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Rio de Janeiro,
2017
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Rio de Janeiro,
2017
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BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof. (Nome do orientador)
Afiliações
________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações
________________________________________
Prof. (Nome do professor avaliador)
Afiliações
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RESUMO
O presente trabalho faz uma abordagem sobre o currículo no âmbito escolar como um espaço
para reflexão sobre a prática no tocante ao tratamento dado as relações étnico-raciais sob a
ótica do multiculturalismo e da globalização. Em seguida traz uma reflexão sobre o currículo
e a educação e como se dá a ausência do ensino de história do continente africano e das
religiões africanas candomblé e umbanda dentro desse processo. Traz ainda todo o aparato
legal que trata do tema, com enfoque nas leis 10.639/03 e 11.645/08 como marcos no
processo do ensino de África, mostrando que essas leis e outras resoluções como a Lei de
Diretrizes e Bases para a educação, as Diretrizes Curriculares para Educação ou o Plano
Nacional para Livros Didáticos falam com relação a valorização da cultura africana. O estudo
tem como metodologia a pesquisa bibliográfica a partir de um levantamento de dados em
livros, sites e revistas sobre o assunto, expondo o pensamento de alguns estudiosos sobre o
assunto tais como: Diante da pesquisa evidenciou-se que se torna necessário uma
reorganização curricular que aborde realmente a questão étnica dentro do âmbito escolar de
forma capaz de contribuir para romper com as ideologias. Dessa forma se torna necessária a
inclusão de novas orientações escolares que privilegie a História dos Afro-brasileiros e
africanos além de ser a concretização de uma política pública há muito almejada é também a
oportunidade de refletir sobre a naturalização das desigualdades e oportunidades para
trabalhar aspectos ainda pouco conhecidos da história de uma população que tem sua história
pouco valorizada.
ABSTRACT
The present work makes an approach on the curriculum in the school scope as a space for
reflection on the practice regarding the treatment given to ethnic-racial relations from the
perspective of multiculturalism and globalization. Then it brings a reflection on curriculum
and education and how the absence of the teaching of history of the African continent and the
African religions candombe and Umbanda within this process takes place. It also brings
together all the legal apparatus dealing with the subject, focusing on laws 10.639 / 03 and
11.645 / 08 as milestones in the African teaching process, showing that these laws and other
resolutions such as the Law of Guidelines and Bases for Education, Curricular Guidelines for
Education or the National Plan for Textbooks speak in relation to the appreciation of African
culture. The study has as a methodology the bibliographical research based on a survey of
data in books, websites and magazines on the subject, exposing the thought of some scholars
on the subject such as: In the face of the research it was evidenced that it becomes necessary a
curricular reorganization That really addresses the ethnic issue within the school environment
in a way that can contribute to breaking ideologies. In this way, it is necessary to include new
school orientations that privilege the History of Afro-Brazilians and Africans, besides the fact
that the implementation of a long-sought public policy is also an opportunity to reflect on the
naturalization of inequalities and opportunities to work on aspects still Little known in the
history of a population that has its history little valued.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.......................................................................................................................6
2.AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NA SOCIEDADE.............................................7
2.1.Multiculturalismo versus Globalização..............................................................................11
3.CURRICULO E EDUCAÇÃO..............................................................................................14
3.1.Cultura e Currículo.............................................................................................................19
3.2.As religiões de matriz africana dentro do currículo............................................................21
3.3.Os desafios da escola frente ao ensino História do Negro no Brasil e a lei 10.639/2003...23
3.4.A escola e os instrumentos que reforçam o racismo...........................................................28
3.5.O aparato legal e a valorização da cultura africana............................................................32
4.CONCLUSÃO.......................................................................................................................34
5.REFERÊNCIAS.....................................................................................................................35
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1 INTRODUÇÃO
O contato com as diferenças agora se torna inevitável e cada vez mais presente,
gerando conflitos e diversas reações negativas embasadas num padrão que se tornou
referência mundial, pois a globalização impõe uma ideologia neoliberal que afeta as pessoas
do mundo todo, tanto no seu modo de viver (padrões de alimentação, vestuário, consumo,
entre outros) como no seu modo de pensar e agir.
No Brasil diante da diversidade cultural existente se torna essencial que se faça sempre
uma reflexão sobre a mesma a partir da ótica do currículo e da educação escolar enquanto
espaço de fronteira do conhecimento. Dessa forma, o trabalho fará de maneira sucinta uma
reflexão sobre cultura dentro do currículo escolar e como a mesma tem sido abordada a partir
do viés das religiões de matriz africana, tomando como base o ensino de história desses
povos.
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Para se abordar as religiões de matriz africana na sociedade atual é preciso fazer uma
retrospectiva dos aspectos históricos que marcaram a vindo dos negros para o Brasil, pois
quando aqui chegaram praticavam seus cultos mas os mesmos eram feitos nas senzalas
secretamente, haja vista que a prática do candomblé era considerado uma bruxaria e
repreendido pelas autoridades, no entanto usavam como disfarce a identificação dos seus
deuses com os santos da Igreja Católica, uma vez que o catolicismo era a religião oficial do
país trazida pelos portugueses.
