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Conceitos
Antes de iniciarmos o presente Curso de História da Igreja, faz-se necessário
elucidarmos dois conceitos – o de história e o de igreja – fundamentais para a
compreensão de nossos estudos, tanto no primeiro módulo quanto nos subsequentes.
O Conceito de História
Em nosso curso, entendemos por história um dos caminhos para a compreensão
correta do passado e do presente, ou seja, buscaremos a verdade sobre os fatos passados
– aqui entendida segundo um conceito filosófico dado por Santo Agostinho (354-430).
Seguindo filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, ele defende que o conceito de
Verdade é eterno e imutável.
Adaptando este conceito de verdade filosófica para nossos estudos históricos,
queremos esclarecer que visamos a busca pela verdade, que culminará no encontro com
a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Concluímos que o centro de nossa história é
Jesus Cristo – o que ficará mais claro quando falarmos sobre o próximo conceito.
Além disso, temos que deixar claro que a história é sempre uma combinação
entre tempo e espaço, “quando?” e “onde?”. Esse esclarecimento torna-se deveras
importante, a fim de evitarmos um dos piores erros que um historiador pode cometer, o
chamado Anacronismo. Anacronismo é o entendimento do passado a partir de conceitos
contemporâneos, ou seja, tentarmos entender o passado, seus acontecimentos e
personagens históricos, a partir de uma ótica atual e pessoal. Infelizmente, é isso o que
acontece com uma grande parcela de historiadores quando abordam os estudos sobre
Igreja.
Por fim, defendemos a história como uma articulação entre passado e presente,
conforme define o historiador March Bloch. Desse modo, nosso intuito é entender os
acontecimentos atuais, a partir da compreensão dos eventos passados. Para tanto,
buscaremos elucidar alguns aspectos como símbolos da nossa Igreja, formato da missa,
sacramentos, entre outros.
O Historiador
O Conceito de Igreja
Para ilustrar tal aspecto, traremos que está escrito no livro de Atos dos Apóstolos
Capítulo 9, 1-22:
"Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele
apresentou-se ao sumo sacerdote, e lhe pediu cartas de recomendação para as
sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens
e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho. Durante a viagem, quando
já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz
que vinha do céu. Caiu por terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo,
Saulo, por que você me persegue?" Saulo perguntou: "Quem és tu,
Senhor?" A voz respondeu: "Eu sou Jesus, a quem você está
perseguindo.
Agora, levante-se, entre na cidade, e aí dirão o que você deve fazer." Os
homens que acompanhavam Saulo ficaram cheios de espanto, porque ouviam
a voz, mas não viam ninguém. Saulo se levantou do chão e abriu os olhos,
mas não conseguia ver nada. Então o pegaram pela mão e o levaram para
Damasco. E Saulo ficou três dias sem poder ver, e não comeu nem bebeu
nada. Em Damasco havia um discípulo chamado Ananias. O Senhor o
chamou numa visão: "Ananias!" E Ananias respondeu: "Aqui estou, Senhor!"
E o Senhor disse: "Prepare-se, e vá até a rua que se chama rua Direita e
procure, na casa de Judas, um homem chamado Saulo, apelidado Saulo de
Tarso. Ele está rezando e acaba de ter uma visão. De fato, ele viu um homem
chamado Ananias impondo-lhe as mãos para que recuperasse a vista.
“Ananias respondeu: "Senhor, já ouvi muita gente falar desse homem e do
mal que ele fez aos teus fiéis em Jerusalém. E aqui em Damasco ele tem
plenos poderes, que recebeu dos chefes dos sacerdotes, para prender todos os
que invocam o teu nome." Mas o Senhor disse a Ananias: "Vá, porque esse
homem é um instrumento que eu escolhi para anunciar o meu nome aos
pagãos, aos reis e ao povo de Israel. Eu vou mostrar a Saulo quanto ele deve
sofrer por causa do meu nome." Então Ananias saiu, entrou na casa e impôs
as mãos sobre Saulo, dizendo: "Saulo, meu irmão, o Senhor Jesus, que lhe
apareceu quando você vinha pelo caminho, me mandou aqui para que você
recupere a vista e fique cheio do Espírito Santo." Imediatamente caiu dos
olhos de Saulo alguma coisa parecida com escamas, e ele recuperou a vista.
