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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CURSO DE PSICOLOGIA

ERICK DE JESUS ALMEIDA


RODRIGO DILLAN JOSÉ SANTOS LIMA
THÉRCIA TAMILLES DE SOUZA MOTA

A INSTAGRAMIZAÇÃO DA VIDA: UM ATRAVESSAMENTO ENTRE CONSUMO


E FANTASIA

ARACAJU/SE
2018
ERICK DE JESUS ALMEIDA
RODRIGO DILLAN JOSÉ SANTOS LIMA
THÉRCIA TAMILLES DE SOUZA MOTA

A INSTAGRAMIZAÇÃO DA VIDA: UM ATRAVESSAMENTO ENTRE CONSUMO E


FANTASIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Tiradentes
como um dos pré-requisitos para a obtenção
do grau em bacharel em Psicologia,
orientado pela Dra. Lívia de Melo Barros.

ARACAJU/SE
2018
ERICK DE JESUS ALMEIDA
RODRIGO DILLAN JOSÉ SANTOS LIMA
THÉRCIA TAMILLES DE SOUZA MOTA

A INSTAGRAMIZAÇÃO DA VIDA: UM ATRAVESSAMENTO ENTRE CONSUMO E


FANTASIA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Tiradentes
como um dos pré-requisitos para a obtenção
do grau em bacharel em Psicologia,
orientado pela Dra. Lívia de Melo Barros.

Aprovado em:
Banca Examinadora

Prof. Dra. Lívia de Melo Barros


Orientadora
Universidade Tiradentes

Jamille Maria de Araújo Figueiredo


Examinadora

Larissa Leal Moura


Examinadora
AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer inicialmente a todos os familiares e amigos que nos apoiaram,


incentivaram e estiveram presentes, em especial eu (Erick) agradeço à Evinha por todo o
suporte nessa verdadeira jornada que caminha à conclusão. Além deles, dedicamos atenção
especial nos nossos agradecimentos à Petruska, por nos ajudar sempre que pedíamos e por se
mostrar sempre tão disposta e receptiva a nossas dúvidas. Gratidão!
Também gostaríamos de agradecer à nossa orientadora Lívia, pela paciência e por todas
orientações para nós passadas sempre esclarecedoras e constitutivas. Agradecemos também à
Jamille e Larissa por toparem fazer parte da nossa banca e, com certeza, poder acrescentar e
enriquecer esse material.
Por fim, mas não menos importante, agradecemos a cada membro do trio compositor
deste TCC. À Erick, por ter aceito uma errante dupla de TCC que vagava pelos gélidos
corredores da UNIT, à Thércia pela injeção de ânimo no começo do desenvolvimento deste
trabalho e pela busca constante de novos materiais e à Dillan por querer meter o falo da
psicanálise em tudo que é trabalho.
“Como crianças perdidas, vivemos nossas
aventuras incompletas.”
(Guy Debord)
RESUMO

Com o desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado, as relações sociais


passaram a também acontecer em um novo ambiente: o ciberespaço. Em uma sociedade com
cada vez mais inserção de pessoas às redes sociais virtuais, é importante questionar e investigar
o uso fervoroso, sua relação com a subjetividade individual e o consumo e, por fim, o que pode
vir a ser instagramização da vida. A fim de alcançar esse objetivo, discute-se aqui desde o
surgimento da internet e o cenário político econômico até os dias atuais, perpassando campos
como sociologia, filosofia, publicidade e, por fim, psicologia e psicanálise, com base nas teorias
de Sigmund Freud e Melanie Klein. Serão abordados também temas como exibicionismo,
sociedade do espetáculo, influência da mídia na construção identitária, estética de si, fantasia e
realidade. A estrutura metodológica deste trabalho é de pesquisa bibliográfica por permitir uma
visão ampliada de várias perspectivas sobre um mesmo ponto em comum: a elaboração do
conceito de instagramização da vida. Bibliotecas eletrônicas como SciELO (Scientific
Electronic Library Online), PePsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), Google Acadêmico
e também o Acervo da Biblioteca Central da Universidade Tiradentes – UNIT compõem a base
de dados deste trabalho, com pesquisa dos seguintes descritores: psicologia cultural,
representações sociais, cibercultura, influenciadores digitais, redes sociais virtuais, mídias
digitais, influência da mídia, pós-modernidade, estética do self, estetização de si, fantasia,
desejo, virtualização, Guattari, Debord, Bauman. Ao final, propõe-se o conceito de
instagramização estruturado na associação dos conceitos abordados durante os capítulos de
fundamentação.

Palavras-chave: Rede Social, Consumo, Fantasia, Identidade, Virtual, Mídia, Instagramização


ABSTRACT

With technological development increasingly accelerated, social relations now happen


in a new place: the cyberspace. In a society where more and more people are being inserted into
virtual social networks, it has become important to question its massive use, its connection with
individual subjectivity and consumption and, finally, what may become the instagramming of
life. In order to achieve that goal, we discuss here not only since the emergence of the internet
but also the history of political economic scenario until the present day, bypassing studying
fields such as sociology, philosophy, advertising and, finally, psychology and psychoanalysis,
based on the theories of Sigmund Freud and Melanie Klein. We also covered topics such as
exhibitionism, society of the spectacle, the power of media to influence the construction of
subjectivity, the aesthetic self, fantasy and reality. The methodological structure of this work is
a bibliographical research because it allows an enlarged view of several perspectives on the
same common point. Electronic libraries such as SciELO (Scientific Electronic Library Online),
PePsic (Electronic Periodicals in Psychology), Google Scholar and also the Collection from the
Central Library of Tiradentes University – UNIT, make up this work in the database with the
following search keywords: cultural psychology, social representations, cyberculture, digital
influencers, virtual social networks, digital media, media influence, postmodernity, the
aesthetic self, fantasy, desire, virtualization, Guattari, Debord, Bauman. In the end, it is
proposed the concept of instagramming, structured by the association of concepts approached
through the justification chapters.

Keywords: social network, consumption, fantasy, identity, virtual, media, Instagramming.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9

1.1 Método .................................................................................................................... 11

2. A SUBJETIVIDADE NA PALMA DA MÃO ........................................................ 12

3. O SELF ESTETIZADO: REFLEXO DO ESPETÁCULO PÓS-MODERNO ... 20

4. UMA JANELA PARA A REALIDADE: O VIRTUAL E A FANTASIA .......... 30

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 38
9

1. INTRODUÇÃO

As redes sociais virtuais tomam um destaque cada vez maior na sociedade


contemporânea. Hoje em dia, é difícil que uma pessoa não esteja inserida em alguma
delas e, mais difícil ainda, que não tenha ouvido falar das mesmas. Com o avanço da
tecnologia e, por consequência, da internet, o estabelecimento de relações sociais passou
a ser mediado através do computador, o que pode se entender enquanto uma faca de dois
gumes: há tanto a facilidade de manter contato ao ignorar a distância entre os sujeitos,
como também há a necessidade da resposta imediata, pois nos tempos atuais qualquer
espera é muito longa; as atitudes, os pensamentos, os significados e suas representações
são fluidas e efêmeras (BAUMAN, 2001).
Cada vez mais se ouve sobre a necessidade de compartilhar seus momentos em
redes sociais com o intuito de divulgar sua felicidade, suas conquistas e, até mesmo, seus
momentos de fraquejo, o que levanta a dúvida de que o foco está em tornar seu cotidiano
público e em destaque ao contrário de vivenciá-lo. São pessoas publicando suas refeições
e seu dia a dia, casais publicando seus status de relacionamento, mães e pais publicando
quase que vinte e quatro horas a rotina de seus filhos. A prioridade passa a ser mostrar-se
aos outros participantes e colocar em segundo plano a importância de desfrutar esses
momentos fora das redes sociais.
Essa adesão é evidenciada no crescimento das redes sociais ao longo do tempo
e que, cada vez mais, aumenta a gama de usuários que compreende. De acordo com a
Digital Information World (2015), a estimativa de usuários mensais das redes é de 200
milhões em 2015 no Snapchat, 140 milhões em 2008 no Facebook, 180 milhões em 2014
no Instagram e 30 milhões em 2010 no Twitter. O Tecnoblog (2017) afirma que em 2017
o Facebook alcançou a marca de 2 bilhões de usuários, enquanto o iG (2017) levanta o
número de 700 milhões de usuários do Instagram. A tendência é que cada vez mais
pessoas adiram às redes; o brasileiro, em especial, caminha em direção a esse fato, visto
que segundo o eMarketer (2016), o Brasil tornou-se o país que mais as utiliza na América
Latina, apresentando um aumento de 20 milhões de usuários de 2014 até 2017 (de 78,1
para 93,2 milhões).
É nesse ambiente acelerado em que surge a demanda de estudo deste trabalho,
com a premissa de investigar o que pode motivar os usuários a consumir e participar das
redes sociais virtuais com expressivo afinco, destacando a influência dos conhecidos
como influenciadores digitais nesses aspectos. Segundo Silva e Tessarolo (2016), estes
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seriam pessoas entendidas como qualquer outro usuário das redes, porém com uma gama
de seguidores muito acima da média e que são capazes de movimentar aqueles que os
acompanham a mudar opiniões, comportamentos e visões de mundo através de suas
postagens, como uma espécie de modelo que as pessoas querem ser.
Esses modelos podem ser definidos como uma estruturação estética da
personalidade do sujeito, moldada em recortes daquilo que pode (por ser atrativo de
visibilidade) e deve (por ser socialmente desejável) ser exibido nas redes (SIBILIA, 2008;
ZHAO, 2008). O indivíduo passa a ser um composto de fragmentos de sua personalidade
articulados para um grande público interessado em consumir seus relatos cotidianos como
forma de legitimá-lo e legitimar-se (SANTA CRUZ, 2014). Com base nisso, é
fundamental discutirmos sobre a fantasia, conceito fortemente disseminado por Freud e
Melanie Klein, e que tem, primariamente, o propósito de ser um aporte para a construção
da realidade exterior a partir de uma realidade psíquica.
Serão levantadas reflexões acerca do que as redes sociais virtuais geram na vida
moderna, permeando assuntos como a necessidade de compartilhamento das experiências
cotidianas dos usuários, a tendência ao exibicionismo e a espetacularização de si e a
influência midiática na construção de perfis e estilos de vida entendidos como almejados
ou ideais, todos reflexos de uma necessidade de consumo como desenvolvimento da
subjetividade ou de experimentar-se como algo diferente do que se percebe (PINHEIRO,
2009; MOREIRA; JESUS, 2010; SILVA; TESSAROLO, 2016).
Portanto, entendendo a constituição da subjetividade do indivíduo como
estruturada através de suas relações com as pessoas e o ambiente e os significados que dá
para elas, perceber como essas relações se estabelecem quando mediadas por aplicativos
através da internet é fundamental para tentar compreender como se estrutura seu
funcionamento em uma perspectiva pós-moderna líquida e imediata que resulta em
atitudes em busca da visibilidade social e do destaque individual através das redes. Esse
campo de estudo se encontra trabalhado em áreas como Marketing e Publicidade, mas se
faz necessário observar o assunto pelos olhos da base filosófica da Psicologia para então
questionar como são essas formas de representação social e comportamento humano.
Para melhor entendimento do que aqui é proposto, a divisão dos capítulos
consistiu em: primeiramente um contexto histórico sobre a origem da internet, a inserção
dos sujeitos nesse novo ambiente cultural e relacional e, por fim, a presença da mídia e
marketing nas redes sociais; o segundo capítulo consiste em uma discussão acerca da
influência político-econômica pós-moderna na subjetividade dos sujeitos e seu efeito na
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construção dos perfis nas redes sociais; o terceiro capítulo elucida os conceitos
psicanalíticos de desejo e fantasia de Freud e Klein, bem como o conceito de virtual de
Pierre Lévy, como fundamentos estruturantes da compreensão da realidade no meio
virtual. Nas considerações finais, propõe-se a associação entre os conceitos levantados
nos três capítulos como arcabouço para o desenvolvimento do termo instagramização da
vida.