O tempo se passou e o país evoluiu, os negros foram libertados, no entanto a liberdade
concedida aos escravos em 1888 não provocou fortes mudanças na sociedade brasileira. A Lei
Áurea não possibilitou inclusão, tão somente colocou os negros frente a uma outra batalha, a
busca por cidadania, dignidade, igualdade e possibilidades participativas e inclusivas. Após a
concessão da liberdade eles não poderiam estar em lugar algum, porque cada vez que
acampavam, “os fazendeiros vizinhos se organizavam e convocavam forças policiais para
expulsá-los, uma vez que toda a terra estava possuída e, saindo de uma fazenda, se caia
fatalmente em outra” (RIBEIRO, 1995, p. 221).
A miséria passou a fazer parte da vida dos negros, esses foram abandonados na
penúria, foram dos alojamentos onde ficavam os escravos para os arredores das cidades e
passaram a viver na mais completa pobreza. No Nordeste do pais, eles foram viver como
servos dos senhores nas fazendas e tiveram que se sujeitar a serem alvo de violência dos
fazendeiros, seus capatazes e familiares.
Com o fim da escravidão, eles deixaram de ser escravos para se tornarem homens
livres, e aparentemente adquiriram uma certa igualdade, mas sem qualquer lampejo de
cidadania, já que não tiveram nenhum direito garantido. Numa sociedade claramente injusta e
desigual aos negros assim como aos indígenas foram negados qualquer direito.
Assim, o fim do regime escravista possibilitou o florescimento e a intensificação de
relações sociais marcadas pela dependência nos moldes dos regimes servis, o que trouxe
graves consequências ao longo de toda a história brasileira, como a formação do coronelismo,
a opressão social e as enormes disparidades sociais o que se estendia as práticas religiosas dos
mesmos, que apesar de livres ainda não tinham liberdade total para a prática das mesmas.
O racismo se fez presente como nunca e encontrou apoio em teorias racistas que
proclamavam a inferioridade racial do negro frente ao branco e que viam nos mulatos a
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Apesar dos avanços obtidos a partir da Constituição Federal de 1988, vê-se que,
historicamente, as leis que combatem o racismo no país têm um viés exclusivamente
criminal, não havendo uma preocupação efetiva com a igualdade, a inclusão e com a
participação democrática dos negros na sociedade brasileira, mesmo com a legislação
oportunizando a liberdade religiosa, os negros tem sido perseguidos por questões religiosas.
Os negros praticantes de religiões de matriz africana, principalmente o candonblé e a
umbanda, também viram ao longo dos anos seus cultos serem considerados uma ofensa a
sociedade. Essas religiões de acordo com os dados do censo 2010, somam aproximadamente
600 mil adeptos. Essas religiões tem sido constantemente atacada por uma intolerância
religiosa que cerca o mundo e a sociedade nos últimos tempos.
O preconceito e a discriminação aos praticantes dessas religiões, tem feito com que
muitos adeptos optem por permanecer no anonimato, assim não se deixam identificar e nem
fotografar. Uma das possiveis causas dessa intolerência com essas religiões, esta no fato e que
num mundo profundamente desgual, econômica e socialmente, a intolerância religiosa se
destaca e grupos religiosos passam a se achar superiores aos outros.
Todo esse contexto de intolerância religiosa, fere o principio Constitucional que
garante a laicidade do Estado, onde a liberdade religiosa deve ser respeitada. A Constituição
Federal de 1988, enfatiza a liberdade religiosa como direito fundamental nos artigos 5º, VI,
VII, VIII. A Referida Carta Magna consagra o principio da laicidade , garantindo o direito a
liberdade de crença e de consciência. ( BRASIL, 1988).
O Candomblé e a Umbanda são duas das religiões brasileiras que se ergueram e foram
construidas como suporte nas tradicões seculares dos cultos dos orixãs, que se fizeram
responsáveis tanto pela manutenção da cultura africana quanto sua difusão por todo o Brasil.
Ambas as religiões foram utilizadas como mecanismo de resistência para o povo negro
e assim colaboraram de maneira significativa para a construção da cultura e identidade
brasileira. A perseguição a essas religiões traz danos que vai além dos aspectos culturais e
religiosos que os povos vindos da África deixaram para o país.Esses danos, ferem as
comunidades e as pessoas que acabam vendo seus direitos constitucionais de liberdade
religiosa sendo transgredidos.
Historicamente o que se percebe é que a ignorãncia da população com relação a
cultura africana e sua gênese eram sempre citados como motivação para que tanto os
praticantes do Candonblé quanto da Umbanda fossem ao longo dos tempos severamente
oprimidos, até com requintes de crueldade.
