribuir com os estudos já existentes,
identificando fatores que possam estar associados à transparência das Demonstrações
Financeiras Padronizadas no que tange ao ativo imobilizado, bem como inclui na análise a
representatividade deste grupo de ativos nas companhias brasileiras. Escolheu-se o ativo
imobilizado pela relevância deste grupo nas organizações.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
CPC 27, norma que esclarece os pontos para o registro e evidenciação contábil deste grupo de
ativos.
De acordo com o CPC 27 (2009) o custo de um item de ativo imobilizado deve ser
reconhecido como ativo se, e apenas se: (a) for provável que futuros benefícios econômicos
associados ao item fluirão para a entidade; e (b) o custo do item puder ser mensurado
confiavelmente.
Com relação à depreciação, o CPC 27 (2009) determina que método de depreciação
utilizado deve refletir o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros.
Indica também que cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo
em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente. O CPC 27 aponta ainda
que o valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua
vida útil estimada.
Diante do exposto, a transparência dos elementos do grupo imobilizado deve estar
estruturada em um nível de divulgação no qual a transparência permita aos usuários internos e
externos da informação identificar a real situação da entidade. No próximo tópico é abordado
o tema transparência contábil. Ressalta-se que nesta pesquisa, os termos transparência,
evidenciação, divulgação e disclosure são utilizados como sinônimos.
descoberto e muito mais está para ser descoberto. Desta forma, os pesquisadores vêm ao
longo da história desenvolvendo critérios que classificam o nível de divulgação e que seja
adequado a cada companhia e suas peculiaridades.
Neste sentido, para Hendriksen e Breda (2009) a informação pode ser classificada
como adequada, justa ou completa a mais comumente utilizada dessas expressões é a
divulgação adequada, que pressupõe um volume mínimo de divulgação compatível com o
objetivo negativo de evitar que as demonstrações sejam enganadoras. A divulgação justa
subentende um objetivo ético de tratamento equitativo de todos os leitores em potencial.
Divulgação completa pressupõe a apresentação de toda informação relevante.
Contudo, para Iudícibus (2015) não existe diferença efetiva entre tais conceitos,
embora tenham sido utilizados com significados distintos; toda informação para o usuário
precisa ser, ao mesmo tempo, adequada, justa e completa.
Hendriksen e Breda (2009) ainda acrescentam que a informação pode ser classificada
como voluntária ou compulsória. Os autores apontam, no que tange a divulgação voluntária,
que existe a opinião de que as empresas divulgarão toda informação necessária para o
funcionamento apropriado dos mercados. Os defensores desta posição argumentam que, se a
informação não for divulgada, isso se deverá apenas ao fato de que é irrelevante para os
investidores ou já está disponível de alguma outra forma. Com relação à divulgação
compulsória, esta limita-se àquelas apenas previstas em legislação.
Vale ressaltar que, segundo Hendriksen e Breda (2009), a divulgação fora das
demonstrações financeiras propriamente ditas desempenham um papel muito importante no
mercado global dos dias que correm. Para Iudicibus (2015) existem seis formas de evidenciar,
a primeira seria a apresentação das demonstrações propriamente ditas, a segunda a informação
entre parênteses, as terceiras as notas explicativas, a quarta os quadros e demonstrativos
suplementares a quinta o relatório do auditor e a sexta seria o relatório da administração.
De acordo com Pereira, Breitenbach e Mesquita (2015) no método de divulgação entre
parênteses, a mesma deve ser utilizada quando se queira despertar a atenção dos usuários,
para uma determinada informação ou modificação que apresente relevância no contexto da
entidade.
No tocante a terceira forma de evidenciar, que diz respeito às notas explicativas,
Iudícibus (2015) aponta que é a forma mais conhecida e seu objetivo é evidenciar informação
que não pode ser apresentada no corpo dos demonstrativos contábeis e/ou, se o fizéssemos,
diminuiríamos a clareza.
Sobre a divulgação nos quadros e demonstrativos suplementares, Gonçalves e Ott
(2003) apontam que podem ser apresentados detalhes de itens que constam nas demonstrações
tradicionais, mas que não cabem no seu corpo. Normalmente são incluídos entre as notas
explicativas como, por exemplo, detalhes sobre empréstimos estrangeiros. Sendo assim, para
o Ativo Imobilizado, esta forma de divulgação se exemplifica pelos quadros de conciliação
contábil exigidos pelo CPC 27 em Notas Explicativas.
Na quinta forma de evidenciar, o parecer da auditoria, Pereira, Breitenbach e Mesquita
(2015) apontam que o parecer de auditoria é um relatório que visa dar credibilidade às
informações apresentadas pela empresa.
Por este motivo, de acordo com Pereira, Breitenbach e Mesquita (2015), o parecer de
auditoria é de extrema importância para os usuários que desejam tomar algum tipo de decisão
sobre a companhia, pois os auditores indicam fatores importantes sobre cumprimento ou não
dos princípios e normas contábeis, além de opinar sobre todos os aspectos relevantes das
Demonstrações Financeiras Padronizadas.
Por fim, a última forma de evidenciar, Relatório da Administração, para Iudícibus
(2015) engloba normalmente, informações de caráter não financeiro que afetam a operação da
empresa: expectativas com relação ao futuro no que se refere a empresas e ao setor, planos de
6
Autor
Objetivo/Período Analisado Conclusões
(es)/Ano
O objetivo geral da pesquisa foi Os resultados da pesquisa demonstram que não
verificar se as novas normas contábeis há uma diferença estatisticamente significante
para depreciação e registro do entre as empresas que adotaram taxas
Reis e
imobilizado estão sendo adotadas diferenciadas e seu nível de imobilização.
Nogueira
para fins de divulgação externa e se Contudo, pode-se verificar que empresas que
(2012).
houve alteração nas taxas de adotaram as regras previstas no CPC 27
depreciação utilizadas. O período apresentaram um maior nível de disclosure dos
analisado foi março de 2010. itens de imobilizado e depreciação.
Os autores concluíram que as demonstrações
O objetivo do trabalho foi verificar se
contábeis apresentaram um caráter mais
as empresas do setor siderúrgico
descritivo do que explicativo, apresentando-se
brasileiro evidenciam adequadamente
Reis et al. mais como uma réplica do que trata o CPC 01 do
as informações relativas ao valor
(2013). que uma representação clara da realidade das
recuperável de seus ativos fixos nas
empresas. O que poderia comprometer a
demonstrações contábeis.
representação fidedigna e a transparência das
O ano analisado foi 2010.
informações evidenciadas pelas empresas.
O estudo buscou analisar o nível de
Os resultados demonstraram que todas as
evidenciação das demonstrações
características utilizadas podem explicar o
financeiras divulgadas no ano de 2012
cumprimento das informações obrigatórias para
pelas empresas listadas na Bolsa de
Silva,Silva e ativo imobilizado. Para se alcançar o pleno
Valores, Mercadorias e Futuros de
Laurencel atendimento aos requisitos obrigatórios, as
São Paulo (BM&FBOVESPA) em
(2014). empresas demandam um período de adequação,
relação aos requisitos exigidos no
bem como os reguladores do mercado que
Pronunciamento Técnico CPC 27 de
buscam ampliar a orientação, fiscalização e a
Ativo Imobilizado. O ano analisado
confiabilidade das informações divulgadas.
foi 2012.
7
Autor
Objetivo/Período Analisado Conclusões
(es)/Ano
Os autores buscaram identificar os
fatores que explicam o nível de
Nos resultados encontrados, verificou-se uma
divulgação relativo ao CPC 27 –
relação positiva significativa entre o ativo
Ativo Imobilizado, por empresas
Kaveski, imobilizado e o índice de evidenciação. Os
listadas no segmento do novo
Carpes e autores concluíram que a rentabilidade está
mercado de Governança Corporativa
Klann (2015). negativamente associada à divulgação e não se
da (Bolsa de Mercados e Futuros e
verificou associação significante entre
Bolsa de valores de São Paulo)
“Endividamento” e “Tamanho”.
BM&FBOVESPA. O ano analisado
foi 2011.
Os autores analisaram o nível de
evidenciação contábil nas Notas
Os resultados por segmento apontaram melhores
Explicativas à NBC TG 27 (R1) que
Pereira, níveis de evidenciação para o segmento de bens
trata do ativo imobilizado nas
Breitenbach e industriais. Os autores concluíram também que
empresas de capital aberto dos
Mesquita existe uma relação moderadamente positiva entre
segmentos de bens industriais,
(2015). o tamanho do Ativo mobilizado Líquido das
siderúrgico e de utilidade pública e
companhias com seus níveis de evidenciação.
energia elétrica do Rio Grande do Sul,
no período de 2010 a 2013.
Fonte: Elaborada pelos autores.
A verificação feita por Reis e Nogueira (2012) sobre as novas normas contábeis para
depreciação e registro do imobilizado contribuiu para este estudo na medida em que avaliou
um ponto importante do Imobilizado e ainda mais importante para a evidenciação que são as
normas relativas à depreciação, pois este mecanismo de contabilização tem um impacto muito
relevante no lucro das empresas e que, portanto, merece uma divulgação externa
esclarecedora.
Na pesquisa realizada por Reis et al. (2013) sobre a evidenciação adequada de
informações relativas ao valor recuperável dos Ativos fixos, foi analisado o setor siderúrgico,
setor que possui um índice alto de imobilização. O estudo auxiliou em questões da
evidenciação ligadas a reavaliação de ativos (Impairment test).
O estudo realizado por Silva, Silva e Laurencel (2014) contribuiu para esta pesquisa
dado que foi elaborado um Índice de Não Divulgação (IND) para avaliação da evidenciação
do CPC 27 que possibilita uma comparação com os resultados verificados na presente
pesquisa.
Kaveski, Carpes e Klann (2015) fornecem um ponto de análise de suma importância
ao presente artigo que é a utilização de variáveis para avaliação do nível de evidenciação da
amostra selecionada, no caso do estudo realizado por estes autores foram escolhidas as
seguintes variáveis: tamanho (Ativo Total), Imobilizado Total, Endividamento e
Rentabilidade do Ativo.
Por fim, na pesquisa de Pereira et al. (2015) a contribuição diz respeito as Notas
Explicativas, pois os autores analisam o nível de evidenciação nas Notas Explicativas o que se
refere à NBC TG 27 (R1) que trata do ativo imobilizado. Ressaltando-se então a importância
das notas explicativas no contexto da evidenciação do ativo imobilizado.
3 METODOLOGIA
Neste tópico estão apresentadas todas as ações e procedimentos utilizados para atingir
o objetivo do presente estudo. Inicialmente, no tópico 3.1, apresenta-se a classificação da
pesquisa e posteriormente a isto, no tópico 3.2, se demonstra os instrumentos de pesquisa,
8
após, no tópico 3.3, estão apresentados os procedimentos de pesquisa, e por último, no tópico
3.4, são apresentadas a população e a amostra da pesquisa.
ROA GC
SETOR N ID NYSE
(em %) CNG SNG
Bens Industriais 1 0,929 2,99 1 1 0
Construção e Transporte 5 0,643 5,56 1 5 0
Consumo Cíclico 7 0,816 9,31 0 6 1
Consumo Não Cíclico 7 0,776 6,02 2 6 1
Materiais Básicos 9 0,81 1,03 5 8 1
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 0,786 -2,76 1 0 1
Telecomunicações 3 0,857 2,4 3 2 1
Utilidade Pública 2 0,679 7,95 1 2 0
Fonte: Análise de dados dos autores.
Legenda:
N – Quantidade de Companhias
ID – Índice de Divulgação
ROA – Rentabilidade do Ativo
NYSE – Atribuiu-se 1 para companhias listadas na New York Stock Exchange, e 0 para as companhias não
listadas na New York Stock Exchange
GC – Governança Corporativa
CNG – Adota Nível Diferenciado de Governança Corporativa
SNG – Não adota Nível de Governança
9,31. O setor de materiais básicos apresentou maior quantidade de companhias com ações
negociadas na NYSE, das 9 empresas da amostra, 5 possuem ações na NYSE e seu Índice de
Divulgação médio foi de 81%. O setor de Construção e Transporte apresentou o menor ID
médio, sendo este de 64,30%, este mesmo setor possui apenas 1 companhia com ações
negociadas na NYSE, mas sua rentabilidade foi de 5,56.
É possível verificar na Tabela 3 que a maioria das empresas componentes da amostra
apresenta algum nível diferenciado de governança corporativa e vale ressaltar que o nível de
divulgação da maioria dessas companhias, no que tange ao ativo imobilizado, mostrou-se
bom, o que pode sugerir uma relação entre maior transparência e adoção de nível diferenciado
de governança corporativa.
O Nível de Governança que se demonstrou mais elevado, na amostra, foi o do setor
materiais básicos, nas quais 8 das 9 companhias da amostra fazem parte de algum nível de
Governança Corporativa, vale ressaltar que seu Índice de Divulgação médio foi de 81%. No
Consumo Cíclico e Não Cíclico das 7 companhias analisadas em cada setor, em ambas, 6
companhias possuem algum nível de governança, e ambas constaram, em média, um bom ID
81,6% e 77,6% respectivamente.
No entanto, vale ressaltar que no setor de Construção e Transporte todas as
companhias analisadas estão dentro de algum nível de governança, mas seu ID ficou em
64,3% que é a menor da média presente na amostra. A Tabela 4 demonstra a média de
representatividade do ativo Imobilizado nas companhias componentes da amostra.
NG
SETOR N R ROA NYSE
CNG SNG
Bens Industriais 1 19,46% 2,99 1 1 0
Construção e Transporte 5 9,82% 5,56 1 5 0
Consumo Cíclico 7 20,78% 9,31 0 6 1
Consumo Não Cíclico 7 14,83% 6,02 2 6 1
Materiais Básicos 9 45,90% 1,03 5 8 1
Petróleo, Gás e Biocombustíveis 1 73,23% -2,76 1 0 1
Telecomunicações 3 26,84% 2,4 3 2 1
Utilidade Pública 2 20,01% 7,95 1 2 0
Fonte: Análise de dados dos autores.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em:
10 fev. 2016.
14
______. Lei n.º 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às
sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações
financeiras. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 10 fev. 2016.
______. Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa
ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que
especifica; institui regime tributário de transição. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 10
fev. 2016.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007
MARTINS, E.; GELBCKE, E.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S. de. Manual de contabilidade
societária: aplicável a todas as sociedades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
15
NIYAMA J. K.; SILVA C. A. T. Teoria da contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
Daniela Di Domenico
Mestre em Ciências Contábeis – FURB
didomenico@unochapeco.edu.br
RESUMO:
A adoção das normais internacionais de contabilidade, surgiu da necessidade de unificar e
harmonizar a contabilidade em nível global, estabelecendo padrões de alta qualidade e
comparabilidade dos demonstrativos financeiros. O processo de adoção do International
Accouting Standards Board (IFRS), no brasil, foi iniciado no ano de 2005, com a criação do
Comitê dos Pronunciamento Contábeis (CPC) e da Lei nº 11.638/07. Contudo, a adoção das
normas internacionais de contabilidade podem trazer impacto na mensuração do desempenho
econômico das organizações, neste sentido, o estudo teve o objetivo analisar o desempenho
econômico das empresas brasileiras em períodos distintos há adoção das normas IFRS. A
pesquisa possui caráter descritivo, realizada por meio documental, e com abordagem
quantitativa. O período de análise compreendeu 2003 à 2014, com uma amostra de 185
empresas brasileiras de capital aberto. Os achados indicam diferenças entre as médias de
desempenho econômico nos distintos períodos de adoção das normas IFRS, entretanto, com
base em testes adicionais, nenhum resultado revelou diferenças importantes. Conclui-se que
não houve impacto no desempenho econômico das organizações no período pré-adoção,
durante adoção e pós-adoção das normas internacionais de contabilidade para as empresas
brasileiras. Faz-se considerar que o tamanho da empresa foi um fator importante, revelando
que a mensuração e reconhecimento das contas do ativo foram impactadas pela adoção das
normas internacionais de contabilidade.
ABSTRACT:
The adoption of international accounting standards, arose from the need to unify and
harmonize the accounting on a global level by establishing high quality standards and
comparability of financial statements. The International adoption process Accouting
Standards Board (IFRS), in Brazil, was initiated in 2005 with the creation of the Accounting
Pronouncements Committee (CPC) and Law No. 11,638 / 07. However, the adoption of
international accounting standards can bring impact on the measurement of economic
performance of organizations, in this sense, the study aimed to analyze the economic
performance of Brazilian companies in different periods there is adoption of IFRS. The
research has descriptive character, performed by documentary means, and a quantitative
approach. The review period was 2003 to 2014 with a sample of 185 Brazilian listed
companies. The findings indicate differences between the average economic performance in
different periods of adoption of IFRS, however, based on additional testing, no results
revealed important differences. It was concluded that there was no impact on the economic
performance of organizations in the pre-adoption period for adoption and post-adoption of
international accounting standards for Brazilian companies. It should be considered that the
size of the company was an important factor, showing that the measurement and recognition
of the asset accounts were impacted by the adoption of international accounting standards.
1 INTRODUÇÃO
A contabilidade, como em outras áreas profissionais, perpassa por transformações para
adaptar-se à um mundo em constante alteração. Recentemente, a normatização contábil
brasileira teve uma das maiores transformações das últimas décadas, que foi a adesão das
normas internacionais de contabilidade. Tais modificações, tiveram o intuito de harmonizar a
contabilidade em BR-GAAP para normas IFRS, que vem sendo implementadas em diversos
países, ampliando a comparabilidade dos demonstrativos financeiros de empresas brasileiras à
nível internacional (SOUZA; DRUM; CARVALHO, 2014).
O International Accounting Standards Board (IASB), International Federation of
Accountants (IFAC), e o The International Organization of Securities Commission (IOSCO)
são organizações da área contábil que têm empregado esforçados para à harmonização das
normas internacionais de contabilidade. Tais organizações têm a função de estabelecer
padrões de alta qualidade, para que a contabilidade divulgue demonstrativos financeiros que
sejam identificáveis e utilizáveis pelos usuários em nível global (KLANN; BEUREN; HEIN,
2009).
No Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), surgiu com a
responsabilidade de emitir normas contábeis com padrão IFRS, a fim de estabelecer um
processo de efetivação da convergência contábil. Em 2007, foi criada a Lei nº 11.638/07, que
deu início ao processo de convergência das normas de contabilidade das empresas brasileiras
à nível internacional (CPC, 2015). Tal adoção trouxe para a contabilidade brasileira, um novo
processo de mensuração de componentes patrimoniais e de resultado, visando a melhoria no
processo de divulgação das informações econômicas e financeiras (DIDOMENICO; DAL
MAGRO; KLANN, 2013).
As novas regras contábeis impostas pela lei 11.638/07, proporcionaram maior inserção
das empresas brasileiras aos mercados globais de capital, na medida em que há preparação de
demonstrações financeiras em International Financial Reporting Standards (IFRS), padrão
adotado pelos principais mercados capitalistas do mundo (BORSATO; PIMENTA; SOUZA
RIBEIRO, 2009). Entretanto, o uso de diferentes normas em momentos distintos poderia
ocasionar na divulgação de desempenho econômico diferenciado para uma mesma
organização, dependendo do padrão contábil adotado (BERNARDI; COSTA; IKEDA, 2002).
Diante da premissa, estudos nacionais e internacionais argumentaram sobre a
possibilidade de impacto da adoção das normas IFRS no desempenho econômico das
organizações, quando da utilização de análise de índices financeiros das companhias abertas
(SILVA; COUTO; CORDEIRO, 2009; LANTTO; SAHLSTRÖM, 2009; BORSATO;
PIMENTA; SOUZA RIBEIRO, 2009; NETO; OLIVEIRA DIAS; PINHEIRO, 2009;
LEMES; CARVALHO, 2009; KLANN; BEUREN; HEIN, 2009; MARTINS; PAULO, 2010;
CUNHA et al. 2013; FARIAS et al. 2014; SANTOS, 2015; KLANN; BEUREN, 2015).
Neste sentido, estabeleceu-se a seguinte questão de pesquisa: qual o desempenho
econômico das empresas brasileiras em períodos distintos há adoção das normas IFRS? O
estudo teve o objetivo de analisar o desempenho econômico das empresas brasileiras em
períodos distintos há adoção das normas IFRS (pré-adoção; durante adoção; pós-adoção).
De acordo com Cunha et al., (2013), a partir dos pronunciamentos já publicados na
busca da convergência às normas internacionais, pode-se perceber que houve mudanças nas
demonstrações contábeis devido à novas formas de reconhecer, mensurar e evidenciar ativos e
passivos. Tais mudanças podem justificar o presente estudo, visto que os demonstrativos
financeiros são a base de mensurar e demonstração do desempenho econômico
organizacional.
Além disso, sabe-se que o contador desempenha importante papel na sociedade, não
podendo ficar restrito a área contábil organizacional, mas devendo adentrar para informações
estratégicas e de desempenho (SOUZA; DRUM; CARVALHO, 2014). Para tanto, o estudo
contribui em demonstrar aos usuários das demonstrações contábeis, e até mesmo aos
profissionais de contabilidade, a variabilidade no desempenho organizacional, que pode ter
sido ocasionada por diferentes fases da adoção das normas IFRS.
Por fim, a contribuição do estudo é oferecer um prisma longitudinal, que busca avaliar
com maior acurácia as discrepâncias no desempenho econômico de empresas brasileiras pelas
inferências de adoção das normas internacionais de contabilidade, sob a perspectiva de que
uma análise temporal ofereça maior robustez e confiabilidade aos achados. Adiciona-se a
discussão do efeito do período em que ocorre o processo de adoção das normas internacionais
de contabilidade sobre o desempenho econômico, comparando com o período pré-adoção e
pós-adoção das normas IFRS.
A limitação do estudo envolve a possibilidade de que fatores macroeconômicos e de
mercado, podem afetar o desempenho econômico das empresas e, portanto, alterações que
poderão ser evidências, teriam a tendência de não serem ocasionadas pelos distintos períodos
de adoção das normas IFRS.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A presente pesquisa quanto aos objetivos pode ser caracterizada pelo método de
pesquisa descritiva, quanto aos procedimentos de pesquisa devido as suas características, foi
procedida de forma documental e por fim, quanto à abordagem do problema, a pesquisa se
caracteriza pela tipologia quantitativa.
A população do estudo compreendeu as empresas listadas na BM&FBovespa. Deste
modo, para constituir a amostra da pesquisa foram excluídas as empresas do setor financeiro,
e aquelas que não continham dados suficientes para cálculo dos indicadores de desempenho
econômico analisados, e portanto, a amostra final foi composta de 185 empresas brasileiras de
capital aberto.
Para a realização do estudo, foi feito uso das demonstrações contábeis do exercício
social de 2003 até 2014, das empresas de capital aberto listadas na BM&FBovespa. As
demonstrações contábeis analisadas, foram aqueles relacionadas ao período pré-adoção das
normas IFRS, período durante a adoção das normas IFRS e período pós-adoção das normas
IFRS no Brasil. A coleta de dados foi efetuada por meio da economática.
Com base nos estudos de Iudícibus (2012), Marion (2012), Silva (2012) e Assaf Neto
(2001), foram selecionados índices que mensuram o desempenho econômico, buscando
alcançar o objetivo proposto, conforme Quadro 1.
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
O estudo teve o objetivo de analisar o desempenho econômico das empresas
brasileiras em períodos distintos há adoção das normas IFRS. Os achados preliminares
esboçam que as mudanças ocorridas pela adoção das full IFRS, ocasionaram diferenças
importantes no desempenho econômico das organizações brasileiras em estudo. Por meio dos
testes estatísticos, constatou-se que o índice de liquidez corrente, índice de liquidez geral,
retorno sobre o patrimônio líquido e tamanho da empresa, apresentaram diferenças
significantes em períodos distintos à adoção das IFRS (pré-adoção; durante ação; pós-
adoção).
O índice de liquidez corrente e tamanho apresentaram diferença estatisticamente
significativa quando analisados os grupos (1,2 e 3) em conjunto, ou seja, quando analisado o
período de 2003 a 2014 em geral. Os achados indicaram que as empresas no período pós-
adoção das normas internacionais de contabilidade apresentaram médio de maior desempenho
econômico, pela liquidez corrente, e maior tamanho pelos ativos totais.
Com a verificação efetiva das evidências apontadas sobre a liquidez corrente e o
tamanho da empresa, foi analisado os indicadores por grupo ou período, mostrando que a
diferença se torna insignificante, ou seja, a diferença apresentada no teste é baixa quando
comparada aos resultados dos grupos em conjunto.
Os indicadores de participação de capital de terceiros, retorno sobre o ativo,
oportunidade de crescimento, não apresentaram diferenças significantes em períodos distintos
à adoção das normas IFRS. Com isto, pode-se constatar que o ativo total, passivo circulante e
exigível a longo prazo, lucro líquido e lucro operacional, não sofreram impactos com a
adoção do IFRS, pois estes fazem parte dos indicadores calculados. Contudo, é preciso
considerar evidências de possível impacto nos ativos tais de maneira isolada, visto achados
preliminares que demonstram que as empresas no período pós-adoção das normas
apresentaram tendência de maior tamanho.
De maneira geral, conclui-se que a adoção das normas internacionais de contabilidade
no Brasil, não alterou a forma dos gestores gerirem as organizações, podendo ter como ponto
de partida os resultados das demonstrações contábeis para a tomada de decisões importantes
para a empresa. Porém, os gestores devem se manter atualizados nas novas normas, pois a
forma de mensurar e avaliar os ativos e passivos, sofreram alterações, e se os dados não forem
utilizados de forma correta, podem prejudicar a empresa. Contudo, cuidados devem ser
tomados nas decisões utilizadas com base nas demonstrações financeiras, faz-se necessário
observar fatores intrínsecos aos demonstrativos que podem estar explicitados em notas
explicativas.
Espera-se que este estudo seja utilizado para aprofundar os conhecimentos na adoção
do full IFRS, e seus impactos nas empresas brasileiras, influenciando assim, novas pesquisas
nesta área. Recomenda-se que seja elaborada uma pesquisa calculando indicadores
econômicos – financeiros diferentes dos dispostos neste artigo, com empresas financeiras,
para que se possa analisar fatores contábeis diferentes, em uma área diferenciada. Além disso,
sugere-se com base nos achados preliminares sobre distorções nos ativos totais, que sejam
elaborados estudos focados em tais alterações, observando em notas explicativas possíveis
escolhas de normatização contábil que tendem a impactar para o aumento nos ativos das
organizações.
REFERÊNCIAS
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2002.
CUNHA, P. R.; SANTOS, V. D.; HEIN, N.; LYRA, R. L. W. C. Reflexos da Lei n.º
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Informação Contábil, v. 8, n. 1, p. 1-19, 2014.
KLANN, R. C.; BEUREN, I. M.; HEIN, N. Impacto das diferenças entre as normas contábeis
brasileiras e americanas nos indicadores de desempenho de empresas brasileiras com ADRs. Brazilian
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PIRES, C. O.; DECOURT, R. F. O impacto da fase final de transição para o IFRS no Brasil.
Revista Brasileira de Gestão e Negócios, v.17, n. 54, p. 736-750, 2015.
Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar o nível de disclosure ambiental das empresas
participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA do
ano de 2013. A pesquisa foi desenvolvida por meio de análise de conteúdo, através da
consulta aos relatórios anuais de sustentabilidade, disponíveis nos websites das
organizações. Foi reunida uma amostra de 30 empresas que compõe a carteira do ISE
2013, as quais suas atividades apresentam alto risco ambiental. Para atender ao objetivo
geral, examinaram-se os Relatórios de Sustentabilidade das empresas pesquisadas e
após a respectiva coleta de dados, foi calculada no Microsoft Excel a entropia da
informação, que possibilitou identificar quais informações foram mais evidenciadas
pelas companhias. Os resultados da pesquisa demonstraram que as empresas
pesquisadas apresentam em seus relatórios um nível relevante de disclosure ambiental,
porém, esperava-se que empresas participantes no ISE apresentassem um nível
fornecimento de informações maior, uma vez que este índice, segundo a
BM&FBOVESPA representa uma carteira de empresas com comprometimento com a
sustentabilidade empresarial. Igualmente, constatou-se que as empresas de auditoria
também podem contribuir para a atribuição de uma maior e melhor prestação de contas
à sociedade, no que tange à divulgação da relação da empresa com o meio ambiente.
Abstract:
This study aimed to analyze the level of environmental disclosure of participants in the
Corporate Sustainability Index companies (ISE) of BM&FBOVESPA in 2013. The
research was conducted through content analysis, by consulting annual sustainability
reports available the websites of the organizations. It has gathered a sample of 30
companies that make up the portfolio of the ISE 2013, which its activities have a high
environmental risk. To meet the overall objective, we examined whether the
2
Sustainability Reporting of the companies surveyed and after its collection data was
calculated in Microsoft Excel Entropy of Information, which enabled us to identify what
information was most evidenced by companies. The survey results showed that the
companies have in their reports a significant level of environmental disclosure,
however, was expected to companies participating in the ISE presented a supply greater
level of information, since this index, according to BM & FBOVESPA is a portfolio of
companies with commitment to corporate sustainability. Also, it was found that audit
firms can also contribute to the allocation of a bigger and better accountability to society
regarding the disclosure of the company's relationship with the environment.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
A pesquisa classifica-se quanto aos objetivos como descritiva, Gil (2008, p. 42)
relata que “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre variáveis”.
Quanto aos procedimentos a pesquisa a pesquisa trata-se como uma pesquisa
documental, que apresenta como característica principal a fonte de coleta de dados
6
restrita a documentos escritos ou não, podendo ser feita no momento em que o fato ou
fenômeno ocorre ou depois (MARCONI; LAKATOS, 2005).
Já em relação a abordagem do problema a pesquisa será uma pesquisa
quantitativa, que tem como característica o emprego de instrumentos estatísticos na
coleta e tratamento de dados, com a intenção de garantir a precisão dos resultados,
evitando distorções de análise e interpretação e procurando descobrir e classificar a
relação entre as variáveis e a relação de causalidade entre fenômenos (RAUPP;
BEUREN, 2006).
Para facilitar a coleta dos dados, a pesquisa utilizou como base um checklist de
dimensões e itens elaborados para identificar as características da evidenciação das
informações ambientais e sociais das empresas, adaptado dos estudos de Murcia et al.
(2008). Para a seleção das empresas foi utilizado como critério às empresas listadas na
carteira do ISE da BM&FBOVESPA, que vigorou de 07 de janeiro de 2013 a 03 de
janeiro de 2014. No Quadro 1 apresenta-se as empresas da amostra.
EMPRESAS
1 - Aes Tiete S.A. 16 - Even Construtora E Incorporadora S.A.
2 - Braskem S.A. 17 - Fibria Celulose S.A.
3 - Brf S.A. 18 - Gerdau S.A.
4 - Ccrs.A. 19 - Light S.A.
5 - Cemig Distribuição S.A. 20 - Natura Cosmeticos S.A.
6 - Cesp Cia Energética De São Paulo 21 - Oi S.A.
7 - Coelce Cia Energética Do Ceara 22 - Sabesp Cia Saneamento Basico Est. São Paulo
8 - Copasa Cia Saneamento De Minas Gerais 23 - Sul America S.A.
9 - Copel Cia Paranaense De Energia 24 - Suzano Papel E Celulose S.A.
10 - Cpfl Energia S.A. 25 - Telefonica Brasil S.A.
11 - Duratex S.A. 26 - Tim Participações S.A.
12 – Ecorodovias 27 - Tractebel Energia S.A.
13 - Edp Energias Do Brasil S.A. 28 - Vale S.A.
14 - Eletrobras Centrais Eletricas Do Brasil S.A. 29 - Weg S.A.
15 - Eletropaulo Metrop. Elet. São Paulo S.A. 30 - Ultrapar Participações S.A.
Fonte: Adaptado BM&FBOVESPA.
A análise dos dados foi realizada de forma segregada por meio da entropia
informacional contemplando as nove categorias do constructo. Desta forma é possível
analisar os efeitos de cada dimensão de informação ambiental e social nas questões
investigadas e no resultado do cálculo da entropia. Zeleny (1982) explica que quanto
maior for o e(di), menor é a informação transmitida e quanto mais próximo de zero for o
e(di), maior é o grau de entropia presente na questão. E no que se refere ao peso da
questão, maior peso indica diversidade na divulgação das informações e maior dispersão
do constructo e menor peso indica pouca oscilação na evidenciação das características
de divulgação.
7
Consoante a Tabela 2, verifica-se que o maior e(di) com valor de 0,9973 refere-
se a questão 8, destacando os dados sobre Gestão Ambiental presente na empresa, o que
mostra baixa entropia, ou seja, indica que das 30 empresas pertencentes à amostra, 24
evidenciaram o mesmo tipo de informação, neste caso a informação declarativa, sendo
esta, para essa dimensão, a mais evidenciada.
No processo de acondicionamento (embalagem), que corresponde a questão 10,
é verificado menor e(di) com valor de 0,9796, significando que esse item apresenta
maior dissipação da informação, indicando que os dados não estão sendo evidenciados
por algumas companhias ou elas não realizavam essas ações ambientais. Destaca-se na
Tabela 11 que nenhuma questão do constructo desse grupo atingiu a máxima entropia
e(di) igual a 1. Caso tivesse atingido, não estaria transmitindo nenhuma informação no
grupo (ZELENY, 1982).
Quando calculado o peso de cada questão em relação ao total de questões da
categoria Sistemas de Gerenciamento Ambiental, observa-se que as que apresentaram
os maiores pesos foram as questões 10 e 7, sendo 0,4096 e 0,2157 respectivamente,
demonstrando que as mesmas possuem maior entropia informacional, ou seja, houve
uma diversificação de evidenciação de informação sobre o processo de
acondicionamento (embalagem) e Auditoria Ambiental, prevalecendo à ausência de
informação nestas questões.
Correspondente à categoria Impacto dos Produtos e Processos no Meio
Ambiente, demonstra-se na Tabela 3, os resultados da entropia informacional:
tipo de informação, neste caso a informação declarativa. Dessa forma, nessa dimensão,
este tipo de informação foi mais evidenciada. Na questão 44, referente a gerenciamento
de florestas/reflorestamento, é constatado menor e(di) com valor de 0,9852,
apresentando maior dissipação da informação e demonstrando que as informações sobre
esta questão não estão sendo evidenciadas por algumas companhias ou, ainda, elas não
realizavam essas ações ambientais. Destaca-se também na Tabela 18, que nenhuma
questão do constructo desse grupo atingiu a máxima entropia e(di) igual a 1.
Deste modo, constatou-se semelhança com os resultados encontrados no estudo
de Gubiani et al. (2010), no qual se destaca que as subcategorias possuem menção sobre
sustentabilidade ambiental e conservação de biodiversidade. Estas subcategorias foram
bastante evidenciadas pelas empresas pertencentes ao estudo. Em contrapartida, ainda
neste estudo, localizaram-se pouquíssimas evidenciações a respeito dos stakeholders e
sobre o gerenciamento de florestas/reflorestamentos.
Consequentemente, ao se calcular o peso de cada questão em relação ao total de
questões da categoria Outras Informações Ambientais e Sociais, verifica-se que
apresentaram os maiores pesos as questões 44 e 45, sendo 0,4811 e 0,3162,
respectivamente, atestando maior entropia informacional, expressando que há
diversidade de informações entre a ausência de informação, a informação declarativa e a
informação quantitativa monetária e não monetária.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
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LOGÍSTICA E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS, 2010, São Paulo. Anais
Eletrônicos. São Paulo, 2010.
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194-217.
MURCIA, Fernando Da-Ri; ROVER, Suliani; LIMA, Iran; FÁVERO, Luiz Paulo
Lopez; LIMA, Gerlando Augusto Sampaio Franco de. Disclosure Verde nas
Demonstrações Contábeis: Características da Informação Ambiental e Possíveis
Explicações para a Divulgação Voluntária. Revista UnB Contábil, Brasília, v. 11, n. 1-
2, p. 260-278, jan./dez. 2008.
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Petrobras. In: XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura
sustentável, 2008, Rio de Janeiro. Anais Eletrônicos. Rio de Janeiro, 2008.
Resumo
O mercado de capitais tem cada vez mais exigido de suas empresas a divulgação de
informações, dentre elas a divulgação (disclosure) de resultados futuros (guidance) tem
influência na tomada de decisão de seus gestores e serve como atrativo para novos
investidores. O guidance, mesmo de caráter voluntário, tem sido adotado pelas empresas com
nível de governança corporativa considerável. Nesse contexto, a pesquisa tem como principal
objetivo verificar o guidance divulgado pelas empresas brasileiras do segmento Novo
Mercado da BM&FBOVESPA no período de 2012 a 2014. Especificamente, tem como
objetivos: (i) mapear as empresas do segmento Novo Mercado da BM&FBOVESPA que
divulgam guidance; e (ii) identificar as práticas de divulgação de guidance apresentadas. A
metodologia da pesquisa aborda características descritivas e exploratórias, analisando
informações fornecidas pelo Formulário de Referência (FR) encontrado na BM&FBOVESPA
nos anos de 2012 a 2014. A amostra reuniu 131 empresas do Novo Mercado da
BM&FBOVESPA, das quais apenas 32 empresas independente do seu setor de atuação
evidenciam algum tipo de guidance. Os resultados mostram que 20 (62,50%) empresas
divulgam guidance operacional, 14 (43,75%) empresas divulgam relatórios de guidance
financeiro e 22 (68,75%) empresas divulgam relatórios de guidance de investimento, trazendo
como principal divulgação informações relacionadas a receitas, EBITDA, infraestrutura e
tecnologia e CAPEX.
Abstract
The stock exchange market has increasingly required its companies to disclose information.
Companies with high corporate governance levels often adopt guidance (future results), since
its disclosure is voluntary. It is used to draw in new investors and to help in the decision-
making process. In this context, this research aims to verify the guidance disclosed by
Brazilian companies in the Novo Mercado segment of BM&FBOVESPA between 2012 and
2014. The specific objectives are: (i) chart the companies that disclose guidance in the Novo
Mercado segment of BM&FBOVESPA; and (ii) identify the presented guidance disclosure
practices. The research methodology adopts descriptive and exploratory characteristics,
2
analyzing financial reports (Formulário Referência – FR) required by the Brazilian stock
exchange, between 2012 and 2014. The sample consists of 131 companies in Novo Mercado
BM&FBOVESPA, of which only 32 companies, independent of sector, disclosed guidances.
Results show that 20 of 32 companies disclosed operational guidance (62.50%), 14 disclosed
financial guidance (43.75%) and 22 disclosed investment guidance (68.75%); among the most
common disclosures are about revenue, EBITDA, infrastructure, technology and CAPEX.
1 INTRODUÇÃO
As informações divulgadas pelas empresas têm cada vez mais importância no mercado
de capitais. Estrategicamente são utilizadas para comparação e melhoramento de resultados de
diversas empresas, evidenciando resultados mais transparentes, que são fundamentais para
tomada de decisões de seus gestores e acionistas, assim como podem influenciar futuros
investidores.
Conforme Folster (2015), o disclosure (evidenciação) de informação pode ser de
caráter obrigatório e voluntário. No disclosure obrigatório as informações devem ser
apresentadas conforme obrigações legais e constitucionais. Enquanto que o disclosure
voluntário tem associação a uma estratégia de gestão, muitas vezes relacionada ao retorno e
aumento do poder de influência da empresa nas decisões de seus usuários (MURCIA et al.,
2009; ROVER, et al., 2012).
Segundo Salotti e Yamamoto (2008), a teoria da divulgação explica o objetivo do
fenômeno da divulgação, identificando razões para a prática do disclosure voluntário,
diretamente relacionada a divulgação de projeções de resultados futuros (guidance)
(FOLSTER, 2015; LIMA, 2007; BRANDÃO et al., 2013). Segundo a legislação brasileira o
guidance não é obrigatório e pode ser encontrado no conjunto de relatórios apresentados no
site da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA), mais
especificadamente, no Formulário de Referência (FR) (FOLSTER, 2015). A divulgação
voluntária do guidance deve ser com responsabilidade e prudência para não gerar expectativas
indevidas aos investidores (CODIM, 2008).
A partir da premissa do disclosure voluntário e a prática do guidance voluntário,
diversas pesquisas ainda pouco analisam ou discorrem a respeito do assunto. Nas atuais que
falam sobre o assunto, como a de Murcia (2008) e Macedo Neto et al. (2012), um dos fatores
para essa prática se dá basicamente ao desempenho financeiro, operacional e de investimentos
das empresas, tendo como resultado maior visibilidade no mercado de capitais e elevando a
níveis alto de confiabilidade (FOLSTER, 2015).
Assim, o presente estudo busca responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as
informações de guidance são divulgadas no Formulário de Referência das empresas
brasileiras do segmento Novo Mercado da BM&FBOVESPA?
O objetivo geral da pesquisa consiste em verificar o guidance divulgado pelas
empresas brasileiras do segmento Novo Mercado da BM&FBOVESPA no período de 2012 a
2014. Procurando de forma específica: (i) mapear as empresas do segmento Novo Mercado da
BM&FBOVESPA que divulgam guidance; e (ii) identificar as práticas de divulgação de
guidance apresentadas.
3
Esta pesquisa tem como justificativa agregar conhecimento tanto prático como teórico
para a grande demanda de informação, sendo elas de guidance voluntário ou disclosure para
eventuais pesquisas sobre o assunto. A divulgação de tal projeção foi identificada nos
respectivos formulários de referência encontrados no site da BM&FBOVESPA, esses
formulários são divulgados recentemente e tem sua exigibilidade por meio da Instrução
Normativa CVM nº 480/2009 aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A configuração desse trabalho, além da introdução já apresentada, está estruturada em:
referencial teórico, que aborda sobre disclosure e guidance; metodologia utilizada no estudo;
resultados da pesquisa; e conclusão e sugestões para próximas pesquisas.
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Disclosure
2.2 Guidance
4
(EBITDA) através de relatórios de guidance. Com base numa amostra de 42 empresas, as que
mais divulgam esse tipo de relatório são as empresas maiores (ativo total) e com grande
endividamento. As que tem maiores índices de ROE (retorno sobre o patrimônio) e liquidez
corrente e menor margem liquida apresentaram projeções menos precisas e mais tempestivas.
3 METODOLOGIA
Setor Empresas
CSU CARDSYSTEM S.A., EMBRAER S.A., INDUSTRIAS ROMI S.A., IOCHPE
MAXION S.A., LUPATECH S.A., MAHLE-METAL LEVE S.A., MARFRIG
Bens Industriais GLOBAL FOODS S.A., MARISA LOJAS S.A., METALFRIO SOLUTIONS S.A.,
MILLS ESTRUTURAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA S.A., TUPY S.A., VALID
SOLUÇÕES E SERV. SEG. MEIOS PAG. IDENT. S.A. e WEG S.A.
ARTERIS S.A., BRASIL BROKERS PARTICIPACOES S.A., CCR S.A., COSAN
LOGISTICA S.A., CR2 EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S.A., CYRELA
BRAZIL REALTY S.A.EMPREEND E PART, DIRECIONAL ENGENHARIA S.A.,
ECORODOVIAS INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA S.A., ETERNIT S.A., EVEN
CONSTRUTORA E INCORPORADORA S.A., EZ TEC EMPREEND. E
PARTICIPACOES S.A., GAFISA S.A., HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A., JHSF
Construção e PARTICIPACOES S.A., JSL S.A., LOG-IN LOGISTICA INTERMODAL S.A., LPS
Transporte BRASIL - CONSULTORIA DE IMOVEIS S.A., MRV ENGENHARIA E
PARTICIPACOES S.A., MULTIPLUS S.A., PDG REALTY S.A. EMPREEND E
PARTICIPACOES, PORTOBELLO S.A., RODOBENS NEGOCIOS IMOBILIARIOS
S.A., ROSSI RESIDENCIAL S.A., RUMO LOGISTICA OPERADORA
MULTIMODAL S.A., TECNISA S.A., TEGMA GESTAO LOGISTICA S.A., TPI -
TRIUNFO PARTICIP. E INVEST. S.A., TRISUL S.A. e VIVER INCORPORADORA
E CONSTRUTORA S.A.
6
ITEM CARACTERÍSTICAS
Informação relacionada a receita, venda, caixa livre, despesas e custos, lucro e
Guidance operacional
EBITDA de uma empresa.
7
Uma vez definida a amostra, segue-se aos procedimentos para atingir o segundo
objetivo específico da pesquisa, onde são identificados as práticas e informações do guidance
publicados pelas empresas em questão, estabelecendo um padrão para comparabilidade.
Devido à ausência de terminologia específica na norma do CODIM e nas outras pesquisas
relacionadas com o assunto, utiliza-se os enfoques em guidance operacional, guidance
financeiro e guidance de investimento, conforme apresentado no Quadro 2.
120
99
100
80
60
32
40
20
0
DIVULGAM GUIDANCE NÃO DIVULGAM GUIDANCE
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
A Tabela 1 mostra quais são as empresas que evidenciam o guidance, de acordo com o
setor correspondente e sua representatividade no total das empresas do setor.
Número
%
Total de de %
empresas
Setor Empresas empresas empresas totalidade
com
do setor com por setor
guidance
guidance
Bens Industriais EMBRAER S.A. 13 1 3,1 7,7
ARTERIS S.A, CCR S.A, JHSF
Construção e
PARTICIPACOES S.A., JSL S.A., 29 6 18,8 20,7
Transporte
PORTOBELLO S.A. e TRISUL S.A.
GRENDENE S.A., KROTON
Consumo Cíclico EDUCACIONAL S.A. e SPRINGS 21 3 9,4 14,3
GLOBAL PARTICIPACOES S.A.
BRF S.A., COSAN S.A. INDUSTRIA E
COMERCIO, HYPERMARCAS S.A.,
Consumo não MARFRIG GLOBAL FOODS S.A.,
23 8 25,0 34,8
Cíclico NATURA COSMETICOS S.A., RAIA
DROGASIL S.A., RENAR MACAS
S.A. e SAO MARTINHO S.A.
BMFBOVESPA S.A. BOLSA
VALORES MERC FUT, BCO BRASIL
Financeiro e S.A., BRASILAGRO - CIA BRAS DE
19 4 12,5 21,1
Outros PROP AGRICOLAS e IGUATEMI
EMPRESA DE SHOPPING CENTERS
S.A
DURATEX S.A., FIBRIA CELULOSE
Materiais Básicos 7 3 9,4 42,9
S.A., PARANAPANEMA S.A.
Tecnologia da
TOTVS S.A. 4 1 3,1 25,0
Informação
Telecomunicações TIM PARTICIPACOES S.A. 1 1 3,1 100,0
CPFL ENERGIA S.A., LIGHT S.A.,
CIA SANEAMENTO BASICO EST
Utilidade Pública SAO PAULO e TRACTEBEL 9 5 15,6 55,6
ENERGIA S.A. e CIA SANEAMENTO
DE MINAS GERAIS-COPASA MG
TOTAL 131 32 100% 24,4
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
68,75%
62,50%
OPERACIONAL 43,75%
FINANCEIRO INVESTIMENTO
Fonte: Elaborado pelos autores, conforme dados da pesquisa.
RECEITA 13 27,66
EBTIDA 12 25,53
DESPESAS E CUSTOS 10 21,28
OPERACIONAL VENDA 5 10,64
LUCRO 3 6,38
RENTABILIDADE 3 6,38
CAIXA LIVRE 1 2,13
CARTEIRA DE CLIENTES 3 37,50
FINANCEIRO
PARTICIPAÇÃO MERCADO DE CAPITAIS 2 25,00
11
Práticas de guidance
Setor
Operacional Financeira Investimento
Bens Industriais Receitas - CAPEX e P&D
Construção e
Receitas e EBITDA - Ativos
Transporte
Receitas, custos e despesas,
Consumo Cíclico venda, lucro, EBITDA, Juros CAPEX, aquisição, ativo e P&D
rentabilidade
Receitas, vendas, custos e Amortização de
Consumo não CAPEX, infraestrutura e
despesas, caixa livre, empréstimos e carteira
Cíclico tecnologia, ativos, fusão
EBITDA de clientes
Receitas, custos e despesas,
EBITDA, lucro, Gastos com plantação e
Financeiro e Outros Carteira de clientes
rentabilidade e carteira de infraestrutura e tecnologia
clientes
CAPEX, infraestrutura e
tecnologia, ativos, fusão,
Materiais Básicos - -
construção de fabricas, compras
de equipamentos
Tecnologia da
Receitas e EBITDA - P&D
Informação
CAPEX, infraestrutura e
Telecomunicações Receitas e EBITDA -
tecnologia,
Participação mercado CAPEX, infraestrutura e
Utilidade Pública Custos e despesas, EBITDA
de capitais tecnologia, ativos e P&D
12
5 CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo verificar o guidance divulgado pelas empresas
brasileiras do segmento Novo Mercado da BM&FBOVESPA no período de 2012 a 2014.
Buscou-se também mapear as empresas do segmento Novo Mercado da BM&FBOVESPA
que divulgam guidance e identificar as práticas de divulgação de guidance apresentadas.
Revelou-se que de uma amostra de 131 empresas do segmento Novo Mercado da
BM&FBOVESPA apenas 32 divulgam informações relacionadas a guidance. A pesquisa
ainda evidencia que por mais que o guidance tenha caráter voluntário, as empresas seguem na
sua maioria a instrução da CVM nº480/09, apresentando as informações conforme o Anexo
22.
Dentre as práticas apresentadas, destaca-se o guidance de investimento com 68,75%
de disclosure, seguido do guidance operacional com 62,50%, e do guidance financeiro com
43,75%, reforçando as constatações dos estudos de Brandão (2013) e Macedo Neto et al.
(2012).
Ressalta-se ainda que as práticas de guidance operacional relacionadas a receitas e
EBITDA tem maior presença nos relatórios das empresas, confirmando estudo realizado por
Folster (2015). Já as práticas de guidance de investimentos têm relação direta com CAPEX e
infraestrutura e tecnologia, independente do setor de atuação.
Por serem empresas pertencentes a um segmento de alto nível de governança
corporativa, segmento que traz em seus relatórios informações que facilitam o
acompanhamento e fiscalização da empresa, além de diminuir incertezas e riscos pertinentes,
as informações de guidance que são publicadas podem influenciar de forma direta os
stakeholders, servindo como atrativo para futuros investidores e também para melhor
relacionamento com seus fornecedores.
Por fim, salienta-se que os estudos relacionados ao disclosure de guidance
desenvolvidos com empresas brasileiras cooperam para um melhor desenvolvimento das
informações divulgadas, incentivando as empresas a tornarem cada vez mais crescente esse
tipo de relatório, imprescindível para a competitividade no mercado nacional e internacional.
13
Aguarda-se para futuras pesquisas, estudos equivalentes em períodos diferentes, e até mesmo
a relação entre as informações divulgadas e realizadas de guidance.
6 REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm. Acesso em 08 de set.
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listadas na BM&FBOVESPA. CONTABILOMETRIA – Brazilian Journal of
Quantitative Methods Applied to Accounting, Monte Carmelo, v. 2, n. 2, p. 47-64, 2º
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14
<http://www.furb.br/_upl/files/especiais/anpcont/2014/169_3.pdf?20150721155131>. Acesso
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ROVER, S.; et al. Explicação para a divulgação voluntaria ambiental no Brasil utilizando
análise de regressão em painel. Revista de Adm. USP, São Paulo, v. 47, n. 2, p. 217-230.
Abri/ junho 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rausp/v47n2/a05v47n2.pdf.
Acesso em: 09 de set. 2015.
Resumo
O objetivo do estudo consiste em analisar os fatores determinantes do nível de evidenciação
de informações relativas aos ativos intangíveis em companhias brasileiras de capital aberto,
pertencentes ao setor de utilidade pública. A justificativa do estudo está atrelada à importância
que os ativos intangíveis representam às operações cotidianas das empresas. A amostra
intencional foi composta por 59 empresas do setor de utilidade pública, sendo analisadas as
demonstrações contábeis do ano de 2014. Para atingir ao objetivo do estudo, foi construído
um índice de evidenciação dos ativos intangíveis a partir de um check list com doze critérios
de evidenciação dos ativos intangíveis, que estão diretamente relacionadas com as exigências
do CPC 04. A partir da formação do índice de evidenciação, foram utilizadas as variáveis de
nível de governança corporativa, tamanho da empresa, tamanho do intangível e crescimento
de vendas, no intuito de identificar os fatores que são determinantes na evidenciação de ativos
intangíveis pelas empresas que compõem a amostra. Para verificar a influência das variáveis
explicativas sobre a variável dependente, utilizou-se a regressão linear multivariada. O estudo
verificou que as variáveis relacionadas ao nível de governança corporativa e tamanho da
empresa são determinantes para a maior evidenciação das informações de seus ativos
intangíveis.
Palavras-Chave: Ativos intangíveis. Evidenciação. CPC 04.
Abstract
The objective of the study is to analyze the determinants of the level of disclosure of
information relating to intangible assets in Brazilian publicly-held companies belonging to the
public utility sector. The justification of the study is related to the importance that intangible
assets represent the daily operations of the companies. The sample was composed of 59
companies in the utilities sector, and analyzed the 2014 year financial statements. In order to
achieve the objective of the study, we built a disclosure index of intangible assets from a
check list with twelve criteria disclosure of intangible assets, which are directly related to the
requirements of CPC 04. From the formation of disclosure index, the level of corporate
governance variables, size of company, the intangible size and sales growth were used in
order to identify the factors that are determinant in the disclosure of intangible assets by
companies in the sample. To check the influence of the explanatory variables on the
dependent variable, we used multivariate linear regression. The study found that the variables
related to the level of corporate governance and company size are key to greater disclosure of
information of its intangible assets.
Keywords: Intangible assets. Disclosure. CPC 04.
1 INTRODUÇÃO
A importância dos ativos intangíveis para as empresas torna-se cada vez mais notória,
representada pela representatividade das marcas e patentes, direitos contratuais, capital
intelectual, programas de software, goodwill, dentre outros. Os intangíveis são representados
por bens imateriais que agregam imensos valores a empresa e pode ser o seu diferencial em
relação às demais.
Os ativos intangíveis são recursos essenciais à geração de valor nas organizações, pois
geram diferenciações entre empresas de um mesmo ramo e que possuem os mesmos recursos
financeiros, esses ativos promovem consequente disparidade dos lucros e dos valores
econômicos das organizações (COLAUTO et al.; 2009).
Por meio de estratégias de investimento nos ativos intangíveis, empresas podem alterar
significativamente seu valor de mercado, baseado em diversos motivos: setor de atividade,
ciclo de vida do produto e da empresa, missão das empresas, entre outros. Por exemplo:
empresas de bens de consumo podem influenciar o seu valor econômico devido a sua marca,
já uma empresa do ramo farmacêutico é influenciada pelos ativos intangíveis relacionados à
pesquisa e desenvolvimento (KAYO et al.; 2006).
O crescimento no nível de investimento das empresas em intangível, a contabilidade
precisou adequar-se para avaliar e registrar de forma correta esses ativos e assim atender a um
de seus principais objetivos, que é o de prestar informações precisas e de qualidade para seus
usuários.
Com a adesão da contabilidade brasileira às normas internacionais de contabilidade,
ocorreu a regulamentação da contabilização dos ativos intangíveis com a emissão do CPC 04
(2010), baseado na IAS 38, que apresenta formas de reconhecimento, avaliação e mensuração
desses ativos. Essas alterações contribuem para a melhoria da evidenciação de informações e
possibilita o melhor entendimento dos usuários, quanto aos investimentos das organizações
em ativos intangíveis e o desempenho futuro que os mesmos podem gerar (MOURA; FANK;
VARELA, 2012).
Contudo, mesmo com normatizas que auxiliam a classificação dos intangíveis pelas
empresas, os critérios que são utilizados para o reconhecimento, mensuração e classificação
variam de empresas para empresa de acordo com alguns fatores, a exemplou do ramo de
atividade principal (LIMA; RIGO; PASQUAL, 2012.
A partir destas considerações, a investigação propõe responder ao seguinte problema
de pesquisa: quais os fatores determinantes do nível de evidenciação das informações
relativas aos ativos intangíveis, nas companhias brasileiras de capital aberto do setor de
utilidade pública? O objetivo da pesquisa é analisar os fatores determinantes do nível de
evidenciação das informações relativas aos ativos intangíveis, nas companhias brasileiras de
capital aberto do setor de utilidade pública.
A pesquisa justifica-se devido à amplitude do tema e o crescimento de investimentos
das empresas em ativos intangíveis. Conhecer a conformidade das empresas na evidenciação
de seus ativos intangíveis ajuda a dar mais credibilidade às suas demonstrações contábeis e
aumentam a transparência de suas operações, ampliando, em consequência a confiabilidade
do investidor. Milani, De Miranda e Rafael (2014) consideram que é indispensável verificar o
tratamento dos ativos intangíveis pelas empresas, considerando a representatividade que esses
ativos têm no seu patrimônio.
O segmento de utilidade pública foi escolhido em função de ser apontado em
pesquisas prévias como um dos que mais atende às normativas de evidenciação de ativos
intangíveis, com destaque para os contratos de concessão. Kloeppel, Klann e Zittei (2013)
consideram que analisar se as empresas que apresentam tais contratos estão reconhecendo e
evidenciando adequadamente em seu ativo intangível é importante, no sentido de aumentar a
transparência e a confiabilidade do investidor no mercado onde operam tais organizações.
O artigo está estruturado em mais quatro seções, além dessa introdução. A segunda
seção apresenta a revisão da literatura, que aborda os ativos intangíveis, os critérios de
reconhecimento, mensuração e evidenciação, além de estudos correlatos. A terceira seção
apresenta os procedimentos metodológicos utilizados no desenvolvimento da pesquisa. Na
quarta seção, demonstra-se a análise dos resultados e na quinta seção apresentam-se as
considerações finais do estudo.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura apresenta os conceitos que sustentam o assunto pesquisado e
serve de base para análise dos dados coletados. A subseção de ativos intangíveis apresenta o
contexto da conceituação desses ativos e sua importância para as empresas; a subseção de
critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação contempla os aspectos de como esses
três itens devem ser tratados à luz das normas contábeis; finalmente, a subseção de estudos
correlatos apresenta resultados já obtidos em investigações de natureza similar.
3 METODOLOGIA
A pesquisa quanto aos objetivos pode ser classificada como descritiva. Para Gil
(2002), esse tipo de pesquisa tem por objetivo descrever as características de determinada
população, ou estabelecer relação entre as variáveis, apresentando como uma de suas
características mais importantes a utilização de técnicas padronizadas para a coleta de dados.
Esta pesquisa pode ser caracterizada como descritiva, pois busca analisar como as
informações relacionadas aos ativos intangíveis estão sendo divulgadas pelas empresas
componentes da amostra e se estão de acordo com as exigências do CPC 04.
Quanto aos procedimentos de pesquisa, o estudo é do tipo documental. Segundo Silva,
Grigolo e Beuren (2012) as pesquisas documentais buscam selecionar, tratar e interpretar a
informação bruta, pois na maioria dos casos trata-se de materiais que ainda não foram
analisados detalhadamente, e assim organizar informações dispersas buscando resultados que
podem contribuir para estudos futuros.
Referente à abordagem da pesquisa está se caracteriza como quantitativa. Richardson
(1999) destaca que a pesquisa quantitativa tem como característica principal o emprego de
quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por
meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.
A população da pesquisa é do tipo intencional e contempla as empresas de capital
aberto listadas na Bolsa de Valores BM&FBovespa. A amostra intencional foi composta pelas
73 empresas do setor de utilidade pública, divididas nos segmentos de água e saneamento, gás
e energia elétrica. A partir da população selecionada, identificou-se que 14 empresas não
apresentaram os dados necessários para análise de suas demonstrações contábeis, resultando
em uma amostra final de 59 empresas analisadas.
O Quadro 1 apresenta a população e a amostra da pesquisa.
Com base no Quadro 1 verifica-se que o segmento de energia elétrica possui maior
predominância no setor de utilidade publica da BM&FBovespa, apresentando 64 empresas ou
87,67% da população no ano de 2014. Já o setor de gás é o segmento com menor
representatividade, apresentando apenas duas empresas.
Para atingir ao objetivo do estudo, foi construído um índice de evidenciação dos ativos
intangíveis. Este índice foi criado através de informações que foram coletadas nas notas
explicativas e nas demonstrações contábeis padronizadas referentes ao ano de 2014,
divulgadas no site da BM&FBovespa. Para composição do índice de evidenciação, utilizou-se
um “check list” com doze critérios de evidenciação dos ativos intangíveis diretamente
relacionados com as exigências do CPC 04 (R1), conforme demonstrado no Quadro 2.
Código Descrição
1 Divulgou informações das classes de ativos intangíveis?
2 Houve distinção entre ativos Intangíveis gerados internamente e outros ativos Intangíveis?
Divulgou total de gastos com pesquisa e desenvolvimento, de ativos gerados internamente,
3
reconhecidos como despesas no período?
4 Divulgou conciliação do valor contábil no início e no final do período?
Divulgou os motivos que fundamentam a avaliação e os fatores que levaram a definição de vida
5
útil definida ou indefinida?
6 Divulgou prazos de vida útil ou taxas de amortização utilizadas?
7 Divulgou métodos de amortização utilizados?
Divulgou a rubrica da demonstração do resultado em que qualquer amortização de ativo intangível
8
foi incluída?
Divulgou informações sobre realizações de testes de impairment e constituição da provisão de
9
perda, quando aplicável?
10 Divulgou informações dos compromissos contratuais advindos da aquisição de ativos intangíveis?
11 Divulgou informações sobre ativos classificados como mantidos para venda ou outras baixas?
Divulgou a descrição de qualquer ativo intangível totalmente amortizado que ainda esteja em
12
operação?
Fonte: Adaptado de Milani, De Miranda e Rafael (2014); Mazzioni, Di Domenico e Bedin (2014).
Quadro 2: Check-list das informações a serem divulgadas conforme CPC 04 (R1)
Para cada questão que compõe o índice, foi atribuída nota 0 ou 1, sendo 0 (zero) em
caso de não divulgação pela empresa da informação requerida e 1 (um) caso ocorra a
divulgação da informação em suas demonstrações contábeis ou nota explicativa.
A partir da formação do índice de evidenciação, buscou-se relacionar com algumas
variáveis independentes, no intuito de identificar características que possam explicar os
fatores que são determinantes na evidenciação de ativos intangíveis pelas empresas que
compõem a amostra. As variáveis explicativas estão destacadas no Quadro 3.
Empresa % Empresa %
Alupar Investimento S.A 83% Light Serviços de Eletricidade S.A. 67%
Centrais Elétricas Brasileira S.A.- Eletrobrás 83% Statkraft Energias Renováveis S.A. 67%
CPFL Energias Renováveis S.A 83% Cia Águas do Brasil – CAB Ambiental 58%
Duke Energy Int. Ger. Paranapanema S.A. 83% Cia Saneamento do Paraná - Sanepar 58%
EDP – Energias do Brasil S.A. 83% Cia Brasiliana de Energia 58%
Investco S.A. 83% Cia Energética de Pernambuco - Celpe 58%
Cemig Distribuição S.A. 75% Cia Estadual de Distr Energ Elet. – CEEE-D 58%
Cemig Geração e Transmissão S.A. 75% Elektro – Eletricidade e Serviços S.A. 58%
Centrais Elétricas do Para S.A. - Celpa 75% Equatorial Energia S.A. 58%
Cia Eletricidade Estado da Bahia - Coelba 75% Espirito Santo Centrais Eletr. S.A. - Escelsa 58%
Cia Energética de Minas Gerais - Cemig 75% Uptick Participações S.A. 58%
Cia Energética do Maranhão - Cemar 75% Cia Gas de São Paulo - Comgas 50%
Cia Paranaense de Energia - Copel 75% Cia Paulista de Forca e Luz 50%
Eletropaulo Metrop. Eletr. São Paulo S.A. 75% AES Elpa S.A. 50%
Energisa Mato G. do Sul – Dist Energia S.A. 75% Ampla Energia e Serviços S.A. 50%
Energisa S.A. 75% Baesa – Energética Barra Grande S.A. 50%
Light S.A. 75% CPFL Geração de Energia S.A. 50%
Neoenergia S.A. 75% Tractebel Energia S.A. 50%
Rio Grande Energia S.A. 75% Transmissora Aliança Energia Elétrica S.A. 50%
Cia Saneamento Básico Estado São Paulo 67% Sanesalto Saneamento S.A. 42%
Cia Saneamento Minas Gerais - Copasa MG 67% AES Sul Distrib. Gaúcha de Energia S.A. 42%
Cia Distrib. De Gás do Rio de Janeiro - CEG 67% AES Tiete S.A. 42%
Bandeirante Energia S.A. 67% Afluente Geração de Energia Elétrica S.A. 42%
Centrais Eletricas de Santa Catarina S.A. 67% Cia Energética do Ceara - Coelce 42%
Cia Energética de Brasília 67% Cia Estadual Ger. Trans. Energia Elétrica 42%
Cia Energética do Rio Grande Norte- Cosern 67% CTEEP–Cia Trans. Energia Elétrica Paulista 42%
Cia Piratininga de Força e Luz 67% Cia Catarinense de Aguas e saneamento 25%
CPFL Energia S.A. 67% Eletrobrás Participações S.A. – Eletropar 0%
Energisa Mato Grosso Distr. de Energia S.A. 67% Emae –Empresa Metrop. Aguas Energia S.A 0%
Eneva S.A 67%
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 1 – Nível de Evidenciação das informações dos ativos intangíveis (%)
Analisando a Tabela 1, nota-se que entre as 59 empresas analisadas nenhuma auferiu
100% de conformidade com as informações requeridas. Este resultado está em linha, neste
quesito, com os achados de Mazzioni, Di Domenico, Bedin (2014) e Avelino, Pinheiro,
Lamounier (2012), que também verificaram que nenhuma das empresas analisadas em seus
estudos evidenciou todos os requisitos investigados. Entre as 59 empresas analisadas, seis
apresentaram índice de evidenciação de 83% (maior percentual): Alupar Investimento S.A,
Centrais Elétricas Brasileiras S.A., CPFL Energias Renováveis S.A., Duke Energy
International Geração Paranapanema S.A., EDP – Energias do Brasil S.A. e Investco S.A.
Percebe-se também que o menor índice de evidenciação de informações relativas aos
ativos intangíveis foi apresentado pelas empresas Eletrobrás Participações S.A e Empresa
Metropolitana Águas e Energia S.A, as quais não cumpriram com nenhuma das obrigações
exigidas pelo CPC 04 (2010), embora tenham divulgado valores na rubrica intangível em seu
balanço patrimonial.
A Tabela 2 apresenta a estatística descritiva do nível de evidenciação do ativo
intangível.
CV TAM GI
CV 1
TAM 0,347** 1
GI 0,040 -0,169 1
**correlação significativa ao nível de 1%.
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 4 – Correlação de Pearson
5 CONCLUSÕES
Este estudo teve como objetivo principal analisar os fatores determinantes do nível de
evidenciação das informações relativas aos ativos intangíveis, nas companhias brasileiras de
capital aberto do setor de utilidade pública listadas na BM&FBovespa no ano de 2014. A
partir de doze critérios de evidenciação do CPC 04 (R1), criou-se um índice de evidenciação o
qual foi relacionado com as variáveis explicativas de nível de governança corporativa,
tamanho, tamanho do intangível e crescimento de vendas.
Constatou-se que dentre as 59 empresas componentes da amostra, nenhuma auferiu
100% de conformidade com as informações requeridas. O maior índice de evidenciação foi de
83%, encontrado em apenas seis empresas, o que demonstra que as empresas do setor de
utilidade pública ainda estão em fase de adaptação às exigências do CPC 04. Dentre as
empresas analisadas, duas não cumpriram com nenhuma das obrigações exigidas pelo CPC 04
(2010) analisadas neste estudo. Por fim, vale observar que o nível médio de evidenciação foi
de 59%, reforçando a conclusão de que a aderência às normas de evidenciação das
informações relativas aos ativos intangíveis ainda é baixa.
Verificou-se que o poder explicativo das variáveis independentes analisadas (nível de
governança corporativa, o tamanho, o tamanho do intangível e o crescimento de vendas) em
relação ao nível de evidenciação dos ativos intangíveis explicam 17,10% do nível de
evidenciação encontrado, sendo o restante explicado por outras variáveis que não foram
abordadas no estudo.
Respondendo ao problema de pesquisa proposto, verificou-se que dentre as variáveis
explicativas analisadas, apenas o tamanho da empresa, representado pelo seu ativo total, e a
participação em algum nível diferenciado de governança corporativa da BM&FBovespa são
determinantes na evidenciação dos ativos intangíveis nas demonstrações contábeis das
empresas analisadas. Já as variáveis crescimento de vendas e tamanho do intangível não
apresentaram relação significativa com o nível de evidenciação.
De forma geral, conclui-se que a evidenciação de ativos intangíveis nas empresas de
utilidade pública listadas BM&FBovespa ainda precisa ser ampliada para atender as
exigências do CPC 04.
Para pesquisas futuras, sugere-se expandir a amostra da pesquisa abrangendo outros
segmentos, como também expandir o número de variáveis explicativas, para buscar outros
fatores que possam ser determinantes na evidenciação dos ativos intangíveis, podendo ainda,
abordar outros tópicos do CPC 04 na elaboração do check list.
REFERÊNCIAS
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Ciências Contábeis e Economia. São Paulo: Atlas, 2012, p. 131-231.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. (4a ed.). São Paulo: Atlas, 2002.
HAIR, F. J.; BLACK, W. C.; BABIN, B.; ANDERSON, R. E.; TATHAN, R. L. Análise
multivariada de dados. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
LOPES, L. C.; ALVES N. M.; SILVA FILHO L. L.; MONTEIRO J. A. M.; LAGIOIA U. C.
T.; CORDEIRO P. C. Evidenciação das informações dos ativos intangíveis: Um estudo sobre
o nível de aderência das companhias brasileiras do setor de bens industriais listadas na bolsa
de valores do Brasil ao CPC 04. Qualit@ s Revista Eletrônica, v. 1, n. 1, p. 1-14, 2014.
MARTINS, E.; GELBECKE E. R.; SANTOS A.; IUDÍCIBUS, S.; SANTOS, A. Manual de
Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2013.
MOURA, G. D.; FANK, O. L.; VARELA, P. S. Evidenciação dos ativos intangíveis pelas
empresas do setor de energia elétrica listadas na BM&FBOVESPA. Contabilidade, Gestão e
Governança, v. 15, n. 1, p. 17-32, 2012.
RICHARDSON, R. J. 1999. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas.
Resumo
O estudo objetivou analisar a influência da governança corporativa na estrutura de capital das
companhias abertas listadas na BM&FBovespa. Para tal, realizou-se pesquisa descritiva,
conduzida por meio de análise documental e abordagem quantitativa. Os dados se referem ao
período de 2010 a 2013 de uma amostra composta por 261 companhias. Como proxy para
governança corporativa utilizou-se o Índice de Ações com Governança Corporativa
Diferenciada (IGCX) da BM&FBovespa. Em relação a estrutura de capital, as variáveis
utilizadas foram: endividamento de curto prazo, endividamento de longo prazo e
endividamento total. Os resultados demonstraram que melhores práticas de governança
corporativa influenciavam para que as empresas apresentassem menores níveis de
endividamento de curto e de longo prazo. Todavia, os resultados oriundos da regressão linear
não permitiram afirmar que melhores práticas de governança corporativa influenciavam
também para que as empresas apresentassem menores índices de endividamento total.
Abstract
The study aimed to analyze the influence of corporate governance in the capital opened
structure companies listed on the BM&FBovespa. To this end, there was descriptive research,
conducted through document analysis and quantitative approach. The data refer to the period
from 2010 to 2013 from a sample of 261 companies. As a proxy for corporate governance we
used the Stock Index with Differentiated Corporate Governance (IDCG) of BM&FBovespa.
Regarding the capital structure, the variables used were: short-term debt, long-term debt and
total debt. The results showed that the best corporate governance practices influenced for
companies to submit lower short and long-term debt levels. However, the results derived from
the linear regression did not confirm that better corporate governance practices also
influenced for companies to submit lower overall debt ratios.
2
1 INTRODUÇÃO
No decorrer dos anos, muitos pesquisadores, tais como Costa (2008), Melega (2011),
Mitushima (2009), Vieira et al. (2011), Ribeiro (2009) e Kiekow (2013), têm analisado os
benefícios alcançados por meio da implantação de boas práticas de governança corporativa.
Estes autores descrevem a governança como uma ferramenta de gestão, visto que, as práticas
de governança minimizam conflitos entre diretores e acionistas, fazendo com que as empresas
transmitam maior credibilidade ao mercado. Além disso, ainda de acordo com estes autores, a
governança é fundamental para se ter um ambiente interno estável e harmônico, pois com a
adoção de tais práticas a empresa pode ser melhor administrada e, por consequência, correrá
menos riscos de se endividar além do possível e terá uma estrutura de capital mais saudável, o
que é satisfatório para os investidores, principalmente aqueles que investem na
BM&FBovespa.
É importante ressaltar que a governança corporativa traz consigo a ideia de um
conselho de administração profissional e independente, e ao ser estabelecido como fator de
equilíbrio entre os acionistas e os gestores, esta passa a contribuir para o aumento do valor da
firma. Conforme demonstram os estudos de Cicogna (2007), Velasquez (2008), Mitushima
(2009), Melega (2011) e Vieira et al. (2011), as empresas que possuem melhores práticas de
governança corporativa apresentam melhor desempenho e conseguem otimizar o valor da
organização. Este conceito faz com que as empresas tenham a necessidade de modernizar sua
alta gestão, buscando tornarem-se mais atraentes para o mercado competitivo, dando aos
investidores a possibilidade de fiscalizar de modo mais próximo a gestão das companhias
investidas.
A governança Corporativa também exerce influência nas decisões de financiamento,
pois as empresas que possuem melhor governança desfrutam de condições mais vantajosas
para captar recursos externos. Por outro lado, pode-se afirmar que a própria estrutura de
capital funciona como mecanismo complementar de governança corporativa, na medida em
que o endividamento atua como força disciplinadora, limitando a discricionariedade dos
gestores (MARKIDES e WILLIAMSON, 1996)
As decisões sobre a estrutura de capital são muito importantes para uma firma, pois,
dependendo da composição do endividamento a empresa pode se destacar com uma boa
gestão ou, então, entrar em descontinuidade. Deve-se levar em conta que empresas com alto
endividamento, elevam o risco de negócio e estão mais sujeitas a falência. Então, para uma
empresa muito endividada é necessária uma gestão mais eficiente e equilibrada. Além disso,
destaca-se que o aumento dos níveis de endividamento podem resultar em maiores custos
financeiros e também administradores sempre assumem riscos que serão pagos pelos
credores.
No Brasil, diversas pesquisas, tais como Albuquerque (2013), Albenez (2008) e
Amaral (2011) buscaram explicar as decisões de financiamento das empresas e os impactos
decorrentes dessas decisões em seu custo de capital e em suas medidas de risco, objetivando a
escolha entre o emprego de capital próprio ou a utilização de capital de terceiros (MOTA;
COELHO; HOLANDA, 2014). Deste modo, os estudos relacionados à estrutura de capital e à
identificação de seus determinantes são temas pertinentes nas pesquisas da área de finanças
corporativas.
No entanto, a influência da governança corporativa na estrutura de capital ainda
permanece como lacuna de pesquisa. Neste contexto, a questão de pesquisa que norteia este
estudo é: Qual a influência da governança corporativa na estrutura de capital nas companhias
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A governança corporativa vem sendo, a cada dia, mais utilizada pelas empresas como
uma ferramenta que busca criar uma boa relação entre diretores e acionistas, devido à
percepção dos empresários de que a adoção de boas práticas de governança poderiam
minimizar conflitos gerados pela diluição da propriedade das ações. Empresas que possuem
boas práticas de governança corporativa tem o conselho de administração como ponto
essencial (VIEIRA et al., 2011).
Pode-se definir a governança corporativa, segundo o Código das melhores práticas de
governança corporativa, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2009
p.19) como “[...] o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração,
diretoria e órgãos de controle”. As boas práticas de governança corporativa, ainda de acordo
com o IBGC (2009), convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses
com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a
recursos e contribuindo para sua longevidade.
No Brasil, ainda é alta a concentração de controle acionário nas companhias, o que
causa o principal conflito existente no país, entre acionistas minoritários e acionistas
majoritários. Tanto os credores, como os acionistas, possuem maior disposição em aplicar
seus recursos nas organizações preocupadas em proteger seus direitos contra a expropriação
dos controladores (VIEIRA et al., 2011).
Perobelli e Famá (2002) argumenta que o conselho de administração é o mecanismo
de controle interno central para monitorar os gestores. Porém, a atuação do conselho de
administração dependerá do seu nível de independência que está associado com maior ou
menor influência dos acionistas controladores.
A Governança corporativa relaciona-se à gestão de uma organização e torna-se alvo de
interesse dos empresários quando percebem que suas práticas contribuem para resolver
conflitos de interesses entre diretores e acionistas (VIEIRA et al., 2011). No Brasil, buscando
melhorar a transparência nas organizações, foram criados pela BM&FBovespa os níveis
diferenciados de governança corporativa: Nível 1 (N1); Nível 2 (N2); Novo mercado (NM).
O Novo mercado foi lançado pela BM&FBovespa no ano 2000 e estabeleceu desde
sua criação um padrão de governança corporativa altamente diferenciado. A partir da primeira
listagem, em 2002, ele se tornou o padrão de transparência e governança exigido pelos
investidores para as novas aberturas de capital. Na última década, o Novo Mercado firmou-se
4
como uma seção destinada à negociação de ações de empresas que adotam, voluntariamente,
práticas de governança corporativa adicionais às que são exigidas pela legislação brasileira. A
listagem nesse segmento especial implica na adoção de um conjunto de regras societárias que
ampliam os direitos dos acionistas, além da adoção de uma política de divulgação de
informações mais transparente e abrangente (BM&FBOVESPA, 2015).
O Nível 2 é similar ao Novo Mercado, porém com algumas exceções. As empresas
listadas têm o direito de manter ações preferenciais (PN). No caso de venda de controle da
empresa, é assegurado aos detentores de ações ordinárias e preferenciais o mesmo tratamento
concedido ao acionista controlador, prevendo, portanto, o direito de tag along de 100% do
preço pago pelas ações ordinárias do acionista controlador. As ações preferenciais ainda dão o
direito de voto aos acionistas em situações críticas, como a aprovação de fusões e
incorporações da empresa e contratos entre o acionista controlador e a companhia, sempre que
essas decisões estiverem sujeitas à aprovação na assembléia de acionistas (BM&FBOVESPA,
2015).
No Nível 1 as companhias listadas devem adotar práticas que favoreçam a
transparência e o acesso às informações pelos investidores. Para isso, divulgam informações
adicionais às exigidas em lei. O free float mínimo de 25% deve ser mantido nesse segmento,
ou seja, a companhia se compromete a manter no mínimo 25% das ações em circulação.
Segundo o Código das melhores práticas de governança corporativa, do IBGC (2009),
a preocupação da governança corporativa é, portanto, criar um conjunto eficiente de
mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o
comportamento dos administradores esteja sempre alinhado com o melhor interesse da
empresa. Ainda segundo o IBGC (2009 p.19) os princípios básicos de governança corporativa
são: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
A seguir, estão descritos alguns estudos similares que, também, analisaram a relação
entre governança corporativa e estrutura de capital. Inicia-se pela pesquisa de Silveira,
Perobelli e Barros (2008), que investigaram empiricamente a influência das práticas de
governança corporativa das empresas sobre sua estrutura de capital. A qualidade da
governança foi mensurada por um índice abrangente proposto em pesquisa anterior e
construído para uma amostra de empresas brasileiras com ações negociadas na Bovespa. Os
resultados revelaram significativa influência, com sentido positivo, das práticas de
governança sobre a alavancagem financeira, em particular daquelas relacionadas com a
dimensão estrutura de propriedade e conselho de administração, sugerindo que a governança
corporativa pode ser fator determinante e relevante da estrutura de capital.
Vieira et al. (2011) avaliaram se a adoção de práticas de governança corporativa
alterava a estrutura de capital e o desempenho das empresas. Analisaram uma amostra de 84
empresas possuidoras de ações negociadas na BOVESPA e listadas no N1, N2 e NM, com
dados disponíveis na Economática e que ingressaram nos níveis de governança até 31 de
dezembro de 2006. A escolha das variáveis deu-se com base em relevantes pesquisas
publicadas em nível nacional e internacional, as quais testaram a governança corporativa
aliada ao desempenho e estrutura de capital das empresas. Com vistas ao condensar a
mensuração das variáveis, optaram pela construção de um índice capaz de englobar as
práticas de governança adotadas pelas empresas integrantes da amostra. Os resultados
revelaram pouca influência exercida pelas variáveis independentes na variável dependente,
logo não puderam inferir que as práticas de governança corporativa adotadas pelas empresas
que ingressaram no N1, N2 e NM tenham contribuído expressivamente para as variações no
desempenho e na estrutura de capital das empresas, pelo menos nos limites da amostra.
Bressan (2013), examinou a relação entre os membros do conselho de administração
ligados a instituições bancárias e a estrutura de capital das companhias brasileiras não
financeiras de capital aberto. Usando variáveis contábeis e relacionadas às características dos
membros dos conselhos relacionados com instituições bancárias do período de 2005 a 2008, o
autor investigou, por meio de análise de dados em painel a relação da presença de membros
do conselho de administração com ligação com instituição bancária e os indicadores de
endividamento das empresas. No entanto, os resultados obtidos não foram significativos para
validar a hipótese de existência de relação entre os membros do conselho de administração
ligados a instituições bancárias e a estrutura de capital dessas companhias.
Matragrano, Bernardes e Gonçalves (2015) procuraram identificar se as empresas que
aderiram ao segmento do Novo Mercado apresentaram diferenças significativas em sua
estrutura de capital e em seus atributos com relação às empresas listadas no Mercado
Tradicional, para os anos de 2010 e 2013. A estrutura de capital foi analisada por meio do
grau de alavancagem e os atributos para explicar a estrutura de capital foram o tamanho da
empresa, a rentabilidade e a estrutura de propriedade. Utilizaram-se de dados secundários
obtidos na BM&FBovespa e de técnicas de regressão linear múltipla e análise de coeficientes
de correlação. A apresentação e análise de resultados do trabalho demonstrou a presença de
diferenças estatísticas significativas entre os atributos determinantes da estrutura de capital
7
das empresas, evidenciando a influência positiva das empresas que adotavam as boas práticas
de governança corporativa.
Nota-se que as pesquisas apresentaram resultados divergentes, pois, enquanto alguns
autores encontraram influência das práticas de governança na estrutura de capital, outros não
encontraram. Sendo assim, este assunto ainda figura na literatura como uma lacuna que requer
investigações.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nota-se no Quadro 1 que, para cada empresa, foi calculado uma variável como medida
de endividamento de curto prazo (End_CP), uma como medida de endividamento de longo
prazo (End_LP) e uma como medida de endividamento total (End_Tot). Os dados para o
cálculo dos níveis de endividamento foram obtidos por meio do banco de dados Economática.
8
Ressalta-se ainda que o período de análise da pesquisa refere-se aos anos de 2010 a
2013. Adotou-se como marco inicial o ano de 2010 porque este foi o período inicial de
adoção plena das normas internacionais de contabilidade no Brasil.
Após a coleta dos dados, partiu-se para a análise. Inicialmente foi realizada uma
análise descritiva das variáveis de governança corporativa e de estrutura de capital. Para tal,
foram usadas medidas de estatísticas descritivas (médias, mínimos, máximos e desvio
padrão).
Em seguida, a análise de regressão linear múltipla foi realizada para verificar a
influência da governança corporativa na estrutura de capital. Destaca-se que foram
observados os pressupostos de normalidade, por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov;
multicolinearidade, por meio do fator de inflação de variância – VIF e Tolerance;
homocedasticidade, por meio do teste de Pesarán-Pesarán; e ausência de autocorrelção serial,
por meio do teste de Durbin-Watson.
Foram elaboradas três equações, uma para cada variável de estrutura de capital. O
Quadro 2 expõe as variáveis dependentes, independentes e de controle das quatro equações.
Tabela 1 – Número total de empresas listadas e não listadas no IGCX no período de 2010 a 2013
Nº % % % Desvio
Governança corporativa
Empresas Mínimo Máximo Média Pad. %
2010
Listadas no IGCX 138 0,013 0,684 0,244 0,126
Não listadas no IGCX 123 0,003 1,681 0,333 0,298
Totais 261 0,003 1,681 0,286 0,228
2011
Listadas no IGCX 138 0,079 0,780 0,256 0,134
Não listadas no IGCX 123 0,003 1,768 0,342 0,305
Totais 261 0,003 1,768 0,297 0,235
2012
Listadas no IGCX 138 0,037 0,882 0,265 0,153
Não listadas no IGCX 123 0,002 1,938 0,349 0,343
Totais 261 0,002 1,938 0,305 0,263
2013
Listadas no IGCX 138 0,072 1,236 0,272 0,191
Não listadas no IGCX 123 0,002 2,203 0,357 0,400
Totais 261 0,002 2,203 0,312 0,310
Fonte: dados da pesquisa.
Observa-se na Tabela 2 que, de modo geral, ao logo de todo o período de 2010 a 2013,
as empresas não listadas do IGCX apresentaram maiores índices médios de endividamento de
10
curto prazo, equivalentes a 0,333, 0,342, 0,349 e 0,357. Portanto, as empresas que não
encontram-se listadas em níveis diferenciados de governança corporativa que compõem a
amostra desta pesquisa utilizavam-se mais de dívidas como forma de financiamento, no
comparativo com as empresas listadas em níveis diferenciados. O desvio padrão, também
sempre superior nas empresas não listadas no IGCX, demonstra que existem maiores
desigualdades nos níveis de endividamento dessas empresas.
É possível observar, ainda na Tabela 2, que o endividamento é crescente no período,
para os dois grupos de empresas. Dentre as empresas listadas no IGCX o índice médio que era
de 0,244 em 2010, elevou-se para 0,272 em 2013. Dentre as empresas não listadas no IGCX o
índice médio elevou-se de 0,333 em 2010, para 0,357 em 2013.
Na Tabela 3 apresentam-se as estatísticas descritivas do endividamento de longo prazo
do período de 2010 a 2013.
Nº % % % Desvio
Governança corporativa
Empresas Mínimo Máximo Média Pad. %
2010
Listadas no IGCX 138 0,000 0,701 0,297 0,142
Não listadas no IGCX 123 0,001 4,072 0,429 0,490
Totais 261 0,000 4,072 0,359 0,357
2011
Listadas no IGCX 138 0,007 0,623 0,305 0,139
Não listadas no IGCX 123 0,000 2,951 0,407 0,371
Totais 261 0,000 2,951 0,353 0,278
2012
Listadas no IGCX 138 0,003 0,617 0,313 0,153
Não listadas no IGCX 123 0,000 2,789 0,411 0,353
Totais 261 0,000 2,789 0,359 0,271
2013
Listadas no IGCX 138 0,000 0,642 0,314 0,158
Não listadas no IGCX 123 0,000 2,569 0,412 0,360
Totais 261 0,000 2,569 0,360 0,276
Fonte: dados da pesquisa.
Verifica-se na Tabela 3, de modo geral, que ao logo de todo o período de 2010 a 2013,
as empresas não listadas do IGCX apresentaram, também, maiores índices médios de
endividamento de longo prazo, equivalentes a 0,429, 0,407, 0,411 e 0,412. Deste modo,
novamente, verifica-se que as empresas não listadas em níveis diferenciados de governança
corporativa utilizavam-se mais de dívidas como forma de financiamento, no comparativo com
as empresas listadas em níveis diferenciados. O desvio padrão, também sempre superior nas
empresas não listadas no IGCX, demonstra que existem maiores desigualdades nos níveis de
endividamento dessas empresas.
Observa-se, ainda na Tabela 3, que o endividamento de longo prazo, assim como o de
curto prazo, é crescente no período. Entre as empresas listadas no IGCX, o índice médio que
era de 0,297 em 2010, elevou-se para 0,314 em 2013, já as empresas não listadas no IGCX
11
tem seu maior endividamento em 2010, equivalente a 0,429 reduzindo em 2011 para 0,407 e
voltando a crescer em 2012 e 2013 para 0,411 e 0,412, respectivamente.
Na Tabela 4 apresentam-se as estatísticas descritivas do endividamento total do
período de 2010 a 2013.
Nº % % % Desvio
Governança corporativa
Empresas Mínimo Máximo Média Pad. %
2010
Listadas no IGCX 138 0,01 81,80 2,22 7,00
Não listadas no IGCX 123 -40,57 187,02 4,46 22,50
Totais 261 -40,57 187,02 3,28 16,26
2011
Listadas no IGCX 138 -33,32 6,85 1,49 3,26
Não listadas no IGCX 123 -17,83 366,29 5,13 33,35
Totais 261 -33,32 366,29 3,20 23,04
2012
Listadas no IGCX 138 -9,45 23,89 2,07 2,72
Não listadas no IGCX 123 -38,58 249,55 3,97 23,40
Totais 261 -38,58 249,55 2,97 16,18
2013
Listadas no IGCX 138 -5,08 30,72 2,21 3,26
Não listadas no IGCX 123 -271,05 412,74 3,15 44,99
Totais 261 -271,05 412,74 2,65 30,92
Fonte: dados da pesquisa.
SUMÁRIO DO MODELO
Ano End. CP End. LP End. Total
R 0,42 a 0,26 a 0,05 a
R2 0,17 0,07 0,03
Durbin Watson 1,99 1,96 2,02
TESTE PESARÁN-PESARÁN
F 0,98 1,18 1,08
Sig 0,46 0,24 0,30
ANOVA (VARIÂNCIA)
F 53,31 19,17 0,714
Sig. 0,00 b 0,00 b 0,58 b
a. Variável dependente: End_CP, End_LP, End_Tot
b. Variáveis preditoras: (Constante), IGCX, Tam, Taxa_Cresc, Rentab.
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 5 - Sumário dos modelos das equações que demonstram a influência da governança na estrutura de
capital
Nota-se na Tabela 5 que o grau de associação entre as variáveis dependentes
(endividamento) e as variáveis independentes (governança corporativa e variáveis de
controle) apresentou coeficiente de correlação R de 42% para o endividamento de curto prazo,
26% para o endividamento de longo prazo e apenas 5% para o endividamento total. Quanto
aos coeficientes de determinação ou poder explicativo das regressões R², registrou-se um
valor de 17% para o endividamento de curto prazo, 7% para o endividamento de longo prazo
e apenas 3% para o endividamento total. Estes indicadores apontam um baixo poder de
explicação dos modelos.
Os resultados das estatísticas de Durbin-Watson, nos três modelos, demonstram que
não houve problemas de auto correlação dos resíduos, já que o valor ficou próximo de dois.
Ao se analisar o Teste Pesarán-Pesarán, contata-se que o pressuposto da homocedasticidade
não foi violado.
Na Tabela 5, constata-se ainda que o teste F-ANOVA foi significante (0,00) apenas
para o endividamento de curto prazo e para o endividamento de longo, ou seja, nesses dois
casos o conjunto de variáveis independentes exerce influência sobre a variável dependente em
todos os anos. No entanto, o teste F-ANOVA não foi significante (0,58), ou seja, o efeito do
conjunto de variáveis independentes sobre o endividamento total é baixo.
Na Tabela 6 expõem-se os coeficientes da regressão, que possibilita analisar o poder
preditivo da variável de governança corporativa (independente) sobre a estrutura de capital
(dependente).
Tabela 6 - Coeficientes das equações que demonstram a influência da governança na estrutura de capital no
período de 2010 a 2013
Verifica-se na Tabela 6 que a variável Gov_Corp, referente a adoção de boas práticas
de governança corporativa, apresentou significância estatística (Sig = 0,00) para o
endividamento de curto prazo e para o endividamento de longo prazo. Além disso, os
coeficientes foram negativos (-0,07 e -0,10), ou seja, indicam que melhores práticas de
13
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ampliar o número de empresas pesquisadas, selecionando inclusive aquelas que não negociam
ações na BM&FBovespa. Também seria interessante utilizar outros períodos de tempo e
outros fatores não utilizados neste estudo. Também seria interessante realizar uma análise
comparativa entre setores de atuação.
REFERÊNCIAS
SUAVIZAÇÃO DE RESULTADOS:
ESTUDO BIBLIOMÉTRICO EM PERIÓDICOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Resumo
O objetivo do estudo é analisar as características das produções científicas sobre a suavização
de resultados em periódicos nacionais e internacionais, no período de 2002 a 2015. O atributo
“suavização” pode ser observado nas empresas de capital aberto, dada à obrigatoriedade que
possuem de publicar suas demonstrações contábeis. Para ao objetivo proposto, foi realizado
um estudo bibliométrico, tornando possível conhecer os estudos realizados acerca do tema.
Constatou-se maior incidência de pesquisas nas bases internacionais, enquanto no Brasil ainda
são escassas as pesquisas realizadas referentes ao objeto de estudo. Conclui-se que a prática
de suavização de resultados constitui-se em abordagem recente e pouco explorada no Brasil,
destacando-se a importância de utilizar a bibliometria para conhecer e analisar as publicações
vinculadas ao determinado tema.
Abstract
The objective of the study is to analyze the characteristics of the scientific production on
smoothing results in national and international journals, from 2002 to 2015. The "smoothing"
attribute can be observed in companies with opened capital, given the requirement to have
published its financial statements. For the proposed objective, a bibliometric study was
conducted, making it possible to know the studies on the subject. It found a higher incidence
of research in international bases, while in Brazil is still little research carried out for the
object of study. It follows that the income smoothing practice constitutes a new approach and
little explored in Brazil, highlighting the importance of using bibliometrics to know and
analyze the publications linked to the given topic.
Keywords: Smoothing Results. Bibliometrics. Journals.
2
1 INTRODUÇÃO
A informação contábil deve satisfazer as necessidades comuns a um grande número de
diferentes usuários, não podendo dar vantagens intencionalmente a nenhum deles,
considerando o fato de que os interesses de alguns usuários, nem sempre são coincidentes
com os demais. Yamamoto e Salotti (2006) argumentam que a informação contábil pode ser
considerada relevante quando tem a capacidade de alterar o conhecimento do seu usuário em
relação à organização, pois se torna capaz de influenciar nas suas decisões econômicas.
Para que a informação contábil possa ser considerada útil, as informações empresariais
precisam possuir algumas qualidades e características que as destacam e oferecem amparo aos
dados registrados. Paulo (2007) descreve a qualidade da informação como um conceito
contábil complexo e dependente do objetivo do seu usuário, podendo assumir diversas
perspectivas. Quando os relatórios contábeis são manipulados, julga-se que há menor
qualidade na informação, assim como em muitos casos, existem problemas da qualidade da
informação contábil que se relacionam com itens que são publicados ou falta de transparência,
mesmo quando as escolhas contábeis foram realizadas em concordância com as normas
contábeis vigentes (PAULO, 2007).
Pressupondo que a contabilidade deve fornecer informações de qualidade, busca-se
estudar em específico um dos atributos da qualidade da informação contábil, nomeadamente a
suavização de resultados. A abordagem do tema é relevante em virtude da literatura
apresentar percepções distintas sobre a adoção de tal prática, como um atributo desejável ao
proporcionar resultados mais estáveis (GAIO, 2010) ou compreendida como uma forma de
gerenciamento de resultados (LEUZ; NANDA; WYSOCKI, 2003).
O termo suavização de resultados tem sido objeto de estudos prévios, em que alguns
descrevem que a prática da suavização de resultados pode trazer a visão de que a informação
é de baixa qualidade assim como Paulo (2007) e Leuz, Nanda e Wysocki (2003); já outros
identificam a existência de práticas de suavização de resultados como item que aumentam a
confiabilidade dos números contábeis, conforme demonstram os estudos de Castro e Martinez
(2009) e Gaio (2010).
Castro e Martinez (2009) corroboram com o pressuposto de que a suavização de
resultados é benéfica, pois afirmam que as empresas que possuem menor variação nos seus
resultados, ou seja, praticam a suavização de seus resultados contábeis, tendem a atrair mais
investidores, bem como, obter empréstimos a custos mais baixos. Os resultados de suas
pesquisas suportam a noção de que o fator suavização de resultados no Brasil representa um
instrumento de sinalização de informações, tendo influência no custo de capital e nas decisões
de financiamento das empresas.
Contudo, a maior parte da literatura atual sobre gerenciamento de resultados
concentra-se nos danos causados aos investidores e ao mercado de capitais pelas informações
contábeis manipuladas, ficando à margem os efeitos causados sobre os demais usuários
(PAULO, 2007). Entretanto, para Gaio (2010), a suavização é vista como um atributo
desejável para os resultados, principalmente para os lucros, pois os analistas e investidores
observam a volatilidade dos lucros como indesejável e como um indicador de baixa qualidade
dos lucros.
O atributo “suavização” pode ser observado e estudado mais facilmente nas empresas
de capital aberto, em decorrência de sua obrigatoriedade em divulgara as demonstrações
contábeis, que são fontes dos dados necessários para tal avaliação. Embora na literatura
internacional encontra-se em um número expressivo de publicações que abordam o tema da
suavização de resultados, no Brasil, ainda são escassas as pesquisas realizadas referentes ao
tema. Contudo, a partir de 2008 com as modificações das normas contábeis brasileiras em
direção à convergência dos padrões internacionais, espera-se a existência de maior interesse
no estudo desse atributo.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
Suavização
Suavização real
artificial
2.2 Bibliometria
Ao investigar a origem da Bibliometria, Alvarado (2007) cita que Pritchard (1969) foi
o primeiro a se utilizar desse termo, e os estudos indicam que as influências das metrias
chegaram à biblioteconomia, transformando a biblioteconomia em Bibliometria.
A princípio voltada para medir a quantidade de edições e exemplares, a quantidade de
palavras contidas nos livros, o espaço ocupado pelos livros nas bibliotecas e as estatísticas
relativas à indústria do livro, aos poucos a bibliometria foi se voltando para o estudo de outros
formatos de produção bibliográfica, tais como os artigos de periódicos e outros tipos de
documentos, para depois ocupar-se, também, da produtividade de autores e do estudo de
citações (ARAUJO, 2016).
Araújo (2006) considera a análise de citações como a mais expressiva da bibliometria,
pois permite a identificação e descrição de uma série de padrões na produção do
conhecimento científico.
Com os dados retirados das citações pode-se descobrir: autores mais citados, autores
mais produtivos, elite de pesquisa, frente de pesquisa, fator de impacto dos autores,
procedência geográfica e/ou institucional dos autores mais influentes em um
determinado campo de pesquisa; tipo de documento mais utilizado, idade média da
literatura utilizada, obsolescência da literatura, procedência geográfica e/ou
institucional da bibliografia utilizada; periódicos mais citados, “core” de periódicos
que compõem um campo (ARAÚJO, 2006, p. 18).
Para considerar os resultados dessas citações, o estudo bibliométrico tem caráter
quantitativo e estatístico, utilizando técnicas específicas para melhor atingir os objetivos dos
estudos. Essas técnicas têm sido usadas na identificação dos autores mais produtivos, na
identificação de paradigmas na ciência, em disciplinas científicas e na identificação dos
periódicos mais produtivos em diferentes campos, dentre outros (ALVARADO, 2007).
De acordo com a origem e técnicas utilizadas, “a bibliometria tem como objetos de
estudo os livros ou as revistas científicas, cujas análises se vinculam à gestão de bibliotecas e
bases de dados” (SANTOS; KOBASHI, 2009, p. 159). As técnicas de visualização da
informação se tornaram mais consistentes a partir deste milênio, concedendo contribuição
importante na percepção e compreensão dos dados tratados estatisticamente (SANTOS;
KOBASHI, 2009).
Além dessas técnicas, Araújo (2016) observa a existência de três leis clássicas da
bibliometria: (i) a lei de Lotka considera que uma larga proporção da literatura científica é
produzida por um pequeno número de autores, e um grande número de pequenos produtores
se iguala, em produção, ao reduzido número de grandes produtores; (ii) a lei de Bradford,
incide sobre um conjuntos de periódico, com o objetivo de descobrir a extensão na qual
artigos de um assunto científico específico aparecem em periódicos destinados a outros
assuntos; e (iii) a lei de Zipf, descreve a relação entre palavras num determinado texto
suficientemente grande e a ordem de série destas palavras (contagem de palavras em largas
amostragens).
O Quadro 1 apresenta as medidas estatísticas para o cálculo da Lei Lotka, de Bradford
e de Zipf.
6
Lei de Bradford
Lei de Lotka: Lei de Zipf:
Listar os periódicos com o
A lei dos quadrados inversos: número de artigos de cada um,
em ordem decrescente, com
Yn= X1(1/n²) soma parcial. O total de artigos
deve ser somado e dividido por
Y = frequência de autores que três; o grupo que tiver mais I1 = número de palavras que têm
publicam N número de artigos; artigos, até o total de 1/3 dos frequência 1;
X1 = quantidade de autores que artigos, é o “core” daquele In = número de palavras que têm
publicaram 1 único artigo; assunto. O segundo e o terceiro frequência n;
n = total de autores para o qual grupo são as extensões. 2 = constante válida para a
se deseja conhecer o valor de Y; língua inglesa.
3 METODOLOGIA
A análise foi realizada a partir da amostra de 114 artigos publicados nas bases
pesquisadas, considerando-se: o ano e as quantidades de publicações, a quantidade de vezes
em que os artigos já foram citados, quantidade de autores por publicação a coautoria entre os
autores, a frequência de palavras chave e as instituições de ensino dos autores no momento da
publicação.
A Tabela 1 demonstra a distribuição da quantidade de publicações em cada ano do
período investigado.
Ano Artigos %
2002 2 1,75 18
2003 8 7,02 16
2004 3 2,63 14
2005 5 4,39
2006 3 2,63 12
2007 10 8,77 10
2008 5 4,39 8
2009 8 7,02
6
2010 5 4,39
2011 14 12,28 4
2012 16 14,03 2
2013 10 8,77 0
2014 10 8,77
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2015 15 13,16
Total 114 100
Fonte: Dados da pesquisa. Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 1 –Publicações por ano Gráfico 1 – Publicações por ano
N. de citações Nº de artigos %
Artigos com até 10 citações 71 62,28
Artigos com até 20 citações 13 11,40
Artigos com até 50 citações 16 14,04
Artigos com até 100 citações 9 7,89
Artigos com até 200 citações 3 2,63
Artigos com até 300 citações 1 0,88
Artigos com mais de 300 citações 1 0,88
Total 114 100
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 2 – Número de artigos conforme quantidade de citações
Verifica-se na Tabela 3, que o segundo artigo mais antigo, com 12 anos, foi o mais
citado pelos pesquisadores no período da análise, representando 13,43% do total de citações.
Com o título Bank provisioning behaviour and procyclicality, de autoria de Jacob A. Bikker e
Paul A.J. Metzemakers, o artigo estudou a suavização de resultados em 8.000 agências
bancárias, em 29 países, incluindo um período temporal de 10 anos.
Após a análise das citações, no que diz respeito a participação dos autores no tema
pesquisado, a produção dos 114 artigos, foi realizada por 220 autores. A Tabela 4 apresenta a
relação da quantidade de autores e a quantidade de artigos produzidos.
Nº de 300
Artigos Número % de autores
por autores autores estimados 200
autor (n) absoluto absoluto Lei de
(x) Lotka* 100
1 216 83,40 216
0
2 36 13,90 54 1 2 3 4 5
3 5 1,92 24
4 1 0,39 14 Empírico Teórico
5 1 0,39 9
* Yn= X1(1/n²) Fonte: Dados da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa Gráfico 2 – Produtividade por autor
Tabela 7 – Produtividade por autor
5 CONCLUSÕES
O presente estudo analisou as características das produções científicas sobre a
suavização de resultados em periódicos nacionais e internacionais de 2002 a 2015. Para
tanto, foi realizado o estudo bibliométrico a partir da coleta de dados em três bases
nacionais e duas internacionais. Considerando-se uma amostra de 114 artigos,
identificaram-se os seguintes principais resultados:
- foi crescente o número de publicações de artigos no decorrer do período,
principalmente nos últimos 5 anos, representando 57% do total;
- o número de citações relacionadas aos artigos demostrou que 62,28% dos
artigos obtiveram até 10 citações, 11,40% até 20 citações, 14,04% até 50 citações,
7,89% até 100 citações e 4,39% (5 artigos) entre 100 e 400 citações;
- o número total de autores referente às publicações foi de 220, sendo que a
incidência maior na produção dos artigos é de 3 autores (37,72%), seguido pela
produção de 2 autores, correspondendo a 33,33%;
- a rede de autores apresentada, demonstra que Antonio Lopo Martinez com 7
coautorias e Kiridaran Kanagaretnam com 6 coautorias, foram os autores com maior
destaque nas publicações;
- as palavras-chave mais citadas foram “Income smoothing” (em 57 artigos),
“Earnigns management” (em 26 artigos), “Corporate governance” (em 11 artigos) e
IFRS (em 9 artigos);
- a principal proporção de artigos foi produzida por dois autores (33,33%),
seguida pela faixa de 3 autores (37,72%), que no conjunto representam mais de 71% de
todos os artigos da amostra;
- a frequência de autores com uma única produção representa 83,4% e o autor
com maior produção publicou 7 artigos;
12
REFERÊNCIAS
GAIO, C. The relative importance of firm and country characteristics for earnings
quality around the world. European Accounting Review, v. 19, n. 4, p. 693-738, 2010.
LEUZ, C.; NANDA; D.; WYSOCKI, P. Earnings management and investor protection:
an international comparison. Journal of Financial Economics, v. 69, n. 3, p. 505-27,
2003.
Resumo
O presente estudo foi realizado na Região do Alto Uruguai Catarinense, região onde a maioria
dos produtores rurais familiares está organizada em Cooperativas que trabalham auxiliando os
pequenos produtores no processo produtivo e na comercialização dos seus produtos de forma
a atender a legislação pertinente. Entende-se que a cooperação promove o incentivo a esse
tipo de produção, contribui para a permanência das famílias em território rural, para seu
desenvolvimento e consequentemente corrobora com o desenvolvimento regional. Nesse
contexto, este estudo foi proposto com o objetivo de identificar o conhecimento e a aceitação
da população do Alto Uruguai Catarinense em relação aos produtos provenientes da
agricultura familiar regional. Para isso foi aplicada uma pesquisa com questões fechadas e
algumas semiabertas para uma amostra de 771 indivíduos distribuídos entre todas as cidades
que compõe a Região mencionada. A partir dos resultados foi possível identificar que grande
parte da população desconhece as Cooperativas da Agricultura Familiar da região, porém,
afirma conhecer e consumir os produtos agroalimentares produzidos por elas. Ficou evidente
também a importância dada pelos respondentes aos benefícios proporcionados por esses
produtos, considerados mais naturais do que os produtos industrializados, tais como os
benefícios relativos à saúde alimentar, a procedência dos alimentos consumidos e a
contribuição econômica para a região do Alto Uruguai Catarinense.
1. INTRODUÇÃO
A agricultura familiar é um modelo de produção que tem sido uma alternativa para a
geração de renda das famílias que residem no interior. Em Santa Catarina a agricultura
familiar é considerada o maior segmento, quando se trata de números de estabelecimentos
agrícolas e de pessoas em território rural, tendo em vista que este tipo de produção tem
significativa importância para a economia local (FERRARI, 2003).
Nesse sentido, Konrad e Silva (2012) destacam que a agricultura familiar em Santa
Catarina influencia na estrutura social e econômica da região, sendo compreendidas como
pequenas propriedades familiares, onde os próprios componentes do grupo familiar
administram e trabalham no processo produtivo.
2
2. REVISÃO DA LITERATURA
3. METODOLOGIA
Este estudo é caracterizado como exploratório por que busca estudar as estratégias a
serem adotadas pelas Cooperativas Agroalimentares da Região da AMAUC para fortalecer a
imagem dos produtos comercializados por eles.
Em relação aos seus procedimentos, trata-se de um estudo de caso. Onde foram
coletadas informações, por meio de questionário com perguntas fechadas e semi-abertas,
relativas à opinião de determinada amostra sobre o conhecimento e o consumo dos produtos
da agricultura familiar.
4
Como demonstrado na tabela seguinte, Concórdia por ser o município com o maior
número de habitantes, foi a que representou maior número de respondentes na pesquisa
aplicada, sendo 72,4% dos respondes totais. Este percentual também se deve à um fator que
dificultou a aplicação da pesquisa para os respondentes totais de cada município, que foi a
necessidade de deslocamento até os municípios, exceto o de Concórdia, já que a pesquisa foi
realizada deste para os demais municípios.
Considerando que apesar de não ter atingido o número total de participantes das
pesquisas de cada município, sendo esta proposta inicialmente para 1.409 respondentes
distribuidores entre os municípios de acordo com a população, foi possível realizar as
pesquisas em todos os municípios que compreendem a região do Alto Uruguai Catarinense.
Considerando que nas tabelas N é o número de respondentes.
5
MUNICÍPIO N %
Arabutã 22 2.9%
Alto Bela Vista 5 0.6%
Concórdia 558 72.4%
Irani 40 5.2%
Ipira 14 1.8%
Ipumirim 22 2.9%
Itá 26 3.4%
Jaborá 15 1.9%
Lindóia do Sul 12 1.6%
Paial 7 0.9%
Peritiba 4 0.5%
Piratuba 14 1.8%
Presidente Castello Branco 6 0.8%
Seara 17 2.2%
Xavantina 6 0.8%
Outros 3 0.4%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 1 – Município de residência atual
FAIXA ETÁRIA N %
Até 20 anos 476 61.7%
De 21 à 30 anos 152 19.7%
De 31 à 40 anos 75 9.7%
De 41 à 50 anos 22 2.9%
De 51 à 60 17 2.2%
Mais de 61 anos 29 3.8%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 2 – Faixa etária
De acordo com a tabela seguinte pode-se verificar que a pesquisa foi distribuída de
forma aproximada entre os sexos feminino e masculino, sendo 57,7% e 42,3%,
respectivamente.
6
GÊNERO N %
Feminino 445 57.7%
Masculino 326 42.3%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 3 – Gênero
Assim como a pergunta relativa a idade, por ter sido aplicado em sua maioria em
escolas e universidades, o maior número de respondentes são estudantes, mas também obteve-
se representantes de todas as ocupações propostas.
OCUPAÇÃO N %
Estudante 448 58.1%
Trabalhador Autônomo 24 3.1%
Empresário 27 3.5%
Aposentado 33 4.3%
Com relação ao grau de escolaridade, por ter sido aplicada em maior número para um
publico jovem, em torno de 85% dos respondentes possuem apenas o ensino fundamental ou
o ensino médio completo.
ESCOLARIDADE N %
316 41%
Até Ensino Fundamental Completo
346 44.9%
Ensino Médio Completo
67 8.7%
Ensino Superior Completo
38 4.9%
Especialização Completa
4 0.5%
Mestrado Completo
0 0%
Doutorado Completo
Com relação a renda familiar, pode-se afirmar que em torno de 70% dos respondentes
possuem uma renda familiar mensal de até R$ 3.152,00. Tendo ainda 76 respondentes que
possuem uma renda familiar mensal superior a R$ 4.728,00. Desta forma, nota-se que a
pesquisa atingiu um público de classes econômicas distintas, como demonstrado na Tabela 6.
FAIXA DE SALÁRIOS N %
Até 2 salários mínimos 250 32.4%
De 2 à 4 salários mínimos 286 37.1%
De 4 à 6 salários mínimos 159 20.6%
Mais que 6 salários mínimos 76 9.9%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 6 – Renda familiar
N %
Sim 256 33.2%
Não 515 66.8%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 7 – Conhecimento sobre as cooperativas da agricultura familiar existentes na Região do Alto
Uruguai Catarinense
Ainda, conforme as respostas da pergunta número 8, que buscava identificar quais são
as cooperativas conhecidas pelos participantes, dos 33,2% dos respondentes que afirmaram
conhecer alguma cooperativa da agricultura familiar da região do alto Uruguai catarinense,
apenas em torno de 34% destes, informaram o nome das cooperativas da agricultura familiar
conhecidas por eles. Muitos confundem essas com as outras Cooperativas da região que não
são desse ramo, por exemplo, a Copérdia foi bastante citada.
Outro estabelecimento em evidencia é a CECAF, que não é uma Cooperativa como é
conhecida por vários respondentes, mas sim a Central das Cooperativas da Agricultura
Familiar, que possui um ponto de venda localizado em Concórdia.
A partir disto, pode-se entender que os pontos de venda também promovem a
divulgação e o consumo desses produtos por parte da população. Fato que confirma alguns
comentários deixados na ultima pergunta, tais como a necessidade de um maior envolvimento
e investimento por parte das lideranças locais e consequentemente mais pontos de venda
desses produtos na região.
8
N %
Sim 565 73.3%
Não 206 26.7%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 8 – Conhecimento sobre os produtos produzidos pela agricultura familiar regional
Nesse mesmo sentido, tem-se a próxima pergunta exposta na tabela número 09,
evidenciando que mais de 80% dos respondentes consomem os produtos oriundos desta
produção.
N %
Sim 618 80.2%
Não 153 19.8%
Total 771 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 9 – Consumo desses produtos
De acordo com a pergunta número 11, que questiona sobre a frequência do consumo
dos produtos expostos nas alternativas, que provém da agricultura familiar regional. Nota-se
que os produtos com o menor consumo são os derivados da cana de açúcar, geleias em geral,
farinha de milho e conservas. Destacando os produtos mais consumidos diariamente, sendo os
derivados de leite em primeiro lugar, em sequencia as frutas, verduras e também os derivados
de carne.
Esse consumo é verificado nas seguintes tabelas, que expõe as respostas relativas a
pergunta número 11 do questionário.
FREQUÊNCIA N % N % N % N % N %
Diário 129 20.9% 99 16% 193 31.2% 243 39.3% 229 37.1%
De 2 à 3 vezes por
64 10.4% 81 13.1% 74 12% 91 14.7% 80 12.9%
semana
Semanalmente 110 17.8% 141 22.8% 166 26.9% 156 25.2% 164 26.5%
Eventualmente 134 21.7% 133 21.5% 68 11% 73 11.8% 70 11.3%
Mensalmente 65 10.5% 45 7.3% 40 6.5% 25 4% 18 2.9%
Não Consome 116 18.8% 119 19.3% 77 12.5% 30 4.9% 57 9.2%
Total 618 100% 618 100% 618 100% 618 100% 618 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 10 – Frequência de consumo dos produtos
9
Derivados de Derivados de
Ovos Farinha de Milho Carne Leite Conservas
FREQUENCIA N % N % N % N % N %
Diário 127 20.5% 127 20.5% 225 36.4% 251 40.6% 69 11.2%
De 2 à 3 vezes por
72 11.6% 72 11.6% 88 14.2% 78 12.6% 65 10.5%
semana
Semanalmente 214 34.7% 214 34.7% 146 23.6% 142 23% 157 25.4%
Total 618 100% 618 100% 618 100% 618 100% 618 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 11 – Continuação da tabela 10
De acordo com a próxima tabela que reflete os resultados da pergunta número 12,
57,5% dos respondentes apontam como motivação do consumo a os benefícios relativos à
saúde proporcionada pelos produtos da agricultura familiar. Destacando-se ainda aspectos
relacionados à qualidade, procedência e preços destes produtos.
MOTIVO N %
São mais baratos 179 29.1%
Outros 3 0.5%
Com relação aos respondentes que não consomem esses produtos, demonstrado na
próxima tabela, 58,4% afirmam ser por motivos de acessibilidade e em segundo lugar os
preços desses produtos como justificativa. Mais uma vez se comprovam alguns comentários
deixados na ultima pergunta relacionados a maiores investimento, divulgação e mais pontos
10
de venda desses produtos, para que esses estejam cada vez mais presentes no mercado e
disponíveis ao consumidor.
E com relação ao preço, este se justifica quando se retorna a tabela 12, que contém as
características que motivam o consumo, sendo a principal delas a saúde reconhecida nesses
produtos.
MOTIVO N %
Procedência 15 9,8%
Preço 27 17,6%
Qualidade 3 2,0%
Acessibilidade 83 54,2%
Durabilidade 5 3,3%
Segurança 8 5,2%
Outros 12 7,8%
Total 153 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 13 – Motivo de não consumir os produtos da agricultura familiar
IMPORTÂNCIA N %
Alimentação saudável 636 83.6%
Praticidade 38 5%
Economia 86 11.3%
Contribuição com a região 176 23.1%
Outros 4 0.5%
Total 940 100%
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 14 – Importância de consumir esses produtos para a população
A última pergunta do questionário era uma pergunta aberta não obrigatória, que
solicitava ao respondente alguma outra consideração sobre os fatores que favorecem ou
desfavorecem o consumo dos produtos provenientes da agricultura familiar regional.
Dentre os comentários deixados pelos respondentes, destaca-se a necessidade de maior
divulgação desses produtos, de sua comercialização e informações sobre a importância e os
11
benefícios oferecidos por esses produtos, que até então são fatores desconhecidos por grande
parte da população.
Outro item bastante citado é que esse tipo de produção deve contar mais fortemente
com o apoio das lideranças regionais, tanto em investimentos em novos pontos de venda e
acessibilidade, como em projetos que incentivem a permanência dessas famílias e seus
descendentes no campo em função desse tipo de produção. Em contrapartida promovendo o
desenvolvimento dessas famílias e da região como um todo.
E por fim, novamente a saúde proporcionada por esses produtos é ressaltada,
identificando características como o menor índice de agrotóxicos utilizados na produção, o
não uso de conservantes, entre outros adicionais, trazendo em evidencias o sabor e o frescor
desses produtos.
5. CONCLUSÕES
Esse estudo foi elaborado objetivando conhecer o consumo e a aceitação dos produtos
provenientes da agricultura familiar da região do Alto Uruguai Catarinense por parte da
população regional.
Um fator que dificultou a aplicação da pesquisa para a amostra proposta inicialmente,
foi a necessidade de deslocamento até os municípios que compuseram a amostra de pesquisa.
Mesmo assim, o número de participantes é considerado relevante totalizando 771
questionários respondidos.
Diante dos dados obtidos com os questionários aplicados, foi constatado que a maioria
dos participantes conhece e consome os produtos provenientes da agricultura familiar. Sendo
que os produtos de maior consumo são derivados de leite, as frutas, verduras e também os
derivados de carne.
Os consumidores desses produtos apontam a saúde alimentar, a contribuição com a
região e a procedência desses produtos como aspectos importantes e as motivações para o
consumo de tais produtos. No entanto, entre os indivíduos que não consomem esses produtos,
54,2% apontaram a acessibilidade como justificativa.
É verificado também que grande parte da população, desconhece as cooperativas que
colocam esses produtos no mercado, porém conhecem alguns pontos de venda desses
produtos, como por exemplo, em Concórdia, a CECAF foi muito apontada entre os
entrevistados.
Em função disto, nota-se que os pontos de venda são fatores que contribuem para a
divulgação e consumo desses produtos, indicando que poderiam ser mantidos mais pontos de
venda para incentivar a população a consumi-los.
Também é apontada a necessidade de maior investimento nesse tipo de produção por
parte das lideranças municipais, como forma de incentivar os produtores e seus familiares a
permanecerem no campo trabalhando com esse ramo de produção. Outro investimento a ser
feito, seria em projetos de divulgação sobre a importância de consumir esse tipo de produto,
para que a população tome consciência dos benefícios trazidos pelo mesmo.
Ressalta-se ainda, Konrad e Silva (2012), que a agricultura familiar é considerada uma
das atividades econômicas com maior relevância na região do oeste catarinense e que o êxodo
rural por parte dos filhos desses produtores está se tornando cada vez mais evidente, é preciso
12
propor medidas que incentivem esse tipo de produção. Desta forma, entende-se ser possível
obter uma melhor contribuição econômica e valorização do trabalho do agricultor familiar tão
importante para a região, ressaltando também, os benefícios oferecidos por produtos mais
naturais para a saúde dos seus consumidores.
REFERENCIAS
KONRAD, Jóice; SILVA, Clécio Azevedo da. Agricultura Familiar No Oeste Catarinense:
Da Colônia À Integração. XXI Encontro Nacional de Geografia Agrária. Universidade
Federal de Uberlândia. ISSN 1983-487X. Uberlândia, 2012.
Resumo:
O objetivo deste estudo bibliométrico é analisar a produção intelectual, nacional e
internacional, sobre a temática relacionada com o modelo da hélice tríplice. Quanto aos
procedimentos metodológicos, o estudo pode ser caracterizado como descritivo e com
abordagem quantitativa. Para realizar a análise dos artigos publicados, foram utilizadas as
bases Scopus e Sciencedirect no contexto internacional e as bases Spell e Scielo, no âmbito
nacional, totalizando uma amostra de 356 artigos. Os principais achados indicam que: o
período de publicação ocorreu a partir de 1990, com crescimento expressivo a partir do ano de
2010; os principais autores do tema são H. Etzkowitz e L. Leydesdorft; a maior frequência
das publicações analisadas foi realizada por dois autores. A partir da análise foi possível
verificar o notório crescimento do interesse dos pesquisadores relacionados à temática do
modelo da hélice tríplice.
Abstract
The objective of this bibliometric study is to analyze the intellectual, national and
international production, on the theme related to the model of the triple helix. As for the
methodological procedures, the study can be characterized as descriptive and quantitative
approach. To perform the analysis of published articles, we used the Scopus and
ScienceDirect databases in the international context and Spell and Scielo bases at the national
level, for a total sample of 356 articles. The main findings indicate that: the publication period
was from 1990, with significant growth from the year 2010; the main theme of the authors are
H. and L. Etzkowitz Leydesdorft; the highest frequency of the analyzed publications was
performed by two authors. From the analysis it was possible to verify the remarkable growth
of interest of researchers related to the theme of the triple helix model.
Keywords: Triple Helix, universities and companies, bibliometric study.
1 INTRODUÇÃO
Com a introdução da pesquisa na estrutura organizacional, as Instituições de Ensino
Superior (IES) ampliaram seu papel na sociedade, agregando maior importância para o
desenvolvimento no ambiente em que estão inseridas. Cunha (2002) afirma que essa nova
situação contribuiu ainda mais para a importância das universidades no desenvolvimento
econômico, auxiliou na aplicação prática dos conceitos curriculares e na comunicação dos
conhecimentos gerados internamente nas escolas superiores.
A interação da transferência de tecnologia universidade-empresa por agregar
vantagens estratégicas em muitos países, representou fonte de recursos para as pesquisas
acadêmicas, inovação para as empresas e, em consequência, desenvolvimento econômico para
os governos (MUSCIO, 2010).
A interação entre a universidade, a indústria e o governo é a chave para a inovação e o
crescimento em uma economia baseada no conhecimento (ETZKOWITZ, 2013). Essa tríplice
aliança, universidade-indústria-governo, consiste na base matricial do modelo da hélice
tríplice, proposto pelos sociólogos Etzkowitz e Leydesdorff (1996).
O modelo da hélice tríplice foi gerado a partir de uma análise da relação do governo
com a universidade e a indústria em diferentes sociedades e de seus vários papéis na inovação
(ETZKOWINTZ; LEYDESDORFF, 2000). No Brasil, a Lei de Inovação (Lei Federal n.º
10.973/2004) facilitou e fortaleceu as iniciativas de parcerias entre instituições de pesquisa,
universidades e as empresas, buscando reforçar suas relações e incentivar a inovação. Esta Lei
representa o mecanismo legal do governo para aumentar o número de registros de patentes no
país, proporcionando maiores vínculos e propagando ideias com potenciais inovadores
(CORTEZIA, 2007).
A inovação tem se fundamentado no modelo da hélice tríplice, tomando forma por
meio das incubadoras, parques científicos e empresas de capital de risco interligados às
universidades. As incubadoras, conforme Tisott et al. (2014), constituem um mecanismo de
estímulo à criação e ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de
prestação de serviço, de base tecnológica ou manufaturas leves, sendo que este processo
ocorre por meio da capacitação dos empreendedores.
A partir da importância atribuída ao modelo da hélice tríplice para a formação de
novos empreendimentos e no desenvolvimento econômico da região, é possível que
pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento tenham passado a conduzir seus estudos
com foco nos benefícios proporcionados na interação deste modelo nas organizações.
O estudo bibliométrico possibilita desvendar o estado da arte da temática proposta no
meio científico e acadêmico. A bibliometria permite, mediante a geração de índices, avaliar a
produção científica de um país, das instituições e dos cientistas. Este tipo de investigação
possibilita macro análises, como a da produção científica de um país em relação ao mundo, e
também microanálises, a exemplo da relação entre a produção acadêmica de um pesquisador e
a comunidade científica na qual está inserido (MACIAS-CHAPULA, 1998).
Neste estudo, a análise bibliométrica é aplicada para responder ao seguinte problema
de pesquisa: quais as características da produção intelectual em periódicos nacionais e
internacionais, relacionadas à temática do modelo da hélice tríplice? Em linha com o
problema proposto, o objetivo da investigação é analisar a produção intelectual, nacional e
internacional, sobre a temática relacionada com o modelo da hélice tríplice.
Klevorick et al. (1995) apresentam evidências empíricas sobre o papel das
universidades e da ciência como uma importante fonte de oportunidades tecnológicas para a
inovação industrial. Deste modo, o enlace das três esferas, universidade-empresa-governo,
age como facilitador do processo de inovação, gerando benefícios para todos os envolvidos,
diretamente ou indiretamente.
É pertinente destacar que estudos com esse tipo de abordagem se justificam pela
construção de uma base contextual sobre a temática do modelo da hélice tríplice, contribuindo
à promoção da inovação e desenvolvimento da sociedade, bem como, a fomentação de novos
negócios. Etzkowitz (2013) argumenta que a inovação assume um novo significado quando
ocorre o entrelaçamento das espirais da hélice tríplice.
O presente artigo está estruturado em mais cinco seções. Na segunda seção expõe-se o
campo da pesquisa referente à temática do modelo da hélice tríplice; na terceira seção
contempla-se o contexto sobre os estudos bibliométricos; na quarta seção descreve-se a
metodologia dispensada à condução da investigação; na quinta seção, expõe-se a análise da
pesquisa sob os enfoques de autores e instituições. Por fim, constam as considerações finais
do estudo e sugestões para o desenvolvimento de pesquisas futuras.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura apresenta os conceitos que fundamentam o assunto pesquisado
e servem de base para análise dos dados coletados.
Universidade Indústria
3 METODOLOGIA
Este estudo, quanto aos objetivos, é classificado como descritivo, por ter a pretensão
de descrever aspectos relacionados à produção científica acerca da temática do modelo da
hélice tríplice. Segundo Gil (2010), “a pesquisa descritiva tem como principal objetivo
descrever características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre as variáveis”.
Quanto à abordagem do problema, este estudo é classificado como sendo quantitativo.
Esse procedimento tem como propósito buscar informações reais para explicar em
profundidade o significado e as características de cada contexto (LUDKE; ANDRÉ, 2013).
O estudo baseia-se em pesquisa bibliométrica, realizado por meio da análise de artigos
publicados em periódicos indexados nas bases nacionais e internacionais. Para o contexto
internacional, foram utilizadas as bases Scopus e Sciencedirect e, no âmbito nacional, as bases
Spell e Scielo.
A coleta de dados ocorreu no mês de novembro de 2015 e considerou todo o período
disponível nas bases. Na página de busca nas bases nacionais foram utilizados os termos
“hélice tríplice” e “universidade-empresa”, filtrando apenas no título do documento. Já nas
bases internacionais, foi utilizado o termo “triple helix” localizado na opção título-resumo-
palavra-chave (title - abstract - keyword).
Nas bases internacionais foram contempladas as produções nas subáreas de Negócios,
Gestão e Contabilidade (Business, Management and Accounting), Ciências da Decisão
(Decision Sciences), Economia, Econometria e Finanças (Economics, Econometrics and
Finance) e Ciências Sociais (Social Sciences). Nas bases nacionais, considerando que as
produções são mais incipientes, não foram considerados filtros por áreas, utilizando-se dos
retornos de toda a base. Ademais, a base Spell possui apenas artigos da área de administração,
ciências contábeis e turismo.
As pesquisas realizadas na base de dados da Scielo consideraram como filtro de busca
os termos no título, em que a palavra-chave ‘hélice tríplice’ resultou em 2 artigos e com a
palavra-chave ‘universidade-empresa’, foram localizados 23 artigos.
Na base de dados da Spell, com o filtro de busca no título, o uso da palavra-chave
‘hélice tríplice’ resultou em 3 artigos e com a palavra-chave ‘universidade-empresa’ foram
localizados 27 artigos.
Nas bases internacionais, a palavra-chave pesquisada foi somente ‘triple helix’, por ter
resultados expressivos somente com esta combinação. O filtro utilizado foi na busca title-
abstract-keyword. Na base da Scocus foram encontrados 247 artigos e na base Sciencedirect
54 artigos relacionados com o tema pesquisado, já excluídas as duplicidades e/ou falsas
recuperações.
Para a seleção e análise dos dados efetuados por este estudo, a amostra ficou composta
de 356 artigos, selecionados pelo uso de filtros e exclusões de alguns estudos por não
condizerem com as expectativas relacionadas ao tema investigado. Os artigos recuperados
foram tabulados e operacionalizadas por meio dos filtros de pesquisa das bases científicas já
citadas e tratadas no software Excel®, EndNote X7 e do software Ucinet 6®.
Ano N Ano N 70
% %
1990 2 0,56% 2005 6 1,69% 60
1994 1 0,28% 2006 15 4,21%
1995 2 0,56% 2007 14 3,93% 50
1996 2 0,56% 2008 12 3,37%
40
1997 4 1,12% 2009 18 5,06%
1998 2 0,56% 2010 32 8,99% 30
1999 8 2,25% 2011 24 6,74%
2000 11 2012 58 20
3,09% 16,29%
2001 4 1,12% 2013 33 9,27% 10
2002 4 1,12% 2014 40 11,24%
2003 13 3,65% 2015 48 13,48% 0
1990 2000 2010
2004 3 0,84% TOTAL 356 100%
Fonte: dados da pesquisa Fonte: dados da pesquisa
Tabela 1: Distribuição da amostra por ano Gráfico 1 – Distribuição da produção no período
Em especial, H. Etzkowitz é reconhecido na área pela autoria do livro The triple helix:
university-industry-government innovation in action (hélice tríplice: universidade-indústria-
governo inovação em movimento). Esta obra é considerada, principalmente no Brasil, como
fonte de referência na área, apresentando informações detalhadas, fundamentais para a
compreensão e entendimento do assunto. Este livro foi publicado primeiramente em 2008,
pela Routledgde, posteriormente traduzido e publicado no Brasil.
Os dados disponibilizados a partir da pesquisa efetuada possibilitou a verificação da
quantidade de autoria por artigo, conforme especificado na Tabela 2.
Os dados referentes ao impacto dos artigos foram obtidos na base de dados Scopus
(2015), para os artigos internacionais e nas publicações nacionais foram coletadas no Google
Acadêmico (2015), no mês de novembro/2015. Foram constatadas 6.889 citações,
representando uma média de pouco mais de 19 citações por artigo. O artigo com mais
representatividade de citações na área, conforme consta na Tabela 3, é de autoria de H.
Etzkowitz e L. Leydesdorff, publicado no ano de 2000 sob o título ‘The dynamics of
innovation: From National Systems and "mode 2" to a Triple Helix of university-industry-
government relations’, que no momento da pesquisa havia sido citado 1.465 vezes.
Outra análise possibilitada é referente à quantidade de artigos por tipo de linguagem
(idioma). A linguagem de cada artigo varia, na maioria das vezes, conforme o país da
publicação, tendo nos achados da pesquisa 7 linguagens diferentes. Na Tabela 4, identifica-se
a quantidade e a frequência de publicações conforme o tipo da linguagem.
Linguagem N %
Chinês 1 0,28
Inglês 295 80,87
Espanhol 8 2,25
Francês 1 0,28
Alemão 1 0,28
Português 48 13,76
Russo 1 0,28
356 100
Fonte: Dado da pesquisa
Tabela 4: Quantidade de artigo por linguagem
Os dados disponibilizados na Tabela 4 indicam a grande quantidade de publicações de
artigos em inglês (295 artigos pesquisados), representando uma frequência de 80,87% do
total. Em seguida aparecem as publicações em português (48 artigos), sendo 13,76% do total;
as publicações em espanhol totalizam 2,25% do total (8 artigos) e em chinês, francês, alemão
e russo totalizam 1 artigo cada linguagem, com frequência de 0,28%, respectivamente.
As leis bibliométricas são utilizadas na verificação da frequência, da qualidade dos
trabalhos científicos e da produtividade dos investigadores, entre outras situações. Assim, por
exemplo, o impacto e a frequência de citações, normalmente, são utilizados para avaliar o
desempenho das revistas científicas, dos investigadores, das instituições e dos países
(ROQUE, 2012).
A Tabela 5 demonstra a produtividade por autor, considerando-se os pressupostos da
Lei de Lotka para o cálculo de contagem completa, ou seja, autores e coautores receberam a
mesma pontuação (URBIZAGASTEGUI, 2008).
Tabela 5 – Produtividade por autor
Número
Artigos autores % de Nº de autores 600
por autor absoluto autores estimados Lei
(n) (X) absoluto de Lotka* (Y) 500
1 487 79,19% 487 400
Empírico Teórico
2 112 18,21% 122
300
3 10 1,63% 54
4 3 0,49% 30 200
11 1 0,16% 4
100
24 1 0,16% 0,85
30 1 0,16% 0,54 0
0 10 20 30 40
Research Policy 21
CORE
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo investigou as principais características da produção intelectual em periódicos
nacionais e internacionais, relacionadas à temática do modelo da hélice tríplice, atendendo aos
objetivos propostos.
A amostra investigada na pesquisa foi constituída de 356 artigos, extraídos da base de
dados Spell, Scopus, Sciencedirect e Scielo, apresentando como principais resultados:
- O período de publicação iniciou em 1990 e teve expressiva ascensão do tema a partir
de 2010;
- A revista/journal que mais publicou artigos relacionados à temática é a
Scientometrics, com 35 artigos;
- Os principais autores da área são H. Etzkowitz e L. Leydesdorft, com o maior
número de publicações relacionadas;
- As autorias das publicações foram: 95 individuais, 132 com 2 autores, 79 com 3
autores, 32 artigos com 4 autores e 18 com 5 ou mais autores;
- Foram constatadas 6.889 citações, representando uma média de pouco mais de 19
citações por artigo;
- A maioria dos artigos foi escrita em inglês, correspondendo a 80,87% do total;
- Em relação a Lei de Lotka os achados empíricos acenaram para uma falta de
consolidação do tema e da ausência de um corpo de autores supostamente de maior prestígio.
- A Lei de Bradford indicou que o core de periódico desta pesquisa está contemplado
pelos periódicos: Scientometrics; Science and Public Policy; Research Policy; Procedia -
Social and Behavioral Sciences; Journal of the Knowledge Economy; e Technological
Forecasting and Social Change, que no conjunto somaram 119 artigos.
- Com base na Lei Zipf, as principais palavras-chaves encontradas são: tríplice hélice,
inovação, pesquisa acadêmica, desenvolvimento, interação universidade-empresa,
universidade e empresário.
A busca por um estudo bibliométrico foi motivada pela condição do método em
analisar os aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada,
permitindo conhecer de modo mais aprofundado uma determinada temática e seu estado da
arte.
Esta pesquisa contribuiu para a compreensão da temática e possibilitou constatar as
características das produções no contexto nacional e internacional, servindo de insights para
estudos mais específicos. Como recomendação para trabalhos futuros, cabe sugerir que sejam
analisadas as publicações específicas dos autores H. Etzkowitz e L. Leydesdorft, para
averiguação das semelhanças, originalidade e demais características existentes entre as
publicações destes dois autores, considerando que foram os que mais se destacaram nesta
investigação.
REFERÊNCIAS
BATES, M. J. Document familiarity, relevance, and Bradford's Law: the getty online
searching project report. Information Processing & Management, v. 32, n. 6, p. 697-707,
1996.
______. The dynamics of innovation: from national systems and "mode 2" to a triple helix of
university-industry-government relations. Research Policy, v. 29, n. 2, p. 109-123, 2000.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KLEVORICK, A. K.; LEVIN, R.; NELSON, R. R.; WINTER, S. On the sources and
significance of inter-industry differences in technological opportunities. Research Policy, v.
24, n. 2, p. 185-205, 1995.
MEYER, M.; GRANT, K.; MORLACCHI, P.; WECKOWSKA, D. Triple Helix indicators as
an emergent area of enquiry: A bibliometric perspective. Scientometrics, v. 99, n. 1, p. 151-
174, 2014.
SBRAGIA, R.; STAL, E.; CAMPANÁRIO, M.; ANDREASSI, T. (Coord.). Inovação: Como
vencer esse desafio empresarial. São Paulo: Clio, 2006.
TISOTT, P. B.; NESPOLO, D.; DIAS, D. T.; OLEA, P. M.; MILAN, G. S. Incubadora
tecnológica de Caxias do Sul: inovação tecnológica sob a perspectiva da Hélice Tríplice.
Administração: Ensino e Pesquisa, v. 15, n. 3, p. 561-561, 2014.
JacirFavretto
Professor Orientador e Prof. dos Cursos de Ciências Contábeis e Administração da
UnC- Concórdia e do MPA da UNOESC, Doutor em Engenharia de Produção, UFRGS,
e-mail: jacirfa@gmail.com.
Resumo
O presente estudo bibliométrico, tem por objetivo analisar a produção intelectual, nacional e
internacional, sobre a temática “desenvolvimento de competências no ensino superior de
Administração”. Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com coleta documental e
abordagem quantitativa do problema. Para a coleta de dados foram realizadas buscas de
artigos científicos publicados em periódicos nacionais, através das bases Spell e Scielo e
internacionais, indexados na base Scopus. As buscas formam realizadas a partir dos termos
Ensino Superior de Administração e Competências/ Higher education administration and
skills considerando o título, resumo e palavras-chaves, sem limitação temporal. Para a análise
dos dados foram utilizados os principais critérios da bilbiometria, com o auxílio dos softwares
Excel® e UCINET®, utilizados na análise geral dos dados levantados, e na elaboração de redes
que facilitam a visualização dos dados. Verificou-se com o estudo que o tema passou a
despertar maior interesse dos pesquisadores a partir de 2005. Percebe-se, porém que se trata
de um tema ainda não consolidado, predominando uma significativa dispersão das
publicações, tanto no que se refere a periódicos, quanto de autores, não tendo sido constituído,
ainda, um core dos principais periódicos dedicados ao tema, bem como não se constituiu um
núcleo significativo de autores altamente produtivos. Tais dados indicam existir um longo
caminho a ser percorrido para melhoria dos currículos, da organização curricular e
capacitação dos docentes do Curso de Administração.
Abstract
The present bibliometric study aims to analyze, national and international, the intellectual
production about the theme "Skills Development in the Higher Education of Administration."
This is a study of descriptive character, with document collection and quantitative problem
approach. For the data collection searches were conducted of scientific articles published in
national journals (through Sspell and Scielo) and international (indexed in the Scopus
database). The searches were made from the termsEnsino Superior de Administração e
Competências/ Higher education administration and skills considering title, abstract and
2
keywords, without temporal limitation. Were for data analysis used the main criteria of
bilbiometria with the help of the softwares Excel and UCINET® used in the general analysis
of raised data and in the development of networks that facilitate the data view. With the study
was found that the theme has increased the interest of researchers from 2005. It is clear,
however, that it is a topic not yet consolidated, predominating a significant dispersion of
publications, both in relation to periodic and authors and haven’t even been made, yet, a core
of leading journals devoted to the subject, as well as a significant core of highly productive
authors. Such data indicate that there is a long path to be traveled to improve curricula,
curricular organization and training of administration course teachers.
1 INTRODUÇÃO
Vive-se um contexto de extrema rapidez nas relações. A velocidade da informação determina
que tudo seja muito dinâmico e a inovação vem se tornando premissa básica para a
competitividade. Não há como pensar em processos produtivos sem estabelecer uma relação
de contínua aprendizagem, onde a revisão e melhoria de processos e produtos ocorrem
continuamente em busca de um diferencial a ser oferecido ao cliente, criando uma cultura de
aprendizagem (FIALHO, 2006).
De acordo com Senge (2003, p.38) “As organizações que aprendem são aquelas com
capacidade para criar, adquirir e transferir conhecimento, bem como para modificar seu
comportamento para refletir novos conhecimentos e discernimentos”. Esta afirmativa reforça
a necessidade de aprendizagem das organizações para que as mesmas se adequem às
demandas e contribuam, de forma efetiva, com a sociedade.
O capital humano tem o poder de revolucionar as organizações em busca da competitividade.
O conhecimento é fruto da mente humana. Pensar em inovação implica, portanto,
automaticamente, pensar em pessoas como agentes transformadores. O conhecimento é
entendimento, é expertise, é informação valiosa da mente humana, combinada com
experiência, contexto, interpretação e reflexão (NONAKA e TAKEUCHI, 1997).
Neste contexto, salienta-se a importância de um estudo aprofundado sobre como está
ocorrendo o desenvolvimento das competências dos alunos do Curso de Administração,
futuros gestores destes processos produtivos. Questiona-se se o ensino de Administração está
voltado à formação de profissionais aptos a agir de modo criativo, inovador e empreendedor
em seus locais de trabalho, em atendimento às competências do egresso estabelecidas nas
Diretrizes Curriculares Nacionais.
Frente a isso, este estudo parte do seguinte problema de pesquisa: quais as principais
características da produção intelectual, nacional e internacional, relacionada a temática
desenvolvimento de competências no ensino superior de Administração? Seu objetivo é,
então, analisar a produção intelectual nacional e internacional sobre a temática
“desenvolvimento de competências no ensino superior de Administração”. Sua realização se
justifica tendo em vista a importância da formação e do desenvolvimento de profissionais
preparados para contribuir com o mercado de trabalho, sendo mola propulsora de todo o
processo de produção nas cadeias produtivas pois, segundo Mussak (2010), as organizações
não têm competências, são os indivíduos que as detêm e são, na verdade, os seus principais
protagonistas.
3
Assim, dedicar-se a pensar na forma como o conhecimento é abordado no ensino superior, por
meio da aula universitária, desde o seu planejamento até sua execução, ganha maior
relevância, visto que, a partir desses processos, emergirão os novos conhecimentos e,
consequentemente, as habilidades para empreender e inovar no dia-a-dia da produção.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Neste tópico serão apresentados ideias centrais sobre as competências profissionais,
competências do egresso do Curso de Graduação em Administração, assim como o
considerações sobre o Ensino Superior de Administração, que nortearão, na sequência, as
análises deste estudo.
2.1 Competências Profissionais
Dutra (2004) aborda a competência como o somatório dos conhecimentos, habilidades e
atitudes do ser humano, aqui entendidas como o saber, o saber fazer e a atitude para o pôr em
prática.
Zarifian (2001) argumenta que a competência é atributo de um indivíduo e não de um cargo e
só se manifesta e pode ser avaliada quando de sua utilização na relação prática do indivíduo
com a situação profissional.
A competência profissional é uma combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de
experiências e comportamentos que se exerce em um contexto preciso. “Ela é constatada
quando de sua utilização em situação profissional, a partir da qual é passível de validação.
Compete então à empresa identificá-la, avaliá-la e fazê-la evoluir” (MEDEF apud
ZARIFIAN, 2001, p.66).
Para Bergamini (2012), a pessoa competente é aquela que enfrenta regularmente situações
imprevistas e variadas no contexto e, a partir das suas adaptações e decisões, faz evoluir seus
conhecimentos e transformar a situação para obter o resultado desejado.
Mussak (2010) aponta as principais competências a serem buscadas pelas organizações na
atualidade: flexibilidade, inovação, criatividade, agilidade, compartilhamento de informações,
aprendizagem, planejamento participativo e outras que levam à valorização das pessoas. A
tendência de valorização das pessoas, com suas competências e talentos, nas empresas é
irreversível e isso vem dando uma nova feição ao planejamento das organizações (MUSSAK,
2010).
A Resolução nº 4, de 13 de julho de 2005, do Conselho Nacional de Educação, institui as
diretrizes curriculares nacionais para o Curso de Graduação em Administração, bacharelado, e
nela comtempla as competências mínimas para os egressos do curso. Essas competências
deverão ser trabalhadas e desenvolvidas durante o curso, a fim de ofertar para o mercado de
trabalho profissionais aptos ao exercício da profissão.
Verifica-se, nas oito competências estabelecidas nas Diretrizes Curriculares, um rol de
conhecimentos, habilidades e atitudes a serem desenvolvidas nos acadêmicos. São
competências amplas, voltadas a desenvolver o pensamento estratégico dos estudantes, muito
além de um simples conhecimento técnico.
A organização curricular, o projeto pedagógico de curso, assim como o planejamento e
execução da aula universitária devem definir estratégias de ensino que resultem no
desenvolvimento destas oito competências definidas nas Diretrizes Curriculares.
4
descobrir do que trataram as pesquisas sobre determinado tema, identificar fronteiras atuais e
possibilitar o desenvolvimento de novas pesquisas.
De acordo com Gubiani et al. (2010), a principal limitação da pesquisa bibliométrica refere-se
ao fato de que os resultados da pesquisa não podem ser generalizados, ou seja, restringem-se
aos artigos e ao período analisado. E outra limitação refere-se à subjetividade presente na
análise de conteúdo, porque esta envolve interpretações e decodificações pessoais por parte do
pesquisador.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto aos objetivos, esta pesquisa se caracteriza como descritiva, por ter a pretensão de
descrever aspectos relacionados à produção científica acerca do desenvolvimento de
competências no ensino superior de Administração. Segundo Gil (2008), a pesquisa descritiva
tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou fenômeno
ou o estabelecimento de relações entre as variáveis.
De acordo com Raupp e Beuren (2004), os procedimentos técnicos utilizados referem-se à
maneira pela qual se conduz o estudo e se obtêm os dados da pesquisa. Neste sentido, o
estudo caracteriza-se como pesquisa documental, pois é baseado em materiais que ainda não
receberam tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da
pesquisa (RAUPP; BEUREN, 2004).
Por se tratar de um estudo bibliométrico, em relação à abordagem do problema, o mesmo
caracteriza-se como quantitativo. De acordo com Raup e Beuren (2004, p. 92), “a pesquisa
com abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estatísticos, tanto na
coleta como no tratamento dos dados”. Richardson (1999) afirma neste tipo de pesquisa os
7
dados coletados são quantificáveis e a coleta e tratamento das informações são feitas através
de técnicas estatísticas.
O procedimento utilizado para o desenvolvimento do estudo foi a pesquisa bibliométrica, com
levantamento e correlação de diversas informações de artigos científicos publicados em
periódicos nacionais, através das bases Spell, Scielo e Portal de Periódicos Capes e
internacionais, indexados na base Scopus.
As pesquisas realizadas nas bases foram feitas pelo título, resumo e palavras-chaves, sem
limitação de busca, utilizando como índex de busca os termos: Ensino Superior de
Administração e Competências/ Higher education administration and skills. Não houve
limitação temporal na busca.
Na base Scopus foram localizados 296 artigos, na Spell 23 artigos, na Scielo não foram
encontrados resultados para este index de busca, enquanto no Portal de Periódicos Capes
foram encontrados 476 artigos. Tendo em vista que, no Portal de Periódicos Capes, havia
muita duplicidade de artigos, optou-se por trabalhar com as bases Scopus e Spell, abrangendo
assim uma base internacional e uma nacional referente ao assunto. Na base Scopus, utilizou-
se filtro específico para a grande área Social Sciences & Humanities (Ciências Sociais e
Humanas). As buscas, a partir desses critérios, resultaram em 319 artigos localizados das duas
bases. Numa análise mais refinada, buscando a aderência dos artigos ao estudo em questão,
restaram 95 artigos na temática estudada. A análise individual dos artigos se deu pelo título,
palavras chaves e resumos. As buscas nas bases de dados ocorreram em novembro de 2015.
Para a análise dos dados, utilizou-se do software UCINET® para a elaboração de redes, e do
Excel® para elaboração de tabelas e gráficos. Cabe salientar que não foi feita limitação
temporal na busca nas bases.
4,5
4
4
3,5
3 3
3
2,5
2 2 2 2 2
2
1,5
1
0,5
0
Teaching in Administração: Amfiteatru Educational Higher RACE: Revista Revista de Revista de
Higher Ensino e Economic Administration Education de Ciências da Investigacion
Education Pesquisa Quarterly Administração, Administração Educativa
Contabilidade
e Economia
4.4 Estudo do impacto dos diferentes artigos publicados, medido pelo número de
citações
Neste quadro estão apresentados os artigos que tiveram citações feitas por autores na
elaboração de outros artigos. Para melhorar a apresentação dos dados, serão presentados
apenas os artigos que possuem mais de cinco citações. Do total de artigos pesquisados, além
dos apresentados no Quadro1, cabe salientar que foram identificados, sete artigos com cinco
10
citações, cinco artigos com quatro citações, três artigos com três citações, seis artigos com
duas citações e quarenta e quatro artigos que não foram citados por outros pesquisadores.
Média
Título Ano Citações citações/ano
Public spending on higher education in developing 2,3
Art 89 countries: Too much or too little? 1996 46
Defining preparation and professional development for 2,71
Art 80 the future 2002 38
In pursuit of scarcity: Transnational students, 4,43
Art 51 'employability', and the MBA 2009 31
Young children's ability to engage in cognitive therapy 1,82
Art 75 tasks: Associations with age and educational experience 2005 20
A matter of degree: job skills for human service 0,92
Art 91 administrators 1993 12
Art 33 Are business schools doing their job? 2012 11 2,75
Occupying a 'third space': Research trained professional 1,67
Art 50 staff in Australian universities 2010 10
How does professional education impact the job outlook 1,11
Art 69 of public child welfare workers 2007 10
The emotional intelligence profile of academics in A 0,83
Art 77 merger setting 2004 10
Conceptions of Knowledge, Professionalism and 0,32
Contemporary Problems in some Professional Academic
Art 93 Subcultures 1985 10
Theoretical and real effects of standardized assessment 1,29
Art 53 policies 2009 9
Structural equation modeling for high school principals' 1
data-driven decision making: An analysis of information
Art 60 use environments 2008 8
Can we administer the scholarship of teaching? Lessons 0,88
Art 59 from outstanding professors in higher education 2008 7
The interplay between students' perceptions of context 1,20
Art 44 and approaches to learning 2011 6
Less truth than error? An independent study of the 0,35
Art 84 Massachusetts Teacher Tests 1999 6
The development of teaching cases for instrumental music 0,35
Art 86 methods courses 1999 6
The use of examinations for revealing and distinguishing 0,35
between students' misconceptions, misunderstandings and
Art 88 "no conceptions" in college chemistry 1996 6
Art 90 Skill deficiencies: Problems, policies, and prospects 1993 6 0,26
Quadro 1 - Número de citações por artigo
A análise dos impactos das publicações indica que o artigo mais citado dentre aqueles
identificados no estudo, foi “Public spending on higher education in developing countries:
Too much or too little?, com quarenta e seis citações, e o artigo que teve a melhor média de
citações por ano foi o “In pursuit of scarcity: Transnational students, 'employability', and the
MBA”, com 4,43 citações por ano. Ainda assim, a média anual de citações é baixa,
comparativamente ao que ocorre com autores líderes em outras áreas da administração.
Salienta-se também que dos 95 artigos analisados, 46% não possuem nenhuma citação.
11
12 12
10 10
9
8 8
7
6 6 6 6
5 5
4
3
2 2 2 2 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1
0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
Gráfico 2 – Quantidade de artigos publicados por ano
Observa-se que as palavras chaves que mais aparecem nos artigos pesquisados estão
diretamente ligadas ao estudo das competências no ensino superior da administração, e que a
grande maioria são em inglês, confirmando as análises anteriores sobre o baixo número de
estudos relacionados ao tema realizados no Brasil. Os dados também confirmam que as
categorias de busca utilizadas para o desenvolvimento deste estudo, que foram “ensino
superior de Administração” e “Competências”, foram apropriadas para o estudo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Frente ao objetivo de analisar a produção intelectual, nacional e internacional, sobre a
temática “desenvolvimento de competências no ensino superior de Administração”, os
resultados da pesquisa possibilitam descrever alguns aspectos importantes do cenário do
desenvolvimento das pesquisas relativas ao desenvolvimento das competências necessárias
aos administradores nos cursos de administração no cenário nacional e internacional.
No caso dos periódicos com maior número de artigos publicados, observa-se a existência de
um grande equilíbrio entre eles, não tendo se constituído, até o momento, a rigor, um core
típico, conforme definido nos critérios da Lei de Bradford, sendo que nenhum periódico se
destaca por ter um grande número de artigos relacionados ao tema da pesquisa.
Com relação a rede de autores conclui-se que, mundialmente, não houve, até o momento a
constituição de redes expressivas de publicações referente ao tema, predominando
publicações feitas por um único autor. Mesmo nas publicações feitas por mais de um autor,
observa-se a inexistência de interações significativas entre autores ligados a diferentes redes.
No que se refere à produtividade dos autores a mesma tendência é observada, não tendo se
constituído, até o momento, um núcleo de autores altamente produtivos e que exerçam um
liderança inconteste entre os interessados no tema. A análise dos impactos das publicações
indica que o artigo mais citado dentre aqueles identificados no estudo, foi “Public spending on
higher education in developing countries: Too much or too little?, com quarenta e seis
citações, e o artigo que teve a melhor média de citações por ano foi o “In pursuit of scarcity:
Transnational students, 'employability', and the MBA”, com 4,43 citações por ano. Ainda
assim, a média anual de citações é baixa, comparativamente ao que ocorre com autores líderes
em outras áreas da administração.
Em termos de distribuição regional, os países em que mais estudos foram publicados, isto é,
que contam com mais autores ligados as instituições são os EUA, tendo 38 instituições,
14
seguidos por Brasil, Inglaterra e Espanha. No Brasil, apenas a PUC de Minas Gerais aparece
com três artigos publicados sobre o tema, outras treze instituições aparecem com apenas uma
publicação cada, sendo as outras publicações de instituições estrangerias.
Com relação a linha do tempo das publicações sobre o tema, observa-se que a primeira
publicação ocorreu em 1968. Porém, entre os anos de 1969 e 1984 não houveram publicações
relacionadas ao tema pesquisado, o que representa uma grande lacuna. Entre os anos de 1985
e 2000 os números mostram poucas publicações, e igualmente aos anos de 1969 e 1984, entre
2001 e 2004, não foram publicados artigos relacionados ao tema pesquisado.
A partir de 2005, ano em que a Resolução nº 4, de 13 de julho, do Conselho Nacional de
Educação, institui as diretrizes curriculares nacionais para o Curso de Graduação em
Administração, as publicações sobre o tema aumentaram consideravelmente, acredita-se pela
própria necessidade de evolução de estudos sobre o tema. A partir de 2009, os estudos se
intensificaram e, mesmo apresentando ainda uma produção relativamente insipiente, indicam
o crescimento do interesse sobre o tema e a possibilidade de uma maior consolidação das
pesquisas nos próximos anos.
6 REFERÊNCIA
ARAÚJO, Carlos Alberto. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão:
Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006.
