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Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

4.º ANO – 2.º SEMESTRE


COMUNICAÇÕES ÓPTICAS – 2000/2001

MONOGRAFIA

PROPAGAÇÃO DE
SOLITÕES
EM FIBRAS ÓPTICAS

Carla Daniela Gonçalves Neves


Joel Pedro Peixoto de Carvalho
Nuno Tiago de Carvalho Guedes
Tiago André Ferreira Figueira da Silva

TURMA: 4EEC9(T)

Eng.º Henrique Salgado Junho 2001


Propagação de Solitões em fibras ópticas

Prefácio

Não se pretende com o presente trabalho desenvolver uma teoria ou aprofundar um novo
campo de investigação. Antes, procuramos dar a conhecer, apenas como uma introdução, uma
tecnologia actualmente em grande desenvolvimento – a utilização de fibras ópticas como suporte físico
de transmissão de informação e, dentro deste tema, a propagação de solitões como modo de codificação
dessa mesma informação.
Sendo um tema muito vasto, com uma variedade extensa de tópicos relacionados com este
assunto, procurar-se-á abordar primeiramente a origem e o desenvolvimento do conceito de solitão,
desde o primeiro fenómeno observado até à sua utilização nas telecomunicações; a descrição, sucinta
mas explicativa, da teoria subjacente ao conceito de solitão; os principais sistemas ópticos que utilizam
esta tecnologia e os desenvolvimentos que estão em curso e que ainda poderão surgir nesta área
tecnológica de relevante interesse na actual sociedade de informação.

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Propagação de Solitões em fibras ópticas

Índice

1. A origem do termo Solitão..........................................................................................................4

2. Solitões ópticos...........................................................................................................................6
2.1 Equação não linear de Schrödinger................................................................................6
2.2 Solitões de primeira ordem e de ordem superior...........................................................7
2.3 Parâmetros dos solitões................................................................................................10
2.4 Uma importante análise tríplice(GVD,SPM,OKE)......................................................12

3. Sistemas de comunicação baseados em solitões ópticos...........................................................13


3.1 Transmissão de informação..........................................................................................14
3.2 A emissão.....................................................................................................................14
3.3 A amplificação óptica...................................................................................................15
3.4 O efeito de Gordon-Haus..............................................................................................16
3.5 Filtros ópticos...............................................................................................................16
3.6 Receptores ópticos........................................................................................................17

4. Conclusões.................................................................................................................................18

5. Glossário....................................................................................................................................19
Índice de refracção.............................................................................................................19
Chirp...................................................................................................................................19
Jitter....................................................................................................................................19
Dispersão da velocidade de Grupo(GVD – group velocity dispersion) ............................19
Efeito de Kerr óptico(OKE- optical Kerr effect) ...............................................................19
Auto-modulação de fase(SPM – self-phase modulation) ..................................................20

6. Bibliografia................................................................................................................................21

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Propagação de Solitões em fibras ópticas

1. A ORIGEM DO TERMO “SOLITÃO”

Recuando até meados do século passado, o primeiro fenómeno semelhante ao que hoje é
considerado como solitão, foi descrito em 1834 por um engenheiro escocês de nome John Scott Russel.
Observando o deslocamento de um barco puxado por uma parelha de cavalos, reparou na elevação de
água que continuou um movimento ao longo do canal sem alteração de forma ou diminuição de
velocidade, mesmo após a paragem súbita do barco. Com curiosidade científica, procurou seguir esta
estranha formação durante algum tempo mas reparando que, apesar da altura da onda ir diminuindo
gradualmente, mesmo após colisão com outras ondas, a sua forma permanecia inalterada. Chamou a
este fenómeno “belo e singular” de Grande onda de translação.
Apesar de para o observador comum este fenómeno ser algo meramente “curioso” ou
“interessante”, vinha de encontro às teorias existentes sobre ondas, naquela altura: qualquer onda não
sinusoidal apresentava fenómenos de dispersão, isto é, os seus modos fundamentais deslocam-se a
velocidades diferentes e como tal a onda expande-se e a amplitude decresce continuamente(uma
característica não-linear em que a amplitude depende da velocidade). Foi a ausência desta dispersão
que intrigou Russel.
Procurou então estudar este fenómeno, tentando encontrar modelos matemáticos que
pudessem descrever esta forma de onda.
No entanto este conceito revolucionário de uma onda cujas características não se alteravam ao
longo do tempo provocou uma acesa discussão e foi refutada pela sociedade científica de então até que
em 1895 dois holandeses, Kortweg e deVries obtiveram uma equação que descrevia o fenómeno
observado por Russel, baseados no pressuposto de que a profundidade da água era pequena
relativamente à largura da onda. A esta equação, que relacionava a amplitude da onda e as suas
alterações no espaço com as alterações da amplitude no tempo e que caracterizava uma onda de forma
permanente, sendo uma das soluções a onda de Russel foi dado o nome de KdV, em homenagem aos
seus autores.
Pouca ou nenhuma atenção foi dada a esta descoberta até que na década de sessenta surgiu
novamente no estudo de um fenómeno físico que nada tinha a ver com as ondas aquáticas.
Em 1967, Zabusky e Kruskal, ao estudar a condução de calor nos sólidos, e ao desenvolver
um modelo matemático que permitisse a explicação do mesmo obtiveram uma equação igual à KdV.
Tentaram também resolver a equação KdV e conseguiram-no relacionando-a com uma outra equação já
conhecida da mecânica quântica- a equação de Schrödinger. Através de várias simulações em
computador, mostraram que uma condição sinusoidal inicial se dividia num trem de impulsos que
posteriormente se recombinavam para reproduzir integralmente a condição inicial, num fenómeno em
tudo semelhante à onda de Russel, e que mesmo que dois destes impulsos colidissem entre si,
continuavam o seu movimento inalterados. Dado que estes impulsos apresentavam um comportamento
semelhante a partículas, deram-lhe o nome “solitão”. Assim “solitão” é termo utilizado para descrever
o comportamento de uma onda que apresente os efeitos dispersivos (alargamento da largura de um
impulso e decrescimento da amplitude) equilibrados com os não lineares (“compressão” da largura e
aumento da amplitude) de tal forma que se propaga sem alteração de forma e imune a colisões.