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Dessa forma fica evidente que não pode existir uma homogeneização das culturais e
que as diferenças são necessárias e impórtantes na formação do ser humano. As diferenças são
essenciais para que se resista a qualquer tentativa de uniformizar as culturas. No entanto é
notório que existe uma desigualdade nas relações de poder dentro do contexto social, e que
tem intensificado ao longo dos tempos pelos processos de marginalização de grupos
minoritários no tocante aos aspectos social, culturais e étnico.
Assim o que se vê são os grupos se fechando para não terem sua identidade cultural
aniquilada. Na contramão desse ideário se encontra aqueles que tem se organizado a partir das
diferenças, buscando construir sua identidade cultural a partir das diferenças.
Por isso, as lutas multiculturais se tornam reais a medida que se busca reafirmar as
ideias e combater todas as práticas de preconceito e discriminação. O respeito as diferenças é
uma das tônicas que precisam ser analisadas e pensadas na sociedade multicultural. Nesse
tocante as diferenças religiosas precisam ser pensadas dentro desse contexto, e o respeito as
práticas religiosas deve ser algo que se analise no âmbito da sociedade começando pela
escola.
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A escola deve se envolver nessas discussões, haja vista que a mesma se constitui num
instrumento primordial nas lutas que envolvem a redistribuição de poder e reconhecimento
dentro da sociedade. Ao mesmo tempo a escola é uma reprodutora da sociedade e tem se
mostrado em muitos momentos excludente ofertando alguns mecanismos de poder e negando
outros. Ao mesmo tempo que executa práticas que levam a socialização respeitando as
diferenças, tenta uniformizar esses mesmos alunos.
Assim, numa educação voltada para a multiculturalidade, na concepção do
multiculturalismo crítico, o importante é colocar a ênfase no planejamento dos conteúdos que
formam o tronco comum da escolaridade obrigatória de todos os cidadãos. “É o currículo
comum para todos que a visão multicultural deve incorporar, para que a integração de culturas
se realize dentro de um sistema de escolarização único que favoreça a igualdade de
oportunidades. Do contrário, só é possível a assimilação de uns por outros” (SACRISTÁN,
2000, p. 106).
Esse alerta sobre a importância de um currículo comum para promover a igualdade
deixa evidente que se o currículo não tiver essa base comum estará preparando aqueles alunos
para outras realidades que não aquela da qual fazem parte e, assim, serão ainda mais excluídos
porque a escolaridade não deixa de ser um meio de dotar o aluno de competências para a
participação na vida social, econômica e cultural dominante. É neste mesmo sentido que Leite
(2003), sugere a existência de um currículo básico que contenha matérias como núcleo do
programa de estudos de qualquer aluno/a, isto é, que torne presente e dê voz às diversas
culturas.
Um dos pontos para se refletir essas questões parte pelo entendimento do curriculo e
como o mesmo tem sido construido no contexto educacional. Sobre isso o próximo capítulo
fará uma abordagem.
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3 CURRICULO E EDUCAÇÃO
O contexto educativo traz em seu bojo uma prática pedagógica onde as relações
sociais se estabelecem a partir das interações entre os professores e os alunos, interações essas
que são permeadas pelas ideias que ambos tem de educação. A forma como a escola se
organiza retrata um pouco como a sociedade também esta se organizando e de certa maneira
os fins da educação assim como os processos que regulam a mesma são baseadas em
interesses que em muitos momentos se mostram conflitantes, e divergentes por refletirem os
desejos das classes sociais presentes na sociedade capitalista: dominantes e dominados.
No entanto a prática pedagógica tem sido construida sob uma base curricular, o
curriculo em muitas escola é também construido a partir dos livros didáticos, livros esses
utilizados pelos educadores como o chão da escola, para muitos os conteúdos ali escritos se
constituem em verdades irrefutáveis, muitos professores não conseguem perceber que esses
conhecimentos ou melhor informações veiculados através do referido instrumento nada mais
são do que o pensar dos autores dos livros, e que podem divergir de autor para autor, assim
como de editora para editora.
Por isso quando se fala em prática pedagógica pode-se citar Sacritán.
Olhando para o curriculo, evidencia-se que não existe neutralidade no mesmo, ele por
sua vez é tendencioso, e expressa o momento histórico vivido. Portanto ao se propor ações
curriculares é preciso que os professores e a escola repensem a sua prática, buscando entender
a realidade onde se insere a escola, quem são seus alunos, de onde vem, e que expectativas
tem para o futuro. Mas é preciso também entender como se dá o processo de formação dos
professor pois ele reflete a sua maneira de ensinar e de fazer educação. Essas questões devem
nortear toda a organização do curriculo.
O principal é que deve sempre analisar qual o fim da educação executada no âmbito
escolar, para que e para quem ela vem servindo, ao se refletir sobre essas indagações se pode
construir uma base curricular que venha atender os anseios de alunos e professores, e que faça
a diferença para os alunos oportunizando que os mesmos adquiram conhecimentos que
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possam contribuir para que eles transformem suas vida e consequentemente a realidade onde
se inserem.