1.1 Método

O presente trabalho se configura como uma pesquisa de caráter qualitativo que,


segundo Minayo (2001), é se preocupar com uma problemática particular e que não pode
ser quantificada, trabalhando então com uma gama de motivos, valores, atitudes e
significados das relações humanas. O recurso metodológico escolhido foi a pesquisa
bibliográfica por sua característica de buscar explicar uma hipótese através de livros,
artigos, teses e dissertações, analisando as influências culturais e científicas sobre um
determinado assunto (CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007) e também por analisar por
diversas posições um mesmo assunto (GIL, 2007).
As fontes que embasaram esta pesquisa, buscadas nas línguas portuguesa,
inglesa e espanhola, foram obtidas em trabalhos das seguintes bases: SciELO (Scientific
Electronic Library Online), PePsic (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), Google
Acadêmico e Acervo da Biblioteca Central da Universidade Tiradentes – UNIT. Foram
utilizados os descritores: psicologia cultural, representações sociais, cibercultura,
influenciadores digitais, redes sociais virtuais, mídias digitais, influência da mídia, pós-
modernidade, estética do self, estetização de si, fantasia, desejo, virtualização, Guattari,
Debord, Bauman. Os critérios para inclusão dos artigos e livros citados neste documento
foram a adequação de resumo e conteúdo em relação ao tema.
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2. A SUBJETIVIDADE NA PALMA DA MÃO

“Enfim, o fundo do poço da vergonha foi


atingido quando a informática, o marketing, o design,
a publicidade, todas as disciplinas da comunicação
apoderaram-se da própria palavra conceito e
disseram: é nosso negócio, somos nós os criativos,
nós somos os 'conceituadores'!”
(Gilles Deleuze)

O uso de tecnologias virtuais que se centralizam na internet deu início à uma forma
específica de cultura, chamada de cibercultura (ROSA; SANTOS, 2015). Os autores
supracitados definem esse termo como uma união de processos nos âmbitos da
tecnologia, mídia e interação social, que teve começo por volta dos anos 70, época do
grande avanço das comunicações telefônicas e virtuais. Segundo Capobianco (2010), o
avanço tecnológico que atinge a maior parte dos setores define as bases da cibercultura,
mas esta necessita de uma nova forma de organizar-se em relação ao trabalho, lazer e
comunicação das pessoas agora imersas na tecnologia. De acordo com a autora, a
cibercultura e suas delimitações ou características são construídas à medida que cresce
sua utilização, eficiência e acesso, mas ainda é fundamental que se conceitue de forma
mais abrangente o que possa ser cibercultura, visto que a mesma engloba a diversidade
tão característica do mundo digital.
A fim de então aprofundar esse conceito, é necessário entender o significado dos
termos ciberespaço e cultura. O ciberespaço é um local que se afasta do espaço cotidiano
e se instala em um ambiente de liberdade de expressão (LEMOS, 2006) e entende-se sua
origem em setembro de 1969, pela ARPA (Advanced Research Projects Agency), com o
nome de Arpanet. Reino (2015) afirma que a Arpanet foi uma resposta à necessidade de
melhoria no sistema de comunicação entre os centros de pesquisa na época,
descentralizando as informações e ampliando a sua propagação. Segundo Castells (2001),
em 1983 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos decide criar a MILNET, uma
rede independente de uso exclusivamente militar, pois se criou a preocupação com
possíveis brechas na segurança, enquanto a Arpanet se tornou a ARPA-INTERNET, e foi
dedicada a fins acadêmicos e de pesquisa. O autor afirma ainda que no início da década
de 1990 o Departamento de Defesa decide comercializar a internet e a descreve como um
ambiente com vários provedores de serviços da Internet com suas próprias redes com
portas de comunicação e pontos comerciais.
13

A internet passa por três grandes fases, as Webs 1.0, 2.0 e 3.0. A primeira delas,
afirmam Madeira e Gallucci (2009) pode ser vista como a primeira geração da Internet
comercial, seja para uso pessoal ou empresarial, que ainda não desenvolvia muitas formas
de interação entre seus usuários, principalmente pelos serviços nela disponíveis (criação
de sites e páginas) terem preços acima do mercado, o que restringia o interesse e o acesso
de muitas pessoas ao serviço.
A Web 2.0 facilita a interação entre pessoas físicas e empresas. Dessa grande
interação, surgem as redes sociais, que se tornaram mais populares a cada dia. Sua
principal característica é o sistema fácil e intuitivo, não utilizando de conhecimentos
técnicos. Sendo assim, como afirmam Madeira e Gallucci (2009, p. 7), “esta é, portanto,
sua principal característica, a forte participação dos usuários na elaboração e edição dos
conteúdos publicados”.
Atualmente a internet se encontra na fase 3.0 da Web e é baseada na interação
entre usuários em tempo real. Madeira e Gallucci (2009) descrevem os ambientes virtuais
comuns como jogos interativos online e ambientes virtuais em geral. Além disso, hoje
possuímos a mobilidade com nossos Smartphones e Laptops, o que dá mobilidade ao
usuário, que pode postar conteúdo quando quiser.
A cultura, por sua vez, pode ser entendida como uma criação coletiva de pessoas
que partilham ativamente suas experiências trazendo consigo suas próprias percepções
sobre o que vivenciam e que carrega uma simbologia que o sujeito interpreta
singularmente, afirma Leme (2003). A cultura também pode ser vista como “conjunto de
experiências humanas (conhecimentos, costumes, instituições, etc.) adquiridas pelo
contato social e acumuladas pelos povos através dos tempos” (LUFT, 2000, p. 209).
A partir do estudo entre ambos os conceitos e suas relações, compreende-se que
“a cultura contemporânea, associada a tecnologias digitais (ciberespaço, simulação,
tempo real, processos de virtualização, etc.) vai criar uma nova relação entre a técnica e
a vida social que chamaremos de cibercultura” (LEMOS, 2013, p. 15).
Segundo Bolesina e Gervasoni (2015), a cibercultura tem sua origem nas
comunidades do Vale do Silício em um movimento de corrente oposta ao modelo
hierárquico e linear adotado na época, partindo da premissa de construir um “novo
mundo”, desenvolvendo habilidades que gerassem uma autonomia e autenticidade
individual e se desvencilhasse do modelo engessado de produção de cultura, adotando
símbolos que edificassem essa nova visão como “as ideias de liberdade (s),
simultaneidade, fluidez, adaptabilidade, experimentação, empoderamento e
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desenvolvimento pessoal, revisão das lógicas rígidas de tempo e espaço, crítica às


estruturas e promessas não-cumpridas da modernidade”. (BOLESINA, GERVASONI,
2015, p. 7)
Para entender as influências e nuances da cibercultura no ser humano, faz-se uso
da psicologia cultural que, segundo Leme (2003), procura colocar de volta como questão
central a subjetividade do sujeito, que é constituída através de suas experiências e que vê
o ser humano como um ser ativo em sua construção, afastando-o da visão simples de que
o sujeito é determinado tanto pelo ambiente cultural que vive quanto pela cultura baseada
em fatores psicológicos genéticos, pois a construção do sujeito advém da interpretação e
dos significados que atribuem àquilo que vivem. Pizzinato (2010) afirma que a psicologia
cultural pode ser entendida como o estudo da forma que as tradições culturais e as normas
sociais afetam a mente humana em cada grupo específico ao invés de buscar uma noção
geral para todas as pessoas. Cole (1999) corrobora com esse pensamento ao pontuar que
não é necessário procurar relações causais no comportamento e nos aspectos psicológicos
do sujeito, mas enxergá-lo de forma que sua mente e sua cultura se constroem
simultaneamente, através de seu desenvolvimento sociocultural.
A linguagem, a escrita, o comportamento e os significados que atribuímos às
experiências do dia a dia são considerados ferramentas cultural-psicológicas para a
psicologia cultural, segundo Pizzinato (2010). O autor ainda afirma que a linguagem se
torna um ponto central para a constituição da subjetividade do sujeito e, pensando em
relações pós-modernas mediadas através de redes sociais, boa parte da comunicação atual
é feita através da linguagem digital, o que impacta diretamente a formação da
singularidade das pessoas. Esse pensamento se justifica através de Cole (1999), que
afirma que se deve perceber as relações que permeiam o comportamento humano, sem
descartar o ambiente e a cultura que o sujeito está inserido, mas levando em primeiro
plano o que ele interpreta desses fatores.
Acioli (2007) discute a fluidez do conceito de redes sociais, não sendo possível
uma definição que abranja tudo aquilo que elas representam e, por isso, se resume a
entendê-las como vínculos entre pessoas que se conectam pelas suas atitudes e afiliações
à sociedade. “A ideia que permeia a metáfora de redes, é a de indivíduos em sociedade,
ligados por laços sociais, os quais podem ser reforçados ou entrarem em conflito entre
si.” (ACIOLI, 2007, p.2).
De acordo com Meneses e Sarriera (2005), as redes sociais são um sistema
construído individual e coletivamente, mas que nunca se completa, estando sempre livre
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para se alterar. As pessoas que nelas fazem parte se reconhecem, se identificam e se