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Alguns anos mais tarde, em 1973, surgiu a ideia de utilizar os solitões em comunicações
ópticas, por Hasegawa e Tappert, pela demonstração de que os solitões se iriam propagar de acordo
com a equação não linear de Schrödinger. No entanto, na altura não havia a capacidade de fabricar
fibras com as características necessárias para a propagação de solitões e as propriedades dispersivas das
fibras ópticas não eram conhecidas. Além disso, o sistema necessitava de um laser capaz de emitir
comprimentos de onda muito pequenos, não estando concebido na altura nenhum aparelho capaz dessa
função.
Só passados sete anos, em 1980, foi demonstrado experimentalmente a propagação de solitões
por Molenauer, Stollen e Gordon nos laboratórios da AT&T. Em 1988, o mesmo grupo de trabalho,
conseguiu a propagação de solitões durante 6000 Km, sem necessidade de repetidores.
Actualmente, a investigação na área da propagação dos solitões continua com vista à redução
da dispersão destes impulsos, pois não são imunes às perdas nas fibras, e à aplicação de amplificadores
ópticos que permitem uma regeneração do sinal sem recorrer à conversão electro-óptica e ópto-
eléctrica durante a transmissão: dopada com Ébrium, um material raro na superfície terrestre, a sílica
transforma-se num amplificador óptico. Deste modo, alguns metros de fibra dopada com Ébrium
intercalados com a fibra “normal”, substituem os tradicionais amplificadores baseados em díodos-laser
e apenas é necessária uma conversão electro-óptica, no início da transmissão.
Na sociedade de informação em que vivemos, em que a aquisição, tratamento, transmissão e
distribuição de informação desempenha um papel fundamental na caracterização da sociedade, quer a
nível económico, quer a nível sócio-cultural, em que as necessidades de pessoas e empresas exigem
modos de transmitir informação de forma eficiente, segura e em quantidades cada vez mais elevadas e
débitos ainda mais elevados( atingindo-se já alguns Terabits por segundo...) mas sempre com o menor
custo possível a tecnologia de propagação de solitões através de fibras ópticas corresponde
inteiramente a estes requisitos.
Note-se porem que a propagação de solitões não se limita apenas ao meio óptico e à
hidrodinâmica. Existem actualmente investigações com vista ao estudo destes fenómenos em áreas tão
diferentes como plasmas, modelos de proteínas, relatividade geral, física de alta energia e física do
estado sólido.

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2. SOLITÕES ÓPTICOS

Os progressos feitos durante o início da década de 90 transformaram os solitões de uma mera


curiosidade cientifica num tipo de modulação atractivo nos sistemas de comunicação ópticos.
A possibilidade de manter solitões na fibra óptica foi o resultado do balanço entre a dispersão
da velocidade de grupo(GDV) e a auto-modulação de fase(SPM).
Actuando separadamente ambos os efeitos limitam o desempenho dos sistemas.
No entanto, no regime de dispersão anómalo é possível que o efeito da SPM seja tal que
compense integralmente o alargamento dos impulsos induzido pela dispersão.
Os impulsos nesta situação irão propagar-se mantendo inalterada a sua forma e são chamados
de solitões ópticos.
Seguidamente serão feitas referencias ás principais propriedades dos solitões ópticos bem
como também ás normalizações e ás definições normalmente usadas na teoria dos solitões.
Passamos então a apresentar a equação não linear de Schrödinger (NLS).

2.1 Equação não linear de Schrödinger (NLS)

Muita da literatura que analisa as comunicações ópticas bem como também os aspectos
relacionados com a propagação em fibras ópticas faz referencia a uma equação conhecida como, a
equação da fibra. Pela sua complexidade e dificuldade de análise matemática não iremos fazer a
abordagem a esta na presente monografia. Contudo apresentamos de seguida a equação não linear de
Schrödinger*:

∂u 1 ∂ 2u 2 α 
−j = − sign( β 2 ) + N 2 u u − j  u (NLS)
∂z 2 ∂t 2
2
*Esta equação, que foi deduzida pelo senhor Schrödinger (para ser aplicada a fenómenos não ópticos) , pode também ser obtida através da equação da fibra

após algumas mudanças de variáveis.

u(z,t) – Função envolvente do impulso


z – distancia de propagação
β2 –Coeficiente da dispersão da velocidade de grupo (parâmetro GVD)
N – inteiro que representa a ordem do solitão
α - Constante de atenuação (representa as perdas de energia)
A equação não linear de Schrödinger pertence a uma classe especial de equações diferenciais
não lineares que podem ser resolvidas utilizando a técnica matemática conhecida como o método da
difusão inversa (ISM- Inverse Scattering Method).
Os três termos da NLS, que nos transmitem a evolução da função envolvente do impulso ao
longo da fibra, podem ser interpretados da seguinte forma:

 1 ∂ 2u 
•  − sign( β 2 )  Este termo representa o efeito GVD na fibra. Agindo por ela
 2 ∂t 2 
própria a dispersão tende para alargar os impulsos no tempo.