Assim o curriculo precisa ser pensado sob a ótica espaço-tempo onde as fronteiras se
interagem com as diversas tradições culturais e onde se pode viver as múltiplas culturas
(MACEDO, 2006,p.288).
Macedo assume categoricamente a posição de que a produçao dos curriculos formais e
a vivência do curriculo são processos cotidianos de produção cultural que envolvem relações
de poder tanto em nivel macro quanto micro.
Esse pensar não descarta as diferenças existentes entre o curriculo formal e o vivido,
ao contrário ambos dialogam o tempo todo. Mas pensar o curriculo é pensar a educaçãom o
que significa o projeto de educar. Que educação que se faz e para qual sociedade ela é
produzida. Numa sociedade hibrida onde as culturas negociam sua existência ou não, a
pluralidade existente, se eviddencia no âmbito escolar e não pode ser ignorada por todos que
transtiam nesse ambiente. Assim, o curriculo precisa ser pensado a partir da lógica da inclusão
e do respeito as diferenças.
A partir dessas considerações, Sacristán ( 2000,p.16) afirma que: “currículo é o
contexto da prática e ao mesmo tempo em que é contextualizado por ela”.
Visto dessa forma, a prática e o curriculo se constituem num ser único, e por
conseguinte se complementam. A escola trabalha no seu interior em cima de uma base
curricular, e ela vai refletir os interesses das classes sociais que rodeiam o sistema educacional
brasileiro, e que no chão da escola ele se constroi a partir de uma prática dos professores
durante o processo de escolarização e que faz com que fins educacionais sejam traduzidos em
metodologias e estratégias com a intencionalidade de se promover a eficiência e a eficàcia do
processo educativo.
Por isso, Kramer (1991, p. 14) enfatiza que: “o curriculo está a meio termo da teoria e
da prática, traduzindo-se num instrumento de apoio para que a escola venha a se organizar nas
suas ações principalmente na forma dos professores atuarem”.
Se o curriculo reflete os interesses sociais e expressa em sua essência o desejo das
classes dominantes, todo o processo educativo que toma como base o curriculo precisa ser
revisto e analisado de maneira a ofertar uma educação que vá de encontro aos interesses dos
alunos e suas necessidades, priorizando uma prática que forme alunos reflexivos e criticos,
dessa maneira é possivel afirma que essa prática trará êxito para o processo educacional que
se faz na atualidade.
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Uma vez que o curriculo oculto está presente na escola, ele precisa e deve ser
trabalhado de maneira dinâmica e com vivacidade, usando métodos e técnicas que
oportunizem aos estudantes ampliarem seus saberes a partir da sua realidade e das suas
experiências.
Quando a escola está planejamento o seu curriculo e revendo sua prática, não se deve
esquecer das questões do mundo atual, a escola não é uma ilha, ela não pode ignorar a
realidade social e histórica em que vive o aluno. Desse maneira cada vez mais se exige e
pensa uma educação que leve os alunos a serem questionadores, em que os conhecimentos
não são dados de maneira pronta, mas que precisam ser construidos e reconstruidos na sala de
aula com a ajuda dos professores e das tecnologias que hoje permeiam o universo dos alunos.
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No contexto, da sala de aula, a cultura dos alunos não tem sido valorizada. Na mesma
encontram-se uma grande diversidade cultural, o que em muitos momentos se constitui um
empecilho no processo de construção do saber dos alunos. Na verdade tanto o currículo
quanto o livro didático trazem em seu bojo, a valorização da cultura do homem branco, vista
como superior. Sendo assim, o tempo todo, a escola tem perpetuado a cultura dos mais
favorecidos em detrimentos dos menos favorecidos.
Apesar de se buscar uma educação comum e igual para todos, fica evidente que existe
uma confusão entre igualdade e homogeneização e isso fica expresso no currículo trabalhado
na escola.
Assim a escola elabora um currículo que valoriza determinados comportamentos e
culturas que tem uma estreita ligação com as tradições histórico culturais e sociais
cristalizadas ao longo dos tempos, que na verdade induzem a se padronizar determinados
comportamentos, conhecimentos e habilidades que tem como foco uma homogeneização
cultural.
As formas de conhecimento veiculadas na escola e propagadas dentro dos currículos
são todas as provenientes dos valores do homem branco europeu de classe alta dominante.
Assim todas as demais culturas acabam por ser marginalizadas, e a escola acaba por ter muitas
dificuldades para romper essa perspectiva que de certa forma é monocultural, que tem
impedido que os professores e a escola adotem práticas pedagógicas que levem em
consideração a enorme diversidade cultural que esta presente na sociedade e inserida na
escola.
Por isso as propostas curriculares, têm buscado diante de uma diversidade cultural
enorme, repensar os seus currículos. Assim nesse, revisar se encontram os conteúdos, os
programas de ensino, as organizações de tempo e de espaço da sala de aula e da escola, onde
os alunos precisam ser considerados e respeitados na sua diversidade.