percebem em relação ao outro a partir dos papéis que desempenham concomitantemente
com outras pessoas nesse campo. Recuero (2009, p. 24) concorda com esse pensamento
ao discutir que “uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores
(pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços
sociais) (WASSERMAN; FAUST, 1994; DEGENNE; FORSE, 1999)”. A autora afirma
que ao explanar sobre redes sociais na internet, essa estrutura passa por algumas
alterações: as interações via web não possuem a presença física e, por isso, suas relações
são distanciadas e mediadas por um computador. De tal forma, um ator pode ser sua
representação virtual através de um perfil em redes como Facebook ou Twitter e suas
conexões passam a ser seus rastros sociais, como comentários e posts que permanecem
no ciberespaço até que ele decida remover.
Segundo Colombo (2012, p. 27) “no pós-modernismo vive-se a era dos excessos,
das celebridades instantâneas e momentâneas, dos ‘quinze minutos de fama’ e de uma
urgência implacável, causadora de grandes sofrimentos psíquicos.”. A autora frisa a
percepção do imediatismo na sociedade presente em que a efemeridade das experiências
é notória e que essa atitude faz com que as relações interpessoais sejam distorcidas em
espaço-tempo e trocadas por produtos de consumo. Bauman (2001) apoia essa visão ao
dizer que o tempo no mundo da tecnologia é insubstancial, instantâneo e, ao mesmo
tempo, inconsequente e que por isso instantaneidade é tanto realizar no mesmo momento
quanto redução e perda do interesse, pensamento reforçado por Moreira (2010), ao definir
que a comunicação através da internet leva o sujeito ao imediatismo, por não precisar
mais esperar o tempo até que sua mensagem seja enviada ao seu interlocutor: tudo é
rápido e instantâneo, gerando impaciência com o que leva tempo de fato e tendo
influência direta nos processos de subjetivação. Ao interromper o fluxo natural de duração
do tempo, há então a rejeição com a sua existência, vivendo, portanto, um efeito
imediatista e efêmero, sem levar em consideração passado ou futuro, apenas o presente.
Ainda sobre o assunto, Colombo (2012) questiona o fato de que o homem
moderno era imaginado como livre de crenças que o limitassem, sejam elas políticas,
econômicas ou sociais e que essa liberdade não fora encontrada com a chegada da pós-
modernidade, pois segundo Oliveira, Vilar e Barros (2017) essas amarras transitaram e
se antes o sujeito se limitava pelas suas concepções, hoje amplia-se pelas tecnologias que
o rodeiam e seus valores se estruturam pela ideia de possuir ou não possuir.
16

O que cada sujeito compreende enquanto significados e conceitos para sua


personalidade enquanto ser social, ou seja, o que ele aprende no decorrer de suas relações
sociais através da comunicação, é o que define as representações sociais (LANE, 2004).
Moscovici (1981) afirma que as representações sociais são geradas no dia-a-dia através
da comunicação entre indivíduos e se referem a conceitos e explicações sobre o mundo à
sua volta. Contudo, nem todas as representações são detentoras da verdade absoluta, Lane
(2002, p. 34) discute que “as representações podem estar baseadas em fatos científicos,
não observáveis diretamente, como em crenças, sugestões publicitárias, todas
dependentes de grupos sociais com os quais a pessoa convive”. A autora sugere, ainda,
que quando não se questiona através da fala e da experiência as representações sociais do
sujeito, passa-se a reproduzir representações e, portanto, viver uma realidade sem relação
ideológica consigo.
Paula e Kodato (2016) fomentam que o trabalho de Moscovici e o estudo das
representações sociais em geral são essenciais para a construção do psiquismo e da
subjetividade humana, levantando duas perspectivas distintas: o simbolismo das
representações sociais e o reconhecer da realidade como construto social, afirmando,
porém, que o conhecimento do dia a dia é capaz de se adaptar aos grupos de que o sujeito
faz parte, transformando aquilo que é conhecido e previamente representado em uma nova
representação adquirida na atual experiência grupal. Esse ponto de vista é justificado no
pensamento de Jovchelovitch (2011), quando a autora põe a racionalização da vivência
como uma atitude inválida àquele que não adota a representação, pontuando que o errado
para o observador pode ser o que contempla todo o sentido para aquele que introjeta seu
significado. Segundo Chagas e Zorzan (2014), a subjetividade, a cultura e a história do
sujeito estão diretamente relacionadas entre si, por isso todas as mudanças que acontecem
na sociedade tem um reflexo direto com a subjetividade de quem vive tais mudanças.
Levando esses conceitos em consideração, entende-se que as representações
sociais se transformam à medida do passar do tempo, e algumas delas tem seus valores
engrandecidos enquanto outros tem menos influência. Com a globalização, a propagação
da mídia, o advento do próprio ciberespaço, as estruturações sociais se sustentam na
repetição dos padrões “obrigatórios” da sociedade. As relações se tornam mais
capitalistas nas quais até os horários em que nos encontramos no dia a dia são seletos e
específicos, pois todo o tempo é tempo de competição (CAMPOS, SARDA, CUNHA,
2010).
17

A formação da identidade pós-moderna é pautada no consumo e na maneira com


que os indivíduos socializam as tecnologias lançadas em alta frequência – aquele carro,
celular ou computador que hoje é moderno amanhã pode já ser ultrapassado, configurando
uma liquidez de posse desses bens e que se reflete diretamente na instabilidade líquida
dos relacionamentos sociais e afetivos – que tornam complexo o que pode ser considerado
um conceito da pós-modernidade (VIEIRA, 2011).
Campanhole e Moura (2013) elucidam que os questionamentos sobre a
subjetividade que emergem nas redes sociais podem estar atrelados à grande quantidade
de identidades que o sujeito pode adotar ou transformar no ciberespaço. Além disso, a
comunicação via meios digitais pode ser caracterizada como não linear, justamente pela
liberdade que os indivíduos tem em relação ao tempo e pelo possível anonimato que um
perfil impessoal pode garantir, levando em conta que ninguém obrigatoriamente precisa
adotar a mesma identidade que tem fora das redes sociais.
Moreira e Jesus (2010) afirmam que a atualidade é caracterizada pela alta
frequência de informações, representações e velocidade de mudanças e, por isso, o sujeito
atual tem sua subjetividade fragmentada por conta da grande opção de identificações que
pode fazer e que estas são pautadas pela oferta da mídia e do consumismo que, por vezes,
não é de fato uma necessidade do sujeito. Moreira (2010) afirma que o efeito mais
impactante na subjetividade provavelmente advém das propagandas que instalam
concepções e comportamentos nos sujeitos que, por sua vez, absorvem as imagens
associadas ao equilíbrio e a felicidade vendidas na mídia. Assim, segundo Amaral e Melo
(2016) as mídias sociais são encontradas como uma nova ferramenta que requer pouco
investimento e possuem largo alcance à medida que a frequência com que a empresa
precise relacionar-se com o público é pontual. E, segundo Torres (2009, p. 114 apud
AMARAL; MELO, 2016, p. 17), “as redes sociais são criadas pelo relacionamento
constante das pessoas e grupos que participam, assim sendo criam uma enorme rede de
propagação de informação transmitindo mensagens que seja de interesse coletivo”.
Sendo a mídia definida por Silveira (2004) como toda comunicação que alcança e
atinge a grande massa, tendo influência direta nas pessoas, Moreira (2010) afirma que as
propagandas são os maiores influenciadores nos sujeitos, formando representações e
crenças ao aguçar o desejo de consumo com suas exibições de estilos de vidas socialmente
invejáveis ou situações que fogem do cotidiano do consumidor. A internet enquanto mídia
vai além da comunicação midiática habitual, pela televisão ou jornais, favorecendo uma
troca ativa de experiências entre os dois polos – produto e consumidor – trazendo consigo
18

uma interação maior, mais dinâmica e que há uma influência bilateral do sujeito
(PEREIRA; MORAES, 2003).
Moreira (2010) ainda afirma que a mídia virtual viabiliza o efeito das propagandas
a partir do momento que adotam uma postura de se equiparar ao sujeito que recebe a
mensagem, tornando seu produto mais real e palpável. Seu ambiente de liberdade do
usuário entrar em contato apenas com o que lhe interessa significa que o mesmo busca a
propaganda por desejar vê-la; esse é o grande trunfo da propaganda pela internet, a falsa
sensação de realidade e liberdade, de forma que o sujeito “pode escolher” o que absorverá
de mídia e o que absorverá de lazer.
Com esse espaço de frequente troca de informações de forma casual, o
investimento em mídia e influência passa a se concentrar em pessoas que, entre os muitos
nas redes sociais, possuem mais destaque e são capazes de mobilizar comportamentos e
opiniões de grande parte de seus seguidores: os influenciadores digitais (SILVA,
TESSAROLO, 2016). Os autores propõem que através da incessante oferta de produtos,
empresas e promoções, sejam esses novos ou não, o cidadão se vê perdido em meio a
tanta informação e, por isso, passa a procurar por meios que já conheça ou tenha sido
indicado entre essa enxurrada de propostas; essas indicações por vezes vem dos
influenciadores digitais.
A partir do momento que são vistos pelo seu público enquanto inspiração ou
símbolo de identificação, seus seguidores querem “usar o que eles usam, faz parte do
processo de se sentir ‘gente como a gente’. São pessoas ‘comuns’ como o seu público,
mas com um estilo admirado por uma multidão” (SILVA, TESSAROLO, 2016, p. 6).
Quem reitera esse pensamento é Keen (2012, p. 71):
A rede digital de hoje está transformando a amizade em mercadoria [...]
Riqueza corresponde a conectividade no mundo da web 3.0. Portanto, quanto
mais ‘amigos’ você tem no twitter ou no Facebook, mais potencialmente
valioso você se torna em termos de levar seus amigos a comprar ou fazer
coisas.

