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Alimentos

Microbioma intestinal e demência: novas evidências


26 de fevereiro de 2019 por Luiz Jacques

https://portugues.medscape.com/verartigo/6503245

Pauline Anderson

NOTIFICAÇÃO 19 de fevereiro de 2019

Honolulu – A depleção de determinadas bactérias intestinais e a maior quantidade de outras estão associadas a aumento do risco
de demência, mostra novo estudo.

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“Embora o nosso estudo tenha muitas limitações, seus resultados sugerem que o microbioma intestinal possa ser um novo alvo
para o tratamento da demência”, disse ao Medscape o Dr. Naoki Saji, médico e vice-diretor do Center for Comprehensive Care and
Research on Memory Disorders, National Center for Geriatrics and Gerontology, no Japão.

Os médicos devem incentivar seus pacientes a “cuidar dos próprios intestinos”, disse o Dr. Naoki.

O estudo foi apresentado no International Stroke Conference (ISC) 2019 e publicado on-line em 30 de janeiro no periódico Scientific


Reports.

O microbioma intestinal é formado pelos microrganismos que vivem no trato digestório; existem cerca de mil espécies diferentes de
bactérias, chegando a trilhões de células. Pesquisas recentes correlacionaram determinadas alterações entre as bactérias
intestinais e as doenças inflamatórias e autoimunes, e estudos mostraram que modificações alimentares podem alterar as
populações de bactérias intestinais.

Microbioma intestinal tornou-se o tema do momento para muitos especialistas, inclusive para o Dr. Naoki. Seus interesses de
pesquisa são as associações entre a demência, as doenças cerebrovasculares e as doenças cardiovasculares. O pesquisador
defende a hipótese de essas doenças terem os mesmos fatores de risco.

Resultados de pesquisas anteriores sugerem uma relação entre o microbioma intestinal e as doenças cardiovasculares. “Imaginei
que também pudesse existir alguma relação entre a demência e o microbioma intestinal”, disse o Dr. Naoki.

O novo estudo recrutou 128 pacientes ambulatoriais de uma clínica de memória da sua instituição; os participantes tinham em
média 74,2 anos de idade, e 59% eram do sexo feminino.

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Os pesquisadores coletaram dados demográficos, informações sobre fatores de risco e atividades da vida diária, e avaliaram a
função cognitiva usando testes neuropsicológicos e exames de ressonância magnética (RM) de crânio.

Além disso, com amostras fecais, os autores determinaram a microbiota intestinal usando a análise de polimorfismos do
comprimento dos fragmentos de restrição terminal (T-RFLP, do inglês Terminal Restriction Fragment Length Polymorphism). Trata-se
de um método comprovado e confiável de classificação da microbiota intestinal, segundo o Dr. Naoki.

Os pesquisadores dividiram os participantes do estudo em grupos com e sem demência. Por meio de modelos de regressão
logística multivariada identificaram os fatores independentemente associados à demência.

Os autores informaram que infartos lacunares silenciosos e microssangramentos cerebrais foram observados com mais frequência
nos exames de ressonância magnética dos pacientes com demência.

Diminuição da população de Bacteroides


A análise dos T-RFLP revelou diferenças dos componentes da microbiota intestinal entre os grupos. Por exemplo, os níveis
de Bacteroides (enterotipo I), que são os organismos que normalmente vivem nos intestinos e podem ser benéficos, estavam
diminuídos nos pacientes com demência em comparação aos pacientes sem demência.

Havia outras bactérias (enterotipo III) em maior quantidade no grupo com demência.

Análises multivariadas mostraram que o enterotipo I (razão de risco ou odds ratio, OR = 0,1; intervalo de confiança, IC, de 95%, de
0,02 a 0,4; P < 0,001) e o enterotipo III (OR =12, IC 95%, de 3,3 a 65,8; P < 0,001) foram fortemente associados à demência,

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independentemente de biomarcadores tradicionais de demência, como a existência do alelo APOE ε4; de déficits de alguns
neuroquímicos; e das altas pontuações no Sistema de Análise Regional Específica por Voxel para Doença de Alzheimer (VSRAD, sigla
em inglês Voxel-Based Specific Regional Analysis System for Alzheimer’s Disease).

As concentrações fecais de amônia, indol, escatol e fenol foram mais altas nos pacientes com demência em comparação com os
pacientes sem demência.

Estes novos resultados indicam que o desequilíbrio do microbioma intestinal está independente e fortemente associado à
demência, comentou o Dr. Naoki.

O estudo teve várias limitações. Uma foi o desenho transversal, que não pôde estabelecer relação de causalidade entre as
diferenças no microbioma intestinal e a demência. Como relativamente poucos pacientes foram incluídos, o estudo pode não ter
poder estatístico suficiente, e a ausência do enterotipo II entre os pacientes com demência pode ter influenciado a interpretação
estatística.

Outra possível limitação é o viés de seleção, dado que o estudo foi realizado em uma única coorte atrelada a um hospital, e os
possíveis fatores de confusão, como a liberação de biomarcadores inflamatórios e os parâmetros nutricionais e alimentares, que
não foram avaliados.

Apesar dessas desvantagens, o Dr. Naoki destacou que as razões de chances (odds ratios) do estudo foram altas.

O pesquisador sugeriu que pode haver mecanismos comuns por trás dos efeitos da composição microbiana intestinal na
arteriosclerose em vários órgãos.

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Análises do microbioma intestinal podem não apenas levar a melhores formas de lidar com a demência, como talvez a um novo
tratamento para a doença.

O Dr. Naoki citou um artigo recente de Kobayashi e colaboradores, sugerindo que a suplementação com Bifidobacterium breve A1
pode melhorar a função cognitiva de adultos com déficit cognitivo leve (MCI, do inglês Mild Cognitive Impairment).

O estudo aberto de 24 semanas com braço único avaliou os efeitos cognitivos da suplementação oral em 27 participantes, 19 dos
quais completaram o estudo.

Para avaliar a função cognitiva, os pesquisadores usaram o mini exame do estado mental (MMSE, do inglês Mini-Mental State
Examination) e o teste de substituição de símbolos por dígitos (DSST, do inglês Digit Symbol Substitution Test); mediram a saúde
mental e a qualidade de vida em termos de sintomas gastrintestinais, utilizando o questionário de perfil dos estados de humor, 2ª
Edição (POMS2, do inglês Profile of Mood States) e o índice de sintomas gastrointestinais (GSRS, do inglês Gastrointestinal Symptom
Rating Scale).

O estudo constatou que a pontuação do MMSE foi significativamente maior e a pontuação do GSRS melhorou significativamente
durante a intervenção.

No entanto, o Dr. Naoki não está convencido de que a suplementação isolada seja a solução, e lembrou que esta é uma área
controversa.

“Muito controversa”

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O Dr. Costantino Iadecola, médico e professor de neurologia no Weill Cornell Medical College, e diretor do Feil Family Brain and Mind
Research Institute, em Nova York, concordou que a pesquisa sobre suplementação “é muito controversa”.

Por um lado, para alterar a composição do microbioma intestinal, “você precisa essencialmente criar um nicho; em outras palavras,
é preciso criar um lar” para as novas bactérias, disse ao Medscape.

Isso pode ser exequível com os antibióticos em primeiro lugar e, a seguir, introduzindo os probióticos, disse o Dr. Costantino, mas é
tudo muito hipotético neste momento.

“Você não pode dizer com segurança quais são as ações de uma determinada espécie de bactéria” no intestino, acrescentou.

O Dr. Costantino fez uma apresentação sobre hipertensão arterial sistêmica,  intestino e disfunção neurovascular no ISC 2019.

É difícil para os estudos nessa área demonstrarem correlações. “A microbiota é muito variável e pode ser modificada por uma
grande variedade de fatores, por exemplo, alimentação, motilidade intestinal, infecções e outros fatores imunológicos”, disse.

Outra desvantagem da pesquisa sobre a microbiota humana é que “não conhecemos realmente todas as espécies de bactérias que
vivem no nosso intestino”, disse o Dr. Costantino.

Papel da alimentação?
A alimentação sozinha pode aumentar suficientemente a quantidade de bactérias benéficas de modo a influenciar a cognição?
Alguns estudos sugeriram que a dieta mediterrânea pode trazer alguma vantagem; ela consiste em comer alimentos como peixe,

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frutas, verduras, nozes e cereais integrais, e se manter longe das gorduras e dos açúcares, disse o Dr. Naoki.

Porém, o Dr. Costantino disse que pode não ser essa dieta per se que influencie a função cognitiva, mas sim a ausência de gorduras
saturadas.

A alimentação tradicional japonesa (Washoku), que consiste de apresentações harmoniosas de arroz e outros pratos feitos com
ingredientes sazonais e coloridos, também pode ter um papel importante, disse o Dr. Naoki. Seu colega publicou recentemente um
artigo sugerindo que uma “super” dieta Washoku possa alterar de modo positivo o microbioma intestinal em comparação com uma
dieta mais moderna.

O Dr. Naoki alertou, no entanto, que mesmo que algumas dietas possam alterar as bactérias do intestino, “o resultado em relação à
saúde ainda não está confirmado”.

O Dr. Costantino concordou que o novo estudo do Dr. Naoki sobre a microbiota intestinal demonstra o crescente interesse por este
tópico.

“Isso reflete esse tipo de obsessão com essa ‘coisa’ de probiótico, com a microbiota”, disse. “Mas, como tudo mais na ciência, há um
pico de interesse, que eu chamo de ‘onda’, que pega todo mundo e, a seguir, o interesse acaba esmorecendo.

Por enquanto, o interesse parece ainda estar em alta. A Alzheimer’s Association International Conference (AAIC 2018), em Chicago, no
verão passado, contou com uma série de estudos sobre como o sistema digestório, inclusive as funções intestinais e hepáticas,
pode estar relacionado com as alterações no cérebro e com doenças como a demência.

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De acordo com a Alzheimer’s Association, os cientistas relataram que algumas espécies do microbioma podem promover o acúmulo
de proteínas no cérebro. Isto pode ser significativo, visto vez que o acúmulo de proteínas amiloide e tau é patognomônico da
doença de Alzheimer.

E publicações recentes sobre experimentos em modelos murinos de doença de Alzheimer mostram que a modificação do perfil
bacteriano no trato digestório, por mudanças na alimentação, pode reduzir as placas amiloides, diminuir a inflamação e melhorar a
memória.