Por isso o currículo que faz uma ênfase numa formação humanística não deve ficar
restrito apenas as grades curriculares, deve estimular a permuta entre os agrupamentos de
culturas diversas visando dessa forma um crescimento coletivo. Nesse caso, Candau (2002)
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afirma que existe uma relação entre educação e cultura que é permeada por diferentes
abordagens no contexto escolar.
A prática pedagógica executada no âmbito escolar, é norteada pelo curriculo, que traz
em seu bojo as metodologias e e os contéudos ministrados aos alunos, que muitas vezes não
incluem as demandas escolares e a heterogeneidade da sala de aula. Esse curriculo ainda é
eurocentrico, onde a cultura branca, masculina e cristã ainda é supervalorizado, frutos da
colonização e da educação jesuitica.
Tentanto mudas essa prática, a legislação buscou introduzir as culturas e etnias no
âmbito curricular. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei N.º
9394/96 afirma em seu artigo 26 inciso 4º que: “o ensino de Historia do Brasil, levará em
conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro”.
As práticas escolares dessa forma buscam integrar as aulas e promover eventos
especiais que buscam estudar sobre valores étnicos, com festas típicas mostrando como cada
grupo cultural contribuiu de maneira significativa na formação do povo brasileiro. Dessa
maneira, a diversidade cultural é trabalhada dentro do currículo de maneira estanque, sem que
se promova uma verdadeira reflexão com relação à diversidade e os aspectos de cidadania
envolvendo direitos e deveres de todas as culturas.
A busca pela cidadania, tem sido uma constante na sociedade e a escola tem através da
sua legislação educacional buscado reiterar esse contexto, criando dispositivos legais que
forçam a escola a trabalham dentro de seus currículos a diversidade. Para isso é preciso
entender que na busca pela cidadania, os povos entram em contato e deste contato ocorrem
assimilações de traços culturais de outros povos, modificando a cultura de um país. A cultura
brasileira resultou do contato e da mudança social conhecido como aculturação.
O Brasil se constitui num país de grande miscigenação onde os negros, índios e
emigrantes tiveram grande influência na formação do povo e também dos aspectos de sua
cultura, se torna importante engendrar por esta teia que envolvem as brincadeiras e a
formação das crianças, visando elucidar as questões culturais que envolvem a diversidade
étnico racial.
Desde que a diversidade étnico-racial, passa a ser abordada no contexto escolar, a
partir da homologação do Parecer CNE/CP Nº 003/2004, de 10/03/2004 que estabelece as
diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e traz orientações
de como a lei 10.639/2003 deve ser implementada. O referido parecer diz respeito às
Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o ensino de
Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
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A história brasileira por muitos anos manteve em seus livros didáticos a ideia cujo
sentido era fazer professores e estudantes acreditarem que somos originários de um mistura
harmônica de raças. Até uns cinquenta anos atrás nosso manuais informavam que brancos
(europeus), negros (africanos) e indígenas (nativos) deram origem à raça brasileira de maneira
pacífica e tranquila, sem grandes conflitos, ou seja, um encontro amistoso.
Atualmente esta forma de entender, e principalmente de ensinar história, é obsoleta e
deve ser guardada no museu de grandes idéias, para emprestar uma expressão de Cazuza. O
tempo não parou e nós, professores, historiadores ou não, já sabemos que o encontro de
amigos existiu apenas na imaginação de poderosos que, talvez para esconder suas culpas e
responsabilidades, preferiam dar um caráter sutil à escravidão de índios e africanos ao longo
da História do Brasil.
De acordo com Costa (1998, p. 74)
De 1500 até 1888 a escravidão foi o mais evidente procedimento de trabalho que
forjou a riqueza de pequena parte de nossa elite econômica. Mas se ainda existem resquícios
da escravidão nas relações de trabalho, a face mais hipócrita dessa situação é discriminação
étnica velada que pulsa na mentalidade senhorial contemporânea de muitos senhores que nada
têm de seu. Aqueles cidadãos que acreditam que de fato existem distinções biológicas que
definem caráter podem ser lembrados como componentes desses segmentos. Pessoas comuns,
do povo, “como se diz”, entre eles muitos educadores que reproduzem noções equivocadas a
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como um evento histórico. Isso implica explicitar o seguinte: a escravidão, a servidão e todas
as formas de exploração não são características que ocorrem fora do campo histórico. Assim,
as ações e expressões do tipo “a escravidão, de negros africanos ou negros da terra”, são
atitudes horríveis e desumanas! Pouco contribui para o enfrentamento do problema. É
indispensável entender que a escravidão e todo o seu legado são produtos da cultura, da
história, ou seja, são feitos humanos. Não foram trazidos de fora das relações sociais
construídas pelas sociedades humanas.
