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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CURSO DE MESTRADO

LEONARDO LEITE DE ANDRADE

ESTADO DA ARTE: SUBJETIVIDADES E ARTE PERFORMANCE

São Cristóvão
2019
LEONARDO LEITE DE ANDRADE

ESTADO DA ARTE: SUBJETIVIDADES E ARTE PERFORMANCE

Relatório apresentado à disciplina de


Seminários de Pesquisa I, do curso de
Mestrado em Educação do Programa
de Pós-Graduação em Educação da
Universidade Federal de Sergipe como
um dos requisitos parciais para a
obtenção da nota da segunda unidade
da disciplina ministrada pelos
professores Prof.ª Dr.ª Veleida Anahi e
Prof. Dr. Bernard Charlort, no primeiro
semestre letivo de 2019.

SÃO CRISTÓVÃO
2019
SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................................. 4

2. A Pesquisa na Base de Dados: BDTD...................................................... 5

3. Resultados ................................................................................................. 8

4. Discussão ................................................................................................. 16

4.1 Espacialidades do Corpo ........................................................................ 16

4.2 A Arte Descaracteriza a Formação do Rosto .......................................... 19

5. Considerações Finais .............................................................................. 20

6. Referências .............................................................................................. 20
OUTROS CIRCUITOS: TRANSFORMAÇÕES DO PÚBLICO E DO PRIVADO

Leonardo Leite de Andrade1

1. Introdução

O presente texto desenvolve-se em torno de um objeto de pesquisa que


vem sendo acompanhado e estudado sob a modalidade de uma pesquisa de
mestrado que já vem sendo executada à alguns meses, assim, realiza-se aqui
o exercício de pesquisa de realizar um estado da arte em sua metodologia
própria.

A presente pesquisa aqui citada, Outros Circuitos: Transformações do


Público e Privado, encontra-se já qualificada e como é próprio do caminhar da
pesquisa este exercício já foi realizado em outros momentos e sob outros
moldes, próprio da metodologia empregada durante a sua execução, a
cartografia. No entanto, a fim de obter êxito acadêmico e na atividade proposta
pelos professores doutores em sala de aula, propus-me a realizar um trabalho
exaustivo sobre o que vem sendo produzido academicamente nas teses e
dissertações apresentadas nos programas de pós-graduações do Brasil, nas
áreas da Educação e afins.

O objeto desta pesquisa gira em torno de conceitos e práticas que


pretende-se estudar e acompanhar o acontecimento. Trata-se de uma pesquisa
que pensa e propõe-se a pensar as formas de contágio e heterotopias
possibilitadas a partir de uma experiência em arte performance. Para este
tento, buscou-se então realizar a pesquisa nas bases de dados de outras
dissertações e/ou teses que se aproximem, metodologicamente ou
conceitualmente de nossa pesquisa.

A pesquisa que será apresentada se desenvolve a partir de pesquisa


bibliográfica em uma base de dados, conhecida como BDTD - Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações, trata-se de um dos mais importantes e completo
acervo que possibilita o acesso a Teses e Dissertações Brasileiras, atualmente,

1
Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de
Sergipe (PPGED/UFS/CNPq). Psicólogo pela Universidade Tiradentes (UNIT). Membro do Grupo de
Pesquisa em Educação, Cultura e Subjetividades (GPECS/UFS).
consta cadastrada em sua biblioteca de dados, centro de quatorze instituições,
quatrocentos e sete mil e cento e setenta e uma dissertações, cento e quarenta
e sete mil e setecentos e trinta e uma teses e mais de quinhentos mil
documentos trata-se de uma iniciativa do IBICT e que será constantemente
referenciada neste trabalho. Pelo grande número de dissertações e teses
encontradas optou-se por restringir a pesquisa de estado da arte a uma única
base de dados.

2. A Pesquisa na Base de Dados: BDTD

Para a obtenção e construção dos dados aqui apresentados, o primeiro


passo nesta pesquisa foi discutir e pensar a problemática da pesquisa, ou
sobre o que eu pretendia discutir e/ou achar informais a respeito. Coloquei-me
então, os seguintes questionamentos: “O que está sendo produzido nas teses e
dissertações sobre práticas emergentes que questionam a forma do indivíduo
de habitar o espaço?”; “O que se sabe sobre as transformações das esferas do
público e do privado na contemporaneidade?”; “Como que os processos
formativos estão se dando na forma a qual compreendemos e percebemos os
territórios?”

Com o desenvolvimento das primeiras perguntas-gatilho foi possível


propulsionar a pesquisa de estado da arte a um outro passo, que é a pesquisa
de palavras e combinações possíveis para que o dado começasse a aparecer.
Foram estão experimentadas as seguintes palavras-chaves: “heterotopia” AND
“espaço”; "subjetividade" AND ("esfera privada" OR "esfera pública");
"performance" AND "território"; "arte" AND "performance" AND ("públic*" OR
"privad*"). Após a leitura e uma primeira aproximação com os dados que
estavam surgindo foi sendo possível criar outras combinações e palavras-
chaves, como também a experimentação de outros descritores a fim de criar
dados mais consistentes e que valorizasse o trabalho a ser executado.

