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Prefeitura Municipal de Belo Horizonte do Estado de Minas Gerais

BELO HORIZONTE-MG
Guarda Municipal
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com
base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

FV031-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte do Estado de Minas Gerais

Cargo: Guarda Municipal

Atualizado até 02/2018

(Baseado no Edital 02/2009)

• Língua Portuguesa
• Legislação
• Noções de Geografia Urbana
• História de Belo Horizonte

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Conhecimento gramatical de acordo com o padrão culto da língua:............................................................................................ 44


1.1. Estrutura fonética: encontros vocálicos e consonantais, dígrafo, divisão silábica,...............................................................................01
Ortografia,..........................................................................................................................................................................................................................................44
Acentuação gráfica;.......................................................................................................................................................................................................................47
1.2. Classes de palavras: classificação, flexões nominais e verbais;................................................................................................. 07
1.3. Teoria Geral da Frase e sua análise: orações, períodos e funções sintáticas;...................................................................... 63
1.4. Sintaxe de concordância: concordâncias verbal e nominal;....................................................................................................... 52
1.5. Colocação de pronomes: próclise, mesóclise, ênclise;................................................................................................................. 07
1.6. Pontuação;..................................................................................................................................................................................................... 50
1.7. Crase................................................................................................................................................................................................................ 71
2. Interpretação de texto. ..................................................................................................................................................................................... 83

Legislação

1. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988:........................................................................................................................ 01


1.1. Título I;............................................................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título II/Capítulo I;...................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Título III/Capítulo IV................................................................................................................................................................................... 01
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos;........................................................................................................................................... 51
3. Lei Federal nº 8.069, de 13/07/1990 - Estatuto da criança e do Adolescente ECA;.................................................................. 61
4. Lei Federal nº 10.741, de 1º/10/2003 - Estatuto do Idoso;................................................................................................................. 99
5. Lei Orgânica do Município - 1990:..............................................................................................................................................................109
5.1. Título I;...........................................................................................................................................................................................................109
5.2. Título II;.........................................................................................................................................................................................................109
5.3. Título III/Capítulo I, II, III, IV e V;..........................................................................................................................................................109
5.4. Título VII/Artigo 220................................................................................................................................................................................109
6. Lei Municipal nº 8.198, de 13/07/2001 - Uso de focinheiras em cães na via pública;............................................................118
7. Lei Municipal nº 8.354, de 24/04/2002 - Lei do “Pit Bul”;..................................................................................................................118
8. Lei Municipal nº 8.616, de 14/07/2003 - Código de Posturas Municipais;.................................................................................119
9. Lei Municipal nº 9.011, de 1º/01/2005. Dispõe sobre a estrutura organizacional da administração direta do Poder
Executivo e dá outras providências;................................................................................................................................................................152
10. Decreto Municipal nº 11.566, de 19/12/2003 - Designa Patrono da Guarda Municipal o Embaixador Sérgio Vieira de
Melo;............................................................................................................................................................................................................................193
11. Decreto Municipal nº 12.639 de 23/02/2007 - Dispõe sobre alocação, denominação e atribuições dos órgãos de
terceiro grau hierárquico e respectivos subníveis da estrutura organizacional da Administração Direta do Executivo, na
Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e dá outras providências;..................................................................193
12. Lei Municipal 9.319, de 19 de janeiro de 2007 - Estatuto da Guarda Municipal de Belo Horizonte..............................204
SUMÁRIO

Noções de Geografia Urbana

UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Introdução;.................................................................................................................................................................................................... 01
1.2. Belo Horizonte, características do município: dimensões; população;.................................................................................. 01
1.3. Concepção urbanística inicial;................................................................................................................................................................ 01
1.4. As grandes avenidas dentro do Contorno;....................................................................................................................................... 02
1.5. As principais ruas do centro: características, sentido e nomes................................................................................................. 03
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2.1. A expansão da cidade além dos limites da Av. do Contorno;................................................................................................... 05
2.2. Estradas de fazendas que se transformaram em ruas.................................................................................................................. 05
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 06
3.1. As grandes avenidas que saem da Av. do Contorno;................................................................................................................... 06
3.2. As avenidas sanitárias: avenidas construídas sobre ou nas margens de córregos e ribeirões;.................................... 06
3.3. As principais avenidas dos bairros....................................................................................................................................................... 07
UNIDADE IV................................................................................................................................................................................................................ 07
4.1. Os acessos e saídas da cidade;.............................................................................................................................................................. 07
4.2. As rodovias federais e estaduais........................................................................................................................................................... 07
UNIDADE V.................................................................................................................................................................................................................. 10
5.1. Os municípios da Grande Belo Horizonte - características – áreas conurbadas................................................................ 10
UNIDADE VI................................................................................................................................................................................................................ 11
6.1. As Secretarias Regionais da PBH; localização e áreas de abrangência.................................................................................. 11
UNIDADE VII............................................................................................................................................................................................................... 12
7.1. Os próprios municipais;............................................................................................................................................................................ 12
7.2. Tipos; características; localização.......................................................................................................................................................... 12
UNIDADE VIII.............................................................................................................................................................................................................. 12
8.1. Pontos turísticos e Monumentos de Belo Horizonte.................................................................................................................... 12

História de Belo Horizonte

UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Introdução;.................................................................................................................................................................................................... 01
1.2. Belo Horizonte, características do município: dimensões; população;.................................................................................. 01
1.3. Concepção urbanística inicial;................................................................................................................................................................ 01
1.4. As grandes avenidas dentro do Contorno;....................................................................................................................................... 02
1.5. As principais ruas do centro: características, sentido e nomes................................................................................................. 03
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2.1. A expansão da cidade além dos limites da Av. do Contorno;................................................................................................... 05
2.2. Estradas de fazendas que se transformaram em ruas.................................................................................................................. 05
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 06
3.1. As grandes avenidas que saem da Av. do Contorno;................................................................................................................... 06
3.2. As avenidas sanitárias: avenidas construídas sobre ou nas margens de córregos e ribeirões;.................................... 06
3.3. As principais avenidas dos bairros....................................................................................................................................................... 07
UNIDADE IV................................................................................................................................................................................................................ 07
4.1. Os acessos e saídas da cidade;.............................................................................................................................................................. 07
4.2. As rodovias federais e estaduais........................................................................................................................................................... 07
UNIDADE V.................................................................................................................................................................................................................. 10
5.1. Os municípios da Grande Belo Horizonte - características – áreas conurbadas................................................................ 10
UNIDADE VI................................................................................................................................................................................................................ 11
6.1. As Secretarias Regionais da PBH; localização e áreas de abrangência.................................................................................. 11
SUMÁRIO

UNIDADE VII............................................................................................................................................................................................................... 12
7.1. Os próprios municipais;............................................................................................................................................................................ 12
7.2. Tipos; características; localização.......................................................................................................................................................... 12
UNIDADE VIII.............................................................................................................................................................................................................. 12
8.1. Pontos turísticos e Monumentos de Belo Horizonte.................................................................................................................... 12
UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1. A Fundação de Belo Horizonte:................................................................................................................................................................ 01
1.1. Aspectos históricos e políticos de Belo Horizonte - 1897-1930;............................................................................................. 01
1.2. Belo Horizonte e a República Liberal: Elites Dirigentes e o Lugar do Povo;........................................................................ 01
1.3. O Projeto da Cidade de Belo Horizonte: Vocação Política, Exclusão Social e Positivismo Republicano;.................. 04
1.4. Os Grupos Sociais e os Conflitos Políticos na Fundação da Cidade de Belo Horizonte................................................. 04
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2. Belo Horizonte em Transição à Modernidade - 1930-1980:.......................................................................................................... 05
2.1. As Fases do Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte;................................................................................................. 05
2.2. Desenvolvimento Econômico e as Questões Sociais, Urbana e Ambiental;........................................................................ 05
2.3. Evolução Demográfica, Social e Econômica da Nova Cidade................................................................................................... 09
2.4. O Intervencionismo Estatal e o Desenvolvimento de Belo Horizonte;.................................................................................. 11
2.5. O lugar de Belo Horizonte entre as capitais brasileiras;.............................................................................................................. 11
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 11
3. Belo Horizonte Contemporânea: Desafios e Processos no Campo do Desenvolvimento Urbano e Econômico-so-
cial:............................................................................................................................................................................................................................ 11
3.1. Industrialização e Urbanização Belo-Horizontinas: Dilemas Atuais;....................................................................................... 12
3.2. Expansão Industrial e a Face Moderna de Belo Horizonte: Industrialização, Urbanização e Favelização;............... 15
3.3. Perspectivas Econômicas e Culturais para Belo Horizonte......................................................................................................... 15
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

29
LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos
ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
fonético chamado metafonia (plural metafônico).
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

30
LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

31
LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

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LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

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LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

70
LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

72
LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

75
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex- de uma frase ou de um texto:
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

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LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
memorando, pois se trata de comunicação interna - des- guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

95
LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática
consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

104
LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

105
LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin- Realizei a correção nos itens:
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

108
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
LEGISLAÇÃO

1. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988:........................................................................................................................ 01


1.1. Título I;............................................................................................................................................................................................................. 01
1.2. Título II/Capítulo I;...................................................................................................................................................................................... 01
1.3. Título III/Capítulo IV................................................................................................................................................................................... 01
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos;........................................................................................................................................... 51
3. Lei Federal nº 8.069, de 13/07/1990 - Estatuto da criança e do Adolescente ECA;.................................................................. 61
4. Lei Federal nº 10.741, de 1º/10/2003 - Estatuto do Idoso;................................................................................................................. 99
5. Lei Orgânica do Município - 1990:..............................................................................................................................................................109
5.1. Título I;...........................................................................................................................................................................................................109
5.2. Título II;.........................................................................................................................................................................................................109
5.3. Título III/Capítulo I, II, III, IV e V;..........................................................................................................................................................109
5.4. Título VII/Artigo 220................................................................................................................................................................................109
6. Lei Municipal nº 8.198, de 13/07/2001 - Uso de focinheiras em cães na via pública;............................................................118
7. Lei Municipal nº 8.354, de 24/04/2002 - Lei do “Pit Bul”;..................................................................................................................118
8. Lei Municipal nº 8.616, de 14/07/2003 - Código de Posturas Municipais;.................................................................................119
9. Lei Municipal nº 9.011, de 1º/01/2005. Dispõe sobre a estrutura organizacional da administração direta do Poder
Executivo e dá outras providências;................................................................................................................................................................152
10. Decreto Municipal nº 11.566, de 19/12/2003 - Designa Patrono da Guarda Municipal o Embaixador Sérgio Vieira de
Melo;............................................................................................................................................................................................................................193
11. Decreto Municipal nº 12.639 de 23/02/2007 - Dispõe sobre alocação, denominação e atribuições dos órgãos de
terceiro grau hierárquico e respectivos subníveis da estrutura organizacional da Administração Direta do Executivo, na
Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e dá outras providências;..................................................................193
12. Lei Municipal 9.319, de 19 de janeiro de 2007 - Estatuto da Guarda Municipal de Belo Horizonte..............................204
LEGISLAÇÃO

No mesmo direcionamento se encontra a obra de Ma-


1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA quiavel2, que rejeitou a concepção de um soberano que
DO BRASIL - 1988: deveria ser justo e ético para com o seu povo, desde que
1.1. TÍTULO I; sempre tivesse em vista a finalidade primordial de manter
1.2. TÍTULO II/CAPÍTULO I; o Estado íntegro: “na conduta dos homens, especialmente
1.3. TÍTULO III/CAPÍTULO IV. dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justi-
ficam os meios. Portanto, se um príncipe pretende con-
quistar e manter o poder, os meios que empregue serão
sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, pois
1) Fundamentos da República o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”.
O título I da Constituição Federal trata dos princípios A concepção de soberania inerente ao monarca se
fundamentais do Estado brasileiro e começa, em seu arti- quebrou numa fase posterior, notadamente com a ascen-
go 1º, trabalhando com os fundamentos da República Fe- são do ideário iluminista. Com efeito, passou-se a enxergar
derativa brasileira, ou seja, com as bases estruturantes do a soberania como um poder que repousa no povo. Logo, a
Estado nacional. autoridade absoluta da qual emana o poder é o povo e a
Neste sentido, disciplina: legitimidade do exercício do poder no Estado emana deste
povo.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela Com efeito, no Estado Democrático se garante a sobe-
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe- rania popular, que pode ser conceituada como “a qualidade
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada
como fundamentos: membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os
I - a soberania; seus representantes no governo por meio do sufrágio uni-
II - a cidadania; versal e do voto direto, secreto e igualitário”3.
III - a dignidade da pessoa humana; Neste sentido, liga-se diretamente ao parágrafo úni-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; co do artigo 1º, CF, que prevê que “todo o poder emana
V - o pluralismo político. do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o ou diretamente, nos termos desta Constituição”. O povo é
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, soberano em suas decisões e as autoridades eleitas que
nos termos desta Constituição. decidem em nome dele, representando-o, devem estar
devidamente legitimadas para tanto, o que acontece pelo
Vale estudar o significado e a abrangência de cada qual exercício do sufrágio universal.
destes fundamentos. Por seu turno, a soberania nacional é princípio geral da
atividade econômica (artigo 170, I, CF), restando demons-
1.1) Soberania trado que não somente é guia da atuação política do Esta-
Soberania significa o poder supremo que cada nação do, mas também de sua atuação econômica. Neste senti-
possui de se autogovernar e se autodeterminar. Este con- do, deve-se preservar e incentivar a indústria e a economia
ceito surgiu no Estado Moderno, com a ascensão do ab- nacionais.
solutismo, colocando o reina posição de soberano. Sendo
assim, poderia governar como bem entendesse, pois seu 1.2) Cidadania
poder era exclusivo, inabalável, ilimitado, atemporal e divi- Quando se afirma no caput do artigo 1º que a Repú-
no, ou seja, absoluto. blica Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Di-
Neste sentido, Thomas Hobbes1, na obra Leviatã, de- reito, remete-se à ideia de que o Brasil adota a democracia
fende que quando os homens abrem mão do estado na- como regime político.
tural, deixa de predominar a lei do mais forte, mas para a Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as
consolidação deste tipo de sociedade é necessária a pre- comunidades de aldeias começaram a ceder lugar para
sença de uma autoridade à qual todos os membros devem unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades
render o suficiente da sua liberdade natural, permitindo -estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmen-
que esta autoridade possa assegurar a paz interna e a de- te eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e,
fesa comum. Este soberano, que à época da escrita da obra por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias.
de Hobbes se consolidava no monarca, deveria ser o Levia- Com efeito, as origens da chamada democracia se encon-
tã, uma autoridade inquestionável. tram na Grécia antiga, sendo permitida a participação dire-
ta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por
meio da discussão na polis.

2 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro


1 MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã. Tra- Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 111.
dução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. 3 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal
[s.c]: [s.n.], 1861. anotada. São Paulo: Saraiva, 2000.

1
LEGISLAÇÃO

Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime po- tilação dos valores soberanos da democracia e das liber-
lítico em que o poder de tomar decisões políticas está com dades individuais. O processo de valorização do indivíduo
os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem
com os demais e, juntos, eles tomam a decisão política) ou olvidar que o espectro de abrangência das liberdades in-
indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um dividuais encontra limitação em outros direitos fundamen-
representante). tais, tais como a honra, a vida privada, a intimidade, a ima-
Portanto, o conceito de democracia está diretamente gem. Sobreleva registrar que essas garantias, associadas ao
ligado ao de cidadania, notadamente porque apenas quem princípio da dignidade da pessoa humana, subsistem como
possui cidadania está apto a participar das decisões políti- conquista da humanidade, razão pela qual auferiram pro-
cas a serem tomadas pelo Estado. teção especial consistente em indenização por dano moral
Cidadão é o nacional, isto é, aquele que possui o vín- decorrente de sua violação”5.
culo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que Para Reale6, a evolução histórica demonstra o domínio
goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma
votado (sufrágio universal). ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores
Destacam-se os seguintes conceitos correlatos: fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte
a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele Reale7: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que a
passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. O ho-
de direitos e obrigações. mem, como ser natural biopsíquico, é apenas um indivíduo
b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
unidas pelo vínculo da nacionalidade. da mesma espécie. O homem, considerado na sua obje-
c) População: conjunto de pessoas residentes no Esta- tividade espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido
do, nacionais ou não. de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só o ho-
Depreende-se que a cidadania é um atributo conferido mem possui a dignidade originária de ser enquanto deve
aos nacionais titulares de direitos políticos, permitindo a ser, pondo-se essencialmente como razão determinante do
consolidação do sistema democrático. processo histórico”.
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade
1.3) Dignidade da pessoa humana da pessoa humana como um dos fundamentos da Repúbli-
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de inter- ca, faz emergir uma nova concepção de proteção de cada
pretação de qualquer sistema jurídico, internacional ou na- membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro huma-
cional, que possa se considerar compatível com os valores nista guia a afirmação de todos os direitos fundamentais
éticos, notadamente da moral, da justiça e da democracia. e confere a eles posição hierárquica superior às normas
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de organizacionais do Estado, de modo que é o Estado que
tudo, colocar a pessoa humana como centro e norte para está para o povo, devendo garantir a dignidade de seus
qualquer processo de interpretação jurídico, seja na elabo- membros, e não o inverso.
ração da norma, seja na sua aplicação.
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou 1.4) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa humana Quando o constituinte coloca os valores sociais do tra-
como o principal valor do ordenamento ético e, por con- balho em paridade com a livre iniciativa fica clara a percep-
sequência, jurídico que pretende colocar a pessoa humana ção de necessário equilíbrio entre estas duas concepções.
como um sujeito pleno de direitos e obrigações na or- De um lado, é necessário garantir direitos aos trabalhado-
dem internacional e nacional, cujo desrespeito acarreta a res, notadamente consolidados nos direitos sociais enume-
própria exclusão de sua personalidade. rados no artigo 7º da Constituição; por outro lado, estes
Aponta Barroso4: “o princípio da dignidade da pessoa direitos não devem ser óbice ao exercício da livre iniciativa,
humana identifica um espaço de integridade moral a ser mas sim vetores que reforcem o exercício desta liberdade
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no dentro dos limites da justiça social, evitando o predomínio
mundo. É um respeito à criação, independente da crença do mais forte sobre o mais fraco.
que se professe quanto à sua origem. A dignidade rela- Por livre iniciativa entenda-se a liberdade de iniciar
ciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito como a exploração de atividades econômicas no território bra-
com as condições materiais de subsistência”. sileiro, coibindo-se práticas de truste (ex.: monopólio). O
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do constituinte não tem a intenção de impedir a livre inicia-
Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito 5 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso
numa das decisões que relatou: “a dignidade consiste na de Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto
percepção intrínseca de cada ser humano a respeito dos Luiz Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de
direitos e obrigações, de modo a assegurar, sob o foco de 2012j1. Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov.
condições existenciais mínimas, a participação saudável e 2012.
ativa nos destinos escolhidos, sem que isso importe des- 6 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São
4 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplica- Paulo: Saraiva, 2002, p. 228.
ção da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. 7 Ibid., p. 220.

2
LEGISLAÇÃO

tiva, até mesmo porque o Estado nacional necessita dela 2) Separação dos Poderes
para crescer economicamente e adequar sua estrutura ao A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
atendimento crescente das necessidades de todos os que tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
nele vivem. Sem crescimento econômico, nem ao menos é do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
possível garantir os direitos econômicos, sociais e culturais garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-
afirmados na Constituição Federal como direitos funda- guinte teor:
mentais.
No entanto, a exploração da livre iniciativa deve se dar Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni-
de maneira racional, tendo em vista os direitos inerentes cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
aos trabalhadores, no que se consolida a expressão “valo-
res sociais do trabalho”. A pessoa que trabalha para aquele 3) Objetivos fundamentais
que explora a livre iniciativa deve ter a sua dignidade res- O constituinte trabalha no artigo 3º da Constituição
peitada em todas as suas dimensões, não somente no que Federal com os objetivos da República Federativa do Brasil,
tange aos direitos sociais, mas em relação a todos os direi- nos seguintes termos:
tos fundamentais afirmados pelo constituinte.
A questão resta melhor delimitada no título VI do texto Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República
constitucional, que aborda a ordem econômica e financei- Federativa do Brasil:
ra: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim II - garantir o desenvolvimento nacional; 
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
da justiça social, observados os seguintes princípios [...]”. desigualdades sociais e regionais;
Nota-se no caput a repetição do fundamento republicano IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-
Por sua vez, são princípios instrumentais para a efeti- criminação.
vação deste fundamento, conforme previsão do artigo 1º e
do artigo 170, ambos da Constituição, o princípio da livre 3.1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária
concorrência (artigo 170, IV, CF), o princípio da busca do O inciso I do artigo 3º merece destaque ao trazer a
pleno emprego (artigo 170, VIII, CF) e o princípio do tra- expressão “livre, justa e solidária”, que corresponde à tríade
tamento favorecido para as empresas de pequeno porte liberdade, igualdade e fraternidade. Esta tríade consolida
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede as três dimensões de direitos humanos: a primeira dimen-
e administração no País (artigo 170, IX, CF). Ainda, assegu- são, voltada à pessoa como indivíduo, refere-se aos direitos
rando a livre iniciativa no exercício de atividades econômi- civis e políticos; a segunda dimensão, focada na promoção
cas, o parágrafo único do artigo 170 prevê: “é assegurado da igualdade material, remete aos direitos econômicos, so-
a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, ciais e culturais; e a terceira dimensão se concentra numa
independentemente de autorização de órgãos públicos, perspectiva difusa e coletiva dos direitos fundamentais.
salvo nos casos previstos em lei”. Sendo assim, a República brasileira pretende garantir a
preservação de direitos fundamentais inatos à pessoa hu-
1.5) Pluralismo político mana em todas as suas dimensões, indissociáveis e inter-
A expressão pluralismo remete ao reconhecimento da conectadas. Daí o texto constitucional guardar espaço de
multiplicidade de ideologias culturais, religiosas, econômi- destaque para cada uma destas perspectivas.
cas e sociais no âmbito de uma nação. Quando se fala em
pluralismo político, afirma-se que mais do que incorporar 3.2) Garantir o desenvolvimento nacional
esta multiplicidade de ideologias cabe ao Estado nacional Para que o governo possa prover todas as condições
fornecer espaço para a manifestação política delas. necessárias à implementação de todos os direitos funda-
Sendo assim, pluralismo político significa não só res- mentais da pessoa humana mostra-se essencial que o país
peitar a multiplicidade de opiniões e ideias, mas acima de se desenvolva, cresça economicamente, de modo que cada
tudo garantir a existência dela, permitindo que os vários indivíduo passe a ter condições de perseguir suas metas.
grupos que compõem os mais diversos setores sociais pos-
sam se fazer ouvir mediante a liberdade de expressão, ma- 3.3) Erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
nifestação e opinião, bem como possam exigir do Estado zir as desigualdades sociais e regionais
substrato para se fazerem subsistir na sociedade. Garantir o desenvolvimento econômico não basta para
Pluralismo político vai além do pluripartidarismo ou a construção de uma sociedade justa e solidária. É necessá-
multipartidarismo, que é apenas uma de suas consequên- rio ir além e nunca perder de vista a perspectiva da igual-
cias e garante que mesmo os partidos menores e com pou- dade material. Logo, a injeção econômica deve permitir o
cos representantes sejam ouvidos na tomada de decisões investimento nos setores menos favorecidos, diminuindo
políticas, porque abrange uma verdadeira concepção de as desigualdades sociais e regionais e paulatinamente er-
multiculturalidade no âmbito interno. radicando a pobreza.

3
LEGISLAÇÃO

O impacto econômico deste objetivo fundamental é De maneira geral, percebe-se na Constituição Federal a
tão relevante que o artigo 170 da Constituição prevê em compreensão de que a soberania do Estado nacional brasileiro
seu inciso VII a “redução das desigualdades regionais e so- não permite a sobreposição em relação à soberania dos demais
ciais” como um princípio que deve reger a atividade econô- Estados, bem como de que é necessário respeitar determinadas
mica. A menção deste princípio implica em afirmar que as práticas inerentes ao direito internacional dos direitos humanos.
políticas públicas econômico-financeiras deverão se guiar
pela busca da redução das desigualdades, fornecendo in- 4.1) Independência nacional
centivos específicos para a exploração da atividade econô- A formação de uma comunidade internacional não sig-
mica em zonas economicamente marginalizadas. nifica a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma
relativização, limitando as atitudes por ele tomadas em prol da
3.4) Promover o bem de todos, sem preconceitos de preservação do bem comum e da paz mundial. Na verdade, o
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas próprio compromisso de respeito aos direitos humanos traduz
a limitação das ações estatais, que sempre devem se guiar por
de discriminação
eles. Logo, o Brasil é um país independente, que não responde a
Ainda no ideário de justiça social, coloca-se o princípio
nenhum outro, mas que como qualquer outro possui um dever
da igualdade como objetivo a ser alcançado pela República
para com a humanidade e os direitos inatos a cada um de seus
brasileira. Sendo assim, a república deve promover o prin-
membros.
cípio da igualdade e consolidar o bem comum. Em verda-
de, a promoção do bem comum pressupõe a prevalência 4.2) Prevalência dos direitos humanos
do princípio da igualdade. O Estado existe para o homem e não o inverso. Portanto,
Sobre o bem de todos, isto é, o bem comum, o filósofo toda normativa existe para a sua proteção como pessoa huma-
Jacques Maritain8 ressaltou que o fim da sociedade é o seu na e o Estado tem o dever de servir a este fim de preservação.
bem comum, mas esse bem comum é o das pessoas huma- A única forma de fazer isso é adotando a pessoa humana como
nas, que compõem a sociedade. Com base neste ideário, valor-fonte de todo o ordenamento, o que somente é possível
apontou as características essenciais do bem comum: re- com a compreensão de que os direitos humanos possuem uma
distribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído posição prioritária no ordenamento jurídico-constitucional.
às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; res- Conceituar direitos humanos é uma tarefa complicada, mas,
peito à autoridade na sociedade, pois a autoridade é ne- em síntese, pode-se afirmar que direitos humanos são aqueles
cessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas inerentes ao homem enquanto condição para sua dignidade
para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de que usualmente são descritos em documentos internacionais
vida, sendo a justiça e a retidão moral elementos essenciais para que sejam mais seguramente garantidos. A conquista de
do bem comum. direitos da pessoa humana é, na verdade, uma busca da digni-
dade da pessoa humana.
4) Princípios de relações internacionais (artigo 4º)
O último artigo do título I trabalha com os princípios 4.3) Autodeterminação dos povos
que regem as relações internacionais da República brasi- A premissa dos direitos políticos é a autodeterminação dos
leira: povos. Neste sentido, embora cada Estado tenha obrigações de
direito internacional que deve respeitar para a adequada con-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas secução dos fins da comunidade internacional, também tem o
relações internacionais pelos seguintes princípios:  direito de se autodeterminar, sendo que tal autodeterminação é
I - independência nacional; feita pelo seu povo.
Se autodeterminar significa garantir a liberdade do povo na
II - prevalência dos direitos humanos;
tomada das decisões políticas, logo, o direito à autodeterminação
III - autodeterminação dos povos;
pressupõe a exclusão do colonialismo. Não se aceita a ideia de
IV - não-intervenção;
que um Estado domine o outro, tirando a sua autodeterminação.
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz; 4.4) Não-intervenção
VII - solução pacífica dos conflitos; Por não-intervenção entenda-se que o Estado brasileiro irá
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; respeitar a soberania dos demais Estados nacionais. Sendo as-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da hu- sim, adotará práticas diplomáticas e respeitará as decisões polí-
manidade; ticas tomadas no âmbito de cada Estado, eis que são paritários
X - concessão de asilo político. na ordem internacional.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
cará a integração econômica, política, social e cultural dos 4.5) Igualdade entre os Estados
povos da América Latina, visando à formação de uma comu- Por este princípio se reconhece uma posição de paridade,
nidade latino-americana de nações. ou seja, de igualdade hierárquica, na ordem internacional entre
todos os Estados. Em razão disso, cada Estado possuirá direito
8 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei de voz e voto na tomada de decisões políticas na ordem inter-
natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, nacional em cada organização da qual faça parte e deverá ter
1967, p. 20-22. sua opinião respeitada.

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LEGISLAÇÃO

4.6) Defesa da paz Sendo o Brasil um país que prega o pacifismo e que é as-
O direito à paz vai muito além do direito de viver num sumidamente pluralista, ambas práticas são consideradas vis e
mundo sem guerras, atingindo o direito de ter paz social, devem ser repudiadas pelo Estado nacional.
de ver seus direitos respeitados em sociedade. Os direitos
e liberdades garantidos internacionalmente não podem ser 4.9) Cooperação entre os povos para o progresso da
destruídos com fundamento nas normas que surgiram para humanidade
protegê-los, o que seria controverso. Em termos de relações A cooperação internacional deve ser especialmente eco-
internacionais, depreende-se que deve ser sempre priorizada nômica e técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena
a solução amistosa de conflitos. efetividade dos direitos humanos fundamentais internacional-
mente reconhecidos.
4.7) Solução pacífica dos conflitos Os países devem colaborar uns com os outros, o que é pos-
Decorrendo da defesa da paz, este princípio remete à sível mediante a integração no âmbito de organizações interna-
necessidade de diplomacia nas relações internacionais. Caso cionais específicas, regionais ou globais.
surjam conflitos entre Estados nacionais, estes deverão ser Em relação a este princípio, o artigo 4º se aprofunda em
dirimidos de forma amistosa. seu parágrafo único, destacando a importância da cooperação
Negociação diplomática, serviços amistosos, bons ofí- brasileira no âmbito regional: “A República Federativa do Brasil
cios, mediação, sistema de consultas, conciliação e inquérito buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
são os meios diplomáticos de solução de controvérsias inter- povos da América Latina, visando à formação de uma comuni-
nacionais, não havendo hierarquia entre eles. Somente o in- dade latino-americana de nações”. Neste sentido, o papel de-
quérito é um procedimento preliminar e facultativo à apura- sempenhado no MERCOSUL.
ção da materialidade dos fatos, podendo servir de base para
qualquer meio de solução de conflito9. Conceitua Neves10: 4.10) Concessão de asilo político
- “Negociação diplomática é a forma de autocomposição Direito de asilo é o direito de buscar abrigo em outro país
em que os Estados oponentes buscam resolver suas diver- quando naquele do qual for nacional estiver sofrendo alguma
gências de forma direta, por via diplomática”; perseguição. Tal perseguição não pode ter motivos legítimos,
- “Serviços amistosos é um meio de solução pacífica de como a prática de crimes comuns ou de atos atentatórios aos
conflito, sem aspecto oficial, em que o governo designa um princípios das Nações Unidas, o que subverteria a própria finali-
diplomada para sua conclusão”; dade desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direito
- “Bons ofícios constituem o meio diplomático de solu- de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos humanos
ção pacífica de controvérsia internacional, em que um Esta- de uma pessoa por parte daqueles que deveriam protegê-los
do, uma organização internacional ou até mesmo um chefe – isto é, os governantes e os entes sociais como um todo –, e
de Estado apresenta-se como moderador entre os litigantes”; não proteger pessoas que justamente cometeram tais violações.
- “Mediação define-se como instituto por meio do qual “Sendo direito humano da pessoa refugiada, é obrigação
uma terceira pessoa estranha à contenda, mas aceita pelos do Estado asilante conceder o asilo. Entretanto, prevalece o
litigantes, de forma voluntária ou em razão de estipulação entendimento que o Estado não tem esta obrigação, nem de
anterior, toma conhecimento da divergência e dos argumen- fundamentar a recusa. A segunda parte deste artigo permite a
tos sustentados pelas partes, e propõe uma solução pacífica interpretação no sentido de que é o Estado asilante que subjeti-
sujeita à aceitação destas”; vamente enquadra o refugiado como asilado político ou crimi-
- “Sistema de Consultas constitui-se em meio diplomá- noso comum”11.
tico de solução de litígios em que os Estados ou organiza-
ções internacionais sujeitam-se, sem qualquer interferência
pessoal externa, a encontros periódicos com o objetivo de O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos e
compor suas divergências”. Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguintes es-
pécies de direitos fundamentais: direitos individuais e coletivos
4.8) Repúdio ao terrorismo e ao racismo (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente previstos no art. 6º,
Terrorismo é o uso de violência através de ataques lo- CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e 13, CF) e direitos po-
calizados a elementos ou instalações de um governo ou da líticos (artigos 14 a 17, CF).
população civil, de modo a incutir medo, terror, e assim obter Em termos comparativos à clássica divisão tridimensional
efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo dos direitos humanos, os direitos individuais (maior parte do ar-
das vítimas, incluindo, antes, o resto da população do ter- tigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os direitos políticos
ritório. se encaixam na primeira dimensão (direitos civis e políticos); os
Racismo é a prática de atos discriminatórios baseados direitos sociais se enquadram na segunda dimensão (direitos
em diferenças étnico-raciais, que podem consistirem violên- econômicos, sociais e culturais) e os direitos coletivos na tercei-
cia física ou psicológica direcionada a uma pessoa ou a um ra dimensão. Contudo, a enumeração de direitos humanos na
grupo de pessoas pela simples questão biológica herdada Constituição vai além dos direitos que expressamente constam
por sua raça ou etnia. no título II do texto constitucional.
9 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional 11 SANTOS FILHO, Oswaldo de Souza. Comentários
Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: aos artigos XIII e XIV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
Atlas, 2009, p. 123. tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem.
10 Ibid., p. 123-126. Brasília: Fortium, 2008, p. 83.

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LEGISLAÇÃO

Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
terísticas principais: dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem an- de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
tecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, ad- reitos.
quirem novas perspectivas. Nesta característica se enquadra
a noção de dimensões de direitos. Direitos e deveres individuais e coletivos
b) Universalidade: os direitos fundamentais pertencem
a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do caput O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes no país individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí-
tem se entendido pela extensão destes direitos, na perspec- tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do
tiva de prevalência dos direitos humanos. indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não pos- maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
suem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransfe- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
ríveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comér- alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
cio, o que evidencia uma limitação do princípio da autono- próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
mia privada. do de segurança coletivo).
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamen- 1) Brasileiros e estrangeiros
talidade material destes direitos para a dignidade da pessoa O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
humana. conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
lidades. dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem nia do país.
um único conjunto de direitos porque não podem ser anali-
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
sados de maneira isolada, separada.
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
falta de uso (prescrição).
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
h) Relatividade: os direitos fundamentais não podem
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou como
argumento para afastamento ou diminuição da responsabi- titulares de direitos políticos.
lidade por atos ilícitos, assim estes direitos não são ilimita-
dos e encontram seus limites nos demais direitos igualmen- 2) Relação direitos-deveres
te consagrados como humanos. O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa
destes, bem como remédios constitucionais a serem utiliza- reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di-
dos caso estes direitos e garantias não sejam preservados. reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as previ- reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é
sões do artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de
e as garantias são as disposições assecuratórias. outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo Explica Canotilho13 quanto aos direitos fundamentais:
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
comunicação, independentemente de censura ou licença” – ao titular de um direito fundamental corresponde um de-
o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a ve- ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
dação de censura ou exigência de licença. Em outros casos, o particular está vinculado aos direitos fundamentais como
legislador traz o direito num dispositivo e a garantia em ou- destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
tro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada no artigo direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da prisão ilegal dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no artigo 5º, LXV12. mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
cionais. 13 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons-
12 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi-
em teleconferência. na, 1998, p. 479.

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LEGISLAÇÃO

3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
constitucionais-penais. vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
- Direito à igualdade reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
Abrangência de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
inciso: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- defende que elas representam o ideal de justiça compen-
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis-
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo se uma concretização do princípio da igualdade material);
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e bem como promovem a diversidade.
obrigações. Neste sentido, as discriminações legais asseguram
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do
pectiva mais ampla. menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil, suas diferenças14. Tem predominado em doutrina e juris-
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a prudência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi- ações afirmativas são válidas.
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos 14 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
falando na igualdade perante a lei. à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
Fortium, 2008, p. 08.

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LEGISLAÇÃO

- Direito à vida § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando


Abrangência tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de deten-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção ção de um a quatro anos.
do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacional em § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa humana, ma, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte,
possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e a reclusão é de oito a dezesseis anos.
religiosos. Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocá- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
bulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de I - se o crime é cometido por agente público;
ter valor ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
inerente a todos os seres humanos15. III - se o crime é cometido mediante sequestro.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de nas- § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
cer/permanecer vivo, o que envolve questões como pena emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e aborto; prazo da pena aplicada.
quanto o direito de viver com dignidade, o que engloba o § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
respeito à integridade física, psíquica e moral, incluindo neste ou anistia.
aspecto a vedação da tortura, bem como a garantia de recur- § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó-
sos que permitam viver a vida com dignidade. tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado nos
incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de um dos - Direito à liberdade
direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais e socio- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a proteção do
lógicos. É no direito à vida que se encaixam polêmicas dis- direito à liberdade, delimitada em alguns incisos que o seguem.
cussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com células
tronco, pena de morte, eutanásia, etc. Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Vedação à tortura
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
De forma expressa no texto constitucional destaca-se a
fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme pre-
visão no inciso III do artigo 5º:
O princípio da legalidade se encontra delimitado neste in-
ciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer ou
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem a
deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim determine.
tratamento desumano ou degradante. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa tem liberdade
para agir como considerar conveniente.
A tortura é um dos piores meios de tratamento desuma- Portanto, o princípio da legalidade possui estrita relação
no, expressamente vedada em âmbito internacional, como com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo à pessoa é
visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitu- lícito. Somente é vedado o que a lei expressamente estabelecer
cional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de como proibido. A pessoa pode fazer tudo o que quiser, como
tortura e dá outras providências, destacando-se o artigo 1º: regra, ou seja, agir de qualquer maneira que a lei não proíba.
Art. 1º Constitui crime de tortura: Liberdade de pensamento e de expressão
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave O artigo 5º, IV, CF prevê:
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamento,
da vítima ou de terceira pessoa; sendo vedado o anonimato.
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de pen-
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, samento e da liberdade de expressão.
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofri- Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afi-
mento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal nal, “o ser humano, através dos processos internos de reflexão,
ou medida de caráter preventivo. formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a
Pena - reclusão, de dois a oito anos. opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao con-
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa sagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a existência
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou men- jurídica ao chamado direito de opinião”16. Em outras palavras,
tal, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou primeiro existe o direito de ter uma opinião, depois o de expres-
não resultante de medida legal. sá-la.
15 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- 16 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi-
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15. Paulo: Saraiva, 2006.

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LEGISLAÇÃO

No mais, surge como corolário do direito à liberdade Consoante o magistério de José Afonso da Silva17, entra
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, a li-
vicção filosófica ou política: berdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o
direito) de mudar de religião, além da liberdade de não aderir
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por a religião alguma, assim como a liberdade de descrença, a li-
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou berdade de ser ateu e de exprimir o agnosticismo, apenas ex-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação cluída a liberdade de embaraçar o livre exercício de qualquer
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- religião, de qualquer crença. A liberdade de culto consiste na
ternativa, fixada em lei. liberdade de orar e de praticar os atos próprios das manifesta-
ções exteriores em casa ou em público, bem como a de rece-
Trata-se de instrumento para a consecução do direito bimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir organização religiosa refere-se à possibilidade de estabeleci-
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- mento e organização de igrejas e suas relações com o Estado.
mento. Como decorrência do direito à liberdade religiosa, asse-
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é gurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer- Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a presta-
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações ção de assistência religiosa nas entidades civis e militares
por manifestações que contrariem a lei. de internação coletiva.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos pri-
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte- sionais civis e militares, mas também a hospitais.
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
dentemente de censura ou licença. giosa o direito à escusa por convicção religiosa:

Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por


Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
fixada em lei.
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alistamen-
controle do poder. A censura somente é cabível quando to militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha fundado
necessária ao interesse público numa ordem democrática, motivo em crença religiosa ou convicção filosófica/política,
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de caso em que será obrigado a cumprir uma prestação alter-
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. nativa, isto é, uma outra atividade que não contrarie tais pre-
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in- ceitos.
denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
tida para aquele que teve algum direito seu violado (no- Liberdade de informação
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade) O direito de acesso à informação também se liga a uma
em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o artigo
expressão. 5º, XIV, CF:

Liberdade de crença/religiosa Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à infor-
Dispõe o artigo 5º, VI, CF: mação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos Trata-se da liberdade de informação, consistente na liber-
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção dade de procurar e receber informações e ideias por quais-
aos locais de culto e a suas liturgias. quer meios, independente de fronteiras, sem interferência.
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé passo que a liberdade de expressão tem uma característica
como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo e passi-
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a vo da exteriorização da liberdade de pensamento: não basta
profissão desta fé possa se realizar em locais próprios. poder manifestar o seu próprio pensamento, é preciso que
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade de se garantir o
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda- acesso ao pensamento manifestado para a sociedade.
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda- 17 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
de de organização religiosa. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

9
LEGISLAÇÃO

Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente interesse social o exigirem.
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas o
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação será quando a intimidade merecer preservação (ex: proces-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- so criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no arti-
go 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território na-
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado. A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A li-
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- berdade de sair do país não significa que existe um direito
mação. de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser presa
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
nos casos autorizados pela própria Constituição Federal. A
dentemente do pagamento de taxas:
despeito da normativa específica de natureza penal, reforça-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
se a impossibilidade de se restringir a liberdade de locomo-
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
ção pela prisão civil por dívida.
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, Prevê o artigo 5º, LXVII, CF:
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
teresse pessoal. Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum- inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol- Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí- Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen- é a que se refere à obrigação alimentícia.
tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
“demora para responder aos pedidos formulados” (admi- Liberdade de trabalho
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res- O direito à liberdade também é mencionado no artigo
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz 5º, XIII, CF:
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer traba-
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por lho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profis-
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar sionais que a lei estabelecer.
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez O livre exercício profissional é garantido, respeitados os
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi- limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que advogado aquele que não se formou em Direito e não foi
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
certidões ser dissociado do direito de petição. não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
CF: Conselho Regional de Medicina.

10
LEGISLAÇÃO

Liberdade de reunião O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,


Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamente, sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
sem armas, em locais abertos ao público, independentemen- de reverter a decisão e permitir que a associação continue
te de autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
prévio aviso à autoridade competente. seja, no curso de um processo judicial.
Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com demais na ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
defesa de uma causa, apenas possuindo o dever de informar
tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de segurança co- Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
letiva. Imagine uma grande reunião de pessoas por uma cau- pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
sa, a exemplo da Parada Gay, que chega a aglomerar milhões tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
de pessoas em algumas capitais: seria absurdo tolerar tal tipo
de reunião sem o prévio aviso do poder público para que ele Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
organize o policiamento e a assistência médica, evitando alga- nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
zarras e socorrendo pessoas que tenham algum mal-estar no outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
local. Outro limite é o uso de armas, totalmente vedado, assim A liberdade de associação envolve não somente o di-
como de substâncias ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
tenha sido autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou- bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
se que nela tal substância ilícita fosse utilizada). forme artigo 5º, XX, CF:

Liberdade de associação Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, XVII, sociar-se ou a permanecer associado.
CF:
- Direitos à privacidade e à personalidade
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação para
fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. Abrangência
Prevê o artigo 5º, X, CF:
A liberdade de associação difere-se da de reunião por sua
perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é exerci- Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida
da de forma sazonal, eventual, a liberdade de associação im- privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
plica na formação de um grupo organizado que se mantém direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
por um período de tempo considerável, dotado de estrutura e te de sua violação.
organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são associa- O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo
ções ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas e o dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalida-
ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à estatal. de.
O texto constitucional se estende na regulamentação da Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
liberdade de associação. de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu-
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza: mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
e de círculos de amigos –, Silva18 entende que “o segredo
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na forma da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
vedada a interferência estatal em seu funcionamento. A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
Neste sentido, associações são organizações resultantes estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou sem per- grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e
sonalidade jurídica, para a realização de um objetivo comum; dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da
já cooperativas são uma forma específica de associação, pois intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria
visam a obtenção de vantagens comuns em suas atividades dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
econômicas. quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi-
dade, pela vida privada, e pela publicidade).
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compulso-
riamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci-
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. 18 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

11
LEGISLAÇÃO

“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- cimento; b) a certidão de óbito.
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por O reconhecimento do marco inicial e do marco final
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”19. absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
dência menos favorecidos.
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio-
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e Direito à indenização e direito de resposta
comunicações. Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo- Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode terial, moral ou à imagem.
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
“A manifestação do pensamento é livre e garantida
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
determinação judicial.
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju-
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF: da matéria que divulga”20.
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica- em que foram publicadas garantida exatamente a mes-
ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de de resposta não é possível reverter plenamente os da-
investigação criminal ou instrução processual penal. nos causados pela manifestação ilícita de pensamento,
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
O sigilo de correspondência e das comunicações está A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau-
melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996. sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô-
Personalidade jurídica e gratuidade de registro mico e não econômico.
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe- Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma-
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi-
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju- nanceiramente e indenizado.
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido “Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
como pessoa perante a lei. que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro,
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse- a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
com ele arcar. estado de família)”21.
20 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio-
nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
19 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- 21 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982.

12
LEGISLAÇÃO

Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- Função social da propriedade material


digo Civil: O artigo 5º, XXII, CF estabelece:

Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi- dade.
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre- principal fator limitador deste direito:
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
comerciais. ção social.

A propriedade, segundo Silva23, “[...] não pode mais ser


- Direito à segurança
considerada como um direito individual nem como institui-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo,
reito individual, relativizando-se seu conceito e significado,
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- especialmente porque os princípios da ordem econômica
rança jurídica. são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus-
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que,
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula-
garantir o direito à vida. da à consecução daquele princípio”.
Nesta linha, para Silva22, “efetivamente, esse conjunto Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
Especificamente no que tange à segurança jurídica, como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
humano.
Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad- A Constituição Federal delimita o que se entende por
quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. função social:

Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida- Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
de da lei. no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
Direito Brasileiro: desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
e a coisa julgada.
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
volvimento e de expansão urbana.
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua
seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles função social quando atende às exigências fundamentais de
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi- ordenação da cidade expressas no plano diretor24.
ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
judicial de que já não caiba recurso. propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
- Direito à propriedade requisitos:
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- 23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec- cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
tual, delimitada em alguns incisos que o seguem. 24 Instrumento básico de um processo de planejamen-
to municipal para a implantação da política de desenvolvimen-
22 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados
cional positivo... Op. Cit., p. 437. (Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade).

13
LEGISLAÇÃO

I - aproveitamento racional e adequado; No que tange à desapropriação por necessidade ou utili-


II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- dade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela- Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento para
ções de trabalho; desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por in-
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- teresse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
tários e dos trabalhadores. ressalvados os casos previstos nesta Constituição.

Desapropriação Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:


No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urbanos
pode-se depreender do texto constitucional duas possibili- serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
dades de desapropriação: por desrespeito à função social e
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
por necessidade ou utilidade pública.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa-
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel como de
propriação por desatendimento à função social:
interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a
propor a ação de desapropriação.
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o pro-
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- cesso judicial de desapropriação.
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
I - parcelamento ou edificação compulsórios; deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinheiro.
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando o proce-
bana progressivo no tempo; dimento e conceituando utilidade pública, em seu artigo 5º:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se casos
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo de utilidade pública:
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em a) a segurança nacional;
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real b) a defesa do Estado;
da indenização e os juros legais25. c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in- e) a criação e melhoramento de centros de população, seu
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural abastecimento regular de meios de subsistência;
que não esteja cumprindo sua função social, mediante f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas mine-
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, rais, das águas e da energia hidráulica;
com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, ca-
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua sas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
emissão, e cuja utilização será definida em lei26. h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logra-
douros públicos; a execução de planos de urbanização; o parce-
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
lamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utiliza-
serão indenizadas em dinheiro.
ção econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação
de distritos industriais;
25 Nota-se que antes de se promover a desapropria- j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e
necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais,
parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe- bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes
lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção
urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza;
ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen- l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, do-
to à função social. cumentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico;
26 A desapropriação em decorrência do desatendimen- m) a construção de edifícios públicos, monumentos come-
to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira morativos e cemitérios;
que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso
já que na primeira há violação do ordenamento constitucional para aeronaves;
pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza
em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori- científica, artística ou literária;
zados quanto o dinheiro. p) os demais casos previstos por leis especiais.

14
LEGISLAÇÃO

Um grande problema que faz com que processos que Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in- 187:
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e execu-
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. tada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria- como dos setores de comercialização, de armazenamento e de
ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente. transportes, levando em conta, especialmente:
A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan- I - os instrumentos creditícios e fiscais;
do resultante de desvio do propósito original; e será líci- II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade garantia de comercialização;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV - a assistência técnica e extensão rural;
Política agrária e reforma agrária V - o seguro agrícola;
Enquanto desdobramento do direito à propriedade VI - o cooperativismo;
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda VII - a eletrificação rural e irrigação;
o artigo 5º, XXVI, CF: VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as- agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- e de reforma agrária.
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
meios de financiar o seu desenvolvimento. As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrária
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe- (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a con-
quena propriedade será assegurado que permaneça com cessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior
ela e a torne mais produtiva. a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica,
A preservação da pequena propriedade em detrimento ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia apro-
dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes- vação do Congresso Nacional”, salvo no caso de alienações
guias da regulamentação da política agrária brasileira, que ou concessões de terras públicas para fins de reforma agrária
tem como principal escopo a realização da reforma agrária. (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF).
Parte da questão financeira atinente à reforma agrária Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens,
se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF: mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão nego-
ciar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF).
Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição
o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou
montante de recursos para atender ao programa de reforma jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão
agrária no exercício. de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, CF).

Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es- Usucapião
taduais e municipais as operações de transferência de imó- Usucapião é o modo originário de aquisição da proprie-
veis desapropriados para fins de reforma agrária. dade que decorre da posse prolongada por um longo tempo,
preenchidos outros requisitos legais. Em outras palavras, usu-
Como a finalidade da reforma agrária é transformar capião é uma situação em que alguém tem a posse de um
terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à bem por um tempo longo, sem ser incomodado, a ponto de
função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran- se tornar proprietário.
gidos pela reforma agrária: A Constituição regulamenta o acesso à propriedade me-
diante posse prolongada no tempo – usucapião – em casos
Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para específicos, denominados usucapião especial urbana e usu-
fins de reforma agrária: capião especial rural.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião
em lei, desde que seu proprietário não possua outra; especial urbana:
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana de
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos,
dos requisitos relativos a sua função social. ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua mo-
radia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

15
LEGISLAÇÃO

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a área
dentemente do estado civil. é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade antes
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
suidor mais de uma vez. d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- na área rural.
capião. e) Nenhum outro imóvel.
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado a
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro labo-
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os re”. Dependerá do caso concreto.
seguintes requisitos específicos:
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali- Uso temporário
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao direito
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- de propriedade que não possui o caráter definitivo da desa-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários propriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, XXV, CF:
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo público, a
localização. autoridade competente poderá usar de propriedade particu-
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse lar, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- dano.
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação de
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado, perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar uma
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). base para capturar um fugitivo), pois o interesse da coletivi-
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
dade é maior que o do indivíduo proprietário.
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
Direito sucessório
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
O direito sucessório aparece como uma faceta do direito
só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
à propriedade, encontrando disciplina constitucional no arti-
porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
go 5º, XXX e XXXI, CF:
também não se poderia prejudicar o proprietário.
d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família, Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança;
ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse. Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangeiros
e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al- do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re- mais favorável a lei pessoal do de cujus.
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des- O direito à herança envolve o direito de receber – seja
taca-se o artigo 191, CF: devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens de
uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa para ou-
Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó- tra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou a lei de-
vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin- termine. A Constituição estabelece uma disciplina específica
terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não para bens de estrangeiros situados no Brasil, assegurando
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos brasileiros nos
trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui- termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do país estrangeiro).
rir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri- Direito do consumidor
dos por usucapião. Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF:

Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da lei,
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a defesa do consumidor.
seguintes requisitos específicos:
a) Imóvel rural O direito do consumidor liga-se ao direito à propriedade
b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que a partir do momento em que garante à pessoa que irá adqui-
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da rir bens e serviços que estes sejam entregues e prestados da
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- forma adequada, impedindo que o fornecedor se enrique-
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é ça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da posição
assunto muito controverso. menos favorável e de vulnerabilidade técnica do consumidor.

16
LEGISLAÇÃO

O Direito do Consumidor pode ser considerado um ramo Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar-
recente do Direito. No Brasil, a legislação que o regulamentou tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº 8.078, de 11 de contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
setembro de 1990, conforme determinado pela Constituição falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
Federal de 1988, que também estabeleceu no artigo 48 do ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
de defesa do consumidor. que estas modalidades de utilização podem se dar a título
oneroso ou gratuito.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações de pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis,
consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de hi- podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res-
possuficiente técnico daquele que adquire um bem ou faz uso salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria-
de determinado serviço, enquanto consumidor. ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti-
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que
Propriedade intelectual o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou
Além da propriedade material, o constituinte protege produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo 5º, configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
XXVII, XXVIII e XXIX, CF: permissão do autor”27.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito exclusi- - Direitos de acesso à justiça
vo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, A formação de um conceito sistemático de acesso à
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas
a) a proteção às participações individuais em obras co-
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
reito moderno conforme implementadas as bases da onda
nas atividades desportivas;
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das
mico das obras que criarem ou de que participarem aos cria-
dores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais premissas da onda anterior, restando parcialmente imple-
e associativas; mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao
pleno atendimento em todas as ondas).
Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de inven- Primeiro, Cappelletti e Garth28 entendem que surgiu
tos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
como proteção às criações industriais, à propriedade das mar- bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
cas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e de um aparato estrutural para a prestação da assistência
econômico do País. pelo Estado.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth29,
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual que veio a onda de superação do problema na representação
deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto sob o dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de
patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro, a Lei nº processo como algo restrito a apenas duas partes indivi-
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os direitos au- dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
torais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes são conexos”. ções, como o Ministério Público.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras Finalmente, Cappelletti e Garth30 apontam uma terceira
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor os onda consistente no surgimento de uma concepção mais
textos de obras de natureza literária, artística ou científica; as ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
conferências, sermões e obras semelhantes; as obras cinema- tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
tográficas e televisivas; as composições musicais; fotografias; 27 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
ilustrações; programas de computador; coletâneas e enciclo- damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da
pédias; entre outras. Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, ina- risprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
lienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o direito de 28 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à
reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divulgado na uti- Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
lização desta, assegurar a integridade desta ou modificá-la e gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32.
retirá-la de circulação se esta passar a afrontar sua honra ou 29 Ibid., p. 49-52
imagem. 30 Ibid., p. 67-73

17
LEGISLAÇÃO

“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla - Direitos constitucionais-penais


variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de exceção
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa- Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li- Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem senten-
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos ciado senão pela autoridade competente”, consolida o prin-
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque, cípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito de
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, conhecer previamente daquele que a julgará no processo em
que vão muito além da esfera de representação judicial”. que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição competente
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos para a matéria específica do caso antes mesmo do fato ocorrer.
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de ex-
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
ceção.
que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: criado para uma situação pretérita, bem como não reconhe-
cido como legítimo pela Constituição do país.
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Tribunal do júri
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí- artigo 5º, XXXVIII, CF:
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com
a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida a organização que lhe der a lei, assegurados:
em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao a) a plenitude de defesa;
Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili- b) o sigilo das votações;
dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou c) a soberania dos veredictos;
não previsão específica a respeito na legislação. d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
Também se liga à primeira onda de acesso à justiça, contra a vida.
no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF: O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental o
Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí- de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e não
dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- magistrados, no caso de determinados crimes que por sua
cia de recursos. natureza possuem fortes fatores de influência emocional.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto a
defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada am-
O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
pla defesa assegurada em todos os procedimentos judiciais
so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
e administrativos.
vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
Sigilo das votações envolve a realização de votações se-
45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
cretas, preservando a liberdade de voto dos que compõem o
conselho que irá julgar o ato praticado.
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad- A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, a
ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro- soberania dos veredictos veda a alteração das decisões dos
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami- jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tribunal do
tação. Júri para que seja procedido novo julgamento uma vez cas-
  sada a decisão recorrida, haja vista preservar o ordenamento
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir jurídico pelo princípio do duplo grau de jurisdição.
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não Por fim, a competência para julgamento é dos crimes do-
significa que se deve acelerar o processo em detrimento losos (em que há intenção ou ao menos se assume o risco
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é de produção do resultado) contra a vida, que são: homicídio,
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem aborto, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e infan-
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça ticídio. Sua competência não é absoluta e é mitigada, por
no caso concreto. vezes, pela própria Constituição (artigos 29, X / 102, I, b) e c)
/ 105, I, a) / 108, I).

18
LEGISLAÇÃO

Anterioridade e irretroatividade da lei Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes


O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza: termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que o apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
defina, nem pena sem prévia cominação legal. anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio da exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há crime concedida antes da sentença final ou depois da condena-
sem lei que o defina, nem pena sem prévia cominação legal, e ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
o princípio da anterioridade, posto que não há crime sem lei em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto
anterior que o defina. apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-se crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e
o artigo 5º, XL, CF: solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo.
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para be- que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra
neficiar o réu. crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da ante- disso, são crimes que não aceitam fiança.
rioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha definido Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF:
um fato como crime e dado certo tratamento penal a este fato
(ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo de pena, etc.) antes Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
que ele ocorra; por outro lado, se vier uma lei posterior ao fato prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
que o exclua do rol de crimes ou que confira tratamento mais contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
benéfico (diminuindo a pena ou alterando o regime de cumpri-
mento, notadamente), ela será aplicada. Restam consagrados Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
tanto o princípio da irretroatividade da lei penal in pejus quanto ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
o da retroatividade da lei penal mais benéfica. tráfico ilícito de entorpecentes:

Menções específicas a crimes Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
O artigo 5º, XLI, CF estabelece: salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento
Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for-
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. ma da lei.

Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao prin- Personalidade da pena
cípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela qual A personalidade da pena encontra respaldo no artigo
práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No entanto, o 5º, XLV, CF:
constituinte entendeu por bem prever tratamento específico a
certas práticas criminosas. Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa
Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF: do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es-
Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos do valor do patrimônio transferido.
termos da lei.
O princípio da personalidade encerra o comando de o
A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles não turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão provisó- grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
ria) e não se aplica o instituto da prescrição (perda de pretensão atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
de se processar/punir uma pessoa pelo decurso do tempo). restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafiançáveis e
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfi- Individualização da pena
co ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os de- A individualização da pena tem por finalidade concre-
finidos como crimes hediondos, por eles respondendo os man- tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia-
ridades do agente.

19
LEGISLAÇÃO

A primeira menção à individualização da pena se en- Vedação de determinadas penas


contra no artigo 5º, XLVI, CF: O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes: Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
a) privação ou restrição da liberdade; a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
b) perda de bens; termos do art. 84, XIX;
c) multa; b) de caráter perpétuo;
d) prestação social alternativa; c) de trabalhos forçados;
e) suspensão ou interdição de direitos. d) de banimento;
e) cruéis.
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe- Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in- dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar
dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde- sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
nado, consideradas as características do agente e do delito. lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”31 .
A pena privativa de liberdade é aquela que restringe, Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o
com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena- constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se
prisional, por um determinado tempo. respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le-
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser
do patrimônio do indivíduo delituoso. praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri-
A prestação social alternativa corresponde às penas do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
militares em tempo de guerra.
digo Penal.
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
Por seu turno, a individualização da pena deve também
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
lhos forçados, de banimento e cruéis.
preende do artigo 5º, XLVIII, CF:
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata-
Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
a idade e o sexo do apenado. ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar
a capacidade física e intelectual do condenado; como o
A distinção do estabelecimento conforme a natureza trabalho não existe independente da educação, cabe in-
do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi- trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo, no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta- segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
ser exclusivamente para homens ou para mulheres. Respeito à integridade do preso
Também se denota o respeito à individualização da Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con- à integridade física e moral.
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
te o período de amamentação. Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da
Preserva-se a individualização da pena porque é toma- pessoa humana.
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío- Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
do de amamentação, mas também se preserva a dignidade estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
da criança, não a afastando do seio materno de maneira Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e
precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen- de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
tação. CF), o que vale na execução da pena.

31 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito


penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

20
LEGISLAÇÃO

No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Ação penal privada subsidiária da pública
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será subme-
tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
Se uma pessoa possui identificação civil, não há porque legal.
fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, etc. Pen-
sa-se que seria uma situação constrangedora desnecessária A chamada ação penal privada subsidiária da pública
ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade moral. encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis-
são do poder público na atividade de persecução criminal
Devido processo legal, contraditório e ampla defesa não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF: interessado a proponha.

Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou de Prisão e liberdade
seus bens sem o devido processo legal. O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
Pelo princípio do devido processo legal a legislação deve por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
ser respeitada quando o Estado pretender punir alguém ju- Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por-
dicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre de vícios e que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
seguir estritamente a legislação vigente, sob pena de nulida- na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade
de processual. daquele que assim agiu.
Surgem como corolário do devido processo legal o contra- No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
ditório e a ampla defesa, pois somente um procedimento que os
garanta estará livre dos vícios. Neste sentido, o artigo 5º, LV, CF: Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
lei.
inerentes.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran-
O devido processo legal possui a faceta formal, pela qual
se deve seguir o adequado procedimento na aplicação da lei te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado),
e, sendo assim, respeitar o contraditório e a ampla defesa. ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
Não obstante, o devido processo legal tem sua faceta material primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi-
que consiste na tomada de decisões justas, que respeitem os dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade. condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
Vedação de provas ilícitas ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso:
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as provas cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
obtidas por meios ilícitos. juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada.
Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao artigo
157 do CPP, são as obtidas em violação a normas constitucio- Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
nais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra de direito os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo
material, constitucional ou legal, no momento da sua obten- entrar em contato com sua família e com um advogado,
ção. São vedadas porque não se pode aceitar o descumpri- conforme artigo 5º, LXIII, CF:
mento do ordenamento para fazê-lo cumprir: seria paradoxal.
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
Presunção de inocência reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: assegurada a assistência da família e de advogado.

Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
Consolida-se o princípio da presunção de inocência, dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, policial.
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
garantias constitucionais.

21
LEGISLAÇÃO

Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
tais. gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para do Presidente da República), submissão do tratado assina-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo32.
relaxada pela autoridade judiciária. Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que te-
Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ- nham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
são do artigo 5º, LXVI, CF: seja, tratado internacional de direitos humanos.
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de primazia
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, dos direitos humanos, desde logo consagrando o princípio
com ou sem fiança. da primazia dos direitos humanos, como reconhecido pela
doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O princípio
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido da primazia dos direitos humanos nas relações internacionais
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que implica em que o Brasil deve incorporar os tratados quanto
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os ao tema ao ordenamento interno brasileiro e respeitá-los.
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária. Implica, também em que as normas voltadas à proteção da
dignidade em caráter universal devem ser aplicadas no Brasil
Indenização por erro judiciário em caráter prioritário em relação a outras normas”33.
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico bra-
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
sileiro porque somente existe previsão constitucional quanto
à possibilidade da equiparação às emendas constitucionais
Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
se o tratado abranger matéria de direitos humanos. Antes
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
da emenda alterou o quadro quanto aos tratados de direitos
tempo fixado na sentença.
humanos, era o que acontecia, mas isso não significa que
tais direitos eram menos importantes devido ao princípio da
Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
primazia e ao reconhecimento dos direitos implícitos.
e julgamento de um processo criminal, resultando em con- Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucional
denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde- nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Constituição
nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa Federal, de modo que os tratados internacionais de direitos
além do tempo que foi condenada a cumprir. humanos foram equiparados às emendas constitucionais,
desde que houvesse a aprovação do tratado em cada Casa
4) Direitos fundamentais implícitos do Congresso Nacional e obtivesse a votação em dois turnos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe- e com três quintos dos votos dos respectivos membros:
deral:
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções internacio-
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta nais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- tos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. emendas constitucionais. 

Daí se depreende que os direitos ou garantias podem Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados de
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen- direitos humanos que ingressarem no ordenamento jurídi-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape- co brasileiro, versando sobre matéria de direitos humanos,
nas exemplificativo, não taxativo. irão passar por um processo de aprovação semelhante ao da
emenda constitucional.
5) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
mento interno 32 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan- Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio An-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados tonio Fabris Editor, 2008.
internacionais em que a República Federativa do Brasil 33 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito
seja parte”. Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodi-
vm, 2009.

22
LEGISLAÇÃO

Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à Os direitos assegurados nesta categoria encontram


possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- menção genérica no artigo 6º, CF:
titucional os tratados internacionais de direitos humanos
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor-
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José à maternidade e à infância, a assistência aos desampa-
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes rados, na forma desta Constituição. 
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
revogaria a Constituição no ponto controverso). tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
6) Tribunal Penal Internacional dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
tado adesão. II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
  regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas,
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em a respeitos de direitos indicados como sociais.
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
ciais
internacional (artigo 1º, ETPI).
Independentemente da categoria de direitos que este-
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
sentido meramente formal, mas necessariamente material.
compete o processo e julgamento de violações contra indi-
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está como também se mostram essenciais.
restrita a uma situação específica”34. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
Resume Mello35: “a Conferência das Nações Unidas so- igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra moradia, assim como nem todos se encontram na posição
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi- direitos fundamentais.
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
nas forças inimigas, etc.”. alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
Direitos sociais aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
normas programáticas e que necessitam de uma postura mais plena possível.
interventiva estatal em prol da implementação. Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
34 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
Atlas, 2009. meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
35 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. tes a esta categoria de direitos.

23
LEGISLAÇÃO

2) Reserva do possível e mínimo existencial ferido dispositivo, não sendo o prejuízo evidente, entende-se
Os direitos sociais serão concretizados gradualmente, no- válida (por exemplo, houve alteração do prazo prescricional
tadamente porque estão previstos em normas programáticas diferenciado para os trabalhadores agrícolas). O que, em hi-
e porque a implementação deles gera um ônus para o Estado. pótese alguma, pode ser aceito é um retrocesso evidente, seja
Diferentemente dos direitos individuais, que dependem de excluindo uma categoria de direitos (ex.: abolir o Sistema Úni-
uma postura de abstenção estatal, os direitos sociais precisam co de Saúde), seja diminuindo sensivelmente a abrangência
que o Estado assuma um papel ativo em prol da efetivação da proteção (ex.: excluindo o ensino médio gratuito).
destes. Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado de social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador al-
palavras promovido pelo constituinte, pode levar à negativa, terar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, a
paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequência de uma proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito am-
Carta Magna cujas finalidades não condigam com seus pró- plo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro lado,
prios prescritos, fato que deslegitima o Poder Público como a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, o que
determinador de que particulares respeitem os direitos fun- somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito de prever
damentais, já que sequer eles próprios, os administradores, que aquela decisão judicial não está incorporada na proibição
conseguem cumprir o que consta de seu Estatuto Máximo36. do retrocesso. A questão é polêmica e não há entendimento
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar a dominante.
cláusula da reserva do possível como argumento para a não
implementação de determinado direito social – seja pela ab- 4) Direito individual do trabalho
soluta ausência de recursos (reserva do possível fática), seja O artigo 7º da Constituição enumera os direitos individuais
pela ausência de previsão orçamentária nos termos do artigo dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos individuais
167, CF (reserva do possível jurídica). tipicamente trabalhistas, mas que não excluem os demais direi-
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que tos fundamentais (ex.: honra é um direito no espaço de trabalho,
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa cons- sob pena de se incidir em prática de assédio moral).
titucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, frau-
dando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu im- despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
postergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade complementar, que preverá indenização compensatória, dentre
governamental ao que determina a própria Lei Fundamental outros direitos.
do Estado”37.
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do pos- Significa que a demissão, se não for motivada por justa cau-
sível, embora viável, não pode servir de muleta para que o sa, assegura ao trabalhador direitos como indenização compen-
Estado não arque com obrigações básicas. Neste viés, geral- satória, entre outros, a serem arcados pelo empregador.
mente, quando invocada a cláusula é afastada, entendendo o
Poder Judiciário que não cabe ao Estado se eximir de garantir Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de desem-
direitos sociais com o simples argumento de que não há orça- prego involuntário.
mento específico para isso – ele deveria ter reservado parcela
suficiente de suas finanças para atender esta demanda. Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida do
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, empregador, o trabalhador que fique involuntariamente de-
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- sempregado – entendendo-se por desemprego involuntário
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a o que tenha origem num acordo de cessação do contrato de
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder trabalho – tem direito ao seguro-desemprego, a ser arcado
Judiciário em prol de sua efetivação. pela previdência social, que tem o caráter de assistência finan-
ceira temporária.
3) Princípio da proibição do retrocesso
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que uma Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço.
conquista garantida na Constituição Federal sofra um retro-
cesso, de modo que um direito social garantido não pode Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
deixar de o ser. o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituído
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso deve de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador,
ser tomada com reservas, até mesmo porque segundo en- quando o empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da
tendimento predominante as normas do artigo 7º, CF não conta vinculada é formado pelos depósitos mensais efetiva-
são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alteração. Se for dos pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário pago ao
alterada normativa sobre direito trabalhista assegurado no re- empregado, acrescido de atualização monetária e juros. Com
36 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí- o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um pa-
vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma trimônio, que pode ser sacado em momentos especiais, como
constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. o da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em si-
56-57. tuações de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão
37 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves.

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LEGISLAÇÃO

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades superior à do diurno.
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
porte e previdência social, com reajustes periódicos que durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção para qualquer fim. cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
T noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
rata-se de uma visível norma programática da Cons- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo horas do dia seguinte.
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, constituindo crime sua retenção dolosa.
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese)”38. Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
à complexidade do trabalho. 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre- de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
XXXIX, CF).
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
belecido em conformidade com a data base da categoria,
participação na gestão da empresa, conforme definido em
por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
lei.
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o conhecida também por Programa de Participação nos Re-
disposto em convenção ou acordo coletivo. sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis- empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
negociadas em convenção ou acordo coletivo. cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.

O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, Salário-família é o benefício pago na proporção do


mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
baseada em comissões por venda e metas); condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
quer idade, independente de carência e desde que o salá-
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- qualquer idade será de R$ 24,66.
sentado no final de cada ano.
Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
38 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario- facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
-minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

25
LEGISLAÇÃO

Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor- Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo do
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.
normal.
O salário da trabalhadora em licença é chamado de sa-
A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- lário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele des-
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de contado dos recolhimentos habituais devidos à Previdência
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir do último
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho mês de gestação, sendo que o período de licença é de 120
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- dias. A Constituição também garante que, do momento em
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, que se confirma a gravidez até cinco meses após o parto, a
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- mulher não pode ser demitida.
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
xados em lei.
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de 10
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- anos ou mais de idade, elas são minoria na população ocu-
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- pada, mas estão em maioria entre os desocupados. Acres-
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, centa-se ainda, que elas são maioria também na população
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- não economicamente ativa. Além disso, ainda há relevante
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- diferença salarial entre homens e mulheres, sendo que os
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que homens recebem mais porque os empregadores entendem
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- que eles necessitam de um salário maior para manter a famí-
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- lia. Tais disparidades colocam em evidência que o mercado
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito de trabalho da mulher deve ser protegido de forma especial.
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
a própria família. Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tempo
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
ferencialmente aos domingos. Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de traba-
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
lho, possibilitando ao empregador o preenchimento do car-
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto-
go vago e ao empregado uma nova colocação no mercado
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser trabalhado
munerado coincidente com um domingo a cada período, ou indenizado.
dependendo da atividade (artigo 67, CLT).
Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambien-
O salário das férias deve ser superior em pelo menos te do trabalho salubre. Fiorillo39 destaca que o equilíbrio do
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- de e na ausência de agentes que possam comprometer a
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de 39 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direi-
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias to Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). 21.

26
LEGISLAÇÃO

Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati- Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. acordos coletivos de trabalho.

Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, moles- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
to, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que não balho, que encontra regulamentação constitucional nos
é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e vigi- artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
lância acima do comum. Ainda não há na legislação específica dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
previsão sobre o adicional de penosidade. trabalhadores entram em negociação com as empresas na
São consideradas atividades ou operações insalubres as que defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
se desenvolvem excesso de limites de tolerância para: ruído con- direitos sociais;
tínuo ou intermitente, ruídos de impacto, exposição ao calor e ao
frio, radiações, certos agentes químicos e biológicos, vibrações, Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
umidade, etc. O exercício de trabalho em condições de insalu- na forma da lei.
bridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, inci-
dente sobre o salário base do empregado (súmula 228 do TST), Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
ou previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
equivalente a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
grau máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
O adicional de periculosidade é um valor devido ao empre- que possa operá-la).
gado exposto a atividades perigosas. São consideradas ativida-
des ou operações perigosas, aquelas que, por sua natureza ou Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
exposição permanente do trabalhador a inflamáveis, explosivos a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
ou energia elétrica; e a roubos ou outras espécies de violência
física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patri-
Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
monial. O valor do adicional de periculosidade será o salário do
do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
empregado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de
nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem entendi-
que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
mento unânime sobre a possibilidade de cumulação destes
adicionais. dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
A aposentadoria é um benefício garantido a todo trabalha- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dor brasileiro que pode ser usufruído por aquele que tenha con- temporária, da capacidade para o trabalho.
tribuído ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) pelos Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
prazos estipulados nas regras da Previdência Social e tenha atin- buição com natureza de tributo que as empresas pagam
gido as idades mínimas previstas. Aliás, o direito à previdência para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
social é considerado um direito social no próprio artigo 6º, CF. trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e de- to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
pendentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
creches e pré-escolas. físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias com atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um espaço físico a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, enquanto Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço aos bebês, a ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mulher para que ela o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili-
pague uma creche para o bebê de até 6 meses. O valor des- dade de cumulação do benefício previdenciário, assim
se auxílio será determinado conforme negociação coletiva na compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
empresa (acordo da categoria ou convenção). A empresa que trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
tiver menos de 30 funcionárias registradas não tem obrigação a indenização devida pelo empregador em caso de culpa
de conceder o benefício. É facultativo (ela pode oferecer ou (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla-
não). Existe a possibilidade de o benefício ser estendido até os mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
6 anos de idade e incluir o trabalhador homem. A duração do Trabalho;
auxílio-creche e o valor envolvido variarão conforme negocia-
ção coletiva na empresa.

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LEGISLAÇÃO

Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias empre-
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de sas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores de mão-
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o de-obra, possuindo os mesmos direitos que um trabalhador
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra- com vínculo empregatício permanente.
balho. A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como PEC
das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único do arti-
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela go 7º:
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
há um período de tempo que o empregado tem para re- Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à categoria
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
vigência do contrato de trabalho. tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de tra-
balho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil. 5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos dos
Há uma tendência de se remunerar melhor homens trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalhadores, coleti-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo vamente ou no interesse de uma coletividade, quais sejam: as-
patente a diferença remuneratória para com pessoas de sociação profissional ou sindical, greve, substituição processual,
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta participação e representação classista40.
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti- A liberdade de associação profissional ou sindical tem es-
copo no artigo 8º, CF:
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindical,
observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina-
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-
fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão compe-
dor portador de deficiência.
tente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção
na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li-
II - é vedada a criação de mais de uma organização sin-
mitações, possui condições de ingressar no mercado de dical, em qualquer grau, representativa de categoria pro-
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de fissional ou econômica, na mesma base territorial, que será
sua deficiência. definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não
podendo ser inferior à área de um Município;
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões
respectivos. judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- tratando de categoria profissional, será descontada em folha,
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
se enquadrar numa ou outra categoria. V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se fi-
liado a sindicato;
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas nego-
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- ciações coletivas de trabalho;
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- partir do registro da candidatura a cargo de direção ou represen-
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se tação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
o trabalho em condições desfavoráveis. final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à or-
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- ganização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores,
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- atendidas as condições que a lei estabelecer.
balhador avulso. 40 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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LEGISLAÇÃO

O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo 9º, CF: Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacionalida-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos de. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionali-
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre dade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
os interesses que devam por meio dele defender. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha uma
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o critério do
comunidade. jus solis, explicitando que ao menos a pessoa terá a naciona-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às pe- lidade do território onde nasceu, quando não tiver direito a
nas da lei. outra nacionalidade por previsões legais diversas.
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa hu-
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre o mana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um indiví-
exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, duo não pode ficar ao mero capricho de um governo, de um
regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comuni- governante, de um poder despótico, de decisões unilaterais,
dade, e dá outras providências. Enquanto não for disciplinado concebidas sem regras prévias, sem o contraditório, a defe-
o direito de greve dos servidores públicos, esta é a legislação sa, que são princípios fundamentais de todo sistema jurídico
que se aplica, segundo o STF. que se pretenda democrático. A questão não pode ser tratada
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: com relativismos, uma vez que é muito séria”41.
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e inter-
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos trabalha- nacional a previsão do direito de asilo, consistente no direito
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos de buscar abrigo em outro país quando naquele do qual for
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal persegui-
objeto de discussão e deliberação. ção não pode ter motivos legítimos, como a prática de crimes
comuns ou de atos atentatórios aos princípios das Nações
Por fim, aborda-se o direito de representação classista no Unidas, o que subverteria a própria finalidade desta proteção.
artigo 11, CF: Em suma, o que se pretende com o direito de asilo é evitar a
consolidação de ameaças a direitos humanos de uma pessoa
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos empre- por parte daqueles que deveriam protegê-los – isto é, os go-
gados, é assegurada a eleição de um representante destes vernantes e os entes sociais como um todo –, e não proteger
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento pessoas que justamente cometeram tais violações.
direto com os empregadores.
2) Naturalidade e naturalização
Nacionalidade O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem são
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que vem os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas categorias: na-
a ser corolário dos direitos políticos, já que somente um na- tos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é diferente
cional pode adquirir direitos políticos. de nacionalidade – naturalidade é apenas o local de nasci-
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um mento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o Estado.
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele pas- Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira tan-
se a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de to por ter nascido no território brasileiro quanto por volunta-
direitos e obrigações. riamente se naturalizar como brasileiro, como se percebe no
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num conceito tomado à
não é a mesma coisa que população. População é o conjunto base de exclusão, é todo aquele que não é nacional brasileiro.
de pessoas residentes no país – inclui o povo, os estrangeiros
residentes no país e os apátridas. a) Brasileiros natos
Art. 12, CF. São brasileiros:
1) Nacionalidade como direito humano fundamental I - natos:
Os direitos humanos internacionais são completamente a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que
contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o in- de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
divíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ne- b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
nhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pessoa brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da Repú-
humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrária. Não blica Federativa do Brasil;
há privação arbitrária quando respeitados os critérios legais c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
previstos no texto constitucional no que tange à perda da na- mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
cionalidade. Em outras palavras, o constituinte brasileiro não brasileira competente ou venham a residir na República
admite a figura do apátrida. Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
Contudo, é exatamente por ser um direito que a naciona- atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
lidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à pessoa o 41 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos ar-
direito de deixar de ser nacional de um país e passar a sê-lo de tigos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
outro, mudando de nacionalidade, por um processo conheci- à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
do como naturalização. Fortium, 2008, p. 87-88.

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LEGISLAÇÃO

Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a atri- Destaque vai para o requisito da residência contínua.
buição da nacionalidade primária – nacional nato –, notada- Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
mente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido em território contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
do país independentemente da nacionalidade dos pais; e ius entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
sanguinis, direito de sangue, que não depende do local de o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
nascimento mas sim da descendência de um nacional do país o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
(critério comum em países que tiveram êxodo de imigrantes). se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce no ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
território brasileiro – critério do ius soli, ainda que filho de pais ria no artigo 12, II, “a”.
estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros que estejam Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
a serviço de seu país ou de organismo internacional (o que se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun-
geraria um conflito de normas). Contudo, também é possível do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
ser brasileiro nato ainda que não se tenha nascido no territó- não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
rio brasileiro. na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na-
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, mes- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
mo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não estive- do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
rem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exterior é exigido Judiciário para fazê-lo valer42.
que o nascido do exterior venha ao território brasileiro e aqui
resida ou que tenha sido registrado em repartição compe- c) Tratamento diferenciado
tente, caso em que poderá, aos 18 anos, manifestar-se sobre A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
desejar permanecer com a nacionalidade brasileira ou não. naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
b) Brasileiros naturalizados
Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
Art. 12, CF. São brasileiros: [...]
sos previstos nesta Constituição.
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
brasileira, exigidas aos originários de países de língua por-
belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
tuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e ido-
cer as hipóteses de distinção.
neidade moral;
Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen- enumeradas no parágrafo seguinte.
tes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requei- Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
ram a nacionalidade brasileira. os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
A naturalização deve ser voluntária e expressa. II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a ques- III - de Presidente do Senado Federal;
tão da naturalização em mais detalhes, prevendo no artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a conces- VI - de oficial das Forças Armadas;
são da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
III - residência contínua no território nacional, pelo prazo exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
de naturalização; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
condições do naturalizando; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
manutenção própria e da família; do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
VI - bom procedimento; anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação num critério de revezamento nenhum membro pode ser
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte
pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a impacto em termos de representação do país ou de segu-
1 (um) ano; e rança nacional.
VIII - boa saúde. 42 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
em teleconferência.

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LEGISLAÇÃO

Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- 5) Deportação, expulsão e entrega
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- A deportação representa a devolução compulsória de um
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma irregular no
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, território nacional, estando prevista na Lei nº 6.815/1980, em
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- seus artigos 57 e 58. Neste caso, não houve prática de qual-
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha quer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois, mera irregularidade
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois de visto.
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). A expulsão é a retirada “à força” do território brasileiro de
um estrangeiro que tenha praticado atos tipificados no artigo
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº 6.815/1980:
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o estran-
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência geiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança na-
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de cional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou moralida-
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- de pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. nocivo à conveniência e aos interesses nacionais.
Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estran-
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o geiro que:
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou perma-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- nência no Brasil;
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em b) havendo entrado no território nacional com infração à
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado para
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos para estrangeiro.
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
mente direitos políticos nos dois países. nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país faz
parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil entregasse
4) Perda da nacionalidade um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal Internacio-
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- nal (competência reconhecida na própria Constituição no ar-
nalidade do brasileiro que: tigo 5º, §4º).
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; 6) Extradição
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão e
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela da entrega. Extradição é um ato de cooperação internacional
lei estrangeira; que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condena-
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- da por um ou mais crimes, ao país que a reclama. O Brasil, sob
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- hipótese alguma, extraditará brasileiros natos mas quanto aos
dição para permanência em seu território ou para o exercício naturalizados assim permite caso tenham praticado crimes
de direitos civis. comuns (exceto crimes políticos e/ou de opinião) antes da
naturalização, ou, mesmo depois da naturalização, em caso
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, de envolvimento com o tráfico ilícito de entorpecentes (artigo
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e 5º, LI e LII, CF).
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangeiro
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime objeto
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, do pedido de extradição. O importante é que o extraditado
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea só seja submetido às penas relativas aos crimes que foram
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira objeto do pedido de extradição.
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado deve
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, além do
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- fato ser típico em ambos os países, deve ser punível em am-
nalidade do outro país for uma exigência para continuar bos (se houve prescrição em algum dos países, p. ex., não
lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se pode ocorrer a extradição).
assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de um
nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona- tratado de extradição entre dois países ter sido celebrado
lidade brasileira. após a ocorrência do crime não impede a extradição.

31
LEGISLAÇÃO

d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas pelo ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autorizada, sal- der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
vo se houver a comutação da pena, transformação para uma rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
pena aceita no Brasil. pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
7) Idioma e símbolos sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
República Federativa do Brasil. para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
derão ter símbolos próprios. decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
política e depois se consulta a população. Embora os dois
Idioma é a língua falada pela população, que confere partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
caráter diferenciado em relação à população do resto do ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
uma nação. que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter- constitucional, legislativa ou administrativa”43.
nacionalmente. Na iniciativa popular confere-se à população o poder
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre- de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
aborda o tema. buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
artigo 61, §2°, CF:
Direitos políticos
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi-
nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar
nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro,
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
universal. voto
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
1) Sufrágio universal dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera- dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei-
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen- I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá- II - facultativos para:
gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser a) os analfabetos;
votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, b) os maiores de setenta anos;
deverá ser direto e secreto. c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capaci-
dade passiva tenha necessariamente a ativa. Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
2) Democracia direta e indireta gatório, os conscritos.
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan-
para todos, e, nos termos da lei, mediante: do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
I - plebiscito; disponíveis para os dias da eleição.
II - referendo;
III - iniciativa popular. 43 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

32
LEGISLAÇÃO

4) Elegibilidade Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os


O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de analfabetos.
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen-
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
capacidade passiva do sufrágio universal. dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
forma da lei: so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
I - a nacionalidade brasileira; táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
II - o pleno exercício dos direitos políticos; portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
III - o alistamento eleitoral; e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Go-
VI - a idade mínima de: vernadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
da República e Senador; mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de sequente.
Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
d) dezoito anos para Vereador. das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os subsequente.
analfabetos. Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
para ser eleito é preciso ser cidadão. leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo 2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
para se candidatar a cargo no município, deve ter domi- que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
cílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans-
ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
eleições. o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
A filiação partidária implica no lançamento da candi- Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
datura por um partido político, não se aceitando a filiação vos mandatos até seis meses antes do pleito.
avulsa.
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi- São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car-
to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus
cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das
posse. eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces-
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014.
5) Inelegibilidade
Atender às condições de elegibilidade é necessário Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju-
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi- ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden-
bilidade. te da República, de Governador de Estado ou Território, do
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
atingidos determinados cargos. de mandato eletivo e candidato à reeleição.

33
LEGISLAÇÃO

São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, e) os que forem condenados, em decisão transitada em
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segun- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
do grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de quem condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
os tenha substituído ao final do mandato, a não ser que seja o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Lei Complementar nº 135, de 2010)
1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, atendi- ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
das as seguintes condições: plementar nº 135, de 2010)
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar- 2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
se da atividade; mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamen- 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
te, no ato da diplomação, para a inatividade. pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, os liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
militares que não podem se alistar ou os que podem, mas 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, ou seja, condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
se não se afastar da atividade caso trabalhe há menos de 10 cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
anos, se não for agregado pela autoridade superior (suspen- 135, de 2010)
so do exercício das funções por sua autoridade sem prejuízo 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
de remuneração) caso trabalhe há mais de 10 anos (sendo (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
que a eleição passa à condição de inativo). 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tortura, terrorismo e hediondos;
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá outros 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
proteger a probidade administrativa, a moralidade para exer-
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
cício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
Complementar nº 135, de 2010)
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
emprego na administração direta ou indireta.
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode es- dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolutas g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei Com- cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
plementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece casos de sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras pro- trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
vidências. Esta lei foi alterada por aquela que ficou conhecida se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar nº 135, de 04 de ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
junho de 2010, principalmente em seu artigo 1º, que segue. seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
I - para qualquer cargo: tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
a) os inalistáveis e os analfabetos; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias h) os detentores de cargo na administração pública di-
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter-
que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem
do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Fede- condenados em decisão transitada em julgado ou proferida
ral, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor-
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela
período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos oito anos subsequentes ao término da legislatura; i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul- ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido,
em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car-
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a go ou função de direção, administração ou representação,
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili-
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; dade;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

34
LEGISLAÇÃO

j) os que forem condenados, em decisão transitada em II - para Presidente e Vice-Presidente da República:


julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente de
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por seus cargos e funções:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha 1. os Ministros de Estado:
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- militar, da Presidência da República;
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações da
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Presidência da República;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da Re-
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, pública;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e da
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 8. os Magistrados;
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fun-
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 dações públicas e as mantidas pelo poder público;
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de Ter-
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) ritórios;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 11. os Interventores Federais;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 12. os Secretários de Estado;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 13. os Prefeitos Municipais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos Esta-
dos e do Distrito Federal;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os Se-
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
cretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios e as
135, de 2010)
pessoas que ocupem cargos equivalentes;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores à
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em qual-
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8
quer dos poderes da União, cargo ou função, de nomeação pelo
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso
Presidente da República, sujeito à aprovação prévia do Senado
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);
n) os que forem condenados, em decisão transitada em d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem com-
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão petência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no lança-
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou mento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e con-
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- tribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou para
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer aplicar multas relacionadas com essas atividades;
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham exer-
o) os que forem demitidos do serviço público em decor- cido cargo ou função de direção, administração ou representa-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de ção nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da Lei n° 4.137,
8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âmbito e natureza
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei de suas atividades, possam tais empresas influir na economia
Complementar nº 135, de 2010) nacional;
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res- f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de
ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísticas
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na alínea
Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 (seis) meses
observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o abuso apurado,
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) do poder econômico, ou de que transferiram, por força regular,
q) os magistrados e os membros do Ministério Público o controle de referidas empresas ou grupo de empresas;
que forem aposentados compulsoriamente por decisão san- g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores
cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração
tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na ou representação em entidades representativas de classe, man-
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo tidas, total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo
de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de poder Público ou com recursos arrecadados e repassados pela
2010) Previdência Social;

35
LEGISLAÇÃO

h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por identidade de
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- situações, os inelegíveis para o Senado Federal, nas mesmas condi-
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança ções estabelecidas, observados os mesmos prazos;
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa VII - para a Câmara Municipal:
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os ine-
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor- legíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos Deputados,
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes; observado o prazo de 6 (seis) meses para a desincompatibilização;
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de Prefeito
hajam exercido cargo ou função de direção, administração e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desin-
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que compatibilização .
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da República,
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que renunciar aos respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito.
obedeça a cláusulas uniformes; § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefei-
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham to poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao pleito; mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses an-
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos teriores ao pleito, não tenham sucedido ou substituído o titular.
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos juge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau
Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Públi- ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
co, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, ga- Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem
rantido o direito à percepção dos seus vencimentos integrais; os haja substituído dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Distrito Federal;
§ 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em
sidente da República especificados na alínea a do inciso II
lei como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação
deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
penal privada. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar de repartição pública, associação ou empresas que ope-
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com
rem no território do Estado ou do Distrito Federal, observa-
dos os mesmos prazos; vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de mandato
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a
de seus cargos ou funções: Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Comple-
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador mentar. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
do Estado ou do Distrito Federal;
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e 6) Impugnação de mandato
Zona Aérea; Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a impugna-
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as- ção de mandato.
sistência aos Municípios;
4. os secretários da administração municipal ou mem- Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser impugnado
bros de órgãos congêneres; ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplo-
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: mação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico,
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, corrupção ou fraude.
os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato trami-
Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para tará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se
a desincompatibilização; temerária ou de manifesta má-fé.
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores 7) Perda e suspensão de direitos políticos
ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais; Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí- perda ou suspensão só se dará nos casos de:
cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
V - para o Senado Federal: tada em julgado;
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre- II - incapacidade civil absoluta;
sidente da República especificados na alínea a do inciso II III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra- rarem seus efeitos;
tar de repartição pública, associação ou empresa que opere IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
no território do Estado, observados os mesmos prazos; alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;

36
LEGISLAÇÃO

O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, o Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-


que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, portanto, ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
deixe de ser titular de direitos políticos. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio universal. no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
moral ou religiosa. zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
O inciso V se refere à ação de improbidade administra- 17, §4º, CF).
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi- O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
suspensão dos direitos políticos. ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
Os direitos políticos somente são perdidos em dois ca-
sos, quais sejam cancelamento de naturalização por senten- Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
ça transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade brasilei- cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
ra em virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
em outro país e assim deixa de ser considerado um cidadão lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos demais casos, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
há suspensão. Nota-se que não há perda de direitos políti- normas de disciplina e fidelidade partidária. 
cos pela prática de atos atentatórios contra a Administração
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão.
ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada
CF).
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
vedado pelo texto constitucional.
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
8) Anterioridade anual da lei eleitoral

Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará 1) Princípios da Administração Pública
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei- Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência.  tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me- riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito. fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes-
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90
Partidos políticos e Lei n° 8.429/92.
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental, setor público partem da Constituição Federal, que estabe-
já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor
Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar-
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun-
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o damentais da administração pública. Estabelece a Consti-
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda- tuição Federal:
mentais da pessoa humana [...].
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe- de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
lecendo a Constituição um limite de números de partidos Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali-
políticos que possam ser constituídos, permitindo também dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
que sejam extintos, fundidos e incorporados. também, ao seguinte: [...]

37
LEGISLAÇÃO

São princípios da administração pública, nesta ordem: d) Princípio da publicidade: A administração pública
Legalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Impessoalidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Moralidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Publicidade a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Eficiência concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Admi- gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
nistração Pública. É de fundamental importância um olhar caracteriza ato de improbidade administrativa.
atento ao significado de cada um destes princípios, posto que No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
eles estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como político-eleitoral:
base os ensinamentos de Carvalho Filho44 e Spitzcovsky45:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
significa a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
Contudo, como a administração pública representa os inte- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
resses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subor- dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
dinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamente caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior edi- res públicos.
tando a matéria para que seja preservado o princípio da lega-
lidade). A origem deste princípio está na criação do Estado de Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
Direito, no sentido de que o próprio Estado deve respeitar as a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
leis que dita. instrumentos para proteção são o direito de petição e as
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses
certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
que representa, a administração pública está proibida de pro-
dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
mover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém
prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
de forma diferente dos demais, privilegiando ou prejudican-
do. Segundo este princípio, a administração pública deve tra-
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
tar igualmente todos aqueles que se encontrem na mesma
ticipação do usuário na administração pública direta e
situação jurídica (princípio da isonomia ou igualdade). Por
indireta, regulando especialmente:
exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que tange à
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços pú-
contratação de serviços. O princípio da impessoalidade cor-
relaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser blicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
alcançado pela administração pública é somente o interesse atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
público. Com efeito, o interesse particular não pode influen- interna, da qualidade dos serviços;
ciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somen- II - o acesso dos usuários a registros administrativos e
te a preservação do interesse coletivo. a informações sobre atos de governo, observado o disposto
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no no art. 5º, X e XXXIII;
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espé- III - a disciplina da representação contra o exercício ne-
cie de moralidade administrativa, intimamente relacionada ao gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi-
poder público. A administração pública não atua como um nistração pública.
particular, de modo que enquanto o descumprimento dos
preceitos morais por parte deste particular não é punido pelo e) Princípio da eficiência: A administração pública
Direito (a priori), o ordenamento jurídico adota tratamento deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com
rigoroso do comportamento imoral por parte dos represen- controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes-
tantes do Estado. O princípio da moralidade deve se fazer soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao
presente não só para com os administrados, mas também exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos
no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de (pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên-
bom administrador, que não somente deve ser conhecedor cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera-
da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura
administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILE- por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
GAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com públicos e os serviços administrativos internos, se referindo
os dois princípios anteriores. diretamente à conduta dos agentes.
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem
2010. ser apontados como princípios de natureza ética relaciona-
45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. dos à função pública a probidade e a motivação:
ed. São Paulo: Método, 2011.

38
LEGISLAÇÃO

a) Princípio da probidade: um princípio constitucio- 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servi-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, dores
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princí-
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no pios da administração pública estudados no tópico anterior,
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi- aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini46 alerta que em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos, regras
alguns autores tratam veem como distintos os princípios mínimas sobre o serviço público:
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há
características que permitam tratar os mesmos como pro- Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
que a probidade administrativa é um aspecto particular da belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da
moralidade administrativa. lei.
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais 8.112/1990, que prevê:
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in-
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão vestidura em cargo público:
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro I - a nacionalidade brasileira;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da II - o gozo dos direitos políticos;
Administração. III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- V - a idade mínima de dezoito anos;
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos VI - aptidão física e mental.
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência
os atos administrativos devem ser motivados para que o
de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
ser observados os motivos dos atos administrativos.
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad-
normas e os procedimentos desta Lei.
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um
único comportamento possível) e dos atos discricionários
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú-
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- blico depende de aprovação prévia em concurso público de
cricionários. provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
Meirelles47 entende que o ato discricionário, editado complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar- ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e em lei de livre nomeação e exoneração.
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi- Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini48, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca- serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná- carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
rios quanto os vinculados.
46 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª No concurso de provas o candidato é avaliado apenas
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos concur-
47 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo sos de provas e títulos o seu currículo em toda sua atividade
brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993. profissional também é considerado. Cargo em comissão é o
48 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª cargo de confiança, que não exige concurso público, sendo
ed. São Paulo: Saraiva, 2004. exceção à regra geral.

39
LEGISLAÇÃO

Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual pe-
ríodo.

Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego,
na carreira.

Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única
vez, por igual período.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital, que será publicado no
Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade
não expirado.

O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo de validade.
Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual vaga e não
ser realizado novo concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:

Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autori-
dade responsável, nos termos da lei.

Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no
serviço público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas e títulos.

Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os car-
gos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Observa-se o seguinte quadro comparativo49:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo
de cargo efetivo. reservado ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode exer-
Sem concurso público, ressalvado o percentual mí-
cê-la o servidor de cargo efetivo, mas a função em si
nimo reservado ao servidor de carreira.
não prescindível de concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da
Somente são conferidas atribuições e responsabi-
Administração Pública, conferida atribuições e
lidade
responsabilidade àquele que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, che- Destinam-se apenas às atribuições de direção, che-
fia e assessoramento fia e assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere à
De livre nomeação e exoneração
função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

49 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

40
LEGISLAÇÃO

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú-
termos e nos limites definidos em lei específica. blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somen-
te poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan- de índices.
to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre- Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos
ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí-
(Mandado de Injunção nº 20). veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car-
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso ção e exoneração.
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das tigos 40 e 41:
vagas oferecidas no concurso.
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exer-
cício de cargo público, com valor fixado em lei.
Prossegue o artigo 37, CF:
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra-
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
tação por tempo determinado para atender a necessidade
cidas em lei.
temporária de excepcional interesse público.
§ 1º A remuneração do servidor investido em função
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons-
62.
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en-
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
se público”. 93.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das van-
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran- tagens de caráter permanente, é irredutível.
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do ao local de trabalho.
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- ao salário mínimo.
se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Ainda, o artigo 37 da Constituição:
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- administração direta, autárquica e fundacional, dos
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
empreendimentos não-governamentais”50. dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
50 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-
servidores para atender a necessidade temporária de ex- cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
cepcional interesse público. Disponível em: <http://www. pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo. exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,

41
LEGISLAÇÃO

nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no dos por servidor público não serão computados nem acu-
âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es- mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li- A preocupação do constituinte, ao implantar tal precei-
mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por to, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório dos
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem como
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma, qual-
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, quer gratificação que venha a ser concedida ao servidor só
aos Procuradores e aos Defensores Públicos. pode ter como base de cálculo o próprio vencimento básico.
É inaceitável que se leve em consideração outra vantagem até
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder então percebida.
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
res aos pagos pelo Poder Executivo. Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada
de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilida-
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: de de horários, observado em qualquer caso o disposto no in-
ciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- de professor com outro, técnico ou científico; c) a de dois
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
superior à soma dos valores percebidos como remuneração, com profissões regulamentadas.
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po-
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
previstas nos incisos II a VII do art. 61. subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
mente, pelo poder público.
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: Segundo Carvalho Filho51, “o fundamento da proibição é
impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- servidor não execute qualquer delas com a necessária eficiên-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do cia. Além disso, porém, pode-se observar que o Constituinte
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório quis também impedir a cumulação de ganhos em detrimento
previstas em lei. da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-se que a veda-
ção se refere à acumulação remunerada. Em consequência,
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso se a acumulação só encerra a percepção de vencimentos por
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao uma das fontes, não incide a regra constitucional proibitiva”.
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão:
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- Artigo 118, Lei nº 8.112/1990. Ressalvados os casos previs-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e tos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos cargos públicos.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empre-
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- gos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas
duais e Distritais e dos Vereadores. públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito
Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- § 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica con-
paração salarial: dicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proven-
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de tos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
remuneração de pessoal do serviço público. essas remunerações forem acumuláveis na atividade.

Os padrões de vencimentos são fixados por conselho Art. 119, Lei nº 8.112/1990. O servidor não poderá exer-
de política de administração e remuneração de pessoal, cer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto
integrado por servidores designados pelos respectivos no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela parti-
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia cipação em órgão de deliberação coletiva. 
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se 51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
mostrem similares. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
2010.

42
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...]
à remuneração devida pela participação em conselhos de A importância da Administração Tributária foi reconhecida
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de expressamente pelo constituinte que acrescentou, no arti-
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como go 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou precedência e de seus servidores sobre os demais setores
indiretamente, detenha participação no capital social, obser- da Administração Pública, dentro de suas áreas de compe-
vado o que, a respeito, dispuser legislação específica. tência”53.

Art. 120, Lei nº 8.112/1990. O servidor vinculado ao re- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode-
gime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti- rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
vos, quando investido em cargo de provimento em comissão, empresa pública, de sociedade de economia mista e de
ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte- fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
se em que houver compatibilidade de horário e local com o definir as áreas de sua atuação.
exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
dos órgãos ou entidades envolvidos. Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, de qualquer delas em empresa privada.
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da Órgãos da administração indireta somente podem ser
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos criados por lei específica e a criação de subsidiárias des-
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por tes dependem de autorização legislativa (o Estado cria e
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- controla diretamente determinada empresa pública ou so-
do número de processos administrativos instaurados com ciedade de economia mista, e estas, por sua vez, passam
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária. Ex.:
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um parên-
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso tese para observar que quase todos os autores que abor-
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua dam o assunto afirmam categoricamente que, a despeito
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias das
lei em comentário, um processo administrativo simplifica- entidades mencionadas no inciso anterior’, somente em-
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração presas públicas e sociedades de economia mista podem ter
dessa infração – art. 133” 52. subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre a
pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
administrativos, na forma da lei. exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da considerar inválida sua autorização”54.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
ritários para a realização de suas atividades e atuarão
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con- tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
vênio. direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos I - o prazo de duração do contrato;
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- III - a remuneração do pessoal.
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu
52 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Ser- 53 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_
vidores Públicos da União. Disponível em: <http://www.ca- tributaria_sao_paulo.htm
naldosconcursos.com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. 54 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo
Acesso em: 11 ago. 2013. Descomplicado. São Paulo: GEN, 2014.

43
LEGISLAÇÃO

Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
empresas públicas e às sociedades de economia mista direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5
e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga- intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me-
mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. nos graves (pena de advertência), contados da data em que
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se
Continua o artigo 37, CF: a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá-
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contagem do prazo para que, retornando, comece do zero.
contratados mediante processo de licitação pública que Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis-
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com-
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação propor ação disciplinar.
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
mento das obrigações. Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis-
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa-
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- ções privilegiadas.
mas para licitações e contratos da Administração Pública
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
junto de procedimentos administrativos (administrativos o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
porque parte da administração pública) para as compras do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual
Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma
sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar
de 4 de setembro de 2001.
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita-
Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
ção é um processo formal onde há a competição entre os
interessados.
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres-
emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
pectivas ações de ressarcimento. riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon- resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
3) Atos de improbidade administrativa
Art.  142, Lei nº 8.112/1990. A ação disciplinar pres- A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
creverá: tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
destituição de cargo em comissão; do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”55.
que o fato se tornou conhecido. A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli- devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
cam-se às infrações disciplinares capituladas também como do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
crime. do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de pro- correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
cesso disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
proferida por autoridade competente. juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começa- ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
rá a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
55 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

44
LEGISLAÇÃO

Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi- b) Ato de improbidade administrativa que importe le-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos são ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992)
atos de improbidade administrativa descritos nos artigos O grupo intermediário de atos de improbidade adminis-
9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis- trativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário
tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal ou aos cofres públicos + gerando perda patrimonial ou dila-
e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que, pidação do patrimônio público. Assim como o artigo anterior,
ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em- o caput descreve a fórmula genérica e os incisos algumas ati-
bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização tudes específicas que exemplificam o seu conteúdo57.
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
em esferas distintas do Direito.
que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transfe-
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
rência indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º significa desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição58.
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú- O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público,
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocor-
órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado. rência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra- Este artigo admite expressamente a variante culposa, o
ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n°
da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade
que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% de que é indispensável a existência de dolo nas condutas des-
do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que critas nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses
tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não do artigo 10, nas quais o dano ao erário precisa ser compro-
tenha concorrido para criação ou custeio, também have- vado. De acordo com o ministro Castro Meira, a conduta cul-
rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- posa ocorre quando o agente não pretende atingir o resultado
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou danoso, mas atua com negligência, imprudência ou imperícia
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- (REsp n° 1.127.143)”59. Para Carvalho Filho60, não há inconstitu-
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o cionalidade na modalidade culposa, lembrando que é possível
dosar a pena conforme o agente aja com dolo ou culpa.
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos.
O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva
ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas,
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida,
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- incide no artigo anterior. Exceto pela não percepção da van-
probidade administrativa. tagem indevida, os tipos exemplificados se aproximam muito
dos previstos nos incisos do art. 9°.
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de
improbidade administrativa em três categorias: c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes de
a) Ato de improbidade administrativa que importe Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis- Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou evi-
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento + tar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios, fixan-
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi- do-se a alíquota mínima em 2%.
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego, Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2% para
Lei nº 8.429/1992. atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fiscal), preju-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não dicando os municípios vizinhos.
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
ditames morais, notadamente no desempenho de função
alíquota mínima.
de interesse estatal.
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- 57 Ibid.
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha 58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- 2010.
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- 59 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade
cos). administrativa: desonestidade na gestão dos recursos públi-
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- cos. Disponível em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publica-
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- cao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>. Acesso
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com em: 26 mar. 2013.
intenção). Não cabe prática por omissão.56 60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
56 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
ed. São Paulo: Método, 2011. 2010.

45
LEGISLAÇÃO

d) Ato de improbidade administrativa que atente pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci-
contra os princípios da administração pública (artigo mento. Além disso, em todos os casos há perda da função
11, Lei nº 8.429/1992) pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons- suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con-
titui ato de improbidade administrativa que atenta contra tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme
os princípios da administração pública qualquer ação ou a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do
omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali- artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF,
dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im-
mais ameno de atos de improbidade administrativa se portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
caracteriza pela simples violação a princípios da admi- função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público. sem prejuízo da ação penal cabível”.
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios A única sanção que se encontra prevista na Lei nº
gerais da administração pública61. 8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul-
O objeto de tutela são os princípios constitucionais. ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade
Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu-
o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos- cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons-
sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção), tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a
embora caiba a prática por ação ou omissão. lei é o instrumento adequado para tanto62.
Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade Carvalho Filho63 tece considerações a respeito de algu-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- mas das sanções:
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
de vantagem sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não derivar de origem ilícita”.
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa netária e juros de mora.
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que - Perda de função pública: “se o agente é titular de
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
ambos, nas duas esferas. ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também colo- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado indenizatório, mas punitivo.
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re- nos sócio majoritário da instituição vitimada.
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, - Proibição de contratar: o agente punido não pode
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- participar de processos licitatórios.
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de 62 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris,
61 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. 2010.
ed. São Paulo: Método, 2011. 63 Ibid.

46
LEGISLAÇÃO

4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser- não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que
vidores na circunstância específica possuía o dever de impedir o
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- assalto, como no caso de uma viatura presente no local -
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera humano reconhecido).
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- 2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den-
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, tro da administração pública, tenha ingressado ou não por
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio-
taurando-se o equilíbrio social.64 nários, empregados ou temporários) e os particulares em
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os 3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta
limites da herança, embora existam reflexos na ação que qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- das prerrogativas do cargo, não agindo como um particu-
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de lar.
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
uma absolvição por falta de provas não o faz). Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio- mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
cínio de que a principal consequência da prática de um ato Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado
dano, mediante o pagamento de indenização que se re- por um agente público no exercício de suas funções e que
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es-
regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o tado.
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
danos que seus agentes causem durante a prestação do estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
aos direitos humanos reconhecidos. o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam regresso se agiram com dolo ou culpa.
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
se encontram no art. 186 do Código Civil: co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito. Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo considerada a existência de uma relação obrigacional que
agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma- se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
terial, econômico e não econômico). põe.
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
o dano específico, individualizado, que atinge determina- te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul- que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado esperado.65
64 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade 65 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13.
Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. ed. São Paulo: Método, 2011.

47
LEGISLAÇÃO

A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- São casos nos quais se reconheceu a responsabilida-
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche
contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida- municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis- de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos
são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad- provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais
ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro-
dever de indenizar. vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên-
Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc.
violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi- Logo, não é sempre que o Estado será responsabili-
lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota-
autônomas uma com relação à outra e à já mencionada damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior
responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei (fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do
nº 8.112/90: dano; b) culpa exclusiva da vítima.

Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais 5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú-
e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes blicos
entre si. A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi-
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo
No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta- 38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos
mente acionado e responde pelos atos de seus servido- geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta
res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente a questão remuneratória:
ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa Artigo 38, CF. Ao servidor público da administração di-
aciona-se o agente público que praticou o ato. reta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
praticados pelo agente público no exercício de sua função
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse
sua remuneração;
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem
III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de
tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni-
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano,
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário norma do inciso anterior;
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo ção por merecimento;
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
vertência, suspensão e demissão. de afastamento, os valores serão determinados como se no
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- exercício estivesse.
nal e administrativa no que tange à responsabilização do
agente público que cometa ato ilícito. 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
Tomadas as exigências de características dos danos aci- dores públicos
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
se que para o Estado ser responsabilizado por um dano, ele cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir tuição Federal:
do Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a ple-
na cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
em território nacional. Municípios instituirão conselho de política de administra-
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
prejuízo dentro de sua previsibilidade. planos de carreira para os servidores da administração pú-
blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).

48
LEGISLAÇÃO

§ 1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos de- II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
mais componentes do sistema remuneratório observará: ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
dade dos cargos componentes de cada carreira; complementar;
II - os requisitos para a investidura; III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
III - as peculiaridades dos cargos. nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposenta-
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento doria, observadas as seguintes condições:
dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri-
cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, fa- buição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e
cultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos trinta de contribuição, se mulher;
entre os entes federados. b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, cionais ao tempo de contribuição.
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan- ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu-
do a natureza do cargo o exigir. neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eleti- se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Mu- concessão da pensão.
nicipais serão remunerados exclusivamente por subsídio § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer por ocasião da sua concessão, serão consideradas as re-
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de represen- munerações utilizadas como base para as contribuições do
tação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- servidor aos regimes de previdência de que tratam este ar-
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI. tigo e o art. 201, na forma da lei.
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios dife-
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e renciados para a concessão de aposentadoria aos abran-
a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. termos definidos em leis complementares, os casos de ser-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- vidores:
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remunera- I - portadores de deficiência;
ção dos cargos e empregos públicos. II - que exerçam atividades de risco;
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen- peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
tários provenientes da economia com despesas correntes § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribui-
em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no ção serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi- no § 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamen-
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea- te tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive educação infantil e no ensino fundamental e médio.
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza- gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
regime de previdência previsto neste artigo.
Artigo 40, CF. Aos servidores titulares de cargos efetivos § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pensão por morte, que será igual:
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
de previdência de caráter contributivo e solidário, median- lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
te contribuição do respectivo ente público, dos servidores do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o dispos- limite, caso aposentado à data do óbito; ou
to neste artigo. II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ- no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
dência de que trata este artigo serão aposentados, calcula- máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
dos os seus proventos a partir dos valores fixados na forma previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
dos §§ 3º e 17: tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- atividade na data do óbito.
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; me critérios estabelecidos em lei.

49
LEGISLAÇÃO

§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu- § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o próprio de previdência social para os servidores titulares
tempo de serviço correspondente para efeito de dispo- de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
nibilidade. respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto
§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de no art. 142, § 3º, X.
contagem de tempo de contribuição fictício. § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e
total dos proventos de inatividade, inclusive quando de- de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido
correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos, para os benefícios do regime geral de previdência social de que
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na for-
o regime geral de previdência social, e ao montante resul- ma da lei, for portador de doença incapacitante.
tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo 7) Estágio probatório e perda do cargo
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera- Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser
ção, e de cargo eletivo. lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
vidência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo Artigo 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer-
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados cício os servidores nomeados para cargo de provimento
para o regime geral de previdência social. efetivo em virtude de concurso público.
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego II - mediante processo administrativo em que lhe seja
público, aplica-se o regime geral de previdência social. assegurada ampla defesa;
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- III - mediante procedimento de avaliação periódica de
cípios, desde que instituam regime de previdência comple- desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa.
mentar para os seus respectivos servidores titulares de car-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
go efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito
artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios
a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em dispo-
do regime geral de previdência social de que trata o art.
nibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.
201.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
§ 15. O regime de previdência complementar de que
servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus mento em outro cargo.
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fe- § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
chadas de previdência complementar, de natureza pública, obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
que oferecerão aos respectivos participantes planos de be- instituída para essa finalidade.
nefícios somente na modalidade de contribuição definida.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a está-
que tiver ingressado no serviço público até a data da publi- gio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante
cação do ato de instituição do correspondente regime de o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para
previdência complementar. o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores:
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados I - assiduidade;
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devida- II - disciplina;
mente atualizados, na forma da lei. III - capacidade de iniciativa;
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- IV - produtividade;
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que tra- V - responsabilidade.
ta este artigo que superem o limite máximo estabelecido § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do está-
para os benefícios do regime geral de previdência social de gio probatório, será submetida à homologação da autoridade
que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada
para os servidores titulares de cargos efetivos. por comissão constituída para essa finalidade, de acordo com
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou
completado as exigências para aposentadoria voluntária cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo an-
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no teriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
§ 1º, II. único do art. 29.

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LEGISLAÇÃO

§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer


quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de 2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de HUMANOS;
lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão ou enti-
dade para ocupar cargos de Natureza Especial, cargos de pro-
vimento em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
§ 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da As-
ser concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos sembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948
arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para
participar de curso de formação decorrente de aprovação em Preâmbulo
concurso para outro cargo na Administração Pública Federal.
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as li- O preâmbulo é um elemento comum em textos constitucio-
cenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e nais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jorge Miranda66
96, bem assim na hipótese de participação em curso de for- define: “[...] proclamação mais ou menos solene, mais ou menos
mação, e será retomado a partir do término do impedimento. significante, anteposta ao articulado constitucional, não é com-
ponente necessário de qualquer Constituição, mas tão somente
O estágio probatório pode ser definido como um lapso um elemento natural de Constituições feitas em momentos de
de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão ruptura histórica ou de grande transformação político-social”.
avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, Do conceito do autor é possível extrair elementos para definir
capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade. O o que representam os preâmbulos em documentos internacio-
servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado nais: proclamação dotada de certa solenidade e significância
ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. que antecede o texto do documento internacional e, embora
Não existe vedação para um servidor em estágio probatório não seja um elemento necessário a ele, merece ser considerada
exercer quaisquer cargos de provimento em comissão ou porque reflete o contexto de ruptura histórica e de transforma-
funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou ção político-social que levou à elaboração do documento como
entidade de lotação. um todo. No caso da Declaração de 1948 ficam evidentes os
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a discipli- antecedentes históricos inerentes às Guerras Mundiais.
na do estágio probatório mudou, notadamente aumentando Considerando que o reconhecimento da dignidade ineren-
o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma te a todos os membros da família humana e de seus direitos
constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo que ela iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e
não tenha sido atualizada, deve-se seguir o disposto no artigo da paz no mundo,
41 da Constituição Federal. O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade e
o servidor público somente poderá ser exonerado nos casos para que ela seja preservada é preciso que os direitos ineren-
do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: tes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no preâm-
em virtude de sentença judicial transitada em julgado; me- bulo constitucional, sendo guia de todo documento.
diante processo administrativo em que lhe seja assegura- Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade dos
da ampla defesa; ou mediante procedimento de avaliação direitos humanos, pela qual os direitos humanos não possuem
periódica de desempenho, na forma de lei complementar, conteúdo econômico patrimonial, logo, são intransferíveis,
assegurada ampla defesa (sendo esta lei complementar ainda inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que
inexistente no âmbito federal. evidencia uma limitação do princípio da autonomia privada.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direi-
8) Militares dos estados, do Distrito Federal e dos ter- tos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a
ritórios consciência da Humanidade e que o advento de um mundo
Prevê o artigo 42, CF: em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e
da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hie- A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
rarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito quando da abertura dos campos de concentração nazistas,
Federal e dos Territórios. nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram conside-
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Fe- rados seres humanos perante aquele regime político se amon-
deral e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as toavam. Aquelas pessoas não eram consideradas iguais às de-
disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º mais por possuírem alguma característica, crença ou aparência
e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as maté- que o Estado não apoiava. Daí a importância de se atentar para
rias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais os antecedentes históricos e compreender a igualdade de to-
conferidas pelos respectivos governadores. dos os homens, independentemente de qualquer fator.
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Dis- 66 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
trito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei Lisboa: Petrony, 1978.
específica do respectivo ente estatal.

51
LEGISLAÇÃO

Considerando essencial que os direitos humanos sejam O primeiro artigo da Declaração é altamente representati-
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não vo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o documento:
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira- a) Princípios da universalidade, presente na palavra todos,
nia e a opressão, que se repete no documento inteiro, pelo qual os direitos hu-
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du- manos pertencem a todos e por isso se encontram ligados a
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta- um sistema global (ONU), o que impede o retrocesso.
mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
(Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
(Rússia e o regime de Stálin). igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja um
Considerando essencial promover o desenvolvimento de grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as discrimina-
relações amistosas entre as nações, ções legais asseguram a verdadeira igualdade, por exemplo,
Depois de duas grandes guerras a humanidade conse- com as ações afirmativas, a proteção especial ao trabalho da
guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações mulher e do menor, as garantias aos portadores de deficiên-
amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz cia, entre outras medidas que atribuam a pessoas com dife-
ganhou uma nova força. rentes condições, iguais possibilidades, protegendo e respei-
Considerando que os povos das Nações Unidas reafir- tando suas diferenças.67
maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen- b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dignidade
tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual- é um atributo da pessoa humana, segundo o qual ela merece
dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi- todo o respeito por parte dos Estados e dos demais indiví-
ram promover o progresso social e melhores condições de duos, independentemente de qualquer fator como aparência,
vida em uma liberdade mais ampla, religião, sexualidade, condição financeira. Todo ser humano é
Considerando que os Estados-Membros se compromete- digno e, por isso, possui direitos que visam garantir tal digni-
ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o dade.
respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda- c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, os
direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada qual
mentais e a observância desses direitos e liberdades,
representativa de um momento histórico no qual se eviden-
Considerando que uma compreensão comum desses di-
ciou a necessidade de garantir direitos de certa categoria. A
reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
primeira dimensão, presente na expressão livres, refere-se aos
cumprimento desse compromisso,
direitos civis e políticos, os quais garantem a liberdade do
Todos os países que fazem parte da Organização das
homem no sentido de não ingerência estatal e de participa-
Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
ção nas decisões políticas, evidenciados historicamente com
os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
as Revoluções Americana e Francesa. A segunda dimensão,
demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o
presente na expressão iguais, refere-se aos direitos econômi-
compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que cos, sociais e culturais, os quais garantem a igualdade material
a fundou e que traz os princípios condutores da ação da entre os cidadãos exigindo prestações positivas estatais nesta
organização. direção, por exemplo, assegurando direitos trabalhistas e de
saúde, possuindo como antecedente histórico a Revolução In-
A Assembleia Geral proclama dustrial. A terceira dimensão, presente na expressão fraterni-
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos dade, refere-se ao necessário olhar sobre o mundo como um
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to- lugar de todos, no qual cada qual deve reconhecer no outro
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada seu semelhante, digno de direitos, olhar este que também se
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara- lança para as gerações futuras, por exemplo, com a preser-
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- vação do meio ambiente e a garantia da paz social, sendo
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção o marco histórico justamente as Guerras Mundiais.68 Assim,
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, desde logo a Declaração estabelece seus parâmetros funda-
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância mentais, com esteio na Declaração dos Direitos do Homem
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Esta- e do Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa de 1791,
dos-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua quais sejam igualdade, liberdade e fraternidade. Embora os
jurisdição. direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam nesta tríade,
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo das tenham surgido de forma paulatina, devem ser considerados
Nações Unidas, no qual há representatividade de todos os em conjunto proporcionando a plena realização do homem69.
membros e por onde passam inúmeros tratados interna-
cionais. 67 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
Artigo I
68 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9.
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignida- ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
de e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem
agir em relação umas às outras com espírito de fraterni- 69 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
dade. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

52
LEGISLAÇÃO

Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a igualdade A vida humana é o centro gravitacional no qual orbi-
formal perante a lei, mas é preciso realizar esta igualdade de forma a tam todos os direitos da pessoa humana, possuindo refle-
ser possível que todo homem atinja um grau satisfatório de dignidade. xos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram a verda- Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida.
deira igualdade, por exemplo, com as ações afirmativas, a prote- Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor
ção especial ao trabalho da mulher e do menor, as garantias aos ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem
portadores de deficiência, entre outras medidas que atribuam a principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de
pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, prote- todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode
gendo e respeitando suas diferenças. ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b)
direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna
Artigo II quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liber- vida através da pena de morte73.
dades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec-
espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para o
outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liberdade
qualquer outra condição.  é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, sendo
Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da digni- um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que decorre
dade da pessoa humana, de forma que todos seres humanos são da inteligência e da volição, duas características da pessoa
iguais independentemente de qualquer condição, possuindo os humana”74.
mesmos direitos visando a preservação de sua dignidade. O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem
O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impede a medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões,
distinção entre pessoas pela condição do país ou território a que logo, é uma maneira de garantir o direito à vida75.
pertença, o que é importante sob o aspecto de proteção dos refu- Artigo IV
giados, prisioneiros de guerra, pessoas perseguidas politicamente, Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a
nacionais de Estados que não cumpram os preceitos das Nações
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
Unidas. Não obstante, a discriminação não é proibida apenas
as suas formas. 
quanto a indivíduos, mas também quanto a grupos humanos,
“O trabalho escravo não se confunde com o trabalho
sejam formados por classe social, etnia ou opinião em comum70.
servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo indistinto
sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio,
dos direitos e liberdades assegurados a todos os homens, e não
do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres
apenas a alguns setores ou atores sociais. Garantir a capacidade
humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão,
de gozo, no entanto, não é suficiente para que este realmente se
efetive. É fundamental aos ordenamentos jurídicos próprios dos por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de
Estados viabilizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
de que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá não de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
somente com a igualdade material diante da lei, mas também, e servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
principalmente, através do reconhecimento e respeito das desi- A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
gualdades naturais entre os homens, as quais devem ser resguar- O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela
dadas pela ordem jurídica, pois é somente assim que será possível utilização do solo, que superava a metade da colheita”76.
propiciar a aludida capacidade de gozo a todos”71. A abolição da escravidão foi uma luta histórica em
todo o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos prin-
Artigo III cípios da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. que um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser
Segundo Lenza72, “abrange tanto o direito de não ser morto, tratado como coisa. O ser humano não possui valor finan-
privado da vida, portanto, direito de continuar vivo, como também ceiro e nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a
o direito de ter uma vida digna”. Na primeira esfera, enquadram- escravidão não pode ser aceita.
se questões como pena de morte, aborto, pesquisas com célu-
las-tronco, eutanásia, entre outras polêmicas. Na segunda esfera,
notam-se desdobramentos como a proibição de tratamentos in-
dignos, a exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc. 73 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

70 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 74 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

71 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 75


Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos
Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
72 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 76 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

53
LEGISLAÇÃO

Artigo V Artigo VII


Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer
ou castigo cruel, desumano ou degradante. distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual pro-
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por teção contra qualquer discriminação que viole a presente Decla-
crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma ração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes- Um dos desdobramentos do princípio da igualdade re-
soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento fere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de caráter
ou castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a uma pes-
das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos soa determinada, mas sim a todas as pessoas que venham a
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n° se encontrar na situação por ela descrita. Não significa que a
39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe- legislação não possa estabelecer, em abstrato, regras especiais
lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil para um grupo de pessoas desfavorecido socialmente, dire-
em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da cionando ações afirmativas, por exemplo, aos deficientes, às
referida Convenção: mulheres, aos pobres - no entanto, todas estas ações devem
respeitar a proporcionalidade e a razoabilidade (princípio da
Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Outros igualdade material).
Tratamentos ou Penas Cruéis
1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor- Artigo VIII
tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente competentes remédio efetivo para os atos que violem os
a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes- direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela cons-
soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela tituição ou pela lei.
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios para
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Estados partes o
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
dever de estabelecer em suas legislações internas instrumen-
de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
tos para proteção dos direitos humanos. Geralmente, nos tex-
infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
tos constitucionais são estabelecidos os direitos fundamentais
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com
e os instrumentos para protegê-los, por exemplo, o habeas
o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará
corpus serve à proteção do direito à liberdade de locomoção.
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequên-
cia unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes
Artigo IX
a tais sanções ou delas decorram.
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
restringir qualquer instrumento internacional ou legislação Prisão e detenção são formas de impedir que a pessoa
nacional que contenha ou possa conter dispositivos de al- saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privando-a de
cance mais amplo. sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão ou mudan-
Artigo VI ça forçada de uma pessoa do país, sendo assim também uma
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, forma de privar a pessoa de sua liberdade de locomoção em
reconhecida como pessoa perante a lei. um determinado território. Nenhuma destas práticas é permi-
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma- tida de forma arbitrária, ou seja, sem o respeito aos requisitos
na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Ne- previstos em lei.
gar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direitos e Não significa que em alguns casos não seja aceita a priva-
contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua própria ção de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver pra-
existência. [...] O reconhecimento da personalidade jurídica ticado um ato que comprometa a segurança ou outro direito
é imprescindível à plena realização da pessoa humana. Tra- fundamental de outra pessoa.
ta-se de garantir a cada um, em todos os lugares, a possi-
bilidade de desenvolvimento livre e isonômico”77. Artigo X
O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci- Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma au-
do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, diência justa e pública por parte de um tribunal indepen-
razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer dente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, “De acordo com a ordem que promana do preceito acima
independentemente da Constituição daquele país nada reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir um pronun-
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa ciamento do Poder Judiciário, acerca de seus direitos e deve-
humana não perde tal caráter apenas por sair do território res postos em litígio ou do fundamento de acusação criminal,
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas realizado sob o amparo dos princípios da isonomia, do devido
do princípio da universalidade. processo legal, da publicidade dos atos processuais, da ampla
77 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
defesa e do contraditório e da imparcialidade do juiz”78.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 78 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

54
LEGISLAÇÃO

Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de Artigo XII


exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri-
julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco- vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon-
lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi- dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda
zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí- pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências
zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen- ou ataques.
temente de pressões externas para que o julgamento se dê A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial, se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen-
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa- da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
grado e para que alguém possa ser privado dela por uma de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um
condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber-
trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado. dade - do outro.
“O direito à intimidade representa relevante manifes-
Artigo XI tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direi- expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
to de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as ga- ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”80.
rantias necessárias à sua defesa. Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
O princípio da presunção de inocência ou não culpa- de, ao abordar a proteção da vida privada - que, em resu-
bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra a mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio
condenação criminal transitada em julgado, isto é, proces- e de círculos de amigos -, Silva81 entende que “o segredo
sada até o último recurso interposto pelo acusado, este da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
deve ser tido como inocente. Durante o processo penal, mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. “O
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa, direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan- podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que no meio social. O direito à imagem também possui duas
merecerá sanção. conotações, podendo ser entendido em sentido objetivo,
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o com relação à reprodução gráfica da pessoa, por meio de
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo,
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro- significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pes-
va no processo penal que deve ser validamente produzida soa e reconhecidas como suas pelo grupo social”82.
para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas- desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me- ceiros, preservando-se sua privacidade.
didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores
devem estar previstos em lei”79. Artigo XIII
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
omissão que, no momento, não constituíam delito peran- residência dentro das fronteiras de cada Estado.
te o direito nacional ou internacional. Tampouco será im- Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
posta pena mais forte do que aquela que, no momento da próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
prática, era aplicável ao ato delituoso. a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma nário público a residir no município em que está sediado
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
atos praticados no passado - nem para um ato que não era
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de um 80 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
ato que era considerado crime seja aumentada. Evidencia constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
não só o respeito à liberdade, mas também - e principal-
mente - à segurança jurídica. 81 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

79 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 82 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

55
LEGISLAÇÃO

São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi- A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu
cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação o ACNUR, determina que um refugiado é alguém que ‘te-
da liberdade, normas administrativas de controle de vias e mendo ser perseguida por motivos de raça, religião, na-
veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou cionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra
áreas de segurança nacional e qualquer situação em que fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em
o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos83. virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse
2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, país’.
inclusive o próprio, e a este regressar. Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assis-
A nacionalidade é um direito humano, assim como a li- tência para dezenas de milhões de refugiados, encontran-
berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men- do soluções duradouras para muitos deles. Os padrões da
ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de migração se tornaram cada vez mais complexos nos tem-
deixá-lo. pos modernos, envolvendo não apenas refugiados, mas
também milhões de migrantes econômicos. Mas refugia-
Artigo XIV dos e migrantes, mesmo que viajem da mesma forma com
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta
procurar e de gozar asilo em outros países.  razão são tratados de maneira muito diferente perante o
2. Este direito não pode ser invocado em caso de per- direito internacional moderno.
seguição legitimamente motivada por crimes de direito Migrantes, especialmente migrantes econômicos, de-
comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios cidem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si
das Nações Unidas. mesmos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam
O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per- deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liber-
seguida por suas opiniões políticas, situação racial, con- dade. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado
vicções religiosas ou outro motivo político em seu país de e de fato muitas vezes é seu próprio governo que ameaça
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade persegui-los. Se outros países não os aceitarem em seus
de outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão
estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro,
insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos”84.
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo
As Nações Unidas85 descrevem sua participação no his-
crime praticado.
tórico do direito dos refugiados no mundo:
O direito dos refugiados é o que envolve a garantia de
“Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni-
asilo fora do território do qual é nacional por algum dos
das tem dedicado os seus esforços à proteção dos refu-
motivos especificados em normas de direitos humanos,
giados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Alto
notadamente, perseguição por razões de raça, religião, na-
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-
cionalidade, pertença a um grupo social determinado ou NUR), havia um milhão de refugiados sob a sua responsa-
convicções políticas. Diversos documentos internacionais bilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 milhões,
disciplinam a matéria, a exemplo da Declaração Universal para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Organismo das
de 1948, Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refu- Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos Refugia-
giados, Quarta Convenção de Genebra Relativa à Proteção dos da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ainda
das Pessoas Civis em Tempo de Guerra de 1949, Convenção mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente.
relativa ao Estatuto dos Apátridas de 1954, Convenção so- Em 1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a
bre a Redução da Apatridia de 1961 e Declaração das Na- maior parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente,
ções Unidas sobre a Concessão de Asilo Territorial de 1967. os movimentos de refugiados assumem cada vez mais a
Não obstante, a constituição brasileira adota a concessão forma de êxodos maciços, diferentemente das fugas indi-
de asilo político como um de seus princípios nas relações viduais do passado. Hoje, oitenta por cento dos refugiados
internacionais (art. 4º, X, CF). são mulheres e crianças. Também as causas dos êxodos se
“A prática de conceder asilo em terras estrangeiras a multiplicaram, incluindo agora as catástrofes naturais ou
pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das ca- ecológicas e a extrema pobreza. Daí que muitos dos atuais
racterísticas mais antigas da civilização. Referências a essa refugiados não se enquadrem na definição da Convenção
prática foram encontradas em textos escritos há 3.500 relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção refe-
anos, durante o florescimento dos antigos grandes impé- re-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião,
rios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, Assírio e nacionalidade, pertença a um grupo social determinado ou
Egípcio antigo. convicções políticas. [...]
Mais de três milênios depois, a proteção de refugiados
foi estabelecida como missão principal da agência de refu- 84 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/
giados da ONU, que foi constituída para assistir, entre ou- refugiados/
tros, os refugiados que esperavam para retornar aos seus
países de origem no final da II Guerra Mundial. 85 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos
Humanos e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://
83 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração www.gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em:
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 13 jun. 2013.

