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:.;lc~.,·fH)l· \'AMOR.E;PSIQUE
Edinger, Edward F.
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Bibliogralia.
sacerdotes capazes de 'e~eender 'novâme.nte á llnguagem o m\l!ldo est~ cheiÇl de pessoas j.1}co.nsçien~es - aque
da alma", como C. G.JÜhgo desejava.)' ( ; j • - ' .-: ' las que I).ão ,~abem por ,que, fazem ,aquilo' que fazem.
.:~~t;\.w ~ í~"..: r.:~,. '~' ..... ~',~,. ,.~'~':~ j:t~'
Edward F. Edinger fez wais do qlle qp.alquf;r <;mtra pes
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... ' lÂóh Bonaven'túhi soa para corrigir ess~, sit.uação., Qomeu ponto. qe vista,
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ele foi tão fiel a J ung quanto se. pode ser. Af?S!D;l como
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CIÊNCIA DA ALMA
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O h,omem sempre viveu no' ~ito, e' a,cre<Jitamos ser capa
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zes de nascer hoje em dia e viver fora' do mito, fora da
história. Jsso é umadoença,totalmerde anormal, pois o
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homem não' nasce todo dia.:Ele nasce 'só uma 'vez, em um
ambiente histórico específico, com.' qualidades históricas
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'-r'" específicas e, dessa forma, ele só é completo quando possui
uwa relaçÇio.,co.m essa~ coisas. $e você cresce sem ~igação
com o passado~ é cómo se qocê nascesse sem olhos e ouvi
-, ' dós ... leJ isso é uma m"utltaçad do ser humano. 1 '
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o inconsCierite cioletÍvo
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- ./ {." . .." .:::.' ..., Ti"' vista psicológico, ele deve manter uma: lig~ção viva com o
~' ,jI- ,,-/ I. : ; ~ incons'ciente coletivo. Xo 'longo da história, e'ssà ligação
J ! l ";,,.1_ tem 'sido forhecidapel~ religião óperant'e ou pela mitolo
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gia: em vigor'em dada sociedade, Uma religião'específica
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ou uma mitologia viva funcionam como um recipiente para
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que se encontram entre todgs nós e a realidade bruta do Vários poetas do século XIX - Nietzsche, Matthew
inconsciente coletivo. é a função dos mitos vivos e Arnold e outros 2 - a~úp.ciaram que a mitologia Cristã tra
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da re I19mo. " . :"
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. ,..1 c.i _' dicional predoIllÍnan.te nã<;>mais servia ao seu propósito,
Enquanto o sujeito está ligado a um mito religioso, e que os indivíduos IDQQerno!?nãQ ',estavam mais contidos
ele não precisa dar atenção à psique. A instituição reli por ela. No mínimo,a min9tia criatJ~adasocie,dade oci
giosa cuida disso e, se ele é um bom membro, que vive dental não ca,be.majs!lo recjpient~_dOÍI1ito 8ristão e, desse
dentro da estrutura dogmática, ele está salvo. modo, está qb~rta ~ dispoI).~v~1 pará a possibilidade de
aquele ditado, vocês sabem, de que não há salvação fora descobrir empiricamente a PsicQlogia profunda.
da Igreja. Isso é verdade, não há salvação fora de u"!a . \._. "--:. ;~. t" (. !, I.: . ,",.,) l_ '.;':
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igreja, uma mitologia viva, a não ser pelo processo de A idade da tdulsfôrmação '1
individuação, e este é raro e difíciL \' I ~ ! '_:' I \ ;. ~ ", ~ .. ~ ,'~'
Assim, de maneira ger::tl, é mais ou menos Verdade Uma grande inudinça' aconteceu 'ná' psicologia cole
que não há salvação' fora dá Igr~ja, e não importa dequal tiva em torno do século XV. Como eu gosto de dizer, de
Igreja estamos f9..li:qlçl9.. À.'m:~qidª qu,e !?~, po!?sJ,l.i l,J.m·:reci maneira um tanto dramática, "Deus caiu do' céu para
piente para o inconsciente coletivo, e o sujeito é um mem dentro da psique". 3 Foi màis ou menos niquela época que
bro sincero de alguma congregação religiosa, ele esta sal a projeção coletiva da 'divindade: no rein~ métafísico do
vo, do ponto de vista psicológico. b sujeito fem uma reíação dogma religioso recuou. Foi um processo' lento, que co
com a imagem de Deu!3 projétaq..a.'.Coíno disse J~~g, as meçou apenas em algumas pessoas, más foi lá que ele
grandes religiões ~ão ~a~des sist~mas psicoterápiéos. É realmente 'tev'é' iriíCio: kirriagem'de Deus foi se 'retirarido
isso que elas e elas fornecem aos seus membros uma da proj'eção 'metafísicàeeritrando na psique.' O que vi
ligação com a imagem de Deu~, 2 Si-~~S}1W·~S~~w.esWP'1~ mos, então, foi uma inflação coletiva,'um grande 'cresci-'
Deus sendo virtualmente termos sinônimos), por meio,de menta da energia do ego, que' se manifestava em todos os
rituais e dogmas de d~terminada .~g"fej,a.. "', r • lugares. As pessoas' 'começ'aràma 'exploraro'globo, e a
Enquanto esse método furiéionar,nãoná1o
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que se fa
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fazer todô tipo'de descobertas nas' ciências e' nas'artes.
lar contra ele. Nq enta~t?; nãp,h,~, à po·!?~~piJ,i<1:ª,Qe.de..u~fl Houve uma grande expansaoda consciência humana no
psicologia profi.lI~da e#quéll1tR se esi'á- f0riti5:lo, ~f.l1·,unia nível do ego. Mas o preço para isso foi uma progressiva
Igreja. Enquanto oin~oil"scÍE~#te c,9Iet!y~ esti':/er pres?,:~or perda de ~ligàção coin 'a'dimensão' trailspe.sso,al, um pro
assim dizer, ao simbolismo
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de uma
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estrutura
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dogmática:
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cesso'que agorà:alcança setiápice~' ,;
e~pec.í?ca e concre~a,p.~o ~x.iste!(po.s~~RiydlF,~·~e .~~?r~~ O ego-humano tomou o controle'das energias psíqui
nencla-Io de maneIra empínca e IndIvIdual. A pSlçologla,:
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cas' de talformaJque a'realidade da'psique objetiva, a
profunda não se aplica àqueles que estão 'contidos em umá " , ':.
crença religiosa específica porque eles não necessitam Notes àn the Seminar given in 1934
dela. A psicologia profunda nasceli, na Idade· Moderna 1939, e Edinger, The Mysterium Lectures: A Joumey ThroughJung's Mysterium
Coniunctionis, pp. 222ss. (Nota do Editor)
porque muitos necessitam dela. 'Realmente precisamo$ 3 VerE;dil)ger, T.h.e. A.ion.4ect.ure~:Exploring the Selfin C. G. Jung's Aion,
dela. ;'" esp. caps ..9, 10,23, (Nota do Editor)
12 13
realidade da dimensão. transpesso.al da: psique, queántes do inconsciente, co.m Freud e Jung, foi que de repente a
era garantida pelas co.nvicções religio.sas e' metafísicas', psique tornou-se um objeto do ego subjetivo. o.bservador.
ago.ra encontra-se em grande parte ineficaz Como'um, fa} E foi isso que abriu as portas para o. estudo científico. da
tor efetivo na vida coletiva. Essa situação atingiu um psique. Essa é realmente Uma eno.rme revolução coperni
extremo tão grande que, da forma co.mo eU: a entendo., ela cana que ainda mal éomeçoti a penetrar, na consciência
é o precursor da próxima era,~Esse estado décoisás esta:~ coletiva:
va previsto na Bíblia, no'Apocalipse, onde tudo está ex': ,,~ f ~
diz não. sabe, então o. f11e?tr~. respon<;l~: ,"Bom, eu, também. Bem, eu/Til uiiLtá.lo din Vúma eficamos convúsando por
não sei, mas sei que~ não. a;descobriu; ~ 'peixe." (reze horás sem parar.,·.. nem percebemos que estávamos
" quase mortos ao final:daconversa ... Eu ainda era muito
Como. vo.cês. po.dem v'er, QS seres .hum~nos e,stão,exa jovem naquela época, ele era mais. velho, ·tinha uma enor·
tamente na mesma ppsiçãoem rel,ação..à psique.,~lel?,>;H . me e~per:iência e ~stq.va, é, ,claro, muitC?nÇL minha frente,
vem dentro. dela. É o seu 'meio'ambiente,é existf!m aI-, . então;aqúiesci pç,ra poder aprender alguma coisa pri
guns pequeno.s vislumbres de luz so.breo lugar o.nde ,o.s m~iro.6 ir " :.' .,'
"'1\1' l (.1 J ,-.' '1:
egos individuais existem nesse ambie'nte' ger;:tl da psique:
mas eles estão. tão. perto d~sse'qmbiente que não. conse Po.r alguns ano.s eles fo.ram co.legas. Embo.ra um es
guem reconhecê-lo co.mo um:objéto. empíric9 que po.dE2 ser; tivesse .emyíen<t e 0., ?:utro,er,n ,Zurique, enco.ntraram-~e
estudado da mesma forma como a natureza é estudada com Gerta freqüêncí<;l:etíveram muitas co.nversas. HaVIa
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lá.
muitas diferenças, mas por um longotempó Jung sub ao fato de essa descoberta revelar que a psique individu
meteu suas próprias idéias às de Freud., poiss~bia que al está flutuando, por assim dizeI!, em um oceano com
Freud tinha mais experiência do que ele. No:e.qtanto, tudo
mudou a partir da publicação, em 1912, do liy:ro'Transfor
mations and Symbols.of the Libido 7 ; de Jung. Os cami
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partilhado por toda a nossa espécie.
nhos separaram-se nesse momento, pois Jung estava co. A natureza dos sonhos
locando suas idéias para fora, e ele sabia ql,.le existiam
diferenças muito sérias na forma como cada um compre o que são os sonhos e como devemos compreendê
endia a psique, especialmente em relação áÚ~iàJ, '6tie~er~ los? Aqui, mais uma vez, existe uma profunda diferença
gia psíquica. '" ! J 1 ~ 1.,'",
nos pontos d~ vista de Freu~, ~. ..rung;~l~s~çmc?rdavam
que o sonho é o caminho régio'paráü'iíí.cOIlsCiénte, mas
Aquele livro custou-me:minha amizade com Freud, pois
ele não o aceitava.. Para.ele, o inconsciente era umproduto discordavam quanto ao destino dessa estrada. Freud acha
da consciência, qy.e sim.plrç.sllJe.iJ..te co.rl~~1Jha ?U(:i.o,o que dela va que ela levav~à descoberta dÚ's desejos inconscientes,
sobrava; era Ulr;t tipo de ,q uar~o 4e d,espejo 9nde toeja,s as e que a naturezasimbólicà dos sÓnhbs"pôd'éria sei expli
coisas que a consciência -descartaüã' efá,.n: amontbàdas e cada ao se po~t).lla'r aJ~m dp(rq~ 'c8D;s'hrq.Jung 'não acei
largadas, Pará' mim, ja 'naqueld época! o inconsciente êra tava essa i~~l?,çl~J,ei~~. ge,nplJ-n.1;, E?le Go~sideràya '9 :\30 nho
uma matriz, Uma base de consciência: de uma natu-r.eza
criativa, capaz,de',atos·autônomos. J' '..J. < :"nJ~1
um produto da natureza. A natureza p.ão' engana, ela ape
f..'-' I 1_. ~jf. /" }1
nas fala na sua própria linguagem; 'e depende de nós
aprendermos essa linguagem, chegar a uma compreen
Jung passou, então, por' uma\profú'nda'experiência são dela .." ' ., ", ' : ,,,' i'i i I"
do inconscien'te, de'1914 ai 1'9-18, e foi'néssa épqca" que 'ele Oss'Onhos' falam';\sim,: uma lingüagemsimbó1icà
fez a descoberta pesso~l e'ilT!-ediatad9 inçonsci~nt~ cole em relação a qual devemos adquirl'ta'Ca'pacidade:dé'coni
tivo. Freud descobrira o irÍçonsdente, mas"ap~n~~ sua preender. Existêm,tambéhi, diferenté's níVeis de sonhos
dimensão pessoal, que'é;ceFtamente; muito.reabOs con
- sonhós super.ficiais esonliós profundos;'son'hos peque~
teúdos do inconsciente de J,i'reud referiam-s~'apenas à vida nos e grandes sonhos. 0s grandes sonhos possuem;' em
pessoal do indivíduo, à infância'em'particular; e':q.quanto
seu cont~údo,.imagens aiquetfpicas: Os 'sonhos menores
o inconsciente coletivo; descobriu Jurig; àlargavaimen
",' , parecenicletivár do:iricon'stiente pess6aJ;'é'os sonhó'smai'
samente as perspectivas da psique individual. I~so se deve ores têm"> mais' do' que' ürilàreléVânCià pessoal: 'Eles 'S'ão
.'} ,": , , , , , '1 'J relevantes a toda 'uma cornunid:àde, ou sociédadé, já que
r~ "'r;.'{,i~;,r("",;lr'i"-I' ",~'1~~
7
"(
A versão literal da edição alemã or!ginal' de 1912, Wandlungeri ulld os fat6f.és) afquet'ípicós"qctedeterfuináin 'a éxistêriCia in
Symbole der Libido, seria Transfõrmatiõris andSyíiibôls bt.tM <Libtdó" em \Jota dividual também estão op:erantes· na)coletividade mais
em inglês o livro tenha se chamado On the Psychology ofthe Ullconscious:.~m
uma edição bem revisada de 1952, o livro passou a se chamàr Symbols of ampla. E tanibéfué vérdade'<lue, em"àlguns casos, pode
Transformation, CW 5. (Nota do Editor) Em português, Símbolos:da Transfor. se percéber uma sabedoria'impressiónanterevelada nos
mação, (Nota do Tradutor) , ~:l, ' . . . . ''''" "
8 Jung, "The Houston Films", em Maguireáhd Hull,eds., C, Q, sonhos, sabedoria não apenas do presente e do passado,
Speaking, p. 339, , " mas às vez~s, sabedoria do futuro ..
16 17
Jung demonstrou que o inconsciente funciona para
periência. E se vocês refletirem sobre a experiência, po
além das categorias de tempo e espaço. Isso significa que
derão começar a dizer algo sobre ela. Normalmente, é bas
um evento relevante ao qual um sonho se refere. pode
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tante útil refletir sobre as versões iniciais de tal expe
encontrar-se no futuro, em vez de no passado, que o evento
riência, então podemos considerar as versões iniciais da
futuro está projetando sua sombra para trás, por assim
consciência. Por exemplo, em sua autobiografia Jung des
dizer. Para o ego racional, é difícil aceitar essas coisas,
creve sua expétiência de' tornar~se consciente mais ou
mas existem dados muito claros de que essas coisas acon~
menos aos onze anos. Um dia, sem mais nem menos, foi
tecem. '",
" como se ele saísse de nevOéiro' e percebesse: "Agora eu um
sou eu mesmo, agora eu existo". 10 Antes disso, esse conhe
"
A criação da consciênciÁ "
, f'\' I
cimento simplesmente nunca tinha ocorrido a ele.
: ; ~ ts ~ ,,'I 'I , : " ) ~..t
Consciência significa, acima de' túdo, estar ciente. E
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significa.não apenas estar ciente dós objetos, pois até
A consciência é umJfatorJ, e existe, um· outro, ' tão impor
tante quanto ela, o ~nc:ons~iente/ que pode interfer,ir na cons
os animais o estão; os' animais não ficam se chocando
ciência na hora que quiser. E claro que éu dissf! a mim com os objetos, eles estão cientes dos objetos e mantêm
mesmo: "Mas isso é muito desconf9rtável, porque eu acho se afastados deles, e q~ando eles vêem vocês, reconhe
que sou o único mestre' em miríhacása". Contudo, deÚiJ cem vocês e mantêm certadis'tã.ncia. Então; eles estão
admitir que existe um outro alguém nessacasa.que pode cientes dos objetos, mas não estão cientes deles mesmos.
fazer umas travessuras. 9
EssG\ ~ a, ,car~ct~rís:q9a F1J.~ial ~a,c~:hsç~ênci~: ~ conscjên
i ; '. "
••' "_o • ,\
preender essa experiência pu entidade, E para podermQs , , Esse é o grande mistério da consciência, e~a tem o
compreender alguma;coisa, devemos ter um alcap.ce gran~ . , " ," , "i i . . . ": ' } ' . . • '
qual chamamos de consciênc.ia.':... '~' " ~ . , l ,. . ~• ..' " • " . t, • 1_ " . ' ", .
víduos experimentam; é um termo de!?creyend~rurria ex , IO·Memories, Dreams, Reflections, pp. 33s. (Ver também "The 'Face to Face'
Intervle~", em 'Maguire and Húll, eds., C. G.Jung Speaking, p, 425. - Nota do
, > ~. ~ ':: Editor),
p.340, 11 Ex 3,14. (Ver Edinger, The Bible and the Psyche: lndioiduation Motifs in
.' I the Old Testament, p. 48. - Nota do Editor) ,
18
19
cimento de uma luz que n~o existia ,antes, E;! () que ela, ciência se desenvolve, separando sujeito de objeto. Eu sou
traz consigo é uma maior consciê,Iícja dflsobgrania d9.ego. o sujeito, e todas as coisas com as quais eu tenho de lidar
No curso de perceber a própria exist~IíÇi~, () ~go p(;')r •q do lado de fora são os objetos da minha percepção .
cebe, simultaneamente, que ele .existe.:em urrLamb~~nte, Agora, o mesmo aconteçe no mundo interno. O sujei
e que há objetos e Qutr,as pes.soas qlJ~o tambépl ex:is.t~m. to descobre. que Oiitconsd~:ritéposs'l;li conteúdos qu'e são
Ao mesmo tempo, o indivíduo perc;eQe qlJ.e "l-, cO~$ciêf,lcia objetos da>lpróP.ii'a s~bJetividadé. E'eu';possó percebê-los
interna é um reino sep,ara,do'que nã()pocle.~ex,pen,e~r~d,o; como objetos,'ê'fa'la~ 'delescqmo's~ndó psiq'l;le objetiva., a
é inviolável. Essa é a fonte do siml;wlismo do r~i, ,Q. r~C9- No entanto~\jéiã que posso·també~ êlizer que'a psique
nhecimento de que a c'Qnsciência tra~ GOI).sigQ uom Sf;I}$O objetiva que eu percebo cóniô um' óbjeto' é~ 'ela própria,
de soberania. E esse é osentjdQquet"l-n,tós,f; fl?::pap.diu, na, um sujeito, que me percebe como um objeto? E a resposta
sociedade ocidental W?S \Íltjwo$ :quinh~I).tos 'a,nos: â. per ..seáconsciêncja existe, ela tem de
é: "Sim", Por definição, ,.."
cepção do ego d,e s\.!.a s9.b~raniq em ,rela,çã9 à natur€)z,ae ter um sujeito, ela:"tem de ter uma base onde possa se
ao mundo. '" . apoiar. Esse é Q sentido -'da palavta;sujeito.
À medidâ'que admitimosqu€j' o inconsciente possui
uma consciência, admitimos que ele é um sujeito, que pode
A consciência no inconsciente "
olhar para mim e se relacionar comigo como um objeto.
Esse é o fenômeno expresso simbolicamente na noção do
Estamos falando da cOrisciência 'e seus muiÚplo~as:
o Olho de Deus. 13 •.- . '
pectos, o que traz à tona outra: pergUnta, que seri~: "EXiste
Vejam, 'uma das características da expgriência do
consciência noincclIisciénte?" E a resposta é:'''Sim''. ~ung:
Si-mesmo é ser ooservado pelo Olho dê'Deus,' Uma expe
discu te essa questão hô importantíssimo' texto' '''On the'
riência muito inquietadora essa de ser observado com to
Nature of thEi Psyché",12 onde mostra'que a corisdênt{à
tal objetividade por um sujeito interno que nos trata como
existente no inconsciente é difusa e parcial. Elà não pos'
um objeto. Ao serm'os tratados comoóbjeto, não somos
sui a clarezà de enfoquequekúonsciência dp ego po'ssui;
mais soberanos. Enquantõsônios'o sujeito, somos o sobe
ela é de uma natúreza 'diferente e talvéz seja 'descrità1
rano, o soberano que examina o seu próprio reino. Mas
melhor como consciênCia latente. 'Isso, t~mbé'm' significá'
queoinconscienteéumsujeito.t '''0
:~_·L,!I., ,) quando so'moso,objeto; o 'sujeito que está olhando para
nÓs.é'o,·soberano examinando o rein'o dele, e esse fato nos
Parte do fenôm~no'da: consciência'diz r~speito à âis~)
leva eíndireção a todo o simbolismo'assóciado ao arqué
criminação entre sujeito e óbjeto, Estou ciente',cl.e quesoli;
um ser consciente; sou o' suj~ito nessa: consCiência. Quan:', tipo:dd Julgamento Final.
do olho para o mundo, vejo objetos e, nO'processo'de~e
.", ,; .-,j.
, ;.~
"I '
separar da identificação com esses objetos, ocorre uma se " ~ 1 <, ..) ,
20 _________ 9.L-._
A estrutura da psique nos adaptar à expectativa dos outros. Mas o resultado é
que todas as profissões tendem a desenvolver sua pró
Persona , I._.)
priapersona. Temos, assim, ap~rsona médica, apersona
Todo modelo da psiquedeve começar pelo ego. O ego eclesiástica, e assim por diante. E claro que a análise tam
é a base da consciência e o centro subjetivo' do senso de bém possuipersonas, apersonaanalítica, o fato de se tor
identidad~ do indivíduo: Desse modo, tudo o' que 'existe nar uma tela de projeção em branco, embora essa não
na consciência deve estar rélacionado' a uJ!l ego,. a úm' seja aprovada pelos analistas junguianos.
sujeito. é o ponto de partida.·,- .... - ., J.. , Desse modo, apersona.é ·a:entidade psíquica que
opera entre'o ego e o mundo externo.Agora, quando olha
mos na outra. direção, para .dentro, o que encontramos
primeiro é a·sombra: Essa é aparte inferior da 'persona
lidade, onde. se· encontram todos ,aqueles aspectos que o
indivíduo"considera indesejáveis; escuros,' até mesmo
demoníacos, emJ si mesmo. Em geral, não os ,reconhece
mos por serem muito desmoralizante13. Essa é a primeira
... coisa com à qual'o indivíduose'defronta aO'se s'lJ,bmeter a
SOMBRA
" uma análise profunda. Abaixo dela encontra-se o que cha
mamos ,de.anima.e.de alJ,imus ,a,anima .representandoa
ANIMAI ANIMUS imagem feminina no homem, e oanimus, a imagem mas
culina na mulher. A projeção de animus ou: de anima é,
muitas vezes, responsá,velpela experiência do apaixo
,\';
namento ou~:de modó inverso, pot. uma imensa aversão.