Obtive assim os seguintes resultados brutos:

Palavras-chaves Dissertações Teses Total


“Heterotopia” AND “espaço” 52 31 83

"subjetividade" AND ("esfera privada" OR "esfera pública") 38 27 65

"subjetividade" AND ("privad*" OR "públic*") 2.592 1.074 3.666

TOTAL 2.682 1.132 3.814

Apesar de não ter encontrado, efetivamente, nenhuma pesquisa se


relacionasse diretamente sobre o que tenho pesquisado, é possível observar
que há um interesse acadêmico muito específico por estas temáticas aqui
citadas. Na impossibilidade, enquanto pesquisador, de analisar este montante
de cinco mil oitocentos e dez trabalhos acadêmicos de pós-graduação,
comecei o terceiro e último passo antes das análises das pesquisas
encontradas, que foram os critérios de exclusão, para que pudesse refinar a
minha pesquisa e obter dados cada vez mais consistentes e que se
relacionasse com a minha pesquisa de forma cada vez mais efetiva.

Os critérios de exclusão foram:

 Pesquisas dos últimos cinco anos. 2014-2019;


 Pesquisas nas áreas da Educação e afins;
 Leitura de Títulos/Resumos e Palavras-chaves.
 Escolha do pesquisador pela adesão do objeto/conceitos/metodologia
aplicada a pesquisa de interesse.
Após os dois primeiros filtros de critérios de exclusão os trabalhos
diminuíram para 1.745 teses e dissertações, ficando assim dispostas:

Palavras-chave Resultados 2014-2019

“Heterotopia” AND “espaço” 20

"subjetividade" AND ("esfera privada" OR "esfera pública") 23

"subjetividade" AND ("privad*" OR "públic*") 1.610

TOTAL 1.745
Foram então realizadas a leitura dos títulos, resumos e palavras-chaves
das teses e dissertações encontradas e selecionados a partir do dois últimos
critérios, ficando assim em 10 trabalhos, sendo 7 dissertações e 3 teses de
doutoramento.
3. Resultados

Após selecionarmos os trabalhos foi realizada a seguinte compilação, para melhor visualização dos dados.