Em seguida Saulo se levantou e foi batizado. Logo depois comeu e ficou
forte como antes. Saulo passou então alguns dias com os discípulos em
Damasco. E logo começou a pregar nas sinagogas, afirmando que Jesus é o
Filho de Deus. Os ouvintes ficavam impressionados e comentavam: "Não é
este o homem que descarregava em Jerusalém a sua fúria contra os que
invocam o nome de Jesus? E não é ele que veio aqui justamente para os
prender e levar aos chefes dos sacerdotes?" No entanto, Saulo se fortalecia
cada vez mais e deixava confusos os judeus que moravam em Damasco,
demonstrando que Jesus é o Messias."
UNIDADE 2
Contextualização
Antes de adentrarmos em nossos estudos sobre a formação da Igreja Católica, é
preciso compreender o contexto no qual ela estava inserida. Para tanto, tomaremos
como primeira base de estudos o livro dos Atos dos Apóstolos. No primeiro momento,
faremos uma análise do que estava acontecendo no Império Romano durante os eventos
descritos em Atos dos Apóstolos até o fim do nosso primeiro século, ou seja, por volta
do ano 100 d.C.
A Igreja de Cristo
Nós não faremos uma análise da história de Cristo, pois esse não é o objetivo do
nosso texto e nem do nosso curso, mas iremos contextualizar o que estava acontecendo
no momento que Cristo morreu, ressuscitou e ascendeu aos céus.
A morte de Cristo foi um evento que mudou toda a história da humanidade e que
marca o início da ação da Igreja. Quando Nosso Senhor morreu em uma cruz para a
nossa salvação, o imperador do Império Romano era César Augustus Tibério. O
Império Romano era dividido em várias províncias, nas quais havia representantes do
imperador que governavam o povo segundo a sua vontade. O governador da província
da Judeia era o procônsul Pôncio Pilatos.
Os romanos, quando dominavam uma nova nação, mantinham a cultura local
com o objetivo de evitar conflitos internos. Desse modo, a Judeia continuava com o seu
rei, mas que não detinha poder algum, sendo apenas um homem de família importante
colocado pelo próprio Império Romano no poder. A família escolhida pelo Império
Romano havia sido a de Herodes, o Grande, mas no tempo de Jesus Cristo o rei dos
judeus era Herodes Agrípa, neto de Herodes, o Grande.
Estima-se que o número e3 seguidores de Jesus, que o seguiam enquanto vivia,
era muito maior do que imaginamos. São Lucas, em seu evangelho, aponta que seriam
mais ou menos 120 pessoas que o seguiam fielmente como verdadeiros discípulos. Já
São Paulo, em uma de suas cartas, descreve que Jesus teria mais ou menos 500
seguidores. Enfim, não temos o número exato, mas sabemos que logo após a pregação
de São Pedro esse número chegará a mais de 5.000 pessoas.
Havia algumas características importantes de se destacar nestas comunidades
formadas por Cristo e expandidas pelos apóstolos. A primeira era o sacramento do
Batismo, que marcava não apenas a redenção dos pecados, mas também o início de uma
nova vida, da vida como um cristão. Como descreve um dos maiores historiadores da
Igreja, Daniel Rops “as primeiras Igrejas consideravam indispensável o batismo e que
todo novo adepto recebesse no momento de sua admissão”. (ROPS, 2014, p.22).
A segunda característica é a imposição das mãos. Essa pratica já era realizada
pelos judeus, no Antigo Testamento. Vemos vários exemplos de que, quando era
necessário conferir a alguém um dom sobrenatural, esta pessoa era ungida (exemplo
Gen. 48, 17). A imposição de mãos pode ser comparada ao sacramento do Crisma, no
qual acontece a transmissão direta dos dons do Espírito Santo. Rops afirma que “o
batismo abrirá aos fiéis a porta da verdade; a imposição das mãos permitia-lhes-ai
prosseguir a caminhada” (ROPS, 2014, p. 23).
A terceira característica encontrada nas primeiras comunidades é a comunhão.
Falaremos mais especificamente no livro do nosso segundo módulo, quando
abordaremos a história da missa. A partilha do pão, como gesto de união, era uma
prática comum entre os judeus. Contudo, as primeiras comunidades resinificam este
evento, pois não é apenas uma refeição, mas a celebração da própria memória de Cristo.
Essa celebração Eucarística é defendida por Daniel Rops como o meio no qual os
primeiros cristãos perceberam que eram muito mais do que uma reunião de amigos,
mais do que um grupo de religiosos, mais do que uma escola de mestres. Eles eram uma
sociedade que vivia por Cristo, com Cristo e em Cristo. Eles eram verdadeiros santos,
eles eram Igreja.