FERREIRA, Manuel Portugal Vasconcelos; MIRANDA, Rui Mourato; PINTO, Cláudia Frias
Pinto. Três décadas de pesquisa em empreendedorismo: uma revisão dos principais periódico
internacionais de empreendedorismo. REAd | Porto Alegre – Edição 81 - N° 2 – maio/agosto
2015 – p 406 – 436.
FREITAS, Ana Lúcia Souza de. A gestão da aula universitária na PUCRS / Ana Lúcia
Souza de Freitas, Rosana Maria Gessinger, Marlene Correro Gillo, Valderez Marina do
Rosário Lima (orgs). – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. LIBANEO, José Carlos. Didática.
São Paulo: Cortez, 1994.
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2009: Uma Análise Bibliométrica. Revista Seminários em Administração - Semead, São
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15
htttp://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/an_resumo.asp?cod_trabalho=225>.
Acesso em: 27 dez 2015.
MUSSAK, Eugênio. Gestão Humanística das pessoas: o fator humano como diferencial
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ZARIFIAN, Philippe. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
1
ABSTRACT
This study aimed to analyze the vision of students of accounting, to assume role of professionals
in the face of ethical dilemmas in individual, professional and academic characteristics. The
survey sample was designed in view of the return of the survey instrument. Thus, 169
respondents in the state of Santa Catarina, 71 respondents of the Rio Grande do Sul state, 123
respondents in Paraná, 96 respondents of São Paulo and 45 respondents of Bahia state, in a
general sample of 504 students. The survey instrument was divided into four blocks: individual
characteristics, professional and academic and ethical dilemmas scenarios. Were used for data
analysis descriptive statistics, parametric tests mean comparison and Mann-Whitney test and the
nonparametric Kruskal-Wallis test. As a result, gender, age, professional experience in
2
accounting, type of institution, take the course, teacher titration code discussion of ethics and
have attended other graduation were regarded as especially important for determining the ethical
attitudes of students towards the dilemmas ethical presented. The contribution of this study was
to contemplate the perception of students from several Brazilian states, to observe possible
differences in the perception of ethical dilemmas, influenced by different individual aspects,
professionals and academics.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, manifesta-se uma crescente preocupação com a ausência de valores éticos
(CORRÊA; FERREIRA; SHINZAKI, 2005) indicando cada vez mais a intolerância social
perante aos abusos (LUCE, BARBER, & HILLMAN, 2001). Muito das preocupações são
fundamentadas nas denúncias sobre casos de fraudes (MORAES; SILVA; CARVALHO, 2010)
oriundas de negócios cada vez mais complexos, concorrência mundial e inovações rápidas que
impõem às organizações novos ajustes na forma de operar, promovendo embates sobre
maximização dos resultados, compromisso e postura ética (ROBERTSON et al., 2002).
Profissionais, sobretudo da área contábil, encontram-se envolvidos nesses casos
(MORAES; SILVA; CARVALHO, 2010), possivelmente em função das oportunidades de
manipular recursos e informações sigilosas a respeito das entidades que o cargo lhes confere
(NASCIMENTO et al. 2011). Ao ocuparem posições estratégicas, são constantemente expostos a
dilemas éticos capazes de impactar o mercado, a sociedade e o meio ambiente (WATSON, 2003).
A postura diante de conflitos éticos influencia na imagem da organização e no
comportamento dos demais indivíduos (BEWS; ROSSOUW, 2002). Desta maneira, é essencial
que a formação do contador se fundamente em preceitos éticos rigorosos, que lhes confiram
diretrizes de atuação formais, como as oferecidas pelo Código de Ética do Profissional Contábil e
pelo Conselho Federal de Contabilidade (NASCIMENTO et al. 2011). Apenas a formação
técnica não se mostra suficiente para subsidiar as decisões organizacionais, é preciso que o
profissional identifique uma finalidade social superior nos serviços prestados, defendendo os
princípios e valores éticos da contabilidade (LISBOA et al., 1997), que levem a não conivência
em atos reconhecidamente imorais ou ilícitos (BORGES; MEDEIROS, 2007).
Os estudos de Alves et al. (2007) e Moraes, Silva e Carvalho (2010) observaram a relação
entre a ética e características individuais como questões de gênero e idade dos acadêmicos de
Ciências Contábeis; Ford e Richardson (1994) Loe e Ferrell (2000) analisaram a relação entre
ética e as crenças religiosas; Whipple e Swords (1992) avaliaram a relação entre ética e
nacionalidade. Desta forma, compreender esses fatores torna-se fundamental para o fomento de
uma cultura voltada ao desenvolvimento ético dos profissionais, sem deixar de garantir a
sustentabilidade dos negócios (ALMEIDA, 2007). Contudo, a proposta desta pesquisa se pauta na
necessidade de conhecer os aspectos éticos que permeiam as decisões dos acadêmicos de
Ciências Contábeis a partir de suas características individuais, profissionais e acadêmicas,
perspectiva ainda não esgotada em trabalhos anteriores.
Sob esta perspectiva voltada ao enaltecimento da ética na profissão contábil, o estudo
apresenta a seguinte questão de pesquisa: Qual a visão dos estudantes de ciências contábeis, ao
assumirem o papel de profissionais, diante de dilemas éticos sob as características individuais,
profissionais e acadêmicas? O objetivo do estudo foi analisar a visão de estudantes de ciências
contábeis, ao assumirem papel de profissionais, diante de dilemas éticos sob as características
3
mais velhos demonstraram um posicionamento mais ético do que os mais novos. Já, em relação
ao tempo de serviço, os estudantes que trabalham há mais tempo com mais tempo de trabalho
tendem a discordar de atos antiéticos mais do que aqueles trabalham a menos tempo. De maneira
geral, concluiu-se o gênero, idade e tempo de trabalho influenciaram o posicionamento ético dos
estudantes de contabilidade entrevistados, em relação aos dilemas éticos apresentados. Estes
resultados sugerem que aqueles segmentos de profissionais sejam tratados e motivados
diferentemente para tornar mais eficaz a revitalização ética do ambiente.
Nascimento et al. (2011) privilegiou em sua pesquisa os fatores acadêmicos ao buscar
evidenciar a percepção sobre o tema “ética” junto a 167 formandos de Ciências Contábeis em
universidades da região sul do Brasil. Os respondentes indicaram que não transgridam os
princípios éticos em prol do empregador, creem na relevância do código de ética para o exercício
da profissão, concordam com a necessidade de penalização por infração às normas impostas pelo
Conselho Federal de Contabilidade, e se mostraram dispostos a atuar de acordo tais regras.
Apesar disso, mais da metade dos graduandos afirmou nunca ter sequer lido o código.
Antonovz et al. (2011) estudou o fator individual gênero para comparar as percepções dos
alunos com as de profissionais de contabilidade que atuam no mercado de trabalho, levantando os
aspectos da percepção destes que diferem em relação ao gênero dos respondentes. Verificou que
na maioria das questões levantadas houve uma menor aceitabilidade para certos comportamentos
antiéticos por parte das mulheres, do que por parte dos homens. Oliveira et al. (2011), por outro
lado, ao investigarem se há diferença na disposição de agir de forma ética conforme o gênero
junto a um grupo de estudantes do curso de Ciências Contábeis de uma instituição privada de
ensino, observaram que o gênero não influi na disposição de agir dos participantes deste estudo.
Lustosa et al. (2012) avaliaram o nível moral individual de 259 contadores de todas as
regiões brasileiras, de diferentes faixas etárias, gêneros, graus de titulação e tipos de ocupação
profissional com base no julgamento sobre decisões que envolvem conflitos éticos. Os resultados
revelam que os contadores que participaram da pesquisa esperam adotar decisões caracterizadas
como éticas e morais, mas não contam com o mesmo comportamento dos colegas de profissão.
Antunes et al. (2013) estudou o tema ética profissional com foco a atitude ética individual
do contabilista brasileiro. Identificou que o contador brasileiro se considera independente, crítico
e assume como um dever profissional transmitir em seus relatórios aquilo que consideram
verdades. Por outro lado, a autora alerta que não se pode ignorar a ocorrência recorrente de
práticas disfuncionais que, além de causarem prejuízos financeiros expressivos para a sociedade
de forma geral, comprometem a credibilidade da profissão, o que denota uma dissonância entre a
percepção e a prática de alguns profissionais.
Costa e Melo (2015) avaliaram o comportamento profissional dos contadores da cidade de
Mossoró-RN, frente às recentes mudanças introduzidas pela era digital à profissão contábil.
Verificaram que os contadores acreditam no comportamento guiado pela ética como ocasionador
do sucesso profissional, reconhecem a necessidade de estarem atualizados e adequados às
transformações ocorridas na profissão por meio de recursos e comportando-se de forma oportuna
em meio a existência de ameaças. Logo, são profissionais guiados pelo código de ética,
aperfeiçoadores das mudanças ocorridas na profissão.
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
O estudo é caracterizado quanto aos objetivos, como de cunho descritivo por apresentar as
características de uma determinada amostra. Quanto aos procedimentos, é uma pesquisa de
levantamento e a abordagem do problema é de natureza quantitativa, pelo uso de instrumentos
estatísticos na análise e interpretação dos resultados.
6
Dependendo dos motivos, você poderia agir da mesma forma que Manuel?
Rodrigo formado em Ciências Contábeis, com registro no Conselho Regional de Contabilidade,
Oliveira et al.
trabalha diariamente como professor. O escritório de contabilidade Bandeira Branca por motivo
(2011);
D7 alheio a sua vontade está sem funcionário que tenha registro no CRC. Rodrigo recebe uma quantia
Resolução CFC nº
em dinheiro para assinar vários demonstrativos os quais não supervisionou. Dependendo do
803/96
motivo, eu posso agir da mesma forma que o Rodrigo?
A papelaria Brilho Verde encontra-se com sérios problemas e precisa de um empréstimo bancário. Oliveira et al.
O contador movido pela situação da empresa elabora demonstrativos contábeis com valores (2011);
D8
adulterados, de forma a possibilitar a concessão do empréstimo. Dependendo do motivo, eu posso Resolução CFC nº
agir da mesma forma que o Contador? 803/96
A Farmácia Esperança, desde sua fundação, contratou serviços de contabilidade com o Escritório
Oliveira et al.
Contábil Y. A farmácia não precisava se preocupar com os pagamentos dos impostos, pois o
(2011);
D9 escritório efetuaria. O contador ficou vários meses sem realizar o pagamento dos impostos,
Resolução CFC nº
embolsando todo o valor, que posteriormente será devolvido. Dependendo do motivo, eu posso
803/96
agir da mesma forma que o contador?
Fonte: Adaptado da Resolução CFC nº 803/96 e dos estudos de Lopes et al. (2006), Oliveira et al. (2011).
A escala likert utilizada para verificar a percepção dos alunos sobre os dilemas éticos
diante dos cenários da profissão contábil, foi de quatro pontos com concordo totalmente (1); mais
concordo do que discordo (2); mais discordo do que concordo (3); discordo totalmente (4).
Verifica-se na Tabela 1 que a maioria dos respondentes (60,50%) são do gênero feminino.
Destaca-se que grande parte dos estudantes possuem entre 21 a 25 anos (48,00%), mas há um
grande percentual (22,80%) que possui até 20 anos de idade.
Com relação aos aspectos acadêmicos, verifica-se na Tabela 3 que parte significativa dos
estudantes estão cursando os semestres finais e outra parte significante os semestre iniciais do
curso de ciências contábeis, podendo oferecer uma visão de amadurecimento dos estudos no
decorrer do curso com relação aos dilemas éticos aqui abordados. A maioria dos pesquisados
estudam em instituição privada e não possui nenhuma graduação anterior a de contabilidade pelo
qual estão estudando. Por fim, tem-se que 54,40% dos pesquisados ainda não cursaram a
disciplina de ética e 45,60% já cursaram a disciplina de ética.
Dessa forma, as questões expostas na Tabela 4 consideraram apenas os respondentes que
já cursaram a disciplina de ética, visto que são questões que envolvem o impacto aspectos
9
Verifica-se na Tabela 4 que a grande maioria dos estudantes que cursaram disciplina de
ética tiveram professores com formação em contabilidade (79,60%), e com titulação de mestre
(63,00%). Tais estudantes, na sua maioria atribuem importância para a disciplina de ética, e
também discorrem que o código de ética profissional do contador foi discutido pelo professor que
lecionou a disciplina de ética. Por foi, a maioria dos estudantes acreditam que a disciplina de
ética provocou pouca diferença no seu pensamento sobre ética na profissão contábil.
Dilemas Desvio
Média Nível de Significância do Teste de Diferença de Médias (Tukey)
Éticos Padrão
D1 3,6052 0,6856 D3(0,000*); D5 (0,027*); D9 (0,000*)
D2 3,5813 0,7834 D3(0,000*); D5 (0,004*); D9 (0,000*)
D1(0,000*); D2(0,000*); D4(0,000*); D5(0,000*); D6(0,000*); D7(0,000*);
D3 2,8091 1,0875
D8(0,000*); D9(0,000*)
D4 3,5198 0,7720 D3(0,000*); D5(0,000*); D8(0,001*); D9(0,000*)
D5 3,7639 0,5726 D1(0,027*); D2(0,004*); D3(0,000*); D4(0,000*); D7(0,000*)
D6 3,6270 0,8172 D3(0,000*); D9(0,000*)
D7 3,5556 0,8651 D3(0,000*); D5(0,000*); D8(0,022*); D9(0,000*);
D8 3,7163 0,5855 D3(0,000*); D4(0,001*); D7(0,022*);
D9 3,8631 0,4793 D1(0,000*); D2(0,000*); D3(0,000*); D4(0,000*); D6(0,000*); D7(0,000*);
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 5 – Estatística descritiva e teste de diferença de médias entre os dilemas éticos
Verifica-se na Tabela 5 que o dilema ético 3 (D3) apresentou a menor média em relação
aos demais dilemas éticos apontados, fato comprovado pelo teste de diferenças de médias que
mostrou a existência de significância ao nível de 5% com relação aos demais dilemas éticos.
10
Assim, conclui-se que os estudantes vislumbram a aceitação de serviços contábeis atrelada a uma
remuneração injusta no intuito de obtenção e capitação de clientes como um menos antiético com
relação aos demais dilemas estudados.
Por outro lado, o dilema ético 9 (D9) apresentou, significativamente ao nível de 5%,
maior percepção de ato antiético com relação aos demais dilemas éticos. É possível inferir que os
estudantes possuem uma alta percepção de que o recebimento dos recursos financeiros dos
clientes para o pagamento dos impostos e a sua não realização, é um ato antiético. Percebe-se que
os estudantes tem forte percepção de ética com relação ao aspecto apontado, visto que é um forte
motivador para a cassação do registro de contador pelo conselho de classe, conforme consta no
código de ética profissional. Portanto, os achados indicam que os estudantes foram bem
informados com relação a retenção de recursos dos clientes e o não recolhimento adequado dos
impostos que ficaram sob sua responsabilidade, conforme alínea “e” do art. 27 do DL 9.245/46,
c/c a súmula 02 do CFC com art. 2, inciso I e art. 3, incisos III, VIII e X do CEPC e com art. 24,
incisos I, VI e X da Res. CFC 960/03.
Na sequência, com o intuito de identificar se existem diferenças estatísticas entre as
características individuais, profissionais e acadêmicas e a percepção dos dilemas éticos, foram
realizados dois testes (Mann-Whitney; Kruskal-Wallis). O teste de Mann-Whitney foi utilizado
para a verificação das variáveis independentes com duas amostras.
Os resultados apontados pela Tabela 8 indicam que os estudantes que já atuaram ou atuam
em áreas que exigem conhecimentos advindos da contabilidade possuem melhor percepção sobre
os dilemas éticos (D1; D5; D7 e D9). Os achados apontam que a experiência na área de
contabilidade oferece melhor percepção sobre a disposição do profissional em orientar seus
clientes para que paguem integralmente os impostos, mesmo que os concorrentes não procedam
da mesma maneira, de não aceitar propina advinda de menor percentual aplicado na produção da
atividade operacional do negócio, não assinar relatórios contábeis sem a devida supervisão e de
efetuar o pagamento correto dos impostos de clientes que lhe repassaram tais recursos.
Estes resultados podem ser explicados pelo estudo de Alves et al., (2007), que o
profissional tem seu comprometimento diretamente pelo índice de introjeção dos deveres éticos
da profissão e que o grau de introjeção de valores éticos influencia no nível de comprometimento.
Rank Médio
Já cursou a disciplina de ética
D7
Sim 259,93
Não 246,26
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 9 - Teste de Mann-Whitney da variável cursou a disciplina de ética em relação aos dilemas éticos
Os achados apontam que os alunos que já cursaram a disciplina de ética possuem uma
12
melhor percepção de que ganhar certa quantia em dinheiro para assinar demonstrativos contábeis
sem a correta supervisão, é caracterizada como uma atitude antiética do profissional de
contabilidade.
Rank Médio
Já cursou outra graduação
D1
Sim 296,57
Não 249,71
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 11 - Teste de Mann-Whitney da variável possui outra graduação em relação aos dilemas éticos
Conforme exposto na Tabela 12, é possível inferir que a idade apresentou significância ao
nível de 5% com o dilema ético 2 (D2) e dilema ético 3 (D3). A remuneração mensal apresentou
significância ao nível de 5% com o dilema ético 3 (D3), dilema ético 5 (D5) e dilema ético 6
(D6), e por fim, o estado de residência apresentou-se significativamente com relação a todos os
dilemas éticos observados. Os resultados indicam que a idade, remuneração mensal e estado de
13
residência são fatores preponderantes para a diferente percepção dos estudantes do curso de
ciências contábeis com relação a intensidade dos dilemas éticos. Resultados similares foram
encontrados por Stevens (1984), Nyaw e Ng (1994), Alves (2007), Moraes et al. (2010)
Rank Médio Rank Médio
Idade dos respondentes
D2 D3
Até 20 anos 239,88 254,25
De 21 a 25 anos 247,25 263,19
De 26 a 30 anos 250,84 240,38
De 31 a 35 anos 283,03 249,66
Acima de 35 anos 309,44 179,37
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 13 - Teste de Kruskal-Wallis da variável idade com relação aos dilemas éticos
Os achados apontados pela Tabela 14 mostram que os estudantes com remuneração acima
de 8 salários mínimos e os com até 2 salários mínimos possuem menor percepção de que oferecer
serviços contábeis por uma remuneração injusta, receber propina para fraudar composição de
produtos destinados a atividades operacionais e reter indevidamente livros e documentos de
clientes são características de profissionais com atitudes antiéticas.
Rank Rank Rank Rank Rank Rank Rank Rank Rank
Estado de
Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio Médio
Residência
D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9
Santa Catarina 259,53 269,01 277,52 276,31 255,09 267,22 279,12 278,23 250,94
Rio Grande do Sul 294,82 248,75 149,25 253,58 281,68 188,10 191,39 226,32 275,00
Paraná 227,30 241,69 273,00 230,75 255,67 258,93 255,80 230,84 258,43
14
São Paulo 250,18 262,64 252,95 251,67 237,81 267,84 259,59 268,30 246,84
Bahia 233,13 204,33 259,00 222,62 219,39 248,50 224,76 222,67 218,72
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 15 - Teste de Kruskal-Wallis da variável estado de residência com relação aos dilemas éticos
Conforme exposto na Tabela 16, é possível inferir que a área de formação do professor
apresentou significância ao nível de 5% com relação ao dilema ético 2 (D2), dilema ético 7 (D7)
e dilema ético 8 (D8). A titulação do professor apresentou significância com o dilema ético 2
(D2), dilema ético 4 (D4), dilema ético 5 (D5), dilema ético 7 (D7), dilema ético 8 (D8) e dilema
ético 9 (D9). O nível de discussão do código de ética na disciplina apresentou significância ao
nível de 5% com relação ao dilema ético 5 (D5). Por fim, a indicação do aluno de que a disciplina
modificou a percepção sobre ética apresentou significância ao nível de 5% com dos dilemas
éticos (D1; D2; D3; D5; D7; D8 e D9). De maneira geral, há indicativos de que a área de
formação e titulação do professor, o nível de discussão do código de ética e a modificação da
percepção do aluno sobre a ética pós disciplina tenham influência sobre a diferente percepção de
ética dos futuros profissionais da contabilidade.
Rank Médio Rank Médio Rank Médio Rank Médio Rank Médio Rank Médio
Titulação do Professor
D2 D4 D5 D7 D8 D9
Graduação 75,93 78,21 73,71 67,21 74,25 74,57
Especialização 108,29 110,40 117,81 102,30 115,86 115,13
Mestrado 119,05 123,20 115,20 122,43 119,43 115,93
Doutorado 118,31 83,64 123,81 115,07 99,21 124,50
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 18 - Teste de Kruskal-Wallis da titulação do professor da disciplina em relação aos dilemas éticos
Verifica-se na Tabela 18 que os alunos que tiveram a disciplina de ética com professores
que possuem titulação de mestrado, na sua maioria apresentaram melhores percepções sobre
atitudes antiéticas na profissão contábil.
Rank Médio
Nível de Discussão do Código de ética
D5
Não sei do que se trata 80,50
Nunca foi discutido 95,60
Apenas foi apresentado pelo professor 104,00
Foi discutido superficialmente 112,35
Foi discutido em profundidade 121,46
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 19 - Teste de Kruskal-Wallis do nível de discussão do código de ética com relação aos dilemas éticos
De maneira geral, para a maioria dos dilemas éticos ante expostos, a indicação do aluno
de que sua visão sobre ética foi modificada após a disciplina, mostrando que a disciplina de ética
é necessária e importante para oferecer uma visão de quais atitudes são consideradas antiéticas no
exercício da profissão para os quais estão sendo formados. Os resultados indicam para a maioria
dos dilemas significantes que a indicação de modificação no pensamento sobre a ética pelo aluno
causa impacto positivo sobre sua percepção em relação as atitudes antiéticas.
16
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclui-se que as mulheres são mais perceptíveis de que a preparação e assinatura de
demonstrações contábeis não condizentes com a verdade patrimonial, com o intuito de auxiliar a
recuperação de uma empresa com problemas econômicos, é um ato de fraude contábil,
caracterizada como atitude antiética. O mesmo ocorre com a retenção de livros e documentos do
cliente da contabilidade, em que as mulheres percebem com maior intensidade que os homens, tal
fato como um ato de fraude contábil, visto que o código de ética é claro com relação a
impossibilidade, mesmo havendo qualquer conflito, de o contador reter quaisquer documentos de
seus clientes. Por fim, os estudantes do gênero feminino têm melhor percepção de que a
elaboração de demonstrativos contábeis com valores adulterados para a concessão de
empréstimos, por qualquer motivo, é caracterizado um ato de fraude contábil.
Os resultados indicam que os estudantes que já atuaram ou atuam em áreas que exigem
conhecimentos advindos da contabilidade possuem melhor percepção sobre os dilemas éticos. Os
achados apontam que a experiência na área de contabilidade oferece melhor percepção sobre a
disposição do profissional em orientar seus clientes para que paguem integralmente os impostos,
mesmo que os concorrentes não procedam da mesma maneira, de não aceitar propina advinda de
menor percentual aplicado na produção da atividade operacional do negócio, não assinar
relatórios contábeis sem a devida supervisão e de efetuar o pagamento correto dos impostos de
clientes que lhe repassaram tais recursos. Os achados apontam que os alunos que já cursaram a
disciplina de ética possuem uma melhor percepção de que ganhar certa quantia em dinheiro para
assinar demonstrativos contábeis sem a correta supervisão, é caracterizada como uma atitude
antiética do profissional de contabilidade.
Os estudantes de ciências contábeis das instituições de ensino superior privadas possuem
melhor percepção de ética na maioria dos dilemas éticos (D2; D4; D8) com diferenças
significativas para a variável. É possível indicar que os alunos de instituições privadas percebem
com maior intensidade que a preparação e assinatura de demonstrações contábeis não condizentes
com a verdade patrimonial, mesmo que seja para auxiliar a recuperação de uma empresa, a
contabilização de gastos superiores aos realmente apurados e a adulteração de demonstrativos
contábeis para obter maior facilidade na liberação de empréstimos são atitudes antiéticas.
Os achados indicam os estudantes mais maduros possuem maior intensidade na percepção
de que a assinatura e preparação de demonstrativos contábeis que não condizem com a realidade
é uma atitude antiética. Tal resultado tem suas razões advindas do amadurecimento pessoal, em
que estudantes mais velhos, podem ter vivenciado fatos que geraram uma melhor percepção
sobre determinadas atitudes antiéticas ocorridas no mundo dos negócios.
Os resultados indicam que a formação do professor da disciplina de ética em
contabilidade auxilia os alunos em compreender melhor quais são as atitudes antiéticas que
ocorrem no decorrer da profissão e no mundo dos negócios. Os alunos que tiveram a disciplina de
ética com professores que possuem titulação de mestrado, na sua maioria apresentaram melhores
percepções sobre atitudes antiéticas na profissão contábil.
O maior nível de discussão do código de ética na disciplina, provoca maior intensidade de
percepção dos alunos com relação ao dilema ético relacionado ao recebimento de propina para
modificação da composição de produção nas atividades operacionais. O resultado é importante,
pois vislumbra que a construção do conhecimento de alunos do curso de ciências contábeis na
disciplina de ética deve ser pautada na discussão abrangente com relação ao código de ética da
classe profissional. Por fim, tem-se que para a maioria dos dilemas éticos ante expostos, a
indicação do aluno de que sua visão sobre ética foi modificada após a disciplina, mostrando que a
17
disciplina de ética é necessária e importante para oferecer uma visão de quais atitudes são
consideradas antiéticas no exercício da profissão para os quais estão sendo formados.
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Estratégias de aprendizagem autorregulada em contabilidade: um estudo no ensino
superior catarinense
Samuel Haag (samuelhaag@hotmail.com)
Mestrando em Ciências Contábeis na Universidade Regional de Blumenau - FURB
Resumo
Este estudo analisou o perfil dos estudantes de Ciências Contábeis quanto as estratégias de
aprendizagem autorregulada. Para tanto, levantou-se os seguintes objetivos específicos: (a)
identificar quais são as estratégias de aprendizagem autorregulada utilizadas por estudantes de
Contabilidade; (b) verificar como essas estratégias poderiam ser explicadas a partir do tempo
de curso, idade e gênero. Para identificar estratégias de aprendizagem autorregulada foi
utilizada a estatística descritiva, para verificar como essas estratégias poderiam ser explicadas
a partir do estágio (semestre) do estudante, foi alcançada por meio da Análise Fatorial e de
testes paramétricos de comparação de médias (teste t). Os resultados apontam que as
estratégias mais empregadas são: revisão, ajuda externa, estrutura ambiental e autoavaliação.
Ao explicar as estratégias de aprendizagem autorregulada através do tempo de curso, gênero e
idade, os resultados indicaram que as médias são significativamente diferentes para o gênero e
idade. O estudo contribui para reforçar a importância de refletir sobre o ensino-aprendizagem
desenvolvido com a intenção de armazenar conhecimentos e para repensar em medidas que
conduzam a aprendizagem autônoma do estudante como vital para o desenvolvimento de
competências profissionais, que, por sua vez, requer rever a prática pedagógica universitária
da educação contábil.
Palavras chave: Aprendizagem autorregulada, Contabilidade, Instituições de Ensino
Superior.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
A Tabela 2 destaca que a amostra foi formada por 279 respondentes concernentes das
duas instituições, 94 na Instituição I e 185 na Instituição 2. Observa que 68,5% da amostra foi
formada pelo gênero feminino. Ao analisar a faixa etária dos discentes, a maioria possui
42,7% com 21 a 25 anos, 38,4% com até 20 anos, 14% com 26 a 30 anos 3,6% entre 31 a 35
anos e apenas 1,4% acima de 36 anos. Os dados foram coletados entre julho a novembro de
2015, com alunos do primeiro ao oitavo (último semestre).
O instrumento de coleta de dados foi formado por perguntas visando a caracterização
do respondente, como o gênero, idade e semestre e por perguntas com o intuito de identificar
as estratégias de aprendizagem autorregulada propostas por Zimmerman e Martines-Ponz
(1986), conforme descrita na Quadro 1.
Afirmações Estratégias de aprendizagem autorregulada
1. Avalio o meu desempenho, vejo o que devo 1. Auto-avaliação
melhorar e procuro superar dificuldades detectadas
2. Procuro elaborar um plano (esquema) antes de 2. Organização e transformação
iniciar uma atividade
3. Se tenho avaliação, começo a estudar o mais cedo 3. Estabelecimento de objetivos e planejamento
possível, para ficar descansado e tranquilo no dia.
4.Antes de iniciar um trabalho, recorro à biblioteca 4. Procura de informação
e/ou outros meios de pesquisa seja físico ou digital.
5. Procuro anotar o máximo de apontamentos sobre 5. Tomada de apontamentos
os conteúdos trabalhados
6.Para ter melhor concentração, procuro ambientes 6. Estrutura ambiental
adequados.
7. Quando faço avaliação, se o resultado for positivo, 7. Auto-consequências
ofereço-me recompensa; caso ocorra o contrário, abro
mão de algo.
8. Utilizo estratégias para (memorizar pontos, 8. Repetição e memorização
fórmulas) melhorar minha aprendizagem sobre
assuntos a serem estudados.
9. Quando surge dificuldade e não consigo resolver 9. Ajuda de professores; 10. Ajuda de pares
sozinho, busco ajuda externa (professor, colegas, próximos; 11. Ajuda de especialistas
outros).
10. Após conclusão de um trabalho acadêmico, eu o 12. Revisão das anotações; 13. Revisão de testes e
reviso para ter a certeza de que esteja correto. 14. Revisão da bibliografia
Respostas
Estratégia 1 2 3 4 5 6 7 Menor que Maior que
Total
Nunca Sempre 4 4
Fi 5 7 14 25 72 92 64 279 51,00 228,00
E1
Fi% 1,80 2,50 5,00 9,00 25,80 33,00 22,90 100,00 18,30 81,70
Fi 15 15 34 42 61 70 42 279 106,00 173,00
E2
Fi% 5,40 5,40 12,20 15,10 21,90 25,10 15,10 100,00 37,99 62,01
Fi 39 40 40 52 60 29 19 279 171 108,00
E3
Fi% 14,00 14,30 14,30 18,60 21,50 10,40 6,80 100,00 61,29 38,71
Fi 19 19 31 36 48 57 69 279 105,00 174,00
E4
Fi% 6,80 6,80 11,10 12,90 17,20 20,40 24,70 100,00 37,63 62,67
Fi 11 24 26 43 65 60 50 279 104,00 175,00
E5
Fi% 3,90 8,60 9,30 15,40 23,30 21,50 17,90 100,00 37,27 62,72
Fi 5 6 10 21 52 90 95 279 42,00 237,00
E6
Fi% 1,80 2,20 3,60 7,50 18,60 32,30 34,10 100,00 15,05 84,95
Fi 152 22 32 32 25 11 5 279 238,00 41,00
E7
Fi% 54,5 7,9 11,5 11,5 9,0 3,9 1,8 100,0 85,31 14,69
Fi 23 21 19 32 76 67 41 279 95,00 184,00
E8
Fi% 8,20 7,50 6,80 11,50 27,20 24,00 14,70 100,00 34,05 65,95
Fi 3 6 7 24 39 84 116 279 40,00 239,00
E9
Fi% 1,10 2,20 2,50 8,60 14,00 30,10 41,60 100,00 14,34 85,66
Fi 3 6 9 19 51 87 104 279 37,00 242,00
E10
Fi% 1,10 2,20 3,20 6,80 18,30 31,20 37,30 100,00 13,26 86,74
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 3 – Identificar as estratégias de aprendizagem autorregulada dos discentes
Na Tabela 3, destaca-se que as duas últimas colunas apresentam uma totalização das
frequências, para respostas menores que quatro e maiores que quatro sendo um ponto médio
entre 1 e 7. O ponto médio da escala no instrumento de coleta de dados correspondia ao
número quatro. Como resultado, a maioria das estratégias estão acima do ponto médio. Das
estratégias, as mais empregadas são E10 (Revisão), E9 (ajuda externa), E6 (estrutura
ambiental) e E1 (auto-avaliação), respectivamente. Ao considerar as estratégias abaixo do
ponto médio, E7 (auto-consequência) e E3 (Estabelecimento de objetivos e planejamento).
Este resultado também foi encontrado por Lima Filho et al., (2015).
As estratégias mais empregadas são caracterizadas na segunda e terceira fase. A
segunda fase (execução e controle) tem o propósito de fazer cumprir os objetivos traçados na
primeira fase. É exigido nessa etapa automonitoração através do uso de estratégias de
aprendizado e do controle da atenção. A terceira fase de autorreflexão e autorreação
(avaliação) envolve o julgamento, autoavaliação e atribuições de causa sobre os objetivos
estabelecidos na primeira fase (estabecimento de objetivo e planejamento).
Contudo, os achados apontam que os discentes não empregam o estabelecimento de
objetivos e planejamento. Desta forma, ao considerar que o processo de autorregulação se
concretiza de forma dinâmica, aberta e cíclica, caso o discente da amostra deste estudo não
empregue a estratégia de estabelecimento de objetivos e planejamento as demais fases
(execução e controle e autorreflexão) poderão ser comprometida, visto que Demetriou et al.
(2000) explica que a participação ativa do indivíduo exige consciência dos objetivos a serem
alcançados, reconhece as demandas da ação a se alcançar, separa e estabelece os recursos
internos e externos para a execução da ação, avalia o nível de realização e altera os
procedimentos utilizados se o resultado não for o previsto.
Após identificar quais são as estratégias de aprendizagem autorregulada utilizadas
pelos estudantes, a partir da próxima tabela, buscou-se verificar como essas estratégias
poderiam ser explicadas a partir do estágio (semestre) do estudante no curso para alcançar o
segundo objetivo específico. Adicionalmente, verificou-se também como as estratégias
poderiam ser explicadas pela idade e semestre. Para tanto, utilizou-se, primeiramente, a
análise fatorial com o intuito de resumir e reduzir dados (HAIR ET AL., 1998), conforme
descrito na Tabela 4.
Foram gerados 2 fatores com percentual de informação para o modelo de 36,68% para
o primeiro fator e 11, 36% para o segundo fator. Utilizou-se o método de rotação oblíqua
Promax para analisar os coeficientes de correlação. Esta rotação disponibiliza duas matrizes e
uma matriz de estrutura, além da matriz fatorial, que delineiam padrões de intercorrelações
entre as variáveis obliquas (CATTELL, 1966). As cargas fatoriais determinam os padrões e o
grau de envolvimento de cada variável com os padrões. Na Pattern Matrix demonstra quais
variáveis são altamente envolvidas em termos relacionados pelas cargas fatoriais em cada
padrão, a matriz de estrutura informa à extensão da correlação das variáveis com os padrões
de forma generalizada (SHIMADA et al., 2010).
Cattell (1996) explica que a determinação do fator chega ao final quando se verifica a
afinidade dos itens com os fatores do modelo que expurga os constructos do modelo quando o
valor absoluto da carga fatorial principal do item for menor que 0,32, na existência de cargas
fatoriais similares em dois ou mais fatores em um mesmo item, sendo a diferença entre os
valores absolutos das cargas fatoriais for inferior a 0,10 e também o fator deve ser formado
por dois ou mais itens. Ao considerar o exposto, na Tabela 5 descreve a utilização destes
critérios e os coeficientes de correlações com o método de Pattern Matrix.
Dimensão E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10
1 0,681 0,648 0,667 0,621 0,651 0,575 0,241 0,661 0,497 0,676
2 0,082 0,184 0,405 0,297 0,067 -0,043 0,460 -0296 -0,634 -0,367
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 5 – Análise dos coeficientes de correlações com o método de Pattern Matrix
Desvio
Dimensão N Mínimo Máximo Média
Padrão
Estratégia de
Aprendizagem 279 1,00 7,00 5,1982 0,78756
Autorregulada
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 7 – Estatística descritiva das dimensões
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo consiste em analisar o perfil dos estudantes de Ciências
Contábeis quanto as estratégias de aprendizagem autorregulada. Para tanto, levantou-se os
seguintes objetivos específicos: (a) identificar quais são as estratégias de aprendizagem
autorregulada utilizadas por estudantes de Contabilidade; (b) verificar como essas estratégias
poderiam ser explicadas a partir do estágio (semestre) de curso, idade e gênero do estudante
no curso.
Os resultados apresentam que as estratégias mais empregadas são E10 (Revisão), E9
(ajuda externa), E6 (estrutura ambiental) e E1 (autoavaliação), respectivamente. Ao
considerar as estratégias abaixo do ponto médio, E7 (autoconsequência) e E3
(Estabelecimento de objetivos e planejamento). Ao explicar as estratégias de aprendizagem
autorregulada através do estágio (semestre) do curso, gênero e idade, os resultados indicaram
que as médias são significativamente diferentes para o gênero e idade.
O estudo contribui para reforçar a importância de refletir sobre o ensino-aprendizagem
desenvolvido com a intenção de armazenar conhecimentos e para repensar em medidas que
conduzam a aprendizagem autônoma do estudante como vital para o desenvolvimento de
competências profissionais, que, por sua vez, requer rever a prática pedagógica universitária
da educação contábil.
Como limitação, a amostra envolveu apenas duas instituições privadas catarinenses.
Novas pesquisas podem envolver faculdades em outros contextos para testar se os resultados
são análogos, além de analisar a percepção, métodos pedagógicos e avaliação utilizados dos
docentes para verificar se a sua abordagem educacional pode explicar o nível de emprego de
estratégias autorreguladas dos discentes.
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Estratégias para a Internacionalização da Educação Superior: um Estudo sobre as
Práxis das Universidades no Âmbito Global
Resumo:
A internacionalização é uma das principais forças que vem ocasionando a restruturação da
educação superior no século XXI. De uma forma geral o cenário que emerge é complexo e
distinto. Por outro lado, a globalização cujo processo tem aumentado o fluxo de pessoas,
culturas, ideias, valores, conhecimento e tecnologia entre as fronteiras, resultam num mundo
interconectado e interdependente. A sociedade do conhecimento vem impactando na forma
com as quais as empresas buscam a competitividade e a diferenciação e as instituições de
ensino superior tornam-se importantes formadores de recursos-chave que é o capital humano.
Neste sentido, a internacionalização da educação superior passa a ser um processo intrínseco e
abrangente que inclui além da mobilidade de professores e estudantes a cooperação
internacional nos âmbitos de pesquisa, cultura e processos de ensino.O objetivo do presente
artigo foi investigar as estratégias adotadas pelas universidades nos diversos países em relação
ao processo de internacionalização da educação superior. Para alcançar esta proposição,
desenvolveu-se um estudo bibliométrico tendo como fonte de dados a base de pesquisa
Science Direct, onde foram analisados um total de 45 artigos. O método utilizado foi o
indutivo. Quanto ao tipo, caracteriza-se como exploratório de abordagem qualitativa. Os dos
foram analisados utilizando-se a estatística descritiva e análise de conteúdo. Os achados
mostram que dentre as principais estratégias adotadas pelas universidades referem-se a
questões multiculturais e o aperfeiçoamento do idioma inglês para fins acadêmicos.
Abstract
Internationalization is one of the main forces that has caused the restructuring of higher
education in the twenty-first century. In general, the picture that emerges is complex and
diverse. On the other hand, the globalization process which has increased the flow of people,
cultures, ideas, values, knowledge and technology across borders, resulted in an
interconnected and interdependent world. The knowledge society is affecting the way in
which companies seek competitiveness and differentiation and higher education institutions
has become important leaders on the formation of key resources which is the human capital.
In this sense, the internationalization of higher education becomes an intrinsic and
comprehensive process that includes in addition to the teachers and students mobility,
international cooperation in the fields of research, culture and education processes.The aim of
this paper was to investigate the strategies adopted by universities in different countries in
relation to the internationalization of higher education. To achieve this proposal, it was
developed a bibliometric study having as a source of data the Science Direct research base,
where 45 articles were analyzed. The method was inductive and the type is an exploratory
qualitative approach. The data were analyzed using descriptive statistics and content analysis.
The findings show that among the main strategies adopted by universities relate to
multicultural issues and improvement of English for academic purposes
1 INTRODUÇÃO
Desta forma, a gerência dos recursos internos, passa também pelo processo de aquisição do
conhecimento e a educação transnacional abre novas oportunidades que podem não estar
disponíveis no próprio país. Além disto, a interação com acadêmicos, experts da indústria e
recrutadores transformam em melhores oportunidades de networking as associações no
âmbito profissional (YERAVDEKAR; TIWARI,2014).
Tendo em vista este cenário, a proposta desta pesquisa é investigar as estratégias adotadas
pelas universidades nos diversos países em relação ao processo de internacionalização da
educação superior. Para alcançar o objetivo deste artigo, desenvolveu-se um estudo
bibliométrico tendo como fonte de dados a base Science Direct que reúne um amplo espectro
dos mais renomados periódicos internacionais.
Ao todo, este artigo está estruturado em cinco seções: introdução, referencial teórico, que foi
subdivido em (i) visão baseada em recursos (RBV), (ii) internacionalização da educação
superior e (iii) estratégias de internacionalização, seguida pela metodologia, análise dos dados
e conclusões.
2 REVISÃO DA LITERATURA
O termo Visão Baseada em Recursos (RBV) foi inicialmente introduzido por Wernerfelf
(1984). Posteriormente, pesquisadores como Barney (1986; 2001); Dierickx e Cool (1989),
Mahoney e Pandian (1992), Peteraf (1993); Amit e Schoemaker (1993) contribuíram para o
desenvolvimento e popularização da RBV,tanto nos meios acadêmicos como empresariais.
Barney (1991) sugeriu que o desempenho superior de uma firma deve resultar de seus
recursos e capacidades, ou seja, estes devem ser: valiosos ao ponto de neutralizar as ameaças;
raros entre seus concorrentes, custosos de imitar e sem substitutos estratégicos próximos.
Entretanto, estes recursos podem ser socialmente complexos dada a cultura da firma, o
trabalho em equipe e a reputação com fornecedores e clientes.A lógica do modelo da Visão
Baseada em Recursos reforça a ideia de que as firmas deveriam olhar para dentro, descobrir
seu próprio valor, suas singularidades, tornando desta forma, mais onerosa a imitação de seus
recursos e capacidades.
Para Oliver (1997), a Visão Baseada em Recursos analisa os meios e os recursos das empresas
que lhes permitam gerar valores acima das taxas normais de retorno e uma vantagem
competitiva sustentável. Nesta perspectiva, a heterogeneidade da empresa se dá na aquisição e
implantação dos recursos e capacidades para a geração de retornos económicos.
Desde os anos 1990, o conhecimento tem sido visto como um dos fatores críticos requeridos
para a criação da vantagem competitiva, pois a integração do conhecimento é central para a
formação das capacidades das empresas (GRANT, 1996). Isto aumentou a atenção sobre o
conhecimento partilhado, coincidindo com as alianças estratégicas além fronteiras (ERNST;
BLEEKE, 1995).
Tendo em vista que o conhecimento é muito mais que um artefato que pode ser possuído, é
importante notar que saber como “fazer as coisas” em ambientes organizacionais complexos é
um processo dinâmico, mais do que a propriedade estável das competências essenciais das
empresas (ORLIKOWSKI, 2002). Portanto, mais do que nunca, o conhecimento tácito é
central para a obtenção do conhecimento competitivo.
Desta forma, este contexto atual vem chamando a atenção da comunidade acadêmica sobre a
crescente internacionalização da educação superior que pode ser entendida de várias formas.
Durante os últimos dez anos pode-se notar um novo grupo de termos emergentes acerca da
educação internacional que está diretamente relacionada com os impactos e consequências da
globalização sobre a sociedade, tais como: educação sem fronteiras, educação além fronteiras,
educação global, comércio internacional de serviços em educação (DE WIT, 2010).
Scott (2006) observa que tanto a internacionalização quanto a globalização são fenômenos
complexos e que há distinção entre elas apesar de estarem correlacionadas. Teichler (2004)
observa que a globalização pode ser inicialmente definida como mudanças substanciais no
contexto da educação superior relativo a uma crescente inter-relação entre as diferentes
regiões do mundo. Ainda, segundo este autor, o termo globalização tem sido substituído por
internacionalização no debate da educação internacional.
Conforme dados da OCDE (2014), mais de 4,5 milhões de alunos estão matriculados em nível
universitário fora do seu país de origem. Austrália, Áustria, Luxemburgo, Nova Zelândia,
Suíça e Reino Unido apresentam a maior proporção de estudantes internacionais em relação
ao total das matrículas da educação superior. Os alunos da Ásia representam 53% dos
estudantes estrangeiros matriculados no mundo todo e o maior número de estudantes
estrangeiros são provenientes da China, Índia e Coréia. Cerca de 82% de todos os estudantes
estrangeiros estão matriculados em países do G20, enquanto 75% estão matriculados em
países da OCDE conforme pode ser observado no gráfico 01.
Fonte: OCDE (2014). “Education at a Glance 2014”
Notas: Estudantes estrangeiros são definidos a partir de seu país de cidadania e estudantes internacionais são
definidos através de seu país de residência.
Ao longo das últimas três décadas, o número de alunos matriculados fora do seu país de
cidadania aumentou drasticamente de 0,8 milhões no mundo em 1975 para 4,5 milhões em
2012, um aumento de mais de cinco vezes. Ainda, durante o período 2000-2012, o número de
estudantes do ensino superior estrangeiros matriculados em todo o mundo mais do que
dobrou, com uma taxa de crescimento média anual de quase 7%. (OCDE, 2014).
A internacionalização da educação superior tem sido associada a vários benefícios, sendo que
em primeira análise, trata-se do impacto local, regional e até mesmo nacional das relações
sociais e interculturais. Em segunda instância, o movimento de professores e estudantes entre
os campi tem permitido gerar novas perspectivas e possibilidades de cooperação (KNIGHT,
2008).
Neste sentido, as empresas estão demandando profissionais que possuam um certo conjunto
de habilidades, tais como: planejamento e organização, flexibilidade, autogerenciamento,
línguas estrangeiras, habilidades interpessoais e interculturais (YERAVDEKAR; TIWARI,
2014).
Sendo assim, este artigo procurou investigar e relacionar as estratégias mais utilizadas pelos
países nos últimos cinco anos, as quais serão abordadas a seguir.
3. METODOLOGIA
Neste sentido, esta pesquisa utilizou o método indutivo, proposto pelos empiristas Bacon,
Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não
levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva
de observações de casos da realidade concreta, onde as constatações particulares levam à
elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).
Quanto ao tipo, caracteriza-se como exploratória, pois visa proporcionar maior familiaridade
com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve o
levantamento bibliográfico e a análise de exemplos que estimulem a compreensão. (GIL,
1991).
O estudo foi organizado em duas etapas, sendo que a primeira etapa consistiu no
levantamento de publicações tendo como o tema a internacionalização da educação superior.
Foi realizada uma busca em 09/07/2015 utilizando-se a base de dados Science Direct com os
seguintes parâmetros: palavras chave: “highereducation” AND “Internationalization” nos
anos de 2009-2015. Foram encontrados 87 artigos, sendo que 33 artigos foram descartados
por estarem abordando outros enfoques que não a internacionalização da educação superior.
Na segunda etapa, os 54 artigos selecionados foram organizados por ano, periódicos, autores,
método de pesquisa a estratégia utilizada quanto ao processo de internacionalização. Destes
54, mais uma seleção se fez necessária, já que 09 artigos tratavam da acessibilidade à
educação superior, níveis de empregabilidade, rankings internacionais entre outros. Neste
sentido, a amostra validada permaneceu em 45 artigos, distribuídos em 12 periódicos.
Considerando-se as estratégias utilizadas para a internacionalização do ensino superior
utilizadas pelas universidades nos diferentes países, delineou-se as seguintes variáveis
nominais conforme o quadro 02 a seguir:
Diante da relação pretendida, mostra-se na Figura 2, a relação entre as diversas estratégias que
resultam no processo de internacionalização, considerando-se o ambiente institucional interno
e externo que deverá resultar no conhecimento competitivo requerido pelo cenário global.
Foram analisados um total de 45 artigos, dos quais 58% utilizaram a abordagem qualitativa,
sendo eminentemente estudos do tipo exploratório. Somente 18% dos artigos utilizaram a
estatística multivariada como forma de tratamento dos dados e 62% utilizaram a técnica de
análise de conteúdo.
Os dados denotam a grande participação dos países do continente asiático nas publicações,
mais notadamente a Malásia, Índia e China. Estes países tem-se voltado à formação de hubs
estratégicos de educação internacional e estão se destacando como provedores de serviços
educacionais de âmbito internacional.
Outro destaque revelado pela pesquisa é a participação crescente dos países do chamado Leste
Europeu que tem se integrado no espaço europeu de educação através do sistema de Bolonha,
que prevê a convergência de créditos educacionais entre outros. O incremento da participação
de países como o Cazaquistão, Lituânia e Romênia no processo de internacionalização, tem
ocorrido através do programa Erasmus que é um programa de intercâmbio estudantil da União
Europeia criado no final 1980 cuja finalidade é fornecer opções de intercâmbio para
estudantes de dentro da União Europeia por períodos que podem variar de 3 meses à 1 ano.
Para além dos recursos e capacidades de Barney (1991), Teece,Pisano e Shuen (1997)
entendem que as capacidades dinâmicas podem ser vistas como uma abordagem integrativa
potencial para o entendimento de novas fontes de vantagem competitiva definindo-as como a
capacidade de integrar, construir e reconfigurar competências externas e internas para
responder as mudanças do ambiente.
Para Eisenhard e Martin (2000), as capacidades dinâmicas são necessárias, mas não o
suficiente para criar condições para a vantagem competitiva, já que elas podem ser utilizadas
para aprimorar os recursos existentes, reconfigurando os na busca pela competitividade em
longo prazo. Desta forma, as capacidades dinâmicas consistem do desenvolvimento de
produtos, alianças e tomadas estratégicas de decisão, no sentido de criar valor para as firmas
em mercados dinâmicos. Portanto, são os vetores por trás da criação, evolução e
recombinação dos recursos em novas fontes de vantagem competitiva (EISENHARDT;
MARTIN, 2000).
Danneels (2011) entende que para o exercício das capacidades dinâmicas, é primordial
considerar como os gestores entendem os recursos da empresa, isto significa que a capacidade
cognitiva dos gestores auxilia na explicação de quais os caminhos a empresa deve ou não
deve tomar por meio de modelos mentais, sendo que a capacidade cognitiva passa pelo
conhecimento explícito e tácito (ZACK, 1999; KOGUT; ZANDER, 1993, COUKOS-
SEMMEL, 2003).
Pode-se notar então que as universidades localizadas tanto na Europa Oriental (Leste
Europeu) quanto asiáticas vem adotando mudanças nas estratégias de ensino (EE). A
convergência do currículos (CC), a Divulgação-Visibilidade (DV), as alianças e joint-ventures
(JVE) e o treinamento de inglês para fins acadêmicos (TEAP) são também as principais
estratégias adotadas pelas universidades do Leste Europeu. Por outro lado, As universidades
localizadas na Ásia também tem adotados estratégias de networking-cooperação (NC), polos
de educação (PE), políticas institucionais (PI), bem como o treinamento multicultural (TMC).
O estudo revelou que as ações voltadas as questões culturais como o treinamento multicultural
(TMC) com 16% constitui a principal ação adotada seguido pelas estratégias de melhorias no
ensino (EE) e o aperfeiçoamento do idioma inglês para fins acadêmicos (TEAP), ambas com
13% e o estabelecimento de acordos de cooperação e joint-ventures (JVA) com 11%. A seguir
são delineadas as principais conclusões do presente estudo.
5. CONCLUSÕES
A partir da primeira revolução industrial, os avanços da tecnologia e as mudanças nas
estruturas institucionais têm facilitado o incremento do comércio. Estes processos tem se
acelerado a partir dos anos 1950 e foram identificados como os primeiros agentes da
integração (MEYER;MUDAMBI;NARULA, 2011).
Acadêmicos como Levitt (1983), Ohmae (1989) e Fukuyama (1992), de forma bastante
otimista esperavam que a globalização fosse acelerar o processo de convergência entre as
culturas, dos padrões de consumo e, por conseguinte, dos mercados. Esta convergência,
implica diretamente na capacidade das empresas de gerar um desempenho superior,
implementando estratégias globais.
Entretanto, pesquisadores como Narula (2003) e Rugman (2003) têm apontado para
diferenças entre as regiões, países, culturas e sociedades, as quais não têm sido atenuadas com
o processo de globalização. O conhecimento no contexto local ainda permanece um fator
chave para o sucesso de acordo com Ghemawat (2007).
6. REFERÊNCIAS
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management journal, v. 14, n. 1, p. 33-46, 1993.
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MAHONEY, Joseph T.; PANDIAN, J. Rajendran. The resource‐based view within the
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MEYER, Klaus E.; MUDAMBI, Ram; NARULA, Rajneesh. Multinational enterprises and
local contexts: the opportunities and challenges of multiple embeddedness. Journal of
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LEVITT, T. The globalization of markets. Harvard Business Review, 61, 92–102, 1983.
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RUMELT, Richard P. What in the world is competitive advantage? Policy working paper, v.
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RESUMO
Este estudo tem o objetivo de examinar as expectativas dos acadêmicos do curso de Ciências
Contábeis das Instituições de Ensino Superior do Sistema Associação Catarinense das
Fundações Educacionais (ACAFE) e sua satisfação em relação ao curso. Para tanto, realizou-
se uma pesquisa descritiva, de levantamento e com abordagem qualitativa. A população do
estudo contempla todos os acadêmicos do último ano (7º ou 9º períodos) do curso de Ciências
Contábeis das Instituições de Ensino Superior pertencentes à ACAFE, ou seja, 16 instituições.
A amostra foi composta pelos acadêmicos que responderam devidamente ao questionário, isto
é, 217 acadêmicos. A maior parte da amostra é do gênero feminino e com faixa etária entre 21
e 25 anos. Além disso, a maior parte dos acadêmicos, no início do curso, tinha a expectativa
de atuar em empresas de terceiros e no próprio negócio. Já no último ano do curso, mais da
metade mudou as suas expectativas, e isso se deve principalmente ao fato da busca por
estabilidade financeira. Conclui-se que os acadêmicos estão muito satisfeitos com o curso de
Ciências Contábeis. Dessa maneira, entende-se que tais cursos estão atendendo às
expectativas dos seus acadêmicos. Ainda se pode inferir que, a partir da percepção dos
discentes, o processo de formação, aliado ao comprometimento dos docentes e da interação
em sala de aula, pode entusiasmar as decisões tomadas pelos discentes principalmente no que
tange à área de atuação e às suas expectativas após a formação.
This study has the main goal to examine the Accounting students expectation from
Universities that are part of “Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE)”
and its satisfaction related to the course. Therefore, it was performed descriptive research,
survey and qualitative approach. The study population includes all students of the last year
(7o or 9o periods) of the Accounting course of Universities that belongs to ACAFE, in
amount of 16 institutions. The sample was composed of students who correct answered to the
questionnaire, thus, 217 academics. The most piece in sample is composed by females aged
between 21 and 25 years old. Besides, most of the students at the beginning of the course, had
2
the expectation to work to organizations and in the its own business. At last year of the
course, more than fifthy percent students changed their expectations, and this is mainly due to
the fact the needed of financial stability. Therefore, it is conclusive that the students are very
satisfied with the Accounting course. Thus, it is understood that such courses are meeting the
expectations of its academics. Although it can be inferred that, from the perception of the
students, the process of training, coupled with the commitment of teachers and interaction in
the classroom, can enthuse the decisions taken by the students mainly regarding to the area of
work and their expectations after conclusion of the Accounting course.
Key-words: Accounting; Expectations; Satisfaction;
1 INTRODUÇÃO
As rápidas mudanças ocorridas na sociedade, como “a globalização da economia, os
avanços tecnológicos, o crescimento da oferta de cursos superiores e as novas exigências do
mercado de trabalho com relação à preparação dos profissionais”, fazem com que as
Instituições de Ensino Superior (IES) “desenvolvam nos profissionais que formam, além das
capacidades técnicas, uma visão multidisciplinar, ultrapassando a complexidade do
conhecimento científico” (LOUSADA; MARTINS, 2005, p. 74).
Para tanto, de acordo com Araújo e Santana (2008), é importante o conhecimento das
percepções e das expectativas dos acadêmicos, a fim de auxiliar o professor a formar uma
imagem de seus alunos, o que facilita a busca pela melhoria no processo de ensino-
aprendizagem. Contudo, a formação universitária sempre esteve atrelada à questão da
profissionalização, fazendo com que os alunos esperem da universidade o preparo necessário
para ingressarem no mercado de trabalho. Desse modo, a percepção que os discentes
apresentam em relação ao seu processo de formação, aliada ao comprometimento dos
docentes e da interação entre os professores e os alunos, pode influenciar a tomada de decisão
quanto à área de atuação e a criação de expectativas após a formação.
As pesquisas sobre a satisfação dos estudantes, de acordo com Muritiba et al. (2012),
são de interesse de educadores, professores e profissionais das universidades. Algumas dessas
pesquisas sugerem que a satisfação dos egressos também influencia o seu desempenho
profissional. Para tanto, as universidades precisam sempre repensar, reestruturar e revitalizar
os cursos que oferecem, com vistas às necessidades do mercado de trabalho. Isso vai muito
além de uma questão mercadológica, de acordo com a qual alunos são tratados como clientes.
Vai da relação que a satisfação pode ter com os resultados da aprendizagem e,
consequentemente, no mercado de trabalho, sendo essas preocupações constantes no meio
acadêmico (MURITIBA et al., 2012).
Conforme Fank et al. (2010), a satisfação dos acadêmicos com o serviço oferecido e a
qualidade do curso são os fatores que determinam o desempenho e o perfil dos profissionais
que irão ingressar no mercado de trabalho, o qual se encontra cada vez mais exigente.
Diante do exposto, este estudo visa responder à seguinte questão: quais são as
expectativas dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino
Superior do Sistema Associação Catarinense das Fundações Educacionais – ACAFE e sua
satisfação em relação ao curso? No intuito de responder a tal questão, o objetivo do estudo é
examinar as expectativas dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis das Instituições de
Ensino Superior do Sistema ACAFE e sua satisfação no tocante ao curso.
O estudo justifica-se, em conformidade com Lagioia et al. (2007), por sua relevância,
tendo em vista que, uma vez identificados os desejos dos acadêmicos, é possível promover
3
uma movimentação por parte da instituição de ensino e dos professores para melhor atender a
tais interesses, visto que a formação que o aluno recebe no decorrer da sua graduação pode
influenciar consideravelmente as expectativas, bem como as escolhas profissionais futuras do
acadêmico. Além disso, auxilia o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem.
Justifica-se ainda porque, de acordo com Vieira, Huppes e Milach (2008), se forem
monitorados os níveis de satisfação dos acadêmicos e avaliado o seu interesse e dos
professores, as maneiras de ensino, os currículos e, ainda, a organização do curso, isso poderá
garantir a satisfação das necessidades dos alunos e da sociedade.
A contribuição do estudo pode ser explicada por Lagioia et al. (2007), pois afirmam
que se pode levar em consideração o fato de que, quando são conhecidas as expectativas dos
alunos, e avaliando se elas são mantidas ou então modificadas, é possível traçar um perfil de
formação do curso de Ciências Contábeis das instituições. Assim sendo, a partir da presente
pesquisa, espera-se contribuir para o fortalecimento da construção do saber e o estreitamento
das relações entre os estudantes e as instituições de ensino. De acordo com Vieira, Huppes e
Milach (2008), saber qual é a satisfação dos acadêmicos em relação ao curso é fundamental
para as IES que visam manter a qualidade dos serviços prestados.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
No referencial teórico, apresenta-se inicialmente uma abordagem sobre a qualidade no
serviço educacional e, na sequência, são apresentados os estudos anteriores que visam dar
suporte ao estudo, bem como possibilitam o aprimoramento do tema.
fatores determinam o perfil e o desempenho dos profissionais que irão ingressar no mercado
de trabalho, sendo que a formação de profissionais competentes é uma exigência da própria
sociedade.
Nesse sentido, Dallabona et al. (2010) ressaltaram que as IES precisam adequar-se às
necessidades do mercado e de seus alunos, assegurando-lhes uma qualificação que seja capaz
de formar cidadãos críticos, observadores e, o mais importante, que possibilitem a inserção
desses discentes no mercado de trabalho. Se não estiverem satisfeitos, irão procurar novos
fornecedores, no caso outras IES que satisfaçam às suas necessidades.
De acordo com Vieira, Huppes e Milach (2008), há dois indicadores críticos, quais
sejam: o tempo que os alunos precisam para concluir o curso e o número de desistentes. Os
dois indicadores são influenciados pelo nível de satisfação dos acadêmicos, visto que, quanto
mais satisfeitos os alunos estiverem, menor será o número de desistentes e mais rapidamente
os acadêmicos concluirão o seu curso. Ademais, os autores afirmam que a satisfação é um
fator primordial para garantir a motivação do acadêmico durante a sua formação acadêmica,
interferindo no aproveitamento da aprendizagem e na competência dos profissionais que estão
inseridos no mercado de trabalho.
Ainda, conforme Araujo e Santana (2008), o relacionamento entre docentes e
discentes deve ser verificado e tratado constantemente, com vistas a alinhar as percepções e as
expectativas dos alunos com as dos professores, resultando em uma formação de qualidade,
que prepare o acadêmico para o mercado de trabalho.
Dessa maneira, o ambiente educacional está aprimorando seu processo educacional e,
para alcançar tal aprimoramento, é necessário um padrão de qualidade nos serviços oferecidos
e a satisfação dos acadêmicos, que pode ser mensurada a partir da imagem da instituição e do
desempenho dos alunos no mercado de trabalho (FANK et al., 2010).
Campos, Lopes Neto e Martins (2013) destacam que as IES, especialmente as privadas
(particulares), têm se dedicado à busca de vantagens competitivas, as quais estimulem a
captação de novos acadêmicos e a diminuição do número de alunos que acabam desistindo.
Os alunos fazem uso dessas dimensões para julgar a qualidade dos serviços oferecidos pelas
instituições de ensino e baseiam-se na comparação entre o serviço esperado e o percebido.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o intuito de responder o ao objetivo proposto de examinar as expectativas dos
acadêmicos do curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior do Sistema
ACAFE e sua satisfação em relação ao curso, realizou-se uma pesquisa descritiva, de
levantamento e com abordagem qualitativa.
Em consonância com Oliveira (1997, p. 114), a pesquisa descritiva pode ser definida
como “um tipo de estudo que permite ao pesquisador a obtenção de uma melhor compreensão
do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno”.
Ademais, Raupp e Beuren (2006) frisam que as pesquisas descritivas são importantes, visto
que esclarecem aspectos comuns e características da população analisada.
No tocante aos procedimentos utilizados para a coleta dos dados, este estudo
classifica-se como de levantamento, por meio da aplicação de questionários. Já no que se
refere à abordagem do problema, a pesquisa é classificada como qualitativa. Para Richardson
(2012, p. 80), a investigação qualitativa tem a capacidade de “descrever a complexidade de
determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança em
determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das
particularidades do comportamento dos indivíduos”.
6
A amostra do estudo foi composta por 217 acadêmicos que responderam devidamente
ao questionário. O Quadro 2 mostra a quantidade de respondentes para cada IES pesquisada.
Quadro 2 – Amostra da pesquisa
Instituição de Ensino Superior Sigla Acadêmicos
Centro Universitário Barriga Verde UNIBAVE 14
Centro Universitário de Brusque UNIFEBE 25
Centro Universitário de Jaraguá do Sul (Católica de SC) UNERJ 01
Centro Universitário Municipal de São José USJ 06
Centro Universitário p/ o desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí UNIDAVI 21
Universidade Alto Vale do Rio do Peixe UNIARP -
Universidade Comunitária Regional de Chapecó UNOCHAPECÓ 11
Universidade da Região de Joinville UNIVILLE -
Universidade do Contestado UNC -
Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC 01
Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC 08
Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC 06
Universidade do Planalto Catarinense UNIPLAC -
Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL -
Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI 123
Universidade Regional de Blumenau FURB 01
Total de Acadêmicos 217
Fonte: Dados da pesquisa.
7
No que se refere à distribuição por faixa etária, observou-se que 24,42% dos
acadêmicos têm abaixo de 21 anos, 49,77% situam-se entre 21 e 25 anos, 16,13% estão com
idade entre 26 e 30 anos, 4,61% apresentam de 31 a 35 anos e, ainda, 5,07% têm mais de 36
anos. Destarte, nota-se que a maioria dos respondentes, no período em que foi aplicado o
questionário, tinha entre 21 e 25 anos de idade, e entre eles 78 eram do gênero feminino, ou
seja, 63%, o que fica bem próximo ao resultado geral, no que concerne ao gênero dos
respondentes.
É importante frisar que, dessa expectativa inicial no curso, dos 65 respondentes que
tinham a expectativa de atuar em empresas de terceiros, 41 tiveram sua expectativa
modificada durante o curso. Além disso, dos 61 que tinham a expectativa de atuar no próprio
negócio, 39 mantiveram a expectativa. Percebe-se ainda que 17,97% dos acadêmicos tinham a
intenção de prestar concursos públicos. Poucos pretendiam dedicar-se à área acadêmica
voltada para o ensino (3,69%) e a fazer especialização (7,37%), e 2,3% marcaram a opção
correspondente a outras expectativas, isto é, nenhuma das opções que foram apresentadas.
Com isso, pode-se inferir que os alunos que ingressam no curso de Ciências Contábeis
buscam formação voltada ao mercado, haja vista que ele oferece uma gama de oportunidades
para o profissional egresso, corroborando com o pressuposto de Dallabona et al. (2010), de
que as Instituições de Ensino Superior precisam adequar-se às necessidades do mercado e de
seus alunos, bem como assegurar-lhes a qualificação que possibilite sua inserção no mercado
de trabalho. Ademais, os respondentes que estavam indecisos quanto às expectativas ao
ingressarem nos cursos de Ciências Contábeis das IES analisadas representam 10,6%.
Tais achados vão ao encontro do estudo de Lagioia et al. (2007), tendo em vista que as
três principais expectativas encontradas no presente estudo foram também apontadas como
principais na pesquisa por eles efetivada, modificando-se somente a ordem das respostas. No
presente estudo, as expectativas foram atuar em empresas de terceiros, atuar no próprio
negócio e prestar concursos públicos. Em Lagioia et al. (2007), a ordem foi prestar concurso
público, trabalhar em empresas de terceiros e abrir negócio próprio.
Nesse sentido, uma das principais opções entre os pesquisados, que é a estabilidade de
um cargo público, corrobora com os achados de Araujo e Santana (2008), de acordo com os
quais a maioria dos acadêmicos pretende ingressar no serviço público. No presente estudo,
não foi a maioria; contudo, 17,97% dos respondentes elegeram tal opção. Já o estudo de
Dallabona et al. (2010) evidenciou que a principal motivação que leva os acadêmicos a
escolherem o curso de Ciências Contábeis é por acreditarem em um bom mercado de trabalho.
Além disso, Antonelli, Colauto e Cunha (2012) verificaram, por meio de seu estudo, que os
discentes esperam mais de seus docentes, sendo que a satisfação foi inferior às expectativas.
Na sequência do presente estudo, foi perguntado aos acadêmicos do último ano dos
cursos de Ciências Contábeis do Sistema ACAFE se as expectativas mantiveram-se durante o
curso ou se foram modificadas, tendo em vista que, no momento em que responderam ao
questionário, estavam no 7º ou no 9º período. O resultado é apresentado na Tabela 3.
A partir da Tabela 4, verifica-se que, dos acadêmicos que tiveram suas expectativas
atuais modificadas em relação ao curso de Ciências Contábeis, 30% migraram para a
possibilidade de prestar concursos públicos, 16,36% alteraram suas expectativas para outra
opção e 14,55% pretendem fazer especialização. Além disso, 11,82% pretendem atuar em
empresas de terceiros. Há, ainda, as três expectativas que apresentaram a mesma quantia de
respondentes e, consequentemente, o mesmo percentual, quais sejam: atuar no próprio
estabelecimento ou trabalhar como autônomo; expectativas acadêmicas voltadas para a área
de ensino e pesquisa; os indecisos.
O resultado obtido a partir deste estudo corrobora os achados de Lagioia et al. (2007),
tendo em vista que as expectativas atuais que apresentaram um maior número de respondentes
nos dois estudos foram inicialmente prestar concursos públicos e, após, a opção “outra”.
Diante do exposto, foi solicitado que os acadêmicos indicassem os motivos que os
levaram a modificar suas expectativas ao longo do curso. A Tabela 5 apresenta tais respostas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do objetivo de examinar as expectativas dos acadêmicos do curso de Ciências
Contábeis das Instituições de Ensino Superior do Sistema ACAFE e sua satisfação em relação
ao curso, realizou-se uma pesquisa descritiva, de levantamento e com abordagem qualitativa.
A população do estudo contemplou todos os acadêmicos do último ano (7º ou 9º períodos) do
curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior pertencentes à Associação
Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE), ou seja, 16 instituições. Obteve-se
retorno dos acadêmicos de 11 dessas IES. Diante disso, a amostra foi composta pelos
acadêmicos que responderam devidamente ao questionário, isto é, 217.
Os resultados do estudo evidenciam que a maior parte dos acadêmicos, ao ingressar no
curso, tinha como principal expectativa atuar em empresas de terceiros, seguida daqueles com
expectativas de atuar no próprio negócio, de prestar concursos públicos, dos indecisos,
daqueles que pretendiam fazer especialização e dedicar-se à área acadêmica voltada para o
ensino e, ainda, dos que tinham outras expectativas.
Constata-se que, entre os acadêmicos que tiveram suas expectativas atuais
modificadas, a maior parte foi influenciada pelo desejo de prestar concursos públicos, seguida
dos que alteraram suas expectativas para outra opção, daqueles que pretendem fazer
especialização, dos que almejam atuar em empresas de terceiros e dos demais, que querem
atuar no próprio negócio, dedicar-se à área acadêmica voltada para o ensino e, ainda, os
indecisos.
Nesse sentido, é importante destacar que os motivos que levaram os acadêmicos
dessas IES a modificarem suas expectativas são principalmente a busca por estabilidade
financeira, seguida pela conjuntura do mercado de trabalho, pela qualidade do curso, pela
13
deficiência didática durante o curso e, ainda, por outros motivos não especificados. Já no que
tange à satisfação dos acadêmicos, prevaleceram os que estão muito satisfeitos e totalmente
satisfeitos com o curso de Ciências Contábeis.
Em resposta à questão problema do estudo e ao objetivo geral de examinar as
expectativas dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis das Instituições de Ensino
Superior do Sistema Associação Catarinense das Fundações Educacionais (ACAFE) e sua
satisfação em relação ao curso, pode-se afirmar que a maioria dos acadêmicos, no início do
curso, tinha a expectativa de atuar em empresas de terceiros e no próprio negócio. Agora, no
último ano do curso, mais da metade já mudou as suas expectativas, e isso se deve
principalmente à busca por estabilidade financeira. Ademais, conclui-se que os acadêmicos
estão muito satisfeitos com os cursos que frequentam e, dessa maneira, entende-se que tais
cursos estão atendendo às expectativas de seus acadêmicos.
É importante frisar que, em consonância com Vieira, Huppes e Milach (2008), as IES,
principalmente as particulares, estão se preocupando cada vez mais com os seus cursos. Além
do mais, Corso et al. (2008) destacam que, para que uma IES consiga deixar seus alunos
satisfeitos, faz-se necessário que seja dada atenção aos serviços, enfatizando a qualidade do
ensino, até porque esses discentes estão buscando a realização dos seus sonhos. Outro aspecto
importante, desta vez apresentado por Rowley (2003), é que o grau de satisfação dos
acadêmicos quanto ao curso influencia a aprendizagem; logo, a qualidade dos serviços que
são oferecidos, bem como a satisfação dos alunos, é fundamental (VIEIRA; HUPPES;
MILACH, 2008). É importante que as instituições levem em consideração a satisfação dos
seus acadêmicos, pois, conforme Dallabona et al. (2010), se eles não estiverem satisfeitos com
o curso, irão procurar outras IES que satisfaçam às suas necessidades.
Diante do exposto, é preciso que as instituições monitorem os níveis de satisfação dos
seus acadêmicos durante o curso (VIEIRA; HUPPES; MILACH, 2008). Para Lagioia et al.
(2007), quando são conhecidas as expectativas dos acadêmicos, e após avaliar se elas são
mantidas ou modificadas, é possível traçar um perfil de formação dos cursos de Ciências
Contábeis, tendo em vista que os alunos são uma das formas de propaganda mais fortes das
instituições.
A satisfação, assim como a comunicação dos discentes, acaba por influenciar outras
pessoas na escolha de um curso e de uma IES. Portanto, as instituições devem oferecer
serviços de qualidade, levando em consideração aquilo que o mercado exige. Destarte, pode-
se inferir que, a partir da percepção dos acadêmicos, o processo de formação, aliado ao
comprometimento dos docentes e da interação em sala de aula, pode entusiasmar as decisões
tomadas pelos alunos, especialmente no que diz respeito à área de atuação e às suas
expectativas após a formação.
Recomenda-se, para pesquisas futuras, que sejam aplicados questionários aos alunos
dos cursos de Ciências Contábeis de todo o Estado, ou até mesmo de outros Estados ou do
Brasil, para fins de comparabilidade com os resultados obtidos neste estudo. As limitações da
presente pesquisa consistem na dificuldade de auxílio por parte dos coordenadores dos cursos
de Ciências Contábeis, bem como em obter retorno dos questionários devidamente
respondidos pelos acadêmicos, isto é, de não poder contar com a participação de todas as IES
do Sistema ACAFE e de todos os acadêmicos de tais instituições. Vale salientar que os
resultados obtidos nesta pesquisa não podem ser generalizados.
14
REFERÊNCIAS
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<http://www.acafe.org.br/new/index.php> Acesso em: 25 Abr. 2015.
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RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2012.
Resumo:
A economia baseada no conhecimento é uma expressão cunhada para descrever tendências
em economias avançadas face à grande dependência pelo conhecimento, informação e níveis
de qualificação elevados. A interface conhecimento-tecnologia tornou-se cada vez mais
complexa, aumentando a importância do networking entre as organizações como uma forma
de adquirir conhecimento especializado. O ambiente do Distance-Learning ou Ensino à
Distância – EAD, insere-se num quadro de mudanças globais, onde a educação torna-se mais
fragmentada, localizada, descentralizada e com múltiplas configurações, acompanhando as
terceirizações, modulações e downsizings do ambiente corporativo. Neste sentido, com o
intuito de analisar o atual panorama do Distance-Learning no Brasil e verificar sua influência
sobre o ensino presencial na graduação, realizou-se uma pesquisa descritiva de abordagem
quantitativa com dados provenientes do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira entre os anos 2009 e 2014, aplicando-se a técnica de correlação
canônica. Os resultados revelaram que há uma relação positiva e significante de uma das
variáveis do EAD com o grupo de variáveis do ensino presencial.
Palavras chave: Distance Learning, TICS, EAD, Ensino Superior.
The Distance-Learning in Higher Education Scenario in Brazil and its Reflections over
the Classroom Teaching
Abstract
The knowledge-based economy is an expression coined to describe trends in advanced
economies facing the heavy reliance on the knowledge, information and high skill levels. The
knowledge-technology interface has become increasingly complex, increasing the importance
of networking among organizations as a way to acquire specialized knowledge. The Distance-
Learning, is part of a framework of global change, where education becomes more
fragmented, localized, decentralized in multiple configurations, following the outsourcing,
modulations and downsizing the corporate environment. In this sense, in order to analyze the
current Distance-Learning scenario in Brazil and verify its influence on the traditional
presence teaching in undergraduate courses, it was used a descriptive quantitative approach
with data from INEP - Instituto Nacional de Estudos e PesquisasEducacionaisAnísio Teixeira,
between 2009 and 2014 by applying the canonical correlation technique. The results revealed
that there is a positive and significant relationship of in one of the Distance Learning variables
with the variable group of classroom teaching.
Key words: Distance Learning, TIC´s, Higher Education.
1. INTRODUÇÃO
Este método compreende duas dimensões, sendo que a primeira é a "distância transacional",
que é mais abrangente do que o simples distanciamento geográfico e a segunda é a da
"autonomia do aluno" (MOORE, 1972).
O ambiente do EAD insere-se num quadro de mudanças globais, onde a educação torna-se
mais fragmentada, localizada, descentralizada e com múltiplas configurações, acompanhando
as terceirizações, modulações e downsizings do ambiente corporativo.No entanto, em relação
ao ensino à distância, encontram-se muitos pontos de discordância e resistência por parte de
indivíduos e grupos, porque constitui uma questão de fundo amplo, e com impactos em
diferentes perspectivas da educação e da própria Universidade: a estratégica, a estrutural, a
cultural, a tecnológica, a política e a humana. (SCHROEDER, KLERING, 2007).
O desafio do uso pedagógico da internet deve ser enfrentado por professores e escolas, pois se
apresenta como uma alternativa socializadora da informação. O uso da internet vem
derrubando as paredes da escola, proporcionando a alunos e professores conhecerem novas
realidades. O professor atua, então, como um mediador do processo de aprendizagem, pois
será ele quem irá planificar as atividades, mas irá apenas seguir o seu fluxo, o qual será
determinado pelo próprio aluno (EBERT, 2003).
A educação à distância no Brasil é um fenômeno de longa data que iniciou por meio de
iniciativas das mais variadas seja pelo rádio, fundações privadas, secretarias municipais e
autoridades religiosas, normalmente voltadas para o ensino profissionalizante e a formação de
professores mais notadamente da educação básica até culminar com a oferta de cursos no
ensino superior veiculados por jornais e revistas em 1979 pela Universidade de Brasília
(ALVES, 2011; CLIMACO, 2011).
Entretanto, somente a partir da criação da hoje extinta Secretaria de Educação à Distância
(SEED) em 1996 pelo Ministério da Educação é que esta modalidade surge oficialmente no
Brasil, sendo institucionalizada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nr.
9.394/1996, ainda que tardiamente regulamentada pelo Decreto nr. 5.622/2005.
A partir deste marco regulatório, o governo federal criou leis estabelecendo normas para que
os cursos superiores apresentassem diplomas com equivalência aos dos cursos oferecidos pela
modalidade presencial (UNIFESP, 2009).
O Brasil tem 7,8 milhões de universitários sendo que destes, 1,3 milhões estudam nos 1.365
cursos de graduação à distância oferecidos pelas esferas pública e privada (INEP, 2015).
Sendo assim, a institucionalização do EAD consolida a lógica da expansão, nivelando ofertas
que seriam diferentes em razão da natureza das instituições, mas equalizadas quando da
organização de seus sistemas, considerando os elementos postos como os particulares para a
modalidade (ALONSO, 2010).
Desta forma o artigo está estruturado em quatro partes, sendo a primeira, o referencial teórico
que buscou entender o processo de institucionalização do EAD no Brasil, bem como abordar
os estudos mais recentes sobre a temática, na sequência é abordada a metodologia utilizada na
pesquisa, a análise dos dados e por fim, as conclusões e recomendações.
2. REVISÃO DA LITERATURA
No Brasil, a educação a distância surgiu por volta do ano de 1939 com a criação do Instituto
Rádio Monitor, com programas dirigidos ao ramo da eletrônica, seguida das experiências do
Instituto Universal Brasileiro, a partir de 1941, dedicado à formação profissional de nível
elementar e médio utilizando material impresso (VOLPATO, 2005).
Na década de 50, outras instituições motivadas pela necessidade de democratizar o saber e
tomando como realidade às dimensões continentais brasileiras, passou a fazer uso do ensino a
distância via correspondência (ALVES, 2011).
A educação a distância tem avançado de forma gradativa e muitas foram as experiências
observadas nas últimas décadas e, no cenário internacional adquiriu com o passar dos tempos
qualidade e credibilidade para a sua expansão. No Brasil, a Educação a Distância,
principalmente com relação ao ensino superior, ainda é vista com resistência e descrédito,
sendo motivada pela forte concorrência com as instituições privadas de ensino (ALONSO,
2010).
Conforme Moran, 2002, o primeiro curso de graduação a distância foi o de pedagogia, para
professores da rede pública municipal e estadual de 1ª a 4ª séries, na Universidade Federal do
Mato Grosso, em caráter experimental, a partir de 1999. Somente após a parceria com o MEC,
nos anos de 2005 e 2006, é que foi instituído o Programa Universidade Aberta do Brasil
(UAB). Criado pelo Ministério, em 2005, esse programa visa à oferta de cursos e programas
de formação superior à distância, por meio de instituições da rede pública de ensino superior e
com o apoio de polos presenciais mantidos pelos municípios ou governos estaduais.
Inúmeros autores já se dedicaram a estudar sobre o histórico e os avanços do Distance-
Learning no Brasil (Mugnol, 2009; Alves, 2011, Clímaco, 2011; Gomes, 2013; Segereinch,
2013; Fiorillo et al, 2014), sendo que o marco regulatório efetivo é apontado a partir da Lei nº.
9.394/96, da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), através do artigo 80, que a
Educação a Distância foi introduzida oficialmente no sistema nacional brasileiro como mais
uma modalidade de ensino e de aprendizagem, que foi tardiamente regulamentada pelo
Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (que revoga o Decreto 2.494/98 e 2.561/98).
A partir deste decreto estabeleceu-se o reconhecimento no sistema oficial de ensino dos
cursos ofertados na modalidade à distância por instituições credenciadas pelo MEC, o que
permitiu o desenvolvimento de novos projetos inicialmente a atender interesses e
necessidades específicas de formação de professores da Educação Básica e da Educação
Superior (MUGNOL, 2009).
Em 2005 e 2006, dois editais nacionais foram lançados pelo MEC para apoiar a implantação
de polos de apoio presencial pelos estados e municípios e fomentar a oferta do ensino à
distância pelas instituições de ensino superior (CLIMACO, 2011).
Na sequência, o quadro 1 resume os principais fatos acerca da institucionalização do
Distance-Learning no Brasil:
Como pode ser notado no quadro 01, a entrada no novo século caracterizou o fim das
iniciativas particularizadas no campo da EAD, surgindo então uma era de amplos debates
sobre esta modalidade, muito embora uma parte significativa da comunidade educacional
continue considerando-a como uma modalidade diminuída de ensino e sem qualidade
suficiente para ser equiparada à educação presencial (MUGNOL, 2009).
Para Moran (2009), a legislação atual, no Brasil, privilegia o modelo semipresencial, com o
monitoramento dos alunos ocorrendo nas proximidades do local onde residem (em polos),
existindo, assim, uma descrença no modelo de acompanhamento on-line, principalmente nos
cursos de graduação. Por outro lado, nota-se que estes espaços propiciam o uso de
ferramentas especialmente produzidas ou adaptadas para a finalidade educativa, criando
oportunidades para que a aprendizagem aconteça de formas diversas.
Ainda, conforme Mugnol (2009), na base do desenvolvimento da educação a distância tem-se
a preocupação constante com o acesso à educação de quem não teve a oportunidade de estar
presente na escola no tempo e no espaço considerados ideais para a educação escolar
presencial.
O Brasil tem 7,8 milhões de universitários sendo que destes, 1, 3 milhões estudam nos 1.365
cursos de graduação à distância oferecidos pelas esferas pública e privada INEP(2015) e,
apesar da sua grandiosidade, o Distance-Learning representa apenas 4% do total de cursos de
graduação oferecidos e 23% dos ingressos e 18% dos concluintes o que nos leva à reflexão de
que o país ainda possui um longo caminho para propiciar o acesso à educação superior para
aqueles que por razões econômicas ou espaço-temporais não possam frequentar os cursos
presenciais.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Desta forma, o presente estudo caracteriza-se como descritivo pois visa descrever as
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre
as variáveis.
A análise dos dados foi realizada em duas etapas, sendo que a primeira foi utilizada a
estatística descritiva para se conhecer o cenário geral da educação superior presencial e à
distância no ano de 2014, comparando-se o número de cursos, matrículas, ingressos e
concluintes, além dos cursos oferecidos na modalidade Distance-Learning.Na segunda etapa,
com o intuito de verificar a influência do EAD sobre o ensino presencial de graduação, foi
utilizada a técnica de correlação canônica com as variáveis conforme o quadro 02.
A técnica de correlação canônica segundo Hair (2009) pode ser aplicada quando se precisa
relacionar simultaneamente diversas variáveis dependentes com diversas variáveis
independentes, sejam métricas ou não métricas, para desenvolver uma combinação linear de
cada conjunto de variáveis visando maximizar a correlação entre os dois conjuntos. A seguir
são apresentados e analisados os dados da pesquisa.
O setor privado absorve 75% do total de alunos exercendo assim papel fundamental no
suprimento das vagas que são complementadas pela esfera pública. A mesma proporção pode
ser notada com relação ao número de concluintes. Já com relação ao grau acadêmico,
percebe-se uma maior participação da esfera pública nos cursos de licenciatura com 41% do
total de matrículas, corroborando com Clímaco; 2011 e Fiorillo et all, 2014.
Número de Cursos 32.878 100% 18.609 57% 7.856 24% 6.413 20% -
Pública 11.036 34% 5.507 30% 4.372 56% 1.157 18% -
Federal 6.177 19% 3.417 18% 2.153 27% 607 9% -
Estadual 3.781 12% 1.440 8% 1.884 24% 457 7% -
Municipal 1.078 3% 650 3% 335 4% 93 1% -
Privada 21.842 66% 13.102 70% 3.484 44% 5.256 82% -
Tabela1 - Número de Cursos, Matrículas, Concluintes em Cursos de Graduação - Presenciais e a Distância por
Grau Acadêmico 2014.
Realizando-se a comparação entre os números gerais do ensino presencial e à distância, é
possível notar que do total de cursos oferecido na graduação, apenas 4% são na modalidade à
distância, sendo que a região sudeste concentra 45% do total de cursos e 51% do total de
ingressos (Tabela 2), entretanto 23% do total alunos ingressaram em cursos EAD em 2014.
Com relação a proporção entre concluintes e ingressantes, o ensino presencial apresenta um
melhor resultado com 35% e o ensino à distância 26%, o que revela um maior nível de
evasão.
Brasil 837.304 82% 189.788 18% 31.513 96% 1.365 4% 2.383.110 77% 727.738 23%
Nordeste 154.726 18% 21.523 11% 5.992 19% 245 18% 462.963 19% 121.314 17%
Sudeste 410.939 49% 58.931 31% 14.296 45% 610 45% 1.189.204 50% 299.974 41%
Sul 135.579 16% 91.180 48% 6.062 19% 335 25% 345.460 14% 140.921 19%
Centro-
Oeste 79.274 9% 16.412 9% 2.762 9% 128 9% 235.252 10% 78.275 11%
Fonte: MEC/INEP/DEED (2014)
Tabela 2 - Número de Concluintes, Número de Cursos e Matrículas nos Cursos de Graduação Presenciais e a
Distância, por Região – 2014
Ainda, percebe-se uma ampla gama de ofertas de cursos à distância nas áreas das engenharias,
agricultura, serviços, ciências e humanidades, sendo que a área da educação representa 43% e
a área das socioeconômicas representa 40% do total de cursos oferecido na modalidade EAD.
Já com relação a evolução do cursos à distância, conforme pode ser observado no gráfico 01,
houve um decréscimo das vagas oferecidas em 2011, seguido por uma recuperação nos anos
de 2012, 2013 e 2014 com um aumento de 129% em relação a 2011.
Fonte: Dados da Pesquisa
Gráfico 01: Evolução das vagas oferecidas, número total de ingressantes e concluintes dos cursos em EAD no
Brasil em 2014, por número total de alunos
Fávero et al., (2009) consideram a correlação canônica como a técnica de dependência mais
ampla da qual todas as outras derivam, podendo a equação geral ser escrita da seguinte forma:
(c1...cq) = f(p1...pp)
sendo c as variáveis dependentes e p as variáveis independentes.
Y1+Y2+Y3+...+Yq+X1+X2+X3+...+Xp,
onde q e p referem-se ao número máximo de variáveis Y e X respectivamente.
Assim, foi utilizado o software STATGRAPHICS®, versão 16.1, pois ele permite a
realização de diversas análises de dados mediante técnicas multivariadas, entre as quais está a
correlação canônica, utilizada neste trabalho.
Coeficientes das
Variáveis Canônicas Variáveis Canônicas
Grupo 1 - Ensino Presencial
Y1 EP. VOFR 2,84863
Y2 EP.ING 0,456549
Y3 EP.CON - 2,36254
Correlação Canônica
Grupo 2 – Ensino a Distância
Eigenvalue Correlation Lambda Chi-Squared D.F. P-Value
X1- EAD.VOFR 0,827229 0,909522 0,13687 50,7124 9 0,0000
X2- EAD.ING 0,14498 0,380762 0,792208 5,93976 4 0,2037
X3-EAD.CON 0,0734629 0,27104 0,926537 1,94568 1 0,1630
Diante dos dados, pode-se concluir que há uma relação positiva e significante da variável
EAD.VOFR (vagas oferecidas) com o grupo de variáveis de ensino presencial, ou seja, a
oferta de vagas do ensino à distância influencia o ensino presencial.
5. CONCLUSÃO
Como pode ser notado pela revisão da literatura e pelos números apresentados, o Distance-
Learning é algo intrínseco ao cenário multifacetado e tecnológico que vivenciamos tornando-
se cada vez mais presente em nossa sociedade.
A pesar de inúmeras iniciativas da esfera privada, em sua maioria sem fins lucrativos, ligados
à fundações e igreja, foi somente a partir de 2005 que o país começou a institucionalizar esta
modalidade de ensino, criando regras e restringindo a criação de cursos de graduação para
aquelas instituições previamente reconhecidas pelo MEC.
Desde então, houve uma expansão considerável não somente em relação à oferta de cursos,
mas também de concluintes, entretanto, conforme apontado por Mugnol (2009), existem
algumas dificuldades para fomentar as iniciativas de EAD no Brasil devido à (i) falta de
critérios para avaliação dos programas implantados; (ii) projetos desvinculados da realidade,
desconexos com os rumos do desenvolvimento econômico e político do país; (iii) baixo
desenvolvimento tecnológico e carência de ferramentas de gestão das iniciativas; (iv)
desconhecimentos dos potenciais da EAD e de suas exigências entre outros.
Tendo em vista os números apontados pelo INEP, percebe-se a forte atuação do setor privado,
seja no ensino presencial ou à distância, representando 87% do total de IES no Brasil, sendo
que o Distance-Learning representa apenas 4% do total de cursos de graduação oferecidos,
23% dos ingressos e 18% dos concluintes o que nos leva à reflexão de que o país ainda possui
um longo caminho para propiciar o acesso à educação superior.
Entretanto, apesar da modesta participação (no caso do nr. total de cursos oferecido), à luz da
análise dos dados estatísticos, pode-se concluir que há uma relação positiva e significante das
vagas oferecidas com o grupo de variáveis de ensino presencial, ou seja, a oferta de vagas do
ensino à distância influencia o ensino presencial.
Como uma reflexão mais ampla, é fato de que a participação da esfera pública quanto ao
fomento e a disseminação do EAD no Brasil é primordial, cujos esforços poderiam estar
relacionados ao encorajamento de boas práticas para estimular a inovação, apoiar a formação
de professores e técnicos no sentido de garantir a continuidades das ações das IES; fomentar a
pesquisa e a inovação quanto aos recursos educacionais, bem como quanto ao seu uso e
promover parcerias público-privadas para possibilitar o acesso equalizado à todas as regiões
do país.
6. REFERÊNCIAS
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Resumo
Este artigo tem o propósito de verificar o desempenho dos concluintes dos cursos de ciências
contábeis das universidades de Santa Catarina nas questões de custos no ENADE em 2009 e
2012. Nesse sentido, realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagens quantitativa e
qualitativa, por meio de um estudo documental nos relatórios do INEP. Os resultados
evidenciam que: (a) Custos é o segundo conteúdo da profissão mais enfatizado
correspondendo assim, em 20% e 27% dos conteúdos específicos nos anos de 2009 e 2012,
respetivamente; (b) houve uma concentração do assunto relação custo-volume e lucro, pois,
representaram em torno de 50% dos conteúdos analisados; (c) em 2009 a média de acertos da
questão 25 nos cursos investigados foi maior em relação à média regional e nacional, por
conseguinte nas questões 26 e 40 o percentual de acerto foi maior em relação à nacional,
porém, menor à regional. Em 2012 as médias de acerto dos cursos analisados nas questões 11,
12, 13, 18, 27 apresentaram maiores médias do que a regional e nacional. Conclui-se que os
cursos de ciências contábeis das universidades de Santa Catarina devem estar atentos e
implementar melhorias no processo de ensino e aprendizagem afim de fazerem face à
demanda do mercado por profissionais competente, pois, os resultados apontam por busca de
progresso.
Abstract
This article is intended to verify the performance of graduates of Accountancy courses at the
universities of Santa Catarina in the cost issues in ENADE in 2009 and 2012. In this sense,
there was a descriptive research with, quantitative and qualitative approaches, through a study
of reports elaborated by INEP. The results show that: (a) Cost is the second content more
emphasized of the profession corresponding, 20% and 27% of specific content in 2009 and
2012 respectively; (B) there was a concentration of content cost-volume-profit, therefore
represented around 50% of the analyzed content; (c) in 2009 the average of the question 25 in
the investigated courses was higher in relation to the regional and national average, therefore
the question 26 and 40 were higher compared to the national, but smaller than regional. In
2012 the questions 11, 12, 13, 18, 27 had higher averages than the regional and national. It is
concluded that the Accounting Science courses at the universities of Santa Catarina should be
attentive and implement improvements in teaching and learning process in order to cope with
the market demand for competent professionals, therefore, the results point to search progress.
2. Revisão de Literatura
Nessa seção apresentação a revisão de literatura que trata do surgimento dos SINAIS,
da prova ENADE, com ênfase nas aplicadas aos cursos de graduação em Ciências Contábeis.
Neste âmbito cabe salientar que a prova ENADE de 2009 buscou aferir:
De acordo com Tyler (1978, p.98, apud SCHMITZ, 2008, p.51) “o papel essencial da
avaliação consiste em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo
realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino”. Nesta linha releva-se que o
resultado obtido no ENADE é um indicador do desempenho dos estudantes, uma vez que
permite avaliar o rendimento destes no que tange à capacidade de analisar, sintetizar, criticar,
deduzir, administrar conflitos, entre outras habilidades e competências, bem como verificar os
conhecimentos adolescidos em relação à área profissional no transcorrer do curso.
3 Metodologia da pesquisa
Nessa seção são expostos o enquadramento metodológico e os procedimentos de
coleta e análise de dados utilizados na pesquisa.
3.1 Enquadramento metodológico
Em relação aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva, que segundo Gil
(1999) consiste em descrever as caraterísticas de determinada população ou fenômeno e
estabelecer relações entre variáveis. Assim, apresenta-se o desempenho dos concluintes dos
cursos de graduação em Ciências Contábeis das universidades de Santa Catarina na prova
ENADE, especificamente nas questões vinculadas a Contabilidade de Custos.
Número de
Conceito
Sigla da IES MUNICIPIOS Participantes
ENADE
Concluintes
UDESC IBIRAMA 6 2
FURB BLUMENAU 50 4
UNIVILLE JOINVILLE 20 3
UNIVILLE SÃO BENTO DO SUL 89 3
UNOESC CHAPECÓ 49 4
UNOESC JOAÇABA 28 3
UNOESC PINHALZINHO 31 3
UNOESC SÃO MIGUEL DO OESTE 43 3
UNOESC VIDEIRA 37 4
UNOESC XANXERÊ 40 3
UNIVALI BIGUAÇU 57 4
UNIVALI ITAJAÍ 27 4
UNC CANOINHAS 20 2
UNC CONCÓRDIA 23 2
UNC CURITIBANOS 32 3
UNC MAFRA 39 3
UNC RIO NEGRINHO 24 2
UNC CURITIBANOS 21 2
UNESC CRICIÚMA 62 4
UNISUL ARARANGUÁ 18 3
UNISUL BRAÇO DO NORTE 22 3
UNISUL PALHOÇA 72 4
UNISUL TUBARÃO 38 3
UFSC FLORIANÓPOLIS 114 5
UNIPLAC LAGES 28 3
UNIPLAC SÃO JOAQUIM 26 2
UNOCHAPECÓ CHAPECÓ 90 3
UNOCHAPECÓ SÃO LOURENÇO DO OESTE - SC
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Nota-se que os maiores percentuais de acerto nas questões analisadas estiveram menos
dispersos uns dos outros do que na edição ENADE 2009, principalmente nas questões 11 e 13
que contemplaram os conteúdos relação custo-volume-lucro e método de custeio ABC.
Referência
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999
PAIVA, G. S. Avaliação do desempenho dos estudantes da educação superior: a questão da
equidade e obrigatoriedade no Provão e ENADE. Ensaio: aval. pol. públ. Educ, Rio de
Janeiro, v.16, n.58, p. 31-46, jan./mar. 2008.
Resumo:
O presente estudo se propôs a analisar a percepção dos discentes do curso superior em
Ciências Contábeis de instituições da Região Metropolitana de Belo Horizonte no que tange à
extensão universitária. A pesquisa caracteriza-se como descritiva exploratória, de natureza
qualitativa, e a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica para aporte teórico
respaldada em procedimentos técnicos visando à validação empírica. Para tanto, foi elaborado
e aplicado questionário semiestruturado como instrumento para o levantamento de dados,
tomando como foco um conjunto de perguntas que permitiu identificar a percepção dos
estudantes quanto ao modo como as instituições de nível superior abordam a extensão
universitária, como os alunos participam de tais ações, qual o papel do coordenador de
extensão e os benefícios da relação aluno/universidade e sociedade, ao desenvolver práticas de
extensão. O estudo de campo realizado constituiu-se pela análise da amostra de 124
estudantes de graduação em Contabilidade, em instituições públicas e privadas da cidade de
Belo Horizonte. Os dados foram avaliados através de técnica descritiva e de análise conjunta.
Nestas análises, verificou-se o desconhecimento das práticas extensão nas universidades, a
partir das respostas dos estudantes entrevistados. Acredita-se que os resultados podem gerar
informações relevantes para o planejamento dos gestores universitários, como os
coordenadores de extensão, que se revertam em maior apropriação pelos alunos universitários
quanto à importância das práticas de extensão no processo de educação e formação do
discente.
Palavras-chave: Extensão universitária, Competências discentes, Curso de Ciências
Contábeis, Percepção sobre práticas extensionistas.
the analysis of the sample of 124 students of accounting, in public and private institutions in
the city of Belo Horizonte. Data were analyzed using descriptive technique and joint analysis.
In these analyzes, it was the lack of practical extension in universities, from the responses of
the students interviewed. It is believed that the results can generate information relevant to the
planning of university managers, such as the extension coordinators, which revert to greater
ownership by university students on the importance of extension practices in the process of
education and training of students.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
A partir de 1985, com o processo de redemocratização do país, até os dias atuais, houve
dois acontecimentos relevantes na base legal da educação brasileira. O primeiro foi a
promulgação da Constituição Federal do Brasil, em 1988, na qual foram constatados os
artigos que tratam da educação, ressaltando alguns pontos importantes para o ensino superior.
(Souza, 2014). O artigo 207 da Constituição Federal de 1988 enfatiza que “as universidades
gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e
obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”. (Brasil,
1988).
O segundo acontecimento relevante para a educação brasileira foi a aprovação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), por meio da Lei nº 9.394, em 23 de
dezembro de 1996. A aprovação da LDB representou o marco da institucionalização de
políticas educacionais que já vinham sendo gestadas e implantadas pelo Ministério da
Educação (MEC) e pelo governo anterior. (Freitas, 1999). A LDB estabelece as bases da
educação nacional, institui o sistema de diretrizes curriculares e, com ele, abre caminhos para
a inclusão de atividades denominadas complementares, incluindo, como parte do processo de
formação dos estudantes, ações de extensão, ao lado das atividades de pesquisa.
4
A Contabilidade é uma ciência social que sofre grandes influências dos aspectos
culturais, históricos, políticos e econômicos do ambiente em que atua, influenciando nos
procedimentos contábeis de cada país, sofrendo, assim, constantes ações do ser humano. É um
processo de identificação, medição e comunicação de informação econômica que permite
juízos e decisões por parte dos usuários. (Niyama, 2009).
Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com a
realidade, as evidências e o comportamento dos mesmos, em relação à eficácia funcional das
células sociais .(Iudícibus et al., 2010).
O Curso de Ciências Contábeis tem sido historicamente associado à formação de um
profissional prático, voltado ao mercado de trabalho meramente contábil. Contudo, com o
passar do tempo, movimentos de globalização, crises internacionais nos países e a chegada da
era da informação têm requerido não apenas um profissional tecnicista, mas humanista e com
sensibilidade às mudanças do ambiente e disposto a aprender a aprender. (Cajavilcaet al.,
2013).
O Bacharel em Ciências Contábeis é o profissional que identifica e apresenta soluções
para os diversos problemas contábeis e gerenciais pertinentes às entidades, consciente da
busca permanente de atualização e aperfeiçoamento profissional e pessoal. Assim, deve
conhecer as práticas contábeis, societárias, fiscais e tributárias aplicadas às entidades, tendo
compromisso com a sociedade, visando aplicar seus conhecimentos em prol do
engrandecimento da mesma. (Sontaget al., 2007).
Castro (2009, p.11), ao citar Marion (2001), defende que “a educação para os futuros
contadores deveria produzir profissionais que tivessem amplo conjunto de habilidades e
conhecimentos”. Assim, o processo de ensino e aprendizagem na formação do profissional
contábil deve englobar criatividade, inovação, competência, e a capacidade de se adequar à
era da globalização, para que possa, enfim, enfrentar o novo mercado de trabalho.
O ensino consiste no ato de transmitir informações, de organizar as condições de
aprendizagem para que o conhecimento seja construído. Representa uma face do processo
educacional. A extensão consiste em um processo educativo, cultural e científico, que articula
7
3 METODOLOGIA
Por meio da estatística descritiva, busca-se identificar as características dos alunos que
compõem a amostra no que tange à fase matriculada, ao gênero, à idade, ao período da
graduação e ao turno em que estudam. Os resultados apresentados foram encontrados através
das questões de 01 a 07.
Tabela 4 – Estratificação turno x gênero
Amostra Gênero Faixa etária
estratificada Masc. Fem. Até 20 Entre 21 e Entre 26 e Entre 31 e Acima de
turno anos 25 anos 30 anos 35 anos 36 anos
Manhã 10 16 6 16 4 0 0
Noite 46 52 40 36 8 10 4
Total 56 68 46 52 12 10 4
Fonte: Dados da pesquisa, 2016
Foi aplicada ainda uma questão cujo intuito era tentar diagnosticar quais eram os
empecilhos para a participação em práticas de extensão na universidade. Dos 124
respondentes da pesquisa, 75% responderam que a maior dificuldade para a participação em
ações de extensão era o tempo disponível para conciliar os estudos e o serviço externo ou
emprego. A tabela a seguir apresenta as demais respostas dos entrevistados.
Tabela 6 – O principal motivo que dificulta a participação em ações de extensão
Motivos N %
Tempo disponível para conciliar aula e o serviço externo 92 75
Orientação sobre como funciona a participação dos alunos 10 8
Informações sobre as ações de extensão 6 5
Não participo(ei) porque não tenho interesse 6 5
Falta de ações de extensão na minha área de formação 2 1
Falta de apoio financeiro ou apoio insuficiente (bolsas, passagens e outros) 4 3
Não preencheu 4 3
TOTAL 124 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2016
Tabela 7 – Percepção dos incentivos das práticas por parte das instituições
Avaliações
Insuficiente
Regular
Questão
Ótimo
Fraco
Bom
Nessas questões, os alunos atribuíram nota em uma escala de 01 a 05, sendo (01)
Insuficiente, (02) Fraco, (03) Regular, (04) Bom e (05) Ótimo. Os resultados são apresentados
na Tabela 8:
Tabela 8 – Estratificação das respostas da vivência
Avaliações Avaliações
01 ao 03 % 04 e 05 %
87 70 37 30
86 69 38 31
70 57 54 43
80 65 44 35
90 73 34 27
Fonte: Dados da pesquisa, 2016
apenas 27% dos entrevistados recebem informações sobre extensão universitária nas
universidades, percebendo-se que os mesmos obtêm conhecimento acerca da extensão nos
níveis à frente. Outro percentual preocupante é que apenas 25% dos entrevistados buscam
informação de cursos de extensão no site ou até mesmo dos professores.
A próxima pergunta do questionário aplicado foi direcionada somente aos entrevistados
que já participaram de projetos e práticas de extensão. Foi perguntado aos entrevistados qual a
importância da prática de extensão no âmbito social (relação universidade / sociedade) e qual
a importância da prática da extensão na formação do profissional de Ciências Contábeis. A
questão “A” não foi respondida por três entrevistados, e a questão “B” teve sete abstenções.
As questões foram dissertativas e algumas das respostas estão apresentados na Tabela 10, a
seguir:
Tabela 10 – Estratificação das respostas dos discentes em extensão
Questão Algumas respostas
Além de contribuir com o crescimento da sociedade, apresenta uma
a) Qual a importância da prática
prática diferenciada do curso e na formação teórica para o graduando.
de extensão no âmbito social
É de vital importância para o crescimento social, além da conscientização
(relação universidade /
da população em cuidar do meio ambiente, das crianças e adolescentes a
sociedade?
fim de trazer uma sociedade melhor através das ações de extensão.
b) Qual a importância da Fundamental, desenvolver o lado prático e social.
prática de extensão com a É uma ótima prática para se exercitar áreas de estudo de curso,
prática acadêmica? conhecimento e atuação.
Fonte: Dados da pesquisa (2016).
5 CONCLUSÕES
Este estudo teve a finalidade de analisar a percepção dos discentes do curso superior em
Ciências Contábeis da Região Metropolitana de Belo Horizonte sobre a extensão universitária,
partindo do pressuposto de que a extensão universitária contribui tanto para a sociedade
quanto para o aluno graduando, além de ser, juntamente com o ensino e pesquisa, uma
dimensão indissociável das universidades brasileiras.
Acredita-se que os resultados deste estudo podem servir de base para a construção e
aperfeiçoamento da extensão nas universidades, como também auxiliar as instituições de
ensino e os coordenadores de extensão quanto ao papel social e à visão dos discentes.
Pelos resultados obtidos, os objetivos da pesquisa foram adequadamente alcançados,
verificando-se, em síntese, que a maioria dos discentes já ouviu falar de extensão
13
6 REFERÊNCIAS
CRUZ, Alair José da; TEIXEIRA, A.M.C. Desempenho dos alunos no ENADE 2009: um
estudo empírico a parir do conteúdo curricular dos cursos de Ciências Contábeis no
Brasil.In: ENCONTRO DA ENPAD, 36, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:
<http://www.fucape.br/_public/producao_cientifica/2/ALAIR.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2016.
FREITAS, Helena Costa Lopes de. A reforma do ensino superior no campo da formação
de profissionais da educação básica: As políticas educacionais e o movimento dos
educadores.Educação & Sociedade, ano XX, n.88, 1999. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v20n68/a02v2068.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2015.
SONTAG, Anderson Giovane et al. Fatores que influenciam a opção pelo curso de
Ciências Contábeis. 2007. Disponível em: <http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/V
I%20Seminari o/>. Acesso em: 08 jan. 2016.
1
Resumo:
Esta pesquisa teve como objetivo identificar o perfil da produção científica sobre a formação
do professor de contabilidade em artigos publicados nos periódicos contábeis nacionais do
Qualis CAPES. Foram analisados 29 periódicos os quais possuíam em seu título as palavras
“Contabilidade” ou “Contábil”. Os 13 artigos identificados que contêm no contexto as
expressões “formação docente” e/ou “formação do professor”, foram analisados. Elaboraram-
se tabelas e redes sociais por meio do software UCINET® com o intuito de ilustrar os
aspectos gerais dos artigos, a análise de autoria, as instituições as quais vinculam os autores e
as referências das publicações. Os resultados do estudo mostram que o tema formação
docente em contabilidade está inserido em diferentes periódicos de extratos A2, B1 e B2 e
ainda é um tema pouco pesquisado nacionalmente. Os laços entre os autores é geralmente
fraco, isto é, com apenas uma ligação entre os autores e que o autor com maior centralidade é
um dos que apresenta maior número de publicações sobre o tema. Em relação às referências
dos artigos, os livros nacionais apresentam-se como as referências mais utilizadas. Conclui-se
que o tema formação docente em contabilidade está disperso entre os autores da amostra
averiguada e, portanto, existe a necessidade de uma maior rede de cooperação entre os autores
do tema, as instituições as quais estes estão vinculados e um aperfeiçoamento das referências.
Abstract
The objective of this research was to identify the profile of the scientific literature on the
formation of accounting teacher in articles published in national Qualis CAPES. 29 journals
were analyzed which have in their title the word "Contabilidade" or “Contábil”. 13 identified
articles containing the context the terms "formação docente" and / or "formação do professor",
were analyzed. Developed up tables and social networks through UCINET® software in order
to illustrate the general aspects of articles, analysis of authorship, the institutions which bind
the authors and references of publications. The study results show that the subject teacher
training in accounting is inserted in different journals extracts A2, B1 and B2 and is still a
subject little researched nationally. The ties between the authors is really weak, that is, with
only a connection between the authors and the author more centrality is one that has a higher
2
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A criação das primeiras escolas de ensino superior no Brasil começou com a chegada
da família real portuguesa no país, em 1808. Estas primeiras escolas surgiram ofertando
cursos cujo enfoque principal direcionavam-se as áreas de cirurgia, anatomia e guarda
marinha (MARTINS, 2002). Além disto, Martins (2002) abordou sobre a lenta evolução do
ensino superior no Brasil Colônia até a proclamação da república em 1889, apontando que o
objetivo da formação dos profissionais voltava-se à ocupação de cargos privilegiados em um
mercado de trabalho bastante restrito.
A universidade no Brasil é oficialmente criada em 1920, mas já apresentava
anteriormente algumas tentativas de criação. Esta se deu pela união de um agregado de
faculdades, o que repercutiu polemicamente entre os educadores da época (GISA, 2006).
Segundo Cunha (2004), a criação da mesma surgiu um século após a independência do país,
onde já se constatavam mais de 20 universidades nas colônias espanholas no Brasil.
A partir daí, Stallivieri (2007) salienta momentos bastante significativos no contexto
da história referente à educação superior no Brasil. O autor reforça que, foi neste momento
que as instituições de ensino se desenvolveram com o intuito de atender as necessidades do
mercado, ou seja, qualificando profissionais.
Segundo Schwartman (2007), durante a década de 80 o sistema de educação superior
no Brasil manteve-se praticamente sem evolução, cresceu nos meados do ano de 2007 e
tenderia a se expandir futuramente graças às mudanças ocorridas em âmbito nacional. Estas
mudanças relacionavam-se a grande expansão que ocorreu no ensino médio, e que
consequentemente levava a um aumento na procura de candidatos nos cursos superiores. De
acordo com o autor, os candidatos buscavam benefícios sociais e econômicos que ainda
resultavam da obtenção de um diploma superior.
O curso de ciências contábeis no Brasil teve sua primeira edição na metade do século
XIX, com as primeiras aulas de Comercio promovidas no estado do Rio de Janeiro
(PELEIAS; SILVA; SEGRETI; CHIROTTO, 2007). Mas foi em 1808, com a criação da
cadeira “economia política”, a qual posteriormente passou a ser denominada pelo decreto
456/1846 “aula de comércio”, que surgiu o primeiro embrião do que hoje conhecemos por
curso de graduação em Ciências Contábeis (SAES; CYTRYNOWICZ, 2001).
Devido ao crescimento econômico do Brasil, o aumento da produtividade e o
crescimento na urbanização, nos anos entre 1889 e 1931, houve um aumento significativo do
ensino comercial. A partir de então houve uma evolução ainda mais rápida referente ao ensino
4
“[...] adquirir a necessária competência para, com base nas leituras da realidade e no
conhecimento dos saberes tácitos e experiências dos alunos, selecionar conteúdos,
organizar situações de aprendizagem em que as interações entre alunos e
conhecimento se estabeleçam de modo a desenvolver as capacidades de leitura e
interpretação do texto e da realidade, comunicação do texto e da realidade,
comunicação, análise, síntese, crítica, criação, trabalho em equipe, e assim por
diante” (KUENZER, 1999, p.171-72).
Estrato
Qualidade
Periódico ISNN Qualis
de artigos
CAPES
Revista Contabilidade & Finanças 1808-057X A2 5
Revista de Contabilidade e Organizações 1982-6486 B1 3
Contabilidade Vista & Revista 0103-734X B1 2
Revista de Educação e Pesquisa em
1981-8610 B2 2
Contabilidade
Revista Ambiente Contábil 2176-9036 B2 1
Total 13
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 1 – Periódicos e quantidade de artigos investigados
Ano de publicação
Periódicos Qualis 2001 Total
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Revista Contabilidade &
A2 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2 0 0 1 5
Finanças
Revista de Contabilidade
B1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 3
e Organizações
Contabilidade Vista &
B1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2
Revista
Revista de Educação e
Pesquisa em B2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 2
Contabilidade
Revista Ambiente
B2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Contábil
Total 1 0 0 0 0 0 1 2 1 1 1 4 1 0 1 13
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 2 – Quantidade de artigos publicados por periódico e ano
Observando a Tabela 3 é possível perceber que a maioria dos artigos foi classificada
como estudo empírico (76,92%), isto é, estudos que tiveram algum tipo de aplicação. É
relevante mencionar que o artigo mais antigo encontrado, ou seja, o artigo referente ao ano de
2001, publicado no periódico Contabilidade Vista & Revista foi um estudo teórico. Além
deste, os outros dois artigos classificados como ensaio teórico foram publicados nos anos de
2007 e 2010, o que sugere uma dificuldade atualmente na publicação de artigos deste gênero,
levando os autores sobre esta temática a realizar estudos de natureza mais empírica.
Neste tópico apresenta-se a quantidade de autores por artigo, quais os autores que mais
fizeram publicações nos periódicos analisados referente à formação docente em contabilidade
e, além disto, a rede dos autores que fornece os laços entre os autores deste tema.
Perreiras e Perreiras (p.3, 2013) as redes sociais “[...] são estruturas compostas por nós, ou
vértices, que são os atores das redes sociais, conectados por um conjunto de linhas, ou arestas,
que correspondem aos laços entre os atores”.
Na Figura 1 é possível observar que somente um autor não possui laço com outros
autores, isto é, apenas o autor Marcos Laffin desenvolveu seu estudo sem usar a redes sociais.
Anteriormente a Tabela 4 foi abordado que dois artigos possuíam um único autor, entretanto
um destes autores publicou em mais de um artigo, e nestes, portanto fez parceria com outros
pesquisadores.
A maior parte dos laços entre os autores e co-autores verificada na Figura 1 é
considerada fraca, ou seja, do tipo díades que é estabelecida por uma relação entre autores
com apenas um artigo (WASSERMAN; FAUST, 1994). Foram localizadas três redes tríade,
as quais abrangem um conjunto de três autores e os laços estabelecidos entre eles. O autor
Gilberto José Miranda é o que apresenta a maior centralidade nas redes. Segundo Wasserman
e Faust (1994) a análise de centralidade identifica os autores considerados mais importantes
em uma rede de cooperação. Além deste, Edgard Bruno Cornacchione Júnior e Ruth de
Carvalho Santana Pinho também apresentam centralidade na rede analisada.
Edgard Bruno Cornacchione Júnior da Universidade de São Paulo e Gilberto José
Miranda da Universidade Federal de Uberlândia como visto anteriormente foram os que
apresentaram maior número de publicações, ou seja, além de apresentarem os maiores índices
de publicação, também se apresentam com maior centralidade na rede analisada. Logo o
achado não corrobora com os dados encontrados por Espejo et al. (2009) e Marques, Dos
Santos e Beuren (2012), na medida que estes afirmam que os autores com maior número de
laços não consistem necessariamente com aqueles que apresentam os índices mais elevados
de publicação.
autores dos artigos analisados possuíam vínculo, sendo que as mesmas foram extraídas dos
próprios artigos analisados.
Quantidade de
Instituições Sigla
artigos
Faculdades Integradas Fafibe Fafibe 1
Universidade de São Paulo USP 16
Universidade Regional de Blumenau FURB 2
Universidade Federal de Uberlândia UFU 7
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC 1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN 1
Universidade Federal da Bahia UFBA 3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS 1
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais PUC Minas 1
Universidade Federal do Ceará UFC 4
Total 37
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 5 – Instituições dos autores dos artigos analisados.
Observa-se na Tabela 5 que a maior parte dos autores possui vínculo com a
Universidade de São Paulo (USP), sendo que dos 37 autores verificados nos artigos, 16 deles
possuem algum tipo de vínculo com esta instituição. Conforme Marques, Dos Santos e
Beuren (2012) uma das razões possíveis é que esta instituição possui programa de stricto
sensu em ciências contábeis consolidado, possuindo desde 1970 seu mestrado e desde 1978 o
seu doutorado, ou seja, é uma universidade que apresenta há bastante tempo tais programas.
Para os autores isto contribui com as discussões e estudos sobre os vários assuntos da área de
contabilidade.
Logo após a Universidade de São Paulo a instituição que apresenta maior quantidade
de artigos publicados sobre o tema formação docente nos periódicos da amostra foi a
Universidade Federal de Uberlândia, com um total de sete artigos publicados sobre o tema.
Além destas, a Universidade Federal do Ceará (com quatro artigos), a Universidade Federal
da Bahia (com três artigos) e a Universidade Regional de Blumenau (com dois artigos) foram
as que apresentaram respectivamente os maiores índices de publicações sobre a temática.
A Figura 2 apresenta a rede das instituições de ensino a qual os autores estão
vinculados. A rede de cooperação entre as instituições foi elaborada com o objetivo de
verificar os laços encontrados entre as instituições sobre o tema formação docente, a partir dos
artigos analisados.
É possível verificar na Figura 2 que a instituição de ensino que ocupa a posição central
é a Universidade de São Paulo (USP), sendo a mesma responsável pela ligação de laços entre
diversas outras instituições, o que nos mostra a preocupação desta na integração com outros
programas. Percebe-se que a Universidade Federal de Santa Catarina é a única instituição de
Ensino Superior que produz sobre o tema formação docente sem estabelecer redes sociais.
Além disto, é possível verificar que a Universidade Federal do Ceará e a Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais trabalham em conjunto. Todas as demais instituições
possuem algum vínculo ligado a Universidade de São Paulo. Estes resultados indicam que
existe a necessidade de uma maior integração entre as instituições brasileiras referente à linha
de pesquisa investigada.
Nota-se na Tabela 6 que os livros nacionais foram as referências mais utilizadas pelos
autores no espaço de tempo analisado, apresentando um total de 84 citações e que o ano de
2010 foi o que apresentou maior quantidade de referências a livros (30 referências). Em
sequencia o tipo de referencia que apresentou maior quantidade de referencia nos artigos de
2001 a 2010 foram os anais e eventos científicos nacionais com 36 referências utilizadas,
seguido pelos periódicos nacionais que foram utilizados em 33 referências.
O ano de 2010 apresentou-se como o ano com a maior quantidade de obras
referenciadas por artigos, apresentando um total de 67 referências utilizadas, seguido pelos
anos de 2007 e 2008 que apresentaram 46 e 34,5 médias de referências utilizadas por artigo
respectivamente.
É interessante realçar que no ano de 2001 nenhuma referência internacional foi
utilizada, o que difere dos anos posteriores. Um exemplo é o ano de 2008 onde foi encontrada
11
Analisando a Tabela 7 percebe-se que houve uma melhora no que diz respeito às
referências utilizadas comparando-as com as referências utilizadas nos artigos dos anos de
2001 a 2010, conforme a Tabela 6. É possível perceber uma queda na quantidade de livros
utilizados, sendo a mesma de 95 para 81 livros. Além disto, houve um aumento significativo
na quantidade de referências utilizando artigos nacionais e internacionais. É importante tal
mudança, pois as questões referentes à educação atualmente vêm se alterando de forma rápida
e a utilização de livros acaba por demandar mais tempo para publicação do que os artigos
científicos. Outra questão observada na Tabela 7 é que, em geral, a quantidade de referências
em média por artigo diminuiu em comparação com as referências dos artigos do ano de 2001
ao ano de 2010 apresentados na tabela anterior.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este estudo teve como objetivo principal analisar a percepção do gestor de uma pequena
agroindústria de aves a respeito da inovação. Identificar quais inovações são geradas nesta
empresa, bem como verificar a visão do gestor acerca do processo inovativo,
compreendendo desde a concepção do termo inovação, seus benefícios e principais
dificuldades para a gestão e implementação de inovações. Trata-se de um estudo de caso
com abordagem qualitativa. Para a coleta de dados, foi realizada entrevista com o gestor
responsável pela agroindústria. Pode-se observar que a agroindústria objeto deste estudo,
desenvolve inovações incrementais que são, em grande parte, baseadas em fornecedores,
tanto de insumos, como máquinas e equipamentos, também através da introdução e/ou
aprimoramento de processos na produção de bens ou serviços.
Palavras-chave: Inovação; Cadeia produtiva de aves; Agroindústria.
1 INTRODUÇÃO
Diante das mudanças ocasionadas pela globalização, as empresas reagem em busca de
alternativas que viabilizem a diminuição de seus custos de produção e de comercialização,
bem como maior inserção no mercado. Assim, gerando a necessidade de adoção de novas
posturas estratégicas como forma de manter a competitividade, tornando fundamental para
a sobrevivência das empresas desenvolver estratégias competitivas diferenciadas, as quais
podem ser baseadas na utilização da inovação, principalmente inovação tecnológica como
um instrumento relevante para inserção no mercado mundial.
Segundo Schumpeter (1988), a inovação tecnológica cria uma ruptura no sistema
econômico, tirando-a do estado de equilíbrio, alterando, desta forma, padrões de produção
e criando diferenciação para as empresas. Ela representa papel central na questão do
desenvolvimento econômico e de um país.
De acordo com Coral, Ogliari e Abreu (2009) para que uma organização seja considerada
inovadora, torna - se necessário um esforço sistemático de planejamento e implementação
de tecnologia, pois é indispensável que a empresa conheça sua capacidade e desenvolva
um ambiente propício e que motive o nascimento de ideias inovadoras.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: introdução no capítulo I, revisão de
literatura no capítulo II, seguido dos procedimentos metodológicos no capítulo III, na
sequência se apresenta a análise dos dados, seguida das considerações finais.
2 REVISÃO TEÓRICA
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa refere-se a um estudo de caso, com abordagem qualitativa, realizado a partir
de um enfoque exploratório e descritivo, visto que esta pesquisa tem como objetivo
compreender a realidade, em profundidade, do processo de inovação em uma
agroindústria.
Para atender os objetivos propostos, foi necessário estudar a estrutura da cadeia, na qual a
agroindústria faz parte, sua composição, a inter-relação entre seus agentes, bem como o
contexto no qual tal cadeia está inserida. Para a coleta de dados, foram utilizadas
informações provenientes de fontes primárias coletadas com o gestor envolvido no
processo inovativo desta agroindústria.
Para a coleta de dados foi construído um roteiro de entrevista, visando saber a opinião do
gestor envolvido no processo inovativo desta cadeia.
Através deste roteiro pré-estabelecido com perguntas semiestruturadas, foi possível obter
informações necessárias e fundamentais para o desenvolvimento do diagnóstico, bem
como a interpretação e análise dos dados, os quais possibilitaram identificar o
posicionamento da empresa diante das inovações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do estudo de caso realizado, foi possível analisar que a agroindústria estudada
representa um importante local para a realização de inovações tecnológicas de produtos e
processos, pois a avicultura é uma atividade de grande importância no sistema produtivo e
no abastecimento nacional, o qual necessita de aprimoramento constante.
Mesmo diante de tal destaque no mercado, a empresa não possui setor especifico de
inovação, mas não ignora a importância de inovação, como fator explicativo das mudanças
e do comportamento competitivo de cadeias produtivas que compõem os sistemas
agroindustriais. Entende que a inovação é capaz de gerar significativas mudanças internas
e externas, além de levar à alteração no padrão de concorrência e de concentração dos
mercados.
A inovação dentro desta agroindústria acontece pelo apoio e pela parceria dos fornecedores
tanto de máquinas e equipamentos, quanto de embalagens e condimentos e também
parcerias com outros produtores, pois a agroindústria estudada não tem nenhum setor ou
grupo de trabalho específico que trata das inovações, reforçando as conclusões de Santini,
Souza e Bánkuti (2005) para os quais as empresas desse segmento desenvolvem inovações
incrementais e baseadas em fornecedores.
Além da constatação de que as inovações provenientes da agroindústria estudada
possibilitaram aumento da produtividade e ampliação, nota-se aumento significativo da
qualidade dos produtos. Neste caso, pode-se avaliar que o padrão de inovação está ligado a
dinâmica do setor, a capacidade da empresa e também a própria concorrência,
apresentando diversidade em termos de inovação.
Pode ser observado durante a pesquisa os esforços inovativos em diferentes níveis,
variando desde mudanças no controle de qualidade, abertura de novos mercados para a
empresa, inserção de um produto novo no mercado em que atua até o desenvolvimento,
aprimoramento e automação de processos produtivos.
Por fim, é possível observar através deste estudo que alterações ocorridas dentro da
agroindústria foram influenciadas pelos esforços de inovação principalmente com o intuito
de reduzir custos e melhorar a qualidade do produto, para atender às exigências do
consumidor. Entretanto, não se trata apenas de inovação baseada em aquisição de novas
tecnologias, mas sim em investimentos que podem gerar inovação dentro da empresa,
como aprimoramentos no processo e produto, para assim agregar mais valor ao mesmo.
REFERÊNCIAS
CORAL, Eliza; OGLIARI, Andre; ABREU Aline França de. Gestão Integrada da
Inovação: Estratégia, Organização e desenvolvimento de produtos. 1. Ed. São Paulo, Atlas,
2009.
COSTA, Ana Cristina Rodrigues da; ROCHA, Érico Rial da. Panorama das cadeias
produtiva têxtil e de confecções e a questão da inovação. In: BNDES Setorial, 2009.
SANTINI, Giuliana Aparecida; SOUZA FILHO, Hildo Meirelles de; BÁNKUTI, Sandra
Maria Schiavi. Inovações tecnológicas em cadeias agroindustriais: alguns casos do
segmento de processamento de carnes, leite e café no Brasil. In: Diretório da Pesquisa
Privada no Brasil, financiado pela FINEP, 2005/2006.
VOILÀ, Márcia; TRICHES, Divanildo. A cadeia de carne de frango: uma análise dos
mercados brasileiro e mundial de 2002 a 2010. In: Publicação de pesquisas econômicas e
sociais. Rio Grande do Sul, 2013.
1
Resumo:
Este artigo tem como objetivo analisar uma evolução com relação ao tratamento do
conhecimento no decorrer dos séculos. A partir da análise das Teorias Administrativas
podemos perceber as diferentes formas de obter, gerenciar e utilizar o conhecimento. Busca,
através de uma revisão da literatura, compreender o fenômeno da Gestão do Conhecimento
que vem sendo amplamente divulgado, porém faz se necessário seu entendimento e a
verificação de sua implantação e utilidade no contexto das organizações. São explicitadas por
meio de estudos já existentes as dificuldades de se obter uma organização que aprende, gere e
compartilhe conhecimento.
Evolution of Administrative Theories: From the end of XIX century to XXI century and
effects on knowledge management.
Abstract:
This paper aims to analize an evolution related to knowledge management over the
centuries. Using administrative theory analysis, we can see different ways to get, manage and
use the knowledge. Through a literature review, the goal of this paper is to understand the
knowledge management phenomenon. Although this phenomenon is widely reported, it is
necessary to understand and validate the implantation and utility of it in the organization
2
context. This paper explains, based on existing researches, the dificulties to get an
organization that learns, creates and shares knowledge.
1 INTRODUÇÃO
Muito se fala atualmente em gestão do conhecimento, pois tem sido um dos campos de
estudo que contribui efetivamente para a sobrevivência das organizações. Diversos teóricos
concordam sobre a importância do conhecimento como uma vantagem competitiva da
organização (DEMING, 1993; DRUCKER, 1998; NONAKA, 1991). A partir desses estudos
o ser humano passou a ser um dos principais focos de atenção visto que ele é o obtentor do
conhecimento tornando-se no decorrer dos anos objeto de estudo e pode ser considerado
juntamente com outros fatores essencial à manutenção e a sobrevivência das organizações.
Visto que existem estudos atuais referentes à gestão do conhecimento pode-se considerar
importante uma profunda análise de como esse campo de estudo surgiu. A partir de uma
revisão literária das principais abordagens teóricas da administração existentes foi possível
perceber que o conhecimento é abordado desde as primeiras teorias sendo possível perceber a
influência direta destas tradicionais abordagens no campo de estudo que se dedica à gestão do
conhecimento.
No século XX começa a ocorrer grandes mudanças econômicas, sociais e políticas e
não foi diferente no campo administrativo. Essas constantes mudanças proporcionou no
decorrer de décadas o colapso e o surgimento de novas teorias com o intuito de fomentar a
produção e a qualidade em nível produtivo e hoje, ainda com a preocupação em nível
informacional. Senge (1990), Kim (1993), Garvin (1993), Stata (1989) e Leonard-Barton
(1992) defendiam, no final da década de 80, início dos anos 90, que só sobreviveriam nos
seus competitivos e dinâmicos mercados as empresas que praticassem o aprendizado contínuo
e a cada dia pode-se perceber a preocupação das organizações em entender esse conceito e
colocá-lo em prática.
A partir do exposto, será visto como o conhecimento foi abordado em algumas teorias
administrativas e como ele tem sido utilizado hoje. Nesse sentido, percebe-se a importância de
analisar os primeiros estudos verificando sua contribuição e seus reflexos diretos na forma de
gerenciar do século XXI. Assim, o objetivo principal deste artigo é evidenciar por meio de
uma revisão da literatura essa influência direta das principais teorias administrativas na forma
atual de gerenciar o conhecimento. Posteriormente os conceitos inerentes à gestão do
conhecimento serão apresentados, verificando os padrões utilizados para a conversão e
transferência do mesmo, e por fim, considerações finais discorre com a análise das
dificuldades de implantação no contexto organizacional e como a utilização eficaz do
conhecimento pode influenciar na capacidade de aprendizagem dos funcionários e na
eficiência e eficácia das organizações e dessa forma tornando-a capaz de fomentar a produção
e a qualidade dos seus produtos e serviços por meio dos diversos níveis de conhecimento.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TEORIAS ADMINISTRATIVAS E SUAS FORMAS DE ADMINISTRAR O
CONHECIMENTO
As teorias administrativas por décadas vem sendo motivo de estudo para os teóricos.
No início do século XX começaram a surgir as primeiras teorias, cujo objetivo era o de
estabelecer meios de produção que resultassem em eficiência e lucro. São deixados de lado
sistemas manuais de produção sem nenhum teor científico e começam a surgir, através de
Frederick W. Taylor (1856-1915), a chamada Administração Científica cujo nome deriva da
tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da administração, a fim de
alcançar maior eficiência industrial (CHIAVENATO, 2001). Ainda de acordo com esse
mesmo autor sua principal preocupação era elevar os níveis de produtividade através da
aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.
Taylor focava no conhecimento das tarefas, ele analisou os problemas da produção em
seus mínimos detalhes e observou o trabalho dos operários, analisando cada tarefa realizada.
Assim, chegou à conclusão de que o operário produzia menos do que era capaz, e que o
trabalhador que produzia mais perdia o interesse ao receber a mesma remuneração daquele
que produzia menos. Então, elaborou o método para que o operário se ajustasse à máquina e
percebeu a necessidade de pagar mais a quem produzia mais.
Em 1903 publicou seu primeiro livro, “Administração de Oficinas”, nele expôs pela
primeira vez suas ideias. Propôs a racionalização do trabalho por meio do estudo dos tempos e
movimentos, defendeu a padronização dos métodos e ferramentas e a divisão do trabalho,
onde cada operário seria treinado para executar sua tarefa da melhor maneira possível,
consumindo o mínimo de tempo.
Vendo as organizações como um objeto para a aplicabilidade de técnicas científicas,
Taylor revolucionou o mundo industrial de sua época mudando drasticamente as formas de
trabalho e de produção, queria que o trabalhador produzisse mais e consumisse menos tempo.
Observou que não havia uma padronização dos métodos de trabalho e que os gestores não
tinham conhecimento do trabalho dos operários.
Em seu segundo livro, “Principles of Scientific Management” Princípios de
Administração Científica, publicado em 1911, introduziu os quatro princípios fundamentais
da Administração Científica: i) princípio do planejamento; ii) princípio de preparo dos
trabalhadores; iii) princípio de controle e, iv) princípio da execução.
Por meio desses princípios podemos perceber a importância que Taylor deu ao
planejamento e entre suas metas estava inserida a necessidade vital de preparar os
funcionários. Taylor entendeu a importância destes no contexto industrial, consequentemente
investindo para que eles pudessem utilizar o máximo de seus conhecimentos técnicos.
De acordo com Gramsci (2001, p. 397):
Taylor exprime com cinismo brutal o objetivo da sociedade americana: desenvolver
ao máximo, no trabalhador, as atitudes maquinais e automáticas, romper o velho
nexo psicofísico do trabalho profissional qualificado, que exigia uma determinada
participação ativa da inteligência, da fantasia, da iniciativa do trabalhador, e reduzir
as operações produtivas apenas ao aspecto físico maquinal. Mas, na realidade, não
se trata de novidades originais, trata-se somente da fase mais recente de um longo
processo que começou com o próprio nascimento do industrialismo, fase que é
apenas mais intensa do que as precedentes e manifesta-se sob formas mais brutais,
4
mas que também será superada com a criação de um novo nexo psicofísico de um
tipo diferente dos precedentes e, indubitavelmente, superior.
geral, mais útil para uma organização do que se ele for um brilhante técnico, mas um
administrador medíocre (FAYOL, 2002, p. 911; 2003b, p. 180)”.
Segundo a definição de Fayol, a centralização era como a diminuição da importância
do papel do subordinado, enquanto a descentralização era a elevação desta importância.
(SILVA, 2001, p.149).
Em seu livro “Administração Geral e Industrial”, publicado em 1916 diz que a
empresa tem, basicamente, seis funções: a) Funções Técnicas – produção de bens e serviços;
b) Funções Comerciais – compra venda e permutação; c) Funções Financeiras – procura e
gerencia de capitais; d) Funções de Segurança – proteção e preservação dos bens e das
pessoas; e) Funções Contábeis – inventários, balanços, registros, estatísticas e custos; f)
Funções Administrativas – integração das outras cinco funções.
Para Fayol, o administrador tinha as seguintes funções: a) Planejar; b) Organizar; c)
Comandar; d) Coordenar; e) Controlar.
Teorias como as de Taylor e Fayol receberam críticas em relação à desvalorização do
lado humano do trabalhador, assim surge, através de George Elton Mayo (1880-1949), a
Teoria das Relações Humanas como crítica à Teoria da Administração Científica e à Teoria
Clássica. Mayo enfatiza os grupos informais e suas inter-relações, foca no conhecimento
humano.
Para fundamentar suas ideias ele realizou a Experiência de Hawthorne, entre 1927 e
1932, e foi a partir dela que nasceu a Teoria das Relações Humanas. Com essa experiência,
Mayo chegou as seguintes conclusões:
a) O nível de produção é resultante da integração social;
b) O comportamento social dos indivíduos está relacionado ao grupo;
c) As pessoas são motivadas pelas recompensas e sanções sociais;
d) A empresa passou a ser vista como um conjunto de grupos informais;
e) Trabalhos repetitivos tornam-se monótonos e cansativos;
f) Os elementos emocionais passam a receber atenção.
Ainda com ênfase no ser humano, surge a Teoria Comportamental ou behaviorista
como crítica às Teorias Clássicas e das Relações Humanas. Seu foco é no comportamento
humano.
Segundo Abraham Maslow (1908-1970), as necessidades humanas estão organizadas
em níveis: a) Necessidades de auto-realização – necessidade de crescimento; b) Necessidades
de estima – necessidade de sentir-se digno, respeitado por si e pelos outros; c) Necessidades
sociais – necessidade de manter relações humanas com harmonia; d) Necessidades de
segurança – necessidade de se sentir sem perigo, em ordem, com segurança de conservar o
emprego; e) Necessidades fisiológicas – relacionam-se com o ser humano como ser biológico.
Quando as necessidades inferiores estão satisfeitas, as necessidades de níveis
superiores passam a dominar o comportamento.
Para Frederick Herzberg (Chiavenato, 2003), existem dois fatores que moldam o
comportamento do ser humano dentro da organização:
6
De acordo com Prusak (1997) gestão do conhecimento é o material intelectual que foi
formalizado, obtido e disponibilizado para produzir valor agregado. Significa dizer que a GC
é capaz de tratar o conhecimento de forma que este gere uma contribuição adicional à
organização. Por sua vez Edvinsson e Malone (1998) completam este conceito definindo a
gestão do conhecimento como o conhecimento que pode ser convertido em valor.
Stewart (1998) definiu gestão do conhecimento como sendo a soma de tudo que as
pessoas na empresa sabem e que levam à vantagem competitiva sustentável. Nessa linha de
pensamento pode-se dizer que a gestão do conhecimento é uma estratégia que as organizações
podem usufruir e investir para obter vantagem e destaque frente às demais organizações para
obterem retornos superiores à média em relação àquelas que não utilizam esse método.Com
pensamento análogo Davenport e Prusak (1998) destacam que a principal vantagem que
permanece sustentável para uma organização é soma daquilo que ela efetivamente e
coletivamente sabe e a maneira como ela usa e adquire novos conhecimentos. Explica-se
dessa forma o foco dado aos investimentos aplicados com o intuito de obter uma gestão
eficiente dos conhecimentos adquiridos pela organização e o incentivo a produção de
conhecimentos individuais que podem ser inseridos nas atividades organizacionais.
Em estudos mais recentes pode se verificar também a utilização da gestão do
conhecimento em um contexto organizacional, nesse sentido, Batista (2006) a define como
um processo sistematizado de conectar pessoas e pessoas ao conhecimento que elas precisam
para agir eficazmente. Nessa linha de pensamento é possível entendê-la como passos
sistematizados a serem seguidos para gerar um ciclo contínuo em que o funcionário possa
adquirir o conhecimento necessário para a realização de suas tarefas organizacionais.
pode-se criar conhecimento tácitos a partir de outros conhecimentos tácitos. Para Nonaka e
Takeuchi (1997) o segredo para a ocorrência dessa conversão é a experiência, se alguma
forma de experiência não for compartilhada é extremamente difícil para uma pessoa projetar-
se no processo de raciocínio de outro indivíduo.
Leonard e Sensiper (1998), por exemplo, destacam a importância das interações
sociais para se obter e desenvolver diversos tipos de conhecimentos. Para estes autores, o
conhecimento emerge, basicamente, da troca de experiências. A interação entre as pessoas, ou
seja, socialização, em suas atividades profissionais é o que irá contribuir, efetivamente, para o
aumento de criatividade.
A externalização trata da conversão de conhecimento tácito para explícito, isso pode
ocorrer por meio da manifestação do conhecimento individual através de registros, imagens,
relatos, ou seja, uma disponibilização formal do conhecimento para o aproveitamento de
outros. De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997) dentre os quatro modos de conversão do
conhecimento, a externalização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria conceitos
novos e explícitos a partir do conhecimento tácito.
O terceiro padrão, a combinação, é a conversão do conhecimento explícito em
conhecimento explícito, o que significa a junção de conteúdos disponíveis que possam ser
agregados e acrescentados e dessa forma gere novos conhecimentos explícitos por meio da
combinação de conhecimentos já existentes. Os indivíduos trocam e combinam
conhecimentos através de documentos, reuniões, e-mails, etc. e reconfiguram o conhecimento
existente por meio do acréscimo, classificação, combinação e categorização do conhecimento
explícito, o que pode levar a criação de novos conhecimentos (NONAKA; TAKEUCHI,
1997).
E por fim, a internalização trata da conversão do conhecimento explícito em
conhecimento tácito. É a aquisição do conhecimento por conhecimentos já formalmente
registrados e disponibilizados através de documentos, relatos, manuais, pois dessa forma os
indivíduos serão capazes de internalizar os conhecimentos explícitos de forma mais fácil.
Aplicada à organização é quando esta torna seus conhecimentos acessíveis aumentando
gradualmente o conhecimento tácito de seus funcionários.
Assim, o contínuo ciclo da conversão viabiliza a criação do conhecimento
organizacional, o conhecimento tácito acumulado precisa ser socializado com os outros
membros da organização, iniciando assim uma nova espiral de criação do conhecimento
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
3 METODOLOGIA
Algumas análises de estudos já realizados foram essenciais para que o objetivo desse
trabalho fosse atingido. Através de pesquisas foi possível o levantamento de alguns trabalhos
já publicados relacionados às teorias administrativas e sua forma de tratar o conhecimento,
sendo possível posteriormente focar na gestão do conhecimento que trata da metodologia
aplicada no contexto organizacional para gerenciar as diferentes manifestações do
conhecimento.
Foi encontrado em trabalhos, como o de Leonard-Barton (1998), Nonaka e Takeuchi
(1997), Davenport e Prusak (1998), Fahay e Prusak (1998) respostas para a forma de
tratamento que deveria ser dada ao conhecimento no contexto organizacional, entretanto
pode-se perceber uma lacuna na literatura a ser explorada, na forma de introduzir de forma
eficaz a gestão do conhecimento no contexto organizacional/empresarial. Sabe-se da difícil
implantação da teoria descrita pelos autores na realidade organizacional do século XXI
mesmo com os avanços tecnológicos e dos sistemas de informação. As bases pesquisadas para
o levantamento bibliográfico foram os periódicos da CAPES, sobretudo o SIMPEP,
ABEPRO.
Logo, foi possível verificar que existem muitos estudos realizados na área e muitas
metodologias a serem aplicadas, como por exemplo, as quatro formas de conversão dos
conhecimentos descritas no trabalho seminal de Nonaka e Takeuchi (1997), entretanto existe
uma dificuldade em encontrar resultados quantitativos com relação à aplicação da GC no
contexto diário da organização.
4 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que o conhecimento foi um fator de estudo desde a criação das
primeiras teorias administrativas, que surgiram no final do século XIX. Começam a surgir os
primeiros indícios do que aconteceria no século XXI, pois o conhecimento se tornou o ativo
principal das organizações. Após análise cronológica das formas de tratar o conhecimento a
partir de uma releitura breve das teorias tradicionais da administração verificou-se sua
importância surgindo dessa forma estudos que demostram métodos e meios para a sua gestão,
estes estudos mais tarde receberam o nome de gestão do conhecimento. Sabe-se que
atualmente que a GC toma destaque por ser considerada como uma vantagem competitiva.
Foi possível identificar, através da pesquisa, conceitos de gestão do conhecimento e
também seus padrões de conversão, por fim, podendo concluir com o desafio de uma
implantação eficiente dentro do contexto organizacional. Após a identificação desses
conceitos e fatores foi possível inferir através desse trabalho a discrepância entre a teoria e
prática dentro da realidade diária das organizações/ empresas. Na revisão da literatura foram
encontrados diversos conceitos e formas de aplicação, também foi evidenciada a dificuldade
11
da implantação, porém faz necessário o preenchimento dessa lacuna, dessa forma pode-se
propor a realização de uma pesquisa em termos quantitativos para explicar através de
representações numéricas o real motivo para se implantar a gestão do conhecimento e também
explicar a ineficiência da aplicabilidade da GC principalmente em empresas de pequeno e
médio porte. Faz-se necessário para estudos futuros entender o porquê de muitos recursos
tecnológicos terem evoluído, em contrapartida do porquê dos funcionários ainda não
utilizarem todo o potencial de conhecimento que possuem e o porquê de não serem
influenciados a utilizá-lo em suas atividades relacionadas à organização em que estão
inseridos.
Por meio dessas considerações é possível entender a necessidade de uma pesquisa e
aplicação com o objetivo de encontrar resultados quantitativos que confirmem que o
conhecimento é o ativo do século XXI, e por isso as empresas devem investir em gestão do
conhecimento. Acredita-se que a aplicabilidade desse estudo teórico possa ser testada em
futuros estudos empíricos.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Resumo
Esta pesquisa buscou investigar a relação existente entre a inovação e o desempenho
empresarial de firmas brasileiras de capital aberto. Para tanto, foi realizada uma pesquisa
descritiva e quantitativa, com tratamento multivariado dos dados através de regressão em
painel, com suporte do software estatístico Stata/SE 12.0®, aplicada a informação dos anos
2012, 2013 e 2014. Os indicadores de desempenho financeiro foram obtidos no banco de
dados da Economática® e, para análise da inovação, utilizaram-se informações constantes nos
relatórios da administração e relatórios de sustentabilidade da Global Reporting Initiative
(GRI) de 19 companhias listadas no ranking 2015 de inovação da consultoria Strategy&, que
distingue as cem empresas mais inovadoras do país. Os resultados apontaram uma relação
positiva e significativa entre a receita total, o investimento em pesquisa e desenvolvimento
(P&D) o número de parcerias (PAR) e o setor da indústria (SET), que resultaram em um
desempenho superior nas empresas pesquisadas. Esse resultado permite concluir que a
utilização de algumas práticas de inovação gera uma fonte de vantagem competitiva e
desempenho superior sustentável.
Palavras-chave: Inovação, indicadores, desempenho, BM&FBovespa.
econômicos das mesmas nas empresas tem evoluído com os anos. O prefácio da Terceira
edição do Manual de Oslo, publicada em 2005 pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OECD) começa estabelecendo esta premissa, reconhecendo a
deficiência do seu entendimento sobre o tema (OECD, 2005).
E ainda que o esforço para sistematizar o conhecimento sobre inovação e seu impacto
econômico tenha se desenvolvido consideravelmente nos quase 25 anos de trabalhos de
pesquisa e elaboração de todas as edições do mencionado Manual, desde 1992, a evolução da
economia, a globalização, o consequente aumento na competição internacional, a diminuição
dos ciclos de vida dos produtos, a fragmentação de mercados, as novas formas de lidar com
cadeias de suprimento internacionais, as melhoras nas tecnologias e os maiores fluxos de
informação têm afetado consideravelmente a concepção de inovação (OECD, 2005;
GOPALAKRISHNAN, 2000).
Foi Schumpeter quem primeiramente apresentou, a começos do século XX, a distinção
entre inovações de produto e processo, sendo o objetivo das inovações de produto aprimorar
as posições de mercado das empresas, enquanto que as inovações de processo são
introduzidas para melhorar a efetividade de custos e da produtividade (SIMONETTI et al.,
1995). De acordo com Downs e Mohr (1976) o estudo da inovação não se limita a uma
disciplina exclusiva, pois ele é explorado por campos de estudos tão diferentes como a
antropologia e economia. A popularidade da pesquisa sobre inovação deve-se a suas
implicações no comportamento de indivíduos, nas organizações e na elaboração de políticas
públicas que redundam em consequências sociais significativas.
Em anos recentes, um número crescente de estudos tem explorado o impacto da
inovação no desempenho empresarial. Os resultados desses estudos são variados, sugerindo
uma relação positiva, negativa ou nenhuma relação de causalidade entre tais relacionamentos,
reforçando a necessidade de realização de novos estudos, pois ainda existem áreas que
precisam de aprofundamento, como a natureza da inovação e os tipos desta (BRITO et al.,
2009; FORSMAN; TEMEL, 2011). Neely et al. (2002) sugerem que os resultados financeiros
não necessariamente resultam das inovações, mas de uma ampla variedade de fatores.
Todavia, existe pouco consenso no que significa ser inovador (GOPALAKRISHNAN,
2000; WALKER et al., 2002). Por um lado, a visão econômica considera a inovação como a
inclusão de produtos, processos ou práticas novas na indústria (ACS; AUDRETSCH, 1988);
enfatizando a velocidade ou rapidez com que as firmas acessam e usam a tecnologia
relacionada a outras firmas na indústria. Por outro lado, teóricos das organizações definem a
inovação como a emergência de produtos, processos ou práticas novas para a firma, sendo a
ênfase colocada no número de produtos ou processos novos adoptados pelas empresas,
conceito esse conhecido como magnitude (DOWNS; MOHR, 1976).
A relação entre inovação e performance compara as métricas de eficiência do processo
de entrada e saída de produtos - processos ou práticas - e o crescimento do negócio e a
satisfação dos funcionários, podendo ser medida com indicadores objetivos e subjetivos,
sendo esses últimos, relacionados a percepção. O crescimento em termos financeiros pode ser
medido em termos de crescimento da receita, lucratividade, ROE, ROA, dentre outros
indicadores, que são úteis e uniformes através das organizações pesquisadas
(VENKATRAMAN; RAMUNUJAM, 1986; GOPALAKRISHNAN, 2000).
Downs e Mohr (1976) estabelecem que uma fonte de instabilidade na medição da
inovação representa a operacionalização da variável dependente, pois diversos estudos
mostraram comportamentos e resultados diferentes. Diante disso, identifica-se uma
oportunidade de pesquisa, visto que este estudo trata de particularidades referentes a empresas
brasileiras de capital aberto que desenvolvem atividades em diversos segmentos, ranqueadas
3
segundo seu nível de inovação, que demonstram através de seus relatórios um compromisso
com a inovação.
Assim, este trabalho tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento desta
temática, explorando as ligações entre inovações desenvolvidas e a performance econômico-
financeira em um contexto de empresas de capital aberto brasileiras que tenham desenvolvido
diferentes tipos de inovação, de acordo com os seus relatórios de sustentabilidade, durante os
anos 2012, 2013 e 2014. Para tal fim, analisaram-se os dados secundários em painel de um
grupo de empresas que evidenciou os seus investimentos em inovação mediante os relatórios
de sustentabilidade, seguindo as diretrizes da Global Reporting Iniciative (GRI, 2015).
O estudo justifica-se por fornecer evidências que contribuem para o entendimento da
relação existente entre os relacionamentos teóricos investigados nesta pesquisa. Também
permite avaliar os efeitos da inovação sobre o desempenho em companhias listadas no
ranking 2015 de inovação da consultoria Strategy&, que distingue as cem empresas mais
inovadoras do país, contexto adequado para os propósitos desta investigação. O entendimento
da relação entre inovação e desempenho em firmas de qualquer tamanho resulta relevante
para pesquisadores, criadores de políticas públicas e gestores de um modo geral, pelas
implicações no crescimento econômico, da empregabilidade e o acesso a melhores salários,
bem como a uma melhor qualidade de vida (KEMP et al., 2010).
O presente estudo foi estruturado por quatro seções, além desta introdução. Na seção
seguinte, é apresentada uma revisão da literatura sobre os tópicos referentes à inovação, seus
indicadores, a relação com o desempenho financeiro e estudos empíricos sobre o tema. Em
seguida, são descritos os procedimentos metodológicos utilizados para a realização do estudo.
Na sequência, apresenta-se e discutem-se os resultados da pesquisa. Por fim, foram descritas
as considerações finais e as recomendações para futuros estudos.
2 Revisão da Literatura
2.1 Inovação
Diversos autores divergem na definição do termo inovação, por ser este um conceito
amplo e ter diversas conotações, desde pontos de vista e áreas diferentes. O conceito de
inovação pode ser entendido a partir da teoria económica de Joseph A. Schumpeter, que
considera o desenvolvimento econômico como um processo cíclico e dinâmico, onde novas
tecnologias substituem as antigas, tendo seu ciclo renovado a cada vez que o setor industrial
necessita inovar em novos produtos ou processos, o que pode acontecer a consequência de
cinco situações: o desenvolvimento de novos bens de consumo, de novos métodos de
produção, abertura de novos mercados, novas fontes de suprimentos e novas formas de
organização industrial (SCHUMPETER, 1934; CHANEY et al, 1991; KOSCHATZKY,
1999).
Inovação, para Schumpeter, pode ser definida como a fabricação de produtos, técnicas
e estruturas novas ou melhoradas, invenções, descobrimento e inclusão de novos mercados e
fatores, incluindo a ação do empreendedor e a sua relação com a inovação (SCHUMPETER,
1961).
Brown e Eisenhardt (1995) identificam duas correntes principais em pesquisa sobre
inovação. A primeira, orientada à economia, examina assuntos relacionados à difusão das
inovações em organizações, setores industriais e países, onde a inovação pode ser definida
como tecnologia, estratégia ou prática gerencial que a empresa usa por primeira vez, sem
importar se outras organizações tem-na usado antes, podendo ser resultado de uma
restruturação ou melhora de processo. A segunda vertente, orientada às organizações,
examina a influência da estrutura organizacional, processos e pessoas no desenvolvimento e
marketing de novos produtos. Nesta abordagem, a inovação refere-se à criação de um novo
4
menor grau a Irlanda oferecem um ambiente que estatisticamente favorece a inovação, sendo
que a Dinamarca foi o país considerado nessa pesquisa como o menos favorável a inovação.
Nessa pesquisa, foi também demonstrada empiricamente a relação positiva entre o percentual
da receita total atribuída a produtos inovadores com a dinâmica econômica inerente aos países
onde as firmas residem. No quadro 2 apresenta-se um resumo dos principais indicadores de
inovação identificados a partir da revisão desta literatura.
Indicadores de Inovação Autores
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento Tidd (2001); Motohashi (1998), Li; Atuahene-Gima
(2001); Walker et al. (2002); Koschatzky (1999);
Chaney et al. (1991)
Despesas com patentes Tidd (2001); Motohashi (1998); Walker et al.
(2002); Kemp et al. (2003); Teh et al. (2008)
Funcionários dedicados a atividades de inovação Tidd (2001); Motohashi (1998), Li; Atuahene-Gima
(2001); Kemp et al. (2003)
Unidades de Pesquisa (laboratórios, instalações de Tidd (2001)
P&D)
Número de produtos novos Li; Atuahene-Gima (2001); Kemp et al. (2003)
Parcerias, cooperação com outras instituições e Koschatzky (1999); Walker et al. (2002); Kemp et
networking externo. al. (2003)
Percentual de receita obtido com novos produtos Hinloopen (2003)
Quadro 2 - Indicadores de inovação
Fonte: Adaptado de Brito et al. (2009).
excluídas as empresas do setor financeiro e as que não forneceram nenhum dado sobre
inovação.
Cabe ressaltar que a metodologia do ranking da Strategy& considera o investimento
em inovação, separando as empresas realmente inovadoras das que apenas seguem ondas
tecnológicas, inserindo-se em processos de criação e incremento técnico constante como base
de seus planos, metas e estratégias (VALOR, 2015). A pesquisa da Strategy& engloba a
criação de valor por meio de novos produtos, processos, modelos de negócios e serviços.
Para participar do ranking foram selecionadas empresas com faturamento superior a
R$750 milhões de reais, que responderam o survey estabelecido pela consultoria. Esta etapa
da avaliação teve peso de 70% da nota atribuída a organização. O restante da nota (30%) foi
estabelecido com base em informações de avaliação do mercado. Os critérios do ranking da
Strategy& incluíram: intenção de inovar, esforço para inovar, resultados obtidos e avaliação
do mercado. Finalmente, a análise de setores foi fundamental para definir o peso das empresas
que entraram no ranking, pois os segmentos têm medias distintas do investimento em
inovação em todo o mundo.
Assim, nesta pesquisa, a amostra final totalizou 19 empresas, conforme a Tabela 1.