56
LEGISLAÇÃO

Existe uma relação evidente entre o problema dos refu- tre o casal e baseada na igualdade de direitos e deveres dos
giados e a questão dos direitos humanos. As violações dos cônjuges e na mútua assistência.86 Não é aceitável o casamen-
direitos humanos constituem não só uma das principais cau- to que se estabeleça à força para algum dos nubentes, sendo
sas dos êxodos maciços, mas afastam também a opção do re- exigido o livre e pleno consentimento de ambos. Não obstan-
patriamento voluntário enquanto se verificarem. As violações te, é coerente que a lei traga limitações como a idade, pois o
dos direitos das minorias e os conflitos étnicos encontram-se casamento é uma instituição séria, base da família, e somente
cada vez mais na origem quer dos êxodos maciços, quer das a maturidade pode permitir compreender tal importância.
deslocações internas. [...]
Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assembleia Artigo XVII
Geral criou a Organização Internacional para os Refugiados 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em socie-
(OIR), que assumiu as funções da Agência das Nações Unidas dade com outros.
para a Assistência e a Reabilitação (ANUAR). Foi investida no 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
mandato temporário de registrar, proteger, instalar e repatriar priedade.
refugiados. [...] Cedo se tornou evidente que a responsabili- “Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo o
dade pelos refugiados merecia um maior esforço da comuni- ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de aqui-
dade internacional, a desenvolver sob os auspícios da própria sição, perda, uso e limites. O direito de propriedade, constitu-
Organização das Nações Unidas. Assim, muito antes de ter- cionalmente assegurado, garante que dela ninguém poderá
minar o mandato da OIR, iniciaram-se as discussões sobre a ser privado arbitrariamente [...]”87. O direito à propriedade se
criação de uma organização que lhe pudesse suceder. insere na primeira dimensão de direitos humanos, garantindo
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugia- que cada qual tenha bens materiais justamente adquiridos,
dos (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de Dezembro respeitada a função social.
de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados. O Alto Comissariado Artigo XVIII
foi instituído em 1 de Janeiro de 1951, como órgão subsidiário Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
da Assembleia Geral, com um mandato inicial de três anos. consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar
Desde então, o mandato do ACNUR tem sido renovado por de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião
períodos sucessivos de cinco anos [...]”. ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela obser-
vância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Artigo XV Silva88 aponta que a liberdade de pensamento, que tam-
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.  bém pode ser chamada de liberdade de opinião, é considera-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacio- da pela doutrina como a liberdade primária, eis que é ponto
de partida de todas as outras, e deve ser entendida como a
nalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
liberdade da pessoa adotar determinada atitude intelectual
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga um
ou não, de tomar a opinião pública que crê verdadeira. Tal
indivíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a
opinião pública se refere a diversos aspectos, entre eles reli-
integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos
gião e crença. A liberdade de religião atrela-se à liberdade de
e obrigações. Não é aceita a figura do apátrida ou heimatlos,
consciência e à liberdade de pensamento, mas o inverso não
o indivíduo que não possui nenhuma nacionalidade.
ocorre, porque é possível existir liberdade de pensamento e
É possível mudar de nacionalidade nas situações previstas
consciência desvinculada de cunho religioso. Aliás, a liberda-
em lei, naturalizando-se como nacional de outro Estado que de de consciência também concretiza a liberdade de ter ou
não aquele do qual originalmente era nacional. Geralmente, a não ter religião, ter ou não ter opinião político-partidária ou
permanência no território do pais por um longo período de qualquer outra manifestação positiva ou negativa da cons-
tempo dá direito à naturalização, abrindo mão da nacionali- ciência89.
dade anterior para incorporar a nova. No que tange à exteriorização da liberdade de religião, ou
seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida nenhu-
Artigo XVI ma perseguição, assim como é garantido o direito de praticá
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer -la em grupo ou individualmente.
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de 86 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed.
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6.
dissolução. 
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno 87 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
consentimento dos nubentes. teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
O casamento, como todas as instituições sociais, varia Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas cul-
turas. Há quem o defina como um ato, outros como um con- 88 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
tato. Basicamente, casamento é a união, devidamente forma-
lizada conforme a lei, com a finalidade de construir família. A 89 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
principal finalidade do casamento é estabelecer a comunhão Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
plena de vida, impulsionada pelo amor e afeição existente en-

57
LEGISLAÇÃO

Artigo XIX Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de


Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex- governo em que o poder de tomar decisões políticas está
pressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po-
e ideias por quaisquer meios e independentemente de fron- lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de
teiras. eleger um representante). Uma democracia pode existir num
Silva90 entende que a liberdade de expressão pode ser sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou
vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de comu- monárquico - somente importa que seja dado aos cidadãos
nicação, ou liberdade de informação, que consiste em um o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu re-
conjunto de direitos, formas, processos e veículos que via- presentante eleito), nos termos que este artigo da Declaração
bilizam a coordenação livre da criação, expressão e difusão prevê. A principal classificação das democracias é a que dis-
da informação e do pensamento. Contudo, o a manifesta- tingue a direta da indireta - a) direta, também chamada de
ção do pensamento não pode ocorrer de forma ilimitada, pura, na qual o cidadão expressa sua vontade por voto direto
devendo se pautar na verdade e no respeito dos direitos à e individual em casa questão relevante; b) indireta, também
honra, à intimidade e à imagem dos demais membros da chamada representativa, em que os cidadãos exercem indivi-
sociedade. dualmente o direito de voto para escolher representante(s) e
aquele(s) que for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos
Artigo XX os eleitores.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e as- Não obstante, se introduz a dimensão do Estado Social,
sociação pacíficas.  de forma que ao cidadão é garantida a prestação de serviços
O direito de reunião pode ser exercido independente- públicos. Isto se insere na segunda dimensão de direitos hu-
mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira manos, referentes aos direitos econômicos, sociais e culturais
pacífica, por exemplo, sem utilização de armas. - sem os quais não se consolida a igualdade material.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as-
Artigo XXII
sociação.
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos,
segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém
cooperação internacional e de acordo com a organização e
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado,
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e
será livre, também, para decidir se permanece associado
culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvi-
ou não”91.
mento da sua personalidade.
Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a se-
Artigo XXI
gunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto interna-
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover- cional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 é
no de seu país, diretamente ou por intermédio de represen- o documento que especifica e descreve tais direitos. de uma
tantes livremente escolhidos.  maneira geral, são direitos que não dependem puramente do
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço indivíduo para a implementação, exigindo prestações positi-
público do seu país.  vas estatais, geralmente externadas por políticas públicas (es-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do colhas políticas a respeito de áreas que necessitam de inves-
governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas timento maior ou menos para proporcionar um bom índice
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro- de desenvolvimento social, diminuindo desigualdades). Entre
cesso equivalente que assegure a liberdade de voto. outros direitos, envolvem o trabalho, a educação, a saúde, a
“Na sociedade moderna, nascida de transformações alimentação, a moradia, o lazer, etc. Como são inúmeras as
que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é vis- áreas que necessitam de investimento estatal, naturalmente
to como homem (pessoa privada) e como cidadão (pessoa o atendimento a estes direitos se dá de maneira gradual.
pública). O termo cidadão designava originalmente o habi-
tante da cidade. Com a consolidação da sociedade burgue- Artigo XXIII
sa, passa a indicar a ação política e a participação do sujeito 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha
na vida da sociedade”92. de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e
à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
90 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. igual remuneração por igual trabalho.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remune-
ração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
91 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de
92 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In:
proteção social. 
CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles
ingressar para proteção de seus interesses.

58
LEGISLAÇÃO

O trabalho é um instrumento fundamental para assegurar O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão
a todos uma existência digna: de um lado por proporcionar a de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as
remuneração com a qual a pessoa adquirirá bens materiais para esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se
sua subsistência, de outro por gerar por si só o sentimento de sabe que é um objetivo constante do Estado Democrático
importância para a sociedade por parte daquele que faz algo útil de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais pró-
nela. No entanto, a geração de empregos não se dá automatica- ximo possível - e cada vez mais - desta circunstância.
mente, cabendo aos Estados desenvolverem políticas econômi- Fala-se em segurança no sentido de segurança pública,
cas para diminuir os índices de desemprego o máximo possível. de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco-
A remuneração é a retribuição financeira pelo trabalho rea- lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado94.
lizado. Nesta esfera também é necessário o respeito ao princípio Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o
da igualdade, por não ser justo que uma pessoa que desem- Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos,
penhe as mesmas funções que a outra receba menos por um garante a manutenção financeira dos que por algum moti-
fator externo, característico dela, como sexo ou raça. No âmbito vo não possuem condição de trabalhar.
do serviço público é mais fácil controlar tal aspecto, mas são 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados
inúmeras as empresas privadas que pagam menor salário a mu- e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou
lheres e que não chegam a ser levadas à justiça por isso. Não fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
obstante, a remuneração deve ser suficiente para proporcionar A proteção da maternidade tem sentido porque sem
uma existência digna, com o necessário para manter assegura- isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
dos ao menos minimamente todos os direitos humanos previs- jam protegidas com atenção especial para que se tornem
tos na Declaração. adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta.
Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista e,
como visto, a todos é garantida a liberdade de associação, não Artigo XXVI
podendo ninguém ser impedido ou forçado a ingressar ou sair 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
de um sindicato. gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico
Artigo XXIV -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a li- superior, esta baseada no mérito.
mitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
remuneradas. volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem so- do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
mente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, assegura- damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
se horários livres para que a pessoa desfrute de momentos de rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
lazer e descanso, bem como impede-se a fixação de uma jor- religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
nada de trabalho muito exaustiva. São medidas que asseguram prol da manutenção da paz. 
isto a previsão de descanso semanal remunerado, a limitação do 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
horário de trabalho, a concessão de férias remuneradas anuais, ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
entre outras. A Declaração Universal de 1948 divide a disponibilida-
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é fornecido “[...] de e a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela edu-
um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. De forma cação que é considerada essencial, qual seja, a elementar,
geral, os dispositivos em comento versam sobre o direito ao deve ser gratuita e obrigatória. Já a educação fundamental,
trabalho, principal meio de sobrevivência dos indivíduos que de grande importância, deve ser gratuita, mas não é obri-
‘vendem’ força de trabalho em troca de uma remuneração jus- gatória. Esta nomenclatura adotada pela Declaração equi-
ta. Ademais, estabelecem a liberdade do cidadão de escolher o para-se ao ensino fundamental e ao ensino médio no Brasil,
trabalho e, uma vez obtido o emprego, o direito de nele encon- sendo elementar o primeiro e fundamental o segundo. A
trar condições justas, tanto no tocante à remuneração, como no educação técnico-profissional refere-se às escolas voltadas
que diz respeito ao limite de horas trabalhadas e períodos de ao ensino de algum ofício, não complexo a ponto de exigir
repouso (disposição constante do artigo XXIV da Declaração). formação superior e, justamente por isso, possuem menor
Garantem ainda o direito dos trabalhadores de se unirem em duração e menor custo; ao passo que a educação superior
associação, com o objetivo de defesa de seus interesses”93. é a que se dá no âmbito das universidades, formando pro-
fissionais de maior especialidade numa área profissional,
Artigo XXV com amplo conhecimento, razão pela qual dura mais tem-
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de po e é mais onerosa. As duas últimas são de maior custo e
assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimen- não podem ser instituídas de tal forma que sejam garanti-
tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais das vagas para todas as pessoas em sociedade, entretanto,
indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, exige-se um critério justo para a seleção dos ingressos, o
doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos qual seja baseado no mérito (os mais capacitados conse-
meios de subsistência fora de seu controle. guirão as vagas de ensino técnico-profissional e superior).
93 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 94 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

59
LEGISLAÇÃO

Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a educação não Artigo XXIX
envolve apenas o aprendizado do conteúdo programático das 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em
matérias comuns como matemática, português, história e geogra- que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
fia, mas também a compreensão de abordagens sobre assuntos sível.
que possam contribuir para a formação da personalidade da pes- 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
soa humana e conscientizá-la de seu papel social. estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, ex-
Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se a cons- clusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento
ciência de que a educação não é apenas a formal, aprendida nos e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às
estabelecimentos de ensino, mas também a informal, transmitida justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de
no ambiente familiar e nas demais áreas de contato da pessoa, uma sociedade democrática.
como igreja, clubes e, notadamente, a residência. Por isso, os pais 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese algu-
têm um papel direto na escolha dos meios de educação de seus ma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das
filhos. Nações Unidas.
Explica Canotilho98 que “a ideia de deveres fundamentais
Artigo XXVII é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos direitos
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida fundamentais. Como ao titular de um direito fundamental cor-
cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo responde um dever por parte de um outro titular, poder-se-ia
científico e de seus benefícios.  dizer que o particular está vinculado aos direitos fundamentais
2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais como destinatário de um dever fundamental. Neste sentido,
e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária um direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
ou artística da qual seja autor. dever correspondente”. Esta é a ideia que a Declaração de
Os conflitos que se dão entre a liberdade e a propriedade 1948 busca trazer: não será assegurada nenhuma liberdade
intelectual se evidenciam, principalmente, sob o aspecto da liber- que contrarie a lei ou os demais direitos de outras pessoas, isto
dade de expressão, na esfera específica da liberdade de comu- é, os preceitos universais consagrados pelas Nações Unidas.
nicação ou informação, que, nos dizeres de Silva95, “compreende
a liberdade de informar e a liberdade de ser informado”. Sob o
Artigo XXX
enfoque do direito à liberdade e do direito de acesso à cultura,
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser in-
seria livre a divulgação de toda e qualquer informação e o acesso
terpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou
aos dados disponíveis, independentemente da fonte ou da auto-
pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar
ria. De outro lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual
qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos di-
possui um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque o
reitos e liberdades aqui estabelecidos.
autor de uma obra nunca deixará de ser considerado como tal, e
patrimonial, que prescreve, perdendo o autor o direito de explorar “A colidência entre os direitos afirmados na Declaração é
benefícios econômicos de sua obra96. Cada vez mais esta dualida- natural. Busca-se com o presente artigo evitar que, no eventual
de entre direitos se encontra em conflito, uma vez que a evolução choque entre duas normas garantistas, os sujeitos nela men-
tecnológica trouxe meios para a cópia em massa de conteúdos cionados se valham de uma interpretação tendente a infirmar
protegidos pela propriedade intelectual. qualquer das disposições da Declaração ao argumento de que
estão respeitando um direito em detrimento de outro”99.
Artigo XVIII Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas tives-
em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declara- sem tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes neces-
ção possam ser plenamente realizados. sariamente colidiriam com os direitos das outras pessoas, os
Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos huma- quais teriam que ser violados. Este é um dos sentidos do prin-
nos tem caráter global e cada Estado que assumiu compromisso cípio da relatividade dos direitos humanos - os direitos huma-
perante a ONU ao integrá-la deve garantir o respeito a estes direi- nos não podem ser utilizados como um escudo para práticas
tos no âmbito de seu território. Com isso, a pessoa estará numa ilícitas ou como argumento para afastamento ou diminuição
ordem social e internacional na qual seus direitos humanos sejam da responsabilidade por atos ilícitos, assim os direitos huma-
assegurados, preservando-se sua dignidade. Em outras palavras, nos não são ilimitados e encontram seus limites nos demais di-
“devidamente emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem reitos igualmente consagrados como humanos. Isto vale tanto
internacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces das para os indivíduos, numa atitude perante os demais, quanto
instituições humanitárias, tanto estatais quanto particulares, orien- para os Estados, ao externar o compromisso global assumido
tando seus passos a serviço da comunidade humana”97. perante a ONU.
95 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
98 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e
96 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.
informação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2006. 99 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
97 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração

60
LEGISLAÇÃO

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta


3. LEI FEDERAL Nº 8.069, DE 13/07/1990 - os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem co-
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE mum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condi-
ção peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
ECA;
desenvolvimento.

Título II
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dos Direitos Fundamentais
Capítulo I
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá Do Direito à Vida e à Saúde
outras providências.
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Con- à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Título I Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
Das Disposições Preliminares programas e às políticas de saúde da mulher e de planeja-
mento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, aten-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança ção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendi-
e ao adolescente. mento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente de 2016)
aquela entre doze e dezoito anos de idade. § 1o O atendimento pré-natal será realizado por pro-
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se ex- fissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
cepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte 13.257, de 2016)
e um anos de idade. § 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os di- garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação,
reitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo ao estabelecimento em que será realizado o parto, garanti-
da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, do o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº
por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facili- 13.257, de 2016)
dades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado as-
moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dig- segurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta
nidade. hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primá-
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli- ria, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvi- psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-na-
mento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, tal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as conse-
região e local de moradia ou outra condição que diferencie as quências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010,
pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído de 2009) Vigência
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade prestada também a gestantes e mães que manifestem inte-
em geral e do poder público assegurar, com absoluta priorida- resse em entregar seus filhos para adoção, bem como a ges-
de, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimen- tantes e mães que se encontrem em situação de privação de
tação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência § 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acom-
familiar e comunitária. panhante de sua preferência durante o período do pré-natal,
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer Lei nº 13.257, de 2016)
circunstâncias; § 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleita-
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou mento materno, alimentação complementar saudável e cres-
de relevância pública; cimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas
c) preferência na formulação e na execução das políticas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o
sociais públicas; desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas 13.257, de 2016)
relacionadas com a proteção à infância e à juventude. § 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, esta-
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, vio- belecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções
lência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257,
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. de 2016)

61
LEGISLAÇÃO

§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próte-
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às ses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento,
consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas neces-
à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am- 2016)
biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em frequente de crianças na primeira infância receberão for-
articulação com o sistema de ensino competente, visando mação específica e permanente para a detecção de sinais
ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para
nº 13.257, de 2016) o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela
Art. 9º O poder público, as instituições e os empre- Lei nº 13.257, de 2016)
gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
privativa de liberdade. cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, responsável, nos casos de internação de criança ou adoles-
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação cente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas-
materno e à alimentação complementar saudável, de for- tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
ma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamen-
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neo- te comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localida-
natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação
de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de dada pela Lei nº 13.010, de 2014)
2016) § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamen-
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são te encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infân-
obrigados a: cia e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra- § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; entrada, os serviços de assistência social em seu compo-
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de nente especializado, o Centro de Referência Especializado
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Siste-
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela au- ma de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
toridade administrativa competente; deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera- crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nas- ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
cido, bem como prestar orientação aos pais; lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (In-
necessariamente as intercorrências do parto e do desen- cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
volvimento do neonato; Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao mas de assistência médica e odontológica para a preven-
neonato a permanência junto à mãe. ção das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
VI - acompanhar a prática do processo de amamen- lação infantil, e campanhas de educação sanitária para pais,
tação, prestando orientações quanto à técnica adequada, educadores e alunos.
enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, uti- § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
lizando o corpo técnico já existente. (Incluído pela Lei nº recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado
13.436, de 2017) (Vigência) do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans-
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin- versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-
cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro- dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei
moção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3o A atenção odontológica à criança terá função edu-
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne- bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei
nº 13.257, de 2016)

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LEGISLAÇÃO

§ 4o A criança com necessidade de cuidados odontoló- a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
gicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010,
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) de 2014)
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou ou- Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
tro instrumento construído com a finalidade de facilitar a os responsáveis, os agentes públicos executores de medi-
detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da das socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de
criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. (In- cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los
cluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (Vigência) ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina,
Capítulo II educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas,
que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda- (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos de proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi-
leis. quiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes III - encaminhamento a cursos ou programas de orien-
aspectos: tação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento
comunitários, ressalvadas as restrições legais; especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - opinião e expressão; V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - crença e culto religioso; Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se-
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras
V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis- providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
criminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei; Capítulo III
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabili- Seção I
dade da integridade física, psíquica e moral da criança e Disposições Gerais
do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado
espaços e objetos pessoais. e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian- família substituta, assegurada a convivência familiar e co-
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra- munitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
constrangedor. § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de em programa de acolhimento familiar ou institucional terá
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, devendo a autoridade judiciária competente, com base em
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, relatório elaborado por equipe interprofissional ou multi-
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, disciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibi-
pelos agentes públicos executores de medidas socioeduca- lidade de reintegração familiar ou colocação em família
tivas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
13.010, de 2014) § 2o A permanência da criança e do adolescente em
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: programa de acolhimento institucional não se prolongará
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada neces-
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni- sidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou fundamentada pela autoridade judiciária. (Redação dada
o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, pela Lei nº 13.509, de 2017)
de 2014) § 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de adolescente à sua família terá preferência em relação a
2014) qualquer outra providência, caso em que será esta incluída
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) em serviços e programas de proteção, apoio e promoção,
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescen- art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
te que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

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LEGISLAÇÃO

§ 4o Será garantida a convivência da criança e do ado- Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de
lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por acolhimento institucional ou familiar poderão participar de
meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509,
nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade de 2017)
responsável, independentemente de autorização judicial. § 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e pro-
(Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) porcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à
§ 5o Será garantida a convivência integral da criança instituição para fins de convivência familiar e comunitária
com a mãe adolescente que estiver em acolhimento insti- e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos
tucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. (In-
§ 6o A mãe adolescente será assistida por equipe es- cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
pecializada multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de § 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017) § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimen-
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o to. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância e da § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser apa-
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) drinhado será definido no âmbito de cada programa de
§ 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe in- apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adoles-
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que centes com remota possibilidade de reinserção familiar ou
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando colocação em família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509,
inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e puer- de 2017)
peral. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária po- apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão
derá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, ser executados por órgãos públicos ou por organizações
mediante sua expressa concordância, à rede pública de da sociedade civil. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
saúde e assistência social para atendimento especializado.
§ 6o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento,
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
os responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhi-
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida nos
mento deverão imediatamente notificar a autoridade judi-
termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o
ciária competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casa-
período. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali-
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e
ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
de não existir outro representante da família extensa apto
relativas à filiação.
a receber a guarda, a autoridade judiciária competente de-
verá decretar a extinção do poder familiar e determinar a Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade
colocação da criança sob a guarda provisória de quem es- de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispu-
tiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva ser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
programa de acolhimento familiar ou institucional. (Incluí- de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciá-
do pela Lei nº 13.509, de 2017) ria competente para a solução da divergência. (Expressão
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou pai in- Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guar-
dicado, deve ser manifestada na audiência a que se refere o da e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
§ 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) determinações judiciais.
§ 6o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
§ 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compar-
(quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do tilhados no cuidado e na educação da criança, devendo
dia seguinte à data do término do estágio de convivência. ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) crenças e culturas, assegurados os direitos da criança esta-
§ 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - mani- belecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
festada em audiência ou perante a equipe interprofissional Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
- da entrega da criança após o nascimento, a criança será constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
mantida com os genitores, e será determinado pela Justi- do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
ça da Infância e da Juventude o acompanhamento familiar de 2009) Vigência
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Incluído pela Lei § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize
nº 13.509, de 2017) a decretação da medida, a criança ou o adolescente será
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nasci- mantido em sua família de origem, a qual deverá obriga-
mento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído toriamente ser incluída em serviços e programas oficiais
pela Lei nº 13.509, de 2017) de proteção, apoio e promoção. (Redação dada pela Lei nº
§ 10. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) 13.257, de 2016)

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LEGISLAÇÃO

§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não impli- § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
cará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela Lei nº 12.962, que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
de 2014) diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompi-
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão mento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei nº
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, 12.010, de 2009) Vigência
nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipóte- § 5o A colocação da criança ou adolescente em famí-
se de descumprimento injustificado dos deveres e obriga- lia substituta será precedida de sua preparação gradativa e
ções a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº acompanhamento posterior, realizados pela equipe interpro-
12.010, de 2009) Vigência fissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, pre-
ferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela
Seção II execução da política municipal de garantia do direito à convi-
Da Família Natural vência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo,
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gência
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou am- I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade
pliada aquela que se estende para além da unidade pais e social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como
filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próxi- suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com
mos com os quais a criança ou adolescente convive e man- os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela
tém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente,
seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma et-
no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
nia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão fe-
origem da filiação.
deral responsável pela política indigenista, no caso de crian-
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
ças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se dei-
equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompa-
xar descendentes.
nhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di-
reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qual- a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade
quer restrição, observado o segredo de Justiça. com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar
adequado.
Seção III Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
Da Família Substituta transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a en-
Subseção I tidades governamentais ou não-governamentais, sem auto-
Disposições Gerais rização judicial.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á me- constitui medida excepcional, somente admissível na moda-
diante guarda, tutela ou adoção, independentemente da si- lidade de adoção.
tuação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
Lei. prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente encargo, mediante termo nos autos.
será previamente ouvido por equipe interprofissional, res-
peitado seu estágio de desenvolvimento e grau de com- Subseção II
preensão sobre as implicações da medida, e terá sua opi- Da Guarda
nião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência mate-
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, rial, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo
será necessário seu consentimento, colhido em audiência. a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetivida- podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos pro-
de, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes cedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por es-
da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência trangeiros.

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LEGISLAÇÃO

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu- documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único
liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Có-
podendo ser deferido o direito de representação para a digo Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura
prática de atos determinados. da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle ju-
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con- dicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts.
dição de dependente, para todos os fins e efeitos de direi- 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
to, inclusive previdenciários. 2009) Vigência
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
a medida for aplicada em preparação para adoção, o de- somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na dispo-
ferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros sição de última vontade, se restar comprovado que a medida
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, as- é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em
sim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto melhores condições de assumi-la. (Redação dada pela Lei nº
de regulamentação específica, a pedido do interessado ou 12.010, de 2009) Vigência
do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
Vigência art. 24.
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis-
tência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, Subseção IV
sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado Da Adoção
do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em progra- segundo o disposto nesta Lei.
mas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhi- § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual
mento institucional, observado, em qualquer caso, o cará- se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de
ter temporário e excepcional da medida, nos termos desta manutenção da criança ou adolescente na família natural ou
extensa, na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou casal
§ 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá
nº 12.010, de 2009) Vigência
receber a criança ou adolescente mediante guarda, obser-
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do
vado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
Lei nº 12.010, de 2009)
devem prevalecer os direitos e os interesses do adotando.
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
acolhimento em família acolhedora como política pública,
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhi- zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda
mento temporário de crianças e de adolescentes em re- ou tutela dos adotantes.
sidências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa- Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adota-
nhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído do, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
pela Lei nº 13.257, de 2016) desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, os impedimentos matrimoniais.
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repas- outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o
se de recursos para a própria família acolhedora. (Incluído cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem- seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-
po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministé- dentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vo-
rio Público. cação hereditária.
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
Subseção III independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei
Da Tutela nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, adotando.
a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação § 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os ado-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tantes sejam casados civilmente ou mantenham união es-
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a tável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada
prévia decretação da perda ou suspensão do poder fami- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
liar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expres- § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mais velho do que o adotando.

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LEGISLAÇÃO

§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os § 4o O estágio de convivência será acompanhado pela


ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res-
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons- ponsáveis pela execução da política de garantia do direito
tância do período de convivência e que seja comprovada a à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso
existência de vínculos de afinidade e afetividade com aque- acerca da conveniência do deferimento da medida. (Incluído
le não detentor da guarda, que justifiquem a excepciona- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
lidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 5o O estágio de convivência será cumprido no terri-
2009) Vigência tório nacional, preferencialmente na comarca de residência
§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que de- da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade
monstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do
a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da juízo da comarca de residência da criança. (Incluído pela Lei
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. (Re- nº 13.509, de 2017)
dação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no do qual não se fornecerá certidão.
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(In- § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pais, bem como o nome de seus ascendentes.
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos registro original do adotado.
legítimos. § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua re-
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador ado- sidência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tar o pupilo ou o curatelado. § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº
ou do representante legal do adotando. 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a mo-
ou tenham sido destituídos do poder familiar. (Expressão dificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos § 6o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
de idade, será também necessário o seu consentimento. adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o dis-
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de con- posto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela
vivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máxi- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em
ou adolescente e as peculiaridades do caso. (Redação dada julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista
pela Lei nº 13.509, de 2017) no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do § 8o O processo relativo à adoção assim como outros
adotante durante tempo suficiente para que seja possível a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, ga-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência rantida a sua conservação para consulta a qualquer tempo.
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de ado-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ção em que o adotando for criança ou adolescente com de-
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste ficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955,
artigo pode ser prorrogado por até igual período, median- de 2014)
te decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Incluí- § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção
do pela Lei nº 13.509, de 2017) será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente por igual período, mediante decisão fundamentada da auto-
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será ridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judi- no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
ciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, 12.010, de 2009) Vigência
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos,
o deferimento da adoção à autoridade judiciária. (Incluído a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e
pela Lei nº 13.509, de 2017) psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o po- § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência
der familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela de pretendentes habilitados residentes no País com perfil
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência compatível e interesse manifesto pela adoção de crian-
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co- ça ou adolescente inscrito nos cadastros existentes, será
marca ou foro regional, um registro de crianças e adoles- realizado o encaminhamento da criança ou adolescente à
centes em condições de serem adotados e outro de pes- adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
soas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) de 2017)
Vigência § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes-
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministé- que possível e recomendável, será colocado sob guarda de
rio Público. família cadastrada em programa de acolhimento familiar.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das § 12. A alimentação do cadastro e a convocação cri-
hipóteses previstas no art. 29. teriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será prece- Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
dida de um período de preparação psicossocial e jurídica, Vigência
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa-
ponsáveis pela execução da política municipal de garan- mente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº
tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a prepa- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ração referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com II - for formulada por parente com o qual a criança ou
crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou insti- adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
tucional em condições de serem adotados, a ser realizado (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou
da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos téc- guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adoles-
nicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela cente, desde que o lapso de tempo de convivência com-
execução da política municipal de garantia do direito à prove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das si-
Vigência tuações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído
§ 5o Serão criados e implementados cadastros esta- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
duais e nacional de crianças e adolescentes em condições § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência que preenche os requisitos necessários à adoção, confor-
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais me previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
residentes fora do País, que somente serão consultados na Vigência
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos ca- § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pes-
dastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei soas interessadas em adotar criança ou adolescente com
nº 12.010, de 2009) Vigência deficiência, com doença crônica ou com necessidades
§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (Incluído
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo- pela Lei nº 13.509, de 2017)
lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para Art. 51. Considera-se adoção internacional aque-
melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) la na qual o pretendente possui residência habitual em
Vigência país-parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993,
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Ma-
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e téria de Adoção Internacional, promulgada pelo Decreto
adolescentes em condições de serem adotados que não no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar criança em
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei nº
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à 13.509, de 2017)
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § § 1o A adoção internacional de criança ou adolescen-
5o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído te brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela 12.010, de 2009) Vigência
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com I - que a colocação em família adotiva é a solução
posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasi- adequada ao caso concreto; (Redação dada pela Lei nº
leira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 13.509, de 2017)

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LEGISLAÇÃO

II - que foram esgotadas todas as possibilidades de VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
colocação da criança ou adolescente em família adotiva Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangei-
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
com perfil compatível com a criança ou adolescente, após necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe
consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; (Redação esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expe-
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) dido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei nº
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio 12.010, de 2009) Vigência
de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado
medida, mediante parecer elaborado por equipe interpro- será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o
fissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a criança ou adolescente, conforme indicação efetuada pela
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe- Autoridade Central Estadual. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
rência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional 2009) Vigência
de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o autori-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência zar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção inter-
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção nacional sejam intermediados por organismos credenciados.
das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o
de 2009) Vigência credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros en-
Art. 52. A adoção internacional observará o procedi- carregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as se- internacional, com posterior comunicação às Autoridades
guintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de im-
prensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei nº
2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado-
§ 3o Somente será admissível o credenciamento de or-
tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pe-
ganismos que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven-
em matéria de adoção internacional no país de acolhida,
ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Auto-
assim entendido aquele onde está situada sua residência
ridade Central do país onde estiverem sediados e no país de
habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
acolhida do adotando para atuar em adoção internacional
II - se a Autoridade Central do país de acolhida con-
no Brasil; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos para II - satisfizerem as condições de integridade moral,
adotar, emitirá um relatório que contenha informações so- competência profissional, experiência e responsabilidade
bre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Central
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua gência
aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluído III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência formação e experiência para atuar na área de adoção inter-
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará nacional; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamen-
Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº to jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Auto-
12.010, de 2009) Vigência ridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010,
IV - o relatório será instruído com toda a documen- de 2009) Vigência
tação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluí-
por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condi-
de vigência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ções e dentro dos limites fixados pelas autoridades compe-
V - os documentos em língua estrangeira serão devida- tentes do país onde estiverem sediados, do país de acolhida
mente autenticados pela autoridade consular, observados e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído pela
os tratados e convenções internacionais, e acompanhados Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprova-
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exi- da formação ou experiência para atuar na área de adoção
gências e solicitar complementação sobre o estudo psi- internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
cossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Bra-
no país de acolhida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) sileira, mediante publicação de portaria do órgão federal
Vigência competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

69
LEGISLAÇÃO

III - estar submetidos à supervisão das autoridades § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
competentes do país onde estiverem sediados e no país representados por mais de uma entidade credenciada para
de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona- atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluído pela
mento e situação financeira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domi-
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasilei- ciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano,
ra, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
bem como relatório de acompanhamento das adoções in- Vigência
ternacionais efetuadas no período, cuja cópia será encami- § 14. É vedado o contato direto de representantes de
nhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluído pela organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com diri-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gentes de programas de acolhimento institucional ou fami-
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Au- liar, assim como com crianças e adolescentes em condições
toridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade de serem adotados, sem a devida autorização judicial. (Incluí-
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá li-
cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidada- mitar ou suspender a concessão de novos credenciamentos
nia do país de acolhida para o adotado; (Incluído pela Lei sempre que julgar necessário, mediante ato administrativo
nº 12.010, de 2009) Vigência fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên-
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os cia
adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Bra- Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
sileira cópia da certidão de registro de nascimento estran- descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
geira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam organismos estrangeiros encarregados de intermediar pe-
concedidos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência didos de adoção internacional a organismos nacionais ou a
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
4o deste artigo pelo organismo credenciado poderá acarre- Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
tar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído pela Lei ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adoles-
nº 12.010, de 2009) Vigência cente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo Con-
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou es- selho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluído pela
trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser con- adoção tenha sido processado em conformidade com a le-
cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade gislação vigente no país de residência e atendido o disposto
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será auto-
ao término do respectivo prazo de validade. (Incluído pela maticamente recepcionada com o reingresso no Brasil. (In-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que con- § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser
do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela
12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju- § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em
diciária determinará a expedição de alvará com autoriza- país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingres-
ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte, sado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença
constando, obrigatoriamente, as características da criança estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela
ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins- for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente
truindo o documento com cópia autenticada da decisão do país de origem da criança ou do adolescente será conhe-
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº cida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o
12.010, de 2009) Vigência pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a fato à Autoridade Central Federal e determinará as providên-
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação cias necessárias à expedição do Certificado de Naturalização
das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Auto- decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta-
ridade Central Federal Brasileira e que não estejam devida- mente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse
mente comprovados, é causa de seu descredenciamento. superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO

§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá ime- matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
diatamente requerer o que for de direito para resguardar os Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comu- I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
nicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autorida- II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco-
de Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº 12.010, de lar, esgotados os recursos escolares;
2009) Vigência III - elevados níveis de repetência.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, expe-
o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país riências e novas propostas relativas a calendário, seriação,
de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhi- currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à
da, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido fundamental obrigatório.
à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os
da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- valores culturais, artísticos e históricos próprios do contex-
gência to social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes
Capítulo IV a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, voltadas para a infância e a juventude.
assegurando-se-lhes: Capítulo V
I - igualdade de condições para o acesso e permanência Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Traba-
na escola; lho
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo re-
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
correr às instâncias escolares superiores;
(Vide Constituição Federal)
IV - direito de organização e participação em entidades
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
estudantis;
gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua re-
nesta Lei.
sidência.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técni-
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
co-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
ciência do processo pedagógico, bem como participar da de-
finição das propostas educacionais. legislação de educação em vigor.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao ado- Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
lescente: seguintes princípios:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; sino regular;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade II - atividade compatível com o desenvolvimento do
ao ensino médio; adolescente;
III - atendimento educacional especializado aos portado- III - horário especial para o exercício das atividades.
res de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de assegurada bolsa de aprendizagem.
zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
de 2016) anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previden-
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesqui- ciários.
sa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse-
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condi- gurado trabalho protegido.
ções do adolescente trabalhador; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em re-
VII - atendimento no ensino fundamental, através de pro- gime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
gramas suplementares de material didático-escolar, transpor- em entidade governamental ou não-governamental, é ve-
te, alimentação e assistência à saúde. dado trabalho:
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
público subjetivo. dia e as cinco horas do dia seguinte;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo po- II - perigoso, insalubre ou penoso;
der público ou sua oferta irregular importa responsabilidade III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
da autoridade competente. ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos IV - realizado em horários e locais que não permitam
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos a frequência à escola.
pais ou responsável, pela frequência à escola.

71
LEGISLAÇÃO

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
educativo, sob responsabilidade de entidade governamental visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
ao adolescente que dele participe condições de capacitação responsáveis com o objetivo de promover a informação, a
para o exercício de atividade regular remunerada. reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade la- de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
boral em que as exigências pedagógicas relativas ao desen- processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
volvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para
o aspecto produtivo. a articulação de ações e a elaboração de planos de atua-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra- ção conjunta focados nas famílias em situação de violência,
balho efetuado ou a participação na venda dos produtos de com participação de profissionais de saúde, de assistência
seu trabalho não desfigura o caráter educativo. social e de educação e de órgãos de promoção, proteção
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído
e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, pela Lei nº 13.010, de 2014)
entre outros: Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen-
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- tes com deficiência terão prioridade de atendimento nas
volvimento; ações e políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluí-
II - capacitação profissional adequada ao mercado de do pela Lei nº 13.010, de 2014)
trabalho. Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
Título III contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco-
Da Prevenção nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos
Capítulo I de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes.
Disposições Gerais (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela co-
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de amea- municação de que trata este artigo, as pessoas encarrega-
ça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. das, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crian-
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora- ças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o in-
ção de políticas públicas e na execução de ações destinadas justificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
degradante e difundir formas não violentas de educação de Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a in-
crianças e de adolescentes, tendo como principais ações: (In- formação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
I - a promoção de campanhas educativas permanentes de pessoa em desenvolvimento.
para a divulgação do direito da criança e do adolescente de Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de por ela adotados.
proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-
de 2014) portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do nos termos desta Lei.
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Ado- Capítulo II
lescente e com as entidades não governamentais que atuam Da Prevenção Especial
na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do Seção I
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
III - a formação continuada e a capacitação dos profis- e Espetáculos
sionais de saúde, educação e assistência social e dos demais
agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos di- Art. 74. O poder público, através do órgão competen-
reitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento te, regulará as diversões e espetáculos públicos, informan-
das competências necessárias à prevenção, à identificação do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas recomendem, locais e horários em que sua apresentação
as formas de violência contra a criança e o adolescente; (In- se mostre inadequada.
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací- petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e o acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca-
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi-
cada no certificado de classificação.

72
LEGISLAÇÃO

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di- Seção III
versões e espetáculos públicos classificados como adequa- Da Autorização para Viajar
dos à sua faixa etária.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so- Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da
mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre- comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res-
sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou ponsável, sem expressa autorização judicial.
responsável. § 1º A autorização não será exigida quando:
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
exibirão, no horário recomendado para o público infanto criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na
juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, mesma região metropolitana;
culturais e informativas. b) a criança estiver acompanhada:
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta- 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de grau, comprovado documentalmente o parentesco;
sua transmissão, apresentação ou exibição. 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio- pai, mãe ou responsável.
nários de empresas que explorem a venda ou aluguel de § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
venda ou locação em desacordo com a classificação atri- Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a auto-
buída pelo órgão competente. rização é dispensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo de- I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon-
verão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da sável;
obra e a faixa etária a que se destinam. II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-
Art. 78. As revistas e publicações contendo material pressamente pelo outro através de documento com firma
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deve- reconhecida.
rão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a ad- Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
vertência de seu conteúdo. nenhuma criança ou adolescente nascido em território na-
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
pas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
residente ou domiciliado no exterior.
sejam protegidas com embalagem opaca.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
Parte Especial
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
Título I
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba-
Da Política de Atendimento
co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos
Capítulo I
e sociais da pessoa e da família.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex- Disposições Gerais
plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian-
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per- ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu-
mitida a entrada e a permanência de crianças e adolescen- lado de ações governamentais e não-governamentais, da
tes no local, afixando aviso para orientação do público. União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
Seção II (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Dos Produtos e Serviços I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis-
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente tência social de garantia de proteção social e de prevenção
de: e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou
I - armas, munições e explosivos; reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - bebidas alcoólicas; III - serviços especiais de prevenção e atendimento
III - produtos cujos componentes possam causar de- médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra-
pendência física ou psíquica ainda que por utilização in- tos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
devida; IV - serviço de identificação e localização de pais, res-
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro- V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; dos direitos da criança e do adolescente.
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado- garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento con- de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
gênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou 2009) Vigência
responsável.

73
LEGISLAÇÃO

VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for- Capítulo II


ma de guarda de crianças e adolescentes afastados do Das Entidades de Atendimento
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, Seção I
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades Disposições Gerais
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 90. As entidades de atendimento são responsá-
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: veis pela manutenção das próprias unidades, assim como
I - municipalização do atendimento; pelo planejamento e execução de programas de proteção
II - criação de conselhos municipais, estaduais e na- e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes,
cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos de- em regime de:
liberativos e controladores das ações em todos os níveis, I - orientação e apoio sócio-familiar;
assegurada a participação popular paritária por meio de II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
organizações representativas, segundo leis federal, esta-
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei
duais e municipais;
nº 12.010, de 2009) igência
III - criação e manutenção de programas específicos,
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação
observada a descentralização político-administrativa;
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e mu- VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº
nicipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos 12.594, de 2012) (Vide)
da criança e do adolescente; VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594,
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, de 2012) (Vide)
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis- VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para (Vide)
efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a § 1o As entidades governamentais e não governamen-
quem se atribua autoria de ato infracional; tais deverão proceder à inscrição de seus programas, es-
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, pecificando os regimes de atendimento, na forma definida
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encar- neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Crian-
regados da execução das políticas sociais básicas e de as- ça e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições
sistência social, para efeito de agilização do atendimento e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conse-
de crianças e de adolescentes inseridos em programas de lho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá- 12.010, de 2009) Vigência
pida reintegração à família de origem ou, se tal solução § 2o Os recursos destinados à implementação e ma-
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em nutenção dos programas relacionados neste artigo serão
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos
no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência
2009) Vigência Social, dentre outros, observando-se o princípio da priori-
VII - mobilização da opinião pública para a indispen- dade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo
sável participação dos diversos segmentos da sociedade. caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência parágrafo único do art. 4o desta Lei. (Incluído pela Lei nº
VIII - especialização e formação continuada dos pro- 12.010, de 2009) Vigência
fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à § 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direi-
cente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se
tos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído
critérios para renovação da autorização de funcionamento:
pela Lei nº 13.257, de 2016)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IX - formação profissional com abrangência dos di-
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei,
versos direitos da criança e do adolescente que favoreça a bem como às resoluções relativas à modalidade de aten-
intersetorialidade no atendimento da criança e do adoles- dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos
cente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído
13.257, de 2016) pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen- II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
volvimento infantil e sobre prevenção da violência. (Incluí- atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e
do pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e 12.010, de 2009) Vigência
dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da crian- III - em se tratando de programas de acolhimento
ça e do adolescente é considerada de interesse público re- institucional ou familiar, serão considerados os índices de
levante e não será remunerada. sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009) Vigência

74
LEGISLAÇÃO

Art. 91. As entidades não-governamentais somente po- § 4o Salvo determinação em contrário da autorida-
derão funcionar depois de registradas no Conselho Municipal de judiciária competente, as entidades que desenvolvem
dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne-
o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da res- cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos
pectiva localidade. de assistência social, estimularão o contato da criança ou
§ 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído
a) não ofereça instalações físicas em condições adequa- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; § 5o As entidades que desenvolvem programas de aco-
b) não apresente plano de trabalho compatível com os lhimento familiar ou institucional somente poderão rece-
princípios desta Lei; ber recursos públicos se comprovado o atendimento dos
c) esteja irregularmente constituída; princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e § 6o O descumprimento das disposições desta Lei
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Ado- acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti-
lescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
2009) Vigência administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010,
§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, de 2009) Vigência
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua re- anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial aten-
novação, observado o disposto no § 1odeste artigo. (Incluído ção à atuação de educadores de referência estáveis e qua-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência litativamente significativos, às rotinas específicas e ao aten-
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de aco- dimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
lhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 93. As entidades que mantenham programa de
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da re- acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
integração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
Vigência determinação da autoridade competente, fazendo comu-
II - integração em família substituta, quando esgotados os nicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Reda- da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autorida-
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-e- de judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário
ducação; com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
V - não desmembramento de grupos de irmãos; necessárias para promover a imediata reintegração familiar
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para ou- da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão
tras entidades de crianças e adolescentes abrigados; não for isso possível ou recomendável, para seu encami-
VII - participação na vida da comunidade local; nhamento a programa de acolhimento familiar, institucio-
VIII - preparação gradativa para o desligamento; nal ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do
IX - participação de pessoas da comunidade no processo art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
educativo. Vigência
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - observar os direitos e garantias de que são titulares
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem progra- os adolescentes;
mas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à au- II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
toridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório objeto de restrição na decisão de internação;
circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adoles- III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
cente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista unidades e grupos reduzidos;
no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de res-
2009) Vigência peito e dignidade ao adolescente;
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per- preservação dos vínculos familiares;
manente qualificação dos profissionais que atuam direta VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
ou indiretamente em programas de acolhimento institucio- os casos em que se mostre inviável ou impossível o reata-
nal e destinados à colocação familiar de crianças e adoles- mento dos vínculos familiares;
centes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério VII - oferecer instalações físicas em condições adequa-
Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e
2009) Vigência os objetos necessários à higiene pessoal;

75
LEGISLAÇÃO

VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e II - às entidades não-governamentais:


adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; a) advertência;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto- b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
lógicos e farmacêuticos; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
X - propiciar escolarização e profissionalização; d) cassação do registro.
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por en-
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, tidades de atendimento, que coloquem em risco os direitos
de acordo com suas crenças; assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Mi-
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; nistério Público ou representado perante autoridade judiciá-
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo ria competente para as providências cabíveis, inclusive sus-
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autori- pensão das atividades ou dissolução da entidade. (Redação
dade competente; dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as orga-
sobre sua situação processual; nizações não governamentais responderão pelos danos que
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, carac-
casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-con- terizado o descumprimento dos princípios norteadores das
tagiosas; atividades de proteção específica. (Redação dada pela Lei nº
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences 12.010, de 2009) Vigência
dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompa- Título II
nhamento de egressos; Das Medidas de Proteção
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercí- Capítulo I
cio da cidadania àqueles que não os tiverem; Disposições Gerais
XX - manter arquivo de anotações onde constem data
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acom- cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
panhamento da sua formação, relação de seus pertences e nesta Lei forem ameaçados ou violados:
demais dados que possibilitem sua identificação e a individua- I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
lização do atendimento. II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons- III - em razão de sua conduta.
tantes deste artigo às entidades que mantêm programas de
acolhimento institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº Capítulo II
12.010, de 2009) Vigência Das Medidas Específicas de Proteção
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recursos da Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
comunidade. aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituí-
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem das a qualquer tempo.
ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta
temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacita- as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que vi-
dos a reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou sem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
ocorrências de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) Parágrafo único. São também princípios que regem a
aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Seção II Vigência
Da Fiscalização das Entidades I - condição da criança e do adolescente como sujeitos
de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direi-
Art. 95. As entidades governamentais e não-governa- tos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constitui-
mentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, ção Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. II - proteção integral e prioritária: a interpretação e apli-
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas cação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser
serão apresentados ao estado ou ao município, conforme a voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que
origem das dotações orçamentárias. crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei nº
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi- 12.010, de 2009) Vigência
mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem III - responsabilidade primária e solidária do poder pú-
prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes blico: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e
ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo
I - às entidades governamentais: nos casos por esta expressamente ressalvados, é de respon-
a) advertência; sabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de governo,
b) afastamento provisório de seus dirigentes; sem prejuízo da municipalização do atendimento e da pos-
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; sibilidade da execução de programas por entidades não go-
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. vernamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

76
LEGISLAÇÃO

IV - interesse superior da criança e do adolescente: a V - requisição de tratamento médico, psicológico ou


intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da conside- VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
ração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma-
da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; (In- nos;
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da nº 12.010, de 2009) Vigência
criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades nº 12.010, de 2009) Vigência
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fa-
seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida como forma de transição para reintegração familiar ou, não
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja sendo esta possível, para colocação em família substituta,
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº
da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-
criança ou o adolescente se encontram no momento em que mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- competência exclusiva da autoridade judiciária e importará
gência na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten-
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela
2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
proteção da criança e do adolescente deve ser dada preva- encaminhados às instituições que executam programas
lência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua de acolhimento institucional, governamentais ou não, por
família natural ou extensa ou, se isso não for possível, que meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-
promovam a sua integração em família adotiva; (Redação dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o ado- I - sua identificação e a qualificação completa de seus
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e capa- pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela
cidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram II - o endereço de residência dos pais ou do responsá-
a intervenção e da forma como esta se processa; (Incluído vel, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado- III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
lescente, em separado ou na companhia dos pais, de respon- em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
sável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais 2009) Vigência
ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos IV - os motivos da retirada ou da não reintegração
atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela Vigência
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
§§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
2009) Vigência acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
outras, as seguintes medidas: em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante que também deverá contemplar sua colocação em família
termo de responsabilidade; substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. (In-
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- § 5o O plano individual será elaborado sob a respon-
mento oficial de ensino fundamental; sabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comu- atendimento e levará em consideração a opinião da criança
nitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

77
LEGISLAÇÃO

§ 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Ca-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pítulo serão acompanhadas da regularização do registro civil.
I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o as-
II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; sento de nascimento da criança ou adolescente será feito à
e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da au-
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a toridade judiciária.
criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsá- § 2º Os registros e certidões necessários à regularização
vel, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada de que trata este artigo são isentos de multas, custas e emo-
por expressa e fundamentada determinação judicial, as provi- lumentos, gozando de absoluta prioridade.
dências a serem tomadas para sua colocação em família substi- § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será defla-
tuta, sob direta supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela grado procedimento específico destinado à sua averiguação,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de dezembro de
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é dis-
parte do processo de reintegração familiar, sempre que identifi- pensável o ajuizamento de ação de investigação de paterni-
cada a necessidade, a família de origem será incluída em progra- dade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento
mas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o ado- atribuída, a criança for encaminhada para adoção. (Incluído
lescente acolhido. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res- § 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimen-
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista to são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 2016)
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação reque-
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca- rida do reconhecimento de paternidade no assento de nas-
minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, cimento e a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado nº 13.257, de 2016)
ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada
das providências tomadas e a expressa recomendação, subscri- Título III
ta pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da Da Prática de Ato Infracional
política municipal de garantia do direito à convivência familiar, Capítulo I
para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou Disposições Gerais
guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do como crime ou contravenção penal.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estu- Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
dos complementares ou de outras providências indispensáveis dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
ao ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser con-
de 2017) siderada a idade do adolescente à data do fato.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corres-
ou foro regional, um cadastro contendo informações atualiza- ponderão as medidas previstas no art. 101.
das sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informa- Capítulo II
ções pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem Dos Direitos Individuais
como as providências tomadas para sua reintegração familiar
ou colocação em família substituta, em qualquer das modalida- Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
des previstas no art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de berdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
2009) Vigência escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con- Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifica-
selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos ção dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser infor-
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da As- mado acerca de seus direitos.
sistência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implemen- Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
tação de políticas públicas que permitam reduzir o número de onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados
crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar à autoridade judiciária competente e à família do apreendido
o período de permanência em programa de acolhimento. (In- ou à pessoa por ele indicada.
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.

78
LEGISLAÇÃO

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser Seção II


determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Da Advertência
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, de- Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
monstrada a necessidade imperiosa da medida. verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de Seção III
proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo Da Obrigação de Reparar o Dano
dúvida fundada.
Capítulo III Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re-
Das Garantias Processuais flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
sem o devido processo legal. prejuízo da vítima.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
seguintes garantias: a medida poderá ser substituída por outra adequada.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infra-
cional, mediante citação ou meio equivalente; Seção IV
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se Da Prestação de Serviços à Comunidade
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessá-
rias à sua defesa; Art. 117. A prestação de serviços comunitários con-
III - defesa técnica por advogado; siste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
na forma da lei; assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com- congêneres, bem como em programas comunitários ou
petente; governamentais.
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsá-
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
vel em qualquer fase do procedimento.
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas du-
rante jornada máxima de oito horas semanais, aos sába-
Capítulo IV
dos, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
Das Medidas Sócio-Educativas
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
Seção I
trabalho.
Disposições Gerais

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade Seção V


competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: Da Liberdade Assistida
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
III - prestação de serviços à comunidade; que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
IV - liberdade assistida; acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
V - inserção em regime de semi-liberdade; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
VI - internação em estabelecimento educacional; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. entidade ou programa de atendimento.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
infração. gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admiti- orientador, o Ministério Público e o defensor.
da a prestação de trabalho forçado. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência pervisão da autoridade competente, a realização dos se-
mental receberão tratamento individual e especializado, em local guintes encargos, entre outros:
adequado às suas condições. I - promover socialmente o adolescente e sua família,
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
100. em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II social;
a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
remissão, nos termos do art. 127. III - diligenciar no sentido da profissionalização do
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
que houver prova da materialidade e indícios suficientes da au- IV - apresentar relatório do caso.
toria.

79
LEGISLAÇÃO

Seção VI Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberda-


Do Regime de Semi-liberdade de, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser deter- Ministério Público;
minado desde o início, ou como forma de transição para o II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
independentemente de autorização judicial. IV - ser informado de sua situação processual, sempre
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionaliza- que solicitada;
ção, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos V - ser tratado com respeito e dignidade;
existentes na comunidade. VI - permanecer internado na mesma localidade ou na-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplican- quela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
do-se, no que couber, as disposições relativas à internação. VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
Seção VII IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio
Da Internação pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de hi-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liber- giene e salubridade;
dade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e XI - receber escolarização e profissionalização;
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa deter- XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
minação judicial em contrário. e desde que assim o deseje;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, deven- XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
do sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão funda- de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-
queles porventura depositados em poder da entidade;
mentada, no máximo a cada seis meses.
XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu-
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter-
mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
nação excederá a três anos.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempo-
o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de
rariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se exis-
semi-liberdade ou de liberdade assistida.
tirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos
interesses do adolescente.
de idade.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedi- e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas ade-
da de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. quadas de contenção e segurança.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (In- Capítulo V
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Da Remissão
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada
quando: Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave apuração de ato infracional, o representante do Ministério
ameaça ou violência a pessoa; Público poderá conceder a remissão, como forma de exclu-
II - por reiteração no cometimento de outras infrações são do processo, atendendo às circunstâncias e consequên-
graves; cias do fato, ao contexto social, bem como à personalidade
III - por descumprimento reiterado e injustificável da me- do adolescente e sua maior ou menor participação no ato
dida anteriormente imposta. infracional.
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser da remissão pela autoridade judiciária importará na suspen-
decretada judicialmente após o devido processo legal. (Reda- são ou extinção do processo.
ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 127. A remissão não implica necessariamente o re-
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, conhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
havendo outra medida adequada. prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir even-
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade tualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele desti- lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a in-
nado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios ternação.
de idade, compleição física e gravidade da infração. Art. 128. A medida aplicada por força da remissão pode-
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu- rá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pe-
sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. dido expresso do adolescente ou de seu representante legal,
ou do Ministério Público.

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LEGISLAÇÃO

Título IV Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,


Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclu-
sive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon- quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº
sável: 12.696, de 2012)
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696,
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; de 2012)
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma- pela Lei nº 12.696, de 2012)
nos; III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- de 2012)
quiátrico; IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien- de 2012)
tação; V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696,
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom- de 2012)
panhar sua frequência e aproveitamento escolar; Parágrafo único. Constará da lei orçamentária munici-
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente pal e da do Distrito Federal previsão dos recursos neces-
a tratamento especializado; sários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remune-
VII - advertência; ração e formação continuada dos conselheiros tutelares.
VIII - perda da guarda; (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
IX - destituição da tutela; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
X - suspensão ou destituição do poder familiar. (Ex- constituirá serviço público relevante e estabelecerá pre-
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº
12.696, de 2012)
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
Capítulo II
nos arts. 23 e 24.
Das Atribuições do Conselho
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres-
são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável,
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a
no art. 101, I a VII;
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a crian- II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
ça ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
pela Lei nº 12.415, de 2011) III - promover a execução de suas decisões, podendo
para tanto:
Título V a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-
Do Conselho Tutelar cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Capítulo I b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
Disposições Gerais de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- que constitua infração administrativa ou penal contra os
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de direitos da criança ou adolescente;
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do ado- V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
lescente, definidos nesta Lei. competência;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração o adolescente autor de ato infracional;
pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos VII - expedir notificações;
pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, per- VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
mitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de es- criança ou adolescente quando necessário;
colha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho da proposta orçamentária para planos e programas de
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
I - reconhecida idoneidade moral; X - representar, em nome da pessoa e da família, con-
II - idade superior a vinte e um anos; tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso
III - residir no município. II, da Constituição Federal;

81
LEGISLAÇÃO

XI - representar ao Ministério Público para efeito das Título VI


ações de perda ou suspensão do poder familiar, após es- Do Acesso à Justiça
gotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do Capítulo I
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei nº Disposições Gerais
12.010, de 2009) Vigência
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru- Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado-
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o que dela necessitarem, através de defensor público ou ad-
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do con- vogado nomeado.
vívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumen-
entendimento e as providências tomadas para a orientação, tos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
o apoio e a promoção social da família. (Incluído pela Lei nº Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre-
12.010, de 2009) Vigência sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de forma da legislação civil ou processual.
quem tenha legítimo interesse. Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
Capítulo III destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
Da Competência quando carecer de representação ou assistência legal ainda
que eventual.
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de com- Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
petência constante do art. 147. ciais e administrativos que digam respeito a crianças e ado-
lescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
Capítulo IV Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
Da Escolha dos Conselheiros não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-
se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentes-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do co, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realiza- (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
do sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direi- Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
tos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministé- que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
rio Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) autoridade judiciária competente, se demonstrado o inte-
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho resse e justificada a finalidade.
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território na-
cional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês Capítulo II
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. Da Justiça da Infância e da Juventude
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Seção I
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia Disposições Gerais
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha.
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer dade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura
natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído pela e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Lei nº 12.696, de 2012)
Seção II
Capítulo V Do Juiz
Dos Impedimentos
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fun-
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ção, na forma da lei de organização judiciária local.
ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobri- Art. 147. A competência será determinada:
nho, padrasto ou madrasta e enteado. I - pelo domicílio dos pais ou responsável;
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse- II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adoles-
lheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judi- cente, à falta dos pais ou responsável.
ciária e ao representante do Ministério Público com atuação § 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a
na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comar- autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
ca, foro regional ou distrital. regras de conexão, continência e prevenção.

82
LEGISLAÇÃO

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à II - a participação de criança e adolescente em:
autoridade competente da residência dos pais ou respon- a) espetáculos públicos e seus ensaios;
sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a b) certames de beleza.
criança ou adolescente. § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmis- judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
são simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma a) os princípios desta Lei;
comarca, será competente, para aplicação da penalidade, a b) as peculiaridades locais;
autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora c) a existência de instalações adequadas;
ou rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmisso- d) o tipo de frequência habitual ao local;
ras ou retransmissoras do respectivo estado. e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é compe- frequência de crianças e adolescentes;
tente para: f) a natureza do espetáculo.
I - conhecer de representações promovidas pelo Minis- § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determi-
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; nações de caráter geral.
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
extinção do processo; Seção III
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; Dos Serviços Auxiliares
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses indi-
viduais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescen- Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
te, observado o disposto no art. 209; proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da In-
em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabí- fância e da Juventude.
veis; Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, for-
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de in-
necer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente,
frações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselha-
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
mento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegura-
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado-
da a livre manifestação do ponto de vista técnico.
lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servido-
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
res públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, espécies de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por de-
perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão subs- terminação judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à
tituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nomeação de perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105,
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casa- de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído
mento; pela Lei nº 13.509, de 2017)
d) conhecer de pedidos baseados em discordância pa-
terna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; Capítulo III
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Dos Procedimentos
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, Seção I
quando faltarem os pais; Disposições Gerais
f) designar curador especial em casos de apresentação
de queixa ou representação, ou de outros procedimentos ju- Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
diciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
adolescente; processual pertinente.
g) conhecer de ações de alimentos; § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri- absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
mento dos registros de nascimento e óbito. nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
através de portaria, ou autorizar, mediante alvará: § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia
desacompanhado dos pais ou responsável, em: do começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em
a) estádio, ginásio e campo desportivo; dobro para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído
b) bailes ou promoções dançantes; pela Lei nº 13.509, de 2017)
c) boate ou congêneres; Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não correspon-
d) casa que explore comercialmente diversões eletrô- der a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autorida-
nicas; de judiciária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. providências necessárias, ouvido o Ministério Público.

83
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para § 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
o fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua fa- local incerto ou não sabido, serão citados por edital no
mília de origem e em outros procedimentos necessariamente prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado
contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o envio de ofícios para a localização. (Incluído pela Lei nº
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. 13.509, de 2017)
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
Seção II constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res-
cia posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des-
pacho de nomeação.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
do poder familiar terá início por provocação do Ministério Pú- liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momen-
blico ou de quem tenha legítimo interesse. (Expressão substi- to da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado de-
tuída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência fensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
Art. 156. A petição inicial indicará: Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re-
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se a requerimento das partes ou do Ministério Público.
tratando de pedido formulado por representante do Ministério Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
Público; concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe
III - a exposição sumária do fato e o pedido; interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
logo, o rol de testemunhas e documentos. dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri-
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento mento das partes ou do Ministério Público, determinará a
definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma
a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. (Expres- das causas de suspensão ou destituição do poder familiar
são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de
§ 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária de- janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta Lei. (Re-
terminará, concomitantemente ao despacho de citação e inde- dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pendentemente de requerimento do interessado, a realização § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou mul- 2017)
tidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda,
suspensão ou destituição do poder familiar, ressalvado o dis- será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
posto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei no 13.431, criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-
de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) volvimento e grau de compreensão sobre as implicações
§ 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissio- § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
nal ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, de repre- forem identificados e estiverem em local conhecido, ressal-
sentantes do órgão federal responsável pela política indigenis- vados os casos de não comparecimento perante a Justiça
ta, observado o disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. (Incluído quando devidamente citados. (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 13.509, de 2017) 13.509, de 2017)
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade,
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
documentos. Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi-
§ 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) dias, salvo quando este for o requerente, designando, des-
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado de logo, audiência de instrução e julgamento.
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
§ 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver 2017)
procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o en- § 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério
contrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qual- Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral-
quer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
dia útil em que voltará a fim de efetuar a citação, na hora que escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
designar, nos termos do art. 252 e seguintes da Lei no 13.105, de requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte)
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos.
Lei nº 13.509, de 2017) (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

84
LEGISLAÇÃO

§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo a II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para Lei nº 13.509, de 2017)
sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será
Lei nº 13.509, de 2017) precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela
§ 4o Quando o procedimento de destituição de poder equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude,
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá ne- em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da
cessidade de nomeação de curador especial em favor da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
criança ou adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade dos
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi- detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das informa-
mento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no ções. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
caso de notória inviabilidade de manutenção do poder fami- § 4o O consentimento prestado por escrito não terá va-
liar, dirigir esforços para preparar a criança ou o adolescente lidade se não for ratificado na audiência a que se refere o §
com vistas à colocação em família substituta. (Redação dada 1o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
pela Lei nº 13.509, de 2017) § 5o O consentimento é retratável até a data da realiza-
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a ção da audiência especificada no § 1o deste artigo, e os pais
suspensão do poder familiar será averbada à margem do re- podem exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias,
gistro de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído contado da data de prolação da sentença de extinção do po-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência der familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado
Seção III após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Da Destituição da Tutela 2009) Vigência
§ 7o A família natural e a família substituta receberão a
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pro- devida orientação por intermédio de equipe técnica inter-
cedimento para a remoção de tutor previsto na lei proces- profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
sual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior.
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia do direito à con-
Seção IV
vivência familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Da Colocação em Família Substituta
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque-
rimento das partes ou do Ministério Público, determinará a
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de
realização de estudo social ou, se possível, perícia por equi-
colocação em família substituta:
pe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda
I - qualificação completa do requerente e de seu even-
provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de
tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste;
II - indicação de eventual parentesco do requerente e convivência.
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adoles- Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provi-
cente, especificando se tem ou não parente vivo; sória ou do estágio de convivência, a criança ou o adolescente
III - qualificação completa da criança ou adolescente e será entregue ao interessado, mediante termo de responsabi-
de seus pais, se conhecidos; lidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo peri-
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; cial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente,
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar- Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
se-ão também os requisitos específicos. perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressupos-
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido desti- to lógico da medida principal de colocação em família subs-
tuídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido tituta, será observado o procedimento contraditório previsto
expressamente ao pedido de colocação em família substitu- nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão substituída pela
ta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº 12.010, poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
de 2009) Vigência observado o disposto no art. 35.
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Re- Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente
devidamente assistidas por advogado ou por defensor pú- sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento
blico, para verificar sua concordância com a adoção, no pra- familiar será comunicada pela autoridade judiciária à entidade
zo máximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo por este responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (In-
da petição ou da entrega da criança em juízo, tomando por cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
termo as declarações; e (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

85
LEGISLAÇÃO

Seção V Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de


Da Apuração de Ato Infracional Atribuído ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado
a Adolescente em compartimento fechado de veículo policial, em condi-
ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco
Art. 171. O adolescente apreendido por força de or- à sua integridade física ou mental, sob pena de responsa-
dem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade bilidade.
judiciária. Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de
ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devi-
policial competente. damente autuados pelo cartório judicial e com informação
Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali- sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e
zada para atendimento de adolescente e em se tratando de informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de seus pais
ato infracional praticado em co-autoria com maior, preva- ou responsável, vítima e testemunhas.
lecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará sentante do Ministério Público notificará os pais ou respon-
o adulto à repartição policial própria. sável para apresentação do adolescente, podendo requisitar
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional co- o concurso das polícias civil e militar.
metido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, anterior, o representante do Ministério Público poderá:
parágrafo único, e 107, deverá: I - promover o arquivamento dos autos;
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas II - conceder a remissão;
e o adolescente; III - representar à autoridade judiciária para aplicação
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; de medida sócio-educativa.
III - requisitar os exames ou perícias necessários à Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con-
comprovação da materialidade e autoria da infração.
cedida a remissão pelo representante do Ministério Público,
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante,
mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos
a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
ocorrência circunstanciada.
homologação.
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respon-
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a au-
sável, o adolescente será prontamente liberado pela auto-
toridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumpri-
ridade policial, sob termo de compromisso e responsabili-
dade de sua apresentação ao representante do Ministério mento da medida.
Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despa-
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente cho fundamentado, e este oferecerá representação, designa-
permanecer sob internação para garantia de sua segurança rá outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou
pessoal ou manutenção da ordem pública. ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade poli- a autoridade judiciária obrigada a homologar.
cial encaminhará, desde logo, o adolescente ao represen- Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Mi-
tante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto nistério Público não promover o arquivamento ou conceder
de apreensão ou boletim de ocorrência. a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária,
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au- propondo a instauração de procedimento para aplicação da
toridade policial encaminhará o adolescente à entidade de medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
atendimento, que fará a apresentação ao representante do § 1º A representação será oferecida por petição, que
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po-
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade po- dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
licial. À falta de repartição policial especializada, o adoles- pela autoridade judiciária.
cente aguardará a apresentação em dependência separada § 2º A representação independe de prova pré-constituí-
da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipóte- da da autoria e materialidade.
se, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade clusão do procedimento, estando o adolescente internado
policial encaminhará imediatamente ao representante do provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi-
de ocorrência. ciária designará audiência de apresentação do adolescente,
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
indícios de participação de adolescente na prática de ato da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
infracional, a autoridade policial encaminhará ao represen- § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
tante do Ministério Público relatório das investigações e cientificados do teor da representação, e notificados a com-
demais documentos. parecer à audiência, acompanhados de advogado.

86
LEGISLAÇÃO

§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida
autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente. de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade I - ao adolescente e ao seu defensor;
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determi- II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
nando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação. pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-
a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou se-á unicamente na pessoa do defensor.
responsável. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au- deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sen-
toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabeleci- tença.
mento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as caracterís- Seção V-A
ticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imedia- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
tamente transferido para a localidade mais próxima. Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investi-
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles- gação de Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança
cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde e de Adolescente”
que em seção isolada dos adultos e com instalações apro-
priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na inter-
dias, sob pena de responsabilidade. net com o fim de investigar os crimes previstos nos  arts.
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts.
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848,
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualifi- de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às
cado. seguintes regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a re- I – será precedida de autorização judicial devidamente
missão, ouvirá o representante do Ministério Público, profe- circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limi-
rindo decisão. tes da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Minis-
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de me- tério Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
dida de internação ou colocação em regime de semi-liber- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
dade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente blico ou representação de delegado de polícia e conterá a
não possui advogado constituído, nomeará defensor, desig- demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas
nando, desde logo, audiência em continuação, podendo de- dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investiga-
terminar a realização de diligências e estudo do caso. das e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, que permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído
no prazo de três dias contado da audiência de apresentação, pela Lei nº 13.441, de 2017)
oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemu- sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
nhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpri- não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demons-
das as diligências e juntado o relatório da equipe interpro- trada sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judi-
fissional, será dada a palavra ao representante do Ministério cial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público pode-
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério rão requisitar relatórios parciais da operação de infiltração
da autoridade judiciária, que em seguida proferirá decisão. antes do término do prazo de que trata o inciso II do §
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
comparecer, injustificadamente à audiência de apresenta- § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º des-
ção, a autoridade judiciária designará nova data, determi- te artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de
nando sua condução coercitiva. 2017)
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus- I – dados de conexão: informações referentes a hora,
pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
do procedimento, antes da sentença. Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (In-
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer cluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
medida, desde que reconheça na sentença: II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
I - estar provada a inexistência do fato; endereço de assinante ou de usuário registrado ou auten-
II - não haver prova da existência do fato; ticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação
III - não constituir o fato ato infracional; de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido momento da conexão. 
para o ato infracional. § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios.
adolescente internado, será imediatamente colocado em li- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
berdade.

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LEGISLAÇÃO

 Art. 190-B. As informações da operação de infiltração § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o


serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
pela Lei nº 13.441, de 2017) § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o finitivo de dirigente de entidade governamental, a auto-
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Pú- ridade judiciária oficiará à autoridade administrativa ime-
blico e ao delegado de polícia responsável pela operação, diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
com o objetivo de garantir o sigilo das investigações. (In- substituição.
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori-
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irre-
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios gularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o proces-
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. so será extinto, sem julgamento de mérito.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nosarts. § 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri-
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, gente da entidade ou programa de atendimento.
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela
Lei nº 13.441, de 2017) Seção VII
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar Da Apuração de Infração Administrativa às Nor-
de observar a estrita finalidade da investigação responderá mas de Proteção à Criança e ao Adolescente
pelos excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
2017) Art. 194. O procedimento para imposição de penali-
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público dade administrativa por infração às normas de proteção
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante à criança e ao adolescente terá início por representação
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de
as informações necessárias à efetividade da identidade fic- infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre-
tícia criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
esta Seção será numerado e tombado em livro específico.
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
natureza e as circunstâncias da infração.
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos ele-
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração
trônicos praticados durante a operação deverão ser regis-
seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
trados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e
contrário, dos motivos do retardamento.
ao Ministério Público, juntamente com relatório circunstan-
ciado. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre-
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados sentação de defesa, contado da data da intimação, que
no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e será feita:
apensados ao processo criminal juntamente com o inqué- I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
rito policial, assegurando-se a preservação da identidade lavrado na presença do requerido;
do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente ha-
dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, bilitado, que entregará cópia do auto ou da representação
de 2017) ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certi-
dão;
Seção VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Atendimento IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregulari- tante legal.
dades em entidade governamental e não-governamental Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou re- legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Mi-
presentação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, nistério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
onde conste, necessariamente, resumo dos fatos. Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a au- procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
toridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da en- (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tidade, mediante decisão fundamentada. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no -ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo jun- do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
tar documentos e indicar as provas a produzir. prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciá-
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne- ria, que em seguida proferirá sentença.
cessário, a autoridade judiciária designará audiência de ins-
trução e julgamento, intimando as partes.

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LEGISLAÇÃO

Seção VIII § 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa obri-


(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gatória da preparação referida no § 1o deste artigo inclui-
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção rá o contato com crianças e adolescentes em regime de
acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio à
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo progra-
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, ma de acolhimento familiar e institucional e pela execução
de 2009) Vigência da política municipal de garantia do direito à convivência
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de familiar. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009) Vigência § 3o É recomendável que as crianças e os adolescen-
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou tes acolhidos institucionalmente ou por família acolhedora
casamento, ou declaração relativa ao período de união es- sejam preparados por equipe interprofissional antes da in-
tável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência clusão em família adotiva. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- 2017)
dastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti-
2009) Vigência cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au-
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul-
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela gamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên-
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária
determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
de 2009) Vigência
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equi-
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc-
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade
nico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei
de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº
nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos § 1o A ordem cronológica das habilitações somente
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária
12.010, de 2009) Vigência nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan-
III - requerer a juntada de documentos complementa- do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
res e a realização de outras diligências que entender neces- adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mí-
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe nimo trienalmente mediante avaliação por equipe interpro-
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven- fissional. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá § 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova ado-
subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo ção, será dispensável a renovação da habilitação, bastando
dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou a avaliação por equipe interprofissional. (Incluído pela Lei
maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios nº 13.509, de 2017)
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado,
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em à adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventu- perfil escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedi-
de, preferencialmente com apoio dos técnicos responsá- da. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
veis pela execução da política municipal de garantia do di- § 5o A desistência do pretendente em relação à guar-
reito à convivência familiar e dos grupos de apoio à adoção da para fins de adoção ou a devolução da criança ou do
devidamente habilitados perante a Justiça da Infância e da adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de
Juventude, que inclua preparação psicológica, orientação adoção importará na sua exclusão dos cadastros de ado-
e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de ado- ção (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
lescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habili-
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. tação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogá-
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) vel por igual período, mediante decisão fundamentada da
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

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LEGISLAÇÃO

Capítulo IV Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins-


Dos Recursos tauração de procedimento para apuração de responsabili-
dades se constatar o descumprimento das providências e
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infân- do prazo previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei
cia e da Juventude, inclusive os relativos à execução das nº 12.010, de 2009) Vigência
medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro- Capítulo V
cesso Civil), com as seguintes adaptações: (Redação dada Do Ministério Público
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - os recursos serão interpostos independentemente Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
de preparo; nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei or-
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de- gânica.
claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa Art. 201. Compete ao Ministério Público:
será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº I - conceder a remissão como forma de exclusão do
12.594, de 2012) (Vide) processo;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dis- II - promover e acompanhar os procedimentos relati-
pensarão revisor; vos às infrações atribuídas a adolescentes;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência os procedimentos de suspensão e destituição do poder fa-
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência miliar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guar-
VII - antes de determinar a remessa dos autos à supe- diães, bem como oficiar em todos os demais procedimen-
rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no tos da competência da Justiça da Infância e da Juventude;
caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte-
prazo de cinco dias;
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri-
a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
vão remeterá os autos ou o instrumento à superior instân-
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi-
cia dentro de vinte e quatro horas, independentemente de
póteses do art. 98;
novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública
autos dependerá de pedido expresso da parte interessada
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou cole-
ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados
tivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os de-
da intimação.
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no finidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
art. 149 caberá recurso de apelação. VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz instruí-los:
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será re- a) expedir notificações para colher depoimentos ou
cebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tra- esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injus-
tar de adoção internacional ou se houver perigo de dano tificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polí-
irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído cia civil ou militar;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência b) requisitar informações, exames, perícias e docu-
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer mentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que administração direta ou indireta, bem como promover ins-
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído peções e diligências investigatórias;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência c) requisitar informações e documentos a particulares
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e instituições privadas;
e de destituição de poder familiar, em face da relevância VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
das questões, serão processados com prioridade absoluta, tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado para apuração de ilícitos ou infrações às normas de prote-
que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribui- ção à infância e à juventude;
ção, e serão colocados em mesa para julgamento sem revi- VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
são e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído legais assegurados às crianças e adolescentes, promoven-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessen- habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
ta) dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
12.010, de 2009) Vigência afetos à criança e ao adolescente;
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da X - representar ao juízo visando à aplicação de pena-
data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces- lidade por infrações cometidas contra as normas de prote-
sário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
nº 12.010, de 2009) Vigência responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;

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LEGISLAÇÃO

XI - inspecionar as entidades públicas e particulares Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
de atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado- tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais processado sem defensor.
necessárias à remoção de irregularidades porventura ve- § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
rificadas; nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração constituir outro de sua preferência.
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de as- § 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
sistência social, públicos ou privados, para o desempenho mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear
de suas atribuições. substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações do ato.
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
esta Lei. sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não ex- autoridade judiciária.
cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do
Ministério Público. Capítulo VII
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercí- Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais,
cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se Difusos e Coletivos
encontre criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será res- Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
ponsável pelo uso indevido das informações e documentos de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci- ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério I - do ensino obrigatório;
Público: II - de atendimento educacional especializado aos por-
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins- tadores de deficiência;
taurando o competente procedimento, sob sua presidên- III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças
cia; de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autorida- 13.306, de 2016)
de reclamada, em dia, local e horário previamente notifica- IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
dos ou acertados; do educando;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser- V - de programas suplementares de oferta de material
viços públicos e de relevância pública afetos à criança e didático-escolar, transporte e assistência à saúde do edu-
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita cando do ensino fundamental;
adequação. VI - de serviço de assistência social visando à proteção
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na como ao amparo às crianças e adolescentes que dele ne-
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi- cessitem;
pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po- VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
dendo juntar documentos e requerer diligências, usando VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles-
os recursos cabíveis. centes privados de liberdade.
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual- IX - de ações, serviços e programas de orientação,
quer caso, será feita pessoalmente. apoio e promoção social de famílias e destinados ao ple-
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público no exercício do direito à convivência familiar por crianças e
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. X - de programas de atendimento para a execução das
Art. 205. As manifestações processuais do represen- medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote-
tante do Ministério Público deverão ser fundamentadas. ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem
Capítulo VI da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
Do Advogado coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos
pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo úni-
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res- co pela Lei nº 11.259, de 2005)
ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de adolescentes será realizada imediatamente após notifica-
que trata esta Lei, através de advogado, o qual será inti- ção aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato
mado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
oficial, respeitado o segredo de justiça. transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in- todos os dados necessários à identificação do desapareci-
tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem. do. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)

91
LEGISLAÇÃO

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro- § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de cré-
ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para pro- dito, em conta com correção monetária.
cessar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
e a competência originária dos tribunais superiores. recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses Art. 216. Transitada em julgado a sentença que im-
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorren- puser condenação ao poder público, o juiz determinará a
temente: remessa de peças à autoridade competente, para apuração
I - o Ministério Público; da responsabilidade civil e administrativa do agente a que
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal se atribua a ação ou omissão.
e os territórios; Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em jul-
III - as associações legalmente constituídas há pelo gado da sentença condenatória sem que a associação au-
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais tora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
autorização estatutária. ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi-
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi- dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de
nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos in- 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
teresses e direitos de que cuida esta Lei. pretensão é manifestamente infundada.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti- sociação autora e os diretores responsáveis pela proposi-
mado poderá assumir a titularidade ativa. tura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to- das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e
mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua danos.
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não
executivo extrajudicial.
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
periciais e quaisquer outras despesas.
dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
pertinentes.
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestan-
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
do-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de
normas do Código de Processo Civil.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú- ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
ções do poder público, que lesem direito líquido e certo tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ense-
previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá jar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministé-
pelas normas da lei do mandado de segurança. rio Público para as providências cabíveis.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimen- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
to de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a poderá requerer às autoridades competentes as certidões
tutela específica da obrigação ou determinará providências e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adim- no prazo de quinze dias.
plemento. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é pessoa, organismo público ou particular, certidões, infor-
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justifi- mações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual
cação prévia, citando o réu. não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente as diligências, se convencer da inexistência de fundamento
de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamen-
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do to dos autos do inquérito civil ou das peças informativas,
preceito. fazendo-o fundamentadamente.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor-
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida des- mação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer
de o dia em que se houver configurado o descumprimento. em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo ge- do Ministério Público.
rido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promo-
do respectivo município. ção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trân- do Ministério público, poderão as associações legitima-
sito em julgado da decisão serão exigidas através de execu- das apresentar razões escritas ou documentos, que serão
ção promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos, juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de
facultada igual iniciativa aos demais legitimados. informação.

92
LEGISLAÇÃO

§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au-
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi-
Público, conforme dispuser o seu regimento. mento:
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Pena - detenção de seis meses a dois anos.
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985. lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
apreensão:
Título VII Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
Capítulo I nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Dos Crimes Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Seção I Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
Disposições Gerais judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados Pena - detenção de seis meses a dois anos.
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
prejuízo do disposto na legislação penal. quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
pública incondicionada Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofere-
Seção II ce ou efetiva a paga ou recompensa.
Dos Crimes em Espécie Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des-
tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o diri- com inobservância das formalidades legais ou com o fito
gente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de obter lucro:
de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de for- Parágrafo único. Se há emprego de violência, gra-
necer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da ve ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de
alta médica, declaração de nascimento, onde constem as 12.11.2003)
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Pena - detenção de seis meses a dois anos. correspondente à violência.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden- dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
tificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
do parto, bem como deixar de proceder aos exames referi- (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
dos no art. 10 desta Lei: § 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a par-
Parágrafo único. Se o crime é culposo: ticipação de criança ou adolescente nas cenas referidas
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contrace-
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber- na. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida- comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
de judiciária competente: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretex-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. to de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coa-
procede à apreensão sem observância das formalidades bitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº
legais. 11.829, de 2008)
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan-
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co- guíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
municação à autoridade judiciária competente e à família curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
do apreendido ou à pessoa por ele indicada: qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com
Pena - detenção de seis meses a dois anos. seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

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LEGISLAÇÃO

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo  Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado-
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação meio de adulteração, montagem ou modificação de foto-
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) grafia, vídeo ou qualquer outra forma de representação vi-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. sual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven-
por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra- de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divul-
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex- ga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o ma-
plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: terial produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-  Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829,
nº 11.829, de 2008) de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazena-  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
o caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)  Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In-
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que  I – facilita ou induz o acesso à criança de material con-
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de
2008) com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829,
 § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § de 2008)
1o deste artigo são puníveis quando o responsável legal  II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ-
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata fica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829,
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) de 2008)
 Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-  Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei,
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com-
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolven- preende qualquer situação que envolva criança ou adoles-
do criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas,
2008) ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles-
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- cente para fins primordialmente sexuais (Incluído pela Lei
ta. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) nº 11.829, de 2008)
 § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois ter- Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente
ços) se de pequena quantidade o material a que se refere ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) arma, munição ou explosivo:
 § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241- Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
 I – agente público no exercício de suas funções; (Incluí- produtos cujos componentes possam causar dependência
do pela Lei nº 11.829, de 2008) física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de
 II – membro de entidade, legalmente constituída, que 2015)
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
o processamento e o encaminhamento de notícia dos cri- se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada
mes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, pela Lei nº 13.106, de 2015)
de 2008) Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
 III – representante legal e funcionários responsáveis de entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fo-
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede gos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
de computadores, até o recebimento do material relativo à seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qual-
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou quer dano físico em caso de utilização indevida:
ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
 § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela tais definidos no  caput do art. 2o desta Lei, à prostitui-
Lei nº 11.829, de 2008) ção ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de
23.6.2000)

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LEGISLAÇÃO

Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de
perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar
favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a presta-
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi ção de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais
cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. ou responsável:
(Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente do-se o dobro em caso de reincidência, independentemente
ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.
de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda,
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassa- bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conse-
ção da licença de localização e de funcionamento do estabele- lho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
cimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) Vigência
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou do-se o dobro em caso de reincidência.
induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita
Lei nº 12.015, de 2009) desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput  deste artigo congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quais- Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009).
quer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da inter- § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
net. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamen-
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumen- to do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela
tadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida Lei nº 12.038, de 2009).
estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a
1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fecha-
do e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de
Capítulo II 2009).
Das Infrações Administrativas Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por 85 desta Lei:
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente do-se o dobro em caso de reincidência.
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- do local de exibição, informação destacada sobre a natureza
do-se o dobro em caso de reincidência. da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no cer-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti- tificado de classificação:
dade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican-
incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: do-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer re-
do-se o dobro em caso de reincidência. presentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização que não se recomendem:
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou do- Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli-
cumento de procedimento policial, administrativo ou judicial cada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espe-
do-se o dobro em caso de reincidência. táculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial- classificação:
mente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato Pena - multa de vinte a cem salários de referência; dupli-
infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se cada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá
refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua determinar a suspensão da programação da emissora por até
identificação, direta ou indiretamente. dois dias.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne-
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste ar- re classificado pelo órgão competente como inadequado às
tigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
publicação ou a suspensão da programação da emissora até Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na re-
por dois dias, bem como da publicação do periódico até por incidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
dois números. (Expressão declara inconstitucional pela ADIN espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
869-2). quinze dias.

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LEGISLAÇÃO

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita Disposições Finais e Transitórias
de programação em vídeo, em desacordo com a classifica- Art. 259. A União, no prazo de noventa dias conta-
ção atribuída pelo órgão competente: dos da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze que estabelece o Título V do Livro II.
dias. Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
e 79 desta Lei: diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
plicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
de apreensão da revista ou publicação. distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprova-
das, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação dada pela
ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
sobre sua participação no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010,
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lu-
de 2009) Vigência cro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu-
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de
dias. dezembro de 1997. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro- 2012) (Vide)
videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997)
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 e municipais dos direitos da criança e do adolescente, se-
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- rão consideradas as disposições do Plano Nacional de Pro-
gência moção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adoles-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida- centes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano
de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada dada pela
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas Lei nº 13.257, de 2016)
ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes § 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
em regime de acolhimento institucional ou familiar. (Incluí- direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigen- subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante atenção integral à primeira infância em áreas de maior ca-
interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído rência socioeconômica e em situações de calamidade. (Re-
dação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministé-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
rio da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos
gência
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário § 4º O Ministério Público determinará em cada comar-
de programa oficial ou comunitário destinado à garantia ca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Muni-
do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a co- cipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incenti-
municação referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei vos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242,
nº 12.010, de 2009) Vigência de 12.10.1991)
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no in- § 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei
ciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ trata o inciso I do caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594,
10.000,00 (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2012) (Vide)
de 2015) I - será considerada isoladamente, não se submetendo
Medida Administrativa - interdição do estabelecimento a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e
comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dada pela Lei nº 13.106, de 2015) II - não poderá ser computada como despesa ope-
racional na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)

96
LEGISLAÇÃO

Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que tra- podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela
ta o inciso II do caput do art. 260 diretamente em sua Decla- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie de-
(Vide) vem ser depositadas em conta específica, em instituição fi-
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzi- nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que
da até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração
(Vide) das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adoles-
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) cente nacional, estaduais, distrital e municipais devem emi-
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) tir recibo em favor do doador, assinado por pessoa com-
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (In- petente e pelo presidente do Conselho correspondente,
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei nº I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
sobre a renda apurado na declaração de que trata o inciso II endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Vide) III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 1o O comprovante de que trata o caput deste arti-
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei go pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
nº 12.594, de 2012) (Vide) valores doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela 2012) (Vide)
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 2o No caso de doação em bens, o comprovante deve
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções conter a identificação dos bens, mediante descrição em
em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) campo próprio ou em relação anexa ao comprovante, infor-
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data mando também se houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ
de vencimento da primeira quota ou quota única do impos- e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
to, observadas instruções específicas da Secretaria da Receita 2012) (Vide)
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
§ 4o O não pagamento da doação no prazo estabelecido deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu-
ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença mentação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual II - baixar os bens doados na declaração de bens e di-
com os acréscimos legais previstos na legislação. (Incluído reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração,
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) no caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado 2012) (Vide)
na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respec- III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído
tivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
dos Direitos da Criança e do Adolescente municipais, distrital, a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
estaduais e nacional concomitantemente com a opção de que declaração do imposto de renda, desde que não exceda
trata o caput, respeitado o limite previsto no inciso II do art. o valor de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 po- b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
derá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurí- Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não
dicas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela será considerado na determinação do valor dos bens doa-
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dos, exceto se o leilão for determinado por autoridade judi-
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, ciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por
Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da
do período a que se refere a apuração do imposto. (Incluí- dedução perante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

97
LEGISLAÇÃO

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital,
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- estaduais e municipais, com a indicação dos respectivos nú-
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: meros de inscrição no CNPJ e das contas bancárias especí-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ficas mantidas em instituições financeiras públicas, destina-
I - manter conta bancária específica destinada exclusi- das exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído
vamente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil ex-
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nos
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) arts. 260 a 260-K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alte-
seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de rações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
2012) (Vide) desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária da
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de comarca a que pertencer a entidade.
2012) (Vide) Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos
b) valor doado, especificando se a doação foi em espé- estados e municípios, e os estados aos municípios, os recur-
cie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) sos referentes aos programas e atividades previstos nesta
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. (In- Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do autoridade judiciária.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais di- Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro
vulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
12.594, de 2012) (Vide) alterações:
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 1) Art. 121 ............................................................
12.594, de 2012) (Vide) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica
atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
12.594, de 2012) (Vide) imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conse-
III - os requisitos para a apresentação de projetos a se- quências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço,
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou se o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2) Art. 129 ...............................................................
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca- § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
lendário e o valor dos recursos previstos para implementa- quer das hipóteses do art. 121, § 4º.
ção das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
2012) (Vide) 121.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destina- 3) Art. 136.................................................................
ção, por projeto atendido, inclusive com cadastramento na § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati-
base de dados do Sistema de Informações sobre a Infância e cado contra pessoa menor de catorze anos.
a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 4) Art. 213 ..................................................................
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado- Pena - reclusão de quatro a dez anos.
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído 5) Art. 214...................................................................
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Pena - reclusão de três a nove anos.»
Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº de 1973, fica acrescido do seguinte item:
12.594, de 2012) (Vide) “Art. 102 ....................................................................
Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá União, da administração direta ou indireta, inclusive funda-
atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual- ções instituídas e mantidas pelo poder público federal pro-
quer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) moverão edição popular do texto integral deste Estatuto,
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi- que será posto à disposição das escolas e das entidades de
dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da atendimento e de defesa dos direitos da criança e do ado-
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, ar- lescente.
quivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fundos

98
LEGISLAÇÃO

Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
meios de comunicação social. (Redação dada dada pela Lei IV – viabilização de formas alternativas de participação,
nº 13.257, de 2016) ocupação e convívio do idoso com as demais gerações;
Parágrafo único. A divulgação a que se refere V – priorização do atendimento do idoso por sua pró-
o  caput  será veiculada em linguagem clara, compreensí- pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto
vel e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às dos que não a possuam ou careçam de condições de ma-
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada nutenção da própria sobrevivência;
pela Lei nº 13.257, de 2016) VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de ser-
publicação. viços aos idosos;
Parágrafo único. Durante o período de vacância deve- VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam
rão ser promovidas atividades e campanhas de divulgação a divulgação de informações de caráter educativo sobre os
e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e
e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e de assistência social locais.
as demais disposições em contrário. IX – prioridade no recebimento da restituição do Im-
posto de Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade espe-
cial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas neces-
4. LEI FEDERAL Nº 10.741, DE 1º/10/2003 - sidades sempre preferencialmente em relação aos demais
ESTATUTO DO IDOSO; idosos. (Incluído pela Lei nº 13.466, de 2017)
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opres-
são, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omis-
LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.
são, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras provi-
aos direitos do idoso.
dências.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
prevenção outras decorrentes dos princípios por ela ado-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
tados.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção im-
TÍTULO I portará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos
Disposições Preliminares termos da lei.
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à au-
Art. 1o  É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a toridade competente qualquer forma de violação a esta Lei
regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento.
ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 7o  Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito
Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamen- Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de
tais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direi-
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei tos do idoso, definidos nesta Lei.
ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades,
para preservação de sua saúde física e mental e seu aper- TÍTULO II
feiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em con- Dos Direitos Fundamentais
dições de liberdade e dignidade. CAPÍTULO I
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da so- Do Direito à Vida
ciedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com ab-
soluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito da legislação vigente.
e à convivência familiar e comunitária. Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a
§ 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas
dada pela Lei nº 13.466, de 2017) sociais públicas que permitam um envelhecimento saudá-
I – atendimento preferencial imediato e individuali- vel e em condições de dignidade.
zado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
serviços à população;
II – preferência na formulação e na execução de políti-
cas sociais públicas específicas;

99
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO II IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,


Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade para a população que dele necessitar e esteja impossibilitada
de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, asse- por instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, urbano e rural;
individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia,
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
seguintes aspectos: § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gra-
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos tuitamente, medicamentos, especialmente os de uso conti-
e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; nuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relati-
II – opinião e expressão; vos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
III – crença e culto religioso; § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de
IV – prática de esportes e de diversões; saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da
V – participação na vida familiar e comunitária; idade.
VI – participação na vida política, na forma da lei; § 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limita-
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. ção incapacitante terão atendimento especializado, nos ter-
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da mos da lei.
integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preser- § 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo
vação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o
idéias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. seguinte procedimento: (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, I - quando de interesse do poder público, o agente pro-
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, moverá o contato necessário com o idoso em sua residência;
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. ou (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará
CAPÍTULO III
representar por procurador legalmente constituído. (Incluído
Dos Alimentos
pela Lei nº 12.896, de 2013)
§ 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento do-
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na for-
miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro
ma da lei civil.
Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o
privado de saúde, contratado ou conveniado, que integre o
idoso optar entre os prestadores.
Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de
ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defen- saúde necessário ao exercício de seus direitos sociais e de
sor Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de isenção tributária. (Incluído pela Lei nº 12.896, de 2013)
título executivo extrajudicial nos termos da lei processual § 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oi-
civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737, de 2008) tenta anos terão preferência especial sobre os demais idosos,
Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem exceto em caso de emergência. (Incluído pela Lei nº 13.466,
condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se de 2017).
ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistên- Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegu-
cia social. rado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde
proporcionar as condições adequadas para a sua permanên-
CAPÍTULO IV cia em tempo integral, segundo o critério médico.
Do Direito à Saúde Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde res-
ponsável pelo tratamento conceder autorização para o
Art. 15.  É assegurada a atenção integral à saúde do acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade,
idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, justificá-la por escrito.
garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em con- Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculda-
junto articulado e contínuo das ações e serviços, para a des mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, de saúde que lhe for reputado mais favorável.
incluindo a atenção especial às doenças que afetam prefe- Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de
rencialmente os idosos. proceder à opção, esta será feita:
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
serão efetivadas por meio de: II – pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou
I – cadastramento da população idosa em base terri- este não puder ser contactado em tempo hábil;
torial; III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida
II – atendimento geriátrico e gerontológico em am- e não houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar;
bulatórios; IV – pelo próprio médico, quando não houver curador
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social; fato ao Ministério Público.

100
LEGISLAÇÃO

Art. 18.  As instituições de saúde devem atender aos Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão
critérios mínimos para o atendimento às necessidades do às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos pro- vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou a dis-
fissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e tância, constituídos por atividades formais e não formais.
grupos de auto-ajuda. (Redação dada pela lei nº 13.535, de 2017)
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de vio- Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de
lência praticada contra idosos serão objeto de notificação universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a
compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão
à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamen- editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, con-
te comunicados por eles a quaisquer dos seguintes ór- siderada a natural redução da capacidade visual. (Incluído
gãos: (Redação dada pela Lei nº 12.461, de 2011) pela lei nº 13.535, de 2017)
I – autoridade policial;
II – Ministério Público; CAPÍTULO VI
III – Conselho Municipal do Idoso; Da Profissionalização e do Trabalho
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso. Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais
contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em lo- e psíquicas.
cal público ou privado que lhe cause morte, dano ou so- Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho
frimento físico ou psicológico. (Incluído pela Lei nº 12.461, ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite
de 2011) máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compul- casos em que a natureza do cargo o exigir.
sória prevista no caput deste artigo, o disposto na Lei Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em
no 6.259, de 30 de outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº concurso público será a idade, dando-se preferência ao de
12.461, de 2011) idade mais elevada.
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas
CAPÍTULO V de:
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer I – profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, espor- regulares e remuneradas;
te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que II – preparação dos trabalhadores para a aposenta-
respeitem sua peculiar condição de idade. doria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de aces- de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus inte-
so do idoso à educação, adequando currículos, metodolo- resses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de
gias e material didático aos programas educacionais a ele cidadania;
destinados. III – estímulo às empresas privadas para admissão de
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo idosos ao trabalho.
relativo às técnicas de comunicação, computação e demais
avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna. CAPÍTULO VII
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de ca- Da Previdência Social
ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos
e vivências às demais gerações, no sentido da preservação Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do
da memória e da identidade culturais. Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua con-
Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de cessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos
ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao pro- salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos
cesso de envelhecimento, ao respeito e à valorização do da legislação vigente.
idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir co- Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manu-
nhecimentos sobre a matéria. tenção serão reajustados na mesma data de reajuste do
Art. 23. A participação dos idosos em atividades cul- salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas
turais e de lazer será proporcionada mediante descontos datas de início ou do seu último reajustamento, com base
de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos em percentual definido em regulamento, observados os
para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de 24 de julho de
como o acesso preferencial aos respectivos locais. 1991.
Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços Art. 30.  A perda da condição de segurado não será
ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade considerada para a concessão da aposentadoria por idade,
informativa, educativa, artística e cultural, e ao público so- desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de
bre o processo de envelhecimento. contribuição correspondente ao exigido para efeito de ca-
rência na data de requerimento do benefício.

101
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício pre- § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de
visto no caput observará o disposto no caput e § 2o do longa permanência será prestada quando verificada inexis-
art. 3o da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, tência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de
não havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir recursos financeiros próprios ou da família.
da competência de julho de 1994, o disposto no art. 35 da § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso
Lei no 8.213, de 1991. fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefí- de interdição, além de atender toda a legislação pertinente.
cios, efetuado com atraso por responsabilidade da Previ- § 3o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas
dência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado a manter padrões de habitação compatíveis com as necessi-
para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de dades deles, bem como provê-los com alimentação regular e
Previdência Social, verificado no período compreendido higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas con-
entre o mês que deveria ter sido pago e o mês do efetivo dizentes, sob as penas da lei.
pagamento. Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou sub-
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a sidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade
data-base dos aposentados e pensionistas. na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o
seguinte:
CAPÍTULO VIII I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unida-
Da Assistência Social des habitacionais residenciais para atendimento aos idosos;
(Redação dada pela Lei nº 12.418, de 2011)
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, II – implantação de equipamentos urbanos comunitários
de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes voltados ao idoso;
previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas,
Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais para garantia de acessibilidade ao idoso;
normas pertinentes. IV – critérios de financiamento compatíveis com os ren-
Art. 34.  Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) dimentos de aposentadoria e pensão.
anos, que não possuam meios para prover sua subsistên- Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas
cia, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o para atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmen-
benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da te, no pavimento térreo. (Incluído pela Lei nº 12.419, de 2011)
Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.  (Vide Decreto nº
6.214, de 2007) CAPÍTULO X
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer Do Transporte
membro da família nos termos do caput não será compu-
tado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica
que se refere a Loas. assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e es-
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de peciais, quando prestados paralelamente aos serviços regu-
serviços com a pessoa idosa abrigada.  lares.
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
facultada a cobrança de participação do idoso no custeio apresente qualquer documento pessoal que faça prova de
da entidade. sua idade.
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este
Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos
participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a para os idosos, devidamente identificados com a placa de
70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciá- reservado preferencialmente para idosos.
rio ou de assistência social percebido pelo idoso. § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etá-
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu repre- ria entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a
sentante legal firmar o contrato a que se refere o caput des- critério da legislação local dispor sobre as condições para
te artigo. exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco no caput deste artigo.
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a depen- Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual
dência econômica, para os efeitos legais. (Vigência) observar-se-á, nos termos da legislação específica: (Regula-
mento) (Vide Decreto nº 5.934, de 2006)
CAPÍTULO IX I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para
Da Habitação idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-míni-
mos;
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo,
da família natural ou substituta, ou desacompanhado de no valor das passagens, para os idosos que excederem as
seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em ins- vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salá-
tituição pública ou privada. rios-mínimos.

102
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes defi- Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
nir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direi- I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de
tos previstos nos incisos I e II. 4 de janeiro de 1994;
Art. 41.  É assegurada a reserva, para os idosos, nos II – políticas e programas de assistência social, em cará-
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos ter supletivo, para aqueles que necessitarem;
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser III – serviços especiais de prevenção e atendimento
posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
idoso. crueldade e opressão;
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança IV – serviço de identificação e localização de parentes
do idoso nos procedimentos de embarque e desembarque ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e
nos veículos do sistema de transporte coletivo. (Redação instituições de longa permanência;
dada pela Lei nº 12.899, de 2013) V – proteção jurídico-social por entidades de defesa
dos direitos dos idosos;
VI – mobilização da opinião pública no sentido da par-
TÍTULO III
ticipação dos diversos segmentos da sociedade no atendi-
Das Medidas de Proteção
mento do idoso.
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicá-
veis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem Art. 48.  As entidades de atendimento são responsá-
ameaçados ou violados: veis pela manutenção das próprias unidades, observadas as
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; normas de planejamento e execução emanadas do órgão
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei
entidade de atendimento; no 8.842, de 1994.
III – em razão de sua condição pessoal. Parágrafo único. As entidades governamentais e não-
governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à ins-
CAPÍTULO II crição de seus programas, junto ao órgão competente da
Das Medidas Específicas de Proteção Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa,
e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da
Art. 44.  As medidas de proteção ao idoso previstas Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento,
nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamen- observados os seguintes requisitos:
te, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o I – oferecer instalações físicas em condições adequadas
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança;
Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no II – apresentar objetivos estatutários e plano de traba-
art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a reque- lho compatíveis com os princípios desta Lei;
rimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as se- III – estar regularmente constituída;
guintes medidas: IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
I – encaminhamento à família ou curador, mediante Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
termo de responsabilidade; institucionalização de longa permanência adotarão os se-
guintes princípios:
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
I – preservação dos vínculos familiares;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em regi-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
me ambulatorial, hospitalar ou domiciliar;
III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de
em caso de força maior;
auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de IV – participação do idoso nas atividades comunitárias,
drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de de caráter interno e externo;
sua convivência que lhe cause perturbação; V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
V – abrigo em entidade; VI – preservação da identidade do idoso e oferecimen-
VI – abrigo temporário. to de ambiente de respeito e dignidade.
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora
TÍTULO IV de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente
Da Política de Atendimento ao Idoso pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuí-
CAPÍTULO I zo das sanções administrativas.
Disposições Gerais Art. 50. Constituem obrigações das entidades de aten-
dimento:
Art. 46.  A política de atendimento ao idoso far-se-á I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço
por meio do conjunto articulado de ações governamentais com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obri-
e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito gações da entidade e prestações decorrentes do contrato,
Federal e dos Municípios. com os respectivos preços, se for o caso;

103
LEGISLAÇÃO

II – observar os direitos e as garantias de que são titu- Art. 55. As entidades de atendimento que descumpri-
lares os idosos; rem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem pre-
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e ali- juízo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes
mentação suficiente; ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devi-
IV – oferecer instalações físicas em condições adequa- do processo legal:
das de habitabilidade; I – as entidades governamentais:
V – oferecer atendimento personalizado; a) advertência;
VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos b) afastamento provisório de seus dirigentes;
familiares; c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
VII – oferecer acomodações apropriadas para recebi- d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
mento de visitas; II – as entidades não-governamentais:
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a ne- a) advertência;
cessidade do idoso; b) multa;
IX – promover atividades educacionais, esportivas, cul- c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas pú-
turais e de lazer; blicas;
X – propiciar assistência religiosa àqueles que deseja- d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
rem, de acordo com suas crenças; e) proibição de atendimento a idosos a bem do inte-
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; resse público.
XII – comunicar à autoridade competente de saúde § 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer
toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto- tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afasta-
contagiosas; mento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público e a suspensão do programa.
requisite os documentos necessários ao exercício da cida- § 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas
dania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação ou des-
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens mó- vio de finalidade dos recursos.
veis que receberem dos idosos; § 3o Na ocorrência de infração por entidade de atendi-
XV – manter arquivo de anotações onde constem data mento, que coloque em risco os direitos assegurados nesta
e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, respon- Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público, para as
sável, parentes, endereços, cidade, relação de seus perten- providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão
ces, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, das atividades ou dissolução da entidade, com a proibição
se houver, e demais dados que possibilitem sua identifica- de atendimento a idosos a bem do interesse público, sem
ção e a individualização do atendimento; prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as provi- Sanitária.
dências cabíveis, a situação de abandono moral ou material § 4o Na aplicação das penalidades, serão consideradas
por parte dos familiares; a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com que dela provierem para o idoso, as circunstâncias agra-
formação específica. vantes ou atenuantes e os antecedentes da entidade.
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucra-
tivos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assis- CAPÍTULO IV
tência judiciária gratuita. Das Infrações Administrativas

CAPÍTULO III Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir


Da Fiscalização das Entidades de Atendimento as determinações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
Art. 52. As entidades governamentais e não-governa- 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado
mentais de atendimento ao idoso serão fiscalizadas pelos como crime, podendo haver a interdição do estabeleci-
Conselhos do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária mento até que sejam cumpridas as exigências legais.
e outros previstos em lei. Parágrafo único. No caso de interdição do estabeleci-
Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigo- mento de longa permanência, os idosos abrigados serão
rar com a seguinte redação: transferidos para outra instituição, a expensas do estabele-
“Art. 7o  Compete aos Conselhos de que trata o art. cimento interditado, enquanto durar a interdição.
6o desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscaliza- Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsá-
ção e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito vel por estabelecimento de saúde ou instituição de longa
das respectivas instâncias político-administrativas.» (NR) permanência de comunicar à autoridade competente os
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de con- casos de crimes contra idoso de que tiver conhecimento:
tas dos recursos públicos e privados recebidos pelas enti- Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
dades de atendimento. 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de re-
incidência.

104
LEGISLAÇÃO

Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no pra-
sobre a prioridade no atendimento ao idoso: zo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ documentos e indicar as provas a produzir.
1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na con-
juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. formidade do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de
instrução e julgamento, deliberando sobre a necessidade de
CAPÍTULO V produção de outras provas.
Da Apuração Administrativa de Infração às  § 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi-
Normas de Proteção ao Idoso nistério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo § 2o Em se tratando de afastamento provisório ou defi-
IV serão atualizados anualmente, na forma da lei. nitivo de dirigente de entidade governamental, a autoridade
Art. 60. O procedimento para a imposição de penali- judiciária oficiará a autoridade administrativa imediatamente
dade administrativa por infração às normas de proteção ao superior ao afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro)
idoso terá início com requisição do Ministério Público ou horas para proceder à substituição.
auto de infração elaborado por servidor efetivo e assinado, § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade
se possível, por duas testemunhas. judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularida-
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração des verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será ex-
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a tinto, sem julgamento do mérito.
natureza e as circunstâncias da infração. § 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração se- da entidade ou ao responsável pelo programa de atendimen-
guir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro to.
de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a TÍTULO V
apresentação da defesa, contado da data da intimação, que Do Acesso à Justiça
será feita: CAPÍTULO I
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quan- Disposições Gerais
do for lavrado na presença do infrator;
II – por via postal, com aviso de recebimento. Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições des-
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do ido- te Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código de
so, a autoridade competente aplicará à entidade de aten- Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos previstos
dimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da ini- nesta Lei.
ciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo Art. 70. O Poder Público poderá criar varas especializadas
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas e exclusivas do idoso.
para a fiscalização. Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos pro-
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida cessos e procedimentos e na execução dos atos e diligências
ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade com- judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa
petente aplicará à entidade de atendimento as sanções re- com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qual-
gulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das providências quer instância.
que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas § 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude
demais instituições legitimadas para a fiscalização. este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício
à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que
CAPÍTULO VI determinará as providências a serem cumpridas, anotando-se
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Enti- essa circunstância em local visível nos autos do processo.
dade de Atendimento § 2o A prioridade não cessará com a morte do benefi-
ciado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite, com-
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimen- panheiro ou companheira, com união estável, maior de 60
to administrativo de que trata este Capítulo as disposições (sessenta) anos.
das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 § 3o A prioridade se estende aos processos e procedi-
de janeiro de 1999. mentos na Administração Pública, empresas prestadoras de
Art. 65. O procedimento de apuração de irregularida- serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento
de em entidade governamental e não-governamental de preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados
atendimento ao idoso terá início mediante petição funda- e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência
mentada de pessoa interessada ou iniciativa do Ministério Judiciária.
Público. § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao ido-
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade so o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminar- destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.
mente o afastamento provisório do dirigente da entidade § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á priorida-
ou outras medidas que julgar adequadas, para evitar lesão de especial aos maiores de oitenta anos. (Incluído pela Lei nº
aos direitos do idoso, mediante decisão fundamentada. 13.466, de 2017).

105
LEGISLAÇÃO

CAPÍTULO II Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não


Do Ministério Público for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi-
Art. 72. (VETADO) póteses em que terá vista dos autos depois das partes, po-
Art. 73.  As funções do Ministério Público, previstas dendo juntar documentos, requerer diligências e produção
nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei Or- de outras provas, usando os recursos cabíveis.
gânica. Art. 76.  A intimação do Ministério Público, em qual-
Art. 74. Compete ao Ministério Público: quer caso, será feita pessoalmente.
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público
a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, in- acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
dividuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso; pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
II – promover e acompanhar as ações de alimentos,
de interdição total ou parcial, de designação de curador CAPÍTULO III
especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e ofi- Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Coleti-
ciar em todos os feitos em que se discutam os direitos de vos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos
idosos em condições de risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em Art. 78. As manifestações processuais do representan-
situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; te do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
IV – promover a revogação de instrumento procura- Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
tório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados
quando necessário ou o interesse público justificar; ao idoso, referentes à omissão ou ao oferecimento insatis-
V – instaurar procedimento administrativo e, para ins- fatório de:
truí-lo: I – acesso às ações e serviços de saúde;
a) expedir notificações, colher depoimentos ou escla- II – atendimento especializado ao idoso portador de
recimentos e, em caso de não comparecimento injustifi- deficiência ou com limitação incapacitante;
cado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, III – atendimento especializado ao idoso portador de
inclusive pela Polícia Civil ou Militar; doença infecto-contagiosa;
b) requisitar informações, exames, perícias e docu- IV – serviço de assistência social visando ao amparo
mentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da do idoso.
administração direta e indireta, bem como promover ins- Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo
peções e diligências investigatórias; não excluem da proteção judicial outros interesses difusos,
c) requisitar informações e documentos particulares coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, pró-
de instituições privadas; prios do idoso, protegidos em lei.
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências in- Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão pro-
vestigatórias e a instauração de inquérito policial, para a postas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá com-
apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção petência absoluta para processar a causa, ressalvadas as
ao idoso; competências da Justiça Federal e a competência originária
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias dos Tribunais Superiores.
legais assegurados ao idoso, promovendo as medidas judi- Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses di-
ciais e extrajudiciais cabíveis; fusos, coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos,
VIII – inspecionar as entidades públicas e particula- consideram-se legitimados, concorrentemente:
res de atendimento e os programas de que trata esta Lei, I – o Ministério Público;
adotando de pronto as medidas administrativas ou judi- II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
ciais necessárias à remoção de irregularidades porventura cípios;
verificadas; III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IX – requisitar força policial, bem como a colaboração IV – as associações legalmente constituídas há pelo
dos serviços de saúde, educacionais e de assistência social, menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais
públicos, para o desempenho de suas atribuições; a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa, dispen-
X – referendar transações envolvendo interesses e di- sada a autorização da assembléia, se houver prévia autori-
reitos dos idosos previstos nesta Lei. zação estatutária.
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas nistérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos
mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei. interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não ex- § 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por
cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti-
atribuições do Ministério Público. mado deverá assumir a titularidade ativa.
§ 3o O representante do Ministério Público, no exer- Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegi-
cício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade de dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação
atendimento ao idoso. pertinentes.

106
LEGISLAÇÃO

Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de au- Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado po-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício derá requerer às autoridades competentes as certidões e in-
de atribuições de Poder Público, que lesem direito líquido formações que julgar necessárias, que serão fornecidas no
e certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que prazo de 10 (dez) dias.
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança. Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tu- organismo público ou particular, certidões, informações, exa-
tela específica da obrigação ou determinará providências mes ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
que assegurem o resultado prático equivalente ao adim- ser inferior a 10 (dez) dias.
plemento. § 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
§ 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é a propositura da ação civil ou de peças informativas, deter-
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justi- minará o seu arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.
ficação prévia, na forma do art. 273 do Código de Processo § 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informa-
Civil. ção arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em
§ 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
impor multa diária ao réu, independentemente do pedido Ministério Público ou à Câmara de Coordenação e Revisão
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, do Ministério Público.
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquiva-
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em mento, pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, as
desde o dia em que se houver configurado. associações legitimadas poderão apresentar razões escritas
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei rever- ou documentos, que serão juntados ou anexados às peças
terão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta deste, ao de informação.
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
Fundo Municipal de Assistência Social, ficando vinculados
Coordenação e Revisão do Ministério Público de homologar
ao atendimento ao idoso.
a promoção de arquivamento, será designado outro membro
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trin-
do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
ta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão exi-
gidas por meio de execução promovida pelo Ministério
TÍTULO VI
Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos
Dos Crimes
demais legitimados em caso de inércia daquele.
CAPÍTULO I
Art. 85.  O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos Disposições Gerais
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
condenação ao Poder Público, o juiz determinará a remes- disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
sa de peças à autoridade competente, para apuração da Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima
responsabilidade civil e administrativa do agente a que se privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-
atribua a ação ou omissão. se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setem-
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em bro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposi-
julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem ções do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide
que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Mi- ADI 3.096-5 - STF)
nistério Público, facultada, igual iniciativa aos demais legi-
timados, como assistentes ou assumindo o pólo ativo, em CAPÍTULO II
caso de inércia desse órgão. Dos Crimes em Espécie
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não ha-
verá adiantamento de custas, emolumentos, honorários Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe-
periciais e quaisquer outras despesas. nal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Mi- 181 e 182 do Código Penal.
nistério Público. Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificul-
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, tando seu acesso a operações bancárias, aos meios de trans-
provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe porte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou
informações sobre os fatos que constituam objeto de ação instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo
civil e indicando-lhe os elementos de convicção. de idade:
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tri- Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
bunais, no exercício de suas funções, quando tiverem co- § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar,
nhecimento de fatos que possam configurar crime de ação menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer mo-
pública contra idoso ou ensejar a propositura de ação para tivo.
sua defesa, devem encaminhar as peças pertinentes ao Mi- § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima
nistério Público, para as providências cabíveis. se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

107
LEGISLAÇÃO

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente atos a outorgar procuração para fins de administração de bens
perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saú- ou deles dispor livremente:
de, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
autoridade pública: Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, con-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. tratar, testar ou outorgar procuração:
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem
se resulta a morte. discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú- Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não
prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou TÍTULO VII
mandado: Disposições Finais e Transitórias
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do
psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas Ministério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados in- Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
dispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a Art. 110.  O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
trabalho excessivo ou inadequado: 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. “Art. 61. ............................................................................
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: ............................................................................
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. II - ............................................................................
§ 2o Se resulta a morte: ............................................................................
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) mulher grávida;
meses a 1 (um) ano e multa: .............................................................................” (NR)
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público “Art. 121. ............................................................................
por motivo de idade; ............................................................................
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
trabalho; (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüên-
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo- cias do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
tivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
alude esta Lei; o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispen- maior de 60 (sessenta) anos.
sáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando .............................................................................” (NR)
requisitados pelo Ministério Público. “Art. 133. ............................................................................
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo ............................................................................
motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em § 3o ............................................................................
que for parte ou interveniente o idoso: ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.» (NR)
Art. 102.  Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, “Art. 140. ............................................................................
pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes ............................................................................
aplicação diversa da de sua finalidade: § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do ido- pessoa idosa ou portadora de deficiência:
so, como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração ............................................................................ (NR)
à entidade de atendimento: “Art. 141. ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ............................................................................
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária re- IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou porta-
lativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como dora de deficiência, exceto no caso de injúria.
qualquer outro documento com objetivo de assegurar rece- .............................................................................” (NR)
bimento ou ressarcimento de dívida: “Art. 148. ............................................................................
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. ............................................................................
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co- § 1o............................................................................
municação, informações ou imagens depreciativas ou inju- I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do
riosas à pessoa do idoso: agente ou maior de 60 (sessenta) anos.
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. ............................................................................” (NR)

108
LEGISLAÇÃO

“Art. 159............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos da-


............................................................................ dos relativos à população idosa do País.
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congres-
horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior so Nacional projeto de lei revendo os critérios de conces-
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando são do Benefício de Prestação Continuada previsto na Lei
ou quadrilha. Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir que o
............................................................................” (NR) acesso ao direito seja condizente com o estágio de desen-
“Art. 183............................................................................ volvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
............................................................................ Art. 118.  Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (no-
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade venta) dias da sua publicação, ressalvado o disposto
igual ou superior a 60 (sessenta) anos.» (NR) no caput do art. 36, que vigorará a partir de 1o de janeiro
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsis- de 2004.
tência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos
ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou
maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão 5. LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO - 1990:
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; 5.1. TÍTULO I;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascen- 5.2. TÍTULO II;
dente, gravemente enfermo: 5.3. TÍTULO III/CAPÍTULO I, II, III, IV E V;
............................................................................” (NR) 5.4. TÍTULO VII/ARTIGO 220.
Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de
outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vi-
gorar acrescido do seguinte parágrafo único:
“Art. 21............................................................................ LEI ORGÂNICA
............................................................................ LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) MG.
até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” Nós, representantes do povo de Belo Horizonte, in-
(NR) vestidos pela Constituição da República na atribuição de
Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de elaborar a lei basilar da ordem municipal autônoma e de-
7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação: mocrática, que, fundada no império de justiça social e na
“Art. 1o ............................................................................ participação direta da sociedade civil, instrumentalize a
............................................................................ descentralização e a desconcentração do poder político,
§ 4o ............................................................................ como forma de assegurar ao cidadão o controle do seu
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- exercício, o acesso de todos à cidadania plena e a convi-
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) vência em uma sociedade fraterna, pluralista e sem precon-
anos; ceitos, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
............................................................................” (NR) Lei Orgânica:
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de
outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação: TÍTULO I
“Art. 18............................................................................ DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
............................................................................
III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar Art. 1º O Município de Belo Horizonte integra, com au-
a menores de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade tonomia político-administrativa, a República Federativa do
igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por Brasil e o Estado de Minas Gerais.
qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de Parágrafo Único - O Município se organiza e se rege
discernimento ou de autodeterminação: por esta Lei Orgânica e demais leis que adotar, observados
............................................................................” (NR) os princípios constitucionais da República e do Estado.
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro Art. 2º Todo o poder do Município emana do povo, que
de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: o exerce por meio de seus representantes eleitos, ou dire-
“Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos tamente, nos termos da Constituição da República e desta
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as ges- Lei Orgânica.
tantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crian- § 1º O exercício indireto do poder pelo povo no Mu-
ças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta nicípio se dá por representantes eleitos pelo sufrágio uni-
Lei.» (NR) versal e pelo voto direto e secreto, com igual valor para
Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará todos, na forma da legislação federal, e por representantes
ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que o Fundo indicados pela comunidade, nos termos desta Lei Orgânica.
Nacional do Idoso seja criado, os recursos necessários, em § 2º O exercício direto do poder pelo povo no Municí-
cada exercício financeiro, para aplicação em programas e pio se dá, na forma desta Lei Orgânica, mediante:
ações relativos ao idoso.

109
LEGISLAÇÃO

I - plebiscito; § 5º Independe de pagamento de taxa ou emolumentos,


II - referendo; ou de garantia de instância, o exercício do direito de petição ou
III - iniciativa popular no processo legislativo; representação, bem como a obtenção de certidão, devendo o
IV - participação na administração pública; Poder Público fornecê-la no prazo máximo de trinta dias, para
V - ação fiscalizadora sobre a administração pública. defesa de direitos ou esclarecimentos de interesse pessoal ou
§ 3º A participação na administração pública e a fiscali- coletivo.
zação sobre esta se dão por meio de instâncias populares, § 6º É direito de qualquer cidadão e entidade legalmente
com estatutos próprios, aprovados pela Câmara Municipal. constituída denunciar às autoridades competentes a prática, por
Art. 3º São objetivos prioritários do Município, além órgão ou entidade pública ou por delegatário de serviço públi-
daqueles previstos no art. 166 da Constituição do Estado: co, de atos lesivos aos direitos dos usuários, incumbindo ao Po-
I - garantir a efetividade dos direitos públicos subjetivos; der Público apurar sua veracidade e aplicar as sanções cabíveis,
II - assegurar o exercício, pelo cidadão, dos mecanis- sob pena de responsabilização.
mos de controle da legalidade e da legitimidade dos atos § 7º Será punido, nos termos da lei, o agente público que,
do Poder Público e da eficácia dos serviços públicos; no exercício de suas atribuições e independentemente da fun-
III - preservar os interesses gerais e coletivos; ção que exerça, violar direito previsto nas Constituições da Re-
IV - promover o bem de todos, sem distinção de ori- pública e do Estado e nesta Lei Orgânica.
gem, raça, sexo, cor, credo religioso, idade, ou quaisquer § 8º Incide na penalidade de destituição de mandato ad-
outras formas de discriminação; ministrativo ou de cargo ou função de direção, em órgão ou
V - proporcionar aos seus habitantes condições de vida entidade da administração pública, o agente público que deixar
compatíveis com a dignidade humana, a justiça social e o injustificadamente de sanar, dentro de sessenta dias da data do
bem comum; requerimento do interessado, omissão que inviabilize o exer-
VI - priorizar o atendimento das demandas da socieda- cício de direito previsto nas Constituições da República ou do
de civil de educação, saúde, transporte, moradia, abasteci- Estado ou nesta Lei Orgânica.
mento, lazer e assistência social; § 9º O Poder Público coibirá todo e qualquer ato discrimina-
VII - preservar a sua identidade, adequando as exigên- tório, nos limites de sua competência, dispondo, na forma da lei,
cias do desenvolvimento à preservação de sua memória, sobre a punição dos agentes públicos e dos estabelecimentos
tradição e peculiaridades; privados que pratiquem tais atos.
VIII - valorizar e desenvolver a sua vocação de centro Art. 5º Ao Município é vedado:
aglutinador e irradiador da cultura brasileira. I - estabelecer culto religioso ou igreja subvencioná-los,
Parágrafo Único - O Município concorrerá, nos limites embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou com
de sua competência, para a consecução dos objetivos fun- seus representantes relações de dependência ou de aliança, res-
damentais da República e prioritários do Estado. salvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé a documento público;
TÍTULO II III - criar distinção entre brasileiros ou preferência de uma
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS em relação às demais unidades da federação.

Art. 4º O Município assegura, no seu território e nos TÍTULO III


limites de sua competência, os direitos e garantias funda- DA ORGANIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
mentais que a Constituição da República confere aos brasi- Capítulo I
leiros e aos estrangeiros residentes no País. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º Nenhuma pessoa será discriminada, ou de qual-
quer forma prejudicada, pelo fato de litigar com órgão ou Art. 6º São Poderes do Município, independentes e harmô-
entidade municipal, no âmbito administrativo ou judicial. nicos entre si, o Legislativo e o Executivo.
§ 2º Todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- Parágrafo Único - Salvo as exceções previstas nesta Lei Or-
mas, em locais abertos ao público, independentemente de gânica, é vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuição e,
autorização, desde que não frustrem outra reunião ante- a quem for investido na função de um deles, exercer a de outro.
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas Art. 7º O Município exerce sua autonomia, especialmente, ao:
exigido prévio aviso à autoridade competente, que, no Mu- I - elaborar e promulgar a Lei Orgânica;
nicípio, é o Prefeito ou aquele a quem ele delegar a atri- II - legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar
buição. as legislações federal e estadual no que couber;
§ 3º Nos processos administrativos, qualquer que seja III - eleger o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores;
o objeto e o procedimento, observar-se-ão, entre outros IV - organizar o seu governo e administração.
requisitos de validade, a publicidade, o contraditório, a de- Art. 8º São símbolos do Município a bandeira, o hino e o
fesa ampla e o despacho ou a decisão motivados. brasão.
§ 4º Todos têm o direito de requerer e obter informa- Art. 9º O Distrito de Belo Horizonte é a sede do Município
ção sobre projeto do Poder Público, ressalvada aquela cujo e lhe dá o nome.
sigilo seja, temporariamente, imprescindível à segurança Art. 10 Depende de lei a criação, organização e supressão
da sociedade e do Município, nos termos da lei, que fixará de distritos ou subdistritos, observada, quanto àqueles, a legis-
também o prazo em que deva ser prestada a informação. lação estadual.