PALAVRAS-
Nº AUTOR TÍTULO RESUMO ANO UNIVERSIDADE
CHAVE
A partir da perspectiva teórica dos chamados filósofos da diferença
e da composição metodológica entre a Cartografia e a Bricolagem,
a presente tese intentou acompanhar os processos de criação dos
participantes de uma oficina artística voltada para os
conhecimentos das artes visuais/plásticas e orientada pelos saberes
da Arte/Educação contemporânea, um dos campos do universo
artístico que estuda os fundamentos do ensino das artes e que
procura articular o fazer, o expressar e o refletir nas práticas
artísticas. Através do acompanhamento desses processos criativos,
pretendeu-se refletir sobre os efeitos subjetivos que o contato com
as artes pôde proporcionar aos seus participantes, na medida em
que, a oficina aspirava proporcionar condições de experiência
estética e de enlace social, na medida em que entendíamos a
oficina como território de existência; configurando-se, desta forma,
como um dispositivo de produção e/ou fruição de objetos
Passagens: encontros em artes, artísticos, de acontecimentos, de encontros e de subjetividades. A
AVERSA, Paula Subjetividade; Arte;
1 Carpinetti
produções de vidas oficina como espaço que abrigava obras em potencial. A oficina
Oficina; Saúde Pública
2017 UNESP
ocorreu no Centro de Cultura e Esportes (CEU) do Jardim
Itamaraty V em Poços de Caldas (MG), entre 2015 e 2017. Esse
território de existência tratou-se de um espaço de ampliação e
adensamento da experiência estética como estratégia para a
promoção de uma maior acessibilidade ao campo das artes e
convivência entre seus participantes – que por múltiplos fatores
(sociais, econômicos e culturais, experiências singulares de vida) –
vivem em condições de marginalidade ou vulnerabilidade social.
Desta maneira, a oficina em questão ao aproximar práticas
artísticas estéticas de práticas clínicas apresentou-se não só como
território de produção e fruição de obras ou objetos artísticos, mas
também como invenção de novos devires, novos encontros, novas
composições de modos de vidas, saúdes e subjetividades,
sobretudo no que se refere a sexualidades e gêneros. Corroborando,
assim, com a ideia de Estética ou Arte Relacional (amplamente
explorada por artistas contemporâneos) que entende um regime de
encontro casual intensivo que coloca a arte no horizonte das
interações humanas e seu contexto social, uma configuração
artística coletiva cujo fundamento é dado pela intersubjetividade e
como questão central o estar-junto.
O presente trabalho se desenvolve dentro do campo das ciências
sociais, ainda que em reflexão sobre uma instituição de arte, o
Instituto Inhotim. Buscando traçar aspectos de uma história do
Instituto, traçamos uma reflexão sobre o espaço onde se localiza
por meio de uma regressão histórica proporcionada pelos
elementos remanescentes de seu passado, contidos no presente de
sua exibição. A metodologia que permitiu essa prática reflexiva foi
o materialismo histórico revisado por Walter Benjamin, ao qual as
imagens permitem que se rompam o contínuo da história para que
rememoremos o passado que não está contado nos discursos
oficiais. Com isso, pudemos entender o Inhotim não só pelas
características detalhadas por si mesmo em seus catálogos, livros e
entrevistas, mas ir além, nos aspectos de sua consolidação,
construindo uma história paradoxal que o entende como grande
Instituto Inhotim;
CAMPANA, Marcela Inhotim e o contemporâneo acontecimento da arte contemporânea no mundo, e também
2 Somensari permanente trazendo à luz aspectos contraditórios de seu projeto, para uma
Memória; Tempo; 2018 PUC-SP
Espaço
compreensão “em constelação” dos acontecimentos, para que cada
um redesenhe sua história. Aqui construímos uma história possível
sobre o Inhotim, colocando-o como uma heterotopia de nossa
sociedade, que reflete desejos e ideais da mesma, enquanto o
espaço se reconfigura dentro de pretextos de controle de acesso,
perfeição estética e prazer. Paralelamente, buscamos refletir como
esse espaço constrói um tempo, aproximando-o mais uma vez da
teoria benjaminiana da história, para entender na atualidade um
declínio da possibilidade de experienciar algo, por conta de um
rompimento simbólico das construções históricas das coisas, que
não compreende suas origens e a transmissão destas. O Inhotim se
define como uma experiência. À luz do pensamento de Benjamin,
revisitamos este conceito, contestando a possibilidade de, de fato,
experienciar o espaço
O presente trabalho tem como propósito principal perspectivar
analiticamente como os processos de pedagogização forjam e
governam determinados espaços e espacialidades. Para tanto,
partimos do pressuposto de que as práticas sociais são moduladas Espacialidade
Por outras espacialidades: uma por jogos de força que as criam e recriam espacialmente, sobretudo Espaço
CHAVES, Ana Paula
3 Nunes
cartografia da pedagogização no por meio de mecanismos pedagogizantes que ultrapassam o âmbito Heterotopia 2015 USP
Parque Ibirapuera, SP educacional formal, alastrando-se cada vez mais no cenário urbano Michel Foucault
contemporâneo. Assim, propomo-nos a analisar a relação entre Parque Ibirapuera
educação e produção de espaços/espacialidades nas práticas Pedagogização
instituídas no Parque Ibirapuera-SP. A investigação tem como
marco teórico o pensamento de Michel Foucault, além de
mobilizar os trabalhos de Doreen Massey, Edward Soja, Henri
Lefebvre, David Harvey e Rodrigo Valverde. A cartografia
realizada pleiteia-se, portanto, uma derivação da perspectiva
arqueogenealógica foucaultiana. De acordo com tal referencial,
assinalaram-se práticas que permitiram dimensionar as
transformações pedagógicas e espaciais do Parque desde sua
criação, apontando para os modos como atualmente se perfaz o
governamento das espacialidades e, em igual medida, as
contracondutas aí tornadas possíveis. Além do levantamento
bibliográfico, operamos segundo duas frentes de trabalho
complementares: em primeiro lugar, a análise de documentos
oficiais acerca do Parque, dos Processos da Comissão do IV
Centenário da Cidade de São Paulo e de discursos jornalísticos
veiculados a seu respeito pelo jornal O Estado de S. Paulo em
diferentes décadas; em segundo, a observação e o registro de
práticas contemporâneas ali em curso. Os resultados evidenciam
uma racionalidade vincada em práticas de pedagogização, e estas,
aliadas a tecnologias específicas de governamento dos espaços.
Um cenário que apresenta lógicas de governo heterogêneas, que
coexistem através do tempo, ajustando-se, desajustando-se ou
alterando-se. Não obstante, um campo vivo de forças, de sujeitos e
práticas de subjetivação. A história arqueogenealógica do Parque,
assim como dos diferentes mecanismos pedagogizantes ali em
voga, possibilitou deslindar o trânsito dos espaços e o governo das
espacialidades pela população que dele faz uso, além das diferentes
contestações dos arranjos até então configurados, demarcando
traços fugidios de uma heterotopia urbana.