Por fim, a última característica das primeiras comunidades é o que alguns
historiadores chamam de Ágapes Fraternos, como estão descritos em (Atos 2,42 e Atos
5). Essa caraterística vede como se amam, era marca registrada das primeiras
comunidades, na qual todos os primeiros cristãos largavam suas vidas passadas,
vendiam seus bens e os entregavam para o bispo, vivendo todos juntos, de forma
igualitária, recebendo segundo a sua necessidade. Todos os primeiros cristãos viviam a
expectativa do Maran tha, a espera da segunda vinda de Cristo. Dessa forma, tornou-se
comum que todos seguissem o que Cristo havia dito para o jovem rico: “Vai, vende
tudo que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu”. (Lc 18,22). A vida fraterna
não era uma palavra vã para os primeiros cristãos, ao ponto de que ninguém quisesse
seguir o exemplo de Ananias e Safira, que mentido ter entregado tudo a Pedro, sofrem a
justiça divina. (Atos 5).
O Império Romano
UNIDADE 3
Missão dos Apóstolos
A Judeia
Logo após esse momento, os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, iniciaram a
sua missão. Naquele instante, São Pedro realizou uma grande pregação, convertendo
cerca de 3000 homens, sem contar mulheres e crianças, contabilizando no total cerca de
5000 a 6000 pessoas. Quem eram tais pessoas?
Anteriormente, vimos que os judeus foram dominados por vários povos em sua
história. O primeiro deles foi o Império Babilônico de Nabucodonosor. Neste momento
os judeus, que antes viviam todos no mesmo local, ou seja, Jerusalém, se espalharam
por todo o mundo conhecido da época, ocorrendo a primeira Diáspora – um
deslocamento forçado do povo judeu para outros lugares. Contudo, os judeus são
tradicionais e quando chegavam as datas das grandes festas eles viajavam até Jerusalém
para comemorar, como Páscoa e a festa de Pentecostes.
Estes judeus vinham de vários lugares: “E de todos os lados chegavam à Terra
Santa, nos dias das grandes festas, ‘partos, medos, elemitas, os que habitavam a
Mesopotâmia, [...] Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes
da Líbia, para as bandas de Cirene’” (Atos 2,9). Estas eram a nacionalidade dos mais de
6000 recém convertidos – que não eram pagãos, como alguns pensam, mas judeus
helenistas.
O que é um Judeu Helenista? Naquele tempo havia uma grande divisão no
judaísmo antigo, que explica o porquê um judeu de Jerusalém não tinha amizade com
um judeu da Samaria. Esta divisão era entre Judaizantes e Helenistas. Os Helenistas
eram judeus que não viviam em Jerusalém, que acreditavam no universalismo do
judaísmo, ou seja, não importava onde você vivia, o que importava era que você
cumprisse com os mandamentos do Senhor para ser um verdadeiro judeu. Os
Judaizantes acreditavam que o verdadeiro judeu não é apenas aquele que cumpre com
os mandamentos do Senhor, mas aquele que vive em Jerusalém, isto se chamava
particularismo. Essas diferenças de teorias levaram os judeus a inúmeras brigas e
divisões, principalmente pelo orgulho tradicional que os judeus de Jerusalém tinham.
Na breve expansão do cristianismo que se iniciou em Pentecostes, os cristãos se
depararam com uma primeira dificuldade, a divisão entre Judaizantes e Helenistas. Por
quê? Esta dificuldade surge, porque os primeiros cristãos convertidos eram, em usa
maioria, helenistas e os doze apóstolos eram judeus nascidos em Jerusalém, ou seja,
judaizantes. Isso fez com que estes primeiros convertidos ficassem com medo de serem
menosprezados, como no judaísmo antigo.
Para evitar que isso acontecesse e para provar que o Cristianismo era diferente
do judaísmo, os doze apóstolos tomaram uma decisão:
"Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas
dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido
negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma
reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a
palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós
sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos
quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao
ministério da palavra. Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram
Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro,
Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos.
Divulgou-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se
consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande
número de sacerdotes aderia à fé." (Atos 6, 1-7)
Estevão era um judeu Helenista, alguns afirmam que ele era de Alexandria, no
Egito, pois o conhecimento de Estevão demonstrava que teria ligação direta com as
doutrinas de Fílon, que naquela época estavam em voga, sobretudo em Alexandria. É
nessa cidade na qual é escrito o livro bíblico, Sabedoria.