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• [+ N 2 2
]
u u Este termo evidencia o facto do índice de refracção da fibra depender da
intensidade da luz. Através de um processo auto-modulado este fenómeno físico alarga
o espectro em frequência de um impulso.

 α  
• − j  u  Este ultimo termo representa as perdas de energia ou de ganho. Por
 2 
exemplo, devido á atenuação da fibra ou á amplificação óptica, respectivamente.

Embora, a NLS tenha soluções em ambos os regimes, normal, β2 positivo, e anómalo, β2


negativo, impulsos do tipo solitão que nos interessam particularmente, existem apenas no regime
anómalo.

No regime normal a solução assume a Em oposição, os impulsos do tipo solitão


forma de uma reentrância num patamar, e estes no regime anómalo são chamados de solitões
solitões são chamados de solitões escuros. brilhantes.

No decorrer desta esta monografia falamos sempre em solitões brilhantes, pois são aqueles
que apresentam maior interesse para os sistemas de comunicação ópticos.

2.2 Solitões de 1ª ordem e de ordem superior

Analisando então apenas a situação de dispersão anómala, a resolução da NLS recorrendo ao


já citado método de resolução de equações diferenciais não lineares, ISM, conclui-se que apenas
existem solitões para valores inteiros de N e que quando são introduzidos na fibra impulsos da forma
u( 0,t ) = sec h( t )
sech – função secante hiperbólica
a sua forma permanece inalterada durante a propagação quando N é igual a 1 e apresentam uma forma
periódica quando N é maior que um, de tal modo que a sua forma é reconstruída para valores de z
múltiplos de π/2.

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O parâmetro N dá a ordem do solitão. O solitão correspondente a N igual a 1 é chamado de


solitão fundamental. Solitões para outros valores de N são designados por solitões de ordem superior.
Na figura seguinte podemos observar a propagação de um solitão fundamental.

u(z,t)
Solitão
fundamental

t
z

Definindo o período do solitão Lperiod, como sendo a distância que um solitão de ordem
superior a 1 tem que percorrer até recuperar a sua forma, temos que

π π To 2
Lperiod = Ldisp =
2 2 β2
O período do solitão Lperiod, e a ordem do solitão N assumem um papel relevante na teoria dos
solitões. Nas figuras seguintes podemos observar a propagação de um solitão de segunda e terceira
ordem durante um período de um solitão. O solitão ao propagar-se sofre inicialmente um contracção,
para depois se dividir em várias componentes que se voltam a juntar de modo a que o solitão recupere a
sua forma quando a distância é igual ao período do solitão. Um comportamento semelhante é
observado para solitões de todas as ordens, à excepção da primeira, para a qual o solitão se propaga,
conforme foi visto anteriormente, sem sofrer qualquer distorção.

u(z,t) u(z,t)

t
t z t z
Solitão de Solitão de
ordem 2 ordem 3

Muito embora, solitões de ordem superior à primeira possam ser usados para compressão de
impulsos na fibra óptica, do ponto de vista dos actuais sistemas de comunicação o solitão fundamental
é o mais interessante, devido a manter a sua forma inalterada. No âmbito desta monografia, ao
referirmo-nos a um impulso do tipo solitão fazemo-lo sempre, como sendo a um solitão fundamental.
A solução correspondente ao solitão fundamental, pode ser obtida da Equação não linear de
Schrödinger (NLS), procurando uma solução da forma

u( z ,t ) = V ( t ) ⋅ e − jφ

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em que V e φ são, respectivamente, a amplitude e a fase do solitão. Assumindo que V é independente


de z, de modo a ser um solitão de primeira ordem, e substituindo a equação acima na NLS e igualando
a parte real e imaginaria de cada um dos membros da equação obtemos duas equações:
• Da equação resultante de igualarmos as partes imaginárias concluímos que a fase φ(z,t) é
independente de t.
• Da equação resultante de igualarmos as partes reais concluímos que a primeira derivada da
fase em ordem ao espaço assume um valor constante. Designando esse valor por k, temos que
a fase do solitão é igual a k⋅z, a menos duma constante inicial. Substituindo na equação
resultante de igualarmos as partes reais a primeira derivada da fase por k temos:

∂ 2V
= 2V ( k − V 2 )
∂t 2

Atendendo às condições fronteira para V(t) e para a primeira derivada de V(t) em ordem a t.
Ou seja:
• quando t tende para infinito V(t) anula-se
• quando t é igual a 0 V(t) assume o valor um e a sua primeira derivada em ordem a t é
nula, temos que uma função do tipo sech(t) é solução da equação e k assume o valor
1/2. Chegamos assim à expressão para o solitão fundamental
z
j
u( z ,t ) = sec h( t ) ⋅ e 2

A expressão anterior mostra que o solitão de primeira ordem mantém a sua amplitude
inalterada e adquire um aumento de fase de 0.5z durante a propagação. Notemos ainda que a fase do
solitão fundamental é independente do tempo t, ou seja a fase é uniforme para todo o
impulso(conforme confirmaremos á frente).
A forma da função secante hiperbólica usada nos impulsos de solitões encontra-se ilustrada
abaixo.
A escala temporal é dada em unidades normalizadas para 1/e do
tamanho do impulso.

