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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


BACHARELADO EM DIREITO

Anderson Candeia Porto

Interpretação dos contratos –

O desenvolvimento doutrinário de princípios para a interpretação


de contratos eletrônicos

JOÃO PESSOA

2019
Anderson Candeia Porto

Interpretação dos contratos –


O desenvolvimento doutrinário de princípios para a interpretação
de contratos eletrônicos

Trabalho desenvolvido no curso da


disciplina de Direito Civil III como
requisito parcial para a obtenção de
êxito nesta no semestre 2019.1.
Professora Me. Caroline Sátiro de
Holanda

JOÃO PESSOA

2019
De acordo com Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho (2017), a
interpretação refere-se “à necessidade de se estabelecer significado e alcance para
determinada regra positivada, bem como constatar as situações por ela previstas e
os efeitos que pretende ter”.
Sendo assim, é notório que a interpretação é essencial não só para a
aplicação da legislação, mas também para os contratos, uma vez que “o contrato faz
lei entre as partes”, como evidencia o brocardo clássico do pacta sunt servanda.
Nesse sentido, a interpretação será de extrema importância para determinação do
alcance dessa “lei” criada.
O vigente Código Civil Brasileiro, porém, não trouxe um capítulo específico
sobre interpretação dos contratos, apenas algumas normas específicas sobre
interpretação, como os arts. 112, 113 e 114:
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e
os usos do lugar de sua celebração.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.
Isso foi consequência da opção consciente do legislador brasileiro de adotar
conceitos jurídicos indeterminados que pudessem ser preenchidos pelo magistrado
perante o caso concreto, em vez de estabelecer regras formais e genéricas de
interpretação.
Os princípios jurídicos também possuem uma função interpretativa, enquanto
referenciais hermenêuticos dos quais o aplicador do direito pode se utilizar para
extrair de uma norma o sentido mais recomendável e adequado para aquela
situação concreta.
No âmbito de interpretação dos contratos eletrônicos1, mais especificamente,
esses princípios são de suma importância. Isso porque, se já não há propriamente
uma legislação específica para a interpretação dos contratos em geral, para os
contratos eletrônicos a ausência de regras nesse sentido é praticamente absoluta.
Sendo assim, a doutrina vem desenvolvendo princípios próprios para esses
contratos2, uma vez que aplicação dos princípios do Direito Contratual já existentes

1
Aqui, adota-se a acepção ampla de que contratos eletrônicos são aqueles em que o meio
eletrônico é utilizado pelas partes para formalizar o contrato. Nesse sentido, para ser considerado
eletrônico, o contrato deve ser eletronicamente consentido (LEAL, 2009).
2
E sendo apoiada pela jurisprudência, com a aplicação destes.
não tem sido suficiente para abarcar e reger de forma apropriada as situações
fáticas existentes.
Um deles é o princípio da equivalência funcional dos atos jurídicos produzidos
em meios eletrônicos com os atos jurídicos tradicionais (ou princípio da equivalência
funcional dos contratos realizados em meio eletrônico com os contratos realizados
por meios tradicionais). Esse princípio – praticamente autoexplicativo pelo nome –
procura vedar qualquer tipo de diferenciação entre os contratos celebrados
tradicionalmente e os efetivados por meios eletrônicos, apontando que não se pode
negar validade ou eficácia a um contrato somente pelo fato de ele ter sido firmado
em meio eletrônico. Tal entendimento é amplamente confirmado pela jurisprudência,
como exemplificado a seguir:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO ELETRÔNICO.
PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA FUNCIONAL. PROVA DA ASSINATURA.
ART. 389, II DO CPC. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. SENTENÇA
MANTIDA. 1. Pelo princípio da equivalência funcional, o registro eletrônico
da contratação não lhe compromete a validade nem a eficácia. Contudo,
remanescem os cuidados com a inalterabilidade e o registro da declaração
de vontade. 2. Nos termos do art. 389, II do CPC, contestada a assinatura
do documento, cabe à parte que o produziu provar-lhe a veracidade.

