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O MODERNISMO E A ESCASSEZ DE INFRAESTRUTURA: O CASO DO GRUPO


ESCOLAR VISCONDE DE CONGONHAS DO CAMPO

Ivan Soares de Almeida¹

RESUMO

Este artigo busca analisar como os fatores externos ao projeto arquitetônico interferem na sua
exatidão. E ainda, como o modernismo se mostra aplicável nessa conjuntura precária de
ausência de infraestrutura nas cidades. Porém cabe salientar, que todo o estudo aplicado
decorrente dos modernistas, não permitiram chegar à solução do problema, mas amenizou-se
no seu tempo com suas devidas limitações. E por fim, fica o questionamento acerca do porque
a escassez ainda não fora sanada, mesmo com tanta tecnologia a disposição.

Palavras-chave: Escassez; Modernismo; Racionalização; Infraestrutura.

1. INTRODUÇÃO

Na cidade moderna, é inevitável a disposição de elementos industrializados. A


paisagem urbana é composta por cortiços, fábricas, vias e veículos. Este cenário do mundo
moderno, ocorrido de forma desordenada provoca um grande descontrole administrativo.
Ocasionando assim uma ausência de infraestrutura básica à população, tais como, hospitais,
moradia adequada e escolas.

O problema pode ser complexo, se observar os fatores macro que os interferem. A


situação econômica possui fundamental importância nesse contexto. A tecnologia, com suas
descobertas, subordinada muitas vezes ao fator econômico, caminha pra o desenvolvimento,
mesmo com suas limitações. E por fim, os pensadores de cada época, que são responsáveis
por aplicar essas tecnologias, a fim de solucionar os problemas das cidades.

1- Graduando do curso de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Federal de Santa Maria – CS.
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2. OS MOTIVOS DA ESCASSEZ

Nesse contexto, é possível fazer um comparativo entre a realidade brasileira e a


europeia. Os fatores são distintos, porém semelhantes do ponto de vista inicial da
problemática. No Brasil, o cenário gira em torno do grande êxodo rural, isto é, o inchaço das
cidades, sobretudo de São Paulo. A cidade contava com 415 mil habitantes em 1914, saltando
em 1930 para 822 mil e 400 habitantes (MOTA, 2007, p. 103). Analisando outra fonte sobre
esse crescimento demográfico, através da tabela 1, é possível observar como ocorreu um
grande salto da população na virada do século. Pode-se observar ainda, que a população
aumentou em 489 mil habitantes em apenas uma década (1930 para 1940).

Tabela 1- Crescimento Demográfico em São Paulo

Ano População Taxa de Crescimento


1886 44.000 5,55%
1900 240.000 12,88%
1920 579.000 4,50%
1940 1.311.000 4,17%
Fonte: CeSAD

Seu maior crescimento ocorre na virada do século, no período entre 1886 e 1900. O
principal responsável por esses números era a industrialização na qual passava o país. Os
centros urbanos ganharam uma nova estrutura, dessa vez fabril com pequenos conglomerados
de residências, e uma alta densidade nas regiões industriais. A busca por oportunidade de
trabalho trazia da zona rural milhares de pessoas, e com elas, a necessidade por infraestrutura
e, concomitante, um grande despreparo da cidade em receber tamanha massa urbana. Em
1925, São Paulo possuía 2.000 indústrias e 70.000 operários (PETRONE apud MOTA, 2007
p.121). Este número demonstra como o crescimento urbano está fortemente atrelado ao
industrial.

Na Europa, a escassez está ligada principalmente ao pós-guerra – seja na primeira ou


segunda. Seus gastos culminaram na ausência de investimento interno em moradia e
infraestrutura, ou a interrupção dos já existentes. E ainda, diversas indústrias interromperam
suas atividades, reduzindo sua produção que, ao término da guerra, tiveram seus produtos
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com preços elevados, sobretudo no setor da construção civil, em especial na produção de aço
(BENEVOLO, 2014, p. 438).