Ranking
No. Empresa Setor (Economática) Setor (Strategy&)
Strategy&
1 Whirlpool Eletroeletrônicos Bens de consumo 1
2 Natura Comércio Bens de consumo 3
3 Braskem Química Indústria 4
4 WEG Máquinas industriais Bens de capital 7
5 Fleury Outros Serviços gerais 16
6 Vale Mineração Indústria 17
7 Telefônica Vivo Telecomunicações TI&telecom 28
8 Fibria Papel e celulose Indústria 31
9 Light Energia elétrica Indústria 38
10 Energisa Energia elétrica Indústria 39
11 AES Energia elétrica Indústria 41
12 Estácio Outros Serviços gerais 45
13 Oi Telecomunicações TI&telecom 66
14 CPFL Energia Energia elétrica Indústria 67
15 Neoenergia Energia elétrica Indústria 88
16 CEMIG Energia elétrica Indústria 89
17 COPEL Energia elétrica Indústria 94
18 Duratex Outros Indústria 96
19 Magazine Luiza Comércio Comércio 99
Total 19 empresas
Tabela 1 – Empresas que compõe a amostra da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
3.2 Coleta de Dados e Variáveis da Pesquisa
Para a coleta da variável independente inovação, foram verificados os relatórios de
sustentabilidade dos anos de 2012, 2013 e 2014 de todas as companhias pertencentes à
amostra. As variáveis dependentes de desempenho econômico-financeiro foram obtidas por
meio das informações disponibilizadas no banco de dados Economática®.
Para a operacionalização das variáveis de inovação, foram utilizadas algumas
variáveis identificadas na literatura, conforme abordado na fundamentação teórica do estudo,
sendo estas: número de patentes (PAT), lançamento de produtos novos (PN), investimento em
pesquisa e desenvolvimento (PD), unidades de pesquisa (UP) da empresa no país, número de
funcionários (FP) em pesquisa e desenvolvimento e parcerias (PAR) com outras instituições.
9
Para a análise das variáveis econômicas utilizou-se a receita total (RT) e o Lucro operacional
antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA). Adicionalmente foi utilizado
o ranking de inovação (RI) da Strategy& como forma de demonstrar o parâmetro de inovação
das empresas componentes da amostra e o setor da indústria (SET) como variável qualitativa
categórica. Delinearam-se assim as seguintes métricas para as variáveis independentes e
dependente deste estudo (Quadro 3):
sustentabilidade
INOVAÇÃO
pesquisa e desenvolvimento.
de reais) (GRI),
Número de laboratórios e relatórios de
UP Unidades de pesquisa no país instalações dedicados a P&D administração,
de produtos. revista Valor
Número de funcionários Especial.
FP Funcionários em P&D engajados em atividades de
pesquisa e desenvolvimento.
Parcerias com outras
PAR Parcerias
instituições.
RI Ranking de inovação Ranking de inovação
Ranking
Dummy SET Setor (categórico) Setor industrial Strategy&
Quadro 3 - Variáveis da Pesquisa
Fonte: Elaborado pelos autores.
As variáveis de desempenho foram testadas na literatura relacionada a inovação,
conforme os estudos de Motohashi (1998); Gopalakrishnan, (2000); Li e Atuaheme-Gima
(2001); Walker et al., (2002); Kemp et al. (2003) e Teh et al. (2008). Já as variáveis de
inovação com base nos estudos desenvolvidos por Chaney et al. (1991); Koschatzky (1999);
Tidd (2001); Hinloopen (2003) e Teh et al. (2008). Os procedimentos adotados para a análise
dos dados são apresentados a seguir.
3.3 Técnica de Análise dos Dados
Para a verificação do objetivo proposto inicialmente, foi utilizado o modelo
econométrico de regressões, conforme a Equação seguinte:
yit = xi´itβ + z´i α + εit
Onde ― i‖ denota o indivíduo, ―
t‖ o tempo; x‘it é a matriz de variáveis explicativas que
variam no tempo e entre as unidades de cross-section; z‘i α capta a heterogeneidade ou efeito
individual, porque se relaciona somente com cada unidade de cross-section; e εit é o termo de
erro aleatório relacionado a cada unidade do painel (FAVERO et al., 2009).
10
Cabe destacar que foram realizados dois conjuntos de regressões em painel, com o
objetivo de avaliar a relação nas companhias nas quais ocorreu inovação e o desempenho
econômico-financeiro. Foram testados os modelos de regressão com a receita total (RT) e
com a variável de lucro operacional (EBTIDA), ambas como variável dependente. No
entanto, somente serão apresentados os resultados com a variável RT, devido a que o modelo
de regressão com a variável EBTIDA não apresentou significância estatística.
4 Análise dos resultados
Neste tópico apresenta-se inicialmente a estatística descritiva dos dados (Tabela 2),
seguida da regressão linear para verificar a existência ou não de relação positiva entre os
diversos grupos de variáveis (Tabela 3). Desse modo, buscou-se verificar a existência de
relação entre a inovação com o desempenho econômico-financeiro das empresas analisadas,
conforme o objetivo e a hipótese estabelecida para esta pesquisa.
são utilizados para os casos em que diversas observações são monitoradas ao longo de vários
períodos de tempo, denominados de cross-sections across time.
Foram realizados dois conjuntos de regressões em painel, resultando de significância
estatística unicamente com a utilização da variável dependente de desempenho ― receita total‖
(RT) em comparação com os indicadores de inovação. Os dados demonstrados a seguir
correspondem aos procedimentos utilizados com esta única variável dependente.
A análise de regressão foi conduzida para determinar o efeito das variáveis
independentes de inovação: número de patentes (PAT), número de produtos novos (PN),
despesas em pesquisa & desenvolvimento (PD), unidades de pesquisa (UP), funcionários
dedicados a atividades de pesquisa (FP), parcerias (PAR), ranking de inovação (RI) e setor
(SET) sobre a variável dependente Receita Total (RT).
Fávero et al. (2009) destacam que há três abordagens na análise de dados em painel:
efeitos fixos, efeitos aleatórios e pooled independent cross-sections ou (POLS – pooled
ordinary least squares). Assim, em um primeiro momento, utilizou-se do modelo de análise
de dados de regressão de efeitos fixos (fixed-effects) e o modelo de efeitos aleatórios
(rondom-effects), para verificar qual o modelo seria o mais adequado ao estudo.
Fávero et al. (2009) apontam para a necessidade de testes para determinar o modelo de
regressão mais adequado ao estudo. O teste de LM de Breusch-Pagan foi aplicado obtendo-se
um resultado de χ2 de 47.81 p(χ2)=0.0000, sendo necessária a aplicação do teste confirmatório
de Hausman, que apresentou em um resultado de χ2 de 2.62 com uma p(χ2)=0.4546 (>0.05), o
que resultou favorável para utilização do modelo de efeitos aleatórios.
A Tabela 3 demonstra os resultados da análise de dados em painel das variáveis
estudadas.
Modelo*
Variáveis
Coeficiente T P>(t)
Constante -1.66e+07 -1.68 0.092
PAT 38179.45 1.62 0.106
PN -24980.45 -1.37 0.170
PD 53.03156 3.53 0.000
PAR 105341.7 6.69 0.000
RI 136579.2 1.56 0.119
SET 4919456 2.28 0.022
Observações 57
Grupos 19
Wald chi2 (6) 60.91
Prob > Chi2 0,0000
R2 0.2363
2
R Ajustado 0.7647
* Intervalo de confiança ao nível de 95%
**UP / FP foram excluídas da análise por apresentar baixa significância estatística no modelo.
Tabela 3 – Análise de dados em Painel com Efeitos Aleatórios
Fonte: dados da pesquisa.
No que tange à variável investimento em pesquisa e desenvolvimento (PD), verificou-
se que ela influência significativamente (t=3.53 > 1.96) a variável dependente desempenho,
representada pela Receita Total (RT), o que confirma-se com o p value de 0.000 (< 0.05)
encontrado para esta relação. Estes resultados revelam que quanto maior são os investimentos
em P&D realizados pelas empresas que compõe a mostra investigada na pesquisa, maior
tendem a ser o seu desempenho.
12
VOLBERDA et al., 2014; OECD, 2015), sendo considerado de difícil mensuração e validação
empírica, pois tende-se a subestimar a inovação (DOWNS; MOHR, 1976; TIDD, 200). Da
mesma forma, os achados encontrados na literatura sugerem resultados divergentes, o que
estimula a realização de novos estudos (BRITO et al., 2009; FORSMAN; TEMEL, 2011).
Neste caso, os resultados encontrados podem ser considerados importantes evidências
para o contexto brasileiro, uma vez que se permitem avaliar os efeitos da inovação sobre o
desempenho em importantes companhias listadas no ranking 2015 das cem empresas mais
inovadoras do país.
Por meio da evidenciação dos percentuais de participação dos recursos investidos em
pesquisa e desenvolvimento frente às variáveis de desempenho (receita total e EBTDA)
investigadas na pesquisa, percebeu-se que os valores investidos pelas empresas analisadas
variaram para mais e para menos entre os anos analisados, não tendo sido possível verificar
nenhuma tendência que ateste, na grande maioria dos casos, um crescimento ou diminuição
especialmente relevante nessas áreas ou em algum setor.
Observou-se que os investimentos inovativos ainda podem ser considerados pequenos
em proporção a receita total ou ao lucro, se comparados com investimentos mundiais do
mesmo tipo (VALOR, 2015). A partir dos resultados em painel encontrados nesta pesquisa,
pode-se observar uma tendência que atesta a relação positiva entre algumas das variáveis
pesquisadas das empresas que publicam seus investimentos nos relatórios anuais de
sustentabilidade, seguindo as diretrizes do GRI ou nos relatórios de administração publicados
nos sites institucionais.
Neste contexto, uma contribuição desta pesquisa foi a implementação de um modelo
de inovação mais robusto (BRITO et al., 2009), que considera além da variável investimentos
em pesquisa e desenvolvimento, outros fatores como os recursos humanos envolvidos em
inovação, número de produtos novos lançados pelas empresas no ano, parcerias com outras
instituições, instalações dedicadas a P&D, dentre outras variáveis investigadas na pesquisa, as
quais fornecem evidências que confirmam o processo de inovação como atividade corriqueira
constante nas empresas pesquisadas (mesmo que de maneira diferente entre essas
organizações), o que indica que elas estão comprometidas com a inovação
(GOPALAKRISHNAN, 2000).
Uma limitação identificada nesta pesquisa refere-se à escassez de informação nos
relatórios de sustentabilidade de empresas ditas como as mais ― inovadoras‖ do país, pelo
menos. Verificou-se na leitura dos relatórios analisados que estas empresas tendem a salientar
seu comprometimento com a inovação, mas não divulgam dados quantitativos sobre o fato,
assunto esse que pode comprometer a seriedade dos demais dados publicados no relatório,
como dados sociais e ambientais. Outro problema identificado nos relatórios analisados
refere-se a falta de uniformidade nas informações apresentadas de um período para outro.
Assim sendo, entende-se que a divulgação de tais informações precisa ser qualificada
entre as companhias listadas no ranking 2015 das cem empresas mais inovadoras do país, para
que se possa avaliar adequadamente os efeitos dos investimentos realizados por estas
empresas sobre os seus indicadores de desempenho econômico-financeiros. A este respeito,
destaca-se que a presente pesquisa permitiu a revisão minuciosa de mais de 300 relatórios de
sustentabilidade, permitindo a constatação de tais afirmativas. A falta de sequencialidade e a
incompletude de dados publicados por algumas empresas compromete a realização de novos
estudos. Neste caso, tais condições reduziram a amostra investigada na pesquisa.
Como recomendação para futuras pesquisas, sugere-se que seja ampliada a amostra
analisada, considerando-se outros indicadores de inovação, econômicos e financeiros num
14
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Inovação, Intensidade Tecnológica e Desempenho de Setores Industriais
Resumo:
O objetivo deste artigo foi verificar a relação entre o investimento em inovação, o
desempenho das indústrias e a intensidade tecnológica do setor. Para tal fim, esta pesquisa
descritiva e de abordagem quantitativa utilizou–se de dados secundários provindos da quinta
edição da Pesquisa de Inovação Tecnológica, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2014) que consolida dados de 45.950 empresas industriais brasileiras.
Foram selecionadas vinte categorias industriais divididas em subsetores por intensidade
tecnológica: baixa, média-baixa, média-alta e alta, conforme a classificação da OCDE (2005).
Para a consecução do objetivo proposto, foi utilizada a técnica de regressão linear,
constatando-se uma inter-relação positiva, mediada pelo nível de intensidade tecnológica,
entre o investimento em inovação representado pelos dispêndios em P&D, investimento em
maquinário, equipamentos e gastos em introdução de projetos de inovação; com a
performance, representada pela receita líquida de vendas, com um poder explicativo
estatisticamente significativo.
Palavras-chave: Inovação, Intensidade Tecnológica, Pesquisa PINTEC.
1 INTRODUÇÃO
A discussão sobre o efeito da competição na sobrevivência das organizações teve
origem nas teorias econômicas clássica e neoclássica, a partir dos trabalhos de Adam Smith.
Em 1937, Ronald Coase publicou o artigo ― The Nature of the firm‖, no qual ampliava a
análise, sugerindo que às vezes, o custo de gerenciar transações econômicas por meio dos
mercados pode ser maior que o custo de fazê-lo dentro da organização, colocando os custos
de transação no centro da questão. Posteriormente, na década de 1970, uma releitura do
trabalho de Coase e o desenvolvimento de um modelo completo de custos do mercado para
gerenciar transações econômicas dava origem à teoria de Custos de Transação
(WILLIAMSON, 1976; CLEGG; HARDY; NORD, 2004).
Em paralelo, a publicação do trabalho de Alchian e Demsetz (1972), no qual se
enfatizava que o problema da supervisão do trabalho das equipes de produção pode ser
superado mediante a entrega de direitos de propriedade residuais ao agente ou gestor, deu
inicio à discussão do que hoje se denomina custos da agência. Assim, a Teoria de Custos de
Transação e a Teoria da Agência são conhecidas como teorias clássicas de economia das
organizações, no entanto, elas não conseguem explicar por que umas empresas superam às
outras (CLEGG; HARDY; NORD, 2004).
Para abordar essa questão, a visão baseada em Recursos (RBV) apresenta-se uma
alternativa teórica pertinente, pois tem como unidade de análise os recursos e capacidades
controlados pela firma que a capacitam para implementar estratégias, que podem afetar
positivamente os resultados do processo de inovação e a capacidade da firma para inovar
Estes recursos podem ser financeiros, físicos - como máquinas e fábricas - recursos humanos
e organizacionais. (BARNEY, 1991; KOSTOPOULOS; SPANOS; PRASTACOS,
2002;CLEGG; HARDY; NORD, 2004). A Visão baseada no Conhecimento é uma extensão
da RBV e enfatiza que o conhecimento fornece de uma vantagem competitiva estratégica
promovendo um desempenho superior (KOGUT; ZANDER, 1992).
Nessa linha de pensamento, a inovação resulta central para o crescimento do produto e
da produtividade das empresas (OECD, 2005). A Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OECD) cunhou a expressão ― economia baseada em
conhecimento‖ para descrever as tendências em economias desenvolvidas no sentido de maior
dependência do conhecimento, informação, altos níveis de especialização, tecnologia e
crescente necessidade de acesso a esses fatores. A inovação é um processo dinâmico, no qual
a mudança na técnica e na organização da produção são resultados de novos métodos de
produção ou de novas formas de lidar com aqueles já existentes (TUNZELMANN, 1995).
A intensidade tecnológica refere-se ao grau de sofisticação e customização do
processo produtivo. Baixa intensidade tecnológica pode ser caracterizada por um grau
limitado do uso da tecnologia, quanto que alta intensidade tecnológica pode se diferenciar
pela customização em resposta ao mercado consumidor. Uma implicação da intensidade
tecnológica resulta no grau de conhecimento com que as organizações devem produzir, o que
é reflexo da especialização do processo de produção (THOMPSON, 1967).
A OCDE, através do Science, Technology and Industry Working Papers 1997/2,
(OCDE, 2005) padronizou e classificou as atividades econômicas industriais com o intuito de
prover uma ferramenta simples e consistente para comparações internacionais, categorizando
as atividades em quatro tipos: o primeiro, de alta intensidade tecnológica, incluindo os setores
aeroespacial, farmacêutico, de informática, de eletrônica e telecomunicações, de instrumentos;
o segundo, de média-alta intensidade tecnológica onde se incluem os setores de materiais
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Visão Baseada em Recursos (RBV)
Enquanto as teorias clássicas que tratam da economia das organizações: Teoria dos
Custos de Transação (WILLIAMSON, 1976) e Teoria da Agência (ALCHIAN; DEMSETZ,
1972), explicam por que as firmas existem, elas não podem ser usadas para explicar as razões
pelas quais determinadas empresas superam outras (CLEGG; HARDY; NORD, 2004).
Quando empresas num ambiente de competição escolhem enfoques similares para solucionar
problemas de agência e relativos aos custos de transacionar com o mercado, estes podem não
ser fontes de vantagem competitiva ou desempenho superior. Estas questões não seriam
propriamente problemáticas se o desempenho das organizações fosse similar.
O estudo sobre a heterogeneidade no desempenho das firmas se desenvolveu a partir
de duas explicações básicas (CLEGG; HARDY; NORD, 2004). A primeira explicação
desenvolveu-se a partir dos trabalhos de Mason (1959) e Bain (1956), que focam a estrutura
do ramo em que uma firma atua, também conhecido como paradigma SCP – Estrutura,
Conduta e Desempenho. Para esses autores, a explicação para a heterogeneidade do
desempenho das firmas residiria na estrutura do ramo incluindo a concentração, o nível de
4
diferenciação dos produtos e as barreiras à entrada. Sob esta ótica, a concentração do ramo
pode produzir economias de escala, pois há uma relação próxima entre os custos e o volume
de produção (BAIN, 1956; MASON, 1959).
A segunda proposição apoia-se na teoria econômica, mais notadamente da Teoria da
Firma (PENROSE, 1959), que argumenta que é a heterogeneidade e não a homogeneidade
dos recursos que empregam às firmas o seu caráter único. Desta forma, as noções de
heterogeneidade dos recursos são à base da RBV ou Visão Baseada em Recursos, cujo artigo
seminal de Wernerfelt (1984) sugeriu que a avaliação das firmas em termos dos seus recursos
poderia gerar suposições que diferem das perspectivas tradicionais.
A RBV considera como unidade fundamental de análise os recursos e capacidades
controlados pela firma, e que estes recursos e capacidades podem variar significativamente
entre firmas, diferindo dos pressupostos neoclássicos onde as firmas num ramo de atividade
são consideradas essencialmente idênticas (TEECE, 1982; RUMMELT; SCHENDEL;
WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1986, TEECE, 1991).
Barney (1991) aponta que o desempenho superior de uma firma deve resultar dos seus
recursos e capacidades: que sejam valiosos para neutralizar as ameaças, raros entre seus
concorrentes, difíceis de imitar e sem substitutos estratégicos próximos. A lógica do modelo
da Dependência de Recursos reforça a ideia de que as firmas devem olhar para dentro,
descobrir seu próprio valor, suas singularidades, tornando mais difícil a imitação de seus
recursos e capacidades.
Kostpoulos et al. (2002) indicam que uma das questões de pesquisa mais importantes
na literatura organizacional foca-se na relação entre inovação e as características estruturais
das firmas -formalização, centralização, especialização- e o ambiente industrial. Dosi (1988)
acrescenta que sob uma ótica comportamentalista, alguns estudos têm relacionado a
performance, não somente em termos de estrutura organizacional, mas também em termos de
recursos e capacidades. Na figura seguinte, os recursos que determinam a capacidade de
inovação da firma.
Recursos Financeiros:
Fundos Externos e Internos
Recursos Intangíveis:
humanos e conhecimento
efeitos positivos da gestão direcionada a inovação, mesma que fornece vantagem competitiva
de longo prazo (VOLVERDA et al., 2014).
Nos setores de alta tecnologia, a pesquisa e desenvolvimento desempenha um papel
central nas atividades de inovação, enquanto outros setores adaptam conhecimento e
tecnologia existente. No setor serviços, a inovação dá-se através de um processo contínuo,
com modificações progressivas em produtos e processos.
Em setores de baixa intensidade tecnológica, as atividades de inovação se orientam a
melhorar a eficiência dos processos de produção, diferenciação de produtos, melhora na
comercialização, que frequentemente implicam a integração com produtos de alta tecnologia
(OECD, 2005).
Empresas inovadoras possuem altos padrões de produtividade tendendo a crescer mais
rápido do que empresas não inovadoras. Em um contexto de exportações, Rodil e Vence
(2008) apontam que a vantagem competitiva da empresa e conseguinte performance superior
seriam resultado do diferencial das habilidades específicas e dos recursos competitivos.
2.3 Classificação por intensidade tecnológica
A intensidade tecnológica pode ser apontada como consequência da utilização das
tecnologias inovativas, as quais são geradas no interior das empresas, entendendo a tecnologia
como fator chave para o crescimento e a competitividade dos negócios. Empresas que são
intensivas em tecnologia inovam mais, conquistam novos mercados e utilizam os recursos
disponíveis de uma forma mais produtiva, geralmente oferecendo melhor remuneração para
quem nelas atuam (HATZICHRONOGLOU, 1997).
Palda (1986) assevera que a intensidade tecnológica ou o grau em que o esforço de
pesquisa científica contribui para aumentar a produtividade pode, em consequência, alavancar
o desempenho. Suarez-Porto e Guisado-González (2014) argumentam que as empresas que
possuem maior intensidade tecnológica, apresentam grande capacidade para o aprendizado e
para a inovação, tornando-se dessa forma, mais competitivas e com melhores resultados.
Segundo Felsenstein e Bar-El (1988), a intensidade tecnológica possui três dimensões,
duas dessas referidas aos inputs da indústria, como trabalho e capital e uma delas referidas ao
output da indústria: o produto. A intensidade tecnológica do fator produção mão de obra é
relativa à quantidade de experiência e ao nível de habilidade presente na força de trabalho na
indústria e a intensidade tecnológica do fator produção ou capital, refere-se à qualidade do
capital investido na indústria. Assim, indústrias de alta intensidade tecnológica são aquelas
que se expandem de uma forma mais robusta no mercado internacional e o seu dinamismo
tende a impactar na performance da indústria (spillover).
Com o objetivo de analisar o impacto da tecnologia na performance da indústria, é
importante a identificação destas indústrias e produtos que são mais intensivos em tecnologia
através da utilização de um critério que permita a construção de uma classificação harmônica
e que possa ser utilizada internacionalmente (HATZICHRONOGLOU, 1997). Uma
classificação apresenta a vantagem de proporcionar uma ferramenta simples e consistente para
facilitar comparações internacionais, porém possui suas limitações, normalmente devido à
falta de informações setoriais de uma forma desagregada.
De acordo com a OCDE (2005), a construção de indicadores iniciou ainda na década
de 70, mas a classificação final adotada pela OCDE foi refinada entre os anos 80 e 90 e estão
distribuídas em quatro grupos industriais: alta, média-alta, média baixa e baixa tecnologia. No
grupo de alta intensidade tecnológica estão atividades voltadas em grande parte para a
produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis (exceto o refino de petróleo),
7
IT Setor de Atuação ∑ %
Fabricação de produtos alimentícios 4.030 48%
Fabricação de bebidas 235 3%
Fabricação de produtos do fumo 16 0%
Baixa Intensidade Fabricação de produtos têxteis 847 10%
Tecnológica Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e
calçados 1.331 16%
Fabricação de produtos de madeira 1140 14%
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 739 9%
Subtotal 8.338 36%
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de
biocombustíveis 96 1%
Média-Baixa Fabricação de artigos de borracha e plástico 1.957 24%
Intensidade Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 2.334 29%
Tecnológica Metalurgia 587 7%
Fabricação de produtos de metal 3.031 38%
Subtotal 8.004 34%
Fabricação de produtos químicos 1.879 32%
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 785 14%
Média-Alta Fabricação de máquinas e equipamentos 2.212 38%
Intensidade Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 604 10%
Tecnológica Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários 0 0%
Fabricação de outros equipamentos de transporte 316 5%
Subtotal 5.795 25%
Fabricação de produtos farmo-químicos e farmacêuticos 211 16%
Alta Intensidade Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 838 63%
Tecnológica Fabricação de instrumentos e materiais para uso médico e odontológico e de
artigos ópticos 276 21%
Subtotal 1.325 6%
Toral Geral 23.462 100%
Tabela 1: Número de empresas selecionadas, por estrato.
Fonte: IBGE (2014)
intensidade tecnológica alta. Foram excluídos os setores de eletricidade, gás e serviços, pelas
características singulares dessas atividades.
3.3 Variáveis da Pesquisa
Para operacionalização das variáveis de investimento em inovação foram utilizadas
variáveis conferidas na literatura explicada em tópicos anteriores: dispêndios totais
(DISPTOT), dispêndios em pesquisa e desenvolvimento (DISPPD), dispêndios em
maquinário (DISPMAQ), dispêndios em introdução de projetos (DISINTROD). Para análise
da variável de desempenho utilizou-se a receita líquida de vendas (RLV). Adicionalmente foi
utilizada a classificação da OCDE que ranqueia os setores por intensidade tecnológica
(INTENSIDADE), como variável mediadora, como pode se observar no quadro a seguir.
Investimentos
Dispêndios em aquisição de maquinário e
em inovação DISPMAQ Numérica
equipamentos (reais).
Dispêndios das empresas envolvidas em introdução
DISINTROD Numérica
de projetos de inovação tecnológica.
Nível de intensidade tecnológica- classificação de
Intensidade
INTENSIDADE Numérica acordo com a (OECD 2005), com quatro categorias:
tecnológica
alta, média-alta, média- baixa e baixa.
Quadro 3: Variáveis da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelos autores.
5. CONCLUSÕES
Neste trabalho foi avaliada a relação dos indicadores de inovação: dispêndios com
atividades de inovação, dispêndios com atividades internas de P&D e dispêndios em aquisição
de maquinário dos diversos setores industriais, com o desempenho econômico representado
pela receita líquida de vendas e o nível de intensidade tecnológica, mesma que foi
confirmada.
13
6. REFERÊNCIAS
ABRAHAMSON, E. Managerial fads and fashions: The diffusion and rejection of
innovations. Academy of Management Review, v. 16 n.3, p. 586–612. 1991.
ALCHIAN, A. A.; DEMSETZ, Harold. Production, Information Costs, and Economic
Organization. The American Economic Review. Vol. 66, nº 5, Dec., 1972.
AVLONITIS, G. J.; KOUREMENOS, A.; TZOKAS, N. Assessing the Innovativeness of
Organizations and its Antecedents. European Journal of Marketing, v. 28, n. 11, 1994.
14
Abstract
Entrepreneurship is found more frequently in academic circles, where a range of innovative
ideas arise resulting from the relation between students and teachers. In order to assist in the
management support and encouragement of innovation, Unochapecó constituted in November
2013, the Innovation Network, an environment designed to foster the articulation of the agents
of the productive sector with each other. Among the members of this network, we have the
Office of Business and Entrepreneurship - ENE, which aims, among others, support new
enterprises created at the University. So, in this brief study, we intend to study the case of the
Business and Entrepreneurship Office in order to see how this space model can benefit both
the academic community and society in general. As results so far, it was found, based on
current projects in the ENE, the academic environment is propitious to boost the
entrepreneurship and generate impacts on regional economic development. For elaboration of
this article, the methodology to be used, in addition to the case study, is analytical and
1
Mestre em Economia com ênfase em finanças pela Universidade Federal de Santa Catarina. Vice-reitor de
Planejamento e Desenvolvimento da Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó. E-mail:
mpr@unochapeco.edu.br.
2
Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Professor da Universidade
Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó. E-mail: ademar.tibola@unochapeco.edu.br.
3
Especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó. E-mail:
marianeb@unochapeco.edu.br.
4
Mestranda em Tecnologia e Gestão da Inovação pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
Unochapecó. E-mail: liziane-cc@unochapeco.edu.br.
5
Mestrando em Direito pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó. Analista de projetos
do Núcleo de Inovação e Transferência Tecnológica da Universidade Comunitária da Região de Chapecó –
Unochapecó. E-mail: rafa_hoss@unochapeco.edu.br.
exploratory nature, based on the consultation of secondary sources such as bibliographic texts
and scientific articles.
Key-words: Entrepreneurship, academic, university, model.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
Etzkowitz (2004) e Etzkowitz e Klofsten (2005), explicam que para que haja um
arranjo organizacional mais evoluído, é necessária a interação entre os três principais
participantes do Sistema de Inovação, sendo este o evento chave para a criação de uma
"universidade empreendedora" e capaz de promover condições favoráveis em prol de uma
sociedade baseada no conhecimento.
Sobre o aspecto da cooperação entre universidade, governo e empresa, esta pode ser
refletida como algo mutuamente enriquecedor, a qual pode cooperar para que cada ator,
dentro da sua realidade, adiante-se na busca pela excelência. Desta forma, a cooperação é um
tipo de interação complexa e ativa para os envolvidos, pois pode-se perceber que tanto
empresas como universidades buscam benefícios na parceria para promoção do
desenvolvimento (IPIRANGA; FREITAS e PAIVA, 2010).
As relações entre Universidade-Empresa e Universidade-Governo-Empresa têm
intensificado discussões nos últimos tempos. A Universidade está no centro dessa discussão,
eis que nos últimos anos o papel de ensino, pesquisa e desenvolvimento da Universidade vem
se alterando de mera formadora de recursos humanos e facilitadora da transferência de
tecnologia para incentivadora do desenvolvimento econômico e social (ETZKOWITZ, 2002).
Cada vez mais cresce a cobrança por uma aproximação da universidade com a
sociedade, incluindo principalmente seu setor produtivo pelas empresas que visam lucro.
Segundo Goergen (2010) existe uma pressão por parte dos estudantes e da sociedade em geral
para que seja adotado um novo modelo de universidade, com uma aproximação da academia
para com a sociedade e que seja conectada aos problemas humanos, de forma a contribuir
para a diminuição da pobreza, violência, degradação ambiental, além de outros problemas
sociais.
Para fomentar o crescimento econômico por meio do empreendedorismo, em especial
criação de empresas de base tecnológica, as universidades devem criar um ambiente propício
com base em uma cultura inovadora e programas de apoio acessíveis e consistentes.
3 METODOLOGIA
4 ESTUDO DE CASO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REIS, Dálcio Roberto dos. Gestão da Inovação Tecnológica. 2ª ed. Barueri, SP: Manole,
2008.
SBRAGIA, R. (Coord.) Inovação. Como vencer esse desafio empresarial. São Paulo: Clio
Editora, 2006.
Jurema Tomelin
Doutoranda em Ciências Contábeis e Administração - FURB
Universidade Regional de Blumenau – Furb-SC
jurema.tomelin@gmail.commailto:gorlacontabil@yahoo.com.br
RESUMO
A vantagem competitiva procura explicar o desempenho superior das empresas e representa o
objetivo fundamental da gestão estratégica. Por outro lado, os parques de inovação
tecnológica atuam no sentido de gerenciar o fluxo de informações, facilitando a comunicação
entre diversos atores, proporcionando inovação e contribuindo para a criação de vantagem
competitiva. Esta pesquisa objetiva verificar quais são os determinantes da vantagem
competitiva em empresas catarinenses. A pesquisa foi exploratória e analisou 11 empresas
instaladas no INOVAPARQ na cidade de Joinville, SC. Os resultados demonstraram que o
grupo de fatores vinculados ao sistema de gestão foram os determinantes mais importantes
para a vantagem competitiva com média de 71%. Outros grupos tiveram uma importância
menor: o dinamismo da empresa e mercado obtiveram em média 50% de importância e os
fatores vinculados ao controle de custo das empresas e disponibilidade de mão de obra
obtiveram médias de importância de aproximadamente 36% e 43%, respectivamente. Em
relação a vantagem de ser participante de um parque tecnológico, os respondentes consideram
que os aspectos positivos desta inserção foram avaliados em média com 54% de importância.
Percebeu-se ainda com a Entropia que os gestores das empresas pesquisadas possuem uma
maior concordância sobre a importância dos sistemas de gestão utilizados para permitir
vantagem de aumento das vendas (0,9960), e também com relação a melhoria de comunicação
externa (0,9943) e interna (0,9938). Estes resultados revelam que os sistemas de gestão são
percebidos pelas empresas instaladas no INOVAPARQ como instrumentos que contribuem
para a criação de vantagem competitiva.
ABSTRACT
Competitive advantage seeks to explain the superior performance of companies and represents
the fundamental aim of strategic management. On the other hand, technological innovation
parks act to manage the flow of information, facilitating communication between different
actors, providing innovation and contributing to the creation of competitive advantage. This
research aims to verify what are the determinants of competitive advantage in Santa Catarina
companies. The research was exploratory and analyzed 11 companies located in
INOVAPARQ in Joinville, SC. The results showed that the group of factors linked to the
management system were the most important determinants of competitive advantage with an
average of 71%. Other groups had a minor: the dynamism of the company and market
obtained on average 50% of importance and the factors related to cost control of enterprises
and labor availability obtained average value of approximately 36% and 43%, respectively.
Regarding the advantage of being a participant in a technology park, the respondents consider
that the positive aspects of integration were evaluated on average with 54% of importance. It
is also realized with the Entropy that managers of the companies surveyed have a greater
agreement on the importance of management systems in place to allow advantage of increased
sales (0.9960), and also with respect to improvement of external communication (0, 9943) and
internal (0.9938). These results reveal that the management systems are perceived by
companies established in INOVAPARQ as instruments contributing to the creation of
competitive advantage.
1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre estratégia têm se desdobrado na questão da vantagem competitiva, a
qual também está presente nos estudos sobre decisões empresariais. Porter (1989) já definia o
termo vantagem competitiva pela criação de valor para a organização por meio de estratégias
bem elaboradas que permitam elevado desempenho perante o mercado e aos concorrentes.
Contudo, existe dificuldade para o consenso sobre a definição e delimitação da
vantagem competitiva. Rumelt (2003) indica que o conceito tem convergido para a criação de
valor. De acordo com Powell, Lovallo e Fox (2011), a vantagem competitiva é tida como a
principal hipótese para explicar o desempenho superior das empresas, e, assim, passa a
representar o objetivo fundamental da gestão estratégica. Complementarmente, Ito, Hayashi,
Gimenez e Fensterseifer (2012) afirmam que a criação de vantagem competitiva está
fortemente ligada à capacidade que as empresas têm de gerir seus recursos internos e
externos, a fim de melhor seu posicionamento perante os concorrentes e criarem valor para
seus compradores.
Ao longo da evolução dos estudos sobre vantagem competitiva, atribuiu-se uma
distinção entre a Vantagem Competitiva (VC) e Vantagem Competitiva Sustentável (VCS),
sendo que, conforme Wernerfelt (1995), Barney (1991) e Barney e Arikan (2001), a VCS
tende a resistir às tentativas de duplicação. Barney (1991, p. 102) já salientava que a firma
possuiria uma vantagem competitiva sustentável caso adotasse uma estratégia que não fosse,
simultaneamente, implementada por todos os concorrentes atuais ou potenciais e quando essas
outras empresas não fossem capazes de duplicar os benefícios de tal estratégia.
Recentemente, estudos sobre os determinantes da vantagem competitiva sustentável
têm buscado confirmar a relação entre essas variáveis e a VCS. Brito e Berardi (2010)
estudaram se as estratégias socioambientais aplicadas à gestão da cadeia de suprimentos se
configuram em uma fonte de vantagem competitiva. Por sua vez, Silva e Dacorso (2013)
averiguaram se a existência de inovação aberta pode trazer vantagens duradouras de inovação
e gerar vantagem competitiva.
Neste âmbito, há de se considerar também a importância dos parques de inovação
tecnológica que são reconhecidamente, indutores da inovação e de conhecimento. Tal modelo
indutor de inovação e conhecimento às organizações, surgiu nos EUA na década de 1950, e
seu objetivo principal é a interação entre a universidade e iniciativa privada (Cooper, 1971).
Portanto, os parques tecnológicos atuam no sentido de gerenciar o fluxo de informações,
facilitando a comunicação entre os diversos atores e ainda proporcionando uma cultura de
inovação e criatividade, facilitando desta forma, o surgimento de novas empresas (IASP,
2013).
Além disto, o agrupamento de empresas ou clusters, são considerados os mais
eficientes caminhos para o crescimento da competitividade, devido à sinergia e os efeitos
destas interações sobre os seus agentes, reduzindo custos e possibilitando decisões
cooperadas, além da habilidade de implementar inovações produtivas (Kanishchenko,
Kuznetsova & Ustimenko, 2013).
Neste contexto, esta proposta de pesquisa busca contribuir com a investigação dos
determinantes da VCS em empresas de base tecnológica que participam de um parque de
inovação no Estado de Santa Catarina, observando entre as suas variáveis determinantes, os
efeitos dos sistemas de gestão e de controle de custos.
As empresas, em um total de doze, foram constituídas entre os anos 2009 e 2014.
Destas, sete empresas atuam na plataforma tecnológica de Tecnologia da Informação e
Comunicação, quatro na área de Tecnologia em Meio Ambiente e outra na área de gestão da
inovação. Estes empreendimentos estão localizados junto ao INOVAPARQ - parque
tecnológico na cidade de Joinville, SC que tem como objetivo criar um ambiente de
aproximação entre universidades, empresas e governos, de modo a promover a inovação e o
desenvolvimento regional sustentável.
O trabalho tem seu valor na medida em que é imperativo para as empresas criarem e
adquirirem capacidades que ajudem a gerar uma vantagem competitiva sustentável sobre seus
rivais de forma contínua e há uma lacuna nos estudos nacionais quanto a testes empíricos que
investiguem determinantes da VCS. Especificamente na área contábil, a análise dos efeitos
dos sistemas de gestão e de controle de custos sobre a criação de VCS pode contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa em controle gerencial, observando-se seus efeitos sobre a gestão
estratégica das organizações, contribuindo para a sua diferenciação competitiva.
Diante do exposto, definiu-se como problema da pesquisa a seguinte questão: Quais
são os determinantes da vantagem competitiva sustentável que atuam sobre empresas
integrantes de um Parque Tecnológico em SC? Para isso buscar-se-á atingir o objetivo de
verificar quais são os determinantes da vantagem competitiva sustentável que atuam sobre
empresas integrantes de um Parque Tecnológico em SC.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A fim de dar respaldo teórico a pesquisa que aborda multicascos, faz-se necessário
discorrer sobre os recursos organizacionais e sua importância no alcance da vantagem
competitiva. Ainda nesta seção também se apresenta o papel dos agentes empreendedores
diante da sobrevivência e competitividade. Por fim, na terceira parte deste referencial são
trazidos estudos anteriores que versam sobre parques tecnológicos e as características deles
próprios e suas empresas.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, por proporcionar
maior familiaridade com o problema e construção de novas abordagens para o tema estudado.
Além disso, o estudo busca o aprimoramento de ideias e novas descobertas sobre a
constituição da vantagem competitiva em empresas com inovação tecnológica.
Em relação à abordagem do problema a pesquisa é quantitativa pelo uso de dados
estatísticos como essência das informações de análise e interpretação da problemática
abordada. Para o delineamento da pesquisa foram utilizados questionários/survey e um estudo
multicaso.
O estudo multicaso foi realizado em empresas de Santa Catarina, as quais foram
selecionadas devido ao interesse em aprofundar os estudos realizados neste tipo de cluster, e
por apresentarem acessibilidade. As empresas estão listadas no Quadro 1, juntamente com a
descrição de seu objeto de negócio e suas principais atividades.
Foi utilizado como instrumento de pesquisa um questionário com 4 seções; sendo três
seções com escala likert de 1 a 5 pontos, e a última seção composta de duas questões abertas.
O questionário foi enviado via e-mail aos gestores das doze empresas em 15 de Junho de
2015. A população da pesquisa foi composta pelas 12 empresas pertencentes ao parque
tecnológico e amostra foi delineada considerando o retorno do questionário aplicado, sendo
composta de 11 empresas.
Destaca-se que as seções 1 e 2 do instrumento de pesquisa, foram construídas a partir
dos estudos de Ward, Duray, Leong e Sum (1995) e Griffiths e Finlay (2004). Ward et al.
(1995) analisaram o ambiente de negócios, as estratégias operacionais e o desempenho em
empresas industriais de Singapura e encontraram que empresas de alto desempenho sob o
mesmo estimulo ambiental de empresas de menor desempenho enfatizam diferentes
prioridades competitivas.
Dentro deste contexto, das questões oriundas destes trabalhos citados e elaboradas
pelos autores, a primeira seção do questionário busca avaliar a relação de quatro focos: custos
das empresas, disponibilidade de trabalho, hostilidade competitiva e dinamismo com a
obtenção da vantagem competitiva pela organização. Na segunda seção, as questões
pretendem analisar a concordância dos gestores relativa ao sistema de informação da empresa
e seus efeitos sobre a vantagem competitiva.
Por fim, a seção 3 do questionário analisa qual a contribuição da presença da empresa
dentro do parque tecnológico, e a influência da participação dela neste cluster, em relação a
conquista de vantagem competitiva. A seguir a análise dos resultados trará a descrição dos
achados coletados junto aos gestores das empresas respondentes.
Para a análise dos dados, as informações obtidas pelos questionários foram tabuladas
com o uso do excel, e posteriormente, foi utilizada da frequência para a análise das categorias
de fatores da vantagem competitiva, e foi utilizada da estatística descritiva para observar o
comportamento dos fatores de maneira agregada.
Além disso, com o intuito de verificar à extensão e concordância dos aspectos da
vantagem competitiva para cada fator observado, foi utilizado da entropia, aplicada em
planilhas eletrônicas (excel). Para elaboração da entropia foi necessário o estabelecimento de
um ponto de referência, ou seja, um valor âncora para seu cálculo. Desse modo, foi utilizado o
valor 5, determinado pelo tamanho da escala likert utilizada no questionário para captar as
informações dos fatores de competitividade. O valor da entropia obtido indicará a quantidade
de informação em cada lote de questões observadas.
Escala likert
Pouco importante Muito Importante Entropia Peso
Custos das Empresas Média
1 2 3 4 5
Aumento do custo do
10,00% 10,00% 10,00% 60,00% 10,00% 3,36 0,9717 0,1435
trabalho
Aumento do custo de
9,09% 18,18% 36,36% 18,18% 18,18% 3,18 0,9686 0,1593
material
Aumento do custo de
18,18% 36,36% 18,18% 18,18% 9,09% 2,63 0,9545 0,2312
transporte
Aumento do custo de
18,18% 45,45% 18,18% 18,18% 0,00% 2,36 0,9639 0,1834
aluguel
Aumento do custo de
2,73% 2,73% 18,18% 18,18% 9,09% 2,54 0,9444 0,2823
cuidados de saúde
Média dos Fatores 11,64% 22,55% 20,18% 26,55% 9,27%
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 1 – A importância dos Custos das Empresas para a obtenção da Vantagem Competitiva
Dentro do aspecto de aumento dos custos, na visão dos gestores das empresas, o custo
com os trabalhadores foi a variável com importância mais destacada, pois para 70% dos
respondentes este custo se situou como um gasto importante ou muito importante para obter-
se vantagem competitiva. Em outro extremo ficou o custo de aluguel considerado por
aproximadamente 64% das empresas como pouco importante. Os custos de transporte e de
cuidados com saúde também foram avaliados como de menor importância não chegando aos
30% de grau de importância.
Os resultados podem ser suportados pois o estudo de Wittmann, Hunt e Arnett (2009)
apontava que quando se faz a gestão estratégica de custos, com a estrutura de custos instalada
de acordo com a estratégia selecionada se favorece a vantagem competitiva e, somente,
34,19% das opiniões classificam os fatores de custos, em média, pouco importantes.
Além disso, os achados obtidos pela entropia remetem à inferência de que o aumento
do custo de transporte (0,2312) e aumento do custo de cuidados de saúde (0,2823)
apresentaram os menores pesos, demonstrando que nestes quesitos houve uma maior
variabilidade de respostas entre as empresas pesquisadas, ou seja, os gestores das
organizações em estudo indicam que o aumento do custo de transporte e o aumento do custo
de cuidados de saúde não são amplamente importantes. Por outro lado, o aumento do custo do
trabalho (0,1435) e aumento do custo de material (0,1563) foram respondidos com menor
variabilidade, em que há concordância efetiva quanto a estes quesitos, com maior grau de
importância dada pelos gestores das empresas pesquisadas. A seguir na Tabela 2 procurou-se
avaliar seis fatores que caracterizam o favorecimento da vantagem competitiva por meio da
disponibilidade do trabalho.
Escala Likert
Disponibilidade do Pouco importante Muito Entropia Peso
Trabalho Importante Média
1 2 3 4 5
Escassez de pessoal de
9,09% 9,09% 36,36% 36,36% 9,09% 3,27 0,9754 0,1332
gestão e administrativo
Escassez de técnicos 9,09% 18,18% 0,00% 45,45% 27,27% 3,63 0,9687 0,1701
Escassez de trabalhadores
18,18% 27,27% 36,36% 18,18% 0,00% 2,54 0,9661 0,1840
de escritório e afins
Escassez de trabalhadores
0,00% 10,00% 10,00% 30,00% 50,00% 3,90 0,9715 0,1546
qualificados
Escassez de trabalhadores
20,00% 20,00% 20,00% 40,00% 0,00% 2.72 0,9606 0,2141
da produção
Incapacidade para operar
27,27% 54,55% 18,18% 0,00% 0,00% 1,90 0,9735 0,1436
terceiro turno
Média dos Fatores 13,94% 23,18% 20,15% 28,33% 14,39%
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 2 – A importância da Disponibilidade do trabalho para a obtenção da Vantagem Competitiva
Escala Likert
Pouco importante Muito Importante Entropia Peso
Dinamismo Média
1 2 3 4 5
Forte concorrência nos
0,00% 18,18% 45,45% 18,18% 18,18% 3,36 0,9824 0,1304
mercados locais
Forte concorrência nos
0,00% 9,09% 54,55% 36,36% 0,00% 3,27 0,9923 0,0568
mercados externos
Baixas margens de lucro 9,09% 9,09% 9,09% 63,64% 9,09% 3,54 0,9766 0,1738
Diminuição da procura
18,18% 0,00% 27,27% 54,55% 0,00% 3,18 0,9684 0,2347
no mercado local
Diminuição da procura
9,09% 0,00% 54,55% 36,36% 0,00% 3,18 0,9827 0,1281
em mercado externo
Produzir com os padrões
0,00% 9,09% 18,18% 36,36% 36,36% 4,00 0,9872 0,0952
de qualidade exigidos
Qualidade de fornecedor
9,09% 9,09% 45,45% 27,27% 9,09% 3,18 0,9757 0,1806
não confiável
Média dos Fatores 6,49% 7,79% 36,36% 38,96% 10,39%
Fonte: Dados da pesquisa.
Escala Likert
Pouco importante Muito Entropia Peso
Sistema de Gestão Importante Média
1 2 3 4 5
Permite aumentar o market
0,00% 0,00% 27,27% 36,36% 36,36% 4,09 0,9920 0,0564
share da empresa
Permite aumentar as vendas 0,00% 0,00% 9,09% 63,64% 27,27% 4,18 0,9960 0,0281
Contribui para o Lucro 0,00% 0,00% 27,27% 27,27% 45,45% 4,18 0,9914 0,0605
Melhora comunicações
0,00% 0,00% 18,18% 54,55% 27,27% 4,09 0,9943 0,0399
externas
Aumenta ou capacita para
alcançar melhores economias 0,00% 18,18% 9,09% 36,36% 36,36% 3,90 0,9823 0,1244
de escala
Reduz os custos associados
com a coordenação de
atividades: produção, compra, 9,09% 0,00% 27,27% 54,55% 9,09% 3,54 0,9802 0,1393
planejamento, marketing,
administração
Permite monitorar os custos 9,09% 9,09% 18,18% 27,27% 36,36% 3,72 0,9709 0,2054
Melhora o nível de serviço ao
0,00% 9,09% 0,00% 36,36% 54,55% 4,36 0,9901 0,0694
cliente
Melhora as comunicações
0,00% 0,00% 27,27% 54,55% 18,18% 3,90 0,9938 0,0432
internas
Reduz os custos de obtenção
9,09% 36,36% 27,27% 18,18% 9,09% 2,81 0,9670 0,2329
dos suprimentos
Média dos Fatores 2,73% 7,27% 19,09% 40,91% 30,00%
Fonte: Dados da pesquisa.
Quanto ao Sistema de Gestão houve uma relação alta entre a sua importância e uma
consequente vantagem competitiva das empresas presentes no Parque Tecnológico. Pode-se
visualizar que 70,91% das respostas sobre os fatores analisados referentes ao sistema
operacional foram considerados importantes ou muito importantes para a competitividade da
empresa. Neste sentido, a pesquisa contribuiu com a recomendação de Faoro e Abreu (2015),
os quais apresentaram estudos teóricos da relação entre o sistema operacional, tecnologia e
desempenho, mas haviam solicitado pesquisas empíricas que comprovassem a revisão de
literatura.
A presença e funcionamento do sistema de gestão permitindo o controle sobre o
aumento de vendas e possibilitando uma melhora no acompanhamento do nível de serviço ao
cliente obtiveram os maiores graus de importância para o alcance da vantagem competitiva
(90%). Tais achados foram seguidos pela melhora das comunicações externas (81,82%), e
respectivamente pelo aumento do market share, pela capacidade de aumentar ou melhorar as
economias de escala e aperfeiçoar a comunicação interna, os quais obtiveram mais de (70%).
O destaque negativo foi a capacidade do sistema de gestão reduzir os custos de obtenção dos
suprimentos que na percepção dos gestores atingiu uma importância de apenas (27,27%).
Os achados relacionados pela entropia indicam que há discordância em relação ao grau
de importância do sistema de gestão permitir monitorar os custos (0,2054) e reduzir os custos
para obtenção de suprimentos (0,2329). Em direção contrária, percebe-se que os gestores das
empresas pesquisadas possuem uma maior concordância sobre a importância dos sistemas de
gestão utilizados para permitir vantagem de aumento das vendas (0,9960), e também com
relação a melhoria de comunicação externa (0,9943) e interna (0,9938). A Tabela 5 mostra a
importância da existência do parque tecnológico para a geração de vantagem competitiva.
Escala Likert
Vantagem Competitiva Pouco importante Muito Entropia Peso
gerada através do Parque Importante Média
Tecnológico
1 2 3 4 5
Gera vantagens de negociação
18,18% 9,09% 36,36% 9,09% 27,27% 3,18 0,9553 0,2704
junto a fornecedores
Aumenta a relação com
9,09% 18,18% 18,18% 36,36% 18,18% 3,36 0,9689 0,1883
prospects
Facilita a internacionalização da
9,09% 0,00% 36,36% 36,36% 0,00% 3,54 0,9775 0,1359
empresa
Favorece as atividades do setor
de Pesquisas e 0,00% 0,00% 27,27% 45,45% 27,27% 4,00 0,9928 0,0435
Desenvolvimento
Amplia a realização de
9,09% 0,00% 36,36% 36,36% 18,18% 3,54 0,9775 0,1359
operações comerciais conjuntas
Oportuniza a troca de
conhecimento com instituições 0,00% 9,09% 0,00% 36,36% 54,55% 4,36 0,9901 0,0595
de ensino
Favorece o atendimento de
solicitações junto ao setor 9,09% 0,00% 45,45% 18,18% 18,18% 3,27 0,9725 0,1662
publico
Média dos Fatores 7,79% 5,19% 28,57% 31,17% 23,38%
Fonte: Dados da pesquisa.
Os achados da Tabela 6 mostram que existe uma maior importância das empresas para
a obtenção de vantagem competitiva pelos fatores relacionados ao sistema de gestão (média
3,8818), e também uma importância determinante da vantagem competitiva obtida pela
participação da empresa no parque tecnológico (3,6103). Os custos das empresas foram os
fatores determinados com menor importância, pelos gestores das empresas pesquisadas, com
vistas à obtenção de vantagem competitiva.
Lançando tais achados à luz da teoria da visão baseada em recursos, sugere-se que as
organizações estudadas utilizam dos meios disponibilizados pelo sistema de gestão para a
obtenção de vantagem competitiva, visto que diminuem a dependência de recursos Inter
organizacionais e intraorganizacionais. Portanto, o sistema de gestão exerce papel
preponderante para estabelecer dinamismo e competitividade, por intermédio da redução da
dependência de recursos.
5 CONCLUSÃO
O trabalho realizou uma análise dos empreendimentos localizados junto ao
INOVAPARQ - parque tecnológico na cidade de Joinville, SC com o intuito de, através da
percepção dos gestores destas organizações, verificar o que é imperativo para as empresas
criarem e adquirirem capacidades geradoras e mantenedoras de uma vantagem competitiva
sobre a concorrência. Em especial, buscou-se observar os efeitos dos sistemas de gestão e de
controle de custos na determinação de VCS.
Ao fim das análises, os resultados permitiram responder à questão problema: quais são
os determinantes da vantagem competitiva sustentável que atuam sobre empresas de base
tecnológica em SC? Além do que se alcançou o objetivo de verificar como agem os
determinantes da vantagem competitiva em empresas de base tecnológica em SC.
Neste sentido, evidenciou-se que o grupo de fatores vinculados ao sistema de gestão
foram os determinantes mais importantes para a vantagem competitiva com média de 71%,
sendo que os aspectos mais importantes foram: a melhora da comunicação externa, a melhora
do acompanhamento dos serviços aos clientes, seguidas de um aumento da capacitação em
alcançar economias de escala e redução de custos.
Outros grupos avaliados de determinantes da vantagem competitiva tiveram uma
importância avaliada de forma menor. Os itens que definem o dinamismo da empresa e
mercado obtiveram em média 50% de importância sendo que os itens: baixas margens e a
produção com qualidade se destacaram com importância acima de 70%. Os grupos de fatores
vinculados ao custo das empresas e disponibilidade de trabalho ficaram com médias de
importância de aproximadamente 36% e 43%, respectivamente.
Em relação a vantagem produzida pela inserção das empresas em um parque
tecnológico foi constatado que os responsáveis pelas empresas consideram que os aspectos
positivos desta inserção foram avaliados em média com 54% de importância. Além disso, os
respondentes enfatizaram que o parque favorece a vantagem competitiva, em especial, por
meio do favorecimento das atividades do setor de Pesquisas e Desenvolvimento e a troca de
conhecimento com instituições de ensino.
Estes resultados revelam que os sistemas de gestão são percebidos pelas empresas
instaladas no INOVAPARQ como instrumentos que contribuem para a criação de vantagem
competitiva, o que abre novas perspectivas de investigação na área contábil. A identificação
de evidências que sugerem a existência de efeitos positivos dos sistemas de gestão e de
controle de custos sobre a criação de VCS contribui para o desenvolvimento da pesquisa em
controle gerencial. Estes achados sugerem que a adoção de tais práticas de gestão pode
favorecer a gestão estratégica das empresas, a melhor tomada de decisões gerenciais e a
diferenciação competitiva das organizações. Logo, tais evidências estimulam a realização de
novos estudos.
Por fim, a pesquisa trouxe indícios que sugerem que as instalações de parques
favorecem o desempenho das empresas a ele pertencentes e é capaz de colaborar na obtenção
de vantagem competitiva. Porém, o estudo apresenta limitações, tais como: se tratar de um
estudo de caso com doze empresas pertencentes a um parque específico, as quais tem seus
negócios baseados na área tecnológica, ou seja, um segmento apenas foi avaliado.
Tendo como base os achados, sugere-se que novos estudos possam avaliar com
abordagem quantitativa um número maior de empresas e parques industriais a fim de
confirmarem ou rejeitarem os resultados encontrados nesta pesquisa. Assim como, pode-se
ampliar a amostra de respondentes coletando-se as percepções de diversos colaboradores em
posições hierárquicas diferentes que possam favorecer a uma análise mais ampla e envolver
mais amplamente os controles gerenciais na análise da vantagem competitiva.
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A CENTRAL DE COMPRAS COMO VANTAGEM COMPETITIVA:
Estudo de caso da Rede Mais Compras de Supermercados
Resumo
Frente ao atual mercado competitivo, saber comprar de maneira correta implica em economias
significativas para a empresa, bem como auxilia no alcance dos objetivos estratégicos e das
metas traçadas. As redes de cooperação nos mais variados segmentos, principalmente no setor
supermercadista, destacam-se pela busca de melhores preços, espaço no setor de atuação e por
tornarem-se mais competitivas frente aos grandes varejistas, trabalhando assim sob a ótica das
centrais de compras. Sob esse enfoque, o estudo tem como objetivo compreender o processo
de compras de uma central de compras e suas vantagens e desvantagens, na visão do setor de
compras e associados de uma rede de supermercados do oeste catarinense. Para tanto,
desenvolveu-se uma pesquisa descritiva e predominantemente qualitativa, sendo que os dados
foram coletados mediante entrevista semiestruturada. Os resultados comprovam a grande
importância do setor de compras para as organizações e a satisfação dos associados perante as
vantagens conquistadas com a rede em questão.
Abstract
Because the current competitive market, to know the right way to buy implies significant
savings for the company as well to assist in the achievement of strategic objectives and the set
targets. The cooperation networks in different segments, mainly in supermarket sector, stand
out to find the better prices, space in the actuation sector and become more competitive
against the big retailers, working, this way, from the central purchasing’s perspective. In this
scenario, the goal of the study is to understand the shopping process of a central purchasing
and its advantages and disadvantages in the purchasing department’s vision and supermarket
chain’s members of west of Santa Catarina. To do it, we developed a descriptive and
predominantly qualitative research. The datas were collected through semi-structured
interview. The results show the great importance of purchasing department for the companies
and the members’ satisfaction because the benefits earned with the networks in question.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Simões e Michel (2004), as organizações que tiverem e manterem uma
gestão de compras eficiente terão por consequência uma maior agilidade nas operações
efetuadas, bem como um processo de aquisição de maior qualidade, proporcionando um
diferencial positivo frente ao mercado.
Silva (2008, p.8) comenta que
A gestão de compras tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou
serviços, planejá-las quantitativamente e qualitativamente, verificar o recebimento
efetivo do que foi comprado e providenciar andamento, dispor os produtos no
momento certo com quantidades corretas.
Para Martins e Alt (2009) a gestão de compras pode ser conhecida também como
gestão da aquisição e assume características estratégicas dentro das organizações, justamente
por trabalhar com um volume considerável de recursos, principalmente financeiros, estimados
hoje entre 50% a 80% da receita bruta. Consequentemente, as decisões de compras não são
mais decididas isoladamente, mas sim pela integração de outras áreas que também compõe o
quadro estratégico da organização.
Corroborando com as ideias acima mencionadas, Simões e Michel (2004) afirmam que
compete ao setor de compras a responsabilidade de equilibrar a quantidade de materiais a
serem comprados, para que os demais setores e/ou departamentos da empresa encontrem-se
satisfeitos e possam dar continuamente as suas atividades.
2.1.1 Processo de compras
No mundo globalizado constata-se que as empresas vêm buscando cada vez mais a
utilização de técnicas que as tornem mais competitivas no seguimento onde atuam. O
processo de compras vem ao encontro desta perspectiva e procura oportunizar a melhor
decisão ao adquirir mercadorias e serviços na quantidade certa, com qualidade e menor custo,
garantia de que a entrega seja feita de maneira correta e no desenvolvimento das relações com
os fornecedores (SIMÕES; MICHEL, 2004).
Pozo (2010, p.135) define que a responsabilidade do setor de compras está “nos
resultados de uma empresa em face de sua ação de suprir a organização com os resultados
materiais para seu perfeito desempenho e atender as necessidades de mercado”.
O referido autor (2010, p.134) destaca ainda que dentro do processo de compras
existem algumas atividades centrais, são elas:
Assegurar descrição completa das necessidades;
Selecionar fontes de suprimento;
Conseguir informações de preço;
Colocar os pedidos (ordens de compra);
Acompanhar (follow up) os pedidos;
Verificar notas fiscais;
Manter registros e arquivos;
Manter relacionamentos com vendedores.
Segundo These, Matos e Brambilla (2010) uma das principais responsabilidades da
área de compras é a busca de equilíbrio entre o volume estocado e a falta de produtos, ou seja,
é indispensável ter conhecimento da rotatividade dos produtos para que se consiga efetuar as
compras na quantidade e/ou volume adequado a sua demanda. Nesse sentindo, para evitar a
falta de produtos e por consequência interferir nas atividades rotineiras da empresa é sugerível
manter uma quantidade de produtos de segurança, justamente para que se que evite a falta dos
4
mesmos. Também faz parte das atribuições dos do setor de compras, conduzir negociações
com fornecedores que assegurem a disponibilidade dos produtos no tempo, quantidade,
qualidade e custos adequados.
Toda e qualquer atividade de uma empresa somente será abastecida com informação e
materiais. Tudo precisa estar em sintonia, para que a movimentação aconteça de maneira
eficaz se faz necessário à disponibilidade dos materiais no momento certo e com
especificações corretas, resultando num sistema contínuo que satisfará o processo operacional
(POZO, 2010).
2.2 Varejo
No Brasil o varejo iniciou suas atividades no século XIX, juntamente com a
industrialização e com o surgimento dos meios de transportes. A evolução do contexto social
com a nova infraestrutura das cidades desencadeava uma nova conjuntura mercadológica,
onde seria necessária a participação de mais pessoas, recursos, autoridade pra comprar e
disposição para a compra. Caminhando sob um mesmo trilho, a industrialização, à facilidade
de transporte e comunicações, foram determinantes para o crescimento varejista e
consequentemente para o próprio crescimento das cidades (LAS CASAS; GARCIA, 2014).
Tendo o varejo em sua essência a comercialização de produtos e serviços a
consumidores finais, Dalmagro et al. (2010) apresentam que as principais funções do varejo
consistem em oferecer variedades de produtos e serviços aos consumidores, além de coletar
informações sobre o mercado atuante. Desse modo, pode-se afirmar que o varejo abrange
todas as atividades envolvidas na venda de bens ou serviços, direto aos consumidores finais
para uso pessoal e não empresarial. O varejo se designa à empresas cujas vendas vêm
primordialmente do varejo, como as lojas de especialidades, lojas de departamentos,
supermercados, lojas de conveniências entre outras.
A globalização vem moldando e ocasionando mudanças no setor varejista, seus
consumidores estão cada vez mais exigentes e prezam por produtos diferenciados. Se manter
vivo no mercado competitivo já não é uma tarefa fácil, haja vista que nunca o varejo sofreu
tanta modificação como agora, tanto no seu relacionamento com o cliente, como na sua forma
de oferecer produtos e serviços (LAS CASAS; GARCIA, 2014).
Atualmente, de acordo com o Instituto para Desenvolvimento do Varejo – IDV (2014)
o varejo é responsável por gerar o maior número de empregos formais no país e nos últimos
quatro anos o setor apresenta números expressivos de crescimento e consistentes indicadores
de modernização.
2.2.1 Setor Supermercadista
Levando em consideração a grande diversidade e complexidade do setor
supermercadista, Silveira e Lepsch (1997) definem este setor como um varejo generalista, que
revende ao consumidor final uma ampla variedade de produtos, dispostos de forma
departamentalizada, no sistema de auto-serviço. Nesse sistema, a seleção dos produtos que
estão expostos em gôndolas de maneira ordenada é feita pelo próprio cliente, ou seja, por
conta própria, substituindo a venda assistida com atendimento.
5
processo, precisa ainda de uma aprovação do setor de contabilidade e por fim precisa ser
aprovado pela receita estadual.
O supermercado que optar em fazer parte da rede Mais Compras passa a ter alguns
deveres junto à rede, onde é cobrada uma mensalidade (que pode oscilar no decorrer do ano) a
fim de pagar custos e despesas fixas da rede. Outro dever dos associados é de manterem todas
as contas em dia junto à rede, aos fornecedores, governo, entre outros órgãos. Por outro lado,
cumprindo com esses propósitos, terão todo a apoio da administração da rede, que possui a
responsabilidade de trazer o que tem de melhor para os seus associados.
A rede Mais Compras visa sempre manter um bom relacionamento junto aos
supermercados associados, haja vista que é com a participação e a colaboração das empresas
que se faz e constrói a rede. Frente a isso procuram sempre manter contato, seja através de
assembleias ou conversas informais, com o intuito de deixar todos os associados atualizados
dos assuntos de interesse da rede. Junto à administração também se busca por bons e
agradáveis relacionamentos, todos os assuntos referentes à rede são direcionados a diretoria,
onde são analisados, discutidos e resolvidos sempre da melhor maneira, visando construir
uma rede igualitária, onde todos tenham vez e voz.
No que se refere à importância do setor de compras para a rede, constata-se sua
responsabilidade quanto à administração dos processos que envolvem a aquisição de materiais
e coordenação do relacionamento com fornecedores, haja vista que saber comprar de maneira
correta implica em ganhos significativos para a organização. O setor de compras desempenha
diversas tarefas fundamentais para o bom desempenho da rede, sendo elas: atendimento junto
aos representantes e associados, realiza cotações, mantém contatos com os fornecedores,
seleciona fornecedores, realiza pedidos, entre outras. A seleção dos fornecedores se dá através
de uma relação entre qualidade e preço dos produtos ofertados.
4.3 Processo de Compras
O gerenciamento do processo de compras é realizado através de grades de compras,
onde são distribuídas uma vez ao mês em forma de encartes e tabloides promocionais. Após
isso se desenvolve a grade com todas as cotações, em seguida é organizada, repassada e/ou
encaminhada aos associados, onde esse realizará o pedido dos produtos que necessita. Esse
pedido volta até a rede, a qual faz o pedido dos produtos demandados junto ao fornecedor, e
por fim o fornecedor faz a entrega direto no estabelecimento do associado ou entrega na rede,
onde essa compra é faturada e encaminhada até o associado por meio da central de logística.
Assim sendo, a compra é apenas uma transferência para o supermercado associado com os
mesmo preços e nas mesmas condições que foram negociadas pelo responsável. É dessa
forma que as compras adquiridas pela central são repassadas ou encaminhadas as loja
associadas.
As maiores dificuldades enfrentadas pelo setor de compras da rede remetem-se aos
atacados. Geralmente o atacado é contra as centrais de negócios, pois ele perde uma
considerável fatia de vendas justamente pela central trabalhar direto com as indústrias. Frente
a isso, o ramo atacadista procura fazer um trabalho loja a loja, propondo que vendedor chegue
aos supermercados disponibilizando aos clientes um valor já ajustado com descontos do
próprio atacado, desmotivando assim, o trabalho realizado pela rede. O atacado oferece um
preço menor daquele que a rede consegue cobrir, isso acaba às vezes induzindo as lojas de
que a rede não é o melhor negócio.
10
O responsável pelo setor de compras da rede ressalta ainda que apesar de ter essa
dificuldade relacionada ao atacado, que consegue chegar antes aos comércios e com preços
melhores, o fiel associado permanece na rede mesmo tendo que ás vezes pagar preços
maiores, tento em vista os ganhos efetivos em termos de estabelecer seu espaço no mercado,
frente às indústrias, onde sozinho talvez não conseguisse chegar. Também existe essa
motivação de trabalho em grupo, pois nas assembleias tem-se o compartilhamento de
experiências, aprendizagens e conhecimentos, onde os associados sentem-se a motivados a
permanecer unido à rede.
4.4 Vantagens e desvantagens percebidas
No que tange as vantagens em fazer parte da Rede Mais Compras os associados
relatam que são inúmeras, mas a principal diz respeito ao poder de barganha, onde se tem a
possibilidade de barganhar preços, quantidade de produtos e até mesmo serviços. Outra
vantagem é a possibilidade de comprar direto das indústrias e passar a negociar com um maior
número de fornecedores, além disso, se pode oferecer ao cliente um encarte mensal com mais
de 50 itens em ofertas.
Quando questionados se há alguma desvantagem em fazer parte da rede, alguns
associados relatam que não existe nenhuma desvantagem, outros, pelo contrário, relatam o
encarte como uma desvantagem, já que o encarte é o mesmo para todos os associados, onde
os produtos do tabloide todos os supermercados da rede devem possuir, porém os produtos
com uma maior facilidade de giro em algumas localidades, não possui o mesmo giro em
outras. Além disso, alguns associados acreditam que a margem de lucro dos produtos deveria
ser maior e o prazo de pagamento dos fornecedores deveria ser ampliado.
Contudo, verifica-se que os associados sentem-se satisfeitos em participar da rede
Mais Compras de supermercados. Ressaltam que a comunicação é um dos pontos fortes da
rede, sendo que as informações são disseminadas rapidamente a todos os associados.
Salientam ainda que os profissionais que trabalham no objeto de estudo em questão,
principalmente o setor de compras, são organizados e eficientes, atendendo assim as
expectativas de todos os que fazem parte desta central de compras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo compreender o processo de compra de uma
central de compras e suas efetivas vantagens e desvantagens, na visão do setor de compras e
associados de uma rede de supermercados do Oeste Catarinense.
A partir da análise qualitativa dos dados coletados, constatou-se que a rede Mais
Compras surgiu com o objetivo de efetuar compras em conjunto e possibilitar ganhos aos
clientes finais como ofertas e menores preços, sendo esse o principal motivo para a
integralização dos atuais supermercados associados à rede.
Os resultados revelam a importância das atividades desempenhadas pelo setor de
compras, sendo que essas correspondem com o que diz Pozo (2010), onde as duas principais
atividades desempenhadas pelo setor de compras são a seleção de fornecedores, a qual está
diretamente ligada à escolha de preço, qualidade, continuidade de fornecimento e localização,
e a segunda refere-se a realização dos pedidos de compras.
No que tange as vantagens das centrais de compras se destaca o poder de barganha
com relação aos preços, produtos ofertados e até mesmo serviços. Em relação à desvantagem
se destaca o tabloide promocional de produtos. Entretanto os associados sentem-se satisfeitos
11
6 REFERÊNCIAS
Denzin NK, Lincoln YS, editors. Handbook of qualitative research. Thousand Oaks: Sage
Publications; 2011.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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Varejo: Inovações e diferenciações que fazem a diferença no marketing do varejo. Novatec,
2014. Disponível em:<http://www.cursosavante.com.br/cursos/curso169/conteudo8670.pdf>.
Acesso em: 18 set. 2014.
SILVEIRA, José Augusto Giesbrecht da. LEPSCH, Sérgio Luiz. Alterações recentes na
economia do setor supermercadista brasileiro. Revista de Administração. São Paulo: [s.n.],
v. 32, 1997.
SILVA, Frank Van Rikard Santos da. Gestão de Compras. Faculdade do Pará. Belém, 2008.
Disponível em: < academics_758_2010022818253013c.doc>. Acesso em: 20 de set. 2014;
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Desvantagens da Centralização de Compras no Varejo. 2010. INGEPRO – Inovação,
Gestão e Produção. Disponível em: <http://www.ingepro.com.br/Publ_2010/Julh/259-729-1-
PB.pdf>. Acesso em: 15 set. 2014.
VIEIRA, Sonia. O tamanho da amostra nas entrevistas qualitativas. 2014. Disponível em:
<http://soniavieira.blogspot.com.br/2014/01/o-tamanho-da-amostra-nas-entrevistas_18.html>.
Acesso em: 08 dez. 2014.
1
RESUMO
Diante do novo cenário econômico mundial, cada vez mais competitivo, a necessidade de uma
gestão eficiente baseada na eliminação de custos desnecessários, otimização do tempo e
produção de alta qualidade são fatores cruciais para a sobrevivência das empresas, inclusive
as empresas rurais. Associada a este contexto, a Gestão de Estoques e Armazenagem surge
como uma ferramenta eficaz na redução de custos e impactos financeiros que podem ser
causados devido à falta de organização e armazenagem. Desta forma, o principal objetivo
desse estudo é analisar o processo de gestão de estoques e armazenagem de uma unidade
rural, a partir da implantação do Programa 5S, destacando a organização deste processo e os
principais impactos dessa gestão para o empreendimento. Partindo da revisão de fundamentos
conceituais o artigo evolui descrevendo um estudo de caso de uma unidade rural localizada no
munícipio de Nova Erechim- SC, onde a coleta de dados foi realizada através da aplicação de
04 entrevistas semi-estruturadas. Os resultados evidenciaram que a adoção do programa 5S
especialmente na gestão de estoques, impacta positivamente nas operações de movimentação,
proporcionando um maior controle, evitando desperdícios de tempo e de dinheiro,
contribuindo ainda, para o bem-estar decorrente do ambiente de trabalho mais limpo e
organizado, e consequentemente, elevando seus lucros. A implantação durou três meses e
envolveu todos os membros da propriedade.
Palavras-chave: Gestão de Estoques, Armazenagem, Agricultura familiar, Programa 5S.
Abstract
Given the new global economic environment, increasingly competitive, the need for efficient
management based on the elimination of unnecessary costs, time optimization and production
of high quality are crucial factors for the survival of businesses, including rural enterprises.
Associated with this context, Stocks and Storage Management emerges as an effective tool in
reducing costs and financial impacts that may be caused due to lack of organization and
storage. Thus, the main objective of this study is to analyze the inventory management
process and storage of a rural unit, from the implementation of the 5S Program, highlighting
2
the organization of this process and the main impacts of this management for the enterprise.
From the review of conceptual foundations Article evolves describing a case study of a rural
site located in the municipality of New Erechim- SC, where data collection was performed by
applying 04 semi-structured interviews. The results showed that the adoption of 5S program
especially in inventory management, positive impact in handling operations, providing more
control, avoiding waste of time and money, also contributing to the well-being due to the
cleaner work environment and organized, and consequently, increasing their profits. The
deployment lasted three months and involved all members of the property.
Key-words: Inventory management, warehousing, Family Agriculture, 5S Program.
1 INTRODUÇÃO
2 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
3 AGRICULTURA FAMILIAR
“[...] agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades
no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha,
a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize
predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do
seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar
predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio
estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou
empreendimento com sua família” (Brasil, 2006).
5
4 PROGRAMA 5S
Conforme Ribeiro (2006, p.17), não há uma convergência de informações sobre a real
origem dos 5Ss. Segundo alguns autores o programa foi criado pelo Dr. Kaoru Ishikawa,
engenheiro químico japonês e principal pregador dos conceitos de qualidade total naquele
país. Ribeiro (2006) afirma que os 5Ss foi criado com o objetivo de propiciar um ambiente de
trabalho adequado para uma maior produtividade. Isso ocorreu no início da década de 50,
momento em que o Japão tentava se reerguer da derrota sofrida na Segunda Guerra Mundial,
e as indústrias japonesas necessitavam colocar no mercado produtos com preço e qualidade
capazes de competirem na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil o programa foi lançado no
início da década de 1990, conforme Bertaglia (2003).
Falconi (2004) afirma que o programa 5S é um sistema de organização do ambiente
do trabalho, que envolve todas as pessoas da organização e é visto como uma nova maneira de
conduzir a empresa com ganhos efetivos de produtividade. É um estilo participativo de
gerenciamento. Ou seja, é uma ferramenta de gestão simples, cuja proposta é promover no
local de trabalho a organização, disciplina e limpeza, tornando um ambiente de trabalho
agradável, seguro e produtivo (DA SILVA, LIOTTO, BRUCH, 2011).
No entanto, para que esses resultados sejam obtidos de forma eficiente, cada senso
deve ser aplicado sequencialmente, conforme mostra a figura abaixo:
Figura 1: Sequência de aplicação Programa 5.
6
trabalho; Ajuda a manter boas condições nas áreas comuns (banheiros, refeitórios, etc.) e
proporciona melhores condições de segurança a todos.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo foi realizado em uma propriedade rural, localizada interior do município
de Nova Erechim, no decorrer dos meses de agosto e novembro de 2015. Período este, onde
residentes da propriedade tiveram a oportunidade de participar do curso Qualidade Total
Rural – Fase I - De Olho na Qualidade Rural, ofertado pela Cooperativa Agroindustrial Alfa.
Durante este curso, puderam aprofundar seus conhecimentos sobre a metodologia do
Programa 5S, buscando a melhor maneira de implementá-lo.
Devido ao principal objetivo do estudo, que é verificar a aplicação do Programa 5S e
quais foram as principais mudanças percebidas após sua implantação na propriedade, o
trabalho foi dividido em duas etapas: A primeira etapa constituiu-se como pesquisa
bibliográfica, através do levantamento em materiais publicados em livros, artigos e produções
acadêmicas disponíveis sobre o tema abordado para que houvesse a compreensão completa
quanto aos conceitos e filosofias abordadas pelo Programa 5S. A segunda etapa, constituiu-se
de uma metodologia qualitativa, descritiva, onde o pesquisador tem proximidade com a
população estudada, O estudo também é caracterizado como um estudo de caso, foram
realizadas entrevistas semiestruturadas para a coleta dos dados. Os sujeitos da pesquisa serão
os três (03) residentes da propriedade (pai, mão e filho), e o instrutor do curso.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
. O curso Qualidade total rural – Fase I - De olho na qualidade rural, é realizado pelo
Sebrae em parceria com a Aurora Alimentos e Cooperativa Agroindustrial tem por objetivo
aumentar a competitividade e a sustentabilidade dos pequenos fornecedores dos setores
produtivos, estabelecendo e fortalecendo o encadeamento desse setor. Organizando o
ambiente de trabalho, trabalhando, diminuindo desperdícios e preservando o meio ambiente e
a saúde das pessoas, também direcionando para a melhoria da renda da propriedade por meio
da mudança comportamental, bem como pela utilização dos fundamentos e das ferramentas de
uma gestão de qualidade.
Contemplando o Programa 5S, que atua no combate aos desperdícios, na otimização
dos recursos e na melhoria do bem estar físico, mental e social de todos, além do
desenvolvimento de competências para que o empresário rural conheça a importância da
relação com o mercado.
A estruturação é de seis encontros sequências com duração total de 24 horas-aula.
Onde, em cada encontro é abordando um dos elementos do Programa 5S. Sendo que o
primeiro encontro é destinado a sensibilização, ou seja, para conhecer as ações a serem
realizadas. Além disso, dispõe de 4,5 horas de consultoria para a propriedade rural.
Segue um breve resumo do que é abordado em cada encontro:
Encontro I – Sensibilização: É realizada a apresentação do Programa 5S, onde cabe a
cada um dos envolvidos conhecerem o método e responsabilidades, se predispor a implantar
as mudanças sugeridas e fazer a avaliação dos desperdícios e do patrimônio da empresa rural.
Encontro II – Descarte: Nessa fase entende-se o conceito de Descarte e a metodologia
de sua aplicação em uma empresa rural, além da compreensão da necessidade de se efetuar
para a melhoria do ambiente, maior segurança e diminuição de desperdícios, após é realizada
essa prática na empresa rural.
Encontro III – Organização: Proporciona condições para que se desenvolva
competências de entender o conceito de Organização e a metodologia de sua aplicação, bem
como a compreensão de se efetuar e trabalhar com a cooperação para a melhoria do ambiente,
e na sequencia organizar.
Encontro IV – Limpeza: Assim como nos outros encontros anteriores é apresentado o
conceito de Limpeza e a importância de sua aplicabilidade, bem como a metodologia de
aplicação, após é realizada a pratica na empresa rural.
Encontro V – Higiene: A higiene representa o equilíbrio das funções orgânicas,
físicas e mentais, sendo geradora e bem estar, segurança e disposição para a vida e trabalho,
nesse contexto apresenta-se uma postura diária preventiva, aplicando às práticas de Higiene
na empresa rural.
9
6.2.1 Benefícios
ambientes;
Higienização física e mental do local de
aplicação do programa, tornando-o um lugar Aumento da produtividade;
melhor (ambiente mais agradável e sadio);
Redução de custos; Melhoria do visual (boa impressão aos
visitantes);
Eliminação de excessos e desperdícios; Melhoria do fluxo de pessoas e materiais;
A figura 4, por sua vez, evidencia a atual realidade e as melhorias obtidas após os três
meses de implantação do programa 5S. É possível perceber a organização e limpeza do
ambiente.
Figura 4: Local organizado.
11
7 CONCLUSÃO
O cenário atual, caracterizado por um mercado cada vez mais exigente e pela
concorrência cada vez mais acirrada, tem levado as organizações a empenharem esforços
implacáveis, visando a garantia de seus negócios, transfigurada pela maximização de sua
performance, suportada por programas capazes de diminuir os custos, melhorar a
produtividade, aumentar a flexibilidade e, sobretudo, melhorar a qualidade dos produtos e
serviços. Logo, a gestão da qualidade tornou-se um fator estratégico para melhoria da
produtividade e da competitividade de qualquer empresa, inclusive as rurais.
Dentro desse novo contexto organizacional, o sistema de gestão orientado para a
Qualidade Total, tem no Programa 5S, sua base de sua sustentação. O Programa 5S configura-
se como a base de uma filosofia de gestão, que tem na busca pela qualidade total, otimização
dos processos e racionalização dos recursos, seu principal foco.
O programa 5S é importante para integrar os membros da propriedade, tornar o
ambiente mais leve, agradável e organizado. Trata-se de um processo de melhoria contínua e
sem fim, onde todos devem participar, atuar juntos para constituir uma equipe forte, engajada
e comprometida para o cumprimento dos objetivos propostos, garantindo eficiência ao
processo. É fundamental começar, o grande desafio é persistir, pois uma das maiores
dificuldades encontradas e que terá que ser superada, é a mudança de cultura, a
conscientização e manutenção do que já foi implementado.
12
Sendo assim, este trabalho com apenas três meses de implantação comprova as
melhorias significativas que um programa de qualidade pode trazer para uma propriedade.
Desde a melhoria da imagem interna e externa da propriedade, organização, mantendo o
ambiente arrumado, limpo, como a mudança de hábitos, maior produtividade e redução de
desperdícios, enfim, promovendo uma melhora do ambiente no geral.
13
REFERÊNCIAS
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Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços, 2004.
CHING, Hong Yuh. Gestão de Estoque na Cadeia de Logística Integrada: Supply Chain.
4º ed. São Paulo: Atlas, 2010.
FALCONI, Vicente. TQC: Controle Total da Qualidade, 2.ed. Minas Gerais: INDG, 2004.
256 p.
LAPA, Reginaldo. 5S: Os cinco sensos. São Paulo: Qualitymark Editora, 1998.
RIBEIRO, Haroldo. 5S: a base para a qualidade total. Salvador: Casa da Qualidade, 1994.
SILVA, J. M. da. 5S: o ambiente da qualidade. 2º. ed. Belo Horizonte: Líttera Maciel,1994.
VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,
2000.
ZARPELLON, Celso. Programa Sebrae da Qualidade Total Rural. Brasília: Sebrae, 2012.
A utilização dos plásticos biodegradáveis e de fontes renováveis em lojas de confecções e
supermercados da cidade de São Lourenço do Oeste
Resumo:
O artigo em questão apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa, que teve a finalidade
de, através da análise sintetizar o aprofundamento sobre a utilização dos produtos
biodegradáveis e de fontes renováveis por parte das empresas do município de São Lourenço
do Oeste. Em meio á ênfase ouve a análise e a inter-relação entre os idealizadores do artigo, a
contribuição de renomados autores para o modulo contextual, pesquisas político-sociais, e a
pesquisa externa para fins interpretativos. Resultando então na percepção positiva sobre os
produtos biodegradáveis, e juntamente a apresentação de soluções plausíveis para o uso de
tais, observando-se assim que basta apenas a plena conscientização dos empresários e
consumidores, para a integração definitiva dos produtos biodegradáveis.
Use of plastics biodegradable and renewable sources in clothing stores and supermarkets city
of São Lourenço do Oeste
Abstract:
The article in question to shows the results of one qualitative research, whose finality was,
through analysis, synthesizes the deepening of the usage of biodegradable products, and the
renewable sources as well, by companies in São Lourenço do Oeste. The relationship between
the idealizers of this article emphasized the contribution of renowned authors to contextual
modules, political-social researches and the external research to interpretative conclusions.
The research resulted on a positive perception in the biodegradable products usage and
alongside wills the presentation of reasonable solutions to this usage, observing the necessity
of absolute awareness by managers and consumer to the definitive implementation of the
biodegradable products.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir da segunda metade do século XX, o mundo começava a passar por uma crise
ambiental e social e com isso a Organizações das Nações Unidas (ONU) começou a realizar
estudos sobre as mudanças climáticas, fazendo com que o termo desenvolvimento sustentável
surgisse (BARBOSA, 2008). Na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e do
Desenvolvimento (CMMAD), presidida pela norueguesa Gro Haalen Brundtland, durante a
preparação para a Conferência das Nações Unidas, popularmente conhecida como “Rio 92”,
foi desenvolvido um relatório que ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Nesse
relatório está presente a definição mais clara sobre desenvolvimento sustentável: “o
desenvolvimento sustentável é aquele que atende ás necessidades do presente sem
comprometer às possibilidades das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”
(BARBOSA, 2008, p.1e2).
BARBOSA (2008) fundamenta ainda que apesar de ser uma questão ainda em
discussão, por não definir quais são as reais necessidades presentes e futuras, o relatório de
Brundtland pediu a atenção do mundo no estudo de novas fontes de desenvolvimento
econômico, sem a redução de recursos naturais, e sem danos ao meio ambiente. Para além
desse objetivo central que é o desenvolvimento econômico sustentável, deve ser levada em
consideração a proteção ambiental e equidade social.
No entanto, sendo tais dificuldades visíveis o relatório acima foi amplamente criticado
por apresentar como causa da situação de insustentabilidade do planeta, o descontrole
populacional e a miséria dos países subdesenvolvidos, colocando o assunto da poluição
ocasionada pelos países desenvolvidos em segundo plano (ACSELRAD,1999).
Todo esse assunto indigesto e conflituoso já era previsto muitos anos atrás, foi em
(1976) no “III Relatório do Clube de Roma” afirmava que: “ Muito antes de esgotarmos os
limites físicos do nosso planeta, ocorrerão graves convulsões sociais provocadas pelo grande
desnível existente entre a renda dos países ricos e dos países pobres”(VEIGA, 2005).
Vale lembrar que a conferência de Ottawa em (1986) estabelece cinco requisitos para
alcançar o desenvolvimento sustentável, que seriam: a integração da conservação e do
desenvolvimento, satisfação das necessidades básicas humanas, alcance da equidade e justiça
social, provisão da autodeterminação social e da diversidade cultural, e por fim a manutenção
da integração ecológica OTTAWA (1986).
Para a CMMAD (1991), o conceito de desenvolvimento sustentável possui os seguintes
objetivos:
Crescimento renovável;
Mudança de qualidade do crescimento;
Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento e
saneamento básico;
Garantia de um nível sustentável da população;
Conservação e proteção da base de recursos;
Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco;
Reorientação das relações econômicas internacionais (CMMAD,1988,1991)
O Ministério do Meio Ambiente (2015) acrescenta que todos estes recursos são
encontrados facilmente em território Brasileiro, e pela extensão do mesmo, com uma enorme
capacidade produtiva.
Algumas pesquisas apontam o plástico comum como um grande vilão para o meio
ambiente, pois demoram milhares de anos para se decompor na natureza. Pensando nisso
algumas fábricas já estão produzindo embalagens derivadas de fibras vegetais, óleos, e até
resinas de fontes de reflorestamento. Seu maior benefício é que sua decomposição acontece
completamente e bem mais rápida, contribuindo para o não acumulo de lixo no planeta, no
entanto se por um lado reduz a poluição no solo com sua decomposição, provocam o chamado
efeito estufa devido á liberação de gás metano durante o processo de degradação, e a liberação
desse gás acontece proporcionalmente á aceleração do processo do mesmo, portanto quanto
mais produto se decompõem mais gás é liberado (BRITO et al, 2011, p.2).
Apesar de esses estudos mostrarem algum tipo de desvantagem, os produtos
biodegradáveis representam uma infinidade de vantagens ambientais sobre os produtos
convencionais, especialistas comprovaram que esse detalhe do gás metano poderá ser usado
em favor da população, desde que os produtos biodegradáveis sejam acondicionados em
aterros sanitários próprios para que o gás proveniente de decomposição seja aproveitado para
gerar calor ou energia, tendo um impacto mais reduzido no meio ambiente
(ECODESENVOLVIMENTO, 2012).
Com todas as pesquisas apontando os biodegradáveis como uma solução solida e com
argumentos, somente isso não trará o controle absoluto da poluição. Segundo Pereira (2007),
ainda hoje existem controvérsias que apontam as embalagens biodegradáveis não sendo a
melhor solução, admitindo é claro que já foi feito avanços significativos que contribuem no
aprimoramento das embalagens dos produtos utilizados. Na realidade eles preferem antes
mesmo de pensar na composição química ou biológica, ou até mesmo no tipo de descarte,
voltar o olhar para a redução do consumo e dar preferência aos produtos e embalagens
reutilizáveis. Existe uma infinidade de práticas sustentáveis que preservem o meio ambiente,
práticas simples que são extremamente importantes, pois o planeta vem sofrendo
constantemente danos que o próprio ser humano causa, e sua reparação sem o auxilio de todos
poderá levar séculos para se restituir completamente (UEC, FPC, 2007).
A partir da pesquisa, simples atitudes imediatas podem ser tomadas para diminuir esses
danos, como a utilização de sacolas biodegradáveis, uma vez que elas reduzem o tempo
significativamente de decomposição ao contrário das comuns que levam décadas e até
séculos. Por esses motivos acabam sendo uma alternativa sustentável, uma vez que não
deixam nenhum resíduo prejudicial no meio ambiente.
A questão é: que atitudes simples podem ser tomadas numa forma de ajudar a preservar
o ecossistema? Segundo Pereira (2007) a idéia principal é aos poucos ir substituindo as
sacolas plásticas descartáveis por sacolas realmente biodegradáveis, (pesquisas estão sendo
feitas no Brasil para a produção de plásticos a partir de fibras de cana de açúcar e amidos de
milho) numa forma de aos poucos ir introduzindo-as no mercado.
Canepa (2007) argumenta que a participação espontânea do Brasil na ciência dos
biodegradáveis ainda é muito pequena, mas alguns estados já vêem aprovando o uso de
determinadas sacolas ecológicas ou biodegradáveis, as conhecidas “sacolinhas”, com o
objetivo de minimizar os impactos causados ao meio ambiente. Essas sacolas são feitas de
materiais que se decompõem em contato com a luz, a umidade e o oxigênio. A grande maioria
dos estabelecimentos como padarias, supermercados, drogarias, e lojas tiveram que se
adequar a tais regras. Portanto, conscientemente pode-se ajudar o meio ambiente dando
preferência a produtos embalados por plásticos biodegradáveis, como utensílios de cozinha,
sabão, detergentes, plásticos, sacolas plásticos, entre outros, para além de poder reciclar
alguns deles.
Pereira (2007, p.2) argumenta que o interesse é tanto que segundo pesquisas já existe
embalagens que podem ser decompostas juntamente com seu conteúdo, quando o produto
termina a validade ou se deteriora, ou outras que simplesmente podem ser consumidas junto
com o produto, as chamadas embalagens comestíveis. Por iguais razões outros processos vêm
sendo desenvolvidos e com bastante repercussão, como é o caso das laminas de plástico que
podem ser misturados na terra com o composto, juntamente com as sementes. Na jardinagem
não é diferente aonde adubos orgânicos de origem de compostagem vem sendo muito usados
(ECODESENVOLVIMENTO, 2012).
No caso da medicina tem se observado que á muito tempo vem sendo usado em suturas
materiais absorvíveis, ou no caso das cápsulas de embase de medicamentos que usam amido
de cereais que são facilmente absorvidas pelo corpo humano. No entanto passa despercebida
toda essa inovação (ECODESENVOLVIMENTO, 2012).
Como em todo o processo seja industrial ou manufatureiro, existe sempre uma contra
partida e nas embalagens biodegradáveis á possibilidades de ocorrer degradação precoce,
principalmente em matérias foto-degradáveis o que poderá resultar em diminuição da
performance da embalagem, ficando menos apelativa. Pode também essas embalagens no
momento de sua triagem, acabarem sendo incorretamente separadas e serem incluídas nos
resíduos para reciclagem, ou até o contrário enviado para centros de compostagem
contaminando igualmente o solo. Portanto terá de haver uma informação do uso correto e
ensinar a população a dar o destino certo a estas inovações, senão nada terá valido a pena
(MMA, 2015 p. 1).
Por fim, conforme Barbosa (2008) ressalva, a importância do documento que foi escrito
na “Rio 92” com uma grande participação de organizações não governamentais e
representantes da sociedade civil chamada de “A Carta da Terra”, referenciava a importância
do meio ambiente, sendo retificada pela UNESCO e aprovada pela ONU em 2002:
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS
Em meio ao tema explorado, as embalagens biodegradáveis de fontes renováveis na
cidade de São Lourenço do Oeste, veio a necessidade de coletar dados sobre o assunto como
forma de clarear o artigo e ajudar no embase do mesmo. Foi então através da elaboração e
aplicação de questionário desenvolvido pelo autor, com perguntas especificas e direcionadas
ás empresas do ramo de Confecção e Supermercado, bem como seu público, que puderam
auxiliar o seu desenvolvimento. Tais informações após tabuladas e devidamente interpretadas
foram anexadas ao artigo por meio de gráficos, com o intuito de facilitar a interpretação
através do visual. Com isto busca-se o objetivo principal analisar a utilização dos plásticos
biodegradáveis de fontes renováveis, pelas empresas do município de São Lourenço do Oeste.
A importância de se fazer uma pesquisa acontece quando se escolhe um assunto ou
problema, como é o caso dos plásticos biodegradáveis de fontes renováveis, que envolve
opiniões e consensos diferentes, e por ser a análise científica generalizada, faz-se necessário e
válido a pesquisa qualitativa. Portanto é válida e importante a análise de dados atuais e
realistas, de opiniões dos usuários e empresários que fazem uso de tais embalagens.
Com a análise dos questionários percebeu-se que aproximadamente 70% das empresas
pesquisadas têm de 6 a 10 anos ou mais de atividade, nos segmentos confecção e
supermercado no município pesquisado. No entanto em meio á pesquisa pode-se observar que
a maioria dos empresários questionados, conhecem ou já ouviram falar sobre os plásticos
biodegradáveis de fontes renováveis, entendendo-se assim que a difusão do assunto
pesquisado não é de todo uma incógnita.
Por outro lado para que exista uma interpretação mais solida, o comparativo se torna
interessante entre empresas e seus consumidores. Então a mesma questão fora apurada aos
consumidores das empresas questionadas, e o resultado é equivalente como se pode perceber
através dos resultados obtidos, descobriu-se que 90% dos consumidores conhecem ou já
ouviram falar acerca das embalagens biodegradáveis de fontes renováveis. E após o
esclarecimento quanto ao conhecimento das embalagens buscou-se saber de que forma as
empresa e seus consumidores obtiveram tal informação, numa intenção de entender a forma
inicial da solidificação das bases do conhecimento em relação aos plásticos biodegradáveis de
fontes renováveis.
Entretanto ao serem questionados sobre como obtiveram tal conhecimento pode-se
observar que a mídia tem um papel importante na divulgação dessa nova e recente tendência
para o lado dos plásticos biodegradáveis de fontes renováveis, constatando-se que mais de
80% dos questionados responderam que foi através da mídia que ficaram sabendo da
existência de tais produtos, podendo representar esse meio de comunicação, a televisão, a
rádio, internet, ou seja, qualquer meio social. Resultado esse que veio consolidar a idéia de
que existe um lado positivo da mídia, na difusão de novas tendências em relação ás novas
tecnologias de prevenção ao meio ambiente, através da divulgação de soluções práticas como
os plásticos biodegradáveis de fontes renováveis.
Através desse resultado entende-se que esses meios estreitam a relação entre
consumidores e novas soluções ambientais, para alem de mudar atitudes e opiniões das
empresas levando ou seu conhecimento as melhorias a serem implementadas em prol da
vontade de seu consumidor. Partindo desse contexto é possível afirmar que o domínio da
informação está diretamente ligado ao poder de interferir e reorientar as relações humanas e
da sociedade com a natureza. Donde se pode inferir que a influência dos meios de
comunicação ajuda a humanidade a tomar conhecimento dos problemas ambientais e a
procurar rediscutir os seus modelos de desenvolvimento e de atuação na preservação do meio
ambiente (FERNANDES, 2001).
Como se pode perceber no Gráfico1 a maioria das empresas se preocupam com a
questão ambiental, resultado esse, fruto da divulgação e conscientização das mesmas a partir
da difusão da informação. Dado expressivo como esse são cada vez mais comuns e com a
tendência a aumentar gradativamente conforme as exigências não só governamentais, mas
também a conscientização civil (FERNANDES, 2001).
Gráfico: 1 Preocupação com o meio ambiente ou por questões ambientais por parte das empresas
Gráfico: 2 Consumidor que pagam mais caro por produtos que possuam embalagens de origem biodegradável
Em análise ao Gráfico 2 torna a contra partida das empresas aceitável, pois os comércios
buscam a obtenção de lucros, e não é nada viável perder clientes, por o produto agregar um
custo a mais por utilizar uma embalagem de origem biodegradável. Empresas que fizessem
uso estariam em desvantagem em relação ás empresas que não se utilizam desse tipo de
embalagens, tornando assim o seu produto mais caro e como tal venderia menos do que
aquelas que têm seus produtos embalados de maneira tradicional. Portanto essa mudança não
depende exclusivamente das empresas, e sim dos consumidores que terão de mudar o conceito
de consumismo inconsciente. O Gráfico 3 é um retrato dessa realidade, quando questionadas
sobre a demanda por essas embalagens por parte dos clientes as empresas afirmaram que
existe uma procura, mas tem muito para melhorar, uma vez que o interesse ainda é da
minoria.
Gráfico: 3 Consumidores que utilizam produtos ou embalagens derivados de plásticos biodegradáveis de fontes
renováveis.
Questionadas sobre qual seria a solução mais eficaz a curto prazo que solucionaria esse
problema comercial/ambiental, dentre alguns proprietários e gerentes dos comércios
pesquisados, o Sr. Pedro (2015) admite que teria de ser uma conscientização não só dos
empresários como também do consumidor, pois a minoria das empresas que utilizam esse tipo
de embalagem sofrem com a concorrência que não faz uso dos plásticos biodegradáveis de
fonte renovável, acabando as empresas que utilizam desistindo e voltando ao modo tradicional
por uma questão de diminuição dos custos que resulta no aumento dos lucros para a empresa.
Porem esses empresários observando o cenário atual acreditam que a longo prazo irá
acontecer uma mobilização de um todo para as questões ambientas, e sem duvida que os
plásticos biodegradáveis de fontes renováveis estarão em pauta, porem infelizmente á força da
lei, ou seja, uma obrigação legal.
Perante o decorro veio a curiosidade de identificar se as empresas questionadas
utilizavam alguma estratégia de marketing, numa forma de divulgação desses produtos, ou até
mesmo em beneficio de seu próprio negócio. Percebeu-se em meio aos questionários que
93% das empresas responderam que nunca usaram as embalagens biodegradáveis de fontes
renováveis, ou seja, qualquer segmento de produtos recicláveis, para beneficiar sua
organização. Tal dado por mais que seja relevante equiparado á quantidade de empresas que
não utilizam os produtos ou embalagens biodegradáveis de fontes renováveis que foi de 70%
dos questionados, encontra-se ai o propósito do relevante dado diagnosticado.
Do mesmo modo como resposta dos consumidores de S. Lourenço do Oeste notou-se
que propagandas promotoras de orientação para o consumo de produtos portadores de
embalagens biodegradáveis de fontes renováveis, e até mesmo as empresas que promovam a
quebra do paradigma das embalagens comuns, usando as sacolas biodegradáveis para o
acomodamento das mercadorias, não é o suficiente para que exista uma preferência na hora da
compra, uma vez que representou apenas 19% dos questionados que admitem dar preferência
para as empresas que buscam melhorias quanto ao uso das embalagens comuns prejudiciais ao
meio ambiente. Para estes o valor do produto acrescido por portar embalagens que agridam
menos o meio ambiente, como é o caso das embalagens biodegradáveis de fontes renováveis,
se torna relativo. Segundo os mesmos o importante mesmo é a preservação do meio ambiente,
e se a grande maioria dos consumidores fizesse o mesmo provocaria uma maior demanda por
esse tipo de embalagens, forçando com que as empresas aderissem a essa nova modalidade, e
em longo prazo ocorreria a diminuição gradativa dos custos das embalagens biodegradáveis
inseridos nos produtos.
Em resumo, em meio aos resultados através da pesquisa, percebe-se no geral que as
mudanças de comportamento são necessárias e bem vindas por ambas as partes, consumidores
e empresas, restando apenas a mobilização individual para a futura reestruturação de hábitos
benéficos ao eco-sistema. Segundo Al Gore (2006) tentar achar desculpa para tudo é uma
atitude simples, o complicado é entrevir e optar por uma postura ou personalidade própria,
tarefa difícil nos dias atuais. Olhar em volta e dizer ”porque que eu irei tomar uma atitude se
meu vizinho também não o faz”, a grande mudança começa por ai conscientização parte de
pequenas unidades, e se juntando com mais unidades faz dezenas e das dezenas, centenas e
por ai a diante, fluxo esse capaz de modificar parcialmente o equilíbrio de nosso eco-sistema.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após analisar diversos autores citados ao longo do artigo, que argumentam sobre os
conceitos dos produtos biodegradáveis, e em meio á pesquisa desenvolvida com o público
empresarial e consumista, os executores deste artigo chegaram á conclusão que existe uma
falha quanto á divulgação benéfica dos produtos biodegradáveis e de fonte renováveis, e
como conseqüência percebe-se o desinteresse de mudar velhos hábitos, que acabam
prejudicando o meio ambiente.
Quanto aos objetivos pode-se afirmar que de maneira geral foram atingidos. Levando
em consideração o primeiro objetivo, pode-se identificar que algumas empresas utilizam as
embalagens biodegradáveis de fontes renováveis e mais do que isso, elas apóiam seu uso, mas
ou mesmo tempo identificam alguns entraves e alguns desafios na quebra de tabus. Para tal,
por meio da pesquisa percebe-se que a aceitação dos produtos renováveis pelas empresas e
seus consumidores na cidade de São Lourenço do Oeste é positiva, e essas embalagens estão
presentes no dia a dia dos supermercados e confecções, sendo mais significativo nos
supermercados, por comercializar e dispor das “sacolinhas” oriundas de plásticos
biodegradáveis de fontes renováveis.
Considerando o ultimo objetivo, a identificação das vantagens e desvantagens na
utilização dos plásticos biodegradáveis de fontes renováveis, entende-se que a argumentação
por parte dos autores referenciados basta, pois seus benefícios são indiscutíveis, e sua
utilização é mais que urgente, é um ato de sanidade. Para isso não basta só o reconhecimento
das enumeras vantagens dos plásticos e embalagens biodegradáveis de fontes renováveis, mas
também a utilização no dia a dia da população. À partida, uma intervenção municipal através
de uma lei orgânica elaborada, discutida, e acertada com a população e comerciantes, poderão
auxiliar em uma intervenção mais efetiva quanto ao uso das novas embalagens. Para Al Gore
(2006), uma vez que a conscientização é plena e as atitudes presunçosas e imediatistas, restam
apenas o auxilio de medidas legais, para fazer valer uma idéia tão simples e sublime como os
plásticos biodegradáveis de fontes renováveis, que auxiliam na preservação do meio
ambiente.
A sugestão é a proibição imediata da distribuição e venda de sacolas plásticas e
qualquer outro tipo de embalagem de fonte não renovável, tendo sempre em mente é claro
que, ao passo que se proíbe algo, tende-se a elaborar uma solução antecipadamente, na busca
de soluções que beneficie um todo, esse todo principalmente o meio ambiente.
REFERÊNCIAS
Resumo
Uma organização empresarial eficiente busca um bom gerenciamento de estoque a fim de
atender as solicitações de clientes, enfrentar as sazonalidades, as exigências de mercado e as
incertezas da economia. O presente estudo tem como objetivo analisar o gerenciamento de
estoque de uma empresa de tratamento de madeiras, considerando sua cadeia de suprimentos.
Desenvolveu-se uma pesquisa descritiva predominantemente qualitativa, através de um estudo
de caso com coleta de dados mediante entrevista semiestruturada. Por meio de análise de
conteúdo foi realizado um levantamento das empresas que compõem a cadeia de suprimentos,
a inexistência de um departamento exclusivo para a gestão de estoque e a inexistência de
softwares de gestão. Quanto à perspectiva ambiental, a empresa pratica a auto
sustentabilidade através de atividades de reflorestamento com o objetivo de minimizar os
impactos causados sobre as florestas nativas.
Abstract
An efficient business organization seeks a good inventory management in order to meet
customer requests, face the seasonality, market requirements and the uncertainty of the
economy. This study aims to analyze the inventory management of a wood treatment
company, considering its supply chain. Developed a predominantly qualitative descriptive
research through a case study with data collection through semi-structured interview. Through
content analysis was carried out a survey of the companies that make up the supply chain, the
absence of an exclusive department for inventory management and the lack of management
software. As for the environmental perspective, the company practice self-sustainability
through reforestation activities in order to minimize impacts on native forests.
2
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Logística
obtidos através da integração efetiva dos elementos da cadeia. Esse tipo de operação logística
integrada moderna é denominado Supply Chain Management - SCM, ou, em português,
Gerenciamento da Cadeia de Suprimento.
De acordo com Matias (2012) a metodologia de gestão proposta pelo SCM pode
constituir uma estratégia de logística integrada, pois possibilita ganhos a todas as empresas
envolvidas em uma cadeia de suprimentos, não se constituindo, portanto, resultado de um
esforço unilateral, mas do esforço de várias empresas no sentido de ganhos mútuos.
A preservação da madeira se dá pela adoção de técnicas que têm por objetivo estender
ao máximo a vida útil desta em uso. Ao cortar uma madeira ela estará exposta à
decomposição ou deterioração por agentes químicos, físicos e biológicos como insetos,
fungos, bactérias, moluscos e crustáceos. Para evitar esses tipos de ataques, tem-se utilizado
tratamentos preservativos que consistem na proteção das camadas externas permeáveis da
madeira contra a ação desses organismos, de modo a impedir a sua penetração e a posterior
infestação dos tecidos lenhosos das camadas internas, bem como ocasionar um aumento
considerável da vida útil da madeira (VIDOR, 2003 apud APPE et al., 2006).
Segundo a Associação Brasileira de Preservadores de Madeira – ABPM, ([2015?]) a
utilização da madeira de reflorestamento é um recurso natural renovável de ciclo curto,
sempre disponível, de baixo custo e tecnologicamente adequado para as mais diversas
finalidades.
Para Appe et al. (2006) a preservação da madeira se dá por meio de processos naturais
(indiretos) biológicos e químicos, ou seja, pode ser por meio de pincelamento, aspersão,
pulverização, imersão, banho quente-frio, substituição de seiva e autoclavação (pressão).
Ressalta ainda que a eficiência de um tratamento preservativo é decorrente do produto
preservativo usado, da técnica utilizada para a aplicação e a espécie da madeira. Dentre os
métodos existentes, o mais utilizado e que apresenta melhores resultados são aqueles
aplicados sob condições de vácuo e pressão.
O referido autor diz ainda que os quatro preservativos de ação prolongada mais
utilizados e responsáveis por cerca de 80% da madeira tratada existente no mundo são:
Arseniato de Cobre Cromatado (CCA), borato de cobre cromatado (CCB), creosoto e
pentaclorofenol. Contudo, percebe-se que nos últimos anos a utilização e a preferência por
madeiras tratadas vêm crescendo e esse fator decorre principalmente por ela apresentar
durabilidade, em pelo menos cinco vezes, superior a não tratada.
Encerrando as discussões acerca da revisão teórica, a seguir serão apresentados os
procedimentos metodológicos adotados na pesquisa.
3 METODOLOGIA
O estudo em questão classifica-se quanto à abordagem do problema como qualitativa,
quanto aos seus objetivos como descritiva e quanto aos procedimentos técnicos utilizados se
enquadra como um estudo de caso.
A pesquisa qualitativa é um meio de explorar e de entender o significado que os
indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano (CRESWELL, 2010). Desse
modo, com base em diversos autores se permite que a investigação receba maior profundidade
e detalhamento de informações.
No que tange os objetivos da pesquisa, de acordo Gil (2010) as pesquisas descritivas
tem por objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma
experiência, procurando classificar, explicar e interpretar os fatos que ocorreram.
Gil (2010, p.57) ressalta que “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e
detalhado”. Partindo disso, compreende-se que o estudo de caso é um método intensivo e
eficiente utilizado para a obtenção e avaliação de informações complexas a cerca de um
determinado objeto. Desse modo buscou-se analisar o gerenciamento de estoque de madeiras
8
tratadas na sua respectiva cadeia de suprimentos em uma empresa atuante nesse segmento no
oeste catarinense.
Em relação à coleta de dados foram de fontes primárias, que se constituem de dados
que foram levantados por meio da realização de entrevista do tipo semiaberta, que na visão de
Vergara (2009, p.9) “[...] permite inclusões, exclusões, mudanças em geral nas perguntas,
explicações ao entrevistado quanto a alguma pergunta ou alguma palavra, o que lhe dá um
caráter de abertura”.
A entrevista foi dividida em três blocos, sendo que no primeiro bloco foram realizadas
questões relacionadas à caracterização da empresa e da cadeia de suprimentos, o segundo
bloco comtemplou questões relacionadas ao gerenciamento de estoques e o terceiro e último
bloco compreendeu questões pautadas na gestão ambiental. No total foram realizadas 21
questões, aplicadas ao diretor da empresa. Os pontos da entrevista, depois de discutidos,
passaram por um processo de pré-teste para validação destes e somente posteriormente a esta,
a entrevista foi realizada.
Para o processo de análise dos dados coletados, utilizou-se da técnica de análise de
conteúdo, que constitui uma técnica de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo
de toda classe de documentos e textos. Essa análise visou obter por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores que permitam a
dedução de conhecimentos relativos às condições de recepção destas mensagens (BARDIN,
1977 apud BARROS, [2015?]).
Frente a isso, percebe-se uma logística parcialmente integrada, já que a empresa não consegue
eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente (custos e perda de tempo), por
necessitar dos processos para concluir a cadeia de suprimentos.
A visualização da cadeia de suprimentos da Trataplan e os principais fornecedores e
clientes envolvidos, pode ser feita através da Figura 2 (Cadeia de Suprimentos da Trataplan).
Com relação ao gerenciamento de estoque, em especifico, não há um setor destinado a
trabalhar com os estoques, sendo que o diretor comercial que detém maior responsabilidade
e/ou conhecimento sobre esta área. O planejamento é feito anualmente pelos sócios da
empresa, onde são estabelecidos metas e objetivos que norteiam as atividades durante o ano.
A empresa também não conta com softwares de gerenciamento de estoque, somente fazem
uso de planilhas eletrônicas.
Floresta Plantada
- Própria Clientes
- Terceiros - Pessoa Física
Agricultores
Madeireiras
TRATAPLAN
Clientes
- Pessoa Jurídica
Agropecuárias
Indústria Química Licitações
- Prod. Químicos Equipe de Transporte
montagem - Próprio
- Terceiros
tenham situações inesperadas no processo produtivo, pedidos com atrasos, itens faltantes e
clientes insatisfeitos com o nível de produtos e serviço prestados.
Com relação à gestão ambiental há um elemento contraditório em se falar em
preservação do meio ambiente usando produtos químicos para o tratamento da madeira e
indiretamente estimulando a monocultura. Entretanto, pode-se analisar que a empresa não
polui o solo, o tratamento das madeiras através do CCA imobiliza o dióxido de carbono
presente no ambiente, e através do tratamento das madeiras provindas do reflorestamento se
dá a preservação das florestas nativas. Os funcionários fazem uso dos equipamentos de
segurança e a empresa trabalha ativamente com medidas que minimizam o impacto ambiental.
Como exemplo da cultura de gestão ambiental, iniciou-se a colocação de calhas para
reaproveitamento da água da chuva e até ao final deste ano se pretende instalar uma cisterna,
já que hoje a água é toda proveniente de poços, ressaltando que no tratamento de pinos se
utiliza em média 10.000 litros/dia, e a partir do uso da cisterna a empresa será também
autossustentável em água.
Em algumas entregas aos clientes podem ocorrer sobras, a empresa as recolhe e as
envia para seu depósito próprio, para que ocorra a destinação adequada dos resíduos.
Pensando nisso, a empresa vem desenvolvendo também a proposta de instalar um incinerador,
uma vez que madeiras tratadas não podem ser queimadas a céu aberto, pois liberar gases
tóxicos. Com a instalação do incinerador a organização eliminará corretamente seus resíduos,
e poderá a energia gerada para a secagem da matéria-prima, otimizando assim o processo
produtivo.
Existe também uma iniciativa de criação de uma associação de usinas de tratamento de
madeiras por sistema de autoclave na região, para a fiscalização do tratamento da madeira,
principalmente no que tange a durabilidade da mesma. Envolve ainda a contratação um
departamento técnico para realizar análises referentes ao adequado tratamento de madeiras, já
que as análises atualmente são realizadas por um instituto de pesquisa de São Paulo e pela
Montana Química S. A. Este também seria responsável por emitir um selo de qualidade se
tudo estiver dentro das normas estabelecidas.
O entrevistado enfatizou que a grande maioria dos clientes leva em consideração a
questão ambiental na hora de realizar a compra, tanto é que já teve casos de clientes que antes
de adquirir o produto vieram até a empresa conhecer o processo produtivo e a empresa, para
depois efetuar a compra. Desse modo, a Trataplan trabalha o mais próximo possível sob a
ótica do desenvolvimento sustentável.
Por trabalhar neste segmento, a empresa acaba valorizando a atividade na região onde
se encontra inserida, contribuindo com a preservação do meio ambiente, uma vez que a
pressão sobre as florestas nativas é minimizada e se imobiliza o dióxido de carbono presente
no ambiente. Os produtos produzidos passam por um rigoroso controle de qualidade, são
economicamente viáveis e possuem uma relação de maior benefício e menor custo em relação
ao concreto e outros tipos de madeiras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo teve como objetivo analisar o gerenciamento de estoque de madeiras
tratadas na Trataplan Madeiras Tratadas Ltda., levando em consideração sua respectiva cadeia
de suprimentos.
13
A partir da análise qualitativa dos dados coletados, por meio de entrevista semiaberta,
com o Diretor Comercial da organização, verificou-se que a cadeia de suprimentos da
Trataplan conta com a participação de outras empresas, no que tange o fornecimento da
matéria-prima e a entrega do produto acabado ao cliente.
Com relação ao gerenciamento de estoque, não há um departamento exclusivo e seu
planejamento é realizado anualmente pelos sócios da empresa. Essa também não conta com
softwares de gerenciamento de estoque, somente fazem uso de planilhas eletrônicas e também
não contam com políticas de manutenção e reabastecimento de estoques para períodos
determinados. No que tange a estocagem da matéria prima e de produtos acabados não existe
nenhuma legislação, e estes são dispostos paletizados ou amontados no pátio da empresa,
galpões e na estufa de secagem.
Constataram-se também no âmbito dessa pesquisa aspectos relacionados à gestão
ambiental. Sabe-se que o trabalho com produtos químicos causam impactos negativos ao meio
ambiente, porém o sistema para tratamento de madeiras pode contribuir principalmente na
preservação de florestas nativas e na imobilização do dióxido de carbono presente na
atmosfera. Com o intuito de preservar o meio ambiente a Trataplan conta com projetos de
instalação de calhas, cisternas, incinerador e está se trabalhando fortemente na criação de uma
associação de usinas de tratamento de madeiras por sistema de autoclave na região.
Sugere-se realizar estudos comparativos com empresas do segmento de madeiras
tratadas por sistema autoclave com o objetivo de analisar também o gerenciamento de
estoque, já que este tema pareceu ser complexo e problemático para esse segmento de
negócios, devido às características próprias do negócio descritas no trabalho.
REFERÊNCIAS
ABPM, Associação Brasileira de Preservadores de Madeira. [2015?]. Disponível em:
<http://www.abpm.com.br/faq>. Acesso em: 19 jun. 2015.
APPE, Júlio Sérgio de Lima et al. Aspectos toxicológicos do preservativo de madeira CCA
(arseniato de cobre cromatado): revisão. Revista Brasileira de Toxicologia, São Paulo, v. 19,
n. 1, p.33-47, jan-jun 2006. Semestral. Disponível em: <
http://www.sbtox.org.br/Revista_SBTox/V19[1]2006/V19%20n1_Pag%2033-47.pdf >.
Acesso em: 18 jun. 2015.
CRESWELL, John W.. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3 ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 5 ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
Gil, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas,
2009.
Larissa Lappe
larissa.lappe@unochapeco.edu.br
Mestranda em Ciências Contábeis e Administração
Claudio Jacoski
claudio@unochapeco.edu.br
Doutor em Engenharia de Produção
Rodrigo Barichello
rodrigo.b@unochapeco.edu.br
Doutor em Engenharia da Produção
Resumo
Este artigo tem por objetivo realizar abordagens dos INCOTERMS 2010 (International
Commercial Terms), como ferramentas para auxiliar na gestão de riscos em transações
internacionais. Os termos internacionais de compra e venda Incoterms são utilizados para
definir dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacional, direitos e
obrigações do exportador e do importador. Para atingir os objetivos estabelecidos, o estudo
apresenta revisão de literatura sobre a temática dos riscos associados às transações
internacionais, assim como a discussão das vantagens e desvantagens dos Incoterms 2010 no
gerenciamento de riscos. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da investigação foi
de natureza quantitativa e qualitativa, por meio do delineamento exploratório e descritivo. A
coleta de dados se deu através de uma survey elaborada sob a forma de questionário on line
aplicado no mês de janeiro de 2016 em 10 empresas associadas ao Núcleo de Comércio
Exterior e Logística da Associação Comercial e Industrial do município de Chapecó - Estado
de Santa Catarina - Brasil, a fim de avaliar como a escolha dos Incoterms 2010 influencia no
controle dos riscos em projetos de exportação. Os resultados revelam que a escolha dos
termos internacionais de compra e venda por parte dos exportadores se dá em sua maioria por
razões como: domínio dos importadores e exportadores na logística de movimentação da
mercadoria negociada, escolha do modal para efetivar o transporte internacional, composição
de preço e entendimento dos entrevistados acerca dos grupos dos Incoterms 2010.
Palavras Chave: Incoterms, Logística Internacional, Comércio Internacional, Gerenciamento
de riscos.
Abstract
This article aims to carry out approaches of Incoterms 2010 (International Commercial
Terms), as tools to assist in risk management in international transactions. International terms
of trade Incoterms are used to define within the framework of a contract of international buy
and sale rights and obligations of the exporter and importer. To achieve the established
objectives, the study presents a literature review on the topic of the risks associated with
2
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, com a crescente competitividade e as constantes mutações no mercado,
as organizações tendem a traçar estratégias de negócios para aumentar a fatia de mercado e
criar planos para atender o mercado internacional. No entanto, durante o desenvolvimento
desses projetos, riscos e ameaças podem afetar o resultado final de uma atividade e
respectivamente interferir no desempenho organizacional.
Os riscos podem ser definidos como a probabilidade de algum evento adverso afetar
negativamente às metas de um projeto (PRADO, 2001). No comércio internacional, os riscos
são inerentes às transações comerciais estabelecidas entre os países. Tanto importador, quanto
exportador estão sujeitos a eles, sejam riscos econômicos, políticos, geográficos, de
planejamento, de competidores, sustentabilidade ou qualidade. A situação fica ainda mais
turbulenta quando riscos econômicos e riscos políticos se fundem, nesta situação gestores de
projetos tem uma bomba relógio em mãos, por não terem influência sobre esses eventos
(COELHO, 2009).
Ao iniciar uma relação de compra e venda no mercado internacional, é necessário que
a empresa realize um projeto de exportação, com a finalidade de definir todas as tarefas que
devem ser executadas e controladas para atingir os resultados. Segundo o guia PMBOK
(2014), um projeto envolve o gerenciamento de 10 áreas do conhecimento, gerenciamento da
integração do projeto, do escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações,
riscos, aquisições, e gerenciamento das partes interessadas do projeto. Conforme Carvalho e
Rabechini Jr. (2011), o PMBOK, elaborado pelo PMI (Project Management Institute) é o guia
de conhecimento sobre Gestão de Projetos mais difundido, presente em mais de 100 países, e
também é o mais utilizado no Brasil. Nesse artigo será explorado apenas a área de
conhecimento relacionada ao gerenciamento de riscos.
O gerenciamento de riscos em um projeto de exportação corresponde ao processo de
mitigar ou eliminar os riscos envolvidos em suas transações, normalmente está associado ao
controle das incertezas, obstáculos e imprevistos que podem refletir no resultado final de uma
atividade, como flutuações na taxa de câmbio, burocracia alfandegária e aduaneira, sistema
tributário, e infraestrutura brasileira (MINERVINI, 2012).
O propósito desta pesquisa é analisar se a utilização dos Incoterms 2010 pode
contribuir para o gerenciamento de riscos nas transações internacionais, e investigar se
empresas exportadoras reconhecem os termos internacionais de compra e venda para esta
finalidade. Os termos são utilizados dentro de uma relação de compra e venda internacional,
3
realizadas por Smith e Stulz (1985) obtiveram resultados contrários, concluíndo que as
empresas que adotaram cobertura de riscos, adquiriram uma maximização do seu valor. Este
resultado foi atribuído a três motivos: a redução de impostos, o custo de dificuldades
financeiras e a aversão ao risco empresarial (LIMA, 2012).
Dessa forma, a visão tradicional de risco e sua gestão, profundamente trabalhados na
área financeira através do dilema risco versus retorno, foi chamado de risco financeiro. Essa
prática passou por revisões constantes, visto que as organizações estão expostas a outros tipos
de riscos, cujas origem não é apenas financeira, devendo merecer uma gestão igualmente
importante, afinal não há dúvidas que qualquer tipo de risco que envolve a empresa possui
impacto nos resultados (PADOVEZE; TARANTO, 2009).
A essência do gerenciamento de riscos está em selecionar os riscos aos quais uma
empresa pode ou quer se expor, considerando não apenas a maneira como deve se proteger
deles, mas também observando quais podem ser explorados e a melhor forma para isso
(DAMODARAN, 2009). A gestão de riscos pode ser entendida como uma forma organizada
de identificar e mensurar os riscos, buscando alternativas estratégicas para controlá-los, ela
procura incentivar o gestor a olhar para o futuro na tentativa de antecipar o que pode dar
errado (KERZNER, 2006).
Cada organização possui uma estratégia para os riscos identificados, para os negativos,
geralmente utiliza-se as ações de eliminação, transferência, mitigação ou aceitação. Se os
riscos forem positivos, é possível adotar estratégias de exploração - promovendo incentivos
para que o evento aconteça; compartilhamento - dividir ou ceder os benefícios do risco para
outro com maior capacidade em explorá-lo; melhorar - aumentar a probabilidade e ou impacto
do risco; aceitação - não serão tomadas atitudes, porém deseja-se que o risco aconteça
(KEELING; BRANCO, 2012).
Para Lima (2012) as decisões da empresa sobre o nível de exposição aos riscos são
pontos importantes para o desempenho organizacional. Se ela decide se proteger, não terá
oportunidades adicionais, pois quando assume posição defensiva sua capacidade de avaliar o
cenário fica comprometida e consequentemente não é capaz de distinguir os riscos que é
capaz de assumir. Manab e Ghazali (2013), destacam a gestão de riscos como elemento chave
para o sucesso organizacional, independentemente do tamanho ou setor da indústria. Fatos
como a falência de empresas, escândalos corporativos e fraudes são razões para a
implementação de um sistema de gerenciamento. Gerir de forma eficaz os fatores de risco,
pode resultar em liderança de mercado, crescimento e confiança dos investidores na empresa.
2.2 RISCOS NAS TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS
Conforme Coelho (2009) os riscos de uma cadeia de suprimentos podem ser divididos
em sete categorias: 1. Riscos econômicos, referem-se a fatores externos à empresa e à sua
cadeia, compreende flutuações de taxas de câmbio, impostos, taxas de juros, falência de
cliente/fornecedores, na qual o gestor terá pouca influência sobre os eventos. 2. Riscos
políticos, envolvem disputas comerciais entre países, possíveis guerras, embargos. 3. Riscos
geográficos, como desastres naturais, em razão de fatores climáticos. 4. Riscos de
planejamento, falta de planejamento e previsões equivocadas podem frustrar a expectativa do
cliente. 5. Competidores, observar o concorrente, porém sem perder o foco no mercado. 6.
Sustentabilidade, adoção de processos e produtos ecologicamente corretos. 7. Qualidade, item
que já deveria ter saído da lista, mas ainda há muitos problemas de qualidade em produtos e
processos, implantar sistemas de gestão de qualidade, atualmente é palavra de ordem.
5
Ao mesmo tempo, Minervini (2005) destaca outros riscos que precisam ser
gerenciados ao iniciar uma atividade de exportação:
a) Risco País: Possibilidade de sofrer perdas econômicas por parte do exportador, ocasionados
por eventos que não estão sob o controle das empresas particulares ou dos indivíduos (por
exemplo, uma revolta, uma limitação do livre comércio, ou uma crise política);
b) Risco Cambial: Desvalorização da moeda de referência em relação ao valor da própria
moeda no momento do pagamento da mercadoria;
c) Risco de falta da retirada da mercadoria: Com uma forma de pagamento do tipo: “entrega
após a apresentação dos documentos” o importador não se apresenta para retirar a mercadoria;
d) Risco de Variabilidade da Demanda: A demanda do produto inicialmente prevista sofre
uma queda significativa devido a uma crise econômica ou à entrada de novos produtos ou
concorrentes;
e) Risco de Variabilidade do Preço de Venda: O preço pode variar por políticas de
concorrência, por barreiras aos produtos importados ou por um diferente poder contratual dos
compradores;
f) Risco de Incremento nos custos de investimento: Aumento das barreiras de entrada no país
ou dos custos internos;
g) Risco técnico: O produto não satisfaz a requisitos das normas técnicas locais;
h) Risco Jurídico: Pode-se entrar em conflitos judiciários por questões de legislação diferente
no que se refere aos contratos ou leis de defesa do consumidor.
Minervini (2012) reforça a necessidade de o projeto de internacionalização, considerar
os riscos e possíveis formas de evitá-los, ao contrário eles podem atingir até os veteranos da
exportação. Para tanto, agrega aos riscos mencionados, mais três aspectos: Risco de falta de
pagamento - o cliente pode não querer pagar o exportador; Confiabilidade das informações -
informações equivocadas ou a falta delas podem contribuir para o aumento do risco na
operação; Risco de contestação da mercadoria - o cliente recusa a mercadoria alegando que
não corresponde ao pedido.
Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria - CNI (2014) o principal
problema para a expansão das exportações, é a taxa de câmbio, seguido da burocracia
alfandegária e aduaneira que possui impacto no tempo de liberação de cargas e desembaraço
aduaneiro. O sistema tributário também foi um aspecto detectado como entrave à atividade
exportadora, assim como a infraestrutura brasileira. Tais fatores interferem diretamente a
competitividade da indústria brasileira em transações internacionais.
2.3 INCOTERMS
Nas compras e vendas internacionais de mercadorias, assim como no mercado interno,
é necessário definir as responsabilidades entre vendedor e comprador. No comércio
internacional, as partes envolvidas se utilizam de alguns termos para isso, com o objetivo de
dividir os custos e riscos entre elas. Estes termos são chamados de INCOTERMS - Termos
Internacionais de Comércio (International Commercial Terms) que representam um conjunto
de regras para a interpretação de algumas cláusulas comerciais presentes nos contratos de
compra e venda de mercadorias. Devido a diversidade dos aspectos culturais e usuais nos
mais diversos países, e das diferentes formas de entregar mercadorias em cada um deles,
6
5) CPT - Carriage Paid to- Transporte pago até (local de destino nomeado): O vendedor
entrega a mercadoria ao transportador ou outra pessoa nomeada por ele mesmo, no local que
foi designado em seu país, com transporte contratado e pago por ele, para levar a mercadoria
até o destino nomeado no exterior, cumprindo assim sua obrigação de “entrega” quando a
mercadoria é entregue ao transportador e não quando chega ao local no destino nomeado.O
vendedor é o responsável pelo desembaraço das mercadorias para exportação, sendo esta
cláusula utilizada em qualquer modalidade de transporte;
6) CFR - Cost and Freight – Custo e frete (porto de destino nomeado): Custo e Frete significa
que o vendedor entrega a mercadoria a bordo do navio ou localiza a mercadoria assim
entregue. O vendedor é responsável pelo pagamento de todos os custos associados ao
transporte das mercadorias até o porto de destino designado, bem como despesas de
carregamento a bordo da embarcação, no porto de origem. O exportador não responderá pelos
custos de desembarque da mercadoria no porto de destino, que serão arcados pelo comprador.
O vendedor é responsável pelo desembaraço da exportação. Esta cláusula só deve ser utilizada
no transporte aquaviário;
7) CIP - Carriage and Insurance Paid to – Transporte e seguro pagos até (local de destino
nomeado): O vendedor entrega a mercadoria ao transportador ou outra pessoa nomeada por
ele, no local acordado em seu país, porém com transporte contratado e pago por ele para
colocar a mercadoria a disposição do comprador em local de destino nomeado. A partir do
momento em que as mercadorias são entregues à custódia do transportador, os riscos por
perdas e danos se transferem do vendedor para o comprador, assim como possíveis custos
adicionais que possam incorrer. O seguro pago pelo vendedor tem cobertura mínima, cuja
cópia da apólice deve ser entregue ao comprador, compete ao comprador avaliar a
necessidade de efetuar seguro complementar. Essa cláusula pode ser utilizada em qualquer
modalidade de transporte;
8) CIF (Cost, Insurance and Freight) - Custo, Seguro e Frete (porto de destino nomeado): A
responsabilidade sobre a mercadoria é transferida do vendedor para o comprador no momento
em que está a bordo do navio ou quando localiza a mercadoria entregue no porto de
embarque. O risco por perda ou dano à mercadoria é transferido ao comprador nesse
momento. O vendedor deve contratar e pagar os custos e frete do ponto de entrega até o ponto
de destino que foi nomeado. Esse termo deve ser usado somente para transporte aquaviário
(marítimo, fluvial ou lacustre);
9) DAT (Delivered At Terminal) - entregue no terminal (Terminal nomeado no porto ou local
de destino): Esse termo significa que o vendedor entrega a mercadoria, desembarcada no meio
de transporte utilizado. Quando ela for colocada à disposição do comprador no terminal
nomeado, no porto ou local de destino nomeado, o vendedor deve assumir todos os riscos e
custos envolvidos. O desembaraço da mercadoria na exportação é por conta do vendedor,
quando aplicável, enquanto que os de importação correm por conta do comprador. Este termo
pode ser utilizável à qualquer modalidade de transporte;
10) DAP (Delivered At Place) – entregue no local (local de destino nomeado): o vendedor
completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à
disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num local de destino
indicado que não seja um terminal, pronta para ser descarregada do veículo transportador e
não desembaraçada para importação.O desembaraço da mercadoria na exportação é por conta
do vendedor, quando aplicável, enquanto que os de importação correm por conta do
comprador. Essa cláusula é utilizável em qualquer modalidade de transporte;
9
11) DDP (Delivered Duty Paid) - entregue com direitos pagos (local de destino nomeado): O
vendedor entrega a mercadoria ao comprador, no veículo de transporte, desembaraçada para
importação no local de destino designado, ao contrário do EXW, este termo é de maior
responsabilidade ao vendedor. É o Incoterm que estabelece o maior grau de compromisso
para o vendedor, pois ele assume todos os custos e riscos para a entrega da mercadoria. As
duas partes devem estabelecer de maneira clara o local de destino que foi acordado. Essa
cláusula é utilizável em qualquer modalidade de transporte.
No quadro abaixo, apresenta-se uma síntese das características de cada cláusula dos
Incoterms 2010, elaborado de acordo com o descrito neste trabalho. Para compreensão das
informações contidas nele, deve-se considerar: M: Marítimo; A: Aéreo; T: Terrestre; IMP:
Importador; EXP: Exportador.
DIVISÃO DAS RESPONSABILIDADES ENTRE IMPORTADOR E EXPORTADOR
Frete Internacional
Transporte Interno
Transporte Interno
Aduaneira Origem
Aduaneira Destino
Taxas/Despesas
Documentação
Documentação
Imposto/Taxas
Sigla Incoterm
Internacional
Embalagem
Liberação
Liberação
Origem
Origem
Origem
Origem
Destino
Destino
Destino
Seguro
Modal
M
EXW A IMP IMP IMP IMP IMP IMP IMP IMP IMP IMP IMP
T
FAS M EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP IMP IMP
FOB M EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP IMP IMP
M
FCA A EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP IMP IMP
T
CFR M EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP IMP
M
CPT A EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP IMP
T
CIF M EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP
M
CIP A EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP
T
M
DAT A EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP
T
M
DAP A EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP IMP IMP IMP IMP
T
M
DDP A EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP EXP
T
Fonte: Adaptado de rmseguros.com.br/incoterms.htm (2015)
10
entendimento no grupo F (83%), acredita-se que por conter um dos termos mais utilizados
pela empresas pesquisadas, o termo FOB- Free on Board/ Livre a bordo (porto de embarque
nomeado), limitando às responsabilidades dos exportadores ao mercado interno.
Outro aspecto investigado, foi a forma de escolha do Incoterm pela equipe comercial
da empresa, os resultados mostraram que das 06 empresas, em 03 delas a escolha do Incoterm
é definido pelo importador, 1 empresa mencionou que o Incoterm é decidido em razão do tipo
de transporte, 1 revelou que é definido pela empresa em razão da composição de preços, e
outra mencionou que é definido pela empresa em razão da composição de preços e do tipo de
transporte. Se o Incoterm é definido pelo importador, o risco ao exportador é maior, ficando
exposto a várias situações. Quanto à escolha do transporte definir o termo, as empresas
exportadoras ficarão restritas aos modais disponíveis em sua região de atuação.
100%
17% 17% 17% 17%
90%
Nunca
80% 17% 17%
70% 33% Raramente
60%
As vezes
50%
83%
40% Quase sempre
67% 67%
30% 50%
20% Sempre
10%
0%
Grupo E Grupo F Grupo C Grupo D
disponibilizar a mercadoria no destino, arcando com todos os riscos e custos até a entrega da
mercadoria ao exportador. Esse termo foi apontado pelas empresas pesquisadas como uma das
últimas opções de escolha por parte dos departamentos de exportação, expressando grande
preocupação com riscos que podem interferir no percurso logístico internacional da
mercadoria, bem como a burocracia aduaneira nos países de destino. Esta é uma opção
adotada em sua maioria, por empresas que possuem filiais nos países de destino, garantindo
assim, algum controle do espaço aduaneiro externo.
No comércio internacional, os riscos são inerentes às transações comerciais
estabelecidas entre os países. Tanto importador, quanto exportador estão sujeitos à
perturbações do ambiente geral, os Incoterms 2010, são efetivamente controladores do ponto
de transferência de risco e custo do exportador para o importador, nesse contexto foram
encaminhadas 4 questionamentos embutidos em uma única questão, que resultaram no gráfico
2. A partir da análise desses dados, constatou-se que 67% dos entrevistados consideram que o
grau de risco e custo pode ser moderado ou controlado de acordo com a escolha do Incoterm.
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projetos: construindo competências para gerenciar projetos. São Paulo: Atlas, 2011.
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YIN, Robert K. Estudos de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: 1994.
Teoria das restrições aplicada em um processo de produção de moda íntima
Resumo:
Para o alcance das metas e desenvolvimento sustentável de uma empresa é de fundamental
importância o aproveitamento máximo dos recursos existentes. Assim cabe a empresa
trabalhar de tal forma para aproveitar ao máximo seus recursos, criando condições para o
alcance das metas, pois o principal fator de economia dos recursos em uma empresa, é o
balanceamento de linha que busca aproveitar mais o tempo e conseqüentemente aumentar o
fluxo do processo em si. Isso é possível através da implantação da teoria das restrições que
por sua vez aponta o elo mais fraco na linha de produção, o qual impede ao alcance da meta,
também definido como gargalo. O objetivo deste estudo de caso é aplicar o processo de
otimização da teoria das restrições em uma empresa de moda íntima, com enfoque na linha
masculina. Sendo que tem como objetivos específicos a descrição do processo produtivo de
moda intima masculina atual. A identificação do gargalo e por fim aplicação de melhorias no
processo produtivo em estudo. Para aplicar a teoria das restrições num processo produtivo de
moda íntima masculina, foram realizadas pesquisas e coletas de dados qualitativos e
quantitativos, que possibilitaram um diagnóstico que identificou a localização do gargalo
existente no processo produtivo em estudo. Portanto através desse estudo foi possível
identificar os gargalos do processo produtivo, bem como otimizar a produção como um todo,
na busca de um aprimoramento contínuo, através de controle e gerenciamento das restrições,
para fim atingir as metas da empresa.
Palavras chave: Teoria das Restrições, Otimização, Indústria de Confecções.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Teoria das Restrições
De acordo com Guerreiro, (1996, p.13) “Na segunda metade dos anos 80, nos Estados Unidos
da América, Goldratt desenvolveu a teoria das restrições (TOC – Theory of Constraints)”.
Goldratt buscava a otimização globalizada da organização e desenvolveu uma nova filosofia
de gerenciamento para a administração dos processos de produção, o qual busca a
maximização dos resultados, através da otimização dos recursos restritivos.
Neste sentido Goldratt (1993, p. 49) afirma que a idéia, principal de qualquer empresa é “...
ganhar dinheiro tanto hoje como no futuro”. Partindo que todo o sistema deve trabalhar e
direcionar ao alcance da meta, e ainda, todo o sistema possui ao menos uma restrição que
impede o alcance da mesma ao contrario os ganhos seriam infinitos, a TOC procura
maximizar seus ganhos, através de uma adequada gestão da produção, o qual foca todas suas
ações no recurso restritivo, para obter balanceamento de linha.
A teoria das restrições por sua vez define como foco principal a restrição existente em um
processo, o que é definida por Goldratt (1991, p.10) como: “(...) qualquer coisa que limita um
melhor desempenho de um sistema, como o elo mais fraco de uma corrente (...)”, em outras
palavras, é o recurso onde menos produz em um sistema, o que deixa os demais recursos
envolvidos do processo ociosos.
Também conhecida como gargalo, a restrição segundo Plantullo (1994, p.34) é: “(...) todo
recurso que possui uma capacidade menor que a sua de demanda”. O que significa nas
palavras de Tubino (2000, p.164) que, “Gargalo é um ponto do sistema produtivo (máquina,
transporte, espaço, homens, demanda etc.) que limita o fluxo de itens no sistema”.
Para Plantullo, (1994, p.33): “A Teoria das Restrições procura tratar o ambiente envolvente de
forma diferenciada e localizar gargalos (bottlenecks) em se tratando de produção”. Referindo-
se que para maximizar os ganhos a teoria das restrições, apesar de ter visão sistêmica, dá mais
ênfase nas restrições existente no sistema, ou seja, está de olho no que impede o alcance da
meta estabelecida.
Reforçando a citação anterior Guerreiro (1996, p.14), afirma que Goldratt buscava a
otimização globalizada de uma organização; “A teoria das restrições rompe as barreiras do
sistema produtivo e generaliza, para a empresa como um todo (...)”. Que se dá através de uma
visão geral, ou melhor, uma visão global da organização, o qual facilita na tomada de decisão.
A teoria das restrições não é aplicada necessariamente em uma empresa com sistema
produtivo, mas para qualquer modelo de sistema, pois as restrições podem ser físicas como
não físicas (políticas). Guerreiro (1996, p.14) explica as mesmas: “(...) física, engloba
mercado, fornecedor, máquinas, materiais, pedido, projeto, pessoas e é denominada de
restrição de recurso (...)” o que ataca em um sistema produtivo a ineficiência do processo. Já a
não física é: (...) formada por normas, procedimentos e práticas usuais do passado,
denominada de restrição de políticas (...).
JIT (Just – In – Time) por sua vez de acordo com Davis, Aquilano, Chase (2001, p.407), é
produzir grande quantidade, com o menor número de perdas possíveis: “(...) é um conjunto de
atividades projetado para atingir a produção em alto volume, utilizando estoques mínimos de
matérias-primas, estoque intermediário e bens acabados”. É através da relação entre a Teoria
das Restrições com a JIT (Just – In –Time), que a teoria das restrições torna-se uma
ferramenta ainda mais adequada no combate contra perdas existente dentro de uma
organização, assim auxiliando a mesma de tal forma a aumentar seus resultados e
consequentemente seu poder competitivo no mercado.
Baseado na premissa que toda empresa possui ao menos uma restrição, ao contrário seus
ganhos seriam infinitos, e por sua vez é necessário otimizá-la, Guerreiro (1996), apresenta que
na teoria das restrições possui cinco passos para auxiliar ao gestor na tomada de decisão no
que se refere ao recurso restritivo:
1º passo: Identificar as restrições do sistema;
Nesse passo é identificado o elemento que limita a capacidade de produção da empresa.
Guerreiro (1996, p.21) coloca que: “Nesta primeira etapa, devem ser identificadas as
restrições existentes no sistema”. Nessa etapa são identificadas as restrições que limitam o
desempenho do sistema.
2º passo: Decidir como explorar as restrições do sistema;
Na segunda etapa, busca-se a máxima exploração do recurso restritivo, que é o recurso
limitador no sistema. Guerreiro (1996, p.21) coloca: “Explorar as restrições significa tirar o
máximo proveito delas”. Ou ainda procurar obter o melhor resultado da restrição, utilizando
de toda a sua capacidade para que aumente seu ganho.
Em poucas palavras Roger, Reis, Dami (p.4) explicam que: simplesmente significa extrair o
máximo deles. Para Oenning et al (2004, p. 212) é através da: “... combinação ótima dos
produtos é a que possibilita o maior ganho possível para a empresa”.
5º passo: Se, num passo anterior, uma restrição for eliminada, volte ao primeiro passo, mas
não permita que a inércia gere uma restrição no sistema;
Segundo Guerreiro (1996, p. 22), depois de atacar a restrição existente, surge nova restrição
no sistema “Tendo em vista que sempre surgirá uma nova restrição após a etapa 4, o ciclo
deve ser reiniciado novamente a partir da etapa 1”. Oenning et al (2004, p.213) coloca que “A
gestão dos gargalos deve ser atividade constante em toda a empresa”. De acordo com Soares
“(...) as restrições são móveis e modificam-se à medida que o tempo passa e o ambiente se
altera”. Portanto com a aplicação dos cinco passos a empresa apresentara uma gama de
informações, com respostas rápidas que auxiliará na tomada de decisões, diretamente
relacionadas à maximização dos resultados obtidos através da otimização do recurso
restritivo.
Neste sentido Guerreiro (1996, p. 37-38), apresenta no quadro 1 apresenta que a teoria das
restrições estabelece nove princípios básicos de otimização. Os quais auxiliam na busca da
otimização da produção no sistema.
OS NOVES PRINCIPIOS DA TEORIA DAS RESTRIÇÕES
1- Balancear o fluxo e não a capacidade.
2- O nível de utilização de um recurso não gargalo é determinado por seu próprio potencial e sim por outra
restrição do sistema.
3- A utilização e a ativação de um recurso não são sinônimos.
7- O lote de transferência não pode e muitas vezes não deve ser igual ao lote de processamento.
3 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como pesquisa exploratória, pois todos os
processos apresentam descrições precisas de situação e quer descobrir as relações existentes entre
os elementos componentes da mesma. (CERVO, BERVIAN, 2002).
Os procedimentos de pesquisa são caracterizados como estudo de caso, que por sua vez
possibilita novas descobertas de problemas no processo. Segundo Gil (1996) “O estudo de caso
é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que
permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente mediante os outros
delineamentos considerados” (GIL, 1996, p. 58).
E abordado de forma qualitativa e quantitativa na busca de pesquisas profundas que focam de
forma ampla e de simples entendimento. Na abordagem qualitativa destaca-se características
não observadas por meio de um estudo quantitativo, haja vista a superficialidade deste último
(BEUREN, 2003).
No modelo B, para balancear a linha de produção é necessária uma produção mínima de 246
unidades diárias, mesmo que a demanda seja a nova restrição do sistema como um todo.
Na tabela 6 é apresentado o balanceamento de linha do modelo B (boxer cotton elástico
personalizado).
Tempo
Nº Atividades unitário por Disponibilidade Peças/dia Meta %
processo
1 Processo corte 0,68 510 750 246 33%
2 Fechar 1,375 510 371 246 66%
3 Emparelhar 1,37 510 372 246 66%
4 Colocar elástico perna 0 0 0 246 0%
5 Colocar elástico cinta 0,74 510 689 246 36%
6 Travetar cinta 0 510 0 246 0%
7 Arrematar 2,07 510 246 246 100%
8 Etiqueta termo colante 0,56 510 911 246 27%
9 Transportar para embalagens 0 510 0 246 0%
10 Embalagem das peças 0,71 510 718 246 34%
Fonte: Elaborado pelo autor
Tabela 6 – O balanceamento do processo produtivo do modelo B
Para otimizar ao máximo da restrição do sistema produtivos dos modelos em estudo é
utilizado parte da capacidade produtiva dos demais recursos não restritivos, pois os mesmos
têm capacidade ociosa.
4) Elevar as restrições do sistema;
Depois de explorado ao máximo o gargalo sem maiores investimentos, nessa etapa sugere-se
a aquisição de novos recursos e equipamentos, que vão possibilitar o aumento de produção
como um todo. Mas nos processos em estudo, depois de explorado ao máximo o gargalo
produtivo o novo gargalo passa a ser a demanda, o que significa que a empresa não necessita
de investimento em novos recursos e equipamentos nos processos produtivos em estudos e
sim investimentos no setor de vendas, buscando exploração máxima do novo gargalo. O que
pode se dar através de:
a) Integração de novos representantes comercias em pontos estratégicos atingindo
maiores pontos de vendas;
b) Maiores investimentos em marketing; (divulgação da marca) outdoors, catálogos;
c) Treinamentos para os representantes comerciais.
5) Se, num passo anterior, uma restrição for eliminada, volte ao primeiro passo, mas não
permita que a inércia gere uma restrição no sistema;
Depois de aplicado todos os passos da TOC (teoria das restrições) e otimizado o recurso
restritivo, a teoria deve ser reaplicada no processo produtivo como um ciclo vicioso, pois cada
vez que eliminada uma restrição, surge outra.
No caso em estudo a empresa a partir da etapa cinco, reinicia o processo de aplicação da
TOC, buscando aumentar a capacidade produtiva da empresa como um todo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode–se dizer que o principal objetivo desse estudo foi atingido, através da aplicação da teoria
das restrições (TOC) em um processo produtivo de moda íntima masculina. Salienta-se que o
setor masculino obteve grandes investimentos em equipamentos, o que desperta a curiosidade
de qual a utilização da sua capacidade produtiva.
Para a realização desse trabalho descreveu-se e cronometrou-se todo o processo produtivo do
setor de moda íntima masculina, o qual proporcionou dados que possibilitaram a identificação
do gargalo existente no processo produtivo em estudo. Assim permitindo trabalhar para a
otimização do gargalo, através da exploração máxima do mesmo.
Portanto, o trabalho alcança o seu objetivo, apresentando a otimização do recurso restritivo
existente, através da aplicação dos cinco passos da teoria das restrições. Ressalta-se que o
bom desempenho da aplicação da teoria das restrições é necessário a paciência e a
persistência de todos os envolvidos, pois mudanças organizacionais sempre geram
desconforto a todos. Mas ao contrário irá colaborar para o bom desempenho dos
colaboradores e principalmente da empresa como um todo.
REFERÊNCIAS
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Paulo: Editora Atlas S.A. 2003.
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Um estudo sobre as Partes Interessadas do Programa Mercado Público Regional (MPR)
no âmbito do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Meio
Ambiente- CIDEMA com base no PMIR.
Resumo
O gerenciamento de projetos vem assumindo papel de destaque dentro dos modelos de
administração, elevando a velocidade, robustez e excelência operacional, aliado a gestão das
partes interessadas, assume notoriedade, e a cada dia esforços são potencializados para
desenvolver competências organizacionais nesta área. Nesse contexto, a presente pesquisa
teve como objetivo principal analisar o gerenciamento do Programa Mercado Público
Regional (MPR) de Chapecó, administrado pelo Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Econômico, Social e Meio Ambiente – CIDEMA a partir das partes
interessadas. Em relação aos procedimentos metodológicos, a pesquisa classifica-se como
descritiva. Para coleta de dados, formulou-se um questionário estruturado, aplicado aos
Secretários da Agricultura dos municípios que tem espaço para comercializar produtos no
MPR e, entrevista semiestruturada com o administrador do MPR e dois Secretários para
contribuir nas análises, obteve-se um retorno de 85% dos questionários. Os resultados
mostram que os municípios pesquisados tem sua base econômica alicerçada na agricultura
familiar. A gestão do MPR é compartilhada entre CIDEMA e municípios, porém, não
possuem unificação quanto ao processo, geralmente cada município utiliza metodologias
próprias para gerir o Programa. A pesquisa revelou lacunas quanto ao envolvimento das
partes interessadas ao longo do ciclo de vida do Programa, compreende, desde a capacitação
dos responsáveis, ausência de análise ambiental considerando os diferenciais e potenciais de
cada município, falta de logística integrada e, clareza das atribuições dos envolvidos.
Observou-se também, que o Programa beneficia famílias em aspectos sociais, melhorando a
qualidade de vida.
Palavras-chave: Gestão de projetos, Partes interessadas, Mercado Público Regional,
Planejamento.
A study about the Interested Parts of the Public Regional Market Programme (MPR) in
the Intermunicipal Consortium for Economic, Social and Environment Development-
CIDEMA based on PMIR.
Abstract
Project management is assuming a prominent role within the management models, increasing
the speed, robustness and operational excellence combined with interested parts management,
it takes notoriety, and efforts are daily enhanced to develop the organizational skills in this
area. In this context, the present study aimed to analyze the management of the Public
Regional Market Programme (MPR), in Chapecó,
administered by the Intermunicipal Consortium of Economic, Social and Environment
Developments - CIDEMA from the perception of interested parts that take part in the
program. Regarding the methodological procedures, the research is classified as descriptive.
To collect the data, a structured questionnaire was made and applied to MPR manager and
two Agriculture Secretaries to contribute in the analysis, there was a return of 85 % of the
questionnaires. The program council and semistructured interviews were made with the MPR
manager and with two responsibles for the program in the municipality. The results showed
that the surveyed municipalities have their economic base rooted in family farming. MPR
management is shared between CIDEMA and municipalities, however, they don't have unity
in the process conduction, each municipality usually uses own methodologies to manage the
program. The survey revealed gaps in the involvement of the interested parts throughout the
program lifecycle, extending from the training of those responsible, the absence of
environmental analysis considering the advantages and potential of each municipality, the
lack of integrated logistics and the clarity in the attributions of those involved. It was also
observed that the program benefits families in social aspects, improving the life quality.
Key words: Projects management, Interested parts, Public Regional Market, Management.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.2 Projeto aplicado à área pública - Programa Mercado Público Regional (MPR)
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nível de Concordância
Gestão do Programa MPR
1 2 3 4 5
As expectativas do Programa são atendidas pela gestão
50,00% 50,00%
compartilhada (CIDEMA e MUNICÍPIO)
As melhorias necessárias para fomentar o programa são
16,67% 33,34% 33,34% 16,67%
realizadas conforme demanda indicada pelos gestores.
Existe uma rede de integração entre os municípios para a
100,00%
coleta e transporte dos alimentos até o mercado público.
Os municípios registram e partilham experiências de gestão
50,00% 16,67% 16,67% 16,67%
do programa com os demais municípios parceiros.
A capacitação oferecida pelo CIDEMA para a gestão do
16,67% 33,34% 16,67% 33,34%
Programa no município é efetiva.
Os conflitos entre os fornecedores do Programa e municípios
são registrados, buscando aprendizado para solução de 33,34% 50,00% 16,67%
futuros problemas.
A gestão do Programa no município é responsabilidade de
16,67% 50,00% 33,34%
uma equipe.
A gestão do Mercado Público Regional pelo CIDEMA
33,34% 16,67% 16,67% 33,34%
atende as expectativas e requisitos dos municípios.
A produção semanal por família é limitada por uma
33,34% 16,67% 33,34% 16,34%
demanda mínima de produtos.
Os produtores são capacitados/orientados para melhorar a
16,67% 16,67% 66,68%
sua produção.
O foco da produção de produtos é definido por cada
16,67% 83,45%
produtor.
Fonte: Dados primários - 2016.
Quadro 1 – Gestão do Programa MPR
Nível de Concordância
Identificação do município com o Programa
1 2 3 4 5
O Programa proporcionou maior visibilidade ao município
16,67% 16,67% 16,67% 16,67% 33,34%
na região.
O programa fortalece o município no desenvolvimento e
33,34% 16,67% 33,34% 16,67%
fortalecimento da agricultura familiar.
O Programa beneficia as famílias produtoras no âmbito
33,34% 33,34% 33,34%
econômico e social.
Ocorre ampla divulgação do Programa no município e
33,34% 16,67% 16,67% 16,67% 16,67%
região.
O investimento realizado pelo município no Programa
33,34% 33,34% 16,67% 16,67%
atendem as expectativas de retorno
Há interesse das famílias em participar do programa. 16,67% 16,67% 33,34% 33,34%
O Programa fortalece vínculos com a agricultura familiar e
16,67% 16,67% 50,00% 16,67%
proporciona aumento de renda para as famílias do programa.
Fonte: Dados primários – 2016
Quadro 3 – Identificação do município com o Programa MPR
Quanto ao interesse das famílias em participar do Programa, temos um nível de
concordância de 66,67%, no entanto, ao confrontar este dado com o número de famílias
beneficiadas pelo Programa, observa-se que o número de famílias beneficiadas por município
é na média de 5 a 10 famílias, o que caracteriza uma proporção não muito significativa, se
considerarmos o número total de famílias agricultoras, que gira na média de 450 famílias por
município. Na mesma lógica, esta o aumento de renda para as famílias, pois, temos um
número significativo que afirma não ocorrer esse aumento, ou mantiveram-se neutros na
resposta, e 50% concordam parcialmente com tal afirmativa.
Outra constatação é a falta de monitoramento de forma efetiva por parte do município,
em relação à produção por família, fato que reflete na análise dos investimentos realizados
pelo município, pois o resultado apresenta um alto índice de discordância, ou seja, afirmam
que o investimento realizado não atende as expectativas de retorno. Fato esse que se
confirmou na fala dos entrevistados, no entanto, também destacaram que, não somente
aspectos econômicos são considerados na área pública, e que os aspectos sociais são maiores
que o lucro, e que o objetivo principal não visa lucro, e sim a qualidade de vida das famílias,
evitando assim, o êxodo rural e o aumento das mazelas sociais na cidade. De acordo com
Carvalho (2012), as esferas públicas, nem sempre compartilham os mesmos objetivos e,
menos ainda, concordam com a forma de gestão para atingi-los.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Manual de gestão de projetos. Brasília: TCU, 2006.
_____. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Subsecretaria de Planejamento –
SUBPL. Manual de Elaboração do Plano Plurianual 2012 – 2015. Rio de Janeiro, 2011.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KEELING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: atlas,
2011.