110
LEGISLAÇÃO

Capítulo II XIX - licenciar a construção de qualquer obra;


DA COMPETÊNCIA DO MUNICÍPIO XX - licenciar estabelecimento industrial, comercial,
prestador de serviços similares e cassar o alvará de licença
Art. 11 Compete ao Município prover a tudo quanto dos que se tornarem danosos ao meio ambiente, à saúde
respeite ao seu interesse local. ou ao bem-estar da população;
Art. 12 Compete ao Município, entre outras atribuições: XXI - fixar o horário de funcionamento de estabeleci-
I - manter relações com a União, os Estados Federados, mentos referidos no inciso anterior;
o Distrito Federal e os demais Municípios; XXII - regulamentar e fiscalizar o comércio ambulante,
II - organizar, regulamentar e executar seus serviços inclusive o de papéis e de outros resíduos recicláveis;
administrativos; XIII - interditar edificações em ruínas ou em condições
III - firmar acordo, convênio, ajuste e instrumento con- de insalubridade e as que apresentem as irregularidades
gênere; previstas na legislação específica, bem como fazer demolir
IV - difundir a seguridade social, a educação, a cultura, construções que ameacem a segurança individual ou co-
o desporto, a ciência e a tecnologia; letiva;
V - proteger o meio ambiente; XXIV - regulamentar e fiscalizar a instalação e o funcio-
VI - instituir e arrecadar os tributos de sua competência namento de aparelho de transporte;
e aplicar as suas receitas, sem prejuízo da obrigatoriedade XXV - licenciar e fiscalizar, nos locais sujeitos ao seu po-
de prestar contas e publicar balancetes trimestralmente; der de polícia, a fixação de cartazes, anúncios e quaisquer
VII - organizar e prestar, diretamente ou mediante de- outros meios de publicidade e propaganda;
legação, os serviços públicos de interesse local, incluído o XXVI - regulamentar e fiscalizar, na área de sua compe-
de transporte coletivo, que tem caráter essencial; tência, os espetáculos e os divertimentos públicos;
VIII - fixar os preços dos bens e serviços públicos; XXVII - estabelecer e impor penalidades por infrações a
IX - promover adequado ordenamento territorial, me- suas leis e regulamentos.
diante planejamento e controle do parcelamento, da ocu- Art. 13 É competência do Município, comum à União
pação e do uso do solo urbano; e ao Estado:
X - administrar seus bens, adquiri-los e aliená-los, acei- I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das ins-
tar doações, legados e heranças, e dispor sobre sua apli- tituições democráticas e conservar o patrimônio público;
cação; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
XI - desapropriar bens, por necessidade ou utilidade da garantia das pessoas portadoras de deficiência;
pública, ou por interesse social, nos casos previstos em lei; III - proteger os documentos, as obras e outros bens
XII - estabelecer servidões administrativas necessárias de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
à realização de seus serviços, inclusive os prestados me- paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
diante delegação, e, em caso de iminente perigo ou cala- IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza-
midade pública, ocupar e usar de propriedade particular, ção de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
bens e serviços, assegurada indenização ulterior, se houver artístico ou cultural;
dano; V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu-
XIII - estabelecer o regime jurídico único de seus servi- cação e à ciência;
dores e os respectivos planos de carreira; VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição
XIV - constituir guarda municipal destinada à proteção em qualquer de suas formas;
de seus bens, serviços e instalações, nos termos da Consti- VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
tuição da República; VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o
XV - associar-se a outros municípios do mesmo com- abastecimento alimentar;
plexo geoeconômico e social, mediante convênio pre- IX - promover programas de construção de moradias
viamente aprovado pela Câmara, para a gestão, sob pla- e a melhoria das condições habitacionais e o saneamento
nejamento, de funções públicas ou serviços de interesse básico;
comum, de forma permanente ou transitória; X - combater as causas da pobreza e os fatores de mar-
XVI - cooperar com a União e o Estado, nos termos ginalização, promovendo a integração social dos setores
de convênio ou consórcio previamente aprovados pela Câ- desfavorecidos;
mara, na execução de serviços e obras de interesse para o XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
desenvolvimento local; direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
XVII - participar, autorizado por lei, da criação de enti- minerais em seu território;
dade intermunicipal para a realização de obra, o exercício XII - estabelecer e implantar política de educação para
de atividade ou a execução de serviço específico de inte- a segurança do trânsito.
resse comum;
XVIII - fiscalizar a produção, a conservação, o comér-
cio e o transporte de gênero alimentício e produto farma-
cêutico destinados ao abastecimento público, bem como
de substância potencialmente nociva ao meio ambiente, à
saúde e ao bem-estar da população;

111
LEGISLAÇÃO

Capítulo III Art. 21 Administração Regional é a unidade descentra-


DO DOMÍNIO PÚBLICO lizada do Poder Executivo, com circunscrição, atribuição,
organização e funcionamento definidos em lei.
Art. 14 Constituem bens municipais todas as coisas mó- Parágrafo Único - As diretrizes, metas e prioridades da
veis e imóveis, direitos e ações que, a qualquer título, perten- administração municipal serão definidas, para cada Admi-
çam ao Município. nistração Regional, nas leis de que trata o art. 125.
Art. 22 Funcionará junto a cada Administração Regio-
Capítulo IV nal uma instância, com atribuições de:
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I - relacionar as carências e reivindicações regionais,
nas áreas, entre outras, de saúde, educação, habitação,
Art. 15 A atividade de administração pública dos Poderes transporte, saneamento básico, meio ambiente, urbaniza-
do Município e a de entidade descentralizada obedecerão ção, cultura, esporte e lazer e nas relativas à criança, ao
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, adolescente e ao portador de deficiência, e hierarquizar as
publicidade e razoabilidade. prioridades;
§ 1º A moralidade e a razoabilidade dos atos do Poder II - participar da elaboração de planos de obras priori-
Público serão apuradas, para efeito de controle e invalidação, tárias para a região e do levantamento de seus custos;
em face dos dados objetivos de cada caso. III - analisar e manifestar-se sobre o plano diretor, o
§ 2º O agente público motivará o ato administrativo que pra- plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento
ticar, explicitando-lhe o fundamento legal, o fático e a finalidade. anual;
Art. 16 A administração pública direta é a que compete IV - acompanhar e fiscalizar as ações regionais do Po-
ao órgão de qualquer dos Poderes do Município. der Público;
Art. 17 A administração pública indireta é a que compete: V - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos pú-
I - à autarquia; blicos destinados à região;
II - à sociedade de economia mista; VI - elaborar proposta de solução para problema da
III - à empresa pública;
região.
IV - à fundação pública;
Art. 23 As instâncias de que tratam os arts. 20 e 22
V - às demais entidades de direito privado, sob o contro-
atuarão de forma autônoma e independente do Poder Pú-
le direto ou indireto do Município.
blico, nos termos fixados em lei, sendo-lhes garantido o
Art. 18 A ação administrativa do Poder Executivo será or-
livre acesso a documentos e informações de que necessitar.
ganizada segundo os critérios de descentralização, regionali-
§ 1º A composição, organização e funcionamento das
zação e participação popular.
Art. 19 A atividade administrativa, subordinada ou vincu- instâncias serão definidos em estatutos próprios, registra-
lada ao Prefeito Municipal, se organizará em sistemas, inte- dos em cartório e protocolados no órgão junto ao qual
grados por: cada instância atuará.
I - órgão central de direção e coordenação; § 2º A participação nas instâncias não acarretará qual-
II - entidade da administração indireta, se houver; quer ônus para o Município. (Redação dada pela Emenda à
III - unidade administrativa. Lei Orgânica nº 11/1996)
§ 1º Secretaria Municipal é o órgão central de cada siste- Art. 24 O Poder Público garantirá a participação da so-
ma administrativo. ciedade civil na elaboração do plano diretor, do plano plu-
§ 2º Unidade administrativa é a parte de órgão central ou rianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual.
de entidade da administração indireta. Art. 25 Depende de lei, em cada caso:
Art. 20 Funcionará junto a cada sistema administrativo I - a instituição e a extinção de autarquia e fundação
uma instância, com atribuições de: pública;
I - participar da elaboração de política de ação do Poder II - a autorização para instituir e extinguir sociedade de
Público para o setor; economia mista e empresa pública e para alienar ações que
II - participar da elaboração de planos e programas para garantam, nessas entidades, o controle pelo Município;
o setor e do levantamento de seus custos; III - a criação de subsidiária das entidades menciona-
III - analisar e manifestar-se sobre o plano diretor, o plano das nos incisos anteriores e sua participação em empresa
plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual; privada.
IV - acompanhar e fiscalizar a execução de plano e pro- § 1º Ao Município somente é permitido instituir ou
gramas setoriais; manter fundação com a natureza jurídica de direito público.
V - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos públi- § 2º É vedada a delegação de poderes ao Executivo
cos destinados ao setor; para a criação, extinção ou transformação de entidade de
VI - manifestar-se sobre proposta de alteração na legisla- sua administração indireta.
ção pertinente à atividade do setor. Art. 26 Para o procedimento de licitação, obrigatório
Parágrafo Único - Admitir-se-á o funcionamento de instâncias para contratação de obra, serviço, compra, alienação e
junto a sistema administrativo ou a órgão ou entidade da adminis- concessão, o Município observará as normas gerais expe-
tração pública, nos termos do art. 23 e seus parágrafos, voltados didas pela União.
para as áreas de interesse específicos da criança, do adolescente, Parágrafo Único - Revogado. (Revogado pela Emenda à
do idoso, do portador de deficiência, do negro e da mulher. Lei Orgânica nº 11/1996)

112
LEGISLAÇÃO

Art. 27 As pessoas jurídicas de direito público e as de Art. 35 O Município, preferencialmente à venda ou


direito privado prestadoras de serviços públicos responde- doação de seus imóveis, outorgará concessão de direito
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau- real de uso.
sarem a terceiros, sendo obrigatória a regressão, no prazo Parágrafo Único - O título de domínio e o de conces-
estabelecido em lei, contra o responsável, nos casos de são do direito real de uso serão conferidos ao homem ou
dolo ou culpa. à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil,
Art. 28 A publicidade de ato, programa, projeto, obra, nos termos e condições previstos em lei.
serviço e campanha de órgão público, por qualquer veícu- Art. 36 Os bens imóveis públicos de interesse histórico,
lo de comunicação, somente pode ter caráter informativo, artístico ou cultural somente podem ser utilizados por ter-
educativo ou de orientação social, e dela não constarão ceiros para finalidades culturais.
nome, cor ou imagem que caracterizem a promoção pes- Art. 37 A alienação de bem móvel é feita mediante pro-
soal de autoridade, servidor público ou partido político. cedimento licitatório e depende de avaliação prévia.
§ 1º É vedado ao Município subvencionar ou auxiliar, § 1º Para os fins do artigo, o órgão competente expedi-
com recursos públicos e por qualquer meio de comunica- rá laudo técnico que comprove a obsolescência ou exaus-
ção, propaganda político-partidária ou com finalidade es- tão, em razão de uso, do bem.
tranha à administração pública. § 2º É dispensável o procedimento licitatório nas hipó-
§ 2º Os Poderes do Município, incluídos os órgãos que teses de:
os compõem, publicarão trimestralmente, o montante das I - doação, admitida exclusivamente para fins de inte-
despesas com publicidade que, no período, tiverem sido resse social;
contratadas ou pagas a cada agência publicitária ou veículo II - permuta;
de comunicação. III - venda de ações em bolsa.
Art. 29 A lei definirá os atos decisórios de relevância § 3º O disposto no inciso III do parágrafo anterior de-
que deverão ser publicados para produzir efeitos. pende de prévia autorização legislativa.
Art. 30 Para registro dos atos e fatos administrativos, o § 4º Nos casos em que for dispensada a Autorização
Município terá livros, fichas ou outro sistema, conveniente- legislativa, o Executivo encaminhará à Câmara relatório ex-
mente autenticados, que forem necessários aos seus ser- plicando a alienação feita, particularmente sobre o preço,
viços. se for o caso, e os critérios de escolha do adquirente. (Re-
Parágrafo Único - O Município terá um livro especial dação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 11/1996)
para o registro de suas leis. Art. 38 O uso especial de bem patrimonial do Municí-
Art. 31 Cabe ao Prefeito a administração dos bens pio por terceiro será objeto, na forma da lei, de:
municipais, respeitada a competência da Câmara quanto I - concessão, mediante contrato de direito público, re-
àqueles utilizados em seus serviços. munerada ou gratuita, ou a título de direito real resolúvel;
Art. 32 A aquisição de bem imóvel, por meio de com- II - permissão;
pra, permuta ou doação com encargo, depende de auto- III - cessão;
rização legislativa e, nos dois primeiros casos, também de IV - autorização.
prévia avaliação. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgâni- § 1º O uso especial de bem patrimonial por terceiro
ca nº 11/1996) será sempre a título precário, condicionado ao atendimen-
Art. 33 A alienação de bem imóvel público edificado to de condições previamente estabelecidas e submetido à
depende de avaliação prévia, licitação e autorização legis- aprovação de comissão a ser criada pelo Executivo. (Pará-
lativa. grafo Único transformado em § 1º pela Emenda à Lei Or-
Parágrafo Único - A alienação aos proprietários de gânica nº 4/1993)
imóveis lindeiros de áreas urbanas remanescentes, resul- § 2º O uso especial de bem patrimonial será remunera-
tantes de obras públicas, e inaproveitáveis para edificação do e dependerá de licitação quando destinado a finalidade
ou outra destinação de interesse público, bem como de econômica.
áreas resultantes de modificação de alinhamento, depen- § 3º O uso especial de bem patrimonial poderá ser gra-
derá de prévia avaliação e autorização legislativa. tuito quando se destinar a outras entidades de direito pú-
Art. 34 A alienação de bem imóvel público não edifica- blico, entidades assistenciais, religiosas, educacionais, es-
do depende de interesse público, avaliação prévia, autori- portivas, desde que verificado relevante interesse público.
zação legislativa e licitação, observadas, quanto a esta, as (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 4/1993)
exceções previstas em Lei. (Redação dada pela Emenda à Art. 39 Os bens do patrimônio municipal devem ser ca-
Lei Orgânica nº 22/2010) dastrados, zelados e tecnicamente identificados, especial-
§ 1º São inalienáveis os bens imóveis públicos, edifi- mente as edificações de interesse administrativo, as terras
cados ou não, utilizados pela população em atividades públicas e a documentação dos serviços públicos.
de lazer, esporte e cultura, os quais somente poderão ser § 1º O cadastramento e a identificação técnica dos
utilizados para outros fins se o interesse público o justifi- imóveis do Município, de que trata o artigo, devem ser
car e mediante autorização legislativa. (Redação dada pela anualmente atualizados, garantido o acesso às informa-
Emenda à Lei Orgânica nº 22/2010) ções neles contidas.
§ 2º A autorização legislativa mencionada neste artigo § 2º Os imóveis não-edificados deverão ser murados
e no art. 33 é sempre prévia e depende do voto da maioria ou cercados e identificados com placas indicativas da pro-
dos membros da Câmara. priedade municipal.

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LEGISLAÇÃO

Art. 40 É vedado ao Poder Público edificar, descarac- Art. 46 A lei estabelecerá os casos de contratação por
terizar ou abrir vias públicas em praças, parques, reservas tempo determinado, para atender a necessidade temporá-
ecológicas e espaços tombados do Município, ressalvadas ria de excepcional interesse público.
as construções estritamente necessárias à preservação e ao § 1º O disposto no artigo não se aplica a funções de
aperfeiçoamento das mencionadas áreas. magistério.
Art. 41 O disposto nos arts. 32 a 40 se aplica às autar- § 2º É vedado o desvio de função de pessoa contratada
quias e às fundações públicas. na forma autorizada no artigo, bem como sua recontrata-
Art. 42 O Prefeito, o Vice-Prefeito, os Vereadores, os ção, sob pena de nulidade do contrato e responsabilização
ocupantes de cargo em comissão ou função de confiança, administrativa e civil da autoridade contratante.
as pessoas ligadas a qualquer deles por matrimônio ou pa- Art. 47 Serão exercidos por servidores ou empregados
rentesco, afim ou consangüíneo, até o segundo grau, ou por públicos municipais os cargos em comissão e as funções
adoção, e os servidores e empregados públicos municipais de confiança da administração direta, inferiores, no Poder
não poderão firmar contrato com o Município, subsistindo a Executivo, ao terceiro nível hierárquico da estrutura organi-
proibição até seis meses após findas as respectivas funções. zacional e, no Poder Legislativo, ao primeiro nível.
Parágrafo Único - Excetuam-se do disposto no artigo
Art. 43 É vedada a contratação de empresas, inclusive as
os cargos e funções de assessoria, apoio e execução esta-
locadoras de mão-de-obra, para a execução de tarefas pró-
belecidos em lei.
prias e permanentes de órgãos e entidades da administra-
Art. 48 Na administração indireta, os cargos ou empre-
ção pública, salvo as situações de emergência, bem como as
gos de provimento em comissão e as funções de confiança,
atividades sazonais ou para as quais a manutenção de pes- inferiores ao primeiro nível hierárquico da estrutura organi-
soal técnico e operacional e de equipamentos e instalações zacional, e metade dos cargos e funções da administração
seja inconveniente ao interesse público, nos termos da lei. superior serão exercidos por servidores ou empregados de
carreira da respectiva entidade.
Capítulo V Art. 49 A revisão geral da remuneração do servidor pú-
DOS SERVIDORES PÚBLICOS blico, sob um índice único, far-se-á sempre no mês que a
lei fixar, sendo, ainda, assegurada a preservação mensal de
Art. 44 A atividade administrativa permanente é exer- seu poder aquisitivo, desde que respeitados os limites a
cida: que se refere a Constituição da República.
I - em qualquer dos Poderes do Município, nas autar- § 1º A lei fixará o limite máximo e a relação entre a
quias e nas fundações públicas, por servidor público, ocu- maior e a menor remuneração dos servidores públicos, a
pante de cargo público, em caráter efetivo ou em comissão, qual não poderá exceder a percebida, em espécie, a qual-
ou de função pública; quer título, pelo Prefeito.
II - nas sociedades de economia mista, nas empresas § 2º Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo
públicas e nas demais entidades de direito privado sob o não podem ser superiores aos percebidos no Poder Exe-
controle direto ou indireto do Município, por empregado cutivo.
público, ocupante de emprego público ou função de con- § 3º É vedada a vinculação ou equiparação de venci-
fiança. mentos para efeito de remuneração de pessoal do serviço
Art. 45 Os cargos, empregos e funções são acessíveis público, ressalvado o disposto nesta Lei Orgânica.
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos § 4º Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
em lei. público não serão computados nem acumulados, para o
§ 1º A investidura em cargo ou emprego público depen- fim de concessão de acréscimo ulterior, sob o mesmo título
de de aprovação prévia em concurso público de provas, ou ou idêntico fundamento.
de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em § 5º Os vencimentos do servidor público são irredutí-
veis, e a remuneração observará o disposto nos §§ 1º e 2º
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
deste artigo e os preceitos estabelecidos nos arts. 150, II,
§ 2º O prazo de validade do concurso público é de até
153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição da República.
dois anos, prorrogável, uma vez, por igual período.
§ 6º Serão corrigidos mensalmente, de acordo com os
§ 3º Durante o prazo improrrogável previsto no edital índices oficiais aplicáveis, os vencimentos, vantagens ou
de convocação, o aprovado em concurso público será con- qualquer parcela remuneratória pagos com atraso ao ser-
vocado, observada a ordem de classificação, com prioridade vidor público.
sobre novos concursados, para assumir o cargo ou emprego § 7º É assegurado aos servidores públicos e às suas
na carreira. entidades representativas o direito de reunião nos locais
§ 4º A inobservância do disposto nos parágrafos ante- de trabalho, após prévia comunicação à chefia imediata, e
riores implica nulidade do ato e punição da autoridade res- desde que o atendimento externo ao público, se houver,
ponsável, nos termos da lei. não sofra interrupção.
§ 5º Ao servidor público municipal são garantidos, nos Art. 49 A - Fica proibida a nomeação ou a designação
concursos públicos, cinco por cento da pontuação total dos para cargos ou empregos de direção, chefia e assessora-
títulos, por ano de serviço prestado, mediante subordina- mento, na administração direta e indireta do Município, de
ção, à administração pública do Município, até o máximo de pessoa declarada inelegível em razão de condenação pela
trinta por cento. prática de ato ilícito, nos termos da legislação federal.

114
LEGISLAÇÃO

§ 1º Incorrem na mesma proibição de que trata este Art. 53 Os atos de improbidade administrativa impor-
artigo os detentores de mandato eletivo declarados ine- tam suspensão dos direitos políticos, perda de função pú-
legíveis por renunciarem a seus mandatos desde o ofere- blica, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário,
cimento de representação ou petição capaz de autorizar na forma e na gradação estabelecidas em lei, sem prejuízo
a abertura de processo por infringência a dispositivo da da ação penal cabível.
Constituição Federal, da Constituição Estadual ou da Lei Art. 54 É vedado ao servidor público desempenhar ati-
Orgânica do Município ou do Distrito Federal. vidades que não sejam próprias do cargo de que for titular,
§ 2º Fica o servidor nomeado ou designado obrigado exceto quando ocupar cargo em comissão ou desempe-
a apresentar, antes da posse, declaração de que não se en- nhar função de confiança.
contra na situação de vedação de que trata este artigo. (Re- Art. 55 Os servidores dos órgãos da administração di-
dação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 23/2011) reta, das autarquias e das fundações públicas sujeitar-se-ão
Art. 49 B - Não poderão prestar serviço a órgãos e en- a regime jurídico único e a planos de carreira a serem insti-
tidades do Município os trabalhadores das empresas con- tuídos pelo Município.
§ 1º A política de pessoal obedecerá às seguintes di-
tratadas declarados inelegíveis em resultado de decisão
retrizes:
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado
I - valorização e dignificação da função pública e do
relativa a, pelo menos, uma das seguintes situações:
servidor público;
I - representação contra sua pessoa julgada proceden-
II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor
te pela Justiça Eleitoral em processo de abuso do poder público;
econômico ou político; III - constituição de quadro dirigente, mediante forma-
II - condenação por crimes contra a economia popu- ção e aperfeiçoamento de administradores públicos;
lar, a fé pública, a administração pública ou o patrimônio IV - sistema de mérito objetivamente apurado para in-
público. gresso no serviço e desenvolvimento na carreira;
Parágrafo Único - Ficam as empresas a que se refere o V - remuneração compatível com a complexidade e a
caput deste artigo obrigadas a apresentar ao contratante, responsabilidade das tarefas e com a escolaridade exigida
antes do início da execução do contrato, declaração de que para o seu desempenho.
os trabalhadores que prestarão serviço ao Município não § 2º Ao servidor público que, por acidente ou doença,
incorrem nas proibições de que trata este artigo. (Redação se tornar inapto para exercer as atribuições específicas de
acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 23/2011) seu cargo, serão assegurados os direitos e vantagens a ele
Art. 50 É vedada a acumulação remunerada de cargos inerentes, até seu definitivo aproveitamento em outro car-
públicos, permitida, no entanto, se houver compatibilidade go, de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, ou
de horários: até a aposentadoria.
I - a de dois cargos de professor; § 3º Para provimento de cargo de natureza técnica, exi-
II - a de um cargo de professor com outro técnico ou gir-se-á a respectiva habilitação profissional.
científico; Art. 56 O Município assegurará ao servidor os direitos
III - a de dois cargos privativos de médico. previstos no art. 7º, incisos IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XV, XVI,
Parágrafo Único - A proibição de acumular se estende XVII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX da Constituição da Repú-
a empregos e funções e abrange autarquias, empresas pú- blica e os que, nos termos da lei, visem à melhoria de sua
blicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. condição social e à produtividade no serviço público, es-
Art. 51 Ao servidor público municipal em exercício de pecialmente:
mandato eletivo se aplicam as seguintes disposições: I - duração do trabalho normal não-superior a oito ho-
I - tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, ras diárias e quarenta semanais, facultada a compensação
de horários e a redução da jornada nos termos em que
ficará afastado do cargo, emprego ou função;
dispuser a lei;
II - investido no mandato de Prefeito ou de Vereador,
II - adicionais por tempo de serviço;
será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe fa-
III - férias-prêmio, com duração de 6 (seis) meses, ad-
cultado optar por sua remuneração; quiridas a cada período de 10 (dez) anos de efetivo exercí-
III - em qualquer caso que exija o afastamento para o cio na administração pública, admitida a sua conversão em
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será espécie, a título de indenização, por opção do servidor, ou,
contado para todos os efeitos legais, exceto para a promo- para efeito de aposentadoria, a contagem em dobro das
ção por merecimento; não-gozadas;
IV - para o efeito de benefício previdenciário, no caso III - Revogado. (Revogado pela Emenda à Lei Orgâ-
de afastamento, os valores serão determinados como se no nica nº 19/2006) (Emenda à Lei Orgânica nº 19 declarada
exercício estivesse. inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
Art. 52 A lei reservará percentual dos cargos e empre- conforme ADI nº 1.0000.07.467.202-3/000)
gos públicos para pessoas portadoras de deficiência e para IV - assistência e previdência sociais, extensivas ao côn-
ex-presidiários recém-colocados em liberdade e definirá os juge ou companheiro e aos dependentes;
critérios de sua admissão. (Redação dada pela Emenda à V - atendimento gratuito, em creche e pré-escola, aos
Lei Orgânica nº 14/1999) filhos e dependentes, desde o nascimento até seis anos de
idade;

115
LEGISLAÇÃO

VI - licença a gestante, com duração de cento e vinte Art. 60 É estável, após dois anos de efetivo exercício, o
dias e, nos termos da lei, a adotante, sem prejuízo da re- servidor público nomeado em virtude de concurso público.
muneração; § 1º O servidor público estável só perderá o cargo em
VII - auxílio-transporte; virtude de sentença judicial transitada em julgado ou pro-
VIII - progressão horizontal e vertical. cesso administrativo em que lhe seja assegurada ampla
§ 1º Cada período de cinco anos de efetivo exercício dá defesa.
ao servidor o direito ao adicional de dez por cento sobre seu § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
vencimento e gratificações, o qual se incorpora ao valor do servidor público estável, será ele reintegrado no cargo an-
provento da aposentadoria. (§ 1º Declarado inconstitucional teriormente ocupado, com ressarcimento de todas as van-
pela ADIN nº 159, do TJMG) tagens, sendo o eventual ocupante da vaga reconduzido
§ 2º Para os fins do inciso II, é assegurado o cômputo ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado
integral do tempo de serviço público. em outro cargo ou posto em disponibilidade.
§ 3º Haverá, na administração pública, serviços especiali- § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessi-
zados em segurança e medicina do trabalho e comissões in- dade, o servidor público estável ficará em disponibilidade
ternas de prevenção de acidentes, com atribuições definidas remunerada, até seu adequado aproveitamento em outro
em lei. cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o an-
§ 4º O servidor público, incluído o das autarquias e funda- teriormente ocupado, respeitada a habilitação exigida.
ções, detentor de título declaratório que lhe assegure direito à Art. 61 A administração fazendária e seus servidores
continuidade de percepção da remuneração de cargo de pro- fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
vimento em comissão, tem direito aos vencimentos, às gratifi- dição, precedência sobre os demais setores administrativos
cações e a todas as demais vantagens inerentes ao cargo em municipais, na forma da lei.
relação ao qual tenha ocorrido o apostilamento, ainda que Art. 62 O Município manterá plano de previdência e as-
decorrentes de transformação ou reclassificação posteriores. sistência sociais para o agente político e o servidor público
§ 5º O servidor do Poder Executivo terá direito a férias submetido a regime próprio e para a sua família.
-prêmio, nos seguintes termos: § 1º O plano de previdência e assistência sociais visa
I - corresponderá a 6 (seis) meses, para cada 10 (dez) anos a dar cobertura aos riscos a que estão sujeitos os benefi-
de efetivo exercício na administração pública; ciários mencionados no artigo e atenderá, nos termos da
II - será admitida a conversão em espécie, em caráter in- lei, a:
denizatório, por opção do servidor; I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, velhice,
III - será devida ao servidor da Administração Direta e acidente em serviço, falecimento e reclusão;
Indireta. (Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
19/2006) (§ 5º Declarado inconstitucional, de acordo com a III - assistência à saúde;
ADIN nº 1.0000.07.467.202-3/000, do TJMG) IV - ajuda à manutenção dos dependentes dos bene-
§ 6º O benefício de que trata o § 5º se estenderá ao ser- ficiários.
vidor do Poder Legislativo, na hipótese de extinção de outro § 2º O plano será custeado com o produto da arrecada-
benefício previsto na respectiva legislação que implique, com ção de contribuições sociais obrigatórias do servidor públi-
ou sem conversão em espécie, concessão de período de frui- co e do agente político, do Poder, do órgão ou da entidade
ção remunerada de descanso em razão de tempo de servi- a que se encontra vinculado, e de outras fontes de receita
ço parecido com o previsto no inciso I do mesmo parágrafo. definidas em lei.
(Redação acrescida pela Emenda à Lei Orgânica nº 19/2006) § 3º A contribuição mensal do servidor público e do
(Declarado inconstitucional pela ADIN nº 1.0000.07.467.202- agente político será diferenciada em razão da remunera-
3/000, do TJMG) ção, na forma da lei, e não será superior a um terço do valor
Art. 57 A lei assegurará ao servidor público da adminis- atuarialmente exigível.
tração direta isonomia de vencimentos para cargos de atri- § 4º Os benefícios do plano serão concedidos nos ter-
buições iguais ou assemelhados do mesmo Poder, ou entre mos e nas condições estabelecidos em lei e compreendem:
servidores dos poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as I - quanto ao servidor público e agente político:
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao a) aposentadoria;
local de trabalho. b) auxílio-natalidade;
Art. 58 É livre a associação profissional ou sindical dos c) salário-família diferenciado;
servidores públicos, nos termos da Constituição da República. d) licença para tratamento de saúde;
Parágrafo Único - É garantida a liberação de servidor ou e) licença-maternidade, licença-paternidade e licença
empregado público para o exercício de mandato eletivo em -adoção;
diretoria executiva de entidade sindical, sem prejuízo da re- f) licença por acidente em serviço;
muneração e dos demais direitos e vantagens de seu cargo ou II - quanto ao dependente:
emprego, exceto promoção por merecimento. a) pensão por morte;
Art. 59 É garantido ao servidor público o direito de greve, b) auxílio-reclusão;
a ser exercido nos termos e limites definidos em lei comple- c) auxílio-funeral;
mentar federal. d) pecúlio.

116
LEGISLAÇÃO

§ 5º Nos casos previstos nas alíneas «d», «e» e «f» do § 8º É assegurado ao servidor afastar-se da atividade
inciso I do parágrafo anterior, o servidor perceberá remu- a partir da data do requerimento de aposentadoria, e sua
neração integral, como se em exercício estivesse. não-concessão importará a reposição do período de afas-
§ 6º Incumbe ao Tesouro Municipal o custeio e paga- tamento.
mento dos benefícios referidos nas alíneas «a», «d», «e» § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a con-
e «f» do inciso I do § 4º. (§ 6º declarado inconstitucional tagem recíproca do tempo de contribuição na administra-
pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (ADI Nº 1477918- ção pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese
64.2000.8.13.10000) em que os diversos sistemas de previdência social se com-
§ 7º O Poder, o órgão ou a entidade a que se vincule o pensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos
servidor público ou o agente político terá, após os descon- em lei federal.
tos, o prazo de dez dias para recolher as respectivas con- § 10 Nenhum benefício ou serviço da previdência so-
tribuições sociais, sob pena de responsabilização do seu cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor-
preposto e pagamento dos acréscimos definidos em lei. respondente fonte de custeio total.
Art. 63 O servidor público será aposentado: Art. 64 O servidor público que retornar à atividade
I - por invalidez permanente, com proventos integrais, após a cessação dos motivos que causaram sua aposen-
quando decorrente de acidente em serviço, moléstia pro- tadoria por invalidez terá direito, para todos os fins, salvo
fissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especi- para o de promoção, à contagem do tempo relativo ao pe-
ficadas em lei, e proporcionais nos demais casos; ríodo de afastamento.
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com Art. 65 Incumbe a entidade da administração indireta
proventos proporcionais ao tempo de serviço; gerir, com exclusividade, o sistema de previdência e assis-
III - voluntariamente: tência sociais dos servidores públicos e agentes políticos.
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos § 1º Os cargos de direção da entidade serão ocupados
trinta, se mulher, com proventos integrais; por servidores municipais de carreira dela contribuintes,
b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de ativos e aposentados, observada a habilitação profissional
exigida quando se tratar de diretoria técnica.
magistério, se professor, e aos vinte e cinco, se professora,
§ 2º Um terço dos cargos de direção da entidade será
com proventos integrais;
provido por servidor efetivo, eleito pelos filiados ativos e
c) aos trinta anos de exercício, se homem, e aos vin-
aposentados, para mandato de dois anos, vedada a recon-
te e cinco, se mulher, com proventos proporcionais a esse
dução consecutiva.
tempo;
§ 3º Homologado o resultado da eleição, o Prefeito,
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
nos vinte dias subseqüentes, nomeará o eleito e lhe dará
aos sessenta, se mulher, com proventos proporcionais ao
posse.
tempo de serviço.
§ 4º Caso o Prefeito não o nomeie ou emposse, no pra-
§ 1º As exceções ao disposto no inciso III, alíneas «a» zo do parágrafo anterior, ficará o eleito investido no res-
e «c», no caso de exercício de atividades consideradas pe- pectivo cargo.
nosas, insalubres ou perigosas, serão as estabelecidas em
legislação federal. (Redação dada pela Emenda à Lei Orgâ- Capítulo VI
nica nº 1/1992) DOS SERVIÇOS E OBRAS PÚBLICOS
§ 2º A lei disporá sobre a aposentadoria em cargo, fun-
ção ou emprego temporários. Art. 66 No exercício de sua competência para organizar
§ 3º O tempo de serviço público será computado inte- e regulamentar os serviços públicos, o Município observará
gralmente para os efeitos de aposentadoria e disponibili- os requisitos de eficiência do serviço e conforto e bem-es-
dade. tar dos usuários.
§ 4º Os proventos da aposentadoria e as pensões por Parágrafo Único - O Poder Público dará prioridade às
morte, nunca inferiores ao salário mínimo, serão revistos, obras em andamento, não podendo iniciar novos projetos
na mesma proporção e na mesma data, sempre que se mo- com objetivos idênticos sem que seja concluído o projeto
dificar a remuneração do servidor em atividade. em execução.
§ 5º Serão estendidos ao inativo os benefícios ou van- Art. 67 A lei disporá sobre a organização, o funciona-
tagens posteriormente concedidos ao servidor em ativida- mento, a fiscalização e a segurança dos serviços públicos
de, mesmo quando decorrentes de transformação ou re- de interesse local, prestados mediante delegação, incum-
classificação do cargo ou da função em que se tiver dado bindo aos que os executarem sua permanente atualização
a aposentadoria. e adequação às necessidades dos usuários.
§ 6º O benefício da pensão por morte corresponderá à § 1º O Município poderá retomar os serviços delega-
totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor fale- dos, desde que:
cido, até o limite estabelecido em lei, observado o disposto I - sejam executados em desconformidade com o ato
nos §§ 4º e 5º. ou contrato, ou se revelem insuficientes para o atendimen-
§ 7º A pensão de que trata o parágrafo anterior será to dos usuários;
devida ao cônjuge ou companheiro e aos demais depen- II - haja ocorrência de paralisação unilateral dos servi-
dentes, na forma da lei. ços por parte dos delegatários;

117
LEGISLAÇÃO

III - seja estabelecida a prestação direta do serviço pelo


Município. 6. LEI MUNICIPAL Nº 8.198, DE 13/07/2001 - USO
§ 2º A retomada será feita sem indenização nos casos DE FOCINHEIRAS EM CÃES NA VIA PÚBLICA;
previstos nos incisos I e II do parágrafo anterior, bem como,
salvo disposição em contrário do contrato, ao término deste.
§ 3º A permissão de serviço público, sempre a título pre-
cário, dar-se-á por decreto, após edital de chamamento de LEI Nº 8198, DE 13 DE JULHO DE 2001
interessados para a escolha do melhor pretendente, proce- (Regulamentada pelo Decreto nº 10.961/2002)
dendo-se à licitação com estrita observância das normas ge- OBRIGA O USO DE FOCINHEIRAS E CORRENTES PELOS
rais da União e da legislação municipal pertinente. CÃES E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
§ 4º A concessão só será feita com autorização legislativa O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus re-
e mediante contrato, observada a legislação referente à licita- presentantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ção e contratação. Art. 1º Fica obrigatório o uso de focinheiras e correntes
§ 5º Os delegatários de serviços públicos sujeitar-se-ão à pelos cães que circulam com os donos nas ruas e praças
regulamentação específica e ao controle tarifário do Município. do Município.
§ 6º Em todo ato ou contrato de delegação de serviço públi- Art. 2º O descumprimento do disposto nesta Lei sujeita
co, o Município se reservará o direito de averiguar a regularida- o responsável pelo cão às seguintes penalidades:
de do cumprimento da legislação trabalhista pelo delegatário. I - apreensão do cão;
Art. 68 A lei disporá sobre: II - multa de R$ 50,00 (cinqüenta reais).
I - o regime dos delegatários de serviços públicos, o ca- Parágrafo Único. Após o pagamento da multa, o cão
ráter especial do contrato e de sua prorrogação, bem como será devolvido ao seu dono.
as condições de caducidade, fiscalização e extinção dos ser- Art. 3º O Executivo regulamentará esta Lei no prazo de
viços delegados; 60 (sessenta) dias, contado a partir da data de sua publi-
II - os direitos dos usuários; cação.
III - a política tarifária; Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
IV - a obrigação de manter serviço adequado; ção oficial.
V - as reclamações relativas à prestação de serviços públicos; Belo Horizonte, 13 de julho de 2001
VI - o tratamento especial em favor do usuário de baixa renda.
Parágrafo Único - Na fixação das tarifas dos serviços pú-
blicos, ter-se-á em vista a justa remuneração. 7. LEI MUNICIPAL Nº 8.354, DE 24/04/2002 -
Art. 69 A competência do Município para realização de
obras públicas abrange: LEI DO “PIT BUL”;
I - a construção de edifícios públicos;
II - a construção de obras e instalações para implantação
e prestação de serviços necessários ou úteis às comunidades; LEI Nº 8354, DE 24 DE ABRIL DE 2002
III - a execução de quaisquer outras obras destinadas a (Regulamentada pelo Decreto nº 11.215/2002)
assegurar a funcionalidade e o bom aspecto da cidade. DISPÕE SOBRE PROPRIEDADE, IMPORTAÇÃO, ADOÇÃO,
§ 1º A obra pública poderá ser executada diretamente COMERCIALIZAÇÃO, CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE CÃES
por órgão ou entidade da administração pública e, indireta- DAS RAÇAS QUE MENCIONA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
mente, por terceiros, mediante licitação. O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus re-
§ 2º A construção de edifícios e obras públicas obedece- presentantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
rá aos princípios de economicidade, simplicidade, adequação Art. 1º Ficam proibidas a propriedade, a importação,
ao espaço circunvizinho e ao meio ambiente, e se sujeitará às a adoção, a comercialização, a criação e a manutenção de
exigências e limitações constantes do código de obras. cães das seguintes raças:
§ 3º A Câmara manifestar-se-á sobre a execução de obra
I - pitbull:
pública pela União ou pelo Estado, no território do Municí-
II - (VETADO)
pio, observada a legislação específica.
III - produto de cruzamento das raças mencionadas
Art. 220 Compete ao Conselho Municipal de Defesa dos
nos incisos anteriores.
Direitos Humanos propagar os direitos e garantias funda-
Art. 2º Fica o proprietário de cão das raças referidas
mentais, assegurados na Declaração Universal dos Direitos
no art. 1º obrigado, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a
do Homem e na Constituição da República, investigar-lhes
as violações, encaminhar denúncias a quem de direito e zelar partir da publicação do decreto de regulamentação desta
para que sejam respeitados pelo Poder Público. Lei aos seguintes procedimentos:
§ 1º O Conselho será composto: I - atualizar as vacinas e esterilizar o animal;
I - por representante da Comissão de Direitos Humanos II - equipar o animal de coleira e mordaça ao conduzi
da Câmara Municipal; -lo a lugares públicos;
II - por um representante de cada entidade situada no III - registrar o animal no órgão estadual competente;
Município e voltada, exclusivamente ou por meio de setor IV - permitir, somente a pessoas maiores de 18 (de-
próprio, para defesa desses direitos e garantias. zoito) anos, a condução do animal, em vias e logradouros
§ 2º A participação no Conselho será gratuita. públicos.

118
LEGISLAÇÃO

Art. 3º O descumprimento do disposto no art. 2º desta Art. 5º As operações de construção, conservação e


Lei sujeita o infrator às seguintes penalidades: manutenção e o uso da propriedade pública ou particular
I – perda da propriedade do animal, em caso de infração afetarão o interesse público quando interferirem em direi-
ao disposto no art. 1º e no inciso I do artigo 2º; to do consumidor ou em questão ambiental, sanitária, de
II - apreensão e multa no valor de R$ 500,00 (quinhentos segurança, de trânsito, estética ou cultural do Município.
reais), em caso de infração ao disposto nos incisos de II a IV Art. 6º Dependerá de prévio licenciamento a realização
do art. 2º; das operações e dos usos previstos nos incisos do caput do
III - (VETADO) art. 2º, conforme exigência expressa que neste Código se
Parágrafo Único. (VETADO) fizer acerca de cada caso.
Art. 4º O Executivo regulamentará esta Lei no prazo de Art. 6º A - É vedada a colocação de qualquer elemento
60 (sessenta) dias, contado a partir da data de sua publicação. que obstrua, total ou parcialmente, o logradouro público,
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação exceto o mobiliário urbano que atenda às disposições des-
ta Lei. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Art. 7º O regulamento deste Código disporá sobre o
processo de licenciamento, sobre o documento que pode-
8. LEI MUNICIPAL Nº 8.616, DE 14/07/2003 - rá dele resultar e sobre as regras para o cancelamento do
CÓDIGO DE POSTURAS MUNICIPAIS; documento expedido.
§ 1º Dependendo da operação ou uso a ser licenciado,
o processo de licenciamento será distinto, podendo, con-
forme o caso, exigir:
LEI Nº 8616, DE 14 DE JULHO DE 2003. I - pagamento de taxa de valor diferenciado;
(Regulamentada pelo Decreto nº 14.060/2010) II - prévia licitação ou outro procedimento de seleção;
III - elenco específico de documentos para a instrução
CONTÉM O CÓDIGO DE POSTURAS DO MUNICÍPIO DE do requerimento inicial;
BELO HORIZONTE. IV - cumprimento de ritual próprio de tramitação, com
O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus re- prazos específicos para cada uma de suas fases.
presentantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 2º Dependendo do processo de licenciamento, o tipo
do documento expedido será distinto, podendo ter, con-
TÍTULO I forme cada caso:
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES I - nome específico;
II - prazo de vigência temporário determinado ou vali-
Art. 1º Este Código contém as posturas destinadas a dade permanente;
promover a harmonia e o equilíbrio no espaço urbano por III - caráter precário.
meio do disciplinamento dos comportamentos, das con- § 3º Dependendo do tipo de documento de licencia-
dutas e dos procedimentos dos cidadãos no Município de mento expedido, o cancelamento terá ritual próprio e será
Belo Horizonte. feito por meio de um dos seguintes procedimentos:
Art. 2º As posturas de que trata o art. 1º regulam: I - cassação, se descumpridas as normas reguladoras
I - as operações de construção, conservação e manu- da operação ou uso licenciados;
tenção e o uso do logradouro público; II - anulação, se expedido o documento sem observân-
II - as operações de construção, conservação e manu-
cia das normas pertinentes;
tenção e o uso da propriedade pública ou particular, quan-
III - revogação, se manifestado interesse público super-
do tais operações e uso afetarem o interesse público.
veniente.
III - o uso do espaço aéreo e do subsolo. (Redação
§ 4º Será considerada licenciada, para os fins deste Có-
acrescida pela Lei nº 9845/2010)
§ 1º Para os fins deste Código, entende-se por logra- digo, a pessoa natural ou jurídica a quem tenha sido confe-
douro público: rido, ao final do processo, o documento de licenciamento
I - o conjunto formado pelo passeio e pela via pública, respectivo.
no caso da avenida, rua e alameda; § 5º A licença caducará quando não for exercido pelo
II - a passagem de uso exclusivo de pedestre e, excep- licenciado o direito de renovação dentro do prazo de vali-
cionalmente, de ciclista; dade da mesma, não sendo necessária sua declaração pelo
III - a praça; Executivo. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
IV - o quarteirão fechado. Art. 7º A - Constatada a irregularidade urbanística da
§ 2º Entende-se por via pública o conjunto formado edificação onde seja exercida atividade que cause dano ou
pela pista de rolamento e pelo acostamento e, se existen- ameaça de dano a terceiros, especialmente ocasionando
tes, pelas faixas de estacionamento, ilha e canteiro central. risco à segurança ou à saúde pública, a fiscalização, me-
Art. 3º (VETADO) diante despacho fundamentado, poderá solicitar à autori-
Art. 4º O uso do logradouro público é facultado a to- dade competente autorização para interdição da atividade.
dos e o acesso a ele é livre, respeitadas as regras deste (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Código e de seu regulamento.

119
LEGISLAÇÃO

Art. 8º O processo de licenciamento receberá decisão fa- Art. 11 B - Estando a recomposição do logradouro públi-
vorável sempre que: co em conformidade com esta Lei e livre de entulho ou outro
I - forem preenchidos os requisitos legais pertinentes; material decorrente da obra, o Executivo emitirá o Termo de
II - houver conveniência ou interesse públicos. Aceitação Provisório, que será relativo à sua perfeita condição
§ 1º A decisão desfavorável baseada no previsto pelo in- de utilização.
ciso II deste artigo será acompanhada de justificativa técnica. § 1º O responsável, o licenciado ou a empresa executora
§ 2º O regulamento deste Código, considerando a ope- da obra responderá por qualquer deficiência técnica que com-
ração ou uso a ser licenciado, definirá prazo máximo para prometa a estabilidade da mesma pelo prazo irredutível de 5
deliberação sobre o licenciamento requerido. (cinco) anos, a partir da data de emissão do Termo de Aceitação
Art. 9º Se dada decisão favorável ao processo de licen- Provisório.
ciamento, será expedido o documento comprobatório res- § 2º Decorrido o prazo fixado no § 1º deste artigo e cons-
pectivo, o qual especificará, no mínimo, a operação ou uso tatada a regularidade mediante nova vistoria ao local da obra,
a que se refere, o local ou área de abrangência respectiva e
o órgão competente emitirá o Termo de Aceitação Definitivo
o seu prazo de vigência, além de outras condições previstas
e cessará a responsabilidade do executor da obra. (Redação
neste Código.
acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Parágrafo Único. Deverá o documento de licenciamento
ser mantido no local onde se realiza a operação ou se usa o Art. 11 C - A faixa de pedestre na via pública deve ter largu-
bem, devendo ser apresentado à fiscalização quando solici- ra compatível com o volume de pedestres e garantir, por meio
tado. de demarcação com sinalização horizontal, passagem separada
Art. 9º A - Na hipótese de decisão desfavorável ao pe- em ambos os sentidos, evitando colisão entre os pedestres.
dido de licenciamento, o requerente poderá recorrer, em Parágrafo Único. VETADO (Redação acrescida pela Lei nº
primeira instância, à Secretaria de Administração Regional 9845/2010)
Municipal competente e, em segunda instância, à Secretaria Art. 11 D - A utilização do passeio deverá priorizar a circula-
Municipal Adjunta de Regulação Urbana. ção de pedestres, com segurança, conforto e acessibilidade, em
§ 1º O prazo para a interposição dos recursos previstos especial nas áreas com grande fluxo de pedestres.
no caput deste artigo será de 15 (quinze) dias, contados da Parágrafo Único. O Executivo deverá identificar rotas pre-
notificação pessoal do requerente ou da publicação no Diário ferencialmente utilizadas por pedestres, priorizando nas mes-
Oficial do Município. mas o tratamento de passeios e travessias das vias, de modo
§ 2º Os recursos em primeira e segunda instâncias de- a garantir a acessibilidade. (Redação acrescida pela Lei nº
verão ser julgados no prazo máximo de 2 (dois) meses, con- 9845/2010)
tados do seu recebimento. (Redação acrescida pela Lei nº
9845/2010) Capítulo I
Art. 9º B - O Executivo deverá definir parâmetros especí- DO PASSEIO
ficos para regulação e fiscalização de posturas nas Zonas de
Especial Interesse Social - ZEIS. (Redação acrescida pela Lei Art. 12 Cabe ao proprietário de imóvel lindeiro a logradou-
nº 9845/2010) ro público a construção do passeio em frente à testada respec-
Art. 10 Dos atos do Executivo previstos neste Título e que tiva, a sua manutenção e a sua conservação em perfeito estado.
se relacionem a casos omissos ou a interpretação dos dispo- § 1º Em se tratando de lote com mais de uma testada, a
sitivos deste Código, caberá recurso ao Conselho Municipal obrigação estabelecida no caput se estende a todas elas.
de Política Urbana (COMPUR), conforme ritual a ser estabele- § 2º A obrigatoriedade de construir o passeio não se aplica
cido em regulamento.
aos casos em que a via pública não esteja pavimentada ou em
Art. 11 (VETADO)
que não tenha sido construído o meio-fio correspondente.
§ 3º No caso de não cumprimento do disposto no caput
TÍTULO II
deste artigo, poderá o Executivo realizar a obra, cujo custo será
DAS OPERAÇÕES DE CONSTRUÇÃO, MANUTENÇÃO
E CONSERVAÇÃO DO LOGRADOURO PÚBLICO ressarcido pelo proprietário, acrescido da taxa de administra-
DISPOSIÇÕES GERAIS (Redação acrescida pela Lei nº ção, sem prejuízo das sanções cabíveis.
9845/2010) § 4º O Município adotará medidas para fomentar a ade-
quação dos passeios ao padrão estabelecido pelo Executivo,
Art. 11 A - No caso de realização de obra ou serviço, o nos termos do regulamento.
responsável por dano ao logradouro público deverá restaurá § 5º O regulamento desta Lei irá definir os passeios con-
-lo integralmente, sem saliências, depressões, defeitos cons- siderados de fluxo intenso de pedestres, que receberão trata-
trutivos ou estéticos, abrangendo toda a largura e extensão mento especial e manutenção pelo Executivo. (Redação acres-
do logradouro ao longo da intervenção, imediatamente após cida pela Lei nº 9845/2010)
o término da obra, conforme parâmetros legais, normas e Art. 12 A - A construção do passeio deve prever, conforme
padrões estabelecidos pelo Executivo. regulamento:
Parágrafo Único. Na hipótese de descumprimento do I - faixa reservada a trânsito de pedestres, obrigatória;
disposto neste artigo, o responsável terá o prazo máximo de II - faixa destinada a mobiliário urbano, sempre que pos-
5 (cinco) dias úteis, contados da notificação, para a restaura- sível;
ção do logradouro. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) III - faixa ajardinada, obrigatória em áreas específicas.

120
LEGISLAÇÃO

Parágrafo Único. A faixa reservada a trânsito de pe- Art. 17 É proibida a instalação precária ou permanente
destres deverá ter largura igual ou superior a 1,50m (um de obstáculo físico ou de equipamento de qualquer natu-
metro e meio) ou, no caso de passeio com medida inferior reza no passeio ou projetado sobre ele, salvo no caso de
a 2,00m (dois metros), a 75% (setenta e cinco por cento) mobiliário urbano.
da largura desse passeio. (Redação acrescida pela Lei nº Parágrafo Único. Equipara-se a obstáculo físico perma-
9845/2010) nente a porta ou o portão com abertura sobre o passeio.
Art. 13 No caso de dano a passeio, a restauração de- (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
verá ser realizada sem defeitos construtivos ou estéticos, Art. 18 Será prevista abertura para arborização pública
abrangendo toda a largura e extensão do passeio ao longo no passeio, a qual será localizada junto ao meio-fio, na fai-
da intervenção, de forma a atender aos parâmetros legais xa destinada a mobiliário urbano, com dimensões e crité-
estabelecidos. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) rios de locação determinados pelo órgão competente.
Parágrafo Único. Na hipótese de não existir padroniza- Art. 19 As regras referentes às operações de constru-
ção de tratamento do passeio definido para a área, a res- ção, manutenção e conservação do passeio contidas nes-
tauração deverá obedecer às demais normas estabelecidas ta Lei aplicam-se também ao afastamento frontal mínimo
em decreto regulamentador. (Redação acrescida pela Lei nº configurado como extensão do passeio. (Redação dada
9845/2010) pela Lei nº 9845/2010)
Art. 14 O revestimento do passeio deverá ser de mate- Art. 20 O regulamento deste Código definirá as dimen-
rial antiderrapante, resistente e capaz de garantir a forma- sões, as declividades e as características a serem observa-
ção de uma superfície contínua, sem ressalto ou depressão. das para a construção, conservação e manutenção do pas-
§ 1º O Executivo poderá definir padrões para passeio e seio, respeitando, dentre outras, as seguintes regras:
fixar prazos para a adaptação dos existentes, respeitando a I - a construção de passeio observará o greide da rua,
especificidade de cada região do Município. (Redação dada sendo vedada a construção de degrau, salvo nos casos em
pela Lei nº 9845/2010) que, em razão da declividade do logradouro público, o re-
§ 2º Os padrões deverão ser obedecidos inclusive para gulamento deste Código admitir ou determinar;
II - o rebaixamento de meio-fio e o rampamento do
eventuais acréscimos posteriores aos passeios. (Redação
passeio para acesso de veículo a imóvel e para acesso de
acrescida pela Lei nº 9845/2010)
pedestre respeitarão o percentual máximo fixado, em regu-
Art. 15 O passeio não poderá ser usado como espaço
lamento, por testada;
de manobra, estacionamento ou parada de veículo, mas
III - o rebaixamento do meio-fio e o rampamento do
somente como acesso a imóvel.
passeio serão obrigatórios na parte lindeira à faixa de pe-
§ 1º É proibida a colocação de cunha de terra, concre-
destre, sendo vedada a colocação de qualquer mobiliário
to ou madeira ou de qualquer outro objeto no logradouro
urbano no local, inclusive aquele destinado a recolher água
público para facilitar o acesso referido no caput deste arti-
pluvial;
go, sendo admitido o rebaixamento do meio-fio. (Redação IV - a acessibilidade e o trânsito da pessoa portadora
dada pela Lei nº 9845/2010) de deficiência física e da pessoa com mobilidade reduzi-
§ 2º O rampamento do passeio terá apenas o compri- da serão garantidos, definindo-se condições próprias para
mento suficiente para vencer a altura do meio-fio. tanto;
§ 3º Ficam estabelecidos os seguintes prazos para ade- V - a implantação de mobiliário urbano e de faixa ajar-
quação ao disposto no § 1º deste artigo: dinada, quando ocorrer, resguardará faixa contínua para
I - 18 (dezoito) meses, para as cunhas colocadas sobre circulação de pedestre.
a via pública; Parágrafo Único. Para a construção de acesso de veícu-
II - 3 (três) anos, para as cunhas colocadas sobre o pas- lo poderão ser admitidos parâmetros diferentes dos defi-
seio. nidos neste artigo ou no seu regulamento, devendo, para
§ 4º Na hipótese em que a Lei de Parcelamento, Ocu- tanto, ser apresentado projeto específico, que será avaliado
pação e Uso do Solo possibilite a utilização do afastamen- e, se for o caso, aprovado pelo órgão municipal responsá-
to frontal como área de estacionamento, havendo conflito vel pelo trânsito.
entre a circulação de pedestres e a de veículos, o Executivo
poderá autorizar que a área reservada ao trânsito de pe- Capítulo II
destre seja transferida para junto do alinhamento da edifi- DA ARBORIZAÇÃO
cação, ficando a área de estacionamento no mesmo plano
da via, podendo ser demarcada ou revestida com material Art. 21 É obrigatório o plantio de árvores nos passeios
diferenciado, conforme dispuser o regulamento. públicos do Município, respeitada a faixa reservada ao
§ 5º Ocorrendo o disposto no § 4º deste artigo, as áreas trânsito de pedestre, nos termos deste Código.
que forem destinadas a estacionamento ficarão desafeta- Parágrafo Único. Nos passeios com largura inferior a
das, enquanto durar a utilização prevista. (Redação acresci- 1,50m (um metro e cinquenta centímetros), o Executivo
da pela Lei nº 9845/2010) poderá autorizar o plantio de árvore na via pública, sem
Art. 16 As águas pluviais serão canalizadas por baixo obstrução do escoamento de águas pluviais, nos termos
do passeio até a sarjeta lindeira à testada do imóvel res- do regulamento desta Lei. (Redação acrescida pela Lei nº
pectivo, sendo proibido seu lançamento sobre o passeio. 9845/2010)

121
LEGISLAÇÃO

Art. 22 O plantio das mudas, sua prévia obtenção e Art. 29 A - O Executivo deverá priorizar, nos espaços
posterior conservação constituem responsabilidade do públicos, o plantio de árvores frutíferas de pequeno por-
proprietário do terreno para o qual for aprovado projeto te e floríferas, observadas as restrições técnicas. (Redação
de construção de edificação. acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Art. 23 Deverão constar do projeto arquitetônico das Art. 29 B - O Executivo procederá ao exame periódico
edificações as seguintes indicações: das árvores localizadas nos logradouros públicos do Mu-
I - as espécies de árvores a serem plantadas e sua lo- nicípio, com o objetivo de combater a ação de pragas e
calização; insetos e de preservar o meio ambiente.
II - o espaçamento longitudinal a ser mantido entre as Parágrafo Único. No caso de árvores que estejam em
árvores plantadas; risco de queda devido à ação de pragas e insetos, o Exe-
III - o distanciamento entre as árvores plantadas e as cutivo obriga-se a proceder ao seu isolamento, de forma
esquinas, postes de luz e similares. a evitar danos materiais e a resguardar a segurança dos
§ 1º Para a escolha das espécies e para a definição do munícipes. (Redação acrescida pela Lei nº 10.610/2013)
espaçamento e do distanciamento a que se referem os in-
cisos do caput, bem como para a adoção das técnicas de Capítulo III
plantio e conservação adequadas, deverão ser observadas DA LIMPEZA
as prescrições técnicas estipuladas pela legislação especí-
fica. Art. 30 A limpeza do logradouro público observará as
§ 2º Caso o passeio lindeiro ao terreno onde se pre- disposições contidas no Regulamento de Limpeza Urbana
tende construir já seja arborizado, deverá o projeto arqui- do Município.
tetônico prever, na inexistência de ordenamento técnico Art. 31 (Revogado pela Lei nº 10.534/2012)
contrário, o aproveitamento da arborização existente. Art. 32 O Executivo exigirá que os muros e paredes pin-
Art. 24 A expedição da Certidão de Baixa de Constru- tados com propaganda comercial ou política sejam limpos
ção e Habite-se à edificação construída fica condicionada à imediatamente após o prazo previsto pela legislação espe-
comprovação de que foram plantadas as árvores previstas cífica ou pelo licenciamento concedido para a pintura.
no respectivo projeto arquitetônico. Parágrafo Único. No caso de não cumprimento do dis-
Art. 25 Somente o Executivo poderá executar, ou de- posto no caput, poderá o Executivo realizar a limpeza dos
legar a terceiro, as operações de transplantio, poda e su- locais pintados, sendo o respectivo custo, acrescido da taxa
pressão de árvores localizadas no logradouro público, após de administração, ressarcido pelo proprietário do imóvel,
orientação técnica do setor competente. sem prejuízo das sanções cabíveis.
§ 1º O proprietário interessado em qualquer das ope- Art. 33 (Revogado pela Lei nº 10.534/2012)
rações previstas no caput apresentará requerimento pró-
prio ao Executivo, que o submeterá a exame de seu órgão Capítulo IV
competente. DA EXECUÇÃO DE OBRA OU SERVIÇO
§ 2º No caso de supressão, deferido o requerimento e
executada a operação, o proprietário obriga-se a plantar Art. 34 A execução de obra ou serviço em logradouro
novo espécime adequado na área indicada. público do Município, por particular ou pelo Poder Público,
Art. 26 As operações de transplantio, supressão e poda depende de prévio licenciamento.
de árvores, bem como outras que se fizerem necessárias § 1º Excetua-se do disposto no caput a execução de
para a conservação e a manutenção da arborização urbana, obra ou serviço:
não causarão danos ao logradouro público ou a mobiliário I - necessário para evitar colapso em serviço público ou
urbano. risco à segurança;
Art. 27 É proibida a pintura ou a caiação de árvores em II - referente à instalação domiciliar de serviço público,
logradouro público. desde que da obra não resulte obstrução total ou parcial
Art. 28 É proibida a utilização da arborização pública do logradouro público.
para a colocação de cartazes e anúncios, para a afixação § 2º Na hipótese do inciso I do § 1º deste artigo, o
de cabos e fios ou para suporte ou apoio a instalações de licenciamento prévio será substituído por comunicado es-
qualquer natureza. crito ao Executivo, a ser feito no prazo de até 1 (um) dia útil
Parágrafo Único. Excetua-se da proibição prevista no após o início da execução da obra ou serviço, e por reque-
caput: rimento de licenciamento posterior, que deverá ser feito
I - a decoração natalina de iniciativa do Executivo; dentro de 7 (sete) dias úteis após o referido comunicado.
II - (VETADO) Art. 35 Para o licenciamento previsto no art. 34 deste
Art. 29 Qualquer árvore do Município poderá, median- Código, o responsável pela execução de obra ou serviço
te ato do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), em logradouro público apresentará requerimento ao Exe-
ser declarada imune de corte, por motivo de sua localiza- cutivo, instruído, dentre outros documentos, com os planos
ção, raridade ou antigüidade, de seu interesse histórico, e programas de trabalho previstos para o local, conforme
científico ou paisagístico, ou de sua condição de porta-se- definido no regulamento.
mentes, ficando sua proteção a cargo do Executivo.

122
LEGISLAÇÃO

Parágrafo Único. Sempre que a execução da obra ou § 1º Será realizado chamamento público para a reali-
serviço implicar interdição de parte do logradouro público, zação de obras em dutos subterrâneos sempre que houver
deverá o requerimento de licenciamento ser instruído ain- solicitação para realização dessas intervenções por uma con-
da com projeto das providências que garantirão o trânsito cessionária.
seguro de pedestre e veículo, devidamente sinalizado. § 2º Concluídas as obras objeto do chamamento público,
Art. 36 Atendidas as exigências de que trata o art. 35 novas intervenções no local ficam proibidas durante 5 (cinco)
deste Código, o Executivo emitirá seu parecer dentro de 7 anos. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
(sete) dias, a contar da data de protocolo do requerimento Art. 43 B - Os parâmetros e normas estabelecidos pela
devidamente instruído com os planos e programas de tra- TELEBRÁS, ANATEL, ELETROBRÁS e ANEEL, para a instalação
balho e demais documentos exigidos. de equipamentos e fiações aéreos de telecomunicações e
Art. 37 Se deferido o requerimento, o Executivo expe- energia, constituem regras de posturas a serem observadas
dirá o correspondente documento de licenciamento, do no Município. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
qual constarão, dentre outros, lançamentos sobre fixação Art. 44 As regras deste Capítulo estendem-se à realiza-
da data de início e término da obra, horários para execução ção de serviço de manutenção ou reparo de qualquer nature-
da obra tendo em vista o logradouro em que ela será exe- za em instalação ou equipamento do serviço público.
cutada, eventuais alterações quanto aos prazos de desen- Art. 45 As normas e exigências previstas neste Código e
volvimento dos trabalhos, proteções, sinalizações e demais em seu regulamento aplicam-se também a obra ou serviço
exigências previstas neste Código e em seu regulamento. de responsabilidade do Município em logradouro público,
Parágrafo Único. O Executivo poderá estabelecer restri- devendo as respectivas unidades administrativas adotar as
ções quanto ao trabalho diurno nos dias úteis. medidas necessárias ao seu cumprimento.
Art. 38 O Executivo poderá, a qualquer momento, de-
terminar a alteração: TÍTULO III
I - do programa de trabalho, de forma a diminuir ou DO USO DO LOGRADOURO PÚBLICO
eliminar, conforme o caso, a interferência da obra ou ser- Capítulo I
viço na infra-estrutura ou mobiliário existentes na sua área
DISPOSIÇÕES GERAIS
de abrangência;
II - do horário ou do dia para a execução da obra ou
Art. 46 Com exceção dos usos de que trata o Capítulo II
serviço, em favor do trânsito de veículo e da segurança de
deste Título, o uso do logradouro público depende de prévio
pedestre;
licenciamento.
III - do horário ou do dia para a execução da obra ou
Art. 47 O Executivo somente expedirá o competente do-
serviço, se constatada a ocorrência de transtornos em de-
corrência de poluição sonora. cumento de licenciamento para uso do logradouro público
Art. 39 A execução de obra ou serviço em logradou- se atendidas as exigências pertinentes.
ro público, por particular ou pelo Poder Público, somente Parágrafo Único. Em caso de praça, a expedição do docu-
poderá ser iniciada se tiverem sido atendidas as condições mento de licenciamento dependerá, adicionalmente, de pa-
que o documento de licenciamento respectivo tiver esta- recer favorável do órgão responsável pela gestão ambiental.
belecido para a segurança do pedestre, do bem localizado Art. 47 A - As licenças para utilização do logradouro pú-
em sua área de abrangência e do trânsito de veículo. blico para afixação de engenho de publicidade, para coloca-
Art. 40 (VETADO) ção de mesa e cadeira e para utilização de toldo, entre outros,
Art. 41 O responsável pela execução de obra ou servi- ficarão vinculadas ao Alvará de Localização e Funcionamento
ço deverá, ao seu final, recompor o logradouro público na da atividade. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
forma em que o tiver encontrado. Art. 48 O logradouro público não poderá ser utilizado
Parágrafo Único. A obrigação prevista no caput se es- para depósito ou guarda de material ou equipamento, para
tende pelo prazo dos 24 (vinte e quatro) meses seguintes despejo de entulho, água servida ou similar ou para apoio a
ao final da obra ou serviço, caso o dano superveniente seja canteiro de obra em imóvel a ele lindeiro, salvo quando este
deles decorrente. Código expressamente admitir algum destes atos.
Art. 42 (VETADO) Parágrafo Único. (VETADO)
Art. 43 Concluída a obra ou serviço, o responsável fará Art. 49 O logradouro público, observado o previsto neste
a devida comunicação ao órgão próprio do Executivo, que Código, somente será utilizado para:
realizará a competente vistoria. I - trânsito de pedestre e de veículo;
Parágrafo Único. Em se tratando de abertura de logra- II - estacionamento de veículo;
douro público ou outra hipótese prevista no regulamento, III - operação de carga e descarga;
o responsável anexará à comunicação de que trata o caput IV - passeata e manifestação popular;
o respectivo projeto de como foi implantado o serviço ou V - instalação de mobiliário urbano;
de como foi executada a obra, conforme o caso. VI - execução de obra ou serviço;
Art. 43 A - A instalação de mobiliário urbano subterrâ- VII - exercício de atividade;
neo deverá ser feita conforme projeto previamente licen- VIII - instalação de engenho de publicidade.
ciado, ficando suas caixas de acesso na faixa destinada a IX - eventos; (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
mobiliário urbano, respeitando, ainda, os critérios definidos X - atividades de lazer. (Redação acrescida pela Lei nº
em regulamento. 9845/2010)

123
LEGISLAÇÃO

Capítulo II Art. 61 O mobiliário urbano pertencerá a um elenco de


DOS USOS QUE INDEPENDEM DE LICENCIAMENTO tipos e obedecerá a padrões definidos pelo Executivo, exce-
SEÇÃO I to aquele de caráter artístico, como escultura ou obelisco.
DO TRÂNSITO, ESTACIONAMENTO E OPERAÇÕES § 1º A definição dos tipos e dos padrões será feita pelos
DE CARGA E DESCARGA órgãos responsáveis pela gestão urbana, ambiental, cultural
e de trânsito, que observarão critérios técnicos e especifica-
Art. 50 (VETADO) rão para cada tipo e para cada padrão as seguintes condi-
Art. 51 (VETADO) ções, dentre outras:
Art. 52 (VETADO) I - dimensão;
Art. 53 (VETADO) II - formato;
Art. 54 (VETADO) III - cor;
Art. 55 (VETADO) IV - material;
Art. 56 (VETADO) V - tempo de permanência;
Art. 57 (VETADO) VI - horário de instalação, substituição ou remoção;
VII - posicionamento no logradouro público, especial-
SEÇÃO II mente em relação a outro mobiliário urbano.
DA PASSEATA E MANIFESTAÇÃO POPULAR § 2º O Executivo poderá adotar diferentes padrões para
cada tipo de mobiliário urbano, podendo acoplar dois ou
Art. 58 A realização de passeata ou manifestação po- mais tipos, bem como poderá adotar padrões distintos para
pular em logradouro público é livre, desde que: cada área do Município.
I - não haja outro evento previsto para o mesmo local; § 3º Poderá ser vedada, nos termos do regulamento
II - tenha sido feita comunicação oficial ao Executivo e deste Código, a instalação de qualquer tipo de mobiliário
ao Batalhão de Eventos da Polícia Militar de Minas Gerais, urbano em área específica do Município.
informando dia, local e natureza do evento, com, no míni- § 4º A localização e o desenho do mobiliário urbano
mo, 24 (vinte e quatro) horas de antecedência; deverão ser definidos de forma a evitar danos ou conflitos
III - não ofereça risco à segurança pública. com a arborização urbana.
Art. 62 Em quarteirão fechado e em praça, a instalação
Capítulo III de mobiliário urbano será submetida à aprovação prévia
DA INSTALAÇÃO DE MOBILIÁRIO URBANO dos órgãos competentes.
SEÇÃO I Parágrafo Único. A regra do caput aplica-se, por exten-
DISPOSIÇÕES GERAIS são, ao parque e à área verde.
Art. 63 Em via pública, somente poderá ser autorizada a
Art. 59 Mobiliário urbano é o equipamento de uso co- instalação de mobiliário urbano quando:
letivo instalado em logradouro público com o fim de aten- I - tecnicamente não for possível ou conveniente sua
der a uma utilidade ou a um conforto públicos. instalação em passeio;
Parágrafo Único. O mobiliário urbano poderá ser: II - tratar-se de palanque, palco, arquibancada ou simi-
I - em relação ao espaço que utilizará para sua insta- lar, desde que destinados à utilização em evento licenciado
lação: e que não impeçam o trânsito de pedestre; (Redação dada
a) superficial, aquele que estiver apoiado diretamente pela Lei nº 9845/2010)
no solo; III - tratar-se de mobiliário urbano destinado à utiliza-
b) aéreo, aquele que estiver suspenso sobre o solo; ção em feira ou evento regularmente licenciado.
c) subterrâneo, aquele que estiver instalado no subso- IV - tratar-se de fechamento de quarteirão, visando à
lo; reorganização do sistema de circulação e a criação de áreas
d) misto, aquele que utilizar mais de uma das catego- verdes e de lazer. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
rias anteriores; Art. 64 A instalação de mobiliário urbano no passeio:
II - em relação à sua instalação: I - deixará livre a faixa reservada a trânsito de pedestre;
a) fixo, aquele que depende, para sua remoção, de ser II - respeitará as áreas de embarque e desembarque de
carregado ou rebocado por outro equipamento ou veículo; transporte coletivo;
b) móvel, aquele que, para ser removido, depende ex- III - manterá distância mínima de 5,00 m (cinco metros)
clusivamente de tração própria ou aquele não fixado ao da esquina, contados a partir do alinhamento dos lotes,
solo e de fácil remoção diária. quando se tratar de mobiliário urbano que prejudique a vi-
Art. 60 A instalação de mobiliário urbano em logradou- sibilidade de pedestres e de condutores de veículos;
ro público depende de prévio licenciamento, em processo IV - respeitará os seguintes limites máximos:
a ser definido no regulamento deste Código. a) com relação à ocupação no sentido longitudinal do
Parágrafo Único. Em caso de mobiliário urbano con- passeio: 30 % (trinta por cento) do comprimento da faixa
siderado pelo regulamento deste Código como de risco de passeio destinada a este fim em cada testada da quadra
para a segurança pública, será exigida, em termos a serem respectiva, excetuados deste limite os abrigos de ônibus;
definidos no mesmo regulamento, documentação comple- b) com relação à ocupação no sentido transversal do
mentar, podendo ser estabelecido ritual específico para a passeio: 40 % (quarenta por cento) da largura do passeio.
renovação do respectivo documento de licenciamento. Parágrafo Único (Revogado pela Lei nº 9845/2010)

124
LEGISLAÇÃO

Art. 65 O mobiliário urbano instalado em logradouro Art. 73 A - O Executivo deverá promover a instalação
público estará sujeito ao pagamento de preço público, con- de mobiliário para estacionamento de bicicletas, preferen-
forme dispuser regulamento. cialmente nas estações do BHBUS, metrô e praças. (Reda-
Art. 66 É vedada a instalação em logradouro público de ção acrescida pela Lei nº 9845/2010)
mobiliário urbano destinado a: Art. 73 B - A instalação de mobiliário urbano será one-
I - abrir portão eletrônico de garagem; rosa, na forma disposta em regulamento. (Redação acresci-
II - obstruir o estacionamento de veículo sobre o pas- da pela Lei nº 9845/2010)
seio; Art. 73 C - O Município adotará políticas para viabilizar
III - proteger contra veículo. a colocação de câmeras de vídeo em locais públicos, em
Art. 67 É vedada a instalação de mobiliário urbano em toda a cidade, em cooperação com o Estado de Minas Ge-
local em que tal mobiliário prejudique a segurança ou o rais e com a iniciativa privada. (Redação acrescida pela Lei
trânsito de veículo ou pedestre ou comprometa a estética nº 9845/2010)
da cidade.
Art. 68 É vedada a instalação de mobiliário urbano em
SEÇÃO II
posição em que tal mobiliário interfira na visibilidade de
DA MESA E CADEIRA
bem tombado.
§ 1º O órgão responsável pela gestão cultural deverá
estabelecer a altura e a distância que cada tipo de mobiliá- Art. 74 A área a ser destinada à colocação de mesa e
rio urbano deverá ter em relação a cada bem tombado, de cadeira é a do afastamento frontal da edificação, desde que
forma a não comprometer sua visibilidade. tal afastamento não seja configurado como extensão do
§ 2º Enquanto o órgão referido no § 1º deste artigo não passeio e se respeitem os limites com o passeio.
definir a altura e a distância de cada mobiliário em relação a Parágrafo Único. A colocação de mesa e cadeira na
algum bem tombado, poderá ser expedido documento de área de afastamento frontal de que trata o caput deste ar-
licenciamento para sua instalação, desde que se respeitem tigo independe de licenciamento.
a distância mínima de 10,00 m (dez metros) e a altura máxi- Art. 75 Independentemente do uso do afastamento
ma de 3,00 m (três metros), que prevalecerão pelo prazo de frontal, a colocação de mesa e cadeira poderá ser feita, al-
vigência do mesmo. ternativamente: (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 69 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) I - no passeio, desde que o mesmo tenha largura igual
Art. 70 O Executivo poderá delegar a terceiros e conce- ou superior a 2,70m (dois metros e setenta centímetros);
der, mediante licitação, a instalação de mobiliário urbano de (Redação dada pela Lei nº 11.019/2017)
interesse público, definindo-se no edital correspondente as II - no espaço do quarteirão fechado; (Redação dada
condições de contraprestação. pela Lei nº 9845/2010)
Art. 71 O mobiliário urbano que constituir engenho de III - na área de estacionamento de veículos em via pú-
publicidade e aquele em que for acrescida publicidade de- blica local lindeira à testada do imóvel correspondente ao
verão respeitar as regras do Capítulo V do Título III deste estabelecimento, quando o passeio tiver largura inferior a
Código, sem prejuízo das previstas nesta Seção, no que não 2,70m (dois metros e setenta centímetros), mediante avalia-
conflitarem com aquelas. ção do Executivo; (Redação dada pela Lei nº 11.019/2017)
Art. 72 O mobiliário urbano deverá ser mantido, por IV - na via pública, nos casos de feira ou evento regu-
quem o instalar, em perfeita condição de funcionamento, larmente licenciado. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
conservação e segurança. Parágrafo Único. O licenciamento para a colocação de
Art. 73 O responsável pela instalação do mobiliário ur-
mesa e cadeira na área prevista no inciso III do caput deste
bano deverá removê-lo:
artigo será permitido mediante a instalação de tablado re-
I - ao final do horário de funcionamento diário da ativi-
movível protegido, que não impeça o escoamento de água
dade ou uso, no caso de mobiliário móvel;
pluvial, e poderá exceder a testada do imóvel correspon-
II - ao final da vigência do licenciamento, por qualquer
hipótese, no caso de mobiliário fixo, ressalvadas as situações dente ao estabelecimento se contar com a anuência do vi-
em que o mobiliário se incorpore ao patrimônio municipal; zinho lateral. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
III - quando devidamente caracterizado o interesse pú- Art. 76 Somente poderá colocar mesa e cadeira nos
blico que justifique a remoção. termos do art. 75 desta Lei a edificação utilizada para o
§ 1º Os ônus com a remoção do mobiliário urbano são funcionamento de restaurante, bar, lanchonete, café, livra-
de quem tiver sido o responsável por sua instalação. ria ou similares. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
§ 2º Se a remoção do mobiliário urbano implicar dano Art. 77 A colocação de mesa e cadeira nos locais defi-
ao logradouro público, o responsável por sua instalação de- nidos no art. 75 desta Lei depende de prévio licenciamento,
verá fazer os devidos reparos, restabelecendo no logradou- a ser definido no regulamento. (Redação dada pela Lei nº
ro as mesmas condições em que ele se encontrava antes da 9845/2010)
instalação respectiva. Parágrafo Único. Para a abertura do processo de que
§ 3º No caso de não cumprimento do disposto no § 2º trata o caput, poderá ser solicitado ao interessado, entre
deste artigo, poderá o Executivo realizar a obra, sendo o outros documentos, o layout da ocupação do espaço pre-
custo respectivo ressarcido pelo proprietário, acrescido da tendido.
taxa de administração, sem prejuízo das sanções cabíveis.

125
LEGISLAÇÃO

Art. 78 Na hipótese de utilização de área de passeio Art. 82 Ao licenciado para o exercício de atividade em
ou de afastamento frontal configurado como sua extensão logradouro público é vedada a colocação de mesa e cadei-
para a colocação de mesa e cadeira, deverá ser reservada ra em passeio, quarteirão fechado ou via pública, mesmo
faixa de pedestre, livre de qualquer obstáculo, inclusive de que a atividade por ele exercida tenha natureza similar à
mobiliário urbano, com largura mínima de 1,00m (um me- dos estabelecimentos referidos nesta Seção.
tro), respeitado o seguinte: Parágrafo Único. O disposto no caput não se aplica ao
I - que o passeio lindeiro tenha largura igual ou supe- exercício de atividades em feira ou evento regularmente
rior a 2,00m (dois metros); licenciados.
II - que o espaço utilizado não exceda a fachada da Art. 83 As mesas de que trata esta Seção poderão ter
edificação, exceto se contar com a anuência do vizinho la- guarda-sol removível.
teral;
III - que sejam observadas as regras aplicáveis da Se- SEÇÃO III
ção I deste Capítulo, referentes à instalação de mobiliário DO TOLDO
urbano em passeio.
§ 1º A área destinada à colocação de mesa e cadeira Art. 84 Toldo é o mobiliário acrescido à fachada da edi-
será demarcada fisicamente, com a instalação de barreira ficação, projetado sobre o afastamento existente ou sobre
removível, podendo permanecer no local somente no ho- o passeio, com estrutura leve e cobertura em material flexí-
rário definido no documento de licenciamento, obedecen- vel ou translúcido, passível de ser removido sem necessida-
do ao padrão estabelecido pelo Executivo. (Redação dada de de obra de demolição, ainda que parcial. (Redação dada
pela Lei nº 9845/2010) pela Lei nº 9845/2010)
§ 2º A barreira removível deverá privilegiar a paisagem Parágrafo Único. A colocação de toldo depende de
urbana, com a colocação, preferencialmente, de floreiras prévio licenciamento.
ou vasos ornamentais. Art. 85 O toldo será de um dos seguintes tipos:
§ 3º O licenciado responderá por danos aos pedestres I - passarela, aquele que se desenvolve no sentido per-
decorrentes de elementos utilizados na instalação de bar- pendicular ou oblíquo à fachada, exclusivamente para aces-
reira removível. so à edificação, podendo utilizar colunas de sustentação;
§ 4º VETADO (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) II - em balanço, aquele apoiado apenas na fachada;
Art. 79 A área do quarteirão fechado a ser utilizada III - cortina, aquele instalado sob marquise ou laje, com
para a colocação de mesa e cadeira será aquela imedia- panejamento vertical.
tamente em frente à edificação, junto ao alinhamento, Art. 86 É admitida a instalação de toldo sobre o pas-
reservada, no eixo longitudinal do logradouro, passagem seio, desde que este toldo:
para pedestre, livre de qualquer obstáculo, com largura I - não desça nenhum de seus elementos a altura infe-
mínima de 3,00m (três metros). (Redação dada pela Lei nº rior a 2,30 m (dois metros e trinta centímetros) do nível do
9845/2010) passeio em qualquer ponto;
Parágrafo Único. O espaço utilizado para colocação de II - não prejudique a arborização ou a iluminação pú-
mesa e cadeira não poderá exceder a testada do imóvel blicas;
correspondente ao estabelecimento, exceto se contar com III - não oculte placa de nomenclatura de logradouros
a anuência do vizinho lateral. (Redação acrescida pela Lei e próprios públicos;
nº 9845/2010) IV - não prejudique as áreas mínimas de iluminação e
Art. 80 Nas hipóteses do art. 75 deste Código, o docu- ventilação da edificação;
mento de licenciamento poderá fixar o horário permitido V - não exceda a largura do passeio.
para a colocação de mesa e cadeira, em função das con- VI - não oculte sinalização de trânsito. (Redação acres-
dições locais de sossego ou de segurança pública e do cida pela Lei nº 9845/2010)
trânsito de pedestre. § 1º O toldo do tipo passarela sobre o passeio é ad-
Art. 81 Com relação à largura do passeio, serão ob- mitido apenas em fachada de hotel, bar, restaurante, clu-
servadas, em qualquer dos casos previstos nesta Seção, as be, casa de recepção e congêneres e desde que utilize no
seguintes regras: máximo 2 (duas) colunas de sustentação e não exceda a
I - não será permitida, salvo em condições especiais, largura da entrada do estabelecimento.
a colocação de mesa e cadeira em passeio com menos de § 2º O pedido de licenciamento de toldo em balanço
2,70m (dois metros e setenta centímetros) de largura; (Re- com mais de 1,20m (um metro e vinte centímetros) deverá
dação dada pela Lei nº 11.019/2017) ser acompanhado de laudo de responsabilidade técnica de
II - nos passeios de até 4,00 m (quatro metros) de lar- profissional habilitado, atestando a segurança do mesmo.
gura, a ocupação não poderá ter dimensão superior à de (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
sua metade; Art. 87 Poderá ser instalado toldo sobre afastamento
III - nos passeios de dimensão superior a 4,00 m (qua- de edificação, sem que o espaço coberto resultante seja
tro metros), a ocupação poderá exceder o limite estabele- considerado como área construída, desde que esse toldo:
cido no inciso II deste artigo, desde que o espaço livre não (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
fique reduzido a menos de 2,00 m (dois metros).

126
LEGISLAÇÃO

I - não tenha mais de 2,00m (dois metros) de projeção Art. 92 (VETADO)


horizontal, limitando-se à metade do afastamento; (Redação Art. 93 A mudança do ponto final de um local para ou-
dada pela Lei nº 9845/2010) tro no logradouro público obriga à realocação da cabine
II - não utilize colunas de sustentação; no novo local e à recuperação do espaço em que ela estava
III - não desça nenhum de seus elementos a altura infe- instalada, obedecido prazo previsto em regulamento.
rior a 2,30 m (dois metros e trinta centímetros) do nível do Art. 93 A - Em local destinado a ponto de táxi, situado
piso do pavimento; fora dos limites da Zona Central de Belo Horizonte (ZCBH),
IV - não prejudique as áreas mínimas de iluminação e poderá ser instalada uma cabine para uso dos motoristas
ventilação da edificação; de táxi. (Redação dada pela Lei nº 10.370/2011)
V - não prejudique as áreas mínimas de permeabilidade. § 1º A cabine de que trata o caput deste artigo será
§ 1º A área de afastamento frontal lindeira a restaurante, padronizada pelo órgão competente do Executivo e não
bar, café, lanchonete e similares poderá ser coberta por toldo, poderá exceder a 3m² (três metros quadrados). (Redação
dispensando-se as exigências contidas nos incisos I e II deste dada pela Lei nº 10.370/2011)
artigo, desde que o toldo tenha a função de cobrir mesas e § 2º A autorização para instalação da cabine deverá
cadeiras regularmente licenciadas. ser solicitada, por meio de requerimento à Prefeitura de
§ 2º (Revogado pela Lei nº 9845/2010) Belo Horizonte, cabendo aos motoristas de táxi, usuários
Art. 87 A - A área do passeio e do afastamento frontal do ponto, a instalação e a manutenção desse equipamento.
lindeiro a restaurante, bar, café, lanchonete e similares pode- (Redação acrescida pela Lei nº 8977/2004)
rá ser coberta por toldo do tipo cortina após as 22h (vinte e § 3º O requerimento a que se refere o § 2º será assina-
duas horas), dispensando-se as exigências contidas no inciso do por, no mínimo, 5 (cinco) motoristas do ponto de táxi,
I do art. 86 e nos incisos I, III e IV do art. 87, ambos desta Lei, cadastrados no órgão gerenciador do trânsito no Municí-
desde que o toldo tenha a função de cobrir mesas e cadei- pio. (Redação acrescida pela Lei nº 8977/2004)
ras regularmente licenciadas. (Redação acrescida pela Lei nº Art. 93 B - As cabines previstas nesta seção poderão ser
10.065/2011) dotadas de um sanitário com vaso e pia, sistema de água,
esgotamento sanitário, energia elétrica, ponto de telefone
SEÇÃO IV e acesso à internet. (Redação dada pela Lei nº 10.370/2011)
DO SANITÁRIO PÚBLICO E DA CABINE SANITÁRIA Art. 93 C - Os sanitários a que se refere esta Seção de-
verão ter como área máxima a necessária para atendimen-
Art. 88 O Executivo poderá instalar sanitários públicos to das normas relativas à acessibilidade. (Redação acrescida
nos locais de maior trânsito de pedestres, especialmente na pela Lei nº 9845/2010)
Zona Central de Belo Horizonte - ZCBH -, podendo delegar a
terceiros, mediante licitação, a construção, manutenção e ex- SEÇÃO V
ploração do sanitário, conforme avaliação técnica. (Redação DA BANCA
dada pela Lei nº 9845/2010)
Parágrafo Único. A instalação de sanitários somente po- Art. 94 Poderá ser instalada no logradouro público
derá ocorrer em logradouros dotados de faixa de mobiliário banca destinada ao exercício da atividade prevista na Se-
urbano, nos termos do regulamento. (Redação acrescida pela ção II do Capítulo IV do Título III deste Código, sendo que
Lei nº 9845/2010) sua instalação depende de prévio licenciamento, em pro-
Art. 89 O ponto final da linha de ônibus do serviço de cesso definido neste Código e em seu regulamento.
transporte coletivo urbano será equipado com cabine sanitá- Art. 95 A banca obedecerá a padrões definidos em re-
ria para uso exclusivo dos empregados neste serviço. gulamento, que especificarão modelos e dimensões dife-
§ 1º Considera-se ponto final o ponto de apoio onde renciados, de modo a atender às particularidades do local
ocorrem o controle dos horários de partida da linha respec- de instalação e do produto a ser comercializado.
tiva, a parada e o estacionamento dos veículos a seu serviço. § 1º Poderá ser instalada banca em desconformidade
(Parágrafo Único transformado em § 1º pela Lei nº 9845/2010) com os padrões estabelecidos pelo regulamento, desde
§ 2º Nas hipóteses em que o ponto final de transporte que haja licenciamento especial do Executivo, com a finali-
coletivo for fixado na área central do Município, fica vedada dade de adaptá-la a projeto de urbanização e paisagismo.
a instalação de sanitários no logradouro público. (Redação § 2º A banca destinada ao comércio de flores e plan-
acrescida pela Lei nº 9845/2010) tas naturais será dotada de mecanismos físicos de aeração,
Art. 90 A cabine sanitária será instalada pela empresa adequados à proteção da mercadoria, de forma a não com-
subconcessionária do transporte coletivo e pelas coopera- prometer o viço e a resistência das flores e plantas.
tivas do sistema de transporte suplementar e não acarreta- Art. 96 O local para a instalação de banca será indica-
rá ônus para os cofres públicos. (Redação dada pela Lei nº do pelo Executivo, que cuidará de resguardar as seguintes
9845/2010) distâncias mínimas:
Art. 91 Estando o ponto final a distância inferior ou igual I - 10,00 m (dez metros) com relação aos pontos de
a 100 m (cem metros) da garagem da empresa subconces- embarque e desembarque de coletivos;
sionária da respectiva linha, esta fica desobrigada de instalar II - 100 m (cem metros) com relação a outra banca na
a cabine sanitária, bastando comunicar o fato ao órgão com- Zona Hipercentral (ZHIP) e Zona Central de Belo Horizonte
petente do Executivo, que o comprovará. (ZCBH) e 200 m (duzentos metros) nos demais locais;

127
LEGISLAÇÃO

III - 50 m (cinqüenta metros) com relação a lojas que I - capacidade máxima de 7m³ (sete metros cúbicos);
comercializam o mesmo produto que a banca. II - cores vivas, preferencialmente combinando amarelo
Parágrafo Único. As distâncias previstas nos incisos des- e azul ou alaranjado e vermelho;
te artigo serão medidas ao longo do eixo do logradouro. III - tarja refletora com área mínima de 100cm² (cem
Art. 97 Não será permitida alteração no modelo externo centímetros quadrados) em cada extremidade, para asse-
original da banca, nem mudança na sua localização, sem gurar a visibilidade noturna;
autorização expressa do Executivo. IV - identificação do nome do licenciado e do número
Art. 98 A banca será de propriedade da pessoa a quem do telefone da empresa nas faces laterais externas.
tiver sido conferido o documento de licenciamento, que Art. 105 O local para a colocação de caçamba em lo-
providenciará a sua instalação, obedecidos o prazo, as con- gradouro público poderá ser:
dições e o local previamente estabelecidos. I - a via pública, ao longo do alinhamento da guia do
meio-fio, em sentido longitudinal;
SEÇÃO VI
II - o passeio, na faixa destinada a mobiliário urbano
DO SUPORTE PARA COLOCAÇÃO DE LIXO
ou faixa gramada, desde que deixe livre faixa para circu-
lação de pedestre de no mínimo 1,50m (um metro e cin-
Art. 99 O suporte para colocação de lixo é equipamen-
to da edificação e, quando fixo, será instalado sobre base quenta centímetros) de largura. (Redação dada pela Lei nº
própria fixada na faixa de mobiliário urbano do passeio lin- 9845/2010)
deiro ao respectivo terreno. (Redação acrescida pela Lei nº Parágrafo Único. Não será permitida a colocação de
9845/2010) caçamba:
Parágrafo Único. Os estabelecimentos de industrializa- I - a menos de 5,00 m (cinco metros) da esquina do
ção e comercialização de gêneros alimentícios e congêne- alinhamento dos lotes;
res ficam obrigados a adotar coletor móvel para colocação II - no local sinalizado com placa que proíba parar e
de lixo, no formato fechado e com tampa. (Redação acresci- estacionar;
da pela Lei nº 10.070/2011) III - junto ao hidrante e sobre registro de água ou tam-
Art. 100 A instalação, a conservação e a manutenção pa de poço de inspeção de galeria subterrânea;
do suporte para colocação de lixo são da responsabilidade IV - inclinada em relação ao meio-fio, quando ocupar
do proprietário do terreno e deverão seguir as normas do espaço maior que 2,70 m (dois metros e setenta centíme-
órgão de limpeza urbana. tros) de largura.
Art. 101 Condiciona a aprovação do projeto arquitetô- Art. 106 Poderão ser formados grupos de até 2 (duas)
nico da edificação a indicação do número e tamanho dos caçambas no logradouro público, desde que obedecido o
suportes para colocação de lixo demandados, bem como espaço mínimo de 10,00 m (dez metros) entre os grupos.
o local destinado à sua instalação, quando fixo. (Redação Art. 107 O tempo de permanência máximo por caçam-
dada pela Lei nº 9845/2010) ba em um mesmo local, exceto o previsto no art. 108 deste
Parágrafo Único. O Executivo poderá eximir o proprie- Código, é de 3 (três) dias úteis.
tário da instalação de suporte para colocação de lixo em Art. 108 Na Zona Hipercentral (ZHIP), o horário de co-
função do intenso trânsito de pedestres no logradouro, da locação, de permanência e de retirada das caçambas é:
excessiva quantidade de lixo que o coletor deverá suportar I - das 20 (vinte) às 7 (sete) horas nos dias úteis;
ou de outras especificidades locais. II - das 14 (catorze) horas de sábado às 7 (sete) horas
de segunda-feira;
SEÇÃO VII
III - livre nos feriados.
DA CAÇAMBA
Art. 109 Na operação de colocação e na de retirada da
caçamba, deverá ser observada a legislação referente à lim-
Art. 102 Caçamba é o mobiliário destinado à coleta de
peza urbana, ao meio ambiente e à segurança de veículo e
terra e entulho provenientes de obra, construção, reforma
ou demolição de qualquer natureza. pedestre, cuidando-se para que sejam utilizados:
Art. 103 A colocação, a permanência, a utilização e o I - sinalização com 3 (três) cones refletores;
transporte de caçamba em logradouro público sujeitam-se II - calços nas rodas traseiras dos veículos, no caso de
a prévio licenciamento, em processo a ser definido no regu- logradouro com declividade.
lamento deste Código. Art. 110 O Executivo poderá determinar a retirada de
§ 1º A unidade licenciada será o conjunto de 1 (um) caçamba, mesmo no local para o qual ela tenha sido libe-
caminhão e 15 (quinze) caçambas. rada, quando, devido a alguma excepcionalidade, a mesma
§ 2º O licenciamento previsto pelo § 1º deste artigo es- venha a prejudicar o trânsito de veículo e pedestre.
tará condicionado ao licenciamento do local de guarda das Art. 111 As penalidades previstas neste Código refe-
caçambas. rentes a esta Seção serão aplicadas ao proprietário da ca-
§ 3º É vedada a utilização de logradouro público para çamba.
guarda de caçamba.
Art. 104 A caçamba obedecerá a modelo próprio, que
terá as seguintes características, entre outras a serem defi-
nidas em regulamento:

128
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VIII Art. 115 D - O quiosque obedecerá a padrões definidos


DA CADEIRA DE ENGRAXATE em regulamento, que especificará modelos e dimensões
diferenciados, de modo a atender às particularidades do
Art. 112 A cadeira de engraxate é o mobiliário utilizado local de instalação e do produto a ser comercializado.
para a prestação do serviço a que se refere, com a realização de Parágrafo Único. Poderá ser instalado quiosque em
pequenos consertos em calçados e a venda de cadarços avul- desconformidade com padrões estabelecidos pelo regula-
sos e de palmilhas, devendo, para sua instalação, obedecer à mento, desde que haja licenciamento especial do Executi-
padronização estabelecida pelo Executivo. (Redação dada pela vo, com a finalidade de adaptá-Io a projeto de urbanização
Lei nº 9845/2010) e paisagismo. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Parágrafo Único. O licenciado para atividade em cadeira de Art. 115 E - VETADO (Redação acrescida pela Lei nº
engraxate poderá fazer a cadeira, por sua conta, obedecendo 9845/2010)
ao modelo oficial. Art. 115 F - O Executivo poderá delegar a terceiros,
Art. 113 O Executivo definirá o local adequado à instalação mediante licitação, a construção, manutenção e exploração
da cadeira de engraxate, cuidando para que a mesma não seja do comércio, inclusive a construção de banheiro público
instalada: que também será explorado. (Redação acrescida pela Lei
I - em passeio de largura inferior a 3,00 m (três metros); nº 9845/2010)
II - na proximidade de ponto de coletivo, saída de repar-
tição pública, estabelecimento bancário ou de ensino, cinema Capítulo IV
e teatro. DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES
Parágrafo Único. O Executivo poderá, por conveniência SEÇÃO I
pública, mudar a localização da cadeira a qualquer tempo, de- DISPOSIÇÕES GERAIS
vendo a transferência dar-se no prazo para tanto estabelecido.
Art. 114 (VETADO) Art. 116 O exercício de atividades em logradouro pú-
Art. 115 (VETADO) blico depende de licenciamento prévio junto ao Executivo.
Parágrafo Único. O Executivo poderá licenciar, para o
SEÇÃO IX exercício em logradouro público, apenas as seguintes ati-
DO ABRIGO PARA PONTO DE ÔNIBUS (Redação vidades, observadas as limitações previstas neste Código:
acrescida pela Lei nº 9845/2010) I - em banca;
II - em veículo de tração humana e veículo automotor;
Art. 115 A - O abrigo para ponto de ônibus é o mobiliário III - exercida por deficiente visual;
urbano destinado à proteção e ao conforto dos usuários do IV - de engraxate;
transporte coletivo do Município. V - evento;
Parágrafo Único. O abrigo para ponto de ônibus conterá, VI - feira;
no mínimo: VII - em quiosque em local de caminhada;
I - cobertura para proteção de passageiros; VIII - exploração de sanitário público;
II - banco; IX - lavador de veículo automotor. (Redação acrescida
III - coletor de lixo. (Redação acrescida pela Lei nº pela Lei nº 10.520/2012)
9845/2010) Art. 117 (VETADO)
Art. 115 B - O abrigo para ponto de ônibus obedecerá a Art. 118 Fica proibido o exercício de atividade por ca-
padrões definidos em regulamento, que especificará modelos melôs, toreros e flanelinhas no logradouro público. (Reda-
e dimensões diferenciados, de modo a corresponder às par- ção dada pela Lei nº 9845/2010)
ticularidades do local de instalação e ao número de usuários Art. 118 A - O passeio poderá ser utilizado por ambu-
atendidos. lante somente para exercício de atividade de comércio:
Parágrafo Único. Poderá ser instalado abrigo para ponto I - em veículo de tração humana;
de ônibus em desconformidade com os padrões estabelecidos II - por deficiente visual. (Redação dada pela Lei nº
pelo regulamento, desde que haja licenciamento especial do 10.520/2012)
Executivo, com a finalidade de adaptá-lo a projeto de urbani- Art. 119 O regulamento deste Código poderá:
zação e paisagismo. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) I - estabelecer área do Município em que será proibi-
do o exercício de atividade, correlacionando ou não essa
SEÇÃO X vedação a determinada época, circunstância ou atividade;
DO QUIOSQUE EM LOCAIS DE CAMINHADA (Redação II - (VETADO)
acrescida pela Lei nº 9845/2010) III - definir locais específicos para a concentração do
comércio exercido por ambulantes.
Art. 115 C - Poderá ser instalado quiosque no logradouro Art. 120 A atividade exercida no logradouro público
público, exclusivamente em locais destinados à prática de ca- pode ser:
minhada, sendo que sua instalação depende de prévio Iicen- I - constante, aquela que se realiza periodicamente;
ciamento, em processo definido neste Código e em seu regu- II - eventual, aquela que se realiza esporadicamente.
lamento. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)

129
LEGISLAÇÃO

Art. 121 O licenciamento para exercício de atividade Art. 124 Ocorrerá desistência quando:
em logradouro público terá sempre caráter precário e será I - o licenciado, sem motivo justificado, não iniciar o
feito por meio de licitação, conforme procedimento pre- exercício da atividade no prazo determinado;
visto no regulamento deste Código, que poderá ser sim- II - o licenciado, tendo iniciado o exercício da atividade,
plificado em relação a alguma atividade, particularmente a requerer ao Executivo a revogação do licenciamento.
classificada como eventual. § 1º No caso de a desistência ocorrer durante o pri-
Parágrafo Único. O prazo de validade do documento meiro ano, o licenciamento será repassado ao habilitado
de licenciamento variará conforme a classificação da ativi- imediatamente classificado na respectiva licitação.
dade, podendo ser: § 2º No caso de a desistência ocorrer após a vigência
I - de até 1 (um) ano, prorrogável conforme dispuser o do primeiro ano, será o licenciamento restituído ao Exe-
regulamento deste Código, quando se tratar de atividade cutivo, a fim de que seja redistribuído por meio de nova
constante; licitação.
II - de até 3 (três) meses ou até o encerramento do § 3º Em ambos os casos, a pessoa desistente não estará
evento, conforme o caso, quando se tratar de atividade isenta de suas obrigações fiscais junto ao Poder Público.
eventual, sendo, em ambos os casos, improrrogável. Art. 125 O documento de licenciamento é intransferí-
Art. 122 O documento de licenciamento deverá ex- vel, exceto se o titular:
plicitar o equipamento ou apetrecho de uso admitido no I - falecer;
exercício da atividade respectiva no logradouro público e II - entrar em licença médica por prazo superior a 60
mencionar, inclusive, a possibilidade de utilização de apa- (sessenta) dias;
relho sonoro, sendo vedada a utilização de qualquer outro III - tornar-se portador de invalidez permanente.
equipamento ou apetrecho nele não explicitado. § 1º Nos casos admitidos nos incisos deste artigo, a
Art. 123 O documento de licenciamento é pessoal e transferência obedecerá à seguinte ordem:
específico para a atividade e o local de instalação ou área I - cônjuge ou companheiro estável;
de trânsito nele indicados. II - filho;
§ 1º Somente poderá ser licenciada para exercício de
atividade em logradouro público a pessoa natural e des- III - irmão.
de que não seja proprietária de estabelecimento industrial, § 2º A validade do documento de licenciamento trans-
comercial ou de serviços. ferido nos termos deste artigo se estenderá até que ocorra
§ 2º Não será liberado mais de um documento de li- nova licitação para o exercício da atividade. (Redação dada
cenciamento para a mesma pessoa natural, mesmo que pela Lei nº 9845/2010)
para atividades distintas. Art. 126 O horário de exercício de atividade no logra-
§ 3º O titular do documento de licenciamento poderá douro público será previsto no documento de licenciamen-
indicar preposto para auxiliá-lo no exercício da atividade, to respectivo.
desde que tal preposto não seja titular de documento de Art. 127 Para os fins deste Código, o equipamento para
licenciamento da mesma natureza, ainda que de atividade exercício de atividade no logradouro público constitui mo-
distinta. dalidade de mobiliário urbano.
§ 4º As vedações de que tratam os § § 1º, 2º e 3º deste Art. 128 É expressamente proibida a instalação de trai-
artigo não se aplicam à possibilidade de acumular 1 (um) ler em logradouro público, à exceção dos que, não se des-
documento de licenciamento para atividade constante com tinando a atividade comercial, tenham obtido anuência do
1 (um) documento de licenciamento para atividade even- órgão competente do Executivo.
tual. Art. 129 Somente é permitida a comercialização no lo-
§ 5º Será especificado no regulamento deste Código o gradouro público de mercadoria com origem legal com-
número de prepostos a que se refere o § 3º deste artigo, provada.
podendo haver variação desse número em função da ati- Art. 130 É proibida no logradouro público a realização
vidade. de campanha para arrecadação de fundos.
§ 6º No caso do exercício da atividade em banca de Art. 131 O Executivo capacitará o licenciado para o
jornais e revistas, cada licenciado poderá indicar 3 (três) exercício de atividade no logradouro público, visando a en-
prepostos, que poderão substituir o titular em qualquer de gajá-lo nos programas de interesse público desenvolvidos
suas ausências e impedimentos, independentemente de no respectivo local, podendo, inclusive, vir a utilizar o mo-
comunicação prévia, respondendo solidariamente por to- biliário onde a atividade é exercida como ponto de apoio e
das as obrigações decorrentes da licença. (Redação acres- referência para a comunidade.
cida pela Lei nº 10.411/2012) Art. 132 O Executivo regulamentará este Capítulo, es-
§ 7º O exercício de atividade em logradouro público pecialmente no que se refere ao detalhamento dos critérios
poderá ser licenciado a pessoas jurídicas, excepcionalmen- de licenciamento, às taxas respectivas e à fiscalização das
te, quando permissionárias do «Programa ABasteCer - Ali- atividades.
mentos a Baixo Custo» ou de outro programa que venha
a sucedê-lo. (Redação acrescida pela Lei nº 10.524/2012)

130
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II XXI - acessórios para aparelho telefônico celular; (Re-


DA ATIVIDADE EM BANCA dação acrescida pela Lei nº 9007/2004)
XXII - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº
Art. 133 Poderá ser exercida a atividade de comércio 9007/2004)
em banca instalada em logradouro público, que se sujeita a XXIII - bombonière; (Redação acrescida pela Lei nº
prévio licenciamento, em processo a ser definido no regula- 9007/2004)
mento deste Código. (Redação dada pela Lei nº 9187/2006) XXIV - brindes diversos; (Redação acrescida pela Lei nº
Art. 134 O comércio de que trata o art. 133 deste Códi- 9007/2004)
go será destinado exclusivamente à venda ao consumidor XXV - serviço de revelação de filmes fotográficos; (Re-
das mercadorias previstas nesta Seção para os seguintes dação acrescida pela Lei nº 9007/2004)
tipos de banca: XXVI - cópias de chaves; (Redação acrescida pela Lei nº
I - banca de jornais e revistas, que será fixa; 9007/2004)
II - banca de flores e plantas naturais, que será fixa; XXVII - brinquedos; (Redação acrescida pela Lei nº
III - banca de bebidas naturais, que será móvel. 9007/2004)
§ 1º Cada um dos tipos de banca somente poderá ex- XXVIII - artesanatos; (Redação acrescida pela Lei nº
plorar o comércio das mercadorias que para ele tiverem 9007/2004)
sido previstas nesta Seção. (Redação dada pela Lei nº XXIX - (VETADO); (Redação acrescida pela Lei nº
9187/2006) 9007/2004)
§ 2º A banca móvel será instalada, preferencialmente, XXX - água mineral em embalagem descartável, sor-
próximo a área de lazer e será montada sobre estrutura vete e picolé embalados; (Redação acrescida pela Lei nº
metálica que facilite sua transferência para outro local. 9459/2007)
§ 3º Em caso de interesse público, devidamente justifi- XXXI - refrigerantes; (Redação acrescida pela Lei nº
cado, em que se demonstre haver necessidade de remoção 9845/2010)
da banca de bebidas naturais, esta deverá ser transferida XXXII - sucos em embalagens descartáveis. (Redação
para local a ser definido pelo Executivo. acrescida pela Lei nº 9845/2010)
§ 1º Será facultado à banca de jornais e revistas fazer
§ 4º O Executivo poderá autorizar a remoção da banca
a distribuição de encarte, folheto e similar de cunho pro-
de bebidas naturais para outro local, mediante solicitação
mocional.
do proprietário da banca. (Redação acrescida pela Lei nº
§ 2º A distribuição prevista no § 1º deste artigo não
9187/2006)
poderá descaracterizar a atividade própria da banca.
Art. 135 A banca de jornais e revistas destina-se à co-
§ 3º De acordo com o previsto no art. 131 desta lei, a
mercialização de:
banca de jornais e revistas deverá expor, em local visível, e
I - jornal e revista; distribuir material institucional. (Redação acrescida pela Lei
II - flâmula, álbum de figurinha, emblema e adesivo; nº 10.411/2012)
III - cartão postal e comemorativo; § 4º Entende-se como material institucional, para os
IV - mapa e livro; efeitos desta lei, panfletos, folhetos, encartes, publicações
V - cartão telefônico e recarga de cartão magnético do e similares, elaborados pelo poder público municipal, com
sistema de transporte coletivo; objetivo de:
VI - talão de estacionamento; I - informar sobre os serviços oferecidos pela Prefei-
VII - selo postal; tura;
VIII - (VETADO) II - informar sobre pontos turísticos do Município de
IX - periódico de qualquer natureza, inclusive audiovi- Belo Horizonte e de sua região metropolitana;
sual integrante do mesmo; III - divulgar campanhas promovidas pelo poder públi-
X - ingresso para espetáculo público; co municipal;
XI - (VETADO) IV - fornecer informações de utilidade pública. (Reda-
XII - (VETADO) ção acrescida pela Lei nº 10.411/2012)
XIII - impresso de utilidade pública; § 5º A distribuição do material institucional às bancas é
XIV - artigo para fumante, pilha, barbeador, preservativo; de responsabilidade do poder público municipal. (Redação
XV - objeto encartado em publicação e material foto- acrescida pela Lei nº 10.411/2012)
gráfico descartável; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) § 6º O licenciado para o exercício de atividade em
XVI - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº banca de jornais e revistas e seus prepostos deverão ser
9007/2004) qualificados pelo Executivo para o exercício da função de
XVII - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº divulgação e distribuição de material institucional, de acor-
9007/2004) do com o previsto no art. 131 desta lei, passando a ser de-
XVIII - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº nominados Agentes de Divulgação de Informações - Adin.
9007/2004) (Redação acrescida pela Lei nº 10.411/2012)
XIX - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº § 7º Nas laterais da banca será delimitado espaço, a ser
9007/2004) definido em regulamento, para instalação de painel desti-
XX - (VETADO) (Redação acrescida pela Lei nº nado a publicidade institucional. (Redação acrescida pela
9007/2004) Lei nº 10.411/2012)

131
LEGISLAÇÃO

§ 8º O espaço previsto no § 7º deste artigo deverá ocu- Parágrafo Único. O veículo não poderá apresentar ex-
par, no máximo, 30% (trinta por cento) da área das laterais pansão ou acréscimo de qualquer espécie, vedada a expo-
da banca. (Redação acrescida pela Lei nº 10.411/2012) sição de mercadoria em suas partes externas.
§ 9º A banca de jornais e revistas poderá funcionar 24 Art. 143 A mercadoria não poderá ficar exposta em cai-
(vinte e quatro) horas por dia. (Redação acrescida pela Lei nº xote ou assemelhado colocado no passeio ou via pública.
10.411/2012) Art. 144 É proibido comercializar em veículo:
Art. 136 É proibida a exploração de banca de jornais e I (Suprimido pela Lei nº 10.947/2016)
revistas ao proprietário de empresa distribuidora de jornal e II - refresco;
revista, proibição extensiva ao cônjuge. III - caldo de cana;
Art. 137 A banca de flores e plantas naturais poderá co- IV - café;
mercializar, além de flores e plantas naturais, também produto V - carnes e derivados;
utilizado no cultivo domiciliar de pequeno porte, como terra VI - sorvete de fabricação instantânea, proveniente de
vegetal, adubo e semente. xaropes ou qualquer outro processo;
Art. 137 A - A banca de bebidas naturais destina-se à co- VII - fruta descascada ou partida, exceto laranja, que de-
mercialização de: verá ser descascada na hora, a pedido e à vista do consumidor.
I - água de coco; Art. 145 Os produtos comercializados em veículos de-
II - caldo de cana; verão atender ao disposto na legislação sanitária específica.
III - refresco; Art. 146 O licenciado para o comércio em veículo de
IV - suco natural; tração humana somente poderá comercializar algodão-do-
V - água mineral. (Redação acrescida pela Lei nº ce, milho verde, água-de-coco, doces, água mineral, suco e
9187/2006) refresco industrializado, refrigerante, picolé, sorvete, pipoca,
Art. 138 Em qualquer dos tipos de banca, a exposição do praliné, amendoim torrado, cachorro-quente, churro e frutas.
produto que comercializa somente será permitida no local Art. 147 É vedado ao licenciado para atividade desenvol-
próprio, previsto para esta finalidade, em modelos padroniza- vida em veículo de tração humana:
dos aprovados pelo Poder Público. I - o preparo de alimentos não elencados no art. 146 des-
te Código;
SEÇÃO III II - o preparo de bebida, ou mistura de xarope, essência
DA ATIVIDADE EM VEÍCULO DE TRAÇÃO HUMANA E ou outro produto corante ou aromático;
VEÍCULO AUTOMOTOR III - a venda fracionada de refrigerante, água mineral,
suco ou refresco industrializado.
Art. 139 Poderão ser utilizados o veículo de tração hu- Art. 148 O licenciado para o comércio em veículo au-
mana e o automotor para a comercialização de alimento em tomotor somente poderá comercializar lanche rápido, água
logradouro público, devendo tais veículos, bem como os mineral, suco ou refresco industrializado e refrigerante, con-
utensílios e vasilhames utilizados no serviço, ser vistoriados forme definido em regulamento.
e aprovados pelo órgão municipal responsável pela vigilância Art. 149 O veículo automotor a ser utilizado deverá:
sanitária. I - estar devidamente emplacado pelo órgão competen-
Art. 140 A atividade de que trata esta Seção poderá ser te, respeitando-se as normas aplicáveis do Código de Trân-
exercida em sistema de rodízio estabelecido pela entidade sito Brasileiro;
representativa de cada segmento, segundo critérios a serem II - ser utilitário de até 1.500Kg (mil e quinhentos quilo-
definidos pelo regulamento. gramas); (Redação dada pela Lei nº 10.899/2016)
Art. 141 O licenciado para exercer atividade comercial em III - estar devidamente adaptado;
veículo de tração humana ou automotor deverá, quando em IV - atender às normas de segurança e de saúde pública;
serviço: V - ser aprovado em vistoria técnica anual pelo órgão
I - portar o documento de licenciamento atualizado; municipal responsável pelo trânsito.
II - usar uniforme limpo e de cor clara; Parágrafo Único. Não se admitirá o comércio em trailer
III - manter rigoroso asseio pessoal; ou reboque em logradouro público.
IV - zelar para que as mercadorias não estejam deteriora- Art. 150 É proibida ao comércio em veículo automotor a
das ou contaminadas e se apresentem em perfeitas condições utilização de:
higiênicas; I - sombrinha, mesa e cadeira;
V - zelar pela limpeza do logradouro público; II - som.
VI - manter o veículo em perfeitas condições de conser- Parágrafo Único. A instalação de toldo e o uso de publi-
vação, higiene e limpeza; cidade obedecerão ao disposto no regulamento.
VII - acatar os dispositivos legais que lhe forem aplicáveis. Art. 151 O comércio em veículo automotor não poderá ocorrer:
Art. 142 O veículo será de tipo padronizado, definido I - em frente a portaria de estabelecimento de ensino,
pelo Executivo para cada modalidade de comércio, sendo, em hospital, clube e templo religioso;
qualquer caso, dotado de: II - a menos de 50 m (cinqüenta metros) de lanchonete,
I - recipiente adequado à coleta de resíduos; bar, restaurante e similar;
II - extintor de incêndio apropriado, no caso de utilização III - em afastamento frontal de edificação;
de substância inflamável no preparo dos produtos a serem IV - em local onde a legislação de trânsito não permita
comercializados. a parada ou o estacionamento de veículo.

132
LEGISLAÇÃO

Art. 152 Não será permitida a venda ambulante de ali- Art. 157 A - É permitido ao licenciado, vedado o uso de
mento em cesto, baú, tabuleiro ou qualquer outro recipien- outro mobiliário urbano além da cadeira de engraxate:
te similar. I - comercializar cadarços de sapatos e de tênis;
Art. 153 O regulamento deste Código: II - realizar pequenos consertos. (Redação acrescida pela
I - definirá a documentação necessária ao licenciamen- Lei nº 9845/2010)
to para o exercício de atividade comercial em veículos de Art. 158 Cumpre ao licenciado:
tração humana e automotor; I - manter a cadeira e acessórios em bom estado de con-
II - poderá estabelecer, em área específica, proibições servação e aparência;
adicionais relativas a horários e a locais para o exercício de II - portar o documento de licenciamento e apresentá-lo
atividade comercial em veículos. à fiscalização quando solicitado;
III - observar a tabela de preços e afixá-la em local visível;
SEÇÃO III IV - usar o uniforme estipulado pelo Executivo;
V - manter limpa a área num raio de 5 m (cinco metros)
SEÇÃO III-A
da cadeira;
DA ATIVIDADE EXERCIDA POR PESSOA COM DEFI-
VI - usar em serviço material de boa qualidade.
CIÊNCIA (Redação dada pela Lei nº 10.947/2016)
Art. 159 É vedado ao licenciado:
I - permanecer inativo por mais de 5 (cinco) dias, salvo
Art. 153-A Poderá ser exercida, nos termos desta Se- em caso de superveniência de incapacidade temporária, se
ção, a atividade de comércio em logradouro público por ela não for substituída na forma do parágrafo único do art.
pessoa com deficiência, que dependerá de prévio licencia- 157 deste Código;
mento. (Redação dada pela Lei nº 10.947/2016) II - ocupar o logradouro público com mercadoria, objeto
Parágrafo Único. O licenciado deverá: ou instalação diversa de sua atividade;
I - exercer a atividade de que trata esta Seção sem a III - realizar serviços de sapataria além dos permitidos
utilização de carrinho, banca, mesa ou outro equipamento nesta Seção; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
que ocupe espaço no logradouro público; IV - comercializar qualquer espécie de produto não pre-
II - exercer pessoalmente as atividades respectivas, vista nesta Seção. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
sendo-lhe proibido colocar preposto no serviço;
III - portar o documento de licenciamento e apresen- SEÇÃO V
tá-lo à fiscalização quando solicitado. (Redação acrescida DO EVENTO
pela Lei nº 9845/2010)
Art. 160 Poderá ser realizado evento em logradouro pú-
SEÇÃO IV blico, desde que atenda ao interesse público, devidamente
DA ATIVIDADE DE ENGRAXATE demonstrado no processo de licenciamento respectivo.
Parágrafo Único. Considera-se evento, para os fins deste
Art. 154 Poderá ser exercida em logradouro público a Código, qualquer realização, sem caráter de permanência,
atividade de engraxate, que dependerá de licenciamento, de atividade recreativa, social, cultural, religiosa ou esportiva.
observado que: Art. 161 (Revogado pela Lei nº 9063/2005)
I - seja dada prioridade aos candidatos com maior grau Art. 162 (Revogado pela Lei nº 9063/2005)
de carência socioeconômica; Art. 163 O espetáculo pirotécnico é considerado even-
II - haja isenção do pagamento de taxa ou de qualquer to e dependerá de licenciamento e comunicação prévia ao
outro tributo ou preço público. Corpo de Bombeiros.
Parágrafo Único. O espetáculo pirotécnico respeitará
Art. 155 O Executivo poderá celebrar convênio com
as regras de segurança pública e de proteção ao meio am-
entidade voltada à garantia dos direitos da criança e do
biente, podendo o regulamento proibir a sua realização na
adolescente com vistas à seleção de menores candidatos
proximidade que definir em relação a local onde possa com-
à obtenção do licenciamento de que trata o art. 154 deste prometer a segurança de pessoa ou de bem.
Código.
Art. 156 O licenciado poderá explorar apenas 1 (uma) SEÇÃO VI
cadeira de engraxate e uma mesma cadeira de engraxate DA FEIRA
poderá ser explorada por até 2 (duas) pessoas. SUBSEÇÃO I
Art. 157 O licenciado deverá exercer pessoalmente as DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
atividades respectivas, ressalvada a possibilidade de auxílio
prevista no § 3º do art. 123 desta Lei. (Redação dada pela Art. 164 As áreas destinadas a feira em logradouro pú-
Lei nº 9845/2010) blico serão fechadas ao trânsito de veículos durante sua rea-
Parágrafo Único. A proibição prevista no caput não lização.
atinge o irmão ou o filho do licenciado, desde que com- Art. 164 A - O Executivo adotará sistema de monito-
provada e comunicada ao Executivo a sua incapacidade ramento para as feiras realizadas no logradouro público,
temporária ou definitiva. visando garantir a compatibilidade do funcionamento das
mesmas com o interesse público. (Redação acrescida pela
Lei nº 9845/2010)

133
LEGISLAÇÃO

Art. 164 B - VETADO (Redação acrescida pela Lei nº IX - manter balança aferida e nivelada, quando for o caso;
9845/2010) X - respeitar o regulamento de limpeza pública e demais
Art. 165 É vedada a realização de feira que fira o inte- normas expedidas pelo órgão competente do Executivo;
resse público, a critério do Executivo. XI - tratar com urbanidade o público em geral e os clientes;
Art. 166 A feira será criada pelo Executivo, nos termos XII - afixar cartazes e avisos de interesse público determina-
do art. 31 da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte. dos pelo Executivo.
Art. 172 É proibido ao feirante:
SUBSEÇÃO II I - faltar injustificadamente a 2 (dois) dias de feira consecu-
DO DOCUMENTO DE LICENCIAMENTO tivos ou a mais de 4 (quatro) dias de feira por mês;
II - apregoar mercadoria em voz alta;
Art. 167 A participação em feira depende de prévio li- III - vender produto diferente dos constantes em seu docu-
cenciamento e da expedição do respectivo documento de mento de licenciamento;
licenciamento. IV - fazer uso do passeio, da arborização pública, do mobi-
§ 1º O documento de licenciamento para participação liário urbano público, da fachada ou de quaisquer outras áreas
em feira terá validade de 1 (um) ano, podendo, a critério do das edificações lindeiras para exposição, depósito ou estoca-
Executivo, ser renovado ao final do período por igual prazo. gem de mercadoria ou vasilhame ou para colocação de apetre-
§ 2º Para a renovação do documento de licenciamen- cho destinado à afixação de faixa e cartaz ou a suporte de toldo
to deverá ser encaminhado ao órgão competente requeri- ou barraca;
mento instruído com cópia do documento vigente e com- V - ocupar espaço maior do que o que lhe foi licenciado;
provação de pagamento da última taxa devida. VI - explorar a atividade exclusivamente por meio de auxiliar
Art. 168 O documento de licenciamento será específico previsto no § 3º do art. 123 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº
para cada feira ou, se for o caso, para cada dia. 9845/2010)
Parágrafo Único. No caso de feira permanente, é veda- VII - lançar, na área da feira ou em seus arredores, detrito,
do deter mais de um documento de licenciamento, a qual- gordura e água servida ou lixo de qualquer natureza;
quer título, para uma mesma feira. VIII - vender, alugar ou ceder a qualquer título, total ou
parcialmente, permanente ou temporariamente, seu direito de
Art. 169 O Executivo reservará vagas nas feiras, nos ter-
participação na feira;
mos prescritos no regulamento, até o limite de 5% (cinco
IX - utilizar letreiro, cartaz, faixa e outro processo de comu-
por cento), para entidades assistenciais ou filantrópicas ou
nicação no local de realização da feira;
para pessoas portadoras de deficiência, que ficarão isentas
X - fazer propaganda de caráter político ou religioso duran-
do pagamento das taxas devidas.
te a realização da feira, no local onde ela funcione.
Art. 170 Em caso de necessidade, devidamente com-
Parágrafo Único. No caso de feira permanente, é permitido
provada, o feirante poderá indicar pessoa prevista no § 3º ao feirante fazer uso do passeio, desde que seja respeitada a
do art. 123 desta Lei para substituí-lo. (Redação dada pela faixa reservada a trânsito de pedestre, conforme dispõe o art. 64
Lei nº 9845/2010) deste Código. (Redação acrescida pela Lei nº 9746/2009)
Parágrafo Único. O prazo máximo para substituição Art. 173 (VETADO)
será de 60 (sessenta) dias, ficando os casos excepcionais Art. 174 O feirante deverá utilizar banca para expor sua
sujeitos a avaliação pela comissão paritária de que trata o mercadoria, respeitando o disposto nos arts. 95, 96 e 97 deste
art. 182 deste Código. Código, no que for compatível.
SUBSEÇÃO III SUBSEÇÃO IV
DOS DEVERES E VEDAÇÕES DAS MODALIDADES E ESPECIFICIDADES DA FEIRA

Art. 171 O feirante é obrigado a: Art. 175 A feira poderá ser:


I - trabalhar apenas na feira e com os materiais para os I - permanente, a que for realizada continuamente, ainda
quais esteja licenciado; que tenha caráter periódico;
II - respeitar o local demarcado para a instalação de II - eventual, a que for realizada esporadicamente, sem o
sua banca; sentido de continuidade.
III - manter rigoroso asseio pessoal; Parágrafo Único. As feiras permanentes deverão ter espaço
IV - respeitar e cumprir o horário de funcionamento destinado a apresentação gratuita de grupos regionais, culturais
da feira; e de diversão.
V - adotar o modelo de equipamento definido pelo Art. 176 Serão admitidas as seguintes modalidades de feira:
Executivo; I - feira livre, a que se destinar à venda, exclusivamente
VI - colaborar com a fiscalização no que for necessário, a varejo, de frutas, legumes, verduras, aves vivas e abatidas,
prestando as informações solicitadas e apresentando os ovos, gêneros alimentícios componentes da cesta básica,
documentos pertinentes à atividade; pescados, doces e laticínios, biscoitos a granel, cereais,
VII - manter os equipamentos em bom estado de hi- óleos comestíveis, artigos de higiene e limpeza artesanais,
giene e conservação; utilidades domésticas, produtos comprovadamente artesa-
VIII - manter plaquetas contendo nome, preço e classi- nais e produtos da lavoura e indústria rural; (Redação dada
ficação do produto; pela Lei nº 9845/2010)

134
LEGISLAÇÃO

II - de plantas e flores; (Redação dada pela Lei nº § 1º Os representantes dos feirantes serão eleitos di-
9845/2010) retamente entre os licenciados nas feiras, em processo au-
III - de livros e periódicos; (Redação dada pela Lei nº tônomo.
9845/2010) § 2º Os membros suplentes serão escolhidos da mesma
IV - de artes plásticas e artesanato; forma que os membros titulares.
V - de antigüidades; § 3º O mandato dos membros da comissão paritária será
VI - de comidas e bebidas típicas nacionais ou estran- de 1 (um) ano, renovável uma vez por igual período.
geiras; § 4º Os membros da comissão paritária não farão jus a
VII - promocional. qualquer espécie de remuneração.
Parágrafo Único. (VETADO) § 5º Serão excluídos da comissão paritária os membros,
Art. 177 A feira de plantas e flores naturais comercia- titulares ou suplentes, que faltarem injustificadamente a
lizará os produtos naturais previstos no art. 137 deste Có- mais de 4 (quatro) reuniões por ano.
digo. § 6º O regulamento deste Código definirá as regras de
Parágrafo Único. É vedada a comercialização, na fei- funcionamento e de realização das reuniões da comissão
ra de plantas e flores naturais, de espécimes coletados na
paritária, considerando as prescrições desta Subseção.
natureza que possam representar risco de depredação da
Art. 183 Em virtude da dimensão de alguma feira em
flora nativa.
particular, poderá ser criada uma comissão paritária especí-
Art. 178 A feira de arte e artesanato comercializará
produtos resultantes da ação predominantemente manual, fica para ela, obedecidas as regras do art. 182 deste Código.
que agreguem significado cultural, utilitário, artístico, pa- Art. 184 À comissão paritária compete:
trimonial ou estético e que, feitos com todos os materiais I - solicitar ao Poder Público a constituição de grupo téc-
possíveis, sejam de elaboração exclusivamente artesanal, nico de avaliação, sempre que entender necessário;
não sendo elaborados em nível final, exceto quando reci- II - organizar e orientar o funcionamento das feiras;
clados. III - manifestar-se sobre os recursos impetrados por fei-
Art. 179 A feira de antigüidade comercializará objetos rantes em caso de aplicação de penalidade.
selecionados de acordo com a data de fabricação - que é Art. 185 O Poder Público, de ofício ou mediante soli-
critério fundamental -, com o estilo de época, a raridade, citação da comissão paritária, constituirá um grupo técni-
a possibilidade de serem colecionados e as peculiaridades co de avaliação, composto por especialistas nas atividades
locais. desenvolvidas nas feiras e em urbanismo e que não sejam
Parágrafo Único. A fim de se evitar a evasão do patri- feirantes.
mônio histórico, artístico e cultural, cada expositor deverá Parágrafo Único. Compete ao grupo técnico de avalia-
manter registro de procedência e destino das peças sacras, ção:
mobiliário e outros que porventura venha a comercializar I - avaliar a natureza, a qualidade da produção e do ma-
na feira. terial e as ferramentas utilizadas, podendo fazê-lo nos locais
Art. 180 A feira de comidas e bebidas típicas comercia- de exposição, armazenagem ou produção;
lizará produtos que: II - apreciar a compatibilização do material a ser exposto
I - estejam ligados a origem cultural determinada, e comercializado com as prescrições deste Código, de seu
constituindo tradição cultural das cozinhas mineira, nacio- regulamento e do documento de licenciamento respectivo;
naL E Internacional; III - assessorar a comissão paritária sempre que solici-
II - resultem de preparo e processo exclusivamente tado.
caseiro, à exceção de cerveja, refrigerante, suco e refresco
industrializado e água mineral. SEÇÃO VII
Art. 181 A feira promocional será destinada a divulgar
DA ATIVIDADE EM QUIOSQUE EM LOCAIS DE CAMI-
atividade, produto, tecnologia, serviço, país, estado ou ci-
NHADA (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
dade.
§ 1º Na feira prevista no caput é vedada a venda a va-
Art. 185 A - Poderá ser exercida atividade de comércio
rejo.
§ 2º É permitida, na feira prevista no caput, a instalação em quiosque instalado no logradouro público, exclusiva-
de espaços destinados à prestação de serviço distinto da mente em locais de caminhada, sujeita a prévio Iicencia-
finalidade da feira, desde que ocupando no máximo 10 % mento, em processo a ser definido no regulamento deste
(dez por cento) de seu espaço total. Código. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Art. 185 B - O quiosque destina-se à comercialização de:
SUBSEÇÃO V I - água mineral;
DA COORDENAÇÃO DAS FEIRAS II - água de coco;
III - bebidas não alcoólicas;
Art. 182 As feiras serão coordenadas por uma comissão IV - bombonière;
paritária constituída, em igual número, por representantes V - picolés e sorvetes em embalagens descartáveis;
do Executivo e dos feirantes, com suplência, sendo que VI - exploração de sanitário público. (Redação acrescida
haverá uma comissão para cada uma das modalidades de pela Lei nº 9845/2010)
feira previstas no art. 176 deste Código.