3. OS PRIMEIROS PASSOS PARA SUPERAR A ESCASSEZ

3.1.A Situação Econômica

No período entre 1930 e 1933, a crise por infraestrutura ainda não havia sido
resolvida. O país passava por uma grande recessão devido à queda na venda do café –
principal produto de exportação do Brasil – e, por conseguinte a redução do PIB (Produto
Interno Bruto). Este cenário caótico intensificaria a precariedade de infraestrutura que se
perpetuava na cidade. (AÇO BRASIL, 2013, p. 55). Diante disso, o então presidente Getúlio
Vargas decide investir na indústria siderúrgica e química do país.

Cresce então o fomento à industrialização nos setores de produtos duráveis, seguido


pelo siderúrgico, químico e, no final desta década, já era possível ver avanços significativos
na economia brasileira (AÇO BRASIL, 2013, p. 59). Estes dois últimos seriam mais tarde, os
principais responsáveis pelo avanço da arquitetura modernista no Brasil. O ferro e o aço eram
os protagonistas da produção. Com eles, era possível expandir as linhas férreas – também
responsáveis pelo aumento populacional – e introduzi-los com maior intensidade na
construção civil. E assim, o país começava traçar novos horizontes para conter a falta de
infraestrutura que suas cidades detinham.

3.2.O modernismo e sua essência

Os grandes nomes do modernismo defendiam que ele deveria ser um retrato do


tempo atual, com suas tecnologias e tudo que se mostrava moderno naquele tempo.
Warchavchik (Revista Acrópole, 1938, p. 43) diz que:

“A nossa arquitetura deve ser apenas racional, deve basear-se apenas na lógica [...]
e opor-se aos que estão procurando por força da imitação na construção, algum
estilo [...]. Construir uma casa a mais cômoda e barata possível, eis o que deve
preocupar o arquiteto construtor da nossa época, de pequeno capitalismo, onde a
questão da economia predomina todas as demais. A beleza da fachada, tem que
resultar do plano da disposição interior”.

Outro fator deste “estilo” era a economia de uma construção. Ela deveria estar livre
de ornamentos – usado até então nos estilos historicistas – e ser racional. Nessa época, o
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ornamento chega ser considerado completamente desnecessário, e as edificações deveriam


possuir em sua aparência, a forma que a compete, isto é, livre de “enfeites” (SULIVAN 1892,
apud FRAMPTON, 2015, p. 53). Entretanto, o próprio Frampton acredita que o ornamento
muda somente sua estrutura no modernismo, adotando elementos geométricos, porém
resultantes da forma racional da edificação (FRAMPTON, 2015, p. 57).

Os modernistas não poderiam surgir em um período diferente da história. As cidades


necessitavam de grandes transformações, com soluções práticas e de qualidade. Com isso,
esta cidade deveria ser para todos. Para tal, era necessário investimento em estrutura pública e
moradia de baixo custo, que possuía um grande déficit na primeira metade do Século XX.
Contudo, a tecnologia viria pra auxiliar na aplicabilidade desses estudos. Os elementos pré-
moldados começaram a ser introduzidos nas construções a fim de reduzir o tempo, mas ainda
com custo elevado de produção.

Essa linha de raciocínio unindo arte e industrialização, era defendida por Gropius
enquanto diretor da Bauhaus. Ele dizia que no período em que viviam, era impossível
permanecer fora do cenário global, ou seja, distante da industrialização de produtos
(GROPIUS, 1923 apud FRAMPTON, 2015, p. 150). Por fim, La Sarraz (1928, apud
FRAMPTON, 2015, p. 327) diz que: “O método mais eficiente de produção é o que decorre
da racionalização e da padronização [...]. A necessidade de uma eficiência econômica máxima
é resultado inevitável do empobrecimento da economia geral”.

4. A MATERIALIZAÇÃO DOS FATOS

4.1.O Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo

Existem diversos exemplos de obras modernistas no mundo todo. Entretanto, neste


artigo será exemplificada essa escola estadual situada na cidade de São Paulo-SP. Projetada
em 1936, pelo arquiteto engenheiro José Maria da Silva Neves, com término de sua
construção no ano seguinte, foi inaugurada em 1938. Em meio a outras construções
educacionais, esta possui características marcantes do ponto de vista modernista, bem como
sob os fatores econômicos e políticos da época.
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Ela se insere na capital paulista em um período de crescimento populacional ainda


bastante grande, bem como a necessidade por infraestrutura básica. Diante dessa realidade,
surge em meio à sociedade estudantil, um clamor por uma escola pública, gratuita e para
todos, e começam operar então as Comissões dos Prédios Escolares. Estas comissões, tem
como finalidade elaborar os projetos das escolas que viriam a ser construídas. Formadas por
profissionais de diferentes setores, dentre eles médicos, sanitaristas, psicólogos, professores,
engenheiros e arquitetos.