TRENTIM, M. H. Stakeholders como clientes nos projetos. Revista Mundo Project. Ano 8.
nº 49, vol. 02, de 2013.
Plan for jobs and wages: study of case applied in the company of logistics software
Abstract: The present study aims to propose a Plan for jobs and wages applied in the
company Gama of logístics software, through of a rational politic and effective with the value
of the professional. That’s why we have used the methodology of research qualitative,
applied, descriptive and a study of case. Qualitative because we have looked for the complete
test of the case that has been studied and don’t generalize result.Applied because tries to
settle reals problem. Descriptive, because, it’s based in the description of the reality of the
company and studies the especifique case in the Gama Company. For the draw has been
using tools as: questionaries, unstructured interviewand documentary source. The procedure
for the valuation of the jobs has been chosen by the quantitative method of the valuation for
points, that is a proposal of Pontes. The selection of the factors of valuation had occurred
together with the Company Evaluation Committee, that is hormed by the menager, where they
have selected points as: education, experience; initiative; supervision by responsibility;
errors by responsibility; contacts by responsibility; mental effort and values by responsibility.
As a results we have riached a plan for jobs ans wages considered a rational tool and
structured which can be used as possibilitices to achieve the business goals. In this way, is
possible to eliminate subjectivities and contribute to a culture dedicated to the development,
both business, and individual. Finally, it is necessary to highlight that the Plan for jobs and
wages should be monitored and updated whenever necessary, as the tooling is not a static
document and lacks updates.
Key-words: Logistic Software, Rational. Goal. Effective.
1. INTRODUÇÃO
Nos tempos mais remotos, era comum a atuação das empresas mediante sistemas
massificados e enrijecidos, porque eram precursoras do modelo taylorista-fordista. Nesse
tempo, o foco era a produção em grande escala, desconsiderando a importância da qualidade
de vida, a satisfação do funcionário e o real papel da organização na sociedade.
Hoje, as empresas têm interesse na realização eficaz da Gestão de Pessoas, não apenas
os aspectos burocráticos como outrora, mas também, pela motivação e bem-estar dos
funcionários. Isso porque, um colaborador que sente prazer em realizar o trabalho, possui
melhor desempenho e consequentemente ocasiona melhorias nos aspectos sociais, físicos e
psicossociais.
Diante desse contexto, o presente estudo possui como temática, a melhoria do bem-estar
e a busca pela motivação dos funcionários através de uma metodologia de remuneração justa
e racional, em uma empresa que trabalha com softwares logísticos.
Com a implantação de um plano de cargos e salários adequado, o colaborador sente-se
parte do planejamento organizacional, tornando-se mais compromissado e coeso perante o
quadro funcional.
Há alguns aspectos presentes nas empresas que desmotivam os funcionários, como: o
mascaramento da proporcionalidade em relação ao pagamento de salários adequados a cada
cargo, desmotivação do funcionário mal remunerado e a sensação de exploração. Diante dos
aspectos expostos, o administrador da empresa precisa trabalhar para recuperar a motivação
dos indivíduos, primando pela transparência e coesão na remuneração.
O estudo possui como problema de pesquisa: Qual a maneira mais clara de organizar em
uma sequência lógica o crescimento profissional na organização? E, de que forma é possível
realizar a progressão mediante uma lógica?
2. REVISÃO DA LITERATURA
Inicialmente a Administração de Recursos Humanos era vista apenas como uma
necessidade de “contabilizar” os registros dos trabalhadores. Por isso, controlavam-se horas
trabalhadas, faltas e atrasos que eram repercutidos nos pagamentos dos salários, mediante
descontos (MARRAS, 2011).
Mas, como o passar do tempo esse papel teve que ser reanalisado e os principais agentes
responsáveis pela mudança foram as grandes organizações, que realizavam estudos e
pesquisas acadêmicas no ramo. Novas metodologias foram implementadas, alterou-se
também, a forma como o setor é visto mediante os processos produtivos (MARRAS, 2011).
Com estudos e teorias acerca do comportamento organizacional e da administração de
recursos humanos, identificou-se que a motivação, qualidade de vida no trabalho e satisfação
eram fatores presentes nos empregados mais produtivos. Por isso, hoje a Administração de
Recursos Humanos, preocupa-se com o comportamento do humano dentro da organização,
também visa gerenciar o comprometimento do colaborador e a flexibilidade conjugada com a
qualidade do trabalho (DALMAU; TOSTA, 2009a).
Dutra (2009, p. 17) define Gestão de Pessoas como “um conjunto de políticas e práticas
que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e pessoas, para que ambas
possam realiza-las ao longo do tempo”. O autor teoriza o sentido de Políticas, definindo como
princípios e diretrizes que limitam propósitos e atitudes da empresa e dos colaboradores
quanto se trata da organização. Para práticas, o autor define como “procedimentos, métodos e
técnicas utilizados para a implementação de decisões” que norteiam as condutas no ambiente
organizacional com ambiente externo. (DUTRA, 2009, p. 17)
No que tange às práticas citadas por Dutra (2009), Gil (2012) faz uma classificação das
atividades da gestão de pessoas.
Sistemas de Recursos Humanos Atividades
Identificação das necessidades de pessoal; pesquisas de mercado de
Suprimento ou Agregação
recursos humanos; recrutamento; e seleção
Análise e descrição de cargos; e planejamento e alocação interna de
Aplicação
recursos humanos.
Compensação ou Salários; benefícios; carreiras; higiene e segurança no trabalho; e
Manutenção relações com sindicatos.
Desenvolvimento ou Treinamento e desenvolvimento de pessoal; e desenvolvimento e
Capacitação mudança organizacional.
Avaliação de desempenho; banco de dados; sistemas de informações
Controle ou Monitoração
gerenciais; e auditoria de recursos humanos.
Quadro 1 – Classificação das atividades de gestão de pessoas.
Fonte: Gil (2012, p. 25).
Dessler (2003, p. 195) complementa que "a avaliação do cargo é uma comparação
formal e sistemática de cargos para determinar o valor de um cargo em relação ao outro." Para
tanto, o procedimento básico é comparar o conteúdo dos cargos em termos de esforços,
responsabilidades e habilidades, por exemplo.
Os métodos de avaliação podem ser ainda subdivididos em dois grupos: quantitativos e
não quantitativos. Entre os nãos quantitativos, os mais utilizados são os métodos de
escalonamento e de graus predeterminados, sendo que estes, segundo Pontes (2012),
permitem rápida elaboração e fácil aplicação, mas não garantem um resultado de boa
qualidade, devido a subjetividade da avaliação. O estudo acerca deste método não será
aprofundado, pois neste estudo utilizaremos os métodos quantitativos para a avaliação dos
cargos, que, por mais que demandam maior tempo, garantem um resultado de maior precisão
e objetividade.
Os métodos quantitativos de avaliação de cargos podem ser subdivididos em dois: por
Pontos e por Comparação de Fatores. No presente estudo será utilizado o método por Pontos,
que pertence a Merrill Lott, também, é o mais utilizado no mundo.
Diante desse conhecimento, é possível citar alguns benefícios, como: é o mais objetivo,
analítico, preciso e de fácil aplicação, seus resultados são mais facilmente aceitos pelos
funcionários (PONTES, 2012). Pontes (2012), afirma que:
Devem ser selecionados para avaliação os fatores que sejam comuns à maioria dos
cargos de determinado grupo ocupacional e que, ao mesmo tempo, demonstrem as
peculiaridades de cada um. Os fatores são graduados, descrevendo níveis de
dificuldade crescente. Os fatores constituirão "réguas" de avaliação que permitirão
mensurar as múltiplas dimensões de cada cargo. Os cargos ao serem avaliados em
cada grau de fator recebem pontos, o que permite estabelecer uma hierarquia dos
cargos de acordo com os pontos totais recebidos por eles. Os pontos de cada grau
podem ser validados pelo coeficiente de correlação entre salários do cargo e pontos
recebidos. (PONTES, 2012, p. 195)
3. METODOLOGIA
Para construir o Plano de Cargos e Salários e garantir a confiabilidade, foram utilizados
procedimentos metodológicos reconhecidos pela comunidade científica.
Trata-se de pesquisa qualitativa, aplicada, descritiva e estudo de caso. Qualitativa, pois
busca analisar em profundidade o caso estudado e não generalizar resultados. Aplicada, pois
visa resolver problemas reais. Descritiva, pois está baseada na descrição da realidade da
organização estudada e estuda o caso específico Empresa Gama.
É importante ressaltar que o nome da empresa foi omitido para proteger as fontes e por
solicitação da empresa. Por isso, utilizou-se um nome fictício, o qual se denomina Empresa
Gama.
Quanto à coleta dos dados, inicialmente buscou-se conhecer a organização e seu ramo
de atuação, para identificar as ferramentas necessárias para o desenvolvimento do Plano, a
partir da metodologia proposta por Pontes (2012). Essa coleta foi feita por meio de entrevistas
não estruturadas e fonte documental – site institucional.
Na segunda etapa, foi necessário compreender a estrutura de cargos da organização e
aprofundar o conhecimento sobre as atividades desenvolvidas por cada cargo.
Assim, elaborou-se um questionário com onze questões, que se categorizam em
questões abertas e fechadas. O mesmo foi aplicado com todos os funcionários da empresa no
momento da aplicação. No intuito de aprofundar as análises, foi necessário aplicar uma
entrevista semiestruturada a todos os colaboradores da Empresa Gama, visando esclarecer as
eventuais dúvidas nas respostas dadas ao questionário.
Após esta etapa, compilaram-se os dados em planilhas, e construíram-se as Descrições
e Especificações dos Cargos. A partir de então, classificou-se os cargos conforme os grupos
ocupacionais, constituindo assim o catálogo de cargos. Em virtude da pequena quantidade de
cargos não foi necessário escolher cargos-chave.
O procedimento de avaliação dos cargos teve início com a escolha do método. Para a
avaliação de cargos, utilizou-se o método quantitativo de Avaliação por Pontos, proposta por
Pontes (2012). A seleção dos fatores de avaliação foi elencada pelo Comitê de Avaliação da
empresa, formado pela gerência, que selecionaram: Instrução; Experiência; Iniciativa;
Responsabilidade por supervisão; Responsabilidade por erros; Responsabilidade por contatos;
Esforço mental e visual e por fim, Responsabilidade por Valores.
Posteriormente, realizou-se a definição da ponderação dos fatores e a avaliação dos
cargos. Isto é, definiu-se o valor dos pontos de cada nível de cada fator e, a partir disso,
avaliaram-se os cargos, atribuindo classificações e, portanto, pontos aos cargos. Finalizada tal
etapa, chegou-se, enfim, a somatória dos pontos realizou-se e a classificação dos cargos em
classes de pontos. Para a confecção destas, utilizou-se uma padronização identificada na
metodologia seguida.
O método de Avaliação por Pontos apresentado acima, juntamente com as políticas
adotadas pela empresa, foi o mesmo critério utilizado para a definição da estrutura salarial a
ser adotada pela organização.
A partir disso, moldou-se uma lógica para a progressão de salários, seja da progressão
de uma classe (progressão vertical) para outra como de um nível para outro (progressão
horizontal), e, ainda quanto remuneração, sugeriu-se a aplicabilidade de um sistema para a
progressão de carreira (horizontal).
É importante ressaltar que o presente estudo é decorrente de uma pesquisa maior, esta
contém uma pesquisa salarial completa e a descrição detalhada de todos os cargos presentes
na estrutura organizacional.
5. Responsabilidade por erros: Esse fator avalia a possibilidade de erros e suas consequências na empresa.
Graus Descrição
O trabalho exige atenção e exatidão normais. No caso do erro, seus custos seriam mínimos,
A
ocasionando pequenos desperdícios de recursos e retrabalho.
O trabalho exige atenção e exatidão razoáveis. Seus erros podem causar médios prejuízos, se ocorrer o
B
erro, há poucas dificuldades para sua correção.
O trabalho exige atenção e exatidão consideráveis, no caso de erros seus custos seriam grandes, por
C
ocasionar grandes desperdícios de recursos e retrabalho.
O trabalho exige atenção e exatidão elevadas, no caso de erro o prejuízo pode causar grandes danos
D financeiros ou a perda de clientes. Estes erros são de difícil detecção e ocasionariam retrabalho,
desperdiçando recursos.
Quadro 7 - Avaliação por graus de responsabilidade por erros.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
6. Responsabilidades por contatos: Esse fator avalia responsabilidade por contatos externos e internos.
Graus Descrição
A Contatos pessoais limitados a assuntos de rotina interna.
B Contatos regulares com os demais setores de rotina interna.
C Contatos frequentes externos e internos.
D Contatos que envolvem estratégia, contatos internos e externos para obtenção de resultados positivos.
Quadro 8 - Avaliação por graus de responsabilidade por contatos.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
7. Esforço mental e visual: Esse fator especifica o grau de atenção e concentração necessárias para o trabalho.
Graus Descrição
A Exige pouca atividade mental e esforço visual, suas atividades são quase automáticas.
B Exige média atenção mental e visual, ocorrem em trabalhos minuciosos.
C Exige contínua atenção mental e visual, seu trabalho é orientado e complexo.
D Exige concentrada atenção mental e visual, em tarefas complexas e detalhadas.
Quadro 9 - Avaliação por graus de esforço mental e visual.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
8. Responsabilidade por valores: Esse fator exige que seu ocupante manipule dinheiro dentro da organização.
Graus Descrição
A Não possui responsabilidade por valores.
B Possui responsabilidade por valores de pequena monta.
C Possui responsabilidade por valores de grande monta.
Quadro 10 - Avaliação por graus de responsabilidade por valores.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
Com a elaboração do Manual de Avaliação dos cargos, é possível classificar, avaliando
e estabelecendo a hierarquia. A seção seguinte objetiva realizar a classificação dos cargos.
4.2 Classificação dos cargos
Nesta etapa avaliam-se os cargos de acordo com os graus, procura-se analisar fator a
fator, anotando-se o grau e o número de pontos obtidos. Para posteriormente somarem-se os
pontos de cada fator, desta forma obtém-se o total de pontos de cada cargo. Neste sentido é
estabelecida a hierarquia. O resultado das avaliações pode ser observado no quadro abaixo:
Fatores
Cargos
1 2 3 4 5 6 7 8
1. Diretor de Tecnologia da Informação D F D D D D D B
1.1 Gerente de Tecnologia da Informação D F C D D D D B
1.1.2 Coordenador de Desenvolvimento D E C C C D D A
1.1.2.1 Analista de Desenvolvimento C D B A B C D B
1.1.3 Coordenador de Implantação D E C C C C C A
1.1.3.1 Analista de Implantação C D B A D D D B
1.1.4 Coordenador de Suporte D E C C C C C B
1.1.4.1 Analista de Suporte C E B A B C D B
1.1.5 Coordenador de Analise de Projetos D F C C C C C A
1.1.5.1 Analista de Projetos C E B A B C D A
1.1.6 Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento C F C C D C D B
1.1.6.1 Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento D A A A A B D A
2. Diretor Administrativo D F D D D D D C
2.1 Gerente Administrativo D E C D D D D C
2.2 Assistente Administrativo B C A B B C D B
2.4 Recepcionista B C B A A A B A
2.7 Auxiliar de Serviços Gerais A C A A A A A A
2.3 Secretária (o) Executivo (o) D D B A C C B A
2.5 Coordenador Financeiro C F B C C C D C
2.6 Coordenador de Gestão de Pessoas C F A C C C D A
3. Diretor Comercial D F D D D D D B
3.1 Gerente Comercial D E C D D D D B
3.1.2 Executivo de Contas D E A B C D D B
3.1.3 Executivo de Pós-Venda D E A B C D D B
3.2 Gerente de Negócios D E C D D D D B
3.2.1 Executivo de Revendas D E A C C D C B
3.2.2 Coordenador de Marketing C E B C C C C A
Quadro 11 - Classificação de cargos por fatores
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
Na classificação, realiza-se a ponderação, ou seja, atribui-se os pontos aos fatores. No
quadro a seguir, consta o mínimo e o máximo de cada fator, de acordo com a relevância que
cada fator possui à empresa.
Mínimo de Graus do fator Máximo de
Fator pontos do pontos do
fator A B C D E F fator
1. Instrução 20 20 80 140 200 - - 200
2. Experiência 20 20 56 92 128 164 200 200
3. Iniciativa 20 20 80 140 200 - - 200
4. Responsabilidade por supervisão 10 10 40 70 100 - - 100
5. Responsabilidade por erros 10 10 40 70 100 - - 100
6. Responsabilidade por contatos 10 10 40 70 100 - - 100
7. Esforço mental e visual 5 5 20 35 50 - - 50
8. Responsabilidade por valores 5 5 27 50 - - - 50
Total 100 1000
Quadro 11 - Atribuição de valores aos fatores
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
Após a avaliação desenvolve-se o escalonamento dos cargos por pontos. Como se pode
observar no quadro a seguir:
Fatores
Cargos Total
1 2 3 4 5 6 7 8
1. Diretor de Tecnologia da Informação 200 200 200 100 100 100 50 27 977
1.1 Gerente de Tecnologia da Informação 200 200 140 100 100 100 50 27 917
1.1.2 Coordenador de Desenvolvimento 200 164 140 70 70 100 50 5 799
1.1.2.1 Analista de Desenvolvimento 140 128 80 10 40 70 50 27 545
1.1.3 Coordenador de Implantação 200 164 140 70 70 70 35 5 754
1.1.3.1 Analista de Implantação 140 128 80 10 100 100 50 27 635
1.1.4 Coordenador de Suporte 200 164 140 70 70 70 35 5 754
1.1.4.1 Analista de Suporte 140 164 80 10 40 70 35 27 581
1.1.5 Coordenador de Analise de Projetos 200 200 140 70 70 70 35 5 790
1.1.5.1 Analista de Projetos 140 164 80 10 40 70 50 5 559
1.1.6 Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento 140 200 140 70 100 70 50 27 797
1.1.6.1 Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento 200 20 20 10 10 40 50 5 355
2. Diretor Administrativo 200 200 200 100 100 100 50 50 1000
2.1 Gerente Administrativo 200 164 140 100 100 100 50 50 904
2.1.1 Assistente Administrativo 80 92 20 40 40 70 50 27 419
2.1.2 Recepcionista 80 92 80 10 10 10 20 5 307
2.1.3 Auxiliar de Serviços Gerais 20 92 20 10 10 10 5 5 172
2.2 Secretária (o) Executivo (o) 200 128 80 10 70 70 20 5 583
2.3 Coordenador Financeiro 140 200 80 70 70 70 50 50 730
2.4 Coordenador de Gestão de Pessoas 140 200 20 70 70 70 50 5 625
3. Diretor Comercial 200 200 200 100 100 100 50 27 977
3.1 Gerente Comercial 200 164 140 100 100 100 50 27 881
3.1.2 Executivo de Contas 200 164 20 40 70 100 50 27 671
3.1.3 Executivo de Pós-Venda 200 164 20 40 70 100 50 27 671
3.2 Gerente de Negócios 200 164 140 100 100 100 50 27 881
3.2.1 Executivo de Revendas 200 164 20 70 70 100 35 27 686
3.2.2 Coordenador de Marketing 140 164 80 70 70 70 35 5 634
Quadro 12 - Substituição dos graus por valores
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
No próximo quadro consta a relação dos cargos agrupados pela amplitude dos pontos:
AMPLITUDE DOS
CLASSE CARGOS PONTOS
PONTOS
2. Diretor Administrativo 1000
XII 941-1000 1. Diretor de Tecnologia da Informação 977
3. Diretor Comercial 977
1.1 Gerente de Tecnologia da Informação 917
2.1 Gerente Administrativo 904
XI 871-940
3.1 Gerente Comercial 881
3.2 Gerente de negócios 881
X 801-870
1.1.2 Coordenador de Desenvolvimento
799
1.1.6 Coordenador de Pesquisa e
797
Desenvolvimento
IX 731-800 790
1.1.5 Coordenador de Analise de Projetos
754
1.1.3 Coordenador de Implantação
754
1.4 Coordenador de Suporte
2.3 Coordenador Financeiro 730
3.2.1 Executivo de Revendas 686
VIII 661-730
3.1.2 Executivo de Contas 671
3.1.3 Executivo de Pós-Venda 671
1.1.3.1 Analista de Implantação 635
VII 591-660 2.4 Coordenador de Marketing 634
3.2.2 Coordenador Gestão de Pessoas 625
2.2 Secretária (o) Executiva (o) 583
1.1.4.1 Analista de Suporte 581
VI 521-590
1.1.5.1. Analista de Projetos 559
1.1.2.1 Analista de Desenvolvimento 545
V 451-520
IV 381-450 2.1.1 Assistente Administrativo 419
III 311-380 1.1.6.1 Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento 355
II 241-310 2.1.2 Recepcionista 307
I Até 240 2.1.3 Auxiliar de Serviços Gerais 172
Quadro 14 - Relação dos cargos agrupados por amplitude dos pontos.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
A partir dos cargos agrupados, obteve-se determinado número de pontos para cada
classe. Posteriormente, realiza-se a progressão salarial.
4.3 Estrutura salarial e de progressão
Na realização da progressão salarial da empresa, subdividiu-se cada cargo em três
categorias: Junior, Pleno e Sênior. Estes estarão subdivididos para o crescimento horizontal
em: I a IV Junior, I a IV Pleno e I a IV Sênior.
Para o crescimento vertical da tabela, utiliza-se o valor monetário embasado no Pleno I
do cargo imediatamente anterior àquele. É importante ressaltar que para o crescimento
horizontal, utilizaram-se no trabalho completo, três opções: pagamento de salários menores do
que a média de mercado, com uma progressão de 3% a cada nível; pagamentos de salários na
média do mercado, com uma progressão de 4% a cada nível; e pagamentos de salários
maiores do que a média de mercado com uma progressão de 5%.
As três opções possibilitam a empresa escolher se pretende implementar remunerações
acima do mercado naquele setor e consequentemente obter os melhores talentos, ou fica
equivalente à média daquele setor e competir igualitariamente, ou então, construir salários
menores do mercado e alimentar os talentos com outros benefícios.
Ressalta-se que, devido a limitação do artigo, será apresentada apenas a tabela que
permite remunerar acima do mercado, ou seja, com a progressão de 5%, uma vez que, foi a
tabela acatada pela empresa. No entanto, no trabalho completo, é possível visualizar a
construção das três tabelas. Ainda, o salário base é referente ao salário mínimo na época
(R$68,00).
NÍVEIS
CLASSE II III IV III IV II III IV
I Junior I Pleno II Pleno I Sênior
Junior Junior Junior Pleno Pleno Sênior Sênior Sênior
XII 5.801,75 6.091,84 6.396,43 6.716,25 7.052,06 7.404,66 7.774,90 8.163,64 8.571,82 9.000,42 9.450,44 9.922,96
XI 4.773,11 5.011,77 5.262,36 5.525,47 5.801,75 6.091,84 6.396,43 6.716,25 7.052,06 7.404,66 7.774,90 8.163,64
X 3.926,85 4.123,19 4.329,35 4.545,82 4.773,11 5.011,77 5.262,36 5.525,47 5.801,75 6.091,84 6.396,43 6.716,25
IX 3.230,63 3.392,16 3.561,77 3.739,86 3.926,85 4.123,19 4.329,35 4.545,82 4.773,11 5.011,77 5.262,36 5.525,47
VIII 2.657,85 2.790,74 2.930,28 3.076,79 3.230,63 3.392,16 3.561,77 3.739,86 3.926,85 4.123,19 4.329,35 4.545,82
VII 2.186,62 2.295,95 2.410,75 2.531,28 2.657,85 2.790,74 2.930,28 3.076,79 3.230,63 3.392,16 3.561,77 3.739,86
VI 1.798,94 1.888,88 1.983,33 2.082,49 2.186,62 2.295,95 2.410,75 2.531,28 2.657,85 2.790,74 2.930,28 3.076,79
V 1.479,99 1.553,99 1.631,69 1.713,27 1.798,94 1.888,88 1.983,33 2.082,49 2.186,62 2.295,95 2.410,75 2.531,28
IV 1.217,59 1.278,47 1.342,39 1.409,51 1.479,99 1.553,99 1.631,69 1.713,27 1.798,94 1.888,88 1.983,33 2.082,49
III 1.001,71 1.051,80 1.104,39 1.159,61 1.217,59 1.278,47 1.342,39 1.409,51 1.479,99 1.553,99 1.631,69 1.713,27
II 824,11 865,32 908,58 954,01 1.001,71 1.051,80 1.104,39 1.159,61 1.217,59 1.278,47 1.342,39 1.409,51
I 678,00 711,90 747,50 784,87 824,11 865,32 908,58 954,01 1.001,71 1.051,80 1.104,39 1.159,61
Quadro 14 - Proposta salarial com crescimento horizontal de 5%.
Fonte: Elaborado pelas autoras (2013).
Orienta-se que a contratação seja feita no nível I Junior. Quando o contratado possuir
escolaridade completa superior à exigida pelo cargo, contrata-se no nível I Pleno. A
progressão salarial entre os níveis ocorrerá semestralmente mediante Avaliação de
Desempenho (AD). A ferramenta de AD precisa ser desenvolvida. A empresa poderá também
contar com outras possibilidades de crescimento, por exemplo, quando o funcionário alcançar
escolaridade superior á exigida pelo cargo, o mesmo será enquadrado no nível I da categoria
imediatamente posterior. Por exemplo, um funcionário II Junior iria para I Pleno.
A empresa também aplica a política de que quando o funcionário residir em regiões de
capitais haverá um adicional de U$750,00 ao salário do colaborador, este valor será aplicado
após considerar a política da tabela salarial.
É relevante ressaltar também que as pessoas que compõem o cargo podem crescer
verticalmente, ou seja, elas podem subir de um cargo para outro. Para melhor visualização
deste crescimento, é elaborada em cada setor uma possível progressão.
Na Figura 1, apresenta-se a progressão vertical do Setor da Tecnologia da Informação.
Inicialmente, o indivíduo pode ocupar o cargo de Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento,
este terá a oportunidade de crescer profissionalmente na organização, ocupando os cargos de
Analista, após atingir os critérios necessários para o crescimento futuramente pode atingir os
cargos de coordenação, por fim, de Gerente de TI e Diretor.
Cabe ressaltar que cada cargo deverá ser monitorado a fim de equivaler à classe
pertencente, ou seja, a partir do momento que houver adequações ao cargo, consequentemente
sofrerá alterações em relação à classe, conforme sua pontuação e a necessidade.
Por fim, o trabalho completo contém uma seção que apresenta e discute os benefícios
sociais e a pesquisa salarial realizada, no entanto, no presente artigo, isso não será
apresentado.
5. CONCLUSÕES
Frente a um mercado cada vez mais competitivo, as empresas disputam por talentos
qualificados e produtivos. Para atrair e manter novos colaboradores, as organizações
atualizam salários e benefícios constantemente, preocupando-se em equilibrar custos e
vantagens colaborador-empresa (SOCAL; FERNANDES, 2008). A partir deste aspecto, é
relevante ressaltar que um Plano de Cargos e Salários bem estruturado além de promover
maior equidade entre funcionário, promove uma remuneração mais justa e racional.
Além disso, para que as empresas sejam competitivas no mercado, é necessário que
frequentemente se ajustem as condições impostas pelo ambiente externo. Desta forma, é
importante o uso de métodos de trabalho eficientes que valorizem o trabalhador,
proporcionando desenvolvimento, satisfação individual e aumento da produtividade, fato que
acarretará o alcance dos objetivos da organização e consequentemente melhorias. Em face da
divisão do trabalho e da organização funcional (estrutura de trabalho), as necessidades de
recursos humanos para a empresa - sejam em quantidade ou em qualidade - são estabelecidas
através do Plano de Cargos e Salários.
Em meio a este aspecto, pode-se inferir que o objetivo de desenvolver o Plano de
Cargos e Salários da Empresa Gama foi contemplado, em virtude de ter-se desenvolvido uma
ferramenta que possibilitará que a organização atinja suas metas empresariais, bem como,
concilie as vantagens proporcionadas pela sua aplicabilidade.
Também, o objetivo de criar condições estruturais, técnicas e comportamentais, para
viabilizar a implementação do Plano de Cargos e Salários foi concretizado, pelo
estabelecimento de critérios racionais, qualitativos e quantitativos que possibilitaram a
formalização deste processo, eliminando subjetividades e contribuindo para uma cultura
voltada ao desenvolvimento, tanto empresarial, quanto individual.
Não obstante, o ultimo objetivo atingido foi o de sugerir práticas de gestão de Recursos
Humanos, que auxiliem na efetividade dos procedimentos administrativos, como no processo
de recrutamento e seleção de pessoas, treinamentos, planejamento da força de trabalho,
avaliação de desempenho, proporcionando mudanças e desenvolvimento do quadro pessoal da
Empresa Gama. Os critérios descritos neste plano nortearão o processo de recrutamento e
seleção uma vez que o plano pré-estabelece condições para a devida escolha dos talentos que
serão contratados para constituir o grupo de trabalho.
Frente a tais argumentações, ressaltasse que o Plano de Cargos e Salários deve ser
monitorado, alimentado e atualizado sempre que necessário, porque este ferramental não é um
documento estático. Carecendo de atualizações frequentemente, no sentido de mantê-lo em
sintonia com as práticas e a realidade organizacional, em termos de gestão de pessoas.
Quando as alterações forem efetuadas, é fundamental que a metodologia empregada seja a
que foi utilizada para a construção deste plano.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Iêda Maria Vecchioni[et al]. Cargos, carreiras e remuneração. Rio de
Janeiro, FGV, 2011. 101p.
DALMAU, Marcos Baptista Lopez; TOSTA, Kelly Cristina Benetti. Estratégia de gestão de
pessoas. Curitiba: IESDE, 2009a.
DESSLER, Gary. Administração de recursos humanos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2003. 331 p.
DUTRA, Joel Souza. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. São
Paulo, SP: Atlas, 2009. 210 p.
GIL, Antonio Carlos. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas,
2012.
SOCAL, Fernanda Rosa; FERNANDES, Tatiane Espíndola. Planos de Cargos e Salários. In:
GIRARDI, Dante; BENETTI, Kelly Cristina; OLIVEIRA, Déris Caitano. Gestão de
Recursos humanos: teoria e casos práticos. Florianópolis: Pandion, 2008.
Andressa Michels
e-mail: andressamichels91@gmail.com
Mestranda em Ciências Contábeis – FURB/SC
Edilson Bacinello
e-mail: edbaci@bol.com.br
Doutorando em Ciências Contábeis e Administração – FURB/SC
Abstract
The implications arising from the work pressure influence the behavior of individuals and can
cause high levels of stress. This study aimed to analyze the relationship between the work
environment and the existing occupational stress in employees in the administrative sector of
a higher education institution. The research is characterized as descriptive and survey with
quantitative approach nature. Data collection involved the use of a questionnaire applied to 72
employees based on occupational stress scale models developed by Pascoal and Tamayo
(2004) and the Rating Scale Model Work Context prepared by Ferreira and Mendes (2008)
adapted for this study. The results show that among the key factors cited in linear
combinations concerning Working Conditions (CT) is the precariousness of working
conditions (1.1451), the item concerning Labour Organization (OT) stood out the rhythm
overworking (1.04189) in Socioprofisionais Relations (RS) the fact that the tasks are not
clearly defined (0.6666) and with respect to the work Stress (ET) stood out the time of failure
to perform the volume work leaves people with a higher degree of nervousness (0.4513).
Thus, based on the results, if they have that the working environment has a high relationship
with occupational stress.
2
1 INTRODUÇÃO
A concorrência estabelecida pelas empresas em um mercado permeado de oscilações e
incertezas tem feito com que a cobrança sobre o corpo funcional para o alcance de metas
venha provocado o aumento dos níveis de estresse ocupacional, no contexto do trabalho.
Estudos recentes têm indicado que elevados níveis de estresse podem influenciar a
produtividade e o desempenho dos indivíduos no trabalho (COOPER, 1996; 2002; ZILLE,
2005; CHANLAT, 2005).
As ações de uma empresa influenciam sua cadeia de valor ao mesmo tempo em que
sofrem influências dos diferentes atores que as influencia. As decisões empresariais preveem
que o trabalho exerce um papel fundamental na trajetória do homem, uma vez que este destina
boa parte de sua vida à realização de atividades profissionais. Porém, a pressão que ocorre no
ambiente de trabalho pode ocasionar potenciais problemas de saúde na vida dos trabalhadores,
o que tende a impactar, consequentemente, de forma negativa as operações de uma
organização (LIPP, 2002).
Ainda segundo o autor, no contexto organizacional, as implicações da pressão no
trabalho sobre o comportamento dos indivíduos podem causar elevados níveis de estresse nos
funcionários, temática que vem sendo tratada nas pesquisas e denominada na literatura como
estresse ocupacional.
Apesar de não haver consenso quanto há uma definição de estresse ocupacional, Selye
(1959, p. 64) explica que o estresse pode ser compreendido como um “estado manifestado por
uma síndrome específica, constituído por todas as alterações não específicas produzidas num
sistema biológico”. Assim, o termo estresse ocupacional designa as relações de estresse que têm
lugar no contexto das ocupações profissionais (CARDOSO et. al., 2000).
Nesta conjuntura, há situações no trabalho, no qual a pressão e o estresse até
determinado nível permitam um melhor funcionamento das organizações, pois permite a
mobilização dos trabalhadores para o alcance de melhores resultados. Por outro lado, é
possível perceber que situações de constante estresse trazem consequências negativas e
nocivas à saúde humana, afetando a conduta física e mental dos trabalhadores (CORREA &
MENEZES, 2002). Estudos relatam que as principais consequências relacionadas ao estresse,
estão relacionadas a doenças cardiovasculares, distúrbios comportamentais, labirintite,
faringite, neuroses, fadiga, insônia e tensão nervosa (OIT, 1981; KYRIACOU & PRATT,
1985; COOPER, 1996).
Os estressores organizacionais podem ser de diversas naturezas, tais como natureza
física, barulho, ventilação e iluminação do local de trabalho, ou psicossocial, sendo esses,
baseados nos papéis exercidos, nos fatores inerentes ao trabalho, aspectos do relacionamento
interpessoal no trabalho, na autonomia de controle no trabalho e em outros fatores
relacionados ao desenvolvimento da carreira pessoal do indivíduo (PASCOAL &TAMAYO,
2004). Estressores de natureza psicossocial do indivíduo no contexto do trabalho tem
despertado cada vez mais o interesse de pesquisadores da área comportamental da
contabilidade (BIRNBERG; LUFT; SHIELDS, 2007).
Entre as atividades com alta carga de tensão estão àquelas relacionadas às ligadas com
as instituições de ensino devido às pressões que ocorrem em razão da variedade de seus
componentes (ensino, pesquisa, alunos e funções administrativas) que trazem sérias
consequências em termos de saúde para a maioria dos colaboradores. Mudanças ocasionadas
pelas contingências ambientais (políticas, econômicas, sociais e culturais) e demandas sobre
3
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Contexto de trabalho
O contexto de trabalho é tido como o lócus organizacional e social, no qual são
desenvolvidas as atividades de trabalho e as estratégias conjuntas e individuais de mediação,
que são utilizadas pelos trabalhadores no intercâmbio com a realidade de trabalho
(FERREIRA; MENDES, 2008).
Ainda conforme os autores, o estudo dessa abordagem torna possível a compreensão
de como o colaborador percebe diversos aspectos na organização, tais como, as condições de
trabalho, a organização de seu trabalho e quais as relações sócias profissionais existentes no
seu local de trabalho. Verificar de que forma o indivíduo percebe o seu contexto de trabalho e
como é afetado por ele, é de fundamental importância uma vez que possibilita a análise dos
fatores que influenciam na satisfação no trabalho e, por conseguinte num baixo nível de
estresse e um adequado desempenho individual, grupal e organizacional (FERREIRA;
MENDES, 2008).
Para o autor, o contexto de trabalho que envolve o atendimento ao público é formado
pelo cenário sociotécnico do trabalho, no qual estão inscritas as atividades dos sujeitos
(MENDES; FERREIRA, 2001). E nessa abordagem, tem-se um serviço que resulta da
cooperação de multivariáveis, tais como a conduta do usuário, as atividades desenvolvidas
pelos funcionários e as condições físico-ambientais.
Nesse contexto, o trabalho com o público pode ser definido como um trabalho
complexo, uma vez que coloca em cena diversos mediadores, que possuem necessidades
distintas, e que pode ser facilitado ou dificultado em face às condições concedidas pela
entidade (FERREIRA, CARVALHO & SARMET, 1999; FREIRE & FERREIRA, 2000).
4
para que possa haver mudanças referentes a qualidade de vida no trabalho, têm que
estar garantidas as condições referentes ao reconhecimento da necessidade de
mudança, cooperação nas relações profissionais inter-hierárquicas, implicação dos
trabalhadores no processo de melhoria contínua e permanente controle dos
resultados.
diversos tipos de manifestações e atitudes, tanto por parte da administração escolar como
também pela convivência com alunos. Kyriacou e Sutcliff (1978) definem o estresse do
professor como sendo uma síndrome de respostas a sentimentos negativos, tais como a raiva e
a depressão e que, geralmente, são acompanhados de mudanças fisiológicas e bioquímicas,
potencialmente patogênicas, resultantes de aspectos do seu trabalho.
Setor Nº Colaboradores
Administrativo 33
Coordenação 9
7
Pedagógico 30
Total 72
Fonte: Dados da Pesquisa
Tabela 1 – Amostra da Pesquisa
Como pode ser observado na Tabela 1, a amostra por sua vez, consiste em 72
colaboradores, o que corresponde a 76,6% da população inicial, que se dispuseram a
responder o questionário. O maior percentual de colaboradores trabalha no setor
administrativo e pedagógico da instituição de ensino.
1. A forma como que as tarefas são distribuídas em minha área tem me deixado nervoso;
2. A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem sido desgastante;
3. Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança do meu superior sobre o meu trabalho;
Escala - Estresse no Trabalho – ET
Número Auto Valor Canonical Correlação Wilk Lambda Chi-quadrado D.F. P-Value
CT01 1,14517
CT02 0,394218
CT03 -0,549323
CT04 0,0647932
CT05 -0,630739
Fator: Condições de Trabalho (Contexto de Trabalho)
CT06 -0,092076
CT07 0,373207
CT08 0,36637
CT09 0,00542376
CT10 -0,089348
Idade 0,0489163
Gênero 0,112901
Características Individuais dos Trabalhadores Escolaridade 0,20754
Tempo trabalho 0,638109
Função 0,305475
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 2- – Coeficientes para as variáveis canônicas da dimensão condições de trabalho com o grupo de
características dos trabalhadores
Número Auto Valor Canonical Correlação Wilk Lambda Chi-quadrado D.F. P-Value
nível de 5%. Por sua vez, os coeficientes canônicos entre a primeira combinação linear entre o
conjunto de dimensão liberdade (prazer) com o grupo de característicos dos trabalhadores
apresentou na linha 1 um coeficiente de 0,82883, que segundo Hair Hair et al. (2005)
representa uma força de associação forte.
A Tabela 4 apresenta os coeficientes calculados para o grupo de variáveis da dimensão
organização do trabalho e para o conjunto de variáveis de características dos trabalhadores,
respectivamente.
OT01 1,04189
OT02 -0,206665
OT03 -0,260022
OT04 -0,497904
Fator: Organização de Trabalho (Contexto de Trabalho) OT05 0,317086
OT06 0,322967
OT07 0,0713505
OT08 0,190922
OT09 0,100536
Idade -0,0698328
Gênero 0,195872
Características Individuais dos Trabalhadores Escolaridade 0,281777
Tempo trabalho 0,729784
Função 0,245556
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 4- Coeficientes para as variáveis canônicas da dimensão organização do trabalho com o grupo de
características individuais dos trabalhadores
Observam-se na Tabela 4 os coeficientes que geram as equações, e que por sua vez
geram as variáveis canônicas. Como visto, a primeira combinação linear apresentou
significância ao nível de 5%, e demonstrou uma correlação canônica R- 82,88%, que de
acordo com Hair Jr. et al., (2005) é alta.
Os resultados demonstram que os coeficientes correspondentes ao primeiro par
canônico apresentam uma tendência confirmada, que o maior é o ritmo de trabalho excessivo
(1,04189) e o menor as normas para execução das tarefas rígidas (-0,497904), são
determinantes do maior tempo trabalhado (0,729784).
Na sequência apresenta-se a Tabela 5, que expõe os resultados obtidos com o cálculo
da correlação canônica entre o conjunto de variáveis do grupo de relações socioprofissionais
com o conjunto de variáveis do grupo de características individuais dos trabalhadores.
Número Auto Valor Canonical Correlação Wilk Lambda Chi-quadrado D.F. P-Value
1 0,693066 0,832506 0,156872 115,77 55 0,0000*
2 0,317197 0,563202 0,511094 41,9501 40 0,3863
3 0,171106 0,413649 0,748523 18,1033 27 0,9003
4 0,0717599 0,26788 0,903038 6,37444 16 0,9835
5 0,0271508 0,164775 0,972849 1,72039 7 0,9737
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 5- Correlação Canônica da dimensão relações socioprofissionais (contexto do trabalho) com o grupo de
características dos trabalhadores.
12
RS01 0,666693
RS02 0,329421
RS03 0,296021
RS04 -0,00189183
RS05 0,00789655
Fator: Relações Socioprofissionais (Contexto de Trabalho) RS06 -0,50119
RS07 -0,287769
RS08 -0,195631
RS09 0,508322
RS10 -0,123046
RS11 0,136676
Idade -0,0500393
Gênero 0,118511
Características Individuais dos Trabalhadores Escolaridade 0,354328
Tempo trabalho 0,495886
Função 0,447899
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 6- Coeficientes para as variáveis canônicas da dimensão relações socioprofissionais (contexto do
trabalho) com o grupo de características dos trabalhadores
Número Auto Valor Canonical Correlação Wilk Lambda Chi-quadrado D.F. P-Value
Com base na Tabela 7, verifica-se que a primeira combinação linear calculada entre os
referidos grupos de variáveis, a correlação existente foi de 84,64%, e assim como nas demais
correlações deste estudo a associação entre as variáveis é considerada forte por Hair Jr., et al
(2005), sendo significante ao nível de 5%.
Os coeficientes calculados na correlação canônica são apresentados na Tabela 08, que
segue.
Número Auto Valor Correlação Canônica Wilk Lambda Chi-Quadrado D.F. P-Value
1 0,954378 0,976923 0,045622 214,572 1 0,0000
2 0,909857 0,953864 0,0901427 167,242 1 0,0000
3 0,962282 0,98096 0,0377176 227,795 1 0,0000
4 0,974521 0,987178 0,0254793 251,388 3 0,0000
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela 9- Correlação Canônica da dimensão contexto de trabalho com o estresse ocupacional
14
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como objetivo analisar a relação entre o contexto do trabalho e
o estresse ocupacional existente em colaboradores do setor administrativo de uma instituição
de ensino superior.
Os resultados demonstraram que os coeficientes lineares referentes as Condições de
Trabalho (Ferreira e Mendes, 2008; Johnson et al, 2009) demonstraram que a menor
pontuação obtida (-0,630739), dentre os questionários aplicados, se refere a insuficiência de
instrumentos de trabalho parar realizar as tarefas e, a maior pontuação (1,1451) foi obtida no
fator referente a precariedade das condições de trabalho, fatores esses que influenciaram para
o maior tempo trabalhado (0,6381).
Os dados obtidos na Organização do Trabalho indicaram como fator de maior
relevância o ritmo de trabalho excessivo (1,04189) e como de menor relevância as questões
referentes as normas para execução das tarefas (Mendes, 1995; Mendes e Linhares, 1996)
rígidas (OT04) com (-0,497904), os quais foram principalmente determinados também pelo
valor referente ao maior tempo trabalhado (0,729784).
Nas Relações Socioprofisionais os coeficientes lineares apresentam como indicador
mais elevado, a falta de claridade na definição das tarefas (0,6666) e como menor grau de
influência a existência de disputas profissionais (Mendes e Abrahão, 1996) no local de
trabalho (-0,5011) que mais uma vez foram determinantes ao maior tempo de trabalho
(0,4958).
De forma geral, o contexto de trabalho possui alto índice de correlação com o estresse
ocupacional. Dentro do contexto de trabalho o grupo de relacionamentos socioprofissionais
estão mais altamente correlacionados com o estresse ocupacional com um coeficiente de
relação de 0,98096, demonstrando ainda um p-value de 0,000 significante ao nível de 5%.
Por fim, o fator com maior destaque no que se refere ao Estresse do Trabalho (Lipp e
Rocha, 1996; Lazarus e Folkman, 198; Holmes e Rahe, 1967; Fineman, 1985) foi a
insuficiência de tempo para realizar o volume de trabalho que repercute em nervosismo
(0,4513), seguido pelo fato da competição no ambiente de trabalho causar mau humor
(0,402292), incômodo provocado pela deficiência nos treinamentos para capacitação
profissional (0,38398), falta de autonomia na execução do meu trabalho provocar desgaste
(0,364832). Como elemento de menor significativa obteve-se o incômodo gerado pelo
trabalho em tarefas abaixo do nível de habilidade (0,677013) que também foram
determinantes ao maior tempo de trabalho (0,7668).
Conclui-se que os aspectos apontados nessa pesquisa indicam caminhos que devem ser
buscados pela instituição de ensino, foco desse estudo, para adequação de padrões nas
15
REFERÊNCIAS
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1
RESUMO
A preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho - QVT tem gerado inúmeros programas
e estudos, se expandido de maneira muito significativa nos últimos anos. O perfil das práticas
de Qualidade de Vida no Trabalho realizadas em instituições públicas no Brasil permanece
como um campo pouco explorado pela amplitude do segmento e realidades diferenciadas em
todo o território nacional. O presente estudo objetivou caracterizar as principais práticas
realizadas e o nível de Qualidade de Vida no ambiente de trabalho dos funcionários
terceirizados que realizam suas atividades em um hospital público em Pernambuco. Foi
realizada uma pesquisa descritiva, com a utilização de questionários os quais foram
preenchidos em uma entrevista estruturada. Os resultados demonstram que as práticas de
QVT estão caracterizadas por nítido descompasso entre problemas existentes, seja pelo lado
da terceirização ou lado das partes interessadas na formulação do contrato de tereceirização e
atividades realizadas.
1 INTRODUÇÃO
Com a passagem do milênio, as organizações têm procurado investir mais em processos
diferenciados nas áreas de gestão em virtude da concorrência acirrada entre elas, dificuldades
econômicas e muitas novas exigências dos clientes. O trabalho cada vez mais exige novas
competências e pode ser identificada a existência de desgastes físicos e mentais por muitos
funcionários para assegurarem seus cargos. Morin (2002, p. 13) salienta que “Ao mesmo
tempo em que milhares de pessoas sofrem pela falta de uma vaga, outras sofrem pelo fato de
terem que trabalhar excessivamente.” Assim, prazer, sentimento de realização e sofrimento e
sentimentos de frustrações se alternam na realidade de muitos trabalhadores interferindo em
seus resultados, comprometimento, satisfação e motivação para continuar desempenhando
suas atividades.
Uma alternativa que surgiu para reduzir custos e racionalizar a gestão organizacional, nas
ultimas décadas, foi a opção pelo uso da terceirização ou outsourcing. A terceirização pode
ser entendida como "o ato de transferir a responsabilidade de um serviço, ou de determinada
2
fase da produção ou comercialização, de uma empresa para outra" (REPULLO, 1997 citado
por CHILLIDA e COCCO, 2004 p.3). A terceirização é uma possibilidade concreta para se
buscar uma vantagem competitiva, sendo uma ferramenta estratégica de inovação na
prestação de serviços e se destaca em tudo aquilo que não é essencial e estratégico para a
atividade-fim das empresas, sendo uma possibilidade concreta de se contratar terceiros para a
realização de principalmente de atividades que não constituem o objeto principal da empresa
(Fernandes, 2003; Inhoff, 2005 e Martins, 2011).
A terceirização, contudo não pode ser vista apenas como uma forma de redução de custos,
pois também proporciona à Administração Pública “agilidade, flexibilidade e
competitividade, mas é necessário criar parâmetros para que não haja choque entre a sua
utilização e a disciplina da livre acessibilidade e da seleção pública previstas na constituição”
(FERRAZ, 2006, p.9).
Isso também já tinha sido citado no relatório do DIEESE (2003, p.23) quando descreve a
terceirização como “uma alternativa para a flexibilização da gestão do trabalho, apesar de ser
uma alternativa extremamente polêmica e, não raro, perversa para os trabalhadores”, o que
também é argumento de Pochmann (2007) quando afirma que um trabalhador terceirizado
ganha, em média, metade do não terceirizado. Assim, o uso indiscriminado de serviços
terceirizados pode se constituir em uma ameaça à boa gestão pública, tanto pela ausência de
garantias de qualidade dos serviços quanto pela baixa eficiência dos métodos de contratação
dos empregados (RAMOS, 2009; SILVA, 2012).
Portanto, terceirização se justifica para que as organizações foquem seus esforços nas
atividades-fim delegando a terceiros o que é não fundamental (SILVA e PREVITALI, 2012).
“A possibilidade de transferir atividades secundárias a outras pessoas mais competentes
pareceu bem mais lucrativa ao Estado, que poderia reduzir o déficit estatal através da
diminuição de custos” (ALVES, 2010 p.03).
Concorda-se com Reis (2011 p.8-9) quando ele afirma que “A terceirização no setor público
nada mais é do que a importação e transferência dos conceitos da terceirização do setor
privado para o setor público, com algumas adaptações”. Mas Ramos (2009) encara a
terceirização na Administração pública como uma ameaça à boa gestão pública, pela ausência
de garantia da qualidade dos serviços prestados e métodos de contratação dos terceirizados.
Sabe-se que os serviços públicos visam atender a necessidades da sociedade e do próprio
Estado e precisa se modernizar para atender às novas demandas e prestar serviços de
qualidade a sociedade atual e globalizada (PEREIRA, 2009).
No Brasil a terceirização atinge a administração direta como também autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedade de economia mista, principalmente nos serviços de limpeza,
construção civil, coleta de lixo (NARDES, 2010). Contudo, a opinião de Martins (2011, p. 35)
é contrária à terceirização, pois acredita que ela “favorece o nepotismo e as nomeações
políticas ferindo a exigência de concurso público.” Já Melo (2006) afirma que a terceirização
terminou se transformando no Brasil numa “válvula de escape” para burlar concursos e
contratações de servidores.
Diante disso, questões relacionadas à qualidade de vida dos trabalhadores terceirizados tem
sido preocupação de gestores e estudiosos. O presente estudo é resultado de uma pesquisa que
buscou conhecer os principais aspectos relacionados à qualidade de vida no trabalho dos
terceirizados que executam dos serviços de alimentação no refeitório de um hospital público
em Pernambuco.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
O termo qualidade de vida no trabalho vem se difundindo desde o início do século e ao longo
dos anos. Na década de 1950, com o surgimento da abordagem sócio técnica e nas décadas de
60/70, vários estudiosos das áreas sociais e da saúde foram responsáveis por preocupações
voltadas ao tema. Sindicalistas, empresários e governantes têm buscado alternativas e
melhorias na organização do trabalho, com a finalidade de reduzir efeitos negativos nas
questões relacionadas ao emprego, saúde e bem estar geral dos trabalhadores. “A qualidade de
vida sempre foi objeto de preocupação da raça humana” (RODRIGUES, 1999, p.26).
Autores como Mayo em seus seguidores na Western Eletric Company (Hawthorne, Chicago)
no início dos anos 20, foram precursores dos estudos que culminaram com a escola de
Relações Humanas, cujas pesquisas, conforme Ferreira, Reis e Pereira (1999), Hampton
(1991) e Rodrigues (1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento
humano, da motivação dos indivíduos para obtenção das metas organizacionais e da
Qualidade de Vida do Trabalhador.
As pesquisas de Maslow, com foco na Hierarquia das Necessidades Humanas, de McGregor
com sua Teoria X e Herzberg com seu estudo sobre os fatores higiênicos e motivacionais
foram precursores aos estudos de QVT propriamente ditos. Nadler e Lawler (citados por
Fernandes 1996) talvez tenham sintetizado bem os estudos pioneiros da área, na década de 70,
a qual inicialmente era vista apenas como uma variável, depois passou a ser entendida como
uma abordagem, seguida por um método formado por várias abordagens, depois já na década
de 80 como um movimento em prol dos trabalhadores.
Walton outro grande estudioso da temática de QVT, citado por Rodrigues (1999), considera
que a expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente frequência para descrever
certos valores humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço
tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico.
Quando se pensava que os seres humanos poderiam finalmente desfrutar do rápido progresso
alcançado nas ciências e tecnologia, paradoxalmente o que se tem visto é o trabalho como um
fim em si mesmo. Processos de downsizing, reestruturação e reengenharia que marcaram toda
a década de 90, têm ampliado as exigências do trabalho e os trabalhadores são obrigados a
longas jornadas de trabalho com menos tempo para si mesmos (VEIGA, 2000; FERREIRA,
2001).
A insatisfação no trabalho tende a ser penosa tanto para o empregado quanto para a empresa.
As organizações são construídas ou destruídas pela forma como acontece o desempenho dos
funcionários que nelas trabalham (VIANNA, 1994; CARVALHO, 1994). Várias instituições
transformaram-se em locais propícios de transmissão da negatividade para a sua força de
trabalho por possuir ambientes favoráveis ao sofrimento do trabalhador, causando apatia e
descrédito, e, com um trabalho entediante. Como os resultados são aquém do esperado,
muitos gerentes buscam iniciar programas de qualidade de vida no trabalho, reengenharias,
programas de motivação, como iniciativas isoladas, com o fim, também, de aumentar a
produtividade e a satisfação dos trabalhadores (FERREIRA, 2001).
A satisfação no trabalho é importante de ser estudado, pois exerce influência sobre o
trabalhador e resultados organizacionais, afetando sua saúde mental e física. Está diretamente
relacionada à sensação de atendimento a necessidades e estado emocional do indivíduo
4
Quando se fala em prática da terceirização de serviços nas instituições públicas não se tem um
consenso sobre pontos positivos e negativos de seu uso, porque são envolvidos interesses e
fatores das mais variadas naturezas: questões políticas, jurídicas, de natureza técnica,
econômica, coletiva, individual, racional e emocional. Mesmo assim, a terceirização no Brasil
já alcançou seu nível de maturidade em escala global, carregando uma vasta gama de lições
aprendidas e experiências que servem para nortear as decisões dos administradores atuais
(IMHOFF e MORTARI, 2005).
Mas para Ramos (2004), a prática da terceirização dos serviços desvirtuou-se a tal ponto que
da forma como está não atende aos propósitos do Estado e há indicações de insatisfação e
riscos envolvidos com o modelo de terceirização adotado no país, em especial no serviço
púbico. A terceirização no setor público brasileiro é sinônimo de contratação de "cabeças" e
homens-hora, modalidades que não proporcionam ao administrador público a melhor gestão
dos serviços executados.
A terceirização por Níveis de Serviço é a forma mais evoluída de contratação de serviços, seja
para a iniciativa privada ou para o setor público, e é indicada para todo aquele grupo de
processos cuja capacitação e relação custo-benefício seja superior se operado por empresa
externa. Neste grupo situam-se operações de logística e distribuição, manutenção, alguns tipos
de centrais de atendimento, serviços de retaguarda e principalmente operações de tecnologia
de informação. A Parceria Público-Privada é a forma mais evoluída de repartir investimentos
e riscos com a iniciativa privada, alavancando recursos que o governo não teria disponíveis
(RAMOS, 2004).
Para se usar a terceirização por níveis de serviço no setor governamental no Brasil e ao redor
do mundo, devem-se observar algumas razões seguindo a visão de Ramos (2004): a urgência
da demanda e a necessidade de respostas muito mais rápidas na área de Tecnologia da
Informação; a complexidade e diversidade tecnológica atual; a escassez de recursos humanos
qualificados para a área de tecnologia em muitas organizações públicas; e a cobrança social
por serviços públicos de mais qualidade versus impostos pagos, não importando se os serviços
são prestados diretamente pelo Governo ou através de uma empresa contratada, desde que
produzam resultados concretos, efetivos e rápidos.
Martins (2011) defende que serviços de cunho “institucional” não podem ser terceirizados,
como é o caso da fiscalização e da segurança pública. Mas, segundo Nardes (2010, p.3) já se
identifica dentre as estatais que atividades fins “têm sofrido um processo de invasão e
desvirtuamento, pois ocorre a chamada superterceirização dos serviços”. Amorim (2009, p.
75) apresenta um levantamento em que identifica “60% de atividades terceirizadas junto aos
órgãos da administração pública direta, perfazendo um total de 33.125 trabalhadores
realizando atividades que tinham cunho finalístico e que eram de competência do ente
público”.
Nardes (2010) cita que segundo dados do DIEESE, nas principais capitais do Brasil, já se
identificou um recuo entre os anos de 2002 e 2005, quanto à contratação de terceirizados na
iniciativa privada, mas na Administração Pública, em todas as esferas (federal, estadual e
municipal) ainda há crescimento. Assim, a observação sobre o atual quadro de terceirização
no setor público indica uma oportunidade favorável à evolução, na direção de modelos
complementares e mais evoluídos de operação. Neste contexto, haverá uma base tradicional
de execução interna complementada com ocorrências cada vez mais frequentes de aquisições
externas de operações por níveis de serviço (TNS) e contratos de parceria público-privada
(PPP).
3 METODOLOGIA
O estudo de caso que deu origem a este trabalho foi realizado no Centro de Apoio ao Sistema
de Saúde, um hospital da Polícia Militar de Pernambuco. Utilizou o método descritivo, com o
resultado de alcance de 45% (por cento) da força de trabalho dos funcionários da empresa
terceirizada que atende ao refeitório do hospital. Buscou conhecer os principais aspectos
relacionados à qualidade de vida no trabalho dos terceirizados que executam dos serviços de
alimentação no refeitório de um hospital público em Pernambuco.
Na concepção de Gil (1999), citado por Maury, Maria (2003) e Lopes (2006), a pesquisa
descritiva tem como principal objetivo descrever características de determinada população ou
fenômeno ou ainda o estabelecimento de relações entre variáveis, como a utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados. Já Andrade (2002) afirma que a pesquisa descritiva
preocupa-se com a observação dos fatos, registrando, analisando, classificando e
interpretando-os, na qual o pesquisador não deve interferir nem modificar os resultados.
Para a coleta de dados junto aos funcionários terceirizados do restaurante do hospital foi
adotado o questionário de avaliação da qualidade de vida no trabalho baseado no modelo de
Werther e Davis (1983). A adaptação sugerida foi realizada para melhor atender ao objetivo
da pesquisa, dentro do foco da abordagem. Conforme Rodrigues (1998) esse modelo de
7
Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. A filial de Pernambuco conta com
cerca de 500 funcionários, em 2014.
O serviço prestado no Centro de Apoio ao Sistema de Saúde conta, com 29 (vinte e nove)
desses profissionais, sendo 05 (cinco) na Despensa de Alimentos, os quais são
responsabilizados por receber as mercadorias dos fornecedores, estocar, organizar e
despachar, conforme solicitação da Nutrição, os gêneros alimentícios. Os outros 24 (vinte e
quatro) trabalham na captação de alimentos pela despensa, preparo e serviço de refeições para
os pacientes e funcionários do hospital, sendo esses subordinados ao Setor de Nutrição, que
pertence ao Centro Médico Hospitalar. Os funcionários da cozinha trabalham em escala de 12
x 36 horas em dias corridos, no horário de 07h00 as 19h00 e 19h00 as 07h00, perfazendo um
total de quatro turnos com 06 (seis) funcionários cada. Cada turno possui um Cozinheiro que
coordena a execução do preparo dos alimentos, 01(um) auxiliar de cozinha e os outros
04(quatro) são responsáveis pela limpeza dos instrumentos e do ambiente.
afirmou que raramente aprenderam novos conhecimentos e 10% respondeu que às vezes
aprende novos conhecimentos. Esta questão reforça a questão da repetição do exercício das
atividades pode causar desmotivação da equipe, pela natureza simples de sua realização e
talvez realizar rodízios de atividades entre os mesmos fosse uma alternativa positiva para os
resultados do trabalho e sentimento de realização no trabalho.
Em relação ao quanto está satisfeito com relação às orientações que recebe para a realização
de seu trabalho, 50% dos participantes da pesquisa responderam que nem estão satisfeitos
nem insatisfeitos. 10% afirmaram estarem muito insatisfeitos com as orientações recebidas
para a realização do seu trabalho e 40% insatisfeitos. Aqui pode ser observado que há uma
grande insatisfação quanto à orientação recebida e o que se observa na realidade estudada é
que há uma grande quantidade de chefes e poucos subordinados, ou seja, os funcionários
terceirizados são subordinados aos gestores de contrato, os quais atribuem a outros a missão
de coordenar as atividades dos contratados, ocasionando algumas vezes conflito de
atribuições e de ordens.
Foram questionados sobre a possibilidade de terem alguma autonomia para tomarem decisões
no trabalho e 40% dos entrevistados, nunca possuiu qualquer autonomia para tomar decisões
no seu trabalho. 50% afirmaram raramente ter e 10% às vezes. Na verdade já se tinha esta
expectativa, pois como os entrevistados ocupam cargos mais operacionais, neste caso a
autonomia é muito reduzida, uma vez que nenhum deles possui a palavra final em uma
decisão.
Quando questionados sobre o quanto à empresa que trabalha incentiva a aperfeiçoar suas
habilidades através de cursos ou palestras, 40% dos entrevistados afirmou que não receberam
nenhum incentivo a fim de aperfeiçoar suas habilidades. 50% considerou que recebeu muito
pouco em incentivos e 10% recebiam mais ou menos incentivos. A situação na questão sugere
falhas na capacitação e atualização dos funcionários em suas atividades, as quais não são
promovidas pela empresa contratante e nem pela terceirizada podendo acarretar em
desmotivação e baixo rendimento no trabalho dos terceirizados.
Em termos na jornada de trabalho 50% dos entrevistados afirmaram que estão insatisfeitos
com suas jornadas de trabalho, e a outra metade, 50% se mostrou nem satisfeitos e nem
insatisfeitos. Isto revela que o horário de trabalho que funciona na escala de 12 horas de
trabalho por 36 horas de descanso não agrada muito aos funcionários o que poderia ser
facilmente modificado pela empresa.
Quando questionados se já tiveram alguma influência nas decisões da empresa 70% dos
funcionários entrevistados responderam que nunca tiveram influência. E os demais, que
raramente influenciaram a empresa em quaisquer decisões tomadas. A empresa terceirizada
mostrou nesse ponto não dispor de um processo de descentralização administrativa, atrelando
a cada funcionário suas atividades específicas apenas.
Em termos do cargo ocupado, 30% dos entrevistados, concluíram que o cargo é ruim. 60%
afirmaram que nem é ruim e nem bom, e apenas 10% afirmou que é bom. Nesta questão pode
ser notado que há um elevado nível de insatisfação quanto ao cargo ocupado o que pode gerar
insatisfação e comprometer o desempenho já que não há possibilidade de crescimento e
também não há cursos de capacitação para os mesmos.
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4 CONCLUSÕES DO ESTUDO
O objetivo do estudo realizado foi analisar os principais aspectos da terceirização relacionada
à qualidade de vida no trabalho dos funcionários prestadores de serviços secundários em uma
instituição pública. O trabalho na atualidade exige novas competências e ritmo de
desenvolvimento de atividades o que pode gerar desgastes físicos e mentais para muitos
funcionários a fim de se manterem nos cargos e empregos, comprometendo sua qualidade de
vida.
Quando se fala no trabalho terceirizado então, muitas questões sobre as reais condições de
trabalho em comparação com os servidores efetivos, clima organizacional entre eles,
condições de desenvolvimento das atividades e crescimento na carreira são aspectos que
podem ser considerados mais precários para os que são terceirizados, tanto que foram
impostas mudanças legais para melhor assegurar as condições físicas, mentais e contratuais
desses trabalhadores, como a corresponsabilidade de garantia dos seus direitos pela
contratante.
Neste estudo foi constatado que, os terceirizados que atuam no restaurante do hospital
pesquisado, em grande parte não estão satisfeitos com suas funções, não há o devido
reconhecimento de seu trabalho, consideram a jornada de trabalho excessiva e sem
autonomia, aliada à questão da falta de ações relacionadas à capacitação e atualização.
Associado a tudo isso, não gostam do cargo ocupado e não recebem incentivos para se
aperfeiçoarem, não recebendo feedback sobre seu desempenho, e nunca ou raramente,
adquirem novos conhecimentos quanto a suas próprias atividades.
Assim, a qualidade de vida desses trabalhadores está sendo comprometida por esse nível de
insatisfação elevado que foi identificado, em termos de aspectos intrínsecos e extrínsecos ao
trabalho, sem que ações dos gestores da empresa terceirizada e da contratante tenham sido
identificadas para a melhoria das condições de trabalho e desempenho desses trabalhadores.
Foi apontado que a empresa contratante dos serviços terceirizados já possui o seu código de
ética e regulamentos a serem seguidos e a empresa prestadora dos serviços tem que apenas se
adequar, a partir da celebração contratual, sem qualquer ação para que se tenha um processo
de adaptação para os funcionários.
Este estudo pode sugerir que o sistema de parcerias público privada ainda que considerado
como uma nova forma de gestão, mais descentralizada, está gerando opções de trabalho que
não estão contribuindo para o atendimento de boas condições de trabalho, desempenho e
realização no trabalho, o que pode contribuir negativamente para a Qualidade de Vida dos
terceirizados e nem sempre garanta a segura qualidade da prestação de serviços especializados
contratados.
11
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Assédio moral: Um debate sobre a homossexualidade no ambiente de trabalho
Resumo:
Nos últimos anos, com o aumento na luta pelos direitos igualitários, os indivíduos
homossexuais têm reivindicado melhorias nas formas de tratamento dispensadas pelas
organizações a estes. As empresas por sua vez, buscam meios de gerenciar a diversidade e de
acabar com práticas discriminatórias e de homofobia em seu ambiente interno. Relacionado a
isso, encontra-se o fenômeno do assédio moral, este por sua vez ocorre por meio de
humilhações e abusos psicológicos feitos repetidamente a uma mesma pessoa. Frente ao
exposto, a presente pesquisa, objetivou analisar relatos de homens e mulheres homossexuais
que sofrem ou sofreram assédio moral no ambiente de trabalho. Destaca-se que a metodologia
utilizada é predominantemente qualitativa e classificada quanto aos fins como aplicada e
descritiva. Quanto aos meios, bibliográfica, pesquisa de campo e ex post fact. Com relação à
coleta de dados, esta foi realizada por meio de entrevistas individuais com 9 indivíduos
declaradamente homossexuais. Primeiramente destaca-se que nem todos os relatos contidos
no decorrer desta pesquisa enquadram-se como assédio moral. As entrevistas de número 3 e 6
adequam-se mais a uma agressão moral. Em relação aos demais casos, notou-se que todos
além de sofrer os males do preconceito, foram assediados moralmente. Em relação à violência
moral, aponta-se que todos os entrevistados acreditam serem comuns às práticas contra
homossexuais, tudo isso, em virtude do grande preconceito existente na sociedade. O estudo
foi relevante pelo limitado número de pesquisas acerca do tema, acredita-se que os objetivos
estabelecidos foram alcançados com êxito.
Abstract
In recent years, with the increase in the fight for equal rights, homosexual individuals have
claimed improvements in treatment dispensed by organizations to these. Companies in turn,
looking for ways to manage diversity and to end discriminatory practices and homophobia in
their internal environment. Related to this is the phenomenon of bullying, this in turn occurs
through humiliations and psychological abuse made repeatedly to the same person. Based on
these, the current study aimed to analyze reports of homosexual men and women who suffer
or have suffered bullying in the workplace. It is noteworthy that the methodology used is
predominantly qualitative and classified as to the purposes as applied and descriptive. As for
the media, literature, field research and ex post fact. Regarding data collection, it was
conducted through individual interviews with 9 individuals openly gay. First it is emphasized
that not all reports contained in the course of this research fall into as bullying. The number of
interviews 3:06 suit is more a moral aggression. Regarding the other cases, it was noted that
all in addition to suffering the evils of prejudice, were harassed morally. Regarding moral
violence, it is noted that all respondents believe they are common practices against
homosexuals, all this, due to the large existing prejudice in society. The study was relevant for
the limited number of studies on the subject, it is believed that the established objectives were
successfully achieved.
1. INTRODUÇÃO
As estratégias de reestruturação produtiva adotadas por empresas para sobreviver no
atual mercado competitivo trouxeram a tona um novo modelo de gerenciamento de recursos
humanos. É nesse ambiente, marcado pelas pressões, pelo desempenho quantitativo, além da
despersonalização do trabalhador, tratado como mero objeto produtivo, que acontece o
assédio moral, um processo de violência psicológica extremado contra o trabalhador com
relação direta a danos a sua saúde mental (FREIRE, 2009).
Em complemento a isso, Zimmermann (2002), explica que o assédio moral no
ambiente de trabalho não é um acontecimento novo, podendo-se dizer que é tão antigo quanto
o próprio trabalho. O processo de globalização e a consequente flexibilização das relações
trabalhistas apontaram a gravidade, generalização, intensificação e banalização do problema.
E neste ambiente, o ser-humano tem inúmeras vivências de prazer e de sofrimento. No
que tange ao sofrimento do indivíduo nas organizações, pode-se dizer que as suas diversas
faces acarretam adoecimento físico e psíquico, restando ao indivíduo desenvolver estratégias
de enfrentamento frente a estas situações. E uma das formas de sofrimento vivenciada
cotidianamente nas organizações, públicas ou privadas, é decorrente da discriminação do
diferente, da recusa do outro, da falta de gosto da alteridade e da diversidade. E um dos
grupos mais discriminados nas organizações é o homossexual. O sujeito gay que investiu
todos os seus esforços e sua afetividade na empresa em que trabalha se vê, muitas vezes,
desamparado em situações de preconceito, de homofobia e de discriminação em termos de
ascensão profissional e de relacionamentos (SIQUEIRA et al.,2008).
Na mesma linha de pensamento, Ferreira (2007) expõe que apesar dos avanços da
constituição brasileira de 1988, com relação aos direitos sociais, valorizações das minorias,
bem como a rejeição a qualquer tipo de discriminação, os homossexuais tem se organizado
em movimentos que visam cada vez mais atingir objetivos comuns a esta classe minoritária,
buscando soluções para problemas além daqueles ligados a preconceito ou segregação. Tendo
consciência do modo como a sociedade reage e pensa com relação a homossexualidade, o
movimento LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais) brasileiro vai além de aspectos
ligados a proteção, leis, visibilidade e aceitação e atinge também as empresas.
Atualmente observa-se que os indivíduos homossexuais buscam uma nova relação
com a sociedade, estes tentam construir um novo espaço social, recusando a marginalização e
a exclusão. A construção e a reivindicação de aceitação e de integração sociocultural se torna
o possível contexto de destaque ao indivíduo e a sua subjetividade na contemporaneidade. O
discurso do movimento LGBT, da busca de direitos dos sujeitos homossexuais, surge nesse
contexto como uma possibilidade da cultura moderna, a possibilidade de ser livre e de
expressar os desejos. O movimento político social da militante da classe gay encontra
ressonância na sociedade que valoriza o indivíduo. O desejo individual une-se ao coletivo,
com o desejo de reconhecimento público, com as ideias de uma sociedade que abriga a
diversidade e na qual é possível a constituição de novas identidades sociais e individuais
(CARRIERI; AGUIAR; DINIZ, 2013).
No entanto, de acordo com Gutcoski (2006 apud IRIGARAY; SARAIVA;
CARRIERI; 2010 ) não sendo algo explícito, a heteronormatividade estigmatiza, opõem-se e
desqualifica seja qual for a manifestação não-heterossexual. Nesse sentido o indivíduo gay
está, em diversos casos em situação fragilizada das empresas, tenha ou não a sua orientação
sexual revelada, o que inclui situações constrangedoras e de humilhação, como piadas
homofóbicas, discriminação e desigualdade de tratamento em questões associadas a
promoções de carreira. Destaca-se, portanto que:
2. REVISÃO DA LITERATURA
No decorrer deste capítulo são apresentados os elementos que compõem a base
teórica, visando à contextualização e o embasamento do estudo. Inicialmente destaca-se um
contexto histórico da administração, bem como a influência das organizações nas relações de
trabalho. Após explica-se a definição de assédio moral. Também se faz necessário buscando
elucidar o objetivo geral, apresentar o conceito de homossexualidade e de homofobia.
2.1 As organizações e as relações de trabalho
O mundo do trabalho e das organizações passou por várias mudanças significativas ao
longo dos tempos. No século XVII, com a sociedade mercantilista já desenvolvida, surge a
burguesia, esta foi oriunda dos segmentos dos antigos servos, que adquiriram sua liberdade e
se dedicaram ao trabalho no comércio, a partir desse fato, pela primeira vez na história do
mundo, a conotação da palavra trabalho é modificada. Até então, sua interpretação era
negativa, trabalhar era considerado uma atividade inferior e sem valor algum, destinada aos
escravos. Após o surgimento da burguesia, ocorre o início da valorização do trabalho e da
crítica à vida ociosa. Através dos avanços científicos do século XVII, da passagem do
feudalismo ao capitalismo e de todos os acontecimentos sócio históricas daí advindos, a
prática do trabalho acaba se consolidando na sociedade (ALVIN, 2006).
Destaca Costa (2010), que as relações humanas, e mais especificamente as relações de
trabalho, foram drasticamente alteradas pelas revoluções tecnológicas ocorridas nos últimos
séculos. A invenção da máquina representou uma ruptura definitiva do produtor direto com o
domínio que este exercia sobre o processo de produzir; estabeleceu hierarquias produtivas e
disciplinamento do trabalho; incorporou no processo produtivo uma norma autoritária sobre o
trabalhador. Explica Woleck (2002), que na idade moderna, começou-se a fazer uma
diferenciação entre o trabalho qualificado e o não qualificado, ou o produtivo e o não
produtivo, aprofundando-se a distinção entre trabalho feito de forma manual ou intelectual.
Na chamada era do conhecimento, em que o capital intelectual se tornou tão
importante, as organizações passaram a rever conceitos e atitudes para adotar posturas de
valorização dos funcionários e de beneficiamento da comunidade em geral, tais qual o meio
ambiente em que a mesma esta inserida. Assim, conforme explica Alvin (2006), em
decorrência da grande influência das organizações no mundo moderno, pode-se observar um
movimento crescente de envolvimento das pessoas com a sua ocupação e sua vida
profissional. Em algumas pessoas e em algumas empresas, mais que em outras, é perceptível
notar até certa devoção ao trabalho e à organização, que faz analisar laços relacionais
similares àqueles mantidos com suas igrejas, por fiéis fanáticos. Para a autora, isso é reflexo
de um paradoxo, a sociedade tem um discurso de desvalorização do público e valorização do
privado, os indivíduos não deixam que sentimentos externos afetem a sua produtividade, ou
em tese deveria ser assim, no entanto ao mesmo tempo, para realizar-se no privado, a pessoa
se exige um grande investimento de tempo, energia e vitalidade no trabalho e na organização,
que faz com que não sobre tempo para “ser”. A organização acaba ficando com a melhor
parte.
2.2 Assédio Moral
O tema assédio moral no trabalho, identificado também como violência moral ou
psicoterrorismo no trabalho, tem sido bastante comentado nos últimos anos, aparecendo na
mídia em geral, nas reivindicações de várias categorias de trabalhadores e na literatura
especializada(MACIEL; CAVALCANTE; MATOS, 2007). O fenômeno conhecido
atualmente como assédio moral se faz presente na sociedade desde o surgimento das
primeiras relações de trabalho. O assunto, entretanto, só começou a ser estudado e
considerado importante na relação entre saúde mental e trabalho a partir da década de 1980
(SOBOLL, 2008).
Explana Soboll (2008), que a violência psicológica relacionada ao ambiente
organizacional, embora ocorra desde o início das relações trabalhistas, tem sido abordada
recentemente como uma nova ameaça ocupacional, esta usa sua diferenciação devido à
invisibilidade, por ser um tipo de fenômeno sem sangue, que não deixa as mãos sujas.
O conceito de violência psicológica, apontado por Soboll (2008) é descrito na Lei
11.340, Maria da Penha, de 7 de agosto de 2006, a qual desenvolve mecanismos para inibir a
violência doméstica e familiar contra o gênero feminino, aponta diversos aspectos centrais de
comportamentos relacionados a essa natureza. Segundo o contido na lei, a violência
psicológica é definida como sendo:
Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularizarão, exploração e limitação
do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação.
Homossexual é a pessoa que sente atração afetiva e sexual por alguém do mesmo
sexo. Em primeiro lugar, é útil esclarecer que um homossexual masculino, ou gay,
sente-se homem, gosta de ser homem e não rejeita seu órgão sexual masculino. Da
mesma forma, uma homossexual feminina, ou lésbica, sente-se mulher, gosta de ser
mulher e não deseja ser homem. Neste ponto, encontra-se um grande equívoco, pois
as pessoas acham que eles querem ser do outro sexo. Definitivamente não. Mesmo
comportando-se de uma forma mais “masculinizada”, segundo os padrões ditados
pela sociedade, a maioria das lésbicas sente-se mulher e gosta de ser mulher
(FIGUEIRÓ, 2007, p.33).
Destacam Moreira Filho e Madrid (2008) que uma polêmica em torno do tema
homossexualidade, se dá pelos questionamentos de que se a mesma trata-se de uma patologia,
e que ocorre por um desvio comportamental do indivíduo; ou por uma questão biogenética,
em que o ser-humano, mulher ou homem, tornam-se homossexuais durante o
desenvolvimento intra-uterino, em que a quantidade de hormônio masculino (testosterona)
recebido pelo feto, pode determinar se o indivíduo em uma fase mais madura de sua vida terá
uma inclinação para o sexo oposto ou semelhante ao seu. Ou ainda, que trata tão somente de
uma escolha, ou seja, uma questão de orientação sexual, em que o indivíduo escolhe se
relacionar com alguém do mesmo sexo ou não, podendo também, escolher se relacionar com
ambos.
Diversos são os fatores e acontecimentos históricos nos quais a sexualidade foi tratada
pelas instituições de poder, como: a religião, o governo através de leis criminalizando os atos,
a política preocupada em proteger a família, a ciência, e, particularmente, a psicologia e a
psiquiatria tentando explicar o que deu errado no processo de construção de uma sexualidade
“normal”, e, mais tarde, pelas ciências sociais, como a antropologia e o direito, com uma
abordagem de cunho social, que vão descrever práticas e debater a igualdade de direitos sem
procurar causas (GOLIN, 2013).
É necessário lembrar, que seja uma escolha de vida sexual, ou que seja uma
característica estrutural do desejo erótico por indivíduos do mesmo sexo, a homossexualidade
deve ser considerada tão legítima quanto a heterossexualidade. Esta não é mais que a simples
manifestação do pluralismo sexual, uma variante constante e regular da sexualidade humana.
Na condição de atos consentidos entre adultos, os comportamentos homoeróticos devem ser
protegidos como qualquer outra manifestação da vida privada (BORRILO, 2001).
O termo homofobia é comumente utilizado para conceituar a discriminação sofrida por
indivíduos com uma orientação sexual diferente da aceita socialmente como natural, ou seja a
heterossexualidade. Informa Borrilo (2001), que a nomenclatura, foi registrada nos
dicionários somente ao final da década de 90, seu uso original parece remontar a K. T. Smith.
A palavra homofobia visa designar dois aspectos de uma mesma realidade: uma dimensão
pessoal de natureza afetiva, que se manifesta pela rejeição aos homossexuais, e uma dimensão
cultural de natureza cognitiva, na qual o objeto da rejeição não é o indivíduo homossexual,
mas a homossexualidade como fenômeno psicológico e social.
Neste sentido, a palavra é comumente é empregada quase que exclusivamente em
referência a conjuntos de emoções negativas (tais como aversão, desprezo, ódio,
desconfiança, desconforto ou medo) em relação a pessoas homossexuais ou assim
identificadas. Essas emoções, em alguns casos, seriam a tradução do receio (inconsciente e
“doentio”) de a própria pessoa homofóbica ser homossexual (ou de que os outros pensem que
ela seja). Assim, seriam indícios (ou “sintomas”) de homofobia o ato de se evitarem
homossexuais e situações associáveis ao universo homossexual, bem como a repulsa às
relações afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Essa repulsa, por sua vez, poderia se
traduzir em um ódio generalizado (e, de novo, “patológico”) às pessoa homossexuais ou
vistas como homossexuais (JUNQUEIRA, 2007).
A homofobia vista por muitos como apenas violência física, manifesta-se também por
atos e palavras de ridicularizarão, no ambiente de trabalho a mesma é agravada pelo fato de
que muitas vezes as vitimas não reagem com o medo de perder o emprego ou pelo simples
fato do agressor ser alguém “conhecido”, nesse contexto, as pessoas homossexuais sofrem
com o preconceito às vezes embutidos em piadas ou de outras formas que as desestabilizam,
estes acontecimentos podem gerar desde uma insatisfação com o trabalho, afetar
negativamente o desempenho e até ocasionar problemas de saúde nesses indivíduos.
Essa realidade tem feito com que às empresas percebam a necessidade de elaborar
políticas organizacionais explícitas para trabalhar o assunto diversidade. Nesse sentido, a
experiência tem mostrado que os indivíduos são muito mais propensos a aceitar as diferenças
étnicas, sociais e de gênero do que a diversidade de orientações sexuais, e essa realidade se
reflete no cotidiano organizacional (IRIGARAY, 2011).
Destaca-se também que ao se analisar o assédio moral e o fenômeno da violência
simbólica contextualizados no ambiente de trabalho, há que se levar em conta, além das
dimensões de raça e de gênero, da posição na organização, da classe social e do nível de
instrução escolar, as dimensões de orientação sexual. A sexualidade não é muito discutida no
ambiente organizacional, o que é um equívoco, dados seus efeitos potenciais na vida da
pessoa e dos grupos aos quais pertence (CARRIERI; AGUIAR; DINIZ, 2013).
3. METODOLOGIA
Primeiramente destaca-se que como o enfoque do estudo é o de conhecer fatos
relacionados a uma população, classificou-se a abordagem utilizada como predominantemente
de cunho qualitativo. Ademais, se classificou a pesquisa a partir dos dois critérios básicos de
distinção definidos por Vergara (1997), como sendo quanto aos fins e quanto aos meios. A
autora defende que um estudo pode ser classificado quanto aos fins como de caráter
exploratório, descritivo, explicativo, metodológico, aplicado e intervencionista. Para a
realização desta pesquisa, a mesma foi classificada quantos aos fins como aplicada e
descritiva. Quanto aos meios é classificada como pesquisa de campo, bibliográfica e ex post
facto.
A seleção dos sujeitos da pesquisa ocorreu a partir técnica metodológica snowball,
também chamada de snowball sampling (“Bola de Neve”). Os critérios delimitantes para que
um indivíduo pudesse participar do estudo eram os de que fosse homem ou mulher maior de
18 anos e que possuísse orientação sexual homossexual, bem como tivesse trabalhado ou
trabalhe em uma organização de cunho pública, mista ou privada. O método de coleta de
dados utilizado no presente estudo é o de entrevista, que segundo Vergara (2009), consiste em
uma interação verbal, uma conversa, um diálogo, uma troca de significados, um meio de se
conseguir informações acerca de algo. Para este estudo optou-se por entrevistar nove pessoas,
sendo que ao fim obtiveram-se as respostas de oito homens e duas mulheres declaradamente
homossexuais, optou-se por esse número, pois ocorreu saturação teórica.
A análise dos dados ocorreu inicialmente com a transcrição integral de todas as falas
dos entrevistados, fazendo com que após esta etapa pudesse ser iniciada a etapa de
comparação com a referida base teórica deste. Destaca-se que o estudo teve como principal
limitação à falta de mulheres respondentes relata-se que dos participantes, apenas duas
pessoas são do gênero feminino, pretendia-se inicialmente ter um número equilibrado entre os
sexos, no entanto, acredita-se que isso não afete o resultado final da pesquisa.
Não costumo expor minha vida em nenhum âmbito, mas no caso da sexualidade,
parece que é bem difícil, pois muito rapidamente as pessoas criam uma expectativa
exagerada sobre o assunto, não entendo bem essa necessidade extrema e evasiva que
as pessoas têm em querer saber a qualquer custo a condição sexual do indivíduo,
parece até que isso vai mudar suas rotinas, e quando há certa desconfiança você é
praticamente torturado psicologicamente até abrir o jogo. A experiência às vezes não
é tão ruim, mas praticamente todas às vezes são desconfortáveis. Falo por mim e
sem generalizações, mas esse assunto ainda hoje causa excitação nas pessoas, às
reações são diferentes, umas de felicidade total por saber que você é gay, outras
regadas de muitas autoafirmações, outras de negação, de preconceito, mas comigo
em todas às vezes foi desconfortável. É como se cada vez que eu conhecesse alguém
eu tivesse que baixar as calças e mostrar meus genitais ( ENTREVISTADA 1).
No meu último emprego meu chefe e alguns colegas quase que diariamente faziam
piadas sobre minha condição, todas regadas de conotação sexual e insultos ainda que
para eles obscuros. Era exposta sempre que em um grupo de pessoas, com perguntas
das mais evasivas possíveis, das quais nunca respondi, pois achava um absurdo. Por
vezes rebati as piadas ou insultos, tentando sempre expor que aquilo me
incomodava, mas sempre sem muito sucesso, porque aquilo para eles era uma
diversão, então não acabaria tão cedo. Meu chefe circulava pelos setores falando que
eu mantinha uma relação com uma das colegas de trabalho. Colega essa que eu mal
sabia o nome, pois era nova na empresa. Por muitas vezes me chegaram pessoas
perguntando como tinha sido ficar me agarrando no portão com a menina nova. Essa
história inclusive foi aos ouvidos da diretora da empresa. Só não fui prejudicada
profissionalmente, pois em nenhum momento dei motivos para que pensassem uma
coisa dessas a meu respeito. Sempre fui muito respeitosa e estritamente profissional.
(ENTREVISTADA 1)
[...]Em 2008 ganhei um novo supervisor, o mesmo sabia da minha orientação, mas
nunca fora motivo de problemas. Até que em uma manhã, ele me chamou a sala dele
e me informou que estava contratando um rapaz para trabalhar comigo, e que eu
deveria dar o treinamento ao mesmo, até então estava tudo certo, mas em um
determinado momento ele me olha e diz: “É para você dar o treinamento para ele, e
não vai “cantar” o rapaz, pois é um guri bom que não queremos perde-lo”. Minha
reação naquele momento foi de fúria eu quase entrei em um estado de surto, em 1
ano e meio de empresa nunca tinha passado por tamanho constrangimento. Tamanha
era a absurdidade que ele tinha falado, olhei para ele e fiz diversas perguntas e
réplicas em sequência “Quem você pensa que você é? Tu achas que minha família
não me deu educação? Você acha que eu não tenho caráter? Está questionando
minha índole? Você enxerga meu profissionalismo ou minha homossexualidade aqui
dentro? Você está me injuriando, e maldizendo a educação que recebi da minha
família, você está ofendendo a todos nós, eu estou aqui porque preciso do emprego,
e não para “dar em cima de colegas”. Exigi que ele se retratasse na mesma hora e ele
negou-se afirmando que não tinha dito nada demais( ENTREVISTADO 2).
Na empresa que estou, é um inferno. Eu não consigo ser eu mesmo, eu não consigo
trabalhar, as pessoas são muito preconceituosas, elas fazem piadinha o tempo todo
de gay e só sabem falar de mulher, são super preconceituosos, muito machistas, pra
eles mulher tem que ficar em casa fazendo comida e homem ficar assistindo no sofá
o jogo de futebol, sendo servido, é esse nível sabe (ENTREVISTADO 3).
[...] No meu emprego anterior, que era em uma imobiliária, tinham três pessoas
assumidamente homossexuais, sempre fomos respeitados por todos os colegas, até
que um dia, um dos meus colegas, postou uma foto beijando o namorado dele na
época, no mesmo final de semana, que acontecera uma confraternização de toda a
equipe de trabalho, onde todos beberam e dançaram como acontecia normalmente
nessas confraternizações. Na semana seguinte eu e meus outros dois colegas
recebemos um e-mail avisando que deveríamos cuidar com o que publicávamos nas
redes sociais (ENTREVISTADO 6).
Eu não tinha planos de entrar nessa empresa, mas fiz ficha e entrei, eu meio que
omiti na entrevista que era gay, por que havia ido a outra empresa e por ter me
identificado como gay, não fui contratado, a mulher me olhou com cara de nojo e eu
sabia que ela ia jogar o meu currículo fora. Então nessa empresa que entrei, eu
acabei por não contar que era gay, mas após me assumir foi horrível. O encarregado
era uma pessoa na faixa de 50 anos e ele era muito preconceituoso, eu ouvia muita
coisa. Além disso, como na empresa haviam muitos haitianos, eles tem o costume de
chamar os gays de “macici”, é um termo perjorativo equivalente a “bicha”. Os
“guris” brasileiros, eles não falam nada, mas você vê que não querem que você se
misture, mas os haitianos me chamavam por esse termo todo santo dia. Tem
também o fato que o encarregado me colocava trabalhar com os meninos por que ele
não gostava que eu ficasse ao lado das meninas trabalhando, apesar de ser um setor
predominantemente feminino. Então, eu tinha as atividades dos homens pra fazer e
eu fazia tudo, mas, isso de ficar com as meninas para o encarregado era o “fim de
carreira”, por que eu fazia de tudo lá e ele reclamava disso, por que eu conversava
mais com as meninas do que com os “pia”. No setor tinha muita gente, só que eu era
diferente pra ele, por que nunca tinha entrado um gay lá dentro, e quando entravam
não se assumiam por medo (ENTREVISTADO 7).
Meu chefe indireto também era homossexual, ele insistia pra se relacionar comigo,
mandava cartinhas, bilhetes, dava em cima de mim, me chamava de bonito todo dia.
No aniversário nós recebíamos um cartão de aniversário, ele botou um bilhete dentro
do meu e disse pra eu ler depois que saísse da empresa, no papel estava escrito o
telefone dele, endereço e ainda que ele me esperaria naquele local pra que eu
pegasse meu presente. Eu não queria nada com ele, não era assumido e ficava
constrangido de contar pra alguém e falar o quão pressionado eu estava sendo [...]
Eu ficava mal, por que ele sendo chefe, eu não podia discutir, eu sentia medo de que
algo acontecesse, parecia que eu seria obrigado a ter algo com ele. Depois de um
tempo ele foi demitido por outro motivo. Então gerente me chamou e perguntou se
ele tinha me “cantado” alguma vez, me pressionado no trabalho ou me assediado, eu
neguei tudo, por que ela estava pedindo se tinha acontecido algo e eu pensei que ela
talvez fosse me demitir (ENTREVISTADO 8).
[...] Bom quando penso na situação eu me sinto mal. Na última escola em que atuei,
em turmas de ensino fundamental a vice-diretora da manhã me persuadiu, via
Whatsapp que os alunos de uma turma do sexto ano, reagiam de forma rebelde nas
minhas aulas em virtude de “não aceitarem minha homossexualidade”. E sugeriu
uma troca de turma. Ela ainda se referiu assim: Wagner eu sei que você é um
excelente profissional, mas penso que seria melhor pra ti como professor. Desabei a
chorar na hora, a sorte é que não estava na escola. Dois meses depois me exonerei
como professor contratado da rede estadual onde atuava no Rio Grande do Sul. Me
senti um lixo e humilhado como profissional( ENTREVISTADO 9).
5. CONCLUSÕES
Primeiramente destaca-se que nem todos os relatos contidos no decorrer desta
pesquisa enquadram-se como assédio moral. As entrevistas de número 3 e 6 adequam-se mais
a uma agressão moral. Conforme explica Cortez (2012), as agressões pontuais ocorrem por
meio de condutas hostis e de caráter abusivo; podem ser palavras, atitudes ou
comportamentos que visem ameaçar a vitima, além disso, constrangem, humilham e
desqualificam a pessoa atingida, podendo levar a danos emocionais e psicológicos. Em
relação aos demais casos, notou-se que todos além de sofrer os males do preconceito, foram
assediados moralmente, pois além de haver o critério de repetição nos insultos, houve reflexos
na saúde psíquica e mental dos entrevistados.
Nos relatos pesquisados notou-se que a grande maioria dos homens homossexuais
sentiu-se rejeitados pelos grupos de homens heterossexuais, estes por sua vez, eram quem
mais faziam insultos, ou piadas com a sexualidade dos entrevistados. As duas mulheres
entrevistadas relataram que os homens heterossexuais agiam de forma a constrangê-las ou a
trata-las como objetos, estas, além de sofrerem com o preconceito e a homofobia, acabam
sendo vitimas do sexismo presente em muitos indivíduos do sexo masculino.
Em relação à violência moral, aponta-se que todos os entrevistados acreditam serem
comuns às práticas contra homossexuais, tudo isso, em virtude do grande preconceito
existente na sociedade. Ademais se percebeu que a maioria dos pesquisados não sabia do fato
de estar sendo vitima de assédio, isso se deve em parte a desinformação destes sobre o tema,
mas também as culturas das empresas em não conscientizarem os seus funcionários sobre este
e outros assuntos pertinentes para um bom convívio social.
Além disso, faz-se necessário relembrar que o assédio moral apresenta direções no
ambiente de trabalho, que podem ser horizontal, vertical ascendente ou descendente e mista.
Ao analisar os dados coletados, percebeu-se que nos casos 3 e 5, o fenômeno ocorreu de
forma horizontal, quando colegas agridem outros colegas. Já nos casos 1, 2, 4, 5, 7 e 9,
identificou-se que o assédio ocorreu de forma mista, ou seja, os respondentes da pesquisa
sofreram insultos e humilhações constantes tanto dos colegas de mesmo nível, quanto de
chefes em posições hierárquicas superiores a estes. O entrevistado de número 8 foi assediado
moralmente por um superior hierárquico, configurando como assédio moral vertical
descendente.
Há ainda, por parte de alguns pesquisados o medo de revelar-se homossexual no
ambiente de trabalho, este receio foi citado nos casos 3, 4 e 5. Conforme Irigaray (2011), a
invisibilidade que os homossexuais se queixam possui diversos motivos, dentre as quais a
interiorização do estigma. Para o autor, esses grupos “invisíveis” podem ter sido alvo de um
nível tão grande de preconceito que usam do artifício de se esconder, recorrendo ao
silenciamento sobre discriminações sofridas e à autoexclusão de assuntos que possam mostrar
as diferenças.
Lembra-se que para a maioria dos participantes do estudo as empresas não investem
em programas ou atitudes que visem diminuir o preconceito, a imagem que estas passam é de
puro interesse em lucratividade e não uma preocupação com o bem estar dos funcionários.
Ressalta-se ainda, que os pesquisados quando confrontados sobre a discriminação,
afirmaram acreditar que esta seja oriunda da falta de informação das pessoas e de uma
educação desregrada, que deveria priorizar educar as pessoas desde jovens sobre a pluralidade
sexual e o respeito acima de tudo. Além disso, os participantes acreditam que caso as
empresas invistam em programas de conscientização e de apoio a diversidade, o quadro de
discriminação tende a diminuir aos poucos.
Ao deixar que um talento vá embora, as empresas perdem em termos competitivos,
portanto acolher e gerenciar a diversidade, é pensar de forma estratégica e ir além do bem
estar social do funcionário. É enxergar que empresas atuantes de forma a promover o aspecto
de diversidade possuem menos conflitos entre seus funcionários; tem em seus quadros
colaboradores mais motivados e esforçados para atingir os objetivos estabelecidos e; possuem
um diferencial voltado para a promulgação de ideias e a inovação.
O estudo foi relevante pelo limitado número de pesquisas acerca do tema, acredita-se
que os objetivos estabelecidos foram alcançados com êxito. Além disso, o trabalho buscou
mostrar as situações de discriminação e de injúrias que os homossexuais acabam por passar
em seu cotidiano, assunto este visto como tabu por algumas organizações. Elenca-se que
novos estudos podem vir a ser desenvolvidos aproveitando-se da temática.
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VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas,
2009.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da década de 1990, o Brasil teve seu cenário econômico marcado pela
globalização dos mercados, formação de blocos econômicos e redução das barreiras
comerciais entre os países. Esse fato provocou a acirrada competição entre as empresas para
criar e/ou consolidar vantagens competitivas a fim de se manterem no mercado (BRAND;
KLIEMANN NETO, 2004).
Mariotto (1991) traz que a competitividade de uma empresa pode ser compreendida
como a capacidade da empresa de explorar, em seu proveito, a estrutura e os padrões de
concorrência do mercado em que atua (ou quer atuar) e, assim, conseguir, rentabilidade no
longo prazo.
A atual dinâmica dos mercados cada vez mais complexos e globalizados exige das
organizações novos estilos de gestão para enfrentar a concorrência e definir estratégias
competitivas. Encontrar maneiras de alcançar a competitividade é um fator crucial para a
sobrevivência das organizações.
Segundo Santos e Cândido (2011), uma forma encontrada pelas empresas para lidar
com a complexidade dos ambientes organizacionais, principalmente empresas de pequeno e
médio porte tem sido a organização em forma de redes. Nestas, a parceria e a cooperação
aparecem como elementos fundamentais na busca por vantagens competitivas, que
contribuem para a minimização de custos de produção e que também atuem como
catalisadores do desenvolvimento local pois os relacionamentos organizacionais tendem a
acontecer em fases complexas e quando há objetivos comuns.
Nesta busca pela competitividade, aliada a um ambiente de extrema rapidez nas
relações, a velocidade da informação determina que tudo seja muito dinâmico; a inovação é
premissa básica para a competitividade. Não há como pensar em processos produtivos sem
estabelecer uma relação de contínua aprendizagem, onde em que a revisão e melhoria de
processos e produtos ocorrem continuamente em busca de um diferencial a ser oferecido ao
cliente, criando uma cultura de aprendizagem.
“As organizações que aprendem são aquelas com capacidade para criar, adquirir e
transferir conhecimento, bem como para modificar seu comportamento para refletir novos
conhecimentos e discernimentos” (SENGE, 2003, p.38).
O capital humano tem o poder de revolucionar as organizações em busca da
competitividade. O conhecimento é fruto da mente humana e, pensar em inovação direciona,
automaticamente, a pensar em pessoas como agentes transformadores. Para Nonaka e
Takeuchi (1997) conhecimento é entendimento, é expertise, é informação valiosa da mente
humana combinada com experiência, contexto, interpretação e reflexão.
O grande desafio empresarial posto aos administradores na busca pela competitividade
é a melhoria da produtividade de sua mão-de-obra para melhor atender os clientes, assediados
por esforços contínuos da concorrência.
O aumento da produtividade e da qualidade dos produtos e serviços prestados está
diretamente relacionado ao nível de qualificação das pessoas que compõem as organizações.
Pensar em inovação e competitividade é pensar em pessoas definindo estratégias e
administrando processos.
Com o crescimento da competitividade e das exigências do mercado, diversas
empresas têm se organizado conjuntamente com o intuito de formar parcerias, constituindo os
chamados Arranjos Empresariais, a fim de que sejam alcançadas vantagens competitivas
(GONÇALVES, LEITE E SILVA, 2012).
Neste sentido este artigo volta o olhar para os arranjos empresariais e busca verificar
como estes formatos podem contribuir/facilitar com o desenvolvimento de profissionais e
consequentemente, com o desenvolvimento das organizações, principalmente de pequenas e
médias empresas, visando o aumento da produtividade e a criação de diferenciais
competitivos.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Arranjos Empresariais
A corrida pela competitividade exige das empresas maior produtividade, com
qualidade e a custos mais baixos. Para muitas empresas, em especial as pequenas e médias,
estes objetivos exigem novos modelos de gestão das organizações. Organizações das mais
variadas se agrupam em torno da necessidade de sobreviver e prosperar, tornando-se capazes
de igualar as vantagens da grande empresa verticalizada (eficiência operacional, escala
produtiva, poder de influência sobre fornecedores e clientes) e superá-la mantendo aquelas
vantagens características das pequenas e médias empresas (adaptabilidade, flexibilidade,
agilidade) (FELDHAUS, PEREIRA E MORAIS, 2012).
Em uma primeira averiguação, observa-se que as alianças estratégicas, segundo Noleto
(2000) citado por Santos, Silva e Cândido (2011), são associações que visam melhorar as
posições e objetivos das organizações, envolvendo a cooperação de duas ou mais entidades,
na qual todas as partes se fortalecem mutuamente. Esta é exatamente uma das características
das parcerias, na qual os envolvidos em determinado setor econômico reconhecem a
necessidade de realizar algum tipo de associação, somando suas competências na busca por
objetivos comuns para as partes envolvidas (NOLETO, 2000 apud SANTOS, SILVA E
CÂNDIDO, 2011).
Desta forma, esses aspectos podem ser confirmados de acordo com Cândido e Abreu
(2000), pois as “organizações do mesmo ramo industrial frequentemente se juntam sob o
mesmo ‘guarda-chuva’ de associações comerciais e profissionais, cooperando no sentido de
interesses compartilhados”. Ou seja, se torna um ponto facilitador do desenvolvimento de
alianças e parcerias com o intuito de melhorar o desempenho dos atores envolvidos, bem
como da economia no qual o arranjo está inserido. A atuação destes aglomerados facilita tanto
o desempenho da empresa perante seus concorrentes, como auxiliam na manutenção destas
empresas no mercado. O que pode favorecer a competitividade das localidades onde os
arranjos produtivos atuam.
Segundo Gonçalves, Leite e Silva (2012) os Arranjos Empresariais encontrados e
discutidos na literatura são: Arranjo Produtivo Local (APL), Clusters, Redes de Empresas,
Cooperativas, Cadeia Produtiva ou Filière, Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain,
Condomínio Industrial e Consórcio Modular.
Brito e Leite (2008) afirmam que empresas tem se organizado conjuntamente para
formar alianças estratégicas ou os chamados Arranjos Empresariais, tendo como objetivo criar
ou consolidar vantagens competitivas entre os membros que os compõem através do
compartilhamento da sua gestão. No Brasil, o termo que mais tem sido utilizado para estes
arranjos empresariais, inclusive pelo Governo Federal, é o de Arranjo Produtivo Local ou
simplesmente APL (GONÇALVES, LEITE E SILVA, 2012). Para Jorde e Teece (1989),
citado por Gonçalves, Leite e Silva (2012), os Arranjos possibilitam o aumento do acesso a
novos conhecimentos, facilita a aprendizagem organizacional, o acesso às novas tecnologias,
e o processo de inovação.
2.1.1 Arranjo Produtivo Local (APL)
Arranjo Produtivo Local pode ser definido por um conjunto de empresas com
interesses semelhantes, influenciadas pelo mesmo meio, aproximadas geograficamente e
apresentando características em comum. Santos e Cândido (2013) definem como sendo
aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto
específico de atividades econômicas, configurando-se como uma estratégia coletiva para as
empresas.
Quando uma empresa faz parte de arranjo produtivo, a tendência inerente a este fato é
que o grau competitivo desta localidade aumente, pois a ideia primordial de um APL é a
integração entre as empresas que fazem parte do mesmo, formando as redes interempresariais,
associações, entre outras (SANTOS, SILVA E CÂNDIDO, 2011).
2.1.2 Rede
Outra forma de arranjo é a organização em forma de Rede. Segundo Cândido e Abreu
(2000), o objetivo da interação entre atores e organizações nas redes é uma tentativa de
ampliar o número de parceiros, a fim de viabilizar interesses e projetos comuns. Com isso,
essas parcerias podem contribuir para que haja a competitividade em um determinado setor.
Redes são formatos organizacionais, definidos a partir de um conjunto de articulações entre
empresas, envolvendo a realização de transações e/ou o intercâmbio de informações e
conhecimentos entre os atores, não implicando necessariamente na proximidade espacial de
seus integrantes (LASTRES E CASSIOLATO, 2005).
2.1.3 Consórcio Modular
Para Gonçalves, Leite e Silva (2012), o consórcio modular pode ser considerado um
caso radical de terceirização em que os fornecedores-chave, chamados de sistemistas,
assumem a montagem prévia do módulo sob sua responsabilidade e sua posterior montagem
diretamente na linha de montagem final da montadora, os investimentos em equipamentos e
ferramentas e a gestão (mesmo que parcial) da cadeia de suprimentos do módulo. Por sua vez,
a montadora providencia a planta e a linha de montagem final, executa a coordenação desta e
o teste final dos produtos.
Para Gonçalves, Leite e Silva (2012), a formação de um consórcio apresenta inúmeras
vantagens ao racionalizar os esforços das empresas, mobilizando as capacidades específicas e
tornando as empresas consorciadas mais eficientes para a realização do objeto do consórcio,
ou em situações extremas, nas quais isoladamente não teriam condições de executar
determinado empreendimento.
2.1.4 Clusters e Polos
Para Filho et. al.(2015), clusters são aglomerados de empresas e instituições
relacionadas a um mesmo setor industrial em uma determinada área geográfica, que
estabelecem relações de cooperação e competição.
Sob a ótica de Carvalho Júnior (2007), no entendimento de Petrelli (2015), os polos
industriais constituem uma forma de organização da produção que possibilita às empresas
construírem vantagens competitivas sustentadas não somente por ações individuais, mas
também por ações coletivas.
2.1.5 Cadeias Produtivas
Para Lastres e Cassiolatto (2005) Cadeias Produtivas referem-se a um conjunto de
etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos
insumos em ciclos de produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. Cada
membro é responsável pela realização de diferentes etapas do processo e podem estar
localizados em regiões ou localidades distintas.
Independentemente da forma que o Arranjo assuma, para Crocco et al. (2003) citado
por Gonçalves, Leite e Silva (2012), estas formas de organização tem auxiliado empresas dos
mais variados tamanhos e, particularmente, as pequenas e médias empresas, a superarem
barreiras ao seu crescimento. De um lado, a proximidade física das empresas propiciaria o
surgimento de externalidades, pecuniárias e tecnológicas. De outro, a proximidade física e
cognitiva cria condições para uma interação cooperativa. Além de que ideias são trocadas e
desenvolvidas, e o conhecimento é compartilhado numa tentativa coletiva de melhorar a
qualidade de produtos e processos, de ocupar segmentos de mercado, de coordenar ações e
resolver problemas conjuntamente.
2.2 Recursos Humanos na Cadeia Produtiva
A Gestão de Recursos Humanos (GRH) pode ser compreendida como um conjunto de
“políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as
pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo” (DUTRA, 2002, p.17).
Segundo Milkovich (2000), as pessoas devem estar em primeiro lugar dentro das
instituições, por mais que as instalações físicas, equipamentos e o dinheiro também sejam
importantes, são as pessoas que planejam, produzem, controlam, vendem, buscam estratégias
para melhor desempenho dentro da instituição. A área de recursos humanos é que “traz o
brilho da criatividade para a empresa”. Além disso, os funcionários precisam ser eficazes para
que uma empresa cresça e atinja todas as metas sem precisar sofrer durante sua trajetória.
Chiavenato (2004), diz que “em um mundo de negócios caracterizado pela exploração
da inovação tecnológica, pela globalização dos mercados, pela forte competição entre as
organizações, [...] as organizações precisam ser rápidas, ágeis, eficazes em custos”. Portanto,
deve se ter recursos, conhecimentos, habilidades e competências e pessoas que possam ajudar
nas mudanças e transformações para criar instituições competitivas e de sucesso.
Segundo Gramigna (2007) qualquer tipo de empresa/instituição deve investir
primeiramente nas pessoas, pelo simples fato que sem elas nada funciona, mesmo tendo a
tecnologia mais inovadora e necessária. Cita também que “pessoas tem o dom de fazer o
sucesso ou o fracasso de qualquer empresa. Pessoas podem colocar seu talento a favor das
organizações quando encontram ambiente para tal” (GRAMIGNA, 2007, p. 08).
Na intensa busca pela competitividade, as empresas fomentam os conhecimentos dos
seus funcionários e através deles, visam criar seus diferenciais de atuação no mercado. Para
isso, o compartilhamento dos conhecimentos das pessoas é necessário e também se torna
imprescindível, o desenvolvimento do potencial dos funcionários para que cresçam e
entreguem à organização suas competências, aqui entendidas como o CHA – Conjunto de
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (DUTRA, 2004).
Um importante subsistema que compõe a Gestão de Pessoas é o treinamento e
desenvolvimento que visam o aperfeiçoamento do desempenho funcional e o
desenvolvimento do potencial dos funcionários, gerando maior competitividades empresarial.
2.3 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas e a Aprendizagem Organizacional
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado de outubro a novembro de 2015. Quanto aos objetivos,
trata-se de uma pesquisa descritiva, pois visa descrever as contribuições dos diversos arranjos
empresariais para o desenvolvimento das pessoas e das organizações.
Pesquisas de caráter descritiva estudam em geral características de determinados
grupos. Estudos descritivos são utilizados quando se deseja descrever as características de um
fenômeno (RICHARDSON, 2014).
Quanto aos procedimentos é uma pesquisa bibliográfica, pois se utilizou de livros e
artigos sobre a temática para as análises e discussão.
Para Cervo e Bervian (2002), a pesquisa bibliográfica tem como metodologia explicar um
problema a partir da leitura e análise de publicações anteriormente escritas, como livros, artigos
ou revistas científicas.
Quanto à abordagem do problema trata-se de uma pesquisa qualitativa, que segundo
Richardson (2014), é aquela que pode descrever a complexidade de determinado problema,
analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos
por grupos sociais.
4 ANÁLISES E DISCUSSÃO
4.1 As pessoas e as organizações
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização ou abrangência das fronteiras, aliadas a competitividade forçam as
organizações a atualizarem constantemente as estratégias mercantis. As organizações
efetivamente criaram vidas e a sua equipe não é mais formada por coadjuvantes como se
conheceu num passado não tão distante.
Os funcionários passam de recursos a parceiros das organizações, contribuindo de
forma mais efetiva através de suas experiências, conhecimentos, habilidades em todas as
tarefas que constituem uma empresa. São essas pessoas que devem ser capacitadas, treinadas,
educadas, pois tomarão decisões sobre o futuro das organizações e todos os outros recursos
que pertencem ao ambiente que a empresa está envolvida.
Conforme afirma Senge (1999) é necessário evoluir e aprender com as experiências do
passado, considerando os erros e acertos, utilizando estes dados para planejar e construir o
futuro.
A empresa não existe sem pessoas, mesmo que desapareça, por qualquer motivo, toda
a estrutura física e de capital, se a organização não perder as pessoas, então continuará viva.
O cenário exige que a empresa seja proativa, arrojada, destemida, tal qual exige que os
funcionários sejam capacitados para enfrentar de forma harmônica todas as dificuldades e
desafios que a organização enfrenta.
A interação e a troca de conhecimentos entre os indivíduos tornou-se fator primordial
para a inovação. É obrigação dos gestores a difusão das informações e a coordenação do
processo de aprendizagem. Este artigo defende a concepção de que a capacitação do indivíduo
é o centro do processo de aprendizagem organizacional e que os arranjos empresariais são
uma excelente oportunidade de desenvolvimento das pessoas e criação de uma cultura de
aprendizagem organizacional, equiparando às condições de competitividade baseada no
conhecimento das pequenas e médias empresas, com a dos grandes empreendimentos.
A busca contínua por novas habilidades e aprendizados que visem representar para a
empresa uma vantagem competitiva perante a concorrência passa a serem fatores de sucesso,
pois, depois de vários indicativos é possível afirmar que a capacidade das pessoas para
aprender nos níveis individual e organizacional forma a base para uma organização dominar
as mudanças e garantir a continuidade de seus trabalhos.
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abordagem aplicada às estratégias de negócios. 2 ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
1
RESUMO
O setor postal tem sofrido uma pressão devido ao desenvolvimento de novas tecnologias de
comunicação e informação, assim os Correios estão se revolucionando para continuar
cumprindo seu papel. Objetivo da pesquisa é evidenciar como os gestores dos Correios gerem
seu capital intelectual. A metodologia é descritiva, documental e survey. Portanto, após
análise documental e de survey conclui-se que os gestores dos Correios utilizam indicadores
para mensurarem o capital intelectual da empresa em suas três dimensões, no entanto a
empresa vem aprimorando a forma de como medir e controlar o seu ativo intangível.
1 INTRODUÇÃO
A valorização das empresas nos dias atuais não se limita apenas ao seu valor contábil
ou ao valor de seus bens tangíveis, o capital intelectual é o meio mais completo para valorizar
as organizações, diante da competição existente nos negócios, conforme Ensslin, et al. (2011).
Segundo Bontis (1998) e Ling (2012), o capital intelectual é formado por três
componentes fundamentais: (1) Capital Humano: São as pessoas que possuem o
conhecimento tácito, sendo formado pelas habilidades fundamentais para realizarem suas
atividades; (2) Estrutura de capital: Possibilita a organização funcionar de maneira
coordenada, dando suporte para as pessoas desenvolverem suas ideias; e (3) Relacionamento
com os clientes: Relação que a organização pode desenvolver o seu conhecimento, através
dos canais de marketing e com seus próprios clientes.
O capital intelectual passou a ser um instrumento importante para o crescimento e
alcance das metas estabelecidas pelas empresas, assim houve um acompanhamento maior
pelo conhecimento das pessoas e investimento em treinamentos e cursos, com isso a expertise
desenvolvida é repassada para as organizações, consequentemente o resultado pode ser
observado externamente, com a fidelização dos clientes, crescimento da fatia da empresa no
mercado, valorização da marca, inovação do produto, tudo isso ratificado pelo crescimento do
lucro, de acordo com Canesso, et al. (2011).
Conforme Martins e Antunes (2002), o grupo Skandia montou um modelo para medir
o capital intelectual, orientando-se pela diferença entre o valor de mercado e o seu valor
contábil, ajudando os gestores das empresas nas decisões de investimento nos componentes
que fazem parte desse capital, melhorando os resultados em determinado período de tempo.
Paralelo à isto, o setor postal tem sofrido uma forte pressão nas ultimas décadas
devido ao desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação e informação, assim os
Correios estão se revolucionando para continuar cumprindo seu papel secular e diante desse
novo panorama, a empresa tem adotado certas medidas: foco nos clientes, adoção de modelos
2
estrutura física para o desenvolvimento de sua atividade principal, com total qualidade e
eficiência.
2.1.3 – CAPITAL DE RELACIONAMENTO
O capital de relacionamento significa o valor agregado na relação da empresa com os
agentes do ambiente externo formado pelos acionistas, fornecedores, credores, clientes e
outros, de acordo com Arnosti, et. al. (2009).
Sveiby (1998) define o valor do capital de relacionamento como o nível de satisfação
com a qual a organização resolve os problemas dos clientes, sendo que sempre há um grau de
incerteza, pois o relacionamento pode mudar com o passar dos anos.
No nível do capital de relacionamento que o capital intelectual agrega valor financeiro
para a empresa, ou seja, entra dinheiro, no entanto o capital de relacionamento não deve
significar apenas valor monetário. O capital relacional é mensurado com maior facilidade do
que os capitais humano e estrutural, pois pode ser medido através das receitas obtidas,
segundo Stewart (1998).
Conforme Oliveira (1999) e Gibbert, Leibold e Voelpel (2001), assim como a
organização tem investimento nos seus funcionários com o objetivo de fazer com que o valor
do capital intelectual cresça, tem que haver investimento também nos seus clientes, formando
um intangível comum entre as partes, agregando valor adicionado em toda cadeia produtiva.
Para que a empresa alcance o retorno financeiro dos negócios, os investimentos são
fundamentais, tanto no capital de relacionamento quanto nos capitais humano e estrutural,
sendo que apesar de serem intangíveis merecem cuidado especial, segundo Arnosti, et. al.
(2009).
2.2 – MODELOS DE MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL
Segundo Hendriksen (1999) e O’Donnell (2004), mensurar significa atribuir valores
relevantes a determinados objetos relacionados à empresa, de modo que agregue valor, na
maioria das ocasiões a mensuração é expressa em razão monetária e contribue na formulação
de estratégias do negócio.
A mensuração do capital intelectual ainda é uma tarefa difícil para os profissionais da
área contábil, na maioria das situações as demonstrações contábeis omitem no seu ativo o
valor de seu capital intelectual, havendo um atraso na contabilidade, de acordo com Iudícibus
(1997), sendo que qualquer item para ser considerado ativo deva atender a quatro requisitos
básicos: 1 - Ser considerado bem ou direito para a empresa; 2 - Poder mensurá-lo
monetariamente; 3 - A empresa tem que ter sua propriedade, posse ou controle a longo prazo,
e 4 - Ter perspectivas de que o bem traga benefícios futuros.
A seguir são relacionados modelos de gestão que auxiliam os administradores na
mensuração do capital intelectual:
2.2.1 – BALANCED SCORECARD (BSC)
Conforme Barros, Filgueiras e Gomes (2010), a palavra Balanced é usada para frisar o
equilíbrio que há entre o planejamento de curto e longo prazo, mensuração financeira e não
financeira, índices de fatos já ocorridos e de fatos que tendem a acontecer e perspectivas
estabelecidas pelos gestores, enquanto que a palavra scorecard é usada para estabelecer como
os resultados são demonstrados.
O Balanced Scorecard foi criado por Kaplan e Norton em 1992, foi resultado da busca
por ferramentas de mensuração da performance das empresas e ao longo dos anos o seu uso
tem sido crescente. O BSC tem contribuído para acompanhar os resultados da empresa, fato
que reflete em seu planejamento estratégico, segundo Peng, Pike e Roos (2007).
O Balanced Score Card (BSC) é usado por Arnosti e Gil (2007) para definir capital
humano como sendo a habilidade e conhecimento dos funcionários que formam uma empresa,
ainda há o Know-how que a organização agregou durante o tempo.
6
Estudos mostram que as fronteiras entre os setores tradicionais, dentre eles o setor
postal, estão cada vez mais indefinidas e que alguns conjuntos de atividades econômicas estão
se tornando híbridos e deverão ser setorizados. Nesta direção, torna-se necessário ressaltar a
interpenetração do setor postal e outros setores da economia, tais como: logística para
terceiros, comunicações, financeiro e distribuição (transporte e entrega final). Igual situação
ocorre em relação aos setores de transporte no que tange aos integradores porta-a-porta e
operadores postais públicos: carga aérea, expresso e serviço postal.
Esse processo de interpenetração de setores sinaliza o aumento crescente da
complexidade para a gestão dos negócios postais, pois cada vez mais será preciso entender,
concomitantemente, o funcionamento de vários setores da economia, acompanhar as suas
legislações específicas, os seus fóruns decisórios, cenários, etc. Muitos dos segmentos de
negócios (atividades econômicas), também chamados de mercados postais adjacentes, estão
se tornando verdadeiros setores econômicos, como por exemplo, os setores hoteleiro e
religioso.
3 METODOLOGIA
Quanto aos objetivos, esta pesquisa é descritiva pois pretende evidenciar a gestão do
capital intelectual dentro da empresa Correios. De acordo Andrade (2010), nesse tipo de
pesquisa não há interferência ou manipulação dos fenômenos pelo pesquisador, mas sim a
observação, o registro, a análise, a classificação e a interpretação dos fatos.
O estudo de caso tem como característica a análise profunda de alguns objetos, de
modo que permita um conhecimento maior e simplificado, fato que seria quase impossível
diante de outros delineamentos, conforme Gil (1999).
Quanto aos procedimentos, ela divide-se em duas etapas: documental e survey, sendo
que nas próximas seções serão detalhadas cada uma delas.
Na pesquisa documental, buscará descrever os indicadores e relatórios presentes na
gestão atual dos Correios. Conforme Bervian, Cervo e Da Silva (2007), na pesquisa
documental são analisados documentos com o objetivo de demonstrar e fazer analogia de
características importantes, culturas, perspectivas e diferenças, portanto através dos
documentos é possível verificar tanto o passado quanto o presente do objeto de estudo.
Na pesquisa Survey, serão distribuídos questionários aos gestores das agências de
Correios com o intuito de verificar, sob a análise das três dimensões do capital intelectual,
capital humano, capital estrutural e capital relacional, qual a ótica deles com relação ao uso ou
não dos indicadores de mensuração do capital intelectual em suas unidades.
De acordo com Andrade (2010), o survey é formado por perguntas em que o
informante responde, independente da presença do pesquisador.
O survey é caracterizado pela indagação pontual, onde o objetivo é conhecer o
comportamento das pessoas. Para isso é feito o questionamento a um número relevante de
pessoas a respeito do assunto analisado para na sequência, conforme estudo quantitativo,
concluir com os resultados de acordo com as informações coletadas, conforme Gil (1999).
Com o objetivo de consolidar a literatura para embasar as duas etapas da pesquisa,
criou-se o quadro 2 relacionando cada aspecto e seu respectivo autor. Este quadro será
importante para o desenvolvimento das duas etapas da pesquisa pois servirá de analogia dos
indicadores de obras já desenvolvidas com os indicadores que estão intrísicos nessa pesquisa.
da pesquisa é demonstrado na tabela1, onde os indicadores são divididos nas três dimensões
do capital intelectual (capital humano, capital estrutural e capital relacional).
Ordem Aspectos Relacionados
Presen Importâ Dispon Utiliz Presen Importâ Dispon Utiliza
Capital Humano
ça ncia ível ação ça ncia ível ção
1 1 1 1 satisfação do funcionário 4,19 4,54 3,78 0,76
Desenvolvimento
2 3 2 5 4,03 4,51 3,73 0,27
funcionários
3 2 3 2 Habilidades valorizadas 3,57 4,54 3,54 0,54
4 4 4 3 Liderança e delegação 3,54 4,24 3,35 0,51
5 5 5 4 Inovação 3,24 4,16 3,19 0,38
Desligamento de
6 6 6 6 2,49 3,35 2,89 0,14
funcionários
Ordem Aspectos Relacionados
Presen Importâ Dispon Utiliz Presen Importâ Dispon Utiliza
Capital Estrutural
ça ncia ível ação ça ncia ível ção
1 1 1 2 Eficiência nos processos 4,35 4,59 4,19 0,89
2 2 2 1 Qualidade nos processos 4,30 4,49 4,05 0,92
3 3 3 3 Gestão dos procedimentos 4,08 4,46 3,86 0,70
Capacidade de
4 4 4 5 3,89 4,27 3,70 0,54
atendimento
5 5 6 4 Meio ambiente 3,76 4,27 3,38 0,59
6 7 5 8 Sociedade em geral 3,54 4,05 3,46 0,35
Aspectos econômicos e
7 6 7 6 3,49 4,16 3,27 0,41
financeiros
8 8 8 7 Estrutura organizacional 3,46 3,86 3,16 0,38
Ordem Aspectos Relacionados
Presen Importâ Dispon Utiliz Presen Importâ Dispon Utiliza
Capital Relacional
ça ncia ível ação ça ncia ível ção
1 2 2 1 Clientes dos Correios 4,54 4,57 3,97 0,84
2 1 1 2 Gestão da carteira 4,49 4,62 4,11 0,70
3 4 4 3 Canais de distribuição 4,00 4,24 3,70 0,54
4 6 3 5 Quantidade de agências 3,92 4,22 3,84 0,46
Qualidade do
5 7 5 4 3,76 4,22 3,54 0,49
relacionamento
6 3 7 6 Análise da concorrência 3,65 4,43 3,16 0,32
7 5 6 7 Participação de mercado 3,51 4,24 3,38 0,32
8 8 8 8 Despesas de atendimento 3,27 4,11 3,11 0,27
Tabela 1: Consolidação dos resultados
Fonte: Elaborado pelo autor
empate nos resultados verificou-se as demais casas do valor total e persistindo o empate,
considerou-se a ordem da presença do indicador.
Analisando o bloco relacionado ao capital humano, observa-se que os indicadores que
tratam da satisfação do funcionário são os indicadores que possuem maior presença (4,19).
Estes indicadores também são os indicadores mais importante neste bloco (4,54), são os
indicadores com os maiores níveis de informações disponíveis (3,78) e são os indicadores
mais utilizado (0,76).
Ainda sobre o capital humano, os indicadores que medem o desligamento de
funcionários são os indicadores menos presentes (2,49). Estes indicadores também são os
indicadores de menos importância (3,35), com menos disponibilidade de informação (2,89) e
menos utilizados na tomada de decisão (0,14).
Analisando o bloco relacionado ao capital estrutural, observa-se que os indicadores
que tratam da eficiência nos processos são os indicadores que possuem maior presença (4,35).
Estes indicadores também são os indicadores mais importante neste bloco (4,59), são os
indicadores com os maiores níveis de informações disponíveis (4,19). Todavia, os indicadores
mais utilizados neste bloco, são os indicadores relacionados à qualidade nos processos (0,92).
Ainda sobre o capital estrutural, os indicadores que medem a estrutura organizacional
são os indicadores menos presentes (3,46). Estes indicadores também são os indicadores de
menos importância (3,86) e com menos disponibilidade de informação (3,16). Todavia, os
indicadores menos utilizados neste bloco, são os indicadores relacionados à sociedade em
geral (0,35).
Analisando o bloco relacionado ao capital relacional, observa-se que os indicadores
que tratam dos clientes dos Correios são os indicadores que possuem maior presença (4,54).
Estes indicadores também são os indicadores mais utilizados neste bloco (0,84). Todavia, os
indicadores mais importantes neste bloco, são os indicadores relacionados à gestão de carteira
de clientes (4,62). Estes indicadores também são os indicadores com os maiores níveis de
informações disponíveis (4,11).
Ainda sobre o capital relacional, os indicadores que medem as despesas de
atendimento são os indicadores menos presentes (3,27). Estes indicadores também são os
indicadores de menos importância (4,11), com menos disponibilidade de informação (3,11) e
menos utilizados na tomada de decisão (0,27).
5 CONCLUSÃO
Desde 2010 os Correios vêm implantando o Modelo de Excelência da Gestão, da
Fundação Nacional da Qualidade, e no ano de 2012 ocorreu a primeira avaliação na empresa e
dentre os vários requisitos que foram avalidos estão os ativos intangíveis.
Os principais ativos intangíveis dos Correios são ativos de mercado, ativos humanos,
ativos de infraestrutura, ativos de propriedade intelectual e patrimônio histórico. Os ativos
humanos são formados por meio de capacitação e desenvolvimento, através do Plano
Plurianual de Educação (PPE), matriz de capacitação e movimentação, concessão de bolsas de
estudos e por meio da gestão da biblioteca.
Com o objetivo de padronizar as ações de relacionamento com o cliente desde o
atendimento, passando pelos processos de apuração, análise e respostas aos clientes, até os
procedimentos de pagamento de indenização (quando houver), os Correios criaram a Central
de Relacionamento com o Cliente em abril de 2012.
Tais fatos demonstram a capacidade dos Correios expandirem de forma contínua suas
atividades, por meio da geração positiva de resultados, bem como financiar seus
investimentos com recursos próprios.
13
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1
RESUMO
ABSTRACT
In the current market is quite high organizational competitiveness and also personal drive. It
finds that among professionals in the field of Information Technology (IT) there is a high
turnover of staff and thus is clear the importance of retaining these professionals and talents in
business. There are the big IT segment part of its professionals belonging to Y Generation,
which according Cavazotte, Lemos and Viana (2010) consists of people born between the
years 1980-2000, which were influenced by social and cultural values that were submitted and
that many will be the future leaders in the coming decades. In this context, this paper aims to
2
identify the profile of the professionals of Y Generation, who are working in IT companies in
the city of Recife, Pernambuco because it has a different group of professionals for the
existence of Porto Digital in the city which is a specialized technology park in information
systems and technology that brings together over 200 IT companies. The research used online
questionnaire to collect data from the 100 professionals. Most members of Y Generation think
important to balance your personal and professional life. For this, try to create a harmony
between the two, avoiding overtime or taking work home because you care more about the
experiences than possessions.
Key-words: Genaration Y. Professional Profile. Information Technology Professional.
1 INTRODUÇÃO
O cenário atual é de grande globalização econômica e competividade, no qual se trabalha em
ritmo acelerado, com efetivos avanços tecnológicos, ciclos de vida de produtos e tecnologias
cada vez mais curtos, crises econômicas em vários países. Contudo, há grandes oportunidades
em obter recursos materiais e acessos a novos sistemas e métodos, aspectos intangíveis de
uma organização que podem se tornar o seu diferencial competitivo. Neste contexto, as
pessoas passam a ser vistas como elemento fundamental para geração de vantagem
competitiva nas organizações (SANT’ANNA, 2008).
Em ambientes muito competitivos, a perda de um profissional tende a ser um alto custo para a
organização, porque vários fatores estão relacionados como: a perda do conhecimento e know-
how individual; a descontinuidade do trabalho; a perda do investimento realizado no
desenvolvimento do profissional; e a necessidade de tempo e recursos para atrair, contratar e
desenvolver outro profissional. Sendo assim, a retenção de profissionais nas organizações
pode ser um grande desafio a ser enfrentado na atualidade (CARRARA; NUNES; SARSUR,
2013).
Uma geração se refere a um grupo de pessoas que nasceram em uma determinada época, e
assim, participam de eventos históricos e sociais específicos dessa parcela de tempo da
história, os quais influenciaram seus valores, atitudes e suas crenças (MUNRO, 2009;
VELOSO; SILVA; DUTRA, 2012). A diferença entre gerações é perceptível tanto na vida
pessoal como profissional. Sendo assim, os gestores precisam saber lidar com essas diferenças
para conseguir reter os profissionais que são necessários ao bom desempenho organizacional,
frente a um mercado cada vez mais competitivo, em especial o de Tecnologia da Informação.
Em nível teórico há um consenso atual da existência de quatro gerações convivendo no
mesmo ambiente de trabalho: Veteranos, Baby Boomers, Geração X e Geração Y. Não há
consenso quanto às datas exatas de início das gerações com poucos anos de diferença, mas
concordam quanto a suas características (VELOSO; DUTRA; NAKATA, 2008). Segundo
Zemke (2008) os Baby Boomers são a geração pós-guerra, nascidos entre 1943 a 1960; a
Geração X são os nascidos entre 1960 a 1978 e a Geração Y são os nascidos após 1980. Na
atualidade ainda estão atuando conjuntamente nas organizações, mas cada geração difere da
outra em crenças, costumes, valores e prioridades. Já para Furucho et al. (2015) essa
convivência pode ser benéfica pela diversidade, integração e vivência de diferentes
perspectivas, mas pode gerar conflitos, desentendimentos e desequilíbrios em virtude de como
cada geração vê e se situa no mundo.
Diante disso, esta pesquisa busca contribuir com o entendimento da realidade organizacional
trazendo à tona relatos de profissionais da Geração Y que atuam na área de Tecnologia da
Informação em Recife, Pernambuco. Conhecer suas principais características e peculiaridades
3
com o objetivo de traçar o perfil dos profissionais de TI pertencentes à Geração Y que atuam
em Recife, Pernambuco.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Classificação das Gerações
Pode-se considerar Mannheim (1952 citado por Weller, 2010) como um dos pioneiros nos
estudos sobre gerações. Uma geração é determinada quando indivíduos, que mesmo sem ter
proximidade física, intelectual ou conhecimento entre eles, apresentam semelhanças culturais
decorrentes de suas experiências em determinado período do processo histórico e social, nos
anos de sua formação, na visão de Veloso, Silva e Dutra (2012, p.2) “vivenciando eventos os
quais influenciaram sobremaneira seus valores, suas atitudes e suas crenças”. A Teoria do
Percurso de Vida, de Elder (1998 citado por Veloso; Silva; Dutra, 2014) também trata de
estudos geracionais e demonstra a importância na vida de cada indivíduo, dos fatos e
experiências pelo qual passaram e que acabam moldando o seu comportamento.
Outros autores como Smola e Sutton (2002) citados por Cavazotte, Lemos e Viana (2010)
também estudam a teoria das gerações em que os nascidos no mesmo período compartilham
experiências de vida semelhantes, afetando suas ações através dos seus valores e crenças,
objetivos e aspirações, ética de trabalho, tanto na vida pessoal como na profissional. Outras
razões como raça, etnia, gênero e classe social também interferem nas experiências de vida de
cada indivíduo e, portanto, deveriam ser levados em consideração nos estudos geracionais
(PARRY; URWIN, 2011; OLIVEIRA; PICCININI e BITENCOURT, 2012).
Atualmente há um consenso da existência de quatro gerações convivendo no mesmo ambiente
de trabalho: Veteranos ou Tradicionais, Baby Boomers, Geração X ou Baby Busters e
Geração Y ou Echo boomers, Geração Net ou Geração Why. Já se entrou na Geração Z, mas
esta ainda não está ocupando cargos profissionais. Alguns autores discordam quanto às datas
de nascimento que dividem as gerações, mas não quanto a suas características (VELOSO;
DUTRA; NAKATA, 2008; VASCONSCELOS et al., 2013).
Oliveira, Piccinini e Bitencourt (2012) defendem que para uma análise geracional, o marco
cronológico serve apenas como um ponto de referência e não como base para delimitar as
formas de agir de um grupo etário, que depende do contexto histórico e sociológico, sem se
esquecer de que se considere a influência entre as gerações, durante o processo de
socialização.
Então, não existe uma padronização determinada do tempo para medir cada geração. Uma
geração pode ter dez anos ou, como aconteceu nas sociedades pré-modernas, vários séculos.
Para Engelmann (2009), pode-se considerar que os Baby Boomers são os nascidos entre 1948
e 1963; a Geração X entre 1964 e 1977; e a Geração Y aquelas entre 1978 a 1994. Já para
Zemke (2008) os Baby Boomers nasceram entre 1943 a 1960, a Geração X entre 1960 a 1978
e a Geração Y a partir de 1980. Como se pode ver há divergências nas datas de início e
características de cada geração (FEIXA e LECCARDI, 2010 citados por OLIVEIRA et al.
2014, p. 6). O quadro 1 sintetiza as características das pessoas por geração e período de
nascimento segundo Reis et al. (2013).
GERAÇÃO Y ou
VETERANOS GERAÇÃO X Echo Boomers,
BABY BOOMERS GERAÇÃO Z
ou Tradicionais ou Baby Busters Geração Net,
Geração Why
Nascidos entre Nascidos entre Nascidos entre Nascidos entre Nascidos a partir de
4
2.2 Geração Y
Neste texto será considerada da Geração Y as pessoas nascidas entre 1980 a 2000. Esta
geração é resultado de uma família em que os pais estavam muito mais dedicados à sua
profissão do que à criação dos filhos. Nasceram em meio à globalização e à cultura de
diversidade e estiveram sempre em contato com as informações da internet e o avanço
tecnológico. Uma geração que, por força das circunstâncias e da evolução dos tempos,
acelerou o seu próprio desenvolvimento intelectual, o que a tornou mais exigente quanto ao
seu trabalho e à sua qualidade de vida (LOMBARDIA, 2008; ZENKE, 2008; REIS et al.,
2013; PERRONE et al, 2013).
A Geração Y segundo Allen (2005) e Perrone et al. (2013) é digitalmente conectada e
globalizada, tecnicamente competente, educada e aberta às diferenças, que deseja desafios
intelectuais, quer o sucesso, vai atrás daqueles que podem auxiliar no seu crescimento e,
esforça-se para fazer diferença. Já Aquino (2012) e Hoekstra; Lashley e Cavagnaro (2015)
defendem que é uma geração conhecida por sua visão crítica das coisas.
“As pessoas da Geração Y são ambiciosas, decididas, questionadoras, ousadas, proativas e
preocupadas com as questões de meio ambiente e direitos humanos, contudo, são
individualistas, instáveis e impacientes (FURUCHO et al. 2015, p.495)”.
Essas pessoas acreditam na união do trabalho com as metas pessoais e que a realização de um
trabalho significativo torna o mundo melhor. São comprometidas com valores comuns e
levam a tecnologia como uma competência fundamental ao local de trabalho. Cresceram com
fortes cobranças, como serem os melhores da turma na escola, sofreram o divórcio dos pais e
os relacionamentos subsequentes que estabeleceram na nova família. Por serem presentes nas
decisões familiares esperam contribuir nas decisões das organizações em que trabalham
(JOHNS, 2004 e PERRONE et al., 2013). Oliveira (2010) destaca que as principais
características é que são questionadores, demonstram ansiedade e impaciência em quase todas
as situações, têm superficialidade de ideias e pensamentos, buscando viver com intensidade,
sendo transitórios e ambíguos em suas escolhas.
Esses jovens cresceram sendo frequentemente premiados, assim, têm autoconfiança e uma
visão otimista do futuro como sendo uma das suas características fortes, se comparados com
as gerações anteriores (SÁ; LEMOS; CAVAZOTTE, 2014). São mais ativos socialmente do
que a geração anterior, com preferência por atuar em instituições que prezam a ética e pela
5
trabalho, são ambiciosos, buscam o prazer na vida e o que é novo. Contudo, Sá, Lemos e
Cavazotte (2014) destacam a não concordância entre a caracterização internacional e o que foi
analisado aqui no Brasil, pois os brasileiros da Geração Y valorizam recompensas tangíveis,
como salários e benefícios, aspiram por segurança e por carreiras construídas com base em
vínculos de longa duração.
3 METODOLOGIA
A abordagem da pesquisa foi quali-quanti, porque foram realizadas interpretações das
realidades sociais identificadas (BAUER; GASKELL, 2011) e também foram descritas as
frequências encontradas nos resultados. É uma pesquisa aplicada quanto à sua natureza, pois
utilizou resultados na realidade estudada (BARROS; LEHFELD, 2000). Em relação aos
objetivos é uma pesquisa descritiva, pois busca descrever as características de determinado
fenômeno sem ter a necessidade de explicá-lo (VERGARA, 2005). Tem por finalidade
identificar o perfil dos profissionais da Geração Y, que estão trabalhando em empresas de TI
na cidade de Recife, Pernambuco.
A definição de segmentação do universo de pesquisa é a descrição do âmbito dos informantes
que a pesquisa irá atingir (VERGARA, 2005). Neste trabalho, o universo é parte da população
que compõe a Geração Y, nascidas entre 1980 e 2000, que trabalha na área de TI em Recife,
Pernambuco. Escolheu-se esse grupo profissional por acessibilidade, uma vez que uma das
autoras atuam na área e pertencem a essa geração. Como não se tem um universo
devidamente quantificado dos profissionais da Geração Y nas atividades de TI em Recife, foi
estabelecido como meta o preenchimento de no mínimo 60 questionários e no máximo 100.
A cidade de Recife no estado de Pernambuco possui um grupo diferenciado de profissionais
dessa área por serem muito visados pelas organizações, em especial pela existência do Porto
Digital na cidade que é um parque tecnológico especializado em sistemas e tecnologia de
informação que aglutina mais de 200 empresas inovadoras da área.
3.1 Etapas de Pesquisa
A primeira etapa de trabalho na pesquisa foi o levantamento bibliográfico sobre a temática em
estudo. Para isto, foi feito um levantamento teórico buscando entender o conceito de gerações
e os valores da Geração Y.
A partir do levantamento bibliográfico foi elaborado o referencial teórico utilizado neste
trabalho e se buscou subsídios em outros estudos para a elaboração do instrumento de coleta
de dados que foi um questionário, elaborado especificamente para a pesquisa. Esta fase pode
ser considerada como qualitativa, a que “não se preocupa com representatividade numérica,
mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização,
etc.” (GOLDENBERG, 1997, p. 34)
Na segunda etapa, foi realizada uma pesquisa em campo com ênfase quantitativa, a fim de
identificar as informações necessárias para o atendimento dos objetivos propostos no trabalho.
Na visão de Fonseca (2002, p. 20) “a pesquisa quantitativa se centra na objetividade, pois usa
linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, relações entre variáveis,
etc.”
Nessa etapa, foi criado um questionário online no software Google Forms com questões
objetivas e subjetivas, elaboradas com base na pesquisa qualitativa realizada. O questionário
foi enviado por e-mail com um convite explicando os objetivos do trabalho e solicitando a
participação, através do preenchimento do questionário. Como uma das autoras trabalha na
área de TI, a mesma utilizou sua rede de contatos para o envio dos e-mails.
7
Cargo ou função:
Outros 16%
Gerente de Projetos 4%
Engenheiro de Software 29%
Designer 3%
Arquiteto de Software 3%
Analista de Teste 29%
Analista de Sistemas 12%
Analista de Banco de Dados 3%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Outros 1%
Mais de 7 empregos 7%
De 4 a 6 empregos 35%
De 1 a 3 empregos 56%
Outros 18%
Remuneração 16%
Novas Oportunidades 40%
Empresa / Projeto Encerrado 13%
Ambiente de Trabalho 13%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
.
Gráfico 3 - Motivo por Ficar Pouco Tempo na Empresa
De acordo com as respostas dos profissionais de TI da Geração Y sobre o maior tempo em
que já trabalharam numa empresa durante sua trajetória profissional, 49% ficaram trabalhando
de 2 a 4 anos e 11 meses em uma mesma empresa e 40% já chegaram a trabalhar mais de 5
10
anos na mesma empresa. Isto corrobora com o que Lombardia; Stein e Pin (2008) afirmam de
que essa geração não desenvolveu a paciência e a dedicação ao trabalho, não sendo voltados
para atitudes de longo prazo. Mas já segundo Sá, Lemos e Cavazotte (2014) essa geração
aspira por segurança e por carreiras construídas com base em vínculos de longa duração, o
que foi confirmado nesta pesquisa, apenas em parte.
Outros 1%
Remuneração 13%
Outros 21%
Novas Oportunidades 31%
Mercado Difícil 7%
Estabilidade 7%
Crescimento Profissional 3%
Ambiente de Trabalho 18%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Geração Y que trabalha em TI no Recife, nasceu entre 1980 e 2000 em meio à globalização e
a uma cultura de diversidade. Segundo Perrone et al. (2013) afirmam que tiveram seus pais
muito preocupados com suas carreiras e grande parte divorciados, estiveram sempre em
contato com as informações da internet e o avanço tecnológico os atrais desde muito jovens.
Esta evolução rápida do tempo e tecnologia acelerou o desenvolvimento intelectual da
geração, o que a tornou mais exigente quanto ao seu trabalho e à sua qualidade de vida.
Grande parte deles afirmou que “novas oportunidades” podem significar busca por um novo
emprego ou a permanência no emprego atual, associado à “remuneração”, podem ser os
principais motivos para a rotatividade deles entre as empresas, pois ficam até 5 anos numa
mesma empresa, apesar de que a grande maioria afirmou já ter passado menos de 2 anos em
um trabalho. Isto vem de encontro ao que Cavazotte e Viana (2012) afirmaram ao verificar
que os jovens da Geração Y revelam o desejo de realizar tarefas variadas e estimulantes, bem
como ter liberdade para decidir quando e como realizá-las. Contudo, foi identificado neste
estudo que a remuneração é motivo importante para a saída do emprego, concordando com
Sá, Lemos e Cavazotte (2014) que em estudos internacionais identificaram que os jovens da
Geração Y valorizam recompensas tangíveis, como salários e benefícios, e aspiram por
segurança e por carreiras construídas com base em vínculos de longa duração.
Assim, em síntese, os trabalhadores da Geração Y que atuam na área de TI pesquisados, têm
até 36 anos, maioria homens, solteiros, pós-graduados, têm mais de 10 anos de carreira,
passam menos de dois anos numa empresa e já passaram por até três empregos diferentes.
Portanto, o perfil identificado na pesquisa está também de acordo também com o que Perrone
et al. (2013) afirmam quanto à Geração Y, de que não são fiéis às empresas, mas aos seus
ideais e carreira, são mais individualistas e buscam crescimento rápido.
4.2 Empresas em que trabalham a Geração Y pesquisada
Atualmente a cidade do Recife é um dos principais focos de TI no Brasil, pois abriga o Porto
Digital, um polo de tecnologia que abriga 250 empresas e instituições dos setores de
Tecnologia da Informação e de economia criativa. O parque tecnológico conta com
incubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, dois institutos de pesquisa, organizações
de serviços associados, além de diversas representações governamentais.
Dentre os respondentes foi identificado que a grande maioria dos entrevistados trabalha em
empresa privada, 84% dos pesquisados. Em segundo lugar, com 7% estão os profissionais da
rede pública, ficando muito próximo do terceiro lugar, com 6% que são as empresas sem fins
lucrativos / ONGS.
Quando se buscou saber o porte das empresas que estão empregando os profissionais da área
de TI que pertencem à Geração Y e atuam em Recife, Pernambuco, a maioria está empregada
em empresas de grande porte (53%), 38% em empresas de médio porte e uma pequena
porcentagem (9%) de respondentes, trabalham em empresas de pequeno porte. Isto vem a
confirmar que Recife é um polo significativo de empresas que atuam na área de TI,
impulsionado pelo Porto Digital, e que provavelmente por serem profissionais altamente
qualificados são absorvidos principalmente pelas empresas maiores.
Na pesquisa, buscou-se ainda saber a natureza da empresa em que os respondentes
trabalhavam e 72% afirmaram trabalhar em empresas prestadoras de serviços, seguindo em
16% de empresas de comércio e serviços, 2% de comércio e 10% em outros, que entre estes
foram citados: governo estadual, projeto de lei de informática, prefeitura.
Em síntese, com base nas informações retiradas sobre as empresas de TI que esses
profissionais trabalham, pode-se verificar que a maioria trabalha em empresa privada, sendo
12
mais da metade em organizações de grande porte e que o principal foco dessas empresas está
na prestação de serviços.
5. CONCLUSÃO
O presente estudo buscou identificar o perfil dos profissionais da Geração Y, que estão
trabalhando em empresas de TI na cidade de Recife, Pernambuco, uma vez que a cidade é
grande absorvedora de mão de obra da área, por ser sede do Porto Digital, que possui
investimentos nacionais e internacionais na área de TI, inovação e empreendedorismo, com
mais de 200 empresas na área.
A Geração Y é formada pelos que nasceram entre 1980 a 2000, portanto são pessoas jovens
que sequer chegaram aos quarenta anos. Desta forma, representam uma geração globalizada,
que já nasceu sob a influência da internet, conectada desde sua infância, com pais muito
envolvidos no seu trabalho e carreira, muitos divorciados e que cobraram resultados
acadêmicos de seus filhos, responsabilidade, autonomia e participação nas decisões familiares
diversas.
Certamente que no trabalho a Geração Y é em grande parte reflexo do que viveu em sua
história, experiências intelectuais, sociais e culturais a que estiveram submetidos. Segundo o
levantamento bibliográfico realizado é formada por pessoas ambiciosas, decididas,
questionadoras, ousadas, proativas e preocupadas com as questões de meio ambiente e
direitos humanos, contudo, são individualistas, instáveis e impacientes, não gostam de serem
criticadas, apesar de serem muito críticos.
Em síntese, os trabalhadores da Geração Y que atuam na área de TI pesquisados, têm até 36
anos, maioria homens, solteiros, pós-graduados, têm mais de 10 anos de carreira, passam
menos de dois anos numa empresa e já passaram por até três empregos diferentes. Portanto, o
perfil identificado na pesquisa está também de acordo também com o que Perrone et al.
(2013) afirmam quanto à Geração Y, de que não são fiéis às empresas, mas aos seus ideais e
carreira, são mais individualistas e buscam crescimento rápido.
Assim, os profissionais da Geração Y que atuam na área de TI em Recife estão em busca de
novas oportunidades para suas carreiras e uma boa remuneração, o que tanto pode ser motivo
para permanecerem no emprego como buscarem outro. Gostam de desafios, novos projetos e
com grupos diferentes de pessoas para compartilharem decisões, são altamente qualificados e
buscam equilíbrio entre vida pessoal e profissional, tentando criar uma harmonia entre os
dois, evitando fazer hora extra ou levando trabalho para casa, pois se importam mais com as
experiências do que com as posses.
Sendo assim, apesar das limitações deste estudo, foi possível traçar o perfil da Geração Y que
atua na área de TI que pode servir de sugestão para novos estudos em realidades adversas à
pesquisada e contribuir para o entendimento desses profissionais e como podem ser geridos
para uma maior estabilidade em suas vidas, carreira e nos resultados finais almejados tanto
pelos gestores, suas equipes e organização.
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2016.
15
Resumo:
O presente artigo trata da importância do processo da qualificação profissional para a atuação
do mesmo junto às organizações modernas, pois atualmente, no mercado de trabalho as
organizações além de diplomas, exigem novos requisitos e demandas à formação. Com essa
nova realidade, buscou-se demonstrar que a organização espera do profissional o saber de
transformar o conhecimento em ação, ou seja, profissionais intelectuais eficazes que consigam
o desenvolvimento de suas responsabilidades. Pois a organização que aprende deseja a
eficácia do profissional competente, e o seu compromisso, para assim, contribuir com a
organização através do bom desempenho de suas atribuições e responsabilidades. O artigo
aborda a visão do livro A Quinta Disciplina: arte e prática da organização que aprende,
destacando suas disciplinas: domínio pessoal, modelos mentais, visão compartilhada,
aprendizagem em equipe, e, pensamento sistêmico; as quais deixam claro, a importância da
qualificação profissional para atuação do colaborador junto às organizações. O que contribui
significativamente para o surgimento de novas formas de pensar e interagir através da geração
do conhecimento, permitindo o alcance de novas aspirações.
Abstract:
This article deals with the importance of the process of professional qualification for the role
of right next to modern organizations, as currently, the labor market organizations as well as
diplomas, require new training requirements and demands. With this new reality, we sought to
demonstrate that the organization expects the professional knowledge to transform knowledge
into action, ie, effective intellectual professionals who can carry out its responsibilities. For
the learning organization want the effectiveness of the competent professional, and your
commitment, thus, contribute to the organization through the good performance of its duties
and responsibilities. The article discusses the vision of the book The Fifth Discipline: the art
and practice of the learning organization, highlighting its disciplines: personal mastery,
mental models, shared vision, team learning, and systems thinking; which makes clear the
importance of professional training for performance of the employee organizations together.
What contributes significantly to the emergence of new ways of thinking and interacting
through the generation of knowledge, allowing reaching new aspirations.
1 INTRODUÇÃO
No contexto do atual mercado de trabalho e em qualquer que seja a área profissional
de atuação é indispensável à busca contínua de qualificar-se com objetivo de aprimorar os
conhecimentos já adquiridos, além de conquistar novas informações e experiências que irão
auxiliar o profissional em sua atuação e potencializar juntos às organizações.
Dessa forma, a qualificação profissional torna-se necessário para aquele profissional
que deseja conquistar uma oportunidade de consolidar-se dentro de sua área de formação.
Atualmente, o mercado de trabalho encontra-se competitivo e classificatório, buscando
profissionais que se sobressaem entre os concorrentes, que sejam competentes e qualificados
para executar funções especificas dos cargos almejados.
Ao candidatar-se a uma oportunidade de trabalho, espera-se do profissional os saberes
e aptidões requeridas para o exercício da atividade profissional. E de acordo com Mourão
(2009), não há dúvida de que educação e trabalho são conceitos inter-relacionados, pois o
trabalho é uma forma de inserção na sociedade.
As Instituições de Ensino Superior e Técnico são os dois principais elos entre o
sistema educacional e a formação profissional, mas atualmente pode-se incluir também a
educação básica. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 9.394, 1996)
prevê que a educação básica precisa dar condições de o cidadão progredir no trabalho,
buscando eliminar a distancia entre da educação e o mercado de trabalho: “A educação básica
tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores”.
Assim, pode-se afirmar que a educação tem um papel social na formação para o
trabalho, pois visa uma maior igualdade de oportunidades na luta acirrada por um espaço no
mercado de trabalho. E essa formação está assegurada de acordo com a lei desde a educação
básica, e, não somente pelas Instituições de Ensino Superior e Técnico.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O que é qualificação profissional?
Na sociedade e no mercado de trabalho contemporâneo a qualificação profissional
contínua, em decorrência das rápidas mudanças baseadas no conhecimento e nas tecnologias
desenvolvidas com pesquisas, é o recurso fundamental para o trabalhador que deseja se inserir
no mercado de trabalho, e uma necessidade e para aquele que deseja se manter ativo no
mercado.
A qualificação profissional é um processo dinâmico que visa a busca constante de
conhecimentos, preparando o profissional para os desafios do mercado de trabalho. Assim,
Kober (2004, apud JOSÉ, 2012, online), deixa claro que: “Qualificação profissional é a
preparação do cidadão através de uma formação profissional para que ele ou ela possa
aprimorar suas habilidades para executar funções específicas demandadas pelo mercado de
trabalho”.
Já Chiavenato (2002, apud JOSÉ, 2012, online), afirma que: “Aperfeiçoamento
profissional é a educação que visa ampliar, desenvolver e aperfeiçoar o homem para seu
crescimento profissional em determinada carreira na empresa ou para que se torne mais
eficiente e produtivo no seu cargo”.
Ambos os conceitos/pensamentos abordados pelos autores estão diretamente
relacionados ao crescimento profissional do individuo, visando empregabilidade e o exercício
de suas funções de forma mais eficaz dentro da organização a qual pertence.
Vale ressaltar ainda o pensamento de Chiavenato (2004, p. 401), em sua obra Recursos
Humanos: o capital humano das organizações, onde o mesmo apresenta conceitos e tipos de
educação que primam à qualificação profissional:
Assim, pode-se observar que o autor esclarece a diferença existente entre a formação
profissional, desenvolvimento profissional e treinamento, mas que todos levam ao
aperfeiçoamento das competências profissionais do individuo. E demonstra ainda que o
profissional não pode ficar parado no tempo, diante da competividade do mercado de
trabalho, e da necessidade das organizações modernas pelos melhores profissionais, exige a
continuidade de formação, com o objetivo de aprimorar o conhecimento adquirido através de
uma nova etapa de qualificação.
Níveis de
Qualificações
qualificação
Nível 1 2º Ciclo do ensino básico
3º Ciclo do ensino básico obtido no ensino básico ou por percursos
Nível 2
de dupla certificação
Ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudos de
Nível 3
nível superior
Ensino secundário obtido por percursos de dupla certificação ou
ensino secundário vocacionado para prosseguimento de estudo de
Nível 4
nível superior acrescido de estágio profissional – mínimo de 6
meses
Nível 5 Licenciatura
Nível 6 Mestrado
Nível 8 Doutoramento
Nível 1 2º Ciclo do ensino básico
Fonte: Portaria nº782/2009, de 23 de Julho.
Tabela 1 – Estrutura do quadro nacional de qualificações.
Nesse sentido, aquele profissional que conhece o QNQ sabe qual contribuição pode
fornecer a uma organização, em relação a sua atual formação, além de poder realizar uma
análise endógena profissional, conhecendo quais são as suas limitações, habilidades e
conhecimentos que precisam ser trabalhados para desempenhar e ampliar o seu papel de
profissional, ou seja, gerenciar si mesmo.
Essa ideia é reafirmada no livro Peter Drucker na Prática (2004), onde o autor deixa
claro a necessidade do gerenciamento de si mesmo, destacando a importância do capital
intelectual, ou seja, o conhecimento que vai fazer com que o profissional atenda as exigências
do mercado de trabalho globalizado, pois será a partir do conhecimento, aptidões, e atitudes
que o profissional se destacará. Somando a isso, a competência do profissional é o que o dá o
diferencial e o processo de formação, com o propósito de colocar o conhecimento em ação.