Enquanto isso, um corpo cada vez maior de evidências sugere  que a alteração do metabolismo de certos lipídios possa ser um fator
importante na ocorrência da doença de Alzheimer. Vários genes associados à doença de Alzheimer, como o APOE ε4, participam no
transporte ou no metabolismo dos lipídios.

O estudo foi financiado por Research Funding of Longevity Sciences; NARO Bio-oriented Technology Research Advancement
Institution project(Advanced integration research for agriculture and interdisciplinary fields); e Toyoaki Scholarship Foundation. O
Dr. Naoki Saji declarou verbas recebidas de NARO Bio-oriented Technology Research Advancement Institution project, BMS/Pfizer
Japan Thrombosis Investigator Initiated Research Program, Toyoaki Scholarship Foundation, National Center for Geriatrics and
Gerontology, e Japan Agency for Medical Research and Development (AMED). O Dr. Costantino Iadecola declarou não ter conflitos de
interesses relevantes.

International Stroke Conference (ISC) 2019: Pôster WP569. Apresentado em 06 de fevereiro de 2019.

Scientific Reports. Publicado on-line em 30 de janeiro de 2019. Abstract

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Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Globalização, Saúde
Marcados com as tags: Agrotóxicos, Alimentos, Alzheimer

Agrofloresta é mais
27 de setembro de 2018 por Luiz Jacques

Sistema agroflorestal: nova compreensão de que produção de alimentos pode e deve conviver com a floresta, mesmo que não se
conecte com a tradição milenar dos povos originários das Américas.

https://www.ecodebate.com.br/2018/09/19/fiocruz-lanca-documentario-agrofloresta-e-mais/

Por Graça Portela e Wagner Oliveira (Icict/Fiocruz)

O documentário Agrofloresta é mais foi lançado, na última quinta-feira (13/9), em Curitiba (Paraná). Dirigido por Beto Novaes,
professor e pesquisador do Projeto Educação através das Imagens, da UFRJ, o filme é uma co-produção da VideoSaúde
Distribuidora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), das Universidades
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Federais do Rio de Janeiro e do Paraná, do Ministério Público do Trabalho do Paraná e da Associação Paranaense das Vítimas
Expostas ao Amianto e aos Agrotóxicos (Apreaa).

Agro oresta é mais


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A produção mostra como uma área degradada pela produção extensiva de búfalos – a Fazenda São Miguel, em Antonina (PR) – na
região da Mata Atlântica paranaense, foi transformada por meio de iniciativas de recuperação do meio ambiente pela produção
agroflorestal, com produção de alimentos e preservação da biodiversidade.

Os protagonistas dessa transformação foram as 24 famílias de agricultores do Acampamento José Lutzenberger – Movimento dos
Sem Terra (MST), numa área conquistada em 2004 – a Fazenda São Miguel, na cidade de Antonina, a quatro quilômetros do Pico
Paraná, o ponto mais alto do estado. Em outubro de 2017, o Acampamento recebeu o Prêmio de Conservação e Ampliação da
Agrobiodiversidade, pelo Instituto Sociambiental (ISA) justamente por essa iniciativa.

Apesar das ameaças e das dificuldades, a decisão do grupo de agricultores pela agroecologia veio a partir do momento em que se
deram conta de que precisavam “sobreviver e produzir”, numa Área de Proteção Ambiental (APA), e que requeria cuidados e um
novo aprendizado em como lidar com a terra. Além disso, Agrofloresta é mais mostra, também, o orgulho dos trabalhadores pelo
aprendizado que tiveram e pelo que estão desenvolvendo – uma agricultura saudável, que leva em consideração a saúde e o meio
ambiente, afinal “a gente é o que a gente come”, como afirmou de forma simples e direta, a agricultora Valdineia Claudino, que
trocou a cidade grande pelo campo.

Sinopse

No dicionário, agroecologia significa agricultura sustentável que agrega conhecimento científico e conhecimento tradicional. Sem
fertilizantes industriais e agrotóxicos. Já a agrofloresta é classificada como cultura agrícola com emprego de espécies para restaurar
florestas e áreas degradadas.

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No acampamento José Lutzenberger, Mata Atlântica, Estado do Paraná, os termos do dicionário ganham vida por meio de histórias
pessoais e de famílias inteiras. E também por evidências de que um outro modelo de produção de alimentos e preservação da
biodiversidade é possível. Célia cultiva hortaliças, diz que seu psicólogo é a mata e relembra os dias num bairro marcado pelas
drogas. Valdineia conta como ela e os filhos nunca mais tomaram remédios. Luzinete recorda as lutas contra jagunços e
fazendeiros. Hoelington fez curso técnico e compartilha o que aprendeu com a comunidade. Jonas, memória viva da comunidade,
fala da satisfação de recuperar um olho d’água e a mata ciliar de um rio.

Arquivado em: Agricultura, Biodiversidade, Ecologia, Soluções / Alternativas, Sustentabilidade, Tradições


Marcados com as tags: Agricultura ecológica, Agrofloresta, Alimentos, Fiocruz

Atlas do Agronegócio
6 de setembro de 2018 por Luiz Jacques

“O primeiro passo para construir políticas públicas que visem o interesse coletivo é entender as estruturas de poder e os modelos
de negócio que o setor agroalimentar representa.” Atlas do Agronegócio, Heinrich Boell Sti ung/Brasil, 2018.

https://br.boell.org/sites/default/files/atlas_agro_final_web_03-09_1.pdf

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Latu cartoons

http://www.ihu.unisinos.br/582531-so-87-empresas-controlam-a-cadeia-produtiva-do-agronegocio

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Apenas 87 corporações com sede em 30 países dominam a cadeia produtiva do agronegócio em todo o planeta. O dado integra
gigantes do setor de bebidas e carnes, como por exemplo, a Coca-Cola, a AmBev, a JBS e a Unilever; mas também empresas de
tecnologia como a IBM, a Microso  e a Amazon, atraídas para a produção agrícola e o varejo de alimentos por áreas como big data
(grande conjunto de manipulação de dados) e veículos inteligentes.

A reportagem é de Rute Pina, publicada por Brasil de Fato, 05-09-2018.

Quatro grandes traders, empresas investidoras no mercado financeiro, controlam a importação e a exportação dos commodities
agrícolas: o chamado grupo ABCD, formado pelas empresas estadunidenses Archer Daniels Midland (ADM), Bunge, Cargill e pela
multinacional com sede na Holanda, Louis Dreyfus Company. Hoje, elas representam 70% do mercado mundial de commodities
agrícolas.

Os dados são do Atlas do Agronegócio, lançado nesta terça-feira (4). O relatório analisa a cadeia global da agricultura e como a
concentração do mercado nas mãos de poucas empresas molda o sistema agrícola mundial.

O atlas teve a sua primeira versão publicada na Alemanha em 2017. A edição brasileira é resultado da parceria entre a Fundação
Heinrich Böll e a Fundação Rosa Luxemburgo, organizações alemãs com atuação no país.

Maureen Santos, coordenadora de Justiça Socioambiental da Heinrich Böll, explica que o novo documento traz análises sobre a
realidade local do agronegócio.

Segundo ela, o mérito do projeto é mapear, em uma só publicação, dados do setor que passam sobre os temas de finanças,
investimentos e maquinário; conflitos relacionados ao acesso à terra e à água; sementes e uso de fertilizantes no mercado de

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commodities; e o processamento de alimentos até a chegada à mesa dos consumidores.

“O Atlas é composto por 22 capítulos e faz esse raio-x desse setores e como, na verdade, existe um eixo central que é exatamente a
desregulamentação, por um lado; e a concentração da cadeia de valor, por outro”, diz.

Um dos resultados do estudo, segundo ela, é a desmitificação da imagem propagandeada de que o “agro é pop”.

“A gente mostra que mundialmente, e também no Brasil, temos problemas muitos sérios relacionados a essa cadeia: a expansão
das plantações de monocultura e o consequente aumento do uso do agrotóxicos e dos problemas de saúde; perda de qualidade do
solo e redução de biodiversidade; e os conflitos que dessa concentração do mercado e desse aumento da aquisição de terras em
detrimento das condições de vida e de trabalho da agricultura familiar, camponesa e das populações tradicionais.”

Financeirização
O Atlas também mostra como funciona o jogo financeiro das traders que formam o grupo ABCD no mercado especulativo.

Em 2015, o comércio de contratos futuros de milho foi 11 vezes maior que a produção mundial do grão. Ou seja, enquanto a safra
do milho atingiu 978 toneladas, os contratos na Bolsa de Valores no estavam em torno de 10,5 milhões de toneladas.

“O gráfico mostra essas relações perigosas e os seus desdobramentos. Até sobre a definição se aquele produto será para ser
comido, se vai ser energia ou se vai ser destinado ao mercado de ração”, afirma.

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Além disso, o grupo é direta ou indiretamente responsável pelo desmatamento da floresta tropical. No Brasil, por exemplo,
as comunidades indígenas Guaraniacusaram a Bunge de comprar cana-de-açúcar produzida em terras roubadas em 2012. Na
época, a empresa afirmou que seus fornecedores respeitavam o direito à terra, mas os contratos não foram renovados.

Soberania alimentar
A concentração da cadeia produtiva representa uma ameaça a um conhecimento ancestral do cultivo da terra. Esta é a preocupação
da jornalista Verena Glass, coordenadora de projetos da Fundação Rosa Luxemburgo e que participou da adaptação do relatório
pela entidade. Ela pontua que o aumento do uso da tecnologia de ponta, com a agricultura de precisão, representa uma ameaça
para a soberania alimentar de diversos países.

“O que me preocupa nessa discussão da agricultura de precisão é que ela transforma a agricultura em uma atividade
extremamente tecnificada, com tecnologia de ponta, que é muito cara, acessível a poucos, e aplicadas em áreas extensivas”, diz a
jornalista.

“O que era mais vivo, que é a relação de alimentar o ser-humano e reproduzir a vida a partir do conhecimento que se tem da terra,
do território, do clima, dos animais e da integração com a biodiversidade, acaba sendo substituído. E essa é uma lógica que,
adicionadas a sementes transgênicas, agrotóxicos e tecnificação e a patente, a gente perde em biodiversidade, conhecimento.”

A jornalista aponta ainda para o aumento da disputa por território. “Ou seja, a agricultura familiar e a agroecologia, comunidades
indígenas e quilombolas no Brasil e no mundo vão ter qual espaço nesses novos paradigmas?”, questiona Glass.

