Sei sulla pagina 1di 115

REALIZAÇÃO:

ORGANIZAÇÃO:

APOIO:
© 2019 Além da Tela: Psicanálise e Cultura Digital.

É permitida a reprodução desta publicação desde que sem alterações e citada a fonte.

Os resumos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Arte: Marcus Antonino França Volpi.


Edição: Allisson Vasconselos Oliveira.
Organização: Allisson Vasconselos Oliveira, Cínthia Oliveira Demaria, Daniela Teixeira Dutra Viola, Juliana Tassara
Berni, Márcio Rimet Nobre, Patricia da Silva Gomes e Samara Diniz.
Revisão: Juliana Tassara Berni e Márcio Rimet Nobre.
Coordenação

Prof.ª Dr.ª Nádia Laguárdia de Lima


Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UFMG

Prof.ª Dr.ª Márcia Stengel


Programa de Pós-Graduação em Psicologia/PUC Minas

Prof.ª Dr.ª Vanina Costa Dias


Psicologia/Faculdade Ciências da Vida

Equipe Executora

Allisson Vasconselos Oliveira Márcio Rimet Nobre


Mestrando em Psicologia/UFMG Doutorando em Psicologia/UFMG

Cínthia Oliveira Demaria Marcus Antonino França Volpi


Jornalista e Psicóloga Graduando em Arquitetura/UFMG

Daniela Teixeira Dutra Viola Marina Del Papa


Pós-doc em Psicologia/PUC Minas Mestranda em Psicologia/UFMG

Prof. Dr. Eduardo Antônio de Jesus Natália Kelles


Comunicação Social/UFMG Mestra em Psicologia/UFMG

Guilherme Fernandes Silva Patricia da Silva Gomes


Graduando em Psicologia/UFMG Doutoranda em Psicologia/UFMG

Helena Greco Lisita Samara Diniz


Doutoranda em Psicologia/UFMG Mestra em Psicologia/PUC Minas

Juliana Tassara Berni


Doutoranda em Psicologia/UFMG
Prof.ª Dr.ª Betânia Diniz Gonçalves
Psicologia/PUC Minas

Prof. Dr. Carlos Henrique Rezende Falci


Cinema de Animação e Arte Digital/UFMG

Prof.ª Dr.ª Cássia Beatriz Batista


Psicologia/UFSJ

Prof.ª Dr.ª Inês Sílvia Vitorino Sampaio


Ciências Sociais/UEC

Prof.ª Dr.ª Luciana Kind


Psicologia/PUC Minas

Prof.ª Dr.ª Simone Pereira da Costa Dourado


Ciências Sociais/UEM Paraná

Bruno Vasconcelos de Almeida Juliana Tassara Berni


Psicologia/PUC Minas Doutoranda em Psicologia/UFMG

Daniela Teixeira Dutra Viola Márcio Rimet Nobre


Pós-doc em Psicologia/PUC Minas Doutorando em Psicologia/UFMG

Prof. Dr. Eduardo Antônio de Jesus Patricia da Silva Gomes


Comunicação Social/UFMG Doutoranda em Psicologia/UFMG

Ernesto Anzalone Samara Diniz


Transmissão Lacaniana/PSILACS/UFMG Mestra em Psicologia/PUC Minas

Helena Greco Lisita


Doutoranda em Psicologia/UFMG
APRESENTAÇÃO

O
II Simpósio Internacional Subjetividade e Cultura Digital: Saber, Criação e
Virtualidade dará continuidade ao intercâmbio de trabalhos e pesquisas nacionais
e internacionais iniciado no I Simpósio. A proposta é reunir pesquisadores de
diferentes campos do saber, de diversos espaços institucionais do Brasil e do mundo, e
promover o fortalecimento e a ampliação do diálogo entre eles.
O Simpósio é um evento interdisciplinar que envolve pesquisadores e profissionais na
discussão sobre o tema da cultura digital das seguintes áreas: psicologia social, psicanálise,
filosofia, ciência política, arquitetura, educação, antropologia, artes plásticas, comunicação
social, história e direito, entre outras, além de contar com convidados internacionais, com
reconhecido trajeto e produção nesse tema, que trarão importantes contribuições para o
evento. A metodologia de trabalho será o debate interdisciplinar.
Serão formadas mesas temáticas com pesquisadores convidados de diferentes campos
do saber. O evento contará, ainda, com fóruns de discussão para a apresentação dos trabalhos
inscritos em quatro eixos, visando a fomentar a produção acadêmico-científica e promover
um espaço de interlocução e divulgação dos trabalhos.
CARTA DE BOAS-VINDAS

Caro participante,

É com alegria que recebemos todos vocês, pesquisadores, profissionais, estudantes e


demais interessados em compartilhar conosco o II Simpósio Internacional Subjetividade e
Cultura Digital: Saber, Criação e Virtualidade. Em tempos de desprestígio da produção
científica, é gratificante vermos aqui reunidos mais de 140 trabalhos e um número expressivo
de interessados em debater essa temática.
Nosso desejo é que essa experiência seja a melhor possível e, para tanto, nos
esforçamos em oferecer uma rica programação e uma infraestrutura que atenda às
necessidades de todos.
Neste caderno, encontram-se informações úteis para sua participação e deslocamento
nos dias do Simpósio, como locais das atividades, transporte e alimentação.
A Airá Eventos estará nos apoiando e durante todo o tempo se disponibilizando para
orientar e esclarecer quaisquer dúvidas.
Um evento como esse Simpósio é uma experiência de troca e de reflexão. Diante dessa
diversidade de trabalhos, cada um percorrerá um caminho próprio na construção do saber.
Acreditamos que será um momento de encontros. Encontros de pessoas, de desejos e
projetos e, para nós, é uma satisfação fazer parte disso.
Nessa certeza, desejamos a todos um excelente Simpósio!

As coordenadoras,
Nádia Laguárdia de Lima
Márcia Stengel
Vanina Costa Dias
PROGRAMAÇÃO

02/05/2019 | QUINTA-FEIRA

08:00 - Credenciamento

09:00 - Abertura
Márcia Stengel (PUC Minas)
Nádia Laguárdia de Lima (UFMG)

10:00 - Notas Digitais: música e tecnologia


Charles Augusto (percussão e live-electronics)
Rodrigo Miranda (pianos)

10:30 - Conferência de abertura: Algoritmo, ciframento inconsciente e inteligência artificial:


que singularidade na era digital?
Convidado: Fabian Fajnwaks (Psicanálise/Université Paris 8, França)
Mediador: Gilson Iannini (Psicologia/UFMG)

12:15 - Almoço

14:00 - Mesa I: Política, ética e tecnologias digitais


Convidados:
Benoît Le Bouteiller (Psicanálise)
Marco Antônio Sousa Alves (Filosofia - Direito/UFMG)
Marcus Abílio Gomes Pereira (Ciência Política/UFMG)

15:45 - Intervalo

16:15 - Mesa II: Virtualidade, arte e criação: construções e desconstruções


Convidados:
Giselle Beiguelman (Arquitetura/USP)
Grupo de Pesquisa Espaço e Subjetividade, representado por Rita Lucena Velloso (Arquitetura/PUC
Minas - UFMG) e Helena Greco Lisita (Doutoranda em Psicologia/UFMG)
Ivana Bentes Oliveira (Comunicação/UFRJ)

18:00 - Lançamento de livros e Coquetel


03/05/2019 | SEXTA-FEIRA

08:30 - Conferência: Socialização sexual, subjetivação e ambientes digitais


Convidado: Pablo López Gómez (Psicologia Social/Universidad de la República, Uruguai)
Mediadora: Márcia Stengel

10:15 - Intervalo

10:30 - Mesa III: TIC e educação: desafios e inovações


Convidados:
Juliana Batista dos Reis (Faculdade de Educação/UFMG)
Cristina Vidigal (Psicanálise/AMP - EBP-MG)
Daniela Costa (Educação/Cetic)

12:15 - Almoço

13:15 - Fóruns de Discussão dos Eixos Temáticos

17:30 - Mesa redonda: Adolescência e as sexualidades contemporâneas: apresentação da


série audiovisual “Sou amor”
André Amparo e Cris Azzi (Diretores da série Sou amor)
Mediadores: Eduardo Antônio de Jesus e Cristiane de Freitas Cunha
Com a participação do ator Felipe Oliveira

04/05/2019 | SÁBADO

08:30 - Mesa IV: Saber e informação na cultura digital


Convidados:
José Carlos Santos Ribeiro (Comunicação - Psicologia/UFBA)
Clarissa Piterman Gross (Direito/Fundação Getúlio Vargas-SP)
Márcio Rimet Nobre (Doutorando em Psicologia/UFMG)

10:15 - Intervalo

10:30 - Conferência de encerramento: Uma década de pesquisa Eu Kids Online: reflexões para
uma agenda de estudo interdisciplinar e internacional
Convidada: Cristina Ponte (Comunicação/Universidade Nova de Lisboa, Portugal)
Mediadoras: Nádia Laguárdia de Lima e Vanina Costa Dias
ENTRE-IMAGENS: CIRCUITO AUDIOVISUAL

Como parte integrante do II Simpósio Internacional Subjetividade e Cultura Digital:


Saber, Criação e Virtualidade, o circuito audiovisual apresenta um
conjunto de obras em exibição constante no hall de entrada do
teatro. Gestos poéticos acionados em imagens que revelam
algumas das inquietações da vida atual.
Integra ainda o circuito a mesa redonda “Adolescência e as sexualidades
contemporâneas: apresentação da série audiovisual Sou amor”,
com André Amparo e Cris Azzi, diretores da série de televisão Sou
amor, exibida no fim de 2018, na Rede Minas. A série, ao narrar as
histórias de Robson e Marcelo, dois jovens negros recém-chegados
à periferia de Belo Horizonte, evidencia as questões de gênero e os processos identitários em
meio às complexidades de uma cidade grande.
As atividades do circuito são abertas à comunidade e têm entrada franca.
LOCALIZAÇÃO

O II Simpósio Internacional Subjetividade e Cultura Digital: Saber, Criação e


Virtualidade acontecerá na PUC Minas, campus Coração Eucarístico. O campus está localizado
na Avenida Dom José Gaspar, 500, na cidade de Belo Horizonte.

As atividades do evento se concentrarão no Teatro João Paulo II (prédio 30) e na sede


da Faculdade de Psicologia (prédio 12).
A PUC Minas oferece, exclusivamente para usuários de Android, o aplicativo Mapa
Campus, por meio do qual é possível obter informações sobre a localização dos prédios,
setores, restaurantes e pontos de interesse nos diversos campi da universidade. O download
do aplicativo pode ser realizado clicando aqui.
Oferecemos também, neste caderno, um guia prático para o Simpósio, com
informações que podem ser úteis aos participantes.
SUMÁRIO

GUIA PRÁTICO .................................................... 20


FÓRUNS DE DISCUSSÃO .......................................... 24
ORIENTAÇÕES .................................................................. 25
EIXO 1: Educação: desafios e inovações na cultura digital .......... 27
FÓRUM A ....................................................................................... 28
É POSSÍVEL REEXISTIR NAS REDES? As mídias sociais como cuidado de si
Nayara Dias Scrimim .................................................................................................................................... 28
OS GADGETS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: mudanças na subjetividade e na capacidade de estar só
Mariana Trovão de Queiroz .......................................................................................................................... 28
NARCISO NEM SEMPRE ADMIRA O ESPELHO: o que mostram os/as adolescentes sobre si mesmos/as
José Heleno Ferreira ..................................................................................................................................... 28
INCIDÊNCIAS DO ENCONTRO COM O SEXO NA ADOLESCÊNCIA: a questão que o Google não responde
Júnia Graziele de Almeida Couto & Fabiana Cerqueira ................................................................................. 29
UMA ANÁLISE DAS REDES SOCIAIS DE MAPINGUA NERD COMO PROMOTOR DA LITERATURA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA
Fernanda de Souza Andrade & Ayrton N. de Oliveira ................................................................................... 29
CONFLITOS ESCOLARES, VIOLÊNCIA E SUA PROPAGAÇÃO PARA OS MEIOS DIGITAIS
Thaís Machado Botelho ................................................................................................................................ 30
GERAÇÕES E OS USOS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Márcia Stengel, Simone Pereira da Costa Dourado, Vanina Costa Dias, Jéssica Buthers, Samara Sousa Diniz
Soares & Luís Filipe Santos ........................................................................................................................... 30
USO DE QR CODES NO PROJETO DENEGRIR
Fellipe Eloy Teixeira Albuquerque ................................................................................................................. 31
PERSONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: entre a subjetividade e os laços sociais na cibercultura
Cíntia Acioli da Silva Ramos .......................................................................................................................... 31
O CINEMA NA ESCOLA COMO ESPAÇO DE FANTASIA E CRIAÇÃO: contribuições de Alexander Kluge
Helga Caroline Peres .................................................................................................................................... 31

FÓRUM B ........................................................................................ 33
ELE NÃO DEIXA A GENTE FALAR: o adolescente, o professor e os gadgets
Luiz Henrique de Carvalho Teixeira, Juliana Tassara Berni & Nádia Laguárdia de Lima ................................ 33
CADERNOS EM TEMPOS DIGITAIS: como as tecnologias digitais afetam os usos deste material nas escolas
Lívia Alonso Tagliari ..................................................................................................................................... 33
INCORPORAÇÃO DO SABER JUVENIL DAS MEDIAS COMO SABER LEGÍTIMO
Diogo Ballestero Fernandes de Oliveira ........................................................................................................ 34
A VIRTUALIZAÇÃO DO TEXTO E A MEDIAÇÃO DOCENTE EM TEMPOS DE HIPERLEITURAS
Abinalio Ubiratan da Cruz Subrinho & Denise Dias de Carvalho Sousa ......................................................... 34
OS DESAFIOS NO USO DAS TICS NAS ESCOLAS FAMÍLIA AGRÍCOLA DO INTERIOR DO ES
Alexandre Fraga de Araújo, Luiz Paulo Ribeiro & Maria Isabel Antunes-Rocha ............................................ 35
INVERSÃO NO ECOSSISTEMA COMUNICACIONAL: formação continuada de professores do Pará com a Google
Aldiany Fabrícia Ribeiro da Silva & Leonardo Zenha Cordeiro ....................................................................... 35
A APRENDIZAGEM A PARTIR DO OLHAR DOS PROFESSORES: desafios relacionais e pedagógicos
Fernanda Moura Bizarria, Julio José Rodrigues Alves, Liana Caldeira & Lia Carolina Ortiz de Barroz Glaz .... 35
A POSIÇÃO SUJEITO PROFESSOR ALFABETIZADOR DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS FRENTE ÀS
TECNOLOGIAS DIGITAIS
Rhafaela Rico Bertolino Beriula, Ezio Saieves Beriula, Andressa Fabrina Klauck & Sérgio Pereira Maiolini .. 36
DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO DOCENTE EM LÍNGUA PORTUGUESA FRENTE À BASE NACIONAL COMUM
CURRICULAR
Mary Stela Surdi ........................................................................................................................................... 36
EDUCAÇÃO, CULTURA E TECNOLOGIA: reflexões sobre formação docente em escolas municipais de Belo
Horizonte
Cláudio Eduardo Resende Alves, Magner Miranda de Souza, Nilma Coelho & Márcia Stengel ..................... 37

FÓRUM C ........................................................................................ 38
RELATOS E PROPOSIÇÕES DE EXPERIMENTAÇÕES NO PROCESSO DE ENSINAR E APRENDER ENGENDRADOS NA
CULTURA DIGITAL
Rogério Felipe Santos Teixeira & Flávia Virgínia Santos Teixeira Lana ......................................................... 38
O USO DE TECNOLOGIA MÓVEL PARA UMA APRENDIZAGEM AUTÔNOMA DE ESPANHOL
Sarah Elizabeth de Menezes Teixeira ............................................................................................................ 38
JOGOS VIRTUAIS: artefatos facilitadores para a aprendizagem do ensino de História
Josimar de Mendonça ................................................................................................................................... 39
O JOGO DIGITAL COMO ESTRATÉGIA PARA O APERFEIÇOAMENTO DE HABILIDADES POR PARTE DE ALUNOS
LEITORES/JOGADORES
Isabela Vieira Lima ....................................................................................................................................... 39
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS DECORRENTES DA ANÁLISE DE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS POR CRIANÇAS AO
FAZEREM USO DE SCRIBBLENAUTS
Sabrina Ramos Gomes .................................................................................................................................. 40
FERRAMENTAS COLABORATIVAS E A PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NA WEB: uma experiência aplicada à
formação técnica
Sylvana Karla da Silva de Lemos Santos ....................................................................................................... 40
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA EDUCAÇÃO NUM CONTEXTO DE PLATAFORMIZAÇÃO
Heloisa Lopes Silva de Andrade .................................................................................................................... 41
ESCRITA COLABORATIVA: um estudo sobre o uso de TDICs na produção de textos
Carla Geralda Leite Moreira ......................................................................................................................... 41
JOGOS DIGITAIS NO BRASIL: educação e empreendimento com desafios acima da criatividade e do saber
Weslei Antonio Vilela & Loyane Cristine Cafieiro Monteiro .......................................................................... 42
A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL PARA OS ALUNOS ACULTURADOS NA TECNOLOGIA DIGITAL E O SABER
ESCOLAR
Paula Caldas Brognoli & Maria Sara de Lima Dias ........................................................................................ 43
FÓRUM D ....................................................................................... 44
HIBRIDISMO E PÓS-DIGITAL: desafios educacionais na Bienal de Arte Digital
Alexandre de Souza Milagres ....................................................................................................................... 44
O QUE UM CHATBOT PODE OU NÃO FAZER? Reflexões sobre os chatbots no ensino
Dario Reyes Reina & Matheus Icaro Martins ................................................................................................ 44
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA APLICAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS NO
ENSINO SUPERIOR
Iasmin Rabelo de Queiroz, Luciana de Oliveira Andrade & Janice Henriques da Silva Amaral ....................... 45
FILOSOFIA E INTERNET
Ryan Martins Silva de Oliveira ...................................................................................................................... 45
COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: um estudo de caso
Fernanda Cristina Abrão da Rocha, Ana Carolina Pinto da Silva, Jéssica Aparecida Correa do Espírito Santo &
Jefinny de Paula Dias Souza .......................................................................................................................... 46
ACESSO A PODCASTS COMO REFLEXO DA DISPOSIÇÃO DE INFORMAÇÕES EM UM AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM
Maria Eduarda Gama Almeida & Daniel Martins de Brito ............................................................................ 46
A MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA NO ENSINO UNIVERSITÁRIO: desafios e oportunidades
Maria Sara de Lima Dias & Pedro Moreira da Silva ...................................................................................... 47
INTERAÇÕES DOCENTES EM AMBIENTES EDUCACIONAIS DIGITAIS E SUA RELAÇÃO COM A CULTURA DIGITAL
Ione Aparecida Neto Rodrigues & Cláudia Maria de Paula Alves da Cunha .................................................. 47
TECNOLOGIAS DIGITAIS, LÓGICAS INSTRUMENTAIS E PESQUISA EM EDUCAÇÃO
Rodrigo Silva Caxias de Sousa, Elisângela da Silva Rodrigues , Gabriel Rodrigues Caxias de Sousa & Tales
Rodrigues Caxias de Sousa ........................................................................................................................... 48
SENTIDOS SUBJETIVOS DA APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS DE ENSINO HÍBRIDOS
Cintia Inez Boll, Wilsa Maria Ramos & Maristela Rossato ............................................................................ 48

EIXO 2: Política, informação e tecnologias ............................. 50


FÓRUM A ....................................................................................... 51
GOVERNO ALGORÍTMICO COMO CONSTRUTOR DE SUBJETIVIDADES OU SOBRE O DIGITAL COMO FORMA-DE-
VIDA
Rone Eleandro dos Santos ............................................................................................................................ 51
BIOPOLÍTICA E SABER EM SAÚDE: pesquisa sobre vacinação na Internet
Ana Luísa Lana Lima ..................................................................................................................................... 51
A PSICANÁLISE PELO AVESSO: repensando a subjetividade e o laço social na era digital
Polyana Santos Corrêa & Allisson Vasconselos Oliveira ................................................................................ 52
A ERA DO ALGORITMO: os impactos na atual sociedade informacional
Évelyn Vieira Gomes & Izabella Alves Bittencourt ........................................................................................ 52
ODIADOS PELA NAÇÃO: agressividade, culpa e o mal-estar na era da informação
Guilherme Farias Bezerra & Allisson Vasconselos Oliveira ............................................................................ 53
INFORMAÇÃO E DISCURSO NA CONTEMPORANEIDADE: questões distópicas identificadas no episódio
Nosedive do seriado Black Mirror
Eliane Apolinário Vieira Avelar, Flávia Virgínia Melo Pinto, Maíra Prado da Silva, Maria Flávia Vanucci de
Morais & Vinícius de Sousa Tolentino ........................................................................................................... 53
“O CÉU ESTÁ CAINDO!”: da retórica catastrofista à farsa salvacionista
Allisson Vasconselos Oliveira & Polyana Santos Corrêa ................................................................................ 54
ALTERAÇÃO DO NOME E CONSTRUÇÃO DE NOVAS EXPERIÊNCIAS DE PROTEÇÃO
Anna Carolina de Oliveira Azevedo & Rômulo Magalhães Fernandes ........................................................... 55
PENSAR SOBRE = FAZER COM Critical making como método para estudos críticos digitais
Fernanda Costa Portugal Duarte .................................................................................................................. 55
CONSUMO E VIVÊNCIAS ONLINE DA PORNOGRAFIA NA VIDA DE HOMENS ENTRE 18 A 25 ANOS
Tanize Viçosa Cardoso, Juliana de Rezende Pimenta & Wilsa Maria Ramos ................................................. 56

FÓRUM B ........................................................................................ 57
YOUTUBE E O COMPARTILHAMENTO DE TESTEMUNHOS: análise de vídeos de pais de crianças com autismo
Bárbara Morais Santiago Freitas & Paula Gaudenzi ..................................................................................... 57
MÁQUINAS DE PARANOIA: controle, subjetividade e tecnologia
Paulo Faltay ................................................................................................................................................. 57
COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO FACEBOOK: os grupos de discussão de Ouro Preto/MG
Isabela Melo de Souza .................................................................................................................................. 58
INTERNET E PARTICIPAÇÃO: características, dinâmicas e atores
Vinícius de Souza Sturari .............................................................................................................................. 58
CENAS DE DISSENSO E DISPOSITIVOS INTERACIONAIS ONLINE NA RESISTÊNCIA INSURGENTE CRIADA PELOS
SECUNDARISTAS
Ângela Cristina Salgueiro Marques & Francine Altheman ............................................................................ 59
REDES SOCIAIS E JORNADAS DE JUNHO DE 2013
Diego Ricardo de Assunção Velho ................................................................................................................. 59
CONVITE AO ESPETÁCULO: “justiçamento” e promessa como elementos da narrativa dos programas policiais
Rômulo Magalhães Fernandes & Anna Carolina de Oliveira Azevedo ........................................................... 60
FORMAÇÕES DISCURSIVAS E EFEITOS DE MEMÓRIA NA REDE DIGITAL SOBRE O CARNAVAL BRASILEIRO 2018
Anísio Batista Pereira & Antoniel Guimarães Tavares Silva ........................................................................... 60
MÍDIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO: a produção do esquecimento
Mariana Bergo Damaso Silva ....................................................................................................................... 61

FÓRUM C ........................................................................................ 62
BIG DATA, ALGORITMO E SUBJETIVIDADE: individuação tecnológica em tempos de neoliberalismo digital
Bruno Vasconcelos de Almeida ..................................................................................................................... 62
NOTAS SOBRE O CONTROLE PROTOCOLAR E O GERENCIAMENTO ALGORÍTMICO DO TRABALHO DOS
MOTORISTAS UBER
Ana Gonçalves Guerra .................................................................................................................................. 62
PLATAFORMAS E ALGORITMOS: notas sobre o controle e a subjetividade digital
Jackson da Silva Medeiros ............................................................................................................................ 63
O (IM)POSSÍVEL DIÁLOGO ENTRE PESSOAS E COISAS: interligando pessoas, chatbots e Internet das Coisas
Leila Jane Brum Lages Sena Guimarães & Eliane Cristina de Freitas Rocha .................................................. 64
O BIG DATA E A PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES NA VIGILÂNCIA ALGORÍTMICA
Maria Rita Pereira Xavier & Alexsandro Galeno Araújo Dantas ................................................................... 64
RESPONSABILIDADE CIVIL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Bruno Rodrigues Tavares .............................................................................................................................. 65
LIBERDADE CRIPTOGRÁFICA E HETERARQUIAS COLONIAIS NA RETÓRICA CYPHERPUNK
Gustavo Ramos Rodrigues ............................................................................................................................ 65
REFLEXÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO PRESIDENTE MICHEL TEMER NA REDE DIGITAL BRASILEIRA DE
2018
Antoniel Guimarães Tavares Silva & Anísio Batista Pereira .......................................................................... 66
IDEOLOGIAS DA MODERNIDADE E CRIAÇÃO DE UMA NOVA REALIDADE: legados para um mundo em crise
Adelaide de Faria Pimenta ........................................................................................................................... 67
SUBJETIVIDADES E INFRAÇÃO: sob elos e nuances das redes
Cristiane Dameda & Lucas Guerra da Silva ................................................................................................... 67

FÓRUM D ....................................................................................... 69
FEMINISTA OU ANTIFEMINISTA? Sara Winter, as imagens de si e o mito da heroína ativista
Nara Bretas Lage & Erika Cristina Dias Nogueira .......................................................................................... 69
CORPOS (IN)DÓCEIS: vivências de mulheres após a cirurgia bariátrica no período tardio
Larissa Baldoino da Paixão ........................................................................................................................... 69
JOGOS ONLINE E MACHISMO: várias concordam, muitos discordam, poucos justificam
Caio Hélio Nascimento de Andrade, Polliana Teixeira da Silva, Beatriz Fernandes Gomes da Cruz, Elisa Caldana
Chiarello, Lucas Magno dos Santos Teixeira & Natália Tatsch Wiesiolek ...................................................... 70
REVIDE DO NUDES: meu corpo minha sentença
Evandro Pereira Gonçalo Silva, Jéssica Girlaine Guimarães Leal & Cid Ivan da Costa Carvalho ..................... 71
A OBRA “QUEBRA DA MALDIÇÃO DESDE SEU NASCIMENTO” A PARTIR DA TEORIA CIBORGUE, DE HARAWAY
Uéverson Luiz Melato de Morares ................................................................................................................ 71
O ECOFEMINISMO NAS REDES SOCIAIS
Vera Guimarães Campos .............................................................................................................................. 72
CONTRACONDUTA: corpos desobedientes ocupam a cidade
Laura Fonseca de Castro ............................................................................................................................... 72
REELABORAÇÃO IDENTITÁRIA EM COMUNIDADES VIRTUAIS PELA VALORIZAÇÃO DO CABELO “NATURAL” NA
INTERNET
Marina Marques Tavares ............................................................................................................................. 73
CARACTERIZAÇÃO DO DISCURSO DE OPRESSÃO DE GÊNERO EM JOGOS ONLINE
Polliana Teixeira da Silva, Caio Hélio Nascimento de Andrade, Beatriz Fernandes Gomes da Cruz, Elisa Caldana
Chiarello, Lucas Magno dos Santos Teixeira & Natália Tatsch Wiesiolek ...................................................... 73
SPOTTED E VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: possibilidades de (re)existir no ciberespaço
Maria Fernanda Gusmão Rego & Isabela Saraiva de Queiroz ....................................................................... 74
BORDAS MIDIÁTICAS: recepção e consumo do feminismo negro
Joselaine Caroline da Silva Santos ................................................................................................................ 74

EIXO 3: Saber e informação na cultura digital ......................... 76


FÓRUM A ....................................................................................... 77
ACABOU A HISTÓRIA. O QUE COLOCO NA REDE?
Aline Luiza de Carvalho & Márcia Stengel .................................................................................................... 77
O DISCURSO CAPITALISTA E SUA RELAÇÃO COM A VIOLÊNCIA EM MEIO À CULTURA DIGITAL
Ana Luiza Xavier Lelles & João Henrique de Sousa Santos ............................................................................ 77
AS TECNOLOGIAS A SERVIÇO DAS FAKES NEWS
Elton Souza Pereira & Jéssica Girlaine Guimarães Leal ................................................................................. 78
O FETICHISMO DA INFORMAÇÃO E A CRIATIVIDADE DA SOBRECARGA
Duanne de Oliveira Ribeiro ........................................................................................................................... 78
A DIMENSÃO ESTRUTURAL DAS CRENÇAS E AS FAKE NEWS
Felipe Cordeiro Alves .................................................................................................................................... 79
A ESPIRAL DE MEDIAÇÃO ENTRE O CHECADOR E O LEITOR DO FACT-CHECKING
Giselle Aparecida de Oliveira Pinto ............................................................................................................... 79
NOMOFOBIA E MATERIALIDADES DA COMUNICAÇÃO NO INSTAGRAM: #ainternetqueagentequer depende de
quê ou de quem?
Polyana Inácio Rezende Silva ....................................................................................................................... 80
OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE AS FAKE NEWS E A PÓS-VERDADE NO PERÍODO ELEITORAL
Thamiris de Carvalho Traspadini, Fábio Santos Bispo & Beatriz Oliveira da Silva ......................................... 80
CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE TEXTOS DE CIÊNCIA: percurso exploratório dos sites Nexo e Vox
Verônica Soares da Costa & Luana Teixeira de Souza Cruz ........................................................................... 81
“EXTREMA-DIREITA" E "RESISTÊNCIA PROGRESSISTA" NO YOUTUBE: confrontos políticos de um ecossistema
online
Victor Góis de Oliveira Pacheco & Polyana Inácio Rezende Silva .................................................................. 82

FÓRUM B ........................................................................................ 83
A FUNÇÃO DOS ANIMES E DOS JOGOS DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE SABER NA ADOLESCÊNCIA HOJE
Aline Aguiar Mendes .................................................................................................................................... 83
SABER-FAZER, JUVENTUDE E CULTURA: um estudo de orientação lacaniana sobre metodologias de trabalho
com jovens
Débora Matoso Costa & Ângela Vorcaro ...................................................................................................... 83
ADOLESCÊNCIA PRECOCE E SEUS EFEITOS PARA A PUBERDADE
Fabiana Cerqueira ........................................................................................................................................ 84
ADOLESCÊNCIA E LAÇO SOCIAL NO CONTEXTO DOS JOGOS VIRTUAIS
Renata Sartori Locatelli & Luís Flávio Silva Couto ......................................................................................... 84
“E QUANDO O NÃO-SABER SOBRE O SEXO SE FAZ PRESENTE NA REDE DE INFINITOS SABERES?”
Flávia Hasky ................................................................................................................................................. 85
ADOLESCÊNCIA, AUTOMUTILAÇÃO E LAÇO SOCIAL: identificação pelas redes sociais
Paula Cristina Barbosa de Carvalho Tavares ................................................................................................. 85
MAL-ESTAR E O SOFRIMENTO DOS ADOLESCENTES NA CONTEMPORANEIDADE
Thaís Penna Palhares ................................................................................................................................... 86
UMA COMUNIDADE DE OUVINTES PARA AS NARRATIVAS ADOLESCENTES NA CULTURA DIGITAL
Daniela Viola, Márcio Rimet Nobre & Nádia Laguárdia de Lima ................................................................... 86

FÓRUM C ........................................................................................ 88
PSICÓLOGO ONLINE: gerenciamento de impressões em perfis profissionais e pessoais no contexto digital
Bruna Lantyer Oliveira Garcia ...................................................................................................................... 88
LAÇOS AFETIVOS NA CONTEMPORANEIDADE: experiência de jovens usuários do aplicativo de relacionamento
Tinder
Vanessa Alves dos Santos & Vanina Costa Dias ............................................................................................ 88
MAIS ALÉM DO VIRTUAL: escolha profissional de adolescentes que vivem à margem da cultura digital
Vanina Costa Dias ........................................................................................................................................ 89
SOB O OLHAR DO OUTRO: o imperativo da exposição e a face superegoica no amor
Hélio Cardoso de Miranda Júnior .................................................................................................................. 89
AMOR "DIGITAL": a felicidade na ponta dos dedos?
Erilda Jovanina da Silva & Cristina Moreira Marcos ..................................................................................... 90
O USO DA INTERNET E A VIVÊNCIA DA CONJUGALIDADE: dois lados da mesma moeda?
Jéssica Buthers Lima Ferraz Fraga & Márcia Stengel .................................................................................... 90
AS RELAÇÕES AMOROSAS NA ERA DIGITAL
Nathielle Roberta Araújo Mota, Luma Mendes Campolina, Cristina Moreira Marcos & Márcia Stengel ....... 91
ORALIDADE E ESCRITA EM AMBIENTES DIGITAIS
Silas Gutierrez .............................................................................................................................................. 91