Acrescenta-se ainda que, a qualificação contribui para que se tenha uma estabilidade
do trabalhador em seu emprego, permitindo ainda sua ascensão na carreira, de projeção
profissional de cargos que o remunerem de acordo com a sua capacidade de formação e
produtiva, valorizando assim o seu empenho junto à organização. E também, através do
processo de formação e desenvolvimento profissional que é possível para os resultados
organizacionais (objetivos comuns), resultantes do desempenho do trabalhador somado com
as forças produtivas.
“[...] Acredito que temos sim, hoje, uma dificuldade maior em selecionar candidatos
de acordo com os perfis desejados, porém, como as exigências são maiores, não vale
mais para um candidato ter apenas o seu diploma de nível superior ou possuir os
requisitos mínimos que, aliás, sequer são cobrados atualmente, como informática,
domínio de outra língua etc. Isso tudo é básico, como era ter um curso de
datilografia no passado. Agora você tem de mostrar que pode mais, que além de sua
formação, você tem habilidade que podem fazer o diferencial para uma empresa.”
Assim, pode-se afirmar que há uma relação existente entre a qualificação profissional
e a disciplina domínio pessoal, quando o autor ressalta que as pessoas vivem em constante
aprendizagem, pois a característica marcante do processo de qualificação é justamente a busca
de aperfeiçoamento e novos conhecimentos. E neste contexto, é através de novos níveis de
aprendizagem que se obtém a capacidade de expandir a produção de resultados, visto que,
através da aprendizagem se cria o caminho para alcançar mais altos níveis em organizações
que aprendem desenvolvendo o domínio pessoal.
Os modelos mentais é a segunda disciplina que através do processo de aprendizagem
organizacional busca desencadear um processo de adaptação e crescimento de novo hábitos,
através da capacidade de enxergar as mudanças que dependem das influências dos modelos
mentais, que geram modificações de cultura, moldando novas percepções no mundo dos
negócios.
Senge (2004, p. 23), enfatiza que:
3. CONCLUSÕES
Em síntese, a competitividade acirrada no mercado de trabalho entre os profissionais
eficazes, geram disputas entre as organizações por estas escassas mãos de obras, e a
valorização dos mesmos são mensuradas pelo trabalho intelectual versus resultados
alcançados. Assim, os profissionais qualificados, são preparados para produzir novas ideias e
conceitos que lhes ajudarão a desenvolver suas atividades/tarefas eficazmente. Assim, é
importante ressaltar que são as competências adquiridas ou não, durante o processo de
qualificação profissional que irão assegurar a permanência ou a exclusão dos profissionais no
mercado de trabalho.
Contudo, para que o profissional mantenha-se no mercado de trabalho altamente
competitivo, o mesmo deve buscar constantemente qualificar-se, pois as organizações
modernas esperam um grau de competência sólido para a atuação no ambiente corporativo.
Reconhecer que o capital intelectual dos profissionais, que buscam sempre subir o
nível de sua qualificação, é responsável pelo desempenho e sucesso de uma organização. Esta
realidade implica nas organizações modernas, que aprendem nas novas técnicas e ferramentas
da gestão, influenciáveis por novos sistemas de crenças e valores (cultura organizacional).
Colaborando ainda para o embasamento da autonomia (empowerment) do profissional
competente, e para uma nova estrutura organizacional do processo administrativo da
descentralização das tomadas de decisões que construiu para as organizações que aprendem.
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5.
1
Resumo
Abstract
Research on the relationship between skills and performance can be verified through the
challenge of how performance measurement is managed within organizations and how the
skills influence the organizational management to ensure the relevance of the use and
evaluation of performance indicators. This discussion is based on a market environment in
which propagates high dynamism, innovation and increased need for control of the
information for decision making. Thus, this article is characterized as a theoretical essay,
which develops a reflection of the interfaces and links between skills and performance
measurement, considering the existing influence in the cause and effect relationship in the
organizational context based on concepts that address the understanding of national and
international authors, exactly the relevance of the theme for the current organizational
management.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
4. CONCLUSÃO
O objetivo deste ensaio teórico é fazer uma reflexão sobre a relação existente entre as
competências organizacionais e a medição de desempenho nas organizações contemporâneas.
Como se pode observar, ainda é pouco explorado na literatura estudos que enfoquem a relação
entre competências organizacionais e desempenho, talvez porque são áreas que
interrelacionam estudiosos diferenciados, que incluem enfases na gestão organizacional,
gestão de pessoas, gestão estratégica, contabilidade gerencial e controladoria, dentre outras.
No entanto, como apresentado anteriormente, de acordo com Fernandes (2006), o
objetivo primário de medir a performance organizacional é permitir aos gestores entender
como a organização se encontra e o que pode ser feito para aperfeiçoar seu desempenho.
Portanto, neste caso, isto exige que sejam consideradas as competências como ponto chave
para o desenvolvimento dos negócios.
Pode-se notar na pesquisa de Fernandes (2006) a relação entre competências e
desempenho é um campo de pesquisa que ainda precisa ser mais explorado, de forma a
apresentar outras investigações sobre o tema, aplicado em outras áreas. Diante do que foi
apresentado neste trabalho, reforça-se, à luz da literatura, a importância de compreender o
conceito de competência, e sua aplicação na gestão organizacional.
Depreende-se que a partir dessa visão, pode-se melhor aplicar os recursos disponíveis
na organização e otimizar resultados. A partir disto, a medição de desempenho, e
consequentemente a escolha dos indicadores de desempenho, torna-se uma ferramenta que
pode ter seus resultados aprimorados quando aliado ao conhecimento das competências
organizacionais.
Sugere-se que de acordo com o que foi apresentado, estudos subseqüentes possam
averiguar e atestar a relação das competências organizacionais com os indicadores de
desempenho, em diferentes tipos de organização, de modo que seja possível, através de um
estudo minucioso, observar a real influência das competências no uso de indicadores de
desempenho.
Apesar da limitação do estudo, a partir dos autores elencados sobre a temática, espera-
se ter trazido à luz de uma reflexão teórica sobre a efetiva inter-relação entre esses conceitos
fundamentais de competências organizacionais e mensuração dos indicadores de desempenho
12
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SIMONS, R. Control in an Age of Empowerment. Harvard Business Review, Marc-Apr,
1995.
15
RESUMO:
Este artigo tem como objetivo analisar a visão dos gestores da Procuradoria Geral do Estado
de Pernambuco acerca das competências sociais exercidas por eles no desenvolvimento de
suas funções, bem como no relacionamento com seus respectivos subordinados. O estudo de
caso foi realizado na Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco com 57,1% dos gestores
da sede em Recife, em Pernambuco, a partir de entrevistas semiestruturadas. Os gestores
pesquisados são maioria de nível superior, homens, estão na função a menos de 10 anos e têm
mais de 10 subordinados diretos. Das 21 competências sociais apresentadas aos gestores para
identificação da frequência do seu uso, 28,6% foram identificadas pela maioria dos
entrevistados como “usando muito frequentemente”: Interage bem com as pessoas, Possui
liderança e sabe gerir pessoas, Tem integridade e confiança, Sabe negociar com pessoas e
Gerencia conflitos no ambiente de trabalho. E 11 delas (52,4%) foram classificadas pelos
gestores entrevistados como “usando muito” para metade deles: Sabe formar equipes
cooperativas e comprometidas, Estimula o aprendizado da equipe, Tem integridade e
confiança, Sabe trabalhar em equipe, Comunica-se, oralmente com clareza e objetividade,
Tem capacidade de autocrítica, Tem controle emocional e Adapta-se bem às mudanças e
novas situações.
Palavras-chave: Competências Sociais; Gestores; Setor Público.
2. REVISÃO DA LITERATURA
3. METODOLOGIA
Segundo Perin et al. (2009) na posição de ligação entre a empresa e as pessoas estão
os gestores. Estes representam o ponto de convergência entre os interesses organizacionais e
dos funcionários em busca de uma análise detalhada para solução de problemas
organizacionais. O gestor desempenha múltiplos papéis, assume a responsabilidade por
inúmeras decisões e termina por ser grande influenciador do sucesso ou fracasso do negócio,
aceitando riscos e pressões por resultados. Exatamente por isto, estudar peculiaridades das
competências dos gestores é relevante para qualquer estudo de caso, seja em organização
pública ou privada. Assim, a primeira parte da entrevista buscou traçar o perfil do gestor que
estava participando da pesquisa.
A primeira questão foi relacionada à formação acadêmica dos gestores entrevistados e
a maioria tem formação universitária, sendo metade deles em Direito, ou seja, quatro gestores,
um gestor em Análise de Sistemas e três deles respondeu não possuir formação superior. Este
dado já mostra uma possibilidade de dificuldades na gestão por esses gestores que não
possuem formação superior, uma vez que grande parte dos servidores da PGE/PE possui nível
superior e a possibilidade de conflitos de responsabilidade e hierárquicos podem ser mais
frequentes. É muito provável que esses gestores que não possuem nível superior sejam os
mais antigos na instituição, quando havia uma grande parte dos servidores sem nível
universitário.
50,0%
60,0% 37,5%
40,0% 12,5%
20,0%
0,0%
Não possui Direito Análise de
curso Sistemas
superior
Em relação ao gênero dos gestores, a maioria é do sexo masculino (cinco) e três deles
do sexo feminino. No que diz respeito ao tempo de exercício na função de gestão, cinco dos
respondentes estão na função a menos de 10 anos, dois a mais de 10 anos e um deles não
lembrava o tempo na função. Como era esperado já analisando a formação dos gestores, três
deles são mais antigos e não possui formação universitária, o que pode representar uma
necessidade de aprimoramento de suas competências gerenciais e sociais para o melhor
exercício da função. A Figura 02, a seguir, apresenta a distribuição dos Gestores por faixa
etária em percentuais.
100,0% 62,5%
25,0%
50,0% 12,5%
0,0%
Menos de 10 Mais de 10 Não
anos anos respondeu
37,5% 37,5%
40,0% 25,0%
20,0% 0,0%
0,0%
Até 30 Entre 31 e Entre 41 e mais de
anos 40 anos 50 anos 50 anos
62,5%
80,0%
60,0%
25,0%
40,0% 12,5%
20,0%
0,0%
Menos de 10 Mais de 10 Não
respondeu
Frequência de uso
Não
Competências Sociais Usa pouco Geralmente Usa muito
usa
% usa % %
%
1) Interage bem com as pessoas 12,5% 25,0% 62,5%
2) Possui liderança e sabe gerir pessoas 62,5% 37,5%
3) Tem flexibilidade nas relações interpessoais 12,5% 50,0% 37,5%
4) Sabe formar equipes cooperativas e comprometidas 12,5% 37,5% 50,0%
5) Estimula o aprendizado da equipe 12,5% 37,5% 50,0%
6) Estimula o desenvolvimento profissional da equipe 12,5% 37,5% 50,0%
7) Tem integridade e confiança 12,5% 25,0% 62,5%
8) Sabe trabalhar em equipe 12,5% 37,5% 50,0%
9) Comunica-se, oralmente com clareza e
12,5% 37,5% 50,0%
objetividade.
10) Escreve com clareza e objetividade 50,0% 50,0%
11) Sabe negociar com pessoas 12,5% 25,0% 62,5%
12) Tem capacidade de prever problemas interpessoais 25,0% 37,5% 37,5%
13) Tem capacidade de solucionar problemas
50,0% 50,0%
interpessoais
14) É persistente e não desiste frente aos obstáculos 50,0% 50,0%
15) Tem postura proativa e realizadora 12,5% 50,0% 37,5%
16) Busca o autodesenvolvimento 25,0% 50,0% 25,0%
17) Tem capacidade de autocrítica 12,5% 37,5% 50,0%
18) Sabe ouvir os outros 37,5% 62,5%
19) Tem controle emocional 25,0% 25,0% 50,0%
20) Adapta-se bem às mudanças e novas situações 25,0% 25,0% 50,0%
21) Gerencia conflitos no ambiente de trabalho 12,5% 25,0% 62,5%
5. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo analisar a visão dos gestores da Procuradoria Geral do
Estado de Pernambuco acerca das competências sociais exercidas por eles no
desenvolvimento de suas funções, bem como no relacionamento com seus respectivos
subordinados e para isto foi realizado um estudo de caso, utilizando a entrevista
semiestruturada como técnica de levantamento de dados junto a oito dos catorze gestores da
Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco na sede em Recife Pernambuco que aceitaram
participar do estudo.
Com base nesse pressuposto, bem como, levando-se em consideração a relevância que o
tema possui, principalmente no tangente ao setor público, surge à necessidade do exercício
das competências sociais por parte dos gestores da PGE/PE. A teoria estudada para realização
da pesquisa na área de gestão por competências e competências propriamente ditas defende
amplamente a relevância do exercício e desenvolvimento das competências sociais no
ambiente organizacional.
O setor público é carente de profissionais que exerçam suas competências de forma
efetiva e satisfatória vista a forma de contratação destes funcionários ser apenas via concurso
público, com profissionais que geralmente ficam na organização por muitos anos e que nem
sempre estão auto motivados a se atualizarem e se desenvolverem profissionalmente.
Os gestores representam o ponto de convergência entre os interesses organizacionais e
dos funcionários, desempenham múltiplos papéis, assumem a responsabilidade por inúmeras
decisões e terminam por serem grandes influenciadores do sucesso ou fracasso
organizacional, aceitando riscos e pressões por resultados. Exatamente por isto, estudar
peculiaridades das competências dos gestores é importante para qualquer estudo de caso, seja
em organização pública ou privada.
O perfil dos gestores estudados em maioria tem nível superior, são homens, estão na
função a menos de 10 anos, têm mais de 10 subordinados diretos. Quanto à faixa etária dos
gestores 37,5% deles têm entre 31 e 40 anos e outros tantos mais de 50 anos.
No levantamento sobre as competências sociais mais utilizadas pelos gestores
entrevistados, 28,6% das competências sociais listadas foram identificadas pela maioria dos
entrevistados como “usando muito frequentemente”, quais sejam: Interage bem com as
pessoas, Possui liderança e sabe gerir pessoas, Tem integridade e confiança, Sabe negociar
com pessoas e Gerencia conflitos no ambiente de trabalho. Competências também listadas
pelos autores estudados como muito importantes para o bom desempenho dos gestores. E 11
delas (52,4%) foram classificadas pelos gestores entrevistados como “usando muito” para
metade deles: Sabe formar equipes cooperativas e comprometidas, Estimula o aprendizado da
equipe, Tem integridade e confiança, Sabe trabalhar em equipe, Comunica-se, oralmente com
clareza e objetividade, Tem capacidade de autocrítica, Tem controle emocional e Adapta-se
bem às mudanças e novas situações.
Diante dos resultados apresentados, considerando as limitações do estudo, os gestores
pesquisados se mostraram em grande parte preocupados em desenvolver bem as competências
sociais junto a seus exatamente pela importância que essas competências exercem sobre o
desempenho da equipe e da unidade por eles gerenciada.
6. REFERÊNCIAS
Resumo:
O mercado cada vez mais competitivo provoca as organizações a constantemente se
adaptarem. Neste contexto, uma ferramenta gerencial é fundamental para conseguir o
esperado diferencial competitivo nos negócios. Assim, desde investimentos tecnológicos, em
estrutura e pessoas potencializa um maior resultado para a organização. Organizações
modernas que almejam o sucesso precisam investir nos seus serviços, com a finalidade de
seus clientes ficarem satisfeitos. Nesse aspecto, presente estudo propôs verificar desempenho
de serviços de uma pousada, atentando para as variáveis da qualidade, rapidez, flexibilidade,
custo, confiabilidade e ecoeficiência. O desenvolvimento do mesmo foi baseado em pesquisa
bibliográfica exploratória para embasar teoricamente o referido o assunto, após houve uma
avaliação empírica no ambiente de estudo, que permitiu identificar as percepções a respeito
do desempenho dos serviços oferecidos.
Competitive strategy in the Inn Villa Parnaíba Through in the Approach in the
Objectives ne Performance
Abstract:
The market each more competitive time provokes the organizations constantly to be
adaptarem. In this context, a managemental tool is basic to obtain the competitive
distinguishing waited one in the businesses. Thus, since technological investments, in
structure and people potencializa a greater resulted for the organization. Modern organizations
that long for the success need to invest in its services, with the purpose of its customers to be
satisfied. In this aspect, gift study considered to verify performance of services of an inn,
attempting against for the 0 variable of the quality, rapidity, flexibility, cost, trustworthiness e
ecoeficiência. The development of the same was based on exploratória bibliographical
research to base the cited o theoretically subject, after had an empirical evaluation in the study
environment, that allowed to identify the perceptions regarding the performance of the offered
services.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Pousada Villa Parnaíba - breve histórico
A Pousada Vila Parnaíba foi inaugurada em 2010, e fica localizada a 300 metros do
Centro Histórico de Parnaíba, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). É uma pousada de charme, pois alia em perfeito equilíbrio tranquilidade,
beleza, história, hospitalidade, modernidade e conforto, tudo isso em pleno coração da cidade.
Todos os apartamentos têm decoração diferenciada e inspirada no resgate da história
da cidade. Nossos ambientes são decorados com detalhes históricos, bem como artesanais de
nossa região, a começar pela nomenclatura dos apartamentos, que remetem à origem da
cidade e a cultura das ilhas do Delta do Parnaíba.
A Pousada Vila Parnaíba dispõe de duas categorias de apartamentos:
- Standard: é composto de cama box, Tv LCD 22", ar condicionado split, WC com
banho quente, telefone com discagem direta e camiseiro;
- Luxo: é composto de cama box, Tv LCD 26", ar condicionado split, WC com banho
quente, cofre, secador de cabelo, telefone com discagem direta, minibar, camiseiro e vista
para o jardim.
O Atendimento on-line, assim como a recepção da pousada funcionam 24 horas,
contando com uma equipe de colaboradores sempre disposta a bem servir os hóspedes e
dispostos a esclarecer suas dúvidas. Por esse canal, são passadas as informações sobre os
pacotes, região e sobre a pousada.
Com missão de ser a melhor opção de hospedagem proporcionando aos hóspedes bem
estar, conforto e segurança, tornando sua estada uma experiência de hospedagem marcante e
inesquecível. E assim oferecer a melhor relação custo versus benefício em hospitalidade.
A visão de futuro da organização é ser uma pousada reconhecida pelos hóspedes e
colaboradores como referência em "bem servir", buscando sempre a melhoria de instalações,
valorizando a simplicidade, o conforto e a natureza. Assim, construir e manter relações de
confiança e lealdade com nossos colaboradores e estimular o seu contínuo crescimento
profissional e pessoal.
Mercadologicamente a pousada fica a 300 metros do centro da cidade, onde é possível
com facilidade encontrar lojas, supermercados, bancos, cinema, praças, bares e restaurantes,
farmácias, academias, sorveterias, pontos de táxi, salão de beleza, pizzaria, agência de
passeios turísticos, artesanatos. Fatores esse que são relevantes para a avaliação dos hospedes
quanto ao desempenho dos serviços disponíveis pela pousada.
5. CONCLUSÕES
De acordo com a pesquisa realizada pôde-se perceber que a organização Villa
Parnaíba prima pela qualidade dos serviços e atendimento oferecidos a seus clientes, o que se
caracteriza como um diferencial competitivo em relação a seus concorrentes, outro ponto que
vale apena ressaltar é o ambiente rústico e acolhedor que se têm na pousada, os apartamentos
são decorados contando a história, a cultura e ressaltando as belezas naturais da região, ou
seja, é a única pousada temática da cidade.
Assim, constatou-se que a pousada procura manter um alto padrão de qualidade de
atendimento e em suas instalações, contando ainda com a Certificação do Programa Selo de
Qualidade SEBRAE, que é um método que tem como objetivo avaliar e reconhecer a
qualidade dos serviços e produtos oferecidos por hotéis, pousadas, bares, restaurantes e
similares, proporcionando a estes empreendimentos uma vantagem competitiva no mercado.
As organizações que participam do projeto têm o compromisso de melhorar a
qualificação dos seus funcionários, manter instalações físicas e equipamentos em perfeito
estado de funcionamento e limpeza, além de adotar normas de higiene e segurança alimentar.
Tudo isso com o objetivo final de atingir a excelência no atendimento ao cliente. E ainda
trabalha com a permanente qualificação, através do SEBRAE, de seu quadro de funcionários.
Contudo, pontua-se que a organização percorre o caminho que deseja alcançar a partir
da sua missão sinônimo em hospedagem, observando o desempenho dos seus serviços
prestados a partir da percepção daqueles que faz uso das instalações, considerando os
hospedes o capital mais importante dentro desse processo, pois são estes que tornará a
pousada viva no mercado.
6. REFERENCIAIS
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Fundamentos da Administração. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
DIAS, R; PIMENTA, M. A. (orgs). Gestão de hotelaria e turismo. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.
DUM, J. J. A Administração da Produção como Ferramenta de Estratégia Competitiva:
Um Estudo de Caso na Organização “Beta”.
Pousada Vila Parnaíba. Disponível em: http://www.pousadavilaparnaiba.com.br. Acesso em
22 de maio de 2014.
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2014.
CHAMBERS, S. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2000.
CÔRREA, H. L. Administração de produção e de operações: manufatura e serviços – uma
abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2005.
WALLACE, T. F. Planejamento Moderno da Produção. São Paulo: IMAM, 2003.
PRODANOV, C. C. FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e
técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2ª ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
FATORES DE INFLUÊNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:
PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL PARA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR PRIVADA
RESUMO
O processo de planejamento estratégico, principalmente nas instituições de ensino
superior (IES), é uma tarefa complexa em função das peculiaridades de cada instituição.
Se trata de um estudo de caso único, de natureza qualitativa e de enfoque exploratório,
realizado em uma instituição de ensino superior privada localizada no Estado de Santa
Catarina. Desta forma, este trabalho teve como objetivo geral analisar os fatores de
influência do processo de elaboração do plano de desenvolvimento institucional (PDI)
em uma Instituição de Ensino Superior Privada, comparando-os com os encontrados na
teoria. Constatou-se que na IES em estudo possui mais fatores dificultadores do que
facilitadores do processo de planejamento, destacando-se como dificultadores a falta de
cultura de planejamento, ausência de planejamento, a falta de conhecimento do PDI e
dificuldade de mensuração dos resultados; e os fatores que se destacaram como
facilitadores são: existência de mão de obra qualificada, alto conhecimento sobre o
assunto, comprometimento das pessoas e o ótimo banco de dados disponíveis. Alguns
destes fatores foram encontrados na teoria e inúmeros outros foram apontados nesta
realidade específica. Por fim, este trabalho propõe um modelo conceitual de fatores de
influência no processo de elaboração do PDI em uma instituição de ensino superior
privada.
Palavras-chave: Planejamento Estratégico; Plano de Desenvolvimento Institucional;
Método de Avaliação; Instituições de Ensino Superior.
1
process, especially as hindering the lack of culture of planning, lack of planning, lack of
knowledge about the PDI and difficulty of measuring results; and the factors that stood
out as facilitators are hand existence of skilled labor, high knowledge on the subject,
commitment of the people and the great set of available data. Some of these factors
were found in the theory and countless others were singled out this particular reality.
Finally, this paper proposes a conceptual model of influence factors in the PDI process
of drafting an institution of private higher education.
Keywords: Strategic Planning; Institutional Development Plan; Evaluation Method;
Higher Education Institutions.
1. INTRODUÇÃO
As instituições de ensino superior (IES), a exemplo de outras organizações
sociais, estão inseridas no contexto de constantes mudanças, muitas delas inesperadas
ou imprevisíveis, desafiando seus administradores/gestores a tomar decisões
importantes e a traçar estratégias adequadas. Segundo Rizzatti e Dobes (2003), as IES
são organizações complexas, que possuem características peculiares e que a diferenciam
das demais organizações. A diversidade de objetivos, o tipo de profissional que nela
atua e o fato de estarem voltados para o ensino, pesquisa e extensão fez com que as
universidades desenvolvessem um estilo próprio de estrutura, forma de agir e modo de
tomar decisão influenciando assim no processo decisório. As IES necessitam de
mecanismos que possibilitam resultados satisfatórios, sendo eficientes e eficazes na
busca da solução de problemas advindos do mercado competitivo no qual a instituição
está inserida. Portanto, é indispensável considerar e respeitar as peculiaridades das IES.
Com o objetivo de fazer com que as IES realizassem um planejamento com mais
eficácia, o Governo Federal através do Ministério da Educação em 2001, assinou o
decreto do MEC/SESU nº 3860/2001, e com isso, o Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI) passou a ser um requisito obrigatório para a autorização e
reconhecimento de cursos de graduação e para o credenciamento de novas IES. O PDI
tem como objetivo definir a missão da instituição, metas, objetivos e estratégias de
como atingi-los, além de conter as diretrizes e políticas que irão nortear o
desenvolvimento pretendido pela instituição. Para Andrade (2002), as metas das IES
referem-se principalmente à pesquisa (geração de conhecimento), ao ensino
(transmissão de conhecimentos) e a extensão (transmissão dos conhecimentos a
sociedade).
Segundo Dias, Magalhães e Barbosa (2006), a proposta do PDI é elaborada para
um período de cinco anos, sendo um planejamento que perpassa uma gestão. É
importante destacar a diferença entre o PDI e o Plano de Gestão, uma vez que o plano
de gestão é elaborado no inicio de cada gestão e tem por objetivo organizar a
operacionalização do PDI. O Plano de Desenvolvimento Institucional estabelece os
caminhos a serem seguidos pela instituição, trazendo um direcionamento sobre quem é
a instituição e o que quer ser no futuro.
Diante do contexto apresentado, considerando a necessidade de ampliar o
conhecimento teórico sobre o tema, decidiu-se por realizar o presente estudo com a
seguinte pergunta de pesquisa: Quais são os fatores de influência do processo de
elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) em uma Instituição
de Ensino Superior Privada?
2
Como objetivo principal pretende-se analisar os fatores de influência do
processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) em uma
Instituição de Ensino Superior Privada. E como objetivos secundários busca-se
caracterizar o processo de elaboração do PDI na Instituição de Ensino Superior Privada;
identificar os fatores (internos e externos) que contribuem favoravelmente na elaboração
do PDI na Instituição; identificar os fatores (internos e externos) que dificultam na
elaboração do PDI na Instituição; contextualizar o PDI no Sistema Nacional de
Avaliação do Ensino Superior; e propor um modelo conceitual de fatores de influência
no processo de elaboração do PDI em uma Instituição de Ensino Superior Privada.
Existem poucas pesquisas que abordam os fatores de influência em relação ao
processo de elaboração do PDI em Instituições de Ensino Superior Privadas. Este estudo
contribui ao analisar estes fatores em uma IES privada, ao caracterizar o processo de
elaboração do PDI e ao contextualizar o PDI em relação às dimensões do SINAES.
O presente estudo está estruturado, além desta introdução, pela fundamentação
teórica, metodologia para a realização desta pesquisa, apresentação da análise dos dados
e discussão dos resultados obtidos, finalizando com as considerações finais, as
limitações encontradas e recomendações para futuras pesquisas.
2. REVISÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica deste estudo aborda o planejamento estratégico, seus
fatores de influência, as instituições de ensino superior (IES), plano de desenvolvimento
institucional (PDI), sistema nacional de avaliação da educação superior (SINAES) e
resultado de estudos em IES que abordam o PDI.
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Para Mintzberg (1995), o planejamento estratégico é um processo formalizado,
que levam em conta as oportunidades e ameaças do ambiente e os pontos fortes e fracos
da organização, para produzir resultados, estabelecendo objetivos, estratégias e ações na
forma de um sistema integrado de decisões. Dias, Magalhães e Barbosa (2006),
acreditam que a necessidade de um planejamento mais eficaz e eficiente é uma
tendência mundial a ser seguida, assim, entende-se por planejamento o processo de
articular com clareza, o futuro das organizações e as ações para a concretização do
mesmo.
Segundo Oliveira (2008), o planejamento pressupõe um processo decisório e
este ocorre durante todo o processo de elaboração e implementação na empresa.
Segundo este autor, o processo de planejamento é mais importante que o resultado final,
que normalmente é o plano desenvolvido pela empresa e não para a empresa. Ainda de
acordo com Oliveira (2008), o planejamento deve maximizar os resultados e minimizar
as deficiências, proporcionando à empresa uma situação de eficiência, eficácia e
efetividade, corroborando com Dias, Magalhães e Barbosa (2006). Segundo Murdick
(2010), o planejamento estratégico visa à condução das atividades empreendedoras de
uma companhia para a renovação, o crescimento e a transformação da organização.
As instituições de ensino superior caracterizam-se por um tipo de organização
mais complexa, que exigem formas próprias de planejamento e gestão. A complexidade
da organização “instituição de ensino superior” é destacada na literatura por diversos
autores, como: Cohen e March (1974), Baldridge (1983), Millet (1962) e Weick (1976).
Cada um desses autores menciona aspectos distintos, porém, todos contribuem para o
tema.
3
Dias, Magalhães e Barbosa (2006) destacam que a adoção do planejamento
estratégico por uma Instituição de Ensino Superior deve ter como consequência
importantes decisões, ações e resultados que conduzirão a IES ao alcance de seus
objetivos e consequentemente, a um futuro desejado.
2.2 FATORES DE INFLUÊNCIA DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Muller (2003) cita que o planejamento estratégico não garante o sucesso de uma
empresa/organização, que a capacidade de executar e implementar o plano é
fundamental. Além disto, aborda que a gestão por atividades ou o gerenciamento de
processos é de vital importância para a realização dos objetivos empresariais. Ansoff e
Macdonnell (1993) relatam que o planejamento estratégico enfrenta resistência da
organização, pois pode introduzir mudanças que trazem descontinuidade da cultura da
empresa e/ou ameaçam a estrutura de poder.
Hrebianick (2006) profere que o planejamento estratégico afeta a estrutura de
uma organização, uma vez que ele é quem define a interdependência entre as unidades,
as funções ou as pessoas que devem trabalhar juntas. Ackoff (1982) e Oliveira (2001b),
seguindo essa mesma linha, acreditam que a implantação de uma estratégia afeta a
estrutura, à medida que a estratégia exige alterações internas na empresa. Entretanto,
Hall (1984) argumenta que a estrutura define a estratégia e que a modifica, seguindo o
raciocínio de que a definição das estratégias do planejamento estratégico é decidida
pelas pessoas que estão no poder.
Outro fator de suma importância a ser estudado é a liderança que, segundo
Drucker (2001), é exercida por uma pessoa que possui seguidores, essa pessoa é capaz
de fazer com que esses seguidores ajam corretamente. Por isso, um líder não precisa ser
necessariamente amado ou admirado, pois “popularidade não é liderança, resultados
sim” (DRUCKER, 2006, p. 12).
Partindo da lógica de Drucker (2006), em que o líder é aquele que exerce
influência sobre outras pessoas, vale lembrar que a posição hierárquica dentro da
empresa não faz do executivo um líder, pois nem todo chefe é líder e nem todo líder é
chefe. De acordo com Covey (2000) e Hrebiniack (2006), há pessoas que, mesmo
ocupando cargos de chefia, não exercem liderança, o máximo que conseguem é
obediência por coação ou por interesses particulares das pessoas a quem chefiam,
enquanto há pessoas que exercem influência sobre as outras, independentemente de
ocuparem cargos de chefia, e isso, influencia diretamente na elaboração e aplicação do
planejamento estratégico em toda e qualquer organização.
De acordo com um estudo realizado por Earl (1993) os principais problemas na
implementação de estratégias são: falta de recursos disponibilizados, falta de interesse
da gerência, restrições tecnologias e resistência organizacional.
2.3 PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL (PDI) E
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES)
As instituições de ensino superior, como todas as organizações, têm novas
necessidades para sobreviver, resultado das profundas mudanças acontecidas em
diferentes aspectos da vida humana individual e associada. Há novos valores, valores
antigos com nova interpretação e a maneira como as pessoas e as organizações se
estruturam e respondem as demandas foram se modificando ao longo do século passado
e em uma velocidade vertiginosa nesta virada de século e milênio (Finger, 1997).
4
O PDI é o ponto de partida para o processo de planejamento estratégico de uma
IES, visto que norteia o desenvolvimento da IES, além de cumprir exigências legais,
como sendo um documento essencial à gestão universitária.
O PDI tem suas raízes em duas atribuições definidas pela LDB que são de
competência do MEC: credenciamento e avaliação institucional (BRASIL, 1996). Como
em vários outros aspectos, a LDB enunciou estas atribuições, deixando seu
detalhamento operacional para regulamentação posterior.
Aprovado em dezembro de 2001, o Parecer CNE/CES 1366/2001 (CONSELHO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001, p. 3) destaca a importância do PDI como
manifestação específica e “livre” da instituição, nos seguintes termos: “[...] reforça-se
no presente parecer à importância e a relevância do plano de desenvolvimento
institucional, que determina a missão de cada instituição e as estratégias que as mesmas
livremente elegem para atingir metas e objetivos”.
2.4 SINAES – SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES foi criado
pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004. É formado por três componentes principais:
a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O SINAES
avalia todos os aspectos que giram em torno desses três eixos: o ensino, a pesquisa, a
extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o
corpo docente e as instalações (Ministério da Educação, 2015).
De acordo com o Ministério da Educação, o processo de avaliação do SINAES é
a integração dos instrumentos (autoavaliação, avaliação externa, avaliação das
condições de ensino, ENADE, censo e cadastro) que permite a atribuição de conceitos, a
cada uma das dimensões e ao conjunto das dimensões avaliadas.
Os objetivos do SINAES são: identificar mérito e valor das instituições, áreas,
cursos e programas, nas dimensões de ensino, pesquisa, extensão, gestão e formação;
melhorar a qualidade da educação superior, orientar a expansão da oferta; promover a
responsabilidade social das IES, respeitando a identidade institucional e a autonomia.
A Avaliação Institucional, é composta de cinco eixos que considera 10
dimensões, conforme figura 01.
5
Fonte: Nota Técnica N. 14/2014 – CGACGIES/DAES/INEP/MEC
Figura 01 – Instrumento de Avaliação Institucional Externa do Sistema de Avaliação da
Educação Superior
As informações obtidas com o SINAES são utilizadas pelas IES, para orientação
da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social; pelos órgãos
governamentais para orientar políticas públicas e pelos estudantes, pais de alunos,
instituições acadêmicas e público em geral, para orientar suas decisões quanto à
realidade dos cursos e das instituições, visando a melhora da qualidade do serviço
prestado pelas Instituições de Ensino Superior.
2.5 RESULTADOS DE ESTUDOS EM IES – INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
Um estudo realizado por Dias et al .(2006) em um Instituto Federal de Ensino
Superior levantou que os principais elementos que facilitam o processo de construção
do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) são: a disponibilidade de banco de
dados, a demanda da comunidade e a existência de pessoas qualificadas e
comprometidas com o progresso. Também, foram levantados os principais elementos
que dificultam a elaboração do PDI, dentre eles, se destacam: a falta de uma cultura de
planejamento, a dificuldade de sensibilizar e conscientizar a comunidade sobre este
processo e a dificuldade de estabelecer um ponto de consenso sobre o conceito de
planejamento.
Em um estudo de caso múltiplo com três Universidades participantes da
Associação de Universidades Grupo Montevideo – AUGM, realizado por Mello et al.
(2013), com o objetivo de descrever o processo de planejamento, o qual, os autores
denominam de Plano de Desenvolvimento Institucional, também foram identificados os
elementos dificultadores. As dificuldades encontradas no estudo em relação ao processo
de planejamento nas IES foram: mobilização política das unidades acadêmicas, falta de
consciência sobre a importância do planejamento e de conhecimento gerencial por parte
dos gestores, mobilização e participação da comunidade acadêmica e baixo orçamento
disponibilizado para o desenvolvimento de projetos de grande porte.
Uma pesquisa realizada por Silva et al .(2014) com o objetivo de analisar a
contribuição do PDI como ferramenta de planejamento estratégico na gestão da IES
privada no Recife, comprovou a existência de fatores que dificultam a implementação
do PDI em IES, sendo que o principal fator foi à resistência, principalmente por parte
dos funcionários que ficaram desconfortáveis com as mudanças requeridas e necessárias
pelo plano. Contudo, o saldo do PDI como ferramenta de planejamento estratégico
resultou em diversos benefícios para a instituição, ou seja, contribuiu com a gestão na
busca pela melhoria da instituição e consequentemente com o ensino superior privado.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo é de abordagem qualitativa e tem um enfoque exploratório porque
busca uma melhor compreensão e aprofundamento dos fatores que influenciam o
processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Foi realizado
na forma de estudo de caso único (Yin, 2010), pois se pretende entender este fenômeno
com profundidade em uma Instituição de Ensino Superior Privada.
Para Merriam (2009) a seleção do caso a ser estudado é realizada após a decisão
do que, onde, quando e quem observar e entrevistar. Nesse estudo, a escolha foi por
uma instituição de ensino superior privada localizada no Oeste do estado de Santa
6
Catarina, em função de estar presente no mercado a mais de 10 anos, por ser uma IES
de pequeno porte e que busca através da implementação do PDI o seu fortalecimento e
reconhecimento. Também pelo fato de estar passando por um processo de reestruturação
organizacional, bem como, por existir um contato entre os pesquisadores com os
gestores da instituição, facilitando o acesso às informações necessárias para elaboração
do presente estudo. Além disto, a IES teve interesse em participar deste estudo para
contribuir com o enriquecimento do tema.
O processo de seleção de amostra é de amostragem não probabilística por
julgamento e escolha intencional e os elementos amostrais entrevistados são os
envolvidos neste processo de elaboração do PDI.
Abordagem Qualitativa
Enfoque Exploratória
Procedimento Estudo de caso único
Entrevista pessoal em profundidade com roteiro semi-estruturado
Método de coleta
Levantamento documental.
Método de análise Análise de conteúdo com categorização temática pré-definida
7
Nas entrevistas em profundidade o tamanho final da amostra foi definido pela
técnica de saturação teórica, ou seja, à medida que os pesquisadores constataram que a
quantidade de entrevista foi suficiente para atender aos objetivos do estudo, se encerrou
o processo de coleta de dados. Aplicando as técnicas de coleta e análise de dados busca-
se responder a questão de pesquisa proposta neste estudo.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A organização em estudo é uma Instituição de Ensino Superior Privada que
iniciou suas atividades em 1999 no Oeste do Estado de Santa Catarina. Portanto, a IES
desenvolve suas atividades com dois compromissos fundamentais: no presente, o de
fazer a diferença e, no futuro, o de ampliar a oferta de cursos e vagas, prosseguindo na
busca incessante pela qualidade no ensino superior. Atualmente, a IES oferece cursos de
Graduação e Especialização nas mais diversas áreas do conhecimento, em seu PDI
2014-2019 ainda não projeta oferecer cursos em nível de Stricto-Sensu.
Os entrevistados serão identificados com a letra “E” e um respectivo número
simbólico para maior compreensão dos leitores.
Conforme relatado na metodologia, com o propósito de verificar como ocorreu o
processo de elaboração do PDI na IES pesquisada, especificamente no que se refere aos
fatores que facilitam e que dificultam a elaboração do PDI, foram realizadas entrevistas
com membros da comissão designada de elaboração. Quando questionados a respeito
dos fatores que dificultam este processo, todos os entrevistados afirmaram que a
elaboração do PDI foi iniciada mediante uma legislação imposta, instituída pelo MEC
para a criação de um plano desenvolvimento para as instituições de ensino superior.
Como declarou o E2, este processo foi iniciado para atender aos requisitos do
MEC/SESu (decreto nº 3860/2001). O fato do processo de elaboração do PDI ter como
impulso principal a legislação demonstra que a instituição não foi pró-ativa, não
manifestando iniciativa própria para começar um processo de planejamento
independente da exigência externa.
Segundo os entrevistados, o PDI compreende a uma análise da situação atual da
Instituição em relação ao ambiente interno e externo, o momento atual e como pretende
estar no futuro (processo de planejamento). Portanto, verificou-se que o PDI serve para
direcionar os caminhos da Instituição, conforme mencionado pelo E1 “o PDI é a razão
de existência da Instituição, com ele, tentamos prever o futuro da IES e quais ações
devem ser desenvolvidas para a concretização deste planejamento”. Esta afirmação
reforça a importância do PDI para a IES no que tange ao planejamento, adequando-o às
exigências do mercado e preparando a instituição para enfrentar tais mudanças.
De acordo com Vianna (2004), o planejamento estratégico para instituições de
ensino superior geram diversos benefícios, principalmente, a importância de orientar a
ação universitária por princípios ágeis, racionais e críticos que visam fortalecer os
objetivos propostos e alcançar a missão. Corroborando com essa ideia, E2 e E4 afirmam
que: o PDI exige muito esforço da comissão, porém, é um documento indispensável
para a gestão de uma IES, planejar as decisões e ações que vão nortear a instituição
são processos necessários e que fazem a diferença no futuro. Portanto, o PDI permite
uma visão sistêmica da instituição e uma análise de ambiente interno e externo.
Um dos propósitos do presente estudo foi comparar os fatores facilitadores e
dificultadores encontrados na teoria com os fatores facilitadores e dificultadores
encontrados na prática desse estudo, e para facilitar a compreensão foi construído um
quadro com a opinião dos entrevistados sobre os elementos de análise.
8
Fatores Internos Fatores Externos
Falta de cultura de planejamento (E1, Instabilidade econômica do país (E2,
E3) E3)
Ausência de uma metodologia de Existência de planos municipais,
planejamento adequada (E2, E3, E4) estaduais e nacional de Educação (E2)
Dificuldade de mensuração dos Legislação do SINAES (E2, E4)
resultados pela comissão (E2)
Fatores dificultadores Falta de conhecimento do PDI por Quantidade de documentos e
do processo de colaboradores da IES (E1, E2) informações exigidos pelo MEC (E1,
elaboração do PDI E4)
Dificuldade de comunicação do PDI Burocracia muito forte (E1)
na IES (E1)
Falta de coordenador específico (E1) Crescimento do ensino a distância
(E1, E4)
Disponibilidade de tempo devido a Crise política no país (E3, E4)
outras atividades dos membros da
comissão (E1, E2)
Escassez de recursos financeiros (E3)
9
Ótimo banco de dados (E3, E4)
Histórico de crescimento da IES (E2,
E3)
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Quadro 5 – Fatores facilitadores do processo de elaboração do PDI
Dentre os fatores que facilitam o processo de elaboração do PDI, destaca-se um
ótimo banco de dados, profissionais qualificados e com conhecimento do histórico da
IES, a liberdade da alta direção com a comissão e também a quantidade de profissionais
capacitados para exercerem tal função. Existe uma disponibilidade das pessoas de
participarem da discussão deste processo, fator este, que é essencial para o sucesso da
instituição, uma vez que, a comunidade acadêmica é a principal participante e é quem
pode cobrar a efetividade do PDI, mencionou o E1.
O que chama a atenção nesta pesquisa, é que foram encontrados poucos fatores
facilitadores advindos do ambiente externo. Deduz-se que, por ser uma instituição de
ensino superior privada, os fatores externos não contribuem tanto quanto para uma
instituição pública, que fatores como imposição legal do governo, programas e sistemas
integrados facilitam o processo em IES públicas. O estudo de Dias, Magalhães e
Barbosa (2006) levantou os principais elementos que facilitam o processo de construção
do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), que são: a disponibilidade de banco
de dados, a demanda da comunidade e a existência de pessoas qualificadas e
comprometidas com o progresso. E assim, este estudo contribui com o tema de que os
principais fatores facilitadores advêm do ambiente interno.
Em relação à metodologia utilizada na elaboração do PDI, constatou-se que não
foi utilizada nenhuma metodologia especifica formalmente, porém, de acordo com os
entrevistados foram utilizados os passos da análise SWOT e a partir disso, foi definido
as próximas etapas de elaboração. Para a elaboração do PDI, foi nomeado uma
comissão em Junho de 2013 que realizou diversas reuniões, discussões e trabalhos para
a elaboração deste planejamento, visto que, o atual PDI da IES pesquisada é 2014-2019.
No presente estudo, os entrevistados afirmaram que toda comunidade acadêmica
(direção, professores e corpo técnico administrativo) foram ouvidos, e infelizmente, o
corpo discente não teve participação.
De acordo com os entrevistados, a alta administração da instituição atuou
positivamente na elaboração do PDI, corroborando com essa afirmação, Meyer Jr et al.
(2005), mencionam que a administração da instituição deve assumir o papel da
liderança na elaboração do planejamento estratégico, para que assim, toda a comunidade
acadêmica e externa seja envolvida no processo. Segundo o E3, é fundamental a
participação de toda comunidade acadêmica neste processo, pois são eles que vão
colher os frutos deste processo de planejamento.
Ao final da análise dos dados é possível traçar um panorama do processo de
elaboração do PDI em uma instituição de ensino superior privada que ocorreu no ano de
2013, assim, foi possível levantar os fatores que dificultaram o processo e os fatores que
facilitaram o processo de elaboração do planejamento da IES. A base teórica levantada
identificou mais fatores dificultadores do que facilitadores, neste estudo, buscou-se
identificar de forma igualitária os fatores. Porém, vários fatores encontrados na prática
não foram encontrados na teoria, pela questão de que cada instituição possui as suas
peculiaridades, e isso, faz com que este estudo possa contribuir positivamente neste
assunto.
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PROPOSTA DE MODELO CONCEITUAL DE FATORES DE INFLUÊNCIA
DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO PDI EM UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO SUPERIOR PRIVADA
Baseados no referencial teórico e na análise dos dados de pesquisa na IES
privada estudada, propomos um modelo conceitual de fatores de influência no processo
de elaboração do PDI. Este modelo usou como referência o modelo de Planejamento
Estratégico para Universidades elaborado por Vianna (2004).
Levando em consideração a falta de cultura de planejamento, a ausência de
planejamento, a falta de conhecimento do PDI, dificuldade de mensuração dos
resultados, entre outros pontos dificultadores apresentados pelos respondentes e pela
existência de mão de obra qualificada, alto conhecimento sobre o assunto, o
comprometimento das pessoas e o ótimo banco de dados disponíveis, foi proposto o
modelo de processo de elaboração do PDI para a IES privada, conforme apresentado a
seguir:
11
A próxima etapa deste modelo é a definição clara do negócio da instituição,
onde se determina a missão, a visão e os valores da instituição. Em seguida é sugerida a
análise da situação, onde a instituição utiliza a análise SWOT e define os fatores-chaves
de sucesso e as competências distintas da IES. Após estas definições, se elabora o plano
estratégico com a definição das metas, objetivos, estratégias, quem são os responsáveis
e prazos para atingir os objetivos da instituição. Posteriormente o plano é implementado
para então ser avaliado e acompanhado constantemente.
Como a IES diz possuir um ótimo banco de dados, acredita-se que isto será um
facilitador para a elaboração do plano e para o acompanhamento, análises e mensuração
dos resultados. Entretanto, para isto é preciso criar indicadores de avaliação que estejam
em sintonia com o planejamento.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel de uma Instituição de Ensino Superior vai além de dar respostas às
necessidades técnicas, científicas e de recursos humanos para um mercado de trabalho
definido, mas a sua função inclui, principalmente, uma responsabilidade frente aos
direitos humanos das gerações futuras.
O presente estudo teve como objetivo principal identificar os fatores de
influência do processo de elaboração do PDI em uma Instituição de Ensino Superior
Privada, desta forma, foi constatado que existem mais fatores que dificultam o processo
do que fatores que facilitam o processo. Um fator que dificulta o processo de elaboração
do PDI que merece destaque é a falta de cultura e experiência de planejamento a longo
prazo, e o fator que facilita o processo e merece destaque é a liberdade da alta
administração para/com a comissão de elaboração do PDI e o banco de dados atualizado
da IES.
Em relação à comissão de elaboração do PDI, é mister destacar que é formada
apenas por profissionais da instituição, o que facilita o acesso as informações e o
encaminhamento das atividades, porém, os participantes são de diversas áreas do
conhecimento, e isso, dificulta o entendimento do processo de planejamento estratégico.
Associado a esta dificuldade, existe a falta de tempo dos integrantes da comissão para se
dedicarem a elaboração do PDI, visto que, devem cumprir as demais tarefas que são de
sua responsabilidade. A dificuldade de tempo poderia ser amenizada caso a instituição
nomeasse uma comissão especial com profissionais altamente capacidades e que teriam
como tarefa somente a elaboração do PDI.
Alguns entrevistados demonstraram acreditar que o simples fato de ter o PDI
possibilita estabelecer cenários para a Instituição e gerar vantagem competitiva, o que é
um problema e uma preocupação, pois na verdade, o PDI auxilia o corpo gestor da
instituição a tomar decisões, planejar e prever o futuro da organização, o PDI facilita a
visão de futuro, mas não a determina. Muitas vezes, profissionais criam expectativas de
que elaborar um planejamento é o bastante, porém, não é o suficiente para o sucesso da
organização.
Se tratando sobre a expectativa dos entrevistados sobre a continuidade do PDI,
percebeu-se diferença de opinião. Alguns são pessimistas, outros se apresentam
utópicos demais, porém, é necessário analisar que nem todos tem o conhecimento
técnico de planejamento e isso influencia a expectativa dos profissionais em relação ao
PDI. Verificou-se que os entrevistados que possuem experiência e formação em
Administração tem uma postura consciente e que trabalham pela continuidade do
planejamento visando a consolidação e o crescimento da instituição. Assim, um dos
12
maiores benefícios que o PDI poderá trazer a instituição é a criação de uma cultura de
planejamento que será fruto das discussões da comissão.
Constatou-se que, os fatores que dificultam o processo de elaboração do PDI são
maiores do que os fatores que facilitam o processo. Cabe ressaltar, que os benefícios do
planejamento são visíveis na instituição estudada, e que os fatores dificultadores devem
ser superados. O planejamento estratégico é um instrumento que deve ser consolidado
pela direção e colaboradores a longo prazo.
Por fim, após realizar a comparação entre os fatores que dificultam e facilitam a
elaboração do PDI em uma Instituição de Ensino Superior, percebe-se que diversos
fatores encontrados na prática foram confirmados na teoria, porém, muitos encontrados
na prática não foram encontrados na teoria. Como sugestão de estudos futuros, essa
pesquisa poderá ser realizada em outras IES privadas com o propósito de confirmar os
dados levantados neste estudo, bem como, caberia uma pesquisa quantitativa com o
mesmo propósito, o que poderá contribuir significativamente com o tema desta
pesquisa.
6. REFERÊNCIAS
13
COVEY, S. R. Mentalidade e habilidades de um líder. In: HESSELBEIN, F.;
GOLDSMITH, M.; SOMERVILLE, I. Liderança para o século XXI. São Paulo:
Futura, p. 159-168, 2000.
GOBE, A. [et al.] (colaboradores) / Julio César Tavares Moveira (org.). Serviços de
marketing. São Paulo: Saraiva, 2008.
14
MEYER JR., SERMANN, L. I. C., MANGOLIM, L. Planejamento e Gestão
Estratégica: viabilidade nas IES. IV Colóquio Internacional sobre Gestão
Universitária na América do Sul, NUPEAU/UFSC – Florianópolis, 2004.
15
Fatores Relevantes na Definição da Estratégia Institucional de Universidades
Comunitárias Catarinenses
Resumo:
O artigo pretendeu responder a questão de estudo relacionada aos fatores relevantes na
definição da estratégia institucional nas universidades comunitárias catarinenses. Nessa
direção, o objetivo principal do trabalho foi analisar os fatores relevantes na definição da
estratégia institucional nas universidades comunitárias catarinenses sob a percepção dos
gestores. Os procedimentos metodológicos utilizados para a realização desta pesquisa foram,
quando aos objetivo descritiva, quanto aos procedimentos de pesquisa é exploratória e, quanto
a abordagem do problema é qualitativa. Quanto aos resultados do estudo, conclui-se que os
fatores relevantes identificados pelos reitores das IES comunitárias são: credibilidade
acadêmica e institucional, qualificação do corpo docente; definição clara de um
posicionamento de mercado; qualidade acadêmica dos cursos de graduação e pós-graduação;
inovação de produtos, serviços e processos; entre outros mencionados no decorrer desta
pesquisa.
Abstract:
The article aims to answer the question of study related to the relevant factors in defining the
institutional strategy in Santa Catarina community colleges. In this sense, the main objective
of the study was to analyze the relevant factors in defining the institutional strategy in
Community universities in Santa Catarina in the perception of managers. The methodological
procedures used for this research were when the descriptive purpose, as the search procedures
is exploratory and, as the problem of the approach is qualitative. As for the results of the
study, it is concluded that the relevant factors identified by the deans of Community IES are:
academic and institutional credibility, faculty qualifications; clear definition of a market
positioning; academic quality of undergraduate and graduate; innovation of products, services
and processes; among others mentioned in the course of this research.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura apresenta os conceitos que fundamentam o assunto pesquisado
e servem de base para análise dos dados coletados.
3 METODOLOGIA
Este estudo, quanto aos objetivos, pode ser classificado como descritivo, pois as
publicações envolvendo o tema estratégia institucional de instituições de ensino superior
ainda são escassos. De acordo com Gil (2008) as pesquisas descritivas possuem como
objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência.
Lopes (2006) destaca que a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los,
analisá-los, classificá-los, interpretá-los e o pesquisador não interfere neles.
Quanto à classificação em termos de procedimento pesquisa, esta é uma pesquisa
exploratória. Essa modalidade, para Gonçalves (2014), visa à descoberta, o achado, à
elucidação de fenômenos ou à explicação daqueles pontos que não eram aceitos, apesar de
evidentes. A exploração representa, atualmente, um importante diferencial competitivo em
termos de concorrência.
No que se refere à abordagem, este estudo é classificado como sendo qualitativo, pois
o seu objetivo “está mais relacionada ao levantamento de dados sobre as motivações de um
grupo, em compreender e interpretar determinados comportamentos, a opinião e as
expectativas dos indivíduos de uma população” (TURATO, 2005, p. 509).
No que diz respeito à coleta de dados, esta aconteceu através de aplicação de
questionário realizado no dia 07 de dezembro de 2015, durante reunião dos reitores das
instituições de ensino superior (IES) filiadas à ACAFE, realizada na cidade de Florianópolis,
Estado de Santa Catarina. Das quinze IES filiadas que compõem a população deste estudo,
oito compareceram à reunião representadas por seu respectivo reitor e responderam ao
questionário. Este grupo de respondentes é que formou a amostra utilizada nesta pesquisa.
O questionário foi elaborado a partir da presunção dos principais fatores relevantes
para a definição estratégica institucional. Os critérios apresentados advirão de entrevista não
estruturada com um dos participantes da amostra, baseando-se também, através de
levantamento de referências que abordavam a temática. Formulando assim um questionário
separado em duas partes, onde a primeira teve o objetivo de levantar o perfil do gestor (idade,
formação, escolaridade, tempo na IES, tempo de atuação na gestão da IES) e da universidade
pesquisada (tempo de atuação no mercado, total de alunos, total de cursos de graduação –
especialização – mestrado – doutorado, e se utiliza planejamento estratégico formal). Na
segunda parte correspondeu por 35 questões, as quais estão descritas na Tabela 4 deste artigo,
onde o gestor respondeu com notas de 0 a 10 para cada questão, sendo 10 para os itens
considerado relevantes na sua estratégia institucional, e 0 para os itens que o gestor não
considerem importantes em sua gestão estratégica.
Referente às etapas de processamento e análise dos dados coletados, as mesmas foram
tabulados, operacionalizadas e tratadas no software Excel.
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
10 9 8 7 6 5 ou menos
Observa-se, na Tabela 6, que a maioria das IES, exceto a “F”, entendem que a maioria
das afirmações apresentadas no questionário aplicado aos gestores são de grande importância
na tomada de decisões. Justifica-se essa afirmação em razão das médias e modas terem
números máximos. No que refere-se às afirmativas, algumas são consideradas mais
importantes e outras menos, conforme apresentado na Tabela 4. Com relação às IES D e F,
que conforme dados já apurados nesta pesquisa, estão em processo de implantação do
planejamento estratégico formal, os resultados foram opostos. No caso da IES “D” o gestor
reconhece que as afirmativas apresentadas influenciam a estratégia institucional e seguem
praticamente o mesmo pensamento das IES que têm um planejamento estratégico formal já
implantado. Por outro lado, a IES “F” apresentou os piores resultados, pois na concepção do
gestor essas afirmativas não devem ser levadas em conta na formulação do planejamento
estratégico.
5 CONCLUSÃO
O artigo visou responder questão de estudo relacionada aos fatores relevantes na
definição da estratégia institucional nas universidades comunitárias catarinenses. Com esse
propósito objetivava analisar os fatores relevantes na definição da estratégia institucional nas
universidades comunitárias catarinenses sob a percepção dos gestores.
Nessa direção, os autores entendem que a pergunta de pesquisa foi convenientemente
respondida, de vez que foram apontados através da aplicação de questionários aos reitores
ligados às universidades comunitárias catarinenses os fatores priorizados na definição da
estratégia institucional. Em razão disso, o objetivo proposto também foi atingido, ou seja,
foram levantados os aspectos mais relevantes, na percepção do reitor na universidade
pesquisada, referente a sua definição estratégica institucional.
Quanto aos resultados do estudo, conclui-se que a ordem decrescente de prioridade
dos fatores relevantes à elaboração do planejamento estratégico, segundo as respostas obtidas
juntas aos reitores foram:
Credibilidade acadêmica e institucional;
Qualificação do corpo docente;
Definição clara de um posicionamento de mercado;
Qualidade acadêmica dos cursos de graduação e pós-graduação;
Inovação de produtos, serviços e processos;
Inserção comunitária em atenção às necessidades locais/regionais;
Conhecimento profundo do público alvo;
Qualidade e eficiência do corpo técnico;
Utilização de sistemas de controle e avaliação do planejamento e da gestão;
Atendimento às exigências do mercado, no que tange a formação profissional.
Neste sentido, foi possível mapear as prioridades das decisões estratégicas
institucionais identificadas pelos reitores das IES, o que levou concluir que os gestores das
universidade comunitárias catarinense pontuam as questões das definições estratégicas
institucionais com grande importância e tem as mesmas padronizadas com base na realidade
organizacional de cada instituição, buscando maior eficiência em seus trabalhos e captação de
seguidores.
Com recomendação para trabalhos futuros cabe sugerir a expansão da abrangência
para todas as instituições de ensino superior do estado de Santa Catarina, atingindo as
universidades particulares e federais, o que poderia evidenciar resultados diferentes dos
encontrados nesta pesquisa. Ainda, seria interessante comparar os resultados apurados com a
realidade de universidades comunitárias de outros estados.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LIMA, M.; SERRA, F. R.; MEYER, V. J.; FERREIRA, M. P. Modelando o BSC para as
Universidades do Sistema ACAFE. Organizações em contexto, Ano 5, n. 9, janeiro-junho
2009.
LIMA FILHO, R. N.; BRUNI, A. L.; CORDEIRO FILHO, J. B. Planejamento estratégico em
entidades do terceiro setor: uma análise na região metropolitana. Revista de Administração e
Contabilidade, v. 2, n. 2, p. 4-19, 2010.
MEYER, B.; MEYER J., V. “Managerialism” na gestão universitária: uma análise de suas
manifestações em uma instituição empresarial. Revista de Gestão Universitária na America
Latina – GUAL, v. 6, n. 3, p. 01-20, set. 2013.
MINTZBERG, H . The rise and fall of strategic planning. New York: Freeman, 1994.
QUINN, J. B. Strategies for change: logical incrementalism. Richard D. Irwin, Inc., 1980.
RESUMO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
3. METODOLOGIA
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo verificar qual é a melhor forma de gestão da
qualidade da informação a se utilizar como planejamento estratégico, bem como as empresas
gerenciam os riscos ocasionados pela falta de gestão da informação no setor de construção
civil.
As empresas tem conhecimento da importância da informação, dos riscos que a falta
de gestão da informação podem acarretar a empresa, porém, nem a “empresa A” e nem a
“empresa B” gerenciam a informação com a devida importância.
A “empresa A” se preocupa um pouco mais com os processos de gerenciamento de
informação, treinando seus usuários e se preocupando em restringir o acesso a qualquer
colaborador, porém, também não possui uma política de gerenciamento de riscos, criando
uma vulnerabilidade.
A “empresa B” já está correndo vários riscos com relação falta de gerenciamento de
informação. Notou-se que existe uma preocupação da empresa com relação a isto, porém não
há nenhuma atividade de prevenção ou gerenciamento de riscos.
Nenhuma das empresas tem um planejamento definido para auxiliar no gerenciamento
de riscos de informações. Existe uma politica de segurança das informações, onde são
abordadas algumas regras para minimizar riscos, porem não há controle de como essas regras
são executadas.
Para Sêmola (2014), a Gestão da Informação é de extrema importância, e seu
gerenciamento deve ser prioritário entre todas as áreas da empresa, para obter a sinergia de
opiniões, visando melhorias nos processos.Deve-se fazer o levantamento de riscos
constantemente, e gerenciar os riscos da melhor forma possível. Pois não há como não ter
riscos, eles apenas podem ser minimizados.
REFERÊNCIAS
BORGES, T.N.; PARISI, C.; GIL, A.D.L. O Controller como Gestor da Tecnologia da
Informação - Realidade ou Ficção? Revista de Administração Contemporânea, Rio de
Janeiro, v. 9, n. 4, p. 119-140,Oct 2005.
CAMILLUS, J.C. Corporate strategy and executive action: Transition stages and linkage
dimensions. Academy of Management.The Academy of Management Review (pre-1986),
Briarcliff Manor, v. 6, n. 2, p. 253, 04 1981.
YIN, R. K. Case studyresearch: design andmethods. 2nd ed. Newbury Park: Sage, 1994.
RESUMO
The aim of this study is the analysis of the demographic characteristics of the executive board
and corporate performance represented by the profitability index. To achieve this objective
analysis of the information on the characteristics of managers that make up the upper echelons
as age, experience, education, gender and duality to the profitability of companies listed on
the BM & FBOVESPA in the industrial goods sector, between the years 2010-2014. The
work is developed based on literature research to survey the existing literature. It is also used
to document research to collect data. In terms of methodological framework, this study is
characterized with descriptive. The results did not show a clear or significant influence of
demographic characteristics, creating the need for more comprehensive studies to confirm this
influence.
1. INTRODUÇÃO
para aspectos externos a organização, no entanto, estudos sobre estratégia têm apontado os
altos gestores, ou seja, os talentos humanos da empresa como fonte de criatividade e chave
para criação e manutenção da vantagem competitiva (SERRA, SERRA, TOMEI, 2014; RAJA
et al, 2009).
Estudos voltados para a importância dos gestores começaram a ganhar relevância
na década de 50 (BOONE, VAN OLFFEN, VAN WITTELOOSTUIJN, 1998). Uma das
teorias apontadas em estudos deste gênero posteriormente foi a Visão Baseada em Recursos
(VBR) que aponta os recursos próprios e únicos de cada organização como fonte de vantagem
competitiva (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991; SERRA, SERRA, TOMEI, 2014).
De acordo com essa teoria, as empresas apresentam resultados diferentes por
possuírem recursos diferentes. Para que um recurso seja fonte de vantagem competitiva, ele
deve ser valioso a fim de possibilitar a exploração de oportunidades e a neutralização de
ameaças, raro, para que não possa estar disponível para os atuais ou futuros concorrentes,
inimitável, para que não possa ser reproduzido e não substituível, de forma que outros
recursos não possam prover o mesmo resultado (BARNEY, 1991).
Não existe um modelo pré-determinado que aponte que a soma deste ou daquele
recurso será fonte de sucesso, porém sabe-se que a gestão dos executivos que estão à frente
das organizações pode atuar como um recurso estratégico empresarial, essa é a premissa da
Teoria dos Escalões Superiores (TES) uma teoria estratégica que é um dos sub-campos da
VBR (BARNEY, 1991; SERRA, SERRA, TOMEI, 2014). Os primeiros autores a apontarem
esta relação foram Hambrick e Mason (1984) ao afirmarem que “os gestores importam”. Os
mesmos defendem o argumento de que as organizações são um reflexo de seus gestores de
topo e destacam a sua grande influência na formulação e adoção da melhor estratégia
organizacional, a fim de alcançar um elevado nível de desempenho corporativo
(HAMBRICK, MASON, 1984; DÍAZ, RODRÍGUEZ, SIMONETTI, 2015).
Desde então, estudos empíricos têm examinado o efeito das características dos
altos executivos como o prestígio, propriedade, estrutura e experiência na sobrevivência de
empresas após a abertura do capital (BACH, SMITH, 2007), a correlação entre as escolhas
estratégicas e seus líderes (SIMEON, 2001), suas experiências de trabalho e rede de
relacionamentos como antecedentes para o empreendedorismo corporativo (WEI, LING,
2015), além dos reflexos dos líderes estratégicos na qualidade das decisões (LIN,
RABABAH, 2014).
Considerando o exposto, o intuito deste estudo é responder à seguinte pergunta de
pesquisa: qual a relação entre as características demográficas dos altos executivos e o
desempenho empresarial no setor de bens industriais? Para responder essa questão, tem-se
como objetivo averiguar a existência de relação entre características demográficas (idade
experiência, gênero, formação e dualidade) da diretoria executiva com o desempenho
empresarial representado pelo índice de retorno sobre ativos de empresas listadas no setor de
bens industriais na BM&FBOVESPA, entre os anos de 2010 a 2014.
Este estudo justificasse pelo caráter interdisciplinar, ao combinar conhecimentos
da controladoria, estratégia e psicologia, além da carência de estudos da teoria em âmbito
nacional. Este artigo será estruturado da seguinte forma: iniciando por este tópico de caráter
introdutório, seguido pelo referencial teórico, posteriormente será descrita a metodologia, a
seguir serão apresentados os resultados da pesquisa e, por fim, as considerações finais e as
referências bibliográficas utilizadas.
3
2. REFERENCIAL TEÓRICO
altos executivos das empresas listadas na Bovespa no setor de Bens Industriais apresentam
alguma relação com o desempenho empresarial? Para esclarecer como responder este
questionamento apresenta-se a metodologia empregada no estudo.
3. METODOLOGIA
e dualidade. Informações como idade e tempo de mandato foram utilizados dados em anos.
Foram estabelecidas quatro faixas para as duas variáveis. Para a variável formação foram
utilizados dois critérios, o curso de graduação e a realização de pós-graduação. Ainda no caso
da formação, segrega-se em áreas de atuação como: (i) Ciências Sociais Aplicadas; (ii)
Tecnologia da Informação; (iii) Ciências Jurídicas; iv) Ciências Exatas; (v) Comunicação
Social; (vi) Ciências da Saúde e; (vii) Sem informação. Para a variável dualidade foi utilizada
a categorização diretor presidente e diretor presidente e presidente do conselho. Para variável
gênero foi utilizada a categorização presença feminino e ausência de presença feminina.
Para a operacionalização do objetivo do estudo, inicialmente os dados dos
executivos (idade, tempo no cargo, formação, gênero, dualidade) e o desempenho empresarial
foram analisados por meio de análise descritiva visando a explicação das hipóteses
formuladas deste estudo.
H1 - Quanto maior a idade do executivo menor o desempenho empresarial.
A idade dos gerentes pode afetar a sua atitude em relação ao risco. Gerentes mais jovens
estarão mais inclinados a perseguir estratégias arriscadas enquanto que os gestores mais
velhos tendem a ser mais conservadores (HAMBRICK; MASON, 1984; BARKER;
MUELLER, 2002)
H2 – Quanto maior o tempo no cargo melhor desempenho empresarial.
Períodos mais longos de mandato dos gestores de topo no cargo podem produzir coesão social
e compartilhamento de estruturas cognitivas, e esses atributos podem aumentar a socialização
entre o grupo e levar a um melhor desempenho empresarial (HAMBRICK, MASON, 1984;
HAMBRICK, 2007).
H3 - Quanto maior a educação/titulação do executivo, melhor desempenho empresarial.
Níveis mais elevados de educação são associados com maior capacidade captar novas ideias,
aprender novos comportamentos e gerar e implementar soluções criativas para problemas
complicados, o que resulta em um melhor desempenho (HAMBRICK, MASON, 1984;
BANTEL; JACKSON, 1989; HAMBRICK, 2007).
H4 – A presença feminina na diretoria executiva melhor o desempenho empresarial.
A literatura sobre as diferenças de gênero fornece evidências sugerindo que as mulheres são
mais conservadores o que poderia contribuir com melhores resultados (PENI, 2014).
H5 – Executivos que acumulam cargos de presidência da diretoria e do conselho
administrativo apresentam melhor desempenho empresarial.
A dualidade do CEO pode ser associada ao aumento no desempenho. Ela permite que as
empresas tenham forte liderança unificada já que a separação da posição do CEO e presidente
poderia difundir o seu poder e criar ambiguidade dentro da organização (FINKELSTEIN,
D'AVENI, 1994). A análise dos dados será apresentada no tópico a seguir.
8
4. RESULTADOS OBTIDOS
IDADE
2010 2011 2012 2013 2014
Média 53 53 53 52 53
Mediana 53 54 53 53 53
Máximo 79 80 81 74 75
Mínimo 33 32 24 25 26
Desvio Padrão 9,22672 9,28054 9,45814 9,27014 9,39763
Fonte: Dados de Pesquisa
Tabela 2: Resultado Idade
EXPERIÊNCIA
2010 2011 2012 2013 2014
Média 6 7 7 7 7
Mediana 4 4 4,5 5 5
Máximo 42 43 44 37 38
Mínimo 0,7 1 0,3 1 1
Desvio Padrão 7,7992 7,3239 7,1966 6,5292 6,8261
Fonte: Dados de Pesquisa
Tabela 3: Resultado Experiência
Amplo Baixo
Características
Desempenho (%) Desempenho (%)
Até 45 anos 21% 20%
De 46 a 55 anos 41% 41%
Idade
De 56 a 65 anos 26% 33%
Mais de 65 anos 11% 6%
De 1 a 5 anos 65% 67%
De 6 a 10 anos 11% 16%
Experiência
De 11 a 15 anos 11% 8%
Mais de 15 anos 13% 10%
Ciências Biológicas 4% -
Ciências Exatas 51% 39%
Ciências Humanas - 2%
Ciências Jurídicas 7% 11%
Ciências da Saúde 1% -
Formação
Ciências Sociais Aplicadas 33% 39%
Publicidade e Propaganda 2% 2%
Sem Formação 2% 7%
Sim 63% 41%
Pós-graduação
Não 37% 59%
Gênero Presença Feminina 4% 10%
Sim 15% 27%
Dualidade
Não 85% 73%
Fonte: Dados de Pesquisa
Tabela 4: Comparação de Amplo e Baixo Desempenho Características Demográficas 2010
Ciências da Saúde - 2%
Ciências Sociais Aplicadas 39% 35%
Publicidade e Propaganda 3% 2%
Sem Formação 3% 5%
Pós-graduação Sim 51% 54%
Não 49% 46%
Gênero Presença Feminina 5% 9%
Dualidade Sim 24% 19%
Não 76% 81%
Fonte: Dados de Pesquisa
Tabela 5: Comparação de Amplo e Baixo Desempenho Características Demográficas 2011
No que tange a característica idade a faixa etária com maior percentual no baixo
desempenho é 46 a 55 anos. No amplo desempenho o destaque é a faixa de 56 a 65 anos.
Mesmo que de forma discreta, podemos ver que os gestores mais longevos apresentam
resultados melhores que gestores mais jovens o que difere de autores como Hambrick e
Mason (1984) que afirmam que os melhores desempenhos são auferidos por gestores mais
jovens, pôr os mesmos serem mais dispostos a correrem riscos.
O tempo de cargo de 1 a 5 anos assim como nos outros anos analisados foi a faixa
de experiência com maior predominância nos grupos de amplo e baixo desempenho, no
entanto, existe um maior percentual nas faixas com maior experiência no que tange as
empresas com amplo desempenho. Assim como nos outros anos a formação em ciências
exatas e ciências sociais aplicadas foram as graduações mais presentes no amplo e baixo
desempenho. No grupo de amplo desempenho existe a predominância de diretores com pós-
graduação. Assim como nos anos anteriores, não existe uma forte presença feminina, nem de
gestores que possuam cargos na diretoria executiva e no conselho de administração. Em
seguida identifica-se os dados do ano de 2014 na tabela 8.
12
5 CONCLUSÕES E DISCUSSÕES
REFERÊNCIAS
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15
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2010. p. 1-4.
Resumo
Nos mapas estratégicos, os indicadores não são vistos como medidas independentes advindas
das quatro perspectivas do Balanced Scorecard, mas, como conjunto das relações de causa e
efeito entre os objetivos que compõe as perspectivas do BSC. O objetivo deste artigo é
elaborar um mapa estratégico a partir da percepção dos gestores para a escolha de indicadores
de desempenho, através da operacionalização de um estudo de caso em uma empresa do setor
Atacadista do ramo alimentício. Quantos aos objetivos a pesquisa caracteriza-se como
descritiva e exploratória e quanto aos procedimentos esta pesquisa é classificada como estudo
de caso. Com relação à operacionalização da pesquisa, foram consideradas duas abordagens
distintas: entrevistas semi-estruturadas e pesquisa documental. Tem-se como resultado que os
objetivos traçados no mapa estratégico convergem entre si de modo a gerar valor para
organização. Após a definição do mapa estratégico, os gestores puderam delinear 31
indicadores de desempenho, sendo 6 indicadores financeiros e 25 indicadores não financeiros,
em suma, os objetivos foram traduzidos em indicadores que passaram ajudar a empresa a
alcançar suas metas.
Abstract
The strategic maps, indicators are not seen as independent measurements from the four
perspectives of the balanced scorecard, but as a set of relations of cause and effect between
the objectives that make up the prospects of BSC. The purpose of this article is to draw up a
strategic map from the perception of managers for choosing performance indicators, through
the operation of a case study in a company of the food industry Wholesale industry. As to the
research objectives is characterized as descriptive and exploratory and procedures As for this
research is classified as a case study. Regarding the implementation of the research, they were
considered two different approaches: semi-structured interviews and documentary research. It
has as a result that the objectives in the strategic map converge with each other in order to
generate value for the organization. This is, after setting the strategy map, managers could
draw 31 performance indicators, and 6 financial indicators and 25 non-financial indicators, in
short, the objectives have been translated into indicators that can help the company achieve its
goals.
1. INTRODUÇÃO
Nos mapas estratégicos, os indicadores não são vistos como medidas independentes
advindas das quatro perspectivas do Balanced Scorecard, mas, como conjunto das relações de
causa e efeito entre os objetivos que compõe as perspectivas do BSC. Na realidade, de forma
a facilitar o entendimento dos gestores, o mapa estratégico e sua representação visual torna-se
importante, pois facilita o entendimento e a gestão dos objetivos e dos indicadores,
descrevendo a estratégia de maneira uniforme e lógica (KAPLAN E NORTON, 2004). O
objetivo deste artigo é elaborar um mapa estratégico a partir da percepção dos gestores para a
escolha de indicadores de desempenho, através da operacionalização de um estudo de caso em
uma empresa do setor Atacadista do ramo alimentício.
2. ASPECTOS TEÓRICOS
Finanças
pelos nossos
“para alcançarmos
nossa visão, como
sustentarmos nossa
capacidade de mudar
e melhorar?”
4
3. METODOLOGIA
Para atingir o objetivo proposto para esta pesquisa, foram adotados procedimentos
metodológicos apropriados. Metodologia da pesquisa é definida por Minayo (2003) como
sendo o caminho do pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se
basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade.
Quantos aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva e exploratória. De
acordo com Raupp e Beuren (2006), pesquisas exploratórias possibilitam uma visão geral do
fato e é devidamente utilizada quando o tema escolhido é pouco explorado e sobre ele é difícil
formular hipóteses precisas e operacionalizáveis, bem como proporciona o aprofundamento
de conhecimentos sobre ele. Por outro lado, Gil (2008) e Marconi e Lakatos (2003) ressaltam
7
4. RESULTADOS
MISSÃO:
Distribuir e produzir produtos de qualidade com excelência no atendimento aos nossos clientes, segurança aos
fornecedores e comprometimento aos colaboradores de forma sustentável.
VISÃO:
Ser empresa de referencia no mercado de atacado de carnes e distribuição de alimentos em expansão no Estado
de Pernambuco.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Quadro 1 - Posicionamento Estratégico
Após a definição por parte dos diretores quanto a missão, visão da empresa, foram
revisados os pontos fortes e fracos e as oportunidades e ameaças, de modo que fosse possível
9
Clientes
Fidelização dos clientes.
Processos Internos
Oferecer aos clientes soluções
diferenciadas de produtos e serviços
Aprendizagem e Crescimento
Desenvolver e capacitar os
profissionais
OBJETIVOS
PERSPECTIVAS INDICADORES METAS
ESTRATEGICOS
Agregar valor a organização % EBITIDA 20% de crescimento anual
15% de crescimento anual
Aumentar margem de lucro % Lucratividade;
A partir da definição dos indicadores, foram traçadas as metas de acordo com dados
históricos e projeções que poderão atender as expectativas de crescimento da empresa a
médio e longo prazo. Em contrapartida a elaboração do plano de ações estaria sendo
desenvolvida mediante a matriz de prioridades condicionada aos objetivos estratégicos.
13
5. CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi apresentar uma reflexão sobre a escolha de métricas de
desempenho a partir da percepção dos gestores sobre o mapa estratégico. Para atingir o
objetivo foi realizado um estudo de caso uma empresa atacadista.
Neste estudo pode-se perceber que os gestores valorizam a utilização de indicadores
financeiros e não-financeiros, e que estes devem ser trabalhados de forma integrada para
alcançar os objetivos propostos pela organização. Ao definir a estratégia a organização está
descrevendo como criar valor, neste momento, o mapa estratégico tem grande importância
para os executivos, pois servirá como uma ferramenta para ligar o momento de formar as
estratégias até sua execução. Ou seja, a partir da visualização do mapa estratégico, torna-se
mais fácil a definição dos indicadores que serão utilizados para execução das estratégias.
Neste estudo notou-se que, após a visualização gráfica do mapa estratégico, os
gestores puderam definir os indicadores que seriam utilizados e as metas. Isto é, depreendeu-
se que a partir do mapa estratégico ficou mais fácil compreender a integração entre os
objetivos, que são distribuídos de acordo com as perspectivas do Balanced Scorecard e advém
a estratégia da organização. Tais objetivos convergem entre si de modo a gerar valor para
organização.
No mapa estratégico, percebe-se que a perspectiva financeira e clientes descrevem o
resultado de forma a demonstrar para os executivos o que a organização deseja atingir como
resultado, tais como: aumentar margem de lucro, aumentar faturamento, crescimento e
fidelização dos clientes e etc. Já os objetivos propostos na perspectiva de aprendizagem e
crescimento e processos internos, demonstraram de que forma a empresa irá implementar a
estratégia: Aprimorar as políticas de estocagem dos produtos, Oferecer aos clientes soluções
diferenciadas de produtos e serviços, Otimizar a fabricação e distribuição, Desenvolver e
capacitar os profissionais, Desenvolver uma nova cultura e padrões organizacionais, e etc.
Após a definição do mapa estratégico, os gestores puderam delinear 31 indicadores de
desempenho, sendo 6 indicadores financeiros e 25 indicadores não financeiros. Os indicadores
partiram da identificação dos 16 objetivos designados pela empresa no mapa estratégico e
distribuídos sob as perspectivas do BSC. Assim, é possível observar que a empresa busca
ultrapassar barreiras, implementando estratégias através de objetivos delineados no mapa
estratégico que se convertem em indicadores que devem ser implementados dentro da
organização de forma holística.
Por fim, através da confecção do mapa estratégico os objetivos foram traduzidos em
indicadores que poderão ajudar a empresa a alcançar suas metas, e, por conseguinte, seus
objetivos estratégicos. Os gestores podem através deste mapa visualizar mais claramente seus
objetivos, o que facilitou a escolha dos indicadores.
Portanto, o mapa estratégico descreveu a estratégia da empresa de maneira coerente e
ordenada, o que facilitou o desenvolvimento e gerenciamento dos indicadores e metas.
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15
Resumo
O objetivo deste estudo consiste em analisar os processos de gestão de riscos em cooperativas
de crédito brasileiras. Para tal, realizou-se uma pesquisa descritiva, conduzida por meio de
aplicação de questionário e abordagem quantitativa dos dados utilizando-se da entropia
informacional. A população do estudo compreendeu as Cooperativas de Crédito sob a
supervisão do BACEN em funcionamento no Brasil na data de 27/02/2015. A amostra é
composta por 22 Cooperativas de Crédito de Livre Admissão que responderam o
questionário. Os resultados demonstraram que os riscos com maior probabilidade de
ocorrência, na maioria das cooperativas analisadas, é o risco operacional e o risco de crédito.
Em relação à gestão de riscos, de modo geral, os resultados indicaram que as instituições
analisadas se assemelham no que se refere aos processos de identificação de riscos, processos
de avaliação dos riscos e processos de comunicação dos riscos, pois os valores de entropia
obtidos ficaram próximos a 1 e não se mostraram muito divergentes entre si. Conclui-se que,
de maneira geral, as cooperativas de crédito pesquisadas buscam meios e utilizam-se de
métodos para gerenciar os riscos de uma forma bastante semelhante e de maneira expressiva.
Abstract
The aim of this study is to examine the risk management processes in Brazilian credit unions.
To this end, we carried out a descriptive study, conducted by questionnaire and quantitative
analysis of data using the informational entropy. The study population comprised the Credit
Unions under the supervision of the Central Bank operating in Brazil on the date of
02.27.2015. The sample consists of 22 Free Credit Unions Admission answered the
questionnaire. The results demonstrated that the risks most likely to occur in most of the
analyzed cooperatives is operational risk and credit risk. In relation to risk management, in
general, the results indicated that the institutions analyzed are similar with regard to the risk
identification process, risk assessment processes and risk communication processes because
the entropy values were near to 1 and it was not very divergent. We conclude that, in general,
the surveyed credit unions seek means and methods are used to manage risks in a very similar
way and expressively.
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
Neste capítulo são abordados os aspectos conceituais dos riscos e categorias de riscos,
bem como da gestão de riscos em instituições financeiras.
2.1 Riscos e categorias de riscos
O sistema financeiro possui especificidades operacionais que o diferenciam dos
demais setores, a função de intermediar recursos entre os investidores e os tomadores de
recurso faz com que as instituições financeiras estejam no centro do fluxo econômico,
desencadeando inúmeros riscos (CAPELETTO; CORRAR, 2008).
O risco é definido em termos da possibilidade de perigo, perda, prejuízos, dano ou
outras consequências adversas que pode vir a ocorrer no futuro (KLINKE; RENN, 2002;
COLLIER; BERRY; BURKE, 2007). De acordo com Renn (1992), o termo risco corresponde
à possibilidade de que um estado indesejável da realidade (efeitos adversos), pode ocorrer
como resultado de eventos naturais ou de atividades humanas, podendo ocasionar resultados
indesejáveis.
Os riscos têm sido comumente atribuídos a fatores externos ou internos à instituição
(MILLER, 1992; FERMA, 2002; HAGIGI; SIVAKUMAR, 2009). Nesta mesma linha de
considerações, Hagigi e Sivakumar (2009) caracterizam os riscos como exógenos, quando
eles se originam externamente e, endógenos quando eles surgem de dentro da instituição.
Os riscos podem ser também categorizados. Nas instituições financeiras há quatro
grandes categorias de riscos: risco de mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal
(DUARTE JUNIOR, 2001; TOSINI, 2007; MIKES, 2009). O risco estratégico também é
citado pela FERMA (2002) como uma classificação importante de riscos. Al-Tamimi e Al-
Mazrooei (2007) apresentam também outros riscos presentes em instituições financeiras como
o risco de liquidez e, o risco de reputação. Conforme Amaral et al. (2009) nas cooperativas,
assim como em outras instituições financeiras, há incidência dos diversos tipos de riscos do
setor bancário.
O risco de mercado decorre de mudanças no valor dos ativos e passivos financeiros,
devido à volatilidade dos preços de mercado (MIKES, 2009). Se relaciona com a gestão e
controles eficazes dos meios financeiros da organização (FERMA, 2002). No entendimento
de Duarte Junior (2001), esse tipo de risco depende do comportamento do preço do ativo
diante das condições de mercado. Taxas de juros, disponibilidade de crédito, taxas de câmbio,
preço das commodities, são exemplos de riscos de mercado (DUARTE JUNIOR, 2001;
FERMA, 2002; MIKES, 2009).
O risco de crédito decorre de mudanças no valor dos ativos e exposições fora do
balanço, devido à volatilidade das taxas de inadimplência ou qualidades de crédito (MIKES,
2009). Possíveis perdas podem ocorrer quando uma contraparte não honra seus
compromissos, ou seja, não cumpre com as obrigações que foram pactuadas (CROUHY;
GALAI; MARK, 1994; DUARTE JUNIOR, 2001; BRITO; ASSAF NETO, 2008; MIKES,
2009).
O risco operacional é o risco associado às falhas relacionadas aos processos internos,
pessoas e/ou sistemas, ou o impacto de eventos externos (WANG; HSU, 2013). Está atrelado
aos assuntos quotidianos da organização (FERMA, 2002), atribui-se a possíveis perdas
decorrentes de sistemas e controles inadequados, falhas de gerenciamento, fraudes e erros
humanos, e ainda, capta todos os riscos não cobertos nas demais categorias (CROUHY;
GALAI; MARK, 1994; DUARTE JUNIOR, 2001; MIKES, 2009).
O risco estratégico se relaciona com os objetivos estratégicos da organização a longo
prazo. Podem ser afetados por questões políticas, alterações jurídicas e regulamentares,
reputação e mudanças no ambiente físico. São exemplos de riscos estratégicos a concorrência,
variações no consumo, modificações da atividade, oferta, demanda, fidelização de clientes e,
pesquisa e desenvolvimento (FERMA, 2002).
O risco legal está relacionado às possíveis perdas quando um contrato não pode ser
legalmente amparado. É possível incluir riscos de perdas por documentação insuficiente,
insolvência, ilegalidade, falta de representatividade e/ou autoridade por parte de um
negociador, dentre outros (DUARTE JUNIOR, 2001).
O risco de liquidez está associado à escassez ou insuficiência de recursos disponíveis
para o cumprimento de obrigações. Nas instituições financeiras ele está associado aos
desequilíbrios entre ativos negociáveis e passivos exigíveis (GONÇALVES; BRAGA, 2008).
Já o risco de reputação está relacionado com a imagem das instituições financeiras junto à
sociedade e é considerado importante para o sucesso do conjunto de suas atividades (TOSINI,
2007).
Independentemente da categoria de risco, seus efeitos indesejáveis podem ser evitados
ou mitigados se os eventos causais ou ações forem impedidos ou modificados (RENN, 1992).
As organizações que gerenciam os riscos eficaz e eficientemente, são mais propensas a atingir
os seus objetivos (STANDARDS AUSTRALIA, 2004). Um gerenciamento de riscos
corporativos, formulado e executado adequadamente, será capaz de oferecer à organização
uma garantia razoável do cumprimento de seus objetivos. A garantia razoável deve-se ao fato
de que incertezas e riscos se relacionam com o futuro, o qual ninguém é capaz de prever com
exatidão (COSO, 2004).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Em conformidade à problemática do estudo e, a fim de atender ao objetivo proposto, a
pesquisa se caracteriza como quantitativa no que se refere ao método de tratamento e análise
dos dados, descritiva quanto ao objetivo e, aplicação de questionário no que tange aos
procedimentos de coleta dos dados.
A população do estudo compreendeu as Cooperativas de Crédito sob a supervisão do
BACEN em funcionamento no Brasil na data de 27/02/2015. A amostra por sua vez é
composta por 22 Cooperativas de Credito de Livre Admissão que responderam o
questionário. Vale ressaltar que foram consideradas para a aplicação do estudo apenas as
unidades sedes das cooperativas em questão.
Para coleta dos dados foi desenvolvido um questionário tipo escala likert de 1 a 7
pontos, com base na metodologia do COSO (2004), dividido em 5 etapas. A primeira etapa se
refere aos tipos de riscos enfrentados pelas instituições, a segunda etapa se destina à
identificação de riscos, a terceira etapa contempla a avaliação de riscos, a resposta aos riscos
está na quarta etapa e a quinta e última etapa se refere à comunicação dos riscos. Os
respondentes foram solicitados a indicar o seu grau de concordância com cada uma das
perguntas sobre uma escala likert de sete pontos.
Para avaliar a validade de conteúdo do questionário foi solicitado a duas cooperativas
de crédito para examinar as escalas, sendo que estes avaliaram positivamente e não sugeriram
alterações. Os questionários foram enviados via google docs ao e-mail das cooperativas de
crédito, conforme cadastro no BACEN e destinado ao gerente de cada instituição.
Para análise dos dados foi utilizado estatística descritiva e entropia da informação. A
entropia da informação conforme Zeleny (1982) é uma medida simples, porém importante,
devido à quantidade de informações fornecidas com base em uma fonte de informação dada e,
a fórmula do cálculo da entropia ocorre por meio de alguns passos predefinidos:
1 2
Sejam d i d i , d i ,..., d i
m
os valores normalizados, em que: d ik
x ik
x *i
, caracteriza o
Quanto maior for e(di) menor é a informação transmitida pelo i-ésimo atributo. Caso
e(di)=emax=Ln(m), então o i-ésimo atributo não transmite informação e pode ser removida da
~
análise decisória. Em virtude do peso i ser inversamente relacionado a e(di), usa-se 1-e(di)
~ n ~
ao invés de e(di) e normaliza-se para assegurar que 0 i 1 e i 1.
i 1
Assim, a entropia da informação pode ser representada por:
1
1 ed i 1 ed i .
~
i
nE nE
Entropia ~
Nº Perguntas - Ocorrência de Riscos Peso i
( )
1 Risco de Mercado 0,9786 0,1405
2 Risco de Crédito 0,9817 0,1198
3 Risco Operacional 0,9831 0,1105
4 Risco Estratégico 0,9773 0,1487
5 Risco Legal 0,9704 0,1940
6 Risco de Liquidez 0,9563 0,2865
Total 5,8474 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Na Tabela 1 é possível verificar que dois tipos de riscos atingiram o valor mais
elevado de e(di), ou seja, 0,9831 e 0,9817. Quanto menor for o e(di), segundo Zeleny (1982),
maior será a informação transmitida por ele, ou seja, o grau da entropia será maior quanto
mais distante de 1 for o e(di). Portanto, no caso deste estudo, quando os valores de entropia
estiverem próximos a 1, significa que não há dispersão de informação, sinalizando que as
cooperativas de crédito pesquisadas enfrentam determinados tipos de riscos.
O risco operacional e o risco de crédito, obtiveram, respectivamente, os maiores
valores de entropia e(di). Esse resultado indica que a probabilidade de ocorrência desses dois
tipos de riscos é maior para a maioria das cooperativas de crédito analisadas. Tais resultados
corroboram o estudo de Hassan Al-Tamimi e Mohammed Al-Mazrooei (2007) que
verificaram que o risco de crédito e risco operacional são os tipos mais importantes de risco
que enfrentam os bancos comerciais dos Emirados Árabes Unidos.
Nota-se também na Tabela 1 que o risco de liquidez apresentou o menor e(di), 0,9563,
~
consequentemente resultando no maior peso ( i ), ou seja, este tipo de risco foi o que
apresentou maior dispersão da informação, sinalizando que sua ocorrência é menor no
conjunto das instituições pesquisadas. Tal resultado corrobora os achados do estudo de
Gonçalves e Braga (2008) cuja constatação é que a maior parte das cooperativas de economia
e crédito mútuo de Minas Gerais não está em risco de liquidez, em razão, principalmente, da
adequação das cooperativas investigadas às exigências das instituições normatizadoras e
supervisoras, em relação ao controle deste tipo de risco. Na sequência, estão evidenciados, na
Tabela 2, os resultados do cálculo da entropia dos processos de identificação de riscos.
Entropia ~
Nº Perguntas – Processos de Identificação de Riscos Peso i
( )
A instituição possui processos formais para identificar os riscos em potencial que,
se ocorrerem, afetarão a organização e determina se estes podem ter algum efeito
1 0,9872 0,2286
adverso na sua capacidade de implementar adequadamente a estratégia e alcançar
os objetivos.
A instituição considera uma variedade de fatores internos e externos que podem
2 0,9829 0,3058
dar origem a riscos e a oportunidades no contexto de toda a organização.
A instituição considera examinar tanto eventos passados quanto potenciais
3 0,9939 0,1096
eventos futuro para identificar riscos.
A instituição procura entender o modo pelo qual os eventos que ocasionam riscos
4 0,9919 0,1444
se inter-relacionam.
A instituição busca agrupar em categorias os eventos semelhantes que
5 0,9882 0,2115
potencialmente ocasionam riscos.
Total 4,9441 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Constata-se na Tabela 2 que dois processos para identificação dos riscos atingiram o
valor mais elevado de e(di), ou seja, próximo a 1. O maior e(di) diz respeito ao processo nº 3
que se refere a examinar tanto eventos passados quanto potenciais eventos futuro para
identificar riscos. O segundo maior e(di) se refere ao processo nº 4 que versa sobre entender o
modo pelo qual os eventos que ocasionam riscos se inter-relacionam. Os resultados
evidenciam que a maioria das cooperativas de crédito investigadas possuem essas duas
práticas para identificação de riscos em suas instituições. Tais resultados demonstram também
que as instituições analisadas são conhecedoras das técnicas de gestão de riscos, pois de
acordos com o COSO (2004), as organizações mais avançadas em termos de gerenciamento
de riscos corporativos, utilizam uma combinação de técnicas que incorporam eventos
passados e potenciais eventos futuros. Além disso, conforme o COSO (2004) os eventos que
geram riscos não ocorrem de forma isolada, nesse sentido, para identificar os riscos a
administração precisa entender o modo pelo qual os eventos se inter-relacionam, isso
possibilita determinar em que pontos os esforços da gestão de riscos estarão bem
direcionados.
O menor e(di), 0,9829 encontra-se no processo nº 2 (a instituição considera uma
variedade de fatores internos e externos que podem dar origem a riscos e a oportunidades no
contexto de toda a organização). Embora seja o menor valor de e(di) obtido, não está muito
distante de 1, sinalizando que esse procedimento está sendo realizado pelas cooperativas de
crédito pesquisadas, porém, de maneira menos recorrente que os demais processos. Na
sequência, evidencia-se, na Tabela 3, os resultados do cálculo da entropia dos métodos de
identificação de riscos.
Entropia ~
Nº Perguntas – Métodos de Identificação de Riscos Peso i
( )
1 Inspeção pelo gerente de risco da instituição 0,9875 0,0620
2 Auditoria ou inspeção física 0,9718 0,1403
3 Análise das Demonstrações Financeiras 0,9857 0,0712
4 Levantamento de Riscos 0,9853 0,0728
5 Análises de Processo 0,9886 0,0566
6 Análise de SWOT (forças, fraquezas, oportunidades, ameaças) 0,9761 0,1189
7 Inspeção por perito externo 0,9631 0,1833
8 Análise de Cenários 0,9810 0,0944
9 Análise de eventos passados 0,9872 0,0636
10 Análise de tendências 0,9820 0,0894
11 Comunicação interna, como entrevistas com os funcionários 0,9904 0,0476
Total 10,7987 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 3 – Métodos de identificação de riscos
Entropia ~
Nº Perguntas – Processos de Avaliação dos Riscos Peso i
( )
1 A instituição avalia a probabilidade e o impacto de ocorrência de riscos. 0,9936 0,0835
2 Os riscos são avaliados por meio de métodos de análise quantitativa. 0,9876 0,1627
Os riscos são avaliados por meio de métodos de análise qualitativa (por exemplo,
3 0,9866 0,1754
alto, moderado, baixo).
Ao avaliar riscos, a administração considera futuros eventos em potencial
4 pertinentes à instituição e às suas atividades como tamanho da instituição, 0,9905 0,1247
complexidade das operações e grau de regulamentação de suas atividades.
Ao avaliar riscos, a administração leva em consideração eventos previstos e
5 0,9932 0,0887
imprevistos.
O horizonte de tempo empregado para avaliar riscos condiz com o tempo das
6 0,9904 0,1255
estratégias e objetivos relacionados a esses riscos.
A instituição emprega as mesmas técnicas de avaliação de riscos para todas as
7 0,9817 0,2394
suas unidades de negócios.
Total 6,9237 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
É possível observar, na Tabela 4, que os maiores e(di) iguais a 0,9936, 09932, 0,9905 e
0,9904 encontram-se nos processos nº 1 (a instituição avalia a probabilidade e o impacto de
ocorrência de riscos), nº 5 (ao avaliar riscos, a administração leva em consideração eventos
previstos e imprevistos), nº 4 (ao avaliar riscos, a administração considera futuros eventos em
potencial pertinentes à instituição e às suas atividades como tamanho da instituição,
complexidade das operações e grau de regulamentação de suas atividades) e nº 6 (o horizonte
de tempo empregado para avaliar riscos condiz com o tempo das estratégias e objetivos
relacionados a esses riscos). Significa dizer que esses processos de avaliação de riscos são
utilizados pela maioria das instituições analisadas.
Ao avaliar a probabilidade e o impacto da ocorrência de riscos, é importante que a
análise seja racional e cuidadosa, pois envolve a avaliação de uma série de riscos que uma
organização enfrenta, por esse motivo se torna uma tarefa difícil e desafiadora (COSO, 2004).
A avaliação de riscos previsto e imprevistos também é importante nas instituições, pois de
acordo com o COSO (2004) muitos eventos são rotineiros e recorrentes enquanto que outros
são imprevistos e podem causar um impacto significativo na organização.
O COSO (2004) ressalta a importância da administração considerar eventos futuros
pertinentes à instituição e às suas atividades como tamanho da instituição, complexidade das
operações e grau de regulamentação de suas atividades, para avaliar os riscos, pois embora
alguns fatores sejam comuns às organizações, via de regra, os eventos resultantes são
particulares, tendo em vista os objetivos estabelecidos e decisões anteriores pelas instituições.
O horizonte de tempo empregado para avaliar riscos precisa ser consistente com o
tempo das estratégias e objetivos relacionados a esses riscos, desta forma, a organização ao
avaliar riscos, precisa levar em consideração também os cenários de prazos mais longos a fim
de não ignorar riscos que possam estar mais adiante (COSO, 2004).
O processo nº 7 que trata-se da instituição empregar as mesmas técnicas de avaliação
de riscos para todas as suas unidades de negócios, apresentou menor e(di), 0,9817,
significando que dentre os processos propostos é o menos utilizado, no entanto, esse valor não
é muito distante de 1, expressando que não há uma diferença acentuada para os processos
mais utilizados, o que demonstra pouca variabilidade. Na Tabela 5 estão descritos os cálculos
de entropia relativos aos métodos de avaliação dos riscos.
Entropia ~
Nº Perguntas – Métodos de Avaliação de Riscos Peso i
( )
1 Comparação com Referências de Mercado (Benchmarking) 0,9850 0,0633
2 Valor em risco (value-at-risk) 0,9719 0,1182
3 Fluxo de caixa em risco 0,9736 0,1114
4 Receitas em risco 0,9782 0,0919
5 Medições de sensibilidade 0,9733 0,1125
6 Teste de estresse 0,9605 0,1665
7 Análises de cenários 0,9854 0,0616
8 Entrevistas e seminários 0,9730 0,1136
9 Questionários de auto avaliação 0,9618 0,1610
Total 8,7626 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Entropia ~
Nº Perguntas – Processos de Resposta aos Riscos Peso i
( )
1 A instituição considera descontinuar uma atividade/produto que gere riscos. 0,9782 0,2352
Na instituição são adotadas medidas para reduzir a probabilidade ou o impacto dos
2 0,9919 0,0871
riscos, ou, até mesmo, ambos.
Na instituição procura-se reduzir a probabilidade ou o impacto dos riscos pela
3 0,9896 0,1120
transferência ou pelo compartilhamento de uma porção do risco.
Na instituição nenhuma medida é adotada para afetar a probabilidade ou o grau de
4 0,9475 0,5656
impacto dos riscos.
Total 3,9073 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Entropia ~
Nº Perguntas – Métodos de Resposta aos Riscos Peso i
( )
1 Descontinuação de uma linha de produtos 0,9704 0,1520
2 Declínio da expansão em um novo mercado geográfico 0,9686 0,1608
3 Investimentos em tecnologia 0,9883 0,0602
4 Análises de negócios 0,9894 0,0542
5 Aquisição de seguros 0,9772 0,1170
6 Realização de transações de headging 0,9542 0,2349
7 Terceirização de uma atividade 0,9569 0,2209
Total 6,8049 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Entropia ~
Nº Perguntas – Processos de Comunicação dos Riscos Peso i
( )
1 Os funcionários são instruídos sobre seus deveres e obrigações na instituição. 0,9936 0,1441
Todos os empregados recebem uma mensagem clara da alta administração sobre a
2 0,9893 0,2420
importância do gerenciamento de riscos corporativos.
A comunicação dos riscos e políticas de risco flui em todos os níveis e setores da
3 0,9867 0,3012
instituição.
4 Há uma comunicação dos riscos com clientes, fornecedores, órgãos reguladores e 0,9862 0,3127
associados.
Total 3,9558 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
Entropia ~
Nº Perguntas – Métodos de Comunicação dos Riscos Peso i
( )
1 Manuais de políticas 0,9832 0,0740
2 Memorandos 0,9683 0,1396
3 Mensagens de correio eletrônico 0,9782 0,0959
4 Notificações em quadros de avisos 0,9602 0,1753
5 Mensagens pela Internet 0,9662 0,1489
6 Mensagens gravadas em vídeo 0,9325 0,2974
7 Reuniões 0,9844 0,0689
Total 6,7730 1,0000
Fonte: Dados da pesquisa
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação à identificação de riscos, os resultados revelam que os riscos com maior
probabilidade de ocorrência na maioria das cooperativas analisadas é o risco operacional e o
risco de crédito. Quanto aos processos de identificação de riscos, os resultados evidenciam
que a maior parte das cooperativas de crédito investigadas procuram examinar tanto eventos
passados quanto potenciais eventos futuro e entender o modo pelo qual os eventos que
ocasionam riscos se inter-relacionam, para identificação de riscos em suas instituições. Já em
relação aos métodos de identificação de riscos a maioria das cooperativas de crédito
analisadas utilizam em maior proporção a comunicação interna, com entrevistas com os
funcionários e a análise de processos, além destas, destacam-se também a inspeção pelo
gerente de risco da instituição, a análise de eventos passados, a análise das demonstrações
financeiras e o levantamento de riscos.
No tocante à avaliação dos riscos, os resultados demonstraram que os processos mais
utilizados referem-se primeiramente à instituição avaliar a probabilidade e o impacto de
ocorrência de riscos, na sequência, o processo em que ao avaliar riscos, a administração leva
em consideração eventos previstos e imprevistos, também mostrou-se relevante. Dois
métodos de avaliação de risco apresentaram valor de entropia mais próximos a 1, isso
significa que são os métodos mais utilizados pela maioria das cooperativas para avaliar riscos,
são eles a análise de cenários e a comparação com referências de mercado (benchmarking).
Quanto à resposta aos riscos, os resultados evidenciaram que a maioria das
cooperativas de crédito analisadas adotam como resposta aos riscos medidas para reduzir a
probabilidade ou o impacto dos riscos, ou, até mesmo, ambos, e procura-se reduzir a
probabilidade ou o impacto dos riscos pela transferência ou pelo compartilhamento de uma
porção do risco, indicando que as cooperativas de crédito pesquisadas buscam meios para
reduzir a ocorrência de riscos ou seus impactos nas atividades da instituição e buscam meios
para compartilhar esses riscos. Os métodos de resposta aos riscos mais utilizados pelas
cooperativas de crédito pesquisadas, referem-se à análise de negócios e investimentos em
tecnologia, ambos os métodos visam reduzir riscos.
No que se refere à comunicação dos riscos, os resultados indicaram que de modo
geral, todos os processos de gestão de riscos sugeridos são amplamente utilizados pelas
instituições pesquisadas, haja vista que houve pouca variabilidade nos valores de entropia
calculados, indicando que as instituições possuem uma comunicação eficaz conforme
estabelecido pelo COSO (2004), no entanto, o processo que mais se destacou na comunicação
dos riscos é o fato dos funcionários serem instruídos sobre seus deveres e obrigações na
instituição. Dois métodos de comunicação risco apresentaram valor de entropia mais
próximos a 1, são eles: as reuniões e os manuais de políticas, desta forma, estes são os
métodos mais utilizados pela maioria das cooperativas para comunicação de riscos.
De modo geral, pode-se concluir que as instituições analisadas se assemelham no que
se refere aos processos de identificação de riscos, processos de avaliação dos riscos e
processos de comunicação dos riscos, pois os valores de entropia obtidos ficaram próximos a
1 e não se mostraram muito divergentes entre si. Conclui-se também que, de maneira geral, as
cooperativas de crédito pesquisadas buscam meios e utilizam-se de métodos para gerenciar
riscos de uma forma bastante semelhante e de maneira expressiva.
Os resultados deste estudo despertam interesse em novas pesquisas, sendo assim,
sugere-se analisar variáveis que possam estar relacionadas com o nível de gerenciamento de
riscos, bem como fazer replicação do estudo em outras instituições financeiras e realizar
comparações entre elas.
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REPRESENTATIVIDADE FEMININA NA GESTÃO ESTRATÉGICA EM
COOPERATIVAS NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Larissa Lappe
Mestranda em Ciências Contábeis e Administração
larissa.lappe@unochapeco.edu.br
Cristina Vaccari
Mestranda em Ciências Contábeis e Administração
Bolsista do Programa Uniedu Pós-Graduação
crisvaccari@unochapeco.edu.br
RESUMO
Este estudo foi desenvolvido com a finalidade de identificar a representatividade feminina na
gestão estratégica em cooperativas na região Sul do Brasil. A participação da mulher nos mais
diversos tipos de organizações de trabalho sofreu modificações significativas ao longo do
tempo, evoluindo historicamente, retratada na fundamentação teórica do estudo que aborda
conceitos de cooperativa, cooperativismo, gestão estratégica e gestão feminina. Para o
desenvolvimento da pesquisa adotou-se abordagem qualitativa, por meio do método
exploratório-descritivo. Os dados foram coletados junto aos órgãos de representação das
cooperativas no estado do Paraná (OCEPAR), Rio Grande do Sul (OCERGS) e Santa Catarina
(OCESC) entre os meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Os principais resultados
obtidos apontam que a representatividade feminina na gestão de Cooperativas ainda é baixa,
revelando que alguns ramos do cooperativismo nas unidades pesquisadas não possuem
mulheres atuando em cargos eletivos.
Abstract
This study was developed in order to identify the female representation in the strategic
management of cooperatives in southern Brazil. Women's participation in various types of work
organizations has undergone significant changes over time, evolving historically, portrayed in
the theoretical basis of the study which deals with cooperative concepts, cooperativism,
strategic management and female management. For the development of research was adopted
a qualitative approach, through exploratory and descriptive method. Data were collected from
the representation of cooperatives in the state of Paraná State (OCEPAR), Rio Grande do Sul
State (OCERGS) and Santa Catarina State (OCESC ), between the months of December 2015
and January 2016. The main results indicate that female representation in cooperatives
management is still low, revealing that some branches of cooperativism in the surveyed units
do not have women serving in elected (office) positions.
Nas atividades de identificação da estratégia, ocorre a análise dos elementos que podem
ser vistos como problemáticos, e o que constitui uma oportunidade ou ameaça, para contemplar
o planejamento e a missão organizacional. As atividades de diagnóstico da estratégia,
representam a tentativa de compreender a estrutura e a causa dos problemas, por meio da
investigação dinâmica dos ambientes interno e externo, é a etapa de formulação da estratégia.
A concepção da estratégia refere-se às ações de implementação de uma solução potencial, que
permita a organização atingir seus objetivos. Aqui são definidas as opções estratégicas
possíveis, de acordo com a capacidade da empresa em executá-las, reações da concorrência e
as possibilidades de acompanhamento. Atividades de acreditação da estratégia, envolvem o
processo de decisão e de implementação de ações para alcançar os resultados, cabendo aos
gestores o controle das atividades em curso e o alinhamento destas com o planejamento.
Apesar das atividades de formação da estratégia serem apresentadas em ordem, sua
aplicação prática pode não se configurar nessa ordem dentro das organizações. Para Reis (2014,
p. 46) “[...] o modo como essas fases acontecem é que moldam e identificam o processo com a
organização, ou seja, diferenciam um processo de uma organização de outra”.
Ao encontro dos autores De Wit e Meyer (2010) em referência à formação do processo
estratégico, Barney e Hesterly (2007) descrevem-no em etapas semelhantes, conforme retratado
abaixo:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSTRACT
The research aims to verify the profiles of studies on the subject organizational resilience,
published in the Scopus database from 1992 to 2015. The area of knowledge selected for the
search data is Social Sciences & Humanities. In the definition of the sample, by reading the
titles and / or summary of articles of a total 9,011 related periodic organizational management
obtained a sample of 107 articles. The categories of analysis, the following were established:
distribution of production in the period, geographical distribution of scientific, scientific
distribution subarea of knowledge, author of productivity, articles with greater impact, age
and volume quotes, articles for the magazine, often key words and finally a qualitative
analysis of the organizational resilience of articles published specifically in the area of
accounting. The results, among other things, show that scientific production in organizational
resilience has evolved considerably. The country had the highest number of publications, 41
articles, is the United States. The distribution of scientific production by subarea of
knowledge, signals the occurrence of production through partnership areas. Qualitative
analysis in organizational resilience research, found four studies related to management
accounting, having noticed that resilience is employed as resistance or a way to resist change
and that accounting can contribute in terms of management of resilience organizational.
1 INTRODUÇÃO
As concorrências, dentre outras instabilidades do ambiente empresarial, desafiam as
organizações a serem flexíveis, ágeis e dinâmicas para que possam se manter no mercado e
prosperar. Desta forma, as organizações necessitam ser capaz de sobreviver e prosperar em
ambientes complexos e incertos (LENGNICK-HALL; BECK; LENGNICK-HALL, 2011).
Uma forma de garantir a sobrevivência e o desempenho organizacional esperado é por
intermédio do desenvolvimento de características resilientes, pois permite que as organizações
consigam sobreviver e resistir ao cenário incerto de negócios competitivos (DERVITSIOTIS,
2003). No contexto organizacional, a resiliência é definida como a capacidade de um sistema
para lidar com a mudança (WIELAND; WALLENBURG, 2013), ou como uma capacidade
proativa da tomada de medidas, antes de uma necessidade final e, a qualidade reativa para o
reestabelecimento, após a ocorrência de um acontecimento súbito (VÄLIKANGAS, 2010).
Isso inclui a capacidade de prevenção ou resistência a um cenário incerto, como uma crise
financeira, bem como, o restabelecimento a um nível concebível de desempenho, em um
período de tempo aceitável, após um acontecimento negativo cujo impacto gere perdas
econômicas e financeiras severas (WIELAND; WALLENBURG, 2013).
Conforme Sutcliffe e Vogus (2003), uma organização tida como resiliente é capaz de
manter ajustes positivos em condições desafiadoras, prosperar e tornar-se melhor em
contextos instáveis, adquirindo esforços, por meio do planejamento estratégico para incentivar
a flexibilidade estratégica, bem como, possui capacidade de mudar rapidamente, com baixos
custos. Assim, a capacidade de resiliência em presumir a mudança rapidamente, pode ser
considerada uma fonte de oportunidade que gera transformações organizacional.
No contexto atual, as pressões da globalização, o apelo social pró sustentabilidade
ambiental, os reflexos da crise financeira, dentre outros aspectos, exigem que as organizações
se transformem continuamente e, desta forma, adquiram vantagem competitiva e capacidade
superior para reinventar seus modelos de negócios (HAMEL; VÄLIKANGAS, 2003). Deste
modo, a resiliência organizacional proporciona a capacidade de resistência e adaptação e a
busca de novas respostas para antigas perguntas e não simplesmente reproduzir respostas
organizacionais previamente utilizadas (GILLY; KECHIDI; TALBOT, 2014). Dada a
importância que a capacidade de resiliência possui para o entendimento dos sistemas, sejam
eles organizações, pessoas, ecossistemas naturais, diferentes disciplinas, a exemplo da
ecologia e psicologia, têm dedicado atenção ao tema. No entanto, no contexto organizacional,
apenas recentemente pesquisadores passaram a dar atenção à temática da resiliência e, em
decorrência disso, pouco se sabe sobre quais aspectos da resiliência são abordados, tornando-
se relevante conhecer o atual estado da arte da pesquisa sobre resiliência em organizações.
Uma forma de conhecer o atual estado da arte, no que concerne as pesquisas na área
organizacional sobre o tema resiliência, é por intermédio da bibliometria, uma vez que,
segundo Spinak (1996, p. 143), a bibliometria ― estuda a organização dos setores científicos e
tecnológicos a partir das fontes bibliográficas e patentes para identificar os atores suas
relações e suas tendências‖. Logo, o estudo bibliométrico possibilita uma visão globalizada da
atividade científica, podendo estimar sua posição em um contexto, mensurar e avaliar o estado
da arte das pesquisas cientificas para as mais diversas finalidades (SILVA; BIANCHI, 2001).
Diante disso, no estudo, a bibliometria é aplicada para responder a seguinte questão problema:
qual o perfil bibliométrico dos estudos sobre resiliência organizacional? Em decorrência da
questão de pesquisa, o artigo tem por objetivo descrever características bibliométricas dos
estudos sobre resiliência organizacional, publicados na base de dados Scopus.
Considerando-se que a análise bibliométrica contribui para apontar evidencias e
tendências sobre o caráter de cientificidade das disciplinas e que sua aplicação possibilita
analisar a evolução de determinada área de pesquisa (LEITE; SIQUEIRA, 2007), o estudo
justifica-se por indicar como a contabilidade tem contribuído para a evolução da resiliência
nas organizações; contribui para disseminar o conhecimento já consolidado, indicar autores,
periódicos e contextos que podem ser tomados como referência para demais pesquisadores
interessados sobre o tema; bem como, indica lacunas de pesquisas uteis ao desenvolvimento
dos estudos sobre resiliência organizacional.
2 RESILIÊNCIA ORGANIZACIONAL
O conceito de resiliência difundiu-se na ecologia, com o trabalho de Holling (1973),
que enfatizou a capacidade de desenvolver sistemas que possam absorver e adaptar-se a
eventos futuros em qualquer situação em que estes se encontram. O termo é utilizado para
descrever a persistência dos sistemas naturais em situações de distúrbios e sua capacidade de
reorganizar-se ecologicamente e fisicamente (SEELIGER; TUROK, 2013).
No contexto organizacional, a resiliência pode ser conceituada como a persistência do
ambiente das empresas, por meio das mudanças que ocorrem (AHERN, 2013), sendo
abordada como uma característica positiva e desejável, normalmente aplicada para melhorar a
eficiência das organizações (LIMNIOS et al., 2014). Conforme os referidos autores, a
resiliência organizacional é pesquisada em literaturas de aprendizagem organizacional, gestão
de recursos humanos, psicologia, não sendo adequadamente teorizada, em vista disso, em
muitas pesquisas não é considerada como um componente de estratégia corporativa, mas sim,
como um elemento para explicar a resistência, prospecção e flexibilidade organizacional.
Segundo Sutcliffe e Vogus (2003), a resiliência organizacional pode ser desenvolvida
em resposta a uma crise ou quando os gestores são confrontados com novas dificuldades.
Conforme Chewning, Lai e Doerfel (2012), a resiliência organizacional é caracterizada como
a capacidade das partes afetadas para comunicar e, rapidamente se reorganizar em períodos de
mudança, envolve a capacidade de responder a situações, bem como, se criar novas soluções.
A resiliência está concentrada em fatores sociais e culturais dentro das organizações
que contribuem para a capacidade destas em sobreviver e prosperar em tempos de crise
(STEPHENSON; JOHN; SEVILLE, 2010). Desta forma, a resiliência organizacional é
determinada por duas fases; a fase de emergência e a de adaptação. Na fase de emergência, os
líderes avaliam as causas das perturbações que ocorrem no ambiente e desenvolvem a
capacidade de prosperar na nova realidade. Na fase de adaptação deve ocorrer um momento
em que os líderes organizacionais podem rever e reformular regras. Entretanto, para o alcance
da resiliência, conforme Stephenson, John e Seville (2010), as organizações precisam aplicar
recursos em fatores físicos, tais como infraestrutura, máquinas e equipamentos e em fatores
financeiros, tais como investimentos em produtos, pessoal, indústria, cadeia de suprimentos,
dentre outros.
Apesar de Luthar (2000) considerar que não existe um consenso na forma de
operacionalização e mensuração dos fatores envolvidos com a resiliência organizacional,
Souza, Gomes e Carvalho (2011) entendem que a mensuração da capacidade de resiliência
organizacional é obtida por meio do entendimento de como os diferentes fatores
organizacionais que influenciam a execução das atividades são gerenciados, tais como,
comunicação, instalações e equipamentos, atividades de grupos e interfaces de trabalho,
políticas, procedimentos e documentação, papéis e responsabilidades, estrutura das tarefas,
treinamento e experiência.
Isso posto, pode-se compreender que a resiliência organizacional é geralmente
aplicada como estratégica, para obter capacidade rápida em retomar os níveis de desempenho
esperados (LENGNICK-HALL; BECK; LENGNICK-HALL, 2011). Deste modo, a forma
como uma organização utiliza recursos como financeiro, relacional, estrutural e tecnológico
podem diferenciá-la e caracterizá-la como resiliente (CHEWNING; LAI; DOERFEL, 2012).
3 BIBLIOMETRIA
A bibliometria, ao estudar a produção científica e tecnológica, com base em fontes
bibliográficas e patentes, contribui para identificar pesquisadores e suas relações e tendências
de pesquisas (SPINAK, 1996). Para Fonseca (1986), a bibliometria pode ser entendida como
uma técnica estatística de medição dos índices de produção e disseminação do conhecimento
científico. Segundo Araújo (2006), a bibliometria evoluiu e passou a dedicar-se a
compreensão e análise de artigos e periódicos e a mensurar a produtividade de autores e
volumes de citações.
Leite Filho e Siqueira (2007) comentam que os estudos bibliométricos, na área
contábil, contribuem para compreender a qualidade da produção cientifica e que ao evidenciar
o fluxo documentado, a quantidade de publicações por autor ou instituição, gera benefícios e
possibilita o entendimento do que está sendo produzido na área contábil. Além disso, por
meio de leis bibliometricas é possível fazer a análise da produção científica (NICHOLAS;
RITHIE, 1978). Santos (2009) comenta que as principais leis de distribuição bibliométricas
são Lei de Bradford, Lei de Zipf e Lei de Lotka.
A lei de Bradford, conforme Santos (2009), estima a relevância de periódicos em uma
área especifica. Conforme Araujo (2006, p. 15), ― se dispormos periódicos em ordem
decrescente de produtividade de artigos sobre um determinado tema, pode-se distinguir um
núcleo de periódicos mais particularmente devotados ao tema e vários outros grupos ou zonas
que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo‖. Na perspectiva da lei de Bradford o
grupo de periódicos que contem 1/3 dos artigos publicados sobre determinado tema é tido
como ‗core‘ daquele assunto.
A lei de Zipf relaciona a frequência de ocorrência de palavras em um determinado
texto e apoiada no conceito de Ponto de Transição de Goffman favorece a indicação do
conteúdo semântico contido nos estudos (SILVA, 2009). A lei de Zipf determina de em um
texto, se as palavras forem listadas em ordem decrescente de frequência de ocorrência, a
graduação de uma palavra no texto será inversamente proporcional a frequência da palavra
pesquisada, conforme a seguinte formula (BOOTH, 1967):
Em que:
Y é a frequência de autores que publicam N número de artigos;
X1 a quantidade de autores que publicaram 1 único artigo;
n é o total de autores para o qual se deseja conhecer o valor de Y, por exemplo, n será igual a
4 se o objetivo é conhecer a quantidade de autores que publicaram 4 artigos;
2 é uma constante que sofre alteração de acordo com a área do conhecimento.
Outras variáveis de análise bibliométrica, comumente aplicadas em estudos, são
descritas no Quadro 1.
Variáveis Autores
Referências Liberatore; Solana; Guimarães (2007), Beuren e
Filiação dos autores Silva (2014)
Co-autoria
Idioma das citações
Total da produção bibliográfica por programa de pós-
graduação
Publicações por autor
Oliveira; Carvalho (2008)
Número total de periódicos abrangidos por um estudo, os
quais veiculam artigos referentes à determinada área.
Número total de artigos correspondentes à área do estudo.
Evolução quantitativa da produção;
Distribuição geográfica;
Filiação dos pesquisadores;
Colaboração entre autores;
Vanti (2002), Armero Barranco, Chaín Navarro
Lei de Lotka;
e Ros Garcia (2005) e Ferreira (2010), Beuren e
Produtividade dos autores;
Silva (2014)
Periódicos em que foram publicados;
Lei de Bradford; impacto dos artigos;
Lei de Zipf;
Frequência das palavras-chave.
Quadro 1 – Variáveis de análise bibliométrica
Fonte: Dados da Pesquisa.
4 ABORDAGEM METODOLOGICA
A pesquisa está fundamentada nos preceitos, leis e variáveis de análises preconizados
pela bibliometria. Quanto ao universo de investigação, compreende todos os artigos
publicados nos periódicos disponibilizados na base de dados Scopus, especificamente nas
grandes áreas de Social Sciences & Humanities. A escolha da base de pesquisa justifica-se
conforme Van e Stumpf (2010, p. 68), pela base de dados, ― produzida pela Elsevier desde
2004, oferece ampla cobertura da literatura científica e técnica publicada a partir do século
XIX em várias áreas do conhecimento‖. A área de conhecimento selecionada para a busca dos
dados, Social Sciences & Humanities, justifica-se pelo fato de que os estudos sobre resiliência
organizacional, estarem compreendidos nas áreas de ciências sociais, negócios, gestão e
contabilidade.
Para definição da amostra, no campo título, resumo e palavras-chave, utilizou-se as
seguintes palavras para recuperação: ― resilience‖ ou ― resiliency‖ ou ― organizational
resilience‖. O tipo de documento foi somente artigos e o período de análise todos os anos
disponíveis. O filtrou inicial resultou em 9.011 artigos. Em um segundo momento, incluiu-se
um filtro para direcionar a recuperação para estudos que envolvam a contabilidade, para tal,
dentre os 9.011 artigos recuperados foram filtrados aqueles classificados na subárea do
conhecimento intitulada pela Scopus como Business, Management and Accounting,
procedimento que resultou em 1106 artigos. Por meio da leitura dos títulos e/ou resumo dos
artigos, eliminou-se falsas recuperações. De um total 9.011 de periódicos de resiliência
relacionados a gestão organizacional, obteve-se uma amostra composta por 107 artigos, em
um recorte temporal dos anos de 1992 a 2015. Os artigos foram salvos em pasta específica no
próprio site da Scopus e posteriormente os dados bibliométricos exportados para planilha
eletrônica.
Quanto as categorias de análise, foram estabelecidas similarmente as constantes nos
estudos de Vanti (2002), Armero Barranco, Chaín Navarro e Ros Garcia (2005), Ferreira
(2010) e Beuren e Silva (2014) e constituem-se das seguintes informações: distribuição da
produção no período, distribuição geográfica da produção científica, distribuição científica
por subárea do conhecimento, segue-se com produtividade por autor, artigos com maior
impacto, idade e volume de citações, artigos por revista e, por fim, apresenta-se uma análise
qualitativa de alguns dos artigos de resiliência organizacional, especificamente os publicados
em periódicos da área contábil. Como limitações do estudo destaca-se que a amostra não pode
ser generalizada para outros temas na área de contabilidade; a grafia do nome dos autores,
principalmente no que se refere à abreviatura, pode gerar inconsistência nos dados (VANZ;
STUMPF, 2010). Além disso, a escolha da base de dados Scopus e o filtro de seleção dos
artigos pode representar um viés de pesquisa.
15
1998 1 2009 6
1999 1 2010 8
10 2000 1 2011 18
2002 1 2012 15
5 2004 4 2013 16
2005 3 2014 19
0 2006 2 2015 2
1992
1998
1999
2000
2002
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Citação Citação
Artigos Idade do artigo Absoluta Percentual* Relativa**
1 Youssef; Luthans (2007) 8 140 13,1 18
2 Luthans et al. (2008) 7 138 12,9 20
3 Luthans; Luthans; Luthans (2004) 10 77 7,2 8
4 Humphrey;Moizer; Turley (1992) 23 69 6,5 3
5 Lengnick-Hall; Beck (2005) 10 55 5,2 5
6 Craiq; Amernic (2004) 11 40 3,8 4
7 Roth; Multer; Raslear (2006) 9 39 3,7 4
8 West; Patema; Caesten (2009) 6 27 2,5 4
9 Reiter, S.A. (1998) 17 25 2,3 1
10 Winn at al. (2011) 4 24 2,3 6
Subtotal - 634 59,5 -
Demais artigos 97 432 40,5 -
Total 107 1.066 100,0%
*Proporção calculada com base no total de citações (1.066)
**Citação absoluta dividido pela idade do artigo
Tabela 4 - Artigos com maior impacto, idade e volume de citações
Fonte: dados da pesquisa.
6 CONCLUSÕES
A pesquisa objetivou verificar os perfis dos estudos sobre o tema resiliência
organizacional, publicados na base de dados Scopus, no período de 1992 a 2015. A área de
conhecimento selecionadas para a busca dos dados foi a Social Sciences & Humanities. Na
definição da amostra, por meio da leitura dos títulos e/ou resumo dos artigos, de um total
9.011 periódicos relacionados a gestão organizacional obteve-se uma amostra composta por
107 artigos.
Os resultados apontam que a produção científica em resiliência organizacional ao
longo dos anos tem evoluído consideravelmente, demonstrando como a temática tem se
tornado importante para as organizações adquirirem capacidade diferencial. O país que
apresentou a maior dimensão de produção foi os Estados Unidos. O Brasil apresentou
publicação de dois artigos, isso demonstra que as pesquisas em resiliência ainda são escassas
em nosso país. Além de que os estudos brasileiros, de Xavier, Bndeira e Marcon (2014)
publicados na revista Jounal Business Research está focado na área de economia política e
gestão institucional, e a pesquisa de Simões e Barros (2007) publicado na revista Management
Environmental Quality está direcionada para a área ambiental. Deste modo, necessita-se de
mais pesquisas dedicados a resiliência onde ocorra a contribuição da contabilidade, em
especial a contabilidade gerencial.
Quanto a distribuição da produção científica por subárea do conhecimento, o estudo
sinalizou a ocorrência de produção por meio de parceria entre áreas, onde há participação
conjunta de diferentes áreas de pesquisa, tais como, ciências ambientais, psicologia, artes e
humanidades, ciências da decisão, ciências sociais e economia, econometria, finanças, sendo
apropriada para integrar, explicar o gerenciamento das organizações em termos de minimizar
impactos, mudanças que possam vir a ocorrer e colaborar para que as organizações possuam
capacidade de resiliência.
Também, foram identificados que 90% dos autores, possuem um único artigo
publicado, além disso, o artigo de Youssef; Luthans (2007) apresentou o maior número de
citações, indicando ser um estudo de referência para diversos pesquisadores que tratam da
temática. Quanto as revistas com maior número de artigos publicados, destacaram-se a
Harvard Business Review e Journal of Economic Behavior and Organization com um
percentual de 6,54% do total.
A análise qualitativa realizada contemplou quatro estudos relacionadas a
contabilidade, constatando-se que o conceito de resiliência foi empregada como resistência ou
como uma forma de resistir a uma mudança e que a contabilidade pode contribuir em termos
de gerenciamento, mudanças nas organizações. Assim, as pesquisas apontam que a
contabilidade precisa ainda ser vista e aplicada como um incentivo para que as organizações
realizam mudanças que venham a contribuir com suas atividades e diminuir fraudes, erros que
comprometem sua organização.
A pesquisa contribui para a análise das publicações de estudos em resiliência, visto
que a pesquisa vem aumentando consideravelmente, porém constata-se a necessidade de
ampliar os estudos na área da contabilidade gerencial, cujo entendimento parece ser cada vez
mais necessário ao gerenciamento de organizações em cenários complexos. Para futuras
pesquisas, podem replicar o estudo em outras bases de dados e comparar os resultados com a
literatura nacional.
REFERÊNCIAS
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integrating ecology with urban planning and design. Landscape Ecology, v. 28, n. 6, p. 1203-
1212, 2013.
GILLY, J. P.; KECHIDI, M.; TALBOT, D. Resilience of organisations and territories: The
role of pivot firms. European Management Journal, v. 32, n. 4, p. 596-602, 2014.
HAMEL, G.; VALIKANGAS, L. The quest for resilience. Harvard Business Review, v. 81,
n. 9, p. 52−63. 2003.
HUMPHREY, C.; MOIZER, P.; TURLEY, S. The audit expectations gap—plus ca change,
plus c'est la meme chose? Critical Perspectives on Accounting, v. 3, n. 2, p. 137-161, 1992.
LEITE, F. G. A.; SIQUEIRA, R. L. Revista Contabilidade & Finanças USP: Uma análise
bibliométrica de 1999 a 2006. Revista Contabilidade e Finanças (RCF), vol. 1, nº 2, p. 102-
119, out/dez, 2007.
ODUM, EP.; BARRET, GW. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Thomson Learning. 612
p. 2007.
SEELIGER, L.; TUROK, I. Towards Sustainable Cities: Extending Resilience with Insights
from Vulnerability and Transition Theory.Sustainability, v. 5, n. 5, p. 2108-2128, 2013.
SILVA, A. J.; PINTO. J.; TOLEDO, F., J. R.; Análise bibliométrica dos artigos sobre
controladoria publicados em periódicos dos programas de pós-graduação em Ciências
Contábeis recomendados pela Capes. Revista da Associação Brasileira de Custos. Rio
Grande do Sul, v. IV, n 1, jan/abr. 2009.
VÄLIKANGAS, L. The resilient organization: how adaptive cultures thrive even when
strategy fails. McGraw Hill Professional. 2010.
VANTI, N. A. P. Da bibliometria à webometria: uma exploração conceitual dos mecanismos
utilizados para medir o registro da informação e a difusão do conhecimento Ciência da
Informação, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002.
Resumo:
Em agosto de 2013, a prefeitura municipal de Chapecó reformulou o sistema de coleta de lixo
realizado na região central da cidade. O programa de coleta, inspirado em um sistema
europeu, foi intitulado de “Chapecó Cidade Limpa”. Sob esse enfoque, o presente trabalho
objetivou analisar, através de uma pesquisa de opinião, a satisfação da população usuária do
novo sistema de coleta automatizada da cidade de Chapecó (SC), ou seja, os moradores da
área central da cidade. Para se atender tal objetivo, utilizou-se o modelo SERVQUAL, o qual
confronta as expectativas dos usuários com as suas percepções em relação ao serviço,
obtendo-se assim o índice de satisfação dos usuários com a qualidade do serviço. Os
resultados da pesquisa demonstraram que os serviços de coleta automatizada de lixo da cidade
de Chapecó apresentam níveis regulares de satisfação, pois em uma escala numérica de 5, a
média geral da percepção da população foi de 2,83, enquanto que a expectativa média em
relação ao serviço foi de 4,42. Isto representa que todos os serviços investigados carecem de
melhorias, visto que em nenhum dos atributos as percepções dos usuários com relação à
qualidade dos serviços conseguiu superar as expectativas dos clientes.
Abstract:
In Chapecó, the garbage collection service is provided by a third party company. In August
2013, the Chapecó municipality changed the wet waste collection system carried out in the
central region of the city. The collection program, inspired by a European system, was titled
"Chapecó clean city." This work was done through a survey intending to identify the
satisfaction of the population affected by the new automated collection system in Chapecó
(SC), that is, the residents from the central area of the city . To achieve this goal, we used the
SERVQUAL model, which confronts the users expectations with their perceptions of the
service, thus yielding the users satisfaction level with the service quality. The survey results
showed that the automated garbage collection services in Chapecó have regular levels of
satisfaction, because, on a numerical scale of 5, the overall average of the population
1
perception was 2.83, while the general expectation about the performed service was 4.42.
This represents that the perceptions about the service reached 64% of the expectation value,
what allow us to infer that the service has positive and negative aspects considering the users
perception.
1 INTRODUÇÃO
A geração crescente de resíduos sólidos, nos médios e grandes centros urbanos do
país, constitui um grande problema socioambiental, que resulta dos atuais padrões de
produção e consumo, os quais atingem índices insustentáveis e provocam impactos
ambientais que necessitam serem resolvidos para não sofrermos ainda mais no futuro.
No município de Chapecó, o serviço de coleta de lixo ocorre por meio de uma empresa
terceirizada. Em agosto de 2013, a prefeitura municipal de Chapecó reformulou o sistema de
coleta de resíduos úmidos realizado na região central da cidade. O programa de coleta,
inspirado em um sistema europeu, foi intitulado de “Chapecó Cidade Limpa”. O sistema, no
ano de instalação, beneficiava cerca de 50 mil moradores da área central do município. O
pressuposto para a implantação do modelo de coleta, defendido pela Administração
Municipal, é que o recolhimento automatizado busca solucionar, à medida que a população
adapta-se ao novo sistema, a poluição visual e ambiental, o entupimento de bueiros,
alagamentos, o mau cheiro e os animais vasculhando o lixo. Logo, é ressaltado que a
eficiência do processo vai depender da colaboração e consciência dos moradores (HUBNER,
2013).
Frente a isso, ao se identificar a implantação de um novo modelo de recolhimento de
lixo no município de Chapecó em agosto de 2013, definiu-se como objetivo geral desta
pesquisa demonstrar através do modelo SERVQUAL, os indicadores de satisfação dos
moradores da área urbana central do município de Chapecó, acerca do serviço de coleta de
lixo automatizada da cidade de Chapecó.
Este estudo se justifica por tratar de uma demanda de interesse coletivo, visto a
importância socioambiental da coleta de lixo nas cidades. Os resultados obtidos com este
estudo poderão demonstrar a real satisfação dos usuários deste serviço e, possibilitará a
Administração Municipal readequar o serviço prestado, caso necessário. Também servirá
como orientador para, futuramente, ao se planejar a implantação do sistema em outros bairros
da cidade, para que o mesmo atenda satisfatoriamente a população e suas demandas.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este tópico visa abordar os pressupostos teóricos que sustentam a pesquisa proposta,
com o objetivo de correlacionar as abordagens teóricas com a prática deste estudo.
Primeiramente, apresenta-se a contextualização de marketing e este aplicado a serviços, na
sequência, apresentam-se os dados bibliográficos sobre coleta seletiva de lixo e as questões
referentes ao método SERVQUAL.
2
essas relações podem causar na sociedade. Visando atingir os objetivos com relação a
marketing, as organizações utilizam do composto de marketing, também conhecido como mix
de marketing, este segundo Kotler e Keller (2006) foi desenvolvido por McCarthy e consiste
em quatro variáveis, denominadas os 4 P´s do Marketing: Produto, Preço, Praça (local de
venda) e Promoção.
A função de marketing, referente ao mix de marketing, engloba as decisões do
produto, as quais incluem a identificação de oportunidades de lançamento de produtos e
adequação do mesmo às necessidades dos clientes; as decisões de preço, o qual é selecionado
visando gerar vantagem competitiva e retorno para a empresa; as decisões de promoção,
relativas aos investimentos em estratégias de comunicação e promoção de vendas; e as
decisões de praça ou distribuição, que envolvem a escolha de canais de vendas que satisfaça
as necessidades dos clientes (GONÇALVES et al.., 2008 apud MACHADO et al., 2012).
Em relação a serviços, Kotler e Keller (2006), afirmam que este seria qualquer ato ou
desempenho essencialmente intangível que pode ser oferecido por uma parte a outra e não
possui como resultado a propriedade de nada, além disso, a execução do mesmo pode ou não
estar atrelada a um produto corpóreo. Segundo os autores a natureza do mix de serviços
possui implicação direta a como os consumidores avaliam a qualidade. No caso de alguns
tipos de serviços o cliente não consegue fazer julgamento da qualidade técnica, mesmo após
já ter recebido o serviço.
Para Rodrigues (2001) o nível de serviço almejado é o serviço que o consumidor
deseja receber. O autor explica que o nível de serviço desejado aproxima-se do nível de
serviço considerado ideal pelo cliente e, o nível de serviço adequado representa o mínimo que
o consumidor julga satisfatório para a correta prestação de um serviço.
Segundo Oliver (1999, apud MELO, 2013) a satisfação pode ser descrita como:
A resposta ao atendimento do consumidor. Trata-se da avaliação de uma
característica de um produto ou de um serviço, ou o próprio produto ou serviço,
indicando que com eles se atinge um determinado nível de prazer proporcionado
pelo seu consumo.
Com relação aos prestadores de serviços, Kotler e Keller (2006), relatam que os
mesmos diferem em duas maneiras, estes podem ser por objetivo, “com ou sem fins
lucrativos” ou por propriedade “privada ou pública”. A pesquisa visa analisar uma instituição
pública, faz-se, portanto necessário a conceituar serviço público, que segundo Pereira (2003,
apud MONTEIRO, 2010):
É toda atividade material fornecida pelo Estado, ou por quem esteja a agir no
exercício da função administrativa se houver permissão constitucional e legal para
isso, com o fim de implementação de deveres consagrados constitucionalmente
relacionados à utilidade pública, que deve ser concretizada, sob-regime prevalente
de Direito Público.
Ainda de acordo com Pereira (2009, apud MONTEIRO, 2010), os serviços públicos
ocorrem a partir de atividades desempenhadas pelo Estado, direta ou indiretamente, visando
resolver as necessidades essenciais da sociedade ou do próprio Estado. Nessa perspectiva, a
gestão pública contemporânea se desenvolve por meio de transformações denominadas pela
sociedade, que, nos últimos anos, vem se modernizando e adquirindo uma gestão moderna,
descendente de várias mudanças de paradigmas e também de uma sociedade mais globalizada
e exigente por serviços de alta qualidade.
3
2.2 COLETA SELETIVA DE LIXO
Segundo Ribeiro e Lima (2000), lixo é a junção de elementos heterogêneos
desprezados no decorrer de um determinado processo e, pela forma como é tratado, assume
um caráter depreciativo, desta maneira é associado à sujeira, repugnância, pobreza, falta de
educação e outras conceitualizações negativas.
Para Bessen e Ribeiro (2006) a situação inadequada do lixo pode causar a poluição da
água, do solo e do ar, além de diferentes impactos sociais e de saúde na população e nos
coletores, em especial. Os autores ainda relatam que diferentes pesquisas constatam um
aumento da produção de lixo que tem prevalecido, não somente no Brasil, mas em todos os
países. Para os mesmos esse crescimento está diretamente relacionado ao Produto Interno
Bruto, ou seja, países que possuem maior concentração de riqueza tendem a produzir mais
lixo.
Ribeiro e Lima (2000) explicam que nas cidades, a coleta seletiva é uma ferramenta
concreta de incentivo a diminuição, a reutilização e a separação do material para a reciclagem,
visando uma mudança comportamental, principalmente com relação aos desperdícios
diretamente ligados à sociedade de consumo. Desse modo segundo os autores, compreende-se
que é necessária a minimização da produção de rejeitos e a maximização da reutilização, além
de diminuição dos impactos ambientais negativos que surgem em decorrência da geração de
resíduos sólidos.
4
expectativas, pode-se dizer que o serviço possui qualidade ideal capaz de provocar o altos
índices de satisfação ou encantamento do cliente.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa possui uma abordagem quantitativa, uma vez que essa visa
mensurar os dados e generalizar tal procedimento em relação à população apreciada
(MALHOTRA, 2012). Quanto aos fins o método de pesquisa utilizado foi o descritivo e
exploratório. Segundo Vergara (2007) a pesquisa descritiva preocupa-se em descrever apenas
as características da empresa em questão, não possuindo o compromisso de explicar os
fenômenos que descreve. Na pesquisa exploratória a finalidade é a realização de um estudo
em uma ambiente pouco estudado até então. Quanto aos meios a presente pesquisa utilizou-se
do método de levantamento de dados junto as pessoas cujo comportamento se deseja
conhecer.
Além disso, a coleta de dados ocorreu por meio de questionários previamente
delineados a partir do modelo SERVQUAL. Nesses questionários, se conservou a estrutura
original do SERQUAL, mantendo-se suas cinco dimensões (tangibilidade, responsividade,
confiabilidade, empatia e segurança). Em relação aos seus atributos, foram feitas algumas
adequações na redação de cada um deles com o objetivo de mensurar mais adequadamente a
qualidade dos serviços analisados, dos 22 atributos manteve-se apenas 16.
O questionário foi disponibilizado exclusivamente em plataforma eletrônica (Google
Doc’s) contendo 30 questões (15 para avaliar a expectativa dos clientes e outras 15 de igual
teor para avaliar a suas percepções). Outras cinco questões socioeconômicas compunham o
questionário com o objetivo de traçar o perfil dos usuários.
A amostra escolhida para a realização da pesquisa caracteriza-se como probabilística
finita, calculada através da equação 1, proposta por Martins (2011).
(1)
Sendo:
N= universo;
n= amostra que será calculada;
Z= valor crítico;
E= erro amostral;
p×q= porcentagem pelo qual o fenômeno ocorre.
A o universo da amostra compreende a 55.000 pessoas, por ser este o número de
moradores residentes na região central do município de Chapecó-SC e que são usuários do
sistema de coleta automatizada de lixo, dados do site da Prefeitura Municipal. O nível de
confiança que foi considerado é de 95%, o que representa Z igual a 1,96. O valor utilizado
para o p, bem como para o q foi 0,5. Já o erro amostral foi de 5%. Dessa forma, 382 é o
número mínimo de questionários a serem coletados, de acordo com o cálculo. Ao final do
período de coleta de dados foram coletados 404 questionários.
Com relação ao método SERVQUAL, os dados foram analisados atribuindo notas para
cada uma das alternativas das perguntas disponibilizadas em questionário (a pontuação deu-se
da seguinte forma: 5 para a mais importante variando até o número 1 como sendo a alternativa
de menor importância), posteriormente multiplicou-se o número de respostas que determinada
alternativa alcançou, pela sua nota correspondente; após dividiu-se o resultado pelo número
de questionários respondidos, e somou-se o resultado de todas as alternativas, obtendo assim
5
uma média para cada pergunta. Para uma análise mais clara comparou-se a média obtida com
as perguntas sobre a expectativa com a média obtida com as perguntas sobre a satisfação.
6
Em relação à dimensão Tangibilidade, esta engloba aspectos físicos relacionados à
prestação do serviço (equipamentos e máquinas), e é composta por seis atributos. Os
resultados obtidos pelo atributo 1 dessa dimensão, “Um serviço de coleta de lixo
automatizado deve ter estrutura com equipamentos modernos de última geração?”, estão
representados na figura 1.
Analisando o gráfico percebe-se que 74% dos usuários possuíam a expectativa de que
os equipamentos da coleta de lixo fossem modernos, em relação à percepção, 61% usuários
alegam que estão satisfeitos com a modernidade dos equipamentos.
O segundo atributo que compõe a dimensão tangibilidade “A aparência das lixeiras e
dos equipamentos utilizados na coleta devem ser visualmente agradáveis” demonstrou que
82% dos usuários tinham a expectativa de que os equipamentos de coleta de lixo tenham um
bom aspecto, mas a análise da percepção denota que 49% estão satisfeitos e 32% ficaram
insatisfeitos com a aparência das lixeiras, destaca-se que 19% se mantiveram neutros sobre o
assunto.
O terceiro atributo da dimensão questionava se “A capacidade (TAMANHO) da
lixeira de armazenamento de lixo ORGÂNICO deveria atender a demanda de resíduos
produzidos pelos domicílios no espaço de tempo, entre o depósito de lixo e o recolhimento do
mesmo”, as respostas obtidas neste questionamento podem ser observadas na figura a seguir:
7
ficaram insatisfeitos com o tamanho das lixeiras e 15% dos entrevistados se mantiveram
neutros sobre o assunto.
Também quanto à capacidade das lixeiras, o atributo 4 introduziu a seguinte questão:
A capacidade (TAMANHO) da lixeira de armazenamento de lixo RECICLÁVEL deve
atender a demanda de resíduos produzidos pelos domicílios no espaço de tempo, entre o
depósito de lixo e o recolhimento do mesmo? Com relação ao contentor de lixo reciclável,
99% dos respondentes possuíam a expectativa de que os equipamentos de coleta de lixo
reciclável apresentassem tamanho adequado para comportar todo o lixo produzido, no
entanto, após a tabulação dos dados da pesquisa o número de usuários satisfeitos com relação
a este tópico é de apenas 16%, contra 75% de insatisfação, destaca-se ainda que 10% da
amostra menteve-se neutra sobre o assunto.
Em razão das novas lixeiras serem de grande porte e estarem instaladas nos
estacionamentos das ruas da cidade, um aspecto que chama a atenção é a possibilidade de
prejudicar a visibilidade dos pedestres e condutores de veículos, com isso, o atributo 5
questionou se “a localização das lixeiras deveria ser adequada e segura, aos clientes, pedestres
e veículos que trafegam na via onde a mesma se encontra?”, os resultados são apresentados
abaixo:
Sobre a localização das lixeiras, 99% dos usuários tinham como expectativa de que o
local fosse adequado para todos, a insatisfação se sobressai em relação à satisfação, sendo que
33% estão satisfeitos, 15 % mantiveram-se neutros e 52% opinaram insatisfação com relação
à localização dos contentores de resíduos.
Por fim, o 6º e último atributo associado à dimensão tangibilidade se refere “A
distância de deslocamento do cliente até a lixeira deve ser a menor possível, visando diminuir
o cansaço e o tempo dedicado a essa tarefa?”. Nesse sentido, 62% dos usuários responderam
que esperavam que o deslocamento para chegar até a lixeira fosse bom para todos, as opiniões
sobre a realidade ficaram divididas, sendo que 43% dos entrevistados estão satisfeitos, 28%
ficaram insatisfeitos com o tamanho das lixeiras e 29% se mantiveram neutros sobre o
assunto.
A dimensão Responsividade relaciona-se a disposição dos funcionários da empresa
prestadora dos serviços de coleta dos resíduos sólidos em atender o cliente e oferecer presteza
na realização dos serviços. Esta dimensão é composta apenas pelo atributo 7 da escala
SERVQUAL que traz o seguinte questionamento: “Os informativos utilizados para a
divulgação do serviço devem trazer informações adequadas sobre a utilização do serviço, bem
como outras informações relevantes com relação ao mesmo?”. Em relação às informações
repassadas sobre o programa e funcionamento do mesmo, 93% dos usuários apresentavam a
8
expectativa de que há sim necessidade de se ter informativos sobre o sistema de coleta de
lixo, todavia esse aspecto está deixando a desejar pela empresa prestadora do serviço, visto
que 54% estão insatisfeitos com o que diz respeito a informativos de divulgação, sendo que
27% mantiveram-se neutros, contribuindo assim para a análise de insatisfação nesse tópico.
Ainda no aspecto das dimensões, a próxima a ser abordada diz respeito à
Confiabilidade e está relacionada com capacidade que a empresa possui em prestar os
serviços de forma confiável e livre de erros. Foram elaborados 3 atributos para compor essa
dimensão. O atributo 8 refere-se ao preço cobrado pelos serviços de coleta e tem a seguinte
redação: “O preço pago pelo serviço de coleta de lixo (valor já embutido junto com outras
taxas de IPTU), deve ser adequado a real qualidade do mesmo, ou seja, ao modo como este é
prestado?” Com relação a este questionamento, 91% dos usuários do sistema de coleta de lixo
concordam que o preço do serviço deve ser adequado a real qualidade do mesmo. Acerca do
preço cobrado, 42%, dos usuários demonstraram insatisfação com o valor cobrado sobre a
tarifa e 45% dos usuários são neutros.
Ainda em relação à dimensão confiabilidade, o atributo 9 indagou: O serviço deve ser
prestado de maneira pontual e com qualidade? Nesse ponto, a pesquisa revelou que 99% dos
entrevistados almejavam um serviço de qualidade superior ao disponibilizado anteriormente,
após a implantação e utilização do serviço houve uma grande divisão de opiniões a respeito
do mesmo, 25% dos entrevistados estão satisfeitos, 32% são neutros e 28% estão insatisfeitos,
destaca-se o alto número de pessoas indecisas com relação à prestação do serviço, o que
demonstra que o mesmo possui vários pontos a ser melhorado.
O último atributo dessa dimensão (10) buscou saber se “Quando aparece algum
imprevisto a prestadora do serviço de coleta de lixo deve buscar resolvê-lo de imediato?” Em
relação a este atributo obteve-se os seguintes resultados: 97% dos entrevistados possuíam a
expectativa de que quando surjam imprevistos estes sejam rapidamente solucionados. Na
prática, as percepções dos clientes demonstraram que, em sua maioria, estão desapontados em
relação a este aspecto, sendo que dos entrevistados apenas 15% demonstraram satisfação,
56% estão neutros e o restante insatisfeitos. Acredita-se que a neutralidade nas respostas pode
demonstrar que os imprevistos ocorrem, são resolvidos, porém não rapidamente ou que a
maioria dos entrevistados não passou por nenhum imprevisto com relação a este serviço.
A dimensão Empatia está relacionada com a atenção e gentileza proporcionada pela
prestadora do serviço ao cliente de forma individualizada, e é composta por três atributos. O
atributo 11 traz a seguinte questão: “Com relação à pontualidade, quando a prestadora do
serviço promete realizar a coleta em determinado período, ela deve o cumprir naquele espaço
de tempo estabelecido?” Do total de respondentes da pesquisa, 98% tinham a expectativa de
que o veículo de coleta cumprisse o horário pontualmente. A satisfação dos entrevistados
perante a pontualidade é de 31%, sendo que 37% da amostra mantiveram-se neutros e 25%
responderam estarem insatisfeitos. Essa divisão de opiniões pode estar ocorrendo devido ao
fato de muitos fatores influenciarem na pontualidade, como: trânsito, clima, quantidade de
lixo a ser coletado, imprevistos, acessibilidade. Sugere-se aos responsáveis pelo serviço rever
a pontualidade e adequar este fator, já que o número de insatisfeitos somados aos neutros é de
62%, gerando assim um fator que deve ser melhorado.
Devido à importância em se manter as cidades limpas, em razão dos diversos
problemas ocasionados pelo acumulo de lixo, como proliferação de agentes transmissores de
doença e própria poluição visual, elaborou-se a questão 12 a qual perguntou: “A prestadora do
serviço deve manter seus serviços constantes?”. Como resposta, 98% dos entrevistados acham
necessário que o serviço de coleta de lixo automatizado seja realizado com constância. A
análise das percepções mostra que ha uma divisão de opiniões: 37% estão satisfeitos 44%
9
estão insatisfeitos e 19% são neutros. Destaca-se que a coleta possui um cronograma que deve
ser seguido pelos motoristas, caso algum veículo estrague, pode ocorrer o atraso da coleta em
determinado lugar/região.
O atributo 13 da dimensão empatia, “O horário estabelecido pela empresa, para a
coleta de lixo domiciliar, deve facilitar a vida da população para que não fiquem expostos aos
fatores externos?”, demonstrou que 90% dos entrevistados esperavam que o horário da coleta
seja o mais apropriado para os usuários, para a empresa e para o comércio/indústrias. A
análise das percepções demonstrou que 41% estão satisfeitos com o horário em que a coleta é
feita, 41% demonstraram neutralidade, e 19% estão insatisfeitos. Aponta-se o grande número
de pessoas neutras, o que pode demonstrar que para muitos o horário de recolhimento não
interfere diretamente na qualidade do serviço.
A dimensão Segurança está relacionada com confiança transmitida pelos funcionários
da empresa prestadora do serviço, os quais devem demonstrar conhecimento sobre o serviço
que desenvolvem e atender as solicitações dos usuários com presteza e cordialidade. Esta
dimensão possui dois atributos. Com relação ao seu primeiro atributo, que é o de número 14
da escala, “Os funcionários da empresa devem possuir conhecimento suficiente para
responder às perguntas dos usuários?”, 79% dos entrevistados responderam que esperavam
que os funcionários possuam conhecimento das atividades exercitadas para poderem
responder possíveis indagações dos usuários quando solicitados. Entretanto, as percepções
dos mesmos demonstraram que 72% dos entrevistados mantiveram-se neutros no que diz
respeito ao conhecimento dos funcionários, este alto número de neutralidade pode ter ocorrido
devido ao fato de não haver um contato entre os motoristas (Servidores) e os usuários.
Por fim, o 15º e último atributo da dimensão segurança questionou aos usuários se:
“Os funcionários (da prestadora do serviço de coleta de lixo) devem ser verdadeiramente
gentis e cordiais com os usuários, sem fazer distinção de pessoas?” Mais uma vez as
percepções dos usuários mantiveram-se neutras, pela mesma razão do atributo anterior, no
qual se supôs que por não manterem contato com os funcionários da empresa não tinham
parâmetros para expressar algum grau de satisfação. Percebeu-se que 85% dos entrevistados
esperam que os funcionários da empresa prestadora do serviço de coleta de lixo sejam
cordiais. Em relação à percepção dos pesquisados, a maioria dos entrevistados, 66%
mantiveram se neutros. Estes dados retificam a informação de que não há contato entre
usuário e servidor e, portanto, os respondentes não conseguiram expressar uma opinião
precisa de satisfação ou insatisfação acerca disso.
10
expectativa e a percepção do serviço. Os dados serão demonstrados na figura abaixo, com os
comentários necessários.
DIMENSÃO DA QUALIDADE DOS SERVIÇOS Média Média Var.
Expectativa Percepção Satisfação
TANGIBILIDADE
1. Um serviço de coleta de lixo automatizado deve ter estrutura com
3,90 3,53 0,37
equipamentos modernos de última geração.
2. A aparência das lixeiras e dos equipamentos utilizados na coleta devem ser
4,03 3,21 0,82
visualmente agradáveis.
3. A capacidade (TAMANHO) da lixeira de armazenamento de lixo
ORGÂNICO deve atender a demanda de resíduos produzidos pelos domicílios 4,87 2,98 1,89
no espaço de tempo, entre o depósito de lixo e o recolhimento do mesmo.
4. A capacidade (TAMANHO) da lixeira de armazenamento de lixo
RECICLÁVEL deve atender a demanda de resíduos produzidos pelos
4,85 2,17 2,69
domicílios no espaço de tempo, entre o depósito de lixo e o recolhimento do
mesmo.
5. A localização das lixeiras deve ser adequada e segura, aos clientes,
4,85 2,62 2,23
pedestres e veículos que trafegam na via onde a mesma se encontra.
6. A distância de deslocamento do cliente até a lixeira deve ser a menor
3,82 3,14 0,68
possível, visando diminuir o cansaço e o tempo dedicado a essa tarefa.
Média da dimensão Tangibilidade 4,39 2,94 1,45
RESPONSIVIDADE
7. Os informativos utilizados para a divulgação do serviço devem trazer
informações adequadas sobre a utilização do serviço, bem como outras 4,50 2,45 2,05
informações relevantes com relação ao mesmo.
CONFIABILIDADE
8. O preço pago pelo serviço de coleta de lixo (valor já embutido junto com
outras taxas de IPTU) deve ser adequado a real qualidade do mesmo, ou seja, 4,46 2,80 1,66
ao modo como este é prestado.
9. O serviço deve ser prestado de maneira pontual e com qualidade. 4,61 2,62 1,99
10. Quando aparece algum imprevisto a prestadora do serviço de coleta de lixo
4,52 2,80 1,73
deve buscar resolvê-lo de imediato.