As redes sociais virtuais, ao possuir essa característica de interação e


sociabilidade, passam a ser consideradas uma avenida de mão dupla, pois há tanto o efeito
negativo pela alta exposição e consumismo, além do compartilhamento de publicações
vazias de conteúdo quanto como uma forma de experimentar-se no ambiente virtual,
dando vazão à uma outra forma de se representar e agir, podendo até construir novas
identidades na internet (ROSA; SANTOS, 2015). Assim, pode-se dizer que as redes
sociais virtuais funcionam como uma nova forma de vivenciar o mundo ao simular a
19

realidade, permitindo ao sujeito que se liberte das amarras que vivencia cotidianamente e
possa testar como seria se fosse diferente (MOREIRA, 2010).
Os autores Oliveira, Vilar e Barros (2017) discutem o exibicionismo que traz a
busca por reconhecimento em redes sociais e sua decorrente exposição, na qual abordam
a perspectiva de que o like passa ser o fator necessário para a felicidade e que para
consegui-lo as pessoas podem se expor ao máximo, deixando de lado sua segurança e sua
privacidade. Silva e Tessarolo (2016) trazem mais fatos para esse argumento ao afirmar
que, por a internet ser um polo de livre emissão, ou seja, que qualquer um pode adicionar
conteúdo a ela, não é incomum que um assalto a ônibus seja gravado por um passageiro
do mesmo, levantando o questionamento sobre o quanto as pessoas estão dispostas a se
comprometer para obterem reconhecimento nas redes sociais digitais.
A necessidade de ser percebido e a procura por um destaque nas redes sociais
virtuais alinhadas ao avanço da mídia e do marketing com seus investimentos em
influenciadores digitais, com suas frequentes publicações e seus estilos de vida
diferenciados, orientam os usuários para uma busca do perfil ideal e que, ao obtê-lo, essa
perfeição possa ser transferida para além da tela do celular ou computador (SILVA;
TESSAROLO, 2016; MOREIRA, 2010). Mas o que constitui um perfil enquanto ideal?
20

3. O SELF ESTETIZADO: REFLEXO DO ESPETÁCULO PÓS-MODERNO

“Somos céus atravessados por nuvens de


energias vindas da profundidade dos tempos. Quanto
mais acreditamos que somos alguém, mais somos
ninguém. Quanto mais sabemos que não somos
ninguém, mais nos tornamos alguém.”
(Pierre Lévy)

No capítulo anterior, discutimos sobre o papel do influenciador digital em incitar


o desejo de consumo dos usuários, porém, para entender o motivo por trás do interesse
da mídia e do marketing nesse novo público e seus efeitos na subjetividade dos
indivíduos, precisamos entender o cenário político-econômico em que se situa a
sociedade contemporânea e de que forma as pessoas se direcionam a consumir cada vez
mais esse tipo de produto.
De acordo com Soares (2016), a vida se transforma em relação direta com o
tempo, característica que o capitalismo global se interessa e investe, buscando firmar-se
como engrenagem fundamental de toda e qualquer relação. A partir dessa linha de
raciocínio, o autor afirma que o capitalismo busca participar da transformação da vida
dos sujeitos que engloba desde sua origem até o presente momento, fazendo parte de toda
a ligação com o tempo que essa evolução pessoal permite.
A relação entre economia, Estado, sociedade e indivíduo passa por uma nova
perspectiva com o neoliberalismo, incitando os sujeitos a investir em sua vida de forma
empreendedora, ou seja, abandonando o funcionamento social das relações em troca de
fatores econômicos, com base em um discurso de responsabilidade individual de si,
direcionando as pessoas a vincular fatores como perda, fracasso, sucesso e mérito apenas
a indivíduos isolados, sem efeito coletivo. (SAAD FILHO, 2015)
Em seu movimento de expansão, o capitalismo passa por desdobramentos dos
quais se direcionam muito mais à esfera interna do sujeito, do que aos aspectos espaciais,
como o território externo a ele. Desta maneira, esta expansão passa a permear o âmago
do sujeito, a partir da própria subjetividade em sua origem (SOARES, 2016).
Além disso, Soares (2016) elucida o conceito de subjetividade de acordo com
Guattari, como algo indissociavelmente vinculada ao plano do desejo, enquanto
materialidade do qual emanam e sustentam-se as produções coletivas. As formas pelas
quais as manifestações subjetivas ocorrem são múltiplas, sendo por diferentes materiais,
linhas e vetores diversificados relativos às existências, nos quais seus próprios
21

movimentos indicam que há um caminho de infinitas conexões e agenciamentos.


Portanto, para além de fatores biológicos e da dinâmica psíquica envolvida nessa
produção, há também os fenômenos que se direcionam às esferas como: Estado, política,
tecnologia, espaço urbano, comunicação e até o dia a dia das pessoas, além de outros
modelos de agenciamentos que apontam para as multiplicidades e diversos fluxos sociais
(SOARES, 2016).
A produção de subjetividade encontra-se, e com um peso cada vez maior, no
seio daquilo que Marx chama de infraestrutura produtiva. Isso é muito fácil de
verificar. Quando uma potência como os Estados Unidos da América quer
implantar suas possibilidades de expansão econômica num país do Terceiro
Mundo, ela começa, antes de mais nada, a trabalhar os processos de
subjetivação. Sem um trabalho de formação previa das forças produtiva e das
forças de consumo, sem um trabalho de todos os meios de semiotização,
econômica, comercial, industrial, as realidades sociais locais não poderão ser
controladas. (GUATTARI; ROLNIK, 1996, p. 28).

Guattari e Rolnik (1996) apontam em sua obra Micropolítica, que o lucro


capitalista é, fundamentalmente, uma produção de poder subjetivo que não implica, de
acordo com os autores, em apontar a realidade social numa visão idealizada, muito mais
focalizada no âmbito singular, individual. Pelo contrário, desconsidera, visto que este
campo seria o de todos os processos dos quais há uma produção social e material. Os
autores fazem uso da linguagem da informática como forma de ilustrar tal contexto, da
seguinte forma:
Um indivíduo sempre existe, mas apenas enquanto terminal; esse terminal
individual se encontra na posição de consumidor de subjetividade. Ele
consome sistemas de representação, de sensibilidade, etc. - sistemas que não
tem nada a ver com categorias naturais universais. (GUATTARI, ROLNIK,
1996, p. 32)

Guattari, segundo Carvalho (2016), é o autor que fala a respeito de uma sociedade
capitalística, sendo este termo um indicativo de que há um transbordamento dos limites
das sociedades qualificadas como capitalistas. É neste tipo de sociedade que se encontram
um conjunto das relações humanas com certas delimitações quanto ao tipo de produto, de
consumo, troca, circulação de bens, etc. Guattari inspira-se na tese de Marx (1999), em
sua obra Para a crítica da economia política, no qual é possível observar uma relação
entre o valor da mercadoria e como este é ligado de forma intrínseca aos modos como
fora produzida, seu consumo, sua troca e até a sua circulação. (GUATTARI, 1996 apud
CARVALHO, 2016).
Se antigamente havia uma necessidade de justificar o consumo, Pinheiro (2009)
define que atualmente essa justificativa pode (e será aceita se) se resumir ao prazer
pessoal, pois consumir é dar liberdade às vontades e fantasias do sujeito, tornando-se o
22

protagonista de seu próprio incentivo. É com base nisso que se conceitua a sociedade do
consumo, sendo ela correlacionada à sociedade capitalística como um prazer em desfrutar
o próprio desfrutar como forma de produção de subjetividade: o consumo se faz parte
constituinte da personalidade do sujeito (CARVALHO, 2016).
Segundo Camargo (2014), ao perceber uma semelhança no funcionamento da
produção e condução da economia e, consequentemente, da subjetividade de
determinadas sociedades, Guattari optou por agrupá-las no que chamou de sociedade
capitalística. (CAMARGO, 2014).
Há uma produção subjetiva que acaba oferecendo um gabarito a demandar
respostas corretas de cada modo ser de seus sujeitos. Sendo assim, mesmo em
uma sociedade não industrializada encontraremos uma “indústria” que produz,
que faz circular e que enfatiza o valor de troca de apenas um certo número
reduzido de códigos culturais, sociais, simbólicos, estéticos, linguísticos,
éticos, etc. conforme as regras instituídas para os seus consumos. Em nosso
caso, ou seja, o da sociedade industrializada, a sociedade capitalística “é uma
máquina significante que predetermina aquilo que deverá ser bom ou ruim para
mim e meus semelhantes nesse ou naquele ambiente potencial de consumo”
(GUATTARI, 1974, p. 127 apud CARVALHO, 2016).

Debord (2003) adota uma visão marxista de pensamento, criticando o modo de


produção capitalista, em especial criticando a sociedade que nascia no século XIX que
tinha o consumo e a publicidade como fatores que interferiam na formação da
subjetividade. Essa sociedade é, então, um espetáculo em que a visibilidade se encontra
como o centro das relações interpessoais de seus participantes, na qual ser percebido está
como um dos valores mais importantes a ser contemplado (DEBORD, 2003;
RODRIGUES, 2017).
O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e
inacessível. Sua única mensagem é: o que aparece é bom, o que é bom aparece.
A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva que, na
verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, pelo seu
monopólio da aparência. (DEBORD, 2003, p. 17).