: l~Jj Por trás dessas imagens estão a Grande Mãe e o Pai Ce
J' .. ; .~ \
"{
aberto à possibilidade de realmente su:cumbir- à:posses de-me a me livrar dessa mulher!" Contudo, ele não conse
são pelo arquétipo do mal. gue sair, ele é como argila nai mãos"clelcL Esse é óarqueti
po, o arquétipo da anima... Coni' as 'mulheres acontece o
Mas, em algum momento, mais ou menos n~ meta9.!'l mesmo: ,Quando .um homem canta muito alto, a moça acha
da vida do indivíduo, se ele estiver destinado ao desenvol que ele deve- ter um caráter espiritual maravilhoso, pois
vimento, esse processo de relação_com a sombra;.deve ser ?le c·on,segue atingir 9 dó agudo, e ela fica extremamente
revertido. Ele deve começar~a recupera!' todos aqueles.as desapontada quando casa com esse homem em particular.
14
pectos negativos e inferiores que ele,rejeitóú nO.processo Bom, esse é o arquétipo do animus.
prévio de formação do ego. Mas esse~é·ur:ú negóçio.artisca
do. É arriscado porque se o indivíduo for inunda,do de ma 14 Jung,. ~'The Houston Films"; em Maguire and Hull, eds" C. G. Jung Spea·
neira muito abrupta pelas qualidadesi.da-:sombra,. pod~ king, p, 294.
25
24
Jung diz que a assimilação da sombra é. a.tarefa
res, poderes divinos; de sedução e encantamento, orien
ou opus menor, e que a assimilação da anima é o' opus,
tação e elevação espirituais. Ela pode tanto tentar um
maior. 15 Não é muito difícil obter algq.ma consciência so
homem até. a sua destruição total, quanto levá-lo à sua
bre a própria sombra; está dentro do alcance da maioria
maior realização. Essa é a amplitude de suas capacida
das pessoas, ao lhes fornecer alguma in~trução e assis
des e não preciso nem dizer que um ego racional sozinho
tência. Parece ser muito mais difíçil, todav~a,' tornar. a: não consegue:,dar.conta-,de:·uma entidade de tamanha
anima ou o animus conscientes. :'
grandeza. Mas elaé isso mesmo.· r.: .. "
Não são poucas as pessoas desavisadas, que I1ãj) re~' Deixem-me repetir: -isso não é um conceito, mas uma
conhecem nem a exist~ncia empíricaq,à anima ou do
realidade empírica Niva, que ,pode ser!demonstrada se
animus. Elas pensam que são apenas conéeitos, idéias;
vocês se derem J ao· tràbalho de olhar: pelo telescópio da
dispensáveis em suas vidas. Mas eles não são apenas con
psicologia profunda:. ,(Estou'pensando no' telescópio de
ceitos, são organismos psíquicos vivos que êons~guimos;
Galileu, pelo qual as ,pessoas! se recusavam a.olhar por
reconhecer e dos quais tornamo-nos cientes somente quan
não querersaber.que Júpiter tinha várias:luas.) A gran~
do passamos por uma experiência que nos, torna cientes'.
de manifestação inicial~dadnúna!é; quase sempre, por
Contudo, é necessária uma boa dose de insight para
chegar a essa consciênCia. " '" . . .. \, meio de uma projeção.'Um homem :C:onhece uma mulhep
que lhe .salta aos olhos ,e se apaixona: 'Esse· fenômeno· é
Falarei primeir;:)' da animâ 'no homem.' ,
uma projeção de anima.tTentem lhe.dizer, isso nesse mo
A anima éilma enÜdaderiéa; conÍplexae ambígua, mento e vocês· não chegarão muito.longe~ Mas a' projeção
que contém muitos 'aspecto's diferentes; Ela'penetra'bem pode ser demonstrada.,' Eu i não l falo ~isso \paradepreciap
fundo no inconsciente coletivo 'e possui u.m aspecto "forte essa experiência, de forma algum á; chamá-la de projeção
mente arquetípiéo. A anima també,n1 incorpónl todas as significâ~que sua.força vem dedentro,-'não deforà, mas
experiências importantes que o homem tem :de:uma. mu
issôde maneirafalguma'diminui a sua! importância.
lher. Tudo isso é construído na imageIll daa",im4" de " Às vezes, a projeção pôde .acontecer de Uma vez só,
maneira que ela se' torna uma entidade fataL Fatalidade como·noambrà primeiravista,mas\ela:pode cair de uma
é uma das palavras~chave quepoclêm ser ápli'cadas à
vez SÓ" também. A pessoa, precisa apenas enxergar uma
anima do homem. Quárl.do aàrl.Íma é\ ativada, pode-se pontinha da falibilidade, ou dos defeitos pessoais da mu
saber que alguma coisa ,fatal ,está .para, aéimteêer, seja
,.. ". • .; ~ , ~' " • • ,. • " "', , J' •
lher real; umà única' vez,.e issó pode ser. o· suficiente pára
para o bem ou para o m a L "
que toda a projeção colapse, desaparecendo no vento. Em
Assim como acontece'com todos os arquétipos, aqni tal casoi issô:significa queorelemento fatal da projeção não
ma é uma união paradoxal de opostos: Ela é, i:io mêsmo foi ativado:, Quando o elemento· fatal da 'anima é ativado,
tempo, uma prostituta e a Virge~ 'M,aria. Ela tem pode- quando ele encontrá 'Uma mulher em particular lia qual ha
I .. • . . . :
Assim cOmo a animq, o,C!lJiPJ.l!,S ~fh~m~do a p,artir .d~ " ' , ~I' ). 4 I
da mulher. Os mesmos fatores fatais aplicam-se, ames, . "1''' I: " rr! ,(. I ~, I '
ma ambigüidade, a mesma união de op.ostos.. _: 16Diaira~f!adaptad,o dp 1isçp~q 9~'.Jung em "The Psychology of the
dor.,,..,,,,,", The Practiée af Psychotherapy, CW 16, par. 422. (Nota do Editor)
28
29
Quando um homem e uIl).a mulher se gostam e co
casa, existe um outro que viveu aqui durante todo o tempo,
meçam um relacionamento, primeiro haverá. entre ele~
e eu nunca o conheci", Essa é uma experiência grandiosa.
uma relação no nível consciente. O homem, consciente
O protótipo disso é, naturalmente, a experiência do
mente, gosta do que a mulher: é,.e vice"vers<;, e ele~ come~
outro externo; todos nós vivemos essa experiência bem
çam a se relacionar nesse nível; esse é o primeiro e mais
cedo em nossas vidas e aprendemos a nos ajustar a ela. A
óbvio nível. Mas aí, os outros jogadores entrqm na jog~
criancinha perCebe que não é o centro do universo, que
da; se houver algum tipo çle profupdidadena relaçao de-o
existem outros centros que exigem a' mesma considera
les, a anima do homem s~rá projetad,a, a tada à mulher, e
ção que ela. Isso então leva ao fenômeno da socialização
o animus dela será projetado no homem. Aí então temos
do ego, à percepção do outro externo. A experiência do Si
um intercâmbio mais complexo, pois:ohomem . passa a
mesmo é a versão interna dessa experiência e, em alguns
enxergar não apenas a mulher da qual ele tem consciên
casos, o impacto é tão grande 'que estilhaça o ego. Pode
cia, mas também a sua projeçã.o de anima; e a mulher vê
gerar uma psicose, esse tipo de experiência. Mas quando
não apenas o homem do qual ela tem consciência; mas
também sua projeção de animus. . o ego está desenvolvidó o bastant~, de modo a ser capaz
de viver essa êxpetiênciá, torna-se possível assimilá-la.
E ainda fica mais complicado,'pois o animusda mu
Agora, o que acontece com certa freqüência é quê, se
lher vê a anima do ,homem 'e começa a re,agi,~a e~a; e-fi
há algum sistema' 'religioso ou mitológico à disposição do .
anima dohomem ..vê,o an.imus da mulher e reage a,f~l~:
indivíduo, a experiência sêrá assimilada den.tro dessa'
Então, como vocês, podem ver,. esse intercâmbio pode fij
formulação religiosa em.particular, e sêrá descrita como'
car bastante complexo. Quandoduas pessoas entram em
uma experiência de Deus,dentro'dos preceitos dessa re
disputas ou desentendimentos, uma consciência dessa
ligião. Mas o que temos em mãos agora, pela primeira
fenomenologia estr-utural é uma ajuda para se resolver
os problemas. . . vez, é a oportunidÇ\.de de .criar uma ciência empírica que,
diz respeito a 'esse'nível de realidade: psíquica. Sempre
o Si-mesmo tivemos inúmeros credos de diversas formas; mas nUI).ca'
7 '\
." tivemos uma ciêncía empíriça desse fenômeno, e foi'isso
que Jung disponibilizou para nós.
O Si-mesmo é algo -realmente·imenso. É com ele ,que
I{ I , ~ ~
.
,', '\
você se encontra ao descer:ao fundo do inconsciente co ~ í I'
letivo. Uma das características dà-experiência;do Si-mes
mo é que ela nosJeva a uma consciência .de que existem Individuação " f ,0 '\t
para a Compreensão de fatores irracionais no pensamento'social,'na religião e Não há como passar porumà. análise de verdade, por uma
na mitologia primitivas, (Nota do Editor) . '.: L •..
.i
confrontação efetiva cóm o'Ínconsciente"a não ser que se
34 tenha um ego viggroso, responsá~el e ético. Antes disso
35
""" a ... ~TA r\('\ pnv~
,
"
~aíspro:(u~dq.doih:;
f-.
~ - .• ,j
.'
• .J!.. '
líder '..:,:U:Ín: reÇpr~sidente','6u primeiro~r:ni~istró.Às ve
zes, é uma oligarquia de aristocratas. Contudo, para que
consciente, onde os aspectos sociais,não pogem,se;.,de.!j_
Crttos em termos tão simples, Elesestão,presente,s"mas uma soCiedadéseja cresa é' orgânica, ela sempre precisa
38 ter umà aütoiidade~entrar,e essa autoridade social.cen~
traI, externa, é um espelho da autoridade interha-do Si termos psicológicos, o Si-mesmo precisa do ego, da cons
mesmo. Ê por esse motivo que, quando se, sonha com um ciência e da relação do:ego'para com ele" para que possa
rei ou um presidente ou com uma capital,na maioriados ser transformado. Assim; colocamos essa idéia em nossa
casos esse sonho se refere 'ad Si-mesmo. ' ,
linguagem psicológica' neutra.. ,. (:'
O que está emjogo aqui é'a relação do'indivíduo Com O Si-mesmo, ou Imagem de Deus~ .em sua forma in
a autoridade. Se ele não possui 'umaconexão com o Si consciente, como eu jádisseantes,.ê uma.união parado
mesmo e, particUlarmente, quando.oego é fraco, quando xal de opostos. 'Esse é o;solo, de nosso, ser psicológico, e o
existe um baixo nível de diferenciàção~Psico1ógica _ espe~ Deus cristão do·amor.é;apenas.uma metade dela. Ê por
cialmente em tempos de distúroios sóciais'e.angústias-i isso que Satã nunca desapar:eceu;ele leva uma existên
há forte tendência do Si-mesmo, o 'princípio da' autorida cia isolada, mas ainda está por aí. Jung nos demonstrou
de organizadora central da psique, ser'projetado. que Cristo e Satã são os dois filhos, os dois filhos opostos,
Em tempos de corifusão,' o aspecto compensatório da da mesma diyindadeJparadoxal.~,.l.E- quando' essas ima
psique é ativado;~ a desordem constela a 'Ordem ~, em tais gens chegam 'ao alcanceda'experiência empírica,elas.
circunstâncias,. a ordem é, em:geraI,impo,sta com um'grau
de disciplina e,autoritarismo:: ~ ' : , ... requerem algum tipo de reconciliação. Elas geram um
conflito interno. intoleráv:el até"que. atinjam alguma re
O que pode acontecer em tais casos são projeções- co'" conciliação, e isso! é'o que acontece quandoo',indivíduol
letivas maciças do Si-mesmo em um líder, um Führerpor encontra a Imagem: de 'Qeus primordial: em seusr opostos:
exemplo. Isso aconteceu na Alemanha nazista, e temos aí paradoxais. Ele experimenta a'ativação· do conflito ine
uma lição da magnitude, quaseinimaginável, dos perigos
da projeção, da projeção coletivá, do Si-~ésm~. Também
rente à natureza da divindade. No entanto, também está
contido em toda essa' dinâmica p potencial para a união:
podemos observá-Ia'em~todos os tipos de; cultos religiosos dessesopostos,que,Jem p1uitos casos;· pode ser ·alcançad&
carismáticos e,. em menor escala, em todos os lugares. QUàn:
do perdemos a contenção exercida por nossos mitos religio~
no processo de1individuaçãó por meio ,da imaginação ati~
va. A conseqüência:disso<.é:que'aJpsique,não mais, se en-';
sos convencionais;'esse perigo' cresce. Essa éa maior amea~ contra dividida.' ,) ~);" ' l , \ I . ' Í ' ' • ' >',-,
ça à humanidade,t muito maior: do 'que a boinba 'nuclear.'1 A psique cr,istã~estádividida,:eisso englobá. a todos)
tl'" ' '.' _1~. J.\ ' : ~ .' ,,"";., ;~
nós. O fato de você professar ou não o.cristianis~o é irrele'é
I' "J'_ •
~,fi il
", "
vante; ele faz,partelda psique coletiva' compartilhada por
todos nós\ ,de modo 'que .estamos:,todos divididos,. pois a,
esse ~onceitó
,'I·' ; "'I" I " , 11 1;.,)'.'. i ,.,' " , " 0,1" "
Imagem deBeusestá,di\iididaiNaNerdade; a divisão ocor
Jung coloca de, f9rll1a muitõ sucinta .éní
" , ' , ' ) '. ')
Resposta a Jó', quando diz: "Q1f~rp:c~~heç~;fJJe~'H'
p, ,- , . " : •.'
age
I, ) " "
reu antes mesmo do cristianismQ;ela ocorreu com Platão
sobre Ele". 20Vejam, ess~:ç mp~ q~çl#raç~osiP1Bólica. ~:m e os Estóicos; de forma que ela !possui uma raiz filosófica
também:'Mas::essa diyisã9,·!~.ssa. duplicidad~ paradoxal
PSYChology and Religion, CW n, par. 617 ..yer
20
I l,
Eclinger, Tran.s, tamb~m
: f I : '. r" :' ~.
formatLon ofthe God-/mage: An Elucidation ofJungí; Answer to' Job, pp. 60s.
(Nota do Editor) " " , , '1, .:~" 21 Ver íbid., pp. 11,81, 121s., e Edinger, The Aion. Lectures, pp. 565. (Nota
do Editor)
40
Então, segundo certos teólogos ,23 a Igreja como o cor
da divindade, é o que sofre uma reconciliação':etransfor po de Cristo é obrigada a viver a mesma seqüência fatal
mação quando uma consciência humana individual com de Cristo. IssO significa que a Igreja também deve passar
promete-se com essa questão profunda. em sua própria por uma paixãO e uma morte. Pois a Igreja projeta esses
vida. Assim, essa pequena parte da psique coletiva car eventos lá para o dia do juízo final, para o mais longe
regada pelo indivíduo é transformada. Se um :número possível. Mas, do ponto de vista psicológico, devemos con
suficiente de indivíduos passa. por essa experiência e, siderar que isso está acontecendo neste momento. Com a
desse modo, participa dessatnansformação da' Imagem Igreja comO o corpo de Cristo, a encarnação coletiva de
de Deus, eles agem como um tipo'de, influência para a Cristo, por assim dizer - Cristo foi a primeira encarnação,
sociedade como um todo e, de maneira bastante' gradual, individual, a Igreja foi a segunda, coletiva, que também
surge uma nova Imagem de Deus coletiva. precisa passar pela paiião.e pela morte, e pela ressurrei
Bom, esta questão aparece· muito no pensamento ção _, segundo o meu ponto de vista, aressurreição inicia
moderno: "O Cristianismo 'está cornos dias contados? Será rá um terceiro ciclo, no qual o Espírito Santo se encarnará
que ele está Iseesgotando?" Jung, fala algo ml,lito inte noS próprios indivídttos. .
ressante a esse respeito. Ele diz que omito cristão possui, Esse é o argumento de Jung. Como vocês podem ver,
nele próprio, como parte de sua estruturatemática, a morte quando eu o esmiúço dessa forma, ele se'1ll0s tra uma conti
de Deus\Vamos ver se eu consigo explicarisso,:pois acho nuação e reinterpretação consistente e bem apropriada do
que é uma questão de muita impoItância. mito cristão. Jung tinha, na verdade, uma grande.preo
Segundo o mito cristão; e eutrabalho'em cima~disso cupação de que o mito cristão não 'se perdesse para:o ho
no meu livro The'ChristianArchetypel:Deus desce à ter mem moderno. O que ele forneceu foi uma reinterpretação
ra ao encarnar..;:l si' próprio como, homem, por meio da transformativa,do mito, com a noção da encarnação contí
intervenção do EspíritoSantó,.que engravida.a Virgem nua, a qual preserva. todo o rico simbolismo cristão, agora
Maria. Deus vive/então, ,na forma'de ,homem; uma vida compreendido em um nível intiividual, psicológico. É assim
humana na terra. Ele sofre uma pai 4 ão, morre; ressusci que consigo entender o que significa uma nova época, e é por
ta, e aí ascende aos céus. De modo que,' éI?;l sua forma isso que Jung é, para mim, um homem que marcOU época.
encarnadá, Ó, mito descreve ~a divindade pàssando por uma Estamos caminhando para graves distúrbios na es
trutura social coletiva da 'sociedade ocidental. Jung esta
va atento para isso, e chegou at~ mesmo a fazer a notável
morte. O que' acontece, então, depois' de.lsua morte,.'se"
gundo o mito cristão, é que' .0. Espírito Santo .desce mais
uma vez durante o Pentecostes~ E dessa vez, ,de ,acordo afirmação, em uma carta, de que ele escreveu "Resposta
com o dogma, nasce a Igréja~ OPEmtecostes'.é consid.era~ a Jó" porque não queria deixar"que as coisas se dirigis
u
do o nascimento da Igr!')ja;,Assim; o ciclo.da,.encarnação sem para a'catástrofe'iminente}4 Q que ele .revelo na
se repete: o Espírito Santo, a.dí:v.indade, de$ce ,e encarna, ;."' ~ J "
por uma segunda vez na Igreja; que se autodenomin~o 23 Por exemplo, o teólogo católico Hugo Rahner. Ver ibid., pp. 17, 128. (Nota
corpo de Cristo. do Editor) '.. I ' . ' , ':' • " .
. ,.1 ,
26 Jung, "The Houston Films", em Maguire and Hull, eds., C. G. Jung
25 Ver Encounter with lhe Self: A J ungian Commentary on' Willi(,lm Blake's
Speaking, pp. 303s.
Illustrations of the Book of Job, esp. pp. 53ss. (Not~ do Egitor.). . " \ 45
44 L-·_.. . -_. ,-
2
~: ENCONTRO
'I! COM A PERSONALIDADE MAIOR
' I
I,
'11.
, J,; ') :n j ~ ',tA'
iI I ..
I!
II :::,_4" ~1~,
iI
I,
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'. . ( '. I' . • ','
IL~
Essa é á c~rátteristica básica da psicologia junguiana
I
_ o ego e como ele se reláciona com a realidade do Si-mes
mo, A psicolbgia jtinguiana é a únicavertentê da psicolo":
!\~I.
gia que parte 'da idéia de que'há dois centros' na psique:
Algumas outràs linhas, outras abordagens analíticas, es
r tão cientes dê. que há duas entidades na psique; o incons
II1 ciente é uriia'ségOOda entidade: Mas nenhuma outra linha
•
;; parte dopiÍrlCípio de que há dois centros. Isso é exclusivo da
~
psicologiajunguiana. Ejá que existem dois centros, se essa
r~
I1
idéia chega a toiç1ar-se' cOl!s~iente, es~es dois centros de
111 vem colidir, 'eles devem ter um e'ncontroum com.o outro,
II Isso acontece quando o ego, que é o pequeno centro, tem um
encontro com o Si-mesmo, o grande centro. ,
Toda a análise psico~ógica não émáis do que um'pre
"
,~
"I lúdio pa~a ess,a e,xperiência, o encontro com o Si-pesmo.
:~
[,li Vejam como Jung ,çoloco,ll essa.idéiFl-:, , . 7 " . . " ,; . \
pl
.. ,
"
riência, embora seja preparada pela análise, pode não acon ele ser uma entidade maior do. que:o egp, oJl.lWsiglüfjça
tecer durante o período da análise propriamente dita. Ela que ele não pode ser compree.ndido,.nãO PQO,e$er:.abl?-rça-:
pode acontecer muitos anos mais tarde. Nesse caso, o su do. em toda a sua extensão, pelo ego. por esse motivo, não
jeito irá se sentir muito grato por possuir algum conheci pOdemos defini-lo. Para podérino s defini,' áli;Um"'Ópisa,
mento consciente sobre a psicologia junguiana. O sujeito ela tem de ser menor dQql1;e
~ ~ ó~go que'.·a. ~ define. Isso é
nada, Mas confrontamo_nos com o amigO'bu inúnigo inte chamei de arquétipo de JÓ. 32 Usei esse termo porque a his
encontro é perigo só, de um perigo mortal. IS,sç faz,.refe ca; ela, nunca será exatamente como a de.Jó·Qu do apóstolo
rência ao efeito dano~o ,quEl o Si-m'esmo exerce sobre o Paulo, nem como a de Nietzsche 0'l:l de quem quer que seja.
ego no primeiro encontro. Na pior das hipóteses,o encon Mas o conheCimento' de vários exemplos lhes ajudará a
tro do ego COm o Si,mesmo póde'desencadear uma psico reconhecer o fenômeno quando vocês o encontrarem.
51
u.mafetú intenso.
\'"
'. '
dessa Ílatureia ~g~
De forma semelhante, se vio.lei a figura inte'rna que nunca é acio.nado. po.rnós. Ess:(ls cúis?-s 'caem ,do. céu, ou
Co.nstitui minha so.mbra, isso. po.de pro.vo.car uma vingan bramem das pro.fundezas. Todo afetôintenso é uma mani-
ça do. si-mesmo. .co.ntra.o ego, e to.do. o.'tipo"âeco.isaspóde festação. do. si-mesm~ "o
- af.àque ifúrIúSo. do in~tinto;' ~e
aco.ntecer - po.sso. me éo.rtarco.m a.serra.elétrica, o.U so~ se podemos nos relacionar com ele com essa compreensão;
frer um acidente de carro.; qualquer co.isa desse tipo.po.de então ele se to.rn a uma experiência da divindade, assim
aco.ntecer se essa co.nstelação.:se instalar. ' •. ':' ' ..) comO. fo.i alcançado. na luta de Jacó co.m o..anjo;' ,v .. :í,
Ago.ra"o.'que Jacó·precisafàzer nessa.sitúação.é ~n~ Outro. aspecto. de tamanho encontro é mencionado
co.ntrar a reação. que fo.i co.nsteladate,supo.rtá-.lasem su~ púrJung: "'."',", '-, '; j I.:"> j . ' , ' " J ~;,: '::.;.'\
então ele foi abandonado em uma ilha. Contudo,' num dado Meu corpo treme', meu' cabelo arrepia-se, meu Gandiva
momento um oráculo disse que a guerra de 'Tróia: só po (arco) escapa ,à minha mão, minha pele queima~se."
deria st;'lr vencida pelos gregos se eles obtivessem a ajuda Ó Keshava,(Krishna,o assassino de Keshi), eu não con-,
sigo ficar de minha mente está confusa e eu vejC! pres~
de Filoctetes. 'Eles tiveram"de ';voltar, e se' desculpar pelo ságios adversos. .' .
banimento dele e tr~zê-lo àe 'volta à ~oretivida~e. 'É's'se é Ó Krishna; eu também não vejo nada de bom em ex
um belíssim6j~xem.ploàe certo aspecto ,do fenômeno; 9 termin~r me\l prqpriq po~o nessa batalha. Não qesejo nem
indivíduo fica ,~lie~a~() ,e torna-se"um 'peso desagradável a vitória, nem o reino, nem os prazeres... "
para a coletiv!dade.~~~áindaa~sim;·a colétividade preCis~ Essesglierreiros eu não desejo:matât, apesar de eu ser
dele. '
I,' '..ti " ,
• ,~, .. morto, por éles. 3? ' ;I
.'~; fr ~ b ~ I -""-1 . . . . _·· ,KrishÍla responde: l'
';:! l } '!