Estevão era “uma alma de fogo, transbordante de audácia, iniciador e modelo
dessa imensa série de homens admiráveis que o cristianismo colocará a serviço de sua
causa”. (ROPS, 2014, p. 37). Era um jovem conhecedor da filosofia grega e da doutrina
judaica, disposto a enfrentar necessárias rupturas, queria evangelizar a todos e falava
muito bem aos judeus de fora. Além disso, os prodígios e milagres realizados por ele
surpreendiam a todos.
Diferente de Pedro que pregava que Jesus era o Messias dos judeus, Estevão,
com frases como “não se deita vinho novo em odres velhos, nem se cose um remendo
novo em um pano velho”, demonstra que Jesus Cristo não veio só para os judeus, mas
para todo o mundo. Os judeus judaizantes não se engaram com ele e perceberam um
perigo, “Este homem não cessa de proferir palavras contra este lugar santo e contra Lei”
(Atos 6,13).
Por volta de 36 d.C. Estevão é levado diante dos juízes que queriam matá-lo.
Porém, como um verdadeiro santo, não se intimidou e pregou com todo o rigor, força e
inteligência, unindo os ensinamentos de Cristo às Escrituras. Terminava sua pregação
apologética com: “Homens de dura cerviz, e de corações e ouvidos incircuncisos! Vós
sempre resistis ao Espírito Santo. Como procederam os vossos pais, assim procedeis vós
também! A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram os que
prediziam a vinda do Justo, do qual vós agora tendes sido traidores e homicidas. Vós
que recebestes a lei pelo ministério dos anjos e não a guardastes...” (Atos 7, 51-53).
Essas palavras foram mais do que necessárias para irritar os judeus
tradicionalistas e levarem Estevão para o seu martírio heroico que, a exemplo de Jesus
Cristo, pediu para que Deus perdoasse seus acusadores e carrascos. Estevão morreu no
ano 36, porém seu testemunho de sangue e suas palavras não. A morte de Estevão dará
força para que o evangelho se propague ainda mais.
Após a morte de Estevão, iniciou-se uma grande perseguição contra os cristãos,
principalmente os helenistas, que ficaram mais visados desde o martírio de Estevão.
Isso fez com que os helenistas saíssem da Terra Santa e voltassem para as suas cidades
de origem, expandindo ainda mais o evangelho.
Nesse momento, temos a missão importante do diácono Felipe e de São Pedro na
Samaria. A Samaria é uma terra que sofrera com o paganismo, contudo, a fé do povo se
conservara na espera de um Messias. A missão de Felipe e de São Pedro não é apenas
uma evangelização, mas também de organização e solidificação da fé daquela
comunidade. Felipe desbravava novos terrenos, enquanto Pedro ensinava a doutrina e
ordenava novos sacerdotes através da imposição de mãos. Durante este período
acontece a famosa discussão entre São Pedro e Simão, o Mago (Atos 8).
Felipe segue viagem passando por outras cidades e evangelizando novos judeus,
enquanto Pedro terá uma experiência fundamental para a expansão do cristianismo a
todos os povos. Em sua passagem pela Samaria, São Pedro foi convidado por um
centurião chamado Cornélio, para comer em sua casa a mando do Senhor. Cornélio era
um homem “piedoso e temente a Deus”, ou seja, um romano prosélito de Israel.
Segundo as leis dos israelitas, um judeu nunca poderia comer algo impuro ou se
sentar à mesa com um pagão. Isso fica ainda mais claro quando lemos em (Macabeus
7,2) que os irmãos preferem morrer do que transgredir a lei. Antes do convite, Jesus
apareceu para Pedro oferecendo a ele alimentos impuros. Pedro nega três vezes e o
Senhor insiste (Atos 10). Cornélio aos olhos dos judeus era impuro, mas Deus queria
mostrar para São Pedro que Cornélio deveria ser batizado.
Ainda hesitante, São Pedro entra na casa e, nesse momento, ocorre um pequeno
Pentecoste na casa de Cornélio – com os mesmos fenômenos sobrenaturais que
acontecerá com os discípulos no Cenáculo. Esse fato foi fundamental para que Pedro
caísse em si e percebesse que a missão que Cristo o ofereceu é ainda maior do que ele
imaginava. Pedro então batiza Cornélio e toda a sua casa, deixando de lado as
observâncias judaicas. O encontro de Pedro com Cornélio será fundamental na decisão
de Pedro no “Concílio de Jerusalém”, no ano 50, quando este decidirá que o
cristianismo é para todos e não apenas para os judeus.