135
LEGISLAÇÃO

Capítulo V Art. 190 É permitida a instalação de engenho de publi-


DA INSTALAÇÃO DE ENGENHO DE PUBLICIDADE cidade em mobiliário urbano, que observará os critérios e
preços a serem estabelecidos pelo Executivo.
Art. 186 Poderá ser instalado engenho de publicidade no Parágrafo Único. No caso de mobiliário urbano objeto
logradouro público e no espaço aéreo do Município, obser- de concessão estadual ou federal, somente é permitido uti-
vadas as permissões expressas constantes neste Capítulo e o lizar engenho de publicidade quando houver interesse do
disposto no Capítulo II do Título VI desta Lei, no que couber. Município em que a concessionária instale mobiliário além
(Redação dada pela Lei nº 9845/2010) dos exigidos nos termos da respectiva concessão. (Redação
Art. 187 Em qualquer hipótese, é vedada a instalação de dada pela Lei nº 9845/2010)
engenho de publicidade: Art. 190 A - O engenho de publicidade instalado no
I - em local em que o engenho prejudique a identificação e mobiliário urbano poderá ser luminoso, sendo proibi-
preservação dos marcos referenciais urbanos; do o engenho iluminado. (Redação acrescida pela Lei nº
II - nas árvores; 9845/2010)
III - em local em que, de qualquer maneira, o engenho pre- Art. 190 B - É permitida a instalação de sombrinha
judique a sinalização de trânsito ou outra destinada à orienta- como engenho de publicidade em veículo de tração huma-
ção pública, ou ainda, em que cause insegurança ao trânsito na, devendo-se observar os critérios a serem estabelecidos
de veículo e pedestre, especialmente em viaduto, ponte, canal, pelo Executivo. (Redação acrescida pela Lei nº 10.520/2012)
túnel, pontilhão, passarela de pedestre, passarela de acesso, Art. 191 É permitida a instalação de engenho de publi-
trevo, entroncamento, trincheira, elevado e similares; cidade no canteiro central da via pública e na praça, respei-
IV - em placa indicativa de trânsito; tados a legislação específica e o modelo padronizado pelo
V - em faixa de domínio de rodovias, nos seguintes pontos: Executivo, nas seguintes hipóteses:
a) no trevo e no trecho em curva; I - para a divulgação de entidade patrocinadora de
b) em distância inferior a 100,00 m (cem metros) da entra- programa de adoção de área verde;
da e saída de túnel; II - em relógios. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 192 É permitida a veiculação de publicidade de
c) em distância inferior a 50,00 m (cinqüenta metros) de
entidade patrocinadora da pista de Cooper e da ciclovia
elevado e rótula;
regularmente instaladas no logradouro público, respeita-
VI - em veículo, motorizado ou não, com o fim exclusivo
dos os padrões previamente estabelecidos pelo Executivo
de divulgação de publicidade, salvo previsão do art. 194 deste
para o local.
Código.
(Revogado pela Lei nº 10.704/2014)
VII - em mobiliário urbano de pequeno porte, confor-
Art. 193 É permitida, durante a realização de evento em
me previsto em regulamento; (Redação acrescida pela Lei nº
logradouro público, a instalação de engenho de publicida-
9845/2010)
de no espaço aéreo sobre a área em que o evento esteja
VIII - em postes e demais equipamentos de energia e co- sendo realizado.
municação, exceto telefone público, respeitado o art. 190 desta Parágrafo Único. Entende-se por espaço aéreo aquele
Lei; (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) situado acima da altura máxima permitida para a instalação
IX - em postes de sinalização e identificação de logradouro de engenho de publicidade no local.
público. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) Art. 194 A empresa concessionária do sistema de trans-
Art. 188 É permitida a instalação de engenho de publici- porte público do Município poderá autorizar, mediante
dade em logradouro público durante a realização de evento, normatização, a publicidade em ônibus, táxi e mobiliário
desde que o local de sua instalação seja estritamente o do urbano relacionado àquele sistema, observadas as disposi-
evento, obedecidos os critérios estabelecidos no licenciamento ções gerais deste Código e as disposições e determinações
do evento. da legislação de trânsito, naquilo que lhes for aplicável.
Art. 189 É permitida a instalação de faixa e estandarte
no logradouro público quando transmitirem exclusivamente Capítulo VI
mensagem institucional, nos termos desta Lei, veiculada por DO TRANSPORTE COLETIVO
órgão ou entidade do Poder Público. (Redação dada pela Lei
nº 9845/2010) Art. 195 (VETADO)
§ 1º É permitida a veiculação da marca do patrocinador Art. 196 (VETADO)
da divulgação das mensagens previstas no caput deste artigo, Art. 197 (VETADO)
desde que para tanto se respeite o limite de 10 % (dez por cen-
to) da área total da faixa ou estandarte.
§ 2º A faixa e o estandarte destinados à divulgação de cam-
panha de interesse público poderão permanecer instalados por
período máximo de 30 (trinta) dias, desde que a entidade do
Poder Público responsável pela campanha encaminhe ao órgão
municipal competente a relação de endereços de instalação e
dos respectivos prazos de exposição, com antecedência míni-
ma de 24 (vinte e quatro) horas da instalação.

136
LEGISLAÇÃO

TÍTULO IV TÍTULO V
DAS OPERAÇÕES DE CONSTRUÇÃO, CONSERVAÇÃO E DA OBRA NA PROPRIEDADE E DE SUA INTERFERÊNCIA
MANUTENÇÃO DA PROPRIEDADE EM LOGRADOURO PÚBLICO
Capítulo I Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 198 Serão observadas, para a promoção e a manu- Art. 207 (Revogado pela Lei nº 9845/2010)
tenção do controle sanitário nos terrenos e nas edificações, as Art. 208 O tapume, o barracão de obra e o dispositivo de
disposições contidas no Código Sanitário Municipal e no Regu- segurança instalados não poderão prejudicar a arborização públi-
lamento de Limpeza Urbana. ca, o mobiliário urbano instalado, nem a visibilidade de placa de
Art. 199 Para a instalação de cerca elétrica ou de qualquer identificação de logradouro público ou de sinalização de trânsito.
dispositivo de segurança que apresente risco de dano a tercei-
ros exige-se que: Capítulo II
I - qualquer elemento energizado esteja a, no mínimo, DO TAPUME
2,50m (dois metros e cinquenta centímetros) acima do piso cir-
cundante; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) Art. 209 O responsável pela execução de obra, reforma ou
II - a projeção ortogonal do dispositivo esteja contida nos demolição deverá instalar, ao longo do alinhamento, tapume de
limites do terreno; proteção.
III - sejam feitas a apresentação de Responsável Técnico e § 1º O tapume terá altura mínima de 1,80 m (um metro e
a de comprovação de contratação de seguro de responsabili- oitenta centímetros) e poderá ser construído com qualquer ma-
dade civil. terial que cumpra finalidade de vedação e garanta a segurança
Art. 200 A instalação, o funcionamento e a manutenção do pedestre.
de elevadores e aparelhos de transporte similares observarão § 2º A instalação do tapume é dispensada:
o disposto nas Leis Municipais nos. 6.877, de 14 de junho de I - em caso de obra interna à edificação;
1995, e 7.647, de 23 de fevereiro de 1999, e nas que as modifi-
II - em obra cujo vulto ou posição não comprometam a se-
carem ou sucederem, aplicando-se às infrações nelas elencadas
gurança de pedestre ou de veículo, desde que autorizado pelo
as penalidades previstas neste Código.
Executivo;
III - em caso de obra em imóvel fechado com muro ou gradil.
Capítulo II
§ 3º O tapume deverá ser mantido em bom estado de con-
DO TERRENO OU LOTE VAGO
servação. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Art. 201 Entende-se por terreno ou lote vago aquele desti- Art. 210 O tapume poderá avançar sobre o passeio corres-
tuído de qualquer edificação permanente. pondente à testada do imóvel em que será executada a obra, des-
Art. 202 Em logradouro público dotado de meio-fio, o pro- de que o avanço não ultrapasse a metade da largura do passeio
prietário de terreno ou lote vago deverá fechá-lo em sua divisa e desde que deixe livre faixa contínua para passagem de pedestre
com o alinhamento, com vedação de no mínimo 1,80 m (um de no mínimo 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de largura.
metro e oitenta centímetros) de altura, medida em relação ao Parágrafo Único. Nos casos em que, segundo a devida com-
passeio. provação pelo interessado, as condições técnicas da obra exigi-
§ 1º O fechamento de que trata este artigo poderá ser fei- rem a ocupação de área maior no passeio, poderá ser tolerado
to com qualquer material admitido no regulamento, podendo avanço superior ao permitido neste artigo, mediante o pagamen-
este padronizar ou proibir determinado material em alguma to do preço público relativo à área excedente, excetuando-se o
área específica do Município. trecho de logradouro de grande trânsito, a juízo do órgão com-
§ 2º O material a ser usado no fechamento deverá ser ca- petente do Executivo.
paz de impedir o carreamento de material do lote ou terreno Art. 211 A instalação de tapume sobre o passeio sujeita-se
vago para o logradouro público. a processo prévio de licenciamento, nos termos do regulamento
§ 3º Deverá ser previsto um acesso ao terreno ou lote vago. deste Código.
Art. 203 É proibido o despejo de lixo no terreno ou lote Art. 212 O documento de licenciamento para a instalação de
vago. tapume terá validade pelo prazo de duração da obra.
Parágrafo Único. O proprietário de terreno ou lote vago é § 1º No caso de ocupação de mais da metade da largura do
obrigado a mantê-lo limpo, capinado e drenado, independen- passeio, o documento de licenciamento vigerá pelo prazo máxi-
do de licenciamento os respectivos atos. mo e improrrogável de 1 (um) ano, variando conforme a intensi-
dade do trânsito de pedestre no local.
CAPÍTULO III § 2º No caso de paralisação da obra, o tapume colocado so-
(Revogado por força da Lei nº 9725/2009) bre passeio deverá ser recuado para o alinhamento do terreno no
prazo máximo de 7 (sete) dias corridos, contados da paralisação
Art. 204 (Revogado pela Lei nº 9725/2009) respectiva. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 205 (Revogado pelas Leis nº 9725/2009 e nº 9845/2010) § 3º Decorridos 120 (cento e vinte dias) de paralisação da
Art. 206 (Revogado pela Lei nº 9725/2009) obra, o tapume deverá ser substituído por muro de alvenaria ou
gradil no alinhamento. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)

137
LEGISLAÇÃO

Capítulo III Capítulo VI


DO BARRACÃO DE OBRA DO MOVIMENTO DE TERRA E ENTULHO

Art. 213 A instalação de barracão de obra suspenso Art. 219 O movimento de terra e entulho sujeita-se a pro-
sobre o passeio será admitida quando se tratar de obra cesso prévio de licenciamento, devendo o respectivo requeri-
executada em imóvel localizado em logradouro público de mento ser instruído com:
intenso trânsito de pedestre - conforme classificação feita I - projeto de terraplenagem ou cópia do documento de
pelo órgão responsável pela gestão do trânsito - e desde licenciamento de demolição, conforme o caso;
que não tenha sido concluído qualquer piso na obra. II - planta do local, do levantamento plani-altimétrico
Art. 214 A instalação de barracão de obra sujeita-se a correspondente e do perfil projetado para o terreno após a
processo prévio de licenciamento, sendo de 1 (um) ano o terraplenagem;
prazo máximo de vigência do documento de licenciamento III - declaração de inexistência de material tóxico ou infec-
respectivo. to-contagioso no local.
Parágrafo Único. O documento de licenciamento de Art. 220 O transporte de terra e entulho provenientes de
que trata o caput ficará automaticamente cancelado, inde- execução de obra, reforma ou demolição deverá ser feito em
pendentemente do prazo transcorrido, quando a obra tiver veículo cadastrado e licenciado pelo órgão competente do
concluída a construção de seu terceiro piso acima do nível Executivo.
do passeio. § 1º No caso de utilização de caçamba, deverão ser res-
Art. 215 O barracão de obra será instalado a pelo me- peitados adicionalmente os critérios previstos na Seção VII do
nos 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) de altura Capítulo III do Título III deste Código.
em relação ao passeio, admitida a colocação de pontalete § 2º A licença do veículo a que se refere o caput deverá
de sustentação na faixa de mobiliário urbano. ser renovada anualmente.
Art. 221 A terra e o entulho decorrentes de terraplena-
Capítulo IV gem ou de demolição serão levados para local de bota-fora
DOS DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA definido pelo Executivo.
Parágrafo Único. O licenciado poderá indicar outro local
para o bota-fora, desde que tal local seja de propriedade pri-
Art. 216 Durante a execução de obra, reforma ou de-
vada, que o proprietário respectivo apresente termo escrito de
molição, o responsável técnico e o proprietário, visando
concordância e que a indicação seja aprovada pelo Executivo.
à proteção de pedestre ou de edificação vizinha, deverão
Art. 222 É proibida a utilização de logradouro público, de
instalar tela protetora envolvendo toda a fachada da edifi-
parque, de margens de curso d`água e de área verde para
cação, nos termos do regulamento, e dispositivos de segu-
bota-fora ou empréstimo.
rança, conforme critérios definidos na legislação específica Art. 223 A operação de remoção de terra e entulho será
sobre a segurança do trabalho. realizada de segunda-feira a sábado, no horário de 7 (sete) às
§ 1º A obrigação prevista neste artigo estende-se a 19 (dezenove) horas.
qualquer serviço executado na fachada da edificação, mes- Art. 224 Caberá ao infrator remover imediatamente o ma-
mo que tal serviço não tenha natureza de construção ou terial depositado em local não autorizado, sem prejuízo das
similar. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) demais penalidades previstas neste Código.
§ 2º No caso de obra paralisada, os dispositivos que Art. 225 O movimento de terra e entulho obedecerá às
não apresentarem bom estado de conservação deverão ser determinações contidas no Regulamento de Limpeza Urbana.
retirados ou reparados imediatamente. (Redação acrescida
pela Lei nº 9845/2010) TÍTULO VI
DO USO DA PROPRIEDADE
Capítulo V Capítulo I
DA DESCARGA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES
SEÇÃO I
Art. 217 A descarga de material de construção será DISPOSIÇÕES GERAIS
feita no canteiro da respectiva obra, admitindo-se excep-
cionalmente o uso do logradouro público para tal fim, ob- Art. 226 O disposto neste Capítulo complementa o pre-
servadas as determinações contidas no Regulamento de visto na legislação de parcelamento, ocupação e uso do solo
Limpeza Urbana. no que diz respeito à localização de usos e ao exercício de
Parágrafo Único. Na exceção admitida no caput, o res- atividades na propriedade pública e privada.
ponsável pela obra deverá iniciar imediatamente a remo- Art. 227 O exercício de atividade não-residencial depende
ção do material descarregado para o respectivo canteiro, de prévio licenciamento.
tolerando-se prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, § 1º A atividade a ser desenvolvida deverá estar em con-
contadas da finalização da descarga, para total remoção. formidade com os termos do documento de licenciamento,
Art. 218 O responsável pela obra é obrigado a manter dentre eles os referentes ao uso licenciado, à área ocupada e
o passeio lindeiro ao imóvel em que está sendo executada às restrições específicas.
a obra em bom estado de conservação e em condições de § 2º O documento de licenciamento terá validade má-
ser utilizado para trânsito de pedestre. xima de 5 (cinco) anos.

138
LEGISLAÇÃO

Art. 228 O exercício de atividade em parque deverá aten- § 3º O laudo técnico e suas respectivas renovações, em
der às exigências contidas no Capítulo IV do Título III des- inteiro teor, serão arquivados no órgão competente do Exe-
te Código no que for compatível, bem como às exigências cutivo, para fins de fiscalização.
adicionais previstas nos regulamentos específicos de cada Art. 232 As atividades mencionadas no art. 231 deste
parque. Código obrigam-se a contratar seguro de responsabilidade
Art. 229 Deverão ser afixados no estabelecimento onde civil em favor de terceiros.
se exerce a atividade, em local e posição de imediata visibi-
lidade: SEÇÃO II
I - o documento de licenciamento; DA ATIVIDADE EM TRAILER
II - cartaz com o número do telefone dos órgãos de de-
fesa do consumidor e da ordem econômica; Art. 233 O trailer fixo, destinado à comercialização de
III - cartaz com o número do telefone do órgão de defesa comestíveis e bebidas, é considerado estabelecimento co-
da saúde pública, conforme exigência no regulamento, con- mercial, sujeito às normas que regem o bar, a lanchonete e
siderada a natureza da atividade; similares, com as restrições deste Código.
IV - certificado de regularidade, emitido pelo órgão com- Art. 234 É proibida a instalação de trailer em logradouro
petente, referente a equipamento de aferição de peso ou me- público.
dida, no caso de a atividade exercida utilizar tal equipamento. Parágrafo Único. Poderá ser excepcionado da regra pre-
V - demais documentos elencados no documento de vista no caput deste artigo o trailer que, não se destinando
licenciamento que condicionem a sua validade. (Redação a atividade empresarial, tenha obtido prévia anuência do
acrescida pela Lei nº 9845/2010) órgão competente do Executivo. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo Único. O certificado de que trata o inciso IV 9845/2010)
deste artigo deverá ser mantido em local próximo ao equipa- Art. 235 A instalação de trailer sujeita-se a prévio proces-
mento, sem prejuízo de sua imediata visibilidade. so de licenciamento, em que deverá ser observado o aten-
Art. 230 É permitida a exposição de produto fora do es- dimento das exigências da legislação sobre parcelamento,
tabelecimento, nos afastamentos laterais, frontal e de fundo ocupação e uso do solo no que diz respeito à localização de
da respectiva edificação, desde que se utilizem para tanto vi- atividades e ao afastamento frontal.
trine, banca ou similares e desde que a projeção horizontal Art. 236 A utilização de mesa e cadeira no passeio pelo
máxima desses equipamentos não tenha mais de 0,25m (vin- trailer está sujeita a prévio processo de licenciamento, obe-
te e cinco centímetros) além dos limites da edificação. decidos os limites estabelecidos na legislação vigente, veda-
Parágrafo Único. A exposição de produto fora do estabe- da a utilização de instrumento de som. (Redação dada pela
lecimento não pode avançar sobre o passeio, mesmo quando Lei nº 9845/2010)
se tratar de edificação construída sobre o alinhamento, sem Parágrafo Único. O trailer não poderá possuir área supe-
afastamento frontal. rior a 30 m² (trinta metros quadrados).
Art. 230 A - Ressalvadas as hipóteses autorizadas neste
Código, é proibido: SEÇÃO III
I - apregoar a prestação de serviços e a venda de merca- DA ATIVIDADE PERIGOSA
dorias no logradouro público;
II - prestar serviços ou vender mercadorias no logradou- Art. 237 A atividade perigosa será definida no regula-
ro público; mento deste Código, nela se incluindo, necessariamente,
III - afixar produtos em toldos; aquela relacionada com a fabricação, a guarda, o armaze-
IV - afixar produtos e publicidade em postes, exceto mo- namento, a comercialização, a utilização ou o transporte de
biliário urbano, conforme dispuser o regulamento. (Redação produto explosivo, inflamável ou químico de fácil combus-
acrescida pela Lei nº 9845/2010) tão.
Art. 231 A edificação destinada total ou parcialmente a Parágrafo Único. Entende-se por produto químico de fá-
atividade não- residencial que atraia um alto número de pes- cil combustão a tinta, o verniz, o querosene, a graxa, o óleo,
soas está sujeita à elaboração de laudo técnico descritivo de o plástico, a espuma e congêneres.
suas condições de segurança. Art. 238 O exercício de atividade perigosa sujeita-se a
§ 1º O laudo previsto no caput deve ser de autoria de processo prévio de licenciamento, devendo o requerimento
profissional competente, com a respectiva anotação de res- inicial estar instruído com:
ponsabilidade técnica junto ao Conselho Regional de Enge- I - laudo de responsabilidade técnica de profissional ha-
nharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA/MG). bilitado, que ateste o atendimento das normas de segurança
§ 2º O regulamento deste Código estabelecerá, com re- pertinentes;
lação ao laudo técnico: II - comprovação de contratação de seguro de respon-
I - a listagem das atividades, conforme o porte e caracte- sabilidade civil em favor de terceiros, no valor mínimo apura-
rísticas, que se obrigam a elaborá-lo; do pelos critérios constantes do regulamento deste Código.
II - a relação e o nível de detalhamento mínimos dos § 1º O laudo de responsabilidade técnica de profissional
itens de segurança que deverão constar na análise para cada habilitado poderá determinar a adaptação do equipamento,
tipo de atividade; da instalação e do veículo, conforme o caso, por motivo de
III - o prazo de validade. segurança, fixando o prazo para sua implementação.

139
LEGISLAÇÃO

§ 2º O licenciado deverá apresentar comprovação de § 2º O estabelecimento a que se refere este artigo fica
renovação do seguro e do laudo de responsabilidade técni- obrigado a contratar e manter atualizado seguro de respon-
ca de profissional habilitado, ao final do prazo de validade sabilidade civil em favor dos proprietários dos veículos que
respectiva. ali estacionarem, devendo este cobrir obrigatoriamente os
§ 3º Aplicam-se as regras deste artigo mesmo que a casos de furto, roubo e colisões.
atividade perigosa não seja a única exercida no local. Art. 244 Cartaz informativo, contendo a transcrição das
Art. 239 A atividade relacionada com a fabricação, a responsabilidades de que trata o art. 243 deste Código, será
guarda, o armazenamento, a comercialização, a utilização afixado pelo proprietário em local visível da área do estabe-
ou o transporte de produto explosivo, inflamável ou quí- lecimento dedicado à atividade de estacionamento.
mico de fácil combustão contratará seguro contra incêndio Art. 245 O estabelecimento comercial que presta ser-
em favor de terceiros. viço por tempo decorrido terá de tomar como fração, para
Parágrafo Único. A apólice de seguro cobrirá qualquer fins de cobrança, o tempo de 15 (quinze) minutos.
dano material causado a terceiros instalados ou residentes § 1º O valor cobrado na primeira fração, ou seja, nos
no imóvel onde tenha ocorrido o incêndio. primeiros 15 (quinze) minutos, tem de ser o mesmo nas fra-
Art. 240 A estocagem máxima de pólvora permitida no ções subseqüentes e, necessariamente, representar parcela
estabelecimento varejista que comercializa fogos de artifí- aritmética proporcional ao custo da hora integral.
cio é de 20 kg (vinte quilogramas). § 2º Deverá ser afixada placa, próximo à entrada do es-
Art. 241 O transporte de produto perigoso deverá tabelecimento, com os valores devidos por permanência de
atender às exigências da legislação específica. 15 (quinze), 30 (trinta), 45 (quarenta e cinco) e 60 (sessenta)
minutos.
SEÇÃO IV
DO ESTACIONAMENTO SEÇÃO V
DA ATIVIDADE DE DIVERSÃO PÚBLICA
Art. 242 A atividade de estacionamento sujeita-se a
processo prévio de licenciamento, nos termos do regula- Art. 246 O exercício de atividade de diversão pública
mento. sujeita-se a processo prévio de licenciamento, devendo o
Parágrafo Único. Será exigida a instalação de alarme requerimento inicial estar instruído com:
sonoro e visual na saída do imóvel em que a atividade vier I - termo de responsabilidade técnica referente ao sis-
a ser exercida. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) tema de isolamento e condicionamento acústico instalado,
Art. 242-A Nos dias de jogos e/ou eventos realizados nos termos da legislação ambiental;
no Mineirão ou no Mineirinho, a atividade de estaciona- II - termo de responsabilidade técnica referente ao
mento será permitida em imóveis residenciais, imóveis co- equipamento de diversão pública, quando este for utilizado;
merciais e lotes vagos existentes no entorno desses está- III - laudo técnico descritivo de suas condições de segu-
dios, desde que possuam espaço para abrigar veículos. rança, conforme previsto pelo art. 231 deste Código.
§ 1º O licenciamento para a atividade referida no caput Art. 247 A instalação de parque de diversões somente
deste artigo se sujeita a processo prévio simples de licen- será feita após a expedição do documento de licenciamen-
ciamento e só terá validade pelo período de 12 (doze) ho- to, e seu funcionamento somente terá início após a vistoria
ras antes e 3 (três) horas depois do evento. feita pelo órgão competente do Executivo, observando-se
§ 2º O processo prévio simples de licenciamento se o cumprimento da legislação municipal e as normas de se-
dará pelo pagamento de uma taxa a ser fixada pelo poder gurança.
público para cada dia ou evento. § 1º A região onde se pretende instalar o parque de
§ 3º O valor da taxa será fixado por meio de portaria diversões deverá apresentar satisfatória fluidez de tráfego e
ou decreto regulamentador e a guia deverá ser afixada em área de estacionamento nas suas proximidades, salvo se no
local visível à fiscalização. local houver espaço suficiente para esse fim.
§ 4º Nenhuma outra atividade será simultaneamente § 2º O responsável pelo parque de diversões deverá ins-
permitida nos respectivos imóveis. talar pelo menos 2 (dois) banheiros para uso dos frequen-
§ 5º Aplica-se à permissão estabelecida neste artigo o tadores, sendo um para cada sexo, do tipo móvel ou não.
disposto no art. 243 e §§ 1º e 2º desta lei. § 3º O regulamento deste Código definirá a relação en-
§ 6º O proprietário que utilizar o imóvel como estacio- tre o número de banheiros e o porte ou especificidade da
namento fica obrigado a manter segurança física no local. atividade. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
(Redação acrescida pela Lei nº 10.973/2016) Art. 247 A - Para os efeitos deste Código, considera-se
Art. 243 O estabelecimento dedicado à atividade de atividade circense a atividade de diversão pública de cará-
estacionamento será responsável pela proteção dos veí- ter permanente com funcionamento itinerante. (Redação
culos nele estacionados, respondendo pelos danos a eles acrescida pela Lei nº 9845/2010)
causados, enquanto estiverem sob sua guarda. Art. 247 B - O licenciamento para o exercício de ativi-
§ 1º A responsabilidade do estabelecimento de esta- dade circense será anual e dependerá de apresentação dos
cionamento estende-se aos objetos que estiverem no inte- seguintes documentos:
rior dos veículos estacionados, caso as chaves dos mesmos I - requerimento e termo de responsabilidade devida-
tenham sido confiadas à sua guarda. mente preenchido e assinado;

140
LEGISLAÇÃO

II - cópia do contrato social registrado na respectiva junta § 8º O ato de autorização de funcionamento terá vali-
comercial ou estatuto registrado em cartório, se o responsável dade territorial e temporal definida no próprio ato.
pelo circo for pessoa jurídica; § 9º O regulamento deste Código definirá a relação
III - cópia da inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Ju- entre o número mínimo de banheiros e o porte ou espe-
rídica - CNPJ -, se o responsável pelo circo for pessoa jurídica, cificidade das atividades. (Redação acrescida pela Lei nº
ou cópia do Cadastro de Pessoas Físicas - CPF - e documento 9845/2010)
de identidade, se o responsável pelo circo for pessoa física; Art. 248 A maior de 60 (sessenta) anos será garantida
IV - laudo técnico de segurança, definido em regulamen- a gratuidade do acesso a cinema, cineclube, evento espor-
to do Executivo, acompanhado de Anotação de Responsabili- tivo, teatro, parque de diversões e espetáculos circense e
dade Técnica, devidamente assinados; musical instalados em próprio público municipal.
V - seguro de responsabilidade civil em favor de terceiros. Art. 249 O direito previsto no art. 248 deste Código
§ 1º A licença fundamentada neste artigo possibilitará ao será exercido nas seguintes condições:
titular a montagem dos equipamentos circenses em todo o I - em cinema e cineclube, de segunda a sexta-feira,
âmbito municipal, ficando, porém, o início das atividades con- exceto feriados, com entrada até 18 (dezoito) horas;
dicionado à autorização do órgão executivo competente. II - nos demais locais, em qualquer dia e horário, em
§ 2º A autorização de que trata o § 1º deste artigo de- percentual a ser definido no regulamento deste Código.
penderá de: Art. 250 No caso de o evento previsto no art. 248 deste
I - requerimento de funcionamento pelo interessado ao Código não se realizar em próprio público municipal, a pes-
órgão executivo competente em que se indique a data pre- soa com mais de 60 (sessenta) anos terá direito de adquirir
vista para o início das atividades e o tempo de permanência ingresso pela metade do preço cobrado normalmente ao
no local; público freqüentador.
II - licenciamento municipal expedido com base no caput Parágrafo Único. O benefício previsto no caput deste
deste artigo; artigo incidirá somente sobre as apresentações realizadas
III - termo de permissão, se tratar-se de ocupação de pro- de segunda a quinta-feira.
Art. 251 A comprovação da idade do beneficiário será
priedade pública, ou contrato, se tratar-se de terreno privado;
feita mediante apresentação de documento de identidade
IV - laudo de vistoria realizada pelo Corpo de Bombei-
de validade nacional ou de carteira de idoso usuário de
ros Militar do Estado de Minas Gerais para o local em que se
transporte público municipal.
montou o circo.
Art. 252 O responsável pelo estabelecimento ou evento
§ 3º O requerimento de que trata o inciso I do § 2º deste
referidos nos arts. 248 e 250 deste Código deverá afixar, na
artigo deverá ser protocolizado no órgão competente pelo
bilheteria, cartaz contendo a transcrição ou o resumo e o
interessado em até 5 (cinco) dias úteis antes da data prevista
número dos arts. 248 a 252 deste Código.
para o início das atividades, podendo o laudo do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais ser juntado pos- SEÇÃO VI
teriormente. DA FEIRA
§ 4º O órgão competente deverá expedir o ato de autori-
zação de funcionamento para a localidade específica em que Art. 253 A feira promovida pelo Executivo na proprie-
se instalou o circo após a apresentação pelo interessado de dade atenderá às seguintes exigências:
vistoria realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado I - caso a modalidade da feira seja uma das previstas
de Minas Gerais e dos demais documentos referidos no § 2º no art. 176 deste Código, será obedecido o regramento es-
deste artigo. tabelecido pela Seção VI do Capítulo IV do Título III deste
§ 5º A expedição do ato de autorização de funcionamen- Código, no que for compatível;
to ocorrerá até 48 (quarenta e oito) horas após a apresenta- II - caso a modalidade da feira não esteja entre as pre-
ção pelo interessado dos documentos referidos no § 2º deste vistas no art. 176 deste Código, seus licenciados serão ex-
artigo, período durante o qual os órgãos municipais compe- clusivamente pessoas naturais e será obedecido o regra-
tentes poderão realizar vistoria nos locais em que se instalou mento da Lei Municipal nº 6.854, de 19 de abril de 1995, da
o circo. que a modificar ou suceder.
§ 6º A não expedição do ato de autorização no prazo Art. 254 A feira promovida por particular na proprieda-
determinado no § 5º deste artigo dá ao titular do requeri- de privada e que inclua venda a varejo se sujeita a processo
mento protocolizado no órgão competente, nos termos do prévio de licenciamento e não poderá ter duração supe-
§ 2º deste artigo, o direito de exercer a atividade pelo perío- rior a 10 (dez) dias consecutivos. (Redação dada pela Lei
do solicitado, desde que o protocolo do requerimento esteja nº 9845/2010)
acompanhado dos documentos enumerados nos incisos lI, III Art. 255 O requerimento para a concessão do docu-
e IV do § 2º deste artigo. mento de licenciamento para realização da feira de que
§ 7º O órgão executivo competente poderá a qualquer trata o art. 254 deste Código será instruído com:
tempo anular o ato de autorização ou cassar o direito exer- I - projeto de ocupação e distribuição de espaços para
cido com base no § 6º deste artigo, caso o beneficiário não os expositores, para os órgãos das administrações fazendá-
esteja cumprindo os requisitos legais para expedição do ato rias do Estado e do Município e para órgãos de defesa do
de autorização. consumidor e de segurança pública;

141
LEGISLAÇÃO

II - projeto de localização e identificação de instalações SEÇÃO VII


sanitárias, aprovado pelo órgão municipal competente; DA DEFESA DO CONSUMIDOR
III - projeto de segurança contra incêndio, devidamen-
te aprovado pelo órgão competente; Art. 259 A administradora de imóveis para locação deve-
IV - comprovação de contratação de seguro contra in- rá afixar em locais de seu estabelecimento, visíveis ao públi-
cêndio, destinado: co, placas contendo, no mínimo, as seguintes informações:
a) à cobertura de sinistros contra edificações e instala- I - documentação exigida no processo de locação;
ções em todo o espaço ocupado pela feira; II - locais de levantamento cadastral, especificando a
b) à cobertura de danos pessoais que atinjam visitan- quem cabe a iniciativa do cadastro;
tes, freqüentadores, clientes da feira, bem como servidores III - taxas e despesas de intermediação, destacando seus
públicos e trabalhadores em serviço; valores monetários e especificando, entre as partes envolvi-
V - cópia, com atestado de prazo de validade, do com- das no processo de locação, quem se obriga aos ônus;
provante de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurí- IV - endereço e telefone de um dos órgãos de defesa do
dica do organizador da feira e dos expositores; consumidor.
VI - cópia do contrato social do organizador da feira, Parágrafo Único. As placas deverão ser confeccionadas
bem como dos expositores devidamente registrados; com caracteres legíveis e de fácil entendimento e em dimen-
VII (Revogado pela Lei nº 9845/2010) sões compatíveis com as informações delas constantes.
VIII - (VETADO) Art. 260 É obrigatório, ao estabelecimento vendedor de
IX - comprovação do recolhimento de taxas, nos ter- veículos, o fornecimento de certidão de informações de nada
mos da legislação em vigor sobre a matéria e devidas em consta de multas, furto, roubos e impedimentos para com-
razão do exercício do poder de polícia ou em razão da uti- prador de veículo automotor usado.
lização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específi- § 1º A certidão de que trata o caput será a expedida pela
cos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua delegacia de trânsito competente.
disposição; § 2º O estabelecimento vendedor de veículo deverá afixar
X - comprovante de comunicação da realização da feira placa, em local visível e de fácil leitura, contendo as seguintes
inscrições: «O comprador tem direito à certidão de informações
às Secretarias da Fazenda do Estado e do Município.
de nada consta de multas, furtos, roubos e impedimentos».
Parágrafo Único. O requerimento do documento de li-
§ 3º Deverá ser mantida, em arquivo próprio no estabele-
cenciamento deverá ser apresentado ao órgão competente
cimento, cópia autenticada do documento referido no caput,
da Administração Pública do Município com antecedência
a qual será apresentada à fiscalização sempre que solicitado.
mínima de 30 (trinta) dias da data prevista para início da
Art. 261 O hotel, o restaurante, a lanchonete, o bar e os
realização da feira. similares obrigam-se:
Art. 256 O expositor manterá à disposição da fiscali- I - a fornecer cardápio em braile aos clientes portadores
zação do Município, durante todo o período de duração de deficiência visual;
da feira, os documentos a que se referem os incisos V, VI e II - a afixar em local visível cartaz com os dizeres: “Se você
VII do art. 255 desta Seção, bem como as notas fiscais dos for beber, não dirija. Se dirigir, não beba. Além do perigo,
produtos expostos. existem pesadas multas e você ainda poderá ficar sem a sua
Art. 257 O Executivo, na ausência isolada ou em con- carteira de habilitação”.
junto dos documentos a que se refere o art. 255 desta Se- III - a afixar nos cardápios ou em lugar conveniente os
ção, deixará de liberar o documento de licenciamento para telefones dos serviços de táxi ou outro serviço de transporte
a realização da feira, podendo fazê-lo, ainda, quando essa de passageiros. (Redação acrescida pela Lei nº 10.192/2011)
realização, a seu critério, venha a ferir o interesse público Parágrafo Único. O regulamento definirá as dimensões
do Município. mínimas do cartaz a que se refere o inciso II deste artigo.
Art. 258 A realização das feiras de que trata o art. 254
desta Seção sem o respectivo documento de licenciamento Capítulo II
ensejará a aplicação de multa, que variará de acordo com DA INSTALAÇÃO DE ENGENHO DE PUBLICIDADE
o porte do estabelecimento, conforme vier a estabelecer o SEÇÃO I
regulamento deste Código.
§ 1º A aplicação da multa não prejudica o dever de en- Art. 264
cerramento imediato das atividades, até que seja liberado SEÇÃO II
o documento de licenciamento respectivo. Art. 272
§ 2º A cada notificação por funcionamento sem o do- SEÇÃO III
cumento de licenciamento, respeitado o prazo de 10 (dez) Art. 273
dias entre uma e outra, será cobrada nova multa, que terá SUBSEÇÃO II
como valor o equivalente ao devido na última autuação Art. 276
acrescido do valor da multa inicial. SUBSEÇÃO III
§ 3º Fica ressalvado do procedimento previsto no § 2º Art. 280
deste artigo o estabelecimento que já tenha protocolado, SUBSEÇÃO IV
junto ao órgão competente, o requerimento do documen- Art. 287
to de licenciamento. SEÇÃO IV
Art. 292

142
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO I VIII - os que contenham indicação de monitoramento


DAS DIRETRIZES E DEFINIÇÕES de empresas de segurança com área máxima de 0,04m2
(Redação dada pela Lei nº 9845/2010) (quatro decímetros quadrados); (Redação dada pela Lei nº
9845/2010)
Art. 262 Este Capítulo é aplicável a todo engenho de IX - os que contenham as bandeiras dos cartões de cré-
publicidade exposto na paisagem urbana e visível de qual- dito aceitos no estabelecimento comercial, desde que não
quer ponto do espaço público. (Redação dada pela Lei nº ultrapassem a área total de 0,09m2 (nove decímetros qua-
9845/2010) drados); (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 263 Constituem diretrizes a serem observadas no X - os expostos no interior de estabelecimentos comer-
disciplinamento da instalação do engenho de publicidade: ciais, desde que não estejam fixados em qualquer vão ou
I - garantia de livre acesso à infraestrutura urbana; abertura que componha a fachada, inclusive vitrines; (Reda-
II - priorização da sinalização pública, de modo a não ção dada pela Lei nº 9845/2010)
confundir o motorista na condução de seu veículo e a garan- XI - os que contenham mensagem alusiva à disponibi-
tir a livre e segura locomoção do pedestre; lidade do imóvel para venda, aluguel ou destinação similar;
III - participação da população e de entidades no acom- (Redação dada pela Lei nº 10.893/2015)
panhamento da adequada aplicação desta Lei, para corrigir § 1º Denomina-se engenho provisório de divulgação
distorções causadas pela poluição visual e seus efeitos; aqueles mencionados no inciso XI, cuja utilização observará
IV - combate à poluição visual e à degradação ambiental; o seguinte:
V - proteção, preservação e recuperação do patrimônio I - admitem-se, no máximo, dois engenhos provisórios
cultural, histórico, artístico e paisagístico, bem como do meio de divulgação por imóvel anunciado;
ambiente natural ou construído da cidade; II - cada anúncio ocupará a área máxima de 0,50m²
VI - não obstrução de elementos de ventilação e ilumina- (meio metro quadrado);
ção das edificações; III - os anúncios conterão apenas indicação do anun-
VII - compatibilização técnica entre as modalidades de ciante, seu telefone e mensagem que indique a qual desti-
nação o imóvel se encontra disponível;
engenho e os locais aptos a receber cada uma delas, nos ter-
IV - é vedada a instalação na área comum dos prédios,
mos desta Lei;
devendo o engenho ser afixado exclusivamente em vão de
VIII - zelo pela segurança da população, das edificações e
janela, vitrine ou similar da unidade habitacional ou comer-
do logradouro público. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
cial anunciada, observadas as regras contidas na convenção
Art. 264 Para os fins desta Lei, não são considerados
do condomínio;
como engenho de publicidade: (Redação dada pela Lei nº
V - poderá ser instalado apenas um engenho em lote ou
9845/2010)
terreno não edificado, diretamente sobre o solo, com área
I - os que contenham mensagens obrigatórias por legis-
máxima de 1m² (um metro quadrado) e não ultrapassando a
lação federal, estadual ou municipal; (Redação dada pela Lei altura de 2m (dois metros), desde que fora da área destinada
nº 9845/2010) ao afastamento frontal mínimo, do fechamento do imóvel,
II - as placas públicas de sinalização colocadas por ór- de tapume ou barracão de obras. (Redação acrescida pela
gão federal, estadual ou municipal; (Redação dada pela Lei Lei nº 10.893/2015)
nº 9845/2010) § 2º A instalação de engenhos provisórios de divulga-
III - as denominações de prédios e condomínios quando ção independe de autorização. (Redação acrescida pela Lei
possuírem área de até 1,00m2 (um metro quadrado); (Reda- nº 10.893/2015)
ção dada pela Lei nº 9845/2010) § 3º A inobservância das normas do § 1º deste artigo
IV - qualquer elemento, pintura, adesivo ou similar, com sujeita o responsável pelo anúncio e, subsidiariamente, o
função decorativa, bem como revestimento de fachada dife- proprietário do imóvel às sanções previstas em regulamento
renciado; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) próprio. (Redação acrescida pela Lei nº 10.893/2015)
V - os que contenham referências que indiquem lotação, Art. 265 Com relação à mensagem que transmitem, os
capacidade e os que recomendem cautela ou indiquem pe- engenhos de publicidade classificam-se em:
rigo, desde que sem qualquer legenda, dístico ou desenho I - indicativo: engenho que contém exclusivamente a
de valor publicitário; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) identificação da atividade exercida no local em que está ins-
VI - os banners ou pôsteres que veiculem exclusivamente talado ou a identificação da propriedade deste;
mensagem de propaganda dos eventos culturais que serão II - publicitário: engenho que comunica qualquer men-
exibidos na própria edificação do museu, teatro ou cinema sagem de propaganda, sem caráter indicativo;
onde estão instalados, desde que a área dedicada aos patro- III - cooperativo: engenho indicativo que também con-
cinadores não ultrapasse 50% (cinquenta por cento) do ta- tém mensagem publicitária, não superior a 50% (cinquenta
manho do engenho; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) por cento) de sua área;
VII - os logotipos ou logomarcas de postos de abaste- IV - institucional: engenho que contém mensagem ex-
cimento e serviços, quando veiculados nos equipamentos clusivamente de cunho cívico ou de utilidade pública veicu-
próprios do mobiliário, como bombas, densímetros e simi- lada por órgão ou entidade do Poder Público.
lares; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) Parágrafo Único. De acordo com as características que
possuem, os engenhos de publicidade classificam-se em:

143
LEGISLAÇÃO

I - simples: os que, cumulativamente: XVI - em terrenos e lotes vagos localizados na Zona Cen-
a) veiculem mensagem indicativa ou institucional; tral de Belo Horizonte - ZCBH -, na Zona Hipercentral - ZHIP
b) possuam área igual ou inferior a 1,00m2 (um metro -, na Zona Central do Barreiro - ZCBA -, na Zona Central de
quadrado); Venda Nova - ZCVN - e em ambos os lados da Avenida do
c) não possuam dispositivo de iluminação ou animação; Contorno, nos termos da Lei de Parcelamento, Ocupação e
d) não possuam estrutura própria de sustentação; Uso do Solo;
II - complexos: todos os demais engenhos que não se XVII - em terrenos e lotes vagos localizados nas Zonas de
enquadrem na descrição contida no inciso I deste artigo. Proteção 3 - ZP-3;
(Redação dada pela Lei nº 9845/2010) XVIII - que veicule mensagem classificada como publici-
tária em lotes edificados, à exceção da previsão contida nos
SEÇÃO II arts. 269 e 270 desta Lei;
DOS LOCAIS DE INSTALAÇÃO (Redação dada pela XIX - em obras públicas de arte, salvo para identificação
Lei nº 9845/2010) do autor;
SUBSEÇÃO I XX - que veicule mensagem:
DOS LOCAIS PROIBIDOS (Redação dada pela Lei nº a) de apologia à violência ou crime;
9845/2010) b) contrária ao pluralismo filosófico, ideológico, religioso
ou político;
c) que promova a exclusão social ou discriminação de
Art. 266 É proibida a instalação e manutenção de enge-
qualquer tipo;
nho de publicidade:
XXI - no muro situado em qualquer local da cidade, exce-
I - nos corpos d`água, tais como rios, lagoas, lagos e
to aquela destinada à veiculação de programação de eventos
congêneres, exceto quando vinculada a datas comemora- culturais, hipótese em que deverão obedecer às regras cons-
tivas, observado o interesse público e a autorização pelo tantes do inciso VI do art. 264 desta Lei e terão área limitada a
Executivo; 15m2 (quinze metros quadrados);
II - nos dutos de abastecimento de água, hidrantes e XXII - em empenas cegas localizadas na ZCBH, na ZHIP e
caixas d`água; em ambos os lados da Avenida do Contorno, nos termos da
III - sobre faixas de domínio nas rodovias e ferrovias, Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo.
bem como nas áreas non aedificandi adjacentes às mesmas; Parágrafo Único. Excetua-se do disposto no inciso IV do
IV - em edificação de uso exclusivamente residencial e caput deste artigo, a instalação de engenho de publicidade
na parte residencial da edificação de uso misto, nos termos em empena cega de edificações de uso misto, desde que a
da Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo; edificação tenha, no mínimo, 5 (cinco) andares e esteja loca-
V - nos afastamentos laterais e de fundos das edifica- lizada em via arterial ou de ligação regional. (Redação dada
ções, ressalvadas as hipóteses previstas nos incisos VII e VIII pela Lei nº 9845/2010)
do art. 269;
VI - em marquise ou qualquer elemento da edificação SUBSEÇÃO II
que avance para além da fachada; DOS LOCAIS PERMITIDOS (Redação dada pela Lei nº
VII - em toldos, exceto o engenho de publicidade classi- 9845/2010)
ficado como indicativo na testeira frontal do toldo, limitado
à altura máxima de 0,30m (trinta centímetros); Art. 267 Nas edificações existentes nos locais descritos no
VIII - em gradis ou em qualquer elemento translúcido inciso XV do artigo 266 desta Lei, em edificações tombadas,
utilizado para vedação; em conjuntos urbanos protegidos e em monumentos públi-
IX - em coberturas de edificações de qualquer tipologia; cos somente são admitidos engenhos de publicidade classifi-
X - cobrindo total ou parcialmente portas e janelas ou cados como indicativos e institucionais.
em posição que altere as condições de circulação, ventila- Parágrafo Único. A instalação de engenhos de publicida-
ção ou iluminação da edificação; de nos locais previstos no caput deste artigo deve respeitar as
determinações estabelecidas em deliberações pelo Conselho
XI - na área de afastamento frontal do lote em obras;
Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Ho-
XII - na área de afastamento frontal mínimo do lote edi-
rizonte para os conjuntos urbanos protegidos e imóveis com
ficado localizado nas vias de ligação regional e arterial;
tombamento isolado. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
XIII - em obra paralisada; Art. 268 É permitida a instalação de engenho publicitário
XIV - onde obstruam visadas de referenciais simbólicas no espaço aéreo da propriedade, em caráter provisório, du-
como edifícios históricos, obras de arte e Serra do Curral; rante o evento que nela se realize, desde que licenciado para
XV - em terrenos e lotes vagos e em empenas cegas esse fim. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
localizados nas Áreas de Diretrizes Especiais - ADEs - ex- Art. 269 Respeitado o disposto no Capítulo V do Título
clusivamente residenciais, na ADE da Pampulha, na ADE de III desta Lei e as regras previstas neste Capítulo, a instalação
Santa Tereza, na ADE do Mangabeiras, na ADE do Belvedere, de engenhos de publicidade classificados como institucionais
na ADE Santa Lúcia, na ADE São Bento, na ADE Cidade Jar- somente será permitida nos seguintes locais:
dim, nas Zonas de Preservação Ambiental - ZPAMs - e nas I - em terreno ou lote vago lindeiro a via de ligação re-
Zonas de Proteção 1 e 2 - ZP-1 e ZP-2 -, nos termos da Lei gional ou arterial, limitada a 2 (dois) engenhos por face de
de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo; quadra;

144
LEGISLAÇÃO

II - em empena cega de edificações situadas em via de Art. 270 Respeitado o disposto no art. 265 desta Lei, a
ligação regional ou arterial, fora da ZHIP, da ZCBH e de am- permissão para a instalação das demais classificações de
bos os lados da Avenida do Contorno, limitada a 1 (uma) engenho de publicidade atenderá ao seguinte:
empena por face de quadra; I - os engenhos de publicidade classificados como in-
III - em telas protetoras de edificações em obra, respei- dicativos somente poderão localizar-se nos locais previstos
tado o disposto no art. 275 desta Lei; nos incisos II, IV e V do caput do art. 269 desta Lei;
IV - sobre o solo na área de afastamento frontal em II - os engenhos de publicidade classificados como
lotes edificados, exceto no afastamento frontal mínimo nos cooperativos somente poderão localizar-se nos locais pre-
localizados nas vias classificadas como de ligação regional vistos nos incisos II, IV e V do caput do art. 269 desta Lei;
ou arterial; III - os engenhos de publicidade classificados como
V - na fachada frontal das edificações, em paralelo, per- publicitários somente poderão localizar-se nos locais pre-
pendicular ou oblíquo; vistos nos incisos I, II, III, VI, VII e VIII do caput do art. 269
VI - em terrenos não parcelados, limitada a 1 (um) en- desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
genho a cada 100m (cem metros);
VII - em imóvel destinado exclusivamente a estacio- SEÇÃO III
namento ou manobra de veículos, desde que atendidas, DAS CONDIÇÕES PARA INSTALAÇÃO (Redação
cumulativamente, as seguintes condições: dada pela Lei nº 9845/2010)
a) tenha área mínima de 360m2 (trezentos e sessenta
metros quadrados); Art. 271 A altura máxima para instalação de engenho
b) a área total construída não ultrapasse 20m2 (vinte de publicidade é de 9,00m (nove metros), exceto quando
metros quadrados); instalado:
c) esteja situado em via arterial ou de ligação regional, I - em empena cega;
fora da ZCBH, da ZHIP e de ambos os lados da Avenida do II - sobre tela protetora de edificação em construção;
Contorno; III - em pedestal com logotipo ou logomarca na ex-
d) observe o limite de 1 (um) engenho por face de qua- tremidade, nos postos de abastecimento de combustíveis,
dra; com altura máxima de 12,00m (doze metros).
VIII - em imóvel destinado exclusivamente a fins co- § 1º A altura a que se refere este artigo é contada do
merciais que possuam área lateral não edificada, desde que ponto médio do passeio no alinhamento.
atendidas, cumulativamente, as seguintes condições: § 2º A projeção do engenho deve estar contida nos li-
a) a área lateral não edificada tenha, no mínimo, 150m2 mites do lote no qual o mesmo estiver instalado, não sendo
(cento e cinquenta metros quadrados); admitido avançar sobre lote vizinho ou sobre logradouro
b) esteja situado em via arterial ou de ligação regional, público. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
fora da ZCBH, da ZHIP e de ambos os lados da Avenida do Art. 272 O engenho de publicidade luminoso não po-
Contorno; derá ser instalado em posição que permita a reflexão de luz
c) observe o limite de 1 (um) engenho por face de qua- nas fachadas laterais e de fundos dos imóveis contíguos ou
dra; que interfira na eficácia dos sinais luminosos de trânsito.
d) o engenho de publicidade seja instalado inteiramen- (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
te na área lateral e não avance sobre o afastamento frontal Art. 273 O engenho de publicidade instalado em terre-
do imóvel. no ou lote vago, bem como nos locais previstos nos incisos
IX - em imóvel destinado a campo de futebol de vár- VII e VIII do art. 269 terá, no máximo, 27m2 (vinte e sete
zea, entendido como campo de uso público, usado para a metros quadrados) de área.
prática de futebol amador, desde que atendidas condições Parágrafo Único. O licenciamento do engenho de pu-
a serem estabelecidas pelo Executivo. (Redação acrescida blicidade instalado em terreno e lote vago fica condicio-
pela Lei nº 10.653/2013) nado ao atendimento das disposições desta Lei relativas à
§ 1º A utilização das formas de instalação de engenho construção de passeio e ao fechamento do terreno ou lote
de publicidade previstas nos incisos IV e V deste artigo será vago. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
alternativa. Art. 274 O engenho de publicidade instalado sobre
§ 2º A limitação do número de engenhos por face de empena cega poderá ocupar até 50% (cinquenta por cento)
quadra prevista nos incisos I, II, VI, VII e VIII do caput deste da área da empena sobre a qual se apoia.
artigo compreende todas as formas de instalação de publi- § 1º É permitida a fixação de apenas 1 (um) engenho de
cidade previstas nesses incisos, de modo que a instalação publicidade na empena cega da edificação.
do engenho baseada em um dos referidos incisos exclui a § 2º É permitida a utilização de apenas 1 (uma) empena
possibilidade de instalação dos demais na mesma face de cega por edificação.
quadra. § 3º A iluminação em empena cega deverá ser direcio-
§ 3º Para efeito do disposto na alínea «b» do inciso VII nada exclusivamente ao engenho de publicidade. (Redação
e na alínea «a» do inciso VIII do caput deste artigo, não se dada pela Lei nº 9845/2010)
consideram como área construída as coberturas com até Art. 275 A utilização de telas protetoras de edificações
3,00m (três metros) de altura e que não possuam fecha- em obras como engenho de publicidade somente será
mento lateral. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) possível nas seguintes hipóteses:

145
LEGISLAÇÃO

I - reforma da fachada, até a conclusão de seu revesti- I - altura máxima de 0,80m (oitenta centímetros); (Reda-
mento, limitada a 6 (seis) meses; ção dada pela Lei nº 9845/2010)
II - obra de edificação pública, mediante realização de II - altura mínima de 2,30m (dois metros e trinta centíme-
licitação pelo Executivo, visando seu financiamento parcial tros), medida entre o ponto mais baixo do anúncio e o ponto
ou integral; mais alto do passeio; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
III - obra de restauração de imóvel tombado. III - espessura máxima de 0,20m (vinte centímetros); (Re-
§ 1º A tela protetora deverá envolver toda a edificação, dação dada pela Lei nº 9845/2010)
e a publicidade deverá ser veiculada na própria tela, sendo IV - área igual a 0,50m2 (meio metro quadrado) para
vedada a fixação de quaisquer engenhos sobre a mesma. cada 1,00m (um metro) de comprimento da fachada do esta-
§ 2º Fica vedada a utilização de engenho de publicida- belecimento. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
de em telas protetoras em obras de reforma ou modifica- § 2º Se a altura ou a largura do vão da porta for maior
ção internas à edificação. que 3,00m (três metros), a altura máxima da placa será de
§ 3º Na hipótese prevista no inciso III do caput deste 0,80m (oitenta centímetros), desde que respeitada altura
artigo, fica facultado o uso de tela protetora como enge- mínima de 2,30m (dois metros e trinta centímetros), medida
nho de publicidade em outra edificação, situada em área entre o ponto mais baixo do anúncio e o ponto mais alto do
de maior visibilidade, mediante autorização do Executivo, passeio, e a área máxima igual a 0,50m2 (meio metro quadra-
em área equivalente à das fachadas do imóvel tombado. do) para cada 1,00m (um metro) de comprimento da fachada
(Redação dada pela Lei nº 9845/2010) do estabelecimento. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 276 O engenho de publicidade indicativo e coope- Art. 278 O engenho de publicidade instalado na fachada
rativo sobre o solo deverá atender aos seguintes requisitos: frontal, em posição perpendicular ou oblíqua à mesma, obe-
I - engenhos verticais: decerá ao seguinte:
a) altura máxima de 2,10m (dois metros e dez centí- I - 1 (um) por estabelecimento que esteja no pavimento
metros); térreo;
b) largura máxima de 0,60m (sessenta centímetros); II - ter projeção com comprimento máximo de 2/3 (dois
c) possuir até 3 (três) faces;
terços) da largura do passeio limitada a 1,50m (um metro e
II - engenhos horizontais:
cinquenta centímetros);
a) altura máxima de 1,00m (um metro), contada a partir
III - apresentar espessura máxima igual a 0,05m (cinco
do piso natural do terreno;
centímetros), se iluminado, e de até 0,15m (quinze centíme-
b) espessura máxima de 0,20m (vinte centímetros), no
tros), se luminoso;
caso de engenho de publicidade luminoso;
IV - estar instalado a uma altura mínima de 2,30m (dois
c) comprimento máximo de 1,50m (um metro e cin-
quenta centímetros); metros e trinta centímetros), medidos entre o ponto mais
d) possuir apenas um plano, com utilização opcional baixo do anúncio e o ponto mais alto do passeio.
de ambas as faces. § 1º O engenho de publicidade a que se refere o caput
§ 1º Somente poderá ser instalado um engenho por deste artigo deverá deixar um espaçamento mínimo de
edificação. 0,15m (quinze centímetros) entre as suas extremidades late-
§ 2º No caso de edificação implantada em lote de es- rais e os alinhamentos da marquise e da fachada do imóvel,
quina, poderá ser instalado um engenho por fachada vol- não devendo, portanto, ultrapassar a área sob a marquise.
tada para o logradouro público. (Redação dada pela Lei nº § 2º No caso de edificações de dois pavimentos, é pos-
9845/2010) sível a instalação de engenhos publicitários perpendiculares
Art. 277 O engenho de publicidade instalado na facha- também no segundo pavimento, desde que este abrigue
da frontal, em paralelo à mesma, deverá atender aos se- uma única atividade comercial. (Redação dada pela Lei nº
guintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 10.065/2011) 10.065/2011)
I - 1 (um) engenho para cada estabelecimento, somen- Art. 279 A área máxima de exposição de engenho de
te no pavimento térreo e em galerias superiores recuadas, publicidade indicativo ou cooperativo na fachada frontal da
exceto no caso de shopping centers; (Redação dada pela edificação será o resultado da proporção de:
Lei nº 10.065/2011) I - 0,45m² (quarenta e cinco decímetros quadrados) para
II - estar alinhado com a fachada, não podendo se pro- cada 1,00m (um metro) de testada medida sobre o alinha-
jetar além desta; (Redação dada pela Lei nº 10.065/2011) mento do lote correspondente;
III - apresentar espessura máxima de 0,20m (vinte cen- II - 0,50m² (meio metro quadrado) para cada 1,00m (um
tímetros); (Redação dada pela Lei nº 10.065/2011) metro) de testada medida sobre o alinhamento do lote cor-
IV - apresentar altura mínima de 2,30m (dois metros respondente, para estabelecimentos que atendam o seguin-
e trinta centímetros), medida entre o ponto mais baixo do te:
anúncio e o ponto mais alto do passeio. (Redação dada a) equipamentos de grande porte, conforme definição
pela Lei nº 10.065/2011) do regulamento desta Lei;
§ 1º No caso de a fachada da edificação não apresentar b) a fachada da edificação não apresente marcações
pilares aparentes ou marcações de vãos, deve-se associar a aparentes da estrutura ou de pavimentos e possua altura mí-
instalação do engenho com o acesso principal da edifica- nima de 5,00m (cinco metros), contados a partir do ponto
ção e atender aos seguintes requisitos: (Redação dada pela médio do passeio no alinhamento. (Redação dada pela Lei
Lei nº 9845/2010) nº 10.065/2011)

146
LEGISLAÇÃO

Art. 280 Visando assegurar condições estéticas e de § 1º No caso de engenho de publicidade indicativo ins-
segurança, o Executivo poderá regulamentar a utilização talado irregularmente, será responsabilizado o proprietário
de materiais de execução e acabamento dos engenhos de do engenho.
publicidade. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) § 2º Nos demais casos de engenhos de publicidade
instalados irregularmente, serão responsabilizados, indivi-
SEÇÃO IV dualmente, o anunciante, a agência de publicidade, o pro-
DO LICENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO (Redação prietário do engenho, o dono do imóvel e o responsável
dada pela Lei nº 9845/2010) pela sua instalação.
§ 3º No caso de edificações de múltiplos usuários, o
Art. 281 A instalação de engenho de publicidade su- condomínio será considerado responsável pelo engenho
jeita-se a processo prévio de licenciamento, mediante re- de publicidade instalado no local, pelo que respondem so-
querimento ao Executivo, do qual resultará documento de lidariamente os coproprietários do imóvel, mesmo quan-
licenciamento próprio, expedido a título precário. do não constituído formalmente o condomínio. (Redação
§ 1º Ficam dispensados da exigência de que trata o dada pela Lei nº 9845/2010)
caput deste artigo os engenhos de publicidade classifica- Art. 287 Constatada a irregularidade do engenho, fica o
dos como simples. responsável obrigado a removê-lo no prazo fixado na no-
§ 2º A dispensa de licenciamento prevista no § 1º deste tificação, sob pena de aplicação de multa diária, conforme
artigo não se aplica ao engenho de publicidade instalado dispuser o regulamento desta Lei.
em logradouro público, que estará sujeito às regras especí- § 1º Não removido o engenho irregular pelo respon-
ficas estabelecidas nesta Lei. sável, o Poder Público procederá à remoção do mesmo,
§ 3º A dispensa de licenciamento prevista no § 1º deste mantendo, em qualquer hipótese, a multa a que se refere o
artigo não desobriga o responsável pelo engenho do cum- caput deste artigo.
primento das demais exigências desta Lei. § 2º Enquanto não realizada a remoção do engenho,
§ 4º O regulamento definirá as características de enge- nos termos do disposto no § 1º deste artigo, o Poder Pú-
nhos para os quais será exigida, no processo de licencia-
blico poderá sobrepor ao mesmo tarja alusiva à irregulari-
mento, indicação de responsável técnico pela sua instala-
dade ou cobri-lo total ou parcialmente. (Redação dada pela
ção, devidamente registrado no CREA. (Redação dada pela
Lei nº 9845/2010)
Lei nº 9845/2010)
Art. 288 Ocorrendo a retirada do engenho, fica o res-
Art. 282 Expedido o documento de licenciamento, será
ponsável obrigado a providenciar sua baixa junto ao órgão
obrigatória, em espaço do próprio engenho, a indicação do
municipal competente, conforme dispuser o regulamento,
seu respectivo número e do nome do licenciado. (Redação
no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar da data da
dada pela Lei nº 9845/2010)
ocorrência. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 283 O documento de licenciamento deverá ser
mantido à disposição da fiscalização municipal para apre- Art. 289 O regulamento deverá prever critérios que as-
sentação imediata no local onde estiver instalado o enge- segurem a proporcionalidade entre a multa e a área de ex-
nho ou, se este estiver instalado em terreno ou lote vago, posição do engenho. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
no local indicado no requerimento original. (Redação dada
pela Lei nº 9845/2010) SEÇÃO V
Art. 284 Qualquer alteração quanto ao local de insta- DO CADASTRO (Redação dada pela Lei nº
lação, à dimensão e à propriedade do engenho de publici- 9845/2010)
dade implica novo e prévio licenciamento. (Redação dada
pela Lei nº 9845/2010) Art. 290 O engenho de publicidade, licenciado ou não,
Art. 285 Não poderá permanecer instalado o engenho inclusive o classificado como simples, deverá integrar ca-
de publicidade que: dastro municipal específico, cujos elementos darão suporte
I - veicule mensagem fora do prazo autorizado; ao exercício do poder de polícia. (Redação dada pela Lei nº
II - veicule mensagem relativa a estabelecimento de- 9845/2010)
sativado; Art. 291 A inscrição de engenho de publicidade no ca-
III - esteja em mau estado de conservação nos aspec- dastro será feita:
tos visual e estrutural; I - mediante solicitação do responsável;
IV -acarrete risco à segurança dos ocupantes das edifi- II - de ofício, com base nas informações obtidas pelo
cações e à população em geral; Executivo;
V - não atenda aos requisitos desta Lei; III - por órgãos da Administração Direta ou Indireta do
VI - não obedeça ao padrão fixado pelo Executivo. (Re- Município em se tratando de engenho instalado em ôni-
dação dada pela Lei nº 9845/2010) bus, táxi ou mobiliário urbano vinculado àquele serviço.
Art. 286 Para fins de fiscalização, serão consideradas Parágrafo Único. A área do engenho de publicidade
responsáveis pelo engenho de publicidade as pessoas re- será arbitrada pelo agente público responsável quando sua
lacionadas no art. 12, parágrafo único e seus incisos, da Lei apuração for impedida ou dificultada. (Redação dada pela
nº 5.641, de 22 de dezembro de 1989, independente da Lei nº 9845/2010)
ordem ali inscrita.

147
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VI Capítulo II
DISPOSIÇÕES FINAIS DAS PENALIDADES
(Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 307 O cometimento de infração implicará a aplica-
Art. 292 Regulamento irá dispor sobre os prazos e as con- ção das seguintes penalidades:
dições para o licenciamento dos engenhos de publicidade. I (Revogado pela Lei nº 9845/2010)
Parágrafo Único. No caso de haver mais de um interes- II - multa;
sado no licenciamento de engenho publicitário, nos moldes III - apreensão de produto ou equipamento;
previstos nos incisos I, II, VI, VII e VIII do caput do art. 269 des- IV - embargo de obra ou serviço;
ta Lei, a forma de escolha dos interessados será definida em V - cassação do documento de licenciamento;
regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) VI - interdição da atividade ou do estabelecimento;
SEÇÃO V (Revogada por força da Lei nº 9845/2010) (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 293 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) VII - demolição.
Art. 294 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) § 1º Quando o infrator praticar, simultaneamente, duas
Art. 295 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente,
Art. 296 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) as penalidades pertinentes. (Parágrafo Único transformado
em § 1º pela Lei nº 9845/2010)
SEÇÃO VI § 2º Decreto irá dispor sobre as infrações que compor-
DO CADASTRO E DA FISCALIZAÇÃO tam notificação prévia ou acessória, e sobre as hipóteses
em que a notificação é dispensada. (Redação acrescida pela
Art. 297 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) Lei nº 9845/2010)
Art. 298 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) Art. 308 A aplicação da penalidade prevista no art. 307
Art. 299 (Revogado pela Lei nº 9845/2010) deste Código não isenta o infrator da obrigação de reparar
Art. 300 (VETADO) o dano resultante da infração.
Art. 301 (Revogado pela Lei nº 9845/2010)
Art. 309 Responderá solidariamente com o infrator
quem, de qualquer modo, concorrer para a prática da in-
SEÇÃO VII
fração ou dela se beneficiar.
DO ENGENHO DE PUBLICIDADE INSTALADO
Art. 310 A notificação implica a obrigatoriedade de o
infrator sanar a irregularidade dentro do prazo fixado em
Art. 302 (VETADO)
regulamento.
Art. 303 (VETADO)
§ 1º (VETADO)
Capítulo III § 2º (VETADO)
DA ANTENA DE TELECOMUNICAÇÃO Art. 310 A - A notificação será dispensada quando:
I – houver apreensão, interdição ou embargo imedia-
Art. 304 A localização, a instalação e a operação de an- tos;
tena de telecomunicação com estrutura em torre ou similar II - houver obstrução de via pública;
obedecerão às determinações contidas nas Leis Municipais III - houver exercício de atividade ou instalação de en-
nºs 8.201, de 17 de setembro de 2001, e 7.277, de 17 de janei- genho não licenciado em logradouro público;
ro de 1997, e das que as modificarem ou sucederem. IV - o infrator já tiver sido autuado por cometimento da
mesma infração no período compreendido nos 24 (vinte e
TÍTULO VII quatro) meses imediatamente anteriores;
DA INFRAÇÃO V - nos demais casos previstos no regulamento desta
Capítulo I Lei. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 311 A multa será aplicada quando o infrator não
sanar a irregularidade dentro do prazo fixado na notifi-
Art. 305 A ação ou a omissão que resultem em inobser- cação, ou imediatamente, nas hipóteses em que não haja
vância às regras deste Código constituem infração, que se previsão, nesta Lei ou em seu regulamento, de notificação
classifica em leve, média, grave e gravíssima. prévia. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
Art. 306 O regulamento definirá a classificação de cada § 1º A multa será fixada em real, obedecendo à seguin-
infração prevista neste Código, considerando o grau de com- te escala:
prometimento à saúde, à segurança, ao meio ambiente, à I - na infração leve, de R$ 50,00 (cinquenta reais) a R$
paisagem urbana, ao patrimônio, ao trânsito e ao interesse 300,00 (trezentos reais);
público. II - na infração média, de R$ 400,00 (quatrocentos reais)
§ 1º A classificação de que trata o caput conterá a especi- a R$ 1.000,00 (mil reais);
ficação da infração e o dispositivo deste Código que a prevê. III - na infração grave, de R$ 1.200,00 (um mil e duzen-
§ 2º (VETADO) tos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais);
§ 3º (VETADO) IV - na infração gravíssima, de R$ 4.000,00 (quatro mil
§ 4º (VETADO) reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redação dada pela Lei
nº 9845/2010)

148
LEGISLAÇÃO

§ 2º Em caso de primeira e segunda reincidência, a multa § 4º A importância apurada na venda em hasta pública
será aplicada, respectivamente, em dobro ou em triplo em re- será aplicada no pagamento da multa e no ressarcimento
lação aos valores previstos no § 1º deste artigo. das despesas de que trata o § 2º deste artigo, restituindo-
§ 3º Considera-se reincidência, para os fins desta Lei, o se ao infrator o valor remanescente.
cometimento da mesma infração pela qual foi aplicada pe- § 5º Nas hipóteses previstas no § 2º deste artigo, fica
nalidade anterior, dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) o Executivo isento de qualquer responsabilidade relativa
meses, contados da última autuação, por prática ou persis- a eventuais danos do produto ou equipamento. (Redação
tência na mesma infração, mesmo que tenha sido emitido acrescida pela Lei nº 9845/2010)
novo documento de licenciamento. (Redação dada pela Lei § 6º Na impossibilidade de remoção ou apreensão
nº 9845/2010) do bem, será aplicada multa diária e interdição, conforme
§ 4º Os valores de multa serão reajustados anualmente previsto em regulamento. (Redação acrescida pela Lei nº
nos mesmos termos da legislação específica em vigor. 9845/2010)
§ 5º A multa deverá ser paga no prazo fixado no regu- Art. 314 A penalidade de embargo de obra ou serviço
lamento desta Lei e, na hipótese de não pagamento, poderá executado em logradouro público será aplicada quando:
ser inscrita em dívida ativa 30 (trinta) dias após o vencimento I - a execução estiver em desacordo com o licencia-
desse prazo. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) mento, sem licenciamento ou comunicação;
Art. 312 O regulamento deverá indicar os casos em que a II - for iniciada sem o acompanhamento de um respon-
multa será aplicada diariamente. sável técnico;
Parágrafo Único. Sanada a irregularidade, o infrator co- III - colocar em risco a estabilidade da obra;
municará por escrito o fato ao Executivo e, uma vez consta- IV - o infrator não corrigir a irregularidade. (Redação
tada sua veracidade, o termo final do curso diário da multa dada pela Lei nº 9845/2010)
retroagirá à data da comunicação feita. § 1º Durante o embargo, somente poderão ser exe-
Art. 312 A - As multas aplicadas aos responsáveis pela cutadas as obras necessárias à garantia da segurança e à
fixação de cartazes, faixas e outros meios de publicidade cor- regularização da obra ou serviço, mediante autorização do
responderão, no mínimo, a 3 (três) vezes o custo de remoção Executivo.
§ 2º A desobediência do auto de embargo acarretará
do respectivo engenho de publicidade. (Redação acrescida
ao infrator a aplicação de multa.
pela Lei nº 9845/2010)
§ 3º O embargo persistirá até que seja regularizada a
Art. 313 A penalidade de apreensão de produto ou equi-
situação que o provocou. (Redação acrescida pela Lei nº
pamento será aplicada quando sua comercialização ou uti-
9845/2010)
lização, respectivamente, estiver em desacordo com o licen-
Art. 315 A penalidade de cassação do licenciamento
ciamento ou sem este, sem prejuízo da aplicação da multa
será aplicada na primeira reincidência e nas demais hipóte-
cabível. ses previstas no regulamento desta Lei. (Redação dada pela
§ 1º Ocorrerá a apreensão imediata de bem simultanea- Lei nº 9845/2010)
mente à aplicação de multa: § 1º Cassado o licenciamento, o documento correspon-
I - no caso de exercício de atividade comercial sem licença dente poderá ser requisitado pelo fiscal para ser inserido
no logradouro público, ainda que acondicionados em bolsas, no processo administrativo, sob pena de multa.
sacolas, malas ou similares, mesmo que apoiadas sobre o cor- § 2º A aplicação da penalidade prevista neste artigo
po; impede a concessão de novo licenciamento, até que seja
II - nos casos previstos no regulamento desta Lei. (Reda- efetuado o pagamento das multas correspondentes e re-
ção dada pela Lei nº 9845/2010) gularizada a situação que levou à cassação da licença.
§ 2º O bem apreendido será restituído mediante compro- § 3º Aplicada a penalidade prevista neste artigo, o in-
vação de depósito do valor correspondente à multa aplicada, frator deverá interromper o exercício da atividade ou o uso
acrescida do preço público de remoção, transporte e guarda do bem, conforme o caso, na data do conhecimento da
do mesmo, definido em decreto, desde que comprovada a cassação, sob pena de multa e interdição. (Redação acres-
origem regular do produto, nos seguintes prazos: cida pela Lei nº 9845/2010)
I - 24 (vinte e quatro) horas, no caso de produto perecível; Art. 316 No caso de aplicação da penalidade de cas-
II - 30 (trinta) dias, no caso de produto ou equipamento sação do documento de licenciamento, o infrator deverá
não perecível. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) interromper o exercício da atividade ou o uso do bem,
§ 3º O bem apreendido e não reclamado no prazo fixado conforme o caso, na data fixada na decisão administrativa
no § 2º deste artigo, e nem retirado no prazo fixado para libe- correspondente.
ração, será destruído ou inutilizado, ressalvadas as seguintes Art. 317 A interdição do estabelecimento ou ativida-
hipóteses: de dar-se-á, sem prejuízo da aplicação da multa cabível,
I - quando necessário à instrução criminal; quando:
II - quando for de interesse público a doação para fim I - houver risco à saúde, ao meio ambiente ou à segu-
social, destinado exclusivamente a órgão ou entidade de as- rança de pessoas ou bens;
sistência social; II - tratar-se de atividade poluente, assim definida pela
III - quando for recomendável a alienação, por razões legislação ambiental;
econômicas, que deverá ser realizada por meio de hasta pú- III - constatar-se a impossibilidade de regularização da
blica pelo Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) atividade;

149
LEGISLAÇÃO

IV - houver cassação do documento de licenciamento. Capítulo III


V - tratar-se de atividade exercida sem licenciamento; DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
(Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
VI - nos demais casos previstos no regulamento desta Lei. Art. 320 O documento de autuação deverá conter, além de
(Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010) outros dados previstos no regulamento deste Código:
§ 1º O regulamento definirá situações em que a interdição I - a identificação do infrator;
dar-se-á de imediato. II - a descrição da infração, com indicação do dispositivo
§ 2º A interdição persistirá até que seja regularizada a situa- legal correspondente;
ção que a provocou. III - o prazo fixado para que se sane a irregularidade;
§ 3º A desobediência ao auto de interdição acarretará ao IV - a indicação da quantidade e a especificação do produ-
infrator a aplicação de multa. (Redação acrescida pela Lei nº to ou equipamento apreendido, se for o caso, indicando o local
9845/2010) onde ficará depositado.
§ 4º Será garantido o acesso ao local para regularização da Art. 321 O infrator será notificado da lavratura da autuação
situação ou retirada de produto ou equipamento não envolvido por meio de entrega de cópia do documento de autuação ou
na infração, mediante autorização do Executivo. (Redação acres- por edital.
cida pela Lei nº 9845/2010) § 1º A entrega de cópia do documento de autuação po-
Art. 318 A demolição, total ou parcial, será imposta quando derá ser feita pessoalmente ao infrator ou a seu representante
se tratar de: legal, podendo também ser feita pelo correio.
I - construção não licenciada em logradouro público ou em § 2º Na hipótese de o infrator ser notificado pessoalmente
imóvel público municipal; (Redação dada pela Lei nº 9845/2010) ou pelo correio e recusar-se a receber sua cópia do documento
II - fechamento de logradouro público mediante constru- de autuação ou se a notificação se der por meio de preposto,
ção de muro, cerca ou elemento construtivo de natureza similar; a notificação será ratificada em diário oficial e se consumará na
III - estrutura não licenciada de fixação, sustentação ou data da publicação. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
acréscimo de mobiliário urbano; (Redação dada pela Lei nº § 3º Não sendo o infrator ou seu representante legal en-
9845/2010) contrado para receber a autuação, esta será feita mediante pu-
IV - passeio construído fora das normas estabelecidas neste blicação em diário oficial, consumando-se a autuação na data
Código.
da publicação. (Redação dada pela Lei nº 9845/2010)
§ 1º Nas invasões de logradouro ou imóvel públicos:
Art. 322 O infrator poderá recorrer em primeira instância
I - sendo edificação com utilização comercial, edificação em
no prazo de 15 (quinze) dias, contados da autuação respectiva.
andamento, ou edificação provisória, antes de iniciada a demo-
Art. 323 Da decisão condenatória caberá recurso em se-
lição, o invasor será notificado para desocupá-Ia e demoli-la no
gunda instância, desde que interposto no prazo de 15 (quinze)
prazo de 48 (quarenta e oito) horas;
dias, contados da publicação, em diário oficial, daquela decisão.
II - sendo construção utilizada para moradia e com caracte-
rística de permanência definitiva (invasão consumada), antes de Art. 324 Os recursos serão julgados por juntas criadas para
serem iniciados os procedimentos para a demolição, o invasor este fim. (Vide supressão dada pelo § 11 do Art. 15 da Lei nº
deverá ser notificado para desocupá-Ia e demoli-la no prazo de 10.308/2011)
30 (trinta) dias. Parágrafo Único. A interposição de recurso não suspende
§ 2º O descumprimento da notificação prevista no inciso I o curso da ação fiscal respectiva, suspendendo apenas o prazo
do § 1º deste artigo implica na demolição, pelo Executivo, com para pagamento da multa.
base no poder de polícia administrativa, independentemente de
propositura de ação judicial, podendo ser cobrados do infrator TÍTULO VIII
os custos envolvidos na demolição. DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 3º O descumprimento da notificação prevista no inciso II
do § 1º deste artigo implica na propositura de ação demolitória, Art. 325 As regras e conceitos deste Código estendem-se
pelo Executivo, podendo ser cobrados do infrator os custos en- às leis que vierem a ser editadas para sua complementação.
volvidos na demolição. Parágrafo Único. As leis de que trata o caput não deverão
§ 4º No caso de mobiliário urbano, a demolição limita-se à conter prescrições sobre penalidades, aplicando-se a elas as re-
estrutura de fixação, sustentação ou acréscimo. gras do Título VII deste Código.
§ 5º Todo o material proveniente de demolição de edifica- Art. 325 A - As regras do Título VII desta Lei e de seu re-
ção ou obra em logradouro ou imóvel públicos, inclusive equi- gulamento se aplicam à Lei nº 9.063, de 17 de janeiro de 2005.
pamentos, deverá ser apreendido. (Redação acrescida pela Lei Parágrafo Único. O descumprimento pelo promotor do
nº 9845/2010) evento das condições ajustadas com o Poder Público para a sua
Art. 319 O responsável pela infração será intimado a provi- realização impede a concessão de licenciamento para o mes-
denciar a necessária demolição e, quando for o caso, a recom- mo promotor ou para o mesmo evento pelo prazo de 2 (dois)
por o logradouro público segundo as normas deste Código. anos. (Redação acrescida pela Lei nº 9845/2010)
Parágrafo Único. No caso de não cumprimento do dispos- Art. 326 Na contagem dos prazos estabelecidos neste
to no caput, poderá o Executivo realizar a obra, sendo o custo Código ou em seu regulamento, excluir-se-á o dia do co-
respectivo, acrescido da taxa de administração, ressarcido pelo meço e incluir-se-á o do vencimento e, se este recair em
proprietário, sem prejuízo das sanções cabíveis. dia sem expediente, o término ocorrerá no primeiro dia útil
subseqüente.

150
LEGISLAÇÃO

Art. 327 Para efeito do cumprimento deste Código, as XXIX - (VETADO)


citações nele contidas referentes a zoneamento, Área de XXX - a Lei nº 4.185, de 19 de setembro de 1985;
Diretrizes Especiais (ADE), parâmetros urbanísticos e uso XXXI - a Lei nº 4.451, de 8 de maio de 1986;
correspondem ao previsto pela legislação relativa ao par- XXXII - a Lei nº 4.695, de 22 de abril de 1987;
celamento, ocupação e uso do solo em vigor. XXXIII - a Lei nº 4.895, de 2 de dezembro de 1987;
Art. 328 O regulamento deste Código poderá acres- XXXIV - a Lei nº 5.072, de 19 de abril de 1988;
centar outros documentos a serem exigidos para a instru- XXXV - a Lei nº 5.108, de 17 de maio de 1988;
ção de requerimentos de licenciamento. XXXVI - a Lei nº 5.148, de 20 de junho de 1988;
Art. 329 Aplicar-se-ão as regras previstas no art. 7º das XXXVII - a Lei nº 5.171, de 12 de julho de 1988;
Disposições Transitórias deste Código às propostas de mo- XXXVIII - a Lei nº 5.590, de 3 de agosto de 1989;
dificação, acréscimo ou decréscimo do regulamento deste XXXIX - a Lei nº 5.598, de 12 de setembro de 1989;
Código. XL - a Lei nº 5.732, de 29 de maio de 1990;
Art. 330 Este Código entra em vigor em até 180 (cento XLI - a Lei nº 5.753, de 24 de julho de 1990;
e oitenta) dias após a sua publicação, sendo que os prazos XLII - a Lei nº 5.861, de 27 de fevereiro de 1991;
que nele não tiverem sido previstos para adequação a seus XLIII - do art. 3º ao art. 20 da Lei nº 5.872, de 14 de
dispositivos serão estabelecidos pelo regulamento, confor- março de 1991;
me o tipo de documento de licenciamento. XLIV - a Lei nº 5.934, de 18 de julho de 1991;
Parágrafo Único. Este artigo, o art. 326 e o art. 7º das XLV - a Lei nº 5.955, de 26 de agosto de 1991;
Disposições Transitórias deste Código entram em vigor na XLVI - a Lei nº 6.007, de 22 de novembro de 1991;
data da publicação deste Código. XLVII - a Lei nº 6.137, de 27 de março de 1992;
Art. 331 A partir da publicação deste Código qualquer XLVIII - os arts.1º, 3º e 4º da Lei nº 6.154, de 27 de abril
disciplinamento legal referente aos temas nele contidos de 1992;
deverá ser feito por meio de lei que o altere expressamente. XLIX - a Lei nº 6.244, de 28 de setembro de 1992;
Art. 332 A Conferência Municipal de Política Urbana, L - a Lei nº 6.505, de 12 de janeiro de 1994;
instituída pela Lei Municipal nº 7.165, de 27 de agosto de LI - a Lei nº 6.733, de 20 de setembro de 1994;
1996, que contém o Plano Diretor do Município de Belo LII - a Lei nº 6.507, de 12 de janeiro de 1994;
Horizonte, deverá analisar e sugerir modificações a este LIII - a Lei nº 6.558, de 24 de fevereiro de 1994;
Código de Posturas. LIV - a Lei nº 6.732, de 20 de setembro de 1994;
Art. 333 Ficam revogadas as disposições em contrário, LV - a Lei nº 6.733, de 20 de setembro de 1994;
especialmente: LVI - a Lei nº 6.793, de 13 de dezembro de 1994;
I - o art. 138, do art.152 ao 155, do art. 269 ao 277, o LVII - a Lei nº 6.823, de 6 de janeiro de 1995;
art. 297 e o art. 300 do Decreto-Lei nº 84, de 21 de dezem- LVIII - a Lei nº 6.837, de 21 de fevereiro de 1995;
bro de 1940; LIX - a Lei nº 6.845, de 9 de março de 1995;
II - a Lei nº 347, de 1º de outubro de 1953; LX - a Lei nº 6.857, de 27 de abril de 1995;
III - a Lei nº 777, de 13 de maio de 1959; LXI - a Lei nº 6.882, de 30 de junho de 1995;
IV - a Lei nº 779, de 20 de maio de 1959; LXII - a Lei nº 6.912, de 11 de julho de 1995;
V - a Lei nº 938, de 17 de setembro de 1962; LXIII - a Lei nº 6.914, de 21 de julho de 1995;
VI - a Lei nº 968, de 18 de dezembro de 1962; LXIV - a Lei nº 6.927, de 3 de agosto de 1995;
VII - a Lei nº 1.032, de 5 de agosto de 1963; LXV - a Lei nº 6.999, de 6 de dezembro de 1995;
VIII - a Lei nº 1.137, de 17 de setembro de 1964; LXVI - a Lei nº 7.022, de 2 de janeiro de 1996;
IX - a Lei nº 1.377, de 4 de julho de 1967; LXVII - a Lei nº 7.035, de 7 de fevereiro de 1996;
X - a Lei nº 1.465, de 3 de abril de 1968; LXVIII - (VETADO)
XI - a Lei nº 1.479, de 26 de abril de 1968; LXIX - a Lei nº 7.131, de 24 de junho de 1996;
XII - a Lei nº 1.799, de 14 de abril de 1970; LXX - a Lei nº 7.132, de 24 de junho de 1996;
XIII - a Lei nº 2.113, de 2 de agosto de 1972; XXI - a Lei nº 7.155, de 25 de julho de 1996;
XIV - a Lei nº 2.181, de 9 de maio de 1973; LXXII - a Lei nº 7.162, de 21 de agosto de 1996;
XV - a Lei nº 2.240, de 30 de outubro de 1973; LXXIII - a Lei nº 7.193, de 15 de outubro de 1996;
XVI - a Lei nº 2.279, de 16 de janeiro de 1974; LXXIV - a Lei nº 7.204, de 6 de novembro de 1996;
XVII - a Lei nº 2.805, de 11 de outubro de 1977; LXXV - a Lei nº 7.226, de 20 de dezembro de 1996;
XVIII - a Lei nº 2.896, de 27 de março de 1978; LXXVI - a Lei nº 7.261, de 15 de janeiro de 1997;
XIX - a Lei nº 3.014, de 18 de dezembro de 1978; LXXVII - (VETADO)
XX - a Lei nº 3.115, de 15 de outubro de 1979; LXXVIII - a Lei nº 7.413, de 4 de dezembro de 1997;
XXI - a Lei nº 3.213, de 26 de junho de 1980; LXXIX - a Lei nº 7.505, de 13 de maio de 1998;
XXII - a Lei nº 3.299, de 14 de janeiro de 1981; LXXX - a Lei nº 7.532, de 8 de junho de 1998;
XXIII - a Lei nº 3.678, de 22 de dezembro de 1983; LXXXI - a Lei nº 7.562, de 28 de agosto de 1998;
XXIV - a Lei nº 3.679, de 22 de dezembro de 1983; LXXXII - a Lei nº 7.567, de 2 de setembro de 1998;
XXV - a Lei nº 3.687, de 28 de dezembro de 1983; LXXXIII - a Lei nº 7.578, de 22 de setembro de 1998;
XXVI - a Lei nº 3.692, de 16 de janeiro de 1984; LXXXIV - a Lei nº 7.592, de 30 de outubro de 1998;
XXVII - a Lei nº 3.841, de 17 de agosto de 1984; LXXXV - a Lei nº 7.596, de 6 de novembro de 1998;
XXVIII - a Lei nº 3.847, de 3 de setembro de 1984; LXXXVI - a Lei nº 7.731, de 24 de maio de 1999;

151
LEGISLAÇÃO

LXXXVII - a Lei nº 7.745, de 9 de junho de 1999; Art. 5º (VETADO)


LXXXVIII - a Lei nº 7.788, de 27 de agosto de 1999; Art. 6º As atividades obrigadas, por este Código, a con-
LXXXIX - (VETADO) tratar seguro de responsabilidade civil terão prazo de 180
XC - a Lei nº 7.901, de 1º de dezembro de 1999; (cento e oitenta) dias a partir da entrada em vigor deste
XCI - a Lei nº 7.908, de 13 de dezembro de 1999; Código para regularizarem sua situação mediante apresen-
XCII - a Lei nº 7.954, de 8 de março de 2000; tação de comprovante da apólice junto ao órgão municipal
XCIII - a Lei nº 7.975, de 7 de abril de 2000; competente.
XCIV - a Lei nº 7.976, de 7 de abril de 2000; Art. 7º O Executivo elaborará, nos 90 (noventa) dias se-
XCV - a Lei nº 8.059, de 12 de julho de 2000; guintes à publicação deste Código, a proposta de regula-
XCVI - a Lei nº 8.072, de 4 de setembro de 2000; mento do mesmo.
XCVII - a Lei nº 8.088, de 26 de setembro de 2000; § 1º A proposta de que trata o caput será publicada no
XCVIII a Lei nº 8.136, de 13 de dezembro de 2000; Diário Oficial do Município, abrindo-se prazo de 60 (ses-
XCIX - a Lei nº 8.210, de 24 de setembro de 2001; senta) dias para apresentação de sugestões populares e
C - a Lei nº 8.234, de 16 de outubro de 2001; dos Conselhos Municipais de Política Urbana (COMPUR),
CI - a Lei nº 8.320, de 1º de fevereiro de 2002;
de Meio Ambiente (COMAM) e Deliberativo do Patrimônio
CII - a Lei nº 8.347, de 24 de abril de 2002;
Cultural do Município.
CIII - o art. 3º da Lei nº 8.359, de 29 de abril de 2002;
§ 2º O Executivo terá 30 (trinta) dias, ao final do prazo
CIV - a Lei nº 8.403, de 3 de julho de 2002;
CV - a Lei nº 8.459, de 4 de dezembro de 2002. previsto no § 1º deste artigo, para apreciar as sugestões
apresentadas e decidir sobre a forma final do regulamento
TÍTULO IX a ser publicado.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS § 3º Caso os Conselhos não se manifestem nos prazos
previstos, o Executivo publicará o regulamento.
Art. 1º O responsável por toldo já instalado e licen- § 4º As propostas posteriores de modificação do regu-
ciado ou em processo de licenciamento terá prazo de 90 lamento, bem como os casos omissos, serão submetidos à
(noventa) dias a partir da entrada em vigor deste Código apreciação do COMPUR.
para adequá-lo ao disposto na Seção III do Capítulo III de § 5º O regulamento de que trata o caput poderá ser
seu Título III. elaborado por partes, sem prejuízo das regras previstas
Art. 2º Fica obrigatório remover do logradouro público: neste artigo.
I - o equipamento destinado à abertura de portão ele- Art. 8º Entrando em vigor este Código sem que tenha
trônico de garagem; havido a publicação de seu regulamento, as infrações nele
II - o equipamento destinado à obstrução de estacio- previstas serão consideradas leves.
namento de veículo sobre passeio. Parágrafo Único. A consideração de que trata o caput
Parágrafo Único. O responsável pelos equipamentos a será provisória, deixando de aplicar-se com a publicação de
que se referem os incisos do caput deste artigo terá o pra- decreto que promova a classificação das infrações previstas
zo de 60 (sessenta) dias a partir da entrada em vigor deste neste Código.
Código para o cumprimento do previsto no artigo. Belo Horizonte, 14 de julho de 2003
Art. 3º Os camelôs e toreros cadastrados pelo Executivo
entre 1998 e novembro de 2002 e que estejam exercendo
suas atividades poderão permanecer no local de exercício
até que sejam criados os espaços de que trata o § 1º do art. 9. LEI MUNICIPAL Nº 9.011, DE 1º/01/2005.
4º das Disposições Transitórias deste Código, para os quais DISPÕE SOBRE A ESTRUTURA ORGANIZACIO-
serão transferidos. NAL DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO PODER
Art. 4º O Executivo promoverá, de forma negociada, EXECUTIVO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS;
dentro do prazo de 6 (seis) meses a partir da vigência deste
Código, a desocupação de camelôs e toreros do logradou-
ro público.
§ 1º Serão criados, fora do logradouro público, na Zona LEI Nº 9011 DE 1 DE JANEIRO DE 2005
Central de Belo Horizonte (ZCBH), na Zona Hipercentral (Vide Decreto nº 16.336/2016)
(ZHIP) ou em área de grande circulação de pedestres, lo- (Revogada pela Lei nº 11.065/2017, exceto o art. 109, o
cais específicos com viabilidade econômica destinados a caput e os §§ 1º, 2º, 5º, 6º e 7º do art. 121, o caput e os §§
abrigar as atividades exercidas por camelôs e toreros. 1º, 2º, 5º, 6º e 7º do art. 139, os arts. 154 e 155, e os anexos
§ 2º (VETADO) III e IV)
§ 3º O Executivo garantirá, por meio de política de fis- DISPÕE SOBRE A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA
calização específica, que os espaços desocupados dos lo- ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTIVO E DÁ
gradouros públicos não venham a ser novamente ocupa- OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
dos para o exercício da atividade desenvolvida por camelôs O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus re-
e toreros. presentantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 4º A utilização dos locais previstos no § 1º deste arti-
go será feita de forma não gratuita.

152
LEGISLAÇÃO

Capítulo I II - à Secretaria Municipal Adjunta equivalem a Procura-


DISPOSIÇÕES PRELIMINARES doria-Geral Adjunta Administrativo-Consultiva do Município, a
Procuradoria-Geral Adjunta Contenciosa do Município, a Pro-
Art. 1º A Administração Direta do Poder Executivo tem curadoria-Geral Adjunta Tributária do Município, a Assessoria
a seguinte estrutura: de Comunicação Social Adjunta do Município, a Auditoria-Ge-
I - Secretaria Municipal de Governo; ral do Município, a Contadoria-Geral do Município, a Correge-
II (Revogado pela Lei nº 9489/2008) doria-Geral do Município, a Secretaria Especial de Prevenção à
III - Secretaria Municipal de Finanças; Corrupção e Informações Estratégicas, a Ouvidoria do Municí-
IV - Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento pio, as secretarias adjuntas de administração regional munici-
e Informação; pal, a Guarda Municipal de Belo Horizonte, a Corregedoria da
V - Secretaria Municipal de Políticas Sociais; Guarda Municipal de Belo Horizonte, a Assessoria de Cerimo-
VI (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) nial e Mobilização, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil e
VII - Secretaria Municipal de Educação; a Coordenação Executiva do Programa BH Metas e Resultados.
VIII - Secretaria Municipal de Saúde; (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
IX - Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patri- III - à Gerência de 1º Nível classe C equivalem as demais
monial; Coordenadorias. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
X - Secretarias de Administração Regional Municipal,
em número de 9 (nove); Capítulo II
XI - Secretaria Municipal de Meio Ambiente. (Redação DAS SECRETARIAS MUNICIPAIS E ÓRGÃOS EQUIVA-
acrescida pela Lei nº 9718/2009) LENTES
XII - Secretaria Municipal de Desenvolvimento; SEÇÃO I
XIII - Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura; DO GABINETE DO PREFEITO
XIV - Secretaria Municipal de Serviços Urbanos;
XV - Secretaria Municipal de Assuntos Institucionais. Art. 3º O Gabinete do Prefeito, órgão dotado de autono-
mia funcional, tem por finalidade prestar assistência e assesso-
(Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
ramento direto e imediato ao Prefeito.
Parágrafo Único. Integram, ainda, a Administração Di-
Art. 4º Compete ao Gabinete do Prefeito:
reta do Poder Executivo os seguintes órgãos:
I - coordenar e desenvolver as atividades de relações pú-
I - Gabinete do Prefeito;
blicas;
II - Gabinete do Vice-Prefeito;
II - coordenar e desenvolver as atividades de cerimonial;
III - Procuradoria Geral do Município;
III - desempenhar missões específicas, expressamente atri-
IV - Controladoria-Geral do Município; (Redação dada
buídas por meio de atos próprios e despachos.
pela Lei nº 9155/2006)
Art. 5º Compõe o Gabinete do Prefeito a Assessoria de Ce-
V - Assessoria de Comunicação Social do Município; rimonial e Mobilização.
VI - Assessoria Policial Militar;
VII - Coordenação Executiva do Programa BH Metas e SUBSEÇÃO I
Resultados. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011) DA ASSESSORIA DE CERIMONIAL E MOBILIZAÇÃO
Art. 2º A estrutura dos órgãos componentes da Ad-
ministração Direta obedecerá ao seguinte escalonamento: Art. 6º Compete à Assessoria de Cerimonial e Mobilização:
I - 1º grau hierárquico: Secretaria Municipal ou equi- I - desenvolver as atividades de comunicação dirigida, di-
valente; vulgação e mobilização;
II - 2º grau hierárquico: Secretaria Municipal Adjunta II - exercer as atividades de cerimonial;
ou equivalente; III - desenvolver outras atividades afetas à comunicação so-
III - 3º grau hierárquico: Gerência ou equivalente. cial, em colaboração com a Assessoria de Comunicação Social.
§ 1º - A Gerência de 1º nível do 3º grau hierárquico e
o cargo em comissão de Assessor III serão segmentados SEÇÃO II
nas classes A, B, e C, de acordo com o disposto nos §§ 2º DO GABINETE DO VICE-PREFEITO
e 3º do art. 90 desta Lei. (Redação acrescida pela Lei nº
10.101/2011) Art. 7º O Gabinete do Vice-Prefeito, órgão dotado de auto-
Parágrafo Único § 2º - A equivalência a que se refere nomia funcional, tem por finalidade prestar assistência e asses-
o caput observará o seguinte: (Parágrafo renumerado pela soramento direto e imediato ao Vice-Prefeito.
Lei nº 10.101/2011) Art. 8º Compete ao Gabinete do Vice-Prefeito:
I - à Secretaria Municipal equivalem o Gabinete do I - prestar assistência e assessoramento direto e imediato
Prefeito, o Gabinete do Vice-Prefeito, a Procuradoria-Geral ao Vice-Prefeito;
do Município, a Controladoria-Geral do Município, a As- II - coordenar e desenvolver as atividades de relações pú-
sessoria de Comunicação Social do Município, a Assessoria blicas relacionadas ao Gabinete;
Policial Militar e as Secretarias de Administração Regional III - desempenhar missões específicas, expressamente atri-
Municipal; (Redação dada pela Lei nº 9155/2006) buídas por meio de atos próprios e despachos.

153
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO III SEÇÃO VI


DA ASSESSORIA POLICIAL MILITAR DA PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO

Art. 9º Compete à Assessoria Policial-Militar: Art. 14 - A Procuradoria-Geral do Município tem por fina-
I - assessorar nas relações institucionais entre a PBH, lidade planejar, coordenar, controlar e executar as atividades
PMMG, CBMMG, Organizações Militares, Polícia Civil e Po- jurídicas e correlatas de interesse do Município.
lícia Federal; Art. 14-A Compete à Procuradoria-Geral do Município:
II - coordenar as atividades de ajudância de ordens e I - prestar consultoria e assessoramento jurídico à Admi-
segurança pessoal do Prefeito; nistração Direta, incluída a assistência ao Prefeito nos assuntos
III - assessorar e acompanhar o apoio policial-militar relativos à entidade da Administração Indireta;
aos diversos órgãos do Executivo Municipal, estabelecendo II - representar o Município em qualquer juízo ou tribunal,
os contatos com as Unidades do Comando de Policiamen- atuando nos feitos em que tenha interesse;
to da Capital envolvidas; III - representar, em regime de colaboração, interesse de
IV - prestar o apoio necessário à atividade de seguran- entidade da Administração Indireta em qualquer juízo ou tribu-
ça física da sede do Executivo Municipal. nal, mediante solicitação da entidade e autorização do prefeito;
Parágrafo Único. As funções previstas para a Assessoria IV - manter coletânea atualizada da legislação, doutrina e
Policial-Militar serão exercidas por servidores da ativa da jurisprudência sobre assuntos de interesse do Município, como
Polícia Militar do Estado de Minas Gerais - PMMG-, cedidos subsídio às atividades da Administração Pública e informação
pela referida corporação, observada a legislação própria da à população;
instituição. V - coordenar e implementar as atividades de destinação
de honorários decorrentes de sua atuação em juízo, observa-
SEÇÃO IV dos o critério de participação coletiva dos procuradores muni-
DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO cipais e a legislação especifica;
MUNICÍPIO VI - coordenar a execução de atividades administrativas e
financeiras da Procuradoria-Geral do Município;
VII - coordenar outras atividades destinadas à consecução
Art. 10 - A Assessoria de Comunicação Social do Muni-
de seus objetivos;
cípio tem por finalidade planejar e coordenar as atividades
VIII - representar os servidores públicos do Poder Execu-
inerentes à comunicação social, visando à integração da
tivo em ações judiciais e processos administrativos nos quais
política e das atividades dos órgãos e entidades da Admi-
figurem como parte em razão de atos praticados no exercício
nistração Pública nessa área.
regular de cargo ou função, desde que em consonância com
Art. 11 - Compete à Assessoria de Comunicação Social
as orientações gerais ou específicas previstas em regulamento.
do Município:
§ 1º Integram a Procuradoria-Geral do Município a Procu-
I - coordenar e desenvolver a política de comunicação radoria-Geral Adjunta Contenciosa do Município, a Procura-
externa e interna da Administração Pública no âmbito do doria-Geral Adjunta Administrativo-Consultiva do Município,
Poder Executivo; a Procuradoria-Geral Adjunta Tributária do Município, a cujos
II - coordenar e desenvolver as atividades de cobertura titulares compete atuar em parceria com o Procurador-Geral
e distribuição de material jornalístico; do Município e substituí-lo em suas ausências e impedimentos.
III - coordenar e desenvolver as atividades de comuni- § 2º As competências estabelecidas neste artigo poderão
cação dirigida e divulgação; ser delegadas, no todo ou em parte, a outros órgãos jurídicos
IV - assistir o Prefeito, os órgãos da administração dire- ou respectivos titulares da Administração Direta e Indireta do
ta e as entidades da Administração Pública em matéria de Poder Executivo, ainda que não lhe sejam diretamente subor-
sua competência; dinados, por meio de ato formal do Procurador-Geral do Mu-
V - coordenar outras atividades destinadas à consecu- nicípio, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
ção dos seus objetivos. índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo Único. Integra a Assessoria de Comunicação § 3º O ato de delegação especificará as matérias e poderes
Social do Município a Assessoria de Comunicação Social transferidos, os limites da atuação do delegado, os objetivos da
Adjunta a cujo titular compete atuar em parceria com o As- delegação e, quando for o caso, o prazo de vigência, que, na
sessor de Comunicação Social do Município e substituí-lo omissão, ter-se-á por indeterminado, até sua revogação pela
em suas ausências e impedimentos. autoridade delegante.
§ 4º O ato de delegação poderá conter ressalva de exercí-
SEÇÃO V cio da atribuição delegada e é revogável a qualquer tempo pela
DA AUDITORIA DO MUNICÍPIO autoridade delegante.
§ 5º O ato de delegação e sua revogação serão publicados
Art. 12 (Revogado pela Lei nº 9155/2006) no Diário Oficial do Município - Dom.
Art. 13 (Revogado pela Lei nº 9155/2006) § 6º Para o bom desempenho das atribuições delegadas,
normas complementares ao disposto neste artigo poderão
ser disciplinadas em Decreto. (Redação acrescida pela Lei nº
10.878/2015)

154
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO I III - coordenar o processo de pactuação e formalização


DA PROCURADORIA-GERAL ADJUNTA CONTEN- dos Compromissos de Resultados;
CIOSA DO MUNICÍPIO IV - monitorar a execução dos Projetos Sustentadores e
dos Compromissos de Resultados;
Art. 14-B Compete à Procuradoria-Geral Adjunta Con- V - participar do processo decisório referente à alo-
tenciosa do Município: cação, ao controle e ao fluxo de recursos financeiros aos
I - coordenar as atividades de organização e moderni- Projetos Sustentadores;
zação das atividades contenciosas do Município; VI - viabilizar a ação coordenada do Executivo nas
II - coordenar e supervisionar a atuação do Município Áreas de Resultado;
nas ações judiciais; VII - alinhar as ações estratégicas de governo, de forma
III - desenvolver outras atividades destinadas à conse- a proporcionar a atuação articulada dos órgãos e das enti-
cução de seus objetivos; dades encarregados da gestão dos Projetos Sustentadores;
IV - exercer demais atribuições definidas em decreto. VIII - incentivar o alcance dos objetivos e metas das
(Redação acrescida pela Lei nº 10.878/2015) Áreas de Resultado e de Projetos Sustentadores;
IX - dar publicidade às metas e aos resultados relacio-
SUBSEÇÃO II nados à gestão estratégica do Governo, com o apoio da
DA PROCURADORIA-GERAL ADJUNTA ADMINIS- Assessoria de Comunicação Social do Município;
TRATIVO-CONSULTIVA DO MUNICÍPIO X - desenvolver outras atividades destinadas à con-
secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº
Art. 14-C Compete à Procuradoria Geral-Adjunta Ad- 10.101/2011)
ministrativo-Consultiva do Município:
I - coordenar as atividades de organização e moderni- SEÇÃO VII
zação das atividades jurídico-consultivas e de assessora- DA SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO
mento do Município;
II - desenvolver outras atividades destinadas à conse- Art. 16 - A Secretaria Municipal de Governo tem por
cução de seus objetivos; finalidade coordenar as atividades de apoio às ações políti-
III - exercer demais atribuições definidas em decreto. cas do Governo Municipal.
(Redação acrescida pela Lei nº 10.878/2015) Art. 17 - Compete à Secretaria Municipal de Governo:
I - realizar, em conjunto com a Secretaria Municipal de
SUBSEÇÃO III Assuntos Institucionais, as atividades de apoio às ações
DA PROCURADORIA-GERAL ADJUNTA TRIBUTÁ- políticas do Governo Municipal; (Redação dada pela Lei nº
RIA DO MUNICÍPIO 10.101/2011)
II - planejar e coordenar, com a participação dos ór-
Art. 15 Compete à Procuradoria-Geral Adjunta Tributá- gãos e entidades da Administração Pública, as políticas de
ria do Município: mobilização social;
I - coordenar as atividades de organização e moderni- III - planejar as atividades relacionadas com o sistema
zação das atividades jurídico-tributárias do Município; de atendimento ao cidadão; (Redação dada pela Lei nº
II - desenvolver outras atividades destinadas à conse- 10.101/2011)
cução de seus objetivos. IV - assessorar o Governo Municipal nos assuntos de
III - exercer demais atribuições definidas em decreto. natureza técnico-legislativa; (Redação dada pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 10.878/2015) 10.101/2011)
V - coordenar as atividades relacionadas com o sistema
SEÇÃO VI-A de informação gerencial da Administração Direta e Indireta
DA COORDENAÇÃO EXECUTIVA DO PROGRAMA do Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
BH METAS E RESULTADOS VI - coordenar e executar as atividades de integração e
valorização da juventude;
Art. 15-A A Coordenação Executiva do Programa BH VII - prestar suporte técnico e administrativo ao Con-
Metas e Resultados tem por finalidade planejar, coordenar selho Municipal da Juventude e ao Conselho Municipal de
e monitorar a execução do Plano de Governo, gerencian- Políticas sobre Drogas de Belo Horizonte - CMPD-BH; (Re-
do os Compromissos de Resultados, viabilizando a ação dação dada pela Lei nº 10.591/2012)
coordenada do Executivo em cada Área de Resultado e ali- VIII - coordenar a execução das atividades administra-
nhando as ações estratégicas de governo, de forma a pro- tivas e financeiras da Secretaria, do Gabinete do Prefeito,
porcionar a atuação articulada dos órgãos e das entidades da Coordenação Executiva do Programa BH Metas e Re-
encarregados da gestão dos Projetos Sustentadores. sultados, do Gabinete do Vice-Prefeito, da Assessoria de
Art. 15-B Compete à Coordenação Executiva do Pro- Comunicação Social do Município e da Assessoria Policial
grama BH Metas e Resultados: Militar; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
I - assessorar no planejamento e na coordenação geral IX - planejar e coordenar as atividades de organização
do Plano de Governo; e modernização da Administração Direta do Poder Executi-
II - monitorar a execução do Plano de Governo em ní- vo, incluída a realocação de gerências; (Redação dada pela
vel estratégico; Lei nº 10.101/2011)

155
LEGISLAÇÃO

X - coordenar e desenvolver outras atividades desti- SEÇÃO VIII


nadas à consecução dos objetivos do Governo Municipal; DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO
XI - expedir, publicar e controlar os atos administrativos E RECURSOS HUMANOS
de nomeação e exoneração para cargos comissionados,
bem como os atos de cessão dos servidores da Administração Art. 21 (Revogado pela Lei nº 9489/2008)
Direta do Município. (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006) Art. 22 (Revogado pela Lei nº 9489/2008)
Art. 18 - Compõem a Secretaria Municipal de Governo: Art. 23 (Revogado pela Lei nº 9489/2008)
I - Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Compartilhada;
II - Secretaria Municipal Adjunta de Modernização. (Reda- SUBSEÇÃO I
ção dada pela Lei nº 10.101/2011) (Revogado pela Lei nº 9155/2006)
SUBSEÇÃO II
SUBSEÇÃO I DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE GESTÃO
SUBSEÇÃO I ADMINISTRATIVA
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE GES-
TÃO COMPARTILHADA (Redação dada pela Lei nº Art. 25 (Revogado pela Lei nº 9489/2008)
10.101/2011) SUBSEÇÃO III (Revogado pela Lei nº 9489/2008)

Art. 19 - A Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Com- SEÇÃO IX


partilhada tem por finalidade planejar e coordenar a implan- DA SECRETARIA MUNICIPAL DE FINANÇAS
tação das políticas de participação popular no Município, fo-
mentando o envolvimento habitual e significativo dos cidadãos Art. 27 - A Secretaria Municipal de Finanças tem por
nos processos de tomada de decisão, na definição de metas finalidade planejar e coordenar a política fazendária mu-
e objetivos, na resolução de problemas e no acesso às infor- nicipal, estabelecendo programas, projetos e atividades
mações da Administração Pública. (Redação dada pela Lei nº relacionadas com as áreas financeira, contábil, fiscal e tri-
10.101/2011) butária, bem como coordenar, planejar e executar as ativi-
Art. 20 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Ges- dades de gestão administrativa visando a garantir o pleno
tão Compartilhada: funcionamento da Administração Direta do Executivo e a
I - coordenar e executar as atividades de acompanhamen-
promover o seu constante aprimoramento organizacional.
to e suporte às instâncias de participação e aos colegiados, em
(Redação dada pela Lei nº 9489/2008)
colaboração com os órgãos e entidades da Administração Mu-
Art. 28 - Compete à Secretaria Municipal de Finanças:
nicipal;
I - coordenar e fiscalizar a cobrança dos créditos tribu-
II - promover espaços de relação e mobilização no Muni-
tários e fiscais do Município;
cípio;
II - coordenar as atividades relativas a lançamento, ar-
III - coordenar as atividades relacionadas com o sistema de
estruturação de dados referentes às instâncias de participação recadação e fiscalização dos tributos mobiliários e imobi-
e aos colegiados; liários, mantendo atualizado o cadastro respectivo;
IV - desenvolver outras atividades destinadas à consecução III - coordenar a organização da legislação tributária
de seus objetivos. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) municipal, para orientação aos contribuintes sobre sua cor-
reta aplicação;
SUBSEÇÃO II IV (Revogado pela Lei nº 9155/2006)
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE MODERNI- V - coordenar o recebimento das rendas municipais, os
ZAÇÃO pagamentos dos compromissos do Município e as opera-
ções relativas a financiamentos e repasses;
Art. 20 A - A Secretaria Municipal Adjunta de Moderniza- VI - coordenar, em conjunto com a Secretaria Munici-
ção tem por finalidade planejar e coordenar a implantação das pal de Administração e Recursos Humanos, a política de
políticas de reestruturação organizacional, qualificação geren- remuneração e relações de trabalho dos servidores e em-
cial e sistematização de informação gerencial, visando à mo- pregados públicos da Administração Direta e Indireta do
dernização das atividades da Administração Pública no âmbito Poder Executivo;
do Poder Executivo. VII - coordenar a execução de suas atividades adminis-
Art. 20 B - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Mo- trativas e financeiras;
dernização: VIII - coordenar outras atividades destinadas à conse-
I - coordenar as atividades de organização e modernização cução de seus objetivos.
administrativa; IX - coordenar e executar a contabilização financeira,
II - coordenar as atividades de qualificação gerencial; patrimonial e orçamentária do Município, nos termos da
III - coordenar as atividades relacionadas ao sistema de legislação em vigor;
atendimento ao cidadão; X - coordenar e executar o controle das operações de
IV - desenvolver o sistema de informações gerenciais do crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
Município; do Município;
V - desenvolver outras atividades destinadas à consecução XI - supervisionar e executar os procedimentos relacio-
de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011) nados com as normas de finanças relativas à gestão fiscal;

156
LEGISLAÇÃO

XII - coordenar o sistema de suprimento da Adminis- SUBSEÇÃO III


tração Direta do Executivo; DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE GESTÃO
XIII - coordenar as atividades de serviços gerais da Ad- ADMINISTRATIVA (Subseção acrescida pela Lei nº
ministração Direta do Executivo, inclusive as de comunica- 9489/2008)
ção, arquivo, telefonia, gráfica, transporte, conservação e
limpeza; Art. 31 A - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
XIV - coordenar o sistema de gerenciamento do patri- Gestão Administrativa:
mônio da Administração Direta do Executivo, respeitada a I - definir regras e padrões de desempenho para a
competência da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, realização de compras e para a contratação de serviços
quanto ao patrimônio específico. (Redação acrescida pela terceirizados pelos órgãos municipais que assegurem a
Lei nº 9489/2008) melhoria da qualidade dos bens e dos serviços adquiri-
XV - supervisionar e executar a fiscalização de atos dos, a redução de preços e de gastos com logística e com
e procedimentos relacionados com o processamen- distribuição;
to da despesa municipal. (Redação acrescida pela Lei nº II - identificar níveis de desempenho inadequados e
10.101/2011) indicar ações de melhoria nos procedimentos administra-
Art. 29 - Compõem a Secretaria Municipal de Finanças: tivos da Administração Direta do Executivo;
I - Secretaria Municipal Adjunta de Arrecadações; III - planejar, implementar, executar e avaliar o sistema
II - Secretaria Municipal Adjunta do Tesouro. de suprimento da Administração Direta do Executivo;
III - Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Adminis- IV - planejar, normatizar, executar e avaliar as ativida-
trativa; des de serviços gerais da Administração Direta do Executi-
IV - Contadoria-Geral do Município. (Redação acresci- vo, inclusive as de comunicação, arquivo, telefonia, gráfica,
da pela Lei nº 9489/2008) transporte, conservação e limpeza;
V - planejar, normatizar, executar e avaliar o sistema de
SUBSEÇÃO I gerenciamento do patrimônio da Administração Direta do
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE ARRE- Executivo, respeitada a competência da Secretaria Muni-
CADAÇÕES cipal de Políticas Urbanas quanto à gestão do patrimônio
específico;
Art. 30 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de VI - executar as suas atividades administrativas e fi-
Arrecadações: nanceiras;
I - desenvolver as atividades relativas à cobrança de VII - desenvolver outras atividades destinadas à con-
créditos fiscais e tributários e de fiscalização; secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº
II - desenvolver as atividades relativas ao lançamento, 9489/2008)
arrecadação e fiscalização de tributos mobiliários e imobi-
liários, mantendo atualizado o cadastro respectivo; SUBSEÇÃO IV
III - manter coletânea atualizada da legislação tributá- DA CONTADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO (Subse-
ria municipal, orientando os contribuintes sobre sua cor- ção acrescida pela Lei nº 9489/2008)
reta aplicação;
IV -desenvolver outras atividades destinadas à conse- Art. 31 B - Compete à Contadoria-Geral do Município:
cução de seus objetivos. I - supervisionar e executar a contabilidade financei-
ra, patrimonial e orçamentária da Administração Direta do
SUBSEÇÃO II Município;
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DO TESOU- II - supervisionar e executar a gestão do plano de con-
RO tas único da administração municipal;
III - supervisionar e executar as atividades relacionadas
Art. 31 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta do com a consolidação da contabilidade do Município, nos
Tesouro: termos da legislação em vigor;
I (Revogado pela Lei nº 9155/2006) IV - supervisionar e executar a orientação e a avaliação
II - proceder ao recebimento das rendas municipais, das atividades relacionadas aos procedimentos contábeis
efetuar pagamentos dos compromissos do Município e re- adotados no Município;
gistrar e monitorar as operações relativas a financiamentos V - desenvolver outras atividades destinadas à con-
e repasses, e coordenar o serviço da dívida; secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº
III - coordenar a execução das atividades administrati- 9489/2008)
vas e financeiras da Secretaria;
IV (Revogado pela Lei nº 9155/2006)
V - desenvolver outras atividades destinadas à conse-
cução de seus objetivos.

157
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO X XIII - planejar, gerir e monitorar o Regime Próprio de


DA SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO, Previdência Municipal, assim como os seus respectivos
ORÇAMENTO E INFORMAÇÃO Fundos; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
XIV - planejar, coordenar, monitorar e executar, com a
Art. 32 - A Secretaria Municipal de Planejamento, Or- colaboração de suas Secretarias Adjuntas, o Plano Pluria-
çamento e Informação tem por finalidade coordenar a nual de Ação Governamental - PPAG - e o Plano Estratégico
elaboração e a execução das políticas públicas municipais, de Longo Prazo;
visando à integração das políticas e das atividades dos ór- XV - coordenar, articular e monitorar, em colaboração
gãos e das entidades da administração pública, bem como com os órgãos e entidades da Administração Direta e Indi-
coordenar, planejar e executar as atividades de desenvol- reta do Poder Executivo, a gestão da execução de contratos
vimento de recursos humanos da Administração Direta do e convênios;
Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9489/2008) XVI - gerir e monitorar, em colaboração com os órgãos
Art. 33 - Compete à Secretaria de Planejamento, Orça- e as entidades da Administração Direta e Indireta do Poder
mento e Informação: Executivo, o Portal da Transparência Pública da PBH. (Reda-
I - coordenar o desenvolvimento de novos canais de ção acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
participação popular direta no Governo Municipal; Art. 34 - Compõem a Secretaria Municipal de Planeja-
II - planejar, coordenar e gerir o orçamento municipal mento, Orçamento e Informação:
da Administração Direta e Indireta, incluindo a coorde- I - Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento e
nação do orçamento participativo em suas várias moda- Gestão; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
lidades, bem como coordenar a Junta de Execução Orça- II - Secretaria Municipal Adjunta de Orçamento;
mentária e Financeira - JUCOF; (Redação dada pela Lei nº III - Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Previden-
10.101/2011) ciária; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
III - planejar, controlar e coordenar, com a colaboração IV - Secretaria Municipal Adjunta de Recursos Huma-
da Secretaria Municipal de Finanças e dos demais órgãos nos. (Redação acrescida pela Lei nº 9489/2008)
e entidades da Administração Pública, a captação e a ne-
gociação de recursos junto a órgãos e instituições nacio-
SUBSEÇÃO I
nais e monitorar a sua aplicação; (Redação dada pela Lei
SUBSEÇÃO I
nº 10.101/2011)
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE PLA-
IV - planejar, articular e monitorar, em colaboração com
NEJAMENTO E GESTÃO (Redação dada pela Lei nº
os órgãos e as entidades da Administração Direta e Indireta
10.101/2011)
do Poder Executivo, as políticas de articulação metropolita-
nas; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
Art. 35 - A Secretaria Municipal Adjunta de Planeja-
V - coordenar as atividades relacionadas com o sistema
de informação da Administração Direta e Indireta do Poder mento e Gestão tem por finalidade planejar, coordenar,
Executivo; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) monitorar e avaliar, em colaboração com os órgãos e en-
VI - planejar e coordenar as políticas de gestão de tec- tidades da Administração Direta e Indireta do Poder Exe-
nologia de informação e comunicação da Administração cutivo, planos, programas e projetos relativos às políticas
Direta e Indireta do Poder Executivo, assim como a articu- públicas nas áreas econômica e social. (Redação dada pela
lação e o monitoramento das políticas referentes à área de Lei nº 10.101/2011)
Informática; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) Art. 36 - Compete à Secretaria Municipal Adjun-
VII - coordenar a execução de suas atividades adminis- ta de Planejamento e Gestão: (Redação dada pela Lei nº
trativas e financeiras; 10.101/2011)
VIII - coordenar outras atividades destinadas à conse- I - coordenar o planejamento das políticas públicas
cução dos objetivos do Governo Municipal. municipais;
IX - planejar e coordenar os programas e as ativida- II - executar, em articulação com as demais Secretarias,
des de incorporação, de manutenção e de desenvolvimen- órgãos e entidades da Administração Pública, a elaboração
to de recursos humanos da Administração Direta e Indi- do plano plurianual e de projetos especiais de desenvolvi-
reta do Poder Executivo; nesta hipótese, em colaboração mento, e acompanhar a sua execução;
com as respectivas entidades; (Redação dada pela Lei nº III (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
10.101/2011) IV - executar, em articulação com as demais Secreta-
X - coordenar as atividades de registro e de pagamento rias, órgãos e entidades da Administração Pública, a capta-
de pessoal e zelar pela obediência à legislação pertinente; ção e negociação de recursos junto a órgãos e instituições
XI - coordenar as atividades de segurança e de medi- nacionais e internacionais;
cina do trabalho; V - desenvolver outras atividades destinadas à conse-
XII - coordenar, em conjunto com a Secretaria Muni- cução de seus objetivos.
cipal de Finanças, a política de remuneração e relações de
trabalho dos servidores e dos empregados públicos da Ad-
ministração Direta e Indireta do Executivo; (Redação acres-
cida pela Lei nº 9489/2008)

158
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO II VI - elaborar e submeter, periodicamente, à aprecia-


DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE ção e à análise superior, relatório estatístico e gerencial
ORÇAMENTO das atividades desenvolvidas. (Redação dada pela Lei nº
10.101/2011)
Art. 37 - A Secretaria Municipal Adjunta de Orçamento
tem por finalidade coordenar a elaboração das Leis Orçamen- SUBSEÇÃO IV
tárias do Município e supervisionar a sua execução, exercer seu DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE RE-
gerenciamento realizando as liberações, suplementações e de- CURSOS HUMANOS (Subseção acrescida pela Lei nº
mais procedimentos orçamentários demandados pelas Secre- 9489/2008)
tarias Municipais além de dar apoio logístico e administrativo
à Junta de Coordenação Orçamentária e Financeira - JUCOF. Art. 40 A - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
Art. 38 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Or- Recursos Humanos:
çamento: I - definir e executar a Política de Profissionalização e
I - elaborar, em articulação com a Secretaria Municipal de Capacitação continuada dos servidores municipais;
Finanças, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual do II - gerenciar o sistema informatizado e descentraliza-
Município; do de recursos humanos;
II - acompanhar a execução orçamentária; III - executar os programas e as atividades de incorpo-
III - realizar os provisionamentos orçamentários de cada ração, de manutenção e de desenvolvimento de recursos
Secretaria Municipal; humanos da Administração Direta e, em colaboração com
IV - estabelecer as normas necessárias à elaboração e à as entidades respectivas, as de manutenção e desenvolvi-
implantação das peças orçamentárias municipais; mento de recursos humanos da Administração Indireta do
V - proceder, sem prejuízo da competência atribuída a ou- Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
tros órgãos, ao acompanhamento gerencial e físico da execu- IV - executar as atividades de registro e de pagamento
ção orçamentária; de pessoal e zelar pela obediência à legislação pertinente;
VI - realizar estudos e pesquisas concernentes ao desen- V - planejar, coordenar e executar as atividades de se-
leção, contratação e acompanhamento da política de es-
volvimento e ao aperfeiçoamento do processo orçamentário
tágios;
municipal.
VI - planejar, coordenar e executar as atividades de
VII - receber e processar as demandas apresentadas à
avaliação de desempenho, observada a legislação perti-
JUCOF prestando todo o suporte administrativo necessário à
nente a cada carreira;
apreciação, analise e decisão da Junta.
VII - expedir, publicar e controlar os atos administra-
tivos referentes a servidores da Administração Direta do
SUBSEÇÃO III Executivo, respeitada a competência prevista no inciso XI
SUBSEÇÃO III do art. 17 desta Lei;
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE GESTÃO VIII - executar as atividades de segurança e de medici-
PREVIDENCIÁRIA (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) na do trabalho;
IX - planejar, negociar e executar a política de remu-
Art. 39 - A Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Previ- neração da Administração Direta do Executivo, ouvidos os
denciária tem por finalidade planejar, coordenar e executar a demais órgãos competentes e, em especial, as atribuições
política de previdência social dos servidores públicos estatu- definidas no inciso XII do art. 33 desta Lei;
tários da Administração Municipal. (Redação dada pela Lei nº X - gerenciar o Fundo Previdenciário;
10.101/2011) XI - desenvolver outras atividades destinadas à con-
Art. 40 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Ges- secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº
tão Previdenciária: 9489/2008)
I - gerir o Regime Próprio de Previdência Social do Muni-
cípio; SEÇÃO XI
II - administrar a gestão dos recursos do Fundo Previden- DA SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS SOCIAIS.
ciário, visando melhor rentabilidade e segurança nas aplica-
ções; Art. 41 - A Secretaria Municipal de Políticas Sociais tem
III - relacionar-se com órgãos externos fiscalizadores e por finalidade articular a definição e a implementação das
normatizadores dos Regimes Próprios de Previdência Social; políticas sociais do Município de forma integrada e inter-
IV - zelar pela fiel aplicação da legislação previdenciária, setorial.
relativamente aos benefícios vinculados ao Fundo Previdenciá- Art. 42 - Compete à Secretaria Municipal de Políticas
rio, orientando, quando necessário, os órgãos e entidades da Sociais:
Administração Municipal; I - elaborar planos, programas e projetos de desenvol-
V - coordenar a elaboração da avaliação atuarial do Re- vimento social;
gime Próprio de Previdência Social, adotando e propondo as II - coordenar a estratégia de implementação de pla-
medidas destinadas a garantir o seu equilíbrio financeiro e nos, programas e projetos de desenvolvimento social;
atuarial; III - coordenar a execução das atividades de proteção e
defesa do consumidor;

159
LEGISLAÇÃO

IV - coordenar as atividades relativas a direitos huma- SUBSEÇÃO II


nos e cidadania; SUBSEÇÃO II
V - coordenar as atividades de cultura, política de abas- DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE SEGU-
tecimento, assistência social e esportes; RANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (Redação dada pela
VI - planejar, coordenar e executar programas e ativida- Lei nº 10.101/2011)
des de apoio à pessoa portadora de necessidades especiais
e à pessoa que apresenta dependência química, visando à Art. 46 - A Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Ali-
reintegração e readaptação funcional na sociedade; mentar e Nutricional tem por finalidade coordenar a política
VII - gerir os fundos municipais de Assistência Social, municipal de segurança alimentar e nutricional, planejando e
da Criança e do Adolescente, da Merenda Escolar, de Abas- executando programas, projetos e atividades que visem ao
tecimento Alimentar, do Idoso e de Proteção e Defesa do adequado funcionamento do sistema de distribuição e co-
Consumidor; mercialização de alimentos, bem como assegurar o acesso e
VIII - coordenar as ações do Município em relação à garantir o direito da população à alimentação de boa quali-
Associação Municipal de Assistência Social - AMAS - ; dade, com regularidade e quantidade suficiente e de baixo
IX - coordenar as atividades relativas às políticas de gê- custo. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
nero; Art. 47 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Se-
X - coordenar as atividades relativas às políticas para a gurança Alimentar e Nutricional: (Redação dada pela Lei nº
população idosa; 10.101/2011)
XI - coordenar outras atividades destinadas à consecu- I - planejar e coordenar as ações de credenciamento, fis-
ção de seus objetivos; calização e administração dos equipamentos e programas
XII (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) que integram o sistema municipal de abastecimento;
XIII - coordenar a gestão municipalizada dos progra- II - planejar e coordenar as ações sociais de Segurança
mas da Política Pública de Trabalho do Ministério do Traba- Alimentar e Nutricional e de combate à fome, incluindo o for-
lho e Emprego. (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006) necimento de informações e orientações à população, a fim
Art. 43 - Compõem a Secretaria Municipal de Políticas de ampliar o seu conhecimento a respeito de mercado, de
acompanhamento de preços e do valor nutricional dos ali-
Sociais:
mentos; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
I - Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social;
III - planejar e coordenar as ações de organização e incen-
II - Secretaria Municipal Adjunta de Segurança Alimen-
tivo à produção de alimentos;
tar e Nutricional; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
IV - coordenar o atendimento do educando no aspecto
III - Secretaria Municipal Adjunta de Esportes;
de merenda escolar;
IV - Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cida-
V - prestar suporte técnico e administrativo aos Conse-
dania. (Redação dada pela Lei nº 9155/2006) lhos Municipais de Abastecimento e Segurança Alimentar e
de Alimentação Escolar;
SUBSEÇÃO I VI - gerenciar os Fundos Municipais de Merenda Escolar e
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE ASSIS- de Abastecimento Alimentar;
TÊNCIA SOCIAL VII - coordenar a execução de suas atividades administra-
tivas e financeiras;
Art. 44 - A Secretaria Municipal Adjunta de Assistência VIII - exercer outras atividades destinadas à consecução
Social tem por finalidade planejar e coordenar a execução de seus objetivos;
de projetos, programas e atividades visando à erradicação IX - prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho
da pobreza, ao desenvolvimento social e à garantia dos di- Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Hori-
reitos sociais. zonte. (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
Art. 45 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
Assistência Social: SUBSEÇÃO III
I - planejar, coordenar e executar programas e ativida- DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE ESPORTES
des de promoção nas áreas de desenvolvimento comunitá-
rio e assistência social básica; Art. 48 - A Secretaria Municipal Adjunta de Esportes tem
II - prestar suporte técnico e administrativo aos Conse- por finalidade coordenar a execução de programas, projetos
lhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e e atividades relacionadas com esporte, recreação e lazer para
de Assistência Social; a população do Município.
III (Revogado pela Lei nº 10.836/2015) Art. 49 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Esportes:
IV - coordenar a execução de suas atividades adminis- I - coordenar as atividades de práticas esportivas, recrea-
trativas e financeiras; tivas e de educação física para a população;
V - exercer outras atividades destinadas à consecução II - coordenar as atividades de planejamento, implanta-
de seus objetivos; ção e controle de equipamentos esportivos no Município;
VI - planejar, coordenar e executar programas e ativi- III - coordenar a execução de suas atividades administra-
dades de inclusão produtiva, desenvolvimento comunitário tivas e financeiras;
e assistência social básica. (Redação acrescida pela Lei nº IV - exercer outras atividades destinadas à consecução de
9155/2006) seus objetivos.