Rodrigues (2017) correlaciona duas situações a fim de apontar as diferenças entre


o que se é e o que é mostrado ao público. Na primeira situação, é relatado através do conto
“O Espelho” do escritor realista Machado de Assis do século XIX, no qual o personagem
Jacobina, que era pobre, é nomeado Alferes da Guarda Nacional e assim adquire
reconhecimento e status social. Este personagem acredita na tese da existência de “duas
almas”: sendo uma exterior e uma interior. Num dado momento, é presenteado com um
espelho em que se olha e não consegue se reconhecer, mas ao colocar o uniforme de
Alferes, conseguia se ver perfeitamente e reconhecer a imagem refletida como parte de
si. Assim, pode-se inferir que a sua alma interna, ou seja, quem era Jacobina já não existia
23

mais. Já a sua alma externa, a qual se constitui pelo status que o posto de alferes lhe
concedia, passava a ser a sua nova identidade. Na segunda situação, a autora cita a revista
estadunidense TIME, que em 2013 elegeu “Você” como a personalidade do ano,
colocando na capa da revista, um papel espelhado, de forma metafórica.
A partir das informações supracitadas, pode-se inferir de maneira análoga que as
pessoas até então vistas como pessoas “comuns” podem passar a alterar suas relações
com as mídias sociais ao se tornarem importantes formadores de opinião. Ambos os casos
são importantes meios para ilustrar como os aspectos externos, isto é, a visibilidade,
torna-se uma questão relevante, desde o século XIX, até a sociedade ocidental em virtude
daquilo que o indivíduo realmente é. (RODRIGUES, 2017). Segundo Debord (2003), a
modernidade dá mais destaque à representação do que à vivência do acontecimento, ou
seja, o foco está naquilo que é notório e seus efeitos sociais e não no acontecimento
original. Portanto, “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social
entre pessoas, mediatizada por imagens” (DEBORD, 2003, p. 14) que, de acordo com
Santa Cruz (2014), passa a invadir os ambientes sócio relacionais dos sujeitos de forma
material.
Sibilia (2008) relata que, no século XIX, para entrar em contato com a sua
subjetividade, era fundamental ter um local isolado da interação externa que permitisse
ao sujeito ser como originalmente é, pois o ambiente público lhes impunha normas que
impossibilitavam de dar espaço aos impulsos e desejos. Era como uma espécie de refúgio
em que a pessoa pudesse ampliar seu autoconhecimento, externalizar o que sentia e
pensava sem a presença de uma outra pessoa: o que ali acontecia, ali ficava. Kallas (2016)
complementa esse raciocínio ao discutir que a partir do avançar dos anos é possível
perceber que o homem se estrutura, subjetivamente, pelos moldes sociais estabelecidos
em sua época. Enquanto há algumas décadas atrás os limites da intimidade eram
estabelecidos pelas paredes dos quartos e pelas páginas dos diários, atualmente, com o
avanço da tecnologia e das redes sociais virtuais, tais paredes se tornaram efêmeras e
irrelevantes. Através dessa presença cada vez mais forte do mundo virtual em nossas
vidas, somos permitidos pensar em o quanto isso influencia na formação da subjetividade
e no modo de ser e viver do homem contemporâneo.
A cultura do espetáculo faz com que essa cisão entre público e particular, que era
fortemente definida, passe a distorcer-se, de modo que os sujeitos se sentem inclinados a
mostrar sua rotina diária (SANTA CRUZ, 2014). Ainda com base nos pensamentos deste
24

autor, a exibição é uma forma de ser notado (percepção que era exclusivamente de nobres)
e, por consequência, uma fonte de poder em relação aos outros.
As mídias sociais apenas intensificaram esses valores que surgiam no século XIX.
Goffman (2004) afirma que as atitudes do sujeito no ambiente social já eram ligadas às
expectativas do outro, mesmo sem a existência de redes sociais, podendo utilizar do
exemplo de atores (e aqui falamos de atuação cênica de fato e não do conceito de
participantes das redes sociais) que almejavam demonstrar uma impressão específica
àqueles que os assistem, fazendo uso de linguagem, expressão corporal e outros recursos
para enriquecer essa interação. O autor salienta que o indivíduo está em constante procura
pela noção das opiniões externas sobre si para controlá-las e que, com o advento das redes
sociais, essa característica se mantém a partir do momento em que o usuário modela seu
perfil em geral para convencer os outros daquilo que exibe (GOFFMAN, 2004).
De acordo com Rodrigues (2017), é utilizando essa ressignificação da visibilidade
que ocorreu no século XIX que é possível perceber a transmissão desses valores em um
movimento hierárquico, do topo para a base da hierarquia. Portanto, as redes sociais
amplificaram a relevância do valor de exteriorizar da vida cotidiana, que é seguido com
outros dois valores em paralelo: a visibilidade e a espetacularização de si, em um processo
que tem começo nas camadas mais altas e, aos poucos, se espalha para as mais diferentes
classes – um funcionamento semelhante aos influenciadores digitais da atualidade
(RODRIGUES, 2017).
Goffman (2004) define o conceito chamado “fachada” como tudo que o indivíduo
utiliza para expressar aquilo que o representa. No entanto, nas redes sociais não existe um
espaço físico que delimite essa expressão e sim um espaço virtual, o que leva Rodrigues
(2017) a compreender o perfil do usuário de mídias sociais como a “fachada virtual”: sua
descrição de si, interesses, imagens, o que escreve e compartilha.
É nesse espaço que ele publica fotos que mais gostam, tem acesso à opinião
das pessoas sobre seu visual na rede, “curtem” páginas com conteúdos que os
interessam. Além de ser o lugar em que eles interagem com seus laços virtuais,
ao visitar outros perfis, consegue encontrar pessoas com pensamentos e gostos
semelhantes. Dessa maneira, ao encontrar um espaço em que ele pode montar
sua identidade, ter acesso a informações que o interessam e achar pessoas com
gosto em comum, nesse mundo tão conturbado e fragmentado, o jovem
encontra certo sentimento de pertencimento. Ele percebe que não está sozinho
no mundo. (RODRIGUES, 2017, p. 31-32)

Zhao (2008) traça um paralelo entre o mundo offline completamente “nônimo” –


termo que o autor utiliza para ambientes em que é possível identificar o outro – e o mundo
online anônimo, de forma que no primeiro as pessoas seguem normas e regras que as
25

fazem comportar-se como se utilizando máscaras, deixando em segundo plano suas


verdadeiras vontades, enquanto, no segundo, essas mesmas máscaras são abandonadas e
o que entra em cena é o que o autor chamará de self verdadeiro, gama de comportamentos
que não são moldados ou suprimidos pelos outros. Na interseção desses dois mundos,
Zhao (2008) afirma existir um terceiro, o mundo online nônimo, que dá espaço para os
sujeitos entrarem em contato com as chamadas possibilidades de self.
Se retomarmos a metáfora do espelho proposta por Rodrigues (2017)
anteriormente citada e uni-la ao que passa a ser discutido, podemos começar a
desenvolver o conceito de estetização de si mesmo ou estetização do self. Hershmann
(2005, p. 26 apud SANTA CRUZ, p. 31, 2014) define que “vivemos em uma densa
‘teatralização’ do cotidiano a nossa volta; valorizamos estilos, personagens, máscaras
sociais, linguagens retóricas e imagens fortes embora um tanto econômica na sua
expressão. Para o autor, o objetivo primário em qualquer situação é chamar a atenção dos
outros para si.
Segundo Castells (2001), na sociedade contemporânea há a necessidade de firmar-
se como alguém que faz parte do meio, com a diferença de que o meio insere os
significados das ações e comportamentos e deixa de lado o espaço físico. É o que o autor
chama de “lugar de fluxos”, um espaço em que ocorre a troca da preferência subjetiva
para o modelo “do momento” que esses espaços requerem: estar em um ambiente formal
requer o uso de uma vestimenta específica, é preciso ter um celular moderno que tenha
acesso às redes sociais, deve-se fazer algum tipo de atividade física, adotar uma dieta que
está em alta, todos exemplos de uma padronização estética que ocorre no ciberespaço
enquanto único ambiente relevante e que se distancia do subjetivo individual e passa a
ser subjetivamente social. De acordo com as ideias de Lévy (2003), o processo de
virtualização culmina em desterritorializar o presente, tornando então o virtual um
ambiente que não há espaço físico, apenas temporal. Ainda sob a visão do autor, o espaço
cibernético dá a oportunidade, então, de uma possibilidade de se experimentar.
Fragoso, Rebs e Barth (2011) definem que um lugar virtual tem histórias e
identidade próprias, exatamente como um lugar geográfico e que por isso há tanto uma
interdependência quanto uma relação entre esses espaços, ainda que o lugar virtual seja
baseado no geográfico. As autoras argumentam a partir da noção de uma vinculação
identitária múltipla e conexa, na qual os usuários se ligam aos espaços de maneira
singular, visto que as interações no ambiente virtual são entendidas como tão verdadeiras
quanto as interações no ambiente físico. Rosa e Santos (2015) corroboram com esse
26

