Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
net/publication/292031798
Article
CITATIONS READS
3 491
3 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Characterization of organic facies, sedimentation environments and thermal history of Cucuni, Macomia and Pemba Formations, Rovuma Basin (waiting funds release)
View project
All content following this page was uploaded by Lopo Vasconcelos on 14 October 2016.
Resumo
A recente cartografia geológica levada a cabo em Moçambique permitiu pela primeira vez uma
cobertura de todo o país com mapas geológicos à escala 1:250.000, e ainda à escala 1:50.000 nas áreas
que se mostraram mais potenciais em termos de recursos minerais.
O intenso trabalho de campo levado a cabo obrigou a uma revisão do conceito geológico do país,
revisão essa expressa na nova Carta Geológica de Moçambique à escala 1:1.000.000 (Hartzer et al.,
2008).
Esta revisão abarcou também as formações do Supergrupo do Karoo (SGK), que anteriormente
estavam classificadas de acordo com as clássicas divisões da África do Sul, onde ocorre a área-tipo. A
actual nomenclatura adoptada para o SGK em Moçambique mudou substancialmente, em especial na
Província de Tete. Na Província do Niassa continua parcialmente em uso a terminologia clássica.
O objectivo deste trabalho é de se dar a conhecer a nova nomenclatura e de tentar correlacionar as
várias unidades do Karoo, tanto sedimentares como ígneas.
Palavras chave: Moçambique, Supergrupo do Karoo, nomenclatura.
Abstract
The recent geological mapping carried out in Mozambique allowed for the first time a complete
coverage of the country with geological maps at a 1:250,000 scale, and with maps at a 1:50,000 scale for
the areas that showed to be the most potential in terms of mineral resources.
The intense fieldwork carried out obliged to a revision of the geological concept of the country, which
is shown in the new Geological Map of Mozambique at 1:1,000,000 scale (Hartzer et al., 2008).
Included in these revisions are also the Karoo Supergroup (KSG) formations, which used to be
classified according to the classical South African divisions, where the type-area occurs. The present
nomenclature adopted for the KSG has substantially changed, especially in Tete Province. In Niassa
Province the old classification is still partially in use.
The aim of this paper is to correlate the several Karoo divisions, both sedimentary and igneous.
Key Words: Mozambique, Karoo Supergroup, nomenclature.
14. Miscelânea 1
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
1. Introdução
No ano de 2003 teve início em todo o país uma extensa actividade de cartografia geológica,
que culminou com a publicação em 2006 de cartas geológicas à escala 1:250.000 e das
respectivas notícias explicativas parcelares em 2007, cobrindo todo o país. A cartografia
geológica levada a cabo teve a participação de técnicos de vários serviços geológicos
(Moçambique, África do Sul, Noruega, Finlândia, Reino Unido), de empresas e instituições
moçambicanas (Gondwana Empreendimentos e Consultorias, Lda.; Universidade Eduardo
Mondlane – UEM; Eteng, Lda.-Estudos de Transportes e Engenharias; Norconsult (Moçambique)
Lda.) e da empresa sueca Kongsberg Scanners AS. Para estas actividades, o país foi dividido
em vários blocos para concurso internacional, os quais foram ganhos e distribuídos pelos vários
intervenientes acima referidos. Foram assim produzidas cartas geológicas referentes a 101
graus quadrados, e várias notícias explicativas, das quais resultará a Notícia Explicativa da nova
Carta Geológica de Moçambique recentemente publicada (Hartzer et al., 2008).
Como resultado de ter havido vários intervenientes que produziram diferentes notícias
explicativas e diferentes mapas, surgem algumas diferenças de nomenclatura, de
posicionamento das unidades litológicas na coluna estratigráfica, entre outras questões, que no
presente artigo se pretendem clarificar.
É assim proposta uma litoestratigrafia para o Supergrupo do Karoo (SGK) em Moçambique
que melhor elucide a correlação entre as várias formações geograficamente distintas deste
supergrupo a partir dos dados obtidos na cartografia à escala 1:250.000. Esta proposta
constituiu o tema do Projecto Científico de Paulino (2009) para a obtenção do grau de
Licenciatura em Geologia pela UEM.
14. Miscelânea 2
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
Fig. 1. Distribuição das Formações do Karoo na África Central e Austral (modificado por Catuneanu et al.,
2005, a partir de Jonhson et al., 1996; Wescott e Diggens, 1998; Nyembe 1999; Wopfner, 2002).
14. Miscelânea 3
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
14. Miscelânea 4
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
14. Miscelânea 5
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
Fig. 4. Proposta de Coluna Litoestratigráfica do Supergrupo do Karoo em Moçambique (adaptado de Paulino, 2009).
14. Miscelânea 6
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
14. Miscelânea 7
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
Segundo a Norconsult (2007), a bacia do sul pertence à mesma tendência tectónica mais a
sul. Em ambas as bacias, as margens ocidentais parecem ser de bordadura falhada, ao passo que
as margens orientais são interpretadas como inconformidades sobre as rochas precâmbricas. Na
bacia do norte ocorrem formações do Pérmico Inferior a Médio, com camadas de carvão.
14. Miscelânea 8
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
tenha instalado na fossa pré-Karoo, desenvolvendo-se, mais tarde, por reajuste de falhas
devido à progressiva acumulação de sedimentos do Karoo (Afonso, 1984).
