Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Abstract: This paper deals with the interdisciplinary proposals found in museological
institutions to intensify their relations with society. The communication between them
prevails within this interactivity, lessening the distance that still exists between
audience and museum. This interaction enables and facilitates the process of art
fruition.
1
Responsável pela documentação dos Departamentos de Produção e Montagem e Planejamento Cultural do
Museu Oscar Niemeyer, Curitiba.
Anais do VIII Fórum de Pesquisa Científica em Arte.
Curitiba: ArtEmbap, 2011. ISSN 1809-2616
Embora a palavra museion tenha origem na Grécia antiga, os museus surgiram com a
prática do colecionismo na Idade Média e somente alguns séculos depois essas coleções
passaram a ser visitadas, mas apenas por um público seleto. É após a Revolução Francesa que
a maioria dessas instituições tornou-se bem do Estado, visando a formação de cidadãos
cônscios de sua história. Tais instituições sofreram mudanças ao longo de sua existência,
buscando seu aprimoramento, na maioria das vezes, de acordo com as necessidades sociais.
Uma das bases de estudo dos museus é a memória social. No Estatuto do Conselho
Internacional de Museus (ICOM) de 1987 encontramos uma definição para essas instituições:
eles o MON (Museu Oscar Niemeyer), a maior porcentagem dos visitantes de museus são
oriundos de escolas. Geralmente é um público bastante interessado que, na maioria das vezes
motivado por professores, requer atenção especial com processos de mediação e arte
educação. Sempre após as visitas, parte dos professores continua trabalhando o conteúdo
visto nas exposições, em salas de aula, favorecendo o processo de fixação e assimilação dos
grupos. Por isso as escolas desempenham um papel necessário na área da difusão cultural,
despertando nos alunos a relevância daqueles lugares como guardiões de nossa memória e
identidade. As escolas devem incluir em seu programa anual dias de visitação aos museus, em
que os alunos poderão ser acompanhados não apenas por professores de artes, mas também
de história, literatura, entre outros, de acordo com a exposição em cartaz. Para isso, reclama-
se a flexibilidade e a criatividade de cada professor, como procedimentos escolares que
auxiliam no processo interdisciplinar. Essa experiência enriquece o universo poético de cada
criança ou adolescente, contribuindo com ferramentas necessárias básicas para fruir a arte de
seu entorno. Para facilitar a interação e aumentar a qualidade da fruição, a escola pode,
inicialmente, preparar seus alunos antes das visitas, com informações básicas. Essa preparação
excede os limites do padrão de obediência e deve gerar um clima de expectativa que aguça a
curiosidade de maneira espontânea e inteligente.
Dentre os diversos museus existentes em solo brasileiro, podemos observar as
diferentes formas de se comunicar com a sociedade. Cada uma delas torna-se instrumento de
inclusão e interação que fará com que o museu não fique à mercê do vazio, da falta de público,
ou mesmo da falta de recursos devido à baixa popularidade. Atualmente espalhados pelo
Brasil, existem fóruns e seminários que discutem exatamente este assunto. Esses encontros
buscam obter soluções efetivas no campo do diálogo que uma instituição museológica possa
estabelecer com a sociedade. Resultado dessas investidas, cada museu, preservando o seu
perfil, atinge e cativa o público de alguma forma, recorrendo aos trabalhos de mediação. Essa
mediação pode ocorrer a partir da ação educativa e ou cultural, de informações nos sites, do
acesso aos centros de pesquisa, às palestras e ao acervo em suas exposições. Um recurso
estimulante é criar dias de entrada gratuita e visitas virtuais. Todas estas são formas que os
museus têm de manter um diálogo aberto com a sociedade e trabalhar de maneira eficiente os
recursos governamentais ou privados, atraindo cada vez mais investidores.
Em países de primeiro mundo, é notória a vivência que as pessoas têm desde a
infância dentro de museus. Isso faz com que a comunidade aproveite e absorva com maior
intensidade o momento de fruição, que aprendam e multipliquem o conhecimento. Em
lugares menos privilegiados, onde as pessoas não têm o hábito de frequentar museus desde a
Anais do VIII Fórum de Pesquisa Científica em Arte.