As características do projeto eram claramente modernistas, sobretudo quando


Almeida Junior (SÃO PAULO, 1936, apud OLIVEIRA, 2007, p. 70) diz que o projeto de José
Maria das Neves, adotava um “modernismo sóbrio, discretamente sentimental, [...]
preocupado em idealizar casas escolares simples, alegres e baratas[...]”. E o próprio José
Maria (SÃO PAULO, 1936, apud OLIVEIRA, 2007, p. 73) se manifesta a respeito das sobras
racionais que o período exigia:

“Sejamos artistas do nosso tempo e teremos realizado uma nobre missão. Não
podemos admitir hoje uma arquitetura que não seja racional, pois, a escola deve
aproveitar de todo o conforto das construções modernas, de todas as conquistas da
ciência no sentido de realizar a perfeição sob o ponto de vista da higiene
pedagógica”.

4.1.1. O retrato da escassez da época

A relação: população x infraestrutura, era bastante acirrada, devido à industrialização


e expansão das linhas de trem na capital. Nesse contexto urbano, São Paulo possuía 209
escolas construídas com projeto próprio, e 293 provenientes de prédios adaptados, totalizando
502 escolas públicas (MENNUCCI, 1934, apud OLIVEIRA, 2007, p. 51). Em contrapartida,
no ano de 1934 a cidade contava com 1.100.000 crianças com idade escolar, expondo a
grande carência de escolas. Após a construção de alguns grupos escolares, chegou-se ao total
de 808 escolas, dentre elas alugas, públicas e particulares, contra 1.788 para serem
construídas, apresentando uma carência ainda de 980 escolas em 1936 (SÃO PAULO, 1936,
apud OLIVEIRA, 2007, p. 60).

4.1.2. A escola como símbolo do modernismo

Diante desse cenário ainda precário, outras escolas seriam construídas, dentre elas a
Visconde de Congonhas do Campo. “Essas novas construções foram marcadas,
principalmente pela introdução do uso do concreto armado” (OLIVEIRA, 2007, p. 99). Com
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ele, a escola pousa sobre pilotis permitindo o térreo livre. Observando a figura 1, é possível
citar praticamente quase todos os pontos caracterizados como ideias por Le Corbusier: Pilotis;
janelas horizontais e; cobertura com laje impermeabilizada.

Figura 1: Visconde de Congonhas do Campo. Fonte: Revista Acrópole, n.º 3, jul. 1938, p. 64.

De acordo com os sanitaristas, os ambientes tinham que possuir agora uma


ventilação de qualidade, insolação na medida certa, e na época adequada do ano. Os pilotis
futuramente poderiam se tornar salas de aula, e os materiais aplicados deveriam visar à
durabilidade e não o luxo (ACRÓPOLE, 1938, p. 62).

A planta do edifício abandona os padrões tradicionais clássicos e simétricos (figuras


2, 3 e 4). José Maria coloca além dos elementos básicos de uma escola, ginásio, salão de
eventos e salão para ginástica com chuveiros. As salas de aula ficam dispostas de tal forma
que possa controlar a incidência solar nas fachadas e, tem por conseguinte uma planta
desalinhada dos limites do terreno, com seus corredores amplos para acomodar exposições de
trabalhos (figura 5).
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Figura 2: Planta do Térreo. Fonte: Revista Acrópole, n.º 3, jul. 1938, p. 63.

Figura 3: Planta do 1º Pavimento. Fonte: Revista Acrópole, n.º 3, jul. 1938, p. 63.

Figura 4: Planta do 2º Pavimento. Fonte: Revista Acrópole, n.º 3, jul. 1938, p. 63.
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Figura 5: Corredor. Fonte: Revista Acrópole, n.º 3, jul. 1938, p. 64.