Os dizeres “ordem e progresso” estampados na bandeira nacional


rememoram discursos que atravessam as histórias do Brasil e
constituem a nação como “o país do futuro, o país do milagre”. Há,
entretanto, em nossa sociedade, lugares que flutuam em fuga deste
“milagre” e deste “progresso”. Chamamos esses espaços, hoje, de
aldeias indígenas. Lugares que despertam fascínio e medo.
Permeiam o imaginário nacional de onde vai emergir o corpo
HETEROTOPIAS NO PAÍS DO indígena pintado e com um arco e flecha, seja para admiração ou Sociedades indígenas;
CORRÊA,
4 MAURÍCIO NEVES
MILAGRE: os corpos indígenas e para o pavor. Esses espaços estão presentes nas margens de nossa histórias filmadas; 2018 UNESP
as histórias filmadas sociedade, são o contrário do que não tem lugar, eles são heterotopia.
heterotopias. O objetivo deste trabalho é realizar uma pesquisa
arquegenealógica a partir dos estudos de Michel Foucault a fim de
problematizar acontecimentos discursivos que inventaram e
inventam identidades de povos indígenas em histórias filmadas no
decorrer do século XX até a contemporaneidade. Pretendemos
analisar processos discursivos construídos em materialidades
fílmicas que agenciam uma ética e uma estética da corporalidade,
da sexualidade e do gênero cujos efeitos de sentido
objetivam/subjetivam o indígena brasileiro. Essa análise pressupõe
focalizar os regimes de verdade que constituem esses discursos.
Por que determinados enunciados ganharam destaque na mídia e
outros foram interditados, excluídos? Que relações de saber e
poder agenciaram e agenciam o movimento dessas agitações
históricas? Quais os interesses e as oposições de atores tão
distintos como os Governos Brasileiros, a TV Globo, as ONGs, os
antropólogos, os documentaristas e os próprios índios como
produtores de visibilidades e enunciabilidades sobre as sociedades
indígenas? Para Gregolin (2008), a função do arqueogenealogista é
“interpretar ou fazer a história do presente”. Este procedimento
consistiria em mostrar que “as transformações históricas foram as
responsáveis pela nossa atual constituição como sujeitos
objetiváveis por ciências, normalizáveis por disciplinas”. A partir
desta perspectiva teórica, a proposta é colocar em luta os saberes
produzidos pelas diversas produções audiovisuais sobre/dos povos
indígenas do lugar histórico de onde eles falam. Na relação mais
estrita entre discurso e mídia, as contribuições na elaboração de
uma Semiologia Histórica de J.J. Courtine e as propostas de uma
análise do discurso com Michel Foucault empreendida por Rosário
Gregolin e diversos pesquisadores brasileiros, que retomam as
formulações da AD francesa e ampliam as reflexões sobre o
funcionamento da mídia, no Brasil, também nortearão as análises
desenvolvidas nesta pesquisa.
Esta dissertação trata sobre o modo como o currículo, o tempo, o
espaço e a relação entre professor e aluno estão presentes na escola
pública hoje e como as aulas de teatro se inserem nesse contexto. O
trabalho parte dos estudos de Michel Foucault a respeito da
constituição do sistema escolar como um sistema fechado e
problematiza as suas possibilidades de escape, por intermédio do
trabalho teatral. A partir disso, são utilizadas as práticas de quatro
professoras para refletir a respeito da busca pelo rompimento dessa
PERFORMANCES DE TEMPOS lógica fechada e estagnada em direção a um trabalho que é de outra Teatro. Pedagogia
FUÃO, Anna E ESPAÇOS NA ESCOLA: um ordem, que parte do coletivo, e que procura outras formas de Teatral. Performance.
5 Schumacher Eder estudo com professoras da rede utilização do espaço e do tempo escolar, ao mesmo tempo em que Escola. Currículo.
2015 UFRGS
pública propõe uma relação diferenciada entre professor e aluno. Baseia-se Professor e Aluno.
nos Estudos da Performance para identificar a repetição e a ruptura
dos elementos presentes no sistema escolar e para visualizar os
espaços e os tempos intermediários capazes de criar com os alunos
experiências subjetivas. Por intermédio de entrevistas e
observações de aulas, apresentam-se os caminhos encontrados
pelas entrevistadas para solucionar os impasses do cotidiano
escolar no que diz respeito às limitações impostas pelo tempo e
pelo espaço designado ao teatro na escola.
Este texto busca cartografar uma pesquisa acadêmica teórico-
prática em artes do corpo e/ou artes performativas, desenvolvida a
partir de experimentações de um corpo artista (eu) na cidade. De
início, apresento três experiências de minha trajetória artística (de
2010 a 2016), que propõem desorganizações do uso previsto para o
corpo nas formas normatizadas pela convenção, nos espaços
arquitetônicos urbanos. A primeira experiência consiste no modo
de trabalho para o ator (O corpo ator) desenvolvido pelo professor
Dr. Aguinaldo Moreira de Souza. A segunda, refere-se a uma
experimentação expressiva que realizei na Praça do Relógio em
Taguatinga, Distrito Federal, como atividade do trabalho de
conclusão da Pós-Graduação em Artes Visuais (EAD/SENAC). A
terceira, trata-se de um conjunto de experimentações e criações
artísticas que realizei junto a Anti Status Quo Companhia de Corpo. Cidade.
LEITE, Raoni Um corpo à flor da cidade: Dança, dirigida pela coreógrafa Luciana Lara. Depois, reflito sobre Experiência.
6 Carricondo Performances e outras heterotopias a construção de um corpo cênico na cidade, trazendo a noção de Performatividade.
2018 UnB
corpo desviante; analiso os processos de investigação realizados e Heterotopia.
as implicações éticas, estéticas e políticas dessas experimentações
no cotidiano. Amparado em Michel Foucault, disserto sobre as
utopias que compõem a concepção atual de um corpo urbano
civilizado e os dispositivos disciplinares que moldaram tal
concepção na modernidade ocidental. Comparecem neste estudo
também Michel Mafessoli, Gilles Deleuze e Felix Guattari
(Filosofia da Diferença) e Judith Butler (Teorias Queer) – que
acrescentam para se pensar os atos corporais subversivos e a ação
na cidade como forma de questionamento. As abordagens a esses
autores se deram, neste estudo, em diálogo com os pensamentos do
professor Dr. Paulo Petronílio. Por fim, penso a performance como
uma ação provocadora de distopias no corpo e na cidade, e aponto
para as experimentações urbanas como heterotopias desviantes.
A presente dissertação Ações, políticas estéticas, heterotopias
nômades: lugares possíveis propõe a construção de ensaios
poéticos acerca de ações autorais frequentando paisagens
conceituais na filosofia contemporânea. Os conceitos são utilizados
como ferramentas simbólicas, lugares de onde parto em deriva para
traçar outros percursos. A pesquisa prefere o uso do termo de ação
MATRICARDI, Ações, políticas estéticas, ações, políticas estéticas,
ao invés do termo performance, sem a determinação do gesto
MARIA EUGÊNIA heterotopias nômades: lugares heterotopias nômades,
7 LIMA SOARES possíveis.
inserido em uma linguagem, sem ceder aos dispositivos em que a
lugares possíveis,
2016 UnB
d(en)ominação performance está circunscrita. Este conjunto de
TRONDOLI Dissertação performance.
ações se desdobra como forma de produção de diferenças, tecendo
políticas estéticas que compõem lugares possíveis no mundo,
