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CAMPUS DE CURITIBA I
CURITIBA
2018
SIMONE FERREIRA
CURITIBA
2018
TERMO DE APROVAÇÃO
SIMONE FERREIRA
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Profa. Dra. Roberta Ravaglio Gagno
Orientadora – Área de Artes Visuais, Campus I - UNESPAR
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Prof. Me. Jack de Castro Holmer
Área de Artes Visuais, Campus I – UNESPAR
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Profa. Dra. Márcia Regina Mocelin
Área de Música, UNINTER
Tendo em vista a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (nº 9394/96) que prevê
a necessidade da organização do currículo superando a perspectiva de
disciplinas estanques, pesquisa-se sobre interdisciplinaridade na formação
inicial, a fim de Identificar as barreiras/dificuldades na formação desta nos cursos
de Licenciatura em Artes Visuais referente a abordagem interdisciplinar. Para
tanto, é necessário compreender conceitos de interdisciplinaridade, formação
docente inicial e levantar a legislação pertinente que aborda essa temática, bem
como o histórico da Arte Educação. Realiza-se, então, uma pesquisa de
levantamento bibliográfico desde publicações à artigos acadêmicos que
abarcam o assunto. Diante disso, verifica-se que o conceito de
interdisciplinaridade é polissêmico, a formação inicial e legislação são complexos
e por vezes ambíguos e a Arte Educação, ainda requer a defesa de sua
importância, o que impõe a constatação de que para uma formação docente
interdisciplinar é preciso profissionalizar a docência através de uma formação
identitária sólida do docente em formação em Artes Visuais.
Considering the Guidelines and Bases of Education Law (nr. 9394/96) which
foresees the need to organize the curriculum beyond the perspective of fixed
subjects, this research is about interdisciplinarity in pre-service teacher education
in order to identify the hindrance/difficulties in its Visual Arts degree regarding the
interdisciplinary approach. Therefore, it is necessary to understand concepts of
interdisciplinarity, pre-service teaching education and raise the relevant
legislation that addresses this theme, as well as the history of Art Education. A
bibliographical research is then carried out from publications to academic articles
that cover the subject. As a result, the concept of interdisciplinarity is polysemic,
pre-service teacher education and legislation are complex and sometimes
ambiguous and Art Education still requires the defense of its importance, which
finds that for an interdisciplinary pre-service teacher education it is necessary to
professionalize teaching through a solid identity development of the teacher in
Visual Arts pre-service teaching education.
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 68
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INTRODUÇÃO
1-INTERDISCIPLINARIDADE
1
Ordem de Pessoas que não faziam parte do clero ou da nobreza
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2
Segundo Vieira (2013) o racionalismo cartesiano busca a verdade através de um método
fundamentalmente matemático, dissociado dos sentidos e apriorístico, ou seja, desvinculado da
experiência. É preciso analisar a menor parte do que o objeto é constituído para se entender o
todo.
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A ciência através de cálculos matemáticos poderia prever os acontecimentos com precisão,
perpassando pela lógica. As leis de Newton foram durante muito tempo alicerce para a
explicação de fenômenos na área da Física.
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Universidades que primam pela pesquisa científica.
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1.2 A INTERDISCIPLINARIDADE
5
A corrente filosófica positivista é de origem francesa no século XIX, séc. XX no Brasil, que tem
como seus maiores representantes Augusto Comte e John Stuart Mill, e defende que toda e
qualquer teoria para se tornar conhecimento verdadeiro deve ser comprovada cientificamente.
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6
Organizado na França de7-12 de setembro de 1970 pelo CERI (Centro para a Pesquisa e
Inovação do Ensino, integrado a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) e Ministério da Educação Francês.
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através da aquisição do saber, nos Estados Unidos “O que torna livre não está
diretamente ligado ao conhecimento, mas à capacidade de agir no e sobre o
mundo.” (LENOIR, 2005, p.13).
Posteriormente, o referido autor, procura mapear a concepção brasileira
de interdisciplinaridade, tendo como principais referências os trabalhos de Ivani
Fazenda que tem como característica principal uma abordagem fenomenológica,
tendo como foco o sujeito no mundo e sua subjetividade, bem como a
intersubjetividade no plano metodológico.
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Conteúdos velhos, na descrição de Saviani (2011), seriam a mesma estrutura e alicerce (velhos): salas
inadequadas, carteiras não funcionais, quadro negros mal posicionado, professores não qualificados ou
mal remunerados, sujeição á disciplinas obrigatórias, etc.
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O autor, quando conceitua interdisciplinaridade, adota referências da abordagem histórico-cultural
compreendendo-a como um princípio mais de natureza epistemológica do que metodológica ou didática.
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Ademais, o currículo não pode ser entendido como uma regra pedagógica
a ser seguida fielmente, ele é um direcionamento, e este direcionamento atende
interesses, primordialmente do estado, que é quem estabelece as diretrizes,
portanto vale ressaltar que,
2 - ARTE NA ESCOLA
Embora a LDB (5692/71) tenha sido aprovada com certa rapidez (apenas
3 meses) não havia curso superior em arte-educação, somente cursos de
preparo de professores de desenho geométrico e ainda, segundo a legislação,
professores formados pelas Escolinhas de Arte não poderiam atuar já que não
tinham grau universitário.
Isto caracterizou bastante o modo como arte era abordada e trabalhada
em sala de aula, essencialmente focada em desenho geométrico e decoração
para festividades nacionais.