Desde que o termo que representa a fase do solitão e não
tenha influencia na forma do impulso, o solitão é independente de z e
assim torna-se não dispersivo no domínio temporal.
Analisando mais uma vez a Equação não linear de Schrödinger, podemos afirmar que os
efeitos de primeira ordem dos termos dispersivo e não linear representam na realidade duas diferenças
de fase complementares. Estas diferenças de fase encontram-se alistadas abaixo:
dφ nonlin 2
• Processo não linear = u( t ) = sec h 2 ( t )
dz
dφ disp  1 ∂ 2u  1
• Efeito não-dispersivo =   = − sec h 2 ( t )
2 
dz  2u ∂t  2
Na figura seguinte encontram-se desenhados os comportamentos destas duas funções bem
como também a sua soma (que conforme se verifica é constante).

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Depois da integração a soma apenas terá uma diferença


de fase de z/2. Desde que haja uma mudança diferença de fase a
forma do impulso quer temporal quer espectral permanece
inalterada e o solitão permanece completamente não dispersivo
quer no domínio temporal quer no domínio das
frequências(conforme queríamos demonstrar).

2.3 Parâmetros dos solitões

São feitas referencias nas próximas páginas a alguns dos parâmetros mais relevantes na teoria
de propagação de solitões em fibra ópticas.
Começamos por analisar o parâmetro N, ao qual já foi feita referencia aquando da abordagem
á NLS. N representa a ordem de um solitão e é dado pela seguinte expressão:

γ ⋅ Ppeak ⋅ T0 2
N = γ ⋅ Ppeak ⋅ Ldisp
2
=
β2
Na expressão acima γ representa um coeficiente não linear, Ppeak a potência de pico do solitão,
e Ldisp o comprimento da dispersão (ou a distancia normalizada). Este comprimento de dispersão pode
2
ainda ser definido como To
Ldisp =
β2
onde T0 representa o tempo normalizado, e β2 pode ser dado por:

λ2
β2 = − D D – Dispersão da fibra
2πc
Definimos agora a máxima largura de um impulso ao seu máximo nível de potência média
como sendo o full-with half-maximum (FWHM) .
Para as soluções da NLS, a potência é dada pela função envolvente sech2(t). Assim o
TFWHM(período do impulso do solitão fundamental normalizado no tempo) é encontrado pela relação
T
sec h 2 ( τ ) = 1 sendo τ = FWHM , onde T0 é a, já referida anteriormente, unidade de tempo
2 2T0
normalizada, dada por:

TFWHM
T0 = ≈ 0567TFWHM
2 cosh−1( 2 )
Outro parâmetro relevante na teoria dos solitões é o da distancia normalizada, parâmetro este
ao qual também já fizemos referencia. Conforme descrito antes esta variável apresenta uma medida do
período de um solitão e pode ser dada também por:
2
2πc T0 2πc T
Ldisp = = 0.322 2 FWHM
λ D
2
λ D

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Na expressão acima c representa a velocidade da luz, λ o comprimento de onda no vácuo e D a


Dispersão na fibra.
A potência de pico de um solitão (Ppeak), é também um factor importante a considerar em todo
este emaranhado de expressões Aeff λ
Ppeak =
2πn2 Ldisp
Aeff – Área efectiva do núcleo da fibra
Um resultado interessante é notar que quando o tamanho da dispersão é da ordem das centenas
de quilómetros a potência de pico necessária para a transmissão do solitão é da ordem de poucos
miliwatts.
Mais á frente faremos uma pequena referencia ao uso do formato RZ(return-to-zero) na
transmissão de Solitões ao longo de uma fibra óptica, no entanto torna-se pertinente a referencia a mais
alguns parâmetros relevantes neste tipo de transmissão. Este formato confina o bit rate, desde que seja
especificado um limite sobre o estreitamento do solitão a gerar.
Se considerarmos que Tb é a largura do bit, então podemos relacionar o bit rate(B) com o
tempo do impulso do solitão fundamental normalizado no tempo(TFWHM) da seguinte forma:
1 1 1.7627
B= = =
Tb 2s 0T0 2s 0TFWHM
onde, 2s0=Tb/T0 representa a separação normalizada entre solitões vizinhos.
Esta separação entre solitões vizinhos é ainda afectada por uma série de fenómenos de
interacção não lineares existentes entre eles. As forças que ai estão em jogo podem ser quer de repulsão
quer de interacção, sendo este ultimo factor consequência da fase inicial dos solitões. Por isso para
solitões que se encontram inicialmente em fase e separados por 2s0»1 , a separação entre eles é
periódica com um período de oscilação: π
Ω= e so
2
A força de interacção mutua existente entre solitões inicialmente em fase resulta num
fenómeno de atracção, choque e repulsão periódicos. A distancia de interacção pode ser definida então
como: LI = ΩLdisp = L period e s0
É então esta distancia, ou melhor, o rácio LI/Ldisp , que especificam o máximo bit rate
permitido em sistemas de transmissão por solitões ópticos.
Estes fenómenos de interacção tornam-se totalmente indesejáveis em sistemas de solitões uma
vez que provocam incertezas (jitter) no tempo de chegada dos solitões. Um método de combater esta
situação é aumentar o s0 desde que a interacção dependa do seu espaçamento. Por isso desde que s0>3 ,
e que ΩLdisp»LT (sendo LT a distancia total de transmissão), o projecto de sistemas torna-se apropriado
uma vez que a interacção entre solitões pode ser ignorada.
Pode ser agora escrita uma nova expressão baseada em muitas das relações referidas
anteriormente que nos permitirá relacionar a bit rate(B) ou a distancia total da transmissão(LT), com
2
diferentes valores de s0:  2π  c s0 π
B LT = 
2
 e = 2 e s0
 s0 λ  16 D 8 s0 β 2
Torna-se ainda curioso notar que um dado valor de s0 é sempre independente do bit rate.