São João nasceu na Betsaida. Filho de Zebedeu e irmão de Tiago Maior, era um
pescador como Pedro e André. O nome de João significa “Deus é misericordioso”. Ele
foi um dos apóstolos mais importantes e é uma das colunas da Igreja.
Até a assunção de Nossa Senhora, João permaneceu em Jerusalém. Depois, foi
para Éfeso, se tornando bispo da Igreja da Ásia Menor. Durante o governo do Imperador
Domiciano (81-96) – um dos imperadores que mais perseguiu os cristãos – São João foi
preso e levado para Roma, onde permaneceu até o ano 96. Nesse período, São João
escreveu o livro de Apocalipse.
Depois de seu cativeiro voltou para Éfeso onde novamente permaneceu como
bispo da Ásia Menor. Durante esse período, São João visualizou o início de várias
heresias, como o agnosticismo. Nesse sentido, por volta do ano 100, escreveu o seu
evangelho e três cartas às comunidades da Ásia Menor.
É interessante destacar que São João foi o único apóstolo que não foi
martirizado. Deus o concedeu esta missão, para que ele pudesse testemunhar a Verdade
diante de um novo inimigo, as heresias. Não temos a data certa da morte de São João,
mas sabemos que foi no início do século II, durante o governo de Trajano (98-117).
Felipe nasceu na Betsaida. Apesar de ser um judeu, seu nome vem do grego
“Felipe”. Em todas as listas de apóstolos descritos nos quatro evangelhos, ele se
encontra no quinto lugar, ou seja, um dos apóstolos importantes para a Igreja. Bento
XVI nos narra muito bem como ele foi chamado:
“O quarto Evangelho conta que, depois de ter sido chamado por Jesus, Felipe
se encontra com Natanael e lhe diz: «Esse do qual escreveu Moisés na Lei, e
também os profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José, o de Nazaré»
(João 1, 45). Ante a resposta mais cética de Natanael -- «De Nazaré pode sair
coisa boa?» --, Felipe não se rende e responde com decisão: «Vem e vê»
(João, 1, 46). Com esta resposta, seca mas clara, Felipe demonstra as
características da autêntica testemunha: não se contenta em apresentar o
anúncio como uma teoria, mas interpela diretamente o interlocutor,
sugerindo-lhe que ele mesmo faça a experiência pessoal do anunciado. Jesus
utiliza esses dois mesmos verbos quando dois discípulos de João Batista se
aproximam d’Ele para perguntar-lhe onde vive: Jesus respondeu: «Vinde e
vede» (cf. João 1, 38-39)”. (BENTO XVI, 2006).
Segundo a Tradição, ele foi pregar na Frígia e na Grécia junto com suas filhas.
Felipe também era casado, como São Pedro e São Bartolomeu. Morreu crucificado de
cabeça para baixo na cidade de Hierápolis, na Grécia, junto com suas filhas que também
foram martirizadas com ele.
Segundo a tradição, é filho de Alfeu (cléofas), irmão de São José. Sendo assim,
São Judas Tadeu também era primo de Jesus.
A Tradição também afirma que São Judas Tadeu era muito parecido com Jesus
Cristo fisicamente, por isso, suas imagens são semelhantes ao rosto de Jesus. O fogo
sobre a sua cabeça representa a ação do Espírito Santo na sua vida, que iniciou em
Pentecostes.
Não se sabe muito da missão depois de Pentecostes, porém, a maioria dos
historiadores afirmam que São Judas Tadeu teria evangelizado junto com São Simão, o
Zelote. Pregando o evangelho na Pérsia, Mesopotâmia, Arábia, Edessa e Síria. Foi
martirizado junto com São Simão a machadadas. O seu corpo se encontra na Basílica de
São Pedro em Roma. Antes de morrer, teria visto Jesus Cristo o chamando para ir ao
céu, junto com Ele.
São Simão, o Zelote, era um rebelde, mas um dos apóstolos mais íntimos de
Jesus, depois de São João. Depois de Pentecostes, teria viajado com Felipe para a
Espanha e a Bretanha. Por fim, teria seguido junto de São Judas Tadeu para a Ásia. O
cronista cristão Hegésipo afirma que “Simon possuía santa obediência no cumprimento
dos preceitos; tristeza em compaixão para com os aflitos; zelo constantemente
trabalhando ardentemente a salvação das almas”. (BENTO XVI, 2006).