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O Atlas do Agronegócio também mostra o avanço da tecnologia como temas como o da biofortificação, termo para a manipulação
genética de plantas com o objetivo de aumentar a concentração de nutrientes do alimentos.

O relatório aponta que as iniciativas de manipulação nutricional vem sendo impostas sem um debate público efetivo com setores
da sociedade civil. No Brasil, as culturas biofortificadas são: abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho e
trigo.

Já o mercado global de genética animal deve crescer de US$ 3,7 bilhões em 2016 para US$ 5,5 bilhões em 2021, um aumento médio
de 8,4% ao ano. Este crescimento é duas vezes e meia mais rápido do que a economia mundial.

Outro ponto destacado no relatório é que o número de empresas no mercado global de sementes e agrotóxicos tem diminuído em
ritmo acelerado com fusões que criam poderosos conglomerados empresariais. Com a consolidação da compra
da Monsantopela Bayer, em junho deste ano, este mercado ficou praticamente dividido em quatro grandes grupos: Dow
DuPont, Bayer, Syngenta e BASF.

A versão brasileira do Atlas do Agronegócio, na íntegra, pode ser encontrada no sítio da Fundação Heinrich Böll.

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Agronegócio e agricultura, qual gera alimento?

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27 de julho de 2018 por Luiz Jacques

A agricultura familiar, a que produz alimentos realmente, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do
País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.

http://www.ihu.unisinos.br/581028-plano-safra-nao-e-sinonimo-de-politica-agricola-e-preciso-pensar-num-rural-diferente-
entrevista-especial-com-rogerio-dias

O Projeto de Lei 4.576/2016, que foi aprovado recentemente pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, “gerou muita confusão” e interpretações equivocadas, entre elas, a de que
a venda de produtos orgânicos em supermercados estaria proibida, diz Rogério Dias à IHU On-Line. Na entrevista a seguir,
concedida por WhatsApp, ele explica as propostas do PL e suas consequências negativas para o setor de agroecologia. Entre elas,
frisa, o PL “propõe que a venda direta passe a ser uma exclusividade dos agricultores familiares, mas isso é impossível uma vez
que qualquer produtor orgânico que estiver regularizado perante a legislação de orgânicos poderá comercializar seus produtos em
qualquer local em que seja legal fazer o comércio. O que existe de restrição — por isso a Lei 10.831/03 coloca a exceção para

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a agricultura familiar — é que os agricultores familiares que só fazem comercialização e venda direta não precisam da certificação,
desde que façam parte de uma organização de controle social cadastrada no Ministério da Agricultura. Acabou que o projeto, da
maneira como foi escrito, está transformando em regra o que era para ser exceção; isso é bastante ruim”.

Dias também chama atenção para a relação existente entre a aprovação desse PL e o PL do Veneno, que altera a legislação sobre
o registro de agrotóxicos. “Os produtores orgânicos não poderão trabalhar mais com produção própria de nada. Por exemplo, a
calda bordalesa, que é usada desde o século XIV na agricultura no mundo inteiro para controle de alguns fungos, agora passará a
ser crime. Para não ser um criminoso, o produtor terá que comprar uma calda bordalesa produzida por uma indústria, a qual será
vendida no mercado, sabe-se lá a que preço. Portanto, esse PL traz problemas gravíssimos para os produtores orgânicos, mais até
do que para os produtores convencionais”, adverte.

Rogério Dias reflete ainda sobre a divisão do campo em dois setores, o agronegócio e a agricultura familiar, os incentivos do Estado
para cada um deles e a falta de políticas públicas para fortalecer a agricultura familiar. “O campo brasileiro foi dividido em
agronegócio e agricultura familiar e se tem a ideia de que o agronegócio é quem dá sustentabilidade ao país, é quem garante a
balança de pagamento, o equilíbrio da exportação e importação, garante o PIB, mas o contraponto é que quando falamos
de soberania alimentar, percebemos que esse é um campo que compete à agricultura, e há uma desproporção enorme entre essas
áreas”. E pontua: “É importante ressaltar que a questão de ter créditos e recursos para financiamento é importante, mas essa não é
a questão mais importante quando se trata da agricultura familiar e dos povos tradicionais, porque precisamos de outras políticas
públicas. (…) É preciso ainda que o agricultor familiar tenha qualidade de vida para que seus filhos possam querer continuar a
atividade dos pais, ou seja, não pode ser uma agricultura familiar em que os filhos vejam nos pais uma vida que eles não querem
ter, com dificuldade, sofrimento. É preciso pensar num rural diferente, com lazer, esporte, transporte adequado, ou seja, é
necessária uma revisão acerca do que é política agrícola, em vez de continuar achando que política agrícola é ficar fazendo Plano
Safra”.

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Rogério Dias é engenheiro agrônomo e vice-presidente da região Centro-Oeste da Associação Brasileira de Agroecologia.

Confira a entrevista.

IHU On-Line — Na semana passada foi divulgada a notícia de que a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural da Câmara aprovou um Projeto de Lei que restringe a venda de produtos orgânicos e estes poderão
ser vendidos somente pelos produtores. Isso significa, na prática, que o produtor não poderá vender seus produtos para
minimercados ou mesmo grandes redes varejistas? Acerca do que trata esse PL?

Rogério Dias — A divulgação deste projeto de lei gerou muita confusão porque está muito mal escrito. Com isso, houve
interpretações de que estaria proibida a venda de produtos orgânicos em supermercados. Na realidade, apesar de isso não estar
no projeto e ter sido mal interpretado, esse PL traz várias outras consequências muito negativas para o setor. Primeiro, porque
propõe que a venda direta passe a ser uma exclusividade dos agricultores familiares, mas isso é impossível uma vez que qualquer

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produtor orgânico que estiver regularizado perante a legislação de orgânicos poderá comercializar seus produtos em qualquer local
em que seja legal fazer o comércio. O que existe de restrição — por isso a Lei 10.831/03 coloca a exceção para a agricultura
familiar — é que os agricultores familiares que só fazem comercialização e venda direta não precisam da certificação, desde que
façam parte de uma organização de controle social cadastrada no Ministério da Agricultura. Acabou que o projeto, da maneira
como foi escrito, está transformando em regra o que era para ser exceção; isso é bastante ruim.

Ao mesmo tempo, o PL traz outro problema para os próprios agricultores familiares, porque hoje a nossa legislação permite que
os agricultores familiares sem certificação possam fazer comércio também para o governo, nas compras governamentais, como no
caso da alimentação escolar e do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA. Agora se fechou essa opção, porque, da forma como
está colocado no texto, o PL definiu onde a venda direta pode acontecer. Isso porque quando o texto diz, nominalmente, quais são
as formas de venda direta possíveis, tudo o que ficar de fora do texto passa a não ser permitido. Portanto, o texto deixa como opção
somente a venda de produtos em propriedades particulares e feiras livres de espaço público. De fato, o projeto é muito ruim e o
ideal é que seja arquivado, porque a legislação atual tem atendido as demandas do setor, ou seja, tudo está funcionando e não há
necessidade de fazer as alterações que o projeto propõe. De fato, ele criou muita confusão.

IHU On-Line — Por que e em que contexto esse PL está sendo discutido neste momento? Quais são as intenções de sua
aprovação e que relações podemos fazer com as ações da chamada “bancada do agronegócio”?

Rogério Dias — O que gerou a suspeita de esse PL estar relacionado com a bancada do agronegócio foi o fato de que o relator desse
projeto é o mesmo deputado que foi relator do PL do Veneno, PL 6.299/02, Luiz Nishimori. Com isso, fica sempre a suspeita de que
esse projeto da comercialização — PL 4.576 — entrou em discussão em 2016 e já nessa época Nishimori foi indicado como relator
desse projeto na Comissão de Agricultura. Mas é aquela história: se esse projeto está na mão dele há dois anos, por que vem à
tona para ser votado exatamente neste momento em que há um alvoroço, há conflitos e embates com relação ao PL do Veneno?

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Logicamente se começou a associar que o objetivo desse PL foi tirar a atenção das pessoas do movimento orgânico do projeto dos
Agrotóxicos, ou seja, foi fazer com que as pessoas ficassem preocupadas com outra questão e com isso parassem de fazer pressão
contra o PL dos Agrotóxicos. Não temos como afirmar se isso é verdade ou não, mas, de fato, é uma coincidência muito estranha
que essa pauta venha à votação em um momento em que o Congresso estava praticamente fechando as portas, entrando em
recesso parlamentar. Assim, fica a dúvida: qual foi o objetivo de fazer esse projeto andar exatamente neste momento? Isso não
podemos afirmar, mas, de toda maneira, o fato de haver tantas pessoas mobilizadas contra o PL dos Agrotóxicos acabou tornando
mais fácil ver o problema do PL dos Orgânicos e colocar esse tema na discussão de um conjunto ainda maior de pessoas.

IHU On-Line — Como acontece a venda de produtos orgânicos hoje no país e o que tende a mudar se esse PL for aprovado?

Rogério Dias — Hoje o produtor orgânico que é certificado, seja por organizações participativas, por sistemas participativos de
garantia, ou certificado por auditoria — certificadoras credenciadas —, pode comercializar em qualquer lugar do Brasil, sem
restrição. Agora, os produtores familiares que fazem somente a comercialização direta, que fazem parte das organizações de
controle social — que hoje são mais de 400 no Brasil —, só podem fazer a comercialização diretamente ao consumidor, como em
feiras ou entregas a domicílio. Por exemplo, para que ele esteja dentro de uma Organização de Controle Social – OCS e esteja no
cadastro nacional, ele tem que, por obrigação, permitir a visita de qualquer consumidor que queira conhecer sua unidade de
produção e saber como ele trabalha; esse é um pré-requisito. Então ele assina um documento afirmando que segue toda a
legislação e se responsabiliza por isso. Os outros membros das organizações de controle social têm uma responsabilidade solidária,
por isso quando um grupo desses está cadastrado, todos os produtores do grupo têm responsabilidade pela qualidade e pelo
cumprimento das regras daqueles que fazem parte desse grupo. Além dessa venda direta ao consumidor, esses agricultores
podem comercializar também para o governo. Esse tipo de venda é considerado uma venda direta porque é feita ao consumidor
final. O que caracteriza venda direta é que a pessoa não irá revender o produto que ela comprou. Um exemplo disso é a venda para

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a alimentação escolar: a escola irá utilizar esses produtos na merenda dos alunos e eles não pagarão por isso. A regra hoje é
bastante tranquila, está bem internalizada e vem funcionando bem no Brasil todo.