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2.4 Uma importante análise tríplice


Efeito óptico de Kerr(OKE)+Auto-modulação de fase(SPM)+Dispersão da velocidade de grupo(GVD)

Existe ainda outro fenómeno que não foi previamente analisado, o efeito óptico de Kerr.
Seguidamente é de forma sucinta explicada a sua relação com outros dois fenómenos importantíssimos
na teoria dos solitões a SPM e a GVD.
A dispersão velocidade de grupo e a não linearidade de Kerr, são conceitos cruciais na análise
da propagação dos solitões. Estes dois efeitos associados, são os responsáveis pelas características dos
solitões: Impulsos que não mudam a sua forma à medida que se propagam ao longo da fibra.
O ‘chirp’ produzido pela auto-modulação de fase (SPM) resultante do efeito de Kerr, é
caracterizado por ter baixas frequências na frente do impulso, e altas frequências na parte de trás.
Se a dispersão for positiva, produz um acelerar das baixas frequências na frente do impulso e
um atrasar das altas frequências na parte de trás do mesmo(conforme foi referido acima). Este efeito
não vai compensar o ‘chirp’ resultante da SPM, ocorrendo mesmo um espalhamento do impulso
(scattering). Não é portanto o efeito que se pretende obter, sendo mesmo prejudicial para comunicações
a longas distâncias.
Se pelo contrário a dispersão for negativa, o resultado será o oposto do descrito anteriormente,
isto é, as baixas frequências na frente do impulso serão retardadas e as altas frequências na parte de trás
do impulso são avançadas. Este ‘chirp’ será portanto o contrário do produzido por SPM do efeito de
Kerr. Como consequência, obtém-se o solitão que não varia a sua forma ou espectro conforme viaja ao
longo da fibra.
Estes dois fenómenos, dispersão velocidade de grupo negativa e o efeito não linear de Kerr,
compensam-se um ao outro, permitindo que os solitões se propaguem sem sofrer distorção, mesmo em
meios em que há dissipação de energia, como é o caso do vidro que é um meio dispersivo*.
*a velocidade da luz no vidro depende da frequência

Isto acontece apesar do GVD afectar o impulso no domínio dos tempos, e o efeito de Kerr no
domínio das frequências.
A figura da esquerda traduz a fase de um impulso em função do tempo e da sua frequência
instantânea. A figura da direita dá-nos a dispersão de uma fibra monomodo em função do comprimento
de onda.

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3. SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO BASEADOS EM SOLITÕES ÓPTICOS

Durante a sua propagação através de uma fibra óptica, um sinal degrada-se devido a três
factores : a atenuação, a dispersão e não linearidades. O problema da atenuação foi quase ultrapassado
com os sistemas que operam na janela dos 1550 nm, pois nesta janela a atenuação é mínima. A
dispersão também foi reduzida em grande parte, através técnicas que a limitam. Restam assim as não
linearidades como factor limitativo ao aumento da capacidade de transmissão dos sistemas.
Como já foi referido, o solitão propaga-se num meio dispersivo e não linear e mantém as suas
características inalteradas através do equilíbrio que existe entre estes dois factores. Deste modo, o
problema da dispersão e o problema da não linearidade são compensados simultaneamente. Existem
ainda outras propriedades importantes na transmissão por solitões:
- a transmissão de impulsos de curta duração é possível através de longas distâncias,
permitindo a comunicações ultra rápidas;
- não existe distorção da forma dos impulsos, propriedade muito útil nas transmissões à
distância;
- os solitões não apresentam dispersão, e daí não existe necessidade de regular o comprimento
de onda do impulso exactamente para a região de dispersão nula;
- podem ser gerados na janela de mínima atenuação.
As técnicas para implementar sistemas de transmissão ópticos de grande capacidade a longa
distância podem ser divididos em duas categorias: ou se realizam no domínio dos tempos ou no
domínio das frequências.
No domínio dos tempos temos as comunicações a grande velocidade que operam na região do
comprimento de onda de dispersão quase nula e as comunicações por solitões. Em ambos os casos, é
necessária a compensação da dispersão, com técnicas adequadas no primeiro caso e compensação por
SPM no segundo.
No domínio das frequências temos as técnicas de WDM (WaveLength Division Multiplexing).
No entanto, as aplicações dos solitões não se limitam, no domínio óptico, à transmissão de informação
mas também para o processamento de sinais ópticos e aplicações como interruptores ópticos em lógica
digital.

3.1 Transmissão de informação

Como em qualquer sistema de comunicação, na transmissão de informação em sistemas


baseados em solitões temos três componentes fundamentais: a emissão, a amplificação e a recepção.
No entanto, temos ainda mais um componente de extrema importância: o filtro óptico.

3.2 A emissão

As técnicas que apresentam mais potencialidades para serem utilizadas em comunicações


ópticas salientam-se as seguintes: a emissão através de lasers de fibra, emissores baseados em lasers