FÓRUM D ....................................................................................... 93
ANÁLISE DO DISCURSO DE INFLUENCIADORES DIGITAIS E O IMPACTO DE SEUS CONTEÚDOS
Ana Caroline Schuenck dos Santos, Laryssa Haiter dos Santos, Layla Carias Gonçalves, Adriana Woichinevski
Viscardi & Leonardo Fernandes Martins ....................................................................................................... 93
A RELAÇÃO DOS ADOLESCENTES COM OS YOUTUBERS
Gisele Colares Vilela & Igor Teuri .................................................................................................................. 93
APRESENTAÇÃO DE SI DE ADOLESCENTES NO INSTAGRAM
Mariana Matos Nascimento Oliveira ............................................................................................................ 94
A LÓGICA DAS REDES SOCIAIS NAS RELAÇÕES AMICAIS
Samara Sousa Diniz Soares & Márcia Stengel ............................................................................................... 94
FLUXO DE IMAGENS, EGOS DESCARTÁVEIS: do binarismo à criatividade
Luciene de Mélo Paz, Véronique Donard & Maria de Fátima Vilar de Melo .................................................. 95
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PESSOAL
Cecília Sepúlveda del Rio Hamacek, Alícia Fagundes Monteiro & Lúcia Carvalho Costa ................................ 95
O USO DE FONES DE OUVIDO E O NOVO INDIVIDUALISMO NAS CIDADES
Clara Silberschneider .................................................................................................................................... 96
OS DESAFIOS DO SELFIE DA FORMAÇÃO DO INDIVIDUO A PARTIR DO CONCEITO DE INDUSTRIA CULTURAL
Gabrielle Raposo Chaves & Nivaldo Alexandre de Freitas ............................................................................. 96

EIXO 4: Virtualidade e criação: construções e desconstruções .... 98


FÓRUM A ....................................................................................... 99
O INSTAGRAM COMO INFLUENCIADOR TURÍSTICO: como mulheres têm usado o aplicativo na hora de viajar
Alice Leroy Carvalhais ................................................................................................................................... 99
CRIADORES DE CONTEÚDO DO YOUTUBE: análise semiótica de vídeos sobre cultura negra e LGBT+
Magno Henrique Martins Alves .................................................................................................................... 99
AS JOVENS E O CUTTING: a estética da dor e suas palavras no Tumblr
Patricia da Silva Gomes & Dora Gomes Guerra ............................................................................................ 99
MULHERES GAMERS E AS RELAÇÕES DE GÊNERO NO AMBIENTE VIRTUAL DE JOGOS
Luiza de Abreu França, Maria Madalena Silva da Assunção & Márcia Stengel ............................................ 100
RAGECOMIC “O QUE NÓS QUEREMOS”: uma reflexão sobre a criticidade e argumentação no meme
Lilian Adriana Cabral Moreira ..................................................................................................................... 100
CULTURA DIGITAL E IDENTIDADE PÓS-MODERNA: memes como criadores de comunidade e identificação
Duane Henrique Alves de Carvalho e Silva & Luiz Eduardo de Carvalho Alves ............................................. 101
VISITA VIRTUAL HOSPITALAR: ajudando na recuperação dos pacientes internados
Saulo Mengarda .......................................................................................................................................... 101
“CAM”: da ficção as construções identitárias das camgirls nas redes sociais de exibição
Nealla Valentim Machado, Lucas Guerra da Silva & Paulo Sérgio Sousa Costa ............................................ 102

FÓRUM B ...................................................................................... 103


DOSSIÊ RIO DOCE: uma possibilidade de leitura visual em uma narrativa multiplataforma
Luana Teixeira de Souza Cruz & Eliziane Cristina da Silva de Oliveira .......................................................... 103
OS EFEITOS IDEOLÓGICOS DO APARELHO DE BASE DA REALIDADE VIRTUAL: imersos no “Rio de Lama”
Rafael Romão Silva ..................................................................................................................................... 103
AUTORIA EM TEMPOS DE LIKE
Poliana Moreira da Silva & Guilherme Trielli Ribeiro ................................................................................... 104
O PEQUENO @
Marina Del Papa ......................................................................................................................................... 104
A (IM)POSSIBILIDADE DO LAÇO SOCIAL DE YOÑLU PELA VIRTUALIDADE
Cinthia Oliveira Demaria & Carla de Abreu Machado Derzi ......................................................................... 105
NOVAS SUBJETIVIDADES NA CULTURA DIGITAL CONTEMPORÂNEA: intercessão do outro maquínico e a
produção de sentido
Luciene dos Santos ...................................................................................................................................... 105
NOTÍCIAS E DESCONTEXTOS: a construção do “real” e alguns de seus impactos na opinião
Gilbert Daniel da Silva ................................................................................................................................. 106
URBANO-DIGITAL-URBANO: intervenções de urbanografia no Instagram
Thiago de Andrade Morandi ........................................................................................................................ 106

FÓRUM C ...................................................................................... 107


CAMINHOS CURTOS MAIS LONGOS: análises sobre o desenvolvimento de uma criação digital
Vinicius Rutes Henning Alckman, Luís dos Santos & Rafael Soares Duarte .................................................. 107
LITERATURA DIGITAL NO BRASIL: uma abordagem desde o Repositório da Literatura Digital Brasileira
Rejane Cristina Rocha .................................................................................................................................. 107
EXPOSIÇÕES VIRTUAIS DO CENTRO DE MEMÓRIA DA MEDICINA/UFMG: dinamizando o espaço de preservação
do conhecimento
Raisa Mendes Fernandes de Souza & Ethel Mizhary Cuperschmid .............................................................. 108
DO ÓLEO SOBRE TELA AOS DISCURSOS VIRTUAIS: limites da liberdade na recriação do clássico
Pedro Henrique Moreira da Silva ................................................................................................................. 109
REVISTA TEXTO DIGITAL E A IMINÊNCIA DE UMA OUTRA LITERATURA
Nair Renata Amâncio & Rejane Cristina Rocha ............................................................................................ 109
LITERATURA COMO CULTURA PARTICIPATÓRIA OU MERCADORIA? Reflexões sobre o fenômeno da Jane
Austen Fan Fiction
Maria Clara Pivato Biajoli ............................................................................................................................ 110
CONTRIBUIÇÕES DO FANDOM DIGITAL DE JANE AUSTEN PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ACERCA
DA ESCRITORA
Adriana Sales Zardini ................................................................................................................................... 110
ESPECIFICIDADES DA LITERATURA DIGITAL: uma poética da hipertextualidade
Flavio Vilela Komatsu .................................................................................................................................. 111
LITERATURA EM TELA: as condições de produção do romance Os Anjos de Badaró
Laura Nogueira Pacheco .............................................................................................................................. 111
ENCENAÇÃO E VIRTUALIDADE: dramaturgia na palma da mão.
Loyane Cristine Cafieiro Monteiro & Weslei Antonio Vilela ......................................................................... 112
21

EVENTO
Intercâmbio de trabalhos e pesquisas nacionais e internacionais
sobre subjetividade e cultura digital promovido pelos programas
de pós-graduação em psicologia da PUC Minas e da UFMG.

LOCALIZAÇÃO

Teatro João Paulo II e sede da Faculdade de Psicologia da PUC


Minas, no campus Coração Eucarístico.

CRONOGRAMA

O evento tem início em 02 de maio, a partir de 08:00. A última


atividade está programada para começar às 10:30, em 04 de maio.

TEATRO J.P. II

Teatro da PUC Minas localizado no prédio 30. Sediará as


conferências e mesas do evento.

FAPSI

Sede da Faculdade de Psicologia da PUC Minas localizada no prédio


12. Sediará os fóruns do evento.
22

INSCRIÇÕES

Pela internet: até o dia 22 de abril de 2019. No local do evento:


mediante pagamento em dinheiro ou cheque.

CREDENCIAMENTO

A partir de 08:00 do dia 02 de maio, no Teatro João Paulo II.

Serão lançados no simpósio os livros Corpo e cultura digital:


LANÇAMENTOS
diálogos interdisciplinares e A escola navega na web: que onda é
essa?, produzidos pelo Além da Tela. Também haverá o
lançamento e a venda de diversos livros de convidados e
participantes do simpósio.

CERTIFICADOS

Os certificados estarão disponíveis on-line após o evento na área


de inscrição do participante.

A principal linha de ônibus para a PUC Minas é a 4111. Consulte o


TRANSPORTE
Google Maps ou o site da BH Trans para itinerários dessa e de
outras linhas que atendam o campus. A universidade também está
situada perto da estação de metrô da Gameleira. Ademais, os
aplicativos Uber, Cabify e 99 funcionam em Belo Horizonte.
23

ALIMENTAÇÃO
Além de cantinas localizadas dentro da própria universidade, é
possível encontrar bares e restaurantes próximos à PUC Minas.
Para mais informações, clique aqui.

A universidade conta com uma agência do Banco Santander e, em


CONVENIÊNCIA
seus arredores, há agências e caixas eletrônicos do Banco do Brasil,
da Caixa Econômica Federal, do Itaú e do Bradesco. Nas
proximidades, há supermercados (Carrefour, Due Fratelli e Epa),
farmácias (Drogaria Araújo) e papelarias.

HOSPEDAGEM Fizemos parceria com diversos hotéis de Belo Horizonte, que vão
oferecer descontos especiais para os participantes do evento. Para
mais informações, clique aqui ou entre em contato com a Airá
Eventos.

A PUC Minas dispõe de um Museu de Ciências Naturais, localizado


CULTURA & LAZER
no prédio 40, e de uma Galeria de Arte, contígua à Biblioteca Padre
Alberto Antoniazzi. No prédio central do campus, há atualmente
uma exposição em comemoração aos 60 anos da FAPSI. Nas
proximidades da universidade, encontra-se a Praça da Federação.

ALÉM DA TELA:
PSICANÁLISE E CULTURA DIGITAL Grupo de pesquisa orientado pela psicanálise com o objetivo de
investigar as relações dos sujeitos contemporâneos com as
tecnologias digitais. É responsável pela realização do evento.
25

ORIENTAÇÕES

Mais de 140 trabalhos serão apresentados na sexta-feira, 03 de maio, a partir de 13:15,


nos Fóruns de Discussão dos Eixos Temáticos do Simpósio. Com o intuito de otimizar o tempo
no dia do evento e esclarecer as principais dúvidas, reunimos aqui algumas orientações que
podem te ajudar a preparar o seu trabalho:

1. As apresentações ocorrerão em salas simultâneas no prédio 12 (Psicologia) da


PUC Minas (Coração Eucarístico).

2. A apresentação é oral e o formato é livre. Isso significa que o participante pode


escolher sob qual formato apresentar. Em todas as salas haverá data show e
computador disponíveis para uso. Entretanto, não há caixa de som, então, se for
utilizar, lembre-se de levar.

3. O tempo médio para cada apresentação será de 10 minutos. Isto pode variar
de acordo com o ritmo de cada pessoa ou grupo, mas o ideal é que ninguém
extrapole para que todo mundo tenha a chance de apresentar com tranquilidade.

4. Uma sugestão para a formatação é que o participante apresente o seu


trabalho abordando os seguintes pontos: tema, problema de pesquisa,
metodologia, referencial teórico e resultados parciais (se for o caso).

5. Ao final das apresentações individuais haverá um tempo para debate e


discussões com os outros participantes.

As apresentações são abertas a todos os inscritos no Simpósio (seja como ouvinte,


seja como apresentador de trabalho). O momento dos fóruns de discussão marca uma
característica importante deste evento: a interdisciplinaridade. Os participantes poderão
26

transitar em diversas áreas do conhecimento em um único dia, conhecer diversos pontos de


vista sobre questões acerca da Cultura Digital e trocar contatos com outros pesquisadores.
(1) Arte e criação na educação: apostas na invenção e na
singularidade; (2) O lugar do professor na cultura digital: as
novas tecnologias e seus efeitos na transmissão; (3) Desafios da
prática docente na cultura digital: novos dispositivos, novos
impasses; (4) Laço social, segregação e educação: incidência da
cultura digital nas relações entre os corpos e o saber; e (5)
Sexualidade, educação e redes sociais: possibilidades e
impasses decorrentes das tecnologias digitais.
28

FÓRUM A

Coordenadores: Cristiane de Freitas Cunha Grillo (Medicina/Psicanálise - UFMG) e Pablo


Moreno Fernandes Viana (Comunicação Social - PUC Minas).
Sala: 103.

É POSSÍVEL REEXISTIR NAS REDES? OS GADGETS NA PRIMEIRA INFÂNCIA:


As mídias sociais como cuidado de si mudanças na subjetividade e na
Nayara Dias Scrimim capacidade de estar só

O presente trabalho busca investigar como as


Mariana Trovão de Queiroz
mídias sociais influenciam na constituição d@s Após a popularização da internet, é muito
sujeit@s em idade escolar de nosso tempo, uma comum que as crianças já tenham contato com
vez que, por meio delas, as mais diversas formas aparelhos eletrônicos desde muito novas,
de interações sociais foram modificadas e, através de jogos, vídeos e outras mídias. Uma
assim, outras formas de subjetivação se vez que a presença desses gadgets se mostra
desenvolveram. Para tanto, buscamos aparentemente como processo irreversível, o
compreender @s sujeit@s de nosso tempo nas presente estudo busca averiguar, com base na
ferramentas conceituais deixadas por Michel literatura psicanalítica de Freud e Lacan e
Foucault. Isso porque, apesar de ter morrido estudos recentes de áreas correlatas, os efeitos
antes da expansão das redes sociais, esse que essa exposição precoce pode acarretar na
pensador muito refletiu em suas pesquisas construção da subjetividade das crianças
sobre o processo de subjetivação nas relações nascidas após essa difusão, em especial sobre a
de poder. O filósofo francês pensa @ sujeit@ construção da capacidade de ficar só.
como objeto que é constituído por influências
exteriores que @ controla e dociliza, ou seja, NARCISO NEM SEMPRE ADMIRA O
que sofre assujeitamento e, também, como ESPELHO: o que mostram os/as
sujeit@ que pensa estas influências e se adolescentes sobre si mesmos/as
constrói a si mesm@. Nesse sentido, buscamos
José Heleno Ferreira
compreender as redes sociais como uma forma
de escrita de si d@ usuári@ que nelas procura Este artigo busca analisar o trabalho realizado
se constituir na relação com as outras pessoas. com adolescentes do nono ano do ensino
Pode haver interações que ajudem ess@s fundamental de uma escola pública na periferia
sujeit@s a fazerem um movimento de da cidade de Divinópolis – MG, em 2018. Após a
autoconhecimento em busca do cuidado de si análise de fotos icônicas da juventude brasileira
mesm@. Por esse motivo, tal assunto é nos anos 1960, os/as estudantes foram
emergente na área da educação, tendo em vista convidados/as a produzirem uma foto que
que @s sujeit@s são constituíd@s em meio às representasse a realidade da juventude e
mídias digitais, impactando em seu processo de adolescência no momento atual. Como
conhecimento de si e do mundo. resultado, temos 22 fotografias produzidas
29

através dos aparelhos celulares dos próprios a partir de uma experiência de conversação com
meninos e meninas. Ao analisar o conjunto adolescentes realizada em uma escola pública
dessas fotografias, ressalta-se: a onipresença do de Belo Horizonte. O tema da sexualidade era
aparelho celular no cotidiano dos/as recorrente nos encontros, os adolescentes
adolescentes; a dicotomia lazer/trabalho e falavam sobre o sexo sem nenhuma vergonha e
estudo/ludicidade apresentados como frequentemente com cinismo ou exibição,
elementos necessariamente dissociados; uma falando sobre os acessos que tinham a assuntos
autoimagem negativa. O estudo que se faz a sexuais através da internet. O grupo, tomado
partir deste trabalho tem como principais por uma grande agitação durante todos os
referências bibliográficas os textos de Cristina primeiros encontros, finalmente se acalma
Ponte e de Bialer & Voltolini, publicados em quando as moderadoras propõem que, afinal,
Juventude e Cultura Digital (LIMA et al. Orgs., falemos sobre aquele assunto que retornava
2017), que discutem a estreita relação da todo encontro: o sexo. A partir de então,
juventude e da adolescência com a cultura entendemos que a conversação finalmente tem
digital e o trabalho de Walter E. Ude Marques, efeito nos adolescentes que participam pela
publicado em Direitos das Crianças e dos primeira vez com interesse na atividade. Com a
Adolescentes (VIEIRA, FERREIRA, ANDRÉ Orgs., possibilidade da conversação, assuntos sobre
2017), discutindo a negação do lazer nos virgindade, mulheres, fantasias sobre
processos educacionais no mundo ocidental. relacionamento e o encontro com o amor
Questiona-se, a partir desta análise, a relação aparecem como possibilidades de fazer borda
que professores e professoras têm com a ao real do sexo, real esse que é ainda mais
cultura digital e em que medida a negação e ou avassalador graças às informações em
desconhecimento deste universo contribui para abundância na internet, mas que não fornecem
que adolescentes construam uma imagem nenhum tipo de saber sobre o sexo. Nossa
negativa acerca de si mesmos, além das hipótese é que a conversação, neste caso,
consequências que a primazia do trabalho e a funcionou como uma possibilidade de
negação do lúdico nos processos educacionais bordejamento do real do sexo que até então
trazem para meninos e meninas em processo de tomava conta dos corpos daqueles
formação identitária. adolescentes.

INCIDÊNCIAS DO ENCONTRO COM O UMA ANÁLISE DAS REDES SOCIAIS DE


SEXO NA ADOLESCÊNCIA: a questão MAPINGUA NERD COMO PROMOTOR
que o Google não responde DA LITERATURA BRASILEIRA
Júnia Graziele de Almeida Couto CONTEMPORÂNEA
Fabiana Cerqueira Fernanda de Souza Andrade
A adolescência é, por excelência, o período em Ayrton N. de Oliveira
que todo o saber é colocado em questão. O O Mapingua Nerd é um movimento de
encontro do adolescente com o real do sexo o valorização da cultura geek, surgido na cidade
coloca frente à impossibilidade de qualquer de Manaus - Amazonas, em 2015. Esse
saber que dê conta desse real, como aponta movimento é composto por diversas redes
Lacan (1974). A cultura digital também tem sociais e este trabalho tem como objetivo expor
incidência na relação do adolescente os dados parciais referentes à pesquisa de
contemporâneo com a descoberta do sexual. campo acerca do público e dos assuntos
Este trabalho traz reflexões sobre essa temática expostos pelos meios de comunicação deste
30

objeto. Entende-se que o meio de divulgação da alunos por meio do desenvolvimento de


literatura, sobretudo a contemporânea, tem se habilidades pessoais como o senso de
diversificado com a massificação dos meios responsabilidade, e resolução de conflitos de
digitais. Diante disso, a justificativa desse formas não violentas através de métodos
trabalho deu-se pela necessidade do consensuais, observando que os casos mais
entendimento dos novos moldes de graves de violência ultrapassam o âmbito de
aprendizados por meio da renovação do público resolução da escola.
leitor e a manutenção do público já existente.
Portanto, englobam-se nessa pesquisa acesso à GERAÇÕES E OS USOS DAS
educação, a literatura, o fluxo de informações TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
na cultura digital e o reconhecimento de uma COMUNICAÇÃO
releitura acerca dos tipos de leitores incluídos a
Márcia Stengel
partir dos meios de comunicação, sobretudo os
Simone Pereira da Costa Dourado
on-line.
Vanina Costa Dias, Jéssica Buthers
CONFLITOS ESCOLARES, VIOLÊNCIA E Samara Sousa Diniz Soares
SUA PROPAGAÇÃO PARA OS MEIOS Luís Filipe Santos
DIGITAIS As interrogações que motivaram essa pesquisa
Thaís Machado Botelho partiram da compreensão de que os recortes
geracionais têm instituído às ciências humanas
A escola é um local que tem como característica e sociais novas questões. Na nossa sociedade,
o conflito, o qual, se não devidamente tratado,
são os jovens que colocam aos pais o problema
pode ser expresso em atos de violência.
de como fazer e de que forma fazer uso das
Enquanto uma extensão de nossa cultura, o
TICs. A introdução no mundo virtual, e seu uso,
ambiente virtual sofre com a migração da
tem sido um dos novos discursos que os jovens
violência antes ocorrida em meios físicos, o que têm trazido para a família. Isso tem provocado
gera um temor em educadores, em especial alteração nas relações entre pais e filhos. Esta
com o surgimento de jogos e desafios como
pesquisa tem como objetivo geral gerar,
“Momo” e “Baleia azul” entre crianças e sistematizar e analisar dados que explicitem
adolescentes. O receio é fruto de fatores como como as relações entre pais e filhos jovens
anonimato, dificuldade em monitorar as
passam a ser mediadas pelos usos que ambos os
atividades dos alunos on-line, sendo a própria grupos fazem das TICs. Realizamos um estudo
ideia de uma grande vigilância questionável,
qualitativo a partir da análise dos dados
bem como a sensação de perda de controle
quantitativos do TIC Kids Online Brasil e de
sobre os conteúdos acessados e pouca entrevistas semiestruturadas com pais e filhos
familiaridade com as ferramentas da internet. É
jovens de Belo Horizonte - MG. A pesquisa TIC
importante destacar que o meio virtual não
Kids Online Brasil objetiva mapear possíveis
necessariamente cria os problemas, apenas os riscos e oportunidades on-line, bem como
dissemina de maneira mais ampla, portanto, as
delinear práticas de mediação de pais relativas
soluções não devem ser puramente digitais,
ao uso da internet. As TICs parecem reforçar a
mas também considerar aspectos off-line. Este diluição nas barreiras geracionais já existentes
trabalho tem por objetivo juntar informações
e, em muitas famílias, a introdução no mundo
acerca de formas para enfrentar tais desafios,
virtual, e seu uso, tem sido um dos novos
com a identificação ainda inicial de casos discursos que os adolescentes têm trazido para
bullying e ciberbullying, prevenção geral entre
o âmbito familiar, apresentando este mundo
31

aos pais e lhes ensinando como circular por ele. cibercultura e como a educação formal tem
Tais apontamentos demonstram que a importante papel nestas ações. Ressalta-se, a
virtualidade tem produzido novos discursos na personalização associa-se à subjetividade do
família, interferindo nas relações parento-filiais sujeito, ao mesmo tempo que se integra ao seu
e alterando as barreiras geracionais. papel nas vivências sociais, como agente
partícipe e transformador do próprio meio. A
USO DE QR CODES NO PROJETO literatura aponta para eixos como
DENEGRIR individualidade, ritmo pessoal, liberdade,
responsabilidade, socialização e autonomia.
Fellipe Eloy Teixeira Albuquerque
Verificou-se também a necessidade de
Segundo o PPP- Proposta Política Pedagógica da compreender o sujeito em suas etapas de
EMEF Dezoito do Forte, o mês de novembro é humanização e como os meios digitais
destinado ao aprofundamento das discussões impactam na formação integral deste sujeito,
sobre racismo e à valorização da cultura afro- principalmente em sua adolescência e
brasileira, assim como à problematização das juventude.
origens e consequências do Feriado da
Consciência Negra. A proposta do Projeto O CINEMA NA ESCOLA COMO ESPAÇO
Denegrir desenvolvida pelo professor de Arte DE FANTASIA E CRIAÇÃO:
com a turma do 5º Ano B criou um mural de contribuições de Alexander Kluge
graffiti com representações de retratos de
personalidades negras e conteúdos digitais para Helga Caroline Peres
serem em atalhos acessados pelo público por Objetivamos neste trabalho apresentar e
meio de QR Codes fixados ao lado das imagens. discutir as considerações do escritor e cineasta
A recepção não foi favorável, mas o alemão Alexander Kluge. Envolvido com a
desenvolvimento do Projeto propiciou novas intenção de causar fissuras no tipo de
reflexões sobre o uso de aplicativos de celular experiência promovida pelos filmes no âmbito
por estudantes na escola. da indústria cultural – mediada pelo domínio da
consciência que tolhe reações autônomas do
PERSONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: espectador –, Kluge lança mão da hipótese de
entre a subjetividade e os laços que a recepção fílmica possa se tornar um
sociais na cibercultura espaço de criação coletiva, onde a cooperação
do público é fundamental para que a construção
Cíntia Acioli da Silva Ramos
do filme se concretize. Segundo o cineasta, cada
O tema personalização tem somado discussões espectador é também um autor que, quando
nas práticas pedagógicas recentes, em especial assiste ao filme, cria através da imaginação e da
quando relacionado ao uso das tecnologias e as fantasia uma multiplicidade de novas imagens e
denominadas metodologias ativas, a qual tem filmes que completam aquilo que foi expresso
por preocupação o protagonismo discente na na tela. Deste modo, experenciar o cinema
escola contemporânea. Nesse sentido, o denota um espaço de criação coletiva onde os
propósito deste trabalho foi analisar, ante à espectadores completam a mídia no momento
revisão bibliográfica de literatura, como as da recepção, através de linhas de comunicação
práticas de personalização, em conjunto com que ocorrem na esfera pública. Lançamos mão
métodos ativos de ensino e aprendizagem, da hipótese de que tal concepção de cinema,
podem influenciar no papel do sujeito no uso presente nos escritos de Kluge, pode trazer
dos meios digitais, seus laços sociais na contribuições ao âmbito da educação escolar.
32

Como a escola pode ressignificar a apropriação


de filmes enquanto recurso didático, em
direção à experiência de criação intersubjetiva
mediada pela imaginação e pela fantasia? Quais
elementos didáticos devem permear a prática
pedagógica com filmes para que essa
experiência ocorra? Defendemos, a partir das
contribuições de Alexander Kluge, que a
construção de esferas de diálogo que deem
vazão para a fantasia e a criação seja um
caminho para que a experiência com o cinema,
tal qual pontuamos, ganhe espaço na escola.
33

FÓRUM B

Coordenadores: Juliana Tassara Berni (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Daniela Costa


(Educação - Cetic).
Sala: 106.

ELE NÃO DEIXA A GENTE FALAR: atenção dos alunos que só têm olhos para seus
o adolescente, o professor e os gadgets. Ainda assim, é ao professor que
gadgets muitos adolescentes dirigem uma demanda, a
de serem escutados. A fala, em tom de
Luiz Henrique de Carvalho Teixeira
denúncia, de um adolescente “Ele não deixa a
Juliana Tassara Berni
gente falar”, nos põe a refletir sobre qual o
Nádia Laguárdia de Lima lugar do professor nos dias de hoje.
A adolescência é o momento no qual a criança
abandona a infância e parte em direção à vida CADERNOS EM TEMPOS DIGITAIS:
adulta. Mas, se na infância o sujeito se como as tecnologias digitais afetam
encontra orientado pelos referenciais os usos deste material nas escolas
simbólicos, representados sobretudo pelo
Lívia Alonso Tagliari
ideal parental, na adolescência há a queda
desses ideais. Nesse momento, o professor se Este trabalho, vinculado à pesquisa de
apresenta como “um substituto paterno”. Mas, mestrado em desenvolvimento, tem como
no mundo de hoje, como nos aponta Miller, os objetivo investigar os sentidos e os motivos dos
gadgets contemporâneos de comunicação usos dos cadernos escolares nos dias atuais
fazem com que a transmissão do saber escape frente às tecnologias digitais que, em tese,
à voz do pai. A transmissão, agora impactaram nos modos de ensinar e aprender
horizontalizada, não permite que o professor e, por conseguinte, nas práticas pedagógicas. A
permaneça no lugar de detentor do saber. Num pesquisa visa também verificar se, quando
trabalho realizado numa escola de Belo estão inseridas na escola, as novas tecnologias
Horizonte, escutamos, em grupos de apenas substituem o uso do caderno ou se
conversação, adolescentes do ensino acrescentam inovações. Por fim, intenta-se
fundamental. Ao falarem sobre o cotidiano compreender como o uso das tecnologias pelos
escolar, sobre os impasses e conflitos que alunos de Ensino Fundamental I de escolas
vivenciam na escola, a relação com os públicas de São Paulo fora da escola pode
professores se apresenta repleta de queixas e contribuir, fortalecer e potencializar esse uso
insatisfações. Sobre o uso de celulares em sala na instituição escolar. Os cadernos, que
de aula, os alunos se sentem injustiçados, já consistiam em materiais aliados ao uso do
que os professores usam seus aparelhos método simultâneo, durante muito tempo,
frequentemente enquanto, para eles, esse uso passavam despercebidos aos olhos dos
é proibido. Por outro lado, os professores pesquisadores por ser um material escolar tão
também se queixam de não receberem naturalizado. Todavia, são uma fonte rica de
34

pesquisa, pois, por meio deles, é possível expressão literária, vários modos de acessá-la,
perceber conceitos que se têm de educação, e, sobretudo, que ambos os modos são capazes
tais como infância e escola, saber sobre os de formar comunidades em torno daquilo lido
alunos, os professores, o currículo, valores e para discussões.
costumes. Assim, até o momento, fez-se um
estudo sobre o histórico do surgimento e a A VIRTUALIZAÇÃO DO TEXTO E A
constituição dos cadernos como instrumento MEDIAÇÃO DOCENTE EM TEMPOS DE
escolar, uma análise que o marca como HIPERLEITURAS
produto e produtor da cultura escolar.
Abinalio Ubiratan da Cruz Subrinho
Também se fez um estudo sobre inovação
Denise Dias de Carvalho Sousa
educacional e a entrada das tecnologias digitais
no meio escolar. Diante dos dados coletados, O artigo discute aspectos teóricos e
nota-se, por um lado, o desejo dos alunos de metodológicos provenientes do fenômeno
integrar as tecnologias no cotidiano escolar, e, contemporâneo que se desvela com a
por outro, a resistência dos professores em virtualização dos textos, por conseguinte, nas
suas práticas pedagógicas que as utilizem. práticas e comportamentos de leitura, os
desafios e possibilidades que são lançados aos
INCORPORAÇÃO DO SABER JUVENIL docentes, formadores de ledores em tempos
DAS MEDIAS COMO SABER LEGÍTIMO cibertextuais. O armazenamento desses
objetos em espaços virtuais não se configura
Diogo Ballestero Fernandes de Oliveira
enquanto uma prática recente, antes, desde o
O docente de Literatura do Ensino Médio deve surgimento da internet, a função de repositório
ter em mente, quando prepara sua posta de de textos a acompanha. Contudo, o que vem
curso, os seguintes questionamentos: o que despertar o interesse das mais diversas áreas
meu aluno adolescente lê nos blogs, nos sites do conhecimento, observado o campo da
de literatura e entretenimento? Em termos de educação nesse estudo, é a construção dessas
narrativa, o que faz sucesso nas mídias textualidades nas redes sociais da internet, o
eletrônicas entre o público de sua idade? Como surgimento de gêneros emergentes, conforme
se estruturam essas narrativas? Qual as observa Marcushi (2003), e a recepção leitora
temáticas que provocam maior apelo junto à em rede. Desse modo, objetiva-se com esse
sua idade? É necessário que o docente se trabalho analisar entraves e perspectivas para
familiarize com esses saberes literários não a implicação desses ambientes na sala de aula,
canônicos, porém absolutamente capazes de sobretudo no que diz respeito à formação
estabelecer comunidades sociais de leitura leitora. Para isso, será adotado enquanto
entre jovens de cidades e, por vezes, de países método a pesquisa bibliográfica, realizando
diferentes, formando laços sociais por meio de uma revisão de literatura, assim como
uma cultura digital. Familiarizado com essa utilizados aspectos da investigação
Literatura consumida e, também, produzida documental, uma vez que se explora a Base
por seus alunos em blogs e sites especializados, Nacional Comum Curricular enquanto objeto
o Docente deve promover uma ponte de de estudo, também de observações nas redes.
diálogo entre essa Literatura dos meios digitais Toma-se por basilares os estudos de Miller
não inseridas no espaço acadêmico e aquela (2012), Rojo (2012), Coscarelli (2016; 2017),
mais tradicional, dos livros e cânone literário Leffa (2016), dentre outros. O
do país. A estratégia aproxima o aluno, porque desenvolvimento das práticas de leitura e da
este percebe que há vários modos de formação do leitor proficiente é um processo
35