Barbosa (1989) relata que dadas as diferentes interpretações da LDB de
1971, não se poderia usar o sistema avaliativo em artes pois não estava clara
como disciplina no documento, e que em algumas instituições, afim de
estabelecer uma relação de equidade com outras disciplinas, estabelecia-se a
autoavaliação ou avaliação de participação.
A referida autora ainda ressalta que devido à má formação dos docentes,
ou até mesmo a inexistência dela e ainda o fato de terem de ser polivalentes,
estes tinham como amparo principal o livro didático, também precário.
Na década de 90, depois de imensas contribuições de arte-educadores
(politicamente ativos), novos cursos de formação, e o trabalho de Ana Mae
Barbosa, surge a abordagem triangular, desenvolvida pela referida autora, que
estabelecia o tripé no ensino da arte: a criação artística, a leitura de obras de
arte e contextualização. A abordagem triangular foi de grande influência na
concepção dos Planos Curriculares Nacionais que se seguiram.
Contudo, apesar da boa aceitação da proposta triangular no ensino das
artes Barbosa (2009) lamenta alguns equívocos na sua interpretação,
principalmente no que se refere na utilização de releitura como ferramenta
primordial na aplicação da proposta. A autora critíca a questão da utilização de
releitura como cópia, que seria nada além de um aprimoramento técnico
“Professores que confundem Abordagem Triangular com releitura não leram o
livro, apenas as legendas das imagens.” (BARBOSA, 2009, p.29)
Ana Mae defende que a Proposta Triangular não é cópia do DBAE
americano (Discipline Based Art Education) e comenta “A Proposta Triangular e
o DBAE são interpretações diferentes, no máximo paralelas do pós-modernismo
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9
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio, Brasil, 2000.
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10
Parâmetros Curriculares Nacionais para o 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental, Brasília
1998, se referem a 5º e 8º séries, ou 6º e 9º anos.
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11
Diretrizes Curriculares da Educação Básica - ARTE do PR-2008.
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3 - FORMAÇÃO DOCENTE
(...) Art. 11. A formação inicial requer projeto com identidade própria de
curso de licenciatura articulado ao bacharelado ou tecnológico, a
outra(s) licenciatura(s) ou a cursos de formação pedagógica de
docentes, garantindo (...) VI- organização institucional para a formação
dos formadores, incluindo tempo e espaço na jornada de trabalho para
as atividades coletivas e para o estudo e a investigação sobre o
aprendizado dos professores em formação (...) (CNE, 2015, p.09)
para o diálogo não só entre disciplinas e áreas, mas principalmente entre os seus
docentes e discentes.
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12 , 13
Ver Cap.3 p.44
57
Rosa (2005) comenta que a dicotomia entre artista e arte educador já vem
de muitos anos atrás, rememorando uma campanha publicitária com a seguinte
mensagem: “Salve um Artista de ser Professor”. A autora salienta ainda a
importância da aproximação do artista e professor e a articulação entre ensino,
pesquisa e extensão.
Não se trata de ser um ou outro, e sim a busca de uma formação sólida
para a alfabetização estética na escola, a compreensão do processo artístico, da
produção e reflexão artística do educador e seus educandos e acima disso, o
entendimento que a Arte na escola não se trata de terapia, prática e técnica, e
sim de um conhecimento científico como tantos outros, com suas peculiaridades,
contexto, histórico e aspectos epistemológicos não ignorando sua função social.
curtas que pudessem atender essa nova demanda educacional o mais rápido
possível, e que, portanto, além de ser superficial pois se tratava de uma
habilitação de somente 2 anos, era também polivalente pois o professor lidaria
com artes visuais, música e artes cênicas (teatro e dança).
Mais tarde, na década de 80, movimentos e manifestações que partiu dos
próprios arte educadores, lutavam contra o ensino polivalente a favor da
formação em licenciatura plena, bem como a alteração da nomenclatura
Educação Artística para Arte, sendo este último atendido a partir da LDB de 96.
O Ensino polivalente ainda se faz presente em algumas instituições de
ensino superior não sendo extinto por completo, mesmo com o crescimento das
licenciaturas de linguagens artísticas específicas.
É de suma importância a discussão sobre o equívoco em se comparar
interdisciplinaridade e polivalência.
Polivalência é a qualidade de algo ou alguém em ter múltiplas habilidades
e versatilidade e se, portanto, deslocarmos o termo para a formação inicial dos
professores, delimitando-a tão somente à conteúdos artísticos, reforçamos que
este profissional deva dominar todas estas linguagens (Artes Visuais, Música e
Artes Cênicas). Deste modo, reduzimos o profissional à um transmissor de
técnicas e conteúdos de modo superficial, pois é muito difícil que um docente na
área artística domine todas as linguagens a não ser tangendo a superficialidade.
Já a interdisciplinaridade não nega as disciplinas e nem tampouco a
especialização, pois entende a sua importância dentro do conhecimento
científico e na esfera escolar, e também não permanece em uma única área,
podendo circular entre as mais diversas. No entanto, incentiva a interação entre
elas, não somente a justaposição como acontece na multidisciplinaridade, e sim
uma confluência para se atingir um objetivo comum. E para que isto aconteça é
imperativa uma atitude interdisciplinar por parte dos pesquisadores e docentes,
ou seja, a pré-disposição para o diálogo e a construção coletiva do
conhecimento.
Não obstante temos documentos normativos que requerem um ensino
com abordagem interdisciplinar e como referência livros didáticos para a
disciplina de Arte que ainda possuem um caráter polivalente e também
interdisciplinar conteudista.
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REFERÊNCIAS
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da educação? Currículo sem Fronteiras, v.8, n.2, pp.5-17, Jul/Dez 2008.
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72
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