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semicondutores e a modulação directa do laser semicondutor. Todas estas técnicas apresentam elevadas
potencialidades relacionadas com os elevados ritmos de transmissão, com a facilidade de modulação e
com a estabilidade de funcionamento durante vários dias de operação.
Usualmente, em sistema de comunicação designados por IM-DD (Intensity Modulation-Direct
Detection), a informação é codificada fazendo corresponder o “1” lógico a um impulso de luz e o “0”
lógico à ausência de luz, podendo o impulso ocupar todo o período do bit (NRZ-Non Return to Zero)
ou ocupar apenas uma fracção do período do bit (RZ-Return to Zero).
Dadas as características de largura do impulso do tipo solitão, este não pode ser codificado em
NRZ, dado que estes impulsos interagem mutuamente com a presença de outros solitões. Deste modo, a
codificação RZ é utilizada, com os impulsos de luz a ocuparem no máximo até cerca de 20 % do
período do bit. Como curiosidade, se num sistema o débito é 10Gbit/s, o período de um bit é 100 ps, e
potanto o impulso de luz pode durar no máximo 20 ps, para não haver elevada interacção ente solitões.
Existem diversas técnicas para obter este tipo de impulsos estreitos( por exemplo a comutação
do ganho de uma cavidade óptica de um laser semicondutor, capaz de gerar os impulsos de 20 ps),
sendo esta também uma barreira a superar, pois com o sucessivo aumento do débito, diminui a duração
do impulso de luz.
Das técnicas mencionadas, aquela que melhor aproxima os solitões ideais é a da emissão por
lasers de fibra. Os solitões são de boa qualidade, mas apresentam problemas ao nível da estabilidade e
ao nível das dimensões físicas dos dispositivos, sendo mais apropriados para uso em laboratório.

Emissão por lasers de fibra.


Configuração típica.

Os emissores baseados em lasers semicondutores, modulados externamente, apresentam o


melhor conjunto de características até 10 Gbit/s. No entanto apresentam ainda custos consideráveis.

Laser modulado externamente

Outra técnica consiste em modular directamente os lasers, em conjugação com um filtro


óptico, que melhora as características espectrais dos impulsos. No entanto, os seus principais problemas
de modulação consistem na reduzida largura de banda do modulador relativamente à fibra óptica e nos
sinais eléctricos que é necessário obter para a modulação.

Laser modulado directamente

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Propagação de Solitões em fibras ópticas

3.3 A amplificação óptica

Nenhum sistema de comunicações a grande distâncias dispensa o uso de amplificadores pois


são os elementos do sistema que permitem a compensação das distorções introduzidas pelo canal de
transmissão(nomeadamente a atenuação e o ruído) que podem degradar irreversivelmente o sinal. Deste
modo, são introduzidos espaçadamente amplificadores(compensam a atenuação) e
regeneradores(corrigem alterações na forma do sinal introduzidas pelo ruído) permitindo aumentar as
distâncias de transmissão. Normalmente, estas duas funções encontram-se num mesmo dispositivo
físico.
Até ao início da década de 90, a única possibilidade para a amplificação e regeneração de
sinais ópticos era a sua regeneração eléctrica: os sinais eram detectados no regenerador eléctrico,
convertidos para um sinal eléctrico, amplificados e posteriormente reconvertidos para sinais ópticos.
Mas esta era uma grande desvantagem das comunicações baseadas em fibras ópticas, dado que este tipo
de amplificadores eram bastante complexos e de custo elevado.
Com o surgimento de amplificadores ópticos, principalmente com os de fibra dopada de Érbio
( EDFA – Erbium Doped Fiber Amplifier), os sinais passaram a ser amplificados exclusivamente no
domínio óptico, sem necessidade de reconversão, o que permitiu sistemas de longa distância
exclusivamente ópticos desde o emissor até ao receptor.
Os amplificadores ópticos dividem-se em duas categorias, no que diz respeito ao seu modo de
funcionamento: a amplificação concentrada e a amplificação distribuída, sendo que ambas utilizam
fibras dopadas com Érbio(EDFA’s).
Actualmente, os amplificadores concentrados ( principalmente os de fibra dopada Érbio) são
usados na janela de 1550 nm. Estes são constituídos por fibras dopadas com um material raro na
superfície terrestre – o Érbio. Deste modo, intercalam-se troços de alguns metros de fibra dopada com
Érbio funcionando assim como amplificadores. No entanto, esta técnica introduz ruído de emissão
espontânea amplificado ( ASE ). De modo a não degradar irreversivelmente os impulsos, os
amplificadores têm de estar espaçados por uma distância muito inferior àquela em que os efeitos de
dispersão e não linearidades afectam a forma dos impulsos.

Sistema de amplificação concentrada

A amplificação distribuída apesar de apresentar melhores resultados a nível teórico, é de


difícil implementação na prática, pois requer um laser de “bombagem” muito potente, dado que o
ganho da fibra é muito pequeno. Este tipo de amplificação acrescenta, ainda, muito ruído durante a
transmissão.

Sistema de amplificação distribuída

Comunicações Ópticas 2000/2001 15 / 21


Propagação de Solitões em fibras ópticas

A descoberta das propriedades das fibras dopadas com Érbio permitiu superar as barreiras
existentes até então, no que diz respeito à velocidade de transmissão, pois com a
amplificação/regeneração eléctrica velocidade dos sistemas estava limitada devido à pouca largura de
banda destes componentes (relativamente às fibras ópticas), funcionado estes como um autêntico funil.
Com as EDFA’s foi pela primeira vez ultrapassada a taxa dos 10 Gbit/s e a capacidade dos 10 000
Gbit.s/Km foi alcançada.