pensamento, ponderando que apesar de serem lugares diferentes com realidades


diferentes, aquilo que ocorre nas redes sociais e o que ocorre fora delas participam de um
contínuo de troca de informações e referências.
As interações sociais passam a ser pautadas no desejo de aparecer e ser
reconhecido, fazendo com que a construção da subjetividade seja direcionada entre dois
paralelos: as experiências do sujeito e os efeitos do meio sobre suas experiências, em uma
dinâmica de que ser visto é o mais importante e aquilo que não pode ser visto é deixado
de lado até tornar-se irrelevante e, por fim, deixar de ser (SANTA CRUZ, 2014). Ainda
segundo o autor, as pessoas passam a se sujeitar à exposição do seu “íntimo” através da
publicação do corriqueiro em postagens em suas redes sociais, o que evidencia um
aspecto do marketing pessoal que gera atores parecidos e encaixados em um modelo
padrão esperado socialmente, visto que o corriqueiro da maioria das pessoas não se difere
de uma rotina comum.
O mundo digital oferece muito mais escolhas nessa constante busca da identidade.
Isso porque em uma era em constante aceleração, as identidades no mundo real não
conseguem incluir os novos conteúdos que as pessoas querem agregar, ou todas as
identidades que gostariam de ter. Portanto, combinados com o desenvolvimento de uma
nova forma de relação, os recursos da mídia digital tornaram-se um fator decisivamente
estimulante dessas novas condições sociais: sentir-se pertencido é achar quem você é
nesse mundo globalizado (MAGALHÃES; PAIVA, 2009). Esse modelo de produção
identitária tem como característica fundamental a tentativa de experimentar-se como
alguém diferente daquele que é na “vida real” – apesar de o ambiente online ser tão
realista quanto o físico e, por isso, o uso das aspas – podendo mudar ou mascarar
características físicas, biográficas ou pessoais. Um ambiente que não requer presença
física nem identificação pessoal possibilita às pessoas se reinventar através da produção
de novas identidades, sendo então espaço de teste e descoberta sobre sua própria
subjetividade e aquilo que gostaria de fazer, ser ou ter (ZHAO, 2008).
Para se alcançar o sentimento de pertencimento, o usuário é obrigado a atualizar
constantemente seu perfil a fim de sustentar e auto afirmar sua identidade nas redes
sociais, visto que o ciberespaço funciona baseado no presente. Neste espaço, circulam-se
uma gama diversificada de conteúdo, e paradoxalmente, todo esse conteúdo é facilmente
esquecido com o surgimento de outro (RODRIGUES, 2017).
Além do sentimento de pertencimento, há o imperativo da visibilidade, que ocorre
por meio da relação entre o público e o privado através de um fenômeno globalizante,
27

que intensifica o individualismo, de forma que existir significa ser visto no ciberespaço,
o que acarreta em uma necessidade de se constituir como parte dessa sociedade em rede,
apropriando-se do ambiente virtual pela construção de um novo “eu” manifesto neste. Se
o usuário não atualiza seu perfil, não será reconhecido e tampouco o sentimento de
pertencimento será alcançado (SIBILIA, 2008; RECUERO, 2009).
Santa Cruz (2014) define esse funcionamento como uma busca de significado para
a própria vida através da produção e descoberta de novas identidades ao passo que
compartilhar seu cotidiano é deixá-lo mais verdadeiro e, portanto, sua experiência mais
realista, transformando a exibição do seu íntimo como também uma forma de se
reencontrar e autoconhecer.
Segundo Pinheiro (2009), é a estrutura que compõe cada perfil nas redes sociais
que as deixam atrativas, à medida que o usuário pode descrever-se e chamar a atenção
dos outros para si enquanto dá espaço para estetizar sua própria personalidade, seja
descobrindo mais sobre um self que não entra muito em contato ou liberando suas
fantasias e, a partir daí, escolher quem verá o que sobre seu perfil. Esse ato de expor-se
de forma seletiva faz parte do processo de se inserir em uma rede que dá constantes
feedbacks sobre o sujeito, através de julgamentos, manifestações de afeto e opiniões,
fatores que reforçam a inserção de mais produtos (postagens) e consumo (reações às
postagens) no contato relacional entre os participantes dessa rede.
A constante reformulação da identidade nas redes sociais é evidenciada pelo
pensamento de Rosa e Santos (2015), quando os autores pontuam o uso das redes como
canal libertador, sem amarras físicas e que, por vezes, são veículos para reencontrar
pessoas do passado, como amigos de infância ou colegas de escola. É então permitido ao
usuário reinventar-se ou, ainda, reciclar suas vivências em um modelo presente. Esse ato
de rebuscar o passado é fundamental para a elaboração identitária, pensamento
corroborado por Recuero (2008 apud ROSA; SANTOS, 2015) ao discutir que uma nova
identidade se forma à medida que o sujeito participa de grupos virtuais, promovendo uma
troca entre suas experiências e as experiências dos participantes, gerando uma vinculação
subjetiva nos membros. Seria, então, uma negociação de identidades em um processo de
legitimação de si e do outro que interage em direção ao pertencimento naquele local.
As redes podem, então, serem vistas por duas perspectivas: um ambiente ilusório
e fluido, no qual a intimidade do sujeito é constantemente exposta e consumida por outros
usuários através de uma mercantilização de si que é paga com visibilidade, pautada na
divulgação e celebração de atos sem significado e, por outro lado, como um resgate ao
28

comprometimento com sua própria subjetividade e sua relação consigo, a partir do


momento que o compartilhar virtual é dar e procurar apreço às atividades que realiza no
cotidiano (Rosa e Santos, 2015).
Os usuários podem ter, segundo Rosa e Santos (2013), sentimentos positivos e
negativos, tais como: segurança – por estabelecer e manter contatos com outras
pessoas a distância e também por armazenar dados e registrar atividades –;
satisfação e felicidade – por se expressar e receber feedbacks a respeito do que
posta –; vergonha ou medo – de se expor, da violência e de possíveis
contradições entre o que é visto nas redes e fora delas – (Rosa & Santos,
2014b); ciúmes, inveja e raiva – pelo que se vê em relação a si e aos demais
(ROSA; SANTOS, 2015, p. 922-923)

As experiências no ciberespaço são consideradas como frágeis totalidades virtuais


que podem ser vistas como uma válvula de escape, isto é, como o espaço onde os
indivíduos podem se relacionar livremente com aqueles de interesses similares. Tal
liberdade traz um caráter de efemeridade e superficialidade nestas relações por não terem
uma estrutura rígida de funcionamento, não serem solidificadas. Então, se por um lado há
uma ampla variedade de oportunidades oferecidas, há, por outro, tamanha fragilidade de
cada um deles, comprometendo assim a qualidade das relações pessoais à longo prazo
(BAUMAN, 2005).
Sibilia (2008) discorre que as pessoas passam a se resumir aos seus perfis nas
redes sociais, embora eles nem sempre representem a totalidade que o sujeito é, mas sim
um recorte selecionado especificamente para uma exibição filtrada que, por vezes,
sinaliza uma incongruência entre realidade versus digital – um personagem que tem sua
intimidade exibida constantemente, porém que não é necessariamente leal à intimidade
do sujeito que o reproduz.
A sociedade atual se mantém em constante aceleração, de modo que as estruturas
antes conhecidas como duradouras, não conseguem se atualizar de modo a compreender
os novos conteúdos e/ou todas as diversidades identitárias das quais se quer experimentar.
Assim, é possível inferir que o caráter rígido e inflexível do estilo antigo deixa de
funcionar, dando então maior abertura as oportunidades que o “novo mundo” possibilita
(MAGALHÃES; PAIVA, 2009).
De acordo com Markus e Nurius (1986 apud ZHAO, 2008), o autoconceito de
uma pessoa pode ser dividido em duas categorias: o self do agora e o self possível. O self
do agora é a identidade já estabelecida e conhecida socialmente, que literalmente
identifica o sujeito perante os outros, enquanto o self possível é um conjunto de imagens
e comportamentos que atualmente é desconhecido pelos outros. Dentro do self possível,
podemos trazer o termo self esperado, como um subcomponente do self possível que não
29

é nem aquilo que o sujeito recusa e suprime em sua personalidade nem aquilo que é
completamente pautado na fantasia ideal. O self esperado significa uma identidade
socialmente desejável que o sujeito gostaria de apresentar aos outros e que, embora
alcançável, ainda não sabe como.
Zhao (2008) discute que não há diferença direta entre as identidades virtuais ou
reais, visto que ambas tem impacto significativo na vida dos sujeitos que as vivem. O self
esperado conceituado no parágrafo anterior é entendido como uma identidade que ainda
não está completamente estruturada fora de um ambiente digital e, ainda que se diferencie
da personalidade já estabelecida pelo sujeito no ambiente offline, é tão verdadeira quanto,
à medida que atinge subjetivamente o sujeito em tamanha proporção. Ainda com base no
autor, podemos afirmar que identidades são construtos subjetivos que as pessoas
convencem umas às outras a pensar sobre si, sendo irrelevante onde essas identidades
foram construídas (online ou offline) e como elas são vistas (socialmente desejáveis ou
refutáveis).
Discutimos neste capítulo sobre o efeito do cenário político-econômico na
subjetividade contemporânea e seu reflexo na formação identitária dos sujeitos nas redes
sociais virtuais. Identidades estas que podem ou não ser estruturadas com base em
exibicionismo e espetacularização de si, mas que com certeza sofrem influência do
feedback social, culminando no termo estetização do self, que consiste em uma elaboração
e estruturação organizada de sua personalidade em relação ao outro.
Se Rodrigues (2017) metaforiza o espelho como uma distinção entre o eu interior
e o eu exterior do sujeito que, por vezes, não consegue enxergar-se como gostaria de ser,
digamos que as redes sociais virtuais possam funcionar como uma vitrine pessoal em que
o usuário pode expor seu modelo ideal de si. É preciso entender essa perspectiva de um
ponto de vista neutro e, por isso, discutimos tanto os aspectos positivos quanto os
negativos em relação à formação e produção de identidades do sujeito, para então
podermos chegar ao termo self esperado de Zhao (2008), o meio termo entre a realidade
e aquilo que poderia ser real que o indivíduo experimenta dentro das redes sociais e que
dá vazão ao desejo de ser diferente, ainda que inicialmente apenas pelo meio virtual.
30

4. UMA JANELA PARA A REALIDADE: O VIRTUAL E A FANTASIA

“Não somos apenas o que pensamos ser.