IHU On-Line — Quais são as consequências desse PL, caso ele seja aprovado, tanto para os agricultores familiares quanto
para os consumidores?

Rogério Dias — A aprovação do PL seria um absurdo. Primeiro, geraria muitas ações judiciais, porque restringir a venda
diretasomente aos agricultores familiares é totalmente ilegal. Portanto, seria inconstitucional restringir o acesso ao mercado para
pessoas que estão legalmente habilitadas para fazer a comercialização.

Esse projeto, como já disse antes, da forma como está, não tem o menor sentido de seguir adiante. A questão das restrições para
os agricultores familiares, do jeito que está, geraria um prejuízo enorme, porque hoje existem muitos grupos de agricultores
familiares que comercializam para o governo. Também temos de lembrar que alguns grupos de produtores estão em cidades que
não têm um mercado forte de orgânicos, e muitas vezes seria inviável, pelo volume de produtos que eles têm, que tais produtos
fossem levados para outra cidade onde o mercado de orgânicos já esteja estabelecido; isso poderia ser totalmente inviável. Mas que
esses pequenos agricultores possam entregar os produtos, por exemplo, na escola do seu próprio município, isso sim é bastante
viável, porque facilita o processo de logística e se reduzem os custos de transporte. Essa questão das compras
governamentais traria um problema muito sério para muitos grupos de agricultores familiares.

IHU On-Line — Como esse PL impactaria a ação das cooperativas que, entre outros propósitos, sustenta o de venda coletiva
da produção de pequenos agricultores?

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Rogério Dias — A questão é: se a legislação for aprovada, as cooperativas de agricultores que trabalham, por exemplo, com
certificação, seja ela participativa ou com processo de auditoria — há cooperativas que possuem certificação em grupo —,
proibiriam que esses grupos de agricultores que possuem certificados fizessem venda direta; isso seria inconcebível. Acreditamos
que essa questão não passará de maneira nenhuma.

IHU On-Line — Que relação podemos estabelecer entre esse projeto e a matéria que visa flexibilizar o uso de agrotóxicos na
produção agrícola brasileira?

Rogério Dias — A princípio todos sabem que a proposta de mudança na lei de agrotóxicos traz um prejuízo enorme para a
sociedade como um todo, mas ela tem alguns pontos que, claramente, serão muito mais problemáticos para os produtores
orgânicos. Hoje, uma coisa que é tradicional — e é incentivada — na agricultura orgânica e nos processos de agricultura de base
agroecológica é a redução da dependência de insumos externos. Para isso, muitas vezes, são usados produtos feitos nas
propriedades, trabalha-se com caldas, extratos vegetais, controle biológico etc. E, da maneira que está colocado hoje no PL, o uso
de produtos que não estejam registrados passará a ser crime que prevê, inclusive, prisão de três a nove anos.

Sabemos que o Estado jamais terá condições de estar em quase cinco milhões de propriedades agrícolas verificando quem faz ou
não faz uso de produto próprio. No entanto, como os produtores orgânicos passam por um processo de certificação e para isso não
podem utilizar nada que seja proibido, o que acontecerá? Os produtores orgânicos não poderão trabalhar mais com produção
própria de nada. Por exemplo, a calda bordalesa, que é usada desde o século XIV na agricultura no mundo inteiro para controle de
alguns fungos, agora passará a ser crime. Para não ser um criminoso, o produtor terá que comprar uma calda bordalesa produzida
por uma indústria, a qual será vendida no mercado, sabe-se lá a que preço. Portanto, esse PL traz problemas gravíssimos para os
produtores orgânicos, mais até do que para os produtores convencionais.

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De novo: por que esse PL surge no mesmo momento que o PL do Veneno? Sabemos que parte da reação da sociedade contra o PL
do Veneno é porque se tem a referência de que é possível fazer uma agricultura sem veneno, e a prova disso é a agricultura
orgânica. O crescimento e a consolidação da agricultura orgânica tem sido uma “pedra no sapato” daqueles que dizem que “não é
possível fazer agricultura sem veneno”, mas a agricultura orgânica é a grande prova de que é possível. Vemos que estão atacando e
procurando dificultar mais a produção orgânica, o que é uma forma de dar, de certa maneira, meios para justificar que a agricultura
precisa de fato de agrotóxicos e por isso a legislação é necessária para modernizar o setor.

IHU On-Line — Como avalia a chamada Lei da Agricultura Orgânica? Quais as contribuições para o setor e quais os limites
dessa regulamentação?

Rogério Dias — Não entendi se a pergunta se refere à Lei 10.831 ou se a essa proposta colocada em pauta, o PL 4.576, que altera a
legislação. A Lei da Agricultura Orgânica 10.831, de 2003, trouxe uma segurança para o setor, o que fez com que tivéssemos um
crescimento enorme da agricultura orgânica no Brasil a partir da sua implementação em 2011. Foi um processo de construção
coletiva entre governo e sociedade — isso é uma das referências fundamentais. O marco dessa legislação, seja a lei ou o decreto ou
todas as instruções normativas que complementam a regulamentação, sempre foi construído numa parceria entre governo e
sociedade. Agora mesmo está aberta a consulta pública à Instrução Normativa 46, que trata das normas para produção animal e
vegetal orgânica, por 60 dias. Isso é de praxe, toda vez que se faz uma proposta de alteração das normas de orgânicos, ela passa
por consulta pública, por discussões nas comissões de produção orgânica de todos os estados, pela Câmara temática de agricultura
orgânica.

Essa foi uma preocupação do setor orgânico para que o marco legal brasileiro fosse o mais participativo possível, que congregasse
diferentes elementos da sociedade participando dessa construção. Entendemos que a Lei de Agricultura Orgânica foi — e continua
sendo — importante para o setor; ela é uma lei que normatiza, que dá as regras, não é uma lei de políticas de desenvolvimento.

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Nesse aspecto, é algo que precisamos trabalhar mais. Por isso foi muito importante a questão da criação da Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica – Planapo, em 2012. E, a partir dela, a criação do Plano Nacional, Planapo 1 e 2, que é o que está
em vigor agora.

IHU On-Line — O incentivo ao consumo e à produção de alimentos orgânicos parece ser uma tendência mundial. Por que, no
Brasil, ainda parece haver resistência na adesão, especialmente no consumo de orgânicos?

Rogério Dias — Essa é uma tendência mundial que vem crescendo a cada ano. No Brasil, desde 2005, com a criação do Programa
de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica pelo Ministério da Agricultura, começou-se a fazer campanhas nacionais, a
chamada Semana dos Alimentos Orgânicos, que foi um trabalho importante para falar para o consumidor, porque também se cria
um estímulo ao produtor quando se cria um estímulo ao consumo. Essas coisas têm que crescer em paralelo, porque à medida que
cresce a demanda, também cresce a oferta. Isso aconteceu no país, tanto que o Brasil passou a ser um caso estudado no mundo
todo porque mudou a lógica do comércio mundial de produtos orgânicos e passou a ser o primeiro país do hemisfério Sul a
consumir orgânicos.

A lógica anterior era a seguinte: os países do hemisfério Sul eram produtores de alimentos orgânicos e abasteciam os países
do hemisfério Norte. O Brasil inverteu essa lógica quando deu prioridade à produção orgânica para os consumidores brasileiros e
foi por isso que se fizeram campanhas incentivando o comércio local. Hoje o Brasil é um país que importa produtos orgânicos
da Europa e dos EUA, ou seja, o país passou a ser produtor e importador de produtos orgânicos. Essa é uma situação muito
interessante, porque passou a ser um exemplo para países da América do Sul que têm demonstrado interesse em fazer o mesmo
processo.

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Logicamente que esse processo aconteceu no Brasil pelo próprio conhecimento do consumidor, que hoje sabe o que é um produto
orgânico. No entanto, também é preciso ter tecnologia e meios para que os produtores possam produzir com condição de vender
os produtos de modo que eles sejam acessíveis à população, porque ninguém quer que o produto orgânico seja um produto para
um nicho de mercado. Não queremos que o produto orgânico seja produzido por poucos produtores e para um grupo pequeno de
consumidores. Por isso lutamos constantemente para haver políticas públicas que possam desonerar a produção orgânica,
porque hoje o produtor orgânico tem muito mais ônus para produzir do que o produtor convencional. Esses são desafios a serem
enfrentados.

IHU On-Line — Como analisa as políticas do atual governo em relação ao incentivo à produção de alimentos orgânicos e à
agricultura familiar?

Rogério Dias — Ocorreram retrocessos gravíssimos nos últimos dois anos e isso prejudicou muito os agricultores orgânicos,
os produtores familiares, os povos tradicionais, as populações extrativistas. A expectativa é que neste ano eleitoral as pessoas
se deem conta disso. É importante que a população urbanacompreenda que a luta do movimento orgânico e agroecológico e
das comunidades tradicionais não pode ser uma luta do campo e do meio rural, mas tem que ser uma luta de todos, porque ela
interfere numa coisa que é fundamental, a alimentação de todos.

As pessoas precisam compreender que quando se está discutindo política de crédito e saúde no campo, isso é de interesse de
todas as pessoas, porque afeta diretamente as comunidades do meio rural, mas indiretamente afeta toda a sociedade, pois isso
muda as lógicas de toda a base do sistema agroalimentar. Espero que neste ano eleitoral possamos eleger pessoas que tenham
sensibilidade para entender a importância do campo, do agricultor, de uma agricultura sustentável, que entenda que a agricultura
deve atender as necessidades de hoje, mas também as das gerações futuras.

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IHU On-Line — Ainda sobre políticas de incentivos à produção do campo, o Brasil sempre operou com duas formas de ofertar
recursos e financiamento, o chamado Plano Safra, que se divide em um Plano destinado ao agronegócio e outro à agricultura
familiar. O que essa divisão revela acerca da política pública? Essa lógica fragiliza ou potencializa a produção em pequenas
propriedades?