3.4 O efeito de Gordon-Haus

Como referido anteriormente, a amplificação óptica vai introduzir ruído de emissão


espontânea que vai afectar as características de fase, amplitude, posição temporal e frequência central
dos impulsos originando variações na velocidade de propagação dos solitões, sendo um efeito
desprezável para curtas distâncias mas um gigantesco limite nas comunicações a grande distância. Este
efeito foi estudado inicialmente por J.P. Gordon e por H. A. Haus( daí o seu nome) e era uma das
grandes barreiras ao aumento da capacidade dos sistemas baseados em solitões.(figura em baixo á esquerda)
No entanto, não há limite que não possa ser superado e em 1991, A. Mecozzi , J. Moores, H.
Haus( o mesmo que “estabeleceu” o limite...) e Y.Lai, utilizaram um processo baseado na filtragem
óptica com filtros com largura de banda algumas vezes superior à do solitão e que deslocam os
impulsos que possam ter sido desviados de volta à sua frequência central inicial( que corresponde à
frequência central do filtro.(figura em baixo á direita)
Deste modo, o efeito de Gordon-Haus foi compensado e quase suprimido, permitindo assim
elevar a capacidade de transmissão para níveis inatingidos.

3.5 Filtros ópticos

A filtragem óptica é utilizada para remover parte do chirp ( ver glossário) introduzido pelo
processo de modulação da luz e também como forma de remover parte do ruído de emissão espontânea
amplificado (ASE), introduzido pelos amplificadores ópticos, fora da banda de utilização. Baseia-se no
facto de a largura espectral de trabalho, a largura de banda ocupada pela sequência de solitões a
transmitir, ser muito pequena comparada com a largura de banda do ruído de emissão espontânea
amplificado. Deste modo é possível remover parte do ruído de emissão espontânea sem perturbar a
sequência de solitões.

Comunicações Ópticas 2000/2001 16 / 21


Propagação de Solitões em fibras ópticas

Para além da redução do ruído de emissão espontânea, a filtragem óptica reduz também o
efeito de Gordon-Haus e os campos dispersivos bem como a interacção entre solitões ao induzir
pequenos desvios de fase entre solitões adjacentes.

3.6 Receptores ópticos

Num sistema de comunicação baseado em solitões é usado um esquema de recepção como o


indicado na figura seguinte:

Receptor com pré amplificação óptica

O primeiro estágio da recepção de sinais ópticos baseados em solitões é constituído pelo


amplificador óptico que eleva a potência óptica de entrada e pelo filtro óptico que remove o ruído fora
da banda do sinal. O segundo estágio é constituído pelo fotodetector que converte o sinal óptico em
sinal eléctrico que é amplificado e formatado pelo filtro equalizador de modo a reduzir a BER( Bit
Error Rate). O último estágio é o circuito de decisão, que compara a amplitude do sinal recebido com
um nível de referência e atribuindo o símbolo binário correspondente “1” ou “0”. Em sistemas
baseados em solitões, um impulso de luz corresponde a “1” lógico e o “0” corresponde à ausência de
impulso, como já foi referido. Em paralelo com o circuito de decisão temos o circuito de extracção de
relógio sincronizar os símbolos binários.
Os factores mais relevantes no desempenho de um receptor óptico são : a energia do solitão,
inversamente proporcional à sua largura, a densidade espectral de potência do ruído de emissão
espontânea amplificado(condicionado pelo espaçamento ente receptores) o os campos dispersivos.
Com os níveis de potência ópticos disponibilizados hoje em dia e com a pré-amplificação óptica à
entrada do receptor, o ruído eléctrico, apesar de também degradar o sinal, torna-se menos importante
face aos outros factores mencionados.

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Propagação de Solitões em fibras ópticas

4. Conclusões
Os solitões ópticos emergiram como uma solução para as limitações impostas pela auto-
modulação de fase e pela dispersão da velocidade de grupo em sistemas de comunicação ópticos. Para
além dos ganhos conseguidos, em termos de capacidade com os sistemas baseados em solitões, estes
permitiram ainda transferir conhecimento do domínio da óptica não linear, para o domínio da
engenharia das telecomunicações.
Embora o advento dos sistemas WDM tenha desviado alguma da atenção dos sistemas
baseados em solitões, estes apresentam potencialidades enormes para serem usados em sistemas de
comunicação de muito elevado ritmo de transmissão por comprimento de onda.
A estabilidade dos impulsos do tipo solitão tem permitido desenvolver um conjunto variado de
técnicas a operarem no domínio óptico. Esta característica faz dos solitões ópticos uma formatação
atractiva para o surgimento duma verdadeira camada óptica com capacidade de sincronização,
redireccionamento, conversão de frequências, adição e extracção de canais.

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5. Glossário

Índice de refracção
Relação da velocidade na luz no vácuo, pela velocidade da luz na fibra.

Chirp
Termo usado na terminologia do radar, significa que a frente do impulso (para tempos mais baixos)
tem frequências baixas, e a parte de trás do impulso (para tempos mais elevados) tem frequências altas
ou vice-versa. Este efeito é resultado de flutuações na fase da onda que se propaga. De uma forma
geral chirp é variação da frequência instantânea da portadora óptica ao longo de um impulso óptico.

Jitter
Variação aleatória de um dado acontecimento, no caso do jitter temporal refere-se à variação aleatória
do instante de recepção dos impulsos ópticos, relativamente aos instantes ideias regularmente
espaçados no tempo

Dispersão da velocidade de Grupo(GVD – group velocity dispersion)


É a propriedade de um meio para propagar diferentes frequências a diferentes velocidades, devido às
características materiais do mesmo.
A dispersão de uma fibra monomodo é positiva para comprimentos de onda inferiores a 1.3µm e negativa para comprimentos de onda superiores a 1.3µm.

A dispersão positiva ou normal1 significa que comprimentos de onda mais elevados, viajam mais
depressa que os comprimentos de onda mais baixos. Quando se verifica o contrário temos a dispersão
negativa ou anómala.2
A dispersão velocidade de grupo negativa, pode ser melhor compreendida, se associarmos, ao lançar pedras para um pequeno lago coberto de gelo: O som

transmitido decai rapidamente, chegando ao ouvinte, primeiro as frequências mais elevadas que viajaram mais depressa, seguido das frequências mais

baixas.
1
A dispersão designa-se por normal, porque ocorre na maioria dos meios.
2
A dispersão designa-se por anómala, porque é menos frequente de ocorrer.