Média da dimensão confiabilidade 4,53 2,74 1,79
EMAPTIA
11. Com relação à pontualidade, quando a prestadora do serviço promete
realizar a coleta em determinado período, ela deve o cumprir naquele espaço 4,51 2,80 1,72
de tempo estabelecido.
12. A prestadora do serviço deve manter seus serviços constantes. 4,74 2,86 1,87
13. O horário estabelecido pela empresa, para a coleta de lixo domiciliar, deve
facilitar a vida da população para que não fiquem expostos aos fatores 4,49 3,22 1,26
externos.
Média da dimensão Empatia 4,58 2,96 1,62
SEGURANÇA
14. Os funcionários da empresa devem possuir conhecimento suficiente para
4,06 3,07 0,99
responder às perguntas dos usuários.
15. Os funcionários devem ser verdadeiramente gentis e cordiais com os
4,16 3,07 1,09
usuários, sem fazer distinção de pessoas.
Média da dimensão Segurança 4,11 3,07 1,04
MÉDIA GERAL
4,42 2,83 1,59
11
atender a demanda de resíduos produzidos pelos domicílios no espaço de tempo, entre o
depósito de lixo e o recolhimento do mesmo?), com satisfação de 2,69, evidenciando que as
mesmas não possuem capacidade de acomodar a lixo necessário e estão bem aquém do
esperado.
Na dimensão responsividade, destaca-se o atributo 7, (Os informativos utilizados
para a divulgação do serviço devem trazer informações adequadas sobre a utilização do
serviço, bem como outras informações relevantes com relação ao mesmo?), obteve-se
satisfação média de 2,05, demonstrando que o mesmo carece de divulgação mais expressiva
das informações ao seu público alvo.
Na dimensão confiabilidade, o atributo 9 “O serviço deve ser prestado de maneira
pontual e com qualidade?”, satisfação de 1,99, evidenciando que a prestadora do serviço deve
ficar mais atenta com este aspecto, visto que não vem cumprindo o prometido. Essa questão
também fica explícita na dimensão empatia, na qual a menor média foi obtida no item 12 “A
prestadora do serviço deve manter seus serviços constantes?”, pontuando neste quesito
satisfação de 1,87.
Por fim, na dimensão segurança, merece destaque o atributo 15 (Os funcionários
devem ser verdadeiramente gentis e cordiais com os usuários, sem fazer distinção de
pessoas?), o questionamentos obteve 1,09 de satisfação, porém deve-se levar em consideração
que boa parte dos respondentes declarou-se neutros quanto às indagações deste quesito, muito
provavelmente por não manterem muito contato com os funcionários da prestadora de
serviços e por isso não possuírem parâmetros para avaliá-lo.
Os principais itens que apresentaram avaliações positivas analisando-se o resultado
obtido foram os seguintes: “Um serviço de coleta de lixo automatizado deve ter estrutura com
equipamentos modernos de última geração?”, obtendo satisfação de 0,37; e “A distância de
deslocamento do cliente até a lixeira deve ser a menor possível, visando diminuir o cansaço e
o tempo dedicado a essa tarefa?” obtendo satisfação de 0,68, sendo, portanto uma resposta
diferente ao que se esperava, visto que este é um fato que vem gerando diversas reclamações
dos usuários e muitos respondentes apontaram que deveria haver um número maior de lixeiras
nas ruas para facilitar o acesso de todos. O atributo14 “Os funcionários da empresa devem
possuir conhecimento suficiente para responder às perguntas dos usuários?” obteve satisfação
de 0,99, sendo este item possuidor de diversas respostas neutras, podendo-se inferir que os
usuários não possuem muito contato com os funcionários da prestadora de serviço.
A pesquisa mostra que quanto às expectativas dos usuários em relação ao serviço, a
média geral corresponde a 4,42. Já no que tange à percepção dos usuários a respeito da
qualidade dos serviços, a avaliação média da satisfação foi 2,83, ou seja, a variação média da
expectativa em relação à percepção obtida pelos usuários com o serviço prestado variou 1,59,
demonstrando que as percepções acerca da satisfação com a qualidade dos serviços atingiram
64% das expectativas, ou seja, um resultado mediano, que carece melhoria em todos os
aspectos, prova disso é que em nenhum dos atributos investigados nessa pesquisa os
percentuais das percepções dos usuários com relação à qualidade dos serviços conseguiu
superar as expectativas dos clientes, ou seja, não provocam satisfação ou encantamento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho foi elaborado, através de uma pesquisa de opinião, com o intuito
de se identificar a satisfação da população enquadrada como usuária do novo sistema de
coleta automatizada da cidade de Chapecó (SC), ou seja, os moradores da área central da
cidade. Para se atender tal objetivo, se utilizou o modelo SERVQUAL, o qual confronta as
12
expectativas dos usuários com as suas percepções em relação ao serviço, obtendo-se assim o
índice de satisfação dos usuários com a qualidade do serviço.
Os resultados da pesquisa demonstraram que os serviços de coleta automatizada de
lixo da cidade de Chapecó apresentam níveis regulares de satisfação, na avaliação da
qualidade dos serviços prestados, pois em uma escala numérica de 5, a média geral da
percepção da população foi de 2,83, visto que a expectativa média geral da população em
relação ao serviço apresentou-se como 4,42. Isto representa que as percepções acerca do
serviço atingiram 64% das expectativas, apresentando, portanto um resultado mediano.
Ainda nesse sentido, os resultados alcançados com a pesquisa permitem salientar que
em nenhum dos atributos analisados as percepções dos clientes conseguiram superar as
expectativas, podendo-se inferir, a partir disso, que o serviço de coleta de lixo é plausível de
melhorias em todos os seus aspectos para que seja sinônimo de qualidade e satisfação.
Diante dos resultados da pesquisa, os quais demonstram que vários aspectos foram
avaliados negativamente pelos usuários do serviço, propõem-se algumas ações para a
prestadora de serviço juntamente com a prefeitura municipal, a fim de melhorar a qualidade
do serviço e consequentemente aumentar a satisfação dos usuários.
No aspecto social, o descarte adequado dos materiais, ou seja, a não contaminação dos
resíduos sólidos com os resíduos úmidos, se torna indispensável para muitos cidadãos
chapecoenses, os quais obtêm seus rendimentos com a separação e venda dos recicláveis. É
imprescindível salientar, que a boa aparência da cidade depende das atitudes de cada cidadão,
ou seja, o programa para funcionar além das adequações em seu funcionamento necessita de
aderência e de comprometimento de seus usuários.
A adequação mais urgente e necessária percebida é a capacidade de armazenamento
das lixeiras de lixo reciclável julgada como insuficiente, sendo este o fator que gera maior
insatisfação aos usuários, pois o excedente de lixo ao lado dos contêineres gera poluição
visual, mau cheiro e focos de vetores causadores de doenças. A prestadora do serviço também
deve desprender maior atenção com o cumprimento dos horários de coleta, estando à
pontualidade entre os principais elementos insatisfatórios da pesquisa.
Ainda, propõe-se que seja repensado o número de conjuntos de contêineres (orgânico
e reciclável) colocados junto às vias públicas. Algumas quadras demandam maior número de
conjuntos coletores, pois muitas vezes a quantidade de moradores de prédios, residências e
estabelecimentos comerciais, principalmente supermercados, restaurantes e outros grandes
produtores de lixo, utilizam os mesmos contêineres para depositarem seus resíduos e o
número de contêineres instalados não comporta a demanda existente naquela região.
Assim, sugere-se um estudo para estimar o volume médio de resíduos produzidos por
morador, e readequar a quantidades de contêineres nas quadras que demandam mais unidades
dos equipamentos, atendendo melhor as necessidades da população. Juntamente, seria
adequado readequar a instalação dos contêineres, para que os mesmo sejam posicionados em
locais estratégicos, que não tirem a visibilidade dos condutores de veículos (principalmente
em esquinas), bem como o trânsito de pedestres.
Em termos de limitação da pesquisa pode-se destacar o fato da pesquisa ser realizada
em meio eletrônico. Assim, ela se restringiu apenas à população que possui acesso a
computador e internet, não atingindo a população como um todo. Além disso, em razão da
pesquisa ter sido divulgada principalmente em um ambiente acadêmico, os dados obtidos
demonstram que a amostra foi direcionada a um público homogêneo, não permitindo, dessa
forma, que os resultados fossem tão confiáveis, contundentes e generalizáves como
ocorreriam em um censo. Por fim, ressalta-se que os objetivos estabelecidos ante a execução
13
da pesquisa foram suprimidos, porém o fato da pesquisa ser dar de forma exclusivamente
quantitativa limitou a apresentação de informações mais aprofundas a respeito do assunto, o
que seria suprido com a utilização de uma abordagem qualitativa.
REFERÊNCIAS
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da qualidade de serviços de uma biblioteca universitária: um estudo de caso utilizando o
modelo SERVQUAL. Ci. Inf, Brasília, v. 37, n. 3, p.88-102, set. 2008.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing.12ª ed. São Paulo,
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
MELO, Rene de. Avaliação da satisfação dos clientes do consórcio nacional Volkswagen
na região de Florianópolis (SC) pelo método SERVQUAL. 2013. 112 f. Monografia
(Especialização) - Curso de Administração, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC,
Florianópolis, 2013.
MONTEIRO, Elaine Cristina. Qualidade dos serviços terceirizados no setor público. 2010.
63 f. TCC (Graduação) - Curso de Administração em Gestão de Negócios, Faculdade do Vale
do Ipojuca - Favip, Caruaru, 2010.
RIBEIRO, Helena; BESEN, Gina Rizpah. Panorama da coleta seletiva no Brasil: desafios e
perspectivas a partir de três estudos de caso. Revista de Gestão Integrada em Saúde do
14
Trabalho e Meio Ambiente, São Paulo. 2006. Disponível em:
<www.interfacehs.sp.senac.brhttp://www.interfacehs.sp.senac.br/br/artigos.asp?ed=4&cod_ar
tigo=65>. Acesso em: 28 nov. 2013.
RIBEIRO, Túlio Franco; LIMA, Samuel do Carmo. Coleta seletiva de lixo domiciliar: estudo
de casos. Caminhos de Geografia, Uberlândia, p.50-69, dez. 2000.
15
1
RESUMO:
O setor de videolocadoras enfrenta graves ameaças de mercado. O presente estudo avalia a
situação de marketing desse setor na Grande Florianópolis, em Santa Catarina. Pesquisa
descritiva, quantitativa e na forma de levantamento de campo foi realizada com 26
videolocadoras. Os resultados confirmam que o setor está em declínio e que as principais
ameaças são: a intensidade da pirataria, o download gratuito de filmes pela Internet, as
videolocadoras virtuais, a televisão por assinatura, o uso da Internet/redes sociais pelos
consumidores e a redução da demanda. O estudo contribui para ampliar os conhecimentos
sobre a situação do setor no Brasil.
Palavras-chave: marketing de varejo; diagnóstico mercadológico; análise da situação de
marketing; videolocadoras.
ABSTRACT:
The video rental industry faces serious market threat. This study evaluates the marketing
situation of this sector in Florianópolis, Santa Catarina. Descriptive and quantitative research,
in the form of field survey was carried out with 26 video rentals. The results confirm that the
sector is in decline and that the main threats are the intensity of piracy, free download movies
from the Internet, virtual video rentals, pay-TV, the use of Internet/social networking for
consumers and reducing demand. The study contributes to broaden the knowledge of the
sector's situation in Brazil.
Keywords: retail marketing; marketing diagnosis; analysis of the marketing situation; video
rental.
1. INTRODUÇÃO
organização (WESTWOOD, 2006; SARQUIS, 2009). Sabe-se que, quando está altamente
satisfeito, o cliente tende a ser mais leal, a comprar com mais frequência, a falar mais
positivamente sobre a organização, a dar menos atenção às marcas/produtos concorrentes, a
ser menos sensível às ofertas de preços e a ser mais rentável (FERRELL; HARTLINE, 2011).
A indústria de entretenimento (que inclui as videolocadoras) é um dos setores
impactados pelo advento da Internet e pela evolução da tecnologia da informação (ALVES;
DIAS; NOGUEIRA, 2010). Nele, a concorrência não se restringe às empresas do ramo de
atividade, mas inclui também televisão por assinatura, videogames, aparelhos de som e redes
sociais na Internet, por exemplo. No Brasil, outros fatores de mercado ameaçam também a
sobrevivência das videolocadoras, incluindo a pirataria física e online de filmes
(FECOMÉRCIO-RJ, 2012). Há ainda indícios de deficiência na prática de marketing das
organizações desse setor, como pouco conhecimento de marketing e pouco investimento em
marketing (ANACLETO; MICHEL, 2008; RITTER et al., 2009).
De Mello e Kliemann (2010) apontaram também que a Internet alterou a forma de
relacionamentos entre os agentes da indústria de entretenimento, acirrou as disputas
comerciais, reduziu a distância entre os mercados e trouxe novos aspectos/fatores de estudo
para o campo da estratégia empresarial. Assim, há necessidade de ampliar o conhecimento
sobre a situação de marketing das videolocadoras no Brasil, um setor que fomenta a cultura e
o entretenimento, principalmente nos municípios brasileiros com poucas salas de cinemas
(ANACLETO; MICHEL, 2008) e onde a televisão por assinatura atinge apenas pequena
parcela da população. A região da Grande Florianópolis/SC é um dos principais polos da
indústria tecnológica do Brasil e inclui os municípios de São José, Palhoça e Biguaçu, onde a
atividade econômica e a área de comércio e serviços é diversificada. Nessa região, o Núcleo
das Videolocadoras da Câmara de Dirigentes Lojistas foi criado com propósito de apoiar a
preservação do setor, diante da ausência de políticas públicas reguladoras e da intensidade da
pirataria (CDL, 2013).
Um levantamento feito por Sarquis e Pizzinatto (2012) apontou também que há, no
contexto nacional, ainda poucos estudos sobre diagnóstico mercadológico no setor de serviços
e há carência de explicação sobre diagnósticos mercadológicos em organização de pequeno
porte. Um diagnóstico mercadológico pode auxiliar na identificação de dimensões de análises
e categorias de dados no processo de diagnóstico mercadológico no setor de videolocadoras.
Há carência de pesquisa acadêmica sobre a situação de marketing do setor de videolocadoras
no Brasil (ANACLETO; MICHEL, 2008).
Com base nas constatações apresentadas, decidiu-se pela realização do presente estudo
com a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a situação de marketing do setor de
videolocadoras na região Grande Florianópolis, em Santa Catarina? Assim, o objetivo
geral do estudo é avaliar a situação de marketing do setor de videolocadoras na região Grande
Florianópolis, em Santa Catarina. Os objetivos específicos são: identificar o perfil das
videolocadoras que atuam na região; verificar a situação do ambiente interno de marketing,
incluindo pontos fortes e fracos das organizações do setor; verificar a situação do ambiente
externo de marketing, especificamente as ameaças e oportunidades de mercado. Esta pesquisa
pode contribuir para ampliar os conhecimentos sobre a situação de marketing do setor de
videolocadoras na região Grande Florianópolis/SC e fomentar a realização de estudos sobre
diagnóstico mercadológico no contexto setorial.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
3
Esta seção situa o presente estudo dentro da sua área de pesquisa e aborda os seguintes
tópicos: fundamentos de diagnóstico mercadológico, modelos de elaboração de diagnóstico
mercadológico e características do setor de videolocadoras no Brasil.
2.1 Fundamentos de diagnóstico mercadológico
Grave e Seixas (1998) definem diagnóstico organizacional como ferramenta de
construção do conhecimento sobre determinada organização, algo que possibilita avaliar o
desempenho e decidir sobre objetivos e estratégias. Schneider e Machado (2008) definem esse
diagnóstico como um processo de investigação sobre a organização e seu mercado, com o
intuito de fazer prognósticos e apoiar a tomada de decisão. No passado, Morgan (1996) o
classificou como tentativa de discernir o caráter da situação da organização.
No contexto de marketing, o diagnóstico mercadológico (diagnóstico de marketing ou
análise da situação de marketing) é definido como o exame sistemático e detalhado de fatores
externos e internos que afetam o desempenho de marketing da organização em dado período
de tempo (WESTWOOD, 2006; HUDSON, 2010; SARQUIS; PIZZINATTO, 2013). Para
Westwood (2006), esse diagnóstico é um instrumento de análise dos aspectos relevantes da
empresa, incluindo vendas, estoques, custos, estratégias e posicionamento mercadológico, e
que seu principal objetivo é identificar as principais dificuldades e oportunidades.
Radulescu e Cetina (2012) apontaram que o diagnóstico mercadológico é um
componente importante no planejamento de marketing, pois as decisões estratégicas devem
ser baseadas em fatos/evidências da situação da organização. Ciente disso, no modelo de
Pizzinatto e Silva (2009), a primeira etapa do processo de planejamento de marketing é a
elaboração do diagnóstico mercadológico.
De acordo com Ritter et al. (2009), planejar estrategicamente não significa fazer
premonições, mas agir de acordo com as possibilidades, tomar decisões exequíveis e
aproveitar os fatores externos e internos favoráveis à organização. Além disso, quando não há
foco na estratégia, os gestores tendem a focalizar em questões operacionais e os problemas
estratégicos ficam difíceis de resolução (ARAÚJO, 1975). Assim, o diagnóstico
mercadológico é essencial, e permite direcionar a atenção dos gestores para os problemas
estratégicos, tomar decisões com base em fatos e conhecer a situação da organização. Sarquis
e Pizzinatto (2012) sugerem que um diagnóstico mercadológico pode ser realizado para apoiar
decisões sobre definição do negócio; para facilitar a seleção de mercados-alvo e a
determinação de estratégias de marketing; para avaliar os problemas de desempenho no
ambiente geral ou de estratégias específicas.
Campomar e Ikeda (2006) afirmaram também que é necessário identificar as situações
favoráveis e desfavoráveis do ambiente externo, e as ameaças e oportunidades de mercado.
Sarquis e Pizzinatto (2013) entendem que o processo de diagnóstico mercadológico deve
envolver a avaliação da situação interna da organização, do mercado setorial, de
clientes/segmentos, de concorrentes e de outras variáveis ambientais relevantes. Exemplos de
variáveis ambientais relevantes são: excesso de impostos, escassez de financiamento, falta de
políticas públicas, poder de negociação, ineficiência gerencial, cultura organizacional,
disponibilidade de informações e capacidade financeira da organização (SARQUIS;
PIZZINATTO, 2013).
Conforme o objetivo estabelecido, algumas metodologias/técnicas de análise podem
ser utilizadas no processo de diagnóstico mercadológico. Exemplos são: sistema de
informações de marketing (MALHOTRA, 2008), Matriz Crescimento Mercados-Produtos
(ANSOFF, 1965), Matriz GE/McKinsey (HAX; MAJLUF, 1984), Modelo de Estratégias
Competitivas (PORTER, 2008), Curva de Classificação ABC (WYCKOFF, 1984), Técnicas
4
videolocadoras podem atuar também em lan house, locação de games, venda de produtos de
conveniência, fotocópias, venda de livros, locação virtual e sorveteria, por exemplo. Alves,
Dias e Nogueira (2010) recomendam investimentos em estratégias de relacionamento e
retenção de clientes.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Diante dos dados coletados, pode-se afirmar que o perfil das videolocadoras
pesquisadas na região Grande Florianópolis/SC é predominantemente constituído por
organizações localizadas em Florianópolis e Palhoça; organizações que têm em média 13,5
anos de existência, 2,4 funcionários (incluindo proprietários) e que oferecem os serviços de
locação de Blu-ray, locação de DVD, venda de DVD, recarga de celular e venda de produtos
conveniência; organizações que em 2014 investiram em marketing o equivalente à 7,5% do
faturamento anual.
4.2 Situação do ambiente interno de marketing
Um dos objetivos do presente estudo é verificar a situação do ambiente interno de
marketing do setor de videolocadoras na região Grande Florianópolis/SC. Para isso, a coleta
de dados buscou identificar os pontos forte e fracos das organizações do setor, e o
desempenho competitivo em relação à concorrência local. Em escala Likert de 5 pontos, os
pesquisados analisaram uma lista de 24 aspectos relacionados a competências, recursos e
estratégias de marketing que podem representar ponto forte (qualidade, vantagem) ou ponto
fraco (deficiência, vulnerabilidade) das organizações do setor de videolocadoras na região
Grande Florianópolis/SC.
O Gráfico 2 apresenta os resultados de pontos fortes e fracos das organizações do
setor, incluindo a média aritmética, o desvio padrão e o somatório dos percentuais das escalas
4 e 5. Os resultados do total da amostra (n=26) indicam que, na opinião da maioria dos
pesquisados, os principais pontos fortes do setor são por ordem decrescente: forma de
atendimento/atenção aos clientes (100%), acervo de filmes e lançamentos (96%), preço de
vendas/locação de filmes (91,7%), localização/visibilidade da loja (80%),
perfil/comprometimento dos funcionários (80%), conhecimento de custos/rentabilidade da
organização (79,2%), relacionamento com fornecedores/parceiros comerciais (76%),
estratégias de promoção/descontos (76%), sucesso na compra de novos filmes (76%),
satisfação/fidelização dos clientes (72%), conhecimento sobre mercado/concorrência (60%) e
instalações/formato da loja (53,8%). Ao passo que, os principais pontos fracos são: marketing
pela Internet (41,7%), conhecimento/competência em marketing (36%), propaganda da marca
(20,8%) e recursos para investimento em marketing (20,8). Observa-se que os pontos fracos
apontados são predominantemente aspectos relacionados ao processo de comunicação de
marketing das organizações, confirmando os resultados dos estudos de Sarquis (2003) e
Pereira et al. (2009), que apontaram deficiências nesta prática de marketing de pequenas
empresas.
9
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
% de citação (4+5)
% de citação
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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15
Resumo:
A crescente competitividade existente no atual cenário econômico faz com que os gestores
das organizações preocupem-se com os aspectos de decisão de compra do consumidor. Desta
forma, torna-se imprescindível as informações sobre os fatores que influenciam na compra ou
não de um determinado produto ou serviço. Sob essa perspectiva, o presente estudo objetiva
identificar o perfil, os hábitos e os fatores psicográficos que influenciam no processo de
contratação de festas de casamento em Chapecó/SC. Este trabalho utilizou-se de duas linhas
de pesquisa, sendo uma quantitativa e outra qualitativa. Os resultados mostram o perfil dos
casais consumidores com idade média entre 26 a 33 anos, heterossexual, com ensino superior
completo, funcionários de empresa privada com renda entre 01 a 10 salários mínimos, além
do perfil das festas com o início do planejamento com 1 ano de antecedência ao evento, com
investimento médio de R$ 30.000,00 o que mostra a predominância de casamentos de
pequeno e médio porte, sendo que a cerimônia é realizada na igreja, aos sábados,
preferencialmente a noite com recepção em casa de festas. Já entre os fatores, nota-se forte
influência da religião católica, além da família ser o grupo de maior influência na decisão de
realizar a festa, outro fator é a mudança de etapa da vida dos casais. Além destes, o estudo
identificou os principais atributos que um fornecedor de festas deve ter, bem como as quatro
etapas do processo de compra.
Abstract: The increasing existing competitiveness in the current economic climate makes the
managers of the organizations concern themselves with aspects of consumer purchase
decision. Thus, it becomes essential information about the factors that influence the purchase
or not a particular product or service. From this perspective, the present study aims to identify
the profile, habits and psychographic factors that influence the process of hiring wedding
parties in Chapecó/SC. This work was used in two lines of research, one quantitative and the
other qualitative. The results show the profile of couples consumers with an average age
between 26 to 33 years old, heterosexual, with higher education, private enterprise employees
with incomes from 01 to 10 minimum wages and the profile of the parties to start planning
with one year before the event, with an average investment of R $ 30,000.00 which shows the
predominance of small and medium-sized weddings, where the ceremony is held in the
church on Saturdays, preferably the night reception at parties house. Among the factors, there
is a strong influence of the Catholic religion, in addition to the family is the most influential
group in the decision to hold the party, another factor is the changing stage of life of couples.
In addition, the study identified the key attributes that a supplier parties must have as well as
the four stages of the buying process.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
Ainda, Blackwell, Miniard e Engel (2011), complementam que é preciso não somente
determinar quem compra mas também, o que faz com que as pessoas comprem. Para tanto,
deve-se coletar o máximo de informações psicográficas dos consumidores, tais como: padrão
de gastos, consciência de marca, o que influencia o comportamento de compra, quais tipos de
promoções eles respondem com mais frequência, de que forma eles compram e como
podemos atraí-los para a compra. Após, de posse destas informações é possível definir um
perfil dos clientes ou segmentá-los de acordo com o que motiva a compra, por exemplo.
Diante disso a segmentação psicográfica utiliza-se de uma série de afirmações
idealizadoras para identificar aspectos relevantes da personalidade do consumidor, de seus
motivos no ato da compra, interesses, atitudes, crenças e valores (SCHIFFMAN e KANUK,
2009).
A base da segmentação psicográfica, busca retratar as pessoas a partir dos domínios
dos valores e da personalidade, relacionando características destes às compras e ao consumo.
5
A origem das variáveis psicográficas reside nos processos psicológicos de pensar e sentir, que
são frutos de uma complexa inter-relação entre propriedades pessoais e circunstancias da vida
(URDAN e URDAN, 2010).
A seguir apresenta-se a descrição das variáveis psicográficas que são: autoconceito,
personalidade, estilo de vida, atitude, valores e desejo de consumo.
O autoconceito pode ser dividido em conservador, esportivo, prático ou espirito livre,
por exemplo; ele é a autoimagem da pessoa, são as crenças sobre seus atributos próprios e
como a pessoa avalia essas qualidades. James (1890, apud BUSTOS; OLIVER; GALIANA,
2015) diz que o autoconceito é um dos conceitos psicológicos que data desde o início da
psicologia científica, sendo definido como a auto percepção do indivíduo (SHAVELSON;
HUBNER; STANTON, 1976, apud BUSTOS; OLIVER; GALIANA, 2015), ou os
pensamentos e sentimentos relacionados consigo mesmo (ROSENBERG, 1979, apud
BUSTOS; OLIVER; GALIANA, 2015).
Outra variável psicográfica é a personalidade, pois ela é a formação psicológica única
de uma pessoa e caracteriza o modo como esta reage com o ambiente (BREI, 2010). A
personalidade é definida como uma resposta consistente a um estimulo ambiental.
O nível de estilo de vida é o mais utilizado na aplicação da base psicográfica e se
caracteriza por padrões nos quais as pessoas vivem e gastam seu tempo e dinheiro. Eles são o
resultado de uma ordenação de forças econômicas, culturais e sociais que contribuem para as
qualidades humanas de uma pessoa (BLACKWELL, MINIARD e ENGEL, 2011).
Allport (1935, apud BURGOS; PÉREZ, 2015) define atitudes como os processos
mentais pelo quais os indivíduos organizam as suas percepções, crenças e sentimentos em
relação a um objeto específico que orienta o seu comportamento. Essas atitudes são baseadas
no passado, experiências e em informações anteriores.
Outra variável que auxilia na compreensão de como os consumidores tomam decisões
são os valores. Assim como as atitudes, os valores representam crenças dos consumidores
sobre a vida e comportamentos aceitáveis. Os valores representam três requisitos universais
da existência humana: necessidades biológicas, requisitos de interações sociais coordenas e
demandas pela sobrevivência e funcionamento do grupo (BLACKWELL, MINIARD e
ENGEL, 2011).
Além dessas, pode-se acrescentar ainda o desejo de consumo como variável que
influencia no perfil psicográfico do consumidor. Segundo Sartre (1997 apud BREI 2010), o
desejo é comumente relativo a algo existente que se denomina objeto de desejo e expressa a
relação do homem com um ou vários objetos no mundo.
Após identificadas as variáveis supracitadas, é possível traçar o perfil dos casais que
contrataram festas de casamentos e criar segmentos que ajudem a compreender os hábitos de
consumo dessa população, uma vez que estes caracterizam-se pela disposição duradoura
adquirida pela repetição frequente na aquisição de bens de consumo ou serviços.
6
3 METODOLOGIA
n= N.Z².p.(1-p) .
(N-1).e²+Z².p.(1-p)
Este tópico tem como objetivo apresentar a descrição e a análise dos dados coletados
por meio de questionário on-line e de entrevistas junto às cerimonialistas e assessoras do
município de Chapecó/SC. A presente análise das informações baseou-se na fundamentação
teórica e a partir dos dados coletados, que se transformaram-se em informações relevantes
para a presente pesquisa de marketing.
Por meio das respostas obtidas pelos questionários on-line, pode-se desenhar o perfil
dos consumidores de festas de casamento no município de Chapecó/SC. Estes dados
encontram-se na figura que segue, destacando-se que apenas 0,76% dos casais respondentes
da pesquisa se caracterizam como homossexuais, sendo especificamente 1 (um) casal formado
por indivíduos do gênero feminino:
9
sacramento do matrimônio ser celebrado em local que não seja sagrado, ou seja,
obrigatoriamente as cerimônias têm que ser realizadas igreja paroquial de um dos noivos.
Enquanto que 35,40% pertencem à religiões evangélicas que realizam cerimônias de
casamento fora do templo.
Já a realização das cerimonias 50,80% realizaram preferem à noite e 46,20% o
entardecer, dentre os quais 93,10% ocorreram aos sábados e apenas 4,6% na sexta-feira.
Quanto a recepção dos convidados, tem-se 53,80% ocorrido na parte interna das casas de
festas e 30,80% em restaurantes, sendo que o estilo predominante nos eventos são clássicos
ou tradicionais com 59,20%, seguido de moderno ou descolado com 16,90%.
Dentre os serviços mais contratados para o evento tem-se: buffet e doces, local para
evento, fotografia e filmagem, produção da noiva, decoração e locação, compra ou confecção
de vestido e terno. Vale acrescentar que segundo a entrevista qualitativa, casais mais jovens
consomem de forma diferente que os casais mais maduros, tendo em vista que os casais
jovens preocupam-se mais com tendências e novidades, sonham com itens e serviços que não
condiz com a realidade financeira dos mesmos; costumam contratar marcas para aparentar um
status, pensam mais em si e em seus sonhos e preocupam-se menos com o bem estar de seus
convidados e por influência dos amigos e familiares costumam consumir mais os serviços que
ofereçam animação ao evento tais como: cabines fotográficas, máscaras, DJs e bebidas. Em
contra partida, os casais mais maduros são decididos, com personalidade marcante, são
conscientes sobre o investimento, tendem a fazer festas mais intimistas preocupando-se mais
com o bem estar dos convidados, priorizam comidas e bebidas e um ambiente que ofereça
conforto e fácil acesso, geralmente são eles que bancam a festa, que por sua vez possui os
itens mais básicos.
Quanto as despesas do casamento, em sua maioria, são pagas parcialmente pelas
economias do casal e parcialmente com a ajuda dos pais; alguns casais apontaram que as
despesas são pagas exclusivamente por suas economias e uma minoria aponta contrair
empréstimos junto a terceiros para quitar parte das dívidas adquiridas com a festa de
casamento, tais dados confirmam-se também através das entrevistas qualitativa onde
acrescentam que casais mais maduros geralmente pagam todas as despesas da festa e nestes
casos a grande maioria vivem em união estável.
sociedade, para amigos e familiares, onde os dados são confirmados também através da
pesquisa qualitativa.
Os fatores psicológicos dizem respeito aos pensamentos, comportamentos e
sentimentos que influenciam o processo de compra. Neste contexto quando questionados
sobre que atributos os casais consideram mais importantes para contratar um fornecedor
destacam-se: competência (habilidade e conhecimento para executar o serviço);
confiabilidade (o cliente tem de sentir que pode confiar nas promessas da organização e nos
resultados dos serviços); atendimento (atenção personalizada ao cliente, boa comunicação e
cortesia) e custo (que os serviços satisfaçam o cliente a preços razoáveis). Tais atributos
reaparecem junto as entrevistas com as cerimonialistas e assessoras que destacam ainda:
constância (conformidade com experiência anterior; ausência de variabilidade no processo ou
no resultado); flexibilidade (ser capaz de mudar e adaptar a operação, devido a mudanças nas
necessidades dos clientes) e precisão (alguns serviços só servem se executados exatamente
como previsto e esperado).
Com relação as promoções, as que mais atraem para a compra são: descontos;
facilidade para pagamento (principalmente do valor de entrada exigido em contrato- este fato
pode estar relacionado ao que a grande maioria dos casais são funcionários de empresa
privada) e itens e/ou serviços de cortesia agregados ao pacote contratado.
Segundo a pesquisa o comportamento da compra passa pelas quatro etapas, conforme
classificadas a seguir: 1) busca de informação sobre os fornecedores; 2) identificação do perfil
do casal com o fornecedor; 3) solicitação de atendimento/orçamento; 4) análise e fechamento
do contrato. A busca pelos fornecedores inicia-se através dos meios de comunicação
disponíveis no mercado, sendo que os mais utilizados são: sites, facebook/instagram e feiras
do setor. Após, os casais analisam, de acordo com a busca que fizeram, as empresas que mais
identificam-se com o seu próprio perfil, passando então para a etapa de solicitação de
atendimento/orçamento junto as empresas pré-selecionadas. Caso estes tenham contratado
uma assessora, esta profissional também ajuda a selecionar os fornecedores que serão cotados
utilizando a mesma lógica de identificação do perfil dos noivos com os profissionais que elas
já possuem vínculos de confiança garantia de entrega do produto e serviço de qualidade.
A terceira etapa é fundamental para a escolha da empresa a ser contratada, pois nesta,
o fornecedor é avaliado quanto aos atributos que os casais consideram mais importante na
hora de contratar um fornecedor tais como: empatia, confiança na entrega, qualidade do
produto/serviço, constância no histórico de trabalho e preço conforme elencados acima.
Observa-se que quanto ao atendimento, os casais prezam por um atendimento rápido pois é
um momento de muita ansiedade para eles.
A última etapa é composta pela análise e fechamento de contrato, onde após a terceira
etapa os noivos definem quais empresas contratar. Nota-se ainda através da entrevista
qualitativa, que o noivo é o mais racional na escolha dos fornecedores (exceto os de bebidas),
já a noiva geralmente é mais emotiva, com exceção as que possuem formação nas áreas das
exatas que tendem a ser racionais e com personalidade mais forte. Quanto a decisão final
sobre a escolha dos fornecedores, geralmente a opinião das noivas exerce grande influência
sobre a opinião dos noivos, entretanto existem noivos que fazem a escolha final porém entre
as opções de empresas imposta pelas noivas; percebe-se ainda casais que definem juntos quais
fornecedores contratar. A decisão sobre o quanto investir em cada produto e serviço é definida
12
de acordo quais produtos/ serviços os noivos mais priorizam levando em conta o total
pretendido gastar com o evento.
Conforme dados qualitativos casais de maior poder aquisitivo investem em marcas
renomadas, enquanto que casais de menor poder aquisitivo tendem a não se importar com a
marca, contudo buscam elevar o status através de detalhes que atribuam maior valor
percebido pelos convidados ao evento.
O autoconceito diz respeito não somente a como a pessoa se vê, mas também como ela
gostaria de ser vista. Dentro do segmento de casamento, percebe-se que o estilo de casamento
mais buscado pelos noivos é o clássico ou tradicional que reflete um estilo conservador,
todavia quando questionados os casais sobre qual estilo representa-os, a questão mais
elencada é a prática com 45,4% seguida da conservadora com 33,1%, ou seja, alguns casais
são conservadores e transmitem esta imagem no estilo do casamento e outros são
conservadores porém se veem como práticos. Vale complementar que, segundo as
cerimonialistas e assessoras, a maioria dos casais buscam transmitir uma imagem de amor,
união, alegria, felicidade e o maior desejo deles é compartilhar desse momento com as
pessoas de seu convívio que se importam com eles marcando com a festa de casamento o
início do “felizes para sempre.”
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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URDAN, Flávio Torres, URDAN, André Torres. Gestão de Composto de Marketing. São
Paulo: Editora Atlas, 2010.
RESUMO
O estudo procede em virtude da necessidade de compreender o comportamento do
consumidor em relação aos times em que são sócios torcedores. Para facilitar este processo foi
necessário definir e inferir quais são os componentes comportamentais que seriam estudados.
Os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos auxiliam no processo de comportamento
de compra do consumidor, atuando com foco central na tomada de decisão. Foi realizado um
estudo na região oeste de Santa Catarina com o objetivo de descrever como o perfil do
consumidor e as variáveis de influência interferem na escolha entre os planos de sócio
torcedor de times de futebol. Este estudo foi descritivo e desenvolvido por meio de
questionário auto administrado, possibilitando a compilação das respostas e a análise de
conteúdo que evidenciam a prática dos fatores de influência comportamental do consumidor e
a contribuição destes para o alcance dos objetivos deste estudo. Os resultados obtidos
demonstram qual é o perfil do consumidor e como as variáveis do comportamento do
consumidor influenciam na escolha de aderir ou não entre os planos de sócio torcedor da
Associação Chapecoense de Futebol, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club
Internacional.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Aaker, Kumar e Day (2011, p. 690), quando se é detentor de um
processo inovador a manutenção das vantagens competitivas se concretizam de modo natural,
porém a fácil obtenção de informações e as incertezas do mercado fazem que a manutenção
das vantagens competitivas sejam um dos desafios encontrados dentro das organizações,
portanto as empresas buscam constantemente estar inovado seus processos ou produtos, para
1
Acadêmica do curso de Administração da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Chapecó. E-mail:
annapaulahermes@hotmail.com
2
Acadêmico do curso de Administração da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Chapecó. E-mail:
anderson_20_pinheiro@hotmail.com
3
Acadêmico do curso de Administração da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Chapecó. E-mail:
jianluchetta@gmail.com
2
isso é necessário conseguir superioridade a seus concorrentes por um custo menor ou por
valor superior. Neste contexto, o presente trabalho buscou responder a seguinte pergunta: qual
é o perfil do consumidor e como as variáveis do comportamento do consumidor influenciam
na escolha de aderir ou não entre os planos de sócio torcedor da Associação Chapecoense de
Futebol, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional.
Como objetivo geral, buscou-se verificar como o perfil do consumidor e as variáveis
de influência interferem na escolha entre os planos de sócio torcedor das instituições
anteriormente citadas. A partir deste contexto, objetivou-se de forma específica compreender
o comportamento do consumidor, descrever os planos de sócio torcedor da Associação
Chapecoense de Futebol, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional,
conhecer o comportamento do consumidor do plano de sócio da Associação Chapecoense de
Futebol, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club, analisar como as variáveis do
comportamento do consumidor influenciam na decisão de adquirir o plano de sócio.
O conhecimento do perfil do consumidor e os componentes comportamentais
influenciadores na adesão do plano de sócio torcedor é importante, pois estes norteiam os
gestores para as tomadas de decisões. Contudo o a obtenção destes conhecimentos é essencial
para aproximar os acadêmicos do curso de administração com as práticas da pesquisa
mercadológica.
O conteúdo deste trabalho está fragmentado em cinco componentes. O primeiro
componente trata da introdução e realiza a contextualização do assunto. O segundo
componente é a revisão teórica que contempla os dados secundários que deram suporte a
pesquisa. No terceiro componente temos os procedimentos metodológicos utilizados para
validação da pesquisa. No quarto componente é demonstrado e analisado os resultados que o
estudo obteve. Por fim no quinto componente, consta as considerações finais de acordo com a
proposta da pesquisa.
2. REVISÃO TEÓRICA
Neste componente foi abordado os principais temas para a condução da pesquisa. Na
primeira seção é tratado assuntos gerais dentro da administração de marketing. Na segunda
seção é abordado o marketing esportivo. Na sequencia o tema trata dos fatores
comportamentais do consumidor. Por fim é realizado a descrição dos planos de sócio torcedor
dos clubes em estudo.
Exercer a atividade de marketing não é uma tarefa simples, Mattar (2011, p. 27) define
tal atividade como o processo de tomada de decisão que compreende as funções principais da
administração: planejar, organizar, dirigir e controlar. Sendo para o autor, o planejamento, um
dos processos mais importantes, pois é nele que definimos as escolhas certas ou erradas a
serem tomadas. O planejamento de marketing “[...] consiste em analisar oportunidades de
marketing, selecionar mercados-alvo, projetar estratégias de marketing, desenvolver
programas de marketing e gerenciar o esforço de marketing.” (KOTLER; KELLER, 2011, p.
24).
De acordo com Casas (2012, p. 3), o marketing tem sua definição com base no
conceito de troca, onde a sociedade necessitava de produtos e serviços e com o passar do
tempo os mesmos se especializavam e produziam atividades melhores o que dificultava o
processo da troca. A troca por sua vez se caracterizava pelo recebimento de outro provento
que poderia ser um outro produto ou a moeda de troca. “O termo marketing significa ação no
mercado.” (CASAS, 2012, p. 3).
Para Kotler e Keller (2006, p. 4), o marketing está preocupado em localizar a
satisfação do cliente através das necessidades, portanto tal necessidade quando suprida
lucrativamente define o marketing. Como definição gerencial o marketing é “a arte de vender
produtos.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 4).
Kotler (2005), destaca que o marketing é essencial para todos os profissionais que
compõem uma organização, sendo de comum interesse para todos que compartilham
informações, ideias, bens e serviços, então para que haja uma cooperação maior dentro das
organizações é importante estar atento ao marketing interno e externo. O marketing externo
tem o foco nas pessoas fora das companhias, já o marketing interno matem a atenção em
capacitar, motivar e contratar pessoas que sejam capazes de atender adequadamente os
clientes.
A pesquisa de marketing é um dos elementos essenciais dentro da administração
mercadológica, ela contribui significativamente para a manutenção das vantagens
competitivas, segundo Mattar (2011, p. 45), a pesquisa de marketing faz parte do sistema de
informação de marketing e tem como objetivo coletar dados que sejam relevantes para
demudar em informações que possam auxiliar os gestores na tomada de decisão e resolução
de problemas específicos ou esporádicos. O papel da pesquisa de marketing conforme Aaker,
Kumar e Day (2011, p. 28), faz que a busca de informações relevantes direcione as tomadas
de decisões que ocorrem desde a mudança da disposição dos produtos em uma glândula até a
4
entrada ou mudança de posição dentro do mercado, destacando ainda que tal processo é
continuo, e através de uma avaliação já se pode partir para uma nova análise situacional.
Malhotra (2011, p. 4) define a pesquisa de marketing como “a identificação, a coleta, a
análise, a disseminação sistemática e objetiva das informações para melhorar a tomada de
decisão relacionada a identificação e à solução de problemas no marketing”. Outro conceito
da pesquisa de marketing é “[...] a elaboração, a coleta, a análise e a edição de relatórios
sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing
enfrentada por uma empresa.” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 98).
A marketing ganhou um novo significado, no decorrer da história onde a expressão
marketing holístico utilizado por Kotler e Keller (2006) integra as diversas áreas do marketing
conforme a figura abaixo:
Assim o marketing holístico para Leal (2013), é uma definição contemporânea que
tem por objetivo tratar de maneira ética os desejos do consumidor para segmentar as vendas, e
verificar quais são os valores sentimentais em relação as suas necessidades, onde em conjunto
os gestores determine o valor de troca desta relação, constituindo portando, uma
harmonização das atividades de marketing.
5
Para Melo Neto (1995) o marketing esportivo pode ser tratado como um modo de
marketing promocional, e tem como Mix de Marketing Esportivo, o produto, preço,
distribuição e promoção. O autor demonstra que o marketing esportivo deve ser tratado de
modo diferenciado ás propagandas convencionais, tendo como foco aproximar o consumidor
com as marcas e ou os produtos.
Mullin, Hardy e Sutton (2004, p. 27), destacam a importância de possuir estratégias
esportivas e como o planejamento é fundamental para o sucesso e manutenção da
lucratividade em eventos esportivos. Ou seja, é muito importante que as estratégias saiam do
ambiente operacional e “invada” os escritórios das instituições esportivas, para serem tratadas
com seriedade estabelecendo objetivos de curto, médio e longo prazo.
Vemos que muitas vezes as organizações não se organizam de modo adequado e
encaram com seriedade o planejamento das estratégias, Pitts e Stotlar (2002, p. 101), mostra
que as estratégias do marketing esportivas precisam estar claramente definidas, bem como os
métodos de planejamento, organização, execução e avaliação. Sendo assim, o componente das
estratégias do marketing esportivos devem estar constantemente relacionados com outros
setores das instituições, como finanças, gestão de pessoas entre outros departamentos que a
compõe.
6
Os grupos de referência são aqueles que exercem alguma influência direta (face a
face) ou indireta sobre as atitudes ou o comportamento de uma pessoa. Os grupos
que exercem influência direta são chamados grupos de afinidade. Alguns deles são
grupos primários, como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, com os
quais se interage de modo contínuo e informal. As pessoas também pertencem a
grupos secundários, como grupos religiosos e profissionais ou associações de classe,
que costumam ser mais formais e exigir menos interação contínua (KOTLER;
KELLER, 2012, p. 165).
3. METODOLOGIA
O estudo se refere a Associação Chapecoense de Futebol, fundada em 10 de maio de
1973 na cidade de Chapecó - SC e, atualmente, é o maior, mais vitorioso e bem estruturado
time de futebol profissional da região oeste de Santa Catarina; ao Grêmio Foot-Ball Porto
Alegrense, fundado em 15 de Setembro de 1903 na Cidade de Porto Alegre - RS e,
atualmente, é o quarto time no Ranking Nacional de Clube da Confederação Brasileira de
Futebol - CBF e o Sport Club Internacional, fundado em 4 de Abril de 1909 na cidade de
Porto Alegre – RS e, atualmente, é o maior clube em número de sócios do Brasil,
ultrapassando 147 mil sócios.
A pesquisa possui caráter descritivo, pois pretende demonstrar o contexto dos
consumidores e os componentes comportamentais, que norteiam na adesão do plano de sócios
dos times de futebol citados e a forma como os envolvidos com os times os percebem,
assumindo um perfil exploratório. Neste sentido, pesquisa exploratória, esta se refere ao tipo
que pesquisa que tem o intuito de levantar informações sobre um determinado objeto,
mapeando as condições de manifestação deste e determinando com isto, um campo de
trabalho. (SEVERINO, 2007).
Os dados da pesquisa serão coletados através de questionários auto administrados, que
segundo McDaniel (2008) é um conjunto de perguntas que geram dados que após analisado
servirão para atingir o objetivo do projeto de pesquisa sem necessidade de nenhum
entrevistador estar envolvido no processo de levantamento de dados, com perguntas pré-
estabelecidas, referente a um padrão que será aplicado a uma amostra de sócios entrevistados
na região oeste de Santa Catarina, que será definido através de dados estatístico com intervalo
de confiança de 95% de probabilidade da média verdadeira da população inteira ocorrer. O
questionário será aplicado via internet através da ferramenta Googledocs, que para McDaniel
(2008) é uma ferramenta que trás muita rapidez, tanto na criação com na distribuição aos
entrevistados. No processo de elaboração do roteiro do questionário serão formuladas
perguntas que abordam o tema de forma mais específica buscando aprofundar o conhecimento
do entendimento dos sujeitos em relação às organizações em foco.
Após coletados, primeiramente os dados obtidos serão categorizados e organizados de
acordo com o sujeito da pesquisa. Após, o material coletado será analisado verificando a
11
80 76
60
60 Internacional
Grêmio
40 Chapecoense
28
23
18 15
20 13 99
8 8
012 203 155
0
1º grau 1º grau Ensino Ensino Superior Superior Pós -
incompleto completo médio médio Incompleto completo Graduação
incompleto completo
Fonte: Os autores
40
30 2626 2322
1918
20
Internacional
10
34 44 11 45 Grêmio
Chapecoense
0
Fonte: Os autores
13
200
150 86
Chapecoense
Grêmio
100
Internacional
66
50 29 43
28
21 45 16 17
0
20 13 10
Até 1 salário De 2 a 4 salários de 5 a 7 salários Acima de 8 salários
mínimo mínimos mínimos mínimos
Fonte: Os autores
As classes sociais possuem comportamentos equivalentes por produtos, marcas e até
mesmo times de futebol, porém são definidas na analise de vários fatores no qual a renda é
um deles. Conforme o gráfico 3 os torcedores em sua maioria tem remuneração que varia de
R$1.600,00 a R$3.200,00. Contudo, induz-se que a classe social da maioria dos torcedores
esta em transição entre as classes C1 e C2 (classe C1 equivale a Classe média baixa e a Classe
C2 equivale a Classe Média), conforme o POF-IBGE (Pesquisa de Orçamentos Familiares).
Conforme Kotler e Keller (2006, p. 172) o comportamento do consumidor é essencial
para ditar a compra. Entre os fatores sociais, psicológicos, pessoais e culturais, este último é
considerado como o mais importante entre eles. Portanto, na sequência é apresentado como
tais comportamentos são percebidos nos torcedores da Associação Chapecoense de Futebol,
Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional para adesão do plano de sócio
torcedor. No gráfico 4 vemos como é composto o grupo de torcedores na região oeste de
Santa Catarina.
14
52
11,7%
88 186
19,7% 41,7%
120
26,9%
Associação Chapecoense de Futebol Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Sport Club Internacional Outros
Fonte: Os autores.
Vemos através do gráfico 4 uma predominância em torcedores da Chapecoense,
seguido por torcedores do Grêmio e na sequência Internacional. Torcedores de outros clubes
totalizam 11,7%, porém o intuito da pesquisa contempla apenas os 394 torcedores de
Chapecoense, Grêmio e Internacional que participaram da pesquisa. Além da composição das
torcidas na região oeste, procurou – se observar se tais torcedores possui um segundo clube a
qual se identificam, como demonstra o gráfico 5 logo abaixo.
Fonte: Os autores
15
80 72 69
60
40
20 16 16
1 3 3 3
0
Torcedores da Chapecoense Torcedores do Grêmio Torcedores do Internacional
Fonte: Os autores
No início desta pesquisa imaginava-se a presença de muitos sócios que além do seu
clube para qual torcem, também seriam sócios em uma segunda instituição a qual também
sente o mesmo carisma, principalmente quando se trata da Associação Chapecoense de
Futebol, que tem seu quadro de torcedores, composto por gremistas e colorados. A partir do
gráfico 3 vemos que a grande maioria não é associado, e quando se é associado o torcedor
está filiado ao seu clube de origem. Porém o que faz com que esses torcedores, adquiram um
plano de sócio de um determinado clube? O Gráfico 7 tenta demonstrar essa resposta da
seguinte maneira.
16
Fonte: Os autores
É perceptível que os benefícios do plano de sócio torcedor é um atrativo de novos
sócios para as instituições, e isto está em comum acordo entre os torcedores de Chapecoense,
Grêmio e Internacional. Sendo os benefícios um aspecto que deve se levar em conta na adesão
do plano de sócio torcedor, é necessário verificar os itens de cada clube para identificar entre
os oferecidos qual tem maior destaque, o que é apresentado na representação a seguir.
Gráfico 8 – Benefícios relevantes dentro do plano de sócio torcedor.
Fonte: Os autores
17
14,7%
10,2% 42,6%
0,5%
29,9%
2,0%
Amigos Colegas de trabalho Família Vizinhos Outros Nenhum
Fonte: Os autores
Conforme Kotler e Keller (2006, p. 177) os grupos de afinidade composto por amigos
e família por exemplo, ganham destaque nas respostas dos torcedores, onde que os grupos
secundários estão em outros com 10,2%, entre eles pode-se citar, os grupos que se tem menor
contato pessoal, como as demais instituições de futebol. Portanto, para atrair mais público aos
jogos deve se dar atenção aos benefícios supracitados bem como a família e os amigos de
torcedores, para então trazer estas pessoas para o estádio, já que se percebe que a grande
maioria dos torcedores não costumam frequentar os jogos do clube, como é percebido através
do gráfico 10.
18
6,6%
17,8%
Todos os jogos
Fonte: Os autores
Por fim, foi perguntado aos torcedores com qual item o mesmo se identificou e que foi
ou seria relevante para se associar ao clube, abaixo consta o resumo das respostas.
36,8%
Fonte: Os autores
No gráfico 11 é notório que estar satisfeito com os benefícios do plano de sócio é
fundamental para manter uma relação entre os torcedores e os clubes. Portando como
sugestão de alguns torcedores, vemos que é comum o mesmo falar em valorização do sócio,
através de ações beneficentes a eles bem como também a criação de planos alternativos que
ofereçam um baixo custo ao cliente torcedor, já que hoje deve-se considerar o mercado
futebolístico com um negócio. Assim, deve-se dar uma atenção especial com base nos dados
19
coletados, para família, amigos e os benefícios que os planos de sócio torcedor oferecem, pois
estes são com toda certeza os mais relevantes na decisão de aderir um plano de sócio torcedor,
ou seja, investimento em fidelização do sócio em programas que envolva familiares e amigos
são de extrema consideração no valor percebido pelos torcedores.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de revisão teórica realizada, juntamente com os procedimentos metodológicos
aplicados, o presente estudo objetivou analisar o perfil do consumidor e como as variáveis do
comportamento do consumidor influenciam na escolha de aderir ou não entre os planos de
sócio torcedor da Associação Chapecoense de Futebol, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e
Sport Club Internacional, deste modo possibilitando uma melhor compreensão quanto a seu
comportamento e escolhas. Após fazer a análise dos dados coletados através do questionário
aplicado aos torcedores que residem na região que abrange o oeste catarinense, pode-se
perceber as preferências do supracitado público como também delinear seu perfil e os fatores
que acabam por influenciar seu comportamento.
Diante do problema de pesquisa proposto pelos autores, verificou-se que o objetivo
desta pesquisa foi atingido, ao passo que puderam ser identificados o perfil dos consumidores
do esporte e os fatores de influencia de comportamento, bem como tabelar os dados
resultantes da pesquisa, analisá-los e compará-los com o conteúdo do referencial teórico.
Além disso, o artigo permite o aproveitamento das informações coletadas e opiniões
proporcionadas pelos torcedores, possibilitando posteriormente o uso destas, pelos
responsáveis por planejar as estratégias de marketing dos clubes citados, como forma de
melhorar as políticas de relacionamento com o torcedor através de campanhas de incentivo a
adesão de planos de sócios, participações em eventos, assim como proporcionar descontos a
sócios torcedores em variados setores e não só relacionados aos jogos.
Desta forma, os resultados desta pesquisa se tornam relevantes por se tratar de uma
área muito promissora do marketing e que ainda não é suficientemente explorada tanto em
âmbito regional quanto nacional, possibilitando sua utilização com intuito de melhorar essa
relação entre clube e torcedor. Contudo, é necessário salientar que o referido artigo não é tido
como um estudo completo, acabado ou definitivo, pois, espera-se que os clubes de futebol
mencionados na pesquisa ou outros interessados pelo assunto possam vir a desenvolver
estudos similares e mais aprofundados, com o proposito de melhor compreender o
comportamento dos consumidores esportivos, onde o pleno conhecimento de seu público
20
REFERÊNCIAS
AAKER, David A.; KUMAR, V.; DAY, George S. Pesquisa de Marketing. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo: Person
Prentice Hall, 2007.
KOTLER, Philip. Marketing Essencial: conceitos, estratégias e casos. 2. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2005.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo:
Pearson Education Brasil, 2012.
MALHOTRA, Naresh K.. Pesquisa de Marketing: Foco na decisão. 3. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2011.
MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing Esportivo. Rio de Janeiro: Record, 1995.
21
MULLIN, Bernard J.; HARDY, Stephen; SUTTON, William A. Marketing Esportivo. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed/bookman, 2004.
PITTS, Brenda G.; STOTLAR, David K.. Fundamentos de marketing esportivo. São Paulo:
Phorte, 2002.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo:
Cortez, 2007. Cap. 3. p. 99-126.
URDAN, Flávio Torres; URDAN, André Torres. Marketing Estratégico No Brasil: Teoria e
Aplicações. São Paulo: Atlas, 2010.
1
Resumo
O Brasil vem passando por um processo de descentralização do poder, buscando dar mais
autonomia aos Estados e Municípios. Sendo assim, a pesquisa teve como objetivo analisar a
dependência de recursos federais e estaduais nos municípios da Região Metropolitana de
Florianópolis, situada no estado de Santa Catarina, entre os anos de 2012 a 2014. Para tanto,
buscou-se conhecer as origens da receita corrente dos municípios, ou seja, se provem do
governo federal, do estado ou de arrecadação própria e também calcular a correlação entre o
número de habitantes e o grau de dependência de recursos intergovernamentais apresentado
pelos municípios. Para análise da dependência foi calculada a relação entre receita corrente
total e transferências correntes de cada município durante os anos analisados e, para a
correlação, foram utilizados o percentual de dependência apresentado em 2014 e a população
do município no mesmo ano. A identificação das origens foi realizada a divisão, dentro das
transferências correntes, do que provinha da União e o que provinha do Estado. Como
resultado da pesquisa, foi possível evidenciar que a maior parte dos entes apresenta um alto
grau de dependência de recursos de transferências intergovernamentais, tendo como principal
transferidor o governo federal e, quanto à correlação, a região apresentou uma correlação
negativa forte, inferindo que quanto menor a população do ente, maior sua dependência de
recursos financeiros.
Palavras chave: Transferências intergovernamentais, Munícipios, Contabilidade Pública.
Abstract
Brazil has been in a power decentralization process, searching for more autonomy of the
States and Municipalities. Therefore, the research has the objective to analyze federal and
state dependences in Florianopolis Municipalities, placed in Santa Catarina State from 2012
to 2014. In this way, it was searched to know the municipality current revenue origins, that is,
if it comes from the federal government, state or own levied and also to calculate the
correlation between the number of inhabitants and the inter-governmental dependence
resource degrees presented by the municipalities. For analysis of dependency has calculated
the ratio of total current revenues and current transfers of each municipality during the years
analyzed and for the correlation, we used the percentage of addiction presented in 2014 and
the population of the city in the same year. The identification of origins was held the Division,
within the current transfers of which stemmed from the Union and what came from the State.
It was possible to discloser with the research outcome that most of the entities present high
inter-governmental dependence resource degrees, having as the main transfer the federal
government and, according to the correlation, the region presented a strong negative
2
correlation, inferring that as lower the entity population is higher it is its financial resource
dependences.
Key-words: Inter-governmental transferences, Municipalities, Public Accounting.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, o poder legislativo da União, dos estados e dos municípios é obrigado, pela
Lei nº 4320/1964, a elaborar, por meio da Lei Orçamentária Anual (LOA), o orçamento dos
entes do setor público, prevendo as receitas e despesas para o ano seguinte de sua aprovação.
Na elaboração do orçamento, as receitas orçamentárias são de fundamental
importância, visto que são elas que permitem a criação das despesas, possibilitando a
continuidade das atividades do Estado, para o atendimento das necessidades públicas. Essas
receitas correspondem aos ingressos financeiros que o governo pode usar efetivamente na
execução do orçamento público. Sua arrecadação pode ser feita através da cobrança de
tributos e da venda de bens e serviços, ou também pelas transferências de recursos
intergovernamentais.
Essas transferências podem ser efetuadas entre as três esferas de governo: federal,
estadual e municipal. Sua realização pode ser de caráter constitucional ou legal, ou ainda
voluntária. As definidas como constitucional ou legal são aquelas estabelecidas pela
constituição ou por lei, obrigando um ente a transferir ao outro, como: o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), as transferências da Lei Complementar nº 87/96 (Lei
Kandir) e as transferências do FNDE. Já as voluntárias são os recursos entregues a outro ente
da Federação, para auxílio financeiro, que não provém de determinação constitucional, legal
ou os destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), não havendo garantias reais da
transferência.
Desde o final da década de 80, com a outorga da atual Constituição Federal, o Brasil
vem passando por um processo de descentralização fiscal, atribuindo mais poder de tributar e
gerar renda aos estados e municípios, com o objetivo de dar maior independência financeira
aos entes. Porém, como já concluído em estudos anteriores, como os de: Scur e Platt Neto
(2011), Nazareth (2015) e Sousa e Arantes (2012), os municípios ainda se mostram
insuficientes na geração de recursos para o fornecimento dos serviços públicos que lhe foram
delegados. Sendo assim, ainda é apresentada grande dependência de receitas oriundas de
repasses intergovernamentais.
Dentro deste contexto, a presente pesquisa busca analisar, no período de 2012 a 2014,
a composição das receitas dos municípios da Região Metropolitana de Florianópolis, a fim de
responder a seguinte questão: Qual o grau de dependência de recursos federais e estaduais nos
municípios da Região Metropolitana de Florianópolis? Através desta problemática, busca-se
analisar a evolução da dependência destas transferências durante os anos. Também será
evidenciada a composição destes repasses, a fim de identificar de onde eles são provenientes.
O assunto abordado tem relevância na área de contabilidade pública e se justifica pela
necessidade de verificar se o processo de descentralização e autonomia dos municípios,
iniciado no fim da década de 80, está conseguindo ser realizado, tornando estes entes mais
independentes, financeiramente, da União e do estado.
2 REVISÃO DA LITERATURA
A Lei nº 4320, publicada em 1964, determinou normas para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços públicos, trazendo um enfoque orçamentário para a contabilidade
pública quando foi aprovada. Nesse sentido, a Contabilidade Pública é o "ramo da
contabilidade que estuda, controla e demonstra a organização e execução dos orçamentos,
atos e fatos administrativos da fazenda pública, o patrimônio público e suas variações"
(ABOP, 1975 apud TCE/SC, 2003, p.102).
Em 2008, com a entrada em vigor das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas
ao Setor Público (NBC TSP), aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
iniciou-se um processo de mudança para uma "Nova Contabilidade Pública", conhecida como
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP).
A NBC T 16.1 definiu o conceito de CASP como: "o ramo da ciência contábil que
aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas
contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público" (CFC, 2008).
Deste modo, a CASP diferencia-se da Contabilidade Pública anterior por seguir os
Princípios de Contabilidade estabelecidos na Resolução CFC nº. 750/1993 (CFC, 1993,
atualizada em 2010), o que representa uma mudança do enfoque orçamentário (enfatizado no
conceito da ABOP) para o enfoque sobre seu objeto enfatizado pelo CFC, o patrimônio.
(PLATT NETO, 2015a)
Apesar da mudança de enfoque, o orçamento ainda continua sendo um importante
instrumento dentro da administração pública, possibilitando aos gestores "planejar o uso dos
recursos limitados que extrai da sociedade, visando otimizar seus resultados." (PLATT
NETO, 2015b).
Segundo a Lei nº 4320/1964, "A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita
e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do
Governo, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade." (BRASIL, 1964)
No momento da elaboração e planejamento do orçamento, a previsão das receitas se
torna peça necessária para a criação das despesas que serão utilizadas para o atendimento das
necessidades públicas.
RECEITAS
RECEITAS DE CAPITAL
CORRENTES
Receita Tributária Operações de Crédito
Receita de Contribuições Alienação de Bens
Receita Patrimonial Amortização de Empréstimos
Receita Agropecuária Transferências de Capital
Receita Industrial Outras Receitas de Capital
Receita de Serviços
Transferências Correntes
Outras Receitas Correntes
Fonte: Adaptado de Cruz et al (2003)
Quadro 1 - Classificações da Receita em Categoria Econômica e Origem
3 METODOLOGIA
índice utilizado foi o IGP – M (FGV), tendo como base o ano de 2014. Entre 2012 e 2014 o
índice aplicado foi 1,1014755 e, entre 2013 e 2014 foi 1,0429693. Foram atualizados os
valores da receita corrente e da dedução da receita corrente da tabela 1, as transferências
correntes da tabela e a receita corrente na tabela 2, e os valores da tabela 4, que apresenta a
origem dos recursos.
O resultado da pesquisa se restringe aos municípios estudados, dentro do período
analisado, não podendo ser considerado como realidade para outro período ou outra amostra
de municípios.
Político
ÍNDICE Sociocultural Econômica Ambiental IDMS*
Institucional
ANO 2012 2014 2012 2014 2012 2014 2012 2014 2012 2014
Águas Mornas 0,767 0,747 0,765 0,649 0,610 0,610 0,654 0,663 0,699 0,667
Antônio Carlos 0,823 0,828 0,709 0,726 0,724 0,699 0,694 0,685 0,738 0,734
Biguaçu 0,582 0,673 0,758 0,766 0,756 0,914 0,637 0,706 0,683 0,765
Florianópolis 0,583 0,754 0,771 0,786 0,855 0,855 0,681 0,665 0,723 0,765
Governador Celso Ramos 0,662 0,602 0,673 0,621 0,679 0,704 0,364 0,553 0,595 0,620
Palhoça 0,600 0,652 0,841 0,798 0,892 0,875 0,603 0,696 0,722 0,755
Santo Amaro da Imperatriz 0,670 0,756 0,749 0,698 0,855 0,855 0,582 0,611 0,714 0,730
São José 0,583 0,711 0,789 0,802 0,866 0,866 0,602 0,627 0,698 0,751
São Pedro de Alcântara 0,798 0,813 0,719 0,756 0,730 0,755 0,657 0,635 0,726 0,740
MÉDIA 0,674 0,726 0,753 0,734 0,774 0,793 0,608 0,649 0,700 0,725
Nota: *IDMS – Índice de Desenvolvimento Sustentável dos Municípios
Fonte: Elaborado a partir dos dados coletados em FECAM (2016)
Tabela 2 – Índice de Desenvolvimento Sustentável dos Municípios em 2012 e 2014
Na análise individual dos municípios, pode-se observar que somente Biguaçu e São
José não obtiveram oscilação negativa em nenhum dos indicadores. O IDMS da maioria dos
municípios obteve um crescimento, com exceção de Águas Mornas e Antônio Carlos, que
apresentaram um decréscimo de 4,585 e 0,54%, respectivamente, no índice. Na análise geral,
a região apresentou variação positiva no IDMS e na maioria dos índices que o constitue,
exceto na Dimensão Econômica, quando se observa uma redução de 2,54% em relação aos
dados de 2012.
A Grande Florianópolis é um dos destinos turísticos mais visitados de Santa Catarina.
É nessa região que está situada a capital do estado, Florianópolis, famosa por suas belezas
naturais e pela qualidade de vida – a maior entre todas as capitais brasileiras. Mas existem
outros atrativos nas redondezas, como as estâncias de águas termais de Santo Amaro da
Imperatriz, as paisagens rurais de Rancho Queimado, Anitápolis, São Bonifácio e São Pedro
de Alcântara, além das belíssimas praias de Governador Celso Ramos e Palhoça, onde fica a
badalada Guarda do Embaú. (SANTA CATARINA, 2016)
Águas Mornas 14.911.152 1.851.219 13.059.933 15.283.311 1.948.760 13.334.551 17.174.839 2.063.150 15.111.689
Antônio Carlos 26.619.485 3.387.251 23.232.235 25.897.417 3.752.393 22.145.024 28.871.303 3.742.215 25.129.087
Biguaçu 134.655.020 16.669.163 117.985.857 132.117.966 18.057.314 114.060.652 143.301.633 18.308.980 124.992.653
Florianópolis 1.150.495.753 59.199.988 1.091.295.765 1.207.592.373 59.949.971 1.147.642.403 1.301.357.215 115.890.666 1.185.466.549
Governador Celso Ramos 34.468.610 2.443.860 32.024.751 35.511.660 2.320.821 33.190.839 41.660.747 2.773.268 38.887.479
Palhoça 266.735.633 16.995.744 249.739.889 300.286.106 32.893.807 267.392.298 348.862.053 24.811.695 324.050.359
Santo Amaro da Imperatriz 44.059.366 3.747.378 40.311.987 44.342.983 3.785.095 40.557.888 50.539.294 5.169.816 45.369.478
São José 430.671.313 33.762.296 396.909.017 444.432.078 33.795.631 410.636.448 493.945.839 35.745.232 458.200.607
São Pedro de Alcântara 14.264.748 1.662.452 12.602.296 13.982.909 1.750.241 12.232.668 15.022.320 2.112.456 12.909.864
Totais 2.116.881.082 139.719.351 1.977.161.731 2.219.446.803 158.254.032 2.061.192.771 2.440.735.244 210.617.478 2.230.117.766
Águas Mornas 12.389.858 14.911.152 83,09% 13.335.886 15.283.311 87,26% 14.051.948 17.174.839 81,82% 84,06%
Antônio Carlos 21.088.640 26.619.485 79,22% 21.943.872 25.897.417 84,73% 23.302.064 28.871.303 80,71% 81,56%
Biguaçu 96.396.080 134.655.020 71,59% 98.908.610 132.117.966 74,86% 101.321.113 143.301.633 70,70% 72,39%
Florianópolis 507.820.084 1.150.495.753 44,14% 512.284.171 1.207.592.373 42,42% 554.010.434 1.301.357.215 42,57% 43,04%
Governador Celso Ramos 19.763.479 34.468.610 57,34% 20.311.672 35.511.660 57,20% 23.358.584 41.660.747 56,07% 56,87%
Palhoça 141.351.875 266.735.633 52,99% 164.729.229 300.286.106 54,86% 184.751.317 348.862.053 52,96% 53,60%
Santo Amaro da Imperatriz 30.630.745 44.059.366 69,52% 32.748.212 44.342.983 73,85% 35.146.491 50.539.294 69,54% 70,97%
São José 247.918.350 430.671.313 57,57% 266.240.588 444.432.078 59,91% 278.414.809 493.945.839 56,37% 57,95%
São Pedro de Alcântara 10.889.741 14.264.748 76,34% 11.630.733 13.982.909 83,18% 11.963.657 15.022.320 79,64% 79,72%
Total 1.088.248.852 2.116.881.082 51,41% 1.142.132.973 2.219.446.803 51,46% 1.226.320.416 2.440.735.244 50,24% 51,04%
600.500.000,00
500.500.000,00
400.500.000,00
300.500.000,00
200.500.000,00
100.500.000,00
500.000,00
100,00%
90,00%
Águas Mornas
80,00% Antônio Carlos
Biguaçu
70,00%
Florianópolis
Governador Celso Ramos
60,00%
Palhoça
Santo Amaro da Imperatriz
50,00%
São José
30,00%
2012 2013 2014
Fonte: Os Autores
Gráfico 2 – Evolução da Dependência de Transferências Correntes
2014
MUNICIPIO
% Dependência População Correlação
Águas Mornas 81,82% 6020
Antônio Carlos 80,71% 8012
Biguaçu 70,70% 63440
Florianópolis 42,57% 461524
Governador Celso Ramos 56,07% 13801 -0,81
Palhoça 52,96% 154244
Santo Amaro da Imperatriz 69,54% 21572
São José 56,37% 228561
São Pedro de Alcântara 79,64% 5256
Fonte: Os Autores
Tabela 5 – Correlação entre população e dependência no ano de 2012
maior percentual são as transferências da União. O único ente que apresentou o Estado como
maior transferidor foi o município de Antônio Carlos. Os percentuais também não
apresentaram grande variação durante os anos analisados.
Percebe-se uma elevada dependência de recursos intergovernamentais dentro dos
municípios da Região da Grande Florianópolis, semelhante ao que foi identificado no estudo
de Scur e Platt Neto (2011) dentro do município de Canela. A análise da correlação também
permitiu afirmar o que Sousa e Arantes mencionaram em seu estudo, que a “dependência está
estritamente ligada ao tamanho do município”. (Sousa e Arantes, 2012).
Na análise das origens verifica-se um predomínio de transferências vindas do governo
Federal, podendo ser devido ao fato de que ele é o nível central do governo, concentrando a
arrecadação pra si, conforme apresentado por Nazareth (2015).
5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS
14
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo aplicar a ferramenta de avaliação de desempenho Balanced
Scorecard (BSC) no Instituto Federal Catarinense, no âmbito do Campus Araquari. Este
estudo é uma pesquisa-ação com objetivo descritivo, no qual a definição do portfólio
bibliográfico ocorreu com a utilização da metodologia Proknow-C, bem como foram
utilizados livros e outros artigos relacionados ao tema. Partindo dos objetivos estratégicos
pré-elaborados no planejamento estratégico e após entrevistas com os gestores, elaborou-se o
painel de desempenho do BSC que dará subsídio para os gestores acompanharem a realização
dos objetivos estratégicos em relação às metas propostas. Por meio do estudo, observou-se
que o BSC pode ser considerado como uma promissora ferramenta para a avaliação de
desempenho de instituições de ensino e constatou-se que dos sete objetivos estratégicos
analisados, apenas um não atingiu 50% da meta, que é implantar até o final de 2017.
Abstract:
This work aims to apply the performance assessment tool Balanced Scorecard (BSC) at the
Federal Institute of Santa Catarina, in the Campus Araquari. This study is an action research
with descriptive purpose, in which the definition of bibliographic portfolio occurred with the
use of Proknow-C methodology and were used books and other items related to the topic.
Starting from the pre-designed strategic objectives in the strategic planning and after
interviews with managers, elaborated the BSC performance dashboard that will give
allowance for managers monitor the achievement of strategic objectives in relation to the
proposed goals. Through the study, it was observed that the BSC can be considered a
promising tool for evaluating educational institutions performance and it was found that the
seven major goals analyzed, only one did not reach 50% of target, it is to deploy until the end
of 2017.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Desenvolvido por Kaplan e Norton (1992), o Balanced Scorecard (BSC) busca alinhar
o planejamento estratégico com as ações operacionais da empresa, ou seja, alinhar todos
objetivos da alta administração, diretoria, gerências e chão de fábrica, buscando uma visão
abrangente de toda a organização (YU; HAMID; IJAB, 2009 apud MATOS; PETRI, 2015).
Tradicionalmente utilizado por empresas que visam o lucro, o uso do BSC vem se
popularizando em outras áreas. A sua aplicação em instituições de ensino superior (IES)
públicas e privadas foi tema de diversas pesquisas recentes (PAPENHAUSEN; EINSTEIN,
2006; UMASHANKAR; DUTTA, 2007; PHILBIN, 2011; WU; LIN; CHANG, 2011;
ZANGOUEINEZHAD; MOSHABAKI, 2011; SCHOBEL; SCHOLEY, 2012; SAYED, 2013;
AL-HOSAINI; SOFIAN, 2015; HLADCHENKO, 2015).
Philbin (2011) relata os benefícios decorrentes da utilização do BSC em IES, que são:
(i) Acesso a uma fonte central de dados e informações que anteriormente eram localizados em
áreas dispersas em toda a instituição; (ii) Os relatórios Scorecard fornecem informações
específicas sobre o desenvolvimento da instituição, capacidade de pesquisa e ensino, e estas
informações contribuem para uma melhor tomada de decisão, como por exemplo, sobre quais
cursos de formação desenvolver no futuro; (iii) Identificação do valor monetário de
alavancagem financeira, que é utilizado pelos financiadores da instituição para justificar o
valor do seu investimento; (iv) A capacidade de monitorar e medir o desempenho da
instituição sistemicamente, que inclui considerações de finanças, desenvolvimento de pessoas,
a capacidade da instituição e produção de pesquisas, contribui para a sustentabilidade da
instituição mediante a identificação de resultados tangíveis e evidências para apoiar o caso de
negócio da instituição.
Ah-Hosaini e Sofian (2015) analisaram a utilização do BSC em IES, a fim de
identificar as perspectivas mais adequadas para avaliar o desempenho das instituições.
Embora, as quatro perspectivas convencionais sejam: financeira, clientes, processos internos e
aprendizado e crescimento, os resultados deste trabalho indicam que as universidades e
instituições de ensino superior como organizações sem fins lucrativos podem aplicar outras
perspectivas não financeiras, tais como a participação da comunidade, inovação, parceria
estratégica e excelência da investigação científica.
Para Hladchenko (2015), A aplicação do BSC no processo de gestão estratégica de
IES contribui para a transparência da implementação da estratégia em diferentes fases do
processo e em diferentes níveis da organização. No entanto, apesar de todas as suas
vantagens, o BSC não é amplamente utilizado no processo de gestão estratégica de IES
devido ao fato de os gestores das universidades não terem experiência e habilidades no
desenvolvimento desta ferramenta. Apesar de ser difícil e de desenvolvimento demorado, o
BSC é uma ferramenta eficiente de gestão estratégica que cria um alinhamento entre todos os
elementos da estratégia da IES, fazendo o processo de implementação de fácil percepção para
os membros da universidade, transparente e mensurável. As perspectivas do BSC dão a
oportunidade de desenvolver um equilíbrio entre todos os processos internos e externos, que
são fatores na base da estratégia da IES.
Martins Apresentar uma proposição Proposição de um total de A coleta de dados foi realizada em
(2015) de um mapa estratégico na 05 perspectivas: agosto/2013, com a análise de dados
forma do Balanced Educacional, Financeira, secundários, a utilização do Plano de
Scorecard para a Sociedade, Aprendizado e Desenvolvimento Institucional (PDI)
Universidade Estadual do Crescimento e Processos de 2007, Relatório Anual das
Oeste do Paraná – Internos, distribuídos Atividades da Unioeste, exercícios de
UNIOESTE. nestas perspectivas, 16 2007 a 2010, Projeto Político
objetivos estratégicos e 30 Pedagógico Institucional de 2007,
indicadores estratégicos. Planejamento Institucional da Unioeste
de 2007, Planejamento Estratégico
Participativo de 2007, Relatório de
Atividades 2012 e organogramas da
Unioeste (Reitoria e Campis).
Ulyssea et. al Propor um modelo para a Os resultados da pesquisa Para a elaboração do trabalho
(2013) gestão estratégica indicam que: (i) as observou-se e coletou-se informações
organizacional a uma estratégias da instituição consideradas de fundamental
Instituição de Ensino estão traduzidas em importância para a IES, a fim de
Superior, por meio da iniciativas e ações, por estruturar o modelo de ferramenta
estruturação de um meio da ferramenta BSC; gerencial, de acordo com a realidade
Balanced Scorecard (ii) a instituição traduziu os da organização. Fez-se uso, ainda, do
(BSC). objetivos estratégicos do método de pesquisa observacional.
Plano de Desenvolvimento
Institucional em metas
operacionais e (iii) o
mapeamento da instituição
desenvolvido por meio da
metodologia BSC gerou
uma visão holística e
alinhada das estratégias
desdobrando-as até seu
nível operacional.
Farias et al. Proposição de um mapa Com relação aos Análise do Planejamento Institucional
(2012) estratégico como resultados, o mapa 2011/2012; Entrevistas com os
ferramenta de comunicação proposto se desdobrou em servidores ligados ao Planejamento
da estratégia no âmbito de cinco perspectivas, Institucional, essas entrevistas tiveram
uma Instituição de Ensino explicadas por 17 objetivos por objetivo obter informações mais
Público Federal. estratégicos. Para atender completas acerca do que os envolvidos
às especificidades da sabem, acreditam, sentem e esperam a
organização em estudo, respeito da situação em estudo.
foram realizadas
adaptações na perspectiva
clientes, alterada para
alunos/sociedade,
perspectiva financeira,
substituída pela perspectiva
orçamentária e foi incluída
a perspectiva da
responsabilidade social.
Dalfovo e Lima Apresentar um estudo e Como resultado implantou- O estudo foi realizado em etapas,
(2009) viabilidade para se o BSC na IES, e com sendo a primeira caracterizada pela
Implantação do BSC em isso, pôde-se ter uma visão pesquisa bibliográfica, que
uma Instituição de Ensino macro dos indicadores de proporcionou aprofundamento na
Superior, como um desempenho dos cursos de questão teórica dos métodos de
Observatório da Educação. pós-graduação em nível medição de desempenho, em especial
lato sensu. o BSC. Concomitante a este processo
ocorreu a pesquisa documental e
descritiva, por meio do levantamento
das ementas das disciplinas das Pós-
Graduações analisadas e a montagem
de questionário de avaliação. O
questionário aplicado limitou-se a
questões internas da IES, sendo assim,
não foram apresentadas as
características, processos de
lançamento e conteúdo.
Costa e Scare O trabalho teve como A aplicação da ferramenta Neste estudo foram utilizadas diversas
(2007) objetivo compreender a demonstrou-se de crucial fontes de informação como, por
aplicabilidade de uma importância para a exemplo, o levantamento de
ferramenta como o evolução da organização a documentos e arquivos, a realização de
Balanced Scorecard em partir do momento que entrevistas com roteiro
uma Organização busca adaptar a visão semiestruturado e a observação
Estudantil Universitária, tradicional para participante por um dos autores no
por meio de um estudo de perspectivas inovadoras período de outubro de 2006 a abril de
caso na organização não- como: Impacto, 2007.
governamental AIESEC. Viabilizadores, Membros,
Processos e Parceiros.
Além disso, fornece
suporte para a implantação
de novos escritórios, serve
como ferramenta de
motivação dos alunos
envolvidos e
principalmente articula,
comunica e traduz a
estratégia desenhada em
âmbito nacional e
internacional para os
diversos escritórios,
gerando assim coesão entre
eles.
Fonte: Dados da Pesquisa
Quadro 1: Pesquisas Similares
A partir dos estudos encontrados na literatura que descrevem o processo de
implantação do BSC em instituições de ensino, deseja-se elaborar um BSC para o Instituto
Federal de Catarinense.
3. METODOLOGIA
Este trabalho pode ser classificado como pesquisa ação, devido à efetiva participação
dos pesquisadores, com objetivo de descrever as etapas para elaboração do painel de
desempenho no Instituto Federal Catarinense.
Quanto aos objetivos, a pesquisa é classificada como descritiva, tendo em vista a
descrição do processo de aplicação do Balanced Scorecard na instituição objeto de estudo
(BEUREN, 2006).
Em relação à abordagem do problema, enquadra-se como qualitativa, pois é contextual
e interpretativa, captando os dados a partir da visão dos participantes (GRAY, 2012).
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ULYSSEA, D. S., MARTINS, C., SILVA, J. D., GIAROLA, P. G., & LIMA, C. R. M.
Balanced scorecard em uma instituição de ensino superior: uma proposta de modelo para
gestão estratégica. Revista Catarinense da Ciência Contábil, 12(35), 28-47, 2013. Disponível
em: <http://www.spell.org.br/documentos/ver/33237/balanced-scorecard-em-uma-instituicao-
de-ensino-superior--uma-proposta-de-modelo-para-gestao-estrategica>. Acesso em 28 de
fevereiro 2016.
WU, HY.; LIN, YK.; CHANG, CH. Performance evaluation of extension education
centers in universities based on the balanced scorecard. Evaluation and Program Planning,
v. 34, n. 1, p. 37-50, 2011. Disponível em: <http://www-sciencedirect-
com.ez46.periodicos.capes.gov.br/science/article/pii/S0149718910000480>. Acesso em 12 de
janeiro 2016.
Resumo
Esta pesquisa quantitativa e descritiva buscou identificar os fatores financeiros que estão
correlacionados com a migração interna entre os municípios mato-grossenses no período de
2003 a 2012. Foram utilizadas as informações dos Censos Demográficos do IBGE e
FINBRA. A amostra da pesquisa abrangeu 111 dos 141 municípios (79%). Os resultados
sugerem uma correlação estatisticamente negativa entre a migração interna e as receitas
próprias e as transferências correntes e; entre a migração interna e as despesas de custeio,
investimentos, gastos em saúde, trabalho, educação, urbanismo, agricultura, comércio e
serviços, sinalizando que a falta de recursos, especialmente os oriundos de governos
superiores, Estado e União, podem aumentar a evasão dos moradores dos seus municípios.
Verificou-se também que os gastos em saneamento, indústria, cultura e turismo, comunicação,
energia e transporte, não estão correlacionados com a migração interna ocorrida na região, o
que podeestar associado ao fato de o Estado ser territorialmente extenso e com muitos
municípios de baixo índice de desenvolvimento. Os resultados sugerem ainda que a migração
interna pode resultar da influência do baixo nível de investimentos socioeconômicos.
Palavras chave: Finanças Públicas. Migração Interna. Municípios Mato-Grossenses.
Desenvolvimento Regional.
Abstract
This quantitative and descriptive research sought to identify which financial factors are
correlated to the internal migration withinthe MatoGrosso State, Midwest Brazil, in the period
2003 to 2012. It was used information from the IBGE Demographic Census and FINBRA.
The survey sample included 111 of the 141 municipalities (79%). The results suggest a
statistically negative correlation between internal migration and income and current transfers
and between internal migration and operating expenses, investments, health expenditures,
labor, education, urban planning, agriculture, trade and services, indicating that the lack of
resources, especially those from higher level governments: State and Union, that may increase
the evasion of residents of their municipalities. It was also verified the negative correlation of
internal migration with sanitation investments, industrial sector expenditures, culture and
tourism, communication, energy and transportation investments, that might be associated to
the fact that the State is territorially extensive and many municipalities have low development
2
index and cannot cover the real necessary investments, when analyzed in terms of
proportional average. The results also suggest that internal migration may be result from the
influence of low social and economic investments.
Key-words: Public finances. Internal migration. Mato Grosso State, Midwest Brazil.
Regional development.
1 INTRODUÇÃO
As causas que incentivam a migração interna têm sido um tema pouco questionado no
Estado do Mato Grosso. Fato que possivelmente faz da migração interna um dos principais
motivos para desaceleração no desenvolvimento populacional de alguns municípios, afetando
consequentemente a situação socioeconômica das localidades que sofrem com o problema da
desaceleração populacional.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia
Rural, SOBER (2009, p. 2), “o processo migratório no Brasil ocorre de forma contínua e faz
parte da história do País. As migrações internas exercem um papel importante, interferindo
de forma significativa nas transformações das estruturas econômicas e sociais”.
Acerca deste processo, “os diferenciais de salários são considerados como o principal
fator capaz de influenciar a migração”. Por sua vez, “a mobilidade de pessoas na direção
certa é vista como um meio de acabar com a desigualdade de renda entre as regiões”
(SJAASTAD; 1962; NUNES, 2008, p. 10). Portanto, o surgimento de oportunidades de
empregos e as expectativas de diferenciais de rendas entre regiões, são elementos
fundamentais na decisão de migrar.
Tais mudanças representaram transformações significativas, no desenvolvimento da
economia e na estrutura socioeconômicadas localidades. Evidências encontradas na literatura
(SILVA, 2001; NUNES, 2008) têm sugerido que muitos fatores como Receitas Próprias,
Transferências Intergovenamentais, Gastos de Custeio, de Investimentos, Gastos na Área de
Saúde, do Trabalho, de Educação, Agricultura, Cultura e Turismo, Comunicação, de
Transporte, entre outros, podem influenciar diretamente no fluxo migratório. Quando o
indivíduo está à procura de uma nova inserção, tudo leva a crer que o bem estar social está à
frente de tudo.
“Para que se tenha uma política migratória séria e definitiva é fundamental que se
tente buscar uma racionalização do processo de distribuição espacial da população”. Para
tanto, torna-se necessário explicitar e articular “alternativas de ocupação territorial e
expansão econômica, abrindo-se mão de processos paliativos, bem como objetivando reduzir
o custo social e individual da migração ou reorientar seus fluxos, seguindo as flutuações
detectadas no mercado de trabalho” (TAVARES, 2001, p. 04).
Outros fatores também podem estar associados à migração, como “os conflitos
armados, precariedade nas condições econômicas, lutas políticas, étnicas, sociais e religiosas,
catástrofes naturais, desigualdade de classe e sonhos de realização pessoal”. Com efeito,
todas estas situações representam relação com os deslocamentos humanos, ou seja, as
migrações (ZAMBERLAM, 2004, p. 14).
De maneira geral, Silva (2001, p. 12), explica que “o fenômeno migratório nasce do
conflito gerado entre as aspirações pessoais ou coletivas não satisfeitas pelos padrões
socioeconômicos, as quais passam por fases de frustrações, que vão sendo superadas à
medida que os migrantes vão se inserindo em melhores condições de emprego e trabalho,
bem como socioculturais, políticas e ambientais da sociedade”.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Migração interna e movimentos migratórios no Estado de Mato Grosso
SegundoOliveira e Oliveira (2011, p. 14)as teorias sobre migração foram produzidas
sob forte influência do mundo industrial, com enfoque principal no desenvolvimento sócio
econômico. Desse modo, tanto as migrações baseadas na teoria da modernização, quanto as
que tiveram um enfoque na forma estruturalista, estavam centralizadas nos grandes fluxos
dos deslocamentos populacionais, como por exemplo, “as migrações urbanas e as migrações
internacionais”.
“A imigração brasileira se intensifica após o ano de 1.850, momento em que os
governos provinciais passam a ter a responsabilidade de promover a imigração” (GOMES,
2005, p. 25). Assim, o processo migratório compreende diversas tradições, ancoradas na
história, de acordo com as teorias que compõem o quadro migratório juntamente com o as
implicações em que diferenciam as transformações sociais e culturais.
Braga e Santos (2010, p. 6), apontam que existe uma modificação significativa
referente aos “padrões migratórios nas últimas décadas”. Este processo, denominado de
êxodo-rural, movimentou trabalhadores do campo em direção as cidades, ocupando o papel
de protagonistas no processo de reestruturação econômica do País na segunda metade do
século XX. “O esvaziamento das áreas rurais foi progressivamente dando espaço para trocas
populacionais entre áreas urbanas” (BRAGA; SANTOS, 2010, p. 6).
Desse modo, os deslocamentos populacionais compreendem uma interdependência do
sistema econômico, influenciadas pela modernização mundial. De fato, as migrações com a
principal influência da modernização, transferem um grande excedente populacional das
áreas tradicionais da sociedade para as cidades grandes, onde predomina um arranjo social e
cultural moderno, baseado nos padrões históricos da sociedade ocidental (SILVA, 2001).
Na ótica de Singer (1980, p. 217) “O fenômeno migratório é social, assume a
dimensão de classe social, que estaria respondendo aos processos sociais, econômicos e
políticos ao migrar” sendo “as migrações internas são sempre historicamente condicionadas,
sendo o resultado de um processo global de mudança, do qual elas não devem ser separadas”.
4
Nunes (2008) transcorre sobre a ideia de que existe uma evasão rural ocasionada pela
migração do campo para a zona urbana. Esta condição é facilmente visualizada nos grandes
centros, onde o tipo de vida apresentada tende a ser melhor, até mesmo pelas oportunidades
de empregos ou ainda, pela facilidade de acesso a serviços essenciais como educação, saúde e
segurança.
Em uma breve passagem pela geografiado Mato Grosso, são encontrados dados
importantes de serem destacados, segundo o último levantamento do IBGE - Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, realizado no ano de 2010, no qual consta que o Estado
do Mato Grosso possui 903.357,908 km2 de extensão territorial, fator que o transforma no
terceiro maior Estado do País, ficando atrás somente dos Estados do Amazonas e do Pará.
O IBGE também destaca que etnicamente o Estado de Mato Grosso é um Estado
formado por uma mistura de índios, negros, espanhóis e portugueses. Diz ainda que a
miscigenação ocorreu nos primeiros anos do período colonial e que essa gente miscigenada
recebeu aos migrantes vindos de outras partes do País, chegando a destacar uma porcentagem
de 41% dos moradores migrados de outros países.
Em face de tais características e da ascensão econômica deste Estado, para a
realização deste estudo entende-se que este se constitui um contexto adequado parainvestigar
os fatores financeiros que estão correlacionados com a migração interna entre os municípios
mato-grossenses.
2.2 Importância das finanças públicas para minimizar a migração interna
“A migração interna não resulta de uma ação espontânea”. Tudo ocorre a partir de
certo momento histórico quandoa migração acontece, em função da complexidade de cada
elemento associado aos sistemas socioculturais e econômicos das sociedades de origem e
destino, cuja condição leva as pessoas a tomarem as suas próprias decisões (SILVA, 2001, p.
12). Nunes (2008, p. 11) explica que “os indivíduos agem racionalmente e decidem migrar
porque esperam obter um retorno líquido favorável, geralmente monetário, desse
deslocamento”.
Em outras palavras, os potenciais migratórios são influenciados pela obtenção de um
ganho, favorável ao indivíduo. Dentre os fatores mais visíveis para que a migração ocorra,
Tavares (2001, p. 8) destaca os seguintes: a pressão sobre o mercado de trabalho com reflexo
na estrutura de salários; as exigências adicionais em matéria de fornecimento de serviços
básicos e de atendimentos sociais, tendo em vista a sobrecarga detectada no consumo de
água, esgoto, energia elétrica, transporte, habitação, assistência médica e escola.
As migrações internas têm um papel importante na literatura econômica,
principalmente no que se refere aos fatores que motivam as pessoas a se deslocarem de seu
ponto de origem para outro desconhecido. Porém, esses mesmos fatores são propícios ao
desequilíbrio social. Para tanto, entende-se que os investimentos das finanças públicas
intermediados pelas políticas sociais, são imprescindíveis para o acompanhamento e controle
das migrações populacionais. É, portanto, percebível que “os investimentos [...] começaram a
render frutos no crescimento das cidades de porte médio e no desenvolvimento de novos
eixosde expansão demográfica, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte” do Brasil
(BRAGA; SANTOS, 2010, p. 3).
“O governo tem por função prover os chamados bens públicos, cujos recursos para tal
provêm da arrecadação de impostos” (GREMAUD et al., 2000, p. 30). Os bens públicos
compreendem todos aqueles “bens que não podem ser providos pelo mecanismo de mercado,
como justiça, segurança nacional”, dentre outros. Neste contexto, cada dia fica mais evidente
a necessidade das decisões políticas administrativas serem discutidas diante das necessidades
5
e das individualidades de cada localidade. Para todos os efeitos, é no município que acontece
de fato a implantação das ações que são determinantes para a sustentabilidade do Estado.
Logo, torna-se necessário se observar as peculiaridades da localidade e região, para que se
possam maximizar os benefícios públicos decorrentes dos investimentos realizados.
Uma vez que o Sistema Tributário Brasileiro traz consigo grande regressividade e
persiste em controlar o País com bolsões de pobreza e iniquidade, percebe-se que, em
contraste, as atenções de pesquisadores e formuladores de políticas públicas têm se focado
cada vez mais na questão da eficiência do gasto público, objetivando assim a promoção de
maior bem-estar para a sociedade. Sobretudo, espera-se alcançar tais resultados considerando
as camadas mais necessitadas, com o menor custo possível (ALVES FILHO,2009, p. 7).
De acordo comFilho(2009, p. 9) observa-se que os fatores relacionados à migração
estão diretamente ligados ao mercado de trabalho, com reflexos na estrutura de salários, no
equilíbrio dos fornecimentos de serviços e atendimentos básicos, a exemplo do consumo de
água, energia elétrica, transporte, entre outros.
Diante do exposto, é oportuno destacar que a eficiência da distribuição dos benefícios
precisa ser melhor avaliada, pois é nos municípios brasileiros que existe a necessidade da
implementação de parcerias entre União, Estado e Município, para que se possa diminuir a
distância entre ambos. Assim sendo, torna-se relevante compreender a relação entre fatores
financeiros e a migração interna, uma vez que, por meio destes, pode-se compreender
determinados fatores que podem favorecer o desenvolvimento econômico, a geração de bem
estar social e a migração.
Hipótese de
Variável Variável
Correlação/ Justificativa
Dependente Independente
Esperada
À medida que o município tem uma
H1 [-] arrecadação maior, com mais
Receitas Próprias impostos, taxas, contribuição de
melhoria, entre outros, menor tende a
ser seu nível de migração.
Quanto mais recursos de
H2 [-] transferências Intergovenamentais o
Transferências
município adquirir, menor a
Correntes
possibilidade de redução dos
habitantes de cada município.
H3 [-] A medida o que os gastos com
pessoal são possivelmente bem
Gastos de Custeio
distribuídos, menor a tendência de
deslocamento dos habitantes locais.
H4 [-] Gastos com investimentos
Gastos de
influenciam consideravelmente no
Investimentos
desenvolvimento migratório.
H5 [-] Gastos com Saúde influenciam
Gastos na Área de
diretamente na conquista do migrante
Saúde
e garante a permanecia dos residentes.
Gastos na Área de H6 [-] Sem disponibilidade de trabalho não
Trabalho há produção nem desenvolvimento
A educação é um gasto mais bem
H7 [-] aplicado na vida do indivíduo. Se o
Gastos na Área de
município investe na educação,
Educação
famílias não precisarão se deslocar
Migração em busca de qualificação.
É preciso investir mais, para que
(Variável H8 [-] facilitem a introdução de novos
Gastos na Área de
dicotômica, em que é comércios, indústria e infraestrutura
Urbanismo
verificada se houve para recebimento e estabilidade dos
ou não migração no migrantes.
município i no ano t; H9 [-] Todo ser humano necessita de uma
sendo 1 quando Gastos na Área de habitação digna Se o município
positiva e 0 quando Habitação oferece facilidade habitacional,
negativa) garante a estabilidade de moradia.
H10 [-] O saneamento básico é
Gastos na Área de imprescindível, o gestor precisa
Saneamento garantir bons serviços de saneamento
das vias.
H11 [-] É preciso investir mais na agricultura,
Gastos na Área de
pois é através da mesma que vem o
Agricultura
principal sustento do indivíduo.
H12 [-] O incentivo a indústria facilita a
Gastos na Área introdução de novos comércios, e
Indústria consequentemente a estabilidade dos
migrantes.
Melhor incentivo e acompanhamento,
H13 [-] nessa área facilita também a
Gastos Na Área
introdução de novos comércios,
Comércio e Serviços
indústria e consequentemente a
estabilidade dos migrantes.
Investir mais, na área de Cultura e
Gastos na Área H14 [-] Turismo. Eleva a hipótese dos
Cultura e Turismo visitantes serem alvos contributivos
7
4. RESULTADOS
4.1. Estatística descritiva
Na Tabela 1 apresentam-se as estatísticas descritivas dos fatores financeiros, os quais
são correlacionados com a migração dos municípios observados.
Y 1.000 – .154** – .131** – .132** – .087** – .117** – .075** – .105** – .104** .067* – .039 – .068** – .027 – .061* .029 – .038 – .034 .022
X1 1.000 .284** .331** .140** .189** .036 .112** .127** – .079** .126** .083** .120** .123** .038 .192** .018 – .044*
X2 1.000 .824** .303** .576** .178** .558** .286** – .033 .211** .255** .022 .027 – .051* .145** .071** .140**
X3 1.000 .319** .588** .166** .552** .280** – .050* .225** .251** .034 .048* – .040 .166** .066** .134**
X4 1.000 .221** .049* .253** .213** .101** .124** .132** .027 – .043 – .051* – .032 .093** .181**
X5 1.000 .159** .715** .406** .009 .260** .317** .137** .143** .036 .138** .096** .197**
X6 1.000 .128** .096** .023 .010 .064** .061* .073** .011 .074** .107** – .059*
X7 1.000 .377** .039 .247** .353** .109** .066** – .003 .089** .099** .253**
X8 1.000 .060** .146** .248** .180** .123** .076** .058* .057** .113**
X9 1.000 .016 – .030 .069** .012 .120** – .073** .082** .088**
X10 1.000 .164** .077** .084** .055* .050* .051* .120**
X11 1.000 .084** .060** – .013 .099** .000 .172**
X12 1.000 .193** .135** .025 .047 .092**
X13 1.000 .658** .057* .049* .082**
X14 1.000 .002 .023 .072**
V15 1.000 – .030 – .205**
X16 1.000 .105**
X17 1.000
Tabela 2 – Matriz de correlação das variáveis.
Legenda: Y = Migração; X1: Receitas próprias per capita; X2 ; Transferências Intergovenamentais per capitas; ; X3 = Gastos de Custeio per capitas; ; X4 ;Gastos de
Investimentos per capitas; X5 ;Gastos na Área de Saúde per capitas; X6 ; Gastos na Área de Trabalho per capitas; X7 ; Gastos na Área de Educação per capitas; X8 ;
Gastos na Área de Urbanismo per capitas; X9 ; Gastos na Área de Habitação per capitas; X10 ; Gastos na Área de Saneamento per capitas; X11 ; Gastos na Área de
Agricultura per capitas; X12 ; Gastos na Área Indústria per capitas; X13 ; Gastos Na Área Comércio e Serviços per capitas ; : X14 ; Gastos na Área Cultura e Turismo
per capitas; X15 : Gastos na Área de Comunicação per capitas; X16 : Gastos na Área de Energia per capitas; X17 : Gastos na Área de Transporte per capitas.
*Correlacionado a um nível de significância de 1% (p < .01).
**Correlacionado a um nível de significância de 5% (p < .05).
22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve por objetivo identificar os fatores financeiros que estão
correlacionados com a migração interna entre os municípios mato-grossenses no período de
2003 a 2012. Mediante o estudo proposto, foi realizada uma análise sobre a correlação das
receitas próprias e as transferências de recursos de governos superiores com a migração
interna no Estado do Mato Grosso, sendo também observadaqual a relação de algumas
despesas com investimentos financeiros em diversas áreas, a fim de se identificar a
importância destas variáveis sobre a redução populacional entre os municípios mato-
grossenses no decorrer do período em estudo.
Tal fato decorre sobre a hipótese de que os fatores financeiros estão correlacionados
com a migração interna entre os municípios, sendo considerados como situação motivacional
que associa ao desequilíbrio sociopolítico e econômico de forma significativa com a redução
populacional nos municípios do Estado do Mato Grosso.
23
ao fato de o Estado do Mato Grosso ser territorialmente extenso e com muitos municípios de
baixo índice de desenvolvimento, podendo não abranger a realidade de investimentos, quando
analisado a nível de média proporcional.
Conclui-se que nem todas as variáveis estudadas influenciam os fluxos migratórios
internos no Estado do Mato Grosso, o que abre perspectivas para a realização de novos
estudos. A intenção ao se tratar este assunto é mostrar que a migração interna não
necessariamente resulta de uma ação espontânea, mas sim da influência de investimentos
sócio econômicos, os quais podem impactar de maneira diferente cada região, considerando-
se as características locais.
A esse respeito, sugere-se para a realização de novos estudos nessa linha de pesquisa,
um maior detalhamento na investigação sobre os principais motivos que ocasionam a
migração interna nos municípios do Estado do Mato Grosso, a fim de se mensurar o
percentual de migração interna em cada município e avaliar se esse está relacionado aos
recursos obtidos e aos gastos com investimentos. Outra oportunidade de pesquisa que emerge
das evidências encontradas neste trabalho seria investigar junto a gestores municipais a
influência destas variáveis na formação de políticas públicas, bem como se promover uma
avaliação das hipóteses em estudo no decorrer do período administrativo, para que se possa
compreender melhor o processo de desenvolvimento populacional dos municípios
pesquisados e as ações desenvolvidas pelos gestores públicos com o propósito de controlar a
redução dos habitantes de sua localidade.
6. REFERÊNCIAS
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<http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/Premio_TN/XIVPremio/financas/2tefpXIVPTN/Monografia_Te
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do Servidor Público do Estado do Paraná. 2008. 42 p. Disponível em
<http://www.escoladegoverno.pr.gov.br/arquivos/File/artigos/administracao_e_previdencia/a_
nova_administracao_publica.pdf>. Acesso em 26 de Março de 2016.
BRAGA, F. G; SANTOS, C. F. Novos Padrões da Migração no Brasil: Um Estudo do Perfil
Socioeconômico dos Migrantes Internos Entre 1980 E 2000. Disponível em
<http://www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=2732> Acesso em 25 de Março de
2016.
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2016.
BRITO, F. As Migrações Internas no Brasil: Um Ensaio Sobre os Desafios Teó Ricos Recentes.
Disponível em <http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/outros/6EncNacSobreMigracoes
/ST3/FaustoBrito.pdf>. Acesso em 25 de Março de 2016.
CONTI, D. T. Estudo Dos Fatores de Influência na Migração Rural/Urbana no Município de
Horizontina. Disponível em http://www.fahor.com.br/publicacoes/TFC/Economia/2012/
Daniele_Conti.pdf>. Acesso em 10 de Abril de 2016.
CUNHA, J. M. P. Dinâmica migratória e o processo de ocupação do Centro-Oeste brasileiro o
caso de Mato Grosso. Disponível em<http://www.nepo.unicamp.br/textos/publicacoes/
textos_nepo/textos_nepo_60.pdf>. Acesso em 26 de Março de 2016.
25
RESUMO
O presente estudo trata da adequação da contabilidade dos municípios que fazem parte do
Corede Rio da Várzea/RS às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor
Público, buscando a convergência aos padrões internacionais. Buscou-se analisar se as
prefeituras estão realmente aderindo aos procedimentos exigidos pelas normas. No que se
refere à metodologia, esta pesquisa se classifica como diagnóstico, com objetivo descritivo,
abordagem quantitativa e realizada na forma de levantamento, abrangendo 20 municípios da
região. A coleta de dados foi realizada através de questionário formatado em dois blocos de
questões e enviado, através de e-mail, para os profissionais de contabilidade das prefeituras
durante o mês de outubro de 2015. O estudo deixou claro que, apesar de grande parte dos
procedimentos exigidos pelas normas já estar sendo realizado, ainda há muito a fazer para
alcançar uma completa convergência aos padrões internacionais. A implantação do sistema de
custos e a reavaliação e ajuste de ativos são exemplos do que ainda deve ser melhorado.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a contabilidade brasileira vem passando por um processo de
convergência aos padrões internacionais, começando pelo setor privado e alcançando também
o setor público. Tal processo se dá pela necessidade de uma maior comparação e compreensão
das informações disponibilizadas pelos diversos países e entidades.
A contabilidade governamental, até então, regida pela Lei n° 4.320 de 27 de março de
1964, estabelecia importantes regras para propiciar o controle das finanças públicas, bem
como a construção de uma administração financeira e contábil sólidas no País. Teve como
principal foco o orçamento público, que passou, a partir da Lei, a ter significativa importância
no país.
Mais tarde, com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal, como ficou conhecida a
Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000, a contabilidade pública alçou maior
importância e valorização. A Lei estabeleceu, para toda a Federação, direta ou indiretamente,
normas financeiras voltadas para a transparência e responsabilidade na gestão fiscal.
Recentemente, o país iniciou o processo de convergência e harmonização do setor
público, um novo marco na contabilidade pública brasileira. O Conselho Federal de
Contabilidade é o responsável pela reformulação das normas contábeis adaptando-as às
normas internacionais, com o objetivo de reduzir os conceitos jurídicos e orçamentários que
norteavam esta ciência na área governamental e também para que todos os órgãos do setor
público brasileiro utilizassem a mesma linguagem (SOARES; SCARPIN, 2010, apud TRES e
RISSARDO, 2015).
No ano de 2008, houve a aprovação das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada
ao Setor Público (NBCASP), novo instrumento normatizador que trouxe inovações e também
reforçou alguns dispositivos das leis supracitadas. A partir desse momento, como na
contabilidade empresarial, o foco principal passou a ser o patrimônio que é verdadeiramente o
2
objeto de estudo da Ciência Contábil, deixando de ser o orçamento público, que continua
tendo grande importância na contabilidade pública.
As NBCASP foram editadas visando elevar a contabilidade pública brasileira aos
padrões internacionais de contabilidade. A adoção desses padrões requer uma contabilidade
patrimonial integral, através da aplicação de todos os princípios contábeis. É um processo de
mudança bastante complexo, com inúmeras modificações e prazo exíguo de aplicação.
Este processo visa modernizar os procedimentos contábeis, possibilitando a geração de
informações úteis para o apoio à tomada de decisão e ao processo de prestação de contas e
controle social, além disso, permitirá a consolidação das contas nacionais, com a elaboração
do Balanço do Setor Público Nacional.
São diversos os benefícios gerados com a adesão desse processo, como, por exemplo,
a geração de informações para a tomada de decisões por parte dos gestores públicos,
comparabilidade entre os entes da federação e entre diferentes países, registro e
acompanhamento de transações que afetem o patrimônio antes de serem contempladas no
orçamento, melhoria no processo de prestação de contas, implantação de sistemas de custos
no Setor Público, elaboração do Balanço do Setor Público Nacional, racionalização e melhor
gestão dos recursos públicos bem como o reconhecimento do profissional contábil no setor
público.
No entanto, as NBCASP até hoje não estão consolidadas e na prática poucas Entidades
têm aplicado os novos conceitos. Ainda existem dificuldades, como apontam estudos como o
realizado por Tres e Rissardo (2015) que ressalta a incorreta parametrização do sistema
contábil, a falta de integração de outros sistemas ao sistema contábil, a carência de apoio da
alta administração e a falta de capacitação dos profissionais referentes às NBCASP.
O prazo para adaptação está se esgotando, e este não é um procedimento rápido, é,
pelo contrário, moroso e complexo. Nessa situação, para que seja bem sucedido é necessário o
envolvimento e o engajamento das diversas áreas, incluindo gestores, autoridades públicas e
contadores.
A relevância deste trabalho se justifica pelo fato de a contabilidade pública estar
passando por este momento de mudanças, onde se busca a aproximação das normas
brasileiras de contabilidade pública com as normas internacionais. Conforme Darós e Pereira
(2009), as novas normas são um instrumento para elevar a eficácia e efetividade das Leis
quanto aos seus objetivos de promover o planejamento, a transparência e responsabilidade da
gestão fiscal.
Tendo em vista que já está sendo exigido o cumprimento das NBCASP por todos os
entes da federação brasileira, o presente trabalho foi desenvolvido de forma a responder a
seguinte questão: A contabilidade dos munícipios pertencentes ao Corede Rio da Varzea (RS)
está adequada às novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público? Para
tanto, busca-se apresentar as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público,
o levantamento de informações sobre os procedimentos já implantados na Contabilidade nos
Municípios em estudo e a avaliação do grau de entendimento, por parte dos profissionais de
contabilidade, sobre as NBCASP.
2 REVISÃO DA LITERATURA
Ela surgiu na época do período colonial, onde o Rei utilizava a contabilidade para
controlar o seu patrimônio e a riqueza do povo e baseado nessas informações ele tomava as
suas decisões. De acordo com Schmidt apud Slomski (2003, p. 26) “no Brasil, a contabilidade
aparece no reinado de D. João VI, quando da instalação de seu governo provisório, em 1808,
ao publicar um alvará obrigando os Contadores Gerais da Real Fazenda a aplicarem o método
das partidas dobradas na escrituração mercantil”.
Observa-se que o enfoque orçamentário dado a Contabilidade Pública surgiu ainda
naquela época, pois através da Constituição Imperial de 1824 apareceram as primeiras
exigências no sentido da elaboração de orçamentos formais. Anos depois, por volta de 1830,
também foi aprovado o primeiro orçamento brasileiro (GIACOMONI, 2012).
Após a Proclamação da República, sentiu-se a necessidade de maior atenção ao
controle da coisa pública. Assim com a Constituição de 1891 foi criado o Tribunal de Contas
(TC) com a incumbência de auxiliar o Congresso Nacional no processo de Tomada de Contas
do Executivo. A Carta Magna também definiu que, a elaboração do orçamento, antes
competência do Executivo, passou a ser função privativa do Congresso Nacional
(GIACOMONI, 2012).
Segundo Schmidt apud Slomski (2003) em 1922 foi criado o Código de Contabilidade
da União com a finalidade de ordenar todos os procedimentos orçamentários, contábeis
financeiros e patrimoniais já existentes. Em 1940, pelo Decreto-lei n° 2.416, de 17 de julho,
foi regulamentada a elaboração e a execução dos orçamentos e balanços dos Estados e
municípios determinando um modelo-padrão de balanços para essas entidades públicas.
Instrumentos, estes, substituídos pela Lei Complementar n° 4.320/64, de 17 de março de
1964.
Nascimento (2007) apud Rissardo (2013) menciona que em meados dos anos 50
iniciou um processo com o propósito de reformar as diretrizes orçamentárias e contábeis,
resultando na edição da Lei 4.320/64, que estatuía normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal. Em outras palavras, a lei trata aspectos relacionados à elaboração e a
execução do orçamento, do controle interno e externo, da contabilidade orçamentária,
patrimonial, financeira e industrial e da elaboração dos balanços públicos para todos os entes
federados, fundos autarquias e outras entidades.
A Constituição Federal reforçou a Lei 4.320/64, quando em seu art. 165 tratou das leis
do Plano Plurianual, das Diretrizes Orçamentárias e dos Orçamentos Anuais e, mais uma vez
o aspecto orçamentário é consagrado na área governamental e representa o eixo norteador da
contabilidade.
Outro momento marcante na história da Contabilidade Pública foi em 1967 com o
Decreto-Lei 200/67. Conforme Silva (2013, p. 69) “a União passa a intervir acentuadamente
na economia brasileira e suas atividades são gradativamente diversificadas. Rapidamente
Estados e Municípios a imitam. É extinta a Contadoria Geral da República e em seu lugar
surge a Inspetoria Geral de Finanças”.
Posteriormente, no ano de 2000, foi editada a Lei Complementar 101/2000, chamada
de Lei de Responsabilidade Fiscal. Código de conduta para os administradores públicos do
país que vale para os três Poderes e para suas esferas, a LRF busca maior transparência na
administração pública e também responsabilizar os gestores pela ineficiência no trato com os
recursos, além de maior planejamento das ações governamentais e controle nos gastos
públicos. A partir da aplicação da nova lei, os governantes passam a ter compromisso com
orçamento e com metas, obedecendo a normas e limites para administrar as finanças e
prestando contas sobre a aplicação dos recursos, visando uma gestão fiscal responsável (STN,
2015). As principais inovações são voltadas para o controle das despesas com pessoal, da
limitação das operações de créditos, controle dos restos a pagar, além de criar dois novos
4
público, as quais são objeto de registro contábil em estrita observância aos princípios e
normas (CFC, 2008), passando a se classificar por sua natureza, em econômico-financeira e
administrativa de acordo com suas características e os seus reflexos no patrimônio.
A natureza econômico-financeira diz respeito às transações originadas de fatos que
afetam o patrimônio, em decorrência, ou não, da execução do orçamento, podendo provocar
alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais (NBC T 16.4, CFC, 2008). Já a
natureza administrativa refere-se às transações que não afetam o patrimônio, originadas de
atos administrativos, com o objetivo de dar cumprimento às metas programadas e manter em
funcionamento as atividades da entidade (NBC T 16.4, CFC, 2008).
Castro (2010, p. 139) comenta que “esta norma trouxe pouca inovação, já que as
transações no setor público já consideravam os registros, dos atos e fatos, diferentemente da
Contabilidade do setor privado, que só considera fatos que afetam o patrimônio”.
Na sequência, o CFC editou a NBC T 16.5 que aborda os critérios para o registro
contábil dos atos e fatos que afetam ou possam vir a afetar o patrimônio da entidade do setor
público. A norma descreve a necessidade de a entidade pública manter procedimentos
uniformes de registros contábeis, por meio de processo manual, mecanizado ou eletrônico, em
rígida ordem cronológica, como suporte às informações (CFC, 2008).
Uma novidade trazida pela norma é a definição de que a tabela de codificação de
registros que identifica o tipo de transação, as contas envolvidas, a movimentação a débito e a
crédito e os subsistemas utilizados faz parte do plano de contas (CASTRO, 2010, p. 143).
As transações no setor público devem ser reconhecidas e registradas integralmente no
momento em que ocorrem, para assim obedecer ao princípio da oportunidade (CASTRO,
2010, p. 144).
A NBC T 16.6 é a norma que estipula as demonstrações contábeis a serem elaboradas
e divulgadas pelas entidades do setor público. As demonstrações obrigatórias de acordo com
as NBCASP são: Balanço Patrimonial, Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro,
Demonstração das Variações Patrimoniais, Demonstração dos Fluxos de Caixa,
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e as Notas Explicativas.
As principais novidades da norma se referem a obrigatoriedade e elaboração da
Demonstração dos Fluxos de Caixa, da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL). Silva (2013, p. 282) explica que “a Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido será obrigatória apenas para as empresas estatais dependentes e para os entes que as
incorporarem no processo de consolidação de contas”.
Por fim, também em 2013, tornou-se clara a obrigatoriedade das Notas Explicativas,
que devem conter informações relevantes, complementares ou suplementares que não foram
evidenciadas claramente das Demonstrações Contábeis, bem como informar os critérios
seguidos na elaboração das demonstrações e outras informações e eventos evidenciados de
forma insuficiente ou não constantes nas demonstrações (NBC T 16.6, CFC, 2008).
A NBC T 16.7 traz normatizações referentes à conceitos, abrangência e procedimentos
para consolidação das demonstrações contábeis no setor público. A consolidação já era
mencionada na Lei n° 4.320/64 e também na LRF. A norma (CFC, 2008) explica que “a
consolidação das demonstrações contábeis objetiva o conhecimento e a disponibilização de
macroagregados do setor público, a visão global do resultado e a instrumentalização do
controle social”.
Para Castro (2010, p. 157) “a inovação é que sempre se fez consolidação sem regras
definidas. Na verdade, não se fazia consolidação e sim integração, pois não eram eliminadas
as transações entre os órgãos e as entidades integrantes do consolidado”.
O controle interno foi o tema da NBC T 16.8 (CFC, 2008), que determina referencias
para o controle interno como suporte do sistema de informação contábil, no sentido de
8
Castro (2010, p. 168) comenta que “no geral, a inovação da norma está na mudança da
Contabilidade, do foco orçamentário, para o foco patrimonial. Com isso, todas as regras de
mensuração e avaliação do setor privado passam a ser implementadas também no setor
público”.
Por fim, a NBC T 16.11 que trata da conceituação, do objeto, dos objetivos e das
regras básicas para mensuração e evidenciação dos custos no setor público. A norma ainda
apresenta o Subsistema de Informação de Custos do Setor Público (SICSP). O SICSP,
obrigatório para todas as entidades públicas, é responsável pelo registro, processamento e
evidenciação os custos de bens e serviços e outros objetos de custos, produzidos e oferecidos
à sociedade pela entidade pública (NBC T 16.11, CFC, 2008).
Também segundo a NBC T 16.11 (CFC, 2008) “para atingir seus objetivos, o SICSP
deve ter tratamento conceitual adequado, abordagem tecnológica apropriada que propicie
atuar com as múltiplas dimensões, permitindo a análise de séries históricas de custos sob a
ótica das atividades-fins ou administrativas do setor público”.
3 MÉTODOLOGIA
A presente pesquisa objetiva analisar a adequação dos munícipios pertencentes ao
Corede Rio da Várzea (RS) às novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor
Público. Para tanto, realizou-se uma pesquisa-diagnóstico, delineada para um estudo
descritivo de cunho quantitativo. O procedimento utilizado no trabalho foi o de levantamento,
interrogando-se os profissionais de contabilidade dos 20 municípios pertencentes ao Corede
Rio da Várzea/RS.
O Corede, ou Conselho Regional de Desenvolvimento, é um fórum de discussão e
decisão a respeito de políticas e ações que visem ao desenvolvimento regional. Os municípios
que fazem parte do Corede Rio da Várzea, conforme Decreto n° 47.543 de 08 de novembro de
2010, são: Barra Funda, Boa Vista das Missões, Cerro Grande, Chapada, Constantina,
Engenho Velho, Jaboticaba, Lajeado do Bugre, Liberato Salzano, Nova Boa Vista, Novo
Barreiro, Novo Xingu, Palmeira das Missões, Ronda Alta, Rondinha, Sagrada Família, São
José das Missões, São Pedro das Missões, Sarandi e Três Palmeiras.
A coleta de dados da presente pesquisa foi realizada a partir de questionário moldado
em dois blocos com questões fechadas elaborado no Google Docs e enviado por e-mail aos
profissionais de contabilidade da prefeitura de cada município. O primeiro bloco objetiva
caracterizar os respondentes e o meio no qual estão inseridos enquanto o segundo bloco busca
analisar o atendimento das novas normas nos municípios. Foi realizado um pré-teste com
objetivo de verificar possíveis inconsistências.
Como limitação do estudo destaca-se que nem todos os municípios responderam ao
questionário. Os resultados também podem ficar comprometidos em virtude de possível
desconhecimento dos respondentes em relação aos itens propostos no questionário.
Financeiro e Permanente, com a chegada das NBCASP está divisão passou a ser em Ativo e
Passivo Circulante e Não Circulante, o município aderiu a esta nova classificação em suas
demonstrações?
14. A NBC T 16. 5 define que a tabela de codificação de registros que identifica o tipo de 73,3 26,7
transação, as contas envolvidas, a movimentação à debito e à crédito e os subsistemas utilizado
faz parte do plano de contas. No seu município a tabela integra o plano de contas?
15. Está sendo realizada a consolidação das demonstrações contábeis, ou seja, soma ou 100,0 -
agregação de saldos ou grupos de contas, excluídas as transações entre entidades incluídas na
consolidação, formando uma unidade contábil consolidada?
16. Estão sendo divulgados os planos hierarquicamente interligados, conjunto de documentos 86,7 13,3
elaborados com a finalidade de materializar o planejamento, por meio do PPA, LDO e LOA?
17. Está sendo realizado o devido registro no ativo da participação dos entes em outras 46,7 53,3
empresas como, por exemplo, nos consórcios públicos?
18. A avaliação ou mensuração das participações em outras empresas e em consórcios está 53,3 46,7
sendo feita pelo método de equivalência patrimonial?
19. O controle de estoque/almoxarifado está sendo feito independente de execução 53,3 46,7
orçamentária e com entrada por recebimento e baixa por consumo?
Fonte: Dados da pesquisa (2015)
CONCLUSÕES
Como já tratado no decorrer do trabalho, a contabilidade no Brasil se encontra em um
momento de convergência aos padrões contábeis internacionais e consequentemente um
momento de importantes mudanças. As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao
Setor Público, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, foram o marco inicial deste
processo e estão sendo gradativamente adotadas nos municípios. Através da aplicação das
normas se espera uma maior comparabilidade, entendimento e fidedignidade das informações,
além de valorizar cada vez mais o papel do contador.
Nesse sentido, buscou-se, por meio da realização desta pesquisa, analisar se a
contabilidade dos municípios pertencentes ao Corede Rio da Várzea/RS está de acordo com
os novos procedimentos exigidos após a criação das NBCASP e ainda conhecer o grau de
atendimento das normas na região estudada.
Inicialmente foram apresentadas no trabalho as 11 normas aplicadas ao Setor Público e
apontadas as principais alterações na contabilidade, para após levantar informações sobre os
procedimentos já implantados nos municípios do Corede Rio da Várzea/RS. Para a coleta de
dados, foi realizado um questionário com 25 questões e enviado por e-mail aos contadores
responsáveis.
Os resultados evidenciaram que boa parte das inovações exigidas já está na reta final
ou totalmente aplicada nos municípios. A utilização do regime de competência para registro
das obrigações, ajustes, provisões e créditos tributários e não tributários, o reconhecimento e
mensuração do ativo imobilizado e intangível e também a elaboração da Demonstração do
Fluxo de Caixa são exemplos do que já está praticamente em conformidade com a norma.
A consolidação das demonstrações contábeis, utilização do PCASP e aderência à nova
classificação do Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante já estão sendo realizados por
todas as prefeituras, demonstrando que é possível atingir a igualdade aos padrões
internacionais.
No entanto, pode-se perceber que ainda existem itens que não estão sendo adequados,
prejudicando o alcance dos objetivos traçados pelas normas. Não está sendo feito, em quase
todos os locais, a reavaliação e ajuste a valor recuperável dos ativos e a utilização de Notas
Explicativas, por exemplo, enquanto que o sistema de custos não está em funcionamento em
nenhuma cidade.
Por fim, é preciso destacar a importância da realização de um estudo semelhante nas
demais regiões e estados do Brasil, visando identificar onde estão os maiores gargalos e assim
contribuir para um processo de convergência mais eficaz e ágil no Brasil. Uma sugestão é a
elaboração de uma pesquisa com a avaliação de mais quesitos além dos elaborados neste
trabalho.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000. Estatui normas finanças
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm Acesso em 25 de agosto de
2015.
14
RESUMO
O modelo de Telerradiologia é viável para atender as unidades de saúde que ainda não
utilizam dessa tecnologia nos serviços médicos para todo o Estado de São Paulo, isso se dá ao
interesse do Estado em investir na expansão desses serviços nas regiões que se fazem
necessário, visando otimizar recursos tecnológicos e humanos, como exemplo: médicos
radiologistas e técnicos em radiologia. A utilização de OSS apresenta a melhor relação custo
benefício na administração de unidades públicas de saúde. O objetivo geral desta pesquisa é
demonstrar a eficiência da gestão privada no Sistema Único de Saúde em São Paulo, através
dos serviços de diagnóstico por imagem. Foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa,
exploratória, descritiva por meio de um estudo de caso. O fato considerado relevante dessa
pesquisa são os indicadores que demonstra o melhor custo-benefício aos cofres públicos e
mais ainda na grande preocupação com a qualidade do diagnóstico à população, no menor
tempo possível, visando um atendimento humanizado, diminuindo as grandes filas de esperas,
seja no agendamento como na própria realização dos exames. No mais, o usuário tem sua
exposição em um menor tempo na realização do exame que favorece em receber uma
incidência mínima de radiação do que nos modelos convencionais. O melhor custo-benefício
encontrado na gestão por Organização Social de Saúde oferecido à população e ao Governo
do Estado de São Paulo, um avanço na qualidade dos serviços prestados aos usuários do
Sistema Único de Saúde.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, houve uma iniciativa para criar a Nova Gestão Pública (NGP) no
Brasil, como exemplo o - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado
(MARE), e as Organizações Sociais de Saúde (OSS). O modelo de OSS é uma grande
iniciativa em delegar a gestão pública direta para á gestão privada de forma que a população
não seja prejudicada, tanto na assistência, quanto nos cofres públicos, podendo assim definir
um modelo de gestão eficiente. Estabelecendo critérios de monitoramento e controle dos
gastos, através de estudos de viabilidades. Favorecendo também a transparência do fluxo de
caixa com seus investimentos e maior ênfase nas auditorias, colocando medidas punitivas.
Os objetivos apresentados no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado
(PDRAE) formulado pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, relata o
Estado de São Paulo como a experiência na saúde por Organização Social que repassa os
equipamentos sociais a entidades da sociedade civil.
No desenho da NGP, a convergência principal se dá ao Estado de forma mais
regulador, buscando preferencialmente a desburocratização e descentralização, favorecendo
ao aumento da autonomia de gestão (BRESSER PEREIRA, 1998).
Os mecanismos de accountability nas Organizações Sociais de Saúde possibilita ao
Estado o acompanhamento das responsabilidades e obrigações da OSS pela legislação federal
previamente estabelecida, no que se refere ao programa de trabalho, metas, prazos de
execução, critérios objetivos de avaliação de desempenho que utilizem indicadores de
qualidade e produtividade, limites para despesas com remuneração dos dirigentes e
empregados.
A principal aliança entre o Estado e a OSS é pactuado através do Contrato de Gestão
que assegurado pelo artigo 6º da Lei Complementar n° 846/1998:
Artigo 6º- Para os efeitos desta lei complementar, entende-se por contrato de gestão
o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como
organização social, com vistas à formação de uma parceria entre as partes para
fomento e execução de atividades relativas à área da saúde ou da cultura.
§ 3º - A celebração dos contratos de que trata o "caput" deste artigo, com dispensa
da realização de licitação, será precedida de publicação da minuta do contrato de
gestão e de convocação pública das organizações sociais, através do Diário Oficial
do Estado, para que todas as interessadas em celebrá-lo possam se apresentar.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
análise de custo x benefício, permitindo a sociedade o acesso de forma transparente aos gastos
e a qualidade na satisfação dos usuários.
De acordo com Bresser Pereira (1996), o que implicou na crise do Estado com a
necessidade de reforma, se deu a reconstrução no que globalização tornou-se imperativa a
tarefa de redefinir suas funções. Os Estados podiam antes da integração mundial dos
mercados e dos sistemas produtivos, ter como um de seus objetivos fundamentais protegerem
as economias da concorrência mundial. Na saúde, educação, cultura, desenvolvimento
tecnológico e, nos investimentos em infraestrutura, a regulação e a intervenção continuam
necessárias, considerando que não apenas compense os desequilíbrios distributivos
provocados pelo mercado globalizado, bem como a principal agente econômico capacitado a
competir internacionalmente.
No Brasil, podemos ver que o Estado de São Paulo utilizou-se da reforma a
possibilidade em mostrar, ou mesmo buscar uma metodologia que garantisse o crescimento do
pais, baseado nas futuras gerações usuárias dos serviços públicos, de forma que a qualidade
na assistência vem gradativamente sendo evoluída com as tecnologias, favorecendo em
diagnósticos mais precisos, no que tange o conhecimento das causas que provocam
consequências terríveis para a saúde do homem.
A gestão no setor de saúde pública no estado de são Paulo por organizações sociais
qualificadas, visa promover através da celebração do contrato de gestão, hipóteses de dispensa
de licitação para contratação e outorga de permissão de uso público. O sucesso do modelo de
parceria com OS em hospitais desde 1998 favoreceu a ampliação deste modelo para outros
serviços de saúde.
Para Medici e Murray (2010) os contratos de gestão asseguram o grau de
responsabilidade e transparência no uso dos fundos públicos nas OSS. No mais, garantem
mais autonomia na administração das entidades públicas em saúde, promovendo níveis
elevados de eficiência e efetividade, onde as equipes de gestão buscam com responsabilidade
atingir as metas de produção de serviços, bem como a qualidade e a satisfação dos usuários.
Permitindo assim, facilitar as auditorias financeiras, a Secretaria Estadual de Saúde (SES)
recebe relatórios mensais com custos de produção e estados financeiros de gastos que são
declarados ao Tribunal de Contas do Estado, bem como a Secretaria da Fazenda, entre outras
auditorias internas da própria OSS.
Desde então, as instituições privadas consideradas filantrópicas sem fins lucrativos na
gestão dos serviços públicos, pode contribuir com o Estado no que tange um complemento na
evolução da qualidade dos serviços em saúde no SUS, e com previsão legal que instituída na
Constituição Federal.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também,
por pessoa física ou jurídica de direito privado. (grifo nosso)
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do
sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito
público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins
lucrativos. (grifo nosso)
Para Médici e Murray (2010) as parcerias são feitas com instituições filantrópicas
qualificadas no caso as OS com reconhecida capacidade para administrar os hospitais. Os
contratos de gestão são amplos e exigem a accountability com indicadores de avaliação.
No Estado de São Paulo iniciou-se o gerenciamento do serviço público na saúde por
contrato de gestão desde 1998 e até hoje vem crescendo lentamente a expansão dos serviços.
Observando o período de 2000 a 2002, Ferreira Júnior (2003) constatou na OS uma
capacidade de produzir mais serviços sem grande variação financeira, em comparação com
hospitais públicos de administração direta. Segundo o autor, houve um incremento
significativo das internações, atendimentos ambulatoriais e de urgência por parte dos hospitais
administrados por meio de contrato de gestão.
Através da utilização de ferramentas de gestão, como indicadores estratégicos e
operacionais, bem como a elaboração de um planejamento estratégico baseado na
metodologia Balanced Score Card, quanto à gestão econômica e financeira, através da
projeção orçamentária que visa demonstrar o controle do fluxo de caixa e acompanhar a
movimentação do previsto x realizado, garante uma saúde financeira mais sólida, para
tomadas de decisões no menor tempo possível.
Uma rede de computadores chamada PACS foi criada para gerenciar esse tipo de
imagem digital. O significado de PACS é o seguinte:
P-Picture: Imagem Clinica Digital;
A-Archiving: Armazenamento (arquivamento) "eletrônico" das Imagens;
C-Communication: Roteamento (recebimento/envio) e a Exibição das Imagens;
S-System: Rede Computadorizada Especializada que Gerencia todo o Sistema.
O PACS é uma sofisticada combinação de hardware e de software que conecta todas
as modalidades que produzem imagens digitais (Medicina Nuclear, Ultrassonografia,
Tomografia Computadorizada, Ressonância Magnética, Mamografia, Radiologia,
Densitometria Óssea entre outras imagens).
As novas ferramentas de gestão tecnológicas introduzidas pela ACSC/OSS, além de
melhorar a qualidade de assistência de saúde, promovem a participação social e melhoram a
relação entre os cidadãos e a administração dos hospitais, onde a maioria das queixas de
usuários é resolvida sem grandes burocracias da necessidade de solicitar a intervenção da
SES.
A qualidade no diagnóstico que a tecnologia proporciona para o médico responsável
na conclusão do laudo é altamente melhor do que o modelo tradicional utilizados em
entidades públicas que não possuem essas tecnologias. Isso demonstra o quanto foi importante
essas inovações tecnológicas através de estudos com profissionais multidisciplinares que em
prol a vida do cidadão, dedicou-se o seu tempo em busca de meios como este, proporcionar
diagnósticos mais precisos, garantindo um melhor tratamento para sua saúde, favorecendo
uma qualidade de vida mais humanizada aos usuários do Sistema Único de Saúde.
3 METODOLOGIA
qual foi a pioneira nesse segmento oferecido aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS),
denominou-se a instituição Serviço Estadual de Diagnóstico por Imagem 1 (SEDI1-
ACSC/OSS). Daí em diante surgiu mais dois outros serviços como continuidade desse
projeto, assim permitindo atender outras regiões no Estado, que busca alcançar o maior
número de instituições públicas, para atender aos usuários do SUS de forma Humana e Digna.
Os exames disponibilizados de forma digital através de tecnologias inovadoras que
esse serviço inicialmente vem oferecendo como: Ressonância Magnética, Tomografia,
Mamografia, Ultrassonografia, Doppler, Raios-x, entre outros que podem ser inseridos nos
serviços, verificou-se nas tabelas 2, 3, 4, 5 e 6 como um exemplo que a estrutura convencional
disponível atualmente para realização do exame de raios-x apurado em um hospital público de
grande porte em São Paulo, localizado na região norte, os investimentos com esse modelo de
Telerradiologia Digital favorece aos cofres públicos quando analisamos custo-benefício,
conceitualmente falando estudo de viabilidade. Ratificando que na tabela 3 não estão inclusas
o custo do espaço por m² para armazenagem de todo o insumo necessário para realização dos
exames, despesas com pessoal da logística de distribuição, realização das compras dos
insumos que são feitas através de licitações que a administração direta é obrigada a realizar,
conforme a Lei Federal 8666/93, bem como o número de técnicos de raios-x que para esse
modelo convencional de exame, exige um quadro maior de pessoal.
Tabela 2. Equipamentos necessários e já instalados no hospital para realização dos exames de raios-x:
Volumetria real aproximada de 50.000 exames no 3º trimestre de 2013.
Equipamentos Necessários Quantidade
Aparelho de raios-x fixo 03
Aparelho de raios-x telecomandado 01
Aparelho de raios-x portátil 03
Processadoras 03
Cassetes + Chassis 18x24 22
Cassetes + Chassis 24x30 20
Cassetes + Chassis 24x30 - Mamografia 10
Cassetes + Chassis 35x35 14
Cassetes + Chassis 35x43 32
Fonte: Hospital Público, localizado na região norte de São Paulo/SP, para os dados de 2013.
Tabela 3. Estudo Estimado das despesas com insumos e manutenção (preventiva/corretiva) com as
processadoras para revelação dos filmes no período: Volumetria real aproximada de 50.000 exames no 3º
trimestre de 2013.
Insumos Necessários Quantidade R$ Unitário R$ Total
Filme de raios-x 18x24 (película) 250.Cx 56,16 14.040,00
Filme de raios-x 24x30 (película) 400.Cx 95,73 38.292,00
Filme de raios-x 24x30 (película) – Mamografia 100.Cx 224,72 22.472,00
Filme de raios-x 35x35 (película) 250.Cx 158,02 39.505,00
Filme de raios-x 35x43 (película) 350.Cx 194,64 68.124,00
Revelador de filmes/películas (Produto químico) 200.Cx 120,81 24.162,00
Fixador de filmes/películas (Produto químico) 150.Cx 172,1 25.815,00
Manutenção (Preventiva/Corretiva) com as Processadoras 04 700,00 2.800,00
para revelação dos filmes
Total: gastos (Valor válido para 3° trimestre de 2013) - - R$ 235.210,00
Fonte: Hospital Público, localizado na região norte de São Paulo/SP, para os dados de 2013.
Tabela 4. Estudo de viabilidade para investimentos com a implantação de novas tecnologias que substitui
os gastos demonstrados da tabela 3 ao longo do tempo: Volumetria real aproximada de 50.000 exames no
3º trimestre de 2013.
Equipamentos Necessários Quantidade $ Unitário $ Total
D'EVO 02 95.000,00 190.000,00
PROFECT CS 02 77.000,00 154.000,00
CAPSULA X 01 42.000,00 42.000,00
Casset 18X24 11 758,00 8.338,00
Casset 24X30 10 901,00 9.010,00
Casset 35X35 07 1.109,00 7.763,00
Casset 35X43 16 1.289,00 20.624,00
DRY 4000 PLUS 01 19.400,00 19.400,00
Hardware e Software (Equipamentos, Programas e
Licenças) - 76.015,00 76.015,00
Total: investimentos em $ dólar - - $ 527.150,00
Total: despesas R$ (dólar do dia 18/11/13: R$2,268) - - R$ 1.195.576,20
Fonte: Hospital Público, localizado na região norte de São Paulo/SP, para os dados de 2013.
Na tabela 4, verifica-se o custo estimado dos investimentos com novas tecnologias que
integram aos equipamentos mencionados na tabela 2, vieram para substituir o uso dos
insumos apresentados na tabela 3.
Tabela 5. Estudo da depreciação dos investimentos no trimestre (vide valor tabela 4) necessários para esse
modelo de tecnologia: Volumetria real aproximada de 50.000 exames no 3º trimestre de 2013.
Depreciação dos Equipamentos Necessários e Insumos Quantidade $ Unitário $ Total
D'EVO 02 2.375,00 4.750,00
PROFECT CS 02 1.925,00 3.850,00
CAPSULA X 01 1.050,00 1.050.00
Casset 18X24 11 63,00 694,00
Casset 24X30 10 75,08 750,83
Casset 35X35 07 92,42 646,92
Casset 35X43 16 107,42 1.718,67
DRY 4000 PLUS 01 285,00 285,00
Hardware e Software (Equipamentos, Programas e
Licenças). - 3.800,00
Total: despesas em $ dólar - - $ 17.545,42
Total: despesas R$ (dólar do dia 18/11/13: R$2,268) - - R$ 39.793,01
Fonte: Hospital Público, localizado na região norte de São Paulo/SP, para os dados de 2013.
11
5 CONCLUSÃO
A pesquisa apresentada neste artigo tem por objetivo demonstrar que a administração
da saúde pública no Brasil, mais especificamente em São Paulo, adotou-se um modelo de
gestão que veio a complementar para o avanço na qualidade dos serviços aos usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS), denominada Organização Social de Saúde.
A garantia que esse modelo representa a população, é demonstrada nesse estudo de
caso por meio de recentes experiências como esse do Serviço de Diagnóstico por Imagem 1
(SEDI1-ACSC/OSS) localizado na Zona Sul, o Governo de São Paulo acreditou e vem
implantando a medida do possível na cidade.
Em resposta a questão de pesquisa deste artigo é: A utilização de OSS apresenta a
melhor relação custo benefício na administração de unidades públicas de saúde?
Os indicadores das tabelas 1 e 6 demonstram o melhor custo-benefício aos cofres
públicos e mais ainda na grande preocupação com a qualidade de diagnóstico a população, no
menor tempo possível, visando um atendimento humanizado, diminuindo as grandes filas de
12
esperas, seja no agendamento como na própria realização dos exames. Isso se dá a essa
tecnologia inovadora apresentada nesse artigo, onde o usuário submete a realização dos
exames de raios-x, se expondo no menor tempo possível no equipamento que emite radiação,
podendo assim prejudicar a saúde do usuário (paciente), sem contar que a extinção do uso de
insumos por esse modelo, favorecendo o meio ambiente, pensando na qualidade das pessoas
de modo geral.
Conforme vimos na idealização desse projeto pela Associação Congregação de Santa
Catarina em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, o modelo SEDI1-ACSC/OSS
como Organização Social de Saúde (OSS) representa um melhor custo-benefício á maquina
pública, permitindo assim uma gestão profissional que favorece a evolução dos serviços,
através de profissionais qualificados e treinados continuamente, sendo que o não
cumprimento das atividades e metas pré-estabelecidas, as OSS tem total autonomia em
processos de rescisões contratuais na prestação dos serviços, previstos no regime de
contratação na Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT) sem que haja qualquer outro meio
burocrático que venha a interferir ou mesmo impedir a gestão, que ao final prejudique os
usuários (pacientes) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme este artigo descreve a natureza da evolução dos serviços de saúde pública
em São Paulo, adotado pelo Governo do Estado. Pode assim incentivar a continuidade da
pesquisa neste segmento, favorecendo aos investimentos em outros estados do Brasil e ainda
mais em outros exames utilizados por meio de imagens diagnósticas, procurando cada vez
mais a exploração dessas tecnologias que integram nos processos burocráticos para melhor
controle estatístico, com objetivo de baratear cada vez mais os custos desses investimentos,
permitindo o alcance dos usuários que acabam não tendo acessos, por se tratar de cidades
deficitárias que hoje o Brasil possui em sua escala demográfica.
Outra sugestão de pesquisas voltada a esse segmento é a Telepatologia, que recorre à
utilização das telecomunicações para permutar imagens estatísticas ou dinâmicas de lâminas
ou órgãos em estudo anatomopatológico de casos e resolução de diagnósticos. Isso contribui
para o meio acadêmico, podendo favorecer a comunidade e a ciência para grandes avanços na
medicina.
REFERÊNCIAS
______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm> Acesso em: 27.11.2013.
______. Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades como
organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos
e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9637.htm>
Acesso em: 27.11.2013.
13
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 5. ed. São Paulo, 2010.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Cientifica. 5. ed. São
Paulo, 2007.
SÃO PAULO. Lei Complementar nº846, de 4 de junho de 1998, que Dispõe sobre a
qualificação de entidades como organizações sociais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei%20complementar/1998/lei%20compleme
ntar%20n.846,%20de%2004.06.1998.htm>. Acesso em: 01 set. 2013.
1
RESUMO
Este estudo teve por objetivo investigar a relação existente entre o crescimento econômico,
considerando o Produto Interno Bruto (PIB) e os gastos públicos dos maiores municípios da
região Norte do Brasil. Realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e de
corte seccional. Utilizou-se por base o ano de 2010, data do último Censo Demográfico
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população do estudo
foi composta por todos os municípios da região Norte do Brasil e a amostra constitui-se dos
dez maiores municípios de cada Estado dessa região. O estudo apresenta um modelo
matemático não linear multivariável, que possibilita avaliar a relação dos gastos públicos com
o crescimento econômico, considerando o PIB. Estimou-se o PIB para os municípios e
comparou-se com os seus valores reais. Os resultados revelaram um erro de estimação
(média) de 20,98% para os municípios analisados e confiabilidade do modelo matemático de
89,9%. Conclui-se que há relação entre o crescimento econômico e os gastos públicos com
Assistência, Saúde e Educação dos municípios analisados, o que denota que tais gastos
apresentam importante papel no crescimento econômico da região Norte do Brasil.
ABSTRACT
This study aimed to investigate the relationship between economic growth, considering the
Gross Domestic Product (GDP) and public spending of the largest municipalities in northern
Brazil. We conducted a descriptive research with a quantitative approach and cross section. It
was used based on the year 2010, date of the last Census by the Brazilian Institute of
Geography and Statistics (IBGE). The study population consisted of all municipalities of
northern Brazil and the sample consisted of ten municipalities of each state in the region. The
study presents a non-linear multivariate mathematical model, which assesses the ratio of
public expenditure on economic growth, considering the GDP. It was estimated GDP for
municipalities and compared with their actual values. The results showed an estimation error
(average) of 20.98% for the analyzed municipalities and reliability of the mathematical model
2
of 89.9%. We conclude that there is a relationship between economic growth and public
spending on Assistance, Health and Education of the municipalities analyzed, which shows
that such expenditures play an important role in the economic growth of northern Brazil.
1 INTRODUÇÃO
A questão do crescimento econômico e dos gastos públicos, conforme Ferreira (1994)
têm gerado diversas discussões ao longo dos anos, pois os investimentos públicos apresentam
importante impacto produtivo e até mesmo afetam retornos privados. De acordo com
Varvarigos (2010), a literatura sobre política fiscal e crescimento econômico geralmente tem
investigado os efeitos de diversos gastos públicos sobre o crescimento.
Romer (1986) e Lucas Junior (1988) proporcionaram novos impulsos aos esforços de
pesquisa frente o crescimento econômico. A partir de então, diversos estudos foram realizados
com vistas a explicar as diferenças de crescimento de diversos contextos (OLIVEIRA, 2004).
Bogoni, Hein e Beuren (2011) salientam que são recorrentes os estudos que analisam a
questão da política fiscal sobre o crescimento econômico de países, Estados e municípios.
Nesse sentido, autores como Barro (1990), Ascahuer (1989), entre outros, abordam
que os gastos públicos podem elevar o crescimento econômico a partir do aumento da
produtividade do setor privado. Entretanto, Devarajan, Swaroop e Zou (1996) destacam que a
Teoria Econômica e as evidências empíricas não fornecem respostas claras para a questão da
relação dos gastos públicos para com o crescimento econômico. Rebelo (1991) ressalta que a
grande disparidade entre os países nas taxas de crescimento econômico é uma das
características intrigantes do processo de desenvolvimento.
Diante disso, a preocupação com os efeitos dos gastos públicos na economia é
recorrente, sobretudo com os impactos destes sobre o crescimento econômico. Para tanto,
diversos trabalhos sugerem que os gastos públicos podem aumentar o crescimento econômico
e elevar a produtividade do setor privado. Contudo, a expansão dos gastos públicos
financiados por impostos distorcidos e a ineficiência na alocação destes, pode superar o efeito
positivo. Assim, as consequências sobre o crescimento econômico serão mais danosas quanto
mais distorcido encontrar-se o sistema tributário (CÂNDIDO JÚNIOR, 2001).
No Brasil, conforme Mata et al. (2006) diversas esferas do Governo têm examinado o
potencial do crescimento econômico. Entretanto, a preocupação é com os ganhos distributivos
e a possibilidade de diminuir as formas de pressão que os grandes municípios brasileiros
enfrentam. Este debate ocorre nacionalmente e o foco volta-se para os municípios de médio
porte das regiões Norte e Nordeste e ainda, de forma regional com os Estados, promovendo o
desenvolvimento dos municípios de pequeno e médio porte. Assim, segundo Bogoni, Hein e
Beuren (2011), a preocupação com os efeitos dos gastos do Governo na economia é
recorrente, sobretudo pelo impacto que estes gastos provocam no crescimento econômico.
Diante do contexto supracitado, destaca-se a seguinte questão que norteia o
desenvolvimento desta pesquisa: Qual é a relação existente entre o crescimento econômico e
gastos públicos dos municípios da região Norte do Brasil? Com o intuito de responder a
questão apresentada, dentre um conjunto de gastos públicos, o objetivo deste estudo é
investigar a relação existente entre o crescimento econômico e gastos públicos dos municípios
da região Norte do Brasil. O presente estudo busca preencher esta lacuna de pesquisa e avaliar
que componentes do gasto público (Assistência, Saúde e Educação) contribuem para
crescimento econômico.
3
Justifica-se a realização desta pesquisa, visto que conforme Rocha e Giuberti (2007),
alguns estudos que relacionaram a política fiscal e o crescimento econômico foram
desenvolvidos para a economia brasileira. Contudo, o foco destes se concentrou no impacto
dos gastos públicos sobre o crescimento econômico ou no impacto causado pelos
investimentos em infraestrutura, não abordando os mais diversos gastos públicos e sua relação
com o crescimento.
Justifica-se ainda, pois de acordo com Bogoni, Hein e Beuren (2011), a política fiscal
compõem-se de um conjunto de políticas, planos e ações que o Governo emprega com vistas a
injetar e até mesmo diminuir recursos na economia, conforme as prioridades e
disponibilidades de recursos. Assim, a política fiscal é utilizada como instrumento de
estabilização econômica e dessa forma o Governo apresenta papel fundamental também no
âmbito local, pois a provisão de bens públicos pode influenciar na produtividade e acima de
tudo na qualidade de vida da população. Também a escolha da região Norte pelo fato de que a
economia dessa região amadureceu, contudo, grandes distâncias tornam-se empecilhos. Além
disso, de 1995 a 2010 essa região foi a que apresentou maior crescimento no PIB, de 4,7% ao
ano e, nesse mesmo período, o aumento do PIB brasileiro foi de apenas 3,1% (Folha de São
Paulo, 2014).
Cândido Júnior (2001) apresenta em seu estudo algumas medidas que afetam a
produtividade dos mais diversos tipos de gastos públicos que podem vir a ocorrer: 1) a
redução de gastos com pessoal com a diminuição do salário levaria a deterioração da
qualidade dos serviços públicos; 2) os subsídios e as transferências são geralmente utilizados
com intuito redistributivo, isto é, incentivos para a instalação de indústrias, fábricas,
garantindo a renda de determinado setor produtivo e reduzindo a pobreza; 3) para os
incentivos públicos serem eficientes é necessário alocá-los em setores que gerem
externalidades positivas e devem ser complementados por investimentos privados; 4) em
alguns países os gastos com educação superior passam a competir com os gastos em educação
primária. Assim, a realocação de recursos da educação universitária para primária poderia
elevar o bem estar social de mais de uma classe de estudantes; 5) aumento da eficiência
também pode ser alcançado com o aumento dos gastos em saúde preventiva e primária,
passando a poupar recursos e substituir gastos destinados a medicina preventiva, tornando a
população mais saudável; 6) nos programas sociais ocorre ineficiência em função da grande
proporção de gastos nas atividades meio em detrimento das atividades fim.
Rocha e Giuberti (2007) destacam que pouco se sabe como a composição do gasto
público pode afetar a taxa de crescimento econômico de um país. Todavia, dois fatores
justificam a importância de realizar a análise por meio da composição do gasto. Primeiro, o
tamanho do governo é uma questão de escolha pública, logo, sua composição é objeto de
disputa pública. Assim, a distinção entre gastos públicos produtivos e improdutivos e o
estabelecimento de como um país pode melhorar seu desempenho econômico, alterando a
combinação entre os dois gastos, pode auxiliar na acomodação desta disputa. O segundo fator
apresenta que depois de sucessivos ajustes fiscais, enfrenta-se a difícil decisão de como fazer
os cortes fiscais adicionais, havendo a preocupação de quais gastos públicos devem ser
eliminados. Nesse sentido, a resposta para esta indagação depende da contribuição que cada
um dos componentes dos gastos apresenta para com o crescimento econômico.
Diante dos gastos públicos serem produtivos e improdutivos, Castro (2006) ressalta
que as despesas públicas em consumo são consideradas improdutivas, isto é, não afetam a
eficiência produtiva privada, mas apenas o bem estar do consumidor. Já as despesas públicas
são tratadas como produtivas, visto que incluem despesas com educação e saúde, estas que
afetam a acumulação de capital humano.
Marques Junior, Oliveira e Jacinto (2006) destacam que o gasto público é improdutivo
quando o setor público investe recursos em áreas que competem com o setor privado, como é
o caso da produção de bens e serviços. Entretanto, os gastos públicos são produtivos desde
que sejam introduzidos como argumento positivo na função de produção local e até mesmo,
que estes gastos entrem diretamente na função de utilidade por parte dos consumidores.
Diversos autores nacionais e internacionais desenvolveram estudos com vistas a
relacionar o crescimento econômico e os gastos públicos nos mais diferentes contextos. O
estudo de Mello Junior. (1996), utilizou dados longitudinais das capitais brasileiras para o
período de 1985 a 1994. Os gastos públicos analisados foram despesas com habitação e
urbanização, saúde e saneamento e, serviços de transporte. Os resultados indicaram efeitos
positivos dos gastos públicos sobre o crescimento econômico.
Devarajan, Swaroop e Zou (1996) realizou uma análise de 43 países para o período de
1970 a 1990, com vistas a examinar a relação entre os componentes da despesa pública e o
crescimento econômico. Analisou as despesas totais do governo (correntes/capital) e os gastos
com defesa, educação, saúde, transporte e comunicação. Os gastos públicos produtivos como
o transporte e comunicação, saúde e educação apresentaram relação negativa com o
crescimento econômico. Concluem a partir destes resultados que os gastos produtivos podem
se tornar improdutivos se há uma quantidade excessiva destes na política fiscal.
6
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com o intuito de investigar a relação entre o crescimento econômico e os gastos
públicos dos municípios da região Norte do Brasil, esta pesquisa evidencia características de
cunho descritivo, de corte seccional e quantitativa. O período analisado compreende o ano de
2010, data do último Censo Demográfico divulgado no sítio do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A população da pesquisa constituiu-se dos municípios da
região Norte do Brasil, totalizando 449 municípios conforme Quadro 1.
Tabela 1 – PIB dos dez maiores municípios de cada Estado da região Norte do Brasil
Acre PIB Rondônia PIB Amazonas PIB Roraima PIB
Rio Branco 25.382.843,62 Porto Velho 7.522.929,26 Manaus 48.598.153,16 Boa Vista 4.659.977,23
Cruzeiro do 1.3
6.135.286,30 Ji-Paraná 1.686.400,05 Coari Caracaraí 181.306,63
Sul 76.423,55
Sena 1.4
3.597.354,07 Vilhena Itacoatiara 955.694,97 Mucajaí 165.197,77
Madureira 15.219,96
Feijó 1.570.485,28 Ariquemes 1.293.435,70 Parintins 675.415,09 Alto Alegre 164.155,38
Senador 1.1
2.077.174,62 Cacoal Manacapuru 624.168,38 Cantá 163.017,31
Guiomard 68.442,11
Rodrigues Presidente
545.765,84 Jaru 794.502,52 428.737,55 Bonfim 120.329,90
Alves Figueiredo
Plácido de 940.400,00 Pimenta
688.362,70 Tefé 369.905,77 Pacaraima 114.258,11
Castro Bueno
958.289,52 Guajará-
Xapuri 650.142,04 Manicoré 363.477,99 Normandia 89.429,72
Mirim
1.288.058,80 Rolim de
Epitaciolândia 615.924,96 Iranduba 324.070,98 Iracema 84.727,66
Moura
1.913.491,94 Ouro Preto do
Mâncio Lima 472.349,09 Lábrea 280.235,53 Amajari 84.673,24
Oeste
Total dos 10 7.193.910,63 Total dos 10 Total dos 10 Total dos 10
16.307.708,38 53.996.282,96 5.827.072,94
municípios municípios municípios municípios
Oiapoque
236.269,17 Marabá 3.601.647,33 Porto Nacional 670.913,34
Porto Grande Miracema do
172.454,42 Barcarena 3.550.233,12 595.154,11
Tocantins
Mazagão Paraíso do
138.012,59 Tucuruí 2.817.701,95 583.631,76
Tocantins
Serra do Navio
129.001,58 Santarém 2.051.528,88 Peixe 334.006,82
Tartarugalzinho
122.823,59 Canaã dos Carajás 1.559.968,17 Lagoa da Confusão 303.009,99
Vitória do Jari
116.647,97 Castanhal 1.449.213,43 Guaraí 302.753,75
Pedra Branca do Formoso do
116.317,81 Paragominas 1.235.378,97 300.487,14
Amapari Araguaia
Total dos 10 Total dos 10 Total dos 10
7.844.663,57 53.840.958,25 10.043.116,61
municípios municípios municípios
Tabela 2 – Soma do PIB dos dez maiores municípios de cada Estado da região Norte do Brasil
Estados PIB Total Estados PIB Total
Acre (AC) 7.193.910,63 Amapá (AP) 7.844.663,57
Rondônia (RO) 16.307.708,38 Pará (PA) 53.840.958,25
Amazonas (AM) 53.996.282,96 Tocantins (TO) 10.043.116,61
Roraima (RR) 5.827.072,94
Fonte: IBGE (2015).
