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KRIPKE, S. Primeira palestra: 20 de janeiro de 1970. In: KRIPKE, S.

O nomear e a
necessidade. Lisboa: Gradiva, 2012. pp. 67-126.
MACHADO, A. N. A crítica de Kripke à teoria descritivista dos nos nomes e sua teoria
da referência direta. Disponível em:
<http://problemasfilosoficos.blogspot.com/2017/06/a-critica-de-kripke-teoria.html>.
Acesso em: 01/06/2019.
SCHIRN, M. Nomes próprios e descrições definidas. In: IMAGURE, G.; SCHIRN, M.
Estudos em filosofia da linguagem. São Paulo: Edições Loyola, 2008. pp. 15-47.

1. KRIPKE: CRÍTICA AO DESCRITIVISMO E TEORIA DA REFERÊNCIA


CAUSAL DOS NOMES
Entendo aqui por “nome” um nome próprio, como o nome de uma pessoa, de uma cidade,
de um país, etc. [...]. Nós iremos usar o termo “nome” de um modo que não inclui
descrições definidas deste gênero (A é tal e tal), mas somente aquelas coisas a que, na
linguagem corrente, chamamos “nomes próprios”. Se quisermos um termo comum para
cobrir nomes e descrições, podemos usar o termo “designador”. (KRIPKE, 2012, p. 70)
[...] usarei o termo “referente da descrição” para indicar o objeto que é o único capaz de
satisfazer as condições presentes na descrição definida. (KRIPKE, 2012, p. 72)
Qual é, então, a relação entre nomes e descrições?
Em o Nomear e a necessidade, Kripke formula uma série de argumentos contra a teoria
descritivista dos nomes próprios, a qual entende que nomes próprios são abreviações de
descrições definidas no idioma de alguém. Por exemplo, a descrição definida “o terceiro
planeta mais próximo do sol”, poderia ser abreviado pelo nome “Terra”. Nisto consistiria
a explicação do meio através do qual fixamos a referência dos nomes próprios:
associamos descrições definidas a eles e, então, os nomes próprios passam a ter a
referência da descrição definida. (MACHADO, 2017)