Efeito de Kerr óptico(OKE- optical Kerr effect)


É a variação do índice de refracção do meio, induzido por intensos campos ópticos.
O efeito de Kerr altera o índice de refracção da fibra óptica, aumentando-o localmente, onde a
intensidade do impulso é máxima. Designa-se como sendo positivo, se o aumento do índice de
refracção aumenta, com o aumento da intensidade.

Auto-modulação de fase(SPM – self-phase modulation)


Como resultado do efeito de Kerr, em que ocorre uma variação do índice de refracção, o índice é
modulado, produzindo a modulação da fase da onda de propagação do próprio impulso.

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Atendendo a que o pico de cada impulso acumula fase mais rapidamente do que as caudas dos
impulsos, conforme pode ser observado na figura seguinte.

P(t) φ(t) rad ∆ω(t) rad/s ∆λ(t) nm

t(ps) t(ps) t(ps) t(ps)

A variação do comprimento de onda ao longo do impulso, introduzido pelo SPM, faz com que no
regime de dispersão normal, D negativo, a parte da frente do impulso, correspondente ao comprimento
de onda mais elevado, se propague mais rapidamente que a parte de trás, correspondente ao
comprimento de onda mais baixo, originando um alargamento dos impulsos.
No regime de dispersão anómala, D positivo, a parte de trás do impulso propaga-se mais rapidamente
originando uma compressão inicial do impulso.
Como vimos, é possível no regime de dispersão anómala atingir uma situação de equilíbrio, em que o
impulso propaga-se mantendo inalterada a sua forma. Esta situação é atingida com impulsos da forma
secante hiperbólica, para um dado nível de potência de pico. É a estes impulsos que se dá o nome de
solitões.

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Propagação de Solitões em fibras ópticas

6. Bibliografia
Gerd Keiser,Optical Fiber Comunications, third Edition.
McGraw-Hill(2000)

Butcher, P.N; Cotter, D., The Elements of Nonlinear Optics-Cambridge Studies in Modern Optics 9. Cambridge University Press (1990)

Progress in Optics Volume XXXIX, Emil Wolf Editor (1999)

Gowar, John., Optical Communication Systems. Second Edition, Prentice-Hall, International series in optoelectronics(1993).

Haus, Hermann A.,’ Optical Fiber Solitons, Their Properties and Uses’. Proceedings of the IEEE, Vol.81, no.7, P.970-983, July 1993

Haus, Hermann A.; Wong, William S., ‘Solitons in optical communications’. Reviews of Modern Physics, Vol.68, No.2, P.423-444, April 1996

Andrekson, Peter. ‘Soliton tests show promise for dense WDM systems’, WDM solutions, March 2001

Haus, Hermann A., ‘Molding light into solitons’, IEEE Spectrum, March 1993

Bell, Trudy E., ‘Light that acts like ‘natural bits’’, IEEE Spectrum, August 1990

http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/
-Dispersion management for solitons in a Korteweg-de Vries system, Cuspon and regular gap solitons between three dispersion curves

http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/00.html
-The two-parameter soliton family for the interaction of a fundamental and its second harmonic

http://www.lboro.ac.uk/departments/ma/preprints/99.html
-Soliton Solutions with Real Poles in the Alekseev Formulation of the Inverse Scattering method

http://www.ma.hw.ac.uk/pg/yzolo/disorder1.html
-Soliton propagation through the thermalized area of a dipole-dipole chain.

http://www.amsta.leeds.ac.uk/Pure/staff/wood/FordyWood/contents.html
-Integrable systems, harmonic maps and the classical theory of solitons

http://www.bbc.co.uk/h2g2/guide/A330779
-Solitons

http://www.irishscientist.ie/DCUJB123.htm
-Solitons in field theory

http://www.itd.clrc.ac.uk/Activity/Solitons+425
-Solitons

http://dutch.phys.strath.ac.uk/OCC/occ5.html
-5.4 Optical Solitons

http://www.sst.ph.ic.ac.uk/angus/Lectures/compphys/node50.html
-Project -- Solitons: Introduction, Discretisation, Physics

http://www.math.h.kyoto-u.ac.jp/~takasaki/soliton-lab/gallery/solitons/index-e.html
-site japonês com informação introdutória aos solitões,contem gifs animados

http://www.ma.hw.ac.uk/solitons/index.html
-página de universidade escocesa com vários links

http://www.att.com/press/0292/920206.blb.html
-notícia acerca da transmissão de 5 Gb/s com solitões

http://www.ma.hw.ac.uk/solitons/Snibston/index.html
-imagens(reais) de ondas solitarias

http://www.corvis.com/
-empresa ligada as comunicações por fibra óptica

http://www.photonics.com/Spectra/
-publicações sobre tecnologias ópticas

http://www.laurin.com/content/aug97/techfrench.html
-aplicações dos solitões nas fibras ópticas

http://homepages.tversu.ru/~s000154/collision/main.html
-teoria de base dos solitões

http://physics.usc.edu/~vongehr/solitons_html/solitons.html
-teoria dos solitoes(geral)

http://www.lightlink.com/sergey/java/java/toda/
-applet de java com demonstração dos solitões

http://www.cs.princeton.edu/~ken/solitons.html
-bibliografia de solitões

Comunicações Ópticas 2000/2001 21 / 21

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