Somos mais: somos também o que lembramos e
aquilo de que nos esquecemos. Somos as palavras que
trocamos, os enganos que cometemos e os impulsos a
que cedemos sem querer.”
(Sigmund Freud)

A fim de uma articulação de ideias que culminem num ponto em comum,


passemos então a observar essas ilustrações a partir de outra ótica. Os conceitos
abordados até então complementam e dialogam com o conceito de virtual, proposto por
Lévy (2003), fantasia, proposto por Sigmund Freud e abordado por diversos autores, e
anos mais tarde, o conceito de fantasia complementado pelos estudos de Melanie Klein e
Susan Isaacs, sendo contemplado através do olhar de Hanna Segal (1993). Buscaremos,
então, nesse capítulo familiarizá-lo com os construtos destes autores e agregá-los à nossa
proposição final do termo instagramização da vida.
O termo virtual acima empregado assume papel central na investigação proposta.
Pierre Lévy (2003), entretanto, assinala um significado contrário àquele tido
normalmente. Segundo o autor, virtual não seria o oposto de real, mas sim do atual. O
movimento de virtualização é o caminho de passagem do atual para o virtual.
A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade
num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um
deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado: em
vez de se definir principalmente por sua atualidade (uma “solução”), a entidade
passa a encontrar sua consistência essencial num campo problemático. (LÉVY,
2003, p. 17-18)

Espezim e Remor (2009), ao citarem o conceito de virtual proposto por Lévy,


afirmam que ele visa se apresentar num campo fora do aqui e agora e, da mesma forma,
como um potencial criador de realidade. Para ilustrar essa situação, imagina-se uma
conversação telefônica. Tal conversação, apesar de não sermos capazes de estipular
exatamente onde ela acontece, produz efeitos, bem como qualquer outra interação virtual.
O campo do virtual é, dessa forma, um terreno fértil para imaginação, mas tampouco
somente para ela e que está intimamente associada à subjetividade.
A partir disso podemos pensar o virtual como algo que se encontra na realidade,
mas que necessita de uma significação a posteriori. Podemos pensar, dessa forma, no
virtual como um emaranhado de tendências e possibilidades que se estabelece em
determinada situação ou objeto e que carece de uma resolução: a atualização. Tal
31

atualização aparece como solução ao problema do virtual, mas que tampouco se


encontrava presente no enunciado. (LÉVY, 2003)
Ferreira-Lemos (2011) se baseia nos conceitos de Lévy para dizer que no virtual
há uma fuga do aqui-agora. Há um escape das fronteiras estabelecidas pelo espaço-tempo.
A tela do computador ou do celular é ao mesmo tempo a delimitação de um espaço-tempo
e uma fronteira para perda desses aspectos. O que é real passa a ser entendido na esfera
do que se tem, enquanto o virtual na esfera do que terás e isto é o que abre a possibilidade
para inserção das diversas possibilidades de atualização.
Entretanto, se podemos pensar numa atualização e no virtual, temos de nos ater,
também, ao conceito de virtualização. Lévy (2003) posiciona esse conceito não como o
virtual, que seria um modo ser, mas sim como um movimento, um dinamismo. Na
virtualização, a problemática não se articula com a atualização enquanto solução,
enquanto resposta, ela é o próprio campo livre de barreiras espaço-temporais e onde a
atualização escorre para novos problemas. É possível falar, dessa forma, que a
virtualização faz o caminho inverso da atualização. Enquanto a atualização diz respeito a
uma inserção de limites, mesmo a posteriori, e que dá significado a um virtual, a
virtualização diz respeito ao processo de atualização em potencial. É uma ampliação do
campo de passagem para as repostas.
Espezim e Remor (2009) ao falarem sobre o tema relatam sobre a importância da
inserção da subjetividade em toda essa problemática. Segundo os autores, para Lévy, a
atualização só pode se dar pela existência de uma subjetividade articulada a ela. A partir
do momento em que subjetividade configura cada ser como único, constituindo o mundo,
digamos, de vários mundos, é somente a partir daí que se pode falar em significados para
virtualização. Ademais, os autores citam a propriedade fugitiva do virtual. É um espaço
onde nós buscamos evitar a dor e o sofrimento por meio do controle e da segurança através
de uma liberação das energias afetivas, dando uma falsa ideia de superação do caos.
Entretanto, da mesma forma que isto acontece, em decorrência da grande mobilidade, ou
liquidez por assim dizer, das trocas providas pela tecnologia há, também, uma maior
prevalência de instabilidade social.
A realidade virtual, segundo Nobre e Moreira (2013) propicia uma nova
modalidade de compartilhamento social, colocando em jogo o próprio imaginário, visto
que este é composto por elementos simbólicos, advindos de pensamentos diversos de
milhões de colaboradores. Este tipo de realidade, pode ser vista como uma multiplicidade
32

alternativa na rota da realidade psíquica, com roteiros imaginários digitalizados que estão
disponíveis a todo o público. (NOBRE E MOREIRA, 2013).
Tomando como referencial as contribuições de Nobre e Moreira (2013), os autores
assinalam que há uma clara analogia entre as formas de conceber e experimentar as
dimensões temporal e espacial, e as características tópicas da fantasia, como as definições
que Freud já havia proposto em seu artigo “O inconsciente”, da seguinte forma:
Se por um lado são como formas altamente organizadas, sem autocontradição
e que utilizam os recursos do sistema Consciente (Cs), por outro lado, são
inconscientes, e portanto, não há como se tornar consciente. Além disso, há
também um ponto de vista tópico da metapsicologia freudiana, na qual a
mobilidade da fantasia, como na realidade virtual, que acaba permitindo a
própria fluidez destes conteúdos oriundos do inconsciente, permitindo ao
indivíduo um maior aproveitamento desse plus vital, de modo que haja um
deslocar das barreiras da realidade material. (FREUD, 1915/1996, v.14, p.195
apud NOBRE e MOREIRA, 2013).

Freud começa seus trabalhos impulsionado pela doença recorrente da sua época:
a histeria. Tais manifestações histéricas fizeram Freud buscar sua própria ideia de verdade
acerca do tema. Inicialmente, movido pelos relatos das pacientes, nos quais traziam
situações de abuso sexual que teriam sofrido, Freud então elabora a teoria da sedução.
Neste momento, a verdade do sujeito estaria no trauma sofrido por ele, o qual, por sua
vez, seria o causador do sintoma e que estaria sendo reprimido e precisaria vir à
consciência. A partir da recorrência de relatos de abusos sexuais em seu consultório,
Freud se pergunta se seria realmente possível que todas aquelas pacientes tivessem
sofrido algum tipo de abuso sexual de fato. A verdade, neste instante, é colocada por ele
não mais como uma verdade absoluta, mas como uma verdade produzida pelo sujeito, ou
seja, uma construção imaginária, e é exatamente aí que ele estipula o conceito de fantasia
(ESPEZIM e REMOR, 2009).
Furtado (2016) afirma que, para Freud, em termos de efeito, a realidade psíquica
e a realidade material se indeferem. É, aliás, a realidade psíquica, as fantasias, que tem
palavra final na constituição de uma neurose. Espezim e Remor (2009) seguem por esse
caminho e estipulam que na fantasia o sujeito dispõe de uma liberdade que não estaria
disponível na função da realidade. É a partir do conflito entre os limites do corpo e do
psiquismo do sujeito e o mundo externo que a fantasia emerge. Ferreira-Lemos (2011)
completa o pensamento citando que, para Freud, no inconsciente não há indícios de
realidade, sendo difícil a separação de realidade e ficção, ou seja, no inconsciente se
confundem as histórias que foram vividas de fato, com construções fantasiosas, porém
ambas possuem a mesma capacidade de produzir efeitos.
33

Da mesma maneira, os autores Nobre e Moreira (2013) correlacionam a


desterritorialização espacial e a fantasia, sendo esta, aquilo que se movimenta pelo
ciberespaço, instigada pelo interesse e curiosidade daqueles indivíduos que não mais
necessitam obedecer aos limites físicos e concretos da realidade material. Assim, segundo
os autores, através da ubiquidade, o sujeito encontra-se navegando de forma fluida,
guiados pela sua fantasia, a perpassar por diferentes percursos virtuais para acessar os
símbolos culturais que residem digitalmente o ciberespaço numa nova realidade.
As ideias de Freud sobre a fantasia, entretanto, foram ampliadas. Com o passar
dos anos e a constante atualização dos estudos em psicanálise, foram Melanie Klein e
Susan Isaacs que adicionaram novos conceitos ao tema. Segundo Hanna Segal (1993), o
conceito de fantasia de Freud estaria próximo ao conceito de devaneio, numa posição de
satisfação do desejo. “Basicamente, uma fantasia consiste num desejo inconsciente
trabalhado pela capacidade do pensamento lógico a fim de dar origem a uma expressão
disfarçada e uma satisfação imaginária do desejo pulsional.” (SEGAL, 1993. p. 31).
Além disso, há dois pontos importantes apontados por Segal (1993) quanto à
fantasia em Freud. Enquanto de um lado temos o conceito de fantasia atrelado à satisfação
de desejo, Freud estipula que quando esse desejo é inaceitável à consciência, ele é
reprimido, tornando-se, a partir disso, fantasia inconsciente. Com a inserção da realidade
nesse interjogo de fantasias, uma parte delas é liberada deste teste de realidade e
permanece livre, subordinada ao princípio do prazer. O segundo ponto a ser abordado diz
respeito à proposição freudiana de que a fantasia seria um fenômeno tardio, ao dizer que
começa com o brincar nas crianças e com a introdução do princípio da realidade.
A diferenciação quanto ao começo da atividade fantasiosa na mente do sujeito
entre Freud e Klein foi uma audaciosa percepção da autora. A partir de suas experiências
na clínica, Klein pôde caracterizar as fantasias como presentes na vida mental da criança
desde o início de seu desenvolvimento. Suas teorias vão desde a divergência quanto ao
início da presença da fantasia na atividade psíquica até qual seria a relação entre esse
campo, às pulsões e os instintos e a importância da fantasia na estruturação da
personalidade. Klein ainda vai além ao afirmar que as fantasias são inicialmente físicas e
desenvolve toda uma teoria ao redor de suas novas hipóteses.
De acordo com Segal (1993), Klein percebe que as fantasias além de apresentarem
o sentido de satisfação do desejo, também se apresentam enquanto aspecto defensivo.
Dessa forma, além de serem uma expressão dos instintos, elas também são o meio por
onde defesas como cisão e projeção operam. A cisão funciona em direção à parcialidade.
34