É possível fazer ainda uma comparação com a Escola Bauhaus em Dessau na


Alemanha de 1926 (figura 6), e observar como os aspectos são semelhantes, do ponto de vista
da composição arquitetônica.

Figura 6: Escola da Bauhaus em Dessau.


Fonte: Thomas Lewandovski e Gili Merin. Disponível em: <www.archdaily.com.br>.

5. CONCLUSÃO

Diante do contexto econômico distinto de cada região. O modernismo se mostra uma


boa forma, ou uma alternativa ao que vinha sendo feito arquitetonicamente. Considerando que
o cenário era de ausência de infraestrutura, os elementos modernistas, com seus estudos
visando economia, serviria muito bem a situação, uma vez que, não era interesse obter lucro,
mas sim, produzir o máximo possível, e com qualidade. Contudo, O Grupo Escolar Visconde
de Congonhas do Campo, se mostrou como grande protagonista nessa busca por
“padronização” da arquitetura escolar. A redução de ornamentos desnecessários, a remoção
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do madeiramento do telhado, aproveitamento do térreo, e utilização de materiais duráveis,


tornaram essa obra um elemento fundamental de estudo, e passível de replicação em escala,
respeitando, claro, os limites de cada localização, isto é, absorvendo somente a essência da
obra, ou do modernismo.

E ainda, é imprescindível ignorar os fatores externos como elementos projetuais.


Fatores econômicos, tecnológicos e políticos, tem fundamental importância no projeto, tal
como sua estrutura. A escassez por infraestrutura deste caso ainda não fora resolvido, mesmo
com toda tecnologia disponível, isso porque estes mesmos fatores externos, não permitem que
os problemas sejam sanados. Verbas públicas mal administradas e a especulação imobiliária
devastando o espaço das cidades, dificultam o acesso à moradia e infraestrutura para todos.

É paradoxal a realidade do desenvolvimento industrial no Brasil, em particular o caso


de São Paulo. O crescimento populacional estar atrelado à indústria faz com que este, fique
responsável por resolver um problema criado por ele mesmo, através de rentabilidade aos
cofres públicos que, por conseguinte retornam à população através de infraestrutura básica.
Cabe então analisar, porquê as estruturas básicas públicas – hospitais, escolas, moradias –
estão sendo feitas com baixa qualidade, e cada vez em menor quantidade. Sobretudo com o
avanço dos centros acadêmicos em pesquisas, na qual têm-se resultados satisfatórios do
ponto de vista custo benefício. E com tudo isso, qual a dificuldade de aplicar a essência do
modernismo nos tempos de hoje?
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REFERÊNCIAS

ACERCA da Arquitetura Moderna. Acrópole, São Paulo, nº 5, p. 42 – 43, set. 1938.


Disponível em: < www.acropole.fau.usp.br >. Acesso em: 07 de Dezembro de 2018.

BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva,


2014.

CLÁSSICOS da Arquitetura: Bauhaus Dessau / Walter Gropius. Disponível em:


<www.archdaily.com.br >. Acesso em: 07 de Dezembro de 2018.

CRESCIMENTO Populacional da cidade de São Paulo. Disponível em:


<www.cesadweb.fau.usp.br >. Acesso em: 07 de Dezembro de 2018.

FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. 4ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2015.

GRUPO Escolar Visconde de Congonhas do Campo. Acrópole, São Paulo, nº 3, p. 62 – 64,


jul. 1938. Disponível em: < www.acropole.fau.usp.br >. Acesso em: 07 de Dezembro de
2018.

MINISTÉRIO DA CULTURA. Aço Brasil- Uma viagem pela indústria do aço. 1ª ed. Belo
Horizonte: Escritório de Histórias, 2013.

MOTA, Paula de Brito. A cidade de São Paulo de 1870 a 1930- Café, imigrantes, ferrovia,
indústria. 2007. 181 p. Dissertação para título de mestrado na Faculdade de Urbanismo e
Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

OLIVEIRA, Fabiana Valeck de. Arquitetura Escolar Paulista nos anos 30. 2007. 140 p.
Dissertação para título de mestrado na Área de concentração: histórica e fundamentos da
Arquitetura e do Urbanismo, na Faculdade de Urbanismo e Arquitetura da Universidade de
São Paulo.
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