Ktishna;,),.,~
.1 ..__ ,f ~ 1 ' ~ ! . l,' ! l. ~ ,
'J1 -)
Arjuna e " . _" ., ., _J
Estás lamentando-se por aqueles a quem não se deve
' . .
do a uma série de acréscimos., Mas eu ,~cho,:consideran; Elfii,(Si-mes~'r'ío) nu~ca na,sc'el,i,' ~'nun'ca morre) nem
do-o do ponto de vista psicológico, que não é de todo a
depois de tervóltado não:ser~'Ele(Si~rúesn:lO) não nasce,
" ,
possível que ele tenha se originado, assim cO,mo acredito
que o Livro de Jó tenha se originado;lda.experiência real 35 "The Blcssed Lord's Song" (= Srimad-Bagavad.Gita), traduzido por Swami
56 Paramanada, em Lin Yutang, ed.) The wisdom ofChina and fndia, p, 59.
57
é eterno, imutável, antigo. Nunca é destruído, nem mes_
mo quando o corpo é destruído..: ' .
'" Sendo assim, 6 filho de Kunti, erga-se e vá a luta. .., Aquele que, controlando os órgãos da ação, senta-se
Considerando o prazer e a 'dor, ganhos e perdas, vitó_ retendo o pensamento dos objetos do sentido em sua men
ria e derrota; entre nessa batalha. Assim, o pecado não o te, esse ser auto-enganador é chamadÇl de hipócrita .
. maculará. 36' ,
No entanto, ó Arjuna, aquele que, controlando os sen
tidos com a mente, segue sem apego o caminho da ação
com seus órgãos da ação, é estimado;
De modo. típico, a Personalidade. Maior apresentou Realiza, portanto, as ações que lhe são impostas, pois
uma atitude muito ampla para:a compreensão do ego. a ação é superior à inaçãp. Sem ,trabalho, até mesmo a
Arjuna está confuso porque lhe .foi apresentada uma simples manutenção de telJ. corpo não Serla possível.
atitude para q.lém dos ·opostos. E,'nesse caso,o't~ma da Este mundo é determinado'por açõ~s, exceto quando
ferida esta representado pela su'a confusão. Vejam, a elas são executadas em noine de Yajna' (sacrifício religio
so, adoração etc.). "0 filho de Kunti, realizaas·ações
ferida não é tão proeminente nessa história "oriental sem apego.~a,· " ",\ J • ::';'
quanto oéna, história ocidental de Jó, e.isso, acredito, "f "'.~ lI' . . C.' ; , ~'l
diz algum'a coisa 86bre a diferença entre a, psique orien A isso segue uma des.crição long? e magnífic;;t do modo
tal e ocldental' . t.,
de vida religio~o. Particul~rment~ digna de flOta é a des,
'I , ;
De qualqu.~r mgdo, Arjuna responde: i',',' , . crição de Krishnà" çle s~a próPTi?, natur~~a: I~ein~ le~~
6 J anqrdaI'ia, ó Kesh::lVa (Rnsh.q,aJ, 'para:ti (6 caminho ~e brem-se de que, do, pqnto d~ vist?, pSicóh?gico, o qll;e est,a
mos escutandQ é f) Si-:mesRlf), descr~ven,do,$ua própria
da) sabedoria é superior a (o caminho da) ação; então por
que estás co;nprometendo-meconú~o te'rríveláç'ão,? Com natureza par;a o eg9. ~'l1tão, ,e$sa.l ~ão é"ílpenap,
_ > -' ~ ._"'...
1i1:l1a his;
_,. ~.' i ~. ...
essas palavras aparentemente conflitantes, estás confun tória de um~vento remot?; é m;n relato ~e ':lWi1 eXI?eriên-;
dindo-me a compreensão. (Aí está a ferida, vocêsyêem) cia que pode se suceder com qualquer um de" nós.
Assim, diga-me com convicção qüàl que, segúindo Vejamos como KrisJ:;ma descreve a si m~S1JlO, em parte:
o, possolchegaI; aom,ai!? al~o}7_.,!, ,fi t ,"
;.
"
.~.
1"1'" I
\, !' 1;.
,I
.;1: .
58 ) ~8;Ibíd: ""
39 Ibíd., pp. 80ss. (modificado e abreviado),
F;Q
Lembrem-se, o que está sendo expresso aqui é a na Numa dessas expedições, eu ia a Damasco, armado com
tureza do Si-mesmo, o que a psique ÍIldividi.ul1 pode en plenos poderes e com un:a ,carta do sU,mo sac~rdote. Ao
contrar. Essa é a' maneira COmo o' Si-m,esmo fala de si. meio-dIa, enquanto ~egU1a ~o meu cammho, VI uma luz,
,-, . ,
essa é a sua fenomenologia. Aúnica manifestação dispo_ mais brilhante do que o sol, descer dos céus. Ela: brilhava
nível para o Si-mesmo na consciência é como uma encar_ ao meu redor e ao redor'de meus compànheiros de via~
nação individual. Cada Si:..rnesmo individual, à medida gemo Caímos todos no chão,' eeu 'ouvi uina voz dizendo
para mim em hebraico: "Saulo, Saulo" porque você. me
que se torna manifesto, expressa-se dessa forma. persegue? É difícil paravpcê, lutand9 assim contra a cor
A maneita'comó RrlsJína descreve-se asi mesmo para rente". Então eu perguJ,ltei: :'Quep; é você, Senhor?" e Elé
Arjuna é semelha:\lt~ à maneira como Iahweh fala com
) ,',.\;. , )
Ocidente é bárbaro se comparado com: o Oríente:Mas o Os homens que viajavarrl com Sa'ulo ficaram sem fala,
que Krishna' faz··fé i explicar, .corli muita: padêndà, .para pois, apesar de terem' ouvido' a voz, :hãoçohseguiam ver
Arjuna', dessejeAo caimo,·objetivo,adiferença.:entre o ninguém: 'Saulo levanfou.lse,' mas, 'mesmo'éom os olhos
bem abertos"não conseguiave'r nada; e tiv.eram de guiá..;
ego e o Si-me'smo; inteirando~o, assim, dá natureza da lo até Damasco. ,Por ,três; di<}s ,ele nã,o.eIl?'ergou nada, e.
Personalíd:úÍe Màior., E essa revela'ção aconteceu porque; ficou sem c9~er,nem be~er'1, 4..'
Como Jó, Arjuna'persev,erou'e qulistionou Krishna~
'!
I I .
;~.,-'~ ~~--~~._>:. Bom, a princípio Paulo fico.u ,absoluta:,?en~~ ab~lado
Paulo eCristô L
' 'u, -,' ,I ". com o encontro ,com a Personalidade Maior. ,Ficou cego
.,'
por três dias\e, segundo algumas tradições e outros rela
'. fI-., :,j
tos, existem motivos para se acreditar'que ele levou três
Aqui, mais.l1mª vez, voltamo-nos'àsescritl..!Tas de
outra religião mundial. Os textos relevantes 'encontram_ anos na Arábia para se recuperar, Osrelatos Bíblicos não
se basicamente nó Livrados Atos, e vou ler pará vocês dizem isso exatamehte, mas 'existem algumas tradições
uma compilação, um r~sumo tom.~inna's próprijlS pala que o sugerem. 'Eu' acho muito provável que tenha sido
assim.""'," . ;.:' . .. .
vras, dos acontecíment9s' essé.ncüús\ Patilódiz"assün:
Paulo \dentifiéou' á Personalidadê;Maiorque-encon
Antes, eu achava que 'era o'meu dever usar todos os trou com Cristo, Essa é a origem da Igreja Cristã como a
meios para combater o nome dé Jesus, o Nazareno: Isso
aconteceu em Jerusalém. Eu mesmo mandei muitos san
conhecemos. Um
encontrá com a'Personálidade Maior pode
tos para a prisão, sob a'autoridade do Sumo sacerdÓte. E provocar uma resistência violenta do ego consciente, como
quando eles eram condenádos à niorté', meu .voto era o podeJitos ver com a'p~rseguiçãb dos cristãos por Raulo an
sempre a favor da: pena. Muitas vezes', ~odéava as' SInago tes deder a'visão. Esse é,um'fenômenopsicológico
. ~.. ~,' I 't
• I ~ ~ ., .
" .
bem
gas infligindo penas, tentando, assim, forçá-los a renun documentado,' e b encbntnúnos com certa freqüência na
ciar à sua fé, Minha ira contra eles era tamanha que eu análise, É claro que, no caso de Saulo, isso é compreensí
até mesmo os perseguia em outras cidades., ','
60 vel, em vista do fatá dequea consciência que lhe foi trazida
61
pelo encontro com a Personalidade Maior impôs àlgumas um encontro moderno. com '8. Personalidade Maior. Não
exigências super-rigórosasem Sua vida. Ele·foi obrigado a podemos saber quantos enc,ontros anônimos dessa na
sacrificar sua vida pessoal totalmente depbis,doencontro.
Ele tornou-se uIIles~ravo,de Cristfi. Ele começa "!-~ cartas
r , ,," ,.. j tureza existem, ma$, se eles permanecem s.ecretos, nun
ca transmitido:s à t?letiyi~ade, a,experiência morre des
aos romanos e aos filipenses chamando a si pqJprio de
percebida. " , ' , ' .,_~
Paulo, servo de Cristo. E começa.a carta a Filemon com as É verdade que as tragédias. do Fausto de Goethe e do
palavras: "Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo"; E é isso Zaratustra de Nietzsche marcam os primeiros vislum
mesmo que ele'era, literalmente um'prisioneiro. :
bres de uma irrupção Há experiência total na civilização
A experiênci;;t de Saulo é uma das declaraçÕes mais ocidental. Po~ "irr~pção"da' exper~ê~cia total" quero dizer
claras que t~I1l0S sobre CQmo é ter um encontrq desses
- . I ~ I " j
~. ~
•
Foi entãolquê 'deixei
, '
pertericer somente a mim mesmo,
. deiXei 'de ter 'cf direito 'pára. tal: A partir de'en tão; minha.
Maior, o primeiro qU,e'deixou um registro, .
. à,generalidade..::Foi
vida. 'pertencia' d . então-que me,dedi"
Nietzsche .sucumbiu nesse encontro, Mas, também,
quel aose,ryl_~Q,a.pslqu~., ", .'':' " " i . i ; ' i .1
40'
como poderia ser diferente,já que ele foi o primeiro a ex
serviço"fI~,~~p&,!~,psi9P~.é serv~çp ~uJi
' '. !, ( ,I. : '. """ ., " . C':. , ':"" ') ( plorar essa regiao déSconhecida é claro, não 'conhecia
O ari;3.l9g9, ao
escravidão de Pàulo a Cristo.-Os dois tennos diferentes pará seus perigos. Os perigos to:çnaram-se claros somente de
~" I . ",i
O mesmo fenOineno são apropnados ao contexto de .s~~,~
pois quejá o haviam cercado. Acredito que temos uma
, .• . r
J , : ". ,,.; .,l. . i", •
para os tempos mOdernos.,Preceden.do Jimg,.o Assírrl Nie'tzs'che em 1898. Ele diz o seguinte: 1 . .
Nietzs'ch~éQ, ;rr~~de
: ') ... _ ~ .... , ' I .". 1,' 1
falava Zaratustra de reglstio d!l'" Apesar de meus temores, estava curioso e me dispus a lê
Caiu-me nas mãos o livro Considerações Inaturais.
40 Memories, Dreams, Re/Zections, p. 192. '. ~ .!j i) "1
",1 i ;\ ~ ; Entusiasmei-me e li em seguida Assim falava Zaratustra.
62
,J ; ~ 41
l);1 ".n; ~ .,,')
Essa leitura, como a. d.o Fausto de Goethe, foi uma de mi
63
nhas impressões mais profundas'. Zarátustraera,o Fausto
de Nietzsche, seu n.o2 (sua pers(:malidade n, o 2); e p1eu n. O No entanto, seu funcionamento psicológico interno
2 agora correspondea Zaratustra.... Achei Za!atustr:~ estava muito mais intacto do que sua aparência externa
mórbido. Seria támbém o' meu n. 2 m'órbido? Essa possi O
poderia indicar. ~le escrevEm um manuscrito enquanto
bilidade encheu-me'de um temor que nUnca ousara 'con estava interrladoe conseguiu fázer com que o texto saís
fessar a mim mesmo, mas que me deixava em suspenso, se clandestinamente com um páciente que estava indo
manifestando_se reiteradamente, de um modo inoportu
no e que me .obrig~v~ a refletir sobre 'mim, mesmo. embora. O texto tinha de passar longe dos olhos atentos
N ietzsche descobrira o, seu n, o 2 p1ais ta~cj.e" depois da se de sua irma, 'que,' provavelmente; o téria 'destruído.
gunda metade de sua existência, ao passo qUe euconhe Esse é um evento muito dramático e,importante. Foi
cia o meu desde ajuventude:-Nietzsclie falava ingênua e finalmente publica<lo e ~.st~ disponível e].TI uma tradu
irrefletidamente desse arrheton (segredo), coino se fizes
se párte ~da ordem comum. Eu, entretanto; soube muito
ção, mas pouquíssimas pessoa9 o conhecem. Os estudio
cedo que,e~,sa atittl.de.Jliwa a experiências negativa~". S~u sos de Nietzsche estão' envoltos 'uÍIÍa conspiração de
equívoco mó:r:bid9 ~ pensei fora o de expor seu n.? 2 com silêncio êontra texto, 'porque ele falà sobr~ os fatos
uma ingenuidade e' uma falta de reserva excessivas a um psicológicos 'da vida dele,' Os estudiosos àcredit~m que
mundo totalmente igriorante de tais cois'as e' ihcapaz de esses fatos depreciam NietzscI1e" o' filósofo~ O que eles
compreendê-las,· Ele alimentava ,a esperança infantil de
encontrarlJ.omens que pUdessem'experimentar seu êxta
fazem, na v.erdade, é engrandecer Nietzsche, o ser huma
se e, conwreend~r "a transmu~ação ,de todos os' v,alor~s". no. Essa obra foi publicadàcomo título MySister and 1.
Como os outros, não se compreendeu a si mesmo ao cair Um título muito' infeliz, mas que não foi éscolhidó por
no fuuTld.o do'mistério e, do' indizível, Pretendendo':" ~léin Nietzsche; e sim por seus edi,tores, par<;l- çapitalizar o as
domais' ~X:ilJi-loa umamassaamoi-fa e' aba'nd.ó'nada'p:~~ pecto mais eséandalQso do texto, qlle falà,sobre a relação
deuses. Daí a ênfase da sua linguagem, a superabun_
dânéia das metáfor:as, o.entusiasmoépico que tentava em íncestuos'a éntre-ele e a irmã desde a infâiIcia. Não é p~e-
• _ ,. , F L • ~ \~
vão falar, desse mundo. voltado a um saber absurdo.,.E -; ciso dizer, ele ,tinha de passar longe dos olhos da irmã..
C0Il19 'umf~~n,çarigod~çorda ,- acabpu pqr ,cair ãl~qiA~~~ My Si~ter: and 1 é um. documento psicológico maravi
mesmo. 41 ., ,
lhoso porque Nietzsche tem insights, dentro de sua expe
... ~ L ') .
riência de.d~rrota total 7'" o que a insanidade aparente re
Hoje em dia temos dados que demonstram que Nietzs~
' . ' , " " '" , ' " , .; ': '" i ;:i j
, " ';, 11 • " '<,
presenta para" u~a pessoa de, tal brilho in'telectual-.de
che encontrou.
com
,
a Personalidade
", ' ,.
'
Maior ,
pelaprimeirâ
\ . ',( ,
' ,
que el«;l, se realizou completamente comÇ> ser humano, e
vez na adolescência: Evidentemente,Jung não tinha co tudo isso. é dito nessa obra. Algum dia, alguém fará um
nhecimento d~ská i'riforniáção., Pouca!f pessoas o tê'In~
estudo de caso psicológj.co çompleto sobre Nietzsche e esse
Depois que Nietzsch~ t~v~ "um~urto' eril1889, foi hóspi~
livro, e ele ocupará, I:lIltão,: seu lugar como o primeiro psi
talizado fi consideraqo)ouco pelO ,res'to da yiâa" os 0Il~e
~ , J • 'J
• I, .. 1 . ,'" I . ,i l ' , ' " (
cólog()pI:ofundQ: , ..,.
anos seguintes. Ele tornou-se incapaz d'e se expressar 'dê
Aqui.~st;í o. que Nietzsche nos diz:.
uma maneira coerente. '
De todos dS livros dá Bíblia, Primeiro Samuel, principal
I " ; I ',~ ':
mente nas passagens iniciais, foI o que causou as impres
41 Memories, Dreams, RefleCtions, p. 1025.>' Llrr :,;" sões mais profundas em mim. De certa forma, ele pode ter
sido o responsável por um elemento espiritual importan
64
65
Jung dÍz'qu e a tragédia deZaratustra é que, devido
te em minha vida. A p,assagern é aquela onde o S,enhor
tinh~
à morte de .seu Deus, o' p'roptio Nietzsche virou um deus
acorda o menino profeta, três vezes e Samuel, por três ve7
zes, confunde a voz celeste com' a voz de Eli, qué dórmia e que isSO áconte'ceu porque ele não era ateu. Ele
perto dele no templo. Convencido, depois da terceira vez, uma natureía m~,:lÍto 'posihya'pa~a' tolerar a neurose ur
de que seu prodígio estava sendo chamado a serviços su" bana do ateísmo. Parece perigoso pata um homem des
periores a aqueles que lhe eram disponíveis na casa de ses afirmaI:' que Deus ~stá 'Inorto. Ele 'se torna vítima da
sacrifícios, Eli ip.strui o menino nos caminhos da profecia.
Eu não tinha, um Eli (nem mesmo um Schopenhauer) inflação na mesma h O F a . ' ;
quando uma visão se~elhante obscuréceu os primeiros
Nietzsche foi muito importante para Jung, o que se
dias da minha adolescêncià. Eu tinha doze anos quando o torna evidente no'fato dé' qúêéle conduzi\:i um seminário
Senhor irrompeu em mini em toda a Sua glóriá;úma fu~ sobre o Zardt'ustr'a dúfante'cib.co'anos.' Aqui éstá um pe
são fulgurante das imagens de Abraão, Moisés e'do jovem queno excerto desse seminário:' ,
~ ~ ~
Jesus da Bíblia. ,Em Sua segunda visita, Ele v~io a mim • ' .i - ,_.! .' •
não fisicamente,mas em um estremecimento da. consci (Niet~s,che) nasceu em 1844,.e começOl;í a,é;;crever Zara
"""
ência no qual o bem e o mal clamaram, diante dos portões tustra,~m 18Bi?, quaq.do ,~~n1fa tfi,p.ta e nove, a,nos. A ma
da minha alma, por um igual reconhecimento, Na tercei nein,i çomo o, f?screveu é, impressionallte. ~l.e fez ,até um
ns
verso sobre issO'. Ele .disse: "Da \yurdeei :zu zwei und
ra vez Ele agarrou-me'em frente à minha casa na formà
de um terrível vento. Reconheci a ação de urna força divi i Zarathustra gil1g anmir vorbei", que'quer 'dizer: "Então,
na, pois foi naquele momento que eu concebi a Trindaçl~ um tornou-se dois, e Zaratustra'ultrapassou-me", signifi
c~,mo ~eus, o' Pai, Deus, o _Filho~ e Deus, o Diabo. 42 cando que Zaratustra'tornoti-s e inanifestô comó-\lma se
gunda pe.rsónalidade dentro dele. Isso nOS mostr?: que ele
tinh~ ~l~rf1 roção de n,ão ,syr,. çle pr.ópri,9~ ~dêIlj;ico 13. Za
• I' .' ' \, " ,
questão principal' para ele passou a sera polàrÚlade eu: com" 'Z_aratustra
, 1 li,' ,""
teve de , ldentlficar-se
•• >' • • Y·,
q,e perc;eber,
tre Cristo e Anticristo.1\o ler"sUas obras c'oniatençãó; cómo prova esse verso, uml.'l. difer~nça defin.itiva entre ele
e o velho sáhio.En,tãO j essaidéil.'l. d,e qúeZaiâtustra tinha
pode-se perceber que'essa é a questão principal por trás de vpltar parii reparar as fa:ltas'desua invenção .anterior ns
de toda a sua escrita:, Conscientemente, Nietzsche ideh l é belJ1 caracte:t1sbca" dopo,ntô çle vista psicológico;demo
tificou-se de maneira deliberada com o Anticristo.Con- i
~r~ que élé'poSf3llià ~~ntimeJ1t.9 ,apsolutamente histó
um
tudo, inconscientemente, ele identificou-se cOm Cristo. . rico s'ob~eissq,\:.o q\ie1o' cob.riU'dé um sentido particular
de destino'.:. '-- . ' .', , ,.,.-' " , ,.
'. É claro 'qu~ :um s,entÍl;nento, desses é extremamente
Assim, depois de seu surto, chegou a assinar algumas de
suas cartas como "O CruCificado",' De qualquer forma, ence
enriquecedor... a experiência dionisíaca par excell . Na
como vocês podem ver, ele viveu sua, vida com 'lfma pro última parte, o ekstasis dionisíaco aflora ... Em uma das
funda atitude religiosa. ' ' , . , " cartas a sua irmã, ele descreve de nlaneira comovente o
ekstâsís no qual escreveu Zaratustra ... Ele fala de sua for
42 My Sister and l, p. 184. ~ :.... 67
66
ma de escrever, que simplesmente ~manaya de dentro dele, Tudo acontece.de maneira involuntária, no mais alto
uma produção quase aut9~oma; t~nho' cer;teza, absoluta grau, mas como em uma explosão de sentimentos de li
de que as palavras se apresentavam por si próprias, e eSsa
descrição nos dá uma idéia do que 'foi esse estaCIo absolu berdade, incondicionalidade; poder, divindade. Ainvolun
tamente extraordinário rio qual ele se éncontrava,um es tariedade da imagem e da metáfora é ,o mais estranho de
tado de possessão: .. Foi çomq se ele estivesse possuído por tudo; não se t~m mais nenhuma noção do que seja uma
um gênio crjativo que pegou o seu ç.§rei?ro e produziu essa imagem ou uina,metáforáf tudo se~oferece como aexpres
obra por pura necessidade.43 ',\. ,
são mais próxima,mais"óbvia; mais_!?imples. Na verdade
parece, para aludir a uma frase de Zaratustra, como se
Quero dár,-)h~s u~ ~xemp,lo;' E1l~ ge~cr~~é, melhor do as coisas se aproximassem e"se.ofer~cessem 'como metá
que eu Q ekstasis em que Nietzsch.e se encontrava:. foras ("Aqui; tudo aparecé carinhosament~ no,teu discurso
Alguém, no fim do século de'ienove, tem idéia' do . os e te dá prazer; pois eles querem cavalgar nas tuas costas.