Rogério Dias — Essa questão mostra a lógica que comentei na resposta anterior. O campo brasileiro foi dividido
em agronegócio e agricultura familiar e se tem a ideia de que o agronegócio é quem dá sustentabilidade ao país, é quem garante a
balança de pagamento, o equilíbrio da exportação e importação, garante o PIB. Mas o contraponto é que quando falamos
de soberania alimentar, percebemos que esse é um campo que compete à agricultura, e há uma desproporção enorme entre essas
áreas. É importante ressaltar que a questão de ter créditos e recursos para financiamento é importante, mas essa não é a questão
mais importante quando se trata da agricultura familiar e dos povos tradicionais, porque precisamos de outras políticas públicas.
Por exemplo, não adianta nada ter crédito para financiamento se não existem técnicos que possam ajudar o agricultor a fazer um
projeto para apresentar ao banco, tampouco existem agentes bancários preparados para analisar projetos de base agroecológica, e
não existem planilhas para fazer aprovação de crédito para o produtor orgânico.

Ou seja, se não mudar essa base, se não tivermos insumos apropriados, se não tivermos pesquisa tecnológica para que possamos
ter sementes de variedades que são apropriadas para esses sistemas, nada vai mudar. Então, é importante ter políticas
públicas que possam atuar em todos os gargalos existentes. É preciso ainda que o agricultor familiar tenha qualidade de vida para
que seus filhos possam querer continuar a atividade dos pais, ou seja, não pode ser uma agricultura familiar em que os filhos vejam
nos pais uma vida que eles não querem ter, com dificuldade, sofrimento. É preciso pensar num rural diferente, com lazer, esporte,
transporte adequado, ou seja, é necessária uma revisão acerca do que é política agrícola, em vez de continuar achando que política
agrícola é ficar fazendo Plano Safra.

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Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Biodiversidade, Sustentabilidade


Marcados com as tags: Agricultura, Agricultura familiar, Agronegócio, Alimentos

Os 22 Melhores Alimentos Para Nossa Qualidade de Vida


30 de dezembro de 2017 por Luiz Jacques

Uma horta orgânica, cheia de vida!

https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2017/11/06/22-foods-to-add-years-healthy-life.aspx

Resumo da história

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Para protegermos nossa saúde, a recomendação é despender, pelo menos, 90% do orçamento em alimentos integrais e
somente 10%, ou menos, em alimentos processados/industrializados. 22 alimentos conhecidos por seus potentes benefícios
são apresentados;   
Seis alimentos para estimular a saúde cerebral incluindo abacates, gordura de coco, manteiga de vaca criada no pasto, ovos,
gordura de peixe e nozes cruas. Nossa saúde se beneficiará com beterraba, rúcula e couve-de-bruxelas; 
Quatro alimentos para a saúde intestinal incluem kefir, vegetais fermentados, caldo de ossos e psyllium, enquanto as
especiarias cúrucuma e gengibre são potentes neutralizadores de inflamações;
Cogumelos e vegetais da família das Alliaceae, como o alho e a cebola, são potentes ativadores imunológicos e carne vacum
de animal criado no pasto, além da proteína do soro, auxiliam na construção de musculatura forte; 
Notáveis por suas habilidades quimioprotetoras são o brócolis e outros vegetais da família das Brássicas além do alho poró e
do cominho negro (também conhecido como semente negra).

By Dr. Mercola

A recomendação fundamental é para um nutrir-se saudável e simplesmente comer alimento REAL/VERDADEIRO. Para proteger
nossa saúde, sugiro que se despenda pelo menos 90% do orçamento com alimentos integrais e somente 10%, ou menos, com
comida processada/industrializada. Este artigo trará uma luz focada em 22 alimentos conhecidos por seus potentes benefícios para
a saúde.

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Como uma rápida percepção à parte, ao lado da seleção de alimentos fundamentais para a saúde, é quiçá importante nos
apercebermos de que certas escolhas no estilo de vida têm igual se não maior impacto sobre ela. Quatro das estratégias mais
importante para protegermos nossa saúde são:

Jejum: intermitentes (intermittent fasting) e/ou jejum de água por vários dias (water fasts);
Sono: Cada órgão isolado de nosso corpo tem um relógio biológico (biological clock) que precisa ser sincronizado ao relógio
circadiano mestre, em nosso cérebro. Estes relógios do organismo regulam todas as situações orgânicas, do metabolismo ao
funcionamento psicológico. A longo prazo, encurtar o sono (que é a maneira infalível para desregular nosso relógio circadiano)
pode contribuir para uma série completa de problemas crônicos  de saúde;

Relogio Biologico
261x300

Exposição sensível ao sol: esta é a mais primária e eficiente forma de otimizar nosso nível de vitamina D (vitamin D);
Evitar exposição ao campo eletromagnético (electromagnetic field exposure) dos celulares, tablets, roteadores, laptops e
outros campos elétricos e magnéticos, uma vez que esta radiação ativa canais de cálcio com tensão na membrana de nossas
células. Como resultado desta ativação, produzem-se estressores oxidantes extremamente potentes e radicais livres reativos,
capazes de causar danos graves.

Os Seis Alimentos para Nosso Cérebro


Dito isso, voltemos ao tópico em questão. Estas são as minhas principais escolhas quando chegamos a alimentos que alimentam
nosso cérebro, coração, intestinos, músculos, sistema imunológico e todo o mais. Podemos aumentar nosso poder mental com

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alimentos que comemos? Pode apostar. No topo da lista dos super alimentos que estimulam nosso cérebro estão alimentos
altamente ricos em gorduras saudáveis. Isso não é uma surpresa considerando que nosso cérebro é principalmente composto de
gorduras.

1. Abacates (Avocados) são a grande fonte do saudável ácido oleico (gordura monoinsaturada, que é também encontrado no
azeite de oliva), que auxilia o decréscimo da inflamação.1 Abacates têm também mostrado serem eficazes no combate de
quase todos os aspectos da síndrome metabólica (nt.: conjunto de doenças que, associadas, levam ao aumento do risco de problemas
cardiovasculares. São obesidade – principal, o aumento da cintura abdominal, pressão alta, alterações do colesterol, triglicérides e glicemia), o fator de

risco de demência e a maioria das outras doenças crônicas. Além de fornecer gorduras saudáveis, os abacates também
agregam quase 20 nutrientes essenciais, incluindo o potássio, que auxilia no equilíbrio da taxa entre ele e o sódio que é de
importância vital.
2. Gordura de coco orgânico (Organic coconut oil). Além de ser excelente para sua tireoide e seu metabolismo, seus ácidos
graxos de cadeia média (medium chain fatty acids /MCTs) são uma fonte de corpos de cetona, que atuam como uma fonte
alternativa de combustível cerebral que pode ajudar a prevenir a atrofia cerebral associada à demência. Os MCTs também
oferecem uma série de benefícios para a saúde, incluindo aumentar o metabolismo do nosso corpo e combater os agentes
patogênicos.
3. Manteiga de animal que pasta e Ghee/Ghi (butter and ghee). Em torno de 20% da gordura da manteiga consiste de ácidos
graxos de cadeia pequena e média, que são usados imediatamente para uma energia rápida e assim não contribuem para os
níveis de gordura no nosso sangue. Portanto, uma porção   significativa da manteiga que consumimos é usada imediatamente
como fonte de energia, similar ao carboidrato. O ghee que têm um ponto de cura mais alto do que a manteiga, é uma gordura
saudável particularmente bem adequada para cozinhar. Também tem maior prazo de vida útil.
4. Ovos orgânicos de galinhas que pastam (eggs). Muitos dos alimentos mais saudáveis são ricos em colesterol e gorduras
saturadas, e os ovos não são uma exceção. O colesterol é necessário para a regulação das vias proteicas envolvidas na

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sinalização celular e outros processos das células. É particularmente importante para nosso cérebro que contém em torno de
25% do colesterol no nosso corpo. É vital para a formação de sinapses, i.e., as conexões entre os nossos neurônios, que
permitem que pensemos, aprendamos novas coisas e formemos memórias. Para um lanche simples, ver esta receita saudável
com ovos: deviled egg recipe.
5. Salmão capturado na natureza e outros peixes oleosos. Embora a maioria dos peixes sofra desvantagens relacionadas ao
envenenamento ambiental, o salmão capturado na natureza e outros peixes gordos menores, como as sardinhas e as
anchovas, ainda estão dignos de nota por seus benefícios em termos de saúde à luz de seu baixo risco de contaminação. Este
salmão ainda selvagem e outros peixes têm alta quantidade em gorduras ômega-3, necessárias para otimizar a saúde do
cérebro (e coração). Pesquisa 2  também sugere comer peixes oleosos uma ou duas vezes por semana para incrementarmos o
nosso tempo de vida. Evitar salmão de criatório (farmed salmon), já que eles foram identificados como um dos alimentos mais
tóxicos no mundo (nt.: ver o vídeo – https://www.youtube.com/watch?v=TVLVFA_FvxA e ver também – https://nossofuturoroubado.com.br/jornalista-
alemao-acusa-organizacao-wwf-de-pactuar-com-a-industria/). Dicas sobre como cozinhar filés de salmão (nt.: selvagem) ver: salmon cooking

guide.
6. Nozes cruas orgânicas como macadâmia (macadamia) e pecã : Nozes de macadâmia têm altas taxas de gordura e as mais
baixas de proteína e carboidrato, do que qualquer outra noz e em torno de 60% desta gordura é do ácido oleico, gordura
monoinsaturada. Este é o nível detectado em olivas que são bem conhecidas por seus benefícios à saúde. Uma única porção
de nozes de macadâmia também fornece 58% do que precisamos em manganês e 23% do valor diário recomendado de
tiamina. A noz pecã está próxima, em segundo, em relação à macadâmia em termos de escala em gordura e proteína e ela
também contém o anti-inflamatório magnésio, o ácido oleico saudável para o coração, antioxidantes fenólicos e o manganês
estimulador imunológico.

Três Alimentos para Estimular a Saúde do Coração

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Como o cérebro, nosso coração necessita de gordura saudável, assim todos os alimentos já mencionados beneficiarão também
nosso coração. Além disso, os três seguintes são conhecidos por seus benefícios cardiovasculares:

1.Beterrabas, crua ou fermentada. Pesquisa mostra que as beterrabas apresentam poderosos benefícios para a saúde, graças seu
alto conteúdo em nitrato. Nosso corpo transforma os nitratos em óxido nítrico, que melhora a oxigenação e o fluxo sanguíneo além
de ter um impacto benéfico sobre os sistemas circulatório e imunológico. Pesquisa 3 mostra que um suco de beterraba crua (beet
juice) pode baixar a pressão arterial em uma média de quatro a cinco pontos em apenas algumas horas. Uma vez que 36% de cada
beterraba é açúcares simples, se tivermos diabetes ou formos resistente à insulina, beterrabas fermentadas, também conhecidas
como este fermentado de origem eslava chamado ‘kvass‘ (beet kvass), pode ser a opção preferível, já que a fermentação reduz
significativamente o conteúdo de açúcar. Assim, este processo se torna uma grande e saudável fonte de probióticos.