Há várias teorias de sua morte. Uma diz que ele teria sido crucificado. Outra,
que ele teria sido queimado vivo. Mas a Igreja afirma que ele teria sido martirizado
junto com São Judas Tadeu, sendo serrado ao meio. Seu corpo também é encontrado em
um altar na Basílica de São Pedro, Roma.
1
Falaremos mais sobre isso, nas aulas sobre o surgimento das Sagradas Escrituras. Mas os livros
apócrifos são condenados peal sua teologia herética contida em muitos deles, mas alguns revelam dados
históricos confirmados pela Tradição da Igreja.
colônia judaica muito grande e, ali, Saulo converterá a grande maioria dos judeus e não
judeus da cidade. Ordenará inúmeros sacerdotes e enviará muitos para missão, como
Simão o Negro, Lúcio de Cirene, Manaém.
Antioquia com a missão de São Paulo se tornará a segunda grande Igreja2 da
época, ficando atrás apenas de Roma. Depois de quatro anos de missão em Antioquia,
Paulo inicia o que a hagiografia3 chamará de as três grandes viagens missionárias de
São Paulo.
2
Igreja aqui significa diocese. Chamamos de Igreja, as Igrejas de Jerusalém, Antioquia, Roma, entre
outras, pois o nome “diocese” não foi atribuído para este fim geográfico dentro da Igreja Católica
Primitiva neste período.
3
Termo historiográfico, usado para estudos de santos.
Segunda Viagem
Terceira Viagem
Em sua última viagem, São Paulo vai para Jerusalém pregar o evangelho nos
lugares públicos judaicos e acaba sendo preso e levado à Roma, por volta do ano 61-62.
Em Roma permaneceu retido em uma prisão domiciliar até o ano 64, quando foi
libertado por um tribunal romano pelo seu título de jus civitatis.
Contudo, no ano 67, acaba sendo preso novamente e, nesse período, quem
comandava o Império Romano e que estava perseguindo fortemente os cristãos era
Nero. Nesse mesmo ano, Paulo é decapitado, se tornando mais um mártir para Cristo.
“Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé” (II Tm 4, 7).
São Pedro, como lemos anteriormente, logo após o evento de Pentecostes, foi
para a Samaria com Felipe. Depois, seguiu para Antioquia, onde auxiliou na formação
da grande comunidade local. Em seguida, passou rapidamente pelo Pondo, Capadócia,
Bitínia e Macedônia, chegando até seu grande objetivo que era Roma.
De Roma, Pedro saiu poucas vezes, uma delas foi no ano 50 para a reunião dos
apóstolos, na qual decidiram evangelizar todos os povos sem distinção. Essa reunião
ficou conhecida como Concílio de Jerusalém.
Segundo a Tradição da Igreja Católica, São Pedro permaneceu em Roma por
volta de 20 anos. E no ano 67, junto de São Paulo, foi preso por Nero e morto, sendo
crucificado de cabeça para baixo. Sua morte ocorreu no Circo de Nero, atualmente
localizado no Vaticano.
• Europa:
• A Itália – Igreja de Roma, Óstia, Putéoli, Napoles, Ravena, Milão,
Verona e Aquiléia
• As Galias – França. Quem teria Evangelizado – Lázaro, Maria Madalena
e Marta ou Crescente discípulo de Paulo (Tm 4,10). Havia 54 Bispos
• Espanha. 19 Bispos e 34 prespitérios
• Gêrmanicas – Colônia, Treves e Mogúncia, próximos aos rios Reno e
Danúbio, quem evangelizou foi Tito.
• Britânia – York, Londres e Lincoln.
• África:
• Havia mais de 90 bispos no Norte da África, segundo Tertuliano
• Egito - Igrejas em Alexandria, Tebaita e Líbia
• Ásia:
• Palestina: Jerusalém e Cesárea.
• Arábia: Evangelizada por São Paulo e depois Panteno. No ano 240 já
estava totalmente organizada
• Índia: Evangelizada por São Tomé e Panteno, vai ser uma comunidade
pequena
• Síria: a Igreja da Antioquia
• Ásia Menor: Capital era Éfaso, depois o Ponto – Comunidades fundadas
por São Paulo.
• Armênia: Evangelizada por Dionísio, converte o rei Tiridates no ano 322
• Mesopotâmia: Havia 17 bispos
• Pérsia: Evangelizada por São Tomé, dados históricos do século VI
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