.poetas de outras eras chal,Daram inspiração? Se vou Em toda 'metáfora, diriges-te a toda verdade ..:' Aqui as
'explicar. 'QJem' carrega um resíduo de superstição, por palavras e os,sàntuários das palavras de, tod,o o ser abrem
menOr que seja,' dificilmente. poderá reje~tar ao mesmo se diante de ti; aqui, toçlos .os seres' ,desejam toí;nar-se
~emp~ a idéia ,de que ,somos mera encarnação, mero por palavra, todo o,devir qu~er aprender contigo" a falar").44
ta-voz, meramente um instrum~nto para as forças Supe
riores. O conceito de revelação- no sentido de que de re Essa é a experiêncja do inconsciente em seu ímp,eto
pente" com uma cert~zà e su'tÍleza indescritíveis, algo criativo de imagens significativas. Pouq~íssimos escrito
torria~s'é i/isível, audível, algo que abàla' o indivíduo em res cons'eguein igualar-se i1 Nietzsche ~m sua[esplêndida
todas as suas est~uturas e o joga no chão -: é apenas uma
capacid;ldé dé expressão.. " ,.
A m~i.o~parte de'A,ssÚ~ fâiava'Zar~tustr-;;' foi escrita
j,
descrição dos fatos. O indivíduo ouve, não procura; aceita,
e não 'pergunta q'U:em está"dandó; como uinraio, um pen
samento lámpeJa, Com'necessidade, sem hesitação quan nesse estado mental extático. As palavras brO.tavám do
sua
to à formá - e'u nunca tive escÓlha. I '., inconscien~e. A PerSO.nalidade Maior é,afigura de Zara
. Um arrebatamento, cuja enorme tensão muitas vezes tustra; a.reenca,rIlaçãci do an~igO.profeta. A figll rá anun
.. ,' , • • f"
em tal superabundância de luz;, )lID instinto para relações . " ,r .,; • , .' .,,'. '
rítmicas que abarca amplos espaços dás formas _ a exten abunda em verdades pS,icológicas brilhantes, mas tam
são, a necessidade de um ritmo amplo, são quase tama o bém pode ser'um perigO.so veneno. podemos adoecer com
da força da inspiração, um tipo de compensação, por ele. Eu não consigo ler uma parte muito grande do
Sua pressão e tensão, " . ,. ,
68
Notes on the Seminar Giuen in 1934,1939; p. 9ss.
Ju"". t'"'''''' z""thu,t". p. " , Nota do Edito')
\ 69
o si_",es",o diz ao ego' "Sinta do' aqui>" °
Zar atu stra - ele me ' dei xa doente
, lite ralm ent e, porqu pensa eo",o pode pa, a' eOU> sofrin"nto E ego sof,e e
°
seu s ins igh ts tran sce nde nta is.a ind - e é po' isso que
. .':' , es
Mas ess a éa nat ure za da Pers'onalid Nie , como ulll- tipo ihtuiçãO; ass oci ou o
é um a par te dela:: É por isso que Jal ade Maior. Essa Si- m
am osd as feridas. Elas '"o à fun tzsc
çãoheinfe rior , OU sej a; à sen saç ão,
_m~smo p~ra
,~biam~Ie,?
não exi ste m den tro das cat ego rias pelo corpo, entãO o Si rep res ent ada
. dó' ego, da decência <\ 9 corpo
hum ana . Ela s'ex trap ola m ess as cat ,,!m ent e acontece com os"intu,itiv IssO ge
ego rias em ambos os
,s~
lados, do lado! bóm e ,do ruim.' Ma Os, Se yqcês
s como um, (enõmeno, prestarelll- ate nçã o em seuS amigos
são abs olu tam ent e extraordinárias::. Que in)ere,ssatn po,
sen~açãQ,
' 'I,. trabalhOS corporaiS, v" "o, Que Quase
. Muitas' das idéias.com as qua ise ",d os o)es, sãO, intu i
sta 'mo s:a cos tum a tivos' NóS, tipo nãO pre cis an, os, pre sta r tan ta
dos na psi col ogi aju ngu ian aap are cem
em Zar atu stra . Por atençãO no corpo; não preeisainoS
exemplo, vou ler úm a peq uen a.p ass
age mq ue é um a des Ma s o pon to ina is not áve l desdiv inizá-lo.. '
se rela to éa descrição
crição.explícit::} do Si-mesmo. Vejam eXplícita do Si_ m
se vocês concordam
no como' um seg und o cen tro da
~jet1.sche
que isso soa familiar, . personalidade, u,m, eSI centro, litie é su,pertO r aO ego,
.
'. Tuâ izes "Eu "e orgulh'as-té' des:
maior'- coisa que tu nãó que res cre
,
:;à pal~rvra. No ent ant o,
( sab ia dissO SO!l\eIlte,p9rQué'êlé iA:,
não foi tota lme nte ass imi lad a nO
e ~ssa
experiêp.cia, Ela
Ulotnento etn Que ele a
r:"
razão gra nde . Ele não diz Eu, mas é o teu'corpo e a tua des cre veu , ma tev e à experiénCia, Ela foi asS imi
proced
O que os sen tido s apr eci am ,oq uéo e:cómoEu. nO hos pita l psiq sél e lad a
nun ca em si tem seu fim. Mas,os sen esp írito conhece, uiátriCO - como dem ons tra o doc
tido s e o esp írito que- pós um ent o
.rem te per sua dir de que são o fim , " ' .. , " " ' " '. ','
de
soberbos são . Os sen tido s e o esp írito tOqas ?-,s coi~as: tão EuOvou ' diz er ;'Ig u,n a,p ala vra s
tutn <m'lioÍriérlagem a
joguetes: por trás deles ain da há s&o inst rum ent os e Nie tzs ,VeJo-o <01110 u,u 'inú tir da cau sa
o própriô' ser. Elé tam da psicologia
bém pro cur a com 'os olhos dos sen pro funche da em erg e"t e, Qu em :' li> com atel
tido s;\t a'm bém ' esc uta •
iÇão'percebe al
, com o ouv ido 'do espírito. Ele séin ,,' '
gam as pis tas de Que ele esc olh eu' .. " . • •• 1 , .\
pre:
compara, domina, conquista, destrói esc uta 'e procura: o can tinh ó cbb
da inflaçãO
bém tem o controle dO,ego.
;·Ele controla, e tam - de ma nei ra deU ber adá , par a Qne pud
, ess e des
etn rir o'Que
"~<o se esc ond ia do out ro iad o, Ele foi
~lll-bém,"or~geJ""~ ~inborauda~cia
Por trás de teu s pen san ien tos e. sen j '.
'psicológica imen-
,>'
eert~,fP,n>~' ~u,e
Exi ste mai s raz ão em teu cor po'd à imi nêr cia de ,-\t n.p siC Ose por ,U1:na
sabedoria. E quemlsabe ppr, que ojte o'qU e.em tlia mai or doe nça lll-e nta sifl
men te de tua mai or sab edo ria? t
)l corpo pre cisa exatq.~ Iitica" 4. pa rée ele tatnbé1l1 esc olh eu
O si-mesmo ri do ego e de seu s salt
j , "
ess e cam inh o, Veja1l1 o Que ele diz
etn sua aut obi Oll 'af' "
, ' , ; ,
significam par a mim esses salt os e os arro gan tes: "Que ion
vôos do pensamento?",
ele diz par a si mesmo. "Um rod eiq ___.rl, ,>. '6. J..4.fUTh spoke Zafathustra. part 1. sect
par a o meu próprio fim. us 4).
Eu tenho o controle do ego e sou. a
origem de sua s idéias." 71
70
J...-----
Os poetas míticos virâm 'Empédocles lançando-se nas
mas flamejantes do Etna, mas esse destino estava rnundiais: ?utro ex~mplo q,ue não foi dis~utido, a histó-
do não ao grande Pré-socrático, mas a mim apenas. Após MOlsese EI Kidhr, encontra-se no LIvro sagrado do
ter sido separado do amor.da minha vida (Lou Salomé), o
amor que me fez humano, fiz, então, mel!- mergulho des . Islã. Isso nos mostra que aexperi'ênda da Personalidade
perado nas chamas da loucura, esperando, .COmo Zaratustra,
es Maior é de taman};la, numin:osi.d~de que pqde, muitas ve
encontrar fé em mim mesmo ao enlouquecer e entrar em zes, ser a origem de uma nova religião ..Mas agora, pela
uma região superior de sanidade _ a sanidade do lunático primeira vez, no que eu chamaria de "a era junguiana",
delirante, a loucura normal dos Conderiados!46
estamos em posição de começar a compreender, de forma
E no mesmo texto Nietzsche escreVe essas. palavras geral e científica, as entidades psicológicas que geram as
comoventes em seu quarto do manicômio:. religiões.
Essa enorme quantidade de novos conhecimentos
A minha honra está perdida porque as mli1l1eres trafram_ está afluindo à psique moderna. É claro que ela aflui aos
me e deixaram_me fraco, ou traf a minha prÓPria força
indo atrás do Poder do conhecimento verdadeiro, que pode, indivíduos primeiro, mas também à psique coletiva. E esse
SOzinho, livrar-nos da Perdição? Estou completamente afluxo representa tanto uma grande oportunidade quanto
perdido por estar esmagado embáixo do mortos um grande perigo. É como se, do ponto de vista coletivo,
nas planícies de Maratona? Qv,e Demóstenes, o "",""çu",,,. estivéssemos próximos de encontrar a Personalidade
eloqüente da honra ateniense, derrame sua oração tUne
bre sobre mim: "Não, Você nã.o falhóu; Frederick Nietzsche!
Maior que, corpo diz Jung na passagem .citadaant~
riormente, pode fazer nossa vida fluir para aquela vida
~e
. Existem nobres derrotas 'ssim Como existem 'mortes no
. bres voéê mOrreu nobremente.Não, Você não falhou! maior, mas que também é "um momento de perigo mortal".
EUju,ro pelos mortos nas planici'lS del\faratona.''' ._. Parece-me que nossa melhor oportunidade dE;! evitar
uma catástrof~ co.Ietiva rel:jide na possibilidade de que
AgOra que essa obra final de Nietzsche está. dispo um número suficiente de pessoas tenha encontros cons )
tragédiaberpi~a, ~.época
nfvel a nós, podemos ver sua vida Por completo, CÓnÍo urrli,
cientes individua.is com a Personalidade Maior e, assim,
um saçrifi,ioque'inaugurou da
contribuam pa,ra o processo de imunizar a sociedaçle con
PSicolOgia profunda e que .b-o uxe ,. pela primeira vez, a tra uma inflação ateísta em massa. Se cada um de n6s
Personalidaqe Maior ã Consciênciã modeina. À experiên_ tentar alcançar esse objetivo, assimilando de maneira
cia de Nietzsche preparou o caminh.ó para Jung.'.
,. ~ '. , '. . -- , , diligente nossas projeções e buscando nosso próprio en
Comentários f~nais , contro, único e individual, estaremos contribuindo para
'j I }o I.
.'.
'l<
47 Pp.
TO "
Para que o conflito projetado se cure, ele voltar à
73
sua própria cafI1e e beber.,$eu Pf9Pri9 o que signi.
fica que ele deye reconhecer eaceitftr o outro nele mes. ". ·3
mo... Será esse o significado dós ensinamentos 'de Cristo
de que cada um'deye carregar Sua própria' cruz? Pois s~
você0$tiver de suportar a si me$mo,como poderá prejudi_ A VIDA TERAPÊUTICA
car outros?48 , )/-'
.. , \ .\ 1
J
"
,f
" ,
""
.) .' Fatores pessoais~ a~qlletíp,i~o~
'" ...... J i
, "
que ponto o desenvolvimento da personalidade é determi
I
, tt
nado por padrões inatos, apriori no indivíduo - ou seja, os
~ I ~ 'J.
fatores arquetípicos - e átéque ponto é determinado pela
-../
~'
.-~. ~} ~"
, .~. f
"', l" ~ ,
.
',.'
experiência pessoál e pela influência do meio, da cultura e
'''"' J M'
i
das relações pessoais relevantes..". os fatores pessoais?
'.j
~' -.,! , JI)
'
,,~4'.~~~ ~ ,. .ir! Jung sempre enfatizou que a psique não é uma ta
, . ,J -<-I • .J
/
,," ..... 1
bula rasa, uma folha em bránco onde es~revemos nossa:
.t ~
'-, )
t - ... J
ni, ""r
vida; apesar disso, ela sofre uma profunda influência, po
-. sitiva ou negativa, dás experiências interpessoais, Como
:1"." •.).~.~ I 'j se dão essas influências e como 'elas se relacionam com os
I padrões arquetípicos inatos, da forma 'como os compre
", !t~ ) ~ :t ,\-~~ ~::"i
endemos, é a questão que iremos explorar agora.
< ....
I) :
,>
J ~.~ Sabemos, por meiÇ) da nossa própria vida e do tra
'l:X-i':!1
,'! :' ~ j - . r;
~
balho.clínico; dos. profundoSi ,efeitos, que os eventosda in
/ ~ I (,;.
i~ ~~J~:~--~.;
1,1
fância e as relações pessoais com os pais podem exercer na
personalidadéfutura da cri~riça. Mediante relatórios fei
,i' I'
'I •
lJf tos cóin crianças selvagens,' sabemos que, se faltar à crian
,"f n; t;'i. <.J
li
ça um relacionamento humano, a personalidade humana
/ t',' ... '
48 Mysterium Coniunctionis, CW 14,Pár:52., 1 • não se desenvolve., Em tais casos, as fases de desenvol
·,r, vimento arquetípiconão aco~tecem e a criança pode per
74
75
Adiante, Neumannfalado "fenômenoda chave e fe
manecer em um nível anim{l]. O mesmo acontece naque chad ", por meio do quàl a imagE;lm arguetípica e a re
les casos raros e trágicos onde a criança fica trancada em laçãOuracom um ser'human6'ativam a personalidade em
um quarto por anos, completaniéútê rejeitada pelos pais. desenvolviment~, Ess~ conceito :rn,ostr~ cl~~o ayanço so
Semelhantemente, quando a criança sofre a perda bre a idéia anterior e muito mais simples de que a crian
de um pai ou mãe muito cedo na vida e este não é substi ça projeta ~os pais b àrq~étipo in:terno. No erilanto, o con
tuído de forma adequada, cria-se um tipo de buraco na ceito de Neumani:l não explica como. a personalidade
psique da criança. Uma imagem arquetípica importante específica dos pais inUuencia' a' psique" da Criança. Ainda
não passou pela personalização por meio de uma relação há uma lacuna e~ hos~fl compreensãO da interaçao do
humana, de modo que o arquétipo conserva uma força pessoal coro o ar~úetíPicO. ". .' . · . '.' .' '.
ilimitada e primordial, que ameaça inundar o ego se este M. Esther' Harding, também uma das primeiras alu~
se aproximar. Contudo, em alguns casos, um relaciona nas de Jung, tentou lidar com esse próblemà por(ineio da
mento com outra pessoa que não'uffi.dos pàis pode suprir idéia do arquétipo danificado, expressa,em seu'liVrdThe Pa~
essa falta. Todos conhecemos pessoas que, apesar de te rental Imagei tis Injury' and RêconstruGtio n . Mks como pode
rem exp!3riências m'uitoI;l.egati"B;stom os pais, foralll ca um arquétipo ser dánificado?Da' forma' cci~o'eU: 'entendo,
pazes. de. fqrjar uma, relação .positIva .çOm algum Qutro só pode haver uma relação danificada com u'm arquétipo.
adulto durante. a infâI,lcia. Esse adulto pode.ter !3ido uma Para o ego em desénvolvimento de uma criança,a're~
empregada, um parente, ou um prof~ssor, qú~ tenha sido lação com um arquétipo torna-se possí';"el apenas qu"ando
capaz de se relac.ionar de maneira genuína com a criança
e de person.ali~a:r uma imagem.a:rquetípica, Nesses ca
ele a experimenta em umaencaniação pessoaL A imagem
arquetípica só, pode ser experimentada e concretiiada
SOS,aiS inadequações, dos pajs.,!eIl)bora.prejtidici~is, não quando é infundida coro um conteúdo pessoal e tangível
foram fatais no desenvolvimento da criaJ:lçq. Mes,m.o que através de ~Ü1a ç
rehtçãO hll'niana.'Desse';rnodo, à :rehl ãô
essas relações positivas d.\Jrem apenas .1J.lll breve:ÍJ:lstan com os pais não apenas evoca o arquétipo, como também
te, seus. efe.ito,s podem ser inc9rpO:rç(dQs pa:ra sempre na
personalidade, em de$ep-volyif[:U:~1JtQ,
fornece uI1}apa,rt~ do,s~U; c~nteúdo ~~~pecí!ico. p:~ar;te 'do
arquétipo que a perso-halidade dos pais pode ativar, me
Um dos primeiros.Jllu;ftQs.de Jung;Eric;h N~urp.ann, diar e personificar, é aparte <iliepode, maIs facilmente, ser
tentou responder 'a eiSSp. q:uestãp. Elefal9l! da, .ev9cação • ,f" " ! ; ", ' ' ,', " ,"
mcorporada pela personalidade da criança. Aquela parte
pessoal do arqu,étipo,da s~guinte m::meira: , " do arquétipoàqual os pais nã6 se'refà'don'arn'fidará larga
A estrutura transpessoal e eterrÍâ doarquétipo;inerente da, sem reConhecimento, no reino dasfornias eternas, ain
à psique da criança e pronta p'ata ó desenvolvimento, deve da não enca~I}'adà'na história de vida pess6al 'da 'criança.
primeiro ser lib~ra.da e atiyaq!:l pelQ,en,contrQ pess.oal com Não côncordo corb"Neumann', pelo menos. em parte,
um ser humano... .A evocação do.I:l:rqu(!tipo é um evento
pessoal na históriaindividual e; poi isso, suJeítõ a' possí quando ele diz:' ' {' I' ' '
veis distúrbios,49 "- .. " ," ' , '" A evocação pessoal do arquétipo é uma necessidade do
",,t~ \ ·,in; 'i.')
destino, de forma que uma infinidade de coisas acontec~
f
49 "The Significance of the Genetic Aspect fÓi- fArial;ticàí:psydíologyi,; 'em além daquilo que os pais fazem ou pretendem fazer, A atl
Journal ofAnalytícal Psychology •.voJ. 4. J1,o 1 W1.5\1).' r' . ')_'.' L, , , < ' 77
76
vidade deles libera as piop,~nsºe.sinªr:~ritt::!.S.fiQ ~tquétipo Esse princípio (da personalização ,secundária) sustenta
transpessoal na psiqu~; infaQtil, as qu;::li~não podem origi_ haver no homem uma persistente tend(mcia no sentido de
nar-se, de forma alguma, dá figur~ p.:;ssoapo, ' tomar Oi? con,teúdos primáriÇls e traJ;lspessoais como se
LJ. • cundários e pessoais e de reduzi-los a fatores pessoais. A
l." • •
e
• .' • ,,' , . ! .. " '
arquétipo não liberado automaticamen;te a p~rtir de uma Aqui, Neumanrtse refere, a urríáatitudeque perso
experiênda co.m os pai~, Emyez qissõ, ele' é pá,réÍalniente naliza o transpessoalpara despotencializá;.lo. Eu ,diria,
liberado, de acórdo' com a parte do arquétipo que os pais também,que: há um processo experimental anterior a
encarnam'e, expressam, ,; ,
qualquer atitude co;nsciente que personaliza. os conteú"
Se s'eguirino?, N eumaíul, os ,pai~, são. rE!ispoJ7.s~veis, dos transpessoais e que~sse processo é a.carqcterística
apena,spela ativação de' conteúdos' arquetípicos preexis essencial do desenvolvimento do ego. e do cr:esCimento.da
tentes. Todavia~ essêponto de ~ista! rlãp consegue expli consciência, -.' ' "" .,' ,. : \ .
car os profundos efeitos queos pais exercem 'sobre a vida A importância d~ se enfatizar os aspectos pessoais
das crianças', Prefiro Supor que a éxperiência com oS pais da experiência é demonstrada pela anál~se de alguns pa
torna-se :parte da própria imagem: arquetípica, tórpan~ cientes borderline. Lemoro,-'me, por exemplo, de uma mu..,
do-se uma parte permanente da personalidade: Esse con lher que entrava em pânico sempre que eu mencionava a
ceito origina-se na idéia de que um arquétipo só :po(;le ser palavra arquetip9 ou fazia qualquer referência a fatores
experimentado e assi,milado de
form~sigÍ1ificativa por transpesl?oais. Ela 'conseguia exprimir a natureza de seu
meio de uma:relação pessoal espeCífica - poi'meio de um medo de,forma muito clara. Ela sentia que qualquer co
processo de' personalizC;l.ção, " , , .,,' ' . mentário que a afastas§>e da realidade direta de sua rela
. Todo o processo de desenvolvimento pSicplógico Indi ção pessoal comigo ou de sua vida diária abriria um vas
vidual, por meio dd (lUa'l o-ego emerge de seü' estado qri~ to oceano de possibilidades disformes e ameaçadoras que
ginal de unidadecqm a psique objetiva e aiquetfpica, podé a deso.rien~ariaI?:Ela era forçaqa a se agarra,r ao ime
ser considerado COn;tç um proces'so de pe.rso?alizaç~o: A diato, ao pessoal, ao concretó,'Tódas as generalidades amea~
experiência e a realização conscient~ das imagens arque~
çavam-na como tltn perigo mortal.
típicas somente é possível ao se detront~r çoin e~sas ima Normalménte, enéontramoso mesmo tipo de objeção
gens encarnadas nos outros. Neuniann alude a essa idéi~ ao tentar interpretar a transferência~como a projeção çie
quando fala da fase necessária da "personalização secun uma imagem arquetípica ..Bara alguns ,pacientes com egos
dária": .' ' . ,('
, j
frágeis, a simples' idéia de uma projeção pode ser um vene
f _ \~- ~ >/
'1'
Ibid,
Oi'igin~ and Histary af Çansciausne~s, p .• 336s;
50
51' The
78 79
Life", de 1939, ondeséUS comentários são muito sinceros
no psíquico. Para eles, a idéia de que certa reação pode e informais: ".'i I " - . .
~~~
representar a projeção de' algUm comPdnente interno ar i, ')
que eles se percam no niar de pu;:t su6jeti~idad~. Um exem teceu bem no início da minha carreira. Eu era um médico
ciência é inundada'pÓr imagens arquetípkas, primordiais se curava. A'moÇa havia'desenvolvido Uma transferência
e sem limites. Nesses casos, o indivíduo nUnca teve uma paterna iniprEissionante comigo -:. projetando a: imagem
oportunidade adequada para expe~ÍIriéntar os arquétipos do pai em mim. Eú disse: "Mas,'veja, eu-nao sou seu pai!"