2.Rúcula, um vegetal parente da família das Brássicas (nt.: a mesma da couve, repolho, brócolis e outras), contém flavonoides conhecidos
por auxiliarem a melhorar a função dos vasos sanguíneos, incrementarem o fluxo sanguíneo, baixarem a pressão arterial e
aplacarem inflamações. Ela tem propriedades de limpeza para neutralizar os efeitos de envenenamento dos metais pesados no
sistema, particularmente no fígado,4 e auxilia a eliminar agrotóxicos e mesmo herbicidas (nt.: do tipo do Roundup, ou Mata Mato, da
Monsanto) de nosso corpo. Com uma pegada picante, ligeiramente apimentada, a rúcula é um complemento saboroso para

acompanhar qualquer tipo de refeição. Para uma refeição crua e simples, conferir esta receita de salada de toranja com rúcula e
abacate (grapefruit arugula salad with avocado recipe).

3.Germinados, microgreens (nt.: segunda fase do broto quando precisa de sol e solo. Poderíamos denominá-los micro-vegetais) e brotos (Sprouts,
microgreens and baby greens). Colhendo as verduras antes que eles alcancem a maturidade, resulta num alimento vegetal denso
em nutrientes que permite que se coma menos em termos de volume. Uma maneira simples de drasticamente melhorarmos nossa
nutrição é simplesmente mudar da alface adulta por germinados e/ou microgreens em nossa salada — ou nos burgers, sanduíches

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ou tacos. De acordo com pesquisa do U.S. Department of Agriculture/USDA (nt.: equivalente ao Ministério da Agricultura no Brasil) 5 na qual 25
diferente microgreens foram avaliados, todos mostraram ter maiores densidades nutricionais do que suas contrapartes plenamente
desenvolvidas e usadas como alimento, incluindo 10 vezes maiores quantidades de compostos antioxidantes valiosos. Como foi
observado na pesquisa italiana, de 2015, “Microgreens: Novel, Fresh and Functional Food to Explore All the Value of
Biodiversity“, 6 mesmo poucas gramas de microgreens por dia pode “satisfazer inteiramente” a dose diária recomendada de
vitaminas C, E e K, baseada nas recomendações emitidas pela European Food Safety Authority/EFSA (nt.: Autoridade Europeia para a
Segurança Alimentar). A vitamina K (Vitamin K), tanto a K1 como a K2, são particularmente importantes para a saúde em geral como

para a saúde cardiovascular.

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Growing microgreens and sprouts at home
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Quatro Alimentos que Colocam Nossos Intestinos no Prumo

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Evidências crescentes revelam que há mais a nutrir do que se pensava anteriormente — um grande componente disso, na verdade,
gira em torno de alimentar as bactérias que promovem a saúde em nosso corpo, desse modo mantendo os microrganismos
prejudiciais sob controle. Uma das razões do porque uma dieta saudável é capaz de influenciar nossa saúde é pelo fato de que ela
auxilia a criar um meio ambiente ótimo para as bactérias benéficas no nosso intestino, ao mesmo tempo que decrescem as
bactérias, fungos e fermentos patogênicas ou que geram doenças. Dentre os destacados concorrentes nesta categoria estão:

1. Kefir com leite de vaca criada no pasto (kefir). Este produto cultivado no leite é fácil ter em casa e de preferência que seja em
leite de vaca criada solta. Ele é rico em probióticos. Também contém fibras, outra importante fonte de nutrição para as
bactérias saudáveis em nosso intestino .
2. Vegetais fermentados (Fermented vegetables). Uma das melhores e mais baratas maneiras para otimizarmos nosso
microbioma intestinal, é eliminarmos os açúcares, mais ainda o refinado, e comermos alimentos que foram fermentados na
forma tradicional. O Kefir é um destes alimentos e os vegetais fermentados são os outros. Neste aspecto temos uma grande
variedade de escolhas, já que podemos facilmente fermentar quaisquer tipos de vegetais que quisermos. Usando uma cultura
de partida especial com bactérias que produzam vitamina K2 poderemos também tornar nossos vegetais fermentados em
uma grande fonte desta vitamina. Se nos apetecermos o repolho (cabbage), consultar esta receita simples de ‘chucrute’
(sauerkraut recipe).
3. Caldo com osso orgânico (bone broth). Este caldo é muito provavelmente uma das refeições mais antigas que se tenha
registro, indo até a Idade da Pedra. E também seja um dos mais curadores. Não só é muito facilmente digerível como também
contém componentes que otimizam profundamente o sistema imunológico e que são os blocos fundamentais de
reconstrução tanto para o tratamento de intestino permeável como para as doenças auto-imunes. Isso inclui, mas não está
limitado aos minerais bio-disponíveis, colágeno, silício, componentes dos ossos e da medula óssea, glucosamina e sulfato de
condroitina, como os aminoácidos condicionalmente essenciais, prolina, glicina e glutamina. No entanto, se escolhermos este
caldo devemos ter certeza absoluta que é de animal criado organicamente, porque caldo de ossos feito com animal tratado

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quimicamente (nonorganic bone broth) pode ser até mesmo pior do que junk food. Este caldo é melhor ser feito de maneira
caseira e se partindo do zero, usando ossos de animais criados naturalmente. Podemos encontrar receita deste caldo
aqui: bone broth recipe here.
4. Psillium orgânico (Psyllium) é uma fibra dietética que auxilia a nutrir as bactérias saudáveis em nossos intestinos, reduz a
inflamação intestinal e pode trazer algum alívio da síndrome do intestino irritável. A quantidade diária recomendada desta
fibra está entre 20 e 30 gramas, mas eu acredito que em torno de 50 gramas por 1.000 calorias consumida, é o ideal.

Duas Potentes Especiarias Anti-Inflamatórias


Embora vários dos alimentos já listados possam fazer parte desta seção, duas potentes especiarias anti-inflamatórias merecem
especial menção:

1. Cúrcuma (Turmeric), com o apelido de “spice of life” (nt.: especiaria da vida), tem uma longa história de uso medicinal pela
medicina aiurvédica e a medicina tradicional chinesa. Seu composto bioativo, a curcumina, tem sido utilizado para auxiliar a
manter o sistema digestivo saudável, modular cerca de 700 genes, controlar positivamente mais do que 160 vias fisiológicas
diferentes, melhorar a ordenança das membranas celulares e interagir diretamente com moléculas inflamatórias para auxiliar
a diminuir a inflamação. Pesquisa também mostra que ela tem potente atividade anticâncer. Pronto para esta novidade
saborosa? Tentemos esta receita de um pão tipo turco, temperado com cúrcuma (cauliflower flatbread recipe).
2. Gengibre (Ginger) é também bem conhecido por suas qualidades medicinais. O Annals of the New York Academy of Sciences
recentemente publicou uma revisão científica 7 mostrando que o gengibre pode proteger uma ampla gama de doenças
crônicas, em parte devido aos seus efeitos benéficos sobre o estresse oxidativo e sobre as inflamações. Como a cúrcuma, o
gengibre também foi observado ter atividade anticancerígena, levando à “apoptose mediada pela mitocôndria” (a morte

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celular programada), decrescendo o tamanho dos tumores da próstata sem perturbar os tecidos normais. 8 Para um bebido
gostosa e curadora dos intestinos, tentar esta receita livre de laticínios: coconut and ginger kefir recipe.

Dois Super Alimentos Estimulador do Sistema Imunológico


Nosso sistema imunológico está na linha da frente de nossas defesas contra as doenças e a maior parte das funções dele reside ou
principia em nossos intestinos. Por isso, todos os alimentos conectados com a saúde intestinal já mencionados auxiliarão nossa
função imune também. Associado-se a eles, as duas categorias seguintes, têm uma nota de grande valor:

1. Alho  9 —  o odor único emitido pelos vegetais da família das Alliaceae quando cortados, vem dos compostos sulfurosos como
a alicina que tem muitos efeitos promotores de saúde. Estudos têm demonstrado que o alho (garlic) pode inibir uma vasta
gama de doenças ao reduzir a inflamação, estimular a função imune e melhorar a saúde cardiovascular. Mostra que também
combate, pelo menos, 14 diferentes tipos de células cancerosas, incluindo cerebrais, pulmonares, mamárias, células dos
aparelhos gástrico e pancreático. Alho negro tanto brotado como fermentado são duas variações que se pode tentar também.
Ambos têm demonstrado fornecer benefícios adicionais de saúde com relação ao alho fresco e comum. Para saber mais, ver
no link acima.
2. Cebola (Onions) também tem uma riqueza de propriedades benéficas; são anti-alérgicas, anti-histamínicas, anti-inflamatórias
e antioxidantes, todas envolvidas nela. Polifenóis são compostos vegetais reconhecidos por serem preventivos de doenças,
com propriedades antioxidantes e anti-envelhecimento e as cebolas têm particularmente alta concentração delas. As cebolas
são especialmente ricas em polifenóis do tipo flavonoides chamados quercetinas, um poderoso antioxidante com
propriedades anti-histamínica e anti-inflamatória que podem auxiliar na luta contra doenças crônicas como alergias, doenças
do coração e câncer.10

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3. Cogumelos.  Além de serem ricos em proteínas, fibras, vitaminas B e C, cálcio e minerais, os cogumelos (mushrooms) são
excelentes fontes de antioxidantes, incluindo antioxidantes que são únicos a eles como a ergotioneína, reconhecida como
“antioxidante mestre”. Um estudo publicado no periódico Nature 11 discutiu  a importância da ergotioneína, que parece ter um
papel bem específico na proteção de nosso DNA dos danos da oxidativos. Alguns dos mais potentes agentes
imunossupressores também são encontrados nos cogumelos que é uma das razões porque eles são tão benéficos tanto para
prevenção como para o tratamento do câncer. Os polissacarídeos de cadeias longas, particularmente as moléculas de alfa e
beta-glucano são primariamente responsáveis pelos efeitos benéficos dos cogumelos sobre o sistema imunológico. Nos
estudos de intervenção da nutrição humana, 12,13,14 em cogumelos shiitake secos (shiitake mushrooms) foram detectados
efeitos benéficos e moduladores sobre a função do sistema imunológico. Para um prato complementar que estimule o sistema
imunológico, tentar esta receita fácil de fogo lento: garlic mushroom recipe.