(TJ-MG - AC: 10056110034735002 MG, Relator: José Marcos Vieira, Data


de Julgamento: 03/07/2013, Câmaras Cíveis / 16ª CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 12/07/2013)
Outro princípio de extrema importante é o princípio da identificação, uma vez
que a identidade das partes é uma preocupação muito relevante quando do
firmamento de um contrato eletrônico. É por isso que esse princípio coloca que um
contrato desse tipo só é válido se as partes contratantes estiverem devidamente
identificadas. A identificação, porém, nesse sentido específico, abrange
autenticação, integridade, confidencialidade, disponibilidade e impedimento de
rejeição.
O julgado a seguir traz um exemplo de aplicação tanto do primeiro princípio
aqui já mencionado quanto do segundo:
DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO
ELETRÔNICO. ALEGADA AUSÊNCIA DOS TERMOS DO CONTRATO DE
ADESÃO. ÔNUS DA PROVA. INVERSÃO. POSSIBILIDADE
TECNOLÓGICA DE COMPROVAÇÃO. CONFIGURADA. NÃO
IMPLEMENTADA. TERMO GERAL DO CONTRATO DE MÚTUO.
INEXISTÊNCIA. ELEMENTOS PROBANTES. AUSÊNCIA. DEVER DE
REGISTRO DOS ATOS PRATICADOS. COMPROMISSO DE
TRANSPARÊNCIA E DE INFORMAÇÃO. INCIDÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DE JUROS. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO EXPRESSA. VEDADA.
SENTENÇA REFORMADA. MAJORAÇÃO DA SUCUMBÊNCIA. 1. Serviços
prestados por instituição bancária estão sob guarda do Código de Defesa
do Consumidor, Súmula n. 297 do STJ. 2. O contrato eletrônico é de mesma
espécie do contrato tradicional, não se tratando de uma nova modalidade de
contratação, divergindo apenas em sua forma, pois possui os mesmos
requisitos para a sua validade jurídica. 3. O documento digital deve atender
aos requisitos de identificação, autenticação, impedimento de rejeição,
verificação e integridade, privacidade e aos princípios da neutralidade e da
perenidade das normas reguladoras do ambiente digital, conservação e
aplicação das normas jurídicas existentes aos contratos eletrônicos, boa-fé
objetiva e figura do iniciador. [...]
(TJ-DF 20120111804179 DF 0049568-93.2012.8.07.0001, Relator: ROMEU
GONZAGA NEIVA, Data de Julgamento: 19/07/2017, 7ª TURMA CÍVEL,
Data de Publicação: Publicado no DJE: 25/07/2017. Pág.: 500-508)
Por fim, a doutrina desenvolveu o princípio da neutralidade (ou princípio da
neutralidade tecnológica das disposições reguladoras do comércio eletrônico). Esse
princípio procura garantir que as normas disciplinadoras do comércio eletrônico não
abarquem somente as tecnologias existentes no momento em que são promulgadas,
mas também as futuras, para que a legislação não se torne obsoleta. Isso ocorre
devido à ampla dinamicidade que esse meio possui.
Mais especificamente no âmbito dos contratos eletrônicos, esse princípio
serve para impedir que novas modalidades de contratos eletrônicos que venham a
ser desenvolvidas3 sejam prejudicadas por uma legislação desatualizada.
Desse modo, é perceptível o papel crucial da doutrina em desenvolver tais
princípios como norte para a interpretação do Direito Contratual Eletrônico, uma vez
que se essa interpretação fosse feita estritamente pelos demais princípios e regras
gerais (que não foram pensados de modo a abarcar a realidade particular do meio
digital), grande insegurança jurídica poderia ser gerada nesse sentido.
As novas legislações específicas do meio digital já vêm sendo desenvolvidas
(já se tem, atualmente, o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de
Dados), e por isso a doutrina deve continuar seu trabalho de amplificação e
aperfeiçoamento dos institutos jurídicos, de modo a melhor atender a cada situação
concreta.

3
Uma vez que a Lei n. 12.965/2014 (popularmente conhecida como Marco Civil da Internet)
traz como princípio a livre forma dos contratos eletrônicos:
Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:
[...]
VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet, desde que não conflitem com
os demais princípios estabelecidos nesta Lei.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível
em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/l10406.htm>. Acesso em 07 jul.
2019.
______. Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,
direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em
07 abr. 2019.
LEAL, Sheila do Rocio Cercal Santos. Contratos Eletrônicos: Validade Jurídica
dos Contratos via Internet. 1ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 81.
SILVA, Luciana Vasco da. Interpretação de contratos eletrônicos. Boletim
Jurídico, Uberaba/MG, a. 13, no 1113. Disponível em:
<https://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/artigo/2856/a-utilizacao-principios-
interpretacao-contratos-eletronicos> Acesso em 7 jul. 2019.
STOLZE GAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito
Civil, V. 4, Tomo I: Contratos, Teoria Geral. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 219.
TJ-DF. APELAÇÃO CÍVEL: 0049568-93.2012.8.07.0001. Relator: Desembargador
Romeu Gonzaga Neiva. DJ: 19/07/2017. JusBrasil. 2017. Disponível em: < https://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/501193458/20120111804179-df-0049568-
9320128070001?ref=juris-tabs>. Acesso em 07 jul. 2019.
TJ-MG. APELAÇÃO CÍVEL: AC 0034735-68.2011.8.13.0056 MG. Relator:
Desembargador José Marcos Vieira. DJ: 12/07/2013. JusBrasil. 2013. Disponível
em: https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/115945331/apelacao-civel-ac-
10056110034735002-mg?ref=juris-tabs. Acesso em 07 jul. 2019.

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