"E-q sei", ela disse, ,"que voqê-não é meu pai, mas é como se
mediados .e personalizados pelas relações humanas.
A manéita como muitos pacientes se atêm obstina fosse:,'.E\a se .c,omportou de ,acordoçom e~se papel e.
apaixonou por mim, e euera se'u pai, irmão, filho, aman
damente à 'experiência original com 'os pais é devida a te, macido _ e,' é 'claro: também ,eu her , e salvado' ó
essa necessidade vital da' personalizaçãodo·arquétipo. todàs às cóisas ilnagináveisr"Mas", eu disse, "isso em não faza
~u
Por exemplo, se a experiência parental foi muito destru o menor. sentido!': "Mas eu:não posso vívers isso",el
tiva, o paciente.pode ter muita dificuldade' em aceitar e respon9.eu.,O que é que poderia fazer:? Nenhun;ta expli.
caçãO depreciativa iria ajudarf!1uito. Ela disse: «Você VOpode
suportar uma experiência parental positiva~ Tenho a cla
ra impressão de_qu~euma pessoa irá persistir em uma um~
di,er, ,9 que qui,er;é i'"o que"eu',\nt "
garras de
Q
EI~ "ta n'"
imagem inconsciente. Então, tive-urna idéia:
orientação, 'negativa dó arquétipo, paterno_pelo simples '''Bom; sé alguém sabe algúma: coisá> sobre isso, esse al
motivo de que esseéo.aspecto da ímagemque foi. perso guém temq"e 'ser~o incóJ;lsciente, que.pro:duziu uma situa.S
çãotãQ. cOJllP\icaQ.!l:". ,Lºgo,~çOll1éCei a observar de 'perto 9
nalizado em'sua prÓpria,vida,apresentando, assim,;uma
~iph~.~onhpsrtOEl quais'~u i
Pli,c;,,~e?,,~, ró, trab~lhan""
segurança, .embora- sejaum ,aspecto:négativo, ,Parà, essa s9nhQ$./Ij.:la aparecia como o
'ionho, DepoiS; apareci
pessoa, encontrar o' as'pectopositívo do 'arqúétipo' é ame, como o amante, e também como o mando - todos eles eS- \
açador 'porque,~ cQriloesse'~lado nuncaJoi personálizado, tavam'ÍlO mesmo filão, DepoiS, comecei a mudar de tama !
ele carrega uma·ri1agnitude·transp.essoal.que ameaçacdis. 'Íl~'o; eu era. muito maior do que um ser humano comum;
solver os limites do ego.'" ,) , _ I _ . "em .lgun, momento' eu tinha até me,mo atributo' rdivi,
't ,,;) !"5:!~:r.~J _~;
;i ,'1 ,,',Pep,ei,,"Bem,es," é a velha idéia do "Iv.do ", E
. então o comecei a assumir as formas mais surpreendentes.
A transferêpCia: arquetíp{ca
, ,;,.!~ . :__ ~>." J~'~.' J--"
eo'.~~co:.itr'Ó p~ssoa]-
~.Jfll,~ -- ,,~,' ~ .-~.)
"" 'Àpa,éci, pC< exe",plo, no tamanho de um deu', ,obre '"
:~J'ca~Pos, _segurando- a em meus braços como se fosse um a
;,bebê; e o'vento soprava sobre o milho e os campos ondul
ond.llsd.Ortl~r,e nin~va
A forma como compteendemosa ligação entre osfa:
,,em,\m~,",,,br,a,o,, ~ q~dQ:fi, ~",",\",ag~m, pen,~)'
tores pessoais e arquetípicos, nodesenvolvirilento psico ,: i\;Ylirtl comÇl da mt;lsma forma eu a
lÓgico influencia a maneira' como lidamoscdm os sonhos ,ai,
"Agora eu vejoO que ,o 'inconsciente está realmente pro-a
arquetípicos.e com a.transferênciá:arqu,etípica. d. ",;
,.., curando:
.j . ' (, ' .'
ele ., '
quer fazer' 'de_mim
., " (l' ,
um " 'i·'
deus: ""
a garota "
précIS
Um Ótimo exemplp disso foi ImbliCadó(por Jung.pelâ de um deus... Ele quer encontrar um deus, e porque não
primeira vez em 1966, em Two Essays on Analytical Psy consegue, ele diz: "O Dr. Jung, é um deus"c E então contei
chology. Ele também falou disso na palestra "The.8ymbolic 81
80
a ela o que eu estava pensando: '~E;ú não 'sou' um 4 s,
seguramente, mas seu inconsciente precisa de um deus. eu
nalíza ecoIlcretizá, demaheirá gradual, a imagem arque-
é uma necessidade muito séria e genuína":.: Isso
mudou a situação por completo; fez toda a diferença do típica ativada.' I; ,; ." " ,/: "
mundo.
do Eu Curei5~esse caso, POrque satisfiz a'necessidade
inconsciente. Em Two Essays, JJ.mg descreve esse caso de forma
muito mais circunspecta. 53 Torna-se claro, então, que a
"
paciente não se curou imediatamente com a interpreta
Esse caso;' apárentemente, foi um' dos primeiros e
1
~vQti ~ ,1)í~el
ção arquetípica, ,mas, em v:ez disso, ocorreu uma mudan
decisivos casos que ,I J ung pensar no árque
oPQSiÇã9'_~onÍv~1
ça bem graduaL Sem negar a validade da interpretação
típico do inconsCIente em pesso<jtl. Nes arquetípica; podemos nos perguntar se a interpretação
se caso, ele abriu mão dá interpretação pessoal, mudou foi o que exerceu a influênCíacuraâora decisiva. O prin
para uma interpretação arquetípica~ e curou a paciente. cipal fator de ·cura pode muito bem ter sidó o interesse
É'c1aro que b caso foi 'símpÍlficadoê projetado pat.. che
condusãoespeCÍfica:'n1ai~precisame~te~
pessoal ea pre'Ocupaçao de Jung por essa.paciente e:seu
gar a uma para materiaL Ela, por acaso, estavaào lado dele n'O momento
. , ',,, , '. , I.
demonstrar a imagem arquetípica e Sua necessidade de em que .uma grande teoria. da personalidade humana.es..,
~ ~
ser realizada conscientemente. Para nos, que nos basea
• , - • • _ i •
83
Essa, é claro, era a forma como .Jung enx~rgava a A cura em harmonia coma psique objetiva
~ ~
transferência arquetípica. No entanto, tal Pbntod>eyista : I
tende a depreciar, e até mesmo ajustificaÍ'como ~m"mal Essa discussão leva'a uma questão 'mais geral, rela
entendido, a. natureza intensament~ pespoal da. tr"!fis(e tiva ao efeito curadQr e à interpretação dos sonhos. Até
rência. ., ê J , . , •.•
que ponto as .imagén~ ·.onírlcas autÔnomas 1~vain a uma
cura e a ~~a maior consCiêncüi, ~até que pontó'a reação
-'» ',; '. ' ••
dessa mulher s,omerite . como uma tentativa"do 'incons Essa é lim:aqúestão dificíliIna. ror um ladô'; existem
."' f __ _ • _.. f j, . - .". .
tos pessoais", .,podemos, compreendê-lq,s . também, ou. pre pontâneo, que luta pela auto-realização. A série de so-,
mente na vida real.da paciente, na ,.r.elaç~Q,d.ela çom q tos outros exemplos na pr~tica psicoterápíc'aonde nos~;as
J (
LI' . .
médiéo, éomoser~sinteíios ... Esta éa razão por.que mui
tas vezes a personalidade do médico (como também ado
paciente) é infinitameÍlte mais importante para um tra"
tamento psíquico do que aquilo ~q'ue o médico ,diz ou pen"j
55 Para uma discussão mais completa sobre a transferência como uma
"oportunidade valiosa", ver o último artigo deste livro, "O fenômeno da ,Trans.
ferência". (Nota do Editor) l' .. • . ..1
56CW 12.
84 85
sa... o encontro deduas.personalidades'é como a misturá cia pessoal ou da influência cexercida pelas relações
de duas substâncias químicas diferentes: no caso de se interpessoais. O problema é qUe não podemos comprovar
dar uma reação, ambas se transformam. 57 " essa hipótese. Aobservação da psique de outras pessoas
O que Jung descreve aqui é um campo 'dinâmico de inevitavelmente envolve a influência exercida pelo ob
influência psíquica. éompartilhàClo peló rriédicó' e" pelo' servador:Isso complica os dados obtidos, de forma a não
paciente, para o qu~l os dÓIS contribuem e pelo qual podermos dizer se o que estamos observando originou-se
ambos são afetados. E dentro desse caxnpo de influência no objeto obse~ado' ou' em 'nós mesmos. Não podemos
mútua que todas' às observações sobre à psicologia: saber ao certo se estamos observando a individuação de
profundadevem:'ser feitas. Nesse campo,é impossí~'el fa outra pes'soa ou noss'a própria, ou quem: sabe a indivi
zer qualquer ôbservação"objetlva";A observação impli duação de Jung acontecendo em nós! . ,
ca, inevitavelrriente;em uma participação. É impos Uma forma de lidar com esse problema' é entender a:
\ , ,
sível para nós saber'se um sonho específico ou determi individuação como umpadtão coletivo de totalidade com
nado curso de desenvolvimento são' n'aturais do pacien partilhado por todos os seres humano's e talvez por todos
te, se são evocados pelos interesses pessoais e pelas res os seres vivos. Assim, não' teria importância'saber se oS
postas do analista, ou se derivam de uma' combinação sonhos arquetípicos ou as imagens da individuação' origi
dos dois. naram-se nó paciente ou no 'terapeuta. Se um terapeuta.
A concÍusão parece inevitável. Independente do consegue introduzir o paciente-nas 'energias básicas, co
quão cuidadosos somos ao trabalhar com os sonhos do letivas e psicológicas por meio da sua (do terapeuta) par~
paciente, nunca poderemos saber ao certo se estamos ticipação hélas, então ele;está a serviço da função cura
promovendo seu'próprio padrão de desenvolvimento ou dora. Não' t'éiia impb'rtância sabérse 'ele se direcionou
imprimindo riossa propriavisão demtindo em uma,psi pelo inconsciente do paciente ou por sua própria experiên~
que maleável. Já que a participação pessoal de um ou cia de vid~,'desdeque ele esteja em harmonia com as
realidades da psique objetiva consideradas como um cam-'
. na infância e no processo
tro ser humano é essencial . de
po compartilhado de dinamismo psicológico do qual to
cura da análise, esse processo de impressão praticado
pelo analista parece ser tanto necess;irio 'quanto inevi dos os sérés humanos participam.
tável. Para utilizar a analogia do fruto do carvalho: se so
Essas considerações levantam questões sobre a na mos todos' carvalhos, então podemos compartilhar' nos'.:
tureza essencial do processo analítico, da interpretação sos padrões de 'carvalho como paciente, qu~ também é unÍ
dos sonhos e da individuação, da forma como surgem na carvalho em potEHlbÍal. O que damos de nós mesmos ta.ín~
análise. Nossa teoria b~sica' a respeito do desenvolvimento bém se t,ornará parte do paciente, já,que compartilhl1mos
psicológico é que a personaliqade individua'l contém seu os mesmos padrões' inatos. Esse conceito pode ser, ilus
e
próprio padrão inato' de to~alidade: tamb~m.[ o in'ipulso trado pelo seguinte exemplo da rela,ção dos fatores pesso
para realizá-lo. Essa hipótese omite o efeito da experiên ais e arquetípicos na. análise.' ' ., . ,
O paciente é um homem talentoso e muitoiIltuitivo,
51 The Pra.ctice orPsychotherapy, CW 16, par. 163. por volta de seus tript,aanos de idade, cujl; infância foi
i
86 87
altamente comprometida do ponto de vista emocional.
Acendo as velas e a cera,n')almente desce para dentro da
Essa privação levou,a uma, quase absoluta paralisia em
forma vazia da ,crucificação, ~I,lando o entalhe enche, eu o
sua vida adulta.,EI~Joi uma cri?-nça bastarda, çxiada por tiro da parede; estou prestes a comer minha refeição. Pe
pais adotivos quase psicóticos, e sU9- adaptação à vida guei a cabeça 'da imagem, que se formou ao se encher o
adulta é precária. EWQ9ra tenha granQ.e talento musical, entalhe, e a estou comendo: Ela é feita de uma substância
teve poucas oportunidade.:;; (,le obtE1T uma ~ducação for parecida com chumbo - muito pesada - e começo a me
mal. Ele já estava cOI)ligo há Illais de dois anos quando perguntar se serei capaz de digeri-la. Fico pensando se os
humanos conseguem digerir o chumbo. Percebo que co
do momentod9: se§são que vou ciescrever. EI.e me disse memos um pouco todo dIa, e que comemos prata também.
que havia, recebiqo uma oportunidad~ úpica de estudar Acho que nãohá problema ter éômido o chumbo, mas es
música, que demandava uma despe$a maior do que ele tou com medo de comer demais. O sonho termina enquan
podia dar conta. Seus problemas psicológicos haviam tor to estou comendo.'
nado quase impossível que ele entrasse em qualguer aula
mais séria no passado, mas agora ele começava, a perce Escolhi discutir esse sonho pàrticularmente PÓF duas
ber que talvez fosse capaz de fazê-lo. ' , , razões. Primeiro, é óbvio que esse é um sonho arquetípico
Depois de conversarmos sobre o a,ssunto por algum que parece estar claramente relacionado a, se não for com':
tempo, chegamos à corclusão de ,qu~ e§sa ,era, de fato, pletamente causadopela,minha oferta pessoal, ao pa J
unia oportunidade ünportante que, se dava em 'um' mo ciente. Segundo, se 'eu a'compreendo da maneira correta,
mento propício de, seu' próprio processo psíquico, -e que a imagem do sonho refere-se especificamente ao assunto
ele pode:r:ia r~al,nient~ aproyéltar ~ssa·opórtunip.ade. Eu dessa palestra, ou seja, à relação entre as experiências'
lhe disse, então, que estariã dispostõ a reduzir ainda mais arquetípica e pessoal. Minha oferta de reduzir o preço foi
o preço da, súà sess,~o; q~'~ j ~ er~ baixo,' pã,;~' q].le ele pu uma tentativa,de, ser o pai zeloso.,Eu gostava desse hü':
desse obter ~ dinheiro neéess'áriõ paià éomeçár, ,I., .
os estu~ mem e sabia ,de seus' potenciais não realizados. A reação
dos. Elê ~cou, bastante empcionad~corp. a Ç>ferta e acei7
- .J_ l..... _JIO I _ " " " c
Estou sent~dodiante de um e'ntalhe àntigo de uma cruci Em primeiFo lugaF,'o 's'onho;,apresenta' um' entalhe
ficação. Ele éde metal, Irias está parcialmente coberto por antigo da crucificação. Um entalhe é uma es'Cültur:a em
uma substância,pareç~d~ com cen;l, ,o que me leva.~ desco~ depressão,'um rélevo negativo,- o 'quál, quando pressio
brir umas velas sobre ele, uma de ~ada ~ado.,Percebo que nado sobre algum matérialin'acio tàlcomo a cera, produz
estou prestes a acender ils velas, fázendo com que a cera
desça para dentro do eilta:lhe~ e qb'e i'sso e~;"tirreH{c'ionado
uma imagem com relevo positlvo. Compreendo o entalhe
Com a refeição ritual qú:e eu voti'com~r.iJ . '::. "'I, nesse sonho,como,referente aüma estrutüra arquetípica,
88 Uma forma inata, vaz'ialem si;m:esma.É um mecanismo
89
de impressão que cria imagens de si mesmo a partir de a qual posf:!a irp.primir a mesma, para poder criar um
matérias amorfas, como a cera. O sonho diz que o enta conteúdo real e positiv:o, a forma arquetípica representa
lhe é antigo. Isso se refere à sua natureza 3:rquetípica, da pelo entalhe. perman,ece. apenas um contorno vazio.
histórica - algo flntigp.e preexistente ria psique. O for por outro lado, ?cera.que representa o produto da expe
mato do entalhe é a' crucificação. O paciente foi criado riência de vida. pessoal per:m?nece .amorfa, sem uma es
como católico e levava essa religião muito a séri.o na in trutura outp:p, ~.ignificado" ,atéencoJ?trar, seu caminho
fância; as imagéns cristãs estavam, por esse motivo, fa dentro da imagem ;;rquetípic;;,-:- OI ent(jJhe - e. ser molda
cilmente disponíveis para ele. , . da em urp.a forma. significativa, . I
por que são ,dl.,l.;;s as velas, não sei,a.o c~rto. Aparen
Cristo suspe~so 'na cruz é,. em essência, uIp.a mandala
e, por isso, pode ser tomado como uma' repr~sentação do temente, o processo é. duplo.Isso me faz lembrar dªs ima
Si-mesmo. A imagem da crucificação apresenta o tema gens de Mitr.a,. que o m.Qstramladeado. por ,dois· guias es
pirituais, um segurando uma tocha par;; çima, o outro
central de tpdo o mito cristão, muito pertinel).te à nossa
para baixo., O entalhe da cr,ucificaçãocom .uma vela de
discus~ãoi. ou s~ja, a encarnação de Deus na forma hu
cada lado também é análogo à. cena corwelJ.cional da cru·,
mana,~)U, para colocarmos em termos, psicológicos, a
cificação, onde Cristo eh_c.ontra-se ladeado ,por dois lap.rões.
encarnação de um arquétipo, o Si-me,smo, n11 experiência
Embora esseisonl:lolnão seja,clefinitivo, acreditQlque ele
pessoa.l; conçr:eta e histórica. Omito cristão da encarnação
faça uma. alusão a lnll processo. trinitário, As du?s. v:elaS
corresponqe ao processo de personalizar: o arquétipo no
derramam .se u produto em um terceiro objeto, ,o entalhe;
desenvQlvimen.to psicológico. A encarnação de Deus cons
que junta os dois'e molda-os em urnaJor:r;Ila significativa.
trói a pqnte entr~ q mundo consciente do ego e o mundo
Se estivermos .n9 canlÍnho certo, as dq.as velas represen~
transpessoal da psique objetiva, Sem o proc~sso de encar
tariam os opostos, e de seU funcionamento conjunto ,sai
nação, oburacq~entre!o h01:p.em ~ o divino,egQ,e Si-mes
ria o material bruto. para;;s formas simbólicasLsign.ifi
mo, não pode ser fechado.: Falanqo de forma teológica,
não haveria salvaçãq, ., . ,: ". \ ' ': .: 'i.
cativas. ' .;, .' " F " " ' I , "1 ' .•
O spnho entãoxepr:es.en,ta a ingéstã.ü ritual da figura
O próxirpo dado do so.nho'é <;I acender das duas velas
de cera. Essa imagem possui um paralelo preciso nas refei~
e a cera ,çorrendo para og1olqe do .e,ntalhe. Vejo as velas
ções de comunbão.sagrada . nas qu;;iso paFticipant.e con
acesas como. um,símqolo do próprio proc;esso de vida. A
some uma representação da divind::tcle. Ela repre!3ep,ta a
cera derretida, produzida pela chô:ma .9.as velas, pode ser
necessidade.do sonhado!' de assimilar,psicologicamente.
compreendida cómo uma substância maleável produzida
o produto.do prpcesso,que:acaba de. ocorrer, para:torná-lq
pelo ato de se viveria qu~l, enquanto está quefl;t~, toma
verdadeiramente, seu.. Nesse ponto, aparece :!lma, caracte,
rá a forma do molde sobre o qual flui. ,: .', ;
rística muito l interessante -;- a consciência, no. sonhador,
No sonho, a cera derreticla é o material·bruto, a subs
do peso da substância a ser comida e su.a digestibilidade
tânc~a amorfa, moldada emuma,irn11gempredetermina
não quest,ionad;;. Aêu.fase po peso s\Jgere a realidade só,
da. E esse processo de molçiagem, que, corppreendo como
lida, substanci.al, d9 que. está séndo ingeridQ. Q indjvíduo
uma expressão simbólica espeCífica d.a enc;:trnação pes
Curva-se com esse peso, e fica mais próx.Üno do, chã.o...
soal da imagem arquetípica. Sem;.uqta ~ubst<1ncia sobre
91
90
Um aspecto desse peso, acredito, refeI'e-se ao tipo A experiêntiaarquetípiéá poderia ter, ocorrido sem
psicológico do paciente. Ele 'e extremamente intuitivo, a relação pessoal? Duvido: muito."O arquétipo deve ser
talvez a pessoa mais intuitiva qUe já conheci. Dessa for encarnado; meSmo que escassamente. Minha simples ofer
ma, sua experiência do Si-me'smo deve se dar, inevitavel_ ta de assistência veio 'nomorrléhto certo' para que pu
mente, por intermédio da sensação, Sua função inferior. desse ser vivida e inéorporada pela: personalidade do pa
A sensação, a função da re'alidade, é experimentada pe ciente. ~ k ,; , ",' '~
los intuitivos, em geral, como algo muito pesado e inerte, ;\ r ... _, l ~ ~) ""f ) "
daí a preocupação do sonhador Com sua càpacidade de ~! ' : _ ~ I, ".' I ~ : • I ;l (, r, ,; 'I.' , '. 1
A encarnaçao pessoal dos arquetIpos .
lidar com todo aquele peso: Na última parte do sonho, o ~' .. ~, r" _, ~ ,I" -~, ::I~
material torna-sEf chumbo. Isso·é importante porque o De fórmàínilito' clàra e'enfática, poI' repetIdas 've~
sonhadortiv:era outros sonhos onde o chumbo' tinha um zes, J uhgénfatizou 'a necessidade'dê nóS' relaCionarmos
papel proeminente. ,: ;
com os pacientes cOIÍl'tod'({a nossá'pérsonalidàde. É 'I:jro~
Chumbo é um dos termos cómuns pataaprúná ma vável que, mais 'do que qualquer' ilm de nós; ele tenha sido
teria na alquimia-; era a substância original, da qual o va capaz de partiéi~ar vitalmente':do encontro'an1álítico:' J
lor supremo ouro, a pedra filôsofal- deveria ser criado. A Eni seús escritos, ele insiste na importância da paf~
característica mais notável do chumbo é seu peso, Sua so ticipaçãopessoal'do analista. No entanto, as passagens,
lidez. Ele é um símbolo apropriado para a realidade terres em seus textos que recomendam essa participação estão)
tre, e assim; 'representa as realidades concretas de nossa muitas vezes; esé'ritas de maneira didática e exortàtória:
vida'pessoal, opostas às formas arquetípicas eternas, que Ele não relacioná a importância da participação pessoal
não têm'pesó ou realidade própnaaté que sejam preen à sua teoria'da estrutura da psique. Não podemos' dizer
chidas com algum conteúdo, Uma conclusão semelhante é que issose devà àsupostadescrença dê Jung em relação
indicada pelárélação astrológica entre o chumbo e o planeta às teorias: Ele' estava disposto a construir uma teoria da
Saturno. As características saturninas incluem cautela, estrutura da psique, da natureza dos sonhos'e dá. libido.
controle, responsabilidade é uma praticidade séria: 'Essas A falta de uma têoria que diz respeito aos efeifo's psicoló~
são' as característiCas que mais faltam a esse paciente. gicos da experiência"interpessoal parece ser uma verda~
Esse soriho foi muito útil para m'im, ná ordenação das deira omissão que ainda deve ser preérichida. '. ,',;',
minhas idéias sobre a relação entre os fatores pessoais e A partir 'de sua 'distinção originàl entre" as 'camadas
arquetípicos no des'ehvolvimento psicológico, Ele veio pessoais' e cóletivás ,do' ihcoris'cien te; ele toriui va'-sé' cacÍà
como uma resposta à minha experiência' pessoal de ofer vez mais preoctfpa:do'comó aspectocoletivó, arquétípicoi
ta de redução do preço da' sessãó do paciente: o.'sónho Seu procedimento an'alítico'tornou.!semaise mais um rrie~
diz, de fato, que minha oferta foi vivida pelo inconsciente todo de educação esPiritual que pressupunha uma 'per
desse homem como uma oportunidade de participar de sonalidade cOÍlséiénte:beni-desenvolvida: Os estágios pri
uma refeição sagrada e de incorporar uma imagem da mários do Clesenvolvíriiénto 'dó' égo':eiám 'relativ.amente
divindade. Esse é o sig:ilificado arquetípico que súbjaz ao negligenciados e não recebiam' uma 'elaboração teórica.
encon tro pessoaL ,(
Contudo, lidamos com pacientes em todos os estágios de
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desenvolvimento :e, por"isso, precisamos··de; mIl? teoria Essa. f,Orma de conceituação leva a uma ênfase dife
geral que abarque todas as fases do desenvolvimento. rente daquela"de'Jung de que ,os conteúdos do incons
Todas as experiências. psicológicas são· arquetípicas, ciente devem quase sempre ser integrados via projeção.
no sentido de que são, padronizadas, determinadas, pelas A forma como Jung:diz isso S'oa quase c'o,mo uma descul
formas inatas, univers.ais, da existência ,humana. Iss,O é
i pa. Devido às conotações da palavra "projeção", parece
bem visível na criança, na qual os conteúdos pessoais e que ele está dizendo: "Infelizmente, a natureza d,O pro
arquetípic,Os estão misturad,Os de forma inextri~ável. Já cesso psicológico é tal que devemos suportar certas proje
n'os adultos, iss,O é m~it,O"menos ~yident~, pois a R~ique já ções por ,algum tempO, para que elasp,Ossam ser assimi
pass,Ou por um processo' de persoiiálizáção' que é siri"ônimo ladas". Essa forma de se iniciar o processo parece refletir
de um desenvolvimento do" eg,O:,É exatamente d~sse pro um tipo introvertido. Ela nega o valor do encontro pesso
cesso de pers,Onalização que muit,OS dQsnoss,O$ pacientes al, assim cómonega a importância inerente ao processo
precisam desesperadamente. A carpa<.la pesspal 'da psique de personalização. . " ' (' .