As relações estabelecidas entre o sujeito e os objetos são pautadas em divisões, como por
exemplo bom e mau, de forma a não haver uma integração. Já a projeção diz respeito a
identificar nos objetos externos aspectos que são seus, mas não são reconhecidos como
tal. Além disso, a fantasia pode funcionar tanto como defesa contra a realidade como
contra outras fantasias. “Por exemplo, fantasias de um objeto idealizado e de um self
idealizado tanto são fantasias de satisfação de desejo, quanto defesas contra um terror
subjacente.” (SEGAL, 1993. p. 38).
A partir do exposto, podemos concluir com as ideias de Ferreira-Lemos:
O ciberespaço é propício à fantasia porque a tela que se abre para o ‘virtual’,
deixando a ‘realidade’ em suspenso, desterritorializando-se, adentrando o
espaço, também virtual, de uma janela da fantasia. A virtualização assemelha-
se, assim, à fantasia, pois emerge, igualmente, de lacunas na realidade. Tanto
na virtualização quanto na fantasia o sujeito tenta preencher os furos da
realidade, tenta obter satisfação. (FERREIRA-LEMOS, 2011, p. 65)

Além disso, as contribuições de Klein, trazidas por Segal (1993), também nos
auxiliam a agregar e estruturar ainda mais a concepção do conceito de instagramização
da vida. A utilização da ideia do caráter defensivo das fantasias, nos mostra uma das
características da instagramização. Tanto a cisão quanto a projeção, defesas conceituadas
previamente, atuam concomitantemente, de forma a estruturar a realidade
instagramizada. Entre o olhar e a tela, há a idealização de si e do outro e a consequente
divisão do eu. A projeção se insere nesse contexto como plano de fundo. É o
reconhecimento da sua natureza humana imperfeita e, a partir disso, vestir o outro com
as soluções para suas próprias máculas.
35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do presente trabalho, trouxemos vários conceitos e diferentes ideias


dos mais diversos campos do saber como publicidade, sociologia, filosofia, economia,
política e, principalmente, psicologia, com o objetivo de propor o conceito
instagramização da vida. Para tal, foi preciso conceituar inicialmente o que é a internet,
trazendo sua história, evolução e relação com o avanço global nos âmbitos da tecnologia
e economia até o surgimento das redes sociais virtuais.
No cenário atual, é possível afirmar que a internet promove transformações
naqueles que a utilizam. Mais que isso, se transforma à medida que seus usuários estão
constantemente acrescentando e acessando conteúdo. É com essa premissa que a mídia
passa a investir nas redes sociais, procurando pessoas que se encontrem em uma posição
de influência em relação aos demais, como formadores de opinião ou personalidades
vislumbradas por seus seguidores e que sejam capazes de direcionar o interesse público
àquilo que a publicidade busca atingir. Esses influenciadores digitais – por parecerem
com aqueles que os acompanham, apenas mais influentes que seu público – geram uma
identificação idealizada, de forma que os usuários das redes passam a almejar seu estilo
de vida como o necessário para si.
A partir deste ponto que surge a primeira evidência do conceito instagramização
da vida, com a tentativa dos seguidores de experienciar uma vida pautada no que é
postado nas redes sociais pelos influenciadores, sem atentar-se à noção daquilo que deixa
de ser exibido. A busca pelo perfil ideal, questão levantada ao final do capítulo dois, pode
ser respondida neste momento: não há um perfil ideal, visto que toda idealização é um
exagero de características como processo de evitação de contato às suas opostas.
A sociedade capitalística definida por Guattari ilustra a mudança na dinâmica do
interesse dos indivíduos: se antes os sonhos de consumo eram casas, carros, terrenos e
outros bens materiais, o objeto de desejo passa a ser a vivência que o outro experimenta
em detrimento da sua, como uma espécie de consumo subjetivo em que vale mais o
quanto se percebe externamente do que internamente. É como se interessar apenas pela
capa da revista e não pelo seu conteúdo ou preferir uma bela fachada na sua residência a
ter todos os móveis necessários para o bem-estar. Em uma sociedade mediada através do
espetáculo, a sociedade do consumo reflete uma preferência em exibir o desfrutar em
recortes da experiência ao invés de vivenciá-la por completo, legitimada pelo feedback
do outro com que se relaciona em rede – as curtidas, comentários e compartilhamentos.
36

Em seus escritos, Debord traz o espetáculo e o exibicionismo como força


condutora das atitudes humanas no pós-modernismo. Pessoas que recebem destaque
repentino aproveitam ao máximo dos seus “quinze minutos de fama” para se firmar
enquanto personalidade de destaque, a fim de que o interesse social em si não cesse de
existir. Bauman, por sua vez, descreve as relações contemporâneas como líquidas,
situadas na efemeridade e no momento. Ao construir uma ponte que complementa essas
duas visões, é possível perceber a instagramização da vida como uma forma de tornar-se
produto e conteúdo que receba atenção popular enquanto sua visibilidade está no prazo
de validade. Se antigamente falava-se sobre quinze minutos de fama, aplicativos de
postagens descartáveis1 permitem seus quinze segundos de fama, tão efêmeros que o
sujeito se vê em constante necessidade de atualizar caso queira permanecer no holofote.
O perfil montado e vendido pela propaganda é um esboço do sujeito valorizado
que tem como alvo os indivíduos influenciados pelo desejo de experimentar e consumir
o diferente do que é; esse experimento pode, aos poucos, fazer com que os sujeitos
desacreditem no que de fato são e passem a almejar esse ideal proposto pela sociedade,
estetizando-se em um modelo que não condiz com sua realidade, mas que se encaixe nas
redes virtuais.
A instagramização não é, porém, exclusivamente uma atitude negativa, visto que
é através dela que o sujeito pode entrar em contato com outras partes de si ainda não tão
reconhecidas, não tão expostas. Instagramizar é experimentar aquilo que se deseja ser,
que se quer consumir e que, no momento, ainda não sabe como ou não é capaz de, como
define Zhao ao falar do self possível ou esperado. No entanto, viver apenas no plano ideal
pode ser nocivo ao desenvolvimento de si, por prender-se isoladamente à fantasia e à
possibilidade incerta. Pode ser nocivo por estruturar-se apenas no princípio do prazer,
indo em sentido contrário à realidade. Viver o ideal do Instagram é fugir da realidade
física e embarcar na realidade virtual e, como dito antes, ainda que seja saudável
experimentar se distanciar um pouco de uma realidade que pode não estar sendo agradável
no momento, se prender à fantasia como única maneira de experienciar a vida é ter uma
realidade cindida entre o virtual e o físico.
Consideramos, pois, este conceito como similar e atual aos conceitos de virtual,
proposto por Lévy (2003) e fantasia, por Freud, e ampliado por Klein. O campo da
instagramização é livre de um espaço físico, é fluido, atemporal, mas é dotado da

1
Snapchat ou Instagram Stories: são aplicativos de redes sociais cujas postagens ficam disponíveis por
apenas um dia e têm limite máximo de duração de dez a quinze segundos.
37

capacidade de produzir efeitos. Sua existência, ademais, depende da subjetividade e do


compartilhamento com o outro, ou seja, possui uma significação a posteriori. Com isso,
é importante ressaltar que bem como o conceito de fantasia, a instagramização surge
como estruturante da realidade contemporânea, a partir da exposição e da troca com o
outro vivenciada nas redes virtuais.
A presença da subjetividade é clara, porém tampouco merece menos atenção. É
só a partir das vivências e percepções particulares de cada um que se pode pensar na
construção de uma realidade psíquica, ainda que precocemente concebida, como na obra
kleiniana ou um pouco mais tarde como na teoria freudiana. Dessa forma, com a
instagramização não poderia ser diferente. Ela é permeada e estruturada pela
subjetividade, pela própria fantasia – realidade psíquica – seus compositores e, a partir
daí se torna, como explicitado anteriormente, capaz de construir a realidade externa
através de si mesma.
Pode, ainda, ser vista como um funcionamento cindido em que se coloca no
ciberespaço o que é desejado e que, por ser ambiente livre de julgamento moral, facilita
a realização da fantasia e torna possível a projeção dos seus desejos, mas que não se
concretiza na realidade física por demandar características que o ciberespaço não tem. O
âmbito virtual se torna espaço de projeção e identificação em que o sujeito não só posta,
mas consome perfis e conteúdos semelhantes às características fantasiosas que publica.
Entende-se a instagramização como um conceito crítico, que engloba desde
pessoas que deixam de aproveitar um jantar para tirar a foto perfeita do prato, que perdem
nuances de um passeio para registrar um momento específico, que tomam atitudes que
possam ser bem vistas socialmente ainda que vão de encontro às suas próprias crenças
até aqueles que, por falta de opções comportamentais, confiam no potencial que as redes
sociais tem de uma nova perspectiva sobre uma realidade que sofrem em suportar,
apoiados na liberdade que um espaço desterritorializado oferece.
Instagramizar, portanto, é mostrar-se e esconder-se ao mesmo tempo. É o
possível. Enquanto caminho de passagem, se constitui como um rio. Escoa e se molda a
partir de suas margens, mas, túrbido, esconde o que há por baixo de suas águas. O tipo de
ecossistema lá existente não pode ser visto se não de dentro do próprio rio. Aos que olham
de fora, lhes resta contemplar o espetáculo superficial. Sua água doce caracteriza seu
potencial em ser tratada e se tornar potável. Instagramizar é, pois, a comunicação pelo
que se aparece e que, pela sua finalidade, diz respeito ao seu local de origem: o próprio
ser.
38

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