160
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO IV SUBSEÇÃO III


SUBSEÇÃO IV (Revogada pela Lei nº 10.101/2011)
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE DIREI-
TOS DE CIDADANIA Art. 59 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
(Redação dada pela Lei nº 9155/2006) Art. 60 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)

Art. 50 - A Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de SUBSEÇÃO IV


Cidadania tem por finalidade elaborar políticas públicas (Revogada pela Lei nº 10.101/2011)
voltadas para a propagação e garantia dos direitos huma-
nos. (Redação dada pela Lei nº 9155/2006) Art. 61 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
Art. 51 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Di- Art. 62 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
reitos de Cidadania: (Redação dada pela Lei nº 9155/2006)
I - coordenar e executar políticas públicas destinadas a SEÇÃO XII
garantir a plena cidadania da mulher; DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
II - coordenar e executar as atividades de integração e
valorização da comunidade negra; Art. 63 - A Secretaria Municipal de Educação tem por
III - coordenar a execução das atividades de proteção e finalidade coordenar a formulação e a execução da política
defesa do consumidor; educacional do Município, visando à garantia do direito à
IV - coordenar as atividades relativas a direitos huma- educação básica e ao cumprimento dos preceitos e princí-
nos e cidadania; pios constitucionais.
V (Revogado pela Lei nº 9155/2006) Art. 64 - Compete à Secretaria Municipal de Educação:
VI - coordenar as atividades relativas às pessoas porta- I - oferecer educação básica em todos os seus níveis
doras de deficiência; e nas modalidades de educação especial e educação de
VII (Revogado pela Lei nº 9155/2006) jovens e adultos;
VIII - prestar suporte técnico e administrativo aos Con- II - coordenar as atividades de organização escolar nos
selhos Municipais dos Direitos da Mulher, do Idoso, de Pes- aspectos legal, administrativo, financeiro e da estrutura fí-
soas Portadoras de Deficiência, de Proteção e Defesa do sica e material;
Consumidor e de Promoção da Igualdade Racial; (Redação III - desenvolver e coordenar as atividades de imple-
dada pela Lei nº 10.591/2012) mentação da política pedagógica no Município;
IX - assegurar a prestação de serviços de proteção e IV - desenvolver e coordenar o acompanhamento e su-
defesa ao consumidor no âmbito das Secretarias de Admi- pervisão das atividades do Sistema Municipal de Ensino;
nistração Regional Municipal; V - desenvolver e coordenar a implementação de po-
X - prestar atendimento, coordenar e executar políticas líticas de formação continuada, destinadas ao aperfeiçoa-
públicas e atividades de direitos humanos e cidadania para mento dos profissionais da educação;
a população, em cada circunscrição administrativa regional, VI - implementar políticas de garantia de acesso e per-
mediante Núcleos de Cidadania; manência na educação básica;
XI - coordenar e executar as políticas públicas de cida- VII - gerir o Fundo Municipal de Manutenção e Desen-
dania para a população idosa; volvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Ma-
XII - gerenciar os Fundos Municipais do Idoso e de Pro- gistério;
teção e Defesa do Consumidor; VIII - prestar suporte técnico e administrativo ao Con-
XIII - coordenar a execução de suas atividades adminis- selho Municipal de Educação;
trativas e financeiras; IX - coordenar a execução de suas atividades adminis-
XIV - exercer outras atividades destinadas à consecu- trativas e financeiras;
ção de seus objetivos. X - desenvolver outras atividades destinadas à conse-
cução de seus objetivos.
SEÇÃO XII Parágrafo Único. Integra a Secretaria Municipal de
(Revogada pela Lei nº 10.101/2011) Educação a Secretaria Municipal Adjunta de Educação, a
cujo titular compete atuar em parceria com o Secretário
Art. 53 Municipal de Educação e substituí-lo em suas ausências e
impedimentos.
SUBSEÇÃO II
(Revogado pela Lei nº 10.101/2011) SEÇÃO XIV
DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
Art. 57 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
Art. 58 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) Art. 65 - A Secretaria Municipal de Saúde tem por fi-
nalidade coordenar e executar programas, projetos e ati-
vidades visando promover o atendimento integral à saúde
da população do Município, como gestora municipal do
Sistema Único de Saúde - SUS.

161
LEGISLAÇÃO

Art. 66 - Compete à Secretaria Municipal de Saúde: c) formular e aplicar, diretamente ou em colaboração com ór-
I - planejar e coordenar, nos níveis ambulatorial e hos- gãos municipais, métodos preventivos para reduzir a violência e a
pitalar, as atividades de atenção à saúde, médica e odonto- sensação de insegurança;
lógica, de controle de zoonoses, de vigilância epidemioló- III - prestar apoio técnico e administrativo às unidades de alis-
gica e de fiscalização e vigilância sanitária, estas, inclusive, tamento militar, em colaboração com os demais entes federados;
mediante delegação a outros órgãos e entidades da Admi- IV - gerenciar o Fundo Municipal de Calamidade Pública. (Re-
nistração Municipal, de saúde do trabalhador, de controle, dação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
avaliação e regulação da rede contratada e conveniada do Parágrafo Único. Integram a Secretaria Municipal de Seguran-
SUS, articulando-se com os outros níveis de gestão do SUS ça Urbana e Patrimonial:
para as atividades integradas de atenção e gestão da saúde I - a Guarda Municipal de Belo Horizonte;
na região metropolitana de Belo Horizonte, bem como pro- II - a Corregedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
por e elaborar normas no seu nível de gestão sobre essas III - a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil. (Redação dada
atividades; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) pela Lei nº 10.101/2011)
II - coordenar as atividades dos distritos sanitários, em
colaboração com as Secretarias de Administração Regional SUBSEÇÃO I
Municipal; DA GUARDA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE (Deno-
III - prestar suporte técnico e administrativo ao Conse- minação alterada pela Lei nº 9319/2007)
lho Municipal de Saúde;
IV - gerir o Fundo Municipal de Saúde; Art. 69 - A Guarda Municipal Patrimonial tem por finalidade
V - coordenar a execução de suas atividades adminis- garantir a segurança aos órgãos, serviços e patrimônio do Poder
trativas e financeiras; Público Municipal.
VI - desenvolver outras atividades destinadas à conse- Art. 70 - Compete à Guarda Municipal Patrimonial:
cução de seus objetivos. I - proteger os bens, serviços e instalações do patrimônio pú-
Parágrafo Único. Integra a Secretaria Municipal de Saú- blico do Município;
II - prestar serviços de vigilância e de portaria das administra-
de a Secretaria Municipal Adjunta, a cujo titular compete
ções direta e indireta;
atuar em parceria com o Secretário Municipal de Saúde e
III - auxiliar nas ações de defesa civil, sempre que em risco
substituí-lo em suas ausências e impedimentos.
bens, serviços e instalações municipais e, em situações excepcio-
nais, a critério do Prefeito;
SEÇÃO XV
IV - auxiliar permanentemente o exercício da fiscalização
DA SECRETARIA DE SEGURANÇA URBANA
municipal, sempre que em risco bens, serviços e instalações mu-
E PATRIMONIAL
nicipais e, temporariamente, diante de situações excepcionais, a
critério do Prefeito;
Art. 67 - A Secretaria Municipal de Segurança Urbana V - atuar na fiscalização, controle e orientação de trânsito
e Patrimonial tem por finalidade, planejar e coordenar po- diante de situações excepcionais, a critério do Prefeito.
líticas municipais de segurança patrimonial e em conjunto Parágrafo Único. A proteção dos bens serviços e instalações
com o Estado e a União cooperar na busca da redução do do Município, prevista neste artigo, inclui a atividade de orienta-
índice de criminalidade no Município de Belo Horizonte. ção e proteção dos agentes públicos e dos usuários dos serviços
Art. 68 - Compete à Secretaria Municipal de Segurança públicos.
Urbana e Patrimonial:
I - no âmbito das políticas de segurança no Município: SUBSEÇÃO III
a) planejar a operacionalidade das políticas de segu- DA COORDENADORIA MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL
rança com vistas à redução da criminalidade;
b) viabilizar o entrosamento do Poder Público Munici- Art. 71 A - A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil tem por
pal com os órgãos de segurança de outros níveis federati- finalidade articular a definição e a implementação das políticas de
vos que atuem no Município; Defesa Civil do Município de forma integrada e intersetorial.
c) auxiliar a obtenção de linhas de crédito específicas Art. 71 B - Compete à Coordenadoria Municipal de Defesa
para programas voltados para a segurança; Civil:
d) coordenar as atividades da Guarda Patrimonial do I - coordenar as atividades de defesa civil no Município, articu-
Município; lando-se, em caráter cooperativo, com outros órgãos e entidades
e) fomentar a participação da comunidade na formula- públicas ou privadas;
ção e aplicação das políticas de segurança; II - implementar planos, programas e projetos de defesa civil;
II - no âmbito das políticas de segurança social; III - elaborar plano de ação anual, visando ao atendimento
a) financiar estudos e desenvolver projetos voltados à das ações em tempo de normalidade e também das ações emer-
segurança, em parceria com a comunidade, órgãos públi- genciais;
cos e entidades da sociedade civil; IV - coordenar a implantação de programas de treinamento
b) planejar a operacionalidade das políticas públicas para voluntariado;
de segurança social, em conjunto com órgãos municipais, V - desenvolver outras atividades destinadas à consecução de
visando à diminuição da criminalidade; seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)

162
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO II X - coordenar outras atividades destinadas à consecução


DA C CORREGEDORIA DA GUARDA MUNICIPAL DE de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
BELO HORIZONTE Parágrafo Único. Integra a Secretaria de Administração
(Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007) Regional Municipal a Secretaria Adjunta de Administração
Regional Municipal, a cujo titular compete atuar em parce-
Art. 71 - Compete à Corregedoria da Guarda Municipal ria com o Secretário de Administração Regional Municipal e
Patrimonial substituí-lo em suas ausências ou impedimentos. (Redação
I - coordenar e executar as atividades relativas à disci- dada pela Lei nº 9718/2009)
plina dos membros da Guarda Municipal Patrimonial:
II - assessorar o Prefeito em matéria de que trata o in- SUBSEÇÃO I
ciso I deste artigo; DOS CONSELHOS CONSULTIVOS REGIONAIS DE
III - desenvolver outras atividades destinadas à conse- PARTICIPAÇÃO POPULAR
cução de seus objetivos.
Art. 74 - Ficam criados, no âmbito da Administração Di-
SEÇÃO XVI reta do Poder Executivo, 9 (nove) conselhos consultivos re-
DAS SECRETARIAS DE ADMINISTRAÇÃO REGIONAL gionais de Participação Popular, como instrumento participa-
MUNICIPAL tivo da população nas ações governamentais regionalizadas.
Parágrafo Único. Funcionará um Conselho Consultivo
Art. 72 - As Secretarias de Administração Regional Mu- Regional de Participação Popular na circunscrição de cada
nicipal têm por finalidade coordenar as atividades de im- Secretaria de Administração Regional Municipal.
plementação das políticas públicas urbanas, ambientais e Art. 75 - Compete aos conselhos consultivos regionais de
sociais na respectiva circunscrição, visando à eficiência na Participação Popular, no âmbito da respectiva circunscrição:
prestação de serviços, à melhoria da qualidade de vida da I - acompanhar e fiscalizar as ações regionais do Poder
população, à gestão democrática dos recursos públicos e à Público;
garantia do controle social.
II - participar da elaboração das políticas de ação do Po-
Art. 73 - Compete às Secretarias de Administração Re-
der Público para a respectiva circunscrição;
gional Municipal, no âmbito da respectiva circunscrição:
III - acompanhar e fiscalizar a aplicação de recursos pú-
I - coordenar a implementação dos planos e progra-
blicos para a circunscrição;
mas relativos à saúde, educação, abastecimento alimentar,
IV - acompanhar e manifestar-se sobre a elaboração e
serviços sociais, cultura, esportes, controle urbano e am-
execução de planos, programas e projetos;
biental, limpeza urbana, manutenção e obras definidos pe-
V - acompanhar o plano de intervenção para o setor de
las Secretarias Municipais, adequando-os às necessidades
cultura, em especial nas ações referentes ao adolescente e
da respectiva circunscrição, ouvida a Secretaria Municipal
competente; ao idoso;
II - coordenar a execução das atividades de manuten- VI - participar do plano de ação das políticas interseto-
ção urbana; riais, sociais, urbanas e de direitos humanos e cidadania;
III - implantar, em colaboração com a Secretaria Muni- VII - relacionar carências e reivindicações regionais nas
cipal de Administração e Recursos Humanos, o sistema de áreas, entre outras, de saúde, educação, habitação, transpor-
gerenciamento do patrimônio da Administração Direta do te, saneamento, meio ambiente, urbanização, cultura, espor-
Poder Executivo, coordenando sua execução; te e relativas à criança, ao adolescente e ao idoso;
IV - licenciar as atividades de obras e posturas urbanas, VIII - coordenar a implementação das ações dos conse-
em conjunto com a Secretaria Municipal Adjunta de Regu- lhos setoriais, garantindo sua integração.
lação Urbana, na forma e no limite do regulamento desta Art. 76 - Cada Conselho será composto por representan-
Lei; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) tes do Poder Público e da população.
V - coordenar o desenvolvimento de projetos e ativi- § 1º - Cada Conselho terá sua composição definida em
dades abrangidos na competência dos órgãos relativos à decreto, observados os parágrafos seguintes.
saúde, educação, abastecimento alimentar, serviços sociais, § 2º - O Poder Executivo e a Câmara Municipal terão,
cultura, esportes, controle urbano e ambiental, limpeza ur- cada um, 4 (quatro) representantes em cada conselho.
bana, manutenção e obras definidos pelas respectivas Se- § 3º - Os representantes da Câmara Municipal serão, pre-
cretarias Municipais; ferencialmente, os vereadores mais votados na circunscrição.
VI - prestar suporte administrativo ao Conselho Tutelar Art. 77 - O regulamento de cada Conselho deverá ser
da circunscrição; aprovado pelo plenário respectivo.
VII - prestar suporte administrativo ao Núcleo de Cida- Art. 78 - Cada Conselho será presidido pelo Administra-
dania da circunscrição; dor Municipal Regional da respectiva circunscrição.
VIII - coordenar a execução de suas atividades adminis- Art. 79 - Cada Conselho terá uma Secretaria Executiva,
trativas e financeiras; competente para dar suporte a seus trabalhos e decisões.
IX - coordenar a execução das atividades de fiscaliza- Art. 80 - A participação como Conselheiro será de rele-
ção urbana definidas pelas secretarias municipais compe- vante interesse público, vedada a remuneração.
tentes; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)

163
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO XVII SEÇÃO XVIII


DA SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO
(Redação acrescida pela Lei nº 9718/2009)
Art. 80 C - A Secretaria Municipal de Desenvolvimento tem
Art. 80 A - A Secretaria Municipal de Meio Ambiente por finalidade articular a definição e a implementação da polí-
tem por finalidade coordenar a elaboração e implementa- tica de desenvolvimento econômico do Município, de forma in-
ção da política ambiental do Município, visando a promo- tegrada e intersetorial, visando ao fomento industrial, comercial
ver proteção, conservação e melhoria da qualidade de vida e de prestação de serviços, à promoção de programas estraté-
da população. (Redação acrescida pela Lei nº 9718/2009) gicos de planejamento urbano e à execução de atividades des-
Art. 80 B - Compete à Secretaria Municipal de Meio tinadas ao desenvolvimento econômico sustentável do Muni-
Ambiente: cípio, harmonizado com a inclusão social de todos os cidadãos.
I - elaborar e implementar os planos, programas, pes- Art. 80 D - Compete à Secretaria Municipal de Desenvol-
quisas, projetos e atividades para a promoção da política vimento:
I - coordenar a elaboração e a execução de políticas e pro-
ambiental;
jetos destinados ao fomento econômico no Município, assim
II - coordenar, executar e avaliar a implementação de
compreendidas as ações destinadas ao incremento e ao aper-
planos, programas e projetos de desenvolvimento ambien-
feiçoamento da qualidade dos setores produtivos do Municí-
tal; pio, por meio da execução de atividades de atração, incentivo
III - coordenar a elaboração da política de recursos hí- à criação, à preservação e à ampliação de empreendimentos,
dricos no Município; incluindo as que decorram de sua inserção em planos metro-
IV - coordenar a elaboração das políticas de proteção e politanos, regionais, estaduais, nacionais e internacionais;
preservação da biodiversidade no Município; II - coordenar e promover a colaboração entre os órgãos e
V - coordenar a elaboração de proposta de legislação as entidades da Administração Municipal e a iniciativa privada,
ambiental municipal; visando à realização de atividades de interesse público mútuo,
VI - coordenar e executar as atividades de controle am- especialmente por meio de estímulos de parcerias público-pri-
biental, gerenciando o licenciamento ambiental e a avalia- vadas;
ção dos empreendimentos de impacto e das respectivas III - coordenar as atividades de planejamento urbano e de
medidas mitigadoras ou compensatórias, com colaboração implementação do Plano Diretor do Município, em colabora-
dos demais órgãos municipais; ção com os demais órgãos e entidades da Administração Mu-
VII - coordenar, executar, normatizar e avaliar a fiscali- nicipal;
zação de controle ambiental no Município, em colaboração IV - normatizar e avaliar a realização de ações de interven-
com outros órgãos e entidades da Administração Munici- ção urbana;
pal; V - coordenar a estratégia, monitorar e avaliar a implemen-
VIII - executar e monitorar a política de educação am- tação dos planos, programas e projetos de desenvolvimento
biental do Município; urbano;
IX - executar e monitorar estudos e projetos de desen- VI - coordenar a elaboração dos planos regionais e dos
volvimento ambiental; projetos de requalificação urbana, em colaboração com as Se-
X - normatizar, monitorar e avaliar a qualidade ambien- cretarias de Administração Regional Municipal;
tal do Município; VII - coordenar a elaboração de proposta de legislação ur-
XI - normatizar e monitorar a política de áreas verdes e banística municipal;
de arborização do Município e desenvolver estudos e pro- VIII - coordenar as atividades de relações internacionais do
Município em conjunto com os demais órgãos e entidades da
jetos sobre a matéria;
Administração Municipal;
XII - prestar suporte técnico e administrativo ao Conse-
lho Municipal de Meio Ambiente - COMAM;
IX - prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho
XIII - gerenciar o Fundo Municipal de Defesa Ambien- Municipal de Política Urbana - COMPUR -, ao Conselho Mu-
tal; nicipal de Turismo - COMTUR - e ao Conselho Municipal de
XIV - coordenar a execução de suas atividades admi- Desenvolvimento Econômico - CODECOM;
nistrativas e financeiras; X - promover a colaboração entre os órgãos e as entidades
XV - coordenar outras atividades destinadas à conse- da Administração Municipal e a iniciativa privada visando à ar-
cução de seus objetivos. ticulação e ao fomento das atividades turísticas do Município;
Parágrafo Único. Integra a Secretaria Municipal de XI - gerenciar o Fundo Municipal de Desenvolvimento Eco-
Meio Ambiente a Secretaria Municipal Adjunta de Meio nômico;
Ambiente, a cujo titular compete atuar em parceria com o XII - planejar e coordenar as políticas de ciência e tecno-
Secretário Municipal de Meio Ambiente e substituí-lo em logia destinadas a apoiar o desenvolvimento do setor no Mu-
suas ausências ou impedimentos. (Redação acrescida pela nicípio;
Lei nº 9718/2009) XIII - coordenar a execução de suas atividades administra-
tivas e financeiras;
XIV - coordenar outras atividades destinadas à consecução
de seus objetivos.

164
LEGISLAÇÃO

Art. 80 E - Compõem a Secretaria Municipal de Desen- X - produzir, gerir e difundir dados e informações sobre
volvimento: o Município e sua economia, com ênfase nos incentivos
I - a Secretaria Municipal Adjunta de Desenvolvimento fiscais e creditícios;
Econômico; XI - promover convênios e parcerias necessários à exe-
II - a Secretaria Municipal Adjunta de Trabalho e Em- cução de políticas de desenvolvimento econômico;
prego; XII - planejar, desenvolver e coordenar as atividades
III - a Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento relacionadas a parcerias público-privadas, assessorando
Urbano; todos os órgãos da Administração Municipal nestas ativi-
IV - a Secretaria Municipal Adjunta de Relações Inter- dades;
nacionais. XIII - desenvolver outras atividades destinadas à conse-
cução de seus objetivos.
SUBSEÇÃO I
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA SUBSEÇÃO II
DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA
DE TRABALHO E EMPREGO
Art. 80 F - A Secretaria Municipal Adjunta de Desen-
volvimento Econômico tem por finalidade elaborar e im- Art. 80 H - A Secretaria Municipal Adjunta de Trabalho
plementar a política de fomento industrial, de comércio e e Emprego tem por finalidade elaborar e implementar a
de prestação de serviços, e outras parcerias que priorizem política de investimento em qualificação e requalificação
a vocação da Cidade. profissional e em geração de emprego no Município, vi-
Art. 80 G - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de sando ao desenvolvimento econômico com inclusão social.
Desenvolvimento Econômico: Art. 80 I - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
I - elaborar e implementar a política de desenvolvi- Trabalho e Emprego:
mento econômico do Município, mediante a adoção de I - elaborar e executar políticas de geração de trabalho
medidas que representem estímulos e incentivos à inicia-
no Município e articulá-las com as demais cidades inte-
tiva privada, harmonizadas com a inclusão social de todos
grantes da Região Metropolitana, em articulação com os
os cidadãos;
órgãos e entidades da Administração Pública;
II - promover e gerenciar a integração dos planos e
II - promover a inserção socioeconômica e a qualifica-
projetos dos diversos órgãos e entidades da Administra-
ção profissional dos cidadãos, bem como a sua habilitação
ção Direta e Indireta do Poder Executivo relacionados ao
ao sistema público de emprego, mediante convênios e par-
desenvolvimento econômico do Município, de forma a ma-
ximizar o crescimento econômico sustentável; cerias com entidades de direito público ou privado;
III - promover e propor programas e políticas que esti- III - promover a requalificação profissional e a reinser-
mulem a economia solidária e a concessão de crédito po- ção do trabalhador desempregado no mercado de traba-
pular, bem como a articulação de cooperativas de trabalho, lho, mediante convênios e parcerias com entidades de di-
crédito, serviços, produção e consumo; reito público ou privado;
IV - estimular o desenvolvimento de atividades arte- IV - promover o aprimoramento das relações do tra-
sanais e de economia de pequena escala, abrangendo a balho;
valorização do artesão e a promoção da industrialização e V - articular os mecanismos públicos municipais de ge-
da comercialização; ração de oportunidades de trabalho e emprego, em con-
V - desenvolver ações para a melhoria do ambiente formidade com os órgãos e entidades afins dos demais
municipal de negócios, apoiar e assistir o empresariado entes federados;
por meio de núcleos avançados de prestação de serviços VI - desenvolver outras atividades destinadas à conse-
integrados e prestar apoio e orientação técnica às empre- cução de seus objetivos.
sas em nível municipal, com ênfase no microempreendedor
individual, na micro, pequena e média empresa, e no jovem SUBSEÇÃO III
empreendedor; DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE PLANE-
VI - consolidar e gerenciar planos de desenvolvimento JAMENTO URBANO
econômico de médio e longo prazo, em parceria com a
iniciativa privada e com outros entes federados; Art. 80 J - A Secretaria Municipal Adjunta de Planeja-
VII - estimular e apoiar a manutenção, a instalação e o mento Urbano tem por finalidade elaborar e implementar
desenvolvimento de empreendimentos nas atividades de a política de planejamento urbano e a execução de ativida-
vocação da Cidade, com ênfase na pesquisa, na produção e des destinadas ao desenvolvimento urbano sustentável do
na disseminação de novas tecnologias; Município.
VIII - propiciar a integração entre os setores produti- Art. 80 K - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
vos, os prestadores de serviços e o setor público, visando Planejamento Urbano:
impulsionar o desenvolvimento local; I - elaborar planos, programas e projetos de desenvol-
IX - prospectar, identificar e criar oportunidades lo- vimento urbano;
cais, nacionais e internacionais de negócios, promovendo II - propor a normatização das ações de intervenção
a atração de investimentos para o Município; urbana;

165
LEGISLAÇÃO

III - articular estratégias destinadas à qualificação e à requa- II - coordenar a elaboração das políticas de estrutura-
lificação urbana que resultem em promoção da qualidade de ção urbana, de habitação e de saneamento básico relativo
vida e do ambiente, reduzindo as desigualdades e a exclusão ao sistema de drenagem no Município;
social; III - normatizar, monitorar e avaliar a realização de
IV - coordenar o planejamento da regulação pública sobre obras públicas;
o solo urbano; IV - coordenar a fixação de metas e diretrizes que via-
V - orientar as atividades destinadas à universalização da bilizem a implementação de obras relativas aos sistemas
mobilidade e da acessibilidade do espaço urbano; viário e rodoviário municipal;
VI - elaborar propostas de legislação urbanística municipal; V - planejar, acompanhar e fiscalizar a execução de tra-
VII - monitorar a implementação do Plano Diretor do Mu- balhos topográficos e geotécnicos das obras municipais;
nicípio; VI - coordenar a estratégia, monitorar e avaliar a imple-
VIII - desenvolver outras atividades destinadas à consecu- mentação dos planos, programas e projetos de obras de
ção de seus objetivos. saneamento básico relativo ao sistema de drenagem, pavi-
mentação, infraestrutura, edificação de próprios públicos,
SUBSEÇÃO IV
equipamentos urbanos e de moradia;
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE RELAÇÕES
VII - planejar, implementar, executar e avaliar o proces-
INTERNACIONAIS”
so de contratação de obras e serviços referentes aos planos,
Art. 80 L - A Secretaria Municipal Adjunta de Relações In- programas e projetos de obras de manutenção, edificação,
ternacionais tem por finalidade estabelecer e manter relações saneamento básico relativo ao sistema de drenagem, pavi-
e parcerias internacionais e planejar e coordenar as políticas e mentação, infraestrutura e moradia, em colaboração com
ações para negociação e captação de recursos financeiros junto outros órgãos e entidades da Administração Municipal;
a organismos multilaterais e agências governamentais estran- VIII - licitar e contratar serviços e obras de engenharia
geiras. para a construção, a recuperação e a manutenção de pró-
Art. 80 M - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de Re- prios públicos, dos equipamentos urbanos, de saneamento
lações Internacionais: básico relativo ao sistema de drenagem, de pavimentação
I - estabelecer e manter relações e parcerias com organis- do Município, de conjuntos habitacionais e de intervenções
mos internacionais multilaterais, cidades-irmãs do Município de em Zonas de Especial Interesse Social - ZEIS -, de forma in-
Belo Horizonte, entidades voltadas à organização de cidades, tegrada e intersetorial, inclusive sob a forma de concessão
organizações não-governamentais internacionais, representan- ou permissão, sendo que tais competências poderão ser
tes diplomáticos de governos, representantes de trabalhadores delegadas às entidades da Administração Indireta do Poder
e empresários internacionais, empresas internacionais estabele- Executivo, no todo ou em parte, por meio de ato específico
cidas ou não no Município, e outras entidades afins; do titular da pasta;
II - formular diretrizes, planejar e coordenar, em articulação IX - delegar às entidades da Administração Indireta
com os demais órgãos e entidades da Administração Pública, do Poder Executivo o gerenciamento dos contratos de sua
as políticas e ações voltadas para a negociação e a captação de competência;
recursos junto a órgãos e instituições internacionais; X - monitorar o andamento das obras públicas contra-
III - fornecer suporte técnico aos órgãos da Administração tadas a terceiros;
Direta e Indireta do Poder Executivo em contatos internacionais, XI - gerenciar o Fundo Municipal de Habitação Popular
bem como no desenvolvimento e na elaboração de convênios e e o Fundo Municipal de Saneamento;
projetos de cooperação internacional; XII - coordenar a política de moradia no Município;
IV - desenvolver outras atividades destinadas à consecução
XIII - coordenar o desenvolvimento de projetos e a exe-
de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
cução de obras de conjuntos habitacionais, edificações e
parcelamentos de interesse social e as atividades de pro-
SEÇÃO XIX
DA SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS E INFRAES- dução de moradia;
TRUTURA XIV - normatizar, monitorar e avaliar as ações de inter-
venção em conjuntos habitacionais de interesse social no
Art. 80 N - A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura Município;
tem por finalidade articular a definição e a implementação da XV - manter atualizado, em conjunto com a URBEL, o
política de obras públicas a cargo do Município, inclusive sua banco de dados unificado das famílias beneficiadas pelos
política de moradia. programas do Município;
Art. 80 O - Compete à Secretaria Municipal de Obras e In- XVI - implementar ações visando à organização e à
fraestrutura: convivência dos grupos de famílias beneficiárias dos pro-
I - coordenar o desenvolvimento de projetos e a execução gramas habitacionais, especialmente no que diz respeito à
de obras públicas a cargo do Município, por administração dire- gestão de áreas de uso coletivo;
ta ou por meio de terceiros, competindo-lhe, ainda, a elabora- XVII - prestar suporte técnico e administrativo ao Con-
ção e a execução do orçamento referente a planos, programas selho Municipal de Habitação e ao Conselho Municipal de
e projetos de obras de edificação, pavimentação, infraestrutura, Saneamento - COMUSA;
moradia e saneamento básico relativo ao sistema de drenagem;

166
LEGISLAÇÃO

XVIII - coordenar e avaliar a preparação de documenta- SEÇÃO XX


ção técnica de planos, programas e projetos para captação DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SERVIÇOS URBANOS
de recursos junto a órgãos e instituições nacionais e inter-
nacionais, em colaboração com outros órgãos e entidades Art. 80 S - A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
da Administração Municipal, e monitorar a sua execução; tem por finalidade articular a definição e a implementação
XIX - planejar e coordenar a relação institucional com das políticas públicas concernentes à prestação de serviços
os entes federados para a execução de obras públicas; públicos e ao controle e regularização urbanos.
XX - planejar e definir as diretrizes da política de ser- Art. 80 T - Compete à Secretaria Municipal de Serviços
viços prestados em regime de concessão de sua compe- Urbanos:
tência; I - coordenar a elaboração das políticas e a execução de
XXI - coordenar a execução de suas atividades adminis- serviços de controle e regularização urbana, de transporte e
trativas e financeiras; trânsito, de saneamento básico e de limpeza urbana do Mu-
XXII - desenvolver outras atividades destinadas à con- nicípio;
secução de seus objetivos. II - monitorar e fiscalizar a realização de ações de inter-
Art. 80 P - Compõe a Secretaria Municipal de Obras e venção urbana;
Infraestrutura a Secretaria Municipal Adjunta de Planeja- III - licitar e contratar serviços de saneamento básico e
mento e Controle. limpeza urbana, como varrição, capina, coleta de lixo e dis-
posição final de resíduos sólidos, inclusive sob a forma de
SUBSEÇÃO I concessão ou permissão, aqui autorizadas mediante licitação;
DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE PLANE- IV - delegar às entidades da Administração Indireta do
JAMENTO E CONTROLE Poder Executivo o gerenciamento dos contratos de sua com-
petência;
Art. 80 Q - A Secretaria Municipal Adjunta de Planeja- V - gerenciar o Fundo de Transportes Urbanos;
mento e Controle tem por finalidade coordenar a elabo- VI - coordenar a fiscalização de controle ambiental, de
ração e a implementação da política de manutenção dos limpeza urbana, de obras, de posturas e de vias urbanas no
próprios públicos, dos equipamentos e dos logradouros Município, em colaboração com outros órgãos e entidades da
públicos do Município, bem como elaborar, monitorar e Administração Municipal, e coordenar as atividades de fiscali-
implementar as políticas de planejamento e controle de zação de vigilância sanitária, mediante delegação da Secreta-
serviços e obras a cargo da Secretaria Municipal de Obras ria Municipal de Saúde;
e Infraestrutura. VII - planejar, normatizar, executar e avaliar o sistema de
Art. 80 R - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de gerenciamento das necrópoles municipais;
Planejamento e Controle: VIII - planejar e definir as diretrizes da política de serviços
I - coordenar e normatizar os serviços e obras de ma- prestados em regime de concessão de sua competência;
nutenção dos próprios públicos, dos equipamentos e dos IX - coordenar a execução de suas atividades administra-
logradouros públicos do Município; tivas e financeiras;
II - integrar a implementação de planos, programas e X - coordenar outras atividades destinadas à consecução
projetos de manutenção, de infraestrutura, de pavimenta- de seus objetivos.
ção, de edificação, de saneamento básico relativo ao siste- Art. 80 U - Compõem a Secretaria Municipal de Serviços
ma de drenagem e de moradia; Urbanos:
III - planejar, coordenar, controlar, apurar, sistematizar I - a Secretaria Municipal Adjunta de Regulação Urbana;
e divulgar os dados relativos à elaboração de empreendi- II - a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização.
mentos;
IV - interagir com os demais órgãos executores de SUBSEÇÃO I
obras públicas, objetivando compatibilizar os empreendi- DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE REGULA-
mentos; ÇÃO URBANA
V - monitorar o processo de adequação ambiental dos
empreendimentos da Secretaria Municipal de Obras e In- Art. 80 V - A Secretaria Municipal Adjunta de Regulação
fraestrutura e dos órgãos e entidades a ela vinculados; Urbana tem por finalidade planejar e coordenar a elaboração
VI - promover a integração das informações e progra- e a implementação da política de regulação e controle urbano
mar e elaborar o planejamento dos empreendimentos da no Município, visando ao pleno cumprimento da função so-
Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura e dos órgãos cial da propriedade e ao bem-estar da população.
e entidades a ela vinculados; Art. 80 W - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de
VII - desenvolver outras atividades destinadas à con- Regulação Urbana:
secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº I - planejar, coordenar e gerenciar a política de controle
10.101/2011) urbano no Município, visando à unificação dos procedimen-
tos de atendimento aos munícipes;
II - manter banco de dados atualizado sobre as redes
existentes no subsolo;

167
LEGISLAÇÃO

III - coordenar as ações de concessionárias de serviço pú- III - assessorar, em conjunto com a Secretaria Municipal
blico, visando a articulá-las com o Município e monitorando a de Governo, o Governo Municipal em sua representação po-
utilização do subsolo; lítica;
IV - licenciar as atividades de obras e posturas urbanas, IV - realizar, quando solicitado pelo Prefeito, estudos de
em conjunto com as Secretarias de Administração Regional natureza político-institucionais;
Municipal, na forma e no limite do regulamento desta Lei; V - articular as respostas às demandas da sociedade civil
V - coordenar o licenciamento de atividades em espaços que lhe forem encaminhadas pelo Prefeito;
públicos, no solo, no subsolo e nos espaços aéreos; VI - coordenar a execução de suas atividades administra-
VI - coordenar a expedição de atos de autorização, per- tivas e financeiras;
missão ou concessão de uso e parcelamento do solo; VII - desenvolver outras atividades destinadas à con-
VII - desenvolver outras atividades destinadas à consecu- secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº
ção de seus objetivos. 10.101/2011)

SUBSEÇÃO II Capítulo III


DA SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA DE FISCALI- DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ZAÇÃO
Art. 81 - As Secretarias Municipais e os órgãos equiva-
Art. 80 X - A Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização lentes:
tem por finalidade coordenar a elaboração e a implementa- I - definirão as diretrizes, políticas e programas relati-
ção da política de fiscalização nas áreas de controle ambien- vos à sua área de atuação;
tal, de limpeza urbana, de obras, posturas e vias urbanas no II - estabelecerão as diretrizes técnicas para a execução
Município, inclusive mediante delegação para outros órgãos das atividades, conforme sua área de atuação.
e entidades da Administração Municipal. Parágrafo Único. As Secretarias Municipais e os órgãos
Art. 80 Y - Compete à Secretaria Municipal Adjunta de equivalentes, para atingirem suas finalidades, articular-se
Fiscalização: -ão, quando necessário, com órgãos e entidades federais,
I - planejar, coordenar, normatizar, monitorar e avaliar a estaduais e de outros Municípios cujas competências di-
fiscalização das áreas de controle ambiental, de limpeza urba- gam respeito à mesma área de atuação.
na, de obras, posturas e vias urbanas no Município, inclusive Art. 82 - São ordenadores de despesas os Secretários
o exercício do respectivo poder de polícia, podendo delegar a Municipais, o Procurador-Geral do Município, o Controla-
execução da fiscalização a outros órgãos e entidades da Ad- dor-Geral do Município e os Secretários de Administração
ministração Municipal; Regional Municipal. (Redação dada pela Lei nº 9155/2006)
II - normatizar a aplicação das sanções legais pelos agen- Parágrafo único. A ordenação de despesas prevista no
tes da fiscalização nos casos de infração; caput deste artigo poderá ser delegada nos termos fixados
III - executar as atividades de fiscalização de vigilância sa- em Decreto. (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
nitária, mediante delegação da Secretaria Municipal de Saúde; Art. 83 - Decreto disporá sobre a substituição de Secre-
IV - desenvolver outras atividades destinadas à con- tário Municipal e de cargo equivalente, em suas ausências e
secução de seus objetivos. (Redação acrescida pela Lei nº impedimentos, além dos casos previstos nesta Lei.
10.101/2011) Art. 84 - As entidades integrantes da Administração In-
direta vinculam-se:
SEÇÃO XXI I - ao Gabinete do Prefeito, a Fundação Municipal de
DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSUNTOS Cultura - FMC;
INSTITUCIONAIS II - à Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento
e Informação, a Empresa de Informática e Informação do
Art. 80 Z - A Secretaria Municipal de Assuntos Institucio- Município de Belo Horizonte S.A. - PRODABEL;
nais tem por finalidade planejar e coordenar as ações e os III - à Secretaria Municipal de Desenvolvimento, a Em-
assuntos de natureza parlamentar e de relacionamentos e in- presa Municipal de Turismo de Belo Horizonte - BELOTUR;
terlocuções políticas com outras instâncias legislativas, com IV - à Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura:
os demais entes federados e com os organismos da socieda- a) a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo
de civil. Horizonte - URBEL;
Art. 80 AA - Compete à Secretaria Municipal de Assuntos b) a Superintendência de Desenvolvimento da Capital
Institucionais: - SUDECAP;
I - assistir direta e imediatamente o Prefeito na condução V - à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos:
do relacionamento do Poder Executivo com o Poder Legislati- a) a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Hori-
vo Municipal e as instituições políticas; zonte S.A. - BHTRANS;
II - responsabilizar-se pela relação e pela gestão da re- b) a Superintendência de Limpeza Urbana - SLU;
lação política e administrativa com o Poder Legislativo Mu- VI - à Secretaria Municipal de Saúde, o Hospital Muni-
nicipal, bem como com outras instâncias legislativas e entes cipal Odilon Behrens - HOB;
federados; VII - à Secretaria Municipal de Meio Ambiente:

168
LEGISLAÇÃO

a) a Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte - FZB; XIII - Auditor-Geral do Município, Contador-Geral do


b) a Fundação de Parques Municipais - FPM. (Redação Município, Corregedor-Geral do Município, Ouvidor do Mu-
dada pela Lei nº 10.101/2011) nicípio e Secretário Especial de Prevenção da Corrupção e
Art. 85 - O provimento dos cargos em comissão do Informações Estratégicas: dirigir e responsabilizar-se pelas
Quadro da Administração Direta do Poder Executivo dar- atividades dos órgãos a que se vinculem. (Redação dada
se-á sob as seguintes regras: pela Lei nº 10.586/2012)
I - no caso de cargos de 1º e 2º graus hierárquicos e XIV - Chefe de Cerimonial e Mobilização: dirigir e res-
dos cargos de Consultor Técnico Especializado, de Asses- ponsabilizar-se pelo planejamento e execução das ativida-
sor, de Assistente, de Coordenador e Chefe de Gabinete, des de comunicação dirigida, divulgação, mobilização e ce-
por recrutamento amplo; rimonial. (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
II - no caso de cargo de Depositário, Diretor e Vice- Art. 86 - Os cargos em comissão relativos aos órgãos
Diretor de Estabelecimento de Ensino, por recrutamento da Administração Direta do Poder Executivo serão providos
limitado; pelo Prefeito, observado o seguinte:
III - nos demais casos, por recrutamento limitado e am- I - os gabinetes do Prefeito e do Vice-Prefeito serão diri-
plo, na proporção de 65% (sessenta e cinco por cento) e gidos por Chefe de Gabinete;
35% (trinta e cinco por cento), respectivamente, podendo II - a Assessoria de Comunicação Social do Município
este último percentual atingir 50% (cinqüenta por cento), será dirigida pelo Chefe da Assessoria de Comunicação So-
com redução proporcional do primeiro, desde que o acrés- cial do Município;
cimo seja destinado, exclusivamente, a servidor da Admi- III - a Controladoria-Geral do Município será dirigida
nistração Indireta. pelo Controlador-Geral do Município; (Redação dada pela
§ 1º - São atribuições dos cargos constantes do Anexo Lei nº 9155/2006)
I: IV - a Procuradoria-Geral do Município será dirigida pelo
I - Secretário Municipal: dirigir e responsabilizar-se pe- Procurador-Geral;
las atividades do órgão a que vincule; V - as Secretarias Municipais serão dirigidas pelo Secre-
tário Municipal;
II - Chefe de Gabinete: exercer as atividades de chefia
VI - as Secretarias de Administração Regional Municipal
do gabinete do respectivo titular;
serão dirigidas por Secretários de Administração Regional
III - Chefe da Assessoria de Comunicação Social: dirigir
Municipal;
e responsabilizar-se pelo planejamento e execução das ati-
VII - a Corregedoria-Geral do Município será dirigida
vidades de comunicação social;
pelo Corregedor-Geral do Município; (Redação dada pela
IV - Procurador-Geral do Município: dirigir e responsa-
Lei nº 9155/2006)
bilizar-se pelas atividades jurídicas de interesse da Admi-
VIII - as gerências serão dirigidas por Gerente;
nistração Pública;
IX - as coordenadorias serão dirigidas por Coordenador;
V - Secretário Municipal Adjunto: dirigir e responsabili- X - a Auditoria-Geral do Município será dirigida pelo Au-
zar-se pelas atividades do órgão a que se vincule, atinentes ditor-Geral do Município;
à sua área de atuação, conforme delegação do Secretário XI - a Contadoria-Geral do Município será dirigida pelo
Municipal; Contador-Geral do Município;
VI - Chefe da Assessoria de Comunicação Social Adjun- XII - a Ouvidoria do Município será dirigida pelo Ouvidor
to, Procurador-Geral Adjunto e Secretário Municipal Adjun- do Município;
to: assistir o titular do órgão a que se vincule e substituí-lo XIII - a Assessoria de Cerimonial e Mobilização do Mu-
nas ausências e impedimentos; nicípio será dirigida pelo Chefe da Assesoria de Cerimonial
VII - Controlador-Geral do Município: dirigir e respon- de Mobilização do Município. (Redação acrescida pela Lei nº
sabilizar-se pelas atividades do órgão a que se vincule; (Re- 9155/2006)
dação dada pela Lei nº 9155/2006) XIV - a Secretaria Especial de Prevenção da Corrupção e
VIII - Consultor Técnico Especializado: realizar serviços Informações Estratégicas será dirigida pelo Secretário Espe-
técnicos profissionais especializados da sua área de for- cial de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas.
mação, neles incluídos os necessários à implementação e (Redação acrescida pela Lei nº 10.586/2012)
controle de programas, projetos e atividades estruturantes Art. 87 - As atividades da Administração Direta do Poder
e de alta relevância para o planejamento e execução das Executivo são as seguintes:
políticas municipais urbanas e sociais; I - governadoria:
IX - Gerente: gerenciar e responsabilizar-se pelos pro- I.1 - procuradoria;
jetos e atividades inerentes aos órgãos a que se vincule; I.2 - assessoria de comunicação;
X - Coordenador: coordenar os projetos e atividades I.3 - articulação governamental;
do órgão a que se vincule; I.4 - gabinete;
XI - Assessor: prestar assessoramento ao titular do ór- I.5 - articulação regional;
gão a que se vincule; II - planejamento e monitoramento do Plano de Gover-
XII - Assessor de Segurança: prestar segurança pessoal no:
ao Governo Municipal e desempenhar outras funções junto II. 1 - planejamento e coordenação geral;
à Assessoria Policial-Militar; II. 2 - planejamento setorial;

169
LEGISLAÇÃO

II. 3 - desenvolvimento de informações gerenciais; II - garantir adequada gestão de pessoal e de recursos,


II. 4 - fomento econômico e social; assegurando orientação técnica e administrativa;
II. 5 - monitoramento do Plano de Governo; III - controlar resultados, garantindo o cumprimento dos
II. 6 - informatização e fluxo de informações; objetivos institucionais e as metas dos planos, programas e
III - gestão financeira e administrativa: projetos;
III. 1 - arrecadação; IV - responsabilizar-se por atividades correlatas.
III. 2 - tesouraria; Art. 90 - Para o fim de atribuição específica a órgão de
III. 3 - pessoal; terceiro grau hierárquico, as atividades são discriminadas
III. 4 - controle interno; por subáreas de planejamento ou execução compreendidas
III. 5 - coordenação de administração e recursos humanos; nas áreas funcionais ou temáticas, nos termos do art. 87 des-
III. 6 - administração geral; ta Lei. (Vide Art. 39 da Lei nº 10.101)
III. 7 - gestão geral de recursos humanos; Parágrafo Único § 1º - As atividades gerenciais, aglutina-
III. 8 - informatização e fluxo de informações; das em órgãos de gerência, serão exercidas em até 3 (três)
III. 9 – gestão administrativo-financeira e jurídico-consultiva; subgraus do terceiro grau hierárquico, observada a comple-
III. 10 - gestão administrativo-financeira de política urbana xidade e a abrangência da atuação. (Parágrafo renumerado
e ambiental; pela Lei nº 10.101/2011)
III. 11 - gestão administrativo-financeira de política social; § 2º - Os cargos públicos de provimento em comissão
III. 12 - gestão administrativo-financeira regional; de Gerente de 1º nível serão segmentados nas classes A, B e
III. 13 - coordenação de programas e projetos especiais; C, conforme os níveis de competências e responsabilidades,
IV - política urbana e ambiental: as áreas de atuação, a relevância estratégica, a quantidade
IV. 1 planejamento e desenvolvimento urbano; e a qualidade do atendimento a demandas internas e ex-
IV. 2 - limpeza urbana; ternas, os projetos e programas desenvolvidos, o número
IV. 3 - proteção do meio ambiente; de gerências que lhe forem subordinadas, o volume orça-
IV. 4 - gestão e controle de transporte e trânsito; mentário alocado e o número de servidores lotados em suas
IV. 5. - habitação; respectivas unidades, de acordo com a classificação estabe-
lecida no regulamento desta Lei.
IV. 6 - reestruturação de vilas e favelas;
§ 3º - Os cargos públicos de provimento em comis-
IV. 7 - obras e estruturação urbana;
são de Assessor III serão segmentados nas classes A, B e C,
IV. 8 - controle e regulação urbana;
conforme os níveis de competências e responsabilidades, a
IV. 9 - defesa civil;
relevância estratégica, a quantidade e a qualidade do aten-
IV. 10 - coordenação de programas e projetos especiais;
dimento a demandas internas e externas, bem como os pro-
IV. 11 - iluminação pública e saneamento ambiental;
jetos e programas desenvolvidos, de acordo com a classifi-
V - política social: cação estabelecida no regulamento desta Lei e conforme os
V.1 - saúde; atos de nomeação para o provimento dos referidos cargos.
V.2 - educação; (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
V.3 - abastecimento; § 4º - A segmentação prevista no § 3º deste artigo es-
V.4 - assistência social; tende-se aos cargos públicos de provimento em comis-
V.5 - cultura; são de Assessor Jurídico III. (Redação acrescida pela Lei nº
V.6 - esportes; 10.252/2011)
V.7 - defesa dos direitos de cidadania; Art. 91 - A organização administrativa da Administração
V.8 - coordenação de programas e projetos especiais; Direta do Poder Executivo é a definida por esta Lei, observa-
VI - gestão regional de serviços e obras públicas: dos os quantitativos do Anexo I.
VI. 1 - execução regionalizada de obras e de serviços Art. 92 - Na alocação das gerências, estas poderão ser
urbanos; agrupadas em cada grau ou subgrau e subáreas constantes
VI. 2 - execução regionalizada de serviços sociais; no art. 87 desta Lei, observada a segmentação a que se refere
VI. 3 - coordenação de programas ou projetos especiais; o § 2º de seu art. 90. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
VII - atividades de política administrativa. Art. 93 - Decreto definirá:
Art. 88 - As competências relacionadas com as ativida- I - a alocação dos órgãos de terceiro grau hierárquico
des enumeradas no artigo anterior são distribuídas, segun- por Secretaria Municipal, Secretaria Municipal Adjunta ou
do pertinência funcional, em primeiro grau hierárquico, às órgãos equivalentes, bem como dos órgãos corresponden-
secretarias municipais ou a órgãos equivalentes; em segun- tes aos 3 (três) subníveis daquele terceiro grau hierárquico,
do grau hierárquico, às secretarias municipais adjuntas ou todos criados por esta Lei;II - a descrição pormenorizada das
a órgãos equivalentes; e em terceiro grau hierárquico, às atribuições incluídas nas especificações das atividades rela-
gerências ou órgãos equivalentes, sendo que as gerências tivas às sub-áreas de planejamento ou execução das áreas e
de 1º nível ou equivalentes serão segmentadas conforme o os núcleos de atividades de apoio.
disposto nos §§ 2º e 3º do art. 90 desta Lei. (Redação dada Art. 94 - Ficam mantidos os atuais Conselhos Munici-
pela Lei nº 10.101/2011) pais, criados anteriormente à vigência desta Lei, permane-
Art. 89 - Compete ao órgão de gerência: cendo com o número de membros atuais, sendo que a com-
I - dirigir o planejamento ou execução de atividades posição dos Conselhos será definida em decreto, respeitada
pertinentes à área ou subárea de atuação; a paridade existente.

170
LEGISLAÇÃO

§ 1º - Da regra de permanência da vinculação prevista XVI - Conselho Municipal de Acompanhamento e Con-


na legislação anterior a esta Lei, determinada no caput, exce- trole Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
tuam-se os seguintes casos, com a respectiva nova vinculação: do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério,
I - Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural, criado criado pela Lei nº 7.438, de 7 de janeiro de 1998: Secretaria
pela Lei nº 3.802, de 6 de julho de 1984, com as alterações Municipal de Educação;
posteriores: Administração Direta do Poder Executivo; (Reda- XVII - Conselho Municipal de Educação, criado pela Lei
ção dada pela Lei nº 9549/2008) nº 7.543, de 30 de junho de 1998: Secretaria Municipal de
II - Conselho Municipal do Meio Ambiente - COMAM -, Educação;
criado pelo Decreto nº 4.796, de 30 de agosto de 1984, e ra- XVIII - Conselho Municipal da Juventude, criado pela Lei
tificado pela Lei nº 4.253, de 4 de dezembro de 1985, com as nº 7.551, de 9 de julho de 1998: Secretaria Municipal de Go-
alterações posteriores: Secretaria Municipal de Meio Ambien- verno;
te; (Redação dada pela Lei nº 9718/2009) XIX - Conselho Municipal de Proteção e Defesa do Con-
III - Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas de Belo sumidor - COMDECON/BH -, criado pela Lei nº 7.568, de 4 de
Horizonte - CMPD-BH, criado pela Lei nº 8.806, de 6 de abril setembro de 1998: Secretaria Municipal de Políticas Sociais;
de 2004: Secretaria Municipal de Governo; (Redação dada XX - Conselho de Administração de Pessoal - CONAP -,
pela Lei nº 10.591/2012) criado pela Lei nº 7.169, de 30 de agosto de 1996: Secreta-
IV - Conselho Municipal de Prevenção de Acidentes do ria Municipal Adjunta de Recursos Humanos; (Redação dada
Trabalho, criado pela Lei nº 5.815, de 23 de novembro de pela Lei nº 9489/2008)
1990, com as alterações posteriores: Secretaria Municipal de XXI - Conselho Municipal de Defesa Social, criado pela
Administração e Recursos Humanos; Lei nº 7.616, de 10 de dezembro de 1998: Secretaria Munici-
V - Conselho Municipal de Saúde, criado pela Lei nº 5.903, pal de Segurança Urbana e Patrimonial;
de 3 de junho de 1991, e recomposto pela Lei nº 7.536, de 19 XXII - Conselho Consultivo do Eixo Cultural Rua da Bahia
de junho de 1998, com as alterações posteriores: Secretaria Viva, criado pela Lei nº 7.620, de 12 de dezembro de 1998:
Municipal de Saúde; Secretaria Municipal de Políticas Sociais;
VI - Conselho Municipal do Idoso, criado pela Lei nº
XXIII - Conselho Municipal de Desenvolvimento Econô-
6.173, de 28 de maio de 1992, com as alterações posteriores:
mico - CODECOM -, criado pela Lei nº 7.638, de 18 de janeiro
Secretaria Municipal de Políticas Sociais;
de 1999: Secretaria Municipal de Desenvolvimento; (Redação
VII - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
dada pela Lei nº 10.101/2011)
Adolescente, criado pela Lei nº 8.502, de 06 de março de
XXIV - Conselho de Alimentação Escolar - CAE -, criado
2003: Secretaria Municipal de Políticas Sociais;
pelo Decreto nº 10.306, de 26 de julho de 2000: Secretaria
VIII - Conselho Tutelar, previsto na Lei nº 6.263, de 20 de
novembro de 1992, instituído pela Portaria nº 3.704, de 19 Municipal de Políticas Sociais;
de maio de 1999, e disciplinado pelas Leis nºs 6.705, de 5 de XXV - Conselho Municipal de Habitação, criado pela
agosto de 1994, e 7.024, de 3 de janeiro de 1996, com as al- Lei nº 6.508, de 12 de janeiro de 1994: Secretaria Muni-
terações posteriores: Secretaria Municipal de Políticas Sociais; cipal de Obras e Infraestrutura; (Redação dada pela Lei nº
IX - Conselho Municipal de Saneamento - COMUSA -, 10.101/2011)
criado pela Lei nº 8.260, de 3 de dezembro de 2001: Secre- XXVI (Revogado pela Lei nº 10.101/2011)
taria Municipal de Obras e Infraestrutura; (Redação dada pela XXVII - Conselho Municipal de Segurança Alimentar e
Lei nº 10.101/2011) Nutricional de Belo Horizonte - COMUSAN-BH -, criado pelo
X - Conselho Municipal de Abastecimento e Segurança Decreto nº 11.341, de 30 de maio de 2003: Secretaria Mu-
Alimentar - COMASA -, criado pela Lei nº 6.739, de 17 de ou- nicipal de Políticas Sociais. (Redação acrescida pela Lei nº
tubro de 1994: Secretaria Municipal de Políticas Sociais; 9155/2006)
XI - Conselho Municipal de Pessoas Portadoras de Defi- § 2º - Decreto estabelecerá a compatibilização da disci-
ciência, criado pela Lei nº 6.953, de 10 de outubro de 1995: plina específica dos Conselhos Municipais, tendo em vista a
Secretaria Municipal de Políticas Sociais; nova vinculação estabelecida nesta Lei, respeitadas as maté-
XII - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, criado rias de reserva legal.
pela Lei nº 6.948, de 14 de setembro de 1995, regulamentado Art. 95 - Ficam mantidas as atuais Coordenadorias Muni-
pelo Decreto nº 8.544, de 8 de janeiro de 1996: Secretaria Mu- cipais, criadas anteriormente à vigência desta Lei, sendo que
nicipal de Políticas Sociais; sua vinculação será definida em decreto.
XIII - Conselho Municipal de Política Urbana - COMPUR Art. 96 - Ficam mantidos como órgãos os Centros de
-, criado pela Lei nº 7.165, de 27 de agosto de 1996: Secreta- Apoio Comunitário - CAC -, os centros culturais, os museus,
ria Municipal de Desenvolvimento; (Redação dada pela Lei nº os teatros, as bibliotecas, os parques, as unidades de Ensino,
10.101/2011) as unidades auxiliares de Ensino, as unidades de Atendimen-
XIV - Conselho Municipal de Assistência Social, criado to à Saúde, os laboratórios, as centrais de Internação, as far-
pela Lei nº 7.099, de 27 de maio de 1996: Secretaria Municipal mácias, os centros de Convivência e de Referência especiali-
de Políticas Sociais; zados, as centrais de Esterilização e as unidades de Controle
XV - Conselho Municipal de Turismo - COMTUR -, cria- Sanitário.
do pela Lei nº 7.250, de 14 de janeiro de 1997: Secretaria Parágrafo Único. Decreto disporá sobre a alocação dos
Municipal de Desenvolvimento; (Redação dada pela Lei nº órgãos referidos no caput, bem como dos equipamentos pú-
10.101/2011) blicos e comunitários, observada a circunscrição respectiva.

171
LEGISLAÇÃO

Art. 97 - Os cargos públicos efetivos da estrutura fun- § 4º - O Assessor de Segurança II será remunerado em
cional da Administração direta do Poder Executivo são os valor equivalente ao Gerente de 2º nível.
previstos na Lei nº 7.235/96, na Lei nº 7.238/96, na Lei nº § 5º - O Assessor de Segurança I será remunerado em
7.645/99, na Lei nº 7.971/00, na Lei nº 8.690/03, na Lei nº valor equivalente ao Gerente de 3º nível.
8.691/03, na Lei nº 8.788/04, no inciso III do artigo 81 da Lei § 6º - Os pisos de remuneração e as gratificações de
nº 7.169/96, e na legislação pertinente à matéria. dedicação exclusiva dos cargos públicos de provimento em
Parágrafo Único. Também integram a estrutura funcio- comissão relacionados no Anexo V são os nele fixados, per-
nal da Administração direta do Poder Executivo os cargos manecendo inalterados os pisos de remuneração, as grati-
públicos cujos ocupantes não optaram pelas carreiras ins- ficações de dedicação exclusiva e as gratificações de fun-
tituídas pelas leis mencionadas no caput e os empregos ção dos demais cargos comissionados e funções públicas.
públicos previstos no § 3º do artigo 271 da Lei nº 7.169/96. Art. 105 - Fica mantida a Superintendência de Desen-
Art. 98 - A Secretaria Municipal de Administração e Re- volvimento da Capital - SUDECAP -, autarquia criada pela
cursos Humanos compatibilizará a lotação dos cargos e em- Lei nº 1.747, de 9 de dezembro de 1969, com as alterações
pregos públicos de caráter efetivo nos diversos órgãos da introduzidas pela legislação posterior, com seu objetivo cir-
Administração Direta, com a nova definição de objetivos e cunscrito à implementação da política governamental para
competências estabelecidos por esta Lei. o Plano de Obras do Município e ao planejamento e execu-
Art. 99 - A habilitação exigida para o provimento dos ção dos serviços de abastecimento de água e esgotamento
cargos públicos efetivos da estrutura funcional da Adminis- sanitário em colaboração com a Administração Direta do
tração direta do Poder Executivo são os previstos na Lei nº Poder Executivo.
7.235/96, na Lei nº 7.238/96, na Lei nº 7.645/99, na Lei nº § 1º - À SUDECAP compete:
7.971/00, na Lei nº 8.690/03, na Lei nº 8.691/03, na Lei nº I - elaborar projetos e executar obras, inclusive em
8.788/04, e na legislação pertinente à matéria inclusive no ZEIS, conforme os planos definidos pela Secretaria Muni-
regulamento desta Lei. cipal de Obras e Infraestrutura; (Redação dada pela Lei nº
Art. 100 - Ficam extintos os cargos em comissão do 10.101/2011)
Quadro da Administração Direta do Poder Executivo cuja II - executar os serviços e obras de manutenção dos
quantidade de vagas não conste do Anexo I. bens imóveis e logradouros públicos;
Art. 101 - Ficam criados os cargos especificados no III - prestar suporte técnico e administrativo ao Conse-
Anexo I, com a quantidade de vagas nele prevista, dentre os lho Municipal de Saneamento - COMUSA - ;IV - gerenciar,
quais se incluem os decorrentes de transformação, mantida por delegação específica, os contratos de obras e serviços
a correlação entre o Quadro previsto no Anexo I da Lei nº de engenharia firmados pelo Município; (Redação dada
8.146/00, com a redação dada pela Lei nº 8.288/01, e pela pela Lei nº 10.632/2013)
Lei nº 8.567/03 e o composto pelos cargos criados ou trans- V - executar, mediante regime de concessão, os servi-
formados por força desta Lei na forma de seu Anexo I. ços relativos ao abastecimento de água, luz e esgotamento
Art. 102 - O Executivo atribuirá a um ocupante de cargo sanitário do Município, inclusive suas atividades acessórias,
de Consultor Técnico Especializado ou de Assessor Especial conforme os planos definidos pela Secretaria Municipal de
as tarefas relacionadas aos assuntos metropolitanos. Obras e Infraestrutura e em colaboração com os demais
Art. 103 - Fica mantida, para os servidores alcançados entes federados. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
pela norma do Parágrafo único do artigo 76 da Lei nº 6.352, § 2º - A estrutura administrativa superior da SUDECAP
de 15 de julho de 1993, a ratificação ali determinada. passa a ter a seguinte composição:
Art. 104 - A remuneração devida a ocupante de cargo I - Na administração superior:
de Secretário Municipal e equivalentes, assim como a remu- I.1 - Conselho Fiscal;
neração devida a Secretário Municipal Adjunto e equivalen- I.2 - 01 (um) cargo de Superintendente de 1º nível;
tes é a definida em legislação em vigor no Município, con- I.3 - 06 (seis) cargos de Diretor: (Redação dada pela Lei
forme processo legislativo ditado pela Constituição Federal. nº 9330/2007)
§ 1º - O cargo de Consultor Técnico Especializado será I.3.1 - 1 (um) cargo de Diretor de Projetos;
remunerado em valor equivalente ao subsídio do Secretário I.3.2 - 1 (um) cargo de Diretor de Obras;
Municipal Adjunto, e ainda que exercido por servidor do I.3.3 - 1 (um) cargo de Diretor de Planejamento e Con-
quadro efetivo, a soma do acréscimo relativo a direitos e trole; (Redação dada pela Lei nº 10.632/2013)
vantagens do cargo ou emprego de origem fica limitada ao I.3.4 - 01 (um) cargo de Diretor Jurídico;
valor máximo do subsídio do Secretário Municipal. I.3.5 - 01 (um) cargo de Diretor Administrativo - Finan-
§ 2º - Os cargos de Assessor Especial e Assessor Especial ceiro;
de Defesa Social serão remunerados em valor equivalente a I.3.6 - 1 (um) cargo de Diretor de Manutenção; (Reda-
85% (oitenta e cinco por cento) do subsídio do Secretário ção dada pela Lei nº 10.101/2011)
Municipal Adjunto, e ainda que exercido por servidor do II - Na estrutura organizacional:
quadro efetivo, a soma do acréscimo relativo a direitos e a) 26 (vinte e seis) cargos de Chefe de Departamento,
vantagens do cargo ou emprego de origem fica limitada ao de 3º nível; (Redação dada pela Lei nº 10.632/2013)
valor máximo do subsídio do Secretário Municipal. b) 06 (seis) cargos de Assessor de 3º nível;
§ 3º - O Chefe da Coordenadoria de Defesa Civil será c) 01 (um) cargo de chefe de gabinete de 3º nível;
remunerado em valor equivalente a Secretário Municipal d) 46 (quarenta e seis) cargos de Chefe de Divisão, de
Adjunto. 4º nível; (Redação dada pela Lei nº 10.632/2013)

172
LEGISLAÇÃO

e) 12 (doze) cargos de Chefe de Seção, de 5º nível; (Redação dada pela Lei nº 10.632/2013)
f) 8 (oito) cargos de Secretário, de 5º nível. (Redação dada pela Lei nº 10.632/2013)
§ 3º - O Conselho Fiscal, unidade colegiada de fiscalização e controle, será composto por 5 (cinco) membros efetivos e respec-
tivos suplentes, de livre escolha do Prefeito, para mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução;
§ 4º - Decreto adequará a regulamentação da SUDECAP a esta Lei, no que couber, respeitadas as matérias de reserva legal.
Art. 106 - Fica mantida a Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte - SLU -, autarquia municipal criada pela Lei
nº 2.220, de 27 de agosto de 1973, com as alterações da Lei nº 6.290, de 23 de dezembro de 1992, com seu objetivo circunscrito
à implementação da política governamental para o Sistema de Limpeza Urbana e de metas do Plano Diretor de Resíduos Sólidos
em colaboração com a Administração Direta do Poder Executivo.
§ 1º - À SLU compete:
I - elaborar projetos de limpeza, coleta domiciliar e seletiva;
II - executar, direta ou indiretamente, os serviços de limpeza urbana; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
III - realizar atividades de envolvimento, sensibilização e conscientização da sociedade em relação à limpeza urbana e ao ade-
quado manejo do lixo;
IV - colaborar com a Secretaria Municipal Adjunta de Fiscalização no exercício do poder de polícia, no âmbito do Sistema de
Limpeza Urbana, sobre os serviços e as condutas dos operadores e usuários; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
V - gerenciar, por delegação específica, os contratos de serviços de limpeza e conservação de vias públicas e congêneres
firmados pelo Município, empenhados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
§ 2º - A SLU passa a ter a seguinte estrutura administrativa:
I - Na administração superior:
I.1 - Conselho Fiscal;
I.2 - 01 (um) cargo de Superintendente, de 1º nível;
I.3 - 04 (quatro) cargos de Diretor, de 2º nível:
I.3.1 - Diretoria Operacional;
I.3.2 - Diretoria de Gestão e Planejamento;
I.3.3 - Diretoria Jurídica
I.3.4 - Diretoria Administrativo-Financeira
II - Na estrutura organizacional:
a) 08 (oito) cargos de Chefe de Departamento, de 3º nível;
b) 06 (seis) cargos de Assessor de 3º nível;
c) 01 (um) cargo de chefe de gabinete de 3º nível;
d) 17 (dezessete) cargos de Chefe de Divisão, de 4º nível;
e) 21 (vinte e um) cargos de Chefe de Seção de 5º nível;
f) 05 (cinco) cargos de Secretário de 5º nível.
§ 3º - O Conselho Fiscal, unidade colegiada de fiscalização e controle, será composto por 5 (cinco) membros efetivos e respec-
tivos suplentes, de livre escolha do Prefeito, para mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução;
§ 4º - Decreto adequará a regulamentação da SLU a esta Lei, no que couber, respeitadas as matérias de reserva legal.
Art. 107 - O provimento dos cargos em comissão das Autarquias dar-se-á sob as seguintes regras:
I - no caso de cargos de Superintendente e Diretor, por escolha do Prefeito, devendo ser diplomados em nível superior;
II - no caso de cargos de Chefes de Departamento; Divisão, Seção, Secretário, Chefe de Gabinete e Assessor, por escolha
do Prefeito.
III - o provimento dos cargos de diretores, chefes de departamento; de divisão; de seção, chefe de gabinete, assessor
e secretários, dar-se-á por recrutamento limitado e amplo, na proporção de 65% (sessenta e cinco por cento) e 35% (trinta
e cinco por cento), respectivamente, podendo este último percentual atingir 50% (cinqüenta por cento), com redução pro-
porcional do primeiro, desde que o acréscimo seja destinado, exclusivamente, a servidor da Administração Direta e Indireta.
Art. 107
Art. 107 A - Os cargos de provimento em comissão da estrutura organizacional da SLU e da SUDECAP, do 3º ao 5º nível
hierárquico, terão suas remunerações fixadas em parâmetros equivalentes às remunerações dos cargos de provimento em
comissão da Administração Direta do Poder Executivo de igual hierarquia, nos seguintes termos:

173
LEGISLAÇÃO

_________________________________________________________________
|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM|
|COMISSÃO DA ESTRUTURA ORGANIZA-|COMISSÃO EQUIVALENTES NA ESTRU-|
|CIONAL DA SLU E DA SUDECAP |TURA ORGANIZACIONAL DA ADMINIS-|
| |TRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTIVO|
|================================|================================|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 1º nível - C / Asses-| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|3º nível |sor III - C |
|C|
|--------------------------------|--------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 2º nível |
|4º nível | |
|--------------------------------|--------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 3º nível |
|5º nível | |
|________________________________|________________________________| (Redação dada pela Lei nº 9549/2008)expandir tabela

Art. 108 - Serão fixadas pelos superintendentes da SUDECAP e da SLU e pelos titulares da Secretaria Municipal de Obras e
Infraestrutura e da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, respectivamente, conforme a vinculação estabelecida nesta Lei,
aprovadas pelo Chefe do Poder Executivo, mediante decreto, as atribuições das diretorias, dos departamentos, das divisões e
das seções dos referidos entes autárquicos. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
Art. 109 - O Programa de Incentivo à Aposentadoria - PIA -, criado pela Lei nº 8.288, de 28 de dezembro de 2001, fica
mantido exclusivamente para os ocupantes de emprego público das autarquias municipais referidas na sua Lei de criação
admitidos até a data da publicação desta Lei.
Art. 110 - Ficam extintas da estrutura organizacional da Administração Direta do Poder Executivo a Secretaria Municipal
de Estrutura Urbana, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e a Secretaria Municipal Administrativa e Financeira da Política
Urbana e Ambiental, a Secretaria Municipal de Cultura e a Secretaria Municipal Administrativa e Financeira da Política Social.
Art. 111 - Fica o Executivo autorizado a promover os atos de alteração dos objetivos da Companhia Urbanizadora de Belo
Horizonte - URBEL -, cuja constituição inicial, como Ferro de Belo Horizonte S.A., ocorreu mediante autorização contida na Lei
nº 898, de 30 de outubro de 1961, e que passa a ser designada Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte -
URBEL -, para circunscrevê-los, em colaboração com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, às seguintes atividades:
(Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
I - coordenação e execução de projetos e obras de urbanização de vilas e favelas, em colaboração com os órgãos da Ad-
ministração Municipal;
II - habitação popular em vilas e favelas;
III - coordenação da estratégia de intervenção em áreas de risco no Município;
IV - urbanização, reurbanização e administração de patrimônio imobiliário do Poder Público Municipal e de áreas classi-
ficadas como ZEIS-1;
V - atividades de cooperação em nível técnico e de execução com a Administração Direta do Executivo, mantidos os de-
mais objetivos legais e estatutários;
VI - elaborar e implementar a política de moradia no Município;
VII - coordenar a elaboração de projetos e obras de conjuntos habitacionais, edificações e parcelamentos de interesse
social e as atividades de produção de moradia;
VIII - normatizar, monitorar e avaliar as ações de intervenção em conjuntos habitacionais de interesse social no Município;
IX - manter atualizado banco de dados unificado das famílias beneficiadas pelos programas do Município;
X - implementar ações visando à organização e à convivência dos grupos de famílias beneficiárias dos programas habita-
cionais, especialmente no que diz respeito à gestão de áreas de uso coletivo;
XI - prestar, em colaboração com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, suporte técnico e administrativo ao
Conselho Municipal de Habitação. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
Art. 112 - Fica criada a Fundação de Parques Municipais - FPM -, com personalidade jurídica de direito público, prazo de
duração indeterminado, sede e foro nesta Capital.
Parágrafo Único. A Fundação integra a Administração Pública Indireta do Município, vinculando-se à Secretaria Municipal
de Meio Ambiente. (Redação dada pela Lei nº 9718/2009)
Art. 113 - A Fundação de Parques Municipais tem por finalidade desenvolver atividades, programas e projetos de conser-
vação e desenvolvimento dos parques municipais, observadas as diretrizes da política de meio ambiente do Município.
Art. 114 - Para cumprir sua finalidade, compete à Fundação de Parques Municipais:
I - planejar, administrar e manter os parques do Município;
II - promover atividades sistemáticas de educação ambiental, associada à proteção e valorização dos recursos florísticos
e faunísticos;
III - promover atividades e eventos voltados para as atividades de lazer e recreação;

174
LEGISLAÇÃO

IV - articular-se com entidades públicas ou privadas vi- Parágrafo Único. Incluem-se, na estrutura da Fundação,
sando aprimorar os recursos técnicos e operacionais; 17 (dezessete) cargos de direção de parque, sendo 5 (cinco)
V (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) de 3º nível e 12 (doze) de 4º nível, distribuídos na forma do
VI - gerenciar o Fundo Municipal de Operação do Parque Estatuto. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
das Mangabeiras. (Redação acrescida pela Lei nº 9718/2009) Art. 119 - O estatuto da Fundação de Parques Munici-
Art. 115 - A Fundação de Parques Municipais reger-se-á pais detalhará as competências das unidades mencionadas
pelas disposições da presente Lei, pelo estatuto a ser aprovado no artigo anterior, observadas as seguintes normas:
por decreto, e pelas demais normas de direito aplicáveis. (Esta- I - as funções do Conselho Curador, unidade colegiada
tuto aprovado pelo Decreto nº 12.307/2006) de direção superior, não remunerada, serão exercidas con-
Art. 116 - O patrimônio da Fundação de Parques Munici- forme se dispuser no estatuto da Fundação;
pais será constituído por: II - O Conselho Fiscal, unidade colegiada de fiscaliza-
I - bens que adquirir; ção e controle, será composto por 3 (três) membros efe-
II - legados e doações que receber.
tivos e respectivos suplentes, de livre escolha do Prefeito,
§ 1º - Os bens e direitos da Fundação serão utilizados e
para mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução;
aplicados exclusivamente na consecução de sua finalidade.
Art. 120 - O provimento dos cargos em comissão da
§ 2º - A alienação de bens da Fundação dependerá de
prévia aprovação de seu Conselho Curador, avaliação, licitação Fundação de Parques Municipais dar-se-á sob as seguintes
e, no caso de bens imóveis, também de autorização legislativa. regras:
§ 3º - Em caso de extinção, os bens e direitos da Fundação I - a Diretoria Executiva será composta por 01 (um)
serão incorporados ao patrimônio do Município. presidente, nomeado pelo Prefeito a partir de lista tríplice
Art. 117 - Constituem receitas da Fundação de Parques elaborada pelo Conselho Curador, e por 3 (três) diretores,
Municipais: nomeados pelo Prefeito;
I - dotação orçamentária consignada anualmente no orça- II - no caso de cargos de Chefes de Departamento; Di-
mento do Município; visão, Seção, Secretário, Coordenador, Chefe de Gabinete
II - renda resultante da remuneração de serviços presta- e Assessor, por escolha do Presidente, homologada pelo
dos; Prefeito;
III - renda patrimonial, inclusive a proveniente de conces- III - o provimento dos cargos de diretores, chefes de
são e permissão de uso de bens imóveis; departamento; de divisão; de seção, coordenador, secre-
IV - subvenção ou auxílio de órgão ou entidade pública ou tários, chefe de gabinete e assessor, dar-se-á por recruta-
privada, nacional, estrangeira ou internacional; mento limitado e amplo, na proporção de 65% (sessenta e
V - recurso proveniente de incentivo fiscal; cinco por cento) e 35% (trinta e cinco por cento), respecti-
VI - contribuição e donativos em geral; vamente, podendo este último percentual atingir 50% (cin-
VII - empréstimos; qüenta por cento), com redução proporcional do primeiro,
VIII - renda proveniente da aplicação financeira; desde que o acréscimo seja destinado, exclusivamente, a
IX - outras rendas. servidor da Administração Direta e Indireta.
Art. 118 - A Fundação de Parques Municipais terá a se- Art. 121 - O quadro de pessoal da Fundação de Par-
guinte estrutura: ques Municipais é constituído por cargos de provimento
I - Na administração superior: efetivo, cuja investidura dependerá de prévia aprovação
I.1 - Conselho Curador; em concurso público, bem como de cargos de provimento
I.2 - Conselho Fiscal; em comissão, de livre nomeação e exoneração, nos termos
I.3 - Diretoria Executiva;
desta Lei. (Vide § 5º do Art. 19 da Lei nº 10.252/2011)
I.3.1 - 01 (um) cargo de Presidente, de 1º nível;
§ 1º - O quadro de pessoal efetivo da Fundação de
I.3.2 - 1 (um) cargo de Diretor de Parques da Área Norte,
Parques Municipais é o constante do Anexo III desta Lei,
de 2º nível;
compondo-se dos cargos públicos de Técnico de Nível Su-
1.3.3 - 1(um) cargo de Diretor de Parques da Área Sul, de
2º nível; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) perior, Técnico de Nível Médio e Assistente Administrativo.
I.3.4 - 01 (um) cargo de Diretor Administrativo Financeiro, (Redação dada pela Lei nº 9276/2006)
de 2º nível; § 2º - A habilitação, atribuições, jornada de trabalho e
II - Na estrutura organizacional: remuneração dos cargos públicos efetivos de Técnico de
a) 1 (um) cargo de Chefe de Departamento, de 3º nível; Nível Superior, Técnico de Nível Médio e Assistente Admi-
(Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) nistrativo são equivalentes às dos cargos públicos efetivos
b) 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete do Presidente, 3º de Analista de Políticas Públicas, Técnico de Serviço Público
nível; e Assistente Administrativo, respectivamente, previstos na
c) 1 (um) cargo de Assessor, de 3º nível; (Redação dada Lei nº 8.690, de 19 de novembro de 2003 e seu regulamen-
pela Lei nº 10.101/2011) to. (Redação dada pela Lei nº 9276/2006)
d) 01 (um) cargo de Assessor Jurídico 3º nível; § 3º - Os cargos de Presidente e Diretor da Fundação
e) 4 (quatro) cargos de Chefe de Divisão, de 4º nível; (Re- terão a mesma remuneração dos cargos de igual nível da
dação dada pela Lei nº 10.101/2011) Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte.
f) 06 (seis) cargos de Chefe de Seção de 5º nível;
g) 04 (quatro) cargos de Secretário de 5º nível.

175
LEGISLAÇÃO

§ 4º - Os cargos de provimento em comissão da estrutura organizacional da Fundação de Parques Municipais, do 3º ao


5º nível hierárquico, terão suas remunerações fixadas em parâmetros equivalentes às remunerações dos cargos de provi-
mento em comissão da Administração Direta do Poder Executivo de igual hierarquia, nos seguintes termos:
_________________________________________________________________
|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM|
|COMISSÃO DA ESTRUTURA ORGANIZA-|COMISSÃO EQUIVALENTES NA ESTRU-|
|CIONAL DA FUNDAÇÃO DE PARQUES|TURA ORGANIZACIONAL DA ADMINIS-|
|MUNICIPAIS |TRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTIVO|
|================================|================================|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 1º nível - C/Assessor| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|3º nível |III - C |
|C|
|--------------------------------|--------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 2º nível |
|4º nível | |
|--------------------------------|--------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do|Gerente de 3º nível |
|5º nível | |
|________________________________|________________________________| (Redação dada pela Lei nº 9549/2008)expandir tabela

§ 5º - Aos ocupantes dos cargos públicos efetivos de Técnico de Nível Superior, Técnico de Nível Médio e Assistente
Administrativo da Fundação de Parques Municipais aplica-se, no que couber, a legislação de pessoal dos servidores públi-
cos efetivos da Administração direta do Poder Executivo, especialmente as regras da Lei nº 7.169, de 30 de agosto de 1996
e suas alterações, as regras de progressão profissional previstas na Lei nº 8.690/03, o disposto no art. 5º da Lei nº 6.560, de
28 de fevereiro de 1994 e suas alterações, e o disposto nos artigos 122, 122A e 122B da Lei nº 8.146, de 29 de dezembro de
2000, com redação dada pelo art. 23 da Lei nº 8.288, de 28 de dezembro de 2001. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 6º - Aos ocupantes do cargo público efetivo de Técnico de Nível Superior e aos servidores titulares do cargo efetivo
de Analista de Políticas Públicas, cedidos para a Fundação de Parques Municipais é devida a gratificação instituída na Lei nº
7.717, de 4 de maio de 1999, suas alterações e seu regulamento. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 7º - A jornada de trabalho dos servidores poderá ocorrer em turnos diurnos e noturnos ou em finais de semana, de
acordo com as especificidades das atividades e conforme as necessidades da Fundação, podendo ser praticado o sistema
de plantão. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 8º - Aos ocupantes dos cargos públicos de provimento em comissão da Fundação de Parques Municipais aplica-se,
no que couber, a Lei nº 7.169/96, e suas alterações. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
Art. 122 - A Fundação de Parques Municipais gozará de autonomia administrativa e financeira, assegurada, especial-
mente, por dotações orçamentárias e saldos de fim de exercício, patrimônio próprio e renda dele decorrente, aplicação de
suas receitas, assinatura de contratos e convênios com outras instituições.
Art. 123 - Fica o Poder Executivo autorizado a conferir à Fundação de Parques Municipais, diretamente ou através de
estabelecimento oficial de crédito, garantia do Município de Belo Horizonte em operações de crédito e financiamento.
Art. 124 - Será fixada, por decreto, a data de entrada em operação da Fundação de Parques Municipais, após a apro-
vação do respectivo estatuto.
Art. 125 - O Parque Ecológico Francisco Lins do Rego permanece sob o gerenciamento e conservação da Fundação
Zoo-Botânica de Belo Horizonte - FZB.
Art. 126 - Fica alterada a redação do inciso I do artigo 3º da Lei nº 5.904/91, na seguinte forma:
“I - planejar e administrar o Jardim Zoológico, o Jardim Botânico, o Parque Ecológico Francisco Lins do Rego, as hortas
e viveiros do Município. (NR)”.
Art. 127 - Fica revogado o item III. 1.1 do artigo 7º da Lei nº 5.904/91, e acrescidos os itens III.5, III.5.1 e III.5.2, na se-
guinte forma:
“III. 1.1 - Revogado;
III. 5 - Departamento de Educação Ambiental e Gestão do Parque Ecológico Francisco Lins do Rego;
III. 5.1 - Serviço de Educação Ambiental;
III. 5.2 - Serviço de Gestão do Parque Ecológico Francisco Lins do Rego. (AC)”
Art. 128 - Fica alterada a redação do inciso III do art. 8º da Lei nº 5.904/91, na seguinte forma:
III - A Diretoria Executiva será composta por um presidente, nomeado pelo Prefeito, a partir de lista tríplice elaborada
pelo Conselho Curador e por 4 (quatro) diretores, correspondentes aos Departamentos indicados no art. 7º, nomeados pelo
Prefeito. (NR)”.
Art. 129 - Fica alterado o Anexo I a que se refere o artigo 10 da Lei nº 5.904/91, na seguinte forma:

176
LEGISLAÇÃO

“ANEXO I A QUE SE REFERE O ARTIGO 10 DA LEI Nº 5904/91


FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DE BELO HORIZONTE
CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO
_____________________________________
|DENOMINAÇÃO|Nº DE CARGOS|RECRUTAMENTO|
|===========|============|============|
|-----------|------------|------------|
|Diretor | 04|amplo |
|-----------|------------|------------|
|Chefe de |02 |limitado |
|Serviço | | |
|-----------|------------|------------|
|___________|____________|____________|” (NR).expandir tabela
Art. 130 - Fica criada a Fundação Municipal de Cultura - FMC -, com personalidade jurídica de direito público, prazo de
duração indeterminado, sede e foro nesta Capital.

Parágrafo Único. A Fundação integra a Administração Pública indireta do Município, vinculando-se ao Gabinete do
Prefeito.
Art. 131 - A Fundação Municipal de Cultura tem por finalidade planejar e executar a política cultural do Município com
atividades que visem ao desenvolvimento cultural.
Parágrafo Único. A Comissão Municipal de Incentivo à Cultura - CMIC-, instituída pela Lei nº 6.498, de 29 de dezembro
de 1993, e suas alterações posteriores, vincula-se à Fundação Municipal de Cultura.
Art. 132 - Para cumprir sua finalidade, compete à Fundação Municipal de Cultura:
I - planejar e coordenar programas, projetos e atividades que visem ao desenvolvimento cultural;
II - dirigir a execução de projetos, programas e atividades de ação cultural do Município;
III - planejar e coordenar as atividades de casas de espetáculos, museus, bibliotecas, arquivos, centros culturais e outras
atividades culturais promovidas ou patrocinadas pelo Município;
IV - gerenciar as unidades de cultura citadas no inciso III deste artigo.
V - promover, conjuntamente com as Administrações Regionais, manifestações culturais organizadas pela população
dos bairros ou de interesse desta;
VI - implantar a política municipal de arquivos, mediante o recolhimento e catalogação de documentos produzidos
e recebidos pela Administração Pública no âmbito do Poder Executivo, bem como estabelecer normas, gerir, conservar e
organizar os arquivos públicos municipais, de modo a facultar o seu acesso ao público interessado;
VII - promover atividades e eventos voltados para as atividades de lazer e recreação;
VIII - articular-se com entidades públicas ou privadas visando aprimorar os recursos técnicos e operacionais;
IX - gerir os Fundos Municipais de Incentivo à Cultura e de Projetos Culturais.
X - elaborar a política de proteção do patrimônio histórico urbano, articulando-a com a política de estruturação urbana
do Município;
XI - prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural. (Redação acrescida pela
Lei nº 9549/2008)
Art. 133 - A Fundação Municipal de Cultura reger-se-á pelas disposições da presente Lei, pelo estatuto a ser aprovado
por decreto, e pelas demais normas de direito aplicáveis. (Estatuto aprovado pelo Decreto nº 16.049/2015)
Art. 134 - O patrimônio da Fundação Municipal de Cultura será constituído por:
I - bens que adquirir;
II - legados e doações que receber.
§ 1º - Os bens e direitos da Fundação serão utilizados e aplicados exclusivamente na consecução de sua finalidade.
§ 2º - A alienação de bens da Fundação dependerá de prévia aprovação de seu Conselho Curador, avaliação, licitação
e, no caso de bens imóveis, também de autorização legislativa.
§ 3º - Em caso de extinção, os bens e direitos da Fundação serão incorporados ao patrimônio do Município.
Art. 135 - Constituem receitas da Fundação Municipal de Cultura:
I - dotação orçamentária consignada anualmente no orçamento do Município;
II - renda resultante da remuneração de serviços prestados;
III - renda patrimonial, inclusive a proveniente de cessão, concessão e permissão de uso de bens imóveis;
IV - subvenção ou auxílio de órgão ou entidade pública ou privada, nacional, estrangeira ou internacional;
V - recurso proveniente de incentivo fiscal;
VI - contribuição e donativos em geral;
VII - empréstimos;
VIII - renda proveniente da aplicação financeira;
IX - outras rendas.

177
LEGISLAÇÃO

Art. 136 - A Fundação Municipal de Cultura terá a seguinte Art. 137 - O estatuto da Fundação Municipal de Cultura
estrutura: detalhará as competências das unidades mencionadas no
I - Na administração superior: artigo anterior, observadas as seguintes normas:
I.1 - Conselho Curador; I - as funções do Conselho Curador, unidade colegiada
I.2 - Conselho Fiscal; de direção superior, não remunerada, serão exercidas con-
I.3 - Diretoria Executiva forme se dispuser no estatuto da Fundação;
I.3.1 - 01 (um) cargo de Presidente, de 1º nível; II - O Conselho Fiscal, unidade colegiada de fiscaliza-
I.3.2 - 01 (um) cargo de Diretor de Planejamento e Projetos ção e controle, será composto por 3 (três) membros efe-
Culturais, de 2º nível; tivos e respectivos suplentes, de livre escolha do Prefeito,
I.3.3 - 01 (um) cargo de Diretor de Ação Cultural, de 2º nível; para mandato de 2 (dois) anos, permitida a recondução.
I.3.4 - 01 (um) cargo de Diretor Administrativo Financeiro, de Art. 138 - O provimento dos cargos em comissão da
2º nível. Fundação Municipal de Cultura dar-se-á sob as seguintes
II - Na estrutura organizacional: regras:
a) 9 (nove) cargos de Chefe de Departamento, de 3º nível; (Re- I - a Diretoria Executiva será composta por 01 (um)
dação dada pela Lei nº 10.101/2011) presidente, nomeado pelo Prefeito a partir de lista tríplice
b) 01 (um) cargo de Chefe de Gabinete do Presidente, de 3º elaborada pelo Conselho Curador, e por 3 (três) diretores,
nível; nomeados pelo Prefeito;
c) 1 (um) cargo de Assessor III, de 3º nível; (Redação dada pela II - no caso de cargos de Chefes de Departamento; Di-
Lei nº 10.101/2011) visão, Seção, Secretário, Coordenador, Chefe de Gabinete
d) 01 (um) cargo de Assessor Jurídico, de 3º nível; e Assessor, por escolha do Presidente, homologada pelo
e) 16 (dezesseis) funções públicas de recrutamento res- Prefeito;
trito de Gerente de Centro Cultural; (Redação dada pela Lei nº III - o provimento dos cargos de diretores, chefes de
10.101/2011) departamento; de divisão; de seção, coordenador, secre-
f) 6 (seis) cargos de Chefe de Seção, de 5º nível; (Redação tários, chefe de gabinete e assessor, dar-se-á por recruta-
dada pela Lei nº 10.101/2011)
mento limitado e amplo, na proporção de 65% (sessenta e
g) 1 (um) cargo de Assessor II, de 4º nível. (Redação acrescida
cinco por cento) e 35% (trinta e cinco por cento), respecti-
pela Lei nº 10.101/2011)
vamente, podendo este último percentual atingir 50% (cin-
Parágrafo Único. Incluem-se, na estrutura da Fundação, 33
qüenta por cento), com redução proporcional do primeiro,
(trinta e três) cargos de direção de equipamentos e unidades cul-
desde que o acréscimo seja destinado, exclusivamente, a
turais, sendo 4 (quatro) de 2º nível, 8 (oito) de 3º nível e 21 (vinte e
servidor da Administração Direta e Indireta.
um) de 4º nível, distribuídos na forma do estatuto. (Redação dada
pela Lei nº 10.101/2011) Parágrafo Único. O recrutamento limitado a que se refe-
Art. 136 A - Fica criada a função pública de Gerente de Cen- re o inciso III do caput deste artigo compreenderá servido-
tro Cultural, provida por ato livre de nomeação e exoneração do res ocupantes de cargos de provimento efetivo da Funda-
Prefeito, a ser exercida por servidor público municipal efetivo que ção Municipal de Cultura, bem como servidores ocupantes
não ocupe cargo em comissão e que já tenha cumprido o estágio de cargos ou empregos de provimento efetivo da adminis-
probatório. (Vide Lei nº 10.753/2014) tração direta ou indireta do Município, cedidos à Fundação
Parágrafo Único. São responsabilidades do Gerente de Centro Municipal de Cultura, que tenham exercido cargo, emprego
Cultural: ou função pública na extinta Secretaria Municipal de Cultu-
I - gerenciar a unidade respectiva, zelando pela qualidade dos ra. (Redação acrescida pela Lei nº 10.764/2014)
serviços prestados; Art. 139 - O quadro de pessoal da Fundação Municipal
II - planejar e programar as ações a serem desenvolvidas na de Cultura é constituído por cargos de provimento efetivo,
área de abrangência do Centro Cultural; cuja investidura dependerá de prévia aprovação em con-
III - supervisionar as ações desenvolvidas e a produção de curso público, bem como de cargos de provimento em co-
cada servidor lotado no Centro Cultural; missão, de livre nomeação e exoneração, nos termos desta
IV - promover reuniões de trabalho objetivando a integração Lei. (Vide § 5º do Art. 19 da Lei nº 10.252/2011)
e a articulação entre os servidores do Centro Cultural e a popula- § 1º - O quadro de pessoal efetivo da Fundação Mu-
ção. nicipal de Cultura é o constante do Anexo IV desta Lei,
Art. 136 B - A jornada prevista para a função de Gerente de compondo-se dos cargos públicos de Técnico de Nível Su-
Centro Cultural será de 40 (quarenta) horas semanais. perior, Técnico de Nível Médio, Técnico Cultural de Nível
Art. 136 C - Fica criada a Gratificação por Exercício de Função Médio e Assistente Administrativo. (Redação dada pela Lei
de Gerente de Centro Cultural, que será paga sem prejuízo da re- nº 9276/2006)
muneração atribuída ao cargo de provimento efetivo, no valor de § 2º - A habilitação, atribuições, jornada de trabalho e
R$ 1.322,25 (hum mil, trezentos e vinte e dois reais e vinte e cinco remuneração dos cargos públicos efetivos de Técnico de
centavos). Nível Superior, Técnico de Nível Médio e Assistente Admi-
Art. 136 D - É permitida a criação ou a extinção de centros cul- nistrativo são equivalentes às dos cargos públicos efetivos
turais por decreto, devendo o Prefeito encaminhar projeto de lei à de Analista de Políticas Públicas, Técnico de Serviço Público
Câmara Municipal contendo a respectiva ratificação, no prazo de e Assistente Administrativo, respectivamente, previstos na
30 (trinta) dias seguintes à publicação do referido decreto no Diário Lei nº 8.690/03 e seu regulamento, e a habilitação, atribui-
Oficial do Município. (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011) ções, jornada de trabalho e remuneração do cargo público

178
LEGISLAÇÃO

efetivo de Técnico Cultural de Nível Médio são as constantes do Anexo VI desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9276/2006)
§ 3º - Os cargos de Presidente e Diretor da Fundação terão a mesma remuneração dos cargos de igual nível da Funda-
ção Zoobotânica de Belo Horizonte.
§ 4º - Os cargos de provimento em comissão da estrutura organizacional da Fundação Municipal de Cultura, do 3º ao 5º
nível hierárquico, terão suas remunerações fixadas em parâmetros equivalentes às remunerações dos cargos de provimento
em comissão da Administração Direta do Poder Executivo de igual hierarquia, nos seguintes termos:
___________________________________________________________________________________
|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO|CARGOS PÚBLICOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO|
|DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA FUNDAÇÃO|EQUIVALENTES NA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL|
|MUNICIPAL DE CULTURA |DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTI-|
| |VO |
|=========================================|==================================
=======|
|Cargos públicos em comissão do 3º nível|Gerente de 1º nível - C/Assessor III - C | (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|C|
|-----------------------------------------|-----------------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do 4º nível |Gerente de 2º nível |
|-----------------------------------------|-----------------------------------------|
|Cargos públicos em comissão do 5º nível |Gerente de 3º nível |
|_________________________________________|_________________________________________| (Redação dada pela Lei nº 9549/2008)
expandir tabela
§ 5º - Aos ocupantes dos cargos públicos efetivos de Técnico de Nível Superior, Técnico de Nível Médio, Técnico Cultural
de Nível Médio e Assistente Administrativo da Fundação Municipal de Cultura aplica-se, no que couber, a legislação de pes-
soal dos servidores públicos efetivos da Administração direta do Poder Executivo, especialmente as regras da Lei nº 7.169,
de 30 de agosto de 1996 e suas alterações, as regras de progressão profissional previstas na Lei nº 8.690/03, o disposto no
art. 5º da Lei nº 6.560, de 28 de fevereiro de 1994 e suas alterações, e o disposto nos artigos 122, 122A e 122B da Lei nº
8.146, de 29 de dezembro de 2000, com redação dada pelo art. 23 da Lei nº 8.288, de 28 de dezembro de 2001. (Redação
acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 6º - Aos ocupantes do cargo público efetivo de Técnico de Nível Superior e aos servidores titulares do cargo efetivo
de Analista de Políticas Públicas, cedidos para a Fundação Municipal de Cultura é devida a gratificação instituída na Lei nº
7.717, de 4 de maio de 1999, suas alterações e seu regulamento. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 7º - A jornada de trabalho dos servidores poderá ocorrer em turnos diurnos e noturnos ou em finais de semana, de
acordo com as especificidades das atividades e conforme as necessidades da Fundação, podendo ser praticado o sistema
de plantão. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
§ 8º - Aos ocupantes dos cargos públicos de provimento em comissão da Fundação Municipal de Cultura aplica-se, no
que couber, a Lei nº 7.169/96, e suas alterações. (Redação acrescida pela Lei nº 9276/2006)
Art. 140 - A Fundação Municipal de Cultura gozará de autonomia administrativa e financeira, assegurada, especialmen-
te, por dotações orçamentárias e saldos de fim de exercício, patrimônio próprio e renda dele decorrente, aplicação de suas
receitas, assinatura de contratos e convênios com outras instituições.
Art. 141 - Fica o Poder Executivo autorizado a conferir à Fundação Municipal de Cultura, diretamente ou por meio de
estabelecimento oficial de crédito, garantia do Município de Belo Horizonte em operações de crédito e financiamento.
Art. 142 - Será fixada, por decreto, a data de entrada em operação da Fundação Municipal de Cultura, após a aprovação
do respectivo estatuto.
Art. 143 - Para a implementação da estrutura organizacional e cumprimento das diretrizes, objetivos e competências
estabelecidas nesta Lei, serão priorizados, quanto à alocação de recursos humanos, os instrumentos de cooperação entre
órgãos e entidades da Administração Pública Municipal.
Parágrafo Único. Os servidores do Município, aproveitados nos quadros da Fundação na fase de sua implantação,
permanecerão sob o regime de sua contratação na Administração Direta ou Indireta do Município, conforme dispuser con-
vênio específico para essa finalidade.
Art. 144 - Poderão participar, mediante atos de cessão ou outro instrumento de cooperação, do Grupo de Trabalho de
Implementação da Gestão Regionalizada, a ser disciplinado em decreto, servidores e empregados públicos das entidades
da Administração Indireta que tenham sofrido redução de objetivos e de estrutura organizacional por força desta Lei.
Parágrafo Único. A participação do Grupo de Trabalho de Implementação da Gestão Regionalizada, em nível de plane-
jamento ou execução, não criará vínculo com a Administração Direta do Poder Executivo, nem alterará o vínculo e a situa-
ção funcional do servidor ou empregado público, aí incluídos o regime jurídico, as condições e as atribuições do cargo ou
emprego ocupado no ente de origem.
Art. 145 - O Fundo de Transportes Urbanos - FTU -, a que se refere o art. 7º da Lei nº 5.953, de 31 de julho de 1991,
mantidos os objetivos, a disciplina e as fontes de sua composição, será gerido pela Secretaria Municipal de Serviços Urba-
nos. (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)

179
LEGISLAÇÃO

Art. 146 - Fica criada a Câmara Intersetorial de Políticas Parágrafo Único. Em decorrência da vinculação estabeleci-
Sociais, órgão colegiado com a finalidade de discutir, avaliar, da no caput, fica revogado o inciso VI do art. 5º da Lei nº 6.833,
coordenar e deliberar sobre a implementação das políticas so- de 16 de janeiro de 1995.
ciais e das ações delas decorrentes, buscando a articulação, a Art. 155 - Aplica-se o disposto na Lei nº 7.125, de 12 de
integração e a intersetorialidade no seu planejamento e execu- junho de 1996, combinada com o que contém o art. 1º da Lei
ção, em âmbito municipal. 7.523, de 20 de maio de 1998, às demais Áreas de Atividades
Art. 147 - A Câmara Intersetorial de Políticas Sociais será da Administração Direta e Indireta, quando, por ato devida-
composta pelos seguintes membros: mente motivado pelo titular do órgão da Administração Di-
I - Secretário Municipal de Políticas Sociais; reta ou da entidade da Administração Indireta, aprovado pela
II - Secretário Municipal de Saúde; JUCOF, restarem comprovadas a necessidade temporária de
III - Secretário Municipal de Educação; interesse público ou o interesse público excepcional ou a in-
IV - Secretário Municipal Adjunto de Segurança Alimentar suficiência de pessoal efetivo no momento de sua ocorrência,
e Nutricional; (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011) inclusive o de candidatos aprovados em concurso público, tais
V - Secretário Municipal Adjunto de Assistência Social; como: (Regulamentado pelo Decreto nº 12.037/2005)
VI - Secretário Municipal Adjunto de Esportes; I - campanhas de saúde pública;
VII - Secretário Municipal Adjunto de Trabalho e Direitos II - realização de obras de saneamento básico, contenção
de Cidadania; ou melhorias emergenciais em comunidades carentes;
VIII - Secretários de Administração Regional Municipal de III - situações de urgência para a garantia da realização de
cada uma das nove Regionais; políticas e eventos públicos;
IX - Presidente da Fundação Municipal de Cultura. IV - situações em que haja necessidade de intervenção ou
§ 1º - A coordenação da Câmara Intersetorial competirá assistência da Administração Pública e inexista previsão de car-
ao Secretário Municipal de Políticas Sociais. go com atribuição equivalente na estrutura funcional do órgão
§ 2º - Nenhuma remuneração será atribuída aos membros ou entidade;
da Câmara Intersetorial pelo desempenho de suas atribuições. V - situações de ameaça ou perturbação à continuidade
Art. 148 - Compete à Câmara Intersetorial de Políticas So- dos serviços públicos e que possa gerar prejuízo ou compro-
ciais: meter a segurança dos cidadãos, bens, obras, serviços, equipa-
mentos e outros bens públicos e particulares, assim como na
I - articular planos, programas e projetos de todas as polí-
hipótese de grave perturbação da ordem pública.
ticas sociais do Município, de forma a se buscar a integração e
Art. 156 (Revogado pela Lei nº 9155/2006)
intersetorialidade entre seus órgãos;
Art. 157 - Fica autorizada a criação da Agência de Desen-
II - analisar, discutir e deliberar sobre a implementação de
volvimento Urbano e Econômico do Município de Belo Hori-
novas ações e programas de política social do Município, bus-
zonte S.A., vinculada ao Gabinete do Prefeito, competindo-lhe
cando a sua maior efetividade; o fomento industrial, de comércio e de prestação de serviços, a
III - analisar, discutir e deliberar sobre as alterações e acrés- promoção de programas estratégicos de planejamento urba-
cimos de ações e programas de natureza continuada de políti- no e a execução de atividades destinadas ao desenvolvimento
ca social, buscando a sua maior efetividade; sustentável do Município, de forma articulada com os órgãos
IV - analisar e discutir sobre a elaboração da proposta do de planejamento e monitoramento do Plano de Governo.
orçamento anual e plurianual no que se refere a cada Secreta- § 1º - A Agência de Desenvolvimento Urbano e Econômi-
ria que compõe a Câmara Intersetorial, limitando-se, no caso co do Município de Belo Horizonte S.A. será dirigida por um
das Secretarias de Administração Regional Municipal, às ações Presidente, nomeado pelo Chefe do Executivo.
e programas de política social; § 2º - As atribuições do Presidente da Agência de Desenvol-
V - analisar, discutir e deliberar sobre a proposta de cota vimento Urbano e Econômico do Município de Belo Horizonte
orçamentária e financeira anual para as ações e programas de S.A. serão definidas no regulamento desta Lei, e sua remune-
cada secretaria que compõe a Câmara Intersetorial, de acordo ração é equivalente à atribuída a Secretário Municipal Adjunto.
com o planejamento apresentado por cada órgão; Art. 158 - Fica criada a Coordenadoria da Juventude, vincu-
VI - discutir, avaliar e opinar sobre programas e atividades lada à Secretaria Municipal de Governo, e tendo por finalidade
de incorporação, manutenção e desenvolvimento de recursos elaborar, coordenar e executar políticas públicas que garantam
humanos que estejam vinculados à política social. o atendimento de necessidades específicas da juventude.
Art. 149 - O funcionamento da Câmara Intersetorial de Art. 158 A - Fica criada a Coordenadoria de Defesa dos
Políticas Sociais será definido em regulamento próprio. (Regi- Animais, vinculada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
mento Interno aprovado pelo Decreto nº 11.962/2005) cuja finalidade é elaborar, coordenar e executar políticas públi-
Art. 150 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) cas voltadas à proteção e defesa dos animais que compõem a
Art. 151 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) fauna urbana, em cooperação com as demais instâncias muni-
Art. 152 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) cipais, estaduais e federais envolvidas, as instituições de ensi-
Art. 153 (Revogado pela Lei nº 10.101/2011) no e pesquisa e a sociedade civil em geral. (Redação acrescida
Art. 154 - A partir da data da vigência desta Lei, o pes- pela Lei nº 10.764/2014)
soal contratado na forma da Lei nº 6.833, de 16 de janeiro de Art. 159 - Os recursos humanos, orçamentários e materiais
1995, e da Lei nº 7.125, de 12 de junho de 1996, fica vinculado das unidades administrativas extintas ou transferidas para ou-
ao Regime Geral de Previdência de que trata a Lei Federal nº tra Secretaria serão remanejados conforme a conveniência e
8.213, de 24 de julho de 1991, conforme disposto em seu re- critérios definidos pela Administração, observada a legislação
gulamento. em vigor.

180
LEGISLAÇÃO

Art. 160 - A previsão contida na legislação anterior a esta Lei a órgãos da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo
será revista, por decreto.
Art. 161 - Será constituída uma comissão composta por representantes do Poder Executivo, da Câmara Municipal e das enti-
dades representativas dos servidores, com igual número de membros para cada uma das três representações, com a finalidade de
acompanhar a implantação da reforma promovida por esta Lei.
Parágrafo Único. Decreto fixará a quantidade de membros da comissão de que trata o caput, bem como a forma de escolha
dos representantes do Poder Executivo e das entidades representativas dos servidores.
Art. 162 - As previsões desta Lei, ou da legislação anterior a ela que esteja sendo mantida e que seja relacionada com a nature-
za de seu conteúdo, que sejam relacionadas com a outorga de competência a órgão do Poder Executivo para normatizar, regular,
criar obrigações, limitar direitos ou elaborar políticas públicas, implicam o dever de se exercer tais atividades nos estritos termos e
limites previstos em lei.
Art. 163 - O prazo previsto no artigo 14 da Lei nº 8.486/03, com a redação dada pelo artigo 5º da Lei 8.794/04, fica prorrogado,
a partir de 19 de janeiro de 2005, por mais 12 (doze) meses ou até a data da homologação do primeiro concurso público para o
provimento do cargo público efetivo de Guarda Municipal Patrimonial, o que ocorrer primeiro.
Art. 164 - Para atender às despesas decorrentes da estrutura organizacional, fica o Poder Executivo autorizado a reprogramar
o Orçamento, a partir da vigência desta Lei, nos termos do inciso III, § 1º do artigo 43 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, por
meio dos seguintes dispositivos:
I - remanejar os créditos orçamentários vigentes no limite de R$ 2.100.000.000,00 (dois bilhões e cem milhões de reais), por
meio de abertura de crédito especial, em atendimento à realocação de recursos humanos e de infra-estrutura administrativa, entre
os órgãos e entidades prestadores de serviços públicos;
II - realizar aporte de créditos orçamentários no limite de R$ 262.500.000,00 (duzentos e sessenta e dois milhões e quinhentos
mil reais), por meio de abertura de créditos suplementares, aos programas de trabalho com insuficiência de recursos fiscais, em
decorrência da presente estrutura administrativa.
Art. 165 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial os artigos 1º
a 112 da Lei 8.146, de 29 de dezembro de 2000, com suas alterações posteriores, os incisos I e I.1. do artigo 3º e o artigo 5º, ambos
da Lei nº 6.290, de 23 de dezembro de 1992.
Belo Horizonte, 1º de janeiro de 2005
Fernando Damata Pimentel
Prefeito de Belo Horizonte
(Originária do Projeto de Lei nº 2.038/04, de autoria do Executiv

ANEXO I
QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO E FUNÇÕES PÚBLICAS DE CONFIANÇA DA ADMINISTRAÇÃO
DIRETA DO PODER EXECUTIVO E DE CORRELAÇÃO COM OS CARGOS E FUNÇÕES ANTERIORES (Redação dada pela Lei nº
9816/2010)
____________________________________________________________________________
| CARGO OU FUNÇÃO PREVISTO NA | CARGO OU FUNÇÃO PREVISTO | QUANTIDADE DE | (Redação acrescida pela
Lei nº 9816/2010)
| LEGISLAÇÃO ANTERIOR | NESTA LEI | VAGAS |
|=============================|=============================|================|
|Secretário Municipal |Secretário Municipal | 12| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|C | | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Municipal de|Secretário de Administração| 9|
|Coordenação da Gestão|Regional Municipal | |
|Regional | | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Municipal Adjunto |Secretário Municipal Adjunto | 23| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Municipal Regional|Secretário Adjunto de| 9| (Redação dada pela Lei nº 9718/2009)
| |Administração Regional | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Municipal Adjunto| | |
|de Administração e Recursos| | |
|Humanos | | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Auditor-Geral do Município |Auditor-Geral do Município | 1| (Denominação alterada pela Lei nº 9155/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe da Assessoria de|Chefe da Assessoria de| 1|

181
LEGISLAÇÃO

|Comunicação Social |Comunicação Social | |


|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe Adjunto de Imprensa | | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe Adjunto de Relações| | |
|Públicas e Divulgação | | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Chefe da Assessoria de| 1|
| |Comunicação Social Adjunto | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe da Assessoria de Ceri-|Chefe da Assessoria de Ceri-| 1|
|monial e Mobilização |monial e Mobilização | | (Cargo criado pela Lei nº 9155/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Corregedor-Geral do Município|Corregedor-Geral do Município| 1| (Denominação alterada pela Lei nº
9155/2006)
|C |C | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Procurador-Geral do Município|Procurador-Geral do Município| 1|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------| | | | |
| |Procurador-Geral Adjunto | 1|
| |Contencioso | | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Procurador-Geral Adjunto | 1|
| |Administrativo-Consultivo | | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Procurador-Geral Adjunto | 1|
| |Tributário | | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Proteção do|Coordenador de Proteção do| 1|
|Consumidor |Consumidor | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Direitos|Coordenador de Direitos| 1|
|Humanos |Humanos | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Defesa Civil |Coordenador de Defesa Civil | 1|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador dos Direitos da|Coordenador dos Direitos da| 1|
|Mulher |Mulher | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Promoção da|Coordenador de Promoção da| 1| (Denominação alterada pela Lei nº
9934/2010)
|Igualdade Racial |Igualdade Racial | |
|C| |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Direitos da|Coordenador de Direitos da| 1|
|Pessoa Portadora de|Pessoa Portadora de| |
|Deficiência |Deficiência | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Coordenador de Juventude | 1|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Direitos da|Coordenador de Direitos da| 1|
|Pessoa Idosa |Pessoa Idosa | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Comandante da Guarda Munici-|Comandante da Guarda Munici-| 1| (Denominação alterada pela Lei nº
9319/2007)
|pal de Belo Horizonte |pal de Belo Horizonte | |
|C|C| |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Corregedor da Guarda| 1| (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)

182
LEGISLAÇÃO

| |Municipal de Belo Horizonte | |


| |C| |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Ouvidor da Guarda Municipal |Ouvidor da Guarda Municipal | 1| (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)
|de Belo Horizonte |de Belo Horizonte | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Inspetor da Guarda Municipal|Inspetor da Guarda Municipal| 100| (Denominação alterada pela Lei nº
9319/2007)
|de Belo Horizonte |de Belo Horizonte | |
|I|I| |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Guarda Municipal de Belo Ho-| 3.000|
| |rizonte | | (Redação dada pela Lei nº 9319/2007)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe de Gabinete do Prefeito|Chefe de Gabinete do Prefeito| 1|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe de Gabinete do|Chefe de Gabinete do| 1|
|Vice-Prefeito |Vice-Prefeito | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Controlador-Geral do Mun. | 1| (cargo criado pela Lei nº 9155/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Contador-Geral do Município | 1| (cargo criado pela Lei nº 9155/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Ouvidor do Município | 1| (cargo criado pela Lei nº 9155/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Chefe de Gabinete |Chefe de Gabinete | 25| (16 vagas extintas pela Lei nº 10.101/2011)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------| | | | |
(Cargo extinto pela Lei nº 10.878/2015)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 2º Nível |Gerente de 2º Nível | 506| (01 vagas acrescidas pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 3º Nível |Gerente de 3º Nível | 314| (02 vagas acrescidas pela Lei nº 10.764/2014)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 4º Nível |Gerente de 4º Nível | 46| (06 vagas acrescidas pela Lei nº 9240/2006)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente de 1º Nível - A | 01| (Cargo criado pela Lei nº 10.497/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente de 1º Nível - C | 05| (01 vaga excluída pela Lei nº 10.878/2015)
| | | |
| | | | (Cargo criado pela Lei nº 10.497/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente Adjunto de Unidade | 149|
| |de Saúde I | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|-- |Gerente Adjunto de Unidade | 26|
| |de Saúde II | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|-- |Gerente Adjunto de Unidade | 17|
| |de Saúde III | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador de Fiscalização |Coordenador de Fiscalização | 30|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Presidente do Conselho Admi-|Presidente do Conselho Admi-| 1| (Denominação alterada pela Lei nº
10.082/2011)
|nistrativo de Recursos Tribu-|nistrativo de Recursos Tribu-| |
|tários |tários | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário de Suporte Admi-|Secretário de Suporte Admi-| 1| (Denominação alterada pela Lei nº 10.082/2011)
|nistrativo da Junta de|nistrativo da Junta de| |

183
LEGISLAÇÃO

|Julgamento Tributário |Julgamento Tributário | |


|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário de Suporte Admi-|Secretário de Suporte Admi-| 1| (Denominação alterada pela Lei nº 10.082/2011)
|nistrativo do Conselho de|nistrativo do Conselho de| |
|Recursos Tributários |Recursos Tributários | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Presidente da Junta de|Presidente da Junta de| 1|
|Julgamento Fiscal Sanitário|Julgamento Fiscal Sanitário| |
|1ª Instância |1ª Instância | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário da Junta de|Secretário da Junta de| 1|
|Recurso Fiscal Sanitário 2ª|Recurso Fiscal Sanitário 2ª| |
|Instância |Instância | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Encarregado de Serviço de|Encarregado de Serviço de| 30|
|Controle de Zoonones |Controle de Zoonones | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador do Serviço de|Coordenador do Serviço de| 10|
|Controle de Zoonozes |Controle de Zoonozes | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Depositário |Depositário | 1|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Oficial de Gabinete do|Oficial de Gabinete do| 15|
|Prefeito |Prefeito | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Auxiliar de Gabinete |Auxiliar de Gabinete | 60|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Encarregado de Serviço |Encarregado de Serviço | 100|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Supervisor de Segurança |Supervisor de Segurança | 6|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Coordenador de Defesa dos| 1|
| |Animais | | (Cargo criado pela Lei nº 10.764/2014)
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
| GRUPO DE ASSESSORAMENTO |
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
|Assessor Especial de Defesa|Assessor Especial de Defesa| 1|
|Social |Social | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor Especial |Assessor Especial | 6|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Consultor Técnico|Consultor Técnico| 8|
|Especializado |Especializado | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor I |Assessor I | 95| (05 vagas acrescidas pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor II |Assessor II | 105| (01 vaga acrescida pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor III |Assessor III | 40| (08 vagas acrescidas pela Lei nº 10.252/2011)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Assessor III - C | 04| (03 vagas acrescidas pela Lei nº 10.764/2014)
| | | | (Cargo criado pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor Jurídico II |Assessor Jurídico II | 36| (01 vaga acrescida pela Lei nº 10.764/2014)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor Jurídico III |Assessor Jurídico III | 13| (03 vagas acrescidas pela Lei nº 9319/2007)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Assessor Jurídico III - A | 01| (Cargo criado pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|

184
LEGISLAÇÃO

|Supervisor de Alimentação|Supervisor de Alimentação| 40|


|Escolar |Escolar | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assistente |Assistente | 104| (04 vagas acrescidas pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Assessor de Segurança I | 4|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Assessor de Segurança II | 4|
|-----------------------------|-----------------------------|----------------| | | | | |
| | | (Cargo extinto pela Lei nº 10.878/2015)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|- |Assessor de Contas e Perícia| 6|
| |Judicial | | (Cargo criado pela Lei nº 9240/2006)
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
|GRUPO DO MAGISTÉRIO-Mantidos os quantitativos fixados pela legislação maior |
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
|Diretor Estabelecimento|Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino A |Ensino A | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Diretor Estabelecimento|Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino B |Ensino B | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Diretor Estabelecimento|Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino C |Ensino C | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Vice-Diretor Estabelecimento|Vice-Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino A |Ensino A | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Vice-Diretor Estabelecimento|Vice-Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino B |Ensino B | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Vice-Diretor Estabelecimento|Vice-Diretor Estabelecimento|-- |
|Ensino C |Ensino C | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Coordenador Centro Educação|Coordenador Centro Educação|-- |
|Infantil |Infantil | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Estabelecimento|Secretário Estabelecimento|-- |
|Ensino A |Ensino A | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Estabelecimento|Secretário Estabelecimento|-- |
|Ensino B |Ensino B | |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Secretário Estabelecimento|Secretário Estabelecimento|-- |
|Ensino C |Ensino C | |
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
| FUNÇÕES GRATIFICADAS - mantidos os quantitativos fixados pela legislação |
| anterior |
|-----------------------------+-----------------------------+----------------|
|Gerente Unidade de Saúde I |Gerente Unidade de Saúde I |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente Unidade de Saúde II |Gerente Unidade de Saúde II |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente Adjunto de Unidade | 149|
| |de Saúde I | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente Adjunto de Unidade de| 26|
| |Saúde II | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|

185
LEGISLAÇÃO

| |Gerente Adjunto de Unidade de| 17|


| |Saúde III | | (Cargo criado pela Lei nº 9816/2010)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de CAC |Gerente de CAC |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Conselheiro Tutelar |Conselheiro Tutelar |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Diretor do CAPE |Diretor do CAPE |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Vice-Diretor do CAPE |Vice-Diretor do CAPE |-- |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Secretário Especial de Pre- | 01|
| |venção da Corrupção e Infor- | |
| |mações Estratégicas | | (Cargo criado pela Lei nº 10.586/2012)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Coordenador Executivo do Pro-| 1|
| |grama BH Metas e Resultados | | (Cargo criado pela Lei nº 10.101/2011)
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
| |Gerente de Centro Cultural | 16| (Cargo criado pela Lei nº 10.101/2011)
|_____________________________|_____________________________|________________|expandir tabela
ANEXO II
QUADRO DE EXIGÊNCIAS PARA PROVIMENTO
____________________________________________________________________________
| CARGO | REQUISITO PARA PROVIMENTO |
|====================================|=======================================
|
|Secretário Municipal |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário de Administração Regional|conhecimentos específicos |
|Municipal | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário Municipal Adjunto |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário Adjunto de Administração|conhecimentos específicos |
|Regional | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário Especial de Prevenção da |conhecimentos específicos |
|Corrupção e Informações Estratégicas| | (Redação acrescida pela Lei nº 10.586/2012)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Auditor-Geral do Município |curso superior | (Denominação alterada pela Lei nº 9155/2006)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe da Assessoria de Comunicação|conhecimentos específicos |
|Social | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe da Assessoria de Comunicação|conhecimentos específicos |
|Social Adjunto | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Corregedor-Geral do Município |conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº 9155/2006)
|C | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Procurador-Geral do Município |curso superior de Direito e registro|
| |profissional |
|------------------------------------|---------------------------------------| | | |
| | |
|Procurador-Geral Adjunto Contencioso|Curso superior de Direito e registro|
| |profissional | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Procurador-Geral Adjunto Administra-|Curso superior de Direito e registro|
|tivo-Consultivo |profissional | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)

186
LEGISLAÇÃO

|------------------------------------|---------------------------------------|
|Procurador-Geral Adjunto Tributário|Curso superior de Direito e registro|
| |profissional | (Redação dada pela Lei nº 10.878/2015)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Proteção do|conhecimentos específicos |
|Consumidor | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Direitos Humanos |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Defesa Civil |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador dos Direitos da Mulher |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Promoção da|conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº 9934/2010)
|Igualdade Racial | |
|C| |
|C | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Direitos da Pessoa|conhecimentos específicos |
|Portadora de Deficiência | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Juventude |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Direitos da Pessoa|conhecimentos específicos |
|Idosa | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Comandante da Guarda Municipal de |conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº
9319/2007)
|Belo Horizonte | |
|C| |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Corregedor da Guarda Municipal de |conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)
|Belo Horizonte | |
|C| |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Ouvidor da Guarda Municipal de Belo |conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº
9319/2007)
|Horizonte | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Inspetor da Guarda Municipal de Belo|conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)
|Horizonte | |
|I| |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe de Gabinete do Prefeito |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe de Gabinete do Vice-Prefeito |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe de Gabinete |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de 1º Nível,nas segmentações|conhecimentos específicos | (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|A, B e C | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de 2º Nível |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de 3º Nível |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de 4º Nível |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Fiscalização |conhecimentos específicos |

187
LEGISLAÇÃO

|------------------------------------|---------------------------------------|
|Presidente da Junta de Julgamento|conhecimentos específicos |
|Fiscal | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário da Junta de Julgamento|conhecimentos específicos |
|Fiscal | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário da Junta de Recursos|conhecimentos específicos |
|Fiscais | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Presidente da Junta de Julgamento|conhecimentos específicos |
|Fiscal Sanitário 1ª Instância | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário da Junta de Recurso|conhecimentos específicos |
|Fiscal Sanitário 2ª Instância | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Encarregado de Serviço de Controle|conhecimentos específicos |
|de Zoonoses | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador do Serviço de Controle|conhecimentos específicos |
|de Zoonoses | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Depositário |curso superior |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário Municipal de Assuntos |conhecimentos específicos | (Denominação alterada pela Lei nº 9154/2006)
|Institucionais | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Oficial de Gabinete do Prefeito |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Auxiliar de Gabinete |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Encarregado de Serviço |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Supervisor de Segurança |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor Especial de Defesa Social |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor Especial |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Consultor Técnico Especializado |curso superior |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor I |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor II |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor III, nas segmentações A, B|conhecimentos específicos | (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|e C | |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor Jurídico II |curso superior de Direito e registro|
| |profissional |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor Jurídico III |curso superior de Direito e registro|
| |profissional |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Supervisor de Alimentação Escolar |2º grau e/ou conhecimentos equivalentes|
| |que assegurem o adequado cumprimento do|
| |exercício da função |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assistente |conhecimentos específicos |

188
LEGISLAÇÃO

|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor de Segurança I |Curso Técnico de Segurança Pública ou|
| |equivalente |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Assessor de Segurança II |Curso Técnico de Segurança Pública ou|
| |equivalente |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Diretor de Estabelecimento de Ensino|2º grau de magistério ou curso|
| |superior, no caso de escolas de ensino|
| |fundamental; curso superior nos demais|
| |casos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Vice-Diretor de Estabelecimento de|2º grau de magistério ou curso|
|Ensino |superior, no caso de escolas de|
| |educação infantil e de educação|
| |fundamental; curso superior nos demais|
| |casos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Centro de Educação|curso superior compatível com o projeto|
|Infantil |pedagógico da rede municipal de ensino |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Secretário de Estabelecimento de|2º grau em secretariado ou curso de|
|Ensino |magistério de 2º grau |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente Unidade de Saúde I |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente Unidade de Saúde II |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente Unidade de Saúde III |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de CAC |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Conselheiro Tutelar |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Diretor do CAPE |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Vice-Diretor do CAPE |conhecimentos específicos |
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Controlador-Geral do Município|Conhecimentos específicos | (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Contador-Geral do Município |Habilitação no Conselho |
| |Regional de Contabilidade | (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Ouvidor do Município |Conhecimentos específicos | (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Chefe da Assessoria de Cerimonial e|Conhecimentos específicos |
|Mobilização | | (Redação acrescida pela Lei nº 9155/2006)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador Executivo do Programa|conhecimentos específicos |
|BH Metas e Resultados | | (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Gerente de Centro Cultural |conhecimentos específicos | (Redação acrescida pela Lei nº 10.101/2011)
|------------------------------------|---------------------------------------|
|Coordenador de Defesa dos Animais |conhecimentos específicos | (Redação acrescida pela Lei nº 10.764/2014)
|____________________________________|_______________________________________|expandir tabela

189
LEGISLAÇÃO

ANEXO III
(Vide § 5º do Art. 19 da Lei nº 10.252/2011)

FUNDAÇÃO DE PARQUES MUNICIPAIS


CARGOS/EMPREGOS EFETIVOS

__________________________________
| NOME DO CARGO | NÚMERO |
| |DE VAGAS|
|=========================|========|
|Técnico de Nível Superior|23 | (01 vaga extinta pela Lei nº 11.080/2017)
| | |
|-------------------------|--------|
|Técnico de Nível Médio |18 |
|-------------------------|--------|
|Assistente Administrativo|80 | (Redação dada pela Lei nº 9276/2006)
|-------------------------|--------|
|Advogado | 2 | (Cargo criado pela Lei nº 10.252/2011)
|-------------------------|--------|
|Engenheiro | 10| (01 vaga acrescida pela Lei nº 11.080/2017)
| | | (Cargo criado pela Lei nº 10.671/2013)
|-------------------------|--------|
|Arquiteto | 1| (Cargo criado pela Lei nº 10.671/2013)
|_________________________|________|expandir tabela
ANEXO IV
(Vide § 5º do Art. 19 da Lei nº 10.252/2011)

FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA


CARGOS/EMPREGOS EFETIVOS

________________________________________
| NOME DO CARGO | NÚMERO |
| |DE VAGAS|
|===============================|========|
|Técnico de Nível Superior |124 | (01 vaga extinta pela Lei nº 11.080/2017)
| | |
|-------------------------------|--------|
|Técnico de Nível Médio |18 |
|-------------------------------|--------|
|Técnico Cultural de Nível Médio|28 |
|-------------------------------|--------|
|Assistente Administrativo |94 | (Redação dada pela Lei nº 9276/2006)
|-------------------------------|--------|
|Advogado | 4| (01 vaga acrescida pela Lei nº 10.671/2013)
| | | (Cargo criado pela Lei nº 10.252/2011)
|-------------------------------|--------|
|Arquiteto | 5| (Cargo criado pela Lei nº 10.671/2013)
|-------------------------------|--------|
|Engenheiro | 2| (01 vaga acrescida pela Lei nº 11.080/2017)
| | | (Cargo criado pela Lei nº 10.671/2013)
|_______________________________|________|expandir tabela

ANEXO V
PISOS DE REMUNERAÇÃO E GRATIFICAÇÕES DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DOS CARGOS PÚBLICOS EM COMISSÃO RE-
LACIONADOS NESTE ANEXO V (Vide reajustes dado pela Lei nº 10.753/2014)
_______________________________________________________________________
| CARGOS | PISO |GRATIFICAÇÃO DE| TOTAL |
| EM COMISSÃO | DE | DEDICAÇÃO | |
| |REMUNERAÇÃO| EXCLUSIVA | |

190
LEGISLAÇÃO

|==================================|===========|===============|========|
|Gerente de 1º Nível - A | 3.300,00| 3.300,00|6.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Gerente de 1º Nível - B | 2.750,00| 2.750,00|5.500,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Gerente de 1º Nível - C | 2.214,00| 2.214,00|4.428,00| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Chefe de Gabinete | 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor III - A | 3.300,00| 3.300,00|6.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor III - B | 2.750,00| 2.750,00|5.500,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor III - C | 2.214,00| 2.214,00|4.428,00| (Redação dada pela Lei nº 10.101/2011)
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor Jurídico III | 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Proteção e Defesa| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|do Consumidor | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Direitos Humanos | 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador dos Direitos da Mulher| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Promoção da| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00| (Denominação alterada pela Lei nº 9934/2010)
|Igualdade Racial | | | |
|C| | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Direitos da Pessoa| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|Portadora de Deficiência | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Juventude | 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Direitos da Pessoa| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|Idosa | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Ouvidor da Guarda Municipal| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00| (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)
|de Belo Horizonte | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Presidente da Junta de Julgamento| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|Fiscal | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Presidente da Junta de Julgamento| 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|Fiscal Sanitário 1ª Instância | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Depositário | 1.800,00| 1.800,00|3.600,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Gerente de 2º Nível | 1.075,00| 1.075,00|2.150,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor II | 1.075,00| 1.075,00|2.150,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor Jurídico II | 1.075,00| 1.075,00|2.150,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor de Segurança II | 1.075,00| 1.075,00|2.150,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Gerente de 3º Nível | 760,00| 760,00|1.520,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assessor I | 760,00| 760,00|1.520,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|

191
LEGISLAÇÃO

|Assessor de Segurança I | 760,00| 760,00|1.520,00|


|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Inspetor da Guarda Municipal| 760,00| 760,00|1.520,00|
|Patrimonial | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Secretário da Junta de Recursos| 760,00| 760,00|1.520,00| (Vide Lei nº 9985/2010)
|Fiscais | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Secretário da Junta de Recurso| 760,00| 760,00|1.520,00|
|Fiscal Sanitário 2ª Instância | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Supervisor de Alimentação Escolar | 544,00| 544,00|1.088,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Gerente de 4º Nível | 475,00| 475,00| 950,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Assistente | 475,00| 475,00| 950,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Secretário da Junta de Julgamento| 475,00| 475,00| 950,00| (Vide Lei nº 9985/2010)
|Fiscal | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador de Fiscalização | 385,00| 385,00| 770,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Coordenador do Serviço de Controle| 385,00| 385,00| 770,00|
|de Zoonoses | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Oficial de Gabinete do Prefeito | 385,00| 385,00| 770,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Supervisor de Segurança | 385,00| 385,00| 770,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Auxiliar de Gabinete | 329,00| 329,00| 658,00|
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Encarregado de Serviço de Controle| 288,00| 288,00| 576,00|
|de Zoonoses | | | |
|----------------------------------|-----------|---------------|--------|
|Encarregado de Serviço | 288,00| 288,00| 576,00|
|__________________________________|___________|_______________|________|expandir tabela

ANEXO VI
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA

HABILITAÇÃO, ATRIBUIÇÕES, JORNADA DE TRABALHO E TABELA DE VENCIMENTOS-BASE DO CARGO PÚBLICO DE


TÉCNICO CULTURAL DE NÍVEL MÉDIO
1. HABILITAÇÃO: Ensino médio completo, com formação técnica nas áreas a serem definidas no regulamento desta Lei.
2. JORNADA DE TRABALHO: 6 (seis) horas diárias.
3. ATRIBUIÇÕES, SEM PREJUÍZO DE OUTRAS A SEREM ESTABELECIDAS NO REGULAMENTO DESTA LEI E DAS TAREFAS
QUE LHE FOREM ATRIBUÍDAS CONFORME ORIENTAÇÃO DA GERÊNCIA, RELACIONADAS ÀS SUAS RESPECTIVAS ÁREAS DE
ATUAÇÃO, OBSERVADOS A EXPERIÊNCIA E O TREINAMENTO ADEQUADOS:
I - operar equipamentos, tecnologias e materiais próprios de atividades culturais e relacionados com as atribuições da
Fundação Municipal de Cultura;
II - executar serviços correspondentes à sua habilitação, participando da execução de programas, estudos, pesquisas e
outras atividades técnicas, individualmente ou em equipes multidisciplinares;
III - elaborar laudos e pareceres em sua área de habilitação;
IV - colaborar em levantamentos, estudos e pesquisas técnicas para a formulação de políticas, programas, planos, pro-
jetos e ações públicas;
V - colaborar na elaboração de normas e procedimentos pertinentes à sua habilitação;
VI - prestar atendimento e esclarecimentos técnicos ao público interno e externo em sua área de habilitação, pessoal-
mente, ou por meio das ferramentas de comunicação que lhe forem disponibilizadas;
VII - efetuar e orientar o preenchimento de guias, requisições e outros impressos técnico-administrativos;
VIII - subsidiar a análise técnica de requerimentos e processos, realizando estudos e levantamentos de dados, conferin-
do prazos, normas e procedimentos legais;

192
LEGISLAÇÃO

IX - operar computadores, utilizando adequadamente


os programas e sistemas informacionais postos à sua dis- 10. DECRETO MUNICIPAL Nº 11.566, DE
posição, contribuindo para os processos de automação, 19/12/2003 - DESIGNA PATRONO DA GUARDA
alimentação de dados e agilização das rotinas de trabalho MUNICIPAL O EMBAIXADOR SÉRGIO VIEIRA DE
relativos à sua área de atuação; MELO;
X - zelar pela guarda e conservação dos materiais e
equipamentos de trabalho;
XI - zelar pelo cumprimento das normas de saúde e
segurança do trabalho e utilizar adequadamente equipa- DECRETO Nº 11.566, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2003.
mentos de proteção individual e coletivo; DESIGNA PATRONO DA GUARDA MUNICIPAL PATRIMO-
XII - ter iniciativa e contribuir para o bom funciona- NIAL - GMP - O EMBAIXADOR SÉRGIO VIEIRA DE MELLO.
mento da unidade em que estiver desempenhando as suas O Prefeito de Belo Horizonte, no uso de suas atribuições
tarefas; legais e em conformidade com o disposto no art. 108, inciso
XIII - propor à gerência imediata providências para a VII da Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte, decreta:
consecução plena de suas atividades, inclusive indicando Art. 1º Fica designado Patrono da Guarda Municipal Pa-
a necessidade de aquisição, substituição, reposição, manu- trimonial o Embaixador Sérgio Vieira de Mello.
tenção e reparo de materiais e equipamentos; Art. 2º A Guarda Municipal Patrimonial manterá registro
XIV - manter-se atualizado sobre as normas municipais da biografia de seu Patrono e organizará eventos em co-
e sobre a estrutura organizacional da Administração Mu- memoração de seu aniversário natalício anualmente, ficando
nicipal; esta data incluída no calendário oficial da GMP.
XV - participar de cursos de qualificação e requalifica- Art. 3º A Guarda Municipal Patrimonial usará, em sua
ção profissional e repassar aos seus pares informações e documentação oficial, a denominação honorífica Guarda
conhecimentos técnicos proporcionados pela Administra- Municipal Embaixador Sérgio Vieira de Mello.
ção Municipal; Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
XVI - manter conduta profissional compatível com os blicação.
princípios reguladores da Administração Pública, especial-
mente os princípios da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da publicidade, da razoabilidade e da eficiên-
cia, preservando o sigilo das informações; 11. DECRETO MUNICIPAL Nº 12.639 DE
XVII - tratar com zelo e urbanidade o cidadão. (Reda- 23/02/2007 - DISPÕE SOBRE ALOCAÇÃO, DE-
ção acrescida pela Lei nº 9276/2006) NOMINAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS DE
CARGO: INSPETOR DA GMBH TERCEIRO GRAU HIERÁRQUICO E RESPECTIVOS
I - zelar pela boa execução das atividades da Guarda, SUBNÍVEIS DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
conforme adequados parâmetros de moralidade, impes- DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO EXECUTIVO,
soalidade, eficiência e cortesia; NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA
II - inspecionar e avaliar o cumprimento de rotinas e URBANA E PATRIMONIAL E DÁ OUTRAS PRO-
horários por parte dos membros da GMBH; VIDÊNCIAS;
III - auxiliar, por meio de informações, na apuração da
demanda de serviços de guarda e na alocação do pessoal;
IV - auxiliar no recolhimento e sistematização de infor- DECRETO Nº 12.639, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2007.
mações relativas à segurança pública;
V - auxiliar no apoio logístico e material dos serviços DISPÕE SOBRE A ALOCAÇÃO, A DENOMINAÇÃO E AS
de guarda, garantido sua economicidade. (Redação acres-
ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS DE TERCEIRO GRAU HIERÁR-
cida pela Lei nº 9319/2007)
QUICO E RESPECTIVOS SUBNÍVEIS DA ESTRUTURA ORGA-
CARGO: OUVIDOR DA GUARDA MUNICIPAL DE BELO
NIZACIONAL DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO EXECUTIVO,
HORIZONTE (Denominação alterada pela Lei nº 9319/2007)
NA SECRETARIA MUNICIPAL DE SEGURANÇA URBANA E PA-
I - receber reclamações relativas às atividades ou ser-
TRIMONIAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
vidores da Guarda Municipal de Belo Horizonte, realizando
O Prefeito de Belo Horizonte, no uso de suas atribuições
apuração preliminar e encaminhando, se necessário, o caso
legais, e de conformidade com o disposto na Lei nº 9.011, de
ao órgão competente;
II - exercer suas atividades com independência e au- 1º de janeiro de 2005 e suas alterações, decreta:
tonomia, buscando estabelecer canais de comunicação de
forma aberta, honesta e objetiva, procurando sempre facili- Capítulo I
tar e agilizar a resposta às reclamações apresentadas; DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
III - publicar no DOM, mensalmente, balanço das re-
clamações recebidas. (Redação acrescida pela Lei nº Art. 1º Os órgãos de terceiro grau hierárquico da estru-
9319/2007) tura organizacional da Secretaria Municipal de Segurança
4. TABELA DE VENCIMENTOS-BASE DO CARGO DE Urbana e Patrimonial e dos órgãos que a compõem estão
PROVIMENTO EFETIVO DE TÉCNICO CULTURAL DE NÍVEL estruturados em gerências, escalonadas em até três subní-
MÉDIO - JORNADA DE 6 HORAS DIÁRIAS veis.