é f,Ormada c'om o passar do tempo, e a melhor forma de se No que diz respeito à teoria junguiana de desenvol
pensar nela é sob o prisma do desenvolvimeI).to. Ele cQme, vimento da personalidaqe,. parece-me que temos presta?
ça no nascimento e continua ao longo da vida d,O indivíduo. do pouca atenção 'aos efeitos dos relacionamentos,pes
'Ibdas as nossas experiências, internas e externas, e s,Oais. Os' fatoresinato.s,predeterminàdos" arquetípic,Os,
também as dos nossos pacientes, são, ,em essência, per foram enfatizados/em.detrimentq quase,total.do pessoal.
sonalizações d,O arquétipo. Então; a natureza do trabalho Esse" desequilíbri,Oé conseqüência das circunstâncias his-"
terapêutico, especialmente na prip1eira metade da vida, tóricas no momento. do nasciment,O da psicologia' àna~íti-:
é ajudar.o paciente a se relacionar com as,formas arque ca. O desequilíbrio .foi corrigido nQ próprio método analí~
típicas emergentes, Jornecendoo contexto de uma rela~ tico d~ Jung, ,O 'qual ele conduzia de forma bem livre e
ção interpessoal,por,meio da'qual e1\)sas formas possam pessoat Os .efeitps d,essa abordagem, contudo, nunca fo~
ser per~o.nalizadas. I~$o pode ser feito, sem se mencionar ram iI,lvestigados de maneira específica,ném receberam
a palavra;.';arq1J.étipo;:, e tenho, ce~teza de que,issoaçonte uma formulação teórica. r ,: . , " " "'.'
ce com freqiiêI)cia çompsicoterapeutas de 'outras escolas, De alguma forma, os fatores pessoais e arquetípicos
que nem sabem nada sobre,osarquétipos. ";, 1 \ " • devem ser agFUpado~ ém uma teoria gera1. Isso pod~ ser,
Quandp pos·r:eferimos ao ç:r;escimento,Ou àsexperiên feito' ao se compreender a necessidade da encamaçãop.es::;
cias transfor:I]1ad,Oras"como ,opost~s .àqueias que r~sul soaI dos' arqlú~tipos na, ex'periência individuaL TO,das 'âs
tam de. ;uma ','di~torção projetiva\o,conceito de persona; realizações.arq'!l~típicas ~ão e devem ser pessoais. Q:corpo
lização do arquétipo é preferível à conc~pção cçmyencional em que um arquétipo.encamaé form ad,O de substânciá'
de projeção de imagens.arquetípicas. Essa projeçãol,da pessoal,já que a,re;:tlidade pessoaléa única que podemos:
imagem arquetípicap,Ode·servista como UI;n,esforç,O ,do ar experimental" Osarquetipos não possuem Qutra forma de'
quétipo para alcançar, um? enc;:trI1ação pessoal ,',O primei se expressar a I,lãoser por intermédio de imagens que de-:
ro passo n'o processo de assinlilação ,cons,cientedo arqué rivam da experiência pesso;:tI::Por.isso, vento;fogo, água,
tip,O. .1 1 i1 !. ,'J.) *',! ií ',' sol, lua e estrelas; todos serverrt1corpo imagens para os con
94 95
valor roais es pecífi€Oc à encarnação pessoal e concreta do •
teúdas arquetípicas. Más até mesma essas imagens relati_
arquétipo da que o, conceito de, ,projeção. A idéia de
vamente impessaais derivam da experiência pessaal. Can
encarnaçãO pessoal da arquétipo serve a esse prapósita.
sideramas que tais imagens se refiram a canteúdas trans_ Ao. utilizÇl.r a termo "persanalizaçãodo aiquétipo" em
sa vida e talvez par trás dele esteja a imagem do Si-mesma.' ~>' :':' ,.'), ·",l.. " ~._.' .. j
<,
te, coma uma projeção. da Si-mesma? Uma 'afirmação. des ':,;1';(' ,. ".' , .. :, «li.' '. 'L
_! I, ,No meu trabalhacorilas pacientes, muitas vezes en
sas sugere que a prajeçãa pade ser retirada e que peide
mos transcender as realidades espaça-temporais da
contro~abjeções'aa ten~an interpretara transferência pa
sitiv.acómo, Ul1}a projeçãO. de canteúdas incanscientes ín
existência pessaal. Eu prefiro uma formulação. que dê um 97
96
ternos. Eles não aceitam a desconsideração da minha rea de sabedoria inata no pacieilte? Ou será que a sabedoria
lidade pessoal e do que.~elasignifica para eles. Aos pou~ de Jung foi assimilada pelo paciente, embora, com certe
cos, fui chegando à conclusão de que é um equívoco com za, uma forma' àrquetípica .Íner.ente ao.padentê estivesse
preender a transferência positiva apenas em. termos da
pronta para receb~-l~?r/.' ';.U·vIJ .~. '
projeção. Não estou mais. certo de que o progresso da Sabemos que o desenvolvimento psicológico não acon
transferência é determinado exclusivamente pelas ten tece na ausência das relações pessoais. No entanto, ao
dências inerentes ao paciente. O que eu sou pessoalmen mesmo tempo, todas as, experiências pessoais seguem
te parece exercer uma importante influência na direção certos padrões típicos e universalmente humanos que cha
que a análise segue. Em outras palavras, eu dou uma mamos arquétipos. Embora ãs' formas arquetípicas se
corporificação pessoal às formas' arquetJpicas emergen, jam inatas, os conteúdos específicos são determinados por
tes, que são, então, incorporadas à personaliqad~ do pa fatores pessoais e históricos. O processo da psicoterapia
ciente parao.bem ou,para,o mal.. '.
envolve não apenas a ativação das formas arquetípicas,
Para colocar de maneira mais direta, uma análise como também, e principalmente, o preenchimento des
psicológic.a profunda envolve um processo irrevitáveLern sas fo~u{as ~ó~ conteúdos pessoais. Parte desses conteú
que o: paciente ~assimila. partes ,da personalidade do , ',_" " ~ ,'~ i ,I ~
dos vêm de imagens culturais e mitológicas, fornecidas
(i .. , 'I
terapeuta. As..formas arquetípicas são inatas em todos pelo probes~o de·amplifi~ação. Mas o ingrediente prin
nós, mas,os conteúdos pessoais específicos que são des cipal; niínEm ponto de vista, continua sendo a personali
pejaqos nelas contêm, inevitavelmente', .alguns conteú~ , t'- . "
dade do terapeúta. Isso inClui absolutamente tudo sobre
~ I ' ~ '\ 'f 'I"', ' "
dos da personalidade do analista.. Se certos aspectos da, ele: suas idéias e opiniões', séntime~tos; preconceitos,
personalidade dO.analista forem .muito estranhos 'ou ~;
• ; '11 ~: ~ 'I' ,l'"
gostos pessoaIS e, o .que talvez seja maIS Importante, sua
• " ; ': " , ". ','I \ . , , ' : . '1
destrutivos para o paciente, haverá uma resistênGia ou visão de mÜ~d~ t~tal e sua atitude'~era~te a vida. "
uma rejeiç~o total a eles. No entanto, mais uma vez,não • ",."
sita desesperadamente de algu~a corporificação pessoab personalidades de seus pacientes. A única d~fesa contra
~
para trazer à tona formas arquetípicas iminentes está \
o
,;)
enorme
I .'
~ I: ' . ~
Lembro-me da reação de uma pessoa à descrição de' " , . l') I,.. "I' j " I' ! • . ,I' (. . " •••;
~: ~ ~ , r I' ~
., '1'
é exatamente a imagem do próprio Jung. É claro que ele ( ""., ,." t' ';) , I ... 1
vai obter esse tipo de sonhos dos. seus. pacientes~'. ESSá ,i\: Pt;(t f p ~ ti' ( 'j
.
sonalista, mas ela também carrega a sua verdade. Jung t ! "
"
",
~ ;
,,'
descobertas.
~ -...... A psicotetápia profunda' é 'tanto uínaciência quanto
uma art~, ta~to teoria quantoprática.Com9 ciência, é
.J ; 1
--.:!
.~. "
um estudo.de conhecimento empírico .estruturado com
" 1fJ,
r,'
conceitos intelectuais que seaplitam à psique ern geral.
, J
Mas como arte, é um compromisso prático e pessoal com
Introdúç,ã'o ' , " " ) . ., '-'" ~
outra pessoà~'queátirigea vidá-e'Q desenvolvimento dela.
!... - ~ ". , , , J \." ...
Ess~ comentáriodiz.':r~speito à n~cessidade de com prática,e também como a própria etimologia sugere, exis
preendermo!;> ~s r~íz,eshis,tQricas de nos:sá.profissão. tem três grandes figuras que'emergem: o médico-curan-)
deiro, o filósofo-cientista e o sacerdote-hierofante. Essas
figuras correspondem.a três imagens arquetípicas que
"
>
Raízes etimológicas '.
l:J '.
são consteladas no curso. da maioria das psicoterapias
~ J ., • ~'. _
Va,mps G()meçar com,o q'l1eé, I).ormalm~nte, () melhor
• . • • 1"
profundas. Não estamos interessados na história apenas
método paraJse descobrir as raíze~ históricas de um fenô pela própriahístória. Estamos ,interessàdos nas raízes
meno, ou,sej;:t, a etimologia." ;', I ;', '
históricas porque a história é uma realidade viva no in
No termo psicoterapia prQfunda, a palavra.'~profun_ conscienteécoletivo; Quando,alguém lida com o inconscien
da" é usad.a para. d~13ignar ,o t,ipo dEl, psiçoterapi~ que lida, te coletivo, essas raízes históricas ganham vida e tornam
com a realidade do inconsciente, da psique opjetiva. A se realidades vivas no presente. o.s analistasjunguianos,
palavra, '.'P'si~9ter!lpi~" ,é wn.p,roduto de ,doi~ raciicais: interes!;>aII)-se pela história não como um investigador de
psyche, ..,.,que t3 ignifica originalmente alma ou e1?pfrito d~ antiguidades, mas por razões muito práticas.
vida e o vefpo grego therape'ueirt - qUe 'significa cuidar; A primeira imagem,do ~édico-curandeir9,represen
servir. O uso qriginaI deS.~9-,palavra er;~h"servir a9s deu ta o conheciín~nto curador aplicado àS,feri9-as e enfermi
ses, 'nos templos'~. E~tão;' nos_ :templos:~da, a,ntiguidade,
dades da hu,manidade, com o objetivo de securar por meio
therapeuein ,refer!ê:-§e àa:ssis,t~nci!l,cuidaçlósa. nos cultos
de um tratamento específico.
e nas cerimôniasfEllíiiosa.s.pép.oit3, ppr,exten,sãod sen
A ségvnda imagem éta do filósofo-cientista - e eu uso
tido, o verbo passou,ase:refe,rir ao, cuidado e;ao, trata El
esse ter-mO.duploporque PS filósofos naturais originais fo~ ,
mento dos pacientes em um ambiente médicq.;,
ram os primeiros Cien,tistàs, e a eiê:qcia moderna se desen
Nossa compreensão do equivalente moderno, "tera volveu a partir do campo da filosofia. De fato, a psicologia
pia", é aprofundada quando refletimos sobre S~1,l signifi como ciência, em boa parte do século dezenove, ainda era
cado original, que sugere que o serviço à alP1a. _ p~ique parte ,da' faculdade de filosofia na maioria das universi
dades. Por isso, esses termos realmente devem ficar jun
60 CW 14, par, 521, tos ,ao considerá-los do po~to de vista histórico. O filóso
102
a
fo-dentista representa figura que possui a capacidade
103
GAZETA DO POVO
Biblioteca
grande peSOr q"e <ligQ q"., .às vezes,. esc"to alll"ém se
examinadora da consciência ,racional; diferenciada. O declarando como um dessep, pe:t:sqJ:H,l.gens,. Eu não reco
método utilizado é o diálogo socrático. Aintenção é ensi. Jlleo "ma atit"de dessaS. Somos moa nova entidade,
nar e alcançar a verdade. O fil6sofo~cientista ensina sob do
sui generis, uma nova profissão, que apresenta, como
a luz da razão, de forma que podemos nos conscientizar parte de se" f"ncionamento, a constelação dessas ima
do que realmente sabemos e do que não sabemos. gens arq"etípicas. Mas elas não pertence,!:, a nÓS; elas
De maneira semelhànte," a- terceira: figurá, do sacer pertencem à psiq"e objetiva. Elas foram 'geradas pelo
dote-hierofante possui duas furíçõés umpoúêodiferen_ paciente e, por isso, deveriam ser devolvidas a ele, não
tes, ambas servindo aos desígnios religiosos de um ri
tuaL O hieroJante trabalha principalmente no contexto consideradas algo noss'o.· "
Acreditá que todos nós fomos treinados ,em uma des
dos mistérios,' assim como os mistérios. de ,Elêusis, en saS disciplinas iradicion.\s:' Alguns 'de' Ílósfiz~
mbs me
quanto o padre trabalha. no contexto de cerimônias reli dicina e herdamos a tradição médici,.. Alll"ns de nóS pas.
giosas mais ortodoxas. Aimagem do sacerdote-hierofante samoS pelas disciplinas acMémic•• da psicologia, serviço
e
carrega .medi'arfatore.s. trànspessoais ,;':"'0 conhecimento social ou aconselhamento; todas elas são"fruto cÍ.k tradi
sobre os deuses e sobre'a forma como serelaciónar com ção filosófica. E alg"ns de nóS somoS seminaristas e ad
eles. A tarefa dO:sacerdote~hierofanteé transrilÍtir a reali quirimos a tradição JacerdotaL Mas comO a psicoterapia
dade religiosa, fornecendoads érimtes individuais ou ini e
em sua origem abarca transcende todas essas tradi
ciados a revelação da teofania6~"""" a experiência da dimen ções, isso ~ignificá que,' u? que co~~erÍle ao nossO treina
são transpessoàl...,. que possui um efeito.transformador. mento básico, somos todos tendenciosos e 'unilaterais em
Essas imagens são, muitas' vezes, consteladas no
curso da ,psicoterapia profunda. É importante. éstar fa-. Toclos ae~Ennoscheg~r
relação a uma ou outra d~ssas háâições.
a:um equilÍbrio'. Os q~e
.
pos
miliarizado com elas para que' se 'possa reconhecê-las: suem umtreinaroento médico precisam da educação filo
quando elas apareCerem.. Elas não vêm com uma etique sófica e religiosa,poi~ a psicoterapiaprofunda é mais do
ta no pescoço. Em.vez disso"elás se revelam:por meio de que a cur~ de uni~ doença. 0s que :possuem treinamento
formas de comportamento ou por ceítas1atitudes:Se vocês' acadêmico serão 'fraéos nas ár~à.s do tratamento prático
estiverem familiarizados, com as. atitudes, que acompa do paciente e;',das,realid~des.re.ligioS~s, porque a psique
.,
nham essas figuras, conseguirão. reconhecê-las. Obvia 0
'
é mais do.que .um:objeto do conhecimento, é também su
mente, é muito importante queo.analista não se identifi jeito. E os que possuem treinamento teológico necessita
que com essas figtlrasquando ela&,são co.nsteladas,.ou; rão de urna educação adicional nas disciplinas empíricas
quando ele está sob a projeçãode.uma delas.. :. .:-. e racionais da medicina e da ciência, para ensiná-los que
Em nosso trabalho como psicoterapeutas. profun ~ ppique. é, d. fato, "m íenôrooM empírico e para q"e eles
dos, não somos médicos, filósofos, ci,entistas, nem padres) n~Q ~e êon.fuJ.ld.aÜlçoD}"a,s!D}age~ssimbólicas de urna mi
ou hierofantes. Não somos nadadi.sso, no entanto, é,com
tologia religiosa específica.'
.!.í Agora, voU falar de cada urna dessas tradições com
61
r !I' I',~'-'" "1~·;I",r'~ ~:' :~i'#~'""'"'
A manifestação ou aparição de Deus'ÇJú de um deus'a úma 'pe~sóa~ (Nota.
tI'
,
Essas sãoâlgumas d~s idéias que surgem, ao consi
,
sacerdóciô'possueniessã atitude:de preocupação ética pelo frase supostá'mehteégtavadà no orácu'lo de Deifós, "có
indivíduo . .A ética do 'nosst;> 'campo; psicoterapia profun nhéce-te a tf mesmo". " "
da, está totalmente báseãda nas 'raízes inédicas da nossa Essas deClàraçÕes possuem rima aplicação direta na
tradição. ", " ' , ' psicoterapia, o qüe é beril claro; A filosófiá,Iero sua forma
Em seus le'xf6s,J~rig f;iz comparações erit~e'opera~ original', era consideràda'Oinsthúnento para esse tipo de
ções méd~~as e psicotera'r)ia..~ Por~xeinplo:,,' , .' .' ' exartie:'Em épocas remotas, o indivídriopodia se conhe
Na psicoterapia, a situação'rião {muito diferente daq1,1ela com uma. atitude religiosa. Se vocês tiverem alguma dú
da medicina somática, onde,-ª çjr.urgia, ~ realizada no in~, vida.a esse respeito;leiama Apologid:de' Platão, onde ele
Assim como exigimos - e com raz'ão - que o cirurgião não de filosofia: ' ,, ! ,
____----------------107.-----
106
(O método socrático) é uma forma de 'ensino em que o Legado religioso
~ :'
mestre declara não poder passar nenhum tipo de infor )
soal. tem o mesmo efeito, da culpa, segregando 'seu ?8 ibid.~ par. , 1 3 4 . , ' :
110 111
zendo o seu trabalho. Vocês merecem ó pagamento que acaba levando a uma esterilidaçle, pois ele experimenta
recebem, nada mais que isso. Vejam, os sent{mentos de a análise apenas de.Uma maneira passiv.a.
gratidão do paciente serão o S9-crifíçi() que, nos ~rituais Na fase do filósofo, a palavra-chaveé.diálogo. O pa
mais antigos, era oferecido pelo sacerdote. O psicotera ciente descobre que a atitude anterior, da busca de um
peuta contribui para essa oferenda quando não aceita o tratamento, é~nadequada.e muito.passiva, e percebe que
sacrifício pessoalmente. . , o terapeuta, assim como, Sócrates, realmente não sabe de
O hierofante, que significa "o revelador do sagrado", nada, e 'possui apenas um método dialético de intercâm
é uma variação do sacerdote. O termo era usado para de bio, ,no qual os dois busc9-m juntos a verdade para o pa
signar aqueles que conduziam as iniciações mistéricas ciente. 'I. ,
na antiguidade. Sacrifício e reconciliação não eram à meta , Na fase do sacerdote, a palavra-chave é revelação,
principal; em vez disso, o ritual fornecia uma oportuni revelação' do numinosum. 69 Durante essa fase, as outras
dade de se experimeritar uma revelação direta e imedia duas são transcendidas, pelo menos até certo ponto. O
ta. Até hoje não sabemos exatamente em que compreen diálogo no nível pessoal.leva à ativação do inconsciente
dia a revelação dos mistérios de Elêúsis, pois a revelação coletivo,pór, meio da qual uma experiência direta da dic
dos mistérios era considerada um crime capitaL' mensão transpessoal torna-:se.possível. Agora, paciente e
psicoterapeuta participam juntamente de um diálogo com
a psique objetiva.
Jmagensarquetípicas correspondentes Como essas fases se inlmifestamna prática? .
às fases da terapia" i .