Rocha (2004) aponta que a Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003, que inclui no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade do ensino da História e cultura afro-brasileira, é
um dos resultados das reivindicações dos grupos de afrodescendentes organizados. De acordo
com essa lei, o conteúdo programático abrangerá o estudo da História africana e seus povos, a
luta dos negros em nosso país, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade
nacional. O pressuposto é o da necessidade de conhecer mais e melhor a contribuição do povo
negro no campo social, econômico e político na História de Brasil. Para tanto e, sempre em
conformidade com a lei e, tela é necessário qualificar os professores, especialmente aqueles
da rede pública de ensino para o enfrentamento da problemática. Inexoravelmente esse
desafio é colocado para a universidade que deverá contribuir para o desenvolvimento técnico
e científico da sociedade, além de atender as necessidades de preparação e atualização de
docentes.
A partir dessa reflexão Sales (2005, p. 127) ressalta:
suporte que permitam aos professores ter acesso aos conteúdos relacionados à história da
África.
É a partir dessas provocações que entende-se a necessidade de maior conhecimento da
História da África, especialmente daquela que foi trazida nos porões de navios negreiros, dos
tumbeiros para contribuir de forma escravizada para forjar uma nova sociedade que é a nossa.
E um dos primeiros itens dessa tarefa é abandonar preconceitos e ignorâncias, muitos deles
originados com o mito do bom selvagem, entendimento produzido por importantes
intelectuais do iluminismo. Antes dessa concepção a África fora vista como uma terra em cujo
interior a existência humana não era exagerada enquanto tal, o que se modifica na Idade
moderna para uma cosmovisão que compreendia os habitantes africanos como exóticos ao
modelo de homem sociedade.
A História da África e das culturas negras, substituindo um passado escravo
estigmatizado por um passado glorioso; possui um elevado potencial no que diz respeito à
construção de uma identidade positiva da população negra. Aliás, enfatiza-se quer a
escravidão não passou de um episódio na longa história dos povos negros, e que só atingiu
uma parcela destas populações. Brancos também forma escravos, como prova a própria
palavra de onde deriva o termo: eslavo.
Mostrando as inúmeras realizações e contribuições à civilização dos povos africanos,
esta História torna evidentes as qualidades e as capacidades dos povos negros. Na África
desenvolveram-se civilizações brilhantes, sofisticados sistemas políticos de governo,
construções filosóficas e religiosas, criaram-se obras de arte, conhecimentos científicos,
médicos, astronômicos e outros. Edificaram-se belas cidades e palácios que deixaram
deslumbrados os primeiros viajantes europeus no século XV. Mas a ideologia que procurou
legitimar a escravidão apresentou o africano como um ser bárbaro desprovido de qualquer
conhecimento.
O mais difícil e polêmico enfrentamento nessa tarefa é reconhecer que a África e o
território conhecido hoje como Brasil forma ambientes habitados por sociedades históricas,
portanto forjadas de culturas, de relações sociais, políticas e econômicas.
A Constituição de 88, evidenciava algumas ideias de divesos grupos sociais,
especificano no parágrafo 1º do artigo 242 da Constituição. O ensino da história do Brasil
levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo
brasileiro.
Na visão de Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva:
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O que se percebe é que os curriculos até a introdução das legislações que buscam
legalmente garantir a inclusão da historia das populações afro-descentes no ambito escolar
não eram abordadas, ou quando havia uma abordagem essa ocorria com um vies racista ou na
ótica do homem branco.
De acordo com Amilcar Araújo Pereira :
Por isso os curriculo dentro da disciplina de história não tem ao longo dos tempos
trazido uma visão histórica da populaão negra como parte importante da formação do povo
brasileiro.
Na visão de Araújo (2013) ao se promover uma analise das politicas com relação ao
curriculo para o ensino de história nas ultimas décadas revela a permanência de uma
organização curricular caracterizada por uma perspectiva temporal linear e progressiva.
É notorio que com base em teorias de vários estudiosos do assunto, a autora busca
compreender a perspectiva temporal linear e progressiva como uma forma de caracterizar as
mesmas, como parte de uma tradição disciplinar que ficou se mantendo estável desde o século
XIX. Esse século foi marcante pelo fato da disciplina de hstoria ter se constituito enquanto
disciplina no contexto escolar (ARAÚJO, 2013).
É preciso compreender que a disciplina de historia é de grande importancia para a
formação cidadã dos alunos, visando um entendimento do passado para que se construa um
futuro na sociedade de mais justiça e respeito. Por isso Araujo ( 2013, p.64) afirma que :
“historia tem um único sentido e é orientada pelo progresso., estabelecendo dessa maneira
uma tradição que se percebe até os dias atuais”.
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O respeito à diversidade deve ser a condição de igualdade, ou seja, uma igualdade que
se orienta pelo direito de ser diferente. Porém, é fundamental que não se confunda diversidade
com desigualdade, já que a primeira diz respeito à qualidade de organizar-se de forma
particular, e a segunda, às mazelas produzidas por uma sociedade desigual. Desigualdades no
acesso à renda, aos direitos sociais, à qualidade de vida, etc; as quais devem ser combatidas,
pois são elas as responsáveis por grande parte dos problemas sociais que vivemos.