formas dissensuais que, injetadas na ficção compartilhada que
chamamos realidade, produz outras ficções tangíveis,
reorganizando a vida, o espaço-tempo, nos sugerindo outras formas
de operar em relação à própria realidade. Estas ações dão vazão
aos desejos singulares, mobilizando forças que produzem outras
formas de vida, redimensionando nossa relação com o sensível, o
vivido e desdobrando o impensável. São lugares possíveis
construídos por via de heterotopias, que mesmo efêmeras,
nômades, podem ser tocadas, vividas, experimentadas como algo
que lança no mundo a circulação de outros afectos.
A partir do conceito de corpografia das autoras Paola Berenstein
Jacques e Fabiana Dultra Britto, a pesquisa propõe o
desenvolvimento do conceito de urbgrafias: cartografias de ações
artísticas no espaço urbano que desvelem processos singulares de
relação com esse espaço, assim como com as m1cropolíticas que
nele habitam. Na tentativa de propor formas de abordagem do
espaço urbano através dos processos relativos à produção de
subjetividades singulares como alternativas aos processos de
espetacularização e segregação nas cidades contemporâneas, a
URBGRAFIAS : Conceitos para primeira etapa da pesquisa aqui apresentada tem por objetivo
Nascimento, Elaine Corpografia; cidade;
experimentação da cidade a partir definir através de uma revisão de literatura os contornos do que é 2018 UFSC
Cristina Maia arte; micropolíticas
de micropolíticas e singularidades. intitulado urbgrafias,viabilizando posteriormente a possibilidades
de utilizaçâo desse conceito nos processos de composição do
8 projeto arquitetônico-urbano. Para tal, aqui são cartografadas
experiências urbanas que possuem a arte como dispositivo de
partilha e ação na cidade, acenando assim possíveis agenciamentos
entre arte e cidade, além da investigação das principais
prerrogativas que definem o conceito de urbgrafias: a relação com
o fazer cidade cotidiano, as características espaciais que são
observadas e o que podem desvelar sobre elas, e a relação entre
micropolíticas e cidade.
É na língua que as coisas adquirem significação. Nela, alguns
verbos são impessoais e não possuem sujeito. Isso implica em não
ter com quem concordar, como o verbo “fazer”. Todo verbo indica
uma ação, um ato em constituição. É o caso desse trabalho: um
processo de “feição”, um devir-outro, um devir-corpo. A
materialização de um corpus sobre o qual se disserta acerca das
FIZERAM-ME CORPO, FIZ-ME
relações do corpo com o mundo e com os outros. Essa constituição,
HETEROTOPIA: UM ESTUDO
OLIVEIRA, será feita em quatro ações principais: fizeram, desfazendo, (re)
DAS Corpo; Queer;
MAYLLON fazendo e fiz. Tais ações indicam o rompimento da ordem, para
9 LYGGON DE
HETEROTOPIAS CORPORAIS
estabelecer um estranhamento, inaugurar uma nova forma de ver e
Heterotopia; Cinema; 2018 UFG
DOS PERSONAGENS QUEERS Pedro Almodóvar
SOUSA pensar o corpo. Essa dissertação objetiva pesquisar as práticas, os
NO CINEMA DE PEDRO
cuidados de si e as performatividades na constituição do corpo de
ALMODÓVAR
personagens queers no cinema de Pedro Almodóvar. Para tanto se
apropria dos conceitos de subjetivação, práticas e cuidados de si,
performatividade, corpo, heterotopia e, metodologicamente, se vale
de uma perspectiva desconstrucionista e de análise fílmica para
perceber as performatividades e práticas de si dos personagens.
Como recorte e objeto de análise selecionamos os personagens
Tina e Pablo do filme A lei do desejo (1987) de Pedro Almodóvar.
Tais personagens possuem sexualidades polimorfas, permitindo
perceber como se dão os processos de constituição de si e mostram
perspectivas de subversão da sexualidade. Seus corpos são
plásticos, flexíveis, transgressores e indicam uma busca agonística
na criação de uma verdade ético estética sobre si mesmos. Nesse
estudo, interessa-nos discorrer sobre o corpo queer e como ele se
constitui uma heterotopia, ou seja, as técnicas, os cuidados e as
práticas de si pelas quais esse corpo subverte os espaços e
determinações corporais previamente determinados, das relações
de poder impostas através do dispositivo da sexualidade
inaugurando contraespaços. É contra a tríplice saber-poder-sujeito
que define o dispositivo da sexualidade que esses sujeitos se
colocam. Isso porque o queer já é uma sobreposição das posições
sociais, um deslocamento para a margem, são corpos fronteiriços e
desviantes que não se contentam em atravessar as divisões
binárias, mas vivem na fronteira. Definir o corpo queer como uma
heterotopia é compreendê- lo pela subversão da ordem natural. É
vê-lo na modificação dos espaços e posições dos discursos da
sexualidade normatizadora. Estudá-lo sob essa configuração
possibilita à Comunicação entendê-lo, imerso em uma cultura, a
partir de rastros de um acontecimento. É nesse corpo que chora,
que ri, que faz festa (que é festa) que são travadas relações de
poder e é nelas que eles transitam, estabelecendo resistências, se
fazendo, sendo e (sobre)vivendo.
A questão espacial para Michel Foucault apresenta-se como
possibilidades, ruínas, encontros, mobilidades e agitações, mas,
sobretudo, como um espaço outro para o pensamento. É a partir
dessa questão, acerca de um saber heterotopológico, que nos
propusemos a estudar diferentes espaços na obra de Foucault. Em
nosso itinerário, percorremos incialmente o espaço de constituição
das heterotopias, atentando nessa analítica para as relações entre o
que denominamos de vitalidade problemática e as suas
aproximações com a literatura nos espaços da arqueologia.
SABER HETEROTOPOLÓGICO
SANTOS, André Posteriormente, nos voltamos para o espaço infame, suas difíceis Heterotopia. Saber.
10 Luiz
E A LEITURA EM MICHEL
localizações, suas incontornáveis distâncias. Como desdobramento Infame. Sade. Leitura
2017 PUC-GO
FOUCAULT
dessas reflexões iniciais nos deparamos com a figura de Sade, sua
extensa, paradoxal e surpreendente presença nos espaços do saber,
da loucura e da sexualidade. Tal presença nos levou a indagar os
gestos de leitura de Foucault e as distâncias em que nos situamos
em relação a essa leitura. Indagamos também sobre como nas
distâncias entre o autor e o leitor encerra-se um espaço de
diferenças, de liberdades e do próprio discurso. Dessa forma,
abordamos o espaço da leitura na forma de uma dramaturgia.
Foucault sai de cena e na solidão com os seus escritos, ou num
reencontro com Sade, o reconhecimento de suas imensas e intensas
margens. Espaços abertos para a morte, para o acontecimento, para
as lutas e batalhas. Um espaço para o leitor. Um espaço aberto aos
diferentes encontros, às estranhas vizinhanças, aos diferentes
discursos.
4. Discussão
Neste tópico será discutido os trabalhos encontrados tanto em suas
generalidades como também em temas específicos que foram criados para fazê-los
conversarem entre si. As informações contidas na discussão revelam o dado
científico, de fato, nas produções citadas. Observou-se que o maior número de
pesquisa sobre o assunto está na Universidade de Brasília e na Universidade
Estadual de São Paulo, contabilizando um total de quatro pesquisas das dez
pesquisas analisadas. O ano de 2018 foi o ano que protagonizou o numero de
defesas de teses e dissertações na amostragem utilizada.