193
LEGISLAÇÃO

Art. 2º As gerências e os demais subníveis da Secre- I - Gerência Administrativa e de Atividades Correicio-


taria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial são os nais, de 1º nível:
seguintes: I.1 - Gerência de Feitos Correicionais, de 2º nível:
I - Gerência de Pesquisas, de 1º nível; I.1.1 - Gerência de Desenvolvimento de Feitos, de 3º
II - Gerência de Projetos, de 1º nível; nível;
III (Revogado pelo Decreto nº 16.618/2017) I.1.2 - Gerência de Registro e Arquivo de Feitos, de 3º
IV - Gerência de Relações Institucionais, de 1º nível; nível;
V - Gerência Administrativo-Financeira, de 1º nível: II - Gerência Correicional, de 1º nível:
V.1 - Gerência de Recursos Humanos, de 2º nível: II.1 - Gerência de Desenvolvimento Correcional, de 2º
V.1.1 - Gerência de Controle de Pessoal, de 3º nível; nível:
V.2 - Gerência de Controle Orçamentário e Financeiro, II.1.1 - Gerência de Suporte Correicional, de 3º nível;
de 2º nível; II.2 - Gerência de Assuntos Internos, de 2º nível.
V.3 - Gerência de Serviços Gerais, de 2º nível; Art. 4º A - As gerências e demais subníveis da Coorde-
V.4 - Gerência de Logística Operacional, de 2º nível; nadoria Municipal de Defesa Civil são as seguintes:
VI - Gerência de Saúde e Trabalho, de 1º nível; I - Gerência de Gestão de Riscos Naturais, de 1º nível
VII - Gerência de Atividades Culturais e Educação Con- classe A;
tinuada, de 1º nível: II - Gerência Técnica, de 1º nível classe C;
VII.1 - Gerência de Qualificação Profissional, de 2º nível. III - Gerência Operacional da Defesa Civil, de 1º nível -
VII (Revogado pelo Decreto nº 16.612/2017) classe A: (Redação dada pelo Decreto nº 14.797/2012)
VIII - Gerência de Mobilização Institucional e Inter- III.0.1 - Gerência de Coordenadoria de Operações Diur-
câmbio, de 1º nível. (Redação acrescida pelo Decreto nº nas I, de 3º nível;
12.937/2007) III.0.2 - Gerência de Coordenadoria de Operações Diur-
IX (Revogado pelo Decreto nº 15.177) nas II, de 3º nível;
Art. 3º As gerências e os demais subníveis da Guarda III.0.3 - Gerência de Coordenadoria de Operações No-
turnas I, de 3º nível;
Municipal de Belo Horizonte são os seguintes:
III.0.4 - Gerência de Coordenadoria de Operações No-
I - Gerência de Execução Operacional, de 1º nível:
turnas II, de 3º nível;
I.1 - Gerência de Atividades Especiais I, de 2º nível;
IV - Gerência Administrativo-Financeira, de 2º nível;
I.2 - Gerência de Atividades Especiais II, de 2º nível;
V - Gerência de Controle e Expedição, de 3º nível. (Re-
I.3 - Gerência da Coordenação Operacional, de 2º nível;
dação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
I.4 - Gerência de Suporte Regional I - Regionais Pam-
VI - Gerência de Integração Institucional e Prevenção,
pulha, Venda Nova e Norte, de 2º nível;
de 1º nível - classe A; (Redação acrescida pelo Decreto nº
I.5 - Gerência de Suporte Regional II - Regionais Pam-
16.587/2017)
pulha, Venda Nova e Norte, de 2º nível;
VII - Gerência de Preparação para Emergências, de 2º
I.6 - Gerência de Suporte Regional I - Regionais No- nível. (Redação acrescida pelo Decreto nº 16.587/2017)
roeste, Oeste e Barreiro, de 2º nível;
I.7 - Gerência de Suporte Regional II - Regionais No- Capítulo II
roeste, Oeste e Barreiro, de 2º nível; DAS GERÊNCIAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE
I.8 - Gerência de Suporte Regional I - Regionais Centro- SEGURANÇA URBANA E PATRIMONIAL
Sul, Leste e Nordeste, de 2º nível; SEÇÃO I
I.9 - Gerência de Suporte Regional II - Regionais Cen- DA GERÊNCIA DE PESQUISAS
tro-Sul, Leste e Nordeste, de 2º nível;
II - Gerência de Controle Institucional, de 1º nível: Art. 5º À Gerência de Pesquisas compete:
II.1 - Gerência de Inteligência, de 2º nível: I - desenvolver atividades relacionadas ao tratamento
II.1.1 - Gerência de Documentos e Arquivos, de 3º nível; estatístico de dados que interessem à segurança urbana do
II.1.2 - Gerência de Segurança Interna, de 3º nível; Município;
II.1.3 - Gerência de Defesa Urbana, de 3º nível; II - viabilizar o tratamento estatístico de crimes e con-
II.1.4 - Gerência de Apoio Técnico, de 3º nível; travenções, conforme parâmetros próprios da divisão geo-
III - Gerência Técnico-Operacional, de 1º nível: política do Município;
III.1 - Gerência de Análise Operacional, de 2º nível; III - propor e sistematizar metodologias para o acom-
III.2 - Gerência de Estatística, de 2º nível; panhamento gerencial das atividades desenvolvidas pelo
III.3 - Gerência de Segurança Física, de 2º nível: Município, atinentes à segurança urbana;
III.3.1 - Gerência de Segurança Patrimonial, de 3º nível. IV - disponibilizar dados e informações para a execu-
III.4 - Gerência de Atividades Musicais, de 2º nível. (Re- ção de projetos;
dação acrescida pelo Decreto nº 16.612/2017) V - elaborar mapa geral de informações estatísticas das
Art. 4º As gerências e os demais subníveis da Corre- atividades da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e
gedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte são as se- Patrimonial.
guintes:

194
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II VIII - supervisionar os serviços de zeladoria, vigilância,


DA GERÊNCIA DE PROJETOS limpeza, copa e manutenção de equipamentos e instalações;
IX - controlar, realizar e avaliar a execução físico-finan-
Art. 6º À Gerência de Projetos compete: ceira dos planos, programas, projetos e atividades previstas
I - prestar assistência técnica necessária ao desenvolvi- no orçamento;
mento de projetos junto a órgãos e instituições nacionais X - elaborar proposta preliminar de cotas às unidades
e internacionais; orçamentárias;
II - proceder à execução de projetos de interesse da XI - acompanhar, controlar a execução de contratos,
segurança urbana para implementação operacional e cap- convênios, acordos e ajustes e recomendar a necessidade de
tação de recursos; aditivos contratuais;
III - avaliar projetos de financiamento de estudos sobre XII - acompanhar e avaliar a execução financeira de con-
segurança urbana, indicando os passíveis de adoção; vênios e contratos de financiamento;
IV - responsabilizar-se pela mobilização comunitária e XIII - realizar a gestão orçamentária e financeira do Fun-
de entidades para a discussão de projetos e avaliação da do Municipal de Calamidade Pública. (Redação acrescida
produção de segurança no Município. pelo Decreto nº 14.276/2011)
Art. 10 - Integram a Gerência Administrativo-Financeira
SEÇÃO III as seguintes gerências, de 2º nível:
(Revogada pelo Decreto nº 16.618/2017) I - Gerência de Recursos Humanos;
II - Gerência de Controle Orçamentário e Financeiro;
Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 16.618/2017) III - Gerência de Serviços Gerais;
IV - Gerência de Logística Operacional.
SEÇÃO IV
DA GERÊNCIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS SUBSEÇÃO I
DA GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS
Art. 8º À Gerência de Relações Institucionais compete:
I - coordenar, em conjunto com a Secretaria Municipal Art. 11 - À Gerência de Recursos Humanos compete:
de Planejamento, Orçamento e Informação, com a Secre- I - dirigir, planejar e executar as atividades pertinentes
taria Municipal de Finanças e com a Secretaria Municipal aos recursos humanos, adotando medidas para o seu apri-
de Governo, a captação e negociação de recursos junto a moramento e maior eficiência, observadas as políticas e di-
órgãos e instituições nacionais e internacionais; retrizes emanadas da Secretaria Municipal de Administração
II - manter os agentes financiadores e repassadores in- e Recursos Humanos;
formados do andamento dos contratos e convênios; II - administrar todas as atividades relacionadas com
III - elaborar relatórios que agilizem informações refe- os direitos, deveres, registro funcional, movimentação, es-
rentes a acordos celebrados; cala de férias, controle numérico e nominal dos quadros
IV - recomendar alterações de projetos e especifica- de pessoal, freqüência e folhas de pagamento, respeitada
ções necessárias à captação de recursos; a competência da Secretaria Municipal de Administração e
V - fornecer dados necessários a outros órgãos para Recursos Humanos;
elaboração de relatórios e pareceres; III - coordenar e controlar a concessão e o pagamento
VI - monitorar todo o processo de execução de acor- de diárias, ajudas de custo, vale-transporte, vale-refeição e
dos desde a sua concepção até a prestação de contas final. afins;
IV - manter o registro e acompanhar a execução dos
SEÇÃO V programas de treinamento;
DA GERÊNCIA ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA V - implantar as atividades relacionadas com a seguran-
ça do trabalho em colaboração com o órgão competente da
Art. 9º À Gerência Administrativo-Financeira compete: Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos;
I - elaborar o planejamento global de atividades de VI - implementar procedimentos de avaliação de desem-
desenvolvimento de recursos humanos e promover a sua penho de pessoal visando garantir a sua perfeita integração
implementação; às atividades da instituição assim como de sua valorização;
II - dar suporte administrativo às atividades das demais VII - coordenar e executar a avaliação de desempenho
gerências; dos Guardas Municipais de Belo Horizonte.
III - gerenciar e executar as atividades de controle do Art. 12 - Integra a Gerência de Recursos Humanos a Ge-
patrimônio mobiliário; rência de Controle de Pessoal, de 3º nível, à qual compete:
IV - programar e controlar as atividades de transporte; I - executar as atividades pertinentes à gestão de re-
V - coordenar as atividades relativas à administração cursos humanos, adotando medidas para o seu aprimora-
de pessoal; mento e maior eficiência, observadas as políticas e diretri-
VI - gerir o arquivo administrativo e técnico do órgão; zes emanadas da Secretaria Municipal de Administração e
VII - supervisionar e executar os serviços de protocolo, Recursos Humanos;
de comunicação e reprografia;

195
LEGISLAÇÃO

II - executar as atividades relacionadas com os direitos IX - executar as atividades de liberação e de prestação


e deveres dos servidores, registro funcional, movimentação de contas de recursos de transferências da União, do Esta-
e lotação de pessoal, escala de férias, controle numérico e do de Minas Gerais e do Tesouro Municipal;
nominal dos quadros de pessoal; X - executar as atividades de pagamento dos proces-
III - controlar a freqüência e preparar as folhas de pa- sos, segundo normas e orientações emanadas pelo Muni-
gamento, bem como promover o controle das despesas de cípio;
custeio de pessoal; XI - processar o pagamento de ajudas de custo, de diá-
IV - controlar a concessão e o pagamento de diárias, rias, vale-transporte, vale-refeição e afins;
vale-transporte, vale-refeição e afins; XII - executar as atividades de remessa de ordens de
V - manter o registro e acompanhar a execução dos pagamento das entidades conveniadas aos bancos creden-
programas de treinamento e de segurança do trabalho em ciados, assim como a conferência dos arquivos transmitidos
colaboração com o órgão competente da Secretaria Muni- via on-line ao banco e o controle formal dos procedimen-
cipal de Administração e Recursos Humanos; tos de inspeção, legalidade e formalidade dos processos
VI - controlar a nomeação, lotação e exoneração de de pagamento;
pessoal de recrutamento amplo, acompanhando a escala XIII - executar as atividades de conciliação bancária das
de férias e o controle numérico e nominal; contas movimentadas pela Secretaria.
VII - colaborar e receber apoio técnico das demais uni-
dades administrativas dos órgãos vinculados à Secretaria SUBSEÇÃO III
Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial, no desem- DA GERÊNCIA DE SERVIÇOS GERAIS
penho de suas funções;
VIII - elaborar, periodicamente, e submeter à aprecia- Art. 14 - À Gerência de Serviços Gerais compete:
ção e análise superiores, relatórios estatísticos e gerenciais I - programar e executar os serviços de comunicação,
das atividades desenvolvidas; telefonia e reprografia, respeitada a competência da Se-
cretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos;
II - programar e executar todas as atividades relacio-
IX - controlar e manter o registro de aptidão dos Guar-
nadas com compras, licitação e almoxarifado, respeitada a
das Municipais de Belo Horizonte, para uso de arma de
competência da Secretaria Municipal de Administração e
fogo.
Recursos Humanos;
III - apoiar todas gerências e assessorias e disponibili-
SUBSEÇÃO II
zar os recursos logísticos necessários aos eventos por elas
DA GERÊNCIA DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E
promovidos;
FINANCEIRO
IV - controlar a movimentação de bens móveis entre
gerências, assessorias e equipamentos, encaminhando de-
Art. 13 - À Gerência de Controle Orçamentário e Finan- núncias de extravio, de acordo com as diretrizes Secretaria
ceiro compete: Municipal de Administração e Recursos Humanos;
I - coordenar a elaboração da proposta orçamentária e V - coordenar os serviços de limpeza, manutenção e
financeira, bem como dos programas, projetos e ações de reparos das unidades que compõem a Secretaria;
segurança urbana; VI - proceder à abertura de processos de contratos e
II - realizar a execução orçamentária dos planos, pro- convênios, com recebimento e conferência das documen-
gramas, projetos e atividades previstas no Orçamento tações que comporão os processos.
Anual para a segurança urbana;
III - liberar as cotas às unidades orçamentárias com SUBSEÇÃO IV
base na participação relativa de cada uma no orçamento; DA GERÊNCIA DE LOGÍSTICA OPERACIONAL
IV - executar as atividades de empenho e processa-
mento das despesas; Art. 15 - À Gerência de Logística Operacional compete:
V - elaborar periodicamente relatórios estatísticos e fi- I - planejar, coordenar e controlar a logística do arma-
nanceiros das atividades desenvolvidas, visando subsidiar mento, munição, equipamentos de proteção, equipamen-
suas ações de planejamento; tos de comunicação, viaturas e demais materiais necessá-
VI - informar à Gerência Administrativo-Financeira a rios ao emprego operacional;
disponibilidade de recursos para a devida instrução dos II - adotar medidas especiais de segurança para o ar-
procedimentos de contratação de fornecimento e serviços, mazenamento do armamento e munição, em consonância
assim como para os convênios; com a legislação vigente;
VII - realizar a execução financeira dos planos, progra- III - providenciar as adequações necessárias ao cumpri-
mas, projetos e atividades previstos no Orçamento Anual; mento, no âmbito municipal, das legislações federal e es-
VIII - acompanhar e controlar os recursos financeiros tadual referentes a armamento, munição e equipamentos
oriundos de transferências da União, do Estado de Minas diversos, destinados ao emprego operacional da Guarda
Gerais e do Tesouro Municipal para as contas bancárias Municipal de Belo Horizonte;
movimentadas pela Secretaria Municipal de Segurança Ur- IV - controlar a utilização e operação de veículos pró-
bana e Patrimonial; prios e alugados.

196
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VI IV - diagnosticar e propor, com base em critérios obje-


DA GERÊNCIA DE SAÚDE E TRABALHO tivos, os assuntos temáticos objeto de estudos e pesquisas;
V - propor a composição de comissões de estudos e
Art. 16 - À Gerência de Saúde e Trabalho compete: pesquisas para assuntos de interesse da Secretaria;
I - planejar, coordenar, organizar, supervisionar e pres- VI - apoiar, por meio de consultoria técnico-científica e
tar assessoria técnica em atividades, ações e projetos de- avaliação constante, as atividades de pesquisa;
senvolvidos na área de saúde e trabalho, em conjunto com VII - propor os processos pedagógicos a serem imple-
a Secretaria Municipal de Administração e Recursos Huma- mentados e emitir pareceres pedagógicos sobre assuntos
nos; educacionais;
II - coordenar o planejamento e a organização de pro- VIII - coordenar as atividades relacionadas às diversas
gramas de promoção da saúde, envolvendo áreas especí- formas de manifestação cultural, incluindo o incentivo às
ficas de saúde mental, ergonomia e outros, em conjunto potencialidades individuais;
com a Secretaria Municipal de Administração e Recursos IX - realizar anualmente a qualificação profissional de
Humanos;
no mínimo 80 horas/aula, encaminhando o resultado para
III - planejar as avaliações periódicas dos Guardas Mu-
a Gerência Administrativo-Financeira.
nicipais;
Art. 18 Integra a Gerência de Atividades Culturais e Edu-
IV - promover ações integradas com as demais áreas
da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial cação Continuada a Gerência de Qualificação Profissional,
para atividades de promoção da saúde; de 2º nível. (Redação dada pelo Decreto nº 16.612/2017)
V - promover e executar programas de treinamento
para os Guardas Municipais em educação para a saúde; SUBSEÇÃO I
VI - proceder à avaliação psicológica dos Guardas Mu- DA GERÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
nicipais para definição acerca das atribuições a serem exer-
cidas; Art. 19 - À Gerência de Qualificação Profissional com-
VII - realizar o acompanhamento psicológico continua- pete:
do dos Guardas Municipais que necessitarem do serviço; I - desdobrar planos e diretrizes estabelecidos para
VIII - analisar e emitir relatório de estudo psicológico as atividades de ensino, treinamento e capacitação, bem
sobre as atuações realizadas pelos Guardas Municipais; como coordenar a sua execução;
IX - elaborar, mediante estudo científico e aplicação de II - assessorar a Gerência de Atividades Culturais e Edu-
métodos e técnicas específicos, o perfil comportamental cação Continuada no planejamento, coordenação e con-
dos Guardas Municipais; trole das atividades de ensino, formação e treinamento dos
X - realizar o atendimento ambulatorial de urgência, integrantes da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
encaminhando o Guarda Municipal para os serviços espe- III - manter o acompanhamento sistemático da evolu-
cializados, quando necessário; ção do ensino e do treinamento, com vistas ao aperfeiçoa-
XI - manter organizado e atualizado o prontuário psi- mento dos processos;
cológico de cada Guarda Municipal; IV - promover os registros necessários das atividades
XII - elaborar e submeter periodicamente à análise su- de ensino e treinamento, coletando e avaliando os dados
perior, relatórios estatísticos das atividades desenvolvidas; estatísticos pertinentes;
XIII - encaminhar para a Gerência Administrativo-Fi- V - assessorar a Gerência de Atividades Culturais e Edu-
nanceira o resultado dos exames da capacidade psicológi- cação Continuada nos assuntos didático-pedagógicos do
ca para fins de uso de arma de fogo; processo de ensino e treinamento, propondo medidas para
XIV - orientar sobre medidas de proteção e desinfec-
a sua melhoria;
ção.
VI - manter organizada e atualizada a legislação dos
assuntos afetos à Gerência, consolidando os calendários de
SEÇÃO VII
DA GERÊNCIA DE ATIVIDADES CULTURAIS E EDU- atividades;
CAÇÃO CONTINUADA VII - responsabilizar-se pela emissão de relatórios e
análises anuais dos planos de ensino e treinamento;
Art. 17 - À Gerência de Atividades Culturais e Educação VIII - gerenciar a execução dos cursos de formação e
Continuada compete: de treinamento;
I - planejar, coordenar e controlar as atividades de en- IX - manter controle estatístico dos cursos e treinamen-
sino, formação e treinamento do contingente da Guarda tos desenvolvidos;
Municipal de Belo Horizonte; X - propor e desenvolver o processo de avaliação de
II - buscar intercâmbio técnico, científico e cultural com desempenho do sistema de ensino;
outras instituições de ensino, pesquisa e extensão, em nível XI - manter organizado e atualizado o sistema de ar-
municipal, estadual e nacional; quivo da Gerência.
III - propor a realização de convênios, programas e
projetos de intercâmbio e transferência de tecnologias, de
incentivo à realização de atividades de estudos, pesquisa e
extensão, entre entidades públicas e privadas;

197
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO II VI - responsabilizar-se, diretamente, pela coordenação e


(Revogado pelo Decreto nº 16.612/2017) controle dos postos da Guarda Municipal de Belo Horizonte nos
locais de permanência funcional do Prefeito;
Art. 20 (Revogado pelo Decreto nº 16.612/2017) VII - zelar pelo rigoroso controle dos horários de serviço, da
postura, compostura, uniformes e equipamentos empregados
SEÇÃO VIII nas atividades operacionais;
DA GERÊNCIA DE MOBILIZAÇÃO INSTITUCIONAL E VIII - propor medidas de execução operacional, cuja imple-
INTERCÂMBIO mentação redunde em aprimoramento técnico-operacional;
(Redação acrescida pelo Decreto nº 12.937/2007) IX - buscar, na atividade operacional, a integração com os
órgãos do Sistema de Defesa Social, visando à cooperação mú-
Art. 20 A - À Gerência de Mobilização Institucional e tua.
Intercâmbio compete: Art. 22 - Integram a Gerência de Execução Operacional as
I - coordenar o Fórum Municipal de Segurança Urbana; seguintes gerências, de 2º nível:
II - secretariar executivamente os trabalhos da Secreta- I - Gerência de Atividades Especiais I;
ria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial nos even- II - Gerência de Atividades Especiais II;
tos e reuniões de fóruns e seminários diversos, e assessorar III - Gerência da Coordenação Operacional;
o Secretário nos eventos cujo tema for segurança urbana; IV - Gerência de Suporte Regional I - Regionais Pampulha,
III - realizar intercâmbio com órgãos e entidades dos Venda Nova e Norte;
três níveis federativos no tocante a assuntos de segurança V - Gerência de Suporte Regional II - Regionais Pampulha,
urbana; Venda Nova e Norte;
IV - acompanhar, juntamente com a Gerência de Re- VI - Gerência de Suporte Regional I - Regionais Noroeste,
lações Institucionais, programas e projetos decorrentes da Oeste e Barreiro;
iniciativa dos governos federal ou estadual que incentivem VII - Gerência de Suporte Regional II - Regionais Noroeste,
ou possibilitem o aporte de recursos ao Município; Oeste e Barreiro;
V - elaborar estudos e planejamentos de aplicação me- VIII - Gerência de Suporte Regional I - Regionais Centro-Sul,
tropolitana, regional ou estadual a serem apresentados ou Leste e Nordeste;
propostos nos fóruns e outros eventos de segurança ur- IX - Gerência de Suporte Regional II - Regionais Centro-Sul,
bana, mantendo, com a Gerência de Análise Operacional, Leste e Nordeste.
relacionamento para a utilização de base de dados comum;
VI - buscar e expedir informações sobre segurança ur- SUBSEÇÃO I
bana, por meio de relatórios e pareceres utilizando e divul- DAS GERÊNCIAS DE ATIVIDADES ESPECIAIS I E II
gando, no que couber, dados trabalhados pela Gerência de
Controle Institucional; Art. 23 - Às Gerências de Atividades Especiais I e II compete:
VII - acompanhar, na área de interesse, os trabalhos de I - coordenar, controlar e apoiar o emprego da Guarda Mu-
municípios brasileiros que tenham reflexo na segurança ur- nicipal de Belo Horizonte, em atividades de trânsito, de defesa
bana. (Redação acrescida pelo Decreto nº 12.937/2007) civil e de fiscalização do Município, quando determinado pelo
Prefeito e em eventos que necessitem de sua participação;
SEÇÃO IX (Revogado pelo Decreto nº 15.177) II - manter estreita relação com órgãos e entidades muni-
Capítulo III cipais, estaduais e federais, visando o emprego operacional da
DAS GERÊNCIAS DA GUARDA MUNICIPAL DE BELO Guarda Municipal de Belo Horizonte em atividades de apoio,
HORIZONTE quando solicitado.
SEÇÃO I
DA GERÊNCIA DE EXECUÇÃO OPERACIONAL SUBSEÇÃO II
DA GERÊNCIA DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL
Art. 21 - À Gerência de Execução Operacional compete:
I - elaborar as diretrizes, planos de ação e instruções de Art. 24 - À Gerência de Coordenação Operacional compete:
serviço, em conjunto com as demais gerências, visando a I - coordenar e controlar todas as atividades desenvolvidas,
adequada atuação da Guarda Municipal de Belo Horizonte; no acompanhamento dos serviços operacionais;
II - supervisionar diretamente o emprego operacional II - manter toda a documentação atualizada, cuidando para
da Guarda Municipal, notadamente nos eventos especiais; que todas as recomendações do Comando sejam cumpridas
III - estabelecer mapas de controle de atividades ope- fielmente;
racionais, bem como sistemas codificados de comunica- III - manter o Comando e a Secretaria Municipal de Segu-
ções operacionais; rança Urbana e Patrimonial constantemente informados de to-
IV - planejar, o emprego do efetivo da Guarda Muni- das as ocorrências e fatos de destaque que ocorram no âmbito
cipal de Belo Horizonte, de forma a suprir as necessidades das atribuições da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
das diversas gerências regionais e dos diversos postos e IV - responsabilizar-se pela disciplina de rede de comunica-
turnos de serviço; ção operacional;
V - manter contatos horizontais, visando a maior efeti- V - manter as equipes da Central de Coordenação Geral
vidade das atividades operacionais; atualizadas acerca dos planos, diretrizes e instruções.

198
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO III IV - zelar pela fiel observância das diretrizes estabeleci-


DAS GERÊNCIAS DE SUPORTE REGIONAL I E II das para as atividades de inteligência;
- REGIONAIS PAMPULHA, VENDA NOVA E NORTE, V - zelar pela observância da legislação em vigor relati-
NOROESTE, OESTE E BARREIRO, CENTRO-SUL, LESTE E va a salvaguarda de informações, documentos, áreas, insta-
NORDESTE lações e materiais de natureza sigilosa;
VI - prestar assessoria em assuntos de sua competência;
Art. 25 - Às Gerências de Suporte Regional I e II - Re- VII - realizar estudos de análise de conjuntura relativos
gionais Pampulha, Venda Nova e Norte, Noroeste, Oeste e aos fatores que possam influenciar a segurança urbana;
Barreiro, Centro-Sul, Leste e Nordeste, compete: VIII - estabelecer relações com órgãos afins, nos âmbi-
I - coordenar e controlar, de forma descentralizada, tos federal, estadual e municipal, objetivando informações
todas as atividades operacionais da Guarda Municipal de- de interesse comum;
senvolvidas na circunscrição da Regional sob sua respon- IX - acompanhar, os fatos e/ou eventos que possam in-
fluenciar na segurança urbana, visando à produção de infor-
sabilidade, em consonância com as normas expedidas pelo
mações operacionais;
Comando;
X - cuidar da produção de informações de segurança
II - apresentar propostas que visem o aprimoramento
urbana, visando subsidiar o Comando no emprego mais efi-
das atividades operacionais desenvolvidas em sua área de
caz dos recursos humanos e materiais;
responsabilidade; XI - propor cursos e seminários de interesse das ativida-
III - manter estreito relacionamento com a Secretaria des de inteligência.
Regional visando identificar as demandas por segurança no Art. 27 - Integra a Gerência de Controle Institucional a
âmbito da Regional, adotando as medidas necessárias para Gerência de Inteligência, de 2º nível.
a sua solução;
IV - estar atento aos problemas e necessidades dos SUBSEÇÃO I
Guardas Municipais que integram o efetivo de sua Regio- DA GERÊNCIA DE INTELIGÊNCIA
nal, envidando esforços para a solução dos mesmos, enca-
minhando ao Comando aqueles que fujam à sua capacida- Art. 28 - À Gerência de Inteligência compete:
de de decisão; I - cuidar da salvaguarda de assuntos de interesse da
V - responsabilizar-se pela elaboração, coordenação e Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e
controle das escalas de serviço, conforme diretrizes expe- da Guarda Municipal;
didas pelo Comando; II - coordenar e controlar as atividades de busca de in-
VI - representar o Comando da Guarda Municipal de formações de interesse da segurança urbana;
Belo Horizonte, quando determinado; III - apoiar atividades de acompanhamento de desvios
VII - zelar pela postura e compostura dos Guardas Mu- de conduta dos integrantes da Guarda Municipal de Belo
nicipais sob seu comando, bem como pela correta conduta Horizonte;
disciplinar dos mesmos, adotando as medidas corretivas, IV - supervisionar as atividades das equipes de busca;
nos casos de desvios de conduta, em conformidade com a V - elaborar, coordenar e controlar as medidas de segu-
legislação em vigor e diretrizes do Comando; rança de documentos sob sua responsabilidade;
VIII - apresentar sugestões para a elaboração do pro- VI - preparar toda a documentação dos diversos setores
grama de instrução dos Guardas Municipais de Belo Hori- de inteligência para análise e decisão do Gerente de Con-
zonte; trole Institucional.
IX - zelar pela correta utilização do armamento e de- Art. 29 - Integram a Gerência Inteligência as seguintes
gerências, de 3º nível:
mais equipamentos distribuídos aos Guardas Municipais
I - Gerência de Documentos e Arquivos;
sob seu comando;
II - Gerência de Segurança Interna;
X - organizar e manter sempre atualizada a documen-
III - Gerência de Defesa Urbana;
tação afeta à sua gerência. IV - Gerência de Apoio Técnico.
Art. 30 - À Gerência de Documentos e Arquivos compete:
SEÇÃO II I - produzir toda a documentação afeta à Gerência de
DA GERÊNCIA DE CONTROLE INSTITUCIONAL Inteligência;
II - organizar, coordenar e controlar o sistema de arqui-
Art. 26 - À Gerência de Controle Institucional compete: vo e protocolo da Gerência;
I - planejar, coordenar, controlar e supervisionar todas III - acompanhar e registrar o noticiário de interesse ins-
as atividades de inteligência da Guarda Municipal; titucional;
II - produzir e salvaguardar diretrizes e instruções re- IV - produzir o Diário de Informações de Segurança Ur-
lativas aos desvios de conduta dos integrantes da Guarda bana.
Municipal, em consonância com as normas estabelecidas Art. 31 - À Gerência de Segurança Interna compete:
pela Corregedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte; I - proceder ao levantamento sobre possíveis desvios
III - manter registro e acompanhamento dos casos de de conduta dos integrantes da Guarda Municipal, que pos-
desvios de conduta, informando, oportunamente, ao Co- sam comprometer a honra, o conceito e a imagem institu-
mando; cionais ou da própria Administração Pública Municipal;

199
LEGISLAÇÃO

II - acompanhar e analisar, continuamente, o moral insti- SUBSEÇÃO I


tucional; DA GERÊNCIA DE ANÁLISE OPERACIONAL
III - apoiar as atividades da Corregedoria da Guarda Muni-
cipal, quando solicitado; Art. 36 - À Gerência de Análise Operacional compete:
IV - realizar pesquisas sociais de candidatos aos cargos da I - manter análise estatística diária e continuada de todas
Guarda Municipal. as atividades operacionais realizadas pela Guarda Municipal;
Art. 32 - À Gerência de Defesa Urbana compete: II - buscar a identificação de tendências das ocorrências,
I - produzir informações para suporte às decisões opera- visando a orientação do emprego mais eficaz dos recursos
cionais; humanos e materiais;
II - produzir informações sobre manifestações sociais de III - buscar a identificação dos fatores causais das ocor-
interesse do Município, visando à adoção de medidas preven- rências, visando orientar a adoção de medidas preventivas e/
tivas de segurança; ou corretivas pelo Comando;
III - produzir informações relativas a sinistros e catástrofes IV - prestar apoio na realização de palestras e apresenta-
naturais para apoio às atividades de Defesa Civil; ções diversas;
IV - manter o acompanhamento das atividades operacio- V - elaborar o Anuário Estatístico das atividades desen-
nais da Guarda Municipal. volvidas no ano, em conjunto com a Gerência de Estatística;
Art. 33 - À Gerência de Apoio Técnico compete: VI - buscar identificar tendências, postos mais problemá-
I - dar suporte técnico, na área de eletrônica e de teleco- ticos, horários mais críticos, com vistas ao emprego eficaz dos
municações, nas atividades de controle institucional; recursos humanos e materiais.
II - realizar filmagens e registro fotográfico de manifestações
sociais de interesse da Segurança Urbana e/ou do Município; SUBSEÇÃO II
III - dar apoio às demais gerências em matéria de sua DA GERÊNCIA DE ESTATÍSTICA
competência.
Art. 37 - À Gerência de Estatística compete:
SEÇÃO III I - registrar, diária e continuamente, todas as intervenções
DA GERÊNCIA TÉCNICO-OPERACIONAL realizadas pela Guarda Municipal, para fins de análise estatís-
tica dos resultados obtidos;
Art. 34 - À Gerência Técnico-Operacional compete: II - coordenar a implantação de sistemas informatizados
I - substituir o Comandante da Guarda Municipal de Belo de registros de intervenções na Guarda Municipal e outros,
Horizonte em suas ausências ou impedimentos; em coordenação com a Gerência de Análise Operacional;
II - elaborar, em consonância com as políticas de segu- III - colaborar na elaboração de palestras e apresentações
rança urbana, a doutrina de emprego operacional da Guarda diversas;
Municipal; IV - elaborar, em conjunto com a Gerência de Análise
III - colaborar com o planejamento e coordenação do em- Operacional, o Anuário Estatístico, com balanço anual de to-
prego operacional da Guarda Municipal; das as atividades operacionais desenvolvidas.
IV - sistematizar as avaliações de interesse da segurança
urbana, de forma a permitir o emprego eficaz dos recursos SUBSEÇÃO III
humanos e materiais; DA GERÊNCIA DE SEGURANÇA FÍSICA
V - cooperar com o planejamento e a supervisão do em-
prego integrado do efetivo da Guarda Municipal em eventos Art. 38 - À Gerência de Segurança Física compete:
que exijam coordenação centralizada do esforço operacional; I - elaborar as análises de ambiência de segurança dos
VI - cooperar com o planejamento, a coordenação e o contro- próprios municipais;
le do programa de instrução do contingente da Guarda Municipal; II - elaborar estudos para instalação de postos fixos da
VII - cooperar com a implementação de diretrizes que per- Guarda Municipal;
mitam o controle diário do efetivo lançado em serviço; III - realizar visitas aos diversos próprios municipais, visan-
VIII - implementar diretrizes que permitam o controle sis- do transmitir orientações para segurança pessoal e coletiva
temático e diário das intervenções e ocorrências verificadas; aos gerentes e funcionários;
IX - supervisionar as análises de ambiência elaboradas pe- IV - efetuar a segurança velada dos eventos especiais,
las Gerências de Segurança Física e de Segurança Patrimonial; conforme recomendação do Comando.
X - sugerir, em decorrência de análise operacional, a movi-
mentação de Guardas Municipais; SUBSEÇÃO IV
XI - organizar e manter atualizado o Quadro de Eventos DA GERÊNCIA DE ATIVIDADES MUSICAIS
Programados (QEP), informando a todos os interessados. (Redação acrescida pelo Decreto nº 16.612/2017)
Art. 35 - Integram a Gerência Técnico-Operacional as se-
guintes gerências, de 2º nível: Art. 38-A À Gerência de Atividades Musicais compete:
I - Gerência de Análise Operacional; I - coordenar as atividades da Banda de Música da Guarda
II - Gerência de Estatística; Municipal, envolvendo a seleção de músicos dentre os com-
III - Gerência de Segurança Física; ponentes da Guarda Municipal de Belo Horizonte, o treina-
IV - Gerência de Atividades Musicais. (Redação acrescida mento, a aquisição de instrumentos musicais, partituras e mo-
pelo Decreto nº 16.612/2017) biliário próprio para a sala de treinamento e apresentações;

200
LEGISLAÇÃO

II - relacionar-se com outras corporações musicais, pú- IV - supervisionar a elaboração de portarias, atos, car-
blicas ou privadas, visando o intercâmbio de conhecimen- tas citatórias e intimações, e o seu cumprimento;
tos, repertório, aperfeiçoamento dos músicos e eventos cul- V - supervisionar o suporte nas audiências, o registro e
turais na música de interesse do Município; controle das fichas de antecedentes disciplinares, e a coleta
III - propor e coordenar a participação da Banda de de dados com a emissão de pronunciamentos pertinentes;
Música da Guarda Municipal em eventos sócio-culturais de VI - supervisionar a distribuição das apurações sumá-
interesse do Município. (Redação acrescida pelo Decreto nº rias, sindicâncias e processos administrativos disciplinares,
16.612/2017) e a emissão de pareceres em matéria de sua competência,
Art. 39 - Integra a Gerência de Segurança Física a Gerên- para decisão do Corregedor.
cia de Segurança Patrimonial, de 3º nível, à qual compete: Art. 43 - Integram a Gerência de Feitos Correicionais as
I - prestar assessoria na área de construção e reforma seguintes gerências, de 3º nível:
de próprios, dentro dos princípios adequados de segurança; I - Gerência de Desenvolvimento de Feitos;
II - responsabilizar-se pela organização e treinamento II - Gerência de Registro e Arquivo de Feitos.
de voluntários nos próprios municipais, para prevenção e Art. 44 - À Gerência de Desenvolvimento de Feitos
enfrentamento de sinistros; compete:
III - colaborar na elaboração das diretrizes para empre- I - elaborar portarias e atos;
go da Guarda Municipal em situações de sinistros e/ou ca- II - emitir cartas citatórias e intimações;
lamidades. III - elaborar ofícios e documentos;
IV - encaminhar processos para aplicação de penali-
Capítulo IV dades;
DAS GERÊNCIAS DA CORREGEDORIA DA GUARDA V - subsidiar na emissão de pareceres em matéria de
MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE sua competência;
SEÇÃO I VI - manter atualizado o controle de movimentação de
DA GERÊNCIA ADMINISTRATIVA E DE ATIVIDADES processos ou quaisquer outros expedientes;
CORREICIONAIS
VII - elaborar a agenda de depoimentos;
VIII - prestar informações e suporte à Gerência de Fei-
Art. 40 - À Gerência Administrativa e de Atividades Cor-
tos Correicionais.
reicionais compete:
Art. 45 - À Gerência de Registro e Arquivo de Feitos
I - coordenar as atividades correicionais cartoriais da
compete:
Guarda Municipal de Belo Horizonte;
I - executar protocolo e expedição de documentos;
II - coordenar o cadastramento de todos os expedien-
II - fazer cumprir as cartas citatórias;
tes, bem como o controle dos livros e registros;
III - encaminhar intimações;
III - coordenar a abertura, autuação e trâmite de pro-
cessos em apuração sumária, sindicância e processos admi- IV - encaminhar publicações para o DOM;
nistrativos disciplinares; V - controlar as respostas de ofícios e encaminhá-los
IV - coordenar a elaboração de portarias, atos, cartas para autuação;
citatórias e intimações, e o seu cumprimento; VI - manter atualizado o arquivo;
V - coordenar o suporte nas audiências, o registro e VII - prestar informações e suporte à Gerência de Feitos
controle das fichas de antecedentes disciplinares, e a coleta Correicionais.
de dados com a emissão de pronunciamentos pertinentes;
VI - coordenar a distribuição das apurações sumárias, SEÇÃO II
sindicâncias e processos administrativos disciplinares, e a DA GERÊNCIA CORREICIONAL
emissão de pareceres em matéria de sua competência, para
decisão do Corregedor. Art. 46 - À Gerência Correicional compete:
Art. 41 - Integra a Gerência Administrativa e de Ativi- I - coordenar a instrução de sindicâncias, e a emissão
dades Correicionais a Gerência de Feitos Correicionais, de de seu relatório final;
2º nível. II - coordenar e elaborar pareceres em matéria disci-
plinar;
SUBSEÇÃO I III - coordenar diligências externas e de assuntos inter-
DA GERÊNCIA DE FEITOS CORREICIONAIS nos da Corregedoria;
IV - coordenar a realização de audiências em proces-
Art. 42 - À Gerência de Feitos Correicionais compete: sos de sindicância e o suporte às Comissões Revisional e
I - supervisionar a realização de protocolos, arquivos e Recursal;
audiências dos processos; V - analisar e emitir relatório sobre denúncias.
II - supervisionar o cadastramento de todos os expe- Art. 47 - Integram a Gerência Correicional as seguintes
dientes, e o controle dos livros e registros; gerências, de 2º nível:
III - supervisionar a abertura, autuação e trâmite de pro- I - Gerência de Desenvolvimento Correicional;
cessos em apuração sumária, sindicância e processos admi- II - Gerência de Assuntos Internos.
nistrativos disciplinares;

201
LEGISLAÇÃO

SUBSEÇÃO I SEÇÃO II
DA GERÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO CORREICIONAL DA GERÊNCIA TÉCNICA
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
Art. 48 - À Gerência de Desenvolvimento Correicional compete:
I - supervisionar a instrução de sindicância; Art. 50 B - À Gerência Técnica compete:
II - supervisionar a emissão de relatórios em processos de I - promover o assessoramento técnico em todas as ações de de-
sindicância; fesa civil desenvolvidas pela Coordenadoria Municipal de Defesa Civil;
III - supervisionar a abertura de processos de sindicância e II - realizar vistorias técnicas e emitir laudos ou relatórios
de processos administrativos disciplinares; para subsidiar decisões a serem tomadas pelo Coordenador
IV - supervisionar as diligências externas; Municipal de Defesa Civil;
V - supervisionar a realização de audiências; III - colaborar no planejamento e execução de treinamento e/
VI - supervisionar o protocolo e a expedição de documentos e atos; ou capacitação de recursos humanos para as ações de Defesa Civil;
VII - emitir pareceres em matéria de sua competência; IV - apoiar as equipes em ação de defesa civil a fim de
VIII - emitir relatório estatístico sobre atividades correicionais; orientar os trabalhos de forma segura;
IX - supervisionar o cumprimento dos atos dos processos. V - realizar, de forma integrada com os demais órgãos
Art. 49 - Integra a Gerência de Desenvolvimento Correicional municipais, estudos continuados, análise e monitoramento em
a Gerência de Suporte Correicional, de 3º nível, à qual compete: áreas de risco;
I - dar suporte à instrução de processos de sindicâncias; VI - promover o levantamento de informações sobre áreas
II - dar suporte para autuação de processos de sindicâncias e situações de riscos de acidentes ou desastre, dentro do Muni-
e processos administrativos disciplinares junto à Gerência de De- cípio, para subsidiar a elaboração de planos e cartas de situação;
senvolvimento Correicional; VII - manter atualizado o cadastro de voluntários dos Nú-
III - tramitar os processos de sindicância e os processos ad- cleos de Defesa Civil - NUDEC;
ministrativos disciplinares; VIII - cadastrar recursos humanos e materiais de que dis-
IV - elaborar pareceres em matéria de sua competência; põe a Coordenadoria Municipal de defesa Civil e órgãos parcei-
V - dar suporte às comissões disciplinares, de recursos e revisional;
ros para o enfrentamento de situações de acidente ou desastre;
VI - dar suporte em audiências.
IX - apresentar periodicamente ao Coordenador Munici-
pal de Defesa Civil relatório sobre o andamento das atividades.
SUBSEÇÃO II
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
DA GERÊNCIA DE ASSUNTOS INTERNOS

Art. 50 - À Gerência de Assuntos Internos compete: SEÇÃO III


I - subsidiar, com informações e diligências, a Comissão Dis- DA GERÊNCIA OPERACIONAL DA DEFESA CIVIL
ciplinar e a Gerência Correicional em processos administrativos (Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
disciplinares e sindicâncias;
II - realizar diligências externas; Art. 50 C - À Gerência Operacional da Defesa Civil compete:
III - realizar diligências em sindicâncias indiciárias e em pro- I - promover o salvamento da população atingida por de-
cessos de sindicâncias; sastres naturais ou provocados pelo homem;
IV - emitir relatório sobre diligências; II - avaliar os danos e riscos a que está submetida a po-
V - elaborar pareceres em matéria de sua competência; pulação em área de risco e adotar medidas de proteção e/ou
VI - realizar pesquisas. mitigação dos riscos;
III - cadastrar os relatórios de vistorias no sistema informa-
CAPÍTULO IV A tizado de Defesa Civil;
DAS GERÊNCIAS DA COORDENADORIA MUNICIPAL DE IV - manter cadastro das vistorias de monitoramento de
DEFESA CIVIL pontos críticos de risco de desastre;
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011) V - promover a remoção da população das áreas de perigo
SEÇÃO I iminente;
DA GERÊNCIA DE GESTÃO DE RISCOS NATURAIS VI - acionar os órgãos competentes para a promoção da guar-
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011) da dos pertences de pessoas atingidas por acidentes ou desastres;
VII - promover a remoção de pessoas desabrigadas ou
Art. 50 A - À Gerência de Gestão de Riscos Naturais compete: desalojadas para locais de refúgio ou abrigos, observando o
I - elaborar projetos com vistas ao monitoramento e ao ge- número de vagas disponíveis em colaboração com os demais
renciamento de riscos e desastres naturais, propondo sistemas órgãos do Município;
de alerta e alarme; VIII - articular ações integradas com os diversos órgãos do
II - prestar consultoria nos assuntos pertinentes à área de município tendo em vista as ações de socorro, de prevenção,
climatologia e de previsões meteorológicas; de reabilitação e recuperação de áreas deterioradas por aci-
III - propor e realizar estudos visando subsidiar a adoção de dentes ou desastres;
medidas de prevenção, proteção e/ou mitigação dos riscos pela IX - fazer os planos globais, específicos e de contingências
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil; na área de Defesa Civil;
IV - elaborar documentos, relatórios, apresentações e X - apresentar periodicamente ao Coordenador Municipal
análises solicitadas pelo Prefeito. (Redação acrescida pelo de Defesa Civil relatório sobre o andamento das atividades.
Decreto nº 14.276/2011) (Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)

202
LEGISLAÇÃO

Art. 50 D - Integram a Gerência Operacional da Defesa Civil X - manter atualizados os arquivos de leis, decretos, nor-
as seguintes gerências, de 3º nível: mas e documentos de interesse da Coordenadoria Municipal
I - Gerência de Coordenadoria de Operações Diurnas I; de Defesa Civil;
II - Gerência de Coordenadoria de Operações Diurnas II; XI - elaborar escala de serviço de pessoal de plantão e
III - Gerência de Coordenadoria de Operações Noturnas I; de serviço de turnos. (Redação acrescida pelo Decreto nº
IV - Gerência de Coordenadoria de Operações Noturnas II. 14.276/2011)
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
SEÇÃO V
SUBSEÇÃO I DA GERÊNCIA DE CONTROLE E EXPEDIÇÃO
DAS GERÊNCIAS DE COORDENADORIA DE OPERA- (Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
ÇÕES DIURNAS E NOTURNAS I E II
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011) Art. 50 G - À Gerência de Controle e Expedição compete:
I - receber expedientes e documentos encaminhados ao
Art. 50 E - Às Gerências de Coordenadoria de Operações gabinete e às gerências a ele subordinadas, prepará-los para
Diurnas e Noturnas I e II compete: despacho ou dar-lhes o encaminhamento devido;
I - coordenar diuturnamente as ações de Defesa Civil no II - preparar os contatos e reuniões de que o Secretário
deva participar;
atendimento ao público;
III - executar os serviços de digitação e organizar o arquivo
II - orientar e fiscalizar o atendimento telefônico da cen-
de correspondências e documentos;
tral 199; IV - preparar a correspondência do Gabinete;
III - analisar situações de ocorrência e estabelecer priori- V - controlar a execução dos serviços externos de respon-
dades no atendimento; sabilidade do gabinete da Coordenadoria Municipal de Defesa
IV - assumir o atendimento nos casos de ocorrência de Civil. (Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011)
alta complexidade;
V - compartilhar e/ou repassar atendimento de ocorrên- SEÇÃO VI
cia de defesa civil às Secretarias de Administração Regional DA GERÊNCIA DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
Municipais, URBEL e demais órgãos do Município; E PREVENÇÃO (Redação acrescida pelo Decreto nº
VI - fazer o relatório de Serviço do Turno constando to- 16.587/2017)
das as demandas e soluções dadas para cada caso;
VII - apoiar e orientar a equipe de atendimento de ocor- Art. 50-H À Gerência de Integração Institucional e Preven-
rência de Defesa Civil. (Redação acrescida pelo Decreto nº ção compete:
14.276/2011) I - gerenciar a comunicação social da COMDEC, em alinha-
mento com as diretrizes da ASCOM;
SEÇÃO IV II - gerenciar as redes sociais e o relacionamento com a
DA GERÊNCIA ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA mídia, priorizando a difusão oportuna dos alertas e de medidas
(Redação acrescida pelo Decreto nº 14.276/2011) de auto proteção dos cidadãos;
III - coordenar e registrar as ações pactuadas entre a Prefei-
Art. 50 F - À Gerência de Administrativo-Financeira com- tura de Belo Horizonte e a Organização das Nações Unidas, na
pete: campanha “cidades resilientes”;
I - formatar o orçamento anual e plurianual de investi- IV - desenvolver ações para ampliar a participação da co-
mentos e custeio da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil munidade nas ações de proteção e defesa civil;
e do FEMCAMP; V - ampliar a participação da iniciativa privada nas ações de
II - analisar, preparar e acompanhar o cumprimento da proteção e defesa civil, através de parcerias institucionalizadas;
VI - identificar e promover oportunidades de atuação con-
programação financeira;
junta com entidades de classe, visando capacitar os associados
III - registrar e acompanhar a execução da programação
quanto a proteção e defesa civil em caso de desastres;
anual e plurianual, sugerindo alterações quando necessário;
VII - identificar fontes de recursos, elaborar planos de tra-
IV - administrar os serviços internos, o pessoal, o material balho e propor convênios com entes federados e instituições,
de consumo, os veículos e o patrimônio móvel; visando o desenvolvimento de ações de proteção e defesa civil,
V - cumprir e fazer cumprir as disposições aplicáveis aos com ênfase na prevenção e mitigação de desastres;
servidores; VIII - planejar e desenvolver ações visando o intercâmbio
VI - coordenar as atividades relativas ao preparo da folha com os sistemas de defesa e proteção civil de outros municípios;
de pagamento; IX - organizar seminários, congressos e conferências rela-
VII - coordenar a implantação das atividades relacionadas tivos ao tema da proteção e defesa civil, principalmente envol-
com segurança do trabalho, segundo diretrizes emanadas da vendo a participação popular e de instituições privadas;
Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos; X - desenvolver ações junto à comunidade acadêmica de
VIII - promover a guarda dos bens oriundos de aquisição modo a incentivar a produção de conhecimento científico so-
e/ou doações recebidas, bem como o controle e distribuição bre a gestão de riscos e desastres no município;
à população flagelada; XI - avaliar e propor sugestões para a atualização da polí-
IX - executar o acompanhamento dos serviços de ter- tica municipal de defesa civil. (Redação acrescida pelo Decreto
ceiros prestados a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil; nº 16.587/2017)

203
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VII
DA GERÊNCIA DE PREPARAÇÃO PARA EMERGÊN- 12. LEI MUNICIPAL 9.319, DE 19 DE JANEIRO
CIAS (Redação acrescida pelo Decreto nº 16.587/2017) DE 2007 - ESTATUTO DA GUARDA MUNICIPAL
DE BELO HORIZONTE.
Art. 50-I À Gerência de Preparação para Emergências
compete:
I - planejar e implementar programas de capacitação
contínua dos recursos humanos da COMDEC e de todo o LEI Nº 9319, DE 19 DE JANEIRO DE 2007
sistema municipal de defesa e proteção civil (SIMDEC); (Vide Leis nº 9469/2007 e nº 10.497/2012)
II - manter atualizados os planos de contingências para (Vide regulamentação dada pelo Decreto nº 14.106/2010)
resposta aos desastres recorrentes na cidade;
INSTITUI O ESTATUTO DA GUARDA MUNICIPAL DE BELO
III - planejar e executar simulados previstos nos Planos
HORIZONTE E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
de Contingências para resposta aos desastres;
O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus repre-
IV - mobilizar, capacitar e treinar as comunidades inse-
sentantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ridas em áreas de risco de desastres;
V - planejar e realizar as vistorias de prevenção e pre- TÍTULO I
paração nas áreas de risco, relatando e encaminhando aos DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
demais órgãos do SIMDEC, as necessidades de intervenção Capítulo I
mitigatória; DA DESTINAÇÃO E MISSÃO
VI - controlar os estoques dos depósitos de assistência
humanitária, mantendo-os abastecidos, em conjunto com Art. 1º A Guarda Municipal de Belo Horizonte - GMBH
a Gerencia Administrativo e Financeira; - é órgão integrante da Administração Direta do Poder Exe-
VII - cadastrar, organizar e capacitar voluntários, para cutivo do Município de Belo Horizonte, organizada com
as ações de prevenção, preparação e resposta aos desas- base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema
tres, segundo a vocação e especialidade de cada um; do Prefeito de Belo Horizonte, com a finalidade de garantir
VIII - mobilizar e capacitar os radioamadores para atua- segurança aos órgãos, entidades, agentes, usuários, servi-
ção na ocorrência de desastres; ços e ao patrimônio do Município de Belo Horizonte, e tem
IX - implementar o programa “Defesa Civil nas Escolas”, como princípios norteadores de suas ações: (Vide Lei nº
em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação; 10.799/2015)
X - apoiar a Gerência Operacional na implementação I - o respeito à dignidade humana;
do Sistema de Comando em Operações, durante os pro- II - o respeito à cidadania;
cessos de resposta aos desastres; III - o respeito à justiça;
XI - avaliar e propor ao Coordenador da COMDEC su- IV - o respeito à legalidade democrática;
gestões para a atualização da política municipal de defesa V - o respeito à coisa pública.
civil. (Redação acrescida pelo Decreto nº 16.587/2017) Art. 2º Os uniformes, honras, sinais de respeito, proto-
colo e cerimonial da GMBH serão determinados por ato do
Capítulo V Chefe do Executivo. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 3º A Guarda Municipal de Belo Horizonte subordi-
na-se à Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patri-
monial.
Art. 51 Cada gerência referida neste Decreto poderá
Art. 4º Compete ao Chefe da GMBH dirigir o órgão, nos
atuar em projetos especiais que lhes forem atribuídos, des-
aspectos técnico e operacional.
de que pertinentes ao seu campo específico de competên- Parágrafo Único. A função de Chefe especificada no
cias. caput deste artigo será exercida por servidor titular do cargo
Art. 52 - As competências previstas neste Decreto para público efetivo de Guarda Municipal, integrante da estrutura
cada gerência consideram-se atribuições e responsabilida- funcional da GMBH. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
de dos respectivos titulares dos cargos. Art. 5º Compete à Guarda Municipal de Belo Horizonte:
Art. 53 - Este Decreto entra em vigor na data de sua I - proteger órgãos, entidades, serviços e o patrimônio
publicação e revoga o Decreto nº 11.743, de 28 de junho do Município de Belo Horizonte;
de 2004. II - exercer a atividade de orientação e proteção dos
Belo Horizonte, 23 de fevereiro de 2007 agentes públicos e dos usuários dos serviços públicos mu-
nicipais;
III - prestar serviços de vigilância nos órgãos da admi-
nistração direta e nas entidades da administração indireta
do Município;
IV - auxiliar nas ações de Defesa Civil sempre que esti-
verem em risco bens, serviços e instalações municipais e, em
outras situações, a critério do Prefeito;

204
LEGISLAÇÃO

V - auxiliar o exercício da fiscalização municipal, sempre § 1º - A hierarquia é a ordenação da autoridade em ní-


que estiverem em risco bens, serviços e instalações municipais veis diferentes, dentro da estrutura da GMBH.
e, em outras condições e situações excepcionais, a critério do § 2º - A disciplina do Guarda Municipal é a exteriorização
Prefeito; (Regulamentado pelo Decreto nº 16.211/2016) da ética do servidor e manifesta-se pelo exato cumprimento
VI - atuar na fiscalização, no controle e na orientação do de deveres, em todos os escalões e em todos os graus da
trânsito e do tráfego, por determinação expressa do Prefeito; hierarquia, quanto aos seguintes aspectos:
(Regulamentado pelo Decreto nº 12.615/2007) I - pronta obediência às ordens legais;
VII - garantir a preservação da segurança e da ordem nos II - observância às prescrições legais e regulamentares;
próprios municipais sob sua responsabilidade; III - emprego de toda a capacidade em benefício do ser-
VIII - planejar, coordenar e executar as atividades de pre- viço;
venção e combate a incêndios nos próprios municipais, como IV - correção de atitudes;
medida de primeiro esforço, antecedendo a atuação do Cor- V - colaboração espontânea com a disciplina coletiva e
po de Bombeiros de Minas Gerais; com a efetividade dos resultados pretendidos pela GMBH;
IX - planejar, coordenar e executar ações de interação VI - respeito aos direitos humanos e sua promoção.
com os cidadãos; Art. 9º O princípio da subordinação rege todos os graus
X - promover a realização de cursos, treinamentos, se- da hierarquia da GMBH, conforme o disposto nesta Lei e em
leções, seminários e outros eventos, visando ao constante seu regulamento.
aperfeiçoamento, qualificação e promoção de seus integran-
tes; TÍTULO II
XI - manter seus planos e ordens permanentemente DO REGIME FUNCIONAL E DE TRABALHO
atualizados, de forma a garantir sempre a qualidade de seus Capítulo I
serviços; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
XII - assegurar que suas ações estejam sempre funda-
mentadas no respeito à dignidade humana, à cidadania, à Art. 10 - O presente Estatuto é de aplicação exclusiva aos
justiça, à legalidade democrática e aos direitos humanos; servidores titulares dos cargos públicos efetivos integrantes
XIII - atuar de forma preventiva nas áreas de sua circuns- da estrutura funcional da GMBH, e no que couber, especial-
crição, onde se presuma ser possível a quebra da situação de mente quanto ao Regime Disciplinar previsto nesta Lei, aos
normalidade; ocupantes do cargo em comissão de Inspetor da Guarda
XIV - atuar com prudência, firmeza e efetividade, na sua Municipal de Belo Horizonte.
área de responsabilidade, visando ao restabelecimento da Parágrafo Único. É vedada a aplicação aos servidores ti-
situação de normalidade, precedendo eventual emprego da tulares dos cargos públicos efetivos da GMBH da legislação
Força Pública Estadual; pertinente aos demais servidores públicos efetivos integran-
XV - manter relacionamento urbano e harmônico com as tes da estrutura funcional da Administração direta, especial-
instituições que compõem o Sistema de Defesa Social, pro- mente o disposto na Lei nº 7.169, de 30 de agosto de 1996.
movendo o intercâmbio e a colaboração recíprocos. Art. 11 - Para os efeitos desta Lei, entende-se por ser-
XVI - VETADO. vidor a pessoa legalmente investida em cargo público ou
função pública integrante da estrutura funcional da GMBH e
Capítulo II da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial.
DOS CONCEITOS BÁSICOS Parágrafo Único. Os cargos públicos previstos nesta Lei
são providos em caráter efetivo ou em comissão.
Art. 6º Supervisão é a atividade permanentemente de-
senvolvida em nome da autoridade competente, com o pro- Capítulo II
pósito de apurar e determinar o exato cumprimento de or- DO INGRESSO
dens e decisões. SEÇÃO I
Art. 7º Hierarquia é a ordem e a subordinação dos diver- DAS CONDIÇÕES GERAIS
sos cargos e funções que constituem a estrutura e a carreira
da Guarda Municipal e que, conforme a ordem crescente de Art. 12 - O cargo público efetivo de Guarda Municipal
níveis, investe de autoridade o cargo mais elevado. de 2ª Classe, integrante da estrutura funcional da GMBH, é
§ 1º - A civilidade é parte integrante da educação dos acessível a todos os brasileiros natos ou naturalizados, me-
servidores da Guarda Municipal, competindo ao superior diante concurso público de provas ou de provas e títulos.
hierárquico tratar os subordinados de modo respeitoso, e ao (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)
subordinado manter deferência para com seus superiores. § 1º O candidato ao cargo público efetivo de Guarda
§ 2º - A camaradagem é indispensável à formação e ao Municipal de 2ª Classe, além dos requisitos constitucionais
convívio dos integrantes da Guarda Municipal, objetivando o e legais pertinentes, deverá atender às seguintes exigências:
aperfeiçoamento das relações sociais entre os mesmos. (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)
Art. 8º A hierarquia e a disciplina manifestam-se por I - possuir nível fundamental de escolaridade, exigindo-
meio do exato cumprimento dos deveres civis e funcionais, se, para os concursos públicos realizados a partir de 1º de ja-
em todos os níveis, escalões, cargos e funções, e constituem neiro de 2013, o nível médio de escolaridade ou equivalente;
a base institucional da GMBH. (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)

205
LEGISLAÇÃO

II - estar no exercício dos direitos civis e políticos e quite SEÇÃO II


com as obrigações militares e eleitorais; DA NOMEAÇÃO
III - gozar de boa saúde física e mental, e não apresentar
deficiência física, mental ou sensorial que o incapacite para Art. 17 - A nomeação far-se-á em caráter efetivo para o
o exercício das atribuições do cargo público de Guarda Mu- cargo público de Guarda Municipal de 2ª Classe, e em co-
nicipal; missão, para cargos declarados em Lei de livre nomeação e
IV - possuir idade mínima de 18 (dezoito) anos e altura exoneração. (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)
mínima de 1,65m (um metro e sessenta e cinco centímetros) Art. 18 - A nomeação para o cargo público efetivo de
para o sexo masculino, e de 1,60m (um metro e sessenta cen- Guarda Municipal de 2ª Classe depende de prévia aprovação
tímetros) para o sexo feminino; em concurso público de provas ou de provas e títulos, ob-
V - não estar sendo processado nem ter sofrido penali- servados a ordem de classificação e o prazo de validade do
dades por prática de atos desabonadores para o exercício de certame. (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)
suas atribuições como Guarda Municipal; § 1º - Quando de sua nomeação e dentro do prazo pre-
VI - não registrar antecedentes criminais; visto no art. 20, o candidato terá direito à reclassificação no
VII - possuir idoneidade moral; último lugar da listagem de aprovados, caso o requeira, po-
VIII - ser aprovado em todas as fases do concurso públi- dendo ser novamente nomeado, dentro do prazo de valida-
co a que se candidatar, conforme o regulamento desta Lei, de do concurso, se houver vaga.
especialmente em processo de avaliação física e psicológica, § 2º - Quando mais de um candidato solicitar a reclassifi-
bem como no curso de formação específico da GMBH. cação a que se refere o parágrafo anterior, o reposicionamen-
§ 2º - O curso de formação a que se refere o inciso VIII to respeitará a ordem de classificação inicial do candidato.
do § 1º deste artigo será a etapa final do concurso para provi- § 3º - O direito previsto no § 1º deste artigo poderá ser
mento do cargo público efetivo de Guarda Municipal, duran- exercido uma única vez, por candidato, no mesmo concurso.
te o qual o candidato aprovado para a etapa correspondente
ao mencionado curso receberá uma bolsa mensal, em valor SEÇÃO III
equivalente a 1 (um) salário mínimo, de natureza indenizató-
DA POSSE
ria, e sobre a qual não incidirão quaisquer descontos, à ex-
ceção dos dias de falta ao curso, que serão descontados na
Art. 19 - Posse é a aceitação formal, pelo servidor, das
forma prevista nos artigos 56 e 57 desta Lei.
atribuições, dos deveres, das responsabilidades e dos direi-
§ 3º - Durante o curso de formação, serão aplicadas ao
tos inerentes ao cargo público, concretizada com a assinatu-
candidato as regras dos planejamentos e dos regulamentos
ra do respectivo termo pela autoridade competente e pelo
da GMBH e da entidade encarregada de ministrar o curso,
se houver, destacadamente os relativos a avaliação, horários, empossado.
hierarquia, disciplina, direitos e obrigações, mediante a inte- Parágrafo Único. No ato da posse, o servidor apresen-
gral observância de seus códigos de ética e de disciplina. tará declaração dos bens e valores que constituem seu pa-
§ 4º - O candidato que, durante o curso de formação, trimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro
tiver a sua conduta julgada inconveniente ou incompatível cargo, emprego ou função pública.
com os critérios de planejamento e os regulamentos do sis- Art. 20 - A posse ocorrerá no prazo de 20 (vinte) dias,
tema de ensino, será imediatamente desligado e reprovado contados da publicação do ato de nomeação, prorrogável
no concurso. por igual período, motivadamente e a critério da autorida-
§ 5º - A critério do Secretário Municipal de Segurança de competente, ouvido o Secretário Municipal de Segurança
Urbana e Patrimonial, poderá ser dispensado, integral ou Urbana e Patrimonial.
parcialmente da freqüência ao curso de formação, o servidor Art. 21 - Vencido o prazo para a posse, o servidor terá seu
público que já o tiver cursado na condição de contratado da ato de nomeação revogado, abrindo-se a vaga decorrente.
GMBH. Art. 22 - Só poderá ser empossado aquele que, em ins-
§ 6º - Reprovado no curso de formação, o candidato será peção médica feita pelo órgão municipal competente, for
reprovado no concurso público, não lhe assistindo nenhum julgado apto, física e mentalmente, para o exercício do car-
direito de ingresso no cargo público efetivo de Guarda Mu- go, desde que preenchidos, também, os demais requisitos
nicipal. exigidos pelo concurso público.
Art. 13 (Revogado pela Lei nº 10.178/2011)
Art. 14 - O provimento dos cargos far-se-á mediante ato SEÇÃO IV
do Prefeito. DO EXERCÍCIO E LOTAÇÃO
Art. 15 - A investidura em cargo público ocorrerá com a
posse e com a entrada em exercício. Art. 23 - Exercício é o efetivo desempenho, pelo servidor,
Art. 16 - São formas de provimento dos cargos públicos das atribuições do cargo público para o qual foi nomeado.
do quadro de pessoal da Guarda Municipal de Belo Horizonte: § 1º - É de 10 (dez) dias o prazo para o servidor público
I - nomeação; entrar em exercício, contados da posse.
II - reversão; § 2º - Será exonerado o servidor empossado que não en-
III - reintegração; trar em exercício no prazo previsto no parágrafo 1º deste artigo.
IV - recondução; § 3º - A nomeação somente produzirá efeitos financei-
V - aproveitamento. ros a partir da data do início do efetivo exercício.

206
LEGISLAÇÃO

Art. 24 - O início, a interrupção, a suspensão e o reinício IV - elaboração de trabalhos ou pesquisa, visando ao me-
do exercício serão registrados no assentamento individual lhor desempenho do serviço público;
do servidor. V - iniciativa na busca de opções para melhor desempe-
Parágrafo Único. Ao entrar em exercício, o servidor apre- nho do serviço;
sentará ao órgão competente os elementos necessários ao VI - observância de todos os deveres inerentes ao exercí-
seu assentamento individual. cio do cargo.
Art. 25 - Lotação é o ato que determina o órgão ou a § 4º - Os critérios de que trata o § 3º deste artigo serão de-
unidade de exercício do servidor. terminantes para a decisão relativa à estabilidade do servidor.
§ 1º Fica vedada a cessão dos ocupantes de cargo públi- Art. 29 - A cada período de 365 (trezentos e sessenta e cin-
co/posto hierárquico da Carreira da Guarda Municipal para co) dias trabalhados, o servidor não detentor de estabilidade
o Poder Legislativo do Município de Belo Horizonte ou para será avaliado por comissão designada pelo Secretário Munici-
os órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, pal de Segurança Urbana e Patrimonial.
do Distrito Federal e dos Municípios. (Redação dada pela Lei § 1º - Será considerado aprovado na avaliação de desem-
nº 10.497/2012) penho o Guarda Municipal que alcançar a média de 75% (se-
§ 2º É vedada a lotação dos ocupantes de cargo públi- tenta e cinco por cento) dos pontos apurados nas três avalia-
co/posto hierárquico da Carreira da Guarda Municipal fora ções previstas.
da estrutura da Secretaria Municipal de Segurança Urbana § 2º - Adquirida a estabilidade, os critérios previstos no §
e Patrimonial ou a sua cessão a outros órgãos e entidades 3º do art. 28 desta Lei serão utilizados para a avaliação perma-
da Administração direta e indireta do Poder Executivo do nente do Guarda Municipal.
Município de Belo Horizonte, exceto em casos excepcionais, § 3º - O Executivo terá o prazo de 180 (cento e oitenta)
observados a conveniência e o interesse do serviço, e desde dias, ao final dos 3 (três) anos necessários para a integralização
que autorizados expressa e formalmente pelo Prefeito. (Re- do estágio probatório, para apurar os resultados da avaliação
dação dada pela Lei nº 10.497/2012) de cada Guarda Municipal, providenciando os encaminha-
mentos necessários para publicação da estabilidade ou enca-
SEÇÃO V minhamento da devida exoneração.
DA SUBSTITUIÇÃO Art. 30 - O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
Art. 26 - Substituição é o exercício temporário de cargo II - mediante processo administrativo em que lhe seja as-
em comissão nos casos de impedimento legal ou afasta- segurada ampla defesa;
mento do titular. III - mediante procedimento de avaliação periódica de de-
Art. 27 - A substituição de que trata o art. 26 desta Lei sempenho, assegurada ampla defesa.
depende de autorização do Secretário Municipal de Admi- Parágrafo Único. Invalidada por sentença judicial a de-
nistração e Recursos Humanos mediante proposta do Se- missão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
cretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial. ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de ori-
Parágrafo Único. O substituto fará jus à remuneração gem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
do cargo em comissão, paga na proporção dos dias de efe- ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional
tiva substituição. ao tempo de serviço.

SEÇÃO VI SEÇÃO VII


DA ESTABILIDADE DA REVERSÃO

Art. 28 - São estáveis após três anos de efetivo exer- Art. 31 - Reversão é o retorno à atividade do Guarda Mu-
cício os servidores nomeados para cargo de provimento nicipal aposentado por invalidez quando, por junta médica do
efetivo em virtude de concurso público. órgão municipal competente, forem declarados insubsistentes
§ 1º - Para efeito do disposto no caput deste artigo, os motivos determinantes da aposentadoria e atestada sua ca-
excetuam-se os períodos das licenças previstas nos incisos pacidade para o exercício das atribuições do cargo.
I, II, III e IV do art. 87 desta Lei. Parágrafo Único. A reversão far-se-á a pedido ou de ofício.
§ 2º - Como condição para aquisição da estabilidade, Art. 32 - O Guarda Municipal que retornar à atividade após
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- a cessação dos motivos que causaram sua aposentadoria por
missão instituída para essa finalidade. invalidez, e observada a contribuição previdenciária no perío-
§ 3º - A avaliação especial de desempenho prevista no do, terá direito à contagem do tempo relativo ao período de
parágrafo anterior, será realizada com base nos seguintes afastamento para todos os fins, exceto para progressão pro-
critérios, entre outros fixados por decreto: fissional.
I - desempenho satisfatório das atribuições do cargo; Art. 33 - A reversão far-se-á no mesmo cargo ocupado
II - participação em atividades de aperfeiçoamento re- pelo Guarda Municipal à época em que ocorreu a aposentado-
lacionadas com as atribuições específicas do cargo; ria, ou em cargo decorrente de sua transformação.
III - disponibilidade para discutir questões relacionadas Art. 34 - Não poderá retornar à atividade o aposentado
com as condições de trabalho e com as finalidades da ad- que já tiver completado 70 (setenta) anos de idade.
ministração pública;

207
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VIII SEÇÃO XI


DA REINTEGRAÇÃO DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO

Art. 35 - Reintegração é a reinvestidura do Guarda Art. 42 - O Guarda Municipal ficará em disponibilida-


Municipal estável no cargo anteriormente ocupado ou de remunerada quando seu cargo for extinto ou declara-
no resultante de sua transformação, quando invalidada a do desnecessário e não for possível o seu aproveitamento
sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com imediato em outro equivalente.
ressarcimento do vencimento e das demais vantagens do Parágrafo Único. A declaração de desnecessidade do
cargo. cargo e a opção pelo Guarda Municipal a ser afastado se-
Parágrafo Único. Na hipótese de o cargo ter sido extin- rão devidamente motivadas.
to, o Guarda Municipal ficará em disponibilidade, observa- Art. 43 - O retorno à atividade de servidor em dispo-
do o disposto nos artigos 42 até 46 desta Lei. nibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório
Art. 36 - O Guarda Municipal reintegrado será subme-
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o
tido a exame por junta médica do órgão municipal compe-
anteriormente ocupado.
tente e, quando julgado incapaz para o exercício do cargo,
Art. 44 - O aproveitamento de Guarda Municipal que se
será readaptado ou aposentado.
encontre em disponibilidade há mais de 12 (doze) meses
SEÇÃO IX dependerá de prévia comprovação de sua capacidade física
DA RECONDUÇÃO e mental por junta médica do órgão municipal competente.
§ 1º - Se julgado apto, o Guarda Municipal assumirá o
Art. 37 - Recondução é o retorno do servidor ao cargo exercício do cargo no prazo de 3 (três) dias, contados da
anteriormente ocupado, correlato ou transformado, em ra- publicação do ato de aproveitamento.
zão da reintegração de servidor demitido. § 2º - Verificada a incapacidade definitiva, o Guarda
Municipal em disponibilidade será aposentado.
SEÇÃO X Art. 45 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e
DA READAPTAÇÃO cassada a disponibilidade do servidor que não entrar em
exercício no prazo legal, salvo caso de doença comprovada
Art. 38 - Readaptação é a atribuição de atividades por junta médica do órgão municipal competente.
especiais ao Guarda Municipal, observada a exigência de Art. 46 - Sendo o número de servidores em disponibi-
atribuições compatíveis com a limitação que tenha sofrido lidade maior do que o de aproveitáveis, terá preferência o
em sua capacidade física ou mental, verificada em inspe- de maior tempo em disponibilidade e, no caso de empate,
ção médica pelo órgão municipal competente, que deverá, o de maior tempo de serviço público municipal.
para tanto, emitir laudo circunstanciado.
Parágrafo Único. A atribuição de atividades especiais e Capítulo III
a definição do local do seu desempenho serão de compe- DA VACÂNCIA
tência do Chefe da GMBH, observada a correlação daque-
la com as atribuições do cargo público efetivo. (Redação Art. 47 - A vacância do cargo público ou da função pú-
dada pela Lei nº 10.178/2011) blica decorrerá de:
Art. 39 - O Guarda Municipal readaptado submeter-se I - exoneração;
-á, semestralmente, a exame médico realizado pelo órgão II - demissão;
municipal competente, a fim de ser verificada a permanên-
III - destituição de cargo em comissão;
cia das condições que determinaram a sua readaptação,
IV - aposentadoria;
até que seja emitido laudo médico conclusivo.
V - falecimento.
§ 1º - Quando o período de readaptação for inferior a
1 (um) ano, o Guarda Municipal apresentar-se-á ao órgão
municipal competente ao final do prazo estabelecido para SEÇÃO I
seu afastamento. DA EXONERAÇÃO
§ 2º - Ao final de 2 (dois) anos de readaptação, o ór-
gão municipal competente expedirá laudo médico conclu- Art. 48 - A exoneração de cargo público efetivo dar-se
sivo quanto à continuidade da readaptação, ao retorno do -á a pedido do integrante da GMBH ou de ofício.
Guarda Municipal ao exercício das atribuições do cargo ou Parágrafo Único. A exoneração de ofício dar-se-á:
quanto à aposentadoria. I - quando não satisfeitas as condições para a aquisição
Art. 40 - O Guarda Municipal readaptado que exercer, de estabilidade;
em outro cargo ou emprego, funções consideradas pelo II - quando, após tomar posse, o servidor não entrar
órgão municipal competente como incompatíveis com o em exercício no prazo estabelecido.
seu estado de saúde, terá imediatamente cassada a sua Art. 49 - A exoneração do cargo em comissão ou da
readaptação e responderá a processo administrativo dis- função pública dar-se-á:
ciplinar. I - a juízo do Prefeito;
Art. 41 - A readaptação não acarretará aumento ou re- II - a pedido do servidor integrante da GMBH.
dução da remuneração do integrante da GMBH.

208
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II Art. 55 - Salvo nos casos expressamente previstos em lei


DA DEMISSÃO ou regulamento, é vedado dispensar o servidor de registro
de ponto ou das demais formas de registro de presença, bem
Art. 50 - A demissão será aplicada como penalidade, pre- como abonar faltas ao serviço.
cedida de processo administrativo disciplinar, assegurada ao Parágrafo Único. O ponto ou as demais formas de regis-
Guarda Municipal prévia e ampla defesa, ou em virtude de tro de presença destinam-se a controlar, diariamente, a en-
decisão judicial irrecorrível. trada e a saída de serviço dos integrantes da GMBH em seus
respectivos locais de trabalho.
SEÇÃO III Art. 56 - O integrante da GMBH perderá:
DA DESTITUIÇÃO I - a remuneração do dia, se não comparecer ao seu pos-
to de serviço ou local de trabalho para o qual se encontrar
Art. 51 - A destituição de cargo público de provimento escalado;
em comissão será aplicada ao servidor nas hipóteses de in- II - a remuneração equivalente à hora de trabalho a cada
fração disciplinar sujeita às penalidades de suspensão e de período de atraso ou saída antecipada acumulada no perío-
demissão. do de uma semana, de até 30 (trinta) minutos.
Art. 57 - No caso de faltas sucessivas, serão computados,
SEÇÃO IV para efeito de desconto, os domingos, os feriados e os dias
DA APOSENTADORIA de folga intercalados.

Art. 52 - O servidor titular de cargo público de provimen- TÍTULO III


to efetivo de Guarda Municipal vinculado ao Regime Próprio DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS
de Previdência será aposentado consoante as regras estabe- Capítulo I
lecidas na Constituição da República Federativa do Brasil e na DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
legislação pertinente.
Art. 58 - Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
Capítulo IV exercício do cargo público, com valor fixado em Lei.
DO REGIME DE TRABALHO Art. 59 - Remuneração é o vencimento do cargo acres-
SEÇÃO I cido das vantagens pecuniárias permanentes ou temporá-
DA JORNADA rias estabelecidas em Lei.
Art. 60 - O vencimento do cargo público efetivo, acres-
Art. 53 A jornada de trabalho dos servidores públicos cido das vantagens de caráter permanente, é irredutível.
efetivos integrantes da Carreira da Guarda Municipal é de 8 Art. 61 - Salvo por imposição legal ou mandado ju-
(oito) horas diárias/40 (quarenta) horas semanais e poderá dicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou
ser distribuída em turnos diurnos e noturnos, inclusive em provento.
fim de semana, de acordo com as especificidades das ativi- Parágrafo Único. Mediante autorização do integrante
dades e das necessidades da GMBH, podendo ser praticado da GMBH, poderá haver consignação em folha de paga-
o sistema de plantão. (Redação dada pela Lei nº 10.753/2014) mento a favor de terceiros, nos termos do regulamento.
§ 1º É considerada falta grave a ausência injustificada ao Art. 62 - As reposições e as indenizações ao erário
serviço, especialmente aos plantões. (Redação dada pela Lei serão descontadas em parcelas mensais não excedentes
nº 10.497/2012) à décima parte da remuneração ou provento em valores
§ 2º O ocupante de cargo de provimento em comissão atualizados, observada a exceção prevista no art. 141 desta
cumprirá jornada de 40 (quarenta) horas semanais, podendo
Lei.
ser convocado sempre que houver interesse da administra-
Art. 63 - O integrante da GMBH em débito com o erá-
ção, sem que tal medida implique pagamento de horas ex-
rio, e que for demitido ou exonerado, ou que tiver a sua
traordinárias. (Redação dada pela Lei nº 10.497/2012)
aposentadoria cassada, terá o prazo de 60 (sessenta) dias
§ 3º O exercício do cargo público de provimento em co-
para quitar o débito.
missão na Guarda Municipal é incompatível com o exercício
Parágrafo Único. A não-quitação do débito no prazo
de outra atividade, pública ou privada. (Redação dada pela
Lei nº 10.497/2012) previsto implicará sua inscrição na dívida ativa do Muni-
§ 4º É defeso o exercício simultâneo de cargo em co- cípio.
missão ou função gratificada e cargo de provimento efetivo. Art. 64 -As indenizações e os auxílios não se incorpo-
(Redação dada pela Lei nº 10.497/2012) ram à remuneração ou provento para qualquer efeito.
Art. 65 - As vantagens pecuniárias não serão computa-
SEÇÃO II das, nem acumuladas, para efeito de concessão de quais-
DA FREQÜÊNCIA E DO HORÁRIO quer outros acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mes-
mo título ou idêntico fundamento.
Art. 54 - A freqüência será apurada, diariamente, por
meio de ponto, chamadas de pessoal ou mediante equipa-
mentos de comunicação, no início e ao término do horário
do serviço.

209
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO I III - gratificação pelo exercício de atividades insalubres;


DAS INDENIZAÇÕES IV - gratificação pela prestação de serviço extraordinário;
V - adicional por tempo de serviço;
Art. 66 - Constituem indenizações ao integrante da VI - gratificação pela função de instrutor em programa
GMBH: de aperfeiçoamento profissional;
I - diárias; VII - adicional de férias;
II - transporte. VIII - adicional por serviço noturno.
Art. 67 - Os valores das indenizações, assim como as IX - adicional pelo exercício de atividades de risco. (Reda-
condições para sua concessão, serão estabelecidos em regu- ção acrescida pela Lei nº 10.753/2014)
lamento específico.
Art. 68 - O integrante da GMBH que, a serviço, se afastar SUBSEÇÃO I
do Município, fará jus a passagens e diárias, para cobrir as DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO EM
despesas de pousada, alimentação e locomoção urbana. COMISSÃO OU DE FUNÇÃO GRATIFICADA
Parágrafo Único. A diária será concedida por dia de afas-
tamento, sendo devida pela metade quando o deslocamento Art. 74 - As gratificações pelo exercício de cargo em
não exigir pernoite fora da sede. comissão ou de função gratificada serão quitadas confor-
Art. 69 - O Guarda Municipal que receber diárias e não me disposto na legislação municipal pertinente.
se afastar da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a res-
tituí-las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias a partir do SUBSEÇÃO II
seu recebimento. DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
Parágrafo Único. Na hipótese de o Guarda Municipal re-
tornar à sede em prazo menor do que o previsto para o seu Art. 75 - O décimo terceiro salário corresponde a 1/12
afastamento, restituirá as diárias em excesso no prazo previs- (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus
to neste artigo. no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo
Art. 70 - O Guarda Municipal que se afastar do Municí- ano.
pio, a serviço ou em treinamento, por mais de 30 (trinta) dias, § 1º - A fração superior a 15 (quinze) dias será conside-
fará jus a diária de valor inferior ao estabelecido no art. 68. rada como mês completo.
§ 2º - A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
SEÇÃO II mês de dezembro de cada ano.
DO AUXÍLIO PECUNIÁRIO § 3º - Juntamente com a remuneração do mês relativo
às férias regulamentares será paga, como adiantamento do
Art. 71 - Será concedido vale-refeição ao servidor da décimo terceiro salário, e mediante requerimento do inte-
Guarda Municipal em cumprimento da jornada prevista no § ressado, metade da remuneração recebida no mês.
2º do art. 53 desta Lei. Art. 76 - O integrante da GMBH exonerado perceberá
Parágrafo Único. Poderá ser concedido vale-lanche ao o décimo terceiro salário, proporcionalmente aos meses de
servidor da GMBH em cumprimento da jornada prevista no § exercício, calculado sobre a remuneração do mês da exo-
2º do art. 53 desta Lei. neração.
Art. 72 - Os vales-refeição e os vales-lanche serão conce- Art. 77 - O décimo terceiro salário não será considera-
didos mensalmente, por antecipação. (Regulamentado pelo do para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Decreto nº 15.759/2014) Art. 78 - É extensivo ao inativo o décimo terceiro salá-
§ 1º A forma, as condições e o custeio do vale-refeição rio, a ser pago no mês de dezembro, em valor equivalente
e do vale-lanche serão definidos em regulamento, admiti- ao do provento no mesmo mês.
da a sua concessão em espécie. (Redação dada pela Lei nº Art. 79 - No caso de remuneração composta de van-
10.753/2014) (Parágrafo Único transformado em § 1º pela Lei tagem de caráter temporário cujo valor seja variável, será
nº 11.080/2017) considerada a média aritmética atualizada dos valores re-
§ 2º A partir de 1º de agosto de 2017, o vale-lanche, be- cebidos, sob tal título, no respectivo exercício.
nefício de natureza indenizatória devido ao servidor da Guar- Art. 80 - A gratificação natalina não será considerada
da Municipal, passa a ser de R$ 3,00 (três reais). (Redação para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
acrescida pela Lei nº 11.080/2017)
SUBSEÇÃO III
SEÇÃO III DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDA-
DAS GRATIFICAÇÕES E DOS ADICIONAIS DES INSALUBRES

Art. 73 - Além do vencimento e das vantagens previstas Art. 81 - O Guarda Municipal que trabalhe com habi-
nesta Lei, serão deferidos aos integrantes da GMBH as se- tualidade em locais insalubres ou em contato permanente
guintes gratificações e adicionais: com substâncias insalubres, de acordo com avaliação da
I - gratificação pelo exercício de cargo em comissão ou unidade competente, faz jus a um adicional a ser pago nos
de função gratificada; seguintes valores, segundo se classifique a atividade do
II - décimo terceiro salário; servidor nos graus mínimo, médio e máximo:

210
LEGISLAÇÃO

_______________________________________________________________
|Cargo Público Efetivo|Insalubridade|Insalubridade|Insalubridade|
| | Grau Mínimo | Grau Médio | Grau Máximo |
| | (em R$ ) | (em R$ ) | (em R$ ) |
|=====================|=============|=============|=============|
|Guarda Municipal | 24,00| 48,00| 96,00|
|_____________________|_____________|_____________|_____________|expandir tabela
§ 1º - Observada a legislação específica, o regulamento desta Lei definirá o quadro das atividades e operações insalubres,
os critérios de caracterização da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo
máximo de exposição do servidor a esses agentes.
§ 2º - A servidora gestante ou lactante será afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre.
§ 3º - O direito ao recebimento da gratificação por atividades insalubres cessará quando o servidor deixar de exercê-las
ou quando forem eliminadas aquelas condições.
Art. 82 - Deverá haver permanente controle da atividade de servidores em locais considerados insalubres.

SUBSEÇÃO IV
DA GRATIFICAÇÃO PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO

Art. 83 - Será permitido serviço extraordinário para atender às necessidades do serviço, em situações excepcionais e
temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada, assim consideradas as horas excedentes às jornadas
previstas nos parágrafos 1º e 2º do art. 53 desta Lei, conforme a hipótese.
§ 1º - Até o limite de 60 (sessenta) horas mensais de serviço extraordinário, a remuneração será acrescida de 50% (cin-
qüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
§ 2º - As horas que ultrapassarem o limite estabelecido no parágrafo anterior terão acréscimo de 100% (cem por cento).

SUBSEÇÃO V
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO

Art. 84 Cada período de 5 (cinco) anos de efetivo exercício, conforme o disposto no caput do art. 115, em cargo público
de provimento efetivo prestado junto à administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo municipal, dá ao
servidor o direito ao adicional de 10% (dez por cento) sobre seu vencimento, o qual se incorpora ao valor do provento de
aposentadoria.
Parágrafo único. O integrante da GMBH fará jus ao adicional a que se refere o caput a partir do mês em que completar
o quinquênio. (Redação dada pela Lei nº 11.080/2017)

SUBSEÇÃO VI
DA GRATIFICAÇÃO PELA FUNÇÃO DE INSTRUTOR EM PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL

Art. 85 - O integrante da GMBH que exercer função de instrutor em programa de aperfeiçoamento de interesse do Exe-
cutivo, perceberá gratificação pelo exercício dessa função. (Vide regulamentação dada pelo Decreto nº 16.306/2016)
§ 1º - Para fazer jus à gratificação referida neste artigo, o integrante da GMBH exercerá a função sem prejuízo da sua
jornada de trabalho.
§ 2º - Os critérios para o implemento da gratificação prevista neste artigo serão definidos no regulamento desta Lei.

SUBSEÇÃO VII
DO ADICIONAL DE FÉRIAS

Art. 86 - É de 25 (vinte e cinco) dias úteis o período de férias anuais do integrante da Guarda Municipal.
§ 1º - Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a
1/3 (um terço) da remuneração do período das férias.
§ 2º - As férias anuais serão concedidas pelo Chefe da GMBH, observado o Plano de Férias Anual. (Redação dada pela
Lei nº 10.178/2011)
§ 3º - Para a montagem do plano anual de férias deverá ser observado o limite de 1/12 (um doze avos) do efetivo da
GMBH a ser colocado de férias a cada mês, observadas a necessidade do serviço e, quando possível, a opção do interessado.
§ 4º - Após ingressar no serviço público, o servidor da Guarda Municipal poderá gozar férias somente após o 11º (décimo
primeiro) mês de exercício.
§ 5º - O servidor da Guarda Municipal não poderá deixar de gozar férias anuais, obrigatórias, no exercício a que corres-
ponderem, ressalvada a hipótese daquele que completar o primeiro período aquisitivo entre os meses de julho e dezembro,
que poderá transferir o gozo de férias para o exercício seguinte, não podendo ser parcelado.

211
LEGISLAÇÃO

§ 6º - Em caráter excepcional, e por necessidade de ser- SEÇÃO I


viço, o gozo de férias poderá ser parcelado em dois perío- DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE E POR
dos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 10 (dez) MOTIVO DE ACIDENTE EM SERVIÇO
dias.
§ 7º - Uma vez programado e registrado no sistema Art. 89 - Será concedida ao Guarda Municipal licença
informatizado próprio, não serão permitidas alterações no para tratamento de saúde e por motivo de acidente em
Plano de Férias Anual, exceto em casos de licença médica, serviço, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica
desde que iniciada antes do gozo e devidamente atestada realizada pelo órgão municipal competente.
pelo órgão competente, ou nas hipóteses de convocação § 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica será
administrativa ou judicial, ou por necessidade de serviço. feita na própria residência do servidor ou no estabeleci-
mento hospitalar onde estiver internado.
SUBSEÇÃO VIII § 2º - Somente poderá ser concedida licença por prazo
DO ADICIONAL PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES superior a 15 (quinze) dias após exames efetuados por jun-
DE RISCO ta médica do órgão municipal competente.
Art. 90 - O Guarda Municipal somente poderá perma-
Art. 86-A O Guarda Municipal faz jus a uma parcela
necer em licença para tratamento de saúde por prazo su-
mensal denominada adicional pelo exercício de atividades
perior a 24 (vinte e quatro) meses, se for considerado recu-
de risco, calculado sobre o vencimento-base do nível inicial
perável por junta médica do órgão municipal competente.
de seu posto hierárquico, à razão de 40% (quarenta por
§ 1º - Findo o biênio, o Guarda Municipal será subme-
cento) a partir de 1º de agosto de 2017. (Redação dada
tido a nova perícia.
pela Lei nº 11.080/2017)
§ 2º - O Guarda Municipal poderá ser imediatamente
Art. 86-B É vedado o pagamento simultâneo do adicio-
aposentado por invalidez, caso a junta médica do órgão
nal pelo exercício de atividades de risco e da gratificação
municipal competente conclua pela irreversibilidade da
pelo exercício de atividades insalubres, sendo facultado ao
servidor optar pela vantagem pecuniária que lhe convier, moléstia e pela impossibilidade de sua permanência em
caso ambas lhe sejam devidas. (Redação acrescida pela Lei atividade.
nº 10.753/2014) Art. 91 - Considerado apto em perícia médica, o Guar-
da Municipal reassumirá imediatamente o exercício do seu
Capítulo II cargo, computando-se como faltas injustificadas os dias de
DAS LICENÇAS ausência ao serviço após a ciência do resultado da perícia.
Art. 92 - Durante o prazo da licença, o Guarda Munici-
Art. 87 - Conceder-se-á licença ao integrante da GMBH: pal poderá requerer nova perícia, caso se julgue em condi-
I - para tratamento de saúde e por motivo de acidente ções de retornar ao exercício de seu cargo ou de ser apo-
em serviço; sentado.
II - por motivo de gestação, lactação ou adoção; Parágrafo Único. No curso da licença, o Guarda Muni-
III - em razão de paternidade; cipal poderá ser convocado para se submeter a reavaliação
IV - por motivo de doença em pessoa da família; em perícia médica.
V - para acompanhar cônjuge ou companheiro; Art. 93 - Para concessão de licença, considera-se aci-
VI - para o serviço militar; dente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo
VII - para tratar de interesses particulares; Guarda Municipal, relacionado com o exercício das atribui-
VIII - a título de assiduidade; ções específicas de seu cargo.
IX - para aperfeiçoamento profissional. Parágrafo Único. Equipara-se ao acidente em serviço
§ 1º - O ocupante de cargo em comissão não terá direi- o dano:
to às licenças previstas nos incisos V, VII e VIII desse artigo. I - decorrente de agressão física sofrida, e não provo-
§ 2º - As licenças para tratamento de saúde e por mo- cada, pelo integrante da GMBH no exercício de suas atri-
tivo de acidente em serviço, de gestação, lactação ou ado- buições;
ção e motivo de doença em pessoa da família serão prece- II - sofrido no percurso da residência para o local de
didas de inspeção efetuada pelo serviço médico do órgão trabalho e vice-versa;
municipal competente. III - sofrido no percurso para o local de refeição ou de
Art. 88 - O Guarda Municipal que se encontrar licencia- volta dele, no intervalo do trabalho.
do nas hipóteses especificadas nos incisos I, II, III e IV do Art. 94 - O acidente será provado em processo regular,
art. 87 desta Lei não poderá, no prazo de duração do afas- devidamente instruído, cabendo à junta médica do órgão
tamento remunerado, exercer qualquer atividade incompa- municipal competente descrever o estado geral do aciden-
tível com o fundamento da licença, sob pena de imediata tado.
cassação desta e perda da remuneração, até que reassuma Parágrafo Único. O Chefe da GMBH comunicará o fato
o exercício do cargo, sem prejuízo da aplicação das penas à área competente visando ao início do processo regular de
disciplinares cabíveis, sendo tal hipótese considerada falta que trata este artigo, no prazo de 10 (dez) dias contados do
grave. evento. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)

212
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO II SEÇÃO IV
DA LICENÇA À GESTANTE, À LACTANTE DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA
E À ADOTANTE DA FAMÍLIA

Art. 95 - A integrante da GMBH, gestante, terá direito Art. 99 O integrante da GMBH poderá obter licença por
a 180 (cento e oitenta) dias consecutivos de licença a partir motivo de doença de pai, mãe, filho, cônjuge ou compa-
do 8º (oitavo) mês de gestação. (Redação dada pela Lei nº nheiro, desde que prove ser indispensável a sua assistência
10.104/2011) pessoal e não puder prestá-la simultaneamente com o exer-
§ 1º - Ocorrendo nascimento prematuro, a licença terá cício das atribuições do cargo.
início no dia do parto.
§ 2º - À integrante da GMBH, gestante, é assegurado o Parágrafo único. A doença e a necessidade da assis-
desempenho de atribuições compatíveis com sua capaci- tência serão comprovadas em inspeção a ser realizada pelo
dade de trabalho, desde que a inspeção médica do órgão órgão municipal competente. (Redação dada pela Lei nº
municipal competente o entenda necessário. 11.080/2017)
§ 3º - A integrante da GMBH não poderá exercer tra- Art. 100 Na ocorrência de enfermidade grave, conforme
balho remunerando durante o tempo em que estiver licen- o rol definido em decreto, a licença será concedida, sem
ciada. (Redação acrescida pela Lei nº 10.104/2011) prejuízo da remuneração, pelo prazo de até 30 (trinta) dias,
§ 4º - A integrante da GMBH que adotar uma criança consecutivos ou não, a cada 24 (vinte e quatro) meses, ex-
terá todos os direitos enumerados no presente artigo. (Re- cedido o qual a concessão passará a ser sem remuneração.
dação acrescida pela Lei nº 10.104/2011) (Redação dada pela Lei nº 11.080/2017)
Art. 96 - Para amamentar o próprio filho, até a idade Parágrafo Único. É assegurado ao integrante da GMBH
de seis meses, a servidora lactante terá direito aos seguin- afastar-se da atividade a partir da data do requerimento da
tes períodos diários: licença, devidamente motivado, e o seu indeferimento obri-
I - 30 (trinta) minutos, quando estiver submetida a jor- gará o imediato retorno do mesmo e a transformação dos
nada diária igual a 6 (seis) horas; dias de afastamento em licença sem remuneração.
II - 1 (uma) hora, quando estiver submetida a jornada
diária superior a 6 (seis) horas. SEÇÃO V
Parágrafo Único. A critério do serviço médico do ór- DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE OU
gão municipal competente, poderá ser prorrogado o pe- COMPANHEIRO
ríodo de vigência do horário especial previsto neste artigo.
Art. 97 - A servidora que adotar ou obtiver guarda ju- Art. 101 - O Guarda Municipal terá direito a licença sem
dicial de criança, para fins de adoção, terá direito a licença remuneração quando o cônjuge ou companheiro, que de-
remunerada: tenha a condição de servidor público efetivo, for mandado
I - pelo período de 120 (cento e vinte) dias, se a criança servir, independentemente de solicitação, em outro ponto
tiver até 1 (um) ano de idade; do Estado ou do território nacional ou no estrangeiro, ou
II - pelo período de 60 (sessenta) dias, se a criança tiver passar a exercer cargo eletivo fora do Município.
entre 1 (um) e 4 (quatro) anos de idade; Parágrafo Único. A licença será concedida mediante
III - pelo período de 30 (trinta) dias, se a criança tiver pedido devidamente instruído e vigorará pelo tempo que
de 4 (quatro) a 8 (oito) anos de idade. durar a missão, a função ou o mandato do cônjuge ou com-
panheiro.
SEÇÃO III
DA LICENÇA-PATERNIDADE SEÇÃO VI
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTI-
Art. 98 - A licença-paternidade será concedida ao CULARES
Guarda Municipal pelo nascimento de filho, pelo prazo de
5 (cinco) dias úteis consecutivos, contados do evento. Art. 102 - Mediante deliberação do Secretário Munici-
Parágrafo Único. O Guarda Municipal que adotar ou pal de Segurança Urbana e Patrimonial, poderá ser concedi-
obtiver guarda judicial de criança com até 180 (cento e da ao Guarda Municipal estável, que conte com no mínimo
oitenta) dias de idade terá direito a licença remunerada de 5 (cinco) anos de efetivo exercício na Administração Direta
5 (cinco) dias corridos, contados a partir da data da guarda do Poder Executivo, licença para tratar de interesses parti-
judicial ou adoção definitiva. culares, sem remuneração, pelo prazo de até 2 (dois) anos,
prorrogável por mais 1 (um) ano.
§ 1º - A licença poderá ser interrompida a pedido do
servidor ou no interesse do serviço, devidamente motivado.
§ 2º - Não será concedida nova licença antes de decor-
rido novo prazo de 5 (cinco) anos a contar do término da
licença.

213
LEGISLAÇÃO

SEÇÃO VII XII - cessão para outros órgãos ou entidades da admi-


DA LICENÇA A TÍTULO DE ASSIDUIDADE nistração direta e indireta do Poder Executivo do Municí-
pio de Belo Horizonte, do Poder Legislativo municipal de
Art. 103 A cada período de 05 (cinco) anos de efetivo Belo Horizonte e para a Justiça Eleitoral;
exercício em cargo de provimento efetivo ou função públi- XIII - exercício, pelo servidor público, das atribuições
ca da administração direta, autárquica e fundacional do Po- de cargo público em comissão ou de função pública em
der Executivo municipal, o servidor fará jus a 3 (três) meses órgão ou entidade da administração direta, autárquica e
de licença por assiduidade, com direito à percepção do seu Fundacional do Poder Executivo do Município de Belo Ho-
vencimento e das vantagens de caráter permanente. rizonte;
§ 1º O servidor deverá requerer o gozo de sua licença XIV - licença para acompanhar pessoa doente da famí-
por assiduidade, que poderá ser gozada, total ou parcela- lia, no período remunerado.
damente, de acordo com a conveniência da administração, XV - serviço militar obrigatório. (Redação dada pela
em até 5 (cinco) anos da data do requerimento, respeitado Lei nº 11.080/2017)
o período mínimo de um mês conforme estabelecido em Art. 104 - As faltas injustificadas ao serviço e as decor-
decreto. rentes de penalidades disciplinares de suspensão retarda-
§ 2º O benefício previsto no caput deste artigo deverá rão a concessão da licença prevista no artigo anterior, na
ser usufruído pelo servidor ao longo da sua vida funcional proporção de 5 (cinco) dias para cada falta.
até o momento de sua aposentadoria, sob pena de perdi- Art. 105 - O gozo da licença por assiduidade ficará
mento, sendo vedada a sua conversão em espécie, exceto condicionado à conveniência do serviço.
na ocorrência das seguintes situações: Art. 106 - O número de Guardas Municipais em gozo
I - enfermidade grave, conforme o rol definido em de- simultâneo de licença por assiduidade não poderá ser su-
creto; perior a 3% (três por cento) do efetivo da GMBH.
II - aposentadoria por invalidez; Art. 107 - A licença por assiduidade poderá ser con-
III - falecimento do servidor, hipótese em que a verba vertida em espécie, por opção do servidor ou por necessi-
respectiva será revertida aos seus dependentes previden- dade de serviço, a critério da Administração.
ciários ou, em sua falta, aos seus herdeiros;
IV - quando, por necessidade da administração públi- SEÇÃO VIII
ca, nos termos de regulamento, o servidor não puder usu- DA LICENÇA PARA APERFEIÇOAMENTO
fruir da licença até a sua aposentadoria ou exoneração. PROFISSIONAL
§ 3º Para fins do disposto no caput deste artigo, consi-
derar-se-ão como dias de efetivo exercício: Art. 108 - O Guarda Municipal terá direito a licença
I - férias regulamentares; para cursos ou atividades de aperfeiçoamento ou atualiza-
II - licença por assiduidade; ção profissional relacionados com as atribuições específi-
III - licença por motivo de gestação, lactação, adoção cas do seu cargo público efetivo.
ou em razão de paternidade; § 1º - Para as atividades a que se refere o artigo po-
IV - participação em programa de desenvolvimento derão ser designados até 5% (cinco por cento) da jorna-
profissional promovido ou aprovado pelo Município; da anual do servidor, cumulativo por um período de até 7
V - licença por motivo de acidente em serviço ou de (sete) anos.
doença profissional; § 2º - Na hipótese de cursos com carga horária su-
VI - licenças para tratamento de saúde, até o limite de perior à prevista para atividades de aperfeiçoamento no
15 (quinze) dias corridos, consecutivos ou não, a cada ano, ano, as horas excedentes serão deduzidas das estabele-
e as licenças decorrentes de enfermidade grave, conforme cidas para os anos subseqüentes, observado o limite de 7
o rol definido em decreto; (sete) anos.
VII - missão ou estudo no exterior, desde que relacio- § 3º - Decorridos os 7 (sete) anos, independentemente
nados com as atribuições do cargo e autorizado o afasta- do uso da licença pelo servidor, iniciar-se-á a nova conta-
mento; gem.
VIII - convocação para participação no Tribunal do Júri Art. 109 - São condições para a concessão da licença a
e outros serviços considerados obrigatórios por lei; que se refere o artigo anterior:
IX - cumprimento de mandato sindical; I - ter o servidor adquirido estabilidade;
X - afastamento compulsório para concorrer a cargo II - estar o servidor no exercício da função do seu car-
eletivo, nos prazos e condições estabelecidos em lei fede- go;
ral; III - ser favorável o parecer da chefia imediata e haver
XI - concessões para doação de sangue, para atender a liberação do Secretário Municipal de Segurança Urbana e
convocação judicial, para alistar-se como eleitor, em razão Patrimonial;
de falecimento de irmão, cônjuge, companheiro, pais ou IV - haver autorização do órgão competente da Se-
filhos, e em razão de casamento, conforme os prazos defi- cretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos;
nidos em legislação específica;

214
LEGISLAÇÃO

V - haver substituto definido, quando for o caso; IV - júri e outros serviços considerados obrigatórios
VI - ter aplicabilidade, no exercício da função, o curso por lei;
ou atividade de aperfeiçoamento. V - missão ou estudo no exterior, desde que relacio-
Parágrafo Único. Mediante o interesse do serviço, a nados com as atribuições do cargo e autorizado o afasta-
participação do Guarda Municipal em cursos de capaci- mento;
tação poderá ser determinada por ato do Secretário Mu- VI - licença:
nicipal de Segurança Urbana e Patrimonial, devidamente a) à gestante, à adotante e ao pai;
fundamentado. b) para tratamento de saúde, exceto para progressão
Art. 110 - Poderá ser concedida autorização para parti- profissional, observado o período máximo estabelecido no
cipação em cursos ou atividades de aperfeiçoamento, com art. 90, cumulativo ao longo do tempo de serviço público
duração superior à determinada no § 1º do art. 108, com prestado ao Município, em cargo de provimento efetivo;
ou sem vencimentos. c) por motivo de acidente em serviço ou doença pro-
Art. 111 - Após o retorno, o servidor ficará obrigado a fissional;
trabalhar na administração municipal pelo período corres- d) a título de prêmio por assiduidade;
pondente ao do afastamento, sob pena de ressarcimento e) por convocação para o serviço militar;
aos cofres públicos municipais. VII - disponibilidade para atuar na presidência ou na
Art. 112 - As regras complementares a respeito da diretoria de associação que congregue os integrantes da
concessão da licença de que trata esta Seção serão esta- GMBH. (Redação acrescida pela Lei nº 10.178/2011)
belecidas pelo órgão competente. Art. 116 - Contar-se-á apenas para efeito de aposenta-
doria e disponibilidade, observada, em qualquer hipótese,
Capítulo III a respectiva contribuição previdenciária:
DAS CONCESSÕES I (Revogado pelas Leis nº 10.178/2011 e nº 10.497/2012)
II - a licença para acompanhar pessoa doente da famí-
Art. 113 - Sem qualquer prejuízo, poderá o integrante lia, no período remunerado;
da GMBH ausentar-se do serviço: III - o tempo correspondente ao desempenho de
I - por 1 (um) dia: mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
a) para doação de sangue; anterior ao ingresso no cargo público efetivo de Guarda
b) para atender convocação judicial ou requisição de Municipal;
autoridade policial, podendo o prazo ser ampliado, desde IV - o tempo de serviço em atividade privada, vincula-
que a necessidade seja atestada pela autoridade convo- da ao Regime Geral de Previdência;
cante; V (Revogado pela Lei nº 10.497/2012)
II - por 2 (dois) dias, em razão de falecimento de irmão; VI - o tempo de licença para tratamento da própria
III - por 7 (sete) dias consecutivos, em razão de: saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do
a) casamento; inciso VI do art. 115 desta Lei.
b) falecimento de cônjuge, companheiro, pais ou fi- § 1º - Após a reversão, o tempo em que o servidor
lhos. esteve aposentado será contado apenas para nova apo-
sentadoria.
Capítulo IV § 2º - É vedada a contagem cumulativa de tempo
DO TEMPO DE SERVIÇO de serviço prestado concomitantemente em mais de um
cargo ou função de órgãos ou entidades dos Poderes da
Art. 114 - A apuração do tempo de serviço será feita União, Estados, Distrito Federal e Municípios, autarquia,
em dias, que serão convertidos em anos, considerado o fundação pública, sociedade de economia mista e empre-
ano como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias. sa pública, bem como em atividade privada.
Parágrafo Único. Será contado, para efeito da apura-
ção de tempo prevista no caput deste artigo, o tempo de Capítulo V
serviço público prestado à União, aos Estados, aos Municí- DO DIREITO DE PETIÇÃO
pios e ao Distrito Federal, com vigência a partir da averba-
ção. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011) Art. 117 - O Guarda Municipal tem direito de petição
Art. 115 - Além das concessões previstas no art. 113 às autoridades competentes em defesa de seu direito ou
desta Lei, são considerados como de efetivo exercício os interesse legítimo.
afastamentos decorrentes de: Art. 118 - Cabe pedido de reconsideração à autorida-
I - férias; de que houver expedido o ato ou proferido a primeira de-
II - exercício de cargo em comissão ou função pública cisão, não podendo ser renovado.
nos órgãos da Administração Direta do Poder Executivo do Parágrafo Único. O requerimento e o pedido de recon-
Município de Belo Horizonte; sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser
III - participação em programa de treinamento promo- despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro
vido ou aprovado pelo Município; de 30 (trinta) dias.

215
LEGISLAÇÃO

Art. 119 - Caberá recurso: Art. 131 - A Guarda Municipal oferecerá cursos na sua
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; área de atuação, com o propósito de manter seus inte-
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in- grantes capacitados e atualizados para o desempenho de
terpostos. suas atividades, de participação facultativa ou obrigatória,
Parágrafo Único. O recurso será dirigido à autoridade conforme a hipótese.
imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou pro-
ferido a decisão. TÍTULO IV
Art. 120 - O prazo para interposição de pedido de re- DO REGIME DISCIPLINAR
consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar Capítulo I
da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão DA ÉTICA DA GMBH
recorrida.
Art. 121 - A autoridade competente decidirá quanto Art. 132 - A honra, o sentimento do dever e a cor-
ao efeito a ser atribuído ao recurso. reção de atitudes impõem conduta moral e profissional
Parágrafo Único. Provido o pedido de reconsideração irrepreensíveis a todo integrante da GMBH, o qual deve
ou o recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do observar, além dos demais preceitos desta Lei, os seguin-
ato impugnado. tes princípios de ética:
Art. 122 - O direito de petição prescreve: I - amar a verdade e a responsabilidade como funda-
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e mentos da dignidade profissional;
de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou que II - observar os princípios da Administração Pública,
afetem interesse patrimonial e créditos decorrentes das re- no exercício das atribuições que lhe couber em decorrên-
lações de trabalho; cia do cargo;
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, ex- III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
ceto quando outro prazo for estabelecido em Lei. IV - cumprir e fazer cumprir as leis, códigos, resolu-
Parágrafo Único. Quando o ato impugnado não for ções, instruções e ordens das autoridades competentes;
V - ser justo e imparcial na apreciação e avaliação dos
publicado, o prazo será contado a partir da ciência ao in-
atos que lhe couber avaliar;
teressado.
VI - zelar pelo seu próprio preparo profissional e in-
Art. 123 - O pedido de reconsideração e o recurso
centivar a mesma prática nos companheiros, em prol do
quando cabíveis, interrompem a prescrição.
cumprimento da missão comum;
Art. 124 - Para o exercício do direito de petição, é as-
VII - praticar a camaradagem e desenvolver o espírito
segurada ao integrante da GMBH, ou a procurador por ele
de cooperação;
constituído, vista de processo ou documento, sendo-lhes
VIII - ser discreto e cortês em suas atitudes, maneiras e
facultado fotocopiá-los a suas expensas.
linguagem e observar as normas da boa educação;
Art. 125 - A prescrição é de ordem pública, não poden-
IX - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
do ser relevada pela administração. assuntos internos da GMBH ou de matéria sigilosa;
Art. 126 - A administração deverá rever seus atos, a X - cumprir seus deveres de cidadão;
qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. XI - respeitar as autoridades civis e militares;
Capítulo VI XII - garantir assistência moral e material à família ou
DA CARREIRA DE GUARDA MUNICIPAL contribuir para ela;
XIII - preservar e praticar, mesmo fora do serviço ou
Art. 127 - Os ocupantes do cargo público efetivo de quando já na inatividade remunerada, os preceitos da éti-
Guarda Municipal integram o Plano de Carreira dos Ser- ca da GMBH;
vidores da Área de Atividades de Segurança Urbana e Pa- XIV - exercitar a proatividade no desempenho profissional;
trimonial da Prefeitura de Belo Horizonte, que será objeto XV - abster-se de fazer uso do posto para obter facili-
de lei específica. dade pessoal de qualquer natureza ou encaminhar negó-
Art. 128 - O quantitativo do cargo público efetivo de cios particulares ou de terceiros;
Guarda Municipal é o previsto no Anexo Único desta Lei. XVI - abster-se do uso das designações:
Parágrafo Único. As atribuições e as áreas de atuação a) em atividades liberais, comerciais ou industriais;
do Guarda Municipal são as previstas nesta Lei, sem prejuí- b) para discutir ou provocar discussão pela imprensa a
zo de outras, a serem estabelecidas em Decreto. respeito de assuntos institucionais;
Art. 129 - O vencimentos-base atribuído aos ocupan- c) no exercício de cargo de natureza civil, na iniciativa privada;
tes do cargo público de Guarda Municipal é de R$ 400,00 d) em atividades religiosas;
(quatrocentos reais). e) em circunstâncias prejudiciais à imagem da GMBH.
Art. 130 Ao ocupante do cargo público de provimento Parágrafo Único. Os princípios éticos orientarão a con-
efetivo de Guarda Municipal são proibidas a greve e a ati- duta do Guarda Municipal e as ações da chefia imediata e
vidade político-partidária. (Redação acrescida pela Lei nº mediata para adequá-las às exigências da Instituição, dan-
10.753/2014) do-se sempre, entre essas ações, preferência àquelas de
cunho educacional.

216
LEGISLAÇÃO

Capítulo II XIV - manter-se atualizado sobre as normas munici-


DAS AÇÕES DISCIPLINARES pais e sobre a estrutura organizacional da Administração
Municipal;
Art. 133 - As ações disciplinares relativas aos integran- XV - atender às requisições para a defesa do Municí-
tes da Guarda Municipal de Belo Horizonte serão desenvol- pio, bem como às solicitações da Corregedoria-Geral, da
vidas pela Corregedoria da GMBH, à qual compete a orien- Corregedoria da GMBH e dos demais órgãos da Adminis-
tação geral, mediante instruções e atos normativos, bem tração Municipal;
como a coordenação e a execução de todas as atividades XVI - levar ao conhecimento da autoridade superior
relativas à disciplina dos servidores públicos da GMBH. as irregularidades ou as ilegalidades de que tiver conheci-
Art. 134 - À Corregedoria da GMBH serão encaminha- mento em razão do cargo, da função ou do serviço;
das as comunicações relativas a faltas disciplinares de seus XVII - ser leal às instituições a que servir;
integrantes, cabendo-lhe a iniciativa do procedimento, na XVIII - manter conduta profissional compatível com os
forma prevista neste Estatuto. princípios reguladores da Administração Pública, especial-
mente os princípios da legalidade, da impessoalidade, da
Capítulo III moralidade, da publicidade, da razoabilidade e da eficiên-
DOS DEVERES DO GUARDA MUNICIPAL cia, preservando o sigilo das informações;
XIX - tratar com zelo e urbanidade o cidadão.
Art. 135 - São deveres dos integrantes da Guarda Muni-
cipal de Belo Horizonte, além da observância aos princípios Capítulo IV
e garantias estabelecidos nos demais dispositivos desta Lei: DAS INFRAÇÕES À DISCIPLINA
I - observar e cumprir as leis, os regulamentos, as ins-
truções e as ordens vigentes; Art. 136 - Entende-se como infração à disciplina qual-
II - manter assiduidade e pontualidade ao serviço; quer ofensa aos princípios éticos e aos deveres do Guarda
III - trajar o uniforme completo e usar corretamente Municipal, estabelecidos nesta Lei, em seu regulamento e
os equipamentos e acessórios sob sua responsabilidade, na legislação pertinente.
zelando pela sua correta apresentação pessoal em público; Art. 137 - Constituem infrações à disciplina, entre ou-
IV - desempenhar com zelo e presteza as atribuições tras hipóteses, sem prejuízo das sanções cíveis e penais
do cargo ou função; aplicáveis à espécie:
V - participar de atividades de formação, aperfeiçoa- I - toda ação ou omissão não especificadas neste Es-
mento ou especialização sempre que for determinado, e tatuto e/ou qualificadas como crime nas leis penais, pra-
repassar aos seus pares informações e conhecimentos téc- ticadas contra:
nicos proporcionados pela Administração Municipal; 1) a Bandeira, o Hino, o Selo e as Armas Nacionais, os
VI - cumprir fielmente as ordens superiores, salvo se símbolos estadual e municipal e as instituições nacional,
manifestamente ilegais; estadual ou municipal;
VII - prestar atendimento e esclarecimentos ao públi- 2) a honra, o decoro da classe, os preceitos sociais e as
co interno e externo, pessoalmente ou por meio das fer- normas da moral;
ramentas de comunicação que lhe forem disponibilizadas; 3) os preceitos de subordinação, regras, normas e or-
VIII - operar computadores, utilizando adequadamente dens de serviço estabelecidas nas leis, regulamentos ou
os programas e sistemas informacionais postos à sua dis- prescritos por autoridade competente;
posição; II - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina,
IX - redigir textos, ofícios, relatórios e correspondên- tais como as abaixo especificadas, entre outras passíveis
cias, com observância das regras gramaticais e das normas de sanção disciplinar:
de comunicação oficial; 1) chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou cha-
X - zelar pela guarda, economia e conservação dos ma- mada, sem motivo justificável;
teriais e equipamentos de trabalho e do patrimônio públi- 2) omitir, em qualquer documento, dados indispensá-
co; veis ao esclarecimento dos fatos;
XI - propor à chefia imediata providências para a con- 3) atribuir a outro servidor atividades estranhas ao car-
secução plena de suas atividades, inclusive indicando a ne- go ou função que ocupa;
cessidade de aquisição, substituição, reposição, manuten- 4) deixar de comparecer a qualquer ato de serviço sem
ção e reparo de materiais e equipamentos; causa justificada;
XII - zelar pelo cumprimento das normas de saúde e 5) usar, durante o serviço, armamento, munição ou
segurança do trabalho e utilizar adequadamente equipa- equipamento não autorizado;
mentos de proteção individual e coletivo; 6) executar ou determinar manobras perigosas com
XIII - ter iniciativa e contribuir para o bom funciona- viaturas da Instituição;
mento da unidade em que estiver desempenhando as suas 7) utilizar pessoal ou recursos materiais da instituição
tarefas; em serviços ou atividades particulares;

217
LEGISLAÇÃO

8) suprimir sua identificação no uniforme ou utilizar-se 33) fazer contratos com o Poder Público Municipal,
de meios para dificultá-la; por si ou como representante de outrem;
9) tratar as pessoas com falta de zelo e urbanidade; 34) valer-se do cargo ou função para lograr provei-
10) praticar a usura em qualquer de suas formas; to pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da
11) atuar como procurador ou intermediário, junto a função pública;
repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios 35) recusar fé a documento público;
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo 36) faltar com a verdade;
grau, de cônjuge ou companheiro; 37) envolver-se, ainda que de folga, em situações que
12) exercer, durante o horário de serviço, atividade a comprometam a imagem, o nome e o prestígio da Insti-
ele estranha, negligenciando o serviço e/ou prejudicando tuição;
o seu bom desempenho; 38) deixar de observar a Lei em prejuízo alheio ou da
(Revogada pelas Leis nº 10.256/2011 e 10.799/2015) Administração Pública;
14) sobrepor ao uniforme peças ou acessórios não 39) atribuir a pessoa estranha à Guarda Municipal, fora
previstos nas normas da instituição; dos casos previstos em lei, o desempenho de atividade
15) deixar de preservar local de crime; que seja de responsabilidade sua ou de subordinado;
16) opor resistência injustificada ao andamento de do- 40) receber comissão ou vantagem de qualquer espé-
cumento, de processo ou à execução de serviço; cie, em razão de suas atribuições;
17) simular doença para esquivar-se ao cumprimento 41) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, empre-
do dever; go ou função em empresas com atividades ilegais ou que
18) proceder de forma desidiosa durante o cumpri- atentem contra o decoro e a moral;
mento de suas atividades ou desempenhar inadequada- Art. 138 - As instâncias cível, criminal e administrativa
mente suas funções, de forma intencional; são independentes e podem se desenvolver concomitan-
19) ausentar-se do serviço para o qual se encontrar es- temente.
calado ou dos setores onde estiver prestando expediente, Parágrafo Único. A instauração de processo cível ou
sem prévia autorização da chefia imediata; criminal não impede a imposição imediata, na esfera ad-
20) retirar, sem prévia permissão da autoridade com- ministrativa, de penalidade cabível pela transgressão disci-
petente, qualquer documento ou objeto da repartição ou plinar residual ou subjacente no mesmo fato.
do local onde estiver prestando serviço; Art. 139 - O julgamento das transgressões deve ser
21) disparar arma de fogo desnecessariamente; precedido de exame que considere:
22) praticar violência contra pessoa, em serviço ou I - os antecedentes do transgressor;
fora dele; II - as causas que a determinaram;
23) ofender a dignidade ou o decoro de colega, su- III - a natureza dos fatos ou dos atos que a envolveram;
bordinado, superior ou particular, bem como propalar tais IV - as conseqüências que dela possam advir.
ofensas;
24) fazer uso de bebida alcoólica durante o serviço ou Capítulo V
uniformizado; DA RESPONSABILIDADE
25) violar local de crime;
26) valer-se ou fazer uso do cargo para praticar assé- Art. 140 - O integrante da Guarda Municipal é respon-
dio sexual ou moral; sável civil, penal e administrativamente, pelo prejuízo a que
27) deixar de assumir a responsabilidade por seus atos der causa contra a Fazenda Pública ou contra terceiros.
ou pelos atos praticados por servidor da Guarda Munici- Parágrafo Único. A responsabilidade pessoal decorre
pal, em função subordinada, que agir em cumprimento de de ação ou omissão dolosa ou culposa.
sua ordem; Art. 141 - No caso de indenização à Fazenda Pública,
28) retirar ou tentar retirar, de local sob a administra- por prejuízo causado na modalidade dolosa, o integrante
ção da Guarda Municipal, objeto ou viatura sem ordem da GMBH será obrigado a repor, de uma só vez, o valor
dos respectivos responsáveis; correspondente.
29) participar de movimentos de natureza reivindica- Parágrafo Único. A indenização à Fazenda Pública, por
tória ou de movimento grevista; prejuízo causado na modalidade culposa, será descontada
30) praticar ato contra expressa disposição de lei ou em parcelas mensais não excedentes à 10ª (décima) par-
deixar de praticá-lo, em descumprimento de dever funcio- te do provento ou da remuneração líquidos, em valores
nal, em benefício próprio ou alheio; atualizados.
31) manter sob sua chefia imediata, em cargo ou fun- Art. 142 - A responsabilidade administrativa não exime
ção de confiança, cônjuge, companheiro ou parente, por o integrante da GMBH da responsabilidade civil ou penal,
consangüinidade ou afinidade até o segundo grau; nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado ju-
32) exercer, mesmo fora das horas de trabalho, empre- dicialmente o exime da pena disciplinar cabível.
go ou função em empresas, estabelecimentos ou institui-
ções que tenham relação com o Poder Público Municipal;

218
LEGISLAÇÃO

Parágrafo Único. A responsabilidade patrimonial e ad- Art. 149 - Não haverá aplicação de penalidade discipli-
ministrativa do integrante da GMBH será afastada no caso nar quando for reconhecida qualquer causa de justificação.
de absolvição criminal que dê como provada a inexistência Parágrafo Único. São consideradas causas de justifi-
do fato ou de sua autoria. cação:
Art. 143 - Tratando-se de dano causado a terceiros, a I - ter havido motivo de força maior, plenamente com-
Fazenda Pública promoverá ação regressiva contra o inte- provado e justificado;
grante da GMBH, na forma prevista em lei, nos casos em II - ter sido cometida a transgressão:
que este agir com dolo ou culpa. a) na prática de ação meritória, em estado de neces-
Parágrafo Único. A obrigação de reparar o dano es- sidade, no interesse do serviço ou da segurança urbana;
tende-se aos sucessores e contra eles será executada, até b) em legítima defesa própria ou de outrem;
o limite da herança recebida, na forma da legislação civil. c) em obediência a ordem superior, desde que não
manifestamente ilegal;
Capítulo VI Art. 150 - São consideradas circunstâncias atenuantes:
DA ACUMULAÇÃO DE CARGOS I - relevância dos serviços prestados;
II - ter o agente confessado a autoria de infração igno-
Art. 144 - Ressalvados os casos previstos na Constitui- rada ou imputada a outrem;
ção da República, é vedada a acumulação remunerada de III - ter o infrator procurado diminuir as conseqüências
cargos públicos. da infração antes da punição, reparando os danos;
Parágrafo Único. A acumulação de cargos, empregos e IV - ter sido cometida a infração:
funções, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação a) para evitar mal maior;
da compatibilidade de horários. b) em defesa própria de seus direitos ou de outrem,
Art. 145 - O integrante da GMBH não poderá exercer desde que não constitua causa de justificação;
mais de um cargo em comissão ou mais de uma função c) por motivo de relevante valor social.
pública. Art. 151 - São consideradas circunstâncias agravantes:
Art. 146 - O integrante da GMBH, quando investido I - prática simultânea ou conexão de duas ou mais in-
em cargo de provimento em comissão, ficará afastado do frações;
cargo público efetivo. II - reincidência de transgressões;
III - conluio de duas ou mais pessoas;
Capítulo VII IV - cometimento da transgressão:
DAS PENALIDADES DISCIPLINARES E DA SUA a) durante a execução de serviço ou uniformizado;
APLICAÇÃO b) em presença de subordinado;
SEÇÃO I c) com abuso de autoridade hierárquica ou funcional;
DAS PENALIDADES DISCIPLINARES d) com premeditação;
e) em presença de público ou de seus pares;
Art. 147 - São penalidades disciplinares, em ordem de f) com induzimento de outrem à co-autoria;
gravidade crescente: g) utilizando armamento, equipamento ou veículo da
I - advertência; Instituição.
II - repreensão; Art. 152 - A advertência é a admoestação verbal ou
III - suspensão até 90 (noventa) dias consecutivos; escrita feita ao Guarda Municipal transgressor, conforme a
IV - destituição de cargo em comissão ou de função hipótese, aplicável de modo privado ou ostensivo.
pública. Art. 153 - A repreensão será aplicada por escrito, nos
V - demissão; casos de descumprimento de dever funcional previsto em
VI - cassação de aposentadoria. lei, regulamento ou norma interna que não justifique a im-
Parágrafo Único. Conforme a hipótese, o integrante da posição de penalidade mais grave, conforme a hipótese.
Guarda Municipal que sofrer punição disciplinar poderá Art. 154 - A suspensão será aplicada nos casos de re-
ser submetido a programa reeducativo. incidência específica das faltas punidas com repreensão,
bem como nos casos de violação das proibições que não
SEÇÃO II constituam infração sujeita à penalidade de demissão ou
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES rescisão de contrato, e não poderá exceder a 90 (noventa)
dias consecutivos.
Art. 148 - Na aplicação das penalidades, deverão ser § 1º - Será punido com suspensão de até 15 (quinze)
consideradas a natureza e a gravidade da infração cometi- dias consecutivos o integrante da GMBH que, injustifica-
da, os danos que dela provierem para o serviço público e damente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica
para a Guarda Municipal, as circunstâncias agravantes ou determinada por autoridade competente, cessando os
atenuantes e os antecedentes funcionais. efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.