No livro de John Stuart Mill, A Sistem of Logic, há uma doutrina bem conhecida, segundo
a qual os nomes tem denotação e não conotação. (KRIPKE, 2012, p. 72) O problema
básico para uma perspectiva como a de Mill está em saber como podemos determinar
qual é o referente de um nome, tal como este é usado por um certo falante. De acordo
com a perspectiva descritivista, [...] se “Joe Doakes” é apenas uma abreviatura para “o
homem que corrompeu Hadleyburg”, então quem quer que tenha corrompido Hadleyburg
de modo único é o referente do nome “Joe Doakes”. Todavia, se o nome tiver um tal
conteúdo descritivo, então como é que as pessoas chegam alguma vez a usar nomes para
referir coisas? [...]. Aqui, a referência parece ser determinada pelo conhecimento que
temos das pessoas, isto determina o referente do nome como a única coisa que satisfaz
essas propriedades. (KRIPKE, 2012, p. 74-75)
Existem argumentos subsidiários que, apesar de se basearem em problemas mais
especializados, fornecem também motivações para a aceitação desta perspectiva. Um
deles é o que às vezes podemos descobrir que dois nomes têm o mesmo referente e
expressar isso através de uma afirmação de identidade (A=B). Assim, por exemplo, [...]
vemos uma estrela à tarde e chamamo-lhe “Héspero”. [...]. Vemos uma estrela de manhã
e chamamos-lhe “Fósforo”. Depois, então, descobrimos que de facto não se trata de uma
estrela, mas sim do planeta Vénus, e que Héspero e Fósforo são realmente a mesma coisa.
[...]. Certamente, não estamos apenas aqui para dizer que um objeto é idêntico a si próprio.
Trata-se de algo que descobrimos. É muito natural dizer-se que o conteúdo real da frase
é o de que a estrela que vimos à tarde é a estrela que vimos de manhã [...]. O verdadeiro
significado da afirmação de identidade é então dado por isso; e a análise em termos de
descrições é isto que faz. (KRIPKE, 2012, p. 75)
O primeiro exemplo dado por Kripke tem uma consequência direta: enunciados da forma
“A é o tal e tal” são entendidos como necessários a para a teoria descritivista. E nisto
consiste um primeiro argumento de Kripke contra o descritivismo. Podemos considerar
como um fato contingente que “Joe Doakes” tenha sido o homem que que corrompeu
Hadleyburg. Se é assim, deveríamos poder descrever um mundo possível em que “Joe
Doakes” não tenha sido o homem que corrompeu Hadleyburg. Mas, se “Joe Doakes” é
uma abreviação de “o homem que que corrompeu Hadleyburg”, então dizer que a “Joe
Doakes” poderia não ter sido o homem que que corrompeu Hadleyburg seria o mesmo
que dizer que “Joe Doakes” não poderia ser “Joe Doakes” (MACHADO, 2017). Kripke
divide a classe das expressões singulares entre designadores rígidos e designadores não-
rígidos ou acidentais. Neste sentido, os nomes próprios consistem em designadores
rígidos, isto é, se referem as mesmas coisas em todos os mundos possíveis, ao passo que
as descrições, são designadores não-rígidos; isto é, há mais de um mundo possível no qual
a descrição “o homem que que corrompeu Hadleyburg” não é satisfeita por nada
(SCHIRN, 2008, p. 34-35).
O segundo exemplo dado por Kripke também tem uma consequência direta, ele destaca
uma consequência epistêmica do descritivismo: enunciados da forma “A é tal e tal” são
cognoscíveis a priori. E nisto consiste um segundo argumento de Kripke contra o
descritivismo. O fato de a estrela que vemos pela manhã e pela tarde não ser Fósforo ou
Héspero, mas sim Vénus, consiste em uma descoberta. Se o enunciado “Vénus é a estrela
que vemos pela manhã e pela tarde” fosse cognoscível a priori, então teríamos que saber
a priori que Fósforo e Héspero não eram os respectivos nomes para as descrições “estrela
da manhã” e “estrela da tarde”. Sabemos que não são, mas não de modo a priori; não
sabemos a priori nem mesmo que Vénus se chama Vénus (MACHADO, 2017).
A sentença “Héspero é Fósforo”, que expressa uma descoberta empírica, coloca em
questão a distinção entre o conceito de necessidade como metafísico e o conceito de
aprioricidade como epistêmico. Mas no que consiste essa distinção? (SCHIRN, 2008, p.
36)
O exemplo que demos sobre a Terra também carrega uma consequência direta, a qual se
fundamenta em um argumento semântico e determina um terceiro argumento de Kripke
contra o descritivismo. Suponhamos que seja descoberto um planeta entre as órbitas da
Terra e de Vênus que seja chamado pelo nome de Vulcano. Se isto for verdade, todas as
vezes que se falou sobre a Terra, na verdade, se falou sobre Vulcano? Este seria o caso se
“Terra” fosse a abreviação de “o terceiro planeta mais próximo do sol”, pois Vulcano, e
não a Terra, seria o terceiro planeta mais próximo do sol. Mas este não é o caso. Se fosse,
como poderíamos enunciar a descoberta de que Vulcano, e não a Terra, é o terceiro
planeta mais próximo do sol? Isto equivaleria a dizer que Vulcano é a Terra, e aqui se
encontraria um argumento de identidade falso (MACHADO, 2017).
Este último argumento aponta para uma distinção importante na teoria de Kripke: “os
nomes próprios, ao contrário das descrições, não têm sentido” (SCHIRN, 2008, p. 37).
Uma coisa é fixar a referência de um termo, outra coisa é determinar seu significado.
Embora as descrições definidas sejam usadas para fixar a referência de nomes e termos
singulares em geral, elas não determinam o seu significado; ou seja, o nome não passa a
ser sinônimo da descrição (MACHADO, 2017).
A teoria descritivista dos nomes próprios, de acordo com Kripke, consistiria em uma
confusão entre a fixação da referência e a determinação do significado. Nós, de fato,
fixamos a referência de um nome próprio por meio de descrições definidas, mas estas não
determinam os significados desses nomes, isto é, os objetos designados por eles. Sendo
assim, o que os determina? (MACHADO, 2017).
Mill acreditava que o significado dos nomes próprios é constituído pelos objetos aos quais
os nomes se referem. Este argumento, contudo, padece do seguinte problema: ele não
consegue explicar a diferença cognitiva entre enunciados de forma A= A e A=B. Se o
significado do nome fosse constituído pelo objeto ao qual o nome se refere, então, estes
dois enunciados, se verdadeiros, expressariam a mesma proposição e, portanto, não
haveria diferença cognitiva (MACHADO, 2017).
De acordo com a teoria descritivista, o sentido de um nome próprio é o modo de
apresentação do objeto referido, que pode ser expresso por descrições definidas, e esse
objeto é a sua referência. O nome só se refere a um objeto porque expressa um sentido, e
esse sentido se refere a um objeto. Por isso, a relação de referência de um nome se
estabelece indiretamente, via sentido. E nisto consistiria uma teoria da referência indireta,
por assim dizer (MACHADO, 2017).
A alternativa de Kripke para a teoria dos nomes como descrições consiste na teoria causal
dos nomes. Segundo essa teoria, um nome adquire uma referência por meio de um
batismo inicial de um objeto. O nome assim introduzido é passado numa comunidade de
comunicação de um membro para o outro. Cada falante na cadeia de comunicação precisa
terá intenção de se referir ao mesmo objeto com o nome em questão como o falante do
qual ele ouviu o nome, preservando, assim, a referência original do nome. Para a maioria
dos falantes alcançados pelo nome, sua referência não é estabelecida por meio de uma
descrição identificadora, mas sim por meio da cadeia causal de comunicação. (SCHIRN,
2008, p. 41; MACHADO, 2017).
Parece suspeito supor que a condição de que a intenção de um falante de se referir com
um nome ao mesmo objeto que um falante anterior, do qual ele [...] está muito distante
na cadeia de comunicação, seja sempre satisfeita. Além disso, a maneira como um nome
é passado de um membro para outro permanece vaga em sua exposição. Acima de tudo,
Kripke não explicita suficientemente o que significa referir-se de modo identificativo a
um objeto por meio de um nome.
Mas, a exigência mínima, que se deveria esperar de sua imagem, pretensamente melhor,
do funcionamento dos nomes próprios em nossa linguagem consistira no esclarecimento
do fenômeno da preservação da referência de um nome na cadeia de comunicação. Kripke
não cumpre tal exigência (SCHIRN, 2008, p. 42).
De fato, em alguns casos especiais a intenção de um falante de se referir exatamente
aquele objeto ao qual o falante anterior na cadeia de comunicação também se refere pode
representar uma característica quase completa para o uso de um nome. Mas, em geral,
não se pode insistir na garantia de que a referência de um nome numa cadeia de
comunicação realmente seja preservada, visto que ela não é, em geral, completamente
compreendida. Admitindo-se a possibilidade de um deslocamento da referência de um
nome numa tal cadeia, a teoria causal de nomes perde em grande parte sua plausibilidade
(SCHIRN, 2008, p. 43)

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