Educadores e educadoras devem estar atentos às situações vivenciadas nos espaços
educacionais, sejam eles formais ou informais, na sua prática diária como profissionais e,
principalmente, tomar cuidado com a omissão. Às vezes, por medo, desconhecimento ou
comodismo acabamos convivendo com a intolerância mesmo sem concordar com essa atitude.
A falta de respeito e aceitação à diversidade gera o preconceito, muitas das vezes de
maneira velada. Ou seja, aquele que as pessoas não admitem, também tem feito inúmeras
vítimas ao longo da história. Na perspectiva monocultural, afrodescendentes e minorias não
tem espaço e nem voz. As justificativas encontradas para justificar essa questão é de que a
escola é a mesma para todos, ensina-se da mesma forma, o saber é universal. O problema
então, não é da escola. Nesse contexto, o problema da evasão escolar por dificuldades de
socialização, ou pelos alunos não se sentirem parte do processo educativo, ou ainda por
questões relacionadas à realidade desses grupos, raramente era discutido.
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Essas considerações são também provocações, afinal não estamos no século XIX e as
relações sociais, necessariamente, transformaram-se, são outras. Espera-se, todavia, que a
escola tenha se transformado. No contexto das primeiras décadas do século XX não se falava
em multiculturalismo, mas hoje esta é uma das exigências das políticas educacionais. Há uma
demanda de ordem política e social para que a educação incorpore o dado da diversidade no
cotidiano escolar.
É necessário, então, um olhar plural para problemas diversos, ou melhor, uma
educação que se proponha pensar de maneira plural, e não de forma única. Daí a importância
de uma educação multicultural.
Porém, observa-se que na escola as cenas de preconceito e de racismo são frequentes
na escola, incluindo na Educação Infantil, que prejulga-se que os alunos ainda não estejam
“contaminados’ por reações racistas. Diversas pesquisas comprovam a existência de racismo
na escola, dentre elas a pesquisa de Cavalleiro (1995) que analisa ações de preconceitos e
racismo encontradas na relação entre alunos e professores de uma Escola de Educação Infantil
na cidade de São Paulo, onde os alunos negros demonstraram não serem tratados da mesma
forma que os alunos brancos pelas professoras, incluindo o aspecto afetivo. Isto nos remete à
ideia de que o preconceito encontra-se enraizado nas práticas dos educadores e ainda está
muito presente nas escolas brasileiras.
A escola deveria ser encarada como um lócus de construção de conhecimento, de
socialização, onde a criança negra deveria resgatar sua estima e identidade, mais ela vem
atuando de forma contrária, reforçando a exclusão e fazendo com que a criança negra se sinta
cada vez mais discriminada. É evidente que não podemos considerar que isto seja uma regra,
pois encontramos diversas escolas e profissionais que lutam contra este tipo de preconceito e
que desenvolvem práticas inclusivas e que buscam respeitas as etnias e a diversidade cultural
dos educandos.
É importante que haja um comprometimento dos educadores no sentido de criar meios
para que a criança, não somente a negra, mais as demais conheçam com maior profundidade a
história da cultura negra no Brasil. Pois percebe-se a falta de informação dos professores
sobre essa temática. Assim, é necessário que haja uma reorganização curricular e que
realmente a questão étnica possa ser tratada dentro da escola de forma capaz de contribuir
para romper com as ideologias que massacram os negros.
Oliveira (1999) diz que: “é dentro da relação: escola e currículo escolar, que
percebemos a importância do currículo escolar como componente indissociável da história de
vida dos indivíduos”. Analisando os currículos escolares, a autora nos aponta que em estudos
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realizados sobre relações raciais e educação, o negro é o segmento social mais atingido pela
deficiência das políticas educacionais e dos serviços públicos. O mais alto índice de
analfabetismo está entre os habitantes das regiões norte e nordeste, onde a população negra é
mais representativa. A insistência do ocultamento destas questões no currículo escolar traz
sérios transtornos à formação da identidade da criança negra que não vê a si e nem a seus
ascendentes de forma produtiva.
Outra questão que merece destaque é em relação os materiais pedagógicos, que têm
papel fundamental na reprodução das ideologias, uma vez que expedem visões estereotipadas
dos segmentos oprimidos da sociedade. Entre eles sobressai-se, pela importância que lhe é
conferida pelo país, alunos, professores, o livro didático, considerado depositário da verdade e
a memória conservada das civilizações. Contudo, muitos processos civilizatórios e muitas
visões de mundo são omitidas ou distorcidas pelo livro, que veicula na maioria das vezes a
visão de mundo e o processo civilizatório das classes dominantes.
O livro didático, de modo geral, omite o processo histórico e cultural, o cotidiano e as
experiências do segmento subalterno da sociedade, como o índio, o negro, a mulher, entre
outros. Em relação ao segmento negro, sua quase total ausência nos livros e a rara presença de
forma estereotipada concorrem em grande parte para a fragmentação de sua identidade e
autoestima.