Dois Super Alimentos Impulsionadores Musculares


Proteínas são encontradas em cada célula de nosso corpo. Estas cadeias de amino ácidos são importantes para a reparação,
manutenção e crescimento das células e essenciais para a saúde dos músculos, órgãos, glândulas e pele. Como as proteínas são
metabolizadas e empregadas no nosso corpo, precisamos repô-las pelo consumo delas em cada refeição. Não há questão de que
comer proteínas suficiente, de alta qualidade, é essencial para um boa saúde. No entanto, muitos norte americanos tendem a
comer mais do que realmente necessitam. Proteína em excesso (excessive protein) pode ter um efeito estimulador sobre uma via
bioquímica chamada ‘alvo da rapamicina em mamíferos’ (nt.: em inglês – mammalian target of rapamycin/mTOR). Esta via tem um papel
importante e significativo em muitos cânceres. Quando reduzimos a proteína para exatamente o que nosso corpo necessita, a via
mTOR permanece inibida, o que auxilia a minimizar a nossa chance de crescimento do câncer. Então, lembremo-nos que tudo
parece um pouco nebuloso quando se relaciona com as proteínas. Ou seja, queremos somente o suficiente — não tanto nem tão
pouco — e nossa necessidade individual variará dependendo de nossa idade, sexo, atividade física e ainda mais. Como regra geral, a

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maioria das pessoas provavelmente necessita em torno de 1/4 de grama de proteína por quilo de massa corpórea MAGRA. Para
calcular a massa corpórea magra, simplesmente subtrair o percentual de gordura corporal por 100, e então multiplique este
percentual pelo peso atual. Em seguida, multiplicar a massa corporal magra por 0,5 para obter o requerido de proteína aproximado
em gramas. Os idosos, as mulheres grávidas e os atletas geralmente precisam de cerca de 25% a mais do que a população em geral.
Quando se trata de alimentos ricos em proteínas, que aumentam os músculos, a qualidade também é importante. Dois dos
principais concorrentes aqui são:

1. Carne vacum de animal de pastoreio (Grass fed beef). Comparada à carne convencional de animais criados em operações
de alimentação em confinamentos, a carne de animal criado no pasto tende a ter significativamente melhores taxas de
ômega-6 a ômega-3, maiores concentrações de ácido linoleico conjugado (nt.: em inglês – conjugated linoleic acid/CLA) e antioxidantes
além de menor risco de estar contaminada com bactéria resistente a antibióticos. Quando comprarmos carne, estarmos
seguros de verificar (nt.: no caso dos EUA) o selo da certificação da American Grassfed Association (nt.: Associação Americana de Criação no
Pasto), será essencial. Até o  presente, este é a única logomarca capaz de garantir que a carne vem de animais que tenham sido

alimentados 100% com pasto, que nunca foram confinados em um piquete, que nunca receberam antibióticos ou hormônios e
que foram criados em uma propriedade nos EUA (i.e., a carne não é importada).

AGA grassfed label

2. Proteína do soro do leite (whey protein), um subproduto do leite e do queijo (muitas vezes referido como o padrão ouro das
proteínas), foi reconhecida por seus benefícios para a saúde por Hipócrates lá pelo ano 420 a.C. Além de fornecer os amino ácidos
que nosso corpo necessita, a proteína do leite vindo de vacas que pastam em área de produção orgânica, também contém três
importantes ingredientes de alta qualidade para a saúde: leucina, glutationa e ácido linoleico conjugado (nt.: em inglês é – conjugated
linoleic acid/CLA). Tanto a leucina como o CLA podem ser úteis se estivermos tentando perder peso, enquanto a glutationa aumenta a

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saúde em geral pela proteção de nossas células e da mitocôndria dos danos oxidativos e peroxidativos. Como com a carne, ter
segurança de que a proteína seja de leite certificado organicamente e derivado de vacas que pastaram naturalmente, é vital. Além
disso, ter sido processado minimamente e sem nenhuma adição de açúcares e conservantes.

Três Alimentos Anticâncer que se Deve Comer Mais


Muitos alimentos anteriormente mencionados também pertencem a esta seção. Três alimentos adicionais com potente atividade
quimioprotetora que muitos não comem suficientemente, são:

1. Brócolis (e outros vegetais da família das Brássicas). O brócolis (Broccoli)  ganhou este lugar entre estes alimentos
protetores, graças aos compostos vegetais como sulforafano, glucorafanina, compostos fenólicos e  diindolilmetano (DIM).
Estudos têm mostrado que o sulforafano gera apoptose (morte celular programada) em células de câncer do colo 15, próstata
16
, mama 17  e de pulmão induzido pelo tabaco 18 . Três porções de brócolis por semana pode reduzir o risco de câncer de
próstata em mais de 60% 19. Também é um anti-inflamatório 20  e encoraja a produção de enzimas capazes de reduzirem
espécies reativas de oxigênio em até 73%. 21     Glucorafanina também influencia o processo da carcinogênese e da
mutagênese,22,23 enquanto os compostos fenólicos têm a potente habilidade para eliminarem os danos dos radicais livres e
amainarem inflamações.24,25,26 O DIM também multiplica os benefícios potenciais, incluindo estimular o nosso sistema
imunológico e auxiliar a prevenir ou tratar o câncer.27,28 Para realmente otimizarmos estes benefícios, estejamos seguros de
comer vegetais da família das Brássicas com um pouco de semente orgânica de mostarda em pó (mustard seed powder). Se
não gostarmos de vegetais como o brócolis, possamos ter em mente de que muitos, se não a maioria, dos membros desta
família vegetal têm compostos similares e os mesmos benefícios sobre  saúde.
2. Alho poró (Leeks), um vegetal da família dos Alliaceae muito próximos tanto do alho como da cebola, tem muito a oferecer no
sentido de uma boa saúde. Como o alho, muitos dos seus efeitos terapêuticos vêm dos compostos do grupo do enxofre, como

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a alicina.  O alho poró também contém kaempferol, um flavonol/flavonoide natural da mesma forma presente no brócolis, na
couve manteiga e no repolho, que numa pesquisa 29 conectou à diminuição do risco de câncer.
3. Cominho negro (black cumin), também conhecido como semente negra (Nigella sativa), tem pelo menos 20 ações
farmacológicas diferentes, incluindo propriedades antibacterianas naturais, antioxidantes, além de propriedades protetoras
dos rins e do sistema gástrico. Alguns também o chamam de “semente da benção” porque fornece proteção tanto contra às
doenças do coração como ao câncer. 30

Fontes e Referências
1
 Curr Pharm Biotechnol. 2006 December;7(6):495-502
2
 Annals of Internal Medicine 2 April 2013;158(7):515-525
3
 Nutr J. 2012 Dec 11;11:106
4
 Global Healing Center, 14 Foods That Cleanse the Liver
5
 J Agric Food Chem. 2012 August 8;60(31):7644-51
6
 Microgreens: Novel, Fresh and Functional Food to Explore All the Value of Biodiversity
7
 Annals of the New York Academy of Sciences May 15, 2017
8
 Br J Nutr. 2012 February;107(4):473-84
9
 The Vegetarian Site, All About Allium Vegetables
10
 University of Maryland Medical Center, Quercetin
11
 Nature 2010; 17, 1134–1140
12
 FASEB Journal April 2013; 27(1) Supplement 643.15
13
 FASEB Journal April 2013; 27(1) Supplement 643.17
14
 Nutrition Horizon April 24, 2013

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15
 Cancer Res March 1, 2000:60(5):1426-33
16
 Science Direct Aug. 2012
17
 Clinical Cancer Research May 1, 2010; 16(9):2580-90
18
 Cancer Research September 15, 2005; 65(18):8548-57
19, 20
   Selfhacked.com, Sulforaphane as a Panacea
21
 Diabetes August 4, 2008
22
 Medicines July 17, 2015
23
 Proceedings of the Nutrition Society January 2010; 69(OCE8); E590
24
 Medical Daily June 24, 2016
25
 Phys.org June 22, 2016
26
 Gardner, A.M., Brown, A.F. & Juvik, J.A. Mol Breeding (2016) 36: 81. doi:10.1007/s11032-016-0497-4
27
 Nutr Cancer. 2004;50(2):161-7.
28
 J Biomed Res. 2014 Sep; 28(5): 339–348.
29
 Food Chemistry June 15, 2013; 138(4): 2099-2107
30
 Iran J Basic Med Sci. 2014 Dec; 17(12): 967–979

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2017.

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Arquivado em: Saúde, Sustentabilidade, Vídeos


Marcados com as tags: Alimentos, Alimentos fermentados, Jejum, Kefir, Nutrição

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Retorno ao campo: a longa marcha
30 de março de 2017 por Luiz Jacques

Retorno ao campo: a longa marcha. Ideia proposta por Felipe Dittrich Ferreira, mestre em antropologia pela Unicamp.

http://www.ihu.unisinos.br/566229-retorno-ao-campo-a-longa-marcha

Eis o artigo.

A crise econômica em curso mostra que estratégias de “inserção social” baseadas apenas na geração de emprego são insuficientes
para dar à massa dos cidadãos brasileiros um grau mínimo de segurança material, sobretudo em função do afrouxamento dos
vínculos empregatícios, hoje suscetíveis de rompimento ao menor sinal de problemas no plano da micro ou da macroeconomia. O
trabalhador, dessa forma, é cada vez mais a primeira vítima de qualquer crise econômica.

Para mitigar as dificuldades geradas pelo desemprego o governo dispõe de poucos instrumentos. Seguro-desemprego e bolsa
família são obviamente insuficientes para dar a uma família condições de sobreviver com dignidade. A grande massa de
trabalhadores não formalizados, de qualquer forma, não tem acesso nem mesmo a essa já tênue rede de proteção. Se ocorre a um

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trabalhador informal adoecer ou sofrer um acidente ele pode acabar, se não tiver na família quem lhe possa ajudar, forçado a viver
na rua, entrando, assim, numa espiral de degradação da qual poucos conseguem sair.