de alta complexidade, requerendo do INVERSÃO NO ECOSSISTEMA


mediador estratégias formativas que se COMUNICACIONAL: formação
aproximem do cotidiano e do contexto nos continuada de professores do Pará
quais esses sujeitos em formação se com a Google
encontram cada vez mais imersos nos
Aldiany Fabrícia Ribeiro da Silva
ambientes virtuais.
Leonardo Zenha Cordeiro
OS DESAFIOS NO USO DAS TICS NAS O objetivo deste trabalho é apresentar
ESCOLAS FAMÍLIA AGRÍCOLA DO elementos envolvidos na formação continuada
INTERIOR DO ES de professores no Núcleo de Tecnologia
Educacional no Pará, com foco nos aplicativos
Alexandre Fraga de Araújo
da Google, problematizando essa centralidade
Luiz Paulo Ribeiro
nos usos das Tecnologias da Informação e
Maria Isabel Antunes-Rocha Comunicação na educação. A pesquisa tem
Neste artigo, buscamos refletir sobre como as como referências estudos sobre o ecossistema
TICs têm sido utilizadas e (re)significadas pelos global de comunicação e as influências das
educadores das escolas do campo que utilizam redes digitais no contexto atual. É uma
a Pedagogia da Alternância – denominadas pesquisa de base qualitativa, tendo sido
CEFFAS. Para tal, foram analisadas duas CEFFAs empregadas a observação participante e a
do município de Barra de São Francisco/ES. entrevista semiestruturada na coleta de dados.
Esse estudo se justifica pela busca de Os resultados apontam aspectos que
entendimento sobre a presença cada vez mais perpassam um contexto de apropriação
acelerada desses novos meios, principalmente tecnológica pelos educadores, um alto controle
o celular e a internet, na vida dos estudantes, das redes digitais pelas grandes corporações e,
educadores e escola, que estão inseridos em ainda, a falta de infraestrutura adequada nas
um projeto de Educação do Campo que articula escolas. Nesse sentido, é necessária uma
projeto de vida, campo e sociedade. Para essa revisão crítica das formações voltadas pelos
pesquisa, foi realizada uma análise textual NTEs que valorizem a realidade das escolas e as
auxiliada pelo software IRaMuTeQ. Foi múltiplas possibilidades das TICs.
aplicado um questionário contendo 12
questões discursivas, tendo participado 14 A APRENDIZAGEM A PARTIR DO
educadores. A partir das análises, foi possível OLHAR DOS PROFESSORES:
constatar que as TICs já são uma realidade no desafios relacionais e pedagógicos
contexto das escolas campesinas. Já em
Fernanda Moura Bizarria
relação à Pedagogia da Alternância e seus
Julio José Rodrigues Alves
instrumentos pedagógicos, houve uma
Liana Caldeira
manifestação muito positiva sobre a tendência
de utilização de tecnologias integradas com as Lia Carolina Ortiz de Barros Glaz
metodologias de ensino, tendo inclusive Como recuperar a aprendizagem em sala de
relatos de alguns educadores que já utilizam aula? Acreditando no protagonismo do
nesse contexto. Com isso, destaca-se a professor e na sua agência dentro dos
importância da inserção dos sujeitos do campo processos educativos, a PS2P, um observatório
nos processos de acesso às TICs de forma de comportamento e cultura, e o Instituto
contextualizada com a realidade da Educação Península realizaram estudo que teve como
do Campo. objetivo conhecer os professores para além
36

das estatísticas e dos lugares comuns, às práticas pedagógicas. A discussão aqui


entendendo em profundidade seu dia a dia, apresentada originou-se de reflexões que
abarcando suas dificuldades, seus sonhos, sua surgiram após um encontro do grupo de
lida com o cotidiano dentro e fora da escola. Os pesquisa Educação Científico-tecnológica e
pesquisadores foram a campo para vivências e Cidadania (ECTeC), na Universidade do Estado
acompanharam remotamente educadores de de Mato Grosso (UNEMAT), no campus da
diversas cidades do Brasil, buscando conhecer cidade de Sinop. Durante o estudo, dialogar-se-
a singularidade de diferentes professores, á com autores como Orlandi (2015; 2017a;
entender a especificidade e diversidade 2017b), Dias (2018), Magalhães (2017),
contida em sua biografia, a partir da Dudeney, Hockly e Pegrum (2016), Schwartz
perspectiva de que cada história de vida porta (2006; 2013; 2015) e Gadotti e Romão (2011).
inspirações e desafios universais, que podem A metodologia desse estudo configura-se em
tocar outras vidas. Os resultados desses abordagem qualitativa, que envolve a pesquisa
encontros nos ajudam a refletir sobre a bibliográfica sobre o tema discutido. Conclui-se
educação no Brasil, a partir do ponto de vista que a posição sujeito professor alfabetizador
do professor. da EJA se estende face à pluralidade
encontrada em salas de aula e abrange ainda
A POSIÇÃO SUJEITO PROFESSOR mais perspectivas, inquietudes e desafios
ALFABETIZADOR DA EDUCAÇÃO DE frente ao processo de inserção das tecnologias
JOVENS E ADULTOS FRENTE ÀS digitais durante sua prática pedagógica.
TECNOLOGIAS DIGITAIS
DESAFIOS PARA A FORMAÇÃO
Rhafaela Rico Bertolino Beriula
DOCENTE EM LÍNGUA PORTUGUESA
Ezio Saieves Beriula
FRENTE À BASE NACIONAL COMUM
Andressa Fabrina Klauck
CURRICULAR
Sérgio Pereira Maiolini
Mary Stela Surdi
As tecnologias digitais estão enraizadas no
cotidiano dos sujeitos, o que leva a uma O objetivo deste trabalho é analisar
gradativa transformação nas relações de criticamente a BNCC para o ensino de língua
constituir, formular, informar e se comunicar portuguesa nos anos finais da Educação Básica,
nos dias de hoje. Tais transformações a partir da apreciação do conjunto de práticas
redefinem, também, os espaços da escola e de linguagem, objetos de conhecimento e
suas relações de ensino-aprendizagem. A partir habilidades propostos no documento, levando
dessa reflexão, o presente trabalho apresenta, em conta a formação inicial docente, com
por meio da Análise de Discurso materialista destaque para as questões relacionadas ao
histórica, um estudo teórico acerca da posição domínio e uso das Tecnologias Digitais da
sujeito professor alfabetizador da Educação de Informação e Comunicação. Através desta
Jovens e Adultos (EJA) frente à inserção das análise, pretende-se identificar as principais
tecnologias digitais nas salas de aulas, prevista mudanças e/ou inovações apresentadas em
pelos documentos que legislam a EJA. Assim, o relação aos documentos oficiais anteriores,
objetivo do estudo é apontar/discutir a posição como os Parâmetros Curriculares Nacionais,
sujeito e os aspectos do professor- bem como discutir as principais dúvidas ou
alfabetizador de jovens e adultos, citado por questionamentos em relação à implementação
Schwartz (2013), tendo como ponto de da Base no cenário da educação pública e da
discussão o uso das tecnologias digitais aliadas formação de professores e propor ações que
37

auxiliem os docentes nesse processo.

EDUCAÇÃO, CULTURA E
TECNOLOGIA: reflexões sobre
formação docente em escolas
municipais de Belo Horizonte
Cláudio Eduardo Resende Alves
Magner Miranda de Souza
Nilma Coelho
Márcia Stengel
Esta apresentação oral propõe uma análise
crítica e reflexiva sobre o processo de formação
continuada de docentes da Educação de Jovens
e Adultos na Rede Municipal de Belo Horizonte
em parceria com o Programa de Pós-
Graduação em Psicologia da PUC Minas,
realizada no ano de 2018. Os encontros
mensais, realizados no Museu de Artes e
Ofícios, utilizaram estratégias metodológicas
dialogadas e participativas como rodas de
conversa, filmes comentados, dinâmicas de
grupo, visita ao acervo do museu e estudos de
textos. No contexto educacional
contemporâneo, compreender o fenômeno
relacionado à cultura digital não significa
simplesmente conhecer fatos, técnicas e
tecnologias. Torna-se necessário
compreender, descrever, analisar, interpretar
e refletir criticamente sobre esse fenômeno
cotidiano, investigando as relações históricas
entre os meios de comunicação social, suas
características e linguagens, a educação
escolar, a vida privada e os lapsos geracionais.
Nesse sentido, a formação docente visou
problematizar os impactos da cultura digital na
prática pedagógica, evidenciando as
implicações da tecnologia digital nos modos de
subjetivação contemporâneos. A partir de uma
avaliação positiva realizada junto aos
partícipes, a parceria entre as instituições foi
renovada para continuidade das ações
formativas no ano de 2019.
38

FÓRUM C

Coordenadores: Helena Greco Lisita (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Regina Helena Alves da


Silva (História/Comunicação Social - UFMG).
Sala: 107.

RELATOS E PROPOSIÇÕES DE desterritorialização e reterritorialização,


EXPERIMENTAÇÕES NO PROCESSO DE nos permitirá através destes relatos e
ENSINAR E APRENDER ENGENDRADOS propostas de experimentações discutir
NA CULTURA DIGITAL como a dimensão da sala de aula e seus
Rogério Felipe Santos Teixeira regimes de espaço e tempo, distâncias e
Flávia Virgínia Santos Teixeira Lana proximidades, velocidades e lentidões,
passam a adquirir novas configurações e a
Atualmente, professores e alunos
promover condições para que alunos e
enfrentam uma série de desafios em
professores trabalhem juntos na produção
relação à partilha do espaço da sala de aula
de novos agenciamentos coletivos de
no que diz respeito ao engajamento do
enunciação em meio às potencialidades
aluno em seu processo de aprendizagem,
proporcionadas pelas tramas da cultura
sobretudo quando associado às condições
digital.
propiciadas pelos avanços das tecnologias
de informação e comunicação nos
O USO DE TECNOLOGIA MÓVEL PARA
meandros da cultura digital. Buscaremos
UMA APRENDIZAGEM AUTÔNOMA DE
através deste trabalho, inspirados no
ESPANHOL
arcabouço conceitual da Filosofia da
Diferença, apresentar alguns relatos e Sarah Elizabeth de Menezes Teixeira
proposições de experimentações no O advento das novas tecnologias da
processo de ensinar e aprender informação e comunicação neste século
engendrados na cultura digital, transformou a forma como as pessoas se
problematizando as potencialidades da informam e se comunicam, quebrando
relação entre professores e alunos e de que barreiras espaço-temporais e pondo em
modo estes podem atuar como xeque as tradicionais formas de se educar.
intercessores e protagonistas na cocriação Nesse novo contexto socioeducacional as
de dispositivos propícios à invenção e instituições de ensino têm um novo
produção de sentidos outros no território desafio, o de adequar e promover a
da sala de aula e para além de suas construção do conhecimento
fronteiras. A noção de território, conforme considerando as novas formas de ensinar e
apresentada por Gilles Deleuze e Félix aprender. As diversas mídias como a
Guattari, com seus movimentos de internet, a televisão e os jogos eletrônicos
39

fazem parte do cotidiano dos alunos, fundo de seu enredo, partindo do


informando e formando novos leitores. pressuposto de que o advento das
Diante do exposto, o Projeto Oficina de Tecnologias Digitais de Informação e
Tecnologias Digitais e Aprendizagem de Comunicação - TDICs vem potencializando
Língua Estrangeira, direcionada às turmas a sensação de velocidade com que as
de Língua Espanhola, que adentraram ao mudanças ocorrem na sociedade. Acredita-
Instituto Federal do Pará, Campus se que a elaboração de novas propostas de
Santarém, no ano de 2018, sendo então, ensino que contemplem a utilização dos
turmas iniciantes. O objetivo geral é jogos virtuais como um artefato capaz de
apresentar uma possibilidade do uso do favorecer e facilitar a aprendizagem de
aparelho celular e um aplicativo móvel de conceitos históricos – como tempo e
ensino de espanhol como ferramenta espaço, por exemplo – vem se tornando
didática no processo ensino- crucial para que os estudantes tenham um
aprendizagem. Para a concretização da melhor entendimento do conteúdo regular
oficina foram observadas quatro etapas: a do ensino de história. Para tanto, o
preparação, o desenvolvimento, a presente artigo propõe a utilização dos
aplicação e as reflexões sobre as práticas jogos virtuais como um artefato lícito capaz
observadas. Como metodologia, de proporcionar um ambiente mais
assumimos um trabalho qualitativo, com divertido e atraente, de potencializar a
pesquisa bibliográfica, documental e de aprendizagem do ensino de História e de
observação. Averiguamos que apesar das aproximar os educandos dos conteúdos
possibilidades de jogabilidade, históricos de forma amigável.
portabilidade e usabilidade do aplicativo
móvel utilizado, ele ainda é baseado em O JOGO DIGITAL COMO ESTRATÉGIA
metodologias de ensino de línguas PARA O APERFEIÇOAMENTO DE
fragmentadas e descontextualizadas, HABILIDADES POR PARTE DE ALUNOS
baseadas em atividades repetitivas e LEITORES/JOGADORES
afastando-se de uma proposta reflexiva e Isabela Vieira Lima
conectada a práticas cotidianas de uso da
Com o surgimento de novas possibilidades
linguagem.
de interação e comunicação geradas pelas
TICs, novas demandas são impostas à
JOGOS VIRTUAIS:
educação, o que requer que os professores
artefatos facilitadores para a
apresentem atividades para desenvolver as
aprendizagem do ensino de História
habilidades de leitura e escrita de textos
Josimar de Mendonça multimodais. Nesse sentido, por meio
O presente trabalho pretende trazer a luz dessa pesquisa, busca-se elucidar as
as possibilidades de aprendizagem contribuições do trabalho com narrativas
histórica presentes nos jogos virtuais em mídias e jogos eletrônicos em sala de
gratuitos, on-line e acessíveis por aula, considerando o processo de imersão
dispositivos móveis que optaram por possibilitado por meio dessas atividades,
adotar temas da história como pano de além de analisar as potencialidades que
40

esse trabalho pode trazer para o presente trabalho visa analisar


aperfeiçoamento de competências experiências de jogo de cinco crianças,
relacionadas aos multiletramentos por estudantes de inglês em nível básico, ao
parte de alunos leitores/jogadores. jogarem Scribblenauts Unmasked – jogo
Considerando a relevância da comercial produzido pelo estúdio 5th Cell,
diversificação de metodologias e recursos em 2013 –, e discutir o uso da língua
didáticos, partiu-se do pressuposto de que estrangeira feito por elas, no alcance dos
a elaboração de uma proposta de objetivos do jogo. As experiências dos
exploração de jogos com narrativas pode participantes serão descritas, com a
consistir em uma possibilidade de intenção de tornar evidentes os
formação docente crítica no sentido de affordances relacionados à língua inglesa
experienciar situações que se aproximem presentes no jogo, efetivamente
do cotidiano social dos alunos. Para a percebidos e utilizados pelas crianças, bem
realização desse estudo, foram utilizados como as estratégias desenvolvidas para
teóricos como Aguiar (2017), Moran alcance dos objetivos de jogo. Buscamos
(2000), Santiago (2015), entre outros. analisar as experiências com base no marco
Dessa forma, constata-se que os jogos de referência de experiências de
digitais podem facilitar a percepção do aprendizagem de inglês de Miccoli
aluno em relação ao fato de que a língua e (MICCOLI; BAMBIRRA, 2018), para mapear
todos os seus recursos devem ser a natureza da aprendizagem empreendida
explorados de modo que o indivíduo se em cada gameplay analisado.
faça presente em uma sociedade cada vez
mais letrada e permeada pela tecnologia FERRAMENTAS COLABORATIVAS E A
(AGUIAR, 2017). PRODUÇÃO DE CONTEÚDO NA WEB:
uma experiência aplicada à
IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS formação técnica
DECORRENTES DA ANÁLISE DE Sylvana Karla da Silva de Lemos Santos
EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS POR
A produção de conteúdo feita por
CRIANÇAS AO FAZEREM USO DE
estudantes durante as aulas de informática
SCRIBBLENAUTS
pode ser viabilizada pelo uso de
Sabrina Ramos Gomes
tecnologias dentro e fora da sala de aula.
Os jogos comerciais eletrônicos fazem Este trabalho relata a experiência em uma
parte do novo panorama das tecnologias turma de estudantes do curso técnico
audiovisuais que emergem do integrado ao ensino médio na área de
desenvolvimento tecnológico. Devido à sua alimentos com a oferta da disciplina
relevância comercial, faz-se necessário Informática. Foram realizadas três
analisá-los academicamente atividades durante o semestre letivo cujo
principalmente no que tange à objetivo foi fomentar a criatividade dos 28
aprendizagem de língua inglesa, pois estudantes com idade entre 14 e 17 anos,
grande parte dos jogos disponíveis no com foco nos conceitos teóricos e práticos
mercado se encontra nessa língua. O da disciplina e na área de aplicação do
41

curso técnico. O planejamento das Datafication e a Commodification,


atividades buscou utilizar ferramentas procurando entender como eles são
comercialmente disponíveis, instaladas nos constitutivos da plataformização da
computadores da instituição ou obtidas educação com destaque para alguns
gratuitamente na internet, de modo que os aspectos, tais como: a datafication como
estudantes pudessem iniciar em sala de princípio curricular, operação de coleta de
aula e dar continuidade fora dela. As dados, a análise preditiva, desenho da
atividades tiveram como propósito a aprendizagem e desafios éticos.
produção textual colaborativa, a criação de Considerou-se relevante apresentar uma
um vídeo e a construção de um blog. Os plataforma educacional intitulada
resultados mostraram que o uso de AltSchool, uma iniciativa californiana
tecnologias em sala de aula pode ser fundada em 2013 por Max Ventilha, ex-
agregado a outras disciplinas específicas do chefe de personalização do Google e
curso e permitir relacionar os contextos outros investidores, com ênfase no ensino
acadêmico e profissional dos estudantes. fundamental. Para os investidores, a
AltSchool é uma plataforma digital para
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA escalar negócio. A visão de negócio reflete
EDUCAÇÃO NUM CONTEXTO DE no uso do termo learnification no âmbito
PLATAFORMIZAÇÃO da plataformização da educação cuja
Heloisa Lopes Silva de Andrade compreensão é que o aluno pode ser
controlado, monitorado e gerenciado para
Este estudo tem como objetivo
alcançar seu objetivo. AltSchool é
compreender os elementos constitutivos
considerada um laboratório experimental.
da plataformização da educação. O ponto
de partida foi reconhecer que não existe
ESCRITA COLABORATIVA:
um sentido único no uso do termo
um estudo sobre o uso de TDICs na
plataforma, mas entender a ressonância
produção de textos
discursiva que a expressão abarca, apoiada
na contribuição analítica de Gillespie Carla Geralda Leite Moreira
(2010). Neste percurso, chega-se à A introdução das tecnologias digitais na
seguinte problematização: O que significa educação poderá ser satisfatória para
plataformização da educação? Para esta docente e discente, se houver um
discussão, os aportes teóricos, Van Dijck e planejamento elaborado pelo professor,
Poell (2018), foram centrais no sentindo de especificando o porquê de sua utilização,
explicitar que plataformização da educação evidenciando as vantagens e desvantagens
envolve uma complexa interação entre do seu uso. Para Moreira (2013), “há
técnica, arquitetura, modelo de negócio e algumas obras cuja orientação prevê o uso
atividade de usuário. O modelo de das novas tecnologias digitais no plano de
arquitetura automatizada afeta o aula, como uma ferramenta de apoio para
comportamento do estudante e as práticas o docente, principalmente pensando no
de ensino, mas também a organização da espaço colaborativo de ensino como, por
escola. Discutiram-se dois mecanismos: a exemplo, o Google Docs” (MOREIRA, 2013,
42

p.14). Sendo assim, o objetivo desse estudo objetivo desta pesquisa é mostrar o quão
é propor aos alunos do Ensino Médio a próximos e até conectados estão os
redação de um texto colaborativo on-line. campos da Educação e do
Para a execução da tarefa, eles utilizarão o Empreendedorismo quando nos referimos
software Google Docs. Um dos propósitos ao tema Jogos Digitais. Além disso, vamos
a observar seria identificar quais recursos mostrar também o quão próximos e
do programa são mais empregados pelos parecidos são os desafios e problemas que
alunos, de forma a possibilitar a interação estes dois campos enfrentam em relação
entre as equipes. Almejo, também, ao mesmo tema. Por meio de pesquisa
compreender o processo de escrita bibliográfica, o trabalho contextualiza de
colaborativa utilizando esse ambiente na forma objetiva quais são as principais
interação entre esses alunos. Para alcançar normatizações, recomendações,
os objetivos, contemplaremos o viés incentivos, desafios (financeiros, legais e
teórico da teoria dos multiletramentos culturais), perspectivas de mercado,
(COPE e KALANTZIS, 2012), em diálogo com problemas, etc., que permeiam a área dos
as reflexões do construtivismo social como Jogos Digitais no contexto dos campos do
meio de aprendizado (VYGOTSKY, 1978). Empreendedorismo e da Educação.
De natureza explicativa e interpretativa, os Discutiremos alguns dos desafios e
resultados preliminares apontam que os problemas e de que forma poderiam ser
estudantes interagiram com o software e minimizados ou superados. O foco da
entre eles. Considero que os estudantes Educação é diferente do
poderiam ter aproveitado de forma mais Empreendedorismo, mas a “boa interação”
significativa os recursos que o programa no primeiro leva naturalmente à
oferece. No entanto, percebo que os popularização e à imersão cultural do tema
discentes empenharam-se em redigir o e consequentemente ao desenvolvimento
texto juntos de forma síncrona, os dados do segundo. O mercado global dos Jogos
do software comprovam essa hipótese. Digitais oferece espaço para pequenos e
grandes produtores, gerando grande
JOGOS DIGITAIS NO BRASIL: retorno financeiro. Contudo, no Brasil, a
educação e empreendimento com possibilidade de crescimento ainda pode
desafios acima da criatividade e do ser maior. Como resultado da pesquisa,
saber mostraremos que a área dos Jogos Digitais
Weslei Antonio Vilela pode crescer e se popularizar ainda mais no
Loyane Cristine Cafieiro Monteiro Brasil, desde que sejam minimizados ou
eliminados os desafios e dificuldades que
Observamos que apesar do aumento
ela ainda enfrenta nos campos da
recente nos esforços dos últimos anos para
Educação e do Empreendedorismo.
incentivo ao crescimento da área de Jogos
Digitais no Brasil, esta área ainda vem
enfrentando diversos problemas quando
analisada sob a ótica do campo do
Empreendedorismo e/ou da Educação. O
43

A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL PARA sentido da orientação profissional. Muitos


OS ALUNOS ACULTURADOS NA dos estudantes desconheciam as
TECNOLOGIA DIGITAL E O SABER oportunidades reais de ingresso em uma
ESCOLAR universidade pública federal e gratuita.
Paula Caldas Brognoli Portanto, as ações de extensão que
Maria Sara de Lima Dias divulguem as oportunidades formativas
são capazes de favorecer a presença de
A tecnologia digital pode ser uma
alunos aculturados nas tecnologias digitais
ferramenta auxiliar na escolha profissional
dentro das universidades, distinguindo a
dos jovens. Para aqueles que não
valorização da formação e do saber escolar.
escolheram uma carreira, o acesso às
plataformas digitais pode oportunizar
conhecimentos que facilitem a tomada de
decisão de frequentar uma universidade.
Objetivou-se analisar o projeto do
Laboratório Tutor (Tecnologia,
Universidade, Trabalho e Orientação), que
está vinculado com a Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, que tem
como objetivo prestar serviços de
orientação de carreira e escolha
profissional. Nessa plataforma digital, o
aluno(a) encontra formas de ingressar em
uma universidade, cursos e carreira. Ao
mesmo tempo que se realiza uma pesquisa
de opinião, destinada a alunos(as),
educadores, empregadores, instituições de
ensino, o projeto ainda realiza visita às
escolas para divulgar a plataforma. Como
método de análise, utiliza-se as respostas a
questionários que através de estatísticas
descritivas permitem obter: o perfil do
mercado de trabalho, das escolas, e
considerar as escolhas profissionais dos
alunos. Como resultados, o projeto
permite acesso à informação sobre a
escolha e a carreira acadêmica, alertando
os alunos sobre a formação e seu impacto
no mundo do trabalho. Concluímos que ter
uma plataforma digital que facilite a
aproximação entre as escolas de segundo
grau e a universidade é fundamental no
44

FÓRUM D

Coordenadores: Marilza de Lima Friche (Psicologia - PUC Minas) e Ione Aparecida Neto
Rodrigues (Educação - Faculdade Ciências da Vida).
Sala: 108.

HIBRIDISMO E PÓS-DIGITAL: 2018, assim como também sobre o


desafios educacionais na contexto em que vivemos de um pós-digital
Bienal de Arte Digital que dá à internet e às tecnologias uma
Alexandre de Souza Milagres condição ubíqua.

Entendemos a formação em contextos


O QUE UM CHATBOT PODE OU NÃO
artísticos como um processo dialógico, em
FAZER? Reflexões sobre os chatbots
que os resultados modificam-se em cada
no ensino
encontro, curadoria, obra, equipe e
visitante. Os contextos e o que cada um Dario Reyes Reina
traz consigo sempre se alteram, afinal, lidar Matheus Icaro Martins
com a arte pressupõe lançar mão de uma Os chatbots são programas de software
experiência singular. Desta forma, que interagem com os usuários usando
trataremos nesta apresentação dos linguagem natural (CIECHANOWSKI,
desafios vividos pela equipe de educadores PRZEGALINSKA, MAGNUSKI e GLOOR,
da Bienal de Arte Digital, cujo papel 2018), cujo uso vem crescendo em
extrapola a galeria, impactando na múltiplos contextos com múltiplos
formação crítica do público sobre o que objetivos, caso da educação. Este trabalho
estamos chamando de arte digital, os tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre
impactos das tecnologias em seu cotidiano o uso de chatbots no processo de ensino,
e o potencial estético no uso artístico de discutindo seus alcances, limites e
nossas atuais tecnologias, ou mesmo sobre implicações. Para tal fim, apresenta-se a
o que exatamente seria analógico ou experiência de desenvolvimento e
digital, realidade ou simulação, natural ou implementação de um chatbot para um
artificial, biológico ou tecnológico, material curso semipresencial de pedagogia.
ou imaterial, arte ou ciência, sentidos ou Particularmente, usando a teoria crítica da
sensores, entre outras questões para as tecnologia de Andrew Feenberg e as
quais não existem respostas fáceis. propostas de Harry Collins e Martin Kush
Entendemos que por meio dos diálogos sobre o que os humanos e as máquinas
vividos nas galerias da Bienal de Arte podem ou não fazer, discutem-se novas
Digital, aprofundamos em reflexões sobre perguntas que surgem do uso destas novas
o hibridismo, tema central da edição de tecnologias na educação: Quais ações
45

podem ser delegadas do professor ao voluntariamente a um questionário, com o


chatbot? Quais não? E como o chatbot objetivo de avaliar a experiência no
pode ajudar aos professores na sua prática projeto. Quando questionados se o
docente? Ambiente Virtual de Aprendizagem
contribuiu para aplicação dos mapas
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE VIRTUAL conceituais, 85,1% assinalou que sim. Dos
DE APRENDIZAGEM PARA APLICAÇÃO respondentes, 37,9% apresentou alguma
DE MAPAS CONCEITUAIS NO ENSINO dificuldade no momento da postagem. E
SUPERIOR 74,7% julgou os espaços de interação, a
Iasmin Rabelo de Queiroz organização, as orientações e materiais
Luciana de Oliveira Andrade disponíveis na metaturma como
Janice Henriques da Silva Amaral satisfatórios. Os dados apontam que o
modelo de aplicação de metodologias
A inovação pedagógica no ensino superior
inovadoras por meio do Ambiente Virtual
é tão urgente quanto desafiadora. Dentre
de Aprendizagem tem potencial para
os inúmeros indicadores dessa demanda, o
complementar a experiência de
alto índice de reprovação em determinadas
aprendizagem dos estudantes no ensino
disciplinas ofertadas pelo Instituto de
superior.
Ciências Biológicas da Universidade
Federal de Minas Gerais inspirou a criação
FILOSOFIA E INTERNET
do Projeto de Ensino “Construção de
Mapas Conceituais em disciplinas do Ryan Martins Silva de Oliveira
ICB/UFMG”. Os Mapas Conceituais Por eras o ensino de Filosofia ficou
consistem em uma ferramenta de reduzido ao âmbito de elites e instituições.
representação gráfica do conhecimento, Com o advento da internet o saber pode
que dispõe de diversos softwares livres ser disseminado tal qual nunca antes o fora
para sua elaboração e edição. No sentido e a partir disto dar vazão à possibilidade do
de ampliar as oportunidades de acesso a uma maior parcela de indivíduos
aprendizagem, agilizando e facilitando as do mundo como um todo (tendo suas
interações, atualmente, as atividades do devidas condições alcançadas, tal como
projeto são realizadas através do uso de especificamente o acesso à internet e sites
uma metaturma na plataforma Moodle. disponibilizadores). Desta maneira, o
Incialmente, os estudantes participam de ensino de Filosofia que aparentemente
uma aula presencial sobre a ferramenta, o tratava-se de algo esotérico pode agora
uso do software para elaboração dos manifestar-se como expressão popular. O
mapas e a navegação na metaturma. presente artigo busca investigar este
Então, os discentes elaboram um mapa fenômeno, analisar seus efeitos e
conceitual por tema estudado, os mapas repercussões no status quo e na história da
são entregues em fóruns na metaturma, humanidade.
onde recebem o retorno avaliativo de
monitores bolsistas. Em 2018, 290
participantes responderam
46

COMUNICAÇÃO E INTERAÇÃO EM semiestruturado composto por 8 (oito)