De acordo com Pereira ( 2012, p. 124):
Não é apenas o livro transmissor dos estereótipos. Contudo, é ele que, pelo seu caráter
verdadeiro, pela importância que lhe é atribuída, pela exigência social de seu uso, de forma
constante e sistemática, logra introjetar na mente das crianças, jovens e adultos, visões
distorcidas e cristalizadas da realidade humana e social. As identificação da criança com as
mensagens dos textos concorre para a dissociação da sua identidade individual e social.
Nesses livros, a experiência da criança negra está excluída do processo de
comunicação, uma vez que o autor se dirige apenas ao público nele representado, constituído
para crianças brancas de classe média. Essas obras são produzidas para educar crianças
brancas, e educá-las mal, constituindo-se em veículo de preconceito contra a criança negra.
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O Brasil tem todo um aparato legal que faz com que a cultura africana possa ser
entendida dentro do âmbito escolar, como de vital importância para a formação do
individuo.Amparado pela Lei todas as escolas públicas do país e também as particulares tem a
obrigatoriedade de ministrar aos alunos conteudos que estejam relacionado a historia e a
cuktyra afro-brasileira.
Desde 2003 quando foi sancionada e promungada a lei nº 10.639 os temas ligados a
cultura afro-brasileiras devem ser ensinados no âmbito escolar de maneira obrigatória. Assim
os curriculos do ensino fundamental e médio passam a constar nas os conteudos de historia e
cultura afro-brasileiras, geralmente ministrados dentro da disciplina de historia, geografia,
sociologia.
O objetivo é que os alunos tenhma um conhecimento com relação as contribuições que
os descentes de africanos deixaram para o país no contexto historico-social. Mas de acordo
com os Movimentos dos Negros espalhados pelo país, as ações executadas nas escolas com
relação a esse assunto, são pontuais, em forma de projetos, e que fazem uma alusão breve e
superficial sobre o assunto. Questões sobre a religiosidade dos negros e sua contribuição para
a formação do povo brasileiro sequer são mencionados.
A Lei nº 11.645/08 faz alterações na lei nº 9394/96 no artigo 26-A trazendo que nos
estabelecmentos do ensino fundamental e de ensino médico, públicos e privados, torna-se
obrigátorio o estudo da história e cultura afro-brasileira e indigena.
educação artística, literatura e historia brasileira. Já artigo 79 (b) faz a inclusão no Calendário
escolardo Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
No ano de 2004, O Conselho Nacional de Educação aprovou o parecer que propõe as
Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Africanas e Afro-Brasileiras.
Nesse sentido, destaca-se a escola não como redentora da sociedade, mas como um
elemento importante capaz da mudança da mentalidade social, que olhe o outro como igual,
mas também diferente por infinitas características e, por isso, tão importante, pois traz a
diversidade. A mudança principal está em conscientizar sobre o respeito, ou seja, é preciso
respeitar o outro não somente porque a legislação estabelece que todos tenham os mesmos
direitos, mas porque sabemos que o nosso país foi e é constituído por diferentes culturas, que
contribuem cada qual com aquilo que têm de melhor e juntos formam uma cultura nacional e,
ao mesmo tempo, híbrida. Essa percepção positiva da multiculturalidade não será resolvida
apenas com discursos ou deliberações legais, pois envolve uma mudança de mentalidade, ou
seja, implica na formação de pessoas com sensibilidade e para tal realidade.
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4 CONCLUSÃO
A historia do Brasil e mais especificamente dos negros no país, retratam um país com
um índice elevado de discriminação e preconceito principalmente no âmbito escolar. O
curriculo praticado dentro do contexto escolar tem demonstrado o quanto esse espaço de
ampliação e renovação de conhecimentos tem sido tendencioso e não colabora para que se
faça uma educação voltada para a formação cidadã.
A escola por sua vez requer rever os conteúdos dos currículos escolares e as
abordagens que se refletem nos manuais didáticos, principalmente aqueles que tratam das
séries iniciais da escolarização, visando abolir as abordagens preconceituosas que revelam a
manutenção de tratamento diferenciado aos grupos marginalizados.
Independente da legislação, cabe ao professor o comprometimento dos educadores no
sentido de criar meios para que a criança, não somente a negra, mais as demais conheçam
com maior profundidade a história da cultura negra no Brasil. É necessário que haja uma
reorganização curricular e que realmente a questão étnica possa ser tratada dentro da escola
de forma capaz de contribuir para romper com as ideologias que massacram os negros.
É necessária a inclusão de novas orientações escolares que privilegie a História dos
afro-brasileiros e africanos além de ser a concretização de uma política pública há muito
almejada é também a oportunidade de refletir sobre a naturalização das desigualdades e
oportunidades para trabalhar aspectos ainda pouco conhecidos da história de uma população
que tem sua historia pouco valorizada.
A escola deve ser o espaço de valorização cultural de todos os grupos, onde o ensino
deve estar comprometido com a diversidade e contribuir para a conquista de direitos e de
igualdade, também no tocante as religiões afro-brasileiras.
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