Todos os trabalhos convergem para a estupefação dos possíveis e os


impossíveis do/no corpo. Apegando-se ligeiramente a uma linguagem poética,
versando também com os termos e conceitos acadêmicos, as teses e dissertações
caminham para o tatear do que seria as políticas outras que envolvem o corpo, seja
ele em sala de aula (CHAVES, 2015; FUÃO, 2015), caminhando pela cidade
(NASCIMENTO, 2018), em gestos performáticos (MATRICARDI, 2016), ou mesmo
nos filmes de Almodóvar (OLIVEIRA, 2018).

4.1 Espacialidades do Corpo

A suspeição do corpo e sua relação entre a arquitetura e as cidades é uma


relação bastante conhecida e amplamente aceito na academia. Leite (2018) cita que:
“cada espaço arquitetônico tem certas ações que são esperadas para esse espaço
específico, em função do contexto de cada lugar – e é isso que faz dele um “lugar”.”
(p. 14) o que a fez orientar a sua metodologia para buscar as tensões presentes
nessas racionalidades dos “lugares” e dos espaços. Percebendo e refletindo sobre
essa relação tão fina entre o corpo e o espaço o qual ele está inserido, a
pesquisadora propõe uma série de gestos performáticos, que fazem refletir e abrir
passagem para devires outros, nos lugares e nas fendas do espaço, esta tentativa,
está amparado num conceito/pensamento do acontecimento e da experiência. Para
Larossa (2002) a experiência é a possibilidade de que algo nos toque, ou nos faça
cair em trilhas outras.

Requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar,
pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar;
parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes,
suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade,
suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza,
abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender
a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar
muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço (LARROSA, 2002. p.
24).

Este gesto de parar e desorganizar o tempo das racionalidades e utopias do


espaço, Leite (2018) acaba por deparar-se com a heterotopia que é presente e ao
mesmo possível nas fendas do real. Ela diz: “Heterotopias de um corpo aberto a
toda uma cidade idealmente moderna (...) , aonde me abro a novos modos de
experimentação” (idem. p.18). Estes “modos” são como faces de uma mesma
moeda, pois a dobra do corpo sobre si mesmo, pois corpo e cidade aparecem como
sendo fluxos constantes que se desterritorializam um ao outro de forma contínua,
perdendo-se no espaço.