AMBIENTES VIRTUAIS DE questões que foi disponibilizado no AVA,
APRENDIZAGEM: no período de maio a junho de 2018, para
um estudo de caso um grupo de 134 alunos, sendo que 89
Fernanda Cristina Abrão da Rocha responderam ao questionamento
Ana Carolina Pinto da Silva proposto.
Jéssica Aparecida Correa do Espírito Santo
Jefinny de Paula Dias Souza ACESSO A PODCASTS COMO REFLEXO
DA DISPOSIÇÃO DE INFORMAÇÕES EM
Na contemporaneidade, os Ambientes
UM AMBIENTE VIRTUAL DE
Virtuais de Aprendizagem (AVAs)
APRENDIZAGEM
educacionais são plataformas digitais
escolhidas por uma instituição pública ou Maria Eduarda Gama Almeida
privada para servir como suporte para a Daniel Martins de Brito
mediação entre todos os sujeitos A adoção de Ambientes Virtuais de
envolvidos nesse processo. No universo Aprendizagem em cursos EaD implica
educacional, o acesso a esses veículos pode muitos benefícios para o processo de
possibilitar a interação e a interatividade ensino-aprendizagem, bem como
necessárias para que ocorra o processo de problemáticas de natureza digital. Uma
ensino e aprendizagem, se houver um dessas problemáticas corresponde à
planejamento pedagógico adequado a importância da disposição de informações
cada público alvo. Santos (2011) aponta a nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem.
importância da comunicação como suporte Diante dessa premissa, este trabalho se
para mediação do processo pedagógico na propõe a investigar o modo como a
EaD virtual. Focalizando esta última organização de informações no AVA da
modalidade de ensino, percebemos a disciplina EaD Oficina de Língua
necessidade do desenvolvimento de Portuguesa: Leitura e Produção de Textos,
estratégias e suportes midiáticos mais da UFMG, interfere no acesso a uma TIC
interessantes, a fim de possibilitar que específica: o podcast. Para realizar tal
tanto o aluno quanto o tutor interajam em estudo, foram desenvolvidos os
uma AVA amigável e que propicie procedimentos metodológicos de coleta e
autonomia a todos os atores do processo. análise de dados. A partir da análise, foi
A fim de averiguar qual é a percepção dos possível constatar que o acesso dos alunos
discentes, ingressantes do curso de ao podcast foi maior após a realocação do
bacharelado em Direito do Centro recurso, antes disposto em uma seção à
Universitário FAMINAS - Unifaminas, sobre parte, juntamente a outros recursos
as ferramentas de comunicação multimídia, agora alocado juntamente ao
disponíveis no ambiente virtual de comando da atividade a que se refere.
aprendizagem da IES, escolhidas pela Partindo disso, foi possível constatar,
equipe didática e técnica do NEAD da IES, portanto, que a disposição dos podcasts
fez-se uma pesquisa de campo. Para tal, refletiu diretamente no grau de acessos
elaborou-se um questionário dos alunos a eles, impulsionando o número
47

de acessos de menos de 10% dos alunos significados e as vivências emocionais


matriculados na disciplina para mais de como interconectas a diferentes realidades
50% destes, em apenas um semestre. sócio históricas. Conclui-se que a mediação
tecnológica pode promover uma ampliação
A MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA NO do espaço e tempo relacional, implicando
ENSINO UNIVERSITÁRIO: necessariamente em maior motivação para
desafios e oportunidades o conhecimento e reconhecimento de si e
Maria Sara de Lima Dias do outro, bem como das complexas tramas
Pedro Moreira da Silva históricas e culturais que constituem a
subjetividade.
Com o objetivo de realizar uma breve
discussão sobre a presença da tecnologia
INTERAÇÕES DOCENTES EM
no ensino universitário, o presente ensaio
AMBIENTES EDUCACIONAIS DIGITAIS E
teórico pretende desenvolver a categoria
SUA RELAÇÃO COM A CULTURA
mediação tecnológica e suas implicações
DIGITAL
na subjetividade. Na psicologia, a
Ione Aparecida Neto Rodrigues
perspectiva histórico cultural sinaliza os
Cláudia Maria de Paula Alves da Cunha
desafios e as oportunidades de uma
aprendizagem significativa, como sendo O estudo focaliza as interações docentes
aquela em que o sentido e o significado em ambientes educacionais digitais e sua
emocional estão presentes. Assim, pensar relação com cultura digital demarcada pela
o uso das tecnologias como possibilidade sociedade da informação quando as
para o fortalecimento dos processos e das relações humanas são fortemente
relações de ensino aprendizagem é mediadas por tecnologias e suas
considerar a um só tempo os desafios e as comunicações. Objetiva-se mapear o
oportunidades que tais instrumentos acesso dos docentes dos cursos de
promovem. Vygotsky baseou sua obra no graduação de uma faculdade da Região de
pressuposto de que a constituição do Sete Lagoas - MG, visando à proposição de
mundo psíquico é mediada pelo contexto ações para a melhoria da qualidade da
sociocultural, constitui-se a subjetividade. formação e produção do conhecimento.
O aumento da presença das tecnologias Esse estudo está situado no âmbito das
digitais em nossa sociedade revela um atribuições da Comissão Própria de
outro sujeito que se constitui enquanto tal Avaliação, instituída pelo Sistema Nacional
através do aparato tecnológico, assim o de Avaliação da Educação Superior. Os
ensino universitário não pode negar esta dados levantados constituem importante
mediação. O aparato tecnológico serve no instrumento para o planejamento
processo de aprendizagem, como meio educacional, pois permitem que sejam
para a mensagem e ao mesmo tempo identificados usos e materiais pedagógicos
promove uma conexão significativa entre o assim como as interações realizadas no
sujeito e suas relações intersubjetivas. ambiente educacional denominado “Sala
Nessa perspectiva, a psicologia dialética de Virtual”, espaço onde docentes, discentes
Vygotsky enfatiza a produção de sentidos e e objetos de aprendizagem interagem,
48

potencializando a construção de virtualidade, alertando para o fato de que


conhecimentos via cultura digital. Partindo o potencial dessa nova cultura pode ser
da problemática levantada, o atribuído à agilização nas formas de
planejamento pedagógico deverá ser produção do saber e comunicação de seus
alinhado com as competências a serem resultados. Alerta-se para o fato de que tais
desenvolvidas para a consolidação do perfil comportamentos se pautam em práticas
de egresso pretendido com objetos de instrumentais de uso das tecnologias
aprendizagem e compreendido como um digitais, tendo como cerne o resultado de
dispositivo digital que possa dar suporte ao pesquisas em detrimento ao processo de
processo de aprendizagem. O estudo tem abstração, construção e análise científica,
abordagem qualitativa, utilizando-se da implicando na ausência de autonomia por
análise documental e pesquisa parte do pesquisador, ao minimizar sua
bibliográfica, e dialoga com Castells (2002), subjetividade como produtor de
Levy (1999), PDI (2016-2020), documentos conhecimentos em razão de influências
oficiais e outros. Os dados apontam para a externas também impregnadas por uma
necessidade da qualificação da interação noção de tecnificação. Advoga-se que a
nos ambientes digitais de aprendizagem e edificação de uma racionalidade
aproximação com a cultura digital. emancipatória, ao considerar o uso das
tecnologias digitais, implica
TECNOLOGIAS DIGITAIS, LÓGICAS necessariamente no desafio quanto ao
INSTRUMENTAIS E PESQUISA EM entendimento e real dimensão de uma
EDUCAÇÃO cultura digital em relação à práxis e à
Rodrigo Silva Caxias de Sousa teorização pedagógica.
Elisângela da Silva Rodrigues
Gabriel Rodrigues Caxias de Sousa SENTIDOS SUBJETIVOS DA
Tales Rodrigues Caxias de Sousa APRENDIZAGEM EM CONTEXTOS DE
ENSINO HÍBRIDOS
Discute-se questões relativas aos modelos
de comportamento informacional Cintia Inez Boll
(SAVOLAINEN, WILSON, 2007) introjetados Wilsa Maria Ramos
dos pesquisadores da área da educação, Maristela Rossato
atentando para o fato de que o mesmo está A cultura digital proporciona diferentes
condicionado pelo uso deliberado de contextos e recursos para a aprendizagem
tecnologias digitais, conformando a cultura e o ensino. Nesse estudo, os sentidos
digital conceituada por Levy como cultura subjetivos da aprendizagem – concebidos
da virtualidade (LEVY, 1997). Nesse como unidade simbólica-emocional –
sentido, problematiza-se à luz da Teoria foram tomados como uma produção do
Crítica da Educação (ADORNO, 1997) o estudante, permeada pela história e o
quanto tais comportamentos implicam em contexto de vida do mesmo, gerados nas e
escolhas (temáticas, metodologias, objetos das experiências de aprendizagem na
de estudo). Nesse sentido, questiona-se o cultura digital. A pesquisa, de base
discurso advindo da cultura da qualitativa, teve por objetivo analisar como
49

se movimentam os processos e as
formações subjetivas do aprender, em
contextos de ensino híbrido, para os
estudantes de licenciaturas no primeiro
ano da Universidade. Foram identificados
quatro indicadores da configuração
subjetiva do sentido de aprender do sujeito
do estudo. Os indicadores nos
possibilitaram produzir a hipótese de que
os processos e as formações subjetivas do
aprender, que constituem a configuração
subjetiva da identidade de aprendiz, vão
sendo desenvolvidos ao longo das
experiências de aprendizagem. O que no
início era uma dificuldade para se
caracterizar enquanto estudante da
aprendizagem nos dois ambientes
(presencial e online), em um segundo
momento oscila entre a
fortaleza/fragilidade com que se
reconhece como aprendiz. Ao longo do
processo, vivencia-se rupturas geradas
pelo tensionamento entre a aprendizagem
como uma prática relacional presencial e a
aprendizagem no modelo híbrido,
emergindo como um sujeito autônomo,
como resultado de um deslocamento
simbólico-emocional da identidade de
aprendiz em ambiente híbrido.
(1) Saber, biopoder e vigilância: o monitoramento dos corpos
na sociedade de controle; (2) Informação e governança
algorítmica: a personalização do mercado; (3) Segregação e
discursos de ódio: a política dos afetos nas redes sociais; (4)
Movimentos sociais e os novos modos de mobilização e
organização; e (5) Fundamentalismos, teorias conspiratórias e
manipulação das massas.
51

FÓRUM A

Coordenadores: Márcio Rimet Nobre (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Eucídio Pimenta


Arruda (História/Educação - UFMG).
Sala: 109.

GOVERNO ALGORÍTMICO COMO algoritmos. A partir da criação e


CONSTRUTOR DE SUBJETIVIDADES disseminação da internet – e com ela a
OU SOBRE O DIGITAL COMO FORMA- progressiva digitalização da vida privada e
DE-VIDA das interações sociais –, foi possível coletar
Rone Eleandro dos Santos e armazenar quantidades inimagináveis de
dados sobre os mais diversos aspectos da
Partimos de análises realizadas no campo
vida dos indivíduos. Tendo em vista este
da Filosofia da Tecnologia acerca de duas
cenário, e tomando como norte as
visões opostas sobre o avanço tecnológico:
pesquisas desenvolvidas por
o instrumentalismo e o determinismo.
pesquisadores como a filósofa do direito
Tomando o viés determinista veremos que
Antoinette Rouvroy, temos como objetivo
a tecnologia tem poder suficiente para
verificar e apontar a ocorrência de um
estabelecer formas-de-vida específicas,
processo de instalação de um tipo
configurar a atividade humana, estruturar
completamente novo de governo que age
os comportamentos individuais e coletivos
através da otimização algorítmica dos
para produzir resultados desejados. O
comportamentos, das relações sociais e da
objetivo desejado com a tecnologia é o da
própria vida.
construção condicionada e controlada de
sujeitos sob encomenda. A ideia de uma
BIOPOLÍTICA E SABER EM SAÚDE:
razão tecnológica que constrói
pesquisa sobre vacinação na Internet
subjetividades pré-determinadas está em
consonância com a noção foucaultiana de Ana Luísa Lana Lima
governamentalidade: um poder que se O texto tem como objetivo promover uma
exerce sobre um conjunto de indivíduos articulação entre a psicanálise e a
através da estruturação dos possíveis biopolítica de Foucault a partir de pesquisa
campos de ação. Exercer o poder sobre os de mestrado no programa de pós-
outros implica em governar ações, graduação em Psicologia da PUC/MINAS.
administrar eventualidades, gerenciar Explora dois eixos norteadores da
possíveis riscos e perigos. Nesse sentido, pesquisa: as políticas públicas de vacinação
buscamos analisar o papel desempenhado do HPV no Brasil e a teoria psicanalítica.
por uma crescente racionalidade de Três pontos principais norteiam a pesquisa:
governo efetuada e gerida pelos muitas meninas apresentaram sintomas
52

pós vacina não esperados: paralisias nas repensar a clínica. Por essa via,
pernas, dificuldades de locomoção, questionamos se há novas formas de laço,
desmaios e desmaios coletivos. Mães já que isso demandaria,
criaram comunidades virtuais para se consequentemente, uma análise da
manifestar contra a vacina do HPV, economia psíquica do sujeito
provocando uma reação negativa à mesma contemporâneo, visto que o gozo,
e levando a uma grande queda na adesão à anteriormente alvo de renúncias, torna-se
campanha. O andamento da pesquisa nos imperioso. Na clínica, já se percebe as
levou a questionar, através da análise do implicações dessa conjuntura sob a forma
discurso das mães, dos materiais oficiais e de sujeitos desbussolados cujo valor ético,
de produções das mães nos grupos virtuais, transmissível pelas tradições, pelas crenças
a eficácia das campanhas, fazendo uma religiosas e pela moral familiar, foi abalado
leitura a partir de Foucault e da psicanálise. não só pelo surgimento da razão científica,
mas pelo seu desmantelamento a
A PSICANÁLISE PELO AVESSO: posteriori, corolário da impossibilidade de
repensando a subjetividade e o laço assegurar uma verdade. Na busca por
social na era digital autonomia e reafirmação identitária, o
Polyana Santos Corrêa sujeito encontra nas mídias sociais uma
Allisson Vasconselos Oliveira exacerbação do narcisismo frente a
relacionamentos efêmeros.
A mudança de coordenadas simbólicas
ocorrida na passagem do mundo antigo
A ERA DO ALGORITMO:
para o moderno suscitou o aparecimento
os impactos na atual sociedade
do cartesianismo, pautado na razão como
informacional
uma operação de pensamento garantidora
da verdade, e na criação da psicanálise - Évelyn Vieira Gomes
fazendo-lhe oposição -, que fazia retornar, Izabella Alves Bittencourt
como um sintoma, o que se havia Os algoritmos não devem ser vistos apenas
renunciado: o sujeito. Ao questionar como códigos com consequências, mas
paradigmas teóricos que Freud buscava também como uma nova lógica de
responder, percebemos que, à época de conhecimento. Tendo em vista alguns
Lacan, a psicanálise já ganhava novos impasses causados por eles, bem como
contornos, dessa vez alicerçada no discurso uma manipulação que pode ocasionar
do mestre moderno, o que nos indica, de discriminação, violações de privacidade,
antemão, a capacidade de deformação de censura e abusos do mercado, se faz
seus conceitos diante de transformações necessário um processo de governança
sociais e políticas, as quais incidem em destes algoritmos. Essa governança
novos modos de produção da subjetividade costuma priorizar a responsabilização e a
e em uma reatualização do mal-estar. Na transparência, reduzindo os problemas
era digital, o mestre moderno se desloca; ocasionados pelos algoritmos. Assim,
seu expoente é o objeto a em ascensão, o algumas legislações sobre proteção de
qual faz surgir uma necessidade de dados já trazem que as decisões
53

automatizadas devem se basear em desafetos virtuais. O indivíduo mais citado


critérios transparentes, e também se tem a é morto por um enxame de abelhas-robôs,
ideia de uma prestação de contas e da que metaforizam a junção de pessoas on-
transparência dos próprios algoritmos. A line pela via do ódio: formam elas
responsabilização, o direito à explicação, as verdadeiras colmeias de horror. Esse
decisões automatizadas e a utilização de episódio representa bem a
dados sensíveis, trazem indagações que contemporaneidade, pois não é incomum
serão desenvolvidas no decorrer do localizarmos na rede linchamentos virtuais.
trabalho. Dessa forma, este estudo tem Isso nos leva a indagar se não seriam essas
como objetivo os aspectos desafiadores da manifestações de ódio a expressão da
utilização dos algoritmos, considerando ascensão do objeto a ao zênite social
seu impacto social, apresentando a prenunciada por Lacan, a qual despoja o
governança de algoritmos e abordando a Outro e o deslegitima, impedindo-o de
forma como o Regulamento Geral sobre a cumprir sua função de regulador da
Proteção de Dados europeu (GDPR) trata cultura. Ora, na época freudiana, o mal-
tal tema. A metodologia empregada na estar resultava da renúncia pulsional,
pesquisa será o estudo técnico e forcejado por um Outro consistente, pela
doutrinário dos algoritmos, passando por via da culpa; na era digital, mediante a
autores como Danilo Doneda e Bruno destituição do Outro, o mal-estar implica
Bioni, bem como, o estudo da legislação um outro modo de lidar com a
europeia. agressividade e a culpa, como já aludimos.
Como pensar, então, esses dois elementos
ODIADOS PELA NAÇÃO: se a ordem civilizatória antiga, a da
agressividade, culpa e o mal-estar na proibição do gozo, não parece mais
era da informação responder aos anseios contemporâneos?
Guilherme Farias Bezerra
Allisson Vasconselos Oliveira INFORMAÇÃO E DISCURSO NA
CONTEMPORANEIDADE: questões
Diante da democratização da internet, e
distópicas identificadas no episódio
com essa tecnologia influindo cada vez
Nosedive do seriado Black Mirror
mais sobre o laço social, experimentamos
Eliane Apolinário Vieira Avelar
um novo mal-estar que parece determinar
Flávia Virgínia Melo Pinto
a forma como lidamos com a agressividade
Maíra Prado da Silva
e a culpa. Nas redes sociais, surge uma
Maria Flávia Vanucci de Morais
nova forma de julgamento, em que likes e
Vinícius de Sousa Tolentino
shares, oriundos de uma massa
desorganizada, conduzem autores de Um espelho preto que reflete e revela:
postagens a um veredito. Esse, aliás, é o revela realidades e reflete, no silêncio
pano de fundo do episódio de Black Mirror: entre uma interatividade e outra, um
Odiados pela nação. Nele, acompanhamos entretenimento ou outro, a autoimagem
os efeitos de uma hashtag, que visa do sujeito que olha pelas telas dos
selecionar uma vítima entre tantos smartphones, tablets, computadores e
54

televisões um universo de possibilidades. “O CÉU ESTÁ CAINDO!”:


Em contraponto, a tela preta do dispositivo da retórica catastrofista à farsa
desligado, reflete a imagem de quem o salvacionista
opera, muitas vezes acompanhado pelos Allisson Vasconselos Oliveira
pensamentos sobre o que viu. A série Black Polyana Santos Corrêa
Mirror apresenta uma espécie de exagero,
A construção de uma narrativa pressupõe
uma caricatura sombria da realidade em
uma operação psíquica em que ocorre uma
que vive a sociedade atual, fortemente
série de subjetivações discursivas, as quais
influenciada pelas tecnologias digitais de
não só incorporam as experiências
informação. Nesse contexto, a série
sociopolíticas do sujeito, como também
acentua a natureza humana, as relações
jogam com a lógica dos discursos vigentes
sociais dentro do que Bauman chama de
nos laços sociais. As narrativas, assim,
“sociedade líquida”, caracterizada pelas
evidenciam o modo como uma realidade é
transformações constantes, pela
significada, implicando aquele que a
fugacidade e superficialidade das relações
significa no processo. Há, entretanto,
que se desfazem facilmente. É sobre os
narrativas que não só desimplicam o
paradoxos da contemporaneidade que a
sujeito, como também o excluem. São
série Black Mirror vai se debruçar. Neste
ficções prontas, oferecidas por terceiros,
texto, traçaremos os elementos distópicos
que têm a função de dar sentido a eventos
presentes no episódio Nosedive,
traumáticos, os quais, a priori, não têm
analisando as informações no discurso que
explicação. Em momentos de
perpassa pelo episódio. Nosedive que
descontinuidades e rupturas, é comum ao
traduzindo literalmente significa mergulho
sujeito, tomado por uma angústia que o
ou perdedor retrata o cotidiano de Lacie
desassossega, abraçá-las visando a um
Pound, uma jovem branca, bonita, de
apaziguamento, por mais que sua origem e
classe média, trabalhadora, com distúrbios
intencionalidade sejam suspeitas. Para
alimentares, preocupada em se manter
pensar essas narrativas, propomos evocar
popular. As pessoas se avaliam a todo
o filme de curta-metragem Chicken Little
momento, atribuindo entre si notas nos
(1943), que alude justamente àquelas
aplicativos de relacionamento. A soma das
utilizadas por regimes totalitários, como o
notas positivas marca a sua posição na
nazismo e o stalinismo, para chegar ao
sociedade. A única verdade é dada pelas
poder. Parece-nos que, se antes o emissor
pontuações obtidas pelo julgamento
e seus propósitos eram relativamente
alheio, numa falsa realidade que se
explícitos, com o advento das redes sociais,
mantém às custas da alienação das pessoas
a coisa muda de figura: na vastidão do
e do engajamento de toda sociedade na
ciberespaço, tais elementos se tornam
alimentação desse sistema, calando vozes
indiscerníveis, de modo que farsas se
minoritárias de contestação.
disseminam como verdades ainda não
reveladas. A semelhança entre esses dois
momentos históricos talvez seja a
formação de um circuito de afetos baseado
55

no medo, facilitando a gestão dos corpos exposição das pessoas incluídas no


na política. Como oportunamente PROVITA, o que não exime tal política de
questiona Žižek, pela via de uma suposta utilizar a alteração de nome com cautela,
tragédia, “[...] quem precisa de repressão analisando o seu uso no caso a caso e
direta quando se pode convencer as reservado a situações de extrema
galinhas a ir espontaneamente para o gravidade.
abatedouro?”.
PENSAR SOBRE = FAZER COM
ALTERAÇÃO DO NOME E Critical making como método para
CONSTRUÇÃO DE NOVAS estudos críticos digitais
EXPERIÊNCIAS DE PROTEÇÃO Fernanda Costa Portugal Duarte
Anna Carolina de Oliveira Azevedo A atual convergência midiática é marcada
Rômulo Magalhães Fernandes pela rápida transformação e pela
Em uma sociedade em rede, cada vez mais pervasividade das formas de coleta e
preocupada com o controle e a vigilância processamento de dados digitais.
das informações, manter uma pessoa no Metadados são continuamente minerados,
anonimato é um desafio praticamente agrupados e analisados para geração de
impossível. No caso dos sujeitos incluídos modelos preditivos para tomada de
no Programa de Proteção a Vítimas e decisão: da definição de parâmetros de
Testemunhas Ameaçadas (PROVITA), uma performance saudável de um
quando submetidos a situações extremas, indivíduo à inteligência algorítmica que
não há outro caminho senão a adoção de gera modelos linguísticos persuasivos que
uma nova identidade, deixando para trás interferem no andamento de campanhas
laços com o antigo território, as histórias eleitorais. Portanto, torna-se urgente que
do passado, a convivência familiar e o sejam aplicadas metodologias capazes de
próprio nome. Nesse cenário, o presente desenvolver a capacidade crítica para
artigo propõe um estudo exploratório analisar, questionar e propor novas
sobre a alteração de nome das pessoas ferramentas para circulação e validação da
inseridas no PROVITA, destacando informação. Esta apresentação discute o
impactos dessa medida de segurança na potencial da metodologia critical making,
vida desses sujeitos. Para tanto, recorre-se desenvolvida por autores como Garnet
ao caso emblemático de Genésio da Hertz, Matt Ratto e Florian Cramer, para o
Ferreira da Silva, testemunha chave no desenvolvimento de capacidade crítica
processo de prisão dos assassinos de Chico sobre os modos de funcionamento das
Mendes, descrita no livro Pássaro sem mídias digitais. Critical making
rumo: Uma Amazônia chamada Genésio compreende o engajamento material com
(2018), com o objetivo de investigar, à luz tecnologias para a criação de experimentos
de um caso concreto, as medidas de e protótipos que, de forma reflexiva,
segurança e seus efeitos sobre a pessoa em evidenciem as relações entre tecnologia e
proteção. Por último, aborda-se a a sociedade. Através das mais diversas
relevância das ações de sigilo e não formas de se engajar com materiais e
56

tecnologias, o "fazer crítico" coloca em plataformas mais usadas (poderia assinalar


prática a ideia de uma semiótica dos mais de uma opção), 90,8% afirma que
materiais onde objetos não são apenas acessa a sites e vídeos pornôs; 38,3% as
artefatos linguísticos, mas também são a redes sociais; 21,7% revistas online e 15%
materialização do processo de significação. sites de fotos pornôs. Somente 2,5%
Seguindo esta linha de pensamento declarou usar os canais de televisão.
metodológico, esta pesquisa apresenta um Nenhum participante consome pornografia
projeto pedagógico com práticas de em DVDs ou revistas físicas. Os resultados
(re)apropriação de tecnologias evidenciam o forte papel da internet no
computacionais para criar projetos consumo de pornografia, em função de
metalinguísticos, que evidenciem as facilidades, gratuidade e rapidez de acesso.
estratégias da dinâmica de mineração de Revelou-se também a necessidade da
big data. Este projeto também chama busca de vivências online de ruptura de
atenção para a possibilidade de produção tabus sociais e de expressão subjetiva e
acadêmica multimodal, para além da corporal do ato sexual explícito, da cultura
construção de textos verbais. da violência contra a mulher e do
machismo. Recomenda-se que o foco dos
CONSUMO E VIVÊNCIAS ONLINE DA estudos não deve estar no fato da
PORNOGRAFIA NA VIDA DE HOMENS pornografia ser uma fonte de educação
ENTRE 18 A 25 ANOS sexual, mas sim, ser a única e/ou, não ser
Tanize Viçosa Cardoso questionada como reprodutora de uma
Juliana de Rezende Pimenta cultura de violência e atos machistas.
Wilsa Maria Ramos
O estudo teve por objetivo analisar o papel
da pornografia na vida de homens usuários
da internet, na faixa etária de 18 a 25 anos.
Também buscou identificar se o consumo
da pornografia na internet constitui
subjetivamente o sujeito, promovendo
uma cultura de machismo e violência
contra a mulher. A pesquisa foi tipo
descritiva, por meio de questionário online
divulgado em redes sociais com perguntas
fechadas e abertas. 120 pessoas
responderam o questionário, se
autodeclarando homens na faixa etária de
18 a 28 anos. Os resultados apontaram que
dos 120 participantes, 71 se declararam
heterossexuais, 28 bissexuais, 19
homossexuais, 1 pansexual e 1 assexual.
Quando questionados sobre as
57

FÓRUM B

Coordenadores: Ernesto Anzalone (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Carlos D’Andrea


(Comunicação Social - UFMG).
Sala: 112.

YOUTUBE E O COMPARTILHAMENTO uma maior possibilidade e facilidade de


DE TESTEMUNHOS: análise de vídeos construção de sentido entre os pares.
de pais de crianças com autismo Apoiados no conceito de testemunho de
Bárbara Morais Santiago Freitas Veena Das, compreendemos que tornar
Paula Gaudenzi pública uma experiência da ordem privada
é transpor a dor individualizada para a
Este trabalho pretende explorar vídeos
politização do sofrimento. Quando
compartilhados na plataforma YouTube
trazemos a noção de politizar, estamos nos
por mães e pais de crianças com autismo
referindo às confecções de políticas
como um campo de construção de
públicas e também na disputa de saberes e
narrativas acerca do diagnóstico de seus
narrativas sobre esse tema na sociedade.
filhos. O autismo é um campo de batalha
Procuramos demonstrar que tais
entre muitos saberes, no qual a incerteza
testemunhos são atravessados pelos
etiológica e opiniões conflitantes sobre
discursos hegemônicos clássicos sobre o
tratamentos abrem espaço para a
autismo, mas que também produzem
valorização dos saberes provenientes dos
narrativas próprias.
que lidam cotidianamente com esta
criança, tanto entre os familiares como
MÁQUINAS DE PARANOIA:
pela comunidade científica, acadêmica e
controle, subjetividade e tecnologia
leiga de uma maneira geral.
Paulo Faltay
Compreendemos que ter um filho com
autismo desloca os pais do ideal de Ao examinar a comunidade autointitulada
parentalidade, pois essas crianças não Indivíduos-Alvo (Targeted Individuals),
vivem o mundo da maneira como é traçada cujos membros defendem ser vítimas de
pelas expectativas sociais hegemônicas e perseguições e de manipulações da mente
tradicionais. Tal experiência exige uma por meio de aparelhos eletrônicos e
reinvenção da família e, muitas vezes, tecnologias digitais, o artigo parte da ideia
tornar pública essa experiência privada de que sintomas classicamente associados
possibilita a construção de um novo lugar à subjetividade paranoica se apresentam
social. Por meio das novas tecnologias de como possível referência para a relação
informação e comunicação, a extensão do entre os humanos e as tecnologias.
alcance dessas narrativas é ampliada e há Interessa perceber o que os IAs podem
58

revelar acerca dos modos de subjetivação possibilitando novos contornos para a


que emergem do monitoramento e da comunicação e participação política sob o
vigilância digital, bem como das análises e aspecto da mediação, midiatização e
dos usos cada vez mais automatizados de deliberação online. Entendemos que há
dados pessoais. Se a percepção da hoje, um processo de midiatização da
realidade em si se torna paranoica, o que esfera pública, a fim de criar ambiências
antes era considerado um delírio passa a digitais que facilitam a democracia digital e
balizar um entendimento de mundo participação popular. A Câmara Municipal
compartilhado, ultrapassando as de Ouro Preto, através de seus
dimensões psíquicas particulares. Por fim, representantes legislativos, se enquadra
o texto aborda as mudanças e os limites da neste novo sistema. Vozes estão sendo
agência humana quando mediações e levadas ao debate público através da
racionalizações algorítmicas passam a possibilidade oferecida pelo Facebook.
atravessar e definir cada vez mais aspectos
da vida. INTERNET E PARTICIPAÇÃO:
características, dinâmicas e atores
COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO Vinícius de Souza Sturari
POLÍTICA NO FACEBOOK:
Nos últimos anos vários países viram seu
os grupos de discussão de Ouro
Preto/MG cenário político mudar drasticamente. Com
diversas manifestações, como a Primavera
Isabela Melo de Souza
Árabe, o Occupy Wall Street, dentre outras
Propomos investigar o discurso manifestações, presenciamos a
preconizado nas redes sociais online pelos emergência de novas dinâmicas e padrões
moradores de Ouro Preto-MG em de participação, principalmente devido ao
processos de participação política e crescimento da utilização da internet, que
engajamento dos cidadãos do município, se tornou o principal meio de mobilização
em especial como um elemento e e divulgação dos atos. Reflexo disso ocorre
contribuição para propor reflexões na no Brasil. Em 2013 pequenas
construção da agenda do poder legislativo. manifestações na cidade de São Paulo
Entenderemos como o discurso social e as reivindicando o direito à cidade acabam se
narrativas do cotidiano são abordadas nos espalhando pelo resto do país. Em 2015
grupos de discussão no Facebook. Para outras manifestações acabam tomando
isso, elegemos os dois grupos: Ouro Preto conta do cenário político, dessa vez com a
em Foco e Plantão da Cidade – Ouro Preto. pauta da luta contra a corrupção.
Totalizando nos dois grupos cerca de 23 mil Diferentes entre si, essas manifestações
usuários. Há, hoje em dia, um conjunto carregam semelhanças: organizadas
expressivo de trabalhos sobre o caráter através da internet e por Movimentos
não somente relacional, mas também Sociais que se organizam online e off-line.
contributivo possibilitado pelas Com o objetivo de contribuir com as
plataformas online, principalmente pelas discussões acerca dessas novas dinâmicas
mídias sociais como o Facebook, que vem de participação, assim como desses novos
59

atores que entraram em cena, buscamos Foucault e suas derivações para questões
entender o que são esses movimentos, comunicacionais (BRAGA, 2018). A
suas formas de organização e o papel da proposta é observar como as cenas
internet enquanto principal instrumento enunciativas insurgentes representadas e
utilizado por eles, com pesquisas e coleta narradas pelos estudantes no ato da
de dados através de seus sites e páginas em ocupação das escolas e no confronto com a
redes sociais, principalmente o Facebook. polícia configuram um sujeito político e
uma experimentação que aponta para um
CENAS DE DISSENSO E DISPOSITIVOS modo de estar no acontecimento
INTERACIONAIS ONLINE NA (DELEUZE, 2013). Esse processo, inspirado
RESISTÊNCIA INSURGENTE CRIADA no método da igualdade de Rancière (1996,
PELOS SECUNDARISTAS 2012), mostra como “relatos de si”
Ângela Cristina Salgueiro Marques (BUTLER, 2015), narrativas e imagens
Francine Altheman configuram cenas dissensuais de
resistência de “povos” expostos (DIDI-
Conhecida como “Primavera
HUBERMAN, 2010, 2017), fruto da
Secundarista”, o movimento secundarista
articulação coletiva dos secundaristas
teve início em São Paulo, em setembro de
(BUTLER, 2018), cujos arranjos se
2015, sob a forma inicial de um levante nas
transformam em um potente dispositivo
redes sociais digitais, promovido pelos
interacional.
alunos, que questionam medidas
arbitrárias do governo e reivindicam mais
REDES SOCIAIS E JORNADAS DE
informações (CAMPOS, MEDEIROS e
JUNHO DE 2013
RIBEIRO, 2016). Rapidamente, o levante vai
para as ruas, configura-se na ocupação das Diego Ricardo de Assunção Velho
escolas e instaura processos de Recentemente, o Brasil viveu um momento
comunicação próprios para a manutenção que sem sobra de duvidas já entrou para a
e organização das formas de sua gestão história como um dos momentos mais
cotidiana, fazendo com que um outro importantes das ações dos movimentos
desenho de ordem política se tornasse sociais em nossa sociedade, como
possível. A apropriação de espaços podemos observar na gama de publicações
conversacionais online, o ativismo em rede de artigos a respeito das jornadas de junho
e os registros audiovisuais dos atos e da de 2013. Segundo Warren (2014), o Brasil
truculência policial são exemplos de possuiu uma história onde a juventude ou
processos insurgentes que aparecem no os estudantes foram protagonistas
movimento dos secundaristas relevantes ou principais nas manifestações.
(ALTHEMAN; MARQUES, 2018). Este As manifestações de junho de 2013 foram
trabalho analisa o encadeamento das grandes atos públicos com número
ações, discussões, reações e resistências considerado de participantes e que
que envolveram a insurgência dos recolocaram os movimentos sociais nas
secundaristas em São Paulo, a partir da ruas, promovendo manifestações vista
construção conceitual de “dispositivo” de antes com essa mesma proporção apenas
60

em três momentos da história brasileira, jovem sendo esfaqueado com seus


como a marcha dos Cem Mil em 1968, que celulares. O que levou essas pessoas a
reuniu estudantes, artistas e intelectuais fixarem suas lentes no corpo do jovem
brasileiros na luta contra o golpe de 1964, esfaqueado, ao ponto de não prestarem
o movimento pelas Diretas Já, que reuniu qualquer tipo de socorro à vítima? O que
milhares de pessoas nas ruas do Brasil em motivou essas pessoas a compartilharem
meados dos anos 1980, que pediam o fim seus vídeos na internet e/ou enviarem para
do regime militar e reivindicavam direito a produção do programa policial? Dessas
ao voto, e as Caras Pintadas em 1992, que perguntas iniciais e a partir da contribuição
pediam a renúncia do então presidente teórica da criminologia crítica, em
condenado por atos de corrupção em seu particular, da “adesão subjetiva à barbárie”
mandato. As jornadas de junho de 2013 de Wacquant e Batista, entende-se que a
assim como outras grandes manifestações crescente demanda dos telespectadores de
já ocorridas na história do Brasil, mostram programas policiais por mais castigo e
a força que um grupo ou grupos unidos em punição está diretamente relacionada à
torno de objetivos comuns podem sensação de medo e “justiçamento” social,
alcançar. na medida em que as pessoas tornam-se
“caçadores de criminosos”, que denunciam
CONVITE AO ESPETÁCULO: a insegurança da sociedade com a
“justiçamento” e promessa como esperança de terem seus problemas
elementos da narrativa dos resolvidos e identificam, nesses programas
programas policiais do gênero policial, um espaço propício para
Rômulo Magalhães Fernandes isso.
Anna Carolina de Oliveira Azevedo
FORMAÇÕES DISCURSIVAS E EFEITOS
Hoje, vive-se o tempo da urgência, em que
DE MEMÓRIA NA REDE DIGITAL SOBRE
o espetáculo da notícia deixa em segundo
O CARNAVAL BRASILEIRO 2018
plano a objetividade dos fatos, para dar
visibilidade ao alarde social. Esse contexto Anísio Batista Pereira
também faz parte dos programas policiais Antoniel Guimarães Tavares Silva
da TV aberta no Brasil, que, de forma Pensando nos discursos midiáticos e em
recorrente, abordam assuntos cotidianos consonância com a considerada maior
sem qualquer compromisso ético ou social. festa popular do país, este trabalho tem
Para retratar esse cenário, o presente por objetivo refletir sobre as formações
artigo analisa a reportagem do programa discursivas nas redes sociais acerca do
“Ronda Geral”, da TV Bandeirantes, que Carnaval ocorrido no Brasil em fevereiro de
relata a tentativa de assassinato de um 2018. A constituição do corpus para
jovem na praça do Arsenal, na cidade de análises se baseia em comentários do
Recife (PE), exibida em dezembro de 2018. Facebook, a partir da postagem de um
Toda essa narrativa só foi possível graças à vídeo sobre o desfile da Escola de Samba
inciativa de pessoas que transitavam no Paraíso do Tuiuti, cuja fantasia critica o
centro da cidade e filmaram a cena do atual momento político do país e o
61

impedimento da presidente Dilma presentes no processo de formação


Rousseff, ocorrido em 2016. Como suporte próprios da chamada era digital. Para tal, se
teórico-metodológico para as análises dos busca compreender a relação existente
enunciados, serão tomadas as formulações entre a progressão da barbárie e o
do filósofo Michel Foucault (1996; 1981; aprisionamento do indivíduo em uma
2008; 2016) e Courtine (2009), integrantes formação deformada, investigação que se
da Análise do Discurso de vertente orienta pela hipótese da existência da ação
francesa, com ênfase aos conceitos de de um esquecimento em curso no modo
sujeito, discurso, formações discursivas e como se organiza a realidade social e suas
memória discursiva, dando suporte às mediações, nas quais se elege como fim
análises dos comentários supracitados. princípios que se afastam da defesa do que
Pelas leituras do recorte escolhido é seria uma humanidade justa e que se utiliza
perceptível as formações discursivas em de mecanismos constantemente
relação à fantasia alusiva ao impeachment atualizados. Dentro da perspectiva aqui
presidencial e aos sujeitos filiados ao pretendida, o que caracteriza a atual
partido político de direita. A polêmica em ordenação social é a contradição que se
relação a esses discursos se dá em meio a observa entre a manutenção do
dois posicionamentos de sujeitos ligados a esquecimento por meio de formas que, do
duas formações distintas: de um lado, os contrário, anunciam a capacidade de não-
inscritos nos discursos da direita e, de esquecimento, de armazenamento,
outro, os sujeitos vinculados ao partido de profundamente ligada à capacidade de
esquerda, cujas relações de poder são processamento das tecnologias que se
pautadas pela resistência. Nos enunciados inserem cada vez mais na vida dos
é possível perceber a emergência de indivíduos. A partir disso, se propõe o
efeitos de memória política brasileira, pensar a atualidade da indústria cultural no
inclusive a retomada do militarismo, cujo modo como as novas mídias se relacionam
golpe de 1964 é comparado à cassação da com a tendência ao esquecimento daquilo
presidente em 2016, pelos sujeitos ligados que diz respeito ao caráter vivo da cultura,
à esquerda. tão necessária a manutenção de uma
ordenação social que se pauta pelo
MÍDIAS DIGITAIS E FORMAÇÃO: desenvolvimento do capital e se aprofunda
a produção do esquecimento a partir das formas de dominação que
Mariana Bergo Damaso Silva incidem sobre o indivíduo.