Curitiba: ArtEmbap, 2011. ISSN 1809-2616
infância e não possuem as ferramentas necessárias para o diálogo entre observador e objeto
museal, fica comprometido o momento da fruição. Estas pessoas, em alguns casos, tornam-se
turistas de museus, visitantes. A impossibilidade de contemplação, questionamento, reflexão,
empatia, nega-lhes a experiência estética.
Para o grande público de diversas regiões do Brasil, incluindo capitais e cidades do
interior, o trabalho da mediação torna-se parte integralmente importante da inclusão cultural.
O público, seja escolar ou não, pode receber as instruções de um educador, e permitir que a
partir de suas experiências e vivências, a obra faça sentido. Para estas pessoas, visitar um
museu, principalmente de arte contemporânea, sem ter acesso a informações importantes
para determinadas linguagens, torna-se uma experiência difícil e frustrante. A mediação leva
em consideração um público carente, enquanto “membros das classes mais cultas sentem
repugnância pelas formas mais escolares de ajuda” (BOURDIEU, 2007). O’Doherty (2002, p. 81)
discorre um pouco do distanciamento entre público e arte:
Todo mediador se expõe junto às obras, ao mesmo tempo que busca quebrar as
barreiras e limitações existentes, que separam o observador do objeto observado. Por
exemplo, quem nunca viu em alguma exposição, visitantes que entram, olham, e saem muitas
vezes da mesma forma que entraram, por mais que estas apresentem textos explicativos?!
Esse sentimento é perceptível em suas expressões que revelam um distanciamento da
exposição, seja por que não possuíam ferramentas necessárias para interpretar a obra, seja
por falta de afinidade cultural ou mesmo interesse. Isso mostra o quão necessário é o trabalho
de mediação. Através da prática e experiência, “o educador conhece bem as melhores
estratégias e conhece bem as reações do visitante diante de determinadas situações
expográficas. Ainda por trabalhar muitas vezes com o público organizado, o educador tem uma
relação com o espaço expositivo e sabe como o espaço pode interferir na interação do grupo e
deste com a exposição” (CURY, 2006). Isso não significa traduzir a obra para o espectador. O
que ocorre é simplesmente encurtar as relações do público com a obra, trazer confiança,
atenção e maior conhecimento de sua história. Quando se trata de um público marginalizado
em Wilder (2009, p. 29) encontramos a seguinte passagem:
Anais do VIII Fórum de Pesquisa Científica em Arte.
Curitiba: ArtEmbap, 2011. ISSN 1809-2616
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURDIEU, P. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. 2. ed. São Paulo:
Edusp, 2007.
BRUNO, M. C. O.; NEVES, K. R. F. (Coord.). Museus como agentes de mudança social e
desenvolvimento: propostas e reflexões museológicas. São Cristovão: Museu de Arqueologia de
Xingó, 2008.
BRUNO, M. C. O. (Coord.). O ICOM-Brasil e o pensamento museológico brasileiro: documentos
selecionados. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2010. v. 1 e 2.
CHAGAS, M. Museália. Rio de Janeiro: JC Editora, 1996.
2
Termo que designa educação com entretenimento.
Anais do VIII Fórum de Pesquisa Científica em Arte.
Curitiba: ArtEmbap, 2011. ISSN 1809-2616
GUIA de Museus Brasileiros: Comissão de Patrimônio Cultural. São Paulo: Uspiana Brasil 500
anos, 2000.
CURY, M. X. Exposição, concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2006.
GIRAUDY, D.; BOUILHET, H. O museu e a vida. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1977.
KOPTCKE, L. S. Bárbaros, escravos e civilizados: o público dos museus no Brasil. Revista do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), n. 31, 2005.
O’DOHERTY, B. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
VASCONCELLOS, C. M. Los retos de la actuación educativa en los museos. In: Museos,
universidad y mundialización: la gestión de las colecciones y los museos universitarios en
América Latina y el Caribe. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, 2010.
WILDER, G. S. Inclusão social e cultural: Arte contemporânea e educação em museus. São
Paulo: Editora UNESP, 2009.