219
LEGISLAÇÃO

§ 2º - Será punido com suspensão de 15 (quinze) dias Art. 158 - Verificada a acumulação ilegal de cargos,
consecutivos o integrante da GMBH que, injustificadamen- empregos ou funções públicas, em processo administra-
te, deixar de comparecer, quando comprovadamente con- tivo disciplinar, se ficar comprovada a boa-fé do Guarda
vocado, para prestar depoimento ou declaração perante Municipal, o mesmo poderá optar por um dos cargos.
a Corregedoria-Geral do Município, a Corregedoria da § 1º - Provada a má-fé, o servidor perderá os cargos
GMBH ou perante quem presidir, na forma desta Lei, à sin- que estiver exercendo no serviço público municipal e res-
dicância ou ao processo administrativo disciplinar. tituirá o que tiver percebido indevidamente.
§ 3º - Quando houver conveniência para o serviço, § 2º - Sendo um dos cargos, emprego ou função, exer-
a penalidade de suspensão poderá ser substituída por cido em outra esfera administrativa, esta será comunicada
multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de da demissão verificada na esfera municipal.
vencimento ou remuneração, na proporção de tantos dias Art. 159 - Será cassada a aposentadoria ou a dispo-
-multa quantos forem os dias de suspensão, ficando o in- nibilidade do inativo que tenha praticado, na situação de
tegrante da GMBH obrigado a permanecer no serviço para atividade, falta punível com a pena de demissão.
o qual se encontrar escalado. Parágrafo Único. Para efeito do disposto neste artigo,
Art. 155 - As penalidades previstas nos incisos I a IV ao ato de cassação da aposentadoria ou da disponibilida-
do art. 147 desta Lei terão seu registro cancelado na ficha de seguir-se-á o de demissão.
individual de registro do Guarda Municipal após o decurso Art. 160 - A destituição de cargo em comissão ou de
de 5 (cinco) anos de exercício, se o mesmo não houver, função pública será aplicada nos casos de infração sujeita
nesse período, praticado nova infração disciplinar. às penalidades de suspensão e de demissão.
§ 1º - O cancelamento do registro não surtirá efeitos § 1º - Constatada a hipótese de que trata este artigo, a
retroativos. exoneração efetuada nos termos da lei será convertida em
§ 2º - O integrante da GMBH não será considerado destituição de cargo em comissão ou de função pública.
reincidente, para quaisquer efeitos disciplinares, após o § 2º - Sendo o integrante da GMBH detentor de cargo
decurso do prazo previsto no caput deste artigo. público efetivo, a aplicação da penalidade de destituição
Art. 156 - A demissão será aplicada nos seguintes ca- do cargo em comissão ou de função pública não impedirá
sos: a aplicação das penalidades de suspensão ou de demissão.
I - crime contra a administração pública; Art. 161 - A demissão ou a destituição de cargo em
II - abandono de cargo ou função; comissão ou de função pública, nos casos dos incisos IV,
III - desídia no desempenho de cargo ou função; IX, XI, XII, XIII e XIV do art. 156 desta Lei, implicará no res-
IV - ato de improbidade; sarcimento ao erário municipal, sem prejuízo da ação pe-
V - má conduta ou mau procedimento; (Redação dada nal cabível.
pela Lei nº 10.178/2011) Art. 162 - A demissão para o detentor de cargo de
VI - insubordinação grave em serviço; provimento efetivo ou a destituição de cargo em comis-
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou particular, são ou de função pública para o não-detentor de cargo
salvo se em legítima defesa ou no estrito cumprimento do provimento efetivo incompatibilizam o ex-integrante da
dever, nos casos previstos em lei; GMBH para nova investidura em cargo público municipal
VIII - crimes contra a liberdade sexual e crime de cor- pelo prazo de 5 (cinco) anos.
rupção de menores; Art. 163 - Considera-se desidiosa a conduta revela-
IX - aplicação irregular de dinheiro público; dora de negligência no desempenho das atribuições e a
X - revelação de segredo do qual se apropriou em ra- transgressão habitual dos deveres de assiduidade e pon-
zão do cargo ou função, para lograr proveito próprio ou tualidade.
alheio; Art. 164 - Configura abandono de cargo a ausência
XI - lesão aos cofres públicos; intencional do integrante da Guarda Municipal ao serviço
XII - dilapidação do patrimônio público; por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.
XIII - corrupção; Parágrafo Único. O processo administrativo disciplinar
XIV - acumulação ilícita de cargo, emprego ou função mandado instaurar pela Corregedoria da GMBH para apu-
pública, desde que provada a má-fé do servidor. ração do abandono de cargo, no qual serão assegurados
Parágrafo Único. As infrações previstas no art. 137 a ampla defesa e o contraditório, será sempre precedido
desta Lei, além dos atos que resultarem em violação aos da publicação, no Diário Oficial do Município - DOM -, de
demais dispositivos desta Lei, também poderão ser pu- edital de convocação do integrante da Guarda Municipal
nidos com a pena de demissão, caso sejam consideradas para comparecer ao órgão em que estiver lotado.
como infrações graves.
Art. 157 - Além dos casos enumerados no artigo an-
terior, é causa de demissão a sentença criminal transitada
em julgado que condenar o integrante da GMBH a mais de
dois anos de reclusão.

220
LEGISLAÇÃO

Capítulo VIII § 4º - Interrompido o curso da prescrição, o prazo co-


DA COMPETÊNCIA PARA A APLICAÇÃO DAS meçará a fluir novamente a partir da data do ato que a
PENAS DISCIPLINARES interromper.

Art. 165 - As penalidades disciplinares serão aplicadas: TÍTULO V


I - pelo Prefeito, quando se tratar de demissão ou res- DA APURAÇÃO SUMÁRIA, DA SINDICÂNCIA E DO
cisão contratual, destituição de cargo em comissão ou de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
função pública, cassação de aposentadoria ou disponibi- Capítulo I
lidade; DA APURAÇÃO SUMÁRIA
II - pelo Secretário Municipal de Segurança Urbana e
Patrimonial, quando se tratar de suspensão de integrante Art. 169 - Em se tratando de fatos puníveis com as
da Guarda Municipal por mais de 30 (trinta) dias ou multa sanções de advertência e repreensão, o Secretário Muni-
equivalente, e na hipótese do § 2º do art. 154 desta Lei; cipal de Segurança Urbana e Patrimonial, o Corregedor da
III - pelo Chefe da GMBH, quando se tratar de sus- GMBH ou o Chefe da GMBH poderá, se julgar convenien-
pensão por até 30 (trinta) dias ou multa equivalente, e nos te, determinar que se faça uma apuração sumária para a
casos de advertência e de repreensão. (Redação dada pela verificação dos fatos, sem as formalidades exigidas para a
Lei nº 10.178/2011) sindicância. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
§ 1º - As sanções de que tratam os incisos II e III deste Art. 170 - Na apuração sumária, seu encarregado de-
artigo poderão ser aplicadas pelo Prefeito. verá limitar-se a ouvir e entrevistar as partes e as testemu-
§ 2º - Se houver diversidade de sanções, sendo um nhas, relatando os fatos com os esclarecimentos necessá-
ou mais de um acusado, a aplicação da penalidade caberá rios e o seu parecer conclusivo.
à autoridade competente para a imposição de pena mais Art. 171 - O prazo para a conclusão da apuração su-
grave. mária é de 5 (cinco) dias úteis.
Art. 166 - O ato de imposição da penalidade mencio- Art. 172 - O encarregado da apuração sumária será de-
nará sempre o fundamento legal e a causa da sanção dis- signado pela autoridade que determinar sua execução, e
ciplinar. os autos dessa apuração, quando conclusos, serão sempre
Art. 167 - Constarão da ficha individual de registro do encaminhados ao Corregedor da GMBH a quem compete
integrante da Guarda Municipal todas as penalidades que aprovar ou não o parecer apresentado pelo encarregado.
lhe forem impostas, incluídas as decorrentes da falta de
comparecimento às sessões do Tribunal do Júri para o qual Capítulo II
for sorteado. DA SINDICÂNCIA
Parágrafo Único. Sem prejuízo das penalidades previs-
tas na lei processual, serão considerados como suspensão Art. 173 - Sindicância é o procedimento utilizado pela
os dias em que o integrante da GMBH deixar de atender às Administração para investigar, de maneira ágil e formal,
convocações do Tribunal do Júri. atos e fatos que envolvam integrantes da GMBH, antece-
dendo a outras providências cíveis, criminais ou adminis-
Capítulo IX trativas, sendo sua instauração determinada pelo Prefeito,
DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DISCIPLINAR pelo Secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimo-
nial ou pelo Corregedor da GMBH.
Art. 168 - A ação disciplinar prescreverá: Art. 174 - A sindicância precederá o processo adminis-
I - em 5 (cinco) anos, no caso de infrações puníveis trativo disciplinar somente no caso de não haver elemento
com demissão, cassação de aposentadoria ou de disponi- de convicção suficiente para a imediata instauração do se-
bilidade e destituição de cargo em comissão ou de função gundo procedimento.
pública. Parágrafo Único. A sindicância será instaurada:
II - em 2 (dois) anos, no caso de infrações sujeitas à I - quando houver necessidade de maior tempo para
pena de suspensão. coleta de provas que definam a responsabilidade ou a au-
III - em 6 (seis) meses, no caso de infrações sujeitas às toria de práticas irregulares;
penas de advertência e de repreensão. II - quando se pretender avaliar a correta intensidade
§ 1º - O prazo de prescrição começa a correr na data ou conseqüências de uma infração;
em que o fato imputável ao integrante da Guarda Munici- III - quando a complexidade dos fatos o exigir.
pal se tornou conhecido. Art. 175 - A sindicância, sempre de caráter contraditó-
§ 2º - Os prazos de prescrição previstos na lei penal rio, desenvolver-se-á da seguinte forma:
aplicam-se às infrações disciplinares que correspondam a I - instauração por ato do Prefeito, do Secretário Muni-
fatos nela tipificados. cipal de Segurança Urbana e Patrimonial ou do Corregedor
§ 3º - A abertura da sindicância ou a instauração de da GMBH, que designará um integrante da Corregedoria
processo administrativo disciplinar interrompem a prescri- ou da Guarda Municipal como encarregado, para instrução
ção. e emissão de parecer;

221
LEGISLAÇÃO

II - citação do sindicado para interrogatório, a partir da Parágrafo Único. Os servidores designados para com-
qual terá o prazo de 3 (três) dias úteis para oferecer defesa por a comissão disciplinar serão dispensados de suas atri-
prévia, com arrolamento de testemunhas, até no máximo buições ordinárias, durante o período de exercício das fun-
de 3 (três), e indicar as provas que pretender produzir; ções disciplinares.
III - oitiva de testemunhas de denúncia, até o máximo Art. 179 - Será obrigatória a instauração de processo
de 3 (três); administrativo disciplinar sempre que a falta imputada ao
IV - oitiva de testemunhas do sindicado, até no máxi- integrante da GMBH ensejar a imposição de penalidade
mo de 3 (três); de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, de
V - prazo de 2 (dois) dias úteis para o sindicado reque- cassação de aposentadoria ou de destituição de cargo em
rer diligências probatórias complementares; comissão ou de função pública.
VI - despacho do Corregedor da GMBH, que se mani- Art. 180 - O processo administrativo disciplinar desen-
festará quanto a pedidos formulados pelo sindicado e, se volver-se-á da seguinte forma:
entender conveniente, determinará a oitiva de outras tes- I - instauração, com a expedição da portaria do Prefei-
temunhas, a reinquirição das já ouvidas, a inquirição das to, ou do Secretário Municipal de Segurança Urbana e Pa-
referidas, a acareação, se necessária, a juntada de docu- trimonial, ou do Corregedor da GMBH, da qual constarão
mentos ou a realização de prova técnica; o resumo do fato atribuído ao processado e a menção dos
VII - abertura do prazo de 5 (cinco) dias úteis para a dispositivos legais aplicáveis;
apresentação das razões finais de defesa; II - citação do processado para o interrogatório, abrin-
VIII - parecer do encarregado da sindicância, com re- do-se-lhe, em seguida, prazo de 3 (três) dias úteis para a
latório e sugestão sobre a solução que entenda adequada; apresentação da defesa prévia e de rol de testemunhas,
IX - julgamento, oportunidade em que o Corregedor até o máximo de 10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada
da GMBH apreciará a prova dos autos e proferirá decisão, fato, e para a indicação das provas que quiser produzir;
propondo a punição a ser aplicada, observado o disposto III - oitiva de testemunhas da denúncia, até o máximo
no art. 165 desta Lei. de 10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada fato;
§ 1º - Ao sindicado será assegurado o direito de ampla IV - oitiva de testemunhas arroladas pelo processado,
defesa, admitidos todos os meios a ela inerentes, sendo- até o máximo de 10 (dez), limitadas a 3 (três) para cada
lhe facultado acompanhar o feito individualmente ou fa- fato;
zer-se representar por advogado, juntar documentos per- V - prazo de 3 (três) dias úteis para o processado re-
tinentes, formular quesitos e requerer prova técnica. querer diligências probatórias complementares;
§ 2º - A sindicância será concluída no prazo de 40 VI - despacho do presidente da comissão, que se ma-
(quarenta) dias consecutivos. nifestará quanto ao pedido formulado pelo processado,
§ 3º - Caso haja necessidade de dilação do prazo, o na forma indicada no inciso V e, se entender conveniente,
sindicante solicitará prorrogação à autoridade competen- determinará a oitiva de outras testemunhas, a reinquirição
te, que não poderá exceder de 15 (quinze) dias. das já ouvidas, a inquirição das referidas, a juntada de do-
Art. 176 - Verificada, na fase de julgamento, a exis- cumentos ou a realização de prova técnica;
tência de falta punível com penalidade mais grave do que VII - abertura do prazo de 10 (dez) dias consecutivos
aquela prevista no inciso V do art. 194 desta Lei, o Corre- para o processado apresentar razões finais;
gedor da GMBH, em despacho, determinará a providência VIII - julgamento, oportunidade em que a comissão
constante do inciso VI daquele artigo, expedindo a respec- processante apreciará as provas e emitirá relatório, suge-
tiva portaria. rindo a penalidade a ser aplicada, observado o disposto
Parágrafo Único. Os autos da sindicância integrarão os no art. 147, encaminhando-o, junto aos autos conclusos,
autos do processo administrativo disciplinar. ao Corregedor da GMBH que decidirá quanto ao mérito e
o remeterá à autoridade competente para a aplicação da
Capítulo III pena cabível.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR § 1º - Ao processado será assegurado o direito de
ampla defesa, admitidos todos os meios a ela inerentes,
Art. 177 - O processo administrativo disciplinar será de sendo-lhe facultado acompanhar o feito individualmente
caráter contraditório, assegurada ao acusado ampla defe- ou fazer-se representar por advogado, juntar documentos
sa, com os meios a ela inerentes, sendo sua instauração pertinentes, formular quesitos, e, às suas expensas, reque-
determinada pelo Prefeito ou pelo Secretário Municipal de rer prova técnica.
Segurança Urbana e Patrimonial ou pelo Corregedor da § 2º - A autoridade competente, na forma do art. 165
GMBH. desta Lei, decidirá sobre a penalidade a ser aplicada den-
Art. 178 - O processo administrativo disciplinar será tro de sua competência ou remeterá o processo à autori-
conduzido por comissão disciplinar composta de 3 (três) dade superior, caso entenda que deva ser aplicada pena
integrantes, designada pelo Corregedor da GMBH. que exceda à sua competência, justificando o ato.

222
LEGISLAÇÃO

Art. 181 - A comissão disciplinar procederá a todas as § 2º - A comissão decidirá, justificadamente, pelo ar-
diligências que julgar necessárias, ouvindo, se entender quivamento, pela absolvição ou pela punição do acusa-
conveniente, a opinião de técnicos ou peritos. do, sugerindo, neste último caso, a penalidade cabível em
Parágrafo Único. A comissão poderá denegar pedidos relação a cada uma das faltas consideradas, respeitada a
considerados impertinentes, meramente protelatórios ou competência prevista no art. 165 desta Lei.
desprovidos de interesse para o esclarecimento dos fatos, § 3º - O motivo do arquivamento ou da absolvição fi-
fazendo-o justificadamente. cará expresso no relatório devendo ajustar-se a uma das
Art. 182 - A citação ou intimação do acusado será pes- causas mencionadas nos incisos I a IV do art. 194 desta Lei.
soal, por carta expedida pelo presidente da comissão dis- § 4º - A comissão disciplinar deverá sugerir no rela-
ciplinar, assegurando-se-lhe vista dos autos. tório quaisquer outras providências que lhe pareçam de
§ 1º - O prazo para defesa, previsto no inciso VII do art. interesse do serviço público.
180 desta Lei, será observado mesmo quando houver mais § 5º - Reconhecida a responsabilidade do acusado, a
de um acusado, e será comum a todos. comissão do processo administrativo disciplinar observará
§ 2º - No caso de recusa do acusado em apor ciente na o disposto no art. 148 desta Lei.
cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data Art. 190 - O prazo para a conclusão do processo admi-
declarada pelo servidor que realizou a diligência. nistrativo disciplinar é de 60 (sessenta) dias consecutivos,
Art. 183 - Achando-se o acusado em local incerto e prorrogável a critério do Corregedor da GMBH, por prazo
não sabido ou no estrangeiro, a citação será feita por edi- não superior a 20 (vinte) dias.
tal publicado no DOM, durante 3 (três) dias consecutivos, Art. 191 - O Guarda Municipal que responder a pro-
hipótese em que o prazo para defesa será contado da data cesso administrativo disciplinar só poderá ser exonerado a
da última publicação. pedido ou aposentado voluntariamente, após a conclusão
Art. 184 - O acusado que mudar de residência depois do feito e o cumprimento da penalidade acaso aplicada.
de citado fica obrigado a comunicar à comissão do pro- Capítulo IV
cesso administrativo disciplinar o lugar onde poderá ser DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
encontrado, sob pena de ser considerado em lugar incerto
e não sabido, para os efeitos de citação ou intimação. Art. 192 - A autoridade que tiver ciência de irregu-
Art. 185 - Considerar-se-á revel o acusado que, regu- laridade no serviço público, envolvendo integrante da
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. GMBH, deverá comunicar imediatamente à Corregedoria
§ 1º - Ao acusado revel será designado um defensor da GMBH, para a adoção das medidas necessárias à sua
dativo, bacharel em Direito ocupante de cargo no serviço imediata apuração.
público municipal. Parágrafo Único. Quando o ato atribuído ao integrante
§ 2º - A revelia será declarada nos autos e devolverá o da GMBH for definido como crime de ação pública incon-
prazo para a defesa. dicionada, o Chefe da GMBH, ou quem tomar conheci-
Art. 186 - O acusado será cientificado, no ato da cita- mento do fato, dará imediato conhecimento à Correge-
ção, de que poderá fazer-se representar por advogado, ao doria da GMBH, que providenciará a devida comunicação
qual é facultado o direito de assistir ao interrogatório, for- à autoridade competente, para as providências cabíveis.
mular perguntas e zelar pela fiel transcrição das respostas. (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
Art. 187 - Comparecendo o acusado, no dia e hora de- Art. 193 - As denúncias de irregularidades, formuladas
signados, será interrogado pela comissão disciplinar. por escrito ou reduzidas a termo, serão objeto de investi-
Parágrafo Único. Havendo mais de um acusado, cada gação, observado o seguinte:
um deles será ouvido em separado e, caso haja divergên- I - quando o fato narrado não configurar infração dis-
cia entre suas declarações, poderá ser promovida uma ciplinar, a denúncia será arquivada;
acareação entre eles. II - a denúncia desacompanhada de elemento de ins-
Art. 188 - Quando houver dúvidas quanto à sanida- trução não impede a abertura de apuração sumária ou de
de mental do acusado, a comissão disciplinar determinará sindicância.
que ele seja submetido a exame pelo serviço médico do Art. 194 - Da apuração sumária ou da sindicância po-
órgão municipal competente. derá resultar:
Parágrafo Único. O incidente de sanidade mental po- I - arquivamento, por falta de prova da existência do
derá ser suscitado pelo próprio acusado e será processado fato ou da sua autoria;
em autos apartados e apensos aos autos principais, fican- II - arquivamento, por falta de prova suficiente à apli-
do suspenso o procedimento principal. cação da penalidade administrativa;
Art. 189 - O relatório é a peça que põe fim ao processo III - absolvição, por existência de prova de não ser o
administrativo disciplinar. acusado o autor do fato;
§ 1º - No relatório, serão apreciadas separadamente as IV - absolvição, por existência de prova de não-ocor-
irregularidades mencionadas na denúncia ou na portaria, rência do fato ou por este não constituir infração de natu-
à luz das provas colhidas e tendo em vista as razões da reza disciplinar;
defesa.

223
LEGISLAÇÃO

V - aplicação de penalidade de repreensão ou de sus- § 2º - Se a testemunha não for servidor público muni-
pensão de até 30 (trinta) dias; cipal, será convidada a depor.
VI - instauração do processo administrativo disciplinar; Art. 203 - O depoimento será fielmente reduzido a
Art. 195 - Do processo administrativo disciplinar pode- termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito,
rá resultar arquivamento ou absolvição, na forma do dis- podendo consultar anotações.
posto nos incisos I a IV do art. 194 desta Lei, ou aplicação § 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente.
das penalidades previstas no art. 147 desta Lei. § 2º - Poderá ser feita acareação entre os depoentes,
Art. 196 - Arquivados a apuração sumária, a sindicân- na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se in-
cia ou o processo administrativo disciplinar, com base no firmem.
disposto nos incisos I e II do art. 194 desta Lei, poderão ser Art. 204 - Aplicam-se subsidiariamente à sindicância
eles reabertos em vista de novas provas, desde que não ou ao processo administrativo disciplinar as normas dos
haja ocorrido a prescrição, na forma do art. 168 desta Lei. Códigos de Processo Civil e Penal.
§ 1º - A decisão pela reabertura do procedimento ca- Parágrafo Único. O servidor que responder a sindi-
berá à Corregedoria da GMBH que, através de despacho cância ou a processo administrativo disciplinar poderá, às
fundamentado, expedirá nova portaria. suas expensas, extrair cópia integral ou parcial dos autos
§ 2º - Os autos arquivados serão apensados aos novos. respectivos.
Art. 197 - A apuração sumária, a sindicância e o pro- Art. 205 - A autoridade sindicante, a processante ou
cesso administrativo disciplinar poderão ser sobrestados, aquela incumbida de aplicar a pena, será responsabilizada
a qualquer tempo, mediante despacho fundamentado, se der causa à prescrição de que trata o art. 168 desta Lei.
pela autoridade que as determinar, caso seja necessária a Art. 206 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
conclusão de ato processual que demande a extensão dos toridade indicada no art. 165 desta Lei determinará seu
prazos fixados à Administração. registro nos assentamentos individuais do Guarda Muni-
Art. 198 - O Secretário Municipal de Segurança Urba- cipal.
na e Patrimonial, mediante decisão fundamentada, pode-
rá determinar o afastamento preventivo do integrante da Capítulo V
GMBH, desde que necessário para garantir o curso normal DO RECURSO EM MATÉRIA DISCIPLINAR
da instrução.
§ 1º - O afastamento preventivo não implicará prejuízo Art. 207 - Das decisões proferidas com supedâneo em
da remuneração ou da contagem do tempo de serviço. apuração sumária, em sindicância ou em processo admi-
§ 2º - Caberá recurso ao Prefeito, caso o tempo de nistrativo disciplinar, caberá recurso, que será recebido no
afastamento preventivo supere 120 (cento e vinte) dias. efeito devolutivo.
Art. 199 - Não poderão proceder à sindicância ou Art. 208 - Não constitui fundamento para o recurso
compor a Comissão do processo administrativo disciplinar a exclusiva alegação de injustiça da penalidade aplicada.
cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consangüí- Art. 209 - O prazo para a interposição do recurso é de
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 3º (terceiro) 10 (dez) dias úteis e começa a fluir da data do recebimen-
grau. to, pelo acusado, da notificação da decisão constante do
Art. 200 - A apuração sumária, a sindicância ou o pro- relatório.
cesso administrativo disciplinar serão conduzidos com Parágrafo Único. Não caberá recurso da decisão que
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne- decidir o recurso original.
cessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da Art. 210 - O julgamento do recurso competirá:
Administração. I - ao Prefeito, se a decisão recorrida partir dele pró-
Parágrafo Único. As audiências e as reuniões que ocor- prio ou do Secretário Municipal de Segurança Urbana e
ram no curso dos procedimentos disciplinares terão cará- Patrimonial.
ter reservado. II - ao Secretário Municipal de Segurança Urbana e Pa-
Art. 201 - Em qualquer fase de qualquer dos procedi- trimonial, se a decisão recorrida partir do Chefe da GMBH.
mentos, até a apresentação da defesa final, poderão ser (Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
juntados documentos. Art. 211 - Provido o recurso, o acusado terá restabe-
Parágrafo Único. Será indeferido o pedido de prova lecidos, parcial ou integralmente, conforme a decisão, os
pericial, quando a comprovação do fato não depender de direitos perdidos em conseqüência daquelas, exceto em
conhecimento técnico de perito. relação à destituição do cargo em comissão ou de função
Art. 202 - Testemunha é a pessoa que presta depoi- pública, a qual será convertida em exoneração.
mento sob compromisso legal de dizer a verdade e não Art. 212 - Do recurso não poderão constar fatos novos
omiti-la. e nem dele poderá resultar agravamento de penalidade.
§ 1º - Se a testemunha for servidor público municipal,
será intimada pessoalmente com comunicação formal à
sua chefia imediata.

224
LEGISLAÇÃO

Capítulo VI Art. 219 - Da revisão a pedido não poderá resultar


DA REVISÃO EM MATÉRIA DISCIPLINAR agravamento da penalidade.

Art. 213 - O procedimento disciplinar poderá ser re- TÍTULO VI


visto a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se DAS RECOMPENSAS DOS SERVIDORES DA GUAR-
aduzirem fatos novos ou circunstâncias que militem em DA MUNICIPAL
favor da inocência do integrante da GMBH punido, agra-
vem, atenuem ou revelem a inadequação da penalidade Art. 220 - As recompensas constituem-se em reconhe-
aplicada. cimento aos bons serviços, atos meritórios e trabalhos re-
Art. 214 - O pedido de revisão será dirigido ao Se- levantes prestados pelo integrante da Guarda Municipal.
cretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial e Art. 221 - São recompensas da Guarda Municipal:
apensado aos autos do procedimento originário. I - condecoração por serviços prestados;
§ 1º - Se a decisão atacada houver sido proferida com II - pelo Chefe da Guarda Municipal de Belo Horizonte
base em apuração sumária ou sindicância, sua instrução
nos casos dos incisos III e IV do caput do art. 221 desta Lei;
será preferencialmente de responsabilidade do encarrega-
(Redação dada pela Lei nº 10.178/2011)
do que a presidiu e a decisão caberá ao Secretário Munici-
III - nota meritória;
pal de Segurança Urbana e Patrimonial.
IV - referência elogiosa;
§ 2º - Tratando-se de processo administrativo disci-
plinar, a comissão que proferiu o relatório atacado, prefe- V - dispensa do serviço.
rencialmente, apreciará o cabimento da revisão, de acordo § 1º - A condecoração constitui-se em referência hon-
com o disposto no art. 213 desta Lei. rosa e insígnia conferidas ao integrante da GMBH por sua
§ 3º - Caberá reclamação fundamentada ao Prefeito, atuação relevante em intervenção de destaque na preser-
no prazo de 5 (cinco) dias úteis, da decisão que negar se- vação da vida, da integridade física e do patrimônio muni-
guimento à revisão. cipal, sendo formalizada com a devida publicação no DOM
§ 4º - O prazo a que se refere o § 3º deste art. 214 e registro na respectiva Ficha Individual.
contar-se-á da data em que o interessado tomar ciência da § 2º - Elogio é o reconhecimento formal da GMBH às
decisão que negar seguimento à revisão. qualidades morais e profissionais do Guarda Municipal re-
Art. 215 - Se a revisão for cabível, sua apreciação quan- veladas em atos ou fatos de grande repercussão interna
to ao mérito competirá à Corregedoria da GMBH. ou externa, que mereçam destaque especial ao agente que
Art. 216 - Recebido o pedido de revisão, a Corregedo- contribuiu para a elevação do nome da instituição, com a
ria da GMBH mandará autuá-lo e apensá-lo aos autos do devida publicidade no DOM e registro na Ficha Individual.
procedimento originário. § 3º - Nota meritória é o reconhecimento da GMBH à
§ 1º - Em qualquer caso, será dada vista ao requerente participação de Guarda Municipal em ocorrência ou fato
pelo prazo de 10 (dez) dias, para tomar ciência do despa- que demonstre suas qualidades, tais como a iniciativa, a
cho e, se quiser, arrolar testemunhas até o máximo de 5 coragem, a dedicação, o altruísmo ou o seu conhecimento
(cinco). profissional, com publicidade interna e registro na Ficha
§ 2º - Concluída a fase da instrução da revisão, o re- Individual.
querente será intimado a apresentar suas alegações finais, § 4º - Referência elogiosa é o registro na Ficha Indivi-
no prazo de 5 (cinco) dias úteis. dual de citações ou informações de pessoas, autoridades
§ 3º - Escoado o prazo de que trata o § 2º deste art. ou entidades, que realcem os serviços prestados por Guar-
216, a revisão receberá parecer quanto ao mérito, no pra- da Municipal, podendo ser transformada em Nota Meritó-
zo de 30 (trinta) dias consecutivos, e será encaminhada à ria ou Elogio, a critério do Comando da Guarda Municipal.
autoridade julgadora.
§ 5º - Dispensa do serviço é a concessão ao Guarda
§ 4º - Na fase de julgamento, poderão ser determina-
Municipal de descanso adicional, além do previsto em es-
das diligências consideradas necessárias ao melhor escla-
cala, como recompensa por ato praticado ou por término
recimento do processo.
de trabalho relevante. Poderá ser concedida isolada ou
Art. 217 - O julgamento da revisão competirá:
I - ao Prefeito, se a decisão revisionada partir dele pró- concomitante com as recompensas dos incisos I, II, III e IV
prio ou do Secretário Municipal de Segurança Urbana e do caput deste artigo.
Patrimonial. Art. 222 - As recompensas previstas no artigo anterior
II - ao Secretário Municipal de Segurança Urbana e Pa- serão conferidas:
trimonial, nos demais casos. I - pelo Prefeito e pelo Secretário Municipal de Segu-
Art. 218 - Julgado procedente o pedido de revisão, se- rança Urbana e Patrimonial, nos casos dos incisos I, II e V
rão tornadas sem efeito as penalidades aplicadas ao acu- do caput do art. 221 desta Lei.
sado, o que implicará, somente se for o caso, no restabe- II - pelo Comandante da Guarda Municipal de Belo
lecimento de todos os direitos perdidos em conseqüência Horizonte nos casos dos incisos III e IV do caput do art.
daquelas, exceto em relação à destituição do cargo em 221 desta Lei.
comissão ou de função pública, a qual será convertida em
exoneração.

225
LEGISLAÇÃO

TÍTULO VII TÍTULO VIII


DO CONTROLE E DA AVALIAÇÃO DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
DO COMPORTAMENTO DO GUARDA MUNICIPAL
Art. 225 - O Regime Disciplinar previsto nesta Lei apli-
Art. 223 - O comportamento dos ocupantes do cargo ca-se aos guardas municipais, contratados por necessidade
público efetivo de Guarda Municipal será permanentemen- de excepcional interesse público, aplicando-se-lhes a pena
te aferido e registrado em seus assentamentos funcionais, de rescisão contratual em todos os casos onde houver a
para os fins de seu controle, avaliação e designação para previsão das penas de demissão ou de suspensão por mais
as atividades rotineiras, para as missões especiais, para a de 10 (dez) dias, sem prejuízo da rescisão contratual mo-
avaliação de sua permanência no serviço público e para a tivada por conveniência da Administração ou por outras
sua progressão na carreira. hipóteses previstas na legislação pertinente. (Vide Lei nº
Parágrafo Único. Para os fins do disposto no caput, e 10.497/2012)
sem prejuízo das disposições complementares estabele- Art. 226 - Para os fins dos artigos 223 e 224 desta Lei,
cidas no regulamento desta Lei, os comportamentos dos os atuais guardas municipais, contratados por necessida-
Guardas Municipais terão as seguintes classificações: de de excepcional interesse público, serão classificados no
I - ao ingressar na instituição, o servidor terá sua con- conceito “bom”, a partir da entrada em vigência desta Lei.
duta classificada de ofício no conceito “bom”; Art. 227 - O cargo de I Subinspetor, previsto na Lei nº
II - a cada período de 60 (sessenta) meses, se não tiver 9.011, de 1º de janeiro de 2005, de recrutamento restrito
sofrido qualquer punição disciplinar, a conduta do servidor e livre nomeação e exoneração pelo Prefeito, com jornada
será classificada no conceito “ótimo”; de 8 (oito) horas diárias e remuneração equivalente à do
III - a cada período de 48 (quarenta e oito) meses, se Gerente de 3º nível, tem as seguintes atribuições, além da
não tiver atingido 4 (quatro) pontos negativos, a conduta observância aos demais preceitos desta Lei: (Cargo de Ins-
do servidor será classificada no conceito “muito bom”; petor da GMBH passar a ser designado como Subinspetor
IV - a cada período de 36 (trinta e seis) meses, se tiver pela Lei nº 10.497/2012)
atingido até 4 (quatro) pontos negativos, a conduta do ser- I - zelar pela boa execução das atividades da Guarda,
vidor será classificada no conceito “bom”; conforme adequados parâmetros de moralidade, impes-
V - a cada período de 24 (vinte e quatro) meses, se tiver soalidade, eficiência e cortesia;
atingido até 8 (oito) pontos negativos, a conduta do servi- II - inspecionar e avaliar o cumprimento de rotinas e
dor será classificada no conceito “satisfatório”; horários por parte dos membros da GMBH;
VI - a cada período de 12 (doze) meses, tiver atingido III - auxiliar, por meio de informações, na apuração da
pontuação superior a 8 (oito) pontos negativos, a conduta demanda de serviços de guarda e na alocação do pessoal;
do servidor será classificada no conceito “irregular”. IV - auxiliar no recolhimento e sistematização de infor-
Art. 224 - Exclusivamente para os fins do artigo ante- mações relativas à segurança pública;
rior, e sem prejuízo da aplicação das penalidades devidas V - auxiliar no apoio logístico e material dos serviços
na hipótese de cometimento de infração, serão levadas à de guarda, garantido sua economicidade.
compensação as condutas positivas e as negativas atribuí- Parágrafo Único. Até que sejam preenchidos todos os
das ao Guarda Municipal, conforme a seguinte gradação: cargos públicos efetivos de Guarda Municipal de Belo Ho-
I - recompensas: rizonte, previstos no Anexo único desta Lei, o provimento
a) nota meritória - 1 (um) ponto positivo; dos cargos em comissão previstos no caput deste artigo
b) elogio - 2 (dois) pontos positivos; poderá se dar por recrutamento amplo.
c) condecoração - 4 (quatro) pontos positivos; Art. 228 - O cargo de Ouvidor da Guarda Municipal de
II - penas disciplinares: Belo Horizonte, previsto na Lei nº 9.011/05, de recrutamen-
a) advertência - 1 (um) ponto negativo; to amplo e livre nomeação e exoneração pelo Prefeito, com
b) repreensão - 2 (dois) pontos negativos; jornada de 8 (oito) horas diárias e remuneração equivalente
c) suspensão: à de Gerente de 1º nível, tem as seguintes atribuições:
- até 15 dias: 2,5 (dois e meio) pontos negativos; I - receber reclamações relativas às atividades ou ser-
- de 16 a 30 dias: 3,0 (três) pontos negativos; vidores da Guarda Municipal de Belo Horizonte, realizando
- de 31 a 60 dias: 3,5 (três e meio) pontos negativos; apuração preliminar e encaminhando, se necessário, o caso
- de 61 a 90 dias: 4,0 (quatro) pontos negativos. ao órgão competente;
§ 1º - Não serão objeto de compensação as transgressões II - exercer suas atividades com independência e au-
que violem os princípios norteadores das ações da Guarda tonomia, buscando estabelecer canais de comunicação de
Municipal ou afetem o seu prestígio, ou que constituam crime. forma aberta, honesta e objetiva, procurando sempre facili-
§ 2º - As compensações serão realizadas de ofício para tar e agilizar a resposta às reclamações apresentadas;
a classificação da conduta do Guarda Municipal. III - publicar no DOM, mensalmente, balanço das recla-
§ 3º - É vedada ao Guarda Municipal que estiver classi- mações recebidas.
ficado no comportamento irregular a progressão profissio- Parágrafo Único. Será criado, junto à Ouvidoria, o Con-
nal, bem como a participação em cursos ou em atividades selho Municipal de Segurança e Cidadania composto por
consideradas especiais pelo Secretário Municipal de Segu- representantes da sociedade civil organizada, sem remune-
rança Urbana e Patrimonial. ração, e sua regulamentação será feita por decreto.

226
LEGISLAÇÃO

Art. 229 - O porte de armas pelos ocupantes dos cargos de Guarda Municipal e de Inspetor da GMBH será autorizada
pelos órgãos competentes e obedecerá a critérios e procedimentos fixados na legislação própria, os quais deverão constar
de regulamento específico em âmbito municipal.
Parágrafo Único. Para a utilização de arma por Guarda Municipal ou Inspetor da GMBH, é indispensável a freqüência e
aprovação em curso específico de capacitação e avaliação sócio-psicológica, conforme previsto em legislação específica.
Art. 230 - O Executivo buscará a cooperação com outras esferas de governo, visando a compartilhar institucional-
mente informações relevantes à segurança pública, bem como para dotar o Município dos instrumentos necessários para
interagir, de forma suplementar, na área de segurança pública.
Art. 231 - A Guarda Municipal de Belo Horizonte terá a sua implantação gradativa, assegurando-se o treinamento e
qualificação dos seus profissionais.
Art. 232- A partir de 19 de janeiro de 2006, fica prorrogada por mais 36 (trinta e seis) meses ou até o provimento
integral do quantitativo do cargo público efetivo de Guarda Municipal, previsto no Anexo Único desta Lei, a contratação
temporária por excepcional interesse público de até 500 (quinhentos) trabalhadores para o exercício das funções especí-
ficas do referido cargo.
Parágrafo Único. A autorização contida no caput deste artigo estende-se à ocorrência de interrupção total ou parcial
das atividades da GMBH que, nos termos do regulamento, ponham em risco bens e serviços municipais, hipótese em que
os contratos terão prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias.
Art. 233 - VETADO
Art. 234 - Ficam alteradas as denominações dos órgãos e cargos, que compõem a estrutura da Secretaria Municipal de
Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte, previstos na Lei nº 9.011/05, nos seguintes termos:
I - Guarda Municipal Patrimonial para Guarda Municipal de Belo Horizonte;
II - Corregedoria da Guarda Municipal Patrimonial para Corregedoria da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
III - Chefe da Guarda Municipal Patrimonial para Chefe da Guarda Municipal de Belo Horizonte; (Redação dada pela
Lei nº 10.178/2011)
IV - Corregedor Guarda Municipal Patrimonial para Corregedor da Guarda Municipal de Belo Horizonte;
V - Inspetor Guarda Municipal Patrimonial para Inspetor da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
Parágrafo Único. Fica alterada, ainda, a denominação do cargo de Ouvidor da Guarda Municipal Patrimonial para Ou-
vidor da Guarda Municipal de Belo Horizonte.
Art. 235 - Ficam criados os seguintes cargos públicos comissionados, passando o Anexo I da Lei nº 9.011/05 a vigorar
acrescido desses cargos:

“ANEXO I
QUADRO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DO PODER EXECUTIVO E DE
CORRELAÇÃO COM OS CARGOS ANTERIORES
____________________________________________________________________________
| CARGO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO| CARGO PREVISTO NESTA LEI | QUANTIDADE DE |
| ANTERIOR | | VAGAS |
|=============================|=============================|================
|
|Assessor Jurídico III |Assessor Jurídico III | 3 |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Assessor Jurídico II |Assessor Jurídico II | 3 |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 1º Nível |Gerente de 1º Nível | 10 |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 2º Nível |Gerente de 2º Nível | 10 |
|-----------------------------|-----------------------------|----------------|
|Gerente de 3º Nível |Gerente de 3º Nível | 10 |
|_____________________________|_____________________________|________________|expandir tabela

Art. 236 - Fica o Poder Executivo autorizado a abrir créditos adicionais ao orçamento vigente no valor de R$
17.550.805,00 (dezessete milhões, quinhentos e cinqüenta mil, oitocentos e cinco reais), para atender ao disposto nesta
Lei, podendo ser reaberto no exercício financeiro seguinte, no limite de seus saldos, nos termos dos arts 40 a 43, 45 e 46
da Lei Federal nº 4.320, de 17/03/1964.
Art. 237 - Ficam revogadas as leis nºs 8.486, de 20 de janeiro de 2003, e 8.794, de 2 de abril de 2004, o art. 50 da Lei
nº 9.154, de 12 de janeiro de 2006, e o art. 41 da Lei nº 9.155, de 12 de janeiro de 2006.
Art. 238 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, ressalvados o caput e os parágrafos 1º e 2º do art. 53,
que retroagem seus efeitos a 1º de junho de 2006.

227
LEGISLAÇÃO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


Língua Portuguesa americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
sa fonte.
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
ternativa correta quanto à concordância, de acordo diárias dessa fonte.
com a norma-padrão da língua portuguesa. (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
social está no centro dos debates atuais. diárias, (X) dessa fonte.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
lação aos efeitos da desigualdade social. RESPOSTA: “C”.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente. 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
criticado por alguns teóricos. concordância verbal na frase:
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
zas não são de exclusividade dos economistas. nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
visibilidade social.
Realizei a correção nos itens: b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
cial está = estão como “compro ouro”.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
gem a exposição pública a que se submetem os guardadores
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos de carros.
mais pobres é um fenômeno crescente.
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
cado = criticada
monstração de mau gosto.
(E) Os debates relacionado = relacionados
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
RESPOSTA: “C”.
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase Fiz as correções entre parênteses:
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame- a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em: mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte. nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias exposição pública a que se submetem os guardadores de
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a
ou faltante: mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.

228
LEGISLAÇÃO

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
oblíquo. Nunca!) presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dência da República (1991).
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-de-
– oxítona: cons-ti-tui) tail.php?id=393)
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
A concordância verbal está plenamente observada na ciedade como tais.
frase: Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e passará a ser, corretamente,
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e (A) perceba.
parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas (B) foi percebido.
públicas. (C) tenham percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (D) devam perceber.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (E) estava percebendo.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
ciativa privada. ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex- ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
to, contra os que votam a favor do ensino religioso na remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
escola pública, consistem nos altos custos econômicos
princípios...
que acarretarão tal medida.
(D) O número de templos em atividade na cidade
RESPOSTA: “A”
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
proporção maior do que ocorrem com o número de es-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
colas públicas.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
ta na frase:
como a regulação natural do mercado sinalizam para
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
religioso nas escolas públicas. valores que determinam as escolhas dos governantes,
para conferir legitimidade a suas decisões.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, cípios que regem a prática política.
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
pública, consistem = consiste. deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
(D) O número de templos em atividade na cidade de liberdades individuais quanto as coletivas.
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor- (D) As instituições fundamentais de um regime de-
ção maior do que ocorrem = ocorre mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como criminadas de um único poder central.
a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve- (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
escolas públicas. opiniões existentes na sociedade.

RESPOSTA: “E”. Fiz os acertos entre parênteses:


(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- rir legitimidade a suas decisões.
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(A) embaixadores. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. valores e princípios que regem a prática política.
(C) prefeitos municipais. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
(E) vereadores. tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

229
LEGISLAÇÃO

(D) As instituições fundamentais de um regime demo- 11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- A pontuação está inteiramente adequada na frase:
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- ver com as de ontem.
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
RESPOSTA: “A”. com as de ontem.
c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) A as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
frase que admite transposição para a voz passiva é: com as de ontem.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
grado. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma com as de ontem.
grande diversidade de fenômenos. e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socie- as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
dade, a própria sociedade e seu instrumento de unifi- com as de ontem.
cação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
vida (...). ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludi- nas demais.
do e da falsa consciência.
RESPOSTA: “E”.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
grande diversidade de fenômenos. ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
explicada pelo conceito... ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da a forma:
vida (...). A) puder.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido B) poderia.
e da falsa consciência. C) pôde.
D) poderá.
RESPOSTA: “B”. E) pudesse.

10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
ambiental Geraldo Motta. crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha- soa do singular (ele) = poderia.
dos devem sofrer as seguintes alterações:
(A) entrar − vira RESPOSTA: “B”.
(B) entrava − tinha visto
(C) entrasse − veria 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
(D) entraria − veria Entre as frases que seguem, a única correta é:
(E) entrava − teria visto a) Ele se esqueceu de que?
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, veria tribui-lo entre os presentes.
= entrasse / veria. c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
críticas.
RESPOSTA: “C”. d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
ração.

230
LEGISLAÇÃO

(A) Ele se esqueceu de que? = quê? (A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan-
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para do eles falaram nós calamos a boca!
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. (B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan-
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex- do eles falassem nós calaríamos a boca!
cessivos nas críticas. (C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E
(D) O juíz ( juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- quando eles falassem nós calaríamos a boca!
cações dos funcionários. (D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. do eles falarem nós calaremos a boca!
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
RESPOSTA: “E”. eles falam nós calamos a boca!

14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- No presente: nós sabemos / eles falam.
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as fra-
RESPOSTA: “E”.
ses do texto:
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne-
16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
gativa...
TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas-
verbais está correta em:
sificação do continente americano (2,0)... (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases planeta não resistiu.
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
dos exemplos, em: poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o lapso.
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
da maioria? da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- se distorções patológicas, não haverá vícios.
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
drilha. nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. baratas.
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
mas também existem umas que não merecem nossa
atenção. Fiz as correções necessárias:
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
aos itens: poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
tem (singular) o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) torções patológicas, não haverá = haveria
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
ram (plural) tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
teriam ficado)
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
umas (plural)
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
crescerá
as formas estão no plural)
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.
17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) che adequadamente e de acordo com a norma culta a
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (A) entrasse
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (B) entraria
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (C) entrava
tuguesa: (D) entrar
(E) entrou

231
LEGISLAÇÃO

O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro-
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após =
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter-
RESPOSTA: “A”. minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” + “s”
(E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA)
Assinale a alternativa de concordância que pode ser RESPOSTA: “E”.
considerada correta como variante da frase do texto –
A maioria considera aceitável que um convidado che- 20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
gue mais de duas horas ... NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável língua portuguesa, o acento indicativo de crase está cor-
que um convidado chegue mais de duas horas... retamente empregado em:
(B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que (A) A população, de um modo geral, está à espera
um convidado chegue mais de duas horas... de que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os aci-
(C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis dentes.
que um convidado chegue mais de duas horas... (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
(D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis pensarem a sua postura.
que um convidado chegue mais de duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
(E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável punições muito mais severas.
que um convidado cheguem mais de duas horas... (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a
vida dos demais motoristas e de pedestres.
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimen-
Fiz as indicações:
to da nova lei para que ela possa funcionar.
(A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera,
tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
duas horas...
para substituir por “esperando”) de que
(B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen-
(aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas...
sarem (antes de verbo)
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu-
aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de
nições (generalizando, palavra no plural)
duas horas... (D) À ninguém (pronome indefinido)
(D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
(ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais
de duas horas... RESPOSTA: “A”.
(E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
de duas horas... - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões de
RESPOSTA: “A”. números 21 e 22.

19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as deux” (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente
palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos paulista acena, assovia, agita os braços num agônico po-
motivos que justificam, respectivamente, as acentua- lichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassível,
ções de: década, relógios, suíços. o garçom carioca o ignora com redobrada atenção. O
(A) flexíveis, cartório, tênis. paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parceirô?!”; o
(B) inferência, provável, saída. garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre.
(C) óbvio, após, países. Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o
(D) islâmico, cenário, propôs. paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas
(E) república, empresária, graúda. já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações
sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta
Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi- “débito ou crédito?”.[...] Como pode ele entender que o
nada em ditongo / suíços = regra do hiato fato de estar pagando não garantirá a atenção do gar-
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em çom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido e
ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida criado na crua batalha entre burgueses e proletários,
de “s”) compreender o discreto charme da aristocracia?

232
LEGISLAÇÃO

Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes (B) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que tido não literal.
esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] referência em sentido não literal.
Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô- referência em sentido literal.
nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques (E) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas tido literal.
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
seu orgulho permanece intacto. e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
Até que chega esse paulista, esse homem bidimen- esses eram da corte, literalmente.
sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e
sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é RESPOSTA: “B”.
um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah,
paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o 23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva-
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre. le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá contendo as expressões com sentidos equivalentes, res-
amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cin- pectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo.
zas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do (A) De corda; de plástico.
Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, (B) De fogo; de madeira.
companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra (C) De madeira; de pedra.
ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo. (D) De fogo; de pedra.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom (E) De plástico; de cinza.
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao res-
taurante para homenageá-lo. Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
de S.Paulo, 06.02.2013) fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
ta?
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
RESPOSTA: “D”.
21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
em que o autor simula dialogar com o leitor. ADAPTADO) Para responder às questões de números 24
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua e 25, considere a seguinte passagem: Sem querer este-
existência plebeia. reotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei... interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de pergunta “débito ou crédito?”.
deux”.
(D) Sim, meu caro paulista... 24-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(E) Ah, paulishhhhta otááário... PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) Nesse contexto, o verbo estereotipar tem
Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós, sentido de
leitores. (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
RESPOSTA: “D”. dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (D) julgar de acordo com normas legais.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa-
gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará- firmadas se verdadeiras.
grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a
(A) príncipes e princesas constitui uma referência RESPOSTA: “E”.
em sentido não literal.

233
LEGISLAÇÃO

25-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO O “mas” é uma conjunção adversativa, dando a ideia de
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- oposição entre as informações apresentadas pelas orações,
NESP/2013) Nessa passagem, a palavra cujas tem sen- o que acontece no enunciado da questão. Em “A”, temos
tido de uma conclusiva; “B”, comparativa; “C”, adversativa; “D”, ex-
(A) lugar, referindo-se ao ambiente em que ocorre a plicativa; “E”, alternativa.
pergunta mencionada.
(B) posse, referindo-se às interações sociais do pau- RESPOSTA: “C”.
lista.
(C) dúvida, pois a decisão entre débito ou crédito 28-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
ainda não foi tomada. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(D) tempo, referindo-se ao momento em que ter- NESP/2013) Assinale a alternativa contendo palavra
minam as interações sociais. formada por prefixo.
(E) condição em que se deve dar a transação finan- (A) Máquina.
ceira mencionada. (B) Brilhantismo.
(C) Hipertexto.
O pronome “cujo” geralmente nos dá o sentido de pos- (D) Textualidade.
se: O livros cujas folhas (lê-se: as folhas dos livros). (E) Arquivamento.
RESPOSTA: “B”. A – Máquina = sem acréscimo de afixos (prefixo ou su-
fixo)
26-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO B - Brilhantismo. = acréscimo de sufixo (ismo)
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- C – Hipertexto = acréscimo de prefixo (hiper)
NESP/2013) Assinale a alternativa em que a oração D – Textualidade = acréscimo de sufixo (idade)
destacada expressa finalidade, em relação à outra que E – Arquivamento = acréscimo de sufixo (mento)
compõe o período.
(A) Se deixou de bajular os príncipes e princesas do
RESPOSTA: “C”.
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20...
(B) Pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última
(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
mesa do restaurante...
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
(C) Você é que foi ao restaurante para homenageá
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere
-lo.
as palavras destacadas nas seguintes passagens do tex-
(D) ... nenhum emblema preencherá o vazio que
to:
carregas no peito ...
(E) O garçom boceja, tira um fiapo do ombro... Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
... informações ligadas especialmente à pesquisa
Vamos às análises: acadêmica,
A - Se deixou de bajular os príncipes e princesas do ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse
século 19 = a conjunção inicial é condicional. por analogia e associação...
B - antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante = Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a
conjunção temporal (dá-nos noção de tempo) ideia de hipertexto...
C - para homenageá-lo = nessa oração temos a noção ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
do motivo (qual a finalidade) da ação de “ter ido ao restau-
rante”, segundo o texto 29-) As palavras destacadas que expressam ideia de
D - que carregas no peito – o “que” funciona como tempo são:
pronome relativo (podemos substituí-lo por “o qual” car- (A) algo, especialmente e Quando.
regas no peito) (B) Desde, especialmente e algo.
E - tira um fiapo do ombro – temos aqui uma oração (C) especialmente, Quando e depois.
assindética (sem conjunção “final”) (D) Desde, Quando e depois.
(E) Desde, algo e depois.
RESPOSTA: “C”.
As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
27-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO desde, quando e depois.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2011) Em – A falta de modos dos homens da Casa RESPOSTA: “D”.
de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizen-
do bobagens para estranhos no Quirguistão incomo- 30- (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
dou a embaixadora americana. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
A conjunção destacada pode ser substituída por NESP/2013) Assinale a alternativa contendo frase com
A) portanto. (B) como. (C) no entanto. (D) redação de acordo com a norma-padrão de concordân-
porque. (E) ou. cia.

234
LEGISLAÇÃO

(A) Pensava na necessidade de ser substituído de 32-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
imediato os métodos existentes. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(B) Substitui-se os métodos de recuperação de in- NESP/2013) Na passagem – Nesse contexto, governos e
formações que se ligava especialmente à pesquisa aca- empresas estão fechando o cerco contra a corrupção e a
dêmica. fraude, valendo-se dos mais variados mecanismos... – a
(C) No hipertexto, a textualidade funciona por se- oração destacada expressa, em relação à anterior, sen-
quências fixas que se estabeleceram previamente. tido que responde à pergunta:
(D) O inventor pensava em textos que já deveria es- (A) “Quando?”
tar disponíveis em rede. (B) “Por quê?”
(E) Era procurado por ele máquinas com as quais (C) “Como?”
pudesse capturar o brilhantismo anárquico da imagi- (D) “Para quê?”
nação humana. (E) “Onde?”

Coloquei entre parênteses a correção: Questão que envolve conhecimento de coesão e coe-
(A) Pensava na necessidade de ser substituído (serem rência. Se perguntássemos à primeira oração “COMO o
substituídos) de imediato os métodos existentes. governo está fechando o cerco contra a corrupção?”, ob-
(B) Substitui-se (substituem-se) os métodos de recupe- teríamos a resposta apresentada pela oração em destaque.
ração de informações que se ligava (ligavam) especialmen-
te à pesquisa acadêmica. RESPOSTA: “C”.
(C) No hipertexto, a textualidade funciona por sequên-
cias fixas que se estabeleceram previamente. 33-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(D) O inventor pensava em textos que já deveria (deve- PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
riam) estar disponíveis em rede. NESP/2013) Assinale a alternativa em que todos os ver-
(E) Era procurado (eram procuradas) por ele máquinas bos estão empregados de acordo com a norma-padrão.
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes
com as quais pudesse capturar o brilhantismo anárquico da
da impressão definitiva.
imaginação humana.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter
em silêncio.
RESPOSTA: “C”.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a
trabalhar no feriado.
31-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a re-
NESP/2013) Assinale a alternativa com as palavras quera a seu superior.
acentuadas segundo as regras de acentuação, respecti- Realizei a correção entre parênteses:
vamente, de intercâmbio e antropológico. (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da
(A) Distúrbio e acórdão. impressão definitiva.
(B) Máquina e jiló. (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter
(C) Alvará e Vândalo. (mantiver) em silêncio.
(D) Consciência e características. (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem (dispu-
(E) Órgão e órfãs. serem) a trabalhar no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem (virem) com a
Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro toga...
temos que classificar as palavras do enunciado quanto à (E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
posição de sua sílaba tônica: ra (requeira) a seu superior.
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; An-
tropológico = proparoxítona (todas são acentuadas). Ago- RESPOSTA: “A”.
ra, vamos à análise dos itens apresentados:
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; 34-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
acórdão = paroxítona terminada em “ão” PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada NESP/2013) Assinale a alternativa que completa as la-
em “o” cunas do trecho a seguir, empregando o sinal indicativo
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = pro- de crase de acordo com a norma-padrão.
paroxítona Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cede-
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; remos espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____
características = proparoxítona prejudicar nossas instituições.
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em (A) à … à … à
“ão” e “ã”, respectivamente. (B) a … à … à
(C) à … a … a
RESPOSTA: “D”. (D) à … à … a
(E) a … a … à

235
LEGISLAÇÃO

Vamos por partes! é “mas não A matem” (por que A e não LHE? Porque quem
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, por- mata, mata algo ou alguém, objeto direto. O “lhe” é usado
tanto: pede preposição; para objeto indireto. Se não tivéssemos a conjunção “mas”
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos ob- nem o advérbio “não”, a forma “matem-na” estaria correta,
jeto direto e indireto; já que, após vírgula, o ideal é que utilizemos ênclise – pro-
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa. nome oblíquo após o verbo).
Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cedere- RESPOSTA: “C”.
mos espaço A nenhuma ação que se proponha A prejudicar
nossas instituições. 36-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
* Sujeitar A + A corrupção; PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Falha no Face-
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto book ______________ dados de 6 milhões de usuários. Nú-
indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhu- meros de telefone e e-mails de parte dos usuários do
ma” é pronome indefinido); site ______________ para download a partir da ferramenta
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no “Baixe uma cópia dos seus dados”, presente na seção
caso, oração subordinada com função de objeto indireto. “Geral” da categoria “Privacidade”, sem o consenti-
Não há acento indicativo de crase porque temos um verbo mento dos cadastrados da rede social.
no infinitivo – “prejudicar”). (http://veja.abril.com.br, 21.06.2013. Adaptado)

RESPOSTA: “C”. Em norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas


do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com
35-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (A) expõe … estava disponível
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propa- (B) expõe … estavam disponíveis
ganda do programa 5inco Minutos. (C) expõem … estavam disponível
(D) expõem … estava disponível
(E) expõem … estava disponíveis

Sublinhei os sujeitos das orações para facilitar a per-


cepção da concordância verbal:
Falha no Facebook expõe dados de 6 milhões de usuá-
rios.
Números de telefone e e-mails de parte dos usuários
do site estavam disponíveis
“expõe” e “estavam disponíveis”.

RESPOSTA: “B”.

(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-


LO – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o
Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da texto para responder às questões de números 37 e 38.
propaganda, adaptada, assume a seguinte redação:
(A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não Metrópoles desenvolvidas arcam com parte do custo do
matem-na porisso. transporte público. Fazem-no não só por populismo dos polí-
(B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ticos locais mas também para imprimir mais eficiência ao sis-
matem-na por isso. tema. E, se a discussão se dá em termos de definir o nível ideal
(C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não de subsídio, a gratuidade deixa de ser um delírio para tornar-
a matem por isso. se a posição mais extrema num leque de possibilidades.
(D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não Sou contra a tarifa zero, porque ela traz uma ou-
lhe matem por isso. tra classe de problemas que já foi bem analisada pelo
(E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não pessoal da teoria dos jogos: se não houver pagamento
a matem porisso. individual, aumenta a tendência de as pessoas usarem
ônibus até para andar de uma esquina a outra, o que é
A questão envolve colocação pronominal e ortografia. ruim para o sistema e para a saúde.
Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra “por isso” Para complicar mais, vale lembrar que a discus-
é escrita separadamente. Assim, já descartamos duas alter- são surge no contexto de prefeituras com orçamentos
nativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronominal, temos apertados e áreas ainda mais prioritárias como educa-
a presença do advérbio “não”, que sabemos ser um “ímã” ção e saúde para atender.
para o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a regra da (Hélio Schwartsman, Tarifa zero, um delírio? Folha de
próclise (pronome antes do verbo). Então, a forma correta S.Paulo, 21.06.2013. Adaptado)

236
LEGISLAÇÃO

37-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO De acordo com a norma-padrão da língua portu-
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) A ideia central guesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, res-
do texto pode ser sintetizada da seguinte forma, em pectivamente, com:
conformidade com a norma-padrão da língua portu- (A) tráfico … mal-tratos … flagrante
guesa: (B) tráfego … maltratos … fragrante
(A) Daqui à pouco teremos à passagem gratuita. (C) tráfego … maus-trato … flagrante
(B) Não existe condições de se implantar a passa- (D) tráfico … maus-tratos … flagrante
gem gratuita. (E) tráfico … mau-trato … fragrante
(C) É necessário a implementação da passagem gra-
tuita. Questão de ortografia. Vamos às exclusões: Polícia tra-
(D) O povo prefere mais passagem paga que gra- balha com criminosos pegos em “flagrante”, no “flagra”;
tuita. “fragrante” relaciona-se a aroma, fragrância. Assim, já des-
(E) A passagem barata é preferível à gratuita. cartamos os itens “B” e “E”. “Tráfego” tem relação com trân-
sito, transitar, trafegar. “Tráfico” é o que consideramos ile-
Fiz as correções entre parênteses: gal, praticado por traficante. Descartamos o item “C” tam-
(A) Daqui à (a) pouco teremos à (a) passagem gratuita. bém. Sobrou-nos “Maus-tratos”/mal-tratos. O tratamento
(B) Não existe (existem) condições de se implantar a dado à avó foi ruim, mau (adjetivo). Sendo assim, o correto
passagem gratuita. é “maus-tratos”.
(C) É necessário (necessária) a implementação da pas-
sagem gratuita. RESPOSTA:”D”.
(D) O povo prefere mais passagem paga que (paga à)
gratuita. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
(E) A passagem barata é preferível à gratuita. LO – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o
O verbo “preferir” pede preposição: Prefiro água a vi- texto para responder às questões de números 40 e 41.
nho (e não: “do que vinho”)
Outro dia, meu pai veio me visitar e trouxe uma cai-
RESPOSTA: “E”. xa de caquis, lá de Sorocaba. Eu os lavei, botei numa
tigela na varanda e comemos um por um, num silêncio
38-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO reverencial, nos olhando de vez em quando. Enquanto
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Na passagem – comia, eu pensava: Deus do céu, como caqui é bom!
... e ausência de candidatos para preenchê-las. –, subs- Caqui é maravilhoso! O que tenho feito eu desta curta
tituindo-se o verbo preencher por concorrer e atenden- vida, tão afastado dos caquis?!
do-se à norma-padrão, obtém-se: Meus amigos e amigas e parentes queridos são
(A) … e ausência de candidatos para concorrer a como os caquis: nunca os encontro. Quando os encon-
elas. tro, relembro como é prazeroso vê-los, mas depois que
(B) … e ausência de candidatos para concorrer à vão embora me esqueço da revelação. Por que não os
elas. vejo sempre, toda semana, todos os dias desta curta
(C) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes. vida?
(D) … e ausência de candidatos para concorrê-las. Já sei: devem ficar escondidos de mim, guardados
(E) … e ausência de candidatos para lhes concorrer. numa caixa, lá em Sorocaba.
(Antônio Prata, Apolpando. Folha de S.Paulo,
Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não 29.05.2013)
temos acento indicativo de crase antes de pronome pes-
soal; quando temos um verbo no infinitivo, podemos usar 40-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
a construção: verbo + preposição + pronome pessoal. Por PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) A oração – …
exemplo: Dar a eles (ao invés de “dar-lhes”). nunca os encontro. (2.º parágrafo) – assume, em voz
passiva, a seguinte redação:
RESPOSTA: “A”. (A) … eu nunca encontro eles.
(B) … eles nunca têm sido encontrados por mim.
39-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (C) … nunca se encontram eles.
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) A Polícia Mi- (D) … eu nunca os tenho encontrado.
litar prendeu, nesta semana, um homem de 37 anos, (E) … eles nunca são encontrados por mim.
acusado de ____________ de drogas e ____________ à avó de
74 anos de idade. Ele foi preso em __________ com uma “Traduzindo” a oração destacada: “eu nunca encontro
pequena quantidade de drogas no bairro Irapuá II, em eles” (Observação: colocação pronominal feita dessa for-
Floriano, após várias denúncias de vizinhos. De acordo ma apenas para esclarecer a voz verbal!). Ao passarmos da
com o Comandante do 3.º BPM, o acusado era conheci- voz ativa para a voz passiva, teremos a seguinte construção:
do na região pela atuação no crime. “eles nunca são encontrados por mim”.
(www.cidadeverde.com/floriano. Acesso em
23.06.2013. Adaptado) RESPOSTA: “E”.

237
LEGISLAÇÃO

41-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO 43-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
PAULO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Considerando o JANEIRO - ANALISTA DE SISTEMAS - FCC/2012) Os ver-
contexto, assinale a alternativa em que há termos em- bos que exigem o mesmo tipo de complemento estão
pregados em sentido figurado. empregados nos segmentos transcritos em:
(A) Outro dia, meu pai veio me visitar… (1.º pará- (A) A vida é triste e complicada. // ... mergulhemos
grafo) de corpo e alma no cafezinho.
(B) … e trouxe uma caixa de caquis, lá de Sorocaba. (B) ... alguém dará o nosso recado sem endereço. //
(1.º parágrafo) A vida é triste e complicada.
(C) … devem ficar escondidos de mim, guardados (C) Tinha razão o rapaz... // Depois de esperar duas
numa caixa… (último parágrafo) ou três horas...
(D) Enquanto comia, eu pensava… (1.º parágrafo) (D) Para quem espera nervosamente... // Depois de
(E) … botei numa tigela na varanda e comemos um esperar duas ou três horas...
por um… (1.º parágrafo) (E) Tinha razão o rapaz... // ... mergulhemos de cor-
po e alma no cafezinho.
Sublinhei os termos que estão relacionados (os prono-
mes e verbos retomam os seguintes substantivos abaixo): Análise abaixo:
Meus amigos e amigas e parentes queridos são como (A) A vida é = verbo de ligação // ... mergulhemos =
os caquis... intransitivo
Quando os encontro, relembro como é prazeroso vê (B) ... alguém dará = transitivo direto e indireto (no
-los... contexto, apenas direto) // A vida é = verbo de ligação
devem ficar escondidos de mim, guardados numa cai- (C) Tinha = transitivo direto // Depois de esperar =
xa, lá em Sorocaba... transitivo direto
Através da leitura acima, percebemos que o autor re- (D) Para quem espera = pode ser considerado intransi-
fere-se aos amigos, amigas e parentes. Ao dizer que ficam tivo – (NESTE CONTEXTO) // Depois de esperar = transitivo
guardados em caixas, obviamente, está utilizando uma lin- direto
guagem conotativa, figurada. (E) Tinha = transitivo direto // ... mergulhemos = in-
transitivo
RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “C”.
42-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO - ANALISTA DE SISTEMAS - FCC/2012) Com as 44-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
alterações propostas entre parênteses para o segmento JANEIRO - ANALISTA DE SISTEMAS - FCC/2012) A frase
grifado nas frases abaixo, o verbo que se mantém cor- que admite transposição para a voz PASSIVA é:
retamente no singular é: (A) Quando a Bem-amada vier com seus olhos tris-
(A) a modernização do Rio se teria feito (as obras tes...
de modernização) (B) O chapéu dele está aí...
(B) Mas nunca se esquece ele de que (esses autores) (C) ... chegou à conclusão de que o funcionário...
(C) por que vem passando a mais bela das cidades (D) Leio a reclamação de um repórter irritado...
do Brasil (as mais belas cidades do Brasil) (E) ... precisava falar com um delegado...
(D) continua a haver um Rio de Janeiro do tempo
dos Franceses (tradições no Rio de Janeiro) A única alternativa que possibilita a transposição para
(E) do que a cidade parece ter de eterno (as belezas a voz passiva é a: A reclamação de um repórter irritado foi
da cidade) lida por mim”.
Fiz as anotações ao lado:
(A) a modernização do Rio se teria feito (as obras de RESPOSTA: “D”.
modernização) = se teriam feito
(B) Mas nunca se esquece ele de que (esses autores) =
se esquecem
(C) por que vem passando a mais bela das cidades do
Brasil (as mais belas cidades do Brasil) = por que vêm pas-
sando
(D) continua a haver um Rio de Janeiro do tempo dos
Franceses (tradições no Rio de Janeiro) = continua a haver
(E) do que a cidade parece ter de eterno (as belezas da
cidade) = parecem ter

RESPOSTA: “D”.

238
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Introdução;.................................................................................................................................................................................................... 01
1.2. Belo Horizonte, características do município: dimensões; população;.................................................................................. 01
1.3. Concepção urbanística inicial;................................................................................................................................................................ 01
1.4. As grandes avenidas dentro do Contorno;....................................................................................................................................... 02
1.5. As principais ruas do centro: características, sentido e nomes................................................................................................. 03
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2.1. A expansão da cidade além dos limites da Av. do Contorno;................................................................................................... 05
2.2. Estradas de fazendas que se transformaram em ruas.................................................................................................................. 05
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 06
3.1. As grandes avenidas que saem da Av. do Contorno;................................................................................................................... 06
3.2. As avenidas sanitárias: avenidas construídas sobre ou nas margens de córregos e ribeirões;.................................... 06
3.3. As principais avenidas dos bairros....................................................................................................................................................... 07
UNIDADE IV................................................................................................................................................................................................................ 07
4.1. Os acessos e saídas da cidade;.............................................................................................................................................................. 07
4.2. As rodovias federais e estaduais........................................................................................................................................................... 07
UNIDADE V.................................................................................................................................................................................................................. 10
5.1. Os municípios da Grande Belo Horizonte - características – áreas conurbadas................................................................ 10
UNIDADE VI................................................................................................................................................................................................................ 11
6.1. As Secretarias Regionais da PBH; localização e áreas de abrangência.................................................................................. 11
UNIDADE VII............................................................................................................................................................................................................... 12
7.1. Os próprios municipais;............................................................................................................................................................................ 12
7.2. Tipos; características; localização.......................................................................................................................................................... 12
UNIDADE VIII.............................................................................................................................................................................................................. 12
8.1. Pontos turísticos e Monumentos de Belo Horizonte.................................................................................................................... 12
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

UNIDADE I 1.1. INTRODUÇÃO; 1.3. CONCEPÇÃO URBANÍSTICA INICIAL;


1.2. BELO HORIZONTE, ‘
CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO:
DIMENSÕES; POPULAÇÃO;
Experiência pioneira no Brasil, o plano urbanístico de Belo
Horizonte foi elaborado pela Comissão Construtora da Nova
Capital, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis desde sua ins-
Belo Horizonte é um município brasileiro, capital do es- talação, em março de 1894, até maio de 1895, ocasião em
tado de Minas Gerais. Com uma área de aproximadamente que Reis foi substituído pelo engenheiro Francisco de Paula
330 km², possui uma geografia diversificada, com morros Bicalho.
e baixadas, distando 716 quilômetros de Brasília, a capi- A ideia de construir uma nova capital para Minas Gerais
tal nacional. Cercada pela Serra do Curral, que lhe serve remontava à Inconfidência Mineira; sua retomada nos primei-
de moldura natural e referência histórica, foi planejada e ros anos da República resultava não apenas das limitações
construída para ser a capital política e administrativa do es- oferecidas pela velha capital Ouro Preto, mas respondia tam-
tado mineiro sob influência das ideias do positivismo, num bém a demandas colocadas pelo rearranjo das forças econô-
micas e políticas do Estado.
momento de forte apelo da ideologia republicana no país.
A decisão de construir a nova capital no local onde se
Sofreu um inesperado acelerado crescimento popula-
erguia o Arraial de Belo Horizonte (anteriormente denomi-
cional, chegando a mais de 1 milhão de habitantes com
nado Curral d’El-Rey) foi embasada por minucioso relatório,
quase 70 anos de fundação. Entre as décadas de 1930 e também coordenado por Reis, sobre as condições oferecidas
1940, houve também o avanço da industrialização, além de pelas as localidades indicadas: além do Arraial de Belo Ho-
muitas construções de inspiração modernista, notadamen- rizonte, pleiteavam tornar-se capital Barbacena, Juiz de Fora,
te as casas do bairro Cidade Jardim, que ajudaram a definir Várzea do Marçal e Paraúna. Em um estudo inédito no Brasil,
a fisionomia da cidade. em que foi detidamente avaliada a potencialidade de cada
De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasi- uma dessas localidades em termos de salubridade, facilidades
leiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, sua popu- para a construção em geral e possibilidades de abastecimen-
lação é de 2.375.444 habitantes, sendo a sexta cidade mais to, iluminação e articulação viária, bem como os custos de-
populosa do país. Belo Horizonte já foi indicada pelo Po- mandados para a implantação da nova capital em cada uma
pulation Crisis Commitee, da ONU, como a metrópole com delas, a comissão concluiu que Belo Horizonte e Várzea do
melhor qualidade de vida na América Latina e a 45ª entre Marçal atendiam às exigências para a implantação da nova
as 100 melhores cidades do mundo. Hoje a cidade tem o capital, sendo Várzea do Marçal considerada mais adequada
quinto maior PIB entre os municípios brasileiros, repre- por já possuir ligação com a rede ferroviária. Por questões po-
sentando 1,38% do total das riquezas produzidas no país. líticas, o Congresso Mineiro acabou escolhendo a localidade
Uma evidência do desenvolvimento da cidade nos últimos de Belo Horizonte para a implantação da nova capital.
tempos é a classificação da revista América Economía, na Para compor a comissão encarregada dos trabalhos de
qual Belo Horizonte aparece como uma das 10 melhores projetação e implantação da nova cidade, Reis convidou vá-
cidades para fazer negócios da América Latina em 2009, se- rios engenheiros - em sua grande maioria formados pela Es-
gunda do Brasil e à frente de cidades como Rio de Janeiro, cola Politécnica do Rio de Janeiro, incluindo aí seus colabora-
Brasília e Curitiba. dores na precedente comissão para a escolha da localidade
A cidade é mundialmente conhecida e exerce signifi- da futura capital, bem como vários “arquitetos-projetistas”
cativa influência nacional e até internacional, seja do ponto e artistas com alguma trajetória internacional, como José de
de vista cultural, econômico ou político. Conta com impor- Magalhães, que cursou a École des Beaux-Arts, em Paris, o
tantes monumentos, parques e museus, como o Museu de francês Paul Villon, discípulo de Alphand, ou o suíço João Mo-
randi, com estudos na França e que trabalhou na construção
Arte da Pampulha, o Museu de Artes e Ofícios, o Museu de
de La Plata, na Argentina.
Ciências Naturais da PUC Minas, o Circuito Cultural Praça da
O plano elaborado para Belo Horizonte resume boa parte
Liberdade, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, o Mer-
da cultura técnica e das preocupações estéticas do século 19
cado Central e a Savassi, e eventos de grande repercussão, relativas à cidade. Ele denota conhecimento do plano de l’En-
como o Festival Creamfields Brasil, o Festival Internacional fant para Washington, da reforma realizada por Haussmann
de Teatro, Palco e Rua (FIT-BH), Festival Internacional de em Paris e, sobretudo, do plano de La Plata, que lhe era con-
Curtas e o Encontro Internacional de Literaturas em Língua temporâneo e com o qual o plano de Belo Horizonte divide
Portuguesa. É também nacionalmente conhecida como a uma mesma concepção geral.
“capital nacional do boteco”, por existirem mais bares per Fervoroso adepto do positivismo, Reis buscou estruturar
capita do que em qualquer outra grande cidade do Brasil. sua proposta em sintonia com os avanços da ciência e da téc-
Fonte: http://www.encontraminasgerais.com.br/sobre nica de seu tempo, que ele buscava acompanhar de perto.
-belo-horizonte.htm Para ele, o planejamento da cidade deveria “obedecer às mais
severas indicações e exigências modernas da higiene, con-
forto, elegância e embellezamento”. A cidade que propôs,
destinada a abrigar inicialmente 30.000 habitantes, com
um horizonte de população em torno de 200.000 habi-

1
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

tantes, estruturava-se em três zonas: a urbana, a suburbana e Os estudos necessários para a elaboração da planta ge-
a de sítios. Uma avenida de contorno, com uma largura de 35 ral da cidade foram agrupados em uma publicação intitulada
metros, marcava o limite entre as zonas urbana e suburbana. A Revista Geral dos Trabalhos, onde também foram anexadas as
zona urbana caracterizava-se por um traçado geométrico - com plantas e projetos desenvolvidos pela Comissão Construtora
o qual se retomava a tradição do traçado em xadrez em cidades da Nova Capital.
construídas ex-nihilo - sendo o cruzamento das vias em ângulo Fonte: http://www.urbanismobr.org/bd/documentos.
reto interrompido por diagonais a 45 graus. Ela era subdividida php?id=2780
em quarteirões com 120 por 120 metros e seus lotes regulares
mediam 10 metros de frente por 50 metros de profundidade.
Uma grande avenida de 50 metros de largura atravessava a ci-
dade de Norte a Sul (a atual Avenida Afonso Pena), no interior 1.4. AS GRANDES AVENIDAS DENTRO DO
do anel de contorno. Particular interesse foi concedido às áreas CONTORNO;
verdes e ao paisagismo, propondo-se um grande parque em
posição central, com frente de 800 metros dando para essa ave-
nida Norte-Sul. As ruas foram dimensionadas com 20 metros
de largura e com um renque de árvores ao meio; as avenidas A Avenida 17 de Dezembro ou Avenida do Contorno,
com 35 metros de largura e árvores nas laterais. A zona urba- nome adotado pelo próprio Aarão Reis foi traçada pela Co-
na articulava-se em torno de um centro administrativo forma- missão Construtora da Nova Capital para ser o limite entre a
do pelo palácio do governo e pelas secretarias, junto ao qual Zona Urbana e a Zona Suburbana. Ela dividiria a área reser-
desenvolvia-se o Bairro dos Funcionários. Faziam parte ainda vada para os profissionais liberais, comerciantes e funcioná-
da zona urbana, o Bairro Comercial, conjugando as praças do rios públicos da área destinada à população de menor poder
Mercado e da Estação, os palácios do Congresso e da Justiça, a aquisitivo. Dentro dos limites da Avenida tudo foi pensado
Municipalidade, uma capela, um hotel, escolas, hospital e jardim e projetado para dar suporte ao crescimento racional e or-
zoológico. No limite entre as zonas urbana e suburbana, no Alto denado da nova capital a começar pelo traçado que distin-
do Cruzeiro, previa-se a construção da igreja matriz. A zona su- gue a zona urbana das demais regiões da capital até os dias
burbana possuía quarteirões maiores, com 250 por 250 metros atuais, além dos serviços de água, esgoto, calçamento até a
e lotes em dimensões variadas. As ruas tinham 14 metros de arborização e recolhimento de lixo entre outros serviços. Nos
largura e não se previa arborização para elas. Para essa zona fo- primeiros anos do Século XX já era visivel a extrapolação dos
ram projetados equipamentos como o hipódromo, o cemitério, limites da Contorno pela malha urbana da capital, principal-
o matadouro, as casas de máquinas dos esgotos, as oficinas do mente nas colônias agrícolas que circundavam a zona urba-
ramal férreo e os reservatórios de água, tomando-se o cuidado na. Um dos motivos desse crescimento à partir dos subúrbios
de situar as atividades poluentes nos terrenos mais baixos e o da capital era de que em toda a zona limítrofe com a Aveni-
reservatório de água na parte mais alta da cidade. da do Contorno as leis que regulamentavam a delimitação
A dimensão simbólica no delineamento da nova capital mi- dos lotes para a construção eram bem mais brandas do que
neira foi muito importante: além de se tratar de uma cidade-capi- os critérios definidos pela Prefeitura para as construções na
tal, sede portanto do poder político, ela devia, ademais, expressar zona urbana, que impunha inúmeras restrições para a libe-
o novo Brasil que se pretendia construir com a república. Neste ração de uma determinada obra. Esse fato aliado à especu-
sentido, a construção da nova cidade a partir da tabula rasa pro- lação imobiliária que inflacionou os terrenos dentro da zona
piciada pela destruição do arraial sobre a qual ela se assentou urbana além da necessidade de se povoar as vastas áreas
pode ser entendida como uma metáfora da ruptura que ela pre- suburbanas foram os principais motivos para a lenta ocupa-
tendia introduzir. O simbólico atuou, portanto, como elemento ção da dita zona além de atrasar a abertura e a finalização
ordenador da implantação dos principais edifícios públicos, de de diversas ruas e avenidas, entre elas a própria Contorno.
que é um bom exemplo o centro cívico constituído, numa espla- A Avenida, até o inicio dos anos 20 exibia todo o seu tra-
nada elevada, pela praça da Liberdade, dominada pelo Palácio çado apenas nas Plantas Cadastrais da capital. Ela era na
do Governo e delimitada, nas laterais, pelas secretarias de estado. verdade retalhos que circundavam a zona urbana. A Aveni-
À ordem e ao rigor do planejamento da zona urbana con- da existia em fragmentos na área central, no bairro Flores-
trapor-se-á, entretanto, desde sua implantação, o desenvolvi- ta e em partes dos bairros Serra, Santa Efigênia e Funcioná-
mento «espontâneo» da sua zona suburbana, ocupada pela rios. Nos outros trechos a Avenida era apenas uma estrada
população pobre da cidade. Inaugurada com muito ainda por estreita de terra ou mesmo uma trilha, como nas imedia-
fazer, em 12 de dezembro de 1897, a cidade só se consolidará ções dos bairros Cidade Jardim e Santo Agostinho, re-
algumas décadas depois, num processo marcada por esse de- giões que foram urbanizadas e ocupadas anos mais tarde.
senvolvimento diferenciado entre a zona compreendida pela Sobre a Avenida disse o chefe da Seção de Obras da Prefei-
Avenida do Contorno e aquela que lhe era exterior. tura em 1920 “A Avenida do Contorno não está ainda aberta
Após a inauguração da capital, vários dos engenheiros, ar- e regularizada de modo a contornar, de facto, a cidade; mas
quitetos e projetistas que participaram da Comissão Construto- sei-o-á um dia e, portanto, precisa ser conservado o seu tra-
ra estabeleceram-se definitivamente na cidade, como técnicos çado primitivo”.  A partir de 1920 a finalização da Avenida
do serviço público, autônomos ou professores, a partir da fun- passou a ser prioridade por parte da Prefeitura pois a cidade
dação da Escola Livre de Engenharia (1911). Este enraizamento apresentava uma expansão na Zona Suburbana, principal-
na nova cidade contribuiu para a vigência dos padrões urbanís- mente nas áreas limítrofes com a Contorno. Muitos trechos
ticos e arquitetônicos implantadas pela Comissão Construtora da Avenida simplesmente haviam virado quarteirões devi-
e que só começarão a ser questionados na década de 30. do a falta de uma Seção de Cadastro eficaz da Prefeitura

2
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

que permitiu a ocupação irregular em diversos trechos da ta conforme a Planta Cadastral incluiria o casarão dentro
Avenida. Podemos citar como exemplo o trecho da Avenida dos limites da Zona Urbana e assim selaria a sua demolição.
do Contorno no cruzamento com a Avenida Carandaí e parte Conforme já foi dito foi feita uma grande mudança nos arrua-
da Avenida Araguaia (Francisco Sales). A Avenida foi projeta- mentos dessas Seções, ao mesmo tempo em que eram reali-
da pela Comissão Construtora para ter cerca de trinta e cinco zadas obras de infraestrutura sanitária no vale do Córrego do
metros de largura, mas em 1920 tinham apenas cinco metros Leitão área de extrema importância para a Prefeitura devido à
de largura devido à existência ai de um lote irregular “vendido” arrecadação de impostos, entre outros fatores. Após a reloca-
pela Prefeitura no inicio do Século. Nesse caso a Planta Cadas- ção da avenida entre as ruas Rio de Janeiro e Ouro Preto ela
tral foi simplesmente ignorada e para continuar a abertura da foi concluída no inicio dos anos 40 permitindo a expansão de
Avenida foi necessário um acordo com o “dono” do terreno, uma área importante da capital, ocupada a partir da gestão JK
não sem ônus para a Prefeitura. Ainda nessa década a Avenida pela população de maior poder aquisitivo e proporcionando
foi regularizada entre a área central e a Avenida Barbacena e a melhoria do acesso a toda a Zona Suburbana da capital.
no fim da década regularizada nos bairros de Santa Tereza e A Avenida do Contorno é apenas uma das diversas vias que
Santa Efigênia. sofreram modificações no seu traçado original devido às
  construções irregulares ou por necessidade de se acompa-
Durante a década de 30 até a sua conclusão já nos anos 40 nhar um curso d’água. No caso da Contorno a mudança foi
a Avenida foi aberta e regularizada em alguns trechos entre o mais drástica, a tal ponto de extinguir diversos quarteirões da
bairro Funcionários e o Barro Preto. Foi nesse trecho que a Ave- Zona Urbana que na verdade, em relação a arrecadação de
nida sofreu uma drástica alteração em relação ao seu traçado impostos e venda de lotes não fez diferença pois a área su-
projetado pela Comissão Construtora. Como podemos ver na primida se tornou anos mais tarde uma área nobre da capital,
imagem abaixo o trecho compreendido entre a Rua Rio de Ja- conservando-se assim até os dias atuais. Ao modificar acerta-
neiro e a Rua Ouro Preto são na verdade trechos da Avenida Bar- damente o traçado da Avenida desviando-se da área brejosa
bacena e Rua Antônio de Albuquerque, trechos estes que foram do Córrego do Leitão a Prefeitura evitou um problema que
incorporados à Avenida do Contorno quando da sua abertura. ainda existe na área no período chuvoso, mas que certamente
Mas qual teria sido o motivo da mudança de seu traçado? Em seria muito mais grave caso a Avenida tivesse sido aberta se-
minhas pesquisas relacionadas a esse assunto não encontrei
gundo o traçado original devido ao grande fluxo de veículos
nada que justificasse essa mudança. Fez-se necessária en-
que passam diariamente pela Avenida.
tão a analise das Plantas confeccionadas pela CCNC. Nelas
Fonte: http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/
o Córrego do Leitão tinha, nas proximidades da Fazenda do
avenidas-e-ruas-de-bh-/
Leitão uma grande área brejosa e essa área seria exatamen-
te cortada pela Avenida segundo a Planta de 1895. Como a
Comissão Construtora não executou as obras nessa região
ela se tornou posteriormente uma das colônias Agrícolas
1.5. AS PRINCIPAIS RUAS DO CENTRO: CARAC-
que existiram na infante capital de Minas, a Colônia Afon-
so Pena e mesmo após a sua incorporação à malha urbana TERÍSTICAS, SENTIDO E NOMES.
de Belo Horizonte essa região continuou pouco povoada.
Na época em que se resolveu dar continuidade à Avenida do
Contorno certamente houve um estudo da área em que deve-
ria ser aberta a Avenida e acredito que três motivos levaram o AVENIDA AFONSO PENA:
Poder Público a relocar a Avenida suprimindo 12 quarteirões
que seriam construídos dentro da zona urbana e que diminuiu A Avenida Afonso Pena é considerada, por muitos, a mais
consideravelmente a sua área. O primeiro motivo é o fato de importante de Belo Horizonte. Inaugurada junto com a nova
que seria muito oneroso e dispendioso realizar uma drenagem capital de Minas Gerais, é o coração econômico e um dos
das áreas brejosas do Leitão, áreas que até os dias atuais, mes- referenciais urbanos belo-horizontinos. Estende-se hoje por
mo estando totalmente ocupadas, saneadas e impermeabili- 4,3 km no sentido norte-sul. Quase em linha reta, percorre
zadas continuam apresentando sérios problemas nos períodos os bairros Centro, Funcionários, Serra e Mangabeiras. Ao lado
chuvosos, um retrato do desprezo e negligência dos órgãos das avenidas Amazonas e do Contorno, é uma das principais
responsáveis ao permitir a ocupação desenfreada nas verten- vias de tráfego da cidade.
tes do Córrego, sem levar em consideração a sua topografia Inicia-se no Centro, na Praça Rio Branco, conhecida como
além que, se esse trecho tivesse sido aterrado e nivelado quan- Praça da Rodoviária. Cruza com a Avenida Amazonas na Praça
do da abertura da Avenida Prudente de Morais, na canalização Sete de Setembro, ponto considerado o hipercentro de Belo
do Córrego em 1970 os problemas seriam bem menores. O Horizonte e marcado por um obelisco, monumento comemo-
segundo motivo é que nessa época já existia a Rua Joaquim rativo do centenário da Independência Nacional apelidado
Murtinho, aberta exatamente no local em que deveria passar pela população de “Pirulito”. Intercepta a Rua da Bahia. Corta
a Avenida e que já contava com diversas casas. Remanejar a a Avenida Getúlio Vargas, formando a Praça ABC.
população ai residente e alargar a rua certamente seria mais Atravessa as Avenidas Brasil, na Praça Tiradentes, e do
oneroso para a Prefeitura do que mudar o traçado da Avenida Contorno, na Praça Milton Campos, servindo de limite à re-
para uma região ainda desabitada. O terceiro motivo é que gião da Savassi. Continua avançando em direção à Serra
já existia uma consciência da necessidade de preservação do Curral e ultrapassa o traçado pré-planejado da cidade.
da sede da Fazenda do Leitão, ultimo casarão remanes- Termina na Praça da Bandeira, Bairro Mangabeiras, onde
cente da Freguesia do Curral del Rey. A Avenida, se aber- intercepta a Avenida Bandeirantes.

3
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Possui grande apelo arquitetônico, marcado por estilos de AVENIDA GETÚLIO VARGAS:
diferentes épocas. Ao longo de seu percurso, encontram-se vá-
rios pontos históricos e culturais importantes, além de igrejas de A Avenida Getúlio Vargas fica na região Centro Sul de
diversos cultos e órgãos dos poderes públicos municipal, esta- Belo Horizonte, e é responsável por conectar dois pontos da
dual e federal. Destacam-se o prédio da Prefeitura, o Cine-Tea- Avenida do Contorno.
tro Brasil, a Igreja São José, o Parque Municipal, o Teatro Fran- Na Praça da Savassi, ela se encontra com a Avenida Cris-
cisco Nunes, o Automóvel Clube, o Palácio da Justiça Rodrigues tóvão Colombo e em seu cruzamento com a Avenida Afonso
Caldas, o Consevatório da UFMG, o Palácio das Artes, o Edifício Pena está a Praça do ABC.
Acaiaca, o Othon Palace Hotel, o Café Nice, o Centro Cultural do Denominada originalmente Av. Paraúna, conforme a
Instituto Moreira Salles e a Bolsa de Valores Minas-Espírito San- planta original da cidade, planejada por Aarão Reis, a avenida
to-Bahia. Aos domingos, abriga a Feira de Artes e Artesanato. passou a se chamar Getúlio Vargas por meio do decreto 0037,
A Avenida foi projetada para funcionar como eixo nor- de 9 de novembro de 1938. Ao longo de seus quase dois qui-
te-sul do perímetro urbano da “Cidade de Minas Gerais” e lômetros, a avenida abriga importantes referências da cida-
inaugurada, junto com Belo Horizonte, no final do século XIX, de, como a sede do Tribunal Regional do Trabalho, a sede do
em 12 de dezembro de 1897. A planta original de Aarão Reis jornal Estado de Minas, além de luxuosos restaurantes, bares,
concebeu a Afonso Pena como a mais larga via da cidade, lojas e agências bancárias.
com 50m de largura (as demais avenidas teriam 35m; as ruas
na zona urbana, 20m; e as suburbanas, 14m). AVENIDA JOÃO PINHEIRO:
Durante o século XX, sofreu várias alterações que modi-
ficaram consideravelmente o projeto original, tendo sido am- Uma das mais tradicionais avenidas do centro de Belo
pliada e alargada. Horizonte leva o nome de Avenida João Pinheiro, uma ho-
Nas primeiras décadas do século passado, havia fícus menagem a João Pinheiro da Silva. Originalmente chamado
plantados em ambos os lados da via e trilhos por que pas- de avenida Liberdade, o local também recebeu a sugestão de
savam os bondes. A população, especialmente as pessoas de mudança de nome para avenida Marechal Floriano, o que foi
classes mais altas e famílias tradicionais, se encontravam na impedido pelo então presidente do Estado, Bias Fortes, du-
avenida durante o footing no final das tardes. Entre as locali- rante a inauguração da cidade, no século XIX.
dades mais marcantes desse período que desapareceram com A avenida João Pinheiro começa na Praça da Liberdade,
o passar do tempo destacam-se a loja de roupas femininas no bairro Funcionários, e vai até a Avenida Augusto de Lima,
Slooper, a chapelaria Londres, a sapataria Clark e o Café Galo. na região Centro-Sul da capital. Ela abriga uma variedade de
Na década de 60, os fícus foram derrubados para alar- atrativos como Arquivo Público Mineiro, Grupo Escolar Afon-
gamento da avenida (embora os motivos oficiais do corte, so Pena, Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran
alegados pelo Poder Público à época, tenham sido a conta- -MG), Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas
minação das plantas por pragas e a proliferação de insetos), Gerais, Colégio Promove, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL),
e os bondes foram desativados para aumentar as pistas de Associação Médica de Minas Gerais, além de hotéis, lancho-
rolamento de automóveis. netes, restaurantes e estabelecimentos comerciais diversos.
A avenida sempre teve início na Praça Rio Branco, onde, O atual nome da avenida refere-se ao mineiro da cidade
desde a década de 70, se localiza a Rodoviária de Belo Ho- do Serro, João Pinheiro da Silva, homem que fez história na
rizonte, mas originalmente terminava na praça do Cruzeiro, vida política mineira. Ele era zelador e preparador do labora-
atual Praça Milton Campos. Em 1970, sua extensão foi prolon- tório de física e química da Escola Normal de São Paulo. Pro-
gada até a Praça da Bandeira, chegando aos pés da Serra do fessor e advogado, fundou a primeira faculdade da capital – a
Curral e adquirindo o traçado que possui hoje. Escola Livre de Odontologia de Belo Horizonte – localizada na
rua Guaicurus, 266, Centro.
AVENIDA DOS ANDRADAS: Logo que entrou na política, João Pinheiro foi escolhido
A Avenida dos Andradas é uma das importantes avenidas para secretário de governo e primeiro vice-presidente de Mi-
de Belo Horizonte. nas Gerais, em 1889. Mas, em agosto do mesmo ano, pediu
Ela nasce no centro da cidade e vai até o município de Sabará. demissão. Depois disso, foi presidente interino do Estado e,
Em 2006 foi construído um boulevard arborizado, sob o ri- em seguida, presidente efetivo. Ele também ocupou o cargo
beirão Arrudas, através das obras de recuperação do centro da de deputado federal, vereador e presidente da Câmara de Ve-
cidade, financiado pela prefeitura e pelo governo estadual, des- readores da cidade de Caeté.
de a Alameda Ezequiel Dias até as proximidades da Rodoviária. Em fevereiro de 1905, após indicação da comissão exe-
cutiva do Partido Republicano Mineiro, foi eleito senador da
AVENIDA ANTÔNIO CARLOS: República. Um mês antes, havia lançado o Manifesto ao Elei-
A Avenida Antônio Carlos é a principal artéria de trânsi- torado Mineiro, no qual expôs suas ideias políticas, discorreu
to da regional da Pampulha, em Belo Horizonte bem como sobre a economia brasileira e fez uma análise dos primeiros
de importância geral para a cidade. 15 anos do regime republicano. Um ano depois, novamente
Começa ao fim da pista da Lagoa da Pampulha (sendo assumiu o cargo de presidente de Minas Gerais. Nos meses
o outro lado da mesma ligada à avenida Pedro I). Nela está que esteve presidente do Estado, João Pinheiro preocupou-se
localizado o Campus da Universidade Federal de Minas em desenvolver a agricultura e a mineração.
Gerais, principal universidade do estado de Minas Gerais.
Devido à saturação dos últimos anos, passa, desde 2005, Fonte: http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.
por um processo de duplicação. br/avenidas-e-ruas-de-bh-/

4
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

O bairro Primeiro de Maio é a principal referência cultural da


UNIDADE II região. Conta com o Centro de Referência da Cidadania, e é pon-
2.1. A EXPANSÃO DA CIDADE ALÉM DOS LIMI- to de encontro dos acontecimentos culturais, movimentos fes-
TES DA AV. DO CONTORNO; tivos e de lazer que acontecem próximo à Igreja Santo Antônio.
Desenvolvimento / Infra - Estrutura :
O crescimento desordenado na região provocou a ocu-
pação de áreas inapropriadas para habitação. Foram erguidas
A ocupação da região Norte aconteceu de forma grada- moradias em morros, em áreas íngremes e às margens de cór-
tiva, tendo sido iniciada por volta de 1930 através de áreas regos, com elevado risco para esses moradores.
públicas que hoje são representadas pelos bairros Primeiro de Hoje encontramos na região Norte, duas situações confli-
Maio e São Bernardo. tantes: bairros habitados por uma população com melhor po-
O bairro Primeiro de Maio ocupava áreas de antigas fa- der aquisitivo e infraestrutura urbana, contrastam com bairros
zendas do início do século XX. Posteriormente, estas fazendas e vilas habitados por uma população carente, com condições
dariam origem a outros povoados. mínimas de moradia. É a região que concentra o maior núme-
Antes da instalação do Matadouro Municipal, um dos ro de conjuntos habitacionais promovidos pelo poder público.
mais importantes assim surgidos, era o povoado do Onça, Situada entre 2 aeroportos, Confins e Pampulha, a região
onde hoje se localiza o bairro Aarão Reis, à margem esquerda ganhou novo acesso após a implantação do metrô, estações
do ribeirão de mesmo nome. O Onça era o único povoado Minas Shopping a Venda Nova.
que aparecia em destaque em mapas da região. Há na região um predomínio de serviços e produtos de pe-
Daí, talvez, sua importância, pois, já em 1856, haviam es- queno porte, além de algumas indústrias de médio porte. Apre-
tradas que o ligavam ao Arraial de Embiras, e, em 1923, ao senta, ainda, possibilidades de expansão econômica e vem sendo
Arraial de Venda Nova e ao Centro de BH. valorizada após realizações de obras urbanas como a construção
De acordo com o Inventário do Patrimônio Urbano de BH: da Via 240 e a canalização de parte do ribeirão do Onça.
“ No mapa de 1937 foi possível identificar a Rua Jacuí A região Norte sempre teve dificuldades de ocupação, por
como único acesso à região norte da cidade e, consequen- tratar-se de um maciço rochoso, formado por rochas graníti-
temente, ao povoado do Onça, onde esta rua se encontrava cas, apresentando linhas de serra.
com a estrada para Santa Luzia. Portanto, para se chegar ao Predomina, na região, as atividades mineradoras, como a
Município de Santa Luzia, era obrigatório passar pelo Onça”. extração de areia e pedreiras. Sua topografia varia entre 850 e
A partir de 1930, intensificou-se a ocupação, devido ao grande 650 metros.
crescimento demográfico da cidade, que se expandiu para além Os ribeirões do Onça, Isidoro e Pampulha fazem parte das
dos limites da Avenida do Contorno. Assim, começou a surgir a três principais bacias da região, que conta, também, com mais
ideia das Vilas Operárias, soluções adotadas para a questão habita- 21 córregos.
cional, pois os lotes de tamanhos reduzidos tinham menor preço. A região faz limite com os municípios de Vespasiano e San-
Em 1937, inaugurou-se o Matadouro Municipal, que foi des- ta Luzia, com as regiões Pampulha, Venda Nova e Nordeste.
locado para a região devido à disponibilidade de água e para pro- Estão catalogadas 124 áreas verdes, entre elas matas natu-
porcionar fácil acesso aos boiadeiros. Com sua inauguração, foi rais, praças e jardins, os parques do bairro Planalto e o parque
promovido um novo parcelamento do solo na região, resultando Escola Cariúnas. Possui ainda uma grande área verde, em sua
na criação da Vila Operária que deu origem ao bairro São Paulo. maior parte particular, chamada Fazenda Werneck, pratica-
Parte da vila operária, localizada ao norte da atual BR 262, mente desabitada e localizada na UP Isidoro Norte.
continuou com este nome até 1967. Segundo dados do Censo Demográfico de 2000, do Insti-
No inicio, a Vila Operária mantinha intensas relações com tuto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, a Região Norte
o bairro São Paulo pelo fato de, nele, existirem as únicas igrejas de Belo Horizonte possui uma população de 193.764 habitan-
e escolas da região. Mas uma diferença de caráter socioeco- tes, sendo 100.218 mulheres e 93.546 homens.
nômico passou a existir entre a vila e o bairro, principalmente
na década de 50, quando a Vila Operária foi invadida por um Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/contents.
novo contingente populacional. Esta invasão se deu devido ao do?evento=conteudo&idConteudo=23849&chPlc=23849
rompimento da barragem da Pampulha, o que levou um gran-
de número de desabrigados a se instalar nas vilas da região.
Este episódio confirma a tese de que a região do bairro São
Bernardo já vinha sendo ocupada na mesma época que a do 2.2. ESTRADAS DE FAZENDAS QUE SE TRANS-
bairro Primeiro de Maio. A união das Vilas Santa Maria, Operá- FORMARAM EM RUAS.
ria, Minaslândia e São José, em 1967, deram origem ao bairro
Primeiro de Maio, nome escolhido pelos próprios moradores.
Em 1991, a Prefeitura de Belo Horizonte fez o des- Enquanto estão presos no engarrafamento na Rua Ja-
membramento definitivo dos bairros Primeiro de Maio e cuí, na Floresta ou na Rua Padre Eustáquio, no bairro que
São Paulo. leva o nome da via, os motoristas e passageiros podem ob-
A região Norte possui um perfil cultural plural. Suas ma- servar construções modernas, prédios revestidos de pas-
nifestações artísticas abrangem desde a cultura de resgate, tilhas de cerâmica e empetecados com vidros fumês nas
memória e patrimônio das identidades culturais, como os varandas. Quem se atenta apenas ao novo pode pensar
grupos de capoeira, congado e folia de reis, passando pela que resta muito pouco da capital que nasceu do arraial de
dança, o hip hop, grafitismo, até o teatro e a música. Curral del Rey há 118 anos. Porém, os mais sagazes – e nos-

5
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

tálgicos – percebem as resistentes construções da primeira


década do século passado e, ao pesquisarem, descobrem que UNIDADE III
importantes ruas da capital ainda apresentam reminiscências 3.1. AS GRANDES AVENIDAS QUE SAEM DA AV.
das antigas estradas que ligavam o arraial originário a outros DO CONTORNO;
povoados até a primeira metade do século 20.
O geógrafo e pesquisador Alessandro Borsagli, sempre
antenado ao passado da capital, faz pesquisas para escrever
um artigo mostrando o que resta das estradas que ligavam o Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi
arraial de Curral del Rey a outros povoados nas vias da hoje abordado em tópicos anteriores.
moderna capital. “Essas estradas, normalmente, seguiam as
curvas de nível, passando pelas cristas dos morros e paralelas
aos rios e córregos”, detalha o geógrafo, que também é autor
do blog Curral del Rei (http://curraldelrei.blogspot.com.br).
Além da Rua Jacuí, que segue pelas regiões Leste e Nordeste, 3.2. AS AVENIDAS SANITÁRIAS:
e da Padre Eustáquio, na Região Noroeste, Alessandro desta- AVENIDAS CONSTRUÍDAS SOBRE OU NAS
ca duas vias onde é possível ver resquícios do passado: Rua MARGENS DE CÓRREGOS E
Itapecerica, na Lagoinha, e Rua Platina, no Prado e Calafate. RIBEIRÕES;
DE FORA PARA DENTRO “Belo Horizonte teve uma expan-
são do centro para a periferia”, detalha Borsagli. O pesquisa-
dor explica que o plano original de Aarão Reis, que delimitava
o período urbano no interior da Avenida do Contorno, não se Localizada na Bacia do São Francisco, Belo Horizonte não
expandiu a partir dali. A cidade, nos moldes que conhecemos é banhada por nenhum grande rio, mas por seu solo passam
hoje, cresceu acompanhando outras localidades anteriores à ribeirões e vários córregos, em sua maioria canalizados. A ca-
capital, como Venda Nova, Santa Luzia, Sabará e Contagem. pital é atendida por duas sub-bacias, do Ribeirão Arrudas e
do Ribeirão da Onça, afluentes do Rio das Velhas. As duas sub
A Rua Itapecerica, na Lagoinha, ainda mantém parte da -bacias estão situadas na região do Alto Velhas e abrangem
estrada que levava a Venda Nova (que começou a ser povoa- os municípios de Belo Horizonte e Contagem, que somam
da em 1711) e continuava até Diamantina, à época chamada uma área de 525,58 km² e localizadas na margem esquerda
de Arraial do Tejuco. Borsagli explica que a Lagoinha começou do Rio das Velhas. Trata-se da região mais urbanizada da ba-
a ser povoada com os imigrantes – italianos e libaneses – que cia, com uma população estimada em 2.776.543 milhões de
chegaram para a construção da capital. pessoas, segundo dados do IBGE de 2000.
Uma imagem garimpada por Borsagli no Arquivo Público
de Belo Horizonte mostra trecho da Itapecerica onde carro- Serra do Curral vista de dentro do Parque das Man-
ças, cavalos e um solitário automóvel são emoldurados por gabeiras.
uma paisagem quase rural. As duas casas mostradas ali per- O Ribeirão Arrudas, atravessa a cidade de oeste para les-
manecem preservadas. Uma delas é um antiquário e a cons- te. Mais ao norte, integrando a bacia do Onça corre o Ribei-
trução é de 1910, segundo o gerente do estabelecimento, rão Pampulha, represado para formar o reservatório de igual
Harley Langa. O acervo do antiquário é de 100 mil itens, que nome, um dos recantos de turismo e lazer da cidade. O Ribei-
vão de miudezas até uma imponente cristaleira Chipandelle, rão Arrudas deságua no município de Sabará e o Ribeirão da
da época da foto. O preço da relíquia: R$ 2,7 mil. Onça no município de Santa Luzia, ambos no Rio das Velhas.
As estradas são de uma época anterior à ditadura do au- Os ribeirões Arrudas e da Onça são responsáveis pela drena-
tomóvel. Com a massificação do transporte e a construção de gem da maior parte dos esgotos da Região Metropolitana de Belo
complexos viários, como o da Lagoinha, a função das estradas Horizonte e sofrem ainda com a diminuição das áreas de drenagem
foi substituída por avenidas maiores, como a Antônio Carlos, a e ocupação desordenada de encostas e fundos de vale, problemas
Pedro II e a Pedro I, que fazem atualmente a ligação ao Vetor causados pela intensa ocupação das áreas dessas sub-bacias. Logo
Norte. A Rua Padre Eustáquio, ressalta Borsagli, era chama- que esses cursos d’água despejam suas águas no Rio das Velhas, é
da de Estrada de Contagem ou Rua da Contagem e ligava a observada uma acentuada degradação da qualidade do rio.
capital à cidade vizinha. “Na região ficava a Colônia Agrícola
Carlos Prates, que foi anexada à zona chamada de suburbana Macrodrenagem de Belo Horizonte e Bacias Elemen-
em 1910”, detalha Borsagli. tares.
O processo de urbanização do município procurou escon-
Outra antiga estrada que deixou marcas em uma rua do der os cursos d’água. A canalização foi uma prática usual e se-
presente é a Estrada do Matadouro, que tem parte do traçado guia um certo ritual. Inicialmente, os córregos serviam de dre-
preservado pela Rua Jacuí. A via era acesso ao matadouro, nagem dos esgotos e resíduos industriais, o que provocava sua
localizado onde é o Bairro São Paulo, e ao curtume, no atual morte biológica. Consequentemente, ele passava a ser foco
Bairro Ipiranga, na Região Nordeste da capital. Depois, a via de vetores e era canalizado. A orientação atual da administra-
seguia até chegar à tricentenária Santa Luzia. ção municipal é pela não canalização desses cursos d’água.
Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/ge- Nestes ribeirões, não são encontrados peixes na maior
rais/2015/10/03/interna_gerais,694352/conheca-ruas- parte de sua extensão. Contanto, em alguns afluentes em
de-bh-que-eram-rotas-entre-curral-del-rey-e-povoados melhores condições, como por exemplo nas drenagens do
-prox.shtml Parque das Mangabeiras, ainda podem ser encontrados

6
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

lambaris e pequenos cascudos. Na represa da Pampulha, tal e sanitária, a qualidade de vida na cidade seria mais al-
pertencente à sub-bacia do ribeirão da Onça, existem cerca cançada se seus cursos d´água tivessem sido conservados
de 20 espécies, algumas delas exóticas, como a tilápia, de naturais e incorporados à vida urbana com parques linea-
origem africana.[40] res e com largas avenidas e bulevares a média distância
A cidade, que se encontra na Bacia do São Francisco, so- de suas margens. Não tendo sido feito este planejamento
fre com o abandono da concepção inicial de se fazer o trata- ambiental, a especulação imobiliária e a corrida das em-
mento dos esgotos ou a depuração pelo solo, decidindo-se preiteiras da construção civil agiram indiscriminadamente.
pelo lançamento das águas sem tratamento prévio em seus Fonte: http://bairrosdebelohorizonte.webnode.com.br/
córregos e ribeirões. Isto desencadeou um longo processo news/geografia-e-hidrografia-/
de poluição.
Os trajetos dos córregos e ribeirões não foram utilizados
como referências naturais na composição do traçado da área
urbana planejada inicialmente embora estivessem à vista 3.3. AS PRINCIPAIS AVENIDAS DOS
em vários trechos da cidade em seus primeiros anos. Todos BAIRROS.
eles seriam progressivamente canalizados em seus percursos
dentro do perímetro da Avenida do Contorno.
Ao longo desse processo, os córregos, primeiro, foram
canalizados a céu aberto, sendo gradativamente cobertos
por avenidas sanitárias. Os esgotos seriam despejados nes- Prezado Cliente, os temas acima supracitados já
ses cursos d’água sem nenhum tratamento, transformando foram abordados em tópicos anteriores.
definitivamente a paisagem e ocultando a natureza debaixo
da terra. A visualização da passagem dos córregos pela cida-
de foi sacrificada, cedendo aos imperativos da necessidade
funcional da fluidez e do aumento da largura das ruas para UNIDADE IV
o tráfego de veículos. Surgiram algumas importantes aveni- 4.1. OS ACESSOS E SAÍDAS DA CIDADE;
das, como Avenida Silviano Brandão (canalização do córrego
da Mata), Avenida Dom Pedro II (canalização do Córrego do
Pastinho), Avenida Nossa Senhora do Carmo e Uruguai (ca-
nalização do córrego Acaba-Mundo). Prezado Cliente, os temas acima supracitados já
foram abordados em tópicos anteriores.
Canalização do Ribeirão Arrudas no cruzamento com
a Avenida do Contorno, na década de 1920.
O início da ocupação da Região Metropolitana de Belo
Horizonte apresentou um padrão urbano bastante precário, 4.2. AS RODOVIAS FEDERAIS
que trouxe as marcas do improviso, do inacabado e da carên- E ESTADUAIS.
cia absoluta, originando um significativo comprometimento
imediato do meio ambiente, devido à devastação da cober-
tura vegetal, à ocupação de várzeas e à poluição, cada vez
maior, das bacias do Ribeirão Arrudas e do Ribeirão da Onça. No Brasil, estima-se que 60% do transporte de cargas
Como na bacia do Arrudas, observou-se o agravamento seja realizado pelo modal rodoviário. Sendo assim, ter co-
das condições sanitárias da bacia do Ribeirão da Onça-Pam- nhecimento das principais rodovias no país torna-se ne-
pulha. Contribuintes do Rio das Velhas, ambas receberam es-
cessário para um melhor planejamento quanto a distribui-
gotos domésticos e industriais in natura da região urbana de
ção das cargas. Dessa forma, pensar estrategicamente com
Belo Horizonte, constituindo-se no maior poluidor do Rio das
base no conhecimento das principais rodovias brasileiras
Velhas e, por extensão, da bacia do Rio São Francisco.
Um importante fator responsável pela degradação des- aliadas ao posicionamento de sua empresa e filial, é um
ses cursos d’água é a aglomeração de indústrias, especial- diferencial que otimiza a distribuição das cargas no trans-
mente as siderúrgicas, que também passaram a lançar os porte rodoviário.
seus efluentes sem nenhum tratamento prévio nos cursos
d’água.
A Estação de Tratamento de Esgoto do Arrudas (ETE Ar-
rudas) foi a primeira de Belo Horizonte, iniciando suas ativi-
dades em outubro de 2001 e está localizada no município de
Sabará. A Estação de Tratamento de Esgoto do Ribeirão da
Onça (ETE Onça), localizada no bairro Ribeiro de Abreu (re-
gião norte do município) foi inaugurada em 2006 e tem ca-
pacidade para tratar 1,8 mil litros de esgoto por segundo, o
que corresponde a 155 milhões de litros diariamente. Com
as duas ETEs em funcionamento, Belo Horizonte e Conta-
gem têm capacidade para tratar 100% de seus efluentes.
Sob o ponto de vista da moderna engenharia ambien-

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NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Assim destacamos abaixo um infográfico que mostra as 5 principais rodovias brasileiras:

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NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Fonte: http://atslogistica.com.br/noticias/2015/08/13/infografico-as-5-principais-rodovias-brasileiras/

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NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Minas Gerais é o estado que detém o maior sistema MG-050 (Rodovia Newton Penido)
rodoviário do país, de forma que sua malha, incluindo-se Cumprindo uma extensão de 406,7km de estradas pa-
as rodovias federais e as estaduais, chega a quase 40 mil vimentadas, esta rodovia inicia em Belo Horizonte e termina
quilômetros de extensão. A regularidade do sistema viário no município de São Sebastião do Paraíso, bastante próximo
é importantíssima para a distribuição de produtos e para o à divisa com o estado de São Paulo, cortando pelo menos
cumprimento da boa logística das empresas que utilizam es- 20 cidades mineiras, entre as quais Betim, Itaúna, Divinópolis,
sas vias para seus modais de transporte. Formiga, Passos, Itaú de Minas e Pratápolis.
Você sabe quais são as principais vias de acesso a Minas
Gerais? Leia adiante e descubra as sete rodovias e estradas MG-435
de maior destaque na região. Entre as rodovias estaduais, aquela situada em maior ele-
vação acima do mar é esta, o que é sua característica de des-
BR-381 (Rodovia Fernão Dias) taque. Ela dá acesso ao município de Caeté e, ao passar sobre
Via ou Rodovia Fernão Dias é o nome dado a um trecho a Serra da Piedade, alcança 1.716,26 metros de altitude.
da BR-381, cuja extensão é de 1.181km, quando liga as re- Fonte: http://galpaoeficiente.parquetorino.com.br/co-
giões metropolitanas da Grande São Paulo e da Grande Belo nheca-principais-vias-de-acesso-para-distribuicao-em-mi-
Horizonte. O logradouro oferece pista duplicada a cada lado nas-gerais/
(ou sentido), e é muito provavelmente o mais importante
acesso à capital mineira, passando de forma bastante con-
veniente por municípios como Guarulhos, Atibaia, Bragança
Paulista, Três Corações, Betim e Contagem, entre outros. O UNIDADE V
intervalo que vai da Avenida Amazonas, em Belo Horizon- 5.1. OS MUNICÍPIOS DA GRANDE BELO HORI-
te (MG), até a Avenida Educador Paulo Freire, na Vila Maria, ZONTE - CARACTERÍSTICAS – ÁREAS CONUR-
zona norte de São Paulo (SP), tem 562 km. BADAS.

BR-262
Trata-se de uma rodovia transversal, que começa em
Vitória, no Espírito Santo, e termina em Corumbá, a oeste A Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH - surgiu
de Mato Grosso do Sul, bem próximo à fronteira com a Bolí- em 1973 e é formada, atualmente, por 34 municípios. Original-
via. Ao longo do estado de Minas Gerais, percorre 999,8km, mente, os 14 municípios da RMBH foram Belo Horizonte, Betim,
cruzando cidades proeminentes como Araxá, Uberaba e Três Caeté, Contagem, Ibirité, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopol-
Lagoas, além da capital mineira. Na parte que une os muni- do, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia
cípios de Betim e João Monlevade, ainda em MG, a BR-262 e e Vespasiano. Em 1989, a Constituição Estadual de Minas Gerais
a BR-381 se unem, formando uma única rodovia. incorporou Brumadinho, Esmeraldas, Igarapé e Mateus Leme.
Ao longo da década de 1990, outras cidades passaram a fazer
BR-40 parte da Região: Juatuba , São José da Lapa (1993), Florestal, Rio
Uma das mais importantes rodovias radiais do Brasil, a Manso, Confins, Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Sarzedo
qual liga o Rio de Janeiro (RJ) a Brasília (DF), passando por (1997), Baldim, Capim Branco, Jaboticatubas, Taquaraçu de Mi-
Minas Gerais. O trecho que fica entre a capital federal e Pe- nas, Itaguara, Matozinhos e Nova União (2000), Itatiaiuçu (2002).
trópolis (RJ) tem o nome de Rodovia Presidente Juscelino Em 1995, com a extinção do Planejamento da Região Me-
Kubitschek, e o intervalo que vai de Petrópolis até a cidade tropolitana de Belo Horizonte - PLAMBEL - órgão do Estado de
do Rio de Janeiro (RJ) recebe o nome de Rodovia Washin- MG criado em 1974 especificamente para gerir a RM, houve
gton Luís. Dentro de MG, há dois trechos importantes: um uma progressiva perda de capacidade de planejamento urba-
que conecta Juiz de Fora a Belo Horizonte, apresentando no e regional. A partir de 2004 o governo do Estado implantou
260km de extensão e que passa pelo trevo da BR-356 (para um novo arranjo institucional metropolitano, criado pelas Leis
Ouro Preto), e outra parte que leva a cidade de Sete Lagoas Complementares 88, 89 e 90, composto pela Assembleia Me-
à BR-135, rodovia que segue para a Região Norte do Brasil, tropolitana e pelo Conselho Deliberativo de Desenvolvimento
até São Luís do Maranhão, com fluxo diário de cerca de 15 Metropolitano, órgão de suporte técnico e de planejamento,
mil veículos. e pela Agência de Desenvolvimento Metropolitano - Agência
RMBH - instituída em 2009. A mesma legislação determinou a
MG-010 elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integra-
Rodovia estadual que liga os municípios de Belo Hori- do e do Fundo de Desenvolvimento Metropolitano. 
zonte e Rio Vermelho, com extensão total de 307,9km, sen- BH tem desempenhado um papel importante neste con-
do importantíssima para todo o estado, por passar pela Ser- junto de cidades pelo fato de ser a capital e por sua expressão
ra do Cipó e levar até o acesso ao Aeroporto Internacional populacional e econômica. A criação da RMBH seguiu uma ten-
Tancredo Neves, em Confins. dência nacional, foram criadas nove RMs em todo país pela Lei
Complementar N° 14/1973. Essa ação foi uma resposta à neces-
MG-040 sidade de desenvolvimento planejado dessas áreas, que já eram,
Mais uma rodovia estadual importante, com extensão naquele momento, as mais populosas, mais economicamente
total de 116 km, porque leva de Belo Horizonte até o mu- dinâmicas e com os maiores desafios urbanos em todo Brasil.
nicípio de Itaguara, onde há um entroncamento com a BR- Fonte: http://gestaocompartilhada.pbh.gov.br/estrutu-
381. ra-territorial/regiao-metropolitana-de-belo-horizonte

10
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Gerente: Sávio Antônio de Oliveira Abate


UNIDADE VI
6.1. AS SECRETARIAS REGIONAIS DA PBH; LO-  Gerência Regional de Comunicação Social
CALIZAÇÃO E ÁREAS DE ABRANGÊNCIA. Cabe a esta gerência o atendimento à imprensa, a divul-
gação das ações da regional junto aos diversos veículos de
comunicação, produção de material de divulgação, apoio na
organização de eventos e atividades da secretaria regional à
A Secretaria de Administração Regional Municipal Nor- qual está ligada.
deste é o órgão máximo de representação da Prefeitura de
Belo Horizonte na região Nordeste. A região Nordeste está Gerente: Gleison Pereira
entre as três maiores da cidade, tanto em área geográfica
quanto em número de habitantes. De acordo com o censo do  Gerência Regional de Atendimento ao Cidadão
IBGE de 2010, a região possui cerca de 290.353 habitantes, Coordena o atendimento presencial do SAC (Serviço de
distribuídos em seus 69 bairros e vilas. Atendimento ao Cidadão), responsável por captar, registrar e
Durante seus quase 22 anos de história, a Secretaria de encaminhar as solicitações de serviços executados pela Re-
Administração Regional Municipal Nordeste vem ampliando gional.
os seus esforços para atender com seriedade e agilidade à
população da região. Por meio do Serviço de Atendimento Gerente: Silvia de Freitas Otaviano
ao Cidadão, cada morador pode apresentar sua solicitação à
Gerência Regional de Atendimento Nordeste.  Gerência Regional de Manutenção
Em uma área de aproximadamente 40 Km quadrados, Responsável por planejar, implementar e fiscalizar a exe-
a Prefeitura mantém em funcionamento na região Nordeste cução dos serviços e obras de manutenção de vias, infraestru-
equipamentos preparados para atender a população da Re- tura urbana e edificações públicas, como escolas e centros de
gional nas áreas da saúde, educação, cultura, lazer, assistência saúde, além da preservação e conservação das áreas verdes
social e esporte. São 21 centros de saúde, uma unidade de localizadas na região. Outra importante atribuição desta ge-
pronto atendimento, 8 academias da cidade, 27 escolas mu- rência consiste no monitoramento das áreas de risco, acom-
nicipais de ensino fundamental, três escolas de educação in- panhamento de obras emergenciais nestas áreas e plantões
fantil, 21 Unidades Municipais de Educação Infantil, 73 praças em épocas de chuva.
e 15 parques municipais, entre eles o primeiro parque linear
de Belo Horizonte, Parque Linear Avenida José Cândido da Gerente: Thomaz Antônio Junqueira Arantes
Silveira. A região conta ainda com duas estações de metrô,
Minas Shopping e São Gabriel.  Gerência Regional de Limpeza Urbana
Na área social, além das unidades de educação e saúde, Gerencia a execução das atividades de limpeza de vias e
a Regional possui um Centro de Apoio Comunitário, no bairro áreas públicas, e a coleta de materias recicláveis, de lixo e de
São Paulo, e um Núcleo de Apoio à Saúde da Família.  entulhos.
Administrar com transparência e eficiência é o grande de-
safio da terceira maior capital do Brasil. Por isto, Belo Horizonte Gerente: Álvaro Pio Jr.
foi dividida em nove grandes regiões administrativas para des-
centralizar vários serviços prestados pela Prefeitura de Belo Ho-  Gerência Regional de Licenciamento e Fiscalização
rizonte e facilitar assim, a vida dos moradores de cada região. Integrada
Responsável por coordenar as ações relativas ao licencia-
Cada uma das secretarias de administração regional fun- mento urbanístico, ambiental e de posturas no âmbito regio-
cionam como mini-prefeituras e estão subdivididas em duas nal.
grandes áreas: social e urbana.
As gerências e subníveis da Secretaria de Administração Gerente: Guilherme Neiva Castro
Regional Municipal são as seguintes:
 Gerência Regional de Orçamento Participativo
 Gerência Regional de Administração e Finanças O Orçamento Participativo é um programa de governo
Responsável pela execução da política administrativa e fi- e um instrumento de participação popular. Por meio dele a
nanceira, de recursos humanos e serviços gerais de cada secre- população escolhe as obras prioritárias de sua região. Cabe
taria regional. Integra a esta gerência a gerência Regional Ad- a esta gerência acompanhar o planejamento e a execução de
ministrativa Financeira e a Gerência Regional de Serviços Gerais. todas as obras conqusitadas pela comunidade.

Gerência Regional de Atendimento ao Cidadão Gerente: 


É a “porta de entrada” da secretaria regional, pois coor-
dena o SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), respon-  Gerência Regional de Educação
sável por captar, registrar e encaminhar as diversas deman- Responsável pela orientação, supervisão e coordenação
das dos cidadãos como solicitação de podas, limpeza de do funcionamento das escolas infantis e de nível fundamental
lotes vagos, etc. É um serviço informatizado no qual são da rede municipal, a execução de programas, a aplicação de
cadastrados as solicitações, reclamações e sugestões dos métodos e processos educacionais e a condução de ativi-
cidadãos e encaminhadas às gerências executoras. dades pedagógicas.