A partir da problemática da
impossibilidade de formação do indivíduo
em uma organização social pautada pela
barbárie, que nega ao ser humano as
condições necessárias à sua constituição, o
presente trabalho pretende retomar
elementos da obra de Theodor W. Adorno
que permitam identificar os determinantes
62
63

FÓRUM C

Coordenadores: Bruno Vasconcelos de Almeida (Psicologia - PUC Minas) e Regina de Paula


Medeiros (Ciências Sociais/Antropologia Urbana - PUC Minas).
Sala: 114.

BIG DATA, ALGORITMO E empreendedorismo, inovação e


SUBJETIVIDADE: sustentabilidade; por outro, a captura
individuação tecnológica em tempos tecnobiopolítica das dimensões sensíveis e
de neoliberalismo digital desejantes das existências comuns. Os
Bruno Vasconcelos de Almeida resultados da pesquisa apontam para três
mudanças em curso: uma radical
A individuação tecnológica contemporânea
transformação do digital, onde a gestão de
é atravessada pelas estratégias de controle
dados e a regulação algorítmica
das subjetividades e pela necropolítica que
evidenciam sua vocação interpretativa e
se distribui pelas vidas humanas e não
decisional; uma confluência explícita entre
humanas. Tais desenhos operam no âmbito
algoritmização, tecnociências e
do neoliberalismo digital. Os objetivos
neoliberalismo e; por fim, no tocante à
deste trabalho são dois: primeiro,
subjetividade e à individuação tecnológica,
investigar alguns dos impactos políticos das
envoltas em crescente exposição
lógicas de armazenamento, análise de
informacional, pode-se constatar a
dados e definições algorítmicas nas
mudança na natureza dos vínculos –
sociedades contemporâneas; segundo,
adaptada aos códigos, a dessensibilização
problematizar como o desenvolvimento
política atrelada à captura da atenção e a
tecnológico atual produz novos modos de
sofisticação das estratégias de controle
vida. Para o estudo do papel do big data e
que incidem sobre a sensibilidade, a
dos algoritmos, percorrer-se-á trabalhos de
imaginação e o desejo.
Evgeny Morozov, Éric Sadin, Matteo
Pasquinelli, Tiziana Terranova e Mark
NOTAS SOBRE O CONTROLE
Fisher. O eixo conceitual das investigações
PROTOCOLAR E O GERENCIAMENTO
acerca da individuação tecnológica remete
ALGORÍTMICO DO TRABALHO DOS
aos trabalhos de Deleuze, Guattari,
MOTORISTAS UBER
Simondon e Souriau. O alinhamento
técnico, econômico e político das Ana Gonçalves Guerra
tecnologias digitais está associado à Este trabalho propõe uma análise sobre
mercantilização completa da vida a operar mecanismos de controle do trabalho dos
sob duas estratégias: por um lado, a motoristas Uber integrados ao Uber Driver,
hipervalorização cultural discursiva de aplicativo pelo qual recebem solicitações
64

de corridas. Num primeiro momento, de controle, quanto de resistência.


discutiremos a noção de trabalho
algorítmico (ROSENBLAT; STARK, 2016), PLATAFORMAS E ALGORITMOS:
apontando de que forma o monitoramento notas sobre o controle e a
e gerenciamento automatizados dos subjetividade digital
motoristas permite a administração da Jackson da Silva Medeiros
força de trabalho individual e coletiva. Este trabalho, fomentado pelo CNPq
Posteriormente, localizaremos o trabalho (Processo 431367/2016-7), tem como
algorítmico na racionalidade das objetivo estear elementos que permitam
sociedades de controle (DELEUZE, 2013), compreender, a partir de estudo teórico-
tendo em vista o controle modular ao qual conceitual, como ocorre a formação do
os motoristas são submetidos conforme se sujeito em/a partir das plataformas digitais
deslocam em espaço aberto e são de comunicação, entendendo que isso abre
continuamente acompanhados por caminhos para uma compreensão que vai
dispositivos de monitoramento: o celular e além do poder de controle dos algoritmos
o aplicativo. Esta discussão é enriquecida e das plataformas, indo ao encontro de
pelas proposições de Galloway e Thacker políticas que agem na formação do sujeito.
(2007), que identificam a topologia das Parte das plataformas digitais de
redes distribuídas como o diagrama comunicação e seus algoritmos, sem
dominante das sociedades de controle. pretender excluir outros dispositivos
Entendendo que tal topologia se replica na eletrônicos que coletam dados, com a ideia
lógica de distribuição e controle de que empresas e Estados mantêm
empreendida pela Uber, apontamos a formas de controle e troca de dados, sejam
mediação algorítmica do Uber Driver como para fins mercadológicos, de controle
um elemento fundamental no social e outros, além da capacidade de
gerenciamento da rede da qual participam alicerçar a verdade com base em conteúdo
os motoristas. Examinaremos essa “viralizado”, criando disputas por cliques.
mediação a partir do conceito de Além disso, esses dispositivos são capazes
"protocolo" (GALLOWAY; THACKER, 2007), de incorporar um discurso cultural,
que descreve um dispositivo que político, social, econômico, moral etc. que
simultaneamente distribui agências e atua diretamente na formação do sujeito.
concentra um controle rígido sobre a rede Ou seja, baseiam-se em procedimentos
que distribui. Finalmente, abordaremos controlados que coletam e oferecem dados
modos de resistência que surgem a partir a partir de processamento estatístico.
da lógica protocolar, investigando como Nossa empreitada se enquadrada a partir
motoristas tensionam o protocolo e se das relações de poder que fabricam o
valem do monitoramento de suas ações sujeito com base um sistema dual:
para explorar brechas no Uber Driver. Em tecnologia e neoliberalismo. Assumimos,
suma, defendemos que a mediação para tal, aproximações às compreensões
tecnológica não é puramente técnica, mas de poder sistematizadas por Michel
também política, e implica tanto operações Foucault e Byung-Chul Han, bem como a
65

ideia de sociedade de controle de Gilles questão situacional no diálogo entre um


Deleuze. Entendemos que nossa humano e a máquina, várias podem ser as
abordagem pode buscar e traçar aplicações delineadas por pseudos
elementos que sistematizem a necessária e “diálogos” – extratos de problemas a
urgente discussão aprofundada sobre as serem resolvidos e seus cenários com
micropolíticas que os dispositivos de soluções pré-configuradas. Dessa forma,
experiência proporcionam aos indivíduos, perpetuam-se as aplicações de chats
fabricando-os como sujeitos. através de IoT em praticamente todas as
áreas do cotidiano das pessoas. Em se
O (IM)POSSÍVEL DIÁLOGO ENTRE tratando explicitamente na questão do
PESSOAS E COISAS: diálogo entre humanos e máquinas, vale
interligando pessoas, chatbots e lembrar que se trata apenas de uma
Internet das Coisas interação, uma vez que nesta conversação
Leila Jane Brum Lages Sena Guimarães não existem ações conjuntas entre os
Eliane Cristina de Freitas Rocha comunicantes, nem conhecimentos
linguísticos, nem culturais, nem tampouco
Este artigo procura apresentar definições
processos de cooperação, típicos em um
sobre as possibilidades de diálogo homem-
diálogo, ou um jogo de linguagem.
máquina presentes nas tecnologias IoT
(Internet of Things) e chatbots. Parte-se do
O BIG DATA E A PRODUÇÃO DE
pressuposto da conectividade contínua
SUBJETIVIDADES NA VIGILÂNCIA
propiciada por estas tecnologias com seres
ALGORÍTMICA
humanos e objetos, forjando uma nova
cultura intimamente ligada à ideia de Maria Rita Pereira Xavier
interligação e inter-relação entre sujeitos, Alexsandro Galeno Araújo Dantas
não necessariamente com bases dialógicas, O presente artigo apresenta considerações
mas em constante conexão com o sobre a formação do big data no
ciberespaço, ambiente estimulador da capitalismo de vigilância, o intuito é
construção de novas formas de analisar a sua potência de gerar
subjetividade marcadas pelos traços da conhecimentos subjetivos através do
cultura contemporânea comentados por acúmulo massivo de dados. Os sistemas de
Deleuze e Guattari – cultura do efêmero, classificação da vigilância digital seguem o
rizomática e mediatizada por formatos caminho da classificação com vistas a
interativos. Adotou-se para este trabalho a governar condutas, através de uma
pesquisa exploratória utilizando o método taxonomia específica que é distinta dos
bibliográfico, por meio do estudo de procedimentos disciplinares. Os processos
filósofos como Wittgenstein, Baudrillard e algorítmicos de vigilância seguem uma
Bauman, para iluminar a discussão sobre a lógica própria que é iniciada nas
lógica dos agentes e a lógica da plataformas online, como sites, aplicativos
comunicação humana. Com base em tais e redes sociais, de modo que, à princípio, a
autores, e na compreensão das tecnologias maior quantidade possível de vestígios e
envolvidas no estudo, considera-se que, na traços de dados seja coletada, para que no
66

passo seguinte do processo, haja uma pretende-se demonstrar como configura-


mineração que distinguirá que tipo de se a inteligência artificial, as espécies de
informações foram recolhidas e para que responsabilidade civil, as legislações
servirão. (ZUBOFF, 2015). A proposta do pertinentes para regulamentar tal
artigo é entender que desencadeamentos tecnologia e meios de responsabilização
sociais são advindos dessa relação entre destas ações desempenhadas pela IA.
vigilância e produção de condutas vigente Devido a inovação recente desse meio
no que Deleuze (2000) nomeia como tecnológico, foram utilizados trabalhos
sociedade de controle. O entendimento é o acadêmicos diversos sobre o tema, livros
de que o capitalismo prepararia o terreno acadêmicos relativos à legislação
para a produção de subjetividades pertinente e Resolução específica do
específicas através da praticidade e do Parlamento Europeu que abarca o tema.
entretenimento proporcionado pelos Dessa forma, é possível compreender que
artefatos tecnológicos (tal qual aplicativos a inteligência artificial deve ser
para tablets e smartphones), que estariam responsabilizada através do quantum
inseridos em um dispositivo mais danoso foi seu ato em desfavor de outrem.
abrangente de uma vigilância algorítmica Conclui-se que o ordenamento jurídico
.O papel principal do smartphone seria o de ainda não encontra respaldo jurídico
abrir caminho para a anuência da entrega eficiente e específico para a
de dados apoiada tanto na “cooperação regulamentação da inteligência artificial,
voluntária” dos usuários quanto no uso de necessitando de evolução nesse sentido,
rastreadores sem conhecimento dos para que assim possa abarcar todas as
usuários. Desse modo, o referencial teórico peculiaridades dessa tecnologia.
apoia-se nas obras de Lazzarato (2006;
2014); Foucault (1997); Bruno (2013); LIBERDADE CRIPTOGRÁFICA E
Zuboff (2015). HETERARQUIAS COLONIAIS NA
RETÓRICA CYPHERPUNK
RESPONSABILIDADE CIVIL E Gustavo Ramos Rodrigues
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O presente trabalho investiga as práticas
Bruno Rodrigues Tavares discursivas do movimento cypherpunk,
O trabalho trata da atribuição da comunidade de desenvolvedores, ativistas
responsabilidade civil diante das ações e curiosos articulada em torno de ideais de
decorrentes da inteligência artificial, bem transformação política e econômica por
como as implicações jurídicas para meio da tecnologia. Nos anos 1990, o
implementação deste avanço tecnológico, grupo se organizava por meio de uma lista
uma vez que as tecnologias autônomas de e-mails e encontros presenciais nos
possuem certa liberdade na execução de EUA, produzindo ações de oposição cívica
seus atos, motivo pelo qual deve-se criar contra legislações que ameaçassem a
normas relativas à sua responsabilização privacidade e desenvolvendo
jurídica quando verificado danos colaborativamente novas tecnologias
consequentes destas ações. Assim, criptográficas. Na primeira parte deste
67

trabalho, o repertório simbólico do grupo é investigação linguística controversos. Com


apresentado a partir de uma revisão efeito, a evolução dos suportes dos dizeres
narrativa da literatura científica sobre o produzem efeitos de sentidos consonantes
movimento, com destaque para os modos com determinados vincos da história,
específicos pelos quais ele elabora memória e relações de poder. Assim,
sensibilidades liberais clássicas – como examina-se a constituição de sujeitos
proteção da privacidade, autonomia controversos e contraditórios nas redes
individual e ceticismo relativo à autoridade digitais, especialmente personalidades
institucionalizada. Esses ideais eram localizadas em um momento sócio
articulados a uma convicção no potencial histórico pertinente para a produção de
emancipador que a criptografia teria para enunciados que revelam posições
tornar obsoletos os sistemas de vigilância e subjetivas. Consoante, objetiva-se propor
regulação empregados por organizações reflexões sobre a constituição do sujeito
públicas e privadas. Inobstante as Presidente Michel Temer na rede digital
contribuições dos cypherpunks para brasileira de 2018. A construção do corpus
diversas lutas políticas contemporâneas, de análise, por conseguinte, baseia-se e na
análises mais recentes do conteúdo análise de comentários delegados por
veiculado na lista de e-mails têm trazido à usuários da rede social YouTube,
tona uma dimensão intrinsecamente especificamente sobre o vídeo “Uma saída
colonial do movimento: uma oposição para a crise” do canal Porta dos Fundos, no
contundente a leis anti-discriminação, as ano de 2018. Para tanto, a investigação
quais o grupo tratava como ameaças à possui fulcro no campo da Análise do
liberdade. A segunda parte do trabalho, Discurso francesa, preconizada pela
por conseguinte, põe sob exame a vertente de Michel Pêcheux e as
elaboração conceitual da categoria contribuições de Michel Foucault, não
“liberdade” na retórica cypherpunk, obstante, pensando os conceitos de
analisando-a sob o prisma da discurso, formação discursiva, sujeito e
decolonialidade e sugerindo que ela tem memória. Dessarte, questiona-se como
por premissa uma identificação com a essas concepções operam no corpus e faz
posição social do sujeito colonial. emergir um discurso político que revela o
sujeito. Apreende-se, neste contexto, o
REFLEXÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO estabelecimento entre posicionamentos
DO SUJEITO PRESIDENTE MICHEL políticos demarcados por dois grupos de
TEMER NA REDE DIGITAL BRASILEIRA sujeitos, ora por discursos de usuários
DE 2018 inscritos em formações discursivas
Antoniel Guimarães Tavares Silva orientadas pela filosofia da “esquerda”
Anísio Batista Pereira partidária, ora o pensamento ideológico da
“direita”. Ademais, o sujeito se constitui a
Os discursos contemporâneos versam
partir da convergência de duas correntes
sobre camadas heterogêneas dos veículos
nitidamente observadas nos enunciados
de comunicação constituindo materiais de
analisados, permeados por uma memória
análise suscetíveis à ângulos de
68

discursiva atuante sobre os comentários dessa realidade; estes se encontram


em questão. vivendo em uma segunda realidade, cuja
desordem está instalada em sua própria
IDEOLOGIAS DA MODERNIDADE E consciência. A importância de se olhar,
CRIAÇÃO DE UMA NOVA REALIDADE: portanto, para esse legado, é para que se
legados para um mundo em crise possa, em meio à crise civilizacional atual,
Adelaide de Faria Pimenta encontrar possibilidades de superação
dessas distorções da realidade.
Os desafios encontrados na atualidade, em
especial no que diz respeito à compreensão
SUBJETIVIDADES E INFRAÇÃO:
dos movimentos totalitários e ideologias
sob elos e nuances das redes
políticas do século XX, possibilitam uma
gama de abordagens distintas. Neste Cristiane Dameda
trabalho, tendo como referência o Lucas Guerra da Silva
pensamento do cientista e filósofo político Engendradas em uma rede, por diversos
Eric Voegelin (1901-1985), pretende-se equipamentos coletivos, as subjetividades
apresentar sua percepção de que ao se e o mundo não se reduzem mais a uma
buscar a retirada da religião da cena função subjetiva ou objetiva. Com a
política, notou-se a presença de um padrão emergência das Novas Tecnologias de
mítico-religioso permeando as estruturas Informação e Comunicação (NTICs), vê-se a
de determinadas teorias ou movimentos Existência como constantemente
políticos modernos – em especial o produzida e modelizada rompendo com as
nacional-socialismo –, propiciando que os barreiras do tempo e do espaço: trata-se
símbolos de representação da experiência de uma produção maquínica que não
do ser humano fossem deturpados pelas escapa dos poderes e saberes constituídos
ideologias. O que se seguiu foi uma (PARENTE, 2013). Mais profundamente,
manipulação da realidade para adequá-la à podemos considerar que vivemos uma
teoria, com o uso de propaganda e mesmo hibridez humano-máquina dentro de uma
da distorção da linguagem como política ciborgue (HARAWAY, 2009).
instrumentos que serviram à construção do Contemporaneamente, pensar em
que esse autor denominou uma “segunda juventude, infração, tráfico de drogas e
realidade”, que trouxe a marca da dispositivos tecnológicos implica analisar
proibição de questionamento ou dúvida as diversidades e multiplicidades de
sobre as premissas ideológicas, uma vez elementos que compõem uma
que não se sustentariam com críticas. As interconexão ilimitada, assim como
acusações a que estão sujeitos aqueles que examinar processos, movimentos e
se posicionam contrários às ideologias, em (des)continuidades, que leva a
franco clima de intolerâncias, sejam possibilidades de acompanhamento de
políticas e/ou religiosas, do ponto de vista complexas produções em redes que
voegeliniano, relacionam-se a uma produzem subjetividades. Nesse contexto,
deformação, na alma desses ideólogos, da o objetivo desta reflexão é evidenciar a
realidade e dos símbolos de representação existência de atores que transitam
69

operando afetações junto dos


adolescentes em conflito com a lei, por
meio das redes de comunicação, operando
expectativas financeiras, de autonomia,
em rotas entendidas como “fora da lei”, a
exemplo do tráfico. Analisamos que drogas
apresentam-se como atores da rede de
vínculos dos adolescentes em
cumprimento de medida de meio aberto
(DAMEDA, 2017) e também como redes em
expansão por meio de dispositivos
tecnológicos da venda, da compra, do
consumo que os vinculam ao tráfico. As
NTICs estabelecem uma rede de circulação
de informações que acaba por fortalecer
uma comunicação entre sujeitos de
diversas localidades e são objetos de
vigilância da força policial, produzindo
modos de subjetivação.
70

FÓRUM D

Coordenadores: Luciana Kind do Nascimento (Psicologia Social - PUC Minas) e Carlos Magno
Camargos Mendonça (Comunicação Social - UFMG).
Sala: 206.

FEMINISTA OU ANTIFEMINISTA? Expressando-se de forma performática, ela


Sara Winter, as imagens de si e o visa agradar uma audiência, num primeiro
mito da heroína ativista momento feminista e, posteriormente,
Nara Bretas Lage antifeminista. Tal reviravolta é refletida na
Erika Cristina Dias Nogueira procura por um novo indivíduo, o que é
denominado por Kehl (2018) como
De fundadora do Femen Brazil à líder cristã
“bovarismo”, sintoma do sujeito moderno,
antifeminista, diversas imagens compõem
sempre em busca de um ato heroico.
a história de Sara Giromini, ou Sara Winter.
Partindo da noção de ethos mostrado de
O codinome remete à uma nazista britânica
Maingueneau (2014) observamos, em
da década de 1920. Dessa referência,
tweets e entrevistas midiáticas, uma busca
percebemos uma imagem da brasileira,
de Winter pelo reconhecimento como
entre seus 18 e 19 anos, quando tinha
ativista, tentando ocupar, sozinha, o lugar
posicionamentos com inclinação nazista.
da heroína. Por fim, problematizamos
Na mesma época, iniciou-se no feminismo,
acerca do esvaziamento do ativismo (ZIZEK,
coligando-se ao Femen. Com seios
2016), que abarca discursos com
expostos, coroa de flores na cabeça e
aprofundamento mínimo das causas
palavras em repúdio à violência contra a
defendidas e mudança brusca de
mulher, Sara construiu a imagem de
posicionamento político.
mulher militante, ethos dito
(MAINGUENEAU, 2014) de feminista.
CORPOS (IN)DÓCEIS:
Quatro anos depois, surpreendeu seus
vivências de mulheres após a
seguidores ao anunciar uma nova fase.
cirurgia bariátrica no período tardio
Agora líder cristã antifeminista, usa de tom
combativo e publica provocações no Larissa Baldoino da Paixão
Twitter, refletindo sobre seu passado para Nesta tese de doutorado em andamento,
justificar as novas escolhas como apresentamos as vivências de mulheres
“melhores”. Ao analisarmos que realizaram a cirurgia bariátrica e
discursivamente as imagens construídas metabólica no período tardio.
pela brasileira, notamos uma Sara que se Consideramos que na cultura pós-
coloca como heroína ativista, artimanha de moderna, as práticas de docilização
“auto exibição de si” (EMEDIATO, 2015). incidem sobre a estética do corpo. Deste
71

corpo se exige a ideais saúde, juventude e debates sobre variados assuntos nas
magreza. É nesse contexto que a obesidade plataformas. O machismo é um desses
aparece como uma epidemia mundial no temas que ganha novos patamares com o
século XXI. O obeso carrega sobre si o avanço da tecnologia. O objetivo deste
estigma de um corpo dissonante dos ideais trabalho foi identificar e caracterizar o
de saúde e beleza, desqualificado do ponto discurso em comentários de uma
de vista moral, estético, clínico e publicação sobre a participação feminina
psicológico. Nas últimas décadas a Cirurgia em jogos online. Foram analisados
Bariátrica e Metabólica se popularizou comentários e suas respectivas respostas
como uma opção eficaz de tratamento a no recorte de dois dias, onde 425 sujeitos
redução do peso e melhoria das expuseram sua opinião sobre o assunto. A
comorbidades associadas a obesidade. partir da análise, foi possível visualizar
Consideramos a cirurgia bariátrica como como a discussão se desenvolvia através
um dos procedimentos mais radicais no das respostas aos comentários principais,
que diz respeito à transformação corporal. onde foi encontrado que 69,5% das 512
Esta intervenção representa para muitos a respostas foram afirmativas e 41,6%
possibilidade de transformar um corpo elaboravam alguma explicação, ao mesmo
com o qual se tornou impossível conviver. tempo em que 25% foram caracterizados
Mas este corpo nunca cessará de ser como hostis, sendo em sua maioria feita
corrigido. Diversas são as práticas de por homens. Em relação ao
modelagem que operam neste corpo- posicionamento das respostas ao
rascunho visando a sua modificação (LE comentário principal, o qual concordava
BRETON, 2003). O objetivo destas práticas com a existência de misoginia nos jogos,
não parece ser a busca pela saúde, mas sim 35,7% foram a favor do mesmo, 22,3%
uma melhor adequação aos padrões contra e 31,1% ambíguas, as demais foram
estéticos estabelecidos pela cultura. neutras ou incompreensíveis. Diante
desses dados, pode-se perceber que uma
JOGOS ONLINE E MACHISMO: grande parcela das pessoas se preocupa
várias concordam, muitos em demonstrar sua opinião, porém poucas
discordam, poucos justificam são as que se dispõem a desenvolver uma
Caio Hélio Nascimento de Andrade explicação. Além disso, uma parcela
Polliana Teixeira da Silva considerável dos comentários demostrou
Beatriz Fernandes Gomes da Cruz algum tipo de hostilidade, sendo sua
Elisa Caldana Chiarello grande maioria feita por homens,
Lucas Magno dos Santos Teixeira reforçando assim a ideia de que práticas do
Natália Tatsch Wiesiolek discurso machista, tais como o
mansplaining e a violência verbal,
As tecnologias de informação e
migraram para os ambientes virtuais.
comunicação (TICs) estão muito presentes
na atualidade. Devido à grande quantidade
de usuários e à facilidade de comunicação
gerado pelas TICs, é comum encontrarmos
72

REVIDE DO NUDES: modernidade ainda é estigmatizada e


meu corpo minha sentença como os homens sentem-se proprietários
Evandro Pereira Gonçalo Silva do corpo alheio para fazer o que bem
Jéssica Girlaine Guimarães Leal desejam em uma rede marcada pela
Cid Ivan da Costa Carvalho impunidade.

Ao longo do tempo a nudez sempre foi alvo


A OBRA “QUEBRA DA MALDIÇÃO
de retaliações, a menina desde tenra idade
DESDE SEU NASCIMENTO” A PARTIR
é ensinada a esconder suas “vergonhas” e DA TEORIA CIBORGUE, DE HARAWAY
tudo que é ligado ao sexual é tido como
Uéverson Luiz Melato de Morares
mundano, sujo, proibido. Mesmo com
tantas inclinações eruditas sobre sexo e o O presente artigo visa a constituir
corpo feminino em uma cultura de elementos relacionais entre a obra “A
valoração falocêntrica existente em nossa quebra da maldição desde seu
sociedade, o sexo não deixa de a todo nascimento”, da Academia Transliterária, e
momento ser algo de interesse comum e a Teoria Ciborgue de Donna Haraway para,
que carece de um olhar cada vez menos em seguida, analisar o contexto
dogmático e intolerante. Com o advento construtivo de espaços de criação de novos
das tecnologias, novas formas de consumir saberes a partir de tecnologias sobre o
e veicular informações tem ocorrido de corpo que são incorporadas por pessoas
forma descomedida, e justamente nesses transexuais em seu cotidiano e na
espaços observamos uma crescente na ressignificação dos seus corpos. A obra da
publicização de fotos e vídeos íntimos: os Academia Transliteraria apresenta uma
chamados “nudes” de mulheres, muitos reflexão sobre como o poder disciplina e
desses dados divulgados estão ligados a impõe controles reais e simbólicos sobre os
violação do corpo da mulher ao divulgar corpos. Nesse sentido, se estabelece uma
esses arquivos sem seu consentimento isso relação com a Teoria Ciborgue na
numa tentativa de vingança por parte de construção desses corpos que, a partir de
seus companheiros com os quais um registro de posse sobre o próprio corpo
mantiveram relacionamentos. Nesse se pode transgredir as disciplinas e o
ínterim emerge esse trabalho numa controle sobre a manifestação do corpo,
tentativa de discutir os impactos da que para Haraway se traduz em um híbrido
circulação desses dados na vida das de organismo e máquina (ciborgue), na
mulheres em uma sociedade ainda medida em que se imbricam o corpo,
fortemente arraigada no machismo tecnologias e artefatos tecnológicos na
patriarcal, bem como reafirmar a ânsia de construção desses novos corpos que se
monopólio do homem sobre o corpo da tornam empossados por si. A análise
mulher. Para isso, ancoramo-nos em aponta para uma reflexão sobre como o
teóricos como Foucault (1976), Pêcheux rompimento de fronteiras estabelecidas
(1990) entre outros. O trabalho direciona pela dicotomia corpo – orgânico e
para a reafirmação do quanto a mulher tecnologia – máquina podem favorecer
hoje em pleno século XXI marcado pela uma ampliação de saberes e criações, na
73

medida em que se imbricam corpo e dignidade, sobrevivência e geração de


tecnologia em uma mesma rede de renda de forma sustentável. A baixa
relações e interações. popularidade das publicações e dos
movimentos relacionados à temática
O ECOFEMINISMO NAS REDES SOCIAIS ocorre em virtude, principalmente, da sua
Vera Guimarães Campos desvalorização pelo conjunto da
sociedade.
Originado no final da década de 1970, o
movimento ecofeminista evidencia a
CONTRACONDUTA:
relação existente entre a exploração e a
corpos desobedientes ocupam a
submissão das mulheres natureza e da cidade
natureza, pelos sistemas patriarcal e
Laura Fonseca de Castro
capitalista. Tal tratamento persiste até os
dias atuais: momento em que culminamos As normas de conduta que afetam os
em uma crise ambiental global, que modos de vida cotidianos serão discutidas
ameaça a perpetuação da vida no planeta, a partir dos aspectos que limitam as
e em uma sociedade marcada pela liberdades individuais e coletivas sob a
intolerância e violência contra a mulher, perspectiva do uso dos espaços públicos da
que apresenta taxas alarmantes de cidade. No que tange às relações de poder
estupros e homicídios de mulheres por e estratégias de governo, Michel Foucault
motivo de gênero, além da persistente discute o conceito de sociedade disciplinar
desigualdade de direitos e de condições de com base no controle do comportamento.
vida e trabalho entre homens e mulheres. A governamentalidade seria a conduta dos
Atualmente, as redes sociais têm um papel indivíduos orientada de acordo com os
de extrema relevância na formação da interesses de um conjunto complexo de
opinião pública, contribuindo para instituições, procedimentos, protocolos,
promover uma certa emancipação da análises, reflexões, cálculos e táticas que
produção de conteúdo midiático com regulam a vida cotidiana. A discussão da
relação à imprensa tradicional. Essa governamentalidade é inseparável das
autonomia permite que sejam veiculadas manifestações de resistência a ela, assim a
informações que conscientizam quanto a contraconduta seria a decisão de se colocar
questões marginalizadas pelos grandes contra os efeitos das relações de poder
veículos de comunicação, como os direitos estabelecidas que orientam o
das mulheres e a preservação do meio comportamento nos espaços públicos de
ambiente. Porém, em uma análise das "uso livre". A partir da narrativa do
páginas destinadas especificamente ao experimento onde três dançarinas de pole
tema ecofeminismo nas redes sociais dance se apropriam de um ponto de ônibus
Facebook e Instagram, percebeu-se que em Belo Horizonte, a experiência do corpo
ainda é tímido o seu alcance no que tange na cidade é analisada sob a perspectiva da
à mobilização de ações efetivas em defesa provocação, da experiência estética e da
da preservação do meio ambiente e dos insurgência, a fim de questionar os efeitos
direitos das mulheres, capazes de garantir e os limites do controle e da vigilância e o
74