Na fase do médico, o paciente espera ser tratado:em
troca de uma taxa. Ele espera por um senriço. Esse as
Essas três tradições surgem no processo teFapêutico pecto da psicoterapianunca é totalmente transcendido
como diferentes modalidades de atitude. O médico, o filó~ de fato; a ética profissional está muito baseada nele -,
sofo e o sacerdoteconstelam~'seem diferentes graus'dU mas sea ter~pia pretende ser mais do que uma terapia
rante diferentes fases dá psicoterapia. Para descrever de apoio diretiva, ela precisa ultrapassar essa fase.Acon
essas fases, farei uma distinção bem nítida entre elas, tece muitas de asaida dessa fase ser uma conseqü
por motivos de clareza. Na ,verdade, as diferenças não ência da insatisfação ,do. próprio paciente. Ela,não está
são tão óbvias assim; na prática, elas se fundem umá na melhorando. Ele não e,stá se curando. As coisas não estão
outra. acontecendo como o esperado. Isso dá ao terapeuta a opor
Na fase do médico-curandeiro, 'a palavra-chave é tra1 tunidade de ressaltar: "Bom, essa não é bem a forma como
tamento. O paciente sente-se mál, precisa de ajuda,ese trabalhamos. Não é assim que funciona. Nós trabalha
apresenta a um terapeuta para um exame, ,diagnóstico e mos através do diálogo".
tratamento, assumindo uma postura ou atitude mais ou
menos passiva. A idéia é a de que o médico possui um co ~,69 De The,ldea of the Holy, de Rudolf Otto, onde a palavra numinosum é
usada para descrever a impress)onante intensidade emocional comum a todas
nhecimento que pode levar à cura, e que e!)te irá usá-lo as experiências religiosas, independentemente da cultura ou da seita, (Nota
em troca de dinheiro. Essa atitude por parte'do paciente do.Editor)
112 113
Isso norma lment e 'gera' algum a resistê ncia da psi vez, transn ütida aos analis andos , existe forte tendên cia
que infantil. Depois que essa resistê ncia é pacien temen de a psique arquet ípica ser conste lada pelo analis ta por
te analis ada, a próxim a fase torna- se acessível. indução. Isso muita s' vezes, bem favorável, promoven
Na fase do filósofo, o terape uta expre ssa livrem ente do o trabal ho profundo que tentam os alcançar, mas em
(e o pacien te aceita ) o fafo:de que ele (terap euta) não pos alguns momentos isso não. é o melho r para o pacien te. Os
sui nenhu m conhecimento.secreto sobre a forma como o pacien tes borderline, por exemplo, podem estar correndo
paciente.deveria viver a'próp ria vida. O ~nalistanã9 sabe grand e perigo ao trabal har com esses analis tas que têm
o que é bom para o paciente" o que .ele, ou ela "deye" fazer. uma tendên cia, fora do seu controle consciente, de cons
Tudo o que o terape uta pode oferecer são reações ao com telar a psique arquet ípica, Devemos 't~~i~s~' sempr e em
portam ento, sonhos e.expressões de todos os tipos do pa mente . Em mais dê um: caso, durán te a entrev ista com
ciente, com o objetivo de se estabe lecer um diálogo.' a
um candid ato anális e; Ou quand o Cf anális e começou a
Nessa fase, sempr e surge a questã o de até onde o dar errado por um ou outro motivo i indiqu ei a pessoa a
psicot erapeu ta deve éhega r com suas reações sincer as, alguém que nãoçonstele' a psique arque típica e com quem
Nós. devemos trabal har com nossa personalid::tde total, seja relativ ament e seguro para0 pacien te trabal har.
mas a verdad e é que també m temo's de usar o bom senso. Nessa fase, transc ende-s e o estágio do diálogo pes
E essa e, de fato, a marca d~um analis ta habilidoso soal e odiáló go passa a ocorre r dentro do paciente. O te
saber qual nível de reação autên tica é aprop:i:-iadoem de" rapeu ta contin ua a oferecer reaÇões, interp retaçõ es e am
terminado. estágio do desenvolvimento do paciente. É claro plificações, mas elas não são mais o enfoque principaL O
que há momentos e.m que ultrap assam os esse nível e en enfoque princi pal' passa a--ser ~ teofaríeiél, a experi ência
tão precis amosr ecuar de uma forma ou de outra. O bom partic ular do indivíduo e, embor a o terap~úta possa ser
senso é necessário, o que implica no fato de que o estágio testem unha disso, ele não tem as mesm as experiências.
do médico ainda não foi totalm ente supera do. Ainda tei A experiência. singul ar da teofaÍüa dissolve'a transf erên
mos a respon sapilid ade étiça de tratar do pacien te, pois cia residu al e nivela a ligação entre pacien te e terape uta;
ele precis a de tratam ento. (j eleS' tornam -se parcei ros em sua huma nidad e cómum e
. A tercei ra fase, do sacerd ote, caract eriza- se por uma peran te à manif estaçã o divina, Jung se refere a esse de
emerg ência da psique arque típica ,junto com as image ns senvolvimento da 'segui ntema neira:
e experi ências múnin osas que são caract erístic as desse
nível. É nessa fase que a anális e jungu iana revela sua Realm ente, à medid a que o fenômeno da transfe rência
nada mais é do que uma projeção, ele cria tantas divisões
singul aridad e, pois é a única escola psicot erápic a equi.: quanto s vínculos. Más a experi ência mostra que, mesmo
pada com uma teoria e uma prátic a para lidar com Oin~ depois de dissolvida a projeção, não se 'rompe certa cone
consciente coletivo. Somos pratic a,men te.os únicos até xão na transfe rência . Isso porque por detrás dela existe
mesmo a saber de sua existência. um fator instint ivo da maior import ância, a libido de pa
Agora, isso é uma vantág em, masta mbéin 'é um pe rentesc o. 70 ., . . .
rigo. Por os analis tas jungu ianos possu írem algum a' com
• 70 "The Psy.chology of the Transfer ence",
preens ão dos arquét ipos e essa compreensão ser, por sua The Practice ar psychatherapy,
CW 16; par, 445, '
114 115
Como eujá disse, não existem fases_muito bem defi psiCologiajunguianaé que não devemos nos identificar
nidas que podem ser claramente distintas. umas das ou com nossoconhe.cimento, nossa subjetividade ou nossa
tras. Elas. em geral, mist.uradas, mas acredito ser experiência.. À medida que somos os' portadores de tal
muito útil ter esse esquema em mente, pois ele ajuda a conhecimerito,ele é uin peso tanto quanto um privilégio.
distinguir a avalancha.de informações que_chega até nós Com certeza, ele .não justifica a fomentação de fantasias
na relação analítica. secretas de. superioridade, pois,. em certos aspectos, ele.
representa,uma 4errota tanto ,quanto uma vantagem.
A tradição oculta
hierofantes trabalham dentrp de determinada ortodoxia, O chamado da psicoterapia profunda possui privi~
estão relativamente protegido,s ,dos perigos de..1l!D encon légios, responsabilidades e perigos exclusivos: De'fato, é
tro direto com a.psique, arquetípica. Mas aqueles que pro um grande privilégio podermos interagir diariaJ;riente com
fessam um contato individual com.o tqmspessoal sãO' sem a psique autônoma em todas as suas formas~de existên
pre marginalizados e geralmente anatematizádos como cia manifestas. E.uma opo.rtunidade singular poder olhar
hereges ou como Qcultistas perigosos pelas autoridades no fundo da alma de tantas pessoas, ter todas essas jane
ortodoxas .. las para as mais variadas realidades h'!lmanas vivas. Que
, ,
Os psicoterapeutas junguianos são vítimas da mes outra. profissão ofereceésse tipci de oportunidadeprivile
ma caracterização. por aqueles_ que' n'ão nos conhe.cem giada? Não .consigopensarem mais n.enhuma. Somos
bem. Por isso, não se.surpreendam se v.Ocês encon extremamente. privilegiados pela profissão que escolhe
trarem esse tipo de Projeção de. vez em. quando. Como mOS, ou;qúe nos .escolheu.
analista, também há o perigo d.e S:e cair em uma posses As responsabilidade_s, contudo, são enormes: Devido
são sutil, 0lJ, não tão sutil assim, Pela suposição dese pos à natureza de nosso trabalho, evocamos, com freqüência,
suir algum conhecimento ou sabedoria especiais. ;O.me projeções profundas - não só projeções pessoais, mas tam
lhor antídoto que conheço para ~sso.,.é termos muito bém arquetípicas~ Éfun:darÍie'h~ai que e;t~jáinos atentos
cuidado na maneira como cons,ideramqs a opiP. iã 9 dos para p.ã,o nos aproveitÇlfWos_elÇlauto[,idade e do poder que
outros. "', , , tais projéçõ~s nOS conceÀem. Is~o é uma responsabilida
Sempre que t~ndemo~ <l; nãb ter' um~uidado ~uito demuitO.séria, porque o trÇlbalho que'faz;e:t;nos é realiza
ª
grande ao considerar a opinião elos. outro.s. nosso respei do .em segredo~ ,Ele n~o.é monitor~dQ.,.Ninguém sabe o
to, estamos no caminho da inflação. Vejam, a verdade. é que está aconteçenÇlo. entre- o .tpaciente .e o terapeuta a
que a psicolOgia profunda junguiárta nos leva,de fato, a J)~oserelesmesmos.Aresponsabilidaçle do membro mais
um conhecimento secreto - que só é conhecidó por aquele consciente nesse processo é realmente imensa.
que viveu a experiência da teofania -, mas esse conheci . Há". tam..bém, perigos graves e riscos ocupacionais
mento não precisa ser alienante. Um princípio básiço da nJ.tJ.itoséd'o$:É PNvá,vel que o mais comum seja o simples
116 117
perigo psicológico de inflação. É qUase iriev,itável'que nós, níveis diferentes, mas estoú me referindo ao que tenta
como terapeutas, nos identifiquemos, em'algum grau, Com moS fazer como terapeutas junguianos. Como Jung nos
as projeções que ~arregamos" pelo menos nos primeiros diz, nossO trabalho exige a personalidade total, o que não
estágios da carreira, Jsso é um perigo pessoal, pois todos quer dizer que tenhamos de ser indivíduos completamente
nós sabemos, ou deveríamos saber,. quea.inflaçãolsempre individuados. Isso significa que; é esperado que a pessoa
leva a uma queda. Quanto 'm~tisaltéro võo,maio'r aqueda, tenha circunavegado todo 'O círculo de seu ser e saiba quem
e pode haver algumas 'quedas psicológicas desastrosas ela é: suas força:s;,suas~ fraquezas e seus pontos cegos. É
como parte dos .fiscos ocupacionais de nosso trabalho. isso que Jung sugere ao dizer'que se'r analista requer a
Outro perigo em lidar com o material profundo de personalidade total. Com. certeza, a personalidade do te
nossos pacientes é"o de essa .ÍÍlformaç.ão. fugir' d.e .nossa rapeuta é o instrumento singular do processo, e o requi.
compreensão: Principalmente com os analistas mais jo sito básico'é a'consciêntiá, pela qual queremos 'dizer o
vens, não é muito incomúm encontrar alguns p'acientes completo conhecimento da ,psicologia de si mesmo.
que estão.lutandó com dimep.sões. profundas que o ana" Ao examinar os candidatos para o programa de trei
lista ainda não<alcqnçou. Em ·talcqso, ,se o 'analista não namento, tenh6 em mente quatro fatoresprineipais. Em
percebe o que está acontecendo, existe,operigo real de se primeiro lugar, a questão da vocação: existe clara evidên
precipitar de maneira muito imprudente, Ele pode'então cia de um'chamado'genuíno para esse tipo de trabalho?
levar um grande tombo e terá. muita ;sortese conseguir Em segurido; o nívef de desenvolvünentoegóico e adap
se erguer novament'e. Esse :é, um grande perigo.,' .~.~ tação à realidade:: essa peSsoa 'possui um ego be.m.desen-·
A consoláção pa.ra tais ,experiências - e ninguém ,pàs~ volvido que jáarcançoU: uma adaptação sadia 110 mundo
sa por muitos ânos de trabalho analítico ileso - é talvez a' externo? O terceiro fator é (j caráter, que envolve a integri-,
compreensã,o de que elas tinnam de ,acQntecerconbscó,! dade moral, .uma, consciência de, e devoção a,valores bá
pois eram parte de nosso próprioprócesso de indiyiduação, sicos, E o quarto éa conexão com as profundezas::ter uma
chegando até'nós pelo mundo externo. ',: é " , relação viva com o 'inconsciente' e com à, psique objetiva:
I , .!, ~ ~
'Como 'Jung' dizia, um psicôterapeutanão pode levar
um paciente nem um'passo adiantédo que eleprôprío já
o mistério da psic:;oterapia
- .
~" " ,
profunda" caminhou. Qualquer complexo que não estiver totalmen
Para terminar; quero dizer algúmàs palav.ras sobre. 'I L
te consciente por parte do'analista irá contaminar o pro
o processo misterioso da·psicoterapia profunda. O que é e' cesso terapêutico. O terapeuta 'irá, 'étitão, tnitar o pró
como ela funcioná? Isso é 'realmente 'um mistério. Nós prio complexo, projetado no p,àciente. ,Isso é uma verdade
não sabemos como ela funciona. Temos müitàs idéias, mas,' infalível,já que o 'órgão ,ou instrumento'da psicoterapia é
para sermos honestos e verdadeiros· pará com a nossa: à persº11-~lidade.dq;ánalista. '.' j . "
herança socrática, temos dê admitir que não sabemos com , .' 'Quanão o'térapeuta possui' um bom nível de consciên
certeza. Mas aqui vão algumas idéias. cia, o que parece ocorrer é um efeito indutivo progressivo
Estou falando sobre a autêntica psicoterapia profun no paciente. O efeito indutivo ajuda a gerar os sonhos; na
da. Existem outras terapias que funciona'm em vários' verdade, 'o grau de profundidade de ligação cultivada pelo
118 119
analis ta é bastan te adequ ada para 'deter minar de onde mento, e acaba 'serido determ inado, por algum motivo,
que eles não sãefad equad os 'para o progra ma, Às vezes
os sonho s do pacien te estão surgin do: o incons ciente
adora ser recebido, ser reconhecido. Se o' incons ciente do acontece de o candid ato sé sentir arrasa do com essa notí
cia _ e ficar com raiva, às vezes com muita raiva, reagin
pacien te encon tra um terape uta que realm ente compr e
, '. está projet ando algo nessa image m que' não é aprop ria
A minha exper! ência pessQallevou::me.fi. conclu são
inevitá vel d.e que a consciência é contagiosa, com uma do. Você e~tá, projet ando algum t~po de vaÍo.r, de grand e
conqu istada qual voéê foi agor<;lprivado. Eu:nã o vejo as
impor tante ressaJva: a psique dó pacien te deve estar aber
sim". Oll entãp eu digo: "É' uma ativid ade muito específi
ta o sufici ente para r~cebê-Ia. Em algün s casos, .podem
ser necess ários muitos , anos de ànális e para's e criar essa ca, a psicoÍógia profun da. Ela éxige umtlp o muito espe
cífico de tempe ramen to. Ela reque r uma ligação' meio que
abertU ra. É uma grand e' tarefa a,brir a psique o suficien
contín ua e' regula r com profun dezas psíqui cas, o que não
te para poder acolhe r o que pode ent~o .emergir. Ml,litas
vezes, essa abertu ra não ocorre de p1aheir~ PJena, e', em é muito natura l, eú 9.iria que é até mesm o anorm aL A
maior ia das pessoa s que vieram a' tornar -se analis tas
alguns casos, ocorre apeha ssupe rficial mente . Nes~e caso;
eu diria que o pacien te não está.de9ti.Qado a'de.senvolver, jungu ianlÍs começ aram caindo em algum tipo de buraco
profundo; possue m algum tipo de defeito em sua psique
se mais, pelo menos nesse mome~to... çorqo cienM.~tas
empíri cos sensat os; devem os sempr e respe itara rea.lida ou nunca teriam ' caído em:ta is profun dezas. Fique feliz
de que nos é aprese ntada . E que Deus nos, livred ealgu -. por não' precis ar chega r a"esse ponto! Vá dar aula em
ma vez ünpor nossa s hipóte ses precol )çebid assobr e até
uma univer sidade ou fazer isso ou aquilo. Não fique tris
onde determ inado caso deve chegar. )SSQ I).ão SQIlJ,QS 'nós te. Não' é tãoru ün assiin"'.:' ,.
que devemos determ i I1 a.r:' Tais qllestõesdeYem,s~rdeixa Pergunta:,yoçê falous obre,a arte de devolv er as pro
120 121
lado, se você realmentE)_ sabe, o que estáfa_:?~Il.çio,:não pre
/ -5
cisa ter medo ~ela.. ,Você não precjsa, mal~-la prematura .,_." ,1 ,. '~ " ~." I:.. _ .
mente. Isso tamqém é pa:r;teda, arte, porque yocê está de
posse de um cQnteJJ.<lo !?agrado, o;riundQ çl~s proJundezas
o FENÔMENO DAtTRANSFERÊNCIA , '
l, :III,~, ~_~"~ ,'r, "_"~ meirB:.yez por, Fr~u.d, é temos m~i,ta gratid~o lpar~ com
Edinger: A ide~tidade" por natureza, é um fenômeno ele _..pelo. insigl?t ,criativo que, o lev.ou a eS,sa q,escoberta.
.". I ' - ,_ -. • " . .•. . . -
individual. Você nã-ó pode dizeraoso{ltros como ele1:)'i:>o Ele usou b termo trqnsf~I."~ncia,p'ara 9.escreve~,o envolvi~
dem f~rmar unia identidade: E~istem ~luitos proceçÜmen me~to enÍocio~aÍ entr'é' pa'de~tee Ínédic~,ém ~m~r~la
tos coletivos que reco~endam a identifiiaçãoeom ~fa" ção ppispteráp\c<:l.,~l~so,nsideravê fl. transfe,rêrci~/eomo
mílià,com ~- gr~po étnicC?: com a, comimid~ç.Ei!.~$sà '~ãp é uma ,revivescência de padrões regressivos infantis ,de
minha Iloção- déldent.id~de. ':, -- , .- •_ . _ ' , ' .... comportáment~dentro da situação te-rapêutic~: 9- rela
, MiI1ha Il()ção de.identi,dflde_é a de uma,personalidfl ção imatutfl d~pende~te com ÓS p~is s'e~do' recapitulada
de úldividuaI"qlle.cresce como üma planta, declentro,pa,ra com Ót~rapeuta; as ,~ecessidades neuróticãs do pacien
fora, e é iS,so que tC?do o proce$SO de psicoter;apip. p~rofun~ te .e as: e:l;(pecta.tivas de satisfação destas sendo trans
da procura alcançar-ao direcioIl-ar a aten'ção - ~tençãó feridas para o analista. Daí a palavra t;ansferência..
• • _." - . ~ j ~ •• - • •
viva, afetuosa, consistente - para a psique do indivíduo É ,ciafo- que nós, jUI).guianos!, não podemos aderir, a
que necessita descobrir e realizaÍ' sua identidade' com ess~, descrição .. F,alarei,sobre as, ra~ões, para isso mais
pleta. No final dàs contas, a semente da üÍenticlade'é' o t~r:<;ie., COI),tudo, a interpretação de. Freud da natureza d~
Si-mesmo, e o' Si-mesmo está àlém de qualquer défiÍü:' traI1sfer~ncia,cieye $e~ m.e,ncionada qqlfi, pois essa inter
ção. Jung tentou, com grande afinco, abordá-lo de m'uito's pretqç~o ~~dut~va foi responsável pela. palavra neutra e
ângulos.71 No entantp,!? ~km,esm~ ~ ""!P~. e?,pe.riê~cia e indiferE:nteque ele .escolhé:u P!lrad~~ nome ao fenômeno.
não pode ser definido. . '. .' r\
',.' ... ) .'. ~ ~:
.
·"L' "'i Transferência e projeção; ,
" .! ~ I l. 'i!
" !] I j ~_I ..... ~ •.' ~ lO<' L .. ' JJJ . Como voçêS podem ver, a palavra transferência tem,
.; : r -" _~') ~; ri em essência,~o mesmo significado de projeção. No entan
7\ Ver adiante: "Apêndice: notas ~obr~ o Si-~~smo':,.(I'f?ta do Editorl_". i to;;na minhà:opinião,otermotransferência é pobre. Pre
122 123
cisamos de uma palavra que possa expressar mais espe quica, partiCularmente pela emergência de temas arque
cificamente o envolvimento dinâmico intenso que ocorre típicos característicos que vou citar daqui a pouco.
uma palavra que. transmitaa. naturéza, tránsformador~ Lola Paulsen demonstrou uma opinião semelhante,
da experiência da transferência. Esse termo ainda não diferenciando a projeçãó da' tranSferência. Ela diz:
, ~ -: ' , .
existe. Por enquanto, devemos nos conformar com o ter A transferência é'mais do que uma projeção, pois é algo
mo que nos está disponível; um termo que adquiriu uso e arquetípico;incohsciente e metafórico, e, sendo as'sim,
aceitação bastante amplos. representá fenômenos e processos: As projeções positivas
e negativas apenas dão a ela sua form? e seJ..l.;' ~símbolos.
É muito difícil definir a transferência de maneira Como transcend~ às projeções;o termo tr1:\nsfer;ência pode
abrangente. Em seu sentido mais amplo, ela inclui todas as ser legitimamente diferenciado do térm9projeção, e usa
vivências onde há uma projeção psicológica. No sentido do para designar os sul:essivos estágios dd processo de
mais restrito, refer~-se a uma ligação intensa, positiva e individuaçãO à medida qlÍe ocorrem' em reláção aoanalis
libidinal do: paciente com o terapeuta 'em uma relação ta... As projeções são auxiliares no "trabalho"; elas o refle
tem, mas. não devem ser iden.tificadas coro ele, e então a
psicoterápica.:onde'o'paciEinte se confronta com seus con transfer~l).cia <;lo prócessqde individuação aconte.ce por
flitos mais intensos. Se for trli:tada de maneira apropria trás, ou tampém se pode dizer, dentrodélas.
72
da, essa relação oferece uma oportunidade única de trans - ' • <>,
intensas que ocorrem fora da situação psicoterápica, pois 72 "":ansference andProjection", in Journal or Analytical Psychology, voI.
elas demonstram um potencial para a transformação ,psíc 1, n,O 2 (1956), ' '
125
124
A nat ure za arq uet ípi ca da tI:'a
ps.(erêQ.ci.@. te essencial de sua sem elh ant e dep
reciação da infância,
do inconsciente e do ser hum ano que
Não podemos esq:qeçer qp.e Jun g'a por acaso tem um a
cei tgy a a val ida de neurose. Ela cor res pon de à sua pro
par cia l dessés,ip_QnJosd~ vis ta. Eles fun da ant ipa tia pelo
,"s~,? pªr te do todo e irracional, que ele afa sto u de si ao
não pod em ser c~~~i~er,ados falso~., apl ica r-lh e um a term i
O que fa~ta a ess as nologia mó rbid a e patológica. Ess
teo rias red utiv às é a éonsciência da e pro ced ime nto é um a
nat ure za arq uetípica ver são civilizada dó primitivo,"nom
e prospe~ti~àiá' tranSferênd.~ ,8 e-mágico" e, nem pre
tran sfo rma dor as. '
"'$lJ.~S PQt~,ncüilidades ciso dizer, os jun gui ano s não dev eria
:.
m ade rir a isso.
Psi cot erà peu tas red,utivi~tas,,'ehfà
tizain as ma nife s
taçõe's ext ern as ~'ln teipêssóai~ éil Tra nsf erê nC ia po sit iva ' :)
traÇlsferêl1d~, 'com to
das as s~as característiéa·s inf ant
Emb 9ra elelll~ntosI."egre~sivo.s, ima
, if'
is. Se ''Eiles e~tJdassem
t •
tur~s .e ,neuró
\
os ,so~h~s:dos pac ien tes de Ulanei ticos sej am mu ito com uns na tran
nl'objeÜya, :po, sur gi sfe rên cia , ,eles não re
me nto da' tran sfe rên cia , é mu ito pou
co pro váv el que fra pre sen tam seu' significado básico
cas sas sem em rec ohh éce ros tem as ou cen tral . O conteúdo
arq uet ípic os imp res básico dá tran sfe rên Cia pos itiv a é
sio nan tes que :su rge m daí. AlgUns a libido sau dáv el- a
jun gui ano s;' por out ro cap aci dad e de exp erim ent ar a vid
lado, tende,~ a, ir pflra o ex~replO op~ a int ens am ent e e de
sto. o prazer: q,ue en se rela cio nar com out ras pessoas
con tram , {lO d,escobrir" 1.fW' arçiu~tip - :lu tan dop ara se ex
o l~OS )iqd os, de seu s pre ssa r.
paçiente$, e' ~ âns ia de ,us ?r ,~?4Q
9, $~U ,çonh~simento de A tran sfe rên cia tom a mu itas formas
mitolQ~a '~ simb91~smo,~?~~ aml? diferentes e cad a
lifi,C:CZ( e~?~, ~Nuét,~po? caso é único eD;l alg uns aspectos.