4.1 Modelo Matemático Não Linear Multivariável para avaliação dos gastos
governamentais na determinação do PIB
Os valores dos gastos públicos de cada município analisado, ou seja, os dez maiores de
cada Estado, foram extraídos do sítio da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) como já
apresentado anteriormente e são apresentados na Tabela 3.
A partir dos dados da Tabela 3, referentes aos dez maiores municípios de cada Estado
da região Norte do Brasil, nota-se que os dez maiores municípios do Pará apresentaram a
maior soma de gastos públicos com Assistência, Saúde e Educação no ano de 2010,
totalizando 3.690.540.341,00 seguido do Estado do Amazonas. No que tange o Estado com a
menor soma de gastos públicos desta região tem-se o Amapá que apresentou um valor de
435.035.990,73 seguido do Acre com um valor de 516.707.421,11.
Em relação aos três gastos públicos analisados neste estudo é possível perceber que os
gastos com Assistência, Saúde e Educação no ano de 2010 foram maiores no Estado do Pará e
menores no Estado do Amapá. Já no que diz respeito aos menores gastos públicos
identificados pelos dez maiores municípios de cada Estado da região Norte, verificou-se que o
menor gasto com Assistência foi registrado pelos dez maiores municípios do Estado de
Roraima. Já os menores gastos com Saúde foram registrados pelos municípios maiores do
Amapá e os menores com Educação foram apresentados pelos dez maiores municípios do
Acre.
No geral, o maior gasto registrado pelos dez maiores municípios de cada Estado da
região Norte foi com a Educação, seguido pelos gastos com Saúde. Já em relação ao menor
11
gasto entre os dez municípios dos sete Estados analisados tem-se o gasto com Assistência,
seguido dos gastos com a Saúde. A partir dos dados apresentados na Tabela 3 realizou-se o
ajustamento não linear para as variáveis dependentes (Assistência, Saúde e Educação) e para a
variável independente (PIB). A partir do modelo matemático pretende-se ajustar de forma não
linear e multivariável o seguinte formato:
̂
12
Ressalta-se que o modelo não servirá de estimador, contudo, pode-se inferir que a
Assistência, Saúde e Educação, ou seja, os gastos públicos analisados impulsionam o PIB
municipal e apresentam relação com o crescimento econômico na região Norte. Destaca-se
que a Educação foi a variável que apresentou maior expoente (0,658), ou seja, é o maior vetor
de crescimento econômico destes dez maiores municípios de cada Estado da região Norte do
Brasil.
Tabela 4 – PIB Real de 2010 versus PIB Projetado dos maiores municípios da região Norte do Brasil a partir do modelo não linear
multivariado
Estados/Municípios PIB Real PIB Projetado Variação (%)
Acre
Rio Branco 25.382.843,62 3.272.784,63 24,09
Cruzeiro do Sul 6.135.286,30 773.351,40 7,37
Sena Madureira 3.597.354,07 414.333,62 5,30
Feijó 1.570.485,28 459.245,07 57,81
Senador Guiomard 2.077.174,62 443.573,42 67,68
Rodrigues Alves 545.765,84 186.954,78 24,67
Plácido de Castro 940.400,00 179.746,02 23,43
Xapuri 958.289,52 238.847,40 4,64
Epitaciolândia 1.288.058,80 177.020,53 11,57
Mâncio Lima 1.913.491,94 186.520,04 0,54
MÉDIA: 22,71
Rondônia
Porto Velho 7.522.929,26 R$ 6.611.075,91 12,12
Ji-Paraná 1.686.400,05 R$ 1.493.564,57 11,43
Vilhena 1.415.219,96 R$ 1.174.818,11 16,99
Ariquemes 1.293.435,70 R$ 1.760.660,33 36,12
Cacoal 1.168.442,11 R$ 1.310.610,49 12,17
Jaru 794.502,52 R$ 692.783,90 12,80
Pimenta Bueno 688.362,70 R$ 592.592,73 13,91
Guajará-Mirim 650.142,04 R$ 551.849,36 15,12
Rolim de Moura 615.924,96 R$ 860.677,23 39,74
Ouro Preto do Oeste 472.349,09 R$ 519.965,51 10,08
MÉDIA: 18,05
Amazonas
Manaus 48.598.153,16 44.845.088,84 7,72
Coari 1.376.423,55 1.209.712,34 12,11
Itacoatiara 955.694,97 943.472,57 1,28
Parintins 675.415,09 925.155,03 36,98
Manacapuru 624.168,38 579.453,91 7,16
Presidente Figueiredo 428.737,55 577.751,32 34,76
Tefé 369.905,77 420.138,06 13,58
Manicoré 363.477,99 290.137,15 20,18
Iranduba 324.070,98 340.803,00 5,16
Lábrea 280.235,53 220.950,03 21,16
MÉDIA: 16,01
Roraima
Boa Vista 4.659.977,23 3.668.286,82 21,28
Caracaraí 181.306,63 290.624,00 60,29
Mucajaí 165.197,77 133.017,67 19,48
Alto Alegre 164.155,38 163.868,41 0,17
13
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados encontrados pode-se perceber que os dez maiores municípios
de cada Estado da região Norte do Brasil possuem alta participação no PIB, visto que o
percentual de todos os Estados passa de 50%. Além disso, os dez maiores municípios do Pará
apresentaram a maior soma de gastos públicos (Assistência, Saúde e Educação) no ano de
2010 e menores no Estado do Amapá.
Os gastos com Assistência dos dez municípios analisados de cada Estado foram
maiores no Estado do Pará e menores no Estado de Roraima. Já em relação aos gastos com
Saúde, estes foram maiores novamente no Estado do Pará e menores no Estado do Amapá.
Por fim, na Educação, os gastos foram maiores pelo Estado do Pará e menores pelo Estado do
Acre. A partir deste resultado entende-se que o Estado do Pará é o que mais investe nestes
gastos públicos analisados. Já os Estados de Roraima, Amapá e Acre devem investir mais
nestes, para melhorarem as condições de vida da população dessa região, visto que
apresentaram os menores gastos em Assistência, Saúde e Educação.
Os maiores municípios de cada Estado da região Norte do Brasil, por serem diferentes
entre si, apresentaram uma margem de erro bem variada, visto que o maior erro foi de 71,98 e
o menor de 0,17. Entretanto, quando analisada a média geral de variação entre o PIB Real e o
PIB Estimado, tem-se um percentual de 20,98. Este achado assemelha-se com os resultados
encontrados por Bogoni, Hein e Beuren (2011), pois o erro de estimação verificado foi de
22,45% nos municípios maiores da região Sul do Brasil no ano de 2004.
Salienta-se que as variáveis analisadas, Assistência, Saúde e Educação são
consideradas insumos produtivos, ou seja, serviços públicos que influenciam na formação do
PIB. As variáveis analisadas apresentaram-se significativas e possuem relação com o
crescimento econômico dos maiores municípios da região Norte do Brasil, sendo que os
gastos públicos com Educação apresentaram a maior influência no crescimento econômico da
região.
O modelo matemático utilizado conferiu uma confiabilidade de 0,899, ou seja, seu
poder de explicação foi de 89,9% o que é considerado um alto poder de explicação.
Corroborando com esse achado, o estudo de Bogoni, Hein e Beuren (2011) apresentou
confiabilidade de 85,16%, diferença de apenas 4,74%. Conclui-se que, quanto ao objetivo
proposto de investigar a relação entre o crescimento econômico e os gastos públicos, é
possível inferir que na região Norte do Brasil há uma relação positiva entre o crescimento
econômico e os gastos públicos com Assistência, Saúde e Educação.
Os autores Mello Junior (1996) e Marques Junior, Oliveira e Jacinto (2006) obtiveram
como resultados que os gastos públicos afetam positivamente o crescimento econômico,
corroborando com os achados desta pesquisa. Da mesma forma, o estudo de Oliveira (2004),
visto que encontraram relação positiva entre os gastos públicos com Educação e o
crescimento econômico. Ainda, as cidades com altos índices de pobreza apresentaram menor
crescimento econômico.
Rocha e Giuberti (2005: 2007) também verificaram que os gastos com Educação
apresentaram relação positiva com o crescimento econômico. Entretanto, os gastos com Saúde
relacionaram-se de forma negativa com o crescimento. Devarajan, Swaroop e Zou (1996)
identificaram que os gastos com Saúde e Educação apresentaram relação negativa com o
crescimento, o que vai de encontro com os resultados deste estudo. Já o estudo de Ventelou e
Bry (2006) obteve que os gastos públicos com Educação e Saúde estão negativamente
relacionados com o crescimento econômico. Para Bogoni, Hein e Beuren (2011), os gastos
dos Governos locais têm um importante papel no crescimento econômico.
15
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PROCESSO LICITATÓRIO EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO:
ESTUDO EM UMA ESCOLA DA MESORREGIÃO DO NOROESTE DO CEARÁ
RESUMO
O estudo teve como objetivo verificar o processo de aquisição de bens e serviços realizados
por uma instituição pública de ensino médio localizada na mesorregião do noroeste do Ceará.
Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, conduzida por meio de análise documental e
abordagem qualitativa dos dados, no período de 2010 a 2014. Os resultados demonstraram
que no período analisado, cerca de 49,09% das prestações de contas da instituição em análise
foram aprovadas, 0,90% foi aprovada com ressalva, 7,27% das diligências que foram
encaminhadas à instituição de ensino já foram atendidas. Observou-se que 32,72% das
prestações já foram entregues, mas, ainda permanecem em análise e cerca de 10% não foram
aprovadas. Notou-se que, embora, a percentagem que representava as prestações aprovadas
fossem maiores que as diligências ocorridas, o que se viu foram descumprimentos legais,
suscitando, um despreparo por parte dos profissionais que atuam junto aos gestores que
estiveram à frente da instituição em foco.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção traz os posicionamentos teóricos e empíricos que serviram de base para o
desenvolvimento da linha de raciocínio da pesquisa. Inicialmente, apresentam-se ponderações
sobre a aquisição de bens e serviços na administração pública, momento em que são
evidenciadas as modalidades de licitações. Seguidamente, são feitos esclarecimentos sobre as
peculiaridades das legislações aplicadas às instituições públicas de ensino médio, no que
concerne o processo de compras. Por último, trazem-se os estudos anteriores que abordaram a
temática em análise.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No que concerne aos objetivos, esta pesquisa classifica-se como descritiva. De acordo
com Gil (2002), a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno. Neste estudo, faz-se uma descrição
das atividades desempenhadas nos processos licitatórios de uma escola de ensino médio da
mesorregião noroeste cearense.
Quanto aos procedimentos, esta pesquisa enquadra-se como documental. Segundo
Gunther (2006), os documentos representam uma rica fonte de dados e, nesta perspectiva,
pode-se definir a pesquisa documental como sendo aquela que busca um exame de materiais
que ainda não foram observados de forma analítica. Nesta pesquisa, analisaram-se os
documentos pertinentes aos processos licitatórios sacramentados por uma instituição de
ensino público estadual, a fim de verificar como é feita a aquisição de bens e serviços.
A abordagem utilizada no estudo é de natureza qualitativa. Na visão de Richardson
(1999, p. 80) “os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender
e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. Nesta pesquisa não se
utilizaram métodos estatísticos para tratar os dados, primando-se pela descrição e
compreensão dos processos de aquisição feitos por uma escola pública.
A escolha da Instituição de Ensino Médio situada na cidade de Frecheirinha, no Ceará,
justifica-se pela deferência e importância que possui no município, visto que, é a única escola
pública estadual da cidade que oferece ensino médio a seus moradores.
Além do que, a referida escola mostrou ser referência positiva em educação ao receber
em 2011, 50 computadores como prêmio pelos seus alunos terem se sobressaído na avalição
feita pelo Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE), que
aplica testes de desempenho e questionários contextuais aos educandos das redes públicas
estadual e municipal do Estado do Ceará, visando traçar um panorama da qualidade da
educação dos alunos.
Os dados foram adquiridos na própria instituição de ensino e também nos sítios de
informações educacionais, quais sejam: Secretaria de Educação do Estado do Ceará
(SEDUC), Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado do Ceará (SEPLAG) e Portal de
Compras do Governo do Estado do Ceará.
Os documentos utilizados para fazer a análise foram: edital das licitações, certidão da
licitaweb, proposta dos concorrentes, projeto de venda (quando se tratava de chamada
pública), recibo da carta convite (quando a modalidade foi carta convite), pesquisa de preço,
ata da licitação, nota de empenho, declaração de regularidade, notas fiscais, ordem de
compras/serviços, ato de adjudicação de homologação, enfim, todos os documentos que
compõem o processo de licitação.
O período analisado compreendeu o intervalo entre os anos de 2010 a 2014. A
justificativa para escolha deste intervalo, repousa no fato da instituição em análise ter
apresentado um baixo nível de diligências neste interlúdio, suscitando possíveis faltas de
documentos comprobatórios do certame.
Fluxograma 3 − Fluxograma para execução de Contratos para Merenda e Aquisição de demais materiais
Destaca-se, no Fluxograma 3, que todo esse passo a passo do processo só poderá ser
seguido em caso da modalidade carta convite. Quando ocorre o pagamento parcial do contrato
o processo retorna para a Crede/Sefor que irá retornar para a escola e aguardar a solicitação de
novo pagamento. Ressalta-se que este procedimento se repete até o pagamento total do
contrato.
Após transcorrido todo o processo licitatório, ao final de cada semestre, a escola
deverá prestar contas dos recursos recebidos evidenciando a destinação dos recursos obtidos e
comprovando por meio de documentos oficiais. Caso a escola assim não proceda, tal ato
implicará em diligências.
Conforme Ednea (2011), diligências são solicitações realizadas pela Superintendência
sempre que nos processos de prestações de contas são identificadas falhas. Em outras
palavras, diligências representam a falta de algum documento comprobatório da licitação, ou
seja, há irregularidades no processo. Porém, quando não sanadas essas diligências no prazo
estimado, o órgão competente pela análise e prestação de contas encaminha-as para ser
julgada em instância superior (leia-se: TCE - Tribunal de Contas do Estado do Ceará).
Essas discrepâncias presentes na gestão escolar, especificamente em sua administração
financeira, podem vir a prejudicar a aplicação eficiente dos recursos financeiros repassados
para a escola, o que reflete em problemas relacionados ao desenvolvimento pedagógico dos
alunos. Por exemplo, se o gestor deixa de adquirir certo material para a realização de uma
determinada aula de experimento físico, o aluno provavelmente sairá prejudicado.
Tais defeitos podem resultar em devolução total ou parcial dos recursos aos cofres
públicos, isso quando for comprovado que os recursos foram utilizados indevidamente pelo
diretor escolar. Além do que, a necessidade da escola não será suprida, já que a aquisição
efetuada de modo indevido de um bem ou serviço interromperá uma nova aquisição até que
outro recurso seja liberado para essa mesma finalidade.
O Quadro 2 expõe a quantidade de licitações realizada pela instituição de ensino em
foco, bem como, evidencia as prestações de contas aprovadas e não aprovadas.
Ano AP APCR DR PCR PCNA Total de Prestações de Conta
2010 17 1 2 5 - 25
2011 7 - 5 14 5 31
2012 11 - - 4 6 21
2013 8 - 1 7 - 16
2014 11 - - 6 - 17
TOTAL 54 1 8 36 11 110
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: AP: aprovada; APCR; aprovada com ressalva; DR: diligência recebida; PCR: prestação de contas
recebida; PCNA: prestação de contas não aprovada.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo objetivou verificar o processo de aquisição de bens e serviços realizados
por uma instituição pública de ensino médio localizada na mesorregião do noroeste do Ceará.
Para isso, realizou-se um estudo descritivo, com abordagem predominante qualitativa,
mediante pesquisa documental e análise de processos licitatórios, bem como consultas aos
sites que fornecem informações educacionais como o FNDE, SEDUC e SEPLAG.
Foi possível observar que nos intervalos dos anos de 2010 a 2014 ocorreram cerca de
110 processos licitatórios na instituição de ensino pesquisada. Viu-se que somente no ano de
2011 houve um aumento de processos licitatórios em relação aos demais anos em análise,
representando um aumento de 27,92 %. Com base nas investigações constatou-se nesse
mesmo ano, ocorreram cinco diligências na escola analisada e também cinco prestações de
contas recebidas e não aprovadas.
Notou-se que no âmbito das escolas estaduais a comissão de licitação é composta
pelos servidores que compõem o quadro de professores da instituição e o gestor de compras é
representado pela figura do diretor escolar.
Ao final, concluiu-se que a escola em estudo procurou ser o mais transparente
possível, contudo, ainda carece de um melhor gerenciamento dos recursos e,
consequentemente, precisa analisar melhor a aplicação da Lei 8.666/1993. Visto que, foram
detectadas a presença de diligências e prestação de contas não aprovadas, deixando a
eficiência e eficácia do processo licitatório a desejar, em alguns períodos e quesitos.
Concluiu-se ainda que uma das características de uma boa administração decorre de
um bom planejamento que se configura em se adotar medidas relevantes para se alcançarem
resultados satisfatórios e que ao mesmo tempo ao contratar com o ente privado é necessário
que a administração detalhe e especifique cada item de despesa a fim de otimizar a utilização
dos recursos para usá-los de modo eficiente.
Afinal, uma vez que os recursos são escassos, necessitam ser utilizados com zelo e a
máxima eficiência e eficácia e, a licitação vem ao encontro desse entendimento, visto que,
busca sempre garantir que o menor preço e a melhor qualidade na aquisição dos bens e
serviços públicos sejam efetivados.
Como sugestão para pesquisas futuras recomenda-se abordar um período de análise
diferente e também outras instituições de ensino. Propõe-se ainda a análise de outras
modalidades de licitações, por exemplo, a cotação eletrônica, adotada no final do ano de 2014
para aquisição de pequenos valores realizada por meio eletrônico na qual os entes contratantes
e os fornecedores precisam estar cadastrados para participarem do certame, o que contribui
também para a diminuição de fraudes nas licitações. Sugere-se ainda a utilização de check list
de trabalhos já validados, com o objetivo de verificar cada etapa das licitações realizadas por
escolas públicas.
REFERÊNCIAS
RESUMO
ABSTRACT
The concern for transparency and disclosure of information by public authorities has
intensified in recent years. The Federal Constitution (1988) Article 5, XXXII, defines the
right of citizens to have access to information from public bodies. The objective of this
research is to analyze the transparency concerning the disclosure of the provision of state
financial reports, released by the State Audit Court in northeastern Brazil. External control in
Brazil is ensured by the Legislature with the help of the Audit Courts. The research was
conducted through analysis of the websites of External State of the Northeast Region control,
in order to evaluate the release, directly, ods Preliminary Opinions and documents relating to
the inspection of state accounts. We conclude that, although most of the Audit Courts disclose
the results of its audits and inspections, disclosure need to make it easy and objective access
these documents for citizens.
Khair (2001) trata da Transparência como divulgação ampla, inclusive pela Internet,
de quatro novos relatórios de acompanhamento da gestão fiscal, que permitem identificar as
receitas e despesas: Anexo de Metas Fiscais; Anexo de Riscos Fiscais; Relatório Resumido da
Execução Orçamentária; Relatório de Gestão Fiscal.
As Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público editadas pelo
CFC também contribuem para o dever de prestar informação. A NBCT 16.1 apresenta
como objetivo e função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público evidenciar
informações aos usuários que possibilitem a tomada de decisão, prestação de contas e
instrumentalização do controle social, onde Instrumentalização do controle social é o
"compromisso fundado na ética profissional, que pressupõe o exercício cotidiano de
fornecer informações que sejam compreensíveis e úteis..."
Ainda de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor
Público, a NBCT 16.5 apresenta como uma das características do registro e informação
contábil a compreensibilidade, onde as informações apresentadas pelas demonstrações
contábeis devem ser entendidas pelos usuários.
De acordo com Akutsu e Pinho (2002) apenas com informações públicas e prestações
de contas confiáveis por parte dos gestores, devidamente auditadas pelos controles interno dos
órgãos públicos, os cidadãos podem participar ativamente das decisões públicas, ou seja,
assim, o controle social pode fortalecer o controle social levando a sociedade a participar com
mais efetividade da vida pública.
Para Azevedo et al (2010) a contabilidade deverá ser um instrumento de apoio à
prestação de contas para a sociedade e não um mero controle financeiro que atende a
obrigações legais. Segundo a lei 4.320/64 art. 83, a Contabilidade evidenciará perante a
Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem
despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados. Reforçando e
ampliando o dever de prestar contas, em conformidade com o artigo 70, parágrafo único, da
Constituição Federal.
As contas anuais prestadas pelos municípios são apreciadas pelo Órgão de controle
externo responsável, Tribunais de Contas Estaduais e/ou Municipais. A Lei de Acesso à
Informação destaca que é dever do Estado garantir o acesso à informação de forma
transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão (BRASIL, 2011, art. 5º).
Deste modo, esta pesquisa busca responder a seguinte questão: Quais são as
evidências sinalizam se a divulgação, na internet, referente a transparência das
prestações de contas dos Governos Estaduais da Região Nordeste estão de acordo com a
legislação vigente?
Grau (2005) diz que a transparência não quer dizer apenas ter acesso aos dados, mas a
possibilidade de qualquer cidadão obter e interpretar a informação completa, isto é, relevante,
oportuna, pertinente e confiável. Segundo Braga (2010) a transparência não é um fim em si
mesma, mas, um instrumento que auxilia a população no acompanhamento da gestão pública.
O autor define transparência da gestão como a "atuação do órgão público no sentido de tornar
sua conduta cotidiana e os dados dela decorrentes, acessíveis ao público em geral" (BRAGA,
2010, p.52).
O Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012, regulamenta, no âmbito do Poder
Executivo federal, os procedimentos para a garantia do acesso à informação. De acordo com art.
5º do referido decreto, estão sujeitos ao disposto neste Decreto os órgãos da administração
direta, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia
mista e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União.
A Lei de Acesso à Informação é o marco que regula o acesso à informação pública,
estabelecendo critérios para que a Administração Pública divulgue a informação mediante
procedimentos fáceis e claros, e independente de requerimento de solicitação. O acesso à
informação passa a ser a regra e o sigilo é a exceção, onde a informação é um conjunto de
dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão de
conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato (BRASIL, 2011, art. 4º)
A Portaria nº 277, de 7 de fevereiro de 2013 Instituiu o Programa Brasil
Transparente que tem por objetivo geral apoiar Estados e Municípios na implementação da
Lei de Acesso à Informação, Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, no incremento da
transparência pública e na adoção de medidas de governo aberto.
O Programa Brasil Transparente tem como objetivos principais:
I - promover uma administração pública mais transparente e aberta à participação
social;
II - apoiar a adoção de medidas para a implementação da Lei de Acesso à
Informação e outros diplomas legais sobre transparência;
III - conscientizar e capacitar servidores públicos para que atuem como agentes de
mudança na implementação de uma cultura de acesso à informação;
IV - contribuir para o aprimoramento da gestão pública por meio da valorização da
transparência, acesso à informação e participação cidadã;
V - promover o uso de novas tecnologias e soluções criativas e inovadoras para
abertura de governos e o incremento da transparência e da participação social;
VI - disseminar a Lei de Acesso à Informação e estimular o seu uso pelos cidadãos;
VII - incentivar a publicação de dados em formato aberto na internet;
VIII - promover o intercâmbio de informações e experiências relevantes ao
desenvolvimento e à promoção da transparência pública e acesso à informação.
O Programa Brasil Transparente irá apoiar a efetivação da Lei de Acesso à Informação
por meio das seguintes ações:
Indices de Transparência
ANO Estados Mais
Posição Transparentes NOTAS
1º São Paulo 6,96
2010 2º Pernambuco 6,91
3º Rio Grande do Sul 6,29
1º São Paulo 9,29
2012 2º Espírito Santo 8,73
3º Pernambuco 7,95
1º Espírito Santo 8,91
2014 2º Pernambuco 8,55
3º São Paulo 8,09
Fonte: http://indicedetransparencia.com
Quadro 1 - Ranking dos Estados mais Transparentes
3 METODOLOGIA
O acesso à prestação de contas dos municípios foi feito através de buscas no site do
Órgão de Controle externo responsável. No Brasil o Controle Externo é exercido pelo
Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas, seja na esfera federal, estadual ou
municipal. É competência do Tribunal de Contas de acordo com a Constituição Federal de
1988 nos artigos 70 e 71, e também art. 31, § 1º e 2º, a apreciação e julgamento das Contas
Anuais prestadas pelo chefe do poder Executivo Municipal e Estadual, mediante Parecer
Prévio.
Ou seja, o Controle externo no Brasil é assegurado pelo Legislativo com auxílio dos
Tribunais de Contas. O art. 59 da Lei de Responsabilidade Fiscal (2000) diz que o Poder
Legislativo, diretamente ou com auxílio dos Tribunais de Contas , e o sistema de controle
interno de cada Poder, são os responsáveis pela fiscalização da gestão fiscal, assim como o
art. 70 da Constituição Federal (1988) atribui ao controle externo e ao Sistema de Controle
interno de cada poder, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial. Apesar de ter em sua denominação a palavra “tribunal”, o Tribunal de Contas
não faz parte do Poder Judiciário.
Os documentos referentes a prestação de contas foram analisados nos sites dos
Tribunais de Contas Estaduais:
Link Disponíveis
TCE Acesso A
Transparência Cidadão
Informação
TCE/AL - - -
TCE/BA x x
TCE/CE X x
TCE/MA X x
TCE/PB x x
TCE/PE X x
TCE/PI x x
TCE/RN X
Fonte: dados da Pesquisa, elaborado pelo autor.
Quadro 4 - Links Dsponíveis nos sites dos TCEs
Fonte: TCE/PB
Figura 1: Consulta das contas referentes ao Governo do Estado da Paraíba
Jpa o site do TCE/RN embora possua a seção Transparencia não é possível encontrar
documentos referentes a prestação de contas anual do Governador do Estado. O Link
"ACESSO À INFORMAÇÃO", disponibilizado pelo TCE/RN na página inicial divulga
apenas a lista de cargos e salários dos seus servidores e Clicando no Link
"TRANSPARÊNCIA DOS JURISDICIONADOS", é possível pesquisar pelas Prestações de
Contas Enviadas ao TCE a cada Bimestre. A busca é feita por "Nome do Órgão", assim,
colocamos "GABINETE CIVIL DO GOVERNADOR" é possível escolher o ano, o bimestre
e o documento para download. No entanto os documentos disponíveis não referem-se a
prestação de contas. (Ver figura 2)
O SITE DO TCE/BA na página incial tem uma seção chamada controle externo, ao
clicar é possível ter acesso aos link de Prestação de contas, contas do governador, Auditorias e
outros. No link contas do governador estao disponíveis as contas de de 2001 a 2014.
No site oficial do Tribunal de Conta sdo Estado do Ceará, na página incial, tem uma
seção voltada para o CIDADÃO, nesta página é possível ter acesso ao Porta de Transparência,
que divulga informações referentes ao Próprio Tribunal. Na página inicial. ao clicarmos na
seção Jurisdiconado, e em seguida, Fiscalização e Controle, e depois, Fiscalização e Contas
do Governo, é possível ter acesso aos documentos referentes aos processos das contas do
Governo entre os anos de 2000 a 2014. é possível ainda efetuar o download dos documentos
como: Parecer Prévo, Voto, Relatório Técnico, Parecer Do Ministerio Público, e outros.
A página do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas Não tem Portal de
Transparência.Só apresentam na seção serviços e consultas os Relatórios da Gestão fiscal. Há
também na subseção "consulta de processos relatados" a possibilidade de busca dos
processos, mas, para isto é necessário o número do processo. Na subseção CASP - é possível
encontrar e fetuar download de documentos referentes a despesa e receita orçamentária. No
mais o site não possui links de busca direta.
5. CONCLUSÃO
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Constituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei
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Como empresas participantes do PRODEC contribuíram para o desenvolvimento de
Santa Catarina – Uma análise com base na Demonstração do Valor Adicionado.
Abstract: The purpose of this article is to analyze the viability of the tax benefit regarding
GST funding by PRODEC to Santa Catarina companies and answer the question: “What are
the areas that receive greater added value by companies receiving PRODEC?”. The
methodology is as exploratory talks on the operation and PRODEC feasibility as well as
presents a case study of 6 beneficiary companies of this program. After quantitative analysis
of the Demonstration of Added Value of the sample, it appears that the return they generate
for the state says the program’s viability and that the area receives greater distribution of
values for the companies is employee compensation. It is therefore concluded that the
PRODEC is feasible and beneficial to Santa Catarina, and suggested greater understanding of
Return Value that recipient firms generate for the state by the study as the inputs acquired
from third parties are provided by Santa Catarina companies and analysis of financial leverage
through the PRODEC.
Devido a elevada carga tributária brasileira, programas como o PRODEC justificam-se para
ajudar a viabilizar a atividade de algumas empresas. Nos anos 1990 a 2010, de acordo com
Goularti (2004), relata-se que 494 empresas participantes do PRODEC postergaram sua
arrecadação de ICMS em R$ 12.092.761, este valor, ainda que pago após seu prazo de
carência representa para o estado um incentivo fiscal, pois conta com alíquotas de juros baixas
e financiadas por agentes financeiros estaduais ou regionais, mas com interesse em trazer
empresas para Santa Catarina. Assim pergunta-se: “ Quais as áreas que recebem maior
Valor Adicionado pelas empresas beneficiárias do PRODEC?, esta pergunta justifica-se
pois é interessante ao estado saber o retorno de seus incentivos fiscais e trabalhos anteriores a
respeito do PRODEC limitaram-se a analisar quantitativamente o valor renunciado pelo
estado comparado ao valor do investimento fixo e de empregos gerados pelo programa, assim
o objetivo deste artigo é ampliar esta análise de retorno por meio do uso da Demonstração do
Valor Adicionado e suas particularidades de empresas participantes do programa, limitando-
se nesta no aspecto temporal e espacial aos contratos efetuados por empresas catarinenses
entre os anos de 2005 a 2010, esta pesquisa limita-se também aos acesso de informações
claras disponíveis na DVA das empresas escolhidas para amostra, sendo estas 6 empresas
participantes do programa que atenderam a metodologia necessária para alcance do objetivo
desta pesquisa. Diante do financiamento de crédito a baixo custo, também há o interesse da
análise quantitativa com a comparação dos Valores de Contrato efetuados e o retorno que
empresas geram para o estado, expondo assim a viabilidade deste programa para o estado com
o percentual de retorno gerado.
Com o objetivo de organizar o trabalho e assim ter um melhor entendimento do estudo, esta
pesquisa será distribuída em mais 4 seções. A seguir inicia-se com a Fundamentação Teórica,
discorre sobre o tema de Guerra Fiscal e uma visão sobre o PRODEC e seu funcionamento.
Dentro da próxima seção, este artigo expõe pesquisas similares já realizadas sobre créditos
tributários, tributação em Santa Catarina e incentivos fiscais. Na terceira seção deste artigo, e
segunda após esta seção, há a exposição da metodologia da presente pesquisa, seu
enquadramento e instrumentos utilizados para análise objeto desta. Finalmente após exposição
de sua metodologia, há a exposição dos dados levantados de fontes secundárias para então sua
análise quantitativa que cabe a esta pesquisa exploratória e a conclusão desta.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Esta seção discorre sobre temas relevantes para entendimento desta pesquisa, faz-se
necessário conhecer a existente “Guerra Fiscal” entre os estados devido aos benefícios fiscais
concedidos, também há uma exposição da história do PRODEC, seus objetivos, critérios e
manutenção de créditos concedidos, número atual de empresas participantes do programa e
valores totais de contratos efetuados entre os anos de 2005 a 2015, esta limitação temporal
faz-se apropriada devido ao ano de 2005 haver início de vigor de leis que atualmente são
aplicadas ao programa. Finalmente há um resumo em quadro de pesquisas similares realizadas
a esta que serviu de base para o estudo desta pesquisa.
2. 1 GUERRA FISCAL
Na busca por investimentos privados e com maior autonomia fiscal a partir da Constituição de
1988, iniciou-se a Guerra Fiscal entre os estados. (NASCIMENTO, 2008). A Guerra Fiscal é
comum entre estados que buscam oferecer benefícios fiscais a empresas que apresentam
viabilidade de investimento e retorno futuro, assim os estados buscam arrematar empresas
com ofertas de isenção e benefícios fiscais. De acordo com Brasil, Lei Complementar
24/1975, Art. 1º, a respeito do ICMS, que é objeto de estudo desta pesquisa:
O ICMS é o imposto mais recorrente nas discussões da Guerra Fiscal, pois os estados além de
terem autonomia para fixar suas alíquotas, são responsáveis pelo seu recolhimento, assim
podem administrá-lo de maneira que seja mais vantajosa para seu devedor. Além disso, o
ICMS possui grande atenção das empresas pois está entre os tributos mais onerosos, sendo
que no regime não cumulativo a alíquota marginal catarinense é de 17% da receita bruta em
que este tributo incidir e até 30% se a origem da receita é considerada supérflua, como por
exemplo, venda de mercadoria como as bebidas alcoólicas, armas e munições. Devido a
importante parte do estado em conceder benefícios com este tributo, cabe a análise de se este
está sendo administrado de maneira coerente e contabilmente vantajosa, tanto para o credor
quanto devedor, estado e as empresas beneficiárias pelas Guerras Fiscais.
2. 2 PRODEC
O PRODEC é um programa do governo catarinense existente desde 1988 criado pelo então
governador Pedro Ivo que por meio de créditos tributários de ICMS; diga-se Imposto sobre
Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação; financia o recolhimento de ICMS
a longo prazo e com baixíssimo custo, com o objetivo, segundo Santa Catarina, Art. 2º da Lei
Nº 13.342/2005, de:
O PRODEC, vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico
Sustentável, tem como objetivo promover o desenvolvimento socioeconômico
catarinense, por intermédio da concessão de financiamentos de incentivo ao
investimento e à operação ou da participação no capital de empresas instaladas em
Santa Catarina. Este incentivo, a título de financiamento, será equivalente a um
percentual pré-determinado sobre o valor de ICMS a ser gerado pelo novo projeto.
O valor do ICMS a ser postergado poderá ser de até 75% (Percentual de Incentivo) do valor
de incremento de ICMS comparado a valores anteriores recolhidos pela empresa
mensalmente, sendo que todas as parcelas somadas postergadas (Montante do Incentivo), ao
final do processo poderão corresponder até 100% do valor do investimento (Investimento
Fixo) realizado com o empreendimento. O usufruto do incentivo a título de financiamento
com a postergação do pagamento de ICMS poderá se dar de 120 e até 200 meses, observando
ainda que o usufruto cessará quando o somatório das parcelas do ICMS, utilizadas como
incentivo, atingir o Montante do Incentivo determinado, com carência para pagamento de até
48 meses e juros de até 12% a.a., sendo que a taxa média de juros usada pelo programa em
anos anteriores e atualmente é de 3% a.a., e de acordo com a legislação vigente, não há
necessidade de correção monetária.
O entendimento anunciado acima obedece a Santa Catarina, Lei Nº 13.342, de 10 de março de
2005, o Art. 7º:
Desde o ano de 2005 a 2015, 216 empresas foram beneficiárias do PRODEC com Valor de
Contrato total de R$ 5.802.146.757,30. No ano de 2015 houve uma média de 62 empresas
fruindo do benefício nos meses de janeiro a dezembro de 2015. Das empresas beneficiárias
entre 2005 a 2015, a média do Valor de Contrato e Percentual de Incentivo foi de R$
27.761,476,74 e 67% respectivamente, e a Carência para início de pagamento de 44 meses
com Prazo de Fruição de 168 meses. A taxa de juros aplicada foi de em média 2,44% com
atualização monetária pelo Indexador UFIR de 86%, sendo que os tributos estaduais não
sofrem correção de efeitos inflacionários. O ano em que houve maior número de empresas
procurando benefícios do programa foi em 2008 com 49 empresas beneficiárias, esta busca
pelo benefício fiscal no ano de 2008 pode ser relacionado a crises financeiras nesse ano.
Esta seção expõe alguns artigos que se fizeram presentes para conhecimento do tema desta
pesquisa e levantamento de possíveis hipóteses de estudo.
Os três artigos acima mostram-se similares a busca da presente pesquisa, o primeiro artigo
intitulado “Renúncia fiscal e a política de apoio a indústria em Santa Catarina: um estudo do
Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense [PRODEC]” mostra a viabilidade do
PRODEC para o estado e o quanto este contribuiu para os empregos gerados em Santa
Catarina, o segundo debaixo do título “A trajetória recente da economia catarinense (2000-
2010): na contramão do crescimento? ” , mostra como os benefícios fiscais auxiliam no
crescimento do estado, e por último, o artigo “Guerra Fiscal: uma análise quantitativa para
Estados participantes e não participantes”, faz-se similar ao objetivo deste artigo pois expõe o
que está envolvido em conceder benefícios fiscais, assim, muitas das ideias destes três artigos
citados acima se fazem similares a esta pesquisa e quando apropriado serão citados com a
devida atenção às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
3. METODOLOGIA
3. 1 ENQUADRAMENTO DA PESQUISA
3. 2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS
Para organização dos dados desta pesquisa, foram necessárias planilhas eletrônicas, consulta a
Demonstrações Contábeis na Bolsa de Valores BM&FBOVESPA pela internet, quando não
encontradas as informações necessárias das empresas participantes da amostra foi necessário
telefonemas às empresas, também visitas ao Centro Administrativo do Governo em
Florianópolis, localizado no bairro Monte Verde, onde encontra-se administração do
PRODEC na Secretaria Estadual da Fazenda para então acesso a informações de lista de
empresas participantes do programa, manutenção de seu crédito tributário e ainda sessar
outras dúvidas para escrita deste artigo com a colaboração de Leandro Luís Darós.
3. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os processos envolvidos nesta pesquisa iniciaram com a escolha de limitações visto o estudo
sobre o PRODEC poder oferecer muitas perguntas de pesquisa, primeiro foi imposta a
limitação temporal quanto aos anos que as empresas beneficiárias realizaram seu contrato,
esta escolha foi dentre os anos de 2005 a 2010, devido a poder conferir fruição do benefício.
Após esta limitação, ainda foi necessário impor uma limitação espacial, de empresas que
possuem indústrias apenas em Santa Catarina e ainda escolha de empresas que elaborem
DVA. Estes filtros resultaram em uma amostra de 6 empresas catarinenses que serão
apresentadas na seção 4.1.
Após a escolha de empresas para estudo de caso, houve a consulta da DVA destas empresas
dos anos de 2012 a 2014, 3 anos de atividade das empresas é considerado suficiente para
análise quantitativa que permita afirmar se geram retorno ou não para o estado diante do
benefício concedido. Assim, com acesso a informação secundárias de suas DVA e o contrato
realizado com PRODEC, a organização destas informações, levam a possibilidade de realizar
inferências para presente pesquisa.
Quanto a escolha de quais informações da DVA seriam utilizadas, devido aos princípios
contábeis estarem alicerçados na integridade e fidedignidade, para este artigo considera-se
apenas os valores de DVA que se pode ter certeza serem valores de retorno para Santa
Catarina, como alguns dos valores adicionados apresentados na DVA. Assim, considera-se
apenas valor de Salário e Benefícios concedidos, excluindo INSS e FGTS, também os Valores
de Tributos Estaduais e Municipais e por último, valores distribuídos pelo uso de capitais de
terceiros, como Aluguel e “ Outros”. Assim, para presente pesquisa, não há a abrangência da
comparação de Valor de Contrato com alguns outros valores inclusos na DVA, mas que não
se pode afirmar se retornam ao estado, como Insumos Adquiridos de terceiros e Juros de
Encargos financeiros, os títulos e valores para presente pesquisa serão expostos novamente
conforme análise da DVA das empresas participantes da amostra.
Esta seção tem como objetivo descrever as empresas participantes da amostra, expor algumas
características de seus contratos com PRODEC e analisar informações fornecidas pelas DVA
das empresas, alcançando por fim o objetivo desta pesquisa que é ampliar a análise de retorno
que as empresas beneficiárias geram, explorar a viabilidade do PRODEC tanto para empresas
beneficiárias quanto para o estado e verificar o Percentual de Retorno de 3 anos de atividade
com fruição de seu benefício fiscal.
4. 1 AMOSTRA
A amostra desta pesquisa foi selecionada a partir de uma população total de 164 empresas que
foram beneficiárias do programa entre os anos de 2005 e 2010. Além de selecionar empresas
beneficiárias dentre os anos de 2005 a 2010, também há a necessidade de estas serem
sociedades abertas para obrigatoriedade de publicação da DVA e de terem indústrias
localizadas apenas em Santa Catarina para poder estudar com maior integridade a comparação
de valores agregados ao estado por meio da empresa e seu Valor de Contrato com o
PRODEC.
Assim, dentre as 164 empresas listadas nos anos de 2005 a 2010, para amostra da presente
pesquisa as analisadas são as seguintes:
Ano de
Empresas Beneficiárias Localização Valor de Contrato
Contrato
4. 2 MANUTENÇÃO DO CRÉDITO
Percebe-se pela amostra desta pesquisa o baixo preço que o crédito de incremento de ICMS
custará para as empresas beneficiárias, com taxa de juro média de 0,03 ao ano, o juro aplicado
não cobre a inflação ocorrida durante o período de carência do crédito. A maior parte das
empresas participantes do PRODEC, assim como na amostra desta pesquisa buscam o
PRODEC em casos de expansão de suas empresas. Com a tabela a seguir também percebe-se
que o prazo médio de carência é de 4 anos com período de fruição do incentivo por até 300
meses.
Tipo de Percentual de
Empresas Beneficiárias Valor de Incentivo Valor de Contrato
Projeto Incentivo
A Tabela 2, logo acima expõe o Valor de Incentivo recebido por cada empresa da amostra e o
Percentual de Incentivo que estas poderão postergar mensalmente de seu ICMS. A tabela a
seguir expõe que o prazo médio de carência é de 4 anos com período de fruição do incentivo
por até 300 meses.
A partir de valores expostos pelas DVA das empresas analisadas, pode-se perceber que
invariavelmente a maior contribuição dessas empresas para o estado é com a remuneração
paga aos funcionários, sendo essa de 54% ou cerca de R$ 90.248.009.000,00, como algumas
destinações aos funcionários tais como FGTS e INSS não são valores distribuídos diretamente
aos cofres catarinenses, estão excluídos dos valores levantados nesta pesquisa, porém a
remuneração ao Pessoal ainda se mantém a maior parte das destinações. Após este, ainda
conta-se com tributos estaduais e municipais, que são 24% dos Valores Distribuídos
considerados nesta pesquisa, é importante ressaltar que dentre esses está incluído o ICMS pois
a DVA trabalha com regime de competência, apesar de alguma parte do valor de ICMS
incrementado não ser pago com o encerramento do exercício devido a postergação do
pagamento com o PRODEC e outros fatores, ainda pode-se analisar o quanto de tributos estão
sendo gerados para o estado. A tabela a seguir ajuda a ter melhor compreensão dos valores
totais destinados a cada área.
Vale a pena ressaltar que a análise desta pesquisa se limita a contribuição direta das empresas
para o estado, assim, seria impossível mensurar os empregos indiretos gerados pelas sua
existência e expansão, como por meio do fornecimento de matérias primas locais, tais como
energia, água e outros insumos adquiridos para a atividade da empresa além dos empregos
indiretos gerados por quem venderá ou utilizará o material fornecido pela própria beneficiária,
caso esta gere produtos como materiais de construção, que é o caso da empresa Portobello
S.A. analisada na presente pesquisa.
As destinações a “Capitais de Terceiros” apresenta-se como a terceira maior destinação das
empresas de valores adicionados por essas, que inclui aluguel e o juro de encargos
financeiros, ainda sim, para presente pesquisa os valores de juros não foram considerados pois
é desconhecido com integridade e fidedignidade quanto destes são adicionados ou distribuídos
ao estado, ou seja, se as financiadoras são locais e/ou estaduais, caso estas sejam, seriam ainda
mais valores a serem considerados como “ retorno ao estado” gerado pela empesa beneficiária
do PRODEC.
4. 4 PERCENTUAL DE RETORNO
Após acesso a informações dos Valores Adicionados ao estado por parte das empresas, para
presente pesquisa pode-se analisar o total deste comparado ao Valor de Contrato realizado
com o PRODEC para perceber o retorno que o estado tem sobre a postergação do ICMS
contratado com auxílio dos agentes financeiros. Apesar de o Valor de Contrato ainda estar em
fruição para as empresas e os Valores Distribuídos serem baseados em partes das DVA de 3
anos de operação das empresas, estes valores ainda se mostram suficientes para cumprir o
objetivo da pesquisa que é a análise da viabilidade do PRODEC e responder à pergunta de
pesquisa sobre qual área recebe maior retorno pelas empresas beneficiárias do PRODEC.
A Tabela 5 e 6 acima mostram a relação que tem de haver para alta taxa de retorno ao estado
por parte das empresas, além de um alto Valor Adicionado, o percentual de retorno apenas se
mostrará alto quanto mais baixo for o Valor de Contrato das empresas, conforme constata-se
no caso da Portobello S.A., apesar de apresentar o segundo maior Valor de Contrato dessas
tabelas, não apresenta segundo maior Valor de Retorno devido a seu alto Valor de Contrato.
5. CONCLUSÕES
Esta seção considera os resultados desta pesquisa dentro de seus objetivos e limitações
impostas por sua metodologia explícita neste artigo.
Esta pesquisa iniciou-se com o objetivo de explorar a viabilidade do PRODEC visto conceder
créditos tributários a baixo custo para o estado com análise de seu funcionamento e descobrir
em que áreas o estado mais se beneficia com a vinda dessas empresas, este problema de
pesquisa foi cessado com o estudo dos critérios para empresas ingressarem no PRODEC e de
que forma o estado realiza manutenção da fruição do benefício concedido. Este problema de
pesquisa foi apresentado com a exposição da manutenção do crédito tributário concedido pelo
PRODEC conforme seção 4.2 pois mostra taxa de juros, período de fruição e carência de
empresas beneficiárias participantes da amostra desta pesquisa, além de percentual de
incentivo e valor de contrato efetuado entre empresas e PRODEC junto aos agentes
financeiros como o BNDS e BESC.
Além de explorar o funcionamento do PRODEC, esta pesquisa também buscou saber o
retorno que o estado tem comparado ao Valor de Contrato realizado pelo PRODEC com as
empresas. Na sessão 2.3 há exposição do funcionamento do PRODEC, 4.4, na sessão 4.5 há
exposição dos Valores Distribuídos pelas empresas ao estado, gráfico em forma de pizza de
que área recebe mais do Valor Adicionado. Com o uso da DVA como instrumento de análise
da riqueza gerada ao estado, pode-se ter clareza da viabilidade do PRODEC pois este
contribuiu com continuidade de empresas que fazem o estado e cidades crescerem, apesar de
haver um incentivo fiscal oneroso sobre os tributos, a continuidade dessas empresas gera
outros benefícios para o estado, como geração de empregos e Tributos municipais e estaduais,
além do uso de Capitais de Terceiros.
As dificuldades encontradas para pesquisa deste artigo que limitaram maior entendimento do
valor de retorno para o estado de empresas beneficiárias do PRODEC foi a incerteza quanto à
consideração de quanto que os insumos adquiridos de terceiros por parte das empresas
poderiam fazer parte do Valor de Retorno considerado para esta pesquisa, devido não haver
em Demonstração Contábeis e outros relatórios a evidenciação desse valor referente a
aquisição de insumos de Santa Catarina, este valor foi desconsiderado das empresas
analisadas, assim como Juros de Capitais de Terceiros devido à incerteza de estes terceiros
tratarem-se de fornecedores de crédito catarinense.
Sugere-se que nas próximas pesquisas possam haver a coleta das informações citadas acima
entrando em contato com controladoria das empresas, e análise de qual o valor de
alavancagem financeira com a postergação do pagamento de incremento de ICMS com a
expansão e/ou implantação das empresas desta pesquisa.
6. REFERÊNCIAS
NASCIMENTO, Sidnei Pereira do. Guerra Fiscal: uma análise quantitativa para Estados
participantes e não participantes. Revista ANPEC , v. 10, p. 1, 2009. Disponível em:
http://www.anpec.org.br/revista/vol10/vol10n2p211_237.pdf. Acesso em 14 set. 2015
NUNES, Gissele Souza de Franceschi; SANTOS, Vanessa dos; FARIAS, Sueli; SOARES,
Sandro Vieira; LUNKES, Rogério João. Análise dos instrumentos de transparência contidos
na lei de responsabilidade fiscal nos municípios da região sul. Revista Ambiente Contábil; v.
5. n. 2, p. 128 – 150, jul./dez. 2013. Disponível em: http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3
06/index.php/Ambiente/article/view/1790/1666. Acesso em 14 set. 2015.
RESUMO
O Controle Interno na área pública consiste em uma estrutura montada dentro dos órgãos com
o objetivo de comprovar a legitimidade dos atos, salvaguardar o patrimônio público e
verificar a precisão e confiabilidade dos informes e dos relatórios. É através de sua atuação
que se pode evitar possíveis fraudes, erros e desperdícios, fatores relevantes para ocorrência
de danos ao patrimônio. A obrigatoriedade e a percepção deste sistema de controle teve
origem com a Lei 4320/64, com a Constituição Federal (1988) e com a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Tendo como base que o controle interno é fundamental para se
atingir resultados favoráveis em qualquer organização, esta pesquisa descritiva se utiliza de
um levantamento para identificar a estrutura do departamento de controle interno nos
municípios que formam a AMAJA/RS e os procedimentos de controle interno atualmente
utilizados nos setores de contabilidade e tesouraria. Tendo como principais resultados de
pesquisa a constatação da implementação dos controles internos em 100% destes municípios.
Verificou-se algumas limitações nos procedimentos de contabilidade e tesouraria
demonstrando descumprimento à legislação e às técnicas de controle aplicáveis, tais como
45% dos municípios não possuírem manuais ou normas de procedimentos internos e em 45%
da amostra os pagamentos de grande vulto não possuírem maior verificação.
1 Introdução
2 REFERENCIAL TEÓRICO
necessária quando as ações se desviarem das metas planejadas. Com isso destaca se que o
controle só tem finalidade se for tratado com um instrumento de apoio ao processo decisório.
Recentemente, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul editou a
Resolução 936/2012 que fixa diretrizes capazes de promover a valorização e o
aperfeiçoamento dos mecanismos de controle interno incidentes sobre a gestão municipal,
tendo como base o artigo 31 da Constituição da República que dispõe que a fiscalização do
Município será também exercida pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo em
apoio ao controle externo.
A mesma resolução estabelece a importância da fiscalização das contas dos gestores
públicos, bem como, a responsabilidade solidária dos componentes do Sistema de controle
interno a possíveis não apontamentos de irregularidades e ilegalidades ao Tribunal de Contas.
Tendo como obrigatoriedade o exame de alguns itens tais como: receitas (transferências
intergovernamentais, cobrança da dívida ativa, lançamento e cobrança de tributos, créditos,
avais e garantias), despesas (execução da folha de pagamento, manutenção da frota de
veículos e equipamentos, controle de bens patrimoniais, procedimentos licitatórios, limites de
gastos com pessoal, gastos com serviços de educação e saúde, regime de previdência, exame
de legalidade e avaliação de resultados), admissão de pessoal (legalidade do ato de admissão
por concurso).
Complementando, a referida Resolução do TCE estabelece que o sistema de controle
interno dar-se-á por meio de iniciativa do Poder Executivo e os órgãos da administração direta
e indireta submeterão a sua fiscalização.
O Conselho Federal de Contabilidade (2011) editou a resolução 1135/2008 que aprova
a NBC T 16.8, obrigando os órgãos públicos a adotarem, a partir de janeiro de 2010 o
controle interno como suporte do sistema contábil, no sentido de minimizar riscos e dar
efetividade as informações da contabilidade, visando contribuir para o alcance dos objetivos
do setor.
Logo, os aspectos legais que regem a administração pública municipal atualmente, em
relação ao controle interno são a Constituição Federal, Lei de Responsabilidade Fiscal, a
Resolução 936/2012 do Tribunal de Contas e a resolução 1135/2008 do Conselho Federal de
Contabilidade.
Dentro da concepção de controle interno é importante referir que controle interno não é
4
auditoria assim como explica Attie (2011), a auditoria interna equivale a um trabalho
organizado de revisão e apreciação dos controles internos, normalmente executados por um
departamento especializado, ao passo que o controle interno se refere a procedimentos de
organização adotados como planos permanentes da empresa.
Percebe se que o sistema de controle interno bem estruturado nos órgãos públicos,
dotado de procedimentos de controle, cuidadosamente elaborados e adotados pelos diversos
setores é muito importante para o desenvolvimento eficiente e coerente da gestão pública,
pois, o controle interno é antes de tudo, a segurança do administrador, é fundamental para o
gestor público porque este responde com seus bens e sua reputação pelos atos que realiza e
deve, portanto, pratica-los com toda segurança possível (CASTRO, 2008).
Segundo Barreto, et al. (2008) o foco central dos procedimentos de controle na área
contábil são os exames das demonstrações contábeis, tendo como objetivo verificar se ocorre
o respeito a legislação vigente e também no que se refere a: existência e propriedade dos bens,
ocorrência das transações, abrangência das informações, avaliação dos ativos e dos passivos,
realização de bens e apresentação, além da divulgação das informações, ou seja, se as
demonstrações contábeis apresentam de forma clara e correta a situação orçamentária,
financeira e patrimonial da organização.
De acordo com Attie (2011) observa-se a importância do controle interno no
departamento de contabilidade devido ao fato de que a contabilidade deve basear-se em fatos
e documentos idôneos em obediência a princípios e normas contábeis consagradas pela
doutrina, registrando-os de forma uniforme, homogênea, em ordem cronológica, o que dá a
ela características de verdadeira história do patrimônio.
Mello e Mello (sd) estabelecem alguns pontos que devem ser analisados pelo controle
interno na área de contabilidade:
3 METODOLOGIA
atividades da gestão municipal são realizadas de forma documentada, sendo considerado uma
ferramenta de auxílio à gestão, como mostram as questões 3 e 4 da tabela 1.
Em relação a atuação dos membros do Controle Interno proposto na questão 5, em
83% dos municípios ocorre de forma independente, respostas que vem ao encontro dos
princípios do controles internos. De acordo com o resultado da questão 6, em 92% dos
municípios não há fiscalização de todos os órgão da administração direta e indireta e poder
legislativo, como estabelecido em lei, inferindo-se que há descumprindo dos princípios de
controle interno de legislação e organização.
No que se refere à estrutura humana relacionada nas questões 7 a 10 do sistema de
controle interno, apenas 34% acreditam ser uma organização adequada com funcionários
efetivos, podendo-se concluir que estão atuando do SCI servidores comissionados, ou efetivos
de outras áreas percebendo Funções Gratificadas, ou com habilitação inadequada para o
cargo, fatores que comprometem a independência e autonomia do Sistema. Alguns
indicadores desta desorganização organizacional são latentes quando se analisa a questão 8,
em que 50% dos municípios pesquisados afirmam que os responsáveis pelo controle interno
não tem dedicação total. As atribuições do Controle Interno são complexas e demandam
tempo, empenho e dedicação para que efetivamente atinjam os objetivos a que se destinam.
Portanto, um servidor que atua no Controle Interno parcialmente pode estar comprometendo a
qualidade do serviço, evidenciando que este pode ter sido instituído apenas para atender a
legislação.
Em alguns municípios essa preocupação com a dedicação parcial fica evidenciada na
questão 10 em que 25% dos integrantes do Sistema de Controle Interno desempenham
atividades na contabilidade e tesouraria não respeitando, inclusive, o principio de segregação
de funções. Apesar das inconformidades verificadas, 83% dos municípios acreditam ter um
bom ambiente físico de trabalho.
de pessoas nesse setor não respeitando o princípio do acesso restrito, uma vez que a
Contabilidade é o setor em que são arquivados documentos de extrema importância.
Outro indicador do princípio do acesso restrito se refere a segurança do sistema
informatizado utilizado, evidenciado nas questões 3 e 4. A pesquisa revelou que, em 100%
dos municípios, esses sistemas são senhados, evitando o acesso de pessoas sem este
privilégio. Ainda sobre o sistema informatizado, em 73% dos municípios ocorre o bloqueio de
subsistemas incompatíveis para zelar pela fidedignidade dos fatos e não ocorrência de erros e
fraudes, um dos objetivos dos procedimentos de controle interno.
No que se refere a questão 5, apenas 9% dos municípios não controlam a entrada e
saída dos documentos contábeis, bem como o arquivamento em ordem cronológica
evidenciando fragilidade no sistema, uma vez que dificulta a localização dos documentos
quando necessário. Também, somente 45% possuem manuais de procedimentos internos, ou
seja, se não existem normas, rotinas e procedimentos expressos, como o Controle Interno
pode realizar suas auditorias? Como ele pode confrontar os procedimentos adotados com os
estabelecidos?
No que diz respeito a integração da contabilidade (questões 7 a 11) com a arrecadação,
tributação, compras, tesouraria, departamento pessoal observa-se que a adoção desses
procedimentos pelos municípios em estudo varia de 73% a 100%, evidenciando que nem
todos os sistemas estão integrados entre si. Cabe salientar que, segundo as novas Normas
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público com vigência obrigatória a partir de
1/01/2014, os subsistemas de informações devem estar interligados, visando evitar
procedimentos manuais que podem gerar erros. Além do cumprimento das NBCASP este
procedimento também atende a resolução 936/2012 do Tribunal de Contas do Estado,
facilitando a verificação, pelo controle interno, das receitas, admissão de pessoal, divida ativa.
Nas questões 12 e 13 observa se que em 100% dos municípios os relatórios
obrigatórios pela Lei de Responsabilidade Fiscal são informatizados, por exemplo, o
Relatório resumido da execução orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal, possibilitando
que os mesmos apresentem dados fidedignos. Além disso, a lei determina que a entidade
pública deve manter sistema de escrituração uniforme aos atos e fatos de sua gestão, por meio
de processo manual, mecanizado ou eletrônico, em ordem cronológica como suporte as
informações contábeis.
Em relação a questão 14, 82% dos municípios possuem a conciliação bancária
interligada às demonstrações contábeis com a finalidade de impedir erros ou possíveis
fraudes. Na questão 15, verifica se que em 73% dos municípios ocorre também a conferência
entre os valores das receitas arrecadadas registradas na contabilidade com os valores de
transferências efetuados pela União e Estados, procedimento de controle estabelecido na
resolução 936/2012 do Tribunal de Contas.
Essa verificação é muito importante ao passo que uma das finalidades do controle
interno é ser colaborador do Tribunal de Contas como estabelece o art. 74 da Constituição
Federal e na resolução 936/2012. As transferências intergovernamentais são um item que deve
ser observado pelos entes do controle interno, principalmente porque, de acordo com a lei de
Responsabilidade Fiscal, pra que o ente continue a receber transferências voluntárias ele
necessita estar em dia com suas Prestações de Conta.
De acordo com a questão 16, 100% dos municípios afirma que é especificado o
lançamento e a respectiva cobrança de todos os tributos de competência municipal como
estabelece a resolução 936/2012 do Tribunal de Contas e a Lei de Responsabilidade Fiscal em
seu art.11. Ainda sob o enfoque do controle da arrecadação, 82% dos municípios faz
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
legais para o efetivo cumprimento das legislações inerentes ao setor público. Entretanto, fica
evidente há efetiva importância do controle interno dentro da gestão municipal, fator
determinante ao cumprimento da legislação atual e indispensável para a não ocorrência de
erros e fraudes. As contribuições dessa pesquisa são também no sentido de levantar pontos
críticos nos setores de Contabilidade e Tesouraria que precisam ser acompanhados e
controlados pelos Sistemas de Controle Interno dos Municípios.
REFERÊNCIAS
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Paulo: Atlas, 2010.
ATTIE, Wiliam. Auditoria: Conceitos e Aplicações. São Paulo: Atlas, 2011. BARRETO,
Pedro Humberto Teixeira (Org.) et al. Auditoria contábil (SL). 2008.
BARRETO, Pedro Humberto Teixeira (Org.) et al. Auditoria contábil (SL). 2008
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 02
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CASTRO, Domingos Poubel. Auditoria e Controle Interno na Administração Pública.
São Paulo: Atlas, 2008.
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Resolução 936/2012. Disponível em: <http://portal.tce.rs.gov.br >. Acesso em: 14 maio 2013.
Análise do Planejamento Institucional da Universidade Federal da Fronteira Sul
Resumo:
Em virtude de características específicas que possuem e das influências que sofrem de
diversos setores, as Instituições Federais de Ensino Superior têm importado e adaptado
ferramentas de gestão utilizadas com sucesso em instituições empresariais, como é o caso do
planejamento. A Constituição Federal de 1988 instituiu o Plano Plurianual (PPA) como
ferramenta de planejamento que deve estabelecer as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal. A Universidade Federal da Fronteira Sul tem seu planejamento
institucional composto por três ferramentas, entre elas, o Plano Plurianual. Assim, este artigo
tem como objetivo realizar um panorama das ações planejadas no PPA 2012-2015 da UFFS
buscando analisar a sistemática aplicada e qual a situação atual das ações de 2012 a 2014.
Esta pesquisa classifica-se como qualitativa, aplicada e descritiva, sendo utilizados os
procedimentos de pesquisa bibliográfica e documental, pesquisa de campo e estudo de caso.
Observou-se algumas questões como: a UFFS segue o ciclo de gestão do PPA disposto na
literatura: elaboração do plano, execução, monitoramento, avaliação e revisão, não ficando
expressa apenas a etapa de revisão do planejamento, dificuldade em compreender os motivos
que levam a não execução ou execução parcial de algumas ações, e a preocupação que a
UFFS demonstra através do planejamento de suas ações em compreender o contexto em que
se encontra e qual a sua situação, e através disso planejar as suas ações de maneira a
proporcionar um melhor desempenho no alcance dos objetivos e metas.
Abstract
Due to specific characteristics that have and the influence that suffering from various sectors,
the Federal Institutions of Higher Education have imported and adapted management tools
used with success in business institutions, such as planning. The Brazilian Law established a
tool called “Plano Plurianual” (PPA) as a planning tool that should establish the guidelines,
goals and marks of the federal government. The Federal University of Fronteira Sul has in its
institutional planning three tools, and one of them is the PPA. Thus, this article aims to
conduct an overview about actions planned in the PPA 2012-2015 of the university, trying to
analyze the systematic applied and which is the current status of actions from 2012 to 2014.
This research is classified as qualitative, applied and descriptive, and the research procedures
used was literature and documents, field research and case study. It was observed some
questions as: the Federal University of Fronteira Sul follows the PPA management cycle
provisions of literature: preparation of the plan, execution, monitoring, evaluation and review,
not being expressed only the review stage of planning, difficulty to understand the reasons of
the non-implementation or partial implementation of certain actions, and the concern that
university shows by planning its actions, to understand the context in which it is and what its
situation, and thereby plan its actions in order to provide better performance in achieving the
objectives and goals.
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.2 Planejamento
Bateman e Snell (2010) explicam também que o planejamento não consiste em uma
resposta informal ou casual a uma crise, mas que consiste em um esforço intencional,
controlado e direcionado e que muitas vezes se vale do conhecimento e experiência dos
colaboradores da organização. Segundo os autores, é um instrumento capaz de fornecer aos
indivíduos e unidades de trabalho um mapa claro sobre as suas atividades futuras.
Para Sobral e Peci (2008) o planejamento formal engloba a definição de objetivos e
planos. Os objetivos especificam o que a organização busca alcançar no futuro, enquanto os
planos instituem os meios para alcançar o que a organização deseja, ou seja, seus objetivos.
Os planos são traduções formais do planejamento através de documentos que definem como
os objetivos devem ser alcançados e o que deve ser feito para alcançá-los: onde os recursos
devem ser alocados e quais atividades devem ser realizadas, por exemplo.
No que se refere ao planejamento público, seu conceito é definido pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) a partir da conceituação do planejamento na sua
essência. Deste modo, planejar é uma atividade dinâmica que se opõe ao improviso total.
Constitui-se de um exercício de escolhas conscientes de ações que aumentem as chances de
obter um resultado específico, e que busca orientar as decisões a partir das informações
disponíveis (BRASIL, 2015).
Assim, o Planejamento Público, ou Planejamento Governamental como é denominado
por muitos autores, é visto pelo MPOG como uma atividade que acrescenta ao conceito de
planejamento as características da esfera pública, o que torna o ato de planejar algo ainda
mais complexo. Em complemento ao conceito apresentado pelo Ministério do Planejamento,
Cardoso Jr (2011, p. 16) entende o Planejamento Governamental como “atividade ou processo
consciente que antecede e condiciona a ação estatal”.
A Constituição Federal de 1988 trouxe mudanças em diversos aspectos do
planejamento governamental. Misoczky e Guedes (2012) afirmam que uma dessas mudanças
advém da Constituição Federal de 1988 e as demais emendas constitucionais, que
estabeleceram um modelo de estrutura de planejamento e orçamento introduzindo o
Planejamento Plurianual (PPA) das políticas públicas e a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), que possuem articulação com a formulação e execução dos orçamentos, como
também com os procedimentos de controle fiscal (MISOCZKY; GUEDES, 2012).
O PPA foi constituído, segundo Pares e Vale (2006), para ser o elemento central do
novo sistema de planejamento de médio prazo, orientando, através da LDO, os orçamentos
anuais (Lei Orçamentária Anual), também estabelecidos pela Constituição. A LDO, por sua
vez, foi criada com o objetivo de assegurar uma função estratégica aos orçamentos,
tradicionalmente inerciais.
Pares e Valle (2006) ainda ressaltam que as inovações previstas na Constituição são
profundas se comparadas à tradição de planejamento no Brasil, uma vez que redesenhou as
relações entre o planejamento e o orçamento, levando em consideração que, nos anos 50, 60 e
70 houve grande ausência de vínculo do planejamento com a disciplina fiscal, dada a
dissociação entre o gasto previsto nos planos e as receitas necessárias para a sua execução.
O tipo de planejamento que se busca implementar a partir das diretrizes fornecidas
pela Constituição de 1988 possui méritos, mas também problemas. O principal mérito está na
tentativa de transformar a atividade de planejamento governamental em um procedimento
contínuo da ação estatal. Por sua vez, o principal problema pode estar relacionado ao fato de
que, ao se reduzir o horizonte de ação do planejamento para o curto/médio prazo,
condicionando-o ao orçamento prévio, acabou transformando a atividade de planejar em mais
uma ação operacional cotidiana do Estado, como as demais atividades de gestão ou
administrativas correntes (CARDOSO JR, 2011).
Nas duas décadas que separam a Constituição Federal dos dias atuais, a função
planejamento foi sendo esvaziada de conteúdo político-estratégico, sendo preenchida por
conteúdos técnico-operacionais e de controle físico-financeiros (CARDOSO JR, 2011)
Na busca de aprofundar os conhecimentos a cerca da atual principal ferramenta de
planejamento governamental, o PPA, a seção a seguir traz maiores informações a respeito do
desenvolvimento e funcionamento do Plano Plurianual.
A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu Art. 165, que Leis de iniciativa do
Poder Executivo estabelecerão o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos
anuais. No parágrafo 1º deste mesmo artigo, fica definido que “a lei que instituir o plano
plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada” (BRASIL, 1988).
Pares e Valle (2006, p. 231) explicam que, segundo a Constituição, o PPA deve
estabelecer de forma regionalizada as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração
Pública Federal, e ao estabelecer isso, constitui-se “no principal instrumento de planejamento
de médio prazo para a promoção do desenvolvimento”.
O PPA, conforme explica Santos (2011) define as estratégias, diretrizes e metas do
governo para o período de quatro anos, igual ao período do mandato presidencial, e evidencia
através de quadros demonstrativos quais serão os programas de trabalho a serem
implementados.
Cardoso Jr (2011) destaca que todo o PPA organiza-se basicamente sob dois princípios
norteadores, sendo eles:
A ideia de um processo contínuo e disruptivo: o que garante que no primeiro ano
de gestão de determinado governante tenha sempre que ser executado,
programaticamente e financeiramente, o último ano de planejamento e orçamento
definido no PPA do governo imediatamente antecessor;
A ideia de união do orçamento (recursos financeiros) e sua execução propriamente
dita (metas físicas): o que deve ser feito por meio do desdobramento do plano
geral em programas e ações setorialmente organizados.
Quanto ao ciclo de gestão do PPA, Mizoczki e Guedes (2012) explica que este ciclo
compreende cinco etapas, sendo: a elaboração do plano, a implantação dos Programas que o
constituem, o seu monitoramento, sua avaliação e revisão.
Identificados os problemas ou demandas da sociedade, Mizoczki e Guedes (2012)
explica que a primeira etapa a ser realizada é a elaboração do plano, que consiste no processo
de construção da base estratégica e na definição dos programas e ações do plano, por meio
dos quais se concretizará a ação do governo. A segunda etapa, denominada de implantação,
consiste na operacionalização do plano aprovado. Nesta etapa a disponibilização de recursos
por meio dos orçamentos anuais possui caráter fundamental.
A terceira etapa do ciclo de gestão do PPA é a etapa de monitoramento, que consiste
no acompanhamento da execução das ações dispostas no plano. Tem como objetivo a
obtenção de informações que subsidiem decisões assim como possibilitem a identificação e
correção de problemas nas ações e na sua implantação. Na quarta etapa é realizado o
acompanhamento do PPA, onde são analisados os resultados pretendidos e o processo
utilizado para alcançá-los. Por fim, a última etapa do ciclo do PPA, a revisão, é resultado das
etapas de monitoramento e acompanhamento. Nesta etapa deve ser realizada a adequação do
plano às mudanças internas e externas da conjuntura política, social e econômica. Essas
mudanças podem ser realizadas através da alteração, exclusão ou inclusão de programas
(MIZOCZKI; GUEDES, 2012).
3 METODOLOGIA
As ações, diferente dos desafios, objetivos e iniciativas, são anuais e não são
apresentadas no PPA, mas sim no PA. Assim, para cada ano contemplado pelo PPA é
desenvolvido um PA onde são apresentadas, para os desafios, objetivos e iniciativas, as
respectivas descrições, e para as ações, tabelas contendo as informações: nome da ação, prazo,
responsável e descrição da ação.
O quantitativo de ações planejadas por desafio, por ano, é apresentado no gráfico a
seguir. Tais informações foram obtidas dos documentos de planejamento anual publicados no
site da UFFS.
Fonte: Adaptado de UFFS, 2016c.
Gráfico 1 - Número de ações planejadas de 2012 a 2014.
Como pode ser identificado no gráfico, o número de ações planejadas por ano varia de
300 a 400, sendo que a maioria das ações planejadas, em ambos os anos, está relacionada ao
Desafio 1, que trata do funcionamento da Universidade Federal da Fronteira Sul, assim como
ao Desafio 2, da implantação da Universidade Federal da Fronteira Sul e ao Desafio 4,
voltado ao fomento às ações de ensino, pesquisa, extensão e pós-graduação.
Tendo em vista que a UFFS foi oficialmente criada em 2009, encontrando-se ainda em
fase de implantação no momento do desenvolvimento do PPA, o expressivo número de ações
destinadas aos desafios relacionados à sua implantação, funcionamento e ao fomento de suas
atividades-fim demonstra que a universidade atentou-se ao fato de ser uma instituição em
implantação, utilizando o planejamento para direcionar grande parte de suas ações para
questões essências no momento, como implantação da estrutura física e de serviços de
infraestrutura de Tecnologia da Informação, a manutenção, adequação física e funcionamento
dos cursos de graduação e pós-graduação da UFFS e o desenvolvimento de projetos
pedagógicos de cursos de graduação, programas de pós-graduação e projetos de extensão.
A instituição mostra-se claramente preocupada em organizar seu desenvolvimento
através do planejamento, visto que em 2014 alterou seu plano plurianual para acrescentar ao
Desafio 1, Funcionamento da Universidade Federal da Fronteira Sul, iniciativa referente a
gestão e organização do campus Passo Fundo, criado na metade do ano de 2013 para oferecer
o curso de Medicina. Apesar de constar na tabela 18 iniciativas, para os anos de 2012 e 2013
havia apenas 17 iniciativas no desafio 1 (UFFS, 2016a).
A universidade também demonstra preocupação com a execução das ações planejadas.
Assim, para cada Planejamento Anual a instituição realizou o monitoramento das ações
propostas. Esse monitoramento foi realizado pelos setores, duas vezes ao ano, na metade e no
final, onde cada setor deveria apresentar a situação atual da ação, a previsão de término da
execução, definida no planejamento, e a descrição do acompanhamento para cada ação sob
sua responsabilidade. Nesses monitoramentos também cabe aos setores realizar apontamentos,
positivos ou negativos, a respeito do desenvolvimento do processo de planejamento ao longo
do ano. Tais monitoramentos feitos pelos setores foram encaminhados à PROPLAN, que
sistematizou as informações ao final de cada ano em um documento chamado “Avaliação”
(UFFS, 2016d; UFFS, 2016e; UFFS, 2016f).
Em análise a esses documentos de avaliação, pode-se obter a informação de quantas
ações foram executadas, quantas estavam em execução, quantas foram planejadas ou quantas
foram canceladas, individualmente para cada desafio, bem como para o ano inteiro. Cabe
ressaltar que para o ano de 2014 as ações foram classificadas de maneira diferente que em
2012 e 2013, sendo classificadas como “Não executadas ou parcialmente executadas”,
“Executadas” e “Canceladas”. Assim, buscando analisar o quantitativo de ações por ano, o
gráfico a seguir apresenta um panorama das ações conforme sua situação.
No final do ano de 2012 haviam sido executadas 171 ações das 369 planejadas para o
ano, o que equivale a 46% do total, enquanto 137 ações (37%) encontravam-se em execução e
40 ações (11% do total) ainda estavam em fase de planejamento. Assim como em 2012, a
maioria das ações do ano de 2013 encontram-se executadas ou em execução. Porém, em 2013,
diferente de 2012, foram encontradas mais ações em execução do que executadas, sendo 116
executadas, representando 39% das ações e 134 ações, ou 45% do total em execução. Em
comparação com os anos anteriores, o ano de 2014 apresentou um expressivo aumento no
número de ações executadas, sendo que das 387 ações planejadas, 249 foram executadas, o
que representa 64,3% do total de ações do ano de 2014.
Analisando os 3 anos em conjunto foram planejadas 1053 ações, sendo que 536 foram
executadas, 271 estavam em execução, 45 foram canceladas, 64 haviam sido planejadas e 137
foram avaliadas como não executadas ou parcialmente executadas no momento do
monitoramento
Em análise ao PA de cada ano é possível visualizar que muitas ações foram planejadas
com prazo de término de execução maior que um ano, estando assim em execução no
momento do último monitoramento do ano. Estas ações foram classificadas ao final do ano
como sendo ações em execução, o que justifica, em parte, a quantidade de ações que foram
classificadas como “em execução” ao final de cada ano. Não foi localizado, porém, um
documento com um novo monitoramento dessas ações para confirmar se foram executadas,
canceladas ou ainda permanecem na situação apresentada (UFFS, 2016d; UFFS, 2016e;
UFFS, 2016f).
Nos documentos de avaliação também é possível encontrar os apontamentos
realizados pelos setores a respeito do processo de planejamento. Neste sentido, alguns dos
apontamentos feitos com maior frequência são: referente a questão de pessoal, como a falta de
servidores e a alta rotatividade destes em setores específicos, sobre a organização dos
processos e fluxos institucionais, onde foram encontrados apontamentos à crescente
burocracia e formalismo nos processos e fluxos, a ausência de um mapeamento dos processos
dos setores e o desenvolvimento inicial de análise e melhoria dos processos da instituição.
Outros apontamentos frequentes referiam-se aos sistemas de informação, que tratavam
da falta de um sistema que pudesse dar suporte as atividades e da falta de sistemas internos
informatizados e interligados Também foram levantadas questões como a dependência de
outros setores da universidade para a realização de certas ações, sendo pontuado como
negativo, o que algumas vezes acabava impedindo o atendimento pleno das ações, e positivo
em outras situações, quando considerado fundamental para o alcance de alguns objetivos.
Outros apontamentos referiam-se, por exemplo, ao fortalecimento da cultura
participativa na construção institucional, ao esforço para o melhor uso dos recursos
disponíveis, ao alinhamento do planejamento com a programação orçamentária e
esclarecimento aos órgãos internos sobre o orçamento anual da instituição (UFFS, 2016d;
UFFS, 2016e; UFFS, 2016f).
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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SOBRAL, Filipe. PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
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normas, diretrizes e metodologia para o planejamento institucional da UFFS. Chapecó, 2013.
Disponível em: <
http://uffs.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1077&Itemid=1908&site
=consuni>. Acesso em: 03 ago. 2015.
______. Relatório Avaliação – Ações 2012. Documento solicitado especificamente para este
trabalho. Recebido em: 25 fev. 2016d.
______. Avaliação Ações 2013. Documento solicitado especificamente para este trabalho.
Recebido em: 25 fev. 2016e.
______. Avaliação 2014. Documento solicitado especificamente para este trabalho. Recebido
em: 25 fev. 2016f.
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo analisar o perfil das vagas ofertadas em concursos
públicos para o cargo de controlador, identificando quais as formações exigidas e funções
desempenhadas. A pesquisa foi realizada com base em editais de concursos públicos com
vagas para controlador com inscrições abertas no ano de 2015. A coleta de dados foi realizada
por meio de uma pesquisa no site PCI Concursos durante o mês de setembro de 2015, sendo
identificados 60 editais. O estudo permitiu traçar um perfil das vagas oferecidas para
controlador público. Quanto à formação exigida, a que mais se destacou foi Ciências
Contábeis, seguida por Administração, Direito e Economia. As funções que apareceram com
mais frequência foram controle, controle interno, auditoria, avaliação e consultoria,
planejamento, coordenação, elaboração de relatórios e interpretação e relatórios
governamentais.
Abstract:
This study aimed to analyze the profile of the vacancies offered in public tenders for the
position controller, identifying the training required and functions performed. The survey was
conducted based on notices of open spaces with controller with open enrollment in 2015. Data
collection was conducted through a search on the site PCI Contests during the month of
September 2015, identified 60 notices. The study allowed us to outline a profile of the places
offered for public controller. As for the required training, which stood out was Accounting,
followed by administration, law and economics. The functions that have appeared most often
were control, internal control, audit, evaluation and consulting, planning, coordination,
reporting and interpretation and government reports.
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nos tópicos a seguir serão abordados temas pertinentes à pesquisa. O primeiro tópico
trata considerações sobre as funções básicas da controladoria, em seguida são abordados os
principais objetivos da Controladoria no Setor Público, em seguida, é discutida a relação entre
o controle interno e a controladoria e, por último, são apresentadas características do
profissional de controladoria no setor público.
Por sua ver, Weber (2011) classificou as funções do controller em dois grandes
grupos: funções do “contador de feijão” e funções do parceiro de negócios. As funções do
“contador de feijão” envolvem atividades básicas da contabilidade, fornecimento de
informações e resultados, controle interno. Já as funções do parceiro de negócios envolvem
atividades de planejamento e controle estratégico, além de auxiliar no conteúdo das
informações e apoio ao processo de tomada de decisão.
Assim como no setor privado, a controladoria no setor público tem a missão de assegurar
e otimizar o resultado econômico. Para Oliveira (2010, p.104), “independentemente do tipo de
organização, ao consumir recursos com o objetivo de gerar algum produto ou serviço para a
sociedade, ela será uma organização econômica, destruindo ou criando valor, pelos valores dos
recursos consumidos e dos produtos ou serviços gerados”. Ainda segundo Oliveira (2010, p.104),
“quando a área de controladoria está inserida em um contexto da administração pública, ela
também possui o papel de contribuir para a otimização do resultado econômico, buscando
otimizar a utilização dos recursos para a sociedade como um todo”.
O resultado econômico se apresenta como um novo paradigma para a controladoria no
setor público. Não basta apenas a informação de quanto arrecadou e como gastou, é preciso
evidenciar para a sociedade qual foi o resultado econômico produzido pelo gasto, quais e quantos
foram os serviços prestados, qual é o preço de mercado, qual a receita econômica produzida, se a
entidade está produzindo lucro ou prejuízo econômico. A sociedade está interessada por dados
que minimizem o desequilíbrio informacional entre ela e o Estado. Evidenciar a eficiência na
gestão dos recursos públicos é algo que deve ser perseguido (SLOMSKI, 2011).
Slomski (2011) considera ainda que é papel da controladoria, também, gerir o banco de
dados global do ente público, pois não dá para pensar em controladoria dissociada de sistemas de
informações estruturados, que respondem em tempo real sobre receitas, despesas, patrimônio
público, financeiro, dentre outros.
3. METODOLOGIA
Em relação aos seus objetivos, este trabalho pode ser classificado como pesquisa
básica, pois, visa à produção de conhecimento sobre o tema de controladoria no setor público.
Collis e Hussey (2005) afirmam que pesquisa básica é aquela em que seu principal objetivo é
contribuir com o conhecimento para o bem comum, não sendo considerada que busca resolver
um problema específico para uma organização.
Quanto à abordagem do problema a pesquisa é qualitativa, pois não foram utilizadas
técnicas estatísticas avançadas de mensuração e análise. A estratégia da pesquisa é descritiva
por relatar as características dos editais investigados.
A coleta de dados foi realizada por meio de uma pesquisa no site PCI Concursos
durante o mês de setembro de 2015, dos Editais do ano de 2015 com vagas para o cargo de
controlador. Nesta busca, foram identificadas três nomenclaturas de cargos diferentes:
Controlador (3 editais), Controlador Municipal (3 editais) e Controlador Interno (54 editais).
Realizou-se a leitura das atribuições dos cargos para verificar se todos os editais estavam
alinhados com os objetivos da pesquisa. Todos estavam alinhados, tendo uma amostra final de
60 editais.
Para a análise das funções, foi utilizada como base a tabela elaborada por Lunkes et al.
(2009) das funções de controladoria mais citadas em manuais e obras de referência na
Alemanha, Estados Unidos e Brasil, e foi verificado se estas funções constam nos editais e
com que frequência.
4. RESULTADOS
Funções Nº %
Planejamento 21 35
Controle 48 80
Sistema de Informação 4 7
Elaboração de Relat. e Interpretação 14 23
Contábil 8 13
Auditoria 24 40
Administração de Impostos 0 0
Controle Interno 25 42
Avaliação e Deliberação 10 17
Avaliação e Consultoria 24 40
Relatórios Governamentais 13 22
Proteção de Ativos 9 15
Processamento de Dados 0 0
Mensuração de Risco 0 0
Organização 0 0
Direção 0 0
Desenvolver Pessoal 1 2
Análise e Avaliação Econômica 1 2
Atender Agentes de Mercado 0 0
Coordenação 16 27
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 2: Funções de controladoria mais citadas nos editais
5. CONCLUSÃO
COLLIS, Jill; HUSSEY, Roger. Pesquisa em Administração: um guia prático para alunos
de graduação e pós-graduação. 2 ed – Porto Alegre: Bookman, 2005.
FERRARI, M.J.; CUNHA, L.C.; LUNKES, R.J. ; BORGET, A. O perfil do controller sob a
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LUNKES, Rogério João et al. Considerações sobre as funções da controladoria nos Estados
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WEBER, J. The development of controller tasks: explaining the nature of controllership and
its changes. Journal of Management Control, v. 22, n. 1, p. 25-46, 2011.
Nível de Divulgação relacionado ao Ativo Imobilizado no Setor Público à luz das NBC,
TSP e IPSAS
Resumo
Este estudo buscou verificar o nível de divulgação relacionado ao Ativo Imobilizado
considerando os aspectos estabelecidos nas NBCASP e IPSAS. Foram analisados os
demonstrativos dos 27 estados da Federação do Brasil. Levando como parâmetros o
estabelecido pela NBC T 16.1 a 11 e pela IPSAS 17 foi elaborado a ferramenta de coleta de
dados divido em níveis de categorias. Os resultados apontam que apesar das mudanças
estarem ocorrendo desde 2008, ainda assim, em 2014 os relatórios carecem muito das
informações quanto ao seu Ativo Imobilizado. Atribui-se a isso o fato de muitos dos entes não
estarem com uma estrutura preparada para atender a todas essas mudanças, e muitos ainda
estão em fase de adaptação com implantação de sistemas de controle e gestão do patrimônio,
porém atendendo parcialmente, como é o caso das entidades que praticam alguns dos
procedimentos contábeis a seus bens adquiridos após uma determinada data de corte.
Palavras chave: Divulgação. Ativo Imobilizado. IPSAS.
Level of Disclosure related to fixed assets in the Public Sector in the light of NBC TSP
and IPSAS
Abstract
This study aimed to verify the level of disclosure related to fixed assets considering the
aspects set out in NBCASP and IPSAS. the statements of the 27 states of the Federation of
Brazil were analyzed. Taking as parameters established by NBC T 16.1 to 11 and the IPSAS
17 was developed data collection tool divided into levels of categories. The results show that
despite the changes are taking place since 2008, yet in 2014 the reports lack a lot of
information on their fixed assets. Attaches to this the fact that many of the entities are not a
structure prepared to meet all these changes, and many are still in the process of adaptation
with the implementation of systems of control and management of heritage, but taking part, as
is the for entities that practice some of the accounting procedures to their property acquired
after a given date cut.
Key-words: Disclosure. Permanent assets. IPSAS.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
3. METODOLOGIA
3.1 Delineamento
Os procedimentos para pesquisa consistem em pesquisa bibliográfica. A pesquisa é
baseada também nos Balanços Gerais apresentados pelos Estados nos sítios do governo de
cada ente e das Secretárias de Fazenda,constitui-sede pesquisa documental. Quanto aos dados
apresentados, o estudo é realizado sem alterar as informações das quais se apresentam nas
demonstrações divulgadas, portanto a pesquisa é classificada como descritiva.
3.2 População e Amostra
O universo da pesquisa consiste nos 27 estados da Federação do Brasil. Analisam
todos os demonstrativos patrimoniais, no que tange a divulgação do Ativo Imobilizado e
fatores relacionados. Levando como parâmetros o que é estabelecido pela NBC T 16.1 a 11 e
pela IPSAS 17 foi elaborado a ferramenta de coleta de dados divido em níveis de categorias.
3.3 Variáveis da Pesquisa e Coleta
O método para a coleta de dados consiste na observação sistemática de documentos,
que são os Balanços Gerais e relatórios contábeis e gerenciais anuais de cada ente da
federação.
Uma das variáveis apresentada quanto a pesquisa incide na inconsistência quanto a
divulgação do Balanço Geral em relação Relatório de Procedimentos e Notas Explicativas,
que podem apresentar informações que induzam a pontos fracos que podem comprometer a
qualidade da pesquisa. Outro fator relevante é quanto à depreciação, que em vários Estados, a
depreciação dos bens possui um período de corte, que os bens até antes dessa ocasião não são
submetidos à depreciação.
NÍVEL DE DIVULGAÇÃO QUANTO AO ATIVO IMOBILIZADO DO SETOR CHECKLIS
PÚBLICO (NDAI-SP) T
ITE
CATEGORIA DESCRIÇÃO DA DIVULGAÇÃO SIM NÃO
M
Critérios utilizados para a avaliação e mensuração do ativo
1
imobilizado (NBC T 16.6; Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Critérios utilizados para a avaliação e mensuração de ativos
2 imobilizados adquiridos a título gratuito (NBC T 16.6; Portaria
nº 437/12);
CLASSE DO Método de depreciação de cada classe do imobilizado ( NBC T
3
ATIVO 16.9; Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Vida útil ou taxa de depreciação de cada classe do imobilizado
4
(NBC T 16.9; Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Valor contábil bruto e a depreciação acumulada no início e no
5 final do período de cada classe do imobilizado (NBC T 16.9;
Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
6
Adições (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
7
Baixas (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
8 Aquisições por meio de combinações de negócios (Portaria nº
437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
Aumentos ou reduções decorrentes de reavaliações e perda por
9 redução ao valor recuperável de ativos reconhecida ou revertida
diretamente no patrimônio líquido (Portaria nº 437/12; IPSAS
17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
CONCILIAÇÕES
10 Perdas por desvalorização de ativos, reconhecidas no resultado
(Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período:
11 Reversão das perdas por desvalorização de ativos, reconhecidas
no resultado (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período
12
demonstrando: Depreciações (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Conciliação do valor contábil no início e no final do período
demonstrando: Variações cambiais líquidas geradas pela
13
conversão das demonstrações contábeis da moeda funcional
para a moeda de apresentação (IPSAS 17);
A conciliação do valor contábil no início e no final do período
14
demonstrando: Outras alterações (IPSAS 17);
Depreciação, quer seja reconhecida no resultado, quer como
15 parte do custo de outros ativos, durante o período (Portaria nº
437/12; IPSAS 17);
Depreciação acumulada no final do período (Portaria nº 437/12;
16
IPSAS 17);
Mudanças nas estimativas relativas: Valores residuais (Portaria
17
MUDANÇAS DE nº 437/12; IPSAS 17);
ESTIMATIVAS Mudanças nas estimativas relativas: Custos estimados de
18 desmontagem, remoção ou restauração de itens do ativo
imobilizado (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Mudanças nas estimativas relativas: Vidas úteis (NBC T 16.5;
19
NBC T 16.9; Portaria nº 437/12; IPSAS 17)
Mudanças nas estimativas relativas: Métodos de depreciação
20
(NBC T 16.5; NBC T 16.9; Portaria nº 437/12; IPSAS 17)
Quanto a ativos imobilizados reavaliados: A data efetiva da
21
reavaliação (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Quanto a ativos imobilizados reavaliados: O responsável ou os
responsáveis (no caso de uma equipe interna de servidores); (a
22 equipe responsável pelo controle patrimonial da entidade pode ser
competente para efetuar a reavaliação) (Portaria nº 437/12; IPSAS
17)
Quanto a ativos imobilizados reavaliados: Os métodos e premissas
23 significativos aplicados à estimativa do valor justo dos itens
(Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Quanto a ativos imobilizados reavaliados: Se o valor justo dos itens
foi determinado diretamente a partir de preços observáveis em
mercado ativo ou baseado em transações de mercado recentes
REAVALIAÇÃO 24
realizadas sem favorecimento entre as partes ou se foi estimado
usando outras técnicas de avaliação (Portaria nº 437/12; IPSAS
17);
Caso a classe de ativo seja contabilizada a valores reavaliados: a
reserva de reavaliação, indicando as alterações do período e
25
quaisquer restrições sobre distribuição do saldo da reserva aos
acionistas ou outros investidores (IPSAS 17);
Caso a classe de ativo seja contabilizada a valores reavaliados: a
26 soma de todas as reservas de reavaliação para itens individuais do
ativo imobilizado dentro daquela classe (IPSAS 17);
Caso a classe de ativo seja contabilizada a valores reavaliados: a
27 soma de todos os déficits de reavaliação para itens individuais do
imobilizado dentro daquela classe (IPSAS 17);
Valor contábil do ativo imobilizado que esteja temporariamente
28
ocioso (Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Valor contábil bruto de qualquer ativo imobilizado totalmente
29 depreciado que ainda esteja em operação (Portaria nº 437/12;
IPSAS 17; IPSAS 17);
Valor contábil de ativos imobilizados retirados de uso ativo
30
(Portaria nº 437/12; IPSAS 17);
Valor justo do ativo imobilizado quando este for materialmente
31 diferente do valor contábil apurado pelo método do custo (Portaria
nº 437/12; IPSAS 17);
OUTRAS
Valor de ativos imobilizados transferidos a outras entidades
INFORMAÇÕES 32
públicas ou a terceiros (NBC T 16.10; Portaria nº 437/12);
RELEVANTES
Existência e os valores de restrições a ativos imobilizados
33
oferecidos como garantia de obrigações (IPSAS 17);
Valor dos gastos reconhecidos no valor contábil de um item do ativo
34
imobilizado durante a sua construção (IPSAS 17);
Valor dos compromissos contratuais advindos da aquisição de
35
ativos imobilizados (IPSAS 17);
Se não for divulgado separadamente no corpo da demonstração do
resultado, o valor das indenizações de terceiros por itens do ativo
36
imobilizado que tenham sido desvalorizados, perdidos ou
abandonados, inclusive no superávit ou déficit (IPSAS 17);
Tabela 1- Instrumento de coleta de dados.
Fonte: Elaboração própria a partir das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBC T
16: 1 a 11; Portaria STN nº 437/2012; International Public Sector Accounting Standard – IPSAS 17 (Property,
Plant, and Equipment).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto as classes do ativo, dez estados evidenciaram os critérios para avaliação e
mensuração, e todos eles, sem exceção, mensuram inicialmente o ativo pelo valor de
aquisição. São eles: Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Rio
de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo. Dentre estes, destacam-se quatro estados
que evidenciaram os critérios para ativos obtidos à títulos gratuitos, que são mensurados
incialmente pelo valor justo do item. Os estados que evidenciaram de acordo com o quesito 2,
são: Espirito Santo, Rio de Janeiro, Rondônia e Santa Catarina.
Os resultados quanto a Classe do Ativo considerando a média de itens atendidos bem
como o desvio padrão são demonstrados abaixo:
3,4 3,9749 0 5
Tabela 1 – Classe do Ativo
Fonte: Dados da pesquisa.
0,56 0,88 0 9
Tabela 2 – Conciliações.
Fonte: Dados da pesquisa.
6 9,30 0 6
Tabela 3- Mudança de estimativas.
Fonte: Dados da pesquisa.
Percebe-se que a média um pouco acima das outras classes, se dá ao fato de grande
parte dos estados já depreciarem seus bens, porém não há mudanças de estimativas quanto a
valores residuais, vidas úteis e a métodos de depreciação.
Em mais da metade dos entes que depreciam seu patrimônio permanente, foram
estabelecidos período de corte em que os bens adquiridos anteriormente a estas datas não são
depreciados e carecem de reavaliação para tal. Portanto, as informações quanto a depreciação
apesar de atenderem a certos aspectos das normas, não refletem a realidade do patrimônio.
Em comparação ao trabalho realizado por Nascimento, Oliveira et al. (2013) em que
foi demonstrado que no exercício de 2011 dez estados não divulgaram a depreciação, dentre
estes destacam-se os estados de Goiás, Paraíba, Paraná, Rondônia e Roraima que continuam a
não registrar e divulgar a depreciação. Porém, devemos salientar que assim como os
contrastes entre o trabalho realizado por Nascimento, Oliveira et al. (2013) e Ramos (2014),
há divergências em relação a pesquisa deste trabalho com os alcançados anteriormente.
Em trabalho realizado considerando o exercício de 2012 por Ramos (2014) e
analisando que foram divulgadas as informações dos estados de Roraima e Paraná, ocorre
divergências quanto a pesquisa que tem como base o exercício de 2013, onde estes estados
deixaram de evidenciar a depreciação.
Quanto ao nível de divulgação dos entes, deve-se destacar o Estado de Santa Catarina
por atender o maior número de quesitos estabelecidos, sendo sete deles: quatro em relação a
classificação do ativo; dois em relação a mudanças de estimativas; e um quanto a reavaliação.
Deve-se salientar que apesar de não atender a outros quesitos quanto à reavaliação por não ser
apresentado de forma analítica em suas demonstrações, pode ser visto em notas explicativas
que a administração está tomando medidas que atendem parcialmente e que tende a manter o
controle completo em curto prazo de tempo. Pode-se observar que a Secretária de Estado da
Administração, através da Diretoria de Gestão Patrimonial e da Gerência de Bens Móveis
instituiu o Decreto Estadual n° 3.486 de 03/09/2010 e a Instrução Normativa Conjunta da
Diretoria de Gestão Patrimonial que trata da obrigatoriedade de realizar os procedimentos de
reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão. Foram
estabelecidos prazos para reavaliação dos bens, com data limite até 2013. Portanto, para os
demonstrativos de 2014 os procedimentos patrimoniais devam estar finalizados e
evidenciados.
Dos estados que não atenderam a nenhum dos quesitos, deve-se considerar que em
mais de 90% deles, em suas notas e relatórios gerencias determinam quanto a implantação de
sistemas de controle de gestão patrimonial, e quanto a regularização de pendências no tocante
as exigências da Secretaria do Tesouro Nacional através da Portaria n° 437. Ficando assim,
compromissados que a partir da publicação dos relatórios referente ao exercício de 2014
atender as normas pertinentes quanto ao registro e divulgação dos bens patrimoniais.
Em relação às informações classificadas como “Reavaliação” somente o estado de
Santa Catarina e Rio de Janeiro atenderam o quesito quanto aos métodos e premissas
significativos aplicados à estimativa do valor justo dos itens em relatórios dos quais traçam os
objetivos e metas para atendimento as normas, porém ainda não divulgada nenhuma
informação quanto a Reavaliação propriamente dita. Quanto a classe de “Outras informações
relevantes”, nenhum dos estados atendeu a algum dos quesitos sequer.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi explanada em todo o trabalho, a evidenciação é de suma importância para
que a sociedade possa desempenhar seu papel de controle social e de verificar a composição
do patrimônio das entidades públicas. Juntamente com as mudanças que acompanham a
Contabilidade Pública em convergência as normas internacionais, são possíveis ter relatórios
e demonstrativos que representam fidedignamente os bens de cada Estado Brasileiro, porém
ainda há muito o que fazer para que possa ter resultados satisfatórios em atendimento as
normas legais. Dessa forma, o trabalho atendeu ao objetivo geral de analisar o nível de
divulgação dos entes federados em relação às NBCASP e as IPSAS.
Em relação ao objetivo especifico da “Classe de Imobilizado” e de “Conciliações”,
nota-se que apesar de baixa, os Estados vêm demonstrando os critérios utilizados para
avaliação e mensuração além de demonstrar as baixas.
Quanto as “Mudanças de Estimativas”, nota-se que a grande maioria já demonstra a
depreciação acumulada no inicio e final do período.
Em relação à “Reavaliação” e “Outras Informações Relevantes”, ainda demonstram
que os entes ainda não utilizam de Reavaliação nos seus bens, assim como valores de ativos
que estejam temporariamente ociosos e de valores dos compromissos contratuais advindos da
aquisição de ativos imobilizados.
Todavia, é importante salientar que apesar das mudanças contidas nas legislações e
normas de controle, deve-se atentar a boas práticas de aplicação. É possível analisar que
apesar das mudanças estarem ocorrendo desde 2008, ainda assim, em 2014 os relatórios
carecem muito das informações quanto ao seu Ativo Imobilizado. Atribui-se a isso o fato de
muitos dos entes não estarem com uma estrutura preparada para atender a todas essas
mudanças, e muitos ainda estão em fase de adaptação com implantação de sistemas de
controle e gestão do patrimônio, porém atendendo parcialmente, como é o caso das entidades
que praticam alguns dos procedimentos contábeis a seus bens adquiridos após uma
determinada data de corte.
Verifica-se que não há nenhuma dispositivo legal que prevê penalidades ou sanções
quanto a aplicação das normas em relação a evidenciação do Ativo Imobilizado. Com isso,
podemos analisar a Teoria da Agência em que conquanto exista a assimetria informacional,
não existe nada que motive o agente para que ele possa divulgar as informações que são
necessárias.
O estudo analisou que embora todos os Estados apresentem valores referentes ao saldo
final acumulado de seus bens e que mais da metade dos Estados apresentam informações
como depreciação, os dados carecem de mais detalhes e relatórios analíticos. Assim como
afirma Gomes (2014) os estados vem adiando a aplicação dos novos procedimentos devida a
publicação da portaria STN n° 634/2012 em que se torna obrigatório somente a partir do
exercício de 2014.
Contudo, o trabalho atingiu o seu objetivo, uma vez que podemos afirmar que o nível
de divulgação ainda é muito baixo em relação a tudo que se pede entre as NBCASP e a
IPSAS. Logo, contribui-se para futuras pesquisas, além de poder ser utilizado como
instrumento por gestores públicos para analisar como estão sendo divulgados seus
demonstrativos, colabora também com a sociedade e outras partes interessadas, esclarecendo
e evidenciando como deve ser tratado e divulgado o Ativo Imobilizado. Como sugestões de
trabalhos futuros sugere-se: analisar o andamento das mudanças e realizar nova pesquisa num
período futuro.
O Trabalho limita-se pelo fato de considerar dados de um único período, além de que a
divulgação conforme as NBCASP aplicam-se obrigatoriamente somente ao final do exercício
de 2014.
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2015.
A gestão das indústrias na cadeia produtiva moveleira sob a perspectiva da temática
“sustentabilidade”
Resumo:
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa quantitativa de abordagem qualitativa que
teve a finalidade de identificar os indicadores de sustentabilidade utilizados pelas industrias
moveleiras do Oeste de Santa Catarina. O presente estudo deu-se através da continuação de
outra, cujo tema é, “Desenvolvimento de um Modelo para Avaliar a Sustentabilidade nas
Micro e Pequenas Empresas”, onde identificou os indicadores de sustentabilidade
considerados indicados e adequados para avaliação do grau de sustentabilidade em pequenas
organizações na visão dos especialistas, através desse, foi elaborado um questionário semi-
estruturado e aplicado as indústrias moveleiras do Oeste de Santa Catarina. O resultado se
apresenta atraves de uma tabela com 88 indicadores, sendo 15 na esfera econômica, 26 na
ambiental e 47 na esfera social. Identificou-se que os indicadores mais utilizados pelas
empresas pesquisadas estão na esfera econômica seguido pela esfera social. De modo geral, as
três pilastras da sustentabilidade são importante para as empresas se manterem firmes diante
da sociedade e do governo, que passaram a exigir respeito das mesmas com as questões
ambientais. A sustentabilidade vem sendo utilizada pelas empresas como uma estratégia para
produzir mais com menor quantidade de matéria-prima e gerar emprego e renda justa para o
desenvolvimento das sociedades.
The management of the industries in the furniture production chain from the
perspective of the theme "sustainability"
Abstract:
This article presents the results of a qualitative approach to quantitative research aimed to
identify the sustainability indicators used by the furniture industry of the West of Santa
Catarina. This study was made through the continuation of another, whose theme is
"Development of a Model for Evaluating Sustainability in Micro and Small Enterprises",
which identified the sustainability indicators considered indicated and appropriate to evaluate
the degree of sustainability in small organizations in the view of experts, through this, we
designed a semi-structured questionnaire and applied to the furniture industry of the West of
Santa Catarina. The result is presented through a table with 88 indicators, 15 in the economic
sphere, 26 environmental and 47 in the social sphere. It was identified that the indicators used
by most companies surveyed are in the economic sphere followed by the social sphere.
Overall, the three pillars of sustainability are important for companies to stand firm in the face
of society and government, which began to demand respect of the same environmental issues.
Sustainability has been used by companies as a strategy to produce more with less raw
material and generate employment and fair income for the development of societies.
1. Introdução
Espera-se das empresas que se tornem competitiva e atuante no mundo dos negócios e ao
mesmo tempo atendam aos pressupostos da sustentabilidade, o que a priori parece
incompatível. Diz-se que as indústrias precisam produzir com qualidade e ao mesmo tempo
diminuir a utilização dos recursos naturais, reciclar, não poluir, cuidar dos resíduos, promover
ações em relação aos recursos humanos e à sociedade.
Historicamente, a revolução industrial foi um período de muitas descobertas e inovações, o
que favoreceu o desenvolvimento com base no crescimento econômico. O setor que mais se
beneficiou nesse contexto foi o da indústria com base no uso de recursos naturais. Com a
expansão da industrialização no mundo, o grande problema passou a ser o crescimento
desequilibrado entre países, com maior distância entre ricos e pobres, e o esgotamento dos
recursos naturais existente no planeta.
De acordo com Seiffert (2007), o mau uso dos recursos naturais disponíveis no planeta acabou
de gerar um grande desequilíbrio. Diante desse contexto, buscam-se alternativas que visem
atingir a sustentabilidade, incluindo as organizações. Para o alcance do desenvolvimento
sustentável é necessário considerar os aspectos referentes às dimensões sociais, ambientais, e
econômicas (BELLEN, 2006).
A dimensão social adota medidas para os recursos básicos do ser humano; o ambiental vem
com a proposta de conscientizar a humanidade para o menor desperdício, tratando do
crescimento e desenvolvimento da sociedade, tendo a distribuição de renda como um fator
fundamental. Essas dimensões estão ligadas aos indicadores de sustentabilidade.
Os indicadores simplificam informações de um determinado fenômeno deixando-os mais
aparentes. A sua utilização dentro de uma empresa facilita as informações para uma melhor
tomada de decisão.
A região oeste de Santa Catarina possui uma economia focada em várias cadeias de valor,
algumas já consolidadas, como a agroindustrial (de aves e suínos), a do leite e a moveleira.
Outras estão em franca expansões, podemos citar o caso do setor metal-mecânico. A
competitividade destas cadeias pode garantir uma melhor situação econômica e social aos
habitantes dessa região.
Está pesquisa visa mostrar os indicadores de sustentabilidade utilizados na cadeia produtiva
moveleira do oeste de Santa Catarina, bem como saber a relação dos processos de gestão
industrial com as questões da sustentabilidade. Conhecer e ter o domínio de indicadores é
importante para controlar determinados resultados em uma organização, e assim tomar a
melhor decisão sem comprometer o seu futuro. A estrutura da pesquisa está organizada da
seguinte forma: a seção 2 é apresentada a fundamentação teórica, na seção 3 os procedimentos
metodológicos, na seção 4 a apresentação e análise dos resultados e a seção 5 traz a conclusão
do estudo.
2. Revisão da literatura
2.1 Origens do conceito de sustentabilidade
O surgimento do conceito sustentabilidade deu-se inicio em 1972, através da conferência das
Organizações das Nações Unidas (ONU) em Estocomo (Suécia), onde o tema debatido era o
Meio Ambiente Humano e seu foco voltava-se à questão de preservar o meio ambiente para as
futuras gerações, está foi à primeira reunião internacional em que as lideranças debateram
questões ligadas à sustentabilidade (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2011).
Em 1980 o desenvolvimento sustentável veio a ser explicado no documento World
Conservation Strategy, por exigência do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente). De acordo com esse documento para a preservação da natureza o homem deve
manter os processos ecológicos essenciais, preservar a diversidade genética e assegurar o
aproveitamento sustentável das espécies e do ecossistema, que constituem a base da vida
humana (BARBIERI, 1997).
Com o passar dos anos a Comissão Mundial de Meio Ambiente em 1987, criou o Relatório
Brundlandt, com o objetivo de mostrar a sustentabilidade como o único meio para salvar o
planeta da poluição, este relatório se tornou público como registro global à mudança, através
dele podemos dizer que existe evidencias suficientes para acreditar que qualquer outro meio
não sustentável é uma aberração (MENEGAT; ALMEIDA, 2004).
Entretanto Bellen (2005), resalta que a sustentabilidade destina-se á utilização racional dos
recursos, de forma a garantir qualidade de vida para as gerações atuais e futuras, sem a
destruição da sua base de sustentação, com o surgimento da conscientização ambiental a
humanidade vem preservando e buscando meios sustentaveis para o seu progresso.
Para Barbieri (1997), a sustentabilidade é incorporada a significado de manutenção e
conservação, levando as pessoas a pensar e agir de forma sustentável. Para a conservação dos
recursos são necessários avanços científicos e tecnológicos que ajudem a acrescer
duravelmente a capacidade de beneficia-los.
2.2 Sustentabilidade empresarial
A sustentabilidade vem sendo adotada pelas empresas para reduzir os impactos causados por
elas á natureza, sua utilização serve de referência para o seu crescimento e desenvolvimento
diante da sociedade (WERBACH, 2010).
Segundo Queiroz (2001 apud DIAS et. al. 2003. p. 133) “[...] hoje em dia é muito fácil para
uma empresa perder a credibilidade frente ao grande público em função de um
comportamento ético inadequado ou pelo fato de não assumir suas responsabilidades com a
sociedade”. Barbieri e Cajazeira (2012) complementam que, para uma empresa manter-se no
mercado e possuir uma sustentabilidade econômica, ela precisa encontrar meios de inovação
constante, caso contrário ficará ultrapassada e excluída.
Conforme Werbach (2010), ao planejar uma estratégia as empresas não devem se limitar a
aumentar receitas ou cortar custos para expandir o preço final, mas tratar da sua sobrevivência
diante da humanidade, ser sustentável significa progredir para sempre. Para o mesmo autor, a
sustentabilidade tem quatros componentes igualmente importantes, entretanto o social, agir
levando em conta todas as pessoas; econômico, operar com lucro; ambiental, preservar; e
cultural, respeitar a diversidade cultural e a mesma preservar e valorizar.
Para Tinoco (2010) em uma empresa apenas a visão do lucro é insuficiente para alcançar os
objetivos traçados, em longo prazo, para uma organização continuar em sua jornada ela deve
dar conta de todas às necessidades dos agentes envolvidos, clientes, fornecedores,
financiadores de recursos financeiros, governo, comunidades, funcionários e acionistas, diante
dessas necessidades, a prioridade é do bem estar dos funcionários e da sociedade com foco no
aspecto ambiental.
Nesse sentido, uma empresa torna sustentável a partir do momento que incorpora os conceitos
e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável, aplicado em suas políticas de
modo consistente. Segundo Barbieri e Cajazeira (2012), as estratégias empresariais levam em
conta a gestão ambiental, onde a um crescimento da preocupação ambiental por todos os
setores da sociedade, que pressionam as autoridades para tomar as leis severas e sua
fiscalização constante.
2.3 O trippon bottom line
Segundo Barbieri e Cajazeira (2012, p. 72) “[...] o modelo conhecido por triple bottom line
(tríplice linhas de resultados líquidos) foi desenvolvido pela empresa de consultoria britânica
SustainAbility”. Esse modelo tornou popular no âmbito empresarial devido à publicação do
livro Cannibals with forks (Canibais de garfo e faca), que procura mostrar a civilização do
capitalismo diante das dimensões econômicas, social e ambiental da sustentabilidade.
Pereira, Silva e Carbonari (2011) resaltam que, com a obtenção cada vez maior do lucro as
empresas procuraram conhecer novas ferramentas e passaram a olhar o tripé da
sustentabilidade, onde é estudado e usado entre empresas e pesquisadores como uma
ferramenta de desempenho financeiro.
O modelo tripé da sustentabilidade ganhou destaque, um desse foi a criação dos “[...] 3Ps, de
Profit, People e Planet (Lucro, Pessoas e Planeta)”, que representam as três dimensões da
sustentabilidade: a economia, social e ambiental, a responsabilidade social apoia-se no
desempenho dessas dimensões, os 3Ps são as vigas que sustentam a sustentabilidade
empresarial (MARREWIJK, 2003 apud BARBIERI; CAJAZEIRA, 2012, p. 75).
De acordo com Sachs (2008 apud TINOCO 2010, p. 15), o desenvolvimento sustentável
surge nas seguintes dimensões: “[...] social, cultural, meio ambiente, distribuição territorial,
econômica, política e sistema internacional”. Essas dimensões se integram com o
desenvolvimento sustentável. O tripé da sustentabilidade indica os cuidados com o planeta e o
respeito ao mesmo que as empresas devem manter.
2.4 Perspectiva econômica
O desenvolvimento sustentável elevou-se a partir do nome “ecodesenvolvimento” no início
da década de 70, brotou em um contexto de uma discussão de ideias sobre a ligação entre
crescimento econômico e meio ambiente, com um acordo entre as duas partes, onde o
progresso deve respeita os limites ambientais, mas não os elimina, e o crescimento econômico
é necessário, mas não o suficiente para a eliminação da pobreza (ROMEIRO, 2001).
Para Romeiro (2001), no momento que a renda per capita aumenta com o crescimento
econômico, a degradação ambiental se eleva a certo nível, e começa a melhorar, no estágio
inicial desse processo de crescimento, o aumento da degradação é um efeito colateral ruim,
mas inevitável, a partir de certo nível de bem estar econômico, a população torna-se
conservadora e passa a pagar pela melhoria da qualidade do meio ambiente.
2.5 Perspectiva social
A sustentabilidade social fornece atenção para os recursos básicos do ser humano, como água
limpa e tratada, assistência médica, segurança e educação, mantendo a qualidade de vida para
todos os cidadãos. A riqueza é importante, mas é apenas parte do quadro geral da
sustentabilidade (BELLEN, 2005).
Segundo Miller (2007), uma sociedade quando é sustentável ela supre com as necessidades
atuais de sua população em relação a alimentos, água limpa e tratada, abrigo e outros recursos
básicos que atenda á sobrevivência de todos.
Devido ao crescimento da população, a humanidade avança sem planejamento e o mau uso
que faz com os recursos naturais acaba destruindo e desrespeitando a natureza. “A
sustentabilidade social se destaca como a própria finalidade do desenvolvimento, sem contar
com a probabilidade de que um colapso social ocorra antes da catástrofe ambiental” (SACHS,
2002, p. 73).
Entretanto, o termo aspecto social, está relacionado ao bem estar dos seres humanos, que
estão atreladas nas questões econômicas e ambientais.
2.6 Perspectiva ambiental
Em todo o processo de fabricação de produtos três recursos são utilizados, os recursos
naturais (ar, água, terra, biodiversidade, minerais) “[...] os quais sustentam todas as economia
e toda a vida”; os recursos humanos (que são as pessoas que trabalham para o
desenvolvimento dos produtos e inovações); e os recursos manufaturados (todo maquinário,
equipamentos e produtos, cujas feituras envolvem recursos naturais e humanos). Com a
utilização constate dos recursos naturais a terra passa por um processo de transformação
devido ao seu esgotamento e degradação (MILLER, 2007, p. 474-475).
Para Tinoco (2010), a sustentabilidade veio ampliando e atingindo todas as áreas, e sua
entrada nos aspectos ambiental aplicou aos recursos renováveis, principalmente os que
exauriram pela exploração descontrolada. A sustentabilidade é um processo de mudança
social, ética e política, com democratização dos recursos naturais.
Segundo Miller (2007) para a humanidade saber viver de forma sustentável deve aprender a
utilizar os recursos naturais sem exauri ou degradar o solo as plantas o ar a água e os animais,
e sobreviver da renda natural fornecida pela natureza, respeitar seu ciclo de vida, consumir de
forma que a natureza consiga se regenerar no seu tempo certo.
2.7 Indicadores de sustentabilidade
O propósito dos indicadores é agregar e quantificar informação sobre resultado que facilitam e
tornam a comunicação compreensível e quantificável. Conforme Bellen (2005), os
indicadores foram criados para melhor compreender e integrar com os fatos relacionados à
sustentabilidade, e atingir seus pressupostos, sendo eles ambientais sociais e econômicos.
A partir do momento que lançaram o conceito desenvolvimento sustentável um dos principais
desafios foi à construção de instrumentos que acompanhassem a sustentabilidade para o seu
crescimento. O objetivo dos indicadores é a construção de um conjunto capaz de analisar
variáveis que dão suporte para o desenvolvimento (TAYRA; RIBEIRO, 2006).
Para Pereira, Silva e Carbonari (2011, p. 88) “[...] indicador é uma ferramenta que permite
obter informações sobre uma dada realidade. Sua característica principal é sintetizar diversos
tipos de informação, retendo apenas o significado essencial dos aspectos analisados”.
Segundo Quiroga (2001 apud GUIMARÃES; FEICHAS 2009, p. 03), á diversas traduções
sobre o que é um indicador, ele pode ser quantitativo e qualitativo. "[...] um indicador não é
apenas uma estatística, ele representa uma variável que assume um valor em um tempo
especifico". Representa um atributo de um determinado sistema, incluindo qualidade,
característica e propriedade, tem como objetivo apontar a existência de riscos em determinado
local e com finalidade a tomada de decisão.
3. Procedimentos metodológicos
A pesquisa deu-se através da continuação de outra, cujo tema é, “Desenvolvimento de um
Modelo para Avaliar a Sustentabilidade nas Micro e Pequenas Empresas”, onde procurava
saber quais os indicadores de sustentabilidade considerados indicados e adequados para
avaliação do grau de sustentabilidade em pequenas organizações na visão dos especialistas,
que foram localizados através de busca com palavras chaves sobre o assunto na Plataforma
Currículo Lattes.
Neste contexto, este estudo continuou, a saber, através dos resultados obtidos dos
especialistas, se as Micro e Pequenas Empresas, onde o foco foi à indústria moveleira,
utilizam estes indicadores, e caso utiliza, qual é o grau de importância que dão aos mesmos.
Para a realização deste objetivo, foi realizada uma busca na base de dados da SIMOVALE
(Sindicato da Indústria Madeireira e Moveleira do Vale Uruguai) onde foram localizadas as
indústrias moveleiras da região oeste de Santa Catarina.
Para a realização desta pesquisa, foi feito um levantamento bibliográfico, quanto à abordagem
do problema, foi utilizado o método qualitativo e o quantitativo para melhor apresentar os
dados. Com está perspectiva tem-se um estudo qualitativo de demonstração de resultados
quantitativos, por meio da descrição do levantamento feito sobre o estudo.
Identificou-se, os principais indicadores de sustentabilidade avaliados pelos especialistas, e
através dos mesmos foi elaborado no Google Drive um questionário semi-estruturado e um
roteiro de entrevista. De acordo com Marconi e Lakatos (2006), o questionário é um
instrumento de coleta de dados respondido pelo informante sem a presença do pesquisador,
ele pode ser enviado para os respondentes via correio, por um portador ou através de meios
eletrônicos. Os meios eletrônicos são os mais usuais, pois facilitam a entrega e a devolução do
material.
O método utilizado para apresentar os dados, foi em forma de tabela, desenvolvida a partir
dos resultados do questionário. Quanto aos objetivos pode ser identificada como uma
pesquisa descritiva. Descreve características de determinado fenômeno ou população,
envolvendo uso de técnicas padronizadas de coleta de dados. No que tange aos procedimentos
técnicos utilizados, este estudo pode ser caracterizado como um estudo de caso. Acontece
quando envolve estudo profundo de um ou de poucos objetos, de maneira que se permita um
amplo conhecimento.
4. Apresentação e análise dos resultados
O surgimento dos indicadores aconteceu através de uma pesquisa bibliográfica, onde foi
localizado mais de 20 modelos de indicadores de sustentabilidade empresarial/industriais
nacionais e internacionais, apresentados por essas entidades: Global Reporting Iniciative
(GRI), Ethos, Coral, Inmetro, Ethos-Sebrae, Icheme e General Motors (GM). No estágio
inicial foi realizado um cheque-list nos modelos propostos, identificando e agrupando aqueles
semelhantes, após isso, foi elaborado um questionário e submetido aos especialistas para
validação dos indicadores com base naqueles que seriam mais apropriados e condizentes as
micros e pequenas empresas.
Após o resultado obtido, iniciou-se uma nova etapa, que visou identificar a utilização e seu
grau de importância perante as empresas. O questionário aplicado nas indústrias moveleiras
do oeste de Santa Catarina solicitava que elas identificassem a importância dos indicadores
utilizados em sua gestão. Se a empresa não utilizasse determinado indicador deveria
selecionar a opção 0 (Zero), e caso utilizasse deveria selecionar o grau de importância do
mesmo, em uma escala de 01 (Um, pouca importância) a 10 (Dez, extrema importância).
Com os resultados obtidos foi somada a importância de cada indicador e dividido pelo
número de empresas respondentes. A sequência deu na construção de uma quarta coluna na
tabela 01, que apresenta esses resultados.
A tabela 01 se divide em quatro colunas, a primeira apresenta as esferas, a segunda está
relacionada aos aspectos da sustentabilidade, a terceira está descritos os indicadores
condizentes a cada aspecto, e a quarta coluna apresenta o grau de importância para cada
indicador avaliado pelas indústrias moveleiras.
Grau de
importância de 0
ASPECTOS INDICADORES
(Zero) a 10 (Dez).
4 15 6
I
Desempenho Receita de margem líquida 7,75
N
D econômico
Receita de reciclagem 1,5
I
C Valor adicionado bruto (Receita bruta (-) bens e serviços de 5,25
A terceiros (-) depreciação (-) remuneração de capital de
D terceiros)
O
Custo dos produtos, matérias-primas e serviços adquiridos 8
R
E Índice de liquidez 7,75
S
E Margem bruta por empregado direto 8
Rentabilidade 8,5
N
O Distribuição do Remuneração de empregados 6,75
M Valor
I Econômico Impostos (total pago a todas as autoridades fiscais) 7,75
C Gerado por
ACIONISTAS (dividendos, variação do patrimônio líquido e 6,5
O Stakeholders
retirada de capital)
S
Investimentos Valor investido em Pesquisa e desenvolvimento 3,75
6 26 3
I
N Materiais Percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem 4
D
Volume de matéria-prima que representa perigo para saúde, 3,5
I
segurança ou ambiental
C
Percentual da aquisição de matérias primas e insumos que 4
A
D evitem e reduzam a geração de resíduos, efluentes e emissões
O Percentual de insumos ou matérias primas renováveis e não 4,75
R renováveis
E Percentual de reuso de insumos (Utilização de resíduos, 3,25
S visando à redução do consumo de matérias primas)
A
M Percentual de aproveitamento da matéria-prima / balanço do 4
B uso de insumos (T = utilizado + descartado)
I Identificação do produto na área de produção, bem como 4,25
E proteção e manuseio do produto nas áreas de armazenamento.
N Percentual de destinação final adequada, controle e 4,5
T tratamento para resíduos e rejeitos, por exemplo, coleta
A seletiva de resíduos sólidos.
I Energia Consumo total de energia 8
S
Percentual de energia renovável utilizada 0,75
Grau de
importância de 0
ASPECTOS INDICADORES
(Zero) a 10 (Dez).
9 47 4
I
N Emprego Rotatividade de funcionários (demissão + redundante / 4,5
D número de empregados)
I Nível de Satisfação dos colaboradores 3,75
C
A Gestão de pessoas, incluindo políticas salariais transparentes 3,75
D referentes às remunerações e benefícios
O Ocorrência de trabalho infantil por parte da empresa e as 1,75
R medidas tomadas para contribuir para a abolição
E
S Clima organizacional 3,75
S 3,5
Visão social do líder de empresa socialmente responsável e
O
voltada a investimentos sociais internos ou visão reativa
C
voltada apenas para o atendimento à legislação social
I
A Saúde e Taxas de lesões; acidente de trabalho com e sem afastamento 4
I Segurança no e doenças ocupacionais
S Trabalho
Percentual das despesas de doença e prevenção de acidente 4,5
em relação a folha de pagamento
Grau de absenteísmo e óbitos relacionados ao trabalho por 3,25
região
Possui algum programa de treinamento e aprimoramento da 4
mão-de-obra com o objetivo de diminuição do número de
acidentes de trabalho
Atendimento às condições de higiene, saúde e segurança no 5,25
trabalho, conforme estabelecido nas normas
regulamentadoras do trabalho
Abolição do fumo em locais de trabalho 8,5
.
1
Resumo
A Responsabilidade Socioambiental é reconhecida por meio da implementação do Triple
Bottom Line e sua aplicação representa uma estratégia no meio empresarial. O Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado em 2005 pela BM&FBOVESPA, procura
estimular a prática de ações sustentáveis e identificar as empresas consideradas socialmente
responsáveis. Buscando investigar as vantagens do Índice, este estudo possui como objetivo
realizar uma comparação entre os indicadores contábil-financeiros de bancos participantes e
não participantes da Carteira do ISE do ano de 2014 para verificar se a inserção influencia o
desempenho financeiro. Por meio da aplicação de estatísticas descritivas (valor mínimo, valor
máximo, média e desvio padrão) para estudo dos indicadores, não foi possível afirmar que a
participação no ISE melhora o desempenho financeiro dos bancos em todos os aspectos. Além
disso, percebeu-se que os bancos não participantes apresentaram melhores resultados nos
indicadores de Rentabilidade e Lucratividade. O estudo corrobora a Teoria Positiva da
Contabilidade de Watts e Zimmerman (1986), que define o tamanho como um fator
determinante para atenção política, pois os bancos com maiores valores de Ativo, Patrimônio
Líquido e Lucro Líquido participaram da Carteira do ISE do ano de 2014.
Abstract
The Social and Environmental Responsibility is recognized by implementing the Triple
Bottom Line and your application is a strategy for business. The Corporate Sustainability
Index (CSI), created by BM&FBOVESPA in 2005, looks for encourage the practice of
2
1 INTRODUÇÃO
Por meio dos Relatórios Nosso Futuro Comum (1987) e Brundtland (1988) tornou-se
conhecido o conceito de desenvolvimento sustentável e começou a ser estimulado um
comprometimento da sociedade com as necessidades das gerações futuras (MARCONDES;
BACARJI, 2010). A aplicação do Triple Bottom Line pelas empresas, proveniente da união de
aspectos sociais, econômicos e ambientais, é vista não apenas como uma iniciativa de
responsabilidade, mas também como uma estratégia para atrair stakeholders e representar
vantagem competitiva.
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), criado em 2005 pela Bolsa de
Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA), representa o quarto índice
de ações no mundo que objetiva identificar empresas consideradas socialmente responsáveis
(MARCONDES; BACARJI, 2010). Através de um processo seletivo voluntário realizado por
um questionário, são selecionadas até 40 empresas que estejam entre as 200 ações mais
líquidas e que possuam ações negociadas em pelo menos 50% dos pregões nos últimos doze
meses (FAVARO; ROVER, 2014).
As opiniões a respeito da influência da participação na Carteira do ISE no desempenho
financeiro de empresas dividem-se, de maneira geral, em duas vertentes: pesquisadores que
defendem que a participação no ISE traz uma melhoria do desempenho financeiro no longo
prazo e pesquisadores que defendem que a participação não influencia no desempenho
financeiro e que não se apresenta como uma vantagem.
Diante da oposição de opiniões, da importância de práticas socioambientais e
aplicação do disclosure (evidenciação) ambiental e buscando verificar informações do
desempenho financeiro de empresas participantes e não participantes do Índice, surge o
seguinte problema de pesquisa: A participação na Carteira do Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) influencia o desempenho financeiro de bancos? A delimitação de
bancos ocorreu por representarem o segmento com a maior representatividade sobre a
Carteira do ISE do ano de 2014 (15%).
O objetivo do artigo, visando atender ao problema de pesquisa, é realizar uma
comparação entre os indicadores contábil-financeiros de bancos participantes e não
participantes da Carteira do ISE do ano de 2014 para verificar a influência no desempenho
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
O desenvolvimento sustentável, que até a década de 1980 não era abordado como um
assunto relevante, apresenta-se cada vez mais estudado e aplicado diante do rápido
crescimento populacional e, consequentemente, a maior degradação do meio ambiente e seus
recursos.
A definição de desenvolvimento sustentável tornou-se efetivamente conhecida em
1987 por meio do relatório Nosso Futuro Comum e elaborado por uma comissão nomeada
pela Organização das Nações Unidas (ONU). Este relatório estabeleceu novas concepções de
desenvolvimento levando em consideração a sustentabilidade. Além disso, o Relatório
Brundtland (1988) definiu o desenvolvimento sustentável como a capacidade de satisfazer as
necessidades da humanidade sem comprometer as necessidades de gerações futuras
(MARCONDES; BACARJI, 2010).
Os relatórios citados anteriormente trouxeram mudanças no estabelecimento da
sustentabilidade. Em 1997, foi criada a Global Reporting Initiative (GRI), uma organização
que possuía como objetivo padronizar os relatórios de responsabilidade social e
sustentabilidade. Após isso, foi criado o primeiro indicador de desempenho de empresas
comprometidas com o desenvolvimento sustentável: Dow Jones Sustainability Indezes (DJSI)
(FAVARO; ROVER, 2014).
Segundo Marcondes e Bacarji (2010) o Triple Bottom Line, conhecido também como
Tripé da Sustentabilidade, foi criado por John Elkington e corresponde à união das dimensões
sociais, econômicas e ambientais presentes em um empreendimento. Com atendimento aos
três eixos do Tripé, a empresa seria considerada como social e ambientalmente responsável.
Os Relatórios de Sustentabilidade representam ferramentas importantes para a análise
da evolução de uma empresa de acordo com as três dimensões da sustentabilidade
(NOGUEIRA; FARIA, 2012). De acordo com o Instituto Ethos (2006), os relatórios possuem
como objetivo a divulgação e prestação de contas para os stakeholders a respeito do
desempenho sustentável de uma empresa e devem indicar informações positivas e também
negativas. Além disso, é importante destacar que eles não possuem um padrão, podendo
4
(Índice Brasil) e IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada). Como
resultado, os autores concluiram que o ISE apresenta retorno semelhante aos outros índices
de ações. Foi recomendado pelo artigo, uma ampliação do estudo em que se verificasse a
influência de outras características e variáveis sobre a relação entre o retorno financeiro e
empresas consideradas socialmente responsáveis.
O estudo de Macedo et al (2009) aproximou-se mais do objetivo deste artigo já que
apresentou como foco a análise do desempenho de empresas socialmente responsáveis que
constavam no ISE por meio do uso de indicadores contábil-financeiros e de uma comparação
com empresas que não estavam listadas na Carteira. De acordo com a aplicação de testes
estatísticos, os autores apresentaram resultados da análise de indicadores de Liquidez,
Endividamento e Lucratividade e que, dentre 10 dos diferentes indicadores entre os grupos
analisados, em apenas 3 o desempenho das empresas participantes do ISE apresentou-se
superior em relação às empresas representativas de mercado. Assim, foi possível verificar que
não houve grandes vantagens no desempenho financeiro nas empresas socialmente
responsáveis comparando-as com às de mercado.
Favaro e Rover (2014) verificaram quais indicadores econômico-financeiros das
empresas estão associados à sua entrada na Carteira do ISE. Pela aplicação das técnicas de
Análise de Correspondência (ANACOR) e Análise de Homogeneidade (HOMALS),
concluiram que Ativo, Valor de Mercado, Receita e Lucro são os indicadores com maior
associação à entrada de uma empresa no ISE. Além disso, destacaram o tamanho da empresa
como um fator determinante para a participação, corroborando a Teoria Positiva da
Contabilidade a respeito dos custos políticos.
A Teoria Positiva da Contabilidade de Watts e Zimmerman (1986) parte da premissa
da hipótese dos custos políticos e define o tamanho como um fator determinante para atenção
política (IUDÍCIBUS; LOPES, 2004).
[...] parte-se do pressuposto de que lucros mais elevados podem atrair atenção
adversa de órgãos reguladores, entidades de classe, imprensa, ambientalistas, grupos
de defesa dos consumidores [...] Por outro lado, também se pode considerar que
empresas de maior porte econômico devem apresentar padrões mais elevados no que
se refere a políticas de conservação dos recursos naturais, ações de caráter
filantrópico e outras semelhantes. (IUDÍCIBUS; LOPES, 2004, p.25)
Já a pesquisa de Vital et al (2009) apresentou como objetivo a comparação do
desempenho entre as empresas listadas no Guia das 500 Melhores e Maiores Empresas da
Revista Exame participantes e não participantes do ISE. As conclusões do estudo foram que
as empresas que compõem a Carteira apresentam melhor desempenho com relação às vendas
e exportações e as empresas que não compõem a Carteira apresentam melhor resultado quanto
ao crescimento, lucro, lucratividade, rentabilidade, endividamento e EBITDA.
Os estudos permitiram identificar a importância do ISE e a sua tendência no atual
cenário empresarial. A participação no ISE pode influenciar o desempenho financeiro das
empresas e melhorar a visibilidade perante stakeholders.
3 METODOLOGIA
financeiro de bancos participantes e não participantes da Carteira do ISE por meio do cálculo
de indicadores contábil-financeiros e aplicação de elementos estatísticos.
A amostra da pesquisa é composta por 27 empresas do Segmento Bancos pertencente
ao Setor Financeiro da BM&FBOVESPA. Os bancos deste estudo são de esfera pública e
privada e possuem nacionalidade brasileira. Além disso, a amostra analisada foi dividida em
dois grupos: 6 bancos participantes e 21 bancos não participantes da Carteira do ISE do ano
de 2014. Banco do Brasil, BicBanco, Bradesco, Itausa, Itaú-Unibanco e Santander
representam os bancos participantes do ISE em 2014, segundo o divulgado pela
BM&FBOVESPA.
É importante destacar que foi escolhido o Segmento Bancos para estudo já que foi o
grupo com maior representatividade sobre a Carteira do ISE do ano de 2014. A porcentagem
de bancos com relação ao total de empresas participantes do ISE no ano referente foi de 15%.
Para a análise utilizaram-se tanto dados primários quanto secundários já que foram
coletadas informações financeiras referentes ao exercício social do ano de 2014 presentes nas
Demonstrações Consolidadas ou, quando não apresentadas, nas Demonstrações Individuais
das empresas obtidas no sítio eletrônico da BM&FBOVESPA. Por meio de informações
extraídas dos demonstrativos foram calculados indicadores contábil-financeiros para
avaliação do desempenho dos bancos.
Foram selecionadas para estudo as categorias Capital e Risco, Rentabilidade e
Lucratividade e os seguintes indicadores: Independência Financeira, Leverage, Retorno sobre
o Patrimônio Líquido, Margem Líquida, Margem Financeira e Lucratividade dos Ativos
(ASSAF NETO, 2010).
A seguir, apresenta-se uma descrição sucinta de cada indicador contábil-financeiro
escolhido, segundo Assaf Neto (2010), e suas respectivas fórmulas no Quadro 1:
RESULTADO BRUTO DA
RENTABILIDADE E
MARGEM FINANCEIRA INTERMEDIAÇÃOFINANCEIRA / ATIVO
LUCRATIVIDADE
TOTAL
Tabela 1- Comparação do Índice Independência Financeira entre bancos ISE e Não ISE
Tabela 3- Comparação do Índice Retorno sobre o Patrimônio Líquido entre bancos ISE e Não ISE
9
Tabela 4- Comparação do Índice Margem Líquida entre bancos ISE e Não ISE
Tabela 5- Comparação do Índice Margem Financeira entre bancos ISE e Não ISE
Tabela 6- Comparação do Índice Lucratividade dos Ativos entre bancos ISE e Não ISE
Por meio do estudo foi possível concluir que os dois indicadores analisados
pertencentes à categoria Capital e Risco apresentaram características similares já que os
bancos participantes da Carteira do ISE do ano de 2014 destacaram-se quanto à média e valor
mínimo superiores e os bancos não participantes destacaram-se quanto ao valor máximo
superior e desvio padrão inferior.
Já os indicadores Retorno sobre o Patrimônio Líquido, Margem Líquida, Margem
Financeira e Lucratividade dos Ativos que pertencem à categoria Rentabilidade e
Lucratividade apresentaram média superior no grupo dos bancos não participantes da Carteira
do ISE do ano de 2014.
Além de indicadores contábil-financeiros, foram analisados valores de Ativo,
Patrimônio Líquido e Lucro Líquido dos bancos que compõem e não compõem a Carteira do
ISE do ano de 2014 para observar uma relação com a Teoria Positiva da Contabilidade.
A Figura 1 a seguir apresenta os valores das médias do Ativo de bancos participantes e
não participantes da Carteira do ISE 2014. Assim, é possível verificar que o valor médio do
Ativo de bancos que compõem o índice apresentaram-se aproximadamente 31 vezes superior
em relação aos bancos que não compõem. Se os valores do Ativo forem dispostos em ordem
crescente, os quatro primeiros representam bancos participantes da Carteira do ISE de 2014,
sendo o melhor posicionamento ocupado pelo Banco do Brasil.
R$ 700.000,00 R$ 653.375,05
VALORES EM MILHÕES DE
R$ 600.000,00
R$ 500.000,00
R$ 400.000,00
REAIS
R$ 300.000,00
R$ 200.000,00
R$ 100.000,00
R$ 20.891,54
R$ 0,00
MÉDIA DO ATIVO
BANCOS ISE 2014 R$ 653.375,05
BANCOS NÃO ISE 2014 R$ 20.891,54
R$ 70.000,00 R$ 65.103,53
VALORES EM MILHÕES DE
R$ 60.000,00
R$ 50.000,00
R$ 40.000,00
REAIS
R$ 30.000,00
R$ 20.000,00
R$ 10.000,00
R$ 2.361,36
R$ 0,00
MÉDIA DO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
BANCOS ISE 2014 R$ 65.103,53
BANCOS NÃO ISE 2014 R$ 2.361,36
R$ 12.000,00
R$ 10.649,42
VALORES EM MILHÕES DE
R$ 10.000,00
R$ 8.000,00
R$ 6.000,00
REAIS
R$ 4.000,00
R$ 2.000,00
R$ 264,45
R$ 0,00
MÉDIA DO LUCRO
LÍQUIDO
BANCOS ISE 2014 R$ 10.649,42
BANCOS NÃO ISE 2014 R$ 264,45
De posse dos resultados, tomando como base as médias de Ativo, Patrimônio Líquido
e Lucro Líquido, corrobora a Teoria Positiva da Contabilidade de Watts e Zimmerman (1986),
uma vez que os bancos participantes da Carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial de
2014 apresentaram valores superiores no que se refere às variáveis representativas de
tamanho. Estes representam os maiores bancos da BM&FBOVESPA e, assim, diante do fator
tamanho procuram participar do Índice por receberem maior atenção política e apresentarem
maior visibilidade no mercado.
5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS
NOGUEIRA, Elaine Petil; FARIA, Ana Cristina de. Sustentabilidade nos principais bancos
brasileiros: uma análise sob a ótica da Global Reporting Initiative. Revista Universo
Contábil, v. 8, n. 4, p. 119-139, out./dez. 2012.
REZENDE, Idália Antunes Cangussú.; NUNES, Julyana Goldner; PORTELA, Simone Salles.
Um estudo sobre o desempenho financeiro do Índice Bovespa de Sustentabilidade
Empresarial. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, v. 2, n. 1, p. 71-93, 2008.
Resumo:
A NBR ISO 14001 é uma norma que informa requisitos para a implementação do Sistema de
Gestão Ambiental (SGA) com o objetivo de buscar melhoria contínua do aspecto ambiental
dentro dos processos produtivos das organizações. Entendendo a seriedade da certificação
ISO 14001, analisou-se qual a importância dada pelas empresas a respeito da divulgação desta
informação para usuários externos. O objetivo principal do estudo consistiu em verificar numa
amostra de 23 empresas, que possuem a certificação ISO 14001 - listadas no website do
INMETRO e localizadas na região Sul do Brasil – quantas delas divulgam em seus websites
que possuem a certificação, atribuindo graus de importância a visibilidade dada a esta
informação pelas organizações. A avaliação foi feita, com base no número de cliques
necessários para chegar a tal informação. Juntamente a esta análise, foi avaliado se as
empresas também divulgam suas políticas ambientais e se há relação entre as duas
informações. Os resultados indicaram que mais de 60% das empresas avaliadas consideram
muito importante ou importante, a divulgação do selo de certificação ISO 14001 em seus
websites, optando por fornecer aos usuários externos esta informação em no máximo um
clique. Observou-se ainda uma relação direta entre o número de empresas que divulgaram
suas políticas ambientais e o grau de importância atribuído à visibilidade da certificação ISO
14001: quanto maior a importância dada a esta certificação, maior foi o número de empresas
que publicaram suas políticas ambientais em seus websites.
Abstract:
The ISO 14001 is a standard that informs requirements for the implementation of an
Environmental Management System (EMS) in order to seek continuous improvement of the
environmental aspect in the production processes of organizations. Understanding the
seriousness of the ISO 14001 certification, which analyzed the importance given by
companies regarding the disclosure of this information to external users. The main objective
of the study was to verify a sample of 23 companies that have ISO 14001 certification - listed
in the INMETRO website and located in southern Brazil - how many of them disclose on their
websites that are certified by assigning degrees of importance to the visibility given this
information by the organizations. The evaluation was made based on the number of clicks
required to get to that information. Together this analysis, we assessed whether the companies
also disclose on their websites their environmental policies and if there is a relationship
between the two information. The results indicated that more than 60% of companies assessed
as very important or important to the dissemination of ISO 14001 certification seal on their
websites, opting to provide external users this information in at most one click. It was also
observed a direct relationship between the number of companies that disclosed their
environmental policies and the degree of importance attributed to the visibility of the ISO
14001: the greater the importance given to this certification, the greater the number of
companies that published their environmental policies on their websites.
1 INTRODUÇÃO
a) Diferencial no mercado;
b) Vantagem competitiva;
c) Crescimento da consciência ambiental;
d) Pressões de agencias financiadores e clientes;
e) Modernização do processo produtivo.
Porém para se enquadrar aos requisitos exigidos para implementar o SGA da ISO
14001, são necessários esforços de todos os setores da organização. Conforme estabelecidos
na NBR ISO 14001:2004, os requisitos são:
a) Requisitos Gerais;
b) Políticas Ambientais;
c) Planejamento;
d) Implementação e Operação;
e) Verificação; e
f) Análise pela Administração.
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANO DA PUBLICAÇÃO
ÁREA TEMÁTICA TÍTULO DA NORMA
OU ÚLITMA REVISÃO
SISTEMA DE GESTÃO REQUISITOS COM ORIENTAÇÕES
ISO 14001:2004
AMBIENTAL PARA USO
DIRETRIZES GERAIS SOBRE
SISTEMA DE GESTÃO
ISO 14004:2004 PRINCÍPIOS SISTEMAS E TÉCNICAS
AMBIENTAL
DE APOIO
AUDITORIA AMBIENTAL ISO 14010:1996 PRINCÍPIOS GERAIS
AVALIAÇÃO DO
REINVIDICAÇÕES DE
DESEMPENHO ISO 14031:1999
AUTODECLARAÇÕES AMBIENTAIS
AMBIENTAL
REINVIDICAÇÕES DE
ROTULAGEM AMBIENTAL ISO 14021:1999
AUTODECLARAÇÕESAMBIENTAIS
AVALIAÇÃO DO CICLO DE
ISO 14040:1999 PRINCÍPIOS E ESTRUTURAS
VIDA
INTEGRAÇÃO DOS ASPECTOS
AMBIENTAIS NO
ASPECTOS AMBIENTAIS ISO 14062:2002
DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS
Fonte: (BARBIERI, 2007).
A ISO 14001 está inserida nas normas da série ISO 14000, relativas ao SGA,
juntamente com: ISO 14004 e ISO 14061, traduzidas pela Associação Brasileiras de Normas
Técnicas (ABNT) e tendo NBR ISO 14001:2004 equivalente a ISO 14001 no Brasil. Segundo
a norma, o SGA é um sistema de gestão com foco na política ambiental de uma organização,
buscando essencialmente a melhoria contínua de seus aspectos ambientais. O SGA é
composto basicamente de cinco fases: Política Ambiental, Planejamento Ambiental,
Implementação e Operação, Verificação e Análise pela Administração, com o objetivo de
sempre alcançar uma melhoria contínua. A Figura 1 traz um diagrama ilustrativo de um SGA
(NBR, ISO 14001:2004).
Fonte: ABNT. NBR ISO 14001 (2004)
Para Tomaél et al. (2004), o critério da facilidade do uso de websites pode ser dividido
em três itens:
3 METODOLOGIA
O estudo possui caráter exploratório em razão da instituição de critérios, métodos e
técnicas para a elaboração da pesquisa, que visa verificar quais empresas divulgam em seus
websites que possuem a certificação ISO 14001 e atribuir um grau de importância dado a esta
informação por parte das empresas, por meio da quantidade de cliques necessários em seus
websites para chegar a esta informação (visibilidade da informação). Ademais, a pesquisa
averiguou se além da informação da certificação ISO 14001, as empresas também divulgam
em seus websites quais as políticas ambientais por elas adotadas.
Vale ressaltar que para a elaboração do critério elencado acima, considerou-se como
zero clique quando a informação da certificação ISO 14001 já estava apresentada na página
inicial do website da empresa. Além disso, foram considerados somente os cliques
efetivamente pressionados, excluindo o ato de somente deslizar o mouse sobre alguma guia.
Após a verificação da visibilidade dada à norma pelas empresas, foram analisados seus
websites, a fim de verificar se além de informarem que possuem a certificação, também
publicam as políticas ambientais por elas adotadas.
Da Tabela 1 é possível observar que, a partir do critério adotado para avaliar o grau de
importância, a maioria das empresas consideraram importante a visualização da certificação
ISO 14001 em seus websites, sendo necessário 1 clique para acessar esta informação. Por
outro lado, pela mesma tabela, verifica-se que a menor parcela das empresas exige que os
visitantes de seus websites deem 2 cliques para visualizar a certificação ISO 14001 que
possuem, enquadrando-se no critério pouco importante.
Após a análise, constata-se que mais de 60% das empresas avaliadas consideram
muito importante ou importante a divulgação do selo de certificação ISO 14001 em seus
websites, optando por fornecer aos usuários externos esta informação em no máximo 1 clique.
Esta porcentagem pode estar associada a uma mudança de comportamento dos usuários
externos que vem buscando produtos e serviços ambientalmente sustentáveis. A rápida
visualização do selo pode servir como um diferencial para as empresas, deixando-as um passo
à frente em um mercado que cada vez mais é influenciado pelo aspecto ambiental.
Mesmo com a maior parcela das empresas considerando muito importante e
importante, verifica-se que uma expressiva porcentagem de empresas considerou pouco
importante ou insignificante a visibilidade do selo, chegando a cerca de 40% do total. Tendo
em vista que um processo de certificação exige volumosos esforços de uma empresa – como
treinamentos, paradas de produção, auditorias e, principalmente, investimentos financeiros – e
que um dos objetivos deste processo é justamente evidenciar esta certificação aos usuários
externos, não é plausível que esta informação seja de difícil acesso. Somado a isto, a
divulgação do selo de certificação em um website pode ser realizada resumidamente por um
pequeno ícone em sua página inicial, aprofundando esta informação em algum link no
website.
4.2 POLÍTICAS AMBIENTAIS
Conforme a ISO 14001, as políticas ambientais são “declaração das intenções e
princípios das organizações a respeito de seu desempenho ambiental e, que passam a construir
suas ações e definir seus objetivos e metas ambientais”.
De acordo com a ISO 14001 (2004, cláusula 4.2), “a alta administração deve definir a
política ambiental da organização e assegurar que, dentro do escopo definido de seu SGA”,
ela:
(a) Seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas
atividades, produtos e serviços;
(b) Inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com prevenção da
poluição;
(c) Contenha um comprometimento com o atendimento aos requisitos legais
aplicáveis e outros subscritos que as relacionem com seus aspectos ambientais;
(d) Forneça estrutura para o estabelecimento e a análise dos objetivos e metas
ambientais;
(e) Seja documentada, implementada e mantida;
(f) Seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu
nome; e
(g) Esteja disponível para o público.
Visando as normas estabelecidas, foi avaliada a disponibilização e o conteúdo das
informações dadas pelas empresas em seus websites a respeito de suas políticas ambientais.
As principais informações coletadas em cada website são apresentadas na Quadro 3.
GRAU DE
EMPRESAS POLÍTICAS AMBIENTAIS
IMPORTÂNCIA
Controle de emissão de fumaça preta – 100% da frota
participam de um programa de monitoramento
sistemático para controlar a emissão de fumaça preta,
Rimatur MUITO programa este que vai desde a recomendação do tipo de
Transportes Ltda IMPORTANTE lubrificante a ser utilizado no veículo como também
análise do combustível e filtros utilizados;
Separação de todos os resíduos e destinados
corretamente.
GRAU DE
EMPRESAS POLÍTICAS AMBIENTAIS
IMPORTÂNCIA
Projeto Condução Econômica - Gratificação ao
motorista que economiza combustível, pneus e lonas de
Costa Teixeira MUITO freio;
Transportes Ltda IMPORTANTE Projeto Reflorestar – Plantio de árvores para reduzir os
impactos ambientais causados pela emissão de gases
poluentes.
INTERATIVA Serviços que contribuem para a redução do consumo de
MUITO
Soluções em papel;
IMPORTANTE
Informática Ltda Remanufatura de toners e cartuchos.
Prevenção da poluição, respeitando a legislação
Metal Técnica MUITO ambiental;
Bovenau Ltda IMPORTANTE Projeto de recomposição e substituição de vegetação
em área de preservação permanente (APP) mata ciliar.
Possui uma equipe de prontidão ambiental para atuar
em eventuais acidentes ambientais. Essa equipe é
focada em atendimento às emergências ambientais
TESC – Terminal envolvendo vazamento de óleo e também acidentes que
IMPORTANTE
Santa Catarina S/A envolvam produtos químicos, perigosos ou não;
Realiza a Semana Interna de Prevenção de Acidentes
de Trabalho + Meio Ambiente + Saúde + Segurança
(MAISS SIPAT).
Wetzel S.A. –
IMPORTANTE Nada consta no website da empresa.
Divisão Alumínio
Controle de resíduos sólidos, líquidos e de saúde em
seus hangares;
HELISUL Táxi Regulagem de equipamentos de controle de emissão de
IMPORTANTE
Aéreo Ltda gases poluentes;
Reflorestamento no PR para balanceamento da emissão
de carbono emitida por aeronaves.
Hengst Indústria de
IMPORTANTE Produção de produtos de maneira ecológica.
Filtros Ltda
Indústria
Comprometimento com a recuperação e revitalização
Carbonífera Rio IMPORTANTE
de áreas degradadas.
Deserto Ltda
Extramold JOMO Possui tecnologia patenteada que elimina o descarte de
Indústria de IMPORTANTE resíduos no meio ambiente, sendo classificada como
Plásticos Ltda empresa Carbono Neutro.
Prevenção a poluição através do controle dos Principais
impactos ambientais, (Contaminação da Água e Solo);
Atender a Legislação e os demais requisitos assumidos;
Não contaminação o solo com rejeito de carvão e
resíduos dos processos de manutenção e serviços,
Gabriella evitando a sua degradação ambiental;
IMPORTANTE
Mineração Ltda Não poluição as águas, mantendo um circuito fechado
dos efluentes do processo de beneficiamento, reduzindo
as infiltrações no solo e a contaminação das águas
pluviais;
Melhorar os processos produtivos a fim de diminuir os
desperdícios de recursos naturais.
Nicioli Indústria e Responsabilidade na utilização de recursos naturais,
Comércio de Móveis IMPORTANTE através da utilização de matéria-prima 100%
Ltda reflorestada.
Possui SGA;
Superstamp Promove a preservação ambiental;
Estamparia IMPORTANTE Controle de poluição;
Industrial Ltda Destinação correta dos resíduos gerados em seu
processo produtivo.
GRAU DE
EMPRESAS POLÍTICAS AMBIENTAIS
IMPORTÂNCIA
Melhoria contínua por meio da educação e competência
de seus colaboradores;
Abirush Automação Atender a legislação ambiental;
IMPORTANTE
e Sistemas S/A Prevenção da poluição, especialmente em relação à
água e ao solo, controlando emissão de efluentes e
destinação de resíduos sólidos, respectivamente.
Uso eficiente e sustentável de energia, água e materiais;
Prevenção de impactos significativos pela modificação
da produção, usos de produtos ou serviços;
Destinação adequada aos resíduos sólidos;
Clemar Engenharia POUCO Auditorias e avaliações de conformidade ambientais;
Ltda IMPORTANTE Educação e treinamentos ambientais de colaboradores;
Distribuição e plantio de mudas de árvores nativas
como forma de mitigação ambiental;
Planos de prevenção em conjunto com serviços
emergenciais e autoridades competentes.
Gráfica e Editora POUCO
Nada consta no website da empresa.
Posigraf IMPORTANTE
Unisinos – Possui SGA
Universidade do POUCO Coleta seletiva de papel
Vale do Rio dos IMPORTANTE Desenvolve atividades para a comunidade acadêmica
Sinos nos processos relacionados ao meio ambiente.
KEIPER Tecnologia
de Assentos
INSIGNIFICANTE Nada consta no website da empresa.
Automotivos Ltda
(KTAA)
Companhia de
Saneamento do INSIGNIFICANTE Nada consta no website da empresa.
Paraná – Sanepar
CR Almeida S/A –
Nada consta no website da empresa sobre políticas
Engenharia de INSIGNIFICANTE
ambientais realizadas por ela.
Obras
Polícia Ambiental Mirim (estudos e treinamentos com
alunos em locais de florestas de mata atlântica);
Doação de 200 hectares de floresta preservada RPPM
(Reserva Particular Permanente) de matas nativas, bem
Heidrich S/A como cercado de árvores de preservação permanente;
Cartões Reciclados INSIGNIFICANTE Reflorestamento de árvores vicinais;
– HCR Área para a soltura dos animais que são resgatados pela
Polícia Ambiental em cativeiros ilegais;
Rejeito das estações de tratamento de efluentes
utilizado para compostagem, sendo usado no plantio de
pinus e eucalipto, do projeto de crédito de carbono.
Infotec Consultoria
e Planejamento INSIGNIFICANTE Nada consta no website da empresa.
Ltda
Telekomm
Laboratório de
INSIGNIFICANTE Nada consta no website da empresa.
Reparos Eletrônicos
Ltda
Fonte: Websites das empresas analisadas.
5 CONCLUSÕES
Este trabalho buscou evidenciar a importância da divulgação de informações que
possam ser benéficas para uma organização. Tais informações podem fazer com que uma
empresa esteja um passo a frente de suas concorrentes no mercado. A pesquisa trata ainda de
informações referentes aos impactos ambientais que uma organização pode realizar.
Após a análise dos resultados da pesquisa, foi possível concluir que mais de 60% das
empresas que compõem a amostra do estudo consideram muito importante ou importante a
divulgação da certificação da norma ISO 14001 em seus websites. Além disso, verificou-se
que existe uma relação direta entre o número de empresas que divulgaram suas políticas
ambientais e o grau de importância atribuído à visibilidade da certificação ISO 14001, quanto
maior a importância dada a esta certificação, maior foi o número de empresas que publicaram
suas políticas ambientais em seus websites.
Portanto, a divulgação da certificação ISO 14001, bem como as políticas ambientais
adotadas pelas empresas são de grande importância para os usuários externos, visto que nos
dias atuais a preocupação com o meio ambiente vem crescendo. A procura por empresas
certificadas tem aumentado, posto que muitos clientes e fornecedores têm optado por
empresas que buscam diminuir os impactos gerados ao meio ambiente.
Por fim, sugere-se, como pesquisas futuras, uma análise contendo um número maior
de empresas, abrangendo também outras regiões e fazendo uso de outra fonte para a coleta da
amostra. Propõe-se, também, que as entidades certificadoras divulguem para facilitar a
obtenção de informações por parte dos usuários externos, acerca das empresas que possuem a
certificação ISO 14001, bem como das políticas que as mesmas adotam.
6 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Josimar Ribeiro; MELLO, Claudia dos S.; CAVALCANTI, Yara. Gestão
ambiental: planejamento, avaliação, implantação, operação e verificação. 2. ed. Rio de
Janeiro: Thex, 2004.
MARTINS, Maria Rosa Selvati; SILVA, José Geraldo Ferreira da. O sistema de gestão
ambiental baseado na ISO 14000: Importância do instrumento no caminho da sustentabilidade
ambiental. Reget: Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia
Ambiental, Santa Maria, v. 8, p.1460-1466, 4 dez. 2014.
Resumo
Os temas relacionados à Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE) estão tendo
forte espaço nas pesquisas acadêmicas, uma vez que a sociedade tem exigido participação
ética e inclusão de preocupações sociais e ambientais nas decisões e resultados das empresas.