O fio condutor para esta experiência teórico-conceitual é a arte, tal como em


outros trabalhos. Fuão (2015) e Aversa (2017) adentra a escola pensando a maneira
pela qual corpo é enfileirado/sujeitado dentro da arquitetônica escola. Fazendo
pensar assim, outros tempos e espaços possíveis dentro da escola, por meio das
aulas de teatro e performance. Aqui, a arte aparece como uma linguagem artística
que possível/passível de operar descontínuos dentro da organização e possível
imaginário escolar. Leite (2018) cita Guattari (2012) dizendo: “A dobra do corpo
sobre si mesmo é sempre acompanhada pelo desdobramento de espaços
imaginários” (p. 135). Fuão (2015) sugere o discutir, o pensar, o experimentar este
corpo levando a velocidades outras, das já possíveis e demarcadas na escola.

Cada espaço condiciona as pessoas que ali trabalham e estudam a


realizar as ações características do uso de cada lugar. O saguão é
um espaço de passagem; o refeitório é o espaço da merenda; o pátio
é o espaço do jogo, da brincadeira, do tempo livre; a sala dos
professores é o espaço de descanso e trabalho dos professores. As
atividades cotidianas estão completamente interligadas ao espaço
que as abriga. Assim, a escola é o cenário dos acontecimentos
cotidianos. (FUÃO, 2015. p. 48).

A escola, afirma a autora, reafirma a razão reguladora e ao mesmo forjadora


destes espaços. Destaca ainda como sendo um lugar de enquadramento com
“localizações funcionais”, uma vez que, além de vigiar faz funcionar o dispositivo ali
vigente. O lugar da cena, o espaço do teatro, apareceria dentro da escola e da
experiência de Fuão, como o lugar da heterotoria, provocando descontinuades e
uma outra política do estar junto.
Ao que tudo indica, o espaço da sala de aula adquire as
características desse espaço expandido quando ocorre uma
experiência performática. O envolvimento dos alunos no aqui e no
agora, no tempo presente, faz com que o espaço seja esse local da
ação, um lugar que pertence tanto ao professor quanto ao aluno, um
lugar no qual ambos propõem e ambos escutam, um lugar sem
protagonistas. (FUÃO, 2015. p. 45).

Assim como a escola, Leite (2018) acredita na cidade de uma maneira macro,
como sendo o abrigo e aquilo que nos contem, “a urbanidade tomou conta a tal
ponto da nossa existência” (p. 55), que já não é possível realizar certas distinções
entre dentro/fora, longe/perto, etc.

A base conceitual destas pesquisa está muito apoiada no que se chamaria


hoje de “foucaultiana”. Pois, é possível achar na obra de Michel Foucault uma ampla
abordagem e pensamento sobre o espaço, é este filósofo sobretudo que traça os
primeiros caminhos e abordagens para se pensar o corpo e espaço como contínuos,
onde um produz o outro concomitantemente.

As metáforas espaciais, caras a Foucault, parecem indicar espaços


movediços, em ruínas, mas, também, uma outra possibilidade, um
espaço outro para o pensamento, no (...), que haja camadas bem
diferentes nesse solo, que haja mesmo mutações nele, agitações
topográficas, organizações de novos espaços (SANTOS, 2017. p.
32).

A própria loucura é uma grave constatação na obra do Foucault, uma vez que
para ele, esta tem uma intenção mais política do que filantrópica. Os estudo sobre o
aparecimento da loucura enquanto disciplina médica no Século XVIII, foi para
Foucault um grande marco e se dá de forma próxima com o “aparecimento do
infame”, é um momento “Os infames também se reencontram com a loucura no seu
reaparecimento no século XVIII” (SANTOS, 2017. p. 64) onde se começa a surgir
diversas casas de internamento, asilos, manicômios e outros e com isso, a marca
nas cidades com os múltiplos rostos das diferenças. Santos (2017) em sua
dissertação, analisa muito bem e pormenorizadamente estes movimento na obra
foucaultiana e seu desenvolvimento posterior. É importante ressaltar aqui, no
entanto, de que este breve caminho sinuoso entre corpo-subjetividade-política,
sugere um caminho rico para as pesquisas posteriores e a contestação destes
espaços de vigilâncias possíveis nas configurações das cidades. Foucault nos
mostra como que a figura do corpo marcado, supliciado, vai desaparecendo a figura
do louco e do infame aparece concomitantemente a isto, com um estranho
parentesco entre um e outro.

É engraçado que o trabalho de Santos (2017) seja o mais teórico e com o


rigor científico mais existente/aparente. No entanto, o mesmo não apresenta uma
metodologia clara, distanciando-se assim dos outros trabalhos mais “ousados”,
apresenta ao invés disso, um “roteiro”, um “procedimento”, que chama de “mapa da
cena”, onde vai contextualizando a sua árdua leitura foucaltinada sobre os espaços
e as heterotopias, num contexto dramatúrgico movido pela ação e pela força própria
da escrita. “Na ausência da “tábua de trabalho”, mesa em que o sol devora as
sombras e quadro ordenado onde o espaço se entrecruza com a linguagem”
(SANTOS, 2017. p. 7).