O ex-senador Eduardo Suplicy, tendo em vista situações desse tipo, há anos tem defendido o estabelecimento de uma “renda
mínima de cidadania”, que desvincularia o “direito de viver” da posse de um emprego assalariado. Os patrões, dessa forma,
deixariam de ter poder de vida e morte sobre os trabalhadores. Embora essa proposta tenha inegáveis virtudes, pode-se
legitimamente questionar de que forma o governo obteria recursos para bancar um programa dessa magnitude na ausência de
robusta atividade econômica. Se alguém receberá sem trabalhar, é preciso que outro qualquer trabalhe por dois. É inútil dizer que
deverá ser taxada com maior vigor a classe proprietária. Sabe-se que a base da riqueza é o trabalho. Se empresários forem forçados
a pagar mais impostos o farão aumentando a rentabilidade de sua mão de obra, seja tornando as jornadas de trabalho mais longas,
seja tornando o ritmo de trabalho mais intenso, seja agregando ao trabalho fatores tecnológicos que ampliem o alcance do esforço
individual. Seja como for, toda tributação recairá em última instância sobre os trabalhadores.

Esse é o problema das estratégias de inserção social amparadas em tributação e redistribuição, que caracterizam, em termos gerais,
os governos vinculados à social-democracia ou ao trabalhismo. Inclinando-se à esquerda, ou seja, procurando dividir os frutos do
progresso por meio da imposição de freios às ambições do Capital, o governo social-democrata acaba, mais cedo ou mais tarde,
forçado a fazer um movimento no sentido oposto, afrouxando as amarras nas quais fora presa a classe proprietária, com vistas a
evitar a desaceleração da economia ou para reanimá-la.

Governos “redistributivistas”, em outras palavras, embora interessados em libertar os trabalhadores da tirania dos patrões, são
dependentes, em última instância, do sucesso da classe empresarial, a única, nos marcos da economia capitalista, capaz de gerar
renda. A social-democracia, assim, tende a tornar-se cúmplice da exploração do trabalho, ao aliar-se com o Capital, ainda que com
relutância, no esforço para sustentar indefinidamente taxas elevadas de crescimento econômico, sem as quais o redistributivismo

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quase fatalmente desemboca em crise fiscal. Se a social-democracia procura manter na crise o padrão de desembolso estabelecido
ao longo do período de bonança, sem tomar providências para a retomada do crescimento – ou seja, se são mantidas restrições de
natureza humanitária à extração de mais-valia, dificultando a realização de novos investimentos –, a social-democracia, como
dizíamos, acaba gerando uma crise na qual fatalmente será engolida, dando margem à ascensão da direita ao poder.

A gestão liderada diretamente pelos proprietários se encarregará, então, de realizar um “ajuste” com o objetivo alegado de criar
“condições para o crescimento”. Isso, na prática, quer dizer que os patrões receberão autorização para pisar sobre a cabeça dos
trabalhadores. Munidos de uma “licença para matar” os patrões, de fato, vão sentir-se estimulados a realizar mais investimentos,
em geral gerando certa quantidade de empregos, ainda que precários e mal-remunerados, bem como receitas tributáveis com as
quais o governo vai reequilibrar suas contas, escapando do risco de entrar numa espiral incontrolável de endividamento.
Inicialmente, a retomada do “crescimento” será bem recebida, já que trabalhadores à beira da miséria serão salvos pelo Capital e o
governo deixará de depender de empréstimos cada vez mais custosos. Com o tempo, no entanto, o aspecto falacioso do
“progresso” assim obtido virá à luz, na medida em que os trabalhadores perceberem que escaparam da miséria apenas para
ingressar numa relação altamente espoliativa, na qual veem esvair-se a própria força vital, sem que em troca recebam o suficiente
para lançar os alicerces da própria vida.

Desse modo, vai sendo pavimentado o caminho para o retorno da social-democracia ou do trabalhismo ao poder, numa alternância
quase coreografada, ainda que tempestuosa, entre direita e “esquerda”, na qual não se debate o problema de haver no centro da
engrenagem econômica um monstro furioso, onívoro devorador de pessoas, rios e árvores – debate-se apenas se esse monstro
deve ser mantido sob rédeas curtas ou soltas.

É possível fugir desse círculo vicioso? A resposta positiva requer que se compreenda que é possível ou mesmo necessário
desvincular a cidadania do emprego, sendo impossível, no entanto, desvincular a cidadania do trabalho. É preciso, portanto,

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distinguir trabalho de emprego. Isso é possível? Sem dúvida, mas para tanto é preciso que cada trabalhador tenha à disposição
certa quantidade de “matéria”, de modo que possa investir sobre ela seu esforço e sua inteligência, realizando, dessa forma, um
potencial que, embora inscrito na natureza, depende da ação humana para se revelar.

Há imensa quantidade de materiais passíveis de transformação. Dentre todos, o mais importante é a terra, já que a primeira
necessidade humana é alimentar-se. O homem garante sua subsistência tornando a terra produtiva. Daí que consigam sobreviver
no campo famílias que não dispõem de renda. Subsistem, ainda que não amparadas pelo dinheiro, porque extraem alimentos
diretamente da terra, dispensando a intermediação do mercado.

É a terra, portanto, que lhes fornece uma “renda mínima de cidadania”. Isso, obviamente, não quer dizer que estejam isentos de
trabalhar. Quer dizer apenas que para eles tudo depende da relação que mantêm com a terra. Não é preciso que encontrem quem
deseje contratá-los, nem é preciso que negociem quanto vão ganhar. É com o solo que dialogam. É com a natureza que precisam
assinar um contrato.

Pode-se extrair desse exemplo uma proposta: se cada brasileiro, ao completar a maioridade, recebesse o direito de ocupar um
pedaço de terra, seria possível implantar no Brasil um sistema de “renda mínima” sem que a importância do trabalho fosse
menosprezada. Ao mesmo tempo, daríamos ao país maior autonomia em face da classe proprietária, já que a subsistência, extraída
diretamente da terra, dispensaria o governo, ao menos em alguma medida, de continuamente tomar medidas para favorecer o
crescimento da economia. Esse ponto é fundamental, já que sabemos como os governos estimulam o crescimento: lançando ao
forno que move as locomotivas do Capital bens coletivos tais como direitos trabalhistas, leis relativas à proteção do meio
ambiente, os dias santos e as ruas calmas. Por tais coisas anseia o Capital em função do eterno retorno da “acumulação primitiva”.

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Resgataríamos, em resumo, por meio do retorno à terra, não apenas a dignidade do trabalhador, mas também a própria dignidade
do trabalho, para não mencionar a dignidade da matéria sobre a qual o trabalho se realiza. O capitalismo, com efeito, transforma o
labor numa condenação, na medida em que torna inútil o suor e o esforço, já que muitos investem, em benefício de outros, todas as
forças de que dispõem, sem nada conseguir acumular.

O mesmo ocorre com a natureza, transformada numa espécie mágica de almoxarifado, do qual supostamente se podem extrair
coisas de forma ininterrupta, como se a ecologia não obedecesse a um ritmo e a leis próprias.

Se cada brasileiro tivesse o direito de ocupar um pedaço de terra, redescobriríamos, talvez, o prazer da vita activa a que se referiam
os antigos, isto é, o prazer de transformar e construir, de gozar dos frutos do próprio esforço e de descansar sob a sombra de
árvores que plantamos e vimos crescer.

Um país grande e potencialmente tão rico como o Brasil não tem o direito de continuar a dar a seus cidadãos uma vida mesquinha
de escassez artificial e esforço inglório. Estamos ocupando nossas áreas rurais de forma perdulária, eliminando florestas
exuberantes para dar espaço a rebanhos, produzindo soja e milho para alimentar porcos e bois, enquanto nas cidades os brasileiros
se esgotam para obter dinheiro, pagando caro por arroz e feijão, como se vivêssemos numa ilha pedregosa e tivéssemos que trazer
alimentos de terras longínquas. Somos predestinados à abundância, mas vivemos na miséria; nosso país é grande, mas vivemos
apinhados; nossa terra é generosa, mas dela fomos afastados.

Falar em “renda mínima de cidadania”, diante desse quadro, é sinal de tibieza. Submeter os brasileiros à expropriação, tratando-
os como estranhos à terra em que nasceram e debater em seguida se devemos ter mais ou menos assistencialismo equivale a
tripudiar. A controvérsia em torno das migalhas é uma cortina de fumaça. O verdadeiro tesouro, enquanto os brasileiros se

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digladiam em torno de questões menores, continua firme nas mãos de um grupo diminuto que se apropriou do solo pátrio e após
ter roubado tanto quanto quis agora afirma ser a propriedade um direito sagrado.

De fato, trata-se de um direito sagrado, profanado soberbamente pela elite fundiária que se instalou e se encastelou no Brasil desde
a fundação das primeiras capitanias hereditárias. O que se diria a respeito de uma pessoa que foi a uma igreja, roubou uma relíquia
e agora procurasse fazer uso dela, dirigindo-lhe orações particulares, como se o objeto lhe pertencesse com exclusividade? O
mesmo ocorre com a terra. Não foi dada para este ou para aquele, mas para que todos tenham vida em abundância.

O retorno ao campo, é fundamental destacar, não deve ser confundido com um retorno ao passado, isto é, ao minifúndio, à
queimada, à mera enxada batendo inutilmente sobre o solo exaurido. Ao mesmo tempo, um movimento desse tipo fatalmente
daria com os burros n’água se para sua execução fossem empregados os métodos utilizados pelo Capital para a produção de
commodities, já que tais métodos, na medida em que requerem, ininterruptamente, o acréscimo à terra de insumos industriais –
fertilizantes e agrotóxicos – tornam o produtor vitaliciamente dependente de crédito, transformando-o, dessa forma, numa espécie
de assalariado rural, a serviço de bancos, de fabricantes de sementes e da indústria química.

O retorno ao campo, para adquirir sentido libertário, precisa levar em conta os conhecimentos desenvolvidos na intersecção da
ecologia com a agronomia, com vistas à garantia da fertilidade natural da terra. Com isso se quer dizer que o produtor deve
encontrar no seu próprio ambiente os meios para tornar produtivo o solo no qual vai investir suas forças.

É digna de nota, nesse sentido, a experiência desenvolvida por Ernst Gotsch, no sul da Bahia, desde meados dos anos 1980
(https://vimeo.com/58132389). O modelo estabelecido pelo suíço para a recuperação de solos degradados é particularmente
importante, na medida em que terras abandonas pelo Capital são candidatas naturais a servirem como espaços para a execução
dos primeiros passos da longa marcha de retorno ao campo, ou seja, da longa marcha pela reconquista do Brasil.

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