As companhias têm procurado desenvolver suas atividades de forma sustentável, conciliando
responsabilidade ambiental com necessidades de seus clientes e investidores comprometendo
o mínimo possível os recursos para as gerações futuras e, divulgando informações
relacionadas por meio dos relatórios de sustentabilidade. O presente trabalho analisou a
relação entre a evidenciação de informações de caráter ambiental e alguns indicadores de
rentabilidade de empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa no ano de 2013. A pesquisa é
classificada como quantitativa com uma amostra composta por 30 empresas selecionadas
aleatoriamente entre as companhias de capital aberto e, foi analisado o percentual do
Conjunto de Protocolos de Indicadores EN (environment) do relatório da Global Reporting
Initiative (GRI), versão 3.1, divulgado nas demonstrações contábeis. O resultado mostrou um
coeficiente de Pearson para os indicadores de rentabilidade ROE, Margem Líquida e ROA
entre 0 e 0,3, indicando ausência de correlação entre variáveis, evidenciando que o mercado
aparentemente não é sensível às informações ambientais divulgadas pelas empresas que foram
pesquisadas. Diferente do EBITDA que apresentou com um coeficiente de Pearson maior que
0,5, indicando maior associação linear.
Abstract
Related Issues to Corporate Social Responsibility (CSR) are expanding in academic research,
because society has required ethical participation and inclusion of social and environmental
concerns in decisions and results of the companies. Companies have been developing their
activities on a sustainably way, reconciling environmental responsibility with the needs of its
customers and investors committing the minimum of resources as possible for future
generations and disclosing related information through sustainability reports. This study
analyzed the relation between the evidencing of environmental information with some
profitability indicators of Brazilian companies listed on the BM&FBovespa in 2013.
2
1 INTRODUÇÃO
Os estudos relacionados ao tema da Responsabilidade Socioambiental Empresarial
(RSE) estão tendo forte espaço nas pesquisas acadêmicas, já que a sociedade exige cada vez
mais uma participação ética e a inclusão de preocupações sociais e ambientais nas decisões e
resultados das empresas. Percebe-se, portanto, uma maior preocupação com as questões
sociais e ambientais a partir da década de 1970.
Assim, as empresas têm cada vez mais procurado praticar suas atividades de forma
sustentável, conciliando a responsabilidade ambiental com as necessidades de seus clientes e
investidores comprometendo o mínimo possível os recursos para as gerações futuras. Entre os
instrumentos utilizados para divulgação socioambiental, destacam-se o modelo de Balanço
Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), Relatório de
Sustentabilidade conforme as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), Relatório
Integrado e websites das empresas.
As diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade, juntamente com os
Protocolos de Indicadores, são o elemento fundamental da estrutura de reporte mais utilizada
mundialmente, que foi proposta pelo GRI em 2006 (GRI 2006). No protocolo de indicadores
do GRI encontram-se dois tipos: essenciais e adicionais. Os indicadores essenciais são
aplicáveis à maioria das organizações relatoras e apresentam assuntos de interesse para grande
parte dos stakeholders, enquanto os indicadores adicionais representam uma prática
emergente ainda de interesse específico para as partes interessadas.
Mesmo não existindo lei ou norma específica que obrigue as empresas a evidenciar
informações ambientais, muitas delas o fazem. Existe um lado negativo e um positivo na
divulgação destas informações. Como lado negativo pode-se citar: o custo da preparação
destas informações e que algumas informações estratégicas acabam por se tornarem públicas,
ocorrendo assim, um acesso fácil dos concorrentes. O lado positivo da divulgação é: o
aumento da liquidez das ações e a criação de uma imagem ambientalmente correta.
Assim, o objetivo geral da pesquisa é analisar a relação entre a evidenciação de
informações de caráter ambiental e os indicadores de rentabilidade de empresas brasileiras
listadas na BM&FBovespa em 2013. Com base nas preocupações socioambientais, neste
estudo, pretende-se responder a seguinte questão de pesquisa: Os índices de rentabilidade
possuem correlação com as divulgações relacionadas às questões socioambientais das
empresas?
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Responsabilidade Socioambiental e Evidenciação
Há algumas décadas, a preocupação com o meio ambiente vem deixando de ser uma
inquietação exclusiva dos cientistas e ambientalistas para se tornar em um desafio real para
sociedade, governo e iniciativa privada (NOSSA, 2002). Consequentemente, governos e
empresas têm procurado praticar suas atividades de forma sustentável, conciliando a
responsabilidade de promover soluções que satisfaçam as necessidades de uma população sem
comprometer os recursos para as gerações futuras (LEITE FILHO; PRATES; GUIMARAES,
2009). Por esta razão, aliada à exigência do mercado, as empresas estão sendo obrigadas a
adotar uma política de controle, preservação e recuperação ambiental a fim de garantir sua
continuidade (SANTOS et al., 2001).
Assim, as empresas estão incorporando às metas de produção e vendas procedimentos
que minimizam impactos sobre a natureza, tais como: mecanismos para a diminuição de
efluentes líquidos e gasosos, reciclagem de materiais, análise do ciclo de vida dos produtos,
entre outros (NOSSA, 2002).
Uma das maneiras de se tentar reverter ou diminuir os impactos da devastação que o
próprio homem causou ao meio ambiente é com a sustentabilidade empresarial. Segundo
Ursini e Bruno (2005), o Instituto Ethos define a RSE como a forma de gestão que se pauta na
relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e
pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável
da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
RSE diz respeito à maneira como as empresas agem, como impactam e como se
relacionam com o meio ambiente e suas partes legitimamente interessadas. Tudo isto reflete
na governança corporativa, ou seja, como uma organização é governada, e consequentemente
afeta seus resultados econômico-financeiros (OLIVEIRA, 2005). Além disso, as empresas
devem ser capazes de convencer os mercados de que seus desempenhos e práticas ambientais
não são danosos para sua lucratividade nem para o meio ambiente (NOSSA, 2002).
Além da preocupação com os processos produtivos e a busca por soluções para a
substituição de insumos, as empresas têm a capacidade de influenciar o comportamento do
consumidor – considerando-se aqui não apenas o cliente final, mas também o consumidor
corporativo de bens e serviços e os responsáveis pelas compras públicas. Desta forma,
empresas passaram a ser mais avaliadas por suas atitudes e comportamentos frente a questões
socioambientais (OLIVEIRA, 2005).
Não é possível afirmar se aumentaram os investimentos sociais das empresas em
projetos sociais e ambientais ou se as empresas, ao perceberem o valor do apelo
socioambiental, apenas passaram a divulgar essas informações. Mas é visível o aumento da
divulgação de informações sobre investimentos socioambientais (NOVELINI; FREGONESI,
2013).
De acordo com Gamerschlag, Möller e Verbeeten (2010), a divulgação é feita porque
traz benefícios econômicos à organização, ainda que não seja diretamente, na forma de
prevenção de impostos e ações reguladoras. Apesar de não existir lei ou norma específica que
obrigue as empresas a evidenciar informações ambientais, muitas delas o fazem e não
evidenciá-las tornou-se uma desvantagem competitiva (MUSSOI; VAN BELLEN, 2010;
ROVER et al., 2008).
4
Para atingir o objetivo da pesquisa, foi utilizada uma amostra das 30 empresas
escolhidas aleatoriamente e listadas na BM&Bovespa. Analisando as informações de acordo
com os indicadores ambientais da GRI, os dados tiveram suas fontes dos relatórios de
sustentabilidade disponibilizadas pelas empresas da amostra.
A partir destes dados foi elaborada uma planilha com os indicadores relacionados ao
meio ambiente EN, que fornecem orientações para a compilação e outras informações
destinadas a auxiliar as organizações e a assegurar coerência na interpretação dos indicadores
de desempenho. Seu uso é fundamental para garantir consistência e comparabilidade
longitudinal dos indicadores, contidos nas Diretrizes para Relatório de Sustentabilidade da
GRI, versão 3.1. A coleta de dados ocorreu de maneira secundária, com base nas informações
contábeis das empresas selecionadas disponibilizadas no sistema Economática®, onde estão
disponíveis os dados das empresas que negociam suas ações na BM&FBovespa. As empresas
selecionadas e seu segmento de atuação estão listadas no Quadro 1.
Segmento de atuação Empresa
Açúcar e álcool Cosan S.A. Indústria e Comércio
Cia Iguaçu de Café Solúvel
Alimentos
M.Dias Branco S.A. Ind Com de Alimentos
Artefatos de Ferro e Aço Fibam Companhia Industrial
Exploração, Refino e/ou Distribuição de Combustíveis Petróleo Brasileiro-Petrobras
Comércio produtos diversos Lojas Americanas
Educação Gaec Educação
Eletrodomésticos IGB Eletrônica
Centrais Elétricas de Santa Catarina
Energisa
Energia elétrica
Espírito Santo Centrais Elétricas
Neoenergia
Concessionária Rio Teresópolis
Exploração de rodovias
Investimentos e Participações em Infraestrutura
Araucaria Participações
CETIP – Mercados Organizados
Consórcio Alfa de Administração
Financeiro Dommo Empreendimentos Imobiliários
Itaitinga Participações
Itau Unibanco Holding
Opportunity Energia e Participações
Material aeronáutico Embraer
Material de transporte / Rodoviário Marcopolo S.A.
Madeira Duratex
Medicamentos Cremer
Papel e Celulose Fibria Celulose
Serviços CSU Cardsystem
Telefonia Oi
Arezzo Indústria e Comércio S.A.
Vestuário e calçados
Lojas Hering
Fonte: Elaborado pelos autores.
Quadro 1 - Empresas selecionadas
Os segmentos de empresas que mais se destacaram na amostra foram os de: alimentos,
energia elétrica, exploração de rodovias, financeiro, e vestuário e calçados.
8
itens relacionados ao aspecto Água, EN8, EN9 e EN10 tem um percentual de 43%, 20% e
23% respectivamente.
Os indicadores referentes a Emissões, Afluentes e Resíduos também apresentam um
percentual representativo de evidenciação: EN16 (33%), EN17 (30%), EN18 (40%), EN19
(23%), EN20 (13%), EN21 (20%), EN22 (40%), EN23 (20%), EN24 (23%) e EN25 (17%).
O indicador EN28 que aborda o aspecto Conformidade mostrou um percentual de
evidenciação de 37%. Observa-se que tal indicador trata do valor monetário de multas
significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não conformidade com
leis e regulamentos ambientais.
Com um menor percentual de evidenciação, abaixo de 30%, estão os indicadores: EN1
e EN2 que tratam do aspecto Materiais, mostraram um percentual de evidenciação de 27% e
20% respectivamente. Os indicadores que fazem alusão à Biodiversidade mostram um
percentual de evidenciação de aproximadamente 20% nos diferentes aspectos que abordam:
EN11 (23%), EN12 (20%), EN13 (23%), EN14 (27%) e EN15 (20%). E o indicador que
aborda o aspecto Transporte, EM29 apresentou um percentual de evidenciação de 23%.
% de Evidenciação % de Evidenciação % de Evidenciação
Indicador Indicador Indicador
dos Indicadores dos Indicadores dos Indicadores
EN1 27% EN11 23% EN21 20%
EN2 20% EN12 20% EN22 40%
EN3 27% EN13 23% EN23 20%
EN4 40% EN14 27% EN24 23%
EN5 33% EN15 20% EN25 17%
EN6 20% EN16 33% EN26 60%
EN7 27% EN17 30% EN27 17%
EN8 43% EN18 40% EN28 37%
EN9 20% EN19 23% EN29 23%
EN10 23% EN20 13% EN30 40%
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 2- Percentual de Evidenciação dos Indicadores
O Gráfico 1, apresenta uma visão geral do percentual de cada categoria dos
indicadores evidenciados pelas empresas da amostra.
Transporte 23%
Conformidade 37%
Produtos e Serviços 38%
Emissões, Afluentes e Resíduos 26%
Biodiversidade 23%
Água 29%
Energia 29%
Materiais 23%
ficando mais próximo de uma baixa correlação, principalmente os níveis médio e baixo, que
atingiram quase 0,1 de correlação positiva e negativa respectivamente.
5 CONCLUSÕES
Os estudos sobre RSE tem figurado nas pesquisas acadêmicas. Tal fato, vem ao
encontro dos anseios da sociedade que tem exigido participação ética e preocupações sociais e
ambientais. As organizações têm procurado praticar suas atividades de forma sustentável,
conciliando a responsabilidade ambiental com as necessidades dos clientes e investidores
comprometendo o mínimo dos recursos para as gerações futuras e, divulgando informações
relacionadas por meio dos relatórios de sustentabilidade.
Dentre os diversos instrumentos utilizados para divulgação socioambiental das
empresas, destacam-se o modelo de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais
e Econômicas (IBASE), Relatório de Sustentabilidade conforme as diretrizes da GRI,
Relatório Integrado e websites das empresas. Esta pesquisa investigou, com base nas
preocupações socioambientais, se os índices de ROA, ROE, Margem Líquida e EBITDA
possuem correlação com as divulgações relacionadas às questões socioambientais das
empresas, por meio de dados extraídos dos relatórios de sustentabilidade.
Os resultados apontam que não há correlação entre a divulgação de informações de
caráter socioambientais e o retorno sobre ativos, retorno sobre o patrimônio e margem líquida
na amostra selecionada. Resultado semelhante foi descrito por Mussoi e Van Bellen (2010),
que relatam que “grande parte das pesquisas recentes que estudam a relação da variação do
preço da empresa no mercado e a quantidade de informações ambientais divulgadas não
encontrou uma associação direta entre as variáveis, o que significa que o mercado não é
sensível às informações ambientais divulgadas pelas empresas que foram pesquisadas”.
Diferente do que se observa no EBITDA, com um coeficiente de 0,5, foi o único índice que
apresentou correlação com a divulgação de informações.
O estudo conduzido por Calixto (2013), com empresas latino-americanas, corrobora a
informação obtida, visto que o mesmo apontou que a maioria das companhias de capital
aberto não disponibiliza informações socioambientais nos seus relatórios anuais ou em
relatórios específicos sobre o tema. Na pesquisa feita por Leite Filho, Prates & Guimaraes
(2009) com empresas A+ (nível mais alto de evidenciação do relatório GRI) ficou claro que
ainda há melhorias a serem feitas pelas organizações para que se alcancem uma excelência na
publicação de informações sustentáveis.
Algumas pesquisas, porém, tem mostrado resultados diferentes do encontrado, como o
estudo de Orellano e Quiota (2011), onde as autoras observaram uma correlação positiva e
estatisticamente significativa entre o investimento social interno das empresas e o indicador
financeiro ROA. Isso significa que o resultado obtido não é conclusivo, sendo necessárias
novas e aprofundadas pesquisas, abrangendo uma amostra maior de empresas.
Diante da importância do tema, recomenda-se o aprimoramento das pesquisas sobre
disclosure ambiental para que as empresas busquem práticas sustentáveis na busca pela
rentabilidade e para que os consumidores possam estar bem informados quanto as suas
escolhas.
6 REFERÊNCIAS
BRIGHENTI, J.; SOUZA, T. R.; HEIN, N. Investimentos ambientais e desempenho
econômico-financeiro das empresas brasileiras pertencentes ao Índice de Sustentabilidade
14
Resumo:
Pela necessidade de evidenciar informações com relação às questões de responsabilidade
social e ambiental das organizações, além de informações financeiras e o grau de
comprometimento com a sociedade foi criado o Balanço Social. O objetivo deste artigo é
analisar a evolução dos indicadores sociais e ambientais do Grupo Eletrobrás dos anos de
2012 a 2014. O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, e
para tratamento das informações foi realizada análise vertical e horizontal dos Balanços
Sociais nos períodos citados. Dentre os principais resultados, observou-se que as 13 empresas
que divulgaram o Balanço Social investem constantemente em questões sociais e ambientais,
destacando-se os indicadores sociais externos. Foi possível verificar, ainda, a evolução dos
indicadores sociais e ambientais, que refletem o empenho, e comprometimento das empresas
no grupo.
Abstract:
The need to demonstrate information regarding the issues of social responsibility and
environmental organizations, as well as financial information and the degree of commitment
to society created the Social Report. The aim of this paper is to analyze the evolution of social
and environmental indicators of Eletrobras Group from 2012 to 2014. The study was
conducted through a bibliographic and documentary research, and information processing was
held of the Social Balance vertical and horizontal analysis in those periods. Among the main
results, it was observed that the 13 companies that disclosed the Social invest constantly in
social and environmental issues, highlighting the external social indicators. It was possible to
verify the social and environmental indicators evolution, which reflect the commitment and
involvement of the group companies.
Key Words: Social Balance; Social and environmental indicators; Eletrobras Group.
1 INTRODUÇÃO
O Balanço Social não é um demonstrativo obrigatório no Brasil, apesar disso percebe-
se que sua divulgação é adotada pelas organizações com intuito de evidenciar de forma mais
transparente, informações relacionadas ao desempenho da entidade aos acionistas, clientes e a
sociedade. Por meio do demonstrativo, se pode conhecer o quanto do montante da receita as
empresas investem favor de funcionários, sociedade e proteção ao ambiente.
Para Lagiola e Lira (2009, p. 152),
O Balanço Social pode ser compreendido como uma complementação ou até como
uma evolução dos relatórios contábeis, considerando que este nasceu em virtude da
demanda da sociedade com relação às prestações de contas das organizações,
exigindo que estas passassem a dar transparência à sociedade de suas atividades, de
suas relações sociais e do reflexo social de suas variações patrimoniais.
As exigências do mercado, com públicos e investidores mais preparados, faz com que
as empresas publiquem as demonstrações com mais transparência e qualidade, pois além de
tudo, as demonstrações do Balanço Social também podem ser consideradas uma ferramenta
gerencial para as empresas, reunindo dados qualitativos e quantitativos e a relação da entidade
com ambiente, além de melhorar a gestão da entidade, a estrutura organizacional, as
informações e a comunicação, bem como a produção e a eficiência e eficácia das empresas.
Dentre as empresas que divulgam o Balanço Social, encontra-se a empresa Eletrobras
e seu grupo de empresas. Desta forma pergunta apresentada é: Qual a evolução dos
indicadores sociais e ambientais apresentados nos Balanços Sociais do Grupo Eletrobras entre
os anos de 2012 e 2014? Em resposta à pergunta de pesquisa, o presente artigo tem como
objetivo analisar a evolução dos indicadores sociais e ambientais do Grupo Eletrobras entre os
anos de 2012 e 2014.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para o IBASE a divulgação do Balanço Social é uma ferramenta que torna mais
transparente a divulgação em relação ao desenvolvimento da empresa como educação, saúde,
qualidade de vida.
Balanço Social é um relatório que apresenta informações referentes a situação da
empresa com relação a fornecedores, empregados e clientes, com o objetivo de mostrar os
investimentos e gastos relacionados aos empregados (Indicador interno), a comunidade
(Indicador externo) e ao meio ambiente (Indicadores Ambientais).
2.3 Pesquisas Correlatas
A Eletrobras é uma empresa de economia mista e capital aberto e, maior companhia de
capital aberto do setor de energia elétrica da América Latina e atua nos segmentos de geração,
distribuição, transmissão e comercialização através de seu grupo (ELETROBRAS, 2016).
Estudos tem buscado investigar os indicadores que compõem o Balanço Social das empresas
do Grupo Eletrobras. O Quadro 1 apresenta algumas dessas pesquisas.
3 METODOLOGIA
O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica, documental onde
foram estabelecidos conceitos de Balanço Social do modelo IBASE utilizado pela maioria das
empresas. Trata-se de uma pesquisa predominantemente qualitativa em relação à análise e
explicações das informações no Balanço Social das empresas.
Para a coleta das informações sociais e ambientais, foram utilizados indicadores de
base de cálculo, indicadores sociais internos, indicadores sociais externos, indicadores
ambientais e indicadores do corpo funcional. A análise foi realizada por meio de análise
vertical e horizontal e análise de estatística descritiva, através do cálculo da média, mínimo,
máximo e desvio padrão.
O estudo foi realizado nos Balanços Sociais de 16 empresas do Grupo Eletrobras,
referente entre os anos de 2012 e 2014 e, a coleta de dados foi realizada a partir de
informações publicadas no Relatório de Sustentabilidade das próprias empresas, disponíveis
nos sítios das mesmas.
O estudo realizado apresentou limitações quanto à divulgação do Balanço Social em
algumas empresas pertencentes ao grupo Eletrobras. Das 16 empresas do grupo Eletrobras, 3
foram excluídas, a Cepel por não apresentar os Balanços Sociais, a Eletrobras Distribuição
Amazonas por não ter divulgado o Balanço Social do ano de 2014 em seu site, a Eletropar não
evidenciar o Balanço Social do ano de 2014 e, por fim, a Celg Distribuições não publicou o
Balanço Social do ano de 2012.
Entretanto, em alguns casos, foi possível realizar a análise pois nos documentos
divulgados em 2013 há no documento, um comparativo com o ano anterior, assim, preferiu-se
analisar todos os Balanços Sociais e Relatórios de Sustentabilidade em conjunto, pois
poderiam sanar o que foi levado em consideração quando se delineou o objetivo da pesquisa.
BASE DE AV AH AV AH AV
CÁLCULO 2014 2014 13/14 2013 2013 13/12 2012 2012
CELG 3.629.854 11,73% 21,46% 2.988.506 11,31% 15,32% 2.591.398 8,14%
CGTEE 549.720 1,78% 19,61% 459.604 1,74% -32,07% 676.548 2,12%
Chesf 3.563.435 11,52% -13,05% 4.098.483 15,52% -31,65% 5.996.028 18,83%
Alagoas 1.342.133 4,34% 42,00% 945.173 3,58% 5,00% 900.201 2,83%
Furnas 6.182.015 19,98% 44,03% 4.292.195 16,25% -40,92% 7.265.450 22,82%
Piauí 1.062.852 3,44% 4,31% 1.018.911 3,86% -13,85% 1.182.716 3,71%
Rondônia 1.309.490 4,23% 22,19% 1.071.646 4,06% 8,39% 988.702 3,10%
Eletronorte 6.005.669 19,41% 30,84% 4.590.247 17,38% 2,47% 4.479.552 14,07%
Eletronuclear 1.926.762 6,23% 12,15% 1.717.999 6,50% -27,20% 2.360.036 7,41%
Eletrosul 1.100.183 3,56% 16,55% 943.962 3,57% -18,00% 1.151.122 3,61%
Itaipu 3.680.363 11,90% -3,16% 3.800.361 14,39% 0,07% 3.797.867 11,93%
Acre 374.145 1,21% 25,39% 298.376 1,13% 13,79% 262.223 0,82%
Roraima 207.017 0,67% 8,76% 190.340 0,72% -1,03% 192.321 0,60%
RECEITA
LÍQUIDA NO
GRUPO 30.933.638 100,00% 17,10% 26.415.803 100,00% -17,05% 31.844.164 100,00%
Tabela 1: Base de Cálculo – Receita Líquida (Em milhões de reais)
Para neutralizar o impacto sofrido após a mudança da Lei foram adotadas novas
medidas no quadro pessoal e otimização para se adequar às novas tarifas, assim no ano de
2014, a empresa voltou a apresentar resultados melhores em relação ao ano anterior,
apresentando uma receita de 19,98% do total.
Os indicadores sociais internos correspondem aos gastos da empresa com relação aos
empregados. Os benefícios que os funcionários podem receber referem-se: vale alimentação e
refeição, encargos sociais, previdência privada, assistência à saúde (médica e odontológica),
segurança e medicina no trabalho, educação, cultura, capacidade e desenvolvimento
profissional, creches e auxílios creches, participação nos lucros e resultados, transporte e
outros como reconhecimento por tempo de serviço, bolsa de estudo, auxílio academia, entre
outros. A Tabela 2 apresenta a estatística descritiva dos indicadores sociais do grupo
Eletrobras, em milhões de reais.
INDICADORES DESVIO
SOCIAIS INTERNOS ANOS MÉDIA MÁXIMO MINIMO PADRÃO
2014 24.070 58.801 3.765 18.743
ALIMENTAÇÃO 2013 23.861 59.482 3.484 17.496
2012 23.560 61.351 2.877 18.066
2014 85.050 243.615 6.859 79.755
ENCARGOS SOCIAIS 2013 101.753 384.622 7.792 113.943
2012 92.290 324.795 8.214 96.601
PREVIDÊNCIA 2014 24.388 78.338 1.526 26.386
PRIVADA 2013 25.598 113.139 987 32.368
2012 19.516 50.818 832 18.638
2014 35.883 133.167 682 40.234
SAÚDE 2013 35.047 118.876 1.042 39.106
2012 31.142 123.784 460 37.590
SEGURANÇA E 2014 2.170 9.968 10 2.750
MEDICINA DO 2013 2.894 9.796 10 3.277
TRABALHO 2012 2.671 10.869 234 2.943
2014 4.434 13.637 97 3.998
EDUCAÇÃO 2013 4.178 12.951 0 3.861
2012 3.947 11.925 118 3.752
2014 847 1.745 68 845
CULTURA 2013 745 1.735 58 879
2012 777 1.906 50 991
CAPACIDADE E 2014 4.105 20.663 0 6.381
DESENVOLVIMENTO 2013 3.734 18.021 376 5.593
PROFISSIONAL 2012 4.720 19.342 670 6.138
2014 3.164 12.817 0 4.819
CRECHES OU
2013 2.768 12.415 0 4.765
AUXÍLIO CRECHE
2012 2.644 11.859 292 4.537
PARTICIPAÇÃO NOS 2014 23.291 58.159 2.286 22.012
LUCROS E 2013 26.911 88.504 2.857 28.121
RESULTADOS 2012 29.150 114.372 2.518 35.897
2014 1.814 10.904 7 3.367
TRANSPORTE 2013 2.207 13.680 9 4.187
2012 1.987 11.224 30 3.442
2014 47.115 354.799 -730 96.688
OUTROS 2013 41.246 335.952 0 92.856
2012 35.507 274.515 108 77.679
Tabela 2: Indicadores Sociais Internos (Em milhões de reais)
INDICADORES
SOCIAIS DESVIO
EXTERNOS ANOS MÉDIA MÁXIMO MINIMO PADRÃO
2014 3.792 29.746 4 9.219
EDUCAÇÃO 2013 3.543 24.362 0 7.497
2012 3.727 25.738 0 7.863
2014 3.192 8.307 417 3.478
CULTURA 2013 3.525 11.024 156 4.434
2012 6.482 16.853 885 7.168
2014 16.686 59.418 0 20.733
SAUDE E
2013 12.027 34.199 0 12.621
SANEAMENTO
2012 12.759 44.224 0 14.809
2014 618 2.538 13 1.077
ESPORTE 2013 825 2.712 0 1.148
2012 586 1.457 0 580
2014 233 841 0 358
ALIMENTAÇÃO 2013 530 2.300 0 994
2012 1.300 3.329 13 1.638
2014 5.350 28.702 3 10.554
OUTROS 2013 5.237 27.712 3 9.996
2012 7.511 36.341 0 13.434
GERAÇÃO DE 2014 416 800 0 388
TRABALHO E 2013 663 1.629 1 743
RENDA 2012 1.148 3.223 0 1.321
2014 693.327 2.037.058 -55.480 758.218
TRIBUTOS 2013 415.867 1.685.244 -2.156 533.283
2012 410.968 1.936.009 -496.284 714.810
Tabela 3: Indicadores Sociais Externos (Em milhões de reais)
DESVIO
INDICADORES AMBIENTAIS
ANOS MÉDIA MINIMA MÁXIMO PADRÃO
2014 3.084 1.606 4.562 2.090
Investimentos relacionados com a operação
2013 4.020 1.397 6.642 3.709
da empresa
2012 927 45 1.809 1.247
2014 17.336 17.336 17.336 -
Investimento no programa luz para todos 2013 22.596 22.596 22.596 -
2012 15.626 15.626 15.626 -
2014 23.128 23.128 23.128 -
Programas de pesquisa e eficiência
2013 6.505 6.505 6.505 -
energética
2012 2.898 2.898 2.898 -
Investimentos e gastos com manutenção 2014 31.465 0 180.438 66.013
nos processos operacionais para melhoria 2013 21.649 0 113.425 41.051
do meio ambiente 2012 18.218 0 85.321 30.256
2014 12.730 0 62.900 22.952
Investimentos e gatos com outros projetos
2013 11.111 0 59.875 22.003
ambientais
2012 12.750 0 74.332 27.311
2014 3.899 0 16.079 5.688
Investimentos e gastos com a preservação
2013 4.012 7 21.905 7.954
e/ ou recuperação de ambientes degradados
2012 8.338 0 47.923 17.674
Investimentos e gastos com a educação 2014 233 2 983 372
ambiental para empregados, terceirizados, 2013 132 0 445 198
autônomos e administradores da entidade 2012 205 0 896 365
2014 322 0 839 355
Investimentos e gastos com educação
2013 616 2 1.474 561
ambiental para a comunidade
2012 483 1 1.378 556
2014 5.046 16 10.076 7.113
Passivos e contingências ambientais 2013 5.895 0 11.790 8.337
2012 1.750 0 3.500 2.475
Quantidade de processos ambientais, 2014 11 3 18 11
administrativos e judiciais movidos contra 2013 8 1 14 9
a entidade 2012 5 2 8 4
2014 25.136 11.169 39.103 19.752
Investimentos em programas e/ ou projetos
2013 45.996 11.212 80.779 49.191
externos
2012 21.264 8.085 35.162 19.146
2014 41.167 41.167 41.167 -
Investimentos relacionados com a
2013 50.796 50.796 50.796 -
produção/ operação da empresa
2012 25.293 25.293 25.293 -
Valor das multas e das indenizações 2014 283 93 472 268
relativas à matéria ambiental, determinadas 2013 5.498 685 10.310 6.806
administrativas e/ou judicialmente 2012 1.000 0 2.000 1.414
Tabela 4: Indicadores Ambientais (Em milhões de reais)
PESSOAS COM
ESTAGIÁRIOS
DEFICIÊNCIA
Nº EMPREG.
ADMISSÕES
DEMISSÕES
MULHERES
EMPRESA ANO
Quanto aos estagiários contratados pelas empresas apenas duas empresas não estão de
acordo com a legislação quando diz que empresas acima de 25 funcionários podem ter até
20% de estagiários, a Celg apresenta 20% acima da quantidade nos três anos avaliados, e a
Roraima também acima do que diz a Legislação tanto em 2012 quanto em 2013.
Conforme Art. 93 da Lei 8.213/1991:
Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher
de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados.............................................................................2%;
II - de 201 a 500.......................................................................................3%;
III - de 501 a 1.000...................................................................................4%;
IV - de 1.001 em diante. ..........................................................................5%.
Com relação aos portadores de necessidades especiais, apenas uma empresa está de
acordo com a lei preenchendo as vagas destinadas a eles.
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Responsabilidade Social
– Sistema de Gestão – Requisitos. Rio de Janeiro, 2004. NBR 16001
ALBUQUERQUE, José Lima de et al. Gestão Ambiental e Responsabilidade
Social: Conceitos, Ferramentas e Aplicações. São Paulo: Atlas, 2009. 326 p.
ARANTES, Emerson Clayton et al. Análise da evolução dos indicadores do Balanço Social
do sistema Eletrobrás de 2006 a 2008. Revista de Administração de Roraima, v. 2, n. 1,
2012
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ANÁLISE DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM POSTOS DE LAVAGEM
AUTOMOTIVA
RESUMO
Com o aumento da população, cresce a procura pelo serviço de lavagem automotiva que
utiliza grandes quantidades de água gerando efluentes potencialmente poluidores,
responsáveis pela contaminação da água. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a
sustentabilidade ambiental em postos de lavagem automotiva. Caracteriza-se como pesquisa
descritiva, por meio de levantamento ou survey e abordagem qualitativa. A amostra
compreende 34 postos de lavagem automotiva localizados em Chapecó-SC. Cerca de 41%
destes possuem em torno de 5 anos de atuação, apenas 5% atuam há mais de 20 anos, 53%
dos postos de lavagem operam de segunda a sábado em horário comercial, 44% coletam água
da chuva, 29% utilizam água de poços artesianos, 58% tratam a água utilizada e descartam em
rede de esgoto, 55% dos estabelecimentos consideram o investimento para estes
procedimentos uma melhoria e não um custo, cerca de 29% utilizam até 20 litros de água na
lavagem de cada veículo, lavando em torno de 150 veículos por mês, empregam entre 3 e 5
funcionários incluindo proprietários e sócios e com idade predominante entre 19 e 29 anos. Os
postos de lavagem automotiva estão preocupados com os impactos negativos que podem
causar ao meio ambiente, por isso realizam coleta de água da chuva e principalmente tratam a
água utilizada separando os efluentes altamente poluidores, descartando-os devidamente.
ABSTRACT
With increasing population, growing demand for automotive cleaning service that uses large
amounts of water generating potentially polluting effluents responsible for water
contamination. This research aims to analyze environmental sustainability in automotive
washing stations. It is characterized as descriptive research through survey or survey and
qualitative approach. The sample comprises 34 automotive washing stations located in
Chapecó-SC. About 41% of these have around 5 years of operation, only 5% have been
working for over 20 years, 53% of washing stations operate Monday to Saturday during
working hours, 44% collect rainwater, 29% use water artesian wells, 58% treat the water used
and discarded in the sewage system, 55% of establishments consider the investment for these
procedures an improvement rather than a cost, about 29% use up to 20 liters of water in the
wash each vehicle, washing around 150 vehicles per month, employing between 3 and 5 staff
2
including owners and partners and predominantly aged between 19 and 29 years. automotive
washing stations are concerned about the negative impacts that can cause to the environment,
so hold rainwater collection and mostly treat the water used by separating the highly polluting
effluents, discarding them properly.
1 INTRODUÇÃO
A atividade de lavagem automotiva utiliza grandes quantidades de água gerando
efluentes potencialmente poluidores, contribuindo pela contaminação da água. Segundo
Dorigon e Tessarro (2010), os esgotos urbanos e os efluentes industriais e comerciais sem
prévio tratamento são os grandes responsáveis pela poluição dos meios hídricos.
Entre os processos que mais causam impactos nesse tipo de estabelecimento de acordo
com Bogarim et al. (2014) estão o fluxo constante de veículos e a lavagem dos mesmos.
Como a população cresce de maneira significativa, o aumento de veículos é considerável e a
procura pelo serviço de lavagem aumenta na mesma proporção.
Para Costa et al. (2007) os postos de lavagem automotiva colaboram com o
desenvolvimento das cidades participando na distribuição de renda, empregando pessoas e
atendendo outros setores da economia além do público em geral. Entretanto, também
precisam se adequar à sustentabilidade ambiental, não desperdiçando água nem insumos,
tratando seus efluentes e reutilizando a água (SEBRAE, 2004).
De acordo com Moisa, Venâncio e Vidal (2008) em decorrência do elevado nível de
degradação do meio ambiente, aumenta cada vez mais o número de empresas preocupadas em
atingir e demonstrar um melhor desempenho ambiental. As organizações passam a adaptar-se
para que haja uma convivência adequada com o meio ambiente. Assim, a variável ambiental
deixa de ser vista como um custo, tornando-se uma fonte adicional de eficiência e
competitividade.
A maior parte das empresas que não se preocupam com as questões ambientais
desconhecem o real custo de se tornarem ecologicamente corretas, não estudam a viabilidade
econômica da implantação de medidas que contribuam para uma operação com menos
impactos ambientais. Cada vez mais a sociedade cobra ações voltadas à diminuição de
impactos causados ao meio ambiente, exigindo que as empresas tenham esta preocupação e
invistam em sustentabilidade (CONCEIÇÃO, MATIAS e SOUZA, 2013).
Segundo Costa et al. (2007) destaca-se no mundo todo a busca pela melhoria no
desempenho das empresas quanto ao uso racional da água, energia e matérias-primas. A
produção de resíduos é uma das maiores preocupações para a manutenção de um ambiente
limpo. Com a escassez de água potável recursos alternativos são importantes, como investir
em meios de coleta de água da chuva para a diminuição no consumo de água potável,
diminuindo os impactos negativos causados ao meio ambiente pela lavagem de carros.
Nesse sentido, o presente estudo apresenta a seguinte questão problema: Qual a
sustentabilidade ambiental apresentada por postos de lavagem automotiva? Visando atender
ao problema proposto o objetivo do estudo consiste em analisar a sustentabilidade ambiental
apresentada por postos de lavagem automotiva.
A água utilizada pelo serviço de lavagem automotiva, de acordo com Dorigon e
Tessaro (2010) normalmente é de origem nobre (rios, poços), e poucos são os postos que
possuem sistema de tratamento e reutilização desses recursos. Devido à carência hídrica no
planeta, é fundamental reduzir o seu consumo e priorizar formas sustentáveis. Assim, é
3
importante gerenciar os recursos hídricos utilizados nos postos de lavagem, para que estes
atendam às demandas, sem causar danos à saúde ambiental.
Para Lorenzett e Rossato (2010) as questões relativas aos problemas ambientais
tornam-se cada vez mais presentes na vida da população mundial. Em face à destruição ampla
do patrimônio natural da humanidade, os governos estão tomando partido nessa questão na
tentativa de remediar o perigo iminente em que o planeta se encontra. O homem vem
degradando o planeta e retirando dele, de forma abusiva e irracional o subsídio para manter as
relações sociais, afetando sem a menor preocupação o solo, as águas e o ar, bem como as
demais formas de vida que habitam o planeta. Frente a isso as empresas tem buscado adequar-
se principalmente em relação a resíduos e efluentes, visando a sustentabilidade.
Justifica-se o estudo ao fato de que os postos de lavagem automotiva utilizam grandes
quantidades de água gerando um impacto negativo ao meio ambiente. Além disso, conhecer o
destino dado aos resíduos gerados é de grande importância, pois, estes podem causar
contaminação ao meio ambiente.
Devido ao grande volume de água utilizada na atividade de lavagem de carros torna-se
necessário a busca por alternativas de reaproveitamento da água utilizada e até mesmo investir
em meios de coletas da água da chuva para a diminuição da quantidade de água potável. Com
o problema da carência hídrica no planeta, para Dorigon e Tessaro (2010) tornou-se
fundamental reduzir o seu consumo, utilizá-la racionalmente e priorizar formas sustentáveis.
É importante gerenciar os recursos hídricos utilizados nos postos de lavagem, para que estes
atendam às demandas, sem causar danos à saúde ambiental.
O presente estudo está estruturado em cinco seções. Além desta introdução, a segunda
seção destina-se à revisão de literatura, na sequência são apresentados os procedimentos
metodológicos com os quais se busca atingir o objetivo proposto no artigo. Na quarta seção
encontra-se a análise e interpretação dos dados coletados, e por fim as considerações finais.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Esta seção volta-se a discorrer sobre os indicadores de sustentabilidade, os impactos
causados pela atividade de lavagem automotiva ao meio ambiente, bem como estudos
correlatos acerca da temática abordada.
papel das instituições públicas e privadas são fundamentais no envolvimento das ações que
ocorrem viabilizando o desenvolvimento econômico social.
O conceito de desenvolvimento sustentável para Feichas e Guimarães (2009) está
ligado a que tipo de desenvolvimento a sociedade deseja, a partir disso traz para o centro do
debate público os pontos de impactos sociais negativos com necessidades de mudanças.
Tendo em vista o conceito de desenvolvimento sustentável e os entendimentos que se tem
dado à sustentabilidade, ambos estão longe de serem unânimes em função, pois podem
assumir diferentes rumos. O desenvolvimento sustentável operacionaliza de forma imparcial
indicadores que por meio de propostas privilegia indicadores em detrimento de outros,
sinalizando mudanças com potenciais em que cabem reflexões preliminares.
Para Cardoso, Gatti e Oyamada (2014) a sustentabilidade baseia-se em um tripé:
econômico, social e ambiental. Sendo que o desenvolvimento sustentável é aquele que se
configura como economicamente viável, socialmente responsável e cujo impacto ambiental é
reduzido ou inexistente. O pressuposto é que as ações precisam ser sustentáveis em todos os
níveis, por isso a ideia de sustentabilidade como um conceito sistêmico. A ideia subjacente é
de durabilidade, de que possamos viver o máximo hoje sem comprometer o amanhã das
futuras gerações. Assim, por mais que o conceito de sustentabilidade seja lógico, necessário e
urgente, sua aplicação em larga escala, sua introdução na vida cotidiana constitui um grande
desafio. Afinal, para os homens mudar é sempre conflituoso.
Conforme Munck, Souza e Zagui (2012) a sustentabilidade envolve as relações
sociais, econômicas e ambientais levando em conta o bem-estar da população presente, mas
não deixando de pensar nas futuras gerações, pois em muitos casos os projetos aplicados dão
resultados em longo prazo. Neste aspecto, as instituições voltam sua gestão não envolva
apenas à parte econômica, mas também a social e a ambiental por meio de desenvolvimento
produtivo com menor impacto ambiental sem afetar de forma negativa suas atividades.
A população está mais consciência de que a prevenção e a conservação do meio
ambiente é essencial para um futuro com mais qualidade e para Pfitscher, Silveira e Uhlmann
(2012) conservar o meio ambiente tornou-se ao homem uma das principais atribuições sociais.
Dessa forma as instituições sofrem pressão da população, da mídia e também dos órgãos
fiscalizadores, por alternativas que gerem menos impactos negativos no meio ambiente.
Dois aspectos influenciam os investimentos das empresas em sustentabilidade, o
cenário de crise e o desaquecimento econômico que para Claro e Claro (2014) podem ser
definidos como um compromisso das organizações de inserir aspectos éticos, sociais e
ambientais com a finalidade de minimizar os riscos e gerar oportunidades antes inexploradas.
Dessa forma as empresas que mantém investimentos em sustentabilidade de forma estratégica
e com visão de longo prazo tem vantagem competitiva, pois minimiza custos e riscos
provenientes do consumo excessivo, da poluição e da geração de lixo, melhora o uso de
recursos e leva a ganhos generalizados de eficiência no negócio.
Dörr et al. (2013) destacam que segundo o Relatório Brundtland (1991) um
desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. Já
a sustentabilidade empresarial, segundo o Instituto Ethos, consiste em assegurar o sucesso do
negócio em longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e
social da comunidade, um meio ambiente saudável e uma sociedade estável, quando as
instituições tem preocupação com os impactos ambientais, elas são bem vistas pela sociedade
que de maneira geral está cada vez mais preocupada com os impactos que são causados, pois
em muitos casos o resultado negativo surgirá em longo prazo.
5
trabalham nessa atividade. Os postos que possuem caixas de areia dão destino inadequado aos
resíduos jogando-os em terrenos baldios.
O objetivo de Dorigon e Tessaro (2010) foi caracterizar os efluentes da lavação
automotiva em postos de lavagem de veículos na região da Associação dos Municípios do
Alto Irani (AMAI), no Oeste Catarinense. Foram feitas coletas de amostras, com análises em
laboratórios. Tendo como resultado das amostras coletadas 64% estão em desacordo com os
padrões máximos permitidos para o lançamento de efluentes no meio ambiente, confirmando
a deficiência dos sistemas de tratamento. Por falta de informações e de cobrança de
exigências, tanto pelos proprietários como pelos órgãos públicos não é aplicado nenhum
mecanismo em prol dessa atividade sendo um grande descaso com o alto consumo de água
potável para uma atividade que não apresenta esta necessidade.
Maia e Miranda (2013) analisaram os impactos negativos ao meio ambiente
provenientes do grande desperdício de água durante a lavagem de automóveis, seguido de
uma solução alternativa para tamanho problema, junto com uma gama de dados e análises que
visam ressaltar tanto as vantagens ambientais, como as não-ambientais do procedimento
inovador de lavagem proposto. Foram abordadas duas alternativas: a primeira, consiste em
dados e evidências que comprovam o impacto ecológico que a lavagem de carros com água
limpa significa, devido ao grande volume desperdiçado. Na segunda, o objetivo foi apresentar
um produto para lavagem a seco, demonstrando os seus pontos positivos e a eficácia de
atuação. São gastos cerca de 258 litros de água para lavar um carro de porte médio. A região
possui 148 lava-rápidos e estima-se que são gastos 7.254.960 litros de água por mês com
lavagem de automóveis, suficiente para comportar o consumo de cerca de 2.200 pessoas por
mês. Utilizando o processo de lavagem a seco seria possível grande economia no consumo de
água, sendo de grande praticidade e diferença no impacto ambiental.
O estudo de Nobrega (2009) buscou verificar como ocorre a vistoria técnica para
obtenção de licenças ambientais dos postos de gasolina no município de Porto Velho (RO), a
fim de auxiliar desde o gestor até o operador do posto a atender à legislação ambiental
vigente. Os resultados indicam que apesar de toda a documentação disposta e apresentada nos
processos averiguados, fica evidente que sem fiscalização rígida podem ocorrer acidentes e
danos ao meio ambiente. Para atividades de troca de óleo, não existem informações de qual
empresa faz o recolhimento do óleo usado. Já para as atividades de lavagem de carros, não há
o controle se a água contaminada por produtos de limpeza e de polimento seguem para caixa
separadora ou para a coleta pública comum, assim como, apesar de constar atividade de
borracharia, não houve informação do destino final dos resíduos produzidos.
Lorenzett e Rossato (2010) buscaram verificar o destino dado aos resíduos e efluentes
gerados nas atividades desenvolvidas pelos postos de abastecimento de combustíveis. Os
postos de combustível, no decorrer de suas atividades, geram resíduos como: vapores tóxicos,
efluentes líquidos, lodo tóxico da caixa separadora de água e óleo, flanelas e estopas
contaminadas, filtros usados e embalagens de lubrificantes, interagindo diretamente com o
meio ambiente uma vez que está em constante contato com a água, com o solo e com o ar, em
caso de descuidos, pode vir a causar danos ambientais. Constataram que o estabelecimento
pesquisado mantém uma preocupação constante com o meio ambiente e adota as medidas
possíveis para diminuir o impacto causado ao meio ambiente.
3 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Esta seção compreende as especificações relativas à forma de realização da pesquisa.
Portanto, trata da metodologia utilizada envolvendo a tipologia que de acordo com Raupp e
8
Beuren (2012) estão relacionados quanto aos objetivos, aos procedimentos e a abordagem do
problema, a coleta e a análise dos dados.
Quanto aos objetivos caracteriza-se como descritiva, pois de acordo com Raupp e
Beuren (2012) configura-se como estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e a
explicativa, não tão preliminar como a exploratória e nem tão profunda quanto à explicativa.
Nesse contexto descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos que
estão relacionados com a pesquisa.
Quanto aos procedimentos caracteriza-se como um levantamento ou survey que
segundo Raupp e Beuren (2012) nesse tipo de pesquisa podem ser coletados dados com base
em uma amostra retirada de determinada população ou universo que se deseja conhecer.
Quanto à abordagem do problema a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, pois
conforme Raupp e Beuren (2012) é comum a utilização deste tipo de pesquisa em
levantamento ou survey, numa tentativa de entender por meio de amostras o comportamento
de uma população perante aos impactos ambientais causados pela atividade dos postos de
lavagem automotiva que afetam direta ou indiretamente a população e o meio ambiente.
A população compreende 100 postos de lavagem automotiva no município de
Chapecó – SC, estes postos foram identificados por meio de um relatório disponibilizado pela
prefeitura, a apetir do registro que os mesmos possuem junto ao município. A coleta dos
dados ocorreu por meio de entrevistas no período de julho a setembro de 2015 realizadas em
34 estabelecimentos escolhidos de forma aleatória. Destes 34 estabelecimentos visitados 7
não responderam a nenhuma das perguntas, portanto tem-se como amostra final para o estudo
27 postos de lavagem automotiva.
Depois de coletados os dados relacionados iniciou-se o processo de análise,
classificação e interpretação das informações coletadas por meio de tabelas tendo como
instrumento de auxilio o software Excel. Destacando os dados mais relevantes para que as
informações coletadas auxiliem para alcançar um resultado de forma que possa contribuir
para diminuir os impactos negativos causados ao meio ambiente.
Verifica-se pela Tabela 4 que 11,76% dos postos de lavagem automotiva não fazem
tratamento da água utilizada na lavagem dos veículos, largando diretamente na rede de esgoto
sem se preocuparem com as consequências que podem causar ao meio ambiente, muitos
fazem por não ter conhecimento e mesmo por falta de fiscalização dos órgãos responsáveis.
29,41% não responderam e 58,83% fazem o tratamento com caixas separadoras, sendo que a
primeira caixa retém o material mais pesado como o barro ou areia, a segunda caixa tem a
função da separação do óleo e graxas os quais flutuam e vão para uma terceira caixa, que a
partir disso a água é descartada para o esgoto sem materiais prejudiciais ao meio ambiente. O
óleo e o barro que ficam depositados nas devidas caixas são coletados por empresas
especializadas dando a eles o devido descarte.
Comparando com o estudo realizado por Lorrenzett et al. (2011) em que relata a
separação dos efluentes gerados pela atividade antes de liberar na rede de esgoto, dos
estabelecimentos visitados, 58,83% fazem o tratamento com caixas separadoras preocupando-
se com os impactos negativos que podem causar ao meio ambiente.
Quando questionados sobre o reaproveitamento da água utilizada na lavagem dos
veículos após a separação do óleo e do barro, 35,29% não responderam e o restante 64,71%,
não faz este reaproveitamento descartando a água na rede esgoto.
Embora 64,71% dos representantes que responderam a pergunta não fazem
reaproveitamento da água após a utilização e tratamento, pelo menos 58,83% dos postos de
lavagem automotiva, tem preocupação com os danos causados ao meio ambiente e por isso
fazem o tratamento da água antes de descartar na rede de esgoto, corroborando com o estudo
de Lorrenzett e Rossato (2010) ao destacarem que as empresas estão se adaptando e buscando
soluções para diminuir os impactos causados ao meio ambiente, posicionando-se de maneira
adequada e seguindo as normas de fiscalização.
A Tabela 5 apresenta os dados relacionados aos postos que realizam coleta da água da
chuva e se consideram positivo o resultado que obtiveram.
Tabela 5 – Coleta da água da chuva e resultados positivos
Coleta água da chuva Resultados positivos
Classificação Frequência Frequência Classificação Frequência Frequência
absoluta relativa absoluta relativa
Sim 15 44,12% Sim 15 100%
Não 10 29,41%
Não respondeu 9 26,47%
Total 34 100% Total 15 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Verificou-se que dos estabelecimentos visitados, 44,12% fazem coleta de água da
chuva para utilização na lavagem dos veículos, outros 29,41% não fazem coleta de água da
chuva, mas utilizam água de poços artesianos perfurados nos terrenos onde os postos de
lavagem estão instalados e 26,47% dos entrevistados não responderam.
Analisado com os que realizam coleta da água da chuva se os mesmos obtiveram
resultados positivos, sendo que os 15 estabelecimentos que realizam este procedimento
correspondendo a 100% responderam que sim, pois diminuíram seus custos e que em virtude
de utilizarem grande quantidade de água na atividade desenvolvida se não buscam alternativas
como coleta de água de chuva ou utilização de água de poço artesiano não tem liberação para
funcionamento. Todos relataram que possuem alvará de funcionamento, mas em nenhum
deles foi verificado o documento que comprova.
Estes resultados corroboram com Dorigon e Tessaro (2010) em relação a importância
reutilizar a agua em virtude da carência deste recurso no planeta. Porém, diverge em relação a
12
cobrança por parte dos órgãos públicos em relação aos sistemas alternativos, uma vez que os
entrevistados destacaram a exigência de meios alternativos para a liberação de
funcionamento.
Entre os estabelecimentos visitados, 44,12% dos que responderam realizam coleta de
água da chuva e todos obtiveram resultados positivos com esta medida, pois diminuíram
custos com o consumo de água, além de ser uma alternativa à liberação para funcionamento.
A Tabela 6 demonstra a quantidade de litros de água utilizados na lavagem dos
veículos e a quantidade de veículos em média lavados por mês.
Tabela 6 – Quantidade de água gastos na lavagem de um veículo e quantidade de veículos lavados por mês
Quantidade de litros de água gastos em média na Quantidade de veículos lavados por mês
lavagem de um veículo
Classificação Frequência Frequência Classificação Frequência Frequência
absoluta relativa Absoluta relativa
Até 20 litros 10 29,41% Até 50 veículos 4 11,76%
De 21 a 50 litros 5 14,71% De 51 a 90 veículos 2 5,88%
De 51 a 100 litros 7 20,59% De 91 a 150 veículos 7 20,59%
Acima de 100 litros 2 5,88% Acima de 151 veículos 13 38,24%
Não respondeu 10 29,41% Não respondeu 8 23,53%
Total 34 100% Total 34 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
A quantidade de água utilizada na lavagem de cada veículo tem uma variação grande
em virtude dos tipos de equipamentos utilizados, em alguns estabelecimentos é utilizado um
jato econômico que consome baixa quantidade de água, sendo que 10 dos estabelecimentos,
representando 29,41%, utilizam estes equipamentos que gastam em média 20 litros de água
por veículo lavado. Outros 5, equivalendo a 14,71%, disseram que gastam em média entre 21
e 50 litros de água na lavagem de um veículo; 7 destes, representando 20,59%, acreditam que
gastam entre 51 e 100 litros de água a cada veículo lavado; 2 destes estabelecimentos,
equivalendo a 05,88%, estimam gastar mais de 100 litros de água para cada veículo lavado; e
10 dos estabelecimentos visitados, representando 29,41%, não responderam esta pergunta.
Em relação à quantidade de veículos lavados por mês, 11,76%, dos postos lavam até
50 veículos por mês; 5,88% informaram que lavam entre 51 e 90 veículos por mês, 20,59%
entre 91 e 150 veículos por mês; 38,24%, informaram que lavam por mês mais de 150
veículos; e 23,53% dos entrevistados não responderam a pergunta.
Conforme relatado por Maia e Miranda (2013) são gastos em torno de 258 litros de
água para a lavagem de um veículo de porte médio. Já no estudo realizado verificou-se que
29,41% dos estabelecimentos utilizam a menor quantidade de água que é de até 20 litros por
veículo, enquanto 5,88% gastam acima de 100 litros. E 38,24% dos postos de lavagem
automotiva lavam acima de 150 veículos por mês e se os mesmos não se preocuparem em
desenvolver a atividade de forma adequada acabam prejudicando o meio ambiente.
Na Tabela 7 são apresentados dados relacionados à quantidade e idades dos
funcionários dos estabelecimentos visitados.
Tabela 7 – Dados relacionados aos funcionários do estabelecimento
Quantidade de funcionários no estabelecimento Idade dos funcionários
Classificação Frequência Frequência Classificação Frequência Frequência
absoluta relativa absoluta relativa
Até 2 10 29,41% Até 18 anos 10 14,93%
De 3 a 5 16 47,06% De 19 anos a 29 anos 39 58,21%
De 30anos a 45anos 15 22,39%
Não respondeu 8 23,53% Acima de 45 anos 3 4,47%
13
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
À medida que a população aumenta, cresce proporcionalmente a procura pelo serviço
de lavagem automotiva que utiliza grandes quantidades de água gerando efluentes
potencialmente poluidores, sendo também uma das grandes responsáveis pela contaminação
da água, nesse sentido é analisada a sustentabilidade ambiental em postos de lavagem
automotiva.
O estudo identificou que 50% dos estabelecimentos possuem investimentos
direcionados à sustentabilidade ou futuramente pretendem fazer, preocupados em diminuir os
impactos causados ao meio ambiente, pois a atividade gera efluentes altamente poluidores que
precisam ser descartados de forma adequada para que não contaminem os mananciais. Dos
que ainda não possuem investimentos direcionados à sustentabilidade, 60% pretendem no
futuro adotar alguma medida para a diminuição de impactos.
Aproximadamente 59% dos estabelecimentos realiza o tratamento da agua utilizada
com caixas separadoras. Por outro lado, em torno de 12% não fazem tratamento da água
utilizada, eliminando-a diretamente na rede de esgoto sem se preocupar com as consequências
que podem causar ao meio ambiente. Depois de tratada a água utilizada pode ser
reaproveitada, mas dos que responderam, cerca de 65% não fazem este reaproveitamento.
Em relação a coleta de água da chuva, 44% dos estabelecimentos realizam este
procedimento, todos obtiveram resultados positivos, pois diminuíram seus custos. Outros 29%
utilizam água de poços artesianos perfurados nos terrenos onde os postos de lavagem estão
instalados, sinalizando a busca por alternativas para o não consumo de água potável da rede
de distribuição.
Embora os postos de lavagem automotiva não realizem o reaproveitamento da água
utilizada após a lavagem dos veículos os mesmos estão preocupados com os impactos
negativos causados ao meio ambiente, investindo em formas sustentáveis como a coleta de
água da chuva para utilização em suas atividades e principalmente no tratamento da água
utilizada na lavagem dos veículos por meio de caixas separadoras antes de liberarem na rede
de esgoto do município protegendo os mananciais dos impactos negativos, pois os efluentes
gerados por esta atividade são altamente poluidores e precisam ser descartados de forma
adequada para não prejudicarem o meio ambiente.
Comparando com o objetivo que foi analisar a sustentabilidade ambiental em postos
de lavagem automotiva verificou-se que a maior parte dos estabelecimentos tem formas
sustentáveis de desenvolver a atividade de lavagem, utilizando água de coleta da chuva e
tratamento separando os efluentes gerados para descartar a água na rede de esgoto sem
prejudicar o meio ambiente.
No entanto, a partir do desenvolvimento desta pesquisa, observou-se a perspectiva de
novos estudos sobre o tema, possibilitando o aprofundamento, bem como novas formas de
abordagens. Assim, como sugestão para futuras pesquisas, recomenda-se a ampliação da
14
amostra como forma de confirmação dos resultados obtidos nesta pesquisa. Sugere-se também
a realização de novos trabalhos direcionados a implantação de sistemas de reaproveitamento
de água utilizada e a demonstração por meio de orçamentos demonstrando aos
estabelecimentos a viabilidade da coleta e reutilização da água o que diminuirá não apenas
custos, mas também os impactos negativos causados ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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sustentabilidade e suas influências no desenvolvimento local: uma aplicação em região
produtora de mamona no estado da Bahia. RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental,
v. 3, n.1, p. 105-120, 2009.
BOGARIM, E. P. A.; CABREIRA, R. P. S.; DIAS, A. P. A.; LENIS, J. N. R.; PAULUS, L.
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2014.
BRESSAN, V. G. F.; BORGES, D. L.; COLARES, A. C. V.; LAMOUNIER, W. M. O.
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estudo no lava jato Domani Veículos Várzea Grande / MT. Revista de Administração do
Sul do Pará (REASP) – FESAR, v.1, n. 2, p. 01-24, 2014.
CLARO, D. P.; CLARO, P. B. O. Sustentabilidade Estratégia: Existe retorno no longo
prazo?Adm., v. 49, n. 2, p. 291-306, 2014.
COELHO, T. M.; YAFUSHI, C. A. P.; OLIVEIRA, I. A. S.; PIMENTA, I. L. J. O reuso da
água proporciona competitividade ao setor industrial. Periódico Eletrônico Fórum
Ambiental da Alta Paulista, ANAP, v. 7, n. 2, p. 214-224, 2011.
COLAUTO, R. D.; BEUREN, I. M. Coleta, analise e interpretação dos dados. In: BEUREN,
Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e
prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 117-144.
CONCEIÇÃO, E. R. P.; MATIAS, J. M. J.; SOUZA, F. P. Estudo de viabilidade econômica
para implantação de um sistema de reuso de água residual de lavagem de ônibus.
Perspectivas Online: Exatas & Engenharias, v. 3, n.7, p.28-45, 2013.
COSTA, M. J. C.; SOUSA, J. T.; LEITE, V. D.; LOPES, W. S.; SANTOS, K. D. Impactos
socioambientais dos lava-jatos em uma cidade de médio porte. Revista Saúde e Ambiente, v.
8, n. 1, 2007.
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postos de atividade exclusiva na região AMAI – Oeste Catarinense. Unoesc & Ciência –
ACBS, v. 1, n. 1, p. 13-22, 2010.
15
Resumo
Este estudo objetiva analisar a viabilidade de investimentos de sustentabilidade em um hotel
fazenda. Para tal, a pesquisa descritiva foi realizada a partir de um estudo de caso em um hotel
fazenda já estabelecido. Para a triangulação dos dados foram realizadas entrevistas com
gestores do hotel, observação participante e pesquisa documental. Os resultados da pesquisa
mostram que a viabilidade de implementação dos investimentos propostos para a redução dos
impactos ambientais é uma hélice tríplice de compatibilidade entre as demandas do mercado
com vistas na diferenciação e competitividade, a consciência da preservação dos recursos
naturais pelos gestores e a recuperação econômico-financeira do capital investido pelos
proprietários. Conclui-se que há viabilidade de implementação dos investimentos sustentáveis
analisados no hotel fazenda pesquisado. No entanto, outras categorias de análise podem
instigar pesquisas que ampliem a discussão sobre elementos favoráveis para práticas de
investimentos de sustentabilidade de empreendimentos do mesmo setor econômico ou
semelhantes.
Abstract
The goal of this study is to analyze the feasibility of sustainability investments in a farm hotel.
To this end, the descriptive survey was conducted from a case study on an already established
farm hotel. For the triangulation of data were conducted interviews with hotel managers,
participant observation and documentary research. The survey results show that the feasibility
of implementing the proposed investments for the reduction of environmental impacts is a
triple helix of compatibility between the market demands aiming at differentiation and
competitiveness, the awareness of the preservation of natural resources by managers, and the
economic-financial recovery of the capital invested by the owners. It is concluded that the
implementation of sustainable investments analyzed in the researched farm hotel is feasible.
However, other categories of analysis can instigate research that advances the discussion on
favorable to practices of sustainability investment of businesses in the same or similar
economic sector.
1 INTRODUÇÃO
2
escassez e disponibilidade para gerações futuras usufruir das mesmas. O estudo também
apresenta relevância teórica, já que se observou uma lacuna de pesquisa no que concerne a
análise da viabilidade de investimentos voltados à sustentabilidade em hotéis fazenda.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Sustentabilidade
Alguns métodos que podem auxiliar na economia da água, segundo Viera (2004), é a
captação da água da chuva e/ou a perfuração de poços artesianos, bem como outros processos
dentro da cozinha e lavanderia que visem à reutilização da água. A água é um bem natural de
suma importância aos seres vivos.
5
O reuso da água já é uma prática de várias pessoas pelo mundo inteiro. Além de
diminuir bastante os gastos com a conta de água, preserva-se o meio ambiente e a água
potável. Segundo Carrenho, Figueiredo e Sabino (2012) após a coleta da água de chuva, pode-
se reaproveitá-la para aguar jardins, lavar calçadas e até mesmo para utilização em descargas,
diminuindo a utilização deste bem escasso.
Um dos investimentos sustentáveis pode ser um sistema de captação da água da chuva.
Grande parte da água consumida pelo hotel fazenda é destinada a descargas, lavação de
quintais, irrigação de plantações e jardins. Segundo Kasim et al. (2014), o turismo e,
especialmente, a hotelaria, estão ligados a altos níveis de consumo de água. Porém, vários
fatores, incluindo a disponibilidade de recursos financeiros, tamanho da empresa e nível de
abastecimento, tendem a determinar a capacidade das empresas para a implementação de
sistemas sustentáveis de água.
A bicicleta é utilizada em diversos países, seja pelo seu baixo custo de aquisição e
manutenção, seja pela cultura da população, como opção aos deslocamentos diários
(FERRAZ; TORRES, 2004). Uma forma de promover o transporte sustentável no hotel
fazenda é disponibilizar aos seus clientes bicicletas para passeios ecológicos dentro e fora da
propriedade.
Uma opção interessante também é o investimento em cavalgadas. Pode-se, por
exemplo, sugerir passeios aos clientes para apresentar o hotel fazenda, fazendo um programa
que revele as belezas naturais do empreendimento de forma sustentável, utilizando o próprio
animal como um transporte.
Outra opção, são caminhadas em trilhas ecológicas e pelo entorno do hotel, assim o
cliente acaba interagindo com a fauna e a flora e apreciando as belezas naturais que o meio
ambiente lhes proporciona.
6
Existem recursos sustentáveis de baixo custo que podem trazer retorno financeiro para
o hotel. Um desses recursos é o reuso das toalhas. A conscientização dos hóspedes para
reutilizarem as toalhas de banho e de rosto mais de uma vez, se estiverem limpas, evita o
desperdício de água e economiza-se com a lavanderia. Pode-se aplicar esta mesma
conscientização para as roupas de cama.
Segundo Silva, Chitolina e Nakajima (2013), a reciclagem do lixo urbano orgânico é
uma das melhores formas para minimizar o acúmulo desse material em lixões ou aterros, que,
além de ocupar uma área que poderia ser utilizada para fins mais nobres, não oferece riscos à
saúde humana. A prática de compostagem de alimentos sólidos para adubação é uma solução
prática para reciclar resíduos gerados no hotel e já está sendo utilizada no hotel fazenda em
questão, ajudando, assim, na redução das sobras de alimentos.
Conforme dados apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA,
2012), o material orgânico corresponde a cerca de 52% do volume total de resíduos
produzidos no Brasil e tudo isso vai parar em aterros sanitários, onde são depositados com os
demais e não recebem nenhum tipo de tratamento específico. Realizando a compostagem, o
hotel estará ajudando a diminuir este volume de resíduos de material orgânico.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta pesquisa foi realizada por meio de um estudo de caso, e caracterizou-se como
uma pesquisa descritiva de natureza qualitativa. Segundo Raupp e Beuren (2006, p. 81), a
pesquisa descritiva configura-se como um estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e
a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira e nem tão aprofundada como a
segunda. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros
aspectos.
Uma pesquisa caracteriza-se como estudo de caso “pelo estudo aprofundado e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e
detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante a outros tipos de
delineamentos considerados” (GIL, 2008, p. 73). Neste estudo analisou-se apenas um caso,
um hotel fazenda de pequeno porte, localizado em uma cidade da região Sul do brasil, com
poucos investimentos sustentáveis.
Raupp e Beuren (2006, p. 92) explicam que na pesquisa qualitativa concebem-se
análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem
qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo,
haja vista a superficialidade desde último. Ainda salientam que na Contabilidade é bastante
comum o uso da abordagem qualitativa como tipologia de pesquisa, pois, apesar de a
Contabilidade lidar intensamente com números, ela é uma ciência social, o que justifica a
relevância do uso da abordagem qualitativa.
Os dados para a pesquisa foram levantados no ano de 2016, no mês de março, por
meio de entrevistas com os gestores do hotel fazenda, da observação participante e de
pesquisa documental. Pesquisa documental, segundo Lakatos e Marconi (2010, p. 174), é
aquela em que “a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não,
constituindo o que se denomina de fontes primárias”. Na observação participante, segundo
Raupp e Beuren (2006, p. 130), o investigador participa como um membro da comunidade ou
população pesquisada. A ideia de sua incursão na população é ganhar a confiança do grupo,
ser influenciado pelas características dos elementos do grupo e, ao mesmo tempo,
conscientizar a importância da investigação.
Para a entrevista foi elaborado um roteiro com perguntas ligadas às práticas
sustentáveis, a sua importância atribuída e a adequação para com os investimentos
sustentáveis propostos.
Categorias de Questões
análise
Investimentos de Em seu hotel existem práticas e investimentos sustentáveis? Quais?
sustentabilidade Você como gestor, acha viável investimentos sustentáveis?
Captação de água Possui sistema de captação de água da chuva?
da chuva
Sistema de chave Possui sistema de chaves-cartão com vistas à economia do consumo de energia elétrica?
cartão
Transporte Possuem algum tipo de transporte sustentável no hotel?
sustentável
Controle de O hotel realiza o controle dos resíduos gerados pelo empreendimento? Qual meio é
economia de gastos utilizado?
Fonte: Elaboração própria (2016).
Quadro 1: Categorias de análise e questões do roteiro de entrevistaNo instrumento de pesquisa, as
questões foram elaboradas de forma aberta para que os entrevistados pudessem discorrer de
modo livre sobre aspectos relevantes para o desenvolvimento do estudo.
Para analisar os dados foi adotada a estratégia de análise de conteúdo, conforme ensina
Bardin (2009). As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. A partir da leitura
das entrevistas foram recortados trechos do conteúdo que pudessem contribuir para elucidar a
realidade das categorias de análise foco do estudo.
Por meio da entrevista realizada com os gestores do hotel fazenda, notou-se que
algumas práticas sustentáveis já vêm sendo adotadas no empreendimento pesquisado.
Segundo um dos gestores entrevistados, no hotel já existem práticas de reciclagem do lixo,
tanto do lixo orgânico como do plástico. Há a preservação da área verde de 70% do terreno
em que se localiza o hotel fazenda. Foram implementados também equipamentos
economizadores de energia elétrica e água, como por exemplo, arejadores de torneiras,
lâmpadas econômicas e sensores de presença. Para acentuar essa constatação, segue um
trecho da exposição de um dos entrevistados:
Em nosso hotel fazenda existem algumas práticas sustentáveis, tentamos sempre
preservar a natureza. Faz-se a separação de lixo, uma empresa terceirizada vem
buscar os resíduos de plástico para o processo de reciclagem. É feito a compostagem
dos resíduos orgânicos. Disponibilizamos de uma horta orgânica, onde nossas
verduras são cultivadas sem o uso de agrotóxicos. Contamos com economizadores
de energia elétrica e de água, como sensores de presença, arejadores de torneiras e
lâmpadas econômicas, além de preservarmos 70% da área da propriedade
(Entrevistado 1).
Foi questionado se foram realizados investimentos sustentáveis específicos, como por
exemplo, o sistema de captação de água da chuva e a implantação do sistema de chave cartão.
A resposta para este quesito foi negativa, porém com interesse por parte de um dos gestores
em conhecer esses tipos de investimentos sustentáveis, já que suas despesas com água e
energia elétrica são de grande relevância no custo total do negócio. Como justificativa para
essa questão, segue o relato de um dos entrevistados:
10
desde um simples cartão chave com um preço individual de R$ 100,00, até um sistema mais
completo, que proporciona diversos controles mais sofisticados, ao preço unitário de R$
693,00. Para esses investimentos, os fornecedores pesquisados garantem o retorno do
investimento entre seis a doze meses.
O sistema de transportes sustentáveis já vem sendo adotado pelo hotel fazenda em
questão. Todavia, sugere-se uma ampliação desses investimentos já realizados pelo hotel
fazenda objeto de estudo. O retorno que esses investimentos podem trazer ao hotel fazenda é a
satisfação dos seus clientes, uma vez que essas práticas acabam se tornando uma diversão
para os clientes.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
FERRAZ, A.C.; TORRES, I. Transporte público urbano. São Carlos: Rima, 2004.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
JAYAWARDENA, C.; POLLARD, A.; CHORT, V.; CHOI, C.; KIBICHO, W. Trends and
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Tourism Themes, v. 5, n. 2, p. 132-150, 2013.
KASIM, A.; GURSOY, D.; OKUMUS, F.; Wong, A. The importance of water management
in hotels: a framework for sustainability through innovation. Journal of Sustainable
Tourism, v. 22, n. 7, p. 1090-1107, 2014.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015..
1
Avaliação de Sustentabilidade:
Eficiência Energética em Edifícios de uma Universidade Comunitária
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o grau de sustentabilidade de um edifício em uma
universidade comunitária, direcionando-se à sua eficiência energética. Por tanto, visa
contribuir para a literatura, ao dar base para a aplicação do sistema SICOGEA em outros
edifícios. Também contribui com a universidade em análise, que poderá utilizar os dados e
recomendações para sustentar a tomada de decisão relacionada à gestão de sua eficiência
energética. Quanto aos resultados encontrados, após a análise dos dados obtidos com a
aplicação de uma lista de verificação, constatou-se a sustentabilidade energética do edifício
para cada grupo e subgrupo estabelecido. O índice global de sustentabilidade da universidade
foi de 48%, o que pode ser considerado regular, ou seja, que visa atender somente a
legislação. Por isso, acredita-se que a instituição pode realizar melhorias com vistas a alcançar
um índice mais eficiente. Ao levar em consideração os itens deficitários, sugere-se as
seguintes ações: introduzir licitação sustentável; utilizar sensores de presença nos edifícios;
controlar a luminosidade; utilizar sistema de aquecimento solar da água; criar projetos
luminotécnicos; empenhar-se para a obtenção de selos e certificações; buscar evitar multas e
indenizações ambientais; e aplicar auditoria ambiental. Entretanto, esclarece-se que estas são
sugestões que devem ser levadas em consideração juntamente com questões financeiras e
dentro do planejamento da instituição, pois a análise de sua sustentabilidade financeira foi
considerada boa e, idealiza-se que permaneça.
Sustainability Assessment:
Energy Efficiency in Buildings of a Community University
Abstract
This research aims to analyze the degree of sustainability of a building in a community
university, leading to its energy efficiency. Therefore, aims to contribute to the literature, to
provide a basis for the application of SICOGEA system in other buildings. Also contributes to
the university in question that can use the data and recommendations to support decision
making related to the energy efficiency management. In relation with the results found, after
the analysis of data obtained with the use of a checklist, it was established the energy
sustainability of the building for each group and subgroup established. The overall rate of the
University sustainability was 48%, which can be classified as regular, that is, that aims to deal
with only the legislation. Therefore, it is believed that the institution can make improvements
to achieve a more efficient index. By taking into consideration the deficit items, the following
is suggested: introducing sustainable procurement; using presence sensors in buildings;
control the brightness; use solar heating system water; create lighting projects; strive to obtain
stamps and certifications; seek to avoid environmental fines and indemnity; and implement
environmental audit. However, it is clarified that these are suggestions that should be taken
into consideration with financial and within the institution planning questions, because the
analysis of financial sustainability was considered good and, idealizes that remain.
1 INTRODUÇÃO
medidas específicas para gerenciar o impacto energético neste segmento. Salienta-se que um
dos empecilhos encontrados é o fato de que muitas vezes, julga-se complexo uma equipe de
arquitetos e engenheiros trabalhar em conjunto nos aspectos multidisciplinares de uma
construção (CASALS, 2006).
Dall‟o‟, Speccher e Bruni (2012) estudaram as auditorias energéticas dos edifícios,
propondo uma metodologia para que esta seja realizada de forma adequada. Segundo os
autores, a auditoria energética tem vários objetivos, dentre eles a redução do consumo de
energia, gestão de custos e gestão do impacto ambiental (DALL‟O‟; SPECCHER; BRUNI,
2012).
Outro fator de relevância quanto a questão energética de edificações, é que este fator
tem uma parcela significativa de responsabilidade quando o objetivo é conquistar alguma
certificação ou selo ambiental, principalmente aquelas especificas deste segmento, ou seja, as
que visam prioritariamente a eficiência energética.
As instituições de ensino apresentam grande influência na sociedade, servindo como
disseminadoras do conhecimento e, portanto, como referência e intermediadora de instruções
também quanto a gestão ambiental. Em função disso, julga-se que estas deveriam ser as
primeiras a levar em consideração estes quesitos, com vistas ao alcance da sustentabilidade,
da eficiência energética e da conquistas de selos e certificações, pois assim, poderiam
influenciar futuros gestores e a sociedade como um todo na conscientização da importância e
da necessidade de adequação à estas práticas.
Com base neste contexto, esta pesquisa tem como objetivo analisar o grau de
sustentabilidade de um edifício em uma universidade comunitária, direcionando-se à sua
eficiência energética. Assim, visa contribuir para a literatura através da aplicação do sistema
SICOGEA voltado a edificações, a fim de servir como base para replicações em outros
edifícios e, desta forma, consolidar a utilização de um sistema eficaz. Também contribui de
forma prática com a universidade em análise, uma vez que esta poderá utilizar os dados e
recomendações apresentados para sustentar a tomada de decisão relacionada à gestão de sua
eficiência energética.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
aquelas referentes à energia. No que tange a eficiência energética, diversas medidas são
passíveis de adaptação e ajustamento, como por exemplo a troca de instalações, iluminação,
equipamentos eletrônicos, entre outros. Porém, tanto para avaliar a sustentabilidade dos
edifícios quanto para gerenciar os recursos disponíveis, torna-se necessário a existência de um
sistema de gestão ambiental.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O índice encontrado neste cálculo deve ser analisado conforme descrição da Tabela 3.
Após esta etapa, identifica-se os itens mais deficitários e os mais satisfatórios no que
se refere à sustentabilidade predial da instituição, e apresenta-se um parecer geral dos
mesmos. Além do mais, a análise dos itens deficitários propicia a identificação de
possibilidades de melhorias do processo, auxiliando a gestão para sua adequação.
Com base nos procedimentos acima descritos, realiza-se a análise dos dados obtidos
na aplicação da lista de verificação, para identificar a sustentabilidade energética do edifício
em cada grupo e subgrupo estabelecido.
Neste sentido, o grupo “prestação de serviço” obteve um índice de sustentabilidade de
49%, caracterizando-se como o grupo com maior índice de sustentabilidade na instituição. No
entanto, cabe destacar que este percentual corresponde a um índice considerado regular, se
observadas as faixas estabelecidas na Tabela 3. Isso significa que a sustentabilidade predial
para este requisito, concebe-se de tal forma que atende somente a legislação.
8
42%
Licitação sustentável;
Sensores de presença nos edifícios;
Controle da luminosidade;
Sistema de aquecimento solar da água;
Projetos luminotécnicos;
O empenho para a obtenção de selos e certificações;
Evitar multas e indenizações ambientais;
Auditoria ambiental
Entretanto, esclarece-se que estas são sugestões que devem ser levadas em
consideração juntamente com questões financeiras e dentro do planejamento da instituição,
pois a análise de sua sustentabilidade financeira foi considerada boa e, idealiza-se que
permaneça.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DALL‟O‟, G.; SPECCHER, A.; BRUNI, E. The Green Energy Audit, a new procedure for the
sustainable auditing of existing buildings integrated with the LEED Protocols. Sustainable
Cities And Society, v. 3, p.54-65, 2012. Disponível em:
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PITT, Michael et al. Towards sustainable construction: promotion and best practices.
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Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1108/14714170910950830>. Acesso em: 03 abr. 2016.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Resumo
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) apresenta a contribuição social de uma
organização para quatro principais stakeholders: funcionários, governo, valor destinado a
terceiros e valor destinado aos acionistas. Já a marca é um ativo intangível e para que se
alcance valorização é necessário obter confiança, ética, convivência, interdependência e
outros fatores que influenciam sua avaliação no mercado. Assim, é por conta do
reconhecimento da marca pela sociedade que a empresa deveria ter o compromisso de
devolver parte da riqueza à comunidade, uma vez que a mesma participou de sua construção.
Tendo em vista o tema, a presente pesquisa tem o objetivo de verificar qual é a correlação
entre a distribuição da riqueza e o valor das marcas mais valiosas do mercado brasileiro. Para
isso foi aplicado o coeficiente de correlação de Pearson às variáveis analisadas. Deste modo, a
destinação da riqueza total atingiu uma correlação fraca com o valor da marca e uma
correlação moderada para as destinações a capitais próprios e a funcionários com valor da
marca. Também foi constatado que a maior quantia distribuída foi relativa a impostos, taxas e
contribuições e o grupo que deteve a menor destinação foi o capitais de terceiros.
Value Added Statement (VAS): study on the distribution of wealth in the companies
with the most valuable brands in the Brazilian market
Abstract
The Value Added Statement (VAS) presents the social contribution of an organization to four
main stakeholders: employees, government, amount allocated to third parties and value for
shareholders. Already the brand is an intangible asset and for achieving enhancement is
necessary to obtain trust, ethics, coexistence, interdependence and other factors that influence
their assessment on the market. Thus, it is because of the brand recognition by society that the
company should have a commitment to return part of the wealth to the community, since it
2
participated in its construction. In view of the subject, this research aims to find what is the
correlation between the distribution of wealth and the value of the most valuable brands in the
Brazilian market. For this we applied the Pearson correlation coefficient of the variables
analyzed. Thus, the allocation of total wealth reached a low correlation with the value of the
brand and a moderate correlation for allocations to equity and employees with the brand
value. It was also found that the largest amount was distributed on taxes and contributions and
the group stopped the smallest allocation was the third party capital.
1 INTRODUÇÃO
quaisquer cenários. Sentimentos esses que tornam a marca, ativos intangíveis de difícil
mensuração e com características particulares, o que faz com que as empresas de diferenciem
uma das outras e influenciem o modo de participação dos stakeholders.
Os gestores buscam diferenciar seus produtos e serviços de seus concorrentes,
diferenças que influenciam na tomada de decisão do cliente. O principal fator que reluz nesse
cenário é a marca de uma empresa, que exprime no símbolo, produto ou nome a identidade da
empresa. Identidade essa que detém a “impressão digital” que diferencia as empresas.
O estudo tem por justificativa saber como as empresas analisadas se relacionam com a
sociedade e o reflexo nas avaliações de suas marcas. Para averiguar a relação com a sociedade
são utilizadas as destinações das riquezas das organizações expostas nas DVA.
O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, o primeiro aborda a introdução,
em que é definido o tema, problema, objetivo e justificativa bem como a organização do
artigo. O segundo capítulo trata da fundamentação teórica. Na terceira parte tem-se a
metodologia que indica a técnica para a análise dos dados coletados. O quarto capítulo aborda
a análise e discussão dos resultados, em que se estuda a destinação das riquezas nas empresas
analisadas. O último capítulo encerra o trabalho com as considerações finais, trazendo
também possíveis propostas para pesquisas futuras.
2 REVISÃO DA LITERATURA
levantamento do tema nos congressos e periódicos que detém relevância no cenário brasileiro.
Os autores concluíram que a partir de 2007 houve o crescimento das pesquisas, mas são
incipientes os estudos sobre o tema. Da mesma forma há diferentes pontos de vista sobre o
valor da marca. Alguns autores focam na visão do consumidor sobre o valor, outros se
utilizam de conceitos e abordagens, e há também estudos com a abordagem de cunho
financeiro e contábil, tendo como base a visão da firma.
3 METODOLOGIA
Itau
Bradesco
Petrobras
Banco do Brasil
Natura
Vico
Renner
Oi
Cia hering
Fonte: Autores
Figura 1 - Valor Adicionado total a distribuir
8
O setor financeiro (Itaú, Bradesco e Banco do Brasil) apresenta a segunda maior média
dos setores analisados, devido a grande participação na economia nacional. A empresa
Petrobras é a única empresa que representa o setor de energia, entretanto, obteve os maiores
valores referentes ao total, média, valor máximo e mínimo das destinações, fato justificado
pelo monopólio nacional na comercialização de petróleo e derivados.
4.2 Modo de destinação aos grupos: pessoal, governo, capitais de terceiros e capitais
próprios
Em todos os anos pesquisados, o principal destino das riquezas foi para o Governo na
forma de impostos, taxas e contribuições. Em relação ao grupo que obteve menos destinação
há o destaque para os Capitais de Terceiros entre os anos de 2010 a 2015 (Figura 2). Pode-se
identificar que a destinação para os funcionários foi a segunda maior, seguida pela destinação
aos acionistas que ficou em terceiro, levando como base o total destinado.
9
R$ 1.000.000.000
R$ 900.000.000
R$ 800.000.000
R$ 700.000.000
R$ 600.000.000
R$ 500.000.000
R$ 400.000.000
R$ 300.000.000
R$ 200.000.000
R$ 100.000.000
R$ -
Pessoal Impostos,Taxa e Capitais de Terceiros Capitais Próprios
contribuições
Fonte: Autores
Figura 2 - Destinação das riquezas entre os quatro grupos (em milhares de R$)
Nos seis anos consecutivos, a marca mais valiosa foi a Itaú seguida pelo Bradesco, em
segundo lugar, em que o valor máximo da Itaú foi observado em 2015 com a quantia de
24,544 bilhões de reais, como é representado na Tabela 5.
10
A empresa que obteve menor valor da marca até 2013 foi a Hering e nos dois anos
seguintes a Oi, que obteve a marca menos valorizada (Tabela 6).
No decorrer dos seis anos foi identificado ainda que o Banco do Brasil se valorizou
mais em relação à Petrobras, assumindo a terceira posição a partir de 2012. A Natura também
se destacou em relação a sua marca, ultrapassando a Petrobras nos últimos dois anos. Deste
modo, há uma clara desvalorização da única representante do setor de energia, no presente
estudo.
A Figura 3 esboça as maiores marcas das empresas investigadas, o que vai ao encontro
da Tabela 6.
11
Itau
Bradesco
Petrobras
Banco do Brasil
Natura
Vico
Renner
Oi
Cia hering
Fonte: Autores
Figura 3 - Valor das marcas
A Tabela 7 retrata a hegemonia do setor financeiro no valor de suas marcas, pois duas
empresas que compõem o setor são as mais valiosas nos anos analisados. Há o destaque para a
Natura, a única representante do setor de cosméticos que está entre as mais bem colocadas e
sua média é próxima ao setor de energia que possui faturamentos superiores.
4.4 Correlações das variáveis: distribuição das riquezas e valores das marcas
Variáveis R múltiplo
Valor Adicionado Total a Distribuir 0,336325057
Pessoal 0,62083706
Governo 0,141299765
Remuneração de Capitais de Terceiros 0,013633826
Remuneração de Capitais Próprios 0,632661306
Fonte: Autores.
Tabela 9 - Correlação de Pearson
Portanto, a variável que possui maior correlação com os valores das marcas é a
destinação a capitais próprios com o coeficiente em 0,6326. Também, próximo a esse
coeficiente está a destinação ao pessoal com 0,6208, mostrando que os acionistas e
funcionários das empresas detém importância moderada para com o valor da marca.
5 CONCLUSÕES
Neste contexto os resultados demonstraram que não há uma forte correlação entre o
valor da marca e o total do valor a destinar, ou seja, nem sempre quando o valor de uma das
variáveis aumenta o mesmo acontece com a outra.
Mas na amostra analisada há o destaque para o coeficiente de correlação entre o valor
destinado a capitais próprios e o valor da marca, isto porque o valor da marca é um importante
ativo intangível da empresa e deve ser avaliada com cautela pelos acionistas em vista sua
influência em todas as áreas da instituição.
Verificou-se uma correlação moderada entre as riquezas destinadas ao pessoal e os
valores das marcas. O que se mostra importante, visto que o capital intelectual dos
colaboradores são fontes de inovações para as organizações e funcionários.
A destinação ao Governo e aos capitais de terceiros obtiveram correlações
desprezíveis com os valores das marcas, tendo em vista o menor grau de participação direta
na gestão ou tomadas de decisões das organizações.
Diante dos resultados, recomenda-se para trabalhos futuros, foco na análise da
correlação em um determinado setor do mercado brasileiro, como por exemplo, o setor
financeiro, que possui marcas fortes em âmbito nacional. Sugere-se também uma pesquisa
com uma amostra e em um espaço de tempo superior, fato que trará maior embasamento ao
estudo.
6 REFERÊNCIAS
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15
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Desempenho dos indicadores econômicos financeiros e a sustentabilidade
ambiental de empresas com Certificação da ISO 14001
Daniela Di Domenico
Mestre em Ciências Contábeis – FURB (didomenico@unochapeco.edu.br)
Resumo
Este estudo tem por objetivo analisar resultados dos índices econômicos e financeiros de
empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISE). Incorporando a classificação
dos relatórios de sustentabilidade ambiental do ano de 2014 por meio de um check-list da
norma a certificação da ISO 14001:2004. O estudo busca responder se empresas com índices
econômicos e financeiros satisfatórios, também se destacam na evidenciação da
sustentabilidade ambiental conforme a IS0 14001:2004. Para tanto se realizou uma pesquisa
com caráter descritivo, por meio de pesquisa documental, sendo uma análise de cunho
quantitativo. A amostra foi composta por 40 empresas listadas na BM&FBovespa com
carteira ISE no ano de 2014. Conforme resultados cerca de 54% das empresas evidenciaram
80% dos quesitos a norma ISO 14001. Observa-se que 13,5% não atingiram uma
evidenciação superior a 50% dos requisitos. Constatando que 49% das organizações se
classificaram como ótimas, 28% como boas, e 23% classificadas como regular. Os resultados
indicam que o desempenho ambiental das organizações não teve influência nos resultados
econômicos e financeiros no ano de 2014, as empresas com melhor desempenho ambiental
não obtiveram os melhores resultados financeiros. Destaca-se no entanto que as empresas
certificadas com a norma IS0 14001:2004, possuem melhor desempenho ambiental.
Abstract
This study aimed to analyze the results of economic and financial ratios of listed companies in
the Environmental Sustainability Index (ISE). Entering the classification of environmental
sustainability reports from the year 2014 through a checklist of standard certification ISO
14001: 2004. The study seeks to answer if companies with economic and financial ratios
satisfactory, also stand out in the disclosure of environmental sustainability as the IS0 14001:
2004. For that we conducted a survey of descriptive, through documentary research, being a
quantitative nature of the analysis. The sample consisted of 40 companies listed on the BM&
FBovespa ISE portfolio in the year 2014. As results about 54% of the companies showed 80%
of the questions to ISO 14001. It is observed that 13.5% did not reach a higher disclosure to
50% of requirements. Noting that 49% of organizations were classified as excellent, 28% as
good, and 23% classified as regular. The results indicate that the environmental performance
of organizations had no influence on the economic and financial results in 2014, companies
with better environmental performance not achieved the best financial results. It is noteworthy
however that the companies certified with the standard IS0 14001: 2004 have improved
environmental performance.
Keywords: economic and financial indices. environmental sustainability. ISO 14001: 2004.
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais não se pode falar em sucesso financeiro sem a inclusão da
sustentabilidade ambiental, ou seja, para manter-se no mercado é necessário além da
viabilidade econômica e financeira, a preocupação com o meio ambiente, com a utilização dos
recursos naturais e com a sociedade na qual está inserida (NASCIMENTO, 2010).
Segundo Matarazzo (2003), as análises dos resultados das demonstrações buscam
sempre trazer as principais e mais relevantes informações no momento das tomadas de
decisões, pois, conhecer e interpretar o significado de cada informação, proporciona a busca
de resultados precisos. Para se mensurar a situação econômica e financeira de uma empresa,
se utiliza dos resultados das principais demonstrações contábeis, que são Balanço Patrimonial
e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A primeira demonstração é avaliada de
um modo mais econômico, patrimonial e a segunda com percepção de situação financeira.
A análise dos índices econômicos financeiros por meio das principais demonstrações
divulgadas é um fundamental instrumento para avaliação dos desempenhos passados,
presentes e futuros da entidade. Contudo as questões ambientais, na atualidade exigem que as
empresas tenham atitude e postura diferenciada para operar com seus negócios,
desenvolvendo assim estratégias que antecipem as formas de lidar com os problemas
ambientais (SEHNM et al., 2012).
A contabilidade sendo uma ciência social procura atender as necessidades de seus
usuários. Assim, disponibiliza uma soma de demonstrativos contábeis, que são utilizado para
demonstrar além da situação econômica, financeira e patrimonial da empresa, o seu
relacionamento com o meio ambiente, imparcial de exigências legais (BEUREN et al., 2010).
Com a incorporação de variáveis ambientais na gestão e estratégia de negócios das
organizações, as mesmas garantem uma boa imagem junto aos clientes. Trazendo vantagens e
benefícios econômicos (SEHNM et al., 2012).
De acordo Macedo et al. (2008) a sociedade está atenta para a conduta das empresas.
As exigências crescem por parte dos consumidores em relação às informações sobre os
produtos e serviços oferecidos, bem como o tratamento junto aos colaboradores e
especialmente ao meio ambiente. Em épocas passadas, um acidente que causasse danos ao
meio ambiente poderia passar despercebido. Porém, atualmente a sociedade cobra
sistematicamente e constantemente uma postura ética e coerente por parte das empresas e de
seus gestores.
Neste contexto a pesquisa questiona: Qual o desempenho dos indicadores econômicos
financeiros e a sustentabilidade ambiental de empresas com certificação da ISO 14001?
O objetivo geral é analisar os indicadores econômicos financeiros e a sustentabilidade
ambiental de empresas com certificação da ISO 14001.
O estudo se justifica pelas grandes mudanças da esfera do setor econômico-financeiro
e com a sua constante mutação no cotidiano, ou seja, a busca por uma postura social correta.
Para tanto devem ser levados em consideração essencialmente os índices econômicos
financeiros e índices ambientais sustentáveis, pois estes contemplam várias áreas, como
política, social, ecológica, econômica, entre outras (FARIAS et al., 2014).
Para Brondani et al. (2006) a contabilidade possui um papel fundamental de incentivar as
empresas a implantarem gestões ambientais com o objetivo final de preservação do meio
ambiente, sem esquecerem de tratar os retornos que esta prática traz a empresa. Diante do
exposto, fica evidente a necessidade da busca pelo sucesso financeiro em conjunto com práticas
sustentáveis, garantindo assim a permanência da empresa no mercado e da preservação dos
recursos naturais.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste tópico abordam-se os conceitos e importância dos indicadores econômicos e
financeiros, bem como da sustentabilidade ambiental e de estudos correlatos relacionados ao
tema de pesquisa.
Indicadores Variáveis
Índices de Liquidez
Ativo circulante
Liquidez Corrente
Passivo Circulante
Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo
Liquidez Geral
Passivo Circulante + Passivo não circulante
Índices de Estrutura e Endividamento
Lucro Líquido
Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI)
Ativo Total
Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido Lucro Líquido
(TRPL) Patrimônio Líquido
Fonte: MARION (2012).
Quadro 3 - Índices econômicos e financeiros.
A análise foi realizada por meio de Tabelas com auxílio de software Excel, no qual
foram inseridas as respectivas variáveis relacionando os resultados coletados do check list
com as informações dos relatórios de sustentabilidade.
REFERÊNCIAS
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Resumo:
Este estudo tem por objetivo analisar o nível de disclosure ambiental das empresas
participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA do
ano de 2013. A pesquisa foi desenvolvida por meio de análise de conteúdo, através da
consulta aos relatórios anuais de sustentabilidade, disponíveis nos websites das
organizações. Foi reunida uma amostra de 30 empresas que compõe a carteira do ISE
2013, as quais suas atividades apresentam alto risco ambiental. Para atender ao objetivo
geral, examinaram-se os Relatórios de Sustentabilidade das empresas pesquisadas e
após a respectiva coleta de dados, foi calculada no Microsoft Excel a entropia da
informação, que possibilitou identificar quais informações foram mais evidenciadas
pelas companhias. Os resultados da pesquisa demonstraram que as empresas
pesquisadas apresentam em seus relatórios um nível relevante de disclosure ambiental,
porém, esperava-se que empresas participantes no ISE apresentassem um nível
fornecimento de informações maior, uma vez que este índice, segundo a
BM&FBOVESPA representa uma carteira de empresas com comprometimento com a
sustentabilidade empresarial. Igualmente, constatou-se que as empresas de auditoria
também podem contribuir para a atribuição de uma maior e melhor prestação de contas
à sociedade, no que tange à divulgação da relação da empresa com o meio ambiente.
Abstract:
This study aimed to analyze the level of environmental disclosure of participants in the
Corporate Sustainability Index companies (ISE) of BM&FBOVESPA in 2013. The
research was conducted through content analysis, by consulting annual sustainability
reports available the websites of the organizations. It has gathered a sample of 30
companies that make up the portfolio of the ISE 2013, which its activities have a high
environmental risk. To meet the overall objective, we examined whether the
2
Sustainability Reporting of the companies surveyed and after its collection data was
calculated in Microsoft Excel Entropy of Information, which enabled us to identify what
information was most evidenced by companies. The survey results showed that the
companies have in their reports a significant level of environmental disclosure,
however, was expected to companies participating in the ISE presented a supply greater
level of information, since this index, according to BM & FBOVESPA is a portfolio of
companies with commitment to corporate sustainability. Also, it was found that audit
firms can also contribute to the allocation of a bigger and better accountability to society
regarding the disclosure of the company's relationship with the environment.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
A pesquisa classifica-se quanto aos objetivos como descritiva, Gil (2008, p. 42)
relata que “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre variáveis”.
Quanto aos procedimentos a pesquisa a pesquisa trata-se como uma pesquisa
documental, que apresenta como característica principal a fonte de coleta de dados
6
restrita a documentos escritos ou não, podendo ser feita no momento em que o fato ou
fenômeno ocorre ou depois (MARCONI; LAKATOS, 2005).
Já em relação a abordagem do problema a pesquisa será uma pesquisa
quantitativa, que tem como característica o emprego de instrumentos estatísticos na
coleta e tratamento de dados, com a intenção de garantir a precisão dos resultados,
evitando distorções de análise e interpretação e procurando descobrir e classificar a
relação entre as variáveis e a relação de causalidade entre fenômenos (RAUPP;
BEUREN, 2006).
Para facilitar a coleta dos dados, a pesquisa utilizou como base um checklist de
dimensões e itens elaborados para identificar as características da evidenciação das
informações ambientais e sociais das empresas, adaptado dos estudos de Murcia et al.
(2008). Para a seleção das empresas foi utilizado como critério às empresas listadas na
carteira do ISE da BM&FBOVESPA, que vigorou de 07 de janeiro de 2013 a 03 de
janeiro de 2014. No Quadro 1 apresenta-se as empresas da amostra.
EMPRESAS
1 - Aes Tiete S.A. 16 - Even Construtora E Incorporadora S.A.
2 - Braskem S.A. 17 - Fibria Celulose S.A.
3 - Brf S.A. 18 - Gerdau S.A.
4 - Ccrs.A. 19 - Light S.A.
5 - Cemig Distribuição S.A. 20 - Natura Cosmeticos S.A.
6 - Cesp Cia Energética De São Paulo 21 - Oi S.A.
7 - Coelce Cia Energética Do Ceara 22 - Sabesp Cia Saneamento Basico Est. São Paulo
8 - Copasa Cia Saneamento De Minas Gerais 23 - Sul America S.A.
9 - Copel Cia Paranaense De Energia 24 - Suzano Papel E Celulose S.A.
10 - Cpfl Energia S.A. 25 - Telefonica Brasil S.A.
11 - Duratex S.A. 26 - Tim Participações S.A.
12 – Ecorodovias 27 - Tractebel Energia S.A.
13 - Edp Energias Do Brasil S.A. 28 - Vale S.A.
14 - Eletrobras Centrais Eletricas Do Brasil S.A. 29 - Weg S.A.
15 - Eletropaulo Metrop. Elet. São Paulo S.A. 30 - Ultrapar Participações S.A.
Fonte: Adaptado BM&FBOVESPA.
A análise dos dados foi realizada de forma segregada por meio da entropia
informacional contemplando as nove categorias do constructo. Desta forma é possível
analisar os efeitos de cada dimensão de informação ambiental e social nas questões
investigadas e no resultado do cálculo da entropia. Zeleny (1982) explica que quanto
maior for o e(di), menor é a informação transmitida e quanto mais próximo de zero for o
e(di), maior é o grau de entropia presente na questão. E no que se refere ao peso da
questão, maior peso indica diversidade na divulgação das informações e maior dispersão
do constructo e menor peso indica pouca oscilação na evidenciação das características
de divulgação.
7
Consoante a Tabela 2, verifica-se que o maior e(di) com valor de 0,9973 refere-
se a questão 8, destacando os dados sobre Gestão Ambiental presente na empresa, o que
mostra baixa entropia, ou seja, indica que das 30 empresas pertencentes à amostra, 24
evidenciaram o mesmo tipo de informação, neste caso a informação declarativa, sendo
esta, para essa dimensão, a mais evidenciada.
No processo de acondicionamento (embalagem), que corresponde a questão 10,
é verificado menor e(di) com valor de 0,9796, significando que esse item apresenta
maior dissipação da informação, indicando que os dados não estão sendo evidenciados
por algumas companhias ou elas não realizavam essas ações ambientais. Destaca-se na
Tabela 11 que nenhuma questão do constructo desse grupo atingiu a máxima entropia
e(di) igual a 1. Caso tivesse atingido, não estaria transmitindo nenhuma informação no
grupo (ZELENY, 1982).
Quando calculado o peso de cada questão em relação ao total de questões da
categoria Sistemas de Gerenciamento Ambiental, observa-se que as que apresentaram
os maiores pesos foram as questões 10 e 7, sendo 0,4096 e 0,2157 respectivamente,
demonstrando que as mesmas possuem maior entropia informacional, ou seja, houve
uma diversificação de evidenciação de informação sobre o processo de
acondicionamento (embalagem) e Auditoria Ambiental, prevalecendo à ausência de
informação nestas questões.
Correspondente à categoria Impacto dos Produtos e Processos no Meio
Ambiente, demonstra-se na Tabela 3, os resultados da entropia informacional:
tipo de informação, neste caso a informação declarativa. Dessa forma, nessa dimensão,
este tipo de informação foi mais evidenciada. Na questão 44, referente a gerenciamento
de florestas/reflorestamento, é constatado menor e(di) com valor de 0,9852,
apresentando maior dissipação da informação e demonstrando que as informações sobre
esta questão não estão sendo evidenciadas por algumas companhias ou, ainda, elas não
realizavam essas ações ambientais. Destaca-se também na Tabela 18, que nenhuma
questão do constructo desse grupo atingiu a máxima entropia e(di) igual a 1.
Deste modo, constatou-se semelhança com os resultados encontrados no estudo
de Gubiani et al. (2010), no qual se destaca que as subcategorias possuem menção sobre
sustentabilidade ambiental e conservação de biodiversidade. Estas subcategorias foram
bastante evidenciadas pelas empresas pertencentes ao estudo. Em contrapartida, ainda
neste estudo, localizaram-se pouquíssimas evidenciações a respeito dos stakeholders e
sobre o gerenciamento de florestas/reflorestamentos.
Consequentemente, ao se calcular o peso de cada questão em relação ao total de
questões da categoria Outras Informações Ambientais e Sociais, verifica-se que
apresentaram os maiores pesos as questões 44 e 45, sendo 0,4811 e 0,3162,
respectivamente, atestando maior entropia informacional, expressando que há
diversidade de informações entre a ausência de informação, a informação declarativa e a
informação quantitativa monetária e não monetária.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Resumo
O objetivo deste artigo é verificar se os impactos prováveis presentes dos Estudos Prévios de
Impacto Ambiental (EIAs) e Relatórios de Impacto Ambiental (RIMAs), a partir de sua data
de emissão, estão evidenciados nas demonstrações contábeis, nas notas explicativas e nos
relatórios de sustentabilidade de empresas brasileiras no setor de papel e celulose. A
metodologia é de abordagem qualitativa, com dados secundários, pois realiza-se uma pesquisa
exploratória nos demonstrativos e relatórios. A escolha das empresas ficou restrita às
empresas que obtiveram licenciamento ambiental, com os respectivos estudos e relatórios de
impacto ambiental, emitidos após o ano de 2010. Assim dentre as sete empresas listadas na
BM&FBovespa, apenas três desenvolveram um novo projeto de ampliação ou expansão das
unidades, Klabin S.A., Fibria Celulose S.A. e Suzano Papel e Celulose S.A. Na análise,
verificou-se que as empresas divulgaram a existência de investimentos e gastos ambientais, e
ainda que a Klabin S.A. e a Fibria Celulose S.A. demonstraram uma maior preocupação,
frente à sociedade, ao divulgarem as multas e ações judiciais incorridas. Além disso, a Klabin
S.A. apresentou maior transparência na divulgação dos impactos prováveis, constantes no
RIMA, advindos do novo projeto. Os resultados demonstraram que, as divulgações dos
impactos ambientais negativos ocorridos não se encontram identificados, apontando falta de
transparência na evidenciação dos fatos ambientais.
Abstract
The purpose of this article is to verify if the likely impacts present on the Environmental
Impact Statement (EIS) and Environmental Impact Reports (EIR), from the date of issue, are
disclosed in the financial statements, the accompanying notes and sustainability report of
Brazilian companies in the paper and cellulose industry. The methodology is a qualitative
approach, using secondary data as an exploratory research is carried out in the statements and
reports. The choice of companies was restricted to companies that have obtained
environmental licensing, with their statements and reports of environmental impact, issued
after 2010. Thus among the seven companies listed on the BM & FBOVESPA, only three
developed a new expansion project or expansion of units, Klabin SA, Fibria Celulose SA and
Suzano Papel e Celulose SA in the analysis, it was found that the companies disclosed the
existence of investments and environmental costs, and that Klabin SA and Fibria Celulose SA
2
have shown a greater concern, front company to disclose the fines incurred and lawsuits. In
addition, Klabin SA showed greater transparency in the disclosure of the likely impacts,
contained in the EIR, arising from the new project. The results showed that the disclosures of
the negative environmental impacts are not identify, it indicates a lack of transparency in the
disclosure of environmental facts.
1 INTRODUÇÃO
Algumas atividades desempenhas pelas empresas são consideradas como impactantes
para o meio ambiente (Lei nº 10.165/2000), o que torna obrigatória a licença ambiental, pois
existirá interação da referida atividade com o meio ambiente. Assim, de acordo com a
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 001/86 deverão ser
realizados o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA), os quais deverão ser submetidos à aprovação do órgão público competente.
O EIA é construído por equipe multidisciplinar habilitada, que não tenha ligação direta
ou indireta com os solicitantes do projeto. Dessa forma, conforme Resolução CONAMA
001/86, o estudo visa levantar impactos negativos e positivos, como também as medidas
mitigadoras decorrentes do funcionamento do empreendimento. Tal levantamento leva em
consideração as condições do solo, subsolo, ar, águas, clima, formas de vida, meio biológico,
ecossistemas naturais e meio socioeconômico.
O RIMA, por sua vez, contém as conclusões do EIA, de uma linguagem de fácil
entendimento e menos técnica, para a verificação das vantagens e desvantagens ambientais,
sociais e econômicas, antes da implantação do empreendimento. Conforme ocorrerem os fatos
mencionados no RIMA, deverá haver, por parte da empresa, a evidenciação dos mesmos nas
demonstrações contábeis, notas explicativas e relatórios de sustentabilidade. De modo que , a
inclusão dessas, propiciarão maior transparência por parte do empreendedor sobre os
impactos de suas atividades e uma possível demonstração de responsabilidade
socioambiental.
Portanto, o objetivo da pesquisa consiste em verificar se as informações presentes dos
EIAs e RIMAs , estão evidenciadas nas demonstrações contábeis, notas explicativas e
relatórios de sustentabilidade de empresas brasileiras do setor de papel e celulose. Com intuito
de identificar o posicionamento das empresas frente à transparência e comprometimento com
a responsabilidade socioambiental.
Atualmente, a sociedade vem exigindo informações sobre o uso e a exploração dos
recursos naturais. Diante da necessidade de informações a respeito da sustentabilidade
ambiental, as empresas estão utilizando essa ferramenta como um diferencial competitivo.
Segundo Carvalho (2005), todas as empresas, no futuro perceberão que interagem com a
natureza, e será por meio da contabilidade que acontecerá tal interação, com a divulgação para
todos os usuários, inclusive sociedade, da informação contábil.
Em função da pouca exploração do presente tema nas pesquisas e a fim de saber
identificar se há responsabilidade socioambiental ou se essas apenas cumprem o que consta
nas normas e leis do seu segmento, ao que se refere ao meio ambiente, justifica-se um
aprofundamento da evidenciação contábil em relação aos impactos ambientais provocados por
atividades de algumas empresas, como no setor de papel e celulose, considerados
potencialmente poluidores.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Evidenciação dos fatos ambientais
A contabilidade ambiental tem por função, dentre outras, evidenciar os fatos que
acontecem ao se desenvolver um projeto, levando em consideração o meio ambiente
(COSTA, 2012). O objetivo é trazer aos usuários internos e externos informações de fatos
ambientais que causam alteração no resultado patrimonial, através da verificação do
patrimônio ambiental, bens, direitos e obrigações das empresas em relação ao meio ambiente/
uso de recursos naturais.
Ao identificar, avaliar e registrar na contabilidade os investimentos, gastos, multas e
obrigações decorrentes da interação do meio ambiente - tendo em vista que esses afetam o
patrimônio e o resultado da empresa - é possível obter melhor informação do desempenho e
auxílio na tomada de decisão, bem como ajudar na direção de medidas na preservação do
meio ambiente. O levantamento dos impactos ambientais não é obrigatório na divulgação dos
demostrantivos contábeis, mas, para uma melhor transparência junto à sociedade, as empresas
optam por divulgá-los (SILVA, 2008).
Os ativos ambientais, para Costa (2012, p.54),
[...] representam os estoques dos insumos, peças e acessórios etc. utilizados no
processo de eliminação ou redução dos níveis de poluição; os investimentos em
máquinas, equipamentos, instalações etc., adquiridos ou produzidos com intuição de
amenizar os impactos causados ao meio ambiente; os gastos com pesquisas, visando
ao desenvolvimento de tecnologias modernas, de médio e longo prazo, desde que
constituam benefícios ou ações que irão refletir em exercícios seguintes.
O autor ainda destaca que as características dos ativos ambientais mudam de uma
empresa para outra, pois existem diferentes atividades econômicas, com diversos processos
operacionais. As contas do ativo ambiental classificam-se em: estoques ambientais,
investimento ambiental, imobilizado ambiental, depreciação, amortização e exaustão
acumulada ambiental.
Já os passivos ambientais referem-se, conforme Ribeiro (2005),
[...] aos benefícios econômicos ou aos resultados que serão sacrificados em razão da
necessidade de preservar, proteger e recuperar o meio ambiente, de modo a permitir
a compatibilidade entre este e o desenvolvimento econômico, ou em decorrência de
uma conduta inadequada em relação a estas questões (RIBEIRO, 2005, p. 75).
O passivo ambiental decorre de obrigações presentes ou fatos passados no intuito de
recuperar, reparar danos ambientais, ou ainda gastos com gestão ambiental. As contas do
passivo ambiental se classificam em: provisões ambientais, degradação ambiental, obrigações
fiscais ambientais e indenizações ambientais. O autor ainda acrescenta a conta contingências
ambientais - ativos contingentes e passivos contingentes - que podem ser ativas ou passivas e
só podem ser evidenciadas caso possam ser valoradas, em sentido contrário deve aparecer nas
notas explicativas. Nessa conta, estão os possíveis danos ambientais em consequência de um
evento futuro, podendo ser negativos ou positivos, que condizem com perda ou ganho para a
empresa (CARVALHO, 2010).
As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas nº 15 (NBC T 15 -
INFORMAÇÕES DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL), aprovada pela resolução nº
1003/2004, trazem, obrigatoriamente, porém de forma complementar as demonstrações
contábeis, a evidenciação de informações no relatório de sustentabilidade, anteriormente
como balanço social. Conforme resolução nº 1003/04 do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) – NBC T 15.1,
4
Autor/Ano Estudo
Nossa O autor desenvolveu uma pesquisa de conteúdo nos relatórios ambientais de empresas
(2002) brasileiras e internacionais do setor de papel e celulose para analisar e identificar as diferenças
nas práticas atuais de evidenciação de informações ambientais nos relatórios ambientais
específicos e ralatórios anuais.
Freitas e Os autores pesquisaram se há contabilização de investimentos e despesas com conservação nos
Strassburg processos operacionais para melhoramento do meio ambiente, recuperação e preservação dos
(2007) ambientes impactados. As empresas analisadas foram do setor de papel e celulose: Aracruz,
Klabin, Ripasa, Suzano e Votorantim. No resultado, constataram que há evidenciação, porém
direcionadas ao reflorestamento, com vista em futuras áreas para produção da matéria prima, o
que não confirma a conservação e recuperação da biodiversidade.
Rover et Verificaram as informações ambientais divulgadas de forma voluntária pelas empresas listadas
al. na BOVESPA com atividade de impacto ambiental. A pesquisa foi realizada com base nas
(2008) informações das DFPs de 2006 e, os resultados evidenciam que o grupo com maioria de
sentenças é a de políticas ambientais e, informações financeiras ambientais. E que, a maior
parte das informações é declarativa, positiva, confirmando com a Teoria do Disclosure
Voluntário.
Carvalho Investigou responsabilidades ambientais de uma Sociedade Anônima obrigada à
(2010) apresentação de licenciamento ambiental e seu resultad, tendo em vista a caracterização de
evidenciar os fatos ambientais. A análise ocorreu em cinco empreendimentos: processador de
oleaginosas; construção civil de um shopping center; ampliação de uma avenida e construção
de um shopping; exploração mineral, fabricação e comércio de cimento; e implantação de
agricultura irrigada. Foram encontrados 60 impactos negativos, evidenciando dois grupos de
contas: passivo e PL, 92% para contas do passivo e 8% para a reserva para contingências
ambientais.
Santos et Verificaram se a identidade corporativa ambiental das empresas brasileiras de capital aberto
al. (2012) esclarece o grau de disclosure verde, das 100 maiores empresas do ranking da Revista Exame
de julho de 2010. Os resultados indicaram que as empresas constantes ISE da BM&FBovespa
apresentam graus elevados de disclosure do que as não listadas. Concluíram que as empresas
com forte identidade social corporativa ambiental são as com maior divulgação de informações
socioambientais ou nível de disclosure verde.
Barbosa A pesquisa analisou empresas do setor de papel e celulose, Suzano, Irani, Klabin,
(2014) Melhoramentos, Fibria, verificando o cumprimento da NBC T-15. Os resultados indicaram que
as empresas apresentaram mesmo grau de divulgação, com seis dos oito itens exigidos pela
NBC T-15. Houve maior evidenciação do item investimentos e gastos com manutenção foram
apresentados pela Irani, Klabin, Fibria e Suzano.
Rossi e Evidenciaram a importância de contabilizar os acontecimentos ambientais de maneira objetiva
Rios e clara em empresas de papel e celulose e petróleo e, se demonstraram como deveriam, segundo
(2014) normas contábeis, os fatos ambientais para a comunidade e investidores. Dentre os resultados,
a Petrobrás, se refere de maneira teórica às questões ambientais, a Klabin investe em torno de
3% em meio ambiente e, em esporte 7% e a Suzano, destina 40% da área total reserva como
preservação ambiental.
Fonte: Autores.
Quadro 1 - Pesquisas anteriores sobre evidenciação e responsabilidade socioambiental
7
3 METODOLOGIA
O presente artigo é de abordagem qualitativa, utilizando dados secundários, pois se
trata de uma pesquisa exploratória nos demonstrativos de EIA, RIMA, demonstrativos
contábeis, relatório de sustentabilidade e notas explicativas, os quais encontram-se nos sites
oficiais das empresas. Além disso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, baseada em leis,
decretos, resoluções, conceitos contábeis e ambientais.
Foram selecionadas empresas de Sociedade Anônima, de capital aberto, que têm
obrigações legais de divulgação dos demonstrativos, inicialmente, a partir das sete empresas
listadas no site da BM&FBovespa, no setor de papel e celulose, por ser este considerado um
setor potencialmente poluidor. As empresas Celulose Irani S.A., Cia Melhoramentos de São
Paulo, Fibria Celulose S.A., Klabin S.A., Santher Fabricação de Papel Santa Terezinha S.A.,
Suzano Holding S.A. e Suzano Papel e Celulose S.A. fizeram parte deste estudo.
A análise ficou restrita às empresas que obtiveram licenciamento ambiental, como
previsto na Resolução CONAMA 001/86, com os respectivos EIAs e RIMAs, emitidos após o
ano de 2010. Como o período de análise considerado foi a partir da data constante dos
documento, com isso, as empresas que solicitaram o RIMA foram: Fibria Celulose S.A., com
relatório emitido em 29/04/2011; Klabin S.A, emissão em 27/04/2012, e, Suzano Papel e
Celulose S.A., em 03/05/2010.
A análise dos dados foi realizada mediante a apresentação de um quadro com os
impactos prováveis encontrados dos estudos prévios e relatórios de impacto ambiental e, com
base em tais informações, foi verificado se tais fatos foram evidenciados nos demonstrativos
contábeis, relatórios de sustentabilidade e notas explicativas. Contudo, também investigado o
posicionamento das empresas frente à transparência e comprometimento com a
responsabilidade socioambiental.
divulgados de 2010 a 2014, pela Klabin S.A., Fibria Celulose S.A. e Suzano Papel e Celulose
S.A..com intuito de identificar os impactos ambientais da implantação do novo projeto,
segundo constam no RIMA e ainda, o posicionamento das empresas frente à responsabilidade
socioambiental.
A Fibria Celulose S.A. informou a obtenção do licenciamento ambiental para o projeto
Três Lagoas, no relatório de sustentabilidade de 2011. Enquanto que nos documentos de 2012
e 2013, houve apenas o informativo de que a “empresa está preparada para, no momento
oportuno, expandir sua capacidade de produção com o projeto de ampliação em Três Lagoas”
(FIBRIA, 2011; 2012; 2013). O RIMA emitido pela empresa para ampliação da unidade
industrial de Três Lagoas II - Mato Grosso do Sul, no relatório de sustentabilidade do ano de
2014 consta que o projeto está em fase de avaliação e estudos técnicos, e que não foi colocado
em prática até o momento. A empresa divulgou em 14 de maio de 2015, a aprovação da
construção da nova linha de produção de celulose da unidade Três Lagoas II, que estima
iniciar as funções no final de 2017 (FIBRIA, 2014a).
No relatório de sustentabilidade da Klabin S.A., sobre o novo projeto denominado de
Projeto Puma, consta que em 2012, houve elaboração do EIA e RIMA, “que avaliou
multidisciplinarmente aspectos sociais, históricos e ambientais tais como a qualidade da água,
do ar e do solo do local de instalação, nível de ruído, investigação arqueológica, entre outros
elementos passíveis de monitoramento com a implementação da fábrica” (KLABIN, 2012).
Em 2013, no relatório de sustentabilidade, a empresa informou o início da construção do novo
projeto, além do destaque para a relevância de identificar os impactos do transporte e contar
com atendimento a necessidades socioambientais do Projeto Puma (KLABIN, 2013).
Enquanto em 2014, a referida empresa divulgou a realização do diagnóstico
socioambiental, onde mencionaram os temas relevantes sobre os possíveis impactos do
Projeto Puma na comunidade, que “são do âmbito dos direitos humanos – renda média;
emprego e renda; atendimento médico e hospitalar; sistema educacional; violência e drogas;
violência no trânsito; e fortalecimento da cultura local” (KLABIN, 2014a).
A Suzano Papel e Celulose S.A. divulgou, em 2010, a solicitação do licenciamento
ambiental para ampliação do projeto Unidade Imperatriz - Maranhão, conforme relatório de
sustentabilidade. Em 2011, houve a solicitação do licenciamento ambiental, e o projeto
encontra-se em andamento, com o início da operação previsto para 2013. No final de 2012, a
unidade Imperatriz estava com 92% concluído do avanço físico das obras de infraestrutura,
que contam com uma equipe de gestão integrada de riscos, que fazem o mapeamento e
monitoramento, com planos de ação para a mitigação dos impactos. O projeto Unidade
Imperatriz começou a operar em dezembro de 2013 e, iniciou suas atividades certificada pelo
FSC® (Forest Stewardship Council®). Em 2014, constam as informações de funcionamento
da Unidade Imperatriz, conforme ocorrem sobre as outras unidades em operação (SUZANO,
2010; 2011; 2012; 2013; 2014a).
Em relação às terras da Klabin S.A., segundo relatório de sustentabilidade de 2014,
como descrito na Tabela 2, totalizaram 491 mil hectares, sendo 211 mil hectares de florestas
nativas preservadas e 239 mil hectares de florestas plantadas, cerca de 43% de áreas
preservadas. No período, foram plantados 16 mil hectares, sendo 14 mil hectares em terras
próprias e parcerias, e 2 mil hectares em terras de terceiros (KLABIN, 2014a).
A Fibria Celulose S. A. mantém em torno de 35% de suas áreas conservadas, ou seja,
346 mil hectares (Tabela 2), por meio de proteção, restauração, manejo e integração, a partir
de plantios florestais, buscando também diminuir as pressões externas e os fatores de
degradação que possam atuar sobre esses fragmentos. A empresa realizou a restauração de
10.641 hectares até o final de 2014, informando também que a biodiversidade existente nas
9
áreas florestais é objeto de estudo e monitoramento que visam proteger, conhecer e ampliar as
espécies de fauna e flora nativas (FIBRIA, 2014a).
A área florestal das empresas estudadas, em 2014 (Tabela 2) estão mencionadas no
relatório de sustentabilidade, as terras da Suzano Papel e Celulose S.A. somaram cerca de
1,06 milhão hectares, sendo 463 mil hectares de florestas preservadas, 519 mil hectares de
florestas plantadas e 78 mil hectares plantadas em Programa de Parceria Florestal. Do total de
1,06 milhão hectares, 40% são reservados à preservação dos biomas, Amazônia, Mata
Atlântica, Cerrado e áreas transicionais, e 38 mil destinados para infraestrutura. Ainda no ano
de 2014, diz ter firmado o compromisso ambiental de recuperar e preservar aproximadamente
3,6 mil hectares de espécies nativas de Cerrado e Mata Atlântica até 2020 no Estado de São
Paulo (SUZANO, 2014a).
As florestas próprias e todo o ciclo da produção da Klabin S.A. são certificadas pelo
Forest Stewardship Council® (FSC®), desde 1998, que se refere as práticas de manejo
florestal. No relatório de sustentabilidade, encontra-se divulgado um projeto ocorrido em
2014, no qual a empresa auxiliou 42 produtores fomentados a receberem também a
certificação, da região do Médio Tibagi - Paraná. Por meio desse projeto a empresa foi
indicada pela Carbon Disclosure Project (CDP), desde 2006, como a que mais incentivou as
boas práticas de manejo florestal e assegurou pelo segundo ano consecutivo a sua presença no
Guia Exame de Sustentabilidade. O objetivo que a empresa almeja é alcançar 100% da
madeira utilizada no processo de produção certificada, para garantir uma cadeia de valor livre
de desmatamento, além disso foi eleita pelo Guia Você S/A como uma das 150 melhores
empresas para você trabalhar no Brasil, o qual foi desenvolvido pela Fundação Instituto de
Administração da Universidade de São Paulo (FIA), em conjunto com a Editora Abril, que
valoriza o comprometimento e a qualidade da liderança e dos colaboradores (KLABIN,
2014a).
Em relação às reclamações e queixas, como divulgado no relatório de sustentabilidade
de 2014 pelos canais de ouvidoria das unidades florestais (SC, PR e SP) sobre impactos
ambientais, foram um total de 337, das quais 334 foram consideradas procedentes e dessas
293, solucionadas. Além disso, houve 328 reclamações e denúncias, consideradas
procedentes, relacionadas à impactos na sociedade, das quais 324 foram solucionados
(KLABIN, 2014a).
No relatório de sustentabilidade de 2010, a Klabin S.A. divulgou o Balanço Social
Anual, Modelo IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), onde está
informado o grupo Indicadores Ambientais evidenciando investimentos em meio ambiente,
relacionados com a operação e produção, porém nos anos de 2011 e 2012, constam
divulgados como Investimento Ambiental, na tabela dos Principais Indicadores. Ao analisar o
relatório de sustentabilidade de 2013, detectou-se que a empresa investiu em tecnologia e
iniciativas de proteção ambiental, o que se subentende por investimento ambiental. No ano de
2014, trouxe investimentos e gastos ambientais para proteção ambiental. Além disso, em
10
2013, divulgou uma multa referente à infração administrativa determinada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por ultrapassar o limite tolerável na produção de
corretivo de acidez/ lama de cal. (KLABIN, 2010; 2011; 2012; 2013; 2014a).
Conforme informado no relatório de sustentabilidade foi divulgado que em janeiro de
2014, as ações da empresa passaram a ser negociadas no Nível 2 de Governança Corporativa
da BM&FBovespa e que, desde 2002 a empresa integrava o Nível 1. Informam ainda que
integraram pela segunda vez a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) que
reune as ações das empresas que destacaram-se pelo alto nível de comprometimento com a
sustentabilidade, e em 2015 continua na carteira do ISE em vigor entre 5 de janeiro de 2015 e
2 de janeiro de 2016 (KLABIN, 2014a).
Em relação à implantação do Projeto Puma na cidade de Ortigueira - PR (Tabela 3),
obteve avanços significativos nas obras de construção da nova unidade industrial de celulose
com o custo previsto de R$ 7,2 bilhões. Desse valor, até o final de 2014, 31% representaram o
desembolso financeiro e 38% o físico da obra. As principais áreas de terraplanagem tiveram
seu processo concluído, enquanto as fases de construção civil e preparação das fundações
começaram no início de 2014 e seguiram ao longo do ano e os gastos efetuados pelas obras do
Projeto Puma em 2014, totalizaram R$ 2,4 bilhões, os quais constam evidenciados como
obras e instalações em andamento, conforme notas explicativas, na composição do Ativo
Imobilizado, com isso encontra-se nas demonstrações contábeis no Balanço Patrimonial. A
fábrica acrescentará 1,5 milhão de toneladas de celulose à capacidade com inauguração e
início de produção previstos para o início de 2016 (KLABIN, 2014a; 2014b)
No relatório de sustentabilidade de 2011, a Fibria Celulose S.A. divulgou que decidirá,
a data para a implantação do projeto na unidade Três Lagoas, no final de 2012, com
investimento previsto em R$ 3,6 bilhões (FIBRIA, 2011).
Os gastos efetuados, com o Projeto Unidade Imperatriz - MA em 2014, conforme
notas explicativas da Suzano Papel e Celulose S.A. totalizaram cerca de R$ 4,8 bilhões
(Tabela 3), os quais foram evidenciados na conta Imobilizado em Andamento, conta essa que
está evidenciada no Ativo Imobilizado no Balanço Patrimonial, como consta nas
demonstrações contábeis de 2014 (SUZANO, 2014b).
qual verifica a intensidade de emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa). A empresa informa
também que foram listadas na carteira do ISE da BM&FBovespa, por dez anos consecutivos.
Houve ainda diversos reconhecimentos pela maneira de atuar como constam do relatório de
sustentabilidade de 2014, concedido por revistas e jornais como: os rankings Valor 1.000,
efetuado pelo jornal Valor Econômico, trata-se das 1.000 Maiores Empresas de 2014;
Melhores e Maiores, revista Exame; Melhores do Agronegócio, como a melhor companhia do
setor de Papel e Celulose pela revista Globo Rural; Destaques do Setor na categoria
Responsabilidade Socioambiental, prêmio dado pela ABTCP – Associação Brasileira Técnica
de Celulose e Papel (SUZANO, 2014a).
Foi analisada, a Fibria Celulose S.A. e conforme mencionado no relatório de
sustentabilidade de 2014, que é resultante da incorporação da Aracruz Celulose S.A. pela
Votorantim Celulose e Papel S.A., iniciando oficialmente as atividades no dia 1º de setembro
de 2009, resultando na criação da líder global em produção de celulose no mercado (FIBRIA,
2014a). Ao avaliar as notas explicativas da empresa foi verificada a existência de práticas
contábeis para a divulgação e registro de ativos contingentes, passivos contingentes e
obrigações legais. Além disso, no relatório de sustentabilidade, consta divulgado que houve
investimentos socioambientais (FIBRIA, 2014a; 2014b).
No relatório de sustentabilidade de 2014, a Fibria Celulose S.A. integrou pelo segundo
ano consecutivo o ISE da BM&FBovespa e fez parte dos índices Dow Jones de
Sustentabilidade, nas categorias: Global e Mercados Emergentes, da Bolsa de Valores de
Nova York (NYSE), além de todas as unidades da empresa serem certificadas pelo Forest
Stewardship Council® (FSC®) (FIBRIA, 2014a). Segundo relatório de sustentabilidade de
2014, a empresa obteve reconhecimentos pelo Guia Exame de Sustentabilidade, sendo a
Empresa mais Sustentável do ano, pelos guias Melhores da IstoÉ e Época Negócios 360º,
como a melhor Empresa do Setor de Papel e Celulose, e pelo anuário As Melhores do
Dinheiro Rural, como a melhor companhia em Gestão da Cadeia Produtiva (FIBRIA, 2014a).
A Fibria, conforme relatório de sustentalidade de 2014, em 2012 incorreu em uma
ação judicial por excesso de carga, pelo Ministério Público Federal (MPF), com determinação
que os caminhões não trafeguem mais com excesso de peso e não havia provisão registrada
para esse processo, com probabilidade de perda possível. A companhia ainda é parte em
procedimentos ambientais e sete ações, desses cinco são Ações Civis Públicas que indagam o
licenciamento do plantio de eucalipto em SP e ES. Outro procedimento iniciado em 2014
refere-se a uma multa do órgão ambiental de Mato Grosso do Sul, que debate o provável
lançamento de efluentes no rio Paraná. Além desses, há um Termo de Ajuste de Conduta
(TAC) estipulado com o Ministério Público da Bahia, através da Promotoria de Justiça
Ambiental Regional de Teixeira de Freitas, devido aos contratos de incentivos acertado com
proprietários de terras com danos ambientais (FIBRIA, 2014a).
Por fim, consta ainda, informado pelo Fale com a Fibria (serviço de comunicação)
destinado as reclamações e queixas referente aos impactos na sociedade, que em 2014
receberam 1.153 registros, com 353 considerados improcedentes, e 659 procedentes, dos
quais 141 encontram-se em aberto para análise (FIBRIA, 2014a).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo da pesquisa consistiu em verificar se as informações presentes no EIA e
RIMA foram evidenciados nas demonstrações contábeis, nas notas explicativas e nos
relatórios de sustentabilidade das empresas brasileiras, Klabin S.A., Fibria Celulose S.A. e
Suzano Papel e Celulose S.A., do setor de papel e celulose, a fim de identificar o
13
6 REFERÊNCIAS
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KLABIN. Demonstrações Contábeis e Notas Explicativas 2014b. Disponível em:
<http://klabin.infoinvest.com.br/ptb/2641/43996.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2015.
KLABIN. Relatório de Sustentabilidade 2013. Disponível em:
<http://rs2013.klabin.com.br/arquivos/GRI_KLABIN_2014.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2015.
15
Abstract
This article aims to propose research hypotheses from theoretical schools studying the internal
mechanisms of corporate governance, the board of directors of the activities and influence of
ownership structure on company performance. The literature has highlighted the importance
of internal mechanisms in the value of firms, thus this study analyzes the relationship between
governance mechanisms, the essential activities of the board of directors, ownership
categories and the influence of control on internal decisions that affect performance. Among
the types of mechanisms discussed in the literature, it is interesting to analyze such internal
1
governance mechanisms and their influence on performance firm. As an internal mechanism,
the board of directors, to mediate these conflicting interests, and monitor actions and results
provided by the agent has exercised other essential activities. Based on these fields of study
were formulated six hypotheses to be explored in future empirical studies. The first hypothese
instigates empirical research related to attractiveness of firms by signposting high market
value and if this factor is a change of driver in control. The second, divided into two
propositions, proposes research on the characteristics and profile of the board members,
especially the representation of papers, and effects on performance. Finally, it is suggested to
examine the property categories, the degree of concentration of voting, the influence of the
controlling agency costs and the effects on investment decisions and performance of the firm.
Keywords: Mechanisms of governance, Board of directors, Ownership structure.
1 INTRODUÇÃO
Estruturas de governança corporativa e seus mecanismos têm sido recorrente na
literatura em finanças especialmente no âmbito das relações entre interesses de propriedade,
gestão e desempenho. Dentre os mecanismos, investigações sobre a estrutura de propriedade e
as atividades do conselho de administração se tornaram relevantes na harmonização dos
interesses e relações entre o proprietário e o agente, bem como no âmbito externo com os
demais stakeholders. Com o propósito de mitigar problemas relacionais entre os direitos de
propriedade e a agência, assim como alinhar diversos interesses, as firmas e instituições de
mercado desenvolveram mecanismos de monitoramento e controle (FAMA, 1980; FAMA;
JENSEN, 1983). Normas legais foram estabelecidas em diversos países, promovendo novos
regramentos e impondo padrões às organizações, como observado nos estudos empíricos que
abordaram composição, estrutura e mecanismos de governança, desenvolvidos por Daily e
Dalton (1994a, 1994b), Rediker e Seth (1995), Hart (1995), Dedman (2000), Hillman,
Cannella Jr e Paetzold (2000), Denis e McConnell (2003), Spira e Bender (2004), Ionescu
(2012), Goel e Sapra (2015).
Denis e McConnell (2003) classificaram os mecanismos de governança internos a
estrutura de propriedade e o conselho de administração. Naturalmente, tais mecanismos de
governança tem se aperfeiçoado, pois, o propósito central é alinhar interesses entre os
acionistas (controladores e minoritários) e gestores, mitigando conflitos, e, nesse sentido, o
conselho de administração possui papel central. Daí a importância do estabelecimento de
mecanismos de harmonização de interesses, onde sua efetividade contribui proteger e criar
valor ao acionista. Dentre as tipologias de mecanismos discutidas pela literatura, interessa
neste estudo analisar os mecanismos internos de governança, especialmente seus efeitos no
desempenho firma.
Os direitos de propriedade são determinantes à direção das estratégias centrais e, por
sua vez, a performance da firma (DEMSETZ; LEHN, 1985; SHLEIFER; VISHNY, 1986;
CHO, 1998; THOMSEN; PEDERSEN, 2000; BOHREN; ODEGGARD, 2004). As
características do controlador influenciam na composição do conselho de administração. Já o
conselho de administração, ao mediar esses interesses conflitantes, além de monitorar as
ações e resultados proporcionados pelo agente, tem exercido outras atividades essenciais. O
trabalho seminal de Zahra e Pearce II (1989) foi importante na análise do papel dos
conselheiros e suas contribuições ao desempenho. Nesse trabalho, sobre as atividades dos
conselheiros, destacam-se duas correntes teóricas, a da teoria da agência e a da dependência
de recursos, com visões distintivas. A primeira, entende que cabe ao conselho foco no
monitoramento, assim preservando os interesses dos acionistas. A segunda, aborda o papel
proativo dos conselheiros estreitando laços com o ambiente e contribuindo com a
performance da firma.
2
Donaldson e Preston (1995) enfatizaram a necessidade da firma desenvolver ligações
apropriadas com stakeholders na busca da agregação de valor à empresa. Em outra
abordagem, Flak e Rose (2005) apontaram a importância das relações externas com os
stakeholders, observando o potencial de negócios demandados por agências reguladoras
governamentais e a ampliação de relações com o setor público como possibilidades de
maximização de resultados. Este papel de representação externa permite compreender o
contexto no qual a organização compete, amplia o controle do ambiente e induz ações
internas que visem reduzir a incerteza (PFEFFER; SALANCIK, 2003).
Nesse sentido, atividades exercidas pelo conselho de administração são fundamentais
ao desempenho da corporação, destacando-se o estreitamento com o ambiente por meio de
representação externa (AGUILERA; JACKSON, 2003; BRENNAN, 2006). A literatura sobre
os mecanismos de governança das firmas e os efeitos no desempenho reivindica novas
contribuições sobre a dinâmica dos negócios, dos indivíduos em contextos distintos e as
atividades do conselho de administração (BRENNAN, 2006; ELSAYED, 2009).
O presente estudo, a partir da literatura que aborda os mecanismos internos de
governança, visa contribuir formulando hipóteses a serem testadas em novas direções de
pesquisa. Estas proposições são importantes porque possibilitam explorar, tanto no âmbito
teórico como empírico, mecanismos que importam em questões estratégicas relacionadas ao
desempenho da firma. No desenvolvimento do texto apresenta-se o histórico da governança
corporativa, destacando a origem e os avanços dos mecanismos de governança; os
mecanismos internos de governança; o conselho de administração e o seu papel na
organização; e a estrutura de propriedade e controle e suas relações com o desempenho e com
o conselho de administração. Ao final, as conclusões, assim como as limitações do estudo e
sugestões para pesquisas futuras.
Esta seção, inicialmente, apresenta resenha histórica das principais teorias que
compreendem a governança corporativa. Em seguida o trabalho aborda os mecanismos de
governança, internos e externos, com ênfase nos relacionamentos em propriedade, conselho e
gestão. Destaca as atividades dos membros do board a luz das teorias da agência e da
dependência de recursos. Ao final, discute a estrutura de propriedade e sua relação com a
performance da firma.
3
trabalhadores, clientes, fornecedores e organizações da comunidade local) que podem
influenciar nos resultados da empresa. A par disso, a ampliação dos stakeholders nas relações
geradas pelo capital social (JONES, 1995) passou a exigir constante disclosure e
accountability das organizações. Pressionadas por exigência de resultados, as grandes
corporações têm como foco a apresentação do melhor desempenho possível, tornando os
gestores um objetos de centralidade da lente observacional. As exigências do mercado foram
moldando o sistema de governo das firmas, premido por regras de âmbito interno e externo
cujo objetivo foi o de atender interesses.
A dispersão do capital, com o afastamento do acionista controlador (principal) da
condição de administrador da firma, possibilitou o surgimento de interesses difusos internos e
externos. Mecanismos de harmonização que visam ao equilíbrio de interesses foram propostos
por investigadores, sendo relevante o papel do conselho como mediador entre os acionistas e
o agente.
Historicamente, o Relatório Cadbury (CADBURY COMMITTEE, 1992) —resultado
do trabalho do Comitê de Finanças em Governança Corporativa instituído pelo Banco da
Inglaterra em 1991, após número considerável de escândalos contábeis nas companhias
inglesas, e presidido por Adrian Cadbury — foi pioneiro ao sugerir regras de funcionamento
relacionadas à direção e ao controle das companhias. Com uma revisão cuidadosa do papel
dos conselhos de administração e de sua composição de responsabilidades, esse trabalho deu
importante impulso ao tema. Adrian Cadbury, ao codificar as melhores práticas no sistema de
governo das empresas, no Reino Unido, atribuiu responsabilidades ao agente, ao conselho de
administração, aos shareholders e à auditoria. Embora o Relatório Cadbury tenha
influenciado os sistemas de governo das organizações no mundo inteiro, não existe
uniformidade na aplicação dessas sugestões entre as empresas.
Na visão de Starkey (1995), a estrutura dos organismos internos e o processo de
tomada de decisão e controle dentro da organização são encapsulados pela expressão
“governança corporativa” (GC). Em complemento, o autor diz que o outro lado da moeda “é
representado pela prestação de contas, monitoramento, avaliação e controle dos agentes para
assegurar os interesses dos acionistas e de outros stakeholders” (p. 838). GC foi entendida por
Shleifer e Vishny (1997, p. 737) como “uma forma de os fornecedores de financiamento às
corporações assegurarem retorno de seus investimentos”.
Com a evolução das discussões, em 1998, o interesse da Organisation for Economic
Co-operation and Development (OCDE) no sistema de governança corporativa resultou numa
proposição de normas e diretrizes (CADBURY, 2000) que colaborou com as firmas e
governos para melhorar a competitividade e atrair investimentos. Adotado pelo Banco
Mundial em 1998, esse código, intitulado Principles of corporate governance in the
commonwealth, teve seus princípios disseminados em escala mundial.
Cadbury (2000, p. 2), baseando-se na definição do Comitê no Reino Unido, fez
referência à CG como “o sistema pelo qual as companhias são dirigidas e controladas”. Para
esse autor, o sistema de estrutura e de poder na GC está diretamente associado à princípios
regulatórios e normativos. Denis e McConneel (2003), após analisarem os sistemas de GC de
diversos países, definiram governança corporativa como um conjunto de mecanismos
institucionais e baseados no mercado que induz os controladores da companhia (aqueles que
tomam decisões, considerando como a companhia deveria ser operada) para decisões que
maximizem o valor da companhia para seus proprietários (os fornecedores de capital).
No Brasil, o sistema vem sendo aperfeiçoado por influência do mercado
internacional, especialmente a partir de diretrizes norte-americanas e alemãs. O regramento
das empresas americanas e do mercado mundial promoveu modificações no mercado
doméstico, tais como: a institucionalização do Novo Mercado na Bolsa de Mercadorias e
Futuros do Estado de São Paulo (BM&FBovespa); as novas exigências regulatórias; a
4
propagação do Código do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC); e as
recomendações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O estudo de Lima, Maciel e Libonati (2008) analisou implicações decorrentes da
Seção 404 da Lei Sarbanes-Oxley (SOX) nos controles internos das empresas nacionais e
concluiu que os custos de manutenção da empresa no mercado americano, em razão das
exigências legais, inviabilizam a permanência naquele mercado. Os efeitos produzidos por
essa norma atingiram as empresas que negociam títulos registrados na Securities and
Exchange Comission (SEC), inclusive as estrangeiras. O objetivo da norma foi o de recuperar
o nível de confiabilidade dos investidores, tornando a relação dos executivos e da auditoria
externa independente, além de promover melhorias na forma, transparência e uniformidade na
prestação de contas ao mercado.
Por conta disso, houve avanço das empresas listadas no Brasil influenciadas por
iniciativas do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) que, inspirado em
relatórios internacionais, sugeriu um padrão de sistema de governo às firmas, referendado
pelo Código de Governança Corporativa. No entanto, é bom registrar, importantes iniciativas
decorrentes da competição de mercado, das instituições e governos, contribuíram para a
difusão das melhores práticas pelas empresas brasileiras (SILVEIRA, 2005).
As regulações mais impactantes do mercado, como aprovação da Lei 9.457, de 05 de
maio de 1997, o lançamento da regulamentação de práticas diferenciadas em dezembro de
2000, a Lei n° 10.303, de 31 de outubro de 2001, bem como a publicação da Cartilha de
Governança Corporativa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em junho de 2002,
resultaram em iniciativas que estimularam o desenvolvimento do mercado de capitais,
promovendo melhorias das práticas de governança corporativa nas empresas brasileiras. De
fato, o mercado reagiu de modo favorável, especialmente com a criação do Índice de
Governança Corporativa (IGC), que compreende as firmas listadas nos Níveis 1 e 2 e no
Novo Mercado (SILVA, 2006).
Esses avanços no mercado de capitais do Brasil, inspirados na Lei Sarbanes-Oxley,
exigiram das firmas que aderiram voluntariamente a novos mecanismos de controle
comprometimento com determinados valores, dentre os quais transparência das informações
(disclosure), prestação responsável de contas (accountability), senso de justiça e equidade no
tratamento aos acionistas (fairness) e conformidade às leis (compliance) (ANDRADE;
ROSSETTI, 2006).
Em síntese, essa nova ordem no mercado, afetada pelo movimento internacional e
por regulações da Securities and Exchange Comission (SEC), colaborou para dar mais
credibilidade ao mercado, preservando fontes de capital menos custosas, como os fundos de
pensão, e respondendo a exigências de investidores. Para o êxito dessa tarefa foi necessária
vontade política das instituições. Em decorrência de toda essa dinâmica, as relações entre os
atores e suas responsabilidades ficaram mais sensíveis. O foco no gerencialismo, modelado
pela visão no desempenho e instrumentos de controle, resultou em modificação substancial na
relação entre o principal e o agente.
Algumas definições de GC previamente apresentadas neste estudo demonstram que
há diversidade na literatura, representada por múltiplas e distintas classificações. Para Starkey
(1995), por exemplo, a GC busca preservar o sistema de relações entre o principal-agente e os
stakeholders. Já na visão de Shleifer e Vishny (1997) e Denis e McConneel (2003), há
predominância dos aspectos contratuais vinculados ao regime de monitoramento. A definição
do Comitê Cadbury (CADBURY, 2000) tem um sentido de preservação dos sistemas de
estrutura e de poder na GC, associado a princípios regulatórios e normativos.
5
De acordo com a literatura que investiga esse tema, o sistema de governança das
firmas é constituído por certos mecanismos internos e externos que visam minimizar os
problemas de agência. Esta subseção apresenta as categorias desses mecanismos e como eles
se integram e se relacionam com a estrutura da firma. De acordo com o propósito do presente
estudo, analisam-se os mecanismos controle interno constituídos pelo conselho de
administração a estrutura de propriedade e controle.
Importante destacar que sob a ótica da teoria da agência, aliás, predominante em
investigações que abordam os problemas estruturais e relacionais da firma (KRAUSE;
BRUTON, 2014), mecanismos de controle têm por objetivo mitigar os problemas de agência,
alinhando interesses dos acionistas à administração, constituída pelos agentes e os membros
do conselho de administração. Alguns estudos seminais que abordaram os mecanismos de
monitoramento e controle indicaram a importância das especificações em termos de extensão
e aprofundamento, como os de Fama (1980) e Fama e Jensen (1983).
Rediker e Seth (1995), ao examinarem os determinantes e efeitos dos mecanismos de
governança de empresas americanas, com base na revista Fortune 500, utilizaram as seguintes
categorias: a) ameaça de aquisição; b) oportunidade de trabalho pelo mercado; c) estrutura de
propriedade; d) conselho de administração; e) estrutura da organização; f) sistema de mútuo
monitoramento. Esses autores, identificaram que os padrões de governança se mantêm nas
grandes corporações independentemente da performance obtida. Em adição, encontraram que
nas firmas de menor tamanho, modificações nos padrões de governança quando os resultados
são negativos. Em geral, há muitas combinações de mecanismos para encontrar o alinhamento
entre os interesses do agente e os dos acionistas, a exemplo daquelas entre monitoramento
com conselheiros externos, incentivos com ações aos gestores e mútuo monitoramento por
conselheiros internos e proprietários.
Hart (1995) apresentou cinco categorias de mecanismos de controle: a) conselho de
administração; b) proxy de fuga (voto por meio de procuração); c) acionistas numerosos; d)
aquisições hostis; e) estrutura de financiamento. O conselho é um importante mecanismo por
ser o responsável por indicar o agente e, ao mesmo tempo, incumbir-se do monitoramento e
das relações com os acionistas e demais stakeholders, exercendo, assim, atividades endógenas
e exógenas. A proxy de fuga é um instrumento de poder que pode ser invocado pelos
mandatários, convencendo acionistas ou grupos a mudarem o voto, caso haja razões
suficientes que indiquem gestão temerária ou, até mesmo, articulada por agentes com vistas à
sua manutenção na gestão. Acionistas com participação mais representativa têm maior poder
em influenciar certas decisões. Aquisições hostis podem ser decorrentes de gerenciamento na
base de avaliação da companhia, possibilitando vantagens ao novo controlador. A
administração da estrutura de capitais da firma possibilita visibilidade do valor da companhia;
os acionistas podem definir o nível de endividamento a ser monitorado.
Os mecanismos de governança corporativa são instituições econômicas e legais que
podem ser modificadas por políticas de processos, algumas vezes para melhor (SHLEIFER;
VISHNY, 1997). Os mecanismos de controle visam assegurar a proteção aos acionistas e
evitar ou minimizar possíveis conflitos de interesses. Denis e McConnell (2003) classificaram
os mecanismos de governança em internos e externos. Dentre os internos, consideraram: a) o
conselho de administração; b) a estrutura de propriedade. Em relação aos externos: a) o
mercado de aquisições; b) o sistema legal. Os estudos indicaram que a mudança de
representação nos conselhos é resultante do interesse dos acionistas, que têm a incumbência,
dentre suas funções, de maximizar valor. Mas suas atividades por vezes não são tão claras,
especialmente quando se encontra parte representativa de conselheiros internos (insiders).
Com base nas legislação que estabelece as atividades e competências da Assembleia
Geral Ordinária, dos acionistas e gestores das sociedades por ações (BRASIL, 1976, 2010),
permite-se ilustrar mediante a Figura 1 as relações externas e internas, no âmbito da firma, e
6
destacar os mecanismos de controle no âmbito da nominada governança corporativa.
Conforme exposto, compõem os mecanismos internos a estrutura de propriedade e o conselho
de administração.
No Brasil, os membros do conselho de administração são eleitos pelos acionistas; a
eles se subordinam e prestam contas (art. 133 da Lei 6.404/76). O conselho, por sua vez,
indica os diretores (agentes), em assembleia geral ordinária, monitora suas atividades e
controla a geração de valor. Fazem parte da administração da firma o conselho de
administração e a diretoria; todavia, somente os diretores exercem a representação da
companhia. Os diretores, por delegação do conselho, realizam o gerenciamento da firma, a
qual os empregadores estão subordinados. Os mecanismos externos de Governança
Corporativa, como o mercado, o sistema legal e regulatório e as instituições, agem no sentido
de promover equilíbrio das relações e interesses dos acionistas, da firma, dos agentes e das
instituições do ambiente.
Mecanismos Externos
Legal e
Mercado Regulatório Instituições
Âmbito da Firma
7
O board, com mecanismo interno de governança, é um importante objeto de estudo
em muitas pesquisas que se interessam por suas atividades e relações com a estrutura interna e
com o ambiente (PFEFFER, 1972; FAMA, 1980; FAMA; JENSEN, 1983; ZAHRA;
PEARCE II, 1989; HART, 1995; HILLMAN, CANNELLA JR.; PAETZOLD, 2000; DENIS;
MCCONNELL, 2003). Zahra e Pearce II (1989) analisaram as influências do conselho de
administração no desempenho das firmas em quatro perspectivas teóricas: a legalista, a classe
hegemônica, a teoria da agência e a dependência de recursos. O estudo foi estruturado nas
seguintes perspectivas: o papel do conselho, a definição operacional do papel do conselho, as
origens teóricas, as variáveis de interesse, critérios de avaliação da performance e suporte
empírico. Destacaram que sob a perspectiva legalista o papel do conselho tem ênfase na
representação e proteção dos interesses dos acionistas, sem interferência nas operações da
firma. Já na classe hegemônica identificaram forte relação com a perpetuação do poder e
controle do status capitalista, inclusive com relevante influência social e econômica nas
instituições.
Nesse trabalho, Zahra e Pearce II (1989), considerando as perspectivas por
analisadas, duas correntes foram predominantes, a da teoria da agência e a da dependência de
recursos. Para a teoria da agência, o conselho deve exercer um papel interno de intenso
monitoramento e de preservação de interesses dos acionistas. Já para a teoria de dependência
de recursos, o conselho está mais vinculado ao ambiente externo, exercendo, portanto, um
papel mais proativo e contributivo ao valor da firma (Quadro 1).
Modificações relacionadas ao sistema de governança das firmas, ao longo dos anos,
foram incorporando mecanismos de controle externo com vistas a proteger o mercado, os
acionistas, os investidores e os demais stakeholders. No aspecto estrutural, o poder interno
das firmas foi sendo moldado, conjuntamente, por práticas do mercado e normas reguladoras
das companhias listadas que fizeram surgir atores e órgãos distintos em suas funções e
interesses, tais como: acionistas, agentes, conselheiros de administração e conselheiros fiscais.
Cada organismo exerce diferente função, porque os interesses nem sempre são
convergentes. Por exemplo, se os acionistas priorizarem dividendos e maximização no valor
das ações, seu foco será a valorização da firma no mercado acionário, na busca de resultados
imediatos. Já o gestor pode ter interesse em administrar a firma com eficácia, para que possa
ser mais bem remunerado, visando adquirir reconhecimento e reputação (BACON,
CORNETT; DAVIDSON, 1997).
O conselho de administração, ao cumprir a missão de equilibrar os interesses dos
gestores e dos acionistas (AGRAWAL; KNOEBER, 1996), assume um papel que exige
destacável competência. Dentre as funções do conselho de administração estão as atividades
externas que contribuem na performance das firmas (AGUILERA; JACKSON, 2003). Suas
relações com o ambiente externo, disputando recursos do interesse da firma, foram
consideradas como fundamentais dada a escassez de recursos e os competidores pertencentes
à arena de competição (PFEFFER, 1972; BOULTON, 1978). Recentemente o estudo de
Melkumov e Khoreva (2015), ao analisar os efeitos do capital humano externo dos
conselheiros sobre as atividades do conselho na firma, sugeriu implicações positivas ao
monitoramento e provimento de recursos.
Contribuir para minimizar as incertezas é uma atividade complementar que pode ser
exercida em benefício da empresa (BAZERMAN; SCHOORMAN, 1983). Nesse sentido,
Boyd (1990), ao relacionar o tamanho do conselho à incerteza ambiental, sugeriu que ele deve
ser bastante amplo para fornecer informações e recursos necessários à firma e deve
permanecer bastante pequeno para agir eficientemente. O que Boulton (1978) já havia
enfatizado a necessidade de se incrementar as atividades relacionais do board com o
ambiente, criticando sua composição. Em suma, o efeito esperado dessa assertiva é que o
conselho de administração da firma seja, ao mesmo tempo, mais compacto e constituído de
8
conselheiros com experiência relacional com o ambiente externo. A exploração desses canais
de conexão possibilita a captação de negócios e a geração de resultados à firma, garantindo o
fluxo de recursos essenciais à continuidade e à geração de valor.
PERSPECTIVAS
DIMENSÃO TEORIA DA
TEORIA DA AGÊNCIA
DEPENDÊNCIA DE RECURSOS
1. Os conselheiros são mecanismos de
O principal papel do conselho é cooptação para extrair recursos vitais
Papel do conselho monitorar as ações dos agentes para a performance da companhia.
(executivos), assegurar a eficiência 2. Os conselheiros servem de fronteira
deles e proteger os interesses dos para divisão dos papéis.
principais (proprietários). 3. Os conselheiros realçam a
legitimidade da organização.
1. Maximização de riqueza aos
acionistas. 1. Escaneando o ambiente.
Definição 2. Reduzindo os custos de agência. 2. Representando a firma junto à
operacional do papel 3. Selecionando e recompensando comunidade.
do conselho os agentes. 3. Assegurando recursos valiosos.
4. Avaliando os agentes e a
performance da companhia.
5. Tomando decisões estratégicas e
controlando.
Origens teóricas Economia e finanças Teoria organizacional e sociologia
- características - composição
Variáveis de interesse - processos - características
- contribuições estratégicas
Critério de avaliação - sobrevivência - crescimento em termos de recursos
da performance - baixos custos operacionais - realização de metas
- lucratividade - posição relativa no mercado
Suporte empírico Moderado Forte
Quadro 1 – Perspectivas no conselho de administração
Fonte: Adaptado de Zahra e Pearce II (1989, p. 293)
Flak e Rose (2005), com base em Donaldson e Preston (1995), adaptaram a teoria
dos stakeholders à governança eletrônica, com a finalidade de demonstrar a importância dos
negócios gerados por instituições governamentais. Segundo eles, relacionamentos que
ampliem as conexões das firmas com entidades governamentais, sejam de caráter
institucional, colaborativo ou transacional, são importantes para a fixação de laços com essas
entidades.
Investigações sobre o papel do conselho de administração ganham relevância no
equacionamento endógeno entre os proprietários e o agente, bem como no âmbito exógeno,
no relacionamento com os demais interessados (KRAUSE; BRUTON, 2014). O que os
stakeholders esperam e como o conselho pode contribuir foram indagações propostas por
Brennan (2006) ao discorrer sobre as atividades do conselho correlacionadas à performance.
O autor mapeou as atividades exercidas pelo conselho de administração e registrou aquelas
que se mostraram fundamentais ao desempenho da corporação, classificando-as em três
grupos: delineamento da estratégia, monitoramento e controle, representação externa — todas
prestam apoio à gestão nos interesses da firma. Com esse extrato, o autor identificou na
literatura 19 papéis comumente exercidos pelo conselho que guardam implicações no
desempenho. Especificamente, no grupo de práticas exógenas, destacou as seguintes
atividades: promoção do prestígio e da reputação da companhia, participação no
9
relacionamento com organismos externos, assistência à organização na obtenção de recursos
escassos, atuação como embaixador e prestação de suporte e aconselhamento ao gestor.
Outros estudos avaliaram positivamente a associação entre o relacionamento do
conselho com entidades do ambiente organizacional e a desempenho das firmas (BRENNAM,
2006; ELSAYED, 2009). As atribuições de responsabilidade do conselho de administração
nas companhias são de fundamental importância para o equilíbrio entre os atores interessados
no desempenho sustentável da firma. Isso porque, asseguram o funcionamento dos
mecanismos internos, produzindo a redução dos custos de agência (SILVEIRA, 2006).
Relacionar a firma ao ambiente externo