papel da desobediência como crespo/cacheado. A partir dessa


contraconduta vivida no cotidiano. É compreensão, pretende-se discutir a forma
possível que experiências estéticas como vem sendo construída a relação com
relacionadas à apropriação das estruturas as redes e em que medida ela pode
da cidade para outros fins, diferentes representar quebras e/ou continuidades
daqueles para que foram pensados de políticas de biopoder.
inicialmente sob um viés funcionalista, se
organizem politicamente como uma CARACTERIZAÇÃO DO DISCURSO DE
negação, ou seja, como comportamento OPRESSÃO DE GÊNERO EM JOGOS
desviante da norma. Assim, se manifestam ONLINE
como corporificação do conceito de Polliana Teixeira da Silva
contraconduta localizadas no tempo e no Caio Hélio Nascimento de Andrade
espaço. Beatriz Fernandes Gomes da Cruz
Elisa Caldana Chiarello
REELABORAÇÃO IDENTITÁRIA EM Lucas Magno dos Santos Teixeira
COMUNIDADES VIRTUAIS PELA Natália Tatsch Wiesiolek
VALORIZAÇÃO DO CABELO
A misoginia está presente nas mais
“NATURAL” NA INTERNET
variadas sociedades, enraizada nos
Marina Marques Tavares
indivíduos desde o nascimento devido a
O trabalho proposto para o simpósio visa cultura machista predominante. O
discutir o recente fenômeno da utilização menosprezo à capacidade feminina foi
do cabelo no estilo “natural” por mulheres perpetuado até hoje em diversos contextos
brasileiras, tendo como foco o papel das sociais, incluindo jogos online e demais
comunidades em redes sociais na contextos virtuais. O objetivo deste
proliferação do mesmo. Considera-se que trabalho foi analisar o discurso em
as mulheres que decidem parar de alisar os comentários de uma publicação online
cabelos e ingressam na comunidade de sobre gênero e e-games, a fim de
mulheres “naturais” passam por um identificar padrões de argumentos sobre
processo profundo de reinvenção machismo nos jogos. Foram analisados os
identitária, construindo para si um novo comentários feitos em um recorte de dois
self, em que cabelo que antes era rejeitado dias, e as categorias mais identificadas
passa a ser valorizado. Neste contexto, o foram: desigualdade de participação (28%
cabelo é apenas uma parte deste novo self. dos comentários, sendo 10,6% a favor e
As comunidades virtuais são parte 17,4% contra), desigualdade de tratamento
fundamental desse processo, auxiliando as (21,2% dos comentários, defendida por
mulheres no processo de reelaboração de 7,8% e refutada por 13,4%), desigualdade
valores culturais da autopercepção estrutural (15,6% dos comentários, alegada
corporal. O objetivo do trabalho é por 4,5% e contestada por 11,1%) e
compreender os discursos que desigualdade biológica (15% dos
fundamentam as construções do novo “eu” comentários, afirmada por 2,1% e negada
baseado na “aceitação” do cabelo por 12,9%). Também foram categorizados
75

sete tipos recorrentes de argumentação ciberativismos, essas páginas começam a


utilizada para justificar a existência das ganhar um viés político de resistência
desigualdades mencionadas: meritocracia servindo como mecanismo de denúncia e
(16,7% do total de comentários), vitimismo exposição das violências sofridas.
feminino (14,8%), desinteresse Depreende-se disso que as tecnologias de
característico do gênero (8,5%), hostilidade informação e comunicação têm se
em ambientes de jogos (7,8%), hostilidade mostrado importantes ferramentas para as
direcionada às mulheres (6,4%), barreiras lutas e movimentos sociais do século XXI,
institucionais (5,6%) e diferenças biológicas uma vez que possibilitam – para além da
(2,4%). Entre aqueles que discordam da exposição da violência – organização de
existência de impedimentos, a tendência é novas formas de mobilização que se
a negação do machismo nos jogos e das expandem dentro e fora do ciberespaço,
desigualdades e, se as reconhecem, as não limitando suas consequências ao
atribuem à falta de competência feminina. ambiente virtual.
Os resultados retratam resistência em
assumir a existência de posturas machistas BORDAS MIDIÁTICAS: recepção e
em e-games, embora parte da comunidade consumo do feminismo negro
gamer concorde que esse seja um fator Joselaine Caroline da Silva Santos
relevante para o afastamento do gênero
A infoinclusão aliada à fragmentação dos
feminino do mundo dos jogos.
interesses do público e a grande
quantidade de opções existentes no
SPOTTED E VIOLÊNCIA CONTRA A
ciberespaço criam um destino incerto para
MULHER: possibilidades de
a agenda da mídia. A partir do momento
(re)existir no ciberespaço
em que as minorias passaram a produzir
Maria Fernanda Gusmão Rego
seu próprio conteúdo, articularem debates
Isabela Saraiva de Queiroz
e discussões além do universo periférico, as
Este trabalho discute as páginas spotted no bordas midiáticas passaram a coexistir
âmbito dos novos movimentos sociais e paralelamente com a grande mídia. E, a
modos de mobilização e organização. As internet juntamente com o receptor ativo
páginas spotted chegam ao Brasil entre os e crítico, persuade os meios de
anos de 2012 e 2013, seguindo um comunicações tradicionais, como televisão
fenômeno que já se expressava em outras e rádio, a abordarem os conteúdos de
universidades ao redor do mundo. bordas, realizando mediações culturais que
Mediante esforços do movimento refletem diretamente na percepção de
feminista em busca da desnaturalização da diferentes tipos de receptores,
violência contra a mulher e efervescência oportunizando a sociedade um novo olhar
do número de denúncias realizadas, as sobre velhos assuntos, como é o caso do
páginas de spotted sofrem uma protagonismo da luta das mulheres negras
reconfiguração: se antes tinham caráter para desmitificar a ideia de que são apenas
estritamente social de troca de mensagens, estatísticas das problemáticas sociais. As
com a ascensão dos movimentos sociais e transversalidades e polissemias da cultura
76

midiática nas abordagens do feminismo


negro, do consumo e recepção dos
aspectos que não fazem parte das agendas
da mídia, e que são marginalizados, ainda
que integrem diversos campos e
interliguem muitos assuntos midiáticos, e
que se encontram em bordas midiáticas.
Estas, atualmente, encontram espaço nas
redes sociais para debater as questões que
fazem parte do feminismo e no universo de
lutas por visibilidade das mulheres
afrodescendentes. A presente pesquisa irá
trabalhar as questões relacionadas à
formulação e conceituação da teoria de
bordas midiáticas, relacionando-a às
articulações do feminismo negro, no
campo de recepção e consumo.
(1) Adolescência, juventude e mídia: o saber e o laço social na
cultura digital; (2) A informação no discurso; (3) Pós-verdade e
fakenews: novos conceitos na era das TICs; e (4) A lógica das
redes sociais: o fluxo de informação e seus efeitos.
78

FÓRUM A

Coordenadores: Nádia Laguárdia de Lima (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Elisa Cristina de


Oliveira Rezende Quintero (Comunicação Social - PUC Minas).
Sala: 208.

ACABOU A HISTÓRIA. mantendo uma relação cordial, às vezes


O QUE COLOCO NA REDE? automática, às vezes fria e de amparo
Aline Luiza de Carvalho superficial já que não contempla
Márcia Stengel necessariamente interesses emocionais
comuns. O ambiente virtual parece
Na contemporaneidade, observa-se
amenizar a dor quando instrumento de
dificuldades humanas em lidar com a
expressão de si ao mundo, consegue
morte, apontadas por comportamentos
chamar para perto de uma experiência
que demonstram um importante
privada, de trocas íntimas ao maior
investimento, emocional, técnico e
número de pessoas possíveis, conhecidas e
econômico para mascarar qualquer
desconhecidas, mas não desperta
resquício de angústia, tornando solitária e
necessariamente o desejos destas de
de complexa resolução. Na era das redes
participar e corresponder ao pedido do
sociais, com mecanismos de comunicação
outro, impulsionando, consciente ou não, a
extensos e rápidos, os contatos parecem
uma solidão observada por todos, um “big
não assegurar o acolhimento necessário:
brother” da experiência alheia e de apoio
os meios virtuais se tornam facilitadores de
seletivo e aparente.
expressão de sentimentos íntimos,
amplificados, contudo, em tempos pós-
O DISCURSO CAPITALISTA E SUA
modernos, característicos de significados
RELAÇÃO COM A VIOLÊNCIA EM MEIO
de ordem exclusivamente pessoal,
À CULTURA DIGITAL
aproximações aparentes, “curtidas” sem
compromisso e palavras de apoio sem Ana Luiza Xavier Lelles
necessariamente afeto, não parecendo ser João Henrique de Sousa Santos
suficientemente íntimo para alcançar O presente trabalho procura discutir a
realmente o outro. Mas será que queremos incidência do discurso capitalista no sujeito
esta aproximação em tempos de liberdade em meio à cultura digital e sua relação com
e felicidade? As redes sociais acobertam a a violência. Para tanto, o trabalho utiliza a
angústia da aproximação, a dor, assim teoria dos discursos de Jacques Lacan e as
como atendem ao desejo de manter-se articulações com a cultura digital e
relativamente afastado do que incomoda, violência a partir de autores
sem que isso seja escancarado ao mundo, contemporâneos. Submetido à estrutura
79

discursiva simbólica e à perda estrutural, o termo percorreu o mundo na corrida


sujeito é conduzido pelo discurso presidencial americana com divulgação de
capitalista à ilusão da existência de objetos conteúdos falsos sobre a candidata Hillary
que, supostamente, seriam capazes de Clinton e recentemente no Brasil com as
oferecer a satisfação plena. Nessa busca disputas à presidência entre os candidatos
incessante de satisfação, e como condição Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Com
necessária ao estabelecimento do laço este trabalho, objetivamos discorrer um
social contemporâneo, o sujeito se pouco sobre a contribuição das tecnologias
introduz na cultura globalizada, utilizando da informação na circulação de
dispositivos tecnológicos que o virtual lhe informações falsas bem como discorrer até
oferece como via de demanda do gozo ao que ponto elas legitimam verdades. Como
mesmo tempo que dificulta ou favorece o metodologia, fizemos um apanhado
estabelecimento de laços sociais precários. teórico e coleta de corpus com algumas
Como efeito de uma tentativa de satisfação Fakes News no qual pudemos traçar um
plena frente à precariedade dos laços e a estreito diálogo. Os resultados apontaram
falicização das imagens na “sociedade do que Fakes News têm se apresentando
espetáculo”, a violência aparece como como uma “pós verdade" na atualidade
resposta desse imperativo do gozo. Vale passando a serem consideradas verdades
destacar que a psicanálise coloca a devido a sua massiva difusão, sendo
violência como um modo paradoxal de encaradas como artifício válido para
satisfação pulsional, decisivo na qualquer pleito, como também sendo uma
constituição da subjetividade e da questão de grande preocupação, uma vez
construção e desconstrução da cultura. que os seus consumidores não se
Ademais, verifica-se que o gozo da preocupam na checagem das informações
violência se articula na cadeia dos que compartilham.
discursos, que se transmite e propaga ao
mesmo tempo que se modifica de acordo O FETICHISMO DA INFORMAÇÃO E A
com a cultura. CRIATIVIDADE DA SOBRECARGA
Duanne de Oliveira Ribeiro
AS TECNOLOGIAS A SERVIÇO DAS
Os discursos sobre a informação no mundo
FAKES NEWS
capitalista parecem ter como ponto
Elton Souza Pereira principal a ênfase na necessidade
Jéssica Girlaine Guimarães Leal irresistível de participar dos processos
Com os avanços nas tecnologias e informacionais. Somos, como se tornou
veiculação de informação em tempo real, frequente dizer, tanto produtores quanto
cada vez mais observamos a circulação consumidores — prosumers. Penalidades
descomedida das Fake News. Estas são pessoais, profissionais, sociais – mesmo
notícias falsas divulgadas nos veículos de patologias psicológicas ou físicas – são
comunicação como informações entrevistas para quem não se adequa ao
verdadeiras. As Fake News significam fluxo. Manuais éticos instruem sobre como
"notícias falsas". Vindo do inglês, esse se tornar capaz de fazê-lo. Os indivíduos,
80

nesse cenário, são como peças menores. desenvolvida a vinculação das notícias
Propomos que esse discurso informacional falsas ao mecanismo da Verleugnung, onde
tem caráter análogo ao que Karl Marx nota o conteúdo dessas postagens e publicações
na noção de mercadoria assim como apresenta-se como negação da realidade
construída pelo capitalismo. A partir de concernente ao jogo político. A negação da
uma leitura do primeiro capítulo de O castração feminina apresenta-se como
Capital, expomos o conceito de fetichismo protótipo de todas as crenças e
da mercadoria – a aparência, gerada pelo inauguração de uma divisão presente em
sistema capitalista, de que o processo todas as crenças posteriores. Se, por um
produtivo é movido por si mesmo – e lado, acolhe-se a realidade da castração do
exploramos a ideia de um fetichismo da outro, por outro, a crença na mãe fálica
informação, sob o qual a produção e insiste. Da mesma forma, a crença na
circulação informacional se impõem, crença veiculada pelo outro resiste à
alheias a indivíduos que parecem não ter análise e deliberação, gestando os
agência sobre esses desenvolvimentos, os fenômenos que têm protagonismo na
quais, de fato, são criados somente pelo alteração alarmante do cenário político nos
seu labor. Investigamos então o que últimos anos. Pretende-se apresentar um
significa entender a informação a partir da desenvolvimento preliminar dessa
capacidade de trabalho humana. vertente ainda pouco discutida das fake
Aludiremos, baseados no pesquisador news.
Marcos Dantas, tanto à ideia de trabalho
como uma ação que acrescenta A ESPIRAL DE MEDIAÇÃO ENTRE O
informação aos materiais quanto aos dois CHECADOR E O LEITOR DO FACT-
tipos de trabalho informacional — CHECKING
aleatório e redundante. Operando com tais Giselle Aparecida de Oliveira Pinto
noções, estudamos enfim o caso da
Neste trabalho, buscamos compreender o
sobrecarga de informação — momento em
que caracteriza o processo de mediação do
que a capacidade de processamento
fact-checking e de que modo os leitores da
informacional de indivíduos e/ou grupos é
agência Lupa avaliaram o trabalho da
ultrapassada — para ressaltar aí a
ombudsman durante a cobertura das
possibilidade de inventividade.
eleições de 2018. Um questionamento
comum dos leitores em relação ao trabalho
A DIMENSÃO ESTRUTURAL DAS
de checagem é: quem checa o checador?
CRENÇAS E AS FAKE NEWS
Entendemos que ao escolher uma
Felipe Cordeiro Alves profissional para fazer essa ponte entre os
O presente trabalho objetiva abordar o leitores e os checadores, a agência Lupa
tema das fake news a partir da perspectiva aciona uma espiral de mediação que diz
estrutural, acrescentando às análises muito sobre como o trabalho de checagem
políticas os mecanismos em causa nesse opera, além de tencionar essa relação com
fenômeno que são opacos à racionalidade os leitores em um período particularmente
convencional. Sob esta perspectiva, é conturbado. Neste estudo de caso,
81

partimos da noção de mediação jornalística “Instamission” propõe a participação dos


entendida como híbrida e coletiva, para seguidores na hora de fotografar para o
então refletir sobre a espiral de mediação Instagram. Ao longo do mês de dezembro
presente no fact-checking. Entendemos de 2018, uma série representada pelas
que há ao menos três camadas mediadoras hashtags #jornadadetoxdigital e
nesta relação específica: a primeira é o #ainternetqueagentequer questionou o
fact-checking fazendo uma mediação da uso tóxico da tecnologia no cotidiano.
própria mediação jornalística, uma vez que Enquanto Paula Sibília (2016) identificou
grande parte do trabalho é pautado por que práticas confessionais em blogs
declarações divulgadas em outros veículos; configurariam um “Show do Eu” articulado
a segunda é a ombudsman mediando a a modos de produção da subjetividade
mediação do checador, ao fazer uma (GUATTARI, 2012), Andrew Keen (2012)
análise dos erros e acertos da checagem; e afirma que as redes sociais estão nos
a terceira é a ombudsman mediando a dividindo e desorientando. O autor afirma
relação do leitor com o checador, ao se que “o homem digitalmente conectado
tornar o ponto de contato entre os dois. está ao mesmo tempo em todo lugar e em
Nossas reflexões questionam o ideal de lugar algum” (KEEN, 2012, p.22).
objetividade e mediação jornalística Metodologicamente o trabalho analisará
colocados acima da mediação dos leitores postagens entre 13 a 21 de dezembro de
e como eles se fragilizam ao longo da 2018, associadas às hashtags
cobertura eleitoral; além dos #jornadadetoxdigital – inclusive legenda e
questionamentos dos leitores sobre a ação comentários das postagens. Considerando
mediadora da checagem e da ombudsman que este seja um dilema concernente à
em suas ações de interação. ecologia midiática contemporânea
(SANTAELLA, 2016), buscamos possíveis
NOMOFOBIA E MATERIALIDADES DA aproximações entre o aspecto algorítmico
COMUNICAÇÃO NO INSTAGRAM: das plataformas digitais (VAN DIJCK, 2012)
#ainternetqueagentequer depende e o espaço de afeto e performatividade que
de quê ou de quem? as coisas/objetos conectados à internet
Polyana Inácio Rezende Silva (LEMOS, 2018) assumem na Cultura Digital.
Como a utilização do Instagram fomenta
OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE AS
relações abusivas e o vício nas mídias
FAKE NEWS E A PÓS-VERDADE NO
digitais? A nomofobia (KING; GUEDES,
PERÍODO ELEITORAL
2014), dependência das tecnologias, redes
sociais, computador, dentre outros, revela Thamiris de Carvalho Traspadini
também a ansiedade de não estar próximo Fábio Santos Bispo
ao celular. Com isto chamamos atenção Beatriz Oliveira da Silva
para o aspecto cognitivo-comportamental Desde as últimas eleições presidenciais nos
e social que a mediação das materialidades Estados Unidos, muito se têm falado sobre
digitais pode exercer. Criado pela agência o compartilhamento de fake news nas
publicitária @contente.vc, o perfil redes sociais. No contexto brasileiro, o
82

compartilhamento de mensagens falsas CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE


obteve um papel central nas campanhas. TEXTOS DE CIÊNCIA: percurso
Conteúdos vindos de fontes duvidosas exploratório dos sites Nexo e Vox
foram compartilhados, influenciando dessa Verônica Soares da Costa
forma milhares de pessoas, que também as Luana Teixeira de Souza Cruz
compartilhavam sem se preocupar com a
O trabalho é um percurso exploratório dos
veracidade das notícias. Desse contexto,
modos de circulação e distribuição de
separamos duas questões para serem
textos de ciência dos jornais nativos digitais
pensadas a partir da psicanálise: a)
Nexo e Vox. O estudo se inscreve em um
primeiramente, que tipo de relação entre
esforço de identificação de metodologia de
saber e verdade essas informações
disseminação de saberes desses portais e
puderam constituir para se tornarem virais
em suas redes sociais digitais, cujos
e ganharem credibilidade? b) para além da
números parecem indicar estratégia bem-
crença, como podemos pensar a adesão
sucedida de articulação entre texto e
em massa de eleitores a notícias tão pouco
circulação. Ao caracterizar tais sites
verossimilhantes? Para a primeira questão,
jornalísticos, é possível encaixá-los em
pretendemos pensar em certo
duas categorias: digital-ness (que têm
deslocamento ou pulverização do lugar do
produção multimídia, são interativos e
Outro que legitima o saber na
propiciam participação dos leitores) e
contemporaneidade. Freud em "Psicologia
alternativeness (que usam termos
das massas e análise do eu" nos auxilia a
alternativos ou ativistas, se auto
pensar a segunda indagação, pois
identificam como alternativos, têm algum
questiona como movimentos de massa
grau de ativismo político ou estão
podem suprimir o sujeito. Analisando
comprometidos com a regeneração do
grupos artificiais, se pergunta "Que
jornalismo) (HARLOW e SALAVERRÍA,
mecanismo liga a massa a um líder?". Para
2016). Os aspectos de circulação de tais
responder a essa questão, lança mão do
conteúdo estão diretamente relacionados
conceito de libido. Segundo ele, pela força
à capacidade de se espalharem
do amo (Eros) se dá essa ligação. Esse
intermidiaticamente, adquirindo
mecanismo é o responsável por formar os
notoriedade à medida em que são
processos de identificação. A identificação
compartilhados em rede (ALZAMORA,
é a forma principal de ligação afetiva com o
2012). Desse modo, a circulação de
objeto. É nesse sentido que, em
saberes, que opera na lógica das redes
detrimento do critério de veracidade, a
sociais, elabora-se em função da
relação do sujeito com o saber no mundo
propagabilidade potencial do material
virtual é sobretudo marcada pela
produzido, fato que, no campo jornalístico,
identificação ao grupo que constitui uma
pode ser alinhado a cinco elementos-chave
comunidade de gozo.
do fluxo produtivo: seleção, acesso,
agregação, navegação e autoridade
(FURTADO, 2006). Assim, a análise
contribui para a compreensão dos modos
83

de circulação dos conteúdos jornalísticos ministros do novo governo. Em


sobre ciência em ambientes digitais e contraponto aos canais recomendados
indica que os elementos identificados nos pelo presidente, configura-se também um
portais têm implicações relevantes na conjunto de canais denominados como
circulação de textos porque determinam a "resistência" e "YouTube progressista".
tênue relação entre espaço produtivo e Este conjunto compreende uma miríade de
espaço de leitura/consumo, entrelaçados canais como vídeos ensaístas, vlogers com
nas subjetividades de produsers, leitores grande alcance de público e vlogers com
que também produzem e compartilham menor alcance, mas de conteúdo
informação. exclusivamente político, que produzem
conteúdo de confronto aos canais de
“EXTREMA-DIREITA" E "RESISTÊNCIA extrema-direita. Considerando a
PROGRESSISTA" NO YOUTUBE: participação das mídias digitais no
confrontos políticos de um processo de produção-consumo de
ecossistema online informação, este trabalho procura
Victor Góis de Oliveira Pacheco entender as relações presentes dentro
Polyana Inácio Rezende Silva desse ecossistema, seu conteúdo, e de que
forma o algoritmo do YouTube atua nessas
Este estudo busca analisar o ecossistema
relações.
político no YouTube brasileiro através da
análise de redes pelo software Gephi. Esse
ecossistema é formado por canais
recomendados pelo presidente Jair
Bolsonaro, a partir de uma publicação em
uma de suas redes sociais, em novembro
de 2018, quando recomendou os canais
Olavo de Carvalho, Embaixada da
Resistência, Nando Moura e Diego Rox
Oficial como "excelentes opções de canal
de informação no YouTube". Considerando
que as eleições presidenciais em 2018
foram marcadas pela disseminação de fake
news em torno de polarização política, os
canais indicados por Bolsonaro foram
destaque reverberando brigas nas redes
sociais por radicalizar temas como escola
sem partido, liberação do porte de armas
no Brasil, aborto, globalismo e marxismo
cultural. Olavo de Carvalho também foi
destaque da capa da revista Veja, que o
aponta como "Guru Improvável", tendo
sido responsável pela indicação de dois
84

FÓRUM B

Coordenadores: Daniela Teixeira Dutra Viola (Psicologia/Psicanálise - UEMG) e Fabiana


Cerqueira (Psicologia/Psicanálise - Faculdade Ciências da Vida).
Sala: 210.

A FUNÇÃO DOS ANIMES E DOS JOGOS não saber que demonstra a fragilidade e
DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE SABER instabilidade de balizas identificatórias
NA ADOLESCÊNCIA HOJE simbólicas em laço social contemporâneo.
Aline Aguiar Mendes Com base na experiência clínica com
adolescentes, iremos tratar a função dos
A adolescência designa um momento de
animes e dos jogos digitais na busca de
transição singular que depende do tempo
uma construção de saídas singulares diante
de cada um (LACADÉE, 2016). Uma das
da não relação sexual no contexto no qual
grandes contribuições de Freud sobre essa
há uma ruptura com um Outro como figura
temática é sua elaboração sobre a
do saber, como tesouro do saber.
metamorfose da puberdade nos
remetendo à escolha de objeto que implica
SABER-FAZER, JUVENTUDE E
uma referência ao Outro sexo em sua
CULTURA: um estudo de orientação
alteridade. A partir de Lacan e sua noção de
lacaniana sobre metodologias de
que “não existe relação sexual”, podemos
trabalho com jovens
dizer que o encontro com o sexo, com o
Débora Matoso Costa
objeto, se choca sempre com um impasse,
Ângela Vorcaro
um impossível da não relação sexual. A
adolescência, assim, é o tempo de Nosso objetivo é apresentar à comunidade
encontro com a não-relação sexual, no qual acadêmica resultados parciais da pesquisa
não há uma resposta pré-estabelecida de campo realizada com jovens imigrantes
sobre o que fazer face ao Outro sexo inscritos à Cruz Vermelha Francesa,
(LACADÉE, 2016). A psicanalista Damasia proposta como estágio doutoral.
de Amadeo de Freda (2016) enfatiza que o Apresentaremos essa experiência a partir
trabalho a ser realizado pelos jovens da noção lacaniana de “savoir faire” como
atualmente não seria mais uma busca de um dispositivo de orientação teórico e
desidentificar-se, de um desligamento das prático em metodologias de trabalho com
figurais parentais, mas a busca de um nome jovens e do uso das ferramentas digitais
que os identifique. Encontramos, então, como peça conectora ao trabalho com os
uma desorientação nos jovens de nossa jovens durante oficinas e ateliês, nos quais
época, um “não saber”, que não se refere a um produto final será construído por
uma verdade oculta no sintoma, mas um aquele coletivo ali presente. Traremos
85

vinhetas do trabalho realizado no Brasil e antes mesmo do surgimento da


na França a fim de uma leitura orientada puberdade? Autores como Stevens, dentro
por contraste entre experiências. A das premissas da psicanálise, pontuam que
intervenção intitulada “Cartografias: a puberdade está ligada ao biológico e a
juventude, cultura e território” foi adolescência, por sua vez, às tramas
desenvolvida com jovens de 11 a 16 anos culturais, sendo um sintoma da puberdade.
que estão sob custódia do estado francês Entretanto, indagamos se o contato das
através da aplicação de medida de crianças com o universo virtual e, junto a
proteção, uma vez que eles estão em isso, o contato com o sexo, tem
processo de migração à França. A Cruz manifestado a adolescência antes mesmo
Vermelha Francesa viabilizou-se campo de de uma maturação do corpo e, talvez, até
intervenção graças à parceria construída mesmo, antecipando a puberdade. Este
com a pesquisa de pós-doutorado trabalho é um início de uma pesquisa a fim
“Adolescência, errância e cultura como de responder tal questionamento,
ancoragem”, da pesquisadora Aline amparado pela teoria psicanalítica de
Guimarães Bemfica - Universidade Federal Freud, Lacan e demais autores
do Rio de Janeiro. contemporâneos.

ADOLESCÊNCIA PRECOCE E SEUS ADOLESCÊNCIA E LAÇO SOCIAL NO


EFEITOS PARA A PUBERDADE CONTEXTO DOS JOGOS VIRTUAIS
Fabiana Cerqueira Renata Sartori Locatelli
Em um trabalho de conversação realizado Luís Flávio Silva Couto
em uma escola pública de Belo Horizonte Vivemos em uma sociedade na qual os
com alunos de 11 anos e extremamente avanços da ciência e da tecnologia
agitados, foi observado uma inquietação influenciam diretamente o modo de se
frente ao tema “sexo”, assunto que eles relacionar das pessoas, principalmente dos
falavam insistentemente. Nas falas desses adolescentes, que dedicam boa parte do
adolescentes, este tema era recorrente, seu tempo a redes sociais e jogos virtuais.
“desvelado”, e eles apontavam que o Eles já nasceram em uma sociedade
conhecimento sobre o sexo vinha através conectada, com um turbilhão de
do contato com a internet, onde eles viam informações circulando a cada minuto e
vídeos pornôs, apesar da pouca idade. De em tempo real. A comunicação entre eles,
acordo com as teorias acerca da obviamente, tornou-se mais fácil e rápida.
adolescência, uma das vivências dessa Certamente, o mundo virtual modificou a
idade seria justamente o encontro com o forma de se relacionarem. O tempo de
real do sexo e suas construções simbólicas conexão dos jovens, principalmente nos
em torno disso, algo que aparecia muito jogos on-line, é queixa constante dos pais
pouco na fala desses adolescentes. Sendo nos consultórios de psicologia. Eles
assim, ficamos com o seguinte acreditam que os filhos, ao ficarem horas
questionamento: o contato precoce com a em frente a uma tela, jogando, não formam
internet tem feito emergir a adolescência laços com os colegas. A primeira
86

interpretação desses é que o filho tem em relação a si e à angústia proveniente do


algum problema, pois não interage com encontro/desencontro com o outro.
garotos da mesma idade e não sai para se Atualmente, tendo à mão essa
divertir. Para os jovens, os pais não incomensurável rede de busca, a geração
conseguem compreender a dinâmica das de nativos digitais utiliza em abundância a
novas formas de relacionamento. É no navegação, visando, dentre outras coisas,
cerne desse conflito que surgiram as construir recursos para se haver com a
questões motivadoras dessa pesquisa e o sexualidade e com os questionamentos a
objetivo é ouvir os jovens para ela relacionados. Nesse cenário instigante,
compreender como se articula o laço social dadas as possibilidades inéditas trazidas
entre eles e os pontos positivos e negativos pela tecnologia, como pensar, a partir do
dos jogos virtuais nesse contexto. Será pressuposto da psicanálise de que “o
utilizada a técnica análise de conteúdo para homem nada sabe da mulher, nem a
o estudo dos dados coletados nas mulher do homem”, sobre os
entrevistas. O projeto está em aprovação e desdobramentos da intensa imersão dos
contará com o aporte teórico da psicanálise adolescentes na rede? De que forma a
freudiana, da antropologia e da psicologia perspectiva freudiana de que há uma falha
social e obras de autores clássicos e no saber sobre o sexo, sendo este, de
recentes, tais como: Freud, Kehl, Le Breton, algum modo, sempre traumático, pode
entre outros. contribuir para os debates acerca da
internet e do uso desta pelos
“E QUANDO O NÃO-SABER SOBRE O adolescentes? A partir de considerações
SEXO SE FAZ PRESENTE NA REDE DE teóricas e pequenas vinhetas clínicas
INFINITOS SABERES?” procuraremos desdobrar tais questões,
Flávia Hasky visando enriquecer o debate mais amplo
proposto pelo Simpósio.
Neste trabalho, desejamos refletir sobre as
novidades decorrentes da interconexão em
ADOLESCÊNCIA, AUTOMUTILAÇÃO E
rede para a faixa etária dos adolescentes,
LAÇO SOCIAL: identificação pelas
tendo como foco investigar de que forma o
redes sociais
advento da internet afetou a busca por
informações, própria da idade. As Paula Cristina Barbosa de Carvalho
tentativas de saber algo a mais sobre o Tavares
sexo e sobre o amor, acontecimentos Para a Psicanálise, a adolescência é,
intensos e enigmáticos que tomam de conforme descreve Stevens (2004), um
assalto os que vão se distanciando da sintoma da puberdade, uma resposta
infância, constituem nosso interesse singular a uma vivência fisiológica comum
principal. Diante das transformações a todos. No entanto, na
corporais, dos desafios sociais e dos contemporaneidade observa-se o declínio
conflitos interiores, os adolescentes saem à da função paterna, a queda dos grandes
procura de algum saber novo, capaz de ideais, que não é sem efeitos na
apaziguá-los na lida com o estranhamento adolescência. Bauman (2001) afirma que
87

atualmente as configurações Daniela Viola e outros. A partir da discussão


institucionalizadas se “derreteram” e não sobre o mal-estar e a atualidade, é possível
surgiram novas com solidez duradoura entender alguns fenômenos de massa
para substituí-las. Com a ausência desse atuais tanto quanto entender sua origem
regulador na contemporaneidade, vê-se psíquica, além de evidenciar a pressão e o
uma certa desorientação nos adolescentes, sentimento de impotência dos jovens e
levando ao surgimento de novos sintomas, adolescentes, que são advindos do caráter
como a bulimia, toxicomania e atual das relações, que incidem
automutilação. Essa última prática, diretamente sobre os adolescentes por
particularmente, tem demandado a serem eles a irrupção das formas de se
atenção e intervenção do psicólogo no relacionar na hipermodernidade. Dessa
contexto escolar. A partir da experiência forma, vivendo numa sociedade do
profissional em uma escola de Ensino consumo, neoliberal capitalista, com
Fundamental, será discutida a considerável valores baseados na exterioridade e
incidência dessa prática e como, através sentindo todo o quinhão de gozo (esse à
dela, adolescentes têm se identificado e flor da pele) que a cultura barra, sem
formado uma parceria entre si. Chama a oferecer formas de substituição, resulta
atenção a maneira de expressar o em atitudes compulsivas, delinquentes ou
sofrimento, que acontece através de redes de isolamento. Importante destacar o
sociais, não por meio de palavras, mas sim papel do professor no momento de crise da
por troca de imagens entre as adolescentes adolescência: papel de oferecer novos
dos cortes recém praticados no corpo. recursos simbólicos e auxiliar em sua
Conforme afirma Tarrab (2006), os novos elaboração.
sintomas para a Psicanálise são aqueles
que não apresentam uma vertente UMA COMUNIDADE DE OUVINTES
simbólica, mas apenas uma fixação do PARA AS NARRATIVAS
gozo. Assim, este trabalho busca discutir ADOLESCENTES NA CULTURA DIGITAL
como uma prática em relação ao corpo Daniela Viola
parece se apresentar como saída à Márcio Rimet Nobre
experiência adolescente, que, conjugada à Nádia Laguárdia de Lima
incidência das redes sociais, busca localizar
O trabalho busca examinar como a
possíveis identificações.
conversação psicanalítica propicia o
resgate do espaço para as narrativas de
MAL-ESTAR E O SOFRIMENTO DOS
adolescentes num contexto caracterizado
ADOLESCENTES NA
pela expansão e disseminação das
CONTEMPORANEIDADE
tecnologias digitais. Na atualidade, uma
Thaís Penna Palhares aparente “surdez” social ressalta como um
O presente trabalho tem o intuito de dos efeitos do excesso de tecnologia sobre
discutir sobre o mal-estar humano nosso modo de vida, o que vem configurar
comparando e discorrendo sobre algumas um dos traços da cultura digital.
obras de Sigmund Freud, Joel Birman, Mergulhado nesse contexto, o adolescente
88

se mostra ao mesmo tempo um dos


principais adeptos dessa cultura como
também um dos mais afetados por ela, tal
como podemos constatar em muitas de
suas queixas por meio de grupos de
conversação em escolas. Nossa experiência
resulta de trabalhos desenvolvidos por um
grupo de pesquisa e extensão que se
debruça sobre os efeitos da cultura digital
sobre o sujeito contemporâneo.
Apresentamos extratos de conversação a
fim de demonstrar a instalação de um
espaço de transmissão de narrativas e
destacar os efeitos subjetivos que se
produzem nos jovens participantes. Com
isso, buscamos destacar como esse
dispositivo opera num mundo em que as
faculdades de narrar e de escutar se
revelam enfraquecidas ou mesmo
inexistentes. Nesse sentido, propomos um
diálogo da psicanálise de orientação
lacaniana com o pensamento de Walter
Benjamin, enfocando principalmente suas
considerações sobre a transmissão da
experiência, a distinção entre noções como
saber e informação, esta última nascida da
modernidade e responsável pelas
mutações discursivas na
hipermodernidade, como observam
diferentes autores da filosofia e das
ciências humanas, bem como Lacan em
seus últimos anos de trabalho.
89

FÓRUM C

Coordenadores: Vanina Costa Dias (Psicologia Social - Faculdade Ciências da Vida) e Jacqueline
de Oliveira Moreira (Psicologia/Psicanálise - PUC Minas).
Sala: 215.