Ap esa r disso, pad rõe s
pode le,\';:í~los a neg lige nçi ar al} ªfu
pessoai~ do pac ien te. N~gar a s~tuaçã?a d,a~relações inte r
rez ger ais em'ergem ,rep etid as vezes.
O ter ape uta com fre
concretÇi aQ sup er qüê nci a apa rec e como um ser de mu
val ori zar QJ1late:çial arq uet jpic q ,pod ito val or e como um a
e, cri ar ou pr91~ngar figu ra cen tral na vid a do pac ien
um est adó 'pe rlg osp de inf laç ãon arc te. O fenômeno básico
isis ta.. j\ch o q~e e~sa par ece ser o sur gim ent o de libido
tendênci~ é l1m ~eri~op.fH·,a iodos, rep rim ida ou late nte
hec
",','
~r
j ' , '.
po~e
• !
Í?-j
-
cla hda des posItIvas d!3 ~a:l expene ,ro se- na superfície,
nCIa. :OepoI.~ de desco; O pflciente est á, qua se sem pre , cie
bri r a transferência,Freud{~ des~re nte da nat ure za
, ~~u·d~ 4Ínesm~.fdiina apa ren tem ent e ina deq uac ia e ano
como descreve qua '..' "J .}!~_.'~.L.:~ . 1~' I,
se tud o, em term ,,:"j rma l des ses sen tim en
os de um a doença'.~.
,T; :f, j
(,l'!
tos e' irá res isti r a eles com mu ito
Ela a cha mo u de neurose ciá fia~sfE; vigor. No ent ant o, o
• lrê~c,ia. Ess e pOÍ1t~ cik ma ior err o do terapeu~a é ace itar a
vIs ta tem a sua par cel , " ~. }~. ..",,' ,:!" ,'-'/
a de ver dad ava liaç ão neg ativ a do
e, con tud o,J_.: ' I
127
medo e a resistê ncia dô paden teàlib ido são'àt ívados si no.vo. e fascina,nte entro.u,na consciência, de forma que o.
multa neame nte pela tninsferêricia. Para minor ar o. medo
pacien te encon tra-se envolvidoco.m a vida de no.vo.. Em
e a resistê ncia, o.S aspect os po.sttivos e co.nstrutivos de uma pal~vra, ele e,ntro.u,em co.ntato Co.m a própri a libido.
vem ser enfáti zados, o. que é, com fre-qüência, corro.bo.ra- Os so.nho.s que $e segue m a essa experi ência apóiam essa
do pelos sonho.s subseqüéntê~. r. "
idéia. Eles norma lment epo.ss uem temas , tais co.mo.: uma
Como vo.cêssabem, ao. contrário. da análise.freudiana, criança. nasce e sobrevive.aos perigo.s iniciais; a água da
na psico. logiaj unguia na o'uvimos falar muito. po.UCo. so.bre vida fo.i encon trada; um casamento. fQi realizado., o.U uma
resistê ncia e defesas. Muita s razões há para isso.. Quero
relação. sexual, e aS$im. po.r diante .
132 133
cia potencial, que a personalidade consCiente não Com tavam contra ela. Mas a convicção central, e a mais inte
preendeu. ressante, era a de que o dentista havia descoberto um
Encontrei essa. mulher em.um hospitàl psiquiátrico remédio milagroso que.ir~a prolongar a :vida indefinida
quando elajá estava completamente psicótica. Ela tinha mente, Ela esperava, receber esse re'médio maravilhoso
sessenta e quatro anos de idade. ,Segundo a informação dele. Todo o seu comportamento revelava sua certeza
que temos, não havia nada, dê muito estranho sobre sua absoluta dessa boa sorte. Ela estava inflada e bem fora
vida até três anos antes da hospitalização. Ela foi criada do contato com a realiçlade. .
no catolicismo e continuava com sua prática. Casou-se A paciente estava louca. O ego consciente foi estraça
com dezoito anos e teve cinco filhos: Sua .personalidade lhado. Nesses casos; os processos inconscientes profun
foi descrita como afetuosa e amigável. Seu maiór interes dos são expostos a olhos nus. A reação i!lconsciente ao
se era sua família, mas ela também gostava de jogar brid seu envolvimento erótico é clara e incontestável. O den
ge, ler e tocar piano. Sua vida e seus interesses sempre tista oferece a ela.algo de enorme valor, quer dizer, a vida,
foram normais e convencionai,s. O único dado suspeito ou, segundo nossa terminologia, a libido. Infelizmente,
nessa história de vida apárenteinent~ normal fói o comen ela não tinha a menor capacidade de lidar com essa situa
tário d~ seu maridQ de qué,ela era "convenc.ionalmente ção. Embora levasse uma vida insossa, seus sentimentos
fria" no ato sexual.. pelo dentista continham algo de valor supremo. Se a per
EssJ~ era o retrato da sua v.ida quanpo, três ,anos an sonalidade inconsciente fosse capaz de compreender a
tes de ser, hospitalizada, .ela começou. a fazer um trata mensagem simbolicamente, ela teria sido forçada a lidar
mento dentário, Ela..desenvolveu unia "atraÇão erótica com os difíceis problemas reais que a mensagem trazia.
muito r:ápida pelo dentista. Nes!3aépoca, sua família Ela não foi capaz disso, contudo, e tornou-se delirante
notou uma completa n;mdança de personalidade e ela tor mente 'inflada com a convicção de que iria literalmente
nou-se, em pouco tempo, uma psicótica delirante. Embq receber um remédio revigorante.
ra a família fizesse todo o possível para evitar a hospita
lização, ela a.cabou tornando-se necessária. Transferência em úma série de sonhos
As idéias delirantes que surgiamnessamulher,jun
to com seu envolvimento erótico, são extremamente inte , Agora, vou'apresentarpara vocês uma série de so
ressantes e pertin,entes para nosso assuntp. Não se es nhos que apareceram simultaneamente com o surgimento
queçam que as idéias delirantes .têm a mesma origem e o e o desenvolvimento de uma transferência.
mesmo significado dos sonhos .. A úl1ica diferença é que o A paciente é uma mulher de uns cinqüenta anos que
delírio é tão intenso, e o ego consciente está tão frágil, que estava em análise. havia dois anos. A queixa dela era a
os conteúdos inconscientes não podem ser diferenciados queixa característica da idade: a libido para as ativida
da realidade externa. . " des e interesses da juventude a havia abandonado, mas
Essa mulher começou a acreditar que iria receber ela ainda não era capaz de aceitar as exigências da se
uma grande herança do. dentista. Havia outras ilusões gunda metade da'vida. Ela estava presa no limbo entre
também, idéias paranóides de que pe.ssoas. perigosas eS os dois estágios da vida.
135
134
ram dua,sdiferehte.S faixas etárias. Os jo.vens neurótico.s,
Po.UCo. antes do. surgimento. d.a trafl$f.~rênci,a, I?la teve
que ainda ef?tão preso.s na infância, devem ser tratado.s
vário.s So.nho.S so.bre 'lo.ngas. jo.rnadas, o.U v.iagens o.ceâni
de maneira bastante.redutiva·na maio.r parte do. tempo..
cas para lugares estnmhos e desco.nhecidos. SJla atitude
A abo.rdagem simbólica e co.nstrutiva é muito. mais eficaz
no.s so.nhos era de ince.rt~za~obre a,co.nY*'l!'.'liência de se
tais viagens .. Então., elp. $o.nho.u o. se,guinte: quando. já se atingiu certa maturidade.
Depo.is desse ;So.nho., ci tema da viagem sumiu. Ela
>
Sonho 'I :"Ela e a irmã estavam voltando à cidade onde não. tinha ido. muitQ longe, m'as, ao que parece, já era o.
passaram a infância. Elas sabiam que estavam na estra bastante para fertilizar o. inco.nsciente e trazer algo. no.vo.
da certa,.porém, a estrada terminou de repente em um à vida. Os dois so.nho.s seguintes são. So.breo. nascimento.
campo. Para baixo do. morro, à esquerda, ela n~çonheceu
sua cidade natal. Ao descer a montanha, o céu escureceu de uma criança.
até parecer noite, apesar de. ser apenas nove e meia da Sonho 2: Uma jovem forte e saudável uns doze ou treze
manhã. A sonhadora ficou muito assustada, mas procu anÇlS é levada àO hospital em trabalho de parto. Apacien
rou se tranqüilizar dizendo: "Isso só pode ser um eclipse, te a vê. deitada em forma de cruz em uma cama quadrada.
vai passar. Vou agüentar firme e não vou ficar com medo". Na cama, está desenhada a cruz de ferro germânica. Existe
Esse so.nho. revela 0., t.ema característico que emerge mas o nascimento ocorre normalmente.
xar que ela realize seus desejos de maneira autônoma. O sonho foi particularmente interessante para mim
Depois de um períod.o de batalhas com essa intro por revelar de forma clara uma importante transforma
importuna, o tema de um novo nascimento foi rei ção íntima.de sua atitude perante a experiência externa
terado com o seguinte sonho: da -transferência. Eu, é claro, não havia dado a ela ne
nhum presente desse tipo, tão valioso. Ele veio do curan
Sonho 5: A paciente estava em' casa, de 'camà, depois de
dar à luz uma criança. Mas havia alguma incerteza no ar. deiro arquetípico. Todavia, é quase impossível entrar em
138 139
contato com essa força curadora interna a: 'não ser a par Pr.eciso dizer que a paciente áinda não experimen
tir do contato profundo com lima outra pessoa, o que equi tou conscientemente e por corripIe to todas as implicações
vale a dizer que só se pode entrar em 'contato e integrar o desses sonhos. Esse 'ainda é um processo parcial, como
inconsciente pelas vias dá projeção. O 'óbjetivo, é claro, é normalmente acontece. Ainda há muito o que se fazer. A
separar o significado único e pessoal de tal experiência individuação é1um--processo em 'direção' a um objetivo
da pessoa coIp. q]-le~'a ~xperi~nci~ acontef8u. A projeção inalcançável, nunca um fato consumado. Quando estuda
do Si-mesmo precisa ser retiraqa do terapeuta se o pacien moS os ,processos inconsciente~em uma série ,de sonhos
te não quiser'permanecer numa depeD-dê'nciâjmpotente. como esta, estamos,olhando para potencialidades ..Q quan
O -sonho "r'fip'~l
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~ess~"quesfM,: ' 1. "..':'
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to se realiza depende; do que a personalidade consciente
J ' J. I lo
faz com eles:Se não tiver ninguém em ca,sa,.eles vão ba-,
Sonho 7: Asonha'd6rí:t viu b plano de' sua'vida sendo tecido ter na porta à toa, ,I",;.' .
em uma grande estéira, Cada fió da esteira tinha um sig 'Meuóbjetivoao, apresentar essa:série de sonhos foi
nificado diferente e muito importante, Terminada, ela era enfatizar o fato de ,que a individuação e.seuS temas arque
quadraqaJ9;rl!}acj.;:t por ;váriasp~quen>as suásticas, e ela a
colocou em um carrinho de mão do lado de fora da casa, típicos normalmente aparecem, e, devem aparecer, em
bem ao lado da porta, O Dr. Edinger veio falar com ela e, uma situação.interpessoal bem definida, ou seja, na trans
vençlo o carrinho, de mão, sentou-se nele e copversou com ferência. De fato, toda experiência arquetípica pode trans
ela, enquanto, ela estava de pé na· porta. Elaquey;ia pro '.) formar-se em veneno. psíquico senão for.incorporada em
testar por ele estar sen~ado no seu plano, mas percebeu uma relação significativa com a sociedade e com os ou
que a visita dele era temporária, que logo ele iria .levan
tar-.se e ir, embora e que, o medo e a 'grosseria, dela não tros. Como'o primeiro caso nos mostrou, ela pode acabar
eram n e c . e s s á r i o s . · ' · , . ,. em inflação 8' psicose. ..,
Aqui está sendo mostrado que a figura do terapeuta Transferência erótica e religiosa
~, ~ ~" ~;
está obscurecendo o plano,de vida oú modelo de ideritida , • I ' , J- , ' , ..: ' , ) :1
de da paciente: A consciência desse modelo normalmente Ao lidar com a'transferência, repetidas vezes encon
emerge no curso de uma relação analítica e, a princípio, trâmosdois tipos de, material:' o erótico e o religioso. O
está intimamente ligada à personalidade do terapeuta. mesmo também é verdade para as' produções da insani
Ou seja, está projetada. Ness'es casos, o analista pode até dade. Por isso, temos boas razões para acreditar que o
mesmo aparecer comoluna obstrução aó desenvolvimerü núcleo da 'personalidade humana é ou erótico ou religio
to. O que se precisa é de uma separação entre o analista so, ou os dois~
c"i É normal tomar alguma posição nessa questão e,
como lima pessoa real e as projeções. Pepois disso, por •
fim, temos dois seres humanos completos. encontrando :dépendendo do lado escolhido, interpretar o material se
um ao outro da forma como eles sao de verdade. Amor xual religiosamente, ,ou o material religioso sexualmen
objetaI e centroversão emergem ao mesmo tempo corrio te. Com certeza, os teólogos revelam essa tendência quan
duas formas de se manifestar o mesmo: acontecimento·....,. do interpretam conteúdos obviamente eróticos no Antigo
integração psíquica e totalidade. Testamento como uma referência a Cristo e sua noiva, a
141
140
Igreja. A psicanálise freudiana faz o mesmo ao contrário, lidas do mesmo princípio. O que antes era um par de opos
ao interpretar a crença religiosa como derivada da ques tos é reconciliado. Tanto o modo 'extrovertido quanto o
tão edípica e, por conseguinte, como sendo primariamen 'l introvertido de vida são respeitados. Esse é um dos fru
te erótica. Essas :tentativas de se .ampliar.um aspecto da tos possí.vets ,de uma exp~:riência criativa de transfe
vida em detrimento do outro criam i.magens distorcidas e r
rência.
unilaterais dá realídade.
As terminologias religiosa e erótica' são claramente Transferência.como um chamado à tótalidade
intercambiáveis. As visões dos místicos abundam em ima
gens eróticas e; por outro lado, a linguagem dos amantes Tanto se Ocorre ria análise quanto na vida pessoal de
é, muitas vezes, religiosa. EU: diriaique os pontos de vista alguém, a 'transferência ê, em essência, um chamado à
erótico e religioso correspondem ao que chamamos ante totalidade. A libido corré para alguma cóisaque ela reco
riormente de amor objetaI 'e' centroversão. Eles são os nhece como sua propriedade ou potencialidade própria.
aspectos extrovertidos e'introvertidos,respeétivamente, Essa é uma das razões para a possessividade tão exi
da individuação. A atitude religiosa e a.atitude erótica gente de tal relação. Inconscientemente, o indivíduo re
madura são, em essência,.a mesma. A atitude religiosa, conhece que o analista ôu amigo carrega um fragmento
ou centrovertida, refere-se à fonte in tema devida, a Deus. projetado de sua própria psique, e ele quer reaver esse
fragmento. Se o indivíd'úo for capa~ de assimilar a proje
I'
A atitude erótica madura refere-se. ao respeito e à impor
tância dos nossos companheiros humanos. ção, estará dando um passo importante em direção à to
O.conceito de uma relação Eu-Tu de Martin Buber é talidade: ',. ' ",. '
aplicável aqui. Para usarmos as palavras dele"podería A transferência co'mo uma luta pela totalidade está
mos dizer que a maturidade psicológica se revela pela belamente ilustrada no mito narrado no $ymposium de
capacidade de se relacion~r com um Tu:-; algo,Çlue é com Platão, onde. a natureza do amor é discutida. Vou citar
pletamente outro perante o ego. O aspecto 'extrovertido, um pedaço deste mito. Diz ,Aristófanes: "
erótico, da relação E:u-Tu'seria o.amor objetaI; o aspecto
introvertido, religioso, corresponderia à'.centroversão. Na , Mas é preciso primeiro aprenderdes a natureza humana
e as suas. vicissitudes. Com efeito"noss a natureza outrora
prática, essas duas possibilidades aparecem simultanea . ,não era a mesma que a de agora, mas diferente ... inteiriça
mente. 75 era 'a forma de cada homem, como dorso redondo, os
Assim como a centroversão, a atitude religiosa, pre flancos em círculo; quatro mãos ele tinha, e as pernas o
cisa livrar-se da luta pelo poder pessoal, também eros, o mesmo tanto das mãos, dois'rostos sobre um pescoço tor
amor objetaI, deve SE;).I:>urgardo amor indigente e da pos neado, 'semelhantes em tudo; mas a cabeça sobre os dois
sessividade. Aí, eles, adquirem ostatus. de dois princípios
um
rostos opostos ao outro era uma só, e quatro orelhas,
dois sexos, e tudo o mais como desses exemplos se poderia
iguais, ou melhor, de duas manifestações iguahp.ente vá " supor. E 'quanto ao seu andar, era também ereto como
agora, em qualquer das duas direções que quisesse; mas
"
:.,quando se lançavam a uma rápida corrida, como os que
75 Para mais dados sobre este tema,ver Mario Jacoby, The Analytic En·
counter: Transference and Human ~elationship. esp. Capo 4: '(Nota.do Editor)
,cambalhotando e virando as pernas para cima fazem uma
143
142
,
mesmo temp'o eles serã~ mais fracos e também mais úteis tes palavras, q1J.e eu vou tomar emprestadas para ami
para n6s, pelo fato de se terem tornado mais l}umetosos; e ~\ nha própria conclusão: '
lo'
humana, Cada um de nós, portanto,. é uma téssera com ,
plementar de um homem, porque cortados como· os lin
guados, de um só em dois; e procura então cada um o seu ··i ,
próprio complemento ... nossa antiga natureza era assim 76 'The Dialogue~'of Plato, pp. 316ss.
.,Por J. Gary Sp ark s qua l tan to a per son alid ade conscie
nte qua nto a incons
sob vários pon tos de vis ta. Em Sím cho,logy Qfthe TraIlsference" de Jun
bolos da Transforma g, e, tam bém .os gui as
ção, em bor a não de~envolva o de ,estudo de Edi nge r par a esses, tex
conceito por comple~o, ele tos , res pec tiva me n
ilus tra, por 'meio da inte rpr eta ção te:.The Mysterium Lectures, esp.
de mitos de heróis, o p.2 2ss .; 32i ss., e The
que ma is tar de irá atri bui r. à ativ Mystery:of the ConiunctiQ, esp. p. 48s
.,
cap aci dad e de pro dut os inconscie
ida de do S~~mesmo: a ,~, 'O seg und o modelo do Si-mesmo 74ss.) .
ntes gui are m a perso~ e' des uar ela ção 'co m
nal ida de consciente. Em Símbolos, o ego descrito por Jun g pode ser epc
ele apr ese nta a idé ia ont rad o nos imb olis
de que, ass imç om o o he; Óis e expõe mo do gnosticismo. No mito gnóstic
ao pe;i'go dab àta lha o, o De us cria dor se
ou do encontro com o mo nst ro, tam per de na ma tér ia qua ndo o mu ndo
bém o ego pode ser é cria do e deve ser
gui ado e ori ent ado pel a confronta recomposto por completo a cad a vez
ção com 'ou pel a desci
que um cre nte mo rre
da ao reino do inconsciente. A idé ia e a cen telh a de De us que hav ia fica
pri nci pal e - n'a histó do pre sa em sua alm a
ria da psicologia -'n ova nes sa for reto rna à divindade. Jun g utiliza a
mulação inicial é a de me táfo ra gnóstica par a
que existe um a ori ent açã o par a o rep res ent ar a res pon sab ilid ade do
ego que vem de um a ego de rea gru par , na
fonte de den tro da per son alid ade forma original, os frag me nto s do
, ma s que est á fora da Si-mesmo perdidos no
ma tion or Libido esp, pp. 34, 37, fora, por meio da projeção. Ess a for
68. -a stu dy gui de to ma de se compreen
Sym bol s ofT ran sfo rma tion de Edi nge der o Si-mesmo acr esc ent a ma is um
r) Mais adiante', em a nua nça à compre
trê s out ras formulações sobre o Si-m ens ão der iva da da alq uim ia, ao enf
esmo, Jun g desen atiz ar o pap el do ego
volve e ela bor a ess a observação inic na criação das condições que per mit
ial. am que o Si-mesmo
O prim eiro modelo completo, e tam ass um a sua função de guia. O Si-
bém ode pesqui mesmo deve ser "cons
sa ma is det alh ada , de Jun g par a truí do" e,depois seguido. (Ver Aio
a compreensão do Si n de Jun g e The Aio n
mesmo vem de sua pes qui sa com Lectures, de Edi nge r, esp. p. 141, 146
descrição dos alq uim ista s da tran sfo
a alq uim ia. Ele vê a Por fim, em "Re spo sta a Jó", Jun g.)
rma ção física imagi
enc ont ra um tex to
nad a de um a sub stâ nci a ma teri al que rev ela um terc eiro modelo par
que "conténi" dois ele- a se com pre end er o Si
'tl
j'i
_ _o The Mystery ofth e Coniunctio: Alch ua
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":1' '. "!.oI _ . _ _c Transformation ofth e God-Image: An
\"
, .J ': ~ wer to JQb. Ed. Lawrence W. Jaffe. Toro Elucidation ofJung's Ans
.~, - l - - ' Tra nsfo rma tion
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1- •
,', ~ r' ',I "
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2003 (em preparação).)
148
149
Hastings, James, ed . .En'cyclopedia 01 Religio,!- and Ethics. 12 vols. ÍNDICE
r .. -.i- ~ 1'_ li, ,,/ ':;'.\1 ,). \) J ' ": .. 62 Nietzsche e Zaratustra
): 72 Comentários finais
J>:
,., 75 3. A vida terapêutica
- ..,L \
.,_t. J•
75 Fatores pessoais e arquetípicos
,..
. ,:) f,-";
80 A transferência arquetípica e o encontro pessoal
150
85 A cura em harmo!iial,ç({ml~ psique objetiva
o~O"
97
A personalidade do terapeuta e os propósitos tra~spes
, soais
'1 '(y<J. j; fi' -\ -, -----\
100 Introdução
""
102 Raízes etimológicas ~~;~te livro deve ser devolvido na
103 Imagens arquetípicas subjacentes à psicologia profunda .. (':)~I última data carimbada
106 O legado médico
107
109
O legado filosófico
O legado religioso V1" iD~ -c13 ...11
112 Imagens arquétípicas corre'spondehtes às fases
da terapia
\I; : ~ )I
! \-:. i 1 ... 1, ,:'.. J
I ".~, 1'"
COD.21753
~" -- . ~./