11
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Gerente: Aciléia Sayde de Música, formada por 36 músicos e que realiza, durante


todo ano, com uma agenda concorrida, várias apresenta-
 Gerência de Distrito Sanitário ções em Belo Horizonte. O repertório é composto por can-
O Distrito Sanitário é responsável por viabilizar as po- ções nacionais e estrangeiras e tem o objetivo de atender
líticas municipais voltadas para a área de saúde, adequan- um público variado.
do-as à realidade e necessidade de sua população. Sua Outro projeto já consolidado nestes 12 anos é o Esco-
atuação consiste em administrar o atendimento, coordenar tismo na Guarda Municipal. O projeto prevê a implanta-
e monitorar a implementação das Políticas de Saúde de ção de grupos escoteiros em cada região administrativa da
forma particularizada, atendendo as prioridades das suas Prefeitura, com 65 crianças e adolescentes cada. O grupo
áreas de abrangência. conta com a participação voluntária de guardas municipais
que são capacitados pela União dos Escoteiros do Brasil. As
Gerente: Liliane Jarjour atividades são sempre realizadas em parques municipais.
Cultivar a formação de valores éticos e cívicos, aumentar a
 Gerência Regional de Políticas Sociais capacidade de convivência, disciplina e trabalho em grupo,
Responsável por implementar planos, programas e desenvolver a liderança, complementar a educação e es-
projetos de desenvolvimento social, transferência de renda timular o desenvolvimento físico, mental, social, afetivo e
e geração de trabalho, esportes, lazer e cultura. familiar são alguns dos objetivos do Projeto Escotismo na
Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/co- GMBH. A atividade também desperta o caráter humanitário
munidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxono- do agente de segurança municipal, por meio de solidarie-
miaMenuPortal&app=regionaloeste&lang=pt_BR&p- dade, amizade e voluntariado. O exercício de tais caracte-
g=5483&tax=6606 rísticas permite uma influência positiva na atividade-fim da
Guarda Municipal e complementa a formação das crianças
e adolescentes envolvidas.
A população de Belo Horizonte também pode colabo-
UNIDADE VII rar para garantir a segurança e a proteção dos equipamen-
7.1. OS PRÓPRIOS MUNICIPAIS; tos e serviços públicos municipais. O munícipe pode de-
7.2. TIPOS; CARACTERÍSTICAS; LOCALIZAÇÃO. nunciar casos de vandalismo e outros danos ao patrimônio
público por meio da Central de Atendimento Telefônico da
PBH, no 156, ou no Fale Conosco, no portal pbh.gov.br.
Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comuni-
Criada em 2003 por meio da lei 8.486, a Guarda Mu-
dade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPor-
nicipal de Belo Horizonte (GMBH) já se consolidou como
tal&app=seguranca&lang=pt_BR&pg=6200&tax=19782
uma instituição de segurança com vocação comunitária,
que atua próximo aos cidadãos e usuários dos serviços pú-
blicos municipais.
Subordinada à Secretaria Municipal de Segurança Ur-
bana e Patrimonial, a GMBH tem atualmente 2.117 agentes, UNIDADE VIII
que trabalham para garantir a segurança dos órgãos públi- 8.1. PONTOS TURÍSTICOS E
cos e do patrimônio municipal, além de orientar e proteger MONUMENTOS DE BELO HORIZONTE.
os agentes e os usuários dos serviços públicos. A GMBH
está presente nas escolas, nas unidades de saúde, praças,
jardins e parques municipais e em vários outros equipa-
mentos e serviços públicos municipais. Basílica Nossa Senhora de Lourdes
Entre 2004 e novembro de 2015, foram realizadas
1.010.289 visitas preventivas e feitas 78.097 intervenções Em 1922, com a obra ainda inacabada, os fieis celebra-
pelos seus agentes.  Além de estar presente em 1.286 pró- ram junto ao bispo Dom Cabral a primeira missa da Igreja
prios municipais, a GMBH também atua com o foco na de Lourdes. Menos de um ano depois, em 19 de março de
orientação e na educação do cidadão em conjunto com 1923, a igreja era elevada à categoria de paróquia. Em 1958,
os agentes do Grupamento de Trânsito. As atividades são aconteceu a solenidade de sagração da Igreja de Lourdes,
desenvolvidas em conjunto com a BHTrans e o Batalhão elevada, por ato do Papa Pio XII, à categoria de Basílica.
de Trânsito da Polícia Militar e são voltadas para a coorde-
nação e fiscalização da circulação de veículos e pedestres, Com arquitetura predominantemente neogótica, o
além das ações em eventos comemorativos, culturais e es- prédio da Basílica de Lourdes é composto por tantos de-
portivos da cidade. talhes que só podem ser notados se olhados de perto. Na
parte externa, na fachada frontal, sete imagens feitas em
Com o objetivo de fortalecer os laços de identidade, cimento sustentam os outros detalhes na parte superior,
civismo e de sentimento comunitário junto à população, como a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, ao centro.
a GMBH desenvolve vários projetos que contam com a
participação efetiva dos seus agentes. Um deles é a Banda

12
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

O projeto arquitetônico, em estilo neogótico, chegou a Conjunto Moderno da Pampulha


receber algumas adaptações, como o acréscimo da torre em
1929-1930, entretanto manteve a predominância desse estilo. O projeto arquitetônico do Conjunto Moderno da Pam-
A igreja possui também um órgão de 400 tubos. Sua facha- pulha, que compreende o Iate Tênis Clube, o Cassino (atual
da lateral fascina por inúmeras torres góticas, misturando nas Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile e a Igreja de
paisagens de arranha-céus. São Francisco de Assis foi idealizado pelo arquiteto Oscar
Niemeyer, na época em que o então prefeito de BH, Jusce-
Fonte: http://www.soubh.com.br/pontos-turisticos/ lino Kubitscheck, queria um lago para a prática de esportes
basilica-nossa-senhora-de-lourdes/ náuticos na região da Pampulha.
Basílica de Nossa Senhora do Pilar No Conjunto Moderno da Pampulha encontram-se ex-
pressões artísticas de Cândido Portinari, Alfredo Ceschiatti,
A primitiva Matriz do Pilar, construída entre 1700 e 1703
Augusto Zamoyski, Paulo Werneck e José Alves Pedrosa e
em taipa e madeira, é considerada o mais antigo templo de
do paisagista Roberto Burle Marx. Desde sua construção,
Vila Rica, hoje Ouro Preto, concluída por volta de 1710. Achan-
o Conjunto é ícone da arquitetura moderna no Brasil e um
do sua igreja pequena e arruinada, a comunidade decidiu por
sua demolição e a edificação de um novo templo. A cons- dos principais espaços públicos da capital mineira dedica-
trução foi iniciada por volta de 1728. Quando a construção, dos ao lazer, cultura e turismo.
começada pelo corpo do templo primitivo, atingiu a capela
-mór, transladaram provisoriamente o Santíssimo Sacramento A construção do Mineirão na década de 60 agregou
e imagens para a Capela do Rosário dos Pretos, só retornados valor ao Conjunto Moderno da Pampulha. A Copa do Mun-
em 1733, quando a obra estava praticamente concluída, na do Brasil FIFA de 2014, deu ao estádio visibilidade interna-
procissão conhecida como “Triunfo Eucarístico”. Entre 1735 e cional. Hoje é um espaço de convivência que reúne famí-
1737, foi realizada a decoração arquitetônica da nave. lias, atletas, religiosos e diversos públicos, em vários tipos
de eventos.
A capela-mór foi reconstruída em maiores proporções e
decorada em 1714 e 1754. A Matriz apresenta trabalhos de Fonte: http://www.soubh.com.br/pontos-turisticos/
Francisco Branco de Barros Barriga, Francisco Xavier de Brito conjunto-moderno-da-pampulha/
(inaugurando em Minas o estilo caracterizado por “D. João V
de Lisboa” ou “estilo Brito”) e Antônio da Silva. Em 1º de de-
zembro de 2012 a Igreja foi elevada a Basílica.
GEOGRAFIA BRASILEIRA
Fonte: http://www.soubh.com.br/pontos-turisticos/basili-
ca-de-nossa-senhora-do-pilar/ Questões
Casa de Câmara e Cadeia 01. (TJ/SC - Analista - TJSC/2011) O impacto das
ações humanas nas paisagens naturais do Brasil vem
Um dos mais imponentes sobrados da arquitetura colo- aumentando nos últimos anos. Os ecossistemas Brasi-
nial de Minas Gerais, a Casa de Câmara e Cadeia de Maria- leiros já sofreram e ainda sofrem sérias interferências
na foi projetada em 1768 e ficou pronta em 1795. Além de humanas ocasionando a sua degradação. Em um dos
funções administrativas e legislativas, o local funcionou tam-
ecossistemas Brasileiros os principais problemas am-
bém como casa de fundição de ouro e senzala. Hoje, é a sede
bientais são:
da Câmara Municipal de Mariana. O local é dividido em três
I - Aumento das queimadas para a renovação das
compartimentos. Os três cárceres eram destinados respecti-
vamente aos presos brancos, negros e mulheres. Nos fundos pastagens.
da Casa de Câmara e Cadeia fica a capela do Senhor dos Pas- II - Contaminação das águas devido ao uso intenso
sos, construída em 1793 e sem uso religioso. e indiscriminado de agrotóxicos nos cultivos de expor-
tação próximos.
Fonte: http://www.soubh.com.br/pontos-turisticos/ III - Destruição das matas ciliares ocasionando o as-
casa-de-camara-e-cadeia/ soreamento do leito dos rios pela erosão de suas mar-
gens.
Centro Cultural Pampulha IV - A extração mineral com a contaminação das
águas por metais pesados.
A região da Pampulha também conta com um ótimo cen- V - A caça e a pesca ilegais.
tro cultural. O CCPAM oferece ótima programação cultural aos Estamos nos referindo aos impactos ambientais no
moradores da região, despertando neles a cidadania através ecossistema:
de programas que aguçam a reflexão da comunidade, pro- A) Do Pantanal
movendo conhecimento e crescimento social. B) Dos Mangues
C) Das Araucárias
Fonte: http://www.soubh.com.br/pontos-turisticos/ D) Das Restingas
centro-cultural-pampulha/ E) Da Caatinga

13
NOÇÕES DE GEOGRAFIA URBANA

Todas as alternativas degradam os ecossistemas, po- 03. (EsSa – SARGENTO – EB/2011) - A formação ve-
rém apenas um dos ecossistemas sofre com todos esses getal na qual predominam espécies de palmeiras como
problemas, alias, é o ecossistema mais ameaçado no Brasil a carnaúba, o babaçu e o buriti, e que é considerada
atualmente ( junto com a Mata Atlântica). Sua contamina- uma zona de transição entre os domínios da Amazônia
ção e uso desenfreado pela ação humana pode acarretar e o da Caatinga é a(o)
em seu “fim”, devido a sua grande biodiversidade. A) mata dos cocais.
B) pantanal.
RESPOSTA: “A”. C) manguezal.
D) restinga.
02. (UFRJ – VESTIBULAR – UFRJ/2013)A Zona Por- E) pradaria.
tuária do Rio de Janeiro vem recebendo muitos inves-
timentos públicos e privados com o objetivo de pro- A mata dos cocais é uma formação vegetal típica da
mover sua renovação física e funcional.Considerando a área de transição entre a região norte e nordeste  Brasilei-
ra e que ocupa uma faixa que se estende pelos Estados
charge, a nova dinâmica espacial pode ter a seguinte
do Maranhão e Piauí, mas também podem ser encontradas
consequência sobre o processo de urbanização nessa
formações típicas da mata de cocais  em outros estados
região da metrópole carioca:
como Tocantins, Ceará e Bahia.
Localizada bem no meio de dois importantes bio-
mas Brasileiros, a mata de cocais, faz a transição entre
a caatinga, típica do nordeste, a floresta amazônica, típica
da região norte, e o cerrado, mais ao sul.
A árvore símbolo da mata de cocais é o babaçu, mas
também são encontrados, em menor quantidade, o buriti,
a carnaúba (da qual é extraída uma cera), e a oiticica. No
extrato mais baixo da mata de cocais, podemos encontrar
uma grande variedade de arbustos e plantas de menor
porte.

RESPOSTA: “A”.

A) mudança do perfil social


B) degradação do setor comercial
C) aumento da atividade industrial
D) redução da acessibilidade viária
Os investimentos feitos na zona portuária do Rio de
Janeiro tendem a valorizar a região. Durante décadas, essa
área da cidade foi abandonada pelo poder público e, con-
sequentemente, ocupada por pessoas de baixa renda, que
não tinham condições financeiras de morar em regiões
melhores da cidade. Com os investimentos recentes, a
zona portuária se tornará uma região com acesso a servi-
ços públicos e revitalizada em termos estéticos, o que atrai
empresas e pessoas de nível social elevado. Dessa forma,
infelizmente, os investimentos não beneficiam as pessoas
que moram na região há décadas, uma vez que elas se-
rão fatalmente expulsas pela especulação imobiliária que
já começou no local, como mostra a charge. Essa é uma
face perversa do desenvolvimento, que revitaliza espaços
abandonados às custas da exclusão da população local.

RESPOSTA: “A”.

14
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1.1. Introdução;.................................................................................................................................................................................................... 01
1.2. Belo Horizonte, características do município: dimensões; população;.................................................................................. 01
1.3. Concepção urbanística inicial;................................................................................................................................................................ 01
1.4. As grandes avenidas dentro do Contorno;....................................................................................................................................... 02
1.5. As principais ruas do centro: características, sentido e nomes................................................................................................. 03
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2.1. A expansão da cidade além dos limites da Av. do Contorno;................................................................................................... 05
2.2. Estradas de fazendas que se transformaram em ruas.................................................................................................................. 05
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 06
3.1. As grandes avenidas que saem da Av. do Contorno;................................................................................................................... 06
3.2. As avenidas sanitárias: avenidas construídas sobre ou nas margens de córregos e ribeirões;................................... 06
3.3. As principais avenidas dos bairros....................................................................................................................................................... 07
UNIDADE IV................................................................................................................................................................................................................ 07
4.1. Os acessos e saídas da cidade;.............................................................................................................................................................. 07
4.2. As rodovias federais e estaduais........................................................................................................................................................... 07
UNIDADE V.................................................................................................................................................................................................................. 10
5.1. Os municípios da Grande Belo Horizonte - características – áreas conurbadas................................................................ 10
UNIDADE VI................................................................................................................................................................................................................ 11
6.1. As Secretarias Regionais da PBH; localização e áreas de abrangência.................................................................................. 11
UNIDADE VII............................................................................................................................................................................................................... 12
7.1. Os próprios municipais;............................................................................................................................................................................ 12
7.2. Tipos; características; localização.......................................................................................................................................................... 12
UNIDADE VIII.............................................................................................................................................................................................................. 12
8.1. Pontos turísticos e Monumentos de Belo Horizonte.................................................................................................................... 12

UNIDADE I................................................................................................................................................................................................................... 01
1. A Fundação de Belo Horizonte:................................................................................................................................................................ 01
1.1. Aspectos históricos e políticos de Belo Horizonte - 1897-1930;............................................................................................. 01
1.2. Belo Horizonte e a República Liberal: Elites Dirigentes e o Lugar do Povo;........................................................................ 01
1.3. O Projeto da Cidade de Belo Horizonte: Vocação Política, Exclusão Social e Positivismo Republicano;.................. 04
1.4. Os Grupos Sociais e os Conflitos Políticos na Fundação da Cidade de Belo Horizonte................................................. 04
UNIDADE II.................................................................................................................................................................................................................. 05
2. Belo Horizonte em Transição à Modernidade - 1930-1980:.......................................................................................................... 05
2.1. As Fases do Desenvolvimento Econômico de Belo Horizonte;................................................................................................. 05
2.2. Desenvolvimento Econômico e as Questões Sociais, Urbana e Ambiental;........................................................................ 05
2.3. Evolução Demográfica, Social e Econômica da Nova Cidade................................................................................................... 09
2.4. O Intervencionismo Estatal e o Desenvolvimento de Belo Horizonte;.................................................................................. 11
2.5. O lugar de Belo Horizonte entre as capitais brasileiras;.............................................................................................................. 11
UNIDADE III................................................................................................................................................................................................................. 11
3. Belo Horizonte Contemporânea: Desafios e Processos no Campo do Desenvolvimento Urbano e Econômico-so-
cial:............................................................................................................................................................................................................................ 11
3.1. Industrialização e Urbanização Belo-Horizontinas: Dilemas Atuais;....................................................................................... 12
3.2. Expansão Industrial e a Face Moderna de Belo Horizonte: Industrialização, Urbanização e Favelização;............... 15
3.3. Perspectivas Econômicas e Culturais para Belo Horizonte......................................................................................................... 15
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Miguel Garcia Velho. Elevado à condição de freguesia em


UNIDADE I 1. A FUNDAÇÃO DE BELO HORI- 1780, mas ainda subordinado a Sabará, o Curral del Rei en-
ZONTE: 1.1. ASPECTOS HISTÓRICOS E POLÍTICOS globava as regiões (ou curatos) de Sete Lagoas, Contagem,
DE BELO HORIZONTE 1897-1930; 1.2. BELO HORI- Santa Quitéria (Esmeraldas), Buritis, Capela Nova do Betim,
ZONTE E A REPÚBLICA LIBERAL: ELITES DIRIGEN- Piedade do Paraopeba, Brumado, Itatiaiuçu, Morro de Ma-
TES E O LUGAR DO POVO; teus Leme, Neves, Aranha e Rio Manso.
Com a extinção dos curatos, a jurisdição do Curral del
Rei viu-se novamente reduzida ao primeiro arraial, com sua
A fundação da capital população de 2.500 habitantes, que chegou a 4.000 mora-
dores já ao fim do século XIX.
Capitão João Leite da Silva Ortiz, fundador de Curral del O Arraial de Curral del Rei (1896).Porém, enquanto Vila
Rei. Antiga Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem do Cur- Rica, Sabará, Serro Frio e outros núcleos mineradores se
ral. Na imensa faixa de terras ao largo do Rio das Velhas constituíam em centros populosos e ricos, Curral del Rei e
assenhoradas pelo bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva sua vocação para o comércio do gado sertanejo estacio-
(mais tarde Anhanguera II), veio seu primo e futuro genro nou em seu desenvolvimento, não oferecendo lucro que
João Leite da Silva Ortiz à procura de ouro a ocupar em 1701 fixasse ao solo uma população como a de outros lugares. O
a Serra dos Congonhas (mais tarde Serra do Curral) e suas apogeu de Ouro Preto perdurou até o fim do século XVIII,
encostas, em que estabeleceu a Fazenda do Cercado, base quando as jazidas esgotaram-se e o ciclo do ouro deu lu-
do núcleo do Curral del Rei, onde desenvolveu uma peque- gar à pecuária e agricultura, criando novos núcleos regio-
na plantação e criou gado, com numerosa escravatura. nais e inaugurando uma nova identidade estadual.
O povoamento aos poucos foi se firmando, de forma
tal que em 1707 já aparecia citada em documentos oficiais. Belo Horizonte 1930
Em 1711, a carta de sesmaria é obtida por Ortiz, com a con-
cessão da área que “começava do pé da Serra do Curral, até A região de montanhas negras que vai de Ouro Pre-
a Lagoinha, estrada que vai para os currais da Bahia, que to à região do Curral del Rei, com uma área de aproxima-
será uma légua, e da dita estrada correndo para o rio das damente 7.160 km² e reservas próximas a 29 bilhões de
Velhas três léguas por encheio”. toneladas de minério de ferro, formam o local conhecido
Ortiz dedicou-se especialmente ao plantio de roças, como Quadrilátero Ferrífero. Para entrar na era que então
criação e negociação de gado, trabalhos de engenho e, se anunciava, deixando para trás o passado monárquico, os
provavelmente, a mineração de ouro nos córregos. O pro- sócios do Clube Republicano do arraial propuseram a mu-
gresso da fazenda atraiu outros moradores e um arraial dança de seu nome para Belo Horizonte. Assim, em 1890,
começou a se formar, tornando-se um dos pontos de con- o arraial do município de Sabará tornou-se Belo Horizonte.
centração dos rebanhos transitados pelo registro das Abó-
boras, vindos do sertão da Bahia e do São Francisco para o A então capital de Minas Gerais, a cidade de Ouro Pre-
abastecimento das zonas auríferas. to, não apresentava alternativas viáveis ao desenvolvimen-
to físico urbano, o que gerou a necessidade da transferên-
Apoiado na pequena lavoura, na criação e comerciali- cia da capital para outra localidade. Com a República e a
zação de gado e na fabricação de farinha, o arraial progre- descentralização federal, as capitais tiveram maior relevo:
diu. A topografia da região favoreceu o estabelecimento de ganhava vigor a ideia de mudança da sede do governo mi-
uma povoação dada à agricultura e à vida pastoril. Os ha- neiro, pois a antiga Ouro Preto era travada pela topografia.
bitantes deram o nome de Curral del Rei, por causa do cer-
cado ou curral ali existente, em que se reunia o gado que Comissão Construtora no campo de obras.O governa-
havia pago as taxas do rei, segundo a tradição corrente. dor Augusto de Lima encaminhou ao Congresso Mineiro a
O arraial contava com umas 30 ou 40 cafuas cobertas questão, que reunido em Barbacena, em sessão de 17 de
de sapé e pindoba, entre as quais foi erguida uma cape- dezembro de 1893, indicou pela lei n. 3, adicional à Consti-
linha situada à margem do córrego Acaba-Mundo (onde tuição Estadual, a disposição de que a mudança da capital
hoje se encontra a catedral), tendo à frente um cruzeiro e ocorresse para local que reunisse as condições ideais.
ao lado um rancho de tropas. Cinco localidades foram sugeridas: Juiz de Fora, Barba-
cena, Paraúna, Várzea do Marçal e Belo Horizonte. A comis-
Algumas poucas fábricas, ainda primitivas, instalaram- são técnica, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis, julgou
se na região, donde se produzia algodão e se fundia ferro e em igualdade de condições Belo Horizonte e Várzea do
bronze. Das pedreiras, extraía-se granito e calcário, e frutas Marçal, decidindo-se ao final pela última localidade. Voltou
e madeiras eram comercializadas para outros locais. Das o Congresso a se pronunciar, e depois de novos e extensi-
trinta ou quarenta famílias inicialmente existentes, a popu- vos debates, institui-se que a capital fosse construída nas
lação saltou para a marca de 18 mil habitantes. terras do arraial de Belo Horizonte.

Em 1750, por ordem da Coroa, foi criado o distrito de Inauguração de Belo Horizonte, em 12 de dezembro
Nossa Senhora da Boa Viagem do Curral, então sede da de 1897.O local escolhido oferecia condições ideais: estava
freguesia do mesmo nome instituída de fato em 1718, por no centro da unidade federativa, a 100 km de Ouro Preto,

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

o que muito facilitava a mudança; acessível por todos os la- Planta geral da cidade de Belo Horizonte (1895).Entre-
dos embora circundado de montanhas; rico em cursos d’água; tanto, Aarão Reis não queria a cidade como um sistema
possuidor de um clima ameno, numa altitude de 800 metros. que se expandiria indefinidamente. Entre a paisagem ur-
 A área destinada à nova capital parecia um grande bana e a natural foi prevista uma zona suburbana de tran-
anfiteatro entre as Serras do Curral e de Contagem, con- sição, mais solta, que articulava os dois setores através de
tando com excelentes condições climatológicas, protegida um bulevar circundante, a Avenida do Contorno, bastante
dos ventos frios e úmidos do sul e dos ventos quentes do flexível e que se integrava perfeitamente na composição
norte, e arejada pelas correntes amenas do oriente que vi- essencial.
nham da serra da Piedade ou das brisas férteis do oeste A concepção do plano fundia as tradições urbanísticas
que vinham do vale do Rio Paraopeba. americanas e europeias do século XIX. O tabuleiro de xa-
Era um grande vale cercado por rochas variadas e do- drez da primeira era corrigido por meio das amplas artérias
bradas, com longa e perturbada história geológica, solos oblíquas, e espaços vazios, uma preocupação constante
rasos, pouco desenvolvidos, de várias cores, às vezes are- com as perspectivas monumentais que provinha do Velho
nosos e argilosos, com idade aproximada de 1 bilhão e 650 Mundo, com marcadas influências de Haussmann.
milhões de anos.
Belo Horizonte surgia como uma tentativa de síntese ur-
Em 1893, o arraial foi elevado à categoria de município bana no final do século XIX. O objetivo de se criar uma das
e capital de Minas Gerais, sob a denominação de Cidade de maiores cidades brasileiras do século XX era atingido. Porém,
Minas. Em 1894, foi desmembrado do município de Sabará. o plano de Belo Horizonte pertencia a sua época, seu conceito
No mesmo ano, os trabalhos de construção foram iniciados estava embasado em fundamentos do século anterior.
pela Comissão Construtora da Nova Capital, chefiada por Aa-
rão Reis, com o prazo de 5 anos para o término dos trabalhos. O projeto da cidade foi inspirado no modelo das mais
Em maio de 1895, Aarão Reis foi substituído pelo enge- modernas cidades do mundo, como Paris e Washington.
nheiro Francisco de Paula Bicalho. Ao 12 de dezembro de Os planos revelavam algumas preocupações básicas, como
1897, em ato público solene, o então presidente de Minas, as condições de higiene e circulação humana. A cidade foi
Crispim Jacques Bias Fortes, inaugurou a nova capital. A dividida em três principais zonas: a área central urbana, a
cidade, que já contava com 10 mil habitantes em sua inau- área suburbana e a área rural.
guração, custou aos cofres estaduais a importância de 36
mil contos de réis. Em 1901, a Cidade de Minas teve seu Praça Sete e Avenida Afonso Pena. A área central ur-
nome modificado para o atual, em virtude da dualidade bana receberia toda a estrutura urbana de transportes,
de nomes, já que o distrito e a comarca se chamavam Belo educação, saneamento e assistência médica, e abrigaria os
Horizonte. edifícios públicos dos funcionários estaduais. Ali também
deveriam se instalar os estabelecimentos comerciais. Seu
O projeto de Aarão Reis limite era a Avenida do Contorno, que à época se chamava
17 de Dezembro.
Projetada pelo engenheiro Aarão Reis entre 1894 e A região suburbana, formada por ruas irregulares, de-
1897, Belo Horizonte foi a primeira cidade brasileira moder- veria ser ocupada mais tarde e não recebeu de imediato a
na planejada. Elementos chaves do seu traçado incluem uma infraestrutura urbana. A área rural seria composta por cin-
malha perpendicular de ruas cortadas por avenidas em dia- co colônias agrícolas com inúmeras chácaras e funcionaria
gonal, quarteirões de dimensões regulares e uma avenida como um cinturão verde, abastecendo a cidade com pro-
em torno de seu perímetro, a Avenida do Contorno. dutos hortigranjeiros.

Trecho do relatório escrito por Aarão Reis, engenheiro- Para a concretização do projeto, o arraial de Curral del
chefe da Comissão Construtora da Nova Capital, sobre a Rei foi completamente destruído, com a transferência de
planta definitiva de Belo Horizonte, aprovada pelo Decreto seus habitantes para outro local. Sem condições de adqui-
nº 817 de 15 de abril de 1895: rir os terrenos valorizados da área central, os antigos mo-
radores foram empurrados para fora da cidade, principal-
Foi organizada, a planta geral da futura cidade dispondo- mente para Venda Nova.
se na parte central, no local do atual arraial, a área urbana, de Acreditava-se que os problemas sociais seriam evita-
8.815.382 m², dividida em quarteirões de 120 m x 120 m pelas dos com a retirada dos operários após a conclusão das
ruas, largas e bem orientadas, que se cruzam em ângulos re- obras, o que na prática não ocorreu. A cidade foi inaugu-
tos, e por algumas avenidas que as cortam em ângulos de 45º. rada às pressas, ainda inacabada. Os operários, em meio
às obras, não foram retirados e, sem lugar para ficar, for-
Às ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessária para maram favelas na periferia da cidade juntamente com os
a conveniente arborização, a livre circulação dos veículos, antigos moradores do Curral del Rei.
o trafego dos carros e trabalhos da colocação e reparações
das canalizações subterrâneas. Às avenidas fixei a largura Comissão Construtora da Nova Capital. A inauguração
de 35 metros, suficiente para dar-lhes a beleza e o conforto da cidade encerrava um período mais do que iniciava ou-
que deverão, de futuro, proporcionar à população (…)’’ tro. Mostrava preocupações com a pesquisa urbanística,

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

arquitetônica e construtiva bastante excepcionais para a Nos anos 1930, Belo Horizonte se consolidava como
sua época. Sem dúvida indicou uma tendência promissora capital, não isenta de críticas e de louvores. Deixava de
para o urbanismo no Brasil. ser uma teoria urbanística para ser uma conquista huma-
As novas construções se opunham ao barroco colonial, na, algo para ser não somente visto, mas para ser vivido
tentando apagar as lembranças do passado. O Brasil in- também. Nesta época o município já contava com 120.000
dependente buscava seu estilo no ecletismo desse tempo. habitantes e passava por problemas de ocupação, gerando
Os primeiros conjuntos urbanos se definiam. A Praça da uma crise de carência de serviços públicos. Necessitava de
Liberdade aparecia como grande paço municipal, com as um novo planejamento para que se recuperasse a cidade
Secretarias de Estado e o Palácio do Governo. moderna.
O Parque Municipal, embora com seu traçado inicial
modificado, se implantava no local previsto. A Praça da Es- Praça Raul Soares em meados da década de 1930.As
tação, a Avenida Santos Dumont, a Rua da Bahia e a Aveni- construções que mais marcaram este período são o Cine
da Afonso Pena faziam parte de diversas imagens de época Brasil, de 1931; o Edifício Chagas Dória, de 1934, do arqui-
que contavam a trajetória da cidade. teto Alfredo Marestrof; o Edifício Ibaté, de 1935, de Ângelo
Murgel; o Edifício Sulacap, de 1941, de Roberto Capello,
A expansão urbana extrapolou em muito o plano ori- com sua interessante articulação com o Viaduto de Santa
ginal. Quando foi iniciada sua construção, os idealizadores Teresa; o Edifício Acaiaca, de 1943, de Luís Pinto Coelho; a
do projeto previram que a cidade alcançaria a marca de Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, de 1935; o Hospital
100 mil habitantes apenas quando completasse 100 anos. da Santa Casa, de 1946, e o Edifício do Banco do Brasil, de
Em 1997, ano do centenário, a cidade possuía mais de 2 1942, ambos de Raffaelo Berti.
milhões de pessoas. Essa falta de visão se repetiu em toda
a história da cidade, que jamais teve um planejamento con- Estas obras representavam um primeiro momento do
sistente que previsse os desafios da grande metrópole que modernismo na cidade. Abandonava-se o ecletismo dos
se tornaria. anos 1920 em função de um racionalismo temperado com
elementos da art-déco, da Bauhaus, ou mesmo elementos
Aos poucos, pequenas fábricas instalaram-se, a energia decorativos de origem indígena, como no Edifício Acaia-
elétrica ampliou-se, as obras foram retomadas, os trans- ca. Contraditoriamente, Ouro Preto, a cidade espontânea,
portes melhoraram e começaram a surgir praças e jardins apresentava contínuos urbanos muito bem definidos, e
que deram uma nova paisagem. O número de empregos Belo Horizonte, a cidade planejada, se articulava através de
cresceu, chegaram novos habitantes, a vida social e cul- seus volumes soltos.
tural começou a se agitar. A indústria ganhou impulso na
década de 1920 e inauguraram-se grandes obras, surgiram No início da década de 1940, a cidade dobrou sua po-
novos bairros sem planejamento e, com eles, sérios proble- pulação, bem mais do que o previsto pela Comissão Cons-
mas urbanos. trutora e passou por uma grande modernização. Consoli-
dava-se a verticalização de sua área central. Esboçavam-se
A expansão planos diretores no sentido de reorganizar a expansão da
cidade. Abriam-se novas avenidas de fundo de vale. Tenta-
Vista parcial do centro de Belo Horizonte no início da va-se cadastrar a cidade. Reconhecia-se a crise habitacional
década de 1930. Em primeiro plano, a avenida Afonso Pe- como grave problema social.
na.A nova capital foi o maior problema do governo do Es-
tado no início do regime: construída após vencer muitos Vista noturna da avenida Afonso Pena em fins da dé-
obstáculos, ela permaneceu em relativa estagnação devido cada de 1950.A década de 1940 trouxe o avanço da indus-
à crise financeira. Ligações ferroviárias com o sertão e o trialização, além da criação do Complexo Arquitetônico da
Rio de Janeiro puseram a cidade em comunicação com o Pampulha, inaugurado em 1943 por encomenda do então
interior e a capital do país. O desenvolvimento foi mínimo prefeito Juscelino Kubitschek.
até 1922. O conjunto da Pampulha reuniu os maiores nomes do
modernismo brasileiro, com projetos de Oscar Niemeyer,
Pelas proclamadas virtudes de seu clima, a cidade tor- pinturas de Portinari, esculturas de Alfredo Ceschiatti e jar-
nou-se atrativa, especialmente para o tratamento da tuber- dins de Roberto Burle Marx. Ao mesmo tempo, o arquiteto
culose: multiplicaram-se os hospitais, pensões e hotéis, mas Sílvio de Vasconcelos também criou muitas construções de
até 1930 exerceu função quase estritamente administrativa. inspiração modernista, notadamente as casas do bairro Ci-
Foi também na década de 1920 que surgiu em Belo dade Jardim, que ajudaram a definir a fisionomia da cidade.
Horizonte a geração de escritores de raro brilho que iria
se destacar no cenário nacional. Carlos Drummond de An- Na década de 1950, a população da cidade dobrou
drade, Ciro dos Anjos, Pedro Nava, Alberto Campos, Emílio novamente, passando de 350 mil para 700 mil habitantes.
Moura, João Alphonsus, Milton Campos, Belmiro Braga e Como resposta ao crescimento desordenado da cidade, o
Abgar Renault se encontravam no Bar do Ponto, na Con- prefeito Américo René Gianetti deu início à elaboração de
feitaria Estrela ou no Trianon para produzir os textos que um Plano Diretor para Belo Horizonte.
revolucionaram a literatura brasileira.

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Na década de 1960, muitas demolições foram feitas, ção foram iniciados pela Comissão Construtora da Nova
transformando o perfil da cidade, que passou, então, a ter Capital, chefiada por Aarão Reis, com o prazo de 5 anos
arranha-céus e asfalto no lugar de árvores. Belo Horizonte para o término das obras.
ganhou ares de metrópole. A conurbação da cidade com Entre os anos de 1894 a 1897, Belo Horizonte foi pro-
municípios vizinhos se ampliou. jetada pelo engenheiro Aarão Reis e foi a primeira cidade
brasileira moderna planejada. Foram feitas avenidas em
Ainda na década de 1960, a cidade atingiu mais de 1 diagonal e quarteirões de dimensões regulares. Entre a pai-
milhão de habitantes. Nessa época, os espaços vazios do sagem urbana e a natural foi prevista uma área de transição
município praticamente se esgotaram, e o crescimento po- que articulava os dois setores.
pulacional passou a se concentrar nos municípios conur- Belo Horizonte surgia como uma tentativa de síntese
bados a Belo Horizonte, como Sabará, Contagem, Betim, urbana no final do século XIX. O objetivo de se criar uma
Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Na tentativa de resolver das maiores cidades brasileiras do século XX foi atingido. O
os problemas causados pelo crescimento desordenado, foi projeto da cidade foi inspirado no modelo das mais moder-
instituída a Região Metropolitana de Belo Horizonte e foi nas cidades do mundo, como Paris e Washington. A cidade
criado o Plambel, que desencadeou diversas ações visando foi dividida em três áreas: central urbana, suburbana e rural.
a conter o caos metropolitano. A área central urbana recebeu uma estrutura de trans-
portes, educação, saneamento e assistência médica, bem
Fonte: https://www.achetudoeregiao.com.br/mg/belo_ como edifícios públicos dos funcionários estaduais e esta-
horizonte/historia.htm belecimentos comerciais. A Avenida 17 de Dezembro, atual
Avenida do Contorno, era o limite dessa área. A região su-
burbana, formada por ruas não regulares, não recebeu, a
1.3. O PROJETO DA CIDADE DE BELO HORI- princípio, infraestrutura urbana. A área rural era composta
ZONTE: VOCAÇÃO POLÍTICA, EXCLUSÃO SOCIAL por cinco colônias agrícolas com várias chácaras abaste-
E POSITIVISMO REPUBLICANO; 1.4. OS GRUPOS cendo a cidade com produtos hortigranjeiros.
SOCIAIS E OS CONFLITOS POLÍTICOS NA FUNDA- Em maio de 1895, o engenheiro Francisco de Paula Bi-
ÇÃO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE. calho assumiu as obras. Em 12 de dezembro de 1897, o
presidente de Minas Gerais, Crispim Jacques Bias Fortes,
inaugurou a nova capital, que já possuía 10 mil habitantes.
“Que Belo Horizonte!”. Foi assim que, do alto da Praça A Praça da Liberdade, o Palácio do Governo e as Secre-
do Papa, o Papa João Paulo II definiu a vista da capital mi- tarias de Estado foram os primeiros locais a serem construí-
neira. Capital encomendada em 1893, Belo Horizonte saiu dos. Além deles, o Parque Municipal, a Praça da Estação, a
do papel para ser a capital política e administrativa de Mi- Avenida Santos Dumont, a Rua da Bahia e a Avenida Afon-
nas Gerais, nunca deixando de lado a forma acolhedora de so Pena foram projetados para dar mais conforto e mobi-
receber bem moradores e turistas. lidade para os moradores da época. Essas construções são
reconhecidas até hoje e entraram para a história da cidade.
O começo de tudo A década de 40 foi uma época de mudanças. O avan-
ço da industrialização trouxe muitas inovações para a ci-
Na época da Inconfidência era esperada para o Esta- dade. O Complexo Arquitetônico da Pampulha, projetado
do uma nova e moderna capital, que até então era Vila por Oscar Niemeyer, por encomenda do então governador
Rica, atual Ouro Preto. Em 17 de dezembro de 1893, o Juscelino Kubitschek, foi inaugurado nessa época. Além
governador Augusto de Lima determinou ao Congresso disso, projetos de Portinari, Alfredo Ceschiatti e os famosos
Mineiro que a mudança da capital deveria acontecer para jardins de Roberto Burle Marx também foram obras impor-
um local que reunisse melhores condições de localiza- tantes da época. Com um milhão de habitantes nos anos
ção e infraestrutura. Foram sugeridas então cinco locali- 60, uma nova capital com arranha-céus e asfalto estava no
dades: Juiz de Fora, Barbacena, Paraúna, Várzea do Mar- lugar do verde das paisagens naturais. Assim se formou a
çal e Arraial do Curral D´El Rey (atual Belo Horizonte). O nova Belo Horizonte, uma nova metrópole.
Congresso Mineiro se pronunciou e decidiu que a capital
fosse construída nas terras do arraial de Belo Horizonte. A história recente
O arraial oferecia ótimas condições: estava no centro
da unidade federativa, a 100 km de Ouro Preto, o que A história recente da capital mineira é um encontro
muito facilitava a mudança. Era acessível por todos os la- de mudanças e valorização. Nos anos 90, espaços públi-
dos e com um bom clima, numa altitude de 800 metros. A cos como a Praça da Liberdade, a Praça da Assembleia e o
área destinada à nova capital se localizava entre as Serras Parque Municipal foram recuperados para o melhor apro-
do Curral e de Contagem, Serra da Piedade e Vale do Rio veitamento da população.
Paraopeba. Belo Horizonte apresenta-se, em pleno século XXI,
Em 1893, o arraial foi elevado à categoria de muni- como uma cidade da Economia Criativa, com destaque
cípio e capital de Minas Gerais, sob a denominação de para o comércio, prestação de serviços, assim como para
Cidade de Minas. Em 1894, foi desmembrado do municí- os seus polos econômicos: moda, gastronomia, TI, dentre
pio de Sabará. No mesmo ano, os trabalhos de constru- outros. Além disso, a capital passou a ser um espaço dis-

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

putado para o turismo de eventos, realizando congressos, Novamente o governo do estado atuou, objetivan-
convenções, feiras e exposições. Alguns setores também do impulsionar o desenvolvimento e consolidar Belo Ho-
cresceram, como hotéis, bares e restaurantes. rizonte como o principal pólo do estado, assinando o De-
Desde o ano 2000, a capital destaca-se nos âmbitos creto n° 770, de 20 de Março de 1941, que criou a Cidade
nacional e internacional, com a realização de eventos cultu- Industrial, no município de Ferrugem, município de Con-
rais, reconhecidos nacional e internacionalmente. Eventos tagem. Embora tenha demorado a se consolidar, a Cidade
tradicionais como o Festival Internacional de Teatro – FIQ, Industrial representou um marco fundamental do processo
Festival Internacional de Quadrinhos – FIQ e Festival de de industrialização de Belo Horizonte e, Contagem fica lo-
Arte Negra – FAN são alguns dos exemplos de atividades calizada na área metropolitana da capital.
que compõem o calendário cultural de Belo Horizonte, que Posteriormente veio o governo de Juscelino Kubits-
possui eventos das mais diversas áreas, inclusive já tendo check, que em 1952 criou a CEMIG. O governo de Getúlio
sido sede da Copa do Mundo FIFA 2014. Vargas também teve importância para os belo-horizonti-
nos ao lançar a pedra fundamental da Companhia Side-
Fonte: http://www.belohorizonte.mg.gov.br/bh-pri- rúrgica Mannesman, no bairro chamado “Barro Preto”, que
meira-vista/arquitetura/belo-horizonte-perfeita-jun- começaria a produzir tubos sem costura em 1956. A déca-
cao-do-espaco-urbano-e-da-cidade-jardim-em da de 50 é até hoje considerada a década de ouro para a
industrialização da capital e do estado. Nos anos seguintes,
o capital estrangeiro investiu em peso no estado, fechando
UNIDADE II muitas indústrias e empresas comerciais de pequeno e mé-
2. BELO HORIZONTE EM TRANSIÇÃO À MO- dio porte, mas gerando recursos e empregos fundamentais
DERNIDADE 1930-1980: 2.1. AS FASES DO DESEN- ao crescimento sustentado da cidade.
VOLVIMENTO ECONÔMICO DE BELO HORIZONTE; Uma nova transformação ocorre nos anos 70, com
a chegada de grandes empresas multinacionais de bens de
capital e com a instalação da fábrica italiana de automóveis
A Cidade de Minas, futura Belo Horizonte, nasceu nos FIAT, no município de Betim, na “Grande Belo Horizonte”
primeiros anos do regime republicano, quando setores da a primeira montadora a se implantar no país, fora do eixo
elite agro-exportadora assumiram o poder político. Em Mi- Rio-São Paulo. 
nas, grupos emergentes ligados à cafeicultura da Zona da
Mata e Sul de Minas, assumiram a bandeira da mudança da As décadas de 80 e 90 foram marcadas por longos
capital, contra os interesses consolidados na região mine- períodos de estagnação econômica e recessão, a popula-
radora, em processo de estagnação e decadência econô- ção passa a exigir cada vez mais uma maior qualidade de
mica. A escolha do Arraial do Curral Del Rei foi uma solução vida e projetos que não destruam o meio-ambiente. É nes-
de compromisso entre os dois grupos da elite mineira. te contexto, que a centenária Belo Horizonte passa a se
Os representantes da região mineradora não queriam constituir hoje, num dos mais importantes polos industriais
a mudança, enquanto as novas forças políticas pugnavam pela do país, com empresas de ponta nas áreas de confecção,
transferência para a Várzea do Marçal, na Zona da Mata. Os sulinos calçados, informática, alimentação, aparelhos elétricos e
ameaçavam até mesmo com o separatismo. O impasse foi resolvi- eletrônicos, perfumaria e do turismo, com empresas de re-
do com a escolha do Curral Del Rei, pelo Presidente Afonso Pena.  nome nacional, estruturas produtivas leves, ampla terceiri-
Belo Horizonte, cidade planejada e construída pelas zação de atividades e grandes investimentos em marketing
elites do Estado para ser a capital política e administrativa, e publicidade.
foi concebida sob a égide da ideologia republicana. Seu A vida noturna da cidade é de alta qualidade, dis-
planejamento, fortemente influenciado pelas ideias posi- pondo de modernos sistemas de iluminação pública, te-
tivistas, dentro do paradigma de modernidade da época, lefonia e telecomunicações, se transformando no terceiro
buscava controlar, através da concepção urbanística, as mais importante centro urbano do país, após São Paulo e
instâncias política e privada da população. Rio de Janeiro, apesar de possuir somente pouco mais de
Logo após a instalação e a mudança para a nova ca- 100 anos de sua fundação.
pital, começaram a surgir as primeiras indústrias, mas logo
veio o problema energético e a Primeira Guerra Mundial, Fonte: http://www.portalbrasil.net/brasil_cidades_
causando crise e recessão. Mas a partir da década de 20 a bh.htm
cidade experimentou grande crescimento e progresso.  
Entretanto, a zona industrial no bairro do Barro
Preto, dentro da área urbana da cidade, não comportava 2.2. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E AS
a instalação de indústrias pesadas, devido às limitações QUESTÕES SOCIAIS, URBANA E AMBIENTAL;
de espaço e a proximidade com o centro. A instalação da
Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ),
foi uma grande frustração para os mineiros, cada vez mais A tendência de concentração demográfica verificada
conscientes da necessidade de garantir para Minas Gerais no decorrer do século XX acentuou no país, a primazia das
os benefícios da indústria extrativa, para qual o estado foi áreas urbanas sob as rurais. A partir da segunda metade do
historicamente vocacionado.  referido século, a taxa de crescimento da população brasi-

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

leira foi na ordem de “2,39% contra 2,23%”1 dos primeiros No processo de industrialização que ganha impulso
cinquenta anos, sendo São Paulo e Minas Gerais os esta- nesse mesmo período a iniciativa privada é privilegiada e o
dos que atraíram o maior números de vagas em virtude da Estado assumiu o papel de fornecedor das infraestruturas.
significativa expansão do parque industrial do sudeste e A indústria automobilística é escolhida como o agen-
da estagnação econômica do nordeste. É nesse estágio da te catalisador do desenvolvimento industrial que por suas
nossa formação econômica e social que se localiza a for- características de integração da produção esta favoreceu
mação do exército de reserva de mão-de-obra à disposição a criação de polos industriais e a concentração espacial da
da indústria em desenvolvimento e, num crescimento con- população e dos serviços. O crescimento populacional, li-
tínuo, os contingentes humanos, vindos do campo, expul- gado ao crescimento da indústria no país, explica a forma-
sos pela persistente concentração da propriedade territo- ção dos municípios de Betim e Contagem formando um
rial, aumentam os aglomerados urbanos criando pressões eixo industrial.  Institui-se por esses processos de ocupa-
sobre a infraestrutura de serviços e equipamentos públicos ção, em 1973 a Região Metropolitana de Belo Horizonte
das cidades. (RMBH).
  Com a criação da RMBH, surge o DEMAE (Departa-
“A rápida urbanização, por si só, exerce enorme pressão mento Municipal de Água e Esgoto), autarquia municipal
nas cidades; que precisam utilizar recursos limitados para subordinada ao COMAG (Companhia Mineira de Água e
facilitar ou atender à elevada demanda por água, sanea- Esgoto), responsável pelo saneamento em BH e na RMBH.
mento, eletricidade, educação primária e saúde, moradia e Em 1974, por força da lei 6.475 de 11 de novembro, o DE-
transporte. Com o rápido crescimento das cidades, também MAE passa a se chamar COPASA (Companhia de Sanea-
surgiu o modelo de pobreza tipicamente urbano: danos à mento de Minas Gerais), como exigência para a adesão do
saúde causados pela poluição do ar e por água contami- Estado de Minas Gerais ao PLANASA (Plano Nacional de
nada; multidões, congestionamentos no trânsito; violência Saneamento) que figura como estratégia macroeconômi-
induzida pela pobreza; desigualdade; e outros similares” ca dos militares para o desenvolvimento industrial do país.
(SINGER, 1978, p. 14). Esse plano – baseado na política desenvolvimentista do
  governo militar – amplia os recursos federais voltados para
A urbanização acelerada e desordenada em BH – con- o abastecimento de água, esgotamento e grandes projetos
solidada na segunda metade do século XX – denota seu viários e de moradia, voltados principalmente para benefi-
processo de metropolização que ocorreu predominante cio da classe média urbana.
para oeste norte. Esse fato fora condicionado por duas  
iniciativas (uma dos agentes privados e outra dos agentes “Na área de saneamento, a década de 70 caracteriza-se,
públicos) facilitadoras à expansão dos loteamentos: preços sobretudo pela prioridade à expansão dos serviços. Cumprir
mais acessíveis da terra nas regiões citadas para a classe as metas pelo PLANASA significa, principalmente, afirmar o
média e baixa e o total descontrole da administração muni- projeto de regime burocrático-autoritário, que busca, por um
cipal sobre as regras de uso e parcelamento do solo. lado, sua legitimação junto à população, através da política
Paralelamente, a expansão dos loteamentos e a ocu- de desenvolvimento social, e, por outro, o reforço e capitaliza-
pação nas regiões norte e oeste, o centro da capital, no ção das empresas de construção pesada” (Idem, 1997. p. 223).
mesmo período, passa por um processo de verticalização.  
Os bairros ao sul da capital deixam de ser uma área tipica- Os anos 70 foram caracterizados por uma estratégia
mente residencial e agrega a função de centro comercial e de desenvolvimento baseado na implantação de grandes
de lazer. A zona sul, ocupada, historicamente, pela classe projetos de infraestrutura ou de exploração de recursos na-
alta amplia-se com a verticalização, concentrando serviços turais.  Ao lado das multinacionais, o Estado mostra-se o
destinados a essa classe. Os bairros mais antigos de BH não único parceiro nacional que dispõe de capacidade econô-
comportam as pressões populacionais e tornam-se estag- mica para a implantação desses projetos.  Nesse período a
nados. A nova classe média, oriunda do “milagre econô- urbanização intensiva acentuou o crescimento das regiões
mico” da década de 70 cria uma demanda cada vez maior metropolitanas em todas as capitais do país, mas principal-
para o mercado imobiliário, exigindo loteamentos com mente em BH, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Nessas ca-
infraestrutura básica de serviços. As terras urbanas, nessa pitais os recursos naturais se tornaram bens escassos, sejam
década, multiplicam seu valor e a especulação imobiliária em quantidade ou em qualidade, e, portanto, mais “caros”.
transforma os loteamentos em reservas de valor. Nessa ocasião e nesse contexto que foram concebidos
  alguns projetos de saneamento de BH. Esses se desenvol-
“Inclui-se nesse processo, como modelo pioneiro, o lo- veram a sombra das políticas de transporte e expansão da
teamento do bairro Cidade Nova, seguido de vários outros, malha viária prevista no PLAMBEL (Plano Metropolitano
em áreas antes ocupadas por assentamentos populares, ou de Belo Horizonte). A canalização e esgotamento do Ri-
mesmo em novas fronteiras de ocupação (bairro Havaí no beirão Arrudas (principal curso d’água que corta a cidade),
Salgado Filho, bairro do Tesouro em Venda Nova, bairro Ál- por exemplo, fora concebido como obra de infraestrutura
varo Camargos no Glória, novos loteamentos nas limítro- básica para criação da via expressa leste-oeste, considera-
fes da Pampulha, dentre outros)” (Fundação João Pinheiro, da necessária, por se tratar do principal acesso viário para
1997. p. 218) os municípios de Betim e Contagem importante parques
  industriais.

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

As políticas de abastecimento de água e saneamento, Em 1975 foi apresentado pela Fundação João Pinheiro
nas décadas que se seguiram a de 70, mantiveram-se em o “Plano Metropolitano de Águas Pluviais e Proteção con-
um patamar restrito de debates. O desenvolvimentismo tra cheias RMBH”, o objetivo deste consistia no “levanta-
tecno-burocrático e autoritário dos governos militares res- mento de dados, análise e proposições para concepção do
tringiu o debate sobre a questão da gestão dos recursos sistema drenagem e controle de cheias e de recomendações
hídricos nos centros urbanos. Os governos dos militares to- gerais para execução de trabalhos futuros”. Posteriormente
leravam ou em alguns momentos até incitava a sociedade o PLANURBS (Plano de Urbanização e Saneamento de Belo
civil (dentro de certo limite) a discutir as questões ambien- Horizonte) elaborado pela Superintendência de Desenvol-
tais e de saneamento, como um meio de desviar a atenção vimento da Capital (SUDECAP) em 1979, tornou-se o mais
da opinião pública dos problemas econômicos e políticos significativo em termos de impacto ambiental. O PLANURBS,
provenientes do fim do “milagre brasileiro”. pautado na metodologia racionalista e higienista propôs:
As questões ligadas ao saneamento e a proteção do  
meio ambiente foram tratadas como questões técnicas. “A retificação e canalização de todos os cursos d’ água
Sustentavam a tese de que a proteção do meio ambiente do Município, associando as necessidades de implantação de
seria um objetivo secundário, não prioritário e em conflito interceptores de esgotos com empreendimentos viários estru-
com o objetivo central e imediato do crescimento econô- turantes (avenidas sanitárias) a serem implementadas pelas
mico. No caso de BH, o breve histórico apresentado sobre a municipalidades. Ate os dias atuais um número próximo de
questão da ocupação e metropolização da capital operada 200 km de cursos d’água foram submetidos a essa concepção
na década de 70 denota essa situação. técnica de canalização, associada à urbanização dos respec-
As políticas públicas apresentadas para a solução de tivos fundos de vale que, quase sem exceção, receberam via
questões estratégicas, no conjunto da saúde pública, tais de tráfego do tipo avenida sanitária”. (CHAMPS, 2003, p. 5).
como o esgotamento e a drenagem das águas pluviais  
evitando as enchentes, sempre buscaram soluções locais À execução das políticas de drenagem urbana em BH
e setoriais, que responderam de maneira ineficiente as ne- acumulou vários problemas durante as décadas seguintes a
cessidades da população, conduzindo a uma crescente de- de 70. A industrialização acelerada e a ocupação desorde-
gradação urbana e ambiental na RMBH. nada causaram impactos ambientais gravíssimos geraram
“Sem dúvida o crescimento demográfico e a explosão desequilíbrios na vazão das águas pluviais e uma degra-
dos grandes centros urbanos dos anos 60, 70 e 80 potenciali- dação dos cursos d’ água no perímetro urbano da capital,
zaram os problemas, que foram agravados pelo descaso que resultando em enchentes na área central, provocadas pelo
a área social teve no regime militar. A política financeira ha- aumento da vazão das águas pluviais no Ribeirão Arrudas
bitacional dos anos 70, que subsidiou fortemente os usuários e pelos córregos do Acaba-mundo e do Leitão. Obras para
do sistema (e as construtoras), foi praticamente orientada conter a vazão na jusante desses córregos revelaram-se
para a classe média”. (SORJ, 2000, p.21). ineficientes e dispendiosas para o erário público. A bar-
  ragem construída para conter a vazão do Acaba-mundo
A urbanização em BH nas últimas décadas trouxe con- rompeu-se 48 horas após sua inauguração em março de
sigo, todos os problemas do modelo de desenvolvimento 1975. A barragem Santa Lúcia, concebida para drenar as
oriundo da industrialização: Aumento da impermeabiliza- águas do córrego do Leitão é assoreada em 2 anos e é uti-
ção do solo, aumento do carreamento de resíduos sóli- lizada como receptáculo do esgoto oriundo da ocupação
dos, deterioração das águas superficiais e subterrâneas via no montante da represa.
esgotamentos irregulares. Somam-se a esse quadro seus Em 1979 a canalização do Ribeirão Arrudas demonstra
resultados: Acúmulo do lixo, frequentes enchentes e po- como a política de drenagem da prefeitura “(...) desenvol-
luição dos rios e do lençol freático. As respostas dadas a vida com base no princípio hoje superado de que a melhor
esses problemas, pelas administrações municipais de BH, drenagem é a que retira a água excedente o mais rápido
em geral, estiveram historicamente ligadas às concepções possível do seu local de origem” (MAGNA ENGENHARIA.
higienístas do século XIX. Análise Integrada do sistema de Drenagem, 2001, p.13) era
As tendências racionalistas, operadas pela planta insuficiente para o controle das enchentes no centro da ca-
urbana original de BH influíram durante décadas nas pital. Em janeiro de 1979 uma enchente tomou proporções
políticas de saneamento e drenagem. Em parte, essa catastróficas no centro de BH.
política fora facilitada pela ideologia desenvolvimen-  
tista do Estado brasileiro. A canalização dos córregos “As águas do Arrudas chegaram na avenida Santos Du-
e rios transformando-os em receptores dos esgotos mont. Eu me lembro que estava no centro de BH, poucas
domésticos e industriais são medidas que ocuparam e horas antes do inicio da chuva. Havia tomado o ônibus e
ocupam a agendas públicas dedicadas a gestão dos re- passado próximo ao rio para ir em direção a meu bairro.
cursos hídricos. BH adotou políticas públicas que coa- Lembro-me que as águas já estavam agitadas. Quando che-
dunam com essas inferências. Os antecedentes rela- guei em casa à chuva estava forte. Liguei a televisão e vi
cionados à política de drenagem urbana, apresentados aquela tragédia. A imprensa convocava os bombeiros que
nas décadas de 70, 80 e 90 determinam uma solução estavam de folga naquele dia. A filha de um colega de tra-
ortodoxa para o problema das enchentes no município balho do meu marido foi levada pelas correntes da enchente
e em sua RMBH. próximo a ponte do perrela” .

7
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

A visão particularista para a solução da questão das influência extraordinária por meio dos Planos Diretores de
enchentes em um determinado ponto da bacia desconsi- Drenagem Urbana, apoiado legalmente, no Estatuto das
derava até então os impactos no conjunto da jusante do Cidades. Assim é elaborado um plano de ação para equacio-
Ribeirão Arrudas. nar os problemas hídricos de BH, surge então como propos-
  ta o DRENURBS (programa de Recuperação Ambiental e Sa-
“Na microdrenagem os projetos aumentam a vazão e neamento de Fundos de Vale dos Córregos em Leito Natural).
esgotam todo seu volume para jusante. Na microdrenagem  
a tendência é a canalização dos trechos críticos. Este tipo Estabeleceu-se claramente, por meio desse plano, a re-
de solução segue a visão particular de um trecho da bacia, levância que o meio ambiente tem assumido para definir
sem que as consequências sejam previstas para o restante as políticas públicas para as cidades, bem como no me-
da mesma ou dentro de diferentes horizontes de ocupação lhoramento dos níveis de bem estar das comunidades. De-
urbana. A canalização dos pontos críticos acaba apenas nota, também, uma reorientação da consciência ambien-
transferindo a inundação de um lugar para outro”. (MAGNA tal, superando a noção minimalista de preservação única
ENGENHARIA. Análise Integrada do Sistema de Drenagem, e exclusiva dos recursos ambientais e assenta-se na bem
2001a, pp. 15-16). articulada tríade da saúde – meio ambiente – cidadania. A
  necessidade de fazer com que o desenvolvimento econô-
Tais estratégias de drenagem urbana estão, intima- mico seja sustentado requer uma sólida base ambiental,
mente, ligadas a concepção higienista do século XIX, que sobre a qual possa prever as futuras condições de vida.
avaliava como a melhor medida para a questão da drena- As administrações municipais de BH têm se deparado
gem a evacuação mais rápida e eficiente das águas pluviais com problemas de extrema gravidade com relação a sua
do perímetro urbano: política ambiental, que versa necessariamente, sobre sua
  política de drenagem urbana, adotada nas últimas décadas
“A política de controle das inundações, prevalecente no e a avaliação do impacto ambiental por elas causadas no
município até fins do século XX, foi a evacuação rápida das escoamento das águas pluviais. Existe atualmente na ca-
águas, através do aumento da velocidade dos escoamentos, pital de Minas Gerais, um nível prioritário de redução dos
obtidos através da retificação e revestimentos dos leitos na- impactos negativos da urbanização que obrigam, antes de
turais dos cursos d’água.” (CHAMPS, 2003, p. 3). qualquer coisa, a destinação de recursos e esforços técni-
  cos e organizativos para sua equação. Trata-se, pois, dos
Durante a década de 90 novas tendências e temas – que problemas herdados da industrialização tardia e pelo cres-
até então estiveram no debate marginal acerca do desen- cimento desordenado, cuja solução demonstra-se imediata
volvimento urbano – começam a influenciar as abordagens para evitar a destruição irreversível de todos os cursos d’
e teorias para as políticas públicas de saneamento e dre- água em leito natural ainda existente na capital.
nagem urbana. Essas novas orientações para as políticas de Cabe destacar, como uma preocupação específica,
desenvolvimento urbano encontraram na mobilização da no atual contexto ambiental de BH o manejo, disposição e
sociedade civil e no mote do desenvolvimento sustentável tratamento dos resíduos sólidos, aspecto no qual influi di-
seu marco inicial. Os debates estabelecidos acerca desses retamente na capacidade de vazão das águas pluviais nos
temas obedecem a uma nova orientação: desenvolvimento aglomerados urbanos. Pode-se concluir com convicção que
socioeconômico imbricado à proteção do meio ambiente. este é um problema não resolvido e concomitante a maior
Inaugurou-se uma nova fase, onde se manifesta uma inédi- “chagas” de que padece as cidades: a pobreza. A miséria ab-
ta consciência pública no tratamento da problemática am- soluta retrata a moderna degradação dos centros urbanos.
biental: meio ambiente saudável enquanto suporte de vida,  
e não apenas fonte de recursos econômicos. “Embora a pobreza, no início dos anos 70, ainda fosse
Em BH, onde partes significativas dos cursos d’água predominantemente rural, a virada do século testemunha as
estão degradados, retificados e canalizados faz com que a cidades como principal ponto de pobreza da América Latina
tarefa prioritária seja, precisamente, a recuperação desses e no Leste Europeu, sendo que o Leste Asiático fará essa tran-
meios danificados, antes que se produzam processos irre- sição num futuro distante”. (SINGER, 1978a,  p. 14).
versíveis. Nessa abordagem, critérios ecológicos são utili-  
zados para a definição e a delimitação das áreas industriais Os assentamentos humanos precários (favelas, vilas e
e para a localização das atividades poluidoras nas princi- periferias) produzidos de tragédias sociais maiores, como
pais regiões metropolitanas. As leis metropolitanas de zo- a migração interna para as cidades, causadas, por sua vez,
neamento industrial e de proteção de mananciais, os pla- na nossa história recente, pelo desenvolvimento desigual,
nos de loteamento e uso do solo para a proteção de bacias pelas secas ou pela atração em termos de oportunidade
hidrográficas e a mobilização das comunidades na defesa caracteriza-se unicamente por suas péssimas condições
do seu patrimônio ambiental (rios, córregos, matas, dentre ambientais e sanitárias. Os pobres são os usuários perma-
outros) são exemplos representativos dessas estratégias. nentes de um meio ambiente degradado o que significa
Nesse sentido, tanto a proteção e valorização ambien- para eles água e esgoto insuficientes, doenças, calor ou
tal, face à crescente urbanização, como o manejo racional frio excessivo, ausência de coleta de lixo, postos de saúde
dos recursos hídricos , assim como a potencialização de e escolas além de delinquência, prostituição, desnutrição,
novas ofertas e possibilidades ambientais adquirem uma desemprego, dentre outros.

8
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Nesse quadro caótico dos cinturões de miséria a de- “Obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitan-
gradação dos cursos d’ água desempenha um papel nada tes, o Plano Diretor passa a ser exigido também para as ci-
secundário. A pobreza deixa de ser um conceito meramen- dades integrantes das áreas especiais de interesse turístico
te socioeconômico para mostrar sua face real e concreta: e para aquelas influenciadas por empreendimentos ou ati-
as favelas, as vilas e periferias que se concentram ao longo vidades com significativo impacto ambiental”. (MIRANDA,
dos cursos d’ água em ocupações irregulares e insalubres 2001, p. 11).
pela falta de uma infraestrutura básica de equipamentos de  
saneamento público.  Um dos exemplos clássico de BH são No caso de BH, o antecedente histórico a enquadra em
as comunidades dos bairros que se edificaram ao longo dois parâmetros para consecução de seu plano diretor. O
da calha do Ribeirão do Onça (bairro Ribeiro de Abreu) e primeiro e, mais óbvio, é com relação a sua população. A
as comunidades do aglomerado Santa Lúcia, no montante explosão demográfica a partir da década de 70, que reflete
da barragem que recebe o mesmo nome na região sul e se mais três milhões de habitantes em BH e RMBH, criou pres-
estruturou na bacia do Córrego do Leitão, essas figuram sões significativas sobre a infraestrutura de serviços públi-
como áreas de alta criticidade social e ambiental. cos. O segundo versa sobre o impacto ambiental causado
Outra questão fundamental tanto no aspecto social, pela atividade industrial. A exploração predatória de minério
quanto no ambiental, compreende todo o campo de ava- de ferro, por décadas, perpetrado pelo MBR na encosta da
liações dos impactos da exclusão dos cursos d’ água do Serra do Curral é uma experiência significativa em termos
cenário urbano de BH e a má utilização desses recursos de impacto negativo sobre o meio ambiente urbano. Não
enquanto receptores de esgoto doméstico e industrial. Tra- podemos ignorar também a construção de uma série de
ta-se nesse aspecto, considerar, sobretudo, que o cenário plantas industriais concebidas sem o efetivo estudo sobre o
ambiental da capital do século XXI é um subproduto da destino de seus resíduos. O córrego do Cachoeirinha (locali-
debilidade dos projetos passados de gestão dos recursos zado na região nordeste da cidade) foi e é um exemplo claro
hídricos do município. da utilização de córregos e rios como receptáculo do esgoto
O caráter, essencialmente, estrutural dos projetos de industrial. A fábrica de tecidos que opera nas suas margens,
drenagem urbana, desconsiderou seu impacto global sobre lançou e lança em suas águas, toneladas de produtos quími-
o meio ambiente, buscando equacionar de maneira ime- cos utilizados em sua produção. O uso desregrado do solo,
diata os problemas relacionados às inundações, sem uma sem uma racionalização de seu parcelamento e ocupação,
prevenção sobre as degradações futuras. A incompreensão também figura como potente catalisador da degradação das
básica a respeito do emprego de políticas de drenagem, águas no plano urbano de BH.
como a canalização e retificação dos cursos d’ água no pe- Reflete-se nesse quadro ambiental caótico, todos os
rímetro urbano da capital e seu impacto ambiental resulta problemas de saúde pública da cidade, denotando, fiel-
tanto em perdas ambientais como econômicas em virtude mente, como a degradação do meio ambiente resulta em
das enchentes. Entretanto, a relevância econômica nos pro- condições sociais perversas, principalmente para os pobres.
jetos de industrialização e urbanização tem sido conside- Portanto a análise dos elementos que viabilizam a degra-
rada primordial em detrimento dos seus impactos ambien- dação das águas, como prevê o Programa DRENURBS, jus-
tais. Em países em desenvolvimento, como no nosso caso, tifica-se em termos da sua contribuição para a introdução
raramente se considera que um projeto de urbanização re- de uma nova teoria e práxis na gestão das águas no plano
gional e local seja concebido sem o ponto de vista de seu urbano de BH e RMBH.
impacto sobre o conjunto da economia, ficando marginali-
zada a discussão acerca do seu impacto ambiental. Fonte: http://revistaea.org/pf.php?idartigo=709
O caminho encontrado para solucionar essa questão
foi conduzir a uma mudança fundamental nas políticas de
urbanização de maneira a responder satisfatoriamente as 2.3. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA, SOCIAL E
comunidades atingidas diretamente pelas inundações, mas ECONÔMICA DA NOVA CIDADE.
buscando solidificar uma política ambiental capaz de criar
uma consciência pública de preservação do conjunto de
recursos naturais da cidade. Palavras como gestão demo- Nos anos que seguem à sua fundação, Belo Horizonte tor-
crática, mobilização, impacto ambiental, cidadania, saú- na-se um importante núcleo ferroviário e, principalmente, um
de, dentre outras, ocupam as teorias e debates sobre as centro burocrático-administrativo. A população, nesses primeiros
políticas de drenagem, esgotamento e abastecimento na anos de existência, crescia lentamente, especialmente se se con-
cidade. A possibilidade de fazer políticas ambientais, que sidera o crescimento das outras capitais provinciais. Isso era re-
contemplem, tanto o desenvolvimento econômico, como forçado pelo pequeno parque industrial, cuja importância real no
a preservação do meio, consolidando uma base ambien- município era quase insignificante. Assim, a cidade tinha um cres-
tal para gerações futuras (fundamentalmente, no caso do cimento lento, aglomerando uma pequena classe média, compos-
DRENURBS, recuperando e conservando os rios e córregos ta, principalmente, de funcionários públicos (Moraes,1998, p. 63).
de BH que ainda se encontram em leito natural) são o foco Belo Horizonte só passa a perceber um crescimento mais in-
de concepção viabilizado pelos Planos Diretores. tenso durante as décadas de 1930-1940, quando se instala em
  suas imediações um parque industrial dinâmico (Cidade Indus-
trial). A partir desse período, o núcleo urbano começa a receber

9
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

sucessivas levas de imigrantes, que aceleram o crescimento popu- Um outro dado relevante é o desequilíbrio da composição
lacional e modificam substancialmente sua estrutura demográfi- demográfica por sexo (vide Tabela 3). Isso se deve, basicamente, à
ca e espacial. Por receber uma grande quantidade de imigrantes, maior imigração feminina, bastante comum em todas as cidades de
normalmente em idade de trabalho, a estrutura etária da popula- grande porte da América Latina. Analisando a razão de sexos por
ção era basicamente jovem. regional, observa-se que a Regional Centro-Sul é a que apresenta,
Tal processo se estende até os anos 70, quando algumas em ambos os períodos analisados, a razão mais baixa, e a Regional
mudanças demográficas se tornam mais visíveis, especialmente Barreiro, a mais alta. Entre 1991 e 1996, constata-se que a razão de
as relacionadas à queda da fecundidade e à diminuição das ta- sexos aumentou (maior proporção de homens residindo) nas Re-
xas migratórias para a cidade, o que tem como consequência a gionais Centro-Sul, Oeste e Venda Nova, havendo uma diminuição
diminuição das taxas de crescimento e o início de um processo nas demais, e, no município todo, a razão de sexo permaneceu
de envelhecimento populacional. praticamente a mesma, havendo um pequeno decréscimo.
Assim, entre 1970 e 1980, o município cresceu a uma taxa de A maior proporção de mulheres residentes, aliada a uma
3,73% ao ano; entre 1980 e 1991, a uma taxa de 1,20% ao ano; expectativa de vida maior que a masculina, caracterizam, num
e, finalmente, entre 1991 e 1996, a uma taxa de 0,7% ao ano, futuro próximo, que a população idosa de Belo Horizonte, princi-
alcançando, em 1996, uma população de, aproximadamente, palmente nas idades mais avançadas, será basicamente feminina.
2.091.770 habitantes.
Como resultado desse processo, o padrão de formação e O ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO
localização dos domicílios parece modificar-se. O número de
domicílios na área central de Belo Horizonte tem caído siste- Ao se analisar o envelhecimento populacional, o primeiro fato
maticamente. Além disso, a proporção de pessoas que moram que deve ser considerado é a definição de “idoso”. Normalmente,
sozinhas, de domicílios não-familiares e de domicílios com tal definição possui um grande componente subjetivo e é influen-
apenas um casal está também aumentando. Ao mesmo tempo, ciada por vários fatores que abarcam, além do critério cronológi-
novas características físicas do domicílio parecem surgir, como, co, o envelhecimento biológico, psicológico e social. Em geral, são
por exemplo, um aumento no número de domicílios com apenas considerados idosos, numa determinada sociedade, aqueles que,
um dormitório, o surgimento e construção de apart-hotéis e o depois de terem passado pelas fases de crescimento e maturidade,
aparecimento de condomínios fechados. entram numa etapa de alteração de seus papéis sociais, com dimi-
Analisando a Tabela 2, observa-se que o crescimento total nuição de sua capacidade produtiva e relativa dependência para o
do número de domicílios ocupados em Belo Horizonte foi, du- desempenho de suas atividades diárias. Na dificuldade de avaliar
rante a década de 1980, de, aproximadamente a perda de autonomia pessoal e diante da necessidade de delimitar
2,5% ao ano e, entre 1991 e 1996, de 2,2% ao ano. A po- a população idosa, optou-se aqui pelo critério cronológico. Assim,
pulação de Belo Horizonte cresceu a uma taxa de 1,2% ao ano de acordo com a Organização das Nações Unidas, são considera-
e 0,7% no período 1991-1996, demonstrando um descompasso das idosas as pessoas com sessenta anos ou mais, especificamente
crescente no incremento das duas variáveis. É interessante notar nos países em desenvolvimento, como o Brasil.
que a consequência mais imediata desse fenômeno é a queda Ao se considerar o envelhecimento da população, nota-se
da relação habitante por domicílio, que mantém uma tendência que o indivíduo envelhece à medida que sua idade aumenta. Já
crescente de queda à medida que o tempo passa. uma população envelhece de acordo com o aumento da idade
Quando se analisa esse processo em nível interno do mu- média do conjunto das pessoas que a compõe. Na realidade,
nicípio, nota-se que, na década de 1980, as Regionais que apre- pode-se considerar que a idade média da população aumenta
sentaram um maior crescimento, tanto em número de domicílios quando aumenta sua proporção de idosos (Moreira,1997, p.77).
quanto em número de habitantes, foram Venda Nova, Barreiro e O rápido processo de Transição Demográfica pode fornecer
Norte, que se destacam, seguidas pelas Regionais Pampulha e elementos importantes para a compreensão das mudanças na es-
Nordeste, indicando a direção da expansão da malha urbana do trutura etária da população. Especificamente, as modificações da
município durante a década. Por outro lado, as Regionais mais fecundidade desempenham um papel crucial no envelhecimento,
populosas, como a Centro-Sul, a Noroeste e a Leste, apresenta- tendo também a mortalidade e a migração participações impor-
ram uma desaceleração do seu crescimento, sendo que a Regio- tantes, porém secundárias.
nal Leste chegou a ter perda líquida de população. Em Belo Horizonte, assim como no resto do País, observa-se
Entre 1991 e 1996, todas as demais Regionais apresentaram uma rápida queda das taxas de fecundidade, iniciada por volta
um declínio no seu ritmo de crescimento, e, além da Regional dos anos 60.
Leste, que continua perdendo população em um ritmo menos ace- Para se ter uma ideia, a Taxa de Fecundidade Total do muni-
lerado, a Regional Noroeste também passa a essa condição, nes- cípio, em 1980, situava-se em torno de 3,12 filhos por mulher. Em
se último período. Quanto à taxa de crescimento do número de 1991, esta mesma taxa alcança o valor de 1,91 filho por mulher,
domicílios, as Regionais Centro-Sul, Noroeste, Pampulha e Norte abaixo, portanto, do nível de reposição da população.
foram as que apresentaram uma taxa de crescimento superior Mesmo não se calculando os efeitos da migração no proces-
entre 1991-1996. Em relação aos anos de 1980-1991, as demais so de envelhecimento, a maior parte desse fenômeno pelo qual
diminuíram o ritmo de expansão do número de domicílios o município tem passado se deve à queda da fecundidade, sem
ocupados. Ao mesmo tempo, todas as Regionais apresenta- dúvida.
ram um decréscimo na relação habitante/domicílio, e, proporcio- Quanto aos impactos do aumento da esperança de vida no
nalmente, a Regional Centro-Sul foi a que apresentou um maior envelhecimento, em um primeiro momento, uma redução da
decréscimo nessa relação. mortalidade, especialmente nas populações de fecundidade

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

mais alta, rejuvenesce a estrutura etária da população. Os


ganhos na esperan ça de vida, nesse caso, são especial- 2.5. O LUGAR DE BELO HORIZONTE ENTRE AS
mente pela redução da mortalidade infantil, sem modificar CAPITAIS BRASILEIRAS;
a participação dos idosos. Assim, Moreira (1997, p. 80) ob-
serva que:
São Paulo, capital do Estado de São Paulo
Fica claro, também que, dentro do espectro de níveis Capital do Estado de São Paulo (SP), a cidade de
de fecundidade e mortalidade considerados como histori- São Paulo é chamada de “Terra da Garoa”. É a cidade
camente vivenciados pela humanidade, o processo de en- mais populosa do País, da América e do Hemisfério
velhecimento populacional, seja o mesmo definido pelo Sul.
topo, pela base ou pela idade média da população, resulta Possui uma população de aproximadamente 12
quase que exclusivamente da queda da fecundidade. As mu- milhões de habitantes.
danças nos níveis de mortalidade, dentro deste intervalo de Ficou conhecida por ser o motor do País, sendo
níveis, têm apenas um impacto marginal sobre a estrutura um importante centro financeiro, econômico e polí-
etária. tico do Brasil e o principal da América do Sul.

Porém, quando os níveis de fecundidade já estão rela- Belo Horizonte, capital de Minas Gerais
tivamente baixos e não existe folga para maiores quedas, o Capital de Minas Gerais (MG), Belo Horizonte é o
efeito do envelhecimento pela queda da mortalidade, es- município mais populoso do Estado com uma popu-
pecialmente das populações adultas, torna-se mais visível. lação de 3 milhões de habitantes aproximadamente.
Assim, é o aumento da sobrevivência da população idosa Com intensa vida cultural, a cidade é conhecida
que determina o envelhecimento populacional. Tal fenôme- mundialmente e já foi considerada a melhor capital
no é característico de vários países desenvolvidos e parece da América Latina no tocante à qualidade de vida.
ser determinante para o envelhecimento de Belo Horizonte,
em um futuro próximo. Rio de Janeiro, capital do Estado do Rio de Ja-
Analisando o envelhecimento brasileiro em nível regio- neiro
nal, Bercovich (1992, p.41) Capital do Estado do Rio de Janeiro (RJ), a ci-
sintetiza de forma interessante esse processo: dade do Rio de Janeiro é conhecida como ‘Cidade
Maravilhosa’. Possui uma população de 7 milhões de
A distribuição espacial é produto da interação entre os habitantes aproximadamente.
componentes da dinâmica demográfica. A queda da fecun- Conhecida mundialmente, o Rio de Janeiro já foi
didade contribui para um aumento da participação relativa capital do Brasil, sendo a segunda maior cidade do
da população idosa, ocasionada pela diminuição da pro- País e com maior rota turística internacional.
porção de crianças. Ao se processar regionalmente com Além disso, ela é considerada um grande e im-
tempos e intensidades diferentes — como no caso do portante centro cultural, econômico e financeiro do
Brasil — aprofundam-se os diferenciais regionais das pro- País.
porções de população idosa. As variações de mortalidade
também afetam a proporção de idosos, mas, dependendo Vitória, capital do Espírito Santo
do padrão, podem influenciar em sentidos opostos. A mi- Capital do Espírito Santo (ES), Vitória é a ilha ca-
gração, que é seletiva por faixa etária e sexo, afeta consi- pital, conhecida como “Ilha do Mel” ou “Cidade Sol”
deravelmente a estrutura etária regional, seja aumentando a com uma população de 400 mil habitantes aproxi-
proporção de idosos nas regiões de emigração e diminuin- madamente.
do-a nos centros de atração, seja alterando as razões de Dentre as capitais do Brasil, possui a maior Pro-
masculinidade das regiões envolvidas. duto Interno Bruto (PIB) per capita e elevado Índice
Fonte: http://www.repositorio.fjp.mg.gov.br/bits- de Desenvolvimento Humano (IDH).
tream/123456789/179/1/Evolu%C3%A7%C3%A3o%20
Urbana%20e%20Demogr%C3%A1fica%20do%20Enve- Fonte: https://www.todamateria.com.br/capitais-
lhecimento%20em%20Belo%20Horizonte.pdf do-brasil/

2.4. O INTERVENCIONISMO ESTATAL E O DE- UNIDADE III


SENVOLVIMENTO DE BELO HORIZONTE; 3. BELO HORIZONTE CONTEMPORÂNEA: DE-
SAFIOS E PROCESSOS NO CAMPO DO DESENVOL-
VIMENTO URBANO E ECONÔMICO-SOCIAL:
Prezado Candidato, o tema acima supracitado
já foi abordado em tópicos anteriores.
Prezado Candidato, os temas acima supraci-
tados já foram abordados em tópicos anteriores.

11
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

largas, equipamentos urbanos para a prática esportiva,


além de uma forte preocupação com a questão sanitária,
3.1. INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO numa clara referência às cidades coloniais. Entretanto, não
BELO-HORIZONTINAS: DILEMAS ATUAIS; previa a determinação de espaços destinados à atividade
industrial, e nem tampouco para habitações populares ou
proletárias.
A Cidade de Minas, futura Belo Horizonte, nasceu nos Desde o início as atividades industriais começaram a
primeiros anos do regime republicano, quando setores da surgir, traduzidas em diversas pequenas empresas produ-
elite agro-exportadora assumiram o poder político. toras de materiais de construção. Essas primeiras indústrias
Em Minas, grupos emergentes ligados à cafeicultura apresentavam três características principais: sua produção
da Zona da Mata e Sul de Minas assumiram a bandeira da era voltada para o mercado local; utilizavam matérias pri-
mudança da Capital, contra os interesses consolidados na mas provenientes do setor primário, e, possuíam um baixo
região mineradora, em processo de estagnação e decadên- grau de mecanização, estando portanto mais próximas da
cia econômica. manufatura do que propriamente da indústria que conhe-
A escolha do Arraial do Curral del Rei foi uma solução cemos hoje. Assim, surgiram grandes estabelecimentos
de compromisso entre os dois grupos da elite mineira . Os que fabricavam uma ampla gama de produtos, que iam da
representantes da região mineradora não queriam a mu- cerâmica às bebidas e cartões postais, do processamento
dança, enquanto as novas forças políticas pugnavam pela de fumos à fabricação de balas e bombons. Típicas repre-
transferência para a Várzea do Marçal, na Zona da Mata. sentantes dessa fase foram as empresas Lunardi & Ma-
O sulinos ameaçavam até mesmo com o separatismo. O chado, o Estabelecimento Industrial Mineiro, de Paulo
impasse foi resolvido com a escolha do Curral del Rei, pelo Simoni , e o Empório Industrial, de Antônio Teixeira Rodri-
Presidente Afonso Pena. O pequeno Arraial do Curral del gues, Conde de Santa Marinha.
Rei produzia gêneros para o abastecimento da região mi- Para atender à demanda da população que chegava,
neradora, especialmente gado e produtos agrícolas. Com a atraída pelo gigantesco empreendimento e pelas possibili-
instalação da Saint John del Rei Mining Co. em Nova Lima dades econômicas da nova Capital, proliferaram os peque-
(1834) e da Cia. Mineira de Fiação e Tecidos, em Marzagão, nos empreendimentos industriais voltados para o consumo
distrito de Sabará (1879) , algumas atividades industriais popular. Eram pequenas fábricas de carroças, artigos de
começam a se desenvolver, constituindo-se em precurso- vestuário, padarias, cerâmicas, fábricas de arreios, curtu-
ras da indústria belo horizontina. Dentre os empreendi- mes, tipografias, caldeirarias, funilarias, cervejarias, enfim,
mentos mais significativos figuram  “ um estabelecimento tudo que suprisse as necessidades da crescente população.
de fiação e tecelagem de maior vulto para aquela época foi O mercado consumidor era promissor: as centenas de fun-
instalado em 1838, no distrito de Neves Venda Nova” ; “ uma cionários públicos e suas famílias, com nível salarial relati-
fundição de ferro e bronze, nas proximidades da Lagoa de vamente alto, garantidos pelo erário público.
Maria Dias, mais ou menos onde se dá hoje o cruzamen- Na medida que a cidade se estruturava e os meios de
to da Av. Paraná com a Rua Carijós, de propriedade do Sr. transporte e comunicações tornavam possível o intercâm-
Francisco de Souza Menezes, fundada em 1845” ; “ em 1885 bio entre Belo Horizonte e as demais regiões do Estado e
(...) os Srs. Cel. Virgílio Cristiano Machado, Cap. José Carlos do País, o setor industrial foi se desenvolvendo, baseado
Vaz de Melo e Dr. Campos da Paz fundaram uma fábrica principalmente no pequeno capital duramente amealhado
de manufatura (sic) de ferro, no lugar denominado Cardoso, pelos imigrantes - italianos, portugueses, espanhóis e de
fábrica essa que produziu obras de vulto, como por exemplo outras nacionalidades (em menor escala ) - e nos incenti-
as grades da cadeia de Sabará. Liquidada a sociedade aí por vos oferecidos pela Prefeitura. Os Prefeitos Municipais cui-
volta de 1888, passou a fábrica a pertencer à Cia. Progressis- daram de incentivar o estabelecimento de indústrias para
ta Sabarense, que a cedeu, mais tarde, à Comissão Constru- fortalecer a economia da cidade e concretizar o objetivo do
tora da nova Capital “ ; e mais “ uma pequena manufatura governo mineiro de transformar a nova Capital no centro
de velas de sebo para fornecimento à Cia. de Morro Velho, dinâmico da economia estadual.
de propriedade dos Srs. Eduardo Edwards, Cap. José Vaz de Já em 1902, o Prefeito Bernardo Monteiro baixou o De-
Melo e D. Amélia Goulart, que regulavam fornecer à Compa- creto n.º 1.516, “regulando a concessão de terrenos a in-
nhia, 18 mil dúzias por ano.” dústrias, associações e a venda a particulares”. Na apresen-
Belo Horizonte, cidade planejada e construída pelas tação do Decreto ao Conselho Consultivo, o Prefeito, numa
elites dirigentes do Estado para ser a Capital política e ad- inspiração profética, augura um próspero futuro industrial
ministrativa, foi concebida sob a égide da ideologia repu- para Belo Horizonte:
blicana. Seu planejamento, fortemente influenciado pelas “A necessidade de desenvolver indústrias incipientes e de
idéias positivistas, dentro do paradigma de modernidade criar novas, impõe-se ao espírito dos que desejam o engran-
da época, buscava controlar, através da concepção urba- decimento da Capital, e assim obedecem ao pensamento do
nística, as instâncias pública e privada da população.  legislador, que decretou a sua edificação, desejoso de abrir
A concepção inicial da cidade, de autoria do engenhei- um novo centro de trabalho, onde o comércio e a indústria
ro maranhense Aarão Reis, contemplava aspectos extre- encontrassem campo vasto para se auxiliarem numa reci-
mamente modernos da teoria urbanística, dotando a nova procidade de favores, que oferecesse garantias eficazes de
Capital de espaços de lazer, arborização, ruas e avenidas futuro certo e seguro.

12
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Além do concurso permanente que nela mora - o fun- A I Guerra Mundial (1914 - 1918) provocou uma rup-
cionalismo público - para o seu aformoseamento e valoriza- tura no desenvolvimento econômico e industrial da cidade,
ção, entendi de meu dever atrair o capital estrangeiro, para em função do decréscimo nas exportações de café e outros
isso fazendo concessões, que surtindo o desejado efeito, me produtos primários, caracterizando uma forte recessão. O
permitem anunciar o próximo estabelecimento de uma im- relatório do Prefeito Affonso Vaz de Melo retratava essa
portante fábrica, o início portanto de um novo período de conjuntura, que repercutiu negativamente sobre o desen-
esforços e engrandecimento da cidade, que com verdadeiro volvimento da cidade:
prazer, verifico todos os dias. “Apesar da situação de dificuldades que a humanida-
Embora não seja a Capital um núcleo bastante populo- de atravessa repercutindo ainda que não acentuadamente
so, a sua situação em relação a diversas zonas do Estado, já em nosso país, sentimos os seus efeitos no encarecimento da
consideráveis mercados de consumo, legitima a possibilida- vida antes pelo isolamento em que nos achamos do Velho
de de ser ela um centro industrial.” Mundo, do que pela nossa condição de beligerantes na con-
Além dos fatores mercado e capital, também a oferta flagração mundial.” 
de energia elétrica era fundamental para que se cumprisse (Relatório apresentado aos membros do Conselho
a profecia de Bernardo Monteiro. Deliberativo da Capital pelo Prefeito Dr. Affonso Vaz
A primeira iniciativa partiu da Comissão Construtora, já de Melo. Belo Horizonte: Imprensa Oficial.Outubro de
então sob a liderança do Eng.º Francisco Bicalho, que em 1918)
fins de 1896 deu início à construção da Usina Hidrelétrica A industrialização de Belo Horizonte atingiu seu limite,
de Freitas, aproveitando uma queda d`água do Ribeirão esgotando a pequena oferta de energia elétrica, suprida
Arrudas. basicamente pelas Usinas de Freitas e Rio das Pedras, ad-
O Governo contratou a Cia. Mineira de Eletricidade, de ministradas pela Empresa de Eletricidade e Viação Urbana
Bernardo Mascarenhas, pioneiro na eletrificação urbana de Minas Gerais. Interrupções frequentes levaram a Prefei-
em Minas Gerais, iniciando-se as obras em março de 1897. tura a construir a chamada Usina de Gás Pobre, em 1911.
Essa primeira Usina aproveitava uma queda d´água mui- Nesse ano o Anuário de Minas Gerais assim considerava a
to reduzida, o que condicionava sua pequena produção. questão energética:
Em 1905, com a publicação do Decreto n.º 1.833, teve iní- “Em Belo Horizonte, estão a cargo da Comp. Brasileira
cio a construção de uma nova Usina, a do Rio das Pedras, loca- de Eletricidade Siemens Schuckertwerke, do Rio e filial da
lizada no município de Itabirito, às margens do Rio das Velhas. casa Siemens, de Berlim, os serviços de instalação da Usina à
Essas duas unidades supriram Belo Horizonte de ener- gás pobre, montada em frente ao edifício da atual Distribui-
gia elétrica pública, residencial e industrial até 1911. dora, para reforço da energia elétrica, que serve a ilumina-
De 1912 a 1928 os serviços de eletricidade estiveram ção e viação da cidade.
arrendados à Empresa de Eletricidade e Viação Urbana de Em fins de 1911 deve ficar funcionando a nova insta-
Minas Gerais, quando passaram para a esfera do Departa- lação da Usina movida a gás pobre, já sendo notoriamente
mento de Eletricidade. insuficientes a força e luz vindas das estações hidroelétricas
A Prefeitura forneceu energia gratuita a diversas indús- de Freitas e Rio das Pedras, para servirem a Capital do Es-
trias durante um longo período: de 1902 a 1916. tado, que tem extraordinariamente crescido em população,
Os contratos de doação de terrenos, isenção de im- área e indústrias.”
postos e taxas e fornecimento gratuito de energia elétri- (Annuário de Minas Gerais. Bello Horizonte, v. 4,
ca foram firmados com as mais importantes indústrias da 1911, p.232)
cidade, como: Fábrica de Punhos e Colarinhos, de João As obras civis da Usina de Gás Pobre ficaram a cargo
Idelfonso da Silva , Cia. Industrial Belo Horizonte, Tava- da Empresa Prado Lopes, e sua localização à Av. Afonso
res & Cia, Carlos Fornaciari & Filhos, Cia. Minas Fabril, Pena, em frente ao Departamento de Eletricidade, causava
Jayme Salse, Estabelecimento Industrial Mineiro, Lu- transtornos à população, devido ao barulho estrondoso de
nardi & Machado, Domingos Mucelli, e inúmeros outros. seu enorme maquinismo (vendido mais tarde como ferro-
Os contratos, com duração máxima de 10 anos , chega- velho).
ram a representar 20% da arrecadação do município. Terminado o conflito mundial a cidade voltou a crescer,
Em 1916 o Prefeito Cornélio Vaz de Melo decide encer- atingindo na década de 1920 um dos períodos áureos da
rar essa era de benesses aos empresários industriais, de- industrialização municipal. O crescimento econômico nes-
nunciando contratos e não mais renovando-os. sa etapa decorre principalmente da expansão do setor si-
“Os favores concedidos às indústrias não correspondem, derúrgico, capitaneado pela Cia. Siderúrgica Belgo Mineira,
segundo penso, aos sacrifícios que com eles faz a Prefeitura. e fortalecido por algumas empresas localizadas na região
(...) Com a energia elétrica às indústrias, despende a Prefei- metalúrgica, especialmente nos municípios de Caeté, Rio
tura quantia superior à orçada.” (...)  Acima e Belo Horizonte.
“A força motriz para indústrias continua a ser em nú- Em 1925 inaugura-se a duplicação da Usina do Rio das
mero de 106 ligações, sendo 26 por concessão da Prefeitu- Pedras, com a montagem de um novo gerador de 2.200
ra e 80 ligações particulares.” (Relatório apresentado aos kwatts, batizada de Usina Mello Vianna, dobrando a capa-
membros do Conselho Deliberativo da Capital pelo cidade daquela planta. Rio das Pedras seria ainda ampliada
Prefeito Dr. Cornélio Vaz de Mello. Bello Horizonte: Im- em 1929, e, continua até hoje a gerar energia elétrica, sob
prensa Oficial. Setembro de 1915) a direção da CEMIG.

13
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

A década de 1920, apesar das crises políticas - mo- das imediações da Estação Ferroviária para a região do Bar-
vimento dos tenentes e Coluna Prestes, que culminaram ro Preto. Alí se instalam inúmeras industrias, destacando-se
com a Revolução de Outubro de 1930 -, foi um período de a Cia. da Cigarros Souza Cruz.
pujante crescimento econômico. O aumento da produção O ano de 1938 é marcado pelo início das atividades
siderúrgica refletiu-se sobre a economia regional, contri- da Cia. Renascença Industrial, no bairro de mesmo nome,
buindo para o fortalecimento da indústria em Belo Hori- empregando cerca de 1.000 trabalhadores (mulheres em
zonte. sua maioria), que provocou um grande impacto na econo-
A economia da cidade passou a contar com vários em- mia municipal.
preendimentos siderúrgicos nas redondezas, representan- Entretanto, a Zona Industrial no Barro Preto, dentro
do não só muitos empregos, como também a dinamização da área urbana da cidade, não comportava a instalação
do mercado local. de indústrias pesadas, devido às limitações de espaço. A
No final dos anos 20 tem início a construção de estra- instalação da Cia. Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda
das de rodagem ligando Belo Horizonte a São Paulo e ao (RJ), representou uma enorme frustração para os mineiros,
Rio de Janeiro. cada vez mais conscientes da necessidade de garantir para
Os serviços de energia elétrica da Capital mineira pas- Minas os benefícios da indústria extrativa, para a qual o
saram ao controle de uma empresa estrangeira, a Bond & Estado foi historicamente vocacionado.
Share. O Presidente do Estado assim se manifestou sobre Novamente o Governo do Estado atuou, objetivando
o assunto: impulsionar o desenvolvimento e consolidar Belo Horizon-
“Por contrato de 5 de outubro de 1929, os serviços de te como principal pólo econômico do Estado, assinando
energia elétrica desta Capital passaram à Companhia de o Decreto n.º 770, de 20 de março de 1941, que criou a
Força e Luz de Minas Gerais, filiada à Empresa Elétrica Brasi- Cidade Industrial, na localidade de Ferrugem, município de
leira S.A., do Rio de Janeiro, e esta, por sua vez, incorporada Betim.
à Bond & Share. Vale dizer, foram entregues a uma empresa Embora tenha demorado a se consolidar, a Cidade In-
de indiscutível idoneidade técnica e financeira.” (Mensagem dustrial representou um marco fundamental do processo
apresentada pelo Presidente do Estado de Minas Gerais de industrialização de Belo Horizonte.
ao Congresso Mineiro e lida na Abertura da 4ª Seção O Governo desapropriou uma área de 770 hectares, lo-
ordinária da 10ª Legislatura. Belo Horizonte, Imprensa teou, promoveu o arruamento e desviou as linhas da E. F.
Oficial de Minas, 1930.) Oeste de Minas e da Central do Brasil para facilitar o acesso
Apesar da crise econômica mundial, com a quebra da ao local. Os terrenos foram arrendados às empresas que
bolsa de Nova York, em 1929, a produção industrial do Es- tivessem um projeto de construção, condicionando a posse
tado já se aproximava da agrícola, em valores de produção. dos mesmos à conclusão das obras em prazo determina-
A Revolução de 1930 propicia a ascensão de setores do, findo o qual a área retornaria ao Estado. Para viabilizar
da burguesia nacional ligados à industrialização, o que se a implantação de grandes indústrias, construiu a Usina de
traduz em iniciativas de incentivo à produção fabril e numa Gafanhoto no Rio Pará,, durante o período da II Guerra.
política de valorização do nacionalismo também no setor A inauguração da Cidade Industrial deu-se em 1946,
produtivo. mas poucas empresas seriam lá instaladas antes dos anos
Refletindo a diferenciação do grupo industrialista den- 50. Deve-se destacar o pioneirismo da Estamparia S/A,
tro das elites dirigentes, é criada a FIEMG, em 1933, reu- que começou a produzir no mesmo ano da inauguração da
nindo representantes dos modernos setores industriais da Cidade Industrial.
região metalúrgica. Embora em 1933 a indústria de Juiz de A década de 1940 marca o início do movimento de
Fora continuasse liderando o setor secundário em Minas, transferência de indústrias da área urbana de Belo Horizon-
seu parque industrial constituía-se basicamente de unida- te para os municípios vizinhos, tendência que iria se inten-
des têxteis, enquanto a região de Belo Horizonte concen- sificar no final dos anos 60, com o movimento de transfe-
trava os setores mais dinâmicos da indústria do Estado. rência para os demais municípios da região metropolitana,
O crescimento industrial do País torna-se uma bandei- em busca de espaços adequados para a expansão de suas
ra da afirmação do Estado brasileiro, bem como a prote- instalações. Por isso, falar do desenvolvimento industrial de
ção das riquezas do subsolo, a exploração das fontes de Belo Horizonte implica necessariamente em falar de Conta-
energia e a instalação da indústria de base, para a qual Mi- gem e, à partir dos anos 60, da Região Metropolitana.
nas Gerais possuía matérias-primas abundantes, além de A criação da CEMIG, em 1952, pelo Governador Kubits-
tecnologia e recursos humanos bem preparados, especial- check, garantiu a alavancagem do processo iniciado nos
mente na Escola de Minas de Ouro Preto. anos 40, respaldado na oferta de energia farta e barata
Na década de 1930, destaca-se em Belo Horizonte a para as indústrias.
atuação do Prefeito Octacílio Negrão de Lima, incansável Nesse mesmo ano é lançada a pedra fundamental da
incentivador do desenvolvimento industrial da cidade. Cia. Siderúrgica Mannesman, no Barreiro, que começaria a
É criada a Zona Industrial de Belo Horizonte (Lei Esta- produzir tubos sem costura em 1956.
dual n.º 98/36, e Decreto n.º 104/36), no Barro Preto, numa A conjugação desses fatores - energia (CEMIG), trans-
faixa de 150 metros compreendida entre o Ribeirão Arru- portes, ação política do Estado e dinamismo empresarial
das e as linhas da E.F.Central do Brasil e Oeste de Minas. A - fizeram com que os anos 50 se constituíssem na década
principal concentração de indústrias da Capital desloca-se de ouro da industrialização de Minas.

14
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

É o período de crescimento da construção civil, que dos mais importantes polos industriais do País,
teve importantes representantes em Belo Horizonte. com empresas de ponta nas áreas de confecção,
As construtoras mineiras atingiram um alto nível de calçados, informática , alimentação, aparelhos elé-
competência técnica, e se capitalizaram no período JK, re- tricos e eletrônicos, perfumaria e turismo de ne-
forçadas pela construção de Brasília. gócios, detentoras de marcas de renome nacional,
Também os setores moveleiro e de aparelhos elétricos com estruturas produtivas leves, ampla terceiri-
tiveram grande impulso em Belo Horizonte nos anos 50. zação de atividades e grandes investimentos em
A Indústria de Móveis Minart se sobressaiu, transforman- marketing e publicidade.
do-se na principal indústria de móveis de Minas, fornece-
dora da classe A, de grandes empresas e órgãos estatais Fonte:  http://bairrosdebelohorizonte.webno-
que se transferiam para o Distrito Federal. de.com.br/news/o-desenvolvimento-industrial-/
É ainda nessa época que se expandem as indús-
trias  Gardini, Orsini, Luna e CIMBRA, fabricantes de fo-
gões e geladeiras. 3.2. EXPANSÃO INDUSTRIAL E A FACE MO-
A década de 1960 traz grandes transformações no DERNA DE BELO HORIZONTE: INDUSTRIALIZA-
panorama industrial de Belo Horizonte, com a entrada do ÇÃO, URBANIZAÇÃO E FAVELIZAÇÃO;
grande capital internacional, que provoca o fechamento de
inúmeras pequenas e médias empresas industriais de bens
de consumo, voltadas para o mercado interno. A partir do Prezado Candidato, os temas acima supra-
término da II Guerra Mundial, e mais intensamente com o citados já foram abordados em tópicos anterio-
Governo Kubitschek (1955 - 1960), começa a se instalar no res
Brasil o capitalismo monopolista, caracterizado pela busca
de novos mercados para as economias centrais. Em con-
traposição ao nacionalismo que caracterizou o segundo 3.3. PERSPECTIVAS ECONÔMICAS E CULTU-
Governo Vargas (1950-1954), o capital estrangeiro passa RAIS PARA BELO HORIZONTE.
a ser visto como um aliado no processo de superação do
subdesenvolvimento, e não como um recrudescimento da
dependência. Regionalmente, empresas tradicionais fabri- Belo Horizonte é a quinta cidade mais rica
cantes de bens duráveis perdem a competitividade e saem do Brasil com 1,38% do PIB nacional, atrás de São
do mercado, substituídas pelas suas concorrentes localiza- Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. Segun-
das principalmente no eixo Rio-São Paulo. do dados de 2008 seu PIB somou 32,7 bilhões
Intensifica-se o movimento centrípeto de transferência de reais o que equivale a aproximadamente 15,2%
de indústrias da Zona Urbana de Belo Horizonte, para os de toda produção de bens e serviços do estado.
municípios vizinhos, que viriam a se constituir na Região Segundo dados do IBGE, em 2007, o PIB per capi-
Metropolitana. ta do município é de R$ 13.636,00. [4]  A capital tem
Uma nova transformação ocorre nos anos 70 , com a 77.454 sedes de empresas legalizadas, que abar-
chegada de grandes empresas multinacionais de bens de cam 1.025.205 pessoas ocupadas.
capital, e com a migração de inúmeras indústrias para a Sua região metropolitana possui um PIB de
região receptora de incentivos na área mineira da SUDENE. aproximadamente R$ 74,16 bilhões, o que corres-
O marco principal dos anos 70 foi a instalação da FIAT ponde a 34,5% de todo o PIB mineiro em 2006.
Automóveis, de capital italiano, a primeira montadora a Segundo dados do IBGE, a rede urbana de influên-
ser implantar fora do eixo Rio - São Paulo. O vulto do em- cia exercida pela cidade no resto do país abran-
preendimento, localizado nas proximidades de Belo Hori- ge 9,1% da população e 7,5% do PIB brasileiro.
zonte, e seu sucesso empresarial há mais de 20 anos, re- A influência é percebida em 698 cidades de São
presentou o maior ganho da década para a economia do Paulo, Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A Região
Estado. Metropolitana de Belo Horizonte possui o quinto
As décadas de 1980 e 1990, marcadas por um longo maior parque produtivo da América do Sul, com
período de recessão e estagnação econômica, foram para- destaque para a indústria automobilística e de au-
doxalmente caracterizadas pela redemocratização do País topeças, siderurgia, eletrônica e construção civil.
e pelo processo da revigoramento da cidadania. Amplia- Um dos maiores centros financeiros do Brasil,
se a participação popular e a discussão sobre o perfil da Belo Horizonte é caracterizada pela predominân-
indústria localizada na área urbana. Empresas que foram cia do setor terciário em sua economia. Mais de
recebidas com entusiasmo nos anos 30, são obrigadas a 80% da economia do município se concentra nos
se transferir para áreas industriais. A população passa a serviços, com destaque para o comércio, serviços
exigir maior qualidade de vida nas cidades e medidas de financeiros, atividades imobiliárias e administra-
proteção ao meio ambiente. Essa tendência vai sinalizar ção pública. Segundo dados do IBGE, em 2006
um perfil industrial novo, moderno, baseado nas indústrias o setor agropecuário representou apenas 0,0005%
não-poluentes e de alta tecnologia. É nesse contexto que a de todas as riquezas produzidas na cidade.
centenária Belo Horizonte passa a se constituir, hoje, num

15
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Ano PIB (R$ 1000) PIB per capita (R$) EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

2002 21 036 166 9 141 01. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO


2003 23 305 046 10 020 - INEP/2012) Próximo da Igreja dedicada a São Gonça-
lo nos deparamos com uma impressionante multidão
2004 27 195 182 11 570 que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o
2005 28 386 694 11 951 Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular,
2006 32 725 361 13 636 exercício violento e pouco apropriado tanto para sua
idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que en-
Fonte: IBGE. trar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser
interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades,
O município está entre os sete municípios com a me- cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e
lhor infraestrutura do país. Posicionada em um eixo logísti- a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Ama-
co do Brasil é servida por uma malha viária e ferroviária que rante”. (Barbinais, Le Gentil. Noveau Voyage au tour du
a liga aos principais centros e portos do país. Recebe voos monde. Apud: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colo-
nacionais e internacionais através do Aeroporto de Con- nial. São Paulo: Ed. 34, 2000 - adaptado).
fins e voos nacionais e regionais através do Aeroporto da O viajante francês, ao descrever suas impressões
Pampulha. sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717,
Com um diversificado setor de comércio e da presta- demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como
ção de serviços e contando com uma desenvolvida rede de outras manifestações religiosas do período colonial, ela
hotéis, restaurantes e agências bancárias, Belo Horizonte (A) seguia os preceitos advindos da hierarquia
é um dos principais polos de turismo de negócios do país católica romana.
sediando importantes eventos nacionais e internacionais (B) demarcava a submissão do povo à autoridade
como o III Encontro das Américas em 1997, o 26° Encontro constituída.
Econômico Brasil-Alemanha em 1999, a 47ª Reunião Anual (C) definia o pertencimento dos padres às camada
do BID em 2006 e a Ecolatina em 2007. populares.
Belo Horizonte é também o Portão de Entrada para (D) afirmava um sentido comunitário de partilha da
cidades históricas mineiras como Ouro Preto, Mariana, Sa- devoção.
bará, Caeté, Santa Luzia, Congonhas, Diamantina, São João (E) harmonizava as relações sociais entre escravos
del-Rei e Tiradentes. e senhores.

Fonte: www.suapesquisa.com/cidadesbrasileiras/cida- As comemorações religiosas no Brasil Colônia nos


de_belo_horizonte.htm revelam bem mais do que a crença e os costumes religiosos;
podem nos dar conhecimento maior sobre as estruturas
e relações sociais da época. A religião tinha função
agregadora e promovia a interação entre os membros
de uma sociedade que compartilhassem da mesma fé,
conforme nos mostra o texto apresentado.

RESPOSTA: “D”..

02. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO


- INEP/2012) As mulheres quebradeiras de coco-babaçu
dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na
sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão
e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume
o caráter de identidade coletiva na medida em que as
mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem
sua posição e condição desvalorizada pela lógica da
dominação, se organizam em movimentos de resistência
e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos
babaçuais, pela autonomia do processo produtivo.
Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas
experiências, tendo como principal referência sua condição
preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
(ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de
coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse
da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de
Sociologia Rural, Quito, 2006 - adaptado).

16
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

A organização do movimento das quebradeiras de (B) a função dos mestres de açúcar durante a safra
coco de babaçu é resultante da de cana.
(A) constante violência nos babaçuais, na confluên- (C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos
cia de terras maranhenses, piauienses, paraenses e to- ameríndios.
cantinenses, região com elevado índice de homicídios. (D) o papel dos senhores na administração dos
(B) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, engenhos.
migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico (E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará,
Maranhão e Piauí. O trabalho escravo no Brasil tem sido objeto de perguntas
(C) escassez de água nas regiões de veredas, nas mais variadas provas. O Padre Antônio Vieira, personagem
ambientes naturais dos babaçus, causada pela importante do período barroco brasileiro, e representante
construção de açudes particulares, impedindo o amplo emblemático em relação à atuação da Igreja Católica no país
acesso público aos recursos hídricos. colonial, aborda, em seus Sermões, temas que permeiam a
(D) progressiva devastação das matas dos cocais, sociedade daquela época, para tecer criticas, sejam elas nas
em função do avanço da sojicultura nos chapadões do relações religiosas, sociais, políticas, econômicas ou culturais.
Meio-Norte brasileiro. No texto apresentado, Vieira compara o sacrifício vicário de
(E) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros Cristo ao trabalho escravo. Fica também patente uma crítica
no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas velada a essa referida prática.
propriedades.
RESPOSTA: “E”..
A Lei de Terras de 1850, no período do 2º Reinado,
permitiu o acesso à terra mediante a compra. Essa lei 04. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO
originou-se em um parlamento composto por grandes MÉDIO - INEP/2012) Fugindo à luta de classes, a nossa
proprietários de terras e, assim, dificultava o acesso às organização sindical tem sido um instrumento de
pequenas e médias propriedades, importantes para a harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho.
fixação do pequeno camponês no campo e garantir-lhe Não se limitou a um sindicalismo puramente “operário”,
a sobrevivência. Por isso, muitos dos que se utilizavam que conduziria certamente a luta contra o “patrão”,
de terras no interior não mais puderam fazê-lo, pois elas como aconteceu com outros povos. (FALCÃO, W.
tornaram-se propriedade privada. O período republicano Cartas sindicais. In: Boletim do Ministério do Trabalho,
pouco ou nada mudou quanto ao acesso à terra, apesar Indústria e Comércio. Rio de Janeiro, 10 (85), set. 1941
das incipientes avanços da reforma agrária. A luta pela terra - adaptado).
ainda se mantém, como por exemplo, as das quebradeiras Nesse documento oficial, à época do Estado
de babaçu. Novo (1937-1945), é apresentada uma concepção de
organização sindical que
RESPOSTA: “E”.. (A) elimina os conflitos no ambiente das fábricas.
(B) limita os direitos associativos do segmento
03. (INEP- ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO patronal.
MÉDIO - 2012)Em um engenho, sois imitadores de (C) orienta a busca do consenso entre trabalhadores
Cristo crucificado, porque padeceis em um modo muito e patrões.
semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz (D) proíbe o registro de estrangeiros nas entidades
e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois profissionais do país.
madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também (E) desobriga o Estado quanto aos direitos e deveres
ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram da classe trabalhadora.
na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio,
e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A O presidente Getúlio Vargas recebeu do DIP-
Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte Departamento de Imprensa e Propaganda a alcunha
foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e de “Pai dos Pobres”, transfigurando-se no governante
os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo preocupado com os menos favorecidos, que precisavam
sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, ser tutelados; afinal, o bom trabalhador é o bom cidadão. É
e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os bem verdade que esta foi a forma encontrada pelo governo
açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto para administrar o conflito gerado pelo Capital x Trabalho,
se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada e adaptar o universo do trabalho às propostas políticas,
de paciência, também terá merecimento de martírio. vinculando-as as atividades sindicais ao Estado via Ministério
(VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, do Trabalho, da Indústria e do Comércio. Nasce, dessa
1951 - adaptado). relação, o fenômeno denominado “peleguismo”- resultante
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira da articulação da liderança sindical com o governo, sendo o
estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e Estado o árbitro maior nas situações de embates.
(A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos
portos brasileiros. RESPOSTA: “C”..

17
HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

05. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO - (A) estímulos ao racismo.


INEP/2012) Torna-se claro que quem descobriu a África no (B) apoio ao xenofobismo.
Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos (C) críticas ao federalismo.
trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia (D) repúdio ao republicanismo.
apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras (E) questionamentos ao autoritarismo.
áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar
que os africanos, quando misturados e transportados ao Para que se entenda bem a proposta, é preciso que se
Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de saiba que os termos “portugueses” e “brasileiros” não se
elos culturais mais profundos. (SLENES, R. Malungu, ngoma referem à nacionalidades, mas nomeiam os partidários e
vem. África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, opositores do governo de Pedro I. A política do governante
dez./jan./fev. 1991-92 - adaptado). em questão voltava-se mais para os interesses de Portugal
Com base no texto, ao favorecer o contato de o que desagradava os grandes proprietários de terra, que
indivíduos de diferentes partes da África, a experiência apoiaram e lutaram pela independência do país, e que
da escravidão no Brasil tornou possível a esperavam uma política de modelo mais liberal (mesmo
(A) formação de uma identidade cultural afro- com restrições) a um modelo autoritário referendado pelo
brasileira. poder Moderador instituído pela Constituição de 1824.
(B) superação de aspectos culturais africanos por Noite das Garrafadas foi um momento de confronto entre
antigas tradições “portugueses” e “brasileiros”, que não trazia em seu bojo
europeias. qualquer manifestação xenofóbica muito menos racista.
(C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos
africanos. RESPOSTA: “E”..
(D) manutenção das características culturais
específicas de cada etnia. 07. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
(E) resistência à incorporação de elementos culturais - INEP/2012) “Diante dessas inconsistências e de
indígenas. outras que ainda preocupam a opinião pública, nós,
jornalistas, estamos encaminhando este documento
É necessário, para responder à questão, que se ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de
compreenda bem as diferenças conceituais existentes São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça
entre Cultura e Nação. A primeira refere-se ao conjunto esperamos a realização de novas diligências capazes de
de valores, comportamentos, crenças e heranças, que, via levar à completa elucidação desses fatos e de outros
de regra transcendem o conceito de etnia. No caso dos que porventura vierem a ser levantados.” (Em nome da
africanos trazidos para a América para trabalhar como verdade. In: O Estado de São Paulo, 3 fev. 1976. Apud.
escravos, também eles pertenciam a tribos diferentes e a FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de
construção de uma nova identidade cultural provém das Janeiro: Mauad, 1999)
senzalas, do cativeiro. Nação já pressupõe uma identidade A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida
cultural entre os habitantes de uma mesma comunidade. durante o regime militar, em 1975, levou a medidas
Portanto, enquanto formadores de uma nova comunidade, como o abaixo-assinado feito por profissionais da
os africanos “ganham” uma “nova” identidade conforme os imprensa de São Paulo. A análise dessa medida tomada
lugares em que foram habitar como escravos. indica a:
(A) certeza do cumprimento das leis.
RESPOSTA: “A”.. (B) superação do governo de exceção.
(C) violência dos terroristas de esquerda.
06. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO (D) punição dos torturadores da polícia.
MÉDIO - INEP/2012) Após o retorno de uma viagem a (E) expectativa da investigação dos culpados.
Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande
frieza, seus partidários prepararam uma série de Lutava-se contra os que praticavam a tortura, nos
manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, órgãos de controle social do regime, como o DOI-CODI;
armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, investigava-se os culpados e buscava-se o fim do regime
na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos então vigente. As opções B, D e E trazem ideias corretas
que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, sobre as expectativas da oposição para com o regime
durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras militar, o que pode gerar dúvidas quanto à resposta correta.
“portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo Porém, apenas a opção “E” está de acordo com o trecho
respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas. apresentado. O texto vincula-se a um momento específico
(VAINFAS, R. Org.. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de - a morte do jornalista Vladimir Herzog, a qual colocou em
Janeiro: Objetiva, 2008 - adaptado). xeque o que ocorria no interior do DOI-CODI. As autoridades
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se declararam que a morte fora em decorrência de suicídio.
caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse A comunidade judaica também abalou-se, pois, sendo
sentido, a análise dos episódios descritos em Minas ele um judeu suicida, não poderia, conforme determinam
Gerais e no Rio de Janeiro revela os preceitos judaicos, ser sepultado nos limites do campo

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

santo. Henry Sobel manifestou, publicamente, sua descrença 9. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
quanto ao suicídio do jornalista. A comunidade judaica e - INEP/2012) A experiência que tenho de lidar com
outros setores da sociedade civil reagiram contra o regime e aldeias de diversas nações me tem feito ver, que nunca
à tortura de presos políticos. índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede
com os que estão já civilizados, como não sucederá o
RESPOSTA: “E”.. mesmo com esses que estão ainda brutos. (NORONHA,
M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan.1751. Apud CHAIM,
08. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São
- INEP/2012) Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983 - adaptado).
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania
de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que
atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina
que incentivava a criação de aldeamentos em função
(A) das constantes rebeliões indígenas contra os
brancos colonizadores, que ameaçavam a produção de
ouro nas regiões mineradoras.
(B) da propagação de doenças originadas do
contato com os colonizadores, que dizimaram boa
parte da população indígena.
(C) do empenho das ordens religiosas em proteger
o indígena da exploração, o que garantiu a sua
supremacia na administração colonial.
(D) da política racista da Coroa Portuguesa,
contrária à miscigenação, que organizava a sociedade
em uma hierarquia dominada pelos brancos.
Cartaz da Revolução Constitucionalista.
(E) da necessidade de controle dos brancos sobre
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em:
a população indígena, objetivando sua adaptação às
29 jun. 2012.
exigências do trabalho regular.
Elaborado pelos partidários da Revolução
O texto apresentado pode não dar segurança quanto
Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado
à escolha da alternativa correta, embora o assunto seja
pretendia mobilizar a população paulista contra o
clássico no que compete aos estudos sobre as relações
governo federal. Essa mobilização utilizou-se de
uma referência histórica, associando o processo entre os nativos e os colonizadores. Os nativos sempre
revolucionário foram considerados rebeldes, por não serem capazes de
(A) à experiência francesa, expressa no chamado à trabalhar na agricultura. Entretanto é bom ressaltar que
luta contra a ditadura. os colonizadores pouco ou nada conheciam da cultura
(B) aos ideais republicanos, indicados no destaque dos nativos. Não levavam em conta, por exemplo, que aos
à bandeira paulista. homens indígenas cabiam a guerra e a caça; a agricultura,
(C) ao protagonismo das Forças Armadas, considerada rudimentar, cabia às mulheres. Quanto à
representadas pelo militar que empunha a bandeira. questão religiosa, a administração pombalina teve, como
(D)ao bandeirantismo, símbolo paulista um de seus objetivos, o enfraquecimento da atuação da
apresentado em primeiro plano. Igreja Católica, pois o trabalho de catequese dos jesuítas
(E) ao papel figurativo de Vargas na política, dava-lhes, de certa forma, o controle sobre as aldeias.
enfatizado pela pequenez de sua figura no cartaz. Pombal almejava que a Coroa tivesse o controle de todas
A Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932 as atividades lucrativas.
tinha, como escopo, a elaboração de uma nova Constituição
para o Brasil, e reduzir o autoritarismo de Getúlio Vargas, RESPOSTA: “E”..
o qual prometia “retirar as oligarquias rurais do poder”,
sobretudo as paulistas, como parte de um projeto 10. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO
industrializante para o País. Pretendiam, ainda, recolocar MÉDIO - INEP/2011) Completamente analfabeto, ou
São Paulo em lugar de destaque no cenário político quase, sem assistência médica, não lendo jornais,
brasileiro. O cartaz apresenta a figura de um Bandeirante, nem revistas, a não ser em casos esporádicos, tem o
figura emblemática no desbravamento dos sertões, a partir patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele
da Capitania de São Paulo, imobilizando Vargas, com uma luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os
bandeira paulista ao fundo. votos de cabresto, que resultam, em grande parte,
da nossa organização econômica rural. (LEAL, V. N.
RESPOSTA: “D”.. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega,
1978 - adaptado).

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

O coronelismo, fenômeno político da Primeira (Constituição Política do Império do Brasil (1824).


República (1889-1930), tinha como uma de suas Disponível em: https://legislação.planalto.gov.br.
principais características o controle do voto, o que Acesso em: 27 abr. 2010 - adaptado).
limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse A legislação espelha os conflitos políticos e sociais
período, esta prática estava vinculada a uma estrutura do contexto histórico de sua formulação. A Constituição
social de 1824 regulamentou o direito de voto dos “cidadãos
(A) igualitária, com um nível satisfatório de brasileiros” com o objetivo de garantir
distribuição da renda. (A) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura
(B) estagnada, com uma relativa harmonia entre política brasileira.
as classes. (B) a ampliação do direito de voto para maioria dos
(C) tradicional, com a manutenção da escravidão brasileiros nascidos livres.
nos engenhos como forma produtiva típica. (C) a concentração de poderes na região produtora
(D) ditatorial, perturbada por um constante clima de café, o Sudeste brasileiro.
de opressão mantido pelo exército e polícia. (D) o controle do poder político nas mãos dos
(E) agrária, marcada pela concentração da terra e grandes proprietários e comerciantes.
do poder político local e regional. (E) a diminuição da interferência da Igreja Católica
nas decisões político-administrativas.
A opção A pode ser logo eliminada, por definir
a sociedade brasileira como “igualitária”, quando o A opção A não está correta, pois traz a afirmação “ fim
texto mostra justamente o contrário. A opção B exige da inspiração liberal”. O projeto liberal tem características
atenção, pois podemos considerar a sociedade brasileira burguesas, pois Locke, no século XVII, fala em povo, mas
estagnada, visto que poucas foram as transformações está se reportando aos “mais capazes”, que demonstrariam
em sua estrutura fundamental, desde a época do Brasil capacidade de gerir a propriedade. Portanto, deixar de fora
colônia, mas não podemos afirmar que seja harmônica uma parte da sociedade do direito ao voto não significa o
entre as classes, devido aos conflitos que permeiam “fim da inspiração liberal. A opção B pode ser eliminada,
nossa história. Estamos longe de sermos um povo pois contradiz o título do artigo 92 da Constituição em
pacífico. A opção C é a que apresenta análise correta pauta, que enuncia “São excluídos de votar”. A opção
da estrutura social brasileira como sendo tradicional, C peca ao colocar o domínio do Sudeste e do Café, que
embora a escravidão tenha sido oficialmente abolida só ocorre no final do período monárquico. A exportação
no País, mediante lei, em 1888. Temos de considerar, do café só ganhará importância por volta de 1860, tendo
ainda, que as fazendas de café no Sudeste eram mais seu momento de maior importância econômica por volta
produtivas do que os engenhos de açúcar do Nordeste, de 1860 e seu ápice no período da República Velha -
embora a economia brasileira exportasse outros 1889 a 1920. A opção E afirma que houve diminuição da
produtos. Entretanto, o café respondia por mais de interferência da Igreja Católica, o que não é verdade. A
60% dos produtos exportados. A opção D não pode Constituição de 1824, por meio do regime de Padroado,
ser considerada correta, pois apresenta a República deu à Igreja a possibilidade de interferir em assuntos de
Velha como ditatorial. Poderia, sim, ser definida como Estado e vice-versa. Além da contagem de voto ser feita
autoritária, mas não era uma ditadura. A opção E é a que por paróquia, a Igreja exercia também a função social-
responde corretamente à questão formulada, pois foca administrativa de registro de nascimento, casamento,
com precisão os elementos pertinentes à estrutura social de mortes e de propriedade de escravos via certidão de
brasileira da época, ou seja, economia de base agrária, batismo. A opção D é a correta, pois a renda em dinheiro
grande concentração de terras (latifúndios) e toda a fazia valer o eleitor, conforme o artigo 92, inciso V, transcrito
ação política de base nos municípios e estados sob o na questão.
comando dos coronéis.
RESPOSTA: “D”..
Resposta “E”. 12. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO
- INEP/2011) Até que ponto, a partir de posturas e
11. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira
MÉDIO - INEP/2011) “Art. 92. São excluídos de votar dominaram a cena política nacional na Primeira
nas Assembleias Paroquiais: República? A união de ambas foi um traço fundamental,
I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais mas que não conta toda a história do período. A união
não se compreendam os casados, e Oficiais Militares, foi feita com a preponderância de uma ou de outra das
que forem maiores de vinte e um anos, os Bacharéis duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e
Formados e Clérigos de Ordens Sacras. (...) um grande desacerto final. (FAUSTO, B. História do
IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 - adaptado).
Comunidade claustral.
V. Os que não tiverem de renda líquida anual A imagem de um bem-sucedido acordo “café com
cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou leite” entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância
empregos. “ de presidência entre os dois estados, não passa de uma

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

idealização de um processo muito mais caótico e a uma maior vulnerabilidade às oscilações do mercado
cheio de conflitos. Profundas divergências políticas externo. A economia era principalmente agroexportadora
os colocavam em confronto, devido a diferentes e não voltada para o mercado interno. Essa é a segunda
graus de envolvimento no comércio exterior. (TOPIK, incorreção.
S. A presença do estado na economia política do
Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 RESPOSTA: “C”..
- adaptado).
Para a caracterização do processo político 13. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO
durante a Primeira República, utiliza-se com MÉDIO - INEP/2011) É difícil encontrar um texto sobre
frequência a expressão “Política do Café com Leite”. a Proclamação da República no Brasil que não cite a
No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São
a sua utilização: Paulo, de que “o povo assistiu àquilo bestializado”.
(A) a riqueza gerada pelo café dava à oligarquia Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução
paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à de 1930, que não descuidaram da forma republicana,
presidência, sem necessidade de alianças. mas realçaram a exclusão social, o militarismo e o
(B) As divisões políticas internas de cada estado estrangeirismo da fórmula implantada em 1889. Isto
da federação invalidavam o uso do conceito de porque o Brasil brasileiro teria nascido em 1930. (MELLO,
aliança entre estados para este período. M. T. C. A república consentida: cultura democrática e
(C) As disputas políticas do período contradiziam científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV, 2007
a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e - adaptado).
paulistas. O texto defende que a consolidação de uma
(D) A centralização do poder no executivo federal determinada memória sobre a Proclamação da
impedia a formação de uma aliança duradoura entre República no Brasil teve, na Revolução de 1930, um
as oligarquias. de seus momentos mais importantes. Os defensores
(E) A diversificação da produção e a preocupação da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão
com o mercado interno unificavam os interesses das negativa para os eventos de 1889, porque esta era uma
oligarquias. maneira de
(A) valorizar as propostas políticas democráticas e
A opção A apresenta corretamente o poder de São liberais vitoriosas.
Paulo, por conta de ser o maior exportador de café mas, (B) resgatar simbolicamente as figuras políticas
ao enunciar que esse estado não precisava de alianças, ligadas à Monarquia.
a afirmativa se torna incorreta. Nessa época, Minas (C) criticar a política educacional adotada durante
Gerais era o estado mais populoso da federação, tendo, a República Velha.
portanto, mais eleitores e o maior número de deputados (D) legitimar a ordem política inaugurada com a
na Câmara Federal. Assim sendo, São Paulo precisava ao chegada desse grupo ao poder.
menos da aliança com Minas Gerais, para conseguir ter o (E) destacar a ampla participação popular obtida no
controle da câmara por maioria e, desta forma, dominar processo da Proclamação.
todo o processo eleitoral O erro apresentado na opção
B é o de afirmar que a federação e, por conseguinte, a Esta questão apresenta uma visão diferente sobre
maior autonomia dos estados, invalidava alianças. Fazer a participação popular na Proclamação da República. O
alianças é prerrogativa da ação política, ainda mais em início da análise da questão é o afirmado por Aristides
uma federação. A autonomia garante, na verdade, a Lobo. Em sua tese de doutorado, Teresa Chaves de Mello,
possibilidade de articulações políticas que resguardem os historiadora da PUC/RJ, afirma que, nos centros urbanos,
interesses das partes da federação. A opção C apresenta a elaboração da ideia de República, no final do século
um ângulo diferente da questão, pois as outras opções XIX, contou com a participação de setores populares, que
destacam a questão da aliança entre São Paulo e Minas liam e divulgavam charges e textos de jornais, e assistiam
Gerais, enquanto esta destaca que a aliança não significava a palestras e debates. Assim, segundo Prof. Teresa, a
concordância em todos os momentos. Os conflitos eram idealização de que a República seria o único caminho
parte do processo de articulação dos interesses diversos. para a democracia e para o progresso contou com apoio
Há os interesses comuns, mas as divergências existiam, até do povo, especialmente na então capital, Rio de Janeiro.
mesmo porque a economia de Minas Gerais era muito mais Responder esta questão exige conhecimentos além da
voltada para o mercado interno - leite e carne -, e a de São política e da economia daquela época. A opção A erra ao
Paulo para a exportação (café) A opção D apresenta um erro colocar “propostas democráticas e liberais”. Liberalismo e
conceitual. Se há uma Federação e não se configura uma Democracia não se ligam automaticamente, e participação
ditadura, não há centralização no poder executivo. A opção popular não garante a democracia. A opção B. refere-se à
E apresenta duas incorreções: diversificação da produção e Monarquia, mas a questão trata da República. A opção C
economia voltada majoritariamente para mercado interno. refere-se à Educação, assunto não mencionado na questão.
Ao contrário, um dos problemas da economia brasileira à A opção D é a que se refere ao movimento de 1930, tratado
época era exatamente a pouca diversificação, o que levava na questão. A opção E apresenta a participação do povo na

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HISTÓRIA DE BELO HORIZONTE

Proclamação da República, embora não se possa dizer que do Oriente Médio e produzido em pequena escala no
essa participação foi ampla, devida à enorme população sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo,
rural então existente, analfabeta e sujeita aos grandes extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de
proprietários de terras. princesas casadoiras. (CAMPOS, R. Grandeza do Brasil
no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual,
RESPOSTA: “D”.. 1996)
Considerando o conceito do Antigo Sistema
14. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal
MÉDIO - INEP/2011) A Lei 10.639, de 9 de janeiro de para dar início à colonização brasileira, em virtude de
2003, inclui, no currículo dos estabelecimentos de (A) o lucro obtido com o seu comércio ser muito
ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, vantajoso
a obrigatoriedade do ensino sobre História e (B) os árabes serem aliados históricos dos
Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo portugueses.
programático incluirá o estudo da História da África (C) a mão de obra necessária para o cultivo ser
e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura insuficiente.
negra brasileira e o negro na formação da sociedade (D) as feitorias africanas facilitarem a
nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas comercialização desse produto.
áreas social, econômica e política pertinentes à História (E) os nativos da América dominarem uma técnica
do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia de cultivo semelhante.
20 de novembro como data comemorativa do “Dia
da Consciência Negra”. (Disponível em: http://www. Conhecer o que foram as Cruzadas, o Antigo Sistema
planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 - adaptado). Colonial, os objetivos e métodos de colonização dos
A referida lei representa uma mudança não só para europeus, nos séculos XV e XVI é de grande ajuda para
a educação nacional, mas também para a sociedade esta questão. A opção A é a correta, pois apresenta o
brasileira, porque objetivo principal: o lucro obtido por Portugal, explorando
(A) legitima o ensino das ciências humanas nas a Colônia: esta produziria açúcar com exclusividade para a
escolas. Metrópole, a qual, por sua vez, venderia o produto por toda
(B) divulga conhecimentos para a população afro- a Europa. A opção B está errada, pois os árabes não foram
brasileira. aliados dos portugueses, nem envolvidos no comércio no
(C) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África Brasil. As opções C, D e E estão erradas, pois se referem a
e sua cultura. outros assuntos, e não à produção e comércio do açúcar e
(D) garante aos afrodescendentes a igualdade no à colonização do Brasil.
acesso à educação.
(E) impulsiona o reconhecimento da pluralidade RESPOSTA: “A”..
étnico- racial do país.

Na opção A, deve-se lembrar de que História e


Geografia (Ciências Humanas) já constavam nos currículos
das escolas públicas e privadas, desde a época do Império.
A opção B menciona “população afro-brasileira”, e não
“educação nacional” e “sociedade brasileira”, conforme a
questão coloca. A opção C está totalmente errada, pois diz
o que o estudo sobre culturas africanas pretende romper,
e não reforçar. O etnocentrismo - estudo de um povo,
partindo de nossos conceitos, pode levar justamente à
desvalorização da outra cultura. A opção D se refere ao
acesso à Educação, que não é a proposta da Lei. A opção
E é a correta, pois apresenta o povo brasileiro como um
todo, composto por várias etnias e culturas, originárias dos
continentes europeu, americana e africano.

RESPOSTA: “E”..

15. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO


- INEP/2011) O açúcar e suas técnicas de produção
foram levados à Europa pelos árabes, no século VIII,
durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir
das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi
aumentando. Nessa época, passou a ser importado

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