4.2 A Arte Descaracteriza a Formação do Rosto

Em meio a “produções gramíneas” Nascimento (2018) nos destaca a


afirmação: “a arte urbana é uma prática social” (p. 125) e continua nos alegando que
arte é a possibilitadora de comunicar afetos aos aos sujeitos, caminhantes,
trabalhadores, urbanos, etc.:

A compreensão aqui é da arte como elemento de territorialização


social, forma de apropriação física e sensível do espaço urbano,
forma de criação de mundos possíveis e como necessidade de
expressão humana. (NASCIMENTO, 2018 p. 125)

A arte aparece nas frestas das cidades traçando linhas e se inscrevendo em


espaços segmentários e segredados, que oras abraçam o conflito, oram espalham
conflitos em espaços heterogêneos por natureza. A arte, e a performance como
veremos em Fuão (2015), Marticardi (2016) e Leite (2018), coloca em questão o
espaço como um lugar do heterogêneo, provocando formas de interagir e estar em
sociabilidade que não são comuns dentro das segmentaridades da vida cotidiana.
Não se trata de comunicar de outra maneira, ou falar com outras palavras, ao
desorganizar e criar uma trama para esse campo político-ético e estético que é a
própria vida. Nascimento (2018) refere-se a isso, como um “contra-uso” da cidade e
dos seus espaços. Diz o autor:

Quando os lugares surgem a partir destes contra-usos, ou seja,


quando o espaço é praticado a partir das apropriações espontâneas
dentro de processos de segregação, eles trazem características
ligadas a processos de singularização na cidade e as processos
políticos relacionados à esfera pública e ao direito à cidade, de
estabelecer itinerários próprios, de fazer do espaço público
contemporâneo, enfim, um legítimo espaço político da diferença.
(NASCIMENTO, 2018. p. 126-7).

A possibilidade de construir constructos a partir da relação corpo-arte-


ambiente é promissora, uma vez que o corpo artista se evidencia como um corpo
liso, deslizando entre platôs (AVERSA, 2017). Inaugurando ou (re) inaugurando o
espaço do comum, o espaço da democracia e do “homem público”.

5. Considerações Finais
É importante destacar que as pesquisas aqui brevemente apresentadas e
comentadas refletem a importância de se pensar e refletir o espaço e suas
singularidades, o que faz acreditar que a pesquisa de mestrado que está sendo
efetivada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de
Sergipe, tem sua relevância e está num caminho certamente promissor. É salutar
dizer que as referências aqui apontadas estão presentes também no texto
dissertativo que o presente discente está a escrever.

As pesquisas mostram também a íntima relação em que a arte performance e


os processos formativos estão, ainda que seja uma relação ainda pouco estudada,
mas vem sendo cada vez mais relatadas nas pesquisas de teses e dissertações
brasileiras.

6. Referências

CARRICONDO, Raoni Leite. Um corpo à flor da cidade: Performances e outras


heterotopias. Dissertação (Mestrado - Mestrado em Artes Cênicoas) Universidade de
Brasília, 2018.

FUÃO, Anna Schumacher Eder. Performances de Tempos e Espaços na Escola:


um estudo com professoras da rede pública. Dissertação (Mestrado) - Universidade
Federal do Rio Grande do Sil, Faculdades de Educação, Programa de Pós-
graduação em Educação, Porto Alegre - RS, 2015.
MATRICARDI, Maria Eugênia Lima Soares Trondoli Ações, políticas estéticas,
heterotopias nômades: lugares possíveis. Dissertação (Mestrado - Doutorado em
Arte) - Universidade de Brasília, 2016.

NASCIMENTO, Elaine Cristina Maia. URBGRAFIAS: Conceitos para


experimentação da cidade a partir de micropolíticas e singularidades. Dissertação
(mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa
de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis, 2018.

NEVES-CORRÊA, Maurício. Heterotopias no país do milagre: os corpos indígenas


e as histórias filmadas. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa) -
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquisa Filho", Faculdade de Ciências e
Letras (Campus Araquara), 2018.

OLIVEIRA, Mayllon Lyggon de Sousa. Fizeram-me corpo, fiz me heterotopia: um


estudo das heterotopias corporais dos personagens queers no cinema de Pedro
Almodóvar. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Comunicação – Universidade Federal de Goiás: Goiânia-GO, 2018.

SANTOS, Andre Luiz. Saber heterotopológico e a leitura em Michel Foucault.


Tese (doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Educação, Goiânia, 2017.

Aversa, Paula Carpinetti. Passagens: Encontros em artes, produções de vidas.


Tese (Doutorado - Doutorado em Psicologia) Universidade Estadual de São Paulo,
São Paulo - S, 2017.

CHAVES, Ana Paula Nunes. Por outras espacialidades: uma cartografia da


pedagogização no Parque Ibirapuera, SP. Tese de Doutorado. Universidade de São
Paulo, 2016.

CAMPANA, Marcela Somensari. Inhotim e o contemporâneo permanente.


Dissertação (Mestrado – Mestrado em Ciências Sociais) Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – PUC-SP, São Paulo – SP, 2018.

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