PSICÓLOGO ONLINE: tanto profissional quanto pessoal. Mais


gerenciamento de impressões em especificamente, no âmbito das interações
perfis profissionais e pessoais no nos ambientes digitais existem discussões
contexto digital em torno dos novos limites entre público e
Bruna Lantyer Oliveira Garcia privado e também formas particulares de
apresentação e exposição de aspectos de si
Há uma forte tendência de trabalhos que
em plataformas digitais. Considerando que
se destinam à compreensão da relação
essas diferentes formas de exposição e
entre a psicologia e a internet, mais
apresentação ocorrem em plataformas
especificamente, à utilização e apropriação
digitais diferentes e que, portanto, o
das TICs pelos psicólogos. As atualizações
psicólogo passa a lidar com novos limites
das diretrizes que regulamentam a
entre público e privado, torna-se relevante
utilização de TICs pelos psicólogos refletem
entender quais são as implicações desta
a crescente demanda da psicologia em lidar
mudança de cenário tão particular sobre o
com os fenômenos propiciados por
gerenciamento de impressões do psicólogo
mudanças tecnológicas, ao passo que os
e o que isso gera de implicação para a
próprios psicólogos também estão sujeitos
prática do profissional de psicologia que
a elas, tornando ainda mais complexa e
utiliza essas tecnologias.
desafiadora qualquer tentativa de
compreensão das particularidades
LAÇOS AFETIVOS NA
circunscritas nos usos e apropriações de
CONTEMPORANEIDADE:
TICs por parte desses profissionais. Este
experiência de jovens usuários do
trabalho tem como eixo principal a
aplicativo de relacionamento Tinder
tentativa de compreensão de algumas
práticas dos profissionais de psicologia que Vanessa Alves dos Santos
se apropriam das TICs no seu ambiente Vanina Costa Dias
profissional e pessoal. Diante das As relações que antes se davam através do
possibilidades do uso da tecnologia, a que contato físico vêm ganhando uma nova
nos interessa está circunscrita nas configuração: a virtual. Nessa realidade,
interações sociais nos ambientes digitais, tem crescido a cada dia o estabelecimento
levando em consideração as singularidades de novas conexões e interações assim
desse contexto como campo de interação como a rapidez da comunicação e a
90

construção de laços interpessoais. Nesse impactos que a cultura digital impõe sobre
âmbito, os aplicativos de relacionamento a sociedade atual e sobre a subjetividade
se colocam como novos espaços onde os dos adolescentes repercutindo no
indivíduos de diferentes idades têm processo de sua escolha profissional. A
buscado relacionar-se afetivamente. A partir de análise de micro dados
partir desse pressuposto, essa pesquisa apresentados pelas pesquisas
teve como objetivo compreender a do CETIC.br sobre o uso das tecnologias
construção dos laços afetivos de usuários pelas crianças e adolescentes brasileiros e
do Tinder e a influência dessa forma de de conversações com jovens de classes DE
contato na continuidade dos e de zona rural, e dialogando com os
relacionamentos. Tratou-se de um estudo conceitos de saber e saber-fazer na
de campo de abordagem qualitativa, psicanálise lacaniana, e de experiência e
primário e descritivo. O cenário do estudo vivência na filosofia benjaminiana,
foi uma cidade da Região Metropolitana de buscamos responder à questão que
Belo Horizonte/MG e a amostra foi impulsionou essa investigação, qual seja:
composta por jovens de 18 a 24 anos, como esses adolescentes marcados pela
selecionados por critério de conveniência. desigualdade social e econômica, e, além
A coleta de dados se deu por meio de disso, privados dos acessos às TICs, estão
entrevista audiogravada, previamente fazendo suas escolhas profissionais e sua
agendada, com roteiro semiestruturado, inserção nessa sociedade marcada por
construído a partir da literatura saberes e experiências construídos de
pesquisada. Para a análise de dados, forma cada vez mais virtualizada.
utilizou-se a técnica de análise de conteúdo
de Laurence Bardin, dialogando com SOB O OLHAR DO OUTRO:
autores contemporâneos da Psicologia o imperativo da exposição e a face
Social e da Psicanálise que pesquisam essa superegoica no amor
temática. Hélio Cardoso de Miranda Júnior
Os relacionamentos amorosos atuais estão
MAIS ALÉM DO VIRTUAL:
imersos em um contexto que os deixa
escolha profissional de adolescentes
muitas vezes à deriva. É em um mundo de
que vivem à margem da cultura
relacionamentos fluidos, para usar a
digital
expressão de Bauman, e de gozo
Vanina Costa Dias
prometido via gadgets, para caminhar com
Este relato de pesquisa apresenta uma Lacan, que hoje se busca o encontro com o
investigação sobre os usos das tecnologias sexo. Nesse encontro não há saber
digitais por adolescentes que vivem em constituído para orientar o que fazer com a
meios menos favorecidos e a implicação pulsão, mas o discurso que articula os
desses usos – ou a sua ausência - nas desencontros amorosos juvenis diz que o
relações com o saber /saber-fazer e a sexo pode (deve) ser vivido alegremente e
experiência no contexto da cultura digital. também que amar é sempre bom. Some-se
O principal foco de análise incidiu sobre os a isso a facilidade e a necessidade de se
91

expor e se manter conectado com o outro primordial é alcançar o próprio prazer e


nas “redes sociais”. Surge então a face estabelecer relações fluidas e de laços
superegoica do amor. Não é novo que seja emocionais frágeis. Para compreender
preciso reafirmar o amor, mas hoje a essas mudanças é fundamental conhecer
frequência é a da rede. É preciso as características da sociedade atual, que
apresentá-lo em um perfil de Facebook e pode ser nomeada como
retirar-se de uma suposta hipermodernidade ou modernidade
“disponibilidade”, é preciso deixar líquida, sem prejuízo do significado. Este
registros nos grupos de WhatsApp, expor trabalho objetiva expor uma discussão, a
sua bem-aventurança amorosa e sua partir da psicanálise, acerca dessas
felicidade ao olhar do Outro. Exigência que características, buscando compreender as
tende a aumentar cada vez mais. Em mudanças ocorridas nos últimos anos no
tempos em que a crença no Outro perde que se refere às relações amorosas. Para
sua articulação simbólica e amplia o poder tanto, será utilizado o recurso
do imaginário, ressurge o real da angústia cinematográfico. Por meio do recente filme
e da ausência de bússola que deixa os lançado em 2017 e intitulado “Newness”,
sujeitos à deriva na promessa de gozo e na do diretor Drake Doremus, busca-se
demanda de amor. Quanto mais se pode debater sobre as transformações pessoais
ver, mais se quer esconder. E quanto mais e sociais contemporâneas, bem como
se esconde, mais olhar é necessário. O sobre a influência das tecnologias de
supereu comanda a vida amorosa para comunicação online.
responder ao Ideal do Outro.
O USO DA INTERNET E A VIVÊNCIA DA
AMOR "DIGITAL": CONJUGALIDADE: dois lados da
a felicidade na ponta dos dedos? mesma moeda?
Erilda Jovanina da Silva Jéssica Buthers Lima Ferraz Fraga
Cristina Moreira Marcos Márcia Stengel
O mundo tem passado por transformações Diante da nova realidade virtual e o fácil,
constantes e velozes. Muito se atribui à veloz e constante acesso ao mundo digital,
rapidez da evolução tecnológica e dos seus percebe-se transformações nos
impactos na organização e subjetividade relacionamentos interpessoais devido às
dos sujeitos. Certamente é inegável que mudanças na forma de pensar, bem como
essas mudanças impactarão, em maior ou as mudanças psicológicas e sociais geradas.
menor grau, as relações entre as pessoas e, Neste novo contexto, torna-se cada vez
consequentemente, as relações amorosas mais complexo fazer a separação entre on-
de cunho sexual. Uma alteração notável é line e off-line ou, ainda, entre virtual e
o uso de aplicativos de relacionamentos presencial, uma vez que os novos
para iniciar relações, muitas vezes com dispositivos tecnológicos e formas de
objetivo de encontrar parceiros que acesso à internet configuram uma nova
tenham a mesma facilidade e rapidez em dimensão do tempo e espaço, levando a
iniciar e romper relações, visto que a ideia refletir na vivência da conjugalidade,
92

especialmente, como os casais consideram mais íntimas. Dessa forma, observou-se


o tempo gasto na internet? Assim, o que a relação amorosa também é
presente trabalho visa compreender sobre perpassada pelo virtual na
a vivência da relação conjugal na contemporaneidade. Formulou-se a
contemporaneidade com o advento das hipótese de que a introdução desse novo
TIC, principalmente, com a entrada da componente tecnológico poderia afetar
internet no cotidiano das pessoas, que qualitativamente o sujeito e suas
perpassa os relacionamentos conjugais. respectivas relações amorosas. Assim,
Desta forma, o objetivo geral consiste em observando o relacionamento amoroso
analisar como o uso da internet pode virtual como algo corrente, que tem
impactar a vivência da conjugalidade nos ganhado espaço no cotidiano das pessoas,
dias atuais. Para isto, entrevistas estão na mídia e nas clínicas de psicologia,
sendo realizadas com os casais procedeu-se com os seguintes objetivos:
separadamente. Após serem transcritas, as observar se houve mudanças nessas
falas dos entrevistados serão agrupadas relações a partir do impacto da Internet,
em temas e transformadas em categorias por meio do aplicativo Tinder,
de análise para posteriores interpretações, compreender as motivações que levam
com base no referencial teórico uma pessoa a procurar um encontro
pesquisado e que dará sustentação a este amoroso via Internet e verificar a
estudo. Os dados obtidos serão analisados percepção dos usuários acerca desse
através da técnica de análise de conteúdo. processo. Dessa forma, acredita-se que o
O referencial teórico utilizado contempla compartilhamento desse estudo poderá
autores como: Bauman, Castells, Féres- fornecer maior atualização, compreensão e
Carneiro, Giddens e Nicolaci-da-Costa. Esta intervenção diante desse fenômeno.
pesquisa foi aprovada pelo CEP (CAAE Informa-se que os resultados foram
03337418.7.0000.5137) e está em obtidos a partir de entrevistas
andamento. semiestruturadas com participantes ativos
no aplicativo Tinder, as quais foram
AS RELAÇÕES AMOROSAS NA ERA submetidas à análise de conteúdo
DIGITAL preconizada por Bardin (2016) e
Nathielle Roberta Araújo Mota observadas à luz de um complexo
Luma Mendes Campolina referencial teórico.
Cristina Moreira Marcos
Márcia Stengel ORALIDADE E ESCRITA EM AMBIENTES
DIGITAIS
Apresentação de pesquisa cujo objetivo foi
investigar as relações amorosas a partir do Silas Gutierrez
impacto da Internet. Partiu-se da ideia de Este trabalho tem como principal objetivo
que o avanço das tecnologias, o advento da analisar os mal-entendidos em interações
Internet e sua consequente globalização virtuais no aplicativo de mensagens
pouco a pouco inscrevem a virtualidade no Whatsaap, concentrando-se em trechos
dia a dia, nas esferas da vida, inclusive as retirados de diálogos de jovens entre 20 e
93

25 anos, moradores da cidade de São


Paulo, de classe média e universitários. No
corpus utilizado, observaremos o
confronto entre língua escrita e falada na
produção do discurso por meio da
sequência de mensagens, retomadas,
frases abandonadas digitadas no ambiente
virtual, desencadeando problemas de
interação pela falta de planejamento na
produção do texto. Tendo como base os
estudos realizados por Goffman (1970),
Kerbrat-Orecchioni (1995) e Hilgert (2002,
2003), refletiremos a importância do
estudo sobre o contexto dos interlocutores
para a atenuação de possíveis mal-
entendidos em ambientes em que a
interação face a face está ausente.
94

FÓRUM D

Coordenadores: Samara Sousa Diniz Soares (Psicologia Social - PUC Minas) e Homero Nunes
Pereira (Comunicação Social/Ciências Sociais - Centro Universitário Newton Paiva).
Sala: 217.

ANÁLISE DO DISCURSO DE A RELAÇÃO DOS ADOLESCENTES COM


INFLUENCIADORES DIGITAIS E O OS YOUTUBERS
IMPACTO DE SEUS CONTEÚDOS Gisele Colares Vilela
Ana Caroline Schuenck dos Santos Igor Teuri
Laryssa Haiter dos Santos
Vivencia-se o surgimento de diversas
Layla Carias Gonçalves
tecnologias de comunicação e informação
Adriana Woichinevski Viscardi
e de meios de entretenimento. Frente a
Leonardo Fernandes Martins
isso, buscou-se compreender como as
A evolução da internet e tecnologias de transformações nos meios de interação e
informação ocasionou novas formas de uso de tecnologias tangem os
interação, concepção de sujeito e adolescentes. O presente trabalho teve por
subjetividade e gera continuamente finalidade analisar como ocorre o processo
transformações nas formas de de identificação dos adolescentes pelos
subjetivação e comportamento. Esta youtubers. Utilizou-se como instrumento
pesquisa teve como objetivo, através da de pesquisa a entrevista semiestruturada
Análise Crítica do Discurso e os dados de com 9 adolescentes da rede pública de
evocação de palavras, analisar o discurso ensino de Belo Horizonte. Através de
de influenciadores digitais através dos seus análise dos dados coletados, foi possível
canais do YouTube e discutir seus impactos verificar que os youtubers estão presentes
na formação e transformação dos na vida de todos os entrevistados e os
indivíduos que os acompanham. Neste influenciam de diferentes modos. Os
sentido, buscou-se analisar os discursos de estudos apontaram que os youtubers são
influenciadores digitais acerca de importantes personagens durante a fase
subjetividade e comportamento na de descoberta e construção de identidade
sociedade contemporânea. Os resultados dos adolescentes; os adolescentes
sugerem a centralidade do discurso pela entrevistados passam várias horas do dia
própria experiência, apresentam aspectos assistindo seus youtubers prediletos; eles
lexicais de intensidade característico da percebem os youtubers como
Geração Y e a vulnerabilidade de maior influenciadores, e alertam para o perigo
parte do público devido a faixa etária. disso para crianças; os youtubers seguidos
pelos adolescentes se alteram à medida
95

que ocorrem transições na vida dos impressão correta, cuidados em relação à


adolescentes e vão adquirindo maturidade. estética das fotografias e cuidados com a
Constatou-se a relevância do tema e a exposição da própria intimidade, trazendo,
necessidade de mais estudos na área. em geral, representações honestas de si.

APRESENTAÇÃO DE SI DE A LÓGICA DAS REDES SOCIAIS NAS


ADOLESCENTES NO INSTAGRAM RELAÇÕES AMICAIS
Mariana Matos Nascimento Oliveira Samara Sousa Diniz Soares
Com 800 milhões de usuários ativos por Márcia Stengel
mês, sendo o Brasil o segundo país com Esse trabalho tem como objetivo a
mais utilizadores, o Instagram se configura problematização da apropriação
como plataforma que apresenta variantes contemporânea do conceito de amizade
técnicas que proporcionam diversos graus pelo Facebook e como essa articulação
de interação. Sendo o período da recente entre amizade e virtualidade tem
adolescência marcado pela gerado novas maneiras de iniciar, manter e
experimentação de novas vivências e romper vínculos. A Netnografia foi utilizada
possibilidades interacionais, há uma como suporte metodológico para a
apropriação criativa no uso desses espaços sistematização e análise das 4104
por parte desses jovens, com regras e comunidades do Facebook sobre o tema da
convenções próprias, inclusive no contexto amizade, bem como a sustentação teórica
da apresentação de si. Tendo como base a de autores clássicos e contemporâneos das
teoria dramatúrgica proposta por Goffman, Ciências Humanas e Sociais. Percurso
a definição de apresentação de si teórico-empírico que demonstrou a
pressupõe a figura do outro para o qual se convivência de dois discursos e,
apresenta o sujeito, mas foca também o consequentemente, duas práticas de
fato de ser uma “auto apresentação”, ou relações amicais hoje: uma pautada na
seja, uma construção feita pelo próprio veracidade que faz fronteira com a
sujeito reflexivo, tornando-se um perfeição, herança das gerações
componente fundamental para a interação anteriores, e outra na novidade, que se
social, uma vez que as imagens públicas esgarça na virtualidade, fruto desta era e
que as pessoas transmitem fornecem aos de sua lógica. Funcionamento que impinge
outros interagentes uma noção de como sobre as relações amicais um novo
elas esperam ser tratadas, assim como a paradigma calcado no virtual tanto no
forma pela qual devem tratar os outros. sentido usual do termo para se referir a
Pesquisas apontam que, ao apresentar-se tudo aquilo que é mediado pela internet,
no Instagram, os adolescentes se propõem quanto em seu sentido filosófico o qual se
a expor de forma descomplicada aspectos refere à força, potência, ou seja, àquilo que
íntimos de suas vidas, tendo um conjunto existe enquanto possibilidade, devir. É
de agendas de auto apresentação nesse cenário movediço, mas potente que
elaboradas com cuidadoso planejamento, o sujeito contemporâneo constrói suas
esforços conscientes para causar a relações e se constrói movido pelo desejo.
96

Contexto que tanto pode apagar esse importância dos “resíduos mnêmicos
sujeito e suas relações com sua lógica de ópticos” e no “caráter especial do pensar
industrialização, monetização e visual”, que, para muitas pessoas, “parece
algoritmização de interações, como pode ser o método favorito” de pensar. Nossa
ser utilizado para a criação de saídas hipótese é de que a imagem de si, que
singulares e férteis em possibilidades possui uma instabilidade constitutiva, se
construtivas de si e de uma rede de manifesta no social, promovida pela
amizades. profusão de imagens ideais e seu fluxo
acelerado. Essa instabilidade favorece os
FLUXO DE IMAGENS, EGOS gozos do binarismo, fabricados pelos
DESCARTÁVEIS: objetos do mercado com suas falsas
do binarismo à criatividade promessas de felicidade e pelo controle
Luciene de Mélo Paz político social, do qual o sujeito escapa
Véronique Donard através de seus vínculos, desejos, e de seus
Maria de Fátima Vilar de Melo modos singulares de operar a realidade,
tecendo, no social, a vanguarda de cada
Há consenso sobre um novo ordenamento
época.
social, determinado, sobretudo, pelo uso
das novas tecnologias da comunicação e
A INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS NA
dos dispositivos virtuais que modificam os
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
modos de subjetivação e,
PESSOAL
consequentemente, as formas de
sofrimento. O presente trabalho é Cecília Sepúlveda del Rio Hamacek
resultado parcial de uma pesquisa que tem Alícia Fagundes Monteiro
como objetivo investigar sobre a ascensão Lúcia Carvalho Costa
vertiginosa das imagens e o declínio da O presente trabalho é originado de um
função das palavras na subjetividade projeto de pesquisa intitulado "Tecnologia
contemporânea. Imagens, como unidade e Subjetividade: A Construção de
da dimensão imaginária especular, que nos Identidades no Real e no Virtual". A
olham, nos formam e nos transformam, e pesquisa se encontra em andamento, os
palavras, como unidade da dimensão resultados e a discussão embasada no
simbólica, que se reproduzem por referencial teórico serão apresentados em
repetição, sem intenção, por vezes um Seminário à disciplina Estágio III do
ausentes ou como discurso de ódio. curso de graduação em Psicologia, no atual
Discutiremos sobre as transformações semestre. Busca-se descrever os aspectos
ocorridas com os novos regimes de relacionados à vivência do meio virtual
visibilidade e a operação constitutiva do eu através das redes sociais, frente à
que embasa a própria estrutura especular influência destas na construção da
de toda subjetividade. A abordagem identidade dos indivíduos que as utilizam.
psicanalítica ampara-se na teoria de Freud Assim, parte-se da premissa de que a
e Lacan. A leitura do texto freudiano nos identidade se estrutura através da
orienta na medida em que insiste na interação do sujeito com o meio social no
97

qual está inserido, em uma construção sonoras daqueles espaços. Os dispositivos


multidirecional de caráter dinâmico. se tornam cada vez mais especializados
Compreendendo que os avanços para atender às demandas íntimas e
tecnológicos oferecem diferentes privadas de cada consumidor de música. O
alternativas para o contato entre pessoas e barateamento de aparelhos smartphones,
a crescente presença das redes sociais no bem como o surgimento de aplicativos de
virtual, como uma extensão da vida streaming de música, colaborou para a
concreta, entende-se que os indivíduos são expansão desse cenário, cada vez mais
influenciados por essa nova forma de atual nos cenários das ruas da cidade.
interação e, assim, as subjetividades Nossa hipótese é que, enquanto tal
acabam por se pautar também nos âmbitos “encapsulamento” reafirma o isolamento
do ciberespaço e da cibercultura para a deste indivíduo contemporâneo,
estruturação dos laços sociais, contribuindo para o caráter blasé nas
principalmente entre jovens adultos. A cidades, ele expressa ao mesmo tempo
metodologia é baseada na coleta de dados uma nova relação: o paradoxo entre o uso
a partir de um questionário, bem como na do fone de ouvido e a impessoalidade da
realização de uma entrevista cidade, já que a música preenche espaços
semiestruturada com usuários ativos do sociais com sentido social, alterando as
Instagram e análise de seus respectivos relações espaço-temporais, transformando
perfis, sob critérios pré-estabelecidos. a sociabilidade daqueles que fazem seu uso
Pretende-se, portanto, descrever como na cidade na medida em que a própria ideia
esses usuários desenvolvem suas relações de ser social e de conexão/laço social é
na instância do virtual e como essas transformada pela introdução dessas
relações influenciam na construção novas tecnologias no dia a dia.
identitária dos indivíduos.
OS DESAFIOS DO SELFIE NA
O USO DE FONES DE OUVIDO E O FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO A PARTIR
NOVO INDIVIDUALISMO NAS CIDADES DO CONCEITO DE INDÚSTRIA
CULTURAL
Clara Silberschneider
Gabrielle Raposo Chaves
O presente trabalho tem como objetivo
Nivaldo Alexandre de Freitas
estudar as novas dinâmicas sociais criadas
por tecnologias de reprodução musical no Essa pesquisa tem como objetivo analisar
séc. XXI nos ambientes urbanos – mais alguns aspectos da formação humana,
propriamente o fone de ouvido. Acredita- relacionando o conceito de indústria
se que a incorporação desse dispositivo é cultural com a formação psíquica do
reflexo de um processo de individualização indivíduo. A pesquisa se direcionou a
que dá lugar a um novo tipo de indivíduo, estudar o papel do selfie na
encapsulado e conectado, que leva consigo contemporaneidade, uma vez que a
suas músicas para qualquer lugar, seja nas imagem está ligada a relação do sujeito
ruas da cidade, nas estações de metrô, com o outro, na maneira na qual ele se
criando e modificando as paisagens apresenta virtualmente. O método
98

utilizado foi o da pesquisa bibliográfica


teórica. Para a realização desse estudo, foi
necessário investigar os capítulos da obra
Dialética do Esclarecimento, dos autores
Horkheimer e Adorno, de 1947, e recorrer
às principais obras de Freud, a fim de
compreender a ação dessa indústria na
constituição psíquica do sujeito. São os
selfies que ajudam a consolidar
representações. Assim, o sujeito é
empobrecido à maneira que se nutre dos
elementos dessa indústria, pois implica em
uma cultura narcísica que alimenta o ego
do sujeito à medida em que o esvazia. Esse
fator corrobora para uma sociedade em
que os sujeitos passam a tratar uns aos
outros como coisa e estes são cada vez
mais massificados e padronizados. Com
isso, é possível refletir sobre as
consequências do uso do selfie para a
formação do sujeito e pensar na
subjetividade a ser construída por uma
indústria cultural que limita a autonomia
do sujeito, acarretando na constituição de
indivíduos para que estes se apresentam
cada vez mais nas redes sociais à maneira
das representações consolidadas pela
própria indústria.
(1) Criações no ambiente virtual e seus impactos sobre o saber;
(2) Invenção, singularidade e saber na virtualidade; (3)
Expressões e intervenções artísticas e culturais: possibilidades
e impactos na cultura digital; (4) Transformações e
permanências na arte na era das TICs; e (5) Os sentidos das
produções artísticas e culturais na virtualidade.
100

FÓRUM A

Coordenadores: Patricia da Silva Gomes (Psicologia/Psicanálise - UFMG) e Glaucinei Rodrigues


Corrêa (Arquitetura e Urbanismo/Design Social - UFMG).
Sala: 316.

O INSTAGRAM COMO INFLUENCIADOR CRIADORES DE CONTEÚDO DO


TURÍSTICO: como mulheres têm YOUTUBE: análise semiótica de
usado o aplicativo na hora de viajar vídeos sobre cultura negra e LGBT+
Alice Leroy Carvalhais Magno Henrique Martins Alves
O ato de se deslocar sempre foi inerente e Será apresentado um artigo sobre a as
natural ao ser humano. As novas possibilidades de criação de conteúdos no
Tecnologias de Informação e Comunicação YouTube para quebrar paradigmas sobre a
(TICs), porém, revolucionaram a maneira Cultura Negra. Porém, é necessário avaliar
como viajamos e como compartilhamos e os conceitos semióticos implementados
produzimos informação. Entre elas, o nessas produções audiovisuais que visam
Instagram. A rede social que mais cresce no ampliar discussões históricas para
mundo abriga hoje o mercado crescente de mudanças de contextos na sociedade
influenciadores digitais de viagens e tem o contemporânea.
público feminino como maioria dos
usuários (em 2018, 68% eram mulheres). AS JOVENS E O CUTTING: a estética
As mulheres têm conquistado e habitado da dor e suas palavras no Tumblr
cada vez mais espaços, virtuais e físicos, e Patricia da Silva Gomes
exercendo mais seu direito de viajar. Dora Gomes Guerra
Considerando isso, surge o
A rede social Tumblr tem se apresentado
questionamento: como as mulheres que
como um espaço preferencial para a
viajam têm usado o Instagram na hora de
publicação de imagens de autolesões de
viajar? Qual é o papel da rede no mercado
jovens. Tais publicações demonstram uma
do turismo feminino? A presente pesquisa
estética particular e textos cujo conteúdo
tem como objetivo entender como o
versa sobre depressão, ideias suicidas,
aplicativo cria e concretiza o desejo de
solidão, sentimento de inadequação, entre
consumo, bem como cria novas maneiras
outros. O presente trabalho pretende
de compartilhamento e produção de
discutir os aspectos estéticos destas
sentidos entre as mulheres. Esses
publicações, articulando-os aos textos que
fenômenos serão discutidos com base nos
as acompanham tendo como chave de
conceitos do paradigma das mobilidades,
leitura as considerações psicanalíticas
cibercultura e participação.
101

sobre o encontro adolescente com o real, assédio e violência ainda são constantes e
seus endereçamentos na cibercultura e geram, por vezes, a necessidade de
argumentos da Comunicação a respeito do utilizarem recursos para se manterem
corpo e a mídia. invisíveis nesse ambiente, além do próprio
mercado de trabalho na indústria
MULHERES GAMERS E AS RELAÇÕES tecnológica ainda ser muito restrito aos
DE GÊNERO NO AMBIENTE VIRTUAL homens. Portanto, é fundamental o
DE JOGOS aprimoramento dos estudos relacionados a
Luiza de Abreu França essa temática, a fim de fortalecer ainda
Maria Madalena Silva da Assunção mais a luta pelos direitos das mulheres
Márcia Stengel dentro do ambiente virtual de jogos.