14. Miscelânea 9
X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua Portuguesa
XVI Semana de Geoquímica
5. Conclusões
As formações sedimentares do norte e centro do país apresentam um quadro de correlação
que permite fazer uma analogia, não só em termos de idade, mas também em termos de
nomenclatura das mesmas, principalmente nas formações do Grupo do Karoo Inferior e a sua
transição para o Karoo Superior. Esta analogia fica mais complicada de se efectuar ao se
abordar o Grupo do Karoo Superior, onde a correlação entre as formações das diferentes bacias
não é muito fácil no que refere às características litológicas, associadas à ausência de fósseis
característicos nas mesmas.
As formações ígneas mais antigas implantaram-se concomitantemente com a fase terminal
da deposição dos sedimentos na Bacia do Zambeze.
As formações ígneas que constituem a KLIP nas regiões centro e sul de Moçambique são
diferentes em termos de composição química e ambiente de formação das rochas em relação às da
linha da costa norte do país, sendo que as rochas da KLIP se formaram num ambiente tectónico
extensional e as rochas da linha da costa do norte do país num ambiente tectónico de colisão.
Referências
Afonso, R.S., 1978. A Geologia de Moçambique (Notícia Explicativa da Carta Geológica de Moçambique) na
escala 1:2.000.000. Direcção Nacional de Geologia e Minas e Defesa do Subsolo, Imprensa Nacional de
Moçambique, 2ª edição, Maputo, Moçambique, pp. 77-90.
Afonso, R.S., 1984. Ambiente Geológico dos Carvões Gonduânicos de Moçambique - Uma Síntese.
Comum. Serv. Geol. Portugal, t 70, fasc. 2, pp. 205-214.
Catuneanu, O., Wopfner, H., Eriksson, P.G., Cairncross, B., Rubidge, B.S., Smith, R.M.H., Hancox, P.J.,
2005. The Karoo basins of south-central Africa. Journal of African Earth Sciences, 43, 211-253.
CGS (2007). Notícia Explicativa: Folhas 1537 Alto Molócuè, 1538 Murrupula, 1539 Nampula, 1540 Mogincual,
1637 Errego, 1638 Gilé e 1639–40 Angoche. Direcção Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos
Minerais e Energia, Maputo, Moçambique e Council for Geoscience, Pretoria, South Africa, 392 pp.
GTK Consortium (2006a). Notícia Explicativa; Volume 1: Folhas 2032 – 2632. Geologia das Folhas de
Espungabera/Chibabava, Nova Mambone, Massangena, Chidoco, Save/Bazaruto, Chicualacuala,
Machaíla, Chigubo, Mabote/Vilanculos, Rio Singuédzi/Massingir, Rio Changana, Funhalouro/Inhambane,
Chilembene, Chókwè, Zavala/Inharrime, Maputo, Xai-Xai/Zavala e Bela-Vista, Moçambique. Direcção
Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos Minerais, Maputo, Moçambique.
GTK Consortium (2006b). Notícia Explicativa; Volume 2: Folhas 1630 – 1934. Geologia das Folhas de
Mecumbura, Chioco, Tete, Tambara, Guro, Chemba, Manica, Catandica, Gorongosa, Rotanda, Chimoio e
Beira, Moçambique. Direcção Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos Minerais, Maputo, Moçambique.
GTK Consortium (2006c). Notícia Explicativa; Volume 4: Folhas 1430 – 1432 e 1530 – 1534. Geologia das
Folhas de Inhamambo, Maluwera, Chifunde, Zumbo, Fíngoè-Mágoè, Songo, Cazula e Zóbuè,
Moçambique. Direcção Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos Minerais, Maputo, Moçambique.
Hartzer, F.J., Manhiça, V.J., Marques, J.M., Grantham, G., Cune, G.R., Feitio, P., Daudi, E.X., 2008. Carta
Geológica de Moçambique, Escala 1:1.000.000. Direcção Nacional de Geologia, Ministério dos Recursos
Minerais, Maputo, Moçambique.
Hunting Geology & Geophysics, Ltd., 1984. Mineral Inventory Project. Final Report. Instituto Nacional de
Geologia, Maputo, Mozambique
Marques, J.M. & Ferrara, M. (2009). Some Remarks About The Lower Karoo Stratigraphy In Tete Province
– Mozambique, doc. inéd., Tete, Moçambique.
Norconsult (2007). Notícia Explicativa: Folhas 1039 Muidine, 1040 Palma, 1134 Ponta Messuli, 1135
Lupilichi, 1136 Milepa, 1137 Macalange, 1138, Negomano, 1139 Mueda, 1140 Mocímboa da Praia,
1234 Metangula, 1235 Macaloge-Chiconono, 1236 Mavago, 1237 Mecula, 1238 Xixano, 1239 Meluco,
1240 Quissanga-Pemba, 1334 Meponda, 1335 Lichinga, 1336 Majune, 1337 Marrupa, 1338 Namuno,
1339 Montepuez, 1340 Mecúfi, 1435 Mandimba, 1436 Cuamba, 1437 Malema, 1438 Ribáuè-Mecubúri,
1535 Insaca, 1536 Gúruè, 1635 Milange e 1636 Lugela-Mocuba, Moçambique. Direcção Nacional de
Geologia, Ministério dos Recursos Minerais, Maputo.
Paulino, F.J.P., 2009. Proposta duma Estratigrafia do Supergrupo do Karoo de Moçambique, à Luz dos
Dados da Nova Cartografia Geológica na Escala 1:250.000. Projecto Científico de conclusão da
Licenciatura em Geologia, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique.
14. Miscelânea 10