Em 2016, a pesquisa Game Brasil, realizada


RAGECOMIC “O QUE NÓS
com 2.848 pessoas de 26 estados e Distrito
QUEREMOS”: uma reflexão sobre a
Federal, revela que 52,6% das pessoas que
criticidade e argumentação no
dizem jogar algum jogo eletrônico são meme
mulheres, havendo um aumento
Lilian Adriana Cabral Moreira
considerável se comparado ao ano anterior
com 47,1%. Mesmo diante desse O trabalho a ser apresentado tem por
crescimento, ainda são necessárias muitas objetivo propor uma análise discursiva do
mudanças para a mulher conquistar seu gênero meme, mais especificamente
espaço nos eSports. Os dados do I Censo da daqueles cujas personagens denominam-
Indústria Brasileira e Global de Jogos se ragefaces. Inserido na esfera
Digitais (2014) apontam que dos 1.133 artes/mídias, com sua linguagem própria e
profissionais, 85% são homens (967) e personagens característicos, pretende-se
apenas 15% são mulheres (173). Assim realizar um panorama a respeito do
sendo, a questão de gênero se mostra surgimento do gênero, bem como sua
muito evidente nos jogos virtuais e isso é popularização, registrada a partir do ano de
vivenciado de uma maneira muito 2008. Analisar-se-ão alguns exemplares do
particular por cada jogador(a). Esse estudo gênero, bem como suas peculiares
objetivou entender a partir do relato das personagens, sob a concepção bakhtiniana
jogadoras como elas percebem e vivenciam de análise do discurso e, a partir de então,
o “ser mulher” nesse ambiente ainda pretende-se discutir a maneira como se
conhecido por ser majoritariamente estabelece a relativa estabilidade do
masculino. Como metodologia utilizou-se gênero, construída, principalmente, a
uma abordagem qualitativa de pesquisa partir da relação texto-imagem,
com a realização de entrevistas indissociável ao meme. A partir da análise
semiestruturadas com quatro jogadoras de de exemplares do gênero, de temáticas
jogos virtuais, sendo duas portuguesas e diversas, de política a relações sexistas,
duas brasileiras. Mesmo que o público incluindo ragecomics intituladas “O Que
feminino seja considerado como maioria Nós Queremos”, pretendeu-se mostrar
no meio dos jogos virtuais, situações de como se dá o processo de construção de
102

sentido pelo leitor e buscar elementos que entender como é o processo cultural de
justifiquem sua crescente popularização formação de identidade através dos
entre usuários da Internet. Apesar de não memes, foram analisadas páginas
possuir uma característica expressivas de produção desse tipo de
predominantemente argumentativa, conteúdo, a South America Memes e a
objetiva-se apresentar e discutir o meme Shitboster2.0, bem como as relações entre
“O Que Nós Queremos” considerando as seus consumidores, através dos
críticas sociais e ideológicas por eles comentários. Para compreender os
veiculadas que, implicitamente, mobilizam processos identitários, autores como Hall
uma atitude persuasiva. A escolha pelo (2001, 2011), Canclini (2008), Martino
gênero justifica-se dada a crescente (2016), Giddens (1991) servirão como base.
popularidade do mesmo enquanto meio A cultura da mídia e a globalização digital,
cultural de manifestação do pensamento parte fundamental do cenário, serão
crítico, inserido na comunicação midiática também analisadas através de autores
da vida contemporânea. como Kellner (2001), Yúdice (2013),
Moraes (2006), Gómez (2006) e Hannerz
CULTURA DIGITAL E IDENTIDADE (1994). O ambiente digital, propício para o
PÓS-MODERNA: memes como surgimento de novas sociabilidades, será
criadores de comunidade e analisado através de autores como Lemos
identificação (2007) e Lévy (1999a, 1999b).
Duane Henrique Alves de Carvalho e Silva
Luiz Eduardo de Carvalho Alves VISITA VIRTUAL HOSPITALAR:
ajudando na recuperação dos
As ferramentas de compartilhamento de
pacientes internados
conteúdo digital, em especial as redes
sociais, possibilitaram o surgimento de Saulo Mengarda
uma nova forma de entretenimento, os O hospital é um local de acesso restrito e
memes. Apesar do termo originalmente que deve ter o menor fluxo possível de
denotar outro elemento, ele ganha um pessoas, causando ao paciente uma
novo significado no âmbito digital com sensação de isolamento, distância e
imagens e vídeos de humor, abandono. Dois principais motivos que
frequentemente referenciando outros podem dificultar os familiares de
elementos da cultura da mídia. Assim como realizarem a visita pessoal são os horários
produções musicais ou cinematográficas, pré-definidos e a patologia do usuário.
os memes passaram a ser um fator de Objetiva-se, com este trabalho, descrever
identificação, de forma que, pela vasta os processos de implantação e os
variedade de conteúdos criados resultados do projeto Visita Virtual, que
diariamente, certos indivíduos preferem permite aos familiares efetuarem uma
consumir determinado tipo em detrimento visita ao paciente que se encontra
do outro, criando certas comunidades, internado em um hospital público do
como uma nova tribo urbana, mas na estado do Pará. Para tornar possível a
cidade digital desterritorializada. A fim de funcionalidade da Visita Virtual, o hospital
103

disponibilizou um ambiente tecnológico “Cam” (2018), disponível na plataforma


com distribuição de sinal de Wi-Fi para Netflix, pode ser tomado como texto, e
todas as enfermarias. Fazendo uso de um dessa maneira podemos refletir sobre
notebook com câmera e microfone como as narrativas ficcionais estão
integrados para criação das salas virtuais, descrevendo a “realidade” dessas
onde as pessoas envolvidas farão acesso e trabalhadoras sexuais no ambiente online.
poderão efetuar a visita de forma virtual. A O filme trata da perseguição da
alternativa para minimizar esses principais protagonista por alcançar uma melhor
motivos é a Visita Virtual, que teve seu colocação no ranking de uma plataforma
início com um conjunto de ideias e de exibição para camgirls antes de ter sua
situações que acompanham o dia-a-dia de conta misteriosamente invadida e não
um hospital. Com o projeto, notou-se que encontrar respaldo da plataforma para a
os usuários passaram a sentir-se mais qual trabalhava, nem da polícia, ou família,
acolhidos pela equipe e por seus familiares, e se vê em uma situação de vulnerabilidade
como também para os familiares o bem- e descredibilidade. Para tanto, o objetivo
estar de acompanhar esse tratamento, desta pesquisa foi tomar o filme “Cam”
mesmo que à distância, mas visualizando e como uma problemática capaz de
conversando com seu familiar internado. O encontrar respaldo em dados
melhor resultado do projeto é poder documentados; com vistas a refletir como
acompanhar esse momento de felicidade o território online tem favorecido
das pessoas ao conseguirem essa paradoxalmente a possibilidade de uma
comunicação. É algo muito satisfatório, exposição mais segura das trabalhadoras
pois isso reúne não só as pessoas da região, sexuais, ao mesmo tempo que tem
mas parentes que estão distantes. produzido debates para problematização
das condições de trabalho, construções
“CAM”: da ficção as construções identitárias e direito ao esquecimento
identitárias das camgirls nas redes dessas mulheres. Além do referencial
sociais de exibição bibliográfico tradicional, pretendemos
Nealla Valentim Machado validar os documentários “Hot Girls
Lucas Guerra da Silva Wanted” e “Pornocracy” como fontes
Paulo Sérgio Sousa Costa bibliográficas para o debate da
problemática destas condições.
A pornografia é um dos fundamentos da
internet. As câmeras de exibição (Cams) de
mulheres são uma parte entre as várias
categorias da indústria pornográfica
online, e compreende o aceite compulsório
por parte destas das regras estabelecidas
pela plataforma de rede social na qual
realizam seu cadastro, quanto às
possibilidades de exibição e remuneração
pelo trabalho. Uma ficção como o filme
104

FÓRUM B

Coordenadores: Libéria Rodrigues Neves (Educação/Psicanálise - UFMG) e Antonio Carlos


Dutra Grillo (Arquitetura e Urbanismo - PUC Minas).
Sala: 317.

DOSSIÊ RIO DOCE: propostos por Gillian Rose (2016). Para


uma possibilidade de leitura visual Joly, como imagem, podemos identificar
em uma narrativa multiplataforma “algo que, embora nem sempre remeta ao
Luana Teixeira de Souza Cruz visível, toma alguns traços emprestados do
Eliziane Cristina da Silva de Oliveira visual e, de qualquer modo, depende da
produção de um sujeito: imaginariamente,
A proposta deste trabalho é analisar
a imagem passa por alguém que a produz
narrativas imagéticas produzidas e
ou reconhece.” (Joly, 2012, p 13) Partindo
veiculadas em ambiente digital (site,
daí, e considerando como particularidade
Instagram e Facebook) e impresso (revista
do objeto analisado a necessidade de
trimestral) do projeto de divulgação
transcriação de informações científicas
científica Minas Faz Ciência após a tragédia
para um público diverso, entendemos que
de Mariana. O conjunto do material
o uso de imagens pode contribuir de forma
denominado Dossiê Rio Doce apresenta
positiva para melhor compreensão das
estudos desenvolvidos por cientistas de
informações presentes nos textos verbais
universidades e centros de pesquisa
publicados nas diversas plataformas.
mineiros para recuperação da bacia do Rio
Doce. A área foi degradada pelo
OS EFEITOS IDEOLÓGICOS DO
rompimento da Barragem de Fundão da
APARELHO DE BASE DA REALIDADE
Samarco, em 2015, que causou a morte de
VIRTUAL: imersos no “Rio de Lama”
19 pessoas e danos ambientais. O Dossiê,
conceitualmente, é uma narrativa Rafael Romão Silva
multiplataforma que privilegiou o uso de A nossa abordagem pontuará o que a
imagens e esse é o ponto principal da teoria do aparelho de base do cinema nos
análise proposta: compreender a diz sobre o Audiovisual de três graus de
importância das imagens na construção de liberdade assistidos em head-mounted
narrativas jornalísticas, tanto no ambiente displays, dados por Realidade Virtual.
digital, quanto em suporte impresso, além Resgatamos a discussão de Jean-Louis
dos impactos sobre o saber. A análise Baudry sobre como o aparelho de base do
proposta foi realizada a partir do conceito cinema é uma configuração que produz um
de imagem adotado por Martine Joly sujeito transcendental. Em seguida
(2012) em diálogo com os métodos digitais refletimos sobre quais transformações
105

ocorrem na experiência em RV com HMD, escolhidas por muitos deles e serão os


principalmente a partir da quebra do espaços escolhidos como recorte deste
repouso do espectador. Desenhamos trabalho, que pretende analisar os
considerações sobre um sujeito impactos dessas relações partindo da
transcendental que tem a ilusão da ação análise das redes de alguns autores
significadora, o que aplicamos à recepção
da obra cinemática para RV “Rio de Lama”. O PEQUENO @
Produzido por Tadeu Jungle, a obra propõe Marina Del Papa
a construção de um memorial das vítimas
Recentemente ao escutar uma expressão
do crime ambiental de Mariana/MG. Causa
dentro do ambiente clínico fui tomada pela
de grande comoção, o vídeo aponta a
nomeação @ (“o meu arroba”), a primeira
possibilidade de significar a ação enquanto
vez ao escutar questiono e me é revelado
inútil, o que gera uma quebra de
que @ é nome que se dá para aquele se
expectativa no espectador/interator.
interessa, pois geralmente quando está a
fim de alguém nas redes sociais você marca
AUTORIA EM TEMPOS DE LIKE
@+ nome da pessoa. Existem várias vias
Poliana Moreira da Silva que nos permitiriam provocar, escutar esse
Guilherme Trielli Ribeiro @. Um @ não tem sexo, não tem idade,
As tecnologias digitais vêm transformando não comporta diferença, é uma letra que
de modo radical a experiência humana. precede a nomeação do desejo
Elas são capazes de “alterar nossa forma de endereçada ao outro, que parece a
ver o mundo, de morar no tempo, de viver princípio vazio, sem roteiros e invenções.
os espaços, de experimentar a vida, seja na No simpósio “Saber, criação e
realidade viva das coisas, seja em virtualidade”, provocamos a reflexão
realidades virtuais, em situações diante do apontamento lacaniano
fidedignas” (RӦSING e RETTENMAIER, (1971/2009) quanto à relação sexual que
2009, p. 9). Devido a essa capacidade de não existe. Caberá ao sujeito saber criar
adaptação, experimentação e ampliação algo que está intrinsecamente associado à
de sentido proporcionada por elas, sua sua castração. A virtualidade atravessa
influência se ramifica para novas áreas. O como salienta Nobre (2013) um tempo de
presente trabalho busca analisar de que predominância, devido ao uso das novas
forma a produção literária contemporânea tecnologias, e isso, sem dúvida, acarreta
vem sendo impactada pela relação entre impactos sobre a realidade psíquica e
leitor e autor nas redes sociais, uma vez cultural. Sendo assim, indagamos: A
que esses ambientes se tornaram o espaço virtualidade opera como facilitador da
de socialização de textos inéditos para anulação das diferenças? Quando
muitos escritores, consagrados e novatos, escutamos que @ precede um nome na
devido ao lugar que elas ocupam hoje na fala de um sujeito contemporâneo, nos
sociedade. O Facebook e o Instagram, que coloca retomar: quando Lacan (1970/2003)
estão entre as redes sociais mais utilizadas diz do objeto a, expressaria como a
atualmente, são as principais plataformas sociedade seguiria para uma lógica na qual
106

o objeto a alcança seu ponto mais alto e NOVAS SUBJETIVIDADES NA CULTURA


imperaria onde antes se guiava pelo Ideal. DIGITAL CONTEMPORÂNEA:
O que é possível saber e inventar com a intercessão do outro maquínico e a
virtualidade quando a nomeação pelo viés produção de sentido
ideal deflagra exceções, notoriamente a Luciene dos Santos
castração?
Cenário mundial contemporâneo
dominado globalmente pelas tecnologias.
A (IM)POSSIBILIDADE DO LAÇO
Os processos de digitalização e automação
SOCIAL DE YOÑLU PELA
das atividades humanas que avançam de
VIRTUALIDADE
forma célere e alteram as relações entre os
Cinthia Oliveira Demaria homens e entre esses e a ambiência, em
Carla de Abreu Machado Derzi especial à apreensão perceptual da
Este trabalho propõe escutar o temporalidade e espacialidade,
funcionamento psíquico de Yoñlu, transmutando as configurações do saber,
personagem principal do filme Yonlu em vários domínios, e sua forma de
(2018) – baseado na história real do transmissão. As tecnologias smart e as
brasileiro Vinícius Gageiro Marques, para perspectivas em relação ao saber, os
recolher os efeitos da função da investimentos na área de Inteligência
virtualidade na criação artística dele. A Artificial, seus desdobramentos sobre a
internet possibilitou-lhe criar músicas e a cotidianidade e nas relações sociais. As
construir um campo artístico endereçado máquinas inteligentes (robôs e sistemas
ao outro. A pulsão escópica “olhar e ser algoritmos), intervenções criativas
olhado” permitiu-lhe endereçar as suas inteligentes na relação dos homens com a
músicas ao ouvinte e a estabelecer laços natureza, na formação de laços sociais e no
sociais. Entretanto, há um paradoxo. É pela funcionamento psíquico ao fortalecer
via da virtualidade que um gozo escópico fantasias de retração dos limites impostos
se impregna para Yoñlu a tal ponto de ele pelo real e ampliar a negação à castração.
cometer um suicídio assistido em tempo Discutir o estado de ansiedade
real pela rede. Será que nesse viés a generalizada, de desamparo diante de uma
virtualidade não possibilitou uma cultura que não consegue imprimir a
desconstrução do Outro levando-o ao impressão perceptual de que há controle e
empuxo ao gozo? É a partir deste paradoxo ordenação no encaminhamento das
que o trabalho se propõe a discutir as questões que organizam as sociedades.
possibilidades e impossibilidades da Reconhecer as construções fantasísticas
Cultura Digital. em relação às máquinas e verificar como
relações interativas comunicacionais,
grupos sociais e as instituições sociais em
suas práticas discursivas promovem essas
fantasias e como sustentam a produção
subjetiva dos sujeitos envolvidos. Discutir
de que forma relações sociais estão se
107

configurando entre os homens e as entrevistas para a TV francesa, nos anos


máquinas inteligentes e como tais 1980. Nela, Deleuze, em um dado
dispositivos ocupam a posição de outro momento, manifesta seu desprezo pela
ator social. Identificar o componente “opinião”, vendo nela a superfície de ideias
pulsional, disruptivo e avesso à esvaziadas, um deserto através do qual
racionalização e a análise dos fatos, que nenhuma questão relevante surge ou
aparece na cultura digital e relacioná-lo ao poderá germinar.
cenário de produção excessiva de violência
como sintoma. URBANO-DIGITAL-URBANO:
intervenções de urbanografia no
NOTÍCIAS E DESCONTEXTOS: Instagram
a construção do “real” e alguns de Thiago de Andrade Morandi
seus impactos na opinião
As artes urbanas do grafite, denominadas
Gilbert Daniel da Silva nesta pesquisa como urbanografia, envolve
O que aqui chamo de descontexto pode ser processos de criação artísticos diversos
pensado como uma prática não exclusiva inspirados em ações e acontecimentos do
da atualidade, mas massivamente usada cotidiano. Muitos dos insights criativos são
nos últimos tempos, prática capaz de realizados por motivação política e social
caluniar, mentir e difamar pessoas, fatos e constituídas no âmbito digital ou com
eventos de grande relevância (como proposta de inserção no mesmo. Por meio
eleições presidenciais), cujos estragos a de análises de algumas hashtags que
essas vítimas dificilmente podem ser envolvem o grafite na rede social
reparados com o mínimo de agilidade e Instagram, buscamos compreender esta
eficácia. Desde logo, perde-se a linha tênue entre o urbano e o digital,
possibilidade de fazer frente e controle principalmente sob a ótica de valências e
sobre as práticas abusivas. Desse modo, operações de modo progressivo, defendida
depois que a imagem e a dignidade das por Silva (2014), com maior destaque para
vítimas são destruídas, opera-se de modo o que o autor define como operação de
tão violento que o poder corrosivo das olhar citadino, que é a interação do ver,
informações falsas não pode ser revertido, registrar e publicar. Importante destacar
não no curto prazo. Os processos ainda que o grafite analisado nesta
comunicacionais em alta velocidade e pesquisa engloba as mais variadas
impulsionados em uma escala monstruosa intervenções em muros, paredes,
influenciam opiniões de milhares de monumentos e afins, com destaque para as
pessoas e são responsáveis pela pichações, xarpi, lambe-lambe, graffiti,
degenerescência da fama e da reputação dentre outros.
de pessoas e instituições. Opinião é aqui
um termo que merece destaque. A
fragilidade dessa categoria foi bem
ilustrada pelo filósofo francês Gilles
Deleuze (1925-1995) em uma série de
108

FÓRUM C

Coordenadores: Eduardo Antonio de Jesus (Comunicação Social - UFMG) e Maralice de Souza


Neves (Linguística/Psicanálise - UFMG).
Sala: 318.

CAMINHOS CURTOS MAIS LONGOS: o Brasil, essas pessoas, que ao mesmo


análises sobre o desenvolvimento de tempo em que são cidadãos do mundo e
uma criação digital sem pátria, também precisam enfrentar
Vinicius Rutes Henning constantemente manifestações
Alckman Luís dos Santos xenofóbicas (o que é ainda pior quando o
Rafael Soares Duarte palco para esses eventos é o Brasil, um país
formado por imigrantes). Utilizando-se dos
Este trabalho pretende estudar e analisar
deslocamentos, as profundidades da
os processos criativos e metodológicos de
página, as trajetórias estão representadas
uma criação digital baseada em elementos
tanto nos poemas e quadrinhos, quanto na
organizacionais provenientes das histórias
organização formal da obra. Dessa forma, a
em quadrinhos e da poesia visual moderna,
obra tem o objetivo de recriar
ambas, em sua versão analógica, mídias
espacialmente esses deslocamentos, a
textuais realizadas exclusivamente em uma
partir de estratégias de imersão e
espacialidade estática, comumente, a
interatividade que o meio digital nos
página. Através desse recruzamento, é
permite, mas sempre balizada pelas
possível analisar a criação poética digital
características do que é virtualmente uma
por meio da investigação de características
página.
formais dessas duas textualidades verbo-
visuais, em uma criação que, ao mesmo
LITERATURA DIGITAL NO BRASIL:
tempo, simula uma página impressa, mas
uma abordagem desde o Repositório
utiliza as possibilidades únicas do meio
da Literatura Digital Brasileira
digital para a criação do que poderia ser
chamado de páginas impossíveis. A criação Rejane Cristina Rocha
tem como tema as imigrações modernas Não é inédita a dificuldade em se
(haitiana, síria e venezuelana) no Brasil. estabelecer uma definição de literatura
Depois de grandes catástrofes naturais, digital que contorne a metalinguagem
econômicas e políticas, ocorreram teórico-crítica dos estudos literários,
deslocamentos forçados em uma grande construída a expensas da cultura impressa
parte da população desses países, não em benefício de uma abordagem que veja
somente para o Brasil, mas também para a literatura digital em sua especificidade,
muitos outros. Chegando em países como não em comparação com a literatura
109

impressa. Nesta comunicação, propomos EXPOSIÇÕES VIRTUAIS DO CENTRO DE


uma discussão a respeito de uma possível MEMÓRIA DA MEDICINA/UFMG:
definição de literatura digital que seja dinamizando o espaço de
construída na observância não só da preservação do conhecimento
bibliografia corrente sobre o assunto, mas Raisa Mendes Fernandes de Souza
também, e sobretudo, das especificidades Ethel Mizhary Cuperschmid
da literatura digital brasileira. Para tanto,
O Centro de Memória da Medicina
partimos do resultado da primeira etapa de
(Cememor) da Universidade Federal de
mapeamento realizado no âmbito do
Minas Gerais foi inaugurado na década de
projeto “Repositório da Literatura Digital
1970, em vista de exigências práticas
Brasileira”. Nessa etapa, foram
nascidas da reforma universitária que
examinados antologias e repositórios do
aconteceu na época. O acervo do Cememor
Brasil e do exterior que continham obras
possibilitou então que os estudantes
literárias digitais produzidas por brasileiros
participassem ativamente das pesquisas
e escritas em português; nessa etapa,
históricas na área da saúde, além de
também foram compiladas obras indicadas
presenciarem a expansão do acervo
por estudiosos e autores a partir de uma
museológico. Atualmente o Cememor
ficha de mapeamento colaborativa que se
abarca, além das peças museológicas, um
fez circular entre setembro e outubro do
rico acervo de livros raros e documentos
mesmo ano. A análise de tais obras permite
históricos. Com a organização gradual
delimitar traços formais, procedimentos,
dessas três coleções, as exposições foram
técnicas e programas mais utilizados na sua
se tornando mais versáteis, contendo tanto
produção, o diálogo com a tradição literária
o instrumentário médico, quanto manuais
precedente e evidencia o desafio da
da época, além de fotos e imagens feitas no
formulação de uma metalinguagem atenta
passado. Para aumentar o alcance de
às suas especificidades e suficientemente
visitações do acervo, foi criada uma versão
ampla para apreendê-la em sua
virtual do Cememor, que pode ser
diversidade. A proposta é recusar uma
acessada por meio do site do Centro. O
abordagem que selecione objetos a partir
museu virtual é atualizado anualmente, em
do que está circunscrito em uma definição
vista das exposições temporárias e por
apriorística de literatura digital e, ao invés
meio desse link, o visitante pode ter a
disso, testar a pertinência da definição pelo
oportunidade de vivenciar uma realidade
exame dos objetos literários digitais
virtual, em 360°, conhecendo as peças de
brasileiros.
forma bem detalhada. Além da alternativa
da realidade virtual, são também realizadas
exposições temporárias do Corredor da
Memória. As peças são fotografadas ou
digitalizadas, é então elaborado um vídeo
com explicações sobre essa exposição e
esse arquivo é disponibilizado para
exibição em cinco telões LCD dispostos no
110

corredor do andar térreo da Faculdade de perspectivas artísticas. O que se pretende


Medicina. Essa dinamização do acervo responder, por fim, é: quais são as
físico tem sido muito bem recebida pela barreiras existentes entre o direito à
comunidade interna e externa à Faculdade, liberdade de expressão e o direito ao
e as estatísticas de acesso demonstram sentido artístico e como superá-las?
uma significativa procura do Museu Virtual
do Cememor. REVISTA TEXTO DIGITAL E A
IMINÊNCIA DE UMA OUTRA
DO ÓLEO SOBRE TELA AOS LITERATURA
DISCURSOS VIRTUAIS: limites da Nair Renata Amâncio
liberdade na recriação do clássico Rejane Cristina Rocha
Pedro Henrique Moreira da Silva A Revista Texto Digital é um periódico de
A pesquisa propõe suscitar a discussão publicação semestral – mantido pelo
acerca dos sentidos da arte. Assim, NUPILL (Núcleo de Pesquisa em
questiona-se o que dá à arte os significados Informática, Literatura e Linguística) e
próprios, isto é, permite-se questionar se a sediado na Universidade Federal de Santa
arte é em si mesma pelo animus do autor, Catarina – que se dedica às discussões
pelo reconhecimento da obra ou pelo quanto às relações entre arte e informática
status temporal. E mais, situa-se a arte desde a sua criação, em 2004. Além de
como expressão, manifestação e artigos e ensaios de cunho teórico-crítico a
comunicação pelos séculos – com ligação respeito dos temas abarcados pelo seu
íntima às eras tecnológicas. A partir desse escopo, a revista publica também “criações
contexto, o estudo aponta a questão da digitais” desde 2006. Por meio da descrição
produção artística no tempo das e análise da revista – textos teórico-
virtualidades, em que as redes e críticos, produções artísticas e entrevistas
tecnologias são utilizadas desde o processo com criadores brasileiros –, objetivamos
criativo à veiculação das obras. Ademais, compreender o modo como a literatura
permitindo uma perspectiva micro, o artigo digital vem se configurando no contexto
aponta e problematiza a recriação de obras brasileiro, bem como entender a
clássicas para atendimento de demandas perspectiva que a Texto Digital emprega ao
virtuais – seja para propaganda publicitária publicar, veicular, divulgar e armazenar os
ou para construção, desconstrução ou “objetos dos novos meios” (MANOVICH,
ressignificação de discursos que assumem 2005) em consonância com a sua
moldes e diálogos distintos de outrora. divulgação científica. Para tanto, serão
Assim, optando pelo método hipotético- necessários o estudo e a mobilização das
dedutivo, questiona-se os valores objetivos caracterizações propostas por Gainza
e subjetivos de uma nova arte alicerçada (2016) e Rocha (2014) acerca das
nas tendências virtuais, bem como os especificidades da literatura digital.
limites da liberdade de recriação e de Propomos, portanto, uma via de análise na
expressão – quando as produções são qual estudaremos a revista Texto Digital
dedicadas às reconstruções de buscando obter da articulação entre as
111

seções (artigos, entrevistas e criações) as escrita de fan fiction, em especial, deve ser
concepções de Literatura digital trazida por analisada como uma nova maneira de
essa revista. Não deixaremos de considerar interagir com uma obra literária. Ao invés
as discussões referentes à construção de de se submeterem a aulas e análises
uma metalinguagem poética sobre a “autorizadas” pelo mundo acadêmico, os
literatura digital, propostas por: Murray fãs Janeites encontraram um espaço
(2003), Hayles (2009), Flores (2018) e próprio de troca na internet,
Aarseth (1997). Ressaltamos que essas principalmente, que é independente da
reflexões se inserem no contexto das concepção tradicional de como ler um
discussões fomentadas pelo projeto clássico, invertendo ou descontruindo a
“Observatório da Literatura Digital em hierarquia entre autor e leitor. Ao mesmo
Língua Portuguesa" (CNPq – 405609/2018- tempo, o fenômeno da JAFF também
3). apresenta limitações e contradições,
principalmente no que tange à reprodução
LITERATURA COMO CULTURA de alguns estereótipos do gênero do
PARTICIPATÓRIA OU MERCADORIA? “romance regencial romântico”. Essa
Reflexões sobre o fenômeno da Jane proposta, portanto, pretende analisar o
Austen Fan Fiction fenômeno da JAFF para pensar os ganhos e
Maria Clara Pivato Biajoli perdas dessa prática que vem desafiando
teóricos da literatura.
O grande número de histórias escritas por
fãs da autora inglesa Jane Austen a partir
CONTRIBUIÇÕES DO FANDOM DIGITAL
de seus romances, divulgadas tanto em
DE JANE AUSTEN PARA A
comunidades virtuais quanto em livros em
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
papel e ebooks, vem compelindo críticos
ACERCA DA ESCRITORA
literários a reconhecer a importância do
fenômeno da “Jane Austen Fan Fiction” Adriana Sales Zardini
(JAFF). O sucesso dessas variações, A participação dos fãs de Jane Austen nas
continuações e derivações, baseadas redes sociais favorece a interação e
principalmente no romance Orgulho e promove a construção colaborativa do
Preconceito, é condenado pela academia conhecimento sobre a escritora. O objetivo
tradicional, que tende a classificar essa desta pesquisa é analisar as contribuições
produção literária popular do fandom digital de Austen a partir das
necessariamente como inferior e banal interações dos participantes do grupo Jane
porque é produzida por fãs “leigos”. Austen Society of Brazil (JASBRA) no
Contudo, não é possível ignorar que, cada Facebook. De modo geral, as interações
vez mais, o acesso à obra de Austen hoje observadas na comunidade da JASBRA
entre esses fãs está conectado a esse contribuem para a emergência da
fenômeno e ao consumo de outros aprendizagem colaborativa. E, apesar de
produtos com o “rótulo” da autora, desde não ser um ambiente formal de
almofadas e camisetas a filmes e seriados aprendizagem e seus membros não se
de televisão. Dessa forma, a prática da considerarem especialistas em literatura
112

inglesa, a riqueza dos conteúdos das interruptiva, potência reveladora ou


informações é fator que agrega uma crítica” – encontra-se, na literatura digital,
diversidade de interações entre as pessoas, sob uma nova poética. Com o objetivo de
promovendo a construção coletiva ou da testar essa hipótese, selecionamos então
inteligência coletiva (LÉVY, 2003). A três objetos pertencentes à literatura
participação dos membros resulta em uma digital brasileira – As doze cores do
espécie de mobilização de competências – vermelho, De onde vieram os homens com
cada membro faz contribuições de acordo quem dormi, OWNED - um novo jogador –,
com seu conhecimento – com a finalidade buscando compreender as singularidades
de usá-los em benefício do coletivo. Sendo desses objetos nos usos diversos do
assim, o conhecimento não fica restrito a hipertexto e em como desenvolvem os
um número reduzido de pessoas, ele é traços característicos do que é reconhecido
construído e reconstruído por meio das como literário por meio de outros
trocas sociais e é distribuído para todos. De parâmetros. Para isso, confrontaremos
um modo geral, foi possível perceber a esses traços com as balizas oferecidas por
produção de gêneros discursivos variados Janet Murray – “imersão”, “agência” e
que, por sua vez, promovem a discussão e “transformação” –, e faremos usos dos
a manutenção do nome de Jane Austen no conceitos trazidos por Espen J. Aarseth em
ambiente virtual. suas respectivas reflexões sobre a arte e a
literatura no meio digital.
ESPECIFICIDADES DA LITERATURA
DIGITAL: uma poética da LITERATURA EM TELA:
hipertextualidade as condições de produção do
Flavio Vilela Komatsu romance Os Anjos de Badaró

A consolidação da cultura digital convergiu Laura Nogueira Pacheco


ao seu meio as precedentes formas de Com o desenvolvimento das novas
comunicação e arte. Inscrita num suporte tecnologias de comunicação, o mundo tem
diverso do livro, a literatura já não é a se transformado e a cultura adquirido
mesma, encontrando novas formas para se diversas nuances. A respeito das produções
expressar. Sendo a hipertextualidade a literárias no meio digital, muito se especula
principal característica desse novo meio, o sobre o possível desaparecimento do livro,
leitor ganha um novo papel, invocado bem como as implicações advindas a partir
também a encenar a narrativa. Suas ações, desse novo suporte. Frente às novas
singularizando seu percurso de leitura, possibilidades de se produzir literatura na
rompem com a uniformidade do texto, contemporaneidade, o presente projeto
implicando numa nova relação com este. tem como objetivos investigar de que
Nossa hipótese é a de que a “constelação modo a figura do autor tem se modificado
de traços” identificados por Reinaldo no contexto digital e mapear os processos
Laddaga como concernentes à literatura – de concepção dialógicas presentes na
“alta densidade semântica, grande relação entre autor e leitor. Dessa forma,
complexidade formal, capacidade foi selecionado como objeto de estudo um
113

romance brasileiro, Os Anjos de Badaró criatividade e virtualidade e o aplicativo.


(2000), de Mário Prata, escrito Esse, por sua vez, surge como um
inteiramente online e acompanhado por instrumento que torna qualquer usuário de
milhares de internautas. Além desta obra, celular um artista em potencial, fazendo
dois outros objetos surgiram como uma espécie de democratização do
consequência do primeiro: uma coletânea processo produtivo das cenas que criam. A
de crônicas escritas pelos leitores que partir do entretenimento e da irreverência
acompanharam a produção do romance das cenas apresentadas, os usuários da
online, As crônicas dos Anjos de Prata, e um rede social são naturalmente incentivados
livro de depoimentos daqueles que a desenvolver habilidades criativas que
participaram desse processo de escrita. Ao consequentemente influenciam suas vidas
longo do desenvolvimento da pesquisa, no mundo virtual e real. Assim, tratando-se
nos pareceu importante observar como os da criatividade explorada pelo Tik Tok, este
meios de circulação e os suportes de trabalho apresentará considerações de
inscrição alteram e, porque não, como ela está relacionada ao saber, visto
determinam o espírito da obra. As que ela atua, por exemplo, na resolução de
questões colocadas por DEBRAY (1993) problemas e amplia o sentido de estética
ajudarão a compreender mais esse para além da perspectiva artística. Como
aspecto, bem como aquelas colocadas por resultado da pesquisa, é apresentado um
RANCIÈRE (2008) e ZUMTHOR (1989). olhar sobre como o mundo virtual pode
trazer, por meio de um aplicativo de
ENCENAÇÃO E VIRTUALIDADE: celular, o espaço para propiciar um
dramaturgia na palma da mão. estímulo à criatividade e à construção do
Loyane Cristine Cafieiro Monteiro saber que refletem no mundo real.
Weslei Antonio Vilela
A humanidade sempre necessitou
expressar seus pensamentos e ideologias
por meio da Arte e o Teatro é uma das mais
antigas e duradouras manifestações
culturais, sempre se adaptando às
mudanças de diversas civilizações. Com
base nisso, este trabalho visa traçar uma
breve linha história de como o teatro veio
se transformando e se reinventando até
chegar na construção de cenas curtas para
a rede social/aplicativo Tik Tok, buscando
descobrir de que forma a cultura digital
interfere na construção e desconstrução de
saberes no desenvolvimento artístico. Por
meio de pesquisa bibliográfica, o trabalho
apresenta diversas relações entre saber,

Potrebbero piacerti anche